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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Fabio França Santos ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO SETOR INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA Taubaté – SP 2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Fabio França Santos

ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO SETOR INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

Taubaté – SP

2008

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Fabio França Santos

ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO SETOR INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração - ECA da Universidade de Taubaté - UNITAU. Área de Concentração: Gestão de Recursos Socioprodutivos. Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Chamon

Taubaté – SP

2008

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Ficha catalográfica elaborada pelo SIBi – Sistema Integrado de Bibliotecas / UNITAU

S237a Santos, Fabio França Análise do impacto da tecnologia da informação na produtividade do

setor industrial do Vale do Paraíba Paulista / Fabio França Santos -Taubaté - 2008.

138f. : il. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Taubaté, Pró-reitoria de

Pesquisa e Pós-graduação, 2008. Orientação: Prof. Dr. Marco Antonio Chamon, Pró-reitoria de Pesquisa

e Pós-graduação. 1. Vale do Paraíba Paulista. 2. Produtividade - paradoxo.

3. Tecnologia da Informação. 4. Setor Industrial. 5. Pesquisa industrial

anual. I. Título.

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Fabio França Santos

ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA

PRODUTIVIDADE DO SETOR INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

Dissertação apresentada para obtenção do Título de Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté.

Data: 29/02/2008

Resultado: Aprovado

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Marco Antonio Chamon Universidade de Taubaté (UNITAU)

Assinatura ______________________________

Prof. Dr. José Luís Gomes da Silva Universidade de Taubaté (UNITAU)

Assinatura ______________________________

Prof. Dr. Dr. Arnoldo Souza Cabral Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)

Assinatura ______________________________

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Dedico este trabalho à minha família, pela compreensão

de minhas ausências no convívio familiar, especialmente

aos meus pais Adilson e Elza, e meu irmão Marcelo.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por me dar coragem, disciplina, força e sabedoria para

conduzir este grande trabalho, além de me aproximar de pessoas tão especiais neste

momento da minha vida.

Ao Prof. Dr. Marco Antonio Chamon, por orientar este trabalho com extrema habilidade e

objetividade, e ainda, pelo incentivo e orientação na elaboração de vários artigos científicos,

proporcionando um grande aprendizado neste período.

Ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e em especial ao senhor Aguinaldo

Silva, Chefe da Agência do IBGE de Taubaté, a senhora Edna Hanzawa, Supervisora

Estadual da Pesquisa Industrial Anual - PIA e ao senhor Augusto César Barbosa,

Tecnologista do IBGE pela disponibilização dos dados desagregados do Vale do Paraíba

Paulista necessários para elaboração deste trabalho.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) pelo incentivo e auxílio financeiro neste

curso.

Aos colegas de trabalho do INPE que sempre me incentivaram e motivaram para este curso,

de maneira que esta dissertação torna-se um gratificante exercício de auto-

desenvolvimento.

A todos os Professores do curso de Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional –

Turma 07 pelas críticas e sugestões, auxílio no desenvolvimento de artigos, e também pela

paciência e atenção na condução das aulas que contribuíram muito para o aperfeiçoamento

deste trabalho.

Aos meus colegas do curso de Mestrado, pelo companheirismo e presença em todos os

momentos.

Às secretárias do curso de Mestrado, pela presteza na condução dos trabalhos, paciência e

profissionalismo.

Às bibliotecárias da UNITAU e do INPE pelo auxílio nas pesquisas bibliográficas e demais

trabalhos.

Ao meu primo Paulo Sérgio da Silva pelas valiosas explicações e orientações quanto à

práticas de contabilidade pertinentes a esta pesquisa e também por me alertar que o IBGE

possuía os dados que eu precisava.

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As minhas professoras de Yoga, Sra. Patrícia Menozzi e Sra. Ana Maria Pereira, e ainda,

aos vários professores de natação que me ajudaram a ter um equilíbrio físico e psicológico,

importantes para a conclusão das várias etapas do Mestrado como, por exemplo, o

cumprimento das disciplinas, a elaboração de artigos científicos e a elaboração da

dissertação.

Ao Sr. Toshihiro Yosida, Assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da

Ciência e Tecnologia do município de São José dos Campos – SP; ao Sr. Jair Gomes de

Toledo, responsável pelo Departamento de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura

Municipal de Taubaté - SP; ao Sr. Emerson Goulart Caetano de Souza, Diretor de Apoio à

Atividade Empresarial da Prefeitura do município de Jacareí – SP e a Sra. Célia, da

Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município de Pindamonhangaba - SP; que

disponibilizaram informações relevantes para o desenvolvimento desta pesquisa, e que

embora não tenham feito parte da versão final deste trabalho, representaram um avanço

considerável na pesquisa.

As mais de 20 grandes empresas distribuídas nas cidades de São José dos Campos,

Taubaté, Jacareí e Pindamonhangaba que responderam a um questionário enviado, e que

embora o questionário respondido não tenha feito parte da versão final deste trabalho, a

contribuição destas empresas representou um avanço considerável na pesquisa.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

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O senhor é meu pastor, nada me falta. Bíblia Sagrada, Salmos 23:1

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ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA

PRODUTIVIDADE DO SETOR INDUSTRIAL DO VALE DO PARAÍBA PAULISTA

RESUMO

No cenário mundial, é de longa data que investimentos em Tecnologia da

Informação (TI) são realizados com o intuito de melhorar diversos aspectos nas

empresas, entre eles a produtividade. No entanto, não se encontra uma resposta

conclusiva sobre se os investimentos em TI contribuem para o aumento da

produtividade das empresas ou não. Muitos estudos, principalmente nos Estados

Unidos, sugerem que o investimento em TI não contribui para o aumento de

produtividade. Tem-se, nesse caso, o chamado Paradoxo da Produtividade. No

Brasil, os trabalhos sobre o assunto são escassos, tanto no nível da empresa quanto

no nível dos setores da economia e macroeconômico. Neste contexto, esta pesquisa

analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba

Paulista no período de 1996 a 2005 por meio de dados desagregados da Pesquisa

Industrial Anual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A metodologia

adotada tomou emprestada da Teoria da Produção a função de produção Cobb-

Douglas que utilizou para análise os insumos capital e trabalho disponíveis nas

categorias TI e não-TI da Pesquisa Industrial Anual. As conclusões indicam que os

investimentos em TI não contribuíram, significativamente, para a produtividade do

setor industrial do Vale do Paraíba Paulista, provavelmente, por causa do baixo

investimento em TI no setor, em relação aos investimentos em não-TI, no entanto os

investimentos em trabalho TI e, principalmente, trabalho não-TI são críticos para o

desenvolvimento econômico do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista.

Palavras-chave: Paradoxo da Produtividade. Pesquisa Industrial Anual. Tecnologia

da Informação. Setor Industrial. Vale do Paraíba Paulista.

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ANALYSIS OF THE INFORMATION TECHNOLOGY IMPACT IN THE

PRODUCTIVITY OF INDUSTRIAL SECTOR OF ‘PAULISTA PARAIBA’ VALLEY

ABSTRACT

It has been long time, in the world scenery, that investments in information

technology (IT) are achieved with the purpose of improving several aspects in the

companies, among them the productivity. Nevertheless, there is any final answer

about the IT investments contribute or not to the increasing of productivity of

companies. Many studies, mainly in the United States, suggest that the IT

investments do not contribute to the increasing of productivity; in this case, it is called

the Productivity Paradox. In Brazil, the studies about this subject are limited, both, the

one in the level of the company and the other, in the level of the economic and

macroeconomic sectors. In this context, this work analyses the IT impact in the

industrial sector productivity of ‘Paulista Paraiba’ Valley, in the period from 1996 to

2005, by collecting disintegrated data from Annual Industrial Research of the

Brazilian Institute for Geography and Statistics. The adopted methodology borrowed

from the Production Theory, the Cobb-Douglas function of production, which was

used to analyse the resources, capital and labor, which are available in the IT and

non-IT categories from the Annual Industrial Research. The conclusions indicate that

the investments in the IT did not contribute, significantly, to the industrial sector

productivity of ‘Paulista Paraiba’ Valley, probably, because of the low investment in

the IT in the sector, in relation to the investments in non-IT. However, the

investments in IT labor and, mainly, non-IT labor are critics to the economic

development of the industrial sector in ‘Paulista Paraiba’ Valley.

Key-words: Productivity Paradox. Annual Industrial Research. Information

Technology. Industrial Sector. Paulista Paraiba Valley.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ARPA Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de

Defesa norte-americano

ATM Automatic Teller Machine

BEA Bureau of Economic Analysis

BLS Bureau of Labor Statistics

CEMPRE Cadastro Central de Empresas

CIESP Centro das Indústrias do Estado de São Paulo

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

CONTECSI Congresso Internacional de Gestão de Tecnologia e Sistemas de

Informação

CPD Centros de Processamento de Dados

CTA Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial

DEA Data Envelopment Analysis

DMU Decision Making Units

Embraer Empresa Brasileira de Aeronáutica S. A.

EnANPAD Encontro da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação

em Administração

FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDG International Data Group

IGP-DI Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna

INCC Índice Nacional da Construção Civil

INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica

ITIF Information Technology and Innovation Foundation

MIT Massachusetts Institute of Technology

MPIT Management Productivity and Information Technology

PAIC Pesquisa Anual da Indústria da Construção

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PIA-Empresa Pesquisa Industrial Anual

PIA-Produto Pesquisa Industrial Anual

PIB Produto Interno Bruto

PINTEC Pesquisa de Inovação Tecnológica

PTF Produtividade Total dos Fatores

REVAP Refinaria Henrique Lage

ROI Return on Investment

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática de Dados

TCO Total Cost of Ownership

TI Tecnologia da Informação

TIR Taxa Interna de Retorno

UNITAU Universidade de Taubaté

VPP Vale do Paraíba Paulista

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Servidores de Internet no mundo..............................................................34

Figura 2 - Investimento em TI dos países desenvolvidos e em desenvolvimento em

comparação com o PIB dos Estados Unidos em 1990 .............................................45

Figura 3 - Relação de gasto entre TI e Lucratividade................................................49

Figura 4 - Relação entre TI e Produtividade..............................................................52

Figura 5 - Diagrama representativo do “r2” .............................................................112

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Cidades do VPP que participaram da PIA-Empresa entre 1996-2005 ..102

Gráfico 2 - Empresas do VPP que participaram da PIA-Empresa entre 1996-2005103

Gráfico 3 - Comparação do número de empresas das cidades de maior PIB do VPP

entre 1996-2005 ......................................................................................................104

Gráfico 4 - Média do produto das empresas entre os anos de 1996-2005..............105

Gráfico 5 - Média dos Investimentos em capital TI e capital não-TI ........................106

Gráfico 6 - Média dos investimentos em trabalho TI e trabalho não-TI ...................107

Gráfico 7 - Investimentos médios em Trabalho e Capital entre 1996 e 2005..........108

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Comparações das explicações do Paradoxo da Produtividade dadas por

Brynjolfsson (1993) e Wainer (2003).........................................................................66

Quadro 2 - Algumas definições do termo TI ..............................................................92

Quadro 3 - Relação das variáveis da Função de Produção Cobb-Douglas com o

Questionário Completo (Anexo A).............................................................................96

Quadro 4 - Comparação entre aspectos da metodologia de Brynjolfsson e Hitt (1996)

e Prasad e Harker (1997) com a metodologia adaptada para a presente pesquisa..96

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo de resultados da análise de regressão de 1996 a 2005 do Setor

Industrial do VPP.....................................................................................................110

Tabela 2 - Resumo de resultados da análise de regressão do Setor Industrial do VPP

com defasagem de 1 ano........................................................................................113

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 19

1.1 O PROBLEMA................................................................................................... 25

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 25

1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 25

1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 25

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO............................................................................ 26

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................. 27

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................... 27

2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................ 29

2.1 TEORIA DE BASE ............................................................................................ 29

2.2 A IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ........ 31

2.3 PRODUTIVIDADE: A PALAVRA DE ORDEM................................................... 34

2.4 POR QUE PRODUTIVIDADE? ......................................................................... 36

2.5 MEDINDO A PRODUTIVIDADE........................................................................ 38

2.6 O PARADOXO DA PRODUTIVIDADE: O ESTADO DA ARTE......................... 43

2.6.1 O paradoxo como fenômeno internacional................................................ 43

2.6.2 Análises Internacionais que confirmam e refutam o paradoxo ............... 48

2.6.3 O paradoxo no cenário brasileiro ............................................................... 53

2.6.4 As explicações para o paradoxo................................................................. 58

2.6.4.1 Erros de medida de input e output 59

2.6.4.2 Defasagem entre custos e benefícios 61

2.6.4.3 Redistribuição e dissipação de lucros 62

2.6.4.4 Falhas no gerenciamento da TI 63

2.7 UMA REVISÃO DAS METODOLOGIAS DE PESQUISA DO PARADOXO ...... 66

2.7.1 A Função de Produção ................................................................................ 69

2.7.1.1 A Função de Produção Cobb-Douglas 73

2.7.1.2 Exemplos do uso da Função de Produção Cobb-Douglas 74

2.7.2 A Metodologia Data Envelopment Analysis - DEA .................................... 78

2.8 O PARADOXO DA PRODUTIVIDADE: VINTE ANOS DEPOIS........................ 81

2.9 O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE.......... 83

2.10 A PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL - PIA....................................................... 86

3 METODOLOGIA DA PESQUISA..................................................... 90

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3.1 NATUREZA DA PRESENTE PESQUISA.......................................................... 90

3.2 PROCEDIMENTOS........................................................................................... 90

3.3 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS DA PRESENTE PESQUISA ............................. 91

3.3.1 As variáveis da Função de Produção Cobb-Douglas................................ 94

3.4 ESTIMAÇÃO ECONOMÉTRICA E FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES............ 97

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................... 101

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS.......................................... 101

4.2 ANÁLISE DE REGRESSÃO DOS DADOS DA PIA-EMPRESA...................... 109

5 CONCLUSÃO ................................................................................ 115

6 RECOMENDAÇÕES...................................................................... 120

REFERÊNCIAS................................................................................. 121

ANEXO A - Questionário da PIA-Empresa - Completo ................. 129

APÊNDICE A - Resumo das variáveis ............................................ 136

APÊNDICE B - Conversão dos valores .......................................... 137

APÊNDICE C - Resultado da conversão logaritmica neperiana... 138

APÊNDICE D - Resultado da análise de regressão....................... 139

APÊNDICE E - Resultado da análise de regressão – defasagem de 1

ano.................................................................................................... 140

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19

1 INTRODUÇÃO

Em um cenário onde a mudança é constante, a Tecnologia da Informação - TI

se faz presente na realidade de todas as empresas como uma ferramenta que

permite maior flexibilidade, minimização de custos e aumento da produtividade.

Independentemente do setor em que estas empresas atuam, seja industrial,

comercial, de serviços ou financeiro, a busca pela TI é significativa, pois é sinônimo

de sobrevivência em um mercado competitivo conduzido pela informação.

A Tecnologia da Informação – TI, nas décadas de 1960 e 1970, resumia-se aos

grandes computadores. Já na década de 1980 surgiram os micro computadores e a

informática tornou-se de uso doméstico, havendo a possibilidade de se utilizar

programas de edição de texto e planilhas eletrônicas. Na segunda metade da

década de 1990, o uso intensivo da Internet fez com que a TI pudesse ser

aproveitada por boa parte da sociedade. Agora, no início do século 21, facilidades

como acesso via rede sem fio e pequenos periféricos com grande capacidade de

armazenamento, como os pen-drives, são de domínio público.

Parece óbvio que um editor de textos seja mais eficiente que uma máquina de

escrever, pois possui inúmeros recursos (correção de ortografia e gramática,

flexibilidade de composição etc.) não existentes para as máquinas de escrever.

Contudo, a evidência empírica aponta para baixos benefícios da TI no aumento de

produtividade, de maneira a contrariar o senso comum.

Existem estudos sólidos que mostram a contribuição positiva da TI para as

empresas, no entanto, essa contribuição é, muitas vezes, difícil de mensurar. Os

empresários não possuem muitas informações sobre o impacto dos investimentos de

TI na produtividade, o que aumenta o nível de incerteza desses investimentos, e de

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certa forma leva esses empresários a tomarem decisões sem poder contar com

análises muito precisas.

Foi em 1987 que Robert M. Solow, economista norte-americano e ganhador do

Prêmio Nobel de Economia daquele ano, publicou um pequeno texto, na realidade a

resenha de um livro no jornal New York Times, no qual aparece uma frase que até

hoje incomoda aqueles que acreditam no sucesso da TI: “nós vemos computadores

por toda parte, exceto nas estatísticas de produtividade” (SOLOW, 1987: 36). Esta

frase questiona as altas quantias que são gastas em TI, mas que não se refletem em

aumento de produtividade. Esta observação de Solow iniciou uma ampla discussão,

que segue, sem conclusão, até os dias de hoje, sobre a verdadeira relação entre

investimentos em TI e produtividade.

Os investimentos realizados são muito altos e há uma preocupação real sobre

o retorno que se pode esperar de tais investimentos. O que a literatura aponta não é

o esperado, ou seja, os investimentos, aparentemente, não contribuem

inequivocamente para o aumento da produtividade. Para Joia (2007) os benefícios

atribuídos à TI não são realmente aqueles prometidos pelos vendedores de TI.

Dessa forma, quando se investe em TI e o resultado obtido não é positivo,

temos uma aparente contradição. A essa contradição, o economista norte-americano

Stephen S. Roach deu o nome de Paradoxo da Produtividade (ROACH, 1988).

Por conta da importância que a produtividade tem para um país e para as

empresas, e considerando o alto investimento que é realizado em TI, o paradoxo da

produtividade é um assunto que vem sendo bastante analisado, porém ainda sujeito

a controvérsias.

Conforme Castells (2001), no início da década de 1970 houve uma acentuada

redução no crescimento da produtividade que se prolongou durante a década de

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1980. Este declínio de produtividade se estendeu por todos os países do mundo,

principalmente nas atividades de serviços, para quais a utilização da TI poderia

contribuir consideravelmente. No entanto, o que se vem constatando é que a relação

entre TI e produtividade não é direta, tampouco simples.

O assunto produtividade é frequentemente discutido pelas empresas, tendo em

vista as pressões do mercado no sentido de alcançar a redução de custos. As

empresas buscam incessantemente novas possibilidades de reduzir os custos, para

assim produzir mais com menos, garantindo sua sobrevivência (MARTINS e

LAUGENI, 2005).

Quando a produtividade fica estagnada, como ocorreu na década de 1980 no

Brasil, o resultado é o aumento da pobreza. Com uma produtividade baixa, é difícil

haver investimento na área social, as empresas dificilmente poderão contratar mão-

de-obra e o crescimento econômico fica prejudicado.

Como a produtividade é um fator de interesse no mundo todo, trabalhos

internacionais analisando o paradoxo são muito comuns, principalmente nos

Estados Unidos. Já no Brasil há poucos registros de trabalhos sobre o paradoxo. A

maioria dos trabalhos sobre o assunto analisa o setor financeiro (MAÇADA, 2001;

MENEZES e MOURA, 2004; TEIXEIRA e CAVALCANTE, 2005).

No Brasil existem muitos trabalhos sobre investimentos realizados em TI, mas,

por conta do difícil acesso aos inputs (entradas) e outputs (saídas) das empresas,

fica trabalhoso analisar o paradoxo. O interesse em estudar e investir em TI é

grande, tendo em vista que a tendência do mercado é se adequar a Era da

Informação que vem influenciando os diversos setores da economia.

Diversos autores discutem o paradoxo, com conclusões que ora o confirmam,

ora o refutam. Alguns estudos indicam que o principal dificultador das análises é a

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indisponibilidade de dados confiáveis. A maioria das empresas na maioria dos

países não tem a prática de separar os investimentos de TI dos demais, dificultando

as análises e gerando muitas vezes resultados divergentes.

Existem pesquisas que apontam para a existência real do paradoxo. Paul A.

Strassmann e Nicholas G. Carr estão entre os pesquisadores que o confirmam. Em

seus trabalhos, os resultados do investimento em TI são negativos para a

produtividade. Esses resultados mostram que as empresas que investem mais em TI

têm menos retorno do que aquelas que não investem em TI. Outras análises, ainda,

afirmam que TI se tornou uma commodity e, por isso, não representa nenhum

diferencial para a empresa.

De outro lado, existem trabalhos que refutam o paradoxo. Entre eles estão as

pesquisas de Erik Brynjolfsson, professor do Massachusetts Institute of Technology -

MIT. Para ele, a TI tem uma relação positiva com a produtividade, sendo

responsável pelo sucesso das empresas e contribui, significativamente, para a

ascenção das nações que mais investem nela.

Com o avanço das pesquisas, explicações aparecem para justificar o motivo

pelo qual a TI não traz benefícios para a produtividade. Erik Brynjolfsson está entre

os pesquisadores que mais contribuem. Em um artigo clássico, o autor aponta

quatro explicações possíveis para a existência do paradoxo: erros de medida de

input e output, defasagem entre custos e benefícios, redistribuição e dissipação de

lucros e falhas no gerenciamento da TI (BRYNJOLFSSON, 1993). Apesar destas

quatro explicações serem bastante respeitadas, não são as únicas que tentam

explicar o paradoxo da produtividade.

A diversidade de metodologias de análise torna o paradoxo um fenômeno

ainda sem explicação definitiva. Conforme Menezes e Moura (2004), as análises são

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realizadas em diferentes épocas, diferentes países com níveis diferenciados de

desenvolvimento e com diferentes ferramentas de medidas para a TI e a

produtividade. Além disso, existem diferentes níveis de análise sobre o paradoxo.

Ferreira e Ramos (2004) destacam que os estudos se dividem em níveis

macroeconômicos, setoriais e de empresa.

As pesquisas sobre o Paradoxo da Produtividade necessitam de dados para

realizar as medidas de produtividade. No caso da medida dos investimentos em

Tecnologia da Informação, é necessário separar os investimentos em TI dos

investimentos não-TI para realizar os cálculos, bem como separar a mão-de-obra

que usa TI da mão-de-obra que não usa. Neste particular, as metodologias utilizadas

apontam a falta de informações necessárias para representar estas variáveis nas

medidas de produtividade.

Essa análise separada das variáveis TI e não-TI, razoavelmente fácil nos

Estados Unidos, se mostra bastante difícil no Brasil, pela falta de acesso a dados

sistematizados e desagregados.

No cenário brasileiro, como citado anteriormente, os trabalhos sobre

investimento em TI dão foco ao setor financeiro. A presente pesquisa analisa o setor

industrial da região do Vale do Paraíba Paulista - VPP, Estado de São Paulo, Brasil

e é, até onde foi possível constatar, pioneira nessa análise.

O Vale do Paraíba Paulista - VPP é uma das regiões mais importantes do

país, não apenas por sua projeção histórica e sócio-econômica, mas também porque

é o principal eixo de ligação entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas

Gerais, centros de maior produtividade e concentração populacional do país

(PRADO e ABREU, 1995).

A estrutura industrial do Vale do Paraíba Paulista - VPP é bastante

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diversificada. Na década de 1970 houve uma descentralização da região

metropolitana do Estado de SP em direção a região do VPP. Desta forma, ficou

caracterizada uma forte presença do Estado na região, em especial na cidade de

São José dos Campos. A instalação do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial

- CTA, da Empresa Brasileira de Aeronáutica S. A. - Embraer e da Refinaria

Henrique Lage - REVAP da Petrobras contribuíram para acelerar o processo de

industrialização regional, atraindo inclusive plantas industriais complementares

(SEADE, 1992).

Outro exemplo do processo de expansão do setor industrial da região do VPP

pôde ser observado com a instalação de unidades de produção da indústria

automobilística. A General Motors, em São José dos Campos, a Fábrica de Motores

Ford e a Volkswagen em Taubaté, bem como a indústria bélica com a instalação da

Avibrás e Engesa em São José dos Campos.

Ainda na década de 1970 muitas outras empresas se instalaram na região,

como a Monsanto, Hitachi e Philips em São José dos Campos; a Daruma, Daido e

Araya em Taubaté; a Nestlé e Blindex em Caçapava; a Liebheers em Guaratinguetá;

a Engesa-FNV em Cruzeiro; a Gates em Jacareí, entre outras. Durante a década de

1980 a expansão das empresas seguiu, novamente, de forma diversificada: a

Confab, Alcan Alumínio e Villares em Pindamonhangaba, a Basf em Guaratinguetá;

a Johnson & Johnson em São José dos Campos (SEADE, 1992). Apesar de

algumas indústrias já não estarem mais instaladas na região, o Vale do Paraíba

Paulista - VPP é influenciado, hoje, pela industrialização das décadas de 1970 e

1980.

Os dados para o estudo nesta dissertação são do setor industrial, mais

especificamente das indústrias de transformação e de extração. Eles foram

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25

desagregados da Pesquisa Industrial Anual - PIA-Empresa, do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE.

Em suma, este trabalho busca avaliar se os investimentos realizados em

Tecnologia da Informação refletem na produtividade do setor industrial da região do

Vale do Paraíba Paulista - VPP.

1.1 O PROBLEMA

Qual o impacto que o investimento em Tecnologia da Informação proporciona

na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a relação do investimento em TI com a produtividade do setor

industrial do Vale do Paraíba Paulista.

1.2.2 Objetivos Específicos

� Avaliar a evolução do setor industrial da região com relação ao número

de indústrias instaladas por cidade;

� Verificar o nível de informatização do setor industrial por meio da

relação entre o pessoal ligado à produção e o pessoal não ligado a

produção;

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26

� Constatar a utilidade da Pesquisa Industrial Anual – PIA-Empresa do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE na análise dos

investimentos em TI;

� Levantar por meio de revisão bibliográfica como são realizadas as

medidas da relação do investimento em TI e o aumento da

produtividade;

� Discutir se o paradoxo da produtividade existe ou não no setor

industrial da região do VPP.

1.3 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O estudo analisou dados do setor industrial da região do Vale do Paraíba

Paulista – VPP dos anos de 1996 a 2005.

A região do VPP compreende 39 cidades do Estado de São Paulo (IBGE,

2008a), no entanto, nem todas participaram da amostra final do presente estudo.

Para uma cidade entrar na amostra final foi necessário que, no mínimo, três

empresas da cidade respondessem a PIA-Empresa, ou seja, se uma cidade

apresentou apenas duas empresas em um determinado ano, então essas duas

empresas e a cidade não apareceram na amostra final. Desta forma, é possível que

algumas cidades não apareçam na amostra final em um determinado ano, mas

apareçam no ano seguinte.

Outra limitação se deu por conta da quantidade de funcionários por empresa

e também pela região do território nacional em que a empresa estava instalada.

Somente empresas industriais com mais de 30 funcionários e que possuíam apenas

uma unidade de produção na região do VPP foram consideradas neste estudo. Isto

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27

significa que uma mesma empresa que tinha uma unidade de produção em Taubaté,

São Bernardo do Campo, Brasília, Salvador, etc, não participou da amostra final

deste estudo.

Estas limitações subestimam muito a contribuição das empresas para o setor

industrial do VPP, mas tornam disponíveis as variáveis necessárias para o

desenvolvimento desta pesquisa.

Por fim, é pertinente apontar que a metodologia da PIA-Empresa selecionou

as indústrias de transformação e de extração da região do VPP, o que representa,

portanto, o setor industrial da região.

1.4 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Estudos sobre investimento em TI não são unânimes em apontar que ele gera

aumento de produtividade. Desta forma, esta pesquisa se faz relevante por discutir o

paradoxo da produtividade no setor industrial da região do Vale do Paraíba Paulista -

VPP, contribuindo para o desenvolvimento de um assunto que é pouco explorado no

cenário brasileiro.

O desenvolvimento econômico e social de uma região pode ser atribuído a

maiores ganhos de produtividade, de maneira que este estudo também se mostra

relevante por estudar a produtividade no setor industrial da região.

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O desenvolvimento do trabalho segue a seguinte ordem:

O Capítulo I é composto pela Introdução, pelo problema e o objetivo da

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pesquisa, bem como a delimitação e relevância do assunto.

No Capítulo II é apresentada a revisão de literatura composta pela teoria de

base desta dissertação, os conceitos e informações sobre Tecnologia da Informação

(TI), Produtividade, Paradoxo da Produtividade, as metodologias que são usadas

nos estudos sobre o Paradoxo da Produtividade e um breve resumo sobre o IBGE e

a PIA-Empresa.

O Capítulo III traz a Metodologia que foi utilizada na pesquisa.

O Capítulo IV apresenta os resultados e discussões da pesquisa.

Por fim, o Capítulo V apresenta as conclusões e o Capítulo VI faz algumas

recomendações para estudos futuros com base nas descobertas desta pesquisa.

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29

2 REVISÃO DA LITERATURA

A seguir será apresentada a teoria de base adotada nesta dissertação e os

conceitos e informações pesquisados sobre a Tecnologia da Informação (TI),

Produtividade, Paradoxo da Produtividade, as metodologias usadas nos estudos

sobre o Paradoxo da Produtividade e um resumo sobre o IBGE e a PIA-Empresa.

2.1 TEORIA DE BASE

Nos estudos sobre TI e produtividade nas empresas se faz necessário obter

insumos que representem os investimentos em TI e insumos que representem os

investimentos em não-TI (BRYNJOLFSSON e HITT, 1996). Devido à dificuldade de

obtenção de informações, a maioria dos estudos considera apenas os investimentos

em capital e trabalho, de maneira que insumos relevantes para algumas empresas,

como o aço, o plástico, a eletricidade não são considerados.

Alguns pesquisadores têm se apoiado na Teoria da Produção para medir o

impacto da TI na produtividade das empresas, sendo que a Teoria da Produção

pode fornecer fundamentos úteis na avaliação dos benefícios da TI (MENEZES,

2004). Na Microeconômica, a Teoria da Produção se enquadra dentro da Teoria da

Firma (GARÓFALO e CARVALHO, 1981).

Para Eaton e Eaton (1999) uma firma é uma entidade que compra fatores de

produção, ou insumos, e transforma-os em bens ou serviços, ou produtos, para

venda. A firma é uma entidade que pode ser completamente descrita por uma

função de produção: os insumos entram em uma extremidade do processo de

produção, são transformados pela firma e emergem na outra extremidade como

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produtos.

Tomando o conceito utilizado por Henderson e Quandt (1971 apud

GARÓFALO e CARVALHO, 1981, p. 217), é possível definir a firma como sendo

uma unidade técnica que produz bens. A idéia essencial é de que a firma seja uma

unidade de produção, que atue racionalmente, procurando maximizar seus

resultados em termos de produção e lucro.

Para Dedrick, Gurbaxani e Kraemer (2003), o processo de produção das

empresas se dá pela transformação de inputs em output, de maneira que a

abordagem mais comum para tratar esta transformação se dá pelas funções de

produção definidas pela Teoria da Produção. Saunders e Brynjolfsson (2007)

destacam ainda o desafio das empresas em combinar os insumos capital e trabalho

de forma a melhorar o processo de produção. A eficácia com a qual os inputs são

combinados conduz a melhores métodos de produção (DEDRICK, GURBAXANI e

KRAEMER, 2003).

A abordagem utilizada por Menezes (2004) também é baseada na Teoria da

Produção, pois examina a produtividade de um banco brasileiro, que tem como

output os depósitos e empréstimos e, como inputs, capital e trabalho.

Os insumos selecionados para o desenvolvimento desta pesquisa são

denominados capital TI, capital não-TI, trabalho TI e trabalho não-TI, e serão

descritos e analisados detalhadamente mais adiante nesta dissertação, por meio de

uma função de produção. As empresas, objeto de estudo nesta dissertação,

representam o setor industrial do VPP, tendo como característica no seu processo

produtivo, as linhas de produção (SEADE, 1992), de modo que a Teoria da

Produção se mostra adequada para subsidiar este estudo.

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31

2.2 A IMPORTÂNCIA E EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

A tecnologia sempre teve um papel importante no desenvolvimento das

empresas. Na Segunda Revolução Industrial, as empresas que detinham a energia

elétrica eram aquelas que despontavam como empresas com grande vantagem

competitiva. Nesse momento da história era comum as empresas se instalarem

próximas às fontes de energia para usufruírem deste diferencial.

Já no início da década de 1970, o cenário mundial estava sendo influenciado

por um novo fator: o computador. As empresas começaram a investir de forma a

agilizar o trabalho por meio da tecnologia que despontava como promissora.

Naquela ocasião, ao invés de comprar os computadores, as empresas tinham que

alugá-los, principalmente aquelas com menos recursos financeiros, em razão do alto

custo de aquisição e manutenção desta nova tecnologia (CRUZ, 2002).

Consoante Castells (2001), apesar de as tecnologias da informação com base

em microeletrônica já poderem ser observadas antes da década de 1940, foi na

década de 1970 que as novas tecnologias se difundiram amplamente. Um registro

deste fato está no preço médio de um circuito integrado: em 1962 era de US$ 50, e

caiu para US$ 1 em 1971.

Muito da evolução da TI se deu sob o impacto das Tecnologias de

Comunicação, que trouxeram maior diversidade nos modos de distribuição de

informações, bem como maior precisão em sua transmissão. Já o progresso das

Tecnologias de Computação trouxe maior velocidade de processamento e maior

capacidade de armazenamento das informações. A evolução destas duas

tecnologias formou, a partir da década de 1970, a Tecnologia da Informação (TI)

gerando importantes aplicações para as empresas.

A década de 1970 foi um período da história onde ocorreram grandes avanços

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no desenvolvimento da TI. Avanços importantes em transmissão por fibra ótica e

laser promoveram um aumento surpreendente na capacidade das linhas de

transmissão. Dentre as invenções daquela década, se destacam a do

microprocessador, em 1971, e o microcomputador, em 1975. Nessa época, a

empresa Microsoft começava a produzir sistemas operacionais para computadores.

A fibra ótica foi produzida em larga escala em 1970. O primeiro comutador eletrônico

industrial foi distribuído no comércio em 1977. Em 1969, a ARPA (Agência de

Projetos de Pesquisa Avançada do Departamento de Defesa norte-americano)

começou a instalação de uma nova e revolucionária rede, que se desenvolveu na

década de 1970, e veio a se tornar a Internet. A Internet foi bastante favorecida pela

invenção do protocolo de comunicação TCP/IP, permitindo a interconexão de

diferentes tipos de rede. Desta forma, fica configurado que a Revolução da

Tecnologia da Informação, ou a Era da Informação, como chamada por alguns

autores, nasceu na década de 1970 (CASTELLS, 2001).

Para Foina (2001), apesar de as grandes diferenças entre a administração dos

antigos Centros de Processamento de Dados - CPD e a moderna abordagem da

informática, algumas características daquela época ainda são percebidas nos dias

de hoje. Dentre estas está a disparidade entre a tecnologia disponível na empresa e

a cultura dos seus usuários, a dificuldade de atender todas as demandas das

empresas com a rapidez desejada e a grande velocidade com que a tecnologia se

renova.

De acordo com Laurindo (2002), a partir da década de 1980, as expressões

que eram utilizadas para caracterizar tecnologia acabaram sendo resumidas em

apenas uma: Tecnologia da Informação, ou simplesmente TI, que é mais

abrangente. A TI considera as características humanas, administrativas e

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organizacionais de uma empresa, além de englobar a área de informática e

telecomunicações.

O mercado de TI está crescendo rapidamente e países desenvolvidos têm

investido cada vez mais em TI. Em alguns países, como nos Estados Unidos, há um

investimento maior em TI do que na indústria automobilística (DEWAN e KRAEMER,

2000). Os países que mais investem em TI, geralmente, são aqueles que investiram

mais no passado em pesquisa básica, ou seja, não pensando em resultados

imediatos e práticos, obtendo assim, um retorno maior em tecnologia nos dias de

hoje (STOKES, 2005).

Maçada (2001) observou que a concorrência e a rivalidade entre as empresas

são os principais fatores que têm justificado os elevados investimentos em TI, o que

de certa forma acompanha a tendência do mundo globalizado.

Na visão de Ferreira e Ramos (2004), a TI proporciona informação e

conhecimento sobre os clientes, mercados, operações e processos e é na vogal “I”

de TI que pode residir o verdadeiro diferencial das empresas, representando o uso

inteligente e eficaz da informação.

Os primeiros e mais diretos beneficiários do desenvolvimento da TI foram as

empresas de alta tecnologia e as empresas financeiras, sendo que as últimas se

beneficiaram com a maior integração global dos mercados financeiros que a TI

permitiu. O capital pode, hoje, ser gerenciado 24 horas por dia em mercados

financeiros funcionando em tempo real. Graças à TI, a economia conseguiu se tornar

global no final do século XX (CASTELLS, 2001).

A TI está presente em todas as partes do mundo e permite conectar pessoas,

negócios, empresas e países via Internet. Segundo Maçada (2001), a Internet

deixou de ser considerada um canal alternativo e passou a ser um canal estratégico.

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34

A Figura 1 mostra o crescimento dos servidores de Internet no mundo.

Nova Pesquisa

Antiga Pesquisa

Data Servidores | Data Servidores

Meses / Anos

Núm

ero

de S

ervi

dore

s

Figura 1 - Servidores de Internet no mundo Fonte: Adaptado de www.zakon.org/robert/internet/timeline

É possível observar na Figura 1 a evolução do número de servidores no

mundo. No início da Internet, em 1969, eram apenas 4 servidores, passando para

cerca de 159.000 mil servidores em 1989, ou seja, um salto considerável em 20

anos. Na primeira metade da década de 1990 o crescimento seguiu moderado, mas

a partir da segunda metade da década de 1990 o crescimento tornou-se muito mais

acentuado, e, no início do ano de 2006, já se havia ultrapassado a marca de

400.000.000 milhões de servidores no mundo. Para Dedrick, Gurbaxani e Kraemer

(2003), a Internet representa um dos grandes avanços da TI, e vem proporcionando

grandes benefícios para as empresas e a sociedade como um todo.

2.3 PRODUTIVIDADE: A PALAVRA DE ORDEM

A produção artesanal foi um dos primeiros registros da história da produção

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organizada. Quando do advento da Revolução Industrial, a produção artesanal

perdeu destaque. Foi com a descoberta da máquina a vapor em 1764 por James

Watt que se deu o início do processo de substituição do homem pela máquina,

sendo que os artesãos começaram a se organizar em fábricas (MARTINS e

LAUGENI, 2005).

Segundo Martins e Laugeni (2005), foi em 1766 que o economista francês

François Quesnay (1694-1774) utilizou a palavra produtividade pela primeira vez, e a

partir daí esta palavra não saiu do vocabulário das empresas e dos países. Após

mais de um século, em 1883, outro economista francês, Littre, usou o termo no

sentido de “capacidade de produzir”. Mas foi só no começo do século XX que o

termo assumiu o significado da relação entre o que é produzido e o que é usado

para produzir.

Os Estados Unidos contam desde 1899 com uma série de índices que

permitem seguir a evolução da produtividade de suas indústrias. Estas séries vêm

sendo preparadas pelo Bureau of Labor (atualmente Bureau of Labor Statistics),

agência do governo norte-americano (FOURASTIÉ, 1990). Foi, portanto, nesse

período que o termo produtividade assumiu esse significado atual da relação entre o

que é produzido (output) e os recursos empregados para produzir (input).

Consoante Báez e Mirshawka (1993) o termo input (entrada) pode ser

substituído por insumo ou fator (daí a expressão fator ou fatores de produção) e o

termo output (saída) pode ser substituído por produto ou resultado.

O conceito de produtividade tem uma ampla abrangência e sua aplicação é

conduzida por profissionais de diferentes áreas ou atividades, tais como

economistas, engenheiros de produção, administradores de empresas, gerentes,

contadores etc.

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36

Para Daft (2005), a relação entre as entradas de bens e serviços de uma

empresa e suas saídas denomina-se produtividade, sendo que há um aumento de

produtividade tanto pela diminuição das entradas produzindo a mesma saída, quanto

pelo aumento das saídas utilizando-se as mesmas entradas. Sendo assim, um

crescimento de produtividade implica um melhor aproveitamento de todos os

recursos humanos, materiais e financeiros utilizados para a produção.

2.4 POR QUE PRODUTIVIDADE?

Para Contador (1998), os benefícios do aumento da produtividade estão na

redução dos preços e são um grande motivo para as empresas e nações buscarem

maior produtividade. Um indicador deste benefício é o lendário Ford T de Henry

Ford: em 1909, tinha preço de US$ 850; em 1926, por conta de inúmeros

melhoramentos tecnológicos, o preço caiu para US$ 310.

Na visão de Moreira (1998), entre os beneficiários do aumento da produtividade

estão a empresa, a sociedade e os trabalhadores. A empresa se torna mais

competitiva, cresce e sobrevive no mercado cada vez mais dinâmico. A sociedade,

porque a produtividade pode ser considerada uma barreira contra os movimentos

inflacionários. Os trabalhadores, no sentido da redução da jornada de trabalho, de

melhores salários e melhores condições de trabalho.

Consoante Martins e Laugeni (2005), com o aumento de produtividade a

empresa consegue minimizar desperdícios, reduzir preços, reduzir a jornada de

trabalho, permitindo ao funcionário se dedicar ao lazer com mais qualidade de vida,

reduzir prazos de entrega e aumentar a satisfação do cliente, com o conseqüente

aumento dos lucros.

Quando a empresa consegue aproveitar melhor os empregados, as máquinas,

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37

a energia e matérias-primas, significa que está aumentando sua produtividade. Uma

empresa que consegue maior produtividade se posiciona de maneira mais

competitiva, pois consegue reduzir seus custos e oferecer seus produtos e serviços

em condições mais vantajosas do que a concorrência.

A produtividade pode ser aumentada via capital, graças à aquisição de

máquinas e equipamentos mais produtivos. Também, pode ser aumentada via

trabalho, por meio de técnicas de estudo de métodos de trabalho, permitindo que o

empregado produza com maior eficiência. Para tanto, a eliminação de desperdícios,

a eliminação de atividades desnecessárias e repetitivas, menos retrabalho, são

alguns dos fatores que auxiliam no aumento da produtividade (CONTADOR, 1998).

Dentre os recursos produtivos, pode-se destacar mão-de-obra, capital,

materiais e energia, e tecnologia, sendo que esses recursos produtivos podem

denominar-se insumos, que, depois de transformados, geram produtos e serviços.

Medir a produtividade significa comparar os resultados gerados com os insumos que

contribuíram para esse resultado.

Para Castells (2001), a importância da produtividade está no fato de que ela

permite aumentar os lucros da empresa. Para o aumento da produtividade é

necessário aumentar a demanda pelos serviços e produtos, ampliando o mercado

em que a empresa se encontra ou buscando novos mercados. Segundo esse autor,

a longo prazo, a produtividade é fonte da riqueza das nações e a tecnologia é o

principal fator que conduz à produtividade.

Na visão de Gurovitz (2003), ser mais produtivo é saber fazer mais em menos

tempo. Não significa trabalhar mais, mas trabalhar melhor, de modo mais eficiente e

mais inteligente. A respeito da economia de um país, o conceito é semelhante. Uma

das medidas possíveis de produtividade, e muito utilizada, equivale a calcular tudo o

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que um país produz dividido pelas horas que a população trabalha.

Os Estados Unidos têm liderado o aumento de produtividade da economia

mundial nos últimos anos, com índices que, de 1995 a 2003, registram uma média

de crescimento em torno de 3% ao ano. Entender os fundamentos desse fenômeno,

geralmente atribuído à tecnologia, é relevante para todos os países que desejam

aumentar sua produtividade.

Consoante Rydlewski e Guandalini (2005), se a produtividade de um país

pudesse ser comparada com a velocidade de um corredor de 100 metros rasos, o

Brasil estaria ainda na marca dos 18 metros enquanto o corredor dos Estados

Unidos estaria cruzando a reta final, na marca dos 100 metros. Um estudo da

consultoria McKinsey aponta cinco obstáculos que impedem um desempenho

melhor do Brasil, são eles: informalidade, deficiências macroeconômicas, problemas

regulatórios, deficiência de infra-estrutura e má qualidade do serviço público.

2.5 MEDINDO A PRODUTIVIDADE

Segundo Martins e Laugeni (2005), no Brasil, a medida da produtividade é

responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, que

disponibiliza indicadores nacionais e regionais. Um indicador de destaque no âmbito

nacional é o índice de produtividade da mão-de-obra, sendo fácil de medir, pois

existem mais dados disponíveis em razão deste insumo estar presente no custo da

maioria dos produtos. Já em uma empresa, a medida de produtividade é realizada

por diferentes pesquisadores, sendo que não há um consenso quanto a metodologia

usada.

Segundo Moreira (1991), a teoria consagrou duas categorias de produtividade,

dependendo do número de insumos: a Produtividade Parcial, quando se considera

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um dos insumos, geralmente a mão-de-obra; e a Produtividade Total dos Fatores –

PTF, que considera simultaneamente dois insumos: o capital e a mão-de-obra. Vale

ressaltar que o termo “total” não representa todos os insumos, de maneira que é

empregado incorretamente, embora seja conservado por motivos históricos.

Consoante Moreira (1994), entende-se por capital todas as ferramentas,

máquinas, equipamentos usados na produção de bens e serviços. Já a mão-de-obra

é representada pelos gerentes, engenheiros, supervisores, operários e demais

recursos humanos de uma empresa. O capital geralmente é medido em unidades

monetárias e a mão-de-obra é medida pelo número de horas pagas de todos os

trabalhadores ou pelo número de horas efetivamente trabalhadas ou ainda pelo

número médio de trabalhadores. O mesmo autor afirma que, devido a dificuldade de

encontrar dados confiáveis para medir a produtividade e de combinar insumos

diferentes numa medida única, os pesquisadores em geral adotam apenas os dois

insumos: mão-de-obra e capital e, nesse caso, chega-se ao índice PTF. Alguns

autores denominam este índice de Produtividade Múltipla dos Fatores, para fazer a

distinção, quando é considerado um terceiro e quarto insumos.

Para Daft (2005), a PTF representa uma melhor medida de como a

organização está se desenvolvendo. Para tanto, o cálculo da PTF exige que se

tenham os dados para então fazer a análise, o que muitas vezes não acontece,

principalmente no cenário brasileiro. Contudo, existem situações que exigem o

cálculo de apenas uma entrada. Neste caso é usado o cálculo da Produtividade

Parcial, como por exemplo, a produtividade do trabalho, para analisar se a

contratação de mais mão-de-obra está melhorando a produtividade da empresa. É

necessário um cuidado maior com o cálculo dos índices parciais, pois os mesmos

não mostram a situação da empresa como um todo. Também é importante ser

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prudente com os resultados encontrados nos cálculos: deve haver uma atenção

especial quanto aos resultados muito diferentes do normal.

Bonelli e Fonseca (1998) realizaram uma pesquisa pelo Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada - IPEA sobre os ganhos de produtividade e eficiência na

economia brasileira e destacaram que, quando a produtividade é analisada pela

PTF, alguns pontos devem ser considerados para não comprometer o resultado das

pesquisas. Os autores discutem que a PTF é uma das medidas mais completas da

eficiência das empresas e consideram que, para a análise, a alteração dos custos

dos insumos ao longo do tempo e a alteração da qualidade de cada fator a longo

prazo pode comprometer as análises.

Um dos fatores da PTF é a mão-de-obra, que geralmente sofre alteração

quando os trabalhadores melhoram seu nível de escolaridade. Já o fator capital deve

ser mensurado considerando as substituições dos equipamentos obsoletos por

equipamentos novos. Observando estas ponderações, o resultado da medida da

PTF será melhor construído.

Devido à diversidade de atividades do setor de serviços, como, por exemplo,

hospitais e bibliotecas, muitas medidas de produção não reconhecem todos os

insumos. No caso dos hospitais é comum considerar-se o número de leitos

ocupados. Já para as bibliotecas uma medida de produção comum é o número de

empréstimos efetuados no período. Porém, numa biblioteca, por exemplo, existem

outros outputs e inputs, como aquisição de livros e manutenção do acervo

(MOREIRA, 1998). Assim, o setor de serviços se mostra difícil de mensurar pela sua

diversidade de atividades e insumos (ROACH, 1991; CASTELLS; 2001, MENEZES,

2004).

Dependendo da empresa e do processo de produção, podem existir vários

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inputs utilizados para a produção, como por exemplo, as instalações, capital, mão-

de-obra, tecnologia, energia elétrica, informações que serão transformadas em

outputs, isto é, produtos manufaturados, serviços prestados, informações fornecidas,

entre outros (MARTINS e LAUGENI, 2005).

Segundo Contador (1998), na produtividade de uma fábrica, o insumo mais

usual é a quantidade de operários. No entanto, em uma fundição, o insumo material

é mais relevante. Já em uma fábrica de alumínio primário, o insumo de energia

elétrica é considerado o principal recurso.

A avaliação da produtividade a partir de múltiplos fatores permite revelar com

maior precisão a produtividade total de uma empresa. Contudo, isso muitas vezes é

difícil, pois as estatísticas não conseguem capturar estas informações com

facilidade. Além disso, a mudança de um fator na produção pode acarretar mudança

nos demais fatores. Um exemplo hipotético pode ser dado com uma fábrica de

automóveis, que passa a comprar uma bomba-d’água pré-montada ao invés de

comprar os componentes da mesma para montá-la. Desta forma ao adquirir a peça

pré-montada, a produtividade da mão-de-obra se eleva, pois um número menor de

empregados é necessário para montar a peça. A produtividade do capital também se

eleva, porque os equipamentos que montavam a peça anteriormente não serão mais

usados e, portanto, poderão ser vendidos. No entanto a produtividade dos materiais

decresce, porque o custo da bomba-d’água agora é maior em relação ao custo de

seus componentes (GAITHER e FRAZIER, 2005).

Pesquisadores e estudiosos já propuseram diferentes fórmulas para a

Produtividade Total dos Fatores - PTF, como Denison, Greenberg, Kendrick e Solow.

Segundo Moreira (1994), a PTF pode ser representada por meio do índice aritmético

(índice de Kendrick), e o índice geométrico (índice de Solow).

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42

O índice de Solow considera que a mudança tecnológica é a grande

responsável pelo aumento da produtividade da mão-de-obra. Solow ajudou a cunhar

o termo mudança técnica ou tecnológica, que designa uma série de influências

sobre a produtividade.

Para Moreira (1991), a partir da década de 1950, graças aos trabalhos de

Solomon Fabricant, Robert Solow, John Kendrick e Edward Denison, houve uma

maior compreensão da produtividade e dos fatores que a influenciam. Solow e

Kendrick são autores dos índices mais populares da PTF. O índice de Solow é

empregado, geralmente, para análise de agregados econômicos maiores, e o índice

de Kendrick é mais direcionado para a empresa individual.

Atrás da PTF, existe uma função de produção, isto é, uma relação matemática

original vinculando a produção, o capital e a mão-de-obra. Na visão de Moreira

(1994), a forma objetiva de medir a produtividade se dá basicamente por meio das

funções de produção. Segundo o autor, as funções de produção são relações

matemáticas envolvendo os elementos comuns de qualquer processo produtivo.

Consideram-se como elementos, de um lado a produção, ou seja, o resultado do

processo, e do outro os insumos que são os recursos a serem transformados para

se chegar à produção.

Para Moreira (1994), o cálculo prático da função de produção enfrenta

problemas, como a limitação dos dados. Desta forma, a maioria das pesquisas

utiliza, até hoje, funções mais simples, como a do tipo Cobb-Douglas. A atração pelo

uso da função Cobb-Douglas se dá pela sua simplicidade e facilidade de

manipulação matemática, bem como a capacidade de representação de qualquer

grau de economias de escala.

É pertinente destacar que o estudo clássico do paradoxo da produtividade

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43

utiliza quatro insumos básicos e o cálculo é realizado por meio da função de

produção Cobb-Douglas que, como citado anteriormente, revela-se de fácil utilização

(LOVEMAN, 1988; BRYNJOLFSSON e HITT, 1996; PRASAD e HARKER, 1997;

BRYNJOLFSSON e HITT, 2003; MENEZES e MOURA, 2004).

Nos trabalhos sobre o paradoxo da produtividade, a análise por meio da PTF é

a mais utilizada, devido às observações feitas por diversos pesquisadores como

Brynjolfsson (1993), que aponta que uma das principais explicações para o

paradoxo da produtividade é o erro de medida de input e output das empresas. Com

a PTF, são considerados os principais insumos das empresas, o que torna a

pesquisa mais fidedigna. Brynjolfsson e Hitt (2003) destacam que um longo período

de tempo para análise dos dados torna o resultado da PTF mais próximo da

realidade.

2.6 O PARADOXO DA PRODUTIVIDADE: O ESTADO DA ARTE

2.6.1 O paradoxo como fenômeno internacional

Conforme Castells (2001), houve uma estagnação da economia mundial entre

a década de 1970 e 1980. Já na década de 1990 são observadas algumas

melhoras, principalmente na segunda metade do período. Dessa forma, esta etapa

do estudo analisa trabalhos que utilizam dados para esses períodos da economia

mundial.

Diante das inúmeras facilidades que a Tecnologia da Informação proporciona

às empresas, é comum acreditar que os investimentos em TI proporcionam retornos

significativos em produtividade. No entanto, esse retorno é difícil de ser visualizado

nas estatísticas.

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44

Segundo Dewan e Kraemer (2000), existem alguns enfoques para analisar o

problema. Alguns pesquisadores analisam o paradoxo no nível da empresa

(BRYNJOLFSSON e HITT, 2003), outros analisam setores da economia

(STRASSMANN, 1997), e outros, ainda, analisam no nível macroeconômico, sendo

que, neste último, os dados muitas vezes são difíceis de serem encontrados.

A maioria dos trabalhos internacionais analisam o cenário dos Estados Unidos.

A razão pelo grande número de trabalhos que enfocam o cenário americano pode

ser justificada pelo fato de haver um grande investimento em TI naquele país, pelas

grandes empresas de TI instaladas, pelo seu alto índice de produtividade, e,

segundo Castells (2001), porque a Revolução da TI começou no Vale do Silício na

década de 1970, possuindo, portanto uma infra-estrutura desenvolvida há muitos

anos.

Dewan e Kraemer (1998) relatam que o investimento em TI aumenta a cada

ano, mas a produtividade no trabalho é baixa. A queda da produtividade também é

sentida em outros países.

Na pesquisa de Dewan e Kraemer (1998) foram utilizados dados de 17 países

desenvolvidos, no período de 1985 a 1992. Os países que investiram em TI estão

tendo um retorno positivo. Já aqueles que realizaram investimentos em ativos de

baixa tecnologia (não-TI) não estão tendo um lucro semelhante.

Países como Cingapura fazem altos investimentos em educação, na formação

de profissionais de TI, na construção de indústrias e outros fatores que promovem o

uso de TI, ou seja, o retorno positivo dos investimentos é apontado não apenas pelo

investimento em TI por trabalhador, mas também pelo reflexo da educação, da infra-

estrutura e outros fatores que complementam o trabalho, gerando maior

produtividade.

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45

Em outro trabalho, Dewan e Kraemer (2000) analisam o retorno dos

investimentos em TI de 36 países no período de 1985 e 1993, com foco nos

investimentos em alta tecnologia (TI) e baixa tecnologia (não-TI). O resultado mostra

que os países desenvolvidos que investem em TI têm um retorno bastante positivo,

mas não têm um retorno positivo dos investimentos feitos em ativos de baixa

tecnologia. Já os países em desenvolvimento têm o cenário alterado, pois têm

resultado positivo quando investem em ativos de baixa tecnologia, no entanto têm

resultados negativos quando investem em ativos de alta tecnologia.

A Figura 2 mostra os 36 países analisados. O eixo vertical mostra, em

porcentagem, o quanto cada país investiu do seu Produto Interno Bruto - PIB em TI.

O eixo horizontal mostra o PIB por trabalhador relativamente aos Estados Unidos.

Por exemplo, os Estados Unidos investiram, em média, no período 1985-1993, 3.0%

do seu PIB em TI. Já a Itália investiu aproximadamente 1.4% do seu PIB em TI.

Além disso, o PIB por trabalhador italiano é 90% do americano.

Figura 2 - Investimento em TI dos países desenvolvidos e em desenvolvimento em comparação com o PIB dos Estados Unidos em 1990 Fonte: Adaptado de Dewan e Kraemer (2000)

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46

Os países desenvolvidos constroem uma economia forte para atividades que

envolvem TI e têm investimento relativamente menor para aquelas atividades de

baixa tecnologia. Infra-estrutura e capital humano ajudam a ativar o investimento

positivo de TI. Para os países em desenvolvimento falta justamente uma infra-

estrutura e capital humano para estimular os investimentos feitos em TI. A sugestão

que os autores apontam para os países em desenvolvimento é que eles invistam em

pesquisa básica para fazer com que os insumos sejam mais produtivos no futuro.

Os países em desenvolvimento têm uma força de trabalho menos qualificada,

infra-estrutura pobre, como por exemplo, acesso lento e instável a Internet e

modelos de negócios que ainda precisam mudar da Era da Industrialização para a

Era da Informação.

Ainda segundo Dewan e Kraemer (2000), as precondições que permitem que

um país seja desenvolvido estão na tecnologia que ele possui, no capital humano e

na infra-estrutura adequada, além de políticas voltadas para a promoção da

tecnologia. Por fim, apontam uma evidência de retornos positivos dos investimentos

em TI não apenas nos Estados Unidos, mas em todo mundo.

Um trabalho de Oliner e Sichel (2000) relata a excelente performance da

economia norte-americana entre os anos de 1995 e 1999, diferente da primeira

metade da década de 1990. Segundo a pesquisa dos autores, o crescimento na

produtividade do trabalho foi responsável por este fenômeno. A expansão da alta

tecnologia também ajudou neste crescimento. Investimentos em software e

equipamentos de comunicação contribuíram para esta expansão.

Em um trabalho dos mesmos autores, de 1994, os resultados foram negativos,

e uma das justificativas era que os investimentos não foram tão grandes. Na

segunda metade da década de 1990 cresceu o investimento em TI. Um dos fatores

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47

que contribuíram para este crescimento foi o comércio eletrônico que, apesar de

ainda ter uma participação pequena na economia, tende a crescer bastante no

futuro, segundo os autores, tendo em vista os baixos custos desse negócio e suas

facilidades. Os autores ainda afirmam que pode até mesmo haver quedas na

produtividade, mas não como a da primeira metade da década de 1990, pois a

demanda por TI é muito grande.

Para Oliner e Sichel (2003), a economia dos Estados Unidos teve um excelente

crescimento de produtividade durante a segunda metade da década de 1990. Entre

1995 e 2000 a produção por hora nos negócios não-rurais teve um crescimento

considerável comparado com os anos de 1973 a 1995. Tal crescimento se deu,

sustentam os autores, pelo investimento em TI.

Os autores ressaltam que para o crescimento da produtividade continuar nesse

ritmo é necessário haver um progresso nas indústrias de alta tecnologia,

principalmente na indústria de semicondutores, provavelmente o principal

impulsionador do crescimento da produtividade no futuro.

Segundo Motohashi (2007), o uso da Internet entre os anos de 1991 e 2001

pelas empresas Japonesas de manufatura promoveu um aumento de produtividade.

O autor aponta que, hoje, é difícil imaginar os negócios sem a Internet e destaca que

o uso da TI no começo da década de 1990 e o uso intensivo da Internet na segunda

metade da década contribuíram para o crescimento da produtividade do Japão.

Na visão de Gust e Marquez (2004), enquanto os Estados Unidos têm um

recente crescimento de produtividade, o mesmo não é observado nos demais países

desenvolvidos do mundo. O estudo analisa dados de 13 países entre 1992 e 1999 e

aponta que a diferença de sucesso está na produção e na adoção da TI. Diferente

dos demais países analisados, os Estados Unidos adotam rapidamente novas

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tecnologias além de produzir tecnologia em alta escala, o que, segundo os autores,

explica a sua superioridade. Os demais países analisados possuem legislação

rígida, que inibe a competição de suas empresas no mercado global e dificulta a

entrada de novas empresas no mercado, bem como a contratação de mão-de-obra.

Para os autores, a TI exige uma reestruturação na força de trabalho e uma

legislação rígida acaba interferindo nessa adequação.

Países que investiram fortemente em TI na década de 1990 estão

experimentando os resultados com o crescimento da produtividade. O exemplo

maior são os Estados Unidos. Em contraste, países que investiram pouco não estão

experimentando resultados positivos.

2.6.2 Análises Internacionais que confirmam e refutam o paradoxo

O paradoxo da produtividade é estudado principalmente por pesquisadores

americanos. O alto investimento realizado em TI nos Estados Unidos chama a

atenção de pesquisadores que acreditam que os investimentos não estão sendo

positivos. Por outro lado, outros pesquisadores adotam uma análise diferente, na

qual a baixa produtividade é devida a outros fatores que não a TI.

Entre as análises que confirmam o paradoxo está a de Paul A. Strassmann.

Strassmann (1997) questiona se os grandes investimentos em computador garantem

a lucratividade das empresas. O autor conclui, nos seus estudos, que não há relação

entre o gasto com computadores e a performance da empresa.

A Figura 3 mostra que grandes investimentos em TI são realizados, porém não

há correlação com a lucratividade. Strassmann usa dados de empresas de

diferentes setores do ano de 1994. Os pontos na figura ficam muito dispersos

demonstrando pouca ou nenhuma relação entre TI e lucratividade.

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Figura 3 - Relação de gasto entre TI e Lucratividade Fonte: Adaptado de Strassmann (1997)

São necessárias novas pesquisas e novas medidas para se ter mais certeza na

hora de investir em TI. Strassmann (1997) também analisa empresas do ramo de

alimentos e mais uma vez não encontra relação positiva.

Já em 1999, Strassmann (1999) destaca que empresas que gastam pouco em

TI têm altos lucros, enquanto empresas que gastam muito em TI têm baixos lucros.

Desde 1985 o autor já publicou cinco livros sempre confirmando o paradoxo.

Outra pesquisa, que gerou grande polêmica, foi a de Carr (2003), na qual o

autor afirma que TI deve ser considerada uma commodity, onipresente como a

eletricidade, não conferindo qualquer vantagem estratégica às empresas. O autor

considera que o maior erro do investimento em TI são os gastos exagerados e

destaca que esse investimento deve ser defensivo e não ofensivo. A pesquisa de

Carr (2003) menciona grandes empresas de tecnologia norte-americanas como a

IBM, Microsoft e Oracle.

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50

Como resposta à opinião de Carr (2003), foi encomendado pela Microsoft um

estudo à Keystone Strategy para analisar 600 empresas de médio porte, de 100 a

500 funcionários, dos Estados Unidos, Alemanha e Brasil. O estudo, intitulado “Why

IT matters to Mid-Size Firms?” (Por que TI é importante para empresas de médio

porte?), analisa o impacto efetivo da TI sobre as empresas e seus negócios. Para

tanto, foi desenvolvida uma abordagem capaz de quantificar o potencial de negócios

viabilizados diretamente pela TI. Esse enfoque especifica 40 diferentes cenários de

negócios que podem medir com precisão qual é o impacto da TI sobre as principais

áreas da empresa: vendas e marketing, finanças, operações, produtividade dos

funcionários e infra-estrutura de TI. A conclusão foi bastante positiva e indica que a

TI é um fator crítico para o crescimento rentável das empresas. Ela é um ingrediente

essencial para o sucesso a longo prazo das empresas e não uma simples

commodity que pouco acrescenta ao sucesso das empresas.

Não são apenas as indústrias que realizam grandes investimentos em TI. Um

exemplo pode ser encontrado na pesquisa de Peslak (2005). O autor aponta que o

investimento em TI no setor de educação tem aumentado significativamente nos

últimos anos. Em sua pesquisa, o autor indica que, nos Estados Unidos, foram

investidos, entre os anos 1991 e 1992, o montante de 2 bilhões de dólares,

passando para 6 bilhões de dólares nos anos de 2003 e 2004. Esperava-se uma

melhora na educação com o investimento em TI, contudo isso não foi demonstrado

na pesquisa, que contou com uma amostra de 2.500 escolas do Estado da

Pensilvânia, nos Estados Unidos. A pesquisa apontou que não há benefícios com o

investimento em TI na produtividade das escolas.

A questão sobre o paradoxo ainda não foi respondida por conta das pesquisas

das duas correntes. Aqueles que confirmam o paradoxo, como citado por algumas

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pesquisas acima, não são os únicos que pesquisam o paradoxo. Obviamente

existem pesquisas que refutam o paradoxo e, entre as mais destacadas, estão as de

Erik Brynjolfsson.

Enquanto Strassmann destaca em suas pesquisas empresas de diferentes

setores da economia, Brynjolfsson enfoca suas pesquisas no nível de empresa.

Brynjolfsson e Hitt (1996) pesquisaram 367 empresas americanas entre os anos de

1987 e 1991 e concluíram que computadores aumentaram significativamente a

produtividade, até mesmo considerando depreciação, erros nas medidas e algumas

limitações nos dados. Segundo os autores, o paradoxo da produtividade é coisa do

passado, pelo menos no escopo analisado.

Já em 2000, os mesmos autores destacam que a TI evolui mais depressa que

os processos de trabalho, de modo que as empresas acabam não conseguindo

usufruir com a mesma sincronia das novidades da TI. Afirmam ainda que as análises

dos investimentos em TI devem considerar os componentes intangíveis, como por

exemplo, o aumento da qualidade dos produtos e serviços.

A seguir, na Figura 4, é possível observar uma relação positiva entre TI e

produtividade. No eixo vertical é utilizada a Produtividade Total dos Fatores e no eixo

horizontal é utilizada a relação do investimento acumulado em hardware de

empresas com a média de investimento do setor. A análise é realizada com dados

de várias empresas de grande porte entre 1988 e 1992.

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Figura 4 - Relação entre TI e Produtividade Fonte: Adaptado de Brynjolfsson e Hitt (2000)

Em 2003 os autores novamente analisam o paradoxo no nível de empresa.

Eles exploram o efeito da TI na produtividade de 527 empresas dos Estados Unidos

entre 1987 e 1994 e encontraram uma contribuição positiva. No entanto, o resultado

foi muito maior quando os dados foram analisados em períodos longos, de cinco a

sete anos. Os resultados mostram, ainda, que investimentos complementares devem

ser feitos para aproveitar mais os benefícios da TI. Os autores utilizaram a

Produtividade Total dos Fatores para fazer várias análises dos dados. Isto foi

possível pela grande quantidade de empresas na amostra e pelo longo período

analisado.

Uma análise recente, que refuta o paradoxo da produtividade, foi realizada pela

Information Technology and Innovation Foundation - ITIF (2007), nos Estados,

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Unidos e verificou o impacto da TI na indústria de bens e serviços desde a década

de 1970. Este estudo foi encomendado à ITIF por grandes empresas de TI como a

IBM, empresa de informática; a Cisco Systems, empresa de telecomunicações; e o

eBay, empresa de comércio eletrônico. O estudo afirma que o uso de computadores

elevou entre cinco e seis vezes a produtividade dos trabalhadores. O mesmo estudo

aponta um forte crescimento de vagas na área de TI na próxima década, no entanto,

afirma também que a tecnologia continuará eliminando postos de trabalho

tradicionais de forma crescente.

Conforme apontado nas pesquisas acima, o paradoxo ainda é assunto que

será muito discutido. É importante destacar que os resultados negativos sobre o

investimento em TI devem ser cuidadosamente avaliados, à luz das dificuldades

existentes para a análise (BRYNJOLFSSON, 1993), e que o uso da Produtividade

Total dos Fatores permite apontar resultados mais apurados (BRYNJOLFSSON e

HITT, 2003).

Mais adiante, ainda na revisão da literatura, serão discutidas com maiores

detalhes as explicações do paradoxo da produtividade, de forma a entender melhor

os resultados das posições que o confirmam ou não.

2.6.3 O paradoxo no cenário brasileiro

A grande maioria dos trabalhos que analisam o paradoxo no Brasil envolvem

bancos. O motivo de as pesquisas serem realizadas nessas instituições financeiras é

o fato destas terem a informação como seu insumo básico (TEIXEIRA e

CAVALCANTE, 2005).

Outra razão pela qual o paradoxo é analisado nos bancos é dada por Maçada

(2001). As instituições financeiras são as organizações que mais têm investido em

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54

TI: centrais telefônicas, pontos de venda em supermercados e em postos de

combustível, cartões de crédito, Internet etc.

Consoante Menezes e Moura (2004), os bancos se apóiam em uma base

tecnológica que privilegia a utilização de microcomputadores, de maneira que a

razão entre computadores e empregados na maioria das vezes é de um para um. Os

empregados usufruem de um ambiente com muitos recursos tecnológicos, tais como

Internet e Intranet, correio eletrônico, videoconferência e sistemas distribuídos para

auxílio no atendimento de clientes.

Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN (2006),

houve expansão da ordem de 20%, em 2005, da infra-estrutura-tecnológica para

atender melhor os clientes. Também no ano de 2005, o número total de transações

bancárias automatizadas expandiu em 16,9% em relação a 2004. Além disso, o

crescimento de 50%, em média, do uso de meios eletrônicos como o Internet

banking, indica que, cada vez mais, os clientes dos bancos estão utilizando os

serviços sem sair de casa. Este fato é confirmado pelo baixo crescimento (3%) das

transações presenciais nos caixas das agências no período. Esta tendência já era

apontada por Maçada (2001).

As estatísticas da FEBRABAN (2006) mostram que há um investimento alto em

TI por conta da demanda do mercado brasileiro. Fica evidente que existem dados

que podem ser analisados, no entanto, nem sempre estes dados são fáceis de obter

devido a grande concorrência entre os bancos e o sigilo das informações financeiras

(MAÇADA, 2001).

Teixeira e Cavalcante (2005) analisaram dados agregados do setor bancário do

Brasil entre os anos de 1997 e 2001 procurando verificar o processo de automação

ocorrido ao longo destes anos e concluíram que este processo não se traduziu em

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55

maiores níveis de flexibilidade das organizações que compõem o setor. Destacam

que está longe de ser um consenso o fato de que investir em TI resulta em aumento

de produtividade.

A tendência é diminuir os postos de trabalho nos bancos, pois aconteceram

fusões devido à racionalização, terceirização e automação. Apesar disso, houve uma

elevação da despesa média por funcionário ao mês, devido aos níveis de

qualificações exigidos dos mesmos. Sendo assim, não se pode observar uma

redução das despesas administrativas e de pessoal após investimentos em TI. O

índice de eficiência dos bancos no Brasil melhorou, mas isso não pode ser

necessariamente atribuído a TI, tendo em vista a cobrança maior de tarifas

(TEIXEIRA e CAVALCANTE, 2005).

Os autores finalizam citando que o investimento em TI não deve ser

interpretado como aumento apenas da produtividade, mas também de outras

variáveis que são positivas para a empresa, como velocidade nas transações,

segurança, confiabilidade, conforto etc.

Menezes e Moura (2004) realizaram uma pesquisa para conhecer o efeito do

investimento em TI sobre a produtividade de um banco público brasileiro. O período

escolhido foi de 1995 a 2002 devido à estabilidade de moeda no país e o mesmo

Governo Federal. Nessa situação, não se encontraram evidências de que os

investimentos adicionais em TI tenham contribuído para a melhoria da produtividade

do banco analisado, resultado que se aproxima de outros estudos internacionais.

Uma pesquisa sobre TI em organizações, que não enfatiza o paradoxo, foi

realizada por Moraes, Bobsin e Lana (2006). Os autores indicam que há pouca

literatura nacional sobre TI em organizações, sendo que a busca por publicações em

periódicos internacionais é uma das alternativas usadas pelos pesquisadores que

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56

pretendem estudar o assunto. Os autores analisaram cerca de 30 publicações

internacionais sobre investimento em TI e desenvolvimento organizacional.

Concluíram que há uma deficiência de métodos conclusivos para mensurar impactos

da TI e que diversos enfoques são propostos no intuito de encontrar soluções para o

paradoxo da produtividade. Apesar destes dificultadores, os autores concluiram, a

partir das publicações analisadas, que existe efeito positivo na performance das

organizações a partir dos investimentos realizados em TI.

A grande maioria das pesquisas sobre o paradoxo da produtividade analisa

empresas de grande porte. Contudo, Lunardi e Dolci (2006) fizeram um estudo sobre

o impacto da TI em micro e pequenas empresas de um município brasileiro. Nesta

pesquisa, que analisou 123 micro e pequenas empresas, percebeu-se que o

principal motivo que leva estas empresas a adotarem TI está relacionado à

concorrência existente ou ainda à influência de clientes, fornecedores ou o próprio

Governo, ou seja, variáveis externas. A adoção também está relacionada com a

estrutura organizacional favorável, onde se percebeu que funcionários preparados

para usar a TI influenciam na adoção.

Em relação à geração de empregos, as micro e pequenas empresas já

ultrapassaram as grandes, além de crescerem em quantidade a cada ano que

passa. Muitas empresas fornecedoras de software e hardware têm mostrado

interesse em oferecer soluções para este segmento de empresas.

Maçada (2001) analisou, em sua tese, dados de balanços contábeis de 41

bancos brasileiros entre os anos de 1995 e 1999, para saber qual o impacto dos

investimentos em TI na eficiência organizacional. Os resultados indicam que apenas

investir em TI não proporciona efetiva eficiência. Por outro lado, os bancos que mais

investiram em TI no período analisado ganharam eficiência significativa em relação

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57

ao conjunto de bancos da amostra.

Segundo o autor, a redução da interferência governamental no setor de

informática e o fim da Lei de Reserva de Mercado em Informática deixaram os

bancos mais livres para buscar soluções tecnológicas.

Uma das fases da pesquisa de Maçada (2001) foi a das entrevistas realizadas

com os executivos dos bancos, com o objetivo de identificar o papel da TI nas

estratégias dos bancos brasileiros. As principais respostas apontaram que os

gerentes dos bancos sabem usar a TI. Quanto a questão se os investimentos em TI

aumentaram a produtividade, os executivos afirmaram que tais investimentos

permitiram o aumento na capacidade de atendimento, bem como a melhora da

eficiência organizacional interna e a produtividade individual. Também foi

considerado que o funcionamento dos bancos 24 horas, nos 7 dias da semana,

aumentou a produtividade, e as tecnologias ATM (terminais de auto-atendimento) e

Internet banking também contribuiram para o aumento da produtividade.

Os executivos salientam que, mesmo com o triplo de clientes nas agências, o

desempenho organizacional é sustentado por meio do uso intensivo de TI,

associado a recursos humanos de alta qualidade.

Um dos diferenciais da pesquisa de Maçada (2001) foi a adoção de uma

abordagem ampla dos bancos, permitindo medir os impactos dos investimentos em

TI nas várias dimensões da organização. Segundo os entrevistados, as análises de

impacto de TI desenvolvidas até então estavam apoiadas por medidas

unidimensionais, não permitindo uma análise mais ampla dos efeitos da TI.

Desta forma, esta pesquisa de Maçada concluiu, no geral, que os

investimentos em TI são benéficos para a produtividade das instituições financeiras,

destacando que TI é um fator decisivo para o crescimento destas instituições.

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58

2.6.4 As explicações para o paradoxo

Castells (2001) cita um trabalho de Robert M. Solow que procura explicar as

fontes de evolução do crescimento de produtividade na economia norte-americana.

Nesse estudo, Solow aponta que a produtividade do trabalho dobrou no setor

privado não-rural daquela economia entre 1909 e 1949, com 87,5% do aumento por

conta de transformações tecnológicas e os 12,5% restantes devido à produtividade

do capital. Dessa forma, Solow demonstrou que o aumento da produtividade do

trabalho não era atribuído a adição de mão-de-obra e apenas pequena parcela era

devida ao capital. O aumento de produtividade vinha de outra fonte, expressa como

um residual. As pesquisas desenvolvidas nas duas décadas seguintes deram

enfoque à explicação desse residual, mas não tiveram muito sucesso. Muitos

estudiosos confirmaram a intuição de Solow de que o residual seria representado

pelas transformações tecnológicas.

Na visão de Pindyck e Rubinfeld (2006), uma das fontes do crescimento de

produtividade são as mudanças tecnológicas, ou seja, o desenvolvimento de novas

tecnologias que permitem um uso mais eficiente dos fatores de produção, como a

mão-de-obra, sendo possível criarem novos bens além de produzirem bens com

melhor qualidade, contribuindo, assim, para o aumento da produtividade.

Segundo Brynjolfsson (1993), a falta de evidência não é evidência da falta de

contribuição positiva de TI para a produtividade. No que diz respeito às pesquisas

que não encontram relação positiva entre TI e produtividade, o autor propõe quatro

explicações. São elas:

- Erros de medida de input e output;

- Defasagem entre custos e benefícios;

- Redistribuição e dissipação de lucros;

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59

- Falhas no gerenciamento da TI.

Apesar de as explicações propostas por Brynjolfsson não serem as únicas

existentes na literatura, são as que, aparentemente, melhor explicam o fenômeno.

2.6.4.1 Erros de medida de input e output

A primeira das explicações é quanto ao erro de medida de input e output, ou

seja, quanto à dificuldade de se estabelecer um indicador preciso para medir as

entradas e saídas. Brynjolfsson (1993) informa que muitos autores enfatizam as

limitações dos dados que são analisados, sendo que os resultados geralmente não

mostram o verdadeiro cenário.

A explicação mais fácil para a baixa produtividade é que ela não está sendo

medida corretamente. É possível perceber na maioria dos estudos realizados sobre

TI que existe alguma contribuição. No entanto muitas vezes essas contribuições não

são capturadas pelas estatísticas.

Para Gurovitz (2001), a carência de medidas confiáveis referente aos gastos

com TI no Brasil é crônica, tendo em vista que empresas de pesquisa mudam a

metodologia de pesquisa com freqüência.

Outros problemas de medição surgem quando produtos novos ou novas

características são introduzidas. Como é difícil encontrar equivalentes para comparar

com o novo produto, as medidas tornam-se difíceis.

Segundo Castells (2001), a produtividade industrial é mais fácil de medir,

possuindo o setor industrial maior incentivo para a difusão tecnológica e menos

resistência para mudanças organizacionais. Já o setor de serviços é de difícil

mensuração devido à grande variedade de atividades, com poucas semelhanças

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entre si, e pela diferente estrutura do setor em cada país. Considerando ainda que o

setor de serviços é responsável pela maior parte dos empregos e do PIB dos países,

seu peso tem um impacto grande na taxa de crescimento da produtividade.

Na visão de Joia (2007), os seguintes obstáculos na avaliação da TI

comprometem as medidas:

- a dificuldade de considerar os resultados intangíveis gerados pela TI. Este

fato dificulta o uso de técnicas utilizadas para avaliação de investimentos,

como por exemplo, a Taxa Interna de Retorno - TIR, o pay-back, o fluxo de

caixa descontado e outras, pois fica difícil montar um fluxo de caixa com base

em resultados intangíveis;

- as empresas vêem muitas vezes a TI como um centro de custos inadmissível,

de maneira que este fato explica a alta taxa de terceirização da TI nas

empresas. Apesar de as empresas entenderem que a TI é necessária, não

conseguem mensurar seu retorno, e por isso acabam terceirizando;

- o fato de a TI diminuir custos e não aumentar receitas, o chamado custo

evitado. No entanto, não são todos os executivos que entendem que evitar

custo pode ser estratégico para as empresas;

- os custos escondidos (hidden costs) e o próprio custo total de propriedade

(Total Cost of Ownership – TCO), ou seja, os executivos esquecem de

considerar despesas decorrentes da aquisição de TI. Por exemplo, um novo

equipamento exige a capacitação de funcionários, o uso de softwares livres

acarreta investimento em treinamento, bem como o custo das licenças dos

softwares proprietários;

- a alta velocidade de depreciação em TI, que é difícil de comparar no mundo

dos negócios. Muitos equipamentos ficam obsoletos rapidamente criando o

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chamado capital de estoque que dificulta as medidas de produtividade.

Conforme Ferreira e Ramos (2004) não existe uma maneira ideal de se medir a

TI. Há variações significativas entre as organizações no que diz respeito ao aumento

de produtividade via TI. Alguns negócios têm retornos financeiros mais rápidos do

que outros. Como os retornos advindos do investimento em TI muitas vezes são

intangíveis, os indicadores tradicionais, como o retorno sobre investimentos (ROI),

não são capazes de demonstrar os melhores resultados. Assim, o uso de

indicadores financeiros não é suficiente para medir a eficácia da TI.

Consoante Dedrick, Gurbaxani e Kramer (2003), o componente hardware é

fácil de medir, mas o mesmo não acontece com o componente software. Segundo os

autores, somente em 1999 o software foi considerado um investimento e não um

gasto nas contas nacionais dos Estados Unidos. Assim, grande parte dos estudos

sobre investimento em TI têm subestimado os retornos da TI, pois consideram

apenas hardware nas suas análises.

2.6.4.2 Defasagem entre custos e benefícios

A segunda explicação é quanto ao retardo nos resultados dos investimentos,

isto é, um investimento em TI não gera resultados a curto prazo, e, portanto a

relação custo e benefício fica prejudicada. Para Brynjolfsson e Hitt (2003), o retorno

do investimento em TI deve ser observado em períodos longos, de cinco a sete

anos. O resultado não é bem percebido quando analisado em períodos curtos, como

de um ano. Também é necessário um tempo para que os trabalhadores aprendam a

usar a TI.

Trabalhos no nível macroeconômico analisam longos períodos de dados para

não apontarem resultados equivocados do investimento em TI por conta da falta de

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observação para análise (DEWAN e KRAEMER, 2000; OLINER e SICHEL, 2003;

GUST e MARQUEZ, 2004).

Consoante Teixeira e Cavalcante (2005), os processos de transição de

tecnologia sofrem descontinuidade. O papel do aprendizado e da difusão tecnológica

é fundamental na relação de ganhos de produtividade e TI. Inovações tecnológicas

básicas levam tempo para tornarem-se visíveis.

Para Castells (2001), existe um enigma no desaparecimento do crescimento da

produtividade na Revolução da TI. Uma das hipóteses apontadas é a demora para

que as descobertas tecnológicas tenham um impacto positivo na produtividade.

Caso semelhante aconteceu no passado com o motor elétrico, que proporcionou

aumento na produtividade somente após 20 anos da sua introdução.

2.6.4.3 Redistribuição e dissipação de lucros

Já a terceira explicação, intitulada de redistribuição, afirma que um aumento de

produtividade em uma área da empresa não reflete em aumento da lucratividade da

empresa como um todo. Ou ainda, que um aumento na lucratividade de um setor da

economia, não reflete aumento na economia do país.

Para Wainer (2003), a TI pode tornar uma tarefa do processo produtivo mais

eficiente, porém pode atrapalhar outra tarefa do mesmo processo produtivo de forma

a gerar um resultado final negativo, ou nulo, que não irá compensar o investimento

realizado em TI.

A TI pode ser benéfica para empresas em particular, mas improdutiva para

indústria como um todo ou a economia nacional. Conforme Wainer (2003), a TI pode

ser benéfica para uma parte da empresa, mas muitas vezes não influencia outras

áreas e não modifica o resultado final da produção.

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Castells (2001) aponta essa tendência na década de 1980, de forma a explicar

o progresso irregular da produtividade, pois houve o crescimento significativo dos

principais setores da economia, como microeletrônica, microcomputadores,

telecomunicações e instituições financeiras, e o declínio de empresas obsoletas que

persistiram em atividades de baixa produtividade. Neste contexto, numa análise na

economia global, tem-se um resultado geral de baixa produtividade, pois a

Revolução da TI deixou alguns setores mais produtivos, mas em contrapartida,

deixou muitos outros menos produtivos.

2.6.4.4 Falhas no gerenciamento da TI

Por último, existe a explicação de que as decisões não estão atingindo os

interesses gerais das empresas, ou seja, a decisão de investir em TI acaba não

gerando o lucro. Assim é comum observar empresas sem uma justificativa formal do

investimento em TI.

Stratopoulos e Dehning (2000) analisaram uma relação de empresas que têm

sucesso com o uso de TI, e verificaram se este sucesso traz um retorno positivo na

performance financeira. Constataram que há pequena correlação entre investimento

em TI e desempenho financeiro. Uma das explicações possíveis para isso são os

projetos de TI ineficientes que muitas vezes são cancelados antes de serem

concluídos, ou são concluídos com valor do orçamento inicial ultrapassado.

Alertaram, ainda, que uma vantagem por conta do uso adequado de TI não se

sustenta por muito tempo, pois os concorrentes podem copiar os projetos.

Os mesmos autores atribuem os resultados de sua pesquisa à falha no

gerenciamento da TI: são gastos muitos dólares sem analisar adequadamente o que

realmente precisa ser solucionado, sendo, portanto, um ato irracional dos gestores,

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que não planejam adequadamente o investimento. A TI não é uma ilha isolada

dentro da organização. Empresas podem investir na mesma tecnologia, mas o

diferencial está em administrar a TI de maneira integrada com os processos de toda

a empresa.

Segundo Menezes e Moura (2004) uma das hipóteses de não terem

encontrado evidências positivas nos investimentos em TI de um banco público

brasileiro, foi que os investimentos em TI não foram suficientemente alinhados com

as metas do negócio. Foram constatados muitos sistemas administrativos e poucos

sistemas voltados para negócio e apoio à decisão, além de muitos terminais de

atendimento ao cliente ociosos e obsoletos. Outro ponto foi que os dados analisados

não foram adequados, considerando as características do banco. Também foi

apontado que houve insistência em processos obsoletos, modelos descentralizados

de desenvolvimento de sistemas de informação e terceirização de serviços de

desenvolvimento de TI sem um acompanhamento adequado, o que deixou o banco

muito dependente da empresa terceirizada.

Segundo Ferreira e Ramos (2004), a utilização da TI só será produtiva se

houver reestruturação do trabalho de forma que seja possível aproveitar melhor a TI,

caso contrário ela pode ser vista apenas como uma ferramenta, sem nenhum valor

estratégico.

Algumas empresas sabem usar TI e têm muito sucesso em seus negócios. É o

caso da Dell Computers, que construiu sua estratégia com base em redes digitais

com seus parceiros; a GM, que configura alguns de seus veículos on demand, o que

evita estoques desnecessários; o Wal-Mart e a Amazon, que utilizam técnicas de

data mining e data warehouse, que permitem a essas empresas se anteciparem aos

seus clientes, criando uma vantagem competitiva. Entretanto, apesar do uso

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claramente bem sucedido, é difícil de saber exatamente o retorno do investimento

em TI nessas empresas (JOIA, 2007).

Outra causa de falha no gerenciamento da TI intitula-se “corrida armamentista”.

Muitas empresas fazem aquisições sem fazer uma análise apurada das suas reais

necessidades. Elas adquirem TI porque o concorrente adquiriu, isto é, as empresas

correm para se munir de TI para não ficar atrás dos concorrentes (POZZEBON e

PETRINI, 2002; WAINER, 2003; JOIA, 2007).

Dessa forma, vê-se que a mera aquisição de TI não concede ao proprietário

vantagem competitiva. O que adiciona valor é o quanto a TI faz parte dos objetivos

da empresa (STRATOPOULOS e DEHNING, 2000). O investimento exagerado em

Tecnologia da Informação também é apontado como um erro no gerenciamento de

TI (ROACH, 1991; DUE, 1994; PINSONNEAULT e RIVARD, 1998; STRASSMANN,

1999, CARR, 2003).

Os investimentos exagerados em TI, a precipitação na aquisição, a falta de

alinhamento estratégico com toda a empresa, o atraso na conclusão dos projetos de

TI, a falta de adaptação dos processos de trabalho são algumas explicações para o

insucesso do investimento em TI.

Em suma, comprar TI, apenas, não parece apontar para ganhos de

produtividade. O que poderia gerar esses ganhos seriam as transformações no

modo de trabalhar por conta do uso da TI.

Wainer (2003) também tem explicações para o Paradoxo da Produtividade. No

Quadro 1 segue uma comparação das explicações do paradoxo dadas por

Brynjolfsson (1993) e Wainer (2003):

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Nível de explicação do

Paradoxo segundo Wainer

(2003)

Explicação detalhada do

Paradoxo segundo Wainer

(2003)

Explicação

correspondente de

Brynjolfsson (1993)

Explicação Macro-

econômica

Estatísticas governamentais

não são apropriadas.

Erros de medida de input

e output

Explicação Inter-

organizacional

Os investimentos têm o

objetivo de competir e não ser

mais produtivo.

Falhas no gerenciamento

da TI

Explicação Organizacional A TI transforma os processos

de trabalho, mas enquanto não

há adaptação dos empregados

ao novo processo, o aumento

de produtividade não aparece.

Defasagem entre custos

e benefícios

Explicação Gerencial Custo da TI é alto. Falhas no gerenciamento

da TI

Explicação baseada em

Programas

Os sistemas de TI são difíceis

de operar e são abandonados

ou mal aproveitados.

Falhas no gerenciamento

da TI

Quadro 1 - Comparações das explicações do Paradoxo da Produtividade dadas por Brynjolfsson (1993) e Wainer (2003)

As duas primeiras colunas do Quadro 1 mostram as considerações de Wainer

(2003) acerca das explicações para o paradoxo, sendo que na primeira coluna são

apresentadas as explicações e na segunda coluna as explicações são detalhadas.

Por fim, a coluna 3 tenta comparar as duas primeiras colunas com as clássicas

explicações de Brynjolfsson (1993).

2.7 UMA REVISÃO DAS METODOLOGIAS DE PESQUISA DO PARADOXO

No Brasil, são raros os trabalhos sobre o Paradoxo da Produtividade,

provavelmente devido à dificuldade na obtenção de dados. Nos Estados Unidos,

cenário de maior estudo sobre o assunto, a situação já é um tanto diferente, pois

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existem instituições norte-americanas, como o Bureau of Economic Analysis - BEA e

o Bureau of Labor Statistics - BLS, que fornecem dados essenciais para as

pesquisas.

Esta seção da pesquisa tem o objetivo específico de apontar os caminhos que

foram seguidos pelos pesquisadores, suas limitações e dificuldades, bem como a

forma que os dados para análise do paradoxo foram obtidos, tendo em vista que as

metodologias utilizadas nos estudos sobre investimento em TI e produtividade são

diversas e polêmicas.

Consoante Pozzebon e Petrini (2002), os primeiros estudos empíricos sobre os

investimentos em TI exibiam análises simples da relação entre desempenho

empresarial e uso de computadores. Os primeiros estudos baseavam-se em

metodologias muito simples, compostas por um pequeno número de variáveis, não

incluindo informações sobre outros fatores e não fazendo nenhuma diferenciação no

nível de análise das variáveis de input e output das metodologias adotadas. O

desempenho era avaliado por meio de poucas variáveis, por exemplo, total de

vendas em relação ao número de computadores adquiridos em um determinado

período. Todos os demais fatores que poderiam influenciar o processo eram

ignorados por esta metodologia. Esse exemplo é representativo de um grande

número de estudos, e não é surpreendente, portanto, que resultados pouco

consistentes tenham sido obtidos.

Com o passar do tempo, os estudos sobre os impactos da TI começaram a

demonstrar uma maior preocupação com a complexidade da realidade, produzindo

metodologias mais completas que analisam mais variáveis.

Para Mahmood e Mann (1993), existe uma grande quantidade de

metodologias utilizadas pelos estudiosos do paradoxo para medir o investimento em

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TI, não havendo consenso em torno de um padrão de análise. Os autores pontuam

que as pesquisas sobre o paradoxo não utilizam uma medida única, sendo

necessárias várias medidas para capturar a verdadeira relação entre o investimento

em TI e o desempenho das empresas. Uma das maiores dificuldades dos

pesquisadores é definir como medir o investimento em TI. Para os autores, as

pesquisas que encontram fraca relação de TI com o desempenho das empresas,

devem ter seus resultados re-investigados com outros exemplos.

Conforme Maçada (2001), o desenvolvimento de métodos e técnicas para

avaliar os impactos da TI é uma tarefa desafiadora e difícil. No entanto, isto passa a

ser um elemento-chave para que, no futuro, as empresas melhorem a sua

capacidade de medir e identificar os impactos da TI na eficiência organizacional.

Para Wainer (2003), os investimentos em TI podem ser medidos pelo ROI

(return on investment), que é a relação do dinheiro ganho e do que foi investido. Um

exemplo hipotético pode ser dado com um ROI de 50%. Esta porcentagem indica

que, a cada ano, espera-se ganhar 50% do que foi investido. Dessa forma, após

dois anos, os investimentos feitos começariam a serem saldados. Desse ponto em

diante viriam os lucros. No entanto, esta metodologia não é própria para a análise do

paradoxo.

Conforme Moraes, Bobsin e Lana (2006), há uma deficiência de métodos

robustos para avaliar impactos da TI. Segundo os autores, no cenário nacional,

existem poucos periódicos na área de Tecnologia da Informação, ficando

praticamente restrito a congressos e a periódicos de administração que possuem

seções para a área de TI. Uma das características comuns das pesquisas realizadas

na área é de que existe uma falta de padronização para mensurar os investimentos

de TI e o desempenho organizacional.

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Segundo Menezes e Moura (2004), para fazer o cálculo da produtividade, é

necessário identificar os melhores produtos e insumos a utilizar e verificar se os

dados estão disponíveis. O tipo de produto e insumo a analisar vai depender do

âmbito da análise da produtividade, que pode ser no nível da empresa, no nível de

setor da economia ou ainda no nível nacional e internacional. Os autores alertam

que produtividade não é apenas sinônimo de eficiência (fazer certo as coisas), mas

também é sinônimo de eficácia (fazer as coisas certas).

2.7.1 A Função de Produção

Um dos métodos mais usados para o estudo das relações entre o investimento

em TI e a produtividade se dá por meio da função de produção, que é extraída da

Teoria da Produção.

Antes de descrever função de produção, cabe reforçar alguns conceitos que

têm ligação com este método.

Os fatores de produção são bens ou serviços transformáveis em produção, ou

ainda, são quaisquer bens ou serviços utilizados na obtenção de um produto final.

É importante lembrar que os termos insumo e fatores de produção, embora não

devam ser considerados sinônimos perfeitos, são substitutos muito próximos.

Normalmente consideram-se insumos todas as coisas que a empresa adquire para

poder realizar o seu processo produtivo. A expressão fatores de produção, mais

comumente, identifica os serviços produtivos, terra, capital e trabalho (CONTADOR,

1998).

Outro conceito relevante é o conceito de produção. Produção pode ser

considerada a transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produtos para

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a venda no mercado ou, ainda, a transformação de bens e serviços em outros bens

e serviços. As palavras "produção" e "produto" podem ser consideradas como

sinônimos perfeitos (GARÓFALO e CARVALHO, 1981).

Segundo Garófalo e Carvalho (1981), o empresário, ao decidir o que, como e

quanto produzir, e assim iniciar o processo produtivo, vai, na medida das respostas

advindas do mercado consumidor, variar a quantidade utilizada dos fatores, para

com isso variar a quantidade produzida do produto. Esse tipo de ação do empresário

não é, todavia, totalmente independente, sendo sujeita a restrições econômicas,

financeiras etc. Desta forma, a relação entre o que é produzido e os fatores de

produção é expressa na função de produção.

A função de produção identifica a forma de solucionar os problemas técnicos

da produção, por meio da apresentação das combinações de fatores que podem ser

utilizados para o desenvolvimento do processo produtivo. A função de produção

pode ser definida como a relação entre a quantidade física dos fatores e a

quantidade física do produto, ou também pode ser considerada como sendo a

relação que indica quanto se pode obter de um ou mais produtos a partir de uma

dada quantidade de fatores (MOREIRA, 1994).

Assim, é oportuno conceituar o processo de produção. Compreende um

processo de produção a técnica por meio da qual um ou mais produtos vão ser

obtidos a partir da utilização de determinadas quantidades de fatores de produção

(GARÓFALO e CARVALHO, 1981).

É possível observar, pelos conceitos apresentados, que a função de produção

indica o máximo de produto que se pode obter com as quantidades dos fatores, uma

vez escolhido o processo de produção mais conveniente. A diferença entre os

conceitos de função de produção e processo de produção é extremamente sutil. O

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processo de produção, na realidade, indica quanto de cada fator se faz necessário

para obter certa quantidade de produto. Por sua vez, a função de produção indica o

máximo de produto que se pode obter a partir de uma dada quantidade de fatores,

mediante a adequada escolha do processo de produção (GARÓFALO e

CARVALHO, 1981). Nota-se, pois, que, na noção de função de produção, já está

implicitamente admitida a idéia de escolha do melhor processo de produção.

Discutidas as diferenças conceituais entre função de produção e processo de

produção, é possível agora passar para a representação analítica da função de

produção. Normalmente, na análise microeconômica, considerando o conceito de

função de produção já apresentado, é possível, representá-la da seguinte maneira:

Q= f(X1,X2,X3,...Xn)

onde Q é a quantidade ou valor produzido do bem e X1,X2,X3,...Xn identificam

as quantidades ou valores utilizados de diversos fatores, respeitado o processo de

produção mais eficiente escolhido.

Consoante a Teoria da Firma, o objetivo da empresa é obter a máxima

produção possível em face da utilização de certa combinação de fatores, sendo que

a função de produção é uma ferramenta adequada para o estudo da melhor

combinação possível. O conceito de função de produção pode ser aplicado a um

produto, a um serviço, a uma empresa, a um setor da economia ou mesmo a toda

uma economia.

Na visão de Pindyck e Rubinfeld (2002), a relação entre os insumos do

processo produtivo e o produto resultante é descrita como função de produção.

Simplificando, a Teoria da Produção adota que há apenas dois insumos: trabalho e

capital, sendo que é possível escrever a expressão da função de produção como:

Q=f(K,L).

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72

Esta equação mostra que a quantidade de produto depende da quantidade de

dois insumos, ou seja, capital e trabalho. Um exemplo pode ser dado com uma

fábrica de computadores. A função de produção poderia descrever o número de

computadores pessoais que poderiam ser produzidos a cada ano por uma empresa

que possui uma fábrica com 1.000 metros quadrados e um determinado número de

empregados na linha de montagem.

Segundo Moreira (1994) a função de produção tem algumas restrições como,

por exemplo:

- considerando uma determinada combinação de insumos, na prática não se

conhece quais são as produções máximas associadas. Quando é feito o ajuste com

uma função de produção a partir de dados de input e output, considerando a

tecnologia disponível, é possível alcançar uma média e não a melhor prática que

levaria à produção máxima;

- na prática, a função de produção tem assumido a forma Q=f(K,L). No entanto

esta forma não considera os demais insumos diferentes do capital e trabalho. A

função de produção deveria assumir a forma Q=f(K,L,X) em qualquer instante, onde

X representaria todos os demais insumos que não fossem o capital e o trabalho. Não

se trata evidentemente de uma impossibilidade da Teoria da Produção, mas sim de

uma restrição prática por conta da indisponibilidade de encontrar registros

sistematizados de insumos intermediários, como energia e matéria-prima. No

entanto, esta omissão pode representar algum perigo nas conclusões, levando a

índices de produtividade diferentes dos reais;

- considerando que uma função de produção é definida para processos

unitários e bem delineados de produção, isto é, é definida em termos

microeconômicos, não há segurança de que ela exista em níveis mais altos de

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agregação, tendo em vista os possíveis produtos diferentes e insumos diferentes;

- não é fácil utilizar funções de produção relativamente complexas do ponto de

vista matemático, pois os parâmetros tendem a se tornar muito sensíveis a

pequenas variações nas séries originais, sendo que pequenos erros nos dados

podem adulterar completamente estes parâmetros. Assim, não é por acaso que boa

parte das pesquisas utiliza funções mais simples, como a do tipo Cobb-Douglas.

Nesse contexto, a próxima seção traz um resumo sobre a função de produção

Cobb-Douglas, bem como alguns exemplos de estudos que já usaram esta função.

2.7.1.1 A Função de Produção Cobb-Douglas

Segundo Moreira (1994), a função de produção Cobb-Douglas é simples e de

fácil manipulação matemática, sendo amplamente usada na literatura para estudos

sobre produtividade baseada em TI.

A função de produção Cobb-Douglas foi desenvolvida por Charles Cobb e Paul

Douglas, e, na sua proposição inicial, insere-se na classe de funções de produção

homogêneas e lineares (GARÓFALO e CARVALHO, 1981). Em especial, a função

de produção Cobb-Douglas tem sido o melhor método usado no estudo dos retornos

de investimento em TI.

Segundo Moreira (1994), a mais utilizada das funções de produção foi

popularizada por Cobb e Douglas no artigo intitulado “A Theory of Production”

publicado no “The American Economic Review” em 1928, daí a sua denominação de

função de produção Cobb-Douglas. Desde então, seguiu-se um sem-número de

trabalhos, inicialmente voltados ao estudo da distribuição de renda entre capital e

trabalho e, mais tarde, à determinação da produtividade.

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74

Para facilitar e simplificar a apresentação inicial considera-se apenas dois

insumos: trabalho e capital. Nessas condições, a função de Cobb-Douglas é descrita

como: Q = A Lα Kβ, onde Q é o valor da produção, L e K são, respectivamente,

trabalho e capital. As grandezas A, α e β são constantes determinadas pela

tecnologia. Se α + β = 1, a produção varia na mesma proporção em que o trabalho e

capital variam e, nesse caso, teríamos o que se conhece por “retornos constantes de

escala”. Exemplo: se L e K fossem aumentados em 20%, Q aumentaria 20%. Se α +

β < 1, significa que os retornos de escala estão diminuindo, isto é, a variação na

produção seria inferior à variação do capital e trabalho, a chamada “deseconomia de

escala”. Por fim, se α + β > 1, os retornos de escala estão aumentando, ou seja, a

produção estaria variando numa proporção maior do que o capital e trabalho. Esse

último caso é denominado “economia de escala” (MOREIRA, 1994).

2.7.1.2 Exemplos do uso da Função de Produção Cobb-Douglas

Os estudos sobre investimento em TI usando a função de produção Cobb-

Douglas costumam separar os componentes de despesas de capital e trabalho de TI

dos componentes não-TI, gerando quatro parâmetros, que são usados para fazer

comparações sobre a produtividade baseada em TI. Assim, a função de produção

Cobb-Douglas toma uma forma expandida em relação a forma original (LOVEMAN,

1988; BRYNJOLFSSON e HITT, 1996; PRASAD e HARKER, 1997;

BRYNJOLFSSON e HITT, 2003; MENEZES e MOURA, 2004).

Conforme citado anteriormente, Menezes e Moura (2004) analisaram um banco

público brasileiro de codinome Banco Delta, sendo adotada uma análise longitudinal,

em um período de 8 anos.

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A função de produção Cobb-Douglas tomou a seguinte forma no trabalho de

Menezes e Moura (2004), que é semelhante aos demais estudos sobre investimento

em TI:

Q = eβ0 Cβ1 Kβ2 Sβ3 Lβ4 Onde: Q = produto da empresa C = Capital de TI K = Capital não-TI S = Investimento em Trabalho de TI L = Investimento em Trabalho não-TI

O estudo foi possível na medida em que os dados estavam disponíveis para

análise, pois a maioria dos bancos separam os investimentos TI dos investimentos

não-TI, por conta dos altos valores envolvidos na informatização de suas operações.

A conclusão do trabalho de Menezes e Moura (2004) confirma o paradoxo da

produtividade no caso do Banco Delta. Pelo menos duas explicações podem ser

apresentadas para o resultado obtido: erro de gerenciamento de TI e má escolha

dos produtos para mensurar, no caso depósitos e empréstimos, ou seja, erros de

medida de input e output.

Prasad e Harker (1997) analisaram o efeito do investimento da TI na

produtividade e lucratividade de 47 bancos varejistas dos Estados Unidos. Eles

usaram a função de produção Cobb-Douglas para separar os inputs capital TI de

capital não-TI, e trabalho TI de trabalho não-TI, gerando, portanto, 4 inputs. Uma

limitação desse estudo, conforme já ressaltavam Brynjolfsson e Hitt (2003), é que

apenas 3 anos foram analisados, de 1993 a 1995, portanto um período curto.

Conforme representado na Equação 1, a seguir, a função de produção Cobb-

Douglas tomou a seguinte forma no trabalho de Prasad e Harker (1997):

Q = eβ0 Cβ1 Kβ2 Sβ3 Lβ4 (1)

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Onde: Q = produto da empresa C = Capital TI K = Capital não-TI S = Trabalho TI L = Trabalho não-TI e β1, β2, β3 e β4 são as elasticidades dos produtos associados

Para propósitos de estimação, Prasad e Harker (1997) “linearizaram” a função

tomando logaritmos e adicionando um termo de erro. Além disso, seguindo

Brynjolfsson e Hitt (1996), realizaram a estimativa usando um sistema de três

equações, uma para cada ano:

Log(Q93) = β93 + β1Log(C93)+ β2Log(K93) + β3Log(S93)+ β4Log(L93)+ ε93 (2a)

Log(Q94) = β94 + β1Log(C94)+ β2Log(K94) + β3Log(S94)+ β4Log(L94)+ ε94 (2b)

Log(Q95) = β95 + β1Log(C95)+ β2Log(K95) + β3Log(S95)+ β4Log(L95)+ ε95 (2c)

onde Q, C, K e L e β1 a β4 estão definidos na Equação 1, e ε93 a ε95 são os termos

de erro.

A conclusão do trabalho de Prasad e Harker (1997) foi que os investimentos

adicionais em TI não representaram benefícios para os bancos, mas que os

investimentos são necessários para manter os bancos competitivos. Contudo, o

resultado da pesquisa indica que a ênfase do investimento deve ser no insumo

trabalho e não nas máquinas.

Brynjolfsson e Hitt (1996) também usaram a função de produção Cobb-Douglas

de maneira a separar capital TI de capital não-TI e trabalho TI de trabalho não-TI. No

entanto, a dificuldade novamente aparece, pois é difícil encontrar uma distinção

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clara e homogênea entre capital TI e capital não-TI, e entre trabalho TI e trabalho

não-TI. Os autores usaram dados de duas instituições norte-americanas, o

International Data Group - IDG e a Compusat II. Cabe destacar que os autores

consideraram apenas hardware para expressar capital TI, deixando de considerar

software e telecomunicações.

Loveman (1988) também usou a função de produção Cobb-Douglas,

separando os insumos TI dos insumos não-TI. Os dados foram obtidos pelo

Management Productivity and Information Technology - MPIT. O autor analisou

empresas dos Estados Unidos e da Europa Ocidental entre os anos de 1978 a 1984.

No geral, o autor não encontrou resultados positivos do investimento em TI na

produtividade.

Para Oliner e Sicher (2000), alguns estudos anteriores consideraram como TI

somente o hardware e software. No entanto, com as inovações, as

telecomunicações devem ser consideradas nas análises atuais. No estudo de Oliner

e Sicher (2000), os dados estatísticos das instituições norte-americanas foram

fornecidos pelo Bureau of Economic Analysis - BEA e o Bureau of Labor Statistics -

BLS.

Brynjolfsson e Hitt (2003) usaram na função de produção apenas 3 inputs:

capital não-TI, capital TI e trabalho, ou seja, os autores não dividiram o input trabalho

em trabalho TI e trabalho não-TI. Os dados foram fornecidos pelo Bureau of

Economic Analysis - BEA, pelo Bureau of Labor Statistics - BLS e pelo International

Data Group - IDG. Para os autores, a pesquisa apontou resultados confiáveis por

conta do uso da função de produção Cobb-Douglas.

Page 78: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

78

2.7.2 A Metodologia Data Envelopment Analysis - DEA

A maioria dos estudos no âmbito nacional sobre o impacto do investimento em

TI no desempenho organizacional das empresas utiliza a técnica Data Envelopment

Analysis – DEA, semelhante à função de produção Cobb-Douglas em alguns

aspectos.

Cabe ressaltar que a técnica DEA é geralmente usada para analisar o

desempenho das empresas, ou seja, não é utilizada para analisar apenas a

produtividade, apesar de a produtividade ser um indicador de desempenho. Além

disso, a palavra desempenho muitas vezes é citada com o sentido de eficiência ou

performance.

Segundo Davis, Aquilano e Chase (2001), entre os indicadores de desempenho

estão a produtividade, capacidade, qualidade, velocidade de entrega, flexibilidade,

velocidade do processo e benchmarking.

Para Filho e Milioni (2004), as empresas têm se preocupado com suas

unidades instaladas em diferentes cidades, com receitas diferentes, considerando

que estão em mercados diversos. Saber como avaliar a eficiência dessas unidades é

de grande valia para as empresas que querem se manter competitivas no mercado.

Fatores como público, nível de renda, perfil do consumidor são questões que podem

afetar a venda de cada unidade.

Grandes redes comerciais instalam suas unidades em diferentes locais

buscando diferentes mercados. Desta forma é relevante avaliar estas unidades

comerciais (chamadas de DMU´s, sigla em inglês para Decision Making Units). A

metodologia chamada Análise de Envoltória de Dados, ou simplesmente DEA (da

sigla em inglês, Data Envelopment Analysis) permite realizar o cálculo da eficiência

Page 79: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

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relativa de cada DMU.

Maçada (2001) utilizou esta metodologia em sua tese, com o objetivo de medir

a eficiência dos bancos brasileiros. Conforme citado anteriormente, o autor analisa

dados fornecidos pelo Banco Central do Brasil de 41 bancos brasileiros do período

compreendido entre os anos de 1995 a 1999.

O estudo de Maçada (2001) apontou que os bancos que mais investiram em TI

ganharam eficiência ao longo do tempo. A metodologia DEA permitiu detectar os

bancos que conseguiram atingir a eficiência máxima em relação à amostra

analisada.

As primeiras aplicações do DEA incluíam análises em farmácias, força aérea

americana, agências de correios, manutenção, mineração, esportes etc. Entretanto,

a indústria bancária tem recebido especial atenção por parte dos pesquisadores.

Algumas experiências apresentadas por pesquisadores revelam que a seleção

adequada de fatores de input e de output é a questão mais importante na utilização

do DEA para medir a eficiência de qualquer tipo de empresa. A seleção de fatores é

uma tarefa que deve ser desenvolvida com constante feedback, ou seja, não há

exatamente uma conduta linear a ser seguida.

Em uma fase da pesquisa de Maçada (2001), foram escolhidos contadores

para selecionar nas contas de balanço quais os inputs e outputs mais adequados

para analisar, pois os valores de investimentos em TI devem ser cuidadosamente

extraídos do balanço contábil para não ocorrerem conclusões imprecisas. É

necessária uma atenção especial neste sentido. Considere-se, como exemplo

prático, a escolha do input trabalho para análise. O que melhor representa o trabalho

dentro de uma empresa? Algumas pesquisas apontam gastos com pessoal, outras

pesquisas indicam gastos de TI com os funcionários, outras utilizam horas

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trabalhadas, e outras ainda apenas o número de funcionários. Existem estudos que

apontam horas trabalhadas dos empregados como a melhor alternativa do input

trabalho (PRASAD e HARKER, 1997).

Outra pesquisa nacional, também sobre o setor bancário, e que também usa a

metodologia DEA, é a de Becker, Lunardi e Maçada (2003). Nessa pesquisa, avalia-

se a eficiência de 74 bancos brasileiros, destacando-se os investimentos realizados

em TI. Uma particularidade dessa pesquisa é a utilização de dados apenas do ano

de 2000. Os dados dos bancos foram fornecidos pelo Banco Central do Brasil.

Segundo os autores, a metodologia DEA vem sendo utilizada como uma

alternativa aos modelos econométricos tradicionais no desenvolvimento de

pesquisas e na obtenção de respostas mais concretas para a análise do impacto dos

investimentos em TI nas empresas.

Existe um interesse crescente com relação à mensuração e comparação da

eficiência de unidades organizacionais de mesmo tipo, como departamentos,

hospitais, escolas e bancos.

A medida de eficiência usualmente utilizada é uma razão entre uma soma

ponderada de output e uma soma ponderada de input.

Na conclusão de Becker, Lunardi e Maçada (2003), os bancos que mais

investiram em TI apresentaram melhores índices de eficiência, resultado semelhante

ao encontrado por Maçada (2001). Contudo, foi possível observar que alguns

bancos, apontados como os maiores investidores de TI, apresentaram baixas taxas

de eficiência. Uma explicação pode ser dada pela falha no gerenciamento da TI. No

entanto, seria necessária uma análise longitudinal para afirmar com segurança esta

hipótese.

Page 81: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

81

2.8 O PARADOXO DA PRODUTIVIDADE: VINTE ANOS DEPOIS

Ao longo da Era da Informação, houve uma evolução considerável da TI. No

entanto, a relação com a produtividade começou a ser positiva somente na década

de 1990, conforme as pesquisas de Brynjolfsson.

Em geral, os trabalhos internacionais analisados nesta revisão da literatura

sobre o paradoxo apresentaram relação positiva do investimento de TI com a

produtividade, principalmente nos Estados Unidos. Observou-se que os trabalhos

destacaram que uma infra-estrutura tecnológica de TI é um dos grandes

responsáveis pelo avanço tecnológico de uma nação.

Também foi possível identificar nos trabalhos internacionais que a legislação

pode influenciar, significativamente, no avanço da produtividade das nações. Uma

legislação que dificulta a abertura de uma empresa de tecnologia ou que tem altas

taxas de impostos pode dificultar o avanço do país, pois o setor de tecnologia é

muito dinâmico e precisa de uma legislação flexível para acompanhar as novas

tendências do mercado. Com uma legislação flexível para TI, as tecnologias

obsoletas que atravancam a evolução tecnológica poderão ser substituídas com

mais agilidade, proporcionando um avanço tecnológico mais dinâmico.

A análise dos trabalhos dos autores internacionais que confirmam ou refutam o

paradoxo evidenciou que os resultados que confirmam o paradoxo devem ser

divulgados de forma prudente, tendo em vista que a Revolução da TI já trouxe

grandes benefícios para a humanidade. No entanto, estes benefícios podem ser

difíceis de mensurar e, assim, Brynjolfsson (1993) enfatiza que os autores que

encontrarem relação negativa ou nula entre TI e produtividade, devem ressaltar as

limitações de suas pesquisas, como por exemplo, a dificuldade em medir as

contribuições intangíveis que a TI proporciona (BRYNJOLFSSON e HITT, 2000;

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82

JOIA, 2007; SAUNDERS e BRYNJOLFSSON, 2007).

A pesquisa de trabalhos que analisam o paradoxo no cenário brasileiro ficou

quase restrita a trabalhos enfocando instituições financeiras. Os resultados foram

divididos, havendo pesquisas que confirmam e outras que refutam o paradoxo.

Contudo, ficou evidenciado que existem benefícios da TI nas instituições financeiras

e o investimento nesse setor é um dos mais altos da economia.

Foram também comparadas as pesquisas analisadas nesta revisão de

literatura com relação às quatro explicações para a existência do paradoxo, definidas

por Brynjolfsson (1993), bem como as metodologias utilizadas que verificam a

relação entre TI e produtividade.

Em relação a revisão das metodologias utilizadas em estudos sobre o

investimento em TI, aquelas de foco internacional, em sua maioria, utilizam a função

de produção Cobb-Douglas para analisar o Paradoxo da Produtividade na sua forma

clássica. Outra metodologia apontada nas pesquisas foi a metodologia DEA, que

abordou, na grande maioria, estudos no setor bancário do Brasil.

Observou-se que ambas as metodologias necessitam de dados acurados para

obterem conclusões confiáveis. A seleção adequada de inputs e outputs é

fundamental para se obter bons resultados. Mesmo nos Estados Unidos, onde o

registro das informações é realizado há mais tempo, existem ainda deficiências que

comprometem os resultados das análises do Paradoxo da Produtividade.

Também se percebeu a falta de pesquisas clássicas sobre o paradoxo no

Brasil e supõe-se que o motivo desta carência seja a falta de dados ou a dificuldade

de acesso a eles.

Por fim, apesar de a grande limitação nos estudos sobre investimento em TI

ser a falta de dados sistematizados, Saunders e Brynjolfsson (2007) indicam que,

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atualmente, existem muitos dados disponíveis na economia. A questão agora é

quanto ao melhor tratamento e manipulação desses dados, de maneira a extrair

evidências sobre os benefícios que a TI proporciona às empresas.

Dessa forma, considerando a importância dos dados para o desenvolvimento

dos estudos sobre investimento em TI, as próximas seções trazem um breve resumo

sobre a fonte de dados desta dissertação.

2.9 O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE

Esta seção descreve de forma breve o histórico da Fundação Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, tendo em vista que foi essa fundação

que forneceu os dados para esta pesquisa. O IBGE é uma fundação pública

vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, instituída nos termos

do Decreto-Lei nº 161, de 13 de fevereiro de 1967, com duração indeterminada, e

sede e foro na cidade do Rio de Janeiro.

O IBGE se constitui no principal provedor de dados e informações do país,

que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem

como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal. A

missão do IBGE é "Retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento

da sua realidade e ao exercício da cidadania" (IBGE, 2007a).

O IBGE oferece uma visão completa e atual do Brasil por meio do

desempenho de suas principais funções, entre elas: produção e análise de

informações estatísticas; coordenação e consolidação das informações estatísticas;

produção e análise de informações geográficas; coordenação e consolidação das

informações geográficas; estruturação e implantação de sistemas de informações

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ambientais; documentação e disseminação de informações e coordenação dos

sistemas estatísticos e cartográficos nacionais (IBGE, 2007a).

Durante o período imperial, o único órgão com atividades exclusivamente

estatísticas era a Diretoria Geral de Estatística, criada no ano de 1871. Com o

advento da República, o governo sentiu necessidade de ampliar essas atividades,

principalmente depois da implantação do registro civil de nascimentos, casamentos e

óbitos.

Com o passar do tempo, o órgão responsável pelas estatísticas no Brasil

mudou de nome e de funções algumas vezes até 1934, quando foi extinto o

Departamento Nacional de Estatística, cujas atribuições passaram aos ministérios

competentes (IBGE, 2007a).

A falta de um órgão capacitado a articular e coordenar as pesquisas

estatísticas, unificando a ação dos serviços especializados em funcionamento no

País, contribuiu para criação, em 1934, do Instituto Nacional de Estatística - INE, que

iniciou suas atividades em 29 de maio de 1936. No ano seguinte, foi instituído o

Conselho Brasileiro de Geografia, incorporado ao INE, que passou a se chamar,

então, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007a).

Nesse contexto, a mais de 70 anos o IBGE oferece diversos serviços para a

sociedade, como por exemplo: identifica e analisa o território nacional, conta a

população, mostra como a economia evolui por meio do trabalho e da produção das

pessoas, revelando ainda como elas vivem.

Atualmente, as atribuições do IBGE são ligadas às geociências e estatísticas

sociais, demográficas e econômicas, o que inclui realizar censos e organizar as

informações obtidas nesses censos, para suprir órgãos das esferas governamentais

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federal, estadual e municipal, para outras instituições e para o público em geral.

O IBGE conta com quatro Diretorias na sua Estrutura Organizacional. A

primeira é a Diretoria Executiva que exerce atividades de coordenação geral da

Instituição. As pesquisas e trabalhos de natureza estatística são atribuições da

Diretoria de Pesquisas. A terceira é a Diretoria de Geociências, que produz

informações voltadas para avaliação do território nacional, e a quarta é a Diretoria de

Informática, que visa administrar a base de dados do Instituto.

Dentre as várias pesquisas coordenadas pela Diretoria de Pesquisas do IBGE

estão aquelas que abordam a economia do setor industrial do País. Entre elas está a

Pesquisa Industrial Anual – PIA-Empresa, que será detalhada na próxima seção

desta dissertação; a Pesquisa Industrial Anual - PIA-Produto, que apresenta as

quantidades produzidas e vendidas e os valores de produção e de vendas dos

produtos e serviços industriais gerados no País; a Pesquisa de Inovação

Tecnológica - PINTEC, que visa fornecer informações para a construção de

indicadores nacionais e regionais das atividades de inovação tecnológica das

empresas brasileiras; a Pesquisa Anual da Indústria da Construção - PAIC que

reúne um conjunto de informações econômico-financeiras que permitem estimar as

características estruturais básicas do segmento empresarial da atividade da

construção no País, entre outras pesquisas permanentes.

Vários dos serviços oferecidos pelo IBGE são acessíveis por meio do site da

fundação. Um dos serviços é o Sistema IBGE de Recuperação Automática de Dados

- SIDRA, que consiste em um banco de dados numéricos mantido pelo IBGE, com

apresentação de tabulações especiais de informações estatísticas, geográficas,

cartográficas e ambientais do Brasil.

O IBGE também disponibiliza os sites Cidades@, Estados@ e Países@ que

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86

são ferramentas para se obter informações sobre os diversos pontos geográficos do

País e do Mundo. Além das informações geográficas, o IBGE também é responsável

pelos seguintes índices econômicos: Índice Nacional de Preços ao Consumidor -

INPC, Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA e o Índice Nacional da

Construção Civil - INCC.

Os dados das inúmeras pesquisas do IBGE podem ser acessados de

diversas formas. Entre os acessos virtuais públicos estão o site institucional

www.ibge.gov.br, o sistema SIDRA dentro do site institucional e ainda o endereço

ftp://ftp.ibge.gov.br/.

2.10 A PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL - PIA

A presente pesquisa utiliza dados da Pesquisa Industrial Anual - PIA que é

uma das várias pesquisas permanentes do IBGE. Cabe pontuar que um dos

objetivos da PIA é medir os níveis de produtividade do trabalho e de intensidade

de capital (grifo nosso), o que vem ao encontro dos objetivos desta pesquisa.

Assim, esta seção descreve a Pesquisa Industrial Anual.

Segundo IBGE (2007b), a PIA constitui a mais completa fonte de informações

estatísticas sobre o setor industrial brasileiro, fornecendo aos órgãos

governamentais e privados subsídios para o planejamento e para a tomada de

decisão e, aos usuários em geral, informações para estudos setoriais mais

aprofundados.

Cabe ressaltar que o IBGE possui duas Pesquisas Industriais Anuais

semelhantes, que vão juntas a campo, porém com objetivos diferentes. As pesquisas

em questão são a PIA-Empresa e a PIA-Produto. A PIA-Empresa é voltada à

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87

identificação de questões relativas ao desempenho das unidades produtivas, e a

PIA-Produto é voltada à identificação da composição da produção industrial por tipo

de produto (IBGE, 2007b).

A PIA tem por objetivo identificar as características estruturais básicas do

segmento empresarial da atividade industrial no país bem como suas

transformações no tempo, por meio de levantamentos anuais, tomando como base

uma amostra de empresas industriais (IBGE, 2005a). Também são objetivos da PIA:

- caracterizar a estrutura industrial brasileira;

- disponibilizar a base de dados para o tratamento das atividades das

indústrias extrativas e de transformação no Sistema de Contas Nacionais,

inclusive em sua abordagem regional;

- possibilitar análises da indústria brasileira sobre outras óticas, isto é, estudos

setoriais, medições de níveis de produtividade do trabalho, de intensidade de

capital e dos níveis de concentração nas várias atividades industriais,

diversificação setorial, e distribuição espacial da atividade industrial; e

- constituir o núcleo de informações em torno do qual se articulam as demais

pesquisas do subsistema de estatísticas das indústrias extrativas e de

transformação.

A série histórica da PIA teve início em 1966. No ano de 1996 a PIA foi

reorganizada com substanciais mudanças de método de trabalho e procedimentos

operacionais, propiciadas inclusive pela absorção de tecnologias mais avançadas de

informática e comunicação para o auxílio na pesquisa, gerando a PIA-Empresa e a

PIA-Produto (IBGE, 2004). Desde 1996 as pesquisas são anuais e por esta razão

esta pesquisa analisou dados a partir de 1996 para acompanhar a mesma

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metodologia da PIA-Empresa.

O âmbito da PIA inclui as empresas industriais que atenderam aos seguintes

requisitos: estar em situação ativa no Cadastro Central de Empresas - CEMPRE, do

IBGE; ter atividade principal compreendida nas seções C e D (Indústrias Extrativas e

Indústrias de Transformação, respectivamente) da Classificação Nacional de

Atividades Econômicas - CNAE, ou seja, estar identificada no CEMPRE com código

CNAE nestas duas seções e estar sediada em qualquer parte do Território Nacional.

Para coleta de dados a PIA-Empresa conta com 3 instrumentos, sendo:

questionário completo, questionário simplificado e folha de atualização cadastral.

O questionário completo (Anexo A) destina-se às empresas que possuíam

mais de 30 pessoas ocupadas em 31 de dezembro do ano da pesquisa. São as

variáveis desse questionário que foram usadas nesta pesquisa. O questionário

simplificado destina-se às empresas que possuíam de 1 a 29 pessoas ocupadas em

31 de dezembro do ano da pesquisa. E, por último, a folha de atualização cadastral -

FAC tem o objetivo de manter atualizado o cadastro da PIA-Empresa e é aplicada

nos casos onde se caracterizar uma não coleta.

Em linhas gerais, as empresas industriais no âmbito da PIA estão

organizadas juridicamente como entidades empresariais, sob os seguintes estatutos:

empresa pública, sociedade de economia mista, sociedade anônima aberta,

sociedade anônima fechada, sociedade empresária limitada, sociedade empresárias

em nome coletivo, sociedade empresárias em comandita simples, sociedade

empresárias em comandita por ações, sociedade em conta de participação, e, ainda,

empresários com atividade econômica, equiparados pelo Cadastro Nacional da

Pessoa Jurídica - CNPJ como pessoa jurídica, e algumas Cooperativas (IBGE,

2005b).

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Conforme IBGE (2004), a PIA referente ao período 1966-1995 passou por

várias mudanças metodológicas. De 1966 a 1969, o painel da PIA foi configurado

para cobrir os estabelecimentos que respondiam por cerca de 90% do valor da

produção; em 1971 não foi divulgada a PIA; de 1972 a 1979, o painel da PIA passou

a incluir os estabelecimentos com cinco ou mais pessoas ocupadas; a partir de

1981, a pesquisa passou a ter desenho amostral probabilístico, com a introdução, a

partir de 1986, de amostras independentes para as duas óticas de investigação: a

empresa e a unidade local.

A PIA, na primeira metade da década de 1990 sofreu mudanças por conta da

não disponibilidade de recursos financeiros. A redução da amostra e a redução do

número de variáveis para garantir a agilidade da pesquisa foram ações do IBGE que

marcaram a pesquisa até 1995 (IBGE, 2005b).

No ano de 1996 a PIA foi totalmente reformulada, passando a ser realizada

anualmente. Daquele ano em diante, com a divisão da PIA em PIA-Empresa e PIA-

Produto, a PIA-Empresa sofreu poucas mudanças, o que possibilitou desagregar

dados do seu questionário completo para um longo período, ou seja, de 1996 a

2005, e permitiu realizar a Análise do Impacto da Tecnologia da Informação na

Produtividade do Setor Industrial do Vale do Paraíba Paulista.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia da presente pesquisa foi elaborada da seguinte forma:

primeiramente são apresentados os aspectos quanto a natureza da pesquisa; em

seguida são apresentados os procedimentos realizados para o levantamento dos

dados. Nas seções seguintes são apresentadas as variáveis coletadas para a

presente pesquisa e sua relação com a função de produção Cobb-Douglas, bem

como uma comparação da metodologia desta pesquisa com outras pesquisas

semelhantes. Por fim, é detalhado o modelo econométrico utilizado e sua

linearização mediante transformação logarítmica.

3.1 NATUREZA DA PRESENTE PESQUISA

A presente pesquisa é uma análise estatística de dados secundários. Os dados

foram extraídos da Pesquisa Industrial Anual - PIA-Empresa do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística – IBGE, sendo que a busca pelos dados junto ao IBGE

justifica-se em razão do referido Instituto ser responsável pelos levantamentos

estatísticos do Brasil e ainda pela medida da produtividade do país.

3.2 PROCEDIMENTOS

Procedeu-se a uma visita na agência do IBGE em Taubaté - SP, onde foi

explicado, detalhadamente, o objetivo desta dissertação. Nessa visita foi possível

conhecer a Pesquisa Industrial Anual - PIA-Empresa. Foram identificadas variáveis

no questionário completo (Anexo A) da PIA-Empresa passíveis de serem usadas

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nesta pesquisa. Além disso, a PIA-Empresa tem como foco o setor industrial. Desse

modo, a PIA-Empresa mostrou-se pertinente para atender o objetivo desta pesquisa.

No entanto, a PIA-Empresa é uma pesquisa de âmbito nacional, sendo que os

dados são publicados de forma agregada no site do IBGE. Para obter os dados

desagregados da região do VPP, foram realizados contatos com a Coordenação de

Indústria, vinculada à Diretoria de Pesquisas do IBGE, responsável pela PIA-

Empresa, de modo que os dados desagregados de 1996 a 2005 puderam ser

disponibilizados.

3.3 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS DA PRESENTE PESQUISA

Esta etapa da pesquisa apresenta as variáveis que foram selecionadas do

questionário completo (Anexo A) da PIA-Empresa e a relação dessas variáveis com

a função de produção Cobb-Douglas usada nesta pesquisa.

Brynjolfsson e Hitt (1996) apontam que, na maioria das empresas, não há

segregação do capital TI e do capital não-TI. Ambas as informações são registradas

em conjunto pela contabilidade das empresas, dificultando a análise do paradoxo da

produtividade. O mesmo acontece com o insumo trabalho TI e trabalho não-TI.

Algumas poucas empresas, que fazem a segregação dos dados, algumas vezes

erram no momento de classificar estas informações, ou seja, bens que são TI são

registrados como se fossem não-TI e vice-versa.

Definido de um modo geral, o dispêndio em TI inclui investimento em

computadores, telecomunicações, hardware, software e serviços. Contudo, como

definido em muitas pesquisas incluídas na revisão da literatura desta pesquisa, o

dispêndio em TI está limitado principalmente a hardware de computador. Esta

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pesquisa utiliza os campos 79, 84 e 89 do questionário completo (Anexo A), ou seja,

“Outras aquisições (móveis, microcomputadores, etc)” para representar o capital TI.

Cabe ressaltar que os campos 79, 84 e 89 do questionário completo (Anexo

A) representam valores monetários de “microcomputadores” e a identificação destes

campos termina com a abreviação “etc”. Conforme Ferreira (2006) a abreviação “etc”

compreende “demais coisas semelhantes” e que seu uso é para evitar uma longa

enumeração de termos semelhantes.

Assim, a palavra “microcomputadores” é apenas um recurso tecnológico de

TI. Porém a TI compreende outros recursos tecnológicos, semelhantes a

microcomputadores, conforme as definições no Quadro 2:

Autor Conceito de TI

Palvia (1997) A TI envolve todos os aspectos de computadores (hardware e software), sistemas de informação, telecomunicações e automação de escritórios.

Laurindo (2002)

A TI considera as características humanas, administrativas e organizacionais de uma empresa, além de englobar a área de informática e telecomunicações.

Rezende e Abreu (2003)

O conceito de TI pode resumir-se em todos os recursos tecnológicos e computacionais para tratamento da informação, sendo que este conceito está fundamentado nos seguintes componentes: hardware, seus dispositivos e periféricos, software e seus recursos, sistema de telecomunicações e gestão de dados e informações.

Turban, Rainer Júnior e Potter (2005)

É a coleção de recursos de informação da empresa, seus usuários e a gerência que os supervisiona, ou seja, inclui toda a infra-estrutura e sistemas de informação da empresa. O termo Tecnologia da Informação (TI) muitas vezes é usado como sinônimo de Sistema de Informação (SI).

Quadro 2 - Algumas definições do termo TI

Nesse particular, nota-se que os autores acima concordam que TI possui

alguns componentes essenciais como hardware, software (sistemas),

telecomunicação, além das pessoas que estão envolvidas.

Por esse motivo, os campos 79, 84 e 89 do questionário completo (Anexo A)

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foram considerados como investimentos em Capital TI.

A dificuldade em dividir as variáveis TI das variáveis não-TI também foi

observada no trabalho de Prasad e Harker (1997). O trabalho dos autores não é

claro quanto à composição das variáveis de insumo (capital de TI, capital não-TI,

trabalho de TI e trabalho não-TI).

Diante dessa dificuldade, para definição das variáveis de insumo, recorreu-se à

literatura econômica para definir melhor as caracterísiticas de capital e trabalho para

esta pesquisa.

A variável capital pode ser vista como aquela que abrange instalações,

máquinas e equipamentos que auxiliam na produção. Já a variável trabalho pode

abranger os métodos de trabalho, os salários e benefícios e os empregados, além

das horas de trabalho (CONTADOR, 1998).

Segundo McConnell (1978 apud MOREIRA, 1994, p. 9-10), o termo capital,

ou bens de investimento refere-se a tudo aquilo feito pelo homem para auxiliar na

produção, isto é, todas as ferramentas, máquinas, móveis, equipamentos, estoques

e instalações.

Para Moreira (1994), trabalho é o fator básico de produção que, junto com o

capital, é utilizado para produzir bens ou prestar serviços. É representado pelo

número de horas pagas, pelo número de horas trabalhadas, pelo número de

trabalhadores no período considerado, ou ainda pelos salários e outras

remunerações, sendo que este último aspecto foi considerado nesta pesquisa,

devido a maior facilidade de obtê-los.

Consoante OCDE (2001), a melhor medida para o insumo trabalho é a hora

trabalhada, mas mesmo esta medida não é exata, pois uma hora trabalhada pode

ser diferente de funcionário para funcionário, tendo em vista as habilidades,

Page 94: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

94

formação, experiência e até capacidade física de cada um. Moreira (1994) chama a

atenção para a diferença entre hora paga e hora trabalhada. As horas pagas incluem

férias, descanso, ausências por doença, sendo que as horas trabalhadas refletem a

produção mais precisa por trabalhador.

Os estudos de impacto de TI definem o capital como um valor “anualizado”

dos investimentos. Na presente dissertação, todas as variáveis são em valores

monetários anuais e foram extraídas do questionário completo (Anexo A) da PIA-

Empresa referente aos anos de 1996 a 2005, seguindo a tendência dos estudos de

abordagem longitudinal sobre o paradoxo da produtividade. Uma das formas de

compensar as limitações da medida dos insumos é trabalhar com longas séries de

dados (BRYNJOLFSSON e HITT, 2003).

3.3.1 As variáveis da Função de Produção Cobb-Douglas

Considerando que a função de produção Cobb-Douglas utilizada nesta

pesquisa tomou a seguinte forma: Q = eβ0 Cβ1 Kβ2 Sβ3 Lβ4, devido aos ajustes

orientados por pesquisas anteriores, são apresentados, a seguir, os campos do

questionário completo (Anexo A) da PIA-Empresa que representam as cinco

variáveis da função Cobb-Douglas.

Para representar a variável Produto (Q) da função de produção Cobb-Douglas

foi considerado o campo 20. Esse campo é intitulado “Total de Receita Líquida de

Vendas” e representa o valor apurado na Demonstração de Resultados da Empresa,

obtido da operação: receita bruta menos deduções.

Com relação ao Capital TI (C), foram considerados 3 campos. Os de número

79, 84 e 89. Os campos referem-se a móveis, microcomputadores e semelhantes

Page 95: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

95

adquiridos de terceiros, produzidos pela própria empresa e as melhorias.

Para Capital não-TI (K) foram selecionados 9 campos. Os campos são os de

número 76, 77, 78, 81, 82, 83, 86, 87 e 88. Esses campos representam os terrenos e

edificações, máquinas e equipamentos industriais e meios de transporte, sendo que

foram consideradas para essas variáveis os investimentos em aquisições de

terceiros, em produção própria e em melhorias.

A grande quantidade de campos selecionados para Capital TI e,

principalmente, Capital não-TI justifica-se pelo fato de o setor industrial usar o fator

capital de maneira intensiva para a manutenção e desenvolvimento de suas

atividades (MENDES, 2005).

A variável Trabalho TI (S) foi extraída do questionário completo (Anexo A) por

meio do campo 10, intitulado “Salários, retiradas e outras remunerações relativas ao

ano do pessoal assalariado não ligado à produção industrial”. Segundo IBGE

(2005a), o campo 10 refere-se às pessoas remuneradas diretamente pela empresa,

ocupadas nas atividades de apoio indireto à produção industrial, ou seja, nas

atividades administrativas, contábeis, de controle gerencial, comerciais, entre outras,

isto é, os chamados trabalhadores white-collar (ROACH, 1991).

Por fim, para a variável Trabalho não-TI (L) foi considerado o campo 9. O

referido campo intitula-se “Salários, retiradas e outras remunerações relativas ao ano

do pessoal assalariado ligado à produção industrial”. O campo 9 representa as

pessoas remuneradas diretamente pela empresa, efetivamente ocupadas nas

atividades de produção de bens e serviços industriais, de manutenção e reparação

de equipamentos industriais; de utilidades e de apoio direto à produção industrial, os

chamados trabalhadores blue-collar (ROACH, 1991).

Page 96: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

96

De forma mais detalhada, o Quadro 3 mostra a relação das variáveis da

presente pesquisa com a função de produção Cobb-Douglas:

Função de Produção: Q = eβ0 Cβ1 Kβ2 Sβ3 Lβ4

Campos do Questionário Completo (Anexo A)

Q = produto da empresa Total da Receita Líquida de Vendas (Campo 20) C = capital TI Móveis , microcomputadores etc (Campos 79, 84 e 89) K = capital não TI Terrenos e edificações, Máquinas e equipamentos industriais e

meios de transporte (Campos 76, 77, 78, 81, 82, 83, 86, 87 e 88)

S = trabalho TI Salários, retiradas e outras remunerações relativas ao ano do pessoal assalariado não ligado à produção industrial (Campo 10)

L = trabalho não TI Salários, retiradas e outras remunerações relativas ao ano do pessoal assalariado ligado à produção industrial (Campo 9)

Quadro 3 - Relação das variáveis da Função de Produção Cobb-Douglas com o Questionário Completo (Anexo A)

Por fim, a metodologia da presente pesquisa pode ser comparada com as

pesquisas de Brynjolfsson e Hitt (1996) e Prasad e Harker (1997) conforme indicado

no Quadro 4:

Metodologia Brynjolfsson e Hitt (1996)

Prasad e Harker (1997)

Presente Pesquisa (2008)

Dimensão temporal Longitudinal Longitudinal Longitudinal Período da pesquisa 5 anos (1987-1991) 3 anos (1993-1995) 10 anos (1996-2005) Amostra 367 grandes

empresas 47 bancos norte-americanos de varejo

Setor Industrial do VPP

Método Função de produção Função de produção Função de produção Objeto de correlação com TI

Produtividade Produtividade e lucratividade

Produtividade

Representação do produto

Faturamento bruto (total de vendas)

Empréstimos totais + depósitos totais; rendimento líquido

Total da Receita Líquida de Vendas

Composição do insumo Capital

Instalações, equipamentos e nº de Computadores

Não especificado Aquisições de Terceiros, Produção Própria e Melhorias

Composição do insumo trabalho

Investimento em mão-de-obra

Horas trabalhadas Salários, retiradas e remunerações do pessoal assalariado [não] ligado à produção industrial

Quadro 4 - Comparação entre aspectos da metodologia de Brynjolfsson e Hitt (1996) e Prasad e Harker (1997) com a metodologia adaptada para a presente pesquisa Fonte: Adaptado de Menezes (2004)

Page 97: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

97

Pode-se observar, no Quadro 4, que existem algumas semelhanças desta

pesquisa com as pesquisas anteriores, como por exemplo a dimensão temporal do

projeto de pesquisa e o método. No entanto, percebe-se mais uma vez que não há

uma metodologia única para a análise do paradoxo da produtividade.

3.4 ESTIMAÇÃO ECONOMÉTRICA E FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES

Nesta seção serão descritos os procedimentos tomados para realizar a

análise estatística de dados secundários provenientes da PIA-Empresa. Conforme

enunciado anteriormente, os dados são do setor industrial do VPP, do período

compreendido entre 1996-2005.

A estimação é um processo de indução, na qual usamos dados extraídos de

uma amostra para produzir inferência sobre a população. Esta inferência só será

válida se a amostra for significativa (SILVA et al., 1997). A estimação feita nessa

pesquisa se baseia nos dados do setor industrial do VPP.

A exemplo de vários estudos do paradoxo da produtividade, foi utilizada nesta

pesquisa a função de produção Cobb-Douglas, separando-se os componentes de

capital de TI e trabalho de TI dos componentes de capital não-TI e trabalho não-TI,

ou seja:

Q = eβ0 Cβ1 Kβ2 Sβ3 Lβ4 (3)

Onde: Q = produto das empresas C = Capital TI

Page 98: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

98

K = Capital não TI S = Trabalho TI L = Trabalho não TI e β1, β2, β3 e β4 são as elasticidades dos produtos associados

A média por ano das variáveis correntes de produto e insumos coletados da

PIA-Empresa estão no Apêndice A.

O Apêndice B contém a planilha resumo das variáveis constantes de dezembro

de 2005. Foi utilizado como referêncial para conversão dos valores o Índice Geral de

Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), seguindo a orientação de Moreira (1991),

que alerta para a necessidade de padronizar valores monetários. Para tanto, foram

adotados os seguintes passos:

- divisão do número-índice do IGP-DI de dezembro de 2005 (330.835) pelo do

IGP-DI de dezembro de um dado ano (por exemplo, 176.647, de dezembro de

1999), encontrando-se, assim, o índice inflacionário correspondente ao período

desejado (1,8729 - número-índice arredondado); e

- multiplicação do índice inflacionário (por exemplo, 1,8729) por uma

determinada média corrente do Apêndice A (por exemplo R$ 4.069.025,00,

correspondente a variável média do Trabalho TI no ano de 1999), para convertê-lo

em valor constante de dezembro de 2005 (R$ 7.620.876,22 )

Em seguida, consoante as pesquisas de Brynjolfsson e Hitt (1996) e Prasad e

Harker (1997), a equação 3 foi linearizada, resultando em 10 equações, uma para

cada ano:

Ln(Q1996) = β1996 + β1Ln(C1996)+ β2Ln(K1996) + β3Ln(S1996)+ β4Ln(L1996)+ ε1996 (4a)

Ln(Q1997) = β1997 + β1Ln(C1997)+ β2Ln(K1997) + β3Ln(S1997)+ β4Ln(L1997)+ ε1997 (4b)

Ln(Q1998) = β1998 + β1Ln(C1998)+ β2Ln(K1998) + β3Ln(S1998)+ β4Ln(L1998)+ ε1998 (4c)

Page 99: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

99

Ln(Q1999) = β1999 + β1Ln(C1999)+ β2Ln(K1999) + β3Ln(S1999)+ β4Ln(L1999)+ ε1999 (4d)

Ln(Q2000) = β2000 + β1Ln(C2000)+ β2Ln(K2000) + β3Ln(S2000)+ β4Ln(L2000)+ ε2000 (4e)

Ln(Q2001) = β2001 + β1Ln(C2001)+ β2Ln(K2001) + β3Ln(S2001)+ β4Ln(L2001)+ ε2001 (4f)

Ln(Q2002) = β2002 + β1Ln(C2002)+ β2Ln(K2002) + β3Ln(S2002)+ β4Ln(L2002)+ ε2002 (4g)

Ln(Q2003) = β2003 + β1Ln(C2003)+ β2Ln(K2003) + β3Ln(S2003)+ β4Ln(L2003)+ ε2003 (4h)

Ln(Q2004) = β2004 + β1Ln(C2004)+ β2Ln(K2004) + β3Ln(S2004)+ β4Ln(L2004)+ ε2004 (4i)

Ln(Q2005) = β2005 + β1Ln(C2005)+ β2Ln(K2005) + β3Ln(S2005)+ β4Ln(L2005)+ ε2005 (4j)

O Apêndice C contêm os dados de produto e insumos transformados

mediante conversão logarítmica.

O paradoxo da produtividade nasceu justamente da afirmação de alguns

autores de que investimentos em TI não impactam positivamente na produtividade.

Assim, observando a equação (3), algum estudos concluem que os coeficientes β1 e

β3 são equivalentes a zero, isto é, investir em Capital TI e Trabalho TI não impacta

positivamente na produtividade, implicando que investimentos em TI não aumentam

a produtividade.

Contudo, como disposto na revisão de literatura, alguns estudos mostram o

contrário, apontando para benefícios ao investir em TI. Neste contexto, segundo

Silva et al. (1997), se tivermos alguma informação com respeito ao valor do

parâmetro que desejamos avaliar, podemos testar esta informação no sentido de

aceitá-la como verdadeira ou rejeitá-la. A teoria classifica esta situação como teste

de hipóteses ou teste de significância. Para tanto existe a hipótese nula identificada

por "H0" e a hipótese alternativa, também conhecida como hipótese da pesquisa,

identificada por "H1".

Page 100: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

100

Neste sentido, o teste de hipóteses é uma regra de decisão que permite

aceitar ou rejeitar como verdadeira uma hipótese nula "H0" com base na evidência

amostral (SILVA et al., 1997). Para a realização do teste de hipóteses é necessária

uma amostra da população para verificar se a amostra confirma ou não o valor do

parâmetro informado pela hipótese nula. Para tanto, os dados da PIA-Empresa

representam a amostra da população desta pesquisa, ou seja, a amostra do setor

industrial do VPP.

No teste de hipóteses, a hipótese nula “H0” é expressa sempre por uma

igualdade do tipo: H0 : parâmetro = r, onde “r” é um número real. Já a hipótese

alternativa é que diferencia os vários tipos de teste de hipóteses, ou seja, a hipótese

alternativa é dada por uma desigualdade: “>”, “<” ou “#”, sendo que a escolha dos

sinais depende da quantidade de informações que se têm sobre o assunto.

Em linhas gerais, espera-se que a conclusão seja pela rejeição da hipótese

nula, de forma a apoiar a hipótese da pesquisa.

Neste contexto, as hipóteses da presente pesquisa vêm a ser:

- H0: β1 = β3 = 0

- H1: Existe pelo menos um βj (j = 1, 3) ≠ 0

Na hipótese H0, se β1 e β3 forem iguais a 0, significa que investimento em TI

não melhora a produtividade. A hipótese H1 implica que, se pelo menos uma variável

TI for diferente de 0, os investimentos em TI impactam positivamente na

produtividade.

Os resultados serão apresentados no próximo Capítulo desta dissertação.

Page 101: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

101

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta etapa da pesquisa corresponde ao desenvolvimento da análise

estatística dos dados secundários da PIA-Empresa. No primeiro instante, por meio

dos dados coletados da PIA-Empresa, será realizada uma caracterização do setor

industrial do VPP. No segundo momento, os dados serão analisados por meio de

análise de regressão, de maneira a confirmar ou refutar o paradoxo da produtividade

no setor industrial do VPP.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

Esta seção traz o estudo dos dados desagregados da PIA-Empresa

referentes ao setor industrial do VPP. Também faz parte da caracterização dos

dados um estudo sobre a quantidade de cidades que participaram da PIA-Empresa

no período de 1996 a 2005, a quantidade de empresas que responderam a PIA-

Empresa e a média de receita líquida de vendas das empresas no período.

Por conta do Decreto nº 73.177, de 20 de novembro de 1973, que dispõe

sobre a obrigatoriedade e sigilo das informações que o IBGE coleta, as informações

destinam-se, exclusivamente, para fins estatísticos. Dessa forma, os dados brutos

não estão disponibilizados nesta dissertação, sendo que apenas dados agregados

serão apresentados e discutidos nas seções a seguir. Alguns gráficos mostram

dados disponibilizados no Apêndice A.

Considerando que a região do VPP possui 39 cidades (IBGE, 2008a), cabe

lembrar que nem todas as cidades participaram da PIA-Empresa. Um dos motivos é

que somente foram disponibilizados pelo IBGE dados das cidades que

Page 102: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

102

apresentaram 3 ou mais empresas na amostra. Assim, se no ano de 1997 a cidade

de Taubaté contasse com apenas 2 empresas respondentes da PIA-Empresa, os

dados destas 2 empresas e a cidade de Taubaté não apareceriam na planilha. Essa

omissão é por conta do sigilo estatístico assumido pelo IBGE.

Na série de 10 anos desta pesquisa não houve uma variação significativa do

número de cidades que participaram da PIA-Empresa, conforme Gráfico 1:

1918

2122

2322

2123

24

21

0

5

10

15

20

25

30

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

mer

o d

e C

idad

es

Gráfico 1 - Cidades do VPP que participaram da PIA-Empresa entre 1996-2005

Como citado anteriormente, as cidades que foram incluídas nesta amostra

possuem 3 ou mais empresas industriais que participaram da PIA-Empresa, de

maneira que, em alguns anos, algumas cidades foram incluídas na amostra e em

outros anos não, por conta da necessidade do mínimo de 3 empresas.

Com relação ao número de empresas que participaram da PIA-Empresa,

houve um crescimento praticamente contínuo durante os anos analisados, conforme

o Gráfico 2:

Page 103: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

103

106 112126 133 135

162

183193 187

221

0

50

100

150

200

250

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

mer

o d

e E

mp

resa

s

Gráfico 2 - Empresas do VPP que participaram da PIA-Empresa entre 1996-2005

Somente entre os anos de 2003 e 2004 houve uma pequena queda do

número de empresas que participaram da PIA-Empresa. Cabe pontuar que de 1996

a 2005 houve um aumento de mais de 100% das empresas participantes da PIA-

Empresa.

As cidades do VPP que mais contribuíram na pesquisa PIA-Empresa do

período foram as cidades de maior Produto Interno Bruto - PIB da região, ou seja,

São José dos Campos, Taubaté, Jacareí e Pindamonhangaba, conforme Gráfico 3:

Page 104: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

104

3134

4138

43

60

6863 63

74

13 1518

25 27 2529

34 3338

18 17 15 1714

18 16

22

16

22

6 5 711

812 12 13

18 18

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

mer

o d

e E

mp

resa

s

Empresas de São José dos Campos Empresas de Taubaté

Empresas de Jacareí Empresas de Pindamonhangaba

Gráfico 3 - Comparação do número de empresas das cidades de maior PIB do VPP entre 1996-2005

No Gráfico 3 fica visível a superioridade da cidade de São José dos Campos

em relação ao número de empresas que participaram da PIA-Empresa. Isso

corrobora o 1º lugar de São José dos Campos na classificação das cidades de maior

Produto Interno Bruto - PIB da região do VPP (IBGE, 2008b).

Com relação à média da receita líquida de vendas de todas as empresas que

participaram da PIA-Empresa, há um crescimento constante, conforme Gráfico 4:

Page 105: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

105

178.

962.

656

203.

685.

950

160.

933.

991

122.

389.

927

159.

593.

316

160.

069.

086

125.

193.

844

88.3

37.2

33

66.8

55.4

68

53.0

18.0

45

0

50.000.000

100.000.000

150.000.000

200.000.000

250.000.000

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

Rec

eita

Líq

uid

a d

e V

end

as (

Em

R$)

Gráfico 4 - Média do produto das empresas entre os anos de 1996-2005

A média do produto das empresas apresentou crescimento constante durante

os anos de 1996 a 2005, com uma queda entre os anos de 2001 e 2002,

provavelmente em razão da crise nacional, sem precedentes no Brasil, que afetou o

fornecimento e distribuição de energia elétrica, e que ficou conhecida como a “Crise

do Apagão”. Após esse período, o crescimento do setor industrial da região do VPP

foi retomado. Isso corrobora que a região do Vale do Paraíba Paulista - VPP é uma

região de grande desenvolvimento econômico, sendo atrativa para as empresas. A

região do VPP liga os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais por

meio de rodovias que facilitam a logística das empresas e estimula os investimentos

(PRADO e ABREU, 1995).

Apesar do crescimento constante do produto das empresas no período, isso

não pode ser atribuído apenas aos investimentos em TI, visto que outros

investimentos em não-TI também foram realizados. Assim, o Gráfico 5 compara a

evolução dos investimentos em capital TI e capital não-TI do setor industrial da

região do VPP.

Page 106: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

106

200.400

130.547

429.461

178.670

1.693.255

414.244

729.446

523.639

957.836

997.016

573.975

510.252

539.671

841.589911.979

921.721

466.781

1.380.015

748.623

581.419

0

200.000

400.000

600.000

800.000

1.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

1.800.000

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

Méd

ia d

e In

vest

imen

tos

em C

apit

al (

R$)

Média do investimento em Capital TI Média do investimento em Capital não-TI

Gráfico 5 - Média dos Investimentos em capital TI e capital não-TI

A média de investimentos em Capital não-TI durante os 10 anos se mostra

26% superior a média dos investimentos em Capital TI, pois o setor industrial utiliza

mais capital na linha de produção (ROACH, 1991). Também cabe salientar que os

investimentos não seguem um padrão uniforme de crescimento.

Nota-se que, entre os anos de 1999 e 2000, houve um crescimento

acentuado no investimento em capital TI, provavelmente devido às empresas se

prepararem para o “bug do milênio”, previsto para ocorrer em todos os sistemas

informatizados na virada do ano de 1999 para 2000, e que levou empresas do

mundo todo a atualizarem seus parques tecnológicos da área de TI.

Apesar de não existir um padrão no investimento em Capital TI, a tendência é

de crescimento, devido ao custo decrescente dessa tecnologia nos últimos anos. De

acordo com Turban, Rainer Júnior e Potter (2005), além do aumento da velocidade e

desempenho com a evolução da tecnologia, o custo do computador sofreu grande

Page 107: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

107

queda. No ano de 1988 um computador pessoal equipado com hardware e

softwares padrões custava US$5.200. No início do ano de 2004 um computador

pessoal com sistema operacional e periféricos básicos custava por volta de

US$2.000.

Com relação ao Trabalho TI e ao Trabalho não-TI, o setor industrial tem mais

trabalhadores na linha de produção que não usam computador do que nos

escritórios das indústrias deste segmento da economia, cenário que já era apontado

por Roach (1991).

2.74

4.75

8

2.68

4.32

0

3.81

9.39

6

4.06

9.02

5

3.98

9.58

5

3.31

7.74

6

5.47

9.79

3

5.01

9.81

6

5.40

9.14

55.

215.

974

5.92

9.65

0

7.58

6.23

9

9.45

1.83

9

9.86

3.14

2 13.2

47.5

67

12.2

26.1

80

9.80

9.64

3 14.3

33.7

13

19.3

65.4

2414

.550

.658

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

Méd

ia d

e In

vest

imen

tos

em T

rab

alh

o (

R$)

Média do Trabalho TI Média do Trabalho não-TI

Gráfico 6 - Média dos investimentos em trabalho TI e trabalho não-TI

Os dados mostram que o investimento em Trabalho não-TI no setor industrial

é maior que o investimento em Trabalho TI.

Por fim, o Gráfico 7 compara os investimentos extraídos da PIA-Empresa

neste estudo.

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108

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Anos

Méd

ia d

e In

vest

imen

tos

em C

apit

al e

T

rab

alh

o (

R$)

Média do Trabalho TI Média do Trabalho não-TI

Média do Capital TI Média do Capital não-TI

Gráfico 7 - Investimentos médios em Trabalho e Capital entre 1996 e 2005

No Gráfico 7 são comparados os investimentos em trabalho e capital. O

resultado mostra um investimento no insumo trabalho muito superior aos

investimentos em capital.

De acordo com Mendes (2005), enquanto o setor primário da economia utiliza

mais intensivamente o fator terra, e o setor terciário utiliza mais intensamente o fator

trabalho, o setor secundário, ou setor industrial, utiliza o fator-capital com mais

intensidade. Este cenário não foi evidenciado neste estudo, indicando um baixo

estoque de capital investido no setor, na região do VPP. No entanto, o resultado do

baixo investimento em capital TI, em relação aos demais investimentos, já era

apontado por Dedrick, Gurbaxani e Kraemer (2003).

Após a caracterização e análise dos dados desagregados da PIA-Empresa, a

pesquisa segue para a análise de regressão, de maneira a confirmar ou refutar o

paradoxo da produtividade no setor do VPP.

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109

4.2 ANÁLISE DE REGRESSÃO DOS DADOS DA PIA-EMPRESA

Nesta seção será realizada uma análise quantitativa dos dados coletados da

PIA-Empresa. Os resultados são analisados e discutidos de modo a testar as

hipóteses da pesquisa.

Segundo Crespo (1997), uma vez caracterizada a relação entre variáveis de

natureza quantitativa, é possível descrevê-la através de uma função matemática, no

caso desta pesquisa, a função de produção Cobb-Douglas.

Assim, sempre que for necessário estudar determinada variável em função de

outra é oportuno o uso da análise de regressão. Pode-se dizer que a análise de

regressão tem por objetivo descrever, através de um modelo matemático, a relação

entre duas variáveis, partindo de “n” observações das mesmas. A variável sobre a

qual se deseja fazer uma estimativa recebe o nome de variável dependente, ou “Y”,

e a outra recebe o nome de variável independente, ou “X”.

Para Pindyck e Rubinfeld (2002), a regressão múltipla é um meio de adequar

funções econômicas a dados existentes, permitindo quantificar relações econômicas

e testar hipóteses a respeito de tais relações.

Na regressão múltipla é considerada uma variável dependente “Y” e diversas

variáveis independentes, as variáveis “X”. Relacionando com a função de produção

Cobb-Douglas, a variável Y é representada pelo produto (Q), e as variáveis X são

representadas pelos insumos capital TI (C), capital não-TI (K), trabalho TI (S) e

trabalho não-TI (L). Desse modo, tem-se uma equação de regressão múltipla que

relaciona cinco variáveis.

A regressão múltipla inclui ainda um termo de erro "ε" que representa a

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influência coletiva de quaisquer variáveis omitidas no modelo que também possam

afetar Y (por exemplo: os preços de outras mercadorias, o clima, as modificações

inexplicáveis ocorridas nos gostos dos consumidores etc).

O resultado da análise de regressão da presente pesquisa tem o objetivo de

testar as hipóteses formuladas neste estudo. Sendo assim, nesta pesquisa, foram

definidas duas hipóteses. A primeira é a hipótese nula (H0) que implica que

investimentos em TI não impactam positivamente na produtividade, enquanto que a

segunda é a hipótese da pesquisa (H1), que implica que investimentos em TI

impactam positivamente na produtividade do setor industrial do VPP.

Por meio de análise de regressão dos 10 anos do setor industrial do VPP foi

possível construir a Tabela 1, que mostra os coeficientes para Capital TI e Trabalho

TI.

Tabela 1 - Resumo de resultados da análise de regressão de 1996 a 2005 do

Setor Industrial do VPP

Parâmetro Coeficientes Erro padrão Stat t P-value r2 F F de significância

Interseção 7,504739823 6,528899616 1,149464728 0,302359869 0,713115126 3,1071485

0,122673066

Capital TI (C)

0,081248849 0,098065544 0,828515762 0,445113098 - - -

Capital não-TI (K)

-0,113900704 0,143185417 -0,79547699 0,462411239 - - -

Trabalho TI (S)

-0,169324828 0,354899288 -0,4771067 0,653410409 - - -

Trabalho não-TI (L)

0,882750153 0,340061508 2,595854372 0,048492023 - - -

Segundo Triola (1999), existe uma correlação entre duas variáveis quando

uma delas está, de alguma forma relacionada a outra. O coeficiente de correlação

linear “r2” mede o grau de relacionamento entre os valores emparelhados “Y” e “X”

em uma amostra, sendo que se o valor de “r” for igual a 1 significa uma correlação

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111

positiva perfeita entre “X” e “Y”.

Pindyck e Rubinfeld (2002) observam ainda que o “r2” oferece uma medição

da exatidão da equação de regressão múltipla. Seu valor varia entre 0 e 1. Um “r2”

igual a zero significa que as variáveis independentes nada explicam da variação

ocorrida na variável dependente; um “r2” igual a 1 significa que as variáveis

independentes descrevem perfeitamente a variação ocorrida na variável

dependente. Na Tabela 1, o valor de “r2” foi estimado em 0,71. Isso nos informa que

as quatro variáveis independentes (C,K,S,L) explicam 71% da variação ocorrida no

produto “Q”.

Um “r2” elevado não representa, por si só, que as variáveis incluídas na

equação de regressão múltipla sejam as mais apropriadas. Em primeiro lugar, “r2”

varia com os tipos de dados que estejam em estudo. Em segundo lugar, a

microeconômica oferece uma prova vital. Se uma regressão de vendas de

automóveis em relação ao preço do trigo apresentar um “r2” elevado, deve-se

questionar a confiabilidade do modelo utilizado, porque a microeconômica nos diz

que as mudanças no preço do trigo têm pouco ou nenhum efeito na venda de

automóveis. Portanto, a confiabilidade global do resultado de uma regressão

depende da formulação da equação de regressão múltipla, isto é, a escolha das

variáveis “Y” e “X” é vital para a qualidade do ajuste da análise de regressão

(TRIOLA, 1999).

A Figura 5 permite ilustrar a relação das variáveis da equação de regressão

múltipla. A Figura 5 representa um Diagrama que pode ser interpretado como a

relação entre o conjunto Y e o conjunto X no qual há alguns elementos em comum,

demonstrados pela região onde as circunferências se intersectam.

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112

Figura 5 - Diagrama representativo do “r2” Fonte: Adaptado de Menezes (2004)

Na Figura 5, o círculo Y representa a oscilação na variável dependente

(produto Q) e o círculo X representa a oscilação das variáveis independentes

(insumos C, K, S e L). A sobreposição dos dois círculos indica até que ponto a

variação de Y é explicada pela variação de X. Quanto maior a sobreposição, maior a

variação em Y explicada por X. Desta forma, considerando o “r2” de 0,71, tem

sentido dizer que os insumos C, K, S e L explicam em mais de 2/3 da variação de Q.

No entanto, para os fins desta pesquisa, interessa testar as hipóteses

postuladas para então concluir se os investimentos em TI impactam positivamente

na produtividade do setor industrial do VPP. Para tanto, o teste estatístico P-value

permite rejeitar ou não a hipótele nula.

Segundo Triola (1999), o P-value pode ser usado para rejeitar ou não uma

hipótese nula em um Teste de Hipóteses. Os valores do P-value variam entre 0 e 1.

Quando o valor encontrado é inferior a 0,05, isso sugere uma evidência adequada

contra a hipótese nula. Já um P-value superior a 0,05 traz uma evidência insuficiente

X Y

C, K,

S, L Q 777111%%%

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contra a hipótese nula.

Em resumo, o critério de decisão leva em conta que para rejeitar a hipótese

nula o valor do P-value deve ser máximo igual ao nível de significancia Alfa (Alfa =

0,05 neste caso) ou, para não rejeitar a hipótese nula o valor do P-value deve ser

maior do que o nível de significância Alfa.

Desta forma, como evidenciam os valores do P-value na Tabela 1, os

coeficientes das variáveis TI (C e S) não são estatísticamente significantes, pois os

valores estão acima de 5%. Logo, com os dados disponíveis, não há motivo para

rejeitar a hipótese nula (H0), isto é, não há evidência suficiente para rejeitar a

afirmação de que o paradoxo existe no setor industrial do VPP.

Seguindo uma tentativa semelhante a de Menezes (2004), procedeu-se a

uma análise de regressão com defasagem de 1 ano para os insumos TI (C e S),

compreendendo que os investimentos em TI levam um certo tempo para ter um

impacto na produtividade (BRYNJOLFSSON, 1993). O resultado da análise de

regressão com defasagem de 1 ano é apresentado na Tabela 2:

Tabela 2 - Resumo de resultados da análise de regressão do Setor Industrial

do VPP com defasagem de 1 ano

Parâmetro Coeficientes Erro padrão Stat t P-value r2 F F de significância

Interseção

1,26557575 5,66603231 0,223361902 0,834197266 0,73460343 2,767946247 0,17391942

Capital TI (C)

0,11004711 0,08965704 1,227422969 0,286959479 -

-

-

Capital não-TI (K)

-0,0695902 0,20086349 -0,34645521 0,746457965

-

-

-

Trabalho TI (S) 0,23510637 0,44109912 0,533001216 0,622268944

-

-

-

Trabalho não-TI (L)

0,8178905 0,43520491 1,879322765 0,133385573

- - -

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Nesse caso, percebe-se que o “r2” continua a apontar a função de produção

Cobb-Douglas como sendo um modelo adequado para a análise dos dados

desagregados da PIA-Empresa.

Contudo, em relação a coluna P-value da Tabela 2, todas as variáveis

apresentaram valores maiores que 5%, o que significa que mesmo após 1 ano do

investimento realizado em TI, o setor industrial não experimenta um impacto

significativo na produtividade, assim, a hipótese nula (H0) não deve ser rejeitada.

Assim, mesmo após a segunda análise de regressão, não foi possível apontar

benefícios do investimento em TI na produtividade do setor industrial do VPP.

Na visão de Mendes (2005) o setor industrial usa mais o fator capital nas suas

atividades do que o setor de serviços, no entanto, segundo Prasad e Harker (1997),

muito se investe em Capital, mas são necessários investimentos paralelos no

Trabalho para que profissionais qualificados possam operar a nova tecnologia e

usufruir ao máximo dos seus benefícios. Para Wainer (2003), não basta comprar

computadores, é necessário ter profissionais preparados para usá-los.

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115

5 CONCLUSÃO

Conforme alertado por Brynjolfsson (1993), a falta de evidência não é

evidência da falta de contribuição positiva de TI para a produtividade, ou seja, se as

pesquisas não apontam melhorias na produtividade quanto há investimento em TI,

não significa que não houve contribuição.

Na presente pesquisa foram consultados, por meio da revisão de literatura,

inúmeros trabalhos, principalmente internacionais. Constatou-se que, no âmbito

internacional, o paradoxo é discutido desde a década de 1980, principalmente nos

Estados Unidos, porém, até hoje, sem uma conclusão definitiva. No Brasil, os

trabalhos são poucos, o que dificulta até uma comparação desta pesquisa com a

literatura nacional.

Coube também fazer uma revisão da literatura para verificar como são feitas

as medidas do investimento em TI, tendo em vista a preocupação de não cometer

erros de medida de input e output. Dessa revisão foi possível observar que não

existe um padrão para as metodologias, mas boa parte dos estudos usa a função de

produção Cobb-Douglas, de maneira que este foi o modelo utilizado.

Com o auxílio do IBGE, foi possível desenvolver o tema desta pesquisa que

tem relação com paradoxo da produtividade, fenômeno que a mais de 20 anos

chama a atenção da comunidade acadêmica. Além do mais, o assunto é de

interesse dos empresários que desejam ter subsídios para gerenciar melhor a TI.

Muitas vezes os empresários, por desconhecerem as tendências e os padrões

tecnológicos, acabam investindo em TI porque o concorrente investiu, ou ainda

porque acreditam, por intuição, que o investimento será positivo.

Com os dados da PIA-Empresa, apesar de serem limitados devido ao sigilo

estatístico e a metodologia adotada pelo IBGE, foi possível caracterizar o setor

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industrial traçando algumas tendências. Percebeu-se que o setor cresce em número

de empresas a cada ano, cada vez mais cidades participam do desenvolvimento da

região e, ainda, a média da receita líquida de vendas entre 1996 e 2005 foi de

R$131.903.952,00, o que indica um setor rentável.

Com relação ao nível de informatização do setor industrial do VPP, observou-

se, por meio da relação entre o pessoal ligado a produção e o pessoal não ligado a

produção, que existem menos trabalhadores que usam TI neste setor, devido a

grande quantidade de mão-de-obra utilizada na linha de produção e uma parcela

menor de mão-de-obra atuando nas áreas administrativas que usam TI.

Os investimentos em trabalho foram, em geral, muito superiores aos

investimentos em capital, tanto em TI como em não-TI. Ficou evidente que o setor

industrial não usa TI de forma intensiva, mas promove investimento alto no insumo

trabalho.

Também foi possível concluir que o questionário completo da PIA-Empresa

possui campos que permitem separar os investimentos de TI dos investimentos não-

TI. No entanto, são poucos os campos disponíveis para análise do paradoxo.

Considerando que a média de investimento do capital e trabalho TI entre 1996

e 2005 do setor industrial do VPP foi de R$2.379.424,00, e a média do investimento

em capital e trabalho não-TI no mesmo período foi de R$6.212.784,00, percebe-se

que o nível de investimento em TI do setor industrial é bem menor, em comparação

com os investimentos não-TI, o que indica que as atividades do setor não se

beneficiam, ainda, de investimentos altos em Tecnologia da Informação.

Dessa forma, com os dados disponíveis, e apesar do investimento em TI ser

menor em relação aos investimentos não-TI, é possível concluir que os

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investimentos do setor industrial do VPP são focados no insumo trabalho, sendo que

os trabalhadores que usam TI e os que não usam TI são críticos para a continuidade

do crescimento do setor da região.

Além da caracterização do setor, a pesquisa também verificou os dados por

meio de análise de regressão. Foram realizadas duas análises de regressão para

constatar se o investimento em TI é positivo ou não para a produtividade do setor

industrial da região do VPP.

A primeira análise de regressão verificou os dados dos 10 anos, ou seja, 1996

a 2005, e constatou-se que investimentos em TI não impactam positivamente na

produtividade do setor industrial da região do Vale do Paraíba Paulista - VPP, de

maneira que a hipótese nula (H0) não deve ser rejeitada. O investimento em

Trabalho não-TI foi o único que permitiu uma conclusão positiva, rejeitando-se a

hipótese nula e concluindo-se que esse investimento efetivamente contribui para a

produtividade.

A segunda análise de regressão foi realizada com um ano de defasagem para

os dois insumos de TI, ou seja, considerou-se que os investimentos nos insumos de

TI levam um ano para gerarem resultados positivos. Nessa análise, novamente, a

hipótese nula (H0) não deve ser rejeitada.

Assim, apesar de ficar constatado por meio do “r2” que o modelo da pesquisa

é adequado para analisar os dados da PIA-Empresa, não foram encontradas

evidências de que os investimentos em TI contribuam significativamente para o

aumento da produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista – VPP.

Contudo, o investimento em Trabalho não-TI se mostra mais positivo que os demais

investimentos.

Denotado o paradoxo da produtividade no setor industrial da região do Vale

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do Paraíba Paulista - VPP, resultado semelhante a maioria dos estudos sobre o

paradoxo, é pertinente lembrar de algumas das explicações dadas por Brynjolfsson

(1993), de modo a tentar justificar os resultados desta pesquisa.

A primeira das explicações pode justificar os resultados desta pesquisa no

sentido que nem todos os dados da região do VPP para o período de 1996 a 2005

foram disponibilizados pelo IBGE por conta do sigilo estatístico. O questionário

completo não possui muitas variáveis de Trabalho TI e Capital TI que possam ser

manipuladas para o cálculo da função de produção Cobb-Douglas. Assim, erros de

medida de input e output não podem ser descartados pela quantidade de dados

limitada.

Em atenção a segunda explicação para o paradoxo da produtividade, foi feita

uma análise de regressão com defasagem de um ano, de modo a considerar que os

investimentos em TI dessem resultados apenas a longo prazo. Mesmo assim não

foram encontrados resultados positivos.

Com relação às duas outras explicações do paradoxo da produtividade dadas

por Brynjolfsson (1993), são necessários mais dados e metodologias diferentes para

formar conclusões.

É importante registrar que há a necessidade das empresas, dos setores da

economia e das nações separarem investimentos TI dos investimentos não-TI para

que as análises do paradoxo possam evoluir.

Entre as contribuições desta pesquisa está a orientação para que os setores

industriais dêem uma ênfase maior ao insumo Trabalho, tendo em vista que a

operação das indústrias depende obviamente de trabalhadores bem preparados,

como já é observado nos países de primeiro mundo que investem muito no seu

capital humano. Quanto à contribuição para a academia, esta pesquisa demonstrou

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119

a oportunidade de trabalhar com a multidisciplinaridade envolvendo na pesquisa a

Administração, Economia e TI, com base na Teoria da Produção.

Dessa forma, com os dados disponíveis, é possível concluir que o paradoxo da

produtividade ainda precisa ser investigado, de maneira que mais estudos no nível

de empresa, de setores econômicos e nacionais são desejáveis, visto que o

investimento em TI se mostra crescente, e, portanto, os investidores necessitam de

subsídios para apoiar suas decisões.

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120

6 RECOMENDAÇÕES

Tendo em vista que a dificuldade de obter dados para análise do paradoxo é

uma forte realidade, recomenda-se a busca de um conjunto de empresas de Capital

Aberto (S.A.) para estudos futuros, considerando que estas empresas disponibilizam

balanços contábeis na mídia, o que possibilita extrair dados para estudos futuros.

Recomenda-se também a atuação junto a instituições de pesquisa em TI,

como o International Data Group - IDG, da mesma forma que é feito nos Estados

Unidos.

Cabe sugerir que novas pesquisas canalizem esforços para coletar dados de

empresas de um mesmo setor da economia, permitindo análises mais homogêneas.

Outras pesquisas também poderiam ser desenvolvidas em parceria com o

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE ou o Centro

das Indústrias do Estado de São Paulo - CIESP. Dessa forma, essas instituições

poderiam obter os dados junto às empresas de forma a reduzir os custos das

pesquisas e, principalmente, ampliar o número de empresas participantes.

Enquanto a presente pesquisa utilizou o modelo função de produção Cobb-

Douglas para investigar a relação do investimento em TI e a produtividade, seriam

relevantes estudos futuros usando a técnica DEA, desviando-se do setor bancário,

que já apresenta uma quantidade razoável de estudos, e partindo para uma análise

de outros segmentos da economia.

Por fim, uma extensão da presente pesquisa também pode ser realizada

utilizando os dados da PIA-Empresa do Estado de São Paulo, ou ainda, de todos os

Estados brasileiros.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A - Questionário da PIA-Empresa - Completo

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APÊNDICE A - Resumo das variáveis

Resumo das Variáveis de Produto e Insumos - 1996-2005 VALORES R$ CORRENTES

Variáveis 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Total da receita líquida de vendas 53.018.045 66.855.468 88.337.233 125.193.844 160.069.086 159.593.316 122.389.927 160.933.991 203.685.950 178.962.656

Média Produto 53.018.045 66.855.468 88.337.233 125.193.844 160.069.086 159.593.316 122.389.927 160.933.991 203.685.950 178.962.656 Aquisições de terceiros com outras aquisições (móveis, microcomputadores, etc.) 592.426 391.642 1.279.746 531.282 5.041.917 1.731.460 1.188.365 2.131.389 1.566.379 2.759.993 Produção própria realizada para o ativo imobilizado com outras aquisições (móveis, microcomputadores, etc.) 622 0 8.526 1.424 0 4.086 769 45.517 1.233 2.848

Melhorias de outras aquisições (móveis, microcomputadores, etc.) 8.152 0 112 3.305 37.849 8.711 53.598 11.431 3.305 110.668

Média Capital TI 200.400 130.547 429.461 178.670 1.693.255 581.419 414.244 729.446 523.639 957.836

Aquisições de terceiros com terrenos e edificações 3.921.666 596.512 500.580 229.222 1.683.268 1.158.756 2.308.897 566.705 719.999 303.436

Aquisições de terceiros com máquinas e equipamentos industriais 4.564.915 3.555.870 3.901.970 4.344.982 5.358.543 6.535.983 5.181.954 3.242.629 10.328.589 3.409.407

Aquisições de terceiros com meios de transporte 100.337 146.592 123.236 142.778 199.527 256.194 146.160 224.464 367.617 124.127 Produção própria realizada para o ativo imobilizado com terrenos e edificações 121.939 14.737 0 4.000 26.725 0 0 15.935 2.098 47.396 Produção própria realizada para o ativo imobilizado com máquinas equipamentos industriais 181.764 768.746 14.678 71.968 91.194 43.076 23.793 13.193 70.157 33.667 Produção própria realizada para o ativo imobilizado com meios de transporte 2.612 0 2.935 0 0 8.650 0 0 0 0

Melhorias com terrenos e edificações 42.089 48.045 40.145 45.381 137.117 159.298 407.945 131.471 850.442 744.935

Melhorias com máquinas e equipamentos industriais 37.667 35.190 7.910 18.707 77.924 45.074 226.736 6.132 81.227 2.061.315

Melhorias dos meios de transporte 150 87 813 0 0 781 0 500 0 13.326

Média Capital não-TI 997.016 573.975 510.252 539.671 841.589 911.979 921.721 466.781 1.380.015 748.623 Salários, retiradas e outras remunerações relativas ao ano do pessoal assalariado não ligado à produção industrial 2.744.758 2.684.320 3.819.396 4.069.025 3.989.585 3.317.746 5.479.793 5.019.816 5.409.145 5.215.974

Média Trabalho TI 2.744.758 2.684.320 3.819.396 4.069.025 3.989.585 3.317.746 5.479.793 5.019.816 5.409.145 5.215.974 Salários, retiradas e outras remunerações relativas ao ano do pessoal assalariado ligado à produção industrial 5.929.650 7.586.239 9.451.839 9.863.142 13.247.567 12.226.180 9.809.643 14.333.713 19.365.424 14.550.658

Média Trabalho não-TI 5.929.650 7.586.239 9.451.839 9.863.142 13.247.567 12.226.180 9.809.643 14.333.713 19.365.424 14.550.658

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APÊNDICE B - Conversão dos valores

ÍNDICE GERAL DE PREÇOS - DISPONIBILIDADE INTERNA - IGP-DI

Número índice 134.689

144.765

147.231

176.647

193.970

214.137

270.692

291.462

326.833

330.835

Fator de Correção 2,4563

2,2854

2,2471

1,8729

1,7056

1,5450

1,2222

1,1351

1,0123

1,0000

CONVERSÃO DOS VALORES EM R$ CONSTANTES DE DEZEMBRO DE 2005

Variáveis 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Produto 130.228.224,85 152.791.487,58 198.502.596,84 234.475.550,90 273.013.833,72 246.571.673,37 149.584.969,06 182.676.173,26 206.191.287,35 178.962.655,86

Capital TI 492.242,32 298.353,13 965.042,75 334.631,75 2.888.016,23 898.292,05 506.289,30 827.993,80 530.079,98 957.836,17

Capital não TI 2.448.969,21 1.311.763,31 1.146.586,80 1.010.749,69 1.435.413,75 1.409.007,80 1.126.526,80 529.843,02 1.396.988,68 748.623,17

Trabalho de TI 6.741.949,38 6.134.744,67 8.582.563,91 7.620.876,22 6.804.635,96 5.125.916,95 6.697.403,29 5.697.993,07 5.475.677,65 5.215.973,79

Trabalho não-TI 14.564.998,07 17.337.589,85 21.239.227,98 18.472.677,72 22.595.050,28 18.889.448,41 11.989.345,96 16.270.197,63 19.603.618,38 14.550.658,14

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APÊNDICE C - Resultado da conversão logarítmica neperiana

Resultado da Conversão Logarítmica Neperiana do valor das Variáveis para tornar linear a função Cobb-Douglas

Período Produto

(Q) Capital TI

(C) Capital não-TI

(K) Trabalho TI

(S) Trabalho não-TI

(L)

1996 18,6848 13,1067 14,7112 15,7239 16,4941

1997 18,8446 12,6060 14,0869 15,6295 16,6684

1998 19,1063 13,7799 13,9523 15,9652 16,8714

1999 19,2729 12,7208 13,8262 15,8464 16,7318

2000 19,4250 14,8761 14,1770 15,7331 16,9332

2001 19,3232 13,7083 14,1584 15,4498 16,7541

2002 18,8234 13,1349 13,9346 15,7172 16,2995

2003 19,0232 13,6268 13,1803 15,5556 16,6048

2004 19,1443 13,1808 14,1498 15,5158 16,7912

2005 19,0027 13,7724 13,5260 15,4672 16,4931

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APÊNDICE D - Resultado da análise de regressão

Estatística de regressão R múltiplo 0,844463551 R-Quadrado 0,713118689 R-quadrado ajustado 0,48361364 Erro padrão 0,170156822 Observações 10 ANOVA

gl SQ MQ F F de significação Regressão 4 0,359855627 0,089963907 3,107202615 0,12266965 Resíduo 5 0,144766721 0,028953344 Total 9 0,504622348

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores

Interseção 7,504716357 6,528761585 1,149485436 0,302352089 -9,277999576 24,28743 Capital TI (C) 0,08124225 0,098065507 0,828448788 0,445147666 -0,17084316 0,333328

Capital não-TI (K) -0,11390054 0,143185095 -0,795477653 0,462410886 -0,481969549 0,254168

Trabalho TI (S) -0,16933612 0,354905759 -0,477129823 0,653395049 -1,081650419 0,742978

Trabalho não-TI (L) 0,882767718 0,340049389 2,595998541 0,048483565 0,008642935 1,756892

Page 140: ANÁLISE DO IMPACTO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO ... · analisa o impacto da TI na produtividade do setor industrial do Vale do Paraíba Paulista no período

APÊNDICE E - Resultado da análise de regressão – defasagem de 1 ano

Estatística de regressão R múltiplo 0,8570901 R-Quadrado 0,73460343 R-quadrado ajustado 0,46920687 Erro padrão 0,15107164 Observações 9 ANOVA

gl SQ MQ F F de

significação Regressão 4 0,25268736 0,063171839 2,767946247 0,17391942 Resíduo 4 0,09129056 0,022822639 Total 8 0,34397791

Coeficientes Erro padrão Stat t valor-P 95% inferiores 95% superiores

Interseção 1,26557575 5,66603231 0,223361902 0,834197266 -14,46585192 16,997 Capital TI (C) 0,11004711 0,08965704 1,227422969 0,286959479 -0,13888074 0,358975

Capital não-TI (K) -0,0695902 0,20086349 -0,34645521 0,746457965 -0,627276643 0,488096

Trabalho TI (S) 0,23510637 0,44109912 0,533001216 0,622268944 -0,989581134 1,459794

Trabalho não-TI (L) 0,8178905 0,43520491 1,879322765 0,133385573 -0,390432051 2,026213