ANALISE DA MOBILIDADE ARTICULAR E O DESEMPENHO NO ...
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ANALISE DA MOBILIDADE ARTICULAR E O DESEMPENHO NO EXERCÍCIO
AGACHAMENTO LIVRE.
Julimar Alan Oliveira1
Dangelo Salomão Augusto2
RESUMO
O exercício agachamento livre (AL) pode ser realizado em diversas profundidades, dentre as
influências, potencialmente, a mobilidade articular desempenha um papel importante no
exercício. O presente estudo teve como objetivo analisar o desempenho dos indicadores de
mobilidade das articulações do quadril, joelho e tornozelo verificados durante a execução do
AL. Participaram do estudo 15 (quinze) indivíduos do gênero masculino (23,8±5 anos,
fisicamente ativos, 3,4±2,9 anos de experiência com o exercício). Os voluntários foram
submetidos a uma avaliação antropométrica e da mobilidade articular (goniometria). O
desempenho na execução do AL foi registrado em vídeo e analisado pelo software Kinovea. Os
parâmetros da mensuração das amplitudes de movimento (ADM) das articulações do quadril,
joelho e tornozelo, nas situações ativa, passiva (goniometria) e no AL foram comparadas. A
ADMrelativa aos arcos de movimento máximo teóricos, bem como a contribuição de cada
articulação na composição da ADMtotal foram verificadas. Foram encontradas diferenças
significativas entre os indicadores de mobilidade articular (ADM ativa, passiva e no
agachamento). A mobilidade disponível nas articulações do quadril (85,37±7,15%) e joelho
(60,26±11,04%) foi acessada em níveis submáximos durante a execução do AL. O quadril
(51,22±4,26%) tendeu a uma maior contribuição em detrimento do joelho (40,78±3,29%),
contrariamente ao verificado nas ADM solicitadas ativa e passivamente. Conclui-se que, para
o grupo estudado, o desempenho observado pode ter sido influenciado por uma translação tibial
insuficiente, acrescida de uma inclinação do tronco compensatória, ou seja, aspectos sugestivos
de dificuldades relacionadas à coordenação motora e/ou capacidade de estabilização dinâmica
dos segmentos, para além das características de mobilidade articular verificadas.
PALAVRAS- CHAVE: Agachamento livre. Amplitude de Movimento. Mobilidade articular.
Goniometria. Biomecânica.
1 INTRODUÇÃO
O agachamento pode ser considerado, dentre todas as habilidades fundamentais, uma
das mais importantes (LUBANS et al., 2010; GALLAHUE; OZMUN E GOODWAY, 2013),
1 Acadêmico do curso de Bacharelado em Educação Física pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.
E-mail: [email protected] 2 Orientador: Professor Esp. do Curso de Educação Física da Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.
E-mail: [email protected]
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principalmente, pelo fato de possuir semelhanças biomecânicas e neuromusculares com uma
diversidade de movimentos básicos e complexos (MYER et al. 2011). Além disso, o exercício
agachamento livre (AL) pode apresentar numerosas interações simultâneas e coordenadas de
diversas unidades motoras (SCHOENFELD, 2010), tornando este um componente essencial,
tanto no aperfeiçoamento das atividades de vida diária, quanto na prevenção lesões e sobretudo
em esportes que exigem altos níveis de força e potência, tais como: powerlifting, levantamento
de peso olímpico, atletismo e outros (ESCAMILLA et al, 2014).
Schoenfeld (2010) discute que o exercício AL pode ser realizado em uma variedade de
profundidades, geralmente medida pelo grau de flexão no joelho e normalmente classificados
em três grupos básicos: O AL parcial com amplitudes de movimento (ADM) que vão de 40 a
69º de flexão; o meio AL, com profundidades de 70 a 100° e o AL profundo, que envolve
amplitudes maiores que 100°. Entretanto, a divisão de profundidade do AL não é padronizada
universalmente e diverge entre pesquisadores como Escamilla (2001) e Schoenfeld (2010).
Contudo, Somerset (2016) cita que a execução tecnicamente segura e correta do
exercício AL está condicionada a fatores intrínsecos ligados às grandezas estruturais
anatômicas e morfológicas, em especial a estatura, o comprimento do fêmur em relação a
proporção total do indivíduo e os graus de anteversão e retroversão natural do colo femoral.
Esses fatores não podem ser melhorados com o treinamento, e parecem gerar grande impacto
em relação a qualidade do exercício AL (ZALAWADIA et al., 2010).
Em relação a explicação técnica, Estamilla (2001); Swinton (2012) e Myer, (2014)
relatam que, normalmente, o indivíduo é orientado a ficar em uma posição ereta e estática, com
uma pequena rotação externa de quadril (10º a 16º), além de uma leve abdução dos pés. O
movimento começa flexionando-se as articulações do quadril, joelho e tornozelo. No momento
em que se atinge a profundidade desejada, o indivíduo inverte a direção do movimento e executa
uma extensão tripla dessas articulações, retornando até a posição inicial. (SCHOENFELD,
2010; ESCAMILLA, 2001 e MYER, 2014).
Uma importante observação ao realizar o AL, é iniciar a fase descendente do movimento
mantendo o controle total da velocidade e do posicionamento do corpo, preservando dessa
forma, as curvaturas naturais da coluna (MYER et al, 2014). Slomonow (1987) aponta que para
gerar essa estabilização, é necessário que durante toda a execução do exercício, os músculos
posteriores do tronco, em especial os eretores da espinha, sejam recrutados através de uma ação
muscular isométrica, juntamente com as musculaturas abdominais e laterais.
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Por se tratar de um exercício altamente complexo, Myer et al. (2014), recomendam que
antes de executar as variações do AL (tais como treinamentos pliométricos ou o próprio AL
com altas cargas mecânicas), primeiramente deve-se demonstrar domínio da técnica com o
próprio peso corporal, ajudando a evitar compensações e consequentemente lesões durante a
execução da técnica.
Myer et al. (2014) apontam que o posicionamento do corpo durante o AL está
condicionado com alterações dos graus de ADM nas regiões do tronco, quadril, joelho e
tornozelo, assim como a utilização da mobilidade para estabilização dos segmentos durante o
movimento.
Schoenfeld, (2010) observou que indivíduos com boa mobilidade na articulação do
tornozelo normalmente possuem um movimento fluido, coordenado e controlado, quando
comparados a indivíduos que não apresenta esta característica. Indicando destarte, que bons
graus de liberdade nessa articulação, podem facilitar o equilíbrio durante a fase descendente do
AL (MYER et al. 2014).
Consequentemente, foi observado que tanto a mobilidade são valências físicas
essenciais para uma execução bem-sucedida do AL, podendo influenciar de forma direta o
desempenho, aprendizagem e aplicação não somente no exercício em questão, mas em diversas
outras habilidades fundamentais (ESCAMILLA 2001; SCHOENFELD, 2010).
Portanto, uma análise comparativa da mobilidade, pode potencialmente fornecer
subsídios para a instrução e elaboração de propostas que garantam a manutenção e a melhora
da aplicação técnica do AL, tanto em modalidades esportivas (MYER et al, 2014), quanto no
aprimoramento dos afazeres da vida diária (ESCAMILLA, 2001) e na prevenção de lesões
(SCHOENFELD, 2010).
Além disso, para Hamill & Knutzen (2008) uma análise precisa dos movimentos básicos
pode fornecer importantes dados não somente para o condicionamento físico, mas também pode
melhorar a compreensão de determinadas técnicas de movimento ajudando a selecionar as
melhores para cada situação.
O presente estudo teve como objetivo central, portanto, analisar o desempenho de
indicadores de mobilidade das articulações do quadril, joelho e tornozelo verificados durante a
execução do exercício AL.
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2 METODOLOGIA
2.1. AMOSTRA
Participaram desse estudo, conforme a Tabela 1, 15 (quinze) indivíduos do gênero
masculino, com 23,8±5 anos de idade, que possuíam 76,9±11,1 kg de massa corporal e
173,8±7,0 cm de estatura. Os indivíduos eram fisicamente ativos e tinham em média 3,4±2,9
anos de experiência com o exercício AL.
Como critério de inclusão para participação foram considerados aptos para a pesquisa,
indivíduos que possuíam no mínimo 06 (seis) meses de experiência com o exercício AL e que
não apresentaram condições clínicas ou de saúde, diagnosticadas ou autorreferidas, que
restringiam ou impediam a indicação para execução do movimento.
Tabela 1 – Caracterização da amostra em termos de média, desvio-padrão, maior e menor valores para idade,
tempo de experiência, massa corporal, estatura e índice de massa corporal (IMC)
Idade
(Anos) Experiência
(Anos) Massa Corporal
(Kg) Estatura
(Cm) IMC
(kg/m²)
Média 23,8 3,4 76,9 173,8 25,4
Desvio Padrão 5,1 2,9 11,1 7,0 3,3
Maior 37 10 97,3 188,0 33,3
Menor 19 0,5 57,1 164,0 21,2
Fonte: dados da pesquisa.
Todos os voluntários foram informados sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa
e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
2.2. PROCEDIMENTOS:
Após o registro dos dados demográficos, os voluntários da pesquisa foram submetidos
a uma avaliação antropométrica que consistiu na mensuração da massa corporal e estatura. Para
tanto, foi utilizado uma balança antropométrica manual da marca Welmy, com capacidade para
150kg com precisão de 0,1 kg e um estadiômetro da marca Sanny, respectivamente.
Para a mensuração da ADM máxima (ADMmáx) de flexão das articulações do quadril,
joelho e tornozelo (dorsiflexão) foi utilizada a técnica de goniometria (MARQUES, 2003) em
dois tipos de solicitação: estática ativa e passiva. Padronizou-se a mensuração das articulações
do hemicorpo direito em ambas as situações.
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Os avaliados foram orientados a permanecer deitados sobre uma maca e realizarem os
movimentos de flexão das articulações, começando pelo quadril, seguido do joelho e tornozelo.
Primeiramente, solicitação ativa, realizada três vezes não consecutivas em cada articulação.
Em seguida, passou-se às solicitações passivas, na qual um segundo avaliador
manipulava os movimentos impondo uma força externa para mobilização das articulações até
o ponto de resistência para o movimento.
De acordo com Marques (2003), a utilização da goniometria para medidas dos graus da
ADM em uma determinada articulação, permite diagnosticar deficiências musculoarticulares
através de um protocolo objetivo, simples e de baixo custo.
Após a mensuração dos ângulos articulares absolutos pela Goniometria, os voluntários
foram conduzidos a realizar o exercício AL. A execução do movimento foi registrada em vídeo
utilizando-se um celular da marca Samsung Galaxy S7 – Modelo SM-930F, com android 9.0,
que possui uma câmera de 12.2 megapixels, com resolução de vídeo em 4K UHD (3840x2160
pixels). No entanto, as tomadas de vídeo foram coletadas com resolução Full High-Definition
(FHD 1920x1080) em 30 FPS (quadros por segundo), devido a limitação do software de
avaliação biomecânica.
A imagem foi estabilizada utilizando um tripé profissional Targus TG-5060TR, em
alumínio, com 130 cm de altura e um tecido Chroma Key Profissional com 2 m (dois metros)
de largura por 5 m (cinco metros) de comprimento.
Para a avaliação do desempenho no AL foram utilizados adesivos refletores circulares
com 2,0 cm (dois centímetros) de diâmetro, posicionados estrategicamente na linha mediana e
lado direito do corpo, nos seguintes pontos anatômicos: Glabela, Trago, Acrômio, Epicôndilo
lateral, ponto médio entre a cabeça do rádio e a cabeça da ulna direita, espinha ilíaca ântero-
superior, trocânter maior do fêmur, linha articular do joelho, ponto medial da patela,
tuberosidade da tíbia, maléolo lateral, maléolo medial, ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso
e ponto sobre a linha média da perna.
Antes da captura de vídeo os indivíduos realizaram duas séries de aquecimento com 10
a 15 repetições do exercício AL, com descanso de 60 segundos e se posicionaram para a
realização da coleta em vídeo, composta por 2 series de 10 repetições, com máxima amplitude
possível sem gerar desconforto ou dor.
Para a execução segura e controlada, foi considerado a realização da cadência 2020,
onde o primeiro número corresponde ao tempo de execução da fase excêntrica do movimento.
O segundo e o quarto algarismo correspondem às fases de transição entre a fase excêntrica e
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concêntrica e vice-versa. E o terceiro numeral, representa o tempo de execução da fase
concêntrica (GENTIL, 2014).
A instrução para o exercício foi padronizada de acordo com Myer et al (2014):
Por favor, fique de pé e afaste lateralmente os pés até que atinja a largura dos ombros.
Desça até que o topo das suas coxas fique pelo menos paralelas ao solo, e depois
retorne à posição de partida inicial. Execute 10 repetições contínuas em um ritmo
consistente e moderado ou até que você seja instruído a parar (MYER et al.,2014).
A análise do desempenho na execução do AL foi realizada através do software Kinovea
em sua versão de número 0.8.27. Trata-se de um programa disponível gratuitamente na internet
que oferece diversas possibilidades de análises de vídeos especializados em movimentos
biomecânicos esportivos. Com ele foi possível identificar os ângulos absolutos articulares no
ponto máximo da ADM.
Para a análise do exercício AL foram selecionados a 4ª (quarta), 5ª (quinta) e 6ª (sexta)
repetição dentre as 10 (dez) realizadas por cada indivíduo. Essa precaução foi tomada com o
intuito de padronizar e uniformizar ao máximo as condições dos movimentos analisados.
2.3. TRATAMENTO ESTATÍSTICO
O tratamento dos dados procedeu-se, inicialmente, com estatística descritiva (através de
valores médios e desvio padrão), para a caracterização da amostra e apresentação dos ângulos
absolutos de flexão do quadril, joelho e tornozelo nas solicitações ativa, passiva e no AL.
As ADM relativas (ADMrelativa) foram estimadas pela razão entre os ângulos absolutos
máximos observados e os ângulos absolutos máximos teóricos, multiplicando-se o resultado
por 100. Através deste índice foi possível verificar o percentual de aplicação da ADM articular
em cada solicitação (ativo, passivo e AL). A fim de padronizar a estimativa da ADMrelativa,
considerou-se como ADM máxima teórica, conforme Kapandji (2000).
Em seguida, aplicou-se estatística inferencial para verificar: 1) se houve diferenças
estatisticamente significativas nas distribuições dos ângulos absolutos de flexão das
articulações (quadril, joelho e tornozelo) entre, pelo menos, duas solicitações. Para tanto,
utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis H na comparação simultânea entre os 3
grupos; 2) Nos casos em que ocorreram diferenças entre os grupos de observações, aplicou-se
o teste de Mann-Whitney U para amostras independentes, como intuito de verificar as
diferenças entre os grupos tomados dois-a-dois; 3) Mediante estimativa da amplitude de
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movimento total (ADMtotal) representada pela somatória dos ângulos absolutos de flexão de
quadril, joelho e tornozelo, em cada tipo de solicitação, procedeu-se a estimativa da
contribuição percentual das articulações na composição da ADMtotal.
Em seguida, as contribuições relativas, de cada articulação, foram comparadas com o
desempenho no AL. Para tal aplicou-se o teste de Mann-Whitney U a fim de comparar as
distribuições e verificar eventuais diferenças. Em todos os tratamentos inferenciais adotou-se o
nível de significância de 5% (α=0,05), verificado a partir de p, sempre que p≤0,05. Os dados
foram analisados com o programa Excel (Microsoft Office), versão 2016.
3 RESULTADOS
A Tabela 2 apresenta os resultados da ADM obtida através da goniometria (ativo e
passivo) e no AL para as articulações do quadril, joelho e tornozelo. O teste de Kruskal Wallis
H sinalizou diferenças significativas entre, pelo menos, dois dos três grupos de mensurações
realizados nas articulações do quadril e joelho (H = 24,49; p<0,05; H = 34,41; p<0,05,
respectivamente). Não foram verificadas diferenças significativas na articulação do tornozelo
(H=5,37; p>0,05).
Tabela 2 – Valores médios e desvio-padrão para os ângulos absolutos de flexão (ADM) de quadril, joelho e
tornozelo nas solicitações ativo, passivo e AL. Teste de Kruskal Wallis H.
Articulação Ativo Passivo Agachamento Valor de H
Quadril 121,49±7,68 141,72± 8,13 119,51±10,01 24,49*
Joelho 135,85±4,74 147,62±4,72 96,41±14,66 34,41*
Tornozelo 17,59±6,02 26,00±10,52 19±6,96 5,37
Fonte: Dados da pesquisa.
H (estatística do teste de Kruskal-Wallis H); *p≤0,05.
Após a análise do teste de Kruskal Wallis (H), utilizou-se o teste Mann-Whitney U para
localizar onde ocorriam tais diferenças (TABELA 3). Foi observado que a ADM do quadril
solicitada passivamente, foi significativamente maior que as solicitações ativas e no AL,
corroborando com Platonov (2008) e Martin; Carl; Lenhertz (2008).
Em relação ao desempenho da articulação do joelho, observou-se diferenças entre as
três solicitações, com o AL tendendo à uma menor ADM. Contudo, de acordo com Schoenfeld,
2010, a ADM de joelho no AL encontra-se dentro do previsto na classificação de AL profundo
(±100º).
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Tabela 3 – Comparação da ADM articular entre as solicitações ativo, passivo e AL. Teste de Mann-Whitney U
para amostras independentes.
Articulação Ativo Passivo Agachamento
Quadril U= 5,0*
z = 4,46*
U=6,0Δ
z=4,46Δ
U= 97
z = 0,56
Joelho U= 8,0*
z = 4,44*
U=2,0Δ
z=4,71Δ
U= 1,0†
z = 4,66† Fonte: Dados da pesquisa.
*p≤0,05 para ativo em relação ao passivo. Δp≤0,05 passivo em relação ao AL. †p≤0,05 AL em relação a ativo.
Os valores da ADMrelativa, definida como sendo o percentual utilizado em relação a
ADM Teórica (ADMteórica) descrita por Kapandji (2000) - (Tabela 4), indicam que, durante a
execução do exercício AL, aparentemente, as três articulações atingem níveis de ADM
submáximos comparados às solicitações ativa e passiva.
Tabela 4 – Amplitude de movimento relativa (ADMrelativa - %) para as articulações do quadril, joelho e tornozelo
nas solicitações ativa, passiva e no AL.
Articulação Ativo Passivo Agachamento
Quadril 86,78±5,49% 101,23±5,81% 85,37±7,15%
Joelho 84,90±2,96% 92,26±2,95% 60,26±11,04%
Tornozelo 58,63±20,08% 86,67±35,08% 63,33±23,21%
Fonte: Dados da pesquisa.
A tabela 5 descreve a contribuição relativa de cada articulação na ADMtotal, representada
pela somatória dos ângulos máximos absolutos de flexão do quadril, joelho e tornozelo
(dorsiflexão), mensurados nas três situações. Desse modo, foi possível identificar a ADMtotal
ativa, passiva e no AL.
Em seguida, os ângulos máximos absolutos observados em cada articulação foram
divididos pela ADMtotal nas respectivas solicitações e o resultado multiplicado por 100,
permitindo estimar a contribuição percentual de cada articulação na composição da ADMtotal.
Do ponto de vista ativo e passivo, o joelho representou as maiores contribuições
relativas (49,57±1,73% e 47,18±1,71%, respectivamente), seguido pelo quadril (44,39±2,21%
e 45,35±2,0%, respectivamente).
Contudo, percebe-se que houve uma inversão na contribuição relativa durante o
desempenho no AL, com diferenças significativas em relação às solicitações ativa e passiva ao
nível do quadril e joelho. Neste caso, a articulação do quadril (51,22±4,26%) tendeu a uma
contribuição maior que a do joelho (40,78±3,29%).
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Tabela 5 – Contribuição relativa das articulações do quadril, joelho e tornozelo na composição da ADMtotal para
cada tipo de solicitação.
Articulação Ativo Passivo Agachamento
Quadril 44,39±2,21% 45,35±2,0% 51,22±4,26%† Δ
Joelho 49,57±1,73% 47,18±1,71% 40,78±3,29%† Δ
Tornozelo 6,04±1,75% 7,48±2,30% 8,00±2,45%
Total 100% 100% 100%
Fonte: Dados da pesquisa. Δp≤0,05 AL em relação ao passivo. †p≤0,05 AL em relação a ativo.
4 DISCUSSÃO
Os principais achados do presente estudo consistiram na verificação de que, para o
grupo estudado, a mobilidade disponível nas articulações do quadril e joelho foi acessada em
níveis submáximos durante a execução do AL. Nesta situação o quadril tendeu a uma maior
contribuição em detrimento do joelho, contrariamente ao verificado nas ADM solicitadas ativa
e passivamente (Tabela 3). A compreensão deste cenário sugere um tipo de análise para além
da comparação entre solicitações de naturezas essencialmente diferentes.
A avaliação da mobilidade estática pela Goniometria (MARQUES, 2003) consistiu em
momentos de medida distintos e sucessivos em cada articulação, enquanto que a avaliação da
mobilidade no AL ocorreu em um único movimento, onde os complexos articulares foram
acionados e desempenharam seus respectivos graus de liberdade simultaneamente. Logo, a
compreensão da mobilidade nesta situação deve considerar a especificidade do fenômeno no
seu contexto e as diversas inter-relações.
Uma explicação que pode estar associada é a profundidade do agachamento, que há
muito tem sido elemento de controvérsias (FRY, 1993). Contudo, a ADM é uma variável e
componente técnico importante para obtenção de resultados com o treinamento de força (FRY,
1993; GENTIL, 2012; MYER et al., 2014). De acordo com Gentil (2014), exercícios de força
realizados com grande amplitude potencializam o recrutamento de unidades motoras e possuem
implicações sobre a intensidade do esforço, produzindo melhores respostas sobre nos ganhos
de força e aumento de massa muscular.
Do ponto de vista da habilidade motora, a ação de agachar, sobretudo a fase
descendente, implica na execução de diversas ações motoras, simultâneas e sucessivas, que
compõem esforços de condução do centro de massa do corpo (acrescido ou não de uma
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resistência externa) por uma trajetória à qual deve distribuir adequadamente as forças internas
e externas ao movimento e, ao mesmo tempo, evitar momentos de força sobre as estruturas
passivas, tanto ao nível do joelho, quanto ao nível de quadril e coluna vertebral (HAMILL;
KNUTHZEN, 2008; HAMILTON; WEIMAR; LUGENS, 2013; HALL, 2016, LIPPERT,
2013). Toda essa dinâmica ainda envolve a estabilização corporal e a manutenção do equilíbrio,
além da coordenação motora (WEINECK, 2013).
De acordo com Hamilton, Weimar e Lugens (2013), a análise de movimento parte de
uma descrição da habilidade motora em termos de identificação de objetivos primários,
descrição das fases, classificação da habilidade e da natureza simultâneo-sequencial dos
movimentos. Aplicada ao AL é possível evidenciar importantes características deste exercício.
Primeiro, o objetivo do AL pressupõe a manipulação da massa corporal e/ou de
resistências externas, em um tipo de movimento que aciona simultaneamente as articulações
dos membros inferiores e recebe a classificação de movimento de cadeia cinética fechada
(HAMILL; KNUTHZEN, 2008; HAMILTON; WEIMAR; LUGENS, 2013; HALL, 2016).
Neste sentido, considerando-se a extremidade distal dos membros inferiores fixada ao
solo, o tornozelo, enquanto ponto de partida para a análise parece possuir um papel
indispensável durante o exercício AL, especialmente por ser um importante facilitador do
movimento, através das ações de dorsiflexão e flexão plantar, bem como, a manutenção da
estabilidade postural (SCHOENFELD, 2010).
A mobilidade do tornozelo em dorsiflexão resulta no deslocamento da tíbia
anteriormente durante a descida no AL de modo que uma hipermobilidade pode proporcionar
um movimento excessivo à frente e concomitante produção de forças de cisalhamento e
compressão ao nível do joelho (MYER et al; FRY, 1993); ao contrário, uma hipomobilidade
limitará a translação tibial refletindo uma possível compensação de movimento ao nível do
quadril, caso haja a prerrogativa do movimento profundo (FRY, 1993; MYER et al., 2014;
ESCAMILLA, 2001).
O Tríceps sural (gastrocnêmio e sóleo), conjunto muscular responsável por realizar de
forma dinâmica o movimento articular do tornozelo, age de forma expressiva na compensação
dos momentos de valgo do joelho, limitando a translação anterior da tíbia (SCHOENFELD,
2010).
Escamilla (2001) descreve que a tendência à translação anterior da tíbia aumenta a
tensão sobre o ligamento cruzado anterior (LCA) no joelho. Apesar da noção do aumento das
cargas nos joelhos possa parecer nociva, é preciso considerar que: (1) Nisell e Ekholm (1986)
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apud por Gentil (2012) evidenciaram que, embora as cargas incidentes sejam significativas
durante o agachamento, ainda permanecem dentro da capacidade fisiológica do LCA de
suportá-las; (2) abaixo do nível paralelo, a coativação da musculatura isquiotibial encarregar-
se-á de estabilizar a articulação de forma dinâmica durante o agachamento, reduzindo as forças
de cisalhamento na interface platô tibial e côndilos femorais e, consequentemente, reduzindo a
tensão no LCA (ESCAMILLA, 2001; SCHOENFELD, 2010).
Deste modo, o joelho apresenta o papel de controlar a translação anterior da tíbia,
desempenhando a funções de limitar os (SCHOENFELD, 2010). Esse mecanismo, possibilita
a compreensão sobre os dados observados no estudo, onde a articulação do joelho apresentou
um desempenho significativamente menor no AL comparado às situações ativa e passiva
(Tabela 4), mesmo possuindo a maior AMDteórica –160º de flexão (KAPANDJI, 2000).
Os resultados encontrados podem estar associados, ainda, a ações sinérgicas geradas
pelos tendões patelares e do quadríceps, que possuem implicações capazes de melhorar a
integridade da articulação do joelho no desempenho do AL (SCHOENFELD, 2010). Nesta
circunstância os tendões agem de forma a facilitar a ação dos extensores, permitindo aplicar
uma tensão ideal na tíbia durante o movimento (HAMILL E KNUTZEN, 2008).
Além disso, apesar dos isquiotibiais serem considerados antagonistas do quadríceps
(opondo-se aos extensores do joelho), eles exercem, de forma paradoxal, uma tração contra
regulatória na tíbia durante o exercício AL, neutralizando o cisalhamento e aliviando assim, a
tensão sobre o LCA (ESCAMILLA, 2001).
Corroborando com o fato, Fry, Smith e Schilling, (2003) verificaram em seu estudo que
ao restringir a translação anterior do joelho até a ponta dos pés, ocorre um aumento significativo
no torque sobre a articulação do quadril. Os autores atribuíram esta ocorrência ao aumento do
braço de alavanca gerado nos quadris, correlacionando essa condição a uma elevação da
inclinação compensatória do tronco para a frente.
Apoiado por este fato, Myer et al. (2014) observaram que essa inclinação exacerbada
do tronco está associada às restrições da translação anterior da tíbia durante a fase descendente
do AL, contribuiu com o risco de lesões ligadas ao quadril e coluna vertebral devido aos
mecanismos compensatórios da musculatura glútea.
O glúteo se destaca dentre as musculaturas do quadril, principalmente, por sua
importância na extensão do fêmur e estabilização da pelve (SCHOENFELD, 2010). Tanto que
para o autor, um recrutamento ineficaz dessa musculatura, se traduz em ativações inadequadas
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de outros músculos (normalmente o quadríceps), gerando movimentos compensatórios e
consequentemente possíveis lesões.
Além disso o quadril é responsável pela transição de forças entre as extremidades
inferiores (SCHOENFELD, 2010). Myer et al. (2014) sugerem, portanto, que a manutenção da
inclinação pélvica neutra, aumenta a atividade dos eretores de coluna e dos oblíquos, garantindo
uma melhor estabilidade, evitando assim possíveis lesões durante o AL.
Essa compreensão contribui, portanto, no entendimento dos dados referentes a análise
do quadril, onde verificou-se diferenças estatisticamente significativas durante a execução do
AL, em relação aos desempenhos obtidos na solicitação ativa, tal como na passiva (Tabela 5).
Neste sentido, em relação aos dados obtidos, sugere-se que a mobilidade submáxima de
quadril e joelho durante a execução do AL, acrescida da maior participação da ADM total,
potencialmente tem razão de uma insuficiente translação tibial anterior e possivelmente, uma
inclinação compensatória do tronco ao ponto de influenciar a contribuição da articulação de
quadril (FRY, SMITH e SCHILLING, 2003).
Essa compreensão contribui, portanto, no entendimento dos dados referentes a análise
do quadril, onde verificou-se diferenças estatisticamente significativas durante a execução do
AL, em relação aos desempenhos obtidos na solicitação ativa, tal como na passiva (Tabela 5).
Neste sentido, em relação aos dados obtidos, sugere-se que a mobilidade submáxima de
quadril e joelho durante a execução do AL, acrescida da maior participação da ADM total,
potencialmente tem razão numa insuficiente translação tibial anterior e possivelmente, uma
inclinação compensatória do tronco ao ponto de influenciar a contribuição da articulação de
quadril (FRY, SMITH e SCHILLING, 2003).
Particularmente importante no contexto da presente análise é o estudo de Myer et al.
(2014), ao propor um protocolo de avaliação qualitativa do desempenho no agachamento.
Sistematizaram-se 10 aspectos de análise que devem ser rigorosamente observados durante o
exercício. Os pontos de inconsistência sinalizam para três tipos de déficits que merecem atenção
no processo de correção. Dito de outra forma, erros na execução do agachamento, segundo os
autores, são devidos a dificuldades de coordenação neuromotora, falta de força/capacidade de
estabilização dos segmentos e/ou falta de mobilidade articular.
Em relação aos aspectos apontados acima como intervenientes ao desempenho no
agachamento (translação tibial anterior insuficiente e inclinação do tronco compensatória),
decorrem, de acordo com Myer et al. (2014), da falta de coordenação neuromotora, do baixo
desempenho de força da musculatura estabilizadora do tronco e/ou da falta de mobilidade na
13
interação do complexo coluna-quadril. Uma relação direta entre uma restrita translação tibial e
um aumento na inclinação do tronco também é evidenciada pelos autores.
5 CONCLUSÃO
Os principais achados do presente estudo consistiram na verificação de que, para o
grupo estudado, a mobilidade disponível nas articulações do quadril e joelho foi acessada em
níveis submáximos durante a execução do AL. O quadril tendeu a uma maior contribuição em
detrimento do joelho, contrariamente ao verificado nas ADM solicitadas ativa e passivamente.
Conclui-se que o desempenho observado pode ter sido influenciado por uma translação
tibial insuficiente, acrescida de uma inclinação do tronco compensatória, ou seja, aspectos
sugestivos de dificuldades relacionadas à coordenação neuromotora e/ou capacidade de
estabilização dinâmica dos segmentos, para além das características de mobilidade articular
verificadas.
Sugere-se que outros estudos sejam realizados a fim de que se esclareçam a influência
da mobilidade no desempenho no AL e o modo como esta valência física interage em relação
à coordenação neuromotora e a força necessária para estabilização dos segmentos.
ANALYSIS OF JOINT MOBILITY AND PERFORMANCE IN THE FREE SQUAT
EXERCISE.
ABSTRACT
The free squat exercise (FS) can be performed at various depths, among influences, potentially,
joint mobility and an important role in exercise. The present study had as objective the
performance of the mobility indicators of the hip, knee and ankle joints verified during the
execution of FS. Fifteen (15) individuals of the masculine gender (23.8 ± 5 years, physically
active, 3.4 ± 2.9 years of exercise experience) participated in the study. The volunteers were
submitted to an anthropometric and articular assessment (goniometry). Performance in FS was
recorded in video and analyzed by Kinovea software. The parameters of the range of motion
(ROM) of the hip, knee and ankle joints, in the active, passive forms (goniometry) and were
not compared. The ADMrelative to the theoretical maximum motion arcs as well as a contribution
of each of the ROMtotal joints were verified. The joints were separated between the indicators
of joint mobility (ROM active, passive and squatting). Mobility in hip joints (85.37 ± 7.15%)
and knee (60.26 ± 11.04%) was accessed at submaximal levels during FS execution. The hip
(51.22 ± 4.26%) tended to have the greater part of the knee detriment (40.78 ± 3.29%),
contractual in the ROM requested actively and passively. It can be concluded that, for the group
14
studied, it is considered to have been influenced by an insufficient tibial translation, associated
with a compensatory trunk ladder, that is, to present the variables related to the motivation
and/or the ability to stabilization segments, in addition to verified joint mobility characteristics.
KEYWORDS: Free squat. Range of motion. Joint mobility. Goniometry. Biomechanics.
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