Análise Das Relações Entre Cuba e EUA 1961 2011 Por Pedro Ernesto Fagundes Boletim Mundorama

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Análise das relações entre Cuba e Estados Unidos 1961-2011.

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    BOLETIM MUNDORAMAD I V U L G A O C I E N T F I C A E M R E L A E S

    I N T E R N A C I O N A I S I S S N 2 1 7 5 2 0 5 2

    Equipe de Colaboradores / 13/04/2011 / Amricas do Norte e Central, Poltica Externa, PolticaInternacional

    Anlise das relaes entre Cuba e EUA (1961-2011), por Pedro ErnestoFagundes 30 Votes

    H cinqenta anos, mais exatamente em 03 de janeiro de 1961, o governo norte-americano rompeu oficialmente relaes com Cuba. Essa medida extrema foi umaresposta a srie de mudanas poltico-econmicas ocorridas na ilha caribenhaentre os anos de 1960 e 1961 como reflexo da radicalizao da RevoluoNacionalista de 1959. A ruptura definitiva das relaes entre Havana e Washingtonresultou na aproximao dos grupos polticos liderados pelo advogado eguerrilheiro Fidel Castro com a Unio Sovitica (URSS).

    Essa situao foi precedida por uma srie de embargos do governo de Washingtonem relao s medidas de nacionalizao das empresas estadunidenses decretadapelo governo de Fidel Castro. Tanto que, em junho de 1960, teve inicio uma polticade reduo de importao de acar produzido em Cuba. Nesse sentido,procurando afetar a economia cubana, em 19 de outubro de 1960, o presidenteDwight D. Eisenhower (1953-1961) imps um embargo comercial parcial. Medidaque na prtica significou a reduo em tero da importao do acar daquelepas.

    Entretanto, os problemas entre os dois pases no ficaram restritos as questes decarter econmico. A chegada de John F. Kennedy (1961-1963) representou ummais um grave abalo nas estremecidas relaes diplomticas entre os dois

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    vizinhos. Sobretudo, depois do fracasso da tentativa de invaso da Baa dosPorcos, em 1961. Esse acontecimento serviu para alertar os norte-americanos deum fato definitivo: a ameaa comunista j havia chegado ao seu quintal.

    A dificuldade do governo norte-americano em lidar com os novos governantes deCuba foi outro elemento fundamental para estreitar as relaes entre o governo deCastro e a Unio Sovitica (URSS). Tanto que em plena Guerra Fria, os soviticosinstalarem msseis nucleares na ilha. Em 1962, a chamada Crise dos Msseisdeixou o planeta a beira de um conflito nuclear entre as duas superpotncias emarcou o momento mais crtico na relao contempornea entre Cuba e EUA.

    O definitivo alinhamento do governo cubano com Moscou foi determinante paracriar argumentos que justificaram a expulso de Cuba da Organizao dos EstadosAmericanos (OEA), em 1962. Posteriormente, foi aprovado um bloqueio mais amploao pas caribenho que tambm visava atingir sua economia. Agindo no sentido deprevenir que outros movimentos semelhantes acontecessem no continente, ogoverno dos EUA passou a direcionar sua poltica externa no sentido de criarobstculos para atuao de movimentos de carter socialista, nacionalista ecomunista na Amrica Latina.

    Nesse perodo foi resgatada a tese da defesa coletiva que havia sido elaboradadurante a administrao Eisenhower. Essa proposta estava centrada em duasfrentes: a militar e a ajuda humanitria. No terreno militar foram estabelecidasdezenas de acordos entra as foras armadas norte-americanas e os pases latinosque visavam aparelhar e treinar as foras de segurana da regio para combaterpossveis novas Cubas.

    Por outro lado, tambm foi estabelecida a chamada Aliana para o progresso, quepretendia ser o mais ambicioso projeto de colaborao dos Estados Unidos com aAmrica Latina, desde o fim da Segunda Guerra. Lanada em maro de 1961, esseprojeto previa aes de incentivo ao desenvolvimento econmico na regio. Outroponto da Aliana para o progresso estabelecia a criao de mecanismos deinterveno humanitria, tais como a presena de missionrios norte-americanosnas reas mais carentes do continente. A idia de Washington era dar maior nfasenas aes sociais e colocar em segundo plano o carter ideolgico do acordo.

    O trgico assassinato de Kennedy permitiu que seu vice, Lyndon B. Johnson (1963-1969), tomasse acento na Casa Branca. O governo Johnson deu segmento Alianapara o progresso. Na conteno da ameaa comunista o governo Johnson tevepapel decisivo nos golpes militares do Brasil e da Repblica Dominicana. Durante

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    esse perodo foi estabelecida a Doutrina Mann, que consistia em apoiar e oferecerajuda econmica e militar a qualquer pas, independente do regime poltico desdeque se mantivessem anticomunistas. (FICO, 2008).

    A Doutrina Mann continuou norteando as manobras norte-americanas durante aadministrao de Richard Nixon (1969-1974). Durante o governo de Jimmy Carter(1977-1981), perodo marcado em linhas gerais pela aproximao com os pases emdesenvolvimento e de defesa dos direitos humanos, houve certa distenso entre osdois pases, inclusive, com o retorno da permisso de viagens e envio de recursosfinanceiros.

    Em 1981, assumiu a presidncia dos EUA o poltico republicano e ex-ator RonaldReagan (1981-1989). Esse presidente marcou sua gesto como um dos perodosmais conservadores da histria contemporneo do pas. A chamada ondaconservadora teve como resultado a vitria norte-americana na Guerra Fria e aderrota do bloco socialista da Europa Oriental e, conseqentemente, crescimentodo isolamento poltico e econmico cubano.

    Para cumprir tal tarefa a Doutrina Reagan procurou prestar apoio a todas asiniciativas que pretendiam atacar os governos, partidos e movimentos polticosidentificados como aliados ou simpatizantes de Cuba. As prticas comuns duranteas dcadas anteriores voltaram a pautar essa nova estratgia estadunidense. Soexemplos na Amrica Latina pases como Guatemala, El Salvador, Nicargua e ailha de Granada sofreram as conseqncias da retomada do clima de caa aosvermelhos. (KARNAL, 2007).

    A desintegrao da URSS e o fim da Guerra Fria fizeram com que quase todas asquestes ligadas Amrica Latina passassem a ocupar o segundo plano na agendageopoltica de Washington durante as dcadas de 1990 e 2000: a nica exceocontinuou sendo Cuba.

    Haja vista que os governos de George H. W. Bush (1989-1993), Bill Clinton (1993-2001) e George W. Bush (2001-2009) mantiveram firmes os embargos e restriesao livre comrcio cubano. Agora com base em argumentos ligados a defesa dosdireitos humanos e da democratizao das instituies cubanas, o poltica externanorte-americana procurou isolar o regime de Havana das relaes hemisfricas,como exemplo, podemos citar a excluso de Cuba da Cpula das Amricas e aresist~encia em aceitar o retorno de Cuba a OEA, fato que ocorreu somente em2009.

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    Mesmo contra todos os princpios do Direito Internacional, o governo dos EUAapoiou a criao de uma ampla legislao interna que tem como finalidadeaumentar a presso e o isolamento comercial de Cuba. Nesse caso podemos citar achamada Ata para a Democracia Cubana lei de 1992, tambm conhecida comoEmenda Torricelli que, entre outras medidas, ampliou as sanes contraempresas norte-americanas, barcos e at mesmo governos estrangeiros querealizem comrcio e assistncia ao governo cubano.

    Em 1996, durante o mandato do presidente Bill Clinton (1993-2001), foi sancionadaa Cuban Liberty Act,, tambm conhecida como Lei Helms-Burton, sua autoria foidos congressistas Jesse Helms e Dan Burton, parlamentares ligados ao lobby dacomunidade cubana anti-castrista dos EUA (AYARBE, 2004). Essa legislao foi maisum ato no sentido de isolar a j combalida economia de Cuba que durante a dcadade 1990 sentiu os efeitos do fim da ajuda da antiga Unio Sovitica.

    Contando com amplo apoio da comunidade cubana nos EUA para sua difcilprimeira eleio, sobretudo no estado da Flrida, o presidente George W. Bush(2001-2009) adotou medidas unilaterais que visavam ampliar o bloqueioeconmico em relao Cuba. Ao mesmo tempo, o governo Bush sinalizoupositivamente em relao s aes que incentivassem os exilados cubanos nosEstados Unidos a intensificarem campanhas para derrubar o governo de FidelCastro, inclusive atravs de supostos atos de sabotagem e espionagem

    At o momento, o governo de Barack Obama agiu de maneira extremamentetmida em relao a Cuba, limitando-se, depois de muita presso internacional, afechar as portas da base-priso de Guantnamo. Entretanto, temas como o bloqueioeconmico, excluso de Cuba de organismos internacionais, acusaes deespionagem e sabotagens, restabelecimento das relaes diplomticas, entre outrasquestes no sofreram nenhum avano. Tal situao afeta diretamente a vida demilhes de cubanos, de ambos os pases, que ainda sofrem os efeitos da ltimabatalha da Guerra Fria.

    REFERNCIAS:FICO, CARLOS. O Grande irmo: da Operao Brother Sam aos anos de

    chumbo. O governo dos Estados Unidos e a ditadura militar brasileira. Riode Janeiro: Civilizao Brasileira, 2008.

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    Publicado em Amricas do Norte e Central, Poltica Externa, Poltica Internacionale etiquetado como Cuba, Estados Unidos da Amrica, Poltica Externa, RelaesBilaterais. Favorite o permalink

    KARNAL, Leandro et al. Histria dos Estados Unidos: das origens ao sculoXXI. 2 ed. So Paulo: Contexto, 2007.

    AYERBE, Luis Fernando. A Revoluo Cubana. So Paulo: Editora UNESP,2004. (Coleo Revolues do Sculo XX).

    Pedro Emesto Fagundes professor da Universidade Federal do EspritoSanto UFES ([email protected])

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    Um balano do Mundorama em 2014 | Antnio Carlos Lessa em30/12/2014 em 8:59 pm 0 0 Rate This

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    Editorial Boletim Mundorama em 2014: um ano mais do queprofcuo, por Antnio Carlos Lessa | Boletim Mundorama em29/12/2014 em 8:00 am 0 0 Rate This

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    Paula em 01/03/2013 em 11:15 pm 1 1 Rate This

    Muito bom!!! Obrigada pelo texto (:

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