Análise Crítica
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Análise Crítica - O casamento Suspeitoso
O casamento suspeitoso é uma Obra escrita, em 1957, pelo escritor Paraibano
de nascimento e Pernambucano por adoção, Ariano Suassuna. Uma análise da
obra teatral de Ariano Suassuna nos faz mergulhar nas nossas origens
culturais. Ariano usa textos regionais alheios, recriando-os, como alguns da
Literatura de Cordel, assim como o uso da linguagem e tradições nordestinas.
A obra de Ariano Suassuna nos mostra de forma sucinta e ao mesmo tempo
concreta do que somos hoje, o misto de regional e universal.
Além disso, Ariano também pratica a intertextualidade, refazendo cenas de
suas peças (exemplo: "O auto da Compadecida"), pois Cancão e Gaspar são
claramente uma recriação de João Grilo e Chicó, respectivamente. Os
personagens Cancão e Gaspar retomam uma tradição do teatro popular, "a
dupla circense que o povo, com seu instinto certeiro, batizou admiravelmente
de o Palhaço e o Besta", segundo o autor. Ela também é encontrada na
propaganda popular nordestina e no bumba-meu-boi, ao mesmo tempo que
evoca os empregados espertos e independentes de Molière e da commedia
dell`arte.
O Casamente Suspeitoso, marca a mesma sátira social de “O Auto da
Compadecida”, não apenas pelo tema, mas sim também pela estrutura. A ação
se desenrola na casa da matriarca, Dona Guida e a sua problemática é
doméstica, tal como em “O santo e a Porca”. Em ambas as peças, os
personagens pertencem a famílias constituídas, e a temática é centrada no
interesse entre as pessoas, principalmente pelo dinheiro associado ao
matrimônio. A trama traz Travestimentos, cenas de pancadaria e sátira aos
membros da igreja e da justiça.
Suassuna exibe uma sociedade voltada para o esnobismo e à difamação e,
além de mostrar o jogo de interesses entre as pessoas e as suas fragilidades
morais, isso fica claro no final da peça com happy end e revelação cômica,
onde todos contam quais foram seus erros, traições e interesses.
A viagem do Capitão Tornado (Il viaggio di Capitan Fracassa - 1990)
Categoria: Filmes
Gênero: Drama
Dirigido por Ettore Scola, “A viagem do Capitão Tornado” é mais uma
adaptação da obra de Théophile Gautier para o cinema (uma delas foi
dirigida por Alberto Cavalcanti na França, em 1929, com o então jovem
desconhecido Charles Boyer no elenco). Trata-se de um filme mágico que
trata de uma época de declínio da commedia dell’arte pela Europa,
inserindo o espectador no clima onírico e teatral daquelas mambembes
apresentações, com cenários e fotografias quase-fellinianos em sua
beleza e fantasia.
O filme gira em torno de uma trupe de atores que, a caminho da corte em
Paris, é acolhida em uma noite tempestuosa em um castelo de um Barão
falido (Vincent Perez), que prontamente se junta a eles nessa jornada, e
acaba por se transformar em um deles, com o tempo – algo muito comum
na época, com nobres falidos trazendo algo de cultura e erudição à esta
forma de teatro. Os atores da trupe são praticamente uma “família”
mesmo (poucas vezes esse termo-clichê é tão adequado), já que
convivem juntos dia e noite (dormindo inclusive todos dentro daqueles
“trailers” minúsculos), namoram entre si e ensaiam as peças
continuamente sem o menor tom ritualístico (inclusive improvisando
continuamente sobre o esqueleto de obras clássicas da época), e ainda
por cima misturando suas personalidades com os personagens que
sempre interpretam. Era a época em que uma pessoa se adequava à sua
máscara e interpretava o mesmo papel por toda a sua vida, muitas vezes
(e ainda tem alguns atores atuais que reclamam de serem “type-
casted”...). Alguns dos personagens clássicos da commedia dell’arte
estão presentes no filme: O Arlequim, o Doutor, o casal de enamorados, o
Capitão (o próprio “Fracassa” do título original), e o filme exala o charme
das apresentações dessa trupe, realizadas tanto em vilas minúsculas
como em castelos imponentes, com a garra característica e as constantes
apresentações daqueles atores que faziam um pouco de tudo: Escreviam
as peças, cozinhavam, seduziam os nobres em busca de dinheiro,
chamavam gente humilde para assistir suas apresentações... uma época
de muita dureza financeira e, ao mesmo tempo, muito amor pela nova
“profissão” – de certa forma, foi o começo de um maior profissionalismo
no ramo teatral, com “empresas” sendo formadas com o intuito de se
fazer o máximo de apresentações, na medida do possível...
Biografia
Ariano Vilar Suassuna nasceu em João Pessoa ( Paraíba ) aos 16 de junho de
1927, filho de Cássia Villar e João Suassuna. No ano seguinte, seu pai deixa o
governo da Paraíba e a família passa a morar no sertão, na Fazenda Acauhan,
em Taperoá.
Com a Revolução de 30, seu pai foi assassinado por motivos políticos no Rio
de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, onde morou de 1933 a 1937.
Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a
uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de
“improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção
teatral.
A partir de 1942 passou a viver no Recife, onde terminou, em 1945, os estudos
secundários no Ginásio Pernambucano e no Colégio Osvaldo Cruz. No ano
seguinte iniciou a Faculdade de Direito, onde conheceu Hermilo Borba Filho. E,
junto com ele, fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947,
escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. Em 1948, sua peça
Cantam as Harpas de Sião (ou O Desertor de Princesa) foi montada pelo
Teatro do Estudante de Pernambuco. Os Homens de Barro foi montada no ano
seguinte.
Em 1950, formou-se na Faculdade de Direito e recebeu o Prêmio Martins Pena
pelo Auto de João da Cruz. Para curar-se de doença pulmonar, viu-se obrigado
a mudar-se de novo para Taperoá. Lá escreveu e montou a peça Torturas de
um Coração em 1951. Em 1952, volta a residir em Recife. Deste ano a 1956,
dedicou-se à advocacia, sem abandonar, porém, a atividade teatral. São desta
época O Castigo da Soberba (1953), O Rico Avarento (1954) e o Auto da
Compadecida (1955), peça que o projetou em todo o país e que seria
considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno
teatro brasileiro”.
Em 1956, abandonou a advocacia para tornar-se professor de Estética na
Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte foi encenada a sua
peça O Casamento Suspeitoso, em São Paulo, pela Cia. Sérgio Cardoso, e O
Santo e a Porca; em 1958, foi encenada a sua peça O Homem da Vaca e o
Poder da Fortuna; em 1959, A Pena e a Lei, premiada dez anos depois no
Festival Latino-Americano de Teatro.
Em 1959, em companhia de Hermilo Borba Filho, fundou o Teatro Popular do
Nordeste, que montou em seguida a Farsa da Boa Preguiça (1960) e A Caseira
e a Catarina (1962). No início dos anos 60, interrompeu sua bem-sucedida
carreira de dramaturgo para dedicar-se às aulas de Estética na UFPe. Ali, em
1976, defende a tese de livre-docência A Onça Castanha e a Ilha Brasil: Uma
Reflexão sobre a Cultura Brasileira. Aposenta-se como professor em 1994.
Membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado, pelo
Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da
UFPe (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o
“Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das
formas de expressão populares tradicionais. Convocou nomes expressivos da
música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao
movimento, lançado em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o concerto
“Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma
exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de
Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998).
Entre 1958-79, dedicou-se também à prosa de ficção, publicando o Romance
d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História
d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976),
classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”.
Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte (PE), onde ocorre a
cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre,
constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas
em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são
imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do
município.
Membro da Academia Paraibana de Letras e Doutor Honoris Causa da
Faculdade Federal do Rio Grande do Norte (2000).
Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu um documentário
intitulado O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado
e que foi exibido na Sala José de Alencar.
Ariano Suassuna, durante evento pró-eqüidade degênero e diversidade,
em Brasília, 2007.
Em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no carnaval carioca; em 2008,
foi novamente tema de enredo, desta vez da escola de sambaMancha
Verde no carnaval paulista.
Em 2006, foi concedido título de Doutor Honoris Causa pela Universidade
Federal do Ceará, mas que veio a ser entregue apenas em 10 de
junho de 2010, às vésperas de completar 83 anos. "Podia até parecer que não
queria receber a honraria, mas era problemas de agenda", afirmou Ariano,
referindo-se ao tempo entre a concessão e o recebimento do título.[1]
[editar]Estudos
Em 1942, ainda adolescente, Ariano Suassuna muda-se para cidade do Recife,
no vizinho estado de Pernambuco, onde passou a residir definitivamente.
Estudou o antigo ensino ginasial no renomado Colégio Americano Batista, e o
antigo colegial (ensino médio), no tradicionalíssimo Ginásio Pernambucano e,
posteriormente, no Colégio Oswaldo Cruz. Posteriormente, Ariano Suassuna
concluiu seu estudo superior em Direito (1950), na célebre Faculdade de
Direito do Recife, e em Filosofia (1964.)
De formação calvinista e posteriormente agnóstico, converteu-se ao
catolicismo, o que viria a marcar definitivamente a sua obra.[2]
Ariano Suassuna estreou seus dons literários precocemente no dia 7 de
outubro de 1945, quando o seu poema "Noturno" foi publicado em destaque
no Jornal do Comercio do Recife.
[editar]Advocacia e teatro
Na Faculdade de Direito do Recife, conheceu Hermilo Borba Filho, com quem
fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua
primeira peça, Uma mulher vestida de Sol. Em1948, sua peça Cantam as
harpas de Sião (ou O desertor de Princesa) foi montada pelo Teatro do
Estudante de Pernambuco. Seguiram-se Auto de João da Cruz, de 1950, que
recebeu o Prêmio Martins Pena, o aclamado Auto da Compadecida,
de 1955, O Santo e a Porca - O Casamento Suspeitoso, de 1957, A Pena e a
Lei, de 1959, A Farsa da Boa Preguiça, de 1960, e A Caseira e a Catarina,
de 1961.
Entre 1951 e 1952, volta a Taperoá, para curar-se de uma doença pulmonar.
Lá escreveu e montou Torturas de um coração. Em seguida, retorna a Recife,
onde, até 1956, dedica-se à advocacia e ao teatro.
Em 1955, Auto da Compadecida o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico
teatral Sábato Magaldi diria que a peça é "o texto mais popular do moderno
teatro brasileiro". Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por
grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para
o cinema.
Em 1956, afasta-se da advocacia e se torna professor
de Estética da Universidade Federal de Pernambuco, onde se aposentaria
em 1994. Em 1976, defende sua tese de livre-docência, intitulada "A Onça
castanha e a Ilha Brasil: uma reflexão sobre a cultura brasileira".
Ariano acredita que: "Você pode escrever sem erros ortográficos, mas ainda
escrevendo com uma linguagem coloquial."
[editar]Movimento Armorial
Para maiores informações acesse o artigo completo sobre o Movimento
Armorial.
Ariano foi o idealizador do Movimento Armorial, que tem como objetivo criar
uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste
Brasileiro. Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de
expressões artísticas: música, dança, literatura, artes
plásticas, teatro, cinema, arquitetura, entre outras expressões.
Obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol,
alemão, holandês, italiano e polonês.[3]
[editar]Academia Pernambucana de Letras
Em 1993, foi eleito para a cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras,
cujo patrono é o escritor Afonso Olindense.
[editar] Academia Brasileira de Letras
Desde 1990, ocupa a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo
patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo.
[editar]Academia Paraibana de Letras
Assumiu a cadeira 35 na Academia Paraibana de Letras em 9 de outubro de
2000, cujo patrono é Raul Campelo Machado, sendo recepcionado pelo
acadêmico Joacil de Brito Pereira.
[editar]Obras selecionadas
Uma mulher vestida de Sol, (1947);
Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948);
Os homens de barro, (1949);
Auto de João da Cruz, (1950);
Torturas de um coração, (1951);
O arco desolado, (1952);
O castigo da soberba, (1953);
O Rico Avarento, (1954);
Auto da Compadecida, (1955);
O casamento suspeitoso, (1957);
O santo e a porca, (1957);
O homem da vaca e o poder da fortuna, (1958);
A pena e a lei, (1959);
Farsa da boa preguiça, (1960);
A Caseira e a Catarina, (1962);
As conchambranças de Quaderna, (1987);
Fernando e Isaura, (1956)"inédito até 1994".
[editar]Romance
A História de amor de Fernando e Isaura, (1956);
O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta,
(1971);
História d'O Rei Degolado nas caatingas do sertão /Ao sol da Onça
Caetana, (1976).
[editar]Poesia
O pasto incendiado, (1945-1970);
Ode, (1955);
Sonetos com mote alheio, (1980);
Sonetos de Albano Cervonegro, (1985);
Poemas (antologia), (1999).