Análise Do Livro Didático

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Letras Análise e Prática de Estágio II Aluna: Juliana Belga Análise de livro didático ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; Pontara, Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. v.1. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2013. v 1. O livro didático adotado pelo Coltec para os alunos do 1º ano do Ensino Médio, “Português: contexto, interlocução e sentido” é utilizado pela professora Léa Dutra Costa de forma parcial. Ela seleciona as partes do livro que irá trabalhar com os alunos de acordo com um programa previamente elaborado junto com os outros professores de português do 1º ano. Segundo a professora, alguns conteúdos e atividades do livro são insuficientes, por isso ela sempre leva material extra. Alguns alunos consideram o livro bom, outros consideram as atividades muito extensas e cansativas, especialmente as de literatura. A linguagem, segundo as autoras, é parte integrante da vida das pessoas. Ela nos permite ter participação em diversas situações de comunicação e contextos sociais. Através dela, a aquisição de conhecimento em quaisquer áreas do saber torna-se possível. Já a língua é “um sistema de representação socialmente construído, constituído por signos linguísticos”. Sendo assim, o livro tem o objetivo de evidenciar as teorias que fundamentam sua concepção de linguagem, predominando uma abordagem centrada nos aspectos textuais e contextuais das diferentes categorias linguísticas. Os conhecimentos linguísticos são trabalhados em “Gramáticae, a partir de análises de textos, abordam-se fonologia, morfossintaxe, e semântica. A perspectiva com que os recursos da língua são tratados apoia-se na dimensão funcional da linguagem, na sua inserção em eventos da interação comunicativa e em textos reais, que circulam nas mais distintas esferas da vida social. A abordagem dos fatos gramaticais mesmo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Letras Análise e Prática de Estágio II Aluna: Juliana Belga

Análise de livro didático

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; Pontara, Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. v.1. 2.ed. São Paulo: Moderna, 2013. v 1.

O livro didático adotado pelo Coltec para os alunos do 1º ano do Ensino Médio,

“Português: contexto, interlocução e sentido” é utilizado pela professora Léa Dutra

Costa de forma parcial. Ela seleciona as partes do livro que irá trabalhar com os alunos

de acordo com um programa previamente elaborado junto com os outros professores

de português do 1º ano. Segundo a professora, alguns conteúdos e atividades do livro

são insuficientes, por isso ela sempre leva material extra. Alguns alunos consideram

o livro bom, outros consideram as atividades muito extensas e cansativas,

especialmente as de literatura.

A linguagem, segundo as autoras, é parte integrante da vida das pessoas. Ela nos

permite ter participação em diversas situações de comunicação e contextos sociais.

Através dela, a aquisição de conhecimento em quaisquer áreas do saber torna-se

possível. Já a língua é “um sistema de representação socialmente construído,

constituído por signos linguísticos”. Sendo assim, o livro tem o objetivo de evidenciar

as teorias que fundamentam sua concepção de linguagem, predominando uma

abordagem centrada nos aspectos textuais e contextuais das diferentes categorias

linguísticas.

Os conhecimentos linguísticos são trabalhados em “Gramática” e, a partir de análises

de textos, abordam-se fonologia, morfossintaxe, e semântica. A perspectiva com que

os recursos da língua são tratados apoia-se na dimensão funcional da linguagem, na

sua inserção em eventos da interação comunicativa e em textos reais, que circulam

nas mais distintas esferas da vida social. A abordagem dos fatos gramaticais – mesmo

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daqueles que remontam à gramática tradicional – articula-se com os outros eixos do

ensino, sobretudo com aqueles da leitura e da produção de textos.

O livro é dividido em três partes: literatura, gramática e produção de texto. Cada uma

dessas partes é dividida em capítulos que apresentam, no início, os objetivos, as

competências e as habilidades a serem desenvolvidas. Os capítulos são introduzidos

por longos textos teóricos e, em seguida, são propostas várias atividades.

No eixo da literatura, a obra desenvolve uma abordagem historiográfia do fenômeno

literário, prevalecendo uma visão vinculada à ideia de dependência cultural. Essa

concepção de literatura é trabalhada, por exemplo, no final da Unidade 3, cujos textos

teóricos tratam da literatura no período colonial. Uma das atividades finais propõe um

debate para que sejam melhor compreendidas as diferentes visões sobre o processo

de colonização e seus efeitos sobre o nosso país. Para sustentar o ponto de vista que

desejam defender, os alunos devem selecionar textos literários que evidenciem fatos

históricos do período em questão, mostrando, de um lado, a perspectiva do

colonizador, e de outro, a perspectiva do colonizado.

No eixo da gramática, a dimensão discursiva da linguagem é explorada, abordando

aspectos de fonologia, morfossintaxe e semânticas, como a construção de sentidos e

os efeitos provocados por diferentes recursos linguísticos, textuais e contextuais. A

maioria das atividades propostas sempre partem da análise de textos, já que os

recursos da língua tratados são apoiados na dimensão funcional da linguagem. Antes

de analisar os aspectos gramaticais do texto, as atividades instigam a análise

interpretativa e a construção de sentidos.

No eixo da produção de textos o discurso é explorado em diferentes contextos e

situações, já que os textos nascem da relação entre diferentes agentes e assumem

uma configuração temática e estrutural. Assim, vários gêneros são apresentados e,

por meio deles, são analisados os tipos textuais. As propostas de escrita são

diversificadas e orientam a realização da atividade, desde o seu planejamento até sua

execução, revisão e reescrita, considerando a estrutura dos textos, de acordo com o

gênero, com a linguagem a ser utilizada e com as condições do interlocutor previsto.

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A leitura é considerada a “porta de acesso à ampliação de todo e qualquer

conhecimento”. Esse eixo é trabalhado ao longo das três partes do livro: literatura,

gramática e produção de texto. Os capítulos são sempre iniciados com textos e

seguidos de atividades de leitura e compreensão, adequados ao conteúdo trabalhado

na unidade de estudo. As atividades exploram a materialidade do texto na apreensão

de seus múltiplos sentidos e colocam a leitura como um efetivo objeto de ensino.

A parte de literatura do livro, ao fim de cada unidade, há uma seção chamada “Jogo

de Ideias”, na qual a oralidade é trabalhada. São propostas atividades em três

gêneros: mesa redonda, exposição oral e debate. As atividades são propostas, com

orientações sobre o modo de desenvolvê-las, mas não há uma exploração detalhada

de cada gênero; eles são tratados apenas superficialmente.

Vários gêneros discursivos que circulam em diferentes contextos são observados ao

longo do livro. Os alunos têm a oportunidade, através da leitura, de conhecer e lidar

com esses diversos textos que a cultura escrita oferece. As atividades de leitura,

apesar de respeitarem as convenções e os modos de ler constitutivos de diferentes

gêneros e de contribuírem para a interpretação e a construção de sentidos do texto,

não são suficientes para a formação do leitor literário, pois este se forma na medida

em que ocorre a apropriação pessoal e sempre constante de práticas sociais de leitura

e escrita, o que se dá para além das atividades escolares.

As atividades de produção de texto são bastante completas. Elas possuem

orientações quanto à linguagem adequada, ao gênero e à construção da textualidade,

e são acompanhadas de propostas de revisão e reescrita. Além disso, o conteúdo traz

a definição e os usos de cada gênero, seu contexto de circulação, seus leitores, sua

estrutura e linguagem. Algumas poucas atividades são retiradas de exames como o

ENEM, mas a maioria é relacionada e elaborada de acordo com o objeto de estudo.

O problema de atividades que seguem os modelos do ENEM e de outros vestibulares

é que os alunos ficam presos a padrões que não representam, na maioria das vezes,

uma situação real de comunicação.

Os conhecimentos linguísticos são trabalhados a partir da análise de textos que estão

inseridos em eventos da interação comunicativa, ou seja, textos reais, que circulam

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nas mais distintas esferas da vida social. A variação linguística introduz o eixo da

gramática e é seguida do estudo da oralidade e da escrita. A abordagem dos fatos

gramaticais, até mesmo aqueles relacionados à gramática tradicional, articula-se com

os outros eixos do ensino, sobretudo com aqueles da leitura e da produção de textos.

Assim, a gramática é estudada de forma reflexiva, não apenas no nível da frase, mas

também no nível do texto.

O trabalho com a literatura é realizado sob uma perspectiva historiográfica. Cada

capítulo desse eixo é introduzido pela seção “Primeiras Leituras”, que tem o objetivo

de contextualizar a produção das obras objeto de estudo. Também no início de cada

capítulo, na seção “Leitura da imagem”, há uma imagem que deve ser explorada,

seguida de textos e atividades sobre o contexto histórico da escola literária e das obras

e autores a serem estudados. No fim de cada unidade de estudo, na seção “Conexões:

encontro de linguagens”, há uma lista de sugestões de filmes, livros, sites e músicas

relacionadas ao objeto ou tema estudado. Essas indicações favorecem, se colocadas

em prática, a formação do leitor literário. Elas também mostram que a literatura está

intimamente ligada ao universo da arte.