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Análise das manifestações patológicas nas estruturas de concreto do campus Goiabeiras da UFES dezembro/2015 1 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015 Análise das manifestações patológicas nas estruturas de concreto do campus Goiabeiras da UFES Camila de Oliveira Nascimento [email protected] MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção Instituto de Pós-Graduação - IPOG Vitória, ES, 19 de junho de 2015 Resumo As manifestações patológicas são, em geral, uma preocupação para todos aqueles que estão, de alguma forma, envolvidos com as edificações, por acarretarem perda parcial ou integral do desempenho destas, reduzindo a durabilidade e a vida útil. A presente pesquisa tem como objetivo a realização de um levantamento das principais manifestações patológicas existentes nas estruturas de concreto das edificações do campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Foi feita uma abordagem descritiva das manifestações patológicas em cada prédio vistoriado, e registrou-se cada problema encontrado através de fotografias. Foram eleitos alguns problemas expressivos e recorrentes no campus, tais como umidade (eflorescências e lixiviação) e corrosão de armaduras, a fim de serem discutidos. Através das análises dos principais casos encontrados contatou-se que umidade, falta de manutenção periódica adequada e cobrimento insuficiente frente a um ambiente de classe de agressividade III foram as principais causas das manifestações patológicas das estruturas de concreto das edificações do campus goiabeiras da UFES. Palavras-chave: Patologia. Manifestações Patológicas. Concreto. UFES. Campus Goiabeiras. 1 Introdução A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) é uma instituição autárquica fundada em maio de 1954. Possui quatro campi universitários em Goiabeiras e Maruípe, na capital; e nos municípios de Alegre, no sul do Estado, e São Mateus, no norte capixaba. Tem por objetivo gerar avanços científicos, tecnológicos, artísticos e culturais, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão. Além disso, também presta diversos serviços ao público acadêmico e à comunidade através de bibliotecas, teatro, hospital, planetário, ginásio, entre outras instalações. Sua infraestrutura física global é 292 mil metros quadrados de área construída, sendo que a maior parte está situada no campus Goiabeiras. Com esses dados, é possível perceber que a Universidade recebe diariamente um número muito grande de pessoas, o que requer que suas instalações estejam aptas para atender a essa demanda. Para Carmo (2002), os usuários de qualquer tipo de edificação exigem, minimamente, segurança para utilização da construção. Requerem boas condições de higiene, estanqueidade e conforto higrotérmico, visual, tátil e acústico. Nesse contexto, a durabilidade está atrelada à

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Análise das manifestações patológicas nas estruturas de concreto do campus Goiabeiras da UFES

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015

Análise das manifestações patológicas nas estruturas de concreto do

campus Goiabeiras da UFES

Camila de Oliveira Nascimento – [email protected]

MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Vitória, ES, 19 de junho de 2015

Resumo

As manifestações patológicas são, em geral, uma preocupação para todos aqueles que estão,

de alguma forma, envolvidos com as edificações, por acarretarem perda parcial ou integral

do desempenho destas, reduzindo a durabilidade e a vida útil. A presente pesquisa tem como

objetivo a realização de um levantamento das principais manifestações patológicas existentes

nas estruturas de concreto das edificações do campus Goiabeiras da Universidade Federal

do Espírito Santo (UFES). Foi feita uma abordagem descritiva das manifestações patológicas

em cada prédio vistoriado, e registrou-se cada problema encontrado através de fotografias.

Foram eleitos alguns problemas expressivos e recorrentes no campus, tais como umidade

(eflorescências e lixiviação) e corrosão de armaduras, a fim de serem discutidos. Através das

análises dos principais casos encontrados contatou-se que umidade, falta de manutenção

periódica adequada e cobrimento insuficiente frente a um ambiente de classe de

agressividade III foram as principais causas das manifestações patológicas das estruturas de

concreto das edificações do campus goiabeiras da UFES.

Palavras-chave: Patologia. Manifestações Patológicas. Concreto. UFES. Campus

Goiabeiras.

1 Introdução

A Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) é uma instituição autárquica fundada em

maio de 1954. Possui quatro campi universitários – em Goiabeiras e Maruípe, na capital; e

nos municípios de Alegre, no sul do Estado, e São Mateus, no norte capixaba. Tem por

objetivo gerar avanços científicos, tecnológicos, artísticos e culturais, por meio do ensino, da

pesquisa e da extensão. Além disso, também presta diversos serviços ao público acadêmico e

à comunidade através de bibliotecas, teatro, hospital, planetário, ginásio, entre outras

instalações. Sua infraestrutura física global é 292 mil metros quadrados de área construída,

sendo que a maior parte está situada no campus Goiabeiras. Com esses dados, é possível

perceber que a Universidade recebe diariamente um número muito grande de pessoas, o que

requer que suas instalações estejam aptas para atender a essa demanda.

Para Carmo (2002), os usuários de qualquer tipo de edificação exigem, minimamente,

segurança para utilização da construção. Requerem boas condições de higiene, estanqueidade

e conforto higrotérmico, visual, tátil e acústico. Nesse contexto, a durabilidade está atrelada à

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conservação do desempenho ao longo do tempo e à economia quanto aos custos inicial e de

manutenção.

A ocorrência de problemas ou manifestações patológicas pode ter origem em quaisquer das

etapas de produção e/ou utilização das edificações, relacionando-se diretamente ao nível de

controle de qualidade exigido em cada uma dessas etapas e da compatibilidade entre as

mesmas (IOSHIMOTO, 1988). Erros ou imperfeições no projeto e na execução das diversas

etapas da construção exigem, como consequência, adaptações não previstas no orçamento,

consertos com custos complementares e até necessidade de reconstruções completas, muito

dispendiosas.

Ao conversar com pessoas que estudam, trabalham ou de algum modo utilizam as instalações

da Universidade, percebe-se que essa preocupação é bastante comum. Ainda que leigos no

assunto, sem muita dificuldade os usuários apontam edifícios que possuem problemas sérios e

que chamam atenção.

No entanto, é temerário dizer que os prédios da Universidade estão em más condições pela

simples observação diária de um ou outro edifício. Cada um possui diferentes datas de

construção, que diferem entre si em até cerca de 40 anos, métodos e técnicas construtivas,

materiais utilizados, empresas responsáveis, uso e manutenção, que constituem um cenário

amplo e heterogêneo.

Considerando esses aspectos, o tema deste artigo foi escolhido a fim de identificar, utilizando-

se de vistorias, as principais manifestações patológicas existentes nas estruturas de concreto

das edificações do campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo.

2 Revisão bibliográfica

A expressão patologia, originária da medicina, é definida por muitos dicionários como sendo

o ramo da medicina que trata das origens, sintomas e natureza das doenças. Para Dal Molin

(1988), essa definição é valida também para a engenharia, visto que a Patologia das

Edificações é a ciência que estuda e identifica as origens, causas, mecanismos de ação, tipos

de manifestações e consequências das situações em que ocorre perda parcial ou integral do

desempenho das edificações ou de suas partes.

Ainda nesse contexto de comparação, Silva (2011) propõe que assim como as doenças podem

ser adquiridas congenitamente, as manifestações patológicas podem ser provenientes do

período de execução da obra (emprego inadequado de materiais e métodos construtivos) ou da

concepção do projeto, ou ainda serem adquiridas ao longo de sua vida. A morte da estrutura

seria a sua ruína, que dependendo do porte da obra pode ocasionar perda de centenas de vidas,

além de elevadas perdas financeiras.

2.1 Patologia das estruturas de concreto

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A degradação do concreto raramente é devida a uma única causa. Em estágios mais avançados

de degradação do material, mais de um fenômeno deletério pode estar em ação (METHA e

MONTEIRO, 1994).

Cánovas (1988) aponta como uma das principais causas das manifestações patológicas no

concreto armado a falta de qualidade dos materiais empregados em sua execução. A qualidade

dos materiais é imposta através de uma série de normas e prescrições técnicas; o não

cumprimento delas tem como consequência a falta de qualidade do concreto e seus

componentes.

Para Souza e Ripper (1998) as causas das deteriorações das estruturas de concreto podem ser

classificadas como causas intrínsecas (inerentes às estruturas) e causas extrínsecas (externas

ao corpo estrutural).

As causas intrínsecas são aquelas que têm sua origem nos materiais e peças estruturais

durante as fases de execução e/ou de utilização das obras, por falhas humanas, por questões

próprias ao material concreto e por ações externas, acidentes inclusive. As causas de

deterioração da estrutura que independem do corpo estrutural em si, assim como da

composição interna do concreto, ou de falhas inerentes ao processo de execução são as causas

extrínsecas. Pode-se considerar que elas atuam “de fora para dentro” das estruturas durante as

fases de concepção ou ao longo da vida útil.

Os mecanismos mais importantes e frequentes de envelhecimento e de deterioração das

estruturas de concreto descritos na norma ABNT NBR 6118:2014 estão listados a seguir.

a) Mecanismos preponderantes de deterioração relativos ao concreto:

lixiviação (águas puras, carbônicas agressivas e ácidas);

expansão por sulfato;

reação álcali-agregado.

b) Mecanismos preponderantes de deterioração relativos à armadura:

despassivação por carbonatação;

despassivação por ação de cloretos.

c) Mecanismos de deterioração da estrutura propriamente dita:

mecanismos relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica,

impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação, bem como as diversas ações que

atuam sobre a estrutura.

2.1.1 Fissuras

A fissuração do concreto, muitas vezes, afeta a aparência e estética das estruturas. Um aspecto

não negligenciável é o efeito psicológico de perda de segurança que a fissura transmite aos

usuários de uma edificação (DAL MOLIN, 1988).

Para Souza e Ripper (1998) a caracterização da fissuração como deficiência estrutural

dependerá sempre da origem, intensidade e magnitude do quadro de fissuração existente, uma

vez que o concreto, por ser material com baixa resistência à tração, fissurará por natureza,

sempre que as tensões de tração, que podem ser instaladas pelos mais diversos motivos,

superarem a sua resistência última à tração.

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Nos itens a seguir serão abordadas várias causas que podem motivar o surgimento das tensões

de tração no concreto e em consequência o aparecimento de fissuras, bem como a

configuração das fissuras.

2.1.1.1 Deficiência de projeto

As falhas ocorridas em projetos estruturais, com influência direta na formação de fissuras,

podem ser as mais diversas, assumindo as correspondentes fissuras configuração própria,

função do tipo de esforço a que estão submetidas às várias peças estruturais (SOUZA e

RIPPER, 1998)

Solicitações superiores aos esforços previstos em projeto, podem causar fissuras. A tipologia

dessas fissuras, segundo Aranha (1994), segue padrões próprios de acordo com as

solicitações, sejam elas de tração, compressão, flexão, cisalhamento ou torção. A Figura 1

mostra algumas configurações genéricas de fissuras em função do tipo de solicitação

predominante.

Figura 1 - Algumas configurações genéricas de fissuras em função do tipo de solicitação predominante.

Fonte: Souza e Ripper (1998)

A Figura 2 caracteriza vários tipos de fissuras relacionadas a deficiências da armadura

(SOUZA e RIPPER, 1998):

a) Fissuração por flexão, como conseqüência da insuficiente seção de aço diante do

momento negativo;

b) Fissuração por flexão, como consequência da insuficiente seção de aço diante do

momento positivo;

c) Fissuração por esmagamento do concreto, por insuficiência da armadura de compressão;

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d) Fissuração por cisalhamento, por insuficiência de armaduras para combate ao cortante.

Figura 2 - Fissuração de vigas Fonte: Souza e Ripper (1998).

2.1.1.2 Contração plástica

De acordo com Souza e Ripper (1998) a fissuração por contração plástica ocorre devido à

evaporação excessivamente rápida da água que foi utilizada em excesso no concreto, sendo

que a massa, em consequência, se contrai de forma irreversível, podendo este movimento

acontecer imediatamente após o lançamento do concreto (10 minutos).

As consequências mais comuns devido ao assentamento plástico do concreto são a perda de

aderência das barras de armadura e as fissuras estratificadas no caso de pilares (LANER,

2001).

Este tipo de fissura geralmente é superficial e é mais comum em superfícies extensas, como

lajes e paredes, com as fissuras sendo normalmente paralelas entre si e fazendo ângulo de

aproximadamente 45° com os cantos (SOUZA e RIPPER, 1998).

2.1.1.3 Assentamento do concreto / perda de aderência

Sempre que o movimento natural de assentamento do concreto, resultante da ação da força da

gravidade, é impedido pela presença de formas ou de barras da armadura, há a probabilidade

de fissuração, que é tanto maior quanto mais espessa for a camada de concreto (SOUZA e

RIPPER, 1998).

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2.1.1.4 Retração

De acordo com Torrescasana (1999), os três tipos de retração que ocorrem num produto

preparado com cimento são:

a) Retração química: a reação química do cimento e água se dá com redução de volume; a

força de coesão interna reduz o volume da água em 25%.

b) Retração de secagem: a água em excesso evapora e isto gera forças capilares equivalentes

a uma compressão, produzindo, redução de volume.

c) Retração por carbonatação: a cal hidratada reage com o gás carbônico e forma o carbonato

de cálcio. Esta reação é acompanhada de redução de volume e gera retração.

As fissuras de retração normalmente são notadas algum tempo depois do endurecimento do

concreto.

2.1.1.5 Reações expansivas – reações álcali-agregado

“A reação álcali-agregado pode ser definida como um termo geral utilizado para descrever a

reação química que ocorre internamente em uma estrutura de concreto, envolvendo os

hidróxidos alcalinos provenientes principalmente do cimento e alguns minerais reativos

presentes no agregado utilizado. Como resultado da reação, são formados produtos que, na

presença de umidade, são capazes de expandir, gerando fissurações, descolamentos e podendo

levar a um comprometimento das estruturas de concreto” (HASPARYK, 2005).

Segundo Metha e Monteiro (1994) as expansões e fissurações devidas às reações álcali-

agregado podem comprometer a resistência e a elasticidade de um concreto, por

consequência, sua durabilidade.

As fissuras decorrentes das reações álcali-agregado geralmente não são prejudiciais à

compressão do concreto, embora possam facilitar a entrada de agentes agressivos, que podem

vir a comprometer a estrutura . Se distribuem de forma irregular, lembrando um pouco uma

grande teia de aranha (LANER, 2001).

2.1.1.6 Variação da temperatura

De acordo com Souza e Ripper (1998) a instauração de diferentes estados de tensão em

diferentes seções de uma mesma peça estrutural e a criação de um estado de sobretensão

gerado por contração ou dilatação térmica, são situações que normalmente geram fissuração,

posto que, em qualquer dos casos, criam-se tensões superiores à capacidade resistente ou de

deformação das peças.

Em uma estrutura de concreto as variações térmicas podem ocorrer por influências externas,

como mudanças nas condições ambientais e incêndios, ou por influências internas (calor de

hidratação do cimento com elevação da temperatura do concreto) (DAL MOLIN 1988).

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2.1.2 Lixiviação

A água é o solvente, por excelência, de sais ácidos e bases orgânicas, bem como de uma

pequena parcela de compostos orgânicos, tendo habilidade de dissolver mais substâncias do

que qualquer outro líquido. A lixiviação é a ação extrativa ou de dissolução que os compostos

hidratados da pasta de cimento podem sofrer quando em contato com água, principalmente as

puras ou ácidas (JORGE, 2001).

Quando estas águas entram em contato com a pasta de cimento, tendem a hidrolisar ou

dissolver seus compostos contendo cálcio. Mas, no caso de água corrente ou infiltração sob

pressão, que é o caso de reservatórios de água e piscinas, ocorre uma diluição continua, até

que a maior parte do hidróxido de cálcio tenha sido retirado por lixiviação, expondo os outros

constituintes cimentícios, entre eles os silicatos e aluminatos, à decomposição química

(METHA e MONTEIRO, 1994).

A lixiviação se manifesta em superfícies de concreto na forma de manchas brancas (Figura 3),

seguidas de precipitação de geis com consequente formação de estalactite ou estalagmite,

como mostra. Segundo Helene (1997) sua sintomatologia básica é uma superfície arenosa ou

com agregados expostos sem a pasta superficial, com eflorescência de carbonato, com elevada

retenção de fuligem e com risco de desenvolvimento de fungos e bactérias.

Figura 3 - Laje térrea com eflorescência devido ao processo de lixiviação, devido à falha na impermeabilização

Fonte: Neville (1997)

2.1.3 Corrosão de armadura

A corrosão pode ser definida como a interação destrutiva ou a interação que implica

inutilização para uso, de um material com o ambiente, seja por reação química, ou por

eletroquímica (CASCUDO, 1997).

Uma das principais manifestações patológicas que se tem observado nas estruturas de

concreto armado, segundo Aranha (1994), é a corrosão das armaduras (Figura 4). O autor

identifica que a permeabilidade do concreto, devido à alta relação água/cimento, dosagem

inadequada, e a falha na elaboração do projeto estrutural e/ou na execução da obra, quando

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não garantem os cobrimentos das armaduras normalizados, constituem as principais causas da

corrosão das armaduras.

Figura 4 - Corrosão da armadura do pilar com destacamento do concreto do cobrimento

Fonte: Cascudo (1997)

Para Cascudo (1997) a corrosão eletroquímica, também conhecida por aquosa, é a que

efetivamente traz problemas às obras civis. O autor a descreve como “um ataque de natureza

eletroquímica, que ocorre em meio aquoso, como resultado da formação de uma pilha ou

célula de corrosão, com eletrólito e diferença de potencial entre trechos da superfície do aço.

O eletrólito forma-se a partir da presença de umidade no concreto. Esse tipo de corrosão

suscita um movimento de elétrons ao longo de trechos da armadura e um movimento iônico

através do eletrólito”.

No caso das barras de aço imersas no meio concreto, a deterioração a que se refere a definição

já citada é caracterizada pela destruição da película passivante existente ao redor de toda a

superfície exterior das barras. Esta película é formada como resultado do impedimento da

dissolução do ferro pela elevada alcalinidade da solução aquosa que existe no concreto

(SOUZA e RIPPER, 1998).

A corrosão das armaduras é um processo eletroquímico que para ocorrer necessita da presença

simultânea de umidade, oxigênio e ddp (diferença de potencial), como mostra a Figura 5. O

processo de corrosão ocorre quando a célula eletroquímica estabelece um processo anódico e

um processo catódico. O processo anódico não pode ocorrer até que o filme protetor ou

passivo de óxido de ferro seja removido ou tornado permeável pela ação de íons Cl- (SOUZA

e RIPPER, 1998).

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Figura 5 - Célula de corrosão no meio concreto armado

Fonte: Souza e Ripper (1998)

Na corrosão há a transformação do aço metálico das armaduras em ferrugem, que provoca um

aumento do volume de seis a dez vezes em relação ao volume original. Devido a esta

expansão ocorre a fissuração e o desprendimento do concreto localizado na região do

cobrimento. Associada à transformação do aço metálico das armaduras em ferrugem, surgem,

segundo Souza e Ripper (1998), outros mecanismos de degradação da estrutura (Figura 6),

como perda de aderência entre o aço e o concreto; desagregação da camada de concreto

envolvente da armadura; fissuração.

Figura 6 - Fases da instalação do processo de corrosão em uma barra de armadura

Fonte: Souza e Ripper (1998)

Segundo a morfologia, a corrosão das armaduras pode, de uma forma geral, ser classificada

em: corrosão generalizada, corrosão por pite e corrosão sob tensão fraturante, como mostra a

Figura 7 (CASCUDO, 1997).

Fe+

Fe+ Cl-

Cl-

Cl-

CO2

Eletrólito

(água dos poros

do concreto)

Superfície do concreto

Concreto Não Saturado

Zona Anódica

(corroída)

Zona Catódica

(não corroída)

Condutor

(barra de aço)

e-

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Figura 7 - Tipos de corrosão e fatores que os provocam

Fonte: Cascudo (1997)

a) Corrosão generalizada: ocorre de uma maneira generalizada em toda a superfície do metal,

podendo ser uniforme, com a superfície tendendo a ser lisa e regular, ou não uniforme,

apresentando superfície rugosa e irregular.

b) Corrosão por pite: também conhecida por corrosão puntiforme, é um tipo de corrosão

localizada, no qual há a formação de pontos de desgaste definidos na superfície metálica,

os quais evoluem aprofundando-se, podendo causar a ruptura pontual da barra. A corrosão

por pites será tanto mais intensa e perigosa quanto maior for a relação área catódica/área

anódica. Assim, podem ocorrer pites com altas taxas de dissolução do ferro, de alta

gravidade. Em geral nos casos práticos de corrosão aço-carbono no concreto não é

registrada a ocorrência de pite clássico, como visto em outros meios e com outros metais.

Na maioria dos casos, ao invés de pontos de pequeno diâmetro e grande profundidade,

ocorrem depressões mais rasas e de maior diâmetro, assemelhando-se a “crateras”.

c) Corrosão sob tensão fraturante: é um outro tipo de corrosão localizada, a qual se dá

concomitantemente com uma tensão de tração na armadura, podendo dar origem à

propagação de fissuras (fenômeno de natureza transgranular ou intragranular) na estrutura

do aço. Ocorre predominantemente em estruturas protendidas, mas pode se dar também

em estruturas de concreto armado. No entanto, são em ambientes ricos em cloretos e com

níveis de tensão muito elevados que sua ocorrência é maior e sua incidência passa a ser

preocupante.

3 Discussão dos casos encontrados

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Neste capítulo serão expostas as principais manifestações patológicas encontradas durante as

vistorias nas edificações do campus e discutidas caso a caso. Os prédios vistoriados foram

identificados por letras aleatórias. Foi feita uma abordagem descritiva das manifestações

patológicas em cada prédio vistoriado, e registrou-se cada problema encontrado através de

fotografias.

3.1 Umidade

Ao longo das vistorias realizadas no campus, pôde-se perceber que a umidade é a causa

principal de várias manifestações patológicas. A presença da água nas edificações pode

comprometer não só a sua durabilidade, diminuindo a vida útil, com também a saúde e

segurança do usuário, causando doenças, além de prejudicar a estética do edifício.

Para que a umidade possa atuar nos elementos construtivos é necessário que exista algum tipo

de abertura pela qual a água possa passar; seja através de fissuras presentes nos revestimentos

ou por poros abertos.

Dentre as manifestações provocadas pela umidade, neste trabalho, destacam-se a lixiviação e

as eflorescências.

3.1.1 Lixiviação e eflorescências

As eflorescências são um dos tipos de manifestação patológica encontrada no campus e que

tem a água como agente causador. Segundo Bauer (1997), para que esse fenômeno ocorra é

necessário que três fatores ocorram concomitantemente: sais solúveis existentes nos materiais

ou componentes; presença de água para solubilizá-los; pressão hidrostática para que a solução

migre para a superfície. As eflorescências podem, portanto, ocorrer em alvenarias,

revestimentos de argamassa, chegando a alcançar a pintura, e também em estruturas de

concreto através do processo da lixiviação, que é a ação extrativa ou de dissolução que os

compostos hidratados da pasta de cimento podem sofrer quando em contato com a água

(JORGE, 2001).

A bibliografia técnica aponta uma sintomatologia básica para o fenômeno da lixiviação em

estruturas de concreto. Segundo Helene (1997) é uma superfície arenosa ou com agregados

expostos sem a pasta superficial, com eflorescência de carbonato, com elevada retenção de

fuligem e com risco de desenvolvimento de fungos e bactérias. Somado a isso, formação de

manchas brancas, seguidas de precipitação de geis com formação de estalactites. As imagens

(Figura 8 e Figura 9) mostram que esses sintomas puderam ser facilmente encontrados em

várias edificações da Universidade, em estágio bastante avançado.

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Figura 8 - Ocorrências de lixiviação eflorescências encontradas nas edificações da Universidade

Fonte: Acervo pessoal

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Figura 9 - Ocorrências de lixiviação e eflorescências encontradas no prédio “AI” Fonte: Acervo pessoal

É interessante ressaltar que todas as fotografias da Figura 9 foram obtidas no prédio “AI”,

uma edificação antiga cuja estrutura de concreto é bastante robusta. O edifício chama atenção

pela quantidade e intensidade das manifestações que se desenvolveram. Nota-se que os

elementos estruturais estão em estágio avançado de deterioração e há tempos não recebem

manutenção adequada. Acredita-se que a execução tenha sido bem feita, porém a falta de

manutenção está reduzindo a vida útil da edificação.

Por outro lado, registrou-se um caso em que a situação era contrária. O prédio M, ainda em

fase de execução, já apresentava problemas provenientes da lixiviação na estrutura (Figura

10).

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Figura 10 - Ocorrências de lixiviação e eflorescências encontradas no prédio “M” Fonte: Acervo pessoal

Em entrevista com um técnico da empresa licitada no momento para concluir a obra, a qual

não foi responsável pela execução da estrutura, foi possível perceber pouca ou nenhuma

preocupação com as manifestações encontradas nas lajes e com a recuperação dos elementos

estruturais. Para que o problema seja resolvido, é necessário que a impermeabilização da laje

do pavimento superior seja revisada e que haja um tratamento da estrutura nos pontos

afetados.

3.2 Corrosão de armaduras

Como foi visto no item anterior a percolação da água por elementos construtivos de uma

edificação pode causar inúmeras lesões. E ao percorrer o concreto armado pode atingir a

armadura, provocando a degradação do aço da estrutura através do processo conhecido como

corrosão.

Nas vistorias realizadas foi verificada uma grande quantidade de lajes, vigas e pilares com

problemas de corrosão e, consequentemente, fissuração, desagregação e redução da seção da

armadura. Segundo Aranha (1994) a corrosão das armaduras é uma das principais

manifestações patológicas que se tem observado nas estruturas de concreto armado. Dentre as

principais causas identificadas pelo autor pode-se citar: a permeabilidade do concreto e o

cobrimento das armaduras.

A ABNT NBR 6118:2014 define os cobrimentos mínimos de acordo com a classe de

agressividade de cada ambiente, o que não era levado em conta na versão da norma do ano de

1980. Provavelmente, as edificações do campus que apresentam corrosão da armadura, foram

dimensionadas de acordo com uma norma antiga, anterior à de 1980, e não foi considerado o

fato que a região do campus se enquadra na classe de agressividade III (área com influência

industrial e marinha) onde é grande o risco de deterioração da estrutura. O cobrimento

nominal insuficiente facilita a entrada de substâncias agressivas, como: oxigênio, íons cloreto,

dióxido de carbono, entre outras. Estas substâncias causam a despassivação, corrosão e

deterioração das seções de aço reduzindo a vida útil das estruturas.

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Um dos prédios do campus que mais sofre com a corrosão das armaduras e suas

consequências é o “AI”. Através das vistorias realizadas observou-se que em todo o perímetro

do último pavimento existe uma laje externa à edificação, como pode ser visto na Figura 11.

Esta estrutura possui muitos pontos deteriorados.

Figura 11 - Vista externa do prédio “AI”

Fonte: Acervo pessoal

Na Figura 12, estão ilustrados vários dos casos encontrados. Puderam-se observar várias

armaduras expostas, manchamento do concreto, lixiviação com formação de estalactites e

desplacamento do concreto. É importante salientar que passam, todos os dias, vários alunos

debaixo dessa estrutura.

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Figura 12 - Corrosão das armaduras no prédio “AI” Fonte: Acervo pessoal

Observa-se também (Figura 13), que as falhas e a umidade na estrutura propiciaram a

fertilização eólica (sementes de plantas espalhadas pelo vento que se desenvolveram na laje).

Figura 13 - Fertilização eólica no prédio “AI”

Fonte: Acervo pessoal

Através das vistorias realizadas e do registro fotográfico feito, pode-se dizer que as prováveis

causas das manifestações encontradas estão relacionadas com o fato de ser uma estrutura

externa, presente em um ambiente com alta classe de agressividade e que está em constante

contato com a umidade; por ser também uma edificação antiga que provavelmente não passou

por manutenções periódicas (apenas reformas e reparos internos).

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É necessário que seja feito um projeto para recuperação estrutural da edificação, uma vez que

provavelmente já houve perda de desempenho e por se tratar de um caso generalizado. Uma

vez feitas as devidas correções, é importante adotar um programa de manutenção periódica.

Vale ressaltar que a corrosão é um processo evolutivo, o qual, com o passar do tempo, vai se

agravando. Logo, situações nas quais medidas de segurança são tomadas tardiamente podem

vir a comprometer a segurança estrutural da edificação.

Na área externa do prédio “AN" existem pergolados de concreto, que fazem parte de uma área

de vivência para os alunos, com mesas, bancos e etc. Pergolados são elementos arquitetônicos

com estruturas simples, muito utilizados em jardins e que buscam proporcionar um local

sombreado e aconchegante. O local é muito utilizado para estudos extraclasse, lanches e

descanso. O fato é que os pergolados encontram-se em um estado que causa riscos àqueles

que ficam e passam por debaixo deles. Como é possível ver na Figura 14, várias partes do

concreto já se desplacaram, os pilares possuem grandes fissuras que seguem a armadura

longitudinal, há muitas armaduras expostas e com corrosão, além de manchas.

Figura 14 - Degradação do concreto dos pergolados do prédio “AN"

Fonte: Acervo pessoal

Outro caso semelhante ao do prédio “AI” é o do prédio “Q”. Existem externamente balanços

de vigas de concreto armado (Figura 15) que apresentam corrosão de armaduras.

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Figura 15 - Corrosão das armaduras no prédio “Q”

Fonte: Acervo pessoal

Outra edificação que apresentou diversos casos de corrosão de armaduras foi a “BB”. Como

pode ser visto na Figura 16, além das armaduras expostas, também foram identificadas

manchas, ninhos de concretagem, desagregações e desplacamento do concreto,

principalmente nas vigas externas da edificação.

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Figura 16 - Degradação do concreto da estrutura do prédio “BB”

Fonte: Acervo pessoal

Neste caso, Teao e Crevelin (2012) constataram que a corrosão das vigas foi devida à

insuficiente espessura de cobrimento de concreto, visto que a estrutura se encontra submetida

à ação agressiva da atmosfera marinha e, além disso, não sofreu manutenção ao longo de sua

vida útil. Aliado a estes fatores, tem-se as vigas externas constantemente expostas à umidade,

acelerando o processo de corrosão das armaduras. Um dos fatores principais, levantado pelas

autoras, para o atual estado da edificação consiste na falta de manutenção, visto que desde sua

construção, ou seja, há 30 anos, as dependências do prédio “BB”, bem como seus elementos

estruturais jamais foram monitorados.

No prédio “AL” foram encontradas diversas vigas com armaduras expostas. Como pode ser

visto na Figura 17, existiam brises de concreto no entorno da edificação, mas foram retirados

devido ao estado de degradação que se encontravam.

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Figura 17 - Armaduras expostas do prédio “AL”

Fonte: Acervo pessoal

A edificação possui um projeto de reforma que contempla a retirada dos brises bem como a

recuperação de pilares externos e outros serviços; como mostra parte da nota retirada do

projeto (Figura 18).

Figura 18 - Detalhe da nota do projeto de reforma do prédio “AL”

Fonte: Acervo pessoal

Deve-se ter a consciência de que o foco da atenção deve ser concentrado nas fases de projeto

e construção e na manutenção preventiva para aumento da durabilidade das estruturas de

concreto e para a redução de custos. Quando se trata de custos envolvidos com a recuperação

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de estruturas de concreto deterioradas por corrosão da armadura e de durabilidade, deve-se

sempre lembrar a “lei dos cinco” de Sitter, que mostra a importância de se dar atenção à

qualidade, nas etapas de projeto e de construção, e à manutenção preventiva, no período de

iniciação da corrosão, em relação às manutenções corretivas tomadas após a propagação.

4 Conclusão

O objetivo principal deste artigo foi escolhido a fim de identificar, utilizando-se de vistorias,

as principais manifestações patológicas existentes nas estruturas de concreto das edificações

do campus Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo.

Foram encontrados, principalmente casos de lixiviação e eflorescências e corrosão das

armaduras. Ressalta-se que as análises não podem ser consideradas como absolutas, em razão

do caráter, às vezes subjetivo, que envolve a interpretação das manifestações. Porém,

informações valiosas foram obtidas e seria bastante oportuno que houvesse um

aproveitamento por parte dos responsáveis pelas obras na Universidade, no sentido de

melhorar os níveis atuais de durabilidade e vida útil das edificações.

A corrosão de armaduras mostrou-se como uma manifestação que requer atenção. Em função

do elevado grau de agressividade ambiental, a corrosão de armaduras encontrou um ambiente

propício para a sua incidência, principalmente em edificações mais antigas, como a “AI”, “Q”

e “BB”. A origem desta pode estar relacionada a procedimentos inadequados estabelecidos

tanto na etapa de projeto, como por meio da falta de especificação de um cobrimento

adequado das armaduras, quanta na etapa de execução, quanta na ausência de manutenção ao

longo do tempo.

As vistorias realizadas e as manifestações encontradas, fazem crer que a maioria das

edificações do campus, inclusive aquelas que não foram vistoriadas, é portadora de um ou

mais tipos de manifestações patológicas, o que pode afetar psicologicamente os usuários,

frustrando-os pela estética, segurança e salubridade, aparentemente comprometidas das

edificações.

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