Análise de redes sociais
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Mark S. Mizruchi1998
Análise de redes sociais: avanços recentes e controvérsias atuais
objetivos:• Apresentar um panorama da literatura
sobre redes em 3 áreas: centralidade, subgrupos e relações intraorganizacionais.
• Discutir 3 questões controversas:• a relação entre redes e a teoria da escolha
racional, • o papel das normas e da cultura e • a questão da agência humana.
• Perspectivas futuras para a análise de redes.
Antecedentes históricos• Psicólogo Jacob Moreno • Sociometria - junção das
palavras socius (social) e metrum (medida)O sociograma
Analisa as relações sociais no ambiente de trabalho:• os líderes, os marginalizados, os feudos.• os estrelas: conetam grupos, sem ser
membros.• as pontes: servem de ligação - pertencem a
dois ou mais grupos.• os isolados: os que não estão conectados.
No teste sociométrico cada membro do grupo responde sobre as suas preferências em termos de relacionamento em situações muito concretas e por ordem de prioridades.
• Antropólogos sociais• John Barnes
É o primeiro em usar o conceito de redes sociais em um contexto científico.
Isto foi em 1954, num artigo sobre dois anos de estudos na Nova Guiné à Noruega.
Analisou as relações em redes formais e informais, familiares e extra familiares na vida de um vilarejo isolado de pescadores na Noruega.
Destacou a importância dos vínculos sociais , extra familiares na vida cotidiana.
Antecedentes históricos
Antecedentes históricos
• Sociologia estruturalAs estruturas sociais, restrições e oportunidades, são vistas como afetando mais o comportamento humano do que as normas culturais ou outras condições subjetivas.
Em uma situação que envolva 3 agentes, um será bem sucedido na medida em que possa explorar um conflito entre os outros dois (pessoas organizações e países).
• George Simmel
A maioria dos sociólogos estruturalistas afirma que os fatores objetivos são mais
determinantes e mais significativos do
comportamento do que os subjetivos.
Antecedentes históricos
A análise de redes é um tipo de sociologia estrutural que se baseia numa noção clara dos efeitos das relações sociais sobre o comportamento
individual e grupal.
Antecedentes históricos
Princípios e métodos de análise de redes
• Princípio básico da análise de redes é que a estrutura das relações sociais determina o conteúdo dessas relações.
• As pessoas não são combinações de atributos.
• Sociólogos fazem classificações generalizantes: protestantes de classe média que residem...
• Esses termos ofuscam o que para os teóricos de redes são a matéria prima da vida social: as redes concretas de relações sociais, que incorporam e, ao mesmo tempo, transcendem organizações.
• A discussão de Simmel sobre as tríades e díades ilustra o princípio de que a estrutura das relações sociais afeta seu conteúdo.
A BTríade fechada Tríade aberta
Princípios e métodos de análise de redes
Princípios e métodos de análise de redes
• Os efeitos da centralidade do agente sobre o
comportamento (pessoas / empresas)• A identificação de subgrupos da rede• A natureza das relações entre as
organizações.
Na análise das redes três áreas merecem atenção:
Rede e centralidade do agente
Entre os anos 50 e 60, diversos estudos identificaram diferenças consideráveis no caráter das atividades de solução de problemas em grupo entre diversas estruturas de comunicação, principalmente entre a centralidade de um agente e sua influência sobre o grupo.
As diferenças de influência entre o agente mais central e o menos central aumentavam com a crescente hierarquia das estruturas.
A BGrau de centralização 1
(a maior possível)Grau de centralização 0
(a menor possível)Linton Freeman
Rede e centralidade do agente
Embora a maior parte dos estudos demonstrem uma relação positiva entre centralidade da rede e poder, essa associação é mais complexa do que sugerem.
Rede e centralidade do agente
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A posição numa determinada rede, impacta sobre seu comportamento e bem estar social.
A centralidade local pode ser mais poderosa que a centralidade global.
David Mardsen atesta o poder da coalizão nestas situações.
Rede e centralidade do agente
Subgrupos da RedeDuas abordagens: relacional e posicional:
• Relacional: técnicas gráfico-teóricas. Seu foco está na identificação de cliques (regiões densamente conectadas em que a maioria / totalidade dos agentes está diretamente ligada entre si).
Um exemplo dessa técnica é o blockmodel, desenvolvido por Harrison White.
Subgrupos da Rede
Alberto Rodrigo Ana Carlos Marcelo Caio Rita Carol Marta
Alberto x 1 0 1 0 0 0 0 0
Rodrigo 1 x 0 1 0 0 0 0 0
Ana 0 0 x 0 1 0 1 0 1
Carlos 1 1 0 x 0 0 0 0 0
Marcelo 0 0 0 0 x 0 1 0 1
Caio 0 0 0 0 1 x 1 0 1
Rita 0 0 0 0 1 0 x 0 1
Carol 0 0 0 0 1 0 1 x 1
Marta 0 0 0 0 1 0 1 0 x
Escolhas enviadas
Escolhas recebidas
Exemplo: laços de amizade (de quem a pessoa gosta)
ZeroCinc
oCinc
oCinc
o
Subgrupos da Rede
• Constata-se que os laços vão dos agentes de menor status aos de maior status, mas não o contrário.
• Os agentes de status mais elevados escolhem outros também de status elevado, mas não escolhem agentes de status mais baixos.
• Existem outras técnicas utilizadas para analisar a estrutura de uma rede como a análise fatorial e as escalas multidimensionais.
• O que há de comum em todos os teóricos desses modelos é que os membros de cliques / ou agrupamentos específicos devem apresentar atitudes ou comportamentos semelhantes.
Exemplo: laços de amizade (de quem a pessoa gosta)
• Mizruch, sugere que os agentes estruturalmente equivalentes tendem a apresentar comportamentos semelhantes pois estão sujeitos às mesmas influências.
• Outra análise diz que os agentes estruturalmente equivalentes tendem a apresentar comportamentos semelhantes por ocuparem as mesmas posições nas estruturas sociais, competem pelos favores dos ocupantes de outras posições.
Subgrupos da RedeExemplo: laços de amizade (de quem a pessoa gosta)
Análise de redes e relações interorganizacionais
• A crítica em relação a análise de rede é de que seus estudiosos foram hábeis em construir modelos matemáticos para entender as estruturas sociais mas não foram competentes para demonstrar que tais estruturas tenham consequências comportamentais.
• A partir da década de 80 cresceu o número de estudos que sugerem que a posição privilegiada na rede afeta seu comportamento.
• Esses estudos deram-se na análise dos conselhos de administração, pois seus integrantes faziam parte de diversas outras organizações.
• Os estudos sugerem que esses laços (dos conselheiros) possuem alto impacto nas estratégias das empresas e políticas corporativas (ex. indicação de CEO´s).
Mark Granovetter
• Comprovou a importância dos laços fracos , pois estes são os principais geradores de oportunidades e ideias.
• Paradoxalmente, os laços fortes podem levar a fragmentação e concentração social.
• A argumentação é de que os nossos "contatos distantes" conhecem muitas pessoas que nós não conhecemos.
• Estes se relacionam com muitos outros que também não são conhecidos de nossos amigos íntimos.
• Ao relacionarem-se em círculos diferentes dos nossos, os laços fracos conectam a um mundo diferente do que estamos habituados a viver, trazem novas informações, ideias e amizades que podem gerar grandes oportunidades.
Análise de redes e relações interorganizacionais
• Granovetter: as relações sociais que se desenvolvem entre clientes e fornecedores, podem gerar comportamentos irracionais, podem atenuar ou mesmo anular as ações oportunistas.
• Oliver Williamson: as transações repetitivas criam incentivos para manutenção das relações, diminuindo assim as oportunidades de comportamento oportunistas (isto não é o comum).
• O contraste desses dois modelos levanta a questão da relação entre os modelos de rede e os modelos econômicos em geral.
Análise de redes e relações interorganizacionais
Oliver Williamson
Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional
Modelo normativo – 1950
• A base da ordem social é calcada nas crenças generalizadas compartilhadas (valores) e em expectativas de comportamento (normas). Tais modelos são interiorizados na infância.
Sociologia estrutural – 1970 (EUA)
• Reduz a importância das normas interiorizadas. As pessoas não agem de acordo com as normas, mas em função de sanções.
• A sociologia estrutural e a teoria das redes são alternativas à sociologia normativa.
• É importante analisarmos estas em comparação com a teoria da escolha racional, bastante utilizada também como alternativa à normativa.
Escolha racional
• A teoria afirma que numa escolha, damos mais atenção às sanções desta atitude do que às normas estabelecidas (ex. roubo em loja).
• A principal diferença entre os modelos estrutural e o de escolha racional é a análise sobre os determinantes do comportamento:
• Escolha Racional: as preferências humanas são endógenas
• Modelo Estrutural: a ação humana é afetada por estruturas sociais explicitamente definidas.
Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional
Como todos os interesses são endógenos, o autor utiliza o termos:
• interesses individuais (preferência de um agente, na ausência de restrições externas)
• Interesse estrutural (quando este é afetado por restrições sociais)
• Uma empresa que muda de posição em relação a uma questão política para agradar a um cliente poderoso revela um interesse estrutural. Nada há na ação desta empresa que não seja enquadrado como um agente racional.
Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional
A sociologia estrutural forçou os pesquisadores a considerar aspectos do mundo social que não vinham tendo a devida atenção.
Por outro lado o foco exagerado sobre as restrições estruturais faz com que as explicações sejam incompletas em duas áreas
• as origens e o conteúdo das preferências e• os efeitos da agência humana.
Sociologia estrutural e a teoria da escolha Racional
O Papel das normas
• A vantagem do modelo normativo é sua tentativa de identificar tanto a origem quanto o conteúdo das visões de mundo das pessoas.
• A abordagem das redes pode explicar por que uma pessoa convivendo com liberais tende a ser liberal, mas não explica por que o grupos agem desta forma.
• Pode-se argumentar que as preferências desse grupo de pessoas foram influenciadas em algum ponto.
• Mas se isto ocorre, o modelo normativo explica pois pode dizer que a preferência da pessoa / grupo advém de normas interiorizadas.
O Papel das agências
• Outro problema da análise das redes e a sociologia estrutural é o tratamento dado à agência humana.
• Os teóricos estruturalistas enfatizam o quanto a ação humana é afetada por restrições e oportunidades, mas não são capazes de desenvolver um modelo abrangente da ação humana.
• Ronald Burt trata dessa questão:• Ele se preocupou-se em entender como os agentes
identificam e exploram oportunidades nos sistemas sociais, espaços vazios que ele chama de “buracos estruturais”.
• Ao preencher um buraco o indivíduo aumenta sua probabilidade de mobilidade ascendente.
• A ação humana é uma busca constante de nichos nos quais se possam sustentar identidades.
• Aqueles que preenchem esses buracos tem maior mobilidade ascendentes.
• Esses indivíduos ao mesmo tempo em que criam ambiguidades para os demais, mantém uma previsibilidade para si mesmos.
O Papel das agências
Conclusão
• A sociologia estrutural e a análise das redes representam um avanço em relação a alguns modelos normativos tradicionais.
• A análise de redes é uma alternativa promissora no que se refere ao tratamento das questões de cultura e agência humana (ponto fraco dos modelos estruturais).
• A análise de redes pode tanto complementar quanto suplantar as perspectivas existentes.
• A versatilidade é um dos pontos fortes da análise de redes.
• A análise de redes é uma das abordagens que mais crescem no âmbito das ciências sociais.