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Análise de conteúdo Maria Laura P. B. Franco Programa de pós-graduação em Psicologia da Educação PUC-SP

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Análise de conteúdo

Maria Laura P. B. FrancoPrograma de pós-graduação em Psicologia da Educação PUC-SP

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Introdução Preocupação com tema é bem anterior do que

aquela com a formalização de seus pressupostos epistemológicos, teóricos e de seus procedimentos operacionais.

Exegese dos textos bíblicos – para compreender e interpretar metáforas e parábolas.

Bourbon, século XIX, expressão de emoções e tendências de linguagens, também usando a bíblia.

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Introdução Poder da “fala” humana – início do século XX –

desenvolvimento da Psicologia e desdobramento em Psicologia da Educação.

Expressão verbal indispensável para compreender problemas da prática educativa e seus componentes psico-sociais.

Distinção da tradição filosófica por conta de critérios de cientificidade das ciências naturais – observação, verificação e experimentação para criar princípios, leis e teorias.

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Introdução Nesse momento – em termos metodológicos,

postulados teóricos do positivismo – esforço para construir um método para as ciências sociais, seguindo modelo do método das ciências naturais.

Esforços para construir instrumentos de coleta de dados com questões fechadas: escalas de atitude, testes de fidedignidade, de validade etc.

Essa é a análise de conteúdo que chega até década de 70.

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Introdução Passou a ser rejeitada: quantificação inútil de um

discurso carente de significado social. Mais controvérsias: Linguística aplicada. Métodos de

análise de conteúdo encontram-se na encruzilhada entre linguistas e psicólogos sociais.

Objeto da linguística é a língua, o aspecto coletivo e virtual da linguagem. Estuda a língua para descrever seu funcionamento.

O da análise de conteúdo é a palavra, o aspecto individual, e atual da linguagem. Quer conhecer o que está por trás das palavras.

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Introdução Ponto de partida da análise de conteúdo é a

mensagem: verbal (oral ou escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada.

Mensagens expressam as representações sociais – dinâmica entre a atividade psíquica do indivíduo e o objeto do conhecimento, que se estabelece na prática social e histórica da humanidade.

Emissão de mensagens está ligada às condições contextuais de seus produtores.

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Introdução Complexidade da linguagem – significado x

sentido. Significado – atribuído universalmente,

compreendido e generalizado a partir de suas características definidoras.

Sentido – pessoal, concretizado na prática social, com interferências emocionais, familiares.

Semântica – busca descritiva, analítica e interpretativa do sentido que um indivíduo atribui às mensagens.

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Introdução

“Jogo de areia” – formas variadas e desenhos em uma caixa de areia - expressão de crenças, valores, expectativas. Dimensão do fazer – facilita compreensão da subjetividade: importância das mãos como mediadoras entre o mundo inconsciente e a consciência. Dados que não podem ser obtidos por processos ortodoxos de pesquisa.

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Introdução As descobertas devem ter relevância téorica –

informações puramente descritivas tem pequeno valor. Relação entre um dado e outro – representada por alguma teoria.

Comparações multivariadas direcionadas pela sensibilidade, intencionalidade e competência teórica do pesquisador.

Entretanto, não se descartam pesquisas de conteúdos ocultos das mensagens – códigos especiais e simbólicos.

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Introdução Usos iniciais relacionados a dados naturais,

disponíveis. Tipo análise documental, sem participação ativa do pesquisador.

Passou a ser utilizada para produzir inferências sobre dados, verbais e/ou simbólicos, a partir de perguntas e observações de interesse do pesquisador.

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Introdução Tendências da análise do conteúdo: Uso crescente; Interesse crescente por questões teóricas e

metodológicas; Aplicação a um espectro maior de problemas; Uso crescente para testar hipóteses, e não

meramente pesquisas descritivas; Diversidade materiais estudados; Uso m conexão com outras técnicas de

pesquisas psico-sociais; Uso de computadores – programa ALCESTE.

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Bases teóricas Ponto de partida: mensagem verbal (oral ou

escrita), gestual, silenciosa, figurativa, documental ou diretamente provocada.

Que expressa um significado e um sentido. Articulada a condições contextuais – que

envolvem evolução histórica, situações econômica, e socio-cultural.

Componentes cognitivos, afetivos, valorativos e historicamente mutáveis.

Componente ideológico – objetivação do discurso.

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Bases teóricas Processo trabalhoso e dialético para

desconstruir componentes das mensagens. Explicitação do processo de ancoragem, tendo

como meta final o desenvolvimento de consciência ("ancoragem" se refere ao processo de associar reações internas com algum gatilho externo ou interno).

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Bases teóricas Relevância teórica. Operações de comparação

e classificação que implica entendimento de semelhanças e diferenças. Inferência ou intuição das categorias.

Operação classificatória – atividade intelectual de abstração e agrupamento.

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Características definidoras Se situa em um delineamento mais amplo da

teoria da comunicação. Bardin, 1977: conjunto de técnicas de análises

de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A intenção é inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção das mensagens, que recorre a indicadores, quantitativos ou não.

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Características definidoras Comunicação é composta por: Fonte ou emissão Processo codificador, que resulta em Mensagem e se utiliza de canal de transmissão Receptor ou detector da mensagem Processo decodificador

Quem diz o que, a quem, como, com que efeito e porque?

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Características definidoras

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Características definidoras

Própositos – analisar mensagens a fim de inferir sobre:

Características do texto; Causas e/ou antecedentes das mensagens; Efeitos da comunicação.

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Características definidoras Indagações de pesquisa - Quem e porque? Pressupostos básicos: Mensagem contem muitas informações sobre

seu autor: filiações teóricas, concepções de mundo, interesses, traços psicológicos, motivações, expectativas etc.

Autor seleciona o que considera mais importante para “dar o seu recado”, no espírito de uma teoria.

Essa teoria revela sua concepção de realidade.

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Características definidoras

Indagação de pesquisa – com que efeito? Se concentra em receptor da mensagem. Problema: processo de decodificação do

receptor é pessoal e não deve ser confundido com o do pesquisador.

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Características definidoras Polêmica conteúdo manifesto x conteúdo

latente. Fala humana é rica e permite infinitas

extrapolações e interpretações. É dela que se deve partir e não falar por meio dela, evitando a projeção subjetiva do pesquisador.

Indícios manifestos e capturáveis das comunicações emitidas.

Não se descarta análise sobre conteúdo oculto. Contextualização é pano de fundo.

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Características definidoras Conceito de inferência. Sobre qualquer um dos

elementos do processo de comunicação. O analista é como um arqueólogo que trabalha

com vestígios. Inferir de maneira lógica conhecimentos que

extrapolem o conteúdo manifesto e que pode ser associado a outros elementos.

Procedimento intermediário entre descrição e interpretação das mensagens.

É a razão de ser da análise de conteúdo!

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Características definidoras

Conteúdo das comunicações pode ser comparado através do tempo, entre fontes diferentes, com algum padrão de adequação ou desempenho ou opinião de especialistas (índices de não conteúdo).

Comparar dados com pressupostos teóricos, de diferentes concepções de mundo, de indivíduo, de sociedade.

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Campos da análise de conteúdo

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Campos da análise de conteúdo Métodos lógico-estéticos e formais – fronteira

com linguística - aspectos formais típicos do autor e do texto. Análise do discurso – efeitos do sentido, da retórica da língua e da palavra.

Métodos semânticos e semantico-estruturais – fronteira com hermenêutica – métodos psicológico-semânticos (conotações de uma imagem ou enunciado) e lógico-semantico-estruturais (universos psico-socio-semânticos amplos). Processo histórico e social.

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Campos da análise de conteúdo Métodos lógico-semânticos – classificações

lógicas dos conteúdos manifestos, após análise e interpretação dos valores semânticos dos conteúdos.

Aspectos:

Não analisam estrutura formal de um texto, sua construção, seu estilo.

Várias modalidades de textos. Enumeração, classificação, análise e interpretação dos dados.

Compreensão do sentido.

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Delineamento de um plano de pesquisa

Plano para coletar e analisar os dados a fim de responder à pergunta do pesquisador.

Explicita e integra procedimentos para selecionar uma amostra de dados para análise, categorias de conteúdo e unidades de registro a serem enquadradas em categorias, comparações entre categorias e classes de inferência que podem ser extraídas dos dados.

Garante que teoria, coleta, análise e interpretação de dados estejam integrados.

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Delineamento de um plano de pesquisa

Atenção para evitar “expedições de pesca”, sem esse planejamento, onde seleções seguem a lógica do “mais fácil”.

Documentos escolhidos sem razões claras. Sem teorias para guiar escolha de categorias e

unidades de análise. Pode incluir análises estatísticas sofisticadas,

com conclusões inúteis.

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Delineamento de um plano de pesquisa

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Delineamento de um plano de pesquisa

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Unidades de análise Após definir: objetivos de pesquisa, referencial

teórico, tipo de material a ser analisado – iniciam-se problemas técnicos: definir unidades de análise.

Dividem-se em: Unidades de registro Unidades de contexto

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Unidades de análise Unidades de registro – é a menor parte do

conteúdo, cuja ocorrência é registrada de acordo com as categorias levantadas.

Podem ser de diferentes tipos Cada uma delas deve ser adaptada à

investigação Incluem características definidoras específicas São acompanhadas de algumas limitações Tipos: palavra; tema; personagem; item.

Usados em conjunto.

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Unidades de análise Palavra – menor unidade de registro usada. Pode ser

simples palavra, oral ou escrita, um símbolo ou um termo.

Usada em 4 conjuntos de pesquisas: Estudos de fidedignidade – facilidade ou dificuldade de

compreensão de material escrito Pesquisas para detectar frequência relativa na imprensa

mundial, de certos símbolos políticos. Pesquisas de campo de psicoterapia, psicanálise Estudos literários. Limitações: grande volume de dados, contrabalançado

pelo uso de computador.

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Unidades de análise Tema – asserção sobre determinado assunto. Simples

sentença (sujeito e predicado), um conjunto delas ou um parágrafo. Incorpora aspecto pessoal do respondente. Vários componentes: emocionais, afetivos, ideológicos, racionais. Respostas permeadas por diferentes significados.deve-se analisar e interpretar o conteúdo. A mais útil unidade.

Estudos sobre propaganda, representações sociais, opiniões, expectativas, valores, conceitos, atitudes e crenças.

Limitações: tempo que exige para coleta de dados, limites não facilmente identificáveis (pesquisador precisa reduzir sentenças a temas componentes).

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Unidades de análise Personagem – pessoas particulares passíveis

de serem classificadas de acordo com indicadores: nível socio-econômico, sexo, etnia, educação, escolaridade, nacionalidade, religião etc. Para contextualização dos dados.

Análises de autores de histórias, de dramas, de biografias, de programas de TV, de filmes.

Sem importantes limitações.

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Unidades de análise Item – unidade a ser usada quando um texto, um artigo

literário, um livro, ou um programa são caracterizados a partir de alguns atributos definidores:que assunto é privilegiado? Do que se trata? Turismo? Educação? Usar conjuntamente com outras categorias.

Análise de conteúdo de livros, cursos, filmes. Limitações: unidade ampla, com problemas de

classificação dos atributos. Variações de categorias devem ser relevantes para a pesquisa.

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Unidades de contexto Pano de fundo que imprime significado às unidades de

análise. Dados que explicitem: caracterização dos informantes,

condições de subsistência, especificidade de inserção em um grupo etc.

Parte mais ampla do conteúdo. Indispensável para a análise e interpretação dos textos.

Para diferenciar significados e sentidos. Unidade básica para compreensão das unidades de registro.

Sua determinação envolve custo e pertinência, nem muito vasta, nem muito restrita.

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Organização da análise Pré- análise – fase de organização propriamente dita.

Conjunto de buscas iniciais, de intuições, de primeiros contatos com os materiais. Para sistematizar os preâmbulos, para constituir um esquema preciso para desenvolver operações sucessivas, para elaborar um plano de análise.

Se compõe de, não necessariamente nessa ordem: Escolha de documentos; Formulação de hipóteses e/ou objetivos; Elaboração de indicadores que fundamentam

interpretação final.

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Organização da análise Atividades da pré-análise:• Leitura flutuante • Escolha de documentos Regra da exaustividade Regra da representatividade Regra da homogeneidade • Formulação de hipóteses • Referência aos índices

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Organização da análise Leitura flutuante – estabelecer contato com os

documentos a serem analisados. Conhecer os textos e as mensagens. Deixar-se invadir por impressões, emoções, conhecimentos, expectativas. Analogia com a atitude do psicanalista. Leitura vai se tornando mais precisa em função das hipóteses emergentes, projeção de teorias, aplicação de técnicas usadas em materiais análogos (Bardin, 1977).

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Organização da análise Escolha de documentos – pode ser definida a

priori ou escolhe-se o universo de documentos de acordo com o objetivo proposto pelo pesquisador. Constituição do corpus – Bardin, 1977 – conjunto de documentos para serem submetidos a procedimentos analíticos.

Regra exaustividade – considerar todos os elementos do corpus, mesmo que apresentem dificuldades de acesso.

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Organização da análise Regra da representatividade – análise em uma

amostra, desde que material seja muito volumoso. Amostra tem que ser representativa do universo inicial. Para isso é preciso identificar distribuição das características dos elementos da amostra. Universo heterogêneo, amostra maior. Ao acaso ou por cotas (sendo conhecidas as frequências das características da população em estudo). Nem de todo material pode-se obter amostragem, deve-se então reduzir a universo de dados, e portanto o alcance da análise.

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Organização da análise Regra da homogeneidade – documentos

analisados devem ser homogêneos, devem obedecer a critérios de escolha e não serem em demasiado singulares. Entrevistas com as mesmas questões, técnicas semelhantes de coleta, em situações semelhantes, por indivíduos similares.

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Organização da análise Formulação das hipóteses – é uma afirmação

provisória que nos propomos a verificar (confirmando ou não), recorrendo aos procedimentos de análise. Suposição que permanece em suspenso. Sua origem está no exterior: quadro teórico usado e âmbito no qual resultados serão utilizados. A priori, mas nem sempre na pré- análise. Algumas análises podem ser feitas sem hipóteses, mas usando técnicas adequadas de analisar.

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Organização da análise Procedimentos fechados – iniciar uma

investigação a partir de um quadro teórico ou empírico de análise de certos dados, a propósito dos quais se formulam hipóteses ou se levantam questões.

Procedimentos de exploração – técnicas sistemáticas de análise, mas que permitem criar hipóteses a partir da observação, em processo dedutivo.

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Organização da análise Referência aos índices – e elaboração de

indicadores. Índice pode ser a menção explícita ou subjacente de um tema em uma mensagem. Indicador pode ser a frequência de um tema em questão. Índices repetidos tais como frases interrompidas, gagueira são indicadores do estado emocional do emissor. Escolhem-se os índices e se constroem os indicadores.

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Categorias de análise É uma operação de classificação de elementos

constitutivos de um conjunto, por diferenciação seguida de reagrupamento baseado em analogias, a partir de critérios definidos.

Critério pode ser semântico (temático), sintático (verbos, adjetivos) ou léxico (classificação das palavras segundo seu sentido, emparelhando sinônimos e sentidos próximos), ou ainda expressivo (podem ser classificadas por perturbações de linguagem).

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Categorias de análise Ponto crucial da análise! Processo longo e

desafiante. Não existem fórmulas mágicas. Pesquisador segue um caminho orientado por

seus conhecimentos, competência, sensibilidade e intuição.

Implica constantes idas e vindas. 2 caminhos: categorias criadas a priori e não

definidas a priori.

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Categorias de análise Categorias criadas a priori – categorias e seus

indicadores são pré-determinados em função da busca a uma resposta específica do pesquisador.

Categorias não criadas a priori – emergem da fala, do discurso, do conteúdo das respostas obtidas na pesquisa. Classificação das convergências e divergências. Conteúdo vai sendo comparado a alguma teoria.

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Categorias de análise Implicações: Categorias a priori – tendem a simplificar e fragmentar o

conteúdo. Pesquisador pode imprimir camisa de força na fala dos respondentes.

Categorias não a priori – exige maior competência do pesquisador, maior conhecimento teórico. Maior número de categorias, a princípio e depois reagrupar- deve-se evitar número excessivo, o que prejudica análise dos dados. Pode-se obter mais dados novos.

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Requisitos para a criação de categorias

Exclusão mútua – um único princípio de classificação deve orientar a organização. Diferentes níveis de análise devem ser feitos em separado, em análises sucessivas.

Pertinência – adaptada ao material de análise e ao quadro teórico definido. Deve refletir as intenções da pesquisa.

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Requisitos para a criação de categorias

Fidedignidade e objetividade – diferentes partes de um material devem ser codificadas da mesma maneira.Não extrapolar subjetividades.

Produtividade – mais pragmática. Possibilidade de fornecer resultados férteis em inferências, em hipóteses novas, em dados relevantes para aprofundar teorias e orientar uma prática crítica, construtiva e transformadora.

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Exemplo de utilização

Pesquisa/intervenção com objetivo propor estratégias diversificadas de contar histórias, respeitando e incluindo a participação da professora de classe, para promover o incremento do prazer de ler.

1º semestre de 2001, 20 alunos da 3ª série de EF, de 9 a 11 anos de idade, 12 masculinos e 8 femininos, maioria filhos de migrantes nordestinos, em SP.

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Exemplo de utilização

Entrevista semi-estruturada:

1. Vc gosta de ouvir histórias? Porque?2. Quem conta histórias para vc e onde?3. Porque precisamos saber ler?

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Interpretação

Na maioria ouvir histórias está ligado ao lúdico, ao prazer.

O leitor poderia inferir que isso está desvinculado das reais necessidades de aprendizado, mas o lúdico faz parte do desenvolvimento do aluno.

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Questão 2

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Interpretação Condições familiares precárias – pouco mais da

metade situações de ouvir histórias unicamente concentradas no ambiente da escola.

Quando no contexto familiar, apenas esporadicamente.

Importância social da escola e do professor.

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Questão 3

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Interpretação Maioria - motivos para ler ligados estritamente à

situação de ensino/aprendizagem. Vínculos com componentes práticos, operacionais e

fundamentais para a sobrevivência, aspectos psico-sociais e emocionais:

Também expressiva a ocorrência de motivos vinculados às necessidades básicas de sobrevivência.

Além de preservação de auto-estima e expectativa de realização profissional e pessoal.