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Análise da iluminação e acessibilidade de instituições de longa permanência de idosos em Campo Grande,
MS dezembro/2014
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembro/2014
Análise da iluminação e acessibilidade de instituições de longa
permanência de idosos em Campo Grande, MS
Thaís Miyuki Towata – [email protected]
Iluminação e Design de Interiores
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Campo Grande, MS, 16 de junho de 2014
Resumo
O objetivo deste artigo é proporcionar algumas soluções tanto sobre a iluminação quanto a
disposição dos mobiliários voltados para casas de repouso para a terceira idade, uma vez
que essa parcela da população vem crescendo nas últimas décadas. Para realização deste
artigo, foram estudados casos das ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos) em
Campo Grande que possuem vínculo com a Secretaria de Assistência Social, no estado de
Mato Grosso do Sul. Através desta pesquisa de campo, buscou-se coletar dados para estudo
comparativo para verificação da qualidade e do seguimento de normas brasileiras quanto à
iluminação e acessibilidades destes locais. Os resultados encontrados são satisfatórios
quanto ao objeto de estudo, porém melhorias podem sempre ser realizadas, desde pequenas a
grandes escalas.
Palavras-chaves: iluminação, interiores, terceira idade, casas de repouso.
1. Introdução
Nos últimos anos a população brasileira idosa vem crescendo de forma acelerada. As
mudanças demográficas iniciadas no último século mostram uma população mais
envelhecida, expressando a importância de garantir aos idosos não só uma sobrevida maior,
mas também uma boa qualidade de vida. O envelhecimento populacional é uma realidade
recente para o Brasil, assim como para os demais países em desenvolvimento, estima-se que
existam 17,6 milhões de idosos no país e que para o ano de 2050, sejam cerca de dois bilhões
de pessoas com 60 anos ou mais no mundo. No entanto, sabe-se que o processo de
envelhecimento em situações de doenças, principalmente crônico-degenerativas, associadas a
fatores externos, como hábito de vida, pode desencadear uma condição de deficiência que
requeira assistência. Dados do censo demográfico e 2010, realizado pelo IBGE, revelaram um
aumento da população de 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em
2000 chegando a 7,4% em 2010.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a velhice tem idade certa para chegar. Tal
etapa da vida chega oficialmente aos 65 anos de idade, mesmo que alguns se sintam jovens
nessa idade e outros comecem a sentir certos desgastes. O fato é que se trata de um estágio da
vida, e que tem mostrado um aumento considerável com o passar dos anos. Daí vem à
necessidade de olhar para ela de forma especial.
O envelhecimento é um fenômeno natural, e muitas vezes, é acompanhada de perdas
biológicas que vão ocorrendo ao longo da vida, podendo culminar no processo de
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institucionalização. O idoso institucionalizado apresenta características que podem ocorrer
com o processo de envelhecimento, além das alterações fisiológicas e patológicas, que
acontecem independente do ambiente em que se vive, é também marcado pela solidão e
exclusão familiar.
Tendo em vista essa parcela da sociedade que vem aumentando nas últimas décadas, vê se a
necessidade de garantir um ambiente mais seguro voltada para elas. Com isso em mente,
analisa-se primeiramente o ambiente em que essa pessoa mora, pois, geralmente é onde ela
passa a maior parte do tempo. Porém, estar dentro de uma casa nem sempre demonstra ser
sinônimo de segurança, pois, segundo pesquisas, dentro de um lar os problemas mais
freqüentes dos idosos são as quedas, as quais podem ser evitadas com um bom estudo de
projeto.
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a queda está em primeiro lugar
do ranking de causa de acidentes em pessoas com mais de 60 anos, tal acidente pode causar
problemas graves e até mesmo deixar seqüelas, seja ela físicas ou psicológicas. Como já dito,
as alterações fisiológicas e patológicas fazem parte do avanço da idade, fatores que podem ser
associados com a queda, como enfraquecimento natural dos ossos e músculos, alterações
visuais, desatenção e perda de equilíbrio e alterações no padrão da marcha, ou seja, quando se
observa um andar com menor elevação dos pés. Associando-se essas alterações com a
atividade de risco e um ambiente inseguro, aumenta-se a probabilidade de acidentes. No caso
de idosos, por exemplo, até mesmo tapetes se tornam grande vilão.
2. Na terceira idade
Segundo Silva et al, com essa mudança demográfica, num modo geral, o mundo está em uma
situação ambígua: o desejo de viver mais e o medo das incapacidades, dependências, as quais
estão ligadas diretamente com a qualidade de vida. As capacidades funcionais estão
associadas com a presença de doenças, deficiências ou problemas médicos, mas, outras
hipóteses não são descartadas, como: fatores demográficos, socioeconômicos, culturais e
psicossociais. Em um estudo realizado por Silva et al, os idosos de 75 anos ou mais tiveram
maior chance de comprometimento grave do que as demais faixas etárias.
Todas as estruturas sofrem alterações fisiológicas mais ou menos intensas com o processo do
envelhecimento: a perda da sensibilidade da córnea leva a que certas lesões passem
despercebidas; a pupila fica menos reativa na escuridão ou luminosidade intensa; o cristalino
torna-se amarelo, menos flexível e levemente opaco. Assim, perdas de visão e doenças
associadas têm muito mais incidência nos idosos. No entanto, seja em qual idade for, a perda
de visão tem profundas repercussões na qualidade de vida do sujeito na sociedade.
O sistema visual fornece informações onde a pessoa se localiza, a distância em que
determinado objeto se encontra dentro do ambiente, qual o tipo de superfície onde se
locomove, a posição das partes corporais uma em relação à outra, e ao ambiente, portanto, tais
componentes do sistemas que são considerados essenciais para o próprio equilíbrio, incluem a
visão periférica, a sensibilidade ao contraste, a acuidade dinâmica e estática e a percepção de
profundidade. Dentre as alterações citadas, as três últimas – sensibilidade ao contraste, a
acuidade dinâmica e estática e a percepção de profundidade – estão ligadas à idade, podendo
também ter menor adaptação ao escuro, pelo fato de haver uma perda na habilidade de
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diferenciar baixas freqüências espaciais. Estas informações visuais que são atenuadas
aumentam a probabilidade de quedas em idosos, principalmente se associada a alguma doença
relacionada à idade. Segundo Rodrigues, sempre que se pretende obter uma imagem nítida de
um objeto localizada a uma distância finita, é necessário que o sistema óptico seja focado
novamente. Com o envelhecimento, essa capacidade de refocar a imagem vai sendo reduzida,
logo, o idoso acaba por ter uma imagem distorcida do objeto, acaba por julgas de forma
errônea quanto a sua forma, profundidade e cor, levando-o, muitas vezes, a tropeçar nesse
mesmo objeto.
A queda não é um fator somente relacionado com alteração da visão, mas o envelhecimento
pode trazer mudanças na audição, nas articulações, na tensão arterial, devida a mudança
brusca de posição, efeitos de medicamento também pode estar associadas às quedas, pois
algumas delas podem causa a sonolência; o ambiente doméstico, pois muitos lares possuem
tapetes soltos, gavetas, mobílias instáveis, iluminação deficiente e escadas inseguras;
pavimentos irregulares; calçados com solas poucos aderentes ao piso.
3. Iluminação
A iluminação é qualidade de vida, isto é, apetite, condição física, autoconfiança,
redução da ansiedade e solidão, redução de quedas e possíveis fraturas. Por outra, as
pessoas idosas necessitam, de luz para o funcionamento de seu ritmo biológico ou ritmo
circadiano responsável pela produção de melatonina, indispensável ao comportamento
biológico e emocional dos seres vivos. A luz contribui, ainda, para o aumento da
vitamina D, indispensável à formação dos ossos. Isso é particularmente importante nas
regiões frias, nas quais o sol nem sempre está presente, quando os idosos permanecem
mais tempo dentro de casa (COSTA)
Um bom projeto de iluminação pode resultar na adaptação da luz às necessidades específicas
de cada ambiente, permitindo valorizar detalhes. Apesar de parecer teoricamente possível a
qualquer momento, o ideal é que seja feito o estudo na fase do projeto, pois é onde podemos
evitar futuras limitações impostas pela construção já acabada. Um projeto começa de forma
errada quando se baseia somente em tendências, cada caso é um caso, não existe uma forma
padrão que deva se seguido. O que de fato existe são as diversas variáveis que devem ser
cuidadosamente estudadas, desde a análise do projeto arquitetônico, a sua localização, a
finalidade de ocupação e estudar, conhecer as necessidades dos usuários do espaço em
questão.
Ao estudar o problema da iluminação para o idoso, necessita-se averiguar quais são as
alterações pelas quais os olhos humanos passam no decorrer do tempo. O uso dos óculos vem
a partir de certa idade, mostrando o sinal de suas modificações dos olhos no processo visual.
Claro que existem àqueles que usam óculos desde criança, onde a frase anterior não se
satisfaz, porém, para alguns, tais modificações surgem a partir dos 50 anos de idade. A
dificuldade de distinguir e ou detectar claramente os detalhes, é uma das modificações que
podem ser notadas, chamada então de acuidade visual.
Costa diz sobre o conceito da luz normal, luz características do ambiente. Segundo o autor, a
luz normal do dia é superior a luz normal de uma sala, que por sua vez é superior à
iluminação pública. Um oftalmologista dispõe no seu consultório de uma luz normal quando
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ilumina um quadro que contem letras de Snellen (visão de longe) ou quando ilumina um texto
(visão de perto). A visão periférica, responsável pela visão noturna, em ambientes de baixa
luminosidade fica mais comprometida no idoso, em razão da redução dos neurônios que
processam a informação. Mas deve ser compreendido que para um idoso a condição de nível
de iluminância na luz normal é mais exigente que a do jovem e que, portanto, a compensação
pela diminuição da acuidade visual, exige mais iluminação, com ofuscamento aceitável e não
fatigante.
Em um trabalho publicado por Blackwell, em 1980, observou-se o comportamento de 156
observadores. O resultado dessa pesquisa revelou que a transmitância relativa se reduz para
pessoas de 75 anos em relação a um jovem de 25. Tal trabalho mostra que a iluminação de
ambientes onde encontram pessoas na faixa etária da terceira idade, deve ser
impreterivelmente maior.
A ABNT NBR 5413/92, é uma norma brasileira que estabelece os valores de iluminância
médias e mínimas em serviço para iluminação artificial em interiores, junto à aplicação desta
norma utiliza-se a NBR 5382 e a NBR 5461, que tratam da verificação da iluminância de
interiores – método de ensaio – e terminologia da iluminação, respectivamente. Segundo esta
norma, a iluminância deve ser medida na área do campo de trabalho, quando a área não for
definida, entende-se que ela deva ser calculada a uma distância de 0,75 m do piso. É
recomendada que a iluminância em qualquer ponto do campo de trabalho não seja inferior a
70% da iluminância média determinada pela NBR 5382. A parte restante do ambiente não
deve ter iluminação inferior a 1/10 da adotada para a área de trabalho.
Características da tarefa do
observador
Peso
-1 0 +1
Idade Inferior a 40 anos 40 a 55 anos Superior a 55 anos
Velocidade e precisão Sem importância Importante Crítica
Refletância do fundo da tarefa Superior a 70% 30 a 70% Inferior a 30%
Tabela 1 – Fatores determinantes para iluminação adequada
Fonte: ABNT NBR 5413
Como estabelecido na tabela acima, podemos definir algumas informações para um ambiente
melhor iluminado para residências voltadas à terceira idade. Com as características da tarefa e
do observador, defini-se:
a) Idade: superior a 55 anos, já que o observador em questão são pessoas da terceira idade, ou
seja, aqueles com mais de 65 anos, tomando-se peso +1 como referência.
b) Velocidade e precisão: levando-se em conta o tipo de atividades realizadas num ambiente
geral, toma-se peso 0, considerando tal característica importante.
c) Refletância do fundo da tarde: Essa característica pode ter tanto peso 0 quanto +1, já que
depende do tipo de material, móveis, objetos que se encontram no ambiente.
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No total podemos considerar que a soma de todos os pesos é de +1 ou +2, dependendo do tipo
do peso escolhido em “c”. Como escrito na norma, se a soma dos pesos for de +2 ou +3, deve
ser considerado os valores iluminância superior, valores estes que são estabelecidos pela NBR
5413.
4. Interiores
A composição dos espaços interiores necessita de uma tríade de aliança entre a
arquitetura e o design de interiores e a decoração, de forma a propiciar o conforto físico
e psicológico necessário ao ser humano em seu habitat. Uma casa não é um lar, é um
objeto arquitetônico, inanimado, destinado a habitação do ser humano, que somente
após um processo etológico de domínio territorial efetuado por seus ocupantes é que se
transforma num lar. Decorar é dar um significado maior do que simples abrigo é torna
público o privado modo privado de ser de cada individuo; é apropriar-se do espaço,
submetendo-se aos nossos desígnios, de forma a refletir tal qual é um espelho a imagem
de quem o habita. É transformar o abrigo em um lar. (CIANCIARDI)
Por muito tempo o homem criado por Ernest Neufert foi considerado padrão, como
proporções ideais ao se projetas um ambiente ou objeto, não levando em conta a diversidade
antropométrica dos diversos usuários. Hoje, entende-se que o uso dessa forma simplificada é
inadequada para ter como referência no desenvolvimento de projetos, portanto o ideal é
buscar uma solução que atenda a uma maior diversidade de pessoas e que estas possam
usufruir do ambiente, sempre que possível, de forma autônima, segura e sem esforços
desnecessários.
Profissionais ligados à área de projeto têm demonstrado emprenho para tornar os ambientes
construídos em lugares acessíveis à diversidade que caracteriza o ser humano. A inclusão
social não é uma realidade que se tem em todo país, porém, é possível observar que nos
últimos anos houve mudanças quanto ao tema como movimentos que buscam maior
autonomia dos usuários em relação ao ambiente em que se vive.
Hoje em dia, entende-se que um projeto pode habilitar ou inabilitar o usuário, e que para um
projeto ter inclusão social, não se pode ignorar conceitos como o desenho universal, que são
princípios que buscam tornar algo ou um local acessível à maioria da população, ter a
usabilidade, que defende facilitar o uso, e adaptações, que procuram minimizar barreiras em
ambientes já construídos. A realização de um projeto como base o desenho universal, segue a
7 princípios básicos:
1. Utilização equitativa: espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por pessoas
com diferentes capacidades, tomando os ambientes iguais a todos. Ex.: porta com sensores.
2. Flexibilidade de utilização: design de produtos ou espaços que atendem pessoas com
diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso. Ex.:
tesoura que se adapta a destros e canhotos;
3. Utilização simples e intuitiva: de fácil entendimento para que a pessoa possa compreender,
independentemente de sua experiência, conhecimento, ou nível de concentração. Ex.: placas
de sinalização para banheiros feminino, masculinos;
4. Informação perceptível: fornece ao utilizador a informação necessária, qualquer que seja as
condições existentes ou as capacidades sensoriais do utilizador.
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5. Tolerância ao erro: previsto para minimizar os riscos e possíveis conseqüências de ações
acidentais ou não intencionais.
6. Esforço mínimo: para ser usado eficientemente, com conforto e com mínimo de fadiga.
Ex.: torneira com sensor.
7. Dimensão e espaço de abordagem e de utilização: estabelece dimensões e espaços
apropriados para acesso, o alcance, a manipulação e o uso do tamanho do corpo, da postura
ou mobilidade dos usuários. Ex.: banheiro com dimensões adequadas para pessoas com
cadeira de rodas.
A ABNT NBR 9050 estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do
projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços urbanos e
equipamentos urbanos às condições de acessibilidade, considerando diversas condições de
mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem ajuda de aparelhos específicos, como:
próteses, aparelhos de apoio de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de
audição ou qualquer outro que venha a complementar necessidades individuais, visando
assim, não apenas permitir que pessoas portadoras de necessidades especiais participem de
atividade que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas a inclusão e extensão do
uso destes por todas as parcelas presentes em uma determinada população, possibilitando a
condição de alcance para utilização com segurança e autonomia de edificação, espaços,
mobiliários e elementos.
5. Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI)
Centro de assistência a idosos em geral ou doentes, destinam-se aos cuidados,
acompanhamentos e tratamento de pessoas em idade avançada, que não podem mais
exercer uma vida ativa independentemente. Através de um serviço de acompanhamento
ativo, com ajuda de assistência médica e de pessoal experimentado, procura-se alcançar
o exercício, manutenção ou recuperação de forças perdidas. (NEUFERT)
Em função das mudanças sociais, as famílias não passam mais os dias trabalhando em casa,
não tendo tempo disponível para cuidar de algum parente idoso que necessitem de cuidados
especiais. Diante dessa dificuldade a casa de repouso torna-se uma alternativa para atender o
idoso, ambiente a qual deve ser bem planejado para que o morador não se sinta em um
ambiente hospitalar, mas sim em um clube de lazer.
Pela Lei n° 10.741 de 01 de outubro de 2003:
“Capítulo IX
Da Habitação
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou
desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição
pública privada.
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§ 3° As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitaçao
compatíveis com as necessidades, bem como provê-los com alimentação regular e
higiene indispensáveis e condizentes com as normas sanitárias, sob as penas da lei.”
Segundo o Ministério da Saúde – Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde
(SNPES) consideram-se como instituições específicas aos locais físicos equipados para
atender pessoas com 60 anos ou mais de idade, sob regime de internato ou não, mediante
pagamento ou não, durante um período indeterminado e que dispõem de um quadro de
funcionários para atender às necessidades de cuidados com a saúde, alimentação, higiene,
repouso e lazer dos usuários e desenvolver outras atividades características da vida
institucional.
6. Projetando casas para terceira idade
Não podemos mais aceitar projetos de ambiente que não respeitem as proporções do
corpo humano nem suas limitações. Espaços mal projetados, com soluções
inapropriadas aos seus usuários, são sinônimos de falta de pesquisa e entendimento das
necessidades relacionadas â realização de tarefas específicas. Proporcionar conforto e
bem-estar deve ser objetivo primordial de qualquer projeto. (GURGEL, 2013, p. 93).
Segundo Freitas et al (2002), a dinâmica do aparelho locomotor sofre importante modificação,
reduzindo amplitude dos movimentos, modificando a marcha caracterizada, então, por passos
curtos e mais lentos e, não raro, pelo arrastar dos pés. Os movimentos dos braços perdem em
amplitude e tendem a se manter mais próximos do corpo. O centro de gravidade corporal se
adianta, e a base de sustentação se amplia, buscando maior segurança e equilíbrio.
Olson diz que para minimizar acidentes domésticos, o lar e o que está contido nele devem ser
projetados baseados na usabilidade adequada, das interações homem-tarefa-máquina,
considerando as possíveis necessidades e dificuldades da diversidade dos usuários, ou seja, a
ergonomia, pois ela é, em palavra, o estudo da relação entre o homem e o seu meio, métodos e
espaço de trabalho. A prática ergonômica é ao mesmo tempo uma ciência e arte, onde se
utilizam técnicas e baseiam-se em conhecimentos científicos.
A RDC da ANVISA n° 283, de 26 de setembro de 2005 cria o Regulamento Técnico para
funcionamento das instituições de longa permanência para idosos, sendo uma norma aplicável
a toda ILPI, governamental ou não governamental, destinada à moradia coletiva de pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar. Esta norma também citar
algumas exigências específicas:
Acesso externo – devem ser previstas, no mínimo, duas portas de acesso, sendo uma
exclusivamente de serviço;
Pisos externos e internos (inclusive de rampas e escadas) – devem ser de fácil limpeza
e conservação, uniformes, com ou sem juntas e com mecanismo antiderrapante;
Rampas e escadas – devem ser executadas conforme especificações da NBR 9050,
dando atenção às exigências de corrimão e sinalização
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Circulações internas – as principais circulações devem ter largura mínima de 1,00m e
as secundárias podem ter largura mínima de 0,80m, contando com luz de vigília
permanente;
Elevadores – devem seguir as especificações da NBR 7192 e NBR 13.994
Portas – devem ter uma vão livre com largura mínima de 1,10m, com travamento
simples sem o uso de trancas ou chaves;
Janelas e guarda-corpos – devem ter peitoris de no mínimo 1,00m
É importante que o profissional de iluminação, associado à gerontologia, tenha noções da
aplicação da iluminação para idosos, assim como a sua interação na percepção visual. É muito
difícil separar a visão da iluminação, pois uma está condicionada à outra. Por exemplo, a
leitura de um livro em preto e branco não exige a visão de cores, porém nem todos os livros
apresentam essa condição, admitindo-se assim que à necessidade de reprodução de cor é
essencial. A direção da luz é outro fator importante, pois o ofuscamento pode impedir a
concentração necessária para leitura. Nessas condições é necessário verificar se a tarefa visual
satisfaria o idoso. Pergunte-se a si mesmo: Se eu estivesse em tais condições, estaria
satisfeito? Quais atividades serão realizadas neste ambiente? Com essa iluminação consigo
distinguir os objetos? São perguntas pertinentes para conseguir chegar às observações e
análises que podem ser colocadas em prática em todos os ambientes, como nas áreas de
transição, passeio, corredores, escadas, elevadores, entrada de apartamentos, área de estar,
salas de jantar, cozinhas, banheiros, quartos e dormitórios.
6.1. Áreas de transição
Áreas de transição são entendidas como as passagens do passeio, estacionamentos, garagens,
saguões e corredores, que fazem a ligação entre o ambiente externo e o interno. Os passeios
durante o dia devem estar perfeitamente identificados, o uso de corrimão é recomendável, e
durante à noite complementados por iluminação, principalmente quando houver mudança de
direção ou existência de obstáculos. A uniformidade da iluminação é essencial, estando as
luminárias decorativas dispostas de maneira que impeçam ofuscamentos diretos, tais como o
uso indevido de postes baixos, sem controle de ofuscamento.
6.2. Acessos
Os acessos como os corredores e as áreas comuns devem ser claramente iluminados de
maneira a propicias uma passagem fácil e confiante. Superfícies polidas, que podem causar
muito ofuscamento por reflexão também, devem ser evitadas. Segundo a norma brasileira de
acessibilidade, os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante sob
qualquer condição, que não provoque trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de
rodas ou carrinhos de bebê). Admite-se inclinação transversal da superfície até 3% para pisos
externos e inclinação longitudinal de no máximo 5%, superiores a essa porcentagem, já são
consideradas rampas.
Quanto ao ambiente interno, assim como já dito anteriormente, não devem ter pisos com alto
grau de reflexão, pois podem causar ofuscamento. Da mesma que não sei deve haver
desenhos muito contrastantes para não permitir a interpretação de graus ou níveis inexistente,
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porém, se o caso exista, o contraste deve ser em um nível que revele a orientação para o
deslocamento do idoso. Para ambientes internos, a NBR 9050 permite inclinação transversal
da superfície de até 2%.
6.3. Áreas de estar
As salas de estar são consideradas locais de múltiplo uso. São realizadas atividades desde as
tarefas mais simples, como as mais detalhadas, como leitura, exigindo assim uma iluminação
mais específica. No caso de iluminação como assistência à televisão, deve ser prevista um
tipo de iluminação do tipo difuso, que não provoque ofuscamentos por reflexão pela tela da
televisão. Devem ter paredes de cores claras e ter uma iluminação mais uniforme e contínua
em vários pontos. O ambiente deve ser livre de obstáculos, principalmente objetos e móveis
baixos.
A norma brasileira que trata sobre a iluminância de interiores não determina quantidade de
lux para esta área, porém, dentre os ambientes citados pela norma, o que mais se aproximou
foi a sala de leitura em hotéis e restaurante, apontado iluminância de 100, 150 e 200 para a
iluminação geral e 200, 300 e 500 para iluminação de mesa. Com base a Tabela 1, a
iluminação geral pode ser de 150lux, enquanto a iluminação específica, que pode ser feita
através de abajures, caso haja a necessidade pelo indivíduo.
Alguns objetos, como o tapete, devem ser evitados, caso exista, é necessário que se coloque
antiderrapante na parte inferior. Deve-se manter a área livre para passagem, no caso de
móveis, elas devem ser arredondadas para evitar algum tipo de lesão
6.4. Sala de jantar/Refeitório
Geralmente essas salas são substituídas por um refeitório, e muitas vezes possuem outros
tipos de atividades além da alimentação. É um ambiente onde necessita uma boa iluminação,
no intuito de ajudar enxergar melhor a comida, e na própria locomoção da pessoa pelo
recinto. As mobílias da sala de jantar devem ter tons contrastantes ao piso, para que o mesmo
não seja confundido com piso ou parede, não só o mobiliário, mas também objetos dispostos
sobre mesas, estantes. Assim como na sala de estar, as cores claras nas paredes são as mais
apropriadas. Sob as mesas não deve ser usado tapetes, e as cadeiras devem ser sem braços. Como a ABNT NBR 5413/92 não apresenta iluminação para este ambiente, toma-se como
referência a atividade de hotéis e restaurantes, assim como na sala de estar, ou seja, de 150 lux.
6.5. Cozinha
A cozinha geralmente deve apresentar iluminação geral e uma específica para locais onde a
atividade visual é executada, como em balcão e fogão. Por ser um local onde as refeições são
preparadas, a reprodução de cor é essencial, pois é como identificamos se o alimento está
apropriado ou não para o consumo. É preferencial que a disposição da mobília seja no fluxo
“preparo – processamento – cocção”.
Considera-se há alto nível de ofuscamento em cozinha, pela possibilidade da existência de
muitos materiais metálicos, como panelas, talheres, etc. Segundo a ABNT NBR 5413, os
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níveis de iluminância para as cozinhas são de: 150, 200 e 300. Levando em conta o peso +1
(valor de referência do resultado da Tabela 1), o nível de iluminância deve ser de 200 lux.
Este ambiente geralmente não é acessado pelos moradores da casa de repouso, porém como
estudo, ela foi analisada como se os idosos também tivessem acesso a ela.
6.6. Quartos/Dormitórios
A iluminação geral deve ser uniforme, de maneira que não existam sombras que possam
dificultar ações como deslocamento, vestir e hábitos de higiene. Uma iluminação específica é
sempre bem vinda, já que esse ambiente é mais freqüentado, porem deve-se sempre atentar
para o ofuscamento. A NBR 5413/92 recomenda 100, 150 ou 200 lux para quartos, porém,
por se tratar de casas de repouso, a iluminância a ser considerada é de 200 lux.
Para as portas, as maçanetas do tipo alavanca são as mais indicadas, pois as circulares são
mais difíceis de segurar. Quanto aos móveis: a cama deve ter altura de 45 a 50 cm, incluindo
o colchão, atentando-se, se quando a pessoa sentada a beirada da cama consegue apoiar os pés
no chão; deve-se prever espaço livre de no mínimo 60cm ao redor da cama, pois é importante
para arrumação; a mesa de cabeceira, deve ter aproximadamente 10 cm de altura acima da
cama, ter bordas redondas, e sempre que possível ser fixada no chão ou parede para evitar que
o móvel se desloque quando a pessoa queira se apoiar; já os armários devem ter portas leves,
com puxadores do tipo alça, de fácil acesso, cabideiro e prateleiras mais baixas, ter
iluminação interna dentro dos armários permite uma boa visualização do conteúdo; quanto as
janelas recomenda-se o uso do tipo correr. Interruptores próximos a cama também facilita ao
idoso apagar as luzes ao se deitar.
6.7. Banheiro
Levando-se em conta o provável alto índice de ofuscamento, devido o uso de azulejos e piso
cerâmico, o nível de iluminância, que segundo a norma pode ser de 100, 150 e 200 lux, deve
ser de 150 lux e centralizada no ambiente.
Os banheiros não devem ter uma dimensão muito grande, e deve possuir apoios e barras de
segurança, tanto no box quanto no assento sanitário. O espaço interno do banheiro ou box
deve ter espaço para circulação de duas pessoas, pois facilita a ajuda do cuidador, se for o
caso. O banho deve ter: box com piso e proteção anti-derrapante, com largura mínima de 80
cm, desnível máximo de 1,5 cm em relação ao piso do banheiro, e um assento fixo para
banho.
Os suportes como o corrimão e barras de apoio tem alturas variáveis, dependendo do uso. O
vaso sanitário deve ter altura de 48 a 50 cm (acrescida 10 cm, como na descrita ABNT NBR
9050), com barras de apoio junto à bacia sanitária, na lateral e no fundo, devem ser colocadas
barras horizontais para apoio e transferência, com comprimento mínino de 0,80 m, a 0,75 m
de altura do piso acabado.
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Bacia sanitária – barras de apoio lateral e no fundo
Fonte: ABNT NBR 5413/92
Caso o banheiro seja provido de uma bancada, ela deve haver gabinete com área livre para
movimentação das pernas no caso do uso de cadeira, banqueta ou cadeira de rodas. O espelho,
preferencialmente, deve ser de apoio e com iluminações laterais, evitando ofuscamento. As
trancas das portas que abrem por dentro e por fora ajudam na eventualidade de o idoso passar
mal e cair.
7. Análise de casos
Atualmente, em Campo Grande, somente três instituições recebem usuários conveniados com
a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS): SIRPHA – Lar de idoso, Casa de Abraão,
e o Recanto São João Bosco. Dentre os as três instituições, duas delas foram analisadas.
7.1. SIRPHA – Lar de idosos
Quartos dos moradores
Fonte: sirpha.org.br
Localizada na Rua Luxo, 125, bairro Nova Lima, em Campo Grande, no estado de Mato
Grosso do Sul, a SIRPHA – Lar de idosos, antes conhecida como Sociedade de Integração e
Reabilitação da Pessoa Humana, é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos. A
instituição existe há 35 anos e atendia pacientes que saíam do Hospital São Julião após
tratamento da hanseníase, porém hoje, maior parte dos atendidos é idosa. Hoje, a Sirpha
acolhe e abriga 60 idosos – dentre elas, 90% vem através da promotoria de justiça, e os outros
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10% vem por meio particular – de diversos graus de dependência, e para atender tal demanda,
possui 40 funcionários, entre elas estão terapeutas ocupacionais, nutricionista, psicólogo,
fisioterapeutas, enfermeiras, contando também com uma equipe de limpeza.
Ela é composta por vários ambientes, entre elas: sala de fisioterapia, sala de psicologia, sala
de beleza, sala de repouso, sala de curativos, cozinha, refeitório, farmácia, sala de
enfermagem, sala de costura, salas administrativas, lavanderia industrial, cozinha industrial
equipada com câmara fria e despensa, apartamentos com banheiros adaptados. Alguns
ambientes estavam em reformas e mais apartamentos estavam sendo construídos, pois a
procura tem aumentado cada vez mais.
Devido a visita poder ser realizada somente a partir das 13:00 horas, alguns ambientes não
puderam ser muito bem analisados. As imagens dos ambientes só poderiam ser realizadas
caso não houvesse nenhuma pessoa nas fotos, principalmente os idosos.
O ambiente em si atende as normas referente a acessibilidade. Os quartos são individuais ou
duplos, equipados por luzes de emergências que se situam acima da porta. Próximo às camas
encontram-se interruptores, que facilitam ao morador desligar/ligar as luzes e ventilador. Os
pisos dos quartos são. A necessidade maior da iluminação se dá durante à noite, pois o
ambiente é bem iluminado durante o dia.
Quartos – Acessibilidade à iluminação
Fonte: do autor
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Quartos – Acessibilidade: iluminação de emergência
Fonte: do autor
Os banheiros são equipados por barras de apoios, e as bancadas dos banheiros possuem recuo
para que pessoas que utilizam cadeiras de rodas possam tem acesso à mesma.
Banheiro – Acessibilidade: barras de apoio
Fonte: do autor
O refeitório é um dos ambientes em que os idosos passam maior parte do tempo. Geralmente,
acordam pela manhã e ficam nesse ambiente por quase o dia todo. O ambiente é amplo, e é
acessível, permite que pessoas com cadeiras de rodas passem sem dificuldade alguma. O
refeitório é composto por mesas e cadeiras, televisão, poltronas e não possuía móveis que
pudessem trazer algum risco ao morador. A área é bem iluminada, principalmente durante o
dia em que há aproveitamento da iluminação natural através das grandes janelas. Nessa sala
são realizadas atividades com uma terapeuta ocupacional, com ajuda de uma equipe. Fotos
não puderam ser tiradas desse ambiente, já que com a presença dos moradores nas fotos não
são permitidas.
7.2. AACA – Associação dos Amigos da Casa de Abraão
A AACA é uma associação civil sem fins lucrativos e localiza-se na Rua Albert Sabin
n°2171, bairro Jardim Anahy. Diferente da SIRPHA que atende, também, idosos particulares,
a Casa de Abraão atende somente àqueles que vêm através da Secretaria de Assistência
Social. Hoje moram 21 idosos: entre elas 11 mulheres e 10 homens.
Possui vários ambientes: sala de estar, refeitório, cozinha, lavanderia, enfermaria, área
administrativa, sala de fisioterapia, quartos dotados de banheiros.
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Sala de tv
Fonte: do autor
A sala de estar é um ambiente amplo, onde estão dispostos somente os sofás e as cadeiras,
minimizando risco de quedas. O refeitório é um ambiente que está anexo a este ambiente,
porém é acessível somente para os funcionários.
Refeitório
Fonte: do autor
Quanto ao refeitório, é possível ver a disposição dos móveis nela contida nas imagens acima.
Os espaços entre as mesas e cadeira, permitem que usuários de cadeiras de rodas possam se
movimentar entre elas, no ambiente são dispostos também barra de segurança. A iluminação
deste ambiente é em sua maior parte pela entrada da luz natural
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Sala de estar – área de convivência Sala de estar – área de convivência
Fonte: do autor Fonte: midiamax.com.br
A sala de estar é um ambiente bastante amplo utilizado em sua maior parte em dias de eventos
da instituição. Como se pode observar nas imagens acima, a iluminação geral é realizada de
forma ampla e uniforme pela iluminação geral. Ambiente com pouco móveis, possui som,
TV, sofás, mesa e cadeira para que os idosos possam também interagir entre si. O
posicionamento dos móveis, não interfere qualquer movimento, e permite livre fluxo de
pessoas que utilizam cadeira de rodas.
Os corredores que dão acesso aos quartos são equipados por barras, e acima das portas, há
iluminação de emergência. Toda a instituição possui placas de sinalização e são equipadas por
extintores de incêndio. Os quartos possuem camas para duas a três pessoas, não há quartos
individuais, e são separadas em alas masculinas e femininas. Não há acesso de interruptores
próximo as camas.
Corredor de acesso aos quartos
Fonte: do autor
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Quarto para duas pessoas
Fonte: do autor
Banheiro dos quartos
Fonte: do autor
As camas dos quartos, apesar de terem altura ideal, são fixas ao piso, e a disposição delas
pode dificultar que o idoso consiga levantar com mais facilidade. Já alguns banheiros
mostravam ausência de alguma barra de apoio.
8. Conclusão
Com o crescimento da população idosa no Brasil, a procura por Instituições de Longa
Permanência para Idosos também tem aumentado. Não é diferente quando se trata de uma só
cidade. Campo Grande vive essa fase. Apesar das três instituições que estão ligadas à
Secretaria de Assistência Social, elas não comportam a procura.
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De um modo geral, as instituições analisadas atendem as normas de acessibilidade. Quanto à
iluminação artificial não foi realizado um estudo detalhado, pois as visitas só poderiam ser
realizadas no período diurno, onde os ambientes dos casos analisados apresentavam boa
iluminação natural.
Recentemente a SIRPHA passou por melhorias quanto a sua acessibilidade, há ambientes que
estão sendo reformados, e outros quartos estão sendo construídos. A instituição possui uma
arquiteta que auxilia nos projetos.
Outro lar de idoso também foi visitado, porém, esta não se classifica entra as instituições que
estão associadas com a Secretaria de Assistência Social. Diferente das demais analisadas, ela
tem capacidade para atender no máximo sete pessoas, e também pode funcionar como um
hotel-residência, onde o responsável pelo idoso possa situá-lo na instituição por um curto
período.
Com as visitas in loco é possível ver idosos em diversas situações, e o que mais se percebe é a
utilização das cadeiras de rodas. Importante observar também que aqueles que ainda possuem
capacidade de circular pelos ambientes, necessitam das barras de apoio para dar mais
segurança a eles e que as quedas possam ser evitadas. Ligadas à ela existe essa importância
que deve se dar para a iluminação, pois um ambiente mal iluminado é um fatores que podem
causar as quedas dos idosos, que, geralmente, precisam de um ambiente melhor iluminado.
Para ajudar na questão da iluminação vem surgindo dispositivos eletrônicos que podem ser
utilizados para acender as luzes, ou desligar quando os moradores se ausentarem. Há muita
tecnologia que estão sendo criados no mercado para atender cada um.
É importante entender como a iluminação e decoração afeta aos seres humanos,
principalmente nas residências da terceira idade, onde não só a iluminação e decoração são
importantes, mas também se leva em conta a sua fragilidade fisiológica e psicológica.
Referências
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5413: Iluminância de Interiores. Rio
de Janeiro: ABNT, 1992.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050: Acessibilidade a edificações,
mobiliários, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
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BRASIL, Decreto n. 10.741, de 01 de outubro de 2013. Dispões sobre o Estatuto do Idoso e
dá outras providências.
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permanência. Disponível em
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ao-idoso-em-instituicoes-de-longa-permanencia#!8> Acesso em 14 de abril de 2014.
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http://www.midiamax.com.br/view.php?mat_id=860461#.U2FfhoFdXD4> Acesso em 12 de
abril de 2014
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