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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE E DADOS CLIMÁTICOS NA ANÁLISE DA PAISAGEM A PARTIR DE IMAGENS LANDSAT 8 Carla Rodrigues Santos Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/PP [email protected] INTRODUÇÃO A ação da sociedade sobre a paisagem pode acarretar equilíbrio ou a variações que desestabilização os processos atuantes na dinâmica da natureza, por isso, é relevante observar as transformações no espaço e no tempo para entender os processos que estão ocorrendo e promover um prognóstico de tendências futuras. Segundo Bertrand (1968) a paisagem é o resultado da interação dinâmica, portanto instável, entre os elementos físicos, biológicos e antrópicos que interagem dialeticamente entre si, fazendo um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução. Sendo importante considerar a dialética entre a sociedade e a natureza como método de pesquisa, haja vista que, não se trata somente da paisagem “natural”, mas da paisagem total integrando todas as implicações da ação antrópica. Nesta perspectiva de análise, não existe forma de se trabalhar o presente e o futuro das relações sociedade e natureza, sob os aspectos das fragilidades dos ambientes naturais, potencialidades dos recursos naturais, planejamento ambiental, zoneamento ambiental e gestão do território dentro da visão ambiental, ou seja, da preservação e conservação ou recuperação ambiental, sem envolver as questões naturais, sociais, culturais e econômicas (ROSS, 2009). É nessa abordagem que Ross (2009) afirma que as interações e a interdependência entre os componentes naturais e sociais, possibilitam atingir o entendimento da complexidade da totalidade de um determinado “espaço territorial” enquanto forma estrutura, funcionalidade e dinâmica. 3431

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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DESUPERFÍCIE E DADOS CLIMÁTICOS NA ANÁLISE

DA PAISAGEM A PARTIR DE IMAGENS LANDSAT 8

Carla Rodrigues Santos

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/PP

[email protected]

INTRODUÇÃO

A ação da sociedade sobre a paisagem pode acarretar equilíbrio ou a variações

que desestabilização os processos atuantes na dinâmica da natureza, por isso, é relevante

observar as transformações no espaço e no tempo para entender os processos que estão

ocorrendo e promover um prognóstico de tendências futuras.

Segundo Bertrand (1968) a paisagem é o resultado da interação dinâmica,

portanto instável, entre os elementos físicos, biológicos e antrópicos que interagem

dialeticamente entre si, fazendo um conjunto único e indissociável, em perpétua evolução.

Sendo importante considerar a dialética entre a sociedade e a natureza como método de

pesquisa, haja vista que, não se trata somente da paisagem “natural”, mas da paisagem total

integrando todas as implicações da ação antrópica.

Nesta perspectiva de análise, não existe forma de se trabalhar o presente e o

futuro das relações sociedade e natureza, sob os aspectos das fragilidades dos ambientes

naturais, potencialidades dos recursos naturais, planejamento ambiental, zoneamento

ambiental e gestão do território dentro da visão ambiental, ou seja, da preservação e

conservação ou recuperação ambiental, sem envolver as questões naturais, sociais, culturais

e econômicas (ROSS, 2009).

É nessa abordagem que Ross (2009) afirma que as interações e a

interdependência entre os componentes naturais e sociais, possibilitam atingir o

entendimento da complexidade da totalidade de um determinado “espaço territorial”

enquanto forma estrutura, funcionalidade e dinâmica.

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Atualmente o conceito de estrutura da paisagem tem se desenvolvido quase que

causalmente da disponibilidade de dados de sensoriamento remoto e da sua integração

com métodos de Sistema de informação geográfica (LANG & BLASCHKE, 2009).

Um sistema de informação da Paisagem baseado em dados de sensoriamento

remoto fornecem contribuições essenciais para uma análise da paisagem, do conforto

térmico, do uso e cobertura da terra, pois oferece uma visão sintética e imediata da

estrutura da paisagem (BERTRAND, 1992; FLORENZANO, 2008; LANG & BLASCHKE, 2009).

A utilização dos sistemas de informação geográfica (SIG) em estudos de ecologia

da paisagem tem contribuído na realização e na integração de análises complexas de dados,

oferecendo subsídios para efetuar análise temporal dos processos ecológicos, e ferramenta

para o desenvolvimento de modelos que auxiliam na quantificação a heterogeneidade

espacial das paisagens no tempo (AZEVEDO & FERREIRA, 2004).

O presente trabalho tem como objetivo analisar a influência da temperatura de

superfície e dados climáticos, bem como o seu comportamento e suas relações com a

paisagem rural na abrangência das Bacias Hidrográficas dos rios Aguapeí e Peixe.

LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo localiza-se nas Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe,

localizada no Planalto ocidental paulista, região oeste de São Paulo, na bacia hidrográfica do

rio Paraná. Situada entre as coordenadas geográficas 21,04° e 22,27° latitude Sul e 51,07°

52,16°de longitude Oeste (conforme figura 1).

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Figura 1: Mapa de Localização das Bacias Hidrográficas Aguapeí e Peixe/SP

As Bacias Hidrográficas dos rios do Peixe e Aguapeí são constituídas por rochas

vulcânicas e Sedimentares da Bacia do Paraná, do período mesozóico e depósitos

aluvionares de idade cenozóica. Sua estratificação geológica está dividida no Grupo Bauru

(Formação Caiuá, Santo Anastásio e Adamantina), e depósitos Cenozóicos, que influenciou a

formação de relevos de colinas amplas e topos de colinas médias (IPT, 1981).

O clima predominante segundo Koppen é do tipo tropical (Aw) e subtropical

(Cwa), influenciado pelos sistemas atmosféricos inter e extratropicais, sob influência das

massas de ar Tropical Atlântica e Tropical Continental com a massa Polar Atlântica e uma

participação eventual da massa Equatorial Continental (BOIN, 2000).

A precipitação média anual varia entre 1.200 a 1.500 mm e a temperatura média

anual é superior a 22ºC, sendo janeiro o mês mais chuvoso, como precipitação de 200mm, e

julho o mês mais seco, com precipitação de 25mm (CBH-AP, 1997; BOIN, 2000).

Segundo Ab'Saber (2003) a vegetação dominante é a Floresta Estacional

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Semidecidual Sub-Montana (Mata Atlântica) em diversos estágios de regeneração e

vegetação arbórea/arbustiva/herbácea de várzea. O Cerrado apresenta vegetação com

características pseudoxeromorficas, florestas baixas, herbáceas tortuosas de troncos finos e

de aspecto seco.

As Bacias Hidrográficas do rio Aguapeí e Peixe estão inseridas em um processo

gradativo de supressão da cobertura vegetal, que ocorreu nas décadas de 1910-1940 pela

expansão agrícola (café e algodão) e o plantio de pastagens (MONBEIG, 1984).

Essa expansão agrícola ficou evidente a partir da inserção abertura da linha

ferroviária “Noroeste”, a expansão da fronteira cafeeira no início do século XX e a produção

canavieira.

Justamente no momento em que a crise estava mais aguda, o governo federal,

por motivos políticos e estratégicos, havia deliberadamente ativado a construção

da estrada de ferro que, partindo de Bauru, dirigir-se-ia a Mato Grosso e iria

atingir as margens do Rio Paraguai. No território paulista, essa linha, a

“Noroeste”, iria atingir vastas reservas florestais, situadas entre os vales do Tietê

do Feio-Aguapeí, com suas terras virgens frequentemente propícias ao cafeeiro.

(MONBEIG, 1984, p. 182).

O que se tem observado nas bacias é o uso indiscriminado da agricultura,

principalmente do cultivo de cana de açúcar em decorrência da instalação de usinas de

açúcar e álcool, nota-se também o lançamento de esgotos domésticos in natura nos corpos

hídricos, disposição de resíduos sólidos urbanos e a baixa cobertura florestal,

principalmente nas áreas ciliares. (CBH-AP, 2008).

Além de vários processos erosivos, como a erosão laminar e erosão linear, dada

a presença de solos arenosos e assoreamento dos corpos d'água (TRIVELANDO e FILHO,

2012; CBH-AP, 2008; FIQUEIREDO, 1999).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Observar o desenvolvimento da paisagem é essencial para entender os

processos que estão ocorrendo e para o prognóstico de tendências futuras (LANG &

BLASCHKE, 2009).

Segundo Troll (1997) toda paisagem apresenta uma determinada fisionomia

como variados aspectos ou elementos. Ela reflete as transformações temporais e cultivam

depoimentos de tempos passados. Segundo Ayoade (1991, p.300), o homem de fato tem

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influenciado o clima, apesar de essa influência ser feita principalmente em nível local.

As intensas e progressivas modificações nas paisagens pela sociedade, através

das transformações na utilização da terra por meio do desmatamento e da agricultura em

espaços rurais já se constituem em fatores de influência nos regimes climáticos regionais

(SANT’ANNA NETO, 2013).

Analisar o clima no tempo e no espaço e suas interações com os diversos

componentes da paisagem podem ser realizados através da associação da análise rítmica e

o método sistêmico adotado por Monteiro (1971) e Bertrand (1972).

As estratégias de análise e a identificação dos tipos de clima se dão por meio do

uso de imagem de satélites, cartas sinóticas para identificação dos tipos de tempo e dados

meteorológicos de superfície de postos de observação (SANT’ANNA NETO, 2013).

O sensoriamento remoto permite o levantamento de dados e o monitoramento

regular e intenso de mudanças em amplas áreas, além de determinar mudanças relevantes

em áreas para a proteção ambiental (LANG & BLASCHKE, 2009).

Pesquisas realizadas por Weng et al. (2004) identificou mudanças na

temperatura da superfície terrestre-vegetação em Indianópolis, utilizando imagens Landsat

ETM+. Folhes (2007) correlacionou à temperatura de superfície e a medida do índice de

vegetação e identificou que as áreas mais frias indicam áreas cobertas com vegetação verde

e terrenos mais quentes estão associados com regiões cobertas com vegetação seca e com

solo desnudo.

Rosendo (2005) constatou que o índice de vegetação (NDVI) tem contribuindo na

análise da vegetação e detecção de mudanças do uso e ocupação do solo.

De acordo com Rosa (2003) as faixas para detecção de mudança na vegetação

mais utilizadas são as faixas do vermelho e do infravermelho próximo, pois contém mais de

90% da variação da resposta espectral da vegetação e mostra-se correlacionados com os

parâmetros biofísicos da mesma.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização da pesquisa utilizou-se os seguintes materiais:

• Imagens de satélite orbital digital do Landsat 8, bandas 4, 5 e 10, que

corresponde a faixa visível vermelho (0.64 – 0.67 μm), infravermelho próximo

(0.85 – 0.88 μm) e do infravermelho termal (10.6 – 11.9 μm – micrometro),

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respectivamente, com resolução espacial de 30 metros, adquiridas no Serviço de

Levantamento Geológico Americano (USGS), sensor TIRS (Thermal Infrared

Sensor), órbita 222 e 223, ponto 75, nas datas 9 de novembro de 2013 e 18 de

novembro de 2013;

• Dados meteorológicos temperatura, precipitação e umidade relativa do ar

adquirida na estação meteorológica A707 - Presidente Prudente/SP.

Para alcançar o objetivo do trabalho foi necessário realizar uma revisão

bibliográfica sobre a temática em estudo e adquirir as imagens de satélite e os dados

climáticos nos sites do USGS e INMET/BDMP, respectivamente.

Posteriormente, realizou-se o mosaico das imagens da área de estudo nas

bandas 4, 5 e 10, no software Idrisi.

Em seguida iniciou-se o processamento da imagem para elaborar a carta de

temperatura, no software Idrisi, a fim de converter número digital (DN) de cada pixel em

unidade de radiância.

Utilizando a seguinte equação e os parâmetros de calibração do sensor do

satélite utilizado:

A equação 2 indica os parâmetros de calibração do sensor do satélite utilizado:

Lλ = ((LMAXλ - LMINλ)/(QCALMAX-QCALMIN)) * (QCAL-QCALMIN) + LMINλ

Onde:

• Lmaxλ = refere-se a radiância máxima da banda 10;

• Lmixλ = radiância - mínima da banda 10;

• Qcalmax = quantize cal máximo da banda 10;

• Qcalmin = quantize cal mínimo da banda 10 e;

• Qcal = imagem na banda 10.

Após o processamento da equação reclassificou-se a imagem utilizando o

comanda Reclass. Logo, foi necessário converter a temperatura para kelvin utilizando a

seguinte expressão:

T=k2/Lnk1/[mapa2] + 1

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Onde:

• k2 = k2 contraste da banda 10;

• Ln = logaritmo ;

• k1= constante da banda 10, gerando uma imagem a partir da Equação 1.

Em seguida, utilizou-se a Equação 4 para transformar a imagem de temperatura

de Kelvin para o valor absoluto em graus Celsius (°C).

• T = [mapa 3]-273.15

Onde:

• T= Temperatura de superfície

Após esse processamento foi gerada a imagem final de temperatura de

superfície numa escala de maior detalhe, utilizando o software Idrisi.

Para a elaboração do NDVI, utilizou-se as bandas 4 e 5 do satélite Landsat 8 e os

comandos Vegindex e Save compositon e save current view of highlighted raster layer as a

new Idrisi Imagem.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao considerar a carta de temperatura de superfície (figura 2) observa-se uma

tendência ao aumento da temperatura de superfície que variam de 34ºC a 43ºC, nas áreas

que possuem vegetação rasteira ou solos desprotegidos pela vegetação, ou seja, onde existe

um predomínio de solo exposto. O solo exposto retém mais calor se comparado com o solo

coberto por vegetação.

As áreas próximas às planícies de inundação, córregos d’água e áreas mais

declivosas, possuem uma maior vigor vegetativo e consequentemente um predomínio de

temperaturas que variam de 27ºC a 33ºC, conforme figura 2. Os solos coberto por vegetação

possuem maior capacidade térmica, ou seja, precisam de maior quantidade de energia para

elevar a temperatura da superfície.

Segundo Uega Júnior (2013, p. 295) “o solo coberto por vegetação perde energia

através da evaporação e da evapotranspiração, que transforma calor sensível em calor

latente e o exporta para a atmosfera, sem que ocorra aumento de temperatura”.

Isso explica a sensação de calor excessivo na estação da estiagem prolongada

nas áreas rurais, pois a área foliar é menor, o solo fica mais exposto e consequentemente a

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evaporação e a evapotranspiração sofre um declínio que afeta a temperatura de superfície

no campo.

Figura 2: Carta de temperatura de Superfície – Recorte das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí ePeixe.

O índice de vegetação (NDVI) indica a cobertura vegetal verde, quanto mais

próximo de 1 for, maior a área verde. No período chuvoso, em virtude do excesso de água, a

vegetação apresenta valores elevados, já no período de seca, devido á carência de umidade,

a vegetação perderá vigor vegetativo (ROSENDO, 2005).

O mapa de índice de vegetação (NDVI) para o mês de novembro é possível

observar uma quantidade expressiva de áreas verdes e amareladas. Essas áreas indicam

valores de índice de vegetação considerado moderado, considerados de médio à alto vigor

vegetativos, ou seja, ocupando um intervalo de 0,5 a 1.

Isso se comprova ao analisar o gráfico de precipitação do mês de novembro de

2013 (figura 4), verifica-se o aumento do índice pluviométrico de setembro a dezembro de

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2013. No entanto, não é somente pela presença da chuva que áreas verdes e amareladas

são mais expressivas, pois a estação chuvosa é considerada o período em que as culturas

anuais, como cana, soja, entre outras estão em pleno desenvolvimento reprodutivo.

A pastagem apresenta temperaturas que variam de 34ºC a 35ºC (figura 2) e um

NDVI baixo (figura 3) se comparado com a vegetação. No entanto, o vigor vegetativo poderia

ser maior se os índices pluviométricos e a umidade relativa do ar fossem maiores.

Nos dias que se adquiriram as imagens, foram detectadas temperaturas que

variam de 23ºC a 24ºC e umidade relativa do ar variando de 49% a 67% (figura 5), esses

índices são considerados baixos para manter uma vigor vegetativo alto.

Figura 3: Índice de vegetação NDVI – Recorte das Bacias Hidrográficas dos Rios Aguapeí e Peixe

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Figura 4: Gráfico de Precipitação de 2013 da estação meteorológica de Presidente Prudente/SP

Fonte: Estação meteorológica A707 - Presidente Prudente/SP

As altas temperaturas e baixos índice vegetativo nos solos desprotegidos podem

ocasionar sérios problemas erosivos, como o aparecimento de voçorocas e sulcos, haja visto

que a área e bem susceptível a processos erosivos.

De modo geral, pode-se deduzir que a vegetação influi na modificação do

microclima, sua ausência ou presença gera alterações na dinâmica da temperatura de

superfície e na paisagem local. A vegetação mostra-se como elemento amortecedor da

temperatura do ar e do solo, tornando-se um fator de influência significativo na

determinação dos elementos microclimáticos.

Os resultados demonstram a importância de se preservar e estimular o

crescimento vegetal, bem como, incentivar a criação de corredores que contribuem para

amenizar a variação do microclima e o manter o conforto ambiental. Além de propiciar e

manter a estabilidade da paisagem evitando a erosão, facilitando a percolação da água das

chuvas no solo e favorecendo na produção de material orgânico que auxilie no processo

regenerativo da floresta.

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Figura 5: Gráfico de temperatura e umidade relativa do ar do mês de novembro de 2013 da estaçãometeorológica de Presidente Prudente/SP

Fonte: Estação meteorológica A707 - Presidente Prudente/SP

CONSIDERAÇÕE FINAIS

Os resultados apresentados mostram-se satisfatório e atingiram o objetivo do

trabalho, ou seja, os dados confirma que a análise climática juntamente com dados de

imagens de satélite tem contribuindo significativamente na compreensão da paisagem, e

indicam alternativas para um melhor funcionamento da gestão e do planejamento

ambiental.

No entanto existe uma ressalva com relação à análise de mudanças

multitemporais, na qual são necessários dados de condições anteriores, que muitas vezes

não se encontram disponíveis, e muitas vezes conseguimos recorrer a essas informações

através das técnicas de sensoriamento remoto utilizando comparação de imagens.

Para um melhor resultado seriam necessários trabalhos de campo para apurar

algumas áreas representadas na imagem, a fim de confirmar a aplicação do método

aplicado na identificação da temperatura de superfície e do NDVI. Além do campo, seria

favorável a comparação entre diferentes estações, auxiliando o usuário a corrigir as

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possíveis falhas de interpretação dos alvos.

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ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE E DADOSCLIMÁTICOS NA ANÁLISE DA PAISAGEM A PARTIR DE IMAGENS LANDSAT 8

EIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a influência da temperatura de superfície e dados

climáticos, bem como o seu comportamento e suas relações com a paisagem rural na abrangência

das Bacias Hidrográficas dos rios Aguapeí e Peixe. Para a realização da pesquisa utilizou-se

imagens de satélite orbital digital do Landsat 8, bandas 4, 5 e 10, com resolução espacial de 30

metros, órbita 222 e 223, ponto 75, nas datas 9 de novembro de 2013 e 18 de novembro de 2013,

adquiridas no site do Serviço de Levantamento Geológico Americano (USGS); e dados

meteorológicos temperatura, precipitação e umidade relativa do ar, adquiridas na estação

meteorológica de Presidente Prudente. Os procedimentos metodológicos para a elaboração da

carta de temperatura de superfície e índice de vegetação (NDVI) foram realizados através dos

softwares Idrisi. Os resultados obtidos indicam que a carta de temperatura de superfície indica

uma tendência ao aumento da temperatura de superfície que variam de 34ºC a 43ºC, nas áreas

que possuem vegetação rasteira ou solos desprotegidos pela vegetação. As áreas próximas às

planícies de inundação, córregos d’água e áreas mais declivosas, possuem uma maior vigor

vegetativo e consequentemente um predomínio de temperaturas que variam de 27ºC a 33ºC. O

mapa de índice de vegetação (NDVI) para o mês de novembro é possível observar uma

quantidade expressiva de áreas verdes na área de estudo. Essas áreas esverdeadas indicam

valores de índice de vegetação considerado moderado, considerados de alto vigor vegetativo. A

pastagem apresenta temperaturas que variam de 34ºC a 35ºC e um NDVI baixo se comparado

com a vegetação. De modo geral, pode-se observar que a vegetação influi na modificação do

microclima, sua ausência ou presença gera alterações na dinâmica da temperatura de superfície e

na paisagem local. A vegetação mostra-se como elemento amortecedor da temperatura do ar e

do solo, tornando-se um fator de influência significativo na determinação dos elementos

microclimáticos.

Palavra-chave: Paisagem; Índice de vegetação; geotecnologia.

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