Analise Custo x Volume x Lucro Em Empresas Comerciais Estu

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1 ANÁLISE CUSTO X VOLUME X LUCRO EM EMPRESAS COMERCIAIS: ESTUDO DA VIABILIDADE DA FERRAMENTA APLICADA EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS DA CIDADE DE PONTA GROSSA Murilo Fortunato Dropa (UTFPR) [email protected] Ivanir Luiz de Oliveira (UTFPR) [email protected] João Luiz Kovaleski (UTFPR) [email protected] Luiz Alberto Pilatti (UTFPR) [email protected] RESUMO O presente artigo consistiu em um estudo sobre a viabilidade da análise Custo/Volume/Lucro em pequenas organizações comerciais, visando demonstrar a compreensão e importância de seu funcionamento nesses setores empresariais. Assim, foram abordadas e apresentadas as principais utilidades e vantagens da ferramenta, bem como os conceitos e informações geradas a partir da análise CVL. Dessa maneira, a metodologia de pesquisa dividiu-se basicamente em duas etapas, sendo a primeira a apresentação de uma pesquisa bibliográfica, embasando as definições e utilidades tanto da análise, bem como dos conceitos resultantes da mesma. E, com o intuito de evidenciar a aplicabilidade prática dessa relação, a segunda parte do trabalho demonstrou a análise de um estudo de caso em um posto de combustíveis da cidade de Ponta Grossa. Nessa etapa buscou-se a coleta de dados na empresa, para assim se efetuar os cálculos necessários, resultando nas informações gerenciais pertinentes e indispensáveis aos gestores de empresas que atuam em uma concorrência acirrada. Palavras chave: Análise Custo / Volume / Lucro, Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio. 1. Introdução As pequenas empresas atualmente representam enorme importância no contexto social do país. Entretanto, muitas dessas empresas de menor porte encontram dificuldades para superar até poucos meses de existência.

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ANÁLISE CUSTO X VOLUME X LUCRO EM EMPRESAS

COMERCIAIS: ESTUDO DA VIABILIDADE DA FERRAMENTA

APLICADA EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS DA CIDADE DE

PONTA GROSSA

Murilo Fortunato Dropa (UTFPR) [email protected]

Ivanir Luiz de Oliveira (UTFPR) [email protected]

João Luiz Kovaleski (UTFPR) [email protected]

Luiz Alberto Pilatti (UTFPR) [email protected]

RESUMO

O presente artigo consistiu em um estudo sobre a viabilidade da análise

Custo/Volume/Lucro em pequenas organizações comerciais, visando demonstrar a

compreensão e importância de seu funcionamento nesses setores empresariais.

Assim, foram abordadas e apresentadas as principais utilidades e vantagens da

ferramenta, bem como os conceitos e informações geradas a partir da análise CVL.

Dessa maneira, a metodologia de pesquisa dividiu-se basicamente em duas etapas,

sendo a primeira a apresentação de uma pesquisa bibliográfica, embasando as

definições e utilidades tanto da análise, bem como dos conceitos resultantes da

mesma. E, com o intuito de evidenciar a aplicabilidade prática dessa relação, a

segunda parte do trabalho demonstrou a análise de um estudo de caso em um posto

de combustíveis da cidade de Ponta Grossa. Nessa etapa buscou-se a coleta de

dados na empresa, para assim se efetuar os cálculos necessários, resultando nas

informações gerenciais pertinentes e indispensáveis aos gestores de empresas que

atuam em uma concorrência acirrada.

Palavras chave: Análise Custo / Volume / Lucro, Margem de Contribuição, Ponto de

Equilíbrio.

1. Introdução

As pequenas empresas atualmente representam enorme importância no

contexto social do país. Entretanto, muitas dessas empresas de menor porte

encontram dificuldades para superar até poucos meses de existência.

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Entre os inúmeros fatores que podem ser citados como causadores dessa realidade,

faz-se presente a baixa utilização de técnicas de gerenciamento contábil

consistentes que englobam a previsão ou o planejamento do lucro da empresa. Ou

seja, são poucos os empresários que empregam em suas micro e pequenas

empresas, ferramentas como a Análise Custo/Volume/Lucro.

Esse instrumento de análise e coleta de dados tem sua importância enfatizada por

Garrison e Norenn (2001, p.63):

Utilizando a ferramenta de análise de Custo/Volume/Lucro (CVL) pode-se obter dados importantes para as tomadas de decisões. As informações extraídas desta análise são: margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem de segurança e grau de alavancagem, portanto, é de fundamental importância para o processo de planejamento do lucro.

Com as maiores exigências do mercado e o alto nível de competitividade e

concorrência, é importante que as pequenas empresas utilizem dessas informações,

buscando um gerenciamento mais dinâmico e eficaz de seus custos e projeções de

lucros futuros. Além disso, “os fundamento da análise de CVL estão intimamente

relacionados ao uso de sistemas de custo no auxílio à toma de decisões de curto

prazo” (BORNIA, 2002, p.71).

Diferentemente do que se possa imaginar, o entendimento e a utilização dos

conceitos da Análise CVL são relativamente fáceis de serem aplicados e

compreendidos. E, a partir dessa correta aplicabilidade, as inegáveis vantagens

alcançadas são as possibilidades de prever os impactos nos lucros e resultados

projetados, quando ocorrer alterações nos volumes vendidos, nos preços de vendas

e nos valores de custos e despesas.

Neste cenário, o presente estudo objetivou evidenciar a aplicabilidade e

viabilidade da análise CVL em pequenas organizações comerciais, buscando

demonstrar a compreensão e importância de seu funcionamento nessas pequenas

empresas. Dessa maneira, a pesquisa dividiu-se basicamente em duas etapas. A

primeira parte consistiu no embasamento teórico vinculado ao tema Análise

Custo/Volume/Lucro. Essa pesquisa bibliográfica foi elaborada a partir de através de

estudos já elaborados, materiais especializados e livros específicos sobre o assunto.

E, a partir dos conteúdos analisados, são apresentados os principais conceitos e

utilidades da Análise CVL e as fórmulas de cálculo dos conceitos resultantes dessa

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ferramenta - Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e seus tipos, Margem de

Segurança e Grau de Alavancagem Operacional e Financeiro.

A segunda etapa da pesquisa foi a elaboração de um estudo de caso em uma

pequena empresa comercial da cidade de Ponta Grossa (posto de combustíveis).

Nessa etapa efetuou-se a coleta de dados na empresa, com o intuito de evidenciar a

aplicabilidade e demonstrar o correto método de formular e calcular os conceitos da

análise CVL.

Finalmente, as considerações finais demonstram os principais resultados

obtidos através da pesquisa, evidenciando a importância gerada pela implantação

da ferramenta.

2. Análise Custo x Volume x Lucro – conceitos e utilidades

As decisões empresariais requerem informações precisas e constantemente

renovadas que possibilitem suporte às atividades inerentes ao negócio. Em

pequenas empresas comerciais, o dinamismo dos diversos fatores econômicos

requer um monitoramento contínuo de elementos que compõe os custos e despesas

das ações. A análise da relação Custo x Volume x Lucro representa-se de relevante

importância na determinação de um volume de produção necessário a ser atingido

para a obtenção do lucro pretendido. Ao mesmo tempo, atua como uma ferramenta

para determinar receitas necessárias para atingir volumes de vendas que não gere

prejuízos para o empreendimento.

Wernke (2001) destaca que estas análises são modelos que buscam

demonstrar as inter-relações existentes entre as vendas, os custos (fixos e

variáveis), o nível de atividade desenvolvido e o lucro alcançado ou desejado.

Segundo Hansen (2003), a análise CVL enfatiza os inter-relacionamentos

entre as variáveis envolvidas, focalizando as interações entre os seguintes

elementos: Preço dos produtos; Volume ou nível de atividade; Custo variável; Custo

fixo total e mix dos produtos vendidos. Devido a isso, a mesma agrava toda

informação financeira de uma empresa, transformando-se em uma ferramenta

valiosa para identificar a extensão e magnitude de um problema econômico pelo

qual a empresa esteja passando e, ajudando a encontrar as soluções necessárias.

Compreendendo as relações entre custo, volume e lucro, ou seja, utilizando

essa ferramenta, a mesma se torna um sistema vital na maioria das decisões

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contábeis empresariais, além de possibilitar “a identificação de quais produtos

fabricar ou vender, quais políticas de preço seguir, quais estratégias de mercado

adotar e quais tipos de instalações produtivas adquirirem” (GARRISON; NOREEN,

2001, p.63).

Para Santos (2000), a análise CVL tem como principais utilidades: a previsão

da receita da venda e do lucro, otimização do lucro através do planejamento,

planejamento da expansão da empresa e dos processos administrativos, melhoria

da política de preços e elaboração de orçamentos adequados. Além disso, o autor

destaca que essa a dinâmica entre custos, volume operacional e lucro fornece

ferramentas gerenciais aplicáveis aos seguintes aspectos:

Planejamento operacional de curto prazo;

Estimativas quantitativas derivadas dos diversos cenários econômicos esperados;

Antecipar dificuldades decorrentes de perturbações sazonais desfavoráveis à

empresa.

De forma abrangente, conforme mencionado, essa análise fornece dados

importantes na tomada de decisões nas áreas Administrativa/Financeira das

organizações, levando à informações fundamentais para o planejamento do lucro –

Margem de Contribuição, Ponto de Equilíbrio e Margem de Segurança.

2.1 Custos e despesas fixas e variáveis

Para o maior entendimento e formação dos conceitos na análise CVL torna-se

importante a diferenciação entre custos(despesas) fixas e custos(despesas)

variáveis. Ou seja, a classificação dos custos em relação ao volume de produção ou

de atividade:

Bornia (2002), de maneira simplificada define esses conceitos da seguinte forma:

- Custos (despesas) fixos: são os custos que não variam com a base de volume,

diante de alguma faixa de operação.

- Custos (despesas) variáveis: são os custos que variam em proporção direta com o

volume das atividades.

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2.2 Margem de Contribuição

O conceito de Margem de Contribuição (MC) representa os lucros variáveis da

organização. Ou seja, considerando o montante total de receitas de uma empresa a

MC é a receita total após a dedução das despesas variáveis (ATKSON, 2000).

Dessa forma, levando em conta o produto unitário, podemos afirmar que a MC é a

diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas

variáveis por uma unidade do mesmo.

Considerando esses conceitos, Garissonn e Norenn (2001) ressalta que essa

margem é o montante disponível para cobrir as despesas fixas e, em seguida, prover

os lucros.

Margem de Contribuição

Montante Total Produto unitário MC = RT – CVt

Onde: MC = Margem de Contribuição RT = Receita Total CVt = Custos Variáveis totais

MC = PV – CVu Onde: MC = Margem de Contribuição PV = Preço de Venda CVu = Custo Variável Unitário

Fonte: Adaptado Garissonn e Norenn (2001)

Quadro 1 – Fórmula para Cálculo da Margem de Contribuição

Segundo Padoveze (1994), a análise da MC funciona como elemento fundamental

para o auxílio em decisões de curto prazo, possibilitando rotineiramente por exemplo

a prática de ações objetivando a redução de custos ou políticas de incremento na

quantidade de vendas de determinados produtos.

Santos (1990) evidencia também que, dentre as vantagens que podem ser

elencadas pelo conhecimento da MC, podemos citar o auxílio na decisão de quais

produtos devem merecer maior esforço de venda, quais seguimentos de

comercialização devem ser abandonados ou não, quais devem ser as políticas para

o estabelecimento de preços, além de ajudar na avaliação de alternativas que se

criam com respeito às reduções de preços, concessões de descontos e campanhas

publicitárias e promoções.

2.3 Ponto de Equilíbrio

Simplificadamente o Ponto de Equilíbrio é o ponto em que o lucro é zero. Ou

seja, é o “ponto no qual a receita de vendas é adequada para cobrir todos os custos

de manufatura e vender o produto, mas sem obter lucro”. (VANDERBECK, 2001, p

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415). Sendo assim, se o volume de vendas da empresa for um número maior que o

PE a empresa passa a gerar lucro. Porém, se for um número abaixo do PE a

empresa terá prejuízos. A análise desse ponto pode auxiliar quando a organização

tem a possibilidade de efetuar alguma mudança, quando essa alternativa existir.

Segundo Vanderbeck (2001, p.145), se “uma gestão deseja testar novas

propostas que a mudarão a porcentagem de custos variáveis para o volume de

vendas, ou o montante total de custos fixos, ou até uma combinação dessas

mudanças, ela pode usar a equação básica para o PE para calcular os resultados”.

Fonte: Adaptado Vanderbeck (2001)

Gráfico 3 – Representação gráfica do Ponto de Equilíbrio

Entretanto, é necessário alguns cuidados com a utilização dessa fator, pois,

em alguns momentos, esse coeficiente não é extremamente exato. Isso se dá pelo

fato de algumas vezes os custos ficos sofrerem alterações, variando de acordo com

algum desperdício administrativo, como por exemplo, um gasto a mais com energia

elétrica em um determinado mês. Assim, consequentemente o PE sofrerá

alterações. Contudo, o mesmo continua sendo uma ferramenta eficiente se utilizada

da forma mais adequada possível.

Padoveze (1994) indica que o PE pode ser calculado na forma de PE Contábil(valor

ou unidades) ou PE econômico(valor ou unidades).

2.3.1 Ponto de Equilíbrio Contábil(PEC)

Segundo Santos (2000) esse tipo de PE indica o mínimo que deveremos

vender num determinado período de tempo para que nossas operações não dêem

prejuízo. Dessa forma, também não gera-se o lucro.

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Ponto de Equilíbrio Contábil

Volume de Vendas Receita (valor) PECq = CF / PV – Cvu Ou PECq = CF / MC Onde: PECq = Ponto de Equilíbrio Contábil em quantidade CF = Custos Fixos PV = Preço de Venda CVu = Custo Variável Unitário MC = Margem de Contribuição

PECv = CF/1 – (CVu/PV + RDL) Onde: PECv = Ponto Contábil Equilíbrio em valor CF = Custos Fixos CVu = Custo Variável unitário PV = Preço de Venda RDL = Retorno desejado do lucro

Fonte: Adaptado Santos (2000)

Quadro 2 – Fórmula para Cálculo do Ponto de Equilíbrio Contábil

2.3.2 Ponto de Equilíbrio Econômico(PEE)

Segundo Santos (2000), o PEE é aquele em que as receitas totais são iguais

aos custos totais acrescidos de um lucro mínimo de retorno do capital investido. É a

formula utilizada para que possamos calcular o quanto devemos vender de um

determinado produto, visando alcançar um lucro desejado.

Ponto de Equilíbrio Econômico

Volume de Vendas Receita (valor) PEEq = CF + RDL / PV – CVu Onde: PEEq = Ponto de Equilíbrio econômico em quantidade CF = Custos Fixos RDL = Retorno desejado do lucro PV = Preço de Venda Cvu = Custo variável unitário

PEEv = CF / 1 – (CVu/PV+RDL) Onde: PEEv = Ponto Equilíbrio Econômico em valor CF = Custos Fixos CVu = Custo Variável unitário PV = Preço de Venda RDL = Retorno desejado do lucro

Fonte: Adaptado Santos (2000)

Quadro 3 – Fórmula para Cálculo do Ponto de Equilíbrio Econômico

2.4 Margem de Segurança

A MS é utilizada para representar o quanto um determinado volume de

vendas, em unidades ou em valor, pode cair sem que a empresa passe a operar

com prejuízo.

Dutra (1995) conceitua a MS como o “espaço limitado, pelo nível de produção e de

vendas considerado normal e pelo nível do PE”. Dessa forma, pode-se afirmar que

quanto menor o PE, maior a MS, e vice-versa.

Margem de Segurança

Valor Total Valor unitário MSv = VTv – PEv Onde: MSv = Margem de Segurança em valor

MSu = VTu – PEu Onde: MSu = Margem de Segurança em unidades

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VTv = Vendas totais em valor PEv = Ponto de Equilíbrio em valor

VTu = Vendas totais em unidades PEu = Ponto de Equilíbrio em unidades

Fonte: Adaptado Dutra (1995)

Quadro 4 – Fórmula para Cálculo da Margem de Segurança

3. Aplicação da ferramenta de análise Custo/Volume/Lucro em posto de

combustíveis

3.1 Metodologia

Com o intuito de evidenciar a aplicabilidade da Análise CVL em micro

empresas elaborou-se uma pesquisa exploratória, a partir de um estudo de caso no

posto de combustíveis Delta (Nome fictício). Em primeiro lugar a pesquisa

caracteriza-se como exploratória por promover um maior conhecimento da

problemática do estudo em questão e utilizar métodos flexíveis de pesquisa, visando

explorar um problema ou uma situação para prover critérios e compreensão.

Segundo Gil (1996, p.45) esse tipo de pesquisa porporciona:

[...] maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

O procedimento adotado para a coleta de dados foi a utilização de estudo de

caso. Ainda segundo Gil (1996) o estudo de caso é caracterizado pelo “estudo

profundo e exaustivos de um objeto, de maneira que permita o seu amplo e

detalhado conhecimento”. Esse tipo de estudo é uma das ferramentas mais

eficientes e recomendadas na realização de pesquisas exploratórias, uma vez que a

principal característica do mesmo é a grande flexibilidade, sendo possível que o seu

planejamento induza a descobertas inicialmente não consideradas, representando

assim um grande estímulo para novas descobertas. O estudo de caso, ainda

segunto o autor propicia a vantagem da multiplicidade da dimensão do problema,

tendo em vista que esta permite ao pesquisador focalizar o problema na amplitude

necessária ou desejada

O objetivo principal dessa aplicação consistiu em proporcionar informações de

cunho contábil aos administradores da entidade mencionada. Assim, tornou-se

possível demonstrar a importância dessa ferramenta de análise e suas vantagens

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quanto à oferta de informações gerenciais, além do entendimento na aplicação dos

conceitos envolvidos, relativamente de fácil compreensão.

3.1.1 Descrição empresa

A empresa focada conta com cerca de 9 funcionários e comercializa

principalmente combustíveis, óleos e lubrificantes. O posto também conta com uma

loja de conveniência terceirizada. Contudo, a pesquisa restringiu-se somente à linha

de combustíveis, tendo em vista que a principal renda do faturamento mensal do

estabelecimento consiste na mesma.

Os quatro produtos abordados são a Gasolina comum, Gasolina Aditivada, Álcool e

Diesel.

3.1.2 Coleta de dados

Após a visita ao estabelecimento escolhido e entrevistas com o responsável,

foram examinados e coletados os dados necessários nas fontes administrativas e de

contabilidade. Em seguida, foram calculados os fatores envolvidos na Análise Custo

/Volume/Lucro. Dessa forma foram determinadas a Margem de Contribuição Unitária

dos produtos em questão e a Margem de Contribuição Total a partir do volume

mensal comercializado na empresa. A próxima etapa foi a o cálculo do Ponto de

Equilíbrio da empresa e, conseqüentemente a Margem de Segurança.

Por fim, foram elaboradas planilhas com essas informações coletadas e

calculadas e entregue ao gerente da empresa, com o intuito de fornecer esses

dados referentes ao gerenciamento de custos e preços do comércio.

3.2 Cálculo da Margem de Contribuição

3.2.1 Margem de Contribuição Unitária

O cálculo da Margem de Contribuição Unitária, conforme relatado no

embasamento teórico envolve os fatores preço de venda unitário, as tributações

incidentes sobre as vendas e os custos de compra unitário dos produtos. Esses dois

últimos fatores funcionam como os Custos e Despesas Variáveis da empresa. Os

valores de compra da mercadoria são representados por litros e envolvem os valores

de fretes e transportes.

Após a obtenção dos Preços de Venda e dos Custos de Compra, o contador

da empresa relatou os tributos incidentes sobre os preços de vendas dos produtos

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comercializados. O tributo número “1” demonstrado na tabela representa a alíquota

de 0,24%. O tributo número “2” representa o percentual de 1,08%.

A MC em valor foi obtida subtraindo do “preço de venda” por litro de

combustível os “custos de compra unitários” e a “tributação sobre as vendas”.

Também foram calculados o a Margem de Contribuição Unitária em percentual,

dividindo o valor da MC encontrada anteriormente pelo PV e multiplicando o valor

por 100. Todos esses valores são representados na tabela a seguir:

Fatores/Combustíveis Gasolina Comum

Gasolina Aditivada

Álcool Diesel

A - Preço de Venda 2,54 2,76 1,59 2,09 B – Tributo de Venda “1” (0,24%xPV) 0,006 0,006 0,003 0,005 C – Tributo de venda “2” (1,08%xPV) 0,027 0,029 0,017 0,022 D - Custo de Compra 2,17 2,346 1,278 1,907 E - MC Unitária (A-B-C-D) 0,337 0,379 0,292 0,156 F - MC Unitária (%) (E/A x100) 13,26% 13,73% 18,36% 7,46%

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 1 – Cálculo da Margem de Contribuição Unitária

3.2.2 Margem de Contribuição Total

Para o cálculo da Margem de Contribuição Total foram multiplicados a MC

unitária pelo volume de litros vendidos no período. A partir do volume total

comercializado pela empresa também foram demonstrados os percentuais de

volume vendidos. Além disso, foram calculados a Margem de Contribuição total em

valor e em percentual do total, conforme apresentado na tabela 2:

Fatores/Combustíveis Gasolina Comum

Gasolina Aditivada

Álcool Diesel Totais

MC Unitária($) 0,337 0,379 0,292 0,156 -----------

MC Unitária(%) 13,26% 13,73% 18,36% 7,46% ----------- Volume Vendido(litros) 67300 16900 76000 18700 178900 % do volume total(litros)

37,62% 9,45% 42,48% 10,45% 100%

MC total($) – MC * V 22.680,10 6.405,10 22.192,00 2.917,20 54.194,40 Percentual do total(%) 41,85 11,82 40,95 5,38 100%

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 2 – Cálculo da Margem de Contribuição Total

Percebe-se, a partir da elaboração das tabelas 1 e 2, que a Gasolina Comum

e o Alcool representam os principais produtos comercializados pela empresa (mais

de 80% do percentual total). Observando esses elevados valores na Margem de

Contribuição percebe-se que esses são os produtos que geram maior margem de

lucro.

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3.3 Despesas e custos fixos no período

Foram apontados os custos e despesas que não apresentam variação em

razão do volume vendido, ou que permanecem com o mesmo valor mensalmente,

mesmo com mudanças nas vendas. O fator “Salários” representa a remuneração

mensal dos funcionários. O item “Encargos Sociais” considerou a soma dos

encargos gerados pelos salários e pelo pró-labore, a retirada mensal dos sócios.

Os gastos de Depreciação, IPVA, IPTU e Inmetro são gastos anuais. Por esse

fato o valor total foi dividido por 12 meses. Os fatores “Energia Elétrica”, “Telefone”

ou “Material Expediente” são gastos que podem sofre pequenas alterações, se

tornando maiores ou menores conforme o mês.

Itens Valor mensal ($) Itens Valor mensal ($)

Salários 6050,00 IPVA (1/12) 35,00 Encargos sociais 1595,00 IPTU (1/12) 70,80 Pró Labore 4000,00 Inmetro (1/12) 106,20 Depreciação 1000,00 Fretes Pagos 500,00 Energia Elétrica 3030,00 Taxas Diversas 134,00 Telefone 330,00 Contribuição Sindical 26,70 Material de Expediente 42,30 Propaganda 130,00

TOTAL MENSAL – 17050,00 7050,00,00

Fonte: Elaborado pelo autor Tabela 3 – Despesas e Custos Fixos

3.4 Cálculo do Ponto de Equilíbrio

Conforme já ressaltado, o ponto de equilíbrio referencia-se ao volume de

vendas em que a Margem de contribuição se iguala às despesas fixas. Ou seja, é o

volume de vendas no qual a empresa não tem lucro, nem prejuízo.

Para a elaboração dessas informações são basicamente necessárias três

informações: Despesas e Custos Fixos no período; Margem de Contribuição total e

volume total vendido. Esses custos foram rateados de acordo com o percentual do

volume vendido.

A fórmula utilizada para o cálculo do Ponto de Equilíbrio: PEu=CF/(MC/VTv)

Fatores/Combustíveis Gasolina Comum

Gasolina Aditivada

Álcool Diesel Totais

Volume Vendido (litros) 67.300 16.900 76.000 18.700 178.900 Custo fixo ($) 6.414,21 1.611,23 7.242,84 1.781,72 17.050,00 MC Total ($) 22.680,10 6.405,10 22.192,00 2.917,20 54.194,40 % do volume total (litros) 37,62% 9,45% 42,48% 10,45% 100% Ponto de Equilíbrio Mix 21175,99 5319,33 23911,65 5882,22 56.289,20

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(Litros) Ponto de Equilíbrio ($) 53787,01 14681,35 38019,52 12293,84 118781,72

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 4 – Cálculo do Ponto de Equilíbrio

Dessa forma, constatou-se que a empresa vende um volume muito maior do que

necessita para suprir seus custos.

3.5 Margem de Segurança

Essa margem significa o volume vendido que excede o Ponto de Equilíbrio.

Para o cálculo da MS em quantidade basta deduzir das vendas mensais da

empresa, as vendas no PE. E para calcular em valor, basta multiplicar a MS pelo

preço de venda.

Fatores/Combustíveis Gasolina Comum

Gasolina Aditivada

Álcool Diesel Totais

Volume Vendido (litros) 67.300 16.900 76.000 18.700 178.900 Ponto de Equilíbrio Mix (Litros)

21.175,99 5.319,33 23.911,65 5.882,22 56.289,20

MS (Litros) 46.124,01 11.580,67 52.088,35 12.817,78 122.610,81 Preço de Venda 2,54 2,76 1,59 2,09 ------------ MS (Valor) 117.154,98 31.962,65 82.820,48 26.789,16 ------------

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 5 – Cálculo da Margem de Segurança

3.6 Avaliação do Resultado Mensal

Fatores/Combustíveis Gasolina Comum

Gasolina Aditivada

Álcool Diesel Totais

Volume Vendido (litros) 67.300,00 16.900,00 76.000,00 18.700,00 178.900,00 A- Preço de Venda 2,54 2,76 1,59 2,09 B – Tributo de Venda “1” (0,24%xPV)

0,006 0,006 0,003 0,005

C – Tributo de venda “2” (1,08%xPV)

0,027 0,029 0,017 0,022

D - Custo de Compra 2,17 2,346 1,278 1,907 MC Unitária ($) 0,337 0,379 0,292 0,156 MC Total ($) 22.680,10 6.405,10 22.192,00 2.917,20 54.194,40 Custo fixo ($) 17.050,00 Resultado do mês ($) 37.144,40

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 6 – Projeção de Resultado Mensal

Nessa tabela podemos observar de forma simples uma avalição do resultado mensal

que pode servir de exemplo para uma projeção de resultados nos meses

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posteriores. Na tabela 6 foram evidenciados principalmente a MC total de onde

foram deduzidos os Custos Fixos totais, gerando os resultados finais do mês.

Em linhas gerais, a partir da aplicação dessa simples ferramenta pode-se ser

observado diversos fatores. Em primeiro lugar, a empresa já comercializa um volume

maior do que o necessário para q não ocorra prejuízos no negócio.

Também se constatou que os produtos Gasolina comum e Álcool

representam o maior volume de comercialização. Dessa maneira os

empreendedores poderiam utilizar essa informação para reforçar campnhas

publicitárias nos outros produtos, visando aumentar o seu volume de vendas. Ou

então, os mesmos até poderiam deixar de ser comercializados, se a empresa

optasse por investir somente em seus produtos principais.

Há diversas outras decisões que poderiam ser tomadas com base nas

informações contábeis resultantes da análise CVL utilizada. É importante ressaltar

que essa ferramenta permite demostrar o resultado ocorrido em um determinado

período ou projetá-lo para um período futuro.

4 Considerações Finais

O enfoque principal deste estudo envolveu a viabilidade da análise CVL e sua

aplicação em empresas comerciais de pequeno porte. Os gerentes dessas

organizações que utilizam da adoção desse instrumento de contabilidades dos

custos gerenciais conseguem adquirir inúmeras informações úteis ao funcionamento

contábil da entidade.

Dentre os benefícios gerados para a micro empresa mercem destaques os

seguintes: A partir do estudo de caso apresentado é possível averiguar esses

benefícios:

- Cálculo da Margem da Contribuição Unitária em reais e em percentual, o que

permite averiguar quais pontos são mais rentáveis individualmente, facilitando a

elaboração de promoções, bem como a análise de preços praticados quanto à

rentabilidade dos itens comercializados.

- Cálculo da Margem de Contribuição Total, que possibilita identificar quais produtos

contribuem mais para suportar as despesas e custos fixos mensais e para gerar

lucro.

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- Determinação do Ponto de Equilíbrio em quantidade e em valor, que permite

avaliar o quanto é necessário vender mensalmente tanto em litros quanto em valor

monetário. Com algumas adaptações é possível ainda determinar o quanto é

necessário para alcançar o lucro desejado para satisfazer os investidores (PEE),

como também é possível calcular o PEF, onde se define o volume a ser

comercializado para quitar as dívidas do período, por exemplo.

- Obtenção da Margem de Segurança em unidades e valor, ou seja, o volume que a

organização pode suportar em relação à redução de vendas para não entrar na faixa

de prejuízo.

- Cálculo do Resultado Mensal e a possibilidade de projeção de resultados futuros

com base no histórico de custos, faturamento, ou fundamentado nas previsões de

volume a ser comercializado.

Percebe-se que as vantagens geradas pela ferramenta são inegáveis, e que,

se aplicada de forma correta e pertinente, a tomada de decisões dentro da empresa

pode ser segura a eficiente. Dessa forma, os empresários dessas empresas de

pequeno porte terão melhores condições para evitar ou diminuir as dificuldades de

gerenciamento das atividades financeiras que levam muitas empresas à falência,

pouco tempo depois de iniciadas.

Referências

BORNIA, A. C. Análise Geral de Custos – Aplicação em empresas modernas. 1ª

ed. Porto Alegre: Bookman, 2002.

DUTRA, Rene Gomes. Custos - Uma Abordagem Prática. 5ª ed. São Paulo: Atlas,

1995.

GARRISON, Ray H.; NOREEN, Eric W. Contabilidade gerencial. 9ª ed. Rio de

Janeiro: LTC, 2001.

GIL, A.C. Como elaborar Projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.

HANSEN, Don R., MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos – contabilidade e

controle. São Paulo: Pioneira Thomson, 2003.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Atlas, 1994.

SANTOS, J. J. Análise de custos. São Paulo: Atlas, 1990.

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SANTOS, J. J. Análise de custos: Remodelado com ênfase para custo marginal,

relatórios e estudos de caso. São Paulo: Atlas, 2000.

VANDERBECK, Edward J. & Charles F. Nagy. Contabilidade De Custos. 10 Ed.

Cengage Learning 2001

WERNKE, Rodney. Gestão de Custos. São Paulo: Atlas, 2001.

ÁREA TEMÁTICA

Gestão: Finanças