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1 ANÁLISE DO PERFIL FLORÍSTICO EM UM ECOSSISTEMA CILIAR NA CAATINGA: SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO E A SUSTENTABILIDADE DOS RECURSOS NATURAIS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO Azenate Campos Gomes - Graduanda UFCG/CDSA/UATEC ([email protected]) Alecksandra Vieira de Lacerda - Professora Adjunta UFCG/CDSA/UATEC ([email protected]) RESUMO A vegetação ciliar constitui uma manifestação fantástica em termos de composição florística, biodiversidade, estrutura, funcionalidade e de interação com os processos geomorfológicos fluviais que propiciam o suporte ecológico para o seu desenvolvimento. Assim, a crescente consciência da relevância ambiental das matas ciliares aliada a clara percepção do intenso grau de degradação que impacta suas áreas vêm impulsionando, principalmente nos últimos anos, uma série de iniciativas voltadas para sua conservação ou recuperação. Exemplo dessa busca é também evidente em áreas de Caatinga. Nesse sentido, objetivou-se neste trabalho avaliar aspectos florísticos de um ecossistema ciliar conservado como subsídios para proposição de estratégias de recuperação ecológica da fitodiversidade em área de Caatinga no Cariri paraibano. O levantamento realizou-se ao longo do riacho da Umburana (7°09’ S e 34°51’ W; 566 m de altitude) definido como remanescente com um significativo grau de conservação servindo os aspectos estruturais e funcionais que marcam este ecossistema de modelo para indicar, estruturar e adequar às propostas de recuperação de ambientes perturbados. De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo climático BSh, ou seja, seco (semiárido), a precipitação anual média de 590 mm, a temperatura média anual é de 24 o C, a insolação anual média é de 2800 horas e a evaporação anual média no tanque classe A é de 2900 mm. Definidos como bastante rasos, os solos apresentam profundidade em torno de 50 cm a 1 m, e em muitos locais ocorre afloramento de rocha. O relevo é pouco ondulado a ondulado. Na área selecionada as atividades foram apoiadas na análise de cartas e mapas da vegetação e excursões exploratórias. As coletas da vegetação arbustivo-arbórea foram realizadas quinzenalmente e processadas de forma assistemática. A identificação e/ou confirmação dos exemplares coletados foram realizadas através de consultas a especialistas e por meio de morfologia comparada, usando bibliografia especializada. Registrou-se um total de 57 espécies, ficando 48 identificadas no nível de espécie, três no genérico e seis permaneceram indeterminadas. As espécies identificadas ficaram distribuídas em 22 famílias e 42 gêneros. O componente predominante foi o arbóreo onde ocorreram 37 espécies, ficando, desse número,

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ANÁLISE DO PERFIL FLORÍSTICO EM UM ECOSSISTEMA CILIAR NA

CAATINGA: SUBSÍDIOS PARA A CONSERVAÇÃO E A SUSTENTABILIDADE

DOS RECURSOS NATURAIS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

Azenate Campos Gomes - Graduanda UFCG/CDSA/UATEC ([email protected])

Alecksandra Vieira de Lacerda - Professora Adjunta UFCG/CDSA/UATEC ([email protected])

RESUMO

A vegetação ciliar constitui uma manifestação fantástica em termos de composição florística,

biodiversidade, estrutura, funcionalidade e de interação com os processos geomorfológicos

fluviais que propiciam o suporte ecológico para o seu desenvolvimento. Assim, a crescente

consciência da relevância ambiental das matas ciliares aliada a clara percepção do intenso grau

de degradação que impacta suas áreas vêm impulsionando, principalmente nos últimos anos,

uma série de iniciativas voltadas para sua conservação ou recuperação. Exemplo dessa busca é

também evidente em áreas de Caatinga. Nesse sentido, objetivou-se neste trabalho avaliar

aspectos florísticos de um ecossistema ciliar conservado como subsídios para proposição de

estratégias de recuperação ecológica da fitodiversidade em área de Caatinga no Cariri

paraibano. O levantamento realizou-se ao longo do riacho da Umburana (7°09’ S e 34°51’ W; 566

m de altitude) definido como remanescente com um significativo grau de conservação

servindo os aspectos estruturais e funcionais que marcam este ecossistema de modelo para

indicar, estruturar e adequar às propostas de recuperação de ambientes perturbados. De acordo

com a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo climático BSh, ou seja, seco

(semiárido), a precipitação anual média de 590 mm, a temperatura média anual é de 24oC, a

insolação anual média é de 2800 horas e a evaporação anual média no tanque classe A é de

2900 mm. Definidos como bastante rasos, os solos apresentam profundidade em torno de 50

cm a 1 m, e em muitos locais ocorre afloramento de rocha. O relevo é pouco ondulado a

ondulado. Na área selecionada as atividades foram apoiadas na análise de cartas e mapas da

vegetação e excursões exploratórias. As coletas da vegetação arbustivo-arbórea foram

realizadas quinzenalmente e processadas de forma assistemática. A identificação e/ou

confirmação dos exemplares coletados foram realizadas através de consultas a especialistas e

por meio de morfologia comparada, usando bibliografia especializada. Registrou-se um total de

57 espécies, ficando 48 identificadas no nível de espécie, três no genérico e seis permaneceram

indeterminadas. As espécies identificadas ficaram distribuídas em 22 famílias e 42 gêneros. O

componente predominante foi o arbóreo onde ocorreram 37 espécies, ficando, desse número,

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três indeterminadas e as restantes distribuídas por 15 famílias. As famílias com maior número

de espécies e gêneros no estrato arbustivo-arbóreo foram Fabaceae com 14 espécies e 10

gêneros, Euphorbiaceae representada com oito espécies e seis gêneros, Anacardiaceae com

três espécies e três gêneros. A maior parte dos gêneros (35) possui apenas uma espécie,

ficando sete gêneros com mais de uma. Estes dados apontam para uma tendência na vegetação

ribeirinha estudada, a exemplo do que ocorre na Caatinga, em apresentar baixa diversidade

dentro dos táxons. Portanto, os dados definem para a importância dos recursos florísticos em

áreas de mata ciliar na Caatinga e se mostram como importantes subsídios para a conservação,

manejo e recuperação dos ambientes degradados.

Palavras-chave: Riqueza florística, ecossistemas ribeirinhos, região semiárida

INTRODUÇÃO

As matas ciliares vêm sendo definidas pela sua relevância para o equilíbrio dos

ecossistemas ribeirinhos. Entretanto, apesar das evidências de sua importância e de sua

proteção legal, a cobertura vegetal presente nas áreas ciliares vem sendo crescentemente

degradada. Isso também é observado por vários autores que, de maneira geral, argumentam

que em várias partes do Brasil a floresta ciliar encontra-se em diversos estágios de sucessão,

dificilmente conservada, com exceção de alguns casos a exemplo de pequenos trechos de

difícil acesso (KAGEYAMA & DIAS, 1982; ASSAD-LUDEWIGS et al., 1989; BARBOSA,

1989; DEMATTÊ, 1989; MANTOVANI et al., 1989; NILSSON, 1989; GORGÔNIO, 1998;

MUELLER, 1998; VAN DEN BERG & OLIVEIRA-FILHO, 2000). Desta maneira, a

crescente consciência da relevância ambiental das matas ciliares aliada à clara percepção do

intenso grau de degradação que impacta suas áreas vêm impulsionando, principalmente nos

últimos anos, uma série de iniciativas voltadas para sua conservação ou recuperação. Esta

afirmação é especialmente válida, quando se deseja alcançar o equilíbrio ecossistêmico e

ainda sistemas de uso da terra aplicados com eficiência ecológica e econômica, bem como a

conservação ou restabelecimento da biodiversidade em matas ciliares de regiões Semiáridas.

Entretanto, é preciso reconhecer que estudar o Semiárido e os seus sistemas ecológicos

significa reconhecer os grandes desafios decorrentes de sua extensão e de serem múltiplos e

complexos os ecossistemas dessa região (GIULIETTI et al., 2008).

Nesse contexto, ressalta-se ainda a necessidade urgente de ações visando conhecer,

proteger e recuperar as áreas de vegetação ciliar na região Semiárida, as quais se encontram

bastante degradadas e reduzidas a fragmentos cada vez menores e isolados. Associado a este

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cenário, tem-se reconhecido também os poucos estudos voltados para as matas ciliares em

áreas de Caatinga (LACERDA & BARBOSA, 2006). Atualmente ainda não se têm definido

os seus aspectos ecológicos e pouco ou quase nada se conhece sobre os fatores que agem

sobre o equilíbrio desses ambientes. Nesses espaços as plantas enfrentam condições

específicas em relação ao solo, clima e formas de manejo sendo a definição desses fatores

importante para ampliar os conhecimentos sobre os processos e as adaptações da vegetação ao

meio em que se inserem. Assumindo os elementos dispostos tem-se observado que os

trabalhos nessas áreas viabilizam através de inventários e monitoramento das comunidades

vegetais a identificação de processos e padrões os quais ajudarão a melhor adequar às

estratégias ecológicas para recuperação e conservação desses ambientes. Portanto, esta base

de dados contribui para o incremento/aperfeiçoamento das atividades de pesquisa e de

inovação, incorporando conhecimentos para o desenvolvimento sustentável regional.

OBJETIVOS

Objetivo Geral

Avaliar aspectos florísticos de um ecossistema ciliar conservado como subsídios para

proposição de estratégias de recuperação ecológica da fitodiversidade em área de Caatinga no

Cariri paraibano.

Objetivos Específicos

(a) Definir a composição florística do ecossistema ciliar em área de Caatinga no semiárido

paraibano;

(b) Identificar as famílias com maior número de espécies e gêneros;

(c) Definir a representação florística do ambiente pesquisado com outros trabalhos realizados

em ambientes ribeirinhos;

(d) Contribuir para a geração de um banco de dados que forneça subsídios para a conservação

e recuperação de áreas ciliares de Caatinga.

METODOLOGIA

Área de estudo - A pesquisa foi desenvolvida no Cariri paraibano, localizado este na franja

ocidental do planalto da Borborema e mais particularmente na porção central, referente ao

estado da Paraíba (MOREIRA, 1988). O trabalho de campo realizou-se no município de

Sumé, situado na microrregião do Cariri Ocidental (Figura 1). Inserida nos limites municipais

de Sumé foi selecionada uma área de mata ciliar, a qual se definiu pelas seguintes

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características: remanescente com um significativo grau de conservação servindo os aspectos

estruturais e funcionais que marcam este ecossistema de modelo para indicar, estruturar e

adequar às propostas de recuperação de ambientes perturbados.

Figura 1 – Localização do município de Sumé na microrregião do Cariri Ocidental, semiárido

paraibano.

Assim caracterizado, o riacho da Umburana (7°09’ S e 34°51’ W; 566 m de altitude), tem

sua nascente localizada no sítio Boa Esperança, cidade de Monteiro-PB e desemboca no

açude Jatobá em Sumé. O trecho amostrado do riacho neste estudo está definido dentro dos

limites da Fazenda Nova. De acordo com a classificação de Köppen, o clima da região é do

tipo climático BSh, ou seja, seco (semiárido) (CADIER et al., 1983). A estação chuvosa se

concentra em três meses do ano, com precipitação anual média de 590 mm. A temperatura

média anual é de 24oC, a insolação anual média é de 2800 horas e a evaporação anual média

no tanque classe A é de 2900 mm. O solo predominante é o bruno não cálcico vértico,

representativo da zona semiárida, com permeabilidade lenta. Definidos como bastante rasos,

os solos apresentam profundidade em torno de 50 cm a 1 m, e em muitos locais ocorre

afloramento de rocha. O relevo é pouco ondulado a ondulado (SRINIVASAN et al., 2003).

Relacionado particularmente à vegetação ribeirinha tem-se que esta é predominantemente

arbórea, com ocorrência de espécies arbustivas bastante ramificadas a partir da base e

presença de estrato herbáceo que se mostra abundante no período chuvoso.

Coleta e Análise dos Dados - As atividades foram apoiadas na análise de cartas e mapas da

vegetação e excursões exploratórias (Figura 2) realizadas inicialmente em vários pontos no

município de Sumé. Assumindo esse primeiro estudo e obedecendo como critério de seleção

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amostrar ambientes mais conservados foi selecionada para o levantamento florístico uma área

ribeirinha ao longo de um curso d’água intermitente. A escolha deste tipo de levantamento se

apóia na base teórica que o define como aquele que permite efetuar comparações

relativamente simples e eficientes entre áreas (VAN DEN BERG & OLIVEIRA-FILHO,

2000).

Figura 2 – Excursões exploratórias para a definição da área amostral no município de Sumé,

Paraíba

As coletas da vegetação arbustivo-arbórea foram realizadas quinzenalmente e processadas

de forma assistemática. A identificação e/ou confirmação dos exemplares coletados foram

realizadas através de consultas a especialistas e por meio de morfologia comparada, usando

bibliografia especializada. As espécies foram organizadas por família no sistema APG II

(2003), incluindo-se informação sobre o hábito. A grafia da autoria das espécies e suas

respectivas abreviações foram verificadas através de Brummitt & Powell (1992). Os nomes

populares estão de acordo com o conhecimento local.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na área ciliar do riacho da Umburana (Figuras 3 e 4) foram registradas 57 espécies, ficando

48 identificadas no nível de espécie, três no genérico e seis permaneceram indeterminadas

(Tabela 1). As espécies identificadas ficaram distribuídas em 22 famílias e 42 gêneros.

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Figura 3 – Coleta de material na mata ciliar do riacho da Umburana na Fazenda Nova, município

de Sumé-PB

Figura 4 – Imagens de algumas espécies registradas na área de mata ciliar do riacho da

Umburana na Fazenda Nova, município de Sumé, Paraíba (Commiphora leptophloeos (Mart.)

J. B. Gillett., Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore, Sideroxylon

obtusifolium (Roemer & Schultes) T. D. Penn., Helicteres brevispira A. St.-Hil., Mimosa

tenuiflora (Willd.) Poir. e Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg.)

Tabela 1. Lista das famílias e espécies registradas no levantamento florístico realizado na área

ciliar do riacho da Umburana, Sumé - PB. Hab. = Hábito.

Família

Espécies

Nome Popular

Hab.

1. ANACARDIACEAE

1. Myracrodruon urundeuva Allemão Aroeira Arv

2. Schinopsis brasiliensis Engl. Baraúna Arv

3. Spondias tuberosa Arruda Umbuzeiro Arv

2. ANNONACEAE

4. Rollinia leptopetala (R. E. Fries) Safford Pinha brava Arb

3. APOCYNACEAE

5. Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro Arv

Continua

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Continuação

Família

Espécies

Nome Popular

Hab.

4. BIGNONIACEAE

6. Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore Craibeira Arv

5. BRASSICACEAE

7. Capparis flexuosa (L.) L. Feijão bravo Arv

8. Capparis jacobinae Moric. Ex Eichler Icó Arv

6. BORAGINACEAE

9. Cordia leucocephala Moric. Moleque duro Arb

10. Tournefortia rubicunda Salzm. ex A. DC. Maria preta Arb

7. BURSERACEAE

11. Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett. Amburana de cambão Arv

8. CACTACEAE

12. Cereus jamacaru DC. Mandacaru, Cardeiro Arv

13. Pilosocereus gounellei (Weber) Byles & Rowlwy Xique-xique, Alastrado Arb

14. Pilosocereus pachycladus subsp. Pernambucensis (Ritter) Zappi Facheiro Arv

9. CELASTRACEAE

15. Maytenus rigida Mart. Bonome Arv

10. COMBRETACEAE

16. Combretum pisonioides Taub. Canela de veado Arv

11. ERYTHROXYLACEAE

17. Erythroxylum revolutum Mart. Arv

12. EUPHORBIACEAE

18. Croton adenocalyx Baill. Velame brabo Arb

19. Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro Arb

20. Croton echioides Baill. Caatinga branca Arb

21. Ditaxis malpighiacea (Ule) Pax & K.Hoffm. Pau matias Arb

22. Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Pinhão Arb

23. Manihot catingae Ule Maniçoba Arv

24. Sapium glandulosum (L.) Morong Burra leiteira Arv

25. Sebastiania macrocarpa Müll. Arg. Pau leite Arv

13. FABACEAE

13.1 FABACEAE subfam. CAESALPINIOIDEAE

26. Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Mororó Arb

27. Libidibia ferrea (Mart. Ex Tul.) L.P. Queiroz Pau ferro Arv

28. Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz Catingueira Arv

29. Senna martiana (Benth.) Irwin & Barneby Canafístula brava Arb

30. Senna spectabilis (DC.) Irwin & Barneby Canafístula Arv

13.2 FABACEAE subfam. FABOIDEAE

31. Lonchocarpus cf. obtusus Benth. Rabo de cavalo Arv

32. Poecilanthe ulei (Harms) Arroyo & Rudd Chorão Arv

13.3 FABACEAE subfam. MIMOSOIDEAE

33. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico Arv

34. Chloroleucon foliolosum (Benth.) G. P. Lewis Jurema açu, Jurema branca Arv

35. Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. Jurema de imbira Arv

36. Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema preta Arv

37. Mimosa sp. Arv

38. Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Jurema branca Arv

Continua

8

Continuação

Família

Espécies

Nome Popular

Hab.

39. Piptadenia sp. Angico manjola Arv

14. MALVACEAE

40. Helicteres brevispira A. St.-Hil. Guaxumbu Arb

15. NYCTAGINACEAE

41. Guapira laxa (Netto) Furlan João mole, Piranha Arv

16. RHAMNACEAE

42. Rhamnidium molle Reissek Sassafrás Arv

43. Ziziphus cotinifolia Reissek Juazeiro Arv

44. Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro Arv

17. RUBIACEAE

45. Alibertia sp. Arb

46. Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg. Arb

18. SALICACEAE

47. Prockia crucis P. Browne ex L. Arb

19. SAPINDACEAE

48. Allophylus quercifolius Radlk. Batinga Arv

20. SAPOTACEAE

49. Sideroxylon obtusifolium (Roemer & Schultes) T. D. Penn. Quixabeira Arv

21. SOLANACEAE

50. Capsicum parvifolium Sendtn. Arb

22. VERBENACEAE

51. Lippia gracilis Schauer Alecrim Arb

INDETERMINADAS

52. Indeterminada 1 Arv

53. Indeterminada 2 Arb

54. Indeterminada 3 Arv

55. Indeterminada 4 Arv

56. Indeterminada 5 Arb

57. Indeterminada 6 Arb

O componente predominante foi o arbóreo onde ocorreram 37 espécies, ficando, desse

número, três indeterminadas e as restantes distribuídas por 15 famílias.

O total de espécies arbóreas e arbustivas listado (57) para a mata ribeirinha é considerado

expressivo ao se comparar com os números apresentados por Rodrigues & Nave (2004)

quando analisaram 43 trabalhos realizados em florestas ciliares do Brasil extra-amazônico, em

condições de clima e de altitude muito variáveis. Segundo esses autores o número de espécies

arbustivo-arbóreas amostrado variou de 23 até 247 espécies nos trabalhos apresentados.

As famílias com maior número de espécies e gêneros no estrato arbustivo-arbóreo foram

Fabaceae com 14 espécies e 10 gêneros, Euphorbiaceae representada com oito espécies e seis

gêneros, Anacardiaceae com três espécies e três gêneros (Figuras 5 e 6). Além disso, tem-se

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que as duas primeiras famílias estão relacionadas entre as oito famílias mais ricas registradas

em trabalhos realizados em florestas ciliares do Brasil extra-amazônico (RODRIGUES & NAVE, 2004).

Figura 5 - Distribuição do número total de espécies amostradas por famílias para área ciliar do

riacho da Umburana, Sumé - PB.

Figura 6 - Distribuição do número total de gêneros amostrados por famílias para área ciliar do

riacho da Umburana, Sumé - PB.

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A maior parte dos gêneros (35) possui apenas uma espécie, ficando sete gêneros com mais

de uma. Estes dados apontam para uma tendência na vegetação ribeirinha estudada, a exemplo

do que ocorre na Caatinga, em apresentar baixa diversidade dentro dos táxons.

Especificamente para a Caatinga, este fato é também destacado nos trabalhos de Ferreira

(1988), Rodal (1992) e Araújo et al. (1995).

CONCLUSÃO

Os resultados gerados neste trabalho mostram-se como subsídios para a elaboração de

novos conceitos e estratégias para ocupar áreas do conhecimento que se constituem em

lacunas na compreensão de modelos de conservação e recuperação dos ecossistemas ciliares

da região e seus respectivos recursos vegetais. Portanto, os dados contribuem para o manejo

integrado das áreas ribeirinhas e a sustentabilidade dos recursos naturais dentro de uma

perspectiva de desenvolvimento regional.

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