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ANALISE E TOMADA DE DECISÃO DE CERTIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL NO BRASIL Itayna Monica Cardoso Liborio (Urca ) [email protected] Cassia Taisy Alencar de Andrade (Urca ) [email protected] Fernanda Dias da Silva (Urca ) [email protected] Rodolfo Jose Sabia (Urca ) [email protected] Rosa Maria de Medeiros Marinho (Urca ) [email protected] As questões ambientais vêm ocupando cada vez mais espaço no mercado econômico e tem sido motivos de debates em todos os países. O crescente desenvolvimento do setor da construção civil é um desses assuntos, devido à quantidade de resíduos ssólidos deixados, assim como a melhor utilização dos recursos naturais, e para isso foi criado os selos ambientais. Os mais conhecidos no Brasil são os LEED, AQUA e Casa Azul. O presente artigo tem como objetivo identificar a certificação de melhor desempenho a ser utilizado para edificações residenciais no Brasil, portanto, foi realizada uma análise comparativa através das ferramentas AHP e ANP. Após a estrutura montada, iniciou-se uma fixação de pesos para definir a importância dos critérios e subcritérios alocados ao programa. Os pesos foram colocados de acordo com as informações coletadas no trabalho, combinando com uma pesquisa feita com pessoas que já teriam estudado sobre os selos de certificação abordados. Assim obtivemos das analises que o Modelo de Certificado mais adequado é o Selo Casa Azul, com 44,4099%, seguido do selo LEED com 33,8607%, e por último o selo AQUA com 21,7294%. Palavras-chave: Sustentabilidade, Construção Civil, Selos Verdes, AHP,ANP XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

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ANALISE E TOMADA DE DECISÃO DE

CERTIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO

SUSTENTÁVEL NO BRASIL

Itayna Monica Cardoso Liborio (Urca )

[email protected]

Cassia Taisy Alencar de Andrade (Urca )

[email protected]

Fernanda Dias da Silva (Urca )

[email protected]

Rodolfo Jose Sabia (Urca )

[email protected]

Rosa Maria de Medeiros Marinho (Urca )

[email protected]

As questões ambientais vêm ocupando cada vez mais espaço no

mercado econômico e tem sido motivos de debates em todos os países.

O crescente desenvolvimento do setor da construção civil é um desses

assuntos, devido à quantidade de resíduos ssólidos deixados, assim

como a melhor utilização dos recursos naturais, e para isso foi criado

os selos ambientais. Os mais conhecidos no Brasil são os LEED,

AQUA e Casa Azul. O presente artigo tem como objetivo identificar a

certificação de melhor desempenho a ser utilizado para edificações

residenciais no Brasil, portanto, foi realizada uma análise comparativa

através das ferramentas AHP e ANP. Após a estrutura montada,

iniciou-se uma fixação de pesos para definir a importância dos

critérios e subcritérios alocados ao programa. Os pesos foram

colocados de acordo com as informações coletadas no trabalho,

combinando com uma pesquisa feita com pessoas que já teriam

estudado sobre os selos de certificação abordados. Assim obtivemos

das analises que o Modelo de Certificado mais adequado é o Selo Casa

Azul, com 44,4099%, seguido do selo LEED com 33,8607%, e por

último o selo AQUA com 21,7294%.

Palavras-chave: Sustentabilidade, Construção Civil, Selos Verdes,

AHP,ANP

XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil

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1. Introdução

Fala-se cada vez mais em sustentabilidade, em ser sustentável e em criar formas e ferramentas

que se permita isso, pois nossos recursos estão ficando escassos, e com o crescimento das

cidades e populações tão acelerados é de fundamental importância à sustentabilidade na

Construção Civil. Considerada uma atividade econômica importante para o país a construção

civil absorve em torno de 50% de todos os recursos extraídos da crosta terrestre e consome

entre 40% e 50% da energia consumida em cada país. Dados da Unep relatam que os edifícios

são responsáveis por 25% a 40% do consumo de energia e 30% a 40% das emissões de CO2,

além da utilização de significativas quantidades de recursos naturais, como materiais e

minerais extraídos de jazidas (30%), água (20%) e espaço (10%). No Brasil, tem-se no

mínimo uma quarta parte da parcela de emissão de CO2, excetuando-se a parcela relativa às

queimadas (Paula Mendes et al, 2014). As implicações e impactos gerados pelos edifícios no

mundo todo são muitos, e com uma preocupação cada vez mais crescente em ser sustentável

surgiu à ideia da Construção Sustentável que tem como objetivo minimizar esses impactos

ambientais. Atualmente essa ideia vem sendo difundida aos poucos, mas futuramente a

certificação verde será necessária, pois as pessoas irão preferir optar por uma construção onde

terão vantagens econômicas, sociais e ambientais. Diante então dessa preocupação, este artigo

tem como objetivo identificar qual o selo é mais eficientemente aplicado às construções

sustentáveis no Brasil dentre três pré-selecionados, o Leed, o Aqua, e o Selo Casa Azul.

2. Objetivos

A pesquisa tem como objetivo selecionar o selo que é mais eficientemente aplicado a

construção sustentável no Brasil, ou seja, considerando para essas qualificações a realidade de

nosso país, através da utilização do programa Superdecisions.

3. Metodologia

A princípio foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os selos de sustentabilidade na

construção civil e certificação ambiental. Por se tratar de um assunto recente e de grande

repercussão atual, a investigação foi feita através de livros, revistas científicas especializadas,

artigos e trabalhos científicos.

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Em seguida, foi empregado o programa Superdecisions, que implanta o Analytic Hierarchy

Process (AHP) e o Analytic Network Process (ANP), para a avaliação das alternativas pré-

selecionadas (Selo LEED, Selo AQUA e Selo Casa Azul). Também foram estabelecidos

critérios e subcritérios para melhor aplicação desta ferramenta que tem sido frequentemente

utilizada em muitos campos de práticas e pesquisas.

4. Sustentabilidade na Construção

Construção sustentável é aquela que reduz os impactos com melhor aproveitamento dos

recursos naturais, racionalização do uso de energia, redução do uso de resíduos, aplicações de

materiais alternativos e desenvolvimento de tecnologias que permitam economia de água e

energia (Eliane Cristina et al, 2011). Desde então a construção vem passando por um processo

de transformação que equilibra o tripé da sustentabilidade. Esse processo busca adequar à

construção as metodologias sustentáveis. Vários países levaram a sério e desenvolveram seus

próprios selos. Exemplos de países em desenvolvimento com seus respectivos selos foram:

BREE (Building Reserch Establishment-Inglaterra), USGBC (United States Green Building

Council- Estados Unidos), DGNB (German Sustainable Building Council- Alemanha), HQE

(Haute Qualité Environnementale- França). Esses métodos de certificação têm se mostrado

muito eficiente, de acordo com GBC Brasil eles têm conseguido reduzir em torno de 30% o

consumo de energia dentro da edificação, de 30 a 50% o consumo de água, e conseguem

reduzir também em cerca de 60% a 80% a gestão de resíduos, que são gerados durante todo o

empreendimento. De acordo com Barros (2012), para a potencialização da certificação em

edifícios e promoção das construções sustentáveis são necessárias algumas ações por parte

das autoridades governamentais, como segue:

Valorizar as edificações e projetos sustentáveis nos critérios de apreciação das

propostas apresentadas em obras públicas;

Criar legislações locais que por meio de incentivos (créditos fiscais e consultores

patrocinados pelo governo) e exigências de requisitos mínimos de sustentabilidade

para edificações, insumos e componentes, movimente toda a cadeia produtiva da

construção e torne mais familiar o processo de certificação;

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Criar prêmios que possam promover e divulgar a adoção das certificações e Green

buildings, melhorando a conscientização pública sobre a temática;

Criar Institutos verdes ou redes de cooperação, para dar suporte à disseminação das

edificações sustentáveis e à criação de sinergias organizacionais que objetivam a

criação de redes locais de empresas da construção civil e a criação de programas de

capacitação em escolas técnicas e universidades e programas de geração e difusão de

novos conhecimentos.

Dos certificados mais conhecidos e utilizados no país, foram escolhidos para o estudo o

LEED for Homes, Processo AQUA; primeira metodologia brasileira o Selo Casa Azul. Para

análise comparativa dos três selos verdes citados, utilizou-se O método de análise de decisão,

o Analytic Hierarchy Process (AHP) e o Analytic Network Process (ANP), métodos que

auxiliam no processo decisivo através de uma matriz de decisão, com a determinação de pesos

para os critérios de avaliação.

5. LEED For Homes

O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um selo sustentável

desenvolvido pela USGBC (United States Green Building Council) para certificar edificações.

O LEED desenvolveu a categoria LEED for homes que tem por objetivo certificar casas que

atendam aos requisitos sustentáveis como a gestão de água, energia e conforto. Para que um

imóvel receba a certificação LEED pela organização americana USGBC é necessário cumprir

pré-requisitos e créditos comprovando a adoção de práticas de sustentabilidade ambiental,

creditados ao projeto de acordo com as recomendações estabelecidas pelo sistema LEED. O

nível da certificação é definido conforme a quantidade de pontos adquiridos na avaliação nas

oito categorias, podendo variar de nível Certificado, Prata, Ouro ou Platina. A certificação

LEED FOR HOMES apresenta oito categorias com pré-requisitos e créditos. Os Pré-

requisitos são requisitos mínimos obrigatórios, a serem atendidos pelo projeto para que o

mesmo tenha direito a acumulação de pontos para certificação, caso não sejam atendidos o

projeto não poderá ser certificado.

Quadro 1 - Dimensões Avaliadas

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Implantação 25

Uso Racional da Água 12

Energia e Atmosfera 28

Materiais e Recursos 15

Qualidade Ambiental Interna 15

Requisitos Sociais 3

Inovação e Projeto 10

Créditos Regionais 2

Fonte: Adaptado inovatechengenharia.com.br/leed

Estima-se que já se tem aproximadamente 279 edifícios certificados com o selo LEED no

Brasil, desses, 70% correspondem a empreendimentos comerciais, escritórios e centros de

distribuição. Existe também a certificação residencial, lançado em agosto de 2014, e Até

agora, dois empreendimentos possuem o selo, um na cidade de São Paulo e outro em São

Sebastião, litoral do Estado.

6. AQUA

A certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) foi desenvolvida em 2008 pela Fundação

Vansolline para atender a realidade brasileira e teve como base o Selo Frances HQE.

A Alta Qualidade Ambiental (AQUA) é definida como sendo um processo de gestão de

projeto visando obter a qualidade ambiental de um empreendimento novo ou envolvendo uma

reabilitação (FCAV, 2007).

O Processo AQUA avalia o desempenho ambiental de uma construção por sua natureza

arquitetônica e técnica, bem como pela gestão. Estrutura-se em dois instrumentos principais: o

Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e o referencial de Qualidade Ambiental do

Edifício (QAE). Na visão deste selo verde, a gestão da edificação, permite definir as vertentes

de projeto que irão atingir e manter os níveis de qualidade ambiental (FCAV, 2007).

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Na metodologia do AQUA verificam-se catorze categorias, ou conjuntos de preocupações,

que são agrupadas em quatro famílias. Este escopo permite avaliar edifícios majoritariamente

destinados ao uso para escritórios ou escolas. As fases analisadas são a do programa de

necessidades, a de projeto e a de construção. Apesar da fase de uso e operação da edificação

não ser contemplada pela certificação, o Processo AQUA incorpora elementos que facilitam o

desempenho ambiental após a entrega da obra (FCAV, 2007).

Quadro 2 - Categorias do Processo AQUA

CATEGORIAS AQUA

Sítio e

Const

rução

Relação do edifício com o seu entorno;

Escolha integrada de produtos, sistemas e processos

Construtivos;

Canteiro de obras com baixo impacto ambiental.

Gestã

o

Gestão da energia;

Gestão da água;

Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício;

Manutenção - Permanência do desempenho ambiental.

Confo

rto

Conforto hidrotérmico

Conforto acústico

Conforto visual

Conforto olfativo

Saúde Qualidade sanitária dos ambientes

Qualidade sanitária do ar

Qualidade sanitária da água

Fonte: adaptação vanzolini.org.br

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Essas categorias ainda podem ser classificadas no nível BASE, BOAS PRATICAS ou

MELHORES PRATICAS. Para se obter a certificação o empreendedor precisa atender a” 3

categorias no nível MELHORES PRATICAS, 4 categorias no nível BOAS PRATICAS e 7

categorias no nível BASE “, tendo autonomia para escolher qual nível ele quer atender em

cada categoria, e estima-se que existam aproximadamente 167 certificações Aqua no Brasil,

entre edifícios, corporações, residências e shopping. (Vanzolini.org.br/aqua)

7. Selo Casa Azul

O selo casa azul é uma classificação socioambiental de empreendimentos residenciais da

Caixa Econômica Federal. É o primeiro sistema de certificação criado para a realidade da

construção brasileira. Foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar em parceria com a

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Santa Catarina e

Universidade Estadual de Campinas.

O intuito é incentivar o uso racional de recursos naturais, reduzir o custo da manutenção dos

edifícios e as despesas mensais dos usuários, além da conscientização das vantagens das

construções sustentáveis. O selo aplica-se a empreendimentos habitacionais financiados pela

Caixa Econômica Federal e sua adesão é voluntaria.

A metodologia do Selo Casa Azul está dividida em seis categorias de preocupações

socioambientais, organizados em 53 ações que são consideradas critérios de avaliação, que

serão levadas em consideração na avaliação do empreendimento. Apenas 19

empreendimentos são certificados com esse selo.

Quadro 3 - Resumo Categorias

RESUMO CATEGORIAS CAIXA AZUL

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QUALIDADE

URBANA

1. Qualidade do Entorno - Infraestrutura (obrigatório)

2. Qualidade do Entorno - Impactos (obrigatório)

3. Melhorias no Entorno

4. Recuperação de Áreas Degradadas

5. Reabilitação de Imóveis

PROJETO E

CONFORTO

6. Paisagismo (obrigatório)

7. Flexibilidade de Projeto

8. Relação com a Vizinhança

9. Solução Alternativa de Transporte

10. Local para Coleta Seletiva (obrigatório)

11. Equipamentos de Lazer, Sociais e Esportivos (obrigatório)

12. Desempenho Térmico - Vedações (obrigatório)

13. Desempenho Térmico - Orientação ao Sol e Ventos

(obrigatório)

14. Iluminação Natural de Áreas Comuns

15. Ventilação e Iluminação Natural de Banheiros

16. Adequação às Condições Físicas do Terreno

EFICIÊNCIA

ENERGÉTICA

17. Lâmpadas de Baixo Consumo - Áreas Privativas (obrigatório)

18. . Dispositivos Economizadores - Áreas Comuns (obrigatório)

19. Sistema de Aquecimento Solar

20. Sistemas de Aquecimento à Gás

21. Medição Individualizada - Gás (obrigatório)

22. Elevadores Eficientes

23. Eletrodomésticos Eficientes

24. Fontes Alternativas de Energia

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CONSERVAÇÃO

DE RECURSOS

MATERIAIS

25. Coordenação Modular

26. Qualidade de Materiais e Componentes (obrigatório)

27. Componentes Industrializados ou Pré-fabricados

28. Formas e Escoras Reutilizáveis (obrigatório)

29. Gestão de Resíduos de Construção e Demolição (RCD)

(obrigatório)

30. Concreto com Dosagem Otimizada

31. Cimento de Alto-Forno (CPIII) e Pozolânico (CP IV)

32. Pavimentação com RCD

33. Facilidade de Manutenção da Fachada

34. Madeira Plantada ou Certificada

GESTÃO DA

ÁGUA

35. Medição Individualizada – Água (obrigatório)

36. Dispositivos Economizadores - Sistema de Descarga

37. Dispositivos Economizadores – Arejadores

38. Dispositivos Economizadores - Registro Regulador de Vazão

39. Aproveitamento de Águas Pluviais

40. Retenção de Águas Pluviais

41. Infiltração de Águas Pluviais

42. Áreas Permeáveis (obrigatório)

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PRÁTICAS

SOCIAIS

43. Educação para a Gestão de RCD (obrigatório)

44. Educação Ambiental dos Empregados (obrigatório)

45. Desenvolvimento Pessoal dos Empregados

46. Capacitação Profissional dos Empregados livre escolha livre

escolha

47. Inclusão de trabalhadores locais

48. Participação da Comunidade na Elaboração do Projeto

49. Orientação aos Moradores (obrigatório)

50. Educação Ambiental dos Moradores

51. Capacitação para Gestão do Empreendimento

52. Ações para Mitigação de Riscos Sociais

53. Ações para a Geração de Emprego e Renda

Fonte: Adaptado http://www.caixa.gov.br

Existem três níveis de classificação o Bronze, a Prata e o Ouro, sendo que:

A categoria Bronze se aplica somente a habitações de interesse social. Para a categoria

Bronze, devem ser atendidos no mínimo 19 critérios obrigatórios.

A categoria Prata, devem ser atendidos os 19 critérios obrigatórios e mais 6 critérios

de livre escolha

Para a categoria Ouro, 19 critérios obrigatórios e 12 critérios de livre escolha.

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Quadro 4 - Quadro de inscrição e de valores.

SELO INSCRIÇÕES VALOR

LEED

Pelo site www.gbci.org e paga a taxa

de cadastro de US$ 600,00

Projetos com até 5.000m² pagam mais US$ 2.250,00;

De 5.000m² até 50.000m² pagam mais US$ 0,45 por

m²;

Acima de 50.000m², mais US$ 22.500,00;

AQUA

Pelo site www.vanzolini.org.br

Empreendimentos até 1.500m² pagam R$ 17.500,00

Acima de 1.500m², R$ 1,609 por m²

CAIXA

Pela CAIXA

Não haverá despesas para o proponente na concessão

do Selo, apenas será cobrada uma taxa de análise de

projeto do candidato ao Selo Casa Azul CAIXA

emitida na entrega da documentação para cobertura

dos custos da análise técnica, conforme fórmula

abaixo:

Taxa = 40,00 + 7 (n-1) limitada a R$ 328,00,

sendo n = número de unidades

8. O AHP E ANP

O método de análise de decisão Analytic Hierarchy Process (AHP), fundamenta-se na

comparação de alternativas de escolhas, duas a duas, onde quem decide realiza pares de

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comparações relativas a duas alternativas em mesmo nível da estrutura de decisão julgando

qual elemento satisfazem mais e quanto mais, identificando, assim, o ranking de cada

alternativa candidata a solucionar o problema. Segundo Machado, Gomes e Chauvel (2003), o

método de análise hierárquica mostra-se adequado pela sua grande utilidade na estruturação

do problema decisório, permitindo ao tomador de decisão a definição das suas prioridades

com base em seus objetivos, sempre em linha com sua intuição e conhecimento do problema.

Os estudos de Saaty (1980) revelam a existência de três qualidades importantes presentes no

AHP: a estruturação hierárquica, a obtenção de prioridades e a consistência lógica, sendo

estes, os princípios básicos do pensamento analítico. Na estruturação hierárquica, o decisor

segue as seguintes etapas propostas por Saaty (1980): definição dos objetivos, das alternativas

e dos critérios relevantes para o problema de decisão; avaliação das alternativas em relação

aos critérios e avaliação da importância relativa a cada critério; e determinação da avaliação

global de cada alternativa, com todos os elementos estruturados de forma hierárquica. Em

relação à obtenção de prioridades no método AHP, é estabelecida uma relação entre os

elementos de cada nível de hierarquia com a comparação par a par dos critérios ou

subcritérios (Iañes & Cunha, 2006), ou seja, a comparação entre os atributos ocorre no mesmo

nível da estrutura de decisão. Os valores possíveis de serem atribuídos aos elementos,

segundo a Escala Fundamental proposta por Saaty (1980), vão de 1 a 9, sendo que o 1

representa uma comparação onde os elementos são igualmente importantes, o 5 aponta a

importância grande ou essencial e o 9 indica importância absoluta de um elemento em relação

ao outro.

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Quadro 5 - Resumo do Método AHP

Fonte: Adaptado de Costa, 2010.

Já o Analytic Network Process ou ANP é um método também desenvolvido por Saaty, que é

utilizado para classificação os nós através da inter-relação entre um conjunto de elementos,

lidando com elementos interdependentes e proporcionando um ambiente integrado para uma

avaliação de relações em sistemas complexos, pode ser usados também para problemas que

envolvam tomadas de decisão com múltiplas variáveis, critérios as relações entre eles.

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Para aplicação do ANP o processo inicial se consiste na identificação e estruturação

dos elementos que pertencem a grupos básico: Objetivo, critérios e alternativas. O segundo

passo consiste na definição da relação entre os elementos que foram identificados na etapa

anterior, passando por cálculos de matriz até chegar ao resultado final que é o resultado do

ranking de todas alternativas.

9. Resultados

Conforme a figura 4 verifica-se que o selo AQUA, tem o maior custo de certificação, seguido

pelo Selo LEED, e depois o Selo Casa Azul, o de menor custo de certificação. Esta tendência

também se repete na renda e no investimento. No entanto, sabemos que isso ainda não é o

satisfatório para julgar qual selo teria maior eficácia, pois para isso é necessária uma avaliação

levando em consideração outros critérios que não relacione apenas a parte financeira de selo

de certificação ambiental.

Assim, de acordo com o estudo realizado, pudemos armazenar e filtrar informações

suficientes para a avaliação das alternativas no programa e alcançarmos a seguinte estrutura:

Figura 1 – Estrutura do Programa

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Após a estrutura montada, inicia-se a fixação de pesos para cada critério a ser avaliado. Para

definição da importância entre critérios e subcritérios. Os pesos foram colocados de acordo

com as informações coletadas no trabalho, combinando com uma pesquisa feita com pessoas

que já teriam estudado sobre os selos de certificação ambiental abordados. Logo, obtivemos

os seguintes resultados:

Figura 2 – Resultados do Superdecisions

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Fonte: Superdecisions

Com base no gráfico acima podemos observar que o selo Casa Azul foi selecionado pelo

programa como a alternativa que mais atende ao objetivo aplicado com 44,4099%, seguido do

selo LEED com 33,8607%, e por último o selo AQUA com 21,7294%.

Figura 3 – Resultados do Superdecisions

Fonte: Superdecisions

Figura 4- Gráfico dos critérios

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17

27

,45

5 42

,84

4

29

,70

1 41

,28

3

15

,82

1

42

,89

6

0

3,0

86

27

,84

4

1,0

55

24

,77

7,3

83

8,2

57

11

,96

6

8,2

57

7,3

83

05101520253035404550

Selo

AQ

UA

Selo

Cas

a A

zul

Selo

LEE

D

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Eco

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ção

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Red

uçã

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os

resí

du

os

Ren

da

Normatized by CLUSTER %

Analisando este gráfico, conseguimos obter não somente o resultado de cada alternativa, mas

também a importância que cada critério e subcritério tiveram perante as opções de selos. Os

critérios Conservação do Meio Ambiente e Econômico foram os que apresentaram maior

importância diante da escolha, com 37,235% e 33,759%, seguido do critério Qualidade de

vida com 29,006%.

10. Conclusão

Pôde-se analisar, pelo estudo realizado, que o critério Conservação do meio ambiente

apresenta uma relativa equidade entre os selos LEED, AQUA e Casa Azul, porém, com uma

abrangência um pouco maior no selo LEED. No que concerne ao critério Qualidade de vida, o

selo Casa Azul atinge um nível financeiro mais baixo, propiciando maior possibilidade de

construções certificadas para atender a população, enquanto os Selos AQUA e LEED se

destinam a grandes corporações.

O critério econômico também se mostra mais importante para o selo Casa azul, uma vez que

seu custo de investimento é consideravelmente menor que os outros selos, e levando em

consideração que a pessoa que deseja adquirir tal certificação não necessita ter uma renda

elevada, diferente dos selos AQUA e LEED que são menos acessíveis.

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Com isso, o acesso à certificação parece caminhar na direção das construções sustentáveis

para todos, sendo o Selo Casa Azul o de maior amplitude neste seguimento. Nas grandes

capitais o Selo LEED e o Selo AQUA ganham destaque pela sua imponência e Know-How,

porém na maioria dos municípios brasileiros, inclusive nas periferias das metrópoles o Selo

Casa Azul parece atender as aspirações da construção sustentável, que tem como premissas o

economicamente viável, o socialmente justo e o ecologicamente correto.

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