Análise do posicionamento de professores quanto ao uso de ... · Vários estudos já realizados...
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Análise do posicionamento de professores quanto ao uso de recursos didáticos no ensino
de Geografia
Crislaine Vargas Basso1
Daiane Carla Bordulis2
Elaine Marta Krempacki3
RESUMO
Perante as diversas transformações, principalmente a rapidez das informações, que ocorrem
na escala mundial e diante das dificuldades encontradas no ensino de Geografia, o professor
precisar inovar suas metodologias e adequar seu planejamento para promover a aprendizagem
com seus alunos da melhor forma possível. Assim, dado o fato da contribuição dos recursos
didáticos diferenciados (saídas de campo, maquetes, experimentos, fotografias, registros,
entre outros...) para a aprendizagem dos alunos, o objetivo deste trabalho é conhecer a opinião
dos professores sobre a utilização desses recursos em suas aulas de Geografia, e também,
compreender as dificuldades que os educadores enfrentam ao planejar as aulas e a finalidade
que apresenta a eles a utilização de metodologias diferenciadas. Para obtenção dos resultados,
pesquisou-se artigos disponíveis no portal Scholar (Google Acadêmico) e realizou-se uma
pesquisa através da ferramenta Formulários (Google Drive), onde dez professores de
Geografia participaram. Quanto aos principais resultados, destaca-se que os professores
sofrem com a realidade das instituições escolares em que trabalham, falta valorização de seu
trabalho, formações continuadas, materiais nas escolas e estes, são os principais motivos que
levam os docentes a desistirem da carreira ou de realizar novos estudos, como também,
deixar-se desanimar e cair no tradicionalismo das aulas de Geografia. Conclui-se com este
trabalho que as práticas pedagógicas fazem toda a diferença para o ensino de Geografia e que
estas podem ser adaptadas pelo professor, inclusive na falta de materiais didáticos, trazendo
também, grande contribuição para a aprendizagem do aluno.
¹ Acadêmica do curso de Geografia-Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim.
Bolsista no Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID. E-mail: [email protected] 2 Acadêmica do curso de Geografia-Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim.
Bolsista no Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID. E-mail: [email protected] 3 Acadêmica do curso de Geografia-Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim.
Bolsista no Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID. E-mail: [email protected]
Palavras – chave: Prática pedagógica. Recursos didáticos. Ensino da Geografia.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em uma sala de aula, a prática do professor perpassa por um momento de adequação,
reflexos de uma sociedade que vem mudando constantemente e de um forte processo de
globalização que envolve a todos. Nesse momento, procura-se por uma Geografia que possa
contribuir para compreensão das relações sociais e meios que os professores possam utilizar
para tornar o conhecimento geográfico em algo atraente e com sustância aos alunos, de modo
que, estes compreendam as múltiplas relações que existem no mundo.
Pensando nisso, que práticas pedagógicas viabilizam a construção do conhecimento
geográfico? Que recursos didáticos podem ser utilizados nessa construção? E como envolver
o aluno, fazendo com que ele supere visões fragmentadas e amplie sua compreensão?
Essas questões surgem como forma de repensar a prática pedagógica do educador e sua
importância na construção do conhecimento dos educandos. É importante ressaltar, que as
práticas desenvolvidas pelos professores em suas aulas são complexas, cada uma possui
especificidades e cabe aqui, discutir metodologias diferenciadas que possam vir a acrescentar
no processo de ensino-aprendizagem. E, considerando a reflexão sobre os recursos didáticos
como uma importante etapa nesse processo de aprendizagem, em meio às transformações que
vivemos os autores Batista e Estevez (2014), também colaboram ao destacar a necessidade de
valorização de novas metodologias que o ensino da Geografia tem ao acompanhar tais
mudanças.
Vários estudos já realizados sobre recursos didáticos e prática do professor apontam que o
ensino de Geografia deve, principalmente, formar para a compreensão e intervenção na
realidade. Dentre esses estudos, Silva et. al. (2013) reconhecem a importância de o aluno
compreender o espaço em que está inserido. Além destes autores, outros como Brasil (1998),
partilham da mesma opinião.
Assim, dado o fato da contribuição dos recursos didáticos diferenciados (saídas de campo,
maquetes, experimentos, fotografias, registros, entre outros...) para a aprendizagem dos
alunos, o objetivo deste trabalho é conhecer a opinião dos professores sobre a utilização
desses recursos em suas aulas de Geografia. Além disso, compreender as dificuldades que os
educadores enfrentam ao planejar as aulas e a finalidade que apresenta a eles a utilização de
metodologias diferenciadas.
O estudo deste trabalho pode contribuir para repensar métodos utilizados na elaboração
das aulas de Geografia, como também, pensar estratégias de ampliar as visões de mundo dos
educandos. Além disso, esta pesquisa vem ao encontro de estudos já realizados sobre o
assunto, como os de Batista e Estevez (2014), Calado (2012), entre outros que se dedicam ao
estudo do tema.
Este artigo divide-se em 4 seções que tratam dos pilares teóricos e conceituais da
pesquisa, sendo o mais fundamental deles os estudos de Kaercher (2007) e Silva e Freire
(2014). Neste estudo, apresentam-se de forma gradativa os resultados apurados. Para tanto, o
trabalho traz uma relação de conceitos desenvolvidos por alguns autores, sendo os mais
utilizados neste artigo: Batista e Estevez (2014), Kaercher (2011), Kaercher (2007), Brasil
(1998), Silva et al (2013), Calado (2012) e Kaercher (1998).
2. CAMINHO METODOLÓGICO
Para a construção deste trabalho, pesquisou-se artigos disponíveis no portal Scholar
(Google Acadêmico). Todos os artigos pesquisados estão relacionados com a prática
pedagógica do professor no ensino da Geografia.
Além disso, realizou-se uma pesquisa escrita através da ferramenta Formulários (Google
Drive), onde os professores que responderam a entrevista são todos da área de Geografia e
atuantes no ensino. A partir dos dados obtidos com a aplicação do formulário eletrônico
(conforme apêndice A) a dez professores que atuam em séries iniciais, Ensino Fundamental,
Médio e Superior, foram estudados para obtenção dos resultados que abrangem este trabalho.
As respostas obtidas através do questionário foram salvas em planilhas do Excel para
construção de gráficos a partir dos resultados. As pesquisas aconteceram nos meses de
outubro e novembro de 2015. Foram esclarecidos os objetivos e propósitos da pesquisa, como
também a importância da contribuição de cada um e a voluntariedade em responder.
Utilizou-se um formulário composto por nove questões, sendo três descritivas e seis
objetivas sobre a formação dos respectivos professores, tempo de experiência na educação
básica, participação em formações, dificuldades de planejamento das aulas, recursos didáticos
utilizados, sua finalidade e importância para a prática pedagógica do professor de Geografia.
A partir da análise das respostas presentes nos formulários aplicados aos professores de
Geografia, identificou-se alguns resultados interessantes.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
É a sala de aula, o espaço que os indivíduos constroem múltiplos conhecimentos, saberes
que darão a eles a oportunidade de compreender e de analisar criticamente o contexto social,
de tornarem-se cidadãos conscientes e participantes na construção de uma sociedade melhor.
E, principalmente, de não apenas compreender o seu espaço vivido ou seus arredores, mas de
reconhecer-se diante de tamanha grandeza e com um olhar crítico perante os fatos.
A Geografia como uma das ciências, que busca essa compreensão, precisa levar seu
ensino ao encontro dos alunos, para que estes possam compreender o seu papel realidade em
que vivem. E, diante disso, é justamente o educador que, no “espaço” sala de aula, torna-se o
mediador do ensino de Geografia.
Assim, buscamos trazer aqui um estudo sobre essa relação existente entre professor e
aluno, já que este não pode ser visto como somente um receptor de conhecimentos, mas sim,
participante de sua aprendizagem. Para isso, nada melhor do que analisar a opinião dos
professores sobre sua prática pedagógica em sala de aula, como também, metodologias e
recursos didáticos diferenciados utilizados.
Primeiramente, pesquisamos o nível de formação dos professores, pois sabemos da
importância e influência deste elemento, quando consideramos a tarefa do educador no
ensino. Os resultados podem ser analisados no gráfico a seguir:
GRÁFICO 1 – FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
FONTE: QUESTIONÁRIO APLICADO
ELABORAÇÃO: CRISLAINE BASSO
No gráfico, a parte verde demonstra que 50% dos professores possuem apenas graduação,
ou seja, metade dos entrevistados. A cor vermelha representa a porcentagem de professores
que possuem como última titulação a especialização com 40% ou quatro professores. Já
doutorado apenas um, representando 10%.
Um destaque que podemos salientar a partir deste gráfico, é a realidade que existe em
muitas escolas, onde a maior parte dos educadores atuantes na rede básica de ensino possui
apenas graduação e, quando muito, especialização. Dos participantes desta entrevista, nove
atuam no ensino fundamental e médio e um no ensino superior. Quando questionados se já
participaram de alguma formação continuada, 80% responderam que sim e 20% que nunca
participaram de formações em sua área de atuação.
Outro item que recebe grande destaque neste estudo são os relatos sobre as dificuldades
que os professores de Geografia encontram ao planejar suas aulas. A tabela a seguir deixa
claro que o maior problema é a falta de materiais didáticos e de recursos como computadores,
internet, data show, projetor e diversos outros nas escolas, o que dificulta e muito o trabalho
do professor. Sabemos todos nós sobre os poucos recursos que estão disponíveis para o
trabalho didático em sala de aula e, é nesse momento que o docente precisa fazer alguns
ajustes para que seu aluno não fique prejudicado.
Para tanto, uma alternativa proposta para este momento é desenvolver práticas que
estejam ao alcance dos alunos e também do docente. Quem relata um pouco sobre essa
DOUTORADO10%
ESPECIALIZAÇÃO40%
GRADUAÇÃO50%
FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
readaptação de práticas é Kaercher (2011), segundo este autor, algumas vezes é necessário
substituir alguns materiais mais caros por outros mais acessíveis.
Buscar a geografia do custo zero (gcz) e pensar sobre o que se vê (qsv) não implica
em se conformar com a pobreza de nossas escolas. Significa que podemos incluir
nossos alunos no próprio planejamento de nossas aulas e conteúdos porque a geografia
deve falar dos espaços e pessoas que vivemos e com quem convivemos. (p.12)
Ou seja, como docentes não podemos desistir de renovar em nossas aulas. A dificuldade
de não existir materiais na escola, não pode ser motivo para cairmos em um tradicionalismo e
nos acomodar. Vários materiais utilizados na confecção de um recurso prático como a
maquete, por exemplo, pode ser realizado com recursos (materiais recicláveis) trazidos pelos
próprios alunos.
A segunda dificuldade mais encontrada é a falta de tempo em aula, os períodos são curtos
e muitas vezes não há como realizar atividades diferenciadas. Os horários das disciplinas nas
escolas, muitas vezes, acabam deixando os períodos correspondentes às aulas de Geografia
separados e, consequentemente, o tempo em que o professor almeja planejar suas atividades
fica prejudicado. O tempo que o professor leva para realizar a chamada, organizar a turma,
tranquiliza-la e retomar o conteúdo acaba sendo perdido. Essa dificuldade que os docentes
enfrentam, será mais bem detalhada na seção 3.2. A tabela a seguir deixa claro quais são as
maiores dificuldades enfrentadas no âmbito de ensino.
TABELA 1 – DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS DOCENTES
FONTE: QUESTIONÁRIO APLICADO
ELABORAÇÃO: CRISLAINE BASSO
DIFICULDADES PROFESSORES
TEMPO DE AULA 2
TEMPO DE PLANEJAMENTO 1
DISPERÇÃO DOS ALUNOS 1
FALTA DE EXPERIÊNCIA 1
DIFICULDADES COM O USO DE TECNOLOGIAS 1
QUE OS ALUNOS GOSTEM 1
FALTA DE MATERIAIS DIDÁTICOS E RECURSOS COMO COMPUTADORES, INTERNET, PROJETORES... 6
FALTA DE FORMAÇÕES 1
Outros problemas relatados que vem em sequência são: se os alunos irão gostar da
atividade, falta de experiência em sala de aula por parte do professor, dúvida se os recursos
são adequados ao conteúdo, dificuldade com o uso de tecnologias, problemas com o uso de
celular pelos alunos, falta de formações aos docentes e de tempo para planejamento das aulas.
Dos docentes que responderem o formulário, cinco deles já possui mais de dez anos de
experiência em sala de aula na educação básica, quatro ainda são novos na carreira, não
completaram cinco anos de atuação e um professor de Geografia encontra-se entre cinco a dez
anos de experiência.
GRÁFICO 2 – TEMPO DE EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA
FONTE: QUESTIONÁRIO APLICADO
ELABORAÇÃO: CRISLAINE BASSO
Baseando-se pelos resultados descritos até então, podemos perceber o quão grande
ainda são os problemas enfrentados não só no ensino da Geografia, mas pela escola e pelos
alunos. Existem muitas falhas que precisam ser melhoradas, ou seja, não basta apenas
discutirmos metodologias de ensino, sabendo, que existem muitas outras coisas a serem
melhoradas, por exemplo, a estrutura das instituições de ensino, qualificação dos professores,
como também, um melhor reconhecimento de seu trabalho.
Tentamos discutir a prática pedagógica do professor, porém sabemos que a realidade
de certas escolas a fazem reduzir e a torna precária perante a educação. E como então
“resolver” ou amenizar estes problemas sem perder o foco principal, a aprendizagem do
aluno? É o que tentaremos abordar na seção 3.2.
3.1 Opiniões dos professores sobre os recursos didáticos
Como sair da ideia de memorização e transmissão de conteúdos? Para tanto, é preciso
tornar a Geografia atraente aos alunos, é mostrar o lado envolvente e compreender o papel do
conhecimento geográfico na vida das pessoas, pois essa aprendizagem vem a facilitar e
contribuir diversas situações cotidianas é o que ressalta Silva et al (2013), esses autores citam
ainda, alguns exemplos de momentos que sem percebermos, a ciência geográfica participa:
Ao adquirir uma casa, por exemplo, conhecimentos geográficos ajudam na escolha da
posição solar (maior insolação e claridade podem significar economia de energia, ou,
ainda, moradia sem umidade, sem mofo e saudável), na localização (proximidade de
escolas, mercados, padarias, lojas, ônibus, posto de saúde, etc. valorizam o imóvel), na
situação do terreno (inclinação e tipo de solo indicam possibilidades de inundação, de
erosão, etc.). Isso define a perspectiva local, mas também colabora na compreensão
das razões do preço do imóvel (preço do CUB) e suas possibilidades de valorização,
tendo em vista aspectos da natureza nacional e internacional. (p.14).
No ensino da Geografia existem diversos meios e formas de promover a aprendizagem
de forma satisfatória e cativante aos alunos, promovendo algumas práticas como, pesquisas de
campo, mapas mentais, cartas, maquetes de diferentes temas, experiências, brincadeiras
adaptadas ao conteúdo, teatro, a música, criação de vídeos, entre outras. Enfim, o professor
precisa ser o criador de suas aulas.
Para Brasil (1998): “A Geografia, na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais,
tem um tratamento específico como área, uma vez que oferece instrumentos essenciais para a
compreensão e intervenção na realidade social” (p.15). Através da Geografia se pode
compreender a interação que existe entre o natural e o social. E é a Geografia, que segundo
Brasil (1998) tem o papel de tornar o mundo compreensível aos alunos, além de estudar a
atualidade e o passado através do território, lugar e paisagem, pois o espaço é historicamente
construído pelo homem.
E sendo as práticas pedagógicas formas para colaborar com a compreensão desse mundo
de interações e como ferramentas que aproximam o educando com o conteúdo em análise, não
podíamos deixar de contemplar em nosso questionário, algumas perguntas referentes aos
recursos didáticos.
A primeira pergunta foi sobre a utilização de recursos didáticos nas aulas de geografia,
onde a tabela a seguir demonstra em sequência, quais são os mais utilizados pelos professores
na elaboração de suas aulas:
TABELA 2 – RECURSOS UTILIZADOS
Globo 1
Registros 1
Computador 2
Passeios 2
Data show ou projetor 3
Internet 3
Charges , fotografia, cartazes e figuras
4
Revistas e jornais 5
Maquetes 5
Quadro 6
Livro didático 7 FONTE: QUESTIONÁRIO APLICADO
ELABORAÇÃO: CRISLAINE BASSO
Analisando este quadro, podemos perceber que o globo, por exemplo, ainda é um
recurso que apesar de não ser novo, pouco está presente nas aulas de Geografia. Outro ponto a
ser destacado é que ainda existem práticas que não foram desenvolvidas, como o mapa
mental, representação do real: do desenho ao mapa, cartas, saídas à campo e registro,
portfólio, entre outras. Enfim, falta desprender-se um pouco do tradicional e criar novos
recursos e possibilidades, sem ter medo de inovar e a Geografia possibilita a criação de novas
metodologias.
A próxima questão, também bem importante, sobre a finalidade de utilizar recursos
didáticos durante a aula, os professores responderam em sua maioria, como meio de prender a
atenção do aluno, fonte de informação e maior interação.
Uma resposta que chamou atenção foi a de que os recursos didáticos tem como
finalidade facilitar a vida do professor, devemos repensar sobre isso. Convenhamos que se
formos capazes de tornar nossa atividade docente menos trabalhosa, ótimo, porém depende
das circunstâncias, pois alguns veem essas práticas como o famoso “matar o tempo” e essa
não é a finalidade dos recursos didáticos, mas sim visar uma melhor aprendizagem do aluno
em contato mais próximo com o objeto de estudo. O quadro a seguir demonstra os resultados:
GRÁFICO 3 – FINALIDADE DOS RECURSOS DIDÁTICOS
FONTE: QUESTIONÁRIO APLICADO
ELABORAÇÃO: CRISLAINE BASSO
Sobre a importância de utilizar recursos didáticos diferenciados nas aulas de
Geografia, os resultados foram mais positivos, praticamente todos os professores avaliaram a
utilização de recursos diferenciados como fundamentais. O resultado pode ser observado na
tabela a seguir:
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
FONTE DEINFORMAÇÃO
PRENDERATENÇÃO DO
ALUNO
FACILITAR AVIDA DO
PROFESSOR
MAIORINTERAÇÃO
SIM
NÃO
TABELA 3 – IMPORTÂNCIA DOS RECURSOS DIDÁTICOS
NÍVEL DE IMPORTÂNCIA PROFESSORES
0% Nenhum
25% Nenhum
50% 1
75% 6
100% 3
FONTE: QUESTIONÁRIO APLICADO
ELABORAÇÃO: CRISLAINE BASSO
De acordo com o questionário aplicado e também da pesquisa bibliográfica realizada, é
possível destacar o quanto é fundamental superarmos o tradicionalismo de nossas aulas e
buscar novos métodos de trazer o conhecimento para o mais próximo possível do aluno. É o
que tentaremos abordar na seção seguinte.
3.2 Prática pedagógica com recursos didáticos
Como agentes transformadores da realidade social, os professores tem o importante papel
de trazer ao seu aluno o contexto da sociedade atual, torná-los críticos perante os
acontecimentos e conhecedores de seu papel como seres humanos formadores de um mundo
mais justo e igualitário.
De acordo com Batista e Estevez (2014), devido às transformações que a educação vem
perpassando, o ensino de Geografia tem sofrido com essas mudanças e mais do que nunca tem
se valorizado o uso de novas metodologias como forma de repensar a qualidade do ensino
oferecido e o enriquecimento da aprendizagem. Segundo as autoras Batista e Estevez (2014,
p.17 apud Santos, 2010, p. 21):
O uso de diferentes linguagens nas aulas de geografia mobiliza a construção do
conhecimento teórico, mas, sobretudo o despertar do interesse dos alunos em cada
uma das nossas aulas. É fundamental trazer o mundo para a sala de aula e por isso não
podemos nos restringir à aula expositiva, leitura de livro didático, memorização de
conceitos nem tampouco lançar atividades diversificadas sem planejamento prévio,
como se os alunos dessem conta de sistematizar e aprender sozinhos os conteúdos.
Nesta citação as autoras Silva e Freire destacam um ponto que merece bastante
atenção, o planejamento. Uma aula planejada faz toda a diferença, pois se o docente já tem
conhecimento sobre as especificidades da turma, a sua aula será adaptada a ela, se a turma
rende bastante ou não, o tempo de duração da aula, se há dificuldades de aprendizagem ou
então se há na turma algum aluno com necessidades especiais. Enfim, há toda uma
organização por trás de uma aula para que ela realmente produza efeitos.
Seguindo este argumento da importância do planejamento, é preciso destacar que o
professor também precisa apresentar claramente quais são os objetivos com sua aula, as suas
metas a serem atingidas. Caso contrário, pode ocorrer o que o autor Kaercher (2007) levanta:
muitos professores agem em suas aulas impedindo bagunça, evitando as conversas e assim
acabam abafando a criticidade e a consequente aprendizagem dos alunos. Kaercher (2007)
defende que a geografia deve estar relacionada com a vida do aluno e o professor deve
contribuir para esse entendimento, ele deve trazer fatos cotidianos para haver um melhor
entendimento, fato que não acontece se não houver uma boa organização.
Outro ponto a ser destacado, bem comum, que acontece nas aulas, é o professor chegar
à sala apresentando atividades para os alunos resolverem, sem dialogar com eles sobre o
conteúdo, deixando-os com dúvidas e sem entender o que aquele assunto tem de importância
para sua vida. Nesse ponto, Kaercher (2007), acrescenta:
Parece que temos uma Geografia Fast Food. É rápida! Em minutos, fala de muitas
coisas, mas pouco se aprofunda. Chama a atenção! Seus temas são atuais e estão na
mídia! No entanto, em longo prazo, fica pouco para o aluno. Há pouca articulação dos
conhecimentos trabalhados. Ficamos ‘cheios’, mas pouco alimentados. Voltamos a
ideia do pastel de vento: o conteúdo parece frágil (42).
O que Kaercher (2007) aponta faltar no professor é o papel de mediar, de ser
participante sempre ativo, de ser suporte, problematizador e principalmente relacionar as
informações e que suas aulas venham sempre de encontro, umas com as outras, pois é preciso
haver conexão (informações esparsas dificultam a aprendizagem).
É preciso estimular a reflexão, a participação dos alunos, envolvê-los no processo de
aprendizagem e não desmerecer o seu saber. De acordo com Calado (2012).
Assim como em todas as disciplinas na escola pública, também na Geografia,
percebe-se uma tendência à continuidade da utilização de métodos
tradicionalistas no processo ensino-aprendizagem. Apesar de as escolas
gradualmente serem abertas para as novas tecnologias (atualmente quase
todas as escolas já têm laboratórios de informática, TV, DVD players,
parabólicas, etc.) o que se observa é que o uso adequado das novas
tecnologias não ocorre, o que prova que simplesmente disponibilizar essas
tecnologias na escola não é suficiente. (p.13).
Porém, não podemos jogar todos os problemas do ensino da Geografia como culpa do
professor, pois ele muitas vezes cumpre seu papel. O que ocorre é que o ensino de Geografia,
assim como de outras disciplinas possuem relações muito mais complexas e que precisam ser
levadas em conta. Como ressalta Calado (2012).
Promover mudanças no ensino da geografia não compete somente aos
professores, mas também ao governo (através de políticas educacionais
eficientes), e à família (com apoio e acompanhamento da vida escolar do
aluno). A parceria escola/família é muito importante na aprendizagem dos
alunos, pois, é no seu cotidiano (na sua casa, no seu quintal, no seu bairro,
etc.) que eles começam a formar seus próprios conceitos sobre o meio que os
cerca (o seu meio ambiente), como por exemplo, lugar, paisagem, região e
território. Ao analisar o espaço que os alunos estão inseridos, pode-se sugerir
a elaboração de mapas do percurso que os alunos fazem diariamente da
escola para sua casa, do seu bairro, da sua cidade, etc.
Assim, os problemas enfrentados hoje nas escolas ainda são muitos e eles não são
somente resultados momentâneos, mas principalmente, consequências de faltas passadas em
relação à educação. Nesse sentido não é só a Geografia que enfrenta problemas, mas o ensino,
a aprendizagem e consequentemente o aluno. Podemos perceber que esses problemas estão
presentes nos próprios Parâmetros Curriculares Nacionais. Como Kaercher (1998) destaca:
Os PCN's, portanto, são, a meu ver, mais um belo texto que ficara inócuo nas
prateleiras no que diz respeito as suas boas intenções. Agora, quanto as
intenções mais escondidas, quais sejam, padronizar e controlar a pequena
autonomia dos professores, estas serão atingidas pois o professorado não está
apropriado desta questão e terá, como alternativa, a simples reprodução de
um documento que ele não entendeu (ou sequer leu) (p.77).
Então, o ensino da Geografia, não acontece da forma como é colocada pelos PCN’s,
mesmo apresentando boa fundamentação, na prática, aparecem diversas dificuldades. Para
Kaercher (2007), a geografia já é fraca epistemologicamente e os professores resultado dessa
fraqueza, consequentemente tudo isso reverte para a aprendizagem dos alunos.
Diante dessa análise, cabe aos professores repensarem o ensino da Geografia, levando
em conta as múltiplas relações existentes no âmbito da educação e para o ensino da
Geografia. Planejar sua aula da melhor forma possível, onde os alunos sejam participantes da
construção da aprendizagem e esta seja articulada à realidade de vivência do aluno. Uma
aprendizagem não acabada, que seja construída pelo educando.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se com este trabalho que o ensino de Geografia continua passando por
turbulências e são problemas que vem sendo carregados pelos professores já por tempos
passados. É inevitável falar somente da prática pedagógica do docente, sem constar as
dificuldades presentes nas escolas e no sistema de ensino como um todo. Os próprios
Parâmetros Curriculares Nacionais, que servem como base, não passam de lindas escritas, de
sonhos para uma educação perfeita e que não condiz com a realidade brasileira. Assim, cabe
ao professor de Geografia promover a aprendizagem do aluno de uma nova forma e que seja
acessível e, principalmente, relacionada à vida do estudante.
Quanto aos principais resultados, destaca-se que os professores sofrem com a
realidade das instituições escolares em que trabalham, falta valorização de seu trabalho,
formações continuadas, materiais nas escolas e estes são os principais motivos que levam os
docentes a desistirem da carreira ou de realizar novos estudos, como também, deixar-se
desanimar e cair no tradicionalismo das aulas de Geografia.
Destaca-se que o estudo deste trabalho, necessita de maiores contribuições que possam
ampliar as análises, no sentido de obtenção de mais dados e ainda mais inserções teóricas.
Ressalta-se que, neste trabalho, o objetivo foi destacar a importância de práticas
pedagógicas para o ensino de Geografia e que estas são metodologias que podem ser
adaptadas pelo professor, inclusive na falta de materiais didáticos e, trazendo também, grande
contribuição para a aprendizagem do aluno.
REFERÊNCIAS
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86
SILVA et al. Práticas pedagógicas em Geografia: espaço, tempo e corporeidade. 1 ed.
Erechim: Edelbra, 2013.
Apêndice - Questionário Aplicado através da ferramenta Formulários (Google Drive).
IMAGEM 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO
ORGANIZAÇÃO: BASSO, 2015.
IMAGEM 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO
ORGANIZAÇÃO: BASSO, 2015.