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1 Análise da iluminação e acessibilidade de instituições de longa permanência de idosos em Campo Grande, MS dezembro/2014 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014 Análise da iluminação e acessibilidade de instituições de longa permanência de idosos em Campo Grande, MS Thaís Miyuki Towata [email protected] Iluminação e Design de Interiores Instituto de Pós-Graduação - IPOG Campo Grande, MS, 16 de junho de 2014 Resumo O objetivo deste artigo é proporcionar algumas soluções tanto sobre a iluminação quanto a disposição dos mobiliários voltados para casas de repouso para a terceira idade, uma vez que essa parcela da população vem crescendo nas últimas décadas. Para realização deste artigo, foram estudados casos das ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos) em Campo Grande que possuem vínculo com a Secretaria de Assistência Social, no estado de Mato Grosso do Sul. Através desta pesquisa de campo, buscou-se coletar dados para estudo comparativo para verificação da qualidade e do seguimento de normas brasileiras quanto à iluminação e acessibilidades destes locais. Os resultados encontrados são satisfatórios quanto ao objeto de estudo, porém melhorias podem sempre ser realizadas, desde pequenas a grandes escalas. Palavras-chaves: iluminação, interiores, terceira idade, casas de repouso. 1. Introdução Nos últimos anos a população brasileira idosa vem crescendo de forma acelerada. As mudanças demográficas iniciadas no último século mostram uma população mais envelhecida, expressando a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida. O envelhecimento populacional é uma realidade recente para o Brasil, assim como para os demais países em desenvolvimento, estima-se que existam 17,6 milhões de idosos no país e que para o ano de 2050, sejam cerca de dois bilhões de pessoas com 60 anos ou mais no mundo. No entanto, sabe-se que o processo de envelhecimento em situações de doenças, principalmente crônico-degenerativas, associadas a fatores externos, como hábito de vida, pode desencadear uma condição de deficiência que requeira assistência. Dados do censo demográfico e 2010, realizado pelo IBGE, revelaram um aumento da população de 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 chegando a 7,4% em 2010. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a velhice tem idade certa para chegar. Tal etapa da vida chega oficialmente aos 65 anos de idade, mesmo que alguns se sintam jovens nessa idade e outros comecem a sentir certos desgastes. O fato é que se trata de um estágio da vida, e que tem mostrado um aumento considerável com o passar dos anos. Daí vem à necessidade de olhar para ela de forma especial. O envelhecimento é um fenômeno natural, e muitas vezes, é acompanhada de perdas biológicas que vão ocorrendo ao longo da vida, podendo culminar no processo de

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Análise da iluminação e acessibilidade de instituições de longa permanência de idosos em Campo Grande,

MS dezembro/2014

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014

Análise da iluminação e acessibilidade de instituições de longa

permanência de idosos em Campo Grande, MS

Thaís Miyuki Towata – [email protected]

Iluminação e Design de Interiores

Instituto de Pós-Graduação - IPOG

Campo Grande, MS, 16 de junho de 2014

Resumo

O objetivo deste artigo é proporcionar algumas soluções tanto sobre a iluminação quanto a

disposição dos mobiliários voltados para casas de repouso para a terceira idade, uma vez

que essa parcela da população vem crescendo nas últimas décadas. Para realização deste

artigo, foram estudados casos das ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos) em

Campo Grande que possuem vínculo com a Secretaria de Assistência Social, no estado de

Mato Grosso do Sul. Através desta pesquisa de campo, buscou-se coletar dados para estudo

comparativo para verificação da qualidade e do seguimento de normas brasileiras quanto à

iluminação e acessibilidades destes locais. Os resultados encontrados são satisfatórios

quanto ao objeto de estudo, porém melhorias podem sempre ser realizadas, desde pequenas a

grandes escalas.

Palavras-chaves: iluminação, interiores, terceira idade, casas de repouso.

1. Introdução

Nos últimos anos a população brasileira idosa vem crescendo de forma acelerada. As

mudanças demográficas iniciadas no último século mostram uma população mais

envelhecida, expressando a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior,

mas também uma boa qualidade de vida. O envelhecimento populacional é uma realidade

recente para o Brasil, assim como para os demais países em desenvolvimento, estima-se que

existam 17,6 milhões de idosos no país e que para o ano de 2050, sejam cerca de dois bilhões

de pessoas com 60 anos ou mais no mundo. No entanto, sabe-se que o processo de

envelhecimento em situações de doenças, principalmente crônico-degenerativas, associadas a

fatores externos, como hábito de vida, pode desencadear uma condição de deficiência que

requeira assistência. Dados do censo demográfico e 2010, realizado pelo IBGE, revelaram um

aumento da população de 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em

2000 chegando a 7,4% em 2010.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a velhice tem idade certa para chegar. Tal

etapa da vida chega oficialmente aos 65 anos de idade, mesmo que alguns se sintam jovens

nessa idade e outros comecem a sentir certos desgastes. O fato é que se trata de um estágio da

vida, e que tem mostrado um aumento considerável com o passar dos anos. Daí vem à

necessidade de olhar para ela de forma especial.

O envelhecimento é um fenômeno natural, e muitas vezes, é acompanhada de perdas

biológicas que vão ocorrendo ao longo da vida, podendo culminar no processo de

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institucionalização. O idoso institucionalizado apresenta características que podem ocorrer

com o processo de envelhecimento, além das alterações fisiológicas e patológicas, que

acontecem independente do ambiente em que se vive, é também marcado pela solidão e

exclusão familiar.

Tendo em vista essa parcela da sociedade que vem aumentando nas últimas décadas, vê se a

necessidade de garantir um ambiente mais seguro voltada para elas. Com isso em mente,

analisa-se primeiramente o ambiente em que essa pessoa mora, pois, geralmente é onde ela

passa a maior parte do tempo. Porém, estar dentro de uma casa nem sempre demonstra ser

sinônimo de segurança, pois, segundo pesquisas, dentro de um lar os problemas mais

freqüentes dos idosos são as quedas, as quais podem ser evitadas com um bom estudo de

projeto.

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a queda está em primeiro lugar

do ranking de causa de acidentes em pessoas com mais de 60 anos, tal acidente pode causar

problemas graves e até mesmo deixar seqüelas, seja ela físicas ou psicológicas. Como já dito,

as alterações fisiológicas e patológicas fazem parte do avanço da idade, fatores que podem ser

associados com a queda, como enfraquecimento natural dos ossos e músculos, alterações

visuais, desatenção e perda de equilíbrio e alterações no padrão da marcha, ou seja, quando se

observa um andar com menor elevação dos pés. Associando-se essas alterações com a

atividade de risco e um ambiente inseguro, aumenta-se a probabilidade de acidentes. No caso

de idosos, por exemplo, até mesmo tapetes se tornam grande vilão.

2. Na terceira idade

Segundo Silva et al, com essa mudança demográfica, num modo geral, o mundo está em uma

situação ambígua: o desejo de viver mais e o medo das incapacidades, dependências, as quais

estão ligadas diretamente com a qualidade de vida. As capacidades funcionais estão

associadas com a presença de doenças, deficiências ou problemas médicos, mas, outras

hipóteses não são descartadas, como: fatores demográficos, socioeconômicos, culturais e

psicossociais. Em um estudo realizado por Silva et al, os idosos de 75 anos ou mais tiveram

maior chance de comprometimento grave do que as demais faixas etárias.

Todas as estruturas sofrem alterações fisiológicas mais ou menos intensas com o processo do

envelhecimento: a perda da sensibilidade da córnea leva a que certas lesões passem

despercebidas; a pupila fica menos reativa na escuridão ou luminosidade intensa; o cristalino

torna-se amarelo, menos flexível e levemente opaco. Assim, perdas de visão e doenças

associadas têm muito mais incidência nos idosos. No entanto, seja em qual idade for, a perda

de visão tem profundas repercussões na qualidade de vida do sujeito na sociedade.

O sistema visual fornece informações onde a pessoa se localiza, a distância em que

determinado objeto se encontra dentro do ambiente, qual o tipo de superfície onde se

locomove, a posição das partes corporais uma em relação à outra, e ao ambiente, portanto, tais

componentes do sistemas que são considerados essenciais para o próprio equilíbrio, incluem a

visão periférica, a sensibilidade ao contraste, a acuidade dinâmica e estática e a percepção de

profundidade. Dentre as alterações citadas, as três últimas – sensibilidade ao contraste, a

acuidade dinâmica e estática e a percepção de profundidade – estão ligadas à idade, podendo

também ter menor adaptação ao escuro, pelo fato de haver uma perda na habilidade de

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diferenciar baixas freqüências espaciais. Estas informações visuais que são atenuadas

aumentam a probabilidade de quedas em idosos, principalmente se associada a alguma doença

relacionada à idade. Segundo Rodrigues, sempre que se pretende obter uma imagem nítida de

um objeto localizada a uma distância finita, é necessário que o sistema óptico seja focado

novamente. Com o envelhecimento, essa capacidade de refocar a imagem vai sendo reduzida,

logo, o idoso acaba por ter uma imagem distorcida do objeto, acaba por julgas de forma

errônea quanto a sua forma, profundidade e cor, levando-o, muitas vezes, a tropeçar nesse

mesmo objeto.

A queda não é um fator somente relacionado com alteração da visão, mas o envelhecimento

pode trazer mudanças na audição, nas articulações, na tensão arterial, devida a mudança

brusca de posição, efeitos de medicamento também pode estar associadas às quedas, pois

algumas delas podem causa a sonolência; o ambiente doméstico, pois muitos lares possuem

tapetes soltos, gavetas, mobílias instáveis, iluminação deficiente e escadas inseguras;

pavimentos irregulares; calçados com solas poucos aderentes ao piso.

3. Iluminação

A iluminação é qualidade de vida, isto é, apetite, condição física, autoconfiança,

redução da ansiedade e solidão, redução de quedas e possíveis fraturas. Por outra, as

pessoas idosas necessitam, de luz para o funcionamento de seu ritmo biológico ou ritmo

circadiano responsável pela produção de melatonina, indispensável ao comportamento

biológico e emocional dos seres vivos. A luz contribui, ainda, para o aumento da

vitamina D, indispensável à formação dos ossos. Isso é particularmente importante nas

regiões frias, nas quais o sol nem sempre está presente, quando os idosos permanecem

mais tempo dentro de casa (COSTA)

Um bom projeto de iluminação pode resultar na adaptação da luz às necessidades específicas

de cada ambiente, permitindo valorizar detalhes. Apesar de parecer teoricamente possível a

qualquer momento, o ideal é que seja feito o estudo na fase do projeto, pois é onde podemos

evitar futuras limitações impostas pela construção já acabada. Um projeto começa de forma

errada quando se baseia somente em tendências, cada caso é um caso, não existe uma forma

padrão que deva se seguido. O que de fato existe são as diversas variáveis que devem ser

cuidadosamente estudadas, desde a análise do projeto arquitetônico, a sua localização, a

finalidade de ocupação e estudar, conhecer as necessidades dos usuários do espaço em

questão.

Ao estudar o problema da iluminação para o idoso, necessita-se averiguar quais são as

alterações pelas quais os olhos humanos passam no decorrer do tempo. O uso dos óculos vem

a partir de certa idade, mostrando o sinal de suas modificações dos olhos no processo visual.

Claro que existem àqueles que usam óculos desde criança, onde a frase anterior não se

satisfaz, porém, para alguns, tais modificações surgem a partir dos 50 anos de idade. A

dificuldade de distinguir e ou detectar claramente os detalhes, é uma das modificações que

podem ser notadas, chamada então de acuidade visual.

Costa diz sobre o conceito da luz normal, luz características do ambiente. Segundo o autor, a

luz normal do dia é superior a luz normal de uma sala, que por sua vez é superior à

iluminação pública. Um oftalmologista dispõe no seu consultório de uma luz normal quando

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ilumina um quadro que contem letras de Snellen (visão de longe) ou quando ilumina um texto

(visão de perto). A visão periférica, responsável pela visão noturna, em ambientes de baixa

luminosidade fica mais comprometida no idoso, em razão da redução dos neurônios que

processam a informação. Mas deve ser compreendido que para um idoso a condição de nível

de iluminância na luz normal é mais exigente que a do jovem e que, portanto, a compensação

pela diminuição da acuidade visual, exige mais iluminação, com ofuscamento aceitável e não

fatigante.

Em um trabalho publicado por Blackwell, em 1980, observou-se o comportamento de 156

observadores. O resultado dessa pesquisa revelou que a transmitância relativa se reduz para

pessoas de 75 anos em relação a um jovem de 25. Tal trabalho mostra que a iluminação de

ambientes onde encontram pessoas na faixa etária da terceira idade, deve ser

impreterivelmente maior.

A ABNT NBR 5413/92, é uma norma brasileira que estabelece os valores de iluminância

médias e mínimas em serviço para iluminação artificial em interiores, junto à aplicação desta

norma utiliza-se a NBR 5382 e a NBR 5461, que tratam da verificação da iluminância de

interiores – método de ensaio – e terminologia da iluminação, respectivamente. Segundo esta

norma, a iluminância deve ser medida na área do campo de trabalho, quando a área não for

definida, entende-se que ela deva ser calculada a uma distância de 0,75 m do piso. É

recomendada que a iluminância em qualquer ponto do campo de trabalho não seja inferior a

70% da iluminância média determinada pela NBR 5382. A parte restante do ambiente não

deve ter iluminação inferior a 1/10 da adotada para a área de trabalho.

Características da tarefa do

observador

Peso

-1 0 +1

Idade Inferior a 40 anos 40 a 55 anos Superior a 55 anos

Velocidade e precisão Sem importância Importante Crítica

Refletância do fundo da tarefa Superior a 70% 30 a 70% Inferior a 30%

Tabela 1 – Fatores determinantes para iluminação adequada

Fonte: ABNT NBR 5413

Como estabelecido na tabela acima, podemos definir algumas informações para um ambiente

melhor iluminado para residências voltadas à terceira idade. Com as características da tarefa e

do observador, defini-se:

a) Idade: superior a 55 anos, já que o observador em questão são pessoas da terceira idade, ou

seja, aqueles com mais de 65 anos, tomando-se peso +1 como referência.

b) Velocidade e precisão: levando-se em conta o tipo de atividades realizadas num ambiente

geral, toma-se peso 0, considerando tal característica importante.

c) Refletância do fundo da tarde: Essa característica pode ter tanto peso 0 quanto +1, já que

depende do tipo de material, móveis, objetos que se encontram no ambiente.

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No total podemos considerar que a soma de todos os pesos é de +1 ou +2, dependendo do tipo

do peso escolhido em “c”. Como escrito na norma, se a soma dos pesos for de +2 ou +3, deve

ser considerado os valores iluminância superior, valores estes que são estabelecidos pela NBR

5413.

4. Interiores

A composição dos espaços interiores necessita de uma tríade de aliança entre a

arquitetura e o design de interiores e a decoração, de forma a propiciar o conforto físico

e psicológico necessário ao ser humano em seu habitat. Uma casa não é um lar, é um

objeto arquitetônico, inanimado, destinado a habitação do ser humano, que somente

após um processo etológico de domínio territorial efetuado por seus ocupantes é que se

transforma num lar. Decorar é dar um significado maior do que simples abrigo é torna

público o privado modo privado de ser de cada individuo; é apropriar-se do espaço,

submetendo-se aos nossos desígnios, de forma a refletir tal qual é um espelho a imagem

de quem o habita. É transformar o abrigo em um lar. (CIANCIARDI)

Por muito tempo o homem criado por Ernest Neufert foi considerado padrão, como

proporções ideais ao se projetas um ambiente ou objeto, não levando em conta a diversidade

antropométrica dos diversos usuários. Hoje, entende-se que o uso dessa forma simplificada é

inadequada para ter como referência no desenvolvimento de projetos, portanto o ideal é

buscar uma solução que atenda a uma maior diversidade de pessoas e que estas possam

usufruir do ambiente, sempre que possível, de forma autônima, segura e sem esforços

desnecessários.

Profissionais ligados à área de projeto têm demonstrado emprenho para tornar os ambientes

construídos em lugares acessíveis à diversidade que caracteriza o ser humano. A inclusão

social não é uma realidade que se tem em todo país, porém, é possível observar que nos

últimos anos houve mudanças quanto ao tema como movimentos que buscam maior

autonomia dos usuários em relação ao ambiente em que se vive.

Hoje em dia, entende-se que um projeto pode habilitar ou inabilitar o usuário, e que para um

projeto ter inclusão social, não se pode ignorar conceitos como o desenho universal, que são

princípios que buscam tornar algo ou um local acessível à maioria da população, ter a

usabilidade, que defende facilitar o uso, e adaptações, que procuram minimizar barreiras em

ambientes já construídos. A realização de um projeto como base o desenho universal, segue a

7 princípios básicos:

1. Utilização equitativa: espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por pessoas

com diferentes capacidades, tomando os ambientes iguais a todos. Ex.: porta com sensores.

2. Flexibilidade de utilização: design de produtos ou espaços que atendem pessoas com

diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso. Ex.:

tesoura que se adapta a destros e canhotos;

3. Utilização simples e intuitiva: de fácil entendimento para que a pessoa possa compreender,

independentemente de sua experiência, conhecimento, ou nível de concentração. Ex.: placas

de sinalização para banheiros feminino, masculinos;

4. Informação perceptível: fornece ao utilizador a informação necessária, qualquer que seja as

condições existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador.

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5. Tolerância ao erro: previsto para minimizar os riscos e possíveis conseqüências de ações

acidentais ou não intencionais.

6. Esforço mínimo: para ser usado eficientemente, com conforto e com mínimo de fadiga.

Ex.: torneira com sensor.

7. Dimensão e espaço de abordagem e de utilização: estabelece dimensões e espaços

apropriados para acesso, o alcance, a manipulação e o uso do tamanho do corpo, da postura

ou mobilidade dos usuários. Ex.: banheiro com dimensões adequadas para pessoas com

cadeira de rodas.

A ABNT NBR 9050 estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do

projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços urbanos e

equipamentos urbanos às condições de acessibilidade, considerando diversas condições de

mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem ajuda de aparelhos específicos, como:

próteses, aparelhos de apoio de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de

audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais, visando

assim, não apenas permitir que pessoas portadoras de necessidades especiais participem de

atividade que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas a inclusão e extensão do

uso destes por todas as parcelas presentes em uma determinada população, possibilitando a

condição de alcance para utilização com segurança e autonomia de edificação, espaços,

mobiliários e elementos.

5. Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI)

Centro de assistência a idosos em geral ou doentes, destinam-se aos cuidados,

acompanhamentos e tratamento de pessoas em idade avançada, que não podem mais

exercer uma vida ativa independentemente. Através de um serviço de acompanhamento

ativo, com ajuda de assistência médica e de pessoal experimentado, procura-se alcançar

o exercício, manutenção ou recuperação de forças perdidas. (NEUFERT)

Em função das mudanças sociais, as famílias não passam mais os dias trabalhando em casa,

não tendo tempo disponível para cuidar de algum parente idoso que necessitem de cuidados

especiais. Diante dessa dificuldade a casa de repouso torna-se uma alternativa para atender o

idoso, ambiente a qual deve ser bem planejado para que o morador não se sinta em um

ambiente hospitalar, mas sim em um clube de lazer.

Pela Lei n° 10.741 de 01 de outubro de 2003:

“Capítulo IX

Da Habitação

Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou

desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição

pública privada.

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§ 3° As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitaçao

compatíveis com as necessidades, bem como provê-los com alimentação regular e

higiene indispensáveis e condizentes com as normas sanitárias, sob as penas da lei.”

Segundo o Ministério da Saúde – Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde

(SNPES) consideram-se como instituições específicas aos locais físicos equipados para

atender pessoas com 60 anos ou mais de idade, sob regime de internato ou não, mediante

pagamento ou não, durante um período indeterminado e que dispõem de um quadro de

funcionários para atender às necessidades de cuidados com a saúde, alimentação, higiene,

repouso e lazer dos usuários e desenvolver outras atividades características da vida

institucional.

6. Projetando casas para terceira idade

Não podemos mais aceitar projetos de ambiente que não respeitem as proporções do

corpo humano nem suas limitações. Espaços mal projetados, com soluções

inapropriadas aos seus usuários, são sinônimos de falta de pesquisa e entendimento das

necessidades relacionadas â realização de tarefas específicas. Proporcionar conforto e

bem-estar deve ser objetivo primordial de qualquer projeto. (GURGEL, 2013, p. 93).

Segundo Freitas et al (2002), a dinâmica do aparelho locomotor sofre importante modificação,

reduzindo amplitude dos movimentos, modificando a marcha caracterizada, então, por passos

curtos e mais lentos e, não raro, pelo arrastar dos pés. Os movimentos dos braços perdem em

amplitude e tendem a se manter mais próximos do corpo. O centro de gravidade corporal se

adianta, e a base de sustentação se amplia, buscando maior segurança e equilíbrio.

Olson diz que para minimizar acidentes domésticos, o lar e o que está contido nele devem ser

projetados baseados na usabilidade adequada, das interações homem-tarefa-máquina,

considerando as possíveis necessidades e dificuldades da diversidade dos usuários, ou seja, a

ergonomia, pois ela é, em palavra, o estudo da relação entre o homem e o seu meio, métodos e

espaço de trabalho. A prática ergonômica é ao mesmo tempo uma ciência e arte, onde se

utilizam técnicas e baseiam-se em conhecimentos científicos.

A RDC da ANVISA n° 283, de 26 de setembro de 2005 cria o Regulamento Técnico para

funcionamento das instituições de longa permanência para idosos, sendo uma norma aplicável

a toda ILPI, governamental ou não governamental, destinada à moradia coletiva de pessoas

com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar. Esta norma também citar

algumas exigências específicas:

Acesso externo – devem ser previstas, no mínimo, duas portas de acesso, sendo uma

exclusivamente de serviço;

Pisos externos e internos (inclusive de rampas e escadas) – devem ser de fácil limpeza

e conservação, uniformes, com ou sem juntas e com mecanismo antiderrapante;

Rampas e escadas – devem ser executadas conforme especificações da NBR 9050,

dando atenção às exigências de corrimão e sinalização

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Circulações internas – as principais circulações devem ter largura mínima de 1,00m e

as secundárias podem ter largura mínima de 0,80m, contando com luz de vigília

permanente;

Elevadores – devem seguir as especificações da NBR 7192 e NBR 13.994

Portas – devem ter uma vão livre com largura mínima de 1,10m, com travamento

simples sem o uso de trancas ou chaves;

Janelas e guarda-corpos – devem ter peitoris de no mínimo 1,00m

É importante que o profissional de iluminação, associado à gerontologia, tenha noções da

aplicação da iluminação para idosos, assim como a sua interação na percepção visual. É muito

difícil separar a visão da iluminação, pois uma está condicionada à outra. Por exemplo, a

leitura de um livro em preto e branco não exige a visão de cores, porém nem todos os livros

apresentam essa condição, admitindo-se assim que à necessidade de reprodução de cor é

essencial. A direção da luz é outro fator importante, pois o ofuscamento pode impedir a

concentração necessária para leitura. Nessas condições é necessário verificar se a tarefa visual

satisfaria o idoso. Pergunte-se a si mesmo: Se eu estivesse em tais condições, estaria

satisfeito? Quais atividades serão realizadas neste ambiente? Com essa iluminação consigo

distinguir os objetos? São perguntas pertinentes para conseguir chegar às observações e

análises que podem ser colocadas em prática em todos os ambientes, como nas áreas de

transição, passeio, corredores, escadas, elevadores, entrada de apartamentos, área de estar,

salas de jantar, cozinhas, banheiros, quartos e dormitórios.

6.1. Áreas de transição

Áreas de transição são entendidas como as passagens do passeio, estacionamentos, garagens,

saguões e corredores, que fazem a ligação entre o ambiente externo e o interno. Os passeios

durante o dia devem estar perfeitamente identificados, o uso de corrimão é recomendável, e

durante à noite complementados por iluminação, principalmente quando houver mudança de

direção ou existência de obstáculos. A uniformidade da iluminação é essencial, estando as

luminárias decorativas dispostas de maneira que impeçam ofuscamentos diretos, tais como o

uso indevido de postes baixos, sem controle de ofuscamento.

6.2. Acessos

Os acessos como os corredores e as áreas comuns devem ser claramente iluminados de

maneira a propicias uma passagem fácil e confiante. Superfícies polidas, que podem causar

muito ofuscamento por reflexão também, devem ser evitadas. Segundo a norma brasileira de

acessibilidade, os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob

qualquer condição, que não provoque trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de

rodas ou carrinhos de bebê). Admite-se inclinação transversal da superfície até 3% para pisos

externos e inclinação longitudinal de no máximo 5%, superiores a essa porcentagem, já são

consideradas rampas.

Quanto ao ambiente interno, assim como já dito anteriormente, não devem ter pisos com alto

grau de reflexão, pois podem causar ofuscamento. Da mesma que não sei deve haver

desenhos muito contrastantes para não permitir a interpretação de graus ou níveis inexistente,

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porém, se o caso exista, o contraste deve ser em um nível que revele a orientação para o

deslocamento do idoso. Para ambientes internos, a NBR 9050 permite inclinação transversal

da superfície de até 2%.

6.3. Áreas de estar

As salas de estar são consideradas locais de múltiplo uso. São realizadas atividades desde as

tarefas mais simples, como as mais detalhadas, como leitura, exigindo assim uma iluminação

mais específica. No caso de iluminação como assistência à televisão, deve ser prevista um

tipo de iluminação do tipo difuso, que não provoque ofuscamentos por reflexão pela tela da

televisão. Devem ter paredes de cores claras e ter uma iluminação mais uniforme e contínua

em vários pontos. O ambiente deve ser livre de obstáculos, principalmente objetos e móveis

baixos.

A norma brasileira que trata sobre a iluminância de interiores não determina quantidade de

lux para esta área, porém, dentre os ambientes citados pela norma, o que mais se aproximou

foi a sala de leitura em hotéis e restaurante, apontado iluminância de 100, 150 e 200 para a

iluminação geral e 200, 300 e 500 para iluminação de mesa. Com base a Tabela 1, a

iluminação geral pode ser de 150lux, enquanto a iluminação específica, que pode ser feita

através de abajures, caso haja a necessidade pelo indivíduo.

Alguns objetos, como o tapete, devem ser evitados, caso exista, é necessário que se coloque

antiderrapante na parte inferior. Deve-se manter a área livre para passagem, no caso de

móveis, elas devem ser arredondadas para evitar algum tipo de lesão

6.4. Sala de jantar/Refeitório

Geralmente essas salas são substituídas por um refeitório, e muitas vezes possuem outros

tipos de atividades além da alimentação. É um ambiente onde necessita uma boa iluminação,

no intuito de ajudar enxergar melhor a comida, e na própria locomoção da pessoa pelo

recinto. As mobílias da sala de jantar devem ter tons contrastantes ao piso, para que o mesmo

não seja confundido com piso ou parede, não só o mobiliário, mas também objetos dispostos

sobre mesas, estantes. Assim como na sala de estar, as cores claras nas paredes são as mais

apropriadas. Sob as mesas não deve ser usado tapetes, e as cadeiras devem ser sem braços. Como a ABNT NBR 5413/92 não apresenta iluminação para este ambiente, toma-se como

referência a atividade de hotéis e restaurantes, assim como na sala de estar, ou seja, de 150 lux.

6.5. Cozinha

A cozinha geralmente deve apresentar iluminação geral e uma específica para locais onde a

atividade visual é executada, como em balcão e fogão. Por ser um local onde as refeições são

preparadas, a reprodução de cor é essencial, pois é como identificamos se o alimento está

apropriado ou não para o consumo. É preferencial que a disposição da mobília seja no fluxo

“preparo – processamento – cocção”.

Considera-se há alto nível de ofuscamento em cozinha, pela possibilidade da existência de

muitos materiais metálicos, como panelas, talheres, etc. Segundo a ABNT NBR 5413, os

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níveis de iluminância para as cozinhas são de: 150, 200 e 300. Levando em conta o peso +1

(valor de referência do resultado da Tabela 1), o nível de iluminância deve ser de 200 lux.

Este ambiente geralmente não é acessado pelos moradores da casa de repouso, porém como

estudo, ela foi analisada como se os idosos também tivessem acesso a ela.

6.6. Quartos/Dormitórios

A iluminação geral deve ser uniforme, de maneira que não existam sombras que possam

dificultar ações como deslocamento, vestir e hábitos de higiene. Uma iluminação específica é

sempre bem vinda, já que esse ambiente é mais freqüentado, porem deve-se sempre atentar

para o ofuscamento. A NBR 5413/92 recomenda 100, 150 ou 200 lux para quartos, porém,

por se tratar de casas de repouso, a iluminância a ser considerada é de 200 lux.

Para as portas, as maçanetas do tipo alavanca são as mais indicadas, pois as circulares são

mais difíceis de segurar. Quanto aos móveis: a cama deve ter altura de 45 a 50 cm, incluindo

o colchão, atentando-se, se quando a pessoa sentada a beirada da cama consegue apoiar os pés

no chão; deve-se prever espaço livre de no mínimo 60cm ao redor da cama, pois é importante

para arrumação; a mesa de cabeceira, deve ter aproximadamente 10 cm de altura acima da

cama, ter bordas redondas, e sempre que possível ser fixada no chão ou parede para evitar que

o móvel se desloque quando a pessoa queira se apoiar; já os armários devem ter portas leves,

com puxadores do tipo alça, de fácil acesso, cabideiro e prateleiras mais baixas, ter

iluminação interna dentro dos armários permite uma boa visualização do conteúdo; quanto as

janelas recomenda-se o uso do tipo correr. Interruptores próximos a cama também facilita ao

idoso apagar as luzes ao se deitar.

6.7. Banheiro

Levando-se em conta o provável alto índice de ofuscamento, devido o uso de azulejos e piso

cerâmico, o nível de iluminância, que segundo a norma pode ser de 100, 150 e 200 lux, deve

ser de 150 lux e centralizada no ambiente.

Os banheiros não devem ter uma dimensão muito grande, e deve possuir apoios e barras de

segurança, tanto no box quanto no assento sanitário. O espaço interno do banheiro ou box

deve ter espaço para circulação de duas pessoas, pois facilita a ajuda do cuidador, se for o

caso. O banho deve ter: box com piso e proteção anti-derrapante, com largura mínima de 80

cm, desnível máximo de 1,5 cm em relação ao piso do banheiro, e um assento fixo para

banho.

Os suportes como o corrimão e barras de apoio tem alturas variáveis, dependendo do uso. O

vaso sanitário deve ter altura de 48 a 50 cm (acrescida 10 cm, como na descrita ABNT NBR

9050), com barras de apoio junto à bacia sanitária, na lateral e no fundo, devem ser colocadas

barras horizontais para apoio e transferência, com comprimento mínino de 0,80 m, a 0,75 m

de altura do piso acabado.

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Bacia sanitária – barras de apoio lateral e no fundo

Fonte: ABNT NBR 5413/92

Caso o banheiro seja provido de uma bancada, ela deve haver gabinete com área livre para

movimentação das pernas no caso do uso de cadeira, banqueta ou cadeira de rodas. O espelho,

preferencialmente, deve ser de apoio e com iluminações laterais, evitando ofuscamento. As

trancas das portas que abrem por dentro e por fora ajudam na eventualidade de o idoso passar

mal e cair.

7. Análise de casos

Atualmente, em Campo Grande, somente três instituições recebem usuários conveniados com

a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS): SIRPHA – Lar de idoso, Casa de Abraão,

e o Recanto São João Bosco. Dentre os as três instituições, duas delas foram analisadas.

7.1. SIRPHA – Lar de idosos

Quartos dos moradores

Fonte: sirpha.org.br

Localizada na Rua Luxo, 125, bairro Nova Lima, em Campo Grande, no estado de Mato

Grosso do Sul, a SIRPHA – Lar de idosos, antes conhecida como Sociedade de Integração e

Reabilitação da Pessoa Humana, é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos. A

instituição existe há 35 anos e atendia pacientes que saíam do Hospital São Julião após

tratamento da hanseníase, porém hoje, maior parte dos atendidos é idosa. Hoje, a Sirpha

acolhe e abriga 60 idosos – dentre elas, 90% vem através da promotoria de justiça, e os outros

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10% vem por meio particular – de diversos graus de dependência, e para atender tal demanda,

possui 40 funcionários, entre elas estão terapeutas ocupacionais, nutricionista, psicólogo,

fisioterapeutas, enfermeiras, contando também com uma equipe de limpeza.

Ela é composta por vários ambientes, entre elas: sala de fisioterapia, sala de psicologia, sala

de beleza, sala de repouso, sala de curativos, cozinha, refeitório, farmácia, sala de

enfermagem, sala de costura, salas administrativas, lavanderia industrial, cozinha industrial

equipada com câmara fria e despensa, apartamentos com banheiros adaptados. Alguns

ambientes estavam em reformas e mais apartamentos estavam sendo construídos, pois a

procura tem aumentado cada vez mais.

Devido a visita poder ser realizada somente a partir das 13:00 horas, alguns ambientes não

puderam ser muito bem analisados. As imagens dos ambientes só poderiam ser realizadas

caso não houvesse nenhuma pessoa nas fotos, principalmente os idosos.

O ambiente em si atende as normas referente a acessibilidade. Os quartos são individuais ou

duplos, equipados por luzes de emergências que se situam acima da porta. Próximo às camas

encontram-se interruptores, que facilitam ao morador desligar/ligar as luzes e ventilador. Os

pisos dos quartos são. A necessidade maior da iluminação se dá durante à noite, pois o

ambiente é bem iluminado durante o dia.

Quartos – Acessibilidade à iluminação

Fonte: do autor

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Quartos – Acessibilidade: iluminação de emergência

Fonte: do autor

Os banheiros são equipados por barras de apoios, e as bancadas dos banheiros possuem recuo

para que pessoas que utilizam cadeiras de rodas possam tem acesso à mesma.

Banheiro – Acessibilidade: barras de apoio

Fonte: do autor

O refeitório é um dos ambientes em que os idosos passam maior parte do tempo. Geralmente,

acordam pela manhã e ficam nesse ambiente por quase o dia todo. O ambiente é amplo, e é

acessível, permite que pessoas com cadeiras de rodas passem sem dificuldade alguma. O

refeitório é composto por mesas e cadeiras, televisão, poltronas e não possuía móveis que

pudessem trazer algum risco ao morador. A área é bem iluminada, principalmente durante o

dia em que há aproveitamento da iluminação natural através das grandes janelas. Nessa sala

são realizadas atividades com uma terapeuta ocupacional, com ajuda de uma equipe. Fotos

não puderam ser tiradas desse ambiente, já que com a presença dos moradores nas fotos não

são permitidas.

7.2. AACA – Associação dos Amigos da Casa de Abraão

A AACA é uma associação civil sem fins lucrativos e localiza-se na Rua Albert Sabin

n°2171, bairro Jardim Anahy. Diferente da SIRPHA que atende, também, idosos particulares,

a Casa de Abraão atende somente àqueles que vêm através da Secretaria de Assistência

Social. Hoje moram 21 idosos: entre elas 11 mulheres e 10 homens.

Possui vários ambientes: sala de estar, refeitório, cozinha, lavanderia, enfermaria, área

administrativa, sala de fisioterapia, quartos dotados de banheiros.

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Sala de tv

Fonte: do autor

A sala de estar é um ambiente amplo, onde estão dispostos somente os sofás e as cadeiras,

minimizando risco de quedas. O refeitório é um ambiente que está anexo a este ambiente,

porém é acessível somente para os funcionários.

Refeitório

Fonte: do autor

Quanto ao refeitório, é possível ver a disposição dos móveis nela contida nas imagens acima.

Os espaços entre as mesas e cadeira, permitem que usuários de cadeiras de rodas possam se

movimentar entre elas, no ambiente são dispostos também barra de segurança. A iluminação

deste ambiente é em sua maior parte pela entrada da luz natural

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Sala de estar – área de convivência Sala de estar – área de convivência

Fonte: do autor Fonte: midiamax.com.br

A sala de estar é um ambiente bastante amplo utilizado em sua maior parte em dias de eventos

da instituição. Como se pode observar nas imagens acima, a iluminação geral é realizada de

forma ampla e uniforme pela iluminação geral. Ambiente com pouco móveis, possui som,

TV, sofás, mesa e cadeira para que os idosos possam também interagir entre si. O

posicionamento dos móveis, não interfere qualquer movimento, e permite livre fluxo de

pessoas que utilizam cadeira de rodas.

Os corredores que dão acesso aos quartos são equipados por barras, e acima das portas, há

iluminação de emergência. Toda a instituição possui placas de sinalização e são equipadas por

extintores de incêndio. Os quartos possuem camas para duas a três pessoas, não há quartos

individuais, e são separadas em alas masculinas e femininas. Não há acesso de interruptores

próximo as camas.

Corredor de acesso aos quartos

Fonte: do autor

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Quarto para duas pessoas

Fonte: do autor

Banheiro dos quartos

Fonte: do autor

As camas dos quartos, apesar de terem altura ideal, são fixas ao piso, e a disposição delas

pode dificultar que o idoso consiga levantar com mais facilidade. Já alguns banheiros

mostravam ausência de alguma barra de apoio.

8. Conclusão

Com o crescimento da população idosa no Brasil, a procura por Instituições de Longa

Permanência para Idosos também tem aumentado. Não é diferente quando se trata de uma só

cidade. Campo Grande vive essa fase. Apesar das três instituições que estão ligadas à

Secretaria de Assistência Social, elas não comportam a procura.

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De um modo geral, as instituições analisadas atendem as normas de acessibilidade. Quanto à

iluminação artificial não foi realizado um estudo detalhado, pois as visitas só poderiam ser

realizadas no período diurno, onde os ambientes dos casos analisados apresentavam boa

iluminação natural.

Recentemente a SIRPHA passou por melhorias quanto a sua acessibilidade, há ambientes que

estão sendo reformados, e outros quartos estão sendo construídos. A instituição possui uma

arquiteta que auxilia nos projetos.

Outro lar de idoso também foi visitado, porém, esta não se classifica entra as instituições que

estão associadas com a Secretaria de Assistência Social. Diferente das demais analisadas, ela

tem capacidade para atender no máximo sete pessoas, e também pode funcionar como um

hotel-residência, onde o responsável pelo idoso possa situá-lo na instituição por um curto

período.

Com as visitas in loco é possível ver idosos em diversas situações, e o que mais se percebe é a

utilização das cadeiras de rodas. Importante observar também que aqueles que ainda possuem

capacidade de circular pelos ambientes, necessitam das barras de apoio para dar mais

segurança a eles e que as quedas possam ser evitadas. Ligadas à ela existe essa importância

que deve se dar para a iluminação, pois um ambiente mal iluminado é um fatores que podem

causar as quedas dos idosos, que, geralmente, precisam de um ambiente melhor iluminado.

Para ajudar na questão da iluminação vem surgindo dispositivos eletrônicos que podem ser

utilizados para acender as luzes, ou desligar quando os moradores se ausentarem. Há muita

tecnologia que estão sendo criados no mercado para atender cada um.

É importante entender como a iluminação e decoração afeta aos seres humanos,

principalmente nas residências da terceira idade, onde não só a iluminação e decoração são

importantes, mas também se leva em conta a sua fragilidade fisiológica e psicológica.

Referências

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de Janeiro: ABNT, 1992.

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