Análise Crítica Do Tratamento Da Linguagem Pela Mídia

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8 ANÁLISE CRÍTICA DO TRATAMENTO DA LINGUAGEM PELA MÍDIA Julia Maria da Conceição Neta Ivandilson Costa i  RESUMO: Este trabalho tem a finalidade d e fazer uma abord agem sobre o modo como a mídia impressa/eletrônica concebe a linguagem e suas implicações para a manutenção das relações  sociais de poder. Para tanto, tomamos como bases teóricas a ociolinguística !a riacionista, da "ual nos interessaram mais de perto os temas da #ariação, norma e preconceito linguístico, bem como a $n%lise &rítica do 'iscurso, pela "ual trabalhamos os conceitos de hegemonia e relações de poder. (omamos como ob)eto de an%lise um artigo )ornalístico publicado pela re#ista !e)a #ersando sobre a língua.  ABSTRACT *(his +or is the result of a research +hich has the ob)ecti#e to mae an approach abo ut the +a- pri nted/elec tr on ic med ia con cei#es lan gua ge and its imp lica tion s for the mai nte nan ce of po+ er re lat ions. ( o do this, +e use d oc iol ing uis tics as the the or eti cal bac gr ound, in +hi ch +e ar e clo sel - int er es ted in #ar iat ion issues , lin gui sti c nor m and  pre)udice as +ell as &ritical discourse $nal-sis through its concepts of hegemon- and po+er relations. e base d our anal-sis on a ne+s paper article published b- !e )a magaz ine about language.  PA LAV RAS-CHAV E:!$ 0$123, '0&43, P3'E.  KEY- WORDS * !$0$( 035, '0&34E, P3E. INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como finalidade precípua fazer uma análise sobre a concepção de língua adotada pela mídia impressa assim como suas implicaç!es nas relaç!es sociais de poder" #ara isso analisaremos artigos impressos versando sobre a temática da língua e publicados em um peri$dico semanal de informação" Em seg uid a apr esenta remos nos con tín uos de variação linguística as abo rda gens sub%acentes nos te&tos em análise traçando um panorama das relaç!es de poder que envolvem a inst'ncia midiática" (tiliz aremos no dese nvolv imen to deste trabal) o o m*to do de pesq uisa qualitati va observacional sob duas perspectivas+ a interpretativista e a crítica" ,creditamos no desenvolvimento desta pesquisa por ser um tema de fundamental import'ncia na área da -inguística %á que esta v. a língua como um fator social passível  0nterletras, volume / Edição n0mero 12outubro 341/5 março"3416 7 p

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ANÁLISE CRÍTICA DO TRATAMENTO DA LINGUAGEM PELA MÍDIA

Julia Maria da Conceição NetaIvandilson Costai

 RESUMO: Este trabalho tem a finalidade de fazer uma abordagem sobre o modo como a mídiaimpressa/eletrônica concebe a linguagem e suas implicações para a manutenção das relações

 sociais de poder. Para tanto, tomamos como bases teóricas a ociolinguística !ariacionista, da"ual nos interessaram mais de perto os temas da #ariação, norma e preconceito linguístico,bem como a $n%lise &rítica do 'iscurso, pela "ual trabalhamos os conceitos de hegemonia e

relações de poder. (omamos como ob)eto de an%lise um artigo )ornalístico publicado pelare#ista !e)a #ersando sobre a língua.

 ABSTRACT *(his +or is the result of a research +hich has the ob)ecti#e to mae an approachabout the +a- printed/electronic media concei#es language and its implications for themaintenance of po+er relations. (o do this, +e used ociolinguistics as the theoretical bacground, in +hich +e are closel- interested in #ariation issues, linguistic norm and 

 pre)udice as +ell as &ritical discourse $nal-sis through its concepts of hegemon- and po+er relations. e based our anal-sis on a ne+spaper article published b- !e)a magazine about language.

 PALAVRAS-CHAVE:!$0$123, '0&43, P3'E.

 KEY-WORDS * !$0$(035, '0&34E, P3E.

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como finalidade precípua fazer uma análise sobre a concepção de

língua adotada pela mídia impressa assim como suas implicaç!es nas relaç!es sociaisde poder" #ara isso analisaremos artigos impressos versando sobre a temática da línguae publicados em um peri$dico semanal de informação"

Em seguida apresentaremos nos contínuos de variação linguística as abordagenssub%acentes nos te&tos em análise traçando um panorama das relaç!es de poder queenvolvem a inst'ncia midiática"

(tilizaremos no desenvolvimento deste trabal)o o m*todo de pesquisa qualitativaobservacional sob duas perspectivas+ a interpretativista e a crítica"

,creditamos no desenvolvimento desta pesquisa por ser um tema de fundamentalimport'ncia na área da -inguística %á que esta v. a língua como um fator social passível

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de ser observado" Empen)amo7nos em tal procedimento por ser uma questão bastantediscutida na atualidade" 8 um tema que vem encontrando amplo espaço nos meios decomunicação sendo frequentemente tratado em colunas especializadas no assunto com

 presença constante da mídia impressa e televisiva" No 'mbito educacional o estudo da

variação * proposto pelos #ar'metros Curriculares Nacionais 9#CN: quando afirmamrecon)ecer as variaç!es linguísticas e o preconceito e&istente na sociedade contra elas",firmam ainda que a escola precisa apresentar as variaç!es e enfrentar o preconceitolinguístico sugerindo uma mudança na noção de erro na fala para adequação desta ;situação em que se encontra o falante" ,lguns livros didáticos %á abordam o tema queaos poucos vem sendo trabal)ado nas instituiç!es de ensino"

<utro fator importante * que apesar das discuss!es referentes ; variação são poucos ostrabal)os que abordam a concepção de língua defendida pela mídia enfatizando arelação de poder e&istente por trás da sua valorização pelas formas linguísticas de

 prestígio social 9padrão: e da estigmatização da língua falada pelas camadas sociais

inferiores 9não padrão:" ,crescenta7se a isso o fato de ser um tema de ampla divulgaçãoe acessibilidade pois são in0meras as fontes os g.neros te&tuais que tratam da variaçãoal*m de apresentarem autores renomados e teorias consolidadas"

1. A SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA: VARIAÇÃO, NORMA,PRECONCEITO

, =ociolinguística >ariacionista dedica7se aos estudos do fen?meno da variaçãoe&istente no uso da língua e&plorando sua relação com a sociedade" #ara tanto prop!e

uma análise metodol$gica a respeito do tratamento dado ; variação na relação entre padrão e não padrão linguístico 9@,AN< 1BBB 3444 344/ ,-DMIM 3441C,M,C< 3441 @<FG<NI7FIC,FH< 344 M,FC(=CI 3441:"

< ensino tradicional procura mostrar a língua como um produto acabado edesmembrado da sociedade" #or*m * impossível separar uma da outra pois para quee&ista uma interação e comunicação entres os membros de uma comunidade * precisoutilizar a linguagem assim como esta depende dos indivíduos para se desenvolver"Hessa forma faz7se necessário que as variedades linguísticas se%am encaradas não comoum problema mas como um fator social resultante das diversidades sociocultural e

 política presentes sociedade"

< conceito de norma tem contribuído para o desenvolvimento da teoria linguística noque diz respeito aos padr!es )abituais do indivíduo identificando tantos os gruposdentro da comunidade da fala quanto sua posição social 9-(CCE=I 3446 p"/: " ,norma linguística * dividida em duas+ a norma padrão e a norma não padrão"

, norma padrão * apresentada como um con%unto de regras e preceitos que tem por finalidade ditar comportamentos linguísticos baseado em um tipo peculiar da língua ouse%a a escrita 9@,AN< 1BBB 3444 344/:" =ão as regras prescritas pela Aramática

 Normativa que recomendam como se deve falar e escrever de acordo com o uso e aautoridade dos escritores corretos e dos gramáticos e dicionaristas esclarecidos9@EC,F, 1BBB p"3:"

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Essa gramática apresenta um conceito )omog.neo da língua prescreve normas e regrasde correção considerando erro tudo que estiver fora de seus conceitos" 8 essa aconcepção de língua que rege ainda considerável parte do que se ensina na instituiçãoeducacional que * apresentada pela mídia e propagada na sociedade como um modelo a

ser seguido" Considera a língua padrão como a correta supervaloriza a língua escrita edespreza as demais variaç!es e&istentes" =obre isso @agno 93441 p"11: faz o seguintecomentário+

Como * sabido a característica precípua da norma padrão * supor uma línguadesconte&tualizada arrancada de suas condiç!es de produção )ist$rica esocial" Com tais argumentos * possível criticar 9e descartar: o uso de outrase&press!es como língua7padrão e dialeto7padrão"

, norma não padrão não * imposta mas comprovável em uma língua e observada nagrande maioria dos falantes" 8 um con%unto de regras que o falante de fato aprendeu e

utiliza mesmo que inconsciente de tais regras pelo con)ecimento que tem de sua línguaou de algumas de suas variedades" < con%unto de regras que um falante con)ece e delese utiliza constitui a sua gramática ou seu repert$rio linguístico" Essa norma * definida

 pelos padr!es de comportamento linguísticos da maioria dos indivíduos de umacomunidade" No entanto sofre profunda estigmatização pelos tradicionalistas da línguae seguidores da gramática normativa sendo considerado um desvio de norma" Estudosempíricos dos linguistas demonstram que toda e qualquer norma ou variedadeconstitutiva de uma língua * dotada de organização estrutural"

Hesse modo um n0mero reduzido de indivíduos * beneficiado enquanto a maioria dosfalantes fica ; margem da língua padrão e&imida de seus direitos e valores na

sociedade" Numa *poca em que o preconceito contra índio negro )omosse&ual pobre %á começa a ser publicamente inaceitável na sociedade fazer a mesma discriminaçãocom base na fala do indivíduo * muito natural 9@,AN< 344/:"

< preconceito e a e&clusão social para com os falantes dessas variaç!es estigmatizadascomeçam na constituição pois muitas vezes os falantes da língua não padrão t.mdei&ado de usufruir de serviços sociais a que t.m direito por não compreenderem alinguagem utilizada pelos $rgãos p0blicos"

2. A ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO

, ,nálise Crítica do Hiscurso 9,CH: se desenvolveu a partir da linguística crítica

tendo por principal ob%etivo o estudo da linguagem considerando as quest!es sociais esuas relaç!es com as práticas de produção e distribuição de te&tos na sociedadecontempor'nea" Kaircloug) 9344/ p"12: assim a define+

 , ,CH * uma forma de ci.ncia crítica que foi concebida como ci.ncia socialdestinada a identificar problemas que as pessoas enfrentam em decorr.ncia deformas particulares da vida social e destinada igualmente a desenvolver recursos de que as pessoas podem se valer a fim de abordar e superar esses

 problemas"

,o analisar g.neros discursivos a ,CH leva em consideração as manifestaç!es de

identidade e as relaç!es de poder e&istente na sociedade referentes aos aspectos de

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dominação discriminação )egemonia e controle e como elas se manifestam por meioda linguagem 9#EHF<=, 3442 p"11L:"

, ,CH * desse modo tomada simultaneamente como uma teoria e um m*todo de

abordagem de fatos sociais ligados a processos discursivos" ,ssim temos em Meurer 9344 p"2L7B: uma apresentação do aparato te$rico7metodol$gico segundo Kaircloug)+o discurso * uma forma de prática social em relação dial*tica com estruturas s$cias odiscurso tem poder constitutivo cria formas de con)ecimentos e crenças relaç!essociais e identidades os te&tos cont.m traços e pistas de rotinas sociais comple&as masos sentidos são muitas vezes naturalizados e não percebidos pelos indivíduos os te&tossão perpassados por relaç!es de poder a ,CH privilegia o estudo da interligação entre

 poder e ideologia os te&tos formam correntes+ respondem a e podem provocar oucoibir outros te&tos"

, ,CH tamb*m apresenta uma perspectiva emancipatória, que tem o ob%etivo de alertar 

os indivíduos das possibilidades de mudanças sociais resultantes do poder constitutivo eideol$gico do discurso que podem ser ben*ficas para uns e pre%udiciais para outros"

  Godo discurso * institucionalmente organizados e carregados de ideologias" Cadainstituição * caracterizada por práticas e determinados valores que são e&pressos por meio da linguagem" =endo assim < discurso produzido por uma instituição de ensinoserá diferente do produzido por uma instituição religiosa %urídica entre outras" Hessemodo a produção as escol)as de te&tos e o seu modo de uso dependem das formas dedominação de quem det*m o poder em determinado conte&to social"

Essa maneira de organização ideol$gica contribui diretamente para a manutenção dessas

relaç!es de poder em benefícios de uns e detrimento da maioria" , linguagem pode ser usada tanto para manipular o poder como para subvert.7lo" , ,CH #rocura p?r emevid.ncia como as formas linguísticas são usadas em várias e&press!es para construir diferenças de poder nas estruturas sociais )ierárquicas" Nessa perspectiva o poder *e&ercido atrav*s da linguagem não somente pelas formas gramaticais presentes em umte&to mas tamb*m pelo controle que uma pessoa e&erce sobre uma ocasião socialatrav*s do g.nero te&tual 9<H,D 3446 p"3/:"

3. ANÁLISE CRÍTICA DA CONCEPÇÃO DE LÍNGUA EM ARTIGOJORNALÍSTICO

#ara fins de análise tomamos como refer.ncia o artigo publicado na mídia impressa degrande circulação nacional a revista !e)a de 11 de agosto de 3414 produzido pelosarticulistas Jer?nimo Gei&eira e Haniela Macedo" < te&to trata da linguagem utilizadaem um debate pelos candidatos ; presid.ncia da rep0blica do @rasil deste ano HilmaFoussef Marina =ilva Jos* =erra e #línio ,rruda e&ibido pela Fede @andeirante" #aratanto selecionamos os seguintes fragmentos do artigo que %ulgamos representativos"

6'o ponto de #ista da clareza e da gram%tica, o primeiro debate dos candidatos dei7ou

a dese)ar. 8as, para os brasileiros interessados em dominar o portugu9s, no#as obrasde refer9ncia podem a)udar a enri"uecer o idioma cotidiano:.

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 No primeiro trec)o os autores demonstram uma visão de língua )omog.nea que *apresentada como um produto acabado baseado no ensino da gramática normativa"Essa concepção * evidenciada por algumas escol)as le&icais que autor faz" #or e&emploo uso do vocábulo clarezaO remete a concepção do bem falar apresentada pelas

gramáticas normativas que ditam normas com a finalidade de definir comportamentoslinguísticos prescrevendo regras de correção da linguagem" < uso do item le&icaldominarO apresenta uma visão de língua não como um processo mas como um

 produto parado no tempo onde um indivíduo precisa alcançar e dominá7lo" <sarticulistas fazem entender que nem todos os brasileiros t.m acesso ou sabe utilizar sua

 pr$pria linguagem" Ho ponto de vista das práticas discursivas envolvidas podemosnotar que o trec)o em questão está configurado como o lead da mat*ria" Isto * relevanteuma vez que este e&pediente se caracteriza por seu aspecto resumitivo e c)amativo" Haísua import'ncia enquanto veiculador da opinião da tese dos articulistas amplificandoainda mais o caráter de sua visão tradicional de língua"

#ara os linguistas a língua * constituída de variaç!es ou se%a dentro de uma mesmacomunidade pode )aver diferentes modos de falar" Essas diversidades são na maioriadas vezes ocasionadas por fatores regionais observáveis em falantes de origemgeográficas diferentes e por fatores sociais que diz respeito ; identidade do falante ecom a organização sociocultural da comunidade linguística" #ortanto as características)eterog.neas da língua são normais e muito comuns"

6'ois homens e duas mulheres cu)o ofício p;blico e7ige a formulação clara de propostas concretas e princípios abstratos falharam todos, em maior ou menor medida,no uso de uma ferramenta b%sica* a linguagem:.

 No segundo trec)o os autores fazem uma crítica aos candidatos pela forma delinguagem que utilizaram no debate" , língua * apresentada como uma ferramenta que oindivíduo precisa aprender a utilizar" 8 vista como um ob%eto que vem com o manual deinstrução de uso no qual * preciso compreender para usá7lo corretamente" < uso doitem le&ical fal)aramO demonstra uma visão embasada em um conceito bastantecomum na sociedade de que e&iste erro na fala" #ara a sociolinguística o indivíduo nãocomete erros ao efetuar suas conversaç!es" Ele fala intuitivamente a variante queaprendeu por meio de sua interação s$cio comunicativa" < que a linguística defende * aadequação da linguagem á situação em que o falante se encontra" Heste modo quandoele estiver em uma situação formal deve usar uma linguagem mais monitorada+ avariante padrão" Em uma situação informal deve falar espontaneamente utilizando a

variante não padrão" #or*m não )á de modo algum uma língua mel)or ou mais eficaz doque outra todas são igualmente fundamentais para a comunicação dos indivíduos"

3 grande e"uí#oco desta tribo <felizmente em e7tinção= gozou de imenso prestígio nos;ltimos trinta anos do s>c. ??, mas #ai pouco a pouco perdendo terreno@ > aplicar umconceito "ue, embora #%lido para a pes"uisa linguística ,  tem tanto a #er com aeducação das crianças "uando Pilatos com o &redo.

 Nesse fragmento )á uma crítica aos linguistas por defenderam a ocorr.ncia devariaç!es na linguagem" #ara isso se utiliza do vocábulo triboO demonstrando umagrande discriminação não s$ linguístico  mas tamb*m social" Na visão dos

 preconceituosos os índios são considerados povos inferiores atrasados e ignorantes"

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Isso porque a maioria dos indígenas procura preservar a cultura os )ábitos e costumesde seus antepassados assim como tamb*m seus dialetos" #or isso são alvos deestere$tipos colocados como povo ultrapassado incapaz que nem sabem falar 

 portugu.sO" Isso p!e em evid.ncia que o preconceito linguístico * tamb*m um

 preconceito social" No @rasil a variante padrão * con)ecida como a linguagem daclasse social de maior poder socioecon?mico ao contrário da não padrão que * maiscomum entres os indivíduos das camadas sociais mais pobres que não tem acesso aeducação formal" Hesse modo a variante padrão * a mais valorizada na sociedade" 8 alíngua ensinada nas escolas apresentadas pela mídia e reproduzidas em dicionários egramáticas recon)ecida por muitos como a 0nica forma correta enquanto que as outrasvariaç!es são profundamente estigmatizadas" No que se refere a e&tinçãoO dalinguística mencionada pelo professor não corresponde ; veracidade dos fatos" <sestudos empíricos da língua * uma questão muito debatida nos dias atuais emconfer.ncias livros artigos em sites na internet etc" <s par'metros Curriculares

 Nacionais 9#CN: estão recon)ecendo as diversidades linguísticas e propondo seu oensino nas escolas" ,lguns livros didáticos %á abordam essa questão que aos poucos vemsendo trabal)ada nas instituiç!es educacionais" ,o contrário do que afirma o professoro estudo dos linguistas vem se e&pandindo a cada dia apesar da resist.ncia dostradicionalistas e defensores de uma língua puraO"

CONSIDERAÇÕES FINAIS

#or meio da pesquisa constatamos que a mídia impressa apresenta a língua como umaentidade )omog.nea invariável" , variante padrão * recon)ecida como a 0nica formade linguagem correta enquanto que as outras variaç!es são estigmatizadas eclassificadas como defeituosas" ,s diversidades linguísticas comuns entre a maioria dosfalantes brasileiros são tratadas pe%orativamente como erros ou desvio de norma"

#or trás da valorização e prestígio dado a um 0nico estilo de linguagem e&iste uma forterelação de poder" , variante padrão * con)ecida na sociedade como a língua dascamadas sociais de maior poder aquisitivo dos que tem acesso a uma educação dequalidade a cultura letrada" Em contraste os falantes da variante não padrão são

 provenientes de classes sociais pobres estigmatizadas" Com isso são discriminados e

seu modo de falar sofre um evidente preconceito"

, revista !e)a pela qual o artigo analisado foi publicado * um veículo midiático degrande credibilidade e prestígio nacional" , maioria dos leitores dessa revista pertence;s classes sociais mais abastadas visto que a assinatura para sua aquisição possui umvalor alto para o padrão de vida de grande parte dos brasileiros" Esta * portanto umarevista da elite para eliteO" Com isso seus produtores e articulistas procuram publicar oque * de interesse de seu leitor )abitual apesar de na maioria das vezes demonstraremimparcialidade"

#ortanto a mídia de um modo geral está comprometida ideologicamente com a elite

social que det*m o poder político e econ?mico" =endo assim ela procura reproduzir 

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essas ideologias de maneira que possa favorecer a )egemonia e manter as relaç!es de poder" < discurso sofre influ.ncias das estruturas sociais ao mesmo tempo em que asinfluencia de maneira que o poder * praticado por meio não s$ das formas gramaticais

 presentes em um te&to mas principalmente pelo controle e domínio que uma pessoa

e&erce sobre outra"

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#EHF<=, C" E" K" A)*-0 "!*/ $# $*-%"-#+ do linguístico ao social no g.nero midiático"

,raca%u+ Kundação <vi.do Gei&eira 3442"

3'$A, . 'o "ue trata a $&' B um resumo de sua história, conceitos importantes e seusdesen#ol#imentos. 0n* Linguagem em (Dis)u!s". #. C. (ubarão, DF.

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i Araduada pela (niversidade do Estado do Fio Arande do Norte"#rofessor assistente da (niversidade do Estado do FioArande do Norte 9(EFN:" Houtorando em -inguística pela (niversidade Kederal de #ernambuco 9(K#E:"