Análise da Inserção de Conteúdos da História da Biologia...

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i Manecas Cândido Azevedo Análise da Inserção de Conteúdos da História da Biologia nos Livros Escolares e no Programa Curricular de Biologia de Ensino Secundário Geral do 1.° Ciclo Mestrado em Educação/Ensino de Biologia Universidade Pedagógica Beira 2014

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Manecas Cândido Azevedo

Análise da Inserção de Conteúdos da História da Biologia nos Livros Escolares e no

Programa Curricular de Biologia de Ensino Secundário Geral do 1.° Ciclo

Mestrado em Educação/Ensino de Biologia

Universidade Pedagógica

Beira

2014

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Manecas Cândido Azevedo

Análise da Inserção de Conteúdos da História da Biologia nos Livros Escolares e no

Programa Curricular de Biologia de Ensino Secundário Geral do 1.° Ciclo

Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Biologia,

Faculdade de Ciências Naturais e Matemática, Delegação da Beira,

para a obtenção do grau académico de Mestrado em Educação/

Ensino de Biologia.

Supervisor: Prof. Doutor Cristiano Luís Vicente Pires

Universidade Pedagógica

Beira

2014

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Índice

Abreviaturas ............................................................................................................................. vii

Declaração.............................................................................................................................. viii

Dedicatória ................................................................................................................................ ix

Agradecimentos ......................................................................................................................... x

Resumo ..................................................................................................................................... xi

Abstract .................................................................................................................................... xii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13

1.1. Problematização ................................................................................................................ 14

1.2. Justificação da escolha do tema ........................................................................................ 15

1.3. Objectivos do estudo ......................................................................................................... 16

1.3.1. Objectivo geral ............................................................................................................... 16

1.3.2. Objectivos específicos ................................................................................................... 16

1.4.Questões de pesquisa ......................................................................................................... 16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 17

2.1.História da biologia e a sua inserção no livro escolar ........................................................ 17

2.2. O que inserir no livro escolar sobre a História da Biologia? ............................................ 20

2.4.O ensino da história da ciência .......................................................................................... 20

2.5. Como ensinar a História da Biologia? .............................................................................. 21

2.6.Políticas de materiais de ensino ......................................................................................... 24

2.7.Livro escolar ...................................................................................................................... 24

2.8.O livro escolar e a sala de aula ........................................................................................... 24

2.9.Funções do livro escolar no processo de ensino – aprendizagem ...................................... 25

2.9.1.Importância do livro escolar ........................................................................................... 26

3. METODOLOGIA ................................................................................................................ 27

3.1.Características do estudo.................................................................................................... 27

3.2. Tipo de pesquisa ............................................................................................................... 27

3.3. Escolha dos livros escolares.............................................................................................. 28

3.4. Técnicas de recolha de conteúdos da história da biologia ................................................ 29

3.5. Instrumentos de recolha de dados ..................................................................................... 29

3.6. Análise de conteúdo .......................................................................................................... 30

3.7.Parâmetros da pesquisa ...................................................................................................... 32

3.8. Objectividade .................................................................................................................... 33

3.8.1. Observação sistemática .................................................................................................. 33

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3.8.2.Inferência ........................................................................................................................ 34

3.9. Análise e interpretação dos resultados .............................................................................. 34

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................... 35

4.1. Resultados da análise do programa de ensino da 8ª classe ............................................... 35

4.1.1. Resultados da análise do programa de ensino da 9ª classe ............................................ 36

4.1.2. Resultados da análise do programa de ensino da 10ª classe .......................................... 37

4.2. Análise do livro da 8ª classe ............................................................................................. 38

4.2.1. Resultados obtidos da análise do livro da 8.ª classe ...................................................... 41

4.2.2.Análise do livro da 9ª classe ........................................................................................... 42

4.2.3. Resultados obtidos da análise do livro da 9.ª classe ...................................................... 50

4.2.4. Análise do livro da 10.ª classe ....................................................................................... 52

4.2.5. Resultados obtidos da análise do livro da 10.ª classe .................................................... 59

4.3. Comparação de conteúdos da História da Biologia, de duas editoras que produzem livros

escolares recomendáveis pelo Ministério da Educação ........................................................... 61

4.4.Excerto de sugestão de inserção da História da Biologia no Programa curricular e livro

escolar da 9ª classe ................................................................................................................... 64

4.4.1.Sugestão de abordagem de História da Biologia no livro da 9ª classe: contribuição de

Robert Hooke na criação de microscópio óptico composto e a descoberta de célula .............. 64

4.4.2.Um breve histórico da vida e obra de Robert Hooke ...................................................... 64

4.4.3.Microscópio óptico composto criado por Robert Hooke ................................................ 65

4.4.4.Estrutura da Cortiça - conceito de “Célula” .................................................................... 66

4.5.Excerto de sugestão de inserção da História da Biologia no Programa curricular e livro

escolar da 10ª classe ................................................................................................................. 67

4.5.1.Sugestão de abordagem de História da Biologia no livro da 10ª classe: contribuição de

Alfred Russel Wallace para a teoria da evolução .................................................................... 68

4.5.2.Um breve histórico da vida e obra de Alfred Russel Wallace ........................................ 68

4.5.3. As contribuições de Alfred Russel Wallace para a teoria da evolução .......................... 70

5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 71

5.1. Conclusão .......................................................................................................................... 71

5.2.Recomendações.................................................................................................................. 72

6. Referências bibliográficas .................................................................................................... 73

ANEXO.................................................................................................................................... 77

APENDICE .............................................................................................................................. 81

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Lista de tabelas

Tabela 1 Títulos dos livros escolares de biologia de 8.ª à 10.ª classes sugeridos pelo

Ministério da Educação............................................................................................................ 28

Tabela 2 Títulos dos livros escolares de biologia de 8.ª à 10.ª classes sugeridos pelo

Ministério da Educação............................................................................................................ 28

Tabela 3 Ficha de análise de conteúdos da história da biologia no programa de ensino ......... 30

Tabela 4 Análise do programa de ensino da 8.ª Classe ............................................................ 35

Tabela 5 Análise do programa de ensino da 9ª Classe ............................................................. 36

Tabela 6 Análise do programa de ensino da 10ª Classe........................................................... 37

Tabela 7 Comparação de conteúdos da História da Biologia nos livros da 8ªclasse ............... 61

Tabela 8 Comparação de conteúdos da História da Biologia nos livros da 9ªclasse ............... 62

Tabela 9 Comparação de conteúdos da História da Biologia nos livros da 10ªclasse ............. 63

Tabela 10 Sugestão de inserção na Unidade 2: Estudo da célula, Programa da 9ª classe ....... 64

Tabela 11 Sugestão de inserção na unidade 3: Evolução, Programa da 10ª classe ................. 67

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Lista de figuras

Figura 1: Microscópio óptico simples construído .................................................................... 44

Figura 2: Microscópio composto, sec. XVII ............................................................................ 44

Figura 3: Microscópio usado por Robert Hooke...................................................................... 44

Figura 4: Processo de descoberta da fotossíntese, Johann Helmont (1577-1644) ................... 46

Figura 5: Acção das giberelinas no alongamento dos entrenós ............................................... 48

Figura 6: Watson e Crick perante a maquete ........................................................................... 53

do modelo original de dupla hélice .......................................................................................... 53

Figura 7:A. Oparim .................................................................................................................. 56

Figura 8: Stanley Miller ........................................................................................................... 56

Figura 9:Louis Pasteur ............................................................................................................. 56

Figura 10: Charles R. Darwin .................................................................................................. 56

Figura 11: Experiencias de Pasteur .......................................................................................... 57

Figura 12: Ichthyostega, fóssil de transição entre peixe e anfíbios ......................................... 57

Figura 13: O microscópio composto representado por Hooke na Micrographia. .................... 66

Figura 14. Microestrutura da cortiça como observada e desenhada por Hooke, mostrando

claramente os alvéolos a que chamou “células”. ..................................................................... 67

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Abreviaturas

a.C – Antes de Cristo

Bib. - Bibliografia

Cont. – Conteúdo

DINAME – Distribuidora Nacional de Material Escolar

ESG – Ensino secundário geral

ESG1- Ensino secundário geral do 1° ciclo

ESG2 – Ensino secundário geral do 2° ciclo

EP – Ensino primário

Exap. – Extensão e aprofundamento

Exhb. - Extensão da história da biologia

HC – História da ciência

HFC - História e filosofia da ciência

Sec. – Século

MEC – Ministério da Educação e Cultura

n.° - Número

Prof. - Professor

UP – Universidade Pedagógica

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Declaração

Declaro que esta Dissertação de Mestrado é resultado da minha investigação pessoal e das

orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão

devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para

obtenção de qualquer grau académico.

Beira, 18 de Dezembro de 2014

______________________________

(Manecas Cândido Azevedo)

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Dedicatória

In Memoria, ao meu pai, Cândido Augusto de Azevedo e ao meu irmão, Nelson Cândido

Azevedo, por me fazerem homem, a minha eterna gratidão. Tenho conhecimento, aí onde

vocês estão, Deus, proporcionou-vos Paz.

À minha mãe, Luísa Mundimo Victorino, que, tão cedo, tomaste a dupla responsabilidade de

mãe e pai, para a minha educação e dos meus irmãos, pelo que manifesto o meu profundo

reconhecimento. Não é fácil educar e formar um filho.

Aos meus irmãos, Carla Cândido Azevedo, Judite Augusto de Azevedo, Hélio e José Luís,

aos meus primos Atija (Isa) Basílio de Azevedo e José Luís de Melo Azevedo, obrigado pelo

vosso encorajamento.

Aos meus sobrinhos, envio a mensagem que o caminho correcto para vincarem na vida é o

gosto pela escola.

À Mércia de Oliveira, à minha esposa, obrigado pelo amor, obrigado pelo carinho, obrigado

pela compreensão, obrigado por compreenderes as minhas ausências durante o período das

aulas de mestrado.

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Agradecimentos

O meu profundo agradecimento, vai em primeiro lugar para o meu supervisor, Prof. Doutor

Cristiano Luís Vicente Pires, pela forma didáctica como orientou esta Dissertação, quero que

tenha a certeza, que todos os seus ensinamentos estão entranhados.

Gostaria de estender o meu agradecimento à Direcção da Universidade Pedagógica,

Delegação de Nampula, especialmente o Senhor Director, o Prof. Doutor Mário Brito dos

Santos, a Directora-adjunta administrativa, Mestre Ermelinda Mapasse e o Director-adjunto

Pedagógico, Mestre Aurélio Machado, por me terem proporcionado oportunidade de

continuar com a minha formação e de terem criado condições para a minha deslocação à

cidade da Beira durante todo o período de aulas de mestrado.

À Direcção da Universidade Pedagógica, Delegação da Beira, anfitriã do Mestrado em

Educação/ Ensino de Biologia, por ter criado condições para que as aulas de mestrado

decorressem sem muitos sobressaltos. Este agradecimento estende-se em particular ao Prof.

Doutor António Suluda, o Director-adjunto de pós-graduação, pesquisa e extensão. Obrigado

pela atenção que prestou aos mestrandos, particularmente, a mim, que vivia na residência.

Em qualquer tipo de formação académica, sempre existe um facilitador, agradeço a todos os

professores que mediaram as aulas no curso de mestrado em educação/ensino de biologia. O

agradecimento vai em especial para o Prof. Doutor Luís Dourado, que forneceu uma boa

parte das fontes bibliográficas usadas para esta Dissertação.

Ao dr. Alberto Mutombo, obrigado pela disponibilidade, quando sempre solicitei-o para

ajuda, sacrificou o seu tempo em prol desta dissertação.

Por último, aos meus colegas da turma e da residência, pelos debates calorosos que

travávamos durante as aulas, a amizade que criamos durante o período de convivência. O

meu muito obrigado por fazerem parte da minha formação académica.

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Resumo

No presente estudo são apresentados os resultados obtidos na análise de livros escolares

produzidos por duas editoras que operam em Moçambique, sendo esses livros recomendados

pelo Ministério da Educação, para a mediação do Processo de Ensino e Aprendizagem, e da

análise do Programa curricular do ensino secundário geral do 1.°ciclo. Para realização da

análise foram utilizadas duas fichas de análise, cujo objectivo foi identificar a presença da

história da biologia nos livros escolares e no programa curricular de biologia do ensino

secundário geral, do 1.°ciclo. Os conteúdos científicos são resultados de um processo

histórico, neste sentido, este estudo procura contribuir para uma profunda reflexão, centrada

no nosso Sistema Nacional da Educação, sobre a inserção de conteúdos da história da

biologia nos livros escolares, defendendo que a formação de professores de biologia devia ser

acompanhada de conteúdos da história da biologia para permitir uma melhor leccionação

desta matéria e valorizar os cientistas muitas vezes esquecidos. A metodologia usada na

análise de conteúdos da história da biologia consistiu na codificação e no agrupamento das

unidades didácticas para que permitissem uma descrição exacta das características relevantes a

pesquisar. Os resultados mostraram que o programa curricular da 8.ª classe, não apresenta

nenhuma proposta de abordagem da história da biologia, enquanto os programas da 9.ª e 10.ª

classes, apresentam, ambas, essa abordagem apenas na segunda unidade didáctica. Os livros

escolares principalmente da 9.ª e 10.ª classes, apresentam, nas suas unidades didácticas descrição

da história da biologia, e no entanto, muitos desses conteúdos, que aparecem nesses livros, são

incoerentes, principalmente na forma de apresentar os nomes dos cientistas, na sua biografia, e

outro aspecto constatado é a reduzida exploração da evolução da ciência nos livros escolares. A

história da biologia apresentada nos livros escolares da 8.ª à 10.ª classes cinge-se principalmente,

às datas das descobertas dos conteúdos. Os livros escolares de biologia do ensino secundário

geral do 1.° ciclo, editados pela Textos editoras e pela Longman apresentam disparidades de

conteúdos da história da biologia nas suas unidades didácticas.

Palavras-chave: História da biologia, livro escolar, programa curricular

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Abstract

In this study, the results obtained in the analysis of textbooks produced by two publishers

operating in Mozambique are presented, and these books are recommended by the Ministry

of Education for mediation of the Teaching and Learning Process, and the analysis of the

Curricular Program of the General 1st cycle. To perform the analysis two forms of analysis

were used whose objective was to identify the presence of the history of Biology in the

textbooks and in the Biology curricular program of the General 1st cycle. The scientific

contents are the result of a historical process, thus this study seeks to contribute to a deeper

reflection, focused on our National System of Education, on inserting contents of the history

of Biology in the textbooks, supporting the idea that training of Biology teachers should be

accompanied by the contents of the history of Biology to allow a better teaching of this

subject and appreciate scientists who are often forgotten. The methodology used in the

analysis of contents of the history of Biology consisted of coding and grouping of didactic

units so that it allowed for an exact description of the relevant characteristics to the research.

The results showed that the curricular program of the 8thgrade has no proposal to approach the

history of Biology, while the 9th

and 10th

grade, both present it only in the second didactic

unit. The textbooks especially the 9th

and 10th

grade, present in their didactic units description

of the history of Biology however, most of these contents that appear in these books are

inconsistent, and especially how they present the names of the scientists, in their biography,

and the other aspect observed is the little exploration of the evolution of science in textbooks.

The history of Biology presented in textbooks from the 8th

to 10th

grade is mostly focused on

dates of discovery of content. The Biology textbooks of 1st cycle edited by Textos Editora

and Longman, present disparities in the contents of the history of Biology in their didactic

units.

Keywords: History of Biology, textbook, curricular program

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1. INTRODUÇÃO

O livro escolar e o programa curricular são instrumentos valiosos para a mediação do

processo de ensino e aprendizagem. A concepção do livro escolar e a sua produção deve ser

orientada pelo programa curricular da respectiva disciplina.

Os conteúdos sobre a história da biologia fornecem à própria disciplina de biologia, toda a

sua historicidade e ciência, como resultado de uma prática social e cultural realizada por

cientistas. Estes conteúdos, podem contribuir para uma melhor compreensão científica dos

conteúdos subsequente de uma unidade temática, permitindo, assim, o desenvolvimento da

personalidade do aluno tornando-o mais activo e crítico.

Estudos de género realizados por Matthews, (1994:72) apud Silva et al (2008:497)

demonstram que a história da ciência pode:

“Humanizar as ciências e aproximá-la mais dos interesses pessoais, éticos, culturais

e políticos; tornar as aulas mais estimulantes e reflexivas, incrementando a

capacidade do pensamento crítico; contribuir para uma compreensão maior dos

conteúdos científicos, [...]; melhorar a formação dos professores contribuindo para o

desenvolvimento de uma epistemologia da ciência mais rica e mais autêntica, isto é, a

um melhor conhecimento da estrutura de ciência e seu lugar no marco intelectual das

coisas.”.

Foi neste âmbito, que surgiu a necessidade de analisar a inserção de conteúdos da história da

biologia nos livros escolares e programa curricular de Biologia do ensino secundário geral do

1.° ciclo, para poder contribuir com alguma sugestão para uma maior inserção da história da

biologia nos livros escolares e programa curricular, de modo que, os conceitos e teorias sobre

a biologia sejam melhor entendidos por parte dos alunos, partindo do desenvolvimento

histórico dos conteúdos da própria biologia.

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1.1. Problematização

O interesse pela presente pesquisa, surge do facto, de ser formador de professores da

disciplina de Biologia, na Universidade Pedagógica, e de ter constatado no livro escolar e no

programa curricular de Biologia, do ensino secundário geral do 1. ° ciclo (ESG1), um défice

de conteúdos da História da Biologia que conduzem a que não exista uma abordagem

gradativa de desenvolvimento dos conteúdos da disciplina de Biologia.

Reconhecendo que, a História da biologia pode tornar as aulas mais estimulantes e reflexivas,

aumentando a capacidade de pensamento crítico, e, deste modo, contribuindo para uma

compreensão maior dos conteúdos científicos no sentido de mudar a percepção pública da

ciência e poder contribuir para o desenvolvimento de uma epistemologia da História da

Biologia mais rica e mais autêntica, surgiu, assim, o presente estudo.

O conhecimento da História da Biologia permite desenvolver a capacidade crítica, o espírito

de análise e de precisão, assim como uma, atitude atenta e curiosa indispensável para o

pensamento científico.

Neste contexto, não se encontram nos livros escolares e no programa curricular de Biologia

tendências que explorem as componentes da História da Biologia na tentativa de se promover

uma educação que supere o ensino de conteúdos científicos. Sendo assim, colocaram-se as

seguintes questões de investigação: Em que medida os programas curriculares de Biologia

apresentam os conteúdos da História da Biologia no 1.° ciclo do ensino secundário geral?

Como é que os livros escolares de Biologia apresentam a História da Biologia? Qual é a

característica da Historia da Biologia que aparece nos livros escolares de Biologia do

ensino secundário geral do 1.° ciclo?

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1.2. Justificação da escolha do tema

A escolha do tema deveu-se à minha experiencia e prática docente, assim como ao facto de

ter constatado nos livros escolares da 8.ª à 10.ª classes, uma ausência de conteúdos da

História da Biologia, e esse facto, muitas vezes, faz-se sentir no próprio processo de ensino e

aprendizagem, em que os conteúdos da História da Biologia são simplesmente elementos

constituintes da própria ciência.

A pesquisa deste tema torna-se relevante para o ensino e aprendizagem da disciplina de

Biologia, porque, visa contribuir para uma maior abordagem da História da Biologia no

programa curricular e nos livros escolares de Biologia do ensino secundário geral do 1.°

ciclo, procurando conceber a História da Biologia enquanto elemento auxiliar para a

compreensão das teorias científicas, nomes científicos de espécies e leis científicas partindo

de uma epistemologia da ciência.

A abordagem de factos históricos da ciência nos livros escolares de Biologia pode

proporcionar aos alunos a construção de um novo conhecimento a partir do já existente.

Outro pressuposto sobre a questão da construção do conhecimento considera que:

“…tudo o que se aprende depende dos conhecimentos que já se tinha antes. Nesse

sentido o conhecimento é sempre contextual e indissociável do sujeito”. Wheatley,

(1991) apud Barros & Carvalho, (1998:84).

Nesse sentido, a História da Biologia, no ensino, pode enriquecer as aulas e ser um

importante instrumento para a formação de cidadãos, também, permitindo ao aluno adquirir

uma visão mais abrangente e integrada do conteúdo, bem como a compreensão crítica e

abrangente, de como se desenvolveu a ciência contemporânea da disciplina de Biologia.

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1.3. Objectivos do estudo

Para a efectivação desta pesquisa operacionalizaram-se os objectivos que a seguir se

apresentam.

1.3.1. Objectivo geral

O objectivo geral deste trabalho é analisar os conteúdos da História da Biologia no

programa curricular de Biologia e nos livros escolares do ensino secundário geral do 1.°

ciclo, assim como o seu contributo para o processo de ensino e aprendizagem.

1.3.2. Objectivos específicos

Para a materialização dos pressupostos anteriormente expostos, formularam-se os objectivos

específicos que a seguir se apresentam:

Fazer o levantamento de conteúdos da História da Biologia no programa curricular do

ensino secundário geral do 1.° ciclo;

Analisar a inserção de conteúdos da História da Biologia nas unidades temáticas dos

livros escolares de Biologia da 8.ª à 10.ª classes;

Comparar os conteúdos da História da Biologia nos livros escolares de Biologia, da 8ª à

10.ª classes, recomendados pelo Ministério da Educação;

Sugerir conteúdos da História da Biologia a integrar nos programas curriculares e livros

escolares de biologia da 8.ª à 10.ª classes.

1.4.Questões de pesquisa

a) Em que medida o programa curricular de Biologia, do ensino secundário geral do 1° ciclo,

apresenta conteúdos da História da Biologia?

b) Como está inserida a História da Biologia nas unidades temáticas de livros escolares de

Biologia, da 8.ª à 10.ª classe?

c) Como podemos fazer a comparação dos conteúdos da História da Biologia nos livros

escolares de Biologia, da 8.ª à 10.ª classe, recomendados pelo Ministério da Educação?

d) Que sugestão de abordagem de conteúdos da História da Biologia no Programa curricular e

livros escolares de Biologia da 8.ª à 10.ª classes?

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo apresentam-se os resultados da revisão de várias literaturas cuja abordagem se

relaciona com os objectivos desta pesquisa. Desta forma, os pontos que se seguem procuram

apresentar esses resultados.

2.1.História da biologia e a sua inserção no livro escolar

Vários autores advogam a inserção da História da Biologia no livro escolar como forma de

contribuir para que o ensino das ciências naturais, no ensino secundário, seja mais atraente e

facilitar a sua aprendizagem. De entre eles, alguns que se apresentam a seguir.

Segundo Corrêa, (2010:220) A inserção da História e Filosofia da Ciência na educação tem

sido discutida por diversos autores, como (MATTHEWS, 1995; ALLCHIN, 2004;

MARTINS, 2006; EL-HANI, 2006; SEPULVEDA e EL-HANI, 2009).

Matthews (1995) discute os argumentos a favor e contra a inserção da História e da Filosofia

da Ciência (HFC) no ensino escolar das ciências naturais:

Os que defendem HFC tanto no ensino de ciências como no treinamento de

professores, de uma certa forma, advogam em favor de uma abordagem

contextualista, isto é, uma educação em ciências, onde estas sejam ensinadas em seus

diversos contextos: ético, social, histórico, filosófico e tecnológico; o que não deixa

de ser um redimensionamento do velho argumento de que o ensino de ciências

deveria ser, simultaneamente, em e sobre ciências. (MATTHEWS, 1995, p.166)

As objecções à inserção da HFC no ensino não são novas, elas remetem para os riscos de uma

abordagem pseudo-histórica, como a que foi discutida por Martin Klein em 1972, assim

como para os possíveis prejuízos, conforme aqueles apontados por Thomas Kuhn, em 1959 e

1977, e por Stephen Brush, em 1974, relativo ao espírito científico dos estudantes

(MATTHEWS, 1995).

De acordo com Brush, apud Matthews, em suas críticas, sugere o seguinte:

A história da ciência poderia ser uma influência negativa sobre os estudantes porque

ela ceifa as certezas do dogma científico; certezas essas que são tão úteis para se

manter o entusiasmo do principiante. Apesar do tom jocoso, na verdade, ele sugere

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seriamente que apenas um público científico maduro deveria ter acesso à história.

(MATTHEWS,1995, p. 177)

De acordo Pereira & Amador (2007), sintetizam as críticas de professores e de pesquisadores

acerca da utilização da História da Ciência (HC) na educação:

i) Por parte dos próprios professores é apresentada com frequência a

possibilidade da HC poder desviar os estudantes dos temas que na verdade

são “importantes”, ou ainda, de potenciar o desenvolvimento de posições

cépticas face aos saberes científicos que contribuam para relativizar este tipo

de conhecimento;

ii) Por outro lado, os historiadores também chamam a atenção para as lacunas e

reinterpretações incorrectas, mesmo abusivas, que são produzidas ao utilizar-

se a HC em âmbitos pedagógicos. Podendo nalguns casos estas

“deformações” históricas serem inocentes, fruto mesmo de um

desconhecimento da HC por parte de professores e autores de manuais, como

poderem, também, serem suficientemente consciencializadas e veicularem

mensagens ideológicas, na linha do que se poderá designar por whiggismo.

(PEREIRA E AMADOR, 2007, p. 193) stop

Para Allchin (2004) adverte sobre os exemplos de pseudo-história e pseudociência presentes

no contexto educacional. Ele expõe alguns “sinais de advertência” que podem servir de

indicativo para os professores sobre a pseudo-história. Os sinais são os seguintes: versão

romanceada; personalidades sem defeitos; descobertas monumentais e individuais; somente

experienciais cruciais; sentido do inevitável; retórica da verdade versus ignorância; ausência

de qualquer erro; interpretação não problemática das evidências; simplificação exagerada ou

idealização; conclusão carregada de ideologia; autor com conhecimento superficial da

literatura científica para o tema estudado. Em relação aos sinais para a ausência de contexto

histórico, Allchin menciona os seguintes: nenhuma configuração social ou cultural; nenhuma

contingência humana; ausência de ideias antecessoras; aceitação sem críticas do novo

conceito (ALLCHIN, 2004, p. 193).

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De acordo com MATTHEWS (1995), são consideradas pertinentes as críticas acerca das

possíveis distorções decorrentes das tentativas de simplificação da História da Ciência de

modo a adequá-las ao ensino. No entanto, para ele, tais distorções podem ocorrer no processo

de simplificação de conteúdos de todas as disciplinas e não apenas da História da Ciência.

Além disso, MATTHEWS entende que:

O problema hermenêutico de interpretação na história da ciência, longe de dificultar

ou impedir o uso da história, pode tornar-se uma boa ocasião para que os alunos

sejam apresentados a importantes questões de como lemos textos e interpretamos os

factos, isto é, ao complexo problema do significado: a partir de seu dia a dia, os

alunos sabem que as pessoas vêem as coisas de formas diferentes; portanto, a

história da ciência constitui-se num veículo natural para se demonstrar como esta

subjectividade afecta a própria ciência. (MATTHEWS, 1995, p. 177)

De acordo com MATTHEWS apud PRESTES & CALDEIRA, (2009:3) existem sete razões

favoráveis a inclusão de componente histórico nos programas curriculares da ciência:

1.A História promove melhor compreensão dos conceitos científicos e métodos.

2.Abordagens históricas conectam o desenvolvimento do pensamento individual com

o desenvolvimento das ideias científicas.

3.A História da Ciência é intrinsecamente valiosa. Episódios importantes da História

da Ciência e Cultura – a revolução científica, o darwinismo, a descoberta da

penicilina etc. – deveriam ser familiares a todo estudante.

4.A História é necessária para entender a natureza da ciência.

5.A História neutraliza o cientificíssimo e dogmatismo que são encontrados

frequentemente nos manuais de ensino de ciências e nas aulas.

6.A História, pelo exame da vida e da época de pesquisadores individuais, humaniza

a matéria científica, tornando-a menos abstracta e mais interessante aos alunos.

7.A História favorece conexões a serem feitas dentro de tópicos e disciplinas

científicas, assim como com outras disciplinas académicas; a história expõe a

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natureza integrativa e interdependente das aquisições humanas (MATTHEWS, 1995,

p. 50).

2.2. O que inserir no livro escolar sobre a História da Biologia?

Segundo Sequeira & Leite (1988), a inclusão da história da ciência tem raízes filosóficas e

epistemológicas. Dependendo da concepção da ciência que se adoptar assim a história da

ciência terá mais ou menos um lugar maior a ocupar nos curricula e um papel maior a

desempenhar no ensino das ciências.

Tratando-se de uma abordagem recente no nosso Sistema Nacional de Educação,

concretamente, na disciplina de biologia, há que ter cautela com a inserção da história da

biologia nos livros escolares do ensino secundário.

De acordo com Martins, (1993) apud Martins, (1998:18), em primeiro lugar, deve-se fugir de

biografias longas, repletas de datas, sem nenhuma referência à filosofia e às ideias científicas,

ao contexto temporal, social e cultural daquilo que se está ensinando.

Deve-se evitar também mostrar apenas aquilo que “deu certo”, omitindo as dificuldades

encontradas e as propostas alternativas.

2.3. Conteúdo da história da Biologia

Para (HUMMEL, 1988:56) apud (SANTO, 2006:110) o conteúdo do livro escolar contribui

para dar sentido às aprendizagens do aluno, motivando-o a “aprender a aprender”.

O conteúdo da história da Biologia é relevante no ensino, pode influenciar, decisivamente, o

grau de adesão do aluno na aprendizagem contribuindo na motivação do aluno à descoberta

dos trabalhos realizados pelos cientistas, elevando os seus interesses, percepções e aspirações

na ciência.

2.4.O ensino da história da ciência

Com base nos trabalhos de Gil-Pérez et al. (2001 e 1993) apud Nascimento & Carvalho

(2003) e outros, podemos dizer que as características apresentadas a seguir são necessárias

para um ensino que tenha como objectivo o saber sobre a ciência, ou ainda a construção de

concepções mais fundamentadas acerca do conhecimento científico.

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a) Não há um método científico fechado, o que vai contra uma visão rígida da

ciência, que apresenta no ensino o “Método Científico” como um conjunto de

etapas mecânicas.

b) A construção do conhecimento científico é guiada por paradigmas que

influenciam a observação e a interpretação de certo fenómeno (BORGES, 1996;

GIL-PÉREZ et al., 2001; TOULMIN, 1977 e KUNH, 2000);

c) O conhecimento científico é aberto, sujeito a mudanças e reformulações, e assim

foi na história da ciência, portanto, a ciência é um produto histórico;

d) É um dos objectivos da ciência criar interacções e relações entre teorias, o

conhecimento não é construído pontualmente, o que descaracteriza uma visão

analítica da ciência muito difundida entre os professores e estudantes;

e) O desenvolvimento da ciência está relacionado a aspectos sociais, políticos; as

opções feitas pelos cientistas muitas vezes reflectem seus interesses. A ciência,

portanto, é humana, viva. Dessa forma, é necessário que ela seja caracterizada

como tal.

2.5. Como ensinar a História da Biologia?

Uma questão importante que não se pode deixar de referir, é a formação ou capacitação de

professores com pressupostos que os possam habilitar a mediar conteúdos da história da

ciência. Alguns estudos mostram possíveis caminhos para que, os alunos do ensino

secundário possam construir concepções mais fundamentadas sobre a natureza do

conhecimento científico. Trata-se de estratégias de ensino que se utilizem dessa natureza em

discussões explícitas e até mesmo implícitas. Uma tentativa implícita refere-se a um

rompimento com o ensino tradicional e, como consequência, com um rompimento com uma

ciência baseada na aplicação de teorias, leis prontas e citação de nomes científicos.

Alguns dos autores, que realizam estudos sobre as concepções dos estudantes, apresentam o

uso da história e filosofia da ciência como uma forma de trabalhar explicitamente com

estudantes tais concepções.

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Para Khalick e Lederman (2000), apud Nascimento & Carvalho (2003) uma opção pelo uso

da história é uma forma de tratar a epistemologia da ciência em sala de aula, e ainda aparece

grandemente como uma alternativa para o ensino, que visa uma construção de conceitos

sobre o conhecimento científico. Para estes autores:

Os programas devem continuar com tentativas (de melhorar as concepções dos

estudantes). Elementos de história e filosofia da ciência e/ou instrução directa sobre

a natureza da ciência são mais efectivos em alcançar este fim do que os que utilizam

processos fechados ou não reflexivos de actividade.

A história evidência os períodos em que ocorrem tais crises, rupturas, ou, ainda períodos em

que a ciência se desenvolve por acumulação colocando, em ambos os casos, seu carácter

“aberto” de evolução. É um erro ensinar ciência como se os produtos dela resultassem de uma

metodologia rígida, fossem indubitavelmente verdadeiros e definitivos, aproximando-se

incorrectamente a ideia de que a Ciência corresponde a uma verdade absoluta.

Para Castro (1993) apud Nascimento & Carvalho (2003):

Encarar a ciência como produto acabado confere ao conhecimento científico uma

falsa simplicidade que se revela cada vez mais como uma barreira a qualquer

construção, uma vez que contribui para a formação de uma atitude ingénua ante a

ciência. Ao encararmos os conteúdos de ciência como óbvios, as diversas redes de

construção, edificadas para dar suporte a teorias sofisticadas, apresentam-se como

algo natural e, portanto, de compreensão imediata.

Apresentam-se assim, dessa maneira, cada vez mais, barreiras e resistências à compreensão

da ciência ou seja, surgem obstáculos epistemológicos. Conforme as ideias de Bachelard

(1996) apud Nascimento & Carvalho (2003: 28)

A evolução das ciências é dificultada por obstáculos epistemológicos, entre os quais o

senso comum, os dados perceptíveis... Para conseguir superá-los, são necessários

actos epistemológicos: ruptura com os conhecimentos anteriores, seguidas por sua

reestruturação.

Os textos ou episódios da história da ciência podem ser apresentados contra algumas dessas

barreiras, colocando os processos de construção do conhecimento científico de maneira mais

clara, favorecendo, portanto, uma ruptura com o senso comum dos estudantes a respeito da

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construção da ciência. Um exemplo geral e importante do uso da história da ciência está no

facto de que esta história apresenta a ciência como um produto humano e social, que tenta

combater, assim, diversas visões descontextualizadas como a visão do tipo elitista, na qual os

cientistas são tidos como minorias inatingíveis, conforme podemos observar em Gil-Pérez,

(1993) apud Nascimento & Carvalho (2003).

Conhecer o passado histórico e a origem do conhecimento pode ser um factor motivador para

os alunos, pode fazer com que os alunos percebam que a dúvida encontrada por eles para a

aprendizagem de um conceito também foi encontrada, em outro momento histórico, por um

cientista hoje reconhecido, ou seja, que suas dúvidas estiveram presentes em algum momento

na construção de um conceito científico, assim como na sua própria construção. A história da

ciência pode ser ainda um importante elemento para levantar discussões acerca do carácter

humano na ciência e relacionar a construção da ciência com diversos contextos externos:

sociais, políticos, pessoais.

Para Solbes e Traver (2001) apud Nascimento & Carvalho (2003), a história da ciência pode

fazer como que os estudantes:

i. Conheçam melhor os aspectos da história da ciência, antes geralmente ignorados e,

consequentemente, mostrar uma imagem da ciência mais completa e contextualizada;

ii. Valorizem adequadamente processos internos do trabalho científico como: os

problemas abordados, o papel da descoberta, a importância dos experimentos, o

formalismo “biológico” e a evolução dos conhecimentos (crises, controvérsias e

mudanças internas);

iii. Valorizem adequadamente aspectos externos como: o carácter colectivo do

trabalho científico, as implicações sociais da ciência.

Pois ela própria pode:

iv. Apresentar uma imagem menos tópica da ciência e dos cientistas;

v. Melhorar o clima da aula e a participação no processo de ensino aprendizagem;

O uso da história da ciência por meio de uma mudança metodológica é, então, uma proposta

sólida para o ensino de aspectos da natureza da Ciência.

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2.6.Políticas de materiais de ensino

O ESG funciona com fortes carências do livro escolar, ao contrário do que sucede no EP. É

também notória a falta de outros materiais didácticos, como mapas, materiais de laboratório,

modelos diversos, entre outros. A falta de livros didácticos e de leitura dificulta a extensão do

processo de aprendizagem para fora da escola. (CONSELHO DE MINISTROS, 2009:53)

2.7.Livro escolar

O Governo está a elaborar uma política do livro escolar que visa fornecer livros aos alunos do

ESG. A nova política incluirá um sistema de financiamento que tenha em conta a partilha de

custos entre todos os intervenientes, nomeadamente o Governo, os parceiros de cooperação,

os alunos e a sociedade civil. (Ibid, 2009:54)

As editoras estão em processo de elaboração de livros escolares do ensino secundário sem o

envolvimento do MEC. Neste contexto, o Governo vai regulamentar os processos de edição,

produção, avaliação e provisão dos novos livros e outros materiais de ensino para este nível.

(Idem, 2009:54)

De acordo CHARTIER (1990) apud CORREA (2000) os livros escolares, são veículos de

circulação de ideias que traduzem valores e comportamentos que se desejou fossem

ensinados. Soma-se a isso o facto de que a relação entre livro escolar e escolarização

permitem pensar na possibilidade de uma aproximação maior do ponto de vista histórico

acerca da circulação de ideias sobre o que a escola deveria transmitir/ensinar e, ao mesmo

tempo, saber qual concepção educativa estaria permeando a proposta de formação dos

sujeitos escolares. Nesse sentido, então, esse tipo de fonte pode servir como um indicador de

projecto de formação social desencadeado pela escola. Isso é permitido por meio das

interrogações que podem ser feitas, quer em termos do conteúdo, quer de discurso, sem

deixar de levar em consideração aspectos referentes a temporalidade e espaço. O que, por sua

vez, possibilita indagar sobre o que e a quem serviu como um dos instrumentos da prática

institucional escolar.

2.8.O livro escolar e a sala de aula

Os materiais usados nas aulas podem ser os mais variados, porém, o material impresso que

predomina no ambiente escolar ainda é o livro escolar. Esse material que se faz presente nas

salas de aulas, acaba sendo um veículo de informações, muitas vezes único. Mesmo o livro

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escolar tendo tanto destaque e uso nas salas de aulas, os autores desse material não mostram

preocupação com a construção do conceito científico e nem com os produtores da ciência

Zamunaro et al, (2005) apud Batista et.al, (s/d).

Em Moçambique, ainda existem poucos estudos sobre análise dos conteúdos didácticos que

aparecem nos livros escolares. Mas, os mesmos livros, tem uma tendência de revelar uma

disposição linear das informações e uma fragmentação do conhecimento da historia da

biologia. Os alunos são treinados para repetir conceitos, aplicar fórmulas e armazenar termos,

ficando impossibilitados de associar os mesmos ao seu quotidiano Batista et.al, (s/d).

2.9.Funções do livro escolar no processo de ensino – aprendizagem

Independentemente das funções para as quais o livro escolar é concebido, a finalidade de

qualquer livro escolar é, primordialmente, a função de desenvolvimento das competências do

aluno e não a simples transmissão de conhecimentos, ao aprendente.

Assim, de acordo (GÉRARD & ROEGIERS, 1998) apud (SANTO, 2006) considera-se

existirem seis funções essenciais do livro escolar que são:

1) Função de transmissão de conhecimentos;

2) Função de desenvolvimento de capacidades e de competências;

3) Função de consolidação das aquisições e aprendizagens;

4) Função de avaliação das aquisições;

5) Função de ajuda na integração das aquisições;

6) Função de educação social e cultural.

As primeiras (1 a 3) estão directamente relacionadas com as “funções relativas ao aluno”

porque estão orientadas para as aprendizagens escolares. As restantes inscrevem-se nas

“funções de ligação das aprendizagens à vida quotidiana e profissional”, articulando os

interesses da escola com os do futuro cidadão.

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2.9.1.Importância do livro escolar

Os livros escolares servem como:

Guia para professores e alunos;

Material de significativa contribuição para a história do pensamento e das práticas

educativas;

Portador de conteúdos reveladores de representações e valores predominantes num

certo período de uma sociedade;

Fonte de compreensões epistemológicas sobre a educação, a aprendizagem escolar, a

didáctica e metodologia de ensino;

Á-bê-cê da alfabetização.

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3. METODOLOGIA

Neste capítulo apresenta-se a metodologia que serviu de base para implementação das

actividades desta pesquisa.

3.1.Características do estudo

A presente pesquisa permite fazer uma retrospecção histórica do desenvolvimento do

conteúdo. A análise de conteúdo é, particularmente, utilizada para estudar material de tipo

qualitativo (aos quais não se podem aplicar técnicas estatísticas). Portanto, deve-se fazer uma

primeira leitura para organizar as ideias incluídas, posteriormente, analisar os elementos e as

regras que as determinam. Segundo Hosti (1969:14) apud Richardson (1999:224) análise de

conteúdo é aplicação de métodos científicos a uma evidência documentaria.

À educação científica em todos os subsistemas de ensino, inclusive nas universidades

moçambicanas, é aplicada uma metodologia dogmática em sua pseudo-essência: um

esquecimento completo das origens da ciência, de sua história, de suas inúmeras

possibilidades, de seus erros e de suas contingências.

O interesse por estudo da análise da historia da ciência, começou no início da década de 70,

segundo Kuhn, (1974:49) apud Neves, (1998:75):

“As colecções de „textos originais‟ têm um papel limitado na educação científica.

Igualmente, o estudante de ciência não é encorajado a ler os clássicos de história do

seu campo - obras onde poderia encontrar outras maneiras de olhar as questões

discutidas nos textos, mas onde também poderia encontrar problemas, conceitos e

soluções padronizadas que a sua futura profissão há muito pôs de lado e substituiu.

Whitehead apreendeu esse aspecto bastante específico das ciências quando escreveu

algures: „uma ciência que hesita em esquecer os seus fundamentos está perdida‟.”

3.2. Tipo de pesquisa

Exploratória qualitativa – nesta pesquisa procura-se desenvolver, esclarecer conceitos e

ideias importantes no ensino da história da biologia e a formação do cidadão. A pesquisa

exploratória é desenvolvida com objectivo de proporcionar visão geral acerca da “matéria”

pesquisada e quando é pouco explorada. Como é o caso de conteúdos da história da biologia

nos livros escolares em Moçambique.

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De acordo com Reis, (2010:63) na pesquisa qualitativa…” há uma relação dinâmica entre o

mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a

subjectividade do sujeito que não pode ser associado em números”.

Na pesquisa qualitativa há predominância de categorias, de análises mais descritivas, menos

cálculos.

3.3. Escolha dos livros escolares

O Ministério da Educação propôs quatro livros a serem utilizados no ensino secundário geral,

nomeadamente o livro da editora DINAME, Plural editora, editora Longman e a Texto

editora, e, deixou o critério da escolha definitiva do título aos professores e alunos.

Para este estudo, não existiu um critério estabelecido para a escolha dos livros envolvidos na

pesquisa. Mas, o que contribui em grande medida na escolha dos livros das editoras Texto

editora (tabela 1) e Longman (tabela 2), é o facto de serem livros mais usados pelos alunos e

professores em muitas escolas secundárias da cidade de Nampula.

Tabela 1 Títulos dos livros escolares de biologia da 8.ª à 10.ª classes sugeridos pelo

Ministério da Educação

Titulo Autor (es) Editora

Biologia 8ª classe Maria Luísa Cuber

António Alberto Grachane

Texto Editores

Biologia 9ª classe Susan Müller

António Alberto Grachane

Texto Editores

Biologia 10ª classe Harith Morgadinho Farooq Texto Editores

Tabela 2 Títulos dos livros escolares de biologia da 8.ª à 10.ª classes sugeridos pelo

Ministério da Educação

Titulo Autor (es) Editora

Biologia - 8.ª classe António da Costa Diakos

Ivaldo Quincardete

Longman

Biologia - 9.ª classe Salvador Matavele

Maria Clara Rombe

Longman

Biologia - 10.ª classe Salvador Matavele

Maria Clara Rombe

Longman

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Fazer a escolha do livro didáctico proposto pelo Ministério da Educação é uma acção

voluntaria do professor no sentido de proporcionar aos seus alunos um recurso didáctico

impresso que obedece os inúmeros critérios pré-estabelecidos e avaliações supervisionadas

pelo Ministério da Educação. Porém, o presente estudo faz pesquisa relacionada com os

livros recomendados pelo Ministério da Educação.

3.4. Técnicas de recolha de conteúdos da história da biologia

Para a recolha de informações foi necessário usar a Lista de verificação da história da ciência

em manuais escolares, que é, segundo (LEITE, 2002), uma lista já categorizada de modo a

facilitar a análise de conteúdos da pesquisa. Com essa Lista de verificação da historia da

biologia analisou-se a vida dos cientistas, como está apresentada a evolução da ciência dos

conteúdos da historia da biologia nos livros escolares, o tipo de material utilizado para

apresentar a informação histórica, a exactidão e precisão da informação histórica nos livros

escolares, o estatuto do conteúdo histórico, as actividades de aprendizagem que abordam a

historia da ciência, consistência interna dos livros escolares no que concerne a historia da

biologia, e se os autores dos livros escolares apresentam bibliografia. O autor deste estudo,

também, elaborou, uma ficha de análise dos conteúdos da história da biologia nos programas

de ensino de biologia do 1.° ciclo. Esta analise foi para certificar, até que ponto, os programas

de ensino de biologia do 1.° ciclo fazem abordagem dos conteúdos da historia da biologia.

De acordo com (RICHARDSON, 1999, pag.240) a categorização pode ser realizada de duas

maneiras. Na primeira, o sistema de categorias é estabelecido previamente e os elementos são

distribuídos da melhor forma possível entre as categorias. Esse tipo de categorização exige do

pesquisador sólidos fundamentos teóricos referentes ao problema em estudo. A segunda, o

sistema de categorias não é dado, resulta da classificação progressiva dos elementos. Pode se

ver a Lista de verificação em anexo.

3.5. Instrumentos de recolha de dados

Os instrumentos utilizados nesta pesquisa para a recolha de dados foram Listas de verificação

de conteúdos da história da biologia (LEITE, 2002) e Ficha de análise de conteúdos do

programa de ensino. Estes instrumentos permitiram identificar o objecto da pesquisa e

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agrupar a natureza do conteúdo da história da biologia que posteriormente serviu de base da

análise e interpretação de resultados.

A Lista de verificação de conteúdos da história da biologia tem três páginas, e está

categorizada consoante o tipo da história da biologia a pesquisar.

A Ficha de análise de conteúdos de programa curricular apresenta todas as unidades

didácticas das classes envolvidas na pesquisa. Como pode se ver o protótipo na tabela n.º 3.

Tabela 3 Ficha de análise de conteúdos da história da biologia no programa de ensino

Programa da

Classe

Conteúdos

Cont.

Exap.

NA

Exhb.

Bib.

Plano temático

Unidade 1

Unidade 2

Unidade 3

Unidade 4

Unidade 5

Apesar de ter elaborado e utilizado neste estudo, a ficha de analise de conteúdos da historia

da biologia no programa de ensino. Este instrumento, não foi validado, por se tratar de um

tipo de pesquisa recente, ainda para Moçambique. Isso levou a dificuldades no encontro de

elementos de validação da ficha de análise.

3.6. Análise de conteúdo

O Berelson (1952, p.13) apud Gil (1999, p.165) define análise de conteúdo como:

“uma técnica de investigação que, através de uma descrição objectiva, sistemática e

quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por finalidade a

interpretação destas mesmas comunicações”.

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter,

através de procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens,

indicadores (quantitativos ou não) que permitam inferir conhecimentos relativos às condições

de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens (BARDIN, 1979:31 apud

RICHARDSON, 1999:223).

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Como se pode depreender a partir de Berelson (1952) ao Bardin (1979), a técnica de análise

de conteúdos cingia-se a comunicações produzidas pelos meios de comunicações de massas.

Actualmente, o ensino usa a mesma técnica para analisar conteúdos de livros didácticos.

Concretamente, para o presente estudo, a análise de conteúdos da história da biologia

consistiu na verificação de todas unidades didácticas dos livros envolvidos no estudo, através

de uma Lista de verificação, (LEITE, 2002), vide o anexo.

A análise das unidades didácticas dos livros escolares baseou-se, na vida do cientista, a sua,

biografia, características pessoas e episódios que tenha acontecido com ele, e se o livro

escolar apresenta esta matéria.

Quanto a evolução da ciência analisou-se os conteúdos didácticos dos livros a referência da

descoberta científica ou alguma ideia histórica, se os conteúdos fazem uma descrição da

descoberta científica, a forma de abordagem de conteúdos da história da biologia se é linear

ou não, a exploração dos conteúdos da história ao longo das unidades didácticas, os autores

responsáveis da descoberta cientifica dos conteúdos.

A análise dos materiais utilizados para apresentar a informação histórica, verificou-se as

unidades dos livros escolares se apresenta fotografias de cientistas, fotografias de máquinas

ou equipamento laboratorial descobertos pelos cientistas, documentos/textos originais

produzidos/escritos pelos cientistas, a presença de experiencias realizadas ou atribuídas aos

cientistas, a natureza das fontes apresentados nos livros.

Quanto a exactidão e precisão da informação histórica, contexto da informação histórica

relatada, se a informação histórica presente nos livros escolares esta relacionada com o

conhecimento científico disponível, a informação histórica relacionasse com a tecnologia

disponível, a informação histórica relacionasse com as condições de vida da época,

informação histórica relacionada com a política da época, informação histórica relacionada

com as convicções religiosas da época.

Verificação do estatuto do conteúdo histórico, analisou-se o papel do conteúdo histórico no

ensino e aprendizagem, se ele é fundamental ou complementar e a população alvo para todos

alunos, melhores alunos ou alunos voluntários.

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A análise de actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência, verificou-se nas

unidades didácticas o estatuto das actividades, se são obrigatórias ou livre, o nível das

actividades e o tipo de actividades que tem que ser feitas pelos alunos.

Quanto a consistência interna do livro, analisou-se a informação história dos livros em

estudo, se é homogénea ou heterogénea.

No último “item” da lista de verificação da história da ciência em manuais escolares

analisou-se a bibliografia sobre os conteúdos da história da biologia, se os autores dos livros

escolares indicam nas unidades didácticas a bibliografia consultada na apresentação dos

conteúdos.

No que concerne, a análise da história da biologia, nos programas de ensino de biologia do

1.° ciclo o autor elaborou uma ficha de verificação para os programas das classes em estudo,

vide o apêndice.

A análise consistiu na verificação se o programa de ensino apresenta conteúdos que abordam

a história da biologia e como deve ser abordada.

3.7.Parâmetros da pesquisa

O parâmetro de pesquisa é um indicador quantitativo ou qualitativo que consiste em utilizar

como parâmetro o emprego de critérios a pesquisa. Por exemplo, critérios para identificar

com intensidade os conceitos. Os parâmetros propostos para este estudo são os seguintes:

A inserção da história da biologia nos Programas curriculares e livros escolares de

biologia da 8.ª à 10.ª classe;

Comparação de conteúdos da história da biologia nos livros escolares de biologia da

8.ª à 10.ª classe;

Possibilidade de sugerir abordagem de conteúdos da história da biologia nos

Programas curriculares e livros escolares de biologia da 8.ª à 10.ª classe.

De acordo com Fazenda et al. (2004, pág. 44) apud Mucaca (2013, pag.26), o essencial é que

para a elaboração dos parâmetros de pesquisa faz-se necessária uma leitura exaustiva das

anotações até chegar ao que Michelat (1980) apud Fazenda (op. cit) chamou de

“impregnação” do seu conteúdo. Nestas leituras sucessivas vão aparecendo as dimensões

mais evidentes, os elementos mais significativos, as expressões e as tendências mais

relevantes.

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Os parâmetros utilizados na análise dos programas de ensino de biologia e livros escolares do

1.° ciclo foram:

Conteúdo – consistiu na verificação no programa de ensino o número de vezes que,

as unidades didácticas apresentam a história da biologia e o nível de abrangência nos

livros escolares;

Extensão e aprofundamento – baseou-se na análise da extensão e o nível de

aprofundamento de conteúdos da história da biologia;

Número de aulas - consistiu na verificação de números de aulas que os programas de

ensinos de biologia do 1.° ciclo apresentam os conteúdos da história da biologia;

Exercícios da história da biologia – visaram analisar os exercícios que os livros

escolares apresentam como uma réplica de experiencias descobertas pelos cientistas;

Bibliografia da história da ciência - consistiu na verificação da fonte bibliográfica

citada nos textos dos livros escolares que apresentam conteúdos da história da

biologia.

3.8. Objectividade

A objectividade baseou-se no cumprimento das normas predefinidas nos objectivos da

pesquisa e a descrição precisa dos conteúdos da história da biologia nos livros escolares do

ensino secundário geral do 1.° ciclo. Neste contexto, cumpriu-se com a homogeneidade na

análise dos conteúdos dos livros seleccionados, exaustividade na análise das unidades que

compõem os conteúdos dos livros. De acordo com Richardson, (1999:223) objectividade

refere-se à explicitação das regras e dos procedimentos utilizados em cada etapa da análise de

conteúdos.

3.8.1. Observação sistemática

Esta técnica baseou-se da análise dos conteúdos da história da biologia no livro escolar e

programa curricular do ESG1, a partir das fichas de verificação, pode-se ver em anexo e o

apêndice.

A observação sistemática consistiu na análise e agrupamento dos elementos preestabelecidos

para responder os propósitos deste estudo. Para o caso da ficha de análise do programa

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34

curricular, foi necessário agrupar os conteúdos em unidades didácticas das 8ª a 10ª classes,

depois fazer a observação. Enquanto, a observação dos conteúdos do livro escolar não foi

necessário a elaboração, visto que, existe uma ficha (LEITE, 2002), que respondeu

cabalmente os objectivos estabelecidos nesta pesquisa.

3.8.2.Inferência

A inferência permite a passagem da descrição à interpretação, enquanto atribuição de sentido

às características do material que foram levantadas, enumeradas e organizadas (VALA, 2003:

104 apud SILVA & PINTO). Enquanto, (GIL, 1999:165) a firma o tratamento de dados, a

inferência e a interpretação, objectivam tornar os dados validos e significativos.

Neste caso, à medida que a analise do conteúdo foi realizado e as informações obtidas

chegou-se a amplas generalizações, que se podem ver, mais adiante.

3.9. Análise e interpretação dos resultados

A técnica de análise consistiu no levantamento de toda informação sobre conteúdos da

história da biologia, no livro escolar e programa curricular de Biologia do ESG1. O objectivo

desta análise foi de focar-se na essência da pesquisa, que são os conteúdos da história da

biologia. Durante a análise, foi utilizado o programa informático Microsoft Office Word para

a compilação dos resultados. A análise socorreu-se da pesquisa bibliográfica, assim, os dados

obtidos ajudam a determinar e analisar os parâmetros previstos para esta pesquisa.

Interpretação de resultados incidiu de uma forma geral das críticas efectuadas aos dados

recolhidos nos livros escolares e programa curricular do ESG1. Com a confrontação de fontes

bibliográficas chegou-se a algumas generalizações e conclusões.

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35

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo encontram-se os resultados da análise feita aos programas de ensino e livros

escolares de Biologia, do 1.° ciclo, com a finalidade de responder as questões previamente

colocadas para esta pesquisa.

Tabela 4 Análise do programa de ensino da 8.ª Classe

Programa da 8.ª

Classe

Conteúdos

Cont.

Exap.

NA

Exhb.

Bib.

Plano temático

Unidade 1: Biologia como

Unidade 2: Sistema ósseo

muscular do Homem

Unidade 3: Metabolismo no

organismo humano

Unidade 4: Sensibilidade e

Regulação

Unidade 5: Reprodução e Saúde

Sexual

4.1. Resultados da análise do programa de ensino da 8.ª classe

Ao analisar os conteúdos do Programa de Biologia da 8.ª classe, constata-se que das cinco

unidades didácticas, como ilustra a tabela 4, não existe alguma unidade que trata da história

da biologia, muito menos as sugestões metodológicas para os professores que leccionam

nesta classe. Contudo, tratando-se de uma classe onde o professor lecciona pela primeira vez

a disciplina de Biologia, seria pertinente a inclusão da respectiva história da biologia, o que

permitiria maior familiarização da disciplina com o professor, reconhecendo que existe um

certo défice na formação de professores moçambicanos do ensino secundário, nos conteúdos

da história da biologia. De acordo com Matthews apud Prestes & Caldeira, (2009:3) existe

razões favoráveis a inclusão de componente histórico nos programas curricular de ciência:

1.A História promove melhor compreensão dos conceitos científicos e métodos.

2.Abordagens históricas conectam o desenvolvimento do pensamento individual com

o desenvolvimento das ideias científicas.

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36

3.A História da Ciência é intrinsecamente valiosa. Episódios importantes da História

da Ciência e Cultura – a revolução científica, o darwinismo, a descoberta da

penicilina etc. – deveriam ser familiares a todo estudante.

4.A História é necessária para entender a natureza da ciência.

5.A História neutraliza o cientificíssimo e dogmatismo que são encontrados

frequentemente nos manuais de ensino de ciências e nas aulas.

6.A História, pelo exame da vida e da época de pesquisadores individuais, humaniza

a matéria científica, tornando-a menos abstracta e mais interessante aos alunos.

7.A História favorece conexões a serem feitas dentro de tópicos e disciplinas

científicas, assim como com outras disciplinas académicas; a história expõe a

natureza integrativa e interdependente das aquisições humanas

Tabela 5 Análise do programa de ensino da 9.ª Classe

Programa da 9.ª Classe

Conteúdos

Cont.

Exap.

NA

Exhb.

Bib.

Plano temático

Unidade 1: Introdução ao estudo

da vida das plantas

Unidade 2: Estudo da célula x x

Unidade 3: Morfologia e

Fisiologia das plantas

Unidade 4: Metabolismo das

Plantas

Unidade 5: Reprodução

Unidade 6: Regulação da vida das

plantas

Unidade 7: Solo

4.1.1. Resultados da análise do programa de ensino da 9ª classe

Ao analisar os conteúdos do Programa de Biologia da 9ª classe, constata-se que das sete

unidades didácticas, existe uma unidade a (segunda), como se pode ver na tabela 5, que trata

a história da biologia. Ainda verifica-se nessa unidade uma tendência de exploração e

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37

aprofundamento da história de Microscopia e descoberta de célula. Contudo, não existem,

número de aulas que o conteúdo deve ser leccionado, propostas de exercícios da história da

biologia, e indicação da bibliografia da história da ciência. Um outro constrangimento, é a

sua abordagem metodológica para os professores que leccionam esta classe. Este facto, deve-

se a formação de professores do ensino secundário, não contemplar conteúdos da história da

biologia. Para Khalick e Lederman (2000), apud Nascimento & Carvalho (2003) “os

programas devem continuar com tentativas (de melhorar as concepções dos estudantes).

Elementos de história e filosofia da ciência e/ou instrução directa sobre a natureza da

ciência são mais efectivos em alcançar este fim do que os que utilizam processos fechados ou

não reflexivos de actividade”.

Tabela 6 Análise do programa de ensino da 10.ª Classe

Programa da

10.ª Classe

Conteúdos

Cont.

Exap.

NA

Exhb.

Bib.

Plano temático

Unidade 1: Base citologica da

hereditariedade

Unidade 2: Genética x

Unidade 3: Evolução

Unidade 4: Ecologia

4.1.2. Resultados da análise do programa de ensino da 10.ª classe

Ao analisar os conteúdos do Programa de Biologia da 10.ª classe, constata-se que das quatro

unidades didácticas, existe uma unidade a (segunda), conforme mostra a tabela 6, que trata da

história da biologia. Contudo, o programa não apresenta o número de aulas que devem ser

leccionados, não apresenta propostas de exercícios do conteúdo da história da biologia e

também não indica a bibliografia da história da ciência e muito menos da extensão e

aprofundamento da história da biologia. Um dos constrangimentos, é a sua abordagem

metodológica para os professores que leccionam nesta classe. Este facto, deve-se a formação

de professores do ensino secundário, não contemplar os conteúdos da história da biologia. De

acordo com Gil-Pérez et al. (2001 e 1993) apud Nascimento & Carvalho (2003) não há um

método científico fechado, o que vai contra uma visão rígida da ciência, que apresenta no

ensino o “Método Científico” como um conjunto de etapas mecânicas.

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4.2. Análise do livro da 8.ª classe

Para análise da história da biologia nos livros escolares usou-se lista de verificação (LEITE,

2002).

Unidade 1: Biologia como ciência

Cientistas

Dados biográficos

Aristóteles (384 a.C.-322 a.C)

Leonardo da Vinci

Evolução da ciência

Referência a descoberta científica

O homem primitivo preocupava-se muito em saber como era o funcionamento do seu corpo e

do mundo que o cercava. Avançou nos seus conhecimentos, mas seria Aristóteles (384 a.C.-

322 a.C) o primeiro a escrever sobre Biologia.

Referência a alguns momentos históricos

A Biologia, após a morte de Aristóteles, «adormeceu», os seus estudos não foram

continuados e as pesquisas quase pararam. Tudo recomeçou com o período da Renascença no

Século XIV. Vários pintores e escultores dessa época pretendiam entender a anatomia

humana para poder retrata-la com perfeição nas suas obras. De entre esses destaca-se

Leonardo da Vinci.

Materiais utilizados para apresentar a informação

Textos elaborados pelos autores de manuais

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Informação histórica relacionada com o conhecimento científico disponível

Informação histórica relacionada com as condições de vida e com os valores reconhecidos na

época.

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

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39

Voluntários (quando os autores consideram ser opcional ou o colocam em caixas destacadas

do texto principal)

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Heterogenia

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 2: O Sistema ósseo - muscular

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 3: Metabolismo no organismo humano

Cientistas

Karl Landsteiner

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

No inicio do século XX, entre 1900-1901, um cientista austríaco fez experiencia para

determinar se havia diferença no sangue.

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40

Materiais utilizados para apresentar a informação

Fontes secundárias

Textos elaborados pelos autores de manuais

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Cientifico (informação histórica relacionada com o conhecimento cientifico disponível e/ou

em falta)

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Secções sobre a história da ciência, em alguns capítulos

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 4: Sensibilidade e regulação

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

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41

Unidade 5:Reprodução e saúde sexual

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

4.2.1. Resultados obtidos da análise do livro da 8.ª classe

O livro escolar analisado, 8.ª classe, quase não apresenta textos relacionados à temática

história da biologia. Contudo, tratando-se de uma classe onde o aluno aprende pela primeira

vez a disciplina, seria pertinente a inclusão da respectiva história da biologia, o que permitiria

o aluno maior familiarização da disciplina e diminuição acentuada da abstracção dos

conteúdos.

Através da ficha de análise, o tópico Cientistas apresentou no decorrer da análise do livro

uma identificação do cientista, através de seus dados biográficos. Os textos apresentam o

nome, a data de nascimento, a data de falecimento do cientista. De acordo com Batista et. al

(s/d:7) os dados biográficos contribuem para a desmistificação de que a ciência é realizada

por génios, acima da condição humana e reforça que o cientista é humano, e que portanto,

nasce, tem infância, … deixa contribuições e, um dia, morre.

Um ponto que merece destaque é o papel que os textos relacionados à temática história da

ciência ocupam no livro escolar. Nesta análise constatou-se que os textos, frequentemente se

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42

encontram como complementares, na forma de notas, “boxes” ou leituras especiais, no caso

do livro da editora Longman, isso pode tornar o texto há uma leitura de segundo plano, ou

seja, esse texto vai ganhar prestígio se o professor enfatizá-lo e valorizá-lo em suas aulas ou

se o aluno por si só tiver curiosidade de ler.

Com os resultados da análise conclui-se que o livro escolar da 8ª classe, no que se refere à

temática História da Biologia, é incipiente. A aprendizagem do aluno que se deter apenas ao

livro escolar como fonte de pesquisa terá pelo menos uma imagem distorcida de como se

desenvolve a ciência e de quem a produz, dado que o livro da 8ª classe de modo geral, não

trabalha a perspectiva histórica dos conteúdos e quando trabalha a parte histórica é de forma

subtil.

4.2.2.Análise do livro da 9.ª classe

Unidade 1:Introdução a vida das plantas

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 2:Estudo da célula

Cientistas

Vida dos cientistas

Hans Jansen 1595

Zacharias Jansen

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Antony Van Leeuwenhoek

Robert Hooke

Mathias Schleiden

Theodor Schwann

Ernst Ruska

Evolução da ciência

Referência a descoberta científica

O crédito pela invenção do primeiro microscópio, com duas lentes, é dado aos holandeses

Hans Jansen e Zacharias Jansen, pai e filho.

Explora a evolução do conhecimento científico

O crédito pela invenção do primeiro microscópio, com duas lentes, é dado aos holandeses

Hans Jansen e Zacharias Jansen, pai e filho, por volta do ano 1595.

No final do séc. XVII, o cientista holandês Antony Van Leeuwenhoek fez descobertas

significativas, usando simples microscópios com apenas uma lente.

No final do séc. XVII, os microscópios sofreram uma mudança em seu desenho básico.

O séc. XVIII, foi uma época de melhorias nas lentes e microscópios.

No séc. XIX, os fabricantes de microscópios desenvolveram novas técnicas para fabricação

de lentes. Passaram, também, a utilizar espelhos curvos para melhorar a capacidade de foco

desses instrumentos.

Os inúmeros estudos microscópios realizados após a descoberta das células permitiram que,

no séc. XIX, dois cientistas alemães, Mathias Schleidan e Theodor Schwann, apresentassem a

primeira formulação da Teoria Celular.

Materiais utilizados para apresentar a informação

Fontes secundárias

Fotografias de microscópio

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Figura 1: Microscópio óptico simples construído por Antony Van Leeuwenhoek.

Fonte: Müller & Grachane, 2009

Figura 2: Microscópio composto, sec. XVII. Fonte: Müller & Grachane, 2009

Figura 3: Microscópio usado por Robert Hooke era dotado de duas lentes, sendo por isso um

microscópio composto. Fonte: Müller & Grachane, 2009

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Informação histórica relacionada com o conhecimento científico disponível encontra-se na

página principal do manual.

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Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

População alvo

- Todos alunos

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Estatuto das actividades (papel no processo de aprendizagem)

- Obrigatórias (que devem ser feitas por todos alunos)

Tipo de actividade (que tem que ser feito)

- Leituras guiadas (consiste em questões sobre um texto histórico)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Heterogenia

- Capítulos e/ou secções de capitulo sem informação histórica

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 3: Morfologia e fisiologia das Plantas

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

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Unidade 4: Metabolismo das plantas

Cientistas

Dados biográficos

Johann Baptist van Helmont (1577-1644)

Hales (1677-1761)

Jan Ingenhousz (1730-1799)

N.T. de Soussure (1767-1845)

Julius Sachs (1832-1897)

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Aristóteles, afirmou a 2000 anos, as plantas formam-se a partir de húmus

Helmont (1577-1644), afirmou que a árvore nasceu a partir da água absorvida pelas raízes.

Hales em 1727, refutou a ideia de Helmont, afirmou que o ar é era a fonte principal para

alimentação das plantas.

Só depois da descoberta de que o ar é constituído por vários gases, comprovou-se que, para a

formação substancias, a planta absorve não só água, mas também dióxido de carbono do ar.

Sachs, no ano 1862, conseguiu comprovar o amido em folhas expostas à luz.

Materiais utilizados para apresentar a informação

Fontes secundárias (modelo)

Figura 4: Processo de descoberta da fotossíntese, Johann Helmont (1577-1644)

Fonte: Müller & Grachane, 2009

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47

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Informação histórica relacionada com o conhecimento científico disponível encontra-se na

página principal do manual.

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

População alvo

- Todos alunos

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Estatuto das actividades (papel no processo de aprendizagem)

- Obrigatórias (que devem ser feitas por todos alunos)

Tipo de actividade (que tem que ser feito)

- Réplica de experiência histórica pelos alunos (experiencia sobre comprovação do amido nas

folhas)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

- Capítulos e/ou secções de capitulo sem informação histórica

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 5: Reprodução

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Page 48: Análise da Inserção de Conteúdos da História da Biologia ...upnampula.up.ac.mz/pos-graduacao/images/documentos/Disertacoes/... · Robert Hooke na criação de microscópio óptico

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Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 6: Regulação da vida das plantas

Cientistas

Nome

Kurosawa

Evolução da ciência

Referência a descoberta científica

Em 1926, o botânico japonês Kurosawa, observou plantas de arroz parasitadas pelo fungo

Giberella fujikuroi.

Tais plantas mostraram também um crescimento exagerado. O isolamento desse novo factor

estimulante de crescimento, chamado giberelina.

Materiais utilizados para apresentar a informação

Fontes secundárias (modelo)

Figura 5: Acção das giberelinas no alongamento dos entrenós.

Fonte: Müller & Grachane, 2009

1. Planta sem tratamento

2. Planta depois de tratada

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Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Informação histórica relacionada com o conhecimento científico disponível encontra-se na

página principal do manual.

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

População alvo

- Todos alunos

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Estatuto das actividades (papel no processo de aprendizagem)

- Obrigatórias (que devem ser feitas por todos alunos)

Tipo de actividade (que tem que ser feito)

- Réplica de experiência histórica pelos alunos (experiencia sobre acção das giberelinas no

alongamento dos entrenos)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

- Capítulos e/ou secções de capitulo sem informação histórica

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 7: Solo

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Estatuto do conteúdo histórico

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Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

4.2.3. Resultados obtidos da análise do livro da 9.ª classe

De forma geral o livro da 9.ª classe, apresenta conteúdos sobre História da Biologia em três

unidades didácticas. Em seguida, as restantes unidades: um, três, cinco e sete não apresentam

a matéria da História da Biologia em seus textos.

Através da ficha de análise, o tópico (1) cientistas na segunda unidade do livro, só apresenta

nomes e data de nascimento de único cientista. Na quarta unidade apresenta nomes e data de

nascimento e falecimento dos cientistas e enquanto, na sexta unidade apresenta único nome

do cientista. Os textos que apresentam o nome, a data de nascimento, a data de falecimento

reforça a ideia que o cientista é humano, nasce e um dia, morre.

No tópico (2) evolução da ciência na segunda unidade do livro, o texto apresenta uma

exploração da evolução do conhecimento científico. Na unidade quatro e sexta unidade

didáctica, os textos apresentam uma exploração da evolução do conhecimento científico e

identifica o trabalho dos cientistas.

Face ao tópico (3), quanto aos materiais utilizados para apresentar a informação histórica

na segunda unidade, o texto não apresenta fotografia de num cientista, também é óbvio,

Robert Hooke não deixou retrato, mas outros cientistas como é o caso de Antony van

Leeuwenhoek e Ernest Ruska. Mas, o texto da unidade dois, representa através de fontes

secundárias modelos de microscópios descobertos por cientistas. Na unidade quatro, texto

representa somente fotografia de uma experiencia realizado por um cientista, um conteúdo

estudado desde o tempo de Aristóteles por vários cientistas. Na sexta unidade o texto

representa fotografia da experiencia realizada pelo cientista.

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51

No tópico (4), exactidão e precisão da informação histórico contexto da informação

histórica relatada a unidade dois, quatro e seis aborda informação histórica relacionada com

o conhecimento disponível e não faz alusão da informação histórica relacionada com a

tecnologia disponível, social da época, política da época e religioso da época. No tópico (5),

estatuto do conteúdo histórico o texto do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem é

fundamental e a população alvo são todos os alunos. No tópico (6), actividades de

aprendizagem que abordam a história da ciência, o texto apresenta actividades no papel de

processo de aprendizagem obrigatórias e o tipo de actividade a ser feito são leituras guiadas.

Na unidade quatro e seis, o tipo de actividade a ser feito é réplica de experiência histórica

pelos alunos (experiencia sobre comprovação do amido nas folhas e experiencia sobre acção

das giberelinas no alongamento dos entrenos).

No tópico (7), para unidade didáctica dois, quatro e seis a consistência interna do livro no

diz respeito quanto a informação histórica ao longo das unidades é heterogenia porque

encontram-se unidades sem informação histórica, e no tópico (8), bibliografia sobre historia

da ciência o texto não faz referencia a bibliografia da informação histórica, tanto na unidade

dois, quatro e seis.

O resultado encontrado na análise sugere que o objectivo do emprego da História da Biologia

no ensino não é atingido como recomenda Martins (1998, p.18) citado por Batista, et.al: (...)

O estudo da história da ciência deve evitar que se adopte uma visão ingénua (ou arrogante)

da ciência, como sendo a verdade ou aquilo que foi aprovado, alguma coisa de eterno e

imutável, construída por génios que nunca cometem erros (...).

Além disso, o livro aqui analisado, apresenta diversas incoerências da História da Biologia

omite dados biográficos dos cientistas, em alguns casos não indica a nacionalidade dos

cientistas. Nas unidades do livro em estudo, onde não se verifica a História da Biologia, faz

perpassar uma falsa imagem dos autores do livro ao aluno sobre o conteúdo científico.

Os autores do livro destinado ao ensino costumam a criar uma sequência de conteúdos por

grau de dificuldade, caracterizando uma forma linear do conhecimento que acaba omitindo,

na maioria das vezes, o momento histórico que levou determinado assunto a ser estudado e

por quem foi estudado. É importante que o aluno tenha clareza sobre o momento histórico

que está vivenciando e o momento histórico que proporcionou seu estar neste momento e

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52

nessas condições de existir enquanto ser social. Segundo Peduzzi (2001, p.156) citado por

Batista et. al : Não há dúvidas de que os livros, textos e a sala de aula, para não falar da

própria estrutura curricular, têm negligenciado o valor didáctico da História da Ciência.

4.2.4. Análise do livro da 10.ª classe

Unidade 1: Base citológica da hereditariedade

Cientistas

Nome

Robert Hooke

Miesher

Altman

James Watson

Francis Crick

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

As células foram descobertas em 1665.

Não explora a evolução do conhecimento científico

Referência a alguns momentos históricos não relacionados entre si

Em 1869, extraiu-se dos núcleos uma nova substancia química que se denomina nucleina

Em 1899, atribui-se a esta substancia o nome de ácido nucleico.

O ADN tem a forma de escadote enrolado, ou seja, de uma dupla hélice, proposta na década

50.

Materiais utilizados para apresentar a informação

Fontes secundárias

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53

Figura 6: Watson e Crick perante a maquete do modelo original de dupla hélice.

Fonte: Farooq, 2010

Textos elaborados pelos autores de manuais

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Informação histórica relacionada com o conhecimento científico disponível encontra-se na

página principal do manual.

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

População alvo

- Todos alunos

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Estatuto das actividades (papel no processo de aprendizagem)

- Obrigatórias (que devem ser feitas por todos alunos)

Tipo de actividade (que tem que ser feito)

- Leituras guiadas (consiste em questões sobre um texto histórico)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Heterogenia (muda o tipo e a forma de integrar informação histórica ao longo dos capítulos)

Capítulos historicamente organizados

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

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54

Unidade 2: Genética

Cientistas

Dados biográficos

Gregor Johann Mendel (1822-1884)

Evolução da ciência

Referência a descoberta científica

Desde os tempos de Mendel existiam muitas variedades disponíveis, dotadas de

características de fácil comparação.

Materiais utilizados para apresentar a informação

Experiências históricas (experiências um dia realizadas pelo cientista)

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Informação histórica relacionada com o conhecimento científico disponível encontra-se na

página principal do manual.

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

População alvo

- Todos alunos

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Estatuto das actividades (papel no processo de aprendizagem)

- Obrigatórias (que devem ser feitas por todos alunos)

Tipo de actividade (que tem que ser feito)

- Leituras guiadas (consiste em questões sobre um texto histórico)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Heterogenia (muda o tipo e a forma de integrar informação histórica ao longo dos capítulos)

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55

Capítulos historicamente organizados

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 3: Evolução

Cientistas

Dados biográficos

Aristóteles (384 a.C.-322 a.C)

Aleksander Oparim

F. Redi

Stanley Miller

Cuvier

Louis Pausteur (1822-1895)

Lamark

Charles Robert Darwin (1809-1882)

Alfred Russel Wallace

Evolução da ciência

Referência a descoberta científica

A vida pode ter surgido espontaneamente sobre o planeta terra, através da evolução química

de substâncias não vivas.

A vida era o resultado da interacção entre um “ princípio activo” e um “ princípio passivo”,

podendo brotar espontaneamente em qualquer momento.

Todo ser vivo provém de outro pré-existente

A diversidade no mundo vivo tem como origem fundamental a variação genética, fruto dos

processos de mutação e combinação genica.

Pessoas responsáveis

Trabalho individual do cientista

Materiais utilizados para apresentar a informação

Fontes secundárias

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56

Fotografia do cientista

Figura 7:A. Oparim. Fonte: Farooq, 2010

Figura 8: Stanley Miller. Fonte: Farooq, 2010

Figura 9:Louis Pasteur (1822-1895). Fonte: Farooq, 2010

Figura 10: Charles R. Darwin (1809-1882). Fonte: Farooq, 2010

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57

Fotografia de equipamento laboratorial

Figura 11: Experiencias de Pasteur. Fonte: Farooq, 2008

Modelos

Figura 12: Ichthyostega, fóssil de transição entre peixe e anfíbios. Fonte: Farooq, 2008

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Informação histórica relacionada com o conhecimento científico disponível encontra-se na

página principal do manual.

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

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População alvo

- Todos alunos

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Estatuto das actividades (papel no processo de aprendizagem)

- Obrigatórias (que devem ser feitas por todos alunos)

Tipo de actividade (que tem que ser feito)

- Leituras guiadas (consiste em questões sobre um texto histórico)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Heterogénea (muda o tipo e a forma de integrar informação histórica ao longo dos capítulos)

Capítulos historicamente organizados

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

Unidade 4:Ecologia

Cientistas

Evolução da ciência

Referencia a descoberta científica

Materiais utilizados para apresentar a informação

Exactidão e precisão da informação histórica

Contexto da informação histórica relatada

Estatuto do conteúdo histórico

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

Actividades de aprendizagem que abordam a história da ciência (os alunos fazem

mais do que apenas ler)

Consistência interna do livro (no que diz respeito à informação histórica)

Bibliografia sobre história da ciência

Neste item não se encontra no texto os livros de ciência com informações históricas citados.

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59

4.2.5. Resultados obtidos da análise do livro da 10.ª classe

O livro da 10.ª classe, apresenta conteúdos relacionados a História da Biologia nas unidades:

um, dois e três, num total de quatro unidades que compõem os conteúdos da 10ª classe, a

última unidade, a quarta, não apresenta conteúdos sobre a história da biologia em seus textos.

Através da ficha de análise, o tópico (1) cientistas na primeira unidade do livro, apresenta

nomes dos cientistas. Na segunda unidade apresenta nome, data de nascimento e falecimento

do cientista e na terceira unidade, apresenta alguns nomes dos cientistas com apenas único

nome, alguns com o nome, data de nascimento e a data de falecimento e outros com nomes

completos sem data de nascimento, também, foram raros os textos que apresentaram a

instituição frequentada pelos cientistas, propiciando aos estudantes, criar uma imagem

distorcida do cientista quanto a sua dedicação aos estudos e pesquisas. Esse ponto negativo

pode levar os alunos a terem a imagem do cientista como um homem iluminado.

No tópico (2) evolução da ciência na primeira unidade do livro, o texto não explora a

evolução do conhecimento científico e referência a alguns momentos históricos não estão

relacionados entre si. Na segunda e terceira unidade didáctica, os textos apresentam uma

exploração da evolução do conhecimento científico e identifica o trabalho do cientista.

Face ao tópico (3), quanto aos materiais utilizados para apresentar a informação histórica

na primeira unidade, o texto apresenta fotografia dos cientistas. Mas, o texto da unidade dois

apresenta experiencia realizada pelo cientista. Na unidade três, o texto apresenta fotografia de

alguns cientistas, fotografia de equipamento laboratorial e modelo de Ichthyostega.

No tópico (4), exactidão e precisão da informação histórica contexto da informação

histórica relatada a unidade um, dois e três aborda informação histórica relacionada com o

conhecimento científico disponível encontra-se na página principal do manual e não faz

alusão da informação histórica relacionada com a tecnologia disponível, social da época,

política da época e religioso da época. No tópico (5), a unidade um, dois e três estatuto do

conteúdo histórico o texto do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem é fundamental

e a população alvo são todos os alunos. No tópico (6), actividades de aprendizagem que

abordam a história da ciência, o texto na unidade um, apresenta actividades no papel de

processo de aprendizagem obrigatórias e o tipo de actividade a ser feito são leituras guiadas.

Na unidade dois, o tipo de actividade a ser feito é réplica de experiência histórica pelos

alunos (experiência da Lei da uniformidade dos híbridos da 1ª geração). Enquanto, na

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60

unidade três, o tipo de actividade a ser feito é réplica de experiência histórica pelos alunos

(experiencia de Pasteur).

No tópico (7), para unidade didáctica um, dois e três a consistência interna do livro no diz

respeito quanto a informação histórica ao longo das unidades é heterogenia porque

encontram-se unidades sem informação histórica, e no tópico (8), bibliografia sobre historia

da ciência o texto não faz referencia a bibliografia da informação histórica, tanto na unidade

um, dois e três.

O resultado encontrado na análise demonstra uma tendência um pouco mais de abordagem da

História da Biologia no livro da 10ª classe. Mas, há que salientar algumas incoerências da

História da Biologia tratada nesta classe. Verificou-se a omissão de dados biográficos dos

cientistas, em alguns casos não indica a nacionalidade dos cientistas, não existe uma devida

exploração da evolução do conteúdo histórico.

O autor do livro não indica o momento histórico que levou determinado assunto a ser

estudado e por quem foi estudado. É importante que o aluno tenha clareza sobre o momento

histórico que está vivenciando e o momento histórico que proporcionou seu estar neste

momento e nessas condições de existir enquanto ser social. O Matthews (1995) citado por

Batista et. al, ao falar da tendência actual de reaproximação entre a história, a filosofia e o

ensino de ciências, faz um panorama de como a História e Filosofia da Ciência estão

presentes em vários segmentos do ensino. Nesta pesquisa, há que destacar alguns pontos

positivos para a empregabilidade da história da ciência no ensino de biologia, entre eles:

1- Motiva e atrai os alunos, humaniza a matéria;

2- Promove uma compreensão melhor dos conceitos científicos por traçar seu

desenvolvimento e aperfeiçoamento;

3- Demonstra que a ciência é mutável e instável e que, por isso, o pensamento científico

actual está sujeito a transformações.

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61

4.3. Comparação de conteúdos da História da Biologia, de duas editoras que produzem

livros escolares recomendáveis pelo Ministério da Educação

Tabela 7 Comparação de conteúdos da História da Biologia nos livros da 8.ªclasse

Livros Classe

analisada

Característica de conteúdo Texto editora Editora Longman 8.ªclasse

Vida dos

cientistas

Dados biográficos

Unidade I: citação

de nomes de

cientistas

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Características pessoais

Episódios /anedotas

Famoso/génios

Característica comum

Evolução da

ciência

Descobertas científicas Unidade I: presente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Descrição das etapas

Descrição linear

Evolução do conhecimento

Materiais

utilizados para

apresentar a

informação

histórica

Fotografias de cientistas

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Presente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Fotografias de máquinas

Textos originais

Fontes secundárias

Textos elaborados pelos

autores de manuais

Actividades de

aprendizagem

que abordam a

historia da

ciência

Ausente Ausente O livro da

Longman

apresenta na

Introdução,

historia da

biologia.

Consistência

interna do livro

(no que diz

respeito à

informação

histórica)

Ausente Ausente

Bibliografia

sobre história

da ciência

Ausente Ausente

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62

Tabela 8 Comparação de conteúdos da História da Biologia nos livros da 9.ªclasse

Livros Classe

analisada

Característica de conteúdo Texto editora Editora Longman 9.ªclasse

Vida dos

cientistas

Dados biográficos

Unidade II,VI: Presente

nomes de cientistas

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Unidade I, II:

Presente o nome do

cientista, data de

nascimento e morte

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Características pessoais

Episódios /anedotas

Famoso/génios

Característica comum

Evolução da

ciência

Descobertas científicas Unidade II,VI: presente

UnidadeII: presente

Ausente

UnidadeII: presente

Unidade I, II:

presente

Unidade I: Presente

Ausente

Unidade I: Presente

Descrição das etapas

Descrição linear

Evolução do

conhecimento

Materiais

utilizados

para

apresentar a

informação

histórica

Fotografias de cientistas Ausente

UnidadeII: presente

Ausente

Ausente

Presente

Unidade I, II:

Presente

Unidade II: Presente

Ausente

Ausente

Presente

Fotografias de máquinas

Textos originais

Fontes secundárias

Textos elaborados pelos

autores de manuais

Actividades

de

aprendizagem

que abordam

a historia da

ciência

Unidade VI: presente

Unidade I:

Respiração das

plantas

Unidade II:

Microscopia e

descoberta da célula:

Consistência

interna do

livro (no que

diz respeito à

informação

histórica)

Ausente Ausente

Bibliografia

sobre história

da ciência

Ausente Ausente

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63

Tabela 9 Comparação de conteúdos da História da Biologia nos livros da 10.ªclasse

Livros Classe

analisada

Característica de conteúdo Texto editora Editora Longman 10.ªclasse

Dados biográficos

Unidade I,III: nome

dos cientista; unidade

II: biografia presente

Unidade II: presente

Ausente

Ausente

Unidade II: presente

Unidade I: nomes dos

cientistas; Unidade

II,III: Presente data

de nascimento e

morte

Ausente

Ausente

Ausente

Ausente

Características

pessoais

Episódios /anedotas

Famoso/génios

Característica comum

Evolução da

ciência

Descobertas

científicas

Unidade II: presente

Unidade II: presente

Ausente

Unidade II: presente

Unidade I: Ausente

Unidade III: Presente

Ausente

Ausente

Descrição das etapas

Descrição linear

Evolução do

conhecimento

Materiais

utilizados para

apresentar a

informação

histórica

Fotografias de

cientistas

Unidade III: presente

Unidade III: presente

Ausente

Ausente

Presente

Unidade I,II e III:

Presente

Unidade III: Presente

Ausente

Ausente

Presente

Fotografias de

máquinas

Textos originais

Fontes secundárias

Textos elaborados

pelos autores de

manuais

Actividades de

aprendizagem que

abordam a historia

da ciência

Unidade III: presente Unidade III: Presente

Consistência

interna do livro

(no que diz

respeito à

informação

histórica)

Ausente Ausente

Bibliografia sobre

história da ciência

Ausente Ausente

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64

4.4.Excerto de sugestão de inserção da História da Biologia no Programa curricular e

livro escolar da 9.ª classe

Tabela 10 Sugestão de inserção na Unidade 2: Estudo da célula, Programa da 9.ª classe

Unidade

Temática

Objectivos

O aluno deve ser

capaz de:

Conteúdos Competências o

aluno:

Tempo

Estudo da

célula

Familiarizar-se

com aspectos

históricos na

disciplina de

Biologia;

Microscopia e

descoberta da

célula

• História da

descoberta do

microscópio

Enfatizar a vida e

obra de Robert

Hooke e outros

cientistas

Valoriza as

descobertas

científicas;

Humanizar a história

da descoberta da

ciência

1

4.4.1.Sugestão de abordagem de História da Biologia no livro da 9.ª classe: contribuição

de Robert Hooke na criação de microscópio óptico composto e a descoberta de célula

4.4.2.Um breve histórico da vida e obra de Robert Hooke

De acordo (BRITO, 2008. Pp.36-39) Robert Hooke nasceu a 18 de Julho de 1635 em

Freshwater, Ilha de Wight, onde seu pai era clérigo tendo morrido quando Robert tinha

somente 13 anos.

Foi uma criança fraca e doente mas cedo manifestou grande habilidade manual para

construção de brinquedos, para o desenho e para a pintura. Fazia modelos de barcos e chegou

a fazer um relógio de madeira que funcionava. Após a morte do pai entrou para a

Westminster School onde aprendeu latim, grego e hebraico, familiarizando-se com a

geometria euclidiana e outros tópicos matemáticos.

Em 1653 foi enviado para Oxford, continuando os seus estudos e actuando no coro da Christ

Church, obteve o título de mestre em artes nove anos depois, em 1662, aos 28 anos de idade.

Em Oxford, Hooke teve oportunidade de se relacionar com diversos cientistas que apreciaram

a sua grande perícia na concepção e construção de componentes mecânicos. Em 1655

empregou-se ao serviço do físico e químico anglo-irlandês Robert BOYLE (1627-1691), que

aproveitou a sua habilidade na construção da célebre bomba pneumática designada de

“boyliana”.

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65

Hooke começou a interessar-se também pela astronomia e pelo movimento pendular,

realizando experiências com êxito o que o levou a pensar na sua aplicação no problema de

determinação de longitude, o que, nessa época de grandes viagens marítimas, era alvo de

muito interesse.

Em Novembro de 1662, por recomendação de Boyle, Hooke foi nomeado Director de

Experiencias da recém fundada Royal Society of London.

Hooke, afirmou: “O objecto da Royal Society é melhorar o conhecimento das coisas naturais

e de todas as artes úteis, por meio de experiências sem se imiscuir em teologia, metafísica,

moral, política, gramática retórica ou lógica”.

No exercício desse cargo de director de experiências fez novamente uso das suas capacidades

mecânicas e inventivas na criação de aparelhos e instrumentos, reportando periodicamente os

resultados das suas experiências, bem como de observações microscópicas, uma vez que a

partir de 1663 começara a interessar-se também pela microscopia.

Em 1663 Hooke foi eleito “fellow” da referida instituição, sendo nomeado secretário em

1677, por morte de Henry OLDENBURG (1618-1677), que foi quem primeiro ocupou esse

lugar após a fundação da Sociedade. Hooke renunciou ao cargo de secretário em 1683, mas

permaneceu como membro até à morte.

A partir de 1664 exerceu também o cargo de professor de geometria no Gresham College,

uma conceituada instituição científica, onde também pontificavam outros nomes distintos

como o astrónomo e arquitecto Chistopher WREN (1632- -1723) e o matemático Isaac

BARROW (1630- 1677).

Robert Hooke, foi sempre inquieto, atormentado e instável. Trabalhou afincadamente durante

toda a vida, não obstante o estado precário da sua saúde que se agravava continuamente.

Automedicava-se com inúmeros produtos que o envenenavam mais do que curavam. Veio a

falecer, com 68 anos, a 3 de Março de 1703, em Londres.

4.4.3.Microscópio óptico composto criado por Robert Hooke

Em 1664, resultado das suas observações microscópicas, publicou o seu livro

“Micrographia” onde não só descreve o microscópio composto (fig.13) por ele criado, mas

sobretudo faz a descrição das suas descobertas no campo da microscopia.

Sob o ponto de vista técnico, Hooke parece ter introduzido as seguintes inovações no seu

microscópio composto: formato compacto e pequeno tamanho; um poderoso sistema de

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66

iluminação, empregando luz difusa para evitar os fortes reflexos ocasionados pela luz solar

directa; a introdução de uma lente intermediária entre a objectiva e a ocular (posteriormente

denominada “lente de campo”), para aumentar a luminosidade e o campo de visão da

imagem; o sistema de sustentação do microscópio, que permitia movimentos do seu corpo em

qualquer direcção; uma plataforma giratória para colocar as amostras estudadas (MAYALL,

1886, pp. 1007-1010 apud MARTINS, 2011, p.117).

Figura 13: O microscópio composto representado por Hooke na Micrographia.

Fonte: Hooke, 1665 apud Brito, 2008

4.4.4.Estrutura da Cortiça - conceito de “Célula”

Entre a enorme diversidade de observações microscópicas presentes no “Micrographia” é

interessante destacar a da estrutura da cortiça, não só por ser a mais famosa dessas

observações, mas também por ter dado origem à criação de um termo importante da biologia

e da histologia, “ a célula”.

Hooke teve a brilhante intuição de investigar qual a estrutura da cortiça, seccionando

delgadas lâminas desse material e observando-as no seu microscópio (1665).

O que o cientista efectivamente viu foi a estrutura formada pelas membranas dos alvéolos

apresentadas pela cortiça. Hooke reportou também ter observado estrutura similar em outras

plantas e na madeira. Com base nessas observações criou o termo cell (célula) – da palavra

latina que significa pequena cela – para descrever a micro-estrutura dos sistemas biológicos

que ele descobriu a partir da microscopia óptica.

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67

Salientar que, a importância da célula, como unidade funcional de todos os organismos vivos,

só foi definitivamente compreendida no séc. XIX, com a teoria celular do biólogo alemão

Theodor SCHWANN (1810-1882).

Figura 14. Microestrutura da cortiça como observada e desenhada por Hooke, mostrando

claramente os alvéolos a que chamou “células”. Fonte: Brito, 2008

Na referida observação da lâmina de cortiça, Hooke calculou também que uma secção de

cortiça com 1 polegada quadrada (6,25 cm2), poderia conter 1260.000.000 dessas minúsculas

células, a primeira vez que surgiu um número tão elevado na história da Ciência. Poderemos

portanto hoje afirmar, no âmbito da História da Ciência, que deve-se a Hooke a primeira

observação microscópica de um material.

4.5.Excerto de sugestão de inserção da História da Biologia no Programa curricular e

livro escolar da 10.ª classe

Tabela 11 Sugestão de inserção na unidade 3: Evolução, Programa da 10.ª classe

Unidade

Temática

Objectivos

O aluno deve ser

capaz de:

Conteúdos Competências o

aluno:

Tempo

Evolução

Explicar as

teorias de

evolução

Teoria científica da

evolução dos

organismos

Contribuição de

Alfred Russel

Wallace na teoria

da evolução

Valorizar a

história da

evolução de

espécies e os

cientistas

1

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68

4.5.1.Sugestão de abordagem de História da Biologia no livro da 10.ª classe:

contribuição de Alfred Russel Wallace para a teoria da evolução

4.5.2.Um breve histórico da vida e obra de Alfred Russel Wallace

De acordo (MORGANTE, 2013) Alfred Russel Wallace nasceu em Usk, Monmouthshire, em

8 de Janeiro de 1823. Naturalista, biólogo e espírita, foi o oitavo filho de uma família simples

cujo pai, dono de uma livraria, possibilitou-lhe a aproximação com os livros. Por volta de

1835, ainda na adolescência, a família de Wallace deparou-se com uma séria crise financeira,

levando o jovem Alfred a abandonar os estudos e seguir destino a Londres, para trabalhar

com o seu irmão mais velho, John Wallace. Já em Londres, ao conhecer simpatizantes de

Robert Owen e assistindo a este renomado líder trabalhista discursar, tornou-se socialista.

Em 1837, trabalhando em Bedforshire, aprendeu topografia. A partir de então, passou a

interessar-se por outras ciências. Aprendeu geometria, cartografia, botânica, geologia e

astronomia. Em 1841, passou a realizar conferências sobre tecnologia e história natural, nos

institutos de mecânica de Hereford e de Neath, dos quais era associado.

No final de 1843, a firma do irmão de Wallace entrou em crise. Este acontecimento levou

Wallace a tornar-se mestre-escola de desenho, no Collegiate School, de Leicester, ensinando

topografia, inglês e aritmética. Nesta mesma escola, conheceu o naturalista Henry Bates,

coleccionador de insectos e outros exemplares de seres vivos, interessando-se pela actividade

do colega professor. Além disso, teve oportunidade de ler obras importantes da história

natural, além dos relatos das viagens de Humboldt e Darwin. Segundo HORTA (2003), a

leitura de Princípios de geologia foi decisiva para o início da elaboração de sua teoria sobre a

evolução.

Em 1845, com a morte inesperada de William, volta para Neath, a fim de assumir os negócios

deixados por seu irmão, porém não se adaptou a tarefas administrativas. Neste retorno a

Neath, Wallace assumiu o cargo de curador do Museu do Instituto de Filosofia e Literatura

daquela cidade.

Em 1845, Wallace escreve a Bates acerca de um livro de autoria anónima (Robert Chambers

só revelaria sua autoria em 1884), um jornalista e editor escocês bem sucedido e que já havia

falecido denominado Vestígios da criação, que versa sobre a continuidade natural e

progressiva na história dos seres vivos.

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Wallace, o autodidacta mais jovem e fora do ambiente científico vitoriano, leu o livro de

Chambers no final de 1845 e considerou a engenhosa tese apresentada como um desafio para

buscar novos dados que deveriam ser confrontados com aqueles apresentados no livro.

Em fins de 1847, motivados provavelmente pela leitura do livro Willian H. Edward (1822-

1909) “Voyage up the River Amazon”, Wallace, então com 25 anos, e Bates, com 23,

decidiram planejar uma viagem ao Brasil.

Em 26 de Abril de 1848, os dois embarcaram em Liverpool a bordo do navio Mischief para

o Brasil onde desembarcaram em 26 de Maio na cidade do Pará (actual Belém). Chegaram à

Amazónia como entusiasmados estudiosos da história natural. Trabalharam juntos em

colectas e observações por cerca de dois anos na região do baixo Rio Amazonas entre Belém

e Santarém incluindo o Rio Tocantins e chegaram à Barra do Rio Negro (hoje Manaus) em

Dezembro de 1849.

Em 1852, com a saúde abalada, Wallace decidiu voltar para a Inglaterra e teve um retorno

dramático. Em 12 de Julho de 1852 ele embarcou no navio Helen com uma grande

quantidade de material colectado e alguns animais vivos. Em 6 de Agosto, no meio da

viagem (latitude 30°30’N, longitude 52°O) foi detectada fumaça saindo das escotilhas. A

fumaça aumentou, impossibilitando a retirada de qualquer coisa que estava a bordo. A

tripulação abandonou a embarcação e refugiou-se nos botes. Após 10 dias em alto mar, os

náufragos foram resgatados pelo navio Jordeson, procedente de Cuba.

Após dias angustiantes, chegou à Inglaterra em 01 de Outubro de 1852, oitenta dias depois de

ter deixado o Pará. Wallace conseguiu salvar apenas seu relógio, cadernos de anotações e

seus desenhos de palmeiras e peixes. A maioria das notas sobre os hábitos dos animais e os

desenhos dos insectos e a colecção resultante de suas colectas foi perdida.

O impacto da nova teoria de origem das espécies foi modesto, porém determinante para a

mudança da perspectiva sobre a origem da vida, na qual Deus era o único criador de todas as

coisas.

Com o pouco que restou de sua trágica viagem, publicou em 1853, dois livros: “Palm Trees

of the Amazon and Their Uses” (WALLACE, 1853) e “A Narrative of Travels on the

Amazon and Rio Negro”, traduzido como “Viagens pelo Amazonas e rio Negro”.

Em 1854, conseguiu apoio de Sir Roderick Murchison, presidente da Real Sociedade de

Geografia, para uma nova expedição, dessa vez para o Arquipélago Malaio (hoje Malásia,

Indonésia, Timor Leste e Papua-Nova Guiné). Ele chegou a Cingapura em Abril de 1854 e

passou oito anos (1854-1862) explorando as diversas ilhas. Como meio de transporte, utilizou

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diversos tipos de embarcação existentes na região e navegou cerca de 22.000 quilómetros.

Vivia como os nativos e colectou mais de 125 mil espécimes: 310 mamíferos, 100 répteis,

8.050 aves, 7.500 conchas, 13.100 lepidópteros, 83.200 coleópteros e 13.400 outros insectos.

Escreveu um livro sobre seu trabalho e suas experiências “The Malay Archipelago: The Land

of the Orang-utan and Bird of Paradise” (WALLACE, 1869). Essa obra é considerada um

dos melhores livros científicos de viagens do século XIX. Walllace faleceu em Broadstone,

em 07 de Novembro de 1913.

4.5.3. As contribuições de Alfred Russel Wallace para a teoria da evolução

Para (RENESTO, 2009 apud ALVES & FORSBERG, 2009)), citando (WALLACE, 1855) e

seus estudos sobre a origem e distribuição geográfica das espécies, as famílias, os géneros e

as espécies teriam uma origem comum e única, no tempo e no espaço. O clima e as condições

de sobrevivência influenciariam na distribuição das espécies, ou seja, sua abundância ou

raridade, não eliminando alguma característica marcante pré-existente.

A diferenciação de espécies ocorria devido a uma separação geográfica em virtude de

ramificações promovidas entre as espécies, ocasionadas por transformações ou eventos

geológicos.

Para Wallace as espécies, apesar de terem um grande potencial reprodutivo, tinham sua

população controlada pelo acesso ao alimento e a capacidade de evitar predadores. As

modificações ambientais fariam com que as espécies menos aptas e pouco numerosas, assim

como suas espécies parentais mais fracas fossem extintas. Sobreviveriam somente as

variedades superiores, porém estas variedades não poderiam voltar à forma original, dando

origem a novas espécies, superiores as originais. Este processo tornar-se-ia cíclico, dando

origem a outras espécies e criando novas variedades, superiores as espécies pré-existentes.

Renesto (2009) apud Alves & Forsberg (2009).

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5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Neste capítulo apresenta-se alguns aspectos que espelham de forma sumária os resultados

desta pesquisa e os aspectos mais cruciais da sua análise.

5.1. Conclusão

O programa curricular de Biologia do ensino secundário geral do 1.° ciclo tem défice de

conteúdos da História da Biologia.

A História da Biologia inserida nos livros escolares do ensino secundário geral do 1.°

ciclo não é harmoniosa.

Os livros escolares do ensino secundário geral do 1.° ciclo editados pela Textos editora e

Longman apresentam disparidades de conteúdos da História da Biologia nas suas

unidades didácticas.

A História da Biologia apresentada nos livros escolares do ensino secundário geral do 1.°

ciclo devia apresentar a vida social do cientista, a história de descoberta da ciência e

algumas tarefas das experiencias de descobertas cientificas.

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5.2.Recomendações

Ao Ministério da Educação recomenda-se que:

Monitore o Programa curricular e o livro escolar no que concerne a inserção de

conteúdos da historia da biologia no ensino secundário geral do 1.° ciclo;

Avalie a coerência de conteúdos da história da biologia inserida nos livros escolares

do ensino secundário geral do 1.° ciclo;

Controle a inserção de conteúdos nos livros escolares;

Inclua, mais os conteúdos da história da biologia no Programa curricular do ensino

secundário geral do 1.° ciclo.

À Universidade Pedagógica (UP) recomenda-se que:

Leccione a cadeira de história da biologia no curso de licenciatura em ensino de

Biologia com habilitações em Química/ Gestão de Laboratório

Inclua, na formação de professores de biologia e ciências naturais conteúdos da

história da ciência;

Aos estudantes de licenciatura e pós – graduação em ensino de biologia recomenda-se que:

Valorem o processo de aprendizagem a partir da História da Ciência

Realizem pesquisa similar para o ensino secundário geral do 2.° ciclo (ESG2)

Aos pesquisadores da história da biologia recomenda-se que:

Validem a ficha de análise de conteúdos do programa de ensino.

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6. Referências bibliográficas

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MÜLLER, Susan, GRACHANE, António: Biologia 9.ª Classe, Maputo, Texto editores, 2010

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NEVES, Marcos César Danhoni: A história da ciência no ensino de física. Revista Ciência &

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Lisboa, editora Pactor, 2010.

RICHARDSON, R.J. Pesquisa Social. 3.ª.ed.rev.e ampl. São Paulo. Editora Atlas, 1999

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SEQUEIRA, Manuela & LEITE, Laurinda: A história da ciência no ensino – aprendizagem

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SEVERINO, António Joaquim: Metodologia do Trabalho Cientifico. 22ªed.rev.e ampl. de

acordo com a ABNT, São Paulo, Editora cortez, 2002.

SILVA, Augusto Santos & PINTO, José Madureira: Metodologia das ciências sociais, 12.ª

edição, Porto, edições Afrontamento, 2003.

SILVA et al, Clarete Paranhos da; Subsídios para o uso da história das ciências no ensino:

exemplos extraídos das geociências, São Paulo, Ciência & Educação, v. 14, n. 3, p. 497-517,

2008

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ANEXO

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Extraído e traduzido de LEITE, (2002). Lista de verificação para análise da história da

ciência em manuais escolares

CIENTISTAS

- Vida dos cientistas

Dados biográficos (nome, datas de nascimento e morte)

Características pessoais (sentimentos, carácter, humor, etc. )

Episódios /anedotas (casado com…, decapitado por…)

- Características dos cientistas

Famoso/génios (ilustre, brilhante, inteligente, o mais importante…)

Comum (falha nos exames, necessita de trabalhar para sobreviver)

EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA

- Tipo de evolução

Referencia a descobertas científicas (descoberta ou ideias históricas)

Descrição de uma descoberta científica (descrição das etapas de uma descoberta

cientifica)

Referencia a alguns momentos históricos (dois ou mais acontecimentos são mencionados

mas não relacionados entre si)

Descrição linear (um acontecimento é relacionado com o seguinte)

Explora a evolução do conhecimento científico (movimento “ para trás e para a frente”,

opiniões e controvérsias)

- Pessoas responsáveis

Trabalho individual do cientista (o cientista como uma única pessoa que trabalha para

uma descoberta)

Grupo de cientistas (dois ou mais cientistas conhecidos trabalham juntos para o mesmo

propósito)

Comunidade científica (trabalho dos cientistas de uma dada época)

MATERIAIS UTILIZADOS PARA APRESENTAR A INFORMAÇÃO HISTÓRICA

Fotografias de cientistas

Fotografias de máquinas, equipamento laboratorial, etc. (um dia usados ou descobertos

pelos cientistas)

Documentos/ textos originais (produzidos/escritos pelos cientistas; podem ser traduzidos)

Experienciais históricas (experienciais um dia realizadas ou atribuídas a cientistas)

Fontes secundárias (textos, modelos, desenhos de equipamentos, efectuados pelos

cientistas, autores de manuais ou outras pessoas)

Textos elaborados pelos autores de manuais (ensaios sobre um tema/ cientista com alguns

dados biográficos)

Outros (ex., selos, poesia pintura)

EXATIDÃO E PRECISÃO DA INFORMAÇÃO HISTORICA

CONTEXTO DA INFORMAÇÃO HISTÓRICA RELATADA

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Cientifico (informação histórica relacionada com o conhecimento cientifico disponível

e/ou em falta)

Tecnológico (informação histórica relacionada com a tecnologia disponível e/ou em falta)

Social (informação histórica relacionada com as condições de vida e com os valores

reconhecidos na época)

Politico (informação histórica relacionada com a politica da época)

Religioso (informação histórica relacionada com as convicções religiosas da época)

ESTATUTO DO CONTEUDO HISTORICO

Papel do conteúdo histórico no ensino e na aprendizagem

- Fundamental (conteúdo a ser estudado)

- Complementar (conteúdo opcional, pelo menos para alguns alunos)

População alvo

- Todos os alunos (quando tem um estatuto fundamental)

- Melhores alunos (quando tem um estatuto complementar)

- Voluntários (quando os autores consideram ser opcional ou o colocam em caixas destacadas

do texto principal)

ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM QUE ABORDAM A HISTORIA DA

CIENCIA (OS ALUNOS FAZEM MAIS DO QUE APENAS LER)

Estatuto das actividades (papel no processo de aprendizagem)

- Obrigatórias (que devem ser feitas por todos os alunos)

- Livres (realizadas por voluntários)

Nível das actividades (propósito / dificuldade)

- Normal (não é dito nada sobre a finalidade ou o nível de dificuldade)

- Aprofundamento (actividades para promover a aprendizagem futura)

Tipo de actividades (que tem que ser feito)

- Leituras guiadas (consiste em questões sobre um texto histórico)

- Pesquisa bibliográfica (encontrar em historia da ciência e escrever um ensaio)

- Análise de históricos (analise de dados obtidos pelos cientistas no passado)

- Replica de experiencias históricas pelos alunos (repetição de uma experiencia realizada

anteriormente por um cientista)

- Outra (e.g., memorizar informação)

CONSISTÊNCIA INTERNA DO LIVRO (no que diz respeito à informação histórica)

Homogénea (mesmo tipo de informação histórica e igual forma de a integrar ao longo dos

capítulos)

Heterogéneos (muda o tipo e a forma de integrar informação histórica ao longo dos

capítulos)

- Alguns capítulos historicamente organizadas

- Alguns capítulos com secções historicamente organizadas

- Secções sobre a história da ciência, em alguns capítulos

- Algumas secções dos capítulos incluem algumas referências históricas

- Capítulos e/ ou secções de capitulo sem informação histórica

BIBLIOGRAFIA SOBRE HISTÓRIA DA CIÊNCIA

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- Historia dos livros de ciência

- Livros de ciência com informações históricas

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APENDICE

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Tabela de análise de conteúdos da história da biologia no programa curricular de ESG1

Programa da

Classe

Conteúdos

Cont.

Exap.

NA

Exhb.

Bib.

Plano temático