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Segurança e saúde no trabalho diz respeito a todos. Bom para si. Bom para as empresas. Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho ISSN: 1831-9343 Análise prospetiva dos riscos novos e emergentes associados às novas tecnologias até 2020: Workshop para os Pontos Focais da UE Observatório Europeu dos Riscos

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Segurança e saúde no trabalho diz respeito a todos. Bom para si. Bom para as empresas.

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho

ISSN: 1831-9343

Análise prospetiva dos riscos novos e emergentes associados às novas tecnologias até 2020: Workshop para os Pontos Focais da UE Observatório Europeu dos Riscos

Empregos verdes e SST: Análise prospetiva dos riscos novos e emergentes associados às novas tecnologias até 2020 – Workshop para os Pontos Focais da UE

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 1

Autores: Peter Ellwood (Laboratório de Saúde e Segurança)

John Reynolds (SAMI Consulting)

Martin Duckworth (SAMI Consulting)

Gestão do projeto: Emmanuelle Brun (EU-OSHA)

Mais informações sobre a União Europeia encontram-se disponíveis na rede Internet via servidor Europa (http://europa.eu).

Uma ficha catalográfica figura no fim desta publicação.

Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia

ISBN: 978-92-9240-315-7

doi: 10.2802/92105

© Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, 2014

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Índice Lista de figuras e quadros ....................................................................................................................... 2

1 Contexto ........................................................................................................................................ 4

2 Introdução ..................................................................................................................................... 5 2.1 Boas-vindas e apresentação do projeto de Análise Prospetiva .................................................. 5 2.2 Introdução ao workshop ............................................................................................................... 5

3 Como a análise prospetiva e os cenários podem servir de base para a elaboração de políticas. Introdução aos cenários da EU-OSHA .......................................................................... 6

3.1 Exercício 1 – Conceção de títulos da imprensa ......................................................................... 10

4 Apresentação dos problemas de SST novos e emergentes associados aos empregos verdes identificados no projeto prospetivo da EU-OSHA ........................................................... 11

4.1 Debate em plenário sobre as questões de SST ........................................................................ 12

4.2 Exercício 2 – Quais são os futuros desafios e as futuras oportunidades para a SST em cada cenário? .................................................................................................................................... 13

5 Como modelar o futuro da SST em cada cenário? .................................................................... 16

5.1 Exercício 3 – Opções políticas para responder aos futuros desafios no domínio da SST ........ 16 5.2 Exercício 4 – Testes das ideias/medidas/políticas resultantes do Exercício 3 nos diversos cenários ............................................................................................................................... 18

6 Conclusão ................................................................................................................................... 21

Anexo 1: Ordem de trabalhos ............................................................................................................... 23 Anexo 2: Participantes no workshop ..................................................................................................... 25

Lista de figuras e quadros Figura 1: Eixos do crescimento económico e dos valores ecológicos ................................................... 7

Figura 2: Eixo da inovação...................................................................................................................... 8

Quadro 1: Eixos dos cenários ................................................................................................................. 8

Quadro 2: Síntese das condições de SST em cada cenário .................................................................. 9

Quadro 3: Exercício 1 – Títulos da imprensa relativos aos cenários ................................................... 10

Quadro 4: Desafios e oportunidades – Benefícios Mútuos .................................................................. 13

Quadro 5: Desafios e oportunidades – Mundo da Abundância ............................................................ 14

Quadro 6: Desafios e oportunidades – Verde Intenso .......................................................................... 15

Quadro 7: Medidas e políticas – Benefícios Mútuos ............................................................................ 16

Quadro 8: Medidas ................................................................................................................................ 17

Quadro 9: Medidas e políticas – Verde Intenso .................................................................................... 18

Quadro 10: Wind tunnelling das medidas e políticas ............................................................................ 19

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1 Contexto No início de 2010, a EU-OSHA encomendou um estudo intitulado «Análise prospetiva dos riscos novos e emergentes associados às novas tecnologias ao nível dos empregos verdes até 2020» (projeto «Empregos Verdes»). Realizado ao longo de dois anos por um consórcio constituído pelo UK Health and Safety Laboratory, a SAMI Consulting e o Technopolis Group, o estudo utilizou o método da elaboração de cenários para examinar a evolução de várias tecnologias aplicadas nos «empregos verdes» e os riscos para a segurança e saúde no trabalho (SST) a elas associados, em três futuros possíveis para a Europa.

Os cenários elaborados visam informar os decisores políticos da UE, os governos dos Estados-Membros, os sindicatos e os empregadores, de modo a estes poderem tomar decisões que, no futuro, aumentem a segurança e a saúde nos locais de trabalho relacionados com os empregos verdes.

O método de elaboração de cenários é um método reconhecido em análise prospetiva e permite ter em conta vários fatores de mudança. Não visa fazer previsões, mas sim descrever futuros possíveis com o objetivo de estruturar um pensamento estratégico que informe o planeamento. O futuro conterá, provavelmente, elementos de todos estes cenários, pelo que o facto de ter em conta esses cenários contribui para antecipar o que pode suceder.

O presente relatório descreve um workshop baseado no projeto «Empregos Verdes» realizado em Bilbau, nos dias 12 e 13 de novembro de 2013, para os pontos focais da EU-OSHA. Os objetivos do workshop eram:

Aumentar a compreensão e o interesse dos pontos focais a respeito dos resultados do projeto «Análise prospetiva dos riscos novos e emergentes associados às novas tecnologias ao nível dos empregos verdes até 2020» da EU-OSHA;

Demonstrar aos pontos focais como se utilizam os cenários como suporte de debates sobre estratégias e a sua aplicação à formulação de políticas.

A elaboração de estratégias ou políticas é um processo complexo que, muitas vezes, não tem devidamante em conta o ambiente futuro em que as mesmas deverão ser aplicadas com êxito. O workshop demonstrou como se utilizam os cenários em apoio desse processo, através dos seguintes passos:

Os pontos focais foram conduzidos ao longo do processo de identificação dos possíveis riscos futuros de SST em cada cenário, de formulação de políticas e adoção de medidas para enfrentar esses riscos. Num exercício final, usaram o processo de «wind tunnelling» para comparar o impacto das políticas ou medidas nos diferentes cenários. Pretendeu-se que a realização dos objetivos acima mencionados capacitasse os pontos focais para desempenharem um papel multiplicador, difundindo os resultados prospetivos da EU-OSHA nos respetivos países e estimulando a aplicação de cenários na formulação de políticas a nível nacional.

Importa salientar que os exercícios de desenvolvimento e avaliação de políticas foram realizados para demonstrar o contributo dos cenários neste processo. Não se pretendia que fossem um exercício de tomada de decisões, que exigiriam muito mais tempo e análises mais aprofundadas.

Examinar as questões de SST associadas aos

«empregos verdes» em cada

cenário

Identificar oportunidades,

desafios e surpresas

Elaborar medidas/políticas

para obter os melhores

resultados de SST em cada cenário

Ponderar a aplicação das políticas em

todos os cenários

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O workshop reuniu, durante dois dias e meio, vinte e seis pontos focais e seis agentes da EU-OSHA. O evento foi conduzido por representantes do UK Health and Safety Laboratory e da SAMI Consulting, organizações que levaram a cabo o projeto «Empregos Verdes».

A ordem de trabalhos do workshop é apresentada no anexo 1 e a lista de participantes no anexo 2.

2 Introdução 2.1 Boas-vindas e apresentação do projeto de Análise Prospetiva Emmanuelle Brun (EU-OSHA) fez a apresentação das atividades prospetivas da EU-OSHA, destacando a importância dada na estratégia comunitária de saúde e segurança no trabalho (2007-2012) à previsão dos riscos de SST novos e emergentes associados às novas tecnologias aplicadas nos empregos verdes. Referiu também o papel dos cenários, que constituem uma ferramenta útil para:

Antecipar possíveis riscos novos e emergentes; Integrar a SST noutras disciplinas; Incentivar as pessoas a refletirem de forma criativa num contexto neutro (o futuro), sem os

condicionalismos do presente, para obterem novas perspetivas; e Testar as políticas em relação a diversos pressupostos, no sentido de elaborar políticas

adaptadas ao futuro e a imprevistos.

2.2 Introdução ao workshop John Reynolds (SAMI Consulting) apresentou a ordem de trabalhos e as modalidades do workshop, bem como o programa do evento. Os objetivos do workshop eram:

Apresentar o projeto e os três cenários de SST a nível dos empregos verdes até 2020; Identificar os principais desafios e oportunidades em matéria de SST em cada cenário; Examinar as medidas e políticas para obter boas condições de SST em cada cenário; Retirar conclusões sobre o uso dos cenários para determinar as prioridades de SST.

Num exercício introdutório realizado na sessão plenária, os delegados foram convidados a indicar as suas prioridades para o workshop e as expetativas que alimentavam a respeito deste. As respostas dividiram-se em duas áreas principais:

Obter informação sobre o método dos cenários.

o Como utilizar os cenários no domínio da SST; o Estudos de casos de utilização de cenários; o Como os pontos focais podem utilizar os cenários no seu próprio trabalho.

Obter informações sobre os empregos verdes e as questões de SST a estes associadas.

Outras questões mencionadas foram a definição de emprego verde e a questão de saber se os riscos para a SST associados aos empregos verdes são necessariamente novos. Emmanuelle Brun explicou que há várias definições de emprego verde. A mais ampla inclui todas as atividades relacionadas com a preservação ou a recuperação do ambiente (1), tendo sido esta que serviu de base ao projeto. No entanto, os tipos de empregos abrangidos pelo projeto da EU-OSHA foram naturalmente reduzidos pelo facto de o projeto se debruçar sobre o impacto de oito novos domínios tecnológicos nos empregos verdes e de privilegiar as questões de SST em detrimento das preocupações ambientais.

1 Definição formulada no âmbito da Iniciativa conjunta «Empregos Verdes» do PNUA, da OIT, da OIE e da ITUC

(PNUA (2008), Green Jobs: Towards decent work in a sustainable, low carbon world, Programa das Nações Unidas para o Ambiente. Disponível em: http://www.unep.org/PDF/UNEPGreenjobs_report08.pdf

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Alguns riscos identificados no projeto são novos, enquanto outros podem ser considerados «antigos», mas surgem em situações novas ou combinações novas, envolvendo grupos de trabalhadores diferentes que não têm forçosamente formação adequada, o que também gera novos desafios para a SST.

3 Como a análise prospetiva e os cenários podem servir de base para a elaboração de políticas. Introdução aos cenários da EU-OSHA

Seguidamente, John Reynolds fez uma apresentação sobre a análise prospetiva e os cenários, em que abordou a necessidade da primeira e a natureza dos segundos, bem como a sua utilização. Ilustrou a apresentação com vários estudos de casos.

A antecipação do futuro, ou prospetiva, reveste-se de grande importância num momento em que a Europa e o mundo em geral atravessam um período de incerteza sem precedentes. Também é fundamental para compreender os fatores de aceleração das mudanças e inovações. A prospetiva desafia os pontos de vista apriorísticos, permite ter em conta uma gama de opções mais vasta e deverá conduzir a políticas mais eficazes e com menos riscos. Deverá contribuir também para identificar possíveis oportunidades de influenciar o futuro, bem como os primeiros sinais de alerta das eventuais tendências.

O projeto Empregos Verdes divide-se em três fases:

Fase 1: Identificação dos principais fatores contextuais de mudança que afetam os empregos verdes;

Fase 2: Identificação das principais tecnologias suscetíveis de gerar riscos de SST novos e emergentes a nível dos empregos verdes;

Fase 3: Desenvolvimento e validação dos cenários que descrevem a evolução das tecnologias principais selecionadas e os riscos de SST novos e emergentes que elas poderão gerar, e demonstração da utilidade que eles poderão ter na elaboração de políticas.

Na Fase 1, os 16 fatores determinantes para a mudança foram identificados através de uma análise bibliográfica, uma série de 25 entrevistas a especialistas, um inquérito pela Internet e uma votação.

Na Fase 2, através de uma análise bibliográfica, uma série de 26 entrevistas a técnicos e especialistas de SST, um inquérito pela Internet e um workshop foi possível identificar as 8 tecnologias e áreas tecnológicas seguintes:

• Energia eólica (escala industrial) • Transportes verdes

• Tecnologias de construção ecológicas (edifícios)

• Tecnologias e processos de fabrico ecológicos, incluindo a robótica e a automatização

• Bioenergia e aplicações energéticas da biotecnologia

• Transporte, distribuição e armazenamento da eletricidade, e fontes de energia renováveis no setor doméstico e em pequena escala

• Tratamento de resíduos • Nanotecnologias e nanomateriais

Na Fase 3, reexaminaram-se os fatores identificados na Fase 1 e identificaram-se três grandes grupos que foram depois escolhidos como eixos para a construção dos cenários. São eles:

O crescimento económico, Os valores ecológicos,

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O índice da inovação nas tecnologias verdes,

Os três grandes motores da evolução futura, acima identificados, foram utilizados como eixos para criar três cenários possíveis para 2020. As posições dos cenários em relação a dois dos eixos são indicadas na Figura 1.

Figura 1: Eixos do crescimento económico e dos valores ecológicos

EN PT

Green Values Valores ecológicos Economic growth Crescimento económico Weak Fracos Very strong Muito fortes Low growth Crescimento baixo High growth Crescimento elevado Deep Green Verde intenso Strongly green culture and values Cultura e valores fortemente ecológicos Win-Win Benefícios mútuos High Rate of Innovation in Green Technology Índice de inovação elevado nas tecnologias verdes Bonus World Mundo da Abundância Strong growth Global and European Crescimento forte a nível mundial e europeu

A Figura 2 mostra o terceiro eixo, com o progresso da inovação ecológica relativamente a outros tipos de inovação em cada um dos três cenários. O Quadro 1 reúne os três eixos dos cenários numa tabela.

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Figura 2: Eixo da inovação

Eixo da inovação

(Representação unicamente em diagrama)

EN PT For profit Para gerar lucros Bonus World Mundo da abundância Win-Win Benefícios mútuos For green growth Para gerar crescimento ecológico Deep Green Verde Intenso For Green Future Para gerar um futuro ecológico Other innovation Outros tipos de inovação Green innovation Inovação ecológica

Quadro 1: Eixos dos cenários

Cenário Benefícios Mútuos

Mundo da Abundância

Verde Intenso

Crescimento económico Elevado Elevado Baixo

Valores ecológicos Fortes Fracos Fortes

Índice da inovação nas tecnologias verdes

Elevado Médio - Médio +

No quadro 2 apresenta-se uma breve síntese das condições de SST em cada cenário.

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Quadro 2: Síntese das condições de SST em cada cenário

No cenário Benefícios Mútuos, com uma economia dinâmica, há fundos disponíveis para investir na segurança, mas a inovação progride a ritmo acelerado. A rápida implantação de tecnologias e produtos novos, bem como a criação de empregos que exigem novas competências, expõem uma maior faixa da população a novos riscos que se sucedem a intervalos cada vez mais curtos. Por conseguinte, é importante que as avaliações de segurança e saúde no trabalho sejam efetuadas no início do ciclo de desenvolvimento das tecnologias e produtos, de modo a que a SST não fique para trás.

No cenário Mundo da Abundância, com uma economia saudável, há fundos disponíveis para investir na segurança e saúde no trabalho, bem como na segurança das infraestruturas e dos processos empresariais, mas a maioria dos governos dão relativamente pouca importância à SST. Quanto aos empregadores, consideram-na importante pelo seu impacto nos lucros. Os novos empregos e produtos podem originar perigos novos, a que uma maior faixa da população ficará exposta devido à rápida implantação de novas tecnologias em períodos demasiado curtos para se identificarem os eventuais impactos na segurança e na saúde. A imposição da SST por via regulamentar é mais eficaz do que a sua transmissão através da educação. Tal como no cenário «Benefícios Mútuos», escasseiam os trabalhadores qualificados em consequência do índice elevado de inovação. Essa escassez leva à polarização da mão-de-obra com base nas qualificações dos trabalhadores, sendo os menos qualificados geralmente remetidos para empregos com condições de trabalho piores e mais perigosas.

No cenário Verde Intenso, o reduzido crescimento económico induziu os empregadores a tentarem reduzir os custos, dificultando o investimento em infraestruturas mais seguras e saudáveis. A tendência para as empresas serem mais descentralizadas, mais locais e mais pequenas (com destaque para as microempresas e o trabalho por conta própria) dificulta o contacto com os locais de trabalho para a difusão de boas práticas de SST e o controlo das condições existentes. A tónica posta na redução do consumo de energia e de bens materiais leva a que a maioria dos novos empregos sejam no setor dos serviços. São criadas muitas pequenas empresas novas, muitas vezes com défice de competências, para suprir estas necessidades. Uma opção no sentido de aproveitar, reparar e reconverter, em vez de substituir, gera riscos associados ao uso de equipamentos antigos. Neste cenário, há mais empregos manuais difíceis e «sujos» (nos setores da reparação, manutenção, triagem de resíduos, etc.) do que nos outros cenários, em que a inovação e a automatização são maiores. Porém, a implantação relativamente lenta de algumas tecnologias e produtos novos dá mais tempo para assimilar os novos perigos e riscos. Existem muitos processos e empresas verdes novos, que necessitam de novos procedimentos e formação no domínio da SST.

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No anexo 3 apresentam-se resumos mais circunstanciados de cada cenário. O relatório do projeto descreve integralmente os cenários e o processo seguido na sua elaboração (2).

3.1 Exercício 1 – Conceção de títulos da imprensa Este exercício pretendia familiarizar os delegados com o cenário que lhes seria atribuído. Os delegados, divididos em três grupos – um para cada cenário –, foram convidados a ler a sinopse do seu cenário (ver anexo 3), para debater questões de SST potencialmente importantes no cenário e depois produzir possíveis títulos de notícias para 2020 que refletissem esse debate. Cada grupo apresentou os seus resultados numa sessão plenária. O quadro 3 mostra os títulos identificados.

Quadro 3: Exercício 1 – Títulos da imprensa relativos aos cenários

Benefícios Mútuos

Os membros do grupo consideraram que a rapidez da inovação seria um problema, na medida em que imporia à SST um esforço permanente para a acompanhar, continuando, no entanto, os riscos antigos a ser significativos. As questões relativas à responsabilização também poderiam ser relevantes.

Títulos do cenário «Benefícios Mútuos»

• «Escorregões, tropeções e quedas continuam a ser um problema». • «Mais um alergénio». • «Novo material de uso quotidiano pode causar cancro». • «Tufão arrasa parque eólico», ou • «Parque eólico resiste a tufão». • «Empresa XYZ declina responsabilidades (mais uma vez)».

Mundo da Abundância

O índice de inovação elevado também foi focado pelos membros deste grupo, tal como a responsabilidade pela SST. Os empregadores não estavam tão motivados neste domínio, sendo necessárias inspeções para garantir o cumprimento da lei. Trata-se de um mundo em que há grande pressão e elevados níveis de stresse; a automatização agrava a situação, mas também pode ajudar os trabalhadores mais idosos ou com deficiência a eliminar alguns riscos físicos. A mão-de-obra está polarizada entre trabalhadores muito ou pouco qualificados. Os novos materiais podem provocar doenças de latência prolongada, difíceis de imputar a atividades exercidas no passado.

Títulos do cenário «Mundo da Abundância»

• «Taxa de emprego bate novo recorde!»

2 EU-OSHA — Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, Green jobs and occupational safety and health: Foresight on new and emerging risks associated with new technologies by 2020, 2013 http://osha.europa.eu/en/publications/reports/green-jobs-foresight-new-emerging-risks-technologies/view

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• «Novas substâncias ajudam-no a trabalhar 24 horas por dia». • «Não somos meras estatísticas – e os nossos valores enquanto seres humanos?!» • «Onde está a conciliação entre a vida profissional e a vida privada?» • «Nova tecnologia auxilia deficientes» • «Recentes tumultos causados pela polarização da mão-de-obra».

Verde Intenso

Os membros do grupo consideraram a descentralização importante, na medida em que dificulta o controlo e o cumprimento das regras de SST nas pequenas empresas. Desta situação poderão resultar normas de SST menos rigorosas – uma mão-de-obra heterogénea, dispersa por vários locais, com baixos níveis de formação e que trabalha com vários materiais novos. Há poucos recursos para a SST, que é secundarizada em relação ao ambiente. Os riscos antigos continuam a ser significativos.

Títulos do cenário «Verde Intenso»

• «“Fiquem com os resíduos que produzem”, reclamam os ativistas». • «Não se preocupem com os novos riscos, preocupem-se com os antigos» • «“Deem-nos formação de SST adequada”, pedem os trabalhadores do setor ecológico

(ninguém nos ouve)».

4 Apresentação dos problemas de SST novos e emergentes associados aos empregos verdes identificados no projeto prospetivo da EU-OSHA

Peter Ellwood (HSL) apresentou uma comunicação sobre vários problemas de SST identificados no projeto Empregos Verdes, cujos relatórios apontam para um amplo leque de questões de SST em relação a cada tecnologia e em cada um dos cenários. No workshop, o debate incidiu sobre um número mais reduzido de questões de SST, tendo a abordagem por tecnologia sido substituída pela análise de uma seleção de temas comuns, nomeadamente:

A descentralização dos processos e locais de trabalho em unidades mais pequenas e dispersas e microempresas, possivelmente com menor sensibilização e cultura em matéria de SST e que lhe afetam menos recursos. É provável que a comunicação e a aplicação de boas práticas de SST sejam difíceis em locais de trabalho dispersos. São disto exemplo as fontes de energia renováveis, com instalações dispersas e em pequena escala, as quais, sobretudo quando são montadas por operários sem qualificações e recém-chegados ao setor, podem não estar normalizadas e apresentar perigos para os trabalhadores da manutenção. As técnicas de fabrico avançadas, como a impressão 3D, oferecem maior flexibilidade, que pode levar à produção descentralizada, a nível local, com perigos disseminados por pequenas unidades e exposição de novos grupos de trabalhadores aos riscos de produção. A personalização em massa, com lotes de um único artigo, também podem causar problemas de segurança e SST, quando os artigos são únicos e as normas de SST difíceis de definir ou de aplicar.

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Novos materiais: Estão a chegar ao mercado múltiplos materiais novos, ou já conhecidos mas alterados, cujos riscos são em grande parte desconhecidos. Alguns exemplos são os nanomateriais, os materiais compósitos, os biomateriais, as cerâmicas, os materiais inteligentes, os materiais quânticos, as estruturas organometálicas e a eletrónica plástica. A utilização de materiais reciclados ou orgânicos também pode implicar riscos para a SST, presentes em vários setores, por exemplo, indústria transformadora, biotecnologia, tratamento de resíduos e construção.

Conflito entre a ecologia e a SST: quando as medidas tomadas para proteger o ambiente prejudicam a segurança e a saúde no trabalho. Por exemplo, a pressão temporal exercida pelos prazos de concessão ou de retirada de subvenções e subsídios ambientais pode levar a que as obras sejam executadas apressadamente e facilita o aparecimento de novos trabalhadores sem as qualificações necessárias, contribuindo para que a SST seja negligenciada. Os acabamentos interiores nas obras de construção de edifícios energeticamente eficientes e herméticos podem expor os trabalhadores a maiores concentrações de substâncias perigosas. A maior pressão sobre o setor da reciclagem pode aumentar os riscos nesse e noutros setores. As elevadas taxas cobradas pela eliminação dos resíduos podem impelir um maior número de produtores de resíduos a procederem eles próprios à sua eliminação, transferindo os riscos associados à gestão de resíduos dos operadores profissionais para pessoas provavelmente destituídas das competências necessárias.

Inovação e automatização: O índice elevado de inovação pode relegar para segundo plano a segurança e saúde no trabalho, mas a crescente automatização pode poupar os trabalhadores a tarefas perigosas. Por exemplo, a construção automatizada de edifícios modulares fora dos locais de construção pode melhorar a segurança nesses locais, uma vez que a construção passa a realizar-se em fábricas, onde é mais fácil garantir boas condições de SST. Simultaneamente, porém, a crescente complexidade dos processos e das interfaces homem-máquina, a introdução de robôs colaborativos (cobots) na indústria transformadora e a excessiva dependência dos computadores, como é o caso dos veículos de condução automática e do agrupamento de veículos (platooning) no setor dos transportes, podem suscitar novos riscos.

Dependência crescente da eletricidade: A utilização cada vez maior de veículos elétricos ou híbridos pode expor os trabalhadores dos serviços de manutenção e de emergência a novos riscos resultantes dos sistemas de alta tensão. O maior recurso à eletricidade para aquecer os edifícios e a ligação a redes inteligentes pode pôr em risco os trabalhadores dos serviços de instalação, manutenção e emergência. Dado que as baterias dos veículos que chegam ao fim da sua vida útil no setor dos transportes serão cada vez mais utilizadas para armazenar eletricidade nos edifícios, aos riscos «normais» de incêndio e explosão associados às baterias poderão juntar-se os decorrentes de baterias degradadas, deterioradas, sem rótulos e de proveniência e conceção desconhecidas.

Outras questões: Todas estas mudanças exigem novos conhecimentos e competências no domínio da SST, mas poderá haver falta de pessoal competente. Em consequência, poderá dar-se uma polarização da mão-de-obra – entre os empregos altamente qualificados e o trabalho precário. Esta situação pode diminuir a diversidade no local de trabalho, uma vez que os grupos vulneráveis terão menos oportunidades de aceder aos empregos verdes altamente qualificados.

4.1 Debate em plenário sobre as questões de SST À apresentação das questões de SST seguiu-se um debate mais centrado na utilização dos cenários e nos possíveis objetivos dos estudos neles baseados do que nos riscos de SST propriamente ditos. Entre os temas debatidos e os comentários formulados contam-se os seguintes:

O trabalho com cenários pode servir para informar os decisores políticos. Os cenários produzidos no âmbito do projeto Empregos verdes não são produtos «estáticos» e

acabados, mas sim um instrumento de apoio a novos debates, podendo ser adaptados, por exemplo, a um país ou setor específico.

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Os pontos focais gostariam de receber um pacote de apresentação dos resultados do projeto para entregarem aos respetivos governos nacionais.

4.2 Exercício 2 – Quais são os futuros desafios e as futuras oportunidades para a SST em cada cenário?

Neste exercício pedia-se aos delegados, divididos em grupos de trabalho, que tivessem em conta a apresentação sobre SST e debatessem, no âmbito dos respetivos cenários, os problemas de SST que afetariam os empregos verdes em 2020. Tanto poderiam ser riscos existentes na atualidade, mas sob novas formas e envolvendo grupos de trabalhadores diferentes, possivelmente pouco qualificados, como riscos bastante alterados ou totalmente novos.

Os grupos foram depois instados a escolher e definir os seguintes aspetos de SST nos seus cenários:

As duas oportunidades de SST mais importantes; Os dois desafios de SST mais importantes; Um problema surpreendente em matéria de SST.

Cada grupo recebeu, como auxiliar de memória, um conjunto de 27 cartões com questões de SST mencionadas na anterior apresentação sobre os riscos novos e emergentes a nível dos empregos verdes (ver anexo 4).

Os quadros 4 a 6 mostram os desafios e oportunidades identificados pelos grupos em cada cenário.

Quadro 4: Desafios e oportunidades – Benefícios Mútuos

Oportunidades e desafios – Benefícios Mútuos

Há muito dinheiro disponível e o sistema de ensino ministra mais formação sobre SST às novas gerações. O índice de inovação elevado, sobretudo da automatização, permite que pessoas anteriormente consideradas deficientes e incapazes de trabalhar encontrem emprego. A automatização reduz o trabalho físico, potencialmente mais perigoso, e aumenta a necessidade de competências informáticas. O veloz índice de inovação exige também à SST um esforço contínuo para acompanhar a introdução de novas tecnologias.

Desafio

Há problemas psicossociais relacionados com a adaptação ao índice elevado da inovação e com a falta de separação entre o tempo de trabalho e o tempo de lazer (conciliação entre a vida profissional e a vida privada), acentuada pela crescente pressão para que as pessoas trabalhem a partir de casa a fim de poupar energia no local de trabalho.

Desafio

Existem cada vez mais materiais e tecnologias novos e desconhecem-se os seus possíveis riscos. Não há tempo suficiente para investigar os efeitos dos materiais sobre a segurança e a saúde, e as doenças com uma longa fase de latência demoram anos a manifestar-se, sendo difícil imputá-las à exposição a esses riscos.

Desafio

O trabalho sedentário aumenta em consequência da automatização. As lesões músculo-esqueléticas também podem começar a surgir mais cedo em trabalhadores jovens, devido ao uso acrescido (em idades precoces) de dispositivos de TIC como os tablets, smart phones, etc.

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Oportunidade Maiores oportunidades de emprego para pessoas com deficiência.

Oportunidade A SST é financeiramente comportável.

Surpresa

A SST é agora vista como um obstáculo à inovação. O mundo não pode permitir que a regulamentação nesse domínio abrande o índice da inovação e por isso exige que a SST e a respetiva regulamentação se adaptem. Uma cooperação melhor e mais precoce com os agentes do desenvolvimento tecnológico torna-se cada vez mais necessária.

Quadro 5: Desafios e oportunidades – Mundo da Abundância

Oportunidades e desafios – Mundo da Abundância

O grupo considerou que este cenário aumentava os riscos de SST devido à motivação para o lucro, conjugada com o ritmo cada vez mais rápido da inovação e utilização de novos materiais. As interações entre trabalhadores e máquinas aumentariam igualmente. É difícil convencer os empregadores da necessidade de regulamentar a SST, sendo provável que tendam a ocultar os problemas. Os incentivos financeiros serão, provavelmente, a maneira mais eficaz de influenciar as suas atitudes nesta matéria.

Desafio

A polarização da mão-de-obra irá aumentar e haverá mais trabalhadores migrantes. As pessoas mudarão frequentemente de emprego e algumas terão múltiplos empregos, o que dificultará a monitorização da sua exposição global aos riscos profissionais. Para o setor público será cada vez mais difícil reter os trabalhadores qualificados de que necessita.

Desafio

Num contexto de rápida introdução de materiais e tecnologias novos e de uma baixa prioridade atribuída pelos empregadores à segurança e saúde no trabalho, será importante educar e sensibilizar os trabalhadores para a SST, convencendo-os da importância desta e levando-os a zelar pelos seus próprios interesses neste domínio. Impõe-se uma mudança cultural, a iniciar no infantário e a prosseguir ao longo de toda a vida profissional.

Oportunidade

Uma importante oportunidade proporcionada pelo «Mundo da Abundância» é o elevado nível de inovação que poderá facilitar a adoção de novas medidas tecnológicas favoráveis à SST, como a paragem automática de máquinas perigosas. O desafio será convencer os empregadores a aproveitarem essas oportunidades.

Desafio e oportunidade

Serão necessárias inspeções para alcançar níveis aceitáveis de SST, mas a dificuldade de reter no Estado inspetores com as competências necessárias e as atitudes dos empregadores não facilitará a sua realização. A tecnologia, incluindo a monitorização à distância, poderá facultar meios para garantir um

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Quadro 6: Desafios e oportunidades – Verde Intenso

Oportunidades e desafios – Verde Intenso

O grupo considerou inicialmente que este cenário era bastante negativo, mas na sequência do debate foram identificados alguns aspetos positivos, como a redução do horário de trabalho e a menor dependência da tecnologia, por exemplo dos telemóveis. Haveria, assim, uma melhor conciliação entre a vida profissional e a vida privada, graças à importância dada à produção local e à diminuição do stresse. Neste tipo de cenário, mais centrado nos assuntos locais e na comunidade, poderá ser mais fácil gerir uma mão-de-obra diversificada. Há poucos recursos para a segurança e saúde no trabalho, bem como para a formação nesse domínio, o que leva à escassez de pessoas devidamente qualificadas. O aumento da reciclagem, bem como da manutenção e reparação em detrimento da substituição, envolve riscos.

Desafio Não há fundos para organizar a formação em SST, mas muita gente sente-se motivada para a frequentar e talvez se disponha a pagar por ela, na medida em que também lhes traz prestígio.

Desafio

A manutenção origina acidentes e a falta de manutenção também gera riscos resultantes da avaria ou do colapso dos equipamentos. A reutilização dos materiais expõe os trabalhadores a riscos antigos, alguns dos quais podem já ter sido esquecidos.

Desafio e oportunidade

Os trabalhadores migrantes são simultaneamente identificados como um desafio e uma oportunidade. O desafio deve-se à sua possível falta de conhecimentos em matéria de SST e ao facto de criarem PME e microempresas; a oportunidade reside na maior importância dada à comunidade e aos assuntos locais, que permitiria integrar melhor os grupos vulneráveis.

Oportunidade Devido à ênfase conferida aos assuntos locais e à comunidade, as pessoas começam a abrandar o ritmo, a trabalhar menos horas, a depender menos da

nível mínimo aceitável de fiscalização.

Surpresa O grupo identificou um consumo crescente de novos tipos de drogas potenciadoras do desempenho no local de trabalho.

Surpresa

Considerou-se também que esta seria uma sociedade do tipo «big brother», em que os empregadores vigiariam os trabalhadores através de técnicas avançadas, por vezes intrusivas, e os inspetores fiscalizariam os locais de trabalho à distância.

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tecnologia e a levar uma vida geralmente mais saudável. O stresse diminui, tanto em casa como no trabalho, e a atitude em relação à SST é positiva. A maior descontração aumenta a tolerância e a aceitação da diversidade no trabalho.

Surpresa

O conhecimento, incluindo no domínio da SST, pode desaparecer rapidamente. Uma historieta ilustrativa do problema, embora noutra área, é o caso dos militares que, ao habituarem-se aos sistemas de orientação eletrónica, deixam de saber ler os mapas quando o equipamento avaria. Um exemplo na área da segurança e saúde no trabalho é o desconhecimento do facto de que os edifícios e estruturas antigos ainda podem conter amianto, como no caso dos operários austríacos expostos a amianto em obras de manutenção de pontes. A questão é saber por quanto tempo as informações deverão ser conservadas.

5 Como modelar o futuro da SST em cada cenário? 5.1 Exercício 3 – Opções políticas para responder aos futuros

desafios no domínio da SST Neste exercício, solicitou-se aos delegados, novamente divididos em grupos, que reexaminassem as questões de SST identificadas no Exercício 2 e desenvolvessem possíveis medidas ou políticas para:

Maximizar as oportunidades; Minimizar os desafios; e Enfrentar eventuais surpresas.

O debate também devia incidir sobre a aplicação das medidas/políticas. Nos quadros 7 a 9, apresentam-se as medidas e políticas identificadas em cada cenário.

Quadro 7: Medidas e políticas – Benefícios Mútuos

Medidas e políticas – Benefícios Mútuos

Permitir que a regulamentação da SST facilite (em vez de entravar) a inovação

• Introduzir a avaliação e os ensaios relativos à SST numa fase muito precoce. • Conciliar a rapidez com a segurança; provavelmente será melhor concentrar esforços nas

boas práticas já em uso do que aguardar por alterações legislativas. Promover o intercâmbio de informações e a transferibilidade das boas práticas.

• Não há lugar para um princípio de precaução rigoroso.

Formação de SST nas escolas /integração da SST no sistema de ensino

• Formação nos estabelecimentos de ensino. • Dada a importância dos ministérios da Educação, será necessário melhorar a

cooperação entre ministérios.

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• Os ministérios do trabalho poderão contribuir para a educação. • Sensibilizar os futuros professores. Por exemplo, ao ensinarem o tema da eletricidade,

poderiam referir a prevenção dos riscos.

Separação entre a vida profissional e a vida privada

• Organizar campanhas de sensibilização sobre a importância de conciliar bem a vida profissional e a vida privada para melhorar a saúde.

• Adotar uma abordagem setorial. • Transmitir especificamente aos empregadores a mensagem de que os trabalhadores não

devem estar sempre de serviço, apesar dos avanços tecnológicos que possibilitam turnos de 24 horas e dos progressos das TIC que permitem trabalhar em permanência, a partir de qualquer lugar.

• Sensibilizar também as pequenas e microempresas para a importância de conciliar bem a vida profissional com a vida privada.

Quadro 8: Medidas

e políticas – Mundo da Abundância

Medidas e políticas – Mundo da Abundância

Um novo organismo de SST independente – No cenário «Mundo da Abundância», os sindicatos e os trabalhadores têm muito pouco poder, os governos não têm competência para intervir no domínio da segurança e saúde no trabalho e as empresas são movidas pela obtenção de lucros a curto prazo. Em consequência, o diálogo social não permite alcançar um nível aceitável de SST. Daí a necessidade de criar um novo organismo independente com responsabilidades a nível nacional, europeu e internacional, para colmatar essas falhas. Esse organismo seria financiado pelos impostos em geral e por uma taxa específica para a SST aplicada às empresas. Em troca, o bom desempenho destas últimas em matéria de SST seria recompensado com benefícios fiscais.

O novo organismo teria as seguintes responsabilidades:

• Programas de investigação no domínio da SST • Patrocínio de legislação e regulamentação acordadas a nível internacional • Inspeções e aplicação da lei • Gestão dos incentivos financeiros para uma boa SST • Garantia de que o registo de cada empresa inclui um plano de SST • Patrocínio de campanhas de sensibilização para a SST nos estabelecimentos de ensino e

locais de trabalho

Embora reconhecendo a dificuldade de criar um novo organismo, o grupo considerava-o essencial para assegurar níveis aceitáveis de SST neste cenário.

Melhor legislação transfronteiriça – Aumentar a coerência da legislação de SST a nível europeu, incluindo leis que permitem condenar as empresas por homicídio involuntário, para que as regras de SST sejam sistematicamente aplicadas em todos os países e os problemas de SST não sejam

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Quadro 9: Medidas e políticas – Verde Intenso

Medidas e políticas – Verde Intenso

Juntar as responsabilidades pela SST e pelo ambiente – Dada a escassez de fundos disponíveis para assegurar uma boa SST e a secundarização desta última em relação às questões ambientais, num mundo de elevados valores ecológicos, uma forma de sensibilizar para a SST e, logo, de a melhorar, é associá-la ao ambiente. Os dois domínios poderiam ficar, por exemplo, sob a tutela do mesmo regulador. A aplicação das normas ficaria a cargo de comunidades locais, ONG e voluntários.

Campanha centrada na manutenção – Uma vez que, neste cenário, se identificou a manutenção como uma importante origem de acidentes, deverá realizar-se uma campanha centrada nessa área. A campanha seria realizada com baixos custos e dentro do espírito de uma sociedade ecológica, através, por exemplo, de concursos de cartazes e usando materiais reciclados. As campanhas televisivas poderiam ser vistas em televisores comuns, em locais de encontro comunitários (por exemplo, em pubs…)

Formação – A falta de formação e a falta de fundos para a formação foram identificadas como problemas do cenário «Verde Intenso», mas seria relativamente barato aumentar o número de trabalhadores com formação de SST através das comunidades locais. Os voluntários e ONG seriam importantes neste processo, ajudando também a ministrar formação, e as grandes empresas talvez apoiassem as mais pequenas se fossem motivadas por incentivos fiscais. Também neste caso a associação da SST às atividades ambientais lhes daria maior projeção.

5.2 Exercício 4 – Testes das ideias/medidas/políticas resultantes do Exercício 3 nos diversos cenários

É importante testar as políticas em relação aos diversos cenários, uma vez que o futuro conterá provavelmente elementos de cada um deles, conjugados de formas imprevisíveis. Os testes ajudam a identificar as políticas com maior solidez para produzir bons resultados em futuros alternativos,

exportados para outros países, por exemplo sob a forma de resíduos para tratamento.

Análises aleatórias de deteção de consumo de drogas – Para combater o grande aumento do consumo de drogas potenciadoras do desempenho no local de trabalho, será necessário adotar um sistema de análises aleatórias, expandindo as análises já efetuadas em algumas grandes empresas e forças armadas de muitos países. Porém, esta ideia também levantou questões relativas à vigilância dos trabalhadores e à intrusão em questões de saúde e vida privada, acompanhadas de eventuais atitudes discriminatórias. São necessárias regras fortes de privacidade para evitar tais abusos. As análises também poderiam ser realizadas e fiscalizadas pelo organismo independente acima mencionado e os empregadores não deveriam ter acesso aos dados de saúde.

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distinguindo-as daquelas que apenas funcionam num deles. As políticas poderão resistir, assim, a diferentes condições futuras. Este processo designa-se geralmente por «wind tunnelling».

O exercício foi realizado em sessão plenária, mas também pode ser feito em grupo ou, separadamente, por uma equipa de análise das políticas. Independentemente do método adotado, há que evitar as ideias preconcebidas, tanto sobre as políticas como sobre o futuro. Adotando uma atitude de abertura, os decisores políticos poderão explorar e preparar-se para a mais vasta gama de possibilidades.

Pediu-se a cada grupo que apresentasse um relatório sobre duas das medidas ou políticas consideradas no seu cenário, analisando também as políticas produzidas nos outros dois cenários com base nas seguintes perguntas em relação ao seu próprio cenário:

Pertinência – a política aborda uma questão significativa para o vosso cenário? Benefícios – a política é eficaz nas condições previstas no vosso cenário? e Aplicação – se uma política puder ter êxito no vosso cenário, será aplicada de forma idêntica?

Com base nestes critérios, as duas políticas de cada cenário foram testadas nos três cenários e classificadas entre +5 e -5.

Os resultados desse exercício são apresentados no Quadro 10: Quadro 10: Wind tunnelling das medidas e políticas

Política

Classificação no cenário

Benefícios Mútuos

Classificação no cenário

Mundo da Abundância

Classificação no cenário

Verde Intenso

1. Avaliação precoce em matéria de SST para permitir a inovação. Maior intercâmbio de boas práticas e enfraquecimento do princípio de precaução (proposta pelo grupo «Benefícios Mútuos»).

+5 +2 +2

2. Análises obrigatórias no local de trabalho para deteção do consumo de drogas potenciadoras do desempenho (proposta pelo grupo «Mundo da Abundância»).

0 +5 0

3. Fusão das autoridades, inspeções, ONG, etc., nos domínios da SST e do ambiente (proposta pelo grupo «Verde Intenso»).

+2 -4 +5

4. Formação no domínio da SST nas escolas (proposta pelo grupo «Benefícios Mútuos»).

+5 +5 +4

5. Organismo independente para a SST (proposto pelo grupo «Mundo

+2 +5 -4

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da Abundância»).

6. Campanha sobre problemas de manutenção (baixo custo, cartazes, etc.) (proposta pelo grupo «Verde Intenso»).

+3 +1 +5

É importante que as decisões tomadas não se baseiem apenas na classificação das políticas em relação aos cenários. Uma classificação baixa não implica forçosamente que a política seja posta de parte. Uma política que inicialmente pareça estar dependente de determinado cenário pode ser válida noutros cenários, quando aplicada de modo diferente ou alterada de alguma forma. Este processo visa facilitar a análise das políticas nos diversos cenários e, se os interessados forem envolvidos, poderá constituir um bom enquadramento para promover um debate estratégico. No debate em sessão plenária, extraíram-se as seguintes conclusões sobre as seis políticas testadas:

Política 1. O seu objetivo é responder ao desafio previsto no cenário «Benefícios Mútuos» de elevados níveis de inovação rápida num contexto que valoriza a SST. A parte referente à análise precoce da segurança e saúde no trabalho é globalmente positiva, mas menos pertinente para o cenário «Verde Intenso», devido ao índice de inovação mais lento. No caso do cenário «Mundo da Abundância», a análise precoce da SST seria útil, devido ao célere índice de inovação, mas a redução do princípio de precaução enfraqueceria ainda mais a situação, já débil, da SST. Síntese: apesar de ter a mesma classificação de +2 nos outros cenários, os benefícios respetivos e os aspetos positivos da política são diferentes.

Política 2. Responde ao problema específico do consumo de drogas potenciadoras do desempenho cognitivo no local de trabalho, no cenário do «Mundo da Abundância». O problema não é significativo nos outros dois cenários e, por isso, esta política não é pertinente. Síntese: este é um exemplo de uma política que depende de um cenário, mas não é negativa noutros cenários.

A aplicação de uma política ligada a um cenário específico pode justificar-se, mas será necessário analisar a forma de a adaptar para que seja útil noutros cenários e avaliar os riscos a ela associados.

Política 3. Procura reforçar a SST associando-a aos fortes valores «verdes». Todavia, no «Mundo da Abundância» esses valores são fracos e, por isso, esta política prejudicaria a SST. No cenário «Benefícios Mútuos» as vantagens seriam limitadas. Síntese: este é um exemplo de uma política prioritária num cenário, mas que pode ter fortes efeitos negativos noutro cenário.

Caso se considere importante aplicar este tipo de política, será necessário gerir os riscos a ela associados num potencial futuro em que tenha efeitos negativos.

Política 4. Esta política tem um impacto positivo nos três cenários, embora a sua aplicação possa variar. Síntese: é uma política robusta que produzirá grandes benefícios independentemente do cenário futuro.

Política 5. O intuito desta política é responder à incapacidade do diálogo social para garantir a segurança e saúde no trabalho no cenário «Mundo da Abundância». Não seria prática nem benéfica

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no cenário «Verde Intenso» e teria benefícios limitados no cenário «Benefícios Mútuos». Síntese: é um exemplo de como uma nova iniciativa tanto pode ter impactos positivos como negativos, em função do cenário futuro.

Política 6. Esta política visa um aspeto específico do cenário «Verde Intenso», mas aplicar-se-ia de forma diferente no cenário «Benefícios Mútuos» e seria supérflua no «Mundo da Abundância». Síntese: embora seja uma política dependente de um cenário, a sua aplicação apresenta baixos riscos e não tem efeitos negativos nos outros cenários.

6 Conclusão Os pontos focais foram eficazmente conduzidos ao longo do processo de identificação de potenciais problemas futuros no domínio da SST e da formulação de políticas e medidas para os enfrentar. O «wind tunnelling» das políticas acima descritas demonstrou como as diversas políticas se comportariam em diferentes futuros possíveis. É provável que o futuro dos «empregos verdes» contenha elementos dos três cenários.

A elaboração de cenários é um instrumento com grande potencial, que pode ajudar a formular e a testar políticas, e que, embora não elimine a incerteza do futuro, permite considerar uma gama mais vasta de políticas e compreender melhor os respetivos riscos.

É claro que este workshop, embora tenha servido para demonstrar como se utilizam os cenários, não dispunha do tempo necessário para realizar um processo exaustivo de identificação de políticas. A investigação minuciosa dos temas abordados exigiria muito mais tempo.

No debate de encerramento em plenário, os pontos focais manifestaram, na sua maioria, uma opinião positiva sobre as experiências vivenciadas no workshop. Quando inquiridos sobre se os debates neste mantidos diferiam daqueles que costumam ter, cerca de dois terços dos participantes puseram a mão no ar.

Seguem-se alguns dos comentários expressos no debate:

«Estava bastante cético no início do workshop, mas este é um bom método, que nos faz refletir. Seria bom organizar um workshop semelhante num dos nossos eventos nacionais».

«É interessante utilizar este método».

«Este método dá-nos a possibilidade de sermos mais criativos do que as reuniões em que habitualmente tratamos os problemas. Abre-nos os horizontes e é um bom instrumento para a criatividade».

«Esta abordagem devia ser aplicada de forma mais ampla para todos poderem ter uma nova visão e outra perspetiva. Estávamos todos muito céticos no início, mas agora a nossa opinião é muito positiva».

«Excelente, gostei muito. Muito obrigado».

«O projeto deveria ser alargado. Dá-nos uma nova perspetiva. Eu estava cético, mas agora tenho uma opinião positiva, ao fim destes dois dias».

«Os decisores políticos deveriam ser envolvidos neste tipo de debate».

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Todavia, nem todos ficaram convencidos, havendo comentários que variavam entre o cauteloso e o descrente.

«Tenho dificuldade em identificar-me com o cenário «Verde Intenso», porque não é realista. Contudo, a metodologia faz-nos refletir sobre diversas questões e alarga a nossa perspetiva».

«Sinto dificuldade em identificar-me com o cenário «Verde Intenso» e não entendo o entusiasmo dos meus colegas por uma visão romântica desse cenário. Ao fim de dois dias, ainda estou menos convencido de que ele seja uma coisa boa e compreendo ainda menos por que razão os meus colegas estão tão entusiasmados».

«Será que isto pode influenciar os governos em relação à SST?»

«O processo é bom, mas não será perigoso nas mãos dos mais poderosos? Os políticos julgam ter mais poder para influenciar o futuro do que têm na realidade».

É, no entanto, importante que num processo deste tipo participem pessoas com pontos de vista diferentes, na medida em que se proporcionam debates mais produtivos. Os principais benefícios da utilização de cenários advêm precisamente do facto de porem em causa ideias feitas e permitirem explorar uma maior variedade de opções. Os cenários são um instrumento de apoio à tomada de decisões, mas a sua utilidade reside no debate estratégico que geram e nas perspetivas que abrem (Ver Scenarios: The Art of Strategic Conversation – Cenários: A Arte do Debate Estratégico) (3).

Outros participantes revelavam, no início do workshop, uma atitude prudente, que se foi tornando mais positiva ao longo dos trabalhos.

«No início estávamos muito céticos. Agora sentimo-nos otimistas»

Globalmente, os comentários formulados e o ambiente animado do workshop mostraram que os delegados compreenderam a natureza do trabalho com cenários e as suas aplicações, e que regressariam aos países de origem suficientemente entusiasmados para promoverem este método. Alguns pontos focais até sugeriram que ele fosse mais utilizado nas suas próprias reuniões.

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3 Scenarios: The Art of Strategic Conversation, Kees van der Heijden (2004), Wiley, ISBN: 978-0-470-02368-6

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Anexo 1: Ordem de trabalhos Reunião: Workshop de prospetiva para os pontos focais da EU-OSHA sobre os riscos

novos e emergentes associados às novas tecnologias a nível dos empregos verdes

Data: 12/11/2013 13/11/2013

Hora: 14h30 – 18h30 09h00 – 13h00

Local: Bilbau, Gran Via 35, 7.º andar, sala de reuniões Inbisa A

Participantes: Pontos focais da EU-OSHA

12 de novembro

14h30 Boas-vindas e apresentação do projeto (Emmanuelle Brun, EU-OSHA)

14h40 Introdução ao workshop (John Reynold, SAMI Consulting)

14h50 Debate em grupo sobre as prioridades do workshop

15h10 Resultados

15h30 Comunicação sobre a forma como a análise prospetiva e a utilização de cenários contribuem para a formulação de políticas, e apresentação dos cenários da EU-OSHA (John Reynolds)

16h15 Exercício 1 – Exercício inicial para estudar o cenário atribuído e ponderar os eventuais títulos da imprensa relativos à SST em 2020 (os pontos focais são divididos em 3 grupos, atribuindo-se a cada um deles um cenário da EU-OSHA para todos os exercícios em grupo do workshop)

16h45 Intervalo

17h00 Resultados da sugestão de títulos da imprensa e do debate dos cenários

17h20 Apresentação das questões de SST novas e emergentes a nível dos empregos verdes identificadas no projeto prospetivo da EU-OSHA (Peter Ellwood, HSL)

18h00 Debate em plenário

18h30 Encerramento

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13 de novembro

09h00 Introdução ao segundo dia de trabalhos

09h10 Exercício 2 – Quais são os futuros desafios e oportunidades para a SST em cada cenário? (trabalho de grupo)

10h00 Resultados e debate em plenário

10h30 Exercício 3 – Como poderemos influenciar o futuro para melhorar a SST em cada cenário? Medidas/políticas para alcançar os melhores resultados possíveis no domínio da SST (tendo em conta os respetivos desafios e oportunidades identificados no Exercício 2) (trabalho de grupo)

11h30 Intervalo

11h45 Exercício 4 – Testar as ideias, medidas e políticas resultantes do Exercício 3 em todos os cenários

12h45 Debate final sobre o contributo que os cenários podem dar para a análise dos futuros problemas de SST, o pensamento estratégico e a formulação de políticas

13h00 Encerramento

Lista de participantes

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Anexo 2: Participantes no workshop Workshop de Prospetiva sobre Novas Tecnologias e Empregos

Verdes

Bilbau, 12-13 de novembro de 2013

Nome Organização País

Katalin BALOGH Serviço Nacional de Emprego Hungria

Eduard BRUNNER Secretariado Estatal para os Assuntos Económicos (SECO) Suíça

Kaarre DOMAAS Autoridade Norueguesa de Inspeção do Trabalho Noruega

Martin DUCKWORTH Sami Consulting Ltd Reino Unido

Peter ELLWOOD Health and Safety Laboratory Reino Unido

Fatma Gulay GEDIKLI Ministério do Trabalho e da Segurança Social, Direção-Geral de SST Turquia

Trosima GJINO Inspeção Estatal do Trabalho Albânia

Aneta GRANDA Instituto de Investigação Nacional Polónia

Francesca GROSSO INAIL (Instituto Nacional para a Compensação dos Trabalhadores) Itália

Martina HAECKEL-BUCHER Ministério Federal do Trabalho, Assuntos Sociais e Defesa do Consumidor Áustria

Liisa HAKALA Ministério dos Assuntos Sociais e da Saúde Finlândia

Ioannis KONSTANTAKOPOULOS

Ministério do Emprego e da Proteção Social Grécia

Wioleta KLIMASZEWSKA Instituto Central da Proteção do Trabalho Polónia

Ljupcho KOCHOVSKI Associação Macedónia de Segurança e Saúde no Trabalho Macedónia

Vladka KOMEL Ministério do Trabalho, da Família, dos Assuntos Sociais e da Igualdade de Oportunidades

Eslovénia

Lista de participantes

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Nome Organização País

Miodrag LONCOVIC Ministério do Emprego e da Política Social Sérvia

Gavin LONERGAN Health and Safety Authority Irlanda

Linda MATISANE Inspeção Estatal do Trabalho Letónia

Agim MILLAKU Ministério do Trabalho e da Segurança Social – Inspeção do Trabalho Kosovo

Eleni NAOUM LOIZIDOU Departamento de Inspeção do Trabalho Chipre

Georgiana NICOLESCU

INCDPM (Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento sobre Segurança no Trabalho «Alexandru Darabont»)

Roménia

Belen PEREZ-AZNAR INSHT (Instituto Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho) Espanha

Alain PIETTE Serviço Público Federal do Emprego, do Trabalho e do Diálogo Social Bélgica

Kristel PLANGI Inspeção do Trabalho Estónia

John REYNOLDS Sami Consulting Ltd Reino Unido

Henk SCHRAMA TNO Work & Employment Países Baixos

John SCHNEIDER Inspection du Travail et des Mines Luxemburgo

Boglarka BOLA Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho EU-OSHA

Emmanuelle BRUN Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho EU-OSHA

Xabier IRASTORZA Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho EU-OSHA

Katalin SAS Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho EU-OSHA

Michaela SEIFERT Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho EU-OSHA

Monica VEGA Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho EU-OSHA

Anexo 3

Resumos dos cenários

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Benefícios Mútuos

Elevado crescimento económico

Fazendo uma retrospetiva a partir de 2025, constata-se que, após um arranque lento em 2012, o crescimento na UE e na OCDE regressou aos níveis anteriores à crise económica de 2008. Os países em desenvolvimento também tiveram um crescimento elevado, semelhante ao registado na primeira década do século.

Elevados valores ecológicos

Os avanços verificados nas ciências climáticas começaram a mostrar como estamos a ficar vulneráveis às alterações climáticas. A crescente preocupação da opinião pública incentivou os governos a adotarem políticas ecológicas, nomeadamente para reduzir as emissões de carbono de forma profunda e progressiva.

As empresas e os cidadãos valorizam muito os comportamentos ecológicos, tanto mais que a escassez de recursos (alimentos, produtos de base, minerais, água e energia) suscita grande preocupação.

Elevado nível de inovação nas tecnologias verdes

Considera-se cada vez mais que o crescimento verde é essencial para um futuro sustentável. Os lucros das empresas e o seu acesso ao financiamento possibilitaram a realização de grandes investimentos em novas oportunidades e infraestruturas empresariais. O ritmo do desenvolvimento tecnológico acelerou, com elevados níveis de inovação, em grande parte direcionada para a ecologia e para a obtenção de lucros futuros.

Sociedade e trabalho

A população da União considera maioritariamente que tem uma vida próspera e valoriza mais a preservação do ambiente, da vida e do bem-estar. A economia forte permite que os governos satisfaçam as crescentes exigências de bem-estar e investimento na educação.

A taxa de emprego é elevada e estão a ser criados muitos empregos e produtos novos num curto espaço de tempo, o que pode gerar novos perigos e riscos se a SST não for devidamente tida em conta na sua conceção.

Segurança e saúde no trabalho

Panorâmica

Numa economia dinâmica, há fundos disponíveis para investir na segurança, mas o acelerado ritmo da inovação e a rápida implantação de novas tecnologias e de novos produtos, bem como a criação de novos empregos que exigem novas competências, expõem uma maior faixa da população a novos riscos que se sucedem a intervalos mais curtos. Por conseguinte, é importante que as avaliações de SST se realizem no início do ciclo de desenvolvimento das tecnologias ou dos produtos, para que o ritmo de desenvolvimento não deixe a SST ficar para trás.

Energia eólica

Os riscos multiplicam-se grandemente nos parques eólicos offshore, que poderão tornar-se locais de trabalho muito perigosos. As numerosas turbinas de grande dimensão, colocadas em águas cada vez mais profundas e afastadas de terra firme, levam a que o acesso seja o principal problema para a SST. Os locais de trabalho estão mais dispersos e as margens de lucro que permitem investir na segurança são inferiores às das indústrias petrolífera e do gás natural. A construção é perigosa e há pouco pessoal competente para o grande número de turbinas, visto que a energia eólica concorre com outras tecnologias no recrutamento de trabalhadores qualificados. São necessários navios especializados para movimentar as turbinas de grande dimensão em águas profundas e as fundações continuam a suscitar problemas (sobretudo porque, num parque eólico, o fundo do mar não é igual para todas as turbinas), incluindo no que diz respeito ao seu transporte a partir dos depósitos, bem como, a longo prazo, à remoção das fundações. As novas conceções das turbinas suscitaram incógnitas no domínio da engenharia. O ambiente é hostil e a manutenção difícil, embora os dispositivos eletrónicos mais fiáveis com que as infraestruturas são monitorizadas ajudem a reduzir as operações de manutenção imprevistas e a melhor qualidade dos equipamentos tenha aumentado a segurança. A necessidade de os trabalhadores viverem tão longe de terra dificulta a organização do trabalho e gera problemas psicossociais. Os novos materiais compósitos e os nanomateriais utilizados no fabrico das turbinas eólicas poderão ter introduzido novos riscos para a saúde dos trabalhadores envolvidos na sua produção, manutenção, desativação e reciclagem.

Construção ecológica e remodelação de edifícios

A construção automatizada de edifícios modulares fora dos locais de construção melhorou a segurança nestes locais, reduzindo muito as tarefas neles realizadas. No entanto, a transferência da construção para as fábricas gera novos riscos de exposição dos operários às novas substâncias cada vez mais utilizadas na construção (por exemplo, materiais de mudança de fase, substâncias químicas para

Anexo 3

Resumos dos cenários

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armazenamento de calor, novos revestimentos de superfícies, nanomateriais e compostos fibrosos).

Nos locais de construção, os problemas advêm da combinação de atividades automatizadas com outras tradicionais, de caráter manual. A conexão de serviços (por exemplo, água e eletricidade) aos módulos pré-fabricados envolve riscos, que poderão ser minimizados por uma conceção correta. Também existem riscos elétricos decorrentes da integração de edifícios novos e antigos nas redes inteligentes, da incorporação de eletrodomésticos inteligentes, das tecnologias de armazenamento de energia, etc. Em cidades cada vez mais povoadas, a tendência para construir caves provocou um congestionamento crescente do subsolo com as consequentes implicações em matéria de SST, devido ao trabalho em espaços fechados e ao risco de desmoronamento de estruturas ou de perfuração de cabos existentes.

As diversas combinações de novas fontes de energia nos edifícios (por exemplo, fotovoltaica (PV), geotérmica e biomassa) gera novos perigos e acidentes imprevisíveis — sobretudo devido ao grande número de novos intervenientes no setor.

Em virtude do elevado nível de construção nova, é necessário tratar uma grande quantidade de materiais de construção antigos provenientes das demolições, com os consequentes riscos de exposição para os trabalhadores. A renovação dos edifícios existentes acarreta um progressivo aumento dos trabalhos em telhados, para instalação de painéis solares e de pequenas turbinas eólicas. Implica não só riscos de quedas, mas também de exposição ao chumbo e ao amianto, em consequência da intervenção em estruturas antigas.

Bioenergia

O armazenamento e o tratamento de biomassa expõem os trabalhadores a riscos físicos, químicos e biológicos, bem como de incêndio e explosão. Utilizam-se altas temperaturas e, por vezes, pressões elevadas, na pirólise (350–550º C) e na gaseificação (mais de 700º C). A maior variabilidade da composição dos gases derivados da biomassa, comparativamente aos combustíveis fósseis, também pode causar problemas. Os biocombustíveis de terceira geração são suscetíveis de gerar novos riscos biológicos e a expansão da produção de biocombustíveis de terceira geração das instalações de demonstração para uma escala comercial poderá implicar riscos operacionais.

A ampla adesão à bioenergia põe em risco muitos trabalhadores. A agricultura vira-se cada vez mais para a produção de biomassa e é provável que o trabalho florestal também se intensifique. Os resíduos de biomassa podem ser tóxicos (por exemplo, as cinzas de madeira contêm metais pesados e são extremamente alcalinas).

Gestão e reciclagem de resíduos

A pressão política em prol da reciclagem leva a que os trabalhadores sejam expostos a uma gama muito vasta de materiais: o volume crescente de resíduos pode dificultar a identificação da sua proveniência e composição. No entanto, o melhoramento da rotulagem, do seguimento e da fiscalização dos materiais contribui para o processo de identificação.

Os trabalhadores têm de tratar resíduos perigosos, e não apenas de resíduos valiosos, incluindo materiais de mineração urbana e a reciclagem de resíduos industriais. Os nanomateriais também estão cada vez mais presentes nos resíduos, à medida que aumenta a sua utilização na produção. Contudo, o crescente uso de robôs para triar e manipular os resíduos ajuda a melhorar as condições de segurança e saúde dos trabalhadores.

O objetivo de uma economia com «zero resíduos» obriga ao tratamento dos resíduos finais mais difíceis, que por serem muito concentrados se tornam perigosos e exigem um manuseamento especial.

Transportes verdes

A manutenção de redes complexas, associada à falta de pessoal qualificado, constitui um importante desafio para a SST. A maioria dos veículos novos são elétricos ou híbridos. A recarga rápida ou a troca de baterias pode apresentar riscos, o mesmo acontecendo com a manutenção dos veículos elétricos. Sendo essa manutenção cada vez mais efetuada em garagens independentes e não especializadas, os seus trabalhadores correm riscos de eletrocussão por não estarem familiarizados com as altas tensões envolvidas. Os riscos de incêndio ou explosão são particularmente elevados durante a carga rápida dos veículos elétricos e após a ocorrência de acidentes. Os veículos de condução automática e o platooning (agrupamento de veículos que se comportam como se fossem um só) aumentaram a segurança dos que viajam em trabalho. No entanto, poderá haver uma dependência excessiva da tecnologia, sendo crucial assegurar uma fiabilidade absoluta, com segurança positiva em caso de acidentes, problemas ou avarias.

Produção ecológica, robótica e automatização

O aumento da automatização melhorou a SST em alguns aspetos, ao retirar algumas tarefas perigosas aos trabalhadores, mas o recurso a robôs colaborativos não confinados introduziu outros riscos potenciais.

Anexo 3

Resumos dos cenários

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 29

A crescente complexidade e intervenção das TIC na automatização da produção levanta questões de interface homem-máquina. Algumas anomalias dos robôs podem ser difíceis de detetar a tempo e põem em risco a segurança dos trabalhadores. As abordagens de racionalização e minimização das existências, cada vez mais utilizadas e facilitadas por sistemas de fabrico flexíveis, sujeitam os trabalhadores a uma pressão suplementar, conducente a riscos psicossociais. Os trabalhadores recorrem a meios de intensificação do desempenho para conseguirem acompanhar a evolução tecnológica, os próprios colegas e os robôs. A longo prazo, os novos materiais verdes e os nanocompósitos com menor pegada de carbono podem ter efeitos desconhecidos sobre a saúde.

Energia renovável produzida no setor doméstico e em pequena escala

A rapidez das mudanças e a sua diversidade faz escassear o pessoal devidamente qualificado e competente para trabalhar com as tecnologias das energias renováveis. Nesta área, há muitas tecnologias novas que exigem conhecimentos específicos, mas ainda não totalmente desenvolvidos, e em que os «antigos» conhecimentos sobre a SST e as práticas de trabalho seguras nem sempre são diretamente transferíveis. Os novos intervenientes no setor nem sempre estão suficientemente familiarizados com os riscos existentes e as novas combinações que podem assumir. As pequenas e médias empresas (PME) produzem cada vez mais eletricidade nos seus terrenos, como atividade complementar, e podem utilizar os seus próprios trabalhadores, ou subcontratantes, para instalar ou manter os seus sistemas de produção de energias renováveis, embora eles não sejam qualificados para executar esse tipo de trabalho. A crescente adoção da energia solar fotovoltaica apresenta riscos para os trabalhadores dos serviços de emergência que acedem a espaços nos telhados que continuam em tensão, mesmo após a ligação à rede de distribuição ter sido cortada.

Baterias e armazenamento de energia

O hidrogénio é um vetor de energia cada vez mais popular, designadamente como combustível para veículos, o que suscita problemas de transporte e armazenamento. As baterias são o principal meio de armazenamento de eletricidade, com potenciais riscos de incêndio e explosão, exposição a substâncias químicas perigosas e eletrocussão causada por altas tensões. Devido à sua experiência com as baterias ácidas de chumbo, geralmente as pessoas têm uma perceção errada de que as novas baterias são seguras. Tal como para as grandes instalações offshore, há regras específicas de SST aplicáveis ao armazenamento de energia em alto mar, o qual, se bem que baseado num conceito de relativamente baixa tecnologia, envolve altas tensões e potências num ambiente complexo, o que complica os trabalhos de instalação e manutenção.

Transporte e distribuição da energia

A complexidade da rede superinteligente (SuperSmart Grid - SSG) dificulta o seu controlo a partir de cima e, logo, o controlo das questões de SST a ela associadas. Os principais riscos resultam do maior número de trabalhos em tensão necessários para acompanhar o rápido ritmo de mudança. Os perigos de choque elétrico, queimaduras, incêndio e explosão são bem conhecidos, mas agora envolvem pessoas diferentes, em situações diferentes. O armazenamento crescente de eletricidade é mais uma dimensão do problema, visto que a pressão do trabalho pode levar à utilização de pessoal pouco experiente.

Anexo 3

Resumos dos cenários

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 30

Mundo da Abundância

Elevado crescimento económico

Fazendo uma retrospetiva a partir de 2025, verifica-se que, após um lento arranque em 2012, o crescimento na UE e na OCDE regressou aos níveis anteriores à crise económica de 2008. Os países em desenvolvimento também tiveram um crescimento elevado, semelhante ao registado na primeira década do século. A elevada taxa de crescimento fez aumentar os preços dos recursos naturais, incluindo a energia.

Valores ecológicos fracos

A partir de 2012, o crescimento económico foi prioritário e considerou-se que alguma degradação do ambiente era uma consequência inevitável do fortalecimento das economias da UE. Quando confrontadas com os custos, as pessoas não valorizaram suficientemente a ecologia para que os governos e as empresas se sintam incentivados a assegurá-la. O apoio governamental às práticas ecológicas limita-se à cobrança de taxas pelos efeitos externos visíveis da produção (ruído, poluição, aterros, congestionamento do tráfego, etc.).

Níveis médios de inovação nas tecnologias verdes (orientada para o lucro)

A maioria dos consumidores e das empresas só escolhem produtos e serviços «verdes» se estes forem melhores ou mais baratos do que os alternativos. As inovações no domínio das tecnologias verdes estão limitadas aos domínios comprovadamente rentáveis.

Níveis de inovação globalmente elevados

Os progressos tecnológicos são contínuos e logo integrados em novos produtos e processos. Os elevados níveis de investimento de capital permitem uma rápida implantação das tecnologias com grande intensidade de capital. A rentabilidade das empresas e o seu acesso ao financiamento suportaram elevados níveis de investimento em infraestruturas. As consequências ambientais da utilização acrescida de recursos são consideradas aceitáveis e necessárias.

As ciências da energia continuam a melhorar a eficiência energética e a energia hipocarbónica, mas tornou-se evidente que seriam necessários compromissos sérios e inaceitáveis para realizar um futuro sem emissões de carbono.

Sociedade e trabalho

A maioria dos cidadãos da UE sentem-se mais prósperos do que em 2012. Valorizam mais o bem-estar económico do que o ambiente, mas estão dispostos a pagar por um meio ambiente agradável nas imediações do local onde vivem.

As empresas concentram esforços na obtenção de lucros no presente e no futuro. Criam-se novos empregos a um ritmo relativamente rápido e a taxa de emprego é elevada. A mobilidade dos trabalhadores também é grande, embora as desigualdades existentes levem a que os trabalhadores menos qualificados sejam facilmente explorados.

Os maiores níveis de rendimento e de lucro das empresas geram receitas fiscais que permitem aos governos europeus pagarem programas de segurança social sustentáveis.

Nos locais de trabalho é comum utilizar drogas potenciadoras do desempenho.

Segurança e saúde no trabalho

Panorâmica

Numa economia saudável, há fundos disponíveis para investir na SST e na segurança das infraestruturas e dos processos empresariais, mas a maioria dos governos dão relativamente pouca importância à SST. Os empregadores consideram-na importante em termos do seu impacto nos lucros.

Os empregos e produtos novos podem gerar novos perigos e a rápida implantação de novas tecnologias conduz à exposição de uma ampla faixa da população a estes perigos sem que haja tempo suficiente para determinar os seus eventuais impactos na segurança e saúde.

É mais eficaz impor a SST através de medidas regulamentares do que através da educação.

Tal como no cenário «Benefícios Mútuos», falta pessoal qualificado devido ao índice de inovação elevado. Em consequência, há polarização da mão-de-obra no que respeita às qualificações, sendo os empregos com condições de trabalho piores e mais perigosas geralmente ocupados pelos trabalhadores menos qualificados.

Energia eólica

Anexo 3

Resumos dos cenários

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 31

Com turbinas mais pequenas e predominantemente localizadas em terra, a sua construção e manutenção não são tão perigosas como nos outros dois cenários. Contudo, a proximidade dos centros populacionais pode pôr em risco uma maior faixa da população, incluindo os trabalhadores. Grande parte do trabalho de manutenção é subcontratado, o que dificulta o controlo da organização do trabalho e abre portas à transferência de responsabilidades, bem como ao incumprimento do dever de diligência por parte dos proprietários das instalações. As pressões para reduzir os custos podem levar à assunção de maiores riscos. Muitos dos trabalhadores são migrantes com baixos níveis de qualificação e uma cultura deficiente em matéria de SST. A desativação de parques eólicos antigos, que não foram concebidos com vista a um desmantelamento seguro, tem grandes riscos para os trabalhadores. É possível que os novos materiais compósitos e os nanomateriais utilizados na produção das turbinas eólicas tenham introduzido novos riscos para a saúde das pessoas que trabalham na sua produção, manutenção, desativação e reciclagem. Um aspeto positivo é que o uso de conceções normalizadas reduziu a complexidade e simplificou a manutenção.

Construção ecológica e remodelação de edifícios

A construção automatizada de edifícios modulares fora dos locais de construção melhorou a segurança destes últimos, uma vez que reduziu grandemente as tarefas neles realizadas. A conexão de serviços (por exemplo, água e eletricidade) aos módulos pré-fabricados envolve riscos, que poderão ser minimizados através de uma conceção correta. No entanto, a transferência da construção para as fábricas suscita novos riscos decorrentes da exposição dos trabalhadores a novas substâncias.

Nos locais de construção, há riscos elétricos decorrentes da integração de edifícios novos e antigos nas redes inteligentes, da incorporação de eletrodomésticos inteligentes, das tecnologias de armazenamento de energia, etc. Em cidades cada vez mais povoadas, a tendência para construir caves levou a um congestionamento crescente do subsolo.

Em virtude do elevado nível de construção nova, é necessário tratar uma grande quantidade de materiais de construção provenientes das demolições. São demolidos edifícios mais recentes do que no cenário «Benefícios Mútuos» – expondo os trabalhadores a novos perigos resultantes dos materiais modernos. Os resíduos das demolições são enviados para aterros e não para a reciclagem. A remodelação dos edifícios existentes expõe os trabalhadores a cada vez mais trabalhos nos telhados, para instalar painéis solares quando estes se tornam economicamente viáveis, havendo o risco de quedas, mas também de exposição a chumbo e ao amianto em consequência da intervenção em estruturas antigas. A ausência de ventilação adequada nas operações de substituição dos isolamentos torna-se problemática, uma vez que este tipo de obras pode atrair operários da construção

habituados a trabalhar ao ar livre e que, por isso, não estão atentos à necessidade de uma ventilação adequada no interior.

Bioenergia

Tal como no cenário «Benefícios Mútuos», o armazenamento e o tratamento da biomassa expõem os trabalhadores a riscos físicos, riscos químicos e biológicos, e riscos de incêndio e explosão, os quais podem ser atenuados pela automatização. Mesmo nos casos em que a biomassa é tratada de forma automatizada, as caldeiras que alimentam são uma fonte de fumos e poeiras. Devido à pressão dos preços exercida sobre os pequenos subcontratantes, o trabalho intensificou-se com o consequente aumento dos riscos. Os biocombustíveis de terceira geração produzidos a partir de organismos criados pela biologia sintética constituem uma potencial fonte de riscos biológicos.

Gestão e reciclagem de resíduos

Em consequência do elevado nível de inovação, sem a devida atenção à possibilidade de reciclagem, o processo de tratamento de resíduos pode ser perigoso. Há alguma automatização desse processo, mas só para reduzir custos e não por preocupação com a SST. O ritmo de inovação acelerado conduz ao surgimento de novos materiais e à sua transformação em resíduos antes que se consiga analisar as implicações a nível da SST. Esta é uma sociedade de desperdício, pelo que há muitos trabalhadores envolvidos no tratamento dos resíduos e, portanto, potencialmente expostos aos riscos. Num mundo cada vez mais complexo e movido pelo lucro, a exposição a vários riscos em simultâneo pode ser um problema. As elevadas taxas cobradas pela eliminação dos resíduos induz um maior número de produtores de resíduos a tentarem eliminá-los eles próprios, transferindo-se os riscos dessa eliminação dos operadores profissionais para os produtores: por exemplo, empresários (incluindo microempresas e PME, bem como pessoas singulares) que utilizam digestores, compactadores ou incineradoras de pequena dimensão.

Transportes verdes

À semelhança do cenário «Benefícios Mútuos», a manutenção e a recarga dos veículos elétricos tornam-se riscos importantes, graças à maior utilização destes veículos e ao facto de esses trabalhos terem deixado de ser efetuados por fornecedores e operadores de manutenção especializados e passado a ser entregues a oficinas independentes. Os riscos decorrentes do maior número de veículos elétricos não se circunscrevem ao veículo propriamente dito. As baterias que chegam ao fim da sua vida útil como componentes dos veículos estão a ser utilizadas para armazenar eletricidade nos edifícios. Para além dos riscos de incêndio e explosão normalmente associados às baterias, existe assim a complicação adicional de no armazenamento de energia serem utilizadas baterias degradadas,

Anexo 3

Resumos dos cenários

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 32

estragadas, sem rótulo e de proveniência e conceção desconhecidas. A automatização dos veículos tem sido positiva para a SST dos condutores, embora possa haver uma dependência excessiva da tecnologia. É necessário que a tecnologia seja totalmente fiável e segura em caso de incidente.

Produção ecológica, robótica e automatização

Tal como no cenário «Benefícios Mútuos», o aumento da automatização melhorou a SST ao retirar aos trabalhadores algumas tarefas perigosas. Simultaneamente, o maior uso de robôs colaborativos criou outros riscos potenciais. A crescente complexidade e intervenção das TIC na automatização da produção levantam questões de interface homem-máquina. A segurança (ao contrário da saúde) é cada vez mais incorporada nos processos, devido ao desejo de evitar perdas de produção, embora os empregadores tenham menos interesses nas questões de saúde a longo prazo. Os sistemas de produção descentralizados, como a impressão 3D ou outras técnicas de produção rápida podem expor novos grupos de trabalhadores a riscos (por exemplo, poeiras, substâncias químicas ou luz laser com efeitos nocivos) para os quais ainda não receberam a formação adequada. A exposição a novos materiais pode causar novas doenças profissionais. Sem registos da exposição, é difícil imputar as doenças às atividades exercidas, uma vez que já ninguém permanece na mesma linha de produção durante toda a sua vida profissional.

Energia renovável produzida no setor doméstico e em pequena escala

No período antes de a energia solar fotovoltaica ter obtido a paridade da rede, a retirada súbita dos subsídios causou pânico na corrida para o cumprimento dos prazos, levando a que as obras fossem executadas apressadamente e introduzindo riscos para a SST, incluindo riscos psicossociais relacionados com o trabalho. A utilização de produtos importados mais baratos, por vezes de pior qualidade ou mesmo contrafeitos, agravou os riscos, principalmente em instalações realizadas por recém-chegados ao setor ou mesmo pelos proprietários das casas.

Baterias e armazenamento de energia

Continuam a surgir novas conceções de baterias, associadas aos potenciais riscos de substâncias químicas, metais cancerígenos, poeiras, fibras, nanomateriais e incêndio. O tratamento dos resíduos de baterias suscita problemas relacionados com a reciclagem, a degradação e o risco de incêndio. É difícil determinar o conteúdo exato dos diversos tipos de bateria porque essa informação é frequentemente tratada como segredo comercial. As baterias utilizadas para armazenar energia em edifícios são perigosas porque as pessoas não reconhecem os riscos de sobrecarga. Embora utilizado como vetor de energia o hidrogénio é difícil de manusear e

apresenta riscos de incêndio e explosão, além dos suscitados pela sua forma líquida criogénica.

Transporte e distribuição da energia

Os cortes de eletricidade são uma fonte de riscos, uma vez que as pressões para reduzir custos fizeram diminuir a reserva de capacidade de produção. Os riscos resultam das situações de escuridão súbita e da quebra de energia, sobretudo quando há máquinas em movimento e outras situações críticas para a segurança. A pressão para maximizar a produção dos sistemas leva à descoberta de novas soluções, mas reduz as margens de segurança. A substituição dos cabos de cobre pelos de alumínio, mais uma vez devido ao aumento do preço do cobre, agravou o risco de produção de faíscas e de rutura das junções.

Anexo 3

Resumos dos cenários

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Verde Intenso

Baixo crescimento económico

Desde 2012 que o crescimento económico na União Europeia tem sido diminuto e alguns países ainda estão confrontados com problemas de dívida soberana. Os países BRIC não regressaram às elevadas taxas de crescimento anteriores e estão a crescer cerca de 5 % ao ano. A taxa de crescimento dos outros países em desenvolvimento está, de um modo geral, em sintonia com o crescimento das suas populações.

Valores fortemente ecológicos

Os valores ecológicos consolidaram-se ao longo da última década e as empresas e as pessoas, em geral, apoiam fortemente os comportamentos ecológicos. Os governos ficaram, assim, mandatados para tomar medidas legislativas tendentes a reduzir as emissões de carbono de forma profunda e progressiva. Considera-se que vale a pena pagar o preço de um crescimento reduzido para realizar um futuro ecológico.

Os progressos nas ciências do clima mostraram o grau de vulnerabilidade da humanidade às alterações climáticas. O público manifesta crescente preocupação em relação à perda de ecossistemas e à escassez de recursos.

Inovação mediana nas tecnologias verdes (direcionada para a ecologia)

As preocupações com um futuro ecológico fomentaram melhorias na eficiência e avanços na consecução do objetivo de um futuro sem emissões de carbono. Os progressos tecnológicos continuam, mas os reduzidos níveis de investimento de capital fazem com que as tecnologias com grande intensidade de capital se implantem lentamente. O sucesso comercial depende da oferta de produtos e serviços suficientemente ecológicos. Registaram-se pequenas inovações significativas a nível local para resolver problemas ecológicos, muitas delas direcionadas para a autossuficiência.

As ciências energéticas continuam a melhorar a eficiência energética e a energia hipocarbónica, mas é evidente que serão necessários compromissos sérios para que um futuro sem emissões de carbono se concretize.

Inovação globalmente mediana

A inovação tem sido prioritariamente orientada para a realização de um futuro ecológico.

Sociedade e trabalho

Ao longo da última década, a prioridade fundamental é a construção de um futuro ecológico, a expensas do crescimento e de outros objetivos sociais. Em consequência, a taxa de desemprego aumentou e os lucros das empresas diminuíram. A redução das receitas fiscais limitou a capacidade dos governos da UE para sustentarem as necessidades crescentes da segurança social.

A ecologização da economia e da sociedade levou à criação de muitos processos e empresas novos, gerando novos empregos verdes. As empresas esforçam-se por sobreviver e reduzir os custos e os trabalhadores estão preocupados com a possibilidade de se juntarem ao elevado número de desempregados.

A inovação continua a melhorar a eficiência e a reduzir as emissões de carbono, mas é evidente que será necessário assumir compromissos sérios para concretizar um futuro sem emissões de carbono. Apesar das dificuldades, as pessoas consideram, de um modo geral, que o objetivo de um futuro ecológico merece que se façam sacrifícios.

Segurança e saúde no trabalho

Panorâmica

O baixo crescimento económico induziu os empregadores a reduzirem os custos, o que dificulta o investimento em infraestruturas mais seguras e saudáveis. A tendência para que as empresas sejam mais descentralizadas, mais locais e mais pequenas (designadamente, as microempresas e o trabalho por conta própria) torna mais difícil contactar os locais de trabalho para difundir boas práticas de SST e controlar as condições existentes neste domínio. Devido à ênfase dada à redução do consumo de energia e de bens materiais, a maioria dos novos empregos são no setor dos serviços. São criadas muitas pequenas empresas novas, frequentemente pouco qualificadas, para responder a estas necessidades. A opção de conservação dos equipamentos existentes leva a que estes sejam reparados em vez de substituídos, gerando riscos associados à utilização de equipamentos antigos. Neste cenário, há trabalhos manuais mais difíceis e «sujos» (na reparação, manutenção, triagem de resíduos, etc.) do que nos outros cenários, em que a inovação e a automatização são maiores. Porém, a implantação relativamente lenta de algumas tecnologias e produtos novos proporciona mais tempo para assimilar os novos perigos e riscos. Há muitos processos e empresas ecológicos novos, todos eles necessitados de novos procedimentos e de formação no domínio da SST.

Anexo 3

Resumos dos cenários

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Energia eólica

As principais questões de SST prendem-se com o fim da vida útil e a manutenção das turbinas. A economia exige que as instalações antigas sejam conservadas e há pressões para fazer funcionar os sistemas independentemente da meteorologia. As turbinas eólicas mais antigas não foram modernizadas com elementos de segurança ou ergonomia, por exemplo elevadores, devido à pressão dos custos: em consequência, os riscos físicos associados à subida e ao trabalho nas torres tornou-se significativo, sobretudo tendo em conta que é cada vez maior o número de trabalhadores mais velhos impossibilitados de acederem à reforma.

Construção ecológica e remodelação de edifícios

Havendo relativamente poucas construções novas, os principais riscos para os trabalhadores provêm da exposição a novos materiais durante os trabalhos de remodelação e o manuseamento de resíduos desta resultantes (incluindo amianto), bem como da instalação de tecnologias relacionadas com as fontes de energia renováveis, que envolve trabalhos em altura e ligações à rede elétrica. Os trabalhos de remodelação também expõem os trabalhadores a poeiras e substâncias químicas perigosas. A falta de ventilação adequada pode causar problemas, em especial porque este tipo de trabalhos pode atrair trabalhadores não qualificados, incluindo instaladores amadores, desconhecedores dos riscos.

Bioenergia

Os riscos de incêndio e explosão, bem como de exposição a substâncias químicas e a perigos biológicos assemelham-se aos existentes nos outros cenários, mas a ênfase dada à produção e à utilização a nível local — com muitos produtores em pequena escala — torna esses riscos mais difíceis de regulamentar. Os novos intervenientes, menos familiarizados com os perigos envolvidos no manuseamento de combustíveis (por exemplo, agricultores que produzem pequenas quantidades, ou empresas que começam a utilizar os seus próprios resíduos como fonte de energia, por exemplo no setor têxtil ou na indústria agroalimentar) podem estar particularmente ameaçados. A qualidade dos seus produtos também pode ser problemática, pondo em risco a segurança, e deve ter-se em conta o eventual impacto causado nos gasodutos por biogás ou gás de síntese que não cumpram as especificações exigidas.

Gestão e reciclagem de resíduos

Globalmente, são produzidos menos resíduos devido aos fortes valores ecológicos e à situação económica, mas subsistem resíduos

antigos que é necessário eliminar e as remodelações produzem grandes volumes de resíduos. Predomina o tratamento de resíduos a nível local e em pequena escala — o que implica um potencial enfraquecimento da cultura de SST e maiores dificuldades de controlo dos riscos de SST num sistema descentralizado —, havendo uma elevada componente de trabalho manual e um nível relativamente baixo de automatização. A qualidade do fluxo de resíduos melhorou, mas a escavação de aterros está a aumentar devido à subida dos preços das matérias-primas, expondo os trabalhadores a riscos para a segurança e a perigos desconhecidos para a saúde. A maior utilização da biomassa neste cenário implica exposição a poeiras, alergénios e outras toxinas. Os materiais reutilizados podem comprometer a segurança e a saúde (por exemplo, aço produzido com metais reciclados contendo chumbo).

Transportes verdes

Tal como nos cenários «Benefícios Mútuos» e «Mundo da Abundância», a manutenção e a carga dos veículos elétricos constituem importantes preocupações para a SST. No entanto, devido à necessidade de economizar e aos fortes valores ecológicos, aumentou a utilização de veículos de duas rodas para transporte de pessoas e mercadorias, bem como para a prestação de serviços, o que expõe as pessoas que se deslocam para trabalhar ao risco de ferimentos e acidentes. Muitos «empresários individuais da mobilidade» aproveitaram a oportunidade de emprego neste segmento crescente do setor dos transportes. Porém, os trabalhadores por conta própria tendem a ter uma menor cultura de SST e menos acesso a serviços como a vigilância médica e a inspeção do trabalho, além de não estarem, geralmente, protegidos pela legislação laboral.

Produção ecológica, robótica e automatização

A automatização é inferior à dos outros cenários, o que faz persistir os antigos problemas de SST em virtude de os fabricantes continuarem a utilizar infraestruturas e máquinas envelhecidas. A tendência cada vez maior para subcontratar serviços de manutenção a pequenas empresas aumenta os riscos para os trabalhadores da manutenção, que são forçados a prolongar a vida útil de uma grande variedade de equipamentos. A intermitência das fontes de energia renováveis (dependentes do vento e da luz solar, por exemplo) fez aumentar o trabalho por turnos e os consequentes problemas de saúde e psicossociais, bem como os riscos de acidentes, entre outros. A exposição a novos materiais nas PME e microempresas envolvidas na produção descentralizada (por exemplo, impressão 3D) implica potenciais riscos para um maior número de trabalhadores. A integração dos processos reúne num único sítio processos industriais anteriormente executados em locais diferentes (por exemplo, fabrico e reciclagem), aumentando o número de riscos nele presentes, o que exige novas competências e conhecimentos técnicos. Todavia, não há pessoal qualificado em número suficiente para fazer face ao regresso da produção à UE, resultante da evolução a nível mundial. Além

Anexo 3

Resumos dos cenários

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 35

disso, a perda da memória e da experiência nas grandes empresas implica riscos para os novos trabalhadores.

Energia renovável produzida no setor doméstico e em pequena escala

A diversidade dos sistemas de distribuição e as instalações não normalizadas expõe os trabalhadores da manutenção a riscos elétricos. A combinação de tecnologias (por exemplo, cogeração (PCCE) e energia solar térmica) aumenta a complexidade e, consequentemente, o risco. As instalações domésticas pouco sofisticadas, talvez produtos de instaladores amadores, também são potencialmente perigosas. A produção de bioenergia em pequena escala gera riscos de incêndio e explosão, bem como de exposição a substâncias tóxicas. O abastecimento disperso, designadamente a partir de pequenos agrupamentos de habitações ou pequenas empresas, é difícil de regulamentar. Os serviços de emergência correm riscos quando reparam instalações não normalizadas. As tecnologias emergentes, de um modo geral, podem dar origem a efeitos de latência prolongada, ainda desconhecidos.

Baterias e armazenamento de energia

As baterias encerram riscos elétricos, bem como riscos resultantes de substâncias químicas tóxicas e incêndios. As baterias mais ecológicas podem ser mais perigosas, na medida em que a regulamentação ambiental limita a gama de materiais permitidos. As ligações entre dispositivos com tecnologias de armazenamento de energia diferentes, em especial os montados por amadores, implicam só por si riscos imprevistos para os trabalhadores da manutenção e dos serviços de emergência. O hidrogénio utilizado para armazenamento de energia envolve riscos de incêndio e explosão, além dos decorrentes da sua forma líquida criogénica.

Transporte e distribuição da energia

Entre os problemas de SST figura a dificuldade de controlar a rede a partir de cima, devido à maior dispersão das fontes de produção. A rede sofreu grandes obras de modernização, que aumentaram o trabalho em tensão. Os sistemas com vidas úteis prolongadas geram mais riscos do que os sistemas novos. A distribuição de biogás causa riscos de intoxicação, asfixia, explosão e problemas de qualidade.

Anexo 4

Cartões de SST para o Exercício 2

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DESCENTRALIZAÇÃO Descentralização dos locais de trabalho em unidades mais pequenas e dispersas, com aumento da subcontratação, do trabalho por conta própria e das microempresas. Menor sensibilização/cultura de SST e menos recursos afetados à segurança e saúde no trabalho.

DESCENTRALIZAÇÃO Descentralização dos locais de trabalho em unidades mais pequenas e dispersas.

Dificuldade de impor boas condições de SST e práticas de trabalho seguras nos locais de trabalho dispersos e difíceis de contactar, com menos acesso a serviços de SST (inspeção do trabalho, serviços de prevenção, formação, etc.).

DESCENTRALIZAÇÃO Produção descentralizada:

Localizações dispersas, Personalização em massa, Dificuldade de definir e aplicar normas de segurança no trabalho devido à

produção de lotes únicos, Integridade dos produtos, Armazenamento e uso generalizados de várias substâncias químicas para

produzir diversos lotes únicos, Trabalhadores inexperientes.

DESCENTRALIZAÇÃO Produção descentralizada de energias renováveis

Instalações dispersas e em pequena escala Instalações não normalizadas: riscos para os trabalhadores da

manutenção Novos intervenientes sem as competências necessárias Subcontratação Riscos dos painéis fotovoltaicos para os instaladores Riscos dos painéis fotovoltaicos para os serviços de combate a incêndios.

DESCENTRALIZAÇÃO Modernização de edifícios antigos com módulos de energias renováveis e/ou medidas de eficiência energética

Exposição a poeiras, chumbo, amianto, fibras minerais artificiais, isocianatos, trabalho em altura, etc. – riscos que não são novos, mas que ocorrem em situações novas.

NOVOS MATERIAIS Vários materiais novos que apresentam riscos (desconhecidos), suscetíveis de causar doenças profissionais com longos períodos de latência, em diversos setores.

Dificuldade em imputar as doenças às atividades profissionais exercidas, na ausência de registos de exposição, uma vez que ninguém permanece no mesmo emprego durante toda a vida.

NOVOS MATERIAIS Materiais de construção ecológica, incluindo novos materiais (por exemplo, materiais de mudança de fase, novos isolamentos, etc.) com potenciais exposições a substâncias químicas, materiais orgânicos (bambu, palha, lã de ovelha) e materiais reciclados.

Contacto próximo e exposições prolongadas.

NOVOS MATERIAIS Segurança dos biocombustíveis de terceira geração, bem como de subprodutos e substâncias contaminantes.

Perigos biológicos causados por organismos novos e pela biologia sintética.

NOVOS MATERIAIS Economia sem produção de resíduos.

Anexo 4

Cartões de SST para o Exercício 2

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 37

Tratamento do setor final, mais difícil e de maior concentração, do fluxo de resíduos. Trata-se de um risco em rápido crescimento, devido, por exemplo, à emissão de novos materiais como os nanomateriais durante as operações mecânicas de tratamento dos resíduos, ao aumento da triagem manual de resíduos nos locais de construção, etc.

CONFLITO ENTRE ECOLOGIA E SST

Pressão política – subvenções, subsídios

Riscos de SST devido à aceleração dos trabalhos para a conclusão das obras antes da retirada dos subsídios.

Transferência dos riscos dos trabalhadores especializados para os trabalhadores não qualificados (por exemplo, tratamento de resíduos pelo próprio produtor e não por um profissional, devido às elevadas taxas cobradas pela eliminação dos resíduos).

CONFLITO ENTRE ECOLOGIA E SST

Conflito entre ecologia e SST

Introdução de materiais e processos ecológicos, mas perigosos para os trabalhadores.

CONFLITO ENTRE ECOLOGIA E SST

Aproveitamento, reparação e renovação:

Riscos de SST devido à reutilização de equipamentos antigos; Maior necessidade de trabalhos de manutenção; Aumento do trabalho manual na reparação, reciclagem e reutilização dos

equipamentos.

CONFLITO ENTRE ECOLOGIA E SST

Edifícios herméticos

Os edifícios são cada vez mais herméticos para poupar energia, o que reduz a ventilação durante os trabalhos de acabamento no seu interior e aumenta a exposição a poeiras e a compostos orgânicos voláteis (COV) das tintas e colas, etc.

ECONOMIA SEM RESÍDUOS

Fim de vida útil – Reciclagem

A legislação impõe cada vez mais que no processo de produção, por exemplo de automóveis e equipamentos elétricos, se tenha desde o início em conta a eliminação dos respetivos resíduos. Por exemplo, é necessário remover os fluidos dos carros, causando uma concentração de substâncias potencialmente perigosas.

INOVAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO

Inovação e automatização

Os crescentes níveis de automatização em todos os setores podem aumentar a segurança no trabalho.

Todavia, a maior complexidade dos processos e da interface homem-máquina pode originar riscos, por exemplo, stresse e lesões músculo-esqueléticas.

A excessiva dependência dos computadores pode ter riscos.

INOVAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO

Condução automática e platooning

Os veículos auto-pilotados são muito positivos para a SST, embora levantem a questão da excessiva dependência da tecnologia e da necessidade de fiabilidade absoluta.

ECONOMIA SEM RESÍDUOS

Economia sem produção de resíduos: reutilização de materiais e produtos, transferindo riscos para novos ambientes, por exemplo, a reutilização das baterias de veículos em fim de vida útil para armazenar eletricidade nos edifícios.

Anexo 4

Cartões de SST para o Exercício 2

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 38

INOVAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO

A produção fora do local de módulos de edifícios melhorou a segurança nos locais de construção.

Novos riscos resultantes de substâncias e materiais novos.

Problemas nos locais de construção devido à coexistência de atividades automatizadas e manuais.

DEPENDÊNCIA CRESCENTE DA ELETRICIDADE

Veículos elétricos

Risco na manutenção - Trabalhadores desconhecem tensões elevadas (360-500V).

Riscos para os serviços de emergência. Riscos não confinados ao veículo. Riscos das células de combustível.

FALTA DE COMPETÊNCIAS

Disponibilidade de pessoal qualificado.

As novas tecnologias necessitarão de pessoal qualificado e a aquisição de competências é demorada.

Maior risco de polarização dos trabalhadores (qualificados versus não qualificados).

DESCENTRALIZAÇÃO Os pequenos agregados de habitações com ecossistemas próprios (mini-cogeração; digestores biológicos; sistemas fotovoltaicos, etc.) constituem provavelmente a dimensão menos segura para este tipo de atividade, não havendo nenhuma autoridade central ou «dirigente» responsável pela segurança das operações.

CONTEXTO DO MERCADO DE TRABALHO

A subcontratação na indústria induz redução dos custos e más condições em matéria de SST.

INOVAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO

A inovação rápida pode originar vários riscos de SST, devido aos novos materiais e processos, e à falta de tempo para avaliar os seus eventuais perigos para a saúde e para aprender a utilizá-los com segurança.

CONTEXTO DO MERCADO DE TRABALHO

Mão-de-obra diversificada: menos oportunidades de trabalho nos empregos verdes altamente qualificados para os grupos vulneráveis, incluindo mulheres e trabalhadores idosos, migrantes ou com deficiência.

CONTEXTO DO MERCADO DE TRABALHO

Trabalho precário e polarização dos trabalhadores: empregos altamente qualificados versus trabalho precário. A crescente automatização e complexidade poderá reduzir o trabalho manual qualificado e precarizar cada vez mais as condições laborais, por exemplo, os contratos «zero horas» podem levar à polarização da mão-de-obra, com piores condições de segurança e saúde no trabalho para os trabalhadores não qualificados.

INOVAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO

A automatização pode ser positiva para a segurança a longo prazo.

Os novos processos implicam riscos, mas a automatização pode afetar positivamente a SST.

INOVAÇÃO E AUTOMATIZAÇÃO

Cobots

Robôs inteligentes e não confinados que trabalham em estreito contacto com os seres humanos podem apresentar perigos em caso de avaria.

Anexo 4

Cartões de SST para o Exercício 2

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho – EU-OSHA 39

Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho

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A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) contribui

para fazer da Europa um local de trabalho

mais seguro, saudável e produtivo. A

Agência investiga, desenvolve e distribui

informações fiáveis, equilibradas e

imparciais sobre segurança e saúde e

organiza campanhas de sensibilização

pan-europeias. Criada pela União Europeia

em 1996 e sedeada em Bilbau, Espanha, a

Agência reúne representantes da Comissão

Europeia, dos governos dos

Estados-Membros e de organizações de

empregadores e trabalhadores, bem como

peritos de alto nível de cada um dos

Estados-Membros e não só.