Análise das Técnicas de Controle de Sobretensão Transitória Durante a Energização de Linhas de...
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ANÁLISE DAS TÉCNICAS DE CONTROLE DE SOBRETENSÃO TRANSITÓRIA
DURANTE A ENERGIZAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
Eduardo da Costa Sousa [email protected]:
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia – Minas Gerais, www.ufu.br
Resumo – A sobretensão em sistemas de transmissão
de energia elétrica é um problema de difícil solução, visto
que sua total supressão é extremamente difícil e não há
formas satisfatórias de evitá-la, entretanto, suas
amplitudes são passíveis de redução. Tradicionalmente,
as sobretensões transitórias advindas das manobras de
energização de linhas de transmissão são limitadas
utilizando o “método convencional”, como é o caso do uso
de resistores de pré-inserção, este apesar de ser um
método efetivo, apresenta uma aceitação de sua
tecnologia tendente a diminuir devido ao alto custo de
implementação e manutenção. Nos últimos tempos as
principais empresas de transmissão do mundo têm se
mostrado mais favoráveis à utilização de pára-raios e
chaveamento controlado de disjuntores para o controle
de sobretensões. O presente trabalho foi realizado com o
objetivo de analisar os diferentes métodos para o controle
de sobretensões associadas às manobras de energização
de linhas de transmissão em vazio determinando assim as
melhores condições técnicas para a otimização destes
processos. Apresentam-se os resultados obtidos através
de simulações com o programa ATPDraw de um caso
específico, tendo como base um sistema de 138 kV.
Palavras-Chave – ATPDraw, chaveamento controlado,
energização, linhas de transmissão, pára-raios.
I. INTRODUÇÃO
As sobretensões em um sistema de transmissão não
podem ser evitadas, assim como sua total supressão é
extremamente difícil, entretanto, suas amplitudes podem ser
limitadas para que sejam compatíveis com os níveis de
isolamento dos equipamentos do sistema. Por este motivo
faz-se necessário pesquisar novas abordagens que busquem
soluções cada vez mais eficientes com a finalidade de
diminuir os efeitos das sobretensões nos sistemas de
transmissão. Nesse sentido, a avaliação precisa do
comportamento dos sistemas de potência frente às
sobretensões torna-se uma missão prioritária para
pesquisadores que buscam melhorar a proteção dos sistemas,
a diminuição dos custos de projeto, a identificação de
sistemas vulneráveis e seus impactos efetivos [1].
Durante a maior parte do tempo, os sistemas elétricos de
potência e, especificamente, as linhas de transmissão operam
em regime permanente. No entanto, o dimensionamento dos
sistemas elétricos deve contemplar, além das perturbações
sustentadas, as perturbações transitórias. A linha de
transmissão, em conjunto com seus sistemas de proteção, de
controle e dos equipamentos de compensação reativa quando
existentes, é dimensionada para suportar ocorrências de
fenômenos transitórios e sustentados, tendo como
ferramentas bastante úteis nessa tarefa os simuladores de
sistemas elétricos.
A energização de linhas de transmissão são manobras
frequentes, cuja amplitude dos transitórios é influenciada
pela configuração do sistema bem como pelas características
dos equipamentos. Tradicionalmente, as sobretensões
transitórias advindas destas manobras são limitadas por
métodos convencionais. Estes métodos consistem na
aplicação de resistores de pré-inserção nos disjuntores,
muitas vezes associados a pára-raios de óxido metálico em
ambos os terminais da linha. O uso de resistores de pré-
inserção, apesar de ser um método efetivo, apresenta uma
aceitação de sua tecnologia tendente a diminuir devido ao
alto custo de implementação e manutenção [1].
Outro método para reduzir as sobretensões de manobra é
controlar o instante de fechamento do disjuntor através da
utilização de um dispositivo de controle. Isto se deve ao fato
de que os surtos originados de manobras de energização são
dependentes das tensões através dos contatos do disjuntor no
instante do seu fechamento, e são consideravelmente
reduzidos se estas tensões estão próximas de zero.
Experiências positivas de campo têm sido obtidas durante os
últimos anos com equipamentos de sincronismo usados para
controlar manobras de bancos de capacitores e reatores em
derivação em sistemas de alta tensão.
Pelo exposto neste artigo, analisam-se os métodos de
limitação de sobretensões transitórias associadas às manobras
de energização de linhas de transmissão, determinando assim
as melhores condições técnicas para a otimização destas
manobras.
A finalidade principal deste trabalho visa estimar os níveis
de sobretensões geradas em uma linha de transmissão
durante as manobras de energização. Tal levantamento é
fundamental para inferir o desempenho do “método
convencional” de controle, como é o caso do resistor de pré-
inserção versus o chaveamento controlado de disjuntores, o
uso de pára-raios nos terminais e ao longo da linha, para
finalmente fazer uma análise comparativa destas técnicas de
mitigação de sobretensões. Como parte da metodologia de
desenvolvimento, realizam-se simulações computacionais
utilizando-se o programa ATPDraw.
II. MÉTODOS DE LIMITAÇÃO DE SOBRETENSÕES
A. Resistor de Pré-Inserção
Os resistores de fechamento de disjuntores, também
conhecidos como resistores de pré-inserção (RPI), são um
dos métodos mais utilizados para se reduzir a amplitude das
sobretensões transitórias geradas por manobras de
chaveamento de linhas de transmissão. São instalados em
paralelo com as câmaras dos disjuntores, um resistor para
cada câmara.
Os resistores de fechamento são componentes que podem
apresentar um considerável índice de falhas quando em
operação. A possibilidade de sua eliminação ou da aplicação
de um sincronizador de fechamento diminui a necessidade de
peças de reposição, permitindo que o disjuntor continue a ser
utilizado com um menor número de componentes mecânicos,
aumentando a sua confiabilidade.
O arranjo de atuação do resistor, como se apresenta na
figura 1, é tal que quando a linha de transmissão é
energizada, inicialmente, fecha-se o contato auxiliar que
insere o resistor em série entre a fonte e a linha de
transmissão. Ao inserir o resistor, a tensão que seria imposta
sobre a linha é dividida entre a linha e o resistor. Após um
breve período de tempo, fecha-se o contato principal, curto-
circuitando desta forma o resistor e trazendo para a linha a
tensão plena da fonte.
Fig. 1 – Circuito simplificado do resistor de pré-inserção.
Assim a linha é energizada em dois estágios, com cada um
deles produzindo uma determinada sobretensão. A primeira
delas é devida à energização através do resistor e a segunda é
causada pelo curto-circuito do resistor. Embora cada estágio
produza sobretensões ao longo da linha, a escolha adequada
do resistor assegura que as amplitudes das sobretensões
sejam consideravelmente inferiores àquelas obtidas sem o
resistor [1].
As principais características dos resistores de pré-inserção
são:
Tempo de Inserção: Para determinar o tempo de
inserção do resistor, verifica-se que a partir de um
determinado valor, aproximadamente de ½ ciclo,
para linhas com comprimento elétrico menor do que
¼ do comprimento de onda (λ), o valor da
sobretensão se torna insensível ao aumento do
tempo de permanência. Este fato, juntamente com a
exigência térmica conduz à decisão de se adotarem
valores médios de permanência do resistor
normalmente na faixa de 6 a 15 ms. Uma condição a
ser obedecida é que o resistor não deve ser retirado
antes que a primeira reflexão das ondas de
tensão/corrente na extremidade aberta da linha
retorne ao terminal da fonte, isto é, de modo a ser
efetivo, o tempo de permanência deve ser maior que
duas vezes o tempo de trânsito da linha.
Valor do Resistor: Definido o tempo médio de
permanência do resistor, o seu valor de resistência é
encontrado pesquisando-se a menor sobretensão,
variando-se o valor ôhmico do resistor no instante
do chaveamento. A escolha do resistor através desse
procedimento é válida para qualquer configuração
de sistema com linhas menores do que λ/4. O valor
ótimo do resistor depende basicamente dos
seguintes fatores: potência de curto circuito da
fonte, comprimento da linha e grau de compensação
da linha. Quando conhecido o valor da impedância
característica da linha de transmissão, este deve ser
adotado como valor do resistor de pré-inserção.
Energia Dissipada: Outro fator que deve ser levado
em conta no dimensionamento do resistor é a
quantidade de energia por ele dissipada. Com o
aumento no valor do resistor, a corrente que flui
através dele diminui, levando-o a absorver menos
energia. Deve-se, portanto, selecionar um resistor
igual àquele correspondente ao valor ótimo e que
atenda às condições pré-determinadas de máxima
sobretensão permitida e de energia dissipada.
B. Pára-Raios
Nos últimos anos surgiram alternativas aos resistores de
pré-inserção, especificamente, o uso mais ativo dos pára-
raios e o chaveamento controlado. A limitação eficiente das
sobretensões ao longo da linha por pára-raios é possível
mediante a utilização de equipamentos com alta capacidade
de dissipação de energia. O uso de pára-raios em linhas de
transmissão oferece uma alternativa aos resistores de pré-
inserção pelo menor custo, facilidade na manutenção e a
possibilidade destes poderem se situar ao longo da linha em
pontos selecionados para obter o controle requerido do perfil
de sobretensão.
A tecnologia dos pára-raios de óxido de zinco (ZnO) foi
introduzida no final da década de 1970, desenvolvida durante
a década de 1980 e aperfeiçoada no início da década de 1990,
onde foram introduzidos, aos sistemas de transmissão de alta
tensão, pára-raios com alta capacidade de absorção de
energia e fácil instalação, fornecendo uma solução aos
problemas que a tecnologia antiga não conseguia.
As energias absorvidas dependem de suas características
não lineares e da configuração do sistema elétrico em estudo.
Geralmente, a quantidade de energia absorvida pelos pára-
raios é maior para sistemas elétricos com impedâncias de
surto menores e para níveis de proteção dos pára-raios mais
baixos. Na ocorrência de sobretensões de manobra, todos os
pára-raios de óxido metálico, instalados na mesma
subestação conduzem ao mesmo tempo, compartilhando a
energia total envolvida na manobra [2].
As principais características elétricas dos pára-raios são:
Tensão Nominal: A tensão nominal de um pára-
raios é o valor máximo eficaz da tensão na
frequência industrial aplicada aos seus terminais no
ensaio de ciclo de serviço, para a qual o pára-raios
foi projetado e tem condições de operar
satisfatoriamente durante o ensaio. O valor da
tensão nominal é utilizado como um parâmetro de
referência para a especificação de suas
características de operação.
Níveis de Proteção: Os níveis de proteção para
pára-raios de óxido de zinco, sem nenhum tipo de
centelhador em série, são definidos somente pelas
tensões residuais que aparecem através de seus
terminais durante a sobretensão transitória. As
tensões residuais dependem da forma e do valor das
correntes de condução. Outro aspecto importante
que deve ser ressaltado é que a tensão residual
também pode ser modificada pelo fabricante para
projetos especiais, com a finalidade de atender
exigências específicas de determinada aplicação.
Capacidade de Absorção de Energia: Os pára-
raios de óxido de zinco são mais suscetíveis a
períodos de condução longos e frequentes, durante
as sobretensões, do que os pára-raios convencionais,
por causa da ausência de centelhadores. Como estão
permanentemente conectados ao sistema elétrico,
estão sempre conduzindo correntes que variam de
10-3
a 102 amperes, dependendo da amplitude da
sobretensão transitória. A capacidade de absorção
de energia tem que ser adequadamente especificada,
de forma a evitar sérias consequências aos
equipamentos do sistema elétrico, incluindo os
próprios pára-raios de óxido metálico.
C. Chaveamento Controlado
O fenômeno físico responsável pelas sobretensões de
manobra em linhas de transmissão é a propagação das ondas
eletromagnéticas ao longo das linhas. A propagação da onda
é iniciada no instante em que se começa a circular corrente
pelo disjuntor e a amplitude inicial da onda de tensão é a
tensão de pré-arco. Consequentemente, a amplitude das
sobretensões devido às manobras está diretamente
relacionada com a amplitude da tensão de pré-arco, o que
torna o chaveamento controlado um método eficiente para o
controle de sobretensões [3].
Os efeitos negativos causados por estas sobretensões
podem ser reduzidos controlando-se a abertura ou o
fechamento dos contatos dos disjuntores de forma que a
manobra seja realizada em um instante ótimo pré-
determinado, tomando-se como referência sinais elétricos de
tensão ou corrente. Como consequência das ondas viajantes,
para o chaveamento de linhas de transmissão, este instante
ótimo ocorre idealmente quando a tensão entre os contatos
do disjuntor for zero [4].
Neste trabalho será utilizado o chaveamento controlado
apenas em manobras de energização de linhas de
transmissão. Para tanto, toma-se como sinal de referência a
tensão entre os contatos do disjuntor, a fim de que o
fechamento de cada polo seja ajustado para ocorrer em um
instante onde esta tensão seja mínima.
Geralmente, energizações e desligamentos de linhas de
transmissão são manobras programadas que podem ocorrer
rotineiramente em sistemas de potência. No entanto, o tempo
entre um desligamento e uma energização é suficiente para
que possíveis cargas residuais presentes na linha sejam
descarregadas.
A condição em que não há a presença de carga residual na
linha de transmissão no instante de fechamento do disjuntor é
certamente a mais simples para a realização do chaveamento
controlado. Neste caso, o instante ótimo ocorre na passagem
por zero da tensão do lado da fonte. Assim, para cada fase,
basta o monitoramento deste sinal de tensão o qual será o
sinal de referência para o controle do instante ótimo para o
chaveamento. Na figura 2, estão indicados através de setas os
possíveis instantes ótimos de energização, para uma fase da
linha de transmissão.
Fig. 2 – Instantes ótimos de energização, para uma fase da LT.
Os componentes principais de um chaveamento
controlado são o disjuntor e o sincronizador propriamente
dito. O sincronizador (ou controlador) é um dispositivo
eletrônico que permite realizar a operação da manobra em
um ponto ótimo da onda de tensão. O princípio básico de
funcionamento do sincronizador é:
Reconhecer a forma do seu sinal de referência;
Prever o ponto ótimo da onda de tensão para
manobrar o disjuntor.
Os surtos originados de manobras de energização de
linhas de transmissão em vazio são dependentes das tensões
através dos contatos do disjuntor no instante do seu
fechamento e são consideravelmente reduzidos se estas
tensões estão próximas de zero. Este método consiste em
controlar o instante de fechamento do disjuntor através da
utilização de um sincronizador que dá a ordem para que o
fechamento dos polos do disjuntor ocorra próximo ao zero da
tensão. Considerando um sistema trifásico, para satisfazer
esta condição, a melhor opção é fechar as três fases
consecutivamente quando a tensão em cada uma delas for
zero [5].
III. SIMULAÇÕES
A figura 3 apresenta a modelagem do sistema de
transmissão utilizado para os estudos de caso. A classe de
tensão do sistema é 138 kV, o nível básico de isolamento
(NBI) da cadeia de isoladores considerado é de 190 kV e a
resistência de pé de torre é 10 Ω.
Fig. 3 – Modelagem do sistema de transmissão no ATPDraw.
Os parâmetros do sistema encontram-se apresentados na
figura 4 e nas tabelas I e II. Para fins de análise, foram
realizadas simulações e comparações, considerando os
diferentes métodos de controle de sobretensões durante a
energização de linhas de transmissão.
Fig. 4 – Linha de Transmissão de 138 kV com circuito simples.
TABELA I
Dados do Sistema de Transmissão Condutores Fase Pára-Raios
Tipo Grosbeak HS 3/8”
Diâmetro 2,5146 cm 0,9525 cm
Altura no
Meio do Vão
Fase A: 11,360 m
Fase B: 7,585 m Fase C: 9,500 m
17,800 m
Resistência 0,0913 ohm/km 3,913 ohm/km
TABELA II
Comprimento dos Trechos Trecho A-B Trecho B-C Trecho B-D
100 km 50 km 100 km
A. Energização Direta
Para efeitos de comparação, foram realizadas simulações
de energização direta da linha de transmissão. Foram
simuladas diversas situações e chegou-se às seguintes
conclusões:
A melhor condição de energização é quando uma
das fases do sistema possui valor próximo de zero,
como ilustrado na figura 5;
Fig. 5 – Efeito da energização da fase A no cruzamento por zero.
A pior condição de energização é quando uma das
fases do sistema possui valor máximo, conforme a
figura 6.
Fig. 6 – Efeito da energização da fase A em seu valor máximo.
De forma a ilustrar a ocorrência do fenômeno de flashover
em linhas de transmissão, utilizaram-se chaves comandadas
por tensão que fechavam seus contatos quando o valor de
tensão ultrapassava o valor do NBI considerado, neste caso
190 kV. A figura 7 apresenta esta situação.
Fig. 7 – Ocorrência de flashover no final de cada trecho da linha.
As figuras 8 e 9 apresentam a forma de onda da tensão
para o caso de energização direta, considerando-se a pior
condição. Pode-se observar que, a sobretensão no final de
cada trecho alcançou valores de 2,32 pu e 2,17 pu para o
trecho B-C e B-D, respectivamente.
Fig. 8 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-C.
Fig. 9 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-D.
B. Resistor de Pré-Inserção
Nestas simulações utilizou-se um resistor de pré-inserção
de 350 Ω, valor encontrado após várias tentativas. Este
permanece no circuito durante 15 ms. O contato auxiliar que
insere o resistor de pré-inserção é fechado no máximo da
onda de tensão observada em uma das fases (fase A),
simulando assim a pior condição. Normalmente o valor do
resistor de pré-inserção é especificado próximo ao valor da
impedância característica da linha, caso seja conhecido.
As figuras 10 e 11 apresentam a forma de onda da tensão
para o caso de energização utilizando resistor de pré-
inserção. Pode-se observar que usando este método, a
sobretensão no final de cada trecho foi reduzida em 39,90% e
em 37,77%, alcançando valores de 1,39 pu e 1,35 pu para o
trecho B-C e B-D, respectivamente.
Observa-se através da análise das figuras 10 e 11 que
ocorrem duas situações transitórias, uma no momento da
energização da linha através do resistor de pré-inserção e
outra no instante em que este resistor é curto-circuitado e
retirado do sistema.
Fig. 10 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-C.
Fig. 11 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-D.
C. Pára-Raios
A tabela III apresenta a característica não linear dos pára-
raios utilizados nestas simulações, estes possuem tensão de
referência de 150 kV.
TABELA III
Característica Não Linear dos Pára-Raios Corrente (A) Tensão (kV)
0,005 120
3 130
10000 190
Foram simuladas as seguintes situações envolvendo a
localização dos pára-raios:
Pára-raios no final de cada trecho;
Pára-raios no final de cada trecho e meio da linha;
Pára-raios nas extremidades da linha;
Pára-raios nas extremidades e no meio da linha.
Depois de realizadas todas estas simulações, o sistema de
transmissão em estudo apresentou resultados semelhantes
para todas as situações, mostrando-se que a utilização de
pára-raios no final de cada trecho já satisfaz o desejo de
diminuição da sobretensão transitória de energização.
As figuras 12 e 13 apresentam a forma de onda da tensão
para o caso de energização da linha de transmissão utilizando
pára-raios. Pode-se observar que usando este método, a
sobretensão no final de cada trecho foi reduzida em 39,40% e
em 36,86%, alcançando valores de 1,40 pu e 1,39 pu para o
trecho B-C e B-D, respectivamente.
Fig. 12 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-C.
Fig. 13 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-D.
D. Chaveamento Controlado
O fechamento ótimo dos polos do disjuntor, para reduzir
ou não produzir a parcela transitória durante a manobra de
energização da linha de transmissão a vazio, corresponde a
fechar o polo do disjuntor no instante no qual a tensão à
montante do disjuntor encontra-se próxima de zero, uma vez
que a linha em vazio tem um comportamento semelhante a
um capacitor sem carga.
O método desenvolvido, para o chaveamento controlado
de linhas de transmissão, baseia-se em estimar o sinal de
tensão, de forma que ocorra o fechamento sincronizado de
cada fase do sistema, quando esta passar por seu valor
mínimo, isto é, no cruzamento da onda de tensão por zero.
O controle sincronizado do disjuntor foi implementado
usando as componentes TACS, que são parte de um grupo
especial de elementos de controle do ATPDraw, realizando o
fechamento sincronizado das fases, quando a onda de tensão
de cada fase cruza consecutivamente os zeros da tensão. A
figura 14 apresenta o controle utilizado para realização do
chaveamento controlado em uma das fases.
Fig. 14 – Controle do chaveamento sincronizado em uma das fases.
As figuras 15 e 16 apresentam a forma de onda da tensão
para o caso de energização da linha de transmissão,
utilizando chaveamento controlado. Pode-se observar que
usando este método, a sobretensão no final de cada trecho foi
reduzida em 48,66% e em 43,31%, alcançando valores de
1,19 pu e 1,23 pu para o trecho B-C e B-D, respectivamente.
Fig. 15 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-C.
Fig. 16 – Forma de onda da tensão no final do trecho B-D.
IV. ANÁLISE COMPARATIVA
Nesta seção é feita uma análise comparativa dos três
métodos estudados para a manobra de energização de linhas
de transmissão. Os níveis de sobretensões comparados são
medidos no final de cada trecho analisado.
Para o trecho B-C os três métodos apresentaram um
desempenho muito similar, conforme a figura 17. O nível de
sobretensão no terminal receptor utilizando pára-raios é
reduzido a 1,40 pu. Utilizando chaveamento controlado o
nível de tensão é reduzido até 1,19 pu e com o resistor de
pré-inserção alcança um valor de 1,39 pu.
Para o trecho B-D os três métodos também apresentaram
um bom desempenho, de acordo com a figura 18. O nível de
sobretensão no terminal receptor utilizando pára-raios é
reduzido a 1,39 pu. Utilizando chaveamento controlado o
nível de tensão é reduzido até 1,23 pu e com o resistor de
pré-inserção alcança um valor de 1,35 pu.
Fig. 17 – Máxima sobretensão no final do trecho B-C.
Fig. 18 – Máxima sobretensão no final do trecho B-D.
V. CONCLUSÕES
Mediante simulações realizadas com o programa
ATPDraw foram apresentados os resultados do
comportamento dos pára-raios, chaveamento controlado e
resistor de pré-inserção, no controle de sobretensões
transitórias na manobra de energização de linhas de
transmissão. Este estudo analisa as piores condições do
sistema, porém os resultados apresentados neste artigo não
devem ser generalizados. Cada sistema deve ser estudado de
forma específica e com suas particularidades, já que um
grande número de parâmetros influi nestas sobretensões.
O uso de pára-raios de óxido de zinco é uma alternativa na
limitação de sobretensões na manobra de energização,
apresentando resultados satisfatórios. A partir dos resultados
obtidos nas simulações realizadas, pode-se afirmar que na
manobra de energização do sistema estudado, o chaveamento
sincronizado é um método mais adequado para o controle das
sobretensões do que o resistor de pré-inserção. Este último,
apesar de ser um método efetivo, apresenta uma aceitação de
sua tecnologia tendente a diminuir devido ao alto custo de
implementação e manutenção.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] VALERO, P.M. Análise comparativa de técnicas de
controle de sobretensões transitórias nas manobras de
energização e religamento de linhas de transmissão.
2007. 170 p. Dissertação (Mestrado) Universidade
Estadual de Campinas – UNICAMP. Campinas, 2007.
[2] J.R. RIBEIRO, M.E. McCALLUM, “An applicatioin of
metal oxide surge arresters in the elimination of need for
closing resistors in ehv breakers”, in: IEEE Transaction
on Power Delivery, vol. 4, n° 1, pp. 282-291, January
1989.
[3] K.M.C. DANTAS, W.L.A. NEVES, D. FERNANDES
Jr., “Aplicação de Chaveamento Controlado para
Manobras de Religamento de Linhas de Transmissão:
Estudos de Caso”, in: XIII ERIAC. Puerto Iguazú,
Argentina, 2009.
[4] H. ITO, “Controlled switching technologies, state of the
art survey – part i”, in: ELECTRA, n°. 162, pp. 65-97,
October 1995.
[5] K.M.C. DANTAS, D. FERANDES Jr., W.L.A. NEVES,
B.A. SOUZA, L.C.A FONSECA, “Mitigation of
Switching Overvoltage in Transmission Lines via
Controlled Switching”, in: IEEE Power & Energy
Society General Meeting, July 2008.