Análise Experimental Da Defasagem de Abertura

202
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Dissertação de Mestrado “ANÁLISE EXPERIMENTAL DA DEFASAGEM DE ABERTURA DAS VÁLVULAS DE ADMISSÃO EM MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA” Leonardo Vinícius Mendes Pereira Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da PUC Minas como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA. ORIENTADOR: Prof. Sérgio de Morais Hanriot, D.Sc. CO-ORIENTADOR: Prof. José Ricardo Sodré, Ph.D. Banca Examinadora: Prof. Sérgio de Morais Hanriot, D.Sc. - PUC Minas - Presidente, Orientador Prof. Ramón Molina Valle, D.Sc. - UFMG - Examinador Externo Prof. João Nildo de Souza Vianna, D.-Ing - UnB - Examinador Externo Prof. José Ricardo Sodré, Ph.D. - PUC Minas - Examinador Interno Belo Horizonte, 19 de março de 2004.

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Análise Experimental Da Defasagem de Abertura

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  • Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica

    Dissertao de Mestrado

    ANLISE EXPERIMENTAL DA DEFASAGEM

    DE ABERTURA DAS VLVULAS DE ADMISSO EM MOTORES DE COMBUSTO INTERNA

    Leonardo Vincius Mendes Pereira

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica da PUC Minas como parte dos requisitos para obteno do ttulo de MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA MECNICA.

    ORIENTADOR: Prof. Srgio de Morais Hanriot, D.Sc. CO-ORIENTADOR: Prof. Jos Ricardo Sodr, Ph.D.

    Banca Examinadora: Prof. Srgio de Morais Hanriot, D.Sc. - PUC Minas - Presidente, Orientador Prof. Ramn Molina Valle, D.Sc. - UFMG - Examinador Externo Prof. Joo Nildo de Souza Vianna, D.-Ing - UnB - Examinador Externo Prof. Jos Ricardo Sodr, Ph.D. - PUC Minas - Examinador Interno

    Belo Horizonte, 19 de maro de 2004.

  • Esta dissertao dedicada a meus pais,

    minha namorada, a todos os meus

    familiares e a Deus. Sem a compreenso

    e o apoio de todos no seria possvel a

    sua realizao.

    i

  • AGRADECIMENTOS

    Muitos foram os que contriburam para que essa dissertao chegasse ao seu

    final, assinalando meu reconhecimento especial:

    ao orientador prof. Dr. Srgio de Morais Hanriot;

    ao co-orientador prof. Jos Ricardo Sodr, Ph.D.;

    aos amigos do Centro de desenvolvimento de Tecnologia Mecnica (CDTM), em

    especial ao prof. Marcley Lazarini Pereira;

    aos amigos do Laboratrio Banco de Fluxo da PUC Minas, em especial aos

    futuros engenheiros Alahdjin Atan Pinto, Gabriel Godoy Pereira Russi e Paulo

    Srgio Meinberg de Moraes;

    Eng. Luciana Bassi Marinho Pires;

    ao Eng. Ivan Jos de Santana;

    aos tcnicos Pedro Kapler, Vincius Maia de S e Carlos Eduardo dos Santos,

    pelo auxlio na parte experimental;

    PUC Minas, instituio responsvel pelo programa de ps-graduao;

    CAPES, pela bolsa de estudos;

    FIAT Automveis, pelo fornecimento das motores para o experimento;

    A todos que me ajudaram de alguma forma, meus sinceros agradecimentos.

    ii

  • RESUMO

    Os movimentos alternativos das vlvulas de admisso e do pisto geram ondas

    de presso que se propagam pelo conduto de admisso. Tais ondas, se

    oportunamente aproveitadas, podem aumentar a quantidade de massa de ar

    admitida. No presente trabalho foi realizado um estudo experimental da

    defasagem das vlvulas de admisso em um motor, objetivando analisar sua

    influncia na quantidade de massa de ar admitida pelo cilindro. Foi utilizado um

    motor de produo de 1.0 litro e 16 vlvulas, com duas vlvulas de admisso

    por cilindro. Os testes foram conduzidos inicialmente em um banco de fluxo,

    simulando as condies do escoamento de ar na admisso de motores, e,

    posteriormente, com o motor montado em um dinammetro. Os resultados no

    banco de fluxo demonstraram que a carga induzida de ar aumenta at um

    ngulo de defasagem de cerca de 30 graus. No dinammetro, os resultados

    no apresentaram vantagens em relao abertura das vlvulas, mas

    sugerem melhorias na performance do motor com a sintonizao do mdulo de

    comando eletrnico da injeo de combustvel e do ngulo de ignio para

    velocidades de rotao inferiores a 3500 rev/min.

    PALAVRAS CHAVE: Motores de Combusto Interna, Ondas de presso,

    Vlvulas de Admisso, Banco de Fluxo.

    iii

  • ABSTRACT

    The piston and intake valves alternate movements produce pressure waves that

    propagate throughout the intake conduit. Such waves can adequately increase

    the intake air mass charge to the engine cylinders. In the present work an

    experimental study on the engine intake valves phase shift was carried out with

    the objective to analyze its influence on the intake air mass charge. A

    production 1.0-liter, 16-valve engine was used, with two intake valves per

    cylinder. Preliminary tests were conducted in a flow bench, simulating the

    engine intake air flow conditions, and, then, the engine was tested in a

    dynamometer bench. The results in the flow bench showed that the intake air

    mass charge is increased up to a phase shift angle of about 30 degrees. In the

    dynamometer tests, the results did not show advantages with respect to the

    valve opening, but suggests that improvements on engine performance can be

    obtained if the fuel injection and ignition timing electronic control module is

    tuned accordingly for engine speeds below 3500 rev/min.

    KEY WORDS: Engines, Pressure Waves, Intake Valves, Flow Bench.

    iv

  • NDICE

    Dedicatria............................................................................................................i

    Agradecimentos...................................................................................................ii

    Resumo...............................................................................................................iii

    Abstract...............................................................................................................iv

    ndice....................................................................................................................v

    Lista de figuras..................................................................................................viii

    Lista de tabelas.................................................................................................xiv

    Nomenclatura.....................................................................................................xv

    Captulo 1 Introduo...................................................................................01 1.1 Motivao.................................................................................................01

    1.2 Objetivos...................................................................................................02

    1.3 Estado da Arte..........................................................................................02

    1.4 Escopo da Dissertao.............................................................................03

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica.................................................................05 2.1 Introduo.................................................................................................05

    2.2 A inrcia do gs........................................................................................06

    2.3 Pulsao do gs.......................................................................................07

    2.4 Geometria do conduto de admisso.........................................................14

    2.5 Escoamento atravs das vlvulas............................................................17

    2.5.1 Parmetros geomtricos e levante das vlvulas.........................18

    2.5.2 Coeficiente de descarga..............................................................21

    2.6 Flexibilidade no acionamento das vlvulas...............................................25

    2.7 Dinmica da mistura admitida no cilindro do motor MWM........................29

    Captulo 3 Aparato Experimental................................................................31 3.1 Introduo.................................................................................................31

    3.2 Banco de fluxo..........................................................................................31

    3.2.1 Insuflador de ar...........................................................................33

    3.2.2 Conjunto de vlvulas...................................................................33

    3.2.3 Medidor de fluxo laminar.............................................................34

    3.2.4 Computadores utilizados.............................................................35

    3.2.5 Motor de acionamento do cabeote............................................36

    v

  • 3.2.6 Sistema de lubrificao...............................................................36

    3.3 Dinammetro hidrulico............................................................................37

    3.3.1 Medidor de vazo........................................................................38

    3.3.2 Sensor de rotao e tacmetro...................................................39

    3.3.3 Sensores de temperatura............................................................40

    3.4 Analisador de gases.................................................................................41

    3.5 Motor utilizado para o experimento...........................................................42

    Captulo 4 Metodologia................................................................................46 4.1 Introduo.................................................................................................46

    4.1.1. Testes Estacionrios e Transientes em Banco de Fluxo..............46

    4.1.1.1. Teste em banco estacionrio...........................................47

    4.1.1.2. Teste em Banco No-Estacionrio..................................47

    4.1.2. Testes em Dinammetro de Bancada...........................................48

    4.2 Experimentos............................................................................................50

    4.2.1 Metodologia empregada no banco de fluxo................................50

    4.2.1.1 Montagem do sistema...................................................52

    4.2.1.2 Definio do conduto de admisso experimental..........53

    4.2.1.3 Instalao dos sensores de presso.............................57

    4.2.1.4 Sistema de defasagem das vlvulas de admisso........57

    4.2.1.5 Posicionamento do sensor de rotao e fase...............61

    4.2.1.6 Bomba de lubrificao...................................................62

    4.2.1.7 Teste experimental de defasagem no banco de

    fluxo..............................................................................................63

    4.2.2 Montagem do motor no dinammetro.........................................66

    4.2.2.1 Procedimento do experimento do dinammetro............67

    4.2.2.2 Mtodo de Correo de Potncia por Condies

    Atmosfricas................................................................................72

    4.2.3 Montagem e procedimento do analisador de gases...................73

    Captulo 5 Resultados e Discusso............................................................74 5.1 Introduo.................................................................................................74

    5.2 Comparao entre as vazes...................................................................74

    5.3 Vazes em Regime Permanente..............................................................82

    5.3.1. Vazo mssica em funo do ngulo do eixo comando...............83

    5.3.2. Levante da Vlvula de Admisso..................................................87

    vi

  • vii

    5.3.3. Coeficiente de descarga................................................................88

    5.4 Variao de presso no conduto de admisso.........................................89

    5.5 Anlise do sinal de presso no conduto de admisso..............................96

    5.6 Razes de abertura das vlvulas de admisso......................................103

    5.7 Anlise espectral das ondas de presso................................................106

    5.8 Comparao entre os dados obtidos no dinammetro...........................110

    Captulo 6 Concluses...............................................................................119 6.1 Introduo.............................................................................................119

    6.2 Concluses no banco de fluxo................................................................119

    6.3 Concluses no dinammetro e analisador de gases..............................120

    6.4 Sugestes para trabalhos futuros...........................................................121

    Referncias Bibliogrficas...........................................................................122

    APNDICE I Motores de combusto interna................................................128

    APNDICE II Limites de emisses veiculares..............................................141

    APNDICE III Anlise de Incerteza das Medies Experimentais...............143

    ANEXO I Modelo das tabelas para aquisio de dados...............................155

    ANEXO II Efeitos da Defasagem de Abertura das Vlvulas de Admisso na

    Eficincia Volumtrica de Motores..................................................................159

    ANEXO III Analysis of the Fluid Flow in Two Intake Pipes with a Junction..166

    ANEXO IV Estudo Experimental da Defasagem de Vlvulas de Admisso em

    Motores de Combusto Interna.......................................................................176

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 Onda de presso em funo da posio............................................08

    Figura 2.2 - Presso na admisso x ngulo de movimento do pisto....................09

    Figura 2.3 - Esquema de um pulso de presso inicial e refletido...........................10

    Figura 2.4 - Variao da presso em funo do tempo para uma rotao do eixo

    comando de vlvulas de 200 rev/min.....................................................................12

    Figura 2.5 - Variao da presso em funo do ciclo............................................13

    Figura 2.6 Dimetro da seo reta do conduto de admisso..............................14

    Figura 2.7 Comprimentos do conduto de admisso (Heisler, 1995)....................15

    Figura 2.8 Rendimento volumtrico x rotao (Heisler, 1995)............................15

    Figura 2.9 Parmetros geomtricos da vlvula...................................................18

    Figura 2.10 Curvas do levante da vlvula de admisso e a rea de escoamento

    correspondente em funo do ngulo do eixo comando de vlvulas (Heywood,

    1988).......................................................................................................................18

    Figura 2.11 Estgios distintos de escoamento do fluido atravs da vlvula....... 19

    Figura 2.12 Esquema mostrando os trs estgios de levante distintos da vlvula

    e as relaes Lv/D para os dois primeiros estgios (Heywood, 1988)...................20

    Figura 2.13 Coeficientes de descarga tpicos de vlvulas de admisso.............22

    Figura 2.14 Motor MWM Sprint (mwm.com)........................................................28

    Figura 2.15 Diagrama de vlvulas do motor MWM Sprint...................................30

    Figura 2.16 Escoamento gerado no motor MWM................................................30

    Figura 3.1 Vista geral do banco de fluxo.............................................................32

    Figura 3.2 Esquema geral do banco de fluxo......................................................33

    Figura 3.3 Esquema do medidor de fluxo............................................................34

    Figura 3.4 Sistema de lubrificao......................................................................37

    Figura 3.5 Dinammetro hidrulico......................................................................37

    Figura 3.6 Medidor de vazo tipo turbina............................................................39

    Figura 3.7 Medidor de vazo montado no dinammetro.....................................39

    Figura 3.8 Sensor de rotao montado no dinammetro (a) e o tacmetro

    (b)............................................................................................................................40

    Figura 3.9 Analisador de gases...........................................................................41

    viii

  • Figura 3.10 Tela do analisador de gases.............................................................42

    Figura 3.11 Cabeote superior e inferior desmontados.......................................43

    Figura 3.12 Modelo de acionamento das vlvulas...............................................44

    Figura 3.13 Motor completo montado no dinammetro.......................................44

    Figura 4.1 Vista geral do banco de fluxo.............................................................51

    Figura 4.2 Desenho esquemtico da seo de testes.........................................53

    Figura 4.3 Experimento com tubo de 1000 mm...................................................54

    Figura 4.4 Experimento com tubo de 2000 mm...................................................55

    Figura 4.5 Foto do modelo dos transdutores utilizados.......................................57

    Figura 4.6 Eixo de comando de vlvulas de admisso original...........................58

    Figura 4.7 Cabeote com alteraes e as engrenagens instaladas no

    prolongamento dos eixos de comando de vlvulas................................................59

    Figura 4.8 Marcao da polia da correia dentada onde se encontra o sensor de

    rotao (direita) e do eixo com o came defasado...................................................59

    Figura 4.9 Diagrama de vlvulas do teste realizado com o eixo de comando das

    vlvulas de admisso defasado de 10 entre os cames.........................................60

    Figura 4.10 Diagrama de vlvulas do teste realizado com o comando de vlvulas

    de admisso defasado de 40 entre os cames.......................................................60

    Figura 4.11- Sensor de rotao do experimento....................................................61

    Figura 4.12 - Posicionamento do sensor de rotao e fase...................................62

    Figura 4.13 Bomba de engrenagem com o motor eltrico acoplado...................63

    Figura 4.14 - Variao da temperatura em funo do tempo na realizao de um

    teste experimental no banco de fluxo.....................................................................64

    Figura 4.15 Vazo mssica em funo da rotao do eixo de manivelas para o

    experimento com tucho hidrulico e mecnico para uma configurao com 2

    metros de conduto..................................................................................................66

    Figura 4.16 Montagem do motor no dinammetro (dinammetro em primeiro

    plano)......................................................................................................................67

    Figura 4.17 Esquema representando o sistema..................................................68

    Figura 4.18 Montagem do motor no dinammetro (motor em primeiro plano)....68

    Figura 4.19 Diagrama de vlvulas do teste A (comando de vlvulas de admisso

    do motor 1.016V original).......................................................................................69

    ix

  • Figura 4.20 Diagrama de vlvulas do teste B (comando de vlvulas de admisso

    do motor 1.316V original).......................................................................................70

    Figura 4.21 Diagrama de vlvulas do teste realizado com o comando de vlvulas

    de admisso defasado de 5 (atrasado) entre os cames.......................................71

    Figura 4.22 Diagrama de vlvulas do teste realizado com o comando de vlvulas

    de admisso defasado de 5 (adiantado) entre os cames......................................71

    Figura 5.1 Vazo mssica em funo da rotao do eixo de comando de

    vlvulas com tubo de 1 metro sem defasagem......................................................75

    Figura 5.2 Vazo mssica em funo da rotao do eixo de comando de

    vlvulas com tubo de 2 metros sem defasagem.....................................................75

    Figura 5.3 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas de

    admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 1 metro e 10 de

    defasagem entre os cames....................................................................................76

    Figura 5.4 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas de

    admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 2 metro e 10 de

    defasagem entre os cames....................................................................................76

    Figura 5.5 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas de

    admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 1 metro e 20 de

    defasagem entre os cames.....................................................................................77

    Figura 5.6 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas de

    admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 2 metro e 20 de

    defasagem entre os cames.....................................................................................77

    Figura 5.7 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas de

    admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 1 metro e 30 de

    defasagem entre os cames....................................................................................78

    Figura 5.8 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas de

    admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 2 metro e 30 de

    defasagem entre os cames.....................................................................................78

    Figura 5.9 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas de

    admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 1 metro e 40 de

    defasagem entre os cames.....................................................................................79

    x

  • Figura 5.10 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas

    de admisso com o desvio padro dos dados, para o conduto de 2 metro e 40 de

    defasagem entre os cames....................................................................................79

    Figura 5.11 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas

    de admisso para as diferentes defasagens com o tubo de 1 metro.....................80

    Figura 5.12 - Vazo mssica em funo da rotao do eixo comando de vlvulas

    de admisso para as diferentes defasagens com o tubo de 2 metros...................80

    Figura 5.13 Vazo mssica mdia em funo da defasagem entre as vlvulas de

    admisso do eixo de comando...............................................................................82

    Figura 5.14 Vazo mssica em funo do ngulo do eixo de comando de

    vlvulas com defasagem de 0...............................................................................84

    Figura 5.15 Vazo mssica em funo do ngulo do eixo de comando de

    vlvulas com defasagem de 10.............................................................................85

    Figura 5.16 Vazo mssica em funo do ngulo do eixo de comando de

    vlvulas com defasagem de 20.............................................................................85

    Figura 5.17 Vazo mssica em funo do ngulo do eixo de comando de

    vlvulas com defasagem de 30.............................................................................86

    Figura 5.18 Vazo mssica em funo do ngulo do eixo de comando de

    vlvulas com defasagem de 40.............................................................................86

    Figura 5.19 Cabeote e relgio comparador montado na estrutura metlica para

    levantar o perfil da vlvula de admisso.................................................................87

    Figura 5.20 Levante da vlvula de admisso obtido experimentalmente.............88

    Figura 5.21 - Variao do coeficiente de descarga em funo do levante da vlvula

    de admisso obtido de forma experimental................................................89

    Figura 5.22 Presses ao longo do conduto de admisso na rotao do eixo de

    comando de vlvulas de 1200 rev/min sem defasagem.........................................90

    Figura 5.23 Comparao entre a presso na porta das vlvulas e a posio P1

    na rotao do eixo de comando de vlvulas de 1200 rev/min sem defasagem.....91

    Figura 5.24 Variao da Presso P1 e do desvio padro na rotao do eixo de

    comando de vlvulas de 202 rev/min com defasagem de 0.................................92

    Figura 5.25 Variao da Presso P1 e do desvio padro na rotao do eixo de

    comando de vlvulas de 400 rev/min com defasagem de 0.................................93

    xi

  • Figura 5.26 Variao da presso P1 em funo do ngulo do eixo de comando

    de vlvulas, rotao de 1200 rev/min para as defasagens....................................94

    Figura 5.27 Variao da presso P1 em funo do ngulo do eixo de comando

    de vlvulas, rotao de 1600 rev/min para as defasagens....................................94

    Figura 5.28 Variao da presso P1 em funo do ngulo do eixo de comando

    de vlvulas, rotao de 2200 rev/min para as defasagens....................................95

    Figura 5.29 Variao da vazo mssica com o ngulo do eixo virabrequim com

    defasagem de 0.....................................................................................................98

    Figura 5.30 Variao da vazo mssica com o ngulo do eixo virabrequim com

    defasagem de 20...................................................................................................98 Figura 5.31 - Curva da rea do grfico de presso na porta da vlvula de

    admisso em funo da rotao do eixo de comando de vlvulas, comparando

    com a curva de vazo, sem defasagem...............................................................100

    Figura 5.32 - Curva da rea do grfico de presso na porta da vlvula de

    admisso em funo da rotao do eixo de comando de vlvulas, comparando

    com a curva de vazo, defasagem 10.................................................................101

    Figura 5.33 - Curva da rea do grfico de presso na porta da vlvula de

    admisso em funo da rotao do eixo de comando de vlvulas, comparando

    com a curva de vazo, defasagem 20.................................................................101

    Figura 5.34 - Curva da rea do grfico de presso na porta da vlvula de

    admisso em funo da rotao do eixo de comando de vlvulas, comparando

    com a curva de vazo, defasagem 30.................................................................102

    Figura 5.35 - Curva da rea do grfico de presso na porta da vlvula de

    admisso em funo da rotao do eixo de comando de vlvulas, comparando

    com a curva de vazo defasagem 40..................................................................102

    Figura 5.36 - Curva seno com o comprimento efetivo para cada quarto de onda

    com o seu tempo percorrido para a permanncia da vlvula fechada.................105

    Figura 5.37 Anlise espectral para a rotao de 1000 rev/min do eixo de

    comando de vlvulas de admisso.......................................................................107

    Figura 5.38 Anlise espectral para a rotao de 1200 rev/min do eixo de

    comando de vlvulas de admisso.......................................................................107

    xii

  • xiii

    Figura 5.39 Anlise espectral para a rotao de 1600 rev/min do eixo de

    comando de vlvulas de admisso.......................................................................108

    Figura 5.40 Onda estacionria para a rotao de 1600 rev/min do eixo de

    comando de vlvulas de admisso para a freqncia fundamental.....................109

    Figura 5.41 Onda estacionria para a rotao de 1600 rev/min do eixo de

    comando de vlvulas de admisso para o primeiro harmnico............................109

    Figura 5.42 Curvas de potncia corrigida do motor com o comando original 1.0

    16V e o comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS)......111

    Figura 5.43 Curvas de torque corrigido do motor com o comando original 1.0 16V

    e o comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS).............112

    Figura 5.44 Curvas de consumo especfico do motor com o comando original 1.0

    16V e o comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS)......113

    Figura 5.45 Curvas de emisses de CO2 do motor com o comando original 1.0

    16V e o comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS)......114

    Figura 5.46 Curvas de emisses de CO do motor com o comando original 1.0

    16V e o comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS)......115

    Figura 5.47 Curvas de emisses de O2 do motor com o comando original 1.0

    16V e o comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS)......116

    Figura 5.48 Curvas de emisses de HC do motor com o comando original 1.0

    16V e o comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS)......116

    Figura 5.49 Curvas de fator lambda calculado pelas emisses de gases

    provenientes da combusto do motor com o comando original 1.0 16V e o

    comando defasado de 15 (abertura atrasada em relao ao PMS)...................117

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 4.1 Relao das freqncias de ressonncia para os dois condutos

    experimentais (abertos nas duas extremidades)....................................................56

    Tabela 4.2 Relao das freqncias de ressonncia para os dois condutos

    experimentais (fechado em uma extremidade).......................................................56

    Tabela 5.1 Anlise de sinais de presso na porta da vlvula de admisso

    considerando o comprimento L do tubo..................................................................96

    Tabela 5.2 Anlise de sinais de presso na porta da vlvula de admisso

    considerando o comprimento L* do tubo................................................................97

    Tabela 5.3 reas referentes aos clculos das integrais....................................100

    Tabela 5.4 Tempo de abertura da vlvula de admisso sem defasagem......103

    Tabela 5.5 Tempo de abertura da vlvula de admisso defasagem de 10...103

    Tabela 5.6 Tempo de abertura da vlvula de admisso defasagem de 20...104

    Tabela 5.7 Tempo de abertura da vlvula de admisso defasagem de 30...104

    Tabela 5.8 Tempo de abertura da vlvula de admisso defasagem de 40....104

    xiv

  • NOMENCLATURA

    A rea da seo reta do conduto (m2)

    a velocidade do som (m/s)

    AA Vlvula de admisso abre

    AF Vlvula de admisso fecha

    Ab rea de passagem do escoamento atravs da vlvula borboleta (m2)

    Ac rea de cortina (m2)

    Am rea mnima (m2)

    AR rea de referncia (m2)

    c Velocidade do som no ar (m/s)

    CD Coeficiente de descarga (adimensional)

    CF4 fator de correo de potncia indicada (adimensional)

    CO Monxido de carbono (%)

    CO2 - Dixido de carbono (%)

    D Dimetro do conduto (m)

    DA Vlvula de descarga abre

    DF Vlvula de descarga fecha

    D Dimetro interno do assento da vlvula (m)

    Dm Dimetro mdio do assento da vlvula (m)

    Dp Dimetro da porta da vlvula (m)

    Ds Dimetro da haste (m)

    Dv Dimetro da vlvula (m)

    e Energia interna especfica (J/kg)

    Ec Energia cintica do ar no conduto (J)

    F rea de seo transversal (m2)

    F Fora (N)

    f Freqncia (Hz)

    HC Hidrocarbonetos (ppm)

    IP potncia corrigida para as condies ambientes requeridas (kW)

    IPm potncia indicada nas condies de atmosfera padro (kW)

    k Nmero de onda

    Ki Fator de efeitos de inrcia

    L Comprimento do tubo (m)

    xv

  • LV Deslocamento da vlvula (m)

    m& - Vazo mssica atravs do conduto de admisso (kg/s)

    m& c Vazo mssica atravs de cada cilindro (kg/s)

    N Rotao do motor (eixo virabrequim) (rev/min)

    n Rotao do eixo de comando de vlvulas (rev/min)

    O2 Oxignio (%)

    P Presso (Pa)

    P presso baromtrica (Pa)

    Pv presso parcial de vapor dgua (Pa)

    PMS Ponto morto superior

    PMI Ponto morto inferior

    pi Presso na porta da vlvula de admisso (Pa)

    pme presso mdia efetiva (Pa)

    po Presso de estagnao (antes da vlvula de admisso) (Pa)

    pT Presso no cilindro (Pa)

    R Constante especfica do gs

    S rea (m2)

    t tempo (s)

    T Temperatura (K)

    To Temperatura de estagnao (antes da vlvula de admisso) (K)

    TBS Temperatura de bulbo seco (K)

    TBU Temperatura de bulbo mido (K)

    u Velocidade (m/s)

    U Partcula de velocidade adimensional

    Vd Volume deslocado pelo pisto (m3)

    w Freqncia angular (rad/s)

    w Largura do assento da vlvula (m)

    xvi

  • xvii

    SMBOLOS GREGOS

    Massa especfica do fluido (kg/m3)

    o Massa especfica do fluido nas condies padro (kg/m3)

    a massa especfica do ar admitido (kg/m3)

    - comprimento de onda (m)

    Fator lambda (adimensional)

    - Razo entre os calores especficos

    V Rendimento volumtrico

    - ngulo de assento da vlvula (rad)

    - Deslocamento angular do pisto (rad)

    Fator de mistura ar-combustvel (adimensional)

  • Captulo 1

    Introduo

    1.1. Motivao

    Devido ao crescimento da indstria automotiva no Brasil e da comercializao

    de automveis com motores de combusto interna multi-vlvulas com ignio

    por centelha, identificou-se a necessidade de um estudo com relao ao

    desempenho desses motores. Atualmente, esto sendo propostas diversas

    alternativas de melhoria em seu desempenho, passando por turbo -

    compressores, sobre - alimentadores, injeo direta de combustvel e a

    compactao do conjunto moto - propulsor, na tentativa de atingir maior

    flexibilidade em regime de cargas intermedirias.

    Com a possibilidade de aumentar a eficincia volumtrica dos motores de

    ignio por centelha, foram analisadas modificaes nas caractersticas

    geomtricas e de operao do coletor e do comando de admisso.

    Consideraes a respeito das emisses de poluentes so feitas referente a

    possveis alteraes nos constituintes da combusto e dos limites de emisses

    de poluentes institucionalizado pelo PROCONVE (Programa de Controle da

    Poluio do Ar de Veculos Automotores) no Brasil.

    No mercado atual existem poucos veculos disponveis que utilizam algum tipo

    de dispositivo mecnico de modo a permitir variaes no perodo de

    permanncia da abertura das vlvulas de admisso. Contudo, vrios projetos

    tm sido propostos apresentando diferentes tipos de acionamentos mecnicos,

    mecnico-hidrulicos, hidrulicos e eltricos.

    1

  • Captulo 1 Introduo 2

    1.2. Objetivos

    Este trabalho tem como objetivo geral um estudo experimental dos efeitos da

    defasagem no perodo de permanncia da abertura das vlvulas de admisso

    em motores de combusto interna alternativos, com o intuito de definir um

    ngulo de fase entre as duas vlvulas para a maximizao da eficincia

    volumtrica em uma determinada faixa de rotao. O trabalho apresenta os

    seguintes objetivos especficos:

    estudo experimental utilizando uma bancada de teste (Banco de Fluxo) em

    condies de escoamento em regime permanente e transiente para avaliar

    os efeitos da defasagem da abertura das vlvulas de admisso sobre o

    fluxo de massa de ar induzido nos motores de combusto interna. Os testes

    foram realizados apenas com o cabeote de um motor de 16 vlvulas em

    vrios regimes de rotao do eixo comando de vlvulas, com o intuito de

    identificar um comportamento da vazo mssica e da presso no conduto

    de admisso;

    identificar as caractersticas geomtricas mais favorveis (comprimento do

    conduto de admisso e ngulo de defasagem das vlvulas de admisso) ao

    aumento da massa de ar induzida no interior do cilindro;

    utilizao de um motor de produo seriada de 999 cm3 montado no

    dinammetro, adaptado para operar nas condies identificadas nos testes

    no Banco de Fluxo, visando a avaliao de seu desempenho global e

    anlise das emisses dos gases de descarga.

    1.3. Estado da Arte

    Em face da crescente competio do diesel e fontes alternativas de energia,

    alguns dos prottipos mais recentes e a produo de motores alimentados

    gasolina mostram como o desenvolvimento contnuo da engenharia est

    atendendo a demanda por mais potncia, reduzindo o consumo de combustvel

    e emisses e moto-propulsores mais eficientes (Jost, 2001). O

    desenvolvimento de motores de ignio por centelha passa pelas reas de

    transferncia de calor, perdas por bombeamento, eficincia da combusto e

  • Captulo 1 Introduo 3

    atrito. Dentre o conceito de tecnologia estudado temos como tendncias o

    sistema de injeo direta, a variao do diagrama de vlvulas, taxa de

    compresso varivel e a sobre-alimentao.

    Poucos veculos disponveis hoje no mercado utilizam algum tipo de

    acionamento mecnico que permite certa flexibilidade nos tempos de abertura

    das vlvulas de admisso e descarga, optando-se por alteraes do diagrama

    de vlvulas. Contudo, nenhum dos mecanismos incorpora um completo ajuste

    independente de sincronizao de abertura e fechamento da vlvula. Alguns

    motores de produo da BMW, Porsche, Honda e Toyota cumprem esta

    crescente demanda por mais potncia, maior economia de combustvel e

    emisses reduzidas e tamanho reduzido para o estrito espao sob o cap nos

    projetos modernos. Dresner e Barkan, 1989, Hara et al., 2000, Pierik e

    Burkhard, 2000, e Schirm, 2003, apresentaram projetos de diferentes tipos de

    acionamentos mecnicos. Seguidos pela mesma motivao Urata et al., 1993,

    e Lenz et al.,1989, apresentaram sistemas de acionamento mecnico-

    hidrulico e Cunha et al., 2000 estudaram um conceito alternativo de

    acionamento hidrulico das vlvulas. Alguns estudos foram realizados com o

    intuito de buscar alternativas para a fabricao do mecanismo de variao do

    ngulo de fase das vlvulas e realizao dos testes em banco de fluxo e em

    dinammetro de bancada. Estes trabalhos so mencionados no Captulo 2.

    1.4. Escopo da Dissertao

    No Captulo 2 apresentada uma reviso bibliogrfica sobre os motores de

    combusto interna, identificando a dinmica do processo de admisso e

    trabalhos de pesquisadores e fabricantes automotivos sobre modelos que

    analisam a variao do fluxo de ar no conduto de admisso. Enfoca, tambm,

    testes estacionrios e transientes em banco de fluxo e testes dinmicos de

    motores em bancada. O Captulo 3 apresenta todo o aparato experimental para

    a realizao dos testes. As alteraes realizadas no cabeote e as

    metodologias experimentais que foram utilizadas em cada etapa da execuo

    dos procedimentos so apresentadas no Captulo 4.

  • Captulo 1 Introduo 4

    No captulo 5 so apresentados os resultados experimentais dos testes

    realizados no banco de fluxo implementado para as diversas situaes, onde

    so discutidos detalhadamente os dados obtidos e feitas comparaes com

    resultados encontrados na literatura. Os testes de desempenho e anlise de

    gases tambm esto includos. O captulo 6 apresenta as concluses do

    trabalho, identificando as variveis mais representativas nos processos de

    admisso com nfase aos ganhos obtidos a partir das operaes propostas.

    Apresenta, tambm, sugestes para trabalhos futuros, e fornece outras

    possibilidades para pesquisas com a utilizao do mesmo aparato

    experimental, obtendo novas informaes para o conhecimento dos temas

    tratados ao longo do trabalho. Em seguida, apresentam-se as referncias

    bibliogrficas citadas no trabalho.

    Um breve histrico e conceitos de operao de motores de combusto interna

    so apresentados no Apndice I. No Apndice II so apresentados os limites

    de emisses veiculares. A avaliao dos sistemas de medio, de acordo com

    suas caractersticas estticas e dinmicas e a anlise de incertezas dos

    resultados obtidos so apresentados no Apndice III. No anexo I so

    apresentados os modelos das tabelas para aquisio de dados no banco de

    fluxo, dinammetro e analisador de gases, preenchidas com os dados obtidos

    do motor original, e os anexos II, III e IV so artigos publicados referentes a

    essa dissertao.

  • Captulo 2

    Reviso Bibliogrfica

    2.1. Introduo O conduto de admisso e a flexibilidade no movimento das vlvulas interferem na

    dinmica da mistura admitida pelo cilindro, pois qualquer alterao em um ou mais

    mecanismos afetam o desempenho do motor e a emisso de poluentes. A

    eficincia dos motores de combusto interna depende largamente do

    aproveitamento dos fenmenos inerciais e transientes que ocorrem nos condutos

    de admisso e descarga.

    A otimizao das condies de trabalho dos motores de combusto interna passa

    necessariamente por uma anlise profunda das diversas variveis envolvidas no

    processo. Os sistemas de admisso e descarga possuem dimensionamento e

    configuraes geomtricas diferenciados de acordo com suas finalidades, onde

    pode ser privilegiado no projeto o consumo, a potncia ou, por exemplo, o

    rendimento volumtrico e o torque a baixas rotaes (Hanriot, 2001).

    A tarefa principal dos condutos de admisso em motores de combusto interna

    alternativos conduzir o ar da atmosfera at os cilindros, distribuindo

    uniformemente entre eles a massa de ar admitida. Nos motores com injeo

    eletrnica, o gs escoando nos condutos de admisso pode ser considerado

    meramente ar atmosfrico, exceto numa pequena seo prxima porta da

    vlvula, onde o combustvel injetado. Portanto, pode-se dizer que, alm da

    admisso do ar, os condutos tm funes de maximizar o rendimento volumtrico

    dos motores, produzir baixas perdas de presso ao longo do escoamento do ar e

    5

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 6

    distribuir uniformemente a massa de ar entre os cilindros. A ltima funo impe

    que o ar admitido da atmosfera escoe atravs de sistemas geomtricos similares

    at atingir o cilindro. de se esperar, portanto, que a geometria do conduto de

    admisso seja projetada de acordo com as caractersticas do motor. Isto significa

    dizer que o comprimento e o dimetro do conduto e, eventualmente, as cmaras

    intermedirias, tm um papel fundamental no correto projeto de tais sistemas,

    levando-se em conta os complexos efeitos de escoamento transiente com

    variaes temporal e espacial (Hanriot, 2001).

    Benajes et al, em 1997, analisaram os condutos de admisso levando em conta

    dois sub-sistemas separados, o pisto e a vlvula, que se movem periodicamente

    e atuam como fonte de excitao, e o conduto de admisso, que responde

    excitao de acordo com sua prpria geometria. Esta interao afeta a condio

    de escoamento transiente ocasionada na porta da vlvula e, conseqentemente,

    todo o processo de admisso do gs da atmosfera para o interior do conduto de

    admisso.

    2.2. A Inrcia do Gs O ar no interior do conduto possui energia cintica (energia de movimento). Este

    contedo energtico de ar, se oportunamente aproveitado, pode determinar uma

    compresso no interior do cilindro exatamente no momento em que a vlvula de

    admisso se fecha. criada assim uma fonte de sobre-alimentao natural

    devido inrcia do gs. O rendimento volumtrico v est relacionado com a

    capacidade que o motor possui em admitir ar atmosfrico, sendo um parmetro de

    medida da eficincia nos processo de admisso do ar. definido como sendo a

    vazo mssica de ar no conduto de admisso pela taxa que o volume de ar

    deslocado pelo pisto (Heywood, 1988):

    m 2

    a NVdV

    &

    = (2.1)

    sendo:

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 7

    Vd : o volume deslocado pelo pisto (entre PMI e PMS) (m3);

    N : rotao do motor (virabrequim) (rev/s);

    a : a densidade do ar admitido na temperatura de referncia (kg/m3);

    m& : a vazo mssica atravs do conduto de admisso (kg/s).

    Um outro fator importante na determinao dos efeitos inerciais em um motor

    chamado de fator de efeitos de inrcia, Ki. definido por:

    oi m

    mK&

    &= (2.2)

    sendo a vazo mssica do sistema com o conduto de admisso e m a vazo

    mssica sem o conduto de admisso.

    m& o&

    Como j comentado, o efeito RAM ocorre a partir da presso produzida pelo

    choque da massa de ar contra a parede do pisto, aumentando assim a densidade

    de ar, exatamente no momento em que a vlvula se fecha. A densidade do ar e,

    portanto, a massa de ar dentro do cilindro, pode aumentar a ponto de anular os

    efeitos negativos das perdas de presso e levar o rendimento volumtrico a

    valores elevados. por esse motivo que se costuma chamar o rendimento

    volumtrico de coeficiente de reenchimento.

    2.3. Pulsao do Gs Morse et al (1938) foram dos primeiros a mostrar a influncia dos efeitos da

    produo de pulsos de presso nos condutos de admisso ocasionados pelo

    movimento alternativo das vlvulas de admisso. Evidenciaram que o

    aproveitamento de tais flutuaes de presso pode ser usado para o aumento do

    rendimento volumtrico dos motores. As grandes variaes de volume no cilindro

    devido ao movimento do pisto produzem perturbaes que, durante a abertura e

    fechamento das vlvulas de admisso e descarga, se propagam como ondas de

    rarefao e compresso ao longo do conduto.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 8

    Ocorrendo o movimento da vlvula, cria-se uma compresso na camada vizinha

    vlvula, que fica com a presso ligeiramente maior que a seguinte, expandindo-se

    contra a mesma. A camada vizinha, ento, ficar mais comprimida que a

    adjacente, comprimindo-a, e assim por diante. Este processo de compresses e

    expanses sucessivas leva um tempo finito, e, portanto, a mensagem da

    aplicao de uma perturbao de presso (onda de presso) propaga-se com uma

    velocidade finita denominada velocidade de propagao da perturbao da

    presso, igual a velocidade do som (Fig. 2.1).

    Velocidade da onda

    Onda de expansoOnda de compresso

    Pres

    so

    (p)

    Posio (x)

    Figura 2.1 Onda de presso em funo da posio

    A resposta dinmica do gs contido no conduto de admisso excitao peridica

    produzida pelo conjunto pisto-vlvula e o correto aproveitamento desses

    fenmenos transientes foram estudados por uma srie de autores (Winterbone et

    al., 1989; Gindele et al., 1997; Ohata e Ishida, 1982). A descrio fsica dos

    fenmenos transientes de presso bem explicada por Benajes et al (1997).

    Segundo esse autor, os fenmenos oscilatrios de presso podem ser

    considerados supondo inicialmente que no ocorra a reflexo dos pulsos de

    presso em direo ao cilindro. Conceitualmente, um conduto reto infinito de

    admisso satisfaz esta condio. Neste caso ideal, as perturbaes de presso

    dependem unicamente do movimento do conjunto pisto-vlvula.

    O movimento do pisto de PMS em direo a PMI produz uma reduo da

    presso no interior do cilindro, em relao ao nvel de presso no conduto de

    admisso. Esta perturbao de presso viaja do cilindro pelo sistema de

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 9

    admisso, em direo atmosfera. Se esta evoluo na perturbao da presso

    fosse monitorada, o resultado seria similar quele mostrado pela Fig. 2.2 (Benajes

    et al., 1997).

    Figura 2.2 - Presso na admisso x ngulo de movimento do pisto

    No caso de um conduto de admisso com dimenses reais, o pulso de rarefao

    originado no cilindro encontra algum ponto no conduto onde refletido em direo

    ao cilindro. Este local onde o pulso de presso refletido de particular interesse

    para o projeto da geometria dos condutos de admisso. Dentre outros pontos, as

    extremidades do conduto, junes e eventualmente cmaras intermedirias so

    exemplos tpicos de locais de reflexo da onda. Nessas situaes, a forma do

    pulso de presso e seu desenvolvimento ao longo do conduto de admisso so

    bem mais complexos que aquela apresentada na Fig. 2.2. Observa-se que pulsos

    de presso refletidos so superpostos a pulsos de presso incidentes (Hanriot,

    2001).

    Payri et al. (1995) mostraram que a presso no conduto pode ser decomposta em

    dois componentes: o pulso primitivo e o refletido. Seguindo este modelo, a Fig. 2.3

    mostra o esquema da evoluo do pulso de presso originado na porta da vlvula

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 10

    em um caso simples de um motor mono-cilindro com um tubo de admisso. O

    pulso de presso original (onda de rarefao) produzido pelo conjunto pisto-

    vlvula e o pulso refletido esto presentes simultaneamente na porta da vlvula, e

    sua composio d origem a um sobre-pulso de presso (over-pressure pulse)

    durante o fechamento da vlvula de admisso.

    Figura 2.3 - Esquema de um pulso de presso inicial e refletido

    O pulso de rarefao original mostrado na Fig. 2.3 ainda uma simplificao do

    pulso real, pois se considera que sua durao de 180o do ngulo do eixo de

    manivela, iniciando no PMS. Uma suposio adicional, empregada por Benajes et

    al. (1997), que a composio do pulso de presso linear. Alm disso, se a

    propagao do pulso considerada sem atrito, o pulso refletido mantm o perfil e

    amplitude originais. O sobre-pulso de presso ser refletido na vlvula e

    novamente viaja em direo atmosfera, onde sofre o mesmo processo.

    A forma dos pulsos depende basicamente da posio de fechamento da vlvula

    de admisso e de sua reflexo, sendo sua amplitude reduzida em cada reflexo

    (Hanriot, 2001). O tempo em que cada pulso refletido retorna porta da vlvula

    caracterizado por um ngulo de fase , relacionado entre pontos anlogos dos

    pulsos refletidos e os pulsos primitivos. O valor de depende basicamente da

    velocidade de propagao do pulso, do comprimento do tubo e da velocidade de

    rotao do motor. Em um motor mono-cilndrico, o ajuste do conduto de admisso

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 11

    se baseia na determinao de um valor de timo, em conjunto com uma

    amplitude conveniente.

    Em uma considerao mais simples, pode-se dizer que o ngulo de fase pode

    ser obtido utilizando-se uma relao entre o intervalo de tempo que o pulso de

    presso leva para viajar da vlvula at a entrada do conduto de admisso e

    retornar. O tempo gasto dado por:

    t = 2L/c (2.3)

    onde:

    c : velocidade do som no ar (m/s);

    L : distncia que o pulso viaja de uma fronteira outra (comprimento do tubo de

    admisso) (m);

    t : tempo que o pulso gasta para viajar da porta da vlvula entrada do conduto e

    retornar (s).

    O deslocamento angular do pisto durante o mesmo intervalo de tempo dado

    por (Heisler, 1995):

    = (360N)(2L) / (60c) (2.4)

    onde:

    N : rotao do motor (rev/min);

    : deslocamento angular do pisto (grau).

    Enquanto o gs possui uma velocidade em direo ao cilindro, a onda de

    rarefao produzida se move em direo oposta ao sentido do escoamento do

    gs. Tal variao de presso se apresenta como uma oscilao de presso de

    alguma regio da massa gasosa. A velocidade com que esta onda se move a do

    som, que para o ar da ordem de 340 m/s; muito superior, portanto, velocidade

    do gs, que pode atingir valores em torno de 90 m/s (Heisler, 1995).

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 12

    Logo, o gs se move a aproximadamente 90 m/s em direo ao cilindro, enquanto

    a onda de rarefao se movimenta a 340 m/s, distanciando-se do cilindro. Quando

    chega parte oposta do conduto, a onda de rarefao (depresso) se torna uma

    onda de compresso (Hanriot, 2001); a perturbao se propaga agora em direo

    ao cilindro (no sentido do escoamento do gs), sob a forma de onda de

    compresso. Desta forma, uma poro do gs se aproxima do cilindro na forma de

    sucessivas e rpidas ondas de presso. Quando a vlvula de admisso se abre,

    cria-se uma onda que viaja velocidade do som no sentido oposto ao cilindro e

    posteriormente em direo oposta ao mesmo. Se o comprimento do conduto ou o

    regime de rotao so tais que a onda de compresso chega exatamente quando

    a vlvula se fecha, tem-se o mximo rendimento volumtrico (Fig. 2.4).

    A onda gerada na abertura da vlvula de admisso chamada de pulso de

    presso negativo (onda de rarefao), enquanto que a onda refletida que viaja em

    direo porta da vlvula denominada onda de compresso. A diferena de

    presso resultante entre o pulso gerado e o refletido determina a presso efetiva

    que se traduz em um aumento do rendimento volumtrico do motor (Hanriot,

    2001).

    0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

    Tempo [seg]

    Pres

    so

    [bar

    ]

    Vlvula aberta Vlvula fechada

    Figura 2.4 - Variao da presso em funo do tempo para uma

    rotao do eixo comando de vlvulas de 200 rev/min

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 13

    Pode-se concluir que o ajuste entre os vrios componentes de um sistema de

    admisso traz benefcios ao rendimento volumtrico dos motores, em particular

    quando pulsos de presso positivos (ondas de compresso) chegam na porta da

    vlvula, no instante do fechamento da vlvula de admisso. Isto foi mostrado por

    Ohata e Ishida (1982), que modelaram os efeitos da presso na porta da entrada

    da vlvula e sua influncia no rendimento volumtrico considerando e existncia

    de pulsos de presso no conduto de admisso.

    Na situao em que a vlvula se fecha na presena de depresso, a massa de ar

    que entra no cilindro diminui e o rendimento volumtrico cai (e como conseqncia

    os valores de presso mdia efetiva e torque). Deve-se observar que as pulsaes

    esto presentes continuamente, e em todos os regimes de rotao. Entretanto,

    somente em determinados regimes de rotao a massa de ar que entra no cilindro

    mxima (quando do fechamento da vlvula de admisso).

    Figura 2.5 - Variao da presso em funo do ciclo

    A Fig. 2.5 mostra a variao da presso na porta da vlvula ao longo do tempo

    para duas revolues do eixo comando de vlvulas, para um motor mono-cilindro

    com um conduto reto de admisso de 2 metros de comprimento, com ngulo de

    permanncia da vlvula de admisso de 102,5, a uma velocidade de rotao do

    eixo de manivela de 800 rev/min. Pode ser observada a atenuao da propagao

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 14

    dos pulsos de presso quando a vlvula de admisso encontra-se fechada. A

    atenuao est relacionada basicamente com o comprimento do tubo, a rotao, o

    dimetro e o nmero de Reynolds (Hanriot, 2001).

    2.4. Geometria do Conduto de Admisso Em projetos de condutos de admisso a escolha da rea da seo que produza o

    mnimo de perdas fundamental. Portanto, deve existir um compromisso entre o

    dimetro do conduto e a rotao do motor (Fig. 2.6), particularmente sob

    revolues reduzidas, em que baixas velocidades de admisso podem causar

    uma mistura pobre e altas velocidades podem reduzir o rendimento volumtrico do

    motor.

    Heisler (1995), a partir de testes experimentais, afirma que o valor mnimo na

    velocidade de admisso do ar gira em torno de 14 m/s e a mxima em torno de 75

    m/s. Altas velocidades na admisso podem causar uma diminuio da densidade

    de massa de ar admitido com conseqente diminuio do rendimento volumtrico.

    Figura 2.6 Dimetro da seo reta do conduto de admisso

    As flutuaes da energia cintica na coluna de massa de ar admitido na porta da

    vlvula, causada pela abertura e fechamento peridicos da vlvula de admisso,

    podem ser aproveitadas para melhorar o rendimento volumtrico dos motores pelo

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 15

    j comentado efeito RAM. Um outro parmetro geomtrico que influencia no

    rendimento volumtrico o comprimento do conduto de admisso (Fig. 2.7).

    Figura 2.7 Comprimentos do conduto de admisso (Heisler, 1995)

    Rotao do motor (rpm)

    Ren

    dim

    ento

    vol

    umt

    rico

    (%)

    Dimetroconstante40 mm

    3,5 Litrosmotor 6cilindros

    Sem tubo

    Compri-mento dotubo

    Figura 2.8 Rendimento volumtrico x rotao (Heisler, 1995)

    A Fig. 2.8 ilustra o compromisso existente entre o comprimento do conduto e o

    rendimento volumtrico obtido sob vrios regimes de rotao de um motor de 6

    cilindros com 3,5 litros. Pode-se observar que para motores sem conduto de

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 16

    admisso, ocorre uma brusca diminuio do rendimento volumtrico em funo da

    rotao, enquanto que motores com condutos de admisso com comprimentos

    maiores tendem a apresentar um rendimento volumtrico mais elevado (Heisler,

    1995).

    Um parmetro importante que est intimamente ligado ao comprimento do tubo de

    admisso denominado parmetro de freqncia q, definido como sendo a razo

    entre a freqncia do tubo de admisso (freqncia natural do tubo quando a

    vlvula de admisso est fechada) e a freqncia da vlvula (metade da

    freqncia de rotao do eixo de manivelas).

    vlvulaf

    fq sistema= (2.5)

    Morse (1938) mostra que quando ocorre a ressonncia do tubo no terceiro, quarto

    e quinto harmnicos da freqncia da vlvula, isto , quando q = 3,4 e 5, h um

    aumento da presso mdia efetiva (pme) e, conseqentemente, do rendimento

    volumtrico. Este parmetro importante na medida que fornece uma relao de

    otimizao do projeto de motores, uma vez que motores que apresentam valores

    mais elevados de pme conseguem extrair uma potncia motriz mais elevada que

    similares que apresentem um valor de pme mais reduzido. Benajes (1997)

    tambm mostra que o parmetro de freqncia terico para o caso de conduto de

    admisso de tubo reto igual a quatro.

    A energia cintica do fluido no conduto est relacionada a variveis geomtricas e

    de funcionamento. A energia cintica da massa de ar que entra no cilindro est

    relacionada com o comprimento e seo transversal do conduto de admisso

    conforme a seguinte proporcionalidade (Bocchi, 1988):

    2CE DL (2.6)

    onde:

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 17

    Ec : energia cintica do ar no conduto (w);

    L : comprimento do conduto (m);

    D : dimetro do conduto (m).

    O efeito RAM , portanto, proporcional ao comprimento do conduto e

    inversamente proporcional rea da seo transversal. Logo, se o objetivo

    conseguir um forte efeito inercial, deve-se produzir um conduto longo e de seo

    reta reduzida (deve-se, entretanto, observar que condutos longos levam a perdas

    de presso maiores que podem prevalecer sobre os efeitos inerciais).

    O conduto de admisso varivel tambm empregado para impulsionar os pontos

    de baixo torque e proporcionar uma melhora no consumo de combustvel ou na

    potncia em altas velocidades, e outra opo de flexibilidade do motor. Um

    conduto de admisso fixo tem sua geometria otimizada para um melhor

    desempenho do motor, no privilegiando a potncia em altas velocidades nem o

    torque em baixas velocidades. O conduto de admisso varivel introduz dois ou

    mais estgios para tratar das diferentes rotaes do motor.

    2.5. Escoamento atravs das Vlvulas

    As restries da admisso de ar tm seu incio no filtro de ar, em seguida o

    conduto e a borboleta de acelerao at chegar no coletor de admisso. Temos

    ento as vlvulas e os condutos na porta das vlvulas de admisso dentro do

    cabeote inferior, que so os principais dispositivos de restrio no ciclo de

    admisso em plena carga de um sistema em motores de quatro tempos. Os

    principais parmetros geomtricos na configurao das vlvulas so mostrados na

    Fig. 2.9.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 18

    Figura 2.9 Parmetros geomtricos da vlvula

    2.5.1. Parmetros Geomtricos e Levante das Vlvulas Alguns valores tpicos de deslocamento e as reas de abertura das vlvulas de

    admisso para motores de combusto interna com ignio por centelha de quatro

    tempos so mostrados na Fig. 2.10 (Heywood, 1988).

    Figura 2.10 Curvas do levante da vlvula de admisso e a rea de escoamento

    correspondente em funo do ngulo do eixo comando de vlvulas

    (Heywood, 1988)

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 19

    O escoamento de fluido atravs da vlvula depende do levante e de

    caractersticas geomtricas como haste, cabea e assento. Existem trs estgios

    distintos de escoamento do fluido atravs da variao do levante da vlvula (Fig.

    2.11).

    Figura 2.11 Estgios distintos de escoamento do fluido atravs da vlvula

    Em pequenos levantes da vlvula em relao a sua sede, um escoamento mnimo

    desenvolvido que corresponde rea de um tronco de cone circular

    compreendido entre a vlvula e seu assento (Heywood, 1988):

    0 L cos sen v

    >>

    w (2.7)

    e a rea mnima dada por:

    2 sen2

    2D cos

    += vvvm

    LwLA (2.8)

    onde:

    : ngulo do assento da vlvula (grau);

    Lv : deslocamento da vlvula (m);

    Dv : dimetro da cabea da vlvula (m);

    w : largura do assento da vlvula (m).

    Em um segundo estgio, a rea mnima est relacionada ainda com a inclinao

    da superfcie do tronco de cone circular, porm no mais perpendicular ao

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 20

    assento da vlvula e o ngulo base do cone cresce de (90o-) at 90o. Para este

    estgio tem-se :

    cos senw L tan

    4 v

    2/1

    222

    >+

    ww

    DDD

    m

    sp (2.9)

    ( )[ ] 2/122 tan wwLDA vmm += (2.10)

    onde:

    Dp : dimetro da porta da vlvula (m);

    Ds : dimetro da haste da vlvula (m);

    Dm : dimetro mdio do assento da vlvula (Dv-w) (m).

    Valores tpicos da razo Lv /D para os dois primeiros estgios so fornecidos na

    Fig. 2.12. Finalmente, quando a vlvula est no seu curso prximo abertura

    mxima, a menor rea de escoamento do fluido dada pela rea da porta da

    vlvula menos a rea do eixo da vlvula. Assim,

    tan 4

    2/1

    2

    222

    wwDDD

    Lm

    spv +

    > (2.11)

    ( )224 spm

    DDA = (2.12)

    Figura 2.12 Esquema mostrando os trs estgios de levante distintos da

    vlvula e as relaes Lv/D para os dois primeiros estgios (Heywood, 1988)

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 21

    2.5.2. Coeficiente de Descarga A vazo mssica atravs da vlvula usualmente descrita pela equao de

    escoamento compressvel atravs de uma restrio, sendo que foi levantada em

    funo do ngulo do eixo comando de vlvulas. A equao derivada de uma

    considerao de escoamento unidimensional, compressvel, isentrpico, em que

    os efeitos do escoamento real so includos atravs do coeficiente de descarga

    CD, obtido experimentalmente. Este coeficiente importante na medida em que

    fornece uma relao da vazo mssica real que passa pelo conduto de admisso

    em funo da abertura da vlvula.

    O escoamento do ar est relacionado com a presso e temperaturas de

    estagnao, po e To , imediatamente antes da vlvula (porta da vlvula), com a

    presso esttica, pT , imediatamente aps a restrio e uma rea de referncia,

    AR, caracterizada por um valor de projeto (Heywood, 1988):

    2/1/)1(/1

    2/1 112

    )(

    =

    o

    T

    o

    T

    o

    oRD

    pp

    pp

    RTpACm&

    (2.13)

    onde:

    CD : Coeficiente de descarga; : Razo entre os calores especficos a presso constante e a volume constante; p0 : Presso na porta da vlvula;

    pT : Presso no cilindro

    T0 : Temperatura na porta da vlvula;

    R : Constante do ar (considerando como gs ideal);

    AR: rea de referncia.

    Alguns valores tpicos de coeficiente de descarga so mostrados na Fig. 2.13 para

    configuraes da vlvula de admisso em funo da razo levante dimetro nos

    estgios 1, 2 e 3, referenciados a Fig. 2.11.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 22

    Figura 2.13 Coeficientes de descarga tpicos de vlvulas de admisso

    Os coeficientes de descarga dependem da referncia considerada, os valores

    apresentados foram obtidos com uma rea de referncia denominada rea da

    cortina da vlvula, que por convenincia calculada por:

    VpC LDA = (2.14)

    onde:

    AC : rea da cortina;

    Lv : deslocamento da vlvula;

    Dv : dimetro da cabea da vlvula;

    Blair et al. (1995) descreveram a avaliao experimental de modelos matemticos

    da propagao da onda da presso no conduto de admisso de um motor. Um

    aspecto interessante foi os coeficientes de descarga para as vrias condies

    testadas. O mtodo experimental para a deduo dos coeficientes da descarga

    adota a experimentao do fluxo constante, quando este mtodo puder ser

    utilizado, totalmente adequado. Est demonstrando que a aproximao terica

    est nas incertezas das medies. O autor apresenta os resultados experimentais

    para os coeficientes de descarga para diversas geometrias da extremidade do

    duto tais como orifcios, extremidades lisas, bellmouth (boca de sino) e a porta

    da vlvula de exausto de um cilindro do motor de dois tempos. Demonstra que a

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 23

    equao de escoamento compressvel atravs de uma restrio pode ser usada

    somente como um comparador para estas geometrias, mas conduz em erros se

    usado dentro de uma simulao computacional. O autor compara os valores dos

    coeficientes de descarga determinados pela equao e os experimentos.

    Danov (1994) definiu equaes matemticas para coeficientes de descarga das

    vlvulas e dos condutos para motor com turbo - compressores. O procedimento

    desenvolvido para a identificao baseado em considerao simultnea do

    modelo matemtico dos processos de troca de gs e do histrico experimental do

    ngulo do eixo de manivelas e da presso diferencial no mesmo processo. Em

    conseqncia, os coeficientes de descarga podem ser definidos pela geometria da

    vlvula e do conduto, pelo levante da vlvula e pela relao da presso. As

    equaes matemticas obtidas para o coeficiente da descarga podem ser usadas

    para outros motores.

    Blair e Drouin (1996) descrevem aspectos relacionados aos coeficientes de

    descarga das vlvulas para relacionar a dinmica dos gases no processo de

    admisso. Tais coeficientes de descarga so requeridos em funo do levante e

    da relao de presso, um modelo matemtico para cada configurao durante o

    processo, o valor deve ser obtido para as vazes mssicas dos gases, do valor

    das ondas da presso criadas, e da termodinmica do cilindro. Os coeficientes da

    descarga, Cd, so requeridos para as vlvulas de admisso e descarga. O

    experimento foi realizado com as quatro vlvulas de um motor de motocicleta de

    600 cm3 de alto desempenho.

    Fleck e Cartwright (1996) definem o coeficiente da descarga para uma restrio de

    vazo como a relao da vazo real e a vazo ideal. Em motores de combusto

    interna, a vazo ideal considerada como um gs ideal e o processo livre de

    atrito, tenso superficial, etc.. Os coeficientes de descarga so extensamente

    utilizados para monitorar a eficincia do fluxo atravs dos vrios componentes de

    motor e so teis para melhorar o desempenho destes componentes. Modelando

    o fluxo de ar que atravessa os motores importante ter valores para coeficientes

    da descarga com as combinaes das vlvulas, da porta das vlvulas e dos

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 24

    condutos. importante para a modelagem dos motores do dois tempos de alto

    desempenho, devido as taxas de fluxo relativamente elevadas e os sentidos de

    fluxo em constante mudana. Estes motores contam com um pulso de fechamento

    do sistema de descarga ajustado para forar no sentido contrrio a carga fresca

    que escapa no cilindro, antes do fechamento do ciclo da descarga. Neste caso,

    um elevado coeficiente de descarga desejvel para o fluxo de admisso (fluxo

    reverso) atravs da porta de descarga. Os coeficientes de descarga podem ser

    medidos sob condies de fluxo constante para cada escala das presses e de

    fluxos. Os autores apresentam resultados experimentais para o coeficiente de

    descarga relacionado a motores dois tempos de alto desempenho.

    White e Passmore (1998) descrevem um estudo detalhado do uso do tubo de Pitot

    para medir o fluxo de ar em torno de uma vlvula de admisso em regime

    permanente. O estudo avaliou este mtodo para otimizar reas da porta da vlvula

    que pudessem contribuir para uma reduo do coeficiente de descarga. Este

    mtodo fornece uma ferramenta experimental simples e barata para o uso durante

    todo processo. O artigo apresenta os resultados obtidos para levantes diferentes

    da vlvula em um cilindro de um motor de produo. O efeito da orientao da

    ponta do tubo de Pitot discutido e a vazo comparada com aquela obtida em

    um medidor de fluxo do ar. O mtodo mostrado para diversas vazes para

    pequenos levantes e utilizado para mostrar a mudana no fluxo devido s

    modificaes na porta da vlvula, responsvel a uma pequena reduo no

    coeficiente de descarga.

    No presente trabalho, para o levantamento dos dados experimentais para o

    coeficiente de descarga, foram realizados dois experimentos, um para levantar o

    escoamento da vazo mssica em funo do ngulo do eixo comando de vlvulas

    de admisso em um banco de fluxo e o segundo para os dados de levante da

    vlvula de admisso em funo do ngulo do eixo comando de vlvulas de

    admisso em uma bancada especfica.

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 25

    2.6. Flexibilidade no Acionamento das Vlvulas

    Depois que a tecnologia das multi-vlvulas se tornou difundida em projetos dos

    motores, o sincronismo varivel das vlvulas foi a etapa seguinte para a

    transformao do motor, aumentando a potncia ou o torque. O sincronismo das

    vlvulas de admisso e descarga do motor controlado pela forma geomtrica

    dos cames e pelo ngulo de fase. Para otimizar a admisso, geralmente requer-se

    um sincronismo diferente das vlvulas para diferentes rotaes. Quando as

    revolues aumentam, a durao dos cursos de admisso e descarga diminui de

    modo que o ar fresco seja admitido de maneira suficiente para que ocorra a

    combusto, e a descarga seja suficiente para que os gases saiam do cilindro.

    Conseqentemente, a melhor soluo deveria ser a abertura adiantada das

    vlvulas de admisso e o fechamento atrasado das vlvulas de descarga. Ou seja,

    sobrepor entre o perodo de admisso e descarga um aumento no tempo de

    permanncia aberta, quando as revolues do motor forem aumentadas. Em

    alguns projetos, o levante da vlvula pode tambm ser variado de acordo com a

    rotao. Para altas rotaes, uma maior elevao das vlvulas deve ser

    empregado para um aumento da admisso e descarga, otimizando assim o

    processo.

    Estudos tm demonstrado que o progresso de desempenho em motores de

    combusto interna pode ser obtido atravs do sincronismo de vlvula varivel. A

    seguir so apresentados estudos publicados em congressos e os modelos

    desenvolvidos por algumas montadoras que utilizam algum sistema de

    flexibilidade no acionamento das vlvulas.

    Leone et al. (1996) identificaram quatro estratgias que podem ser aplicadas para

    a variao de fase: utilizando somente o eixo de comando de vlvulas de

    admisso, utilizando somente o eixo de comando de vlvulas de descarga,

    utilizando os eixos de comando de vlvulas de admisso e descarga defasados

    igualmente e utilizando os eixos de comando de vlvulas de admisso e descarga

    defasados independentemente. Estas variaes visam reduzir o tempo de fase

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 26

    das vlvulas com o intuito de conseguir uma alta eficincia volumtrica para

    condies de plena carga e rotaes dos motores sem causar, ao mesmo tempo,

    a deteriorizao em operaes de baixas cargas e rotaes.

    Schirm (2003) adaptou um mecanismo que permitiu o fechamento retardado da

    vlvula de admisso, proposta esta que foi uma adaptao da terceira vlvula do

    professor Stumpf da UFMG. Nesse trabalho foram realizados ensaios com o motor

    operando com ou sem a borboleta do acelerador, plena carga e em cargas

    parciais. Os resultados dos testes de fechamento retardado indicaram um ganho

    na eficincia do motor e uma reduo nas emisses de poluentes.

    Em alguns projetos, o levante da vlvula tambm pode ser variado de acordo com

    a rotao do motor. Para otimizar o processo em altas rotaes, uma maior

    elevao necessria para um aumento no tempo de permanncia aberta da

    admisso e descarga. Naturalmente, para rotaes mais baixas o levante

    provocar efeitos contrrios prejudicando o processo, sendo necessrio um

    levante menor para baixas rotaes, tornando assim o levante varivel de acordo

    com a rotao do motor. Um exemplo de mecanismo com sistema de levante de

    vlvula varivel pode ser visto em Kreuter et al. (1999).

    Outra maneira de se variar as vlvulas em relao ao tempo. Devido

    dificuldade de gerar um mecanismo com vlvulas variveis no tempo com custos

    aceitveis, durabilidade e confiabilidade, poucos motores automotivos com

    produo seriada vm sendo equipados at hoje com tal variao. Pesquisas

    relacionadas variao do tempo das vlvulas podem ser vistas em Cunha et al.

    (2000) e Hosoya et al. (2000), que se dedicaram a mecanismos de acionamento

    hidrulico, Pischinger et al. (2000), que estudaram os benefcios de um trem de

    vlvula eletromecnico, e Lancefield et al. (2000), que pesquisaram a aplicao do

    tempo de vlvula varivel para um moderno motor diesel.

    Muitos pesquisadores esto desenvolvendo mecanismos conjuntos desses

    mtodos. Este o caso de Hara et al. (2000), que descrevem um novo sistema de

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 27

    vlvulas variveis capaz de controlar continuamente a fase da vlvula e o perodo

    de tempo enquanto a vlvula est aberta. Em Flierl e Klting (2000) pode-se

    constatar que a BMW tem desenvolvido completos trens de vlvula variveis como

    uma possvel soluo tcnica para realizar controle de carga pelo ajuste do

    levante da vlvula e o tempo de fechamento da vlvula de admisso. Neste caso,

    a variabilidade pode ser conseguida por trens de vlvulas mecnicos variveis ou

    sistemas mecatrnicos.

    Atualmente, alguns modelos de motores j apresentam mecanismos similares aos

    citados, levando ento o motor a assumir diversos diagramas de vlvulas ou

    comandos. Abaixo so citados algumas marcas e modelos de automveis e qual a

    sua flexibilidade de acionamento:

    - Audi 3.0 V6 e V8 - Variadas fases na admisso e dois estgios na descarga;

    - BMW VANOS - Variadas fases na admisso;

    - BMW Dual VANOS - Variadas fases na admisso e descarga com dois estgios

    de variao de levante na admisso;

    - Ferrari 360 Modena - Dois estgios de variao de fase na admisso;

    - Ford VCT - Dois estgios de variao de fase na admisso;

    - Honda VTEC - Dois estgios de variao de levante na admisso e na descarga;

    - Honda iVTEC 2 - Variadas fases na admisso e dois estgios de variao de

    levante na admisso;

    - Honda iVTEC 3 - Variadas fases na admisso e trs estgios de variao de

    levante na admisso e na descarga;

    - Jaguar AJ-V8 - Variadas fases na admisso;

    - Mazda VVT - Variadas fases na admisso;

    - Mercedes-Benz V6 e V8- Dois estgios de variao de levante na admisso;

    - Mitsubishi MIVEC - Trs estgios de variao de levante na admisso e na

    descarga;

    - Nissan VVT - Variadas fases na admisso;

    - Nissan Neo-VVL - Trs estgios de variao de levante na admisso e na

    descarga;

    - Porsche VarioCam - Trs estgios de variao de fase na admisso;

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 28

    - Porsche VarioCam Plus - Trs estgios de variao de fase na admisso e dois

    estgios de variao de levante na admisso;

    - Renault V6 - Dois estgios de variao de fase na admisso;

    - Subaru AVCS - Dois estgios de variao de fase na admisso;

    - Toyota VVTi - Variadas fases na admisso;

    - Toyota VVTLi - Variadas fases na admisso e dois estgios de variao de

    levante na admisso e na descarga ;

    - Volvo - Variadas fases na admisso.

    Entretanto, esses modelos apresentados possuem a defasagem variada. O

    modelo que mais se aproxima da idia proposta nesse trabalho, onde se tem

    como anlise uma defasagem fixa, o MWM Sprint (Fig.2.14), que equipa as

    caminhonetes da linha Ford e GM e o jipe Troller, com trs vlvulas por cilindro,

    duas de admisso e uma de descarga, sendo as vlvulas de admisso defasadas

    uma em relao outra com a finalidade de gerar uma turbulncia controlada no

    interior da cmara de combusto, melhorando as condies de formao da

    mistura ar/combustvel.

    Figura 2.14 Motor MWM Sprint (mwm.com)

    Sher e Bar-Kohamy (2002) estudaram as estratgias de sincronismo das vlvulas

    para a maximizao do torque do motor e otimizao do consumo especfico de

    combustvel em termos da abertura da vlvula de descarga, abertura da admisso

    e o fechamento da admisso, tendo os sincronismos de um motor de ignio por

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 29

    centelha comercial para ser estudado. Um programa computacional que simula

    um ciclo motor do sistema de ignio por centelha, foi utilizado. As caractersticas

    de desempenho tais como eficincia do ciclo, potncia do motor, e a composio

    dos gases de descarga foram calculadas. O modelo foi calibrado com os dados

    obtidos de um diagrama de medidas indicadas, e validado de acordo com o teste

    de desempenho do motor. Quando foi empregado o VVT, a mxima potncia do

    motor foi maximizada em 6%, e o consumo especfico do motor foi minimizado de

    13%. O torque mximo foi deslocado para uma velocidade do motor mais baixa.

    Os resultados so apresentados como mapas de trabalho para o projeto do motor.

    O estudo mostra a influncia do sincronismo das vlvulas de admisso e descarga

    no desempenho do motor na escala inteira de condies da operao (carga e

    rotao do motor). Outros artigos relacionados ao acionamento de vlvulas

    variveis podem ser vistos em Pierik e Burkhard (2000), Butzmann et al. (2000),

    Asmus (1982) e Payri et al. (1988).

    2.7. Dinmica da Mistura Admitida no Cilindro do Motor MWM A mistura admitida no cilindro est em forma de um jato, possuindo velocidades

    radial e axial e flutuaes de velocidades atravs das vlvulas. O escoamento

    gerado no cilindro pelo processo de admisso depende do sincronismo das

    vlvulas, pois velocidades e caractersticas da turbulncia e movimento da mistura

    so gerados com a alterao do diagrama de fase.

    O motor MWM Sprint possui trs vlvulas por cilindro, duas de admisso e uma de

    descarga. O diagrama do motor MWM (Fig. 2.15) mostra que as vlvulas de

    admisso no abrem sincronizadas, com o objetivo de uma alterao nas ondas

    de presso no conduto de admisso e um maior turbilhonamento do ar admitido

    (Fig. 2.16).

  • Captulo 2 Reviso Bibliogrfica 30

    Figura 2.15 Diagrama de vlvulas do motor MWM Sprint

    Figura 2.16 Escoamento gerado no motor MWM (mwm.com)

  • Captulo 3

    Aparato Experimental

    3.1. Introduo Neste captulo so apresentados os equipamentos para a realizao dos

    experimentos. Os aparatos experimentais utilizados foram o banco de fluxo, o

    dinammetro, o analisador de gases e o motor de combusto interna.

    3.2. Banco de Fluxo A primeira etapa do experimento foi realizada em um equipamento denominado

    banco de fluxo, que permite simular as condies de escoamento nos sistemas de

    admisso e exausto de um motor de combusto interna. O banco de fluxo produz

    uma depresso constante entre a atmosfera e um grande reservatrio ligado

    seo de testes. A depresso gerada atravs de um soprador de grande porte.

    Reproduz-se o movimento das vlvulas atravs de um motor eltrico acoplado ao

    eixo de comando de vlvulas, por meio de uma correia dentada. O banco de fluxo

    (Fig. 3.1) utilizado neste trabalho permite o estudo do escoamento em regime

    permanente ou transiente. Variveis como vazo mssica, presso, temperatura e

    velocidade de rotao do eixo comando de vlvulas podem ser obtidas (Hanriot,

    2001). O reservatrio ao qual a seo de testes conectada tem capacidade de

    350 litros, e utilizado para atenuar os pulsos de presso produzidos pelas

    vlvulas de admisso.

    31

  • Captulo 3 Aparato Experimental 32

    Figura 3.1 Vista geral do banco de fluxo

    No banco de fluxo so realizados testes experimentais nos processos que

    envolvem escoamentos nos sistemas de admisso e descarga em motores de

    combusto interna possibilitando a determinao das perdas de presso nas

    vlvulas e demais acessrios de todo o sistema. Assim, podem ser realizadas

    anlises do sistema tendo como objetivo um aumento do rendimento volumtrico

    dos motores.

    A Fig. 3.2 mostra o esquema do banco de fluxo montado no Laboratrio de

    Fluidodinmica Aplicada da PUC Minas. No esquema mostrada a entrada ou

    sada de ar, de acordo com a sua operao, a seo de testes, o cabeote do

    motor de combusto interna, a ordem em que o sistema distribudo, o insuflador,

    o conjunto de tubulaes e vlvulas mecnicas e eltricas, o motor eltrico que

    aciona o cabeote, o sistema de lubrificao e os dois tanques de equalizao e

    amortecimento de oscilaes de presso. Os componentes deste sistema so

    especificados nos prximos itens.

  • Captulo 3 Aparato Experimental 33

    Figura 3.2 Esquema geral do banco de fluxo

    3.2.1. Insuflador de Ar O insuflador um equipamento capaz de admitir ar do exterior quando operado no

    processo de descarga dos gases, e admitir do interior da sala quando operado no

    processo de admisso dos gases. O insuflador tem como caracterstica a

    capacidade de insuflar at 600 m3/h de ar a uma presso manomtrica mxima de

    0,7 bar. O acionamento pode ser feito atravs do painel de controle, sendo dotado

    de protees e sinalizaes. O motor do compressor tem potncia de 30 HP (22,4

    kW).

    3.2.2. Conjunto de vlvulas O insuflador est ligado ao cabeote em teste por um conjunto de tubulaes, um

    conjunto de vlvulas mecnicas e eltricas que permitem a regulagem da vazo

    requerida em teste e determinar o sentido de escoamento do ar (insuflado ou

    admitido). As vlvulas so do tipo borboleta com abertura de 90. As vlvulas

    motorizadas possuem acionamento manual ou remoto, dispositivos de proteo

  • Captulo 3 Aparato Experimental 34

    trmica, limitadores de fim de curso e potencimetro para indicao remota da

    posio de abertura no computador do sistema.

    3.2.3. Medidor de Fluxo Laminar O banco de fluxo possui dois equipamentos denominados medidores de fluxo

    laminar, marca Cussons, modelos P7205 para 100 litros/s e P7209 para 200

    litros/s (237 e 457 litros/s tericos), com sadas de presso diferencial, presso

    absoluta e temperatura. A presso mxima de 4 bar, a temperatura mxima de

    fluido de 90C, a presso diferencial nominal mxima de 250 mmH2O e a

    constante de calibrao relativa a 20C. So medidores que fornecem uma

    relao de vazo em funo da diferena de presso.

    Figura 3.3 Esquema do medidor de fluxo A Fig. 3.3 mostra o esquema do medidor laminar de fluxo, onde 1 a entrada do

    corpo do medidor, 2 a sada do corpo do medidor, 3 o elemento de medio do

    fluxo, 4 o filtro de ar da entrada, 5 o bloco de montagem do filtro, 6 o tubo do

    sensor de presso, 7 a placa do difusor, 8 o anel de vedao da placa, 9 o pino de

    segurana, 10 o anel de vedao do medidor, 11 a rosca da vedao, 12 o

    compartimento da rosca da vedao, 13 o compartimento do anel de vedao, 14

    o adaptador da rosca do anel de vedao, 15 a gaxeta e 16 o suporte do tubo de

    tomada de presso.

  • Captulo 3 Aparato Experimental 35

    Para definir a vazo volumtrica de ar que escoa atravs do cilindro de um motor

    de combusto interna naturalmente aspirado pode ser utilizada a Equao (3.1)

    (Heywood, 1988), para que se possa selecionar o medidor de vazo mais

    adequado.

    ( ) *max K

    NCQ = (3.1)

    onde :

    Qmax : Mxima vazo volumtrica (litros/s);

    C : Capacidade do motor (litros);

    N : Mxima rotao do motor (rev/s);

    K : 1 para motor de 2 (dois) tempos e

    K : 2 para motor de 4 (quatro) tempos.

    3.2.4. Computadores Utilizados Dois computadores so utilizados no banco de fluxo. O computador do sistema

    do tipo PC-AT, com um sistema de aquisio de dados possuindo 3 placas

    Advantech tipos PCLD7115, PCLD780 e PCLD8115 com montagem externa e

    2 placas Advantech tipos PCL711B e PCL818HD para montagem interna. J o

    computador de fluxo modelo Cussons P7028, utilizando MCU TMS9995, display

    com 4 dgitos mais unidades atualizado a cada 300 ms, sada de dados em RS-

    232 e analgica na faixa de 0 -10 Vcc. O sistema apresenta exatido de 0,35 %

    de final de escala para medio de presso diferencial, 0,38 % para presso

    absoluta, 0,5 % para temperatura, 0,36 % para a taxa de escoamento.

    equipado com transdutor de presso modelo P7031 da empresa Cussons. A faixa

    operacional de 0 a 300 mmH20 para presso diferencial (600 mbar mximo), 4

    bar de presso absoluta mxima, 0 a 100 C para temperatura, e de 1,1 ou 3,5 bar

    para presso de entrada e sada fornecidas pelos medidores de fluxo laminar.

  • Captulo 3 Aparato Experimental 36

    O computador do sistema interligado ao computador de fluxo. O computador de

    fluxo usado em conjunto com os medidores de fluxo laminar para obter as

    vazes mssica e volumtrica.