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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Odontologia ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES DE OCLUSÃO DENTÁRIA Alexandre Eustáquio Camargos Rocha Belo Horizonte - MG 2005

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade de Odontologia

ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER

SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES

PADRÕES DE OCLUSÃO DENTÁRIA

Alexandre Eustáquio Camargos Rocha

Belo Horizonte - MG

2005

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ALEXANDRE EUSTÁQUIO CAMARGOS ROCHA

ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER

SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES

DE OCLUSÃO DENTÁRIA

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Clínicas Odontológicas, ênfase em

Prótese Dentária, da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais, como requisito parcial

para obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian

Belo Horizonte - MG

2005

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FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Rocha, Alexandre Eustáquio Camargos

R672a Análise eletromiográfica dos músculos masseter superficial e temporal anterior em diferentes padrões de oclusão dentária / Alexandre Eustáquio Camargos Rocha. – Belo Horizonte, 2005. 126p. : il. Orientador: Prof. Dr. Paulo Isaías Seraidararian. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Faculdade de Odontologia.

Bibliografia.

1. Eletromiografia. 2. Músculo Masseter. 3. Músculo Temporal. 4. Oclusão Dentária. 5. Placas Oclusais. I. Seraidarian, Paulo Isaías. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Faculdade de Odonto-

logia. III. Título.

CDU: 616.314-089.23 Valéria Inês S. Mancini – CRB-1682

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Dedico este Trabalho à minha família

Giovanna, Heitor e Sarah,

que são, para mim, incentivo, energia

e estímulo para a busca do

conhecimento.

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Agradecimentos

Ao meu orientador, Prof. Dr. Paulo Isaias Seraidarian, pelo seu incentivo

constante, pela sua paciência, pelos seus ensinamentos e pela sua dedicação, que

somados, me impulsionaram para a realização deste trabalho. Agradeço ainda, por

acolher-me como aluno, com a certeza de que muito tenho que aprender, não só

profissionalmente, mas também como pessoa.

Ao Professor Martinho Campolina Rebello Horta, pelos ensinamentos de

estatística, que muito me auxiliaram na compreensão dos resultados.

Ao Prof. Dr. Roberval de Almeida Cruz (coordenador do programa de

Mestrado em Clínicas Odontológicas) meus sinceros agradecimentos pela presença,

sempre marcante, durante todo o tempo.

A Sra. Angélica Paradizi e a Sra. Silvania Martins Ferreira, pelo apoio em

todas as situações.

Ao Prof. Marcelo Miranda e Silva, Diretor da Faculdade de Fisioterapia da PUC

Minas, assim como aos professores e funcionários, pela disponibilização do

aparelho de eletromiográfia.

A Professora Níbia Cândido Ribeiro, pela revisão de português, que não só

engrandeceu este trabalho, mas também, muito me ensinou da nossa língua.

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Aos colegas de mestrado, Bruno, Márcia e Vinícius pelos ensinamentos, pela

convivência e pela amizade, na certeza de que iremos estar sempre unidos na

busca do conhecimento.

Aos alunos que cursavam, no segundo semestre do ano de 2004, o sexto

período do curso de odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais, pela sua disponibilidade e interesse por este estudo.

Em especial, ao meu pai e a minha mãe pelos ensinamentos e pela ética que

direcionam a minha vida.

A minha irmã, Profa. Dra. Andréia, pelo exemplo de dedicação e de

determinação na busca pelo conhecimento.

A minha secretária Alice e ao técnico em prótese dentária Edirce, pela

dedicação e disponibilidade.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a execução deste

trabalho.

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Resumo

A comunidade odontológica vem assistindo a uma mudança em seus

fundamentos, dando menos ênfase às observações clínicas, muitas vezes

puramente empíricas, e fundamentando-se em métodos mais relacionados à

fisiologia neuromuscular do sistema estomatognático. Com esse intuito, a

eletromiografia de superfície vem sendo utilizada para avaliar a influência da

condição oclusal na função muscular. Este trabalho se propôs a desenvolver uma

análise, por meio de eletromiografia de superfície, dos músculos masseter superficial

e temporal anterior, bilateralmente, em diferentes padrões de oclusão. Objetivou-se,

assim, contribuir para o entendimento da atividade desses músculos, em relação aos

dispositivos interoclusais completos, os quais vêm sendo o método mais comum no

tratamento do bruxismo associado a sintomas craniomandibulares. Participaram

deste estudo nove indivíduos, com idade entre 21 e 24 anos, que atenderam aos

critérios de inclusão. Para cada um dos participantes, foi confeccionado e instalado,

na maxila, um dispositivo interoclusal de acrílico, de recobrimento completo, que

proporcionava inicialmente uma superfície oclusal plana, com um contato por

cúspide de contenção nos dentes posteriores e nas incisais dos anteriores, em

relação ao arco antagonista. Em seguida, construiu-se uma rampa, na região do

canino, que proporcionava a simulação de um padrão de oclusão lateral em canino.

O próximo passo, durante a realização dos testes, foi modificá-lo para proporcionar

um padrão de oclusão balanceada posterior. Foram realizados registros

eletromiográficos, em contração isométrica máxima voluntária, nas diversas

simulações proporcionadas pelo dispositivo interoclusal completo, por meio do qual

era possível a análise da amplitude do sinal eletromiográfico e do índice de

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assimetria. De posse dos resultados, foi aplicado o teste t’ de student, para dados

pareados. O índice de assimetria foi avaliado, também, pelo teste dos sinais. Os

resultados mostraram que a maior redução da atividade muscular ocorreu quando

da presença de guia de canino. Entretanto, esta foi acompanhada da maior

assimetria muscular. O uso do padrão de oclusão balanceada bilateral, no

dispositivo interoclusal completo, apesar de promover maior atividade

eletromiográfica, em relação ao padrão de oclusão em canino, promoveu uma

redução da assimetria dos músculos masseter superficial e temporal anterior.

Palavras chaves: eletromiografia, placas oclusais, músculo masseter, músculo

temporal e Oclusão Dentária.

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Summary

The dental community has been observing a change in its fundaments, with

less emphasis on many times purely empirical clinical observations, and basing upon

methods that are more concerned to the neuromuscular physiology of the

stomatognatic system. With this objective, the surface electromyography has been

used to assess the influence of the occlusal condition on the muscle function. The

present work has the purpose of developing an analysis, by means of surface

electromyography, of the superficial masseter and anterior temporal muscles,

bilaterally, in different occlusion patterns using surface electromyography. Thus, the

aim was to improve the knowledge of activity of those muscles, regarding the

complete interocclusal appliances, which is the most common method to manage the

bruxism associated to craniomandibular symptoms. Nine subjects aged 21 to 24

years, who meet the inclusion criteria, participated in this study. For each of the

participants, a full coverage interocclusal appliance, which initially provided a flat

occlusal surface, with one contact by retention cusp on the posterior teeth and on the

anterior incisals, related to the antagonist arch was fabricated and placed on the

maxilla. Next, a ramp that provided the simulation of a lateral canine occlusion

pattern was made on the canine region. The next step, during the execution of the

tests, was to modify it to provide a posterior balanced occlusion pattern.

Electromyographic tests were performed, during maximum voluntary isometric

clenching, in the diverse simulations provided by the complete interocclusal

appliance, through which the analysis of the electromyographic signal amplitude and

do asymmetry index was possible. Based on the results, the paired student’s t test

was applied. The asymmetry index was also assessed by the sign test. The results

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have shown that the greatest reduction of the muscular activity occurred in the

presence of the canine guidance; however, this reduction was followed by the

greatest muscular asymmetry. The use of the bilateral balanced occlusion pattern for

the complete interocclusal appliance, despite promoting the greatest

electromyographic activity regarding the canine occlusion pattern, provided an

asymmetry reduction of the superficial masseter and anterior temporal muscles.

Key words: Electromyography, occlusal splints, masseter muscle, temporal

muscle, dental oclusion.

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Lista de Abreviaturas

ATM.............................................. Articulação Temporomandibular

CMV..............................................Contração Máxima Voluntária

DTM..............................................Desordem Temporomandibular

DVO..............................................Dimensão Vertical de Oclusão

EMG.............................................Eletromiografia

IA..................................................índice de assimetria

CEP..............................................Comitê de Ética na Pesquisa

FGB-D …………………………...(Function generating bite for deep bite

correction)

MIH…………………………………Máxima intercuspidação habitual

TPD..............................................Técnico de Prótese Dentária

µv.................................................microvolt

mv................................................microvolt

ms................................................mili-segundo

mm2.............................................milímetro quadrado

kHz..............................................Kilo hertz

Hz................................................hertz

0c.................................................grau centígrado

Ω..................................................omega

Ag................................................prata

AgCl.............................................cloreto de prata

ml.................................................mililitros

MANOVA.....................................análise multifatorial de variância

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO .............................................................................. 15

2 - REVISÃO DA LITERATURA............................................................ 17

2.1 - Eletromiografia.......................................................................................17

2.1.1 - Conceitos básicos em eletromiografia. ................................................17

2.1.2 - Estudos envolvendo a eletromiografia. ................................................19

2.2 - Desordem Temporomandibular .............................................................62

3 - OBJETIVO.................................................................................. 72

3.1 - Objetivo Geral........................................................................................72

3.2 - Objetivos Específicos ............................................................................72

4- METODOLOGIA............................................................................ 73

4.1- Autorização para condução do estudo ...................................................73

4.2- Universo e Amostra ................................................................................73

4.3 - Consentimento.......................................................................................74

4.4 - Confecção do dispositivo interoclusal completo ....................................74

4.5 - Análise Eletromiográfica ........................................................................77

4.5.1 - Protocolo Experimental........................................................................79

4.6 - Processamento do sinal eletromiográfico ..............................................80

4.7 - Análise Estatística .................................................................................81

4.7.1 – Caracterização das Variáveis .............................................................81

4.7.2 – Testes Estatísticos..............................................................................82

5- RESULTADOS.............................................................................. 84

5.1 - Descrição dos Resultados .....................................................................84

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5.2 - Análise estatística..................................................................................94

6- DISCUSSÃO .............................................................................. 100

7- CONCLUSÕES ........................................................................... 109

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 111

9- CRONOGRAMA.......................................................................... 118

ANEXO A - TERMO DE APROVAÇÃO PELO CEP .............................. 120

ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO ....................................... 122

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1 Introdução

A redução da atividade muscular seria um dos principais benefícios

esperados da placa de Michigan, e a alteração do esquema oclusal seria um dos

responsáveis por essa propriedade. Entretanto, ainda existem controvérsias sobre

qual esquema oclusal promoveria a melhor redução (WILLIAMSON e LUNDQUIST,

1983; GRAHN e RUGH, 1988; BORROMEO, SUVINEN e READE, 1995).

Além da redução da atividade muscular, a redução da assimetria muscular,

em nível fisiológico, poderia ser alcançada pelos dispositivos interoclusais completos

(McCARROL et al 1989b; BABA et al 2000). Tais propriedades seriam importantes

visto que a maioria dos dispositivos interoclusais altera a posição condilar,

objetivando uma posição músculo-esqueletal mais estável e também funcional

(OKESON, 1992). Além disso, o uso de dispositivos interoclusais elimina a influência

da oclusão dental na determinação da posição da mandíbula (LANDULPHO et al,

2004), dessa forma, seria possível que a posição condilar fosse obtida pela

contração dos músculos mastigatórios (MCKEE, 2005). Sendo assim, os músculos

temporais seriam o maior alvo desse efeito, visto que eles seriam, entre os músculos

da mastigação, os principais responsáveis pela manutenção da posição mandibular

no plano horizontal (FERRARIO et al. 1993).

Com o objetivo de estudar e compreender a atividade muscular, na década de

50, foram realizados os primeiros trabalhos sobre eletromiografia na Odontologia. As

buscas contínuas por novos trabalhos até os nossos dias, apóiam-se nas amplas

aplicações clínicas dos resultados passíveis de serem obtidos. Sendo assim, torna-

se evidente a importância de novas tentativas e de se adicionarem informações

sobre a atividade eletromiográfica em indivíduos com situações funcionais alteradas

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(RILO et al. 1997; RILO et al. 1998). Atualmente, a eletromiografia vem sendo

empregada para diagnóstico de doenças neuromusculares e traumatismo, bem

como para o estudo do movimento mandibular (NAKASHIMA, 2003). Entretanto,

especial atenção deveria ser dada a possíveis erros metodológicos, que poderiam

influenciar os resultados fornecidos pelos aparelhos de eletromiografia (CECERE,

RUF e PANCHERZ, 1996).

Ao se analisar a literatura de aproximadamente 30 anos, encontram-se

inúmeros trabalhos que utilizam a eletromiografia quantitativa para avaliar a função

muscular. Entretanto, observam-se poucos estudos que comparam a atividade dos

músculos masseteres superficiais e temporais anteriores, em relação ao padrão

oclusal, com guia em canino, e o padrão de oclusão balanceada bilateral. Dessa

forma, este trabalho se propôs a desenvolver uma análise, por meio de

eletromiografia de superfície, dos músculos masseter superficial e temporal anterior,

bilateralmente, em diferentes padrões de oclusão, visando a contribuir para o

entendimento da atividade desses músculos, em relação aos dispositivos

interoclusais completos.

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2 Revisão da Literatura

Para o desenvolvimento deste capítulo, optou-se por apresentar os trabalhos

em tópicos, possibilitando, assim, que o leitor tenha uma melhor compreensão do

assunto. A subdivisão dos tópicos seguirá a ordem de importância, em relação a

este estudo.

2.1 Eletromiografia

2.1.1 Conceitos básicos em eletromiografia

Cram e Rommen (1989) avaliaram o efeito da preparação da pele no registro

eletromiográfico e as características de impedância não só dos eletrodos de

superfície de contato direto como também dos de acoplamento por attachment. Para

possibilitar a criação de índice de generalização dos grupos musculares, os sítios

musculares foram analisados em um único indivíduo, um caucasiano de 32 anos. O

procedimento do estudo foi descrito ao individuo e este foi assentado,

confortavelmente, em postura suportada. Os músculos monitorados foram o frontal,

o temporal, o esternocleidomastóideo, os cervicais, o trapézio e o T1 paraespinhal.

Cada sítio muscular foi estudado em quatro condições distintas: com preparação da

pele por limpeza prévia, feita com fricção com álcool antes da colocação do eletrodo;

sem preparação da pele; com umedecimento do eletrodo com pasta eletrolítica e

sem a utilização da pasta. Para a fricção com álcool, utilizou-se um chumaço de

algodão grosso e áspero o suficiente para promover uma limpeza adequada,

embebido em álcool. Este foi esfregado na pele em quatro a seis movimentos, sem

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que causasse vermelhidão. A colocação dos eletrodos ocorreu imediatamente após

a limpeza da pele, quando esta já estava livre do álcool. A pasta eletrolítica, pasta de

eletrodo Beckman, foi usada suavemente antes de cada gravação. Para a

mensuração da impedância foi utilizado o J&J T -68 com o pré-amplificador IG-3 e,

para as gravações eletromiográficas, o eletromiógrafo J&J M-53 com eletrodos J&J

SE-25 e J&J SE-35. O estudo da impedância foi similar em todos os sítios avaliados.

A condição ‘’sem fricção e sem pasta’’ apresentou a mais alta impedância, nas

outras três condições, o nível ficou abaixo de 500 Kohms. A condição de uso da

pasta, com o passar do tempo, apresentou um aumento da impedância, talvez pelo

fenômeno de evaporação da pasta. Os achados do estudo eletromiográfico foram

similares em todos os sítios musculares. A gravação eletromiográfica sem fricção e

sem pasta condutora iniciou-se acima dos valores obtidos nas demais situações e,

com o transcorrer do exame, declinou-se para baixo. As gravações nas demais

condições apresentaram um rápido aumento e estabilização do sinal

eletromiográfico. Pela análise dos resultados, foi possível concluir que a limpeza da

pele por fricção com álcool, com o uso ou não da pasta condutora, promoveria

adequada condição para gravação eletromiográfica por eletrodos de superfície,

independentemente de sua conecção. A condição de não limpeza da pele e sem o

uso da pasta condutora seria inadequada para a realização do exame

eletromiográfico.

Nakashima (2003) analisou o tratamento dos sinais eletromiográficos com o

uso dos filtros de Wiener e Wiener adaptativo. Segundo o autor a eletromiografia

(EMG) consiste no estudo dos músculos pelos sinais elétricos emitidos por eles.

Esses sinais são captados por meio de eletrodos, que são dispositivos ou unidades

através dos quais uma corrente elétrica penetra ou deixa um eletrólito. A captação

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do sinal eletromiográfico pode ser feita por um ou dois eletrodos, que assim são

conhecidos por eletrodos de configuração monopolar e bipolar. Há, ainda, dois tipos

de eletrodos, os invasivos ou de agulha e os não invasivos ou de superfície. Os

eletrodos bipolares recebem dois sinais de entrada, que são subtraídos e

amplificados. Esses sinais são então filtrados, retificados, suavizados e integrados, o

que possibilita a visualização gráfica dos sinais eletromiográficos. Devido ao fato de

o processo de captação dos sinais elétricos ser muito susceptível a variações e

interferências não relacionadas diretamente com o movimento muscular, foram

implementados os filtros de Wiener e Wiener adaptativo, tendo a análise da relação

do sinal ⁄ ruído dos sinais obtidos demonstrado que não há diferença significativa

entre os filtros. Dessa forma, pode-se concluir que no tratamento dos sinais

eletromiográficos, podem ser usados ambos os filtros com a mesma eficiência.

2.1.2 Estudos que envolvem a eletromiografia.

Matson (1976) analisou o momento em que ocorria o início, a máxima e

a mínima atividade elétrica do músculo masseter, durante a contração muscular

necessária para levar os dentes da posição de repouso para a de máxima

intercuspidação. Foram estudados cinco pacientes, desprovidos de próteses, com

dentição completa, com ausência de sinal ou sintoma de problemas articulares e

sem contatos prematuros. Para a captação do sinal eletromiográfico eram utilizados

eletrodos de superfície, os quais eram fixados à pele, por meio de fita adesiva, na

porção mais superficial do músculo masseter. Era respeitada uma distância de 10

mm entre os eletrodos e, antes de sua fixação, era utilizada pasta eletrolítica no

eletrodo, para facilitar a captação da diferença de potencial. Com a finalidade de se

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determinar o momento que em ocorria o contato dos dentes, era colocado um

microfone na frente dos lábios do paciente. Este, ao executar o movimento de

fechamento da boca, quando os dentes se tocavam, produzia um ruído que era

captado pelo microfone. O paciente era instruído para, a partir da posição de

repouso, ocluir os dentes, com a finalidade de produzir o som característico do toque

dos dentes. Esse movimento era repetido oito vezes, com intervalos de 5s,

perfazendo um total de 40s. Os três primeiros toques eram considerados como

aprendizados, assim, foram analisados as gravações eletromiográficas dos últimos

cinco toques dos dentes. Obtidos os resultados, estes eram submetidos à análise

estatística, que determinava a média, o coeficiente de variação e o intervalo de

confiança da média. Diante da análise dos resultados, foi possível concluir que o

início da atividade elétrica ocorreu antes do toque dos dentes, que a máxima

atividade elétrica positiva ocorreu após o contato dos dentes, que a máxima

atividade elétrica negativa ocorreu após a máxima atividade e que o final da

atividade elétrica, do músculo masseter, após o toque dental, era bastante difícil de

se avaliar eletromiograficamente.

Pancherz (1980) analisou quantitativamente a atividade eletromiográfica dos

músculos temporal e masseter, bilateralmente, utilizando uma técnica padrão, para

comparar as gravações obtidas em um grupo homogêneo de crianças e adultos. O

grupo de crianças era composto de 23 indivíduos, com idades entre dez e 13 anos, e

o grupo de adultos de 21 indivíduos, com idades entre 23 e 33 anos. Todos

apresentavam um padrão de oclusão normal e sem evidência clínica de disfunção

do sistema estomatognático. Para a captação dos sinais eletromiográficos, foram

utilizados eletrodos em forma de gancho, que foram colocados em uma posição

padrão para todos os indivíduos. Os sinais foram integrados pelo EMG Mingograph

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8001, com amplificação de 500 ou 1000 microvolt (µv). A velocidade do papel era de

50 mm/s. Os registros foram realizados em apertamento máximo, em relação

cêntrica e durante a mastigação de cinco amendoins. Foi medida a razão entre a

atividade do músculo temporal e do músculo masseter para cada indivíduo. Diante

dos resultados era calculada a média aritmética e o desvio padrão. A diferença entre

os dois músculos e entre os dois grupos foi testada pelo teste t’ de Student. A

interdependência entre apertamento máximo e mastigação era analisada pelo

coeficiente de correlação de Pearson. Os resultados apontaram a relação entre o

aumento da atividade do masseter e o aumento da idade, entretanto constatou-se

que o temporal parece não sofrer alteração com a idade.

Williamsom e Lundquist (1983) realizaram um estudo com cinco pacientes

(quatro com história ou dor relacionada à desordem temporomandibular) do sexo

feminino, com o objetivo de avaliar o efeito da guia anterior e a presença de contato

posterior durante os movimentos excêntricos, na atividade eletromiográfica dos

músculos masseter e temporal, bilateralmente. Avaliaram, ainda, se a eliminação

dos contatos posteriores, ou se a desoclusão em canino poderiam reduzir a tensão

muscular. A obtenção da guia anterior foi simulada através de uma placa maxilar.

Eletrodos de superfície da Teca EMG2 foram posicionados nos músculos masseter e

temporal, em ambos os lados, e foram obtidos os seguintes registros, para ambos os

esquemas oclusais: apertamento voluntário máximo contra a placa; movimentação

em laterotrusão direita e retorno para a posição de contato retrusivo; movimentação

laterotrusiva esquerda e volta para a posição de contato retrusivo e movimentação

protusiva. Durante todas as tarefas, os pacientes eram orientados a manter o

apertamento máximo voluntário. Após a obtenção dos registros com a placa que

1 Elema-Schonander, Stockholm 2 Teca EMG 2 (Teca Corp., Pleasantville, N.Y.)

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simulava a guia anterior, esta foi sendo gradativamente eliminada até que os

contatos em dentes posteriores fossem conseguidos, nos movimentos excêntricos.

Registros eletromiográficos foram obtidos segundo os testes descritos

anteriormente, assim como foi realizado registros sem a placa, com o uso da mesma

seqüência de testes, com o objetivo de proporcionar um modelo de comparação.

Após a análise dos resultados, os autores concluíram que a atividade dos músculos

avaliados apresentou-se reduzida quando se obteve a desoclusão por meio de uma

guia anterior apropriada. Entretanto, esses autores sugeriram que não é o contato

de canino que diminui a atividade dos músculos elevadores, mas, sim, a eliminação

de contatos posteriores.

Wood e Tobias (1984) estudaram o efeito na atividade eletromiográfica da

redução do número de contatos oclusais e da variação da localização desses

contatos, em um dispositivo interoclusal. Foram selecionados sete estudantes de

odontologia, do sexo masculino, com dentição completa e ausência de sintomas de

desordem temporomandibular (DTM). Para cada participante foram confeccionados

dois dispositivos interoclusais, maxilares, em acrílico termopolimerizável, que

proporcionava um único ponto de contato por cúspide de trabalho do dente

antagonista e com a incisal dos dentes anteriores, obtendo, assim, equilíbrio oclusal.

O dispositivo aumentava a dimensão vertical de oclusão (DVO) em 1 a 2,5 mm, ao

ser fixado sobre os dentes com pasta de oxido de zinco-eugenol para impressão, a

fim de se conseguir melhor estabilidade. Durante os testes foram removidas seções

dos pontos de contato com o auxilio de uma ponta de alta rotação. Foram realizados

registros eletromiográficos em posição de máxima intercuspidação dentária, após a

incorporação do primeiro dispositivo em equilíbrio oclusal, depois da remoção dos

contatos referentes aos dentes 3.1 a 3.6 e dos contatos referentes aos dentes 3.1 a

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3.7. Em seguida, foi obtido o registro eletromiográfico com o uso do segundo

dispositivo em equilíbrio oclusal e com a remoção dos contatos referentes aos

dentes 3.4 a 3.7 e 4.4 e 4.7. Todas as tarefas foram realizadas em contração

máxima voluntária (CMV). Os registros eletromiográficos da atividade dos músculos

masseteres, temporais anteriores e posteriores foram conseguidos com o uso de

eletrodos de superfície de prata bipolar. Os sinais foram amplificados, filtrados,

retificados e convertidos para um computador. Observou-se, então, um aumento

significativo na atividade eletromiográfica, com a inserção do dispositivo (27% no

masseter, 15% no temporal anterior e 14% no temporal posterior), quando

comparado à atividade em máxima intercuspidação habitual. O registro com o

dispositivo que apresentava somente os contatos anteriores levou a uma redução

significativa na atividade dos músculos avaliados (13% no temporal anterior, 14% no

temporal posterior e 13% no masseter). O teste com o dispositivo que continha os

contatos do lado direito e o do 2o molar esquerdo registrou uma redução de 20% da

atividade eletromiográfica. A eliminação dos contatos do lado esquerdo gerou uma

redução de 21% na atividade total. Não foi encontrada variação significativa quando

o suporte no lado direito era comparado com o do lado esquerdo. Os autores

concluíram que a mudança no número de contatos não causou alteração

significativa na atividade eletromiográfica total dos músculos. Entretanto, a mudança

da posição dos contatos gerou uma alteração da atividade muscular.

Shupe et al. (1984) investigaram o efeito de diferentes guias oclusais na

atividade eletromiográfica dos músculos elevadores da mandíbula. Participaram da

pesquisa nove voluntários, quatro do sexo feminino e cinco do sexo masculino, com

idade média de 30,6 anos (23 a 41 anos). Todos apresentavam dentição saudável,

oclusão classe I de Angle, sem história de tratamento ortodôntico e sem disfunção

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24

mandibular. Foram simulados três esquemas oclusais em um único dispositivo

oclusal, confeccionado em resina acrílica autopolimerizada, que acrescentava um

mínimo aumento na dimensão vertical de oclusão. Foram analisadas as atividades

do músculo masseter e temporal anterior, durante apertamento máximo voluntário,

mastigação de chicletes e ranger dos dentes contra o dispositivo, em uma seqüência

padronizada. Os padrões oclusais simulavam guia em canino com desoclusão

pronunciada, com pouca desoclusão e padrão de desoclusão em grupo. O

dispositivo foi ajustado para proporcionar uma estabilidade oclusal em cêntrica, e os

pacientes foram instruídos a utilizar o dispositivo durante uma semana, por um

período de 24 horas ao dia, exceto no horário de alimentação e de higiene oral. As

gravações eletromiográficas foram realizadas através de dois eletromiógrafos

integrados3. Os sinais foram captados por eletrodos de superfície bipolar ativo, os

quais foram colocados paralelos às fibras musculares, com 20 mm de distância entre

um e outro. Foram captados, amplificados, filtrados, retificados, integrados e

armazenados os potenciais acima de 1 µv. Os registros foram obtidos nos diferentes

padrões de desoclusão: o primeiro, a partir do padrão usado durante a fase de

adaptação e os demais, em uma seqüência aleatória. Os testes foram realizados em

três séries de 10s cada, respeitando-se um intervalo de 3 minutos entre uma série e

outra. Entre as variações da guia, foi permitido um descanso de 15 minutos. O

tempo total do teste foi de 4,5 horas. Das três guias de desoclusão avaliadas,

observou-se a menor atividade na guia canino, que proporcionava uma grande

desoclusão, ao longo de todas as tarefas. Durante contração máxima voluntária, a

média da atividade muscular com proteção por canino foi de 3431µvs. A diferença

entre desoclusão em grupo e guia em canino foi estatisticamente diferente, embora

3 Aaron Laboratotries, San Antonio, Tex.

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25

tenha sido pequena e clinicamente possa não ser significativa. Os autores

concluíram que embora os achados não tenham podido ser generalizados para toda

a população, os resultados sugeriram que a guia de proteção por canino deve ser

considerada, quando a restauração dela for necessária, sendo assim reduzidas as

forças incidentes nos dentes posteriores.

Belser e Hannam (1985) investigaram o efeito de quatro situações oclusais

diferentes (função em grupo, guia canino, presença de interferência no lado de

trabalho e oclusão balanceada bilateral) na atividade eletromiográfica dos músculos

elevadores da mandíbula. Foram analisados 12 indivíduos, sendo três do sexo

feminino e nove do sexo masculino, com idade média de 31 anos. Todos

apresentavam desgaste oclusal, particularmente na região do canino, o que

proporcionava uma distinta função em grupo no lado de trabalho, durante excursão

lateral da mandíbula, e um contato oclusal na região de molar, no lado de balanceio.

Para cada individuo, foi construída uma guia canino dominante, no lado esquerdo,

que proporcionava uma desoclusão mínima dos arcos antagonistas, quando da

realização de lateralidade esquerda. Esta foi obtida pelo uso de um aparato metálico

que recobria parcialmente o canino. Em adição, foram construídos overlays em

resina acrílica, sobre os primeiros molares, que possibilitava a simulação de

interferência nos lados de trabalho e balanceio. Por meio de um sistema

computadorizado, os sinais eletromiográficos e de deslocamento mandibular foram

coletados simultaneamente durante funções específicas (mastigação unilateral de

goma de mascar) e tarefas parafuncionais (deslizamento mandibular e tarefas de

apertamento dentário). Os sinais eletromiográficos foram captados por eletrodos de

superfície de prata com uma distância de 20 mm entre um eletrodo e outro. Quando

a função em grupo foi alterada para guia canino dominante, observou-se uma

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significativa redução geral na atividade dos músculos temporal anterior, temporal

posterior e masseter, bilateralmente, quando os indivíduos exerceram esforços

isométricos de apertamento dental em posição lateral. O padrão original de

coordenação muscular (relação de contração de músculo para músculo)

permaneceu inalterado durante os testes. Na tarefa de mastigação unilateral de

chicletes, não foram constatadas mudanças significativas na atividade ou na

coordenação dos músculos, quando a guia canino foi introduzida. A inserção de

contatos oclusais balanceados bilateralmente causou significativa alteração na

atividade e na coordenação muscular durante apertamento dental, em posição

lateral. Os resultados sugeriram que a oclusão protegida por canino não alteraria

significantemente a atividade muscular durante a mastigação, mas poderia gerar

uma redução importante da atividade muscular durante apertamento parafuncional.

Foi também sugerido que a presença de contatos oclusais predominantes, em

balanceio, alteraria dramaticamente a distribuição da atividade muscular durante

apertamento parafuncional e que esta poderia afetar a natureza da direção das

forças resultantes na articulação temporomandibular (ATM).

Wood (1987) revisou os conhecimentos sobre a ação dos músculos da

mastigação em humanos, dentados, durante a realização de tarefas de apertamento,

abertura mandibular e mastigação, em uma revisão de literatura. No estudo da ação

dos músculos da mastigação, a avaliação de todos os músculos envolvidos, em um

mesmo individuo, ao mesmo tempo, é tecnicamente difícil, no entanto quatro ou seis

músculos poderiam ser testados ao mesmo tempo e as informações obtidas seriam

reunidas para formar uma descrição global do sistema. Os quatro métodos mais

comuns de gravação da atividade muscular seriam realizados com eletrodos de

superfície, com eletrodos de fio fino, inserido através de uma agulha hipodérmica;

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27

eletrodos de agulha, concêntricos e eletrodos de agulha bipolar. Algumas das

técnicas de obtenção de sinais eletromiográficos poderiam apresentar problemas,

que poderiam ser vistos como a razão dos diferentes resultados obtidos entre as

investigações. Eletrodos de superfície seriam satisfatórios para gravar a ação global

dos músculos, mas poderiam, também, captar alguma atividade dos músculos

adjacentes. Por isso, eletrodos de superfície vêm sendo usados para gravar os

músculos masseter superficial e profundo e a porção anterior e posterior do

temporal. Foi analisada, na literatura, a ação muscular durante apertamento

isométrico em máxima intercuspidação, em esforço posterior, em esforço anterior,

em esforço lateral direito e esquerdo, em esforço excêntrico incisal, durante a

mastigação e durante o movimento de abertura. Essa revisão possibilitou concluir

que os músculos elevadores demonstraram atividade máxima em apertamento, na

posição intercuspídea; que foram ativados simultaneamente na zona de contato

dental, quando os contatos oclusais eram balanceados bilateralmente e que o

aumento de contatos oclusais excêntricos aumentou a atividade muscular.

Grahn e Rugh (1988), em estudo que envolvia dez pacientes com idade

média de 26,7 anos, compararam a guia de canino com a guia de primeiro molar, a

fim de determinar qual das duas seria responsável pela redução da atividade

eletromiográfica dos músculos mastigatórios, durante os movimentos laterais e

durante o apertamento em excursão lateral. Foram confeccionadas placas

interoclusais, para uso em voluntários, os quais não apresentavam dor e disfunção

temporomandibular e tinham dentição completa. Os autores observaram, através de

eletromiografia de superfície, a atividade dos músculos masseter e do feixe anterior

do temporal, bilateralmente, durante o apertamento em oclusão cêntrica,

apertamento na posição de excursão lateral direita e apertamento em posição

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28

protusiva. Foi constatado que guia de canino e padrão de guia de primeiro molar

reduziram, semelhantemente, a atividade eletromiográfica dos músculos

mandibulares, durante os movimentos laterais e excursão, a partir da posição de

apertamento, em relação à atividade eletromiográfica obtida em apertamento

cêntrico.

Dahlstrom e Haraldson (1989) compararam, através de eletromiografia, a

influência imediata da inserção da placa oclusal anterior e do dispositivo interoclusal

total estabilizador, nos músculos masseteres e temporais. Foram selecionados dois

grupos de dez pacientes. Foram incluídos no grupo com desordem

temporomandibular oito mulheres e dois homens, cuja média de idade era 29 anos,

todos com dentição natural completa e sinais e sintomas relacionados à desordem

muscular. O grupo controle foi constituído de oito mulheres e dois homens, com

idade média de 25 anos, estudantes de Odontologia, que apresentavam dentição

natural completa e ausência de sinais e sintomas de desordem temporomandibular.

Para cada paciente, foi construída uma placa oclusal que cobria os dentes anteriores

superiores e um dispositivo interoclusal que cobria todos os dentes superiores e

possibilitava uma estabilização oclusal. Para os registros eletromiográficos, foi

utilizado o aparelho Grass, modelo 7B polygraph com o amplificador 7P3. Após a

limpeza da pele, foram colocados eletrodos de superfície J&J silver/silver choride

sobre a porção mais volumosa do músculo, separados 2 cm um do outro, na direção

das fibras musculares, bilateralmente. Os pacientes foram submetidos a um exame

clínico do sistema mastigatório, que incluiu a palpação dos músculos e articulação

temporomandibular, a avaliação do deslocamento mandibular, a função da

articulação temporomandibular, dor e movimentos mandibulares. Os pacientes

pontuaram o desconforto em uma escala de 1 a 5, na qual 1 significava ausência de

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29

desconforto e 5 desconforto severo. Os registros eletromiográficos foram realizados

com os pacientes assentados, sem suporte de cabeça, em um ambiente tranqüilo,

semi-escuro e sozinhos. A comunicação era realizada através de um interfone.

Foram realizadas gravações com e sem os aparelhos, em posição de repouso

mandibular e em contração máxima voluntária. Foi permitido um período de

descanso de 10 minutos entre as gravações. Os sinais clínicos encontrados no

grupo com desordem temporomandibular foram relacionados ao índice de Helkimo

com variação de I a II (média de II). Das gravações, foram eliminadas 18%, no grupo

controle, e 12%, no grupo com desordem temporomandibular, por deficiência

técnica. Com a placa anterior, a atividade em repouso aumentou no masseter e no

temporal, no grupo com desordem temporomandibular, embora não

significativamente, e não alterou no grupo controle. Durante apertamento máximo, a

atividade decresceu em ambos os músculos, no grupo com desordem

temporomandibular, quando comparada ao apertamento em máxima

intercuspidação habitual. O decréscimo no grupo controle tendeu a ser significativo

no masseter, mas não no temporal. Com o dispositivo interoclusal total, a atividade

na posição de repouso aumentou no masseter e diminuiu no temporal, mas não foi

estatisticamente significativa, no grupo com desordem temporomandibular. Durante

contração máxima voluntária, não houve variação significativa da atividade em

ambos os grupos, embora no temporal ocorresse uma tendência a diminuir, no

grupo com desordem temporomandibular. A atividade média foi menor durante

contração máxima voluntária com o uso da placa anterior, quando comparada ao

dispositivo total, sendo, esta, estatisticamente significativa no grupo controle. Os

autores concluíram que, com a metodologia empregada, os aparelhos não causaram

nenhuma modificação significativa na atividade eletromiográfica dos músculos

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masseter e temporal, na posição de repouso. Durante contração máxima voluntária,

a placa anterior induziu a uma diminuição da atividade, quando comparada à

posição de intercuspidação ou com o dispositivo total, provavelmente devido ao

pequeno número dos contatos oclusais e à sua localização anterior. Os dados da

avaliação eletromiográfica deste estudo não refletem a freqüência, a intensidade e a

duração da atividade dos músculos mastigatórios nas tarefas naturais. Algumas

variáveis poderiam apresentar alterações nos diferentes grupos com e sem os

aparelhos, e alguns destes fatores são, provavelmente, importantes para o resultado

clínico.

Lund e Widmer (1989), em uma revisão de 151 artigos, analisaram o uso da

eletromiografia de superfície como meio auxiliar no diagnóstico diferencial e no

tratamento de pacientes odontológicos. A eletromiografia tem sido preconizada para

a determinação da posição oclusal de repouso e para a detecção de hiperatividade e

hipoatividade muscular, espasmo, fadiga e desequilíbrio muscular. Entretanto, essa

pretensão era sempre baseada em estudos que deixavam de incluir um grupo

controle, quando se comparavam vários parâmetros clínicos e atividade

eletromiográfica dos músculos da mastigação. Quando o grupo controle era

incorporado, os autores usualmente deixavam de parear os pacientes em variáveis

como a idade, o sexo, a morfologia facial e a presença de bruxismo. Essas variáveis

teriam uma significante influência no nível da atividade eletromiográfica e poderiam

gerar um alto nível de variabilidade entre os grupos. Diante da revisão de literatura,

pôde-se concluir que não há evidência que suporte o uso da eletromiografia na

clínica odontológica, exceto no tratamento da parafunção diurna pelo biofeedback,

ainda assim, constatou-se que o baixo nível dos sintomas não se mantinha após a

interrupção da terapia por biofeedback. Observou-se, também, que a eletromiografia

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era mal aplicada no diagnóstico e tratamento da desordem temporomandibular,

reabilitação oral, ortodontia e na cirurgia. Sendo assim, para que a eletromiografia

pudesse ser utilizada em investigações clínicas ou laboratoriais, seria necessária a

descrição de uma população normal e a influência das variáveis, idade, sexo, peso e

padrão esqueletal, nos parâmetros eletromiográficos. Além disso, seria importante

verificar se um grupo de pacientes difere significantemente da população normal.

McCarroll et al. (1989a) avaliaram se um dispositivo interoclusal, em posição

retruída da mandíbula, levaria a uma redução imediata da assimetria da atividade

dos músculos mandibulares, em apertamento submáximo, e se uma placa

reposicionadora lateral geraria um aumento imediato dessa assimetria. Participaram

deste estudo dez pacientes saudáveis, sendo cinco de cada sexo, com idade média

de 30,8 anos, mais ou menos nove anos e meio. Os participantes tinham uma

discrepância da posição retruída da mandíbula para máxima intercuspidação

habitual de aproximadamente 0,5 mm. Para cada paciente foram construídos dois

dispositivos em resina acrílica autopolimerizada, um proporcionava um padrão de

oclusão em posição retruída da mandíbula e o outro uma posição lateral direita

forçada, em deslizamento de 1 a 1,5 mm à direita do contato oclusal em posição

retruída. Os dispositivos proporcionavam superfícies oclusais planas e contatos em

todos os dentes antagonistas. Para a captação do sinal eletromiográfico foram

utilizados eletrodos de prata, de superfície, bipolar, de 4 mm de diâmetro,

observando-se uma distância de 14 mm entre os eletrodos. Estes foram colocados

por um mesmo operador na direção das fibras musculares, e o local de fixação foi

determinado por palpação. Os sinais captados foram amplificados e armazenados

em um disco magnético4. Os pacientes atingiram o nível de apertamento desejado

4 Ampex FR 1300A recorder, Belgium.

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com o auxilio de feedback visual. Foram avaliadas três tarefas: posição de máxima

intercuspidação habitual; apertamento com o dispositivo estabilizador na posição

retruída e na presença do dispositivo que proporcionava uma posição lateral

forçada. Para cada tarefa, obteve-se o valor da atividade muscular em contração

máxima voluntária e, por cinco vezes, apertamento durante 5s a 10% e a 50% do

nível da contração máxima voluntária. Foi respeitado um período de descanso de 5

minutos entre as tarefas. Os dados eletromiográficos foram digitalizados, e a média

da raiz quadrada foi obtida, para cada gravação, a fim de possibilitar a quantificação

da atividade eletromiográfica. A análise estatística foi realizada com o uso do teste

de studen’t, no qual p<0,05 era considerado estatisticamente significante. Em

máxima intercuspidação habitual, não foi observada diferença estatisticamente

significativa entre os valores da assimetria a 10% e 50% do nível de ativação do

temporal anterior. Entretanto, o masseter mostrou maior assimetria a 10% que a

50%, apesar dessa diferença não ser estatisticamente significativa. A inserção do

dispositivo estabilizador não afetou a assimetria do músculo masseter. Da mesma

maneira, o temporal anterior não sofreu alteração. A inserção do dispositivo de

reposição lateral não gerou uma alteração estatisticamente significativa na

assimetria do músculo masseter. Considerando-se o índice absoluto de assimetria

do músculo temporal, houve um aumento a 10% do nível (p<0,01). Observou-se,

ainda, um acréscimo relativo na atividade do temporal direito, em relação ao valor

em máxima intercuspidação habitual, a 10% e a 50% de contração muscular. Pelos

resultados encontrados, pode-se concluir que o músculo temporal anterior é sensível

à alteração imediata na posição lateral da mandíbula de 1,0 a 1,5mm em volta da

posição retruída. Nesses limites a atividade do masseter manteve-se inalterada, na

presença de contatos oclusais bilaterais estabilizadores. Esses resultados

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fundamentavam o conceito de que a remoção de interferências oclusais entre a

posição retruída e a de máxima intercuspidação habitual poderia empurrar a

mandíbula 1 mm ou mais unilateralmente.

McCarrol et al. (1989b) analisaram a assimetria, em apertamento sub-

máximo, dos músculos masseteres e temporais anteriores, após o uso de um

dispositivo interoclusal estabilizador por sete dias. Participaram do estudo dez

indivíduos, sendo cinco do sexo masculino e cinco do sexo feminino. Todos

apresentavam dentição completa, à exceção dos terceiros molares, oclusão estável

em máxima intercuspidação habitual, desvio lateral inferior ou igual a 0,5 mm da

posição retruída da mandíbula para máxima intercuspidação habitual e idade média

de 30,8, mais ou menos nove anos e meio. Antes das gravações eletromiográficas e

da inserção do dispositivo estabilizador, a presença do contato prematuro na

posição retruída foi registrada, com o auxilio de folha indicadora 5. Foram obtidos

registros eletromiográficos do masseter e do temporal anterior a 50% e 10% da

contração máxima voluntária, antes da inserção do dispositivo estabilizador em

posição de máxima intercuspidação habitual, imediatamente após a inserção, após

sete dias de uso contínuo e imediatamente após a sua remoção, em posição de

máxima intercuspidação habitual. A posição dos eletrodos foi mantida constante pela

marcação, na pele, do local de fixação, por meio de uma tinta preta resistente à

água. Foi calculada a média da atividade direita e esquerda dos músculos, bem

como o índice de assimetria e o índice de assimetria absoluto. Para a análise dos

resultados, foi usado o teste t’, no qual p < 0,05 foi considerado estatisticamente

significativo. Após a inserção do dispositivo estabilizador não foram encontradas

alterações imediatas na assimetria de ambos os músculos analisados. Entretanto,

5 GHM, Nurtingen, F.R.G.

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após sete dias de uso, observou-se um decréscimo na assimetria, entre o lado

direito e o esquerdo do masseter, a 50% da contração máxima voluntária, o que foi

estatisticamente significativo. No entanto, a 10% da contração máxima voluntária,

houve uma tendência ao decréscimo, que não foi estatisticamente significativa. Após

a remoção do dispositivo, ocorreu um aumento na assimetria do masseter em

apertamento, em máxima intercuspidação habitual a 10% (p < 0,025) e a 50% (p <

0,05), em relação ao exame realizado antes do uso do dispositivo. Durante todos os

testes, o temporal anterior não sofreu alterações do índice de assimetria. De acordo

com os resultados, foi possível concluir que o uso de um dispositivo estabilizador

maxilar, por uma semana, reduziria a assimetria na atividade do músculo masseter,

durante contração isométrica a 10% e 50% da contração máxima voluntária, em

indivíduos saudáveis. Essa redução teria sido maior a 50% da contração máxima

voluntária. A assimetria do músculo masseter estaria relacionada ao número de

contatos presentes em ambos os lados da mandíbula. Apertamento em máxima

intercuspidação habitual, após a remoção do dispositivo, teria revelado um aumento

na assimetria absoluta do músculo masseter, especialmente a 10% da contração

máxima voluntária. A média da amplitude teria sido maior no lado correspondente à

presença do contato prematuro, após o uso do dispositivo, em posição retruída. A

10% da contração máxima voluntária, o temporal anterior apresentou um aumento

na atividade, no lado que a mandíbula desviou da posição retruída para máxima

intercuspidação habitual. O fato de não terem ocorrido alterações na assimetria do

temporal, sugeriram que este músculo necessitaria de um tempo maior de

estabilização para a obtenção de resultados. O uso diagnóstico do índice de

assimetria (IA) muscular em pacientes seria fundamentado por esses resultados,

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que mostraram ter a atividade submáxima dos músculos mastigatórios relação com

os parâmetros da oclusão.

Naije, McCarrol e Weijs (1989) examinaram, em 21 pacientes saudáveis, o

padrão de atividade dos músculos temporal e masseter, bilateralmente, durante

apertamento a 10%, 20%, 30%, 40%, 50% da contração máxima voluntária, em

posição de máxima intercuspidação habitual (MIH). Os pacientes selecionados

tinham idade entre 24 e 46 anos, apresentavam boa oclusão, com suporte de molar

e ausência de sinais e sintomas de desordem craniomandibular. O controle do nível

de apertamento foi realizado por feedback visual. Para a captação do sinal

eletromiográfico, foram utilizados eletrodos de superfície, bipolares, de prata (Ag)

com 4 mm de diâmetro, com distância de 14 mm entre os eletrodos. Estes foram

colocados por meio de palpação, na direção das fibras. Os sinais foram amplificados

e armazenados. Para comparar a participação do masseter e do temporal na força

de mordida e para descrever a assimetria muscular, foi calculado o índice de

atividade e de assimetria, respectivamente. Para calcular o número de contatos

oclusais, utilizou-se a técnica do alginato, descrita por Ingervall (1972). Quando foi

aumentada a força de mordida de 10% para 40%, notou-se uma importante

participação do masseter na realização da função. Pôde ser observada uma grande

tendência dos indivíduos em morderem mais assimetricamente quanto menores

foram os níveis de contração, em ambos os músculos. Não se encontrou uma

correlação estatisticamente significativa entre a atividade média dos músculos e o

número de contatos oclusais posteriores, porém observou-se maior tendência da

atividade do masseter no lado com maior número de contatos oclusais posteriores.

Diante dos resultados, os autores concluíram que as características do padrão de

atividade dos músculos mastigatórios humanos dependiam muito do nível de

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contração. Entretanto, quando comparada à atividade eletromiográfica em cada

individuo, em ambos os lados, havia uma tendência de o músculo masseter

apresentar maior atividade, e de esta ser no lado de maior número de contatos

oclusais posteriores.

Rugh et al. (1989) avaliaram a influência da guia de canino e da guia de

molar, na atividade do bruxismo noturno e sintomas craniomandibulares. Pelo uso

de um dispositivo interoclusal total, confeccionado em acrílico, foi simulado um

padrão de desoclusão em canino e em molar. Foram avaliados oito pacientes que

utilizaram o dispositivo por sete a 14 dias. Após este período, a guia foi alterada de

canino para molar, respeitando-se um intervalo de sete a 14 dias, sem tratamento,

entre a alteração do padrão oclusal. A obtenção dos dispositivos deu-se a partir de

moldagens com hidrocolóide irreversível, modelos de gesso, os quais foram

montados em articulador pelo uso do método preconizado por Dawson. Os

dispositivos foram confeccionados sem cobertura do palato e ajustes, foram feitos

com acrílico autopolimerizável, visando ao aumento da retenção, obtenção de

múltiplos pontos de contato e alteração da guia de canino para a de primeiro molar.

Foi medido o efeito no nível de bruxismo pelo monitoramento durante o sono, com

eletromiografia do masseter unilateral; pelo exame clínico dos músculos

mastigatórios, da articulação temporomandibular, pela mobilidade da mandíbula e

através da avaliação do próprio paciente. Os resultados obtidos não mostraram

diferenças estatísticas entre a guia de canino e a guia de molar, na atividade de

bruxismo noturno, o que sugeriu que as teorias e o desenho dos dispositivos

interoclusais deveriam ser reexaminados para determinar as características críticas

do seu desenho e de seu mecanismo de ação.

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37

Ferrario et al. (1993) avaliaram os limites normais da atividade

eletromiográfica dos músculos masseter superficial e temporal anterior,

bilateralmente, sua simetria e sua contribuição relativa, na força muscular em

diferentes testes funcionais. A atividade eletromiográfica foi mensurada em 92

adultos jovens saudáveis (49 do sexo masculino e 43 do sexo feminino, com idades

entre 20 a 27 anos), selecionados entre 160 estudantes de odontologia, por critérios

de inclusão. Na seleção, foram utilizados os critérios seguintes: 1) ausência de

severa ou moderada desordem mandibular clínica (ausência de sons articulares, de

limitação de movimentos mandibulares, sensibilidade à palpação articular e

muscular); 2) ausência de restaurações extensas; 3) ausência de tratamento

ortodôntico corrente; 4) ausência de mordida cruzada anterior ou posterior; 5)

ausência de doença periodontal; 6) ausência de história ou de sinal de bruxismo.

Para a obtenção dos sinais eletromiográficos foram utilizados eletrodos de superfície

bipolares que foram posicionados no feixe muscular paralelo às fibras. No masseter,

os eletrodos foram fixados na pele, após limpeza desta para diminuir a impedância.

O umedecimento do eletrodo foi realizado com uma pasta condutora. Os eletrodos

foram fixados no masseter, 3 cm acima e anterior ao ângulo da mandíbula e, no

temporal, ao longo da margem anterior do músculo, que corresponde à sutura

fronto-parietal. O eletrodo terra foi colocado no esternocleidomastóideo. As

gravações foram realizadas através aparelho Bio-Pack6 de oito canais, calibrado de

20 µv a 200 µv. O instrumento foi interligado a um computador portátil7, o qual

apresentou os dados graficamente e os gravou em uma mídia magnética. Os

exames foram realizados na posição de repouso mandibular, em oclusão cêntrica,

sem apertamento, e em contração máxima voluntária. Os testes foram realizados

6 Bio-Research Associates, Inc., Milwaukee, WI, U.S.A. 7 Jason, Huntington Beach, CA, U.S.A.

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por um único operador, em um ambiente confortável, em silêncio, com os pacientes

assentados em posição ereta e sem suporte de cabeça. A duração das gravações

foi de 200 ms. Para a análise estatística dos resultados, utilizou-se o teste t’ de

Student. Observou-se que na posição de repouso mandibular, não houve grande

diferença na atividade eletromiográfica média, considerando-se os sexos e os

músculos. Em oclusão cêntrica, sem apertamento, o potencial do músculo masseter

foi maior, em relação ao temporal, com uma diferença de aproximadamente 4µv, em

ambos os sexos. Em contração máxima voluntária, o temporal anterior não

apresentou diferenças significativas em relação ao sexo. O masseter apresentou a

média do potencial, nos homens, de 224,2 (masseter direito), 208,1 (masseter

esquerdo), enquanto nas mulheres, esse potencial foi de 161,0 (masseter direito) e

152,6 (masseter esquerdo). O índice de assimetria foi calculado para quantificar as

diferenças entre os lados direito e esquerdo, de cada músculo e em cada paciente,

sendo que todos apresentaram assimetria na atividade muscular. A menor

assimetria foi observada em contração máxima voluntária. Diante dos resultados, os

autores concluíram que as pessoas são fisiologicamente assimétricas, e que em

contração máxima voluntária, a obtenção de um índice abaixo de 18% é compatível

com a normalidade funcional. A eletromiografia de superfície permitiria a detecção

simples e rápida do índice de assimetria até mesmo em pacientes com patologias. O

índice de assimetria pode ser calculado, em um mesmo paciente, sempre que

necessário, seja com o objetivo de avaliar uma reconstrução protética, ou para a

avaliação dos padrões fisiológicos de atividade muscular.

Manns et al. (1993) analisaram o efeito imediato da variação da localização

antero-posterior do contato oclusal, em contração máxima voluntária, na posição de

lateralidade. Foram selecionados oito pacientes, sendo cinco mulheres e três

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39

homens, com idades entre 21 e 26 anos. Todos apresentavam oclusão funcional

saudável, suporte de molar bilateral, ausência de sinal e sintoma de desordem

temporomandibular e guia de desoclusão em canino. Foi construído um dispositivo

interoclusal maxilar unilateral em resina acrílica termopolimerizável, que cobria a

superfície incisal e oclusal do incisivo lateral ao primeiro molar e que depois de

seccionada, em três partes, permitia diferentes padrões de desoclusão lateral. O

bloco anterior proporcionava desoclusão no incisivo lateral e canino, e apresentava

uma superfície de suporte periodontal de 452 mm2. O bloco intermediário permitia

contato nos pré-molares com superfície de suporte periodontal de 454 mm2. A

porção posterior apresentava desoclusão no primeiro molar, com área de 433 mm2

de suporte periodontal. Para melhor retenção, os blocos foram cimentados com

Temp Bond8. A gravação eletromiográfica foi obtida com eletrodos de superfície

bipolar (Grass 5e 5s)9. A atividade eletromiográfica foi filtrada (10 kHz), amplificada

1000 vezes, amplificada novamente dez vezes, integrada com um tempo constante

de 1800 msec e registrada em um polígrafo. Os registros foram obtidos dentro de

uma gaiola de Faraday, com os pacientes sentados, em uma cadeira de dentista, em

posição ereta e com a cabeça apoiada. As gravações foram realizadas em cinco

séries de três contrações máximas voluntária de 4s, com descanso de 20s, para se

evitar a fadiga muscular. Foram tomados registros na posição de máxima

intercuspidação, em posição de lateralidade com os três blocos, com somente o

bloco anterior, o intermediário e o posterior. Para cada série foram geradas curvas

eletromiográficas, em que foi medido, manualmente, o pico de cada uma.

Subseqüentemente, foi calculado o valor médio para cada músculo de cada

paciente, com base no pico das três curvas. A contração máxima voluntária na

8 Kerr/Sybron, Romulus, Michigan 9 Grass Instrument Co., Quineey, Massachusetts.

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40

posição de máxima intercuspidação foi considerada como 100% da atividade e as

demais, comparadas a esta. A atividade eletromiográfica com a utilização do bloco

anterior foi reduzida significativamente em ambos os músculos, quando comparada

com as demais situações. O bloco intermediário proporcionou menor atividade

quando comparada ao bloco posterior. O registro com o bloco posterior e com os

três blocos gerou um aumento na atividade em alguns pacientes e uma pequena

diminuição em outros. Diante dos resultados, os autores concluíram que a atividade

muscular reduziu significativamente quando se simulou um padrão de desoclusão na

região anterior e que, neste estudo, foi mais importante a localização do contato de

desoclusão do que o número de contatos.

Akorem e Karaagaçlioglu (1995) avaliaram 30 pacientes com oclusão

funcional saudável e sem sinais de disfunção do sistema estomatognático. Os

pacientes foram divididos em dois grupos, sendo um constituído de 15 pacientes que

apresentavam desoclusão em canino e o outro, com 15 pacientes com função em

grupo. Compararam-se os dois padrões de desoclusão através da eletromiografia,

durante mastigação de goma de mascar e excursão lateral. Não foi observada

diferença estatisticamente significativa entre a guia de canino e função em grupo,

durante a mastigação de goma de mascar. Entretanto, durante a excursão lateral, o

temporal anterior foi mais ativado. Quando comparada a atividade muscular, em

função do padrão de desoclusão, o temporal anterior foi mais ativado na função em

grupo, e o masseter não apresentou variação.

Blanksma e Eijden (1995) avaliaram a possível existência de diferenças

regionais nos músculos masseter e temporal humano sob condições dinâmicas

(mordida estática, excursões de abertura, fechamento e mastigação). Foram

avaliados os músculos masseter e temporal de cinco voluntários do sexo masculino,

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41

com idades que variavam de 37 a 43 anos e apresentavam oclusão classe I de

Angle, sem sinais ou sintomas de desordem temporomandibular. O registro

eletromiográfico foi obtido por meio de seis eletrodos bipolares de fios finos,

inseridos por uma agulha hipodérmica descartável. Os registros foram tomados em

contração isométrica máxima voluntária, em máxima intercuspidação e em posição

incisal; durante excursões de fechamento e abertura em ambas as posições de

intercuspidação, e em mastigação unilateral com goma de mascar e bala de alcaçuz,

nos lados direito e esquerdo. A atividade máxima (100%) dos músculos avaliados

ocorreu durante o apertamento em intercuspidação (oclusão estática). Durante o

apertamento incisal, a atividade média do músculo temporal foi de 35%; a do

masseter superficial foi de 86% e a do masseter profundo de 47%, em relação à

atividade máxima. Durante todas as tarefas de mastigação, a atividade

eletromiográfica máxima do músculo masseter e do músculo temporal anterior foi

mais alta no lado de trabalho que no lado de balanço. Os autores concluíram que os

músculos temporais e os masseteres apresentam regiões que são preferencialmente

ativadas, dependendo da tarefa. Entretanto, foi observada, durante as tarefas de

abertura, fechamento e mastigação, uma especialização regional menos detalhada

do que a apresentada, durante o apertamento estático.

Borromeo, Suvinen e Reade (1995) verificaram o papel da guia de canino e

função em grupo durante o apertamento, na função do músculo masseter, em

pacientes saudáveis. Simulações dos padrões de desoclusão foram obtidas com o

uso de dois dispositivos interoclusais, confeccionados para cada um dos dez

voluntários. Esses dispositivos foram utilizados durante a obtenção do registro

eletromiográfico. Os pacientes tinham a idade média de 27 anos, sendo cinco do

sexo masculino e cinco do sexo feminino. Os dispositivos interoclusais foram

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construídos nos dois arcos, sendo que o do maxilar possuía guia de canino e

introduzia um aumento na dimensão vertical de oclusão de 4,9 mm, em relação aos

incisivos. O dispositivo da mandíbula proporcionava guia de função em grupo e

aumentava a DVO em 5,9 mm, em relação aos incisivos. O aparelho

eletromiográfico consistia do MEMAS-200010. Os registros obtidos do músculo

masseter bilateral foram captados, filtrados, amplificados, retificados e integrados.

Os resultados foram tabulados e analisados estatisticamente. Nessa análise, não se

observou diferença significativa na atividade eletromiográfica do músculo avaliado,

em relação à diferença na altura do dispositivo interoclusal. Em relação ao

apertamento voluntário, em cêntrica, a atividade eletromiográfica do músculo

masseter foi reduzida, ao se incorporarem os dispositivos interoclusais, quando

comparada ao apertamento sem o dispositivo. O apertamento em posição cêntrica

apresentou um aumento significativo da atividade elétrica, em relação ao

apertamento em posição de lateralidade. Entretanto, não foi detectada diferença em

relação aos padrões de desoclusão. Assim, foi possível concluir que não há

diferença entre a alteração de guia de canino para guia de função de grupo na

atividade do músculo masseter, em pacientes saudáveis.

Macaluso e Laat (1995) estudaram a influência da posição de eletrodos de

superfície na compreensão da resposta do exame eletromiográfico nos músculos

masseter e temporal. Para a realização da pesquisa foram selecionados dez

pacientes (sete do sexo feminino e três do sexo masculino) com idades entre 21 e

23 anos. Esses pacientes não apresentavam desordem temporomandibular ou

discrepâncias oclusais. Para a realização das gravações eletromiográficas, os

pacientes foram posicionados assentados a 90o em relação ao solo, com a cabeça

10 MEMAS-2000 (Mega Eletronics Ltd. Kuopio, Finland).

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fixada, na posição de repouso, com uma tira de feltro, foram orientados a fechar os

olhos, não apertar os dentes e manterem-se em posição de relaxamento mandibular.

Os exames foram realizados em temperatura controlada de 200 a 250c e em

ambiente com baixo nível de ruído. Para a realização do exame eletromiográfico, foi

utilizada a técnica da agulha para a estimulação dos nervos massetérico e temporal.

O eletrodo de estimulação utilizado foi da marca Dantec11, modelo 13L24.

Gravações simultâneas do músculo masseter e temporal foram obtidas com

eletrodos de superfície12, modelo 13L20, cuja posição de fixação na pele variou,

para possibilitar a comparação da atividade elétrica. A impedância da pele e a

colocação experimental dos eletrodos foram sempre checadas e mantidas a um

nível menor que 10Ω, com a limpeza da pele e o uso do gel condutor. Diante dos

resultados obtidos, os autores concluíram que o volume do potencial de condução

originado no masseter pode ser gravado no pescoço. A configuração da gravação da

resposta elétrica do masseter nas várias posições sobre a protuberância é muito

variável entre os indivíduos, e a melhor posição para a colocação do eletrodo é

sobre a parte anterior e inferior da protuberância do músculo. A configuração da

resposta do músculo temporal anterior apresenta menos variabilidade. Os autores

consideraram ainda que os investigadores e especialmente os clínicos são

interessados na resposta global de um determinado músculo e que isto poderia ser

perfeitamente obtido com eletrodos de superfície.

Baba, Mizutani e Enosawa (1996) analisaram a influência das interferências

oclusais artificiais na atividade eletromiográfica dos músculos elevadores da

mandíbula, quando a força de apertamento é exercida em posição mandibular

excêntrica. Participaram deste estudo 12 indivíduos do sexo masculino, com idades

11 Dantec, Copenhagen, Denmark. 12 Dantec, Copenhagen, Denmark,

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entre 25 a 28 anos. Estes apresentavam arco dental natural em norma oclusão e

durante excursão lateral havia a predominância de contatos oclusais no lado de

trabalho. Nenhum dos selecionados apresentava doença periodontal, dor ou

desordem temporomandibular. As interferências oclusais artificiais foram obtidas a

partir de modelos de gesso, montados em um articulador Denar13. Foram fabricados

três artefatos metálicos em alloy, que simulavam interferência em canino direito,

segundo molar superior direito e segundo molar superior esquerdo. A atividade

eletromiográfica, do temporal anterior, temporal posterior e masseter, foi obtida,

bilateralmente, através de eletrodos de superfície bipolar de prata, com uma

distância de 15 mm entre eles. Depois de filtrados, os sinais foram amplificados,

convertidos de analógico para digital, retificados e armazenados em um sistema

computadorizado, para futura análise. Para a realização dos registros

eletromiográficos, os indivíduos foram posicionados assentados, de forma ereta, em

uma cadeira de dentista. Os registros foram realizados em apertamento máximo

voluntário, na posição de máxima intercuspidação, em topo a topo de canino direito

com o artifício metálico, na presença do artifício no canino e no molar do lado de

trabalho e com o artifício no lado de balanceio. Para cada tarefa, os indivíduos

tiveram que exercer cinco esforços máximos, durante 2s. A introdução da

interferência no canino fez decrescer a atividade eletromiográfica do masseter no

lado de balanceio e no temporal no lado de trabalho. Com a interferência no molar,

no lado de trabalho, ocorreu a menor alteração da atividade muscular. Por outro

lado, a interferência no lado de balanceio resultou em um decréscimo da atividade

do temporal no lado de trabalho e um acréscimo no lado de balanceio. Em relação

ao temporal anterior, o índice de assimetria alterou de 42,2% para 0,7%. A atividade

13 Denar mark II, Denar Corp.

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eletromiográfica do masseter reduziu significantemente no lado de balanceio,

entretanto não causou alteração significativa no índice de assimetria. Para a análise

estatística, usou-se o student’s t teste, com nível de significância de 0,05. Diante da

análise dos resultados, os autores concluíram que a interferência no lado de

balanceio provocou uma atividade muscular específica, durante apertamento

parafuncional, e a resultante deste padrão de atividade poderia alterar a quantidade

e a direção das forças na articulação temporomandibular.

Cecere, Ruf e Pancherz (1996) avaliaram a confiabilidade da eletromiografia

quantitativa, em 14 pacientes, sem sinais e sintomas de desordem

temporomandibular. Foi utilizado o eletromiógrafo Mingograph T 1614 conectado a

um amplificador Type 15 C 0115, através de eletrodos de superfície, nos músculos

masseter e temporal, que foram avaliados em ambos os lados, durante a

mastigação e em apertamento máximo. Foram utilizados estes diferentes ciclos

mastigatórios: mastigação unilateral de goma de mascar; mastigação de amendoim;

posição de máxima intercuspidação e apertamento máximo em rolo de algodão, que

foi usado para remover a intercuspidação dental. Foi avaliado o efeito da

recolocação dos eletrodos e a interferência da repetição da gravação na atividade

eletromiográfica. Os registros eletromiográficos foram realizados em três sessões,

em um mesmo dia, com o primeiro registro sendo obtido pela manhã. O segundo

uma hora depois, tendo sido removido o eletrodo em um dos lados da face e

recolocado no momento do registro, mantendo-se o mesmo local de fixação do

eletrodo. O terceiro registro foi obtido sete horas após o primeiro e foram utilizados

novos eletrodos. Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre a

atividade eletromiográfica, realizada com intervalo de uma hora, no lado da face em

14Mingograph T 16 (Siemens-Elema, Solna, Sweden). 15Type 15 C 01(Dantec, Skovlunde, Denmark).

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que não foi removido o eletrodo e no lado em que o eletrodo foi removido. As

gravações realizadas, com intervalos de sete horas foram significativamente

diferentes das realizadas com intervalos de uma hora. Como a recolocação do

eletrodo não influenciou nos resultados, os autores concluíram que a diferença

observada era devida à diferença no horário em que foi realizado o exame. Visto que

o primeiro exame (intervalo de uma hora) foi realizado pela manhã, antes de os

pacientes exercitarem suas atividades, e o terceiro exame (intervalo de sete horas)

foi realizado ao final do dia, após o estresse do trabalho, é possível que a condição

psicológica dos indivíduos tenha exercido influência na atividade muscular.

Blanksma et al. (1997) examinaram os músculos masseter e temporal, através

de registros eletromiográficos, durante movimentos mandibulares livres, variando-se

as velocidades e as cargas externas, guiadas pelo feedback visual, com o objetivo

de determinar quais regiões dos músculos avaliados são ativadas durante esses

testes. Cinco indivíduos, classe I de Angle, que não apresentavam sinais e sintomas

de desordem temporomandibular, participaram deste estudo. O registro

eletromiográfico foi obtido com o uso de seis eletrodos bipolares finos, inseridos com

a ajuda de uma agulha descartável, em seis regiões do temporal e em três regiões

do músculo masseter. Em relação às excursões de abertura e fechamento,

observou-se, para ambos os músculos, o aumento da atividade máxima, quando a

velocidade e/ou a carga aumentaram, sendo que a velocidade demonstrou um efeito

maior na atividade eletromiográfica máxima. Todas as regiões musculares

apresentaram sua atividade eletromiográfica máxima durante o inicio do fechamento.

A região anterior do temporal apresentou significativo aumento das atividades

eletromiográficas máxima. No músculo masseter, a porção superficial demonstrou

maiores atividades. Nos movimentos de protusão e retrusão, encontrou-se atividade

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eletromiográfica máxima menor que nos movimentos de abertura e fechamento. O

músculo temporal apresentou maiores atividades máximas do que o masseter. Uma

divisão do temporal em uma porção anterior e outra posterior pôde ser observada.

Constatou-se que a porção posterior apresentou maior atividade máxima.

Entretanto, no masseter, a porção profunda demonstrou maior atividade

eletromiográfica máxima. Todas as regiões musculares alcançaram uma atividade

eletromiográfica máxima próxima do fim da retrusão. Durante a lateralidade, o

músculo temporal apresentou a média de atividade eletromiográfica máxima quase

tão alta quanto a observada durante as excursões de abertura e fechamento,

enquanto esses valores ficaram bem menores no músculo masseter. Encontrou-se,

no temporal, uma divisão regional muito acentuada durante a lateralidade, ao

contrário do que ocorreu em outras tarefas. Em relação ao masseter, a parte

profunda mostrou maiores atividades, quando comparada à parte superficial. Ambos

os músculos, temporal e masseter profundo, demonstraram seus valores de

atividade eletromiográfica máximos durante o final da lateralidade. Entretanto, o

masseter superficial atingiu seu valor máximo de atividade no início da lateralidade.

Somente durante a lateralidade, a velocidade e a carga tiveram igual influência na

atividade máxima em ambos: masseter superficial e profundo. Como foi observado,

de acordo com as tarefas, regiões diferentes foram ativadas preferencialmente,

sugerindo a existência de uma divisão do comando excitatório do grupo dos

neurônios motores.

Rilo et al. (1997) avaliaram a atividade eletromiográfica do temporal anterior,

do masseter superficial, do masseter profundo e dos músculos digástricos anteriores

durante as posições de descanso, apertamento, abertura máxima, lateralidade e

manipulação em relação central. Foram avaliados 40 estudantes de Odontologia (19

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do sexo masculino e 21 do sexo feminino; com idades que variaram de 22 a 36

anos). Todos os pacientes apresentavam-se com saúde do sistema estomatognático

e sem sinais de desordem muscular. Eles tinham, também, boa condição de saúde

geral. Os eletrodos foram colocados na pele, em condições baseadas nas

convenções publicadas por Moller (1966) e Michler (1988). Pares de eletrodos16 com

a superfície bipolar foram posicionados ao longo da direção das fibras musculares.

Devido ao aparente nível de interferência dos músculos do couro cabeludo não

foram avaliadas a porção média e posterior do temporal. A atividade eletromiográfica

foi registrada por um aparelho de oito canais17, com uma freqüência de 40 a 100 Hz.

Os sinais foram digitalizados no modo de “função”, em tempo real, em uma

velocidade de gravação de 250 Hz por canal, usando o software Bio Pak. Este

sistema utiliza um modo de rejeição altamente comum (2.000.000:1), para eliminar

possíveis interferências na faixa de 60Hz, assim como, outros sinais de interferência.

Analisando-se os grupos de músculos na posição de descanso, observou-se que os

temporais anteriores apresentaram maior atividade, cuja média foi de 2,43 mv e os

masseteres superficiais, a menor, 1,65 mv. O teste de apertamento voluntário

máximo exigiu o maior esforço voluntário dos indivíduos, até o ponto onde a

contração dos músculos elevadores tornou-se dolorosa, por pelo menos 2s, tempo

da duração do registro eletromiográfico. Entre todos os testes executados, o valor

médio registrado de 110,3 µv, com o aparelho calibrado em 200µv foi o maior obtido.

Quando analisado a atividade média, em posição de abertura máxima, a maior

atividade eletromiográfica foi verificada nos músculos digástricos, 108,8µv, enquanto

os outros músculos mastigatórios mostraram uma média muito reduzida, 21,04µv,

calibração de 200µv. Durante o movimento de lateralidade foi observada uma

16Eletrodos(Ag/CIAg, Beckman, Biotencial Skin Electrodes) 17(Biopak Bio-Research Associates, Milwaukee, WI, U.S.A.)

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grande ativação do temporal anterior, no lado de trabalho. Esta, maior do que a

atividade do músculo do lado oposto. Ainda durante o movimento de lateralidade, o

masseter superficial do lado oposto ao movimento apresentou uma atividade um

pouco maior do que a do masseter do lado do movimento.

Rilo et al. (1998) avaliaram a atividade dos músculos mastigatórios do lado

direito e esquerdo, durante mastigação unilateral de goma de mascar. Um total de

40 pacientes, estudantes de Odontologia, com idades entre 22 e 36 anos,

participaram deste trabalho. Os pacientes apresentavam dentição natural saudável,

sem sinais e sintomas de desordem temporomandibular. O registro eletromiográfico

foi obtido nos músculos temporal e masseter, de ambos os lados, com o Bio-Pak

system18. Os autores encontraram a duração média do ciclo mastigatório de 998,5

ms. A média de duração da fase de contração foi de 494,5 ms, no lado de trabalho,

e de 493 ms, no lado de balanceio, para o músculo temporal. Para o músculo

masseter, essa média foi de 510 ms, no lado de trabalho, e de 481,5 ms, no lado de

balanceio. Quarenta por cento dos indivíduos tiveram o início das contrações

simultâneas dos quatro músculos. O resultado indicou que na mastigação unilateral

de goma de mascar, em pacientes saudáveis, o músculo temporal, do lado de

trabalho, é o primeiro a ser ativado, sozinho, ou ao mesmo tempo em que os outros

músculos. Para todas as variáveis, os valores médios encontrados não diferem,

significativamente, entre o lado de trabalho e o de balanceio. Assim, quando os

músculos são analisados individualmente, a duração da fase de contração é

minimamente afetada, em relação ao lado de trabalho ou de balanceio.

Alquran e Lyons (1999) compararam o efeito imediato de placas duras e

macias na atividade eletromiográfico dos músculos masseter e temporal anterior,

18Bio-Pak system (Biopak, Bio-Research Associates, Milwaukee, Wis.).

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ambos do lado direito, durante o apertamento máximo, com 50% e com 10% do

apertamento máximo. Dez adultos jovens, saudáveis, com idades entre 21 e 34

anos, participaram deste estudo. Todos os participantes tinham dentição natural e

não apresentavam história ou sintomas de desordem temporomandibular. Uma

placa de estabilização superior em resina acrílica termopolimerizável e uma de

resina macia, também no arco superior, foram construídas para cada um dos

participantes. A placa dura foi obtida com a oclusão na posição mais retraída da

mandíbula e ajustada para se obterem contatos simultâneos bilaterais, no entanto,

sem a presença de contatos nos dentes anteriores. A placa macia foi obtida a partir

do modelo do arco superior, com o auxílio do “vacuum formed” sendo que a oclusão

não foi ajustada em nenhum momento. Foram utilizados eletrodos de superfície,

previamente embebidos com uma lâmina de gel adesivo, que apresentava uma boa

condutibilidade elétrica. Os eletrodos foram fixados na pele, na porção mais

proeminente dos músculos analisados. O procedimento experimental consistiu,

inicialmente, na gravação da atividade muscular sem a placa, imediatamente após a

introdução da placa dura, e imediatamente após a introdução da placa macia. As

gravações foram realizadas em contração máxima, em 50% e em 10% da contração

máxima, embora não necessariamente nesta ordem. Foi observado um período de

descanso de cinco minutos, entre uma série e outra, para se evitar a fadiga. A

inserção da placa dura levou a uma redução da atividade dos músculos masseter e

temporal anterior em seis participantes, embora esta redução não fosse

estatisticamente significativa. A inserção da placa macia produziu um aumento

estatisticamente significativo na amplitude eletromiográfica no músculo masseter e

um decréscimo não significativo no músculo temporal. Quando comparados os

resultados da atividade dos músculos entre as placas, estes apresentaram uma

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redução significativa quando em uso da placa dura, especialmente no temporal

anterior. Esse decréscimo da atividade muscular pode ser uma explicação do efeito

terapêutico de ambas as placas, embora o decréscimo tenha sido claramente maior

com o uso da placa dura. Em conclusão, os resultados deste estudo sugerem que,

independentemente do modo de ação, a placa dura parece ser mais efetiva na

redução da atividade dos músculos elevadores da mandíbula, principalmente no

músculo temporal anterior.

Grubwieser et al. (1999) avaliaram com eletromiografia quantitativa, os

músculos temporal e masseter, em pacientes que usavam dentaduras completas.

Comparou-se a desoclusão em canino com a oclusão balanceada bilateral posterior

em 17 pacientes, edêntulos totais, que usavam dentaduras com desoclusão em

canino. Para cada paciente, foram confeccionados dois dispositivos interoclusais em

acrílico, que simulavam desoclusão em canino e oclusão balanceada bilateral.

Eletromiogramas de superfície foram obtidas com a utilização do Neuroscript EE

21619, com filtragem de sinais de 30 Hz a 1 khz. Os resultados encontrados

demonstraram que, em apertamento máximo das próteses, não houve diferença

estatisticamente significativa entre o uso, ou não, da placa sobre a dentadura.

Entretanto, quando avaliados a protusiva e a lateralidade, ocorreu um aumento

significativo da atividade muscular na simulação de oclusão balanceada bilateral

posterior, em relação à simulação de desoclusão em canino e à prótese original. A

redução da atividade muscular na simulação de desoclusão em canino talvez possa

ser explicada pelo menor curso da desoclusão. Os autores concluíram que a função

neuromuscular, nos pacientes edêntulos totais, seria similar à que ocorre em

pacientes que apresentam dentição natural. Concluiu-se, também, que o uso de guia

19Neuroscript EE 216 EEG/EMG polygraph

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anterior pode ajudar a evitar o desenvolvimento de disfunção craniomandibular,

incremento patológico de atividade muscular nos músculos mastigatórios e

desordens temporomandibulares.

Baba et al. (2000) investigaram o efeito de alterações experimentais de

contatos oclusais em balanceio na atividade dos músculos elevadores da mandíbula,

através da eletromiografia. Participaram da pesquisa 12 homens com idade média

de 26,7 anos. Todos tinham boa saúde geral, contatos oclusais de molar bilateral,

classe I de Angle e guia de canino em topo a topo. Os pacientes que apresentavam

dor na região orofacial, sensibilidade dental, perda de dentes e que estavam em

tratamento odontológico ou com sinais e sintomas de desordem temporomandibular

foram excluídos do estudo. Coberturas em acrílico autopolimerizável20 foram

fabricadas para o canino superior direito e primeiro molar superior, em ambos os

lados. Essas coberturas proporcionavam um aumento da dimensão vertical em 1

mm. Ajustes permitiram o contato simultâneo dos três dispositivos, o que possibilitou

a obtenção de guia em canino, interferência no lado de trabalho, interferência em

balanceio e contato simultâneo em canino e em balanceio. Com o uso de eletrodos

de superfície, foram obtidos registros eletromiográficos dos músculos masseteres e

temporais anteriores e posteriores. O nível de apertamento foi mensurado

previamente, a partir da contração máxima voluntária em posição intercuspídea, e foi

de 50% para três pacientes, 40% para quatro e 30% para cinco. Para a obtenção

desses dados, os pacientes foram orientados a realizar apertamento durante 3s,

com intensidade pré-determinada. Cada sessão consistiu de três séries de

apertamento, com um intervalo de três minutos entre elas, respeitando-se, também,

20 Unifast II, GC

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53

um intervalo de cinco minutos entre uma tarefa e outra. Para descrever a assimetria

na atividade eletromiográfica de cada músculo, foi calculado o índice de assimetria.

O músculo masseter apresentou a maior e a mais equilibrada atividade

eletromiográfica, independentemente das alterações oclusais, enquanto o temporal

posterior teve a menor atividade. Os temporais anteriores e posteriores tiveram a

menor atividade no lado esquerdo, exceto quando da introdução da interferência no

lado de balanceio. O temporal anterior teve a atividade predominante no lado de

trabalho, com apertamento em canino. A presença do contato no lado de balanceio

gerou uma diminuição moderada na predominância, que foi severamente reduzida

com a presença de uma interferência. A mudança na atividade do músculo temporal

poderia alterar a natureza da força gerada nos dentes e na articulação durante

apertamento parafuncional.

Burnett et al. (2000) compararam o nível eletromiográfico dos músculos

masseteres e temporais, durante várias funções orais, em pacientes com

enxaqueca, em relação a um grupo controle, com idade, sexo, peso e altura

semelhantes. Este estudo investigou ainda uma possível correlação entre a

atividade eletromiográfica e a força de mordida. Cada um dos grupos consistia de

nove mulheres e um homem, com idade média de 43 anos. Todos os pacientes

tinham dentição completa e a análise cefalométrica não encontrou diferenças

significativas entre os grupos. Os pacientes com enxaqueca foram selecionados

pelos critérios da International Headache Society, cujo fator desencadeador suspeito

era a parafunção noturna. Estes foram orientados a interromperem o uso de

medicamentos uma semana antes dos testes. Não era permitido que indivíduos com

dor de cabeça participassem do momento das gravações, ou apresentassem esse

mal três dias antes. As gravações foram realizadas por meio de dois eletrodos de

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54

Ag/ AgCl, de 10 mm de diâmetro, cujos centros estavam a 20 mm de distância,

colocados sobre os feixes musculares paralelos as fibras. O eletrodo terra foi

colocado no pescoço. Antes da colocação dos eletrodos a pele foi limpa, com um

lenço embebido em álcool. Os indivíduos ficaram assentados, com o plano de

Frankfurt paralelo ao solo, com a cabeça sem suporte e solicitou-se que

permanecessem em posição de repouso mandibular por cinco minutos. Os dados

foram gravados durante 5s em contração máxima voluntária e 30s nas outras

tarefas, sendo retificados, integrados, divididos pelo tempo de gravação, para se

obter a média absoluta retificada em micro volts. O nível da atividade funcional em

porcentagem foi obtido em contração máxima voluntária, para permitir níveis

eletromiográficos proporcionais. As gravações foram realizadas na posição de

repouso, engolindo 2 ml de água, falando 100 palavras, mastigando 1,5 gramas de

cera parafinada, em contração máxima voluntária anterior e posterior. Para a

obtenção da força de mordida, utilizou-se o aparelho LM-200Ks21, observou-se um

intervalo de 3 minutos, entre os testes, para evitar a fadiga. As gravações foram

realizadas pelo mesmo operador e foi utilizado o teste de Wilcoxon com nível de

significância (p< 0,01). O nível absoluto de eletromiografia em repouso, na

deglutição e na fala não foi significativamente diferente entre os grupos, mas o grupo

com enxaqueca apresentou um aumento significativo em contração máxima

voluntária (CMV), nos dentes anteriores e posteriores, em ambos os músculos.

Quando se expressou a porcentagem destes níveis em CMV, não foi notada

diferença entre os grupos. Pode-se concluir, então, que os grupos estudados têm

similar nível de atividade eletromiográfica nos músculos temporais e masseteres

durante as funções orais estudadas, mas o grupo com enxaqueca apresentou um

21 LM-200kS, Kyowa Eletronic Instruments, Tokyo, Japan.

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55

alto nível de atividade eletromiográfica durante CMV. Além disso, esse grupo

demonstrou níveis de força de mordidas anterior e posterior elevados, embora haja

correlação direta destas com níveis eletromiográficos. Os resultados deste estudo

reforçam a limitação do diagnóstico com eletromiografia, em pacientes com

enxaqueca.

Ferrario et al. (2000) investigaram, com eletromiografia, a simetria dos

músculos mastigatórios em trinta adultos jovens (18 e 19 anos; 15 homens e 15

mulheres). Todos os participantes apresentavam dentição permanente, incluindo o

segundo molar, classe I de Angle bilateral de primeiro molar e relação de canino. Os

pacientes apresentavam o trespasse horizontal e o trespasse vertical oscilando entre

2 e 5 mm, não apresentavam mordida cruzada anterior ou posterior, não

apresentavam restaurações com cobertura de cúspide, sem trauma facial prévio e

sem desordem temporomandibular ou desordem craniocervical. Para os registros

eletromiográficos, foram utilizados eletrodos de superfície, bipolares, posicionados

na protuberância muscular, paralelos às fibras. O sinal eletromiográfico analógico

obtido foi amplificado, digitalizado e filtrado digitalmente. Os sinais eletromiográficos

foram obtidos em apertamento voluntário máximo, durante 3s, com um rolo de

algodão colocado na altura do segundo pré-molar e molar. Este registro foi

considerado como 100% de potencial de atividade muscular. Um segundo registro

foi obtido em apertamento na posição de máxima intercuspidação (teste isométrico

estático), e o terceiro registro foi obtido alternando-se contração voluntária máxima e

relaxamento (teste dinâmico de contração e relaxamento). Para evitar a

possibilidade de fadiga muscular, foi permitido um período de descanso entre os

testes. Quando a padronização na contração máxima voluntária, em rolos de

algodão, tinha padrões eletromiográficos similares, diferenças no potencial médio

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56

não foram encontradas. No teste dinâmico de contração e relaxamento, a média do

potencial eletromiográfico foi de 40%, em relação ao potencial em contração máxima

voluntária, em rolo de algodão. Em ambos os testes, a média padronizada do

potencial muscular foi menor no músculo masseter do que no temporal. Os testes

foram realizados com padrões musculares simétricos. O coeficiente de torque, que é

um índice utilizado para mensurar a assimetria muscular, foi menor, especialmente

durante a contração máxima voluntária.

Buzinelli e Berzin (2001) analisaram pelo exame eletromiográfico o fenômeno

da fadiga nos músculos masseter e temporal, bilateralmente, durante mastigação

contínua de goma de mascar. Participaram do estudo 31 voluntários, estudantes,

integrantes do corpo discente e assistente da Faculdade de Piracicaba. Todos os

participantes tinham dentição natural completa e ausência de sinal ou sintoma de

desordem temporomandibular. Para a obtenção dos registros eletromiográficos

foram utilizados eletrodos de superfície bipolar22. Após a aplicação de uma pasta

eletrocondutora, os eletrodos foram fixados à pele por um colar adesivo, na direção

das fibras musculares, mantendo-se 1 cm de distância entre eles. A posição de

fixação ao músculo foi determinada por palpação. Os sinais eletromiográficos foram

amplificados e filtrados entre 10 Hz e 10 khz. Para cada gravação, os quatro sinais

musculares foram monitorados simultaneamente durante 4s. Para elucidar a fadiga

muscular, foi escolhida a mastigação de goma de mascar, pela consistência

homogênea do bolo formado, o qual não é engolido. Todas as gomas de mascar23

foram divididas em dois pedaços iguais, e os participantes foram orientados a

mastigar cada pedaço de um lado da boca, simultaneamente, durante 40s, para

diminuir a dureza inicial. Após 80s de descanso, os participantes foram orientados a

22 Sensor medics Corp. Anahein, CA,USA. 23 Kraft Suchard, SP, Brasil.

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57

mastigar até o aparecimento da sensação de fadiga, o qual foi definido como o

momento de um ímpeto inicial de parar a mastigação. O tempo médio de

manifestação da sensação de fadiga foi de 500s (desvio padrão = 445,72). Foram

realizadas gravações eletromiográficas no inicio da mastigação; após um minuto de

atividade e no momento da indicação da sensação de fadiga pelos participantes.

Para cada músculo foi identificada a fase de ativação e o intervalo entre essas fases.

Foram determinados a amplitude através do software “Sisdin”24 da fase de ativação

e o tempo de duração das fases de ativação e de relaxamento. O teste t de student

foi utilizado para análise estatística. Quando se avaliou a amplitude, não foram

encontradas variações consistentes entre o inicio da mastigação, com um minuto de

atividade e após a fadiga. No entanto, foi observada uma diminuição na duração da

fase. Os autores observaram que a amplitude eletromiográfica não apresentou um

comportamento consistente durante todo o experimento, para a determinação da

fadiga, por não fornecer informações suficientes para essa determinação. O tempo

para a determinação da fadiga foi muito superior aos 30s, citados por outros

trabalhos, na condição de apertamento, provavelmente pelo baixo nível de tensão

requerida na mastigação. Deve-se ficar atento em relação à alta variação do desvio

padrão da sensação subjetiva da fadiga, a qual sugere a presença de outros fatores

que não foram levados em consideração durante a seleção dos participantes

avaliados, como exemplo pode-se citar a variação dos hábitos alimentares e a

motivação individual, dentre outros.

Okano et al. (2002) avaliaram a influência da alteração da guia oclusal, no

deslocamento mandibular e na atividade eletromiográfica, nos músculos masseter

superficial, temporal anterior e temporal posterior, durante apertamento dental e em

24 Lynx Infor., SP, Brasil.

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58

posição de lateralidade, estando os dentes em relação de topo a topo. Foram

selecionados 20 pacientes, 15 do sexo masculino e cinco do sexo feminino, com

idade média de 26,5 anos. Os selecionados apresentavam boa saúde geral,

contatos oclusais bilaterais intactos e contato de topo a topo em canino, no lado de

trabalho, quando da realização da desoclusão lateral. Com o uso de coberturas

oclusais metálicas (overlays) individuais, que foram instaladas sobre a superfície dos

dentes mandibulares, do canino ao segundo molar do lado de trabalho e no segundo

molar no lado de balanceio, simularam-se quatro padrões de oclusão dentária que

foram analisadas: oclusão protegida por canino; oclusão funcional em grupo; esta

dividida em atuação do canino ao segundo molar e envolvimento do canino ao

segundo pré-molar; padrão de oclusão balanceada bilateral, tendo o contato no lado

de balanceio, na altura do segundo molar. As coberturas oclusais metálicas não

alteravam a dimensão vertical, na posição de topo a topo em excursão lateral. Foi

solicitado aos voluntários que realizassem excursão lateral e, no momento de

contato de topo a topo, que apertassem os dentes com força máxima, momento em

que o registro eletromiográfico foi obtido. A atividade eletromiográfica do temporal

anterior e do masseter foi obtida bilateralmente através de eletrodos de superfície.

No temporal posterior, foi utilizado eletrodos de agulha, mantendo-se uma distância

de 15 mm entre os eletrodos. Após filtragem, que eliminou freqüências acima de 1

khz e abaixo de 33 Hz, os sinais eletromiográficos foram amplificados e

armazenados, em um software, um componente do Gnasthohexagraph system. Foi

observada menor atividade eletromiográfica nos músculos, em ambos os lados, na

desoclusão pelo canino. Durante a simulação de função em grupo, com atuação dos

molares, ocorreu um aumento da atividade muscular. Quando o padrão foi alterado

para oclusão balanceada bilateral, foi observado incremento na atividade

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59

eletromiográfica dos músculos avaliados. Os autores concluíram que, considerando-

se a atividade parafuncional, é bem possível que a oclusão protegida por canino

teria uma vantagem sobre a presença de contatos de balanceio. Entretanto, os

resultados foram obtidos logo após a alteração dos padrões oclusais, e não foram

avaliados os efeitos, a longo prazo, dessas modificações.

Roark, Glaros e O’Mahony (2003) testaram a hipótese de que a presença de

um dispositivo interoclusal poderia reduzir a atividade eletromiográfica dos músculos

mastigatórios durante o apertamento máximo; o apertamento moderado e com a

presença de contatos leves entre as arcadas. Foram avaliados 20 indivíduos, sendo

sete homens e 13 mulheres, com idades entre 19 e 28 anos. O exame de seleção

incluiu a presença de dor associada à palpação muscular, a presença de ruídos

articulares e limitação de abertura. Os selecionados não apresentavam história, sinal

ou sintoma de dor miofascial ou artralgia. Para a coleta dos dados eletromiográficos

foram utilizados eletrodos de superfície de prata, que eram fixados na pele, após a

limpeza com álcool e gel abrasivo, na região dos músculos temporais anteriores e

masseteres superficiais. Estes foram conectados ao aparelho eletromiográfico EMG

Modules (M- 501)25. O módulo filtrava a banda entre 20 a 1000 Hz, digitalizava os

dados, que eram armazenados por um software. Para a realização dos testes foi

confeccionado para o maxilar um dispositivo interoclusal liso em resina acrílica.

Foram necessários ajustes intra-orais, para proporcionar múltiplos e simultâneos

contatos oclusais bilaterais anteriores e posteriores em relação central. Os testes

foram realizados em CMV e a 50% da CMV, por um período de 3s, por três vezes.

Para a análise dos resultados, foi utilizada a média dos valores dos três testes.

Diante da análise dos resultados, os autores concluíram que o dispositivo

25 J & J Instruments Co., Poulsbo, WA, USA.

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interoclusal reduziu significantemente a atividade eletromiográfica dos temporais

direito e esquerdo em CMV. Em contração moderada (50% da CMV), houve redução

somente no temporal direito. O dispositivo não alterou significantemente a atividade

eletromiográfica do masseter, exceto durante contração moderada, quando ocorreu

um aumento significante da atividade do masseter esquerdo. Foi possível concluir,

ainda, que, com a colocação do dispositivo, ocorreu uma alteração considerável nos

contatos oclusais, assim a atividade eletromiográfica pôde ser reduzida. Essa

redução poderia ser acompanhada de redução clínica da dor. Com o uso do

dispositivo, a atividade dos músculos temporais diminuiu em todos os testes.

Laat e komiyama (2004) analisaram estudos que utilizaram a eletromiografia

no diagnóstico de miopatias e criptotetania, bem como as tentativas de uso da

eletromiografia de superfície registrando a CMV, a atividade em repouso, a análise

da força espectral e dos vários reflexos, para distinguir pacientes com desordem

temporomandibular de controles. Após a revisão da literatura, os autores concluíram

que a diversidade dos parâmetros e reflexos eletromiográficos, induzidos em

músculos mandibulares, seria aparente, sendo assim, o local da estimulação e a sua

natureza seriam fundamental, pois sugerem padrões de reflexo diferentes.

Ressaltaram, ainda, a importância da detalhação da metodologia utilizada. A

utilização de critérios de inclusão e exclusão, baseados em descrição de

diagnósticos reconhecidos, deveriam ser utilizados na formação de grupos de

pacientes, bem como de um grupo controle adequado quanto à idade e ao sexo.

Poder-se-ia concluir, ainda, que os estudos que utilizaram a eletromiografia de

superfície em pacientes com desordem temporomandibular ou dor de cabeça

provocada por tensões ainda são controversos, e o uso da eletromiografia, como

ferramenta de diagnóstico, não pareceriam justificável, até o momento.

Page 61: ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER … · eletromiografia de superfície, dos músculos masseter superficial e temporal anterior, bilateralmente, em diferentes padrões

61

Ciuffolo et al (2005) avaliaram a atividade eletromiográfica dos músculos

temporal anterior, masseter, digástrico, esternocleidomastóideo, trapézio e músculos

cervicais, em resposta à contração máxima voluntária. Foram selecionados para o

estudo 20 pacientes, com idades entre 24 a 31 anos (média de 25,3 anos), sendo 14

do sexo masculino e seis do sexo feminino. Todos os participantes eram saudáveis

e não relataram história de bruxismo, dor orofacial, desordens craniomandibulares

ou craniocervicais. Os pacientes foram divididos em dois grupos, que, na fase

experimental, exerceram tarefas distintas. No primeiro grupo, foram realizadas duas

sessões de gravações eletromiográficas em posição de repouso mandibular,

respeitando-se um intervalo de um minuto entre elas. Este grupo foi nomeado de

grupo repouso. No segundo grupo, foi realizada, inicialmente, a gravação em

repouso mandibular. Após a obtenção do registro eletromiográfico, os pacientes

foram orientados a apertar seus dentes, em relação cêntrica, o máximo possível.

Este grupo foi denominado grupo em apertamento. A CMV foi repetida três vezes,

para possibilitar a obtenção do melhor dado dinâmico. Para minimizar os erros nas

gravações, estas foram realizadas pelo mesmo operador, e os eletrodos não foram

removidos durante a sessão. Para a obtenção dos registros eletromiográficos, foram

utilizados eletrodos de superfície (Duo F3010 bipolar, com diâmetro de 10 mm, Ag-

AgCl, lithium choride gel )26. Os eletrodos foram posicionados, conforme

recomendação de Cran e Kasman, e Fridlund e Cacioppo, na pele, após a limpeza

com álcool para diminuir a impedância. Os registros foram realizados durante 10s,

os dados foram amplificados, filtrados, integrados a um computador e analisados.

Os valores eletromiográficos foram obtidos pelas médias e desvios padrões. Em

CMV, observou-se um significativo aumento da atividade nos músculos masseter,

26 LTT FIAB Vicchio, Firenze, Italy.

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temporal anterior, digástrico e esternocleidomastóideo. Em contraste, a atividade

nos músculos trapézio e cervicais não variou, quando comparados os dados obtidos

em repouso com os em CMV. Diante da análise dos resultados, os autores

concluíram que a CMV, em pacientes saudáveis, ativa contemporaneamente os

músculos digástrico e esternocleidomastóideo. Os resultados sugeriram, ainda, uma

relação funcional entre a parafunção mastigatória e a presença de sensibilidade

dolorosa, nesses músculos.

2.2 Desordem Temporomandibular

De Boever (1973), em uma revisão crítica de literatura, relatou achados de

sintomas clínicos e do tratamento de pacientes com distúrbios funcionais da

articulação temporomandibular, com o objetivo de esclarecer controvérsias

existentes. Sobre a terminologia, observou-se uma grande variedade de termos para

caracterizar os distúrbios da ATM, o que contribuiu para gerar controvérsias. Não foi

possível encontrar provas científicas sobre qual é o fator primário na etiologia

desses distúrbios, sendo que várias teorias eram aceitas. As teorias poderiam ser

divididas em cinco grupos: deslocamento mecânico, muscular, neuromuscular,

psicofisiológico e teoria psicológica. Entretanto, nenhuma delas foi plenamente

explicada em relação a todos os aspectos apresentados e aos problemas

envolvidos. A relação entre desarmonia oclusal, espasmo muscular e disfunção

temporomandibular tem sido documentado eletromiograficamente. A importância

direta da oclusão em regular os movimentos mandibulares e a contração muscular

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63

pelos impulsos provenientes dos receptores dos ligamentos periodontais foi

observada. Houve um consenso entre os autores nas descrições dos sintomas, nos

quais foram a dor; a limitação e o desvio dos movimentos; os sons articulares,

caracterizados por crepitação e estalido, como os principais sintomas. Radiografias

não poderiam fornecer informações precisas sobre a posição cêntrica dos côndilos

em relação às fossas. Quanto ao diagnóstico em crianças, mais atenção deveria ser

dada aos sintomas, visto que 40% delas, na idade escolar, entre oito e 14 anos,

apresentavam um ou mais sintomas de distúrbios articulares. Dependendo da

etiologia, vários tipos de procedimentos terapêuticos têm sido propostos, como a

reposição mecânica, terapias oclusais, fisioterapia, mioterapia e psicoterapia. Em

relação à teoria neuromuscular, a terapia com a placa plana tem demonstrado

melhores resultados na remissão da dor e na redução da atividade muscular. Diante

da revisão realizada, o autor concluiu que existiam diversas teorias e terapêuticas

sobre os distúrbios funcionais da ATM, sendo que nenhuma dessas teorias fornecia

uma explicação abrangente sobre todos os aspectos dessa disfunção. Todos os

tratamentos preconizados forneciam, a curto prazo, um resultado positivo, mas

muitas dessas terapêuticas eram baseadas na experiência clínica dos profissionais.

Para que pudesse haver progresso no entendimento e no tratamento das

disfunções, seriam necessários mais estudos que procurassem entender os

componentes neuromusculares em sistemas estomatognáticos normais. Além disso,

para que se pudessem comparar estudos de autores diferentes, a fim de possibilitar

a análise dos resultados a longo prazo, seria fundamental a determinação de

diferentes terapias de tratamento, critérios de diagnóstico e sintomas gerais. Enfim,

todos esses cuidados seriam importantes para esta evolução científica.

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64

Holmgren, Sheikholeslam e Riise (1985), em um estudo eletromiográfico,

analisaram o efeito imediato da inserção de placas oclusais na atividade postural

dos músculos masseter e temporal anterior em diferentes posições do corpo e com

ou sem absorção visual. Trinta e um pacientes, com idades entre 18 e 38 anos,

foram incluídos na pesquisa, por apresentarem dentição natural, percepção de

ranger ou apertar os dentes durante a noite, dor e cansaço nos músculos da

mastigação e/ou dor de cabeça pela manhã e sensibilidade nos músculos à

palpação. As gravações eletromiográficas foram realizadas em uma sala protegida

de interferências de equipamentos eletrônicos, com os pacientes acomodados em

uma cadeira de dentista. A atividade postural foi medida nos músculos, com o auxílio

de eletrodos de superfície bipolar, que foram fixados à pele por meio de adesivos, a

uma distância de 10 mm ao longo das fibras musculares. O equipamento

eletromiográfico27 utilizado foi um sistema de oito canais. As gravações foram

realizadas antes da inserção da placa estabilizadora de acrílico, que cobria todo o

maxilar, e após 15 minutos da incorporação da mesma, com o paciente

primeiramente sentado e depois deitado em decúbito dorsal, e alternando os olhos

abertos e fechados. Os pacientes foram instruídos a não fazer uso de medicação

sedativa ou relaxante muscular nos dias dos exames. O espaço livre funcional foi

medido entre 1 e 4 mm para os pacientes em estudo, a placa interoclusal levou a um

aumento de 3 a 7 mm na dimensão vertical. Os resultados indicaram que, quando os

pacientes estavam na posição sentada, sem suporte para a cabeça e com os olhos

abertos, existiu uma nítida atividade postural no músculo temporal anterior e, em

alguns indivíduos, também no masseter. A atividade postural foi reduzida

significantemente na posição deitada e com os olhos fechados. Após 15 minutos da

27 Medelec, type K6

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incorporação da placa foi observado um decréscimo da atividade dos músculos

temporais em 52% dos pacientes, um acréscimo em 22%, e em 26% dos pacientes

a atividade permaneceu inalterada. Os autores concluíram que, nos pacientes com

sinais e sintomas de desordem temporomandibular, existiu uma pronunciada

atividade nos músculos temporais anteriores, na posição de repouso, que a visão, a

mudança na posição do corpo e a alteração da dimensão influenciaram

significativamente o padrão da atividade postural, no músculo temporal. Concluíram

ainda que a posição deitada em decúbito dorsal seria a de escolha para a obtenção

do registro oclusal em relação cêntrica, para analises oclusais, assim como para

ajuste de placas oclusais.

Gervais, Fitzsimmons e Thomas (1989), por meio da análise eletromiográfica

dos músculos temporal e masseter em posição de repouso mandibular, propuseram

um padrão eletromiográfico, o qual poderia ser usado no diagnóstico e tratamento de

pacientes com desordem temporomandibular. Participaram deste estudo 116

voluntários, que foram divididos em três grupos experimentais. O grupo classificado

de assintomático era composto de 24 mulheres, cuja média de idade era de 26,4

anos. O grupo sub-clínico foi composto de 31 mulheres com idade média de 28,6

anos e o grupo com desordem temporomandibular tinha 61 pacientes, sendo 43 do

sexo feminino e 18 do sexo masculino, cuja idade média era de 31,9 anos. A

seleção dos grupos foi feita por meio de questionário e exame clínico, os integrantes

deste estudo não receberam tratamento prévio de desordem temporomandibular.

Para a captação do sinal eletromiográfico foram utilizados quatro conjuntos de

eletrodos de superfície, de prata/cloreto de prata, reutilizáveis. O local de fixação na

pele foi padronizado, foi previamente limpo com esfregaço de álcool, foi levemente

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66

raspado e foi usado um creme condutor28 no eletrodo. Os dados foram coletados,

simultaneamente, por meio de quatro canais do sistema de biofeedback Biocomp

200129, sendo, então, armazenados em um micro computador através de um

software com intervalo de gravação de 10 a 12 segundos. A banda utilizada foi entre

80 a 400 Hz. O exame foi realizado por um único operador, com os pacientes

confortavelmente assentados. A hipótese nula, de ausência de diferença da média

entre os grupos, foi testada e rejeitada pela análise multifatorial de variância

(MANOVA). Foi observado um significativo aumento da média da atividade

eletromiográfica no grupo de pacientes quando comparada aos outros grupos, f

(8,220) = 6,65, p< 0,001. Não houve diferença significativa entre os grupos

assintomáticos e sub-clínicos. Simultâneos intervalos de confiança para cada uma

das quatro variáveis revelaram que o grupo de pacientes difere significativamente,

com um intervalo de confiança de 95%, dos demais grupos em todas as variáveis,

exceto para o masseter direito. A análise de hotelling’s T2, revelou não haver

diferença relativa a sexo no grupo de pacientes, entretanto houve uma pequena

correlação negativa quanto à idade e à atividade EMG do temporal direito. Os

achados deste estudo sugerem que, para ambos os sexos, níveis de eletromiografia

de 2µv, com desvio padrão de 1µv, indicam atividade normal dos músculos masseter

e temporal, em repouso mandibular.

Castroflorio et al. (2004) analisaram, por meio de EMG, o efeito de um

aparelho funcional nos músculos mastigatórios de adultos jovens com dor muscular

associada à DTM. Foram selecionados três grupos de 11 pacientes, cada um

constituído de três homens e oito mulheres. O grupo um, foi constituído de pacientes

com idade média de 25,4 anos que apresentavam DTM e necessidade de

28 Hewlett-Packard Redux Creme. 29 Biocomp 2001 biofeedback system- Bioffedback Research Institute, Los Angeles, Califórnia.

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67

tratamento ortodôntico para correção de mordida profunda. Estes foram tratados

com o uso do function generating bite for deep bite correction (FGB-D). O grupo dois

apresentava idade média de 27,2 anos e DTM, e não necessitava de correção

ortodôntica. Os pacientes foram tratados com dispositivo de Michigan. O grupo três

era constituído de estudantes de especialização em Ortodontia, e seus componentes

tinham idade média de 26,3 anos e eram saudáveis, sendo, este, considerado o

grupo controle. Estes não receberam nenhum tipo de tratamento durante o período

da pesquisa. Os registros eletromiográficos foram obtidos de quatro canais do

eletromiógrafo Freely30. O sinal foi amplificado, digitalizado e filtrado digitalmente. O

aparelho foi conectado a um computador que permitiu a representação gráfica dos

dados, os quais foram arquivados para análise posterior. Para a obtenção dos

sinais, foram utilizados eletrodos bipolares Duo-Trode31, diâmetro de 10 mm e

distância de 21 mm entre os eletrodos, que foram posicionados paralelos às fibras

musculares a 2,5 cm acima do ângulo da mandíbula para o masseter e 2 cm acima

do arco zigomático para o temporal anterior. As gravações eletromiográficas foram

obtidas antes do tratamento e 12 meses após o seu início, com e sem o FGB-D, e o

dispositivo de Michigan, em apertamento máximo voluntário. Cada teste foi repetido

três vezes em cada sessão. Cada registro foi de 5s, seguido de um descanso de 3

min para se evitar a fadiga muscular. Para cada músculo, foi obtido um índice de

torque que possibilitou a avaliação do desvio da mandíbula. O índice de torque foi

calculado pela fórmula: (Temporal Anterior (TA) direito (d) + Masseter (M) esquerdo

(e)) – (TA.e + M.d) / (T.d + M.d) + (T.e + M.d), e seu resultado foi expresso em

porcentagem. O resultado apresentou para o grupo um uma redução significativa

após o tratamento. Entretanto, para os grupos dois e três não foi observada redução

30 DeGoetzen spa, Olgite Olona, VA, Italy. 31 Myotronics Inc, Tukwila, WA, USA

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68

significativa, visto que o índice de torque apresentou-se em um nível normal desde o

primeiro registro. Os autores concluíram que a eletromiografia quantitativa dos

músculos mastigatórios não poderia ser distinguida entre indivíduos saudáveis e

com desordem temporomandibular, que a mordida profunda poderia estar associada

ao índice de torque elevado e ao desvio lateral da mandíbula e que o dispositivo

para correção da mordida profunda seria capaz de reduzir o índice de torque.

Chandu et al. (2004) avaliaram as diferenças na atividade eletromiográfica do

músculo masseter e na força de mordida, bilateralmente, durante diferentes tarefas,

em pacientes com desordem temporomandibular (DTM) e assintomáticos. Para a

realização do experimento foram selecionados dez pacientes com DTM e idade

média de 26,9 anos e 8 indivíduos saudáveis, com idade média de 25,3 anos, que

formaram o grupo controle. Todos os pacientes do grupo com DTM apresentavam a

desordem há mais de seis meses e tinham DTM mista, ou seja, envolvimento dos

músculos da mastigação e da articulação. O grupo controle apresentava a idade,

sexo e dentição semelhantes ao do grupo de pacientes. Para cada indivíduo foi

construído um dispositivo interoclusal, mandibular, que foi ajustado para

proporcionar um padrão de oclusão em grupo. A instrumentação eletromiográfica

consistia do eletromiógrafo de superfície MEMAS-200032, que permitiu a

amplificação, a retificação e a integração do sinal pela técnica do root mean square.

Os sinais foram medidos entre a freqüência de 25 a 550 Hz com sensibilidade de 1 a

20000 µv. Os dados foram captados por eletrodos de superfície auto-adesivos de

cloreto de prata, que foram conectados ao eletromiógrafo por um conector de pólo

triplo. Os eletrodos foram posicionados segundo o protocolo de Greenfield e Wyke,

após a preparação dos locais de fixação com esfregaço de álcool. O equipamento

32 MEMAS ELEKTRONIIKA OU, Kuopio, Finland.

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69

para medir a força da mordida foi o NIKON KOHDEN33, com transdutor de força de

12 mm de diâmetro e 5 mm de espessura, a superfície de mordida foi coberta com

adesivo de borracha. A atividade eletromiográfica foi medida em posição de

repouso, em apertamento no dispositivo interoclusal, em apertamento no medidor de

força e em apertamento no dispositivo interoclusal e no medidor de força. Cada

tarefa foi constituída de uma série de três apertamentos de 10s. Foi permitido um

descanso de 5 minutos entre as tarefas. Diante dos resultados, os autores

concluíram que existem diferenças na atividade eletromiográfica do masseter e na

força de mordida entre pacientes com DTM e saudáveis. Que a atividade

eletromiográfica em repouso foi maior no grupo de pacientes e que o uso de um

dispositivo interoclusal reduziu a atividade eletromiográfica em ambos os grupos e

aumentou a força de mordida nos pacientes.

Landulpho et al. (2004) avaliaram a eficácia do tratamento com dispositivo

interoclusal em pacientes com sintomas de DTM. Foram selecionados por exames

clínico e radiográfico 22 pacientes, sendo 15 mulheres e sete homens, todos com

dentição natural, sintomas de DTM e idade entre 18 e 53 anos. Foram excluídos os

pacientes em uso de dispositivos interoclusais e que se submeteram a tratamento

cirúrgico. Foi construído um dispositivo interoclusal maxilar, por métodos

convencionais, o qual inicialmente, proporcionava uma superfície plana, que foi

alterada para proporcionar guia de canino e, posteriormente, desoclusão em grupo.

Foi realizado exame eletromiográfico, dos músculos masseter e temporal anterior,

antes do inicio do tratamento, com 90, 120 e 150 dias. Os exames foram realizados

na posição de repouso mandibular, com o paciente sentado, com o plano de

Frankfurt paralelo ao solo. Foi utilizado um sistema computadorizado K6-I Diagnostic

33 Nikon Kohden, Tokyo, Japan.

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70

System34 : eletromiógrafo de superfície com eletrodos bipolares (duo-trode silver/

silver chloride) de 8 canais (K6-I/EMG), conectados a um computador. A calibração

foi de 500µv, com velocidade de gravação de 1cms. A posição do eletrodo foi

determinada por palpação do músculo. Os pacientes usaram o dispositivo

interoclusal plano por 90 dias, com guia de canino por mais 30 dias e com função

em grupo por mais 30 dias, sempre nesta ordem. No temporal anterior houve uma

redução significativa da atividade muscular quando do uso do dispositivo com

desoclusão em grupo, entretanto o masseter apresentou uma redução que não foi

estatisticamente significativa. Diante dos resultados os autores concluíram que o uso

de guia em dispositivos interoclusais seria uma alternativa eficaz para a redução da

atividade elétrica do masseter e temporal anterior.

McKee (2005) comparou a posição condilar obtida através da manipulação

manual, com a obtida pela contração dos músculos mastigatórios após o uso de um

dispositivo desprogramador anterior, com o objetivo de determinar a localização dos

côndilos pela contração dos músculos da mastigação sem a influência da oclusão

dental. Participaram deste estudo 11 pacientes e três dentistas. Os dentistas foram

solicitados a obter três registros de relação cêntrica em cada um dos 11 pacientes.

Todos os dentistas estavam familiarizados com a técnica de obtenção do registro,

sendo, ainda, calibrados para a obtenção do registro de relação cêntrica. Após a

obtenção de todos os registros foi confeccionado um dispositivo desprogramador

anterior para cada um dos pacientes, sendo que este proporcionava a desoclusão

dos dentes posteriores durante todos os movimentos mandibulares e não

apresentava dentição. Após o uso por 60 minutos do uso do desprogramador foram

obtidos quatro registros de relação cêntrica pela contração dos músculos da

34 Myo-tranics, Inc., Tukwila, WA, USA.

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mastigação pelos pacientes, até o momento em que os dentes inferiores

contactaram com o aparelho desprogramador. Compararam-se os registros obtidos,

através do aparelho Centri-Check35. A posição condilar obtida pela manipulação

reproduziu a posição condilar em relação cêntrica, em 100% dos casos. A posição

condilar obtida pela contração dos músculos da mastigação após o uso do

desprogramador anterior foi reproduzida em 97,7% dos testes. Os resultados foram

analisados através de um teste para amostras independentes. Os resultados deste

estudo piloto indicam que, sem a influência da oclusão dental, a contração dos

músculos da mastigação poderia colocar o côndilo na posição de relação cêntrica.

35 Denar CentricCheck; Waterpik Technologies.

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3 Objetivo

3.1 Objetivo Geral

Avaliar, quantitativamente, a atividade dos músculos masseteres superficiais

e dos feixes anteriores dos músculos temporais, bilateralmente, por meio de

eletromiografia, em diferentes padrões de oclusão dentária, em relação ao

dispositivo interoclusal maxilar de recobrimento completo.

3.2 Objetivos Específicos

Verificar a existência de diferença na atividade eletromiográfica máxima, na

média da atividade eletromiográfica e no índice de assimetria, para cada um dos

músculos analisados, em relação às alterações do padrão oclusal, proporcionado

pelo dispositivo interoclusal completo, durante contração isométrica voluntária

máxima em movimentos excursívos laterais.

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73

4 Metodologia

4.1 Autorização para condução do estudo

O projeto de pesquisa que resultou na elaboração desta dissertação foi

submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, tendo o seu projeto sido aprovado sob o

número 2004/168 (anexo um).

4.2 Universo e Amostra

Para a realização deste estudo, foram convidados os estudantes que

cursavam, no segundo semestre do ano de 2004, o sexto período do curso de

odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Os estudantes que

aceitaram participar da pesquisa foram selecionados a partir de critérios de inclusão

e exclusão. Os critérios de inclusão foram: disponibilidade para participar do estudo,

apresentar dentição permanente completa, à exceção dos terceiros molares, e não

apresentar assimetria facial marcante. Os critérios de exclusão foram: apresentar

sinais e sintomas de desordens temporomandibulares (ROARK, GLAROS e

O’MAHONY, 2003; CIUFFOLO et al., 2005), estar fazendo uso de qualquer

medicamento ou droga, apresentar alterações sistêmicas que pudessem interferir na

atividade muscular (CHANDU et al., 2004) e estar em tratamento odontológico. O

diagnóstico de desordem temporomandibular (DTM) era caracterizado pela presença

da tríade clássica de sinais e sintomas de DTM: dor na articulação

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temporomandibular e nos músculos mastigatórios, movimento mandibular reduzido e

sons articulares (DE BOEVER, 1973). Foram selecionados 11 alunos (oito do sexo

feminino e três do sexo masculino), idade entre 21 e 24 anos (média de 23 anos e

12 meses), os quais fizeram parte da pesquisa. Durante a realização deste estudo,

dois voluntários não concluíram os testes.

4.3 Consentimento

Foi disponibilizado aos selecionados um texto explicativo, no qual

estavam todos os passos da pesquisa e do exame de eletromiografia a que se

submeteriam. Ao final da leitura, assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido (anexo dois).

4.4 Confecção do dispositivo interoclusal completo

Para cada um dos voluntários selecionados foi confeccionado e instalado, na

maxila, um dispositivo interoclusal, em resina acrílica termopolimerizável, com

espessura mínima que permitisse uma oclusão estável. Para a obtenção do

dispositivo interoclusal, foi realizada moldagem dos arcos maxilar e mandibular com

hidrocolóide irreversível36, com o auxílio de moldeiras tipo “vernner”. Os moldes

foram lavados em água corrente e imediatamente vazados com gesso tipo IV37,

tendo obedecido às especificações do fabricante em relação ao proporcionamento

água/pó e ao tempo de presa. Após a presa inicial do gesso tipo IV, em um

36 Jeltrate Tipo II, Dentsply indústria e comércio Ltda.Petropolis, Brasil. 37 Durone IV Salmon, Dentsply indústria e comércio Ltda.Petropolis, Brasil.

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recipiente que mantinha 100% de umidade, uma camada de gesso pedra tipo III38 foi

acrescida ao primeiro vazamento, para se formar a base dos modelos. Os modelos

obtidos, após serem separados de seus respectivos moldes, foram desinfetados

com glutaraldeído39 a 2% por 10 minutos, analisados, recortados e montados em um

articulador Dentatus40 (figura 1). O modelo superior foi montado com o auxílio do

arco facial, segundo instruções de uso do manual do articulador. Para a montagem

do modelo mandibular, foi realizado um registro interoclusal em cera 9, com o auxílio

de um JIG, que eliminou possíveis interferências em fechamento. Os ângulos da

eminência articular e de Bennett foram regulados em 15º, conforme preconizado

pelo manual do articulador para procedimentos de rotina.

Após a montagem dos modelos e o ajuste do articulador, os dispositivos

interoclusais foram encerados sobre os modelos do arco superior, visando à

obtenção de uma superfície oclusal plana, com contatos simultâneos em todos os

dentes antagonistas (ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003), sendo obtido um

contato por cúspide de contenção nos dentes posteriores e nas incisais dos dentes

anteriores. Também obteve-se uma rampa, na região do canino, que proporcionou a

simulação de um padrão de oclusão lateral em canino. As etapas de inclusão,

prensagem e acabamento, para a obtenção dos dispositivos, foram realizadas por

um mesmo técnico em prótese dentária (TPD) que seguiu, sempre, o mesmo

processo (Figura 2). Após a desinfecção do dispositivo interoclusal completo com

glutaraldeído a 20%, por 10 minutos, o dispositivo foi instalado na maxila, e foram

realizados ajustes, quando necessários, visando à adaptação ao arco dental. A

obtenção dos contatos oclusais desejados foi alcançada com o paciente em posição

de decúbito dorsal (HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM e RIISE, 1985), com o auxílio 38 Gesso pedra Mossoró, Empresa Industrial Mossoró SA. Rio de Janeiro, Brasil. 39 Glutaron II, Indústria Farmacêutica Rio Química. São José do Rio Preto, SP, Brasil. 40 AB DENTATUS Stockholm Sweden

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76

do carbono Accu Film II41. Durante a realização dos testes, o dispositivo interoclusal

foi modificado para proporcionar um padrão de oclusão com contatos simultâneos no

lado de trabalho, na região do canino e no lado de balanceio, na região do segundo

molar. Esse contato não impedia que a guia canino ocorresse no lado de trabalho

(ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003). Dessa forma, obtiveram-se contatos

simultâneos no lado de trabalho e balanceio durante a contração máxima isométrica

voluntária em posição lateral da mandíbula, em ambos os lados. Em alguns

indivíduos, além do acréscimo de resina no lado de balanceio, houve necessidade

de redução da rampa que proporcionava a guia de canino, no lado de trabalho, de

modo que esses contatos ocorreram simultaneamente, sem que um sobrepusesse o

outro, durante contração máxima isométrica voluntária, em posição lateral da

mandíbula.

Figura 1 Figura 2

Modelos montados articulador Dentatus. Dispositivo interoclusal Total.

41 Accu Film IIR, Farmingdale, NY, USA.

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77

4.5 Análise Eletromiográfica

Para a obtenção do sinal eletromiográfico, foram utilizados eletrodos de

superfície bipolares (MACALUSO e De LAAT, 1995) (Dura-StickTM 42) de Ag ⁄ AgCl,

com diâmetro de 12mm (Figura 3). Estes foram colocados por um mesmo operador

e não foram removidos durante o experimento, para minimizar erros nas gravações

(CIUFFOLO et al, 2005). Os dois eletrodos ativos foram posicionados paralelos e na

direção das fibras musculares (BURNETT et al. 2000; FERRARIO et al, 2000;

OKANO et al, 2002), sendo respeitada uma distância de 10 mm entre os eletrodos

(MATSON, 1976; HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM e RIISE, 1985; McCARROL et al,

1989; BUZINELLI e BERZIN, 2001). O local de fixação foi determinado por palpação

(MATSON, 1976; McCARROL et al, 1989; FERRARIO et al, 1993; BABA et al. 2000;

BUZINELLI e BERZIN, 2001; LANDULPHO et al, 2004), sendo escolhida a região da

protuberância muscular (WILLIAMSON e LUNDQUIST, 1983; ALQURAN e LYONS

(1999); GRUBWIESER et al., 1999; FERRARIO et al., 2000; CASTROFLORIO et al.,

2004). O terceiro eletrodo, eletrodo terra, foi posicionado no lóbulo da orelha

(FERRARIO et al., 2000; OKANO et al., 2002), a fim de se evitar qualquer

interferência muscular (Figura 4). Antes da colocação dos eletrodos, a pele foi limpa,

para diminuir a impedância (CRAM e ROMMEN, 1989; BABA et al., 2000;

FERRARIO et al., 2000), por fricção de um chumaço de algodão embebido com

álcool 700, por quatro a seis movimentos (MACALUSO e De LAAT, 1995; BABA et

al., 2000; OKANO et al., 2002; CHANDU et a.l, 2004; CIUFFOLO et al., 2005) sem

que, no entanto, causasse vermelhidão. A colocação dos eletrodos ocorreu

imediatamente após a limpeza da pele, quando esta estava livre do álcool. O

42 Chattanooga Group, USA

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78

eletrodo era umedecido com um gel condutor (ALQURAN e LYONS, 1999;

FERRARIO et al., 2000; BUZINELLI e BERZIN, 2001; OKANO et al., 2002) (Gel in

Shape43) (Figura 5) e fixado à pele por meio de uma fita auto-adesiva, que o

acompanhava (CRAM e ROMMEN, 1989; MACALUSO e DE LAAT, 1995; RILO et

al., 1997; BABA et al., 2000; BUZINELLI e BERZIN, 2001). A presença de cabelos,

pelos ou qualquer outro tipo de interferência era sempre evitada (RILO et al., 1997).

Durante as sessões de registro, procurou-se manter sempre um ambiente

tranqüilo, silencioso e somente com iluminação natural, objetivando assim um

ambiente propício ao relaxamento dos indivíduos (RILO et al., 1997;

CASTROFLORIO et al., 2004). Esses permaneceram assentados, confortavelmente,

em uma cadeira odontológica (BABA, MIZUTANI e ENOSAWA, 1996; BABA et al.,

2000), sem o apoio de cabeça (FERRARIO et al., 2000; CASTROFLORIO et al.,

2004), com o plano de Frankfurt paralelo ao solo e com os braços e as pernas

apoiados e descruzados (RILO et al., 1997; BURNETT et al., 2000; OKANO et al.,

2002; CHANDU et al., 2004; LANDULPHO et al., 2004). Todos os exames

eletromiográficos foram realizados no período da manhã, para se evitar as possíveis

interferências do stress diário (CECERE, RUF e PANCHERZ, 1996), eram, ainda, os

pacientes previamente instruídos a não fazerem uso de medicamentos ou drogas

relaxantes musculares no dia dos testes (HOLMGREN, SHEIKHOLESLAM e RIISE,

1985, BURNETT et al., 2000).

43 Suprimed Indústria e comércio LTDA. Brasil

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Figura 3 Figura 4 Figura 5

Eletrodos de superfície Eletrodos posicionados. Gel in Shape. .

Bipolares.

4.5.1 Protocolo Experimental

Antes da coleta dos dados realizou-se um estudo piloto com alguns

voluntários, o qual serviu para padronização do exame eletromiográfico, em relação

à técnica e materiais utilizados. Os resultados obtidos nesses testes não foram

considerados nesta pesquisa.

Foram realizados seis registros eletromiográficos dos músculos masseteres

superficiais e do feixe anterior dos temporais, bilateralmente. Para a obtenção dos

registros, os voluntários foram solicitados, verbalmente, a realizar apertamento

dental máximo voluntário durante 10s (SHUPE et al., 1984; DAHLSTROM e

HARALDSON 1989; CHANDU et al., 2004). Ao longo de todo o tempo, o operador

incentivava a manutenção da tarefa (CIUFFOLO et al., 2005). Os registros foram

realizados nos seguintes momentos:

- O primeiro registro foi realizado com o paciente em apertamento máximo

voluntário, em MIH. Este registro foi considerado como 100% da atividade muscular

(WOOD, 1997), para efeito de comparação com os demais registros obtidos.

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- O segundo e terceiro registros foram obtidos com o dispositivo interoclusal

simulando um padrão oclusal lateral em canino. O registro foi aceito no momento em

que os pacientes estavam realizando CMV, na posição de topo a topo de canino no

lado direito e esquerdo, nesta seqüência.

- O quarto e quinto registros foram obtidos com o dispositivo interoclusal

simulando a oclusão balanceada bilateral, com o voluntário realizando contração

máxima voluntária (CMV), no final da excursão de lateralidade, no lado direito e

esquerdo, nesta seqüência.

- O sexto registro foi obtido ao final, com o paciente realizando apertamento

máximo voluntário (apertamento em MIH sem o dispositivo interoclusal), para

comparação com o registro inicial, objetivando a verificação da possibilidade de

interferência dos resultados, pelo fenômeno da fadiga.

4.6 Processamento do sinal eletromiográfico

O sinal eletromiográfico captado pelos eletrodos foi processado pelo

eletromiógrafo portátil de dois canais EMG Retrainer44 (Figura 6), sendo por este

amplificado, filtrado e retificado. Por meio de um leitor de infravermelho, o sinal foi

integrado a um computador portátil45 (Figura 6), pelo programa de computador EMG

Retrainer IR 46. Os dados obtidos foram gravados em sessões de arquivo e

44 Chatanooga Group, Inc. U.S.A 45 Satellite A70, Toshiba América, Inc. U.S.A 46 Chatanooga Group, Inc. U.S.A

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permaneceram disponibilizados em formato gráfico (Figura 7), para posteriores

consultas.

Figura 6 Figura 7

EMG Retrainer IR Eletromiograma

4.7 Análise Estatística

4.7.1 Caracterização das Variáveis

A análise estatística foi realizada comparando-se os dados brutos, obtidos a

partir das contrações isométricas máximas voluntárias dos músculos masseteres

superficiais e temporais anteriores, bilateralmente, pelo programa de computador

BioEstat 3.047. Os dados foram fornecidos pelo aparelho EMG Retrainer IR, sendo

analisados a atividade eletromiográfica máxima, a média da atividade e o índice de

assimetria. Para a obtenção do índice de assimetria (IA), utilizou-se a fórmula

matemática, proposta por Naije et al., (1989):

(EMG direita – EMG esquerda ⁄ EMG direita + EMG esquerda) x 100.

47 BioEstat versão 3.0, Sociedade Civil Mamirauá ⁄ MCT. CNPq, Pará-Brasil

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82

Devido à característica cardinal dos dados obtidos e para a determinação da

distribuição dos dados, da amplitude do sinal eletromiográfico e do índice de

assimetria, utilizou-se o teste D’Agostino e o teste Kolmogorov-Sminorv (Lilliefors),

respectivamente, através dos quais se determinou a normalidade de distribuição dos

resultados.

4.7.2 Testes Estatísticos

Para a análise dos resultados, estabeleceu-se uma comparação entre as

tarefas, na qual a tarefa de contração isométrica máxima voluntária em máxima

intercuspidação habitual (tarefa I) era considerada como 100% de atividade, para

efeito de comparação com as demais tarefas. Sendo assim, a tarefa I foi comparada

às tarefas: CMV em posição lateral direita, com o DI simulando um padrão de

oclusão em canino (tarefa II), CMV em posição lateral esquerda com o DI simulando

um padrão de oclusão em canino (tarefa III), CMV em posição lateral direita com o

DI simulando um padrão de oclusão balanceada bilateral (tarefa IV), CMV em

posição lateral esquerda com o DI simulando um padrão de oclusão balanceada

bilateral (tarefa V), CMV em MIH (final) (tarefa VI). Em seqüência, as tarefas II e IV;

III e V foram também comparadas entre si.

Por serem comparados os registros de uma mesma amostra, em tempos

diferentes, foi selecionado um teste para dados pareados. Devido ao número da

amostra avaliada e à característica de distribuição dos resultados, foi utilizado o

teste t’ de student, para a análise da amplitude do sinal eletromiográfico e para o

índice de assimetria.

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Baseando-se apenas no sentido da diferença dos escores antes e depois das

tarefas realizadas, registrados sob a forma de sinais (+) e (-), a aplicação do teste

não paramétrico para o índice de assimetria, teste dos sinais, possibilitou a definição

da diferença dos escores antes e depois do procedimento investigatório.

Para os testes estatísticos deste estudo adotou-se um nível de significância

de 5% (alfa = 0,05).

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5 Resultados

Neste capítulo, visando à melhor compreensão do leitor, optou-se por

apresentar, inicialmente, a descrição dos resultados e, posteriormente, a análise

estatística.

5.1 Descrição dos Resultados

Apresentar-se-ão, a seguir, os dados qualitativos de maneira comparativa,

ordenando-os por tarefas, para possibilitar uma visão comparativa dos dados

obtidos. Os resultados serão apresentados por músculos avaliados e por indivíduos

e será considerada a atividade eletromiográfica máxima e a média da atividade.

Serão apresentados, também, os dados quantitativos, em forma de tabelas, que

possibilitarão, assim, uma melhor visualização dos resultados.

Os participantes da pesquisa foram numerados ordinariamente de 1 a 9,

segundo a seqüência de realização dos testes, e assim foram diferenciados na

apresentação dos resultados. Além disso, as tarefas foram identificadas por

algarismo romano, para facilitar a visualização das tabelas.

Para melhor visualização, os dados quantitativos e o IA serão apresentados

em forma de tabelas. Para a confecção das tabelas, os dados foram agrupados

conforme o músculo envolvido e o nível de atividade avaliada. As linhas contêm os

dados dos pacientes e as colunas as tarefas realizadas. A 1º. coluna indica o

indivíduo, e as demais, as tarefas realizadas, sempre seguindo uma seqüência pré-

determinada, a saber: a 2º coluna expressa os dados obtidos durante CMV em MIH,

no início dos testes; a 3º, em posição direita de topo a topo de canino com o

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Dispositivo Interoclusal (DI); a 4º, em topo a topo no lado esquerdo em canino com o

DI; a 5º, em posição lateral direita com o DI proporcionando um padrão de oclusão

balanceada bilateral; a 6º em posição esquerda com o mesmo padrão e a 7º contém

os dados obtidos a partir da CMV em MIH no final dos testes.

As cinco últimas linhas contêm a estatística descritiva, que expressa o valor

mínimo, o máximo, a média, o desvio padrão e o coeficiente de variação.

O índice de assimetria possibilitou, em relação à tarefa I e ao músculo

temporal anterior, a visualização da predominância do lado direito, em atividade

máxima, nos indivíduos 1, 3, 4, 5, 7, 9 (Tabela 1).

Tabela 1

Índice de assimetria do músculo Temporal anterior em atividade

eletromiográfica máxima.

I II III IV V VI 1 +7.05% +70.74% +19.17% +39.61% +1.82% +2.35% 2 -28.79% -0% -96.84% -13.58% -61.95% -21.57% 3 +16.83% +42.37% +62.36% +1.24% +0.79% +3.51% 4 +1.73% -30.06% -5.03% +5.29% -37.19% +2.61% 5 +10.47% +15.92% +8.18% -5.17% +12.43% +0.12% 6 -16.76% -9.69% -19.89% -27.5% +3.78% +15.61% 7 +0.29% +58.12% -27.41% +54.63% -23.61% +4.97% 8 -5.22% +31.13% -79.47% +17.05% -96.93% -2.02% 9 +7.05% +91.16% -59.56% +67.53% -1.19% +3.76%

Mínimo 0.2900 0.0000 5.0300 1.2400 0.7900 0.1200 Máximo 28.7900 91.1600 96.8400 67.5300 96.9300 21.5700 Média 6.0628 35.0781 28.4709 14.6745 9.0904 3.1755 Desvio Padrão 8.9904 29.9151 33.2938 23.5623 33.4747 7.2593

Coeficiente de

Variação 85.90% 77.10% 79.29% 91.56% 125.69% 115.59%

NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo

indica a predominância do lado esquerdo.

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86

Em relação à média da atividade eletromiográfica, houve predominância do

lado direito nos indivíduos 1, 3, 4, 5, 9 (Tabela 2).

Tabela 2

Índice de assimetria do músculo Temporal anterior em atividade

eletromiográfica média.

I II III IV V VI 1 +19.77% +68.05% +12.86% +56.82% -12.28% +2.84% 2 -31.68% -1.66% -95.75% -10.42% -54.15% -27.88% 3 +25.28% +48.93% +63.03% +3.32% -8.23% +3.26% 4 +8.15% -26.59% -13.08% -2.24% -35.98% -1.39% 5 +22.51% +18.76% -6.66% -8.06% +0.82% +0.52% 6 -10.1% -13.31% -27.5% -43.96% +3.41% +9.25% 7 -9.91% +31.54% -35.52% +56.72% -32.21% -5.45% 8 -15.52% -25.62% -80.99% +6.15% -97.76% -11.97% 9 +5.31% +91.15% -66.93% +74.43% -3.37% +4.33%

Mínimo 5.3100 1.6600 6.6600 2.2400 0.8200 0.5200 Máximo 31.6800 91.1500 95.7500 74.4300 97.7600 27.8800 Média 14.2323 24.0611 32.0616 15.0873 12.1669 4.2854 Desvio Padrão 8.9065 28.3793 32.7757 28.5291 32.0510 8.5025

Coeficiente de

Variação 54.08% 78.44% 73.32% 97.96% 116.22% 114.40%

NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo

indica a predominância do lado esquerdo.

O músculo masseter apresentou uma predominância do lado direito em todos

os indivíduos a exceção do individuo 8, em atividade máxima (Tabela 3).

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87

Tabela 3

Índice de assimetria do músculo Masseter superficial em atividade

eletromiográfica máxima.

I II III IV V VI 1 +10.68% -43.39% +9.55% -45.47 +77.59% +39.4% 2 +11.34% -62.11% +59.90% -39.06% +35.5% +1.31% 3 +44.16% -20.39% +52.08% +28.55% +45.60% +42.13% 4 +28.66% +20.37% +25.84% +8.98% +18.49% +5.24% 5 +1.44% +49.46% +71.85% -16.39% +81.57% +8.65% 6 +50.7% +31.18% +33.89% -50.20% +49.09% +32.8% 7 +23.63% +21.64% +55.55% +7.73% +47.59% +20.6% 8 -18.62% +60.08% +36.83% +45.26% +9.86% +20.76% 9 +3.64% +10.88% -5.61% +16.62% -1.27% +1.50%

Mínimo 1.4400 10.8800 5.6100 7.7300 1.2700 1.3100 Máximo 50.7000 62.1100 71.8500 50.2000 81.5700 42.1300 Média 13.7806 30.7272 30.2981 23.4912 26.0592 10.8442 Desvio Padrão 17.2186 18.8532 22.7682 16.7748 27.8371 16.0573

Coeficiente de

Variação 80.35% 53.11% 58.36% 58.46% 68.35% 83.83%

NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo

indica a predominância do lado esquerdo.

Quando analisada a atividade média, observou-se um predomínio do lado

direito nos indivíduos 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9 (Tabela 4).

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Tabela 4

Índice de assimetria do músculo Masseter superficial em atividade

eletromiográfica média.

I II III IV V VI 1 - 6.26% -45.79% +6.81% -62.44% +82.84% +33.04% 2 +8.30% -66.10% +62.03% -46.49% +40.12% +3.51% 3 +41.17% +10.34% +44.97% +28.32% +42.80% +43.03% 4 +33.33% +14.23% +32.46% -16.05% +24.59% +19.47% 5 +1.20% +57.45% +73.88% - 0.23% +84.83% +12.33% 6 +31.57% +27.88% +37.30% -57.96% +39.40% +20.22% 7 +17.22% +4.85% +53.21% +5.91% +38.53% +13.24% 8 -25.47% +58.62% +39.30% +53.10% +6.92% +27.50% 9 +0.04% +10.40% - 7.16% +11.93% 0.00% +1.45%

Mínimo 0.0400 4.8500 6.8100 0.2300 0.0000 1.4500 Máximo 41.1700 66.1000 73.8800 62.4400 84.8300 43.0300 Média 7.1261 23.4069 30.8678 15.9244 36.4518 13.2733 Desvio Padrão 15.2003 24.2600 22.5725 24.0130 29.1271 13.5705

Coeficiente de

Variação 83.13% 73.85% 56.89% 76.52% 72.81% 70.28%

NOTA: O sinal positivo indica a predominância do lado direito, enquanto o sinal negativo

indica a predominância do lado esquerdo.

As tarefas II e III alteraram a atividade eletromiográfica máxima do músculo

temporal anterior, levando a uma redução bilateral em todos os indivíduos, à

exceção do indivíduo 3 que apresentou um aumento no lado direito, quando em

posição de lateralidade direita e esquerda (Tabela 5).

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Tabela 5

Atividade eletromiográfica máxima do músculo temporal anterior

I II III IV V VI 1 esquerdo 777 92 293 285 725 833 2 esquerdo 756 90 312 535 681 755 3esquerdo 242 204 175 756 753 783 4 esquerdo 767 199 198 295 616 614 5 esquerdo 624 285 423 656 398 798 6 esquerdo 350 266 226 445 318 554 7 esquerdo 507 67 323 132 403 478 8 esquerdo 775 94 647 180 643 781 9 esquerdo 777 8 371 84 423 767 1 direito 895 537 432 659 752 863 2 direito 418 90 5 407 160 487 3 direito 340 504 755 775 765 840 4 direito 787 107 179 328 282 647 5 direito 770 393 359 562 511 800 6 direito 491 219 151 253 343 759 7 direito 510 253 184 450 249 528 8 direito 698 179 74 254 10 750 9 direito 895 173 94 452 413 827 Mínimo 242.0000 8.0000 5.0000 84.0000 10.0000 478.0000 Máximo 895.0000 537.0000 755.0000 775.0000 765.0000 863.0000 Media 595.1146 153.5681 206.7272 359.2264 374.1284 702.5477 Desvio Padrão 202.1939 147.1397 192.4106 208.4810 219.7111 127.9756

Coeficiente de Variação

31,98% 70,44% 66,59% 49,98% 46,49% 17,91%

NOTA: Valores expressos em µv.

Ao avaliar-se o IA, este aumentou em todos os indivíduos exceto nos

indivíduos 2 e 6, quando em lateralidade direita e no indivíduo 5, na posição de

lateralidade esquerda, no qual se observou uma redução do IA (Tabela 1). A

atividade média apresentou uma redução em todos os casos, menos no indivíduo 3

que teve um aumento no lado direito (Tabela 6).

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Tabela 6

Atividade eletromiográfica média do músculo temporal anterior.

I II III IV V VI

1 esquerdo 503 73 166 128 626 751 2 esquerdo 453 61 230 392 538 665 3esquerdo 130 108 123 567 552 680 4 esquerdo 580 119 121 168 342 472 5 esquerdo 487 210 320 529 299 756 6 esquerdo 327 183 153 352 198 441 7 esquerdo 377 51 227 82 277 348 8 esquerdo 692 74 438 122 442 706 9 esquerdo 704 5 308 49 319 706 1 direito 751 384 215 465 489 795 2 direito 235 59 5 318 160 375 3 direito 218 315 525 606 468 726 4 direito 683 69 93 160 161 459 5 direito 770 307 280 450 304 764 6 direito 267 140 87 137 212 531 7 direito 309 98 108 297 142 312 8 direito 506 125 46 138 5 555 9 direito 783 108 61 333 296 770 Mínimo 130.0000 5.0000 5.0000 49.0000 5.0000 312.0000 Máximo 783.0000 384.0000 525.0000 606.0000 626.0000 795.0000 Média 436.6047 100.8380 138.0147 236.2666 247.0337 576.7174 Desvio Padrão 210.9428 103.4856 138.3463 178.3379 166.6285 163.6582

Coeficiente de Variação 43.27% 74.84% 71.03% 60.65% 51.45% 27.25%

NOTA: Valores expressos em µv.

O IA aumentou em todos os indivíduos e em todas as situações avaliadas, a

não ser no indivíduo 2, em posição lateral direita, e nos indivíduos 1 e 5, em posição

lateral esquerda (Tabela 2). O músculo masseter superficial sofreu uma redução na

atividade eletromiográfica máxima em todos os indivíduos, com exceção dos

indivíduos 3, 8 e 9. O indivíduo 3 teve um aumento no masseter superficial esquerdo

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em posição lateral direita e esquerda, o indivíduo 8 apresentou um aumento no lado

direito em ambas as posições laterais, e o 9 teve um aumento no masseter

superficial direito na posição lateral direita (Tabela 7).

Tabela 7

Atividade eletromiográfica máxima do músculo masseter superficial.

I II III IV V VI 1 esquerdo 489 304 123 539 68 389 2 esquerdo 582 261 83 639 248 751 3esquerdo 134 183 161 299 266 230 4 esquerdo 423 297 198 532 346 731 5 esquerdo 786 142 57 529 55 691 6 esquerdo 122 96 117 187 183 295 7 esquerdo 412 76 68 328 189 341 8 esquerdo 812 190 349 292 338 536 9 esquerdo 832 393 442 479 675 820 1 direito 606 120 149 202 539 895 2 direito 731 61 331 280 521 771 3 direito 346 121 511 538 712 565 4 direito 763 449 336 637 503 812 5 direito 809 420 348 380 542 822 6 direito 373 183 237 62 536 583 7 direito 667 118 238 383 536 518 8 direito 557 762 756 775 412 817 9 direito 895 489 395 670 658 845 Mínimo 122.0000 61.0000 57.0000 62.0000 55.0000 230.0000 Máximo 895.0000 762.0000 756.0000 775.0000 712.0000 895.0000 Média 507.8662 206.0532 216.9116 376.0174 335.2372 592.6750 Desvio Padrão 235.5582 184.2103 181.4618 192.4416 204.2471 209.6642

Coeficiente de Variação 41.01% 71.08% 66.67% 44.69% 50.18% 33.07%

NOTA: Valores expressos em µv.

O IA aumentou nos indivíduos 1, 2, 5, 8 e 9, em posição lateral direita, e em

2, 3, 5, 7, 8, e 9, em posição lateral esquerda. Observou-se, ainda, uma redução nas

demais situações (Tabela 3).

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A atividade eletromiográfica média, e relação às tarefas II e III, apresentou

uma redução em todos os indivíduos em lateralidade direita e esquerda, à exceção

do indivíduo 8, que apresentou um aumento no masseter superficial direito, em

ambas as posições de lateralidades e do indivíduo 3, que teve um aumento em

ambos os lados, em posição lateral esquerda (Tabela 8).

Tabela 8

Atividade eletromiográfica média do músculo masseter superficial.

I II III IV V VI 1 esquerdo 407 234 81 385 38 37 2 esquerdo 414 196 56 460 185 673 3esquerdo 100 96 115 210 173 184 4 esquerdo 377 232 104 409 210 492 5 esquerdo 741 87 35 365 26 590 6 esquerdo 91 75 79 124 153 211 7 esquerdo 346 49 51 191 130 239 8 esquerdo 756 132 278 208 263 431 9 esquerdo 748 323 344 402 495 747 1 direito 359 87 95 89 405 610 2 direito 489 40 239 168 433 722 3 direito 240 78 303 376 432 462 4 direito 674 309 204 382 347 730 5 direito 759 322 233 228 317 756 6 direito 175 133 173 33 352 140 7 direito 490 54 167 215 293 312 8 direito 449 506 638 679 302 758 9 direito 755 398 298 511 495 769 Mínimo 91.0000 41.0000 35.0000 33.0000 26.0000 37.0000 Máximo 759.0000 506.0000 638.0000 679.0000 495.0000 769.0000 Média 394.0659 141.8976 149.0242 248.7052 225.1423 397.6268 Desvio Padrão 230.5431 18775.2059 21712.6438 27352.5261 20802.9706 61989.4281

Coeficiente de Variação

49.58% 73.60% 75.93% 54.77% 51.42% 50.57%

NOTA: Valores expressos em µv.

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93

O IA foi maior, em posição lateral direita, nos indivíduos 1, 2, 5, 8 e 9, e na

posição lateral esquerda nos indivíduos 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8 e 9 (Tabela 4).

A atividade eletromiográfica máxima do músculo temporal anterior

apresentou, nas tarefas IV e V, uma redução em todos os indivíduos, exceto nos

indivíduo 3, 5 e 6. O primeiro apresentou um aumento, em posição lateral direita e

esquerda, bilateralmente, e os outros dois, no lado esquerdo, em posição lateral

direita acompanhada de uma redução do lado direito (Tabela 5). O IA apresentou um

aumento nos indivíduos 1, 4, 6, 7, 8 e 9, em posição lateral direita e nos indivíduos

2, 4, 5, 7 e 8, em posição lateral esquerda (Tabela 1). Ao analisar a atividade média,

notou-se uma redução da atividade nos indivíduos 1, 4, 7, 8 e 9 bilateralmente, um

aumento bilateral no indivíduo 3, um aumento no lado esquerdo nos indivíduos 5 e 6,

acompanhado da redução no lado direito e de uma redução do lado esquerdo, com

aumento do lado direito no indivíduo 2, em posição direita (Tabela 6). O IA foi menor

nos indivíduos 2, 3, 4, 5 e 8 e maior nos demais. Em CMV no lado esquerdo, a

atividade foi maior, em ambos os lados do músculo temporal anterior, no individuo 3

e menor em 4, 5, 6, 7, 8 e 9, foi maior no lado esquerdo em 1 e 2. O IA foi menor em

1, 3, 5, 6 e 9, sendo maior nos demais (Tabela 2). Em relação à atividade máxima do

músculo masseter superficial, foi observado, nas tarefas IV e V, uma redução em

todos os indivíduos, menos nos indivíduos 1, 2, 3, 4, e 8. Os indivíduos 1, 2 e 8

tiveram um aumento da amplitude máxima eletromiográfica em CMV na posição

lateral direita, no lado esquerdo da face. O indivíduo 3, bilateralmente, e durante

ambas as tarefas; o indivíduo 6 no lado esquerdo em ambas as tarefas e o indivíduo

8 em CMV direita, no lado direito (Tabela 7). O IA apresentou um aumento nos

indivíduos 1, 2, 5, 8 e 9, em posição lateral direita e nos indivíduos 1, 2, 3, 5 e 7, em

posição lateral esquerda (Tabela 3). Ao analisar a atividade média, notou-se uma

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redução da atividade eletromiográfica nos indivíduos 5, 7 e 9, em ambas as tarefas e

bilateralmente (Tabela 8). Entretanto, houve um aumento do IA, bilateralmente, em

ambas as tarefas no indivíduo 3; um aumento no lado esquerdo nos indivíduos 2 e 4,

durante a realização da tarefa V; no individuo 8 no lado direito na tarefa V e dos

indivíduos 1 e 6 no lado direito na tarefa VI. O IA do músculo masseter superficial foi

menor nos indivíduos 3, 4, 5 e 7 e maior nos demais, na tarefa IV. Na tarefa V,

observou-se uma redução do IA nos indivíduos 4, 8 e 9 (Tabela 4).

Ao se avaliarem os resultados da tarefa VI, foi possível observar um aumento

na atividade eletromiográfica máxima do músculo temporal anterior, bilateralmente,

nos indivíduos 3, 5, 6 e 8, uma redução em 4 e 9, um aumento no lado direito em 2 e

7; e um aumento no lado esquerdo em 1 (Tabela 5). O IA foi maior nos indivíduos 4

e 7, e foi menor nos demais (Tabela 1). O músculo masseter superficial apresentou

redução da atividade eletromiográfica máxima nos indivíduos 1, 4, 7, 8 e 9, no lado

esquerdo e, no indivíduo 7, no lado direito (Tabela 7). O IA apresentou uma redução

nos indivíduos 2, 3, 4, 6, 7 e 9 (Tabela 3). Em relação à atividade média, esta foi

maior, em ambos os lados do músculo em 2, 3 e 4, maior no lado esquerdo em 6 e

maior no lado direito em 1, 8 e 9 (Tabela 8). Foi observado, em atividade média,

durante CMV em MIH final, uma redução do IA nos indivíduos 2, 4, 6 e 7(Tabela 4).

5.2 Análise estatística

O teste t’ de student demonstrou que a amplitude do sinal eletromiográfico do

músculo temporal anterior, durante contração isométrica máxima, apresentou

diferença, quando comparada à tarefa I, nas tarefas II, III, IV e V. Ao se compararem

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95

as tarefas II com IV e III com V, foi observada, também, diferença estatística (tabela

9).

Tabela 9

Teste t’ de student para a atividade EMG dos músculos temporais anteriores e

masseteres superficiais.

T-máx. T-méd. M-máx. M-méd.

I x II p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x III p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x V p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x VI ns p < 0,05 ns ns

II x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

III x V p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

NOTA: T significa temporal anterior, M (masseter superficial), máx. (CMV), méd. (média da

amplitude do sinal eletromiográfico), ns (não significativo) e p < 0,05 indica diferença estatística.

Foi possível a visualização da diminuição da amplitude do sinal

eletromiográfico nas tarefas II, III, IV e V, em relação à tarefa I, assim como da tarefa

II em relação à IV e da III em relação à V (Tabela 5).

Durante contração isométrica máxima voluntária do músculo temporal

anterior, a média da amplitude do sinal eletromiográfico apresentou diferença nas

tarefas II, III, IV, V, VI quando comparadas à tarefa I, e ainda diferença da tarefa II

em relação à IV e da III em relação à V (tabela 9). O (t) indicou uma diminuição da

amplitude do sinal eletromiográfico das tarefas II, III, IV, e V em relação à tarefa I, da

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96

tarefa II em relação à IV e da III em relação à V, enquanto a tarefa VI apresentou um

aumento quando comparada à tarefa I (Tabela 6).

O músculo masseter superficial apresentou durante contração isométrica

máxima, diferença estatística entre as tarefas II, III, IV, V, quando comparadas à

tarefa I; da tarefa II em relação à IV e da III em relação à V (tabela 9). O (t) indicou

uma diminuição da amplitude do sinal eletromiográfico das tarefas II, III, IV e V em

relação à tarefa I, da tarefa II quando comparada à IV e da III em relação à V

(Tabela 7).

Quando avaliada a média da amplitude do sinal eletromiográfico durante

contração isométrica máxima, o músculo masseter superficial apresentou diferença

estatística das tarefas II, III, IV e V em relação à tarefa I; e das tarefas II e III quando

comparadas às tarefas IV e V, respectivamente (tabela 9). A partir da análise do (t),

foi possível observar uma diminuição nas tarefas II, III, IV e V em relação à I; da

tarefa II quando comparada à IV e da tarefa III em relação à V (Tabela 8).

Ao se aplicar o teste t’, no índice de assimetria do músculo temporal anterior,

durante contração isométrica máxima, este demonstrou diferença nas tarefas II e III

quando comparadas à tarefa I,sendo que se observou um aumento do índice, o que

foi demonstrado pelo (t) (Tabela 1).

Durante a média da amplitude do sinal eletromiográfico, durante contração

isométrica máxima, foi possível observar uma redução do IA, na tarefa VI, e um

aumento, na tarefa II, em relação à tarefa I, a partir da observação do (t) (Tabela 2),

o que foi estatisticamente diferente (tabela 10).

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97

Tabela 10

Teste t’ de student para o IA dos músculos temporais anteriores e masseteres

superficial.

T-máx. T-méd. M-máx. M-méd.

I x II p < 0,05 ns ns ns

I x III p < 0,05 p < 0,05 ns p < 0,05

I x IV ns ns ns ns

I x V ns ns ns ns

I x VI ns p < 0,05 ns ns

II x IV ns ns ns ns

III x V ns ns ns ns

NOTA: T significa temporal anterior, M (masseter superficial), máx. (CMV), méd. (média da

amplitude do sinal eletromiográfico em contração isométrica máxima), ns (não significante) e p < 0,05

indica diferença estatística.

O IA não apresentou diferença estatística no músculo masseter superficial,

durante a máxima amplitude do sinal eletromiográfico (Tabela 10). Entretanto

durante a média foi possível notar um aumento na tarefa II e uma redução da tarefa

VI, em relação à tarefa I, a partir da análise do (t) (Tabela 4), o que foi

estatisticamente significativo (Tabela 10).

O teste dos sinais indicou diferença entre todas as tarefas em relação a todos

os músculos analisados, como pode ser observado pela analise da tabela 11.

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98

Tabela 11

Teste dos sinais para o IA dos músculos temporais anteriores e masseteres

superficiais.

T-máx. T-méd. M-máx. M-méd.

I x II p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x III p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x V p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

I x VI p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

II x IV p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

III x V p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05 p < 0,05

NOTA: T significa temporal anterior, M (masseter superficial), máx. (CMV), méd. (média da

CMV) e p < 0,05 indica diferença estatística.

A observação do número de sinais negativos em relação ao de sinais

positivos, fornecidos pelo teste dos sinais, possibilitou observar que em relação aos

músculos temporais anteriores, na atividade de contração isométrica máxima, o IA

da amplitude eletromiográfica máxima apresentou um aumento em maior número de

indivíduos na tarefa II (contração isométrica máxima voluntária em posição lateral

direita em canino), na tarefa III (contração isométrica máxima voluntária em posição

lateral esquerda em canino), na tarefa IV (contração isométrica máxima voluntária

em posição lateral direita em oclusão balanceada bilateral) e na tarefa V (contração

isométrica máxima voluntária em posição lateral esquerda, em oclusão balanceada

bilateral), em relação à tarefa I; um menor IA na tarefa VI (contração isométrica

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99

máxima voluntária ) em relação à tarefa I e nas tarefas IV e V, quando comparadas

às tarefas II e III, respectivamente. Em relação à média da amplitude, encontrou-se

um aumento nas tarefas II, III, IV, V, VI, em relação à tarefa I, uma redução na tarefa

V em relação à tarefa III e um aumento da tarefa IV quando comparada à tarefa II.

Do mesmo modo, em relação ao músculo masseter superficial, ocorreu um aumento

em maior número de indivíduos do IA, durante contração isométrica máxima nas

tarefas II, III, IV e V, quando comparadas à tarefa I; uma redução na tarefa VI, em

relação à tarefa I, e das tarefas IV e V, em relação às tarefas II e III,

respectivamente. Ao se analisar a média da amplitude do sinal eletromiográfico em

contração isométrica máxima, foi possível observar a redução do IA da tarefa V, em

relação à III, entretanto ocorreu um aumento nas demais situações.

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100

6 Discussão

Foi importante o desenvolvimento desta pesquisa em vários aspectos e, sem

dúvida, uma série de considerações pré-existentes foi reformulada não só durante

seu desenvolvimento, como também, ao seu final. Como exemplo disso, o autor

julga relevante expor que até em relação ao título viveu-se tal situação. Assim,

optou-se pela escolha da expressão “....em diferentes padrões de oclusão dentária’’,

em vez de ‘‘.. em diferentes padrões de desoclusão dentária’’, por entender que é

por meio destes parâmetros que se gera um arco reflexo de fechamento da

mandíbula, durante os movimentos funcionais, descritos graficamente e de forma

tradicional como gráfico das trajetórias mandibulares funcionais possíveis de serem

obtidas no plano frontal. Se a opção fosse pelo termo desoclusão, estaria implícito

que seria um movimento da direção cêntrica para excêntrica, o que é muito mais

relacionado a um hábito parafuncional, enquanto o termo oclusão refere-se a um

movimento no sentido contrário, ou seja, de excêntrico para cêntrico, determinado

por um arco reflexo adquirido. Há de se considerar, ainda, que as tarefas foram

realizadas em contração isométrica máxima voluntária, e os indivíduos foram

orientados para que ocluíssem o arco antagonista na posição pré-determinada, em

condição estática.

A desordem temporomandibular apresenta uma etiologia multifatorial

(CHANDU et al., 2004), sendo freqüente, na população, a incidência de sintomas

relacionados a ela (DE BOEVER, 1973). Entretanto, nota-se grande preocupação,

na literatura, em encontrar provas científicas sobre qual seria o fator primário na

etiologia desses distúrbios. Ressalta-se que, após o estudo da literatura, discorda-se

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101

dos autores que buscam tal identificação, uma vez que se acredita que existam

fatores primários e não, somente, um fator primário. Sendo assim, corroboram-se as

afirmações de De Boever (1973), o qual mencionou que, entre os fatores primários,

encontram-se distúrbios: musculares, neuromusculares, psicofisiológico, o

deslocamento mecânico e a condição psicológica. A partir dos estudos

experimentais de Moyers (1949), a eletromiografia foi introduzida na análise dos

padrões de contração dos músculos da mastigação. A comunidade científica vem

utilizando, ao longo das últimas décadas, o método de avaliação eletromiográfica

(RILO et al., 1997; RILO et al., 1998) para analisar a relação entre a desarmonia

oclusal, o espasmo muscular e a disfunção temporomandibular (DE BOEVER,

1973); para analisar a atividade global do músculo (MACALUSO e De LAAT, 1995;

CHANDU et al., 2004), com a finalidade de validar diferentes procedimentos

odontológicos (RILO et al. ,1997; RILO et al., 1998); para avaliar a influência da

condição oclusal na função estomatognática (FERRARIO et al., 2000), como

também no diagnóstico de doenças neuromusculares e traumatismo e no estudo do

movimento mandibular (NAKASHIMA, 2003).

A redução da assimetria muscular, em nível fisiológico, poderia ser alcançada

pela terapia com dispositivos interoclusais (McCARROL et al., 1989b; BABA et al.,

2000), devido a interrupção da informação proprioceptiva dos mecanoreceptores,

localizados nos ligamentos periodontais, permitindo, assim, aos músculos retornar a

uma atividade balanceada e conseqüentemente otimizar a posição da mandíbula

(LANDULPHO et al., 2004). Além da simetria, a redução da atividade muscular seria

um dos benefícios desejados na condução da terapia do bruxismo, pelos

dispositivos interoclusais completos. Método este que vem sendo muito utilizado

quando o bruxismo está associado a sintomas craniomandibulares (RUGH et al.,

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102

1989). Por outro lado, o esquema oclusal seria um dos responsáveis por essa

propriedade (WILLIAMSON e LUNDQUIST, 1983; GRAHN e RUGH, 1988;

BORROMEO, SUVINEN e READE, 1995).

A comunidade odontológica vem assistindo a uma mudança em seus

fundamentos, dando menos ênfase às observações clínicas, muitas vezes

puramente empíricas, e fundamentando-se em métodos mais relacionados à

fisiologia neuromuscular do sistema estomatognático (DE BOEVER, 1973). Assim,

para se testarem esquemas oclusais de dentes naturais e suas implicações na

atividade eletromiográfica dos músculos masseter superficial e temporal anterior, os

dispositivos interoclusais têm se mostrado efetivos (GRAHN e RUGH, 1988). Além

disso, a resposta global dos músculos masseter superficial e temporal anterior

poderia ser perfeitamente obtida com eletromiografia de superfície (MACALUSO e

DE LAAT, 1995), por meio do registro da contração isométrica máxima voluntária e

do cálculo do índice de assimetria (LAAT & KOMIYAMA, 2004).

Sabe-se que as guias oclusais influenciam a atividade muscular (BELSER e

HANNAM, 1985) e os movimentos mandibulares (SHUPE et al., 1984). Entretanto,

permanecem controvérsias sobre qual padrão de desoclusão seria preferível

(WILLIAMSON e LUNDQUIST, 1983; GRAHN e RUGH, 1988; BORROMEO,

SUVINEN e READE, 1995), pois não há, ainda, uma comprovação científica da

superioridade de um padrão sobre os demais (SHUPE et al., 1984; AKOREN e

KARAGAÇLIOGLU, 1995).

Ao se observar o resultado obtido na presente pesquisa, na tarefa de CMV

em MIH, ficou clara a predominância do lado direito em relação ao lado esquerdo da

face, nos músculos masseter superficial e temporal anterior. Esse achado vai ao

encontro dos de Roark, Glaros e O’Mahony (2003), em relação ao músculo temporal

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103

anterior, e aos de Chandu et al. (2004), quanto ao masseter superficial, e reforçam a

afirmação de que as pessoas seriam fisiologicamente assimétricas (FERRARIO et

al., 1993). A presença da assimetria pode estar relacionada à predominância de

número de contatos oclusais (NAIJE et al., 1989), assim como à preferência pelo

lado da mastigação (CHANDU et al., 2004).

Analisando a amplitude do sinal eletromiográfico máximo e a média da

atividade eletromiográfica, no que diz respeito aos músculos envolvidos,

independentemente do lado, notou-se uma prevalência do temporal anterior em

relação ao masseter superficial, assim como já fora observado pelos autores (RILO

et al., 1997; ALQURAN e LYONS, 1999; FERRARIO et al., 2000; ROARK, GLAROS

e O’MAHONY, 2003), que se contrapõem a outros (SHUPE et al., 1984; NAIJE et al.,

1989; BABA et al., 2000; BURNETT et al., 2000). Entretanto, variáveis como idade,

sexo e morfologia facial poderiam influenciar no nível da atividade eletromiográfica

(LUND e WIDMER, 1989; BURNETT et al., 2000). Sendo assim, a rigorosa seleção

do grupo estudado, visando uma homogeneidade entre os indivíduos, foi sugerida

por diversos autores, pois esta seria de fundamental importância para possibilitar a

identificação de parâmetros que permitissem a comparação dos resultados, entre os

diversos estudos que envolvem a eletromiografia (FERRARIO et al., 1993; LAAT e

KOMIYAMA, 2004). Neste trabalho, a maior atividade do músculo temporal anterior

poderia ser atribuída à amostra, em relação à prevalência do gênero feminino, o que

confirma os achados de Ferrario et al. (1993), que, ao estudarem um grupo de 43

mulheres, também encontraram maior atividade do temporal em relação ao

masseter, em CMV. Além disso, poderia se atribuir os resultados obtidos à

homogeneidade e jovialidade da faixa etária estudada. Ainda de acordo com a

literatura, é sabido que o aumento da atividade do masseter é diretamente

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104

proporcional ao aumento da idade, enquanto que o temporal parece não sofrer

alteração (PANCHER, 1980), ou mesmo apresentar uma correlação negativa entre a

idade e a atividade eletromiográfica (GERVAIS, FITZSIMMONS e THOMAS, 1989).

Ainda neste aspecto, a diferença do estado dentário das diversas amostras

avaliadas poderia influenciar a atividade muscular (PANCHER, 1980; BURNETT et

al., 2000).

Os dispositivos interoclusais utilizados para tratamento de DTM podem

apresentar várias formas, sendo possível que tenham diferentes mecanismos de

ação (ROARK, GLAROS e O’MAHONY, 2003). Este estudo, entretanto, não avaliou

as diversas maneiras de confecção, mas sim os diferentes padrões de oclusão.

Os músculos elevadores demonstrariam máxima atividade em apertamento

isométrico na posição intercuspídea (WOOD, 1987; BLANKSMA e EIJDEN, 1995,

BABA, MIZUTANI e ENOSAWA, 1996; CIUFFOLO et al., 2005). Devido ao fato de

os valores da amplitude do sinal eletromiográfico serem dependentes da localização

dos eletrodos, da distância entre estes, da morfologia e fisiologia dos músculos

analisados, tem sido sugerido que o nível de EMG proporcional promoveria uma

comparação mais real, intra e entre os indivíduos (BURNETT et al., 2000;

FERRARIO et al., 2000). Por isso a tarefa de apertamento máximo isométrico em

MIH, foi considerada como 100% de atividade, para efeito de comparação com as

demais.

Durante a CMV em posição lateral de topo de canino inferior sobre o DI,

observou-se uma redução acentuada tanto da atividade máxima como da média, em

relação à atividade em MIH, o que corrobora os achados de Shupe et al. (1984);

Belser e Hannam (1985); Wood (1987); Manns (1993); Baba, Mizutani e Enosawa

(1996). Isso pode ser explicado pela estimulação de pressoreceptores (receptor

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105

sensível à pressão, sobretudo à sangüínea) na membrana periodontal, que é sabido

ser a causa da liberação de força (WOOD e TOBIAS, 1984). Não se deve, ainda,

deixar de considerar que não seria o contato de canino que diminuiria a atividade

dos músculos elevadores, mas sim, a eliminação dos contatos posteriores

(WILLIANSON e LUNDQUIST, 1983) e ainda que não seria o número de contatos

que influenciariam a atividade muscular, mas sim a mudança da posição dos

contatos (WOOD e TOBIAS, 1984).

Neste estudo, constatou-se que a introdução do padrão de oclusão

balanceada bilateral proporcionou menor atividade muscular em relação à MIH, o

que foi estatisticamente significativo. Entretanto, se comparada ao padrão de guia de

canino, observou-se um aumento da amplitude do sinal eletromiográfico,

estatisticamente significativo, em ambos os músculos analisados, o que vai ao

encontro aos achados de Okano et al (2002), mas que, entretanto, contradiz as

conclusões de Borromeo, Suvinen e Reade (1995), em relação ao músculo masseter

superficial.

Eventuais diferenças da dimensão vertical proporcionada pelas diversas

simulações de padrões oclusais simuladas pelo DI não deveriam ser consideradas

como a causa das diferenças da amplitude do sinal eletromiográfico observado, visto

que segundo Borromeo, Suvinen e Reade (1985), não haveria influência estatística

da espessura dos DI na atividade muscular dos músculos masseteres superficiais.

Os dados obtidos da CMV em MIH, realizada ao final dos testes desta

pesquisa, quando comparados aos da CMV em MIH no início, demonstraram que a

seqüência de tarefas realizadas não gerou fadiga nos músculos temporal anterior e

masseter superficial, o que vem corroborar os achados de Borromeo, Suvinen e

Reade (1995), em relação ao músculo masseter superficial e suportam a afirmação

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106

de que os músculos da mastigação são extremamente resistentes à fadiga (LUND e

WIDMER, 1989). A explicação para esse fato apóia-se nas conclusões de Buzinelli e

Berzin (2001), segundo o qual, a análise da amplitude do sinal eletromiográfico não

encontraria variações consistentes para a determinação do fenômeno da fadiga

muscular.

Ao se analisar o índice de assimetria de ambos os músculos e durante as

tarefas realizadas, encontrou-se maior número de indivíduos com assimetria

superior a 10% do que indivíduos simétricos, à exceção da tarefa de contração

isométrica máxima em MIH, quando avaliado o temporal anterior. Esses resultados

estão de acordo com os de Ferrario et al. (1993), que observaram uma assimetria

superior a 10% em todos os indivíduos analisados. Chandu et al. (2004) também

relataram uma significante assimetria no grupo controle, ao analisar o músculo

masseter superficial, pela eletromiografia de superfície.

Em relação ao índice de assimetria, o músculo temporal se mostrou mais

sensível às alterações oclusais, como foi observado por Baba et al. (2000).

Este estudo apresentou, em relação ao índice de assimetria, um aumento, na

tarefa de contração isométrica máxima, em posição lateral de canino, quando

analisado o músculo temporal anterior, o que contradiz o estudo de Baba, Mizutani e

Enosawa (1996). Na média da amplitude do sinal eletromiográfico ocorreu um

aumento na posição lateral esquerda e uma redução na CMV em MIH no final dos

testes. O músculo masseter superficial apresentou um aumento do IA na posição

lateral esquerda, quando em CMV em canino com o DI.

Ao se compararem os padrões oclusais de oclusão em canino com o de

oclusão balanceada bilateral, este apresentou uma redução do IA, em ambos os

músculos analisados, durante atividade máxima e durante a média da atividade,

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107

exceto em contração isométrica direita na média da atividade, em relação ao

temporal anterior, assim como foi observado por Baba, Mizutani e Enosawa, 1996;

Baba et al., 2000.

Pela análise do coeficiente de variação, fornecido pela estatística descritiva,

foi possível observar que entre os indivíduos, existe uma grande variabilidade na

atividade dos músculos, assim como foi observado por outros autores (BLANKSMA

e VAN EIJDEN, 1997; RILO et al., 1997; CHANDU et al., 2004). Neste estudo, o

temporal anterior e o masseter tiveram a menor variabilidade em CMV em MIH, no

final dos testes. Entretanto, a maior variabilidade entre os indivíduos pode ser

observada em CMV no canino, para ambos os músculos avaliados.

A grande variabilidade de resultados encontrados em estudos que envolvem a

eletromiografia poderia ser atribuída a problemas apresentados por algumas

técnicas de obtenção dos sinais eletromiográficos (WOOD, 1987; CECERE, RUF e

PANCHERZ, 1996), assim como pela diferença dos aparelhos de eletromiografia

utilizados (GERVAIS, 1989), ou ainda devido à diferença de horário de realização

dos registros eletromiográficos entre os estudos, visto que Cecere, Ruf e Pancherz

(1996) concluíram ser estatisticamente diferentes os resultados obtidos em registros

realizados pela manhã e à tarde. Assim, acredita-se que a diferença entre os

resultados deste estudo e os de outros autores não invalida os resultados

encontrados, mas sim impulsiona a comunidade científica a continuar avaliando esta

poderosa ferramenta de avaliação do comportamento muscular.

Este estudo utilizou um aparelho de biofeedback, portátil, de dois canais, para

o processamento do sinal eletromiográfico. A opção pela seleção deste

eletromiógrafo limitou a pesquisa à análise somente da amplitude do sinal

eletromiográfico, o que impossibilitou a avaliação de demais dados que poderiam ser

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108

conseguidos pela eletromiografia de superfície com aparelhos de eletromiografia

mais sofisticados. Por outro lado, ao se utilizar este equipamento, devido ao seu

custo e, principalmente, à facilidade de utilização e interpretação, foi possível

demonstrar que o uso da eletromiografia de superfície, ainda que apresente

limitações, pode ser uma realidade na clínica odontológica, possibilitando o uso de

suas atribuições em prol do diagnóstico e do tratamento da desordem

temporomandibular. Além disso, a eletromiografia poderia ser útil na avaliação da

simetria muscular, que, quando presente, seria de fundamental importância na

otimização da posição da mandíbula (LANDULPHO et al., 2004) e na obtenção da

relação cêntrica, visto que, segundo McKee (2005), a posição de relação cêntrica

seria uma posição fisiológica na qual os músculos mastigatórios, por meio de

contrações, posicionariam os côndilos, na ausência de interferências provenientes

da oclusão dental.

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109

7 Conclusões

Ao se utilizar o mesmo aparelho de eletromiografia durante todo o

experimento, sendo este manipulado pelo mesmo operador, em uma amostra

selecionada por critérios bem definidos e ao se empregar a análise estatística para

dados pareados, julga-se lícito concluir que

- foi possível avaliar, quantitativamente, a atividade dos músculos masseteres

superficiais e o feixe anterior dos músculos temporais, bilateralmente, por meio de

eletromiografia, em diferentes padrões de oclusão dentária, em relação ao

dispositivo interoclusal maxilar de recobrimento completo.

- O padrão de desoclusão em canino diminuiu a atividade eletromiográfica,

entretanto aumentou a assimetria entre os lados dos músculos analisados, quando

comparado à contração máxima isométrica voluntária em máxima intercuspidação

habitual e ao padrão de oclusão balanceada bilateral;

- O padrão de oclusão balanceada bilateral diminuiu a atividade

eletromiográfica em relação a contração máxima isométrica voluntária, em máxima

intercuspidação habitual;

- O padrão de oclusão balanceada bilateral apresentou uma redução da

assimetria muscular em comparação com a oclusão em canino, o que foi

estaticamente comprovado pelo teste dos sinais. Entretanto, esta redução, em

termos de valores, não foi estatisticamente diferente;

- O uso do padrão de oclusão balanceada bilateral no dispositivo interoclusal

completo, apesar de promover uma maior atividade eletromiográfica em relação à

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110

oclusão em canino, seria preferível, por promover redução da assimetria dos

músculos avaliados.

- os resultados obtidos por este estudo, apesar da limitação em relação ao

número da amostra e ao equipamento utilizado, puderam contribuir para

entendimento da atividade dos músculos analisados, em relação aos dispositivos

interoclusais completos.

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111

8 Referências Bibliográficas

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43- PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS. Pró-Reitoria de

Graduação. Sistema de Bibliotecas. Padrão PUC Minas de normalização:

normas da ABNT para apresentação de trabalhos científicos, teses, dissertações

e monografias. Belo Horizonte, 2005. Disponível em

http://www.pucminas.br/biblioteca/normalizacao_monografias.pdf

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9 Cronograma

MÊS / ANO ATIVIDADE Fevereiro/ 2004 Definição do Tema: Padrão de

oclusão e atividade muscular. Março/ 2004 Revisão Bibliográfica inicial

Abril/ 2004 Revisão bibliográfica e definição da

metodologia. Maio/ 2004 Revisão bibliográfica, definição da

metodologia e redação do projeto. Junho/ 2004 Revisão bibliográfica, definição da

metodologia e redação do projeto, apresentação do pré-projeto.

Julho/ 2004 Revisão bibliográfica, definição da metodologia e redação do projeto.

Agosto/ 2004 Revisão bibliográfica, definição da metodologia e redação do projeto.

Setembro/ 2004 Revisão bibliográfica, apresentação do projeto na PUC Minas, desenvolvimento da dissertação.

Outubro/ 2004 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica.

Novembro/ 2004 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica. Submissão ao CEP.

Dezembro/ 2004 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica.

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MÊS / ANO ATIVIDADE Janeiro/ 2005 Desenvolvimento da dissertação,

revisão bibliográfica. Fevereiro/ 2005 Desenvolvimento da dissertação,

revisão bibliográfica. Março/ 2005 Desenvolvimento da dissertação,

revisão bibliográfica. Abril/ 2005 Desenvolvimento da dissertação,

revisão bibliográfica e coleta de dados.

Maio/ 2005 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e coleta de dados.

Junho/ 2005 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e coleta de dados.

Julho/ 2005 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e análise dos resultados.

Agosto/ 2005 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e análise dos resultados.

Setembro/ 2005 Desenvolvimento da dissertação, revisão bibliográfica e análise dos resultados.

Outubro/ 2005 Desenvolvimento da dissertação, correções, redação do artigo

Novembro/ 2005 Entrega da dissertação para a secretaria. Redação do artigo

Dezembro/ 2005 Defesa da dissertação na PUC Minas.

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ANEXO A - Termo de aprovação pelo CEP

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ANEXO B - Termo de Consentimento

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Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido N.º Registro CEP: 2004/168 Título do Projeto:

ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES DE DESOCLUSÃO DENTÁRIA. Este termo de consentimento pode conter palavras que você não entenda. Peça ao pesquisador que explique as palavras ou informações não compreendidas completamente. 1- Introdução

Você está sendo convidado(a) a participar da pesquisa ANÁLISE ELETROMIOGRÁFICA DOS MÚSCULOS MASSETER SUPERFICIAL E TEMPORAL ANTERIOR EM DIFERENTES PADRÕES DE DESOCLUSÃO DENTÁRIA. Se decidir participar dela, é importante que leia estas informações sobre o estudo e o seu papel nesta pesquisa. Você foi selecionado por ter preenchido a critérios de inclusão, mas a sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com os pesquisadores Alexandre Eustáquio Camargos Rocha e Prof. Dr. Paulo Isaías Seraidarian ou com a instituição PUC Minas. É preciso entender a natureza e os riscos da sua participação e dar o seu consentimento livre e esclarecido por escrito. 2- Objetivo

O objetivo deste estudo é avaliar, quantitativamente, a atividade do músculo masseter superficial e do feixe anterior do músculo temporal, bilateralmente, por meio de eletromiografia, em diferentes padrões de desoclusão dentária, em relação aos dispositivos interoclusais.

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3 ) Procedimentos do Estudo

Se concordar em participar deste estudo, iremos realizar a moldagem de suas arcadas, superior e inferior, de modo convencional com hidrocoloide irreversível. A partir da obtenção dos moldes de seus dentes, serão obtidos modelos de gesso e confeccionaremos sobre eles um dispositivo, em resina acrílica, que será colocado na sua boca somente durante o período em que o exame de eletromiografia (que é esta pesquisa) estiver sendo realizado. Este aparelho que é semelhante a uma placa de proteção para bruxismo, será removido de seus dentes após a finalização dos exames, sendo que a sua utilização não causará nenhum prejuízo a sua saúde. Caso seja de seu interesse ficar com o aparelho, este será seu, inteiramente gratuito.

Convém salientar, que a eletromiografia é um exame rotineiramente utilizado em clínicas que tratam dos músculos esqueléticos e este aparelho, somente registra a atividade elétrica do músculo que está sendo pesquisado. A eletromiografia é um instrumento muito importante para pesquisar e compreender a função dos músculos como um todo e nesta pesquisa busca-se o estudo de alguns músculos que movimentam a mandíbula

Quando os músculos contraem-se, estes geram pequenas quantidades de corrente elétrica que podem ser detectadas pelo eletromiograma. O aparelho em questão somente detecta as correntes e os potenciais elétricos através dos eletrodos de superfície, e um amplificador no interior do aparelho aumenta estes sinais para a análise. Um sistema de vídeo possibilita ao operador a visualização e a interpretação dos sinais gerados. Julgamos importante ressaltar, que o eletrodo de superfície que iremos fixar em você, por meio de um gel, é simplesmente um pedaço de metal colocado sobre a pele que somente tem a capacidade de receber e transmitir os impulsos elétricos gerados pelos músculos e em hipótese alguma, poderá gerar algum tipo de corrente elétrica em você. O conjunto de procedimento é absolutamente inofensivo, indolor, não invasivo e rápido. Somente os resultados obtidos no visor decorrente da atividade elétrica dos seus músculos serão considerados nesta pesquisa. 4 ) Riscos e desconfortos

Por tratar-se de um estudo a partir de um exame e o meio de se obter as informações ser removível, o risco previsível é absolutamente inexistente. O pequeno desconforto que poderá ser gerado seria proveniente das moldagens de suas arcadas, o que eventualmente poderá gerar-lhe náuseas. A colocação do dispositivo interoclusal é absolutamente seguro sem gerar nenhum tipo de desconforto, bem como a fixação dos eletrodos é simples e como já foi dito, indolor. Assim, podemos afirmar que os riscos e desconfortos, provenientes dos procedimentos gerados nesta pesquisa são mínimos, praticamente inexistentes e plenamente suportáveis.

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5 ) Benefícios

Os procedimentos que serão realizados nesta pesquisa poderão ou não trazer benefícios diretos a você. Caso seja evidenciado algum tipo de anormalidade você será imediatamente e gratuitamente encaminhado às clínicas de residência em oclusão, disfunção de ATM e dor orofacial para tratamento. Por outro lado, as informações obtidas por este estudo, mesmo que não lhe reverta em benefícios diretos serão importantes para o desenvolvimento de estudos e melhor entendimento das funções musculares, o que resultará, em médio prazo, em novas formas de tratamento. 6 ) Custos/Reembolso

Ressaltamos aqui, que você não terá nenhum gasto com o presente estudo. Assim, as consultas, os instrumentos, os materiais a serem utilizados, bem como o resultado dos exames e a sua interpretação são inteiramente gratuitos. Enfatizamos aqui, que por outro lado você não receberá nenhum pagamento pela sua participação. Como já foi mencionado anteriormente, caso você necessite de algum tratamento em continuidade a alguma alteração evidenciada neste estudo ou mesmo algum exame adicional, não lhe será, em momento algum, cobrado tais procedimentos.

7) Caráter Confidencial dos Registros

Algumas informações obtidas a partir de sua participação neste estudo não poderão ser mantidas estritamente confidenciais. Além dos profissionais de saúde que estarão cuidando de você, agências governamentais locais e o Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, onde o estudo está sendo realizado, podem precisar consultar seus registros. Você não será identificado quando o material de seu registro for utilizado, seja para propósitos de publicação científica ou educativa. Ao assinar este consentimento informado, você autoriza as inspeções em seus registros. 8 ) Participação

Sua participação nesta pesquisa consistirá em estar disponível para que possamos realizar as moldagens de seus dentes, a adaptação dos dispositivos interoclusal e para a realização dos exames eletromiográficos. É importante que você esteja consciente de que a participação nesta pesquisa é completamente voluntária e de que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo a qualquer momento sem penalidades ou perda de benefícios aos quais você tenha direito de outra forma. Em caso de você decidir retirar-se do estudo, deverá notificar ao

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profissional e/ou pesquisador que esteja atendendo-o. A recusa em participar ou a saída do estudo não influenciarão seus cuidados nesta instituição. 9 ) Para obter informações adicionais

Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Caso você venha a sofrer uma reação adversa ou danos relacionados ao estudo, ou tenha mais perguntas sobre o estudo, por favor, ligue para Alexandre Eustáquio Camargos Rocha no telefone 91979866. Se você tiver perguntas com relação a seus direitos como participante do estudo clínico, você também poderá contatar uma terceira parte/pessoa, que não participa desta pesquisa, Prof. Heloísio de Rezende Leite, Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição, no telefone 33194211. Av. Dom José Gaspar, 500 - Fones: 3319-4229 e 3319.4230 - Fax: 3319-4229 CEP 30535.610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil e-mail: [email protected] e [email protected] Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação

10 ) Declaração de consentimento

Li ou alguém leu para mim as informações contidas neste documento antes de assinar este termo de consentimento. Declaro que fui informado sobre os métodos e meios de administração do medicamento em estudo a ser utilizado, as inconveniências, riscos, benefícios e eventos adversos que podem vir a ocorrer em conseqüência dos procedimentos e do medicamento. Declaro que tive tempo suficiente para ler e entender as informações acima. Declaro também que toda a linguagem técnica utilizada na descrição deste estudo de pesquisa foi satisfatoriamente explicada e que recebi respostas para todas as minhas dúvidas. Confirmo também que recebi uma cópia deste formulário de consentimento. Compreendo que sou livre para me retirar do estudo em qualquer momento, sem perda de benefícios ou qualquer outra penalidade. Dou meu consentimento de livre e espontânea vontade e sem reservas para participar como paciente deste estudo. ...................................................................................... Nome do participante (em letra de forma) ............................................................................................................. Assinatura do participante ou representante legal-Data

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Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos e benefícios da participação no mesmo, junto ao participante e/ou seu representante autorizado. Acredito que o participante e/ou seu representante recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem adequada e compreensível e que ele/ela compreendeu essa explicação. ........................................................... ......................................................... ALEXANDRE EUSTÁQUIO CAMARGOS ROCHA Prof. Dr. PAULO ISAÍAS SERAIDARIAN

Av. Dom José Gaspar, 500 - Fones: 3319-4229 e 3319.4230 - Fax: 3319-4229 CEP 30535.610 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

e-mail: [email protected] e [email protected]