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27/03/13 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEORAFIA FÍSICA APLICADA www.cibergeo.org/XSBGFA/eixo3/3.3/195/195.htm 1/7 imprimir o artigo E3-3.3T195 X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS HISTÓRICOS DE MOVIMENTOS DE MASSA OCORRIDOS EM PETRÓPOLIS - RJ, DAS DÉCADAS DE 1960 ATÉ 1990 Flávia Lopes Oliveira – Mestranda - Dept. Geologia/UFRJ (CCMN, Instituto de Geociências, Cidade Universitária, Ilha do Fundão, RJ) Antonio José Teixeira Guerra – Prof. Dept . de Geografia/UFRJ Luiz Fernando Hansen Gonçalves – Mestre Dept . de Geografia/UFRJ Palavras-chave: movimentos de massa, áreas degradadas Eixo Temático: 3 - Aplicação da Geografia Física à Pesquisa. Sub-eixo: 3.3 - Gestão e Planejamento Ambiental. 1 – INTRODUÇÃO O Brasil, por suas condições climáticas e grandes extensões de maciços montanhosos, está sujeito aos desastres associados a movimentos de massa nas encostas. Além da freqüência elevada daqueles de origem natural, ocorre no país, também um grande número de acidentes induzidos pela ação antrópica (Fernandes e Amaral, 1998). Os casos de movimentos de massa têm aumentado em várias áreas no Estado do Rio de Janeiro, principalmente aonde vem ocorrendo um aumento de ocupação irregular em encostas, onde sua grande maioria é de população de classe mais desfavorecida, aumentando assim a favelização e gerando impactos ambientais sobre os fatores controladores dos processos naturais, desencadeando entre outros impactos, a geração de movimentos de massa, que degradam não somente a paisagem, como também a vida das pessoas (Oliveira, 2000). Movimento de massa é qualquer forma de desprendimento e transporte pela ação da gravidade, incluindo deslizamento, queda de rochas, avalanches, queda de barreiras e movimento gradual da manta de solo (soil creep, rastejamento) (Medeiros e Câmara, 1999). De acordo com Fernandes e Amaral (1998), existem na natureza vários tipos de movimentos de massa, os quais envolvem uma grande variação de materiais, processos e fatores condicionantes. Apesar de Petrópolis (Figura 1) ser uma cidade de porte médio, a grande concentração populacional, aliada aos fatores naturais, tem sido responsável pela ocorrência de mais de 1.000 eventos catastróficos nas últimas décadas, onde centenas de pessoas morreram (Fernandes e Amaral, 1998; Oliveira et. al., 2001; Gonçalves e Guerra, 2001; Oliveira et. al, 2002). O distrito mais atingido do município de Petrópolis é o primeiro dos seus 5 distritos o o

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ANÁLISE COMPARATIVA DOS DADOS HISTÓRICOS DE MOVIMENTOS DEMASSA OCORRIDOS EM PETRÓPOLIS - RJ, DAS DÉCADAS DE 1960 ATÉ 1990

Flávia Lopes Oliveira – Mestranda - Dept. Geologia/UFRJ

(CCMN, Instituto de Geociências, Cidade Universitária, Ilha do Fundão, RJ)Antonio José Teixeira Guerra – Prof. Dept . de Geografia/UFRJ

Luiz Fernando Hansen Gonçalves – Mestre Dept . de Geografia/UFRJ

Palavras-chave: movimentos de massa, áreas degradadas

Eixo Temático: 3 - Aplicação da Geografia Física à Pesquisa.Sub-eixo: 3.3 - Gestão e Planejamento Ambiental.

1 – INTRODUÇÃO

O Brasil, por suas condições climáticas e grandes extensões de maciçosmontanhosos, está sujeito aos desastres associados a movimentos de massa nasencostas. Além da freqüência elevada daqueles de origem natural, ocorre no país,também um grande número de acidentes induzidos pela ação antrópica (Fernandese Amaral, 1998).Os casos de movimentos de massa têm aumentado em várias áreas no Estado doRio de Janeiro, principalmente aonde vem ocorrendo um aumento de ocupaçãoirregular em encostas, onde sua grande maioria é de população de classe maisdesfavorecida, aumentando assim a favelização e gerando impactos ambientaissobre os fatores controladores dos processos naturais, desencadeando entre outrosimpactos, a geração de movimentos de massa, que degradam não somente apaisagem, como também a vida das pessoas (Oliveira, 2000).Movimento de massa é qualquer forma de desprendimento e transporte pela açãoda gravidade, incluindo deslizamento, queda de rochas, avalanches, queda debarreiras e movimento gradual da manta de solo (soil creep, rastejamento)(Medeiros e Câmara, 1999).De acordo com Fernandes e Amaral (1998), existem na natureza vários tipos demovimentos de massa, os quais envolvem uma grande variação de materiais,processos e fatores condicionantes.Apesar de Petrópolis (Figura 1) ser uma cidade de porte médio, a grandeconcentração populacional, aliada aos fatores naturais, tem sido responsável pelaocorrência de mais de 1.000 eventos catastróficos nas últimas décadas, ondecentenas de pessoas morreram (Fernandes e Amaral, 1998; Oliveira et. al., 2001;Gonçalves e Guerra, 2001; Oliveira et. al, 2002).O distrito mais atingido do município de Petrópolis é o primeiro dos seus 5 distritos

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(2° distrito – Cascatinha, 3° distrito – Itaipava, 4° distrito – Pedro do Rio e 5° distrito– Posse). Isso deve-se tanto as suas características físicas (como, altasdeclividades e chuvas concentradas), quanto a ação antrópica, onde a maiorconcentração populacional do município se dá no primeiro distrito.

Figura 1 – Mapa de Localização

2 - Objetivo Este trabalho tem como objetivo avaliar os movimentos de massa que ocorreram nomunicípio de Petrópolis de 1960 a 1999, relacionando-os ao aumento daurbanização; aos dados pluviométricos; aos tipos de materiais transportados; aonúmero de vítimas fatais e ao número de perdas materiais. 3 – METODOLOGIA Primeiramente foi feito um levantamento bibliográfico em livros, periódicos,monografias, dissertações, teses entre outros trabalhos publicados sobre o tema eárea em questão. Tal levantamento foi realizado para uma contribuição teórica econceitual ao trabalho, como também para uma melhor caracterização da área.A partir daí foram atualizadas as informações sobre movimentos de massa emPetrópolis do período de 1960 até 1999, através do Banco de Dados sobreEscorregamento em Petrópolis (IPT, 1991) e das .pesquisas realizadas naBiblioteca Municipal de Petrópolis Gabriela Mistral em seus arquivos do jornalTribuna de Petrópolis, além de terem sido conferidos e corrigidos os dados do IPT.Apesar de não está sendo utilizado no presente trabalho, o levantamento dosmovimentos de massa atuais tem sido feito através da página na internet do jornalTribuna de Petrópolis (www.e-tribuna.com.br). A necessidade de atualização visa adar continuidade aos estudos sobre deslizamento em Petrópolis, que se acentua àmedida que ocorre a expansão urbana.Tais levantamentos de movimentos de massa são fichados (modelo de ficha emanexo) e informatizados em um banco de dados, para uma melhor análise.As fichas de ocorrências de movimentos de massa contêm informações, como:localização do evento, tipo do movimento de massa, tipo de material transportado,número de vítimas fatais, perdas materiais, entre outras características relevantes.Foram feitos diversos trabalhos de campo, visitando as áreas atingidas pelosmovimentos de massa ocorridos no evento do dia 24 de dezembro de 2001, paraobter uma avaliação mais concreta dos movimentos de massa que vêm ocorrendoem Petrópolis. Apesar deste evento não está sendo analisado neste trabalho, taistrabalhos de campo foram relevantes para uma melhor caracterização física e

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antrópica da área, como também para uma melhor compreensão e análise dobanco de dados de movimentos de massa que ocorreram de 1960 a 1999.Os trabalhos de campo ocorreram logo depois do evento, nos dias: 11, 18 janeiro;10, 17, 26 e 29 de abril de 2002.A terceira etapa do trabalho, foi a análise dos dados de chuva de três estaçõespluviométricas pertencentes ao LAGESOLOS, instaladas em Petrópolis no bairro deCapela (1° distrito) desde junho de 1996, Corrêas (2° distrito) desde janeiro de 1994e Itaipava (2° distrito) desde agosto de 2000, para confirmar a dinâmica climática domunicípio.Enfim, a quarta etapa foi a elaboração de gráficos e tabelas com os dadoslevantados, para uma melhor análise dos movimentos de massa na área de estudoe posteriormente a redação do trabalho. 4– ANÁLISE DOS RESULTADOS Analisando os resultados pode-se chegar a algumas avaliações relevantes a cercados movimentos de massa que ocorreram em Petrópolis nas últimas quatrodécadas, de 1960 a 1999. Relação Entre os Movimentos de Massa e a UrbanizaçãoObserva-se que, mais da metade dos movimentos de massa que ocorreram nomunicípio de Petrópolis foram no 1° distrito. Isso leva dizer que, deve-seprincipalmente a três fatores fundamentais: a urbanização, a pluviosidade e aorelevo (Figura 2).Em relação às ocorrências dos movimentos de massa e o aumento da urbanização,observando o mesmo gráfico podemos perceber a nítida relação entre o número dehabitantes atual em cada distrito e o somatório do número de movimentos demassa de 1960 a 1999, também para cada distrito. Através destes dados se podeafirmar que é no primeiro distrito que ocorreu o maior número de eventos, sendo queeste número vem diminuindo, à medida que se interioriza pelo município.

Figura 2 – Gráfico da relação entre a população e os movimentos de massa (Fontes: IPT, 1991, jornal

Tribuna de Petrópolis e FIBIGR, 1996).

De acordo com Gonçalves e Guerra (2001), a porção mais urbanizada do municípioencontra-se no primeiro e parte do segundo distrito, sobretudo com ocupaçõesirregulares em encostas bastante íngremes. Tal afirmativa está inteiramenterelacionada com as ocorrências de movimentos de massa, onde no 1° distrito foramregistradas nas últimas quatro décadas 883 ocorrências, o que contrasta com o 5°distrito que teve apenas dois movimentos de massa catalogados e cuja expansãourbana é menor (Tabela 1).

Tabela 1 – Tabela da ocorrência dos movimentos de massa.

Fontes: IPT (1991) e jornal Tribuna de Petrópolis.

Verifica-se também a relação entre a expansão urbana e a ocorrência demovimentos de massa, ao compararmos o aumento populacional do município dePetrópolis nas últimas quatro décadas e os movimentos de massa registrados,visto que de acordo com FIBGE (1996) a população de Petrópolis de 1845 a 1996teve um crescimento progressivo, porém, o número de ocorrências de movimentosde massa cresceu até 1989, tendo a partir daí uma sensível redução, o que levaafirmar a existência de outros fatores determinando os movimentos de massa, pois

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segundo Gonçalves e Guerra (2001) o crescimento urbano com desmatamentos eocupação irregulares prevaleceu na década de 1990 (Figura 3).

Figura 3 – Gráfico da relação entre população e movimentos de massa (Fontes: IPT, 1991; jornal

Tribuna de Petrópolis e FIBIGR, 1996).

Relação Entre os Movimentos de Massa e a PluviosidadeComo relatam Oliveira et. al. (2001), a pluviosidade tornou-se o principal fatorresponsável pela incidência de movimentos de massa, pois 1990 foi uma décadamenos chuvosa.Os altos índices pluviométricos nos anos de 1980, refletido na ocorrência deenchentes como a de fevereiro de 1988, que foi a mais significativa, tanto pelaelevada pluviosidade, como pelo número de movimentos de massa, contrastam comos índices da década de 1990, a qual foi considerada menos expressiva aosregistros de movimentos de massa.Desta forma, pode-se dizer que há uma relação direta entre os índicespluviométricos e a ocorrência de movimentos de massa.O clima que juntamente com o relevo caracterizam o regime pluviométrico da áreaem questão. Petrópolis além de ter um alto índice de chuva, ela ocorre de formaconcentrada, principalmente entre os meses de outubro a março, que favorecem aocorrência de movimentos de massa.As chuvas relacionando-se diretamente com a dinâmica das águas de superfície,portanto, influenciam a deflagração dos processos de instabilidade de taludes emencosta (Augusto Filho e Virgili, 1998).Localmente, o relevo como um fator importante no aumento da turbulência do ar(ascendência orográfica), principalmente nas passagens de frentes frias e linha deinstabilidade onde o ar se eleva e perde temperatura, ocasionando fortes eprolongadas chuvas. Sendo assim, são abundantes chuvas de concentração/hora,com destaque na vertente meridional de Serra do Mar, onde está localizado omunicípio (Gonçalves, 1998).O município está sujeito as frentes frias e quentes, onde as mais agressivas são asfrentes frias provenientes da Antártida que invadem o município de sudoeste (1°distrito) para Nordeste e são conduzidos pelo relevo pela mesma orientação. Sendoassim no 1° distrito a precipitação é maior e mais concentrada reduzindo-se emdireção aos distritos, na medida que se interioriza e o relevo se torna menosacidentado. Já as frentes quentes formadas no interior da Amazônia entram nomunicípio pelo 5° distrito tendo assim temperaturas maiores que não irão afetartanto como as frentes frias. O que prova esta afirmativa é a análise dos dados dasestações pluviométricas, quando a precipitação provocada pela frente fria tem iníciopelo primeiro distrito reduzindo em direção do 5°, porém, pode ocorrer o oposto,precipitar nos distritos interiorizados e não no primeiro distrito o que vai confirmarque esta precipitação foi decorrente de uma frente quente.Como pode ser visto na figura 4, a ocorrência de movimentos de massa tem umaforte relação com a pluviosidade, justificando assim que a água da chuva é um fatorimportante para as referidas ocorrências.

Figura 4 – Gráfico da relação entre médias mensais de chuva e movimentos de massa(Fonte:

Gonçalves, 1998).

Tipos de Movimentos de Massa e Tipos de Materiais Transportados.Das quatro décadas analisadas foi verificada uma predominância da ocorrência demovimentos de massa do tipo escorregamento, totalizando 1.191 registros de umtotal de 1.244 ocorrências, onde 43 registros foram de queda de blocos e 10 decorrida de lama (Figura 5).

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Figura 5 – Gráfico dos tipos de movimentos de massa que mais ocorreram de 1960 a 1999 (Fontes:

IPT, 1991 e jornal Tribuna de Petrópolis).

Em cada distrito também foi claro o destaque em ocorrências de escorregamentosem relação às quedas de blocos e corrida de lama.Um outro item levantado foi o tipo de material transportado pelo movimento demassa, onde foi observado que na grande maioria dos eventos o solo foi o materialmais envolvido nos movimentos de massa, com 1.140 ocorrências, o que nos leva aconcluir que o grande problema dos movimentos de massa em Petrópolis não édevido ao desprendimento de rocha e sim de materiais não consolidados, queperderam a sua estabilidade natural, devido a retirada da cobertura vegetal,ocupação em locais impróprios e cortes de estradas. Em segundo lugar está omaterial “solo e rocha”, com 57 ocorrências e logo depois a rocha com 47, poisPetrópolis é um município com considerável presença de afloramentos rochosos,como também áreas com contato abrupto entre solo e rocha, onde a rocha seencontra em grande parte do município falhada, o que propicia o desprendimento delascas de rochas (Figura 6). Esta mesma tendência também ocorre em cadadistrito separadamente.

Figura 6 – Gráfico dos tipos de materiais transportados por movimentos de massa que ocorreram de

1960 a 1999 (Fontes: IPT, 1991 e jornal Tribuna de Petrópolis).

Vítimas Fatais e Perdas MateriaisAnalisando o número de perdas materiais por movimentos de massa, observou-seum número maior na década de 1980 com 258 perdas. Isso está diretamenterelacionado com o número de movimentos de massa, onde esta década foi a queteve maior número de ocorrências registradas (447) em relação às outras décadasestudadas (Tabela 2).

DÉCADAS OCORRÊNCIAS PERDAS MATERIAIS VÍTIMAS FATAIS

1960 274 132 163

1970 321 39 21

1980 447 258 97

1990 202 173 33Tabela 2 – Relação entre número de ocorrências, perdas materiais e vítimas fatais por décadas.

Fontes: IPT (1991) e jornal Tribuna de Petrópolis.

Em relação às vítimas fatais foi registrado um número mais expressivo nos anos de1960 de 163 vítimas, exatamente na primeira década analisada. Isso se deve àforma mais precária de salvamento de vidas da época, como também, ao nãoisolamento de áreas críticas por falta de profissionais qualificados para analisar asáreas de risco aos movimentos de massa. Pois na década de 1980 o número devítimas fatais reduziu mais do que a metade do que da década de 1960, apesar deter aumentado significativamente o número de movimentos de massa inclusive nasáreas residências.A grande maioria dos movimentos de massa ocorreram nas áreas urbanizadas de

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Petrópolis, isso pode ser observado quando verificamos o expressivo número deperdas de casas e barracos devido aos movimentos de massa no período estudado,onde foram destruídas 453 casas e barracos, 114 ruas e estradas, 22 automóveis e13 prédios (Figura 7).]

Figura 7 – Gráfico com a relação do número dos prejuízos materiais devido aos movimentos de massa

ocorridos de 1960 a 1999 (Fontes: IPT, 1991 e jornal Tribuna de Petrópolis).

O número relevante de prejuízos em ruas e estradas devido aos movimentos demassa, ocorre, por se tratar de uma área montanhosa, em que boa parte dasestradas e arruamentos são feitos por cortes de estrada (cortes na encosta), o queaumenta a suscetibilidade à ocorrência de movimentos de massa, pois o corte naencosta altera a sua estrutura natural, como também retira a sua cobertura vegetal.Isso ocorre também quando não é feito um muro de contenção de encostaadequado.Uma outra evidência que proporcionou e vem proporcionado as perdas materiais emestradas e arruamentos, são as construções em áreas fisicamente não adequadas,como também devido às áreas de “bota-fora” e depósito de lixo clandestinos emencosta, onde a presença de lixo e detritos diminuem a estabilidade da mesma. 6 – CONCLUSÕES Através destes resultados conclui-se que a grande ocorrência de movimentos demassa em Petrópolis, sobretudo no 1° distrito, deve-se, entre outros fatores, àconcentração urbana desordenada em áreas de risco, à ocorrência de chuvasconcentradas, e ao relevo acidentado.Como consta na pesquisa, os movimentos de massa em Petrópolis são históricose vêm causando perdas incalculáveis, tanto materiais quanto humanas. Tais perdassão, em sua maioria, nas áreas mais desfavorecidas, em que as construções sãofeitas de forma não segura em locais impróprios, muitas vezes de invasão. Porémhá também várias ocorrências de movimentos de massa nas áreas nobres domunicípio, áreas que na verdade não poderiam ser ocupadas por serem áreas, porexemplo, com encostas muito íngremes, com convergência de fluxos, com blocossoltos, entre outras.A cada momento os problemas com movimentos de massa, vem assustando maise mais, principalmente a população local de Petrópolis. Porém não vêm ocorrendoações relevantes de: recuperação de áreas atingidas; utilização de técnicaspreventivas; deslocamento da população das áreas de risco; fiscalização deocupações irregulares, entre outros. Isso pode ser comprovado quando se observano banco de dados estudado, a repetição de um movimento de massa numamesma área em outra época.Podemos perceber, através desta pesquisa que é de extrema importância analisaros movimentos de massa que ocorrem na área em questão, para que assim possanão só verificar as causas, destes movimentos de massa, como também definiráreas mais suscetíveis a eles e, a partir daí, propor formas de prevenção. 7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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