Analise de Conteudo

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AULA 19 Análise de conteúdo Ana Paula Karruz Tópicos em Metodologia: Métodos Aplicados à Avaliação de Políticas Públicas (DCP098) 21 de maio de 2015 1 FONTE PRINCIPAL: BABBIE, Earl. “The practice of social research”. 2010. Belmont, CA: Wadsworth/Thomson Learning, p.333-344. FONTES COMPLEMENTARES: CAMPOS, Claudinei José Gomes. Método de análise de conteúdo: ferramenta para a análise de dados qualitativos no campo da saúde. “Revista Brasileira de Enfermagem”, Brasília, v. 57, n. 5, p. 611-614, set./out. 2004. CAREGNATO, Rita C. A., MUTTI, Regina. Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de conteúdo. “Texto e contexto – Enfermagem”, Florianópolis, vol. 15, n. 4, p. 679-684, out./dez. 2006. FLICK, Uwe. “Desenho de pesquisa qualitativa”. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 43-55 (capítulo 3 – “Amostragem, seleção e acesso”).

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  • AULA 19Anlise de contedo

    Tpicos em Metodologia:

    Ana Paula Karruz

    Tpicos em Metodologia:Mtodos Aplicados Avaliao de Polticas Pblicas (DCP098)

    21 de maio de 2015

    1

    FONTE PRINCIPAL:BABBIE, Earl. The practice of social research. 2010. Belmont, CA: Wadsworth/Thomson Learning, p.333-344.

    FONTES COMPLEMENTARES:CAMPOS, Claudinei Jos Gomes. Mtodo de anlise de contedo: ferramenta para a anlise de dados qualitativos no campo da sade. Revista Brasileira de Enfermagem, Braslia, v. 57, n. 5, p. 611-614, set./out. 2004.CAREGNATO, Rita C. A., MUTTI, Regina. Pesquisa qualitativa: anlise de discurso versus anlise de contedo. Texto e contexto Enfermagem, Florianpolis, vol. 15, n. 4, p. 679-684, out./dez. 2006. FLICK, Uwe. Desenho de pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 43-55 (captulo 3 Amostragem, seleo e acesso).

  • O que anlise de contedo e para que indicada

    ...o estudo de comunicao registrada (gravada): formato oral, escrito ou grfico; inclui livros, websites, pinturas, leis, comerciais etc.

    A anlise de contedo ...

    Descrio

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    websites, pinturas, leis, comerciais etc.

    Indicao...particularmente apropriada para questes sobre quem diz o qu, para quem, por qu, como, e com qual efeito

  • Em isolamento, um dado de comunicao de pouco valor

    Produzir inferncias sobre o texto objetivo a razo de ser da anlise decontedo; confere ao mtodo relevncia terica, implicando pelo menosuma comparao onde a informao puramente descritiva sobre ocontedo de pouco valor. Um dado sobre contedo de umacomunicao sem valor at que seja vinculado a outro e esse vinculo representado por alguma forma de teoria.

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    Segundo esse ponto de vista, produzir inferncia em anlise de contedosignifica no somente produzir suposies subliminares acerca dedeterminada mensagem, mas em embas-las com pressupostos tericosde diversas concepes de mundo e com as situaes concretas de seusprodutores ou receptores. Situao concreta que visualizada segundo ocontexto histrico e social de sua produo e recepo.

    CAMPOS (2004, p. 613)

  • Amostragem (na pesquisa qualitativa em geral)

    Na maioria das vezes, a amostragem na pesquisa qualitativa no orientada por uma seleo formal (p.ex., aleatria) de parte de uma populao existente ou suposta

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    Ela , antes, concebida como forma de estabelecer um conjunto de casos, materiais ou eventos deliberadamente selecionados para se construir um corpus de exemplos empricos com vistas a estudar o fenmeno de interesse de forma mais instrutiva

    FONTE: FLICK (2009)

  • Principais decises no planejamento e execuo da anlise de contedo (1/3)

    Imagine que voc est estudando violncia na TV. Especificamente, voc est testando ahiptese de que fabricantes de produtos para homens apresentam uma maiorprobabilidade de apoiar (atravs de anncios) programas de TV com contedo deviolncia.

    Questes de AMOSTRAGEM

    Qual a unidade de anlise? Comerciais

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    Qual o perodo de observao (p.ex., 1 dia, 1 semana, 1 ms)?

    Em quais horrios do dia observar?

    Quais canais de televiso observar?

    Qual a unidade de anlise?

    Qual(is) a(s) unidade(s) de observao?

    Comerciais

    Comerciais e programas exibidos logo antes e logo depois de cada comercial

  • A codificao pode partir de categorias pr-definidas,ou deix-las emergir do texto

    Apriorstica

    O pesquisador possui categorias pr-definidas, com base em experincia prvia

    Geralmente, essas categorias so de larga abrangncia e podem acomodar subcategorias que emergem do texto

    H a comodidade de um certo balizamento; todavia, as categorias pr-

    Tipos de categoria

    Codificar o processo de categorizar sistematica-mente os dados, trans-formando-os em categorias

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    As categorias emergem totalmente do contexto das respostas dos sujeitos da pesquisa

    Exige do pesquisador um intenso ir e vir do material analisado e teorias embasadoras, alm de no perder de vista o atendimento aos objetivos da pesquisa

    H a comodidade de um certo balizamento; todavia, as categorias pr-definidas podem promover o engessamento temtico, limitando a abrangncia de novos contedos importantes que no se encaixem perfeitamente nelas

    No apriorstica

    em categorias

    As categorias criadas devem permitir posterior discusso precisa das caractersticas relevantes do contedo

  • Principais decises no planejamento e execuo da anlise de contedo (2/3)

    Imagine que voc est estudando violncia na TV. Especificamente, voc est testando ahiptese de que fabricantes de produtos para homens apresentam uma maiorprobabilidade de apoiar (atravs de anncios) programas de TV com contedo deviolncia.

    Questes de CODIFICAO

    Qual o conceito de produtos para homens a ser considerado?

    Qual o conceito de violncia na TV a ser considerado?

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    Que tipo de contedo ser analisado?

    Contedo manifesto: visvel, superficial; apreendido por contagem de palavras como guerra, morte, assassinato, armas, destruio, fora; aproxima-se da abordagem quantitativa

    Contedo latente: subjacente, implcito; apreendido pela interpretao de falas, cenas, ou mesmo do prprio roteiro do programa; aproxima-se da abordagem qualitativa

    Como sero organizadas as observaes codificadas (categorizadas)?

    Qual o conceito de violncia na TV a ser considerado?

    Maior confiabilidadeMaior validade interna

    Se possvel, analise os dois tipos

  • Por que analisar tanto o contedomanifesto quanto o latente

    ...muitas vezes ouvimos dizer que nem sempre aquilo que est escrito o queverdadeiramente o locutor queria dizer, ou mesmo que existe uma mensagem nasentrelinhas que no est muito clara; pois bem, chegamos encruzilhada, ondenem sempre os significados so expressos com clareza absoluta, ou onde acaba aobjetividade e comea o simblico.

    Para o investigador qualitativo, tal momento reveste-se de suma importncia,pois a desconsiderao de um em detrimento do outro pode coloc-lo frente

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    pois a desconsiderao de um em detrimento do outro pode coloc-lo frente situao de negao completa da subjetividade humana ou, por outro lado, imposio de seus prprios valores em desconsiderao a um pressuposto bsicoda pesquisa qualitativa, ou seja, os dados so analisados levando-se emconsiderao os significados atribudos pelo seu sujeito de pesquisa. De qualquerforma, acreditamos que esses extremismos devam ser evitados, no reeditando ofalso conflito entre os mtodos quantitativos e qualitativos, mas sim osconsiderando como complementares.

    CAMPOS (2004, p. 613)

  • Exemplo de registro de observaes

    Diferentes nveis de medio podem ser

    usados.

    Cuidados na interpretao: um programa

    com 6 instncias

    Equip. segurana futebol am.Loo contra calvcie

    Loo ps-barba

    Loo ps-barba

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    Definies operacionais devem ser mutuamente excludentes e exaustivas

    com 6 instncias de violncia

    duas vezes mais violento que um programa com 3

    instncias de violncia? Como

    a durao dos programas deveria ser

    considerada?

    Loo ps-barba

    DemaquilanteMartelo

    Pasta de denteMartelo

    Roupa ntima feminina

    Pasta de dente

    FONTE: BABBIE (2010, p. 336).

  • Principais decises no planejamento e execuo da anlise de contedo (3/3)

    Imagine que voc est estudando violncia na TV. Especificamente, voc est testando ahiptese de que fabricantes de produtos para homens apresentam uma maiorprobabilidade de apoiar (atravs de anncios) programas de TV com contedo deviolncia.

    Questes de VALIDAO

    Qual procedimento seguir para testar hipteses qualitativamente? Procure casos que neguem sua hiptese (p.ex., anncios de produtos masculinos

    durante novelas da tarde, anncios de produtos femininos durante futebol)

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    durante novelas da tarde, anncios de produtos femininos durante futebol) Revise os casos contraditrios sua hiptese para determinar se: (A) sua hiptese

    deve ser rejeitada; ou (B) sua hiptese deve ser refinada

    Como se prevenir de categorizaes erradas que suportam sua hiptese? Se houver casos suficientes, escolha alguns aleatoriamente (para evitar selecionar

    sistematicamente aqueles que esto mais prximos de suportar sua hiptese) Oferea pelo menos trs exemplos que suportam cada uma das suas inferncias Solicite a pessoas sem qualquer vnculo com a pesquisa ou interesse nela que revejam

    suas categorizaes e interpretaes Reporte as inconsistncias que encontrar a pesquisa social no determinstica mas

    tem que ser honesta

  • (Des)Vantagens da anlise de contedo

    A anlise de contedo...

    Vantagens

    ...economiza tempo e dinheiro: no precisa de survey, no precisa de entrevista, s precisa de comunicao registrada

    ...pode ser refeita quantas vezes forem necessrias, total ou parcialmente

    ...permite o estudo de processos que ocorreram ao longo

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    Desvantagem

    ...permite o estudo de processos que ocorreram ao longo de extensos perodos de tempo

    ... no intrusiva, i.e., no perturba, no indiscreta: o que j foi dito, escrito, pintado etc. no afetado pela pesquisa

    ...tem alta probabilidade de apresentar problema de validade (p.ex., ser que escolhi os termos/ representaes corretos para caracterizar violncia?)

  • A anlise de contedo depende bastante da habilidade do pesquisador

    No princpio da dcada de 50, existe uma frustrao deseus prprios autores [proponentes da anlise decontedo] em relao ao mtodo. O prprio [Bernard]Berelson [um desses autores] afirma: A anlise decontedo no possui qualidades mgicas e raramente

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    contedo no possui qualidades mgicas e raramentese retira mais do que nela se investe e algumas vezesmenos (...) no final das contas no h nada quesubstitua as ideias brilhantes.

    CAMPOS (2004, p. 612, apud BARDIN, L. Anlise de contedo. Lisboa: Edies 70, 1977, p.20)

  • Alguns autores diferenciam a anlise de contedo (AC) da anlise de discurso (AD)

    A maior diferena entre as duas formas de anlises que a ADtrabalha com o sentido e no com o contedo; j a AC trabalhacom o contedo, ou seja, com a materialidade lingustica atravsdas condies empricas do texto, estabelecendo categorias parasua interpretao. Enquanto a AD busca os efeitos de sentidorelacionados ao discurso, a AC fixa-se apenas no contedo dotexto, sem fazer relaes alm deste. A AD preocupa-se em

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    texto, sem fazer relaes alm deste. A AD preocupa-se emcompreender os sentidos que o sujeito manifesta atravs do seudiscurso; j a AC espera compreender o pensamento do sujeitoatravs do contedo expresso no texto, numa concepotransparente de linguagem. Na AD, a linguagem no transparente, mas opaca, por isso, o analista de discurso se pediante da opacidade da linguagem.

    CAREGNATO, MUTTI (2006, p. 683-4)

  • AULA 19Anlise de contedo

    Tpicos em Metodologia:

    Ana Paula Karruz

    Tpicos em Metodologia:Mtodos Aplicados Avaliao de Polticas Pblicas (DCP098)

    21 de maio de 2015

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    FONTE PRINCIPAL:BABBIE, Earl. The practice of social research. 2010. Belmont, CA: Wadsworth/Thomson Learning, p.333-344.

    FONTES COMPLEMENTARES:CAMPOS, Claudinei Jos Gomes. Mtodo de anlise de contedo: ferramenta para a anlise de dados qualitativos no campo da sade. Revista Brasileira de Enfermagem, Braslia, v. 57, n. 5, p. 611-614, set./out. 2004.CAREGNATO, Rita C. A., MUTTI, Regina. Pesquisa qualitativa: anlise de discurso versus anlise de contedo. Texto e contexto Enfermagem, Florianpolis, vol. 15, n. 4, p. 679-684, out./dez. 2006. FLICK, Uwe. Desenho de pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. p. 43-55 (captulo 3 Amostragem, seleo e acesso).