Análise de redes sociais

29
Mark S. Mizruchi 1998 Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais

description

 

Transcript of Análise de redes sociais

Page 1: Análise de redes sociais

Mark S. Mizruchi1998

Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais

Page 2: Análise de redes sociais

objetivos:• Apresentar um panorama da literatura

sobre redes em 3 áreas: centralidade, subgrupos e relações intraorganizacionais.

• Discutir 3 questões controversas:• a relação entre redes e a teoria da escolha

racional, • o papel das normas e da cultura e • a questão da agência humana.

• Perspectivas futuras para a análise de redes.

Page 3: Análise de redes sociais

Antecedentes históricos• Psicólogo Jacob Moreno • Sociometria - junção das

palavras socius (social) e metrum (medida)O sociograma

Analisa as relações sociais no ambiente de trabalho:• os líderes, os marginalizados, os feudos.• os estrelas: conetam grupos, sem ser

membros.• as pontes: servem de ligação - pertencem a

dois ou mais grupos.• os isolados: os que não estão conectados.

No teste sociométrico cada membro do grupo responde sobre as suas preferências em termos de relacionamento em situações muito concretas e por ordem de prioridades.

Page 4: Análise de redes sociais

• Antropólogos sociais• John Barnes

É o primeiro em usar o conceito de redes sociais em um contexto científico.

Isto foi em 1954, num artigo sobre dois anos de estudos na Nova Guiné à Noruega.

Analisou as relações em redes formais e informais, familiares e extra familiares na vida de um vilarejo isolado de pescadores na Noruega.

Destacou a importância dos vínculos sociais , extra familiares na vida cotidiana.

Antecedentes históricos

Page 5: Análise de redes sociais

Antecedentes históricos

• Sociologia estruturalAs estruturas sociais, restrições e oportunidades, são vistas como afetando mais o comportamento humano do que as normas culturais ou outras condições subjetivas.

Em uma situação que envolva 3 agentes, um será bem sucedido na medida em que possa explorar um conflito entre os outros dois (pessoas organizações e países).

• George Simmel

Page 6: Análise de redes sociais

A maioria dos sociólogos estruturalistas afirma que os fatores objetivos são mais

determinantes e mais significativos do

comportamento do que os subjetivos.

Antecedentes históricos

Page 7: Análise de redes sociais

A análise de redes é um tipo de sociologia estrutural que se baseia numa noção clara dos efeitos das relações sociais sobre o comportamento

individual e grupal.

Antecedentes históricos

Page 8: Análise de redes sociais

Princípios e métodos de análise de redes

• Princípio básico da análise de redes é que a estrutura das relações sociais determina o conteúdo dessas relações.

• As pessoas não são combinações de atributos.

• Sociólogos fazem classificações generalizantes: protestantes de classe média que residem...

• Esses termos ofuscam o que para os teóricos de redes são a matéria prima da vida social: as redes concretas de relações sociais, que incorporam e, ao mesmo tempo, transcendem organizações.

Page 9: Análise de redes sociais

• A discussão de Simmel sobre as tríades e díades ilustra o princípio de que a estrutura das relações sociais afeta seu conteúdo.

A BTríade fechada Tríade aberta

Princípios e métodos de análise de redes

Page 10: Análise de redes sociais

Princípios e métodos de análise de redes

• Os efeitos da centralidade do agente sobre o

comportamento (pessoas / empresas)• A identificação de subgrupos da rede• A natureza das relações entre as

organizações.

Na análise das redes três áreas merecem atenção:

Page 11: Análise de redes sociais

Rede e centralidade do agente

Entre os anos 50 e 60, diversos estudos identificaram diferenças consideráveis no caráter das atividades de solução de problemas em grupo entre diversas estruturas de comunicação, principalmente entre a centralidade de um agente e sua influência sobre o grupo.

As diferenças de influência entre o agente mais central e o menos central aumentavam com a crescente hierarquia das estruturas.

Page 12: Análise de redes sociais

A BGrau de centralização 1

(a maior possível)Grau de centralização 0

(a menor possível)Linton Freeman

Rede e centralidade do agente

Page 13: Análise de redes sociais

Embora a maior parte dos estudos demonstrem uma relação positiva entre centralidade da rede e poder, essa associação é mais complexa do que sugerem.

Rede e centralidade do agente

Page 14: Análise de redes sociais

1

2

7

3

8 4

10

9

5 6

A posição numa determinada rede, impacta sobre seu comportamento e bem estar social.

A centralidade local pode ser mais poderosa que a centralidade global.

David Mardsen atesta o poder da coalizão nestas situações.

Rede e centralidade do agente

Page 15: Análise de redes sociais

Subgrupos da RedeDuas abordagens: relacional e posicional:

• Relacional: técnicas gráfico-teóricas. Seu foco está na identificação de cliques (regiões densamente conectadas em que a maioria / totalidade dos agentes está diretamente ligada entre si).

Um exemplo dessa técnica é o blockmodel, desenvolvido por Harrison White.

Page 16: Análise de redes sociais

Subgrupos da Rede

Alberto Rodrigo Ana Carlos Marcelo Caio Rita Carol Marta

Alberto x 1 0 1 0 0 0 0 0

Rodrigo 1 x 0 1 0 0 0 0 0

Ana 0 0 x 0 1 0 1 0 1

Carlos 1 1 0 x 0 0 0 0 0

Marcelo 0 0 0 0 x 0 1 0 1

Caio 0 0 0 0 1 x 1 0 1

Rita 0 0 0 0 1 0 x 0 1

Carol 0 0 0 0 1 0 1 x 1

Marta 0 0 0 0 1 0 1 0 x

Escolhas enviadas

Escolhas recebidas

Exemplo: laços de amizade (de quem a pessoa gosta)

ZeroCinc

oCinc

oCinc

o

Page 17: Análise de redes sociais

Subgrupos da Rede

• Constata-se que os laços vão dos agentes de menor status aos de maior status, mas não o contrário.

• Os agentes de status mais elevados escolhem outros também de status elevado, mas não escolhem agentes de status mais baixos.

• Existem outras técnicas utilizadas para analisar a estrutura de uma rede como a análise fatorial e as escalas multidimensionais.

• O que há de comum em todos os teóricos desses modelos é que os membros de cliques / ou agrupamentos específicos devem apresentar atitudes ou comportamentos semelhantes.

Exemplo: laços de amizade (de quem a pessoa gosta)

Page 18: Análise de redes sociais

• Mizruch, sugere que os agentes estruturalmente equivalentes tendem a apresentar comportamentos semelhantes pois estão sujeitos às mesmas influências.

• Outra análise diz que os agentes estruturalmente equivalentes tendem a apresentar comportamentos semelhantes por ocuparem as mesmas posições nas estruturas sociais, competem pelos favores dos ocupantes de outras posições.

Subgrupos da RedeExemplo: laços de amizade (de quem a pessoa gosta)

Page 19: Análise de redes sociais

Análise de redes e relações interorganizacionais

• A crítica em relação a análise de rede é de que seus estudiosos foram hábeis em construir modelos matemáticos para entender as estruturas sociais mas não foram competentes para demonstrar que tais estruturas tenham consequências comportamentais.

• A partir da década de 80 cresceu o número de estudos que sugerem que a posição privilegiada na rede afeta seu comportamento.

• Esses estudos deram-se na análise dos conselhos de administração, pois seus integrantes faziam parte de diversas outras organizações.

• Os estudos sugerem que esses laços (dos conselheiros) possuem alto impacto nas estratégias das empresas e políticas corporativas (ex. indicação de CEO´s).

Page 20: Análise de redes sociais

Mark Granovetter

• Comprovou a importância dos laços fracos , pois estes são os principais geradores de oportunidades e ideias.

• Paradoxalmente, os laços fortes podem levar a fragmentação e concentração social.

• A argumentação é de que os nossos "contatos distantes" conhecem muitas pessoas que nós não conhecemos.

• Estes se relacionam com muitos outros que também não são conhecidos de nossos amigos íntimos.

• Ao relacionarem-se em círculos diferentes dos nossos, os laços fracos conectam a um mundo diferente do que estamos habituados a viver, trazem novas informações, ideias e amizades que podem gerar grandes oportunidades.

Análise de redes e relações interorganizacionais

Page 21: Análise de redes sociais

• Granovetter: as relações sociais que se desenvolvem entre clientes e fornecedores, podem gerar comportamentos irracionais, podem atenuar ou mesmo anular as ações oportunistas.

• Oliver Williamson: as transações repetitivas criam incentivos para manutenção das relações, diminuindo assim as oportunidades de comportamento oportunistas (isto não é o comum).

• O contraste desses dois modelos levanta a questão da relação entre os modelos de rede e os modelos econômicos em geral.

Análise de redes e relações interorganizacionais

Oliver Williamson

Page 22: Análise de redes sociais

Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional

Modelo normativo – 1950

• A base da ordem social é calcada nas crenças generalizadas compartilhadas (valores) e em expectativas de comportamento (normas). Tais modelos são interiorizados na infância.

Sociologia estrutural – 1970 (EUA)

• Reduz a importância das normas interiorizadas. As pessoas não agem de acordo com as normas, mas em função de sanções.

• A sociologia estrutural e a teoria das redes são alternativas à sociologia normativa.

• É importante analisarmos estas em comparação com a teoria da escolha racional, bastante utilizada também como alternativa à normativa.

Page 23: Análise de redes sociais

Escolha racional

• A teoria afirma que numa escolha, damos mais atenção às sanções desta atitude do que às normas estabelecidas (ex. roubo em loja).

• A principal diferença entre os modelos estrutural e o de escolha racional é a análise sobre os determinantes do comportamento:

• Escolha Racional: as preferências humanas são endógenas

• Modelo Estrutural: a ação humana é afetada por estruturas sociais explicitamente definidas.

Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional

Page 24: Análise de redes sociais

Como todos os interesses são endógenos, o autor utiliza o termos:

• interesses individuais (preferência de um agente, na ausência de restrições externas)

• Interesse estrutural (quando este é afetado por restrições sociais)

• Uma empresa que muda de posição em relação a uma questão política para agradar a um cliente poderoso revela um interesse estrutural. Nada há na ação desta empresa que não seja enquadrado como um agente racional.

Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional

Page 25: Análise de redes sociais

A sociologia estrutural forçou os pesquisadores a considerar aspectos do mundo social que não vinham tendo a devida atenção.

Por outro lado o foco exagerado sobre as restrições estruturais faz com que as explicações sejam incompletas em duas áreas

• as origens e o conteúdo das preferências e• os efeitos da agência humana.

Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional

Page 26: Análise de redes sociais

O Papel das normas

• A vantagem do modelo normativo é sua tentativa de identificar tanto a origem quanto o conteúdo das visões de mundo das pessoas.

• A abordagem das redes pode explicar por que uma pessoa convivendo com liberais tende a ser liberal, mas não explica por que o grupos agem desta forma.

• Pode-se argumentar que as preferências desse grupo de pessoas foram influenciadas em algum ponto.

• Mas se isto ocorre, o modelo normativo explica pois pode dizer que a preferência da pessoa / grupo advém de normas interiorizadas.

Page 27: Análise de redes sociais

O Papel das agências

• Outro problema da análise das redes e a sociologia estrutural é o tratamento dado à agência humana.

• Os teóricos estruturalistas enfatizam o quanto a ação humana é afetada por restrições e oportunidades, mas não são capazes de desenvolver um modelo abrangente da ação humana.

• Ronald Burt trata dessa questão:• Ele se preocupou-se em entender como os agentes

identificam e exploram oportunidades nos sistemas sociais, espaços vazios que ele chama de “buracos estruturais”.

• Ao preencher um buraco o indivíduo aumenta sua probabilidade de mobilidade ascendente.

Page 28: Análise de redes sociais

• A ação humana é uma busca constante de nichos nos quais se possam sustentar identidades.

• Aqueles que preenchem esses buracos tem maior mobilidade ascendentes.

• Esses indivíduos ao mesmo tempo em que criam ambiguidades para os demais, mantém uma previsibilidade para si mesmos.

O Papel das agências

Page 29: Análise de redes sociais

Conclusão

• A sociologia estrutural e a análise das redes representam um avanço em relação a alguns modelos normativos tradicionais.

• A análise de redes é uma alternativa promissora no que se refere ao tratamento das questões de cultura e agência humana (ponto fraco dos modelos estruturais).

• A análise de redes pode tanto complementar quanto suplantar as perspectivas existentes.

• A versatilidade é um dos pontos fortes da análise de redes.

• A análise de redes é uma das abordagens que mais crescem no âmbito das ciências sociais.