Analise dimensional

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Análise Dimensional Semelhança Análise Dimensional e Semelhança 1

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Análise Dimensional Semelhança

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Análise Dimensional Análise dimensional é um meio para simplificação de um problema físico empregando a homogeneidade dimensional para reduzir o número das variáveis de análise. A análise dimensional é particularmente útil para: - Apresentar e interpretar dados experimentais; - Resolver problemas difíceis de atacar com solução analítica; - Estabelecer a importância relativa de um determinado fenômeno; - Modelagem física.

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Dimensões primárias

massa M [kg] comprimento L [m]

tempo T [s] temperatura θ [K]

Dimensões de grandezas derivadas

Grandeza Símbolo Dimensão

Área A L2

Geometria Volume V L3

Velocidade U LT-1

Velocidade Angular ω T-1

Vazão Q L3T-1Cinemática

m& -1MTFluxo de massa Força F MLT-2

Torque T 2 -2ML TEnergia E 2 -2ML TDinâmica Potência P ML2 -3TPressão p ML-1 -2T

-3Densidade ρ ML-1 -1Viscosidade μ ML T

ν 2 -1Viscosidade Cinemática L TTensão superficial σ MT-2

Propriedades dos Fluidos

-3Condutividade Térmica k MLT θ 2 -2Calor Específico CP, CV L T θ-1

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Semelhança Problemas em Engenharia (principalmente na área de Térmica e Fluidos) dificilmente são resolvidos aplicando-se exclusivamente análise teórica. Portanto, utilizam-se com freqüência estudos experimentais. Métodos analíticos nem sempre são satisfatórios: - Limitações devido às simplificações necessárias para resolver as equações; - Análise detalhada com grande complexidade/custo; Muito do trabalho experimental é feito com o próprio equipamento ou com réplicas exatas. Porém, a maior parte das aplicações em Engenharia é realizada utilizando-se modelos em escala. No entanto, sem planejamento e organização, os procedimentos experimentais podem: - Consumir muito tempo; - Não ter objetividade; - Custarem muito.

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Utilização de modelos em escala - Vantagens econômicas (tempo e dinheiro); - Podem-se utilizar fluidos diferentes dos fluidos de trabalho; - Os resultados podem ser extrapolados; - Podem-se utilizar modelos reduzidos ou expandidos (dependendo da conveniência); As comparações são realizadas entre o PROTÓTIPO (avião, navio) em escala real e o MODELO em escala reduzida ou aumentada.

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Comparação entre Protótipo e Modelo Para ser possível esta comparação e conseqüente a utilização dos resultados do modelo ao protótipo é indispensável que os conjuntos de condições sejam FISICAMENTE SEMELHANTES. O termo SEMELHANÇA FÍSICA é um termo geral que envolve uma variedade de tipos de semelhança.

Semelhança Geométrica

Semelhança Cinemática

Semelhança Dinâmica

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Semelhança Geométrica Semelhança de forma. A propriedade característica dos sistemas geometricamente semelhantes (modelo e protótipo) é que a razão entre qualquer comprimento no modelo e o seu comprimento correspondente no protótipo é uma constante. Esta razão é conhecida como FATOR DE ESCALA. A semelhança geométrica é o requisito mais óbvio para que um modelo possa corresponder a um dado protótipo. Nem sempre é fácil obter a semelhança geométrica perfeita. Deve-se lembrar que não só a forma global do modelo tem que ser semelhante à do protótipo, como também a rugosidade das superfícies deveria ser geometricamente semelhantes.

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Semelhança Geométrica Muitas vezes, a rugosidade de um modelo em escala reduzida não pode ser obtida de acordo com o fator de escala – problema de construção/de material/de acabamento das superfícies do modelo. Exemplo: Estudo do movimento dos sedimentos nos rios. Um modelo em escala pode exigir o uso de um pó excessivamente fino para representar o sedimento. No caso de protótipos muito grandes, o recurso de modelos distorcidos (fator de escala diferentes entre os comprimentos na horizontal e na vertical) é inevitável.

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Semelhança Cinemática Semelhança cinemática é a semelhança do movimento, o que implica necessariamente semelhança de comprimentos (semelhança geométrica) e semelhança de intervalos de tempo.

Comprimento no protótipo Tempo no protótipo

Comprimento no modelo

Tempo no modelo

Velocidade (aceleração) no protótipo

Velocidade (aceleração) no modelo

Exemplo de semelhança cinemática: Planetário. O firmamento é reproduzido de acordo com um certo fator de escala de comprimento e, ao copiar os movimentos dos planetas, utiliza-se uma razão fixa de intervalos de tempo e, portanto, de velocidades e acelerações.

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Semelhança Cinemática Escoamentos que possuem semelhança cinemática, os padrões formados pelas linhas de corrente são geometricamente semelhantes.

Protótipo

Modelo

Uma vez que as fronteiras do escoamento correspondem a linhas de correntes, só é possível obter escoamentos semelhantes, do ponto de vista cinemático, em fronteiras geometricamente semelhantes.

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Semelhança Cinemática No entanto, esta condição não é suficiente para assegurar a semelhança geométrica dos padrões das linhas de corrente a uma distância significativa das fronteiras.

Protótipo

Modelo

A semelhança geométrica nas fronteiras é uma condição necessária, mas não suficiente para haver semelhança cinemática dos escoamentos.

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Semelhança Dinâmica Semelhança Dinâmica é a semelhança das forças. Dois sistemas são dinamicamente semelhantes quando os valores absolutos das forças, em pontos equivalentes dos dois sistemas, estão numa razão fixa. As forças que determinam o comportamento dos fluidos têm várias origens:

1. Forças devidas às diferenças de pressão; 2pLΔ≈

2. Forças resultantes da ação da viscosidade;

ULμ≈

3. Forças devido à tensão superficial; Lσ≈

4. Forças elásticas;

2KL≈

5. Forças de inércia. 22ULρ≈

6. Forças devido à atração gravitacional

gL3ρ≈

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Grupos Adimensionais

Grupo Adimensional

Nome Razão das forças representadas

Símbolo habitual

μρUL

aVisForçaInérciadeForça

cosNúmero de Reynolds Re

gravidadedaForçaInérciadeForça

( )21

Lg

U Número de Froude Fr

erficialtensãodeForçaInérciadeForça

supNúmero de

Weber 21

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛σρLU

We

elásticaForçaInérciadeForça

cU Número de

Mach M

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Semelhança Geométrica

Semelhança Cinemática

Semelhança Dinâmica

Semelhança Geométrica - das formas - das linhas de corrente - das linhas de força

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Determinação de Grupos Adimensionais em um Problema Físico

Teorema dos Pi de Buckingham Dado um problema físico no qual um parâmetro de interesse é uma função de n-1 parâmetros independentes, é possível escrever a seguinte relação:

( )nqqqfq ,...,, 321 =

(1) Pode-se expressar esta mesma relação de uma forma alternativa:

( ) 0,...,, 32 =nqqqg

(2) O Teorema dos Pi de Buckingham declara que dada uma relação entre n parâmetros da forma da Eq.(2), então, os n parâmetros podem ser agrupados em n-m razões independentes adimensionais, ou parâmetros Π, os quais podem ser expressos como segue:

( ) 0,...,, 21 =ΠΠΠ −mnG

( )mnG −ΠΠΠ=Π ,...,, 3211

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Determinação dos Grupos Pi Geralmente, a determinação dos grupos adimensionais segue um roteiro descrito a seguir: PASSO 1: Liste todos os parâmetros envolvidos. Define-se n como o número de parâmetros envolvidos; PASSO 2: Expresse estes parâmetros em termos das dimensões primárias. Define-se r como o número de dimensões primárias presentes no problema; PASSO 3: Selecione da lista um número r de parâmetros que, em conjunto, incluam todas as dimensões primárias. Tome cuidado para que estes parâmetros não sejam linearmente dependentes. Existe a possibilidade de não ser possível selecionar r parâmetros independentes. Neste caso, o número de parâmetros independentes, m, deve ser considerado ao invés de r; PASSO 4: Estabeleça equações dimensionais combinando os parâmetros selecionados no passo anterior com cada um dos outros parâmetros para formar grupos adimensionais. Geralmente, o número de equações dimensionais é igual ao número de parâmetros menos o número de dimensões primárias presentes no problema (n-r), a não ser que r ≠ m. Neste caso, o número de equações dimensionais deverá ser (n-m); PASSO 5: Resolva as equações para obter os grupos adimensionais; PASSO 6: Verifique se cada grupo obtido é adimensional.

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Estudo de Modelos Uma vez determinadas a importância dos números adimensionais e a metodologia para sua determinação em um problema físico, pode-se estudar como estes números (ou grupos) adimensionais podem ser utilizados para a prática de engenharia. O teorema dos Pi de Buckingham torna possível determinar quais são os grupos adimensionais importantes para o problema e predizer a relação funcional entre eles. Considere o caso onde foram determinados 2 parâmetros adimensionais, relacionados pela seguinte equação funcional:

( )21 Π=Π f A semelhança dinâmica entre modelo e protótipo (objeto em escala real), geometricamente semelhantes, ocorrerá se:

( ) ( )PROTOTIPOMODELO 22 Π=Π

Neste caso, esta igualdade garante que:

( ) ( )PROTOTIPOMODELO 11 Π=Π

As grandes dificuldades surgem quando o problema físico apresenta 3 ou mais grupos adimensionais. Considerando um problema com 3 números adimensionais:

( )321 ,ΠΠ=Π f

Para se ter

( ) ( )PROTOTIPOMODELO 11 Π=Π

É necessário garantir que as seguintes situações ocorrerão simultaneamente:

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( ) ( )PROTOTIPOMODELO 22 Π=Π

( ) ( )PROTOTIPOMODELO 33 Π=Π

Em muitas situações práticas não é possível atender as equações acima simultaneamente. Porém, a natureza intrépida de um(a) engenheiro(a) não impede que, ainda nestas situações, o problema físico seja analisado. Nestas situações, conhecidas como Semelhança Incompleta, depara-se com problemas intrínsecos da mudança de escala. No caso da análise de escoamentos, a redução da escala entre modelo e protótipo é responsável por duas situações muito comuns: 1. Em casos de escoamento de água com superfície livre, pode não ser possível compatibilizar a exigência da igualdade de número de Reynolds e de número de Froude. Como, geralmente, a água é o líquido mais conveniente para a realização destes testes, a garantia de semelhança geométrica pode levar a adoção de velocidades no modelo que faça com que o regime de escoamento torne-se laminar, enquanto o protótipo opera em regime turbulento;

2. A rugosidade relativa pode não ser possível de ser atendida no

modelo. Uma vez que do modelo é reduzida, a rugosidade superficial requerida pode tornar-se impossível de ser atingida.

L

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Exemplo prático 1 Disponível no Livro Fox & MacDonald (5ª Ed.). Semelhança Incompleta entre o Modelo e o Protótipo de uma fragata Os testes em um modelo de navio, em escala 1:80, indicaram que o escoamento apresentou-se laminar (deveria ser turbulento). Isto ocorreu porque não foi possível atender a igualdade do número de Reynolds (situação do problema 1, discutido anteriormente). O fato da não coincidência dos regimes de escoamento faz com que haja uma grande discrepância das espessuras das camadas limite e, por conseqüência, do coeficiente de arrasto hidrodinâmico. Para que fosse possível a estimativa da resistência viscosa, a partir do Modelo, foi necessário o uso de um artifício. Da teoria da Camada Limite, estimou-se a espessura da camada limite ao longo do casco do navio (Protótipo). Considerando-se a redução da escala, estimou-se a espessura da camada limite no Modelo. Como o escoamento no Modelo era laminar, perturbou-se a camada limite de forma a atingir a espessura que garantisse similaridade geométrica com o Protótipo. Esta perturbação foi realizada acrescentando-se protuberâncias ao longo do Modelo. Ao assumir que existe semelhança dinâmica quando há semelhança geométrica entre a espessura da camada limite do Modelo e do Protótipo, foi possível estimar o coeficiente de arrasto hidrodinâmico do navio em estudo. Para se avaliar o impacto do regime de escoamento no coeficiente de arrasto hidrodinâmico, observe os dados obtidos a partir do modelo com a camada limite não perturbada (à esquerda) e com a camada limite perturbada (à direita).

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Camada limite perturbada

Camada limite não perturbada

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Resistência ao Escoamento em Navios A partir da análise dimensional e considerando algumas simplificações, a resistência ao escoamento de um navio na água é dada por:

( )FrfluF Re,... 22ρ= Onde ρ é a massa específica da água [kg.m-3], é a velocidade de deslocamento do navio [m.s

u-1], é o comprimento do navio na linha

de água [m], Re é o número de Reynolds e l

Fr é o número de Froude. A semelhança das forças viscosas (representadas pelo Re) e a semelhança das forças de gravidade (representadas por Fr) não podem ser observadas de forma simultânea. Portanto, faz-se a suposição de que a resistência ao escoamento de um navio é a soma de três parcelas distintas:

a) Resistência devido à geração de ondas; b) Arrasto viscoso; c) Arrasto devido à formação de turbilhões.

Admite-se que a parcela (a) não é influenciada pela viscosidade (independe de Re). A parcela (c) não é simples de se avaliar, mas sabe-se que possui pouca influência de Re. Portanto, aglutinam-se as parcelas (a) e (c). Desta forma, é a soma de duas funções, uma dependente de

Reynolds e outra dependente de Froude:

F)((Re) 21 FrffF +=

Onde é a força de arrasto viscoso e é chamada de resistência residual.

1f 2f

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Exercício Proposto Um navio com 125 m de comprimento (na linha de água) e com uma área molhada de 3500 m2, vai ser arrastado em água salgada à velocidade de 10 m/s. Um modelo em escala de 1:25 vai ser ensaiado para determinar a resistência ao movimento. A resistência total do Modelo (em água doce) é 54,2 N. Determinar a resistência total no protótipo. Dados:

FV CAuF ...21 2ρ=1. Força de Arrasto Viscoso:

Onde é o coeficiente de arrasto viscoso, definido por: FC

( )210 2Relog075,0

−=FC

2. Viscosidade cinemática da água doce: ν =1,235x10-6 2 m s-1

-3ρ Massa Específica da água doce: =1000 kg.m 3. Viscosidade cinemática da água salgada: ν =1,188x10-6 2 m s-1

Massa Específica da água salgada: ρ =1025 kg.m-3

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