Analise do artigo: “Para uma visão transformadora da supervisão pedagógica”

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Analise do artigo: “Para uma visão transformadora da supervisão pedagógica” 2011

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Trabalho de Conclusão de Disciplina

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Analise do artigo: “Para uma visão

transformadora da supervisão pedagógica”

2011

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Analise do artigo: “Para uma visão

transformadora da supervisão pedagógica”

Alan Barbosa Correa Ciriaco

Rosangela Aparecida Silva

2011

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Objetivo

O artigo analisado tem como objetivo, propor uma supervisão

pedagógica transformadora, municiada de valores que favoreçam a democracia

e emancipação dos professores e alunos envolvidos no processo. Outro

objetivo claramente apresentado pela autora, Além de apresentar as relações

entre supervisão e pedagogia, discute-se também a viabilidade de um projeto

de supervisão, demonstrando em seus resultados, fatores que favorecem ou

limitam a operacionalização do mesmo, não corroborando dessa maneira, com

equívocos que ocorrem na produção de teorias descontextualizadas.

2.2 Justificativa

O presente estudo faz-se necessário, pois busca a melhora da qualidade

da ação educativa, utilizando-se da supervisão acompanhada e a auto-

supervisão, contribuindo para a formação de formadores capazes de gerenciar

sua própria prática. Deste modo, verifica-se a possibilidade de romper com a

associação das funções do supervisor com a inspeção e o controle. Além

disso, os diferentes modelos de supervisão utilizados na educação tendem a

idealizar uma prática sem levar em consideração os fatores limitantes para sua

operacionalização, criando desta maneira, um abismo entre a teoria e a prática,

preocupação apresentada pelo projeto.

A partir disso, é possível refletir sobre a atuação profissional na

educação, buscando aperfeiçoar as práticas pedagógicas.

Metodologia

O projeto de supervisão apresentado tem sido realizado no

Departamento de Metodologias da Educação da Universidade do Minho,

envolvendo professores e alunos participantes do programa de estagio

pedagógico na educação em língua Inglesa e Alemã.

O projeto realizou dois estudos paralelamente. Um deles explorou a

possibilidade de desenvolver autonomia dos alunos na aprendizagem de uma

língua estrangeira, e outro relacionado às potencialidades da investigação-ação

como estratégia de formação reflexiva de professores de língua estrangeira em

estagio. Vale ressaltar que os princípios norteadores do projeto confrontavam

com as idéias da educação promovida até então, pois é sabido que a formação

inicial de professores tem estado fortemente relacionada à tradição racionalista

técnica da formação profissional.

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Os objetivos do projeto são problematizar contextos pedagógicos de

formação, indagar teorias e práticas pedagógicas, promover uma pedagogia

centrada nos alunos e na aprendizagem, valorizar a auto-direção e a

colaboração no desenvolvimento profissional e promover o posicionamento

crítico frente à profissão.

As estratégias utilizadas para se alcançar os objetivos se baseavam na

investigação-ação, construção e reconstrução participada e reflexão dos alunos

sobre a língua e o processo de aprendê-la.

Assim, como comenta VIEIRA (2009), se criavam condições para a construção progressiva e sustentada de uma teoria da ação supervisiva, em estreita articulação com uma teoria da ação pedagógica, ambas sujeitas a um trabalho continuado.

Os impactos proporcionados aos professores e alunos, foram documentados em portfólios individuais, e investigados através de estudos do próprio projeto.

Resultados

A autora apresenta resultados que foram coletados a partir da avaliação

dos professores e a auto-avaliação dos alunos. No que se refere a auto-

avaliação, foram destacados os seguintes avanços:

formação de profissionais mais conscientes e mais responsáveis;

o desenvolvimento de uma atitude investigativa, crítica e reflexiva face à profissão;

a reconceitualização de teorias e práticas pessoais;

uma maior vontade e confiança na experimentação pedagógica;

um maior conhecimento dos alunos e o desenvolvimento das suas competências de comunicação e de aprendizagem;

a promoção da autonomia e emancipação profissionais;

Contudo, e a par dos ganhos da abordagem supervisiva desenvolvida, a avaliação dos estagiários também tem permitido identificar constrangimentos de ordem cultural, metodológica e pessoal, relativos, por exemplo, às tradições do ensino e ao choque da realidade, à inexperiência profissional e às dificuldades inerentes à investigação-ação, à falta de hábitos de reflexão e de exposição ao outro, e aos receios associados à avaliação do seu desempenho. Assim, e embora reconhecendo o potencial transformador da abordagem, reconhecem igualmente problemas na sua operacionalização, evidenciando a existência de uma tensão permanente entre ideais e práticas.

Por parte da equipe de professores, foi possível identificar um consenso no que se refere aos ganhos, porém o mesmo consenso ocorre aos fatores limitantes do processo. Alguns aspectos são citados pela equipe de supervisão, que estão relacionados à:

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emancipação-sujeição, criado pela contradição entre a intenção de promover a autonomia dos estagiários e o fato de atuarmos como uma espécie de modelo para o que (não) é aceitável pensar ou fazer em educação;

inibição de uma relação de sinceridade, fomentação atitudes de conformismo acrítico ou camaleônico como estratégia de sobrevivência;

tempo versus aprendizado, pois na medida em que a novidade e a urgência da prática dificilmente se conciliam com o tempo necessário à sua problematização;

intervenções didáticas desenvolvidas pelos estagiários nos seus projetos de investigação-ação exploram pouco a sua dimensão política em comparação com a sua dimensão psicológica;

desvio da atenção de questões curriculares mais transversais, como o papel social da educação em línguas ou o papel dos programas e manuais escolares na determinação do conhecimento válido;

dificuldade na fundamentação teórica das estratégias de ação desenvolvidas, assim como na avaliação do seu impacto através da recolha e análise sistemáticas de informação;

Distanciamento entre do profissional recém formado e a academia;

Desta maneira, foi possível verificar que o projeto desenvolvido apresenta pontos positivos e pontos a melhorar, rompendo dessa forma, com a utopia da teoria perfeita. Dificilmente haverá uma teoria isenta de ônus ou bônus. Cabe aos educadores envolvidos nos processos educacionais, re-significar conhecimentos sem o compromisso de ser submisso aos mesmos.

Considerações dos autores

Ao final deste artigo, verifica-se a partir das idéias apresentadas pela autora, que as práticas de supervisão devem buscar ações que visam à emancipação e a reflexão para uma conseqüente melhora das aprendizagens. Porém faz-se necessário, além de buscar uma visão transformadora da supervisão pedagógica, questionar as teorias produzidas sobre o tema, pois segundo VIEIRA (2009):

“... o projeto evidencia ainda um conjunto de constrangimentos e

paradoxos que afetam uma orientação emancipatória na formação inicial de professores, possivelmente presentes em iniciativas análogas, os quais nos remetem para a dimensão ideológica da supervisão pedagógica como prática situada entre a reprodução e transformação da ordem social implícita nos contextos de intervenção”.

A autora comenta ainda, que o que move a ação pedagógica, é a

esperança que traz certeza que toda ação transformadora não deve ter fim,

mas que se deve a todo o momento atentar-se a reconstrução.

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O papel do supervisor no Brasil

A partir das informações citadas anteriormente, tentaremos fazer uma relação da prática de supervisão apresentada no artigo e as possibilidades de viabilização da mesma em nosso contexto. Conforme o Comunicado SEE de 30/07/2002, o Supervisor de Ensino é: 1) assessorar, acompanhar, orientar, avaliar e controlar os processos educacionais, implementados nos diferentes níveis do sistema; 2) retro informar aos órgãos centrais as condições de funcionamento e demandas das escolas, bem como os efeitos da implantação das políticas.”

No entanto, sua ação está restrita às Diretorias de Ensino e às Escolas, não sendo chamado a atuar em nível central, nem a participar da formulação das políticas educacionais, executando, na prática, apenas atividades de ordem técnica e operacional. São Paulo é o único Estado da Federação a manter a Supervisão de Sistema, pois os demais Estados têm o supervisor escolar ou pedagógico, sediado na própria escola. (Cunha, 2009)

Vale ressaltar que nem sempre a prática do supervisor de ensino corresponde ao que é sugerido pelas leis governamentais. Esse descompasso ocorre devido a acumulação de escolas que os mesmos são responsáveis, não conseguindo desta maneira, desempenhar seu papel de orientador/facilitador do processo educacional, se limitando apenas a função de inspetor.

Viabilidade em nosso contexto

É notável a carência de uma sistematização eficaz para um bom

funcionamento das instituições educacionais, principalmente na busca da

melhora da qualidade do processo ensino aprendizagem. Tentaremos fazer

uma relação do artigo apresentado com a nossa realidade, haja vista que

sistema Português de ensino, levando em consideração os aspectos culturais e

sociais, se encontra em uma posição diferente do sistema educacional

brasileiro. Uma das principais diferenças é a verdadeira função do supervisor

de ensino, pois como citamos anteriormente, aqui no Brasil o supervisor não

consegue exercer a função de facilitador do processo devido ao grande numero

de escolas que fica responsável. Mas acreditamos, que o supervisor só poderá

se aproximar de uma função que visa uma transformação da supervisão

pedagógica quando as leis vigentes forem revistas. Mas até lá, pois não

podemos num curto prazo de temo alcançar estes objetivos, iniciaremos um

processo de reflexão sobre as possibilidades de viabilização do método

apresentado.

Acreditamos que a função de supervisor facilitador poderia ser exercida

pelas lideranças naturais existentes na escola, pois como mostra o texto, as

propostas apresentadas são a auto-supervisão e a supervisão acompanhada.

Mas para que isso seja possível, alguns fatores são primordiais para o

desenvolvimento do projeto:

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Conscientizar os professores e funcionários sobre o papel do educador

na sociedade;

Promover formação continuada sobre as questões relacionadas ao

aprendizado dos alunos;

Desvincular a função dos supervisores de estratégias de controle e

fiscalização das práticas pedagógicas;

Promover ações de construção coletiva;

Identificar potencialidades dos envolvidos;

Criar ambiente democrático e harmonioso;

Apesar de corroborarmos com os princípios da supervisão

transformadora, acreditamos que não é um trabalho fácil de ser desenvolvido,

por isso é necessário que seja realizado de forma que respeite o tempo de

assimilação e acomodação dos conhecimentos de cada educador.

Por fim, independentemente dos avanços e dos pontos a melhorar da

educação, defendemos a idéia de que a melhor maneira de aprender a fazer é

fazendo.

Referência Bibliográficas

CUNHA, Maria Tereza Namen Abdal Santos. Ação Supervisora: rotinas e

práticas. APASE, Suplemento Pedagógico. São Paulo, ano X nº 25 - agosto

2009. Disponível em

<http://www.sindicatoapase.org.br/userfiles/file/2009/agosto/suplemento_2009a

gosto.pdf. Acessos em acessos em 20 mar. 2011.

VIEIRA, Flávia. Para uma visão transformadora da supervisão pedagógica.

Educ. Soc., Campinas, v. 30, n. 106, abr. 2009. Disponível em

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010173302009000100

010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 mar. 2011. doi: 10.1590/S0101-

73302009000100010.