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Rio de Janeiro 2010 Marina Abelha Ferreira ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO INTERVALO CARBONÍFERO/PERMIANO DA BACIA DO PARNAÍBA EM TESTEMUNHOS DE SONDAGEM Dissertação de Mestrado (Geologia)

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Rio de Janeiro 2010

Marina Abelha Ferreira

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO INTERVALO CARBONÍFERO/PERMIANO DA

BACIA DO PARNAÍBA EM TESTEMUNHOS DE SONDAGEM

Dissertação de Mestrado (Geologia)

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UFRJ

Rio de Janeiro Agosto de 2010

Marina Abelha Ferreira

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO INTERVALO CARBONÍFERO/PERMIANO DA

BACIA DO PARNAÍBA EM TESTEMUNHOS DE SONDAGEM

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como requisito necessário à obtenção do grau de Mestre em Ciências (Geologia).

Área de concentração:

Paleontologia e Estratigrafia

Orientador:

Leonardo Borghi

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MARINA, Abelha Ferreira

Análise Estratigráfica do Intervalo Carbonífero/Permiano da Bacia do Parnaíba em Testemunhos de Sondagem / Marina Abelha Ferreira - - Rio de Janeiro: UFRJ / IGeo, 2010.

ix, 47 f. : il., apênd., anexos; 30cm Dissertação (Mestrado em Geologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Programa de Pós-graduação em Geologia, 2010.

Orientador: Leonardo Fonseca Borghi de Almeida 1. Geologia. 2. Paleontologia e Estratigrafia –

Dissertação de Mestrado. I. Leonardo Borghi. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Programa de Pós-graduação em Geologia. III. Análise estratigráfica do intervalo Carbonífero/Permiano da bacia do Parnaíba em testemunhos de sondagem.

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UFRJ Rio de Janeiro

2010

Marina Abelha Ferreira

ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO INTERVALO CARBONÍFERO/PERMIANO DA

BACIA DO PARNAÍBA EM TESTEMUNHOS DE SONDAGEM

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como requisito necessário à obtenção do grau de Mestre em Ciências (Geologia).

Área de concentração:

Paleontologia e Estratigrafia

Orientador: Leonardo Borghi

Aprovada em: 26.ago.2010 Por:

_____________________________________

Francisco Pinheiro Lima Filho

_____________________________________

Mauro Roberto Becker

_____________________________________

Ismar de Souza Carvalho

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Agradecimentos

Ao Programa de Capacitação de Recursos Humanos em Geologia do Petróleo da UFRJ

(convênio UFRJ/PRH-ANP/MCT no 18) pela bolsa de mestrado e financiamento da pesquisa;

Ao Programa de Pós-graduação em Geologia da UFRJ pela oportunidade de qualificação;

À Agência Nacional do Petróleo, por apoiar a pesquisa e a divulgação dos dados;

Ao 4º Distrito do DNPM/Recife, pelo acesso aos testemunhos e suporte durante as visitas;

Ao orientador e amigo Leonardo Borghi, por todo o apoio, incentivo, inspiração,

ensinamentos e, especialmente, pela disponibilidade para a orientação desta dissertação.

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Resumo

ABELHA, Marina. Análise Estratigráfica do Intervalo Carbonífero/Permiano da Bacia do Parnaíba em Testemunhos de Sondagem. Rio de Janeiro, 2010. 34 f. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

O intervalo Permo-carbonífero da bacia do Parnaíba, representado pelas formações Piauí e Pedra de Fogo, é aqui descrito em detalhe e interpretado sedimentologicamente em dois testemunhos de sondagem como um esforço para sua revisão estratigráfica. Este intervalo é caracterizado por dezessete litofácies (quatorze siliciclástias e três carbonáticas), relacionadas em cinco associações de fácies interpretadas como: i) Deltaica sob ação de ondas/tempestades; ii) Flúvio-estuarina; iii) Planície de maré estuarina; iv) Planície Costeira (chérnier); e v) Eólica. Os resultados vão de acordo com modelos anteriores que sugerem um contexto paleoambiental costeiro para todo o intervalo estudado, mas difere destes por incluir um sistema deposicional de Planície Costeira do tipo “chérnier”, onde corpos arenosos do tipo “sand waves” ocorrem isolados em meio a finos e carbonatos costeiros. Dentro deste contexto, ciclos de fácies apontam claramente superfícies estratigráficas sequenciais, que permitiram a delineação das sequências sedimentares envolvidas.

Palavras-chave: Formação Piauí, Formação Pedra de Fogo, Fácies Sedimentares.

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Abstract

ABELHA, Marina. Análise Estratigráfica do Intervalo Carbonífero/Permiano da Bacia do Parnaíba em Testemunhos de Sondagem. [Stratigraphic analysis of the Carboniferous/Permian interval from the Parnaíba basin in well cores] Rio de Janeiro, 2010. 34 f. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Programa de Pós-graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.

The Permo-Carboniferous interval of the Parnaíba Basin, represented by the Piauí and Pedra de Fogo formations, is here described in detail and interpreted sedimentologically in two well cores, as an effort for its stratigraphic revision. This interval is characterized by seventeen lithofacies (forteen siliciclastics and three carbonatics), related into five facies successions interpreted as: i) Deltaic wave/storm dominated; ii) Fluvial-estuarine iii) Fluvial-estuarine Tidal Flats; iv) Chernier Tidal Flats; and v) Eolian. Results agree with previous models that suggest a general coastal paleoenvironment for the entire studied interval, but differ by including a chérnier tidal flat context, with isolated sand waves among coastal fine grained and carbonate deposits. Evident facies cycles may ascertain sequence stratigraphic surfaces which allowed the recognition of the sedimentary sequences involved.

Keywords: Piauí Formation, Pedra de fogo Formation, Sedimentary Facies.

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Lista de Figuras

Figura 1 – Mapa de localização da bacia do Parnaíba com destaque para as áreas de

afloramento das formações Piauí e Pedra de Fogo (q.v. Bizzi et al., 2003) e a localização dos

poços 1-UN-09-PI (42º59’20” W; 04º45’25”S) e 1-UN-11-PI (43º01’25” W; 04º55’45”S). ... 3�

Figura 2 – Diagrama estratigráfico da bacia do Parnaíba (cf. Vaz et al., 2007). ....................... 6�

Figura 3 – Correlação estratigráfica entre os testemunhos dos poços 1-UN-09-PI e

1-UN-11-PI. Foram observados três tratos de sistemas: Trato de sistemas de Mar Alto

(TSMA), correspondente ao SD1 (topo da Formação Poti); Trato de Sistemas de Mar Baixo

(TSMB), correspondente ao SD2 ( Formação Piauí); e Trato de Sistemas Trasngressivo (TST)

correspondente ao SD3 (porção basal da Formação Pedra de Fogo). Observar

discordância (D) limitando os TSMA e TSMB. Observar ainda os ciclos trasgressivo-

regressivos característicos da porção basal da Formação Pedra de Fogo, limitados por

superfícies transgressivas de menor ordem (ST I - ST V). ....................................................... 39�

Figura 4 – Bloco diagrama representando o SD1 (deltaico dominado por ondas/tempestade).

.................................................................................................................................................. 40�

Figura 5 – Bloco diagrama representando o SD2 (flúvio-estuarino)........................................ 41�

Figura 6 – Bloco diagrama representando o SD3 (costeiro-eólico). ........................................ 41�

Lista de Quadros

Quadro 1– Síntese das fácies caracterizadas nos testemunhos estudados. ............................... 37�

Quadro 2– Síntese das sucessões de fácies caracterizadas nos testemunhos estudados. .......... 38�

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Sumário

AGRADECIMENTOS iv

RESUMO v ABSTRACT vi LISTA DE FIGURAS vii LISTA DE QUADROS vii

1 APRESENTAÇÃO 1

1.1 Introdução 1

1.2 Objetivo e finalidade 2

1.3 Material e método 2

2 CONTEXTO GEOLÓGICO 4

2.1 A bacia do Parnaíba: generalidades, tectônica e sedimentação 4

2.2 A Formação Piauí 7

2.2.1 Paleoambientes de sedimentação 8

2.2.2 Paleontologia 8

2.2.3 Idade e bioestratigrafia 9

2.3 A Formação Pedra de Fogo 9

2.3.1 Paleoambientes de sedimentação 10

2.3.2 Paleontologia 10

2.3.3 Idade e bioestratigrafia 11

2.4 Sequências deposicionais do intervalo Carbonífero/Permiano da bacia do Parnaíba 12

3 FUNDAMENTOS CONCEITUAIS 13

3.1 Fácies Sedimentar, Sucessão de Fácies e Associação de Fácies 13

3.2 Estratigrafia de Sequências 14

3.2.1 Estratigrafia de sequências em bacias intracratônicas 15

4 ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA 16

4.1 Caracterização de Fácies 16

4.2 Sucessões de Fácies 32

4.3 Sistemas Deposicionais 40

4.3.1 Sistema deposicional deltáico (sd1) 40

4.3.2 Sistema deposicional flúvio-estuarino (sd2) 40

4.3.3 Sistema deposicional costeiro/eólico (sd3) 41

5 CONCLUSÕES 42

Referências bibliográficas 43

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APÊNDICES APÊNDICE A - Ilustrações das fácies sedimentares APÊNDICE B - lustrações das fácies sedimentares APÊNDICE C - lustrações das fácies sedimentares APÊNDICE D - lustrações das fácies sedimentares APÊNDICE E - lustrações das fácies sedimentares APÊNDICE F - lustrações das fácies sedimentares APÊNDICE G - Perfil Sedimentológico do poço 1-UN-09-PI em escala 1:800 APÊNDICE H - Apresentação da Sucessão de Fácies Deltaica dominada por ondas/tempestades (SF1) no poço 1-UN-09-PI

APÊNDICE I - Apresentação da Sucessão de Fácies Fluvio-estuarina (SF2) no poço 1-UN-09-PI

APÊNDICE J - Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de maré estuarina (SF3) no poço 1-UN-09-PI

APÊNDICE K - Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Chérnier (SF4) no poço 1-UN-09-PI

APÊNDICE L - Apresentação da Sucessão de Fácies Eólica (SF5) no poço 1-UN-09-PI

APÊNDICE M - Perfil Sedimentológico do poço 1-UN-11-PI em escala 1:800 APÊNDICE N - Apresentação da Sucessão de Fácies Deltaica dominada por ondas/tempestade (SF1) no poço 1-UN-11-PI

APÊNDICE O - Apresentação da Sucessão de Fácies Fluvio-estuarina (SF2) no poço 1-UN-11-PI

APÊNDICE P - Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Maré Estuarina (SF3) no poço 1-UN-11-PI

APÊNDICE Q - Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Chérnier (SF4) no poço 1-UN-11-PI

APÊNDICE R -Apresentação da Sucessão de Fácies Eólica (SF5) no poço 1-UN-11-PI

APÊNDICE S - Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Chérnier (SF4) com características de sabkha costeiro no poço 1-UN-11-PI

ANEXO I - Artigo: “Análise de fácies das formações Piauí e Pedra de Fogo em testemunhos de sondagem da borda leste da bacia do Parnaíba.” (Abelha & Borghi, no prelo)

ANEXO II - Artigo: “Palinologia da Formação Piauí, Pensilvaniano da Bacia do Parnaíba: biocronoestratigrafia de intervalo selecionado do poço 1-UN-09-PI (Caxias, MA).” (Souza et al., 2010)

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1 APRESENTAÇÃO

1.1 Introdução

O intervalo Carbonífero/Permiano, no Gondwana, contém classicamente as “sequências

glaciais” (Glaciação Gondwânica) presentes em muitas de suas bacias. Não obstante, mais ao

norte desse paleocontinente, onde tais glaciações não se registraram, estabeleceram-se outros

cenários paleoambientais, ainda pouco caracterizados do ponto de vista faciológico; sobretudo

na bacia do Parnaíba. Tais depósitos apresentam características faciológicas bastante variadas,

representando uma constante competição entre depósitos fluviais, marinhos rasos e eólicos.

Poucos estudos relatam a ocorrência de intercâmbios entre estes depósitos de natureza tão

diversa, destacando-se os trabalhos de Jordan e Mountney (2010) em depósitos

carbonífero/permianos; Hubert e Tanner (1992) e Blakey et al. (1996) em depósitos

jurássicos; e Simpson e Eriksson (1993) em estratos proterozoicos.

A bacia do Parnaíba, localizada na região nordeste ocidental do território brasileiro,

assume um importante papel econômico, com possibilidade de abrigar aquíferos de grande

porte, bem como de se tornar um futuro pólo de exploração petrolífera.

Este trabalho traz como objeto de estudo faciológico as formações Piauí e Pedra de

Fogo (Carbonífero/Permiano). Tais formações vêm sendo abordadas desde suas

formalizações, de maneira descontínua e sob enfoques geológicos locais diversos ou muito

regionais. Poucos trabalhos apresentam um maior aprofundamento e detalhamento

sedimentológico e estratigráfico, destacando-se os de Lima Filho (1991, 1998). Dentre os

trabalhos estratigráficos regionais, destacam-se os de Mesner e Wooldridge (1964), Góes e

Feijó (1994) e Vaz et al. (2007), para a Formação Piauí, e os de Cruz et al. (1973), Faria Jr.

(1979), Faria Jr. e Trunckenbrodt (1980), Góes e Feijó (1994), Ribeiro e Melo (1996) e Vaz et

al. (2007), para a Formação Pedra de Fogo.

O presente estudo tem como escopo contribuir para o detalhamento estratigráfico do

intervalo Carbonífero/Permiano da bacia do Parnaíba apoiando-se na análise detalhada de

fácies.

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1.2 Objetivo e finalidade

Esta dissertação tem como objetivo analisar estratigraficamente a Formação Piauí e o

intervalo transicional para a Formação Pedra de Fogo em testemunhos de sondagem da bacia

do Parnaíba. A análise estratigráfica apóia-se na descrição sedimentológica detalhada e

caracterização de fácies no intervalo estudado, tendo como finalidade contribuir para uma

melhor compreensão estratigráfica do intervalo permo-carbonífero na região estudada.

1.3 Material e método

O estudo é baseado na descrição sedimentológica de 700m de testemunhos de

sondagem de dois poços (1-UN-09-PI e 1-UN-11-PI – Figura 1; APÊNDICES G e M)

oriundos do projeto “Carvão da Bacia do Parnaíba” (q.v. Leite et al., 1975).

A descrição sedimentológica dos testemunhos, com diâmetro BX (42,04 mm), foi

realizada em escala de detalhe (1:40), em planilha própria, na qual são anotadas as litologias,

as estrututuras sedimentares e/ou diagenéticas, as variações texturais (granulometria e

seleção), a argilosidade (%), os icnofósseis e a intensidade icnotrama (cf. Bottjer e Droser,

1991) e cores (Escala de Munsell).

Em outra etapa, os perfis estratigráficos são digitalizados através do programa

AppleCORE®. Todo o intervalo descrito foi fotografado tanto em conjunto quanto em

detalhe. Os perfis elétricos foram escaneados e posteriormente digitalizados através do

programa Sigma Scan® Pro 5. Os dados digitalizados são carregados no programa

AppleCORE® para que se possa efetuar a correlação rocha-perfil.

As fácies, caracterizadas a partir dos conceitos discutidos por Borghi (2000), foram

organizadas em sucessões de fácies, a partir das quais se buscou delinear o contexto

paleoambiental do intervalo.

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O estudo seguiu na determinação de superfícies estratigráficas seqüenciais a partir da

correlação entre os poços, segundo os conceitos de Posamentier et al. (1988a e 1988b), a fim

de se determinar associações de fácies e sistemas deposicionais.

Figura 1 – Mapa de localização da bacia do Parnaíba com destaque para as áreas de afloramento das formações Piauí e Pedra de Fogo (q.v. Bizzi et al., 2003) e a localização dos poços 1-UN-09-PI (42º59’20” W; 04º45’25”S) e 1-UN-11-PI (43º01’25” W; 04º55’45”S).

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2 CONTEXTO GEOLÓGICO

2.1 A bacia do Parnaíba: generalidades, tectônica e sedimentação

A bacia do Parnaíba localiza-se na região nordeste ocidental do território brasileiro

(Figura 1), ocupando uma área de aproximadamente 600.000km2 (Vaz et al., 2007) e

distribui-se pelos estados do Piauí, Maranhão, Pará, Bahia, Tocantins e Ceará. Apresenta uma

forma elíptica, com eixo de maior elongação orientado para NE–SO com um comprimento de

aproximadamente 1.000km. Em seu depocentro, a espessura da coluna sedimentar atinge

cerca de 3.500m (Vaz et al., 2007).

Os limites da bacia dão-se ao Norte pelas bacias de São Luís e Barreirinhas, das quais se

separa pelo Arco de Ferrer–Urbano Santos; a Noroeste com a Fossa de Marajó, da qual está

separada pelo Arco de Tocantins; a Sul e a Sudeste por extensões de coberturas de idade pré-

cambriana correlatas à faixa de dobramento Brasília, chamadas “Bacia de São Francisco” e

“Bacia dos Lençóis” (Cunha, 1986).

Trata-se de uma bacia de interior cratônico, classificada como “intracontinental

cratônica composta complexa” (tipo 2A) de Klemme (1980, apud Figueiredo e Gabaglia,

1986), com base em sua localização, suas características sedimentares e sua pequena

espessura em relação à sua grande extensão, denunciando uma subsidência termal flexural

muito lenta durante sua evolução no Paleozoico (bacia de sag). Pode ainda ser classificada

como “Intracratônica de Interior Remoto – Amplos Arcos Regionais” (Szatmari e Porto,

1982, apud Figueiredo e Gabaglia, 1986).

A bacia do Parnaíba desenvolveu-se sobre um substrato de rochas não mais antigas que

o Mesoproterozoico, muitas das quais metassedimentares de grau baixo a intermediário de

metamorfismo, que se expõem nas faixas de dobramento que a circundam, limitando os

crátons do Amazonas, São Luís e São Francisco, além de rochas magmáticas relacionadas ao

Ciclo Brasiliano. Em tal substrato, ocorrem grábens preenchidos pelas formações Riachão

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(Kegel, 1956, apud Góes e Feijó, 1994) e Mirador (Rodrigues, 1967, apud Góes e Feijó,

1994) de idades neoproterozóica e ordoviciana, respectivamente.

Adota-se aqui o conceito estratigráfico proposto por Vaz et al. (2007), o mais

recentemente publicado, baseado em dados de subsuperfície da Petrobras (Figura 2).

Estratigraficamente os autores dividem a bacia do Parnaíba em cinco supersequências

deposicionais: siluriana, equivalente ao Grupo Serra Grande; mesodevoniano-eocarbonífera,

correspondente ao Grupo Canidé; a sequência neocarbonífera-eotriássica, referente ao Grupo

Balsas; a sequência jurássica, correspondente à Formação Pastos Bons; e a sequência

cretácea, equivalente às formações Codó, Corda, Grajaú e Itapecuru. Além dessas sequências

deposicionais os autores incluem na evolução estratigráfica da bacia os derrames vulcânicos e

as intrusões magmáticas das formações Mosquito (Jurássico) e Sardinha (Cretáceo).

Estruturalmente, a bacia formou-se como resultado de uma subsidência termal, flexural,

a partir do final do Ordoviciano, de forma muito lenta, aparentemente controlada pelos

lineamentos Transbrasiliano (SO–NE), o principal controlador, e Picos-Santa Inês (NO–SE),

ambos herdados do Pré-cambriano. A primeira grande sequência deposicional (Siluriana) foi

delimitada pela orogenia Caledoniana, que gerou a primeira discordância regional da bacia. A

subsidência termal flexural seguiu-se durante a deposição da segunda grande sequência

(Devoniana). A sedimentação desta sequência foi encerrada com a orogenia Eo-herciniana,

que gerou outra discordância de caráter regional.

A compartimentação da bacia até o Pensilvaniano continuou a ser exercida pelos dois

grandes lineamentos do ciclo Brasiliano. A partir do Permiano ocorreu uma migração de seu

depocentro para o centro da bacia.

No Mesozoico, os principais elementos tectônicos regionais foram a estrutura de

Xambioá (E–O), situada no centro da bacia; e o arco Ferrer–Urbano Santos delimitando as

pequenas bacias marginais associadas à abertura do Atlântico Sul Equatorial. No Jurássico e

Cretáceo, derrames e diques de diabásio (rochas de ambientes distensionais) indicam os

efeitos da desagregação do Pangea (Formação Sardinha) e do Gondwana (Formação

Mosquito).

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Figura 2 – Diagrama estratigráfico da bacia do Parnaíba (cf. Vaz et al., 2007).

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2.2 A Formação Piauí

A Formação Piauí (sensu Small, 1914) é composta por arenitos finos a grossos, cinza-

esbranquiçados a avermelhados, eventualmente conglomeráticos; folhelhos vermelhos; e

calcários esbranquiçados (Góes e Feijó, 1994). Pelo mapa de isópacas de Cunha (1986),

observa-se um provável depocentro a NE; no entanto, dois depocentros, um a NO e outro a

SE, com eixo comparável ao lineamento Picos–Santa Inês, são evidenciados pela curva de

tendência de espessura total da formação (q.v. Lima Filho, 1991). A espessura máxima foi

constatada em um poço estratigráfico da Petrobras, com um total de 346m (Aguiar, 1971,

apud Lima Filho, 1991). Segundo Mesner e Wooldridge (1964), esta unidade ocorre em toda

a porção central da bacia, apresentando seus melhores afloramentos na borda Leste.

Os limites estratigráficos foram definidos por Dequech (1950, apud Lima Filho, 1991),

que os situou entre os arenitos e siltitos da Formação Poti e o sílex basal da Formação Pedra

de Fogo. A natureza de seu limite superior com a Formação Pedra de Fogo é consensualmente

considerada concordante gradacional; já seu limite inferior gera controvérsias, sendo por

alguns poucos autores considerado gradacional, pelo menos na porção central da bacia; e

discordante regionalmente pela maioria, limitando as sequências Devoniana e Permo-

carbonífera (Góes et al.,1992, apud Góes e Feijó, 1994). Lima Filho (1991) propôs uma

redefinição do limite superior com a Formação Pedra de Fogo, posicionando-o numa camada

de anidrita de extensão bacial.

A divisão clássica desta formação em dois intervalos (“membros”) foi proposta Mesner

e Wooldridge (1964). O “membro inferior” corresponde a arenitos róseos, maciços, raramente

intercalados a folhelhos, de caráter continental; já o “membro superior”, a arenitos vermelhos,

camadas de calcáreo (muitas vezes silicificados), depositados em contexto marinho, além de

finos leitos de evaporitos.

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2.2.1 Paleoambientes de sedimentação

Góes e Feijó (1994) consideram um paleoambiente deposicional continental a litorâneo,

sob influência de clima árido para a formação. Lima Filho (1991, 1998) interpreta um

paleoambiente desértico, sem excluir a possibilidade de ocorrência de sabkhas costeiros,

associados a depósitos deltaicos de menor expressão; na porção superior, em particular,

considera um paleoambiente de “plataforma carbonática” (marinho raso). Este autor propõe,

por fim, um modelo de bacia evaporítica para a formação, com base na presença de

evaporitos. Dino e Playford (2002) indicam um paleoambiente marinho, refletindo condições

de aridez, com base em dados palinológicos. Souza et al. (2010 – em anexo) observaram

elementos planctônicos (do gênero Leiosphaeridia) na porção superior e intermediária da

formação no poço 1-UN-09-PI, indicando influencia marinha para a formação no intervalo

estudado.

2.2.2 Paleontologia

A Formação Piauí possui uma das mais diversificadas e abundantes faunas de

invertebrados do Neopaleozoico da América do Sul. Os estratos fossilíferos preservam uma

rica e variada fauna, dominada por biválvios e braquiópodes. Subordinadamente ocorrem

gastrópodes, cefalópodes, briozoários e, menos comumente, trilobitas (q.v. Anelli et al.,2009).

Lima Filho (1991) ressalta que as assembléias de microfaunas dos calcários fossilíferos

da Formação Piauí são evidências de deposição em condições predominantemente marinhas

de águas rasas, citando a dominância de foraminíferos, conodontes e microfósseis

exclusivamente marinhos, além da própria diversidade faunística. Anelli et al. (2009)

reforçam esta interpretação paleoambiental.

Santos e Carvalho (2004) também analisaram o conteúdo paleontológico desta

formação, indicando um ecossistema marinho, em plataforma carbonática de laguna rasa onde

as assembléias de invertebrados indicam biodiversidade de latitude tropical. Quanto à

ocorrência de registros macroflorísticos na formação, os autores ressaltam que ocorrem

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apenas restos de formas pecopteróides (Pecopteris sp.), descritas por Dolianiti (1954, apud

Santos e Carvalho, 2004).

Destacam-se ainda os trabalhos de Kegel (1951), Kegel e Costa (1951), Campanha e

Rocha Campos (1979), Assis (1979, 1980), Anelli (1994) e Anelli et al. (1992).

2.2.3 Idade e bioestratigrafia

A idade desta formação, controversa, foi posicionada no Westphaliano–Stephaniano por

Müller (1962, apud Santos e Carvalho, 2004), no Stephaniano por Daemon (1974, apud Góes

e Feijó, 1994), no Morrowano–Atokano por Campanha e Rocha Campos (1979), final do

Westphaliano por Dino e Playford (2002) para a sua porção superior; e considerada não mais

antiga que o Moskoviano por Melo et al. (1998) e Melo e Loboziak (2003). Souza et al.

(2010) apontam uma idade do final do Moscoviano para o intervalo entre 110,6m e 178,1m

do poço 1-UN-09-PI, estudado.

2.3 A Formação Pedra de Fogo

A Formação Pedra de Fogo (sensu Plummer, 1946) compreende depósitos de sílex (em

nódulos, concreções e/ou em níveis de espessura e extensão variadas), calcários oolíticos e

pisolíticos de coloração creme a branca e estromatólitos, intercalados com arenitos finos e

médios amarelados, folhelhos cinza, e ainda anidrita branca (Góes e Feijó, 1994). Sua

espessura média, em subsuperfície, é de 100m (Faria Jr., 1979).

Cruz et al. (1973) subdividem a formação em três intervalos na região entre os vales dos

rios Gurguéia e Uruçuí Preto (PI). O intervalo basal corresponde a folhelhos e arenitos em

igual proporção, com ocorrência de uma camada de 2m de calcário creme, maciço,

silicificado, próximo ao seu topo. O intervalo médio é representado por arenitos intercalados a

siltitos e argilitos, e impressões de folhas fósseis. O intervalo superior é constituído por

arenitos maciços ou com estratificações plano-paralelas e cruzadas. Faria Jr. e Trunckenbrodt

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(1980) também adotam a divisão tripartite da formação nos “membros” Sílex Basal, com

espessura média de 20m e larga distribuição na bacia, caracterizado por siltitos intercalados a

dolomitos com concreções silicosas; Médio, constituído por arenitos e siltitos; e Superior

(“Membro Trisidela”), com espessura média de 40m, representado por dolomitos intercalados

a siltitos, folhelhos carbonáticos e/ou margas e nódulos, concreções e camadas de sílex.

O contato superior com a Formação Motuca (Plummer et al., 1948) apresenta natureza

concordante gradacional (Góes e Feijó, 1994).

2.3.1 Paleoambientes de sedimentação

O paleoambiente deposicional da Formação Pedra de Fogo é caracterizado como

marinho raso a litorâneo, com planícies de sabkha e eventual influência de tempestades (Góes

e Feijó, 1994). Santos e Carvalho (2004) sugerem, para as fases regressivas da sequência

inferior do Permiano, um paleoambiente continental desértico e climas áridos, além de

ecossistemas peculiares, indicados por estromatólitos situados em níveis carbonáticos

intercalados a dunas eólicas. Lima Filho (1998) e Ribeiro e Melo (1996) propõem sistemas

deposicionais deltaicos e de planícies de marés para a formação, sendo o último o mais

freqüente.

2.3.2 Paleontologia

A Formação Pedra de Fogo possui rico conteúdo paleontológico, tendo sido apontados

para esta formação a ocorrência de estromatólitos, uma variada ictiofauna e os famosos

troncos fósseis de madeira silicificadas, de ampla distribuição na bacia.

Santos e Carvalho (2004) referem-se aos trabalhos de Faria e Truckenbrodt (1980a e 1980b,

apud Santos e Carvalho, 2004), responsáveis pela descrição de ocorrências de estromatólitos

nos “membros” Médio e Sílex Basal.

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A respeito da flora presente nesta formação, as madeiras silicificadas são as principais

representantes deste registro. Santos e Carvalho (2004) ressaltam sua ampla distribuição na

bacia, exemplificando estas ocorrências através das duas primeiras espécies descritas:

Psaronius brasiliensis e Psaronius arrojadoi (Dollianiti, 1948, apud Santos e Carvalho,

2004). Estes autores citam os trabalhos de Coimbra e Mussa (1984, apud Santos e Carvalho,

2004); Mussa e Comibra, (1987, apud Santos e Carvalho, 2004); e Caldas et al. (1989, apud

Santos e Carvalho, 2004), responsáveis pela descrição de representantes de Calamitáceas,

Cycadoxyleae e Pteridospermophyta, além de formas aproximadas de Cordaitales e raízes

referidas a Amielon bieloi.

O registro faunístico é composto, principalmente, por uma variada ictiofauna onde são

assinalados, dentre os condrictes, espinhos de “Ctenacanthus” sp., dentes de Xenacanthus sp.

e de Itapyrodus punctatus e dentes e espinhos de “Xenacanthus” Albuquerquei,

“Ctenacanthus” maranhensis e Anisopleurodontis pricei (Santos 1946b, 1989a, 1989b,

1990b, 1994b, apud Santos e Carvalho, 2004). Além da fauna de peixes, Price (1948, apud

Santos e Carvalho, 2004) descreveu o anfíbio labirintodonte Prionosuchus.

2.3.3 Idade e bioestratigrafia

A idade desta formação foi caracterizada como “eopermiana” com base na ocorrência

do anfíbio labirintodonte Prionosuchus (q.v. Santos e Carvalho, 2004). Com base em estudos

bioestratigráficos, Góes e Feijó (1994) posicionam a formação no “Eopermiano”

(Cisuraliano), correspondendo às idades Asseliano–Kunguriano, e na base do “Neopermiano”

(Idade Ufimiano). Em trabalhos mais recentes, Dino et al. (2002) posicionam a porção

superior da formação no Permiano Superior com base na palinoflora.

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2.4 Sequências deposicionais do intervalo Carbonífero/Permiano da

bacia do Parnaíba

Lima Filho (1998) estudou as sequencias permo-carboníferas da bacia do Parnaíba,

subdividindo estes depósitos em duas sequências: pensilvaniana e permiana.

Segundo este autor a sequência pensilvaniana (correspondente à Formação Piauí) é

formada por onze sequências de 4ª ordem, considerando também as sequencias compostas.

Tais sequências normalmente se adelgaçam para as bordas da bacia, especialmente as

sequências compostas que, em alguns pontos, progradam em onlap sobre as superfícies

limitantes inferiores. A sequência permiana (correspondente à Formação Pedra de Fogo)

apresenta dez sequências de 4ª ordem.

Este mesmo autor identifica os TST e TSMA como os tratos de sistemas que

comumente compõem as sequências permo-pensilvanianas desta bacia, destacando que os

TSMB são raros, ocorrendo na base da primeira sequência e, esporadicamente, quando há

espaço de acomodação adicional geralmente envolvendo depósitos eólicos. A gláucio-eustasia

é indicada como, provavelmente, o mecanismo responsável pelo desenvolvimento das

sequências identificadas.

Lima Filho (1998) sugere ainda que o limite que separa as sequências Mississipiana

(Formação Poti) e Pensilvaniana (FormaçãoPiauí) na bacia do Parnaíba é do tipo 1 (q.v.

Payton 1977).

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3 FUNDAMENTOS CONCEITUAIS

O tratamento e a descrição dos dados envolvidos neste estudo basearam-se na

caracterização detalhada de fácies que, por sua vez, suportou a análise estratigráfica

subseqüente, como descrito detalhadamente na seção 1.3 “Material e Método” do capítulo

introdutório desta dissertação. Depara-se, pois, com a necessidade de apresentação de alguns

fundamentos conceituais, que aqui se mostram de maneira simplificada, como um apoio à

exposição de idéias que se segue.

3.2 Fácies Sedimentar, Sucessão de Fácies e Associação de Fácies

A conceituação de fácies sedimentar, sucessão de fácies e associação de fácies vêm

sendo amplamente abordada em estudos sedimentológicos e estratigráficos, no entanto, tais

definições nem sempre se apresentam de forma clara. Adotam-se aqui os conceitos propostos

por Borghi (2000) que, ineditamente, desenvolveu um postulado com sugestões de

classificação e análise de fácies sedimentares sob o enfoque da arquitetura deposicional como

base para estabelecimento do modelo de fácies.

Classicamente uma fácies sedimentar é definida por uma “massa de sedimento ou de rocha

sedimentar caracterizada e distinguida das demais pela litologia, geometria estratal, estruturas

sedimentares, petrotrama, cores, fósseis e por atributos direcionais” (cf. Selley, 1996).

As fácies são registros de processos sedimentares, próprios de determinados ambientes

de sedimentação. Segundo a lei de Walther (q.v. Borghi, 2000), fácies que ocorrem em uma

sucessão vertical concordante, representam depósitos de um ou mais ambientes sedimentares

formados lado a lado no espaço. As sucessões de fácies são, portanto, representativas de

paleoambientes deposicionais.

Borghi (1997, apud Borghi, 2000), postulou que “fácies contidas entre superfícies de

acamamento de mesma ordem hierárquica em uma mesma sucessão estratigráfica, sem a

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intervenção de superfícies de magnitude maior, guardam entre si uma relação genética e

podem ser estabelecidas em associação”. Desta forma, a correlação genética espacial entre as

sucessões de fácies permite a determinação de associações de fácies, que representam, por

sua vez, sistemas deposicionais.

3.3 Estratigrafia de Sequências

A origem da Estratigrafia de Sequências remonta à década de 1930, quando Grabau

(1932) reconheceu em seu trabalho ciclos regressivos e transgressivos. Em 1948, quase duas

décadas depois, Sloss propõe o conceito de sequência como uma unidade estratal limitada por

discordâncias (cf. Sloss et al., 1949; Sloss, 1963).

Após um longo período de ostracismo, muito provavelmente devido às limitações

tecnológicas da época, os conceitos de Estratigrafia de Sequências recomeçaram a evoluir, já

no final da década de 1970, quando geólogos e geofísicos da Exxon (P. Vail e colaboradores)

publicaram o histórico Memoir # 26 da AAPG (Payton, 1977), expondo conceitos inéditos de

sismoestratigrafia. A partir daí uma série de trabalhos com enfoque estratigráfico seqüencial é

publicada, destacando-se os trabalhos de Posamentier et al. (1988a, 1988b) e de Van Wagoner

et al. (1990), focados na estratigrafia de alta resolução, com base em dados de poços e

afloramentos.

Do ponto de vista de Vail et al. (1977), a sequência deposicional, unidade fundamental

da Estraigrafia de Sequencias, é definida como uma sucessão de depósitos sedimentares,

concordantes, geneticamente relacionados e limitados, cronoestratigraficamente, por

discordâncias e por suas concordâncias relativas (cf. Posamentier et al., 1988a).

Sequências deposicionais são constituídas por tratos de sistemas, um conjunto de

sistemas deposicionais contíguos e contemporâneos, formados em intervalos específicos da

curva eustática (cf. Posamentier et al., 1988a). Tradicionalmente, são reconhecidos três tratos

de sistemas: Trato de Sistemas de Mar Baixo (TSMB), Trato de Sistemas Trangressivo (TST)

e Trato de Sistemas de Mar Alto (TSMA).

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Os tratos de sistemas podem, ainda, ser subdivididos em parassequências. Por

parassequência entende-se uma sucessão de depósitos sedimentares geneticamente

relacionados, relativamente concordantes, limitados por superfícies de inundação marinha ou

por suas superfícies correlatas (cf. Van Wagoner et al., 1990).

3.3.1 Estratigrafia de sequências em bacias intracratônicas

As técnicas de análise estratigráfica, desenvolvidas para a identificação dos elementos

de Estratigrafia de Sequências acima apresentados, foram originalmente ajustadas com base

em exemplos de bacias de margem-passiva. A aplicação destas técnicas em bacias

intracratônicas demanda ajustes e apresenta um desafio para a análise estratigráfica

seqüencial.

Segundo Lindsay et al. (1993), tais bacias apresentam taxa de subsidência menos

acelerada, morfologia de rampa e lâmina d’água, em geral, baixa, resultando em sequências

deposicionais com geometrias diversas das observadas em bacias de margem-passiva, os

pacotes sedimentares são comprimidos verticalmente e as desconformidades erosionais

diminuídas.

A variação morfológica das sequências deposicionais nestas bacias tem como efeito

uma baixa resolução das terminações sísmicas, de tal forma que as seções sísmicas não se

adaptam às análises estratigráficas convencionais. Consequentemente, uma abordagem

alternativa com maior resolução se faz necessária, apoiando-se na análise de poços, mais

especificamente das fácies sedimentares.

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4 ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA

Os resultados obtidos na análise estratigráfica do intervalo Carbonífero/Permiano da

bacia do Parnaíba, estudado, consistiram na caracterização em escala de detalhe de 17 fácies

sedimentares (Quadro 1; APÊNDICES A-F), sendo 14 fácies siliciclásticas e 3 fácies

carbonáticas. As fácies sedimentares foram organizadas em 5 sucessões de fácies (Quadro 2;

APÊNDICES H-L e APÊNDICES N-S). As sucessões de fácies foram, por sua vez,

agrupadas em associações de fácies, que permitiram a interpretação de 3 sistemas

deposicionais.

4.1 Caracterização de Fácies

Fácies areníticas

FÁCIES Ac (Apêndice A)

Diagnose – Arenitos muito finos a médios, com estratificação cruzada de porte médio

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em

regime inferior, pela migração de macroformas de leito.

Descrição – Seleção de moderada a boa, com grãos subangulosos a arredondados.

Ocorre em camadas decimétricas (5cm – 20cm) e algumas vezes em um conjunto de camadas

amalgamadas de espessuras métricas (1m – 3m) que pode ocorrer em um ciclo de afinamento

granulométrico, com a fácies Ap contendo seixos e grânulos na base do ciclo. O limite do

conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos. Podem-se observar

intraclastos milimétricos e centimétricos (evidências erosivas), lâminas de areia grossa e

concreções calcíferas milimétricas.

As camadas apresentam essencialmente cores avermelhadas, mas também ocorrem

subordinadamente camadas acinzentadas, amareladas e cinza esverdeadas.

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Discussão – Esta fácies ocorre caracteristicamente no intervalo entre 246,5m e 248,5m

de profundidade do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 337,3m e 338,3m no poço 1-UN-

11-PI, frequentemente alternando-se com a fácies Ap. Totaliza 10,9% das fácies do poço 1-

UN-09-PI e 8,5 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

A grande ocorrência de intraclastos nesta fácies corrobora o aspecto erosivo da

interpretação de deposição por corrente em regime de fluxo inferior. Na profundidade 359,8m

do poço 1-UN-11-PI esta fácies apresenta cimentação por gipsita, além de clastos de quartzo

extremamente arredondados, indicando para esta profundidade deposição em condições de

aridez.

Esta fácies está relacionada à migração de macroformas de leito que podem compor

barras fluviais, dunas ou sandwaves.

Corresponde às fácies AfmCa e AmgCa (depósitos fluviais); AmCa (retrabalhamento

por tempestade); AfLa, AfmCa, AgCa, AmfSCa e AmfSCta de Lima Filho (1998) para a

Formação Piauí; e St e Sp de Miall (1996), relacionadas a um contexto fluvial. Relaciona-se

parcialmente, às fácies AmgCi, AfCaLS de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas.

FÁCIES Acb (Apêndice A)

Diagnose – Arenitos finos a médios, com estratificação cruzada e seleção bimodal de

grãos.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo aerodinâmico (vento), pela migração de

macroformas de leito (dunas), por fluxo de grãos combinado com queda de grãos.

Descrição – Arenitos cuja granulometria é tipicamente fina a média, mas pode variar até

grossa e a seleção dos grãos de moderada a boa, com clastos arredondados a subarredondados.

Ocorre em camadas decimétricas (20cm – 40cm) e algumas vezes em um conjunto de

camadas amalgamadas de espessuras métricas (1m – 4m). O limite do conjunto de camadas

ocorre em contatos nítidos ou difusos. As laminas, em geral, apresentam ângulos baixos.

Eventualmente, as camadas ocorrem bioturbadas, com intensidade de reelaboração do

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substrato pelos organismos variando de fraca a forte (ii2 – ii4). Esta fácies comumente ocorre

associada às fácies Ac e At, apresentando contato nítido ou difuso.

Apresenta cor acinzentada e esverdeada. Cores avermelhadas ocorrem, em geral, como

manchas nas camadas cinza-esverdeadas.

Discussão – Ocorre de forma característica no intervalo entre 99,5m e 100,5m de

profundidade no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 287m e 274m de profundidade no

poço 1-UN-11-PI. Sua ocorrência não é restrita a nenhum intervalo específico. Corresponde a

0,7% das fácies do poço 1-UN-09-PI e a 1,8 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Ressalta-se aqui a importância da seleção granulométrica bimodal, diagnóstica da

laminação desta fácies, que suporta a interpretação de transporte eólico para a deposição desta

fácies. Sugere-se um contexto paleoambiental de aridez. As estratificações cruzadas muitas

vezes apresentam-se em ângulos baixos, que no contexto deposicional sugerido são

interpretadas como tendo sido formadas em posições basais da macroforma de leito, neste

caso dunas, onde as estratificações se tornam cada vez mais tangenciais à superfície.

No intervalo entre 124,85m e 127,45m de profundidade do poço 1-UN-09-PI, ocorrem

aparas de siltito calcífero; relacionam-se aqui estas estruturas ao transporte eólico destas

partículas, formadas em interdunas úmidos.

A cor avermelhada é provavelmente resultante de oxidação eodiagenética de

argilominerais contendo ferro; já a coloração esverdeada observada em alguns intervalos é

resultado de um revestimento de clorita nos grãos.

Corresponde às fácies AmfCba, AfmCgFQ e AfmCgQF de Lima Filho (1998) para o

Grupo Balsas, interpretadas como depósitos de dunas eólicas.

FÁCIES Ap (Apêndice C)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos, com laminações plano-paralelas.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em

regime superior, pela migração de formas de leito planas.

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Descrição – Seleção granulométrica de boa a má, com grãos subarredondados a

subangulosos. Ocorre em camadas decimétricas (4cm - 10cm). O limite do conjunto de

camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos. Observam-se intraclastos,

concreções calcíferas.

Ocorre frequentemente associada à fácies Ac, por vezes sotoposta a esta, apresentando

camadas com base erosiva, com ou sem intraclastos, e afinamento granulométrico.

A coloração é predominantemente avermelhada, mas também ocorre em cores

acinzentadas e amareladas.

Discussão – Apresenta-se caracteristicamente no intervalo entre 197,5m e 199m de

profundidade do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 48,6m e 49m no poço 1-UN-11-PI.

Representa 6,3% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,3 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Corresponde às fácies AfPp e AfSPpLs de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas, e à

fácies Sh descrita por Miall (1996) para depósitos fluviais.

FÁCIES At (Apêndice A)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos, com laminação transladante.

Interpretação – Deposição por fluxo aerodinâmico (vento), pela migração de

microformas de leito (ondulações assimétricas).

Descrição – A seleção granulométrica é de boa a moderada, com grãos são

subarredondados a arredondados. As camadas são decimétricas (8cm – 20cm), apresentando-

se muitas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (1m – 2m).

O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos

(bioturbados). Ocorrem concreções calcíferas (mm), manchas de oxi-redução e filmes de

argila. Bioturbações são raras, ocorrendo com intensidade fraca a moderada (ii2 – ii3).

A coloração é predominantemente acinzentada, mas também ocorre em cores

esverdeadas, avermelhadas e amareladas.

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Discussão – Apresenta-se caracteristicamente no intervalo entre 118m e 119m de

profundidade do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 254,50m e 255,90m no 1-UN-11-PI.

Totaliza 5,1% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 3,2 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Esta laminação transladante (pinstripe) indica o cavalgamento de ondulações

assimétricas tipicamente formadas em fácies de barlavento de dunas eólicas ou em interdunas

secos.

Camadas com laminações transladantes foram descritas por Lima Filho (1991) para

depósitos da Formação Piauí. Corresponde à fácies AfPp de Lima Filho (1998).

FÁCIES Ab (Apêndice B)

Diagnose – Arenitos mosqueados (bioturbados).

Interpretação – Intensa reelaboração do substrato arenoso por organismos

invertebrados.

Descrição – A granulometria varia de muito fina a média, muitas vezes argilosa. A

trama primária encontra-se totalmente obliterada por ação biogênica (ii4 – ii5). Ocorre em

intervalos decimétricos a métricos (4cm – 4m). Os contatos são nítidos, erosivos ou difusos

(bioturbados). Nenhum icnogênero foi reconhecido nesta fácies devido à intensa icnotrama

(ii4 – ii5).

A coloração é predominantemente vermelha, mas também ocorrem tons de cinza,

castanho e verde.

Discussão – Ocorre com aspecto típico no intervalo entre 146,5m e 147,7m de

profundidade no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 321,7m e 325,85m no poço 1-UN-11-

PI. Corresponde a 1,6% das fácies do poço 1-UN-09-PI e a 8,8 % das fácies do poço 1-UN-

11-PI.

Uma icnotrama intensa exige uma baixa taxa de acumulação sedimentar, permitindo a

homogeneização dos pacotes de médio porte.

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Corresponde à fácies AfB e parcialmente à fácies AfCtgWB de Lima Filho (1998) para

o Grupo Balsas.

FÁCIES Ac1 (Apêndice C)

Diagnose – Arenitos muito finos ou siltitos grossos, com laminação cruzada cavalgante.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente)

turbulento e desacelerante, em regime inferior. Envolve a migração e cavalgamento

crítico/supercrítico de microformas de leito (ondulações assimétricas).

Descrição – A seleção granulométrica varia de boa a moderada, os grãos são

subarredondados. As camadas ocorrem em espessuras centimétricas a decimétricas (2,4cm –

15cm), apresentando-se algumas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de

espessuras métricas (70cm – 1m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos

ou erosivos. Filmes de argila escura e estruturas convolutas ocorrem com frequência nesta

fácies. Bioturbações são raras, ocorrendo com intensidade moderada a fraca (ii2-ii3). Em

geral, ocorre associada à fácies Ac2.

A coloração avermelhada ocorre em praticamente todos os intervalos, mas também

ocorre em cores esverdeadas, observando-se ainda nas cores branca e preta.

Discussão – Esta fácies ocorre de maneira característica no intervalo entre 238m e

240m no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 250,3m e 251,3m no poço 1-UN-11-PI.

Totaliza 4% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,7 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Representa a deposição trativa de sedimentos finos por fluxos turbulentos

desacelerantes, possivelmente associados a fluxos hiperpicnais, com separação de fluxo à

frente de ondulações. A presença de filmes de argila está relacionada à compactação de grãos

de lutito (pelotas de argila).

Corresponde às fácies LRd (depósitos deltaicos) e parcialmente às fácies AfPpRd

(depósitos de tempestade), LPpRd, LFWLRdT e AfPpRdW de Lima Filho (1998) para o

Grupo Balsas; em parte às fácies D4, F1 e F4 descrita por Lima Filho (1991) para a Formação

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Piauí, interpretadas como depósitos de lobos deltaicos; corresponde também às fácies Fl e Sr

de Miall (1996) para depósitos fluviais.

FÁCIES Ac2 (Apêndice B)

Diagnose – Arenitos finos, muito finos ou siltitos grossos, apresentando laminação

cruzada.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em

regime inferior, pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas).

Descrição – A seleção varia de boa a má, os grãos são subangulosos a arredondados.

Ocorre em camadas centimétricas a decimétricas (2cm a 20cm), apresentando-se algumas

vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (50cm – 2,4m). O

limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos ou erosivos.

Apresenta-se nas cores branca, preta, avermelhadas e esverdeadas.

Discussão – Esta fácies é observada com aspecto característico no intervalo entre 240m

e 243m no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 77,75m e 80,05m no poço 1-UN-11-PI.

Constitui 3,5% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 4,9 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Corresponde, em parte, à fácies A3 de Lima Filho (1991) para a Formação Piauí; e

parcialmente às fácies Fl e Sr descritas por Miall (1996).

FÁCIES Ao (Apêndice C)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos, apresentando laminação cruzada por onda.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo oscilatório (ondas) de baixa celeridade, pela

migração e agradação de microformas de leito (ondulações simétricas).

Descrição – A seleção varia de boa a moderada, os grãos são subarredondados a

subangulosos. Apresenta camadas decimétricas (12cm – 19cm), apresentando-se algumas

vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (1,5m – 4m). O

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limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos ou erosivos. Bioturbações são

frequentes, ocorrendo com intensidade moderada a forte (ii2-ii4).

Ocorre principalmente com cores avermelhadas, mas também ocorre em cores

esverdeadas.

Discussão – Ocorre com aspecto característico no intervalo entre 52,85m e 53,05m no

poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 362,8m e 364,7m no poço 1-UN-11-PI. Indica

influência de ondas durante a sedimentação. Representa 0,6% das fácies do poço 1-UN-09-PI

e 3,3 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Corresponde às fácies AfSW, LW, AfW, AmfSW e parcialmente à fácies LWyLw de

Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas; assemelha-se à fácies C3 de Lima Filho (1991) para a

Formação Piauí.

FÁCIES Ah (Apêndice F)

Diagnose – Arenitos muito finos, moderadamente selecionados, com estratificação

cruzada monticulada (hummocky-cross bedding).

Interpretação – Deposição por ação combinada de fluxos trativos oscilatórios de alta

energia (ondas de tempestade) com fluxos trativos hidrodinâmicos unidirecionais (correntes)

ou com fluxos de turbidez.

Descrição – São arenitos restritos ao poço 1-UN-09-PI. Ocorrem em um conjunto de

camadas amalgamadas decamétrico (6,9m), com contato basal erosivo, comprovado pela

presença de intraclastos decimétricos a centimétricos de lutito escuro e contato superior

nítido. Observam-se gretas de sinerésis, podem ocorrer ainda laminações centimétricas

cruzadas por onda. Apresenta coloração castanho-avermelhada.

Discussão – Trata-se da fácies observada na base da Formação Piauí, sua ocorrência

restringi-se ao intervalo entre 282,5m e 289,4m do poço 1-UN-09-PI. Corresponde a 2,3% das

fácies do poço 1-UN-09-PI e a 0,4 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

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Ressalta-se aqui que a identificação da estratificação cruzada hummocky é feita de

forma genérica, já que não foi possível diferenciá-la em relação à estrutura estratificação

cruzada swalley devido às limitações impostas pela pequena dimensão dos testemunhos,

sendo possível apenas quando existe convexidade claramente observada, típica da estrutura

HCS.

A ocorrência de gretas de sinerésis indica variação da salinidade do meio à ocasião da

deposição dos sedimentos.

Descritivamente, corresponde às fácies AfSW (depósitos deltaicos), AcFT (depósitos de

tempestade), AfCtgWB e AmfSW de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas.

FÁCIES Abl (Apêndice B)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos com microbiolaminações compostas por filmes

de siltitos finos ou argilitos.

Interpretação – Conjugação de processos de (1) deposição por fluxo aerodinâmico

(vento), pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas); alternado a (2)

decantação de sedimentos finos e aprisionamento por esteiras algais.

Descrição – A seleção das areias varia de boa a moderada, os grãos são arredondados a

subangulosos. Apresenta-se em conjuntos de camadas decimétricos a decamétricos (4cm a

7,4m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos.

Bioturbações são frequentes, ocorrendo com intensidade moderada a forte (ii2-ii4).

Frequentemente associa-se às fácies Acb e At, menos comumente ocorre associada à

fácies Ac2.

Ocorre caracteristicamente com cores esverdeadas.

Discussão – Ocorre com aspecto característico no intervalo entre 68,55m e 69,35m no

poço 1-UN-09-PI e entre 255,9m e 256,9m no poço 1-UN-11-PI. Perfaz um total de 4,9% das

fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,95% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

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As lâminas de argila apresentam-se frequentemente crenuladas, indicando a ação de

esteiras algais em sua deposição. A característica coloração esverdeada desta fácies indica

sedimentos pobres em matéria orgânica e condições redutoras de deposição e/ou eodiagênese.

A constante associação desta fácies com as fácies Acb e At indica condições de

deposição num paleoambiente de interduna úmido, com desenvolvimento de esteiras algais,

responsáveis pelo aprisionamento dos sedimentos finos.

Esta fácies corresponde às “estruturas contorcidas” de Lima Filho (1991), não tendo

sido formalmente denominada como fácies para esta formação.

Fácies carbonáticas

Um total de três fácies carbonáticas foi descrito para a sucessão estudada, são elas: Cl

(Calcilutito), Co (Calcário oolítico) e Cc (Calcário cristalino). A diagnose das fácies foi

baseada na classificação de Dunham (1962).

Depósitos carbonáticos são comuns no intervalo estudado (6,5% no poço 1-UN-09-PI e

14,3% no poço 1-UN-11-PI), mas se apresentam majoritariamente recristalizados por ação

diagenética, de tal forma que as estruturas sedimentares e a petrotrama encontram-se

totalmente obliteradas. Estes depósitos são caracterizados como fácies Cc, cuja interpretação

dos processos deposicionais é bastante prejudicada, apoiando-se essencialmente em análise

paleontológica, dependendo sempre do contexto de sucessão de fácies em que as camadas

carbonáticas se inserem.

Sete fácies foram descritas por Lima Filho (1991) para os depósitos carbonáticos das

formações Piauí e Pedra de Fogo: A2 (depósitos marinho rasos com influência de marés), B1

(ambiente lagunar sob a influência de tempestades), C1 (depósitos marinho rasos com ação de

tempestades), D1 (depósitos marinho rasos com influência de marés e ação deltaica), E1

(depósitos lagunares), F3 (depósitos marinho rasos com influência deltaica) e F5 (depósitos de

planícies de maré), as quais não puderam ser diretamente associadas a nenhuma das fácies

descritas abaixo.

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FÁCIES Cl (Calcilutito) (Apêndice D)

Diagnose – Mudstone.

Interpretação – Precipitação de carbonato de cálcio em paleoambiente subaquoso de

baixa energia.

Descrição – Trata-se de uma fácies de ocorrência restrita ao poço 1-UN-09-PI, onde se

apresenta em camadas decimétricas a métricas (5cm a 75cm).

Como estruturas associadas, observam-se registros de microbiolaminações (laminações

crenuladas), gretas de diastase, estruturas de dissolução (1–20mm) e estilólitos. A porosidade

macroscópica varia de baixa (5%) a alta (30%). Observa-se ainda, ocorrência de anidrita

associada a estes depósitos.

Apresenta cor essencialmente vermelha e branca, mas também ocorre em tom de cinza.

Discussão – Apresenta-se com aspecto característico no intervalo entre 125,6 m e

126,6m no poço 1-UN-09-PI. Constitui 2,5% das fácies do poço 1-UN-09-PI.

A ocorrência frequente de laminações crenuladas indica atuação biogênica na deposição

desta fácies (microbiolaminações), provavelmente associada á presença de esteiras microbiais.

FÁCIES Co (Carenito oolítico) (Apêndice D)

Diagnose – Grainstone oolítico.

Interpretação – Precipitação de carbonato de cálcio em paleoambiente subaquoso sob

ação de correntes (alta energia).

Descrição – Trata-se de uma fácies de ocorrência restrita a uma camada decimétrica no

poço 1-UN-11-PI, no intervalo entre 147,4m e 147,68m. Apresenta-se silicificada e em cores

branca e alaranjada. Os oólitos são de tamanho areia muito grossa inferior (~ 1mm). Totaliza

0,1% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

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Discussão – Esta fácies indica deposição sob ação de correntes num paleoambiente

marinho raso carbonático de alta energia.

FÁCIES Cc – (Calcário cristalino) (Apêndice D)

Diagnose – Calcário cristalino.

Interpretação – Recristalização diagenética.

Descrição – Apresenta-se em intervalos decimétricos a métricos (8cm 3,8m).

Associadamente observam-se ocorrências de gretas de diastase, macroporos (1–20mm),

estruturas em tenda (tepees), estilólitos e filmes de argila. A porosidade macroscópica varia de

baixa (5%) a alta (45%). Silicificações são frequentes. No poço 1-UN-11-PI ocorrem moldes

de gastrópodes e braquiópodes (?). Observa-se ainda, ocorrência de anidrita associada a estes

depósitos.

Apresenta cor essencialmente vermelha e branca, mas também ocorrem tons de cinza e

amarelo.

Discussão – Apresenta-se com aspecto característico no intervalo entre 116,2m e 117m

no poço 1-UN-09-PI e entre 313,45m e 315,15m no poço 1-UN-11-PI. Representa 4 % das

fácies do poço 1-UN-09-PI e 12,3% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Esta fácies ocorre silicificada em 0,2% do intervalo no poço 1-UN-09-PI e 4% do poço

1-UN-11-PI, com nódulos e concreções, apresentando-se de maneira difusa em camadas

centimétricas a decimétricas (36cm a 1,8m). Faria Jr. e Truckenbrodt (1980) discutiram a

origem da silicificação na Formação Pedra de Fogo, sugerindo que esta é, majoritariamente,

resultado da precipitação inorgânica de sílica amorfa ou da transformação dos silicatos

hidratados de sódio num ambiente restrito, com intensa evaporação e pH elevado. Os nódulos

e concreções seriam originados por processos diagenéticos, por substituição dos carbonatos.

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Fácies lutíticas

FÁCIES Fl (Apêndice D)

Diagnose – Argilitos ou siltitos finos, laminados.

Interpretação – Deposição por decantação em ambiente subaquoso de baixa energia,

com variações.

Descrição – A laminação observada é dada principalmente por mudanças de cor nos

sedimentos e/ou por leve diferença granulométrica (argilitos vs. siltitos finos). A fácies ocorre

em camadas decimétricas a métricas (6,4cm a 5,45m. Esta fácies muitas vezes apresenta-se

calcífera, com estruturas de dissolução (macroporos), lâminas carbonáticas e gretas de

diastase. Observam-se ainda marcas de cristais de anidrita e estruturas em tenda (tepees).

Pode apresentar fissilidade e, associadamente, observam-se laminação riscada, falhas de

separação milimétrica e centimétrica, laminação crenulada (registro de esteiras algais), gretas

de ressecamento e manchas de oxi-redução. As laminações podem ocorrer de forma rítmica.

Raramente apresenta bioturbação, com esta variando de fraca a forte (ii2 – ii4).

As cores são muito variadas, ocorrendo mais frequentemente em tons de vermelho.

Também ocorre em tons de cinza, preto, amarelo, verde, branco, lilás e azul.

Discussão – Trata-se de uma das fácies mais frequentes em toda a sucessão totalizando

20,8 % das fácies do poço 1-UN-09-PI e 11,3% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Ocorre com aspecto característico no intervalo entre 57m e 59m de profundidade do

poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 223,3m e 225m no poço 1-UN-11-PI

A interpretação deposicional apóia-se na ocorrência da laminação, característica desta

fácies. Esta laminação é dada por uma variação de cores ou por alternância granulométrica

dos sedimentos, indicando uma variação climática ou de energia do meio.

O aspecto calcífero antes exposto, juntamente com a alternância desta fácies com

camadas carbonáticas (fácies C e Cl) que muitas vezes ocorre, indica uma conjugação entre

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processos de deposição químicos/bioquímicos com deposição de finos terrígenos por

decantação em ambiente subaquoso de baixa energia, com exposição periódica, evidenciada

pela ocorrência de gretas de ressecamento.

Corresponde às fácies A4, A6 (para depósitos de inframaré), F2 (para depósitos em

lobos deltaicos) e B2 (depósitos lagunares) descritas por Lima Filho (1991) para a Formação

Piauí; às fácies FPp (depósito fluvial em processo de afogamento), LPp (depósitos deltaicos) e

SPp de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas; e, em parte, às fácies LPpRd e FPpRdW de

Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas.

FÁCIES Fm (Apêndice E)

Diagnose – Argilitos ou siltitos finos maciços.

Interpretação – Deposição por decantação em ambiente subaquoso de baixa energia.

Descrição – Ocorre em camadas decimétricas a métricas (20cm – 1m). Pode ser

grumoso ou irregular à quebra e, associadamente, observam-se slickensides, gretas de

ressecamento, detritos vegetais e raramente lâminas de areia. Frequentemente apresenta as

mesmas características calcíferas descritas para a fácies Fl e algumas vezes ocorre sob a

forma de argilito carbonoso ou ferruginizado, denso. Muito raramente ocorre bioturbação

fraca (ii1).

A coloração é essencialmente avermelhada, mas também ocorrem tons de cinza, verde e

preto.

Discussão – Ocorre com aspecto típico entre as profundidades 136m e 139m do poço 1-

UN-09-PI e no intervalo entre 313,25m e 313,45m no poço 1-UN-11-PI. Representa 0,4 %

das fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,7% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

No intervalo de 153m a 154m de profundidade do poço 1-UN-09-PI, esta fácies

apresenta características de formação de paleossolo, com estruturas do tipo slickenside e

cerosidade; comportamento grumoso à quebra e coloração avermelhada.

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O aspecto maciço da fácies indica uma condição deposicional com pouca variação

energética/climática.

Corresponde às fácies C2 e C6 relacionadas a depósitos costeiros, com exposição

subaérea e formação de paleossolos de Lima Filho (1991).

FÁCIES Fb (Apêndice E)

Diagnose – Siltitos argilosos e argilitos sílticos, com aspecto mosqueado (bioturbados).

Interpretação – Intensa reelaboração do substrato lamoso por organismos invertebrados.

Descrição – Argilitos sílticos e siltitos (em sua maioria argilosos) cuja trama primária

encontra-se totalmente obliterada por ação biogênica (ii4 – ii5).

Apresenta-se em intervalos decimétricos a métricos (10 cm a 3,4 m), muitas vezes com

contatos difusos. Devido à elevada intensidade de bioturbação, em apenas um intervalo

(195m – 195,1m do poço 1-UN-11-PI) foi possível identificar os icnogêneros Terebelina isp.

e Teichichnus isp., constituintes da Icnofácies Cruziana.

Ocorre em tons avermelhados, esverdeados, acinzentados.

Em situações particulares, observa-se a ocorrência de macroporos (dissolução

carbonática).

Discussão – Seu intervalo característico encontra-se entre 84,1m e 85,5m de

profundidade do poço 1-UN-09-PI e entre 293,25m e 295,15m no poço 1-UN-11-PI. Perfaz

um total de 1 % das fácies do poço 1-UN-09-PI e 4,7% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Esta fácies nunca foi descrita para o intervalo estudado.

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FÁCIES H (Apêndice E)

Diagnose – Conjunto de camadas delgadas de siltitos finos ou argilitos intercalados a

siltitos grossos ou arenitos muito finos, em acamamento heterolítico (fláser, ondulado ou

lenticular).

Interpretação – Conjugação de processos de (1) decantação em ambiente subaquoso de

baixa energia; alternado a (2) tração hidrodinâmica unidirecional subaquosa (corrente) em

regime de fluxo inferior, ou oscilatória (ondas) de baixa celeridade de silte grosso e areia

muito fina pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas ou simétricas).

Descrição – Esta fácies ocorre em conjuntos de camadas decimétricas (8,8cm a 3m).

Observam-se proporções variadas entre sedimentos finos depositados por decantação e

sedimentos tracionados, com a formação de acamamento ondulado (40-60% finos);

acamamento do tipo fláser (<40% de finos); e acamamento lenticular (>60% de finos).

Esta fácies é caracterizada por uma coloração avermelhada. Ocorre, em geral, pouco

bioturbada (ii1-ii2).

Discussão – Ocorre de maneira característica nos intervalos entre 219,5m e 220,2m de

profundidade do poço 1-UN-09-PI e entre 328,75m e 329,2m no poço 1-UN-11-PI.

Corresponde a 6% das fácies do poço 1-UN-09-PI e a 6,25% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Apresenta frequentemente marcas de onda com características tanto assimétricas (com

características de corrente) quanto simétricas (características de ondas), e laminações cruzadas

centimétricas, de crista acanalada ou reta. Frequentes variações de energia observadas

verticalmente indicam influencia de marés na deposição.

A coloração tipicamente avermelhada indica condições oxidantes durante sua deposição

e/ou eodiagênese.

Corresponde às fácies LWLF, LafMo, LWyLPpLs, AfSF e LWyLB e parcialmente às

fácies LFWLRdT e LWyLW de Lima Filho (1998); e parcialmente às fácies A4 (inframaré),

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D3 (mar raso com influencia de marés) e E2 (ambiente costeiro restrito), F4 e F8,

relacionadas a depósitos deltaicos com influência de maré, de Lima Filho (1991).

4.2 Sucessões de fácies

A partir da análise das fácies foram determinadas cinco sucessões de fácies, que

permitiram caracterizar paleoambientes deposicionais para o intervalo Permo-carbonífero

estudado na bacia do Parnaíba.

Sucessão 1 (Apêndices H e N) – Deltaico dominado por ondas/tempestades (SF1)

Diagnose – Sucessão das fácies H/Fl�Ao�Ah em ciclos de aumento granulométrico.

Interpretação – Depósitos deltaicos dominados por ondas/tempestades.

Discussão – Ocorre exclusivamente no topo da Formação Poti, imediatamente abaixo

do contato com a Formação Piauí nos dois poços estudados, no intervalo entre 278m e 293m

do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 438m e 449,5m do poço 1-UN-11-PI. Apresenta

espessuras métricas (10m – 20m). Gretas de sinerésis (fácies Ao – figura 3) indicam mistura

de salinidade durante a deposição.

Bhattacharya (1992) aponta que depósitos deltaicos dominados por ondas/tempestades

geralmente apresentam maiores proporções de estruturas produzidas por ondas tais como

hummocky-cross bedding e laminações cruzadas por ondas. Nestes depósitos, intensamente

retrabalhados, os sedimentos de frente deltaica comportam-se morfologicamente como

depósitos de antepraia.

Nesta sucessão os depósitos de frente deltaica distal a prodelta proximal dominados por

ondas são representados pelas fácies Ah (reelaboração dos sedimentos de frente deltaica por

ondas de tempestade) e Ao, enquanto que os depósitos de prodelta pelas fácies H e Fl.

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Sucessão 2 (Apêndices I e O) – Flúvio-estuarino (SF2)

Diagnose – Sucessão das fácies Ap�Ac/Ah�Ac1/Ac2/Ao. Ocorre em ciclos de

afinamento granulométrico da fácies Ap para a fácies Ac1, com raras ocorrências das fácies

Fb no topo. Apresenta base erosiva, raras vezes conglomerática (fácies Ap).

Interpretação – Depósitos flúvio-estuarinos.

Discussão – Ocorre restrita à base da Formação Piauí, em intervalos com espessuras

decamétricas (~60m). Apresenta-se caracteristicamente no intervalo entre 268m e 283m do

poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 372m e 390m do poço 1-UN-11-PI.

Esta sucessão apresenta uma alternância entre o domínio fluvial e o domínio marinho,

aqui interpretado como estuarino. O poço 1-UN-09-PI apresenta domínio fluvial mais

evidente, enquanto que no poço 1-UN-11-PI os depósitos são dominantemente estuarinos. Tal

divergência é, provavelmente, associada a diferenças paleogeográficas dada a distância entre

os poços.

O domínio fluvial é apontado aqui pela natureza erosiva de sua base (evidenciada,

algumas vezes, pela ocorrência de intraclastos), pela moderada seleção nas fácies arenosas,

pequena expressividade de finos, bem como escassez de bioturbações.

A influência marinha caracteriza-se pela presença das fácies Ah e Ao (ação de ondas) e

da fácies Fb (decantação de finos e intensa reelaboração por organismos invertebrados). A

ocorrência sempre acima dos depósitos tipicamente fluviais representa possivelmente o

preenchimento de vales por depósitos costeiros, inseridos em um paleoambiente estuarino (q.v

Reinson, 1992).

Sucessão 3 (Apêndices J e P) – Planície de maré estuarina (SF3)

Diagnose – Sucessão das fácies Ao/Ac2� Fl/Fb. Ocorre em ciclos de afinamento

granulométrico.

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Interpretação – Depósitos de planícies costeiras estuarinas regressivas.

Discussão – Ocorre restrita à Formação Piauí, em intervalos com espessuras métricas

(14m – 26,5m). Ocorre no intervalo entre 210m e 227m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo

entre 366m e 378m do poço 1-UN-11-PI.

Segundo Reineck e Singh (1980) e Dalrymple (1992), há um padrão característico na

distribuição de sedimentos em planícies de maré. Nas porções interiores, próximo à linha de

maré alta de sizígia e divisores de água, os sedimentos são lamosos em função do tempo mais

prolongado de atuação das correntes de baixa velocidade. Próximo à linha de maré baixa, as

ondas são mais fortes e atuam por um período mais longo, favorecendo um aumento no teor

de areia dos depósitos. As variações do teor de areia e das estruturas sedimentares

possibilitaram, portanto, a identificação dos depósitos de planícies lamosas de supramaré, que

desenvolvem estruturas do tipo lenticular, laminação riscada e pelitos com acamamento

paralelo (fácies H e Fl); planícies de intermaré com estruturas heterolíticas do tipo ondulado e

fláser (Fácies H); e planícies de inframaré com maior proporção de sedimentos arenosos,

apresentando estruturas do tipo estratificação cruzada, laminação cruzada e laminação cruzada

cavalgante (fácies Ac, Ao e Ac2).

Esta sucessão está inserida no contexto flúvio-estuarino da sucessão subjacente (SF2),

sendo portanto caracterizada como uma planície de maré flúvio-estuarina. O caráter

regressivo desta sucessão demonstra-se através da ocorrência de finos (supra- e intermaré)

sobrepondo-se a camadas arenosas (inframaré).

Sucessão 4 (Apêndices K e Q) –Planície costeira “Chérnier” (SF4)

Diagnose – Sucessão das fácies Cc/Co� Cl�Fl�Fb�Ac�Ab em ciclos

transgressivo-regressivos

Interpretação – Deposição em planícies de costeiras do tipo Chérnier.

Discussão – Ocorre a partir da porção intermediária da sucessão descrita, apresentando-

se em intervalos com espessuras métricas a decamétricas (12m – 86m). Apresenta-se

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caracteristicamente no intervalo entre 156m e 173m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre

295m e 315m do poço 1-UN-11-PI.

Segundo Galloway et al. (1983), planícies de Chérnier representam um caso especial de

planícies costeiras ricas em sedimentos finos, caracterizadas pela ocorrência de corpos

arenosos paralelos à costa (sandwaves) isoladas em meio a depósitos pantanosos ou planícies

lamosas progradantes.

Tipicamente, ocorrem alternâncias entre influência marinha e continental, observada por

detritos vegetais pontuais nos dois poços e elementos planctônicos (Leiosphaeridia sp.) em

todo o intervalo entre 110,6m e 178,12m do poço 1-UN-09-PI, estudado por Souza et al.

(2010). A presença de argilitos e siltitos com laminação riscada e bandada, bem como

acamamento heterolítico (Fácies Fl e H), sugere eventos de inundações periódicas,

relacionadas a processos gerados por marés (“tidalitos”). A ocorrência de gretas de

ressecamento e slikcensides (feição pedogenética associada à gleização) indicam frequente

variação da lâmina d’água e formação de paleossolos incipientes.

Esta sucessão apresenta-se em ciclos transgressivo-regressivos, analogamente aos

clássicos ciclotemas pensilvanianos (qv. Weller, 1958). Os ciclos são compostos pela

sucessão diagnóstica apresentada acima, onde os carbonatos são interpretados como resultado

de i) rápidas transgressões marinhas, responsáveis pela deposição das fácies Co e Cc; e ii)

pela formação de lagunas costeiras formadas por eventos transgressivos onde a ação

microbiana permitiria a deposição das fácies Cc e Cl. Os finos laminados e bioturbados

representam uma deposição em lagunas costeiras/planícies de maré. Particularmente, a

sucessão das fácies Ac�Ab representa a ocorrência de sandwaves.

No intervalo entre 106m e 128m do poço 1-UN-11-PI, ocorrem moldes de cristal de

halita e de anidrita, tepees, nódulos, concreções e níveis carbonáticos, bem como a ocorrência

da fácies C associada a anidrita, tais estruturas são indicadoras de condições hipersalinas. Para

este intervalo interpreta-se deposição em Planícies de Chérnier hipersalinas (sabkhas

costeiros – Apêndice S).

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Sucessão 5 (Apêndices L e R) – Eólica (SF5)

Diagnose – Sucessão das fácies Abl�Ac/Acb�At.

Interpretação – Depósitos eólicos de dunas e de interdunas úmidos e secos (costeiros).

Discussão – Ocorre a partir da porção intermediária da sucessão descrita, apresenta-se

em intervalos decamétricos (5m – 21m). Ocorre caracteristicamente no intervalo entre 183m e

199m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 268m e 284,5m do poço 1-UN-11-PI.

O contexto eólico apontado para esta sucessão é baseado no modelo deposicional de

Hunter (1977), e delineado a partir da ocorrência de: (1) estratificações cruzadas com seleção

bimodal de grãos (Fácies Acb), indicando a atuação dos processos de queda de grãos e de

fluxo de grãos, característicos de migração de macroformas de leito eólicas (dunas); (2) na

ocorrência de laminações cruzadas transladantes (fácies At), estruturas tipicamente formadas

em fácies de barlavento de dunas ou em interdunas secos; (3) bem como na ocorrência de

microbiolaminações (fácies Abl), características de interdunas úmidos. A associação desta

sucessão com a sucessão SF4 (Planície de Chérnier) indica acumulação em dunas num

contexto paleoambiental costeiro.

A descrição e análise detalhadas das fácies e sucessões de fácies foram compiladas no

artigo em anexo “Análise de fácies das formações Piauí e Pedra de Fogo em testemunhos de

sondagem da borda leste da bacia do Parnaíba.” (Abelha e Borghi, no prelo).

A caracterização faciológica permitiu a delimitação de duas superfícies seqüenciais

chave (Figura 6): a Superfície de Máximo Regressivo (SMR) e a Superfície

Transgresiva (ST); suportando a definição de três sistemas deposicionais, que se expõe em

detalhe a seguir.

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Quadro 1– Síntese das fácies caracterizadas nos testemunhos estudados.

CÓDIGO DIAGNOSE INTERPRETAÇÃO Frequência no Intervalo

1-UN-09-PI 1-UN-11-PI

Ac Arenitos muito finos a médios, com estratificação cruzada de porte médio.

Fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em regime inferior, pela migração de macroformas de leito.

10,9% 8,5%

Acb Arenitos finos a médios, com estratificação cruzada e seleção bimodal de grãos.

Fluxo trativo aerodinâmico (vento), pela migração de macroformas de leito (dunas), por fluxo de grãos (grain flow) combinado com queda de grãos (grain fall).

0,7% 1,8%

Ap Arenitos muito finos a finos, com laminações plano-paralelas.

Fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em regime superior, pela migração de formas de leito planas.

6,3% 0,3%

At Arenitos muito finos a finos, com laminação transladante.

Fluxo aerodinâmico (vento), pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas).

5,1% 3,2%

Ab Arenitos mosqueados (bioturbados).

Intensa reelaboração do substrato arenoso por organismos invertebrados.

1,6% 8,8%

Ac1 Arenitos muito finos ou siltitos grossos, com laminação cruzada cavalgante.

Fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente) turbulento e desacelerante, em regime inferior. Envolve a migração e cavalgamento crítico/supercrítico de microformas de leito (ondulações assimétricas).

4% 0,7%

Ac2 Arenitos finos, muito finos ou siltitos grossos, apresentando laminação cruzada.

Fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em regime inferior, pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas).

3,5% 4,9%

Ao Arenitos muito finos a finos, apresentando laminação cruzada por onda.

Deposição por fluxo trativo oscilatório (ondas) de baixa celeridade, pela migração e agradação de microformas de leito (ondulações simétricas).

0,6% 3,3%

Ah

Arenitos muito finos, moderadamente selecionados, com estratificação cruzada monticulada (hummocky-cross bedding).

Deposição por ação combinada de fluxos trativos oscilatórios de alta energia (ondas de tempestade) com fluxos trativos hidrodinâmicos unidirecionais (correntes) ou com fluxos de turbidez.

2,3% 0,4%

Abl Filmes de siltitos finos ou argilitos intercalados arenitos muito finos a finos.

Conjugação de processos de (1) deposição por fluxo aerodinâmico (vento), pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas); alternado a (2) decantação de sedimentos finos e aprisionamento por esteiras algais.

4,92% 0,94%

Cl Mudstone. Precipitação de carbonato de cálcio em paleoambiente subaquoso de baixa energia.

2,5% 0%

Co Grainstone oolítico. Precipitação de carbonato de cálcio em paleoambiente subaquoso sob ação de correntes (alta energia).

0% 0,1%

Cc Calcário cristalino Recristalização diagenética. 4 % 12,3%

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Quadro 1– Síntese das fácies caracterizadas nos testemunhos estudados (continuação).

CÓDIGO DIAGNOSE INTERPRETAÇÃO Frequência no Intervalo

1-UN-09-PI 1-UN-11-PI

Fl Argilitos ou siltitos finos, laminados.

Decantação em ambiente subaquoso de baixa energia, com variações.

20,8% 11,3%

Fm Argilitos ou siltitos finos maciços.

Decantação em ambiente subaquoso de baixa energia.

0,4% 0,7%

Fb Siltitos argilosos e argilitos sílticos, com aspecto mosqueado (bioturbados).

Intensa reelaboração do substrato lamoso por organismos invertebrados.

1% 4,7%

H

Conjunto de camadas delgadas de siltitos finos ou argilitos intercalados a siltitos grossos ou arenitos muito finos, em acamamentos fláser, ondulado ou lenticular.

Conjugação de processos de (1) decantação em ambiente subaquoso de baixa energia; alternado a (2) tração hidrodinâmica unidirecional subaquosa (corrente) em regime de fluxo inferior, ou oscilatória (ondas) de baixa celeridade de silte grosso e areia muito fina pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas ou simétricas).

6,01% 6,23%

Quadro 2– Síntese das sucessões de fácies caracterizadas nos testemunhos estudados.

CÓDIGO DIAGNOSE INTERPRETAÇÃO

SF1 Sucessão das fácies H/Fl�Ao�Ah em ciclos de

aumento granulométrico. Depósitos deltaicos dominados por

ondas/tempestades.

SF2

Sucessão das fácies Ap�Ac/Ah�Ac1/Ac2/Ao. Ocorre em ciclos de afinamento gran. da fácies Ap para a fácies

Ac1, com raras ocorrências das fácies Fb no topo. Apresenta base erosiva, raras vezes conglomerática.

Depósitos flúvio-estuarinos.

SF3 Sucessão das fácies Ao/Ac2� Fl/Fb. Ocorre em ciclos

de afinamento granulométrico. Depósitos de planícies costeiras estuarinas

regressivas.

SF4 Sucessão das fácies Cc/Co� Cl�Fl�Fb�Ac�Ab em

ciclos transgressivo-regressivos. Deposição em planícies de costeiras do

tipo Chérnier.

SF5 Sucessão das fácies Abl�Ac/Acb�At. Depósitos eólicos de dunas e de interdunas

úmidos e secos (costeiros).

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Figura 3 – Correlação estratigráfica entre os testemunhos dos poços 1-UN-09-PI e 1-UN-11-PI. Foram observados três tratos de sistemas: Trato de sistemas de Mar Alto (TSMA), correspondente ao SD1 (topo da Formação Poti); Trato de Sistemas de Mar Baixo (TSMB), correspondente ao SD2 ( Formação Piauí); e Trato de Sistemas Trasngressivo (TST) correspondente ao SD3 (porção basal da Formação Pedra de Fogo). Observar discordância (D) limitando os TSMA e TSMB. Observar ainda os ciclos trasgressivo-regressivos característicos da porção basal da Formação Pedra de Fogo, limitados por superfícies transgressivas de menor ordem (ST I - ST V).

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4.3 Sistemas deposicionais

4.3.1 Sistema deposicional deltáico (SD1)

O sistema Deposicional Deltaico (SD1) corresponde a um Trato de Sistemas de Mar

Alto – TSMA (Figura 6). Este sistema foi definido pela associação monótona da sucessão de

fácies SF1, num contexto deposicional deltaico dominado por ondas/tempestades (Figura 7) e

corresponde à porção superior da Formação Poti. Seu limite inferior não foi observado e seu

limite superior é a superfície de máximo regressivo (SMR). Este evento de regressão forçada

foi responsável pela discordância observada entre o SD1 e o SD2, com a deposição de

sedimentos flúvio-estuarinos da Formação Piauí sobre depósitos deltaicos da Formação Poti.

Figura 4 – Bloco diagrama representando o SD1 (deltaico dominado por ondas/tempestade).

4.3.2 Sistema deposicional flúvio-estuarino (SD2)

O sistema deposicional SD2 foi depositado num Trato de Sistemas de Mar Baixo –

TSMB (Figura 6). Diagnosticado a partir da associação das sucessões de fácies SF2 e SF3,

este sistema se insere num contexto flúvio-estuarino (Figura 8). Caracteristicamente

apresenta-se em sucessões regressivo-transgressivas (SF2), representando a competição entre

depósitos fluviais e estuarinos, sucedidos por planícies de maré estuarinas regressivas (SF3).

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Figura 5 – Bloco diagrama representando o SD2 (flúvio-estuarino).

4.3.3 Sistema deposicional costeiro/eólico (SD3)

O sistema deposicional SD3 cprresponde a um Trato de Sistemas Transgressivo – TST.

Compreende a associação das sucessões SF4 e SF5, num contexto deposicional

costeiro/eólico (Figura 9). Seu limite inferior com o SD2 é caracterizado pela superfície

transgressiva ST, seu limite superior não foi observado. Nesta sequência, sedimentos de

planícies de chérnier organizam-se em sucessivos ciclos transgressivo-regressivos, análogos

aos clássicos Ciclotemas Pensilvanianos (qv. Weller, 1958) culminando na deposição dos

sedimentos eólicos.

Figura 6 – Bloco diagrama representando o SD3 (costeiro-eólico).

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5 CONCLUSÕES

A análise estratigráfica do intervalo Carbonífero/Permiano em testemunhos de

sondagem de dois poços da Borda Leste da Bacia do Parnaíba permitiu a delineação do

contexto paleodeposicional local, referente à sucessão estudada, bem como das relações

estratigráficas entre as formações Poti, Piauí e Pedra de Fogo. Ressalta-se aqui que os

resultados observados são de caráter localizado.

Para o intervalo estudado observam-se três sistemas deposicionais:

1) SD1 (deltaico): correspondente à porção superior da Formação Poti depositado num

Trato de Sistemas de Mar Alto (TSMA)

2) SD2 (flúvio-estuarino): correspondente à Formação Piauí depositado num Trato de

Sistemas de Mar Baixo (TSMB)

3) SD3 (costeiro-eólico): correspondente à porção basal da Formação Pedra de Fogo

depositado num Trato de Sistemas Transgressivo (TST).

Os resultados obtidos corroboram com os resultados apresentados por Lima Filho

(1998), indicando um paleoambiente costeiro árido para toda a Formação Piauí, incluindo seu

intervalo inferior. Por outro lado, os demais trabalhos relacionados a esta formação sugerem

condições estritamente continentais de deposição para sua porção inferior, com o registro de

sistemas eólicos, lacustres e fluviais. A divergência observada pode estar relacionada a

diferentes posições paleogeográficas de investigação na bacia, uma vez que este estudo é

localizado apenas na Borda Leste desta bacia.

Destaca-se neste trabalho a interpretação inédita de um contexto paleodeposicional em

planícies de chérnier (SD3) para a Formação Pedra de Fogo, responsável por uma complexa

alternância entre depósitos eólicos e costeiros.

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APÊNDICE A

Ilustração das Fácies Sedimentares

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LEGENDA DA ESTAMPA I

a) Fácies Ac (275,11m 1-UN-09-PI); notar estratificações cruzadas.

b) Fácies Ac (47,5 m 1-UN-11-PI); notar estratificações cruzadas.

c) fácies Acb (173,94m 1-UN-11-PI); observar a bimodalidade dos grãos.

d) fácies Acb (159,32m 1-UN-11-PI) ; notar a bimodalidade dos grãos.

e) fácies At (281,2m 1-UN-11-PI); observar estruturas do tipo pinstripe,

diagnósticas de laminações tranladantes.

f) fácies At (99,4m 1-UN-09-PI) ; notar estruturas do tipo pinstripe, diagnósticas

de laminações tranladantes.

Largura dos testemunhos ~ 4,2cm

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A

C

E

B

F

D

A

ESTAMPA I

1 cm

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APÊNDICE B

Ilustração das Fácies Sedimentares

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LEGENDA DA ESTAMPA II

a) Fácies Ab (147,53m 1-UN-09-PI); Observar aspecto mesclado, oriundo da

intensidade de bioturbação (ii4-5).

b) Fácies Ab (40,43m 1-UN-11-PI); Observar aspecto mesclado, oriundo da

intensidade de bioturbação (ii4-5).

c) Fácies Abl (248,25 m 1-UN-11-PI); notar biolaminações com aspecto crenulado.

d) Fácies Abl (80,25 m 1-UN-09-PI); notar biolaminações com aspecto crenulado.

e) Fácies Ac2 (364,1m 1-UN-11-PI); observar laminações cruzadas assimétricas,

indicando influência de correntes na deposição.

f) Fácies Ac2 (217,12m 1-UN-09-PI); observar laminações cruzadas assimétricas,

indicando influência de correntes na deposição.

Largura dos testemunhos ~ 4,2cm

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A CB

ED

F

ESTAMPA II

1 cm

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APÊNDICE C

Ilustração das Fácies Sedimentares

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LEGENDA ESTAMPA FÁCIES III

a) fácies Ac1 (156,9m 1-UN-09-PI); notar cavalgamento das laminações cruzadas.

b) Fácies Ac1 (250,5m 1-UN-11-PI); notar cavalgamento das laminações cruzadas.

c) fácies Ao (282,72m 1-UN-09-PI); observar laminações cruzadas simétricas,

indicando influência de ondas na deposição.

d) fácies Ao (365,7m 1-UN-11-PI); observar laminações cruzadas simétricas,

indicando influência de ondas na deposição.

e) fácies Ap (49,48m 1-UN-11-PI); notar laminação plano-paralela, indicando

deposição em regime de fluxo superior; observar ainda bioclastos dispersos.

f) fácies Ap (197,33m 1-UN-09-PI); notar laminação plano-paralela, indicando

deposição em regime de fluxo superior; observar presença de intraclastos.

Largura dos testemunhos ~ 4,2cm

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C

DE

A B

F

C

ESTAMPA III

1 cm

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APÊNDICE D

Ilustração das Fácies Sedimentares

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LEGENDA ESTAMPA FÁCIES IV

a) Fácies Cl (50,1m 1-UN-09-PI); observer laminação plano-paralela, diagnóstica

da fácies Cl, notar ainda as laminações crenuladas na porção basal, indicando

ação microbial.

b) Fácies Co (147,7m 1-UN-11-PI); observar a ocorrência de oólitos.

c) Fácies Cc (188,71m 1-UN-11-PI); notar aspecto recristalizado da fácies.

d) Fácies Cc (63,5m 1-UN-09-PI); notar aspecto recristalizado da fácies, observar

também silicificações.

e) fácies Fl (266,53m 1-UN-11-PI); notar acamamento riscado.

f) Fácies Fl (143,05m 1-UN-09-PI); observar laminação rítmica de siltito e argilito.

Largura dos testemunhos ~ 4,2cm

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B C

DE

A

F

ESTAMPA IV

1 cm

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APÊNDICE E

Ilustração das Fácies Sedimentares

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LEGENDA ESTAMPA FÁCIES V

a) Fácies Fm (66,7m 1-UN-09-PI); observar aspecto maciço, diagnóstico desta

fácies, notar ainda macroporos de dissolução (~1mm).

b) Fácies Fb (83,1m 1-UN-09-PI); notar a ocorrência pervasiva do icnogênero

Palaeophycus isp.

c) Fácies Fb (195m 1-UN-11-PI); notar a ocorrência dos icnogêneros

Palaeophycus isp., Terebelina isp. e Teichichnus isp., caracterizando a

icnofácies Cruziana.

d) Fácies H (327,9m 1-UN-11-PI); observar as laminações heterolíticas,

diagnósticas desta fácies, notar ainda a tendência simétrica das laminações de

arenito, indicandodeposição sob influência de ondas.

e) fácies H (54,7m 1-UN-09-PI); notar a passagem da laminação flaser para a

laminação lenticular.

Largura dos testemunhos ~ 4,2cm

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E

A

C

B

D

ESTAMPA V

1 cm

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APÊNDICE F

Ilustração das Fácies Sedimentares

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LEGENDA ESTAMPA FÁCIES VI

a) Fácies Ah (286,03m 1-UN-09-PI); observar laminações de baixo ângulo,

características de estratificações monticuladas (hummokies).

b) Contato erosivo da fácies Ac sobre a fácies Ah caracterizando uma Superfície de

Máximo Regressivo (SMR), com o depósito da sucessão fluvial diretamente

sobre a sucessão marinho-rasa (282,14m 1-UN-09-PI).

Largura dos testemunhos ~ 4,2cm

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A

B

SMR

ESTAMPA VI

1 cm

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APÊNDICE G

Perfil Sedimentológico do poço 1-UN-09-PI em escala 1:800

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SD

3S

D2

SD

1

Abl

Fl

H

Fl

Fl

Não Observado

Fl

Fm

FlClFl

CNão Obs.

AbHAo

H(f)H(l)

Não Obs.H(f)

FlH(f)

Fl

C

Fl

AbFb

Fl

Ac

Ab

Acb

FbFl

Fl

ClCC

C

At

Acb

C

C

C

Fl

CFl

C

Fl

FlAt

Não Obs.

C

Não Obs.

AtFl

At

AcAb

Fl

Cl

Acb

Fl

Fl

Fl

Fl

Abl

AbAbl

FlFb

Não obs.

HAc2

HFbFlAp

Fm

Fl

Ac1

AtH(f)

H(w)H(l)

FlFb

Fb AbFlAb

AcAb

ClFl

Cl

Fl

Fm

FlAblH(l)

FlFl

At

Acb

Ac

At

Não Obs.

Conc.

At

At

Não Obs.

Ac2

H(l)

H(l)H(f)

Fl

Fl

Não

Obs.

Ac2

Ac1

Ac1

Ac

Ac

Ac

Ac

Não

Obs.

Não Obs.

Ac

Ap

Fb

Ap

Ac

Ac1

Ac

Ac1

AhAo

Ah

H(f)

H(f)

H(w)

H(f)

H(w)

H(w)

Acb

Fb

C

Ab

Fb

AtAc

Não obs.

Não obs.

Não obs.

Fl

Fb

N. Observado

Conc.

Não obs.

Fb

Fb

At

SF

1S

F2

SF

3

SF5

SF

4S

F4

SF

4S

F4

SF

4

SF5

SF5S

F5

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SL

ITO

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

RA

IOG

AM

A

RE

SIS

TIV

IDA

DE

SP

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

gm m f m argilasilte

areia

grânulo

seixo

matacão

GRANULOMETRIA

1-UN-09-PI Escala 1:800

2288 -26 192 106 228

INT

EN

S.D

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

Pedra de Fogo/ Piauí

(Leite ., 1975)et al

Piauí/Poti

(Leite ., 1975)et al

SIS

TE

MA

SD

EP

OS

ICIO

NA

IS

LEGENDA

LITOLOGIAS

Arenito

CONTATOS

Nítido

Gradacional

Erosivo

Ondulado

Bioturbado

ESTRUTURAS FÍSICAS

Arenito lamoso

Siltito

Siltito argiloso

Folhelho

Argilito

Brecha

Siltito calcífero

Sílica

Calcário

Intervalo

não recuperado

Laminação cruzada assimétrica

Acamamento flaser

Hummocky

Laminação crenulada

Acamamento lenticular

Acamamento ondulado

Laminacao convoluta

Laminação cruzada cavalgante

Greta de sinerésis

ACESSÓRIOS LITOLÓGICOS

Lamina de silte

Intraclasto

Intraclasto cm

Calcário

Filme de argila

Fratura

Intraclasto mm

FÁCIES

Ah

Fl

Ao

Ac

Ab

FbAc2

Abl

H

C

Ac1

Acb

At

Ap

SUCESSÕES DE FÁCIES

Sucessão eólica

Sucessão planície de Chérnier

Sucessão planície de maré estuarina

Sucessão flúvio-estuarina

Sucessão deltaica

dominada por ondas/tempestade

SF5

SF4

SF3

SF2

SF1

Fm

Cl

INTENSIDADE DE BIOTURBAÇÃO

Abundante

Comum

Moderado

Pouco

Raro

Ausente

Fluidização

Laminação cruzada ondulada

Bioturbação indistinta

Pinstripe

Laminação convoluta

Estratificação cruzada

Laminação plano-paralela mm

Pinstripe plano-paralelo

Lâmina de silte

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APÊNDICE H

Apresentação da Sucessão de Fácies Deltaica dominada por ondas/tempestades

(SF1) no poço 1-UN-09-PI

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H(f)

H(w)

H(w)

H(f)

H(w)

H(f)

Ah

Ah

Ao

Ac1

Ac

SF

1S

F2

CO

R

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

1-UN-09-PI SF1(Deltaica)

SMR

SMR

278,3m

Caixa 48Caixa 49

293m

Caixa 29

286,2

283,1

289,2

292,3

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APÊNDICE I

Apresentação da Sucessão de Fácies Fluvio-estuarina (SF2) no poço 1-UN-09-PI

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SF1

SF

2

Ao

Ah

Ac1

Ac

Ac1

Ac

Ap

ApAc

Fb

CO

R

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

SMR

SMR

268,6m

Caixa 46 Caixa 45Caixa 47

283,1m

1-UN-09-PI SF2 (Fluvio-estuarina)

280,1

277

274

270,9

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APÊNDICE J

Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de maré estuarina (SF3) no poço

1-UN-09-PI

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Fl

Ac2

H(l)

H(l)H(f)

Ac2

At

At

SF

3

SF5

SF2

210,7m

Caixa 35 Caixa 34Caixa 36

226,3m

1-UN-09-PI SF3 (Planícies de maré estuarina)

213

216

219,1

222,1

225,2

CO

R

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

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APÊNDICE K

Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Chérnier (SF4) no poço

1-UN-09-PI

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Fl

Fm

Cl

Cl

FlAbAcAb

AbFb

Fb

Fl

H(f)

(w)(l)

At

Ac1

Fl

SF

4S

F4

SF5

CO

R

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

Caixa 26

173,1m

156,1m

Caixa 25 Caixa 24

1-UN-09-PI SF4 (Planície de Chérnier)

158,1

161,1164,2

170,3

167,2

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APÊNDICE L

Apresentação da Sucessão de Fácies Eólica (SF5) no poço 1-UN-09-PI

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At

At

At

Ac

Acb

SF

5

SF3

CO

R

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

OCaixa 30 Caixa 29

183,1m

Caixa 31

199,1m

1-UN-09-PI SF5 (Eólica)

185,5

188,6

191,6

194,7

197,7

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APÊNDICE M

Perfil Sedimentológico do poço 1-UN-11-PI em escala 1:800

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ME

TR

OS

RA

IOG

AM

A

RA

IOG

AM

A#

2

RE

SIS

TIV

IDA

DE

SP

0 500 -207 100 -06 9542416

gm m f m argilasilte

areia

grânulo

seixo

matacão

Ao

Ao

Ac

Ac

Ac

Ac

Ac

Ac

Ac

Ah

Ah

Fl

Ah

Ah

H(f)

Fb

FbH(f)

Fb

FbFl

H(f)

Fl

Fl

H(f)

Fb

H(f)

H(f)

H(w)H(f)

AbAb

H(f)

Ac

Ac

Ap

Ac

Ab

Sem

est.o

bs

Ab

AbAo

AcAb

Ao

AbH(w)

Ab

AbAc

H(w)Ab

Ao

Ao

AbAo

Ac

Ac2At

Ac2

Ac2

Ac2At

Acb

At

At

AtAcAt

At

Ab

Ac2

H(w)

C

Ac2

Fl

H(w)

Ac2Fb

Ac2Fl

Ac2

FlG

FlFl

Ac2Ac

FlFb

Acb

Acb

Acb

Acb

Ab

Ac

Ac

H(w)

CFl

C

Fl

FbC

FlG

Fl

C

Fl

Fb

Fl

Fb

C

Ac2

Fl

Fl

AbAc

AbFb

C

Fl

AbH(w)

Fl

Fl

Fb H(w)

Ac

Ab

Ab

Ac

C

CFl

Fl

C

Ab

Fb

Fl

FlAb

Ab

FlAc1

FlAb

Ab

AtAbC

AbAc1

AbFlAc1

Ac1

Fl

FbFb

Fb Ac1

Acb

Acb

Acb

Acb

Acb

Ac

Ac1AbAc

Fb

Fb

Ab

AbAo

Ac2

Ab

C

Fl

Fl

AbFl

Ac2

Ab

FbH(l)

H(w)H(f)

H(w)H(l)

Fl

Fl

Ac

Ac

Ac

Ab

FlAc

Fl

Fl

Abl

Ac

Fl

Ac2

Fl

Ac2

Ao

Ao

Ab

Fb

Ao

Fb

Fl

Ac

Ao

C

C

S. est. obs

Silic. do calcário?

S/ est. obs.

Sem estruturas observadas

Sem estruturas

observadas

Co

SF

1S

F2

SF

3S

F4

SF

5S

F4

SF

5S

F4

SF

5S

F4

SD

3S

D2

SD

1

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

1-UN-11-PIEscala 1:800

LEGENDA

LITOLOGIAS

Arenito

Siltito

Siltito argiloso

Folhelho

Siltito calcífero

Argilito siltoso

Argilito

Argilito calcífero

Calcário

Dolomita

Sílica

Anidrita

Intervalo

não recuperado

CONTATOS

Nítido

Difuso

Erosivo

Ondulado

Bioturbado

ESTRUTURAS FÍSICAS

Est. cruz. acanalada

Est. cruz. c/ filmes de argila

Greta de sinerésis

ACESSÓRIOS LITOLÓGICOS

ICNOFÓSSEIS

Lamina de silte

Concrecao carbonatica

Lamina de argila

Intraclasto fino cm

Enxofre

Brecha

Intraclasto mm

Intraclasto cm

Intraclasto

Intraclasto dm

Fratura

Palaeophycus isp. Estrutura de escape

FÁCIES SUCESSÕES DE FÁCIES

Ah

Fl

Ao

Ac

Ab

FbAc2

Abl

H

C

Ac1

Acb

At

Ap

Sucessão eólica

Sucessão planície de Chérnier

Sucessão planície de maré estuarina

Sucessão flúvio-estuarina

Sucessão deltaica

dominada por ondas/tempestade

SF5

SF4

SF3

SF2

SF1Fm

Co

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

Pedra de Fogo/ Piauí

(Leite ., 1975)et al

Piauí/Poti

(Leite ., 1975)et al

A

A Nódulo de anidrita

SIS

TE

MA

SD

EP

OS

ICIO

NA

IS

INTENSIDADE DE BIOTURBAÇÃO

Abundante

Comum

Moderado

Pouco

Raro

Ausente

Lam. Cruz. ondulada

Estratificação cruz. cm

Bioturbação indistinta

Lam. Cruz. acanalada

Fluidização

Pinstripe

Superfície de carstificação

Estratificação cruz. bimodal

Hummocky

Estratificação cruzada

Laminação Plano-paralela mm

Laminação Plano-paralela

Fluidização

Oólito

Est. cruz. acanalada

Estratificação cruz. dm

Laminação plano-paralela cm

Laminação cruzada

Pinstripe plano-paralelo

Lâmina de silte

Concreção carbonática

Lâmina de argila

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APÊNDICE N

Apresentação da Sucessão de Fácies Deltaica dominada por

ondas/tempestade (SF1) no poço 1-UN-11-PI

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Caixa 64 Caixa 63

449,5m

437,85m 1-UN-11-PI SF1(Deltaica)

438

443,5

448,4

Fl

Ao

Ah

Ao

Ah

Ac

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

SMR

SF

2S

F1

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

SMR

Page 92: ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO ... - ppgl.geologia…ppgl.geologia.ufrj.br/media/pdfs/Marina_Abelha_Mestrado.pdf · Marina Abelha Ferreira ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO INTERVALO CARBONÍFERO/PERMIANO

APÊNDICE O

Apresentação da Sucessão de Fácies Fluvio-estuarina (SF2) no poço 1-UN-11-PI

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372,8m

Caixa 55 Caixa 54Caixa 56

389,9m

1-UN-11-PI SF2 (Flúvio-estuarina)

374,1

378,8

385

SF

2

SF3

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

Ac

Ah

Ac

Fl

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

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APÊNDICE P

Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Maré Estuarina (SF3) no poço

1-UN-11-PI

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366,3m

Caixa 53Caixa 54

377,7m

1-UN-11-PI SF3 (Planícies de maré estuarina)

368,1

374,1

SF

3

Ao

Ab

Fb

Ao

Fb

Fl

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

Page 96: ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO ... - ppgl.geologia…ppgl.geologia.ufrj.br/media/pdfs/Marina_Abelha_Mestrado.pdf · Marina Abelha Ferreira ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO INTERVALO CARBONÍFERO/PERMIANO

APÊNDICE Q

Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Chérnier (SF4) no poço

1-UN-11-PI

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295,1m

Caixa 43 Caixa 42Caixa 44

315,4m

1-UN-11-PI SF4 (Planície de Chérnier)

296

297,2

302,7

309

313,2 SF

4

Fb

Fb

Ab

Ab

Ab

Ac2

Ao

C

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

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TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

Page 98: ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO ... - ppgl.geologia…ppgl.geologia.ufrj.br/media/pdfs/Marina_Abelha_Mestrado.pdf · Marina Abelha Ferreira ANÁLISE ESTRATIGRÁFICA DO INTERVALO CARBONÍFERO/PERMIANO

APÊNDICE R

Apresentação da Sucessão de Fácies Eólica (SF5) no poço 1-UN-11-PI

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268,3m

Caixa 39 Caixa 38Caixa 40

289,4m

1-UN-11-PI SF5 (Eólica)

SF4

269,2

271,4

272,7276,1

279,1

282,2

285,2

288,3

288,1

Fb

Fb

FbAc1

Acb

Fl

Acb

Acb

Acb

Acb

Ac

SF

4

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

SF

5

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APÊNDICE S

Apresentação da Sucessão de Fácies Planície de Chérnier (SF4) com

características de sabkha costeiro no poço 1-UN-11-PI

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H(w)

Ac2

Ab

104,8m

Caixa 17 Caixa 16Caixa 18

122,8m

1-UN-11-PI Sabkha costeiro

A

At

SF

4

CO

R

ICN

OF

ÓS

SE

IS

AC

ES

RIO

SLIT

OLÓ

GIC

OS

ES

TR

UT

UR

AS

FÍS

ICA

S

ME

TR

OS

CIE

S

SU

CE

SS

ÕE

SD

EF

ÁC

IES

GRANULOMETRIA

Escala 1:200

argila

silte

areia

grânulo

seixomatacão

gm mf m

INT

EN

SID

AD

ED

EB

IOT

UR

BA

ÇÃ

O

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ANEXO I

Artigo: “Análise de fácies das formações Piauí e Pedra de Fogo em testemunhos de sondagem da borda leste da bacia do Parnaíba.”

(Abelha & Borghi, no prelo)

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ANÁLISE DE FÁCIES DAS FORMAÇÕES PIAUÍ E PEDRA DE FOGO EM TESTEMUNHOS DE SONDAGEM DA BORDA LESTE DA BACIA DO PARNAÍBA.

Marina Abelha1,2,3 & Leonardo Borghi1,2

1 Laboratório de Geologia Sedimentar (Lagesed) e 2 Programa de Pós-graduação em Geologia, Departamento de Geologia– IGEO–UFRJ. Av. Athos da Silveira Ramos, 274, s/J1-11. CEP 21.941-916 (Ilha do Fundão), Rio de Janeiro, RJ ([email protected]; [email protected]); 3 Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Av. Rio Branco, 65, CEP 20.090-004, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

ABSTRACT SEDIMENTARY FACIES ANALYSIS OF PIAUÍ AND PEDRA DE FOGO FORMATIONS IN WELL CORES AT THE EAST EDGE OF THE PANAÍBA BASIN The Permo-Carboniferous interval of the Parnaíba Basin, represented by the Piauí and Pedra de Fogo formations, is here described in detail and interpreted sedimentologically in two well cores, as an effort for its stratigraphic revision. This interval is characterized by seventeen lithofacies (forteen siliciclastics and three carbonatics), related into five facies successions interpreted as: i) Deltaic wave/storm dominated; ii) Fluvial-estuarine iii) Fluvial-estuarine Tidal Flats; iv) Chérnier Tidal Flats; and v) Eolian. Results agree with previous models that suggest a general coastal paleoenvironment for the entire studied interval, but differ by including a Chérnier tidal flat context, with isolated sand waves among coastal fine grained and carbonate deposits. Evident facies cycles may ascertain sequence stratigraphic surfaces, to be detailed in following studies.

Keywords: Piauí Formation, Pedra de fogo Formation, Parnaíba Basin, sedimentary facies.

RESUMO O intervalo Permo-carbonífero da bacia do Parnaíba, representado pelas formações Piauí e Pedra de Fogo, é aqui descrito em detalhe e interpretado sedimentologicamente em dois testemunhos de sondagem como um esforço para sua revisão estratigráfica. Este intervalo é caracterizado por dezessete litofácies (quatorze siliciclástias e três carbonáticas), relacionadas em cinco associações de fácies interpretadas como: i) Deltaica sob ação de ondas/tempestades; ii) Flúvio-estuarina; iii) Planície de maré estuarina; iv) Planície Costeira (Chérnier); e v) Eólica. Os resultados vão de acordo com modelos anteriores que sugerem um contexto paleoambiental costeiro para todo o intervalo estudado, mas difere destes por incluir um sistema deposicional de Planície Costeira do tipo “Chérnier”, onde corpos arenosos do tipo “sand waves” ocorrem isolados em meio a finos e carbonatos costeiros. Dentro deste contexto, ciclos de fácies apontam claramente superfícies estratigráficas sequenciais, a serem detalhadas em estudos subsequentes.

Palavras-chaves: Formação Piauí, Formação Pedra de Fogo, bacia do Parnaíba, fácies sedimentar.

INTRODUÇÃO

O intervalo Carbonífero/Permiano, no Gondwana, contém classicamente as “sequências glaciais” (Glaciação Gondwânica) presentes em muitas de suas bacias. Não obstante, mais ao norte desse paleocontinente, onde tais glaciações não se registraram, estabeleceram-se outros cenários paleoambientais, ainda pouco caracterizados do ponto de vista faciológico; sobretudo na bacia do Parnaíba. Tais depósitos apresentam características faciológicas bastante variadas, representando uma constante competição entre depósitos fluviais, marinhos rasos e eólicos. Poucos estudos relatam a ocorrência de intercâmbios entre estes depósitos de natureza tão diversa, destacando-se os trabalhos de Jordan & Mountney (2010) em depósitos carbonífero/permianos; Hubert & Tanner (1992) e Blakey et al. (1996) em depósitos jurássicos; e Simpson & Eriksson (1993) em estratos proterozoicos.

A bacia do Parbaíba, localizada na região nordeste ocidental do território brasileiro, assume um importante papel econômico, com possibilidade de abrigar aquíferos de grande porte, bem como de se tornar um futuro pólo de exploração petrolífera.

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��

Este trabalho traz como objeto de estudo faciológico as formações Piauí e Pedra de Fogo (Carbonífero/Permiano). Tais formações vêm sendo abordadas desde suas formalizações, de maneira descontínua e sob enfoques geológicos locais diversos ou muito regionais. Poucos trabalhos apresentam um maior aprofundamento e detalhamento sedimentológico e estratigráfico, destacando-se os de Lima Filho (1991, 1998). Dentre os trabalhos estratigráficos regionais, destacam-se os de Mesner & Wooldridge (1964), Góes & Feijó (1994) e Vaz et al. (2007), para a Formação Piauí, e os de Cruz et al. (1973), Faria Jr. & Trunckenbrodt (1979), Góes & Feijó (1994), Ribeiro & Melo (1996) e Vaz et al. (2007), para a Formação Pedra de Fogo.

O presente estudo objetiva caracterizar as fácies sedimentares da Formação Piauí e do intervalo transicional superior para a Formação Pedra de Fogo, visando o reconhecimento de sistemas deposicionais que suportem uma análise estratigráfica subsequente.

MATERIAL E MÉTODO

O estudo é baseado na descrição sedimentológica de testemunhos de sondagem de dois poços (1-UN-09-PI e 1-UN-11-PI), localizados a aproximadamente 20km de distância um do outro, oriundos do projeto “Carvão da Bacia do Parnaíba” (q.v. Leite et al., 1975). Os poços estão localizados na Borda Leste da bacia (Figura 1), próximos à divisa do Estado do Piauí com o do Maranhão, a norte de Teresina (PI). A descrição abrange desde o contato inferior da Formação Poti com a Formação Piauí até o intervalo basal da Formação Pedra de Fogo (Figura 2), totalizando 700m de testemunhos.

As fácies, descritas em escala de detalhe (1:40), foram caracterizadas a partir dos conceitos discutidos por Borghi (2000) e organizadas em sucessões e associações de fácies, a partir das quais buscou-se delinear os sistemas deposicionais do intervalo.

Figura 1. Mapa de localização da bacia do Parnaíba com destaque para as formações Piauí e Pedra de Fogo e a localização dos poços 1-UN-09-PI (42º59’20” W; 04º45’25”S) e 1-UN-11-PI (43º01’25” W; 04º55’45”S). FONTE: www.bdep.gov.br.

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��

UNIDADES ESTRATIGRÁFICAS ENVOLVIDAS

Formação Piauí

A Formação Piauí (sensu Small, 1914) é composta por arenitos finos a grossos, cinza-esbranquiçados a avermelhados, eventualmente conglomeráticos; folhelhos vermelhos; e calcários esbranquiçados (Góes & Feijó, 1994).

O paleoambiente é apontado como continental a litorâneo, sob influência de clima árido por Góes & Feijó (1994). Lima Filho (1991, 1998) interpreta um paleoambiente desértico, sem excluir a possibilidade de ocorrência de sabkhas costeiros, associados a depósitos deltaicos de menor expressão; na porção superior, em particular, considera um paleoambiente de “plataforma carbonática” (marinho raso). Este autor propõe ainda um modelo de bacia evaporítica para a formação, com base na presença de evaporitos. Dino & Playford (2002) indicam um paleoambiente marinho, refletindo condições de aridez, com base em dados palinológicos. Souza et al. (2010) observaram elementos planctônicos (do gênero Leiosphaeridia) na porção superior e intermediária da formação no poço 1-UN-09-PI, indicando influência marinha para a formação no intervalo estudado.

A idade desta formação, foi posicionada no Westphaliano–Stephaniano por Müller (1962, apud Santos & Carvalho, 2004), no Stephaniano por Daemon (1974, apud Góes & Feijó, 1994), no Morrowano–Atokano por Campanha & Rocha Campos (1979), final do Westphaliano por Dino & Playford (2002) para a sua porção superior; e considerada não mais antiga que o Moskoviano por Melo et al. (1998) e Melo & Loboziak (2003). Souza et al. (2010) apontam uma idade do final do Moscoviano para o intervalo entre 110,6m e 178,1m do poço 1-UN-09-PI, estudado.

Formação Pedra de Fogo

A Formação Pedra de Fogo (sensu Plummer, 1946) compreende depósitos de sílex (em nódulos, concreções e/ou em níveis de espessura e extensão variadas), calcários oolíticos e pisolíticos de coloração creme a branca e estromatólitos, intercalados com arenitos finos e médios amarelados, folhelhos cinza, e ainda anidrita branca (Góes & Feijó, 1994).

O paleoambiente deposicional é caracterizado como marinho raso a litorâneo, com planícies de sabkha e eventual influência de tempestades (Góes & Feijó, 1994). Lima Filho (1998) e Ribeiro & Melo (1996) propõem sistemas deposicionais deltaicos e de planícies de marés para a formação, sendo o último o mais frequente.

A idade desta formação foi caracterizada como “eopermiana” com base na ocorrência de um anfíbio labirintodonte (q.v. Santos & Carvalho, 2004). Com base em estudos bioestratigráficos, Góes & Feijó (1994) posicionam a formação no “Eopermiano” (Cisuraliano), correspondendo às idades Asseliano–Kunguriano, e na base do “Neopermiano” (Idade Ufimiano). Em trabalhos mais recentes, Dino et al. (2002) posicionam a porção superior da formação no Permiano Superior com base na palinoflora.

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Figura 2. Diagrama estratigráfico da bacia do Parnaíba (cf. Vaz et al., 2007).

FÁCIES

Foram determinadas dezessete litofácies para o intervalo descrito, sendo dez areníticas, três carbonáticas e quatro lutíticas.

Fácies areníticas

FÁCIES Ac (Figura 6A)

Diagnose – Arenitos muito finos a médios, com estratificação cruzada de porte médio

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em regime inferior, pela migração de macroformas de leito.

Descrição – Seleção de moderada a boa, com grãos subangulosos a arredondados. Ocorre em camadas decimétricas (5cm – 20cm) e algumas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (1m – 3m) que pode ocorrer em um ciclo de afinamento granulométrico, com a fácies Ap contendo seixos e grânulos na base do ciclo. O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos. Podem-se observar intraclastos milimétricos e centimétricos (evidências erosivas), lâminas de areia grossa e concreções calcíferas milimétricas.

As camadas apresentam essencialmente cores avermelhadas, mas também ocorrem subordinadamente camadas acinzentadas, amareladas e cinza esverdeadas.

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Discussão – Esta fácies ocorre caracteristicamente no intervalo entre 246,5m e 248,5m de profundidade do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 337,3m e 338,3m no poço 1-UN-11-PI, frequentemente alternando-se com a fácies Ap. Totaliza 10,9% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 8,5 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

A grande ocorrência de intraclastos nesta fácies corrobora o aspecto erosivo da interpretação de deposição por corrente em regime de fluxo inferior. Na profundidade 359,8m do poço 1-UN-11-PI esta fácies apresenta cimentação por gipsita, além de clastos de quartzo extremamente arredondados, indicando para esta profundidade deposição em condições de aridez.

Esta fácies está relacionada à migração de macroformas de leito que podem compor barras fluviais, dunas ou sandwaves.

Corresponde às fácies AfmCa e AmgCa (depósitos fluviais); AmCa (retrabalhamento por tempestade); AfLa, AfmCa, AgCa, AmfSCa e AmfSCta de Lima Filho (1998) para a Formação Piauí; e St e Sp de Miall (1996), relacionadas a um contexto fluvial. Relaciona-se parcialmente, às fácies AmgCi, AfCaLS de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas.

FÁCIES Acb (Figura 6B)

Diagnose – Arenitos finos a médios, com estratificação cruzada e seleção bimodal de grãos.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo aerodinâmico (vento), pela migração de macroformas de leito (dunas), por fluxo de grãos combinado com queda de grãos.

Descrição – Arenitos cuja granulometria é tipicamente fina a média, mas pode variar até grossa e a seleção dos grãos de moderada a boa, com clastos arredondados a subarredondados. Ocorre em camadas decimétricas (20cm – 40cm) e algumas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (1m – 4m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos ou difusos. As laminas, em geral, apresentam ângulos baixos. Eventualmente, as camadas ocorrem bioturbadas, com intensidade de reelaboração do substrato pelos organismos variando de fraca a forte (ii2 – ii4). Esta fácies comumente ocorre associada às fácies Ac e At, apresentando contato nítido ou difuso.

Apresenta cor acinzentada e esverdeada. Cores avermelhadas ocorrem, em geral, como manchas nas camadas cinza-esverdeadas.

Discussão – Ocorre de forma característica no intervalo entre 99,5m e 100,5m de profundidade no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 287m e 274m de profundidade no poço 1-UN-11-PI. Sua ocorrência não é restrita a nenhum intervalo específico. Corresponde a 0,7% das fácies do poço 1-UN-09-PI e a 1,8 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Ressalta-se aqui a importância da seleção granulométrica bimodal, diagnóstica da laminação desta fácies, que suporta a interpretação de transporte eólico para a deposição desta fácies. Sugere-se um contexto paleoambiental de aridez. As estratificações cruzadas muitas vezes apresentam-se em ângulos baixos, que no contexto deposicional sugerido são interpretadas como tendo sido formadas em posições basais da macroforma de leito, neste caso dunas, onde as estratificações se tornam cada vez mais tangenciais à superfície.

No intervalo entre 124,85m e 127,45m de profundidade do poço 1-UN-09-PI, ocorrem aparas de siltito calcífero; relacionam-se aqui estas estruturas ao transporte eólico destas partículas, formadas em interdunas úmidos.

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A cor avermelhada é provavelmente resultante de oxidação eodiagenética de argilominerais contendo ferro; já a coloração esverdeada observada em alguns intervalos é resultado de um revestimento de clorita nos grãos.

Corresponde às fácies AmfCba, AfmCgFQ e AfmCgQF de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas, interpretadas como depósitos de dunas eólicas.

FÁCIES Ap (Figura 6C)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos, com laminações plano-paralelas.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em regime superior, pela migração de formas de leito planas.

Descrição – Seleção granulométrica de boa a má, com grãos subarredondados a subangulosos. Ocorre em camadas decimétricas (4cm - 10cm). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos. Observam-se intraclastos, concreções calcíferas.

Ocorre frequentemente associada à fácies Ac, por vezes sotoposta a esta, apresentando camadas com base erosiva, com ou sem intraclastos, e afinamento granulométrico.

A coloração é predominantemente avermelhada, mas também ocorre em cores acinzentadas e amareladas.

Discussão – Apresenta-se caracteristicamente no intervalo entre 197,5m e 199m de profundidade do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 48,6m e 49m no poço 1-UN-11-PI. Representa 6,3% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,3 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Corresponde às fácies AfPp e AfSPpLs de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas, e à fácies Sh descrita por Miall (1996) para depósitos fluviais.

FÁCIES At (Figura 6D)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos, com laminação transladante.

Interpretação – Deposição por fluxo aerodinâmico (vento), pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas).

Descrição – A seleção granulométrica é de boa a moderada, com grãos são subarredondados a arredondados. As camadas são decimétricas (8cm – 20cm), apresentando-se muitas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (1m – 2m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos (bioturbados). Ocorrem concreções calcíferas (mm), manchas de oxi-redução e filmes de argila. Bioturbações são raras, ocorrendo com intensidade fraca a moderada (ii2 – ii3).

A coloração é predominantemente acinzentada, mas também ocorre em cores esverdeadas, avermelhadas e amareladas.

Discussão – Apresenta-se caracteristicamente no intervalo entre 118m e 119m de profundidade do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 254,50m e 255,90m no 1-UN-11-PI. Totaliza 5,1% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 3,2 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Esta laminação transladante (pinstripe) indica o cavalgamento de ondulações assimétricas tipicamente formadas em fácies de barlavento de dunas eólicas ou em interdunas secos.

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Camadas com laminações transladantes foram descritas por Lima Filho (1991) para depósitos da Formação Piauí. Corresponde à fácies AfPp de Lima Filho (1998).

FÁCIES Ab (Figura 6E)

Diagnose – Arenitos mosqueados (bioturbados).

Interpretação – Intensa reelaboração do substrato arenoso por organismos invertebrados.

Descrição – A granulometria varia de muito fina a média, muitas vezes argilosa. A trama primária encontra-se totalmente obliterada por ação biogênica (ii4 – ii5). Ocorre em intervalos decimétricos a métricos (4cm – 4m). Os contatos são nítidos, erosivos ou difusos (bioturbados). Nenhum icnogênero foi reconhecido nesta fácies devido à intensa icnotrama (ii4 – ii5).

A coloração é predominantemente vermelha, mas também ocorrem tons de cinza, castanho e verde.

Discussão – Ocorre com aspecto típico no intervalo entre 146,5m e 147,7m de profundidade no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 321,7m e 325,85m no poço 1-UN-11-PI. Corresponde a 1,6% das fácies do poço 1-UN-09-PI e a 8,8 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Uma icnotrama intensa exige uma baixa taxa de acumulação sedimentar, permitindo a homogeneização dos pacotes de médio porte.

Corresponde à fácies AfB e parcialmente à fácies AfCtgWB de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas.

FÁCIES Ac1 (Figura 6F)

Diagnose – Arenitos muito finos ou siltitos grossos, com laminação cruzada cavalgante.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente) turbulento e desacelerante, em regime inferior. Envolve a migração e cavalgamento crítico/supercrítico de microformas de leito (ondulações assimétricas).

Descrição – A seleção granulométrica varia de boa a moderada, os grãos são subarredondados. As camadas ocorrem em espessuras centimétricas a decimétricas (2,4cm – 15cm), apresentando-se algumas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (70cm – 1m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos ou erosivos. Filmes de argila escura e estruturas convolutas ocorrem com frequência nesta fácies. Bioturbações são raras, ocorrendo com intensidade moderada a fraca (ii2-ii3). Em geral, ocorre associada à fácies Ac2.

A coloração avermelhada ocorre em praticamente todos os intervalos, mas também ocorre em cores esverdeadas, observando-se ainda nas cores branca e preta.

Discussão – Esta fácies ocorre de maneira característica no intervalo entre 238m e 240m no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 250,3m e 251,3m no poço 1-UN-11-PI. Totaliza 4% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,7 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Representa a deposição trativa de sedimentos finos por fluxos turbulentos desacelerantes, possivelmente associados a fluxos hiperpicnais, com separação de fluxo à frente de ondulações. A presença de filmes de argila está relacionada à compactação de grãos de lutito (pelotas de argila).

Corresponde às fácies LRd (depósitos deltaicos) e parcialmente às fácies AfPpRd (depósitos de tempestade), LPpRd, LFWLRdT e AfPpRdW de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas; em parte às fácies D4, F1 e F4 descrita por Lima Filho (1991) para a Formação Piauí, interpretadas como

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depósitos de lobos deltaicos; corresponde também às fácies Fl e Sr de Miall (1996) para depósitos fluviais.

FÁCIES Ac2 (Figura 6G)

Diagnose – Arenitos finos, muito finos ou siltitos grossos, apresentando laminação cruzada.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo subaquoso unidirecional (corrente), em regime inferior, pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas).

Descrição – A seleção varia de boa a má, os grãos são subangulosos a arredondados. Ocorre em camadas centimétricas a decimétricas (2cm a 20cm), apresentando-se algumas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (50cm – 2,4m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos ou erosivos.

Apresenta-se nas cores branca, preta, avermelhadas e esverdeadas.

Discussão – Esta fácies é observada com aspecto característico no intervalo entre 240m e 243m no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 77,75m e 80,05m no poço 1-UN-11-PI. Constitui 3,5% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 4,9 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Corresponde, em parte, à fácies A3 de Lima Filho (1991) para a Formação Piauí; e parcialmente às fácies Fl e Sr descritas por Miall (1996).

FÁCIES Ao (Figura 6H)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos, apresentando laminação cruzada por onda.

Interpretação – Deposição por fluxo trativo oscilatório (ondas) de baixa celeridade, pela migração e agradação de microformas de leito (ondulações simétricas).

Descrição – A seleção varia de boa a moderada, os grãos são subarredondados a subangulosos. Apresenta camadas decimétricas (12cm – 19cm), apresentando-se algumas vezes em um conjunto de camadas amalgamadas de espessuras métricas (1,5m – 4m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos ou erosivos. Bioturbações são frequentes, ocorrendo com intensidade moderada a forte (ii2-ii4).

Ocorre principalmente com cores avermelhadas, mas também ocorre em cores esverdeadas.

Discussão – Ocorre com aspecto característico no intervalo entre 52,85m e 53,05m no poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 362,8m e 364,7m no poço 1-UN-11-PI. Indica influência de ondas durante a sedimentação. Representa 0,6% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 3,3 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Corresponde às fácies AfSW, LW, AfW, AmfSW e parcialmente à fácies LWyLw de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas; assemelha-se à fácies C3 de Lima Filho (1991) para a Formação Piauí.

FÁCIES Ah (Figura 6I)

Diagnose – Arenitos muito finos, moderadamente selecionados, com estratificação cruzada monticulada (hummocky-cross bedding).

Interpretação – Deposição por ação combinada de fluxos trativos oscilatórios de alta energia (ondas de tempestade) com fluxos trativos hidrodinâmicos unidirecionais (correntes) ou com fluxos de turbidez.

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Descrição – São arenitos restritos ao poço 1-UN-09-PI. Ocorrem em um conjunto de camadas amalgamadas decamétrico (6,9m), com contato basal erosivo, comprovado pela presença de intraclastos decimétricos a centimétricos de lutito escuro e contato superior nítido. Observam-se gretas de sinerésis, podem ocorrer ainda laminações centimétricas cruzadas por onda. Apresenta coloração castanho-avermelhada.

Discussão – Trata-se da fácies observada na base da Formação Piauí, sua ocorrência restringi-se ao intervalo entre 282,5m e 289,4m do poço 1-UN-09-PI. Corresponde a 2,3% das fácies do poço 1-UN-09-PI e a 0,4 % das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Ressalta-se aqui que a identificação da estratificação cruzada hummocky é feita de forma genérica, já que não foi possível diferenciá-la em relação à estrutura estratificação cruzada swalley devido às limitações impostas pela pequena dimensão dos testemunhos, sendo possível apenas quando existe convexidade claramente observada, típica da estrutura HCS.

A ocorrência de gretas de sinerésis indica variação da salinidade do meio à ocasião da deposição dos sedimentos.

Descritivamente, corresponde às fácies AfSW (depósitos deltaicos), AcFT (depósitos de tempestade), AfCtgWB e AmfSW de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas.

FÁCIES Abl (Figura 7A)

Diagnose – Arenitos muito finos a finos com microbiolaminações compostas por filmes de siltitos finos ou argilitos.

Interpretação – Conjugação de processos de (1) deposição por fluxo aerodinâmico (vento), pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas); alternado a (2) decantação de sedimentos finos e aprisionamento por esteiras algais.

Descrição – A seleção das areias varia de boa a moderada, os grãos são arredondados a subangulosos. Apresenta-se em conjuntos de camadas decimétricos a decamétricos (4cm a 7,4m). O limite do conjunto de camadas ocorre em contatos nítidos, erosivos ou difusos. Bioturbações são frequentes, ocorrendo com intensidade moderada a forte (ii2-ii4).

Frequentemente associa-se às fácies Acb e At, menos comumente ocorre associada à fácies Ac2.

Ocorre caracteristicamente com cores esverdeadas.

Discussão – Ocorre com aspecto característico no intervalo entre 68,55m e 69,35m no poço 1-UN-09-PI e entre 255,9m e 256,9m no poço 1-UN-11-PI. Perfaz um total de 4,9% das fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,95% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

As lâminas de argila apresentam-se frequentemente crenuladas, indicando a ação de esteiras algais em sua deposição. A característica coloração esverdeada desta fácies indica sedimentos pobres em matéria orgânica e condições redutoras de deposição e/ou eodiagênese.

A constante associação desta fácies com as fácies Acb e At indica condições de deposição num paleoambiente de interduna úmido, com desenvolvimento de esteiras algais, responsáveis pelo aprisionamento dos sedimentos finos.

Esta fácies corresponde às “estruturas contorcidas” de Lima Filho (1991), não tendo sido formalmente denominada como fácies para esta formação.

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Fácies carbonáticas

Um total de três fácies carbonáticas foi descrito para a sucessão estudada, são elas: Cl (Calcilutito), Co (Calcário oolítico) e Cc (Calcário cristalino). A diagnose das fácies foi baseada na classificação de Dunham (1962).

Depósitos carbonáticos são comuns no intervalo estudado (6,5% no poço 1-UN-09-PI e 14,3% no poço 1-UN-11-PI), mas se apresentam majoritariamente recristalizados por ação diagenética, de tal forma que as estruturas sedimentares e a petrotrama encontram-se totalmente obliteradas. Estes depósitos são caracterizados como fácies Cc, cuja interpretação dos processos deposicionais é bastante prejudicada, apoiando-se essencialmente em análise paleontológica, dependendo sempre do contexto de sucessão de fácies em que as camadas carbonáticas se inserem.

Sete fácies foram descritas por Lima Filho (1991) para os depósitos carbonáticos das formações Piauí e Pedra de Fogo: A2 (depósitos marinho rasos com influência de marés), B1 (ambiente lagunar sob a influência de tempestades), C1 (depósitos marinho rasos com ação de tempestades), D1 (depósitos marinho rasos com influência de marés e ação deltáica), E1 (depósitos lagunares), F3 (depósitos marinho rasos com influência deltáica) e F5 (depósitos de planícies de maré), as quais não puderam ser diretamente associadas a nenhuma das fácies descritas abaixo.

FÁCIES Cl (Calcilutito) (Figura 7B)

Diagnose – Mudstone.

Interpretação – Precipitação de carbonato de cálcio em paleoambiente subaquoso de baixa energia.

Descrição – Trata-se de uma fácies de ocorrência restrita ao poço 1-UN-09-PI, onde se apresenta em camadas decimétricas a métricas (5cm a 75cm).

Como estruturas associadas, observam-se registros de microbiolaminações (laminações crenuladas), gretas de diastase, estruturas de dissolução (1–20mm) e estilólitos. A porosidade macroscópica varia de baixa (5%) a alta (30%). Observa-se ainda, ocorrência de anidrita associada a estes depósitos.

Apresenta cor essencialmente vermelha e branca, mas também ocorre em tom de cinza.

Discussão – Apresenta-se com aspecto característico no intervalo entre 125,6 m e 126,6m no poço 1-UN-09-PI. Constitui 2,5% das fácies do poço 1-UN-09-PI.

A ocorrência frequente de laminações crenuladas indica atuação biogênica na deposição desta fácies (microbiolaminações), provavelmente associada á presença de esteiras microbiais.

FÁCIES Co (Carenito oolítico) (Figura 7C)

Diagnose – Grainstone oolítico.

Interpretação – Precipitação de carbonato de cálcio em paleoambiente subaquoso sob ação de correntes (alta energia).

Descrição – Trata-se de uma fácies de ocorrência restrita a uma camada decimétrica no poço 1-UN-11-PI, no intervalo entre 147,4m e 147,68m. Apresenta-se silicificada e em cores branca e alaranjada. Os oólitos são de tamanho areia muito grossa inferior (~ 1mm). Totaliza 0,1% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Discussão – Esta fácies indica deposição sob ação de correntes num paleoambiente marinho raso carbonático de alta energia.

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FÁCIES Cc – (Calcário cristalino) (Figura 7D e E)

Diagnose – Calcário cristalino.

Interpretação – Recristalização diagenética.

Descrição – Apresenta-se em intervalos decimétricos a métricos (8cm 3,8m). Associadamente observam-se ocorrências de gretas de diastase, macroporos (1–20mm), estruturas em tenda (tepees), estilólitos e filmes de argila. A porosidade macroscópica varia de baixa (5%) a alta (45%). Silicificações são frequentes. No poço 1-UN-11-PI ocorrem moldes de gastrópodes e braquiópodes (?). Observa-se ainda, ocorrência de anidrita associada a estes depósitos.

Apresenta cor essencialmente vermelha e branca, mas também ocorrem tons de cinza e amarelo.

Discussão – Apresenta-se com aspecto característico no intervalo entre 116,2m e 117m no poço 1-UN-09-PI e entre 313,45m e 315,15m no poço 1-UN-11-PI. Representa 4 % das fácies do poço 1-UN-09-PI e 12,3% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Esta fácies ocorre silicificada em 0,2% do intervalo no poço 1-UN-09-PI e 4% do poço 1-UN-11-PI, com nódulos e concreções, apresentando-se de maneira difusa em camadas centimétricas a decimétricas (36cm a 1,8m). Faria Jr. & Truckenbrodt (1980) discutiram a origem da silicificação na Formação Pedra de Fogo, sugerindo que esta é, majoritariamente, resultado da precipitação inorgânica de sílica amorfa ou da transformação dos silicatos hidratados de sódio num ambiente restrito, com intensa evaporação e pH elevado. Os nódulos e concreções seriam originados por processos diagenéticos, por substituição dos carbonatos.

Fácies lutíticas

FÁCIES Fl (Figura 7F)

Diagnose – Argilitos ou siltitos finos, laminados.

Interpretação – Deposição por decantação em ambiente subaquoso de baixa energia, com variações.

Descrição – A laminação observada é dada principalmente por mudanças de cor nos sedimentos e/ou por leve diferença granulométrica (argilitos vs. siltitos finos). A fácies ocorre em camadas decimétricas a métricas (6,4cm a 5,45m. Esta fácies muitas vezes apresenta-se calcífera, com estruturas de dissolução (macroporos), lâminas carbonáticas e gretas de diastase. Observam-se ainda marcas de cristais de anidrita e estruturas em tenda (tepees).

Pode apresentar fissilidade e, associadamente, observam-se laminação riscada, falhas de separação milimétrica e centimétrica, laminação crenulada (registro de esteiras algais), gretas de ressecamento e manchas de oxi-redução. As laminações podem ocorrer de forma rítmica. Raramente apresenta bioturbação, com esta variando de fraca a forte (ii2 – ii4).

As cores são muito variadas, ocorrendo mais frequentemente em tons de vermelho. Também ocorre em tons de cinza, preto, amarelo, verde, branco, lilás e azul.

Discussão – Trata-se de uma das fácies mais frequentes em toda a sucessão totalizando 20,8 % das fácies do poço 1-UN-09-PI e 11,3% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Ocorre com aspecto característico no intervalo entre 57m e 59m de profundidade do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 223,3m e 225m no poço 1-UN-11-PI

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A interpretação deposicional apóia-se na ocorrência da laminação, característica desta fácies. Esta laminação é dada por uma variação de cores ou por alternância granulométrica dos sedimentos, indicando uma variação climática ou de energia do meio.

O aspecto calcífero antes exposto, juntamente com a alternância desta fácies com camadas carbonáticas (fácies C e Cl) que muitas vezes ocorre, indica uma conjugação entre processos de deposição químicos/bioquímicos com deposição de finos terrígenos por decantação em ambiente subaquoso de baixa energia, com exposição periódica, evidenciada pela ocorrência de gretas de ressecamento.

Corresponde às fácies A4, A6 (para depósitos de inframaré), F2 (para depósitos em lobos deltaicos) e B2 (depósitos lagunares) descritas por Lima Filho (1991) para a Formação Piauí; às fácies FPp (depósito fluvial em processo de afogamento), LPp (depósitos deltaicos) e SPp de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas; e, em parte, às fácies LPpRd e FPpRdW de Lima Filho (1998) para o Grupo Balsas.

FÁCIES Fm (Figura 7G)

Diagnose – Argilitos ou siltitos finos maciços.

Interpretação – Deposição por decantação em ambiente subaquoso de baixa energia.

Descrição – Ocorre em camadas decimétricas a métricas (20cm – 1m). Pode ser grumoso ou irregular à quebra e, associadamente, observam-se slickensides, gretas de ressecamento, detritos vegetais e raramente lâminas de areia. Frequentemente apresenta as mesmas características calcíferas descritas para a fácies Fl e algumas vezes ocorre sob a forma de argilito carbonoso ou ferruginizado, denso. Muito raramente ocorre bioturbação fraca (ii1).

A coloração é essencialmente avermelhada, mas também ocorrem tons de cinza, verde e preto.

Discussão – Ocorre com aspecto típico entre as profundidades 136m e 139m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 313,25m e 313,45m no poço 1-UN-11-PI. Representa 0,4 % das fácies do poço 1-UN-09-PI e 0,7% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

No intervalo de 153m a 154m de profundidade do poço 1-UN-09-PI, esta fácies apresenta características de formação de paleossolo, com estruturas do tipo slickenside e cerosidade; comportamento grumoso à quebra e coloração avermelhada.

O aspecto maciço da fácies indica uma condição deposicional com pouca variação energética/climática.

Corresponde às fácies C2 e C6 relacionadas a depósitos costeiros, com exposição subaérea e formação de paleossolos de Lima Filho (1991).

FÁCIES Fb (Figura 7H)

Diagnose – Siltitos argilosos e argilitos sílticos, com aspecto mosqueado (bioturbados).

Interpretação – Intensa reelaboração do substrato lamoso por organismos invertebrados.

Descrição – Argilitos sílticos e siltitos (em sua maioria argilosos) cuja trama primária encontra-se totalmente obliterada por ação biogênica (ii4 – ii5).

Apresenta-se em intervalos decimétricos a métricos (10 cm a 3,4 m), muitas vezes com contatos difusos. Devido à elevada intensidade de bioturbação, em apenas um intervalo (195m – 195,1m do

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poço 1-UN-11-PI) foi possível identificar os icnogêneros Terebelina isp. e Teichichnus isp., constituintes da Icnofácies Cruziana.

Ocorre em tons avermelhados, esverdeados, acinzentados.

Em situações particulares, observa-se a ocorrência de macroporos (dissolução carbonática).

Discussão – Seu intervalo característico encontra-se entre 84,1m e 85,5m de profundidade do poço 1-UN-09-PI e entre 293,25m e 295,15m no poço 1-UN-11-PI. Perfaz um total de 1 % das fácies do poço 1-UN-09-PI e 4,7% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Esta fácies nunca foi descrita para o intervalo estudado.

FÁCIES H (Figura 7I)

Diagnose – Conjunto de camadas delgadas de siltitos finos ou argilitos intercalados a siltitos grossos ou arenitos muito finos, em acamamento heterolítico (fláser, ondulado ou lenticular).

Interpretação – Conjugação de processos de (1) decantação em ambiente subaquoso de baixa energia; alternado a (2) tração hidrodinâmica unidirecional subaquosa (corrente) em regime de fluxo inferior, ou oscilatória (ondas) de baixa celeridade de silte grosso e areia muito fina pela migração de microformas de leito (ondulações assimétricas ou simétricas).

Descrição – Esta fácies ocorre em conjuntos de camadas decimétricas (8,8cm a 3m). Observam-se proporções variadas entre sedimentos finos depositados por decantação e sedimentos tracionados, com a formação de acamamento ondulado (40-60% finos); acamamento do tipo fláser (<40% de finos); e acamamento lenticular (>60% de finos).

Esta fácies é caracterizada por uma coloração avermelhada. Ocorre, em geral, pouco bioturbada (ii1-ii2).

Discussão – Ocorre de maneira característica nos intervalos entre 219,5m e 220,2m de profundidade do poço 1-UN-09-PI e entre 328,75m e 329,2m no poço 1-UN-11-PI. Corresponde a 6% das fácies do poço 1-UN-09-PI e a 6,25% das fácies do poço 1-UN-11-PI.

Apresenta frequentemente marcas de onda com características tanto assimétricas (com características de corrente) quanto simétricas (características de ondas), e laminações cruzadas centimétricas, de crista acanalada ou reta. Frequentes variações de energia observadas verticalmente indicam influencia de marés na deposição.

A coloração tipicamente avermelhada indica condições oxidantes durante sua deposição e/ou eodiagênese.

Corresponde às fácies LWLF, LafMo, LWyLPpLs, AfSF e LWyLB e parcialmente às fácies LFWLRdT e LWyLW de Lima Filho (1998); e parcialmente às fácies A4 (inframaré), D3 (mar raso com influencia de marés) e E2 (ambiente costeiro restrito), F4 e F8, relacionadas a depósitos deltaicos com influência de maré, de Lima Filho (1991).

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Quadro 1– Síntese das fácies caracterizadas nos testemunhos estudados.

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Quadro 1– Síntese das fácies caracterizadas nos testemunhos estudados (Continuação).

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SUCESSÕES DE FÁCIES

A partir da análise das fácies foram determinadas cinco sucessões de fácies, que permitiram caracterizar paleoambientes deposicionais para o intervalo Permo-carbonífero estudado na bacia do Parnaíba.

Sucessão 1 – Deltaico dominado por ondas/tempestades (SF1)

Diagnose – Sucessão das fácies H/Fl�Ao�Ah em ciclos de aumento granulométrico.

Interpretação – Depósitos deltaicos dominados por ondas/tempestades.

Discussão – Ocorre exclusivamente no topo da Formação Poti, imediatamente abaixo do contato com a Formação Piauí nos dois poços estudados, no intervalo entre 278m e 293m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 438m e 449,5m do poço 1-UN-11-PI. Apresenta espessuras métricas (10m – 20m). Gretas de sinerésis (fácies Ao – Figura 3) indicam mistura de salinidade durante a deposição.

Bhattacharya (1992) aponta que depósitos deltaicos dominados por ondas/tempestades geralmente apresentam maiores proporções de estruturas produzidas por ondas tais como hummocky-cross bedding e laminações cruzadas por ondas. Nestes depósitos, intensamente retrabalhados, os sedimentos de frente deltaica comportam-se morfologicamente como depósitos de antepraia.

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Nesta sucessão os depósitos de frente deltaica distal a prodelta proximal dominados por ondas são representados pelas fácies Ah (reelaboração dos sedimentos de frente deltaica por ondas de tempestade) e Ao, enquanto que os depósitos de prodelta pelas fácies H e Fl.

Sucessão 2 – Fluvio-estuarino (SF2)

Diagnose – Sucessão das fácies Ap�Ac/Ah�Ac1/Ac2/Ao. Ocorre em ciclos de afinamento granulométrico da fácies Ap para a fácies Ac1, com raras ocorrências das fácies Fb no topo. Apresenta base erosiva, raras vezes conglomerática (fácies Ap).

Interpretação – Depósitos flúvio-estuarinos.

Discussão – Ocorre restrita à base da Formação Piauí, em intervalos com espessuras decamétricas (~60m). Apresenta-se caracteristicamente no intervalo entre 268m e 283m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 372m e 390m do poço 1-UN-11-PI.

Esta sucessão apresenta uma alternância entre o domínio fluvial e o domínio marinho, aqui interpretado como estuarino. O poço 1-UN-09-PI apresenta domínio fluvial mais evidente, enquanto que no poço 1-UN-11-PI os depósitos são dominantemente estuarinos. Tal divergência é, provavelmente, associada a diferenças paleogeográficas dada a distância entre os poços.

O domínio fluvial é apontado aqui pela natureza erosiva de sua base (evidenciada, algumas vezes, pela ocorrência de intraclastos), pela moderada seleção nas fácies arenosas, pequena expressividade de finos, bem como escassez de bioturbações.

A influência marinha caracteriza-se pela presença das fácies Ah e Ao (ação de ondas) e da fácies Fb (decantação de finos e intensa reelaboração por organismos invertebrados). A ocorrência sempre acima dos depósitos tipicamente fluviais representa possivelmente o preenchimento de vales por depósitos costeiros, inseridos em um paleoambiente estuarino (q.v Reinson, 1992).

Sucessão 3 – Planície de maré estuarina (SF3)

Diagnose – Sucessão das fácies Ao/Ac2� Fl/Fb. Ocorre em ciclos de afinamento granulométrico.

Interpretação – Depósitos de planícies costeiras estuarinas regressivas.

Discussão – Ocorre restrita à Formação Piauí, em intervalos com espessuras métricas (14m – 26,5m). Ocorre no intervalo entre 210m e 227m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 366m e 378m do poço 1-UN-11-PI.

Segundo Reineck & Singh (1980) e Dalrymple (1992), há um padrão característico na distribuição de sedimentos em planícies de maré. Nas porções interiores, próximo à linha de maré alta de sizígia e divisores de água, os sedimentos são lamosos em função do tempo mais prolongado de atuação das correntes de baixa velocidade. Próximo à linha de maré baixa, as ondas são mais fortes e atuam por um período mais longo, favorecendo um aumento no teor de areia dos depósitos. As variações do teor de areia e das estruturas sedimentares possibilitaram, portanto, a identificação dos depósitos de planícies lamosas de supramaré, que desenvolvem estruturas do tipo lenticular, laminação riscada e pelitos com acamamento paralelo (fácies H e Fl); planícies de intermaré com estruturas heterolíticas do tipo ondulado e fláser (Fácies H); e planícies de inframaré com maior proporção de sedimentos arenosos, apresentando estruturas do tipo estratificação cruzada, laminação cruzada e laminação cruzada cavalgante (fácies Ac, Ao e Ac2).

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Esta sucessão está inserida no contexto flúvio-estuarino da sucessão subjacente (SF2), sendo portanto caracterizada como uma planície de maré fluvio-estuarina. O caráter regressivo desta sucessão demonstra-se através da ocorrência de finos (supra- e intermaré) sobrepondo-se a camadas arenosas (inframaré).

Sucessão 4 –Planície costeira “Chérnier” (SF4)

Diagnose – Sucessão das fácies Cc/Co� Cl�Fl�Fb�Ac�Ab em ciclos transgressivo-regressivos

Interpretação – Deposição em planícies de costeiras do tipo Chérnier.

Discussão – Ocorre a partir da porção intermediária da sucessão descrita, apresentando-se em intervalos com espessuras métricas a decamétricas (12m – 86m). Apresenta-se caracteristicamente no intervalo entre 156m e 173m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 295m e 315m do poço 1-UN-11-PI.

Segundo Galloway et al. (1983), planícies de Chérnier representam um caso especial de planícies costeiras ricas em sedimentos finos, caracterizadas pela ocorrência de corpos arenosos paralelos à costa (sandwaves) isoladas em meio a depósitos pantanosos ou planícies lamosas progradantes.

Tipicamente, ocorrem alternâncias entre influência marinha e continental, observada por detritos vegetais pontuais nos dois poços e elementos planctônicos (Leiosphaeridia sp.) em todo o intervalo entre 110,6m e 178,12m do poço 1-UN-09-PI, estudado por Souza et al. (2010). A presença de argilitos e siltitos com laminação riscada e bandada, bem como acamamento heterolítico (Fácies Fl e H), sugere eventos de inundações periódicas, relacionadas a processos gerados por marés (“tidalitos”). A ocorrência de gretas de ressecamento e slikcensides (feição pedogenética associada à gleização) indicam frequente variação da lâmina d’água e formação de paleossolos incipientes.

Esta sucessão apresenta-se em ciclos transgressivo-regressivos, analogamente aos clássicos ciclotemas pensilvanianos (qv. Weller, 1958). Os ciclos são compostos pela sucessão diagnóstica apresentada acima, onde os carbonatos são interpretados como resultado de i) rápidas transgressões marinhas, responsáveis pela deposição das fácies Co e Cc; e ii) pela formação de lagunas costeiras formadas por eventos transgressivos onde a ação microbiana permitiria a deposição das fácies Cc e Cl. Os finos laminados e bioturbados representam uma deposição em lagunas costeiras/planícies de maré. Particularmente, a sucessão das fácies Ac�Ab representa a ocorrência de sandwaves.

No intervalo entre 106m e 128m do poço 1-UN-11-PI, ocorrem moldes de cristal de halita e de anidrita, tepees, nódulos, concreções e níveis carbonáticos, bem como a ocorrência da fácies C associada a anidrita, tais estruturas são indicadoras de condições hipersalinas. Para este intervalo interpreta-se deposição em Planícies de Chérnier hipersalinas (sabkhas costeiros).

Sucessão 5 – Eólica (SF5)

Diagnose – Sucessão das fácies Abl�Ac/Acb�At.

Interpretação – Depósitos eólicos de dunas e de interdunas úmidos e secos (costeiros).

Discussão – Ocorre a partir da porção intermediária da sucessão descrita, apresenta-se em intervalos decamétricos (5m – 21m). Ocorre caracteristicamente no intervalo entre 183m e 199m do poço 1-UN-09-PI e no intervalo entre 268m e 284,5m do poço 1-UN-11-PI.

O contexto eólico apontado para esta sucessão é baseado no modelo deposicional de Hunter (1977), e delineado a partir da ocorrência de: (1) estratificações cruzadas com seleção bimodal de grãos (Fácies Acb), indicando a atuação dos processos de queda de grãos e de fluxo de grãos, característicos de migração de macroformas de leito eólicas (dunas); (2) na ocorrência de laminações cruzadas

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transladantes (fácies At), estruturas tipicamente formadas em fácies de barlavento de dunas ou em interdunas secos; (3) bem como na ocorrência de microbiolaminações (fácies Abl), características de interdunas úmidos. A associação desta sucessão com a sucessão SF4 (Planície de Chérnier) indica acumulação em dunas num contexto paleoambiental costeiro.

Quadro 2– Síntese das sucessões de fácies caracterizadas nos testemunhos estudados.

CÓDIGO DIAGNOSE INTERPRETAÇÃO

SF1 Sucessão das fácies H/Fl�Ao�Ah em ciclos de aumento granulométrico.

Depósitos deltaicos dominados por ondas/tempestades.

SF2 Sucessão das fácies Ap�Ac/Ah�Ac1/Ac2/Ao. Ocorre em ciclos de afinamento gran. da fácies Ap para a fácies Ac1, com raras ocorrências das fácies Fb no topo. Apresenta base erosiva,

raras vezes conglomerática.

Depósitos flúvio-estuarinos.

SF3 Sucessão das fácies Ao/Ac2� Fl/Fb. Ocorre em ciclos de afinamento granulométrico.

Depósitos de planícies costeiras estuarinas regressivas.

SF4 Sucessão das fácies Cc/Co� Cl�Fl�Fb�Ac�Ab em ciclos transgressivo-regressivos.

Deposição em planícies de costeiras do tipo Chérnier.

SF5 Sucessão das fácies Abl�Ac/Acb�At. Depósitos eólicos de dunas e de interdunas úmidos e secos (costeiros).

SISTEMAS DEPOSICIONAIS

Com base na associação tridimensional de fácies, obtida através da correlação entre os poços descritos, pôde-se dividir o intervalo descrito em três sistemas deposicionais, são eles: i) Sistema Deposicional Deltáico sob ação de ondas/tempestades (SD1); ii) Sistema Deposicional Fluvio-Estuarino (SD2); e iii) Sistema Deposicional Costeiro/Eólico (SD3).

O Sistema Deposicional Deltáico sob ação e ondas/tempestades caracteriza-se pela associação monoespecífica de SF1 (Figura 5).

O Sistema Deposicional Fluvio-Estuarino distingue-se pela associação de SF2 e SF3 e representa associações de fácies fluvio-estuarinas (regressivo-trangressivas), depositadas discordantemente sobre o SD1 por um evento de regressão forçada (Figura 4). A criação de espaço de acomodação permite o preenchimento de vales fluviais por depósitos flúvio-estuarinos, sobre os quais desenvolve-se uma planície de maré (SF3), caracterizando um contexto regressivo.

O Sistema Deposicional Costeiro-Eólico individualiza-se pela associação de SF4 e SF5. Apresenta marcadamente características de um paleoambiente costeiro árido, sujeito a ingressões marinhas (Figura 3), representados no intervalo estudado pelas sucessões SF4 (Planície Costeira – “Chérnier”) e SF5 (Eólico). Neste sistema deposicional, a sucessão SF4 apresenta-se em sucessivos ciclos

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transgressivo-regressivos, culminando na SF5 que representa o máximo regressivo (superfície de Stokes).

Figura 3. Modelo paleodeposicional relativo à porção superior do intervalo descrito, representando depósitos de planície de chérnier (SF4) alternados a depósitos eólicos (SF5).

Figura 4. Modelo paleodeposicional da porção intermediária do intervalo descrito, representando depósitos fluvio-estuarinos (SF2) e de planície de maré estuarina (SF3).

Figura 5. Modelo paleodeposicional da porção basal do intervalo descrito (topo da Formação Poti), representando depósitos deltaicos dominados por ondas/tempestade (SF1).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Os resultados obtidos corroboram com os resultados apresentados por Lima Filho (1998), indicando um paleoambiente costeiro árido para toda a Formação Piauí, na área estudada, incluindo seu intervalo inferior. Por outro lado, os demais trabalhos relacionados a esta formação sugerem condições estritamente continentais de deposição para sua porção inferior, com o registro de sistemas eólicos, lacustres e fluviais. A divergência observada pode estar relacionada a diferentes posições paleogeográficas de investigação na bacia, uma vez que este estudo é localizado, baseado em dois poços, na Borda Leste da bacia do Parnaíba. Destaca-se neste trabalho a interpretação inédita de um contexto paleodeposicional em Planícies de Chérnier para o topo da sucessão descrita.

Ressalta-se que a descrição detalhada das fácies permitiu estabelecer muito claramente uma relação espacial entre os paleoambientes supracitados, o que suportará um detalhamento estratigráfico subsequente.

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Figura 6. (A) Fácies Ac (poço 1-UN-11-PI, 342,1m). Notar estratificação cruzada; (B) Fácies Acb (poço 1-UN-11-PI , 159,32m). Notar a seleção bimodal dos grãos, indicatica da conjugação de processos de grain flow e grain fall, típica de dunas eólicas; (C) Fácies Ap (poço 1-UN-11-PI, 49,48m). Observar laminações plano-paralelas; (D) Fácies At (poço 1-UN-11-PI, 281,2m). Observar laminações transladantes (pintripes) de baixo ângulo, tipicamente formadas em fácies de barlavento de dunas eólicas ou em interdunas secos; (E) Fácies Ab (poço 1-UN-09-PI, 147,53m). Observar aspecto mosqueado resultante da elevada intensidade de bioturbação ; (F) Fácies Ac1 (poço 1-UN-09-PI, 156,9m). Notar o cavalgamento das laminações; (G) Fácies Ac2 (poço 1-UN-11-PI, 364,1m). Observar laminações cruzadas; (H) Fácies Ao (poço 1-UN-09-PI, 282,7m). Observar as laminações simétricas (indicando a influência de ondas) e greta de sinerésis, indicativa de variação de salinidade; (I) Fácies Ah (poço 1-UN-09-PI, 286m). Observar o truncamento das laminações de baixo ângulo. (Largura do testemunho ~ 4,2cm).

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Figura 7. (A) Fácies Abl (poço 1-UN-11-PI, 248,2m). Observar os filmes de argila crenulados, indicando biolaminações; (B) Fácies Cl (poço 1-UN-09-PI, 50,1m). Notar laminação crenulada na base, indicativa de deposição associada a esteiras algais; (C) Fácies Co (poço 1-UN-11-PI, 147,7m). Notar ocorrência de oólitos; (D) Fácies Cc (poço 1-UN-11-PI, 188,7m). Observar ausência de estruturas, causada pela intensa recristalização diagenética; (E) Fácies Cc (poço 1-UN-09-PI, 63,5m). Observar silicificação e macroporos centimétricos; (F) Fácies Fl (poço 1-UN-11-PI, 266,55m). Notar laminação plano-paralela; (G) Fácies Fm (poço 1-UN-09-PI, 66,7m). Observar macroporos de dissolução, denunciando caráter calcífero, e manchas de redução; (H) Fácies Fb (poço 1-UN-11-PI, 196,7m), notar os icnogêneros Terebelina isp. e Teichichnus isp, constituintes da Icnofácies Cruziana; (I) Fácies H (2) (poço 1-UN-11-PI, 327,9m). Notar tendência simétrica nas laminações, indicando influência de ondas na deposição. (Largura do testemunho ~ 4,2cm).

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Agradecimentos

Agradecemos ao 4º Distrito do DNPM (Recife, PE), pelo acesso aos testemunhos de sondagem do Projeto Carvão da bacia do Parnaíba. Agradecemos também ao PRH-18 da ANP pela concessão de bolsa e suporte financeiro ao projeto.

Referências Bibliográficas

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ANEXO II

Artigo: “Palinologia da Formação Piauí, Pensilvaniano da Bacia do Parnaíba: biocronoestratigrafia de intervalo selecionado do poço 1-UN-09-PI

(Caxias, MA).”

(Souza et al., 2010)

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Rev. bras. paleontol. 13(1):57-66, Janeiro/Abril 2010© 2010 by the Sociedade Brasileira de Paleontologiadoi:10.4072/rbp.2010.1.07

PROVAS

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PALINOLOGIA DA FORMAÇÃO PIAUÍ, PENSILVANIANO DA BACIA DOPARNAÍBA: BIOCRONOESTRATIGRAFIA DE INTERVALO SELECIONADO DO

POÇO 1-UN-09-PI (CAXIAS, MA, BRASIL)

ABSTRACT – PALYNOLOGY OF THE PIAUÍ FORMATION, PENNSYLVANIAN OF THE PARNAÍBA BASIN:BIOCHRONOSTRATIGRAPHY OF A SELECTED INTERVAL WITHIN THE BOREHOLE 1-UN-09-PI (CAXIAS,MA, BRAZIL). The Pennsylvanian Piauí Formation, basal unit of the Balsas Group, is constituted by sandstones, shalesand limestones, with scarce palynological records. This unit is interpreted mainly as continental to shorefacies in origin.This paper presents the palynostratigraphical results obtained for the interval between 110.60 m and 178.12 m of theborehole 1-UN-09-PI, located in Caxias, Maranhão State, which corresponds to the upper microclastic portion of this unitin the borehole. Most part of the twelve core samples studied furnished palynological associations. Among the continentalpalynomorphs, saccate pollen grains are dominant, mainly taeniate bisaccate and non tateniate monosaccate species. Takinginto account that there is no available palynological zonation of the Pennsylvanian-Permian interval of this basin, thescheme erected for the neighboring Amazonas Basin was used for comparisons. The records of certain species from sporesand pollen, such as Raistrickia cephalata Playford & Dino, Protohaploxypinus amplus (Balme & Hennelly) Hart, Lunatisporitesonerosus Playford & Dino, Verticipollenites sp., Striatopodocarpites sp. and Meristocorpus explicatus Playford & Dino,allow the correlation of most of the studied interval with the Raistrickia cephalata Zone, which was recognized for themiddle portion of the Nova Olinda Formation (Amazonas Basin), regarded as Pennsylvanian (Moscovian) in age.

Key words: palynology, biostratigraphy, Pennsylvanian, Piauí Formation, Parnaíba Basin.

RESUMO – A Formação Piauí, unidade pensilvaniana basal do Grupo Balsas, é considerada predominantemente de origemcontinental a litorânea, sendo constituída por arenitos, folhelhos e calcários, com escassos registros palinológicos. Estetrabalho objetiva apresentar os resultados palinoestratigráficos obtidos da análise do intervalo entre 110,60 m e 178,12 mdo poço 1-UN-09-PI, perfurado em Caxias, Estado do Maranhão, que corresponde à parte superior, microclástica, daunidade nesse poço. Um total de doze amostras selecionadas de testemunhos de sondagem foi estudado, cuja maioriamostrou-se palinologicamente fértil. Dentre os palinomorfos de origem continental, predominam os grãos de pólen sacados,com destaque aos bissacados teniados e monossacados não-teniados. Em virtude da ausência de zoneamentopalinoestratigráfico para a seção na bacia, o zoneamento da vizinha bacia do Amazonas foi utilizado para comparação. Apresença de determinadas espécies de esporos e grãos de pólen, tais como Raistrickia cephalata Playford & Dino,Protohaploxypinus amplus (Balme & Hennelly) Hart, Lunatisporites onerosus Playford & Dino, Verticipollenites sp.,Striatopodocarpites sp. e Meristocorpus explicatus Playford & Dino, permite correlação da maior parte do intervaloanalisado com a Zona Raistrickia cephalata, definida na porção média da Formação Nova Olinda (bacia do Amazonas),posicionada no Pensilvaniano (Moscoviano).

Palavras-chave: palinologia, bioestratigrafia, Pensilvaniano, Formação Piauí, bacia do Parnaíba.

PAULO ALVES DE SOUZALaboratório de Palinologia, DPE, IGeo, Programa de Pós-graduação em Geociências, UFRGS, Av. Bento Gonçalves, 9500,

91540-000, Porto Alegre, RS, Brasil. [email protected]

LUCAS THETINSKI MATZEMBACHERLaboratório de Palinologia, DPE, IGeo, UFRGS, Av. Bento Gonçalves, 9500, 91540-000, Porto Alegre, RS, Brasil.

[email protected]

MARINA ABELHA & LEONARDO BORGHILaboratório de Geologia Sedimentar, CCMN, IGeo, UFRJ, Av. Athos da Silveira Ramos, 274, 21941-916,

Rio de Janeiro, RJ, Brasil. [email protected], [email protected]

INTRODUÇÃO

A análise estratigráfica das bacias intracratônicas brasi-leiras tem sido apoiada por dados bioestratigráficos, os quais

são predominantemente advindos do estudo de microfósseis,especialmente palinomorfos e foraminíferos. Dentre essasbacias, a bacia do Parnaíba (sensu stricto) é a menos estuda-da do ponto de vista micropaleontológico, embora ocupe

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REVISTA BRASILEIRA DE PALEONTOLOGIA, 13(1), 201058

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vasta área, com espessos depósitos sedimentares que teste-munham distintos eventos geológicos vinculados à evolu-ção da porção norte do Gondwana Ocidental. Para a seçãorelativa ao Pensilvaniano e Permiano da bacia, quecorresponde litoestratigraficamente ao Grupo Balsas, os da-dos palinológicos são pontuais e não configuram umzoneamento bioestratigráfico.

Propostas palinoestratigráficas foram realizadas para asseções pensilvanianas e permianas das demais baciasintracratônicas brasileiras, com destaque às bacias do Ama-zonas (Playford & Dino, 2000a,b) e do Paraná (Souza & Mar-ques-Toigo, 2003, 2005; Souza, 2006). Para a bacia do Parnaíba,os dados são precários e, por vezes, são utilizadas, por corre-lação, as zonas erigidas para a bacia do Amazonas, na faltade zoneamento próprio. A aplicabilidade do estudopalinológico nesta bacia é relevante devido à necessidadede correlações mais refinadas com as bacias adjacentes, vi-sando um melhor entendimento das relações estratigráficas(laterais e horizontais) de seus depósitos.

Neste trabalho são divulgados os resultadospalinoestratigráficos inéditos obtidos da análise do interva-lo entre 110,60 m e 178,12 m do poço 1-UN-09-PI, na localida-de de Caxias, Estado do Maranhão, e que corresponde à par-te superior, microclástica, da Formação Piauí nesse poço. Oúnico trabalho palinológico disponível para a unidade foidesenvolvido por Dino & Playford (2002), advindo de trêsamostras de subsuperfície do poço 1-UN-23-PI, perfuradono município de Antônio Almeida, Estado do Piauí. O pre-sente estudo visa ampliar os dados palinológicos para a For-mação Piauí, apresentando associações ligeiramente mais jo-vens que as registradas por esses últimos autores, de modoa aprimorar o conhecimento da sucessão palinológicapensilvaniana da bacia. Dessa forma, prioriza-se, nesta pri-meira contribuição, a apresentação dos resultados de caráterbiocronoestratigráfico, conforme preliminarmente apresen-tado em Souza et al. (2008). A lista completa de táxons iden-tificados, com descrições e observações taxonômicas e a in-terpretação paleoambiental dos níveis estudados no poçocompõem partes conseguintes deste trabalho.

MATERIAL E MÉTODOS

Um total de 12 níveis pelíticos do poço 1-UN-09-PI foiamostrado (Figuras 1-3), perfurado na Fazenda Brejinho, mu-nicípio de Caxias, Estado do Maranhão (4º45’S – 42º59’W,Figura 1). As amostras foram coletadas do intervalo entre110,60 m e 178,12 m de profundidade, processadas no Labo-ratório de Palinologia Marleni Marques Toigo do Departa-mento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto deGeociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,conforme tratamento tradicional para amostras paleozóicas(Quadros & Melo, 1987), que consiste na desagregação físi-ca em almofariz e posterior dissolução dos componentes mi-nerais com ataque ácido (HF, HCl). Os resíduos orgânicosforam concentrados na fração entre 20 e 250 µm, resultandoem lâminas palinológicas, as quais foram depositadas napalinoteca do citado departamento, sob codificação “MP-

P”: 5969 a 5980. A identificação taxonômica efotodocumentação das espécies foram realizadas sobmicroscopia óptica, utilizando-se os equipamentos OlympusCX-31 (C-330, 12.0 Megapixels) e BX-61, com tratamento nosprogramas Corel Photo Paint e Corel Draw (versão 12).

Para a análise biocronoestratigráfica, na ausência de umzoneamento para o intervalo Pensilvaniano-Permiano da ba-cia, utilizou-se o zoneamento da vizinha bacia do Amazonas,proposto por Playford & Dino (2000b), além de informaçõesadicionais advindas de trabalhos mais pontuais com base emfusulinídeos e conodontes.

CONTEXTO GEOLÓGICO E PALEONTOLÓGICO

O poço 1-UN-09-PI (Figuras 1,3) foi perfurado no municí-pio de Caxias, Estado do Maranhão, borda leste da bacia doParnaíba, em trabalho vinculado ao Projeto “Carvão da Baciado Parnaíba” (Leite et al., 1975), desenvolvido pelo Departa-mento Nacional de Produção Mineral e a Companhia de Re-cursos Minerais (DNPM/CPRM).

A maior parte da bacia do Parnaíba, que em trabalhosgeológicos mais antigos é referida como “bacia do Maranhão”ou “Piauí-Maranhão”, situa-se na região noroeste do nor-deste brasileiro, recobrindo áreas dos estados do Maranhãoe Piauí, além de parcelas dos estados do Tocantins, Pará eCeará, numa extensão de cerca de 6.105 km2 (Vaz et al., 2007).A dificuldade de compreensão do quadro tectono-sedimentar,no contexto de uma bacia única, conduziu à sua divisão emsub-bacias menores: Parnaíba (Siluriano-Triássico),Alpercatas (Jurássico-Eocretáceo), Grajaú/São Luis (Cretáceo)e Espigão Médio (Cretáceo) (Góes, 1995; Góes & Coimbra,1996; Góes & Rossetti, 2001). Essas subdivisões refletem ocaráter policíclico da evolução da “Província Sedimentar doMeio-Norte”, designação adotada por Góes (1995) para a áreaequivalente à clássica denominação da “bacia do Parnaíba”,uma vez que delimitam sub-bacias com gênese, estilotectônico, preenchimento sedimentar e idades distintas. Nessetrabalho, adota-se a nomenclatura e a concepção estratigráficaapresentadas por Vaz et al. (2007), que tratam todos os depó-sitos sedimentares e rochas magmáticas associadas numúnico contexto.

A despeito de sua excelente exposição, a bacia do Parnaíba(sensu stricto) é de todas as bacias intracratônicas, aquelacom menor número de dados de subsuperfície. O conheci-mento estratigráfico dessa bacia é baseado no estudo dafaixa aflorante, que guarda excelentes exposições, e de da-dos de subsuperfície, como resultado do interesse das com-panhias de exploração e pesquisa do país.

De acordo com Vaz et al. (2007), a sucessão de rochassedimentares e magmáticas que compõe a bacia está dispos-ta em cinco supersequências que, em seu depocentro, atingea ordem de 3.500 m de espessura. Da base para o topo, asunidades foram denominadas como “SupersequênciaSiluriana” (litoestratigraficamente correspondente ao GrupoSerra Grande), “Supersequência Mesodevoniana-Eocarbonífera” (Grupo Canindé), “SupersequênciaNeocarbonífera-Triássica” (Grupo Balsas), “Supersequência

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59SOUZA ET AL. – PALINOLOGIA DA FORMAÇÃO PIAUÍ, BACIA DO PARNAÍBA

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Figura 1. Área da bacia do Parnaíba, com destaque à localização do poço 1-UN-9-PI.

Jurássica” (Formação Pastos Bons), “SupersequênciaCretácea” (formações Codó, Corda, Grajaú e Itapecuru). Alémdisso, as rochas ígneas intrusivas (diques e soleiras) eextrusivas presentes, de composição básica, foram divididasem duas unidades, Formação Mosquito (Neotriássico/Eojurássico) e Formação Sardinha (Eocretáceo).

O Grupo Balsas é composto pelas formações Piauí, Pedrade Fogo, Motuca e Sambaíba (Figuras 1-3). A Formação Piauícorresponde a depósitos continentais e litorâneos, sob con-dições de severa aridez, representados por arenitos, folhelhose calcários (Góes & Feijó, 1994), e posicionados noPensilvaniano por Daemon (1974), Campanha & Rocha-Cam-pos (1979) e Dino & Playford (2002), com base em palinologiae conodontes. A Formação Pedra de Fogo apresenta duasseqüências de arenitos, que representam depósitos de du-nas (intervalo inferior) e ambiente litorâneo (superior), compresença localizada de biostromas com estromatólitos, de-positados em planície de maré. Com base em dadospalinológicos, determinados níveis da unidade (MembroTrisidela) foram posicionados no Permiano Superior (Dino etal., 2002). A Formação Motuca consiste de folhelhos verme-lhos, com níveis de siltito, localmente com estromatólitosdômicos, representando deposição em ambiente lacustre oulagunar, do Permiano Superior/Triássico Inferior (Góes & Feijó,1994; Vaz et al., 2007). No topo da supersequência, a FormaçãoSambaíba (Triássico) é concernente a arenitos finos, caolínicos,com granulometria bimodal, interpretados como eólicos.

Lima & Leite (1978) dividiram a Formação Piauí em duassucessões. A inferior é composta de arenitos cor-de-rosa,médios, maciços ou com estratificação cruzada de grandeporte e intercalações de folhelhos vermelhos, enquanto quea superior é constituída de arenitos vermelhos, amarelos, fi-nos a médios, com intercalações de folhelhos vermelhos,calcários e finas camadas de sílex. Siltitos e lentesconglomeráticas também ocorrem (Caputo, 1984). Para osautores, a unidade corresponderia a ambientes fluviais, comcontribuição eólica e breves incursões marinhas, num climasemi-árido a desértico.

A Supersequência Neocarbonífera-Triássica da baciadocumenta fósseis de natureza variada, alguns dos quaisutilizados para fins paleoambientais e bioestratigráficos. Res-tos de macrofitofósseis (Calamites e Pecopteris) ocorremnas camadas inferiores da Formação Piauí, enquantobraquiópodes, bivalves, gastrópodes, cefalópodes, trilobitase conodontes ocorrem nos níveis mais superiores (sínteseem Petri & Fúlfaro, 1988). A Formação Pedra de Fogo docu-menta um conteúdo paleontológico relativamente diversifi-cado, com anfíbios (Prionosucchus), restos de peixes(Ctenacanthus), pequenos bivalves, caules de samambaiasarborescentes (Tietea, Psaronius), filicíneas (Grammatopteris,Dernbachia), samambaias epífitas (Botryopteris), esfenófitasarborescentes (Arthropitys) e caules de diferentesgimnospermas, conforme sintetizado em Dias-Brito et al.(2007), além de estromatólitos (Petri & Fúlfaro, 1988).

Figure 1. Parnaíba Basin area and location of the borehole 1-UN-09-PI.

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REVISTA BRASILEIRA DE PALEONTOLOGIA, 13(1), 201060

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Alguns dos restos vegetais ocorrentes na Formação Pe-dra de Fogo também estão presentes na base da FormaçãoMotuca, principalmente troncos silicificados, os quais, emFiladélfia (TO), constituem o “Monumento Natural das Ár-vores Fossilizadas do Tocantins” (Dias-Brito et al., 2007).Restos de peixes paleoniscídeos (Palaeoniscos, Elonichthys)e gastrópodes (Pleurotomaria) são também conhecidos naFormação Motuca, enquanto na Formação Sambaíba há so-mente suspeitas da presença de micrósporos (Petri & Fúlfaro,1988).

Dados palinológicos são relativamente escassos nasunidades do Grupo Balsas. A contribuição inédita de Müller(1962) é indisponível para consulta. Informações sobreocorrências de fósseis, incluindo palinomorfos, são tam-

Figura 2. Coluna estratigráfica do intervalo Pensilvaniano-Triássico(Grupo Balsas) da bacia do Parnaíba (modificado de Vaz et al.,2007).

Figure 2. Stratigraphic section of the Pennsylvanian-Triassicinterval (Balsas Group) of the Parnaíba Basin (modified from Vazet al., 2007).

bém encontradas em relatórios internos, tais como aque-les desenvolvidos pelo Serviço Geológico do Brasil.Bharadwaj et al . (1976) apresentaram estudospalinológicos pontuais na bacia. Contudo, trata-se de con-tribuição de difícil utilização para fins bioestratigráfico,devido à falta de controle estratigráfico. Para a FormaçãoPiauí, Dino & Playford (2002) descreveram conjuntospalinológicos registrados em três níveis da porção inferi-or da unidade, do poço 1-UN-23-PI, caracterizados pelodomínio de esporos cavados e pseudosacados dos gêne-ros Spelaeotriletes, Vallatisporites e Cristatisporites. Osautores reconheceram grande semelhança com a ZonaIllinites unicus, da bacia do Amazonas (Playford & Dino,2000b), atribuindo idade pensilvaniana (Westphaliano) àseção estudada. Dados palinológicos são também dispo-níveis para a porção superior da Formação Pedra de Fogo(Dino et al., 2002), advindos de 10 amostras dos poços 1-CL-1-MA e 1-MS-1-MA. Segundo os autores, grãos depólen teniados são os elementos dominantes das assem-bléias, com grande grau de similaridade com a ZonaTornopollenites toreutos, da bacia do Amazonas (Playford& Dino, 2000b), cuja idade foi atribuída ao Permiano Supe-rior.

As idades apresentadas na Figura 2 são baseadas emVaz et al. (2007), não refletindo a interpretação dos pre-sentes autores, uma vez que os dados aqui apresentadossão restritos à Formação Piauí, base do Grupo Balsas. Dopoço estudado, as informações paleontológicas jápublicadas são restritas ao registro de grãos de pólen,acritarcos e cutículas, incluídas em relatório interno daCPRM, de cunho geral (Cruz et al., 1973), indisponívelpara análise.

RESULTADOS

Conjuntos palinológicos compostos por palinomorfos,fitoclastos e matéria orgânica amorfa foram recuperadosde todas as 12 amostras processadas (110,60 a 178,12 m).Palinomorfos são os elementos mais abundantes e maisbem preservados no intervalo entre 144,40 e 178,12 m.Dentre os palinomorfos de origem continental, predomi-nam os grãos de pólen sacados, com destaque aosbissacados teniados e monossacados não-teniados;esporos são subordinados. Vesículas arredondadas, declasses diferenciadas de tamanho, foram registradas emtodos os níveis, algumas das quais atribuídas ao gêneroLeiosphaeridia Eisenack, 1958 vinculado àsPrasinophyceae, representantes do microplâncton mari-nho. Provavelmente correspondam a pelo menos duasnovas espécies, tema de trabalho a parte, que inclui tam-bém as descrições e ilustrações de todos os táxonsregistrados. Nessa primeira contribuição, dentre os 29táxons identificados (oito espécies de esporos, 19 de grãosde pólen, duas de Prasinophyceae), somente espéciesselecionadas são ilustradas, priorizando aquelas de maiorsignificado biocronoestratigráfico (Figura 4), conformelistagem do Apêndice 1.

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61SOUZA ET AL. – PALINOLOGIA DA FORMAÇÃO PIAUÍ, BACIA DO PARNAÍBA

PROVAS

do Parnaíba, em virtude, provavelmente, do menor potencialde preservação dos palinomorfos, em comparação a outrasbacias intracratônicas brasileiras e, por outro lado, pelo me-nor investimento na perfuração de poços profundos. Amos-tras de afloramento são geralmente muito intemperizadas,resultando-se palinologicamente estéreis.

O zoneamento da vizinha bacia do Amazonas, propos-to por Playford & Dino (2000b), é aqui utilizado, conside-rando-se sua uma ampla amostragem e significativa con-tribuição taxonômica e bioestratigráfica. Os resultadostambém são comparados com os dados apresentados pon-tualmente na bacia do Parnaíba por Dino & Playford (2002),para a Formação Piauí, e por Dino et al. (2002), para aFormação Pedra de Fogo. Comparações entre o materialestudado com os zoneamentos estabelecidos para as ba-cias sul-americanas mais meridionais não são recomenda-das, em razão das diferenças composicionais das associa-ções palinológicas coetâneas como resultado das varia-ções paleoecológicas e das posições latitudinais/longitu-dinais de cada área.Correlações bioestratigráficas e idade. O intervaloestratigráfico envolvendo as quatro unidadeslitoestratigráficas do Grupo Tapajós (formações Monte Ale-gre, Itaituba, Nova Olinda e Andirá) foi palinologicamenteestudada por Playford & Dino (2000a,b). Um total de setezonas foi estabelecido, em ordem estratigráfica ascendente:Zona Spelaeotriletes triangulus, Zona Striomonosaccitesincrassatus, Zona Illinites unicus, Zona Striatosporitesheyleri, Zona Raistrickia cephalata, Zona Vittatinacostabilis e Zona Tornopollenites toreutos. As cinco pri-meiras foram posicionadas no Pensilvaniano (Bashkiriano-Gzheliano), enquanto que as duas últimas são referentes aoPermiano. Os critérios de definição das zonas são mistos,incluindo amplitude, horizontes de desaparecimento e abun-dância de determinados táxons.

Dentre as espécies aqui registradas, algumas são poten-cialmente úteis do ponto de vista bioestratigráfico. A presen-ça de Apiculatasporites daemonii, Spelaeotriletesarenaceus, S. triangulus, Potonieisporites congoensis,Meristocorpus explicatus, Protohaploxypinus amplus eStriomonosaccites incrassatus limita o posicionamento dointervalo até o topo da Zona Raistrickia cephalata, tendoem vista que tais táxons não ocorrem em zonas mais superio-res que esta.

Por outro lado, a presença Raistrickia cephalata,Verticipollenites sp. (V. sp. A em Playford & Dino, 2000b),Striatopodocarpites sp. (S. sp. A em Playford & Dino, 2000b)e Lunatisporites onerosus restringe o posicionamento naZona Raistrickia cephalata, uma vez que tais táxons sãoconfinados à citada zona, ocorrente na porção média da For-mação Nova Olinda, Grupo Tapajós, bacia do Amazonas. Essasevidências indicam uma correspondência muito ajustada como zoneamento da bacia do Amazonas, demonstrando rela-ções genéticas entre essas bacias durante o intervalo anali-sado.

Figura 3. Perfil litológico do intervalo estudado do poço 1-UN-09-PI, com indicação da amostragem palinológica (MP-P = numeraçãodas lâminas).Figure 3. Lithological profile of the interval studied within theborehole 1-UN-09-PI, and palynological sampling (MP-P = slidesnumbers).

DISCUSSÃO

Até o momento, nenhum zoneamento palinológico foiproposto para o intervalo Pensilvaniano-Permiano da bacia

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REVISTA BRASILEIRA DE PALEONTOLOGIA, 13(1), 201062

PROVAS

Figura 4. Fotomicrografias de espécies selecionadas do intervalo estudado (as identificações são seguidas do número de lâmina, ecoordenadas England Finder). A, Spelaeotriletes arenaceus, 5974, U41/2; B, Potonieisporites congoensis, 5975, T44/3; C, Meristocorpusexplicatus, 5975, O51/3; D, Striomonosaccites incrassatus, 5973, P31/3; E, Limitisporites amazonensis, 5975, T37/2; F, Protohaploxypinusamplus, 5975, M54/3; G, Lunatisporites onerosus, 5980, Q54/2; H, Verticipollenites sp., 5973, M37/2. Escalas = 20 µm.

Figure 4. Photomicrographs of selected species from the studied interval (identifications are followed by slides number and EnglandFinder coordinates). Scale bars = 20 µm.

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63SOUZA ET AL. – PALINOLOGIA DA FORMAÇÃO PIAUÍ, BACIA DO PARNAÍBA

PROVAS

A única discrepância parece ser a presença deLimitisporites amazonensis, cuja distribuição, na bacia doAmazonas, se estende até a base da Zona Vittatina costabilis.O posicionamento nessa última zona é rejeitado tendo emvista a ausência de seus elementos diagnósticos, tais comoVittatina spp., Lueckisporites spp., Hamiapollenites spp.

Embora conodontes sejam muito utilizados no estabele-cimento de idades na bacia do Amazonas (vide Nascimentoet al., 2005), são relativamente mais escassos na FormaçãoNova Olinda, onde ocorre a Zona Raistrickia cephalata. Poroutro lado, fusulinídeos estão também presentes, com signi-ficativo valor biocronoestratigráfico. As associaçõesregistradas na unidade por Altiner & Savini (1995) foram con-sideradas como desmoinesianas, o que indica idade entre oMoscoviano e o Kasimoviano, tendo Playford & Dino (2000b)restringido aquela zona ao Moscoviano. Para Melo &Loboziak (2003), os registros micropaleontológicos da For-mação Monte Alegre impedem seu posicionamento em idademais antiga que o Westphaliano, sendo mais provável noWestphaliano D, correspondente ao Moscoviano superior.Comparações com outras associações. Na bacia do Parnaíba,os únicos trabalhos disponíveis para comparações são aque-les realizados na Formação Piauí (Dino & Playford, 2002) e naFormação Pedra de Fogo (Dino et al., 2002). Com relação aoprimeiro, embora haja diversos táxons comuns, a presençade Meristocorpus ostentus Dino & Playford, 2002 (M. sp. Cem Playford & Dino, 2000b) e Striatosporites heyleri(Doubinger) Playford & Dino, 2000 denota equivalência comzonas suprajacentes à Zona Raistrickia cephalata. Diferen-ças composicionais levaram Dino & Playford (2002) a incluirtal associação na Zona Illinites unicus, tais como a maiorrepresentação de grãos de pólen bissacados teniados apóso limite inferior desta última zona. Raistrickia cephalata eStriatosporites heyleri têm suas amplitudes restritas às duaszonas imediatamente suprajacentes (Playford & Dino, 2000b).Contudo, essas espécies foram registradas de forma escassapor aqueles autores. Esta constatação impõe cautela no usode tais táxons como guias entre as duas bacias, embora sejacompreensível alguma discrepância de uma região para ou-tra. Com relação à associação da Formação Pedra de Fogo(Dino et al., 2002), as diferenças são mais nítidas devido àpresença de táxons conhecidos e abundantes a partir de es-tratos permianos, tais como Vittatina spp., Lueckisporitesspp. e Hamiapollenites spp.

Trabalhos gonduânicos realizados para o Pensilvaniano,aproximadamente na mesma faixa paleolatitudinal, são maisescassos e pontuais. Conjuntos palinológicos muitos seme-lhantes foram registrados por Azcuy et al. (2002) na Forma-ção Tarma, bacia de Madre de Dios, Peru, compostos, predo-minantemente, por grãos de pólen monossacados e,subordinadamente, por grãos de pólen teniados, além de es-cassos esporos. A alta frequência de Illinites unicus, bemcomo a presença de determinadas espécies guias, conduzi-ram os autores a correlacionar as assembléias com a ZonaIllinites unicus, da bacia do Amazonas. Dentre os táxonscomuns com os estudados, destacam-se espécies de

Potonieisporites, Cannanoropollis e Protohaploxypinusamplus. Illinites unicus é um dos táxons mais abundantes nomaterial daquela bacia, o que é característico da zona epônimaestabelecida na bacia do Amazonas, o que indica maior anti-guidade para o material do Peru com relação à associaçãoaqui estudada.

As associações palinológicas registradas na FormaçãoCopacabana, bacia de Madre de Dios na Bolívia, provenien-tes do Poço Pando X-1 por di Pasquo (2009), têm elementoscomuns com as assembléias aqui descritas, dentre os quaisMeristorcopus explicatus, Lunatisporites onerosus eVerticipollenites sp. Aquelas associações foram posicionadasentre o Bashkiriano e o Moscoviano, com base em compara-ções com zoneamentos da Argentina e na distribuição dedeterminadas espécies do zoneamento do oeste europeu(Clayton et al., 1977).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As seguintes considerações conclusivas podem serlistadas a partir do estudo das doze amostras de testemu-nhos de sondagem coletadas do poço 1-UN-09-PI, que atra-vessou uma seção microclástica da porção superior da For-mação Piauí, bacia do Parnaíba.

Diversos conjuntos palinológicos foram identificados,relativamente bem preservados e diversificados, constituí-dos por palinomorfos (esporos, grãos de pólen, elementosmicroplanctônicos), além de fitoclastos e matéria orgânicaamorfa, com participação diferenciada ao longo do intervaloentre 110,60 m e 178,12 m do referido poço (maior abundânciaentre 144,0 e 178,12 m), com predomínio de grãos de pólenbissacados teniados. Táxons de significado biocronoestra-tigráfico foram identificados, dentre as 29 espécies reconhe-cidas.

A correlação bioestratigráfica mais aproximada é com aZona Raistrickia cephalata, estabelecida na porção médiada Formação Nova Olinda, da bacia do Amazonas, tendo comobase a presença de um conjunto de espécies que limita oslimites inferior e superior, desta zona. Uma idade Moscovianasuperior é aqui atribuída para o intervalo estudado da Forma-ção Piauí, tendo como base também os dados de fusulinídeospara a bacia do Amazonas. Embora algumas associaçõespensilvanianas da América do Sul apresentem elementoscomuns correlações com unidades de bacias mais distantessão menos seguras, tendo em vista variações composicionaise amplitudes de táxons diferenciadas, como resultado devariações paleoecológicas, em distintos contextospaleolatitudinais.

A continuidade desta contribuição deverá explorar osaspectos taxonômicos, com potencial de proposição de no-vos táxons, além de investigar o significado paleoambientaldos conjuntos registrados, cuja preservação, abundância ediversidade justificam a intensificação do desenvolvimentode trabalhos micropaleontológicos mais sistemáticos na ba-cia do Parnaíba.

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REVISTA BRASILEIRA DE PALEONTOLOGIA, 13(1), 201064

PROVAS

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq (processo 483947/2007-5), pelo auxílio financeiro através de projeto de pesquisa econcessão de bolsas (PAS, LTM, LB), à ANP (PRH-18) pelaconcessão de bolsa (MA), ao 4º Distrito do DNPM (Recife/PE) pelo apoio e cessão de amostras, e a Alexsander L. deSouza, pelo auxílio na confecção de figuras. Contribuiçãoapresentada no XII SBPP (Florianópolis, 02 a 05 de novem-bro de 2008).

REFERÊNCIAS

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65SOUZA ET AL. – PALINOLOGIA DA FORMAÇÃO PIAUÍ, BACIA DO PARNAÍBA

PROVAS

EsporosAnteturma Proximegerminantes R. Potonié, 1970Turma Trilete Reinsch emend. Dettmann,1963Suprasubturma Acavatitriletes Dettmann, 1963Subturma Azonotriletes Luber emend. Dettmann, 1963Infraturma Laevigati Bennie & Kidston emend. R. Potonié, 1956Calamospora breviradiata Kosanke, 1950Calamospora hartungiana Schopf in Schopf, Wilson & Bentall, 1944Punctatisporites sp.Infraturma Apiculati Bennie & Kidston emend. R. Potonié, 1956Subinfraturma Nodati Dybová & Jachowicz, 1957Apiculatasporites daemonii Playford & Dino, 2000Suinfraturma Baculati Dybová & Jachowicz, 1957Raistrickia cephalata Bharadwaj, Kar & Navale, 1976Suprasubturma Pseudosaccitriletes Richardson, 1965Infraturma Monopseudosacciti Smith & Butterworth, 1967Spelaeotriletes arenaceus Neves & Owens, 1966 (Figura 4.A)Spelaeotriletes triangulus Neves & Owens, 1966Velamisporites sp.Turma Monoletes Ibrahim, 1933Suprasubturma Acavatomonoletes Dettmann, 1963Subturma Azonomonoletes Luber, 1935Infraturma Laevigatomonoleti Dybová & Jachowicz, 1957Laevigatosporites ovatus Wilson & Webster, 1946

Grãos de pólenAnteturma Variegerminantes R. Potonié, 1970Turma Saccites Erdtman, 1947Subturma Monosaccites Chitaley emend. R. Potonié & Kremp, 1954Infraturma Triletesacciti Leschik, 1955Cannanoropollis janakii R. Potonié & Sah, 1960Plicatipollenites gondwanensis (Balme & Hennelly) Lele, 1964Plicatipollenites malabarensis (R. Potonié & Sah) Foster, 1975Infraturma Vesiculomonoraditi Pant, 1954Caheniasaccites flavatus Bose & Kar emend. Azcuy & Di Pasquo, 2000Costatascyclus crenatus Felix & Burbridge emend. Urban, 1971Crucisaccites sp.Potonieisporites barrelis Tiwari, 1965Potonieisporites congoensis Bose & Maheshwari, 1968 (Figura 4B)Potonieisporites lelei Maheshwari,1967Potonieisporites novicus Bhardwaj emend. Poort & Veld, 1997Potonieisporites triangulatus Tiwari, 1965Infraturma Striasacciti Bharadwaj, 1962Meristocorpus explicatus Playford & Dino, 2000 (Figura 4C)Striomonosaccites incrassatus Playford & Dino, 2000 (Figura 4D)Subturma Disaccites Cookson, 1947Infraturma Disaccitrileti Leschik, 1955Limitisporites amazonensis Playford & Dino, 2000 (Figura 4E)Infraturma Striatiti Pant, 1954Illinites unicus Kosanke emend. Jansonius & Hills, 1976Lunatisporites onerosus Playford & Dino, 2000 (Figura 4G)Protohaploxypinus amplus (Balme & Hennelly) Hart, 1964 (Figura 4F)Striatopodocarpites sp.Verticipollenites sp. (Figura 4.H)

Apêndice 1. Listagem de táxons identificados neste estudo.

Appendix 1. List of taxa identified in this study.

Sul State, Paraná Basin, Brazil. Anais da Academia Brasilei-ra de Ciências, 77(2):353-365.

Souza, P.A.; Matzembacher, L.T.; Abelha, M. & Borghi, L. 2008.Palinologia da Formação Piauí na borda leste da Bacia doParnaíba: dados preliminares do poço 1-UN-09-PI. In:SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PALEOBOTÂNICA E

PALINOLOGIA, 12, 2008. Boletim de Resumos, Florianópolis,ALPP, p. 210.

Vaz, P.T.; Rezende, N.G.A.M.; Wanderley Filho, J.R. &Travassos, W.A.S. 2007. Bacia do Parnaíba. Boletim deGeociências da Petrobrás, 15(2):253-263.

Received in January, 2009; accepted in February, 2010.

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REVISTA BRASILEIRA DE PALEONTOLOGIA, 13(1), 201066

PROVAS

Algas clorofíceasDivisão Prasinophyta Round, 1971Ordem Pyramimonadales Schiller, 1925Família Leiosphaeridaceae Sommer emend. Sommer & Van Boekel, 1963Leiosphaeridia spp.