ANÁLISE CRIMINAL: PERFIL DO ANALISTA NOS EUA. · Como se trata de disciplina emergente,...

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UNIÃO PIONEIRA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL - UPIS PÓS-GRADUAÇÃO MBA EM GESTÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL ALÉCIO FILIPE ANÁLISE CRIMINAL: PERFIL DO ANALISTA NOS EUA. Brasília/DF 2007

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  • UNIO PIONEIRA DE INTEGRAO SOCIAL - UPIS PS-GRADUAO

    MBA EM GESTO DE SEGURANA PBLICA E DEFESA SOCIAL

    ALCIO FILIPE

    ANLISE CRIMINAL: PERFIL DO ANALISTA NOS EUA.

    Braslia/DF 2007

  • ii

    ALCIO FILIPE

    ANLISE CRIMINAL: PERFIL DO ANALISTA NOS EUA.

    Monografia apresentada para concluso do Curso de Especializao em Gesto de Segurana Pblica e Defesa Social, promovido pela UPIS/DF.

    Orientador:

    Professor Doutor George Felipe de Lima Dantas

    Braslia/DF 2007

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    Filipe, Alcio. Anlise Criminal: Perfil do Analista nos EUA. George Felipe de Lima Dantas (Orientador). Braslia: Unio Pioneira de Unio Social - UPIS, 2006. Monografia na rea de gesto da segurana pblica, vlida como pr-requisito para aprovao no Curso MBA em Gesto de Segurana Pblica e Defesa Social.

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    ALCIO FILIPE

    ANLISE CRIMINAL: PERFIL DO ANALISTA NOS EUA.

    Monografia apresentada Unio Pioneira de Integrao Social (UPIS) para fins de concluso do Curso de especializao em Gesto de Segurana Pblica e Defesa

    Social, orientado pelo Professor Doutor George Felipe Dantas.

    23 de fevereiro de 2007.

    BANCA EXAMINADORA

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    DEDICATRIA

    minha esposa, Rachel

    Aos meus filhos, Jlia e Gabriel

    Aos meus pais, Mrio e Ruth

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    AGRADECIMENTOS

    Aos meus amigos e colegas de curso, por terem aberto a porta da amizade

    sincera, quando eu era um elemento de fora do mundo da segurana pblica. Ao Professor Doutor George Felipe de Lima Dantas, pela amizade,

    compreenso, apoio e pacincia. Por me abrir ampla viso sobre a segurana pblica e o mundo acadmico.

    A Deus, por tudo.

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    "Somente a conscincia individual do agente d testemunho dos atos sem testemunha, e no h ato mais desprovido de testemunha externa do que o ato de conhecer."

    Olavo de Carvalho

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    ALCIO FILIPE

    ANLISE CRIMINAL: PERFIL DO ANALISTA NOS EUA.

    Monografia apresentada para concluso do MBA em Gesto de Segurana Pblica e Defesa Social, promovido pela UPIS/DF.

    Orientador:

    Professor Doutor George Felipe de Lima Dantas

    Braslia/DF 2007

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    RESUMO

    A questo da Segurana Pblica tem se tornado uma preocupao prioritria no mundo atual, e particularmente afetado a vida da sociedade brasileira. Novas formas de se cometer os crimes, um novo perfil de criminosos, novas reas de atuao, tudo isso requer o aperfeioamento e a modernizao das entidades de segurana pblica. Este trabalho procura descrever a funo e o perfil do Analista Criminal dentro deste novo cenrio perturbador da insegurana pblica, buscando nos Estados Unidos da Amrica, pas paradigmtico em segurana, o suporte para esta descrio, mostrando que esta funo de anlise uma arma poderosa contra o crime e a criminalidade e o crescimento desta funo neste pas.

  • x

    ABSTRACT

    The matter of the Public Safety has become a priority preoccupation in the current world, and particularly affected the Brazilian society life. New ways of committing crimes, a new criminal profile, new areas of performance, all of this requires the improvement and the modernization of the public safety entities. This work seeks describe the function and Crime Analyst profile inside this new scenario disturber of the public insecurity, seeking in the United States of America, a model country in safety, a support for this description, showing that this analysis function is a powerful weapon against the crime and the criminality and the growth of this function in this country.

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    LISTA DE FIGURAS, GRFICOS E QUADROS

    Grficos

    Grfico 1 - Graduao universitria solicitada .................................................................. 59 Grfico 2 - Tipos de anlise criminal requerida ................................................................ 59 Grfico 3 - conhecimento em ferramentas de TI requeridas .......................................... 60 Grfico 4 - Faixas salariais ................................................................................................... 62

    Figuras

    Figura 1 Mapas de um smbolo ........................................................................................ 39 Figura 2 Mapa de tamanhos graduais ............................................................................ 40 Figura 3 Mapa gradual de cores ...................................................................................... 41 Figura 4 - Mapa combinado ................................................................................................. 42

    Quadros

    Quadro 1 - Quadro de identificao das instituies pesquisadas ................................ 51 Quadro 2 - Formao acadmica ....................................................................................... 53 Quadro 3 - Faixas Salariais .................................................................................................. 55 Quadro 4 - Tipos de anlise por instituio ....................................................................... 56 Quadro 5 - Ferramentas de TI ............................................................................................. 57

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    SUMRIO 1. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................................... 1 1.1. INTRODUO .................................................................................................................... 1 2. DESENVOLVIMENTO. ......................................................................................................... 7 2.1. ANLISE CRIMINAL COMO DISCIPLINA POLICIAL .................................................. 7 2.1.1. Definio de Anlise Criminal ........................................................................................ 7 2.1.2. Justificativas para analisar crimes ................................................................................ 8 2.1.3. Tipos de anlise criminal .............................................................................................. 10 2.1.3.1. Anlise Criminal Ttica.............................................................................................. 10 2.1.3.2. Anlise Criminal Estratgica .................................................................................... 11 2.1.3.3. Anlise Criminal Administrativa ............................................................................... 12 2.1.3.4. Anlise de Inteligncia .............................................................................................. 13 2.1.3.5. Anlise Criminal Investigativa .................................................................................. 14 2.1.3.6. Anlise de Operaes ............................................................................................... 15 2.2. Situao atual da Anlise Criminal nos EUA ............................................................... 15 2.2.1 Adoo da anlise criminal nos EUA ....................................................................... 15 2.2.2 Fatores para adoo da anlise criminal e mapeamento ..................................... 16 2.2.3 Pesquisa da University of South Alabama .............................................................. 17 2.2.4 Preocupao dos analistas dos EUA ....................................................................... 19 2.2.5 Sworn personnel versus profissional civil ................................................................ 19 2.2.6 TI nas agncias policiais nos EUA ........................................................................... 20 2.2.7 PISTOL ......................................................................................................................... 22 2.2.8 Entidades representativas ......................................................................................... 25 2.3. Ferramentas para anlise criminal ................................................................................. 28 2.3.1. Equipamentos ................................................................................................................ 28 2.3.2. GIS Geography Information Systems ..................................................................... 29 2.3.2.1 Escolas criminolgicas ............................................................................................ 30 2.3.3. Data Mining .................................................................................................................... 31 2.3.3.1 Outras ferramentas de anlise de dados ............................................................. 32 2.3.4. Estatstica Aplicada ....................................................................................................... 33 2.3.4.1 Classificao da estatstica .................................................................................... 34 2.4. Produtos da Anlise Criminal.......................................................................................... 36 2.4.1 Caractersticas dos boletins ...................................................................................... 36 2.4.2 O que no colocar nos boletins ................................................................................ 37 2.4.3 Relatrios de mapeamento........................................................................................ 38 2.4.3.1. Mapas de um nico smbolo (Single Symbol Map) .............................................. 39 2.4.3.2. Mapas de tamanhos graduais (Graduated Size Maps); ...................................... 40 2.4.3.3. Mapas de graduao de cores (Graduated Color Maps); ................................... 41 2.4.3.4. Mapas combinados (Combination Maps); .............................................................. 42 2.5. Perfil do Analista Criminal visto pelo mercado ............................................................. 43 2.5.1. Atitudes, habilidades e conhecimentos ...................................................................... 43 2.5.2. SKAs ............................................................................................................................... 44 2.5.3. Os dez mandamentos do analista .............................................................................. 46 2.5.4. A carreira do analista criminal ..................................................................................... 47 2.5.4 Nveis funcionais ......................................................................................................... 48 2.6. Ofertas e demandas ......................................................................................................... 50 3. Concluso ............................................................................................................................. 63 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 67 ANEXOS .................................................................................................................................... 68

  • 1. DESENVOLVIMENTO

    1.1. INTRODUO

    Segundo Boba (2005) anlise criminal um campo de estudo e prtica pertencente

    justia criminal, que utiliza mtodos sistemticos de pesquisa em base de dados,

    que permite o suporte s aes policiais atravs da gerao de informao para

    diversos usurios. Coloca ainda que esta disciplina um novo tpico a ser

    observado para o treinamento em justia criminal. O operador da anlise criminal

    deve possuir uma srie de caractersticas substantivas que permitam efetividade em

    suas atribuies. Como se trata de disciplina emergente, necessrio se faz

    compreender quais as caractersticas inerentes funo do analista criminal.

    Este trabalho tem como objetivo a descrio das caractersticas profissionais do

    Analista Criminal nos Estados Unidos da Amrica (EUA), um novo profissional que

    est se incorporando s polcias, outras instituies de segurana pblica e

    organizaes privadas, principalmente indstrias de tecnologia de ponta. Este

    profissional vem continuamente, ao longo do tempo, assumindo posio destacada

    nas polcias e ocupando espao no cenrio da segurana pblica norte-americana.

    Atravs do presente estudo, espera-se criar um ambiente propcio para a reflexo

    sobre a realidade brasileira comparada com a de um pas paradigmtico em

    segurana pblica no que tange anlise criminal em si e ao analista em particular.

    Diante do crescimento quase exponencial da violncia no Brasil, e o surgimento de

    novas prticas criminais, este trabalho procura contribuir para que os novos

    paradigmas, que esto sendo adotados nos EUA, na especificidade da anlise

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    criminal e de seu operador, sejam percebidos pelos operadores brasileiros da

    segurana pblica com vistas implantao e aprimoramento da prtica entre ns.

    Identificar as demandas por informaes no ambiente investigativo e de

    planejamento para o aumento da segurana nas sociedades e como se apresenta a

    criminalidade frente s novas oportunidades no mundo, so fatores impositivos a um

    novo paradigma de profissional nas instituies policiais. A descrio contida neste

    estudo se prope vislumbrar o cenrio em que este profissional permeia as suas

    aes, os desafios propostos e o que as instituies esperam de seu trabalho. Aps

    a fundamentao conceitual sobre anlise criminal e, consultando o que se est

    requerendo nas instituies americanas, almeja o presente estudo, traar o perfil e

    aptides desejveis em um analista criminal nos EUA.

    A falta de informaes disponveis e confiveis a respeito desse tpico, uma vez que

    o mesmo extremamente recente, e a percepo da necessidade deste profissional

    ser ainda incipiente, trouxe certa dificuldade na elaborao deste estudo. Este

    trabalho objetiva, alm da descrio e identificao de um perfil profissional

    desejvel, instigar os gestores da segurana pblica reflexo e encaminhamento

    prtico do reconhecimento deste profissional e da disciplina nas instituies que

    atuam direta ou indiretamente com a causa da insegurana pblica nas sociedades

    ps-modernas, incluindo o Brasil.

    O presente estudo trar uma parte conceitual, que visa contextualizar o objeto do

    mesmo em relao atividade de anlise criminal. A anlise criminal descrita

    sumariamente, conforme suas classificaes, de acordo com o pensamento de

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    acadmicos, estudiosos e policiais norte-americanos. Esta parte fundamentada em

    bibliografia especfica de autores norte-americanos que esto modelando a moderna

    anlise criminal nos EUA e brasileiros que estudam o tema. Aps a conceituao de

    anlise criminal e descrio de suas caractersticas, ser apresentada a situao da

    mesma no cenrio norte-americano de segurana pblica, que serve de pano de

    fundo para o entendimento sobre o profissional, policial ou no, que se dedica

    anlise criminal. Sero ainda descritas quais os atributos procurados em um analista

    criminal, listando quais as habilidades, conhecimentos, atitudes e tcnicas que

    envolvem esta expectativa. Fechando o estudo so apresentados e descritos dados

    oriundos de pesquisa conduzida atravs da Internet sobre as ofertas de vagas para

    analistas criminais, as quais contm subsdios que permitem o entendimento sobre

    como o mercado v e procura o analista criminal nos EUA.

    Este trabalho, por se focar sobre uma rea ainda incipiente no Brasil, tem sua

    elaborao suportada por pesquisas bibliogrficas e Internet para busca de

    subsdios em sites de polcias norte-americanas, tanto as federais quanto as

    estaduais ou de condados. Ainda, esta pesquisa virtual se debrua sobre os sites

    das associaes internacionais, regionais e estaduais de analistas criminais, sendo

    as duas ltimas exclusivamente dos EUA. Ainda buscou-se informaes nas

    empresas especializadas em recrutamento de mo de obra tcnica, que no mercado

    americano trabalham tambm para as agncias de segurana pblica fazendo, no

    apenas o recrutamento, mas ainda a seleo. Outras fontes de pesquisa so as

    universidades americanas e empresas de treinamento, de cujos contedos

    programticos obtm-se uma ampla viso pragmtica da formao e alinhamento

    entre capacitao e funo do analista criminal naquele pas.

  • 4

    Aps a coleta de informaes atravs das pesquisas mencionadas no pargrafo

    anterior foi traado o conjunto de especificaes exigidas nos fatores KSA para a

    funo de analista criminal.

    1.2. Justificativa

    O mundo passa por transformaes profundas em suas mais variadas concepes e

    percepes, sejam econmicas, polticas e sociais, metamorfoseadas pelo uso de

    novas e mais abrangentes tecnologias (principalmente as que envolvem a

    informao e as telecomunicaes), o que vem quebrando sistematicamente antigos

    paradigmas que norteavam a conduta, a moral, a tica e a legalidade das relaes

    interpessoais, interorganizacionais, interestaduais e internacionais. Trocando, nas

    expresses referidas na frase anterior, o sufixo inter pelo intra, expande-se mais

    ainda o universo em transformao e a complexidade cognitiva para se compreender

    o tempo atual e pensar o futuro de curto e longo prazo, dentro de um processo de

    planejamento estratgico e desenvolvimento social.

    As tecnologias da informao e das telecomunicaes, que atravs da convergncia

    tecnolgica, se fundem na disciplina TELEMTICA, so, sem dvida, onipresentes,

    indispensveis e ditadoras na sociedade produtiva do sculo XXI, entendendo-se

    esta sociedade como da informao, ou seja, que tem como seu produto principal,

    na produo e no consumo, a informao. Esta sociedade se encontra em mutao

    para um novo patamar conceitual que a reconhece como a Sociedade do

    Conhecimento, que a exemplo da Era da Informao, agora produz e consome

  • 5

    conhecimento, sendo este o ativo de mais alto valor e diferencial competitivo nas

    arenas das mais diversas disputas, apesar de ainda abstrato.

    Obviamente que estes cenrios, o atual e o previsto, so demasiadamente obscuros

    para as sociedades, as quais vivem constantemente reestruturando seu modelo

    econmico, poltico, de gesto e governana e modelo social. Neste ambiente de

    pouca solidez no pacto social e institucional, os pases se vem forados a participar

    do processo de incluso num mundo globalizado, isto imposto pela evoluo do

    conjunto dos pases que esto na liderana da economia mundial. Neste contexto,

    observam-se lacunas no tecido social que induz violncia, vitima e coloca, por falta

    de opes, pessoas no mundo do crime, que se organiza e passa a ter um ciclo

    prprio de evoluo e revoluo.

    Percebe-se que o novo desafio enfrentado pelas instituies de segurana pblica

    est centrado na preparao para o controle da criminalidade neste novo mundo,

    que apresentam padres e tendncias at ento no mapeados, e s sendo

    possvel serem observados atravs do uso das tecnologias da informao e das

    telecomunicaes (telemtica no conjunto convergente). Operar estas tecnologias de

    modo a se obter o conhecimento estratgico, ttico e administrativo, requer um

    profissional que se desgarra do perfil tradicional do policial, pois atua com dados,

    informao, conhecimento, estatstica, e tecnologia da informao ao invs de

    armas, carros e munies. No se exclui a importncia das aes tradicionais, as

    quais so vitais nas operaes de mitigao e supresso, do crime e da

    criminalidade.

  • 6

    Este trabalho, baseado em pesquisas em instituies policiais americanas, visa

    projetar este profissional descrevendo sua interao com o mundo desafiador e as

    prticas policiais modernas.

  • 7

    2. DESENVOLVIMENTO.

    2.1. ANLISE CRIMINAL COMO DISCIPLINA POLICIAL

    2.1.1. Definio de Anlise Criminal

    Anlise criminal se refere ao conjunto sistemtico de processos analticos que prov

    em tempo, informaes pertinentes sobre a correlao entre padres de crimes e

    tendncias de crimes. primariamente uma ferramenta ttica. Relatrios de

    patrulhas e dados sobre crimes que fornecem dados sobre cenas de crimes, modus

    operandi, armas, roubos, veculos de fuga e suspeitos. Analisando e comparando

    dados nos arquivos com estas informaes, na investigao de um caso, podem os

    investigadores obter informaes importantes sobre as atividades nestas reas

    patrulhadas. Contempla ainda a anlise do desenvolvimento do padro de crime,

    descrio de propriedades roubadas e identificao de suspeitos. Usando estas

    informaes, as foras tticas podem dispor melhor os seus recursos. (Boba 2005,

    apud Emig, Heck, & Kravitz, 1980, p. v).

    Anlise Criminal o processo de anlise sistemtica de dados pertinentes aos

    servios policiais, crimes, criminosos e vtimas para: (i) identificar tendncias e

    padres de crimes e criminalidade, (ii) gerar conhecimento para as aes tticas e

    estratgicas de como os problemas podem ser resolvidos da melhor maneira

    possvel, bem como alimentar os programas de polcia comunitria, (iii) avaliar as

    aes planejadas e as teorias envolvidas para os crimes e a criminalidade e, (iv)

    produzir relatrios de domnio reservado ou pblico. (Boba, COPS, 2001).

  • 8

    A Anlise Criminal uma disciplina orientada ao detalhe atravs da qual o analista

    se empenha na busca da verdade de uma determinada situao, utilizando mtodos

    e informaes boas para confirmar a verdade de forma que um plano de ao efetivo

    possa ser formulado. (Boba 2005, apud Vellani & Nahoun, 2001, p. 8).

    Esclarece Boba (2005) que as diversas definies, sobre anlise criminal, utilizadas

    e aceitas nos meios acadmicos e policiais, diferem nas particularidades umas das

    outras, mas que compartilham vrios componentes comuns: Todos os autores

    concordam que a anlise criminal d suporte s misses policiais, utiliza mtodos

    sistemticos e informaes, e gera conhecimento para diversos usurios.

    Crime analysis is the systematic study of crime and disorder problems as well as other police-related issues including socio-demographic, spatial, and temporal factors to assist the police in criminal apprehension, crime and disorder reduction, crime prevention, and evaluation. (Boba, 2005)

    A definio de anlise criminal, como disciplina pertinente ao contexto da segurana

    pblica, importante na busca da definio do perfil do profissional que est sob

    anlise neste trabalho. Para que possam ser vislumbrados quais sejam os requisitos

    necessrios para o desempenho da funo no contexto atual, faz-se necessria a

    conceituao de forma abrangente e baseada nas colocaes dos pensadores

    norte-americanos, conforme apresentado acima.

    2.1.2. Justificativas para analisar crimes

    A justificativa primria, segundo Osborne & Wernicke (2003), para a existncia de

    um analista criminal nas instituies da segurana pblica, frente aos gestores, que

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    no esto ainda sensibilizados por esta necessidade de alta relevncia, ou no

    entenderam o que o analista criminal faz ou o que este pode prover, est ressaltada

    pelos pontos fundamentais que fazem sentido anlise criminal, respondendo ao

    por que analisar:

    Analisar para obter as vantagens da abundncia de informaes existentes

    no sistema de justia criminal, nos sistemas de chamadas e despachos, nos

    boletins de ocorrncia e em fontes de domnio pblico;

    Analisar para maximizar o uso dos escassos recursos das instituies de

    segurana pblica;

    Analisar para informar ao sistema de segurana pblica sobre aspectos gerais

    e especficos das tendncias dos crimes, padres e sries de crimes de forma

    tempestiva;

    Analisar para ter um meio objetivo no acesso aos problemas criminais de

    forma local, regional, estadual, nacional e global, atravs da integrao entre

    as diversas agncias de segurana pblica;

    Analisar crimes para pro-atividade nas aes de deteco e preveno do

    crime e,

    Analisar os crimes para atender s necessidades das polcias diante de uma

    sociedade em dinmica e em constante mutao.

  • 10

    2.1.3. Tipos de anlise criminal

    2.1.3.1. Anlise Criminal Ttica

    A Anlise Criminal Ttica (ACT), de acordo com (Osborne & Wernicke, 2003), se

    refere anlise de dados e informaes relativas ao onde, quando e como o

    crime ocorreu e foi perpetrado, objetivando assistir aos investigadores na

    identificao e compreenso dos problemas especficos e imediatos do crime. O

    objetivo final da ACT promover rpida resposta em relao a uma srie de crimes

    que esto ocorrendo. A busca de padres na atividade criminal para predio de

    ocorrncias futuras um dos papis fundamentais deste tipo de anlise.

    Os padres de crimes so geralmente definidos para uma determinada rea

    geogrfica, processo este conhecido como clusterizao em uma rea especfica.

    Padres implicam em similaridade que so observadas em vrios fatos ocorridos ao

    longo do tempo. Desta maneira, para existir um padro em um dado conjunto de

    crimes, uma das seguintes variveis deve se repetir: localidade, hora, alvo ou modus

    operandi.

    Compreende-se que existe uma srie criminal quando um determinado padro

    observado, levando clara possibilidade de ser a mesma pessoa ou grupo que

    venha praticando, ou haja praticado os crimes.

  • 11

    2.1.3.2. Anlise Criminal Estratgica

    A Anlise Criminal Estratgica (ACE), segundo Dantas & Ferro (2006), se refere

    aos problemas de longo alcance, grande abrangncia e gerais, bem como ao

    planejamento de longo prazo em segurana pblica e reflete diretamente sobre a

    elaborao de polticas pblicas, atravs de anlise do comportamento dos crimes

    durante uma longa srie temporal, observando as aceleraes e desaceleraes na

    freqncia e quantidade das ocorrncias dos fenmenos em determinados lugares,

    de forma a se obter uma viso clara das tendncias dos crimes.

    o estudo de informaes sobre o crime e a atividade policial, integradas a fatores scio-demogrficos e espaciais, com a finalidade da determinao de padres de atividade criminal de longo prazo, contribuindo para a resoluo de problemas e realizao de pesquisas de avaliao de respostas e procedimentos. (Dantas & Ferro, 2006).

    Anlise Criminal Estratgica o estudo da criminalidade e outros assuntos relacionados polcia para determinar padres das atividades criminais ao longo de um dado tempo como tambm avaliar as respostas policiais e os procedimentos das instituies de segurana pblica. (Dantas & Ferro, 2006).

    Devido ao escopo da ACE, este tipo de anlise se concentrar em informaes de

    longo prazo, sendo primariamente quantitativa, apesar de que ao se focar nos

    detalhes de determinado fenmeno, dados e mtodos qualitativos podem e devem

    ser utilizados na agregao de valor analtico.

    A ACE, devido sua caracterstica e definio, se realiza atravs do uso de vrios

    mtodos estatsticos com intuito de examinar bases de dados eletrnicas nas quais

  • 12

    residem milhares de registros de crimes contendo data, hora, localidades, dados

    scio-demogrficos e tipos dos incidentes ocorridos.

    Os dois principais propsitos da ACE so: (i) para ajudar na identificao e no

    exame da criminalidade ao longo de um tempo representativo e (ii) para avaliar as

    respostas das instituies de segurana diante dos diversos fenmenos criminais

    sob anlise.

    2.1.3.3. Anlise Criminal Administrativa

    A atividade de anlise criminal administrativa consiste basicamente na apresentao dos resultados de pesquisas e anlises sobre o fenmeno do crime e questes conexas, tendo por base necessidades polticas, legais e prticas que motivem a necessidades de informaes da parte do pblico interno e/ou externo. (Dantas & Ferro, 2006)

    A Anlise Criminal Administrativa (ACA), segundo Osborne & Wernicke (2003), se

    foca no fornecimento de informaes sumarizadas, estatsticas e informaes gerais

    sobre tendncias criminais para os gestores das instituies de segurana pblica.

    Este tipo de anlise prov informao de modo descritivo sobre crimes, para

    subsidiar os departamentos administrativos, assessoria dos comandos e oficiais,

    apresentando inclusive estes resultados para outras cidades e estados e, tambm,

    para a comunidade em geral. Os relatrios desta anlise subsidiam os

    administradores da segurana pblica para que os mesmos possam determinar e

    alocar recursos que ajudem a comunidade na compreenso da criminalidade e

    problemas relativos desordem que a afeta. Esta anlise se utiliza basicamente da

    estatstica descritiva para avaliar a criminalidade e os chamados para atendimentos

    localmente. Nos EUA, em algumas localidades, esta disciplina ainda se

  • 13

    responsabiliza pela compilao de estatsticas para o FBI1, baseada no UCR

    (Uniform Crime Report)2.

    Criar cenrios para comparao de crimes mostrando o total destes em uma cidade

    no ano corrente comparado com o ano anterior, este ms versus o ms anterior ou

    ainda este ms contra este mesmo ms do ano passado, so exemplos de ACA.

    Esta modalidade de anlise se encarrega ainda de comparar os nveis de

    criminalidade entre cidades, ajustando estes valores por 1.000, 10.000 ou 100.000

    habitantes, dependendo do tamanho das cidades a serem comparadas. Este

    procedimento denominado bench-marking.

    2.1.3.4. Anlise de Inteligncia

    o estudo da atividade criminal organizada, tenha ela sido ou no relatada polcia, de maneira a apoiar o esforo da investigao policial na identificao de vnculos entre pessoas, eventos e patrimnio. (Dantas & Ferro, 2006)

    A Anlise de Inteligncia (AI) ocorre normalmente nos nveis estadual e federal,

    uma vez que o seu objeto de investigao e compreenso est vinculado com os

    crimes do colarinho branco, lavagem de dinheiro, crimes digitais, terrorismo, trfico

    de drogas, redes de prostituio e roubo de carga, entre outros, que convergem, em

    sua maioria, para o crime organizado como definio, alm de investigaes

    especficas, as quais so auxiliadas com as informaes e apresentaes que se

    constituem o produto desta modalidade de anlise.

    1 www.fbi.org

    2 www.fbi.gov/ucr/ucr.htm

  • 14

    Grande parte das informaes coletadas para suprir este processo de anlise vem

    de procedimentos diferenciados, tais como vigilncia, gravaes, informantes,

    infiltrao, listagem de telefonemas das operadoras, rastreamento de e-mails e

    endereos IP na grande rede mundial, entre outros.

    2.1.3.5. Anlise Criminal Investigativa

    A Anlise Criminal Investigativa (ACI) foca sua ateno nos perfis das vtimas e

    dos suspeitos, perfilando-os para o investigador, com base nos dados e informaes

    disponveis, de cunho scio-demogrfico e antropolgico. Esta anlise

    normalmente efetivada no nvel local de polcia, nas agencias locais e se difere do

    alinhamento mais profundo feito pelo FBI em relao aos serial killers e

    seqestradores, mas levanta hipteses gerais sobre o tipo de pessoa ou grupo que

    possam estar cometendo determinada srie de crimes. (Osborne & Wernicke, 2003)

    Os mtodos de anlise, neste caso, levam o analista a avaliar cuidadosamente os

    aspectos taxonmicos das sries de crimes que esto ocorrendo subordinadas

    determinado tempo e regio, tais como furtos e roubos entre outros. Faz parte da

    metodologia afeita e este tipo de anlise, entrevistar os investigadores em vrias

    agncias policiais para levantamento de informaes sobre os tipos de pessoas que

    possam estar cometendo semelhantes crimes em outras jurisdies, e ainda ir aos

    locais onde os crimes foram cometidos para fazer observaes pessoais. O

    resultado um relatrio sumarizado das anlises e pesquisas, realizadas pelo

    analista, que subsidiaro as investigaes e um item muito til do arsenal de

    ferramentas disponveis para a investigao criminal. (Osborne & Wernicke, 2003)

  • 15

    2.1.3.6. Anlise de Operaes

    A Anlise de Operaes (AO) o tipo de anlise que visa demonstrar como as

    agencias policiais esto empregando seus recursos no cumprimento de suas

    atribuies legais. Foca-se essencialmente sobre aspectos como desenvolvimento

    das aes, gastos, oramento e redistribuio de atividades e tarefas. Normalmente

    esta anlise se d quando uma agncia assume outro territrio para atuar, em

    momentos de contingncia ou reestruturao poltica. Faz-se importante quando

    novas polticas pblicas so implantadas e passam a gerar demandas novas.

    (Osborne & Wernicke, 2003)

    2.2. Situao atual da Anlise Criminal nos EUA

    A anlise criminal um campo em crescimento que ainda procura auto-afirmar-se no

    cenrio da segurana pblica, j sendo, porm, reconhecida a sua importncia, tanto

    pelas agncias policiais quanto pela comunidade acadmica. Esta disciplina,

    contudo, continua se desenvolvendo nos EUA, onde novos temas como

    criminalidade escolar e mdica, sobre os quais est sendo criado um corpo de

    literatura, testes e confirmaes sobre tcnicas de anlise, treinamento, educao,

    etc., esto sendo focados com interesse e tidos como a nova fronteira do

    aperfeioamento das anlises criminais.

    2.2.1 Adoo da anlise criminal nos EUA

    Observa-se, ainda, que vrias agncias policiais, principalmente as menores,

    resistem adoo da disciplina, e no enxergaram ainda o valor desta para a

  • 16

    preveno e represso da criminalidade. Grande parte das agencias policiais mdias

    e grandes nos EUA, porm, j possuem a funo de anlise criminal em seus

    quadros. Isso significa que esto contratando profissionais, policiais ou analistas

    especialmente treinados, especificamente para conduzir ao menos um tipo de

    anlise criminal. Nos anos 90, pesquisas nacionais indicaram que um nmero

    representativo de agncias de polcias investiu em tecnologia para anlise criminal e

    mapeamento do crime. (Boba, 2005)

    2.2.2 Fatores para adoo da anlise criminal e mapeamento

    Segundo FRITZ (2001), a anlise criminal e mapeamento de crimes nos EUA vm

    crescendo exponencialmente nos ltimos quinze anos e propes cinco fatores que

    podem explicar o porqu deste crescimento acentuado:

    A popularizao e o barateamento dos computadores e softwares levaram ao

    uso intensivo destas ferramentas tanto pela sociedade como pelas instituies

    de segurana pblica;

    A conceituao de policiamento comunitrio, voltado para a resoluo de

    problemas, e subseqentes publicaes de estudos acadmicos, culminou

    com a legitimao do papel da pesquisa e anlise na segurana pblica;

    O governo federal norte-americano tem incentivado estas iniciativas atravs

    de financiamentos, pessoal e tecnologia;

    Os chefes de polcias e xerifes abraaram o conceito e a prtica de

    policiamento comunitrio, tendo esta adoo proporcionado o sucesso do

    COMSTAT e do ICAM e, os resultados associados a estes esforos apontam

  • 17

    para a queda constante na criminalidade nos distritos que se utilizam deste

    estilo de policiamento;

    Padres profissionais foram identificados e estabelecidos de acordo com

    requisitos da segurana pblica, tendo, especificamente, a Commission for

    the Accreditation of Law Enforcement Agencies (CALEA)3 oferecido suporte

    s iniciativas da anlise criminal nos EUA.

    2.2.3 Pesquisa da University of South Alabama

    Outra evidncia clara do desenvolvimento e da importncia da prtica da anlise

    criminal nos EUA se observa atravs de um sistemtico estudo conduzido em 2002

    pela University of South Alabamas Center for Public Policy. Observou-se, em duas

    pesquisas com agncias policiais dos EUA, que os analistas criminais esto sendo

    demandados mais em anlise criminal ttica, que trs resultados de curto prazo, em

    cima de uma srie criminal sob investigao e menos demandados em anlise

    criminal estratgica, que se objetiva planificao de longo prazo, sendo essa

    primariamente interessante para casos mais complexos e renitentes nas

    comunidades. Esta observao demonstra que muitas agncias policiais norte-

    americanas no se utilizam da anlise criminal em sua amplitude e potencial, fato

    explicado pelo padro de curto prazo para a realizao efetiva da anlise e ainda os

    processos em real time que no se abriram ainda para outras funes, cumprindo

    apenas as obrigatoriedades tradicionais de uma agncia policial. Este cenrio

    demonstra que a anlise criminal est sendo utilizada mais para propsitos

    investigativos que de pesquisa e planejamento de longo prazo.

    3 www.calea.org

  • 18

    Algumas razes podem ser alinhadas para corroborar com o que foi explicitado

    acima:

    a) O processo investigativo o mais tradicional, mais arraigado e estabelecido

    processo no meio policial norte-americano, fato que determina o mind-share

    policial, com seus valores e prioridades.

    b) O tempo um ativo valioso para as agencias policiais, sendo um dos

    determinantes para a preferncia pela anlise investigativa, uma vez que a

    polcia norte-americana tradicionalmente atua reativamente e sofre presso

    da comunidade e de toda a sociedade para apresentar respostas rpidas. Os

    processos investigativos, comparado com pesquisa e processos para

    resoluo de problemas de forma preventiva, so imensamente mais rpidos,

    atendendo aos anseios da sociedade por respostas rpidas e visveis.

    c) Outra razo reside nos perfis e habilidades dos analistas que se apresentam,

    muitas das vezes, mais focados na conduo da anlise investigativa. Muitos

    dos analistas foram ou so agentes policiais de rua, que se formaram nas

    patrulhas e nas investigaes criminais, nas quais funes trabalharam por

    longo perodo de tempo. Estes profissionais no dominam metodologias

    formais de pesquisa, programas de avaliao baseados em informtica ou

    experincias em estatstica que os habilitariam conduo de pesquisas e

    avaliaes analticas de forma mais efetiva. Alm do que so constantemente

    demandados para elaborar listas de incidentes ou relatrios simples, e

    preenchimento de formulrios, os quais, na realidade, no se constituem em

    anlise de fato.

  • 19

    2.2.4 Preocupao dos analistas dos EUA

    Observa Boba (2005), que nos EUA os analistas criminais esto aparentemente

    preocupados com (i) disponibilidade de treinamento e educao relevante; (ii) o uso

    efetivo do conhecimento gerado pelas anlises; (iii) o reconhecimento pela alta

    gesto policial da importncia da anlise criminal nas agencias policiais; (iv)

    disponibilidade de dados e informaes adequadas nos aspectos de quantidade e

    qualidade; (v) a possibilidade de comunicao efetiva como outros analistas

    criminais de outras jurisdies e cidades e (vi) a disponibilidade de tempo ideal para

    conduzir suas anlises.

    2.2.5 Sworn personnel versus profissional civil

    Ainda segundo a pesquisa realizada pela University of South Alabamas Center for

    Public Policy focada (primeira parte) em departamentos e agncias policiais com 100

    ou mais policiais investidos (sworn personnel), atuando diretamente em aes fim,

    foi possvel observar um fato importante no perfil da nova policia nos EUA. Observa-

    se que tem ocorrido uma quebra de paradigma em relao s tradicionais prticas

    de colocao exclusiva de policiais investidos nas diversas tarefas e funes

    policiais, mesmo as de retaguarda e suporte operacional, representada pelas

    contrataes de civis para o desempenho de diversas atividades nas polcias, e em

    particular para a funo de anlise criminal. Nos ltimos 10 ou 15 anos tm sido

    contratados muitos analistas civis. Este fato tem causado muita polmica, mas se

    justifica pelos dois aspectos seguintes: (i) Econmica: os analistas civis tendem a

    perceber salrios inferiores aos dos policiais juramentados (sworn personnel); e (ii)

  • 20

    Organizacional: as unidades de anlise criminal tendem a ser mais estveis com

    trabalhadores civis, uma vez que os policiais precisam deixar a funo de analista

    criminal aps um tempo devido s possveis promoes ou realocaes, situaes

    tpicas nas instituies e carreiras policiais. Como mostra o Grfico 1, de um

    universo de 409 instituies que responderam possuir pessoal designado

    primariamente para a funo de analista criminal, 78% disseram que possui ao

    menos um analista civil.

    Grfico 1 Anlise criminal nas agncias dos EUA

    Fonte: University of South Alabama

    2.2.6 TI nas agncias policiais nos EUA

    A qualidade da anlise criminal est diretamente relacionada com a capacidade da

    agncia ou departamento policial em armazenar e acessar informaes. Como

    atualmente existe uma grande massa de dados, crescendo a cada momento, o uso

    de computadores e softwares como ferramentas so primordiais para o analista

    Posio da Anlise Criminal nas agncias

    78%72%

    22%

    28%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    Caso tenha pessoal exclusivo para

    Anlise Criminal, possui algum civil no

    quadro?

    A agncia possui unidade separada para

    anlise criminal (especializao)?

    Sim

    No

  • 21

    criminal desempenhar a sua funo de modo eficiente dentro do equilbrio qualidade

    dos produtos gerados versus o tempo para estes serem produzidos. Foi

    determinante, na mesma pesquisa conhecer, um pouco do que existe nestas

    agncias policiais, e o que se viu, apresentado na tabela abaixo, que perto de

    nove entre dez agncias reportaram que usam sistemas automatizados para

    armazenamento de informaes primrias (relatrios de ocorrncia, chamadas para

    servio e prises). Observa-se que os ndices vo decaindo na medida em que fatos

    mais complexos vo sendo apresentados. Esta queda, em relao a itens mais

    complexos, contribui para uma anlise criminal limitada, aqum de suas reais

    possibilidades.

    Tabela 1 Uso da informtica nas agncias policiais dos EUA

    Quais dos seguintes relatrios e informaes tm entrada em sistemas baseados em computadores?

    sim no

    Registro de ocorrncia 94% 6%

    Prises 90% 10%

    Chamadas para servios 87% 13%

    Investigaes 75% 25%

    Acidentes de trnsito 72% 28%

    Evidncias 73% 27%

    Apelidos 65% 35%

    Entrevistas de campo 65% 35%

    Pawn Shop 54% 46%

    Caso de vcios 50% 50%

    Inteligncia 42% 58%

    O departamento tem sistema de informao totalmente on-line, sem papis?

    14% 86%

    O departamento possui um sistema para gerenciamento de registros?

    91% 9%

    Fonte: University of South Alabama

  • 22

    2.2.7 PISTOL

    Observa-se ainda acima que, um sistema totalmente independente do uso de papel

    e on-line (Paperless Information System, Totally Online - PISTOL), est presente em

    apenas 14% das agncias que responderam ao questionrio da pesquisa, sendo,

    porm que 91% dos entrevistados responderam possuir sistema formalizado para

    gesto das informaes, englobando planejamento, design e execuo das

    operaes globais de processamento de dados da instituio, conforme grfico

    abaixo:

    Grfico 2 PISTOL e sistema de gesto

    Fonte:Pesquisa da University of South Alabama - Anexo

    Relatando a situao da anlise criminal nos EUA, a pesquisa aqui referenciada

    volta a sua ateno para a descrio do uso sistemtico e especfico das estruturas

    computacionais em prol da realizao da funo, atravs da amostragem de como

    est distribudo, entre os participantes da mesma, o uso efetivo de softwares que

    agregam consistncia, qualidade, volume e velocidade s anlises criminais.

    Sistemas baseados em computadores

    sim; 14%

    sim; 91%no; 86%

    no; 9%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    O departamento tem sistema de

    informao totalmente online, sem

    papis?

    O departamento possui um sistema

    para gerenciamento de registros?

    sim

    no

  • 23

    avaliado o potencial adicional de levar aos nveis de gesto e de comando dos

    departamentos policiais, a capacidade de tomada de deciso baseada no

    conhecimento. Estas ferramentas capacitam as instituies para a realizao plena

    do policiamento comunitrio, a elaborao de polticas pblicas de preveno e

    movimentao ttico-operacional focada no resultado, com uso adequado dos

    restritos recursos disponveis frente s demandas sempre crescentes de

    policiamento.

    No Grfico 3 est representado o conjunto de software que faz parte do universo de

    um departamento de anlise criminal e demonstra como as mesmas esto sendo

    adotadas entre a srie amostral da pesquisa em questo. Nota-se a clara tendncia

    para o uso de geo-referenciamento (GIS) e o uso de planilhas eletrnicas, como os

    dois segmentos mais expressivos. A utilizao destas ferramentas possui

    significados diferentes, uma vez que o GIS vem crescendo, de uso recente e de

    alto custo de compra e implantao, e se mostra bem representado no universo das

    ferramentas utilizadas, porm o uso das planilhas eletrnicas surpreende pela baixa

    densidade, uma vez que seu uso se tornou corriqueiro em quaisquer organizaes

    modernas.

    Observa-se tambm que alguns sistemas produzidos com especialidade para a

    anlise criminal e gesto operacional, possivelmente como captadores de

    informaes sobre os processos e procedimentos policiais, so citados como

    razoavelmente utilizados, sendo uma tendncia, inclusive no Brasil, a adoo

    sistemtica destes programas. Na rea de inteligncia, tambm se nota uma boa

  • 24

    representatividade, diante do crescimento da anlise de inteligncia frente

    globalizao, o crime organizado e lavagens de dinheiro.

    Grfico 3 Softwares usados na anlise criminal

    Fonte: Pesquisa da University of South Alabama - Anexo

    Outro fator demonstrado pela pesquisa se refere aos nveis de uso da estatstica no

    universo da anlise criminal dentro das agncias pesquisadas, e, conforme o Grfico

    4 retrata, na medida em que se tornam mais complexas as funes estatsticas

    colocadas, cai o nmero de agncias que responderam que as praticam em seus

    procedimentos de anlise criminal. Este fato pode ser explicado diante da inovao,

    mesmo nos EUA, que a anlise criminal representa. Esta realidade recente ainda

    no permitiu a formao ou contratao de pessoal especializado para a realizao

    de tarefas estatsticas mais complexas.

    Uso de softwares para Anlise Criminal

    61%

    45%

    35%

    27%

    65%

    20%

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    GIS (Mapping) Crime

    Analysis

    Intelligence Operations

    Analysis

    Spreadsheet Statistical

    Package

  • 25

    Grfico 4 Estatstica na anlise criminal

    Fonte: Pesquisa da University of South Alabama - Anexo

    Como dito anteriormente, este quadro mostra claramente a no formao adequada

    dos policiais em estatstica, e por isso o fator humano, e sua capacitao para

    operar esta disciplina dentro do cenrio da segurana pblica, e os desafios atuais

    so considerados fatores bsicos para a boa prtica da anlise criminal, alm das

    questes estruturais, de infra-estrutura de computadores e softwares operacionais

    ou aplicativos de apoio.

    2.2.8 Entidades representativas

    Uma demonstrao do crescente posicionamento da anlise criminal nos EUA est

    na quantidade de associaes que surgiram nos ltimos anos para representar os

    analistas criminais. Estas associaes so internacionais, estaduais ou regionais, e

    se propem a serem centros de pesquisas, pontos de encontros, realizadoras de

    Uso de Estatstica para Anlise Criminal nas Agncias

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    Frequncias Mdia, Mediana,

    Moda

    Cluster Analysis Correlation Desvio Padro Regresso

    Nunca s vezes Freqntemente Muito freqntemente

  • 26

    eventos, congressos, gerenciadoras de listas de discusses entre membros,

    fornecedoras de informaes sobre ferramentas, publicadoras de artigos e livros,

    alm de idealizadoras e executoras de treinamentos especficos para os associados.

    Algumas destas atividades so oferecidas aos demais interessados no tema, como

    acadmicos, estudantes, polticos e pesquisadores, alm de empresas

    desenvolvedoras de solues para uso no trabalho do analista criminal. Estas

    associaes normalmente possuem na internet um portal para acesso s

    informaes disponveis aos associados e outros. Entre as diversas associaes

    destacam-se:

    Internacionais

    IACA International Association of Crime Analysts

    IALEIA - International Association of Law Enforcement and Intelligence

    Analysts

    Estaduais

    MACA Massachusetts Association of Crime Analysts

    AACA Arizona Association of Crime Analysts

    TACIA Texas Association of Crime and Intelligence Analysts

    CCIAA California Crime and Intelligence Analysts Association

    Regionais

    Northern Valley Crime & Intelligence Analysts Association

    Bay Area Crime & Intelligence Analysts Association

    Central Valley Crime & Intelligence Analysts Association

    http://www.novciaa.org/http://www.baciaa.org/http://cvciaa.org/

  • 27

    Inland Empire Crime & Intelligence Analysts Association

    Southern California Crime & Intelligence Analysts Association

    San Diego Crime & Intelligence Analysts Association

    Existem ainda vrias entidades voltadas para a Anlise Criminal, para dar suporte s

    agncias policiais com conhecimento, ferramentas e consultorias, entre as quais se

    destacam duas pela excelncia e singularidade nos servios prestados: CMAP -

    Crime Mapping & Analysis Program4 e CALEA - Commission on Accreditation for

    Law Enforcement Agencies5, sendo esta uma organizao que infere sobre a

    qualidade dos trabalhos prestados pelas instituies em relao aos seus mtodos,

    procedimentos, padres e, conseqentemente, apia direta e indiretamente a

    anlise criminal e seus operadores.

    4 http://www.crimeanalysts.net

    5 http://www.calea.org

    http://www.ieciaa.org/http://www.scciaa.net/http://www.sdciaa.org/

  • 28

    2.3. Ferramentas para anlise criminal

    Segundo Osborne & Wernicke (2003), as grandes ferramentas do analista criminal

    so: (i) a sua vocao para a pesquisa e (ii) a sua capacidade analtica, uma vez que

    o analista ter que ler centenas ou milhares de relatrios sobre crimes durante o

    ano. Ser um leitor cuidadoso e atento uma exigncia para o sucesso da funo.

    Acrescentam ainda que boa memria e curiosidade so caractersticas obrigatrias,

    alm do que o profissional deve ter prazer no trabalho de levantar relacionamentos

    nas muitas variveis sob anlise e habilidade para mostrar esses relacionamentos

    como caminho para esclarecimentos investigatrios.

    2.3.1. Equipamentos

    Qualquer analista criminal deve possuir um computador para poder executar suas

    anlises, com uma configurao conforme segue:

    O mais potente Processador Central disponvel para desktops ou notebooks,

    com mxima memria e disco rgido possvel

    Um monitor grande, o maior possvel, para que possam ser apresentados

    mapas e grandes bases de dados

    Acesso Internet atravs de tecnologia de alta velocidade

    Dispositivo para leitura e gravao em CDs e/ou DVDs

    Dispositivo externo para efetuar cpias de segurana de seu trabalho

    Impressora disponvel, de preferncia a cores

    Plotter para impresso de mapas

  • 29

    2.3.2. GIS Geography Information Systems

    Segundo Davis (2001), GIS conceituada como a tecnologia e a metodologia

    baseada em computao para coleta, gerenciamento, anlise, modelagem e

    apresentao de dados e informaes geogrficas para variadas aplicaes.

    Entrando na rea de anlise criminal, Harries (1999) coloca que o Mapeamento de

    Crimes, usando GIS, parte integrante e disciplina substancial para a moderna

    anlise criminal. Cita o exemplo histrico da Polcia de Nova Iorque que faz

    mapeamento desde os idos anos do incio do sculo XX, inicialmente atravs do uso

    de pinos colocados sobre um mapa de papel emoldurado em uma parede. Estes

    mapas de pinos mostravam onde os crimes ocorriam, mas com muitas limitaes,

    inclusive para se manter um histrico sobre os padres de crimes, uma vez que ao

    se atualizar os pinos, se perdia o histrico daquele padro. Outra limitao era o fato

    de que a visualizao dos diversos tipos de crimes, representados por pinos de

    diferentes cores, era dificultada quando uma quantidade representativa de crimes

    estava mapeada no quadro.

    O uso da moderna tecnologia GIS, permite o uso de pinos virtuais, representados

    na tela de um computador, sobrepostos a um mapa da regio sob anlise, ou

    mesmo outro tipo de representao grfica (cones e smbolos) com significados

    mais prximos daquilo que se quer mostrar, criando assim uma flexibilidade e maior

    capacidade de anlise por parte do analista criminal. Pode-se pedir para o sistema

    apresentar apenas determinado tipo de crime, e imediatamente os outros so

    apagados da tela, e ainda o tipo escolhido pode ser filtrado por data, hora,

  • 30

    localidade, etc., facilitando a tarefa de se analisar ocorrncias envolvendo estas

    variveis.

    2.3.2.1 Escolas criminolgicas

    O uso de mapas marcados para visualizao das ocorrncias criminais vem de

    longa data, como dito anteriormente e, segundo Phillips (1972), centenas de estudos

    sobre a espacialidade do crime e delinqncia foram escritos por socilogos e

    criminlogos desde 1830, e so reconhecidas, no meio acadmico, trs escolas de

    maior influncia:

    A Escola Cartogrfica ou Geogrfica, que dominou entre 1830 e 1880,

    iniciando na Frana e expandindo para a Inglaterra. Seu trabalho era baseado

    em dados sociais, que os governos da poca comeavam a obter. As anlises

    tenderam a se concentrar na influncia das variveis riqueza e densidade

    populacional sobre os nveis de ocorrncia dos fenmenos criminais.

    A Escola Tipolgica dominou entre o perodo cartogrfico e o perodo

    ecolgico que a sucedeu no sculo XX. Os tipologistas focavam suas anlises

    na relao entre as caractersticas mentais e fsicas das pessoas e o crime.

    A Escola da Ecologia Social concentrou suas bases sobre as variaes

    geogrficas das condies sociais como condies relacionadas com os

    padres de crimes. Os ecologistas sociais reconhecem e classificam reas

    nas cidades com condies sociais similares e associam com tipos de crimes

    relacionados a estas condies.

  • 31

    2.3.3. Data Mining

    Minerao de dados ou Data Mining o processo de varrer grandes bases de dados

    a procura de padres como regras de associao, sequncias temporais, para

    classificao de tens ou agrupamento (clustering). Esse um tpico recente em

    cincia da computao, mas utiliza vrias tcnicas da estatstica, recuperao de

    informao, inteligncia artificial e reconhecimento de padres. (Wikipedia, 2007)

    Segundo Fayyad (1996), Data Mining visto como um processo no trivial de

    identificao de padres vlidos, novos, teis e implicitamente presentes em

    grandes volumes de dados.

    Encontrar padres freqentes, associaes, correlaes, ou estruturas causais a

    partir de conjuntos de itens ou objetos em bases de dados transacionais, relacionais,

    ou em outros repositrios de informaes, ainda um conceito bastante razovel

    sobre esta disciplina que emerge no final dos anos 90, e muito difundido e aceito na

    comunidade de analistas de sistemas e acadmicos que estudam e influenciam a

    gesto do conhecimento.

    Data Mining envolve, segundo McCue (2006), a anlise sistemtica de grandes

    bases de dados atravs do uso de mtodos automatizados. Sondando dados desta

    forma, possvel provar ou contestar hipteses ou idias existentes sobre um

    conjunto de dados ou informaes, enquanto se descobrem novas ou conhecidas

    informaes. Atravs do uso de grficos exploratrios em combinao com

    estatstica avanada, ferramentas de gerao de conhecimento e inteligncia

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_da_computa%C3%A7%C3%A3o

  • 32

    artificial, reas crticas da informao, podem ser minadas de um grande repositrio

    de dados, dando sentido e mostrando um novo cenrio sobre objetos ou fatos

    analisados.

    Fazendo parte da anlise criminal a busca por padres nos fatores relativos

    criminalidade e, o processo de Data Mining focado na busca de padres ocultos em

    grandes massas de dados, a correlao daquela com este procedimento liga-se

    naturalmente. O uso intensivo da Tecnologia da Informao nas diversas atividades

    humanas, incluindo a a segurana pblica, gerou um cenrio povoado por extensas

    bases de dados relativas a diversos fenmenos de interesse da comunidade policial

    para elucidao e compreenso dos crimes e da criminalidade.

    2.3.3.1 Outras ferramentas de anlise de dados

    Buscar em extensas bases de dados um padro baseado no cruzamento de

    diversas informaes residentes em diversas fontes, torna-se uma tarefa sobre-

    humana, e, portanto, o uso de computadores e softwares que realizem estas

    complexas tarefas imprescindvel. Existe um conjunto grande de ferramentas que

    auxiliam na anlise de dados e busca de padres em uma extensa base de dados.

    Nos EUA, onde a anlise criminal tem crescimento acentuado no ps-setembro de

    2001, algumas ferramentas foram concebidas para permitir uma interao direta

    entre os fenmenos criminais e o policial analista criminal. Uma delas tem se tornado

    padro para algumas agncias policiais, tornando-se at um diferencial para

    contratao de analista criminal. Esta ferramenta um software chamado ATAC

  • 33

    Automated Tactical Analysis of Crime, da Bair Software6. Esta ferramenta foi

    desenvolvida por um ex-policial e MBA pela University of Denver EUA chamado

    Sean Bair. Este ex-policial que detm bom conhecimento sobre mundo policial e

    suas demandas, e facilidade no uso da informtica, o que proporcionou uma fuso

    interessante entre as duas reas do conhecimento e preencheu uma lacuna no

    arsenal de ferramentas para a anlise criminal sistematizada. Este fato demonstra a

    interao entre o mundo privado especialista e as agncias de segurana pblica

    americanas na rea de anlise criminal.

    Outra soluo encontrada pelos rgos de inteligncia dos EUA so os Wikis,

    conceito perpetrado pela conhecida enciclopdia colaborativa chamada Wikipedia,

    sobre a qual, qualquer pessoa pode apor sua contribuio sobre determinado

    assunto. A tecnologia permite que o conceito Wiki torne-se uma poderosa

    ferramenta de agregao e fuso de informaes oriundas de vrias fontes, atravs

    da gerao de um repositrio nico, chamado knowledge base, ou base de

    conhecimento, que na verdade se torna um poderoso sistema de data mining

    policial.

    2.3.4. Estatstica Aplicada

    A estatstica uma ferramenta essencial para o analista criminal, pois atravs de

    amostragem de uma srie de dados e as anlises feitas sobre a mesma, permitido

    ao analista compreender o comportamento da criminalidade, do criminoso ou grupo

    criminoso organizado, em determinado tempo e localidade. possvel ainda aferir o

    6 www.bairsoftware.com

  • 34

    modus operandi, os padres das vitimas e outros fatores que levem a polcia

    elucidao de uma srie de crimes, ou ainda preveno atravs de estratgias e

    aes de relevncia social, e mais, mobilizao ttica das foras policiais para uma

    efetiva represso.

    2.3.4.1 Classificao da estatstica

    De acordo com Stevenson (1981), a estatstica geral classificada em: (i) estatstica

    descritiva, (ii) teoria da probabilidade e, (iii) amostragem (inferncia). Estes trs

    ramos da estatstica se utilizam do mtodo cientfico dividido em cinco etapas:

    Definio cuidadosa e acurada do problema;

    Plano para coleta dos dados adequados;

    Coligir os dados

    Analisar e interpretar os dados;

    Relatar as concluses de modo a ser compreendidas de forma clara para

    auxiliar na tomada de decises.

    A estatstica descritiva utiliza nmeros para descrever fatos e compreende a

    organizao, o resumo e, em geral, a simplificao de informaes que podem ser

    muito complexas. A teoria das probabilidades utilizada para se tratar de situaes

    que envolvam o acaso, e o terceiro ramo, a inferncia diz respeito anlise e

    interpretao de dados amostrais, sendo a idia bsica da amostragem a realizao

    de determinada mensurao sobre uma parcela pequena, mas tpica, de

  • 35

    determinada populao e utilizar essa informao para fazer inferncia sobre a

    populao inteira.

  • 36

    2.4. Produtos da Anlise Criminal

    Os resultados finais das atividades de anlise criminal so considerados os

    produtos que justificam a existncia desta disciplina dentro das instituies de

    segurana pblica nos EUA. Segundo OSBORNE & WERNICKE (2003), estes

    produtos incluem boletins de anlise criminal ttica, relatrios administrativos e

    mapas dos crimes, todos em uma grande variedade de formatos.

    Os boletins de anlise criminal ttica so normalmente editados diariamente,

    semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente, e visam auxiliares os oficiais de

    polcia e os investigadores na identificao de padres existente em uma srie de

    crimes que est ocorrendo e, ainda, outras atividades criminais de relevncia no

    distrito ligado quela agncia policial.

    OSBORNE & WERNICKE (2003) ainda explicitam que o uso da tecnologia da

    informao disponvel facilita a criao de boletins mais apresentveis em questo

    de esttica e aparncia, mas que os mesmos podem ser feitos at com uma

    mquina de escrever, pois o importante o contedo do boletim, o qual deve

    atender s seguintes questes bsicas:

    2.4.1 Caractersticas dos boletins

    Com que freqncia o boletim dever ser criado/disseminado?

    Qual o pblico alvo desta publicao?

    O que dever constar do boletim?

  • 37

    o Informaes sobre as pessoas envolvidas no crime

    o Informaes sobre propriedades envolvidas no crime

    o Informaes sobre prises efetuadas

    o Informaes autorizadas

    o Provas e escutas

    o Informaes criminais recorrentes

    o Informaes sobre pessoas procuradas

    o Informao dobre furto de veculos

    o Informao sobre srie de crimes e tendncias de crimes

    o Relatrio sobre atividades suspeitas

    o Boletins de ocorrncias criminais

    Existe a possibilidade de o analista prover mais que um dos tpicos acima em

    cada boletim?

    Qual a origem da informao e quanto tempo ela existe?

    Tendo em mente o nmero de boletins a serem editados e qual a freqncia

    escolhida para esses boletins, a lista acima, com os tipos de informao, pode ser

    combinada em um nmero de boletins que o analista escolhe para ser publicado.

    2.4.2 O que no colocar nos boletins

    Quando o analista avalia uma informao para decidir se a coloca num boletim ou

    no, deve verificar se a mesma faz sentido para o pblico alvo deste, caso contrrio

    deve ser omitida a informao por no ter valor inteligente para quem vai utilizar o

    referido boletim. Deve-se evitar colocar o que segue nos boletins:

  • 38

    Cartoons;

    Palavras mal escritas e erros gramaticais;

    Brincadeiras implcitas e ironias;

    Rumores

    Insultos

    Informaes no confirmadas ou incertas

    Opinies pessoais

    Os boletins de anlise estratgica e administrativa devem ter sempre grficos

    descritivos que apontem as tendncias de crimes e da criminalidade apontadas

    dentro de uma linha de tempo e de um espao geogrfico sob anlise, contendo

    detalhes que faa a informao neles contidas sejam agregadoras e disseminadoras

    de conhecimento, principalmente se o boletim for para o pblico externo, todos os

    cuidados devem ser redobrados.

    2.4.3 Relatrios de mapeamento

    Os relatrios de mapeamento do crime so especialmente importantes e tm uma

    formatao muito prpria, e representam uma tecnologia que est sendo adotada

    com forte crescimento pelas instituies de segurana pblica, visto o poder analtico

    que permite o seu uso. Segundo Velasco & Boba (2000), os relatrios de

    mapeamento do crime se dividem nos seguintes tipos:

  • 39

    2.4.3.1. Mapas de um nico smbolo (Single Symbol Map)

    Similar aos mapas de parede tradicionais com pinos, que historicamente tm sido

    utilizados pelas agncias de polcia para mapear a criminalidade, no qual um pino

    individualmente representa o local da ocorrncia de um crime ou ainda um

    acidente de trnsito. Linhas representam ruas ou avenidas e os polgonos, partes

    da cidade ou ainda a jurisdio daquela agncia.

    Abaixo vemos na Figura 1 um exemplo de mapa de smbolos nicos usando

    tecnologia da computao, que veio facilitar o uso deste tipo de mapa pelo uso

    de diferentes smbolos grficos para diferentes ocorrncias e pela possibilidade

    de excluso de um conjunto de smbolos em uma anlise especfica, deixando o

    mapa mais limpo e fcil de realizar analises por tipo de ocorrncia.

    Figura 1 Mapas de um smbolo

    Fonte: Manual of Crime Analysis Map Production

  • 40

    2.4.3.2. Mapas de tamanhos graduais (Graduated Size Maps);

    Nos mapas com tamanhos graduados, os dados so sumarizados em cada

    smbolo (pontos ou linhas) fazendo com que estes tenham seu tamanho alterado

    para refletir a freqncia destes dados em determinado local, assim um smbolo

    maior representa uma maior incidncia de um determinado crime no local onde o

    smbolo foi aposto no mapa, como pode se notar na figura 2 abaixo:

    Figura 2 Mapa de tamanhos graduais

    Fonte: Manual of Crime Analysis Map Production

    No exemplo acima, a tecnologia de mapeamento eletrnico, permitiu ainda que

    se obtivesse a imagem fotomtrica do local onde se analisava a incidncia de um

    determinado crime, no caso, furto de veculos. Esta unio de imagens e de

    tcnicas permite uma anlise mais detalhada de pormenores locais que estariam

    contribuindo, ambientalmente, para as ocorrncias sob investigao, alm de

  • 41

    permitir ao analista de mapeamento de crime, apresentar para a sua audincia,

    um produto mais elaborado e que atenda s necessidades reais das

    investigaes.

    2.4.3.3. Mapas de graduao de cores (Graduated Color Maps);

    Em um mapa com graduao de cores os pontos, linhas e polgonos so

    coloridos de acordo com frmulas estatsticas pr-definidas ou manualmente,

    programados pelo analista ou ainda, tendo um valor nico definido. Existem

    vrias formas de classificao ou de agrupamento de informaes quando se cria

    um mapa graduado por cores, que devem ser utilizadas de acordo com o objetivo

    que o analista pretende alcanar.

    Figura 3 Mapa gradual de cores

    Fonte: Manual of Crime Analysis Map Production

  • 42

    2.4.3.4. Mapas combinados (Combination Maps);

    Como o nome sugere, mapas combinados envolvem o uso de mais que um tipo

    de mapa, como os de graduao de tamanho e os de graduao de cores, para

    poder mostrar mltiplos tipos de dados em um mesmo mapa. O uso mais comum

    deste tipo de mapa para analise de mais de um tipo de dado ao mesmo tempo,

    e permite que haja clareza nas informaes que esto sendo oferecidas. Abaixo

    observa-se um exemplo deste tipo de amostragem grfica:

    Figura 4 - Mapa combinado

    Fonte: Manual of Crime Analysis Map Production

    Para cada motivo de criao do mapa e para cada perfil de audincia que receber

    este documento, o analista escolher qual o tipo de mapa mais adequado para

    atingir o objetivo determinado que dever ser inserido no boletim de anlise criminal.

  • 43

    2.5. Perfil do Analista Criminal visto pelo mercado

    2.5.1. Atitudes, habilidades e conhecimentos

    Tem se observado atualmente, segundo FRITZ (2001), o aparecimento de novos

    chefes de polcia e xerifes em todo o territrio norte-americano, com uma nova

    mentalidade voltada para o policiamento comunitrio, novos estilos de gesto e

    conceitos sobre o papel da segurana pblica na sociedade, os quais so

    incorporados em seus cotidianos, na administrao e nas operaes. Esses novos

    lderes gerenciam suas agncias como se fossem empresas, baseando,

    efetivamente, suas decises em dados e em pesquisas aplicadas. Esta evoluo no

    policiamento, atravs das duas ltimas dcadas permitiu a preparao e a criao

    de um staff voltado e dedicado pesquisa, anlise e planejamento.

    Ainda, segundo FRITZ (2001), na medida em que as polcias vo evoluindo no

    contexto profissional, elas tm confiado cada vez mais em padres profissionais,

    contratado com base em padres de proficincia, e exigido mais conhecimentos

    bsicos diversos e, observado com ateno um conjunto pr-estabelecido de

    habilidades nos policiais ou profissionais civis para o desempenho de atividades de

    segurana pblica, incluindo anlise criminal.

    A anlise criminal envolve uma abordagem multidisciplinar sobre o crime e a

    criminalidade, o que leva igualdade de valor entre as habilidades analticas inatas

    do analista para o trabalho e o treinamento para formao profissional do mesmo.

    Prosseguindo, fica explicitada a necessidade que o analista tem em conhecer uma

    variedade de softwares aplicativos, conhecimento entre intermedirio e avanado em

  • 44

    estatstica, mapeamento suportado por computador (cartografia eletrnica), fluncia

    verbal e habilidade para falar em pblico, criatividade na resoluo de problemas,

    raciocnio lgico, conhecimento em histria, criminologia, sociologia, psicologia,

    legislao e justia criminal fundamentos para um bom analista criminal. Como um

    profissional normalmente no detm conhecimento profundo em tantas reas do

    saber humano, deve ser assistido por profissionais especialistas em uma ou mais

    disciplinas, ou mesmo por um generalista. Como nem todas as agncias possuem

    condies de contar com especialistas em seus quadros para cada uma das

    disciplinas envolvidas, o analista criminal tende a focar sua ateno e realizar um

    melhor trabalho, na rea em que domina e tem experincia. (Osborne & Wernicke,

    2003).

    Seguindo a linha de pensamento das autoras, a disseminao do conhecimento

    obtido pelas anlises, atravs de relatrios objetivos, se constitui no principal tributo

    que recai sobre um analista criminal, o qual deve ser hbil em juntar e resumir

    informaes teis em uma forma compreensvel para o usurio e dentro de um

    tempo aceitvel.

    2.5.2. SKAs

    Continuando, Osborne & Wernicke (2003) descrevem os SKAs apontados como

    indispensveis para o profissional de anlise criminal, sendo o que se observa

    tambm nos anncios de ofertas de posies para esta funo nos EUA, nas mais

    variadas instituies, sendo estes listados abaixo:

  • 45

    Atitudes desejveis de um analista criminal:

    Curiosidade

    Automotivao

    Trabalhar individualmente

    Autoconfiana

    Objetividade

    Diplomacia

    Capacidade para assumir riscos

    Determinao

    Criatividade

    Iniciativa

    Admitir e corrigir erros

    Vontade de aprender

    Mente aberta

    Habilidades que um analista deve possuir ou adquirir pelo estudo e

    treinamento:

    Habilidade para pesquisa

    Habilidade para escrever

    Habilidade para reconhecer padres

    Habilidade em anlise estatstica

    Capacidade em gerenciar tempo

    Pensamento crtico e conclusivo

    Habilidade para falar e fazer apresentaes em pblico

    Capacidade de comunicao e inter-relacionamento pessoal

  • 46

    Facilidade de trabalhar em grupo

    Conhecimentos bsicos normalmente exigidos (no todos simultaneamente):

    Conhecimento em informtica

    Conhecimento em estatstica bsica

    Planilhas eletrnicas

    Processadores de texto

    Banco e dados

    Geo-referenciamento

    Aplicativos especficos de gesto operacional

    2.5.3. Os dez mandamentos do analista

    Osborne & Wernicke (2003) citam o que chamaram de Os dez mandamentos da

    Anlise Criminal, o que de modo indireto demonstra o ncleo de viso

    comportamental de um analista criminal7:

    I. Tua tarefa anlise criminal, no tenhas mais nenhuma outra.

    II. Todo dia tu devers ler o relatrio de anlise criminal do teu departamento.

    III. Tu devers acompanhar e controlar as tuas prprias informaes.

    IV. Honrai teus oficiais patrulheiros e os investigadores.

    V. No devers apresentar somente estatsticas (ou mapas).

    VI. Tu devers conhecer a tua jurisdio inteiramente.

    VII. Tu no poders parar tua anlise criminal na margem de tua jurisdio.

    7 Traduo livre

  • 47

    VIII. Quem, O que, Quando, Onde, Como e Por que, so teus filhos. No

    favoreas um mais que os outros.

    IX. Lembre sempre de tua comunidade e a tenha como sagrada.

    X. No ambicione a rede neural de teu vizinho.

    2.5.4. A carreira do analista criminal

    Segundo BOBA (2005), existe uma discordncia ainda sobre qual seria o analista

    criminal ideal: o policial que assume a funo ou o que possua formao acadmica

    para tal funo, mesmo sem a experincia de um policial (sworn personnel). Assim o

    debate sobre qual a educao (formao) e a experincia necessrias ao bom

    desempenho da funo permanece. Aparentemente parece estar claro que a melhor

    situao aquela em que o analista um policial com formao acadmica

    especfica sobre o assunto. Coloca ainda que o analista criminal ideal deva possuir

    conhecimentos especficos sobre operaes policiais, capacidade de pesquisa e

    conhecimentos tecnolgicos. A tendncia atual, nas agncias de policia nos EUA,

    contudo, a contratao de analistas criminais civis, dadas caractersticas de

    carreira do policial que influencia na carreira de analista criminal, uma vez que

    aquela se sobrepe a esta.

    As diversas polcias norte-americanas possuem diferentes posies e nveis de

    analistas criminais, sendo que algumas delas possuem apenas um funcionrio

    encarregado da funo de anlise criminal, enquanto outras possuem uma equipe

    agrupada em uma unidade, normalmente conhecida como CAU Crime Analysis

    Unit.

  • 48

    2.5.4 Nveis funcionais

    BOBA (2005) ainda traa distino entre os diversos nveis funcionais dos analistas

    criminais nas instituies policiais, descrevendo uma trajetria de carreira, dentro do

    cenrio norte-americano:

    Interns/Volunteers

    Crime Analysis Assistant/Technician

    Entry-Level Crime Analyst

    Experienced Crime Analyst

    Specialty Crime Analyst

    Crime analysis Supervisor

    Constata Boba (2005) que existe uma diferenciao entre o analista criminal, cujas

    funes esto afetas ao que foi tratado at aqui neste documento, ou seja, realiza a

    anlise criminal estratgica, ttica e administrativa, de forma geral, utilizando-se de

    base de dados relacionais e tabulares, funes estatsticas e grficas, e o analista

    de GIS ou Crime Mapping Analyst, que atua diretamente no mapeamento do crime

    para a anlise espacial da criminalidade. Nos EUA, este segundo profissional

    percebe um salrio maior que o primeiro, tendo em vista a sua especializao e

    habilidades diferenciadas que so exigidas, alm de que as instituies de

    segurana pblica o disputam com empresas privadas, por se tratar de profissionais

    altamente qualificados e haver pouca disponibilidade no mercado.

    Comparando-se o analista de GIS com o analista criminal clssico, observa-se que

    existe oferta de vagas significantemente menor para aquele, tendo-se em vista os

  • 49

    seguintes pontos: (i) As agncias menores possuem apenas uma posio para o

    analista criminal, e normalmente no ocupada por um especialista; (ii) a falta de

    percepo, nas instituies, de que ocupar uma vaga com uma pessoa que operar

    apenas em anlise espacial do crime seja vantajoso e traga resultados que

    justifiquem esta especializao; (iii) o nmero de candidatos potenciais a ocuparem

    uma vaga dessas, isso , profissionais que possuam conhecimentos em GIS e

    justia criminal, muito pequeno no mercado norte-americano.

    Estes aspectos so agravados pelo fato de que os profissionais com conhecimento

    em geo-referenciamento concorrem a vagas em instituies que no so de

    segurana pblica, uma vez que os salrios so mais compensadores e a

    possibilidade de carreira mais ntida, alm do que esto fora dos modelos de gesto

    de pessoal, operacional e de investimentos, inerentes s organizaes pblicas de

    segurana.

  • 50

    2.6. Ofertas e demandas

    Avaliando uma srie de ofertas de vagas para analistas criminais, foi possvel traar

    determinados padres de formao, capacidades e habilidades que se sobressaem

    para um nmero representativo de agncias e departamentos policias. Ficou

    evidente ainda que, existem empresas privadas que esto buscando estes

    profissionais para desempenharem funes de valor agregado, de alta

    competitividade, dentro do mercado extremamente acirrado, pelas disputas para

    prover solues de segurana, em que estas corporaes esto inseridas,

    especialmente os mercados financeiro, farmacutico e de seguros.

    As informaes coletadas pela pesquisa esto representadas nos quadros de I a V

    reproduzidos nas prximas pginas deste documento, sendo que o Quadro I lista

    todas as instituies consultadas, o site pesquisado e a data da pesquisa,

    basicamente um quadro de identificao das fontes de informaes. Os demais

    quadros no possuem o nome da instituio, porm o nmero do item nestes

    referenciam o nmero da instituio aposto no Quadro I.

    De cada quadro foi plotado um grfico para que visualmente fossem possvel

    observar e se analisar as informaes neles contidas. Estas amostragens foram

    baseadas em informaes de relevncia para o estudo aqui apresentado,

    procurando explicitar caractersticas que permeiam a atividade de anlise criminal

    nos EUA e os seus operadores.

  • 51

    Quadro 1 - Quadro de identificao das instituies pesquisadas

    Instituio Fonte Data Cargo

    1 Overland Park Police Department

    IACA 15/05/07 Crime Analyst

    2 Birmingham (AL) Police Department

    IACA 21/09/06 Crime Analyst

    3 City of Glendale, CA http://www.ci.glendale.ca.us/job.asp?liquid=true&JobID=1210 16/01/07 Crime Analyst

    4 Los Angeles, CA https://personline.lacity.org/job_app/ 08/12/06 Crime and Intelligence Analyst

    5 New Jersey Transit IACA 15/01/07 Crime Analyst

    6 Opa-Locka (FL) Police Department

    IACA 31/10/06 Police Crime Analysis Specialist I

    7 County of San Bernardino, CA

    http://www.jobaps.com/sbr/sup/B07-03121-01.asp?RecruitNum1=07&RecruitNum2=03121&RecruitNum3=01#The%20Job#The%20Job

    05/03/07 Crime Analyst

    8 Town of Gilbert, AZ http://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20Town%20of%20Gilbert

    12/02/07 Crime Analyst

    9 City of Tempe, AZ http://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Tempe

    12/02/07 Crime Analyst I

    10 City of Tempe, AZ http://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Tempe

    12/02/07 Crime Analyst II

    11 City of Mesa, AZ http://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Mesa

    12/02/07 Crime Analyst

    12 City of Phoenix, AZ http://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Police%20Statistical%20Research%20Aide:%20City%20of%20Phoenix

    12/02/07 Police Statistical Research Aide

    13 City of Phoenix, AZ http://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Criminal%20Intelligence%20Analyst:%20City%20of%20Phoenix

    12/02/07 Criminal Intelligence Analyst

    14 City of Scottsdale, AZ http://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Police%20Analyst:%20City%20of%20Scottsdale

    12/02/07 Police Analyst

    http://www.ci.glendale.ca.us/job.asp?liquid=true&JobID=1210https://personline.lacity.org/job_app/http://www.jobaps.com/sbr/sup/B07-03121-01.asp?RecruitNum1=07&RecruitNum2=03121&RecruitNum3=01#The%20Job#The%20Jobhttp://www.jobaps.com/sbr/sup/B07-03121-01.asp?RecruitNum1=07&RecruitNum2=03121&RecruitNum3=01#The%20Job#The%20Jobhttp://www.jobaps.com/sbr/sup/B07-03121-01.asp?RecruitNum1=07&RecruitNum2=03121&RecruitNum3=01#The%20Job#The%20Jobhttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20Town%20of%20Gilberthttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20Town%20of%20Gilberthttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Tempehttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Tempehttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Tempehttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Tempehttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Mesahttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Crime%20Analyst:%20City%20of%20Mesahttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Police%20Statistical%20Research%20Aide:%20City%20of%20Phoenixhttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Police%20Statistical%20Research%20Aide:%20City%20of%20Phoenixhttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Criminal%20Intelligence%20Analyst:%20City%20of%20Phoenixhttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Criminal%20Intelligence%20Analyst:%20City%20of%20Phoenixhttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Police%20Analyst:%20City%20of%20Scottsdalehttp://www.aacaonline.org/job_descriptions.html#Police%20Analyst:%20City%20of%20Scottsdale

  • 52

    15 Buckeye, AZ IACA 30/12/06 Crime Analyst

    16 Westchester, NY IACA 28/12/06 Crime Analyst

    Instituio Fonte Data Cargo

    17 California State http://www.calmis.ca.gov/file/occguide/2_INDEX.htm 15/02/07 Crime and Intelligence Analyst

    18 City of Beaverton, MI IACA 30/12/06 Crime Analyst

    19 Livermore, CA IACA 30/12/06 Crime Analyst

    20 Jacksonville, FL IACA 30/12/06 Crime Analyst

    21 Arlington (TX) Police Dept. IACA 17/05/07 Crime Analysis Supervisor

    22 George Mason University IACA 17/05/07 Crime Analysis Technical Advisor

    23 Metropolitan Police Department - Washington, DC

    IACA 17/05/07 Crime Analyst

    24 Bloomington (IL) Police Department

    IACA 17/05/07 Crime Analyst

    25 City of Hayward, CA IACA 17/05/07 Crime Analyst

    26 Overland Park (KS) PD IACA 17/05/07 Crime Analyst

    27 Rockford (IL) Police Department

    IACA 17/05/07 Crime Analyst

    28 City of Rialto, CA IACA 17/05/07 Crime Analyst

    29 Lakewood (CO) Police Department

    IACA 17/05/07 Crime Analyst

    30 New York Police Department (NYPD)

    IACA 17/05/07 GIS Analyst

    31 Charlotte-Mecklenburg Police Department

    IACA 17/05/07 Management Analyst

    http://www.calmis.ca.gov/file/occguide/2_INDEX.htm

  • 53

    Quadro 2 - Formao acadmica

    Matemtica Estatstica

    Criminal

    Justice Psicologia Criminology

    Business

    Admin

    Public

    administration

    Crime &

    Intelligence

    Analysis

    Engenharia Computer

    Science Economia

    Cincia

    Social N/A

    1 1

    2 1 1

    3 1 1 1

    4 1

    5 1 1 1

    6 1 1 1 1

    7 1

    8 1

    9 1

    10 1

    11 1

    12 1

    13 1

    14 1 1

    15 1 1 1 1

    16 1 1 1 1

    17 1 1 1

    18 1 1

    19 1 1 1 1 1

    20 1 1 1

    21 1 1 1

    22 1

    23 1

  • 54

    24 1

    Matemtica Estatstica

    Criminal

    Justice Psicologia Criminology

    Business

    Admin

    Public

    administration

    Crime &

    Intelligence Analysis

    Engenharia Computer

    Science Economia

    Cincia

    Social N/A

    25 1

    26 1

    27 1 1 1 1

    28 1 1 1

    29 1 1 1

    30 1

    31 1

    TOTAIS 2 6 11 1 3 3 8 3 1 6 2 12 6

  • 55

    Quadro 3 - Faixas Salariais

    Instituio Faixa salarial/ano

    1 Overland Park Police Department $33,732 - $42,156

    2 Birmingham (AL) Police Department NI8

    3 City of Glendale, CA $60,024 - $74,268

    4 Los Angeles, CA $60,322 - $74,959

    5 New Jersey Transit NI

    6 Opa-Locka (FL) Police Department NI

    7 County of San Bernardino, CA $49,272 - $62,904

    8 Town of Gilbert, AZ $37,003 - $51,064

    9 City of Tempe, AZ NI

    10 City of Tempe, AZ NI

    11 City of Mesa, AZ $40,747 - $54,974

    12 City of Phoenix, AZ NI

    13 City of Phoenix, AZ NI

    14 City of Scottsdale, AZ $38,376 - $51,958

    15 Buckeye, AZ $47,124 - $69,624

    16 Westchester, NY NI

    17 California State $39,600 - $50,400

    18 City of Beaverton, MI NI

    19 Livermore, CA NI

    20 Jacksonville, FL $28,548 - $51,960

    21 Arlington (TX) Police Dept. $58,968 - $65,508

    22 George Mason University $75,000 - $90,000

    23 Metropolitan Police Department - Washington, DC $48,920 - $63,077

    24 Bloomington (IL) Police Department NI

    25 City of Hayward, CA $63,396 - $76,956

    26 Overland Park (KS) PD $33,732 - $42,156

    27 Rockford (IL