Análise Crítica

8
Análise Crítica - O casamento Suspeitoso O casamento suspeitoso é uma Obra escrita, em 1957, pelo escritor Paraibano de nascimento e Pernambucano por adoção, Ariano Suassuna. Uma análise da obra teatral de Ariano Suassuna nos faz mergulhar nas nossas origens culturais. Ariano usa textos regionais alheios, recriando-os, como alguns da Literatura de Cordel, assim como o uso da linguagem e tradições nordestinas. A obra de Ariano Suassuna nos mostra de forma sucinta e ao mesmo tempo concreta do que somos hoje, o misto de regional e universal. Além disso, Ariano também pratica a intertextualidade, refazendo cenas de suas peças (exemplo: "O auto da Compadecida"), pois Cancão e Gaspar são claramente uma recriação de João Grilo e Chicó, respectivamente. Os personagens Cancão e Gaspar retomam uma tradição do teatro popular, "a dupla circense que o povo, com seu instinto certeiro, batizou admiravelmente de o Palhaço e o Besta", segundo o autor. Ela também é encontrada na propaganda popular nordestina e no bumba-meu-boi, ao mesmo tempo que evoca os empregados espertos e independentes de Molière e da commedia dell`arte. O Casamente Suspeitoso, marca a mesma sátira social de “O Auto da Compadecida”, não apenas pelo tema, mas sim também pela estrutura. A ação se desenrola na casa da matriarca, Dona Guida e a sua problemática é doméstica, tal como em “O santo e a Porca”. Em ambas as peças, os personagens pertencem a famílias constituídas, e a temática é centrada no interesse entre as pessoas, principalmente pelo dinheiro associado ao matrimônio. A trama traz Travestimentos, cenas de pancadaria e sátira aos membros da igreja e da justiça. Suassuna exibe uma sociedade voltada para o esnobismo e à difamação e, além de mostrar o jogo de interesses entre as pessoas e as suas fragilidades morais, isso fica claro no final da peça com happy end e revelação cômica, onde todos contam quais foram seus erros, traições e interesses.

Transcript of Análise Crítica

Page 1: Análise Crítica

Análise Crítica - O casamento Suspeitoso

O casamento suspeitoso é uma Obra escrita, em 1957, pelo escritor Paraibano

de nascimento e Pernambucano por adoção, Ariano Suassuna. Uma análise da

obra teatral de Ariano Suassuna nos faz mergulhar nas nossas origens

culturais. Ariano usa textos regionais alheios, recriando-os, como alguns da

Literatura de Cordel, assim como o uso da linguagem e tradições nordestinas.

A obra de Ariano Suassuna nos mostra de forma sucinta e ao mesmo tempo

concreta do que somos hoje, o misto de regional e universal.

Além disso, Ariano também pratica a intertextualidade, refazendo cenas de

suas peças (exemplo: "O auto da Compadecida"), pois Cancão e Gaspar são

claramente uma recriação de João Grilo e Chicó, respectivamente. Os

personagens Cancão e Gaspar retomam uma tradição do teatro popular, "a

dupla circense que o povo, com seu instinto certeiro, batizou admiravelmente

de o Palhaço e o Besta", segundo o autor. Ela também é encontrada na

propaganda popular nordestina e no bumba-meu-boi, ao mesmo tempo que

evoca os empregados espertos e independentes de Molière e da commedia

dell`arte.

O Casamente Suspeitoso, marca a mesma sátira social de “O Auto da

Compadecida”, não apenas pelo tema, mas sim também pela estrutura. A ação

se desenrola na casa da matriarca, Dona Guida e a sua problemática é

doméstica, tal como em “O santo e a Porca”. Em ambas as peças, os

personagens pertencem a famílias constituídas, e a temática é centrada no

interesse entre as pessoas, principalmente pelo dinheiro associado ao

matrimônio. A trama traz Travestimentos, cenas de pancadaria e sátira aos

membros da igreja e da justiça.

Suassuna exibe uma sociedade voltada para o esnobismo e à difamação e,

além de mostrar o jogo de interesses entre as pessoas e as suas fragilidades

morais, isso fica claro no final da peça com happy end e revelação cômica,

onde todos contam quais foram seus erros, traições e interesses.

Page 2: Análise Crítica

A viagem do Capitão Tornado (Il viaggio di Capitan Fracassa - 1990)

Categoria: Filmes

Gênero: Drama

Dirigido por Ettore Scola, “A viagem do Capitão Tornado” é mais uma

adaptação da obra de Théophile Gautier para o cinema (uma delas foi

dirigida por Alberto Cavalcanti na França, em 1929, com o então jovem

desconhecido Charles Boyer no elenco). Trata-se de um filme mágico que

trata de uma época de declínio da commedia dell’arte pela Europa,

inserindo o espectador no clima onírico e teatral daquelas mambembes

apresentações, com cenários e fotografias quase-fellinianos em sua

beleza e fantasia.

O filme gira em torno de uma trupe de atores que, a caminho da corte em

Paris, é acolhida em uma noite tempestuosa em um castelo de um Barão

falido (Vincent Perez), que prontamente se junta a eles nessa jornada, e

acaba por se transformar em um deles, com o tempo – algo muito comum

na época, com nobres falidos trazendo algo de cultura e erudição à esta

forma de teatro. Os atores da trupe são praticamente uma “família”

mesmo (poucas vezes esse termo-clichê é tão adequado), já que

convivem juntos dia e noite (dormindo inclusive todos dentro daqueles

“trailers” minúsculos), namoram entre si e ensaiam as peças

continuamente sem o menor tom ritualístico (inclusive improvisando

continuamente sobre o esqueleto de obras clássicas da época), e ainda

por cima misturando suas personalidades com os personagens que

sempre interpretam. Era a época em que uma pessoa se adequava à sua

máscara e interpretava o mesmo papel por toda a sua vida, muitas vezes

(e ainda tem alguns atores atuais que reclamam de serem “type-

casted”...). Alguns dos personagens clássicos da commedia dell’arte

estão presentes no filme: O Arlequim, o Doutor, o casal de enamorados, o

Capitão (o próprio “Fracassa” do título original), e o filme exala o charme

das apresentações dessa trupe, realizadas tanto em vilas minúsculas

como em castelos imponentes, com a garra característica e as constantes

apresentações daqueles atores que faziam um pouco de tudo: Escreviam

as peças, cozinhavam, seduziam os nobres em busca de dinheiro,

chamavam gente humilde para assistir suas apresentações... uma época

Page 3: Análise Crítica

de muita dureza financeira e, ao mesmo tempo, muito amor pela nova

“profissão” – de certa forma, foi o começo de um maior profissionalismo

no ramo teatral, com “empresas” sendo formadas com o intuito de se

fazer o máximo de apresentações, na medida do possível...

Biografia

Ariano Vilar Suassuna nasceu em João Pessoa ( Paraíba ) aos 16 de junho de

1927, filho de Cássia Villar e João Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o

governo da Paraíba e a família passa a morar no sertão, na Fazenda Acauhan,

em Taperoá.

Com a Revolução de 30, seu pai foi assassinado por motivos políticos no Rio

de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937.

Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a

uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de

“improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção

teatral.

A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde terminou, em 1945, os estudos

secundários no Ginásio Pernambucano e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano

seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E,

junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947,

escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça

Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada pelo

Teatro do Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano

seguinte.

Em 1950, formou-se na Faculdade de Direito e recebeu o Prêmio Martins Pena

pelo Auto de João da Cruz. Para curar-se de doença pulmonar, viu-se obrigado

a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça Torturas de

um Coração em 1951. Em 1952, volta a residir em Recife. Deste ano a 1956,

dedicou-se à advocacia, sem abandonar, porém, a atividade teatral. São desta

época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da

Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria

considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno

teatro brasileiro”.

Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na

Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua

peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O

Page 4: Análise Crítica

Santo e a Porca; em 1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o

Poder da Fortuna; em 1959, A Pena e a Lei, premiada dez anos depois no

Festival Latino-Americano de Teatro.

Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do

Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira

e a Catarina (1962). No início dos anos 60, interrompeu sua bem-sucedida

carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPe. Ali, em

1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma

Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994.

Membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado, pelo

Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da

UFPe (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o

“Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das

formas de expressão populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da

música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao

movimento, lançado em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o concerto

“Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma

exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de

Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998).

Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance

d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História

d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976),

classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”.

Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte (PE), onde ocorre a

cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre,

constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas

em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são

imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do

município.

Membro da Academia Paraibana de Letras e Doutor Honoris Causa da

Faculdade Federal do Rio Grande do Norte (2000).

Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um documentário

intitulado O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado

e que foi exibido na Sala José de Alencar.

Page 5: Análise Crítica

Ariano Suassuna, durante evento pró-eqüidade degênero e diversidade,

em Brasília, 2007.

Em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no carnaval carioca; em 2008,

foi novamente tema de enredo, desta vez da escola de sambaMancha

Verde no carnaval paulista.

Em 2006, foi concedido título de Doutor Honoris Causa pela Universidade

Federal do Ceará, mas que veio a ser entregue apenas em 10 de

junho de 2010, às vésperas de completar 83 anos. "Podia até parecer que não

queria receber a honraria, mas era problemas de agenda", afirmou Ariano,

referindo-se ao tempo entre a concessão e o recebimento do título.[1]

[editar]Estudos

Em 1942, ainda adolescente, Ariano Suassuna muda-se para cidade do Recife,

no vizinho estado de Pernambuco, onde passou a residir definitivamente.

Estudou o antigo ensino ginasial no renomado Colégio Americano Batista, e o

antigo colegial (ensino médio), no tradicionalíssimo Ginásio Pernambucano e,

posteriormente, no Colégio Oswaldo Cruz. Posteriormente, Ariano Suassuna

concluiu seu estudo superior em Direito (1950), na célebre Faculdade de

Direito do Recife, e em Filosofia (1964.)

De formação calvinista e posteriormente agnóstico, converteu-se ao

catolicismo, o que viria a marcar definitivamente a sua obra.[2]

Ariano Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 7 de

outubro de 1945, quando o seu poema "Noturno" foi publicado em destaque

no Jornal do Comercio do Recife.

Page 6: Análise Crítica

[editar]Advocacia e teatro

Na Faculdade de Direito do Recife, conheceu Hermilo Borba Filho, com quem

fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua

primeira peça, Uma mulher vestida de Sol. Em1948, sua peça Cantam as

harpas de Sião (ou O desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do

Estudante de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que

recebeu o Prêmio Martins Pena, o aclamado Auto da Compadecida,

de 1955, O Santo e a Porca - O Casamento Suspeitoso, de 1957, A Pena e a

Lei, de 1959, A Farsa da Boa Preguiça, de 1960, e A Caseira e a Catarina,

de 1961.

Entre 1951 e 1952, volta a Taperoá, para curar-se de uma doença pulmonar.

Lá escreveu e montou Torturas de um coração. Em seguida, retorna a Recife,

onde, até 1956, dedica-se à advocacia e ao teatro.

Em 1955, Auto da Compadecida o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico

teatral Sábato Magaldi diria que a peça é "o texto mais popular do moderno

teatro brasileiro". Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por

grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para

o cinema.

Em 1956, afasta-se da advocacia e se torna professor

de Estética da Universidade Federal de Pernambuco, onde se aposentaria

em 1994. Em 1976, defende sua tese de livre-docência, intitulada "A Onça

castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira".

Ariano acredita que: "Você pode escrever sem erros ortográficos, mas ainda

escrevendo com uma linguagem coloquial."

[editar]Movimento Armorial

Para maiores informações acesse o artigo completo sobre o Movimento

Armorial.

Ariano foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar

uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste

Brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de

expressões artísticas: música, dança, literatura, artes

plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões.

Page 7: Análise Crítica

Obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol,

alemão, holandês, italiano e polonês.[3]

[editar]Academia Pernambucana de Letras

Em 1993, foi eleito para a cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras,

cujo patrono é o escritor Afonso Olindense.

[editar] Academia Brasileira de Letras

Desde 1990, ocupa a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo

patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo.

[editar]Academia Paraibana de Letras

Assumiu a cadeira 35 na Academia Paraibana de Letras em 9 de outubro de

2000, cujo patrono é Raul Campelo Machado, sendo recepcionado pelo

acadêmico Joacil de Brito Pereira.

[editar]Obras selecionadas

Uma mulher vestida de Sol, (1947);

Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948);

Os homens de barro, (1949);

Auto de João da Cruz, (1950);

Torturas de um coração, (1951);

O arco desolado, (1952);

O castigo da soberba, (1953);

O Rico Avarento, (1954);

Auto da Compadecida, (1955);

O casamento suspeitoso, (1957);

O santo e a porca, (1957);

O homem da vaca e o poder da fortuna, (1958);

Page 8: Análise Crítica

A pena e a lei, (1959);

Farsa da boa preguiça, (1960);

A Caseira e a Catarina, (1962);

As conchambranças de Quaderna, (1987);

Fernando e Isaura, (1956)"inédito até 1994".

[editar]Romance

A História de amor de Fernando e Isaura, (1956);

O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta,

(1971);

História d'O Rei Degolado nas caatingas do sertão /Ao sol da Onça

Caetana, (1976).

[editar]Poesia

O pasto incendiado, (1945-1970);

Ode, (1955);

Sonetos com mote alheio, (1980);

Sonetos de Albano Cervonegro, (1985);

Poemas (antologia), (1999).