ANAIS PID 2005 - Odonto UNIME · Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 5 Mascar tabaco -...

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ODONTOLOGIA 2005.1 Coordenação do Curso: Profa. Dra. Ana Isabel Fonseca Scavuzzi Coordenação do PID: Profª Cristiane Santos Nascimento Prof. Augusto César Costa Cardoso Prof. João Batista de Macedo Sobrinho Profª Luciana Ribeiro Koser Profª Chrisrtianne Sheila Leal Almeida Prof. Jener Gonçalves de Farias Profª Ana Carla Ferreira Carneiro Rios Lauro de Freitas – Bahia 02 e 03 de maio de 2005

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ODONTOLOGIA

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2005.1

Coordenação do Curso: Profa. Dra. Ana Isabel Fonseca Scavuzzi

Coordenação do PID:

Profª Cristiane Santos Nascimento Prof. Augusto César Costa Cardoso

Prof. João Batista de Macedo Sobrinho Profª Luciana Ribeiro Koser

Profª Chrisrtianne Sheila Leal Almeida Prof. Jener Gonçalves de Farias

Profª Ana Carla Ferreira Carneiro Rios

Lauro de Freitas – Bahia 02 e 03 de maio de 2005

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Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 1o SEMESTRE

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS BÁSICAS NA FORMAÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA Autores: Alves, M. C.; Espinheira, P.; Fernandes, R.; Dias, P. H.; Just, R.; Rocha, R. L.; Menezes, R.; Pedreira, R.; Pinto, F.; Santana, R.; Santiago, R.; Silva, R. Orientador: Freire, S. M.; Bomfim, I. G.; Ribeiro, M. B. RESUMO:

INTRODUCÃO - O objetivo da embriologia é possibilitar aos estudantes a compreensão dos princípios da

embriogênese que serão usados no diagnóstico, cuidados e prevenção de malformações congênitas. As malformações

congênitas consistem a principal causa de mortalidade infantil e um importante contribuinte das deficiências. Nunca a

histologia foi tão importante para os currículos dos dentistas, médicos e biólogos como é hoje. O estudo das estruturas

microscópicas do material biológico e das maneiras através das quais os componentes individuais se relacionam

estrutural e fundamentalmente, conceitua a histologia. Cada vez mais os diagnósticos das moléstias baseiam-se nos

exames histológicos de pequenas mostras de tecido. (STEVENS e LOWE, 2001). O desenvolvimento de um indivíduo é

um processo complexo e delicadamente ajustado; disfunções produzem defeitos congênitos. É preciso considerar,

também, fatores ambientais, como os teratogênicos. O momento no qual os fatores ambientais exercem o seu efeito

durante as primeiras quatro semanas de desenvolvimento, quando o embrião está se desenvolvendo rapidamente, ele

geralmente danifica tantas células que acaba ocorrendo à morte do embrião. Entretanto, se apenas algumas células

são lesadas, a proliferação normal é suficientemente intensa para eliminar facilmente injúrias pequenas. É durante o

estágio seguinte do desenvolvimento, entre quatro e oitos semanas, quando a diferenciação de tecido e órgãos está

ocorrendo, que os agentes teratogênicos são mais efetivos na produção de muitos tipos de malformações. A fase

subseqüente de crescimento não é suscetível a agentes teratogênicos. (TENCATE, 2001). Muitos dos agentes

teratogênicos que determinam malformação dental e facial e fácil exercem os seus efeitos durante o período da

histodefinição e morfogênese, como é o caso das fendas faciais, que geralmente resultam de uma deficiência no

mesênquina na região facial ocasionada por uma falta de migração das células da crista neural. Os dentes se

desenvolvem a partir do ectoderma e do mesênquina, sendo que o esmalte, derivado do órgão esmalte, constitui o

componente ectodermico e o mesênquina produz o restante do dente. O órgão do esmalte se origina como uma

proliferação celular invaginante do epitélio oral, inicialmente como um broto dental epitelial, uma condensação do

mesênquina contribui para a formação do restante do dente. A análise criteriosa de sinais e sintomas e a sua correta

interpretação são fundamentais para o diagnóstico de qualquer doença. Quando a suspeita clínica é de câncer, os

exames complementares são essenciais para confirmação do diagnóstico e estadiamento.

Em nenhum outro grupo de doenças o diagnóstico histológico é tão importante para o planejamento terapêutico como

em oncologia, tendo em vista a gravidade do prognóstico e o risco representado por todas as modalidades de

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tratamento. Na prática clínica diária de não-especialistas o câncer é uma doença pouco freqüente e os sinais iniciais

podem ser confundidas com doenças mais comuns, principalmente as inflamatórias. Além disso, uma série de tumores

evoluem por longos períodos de modo totalmente assintomático ou oligossintomático, como os tumores das glândulas

salivares e tireóide. Assim, somente um dentista bem preparado e que enfatize o seguimento rigoroso dos seus

pacientes, poderá suspeitar de câncer quando os sintomas persistem após um curto período de observação ou

tratamento em casos investigados apropriadamente, mas com resultados negativos de testes diagnósticos. É

necessário destacar-se que resultados falso-negativos e falso-positivos podem ocorrer. Além disso, a interpretação de

resultados pode ser subjetiva. Desse modo, somente o dentista atento, que leve em consideração todas as variáveis

pode chegar a um diagnóstico definitivo correto. Os profissionais bem informados, capazes de compreender as origens

genéticas e ambientais das malformações congênitas e reconhecer as características de tecidos patogênicos, estão

aptos a diagnosticar, cuidar e preveni; essa é a finalidade primordial da histologia e da embriologia.

DESENVOLVIMENTO - O que é fissura labial ou fissura palatina? Segundo TENCATE, 2001. Fissura labial é a

separação do lábio superior em duas partes, algo que atinge um em cada 550 bebês no Brasil. Tal como a fissura

palatina, a fissura labial é causada pela junção inadequada dos dois lados da face quando o bebê ainda está no útero.

Embora ninguém saiba ao certo o porquê desta deficiência, ela tende a ser hereditária. Os desequilíbrios hormonais, as

deficiências nutricionais e certas drogas utilizadas durante a gestação podem ser apontadas como possíveis causas,

conforme anexos 1 e 2. A fissura palatina ocorre quando há uma abertura direta entre o palato, ou céu da boca, e a

base do nariz. Durante a gestação, o maxilar superior do bebê não se fecha como deveria, deixando uma falha. A

fissura palatina é um problema mais grave que a fissura labial, embora ambos requeiram uma cirurgia corretiva.

Dificuldades de alimentação, de respiração e de fala, além de problemas psicológicos são algumas das dificuldades

enfrentadas por uma criança com fissura labial ou palatina. A fim de se corrigir esse problema, é aconselhável tratar-se

com uma equipe médica, incluindo um cirurgião plástico, cirurgião bucomaxilofacial, otorrinolaringologista (especialista

em orelha, nariz e pescoço), cirurgião-dentista e um ortodontista.

Como saber se o bebê tem uma fissura labial ou fissura palatina? De acordo com os autores pesquisadas, o

obstetra que fizer o seu parto provavelmente lhe dirá imediatamente se o bebê tem uma fissura labial ou palatina. A

fissura labial é facilmente reconhecível. Uma fissura palatina pode variar em tamanho, desde uma pequena fenda até

um grande orifício no céu da boca, e se tornará aparente logo após o nascimento, se não de imediato. Quanto um bebê

com fissura palatina tenta se alimentar, os alimentos líquidos podem sair pelo seu nariz - problema que pode ser

controlado com o auxílio de mamadeiras especiais e outros cuidados, até que o bebê tenha idade suficiente para ser

submetido à cirurgia.

Como são tratados os casos de fissura labial ou fissura palatina? Segundo STEVENS e LOWE, 2001 fechar uma

fissura labial através de cirurgia é mais simples do que corrigir uma fissura palatina. O procedimento é geralmente

realizado nos três ou quatro primeiros meses de vida e a cicatriz tende a desaparecer com o passar do tempo. No caso

de uma fissura palatina, a cirurgia é adiada até que a criança complete um ou dois anos de vida, quando o maxilar

superior já alcançou seu crescimento normal. Se o problema é extenso, a cirurgia pode ser adiada até que a criança

atinja cinco a sete anos, a fim de evitar problemas estruturais. Em alguns casos a cirurgia não é possível ou pode não

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fechar totalmente a fenda. Nestes casos, um aparelho parecido com uma dentadura, chamado de obturador, é feito a

fim de encobrir a abertura e permitir que a criança se alimente naturalmente. Dependendo da gravidade da fissura

palatina, podem ser necessárias cirurgias múltiplas no decorrer de um longo período. Um cirurgião plástico e/ou

bucomaxilo-facial realizam uma cirurgia corretiva na face, enquanto que um cirurgião-dentista, cirurgião geral,

otorrinolaringologista e/ou ortodontista fazem aparelhos para corrigir quaisquer defeitos. Uma equipe de profissionais de

saúde oferecerá orientação e encorajamento durante os tempos mais difíceis, desde o nascimento até o tratamento.

Com os avanços das técnicas cirúrgicas e aparelhos corretivos, os prognósticos para as crianças que nascem com

fissura labial ou palatina são excelentes. À medida que a criança se desenvolve, pouco se nota a fissura.

Câncer Bucal - O que é o câncer bucal? É um tipo de câncer que geralmente ocorre nos lábios (mais freqüentemente

no lábio inferior), dentro da boca, na parte posterior da garganta, nas amídalas ou nas glândulas salivares. É mais

freqüente em homens do que em mulheres e atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos de idade. O fumo,

combinado com o excesso de bebida alcoólica, é um dos principais fatores de risco. Se não for detectado de maneira

precoce, o câncer bucal pode exigir tratamentos que vão da cirurgia (para a sua remoção) à radioterapia ou

quimioterapia. Este câncer pode ser fatal, com uma taxa de sobrevivência de cinco anos de 50%. Uma das razões pelas

quais este prognóstico é tão negativo é o fato de que os primeiros sintomas não serem reconhecidos logo. O

diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento (STEVENS e LOWE, 2001), de acordo com os

anexos 1, 2 e 3.

Quais os sintomas deste tipo de câncer? De acordo com TENCATE, 2001 nem sempre é possível visualizar os

primeiros sinais que indicam a existência do câncer bucal, o que aumenta a importância das consultas regulares com o

dentista ou o médico. Seu dentista foi preparado para detectar os primeiros sinais do câncer bucal. Contudo, além das

consultas regulares, é preciso que você fale com seu dentista se perceber qualquer dos sinais abaixo: ferida nos lábios,

gengiva ou no interior da boca, que sangra facilmente e não parece melhorar; um caroço ou inchaço na bochecha que

você sente ao passar a língua; perda de sensibilidade ou sensação de dormência em qualquer parte da boca; manchas

brancas ou vermelhas na gengiva, língua ou qualquer outra parte da boca; dificuldade para mastigar ou para engolir;

dor sem razão aparente ou sensação de ter algo preso na garganta; Inchaço que impede a adaptação correta da

dentadura; mudança na voz.

Como evitar o câncer bucal? De acordo com os autores estudados se você não fuma nem masca tabaco, não

comece a fazê-lo. O uso do tabaco é responsável por 80 a 90% das causas de câncer bucal.

Fumo - A ligação entre o fumo, o câncer pulmonar e as doenças cardíacas já foi estabelecida. O fumo também afeta

sua saúde geral, tornando mais difícil o combate a infecções e a reparação de ferimentos ou de cirurgias. Em adultos

jovens, este hábito pode retardar o crescimento e dificultar o desenvolvimento. Muitos fumantes afirmam não sentir mais

o odor ou sabor tão bem como antes. O fumo também pode causar mau hálito e manchar os dentes. Sua saúde bucal

está em perigo cada vez que você acende um cigarro, um charuto ou um cachimbo. Com esta atitude, suas chances de

desenvolver câncer na laringe, na boca, na garganta e no esôfago aumentam. Como muitas pessoas não notam ou

simplesmente ignoram os sintomas iniciais, o câncer bucal muitas vezes se espalha antes de ser detectado.

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Mascar tabaco - O hábito de mascar tabaco eleva em 50 vezes a possibilidade de se desenvolver o câncer bucal. O

melhor a se fazer é não fumar nem usar quaisquer outros produtos derivados do tabaco. Quando uma pessoa pára de

usar esses produtos, mesmo depois de vários anos de consumo, o risco de contrair câncer bucal se reduz

significativamente. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas também aumenta o risco de câncer bucal. A

combinação fumo/álcool torna esse risco ainda muito maior.

Como se trata o câncer bucal? Depois do diagnóstico, uma equipe de especialistas (que inclui um cirurgião dentista)

desenvolve um plano de tratamento especial para cada paciente. Quase sempre a cirurgia é indispensável, seguida de

um tratamento de radio ou quimioterapia. É essencial entrar em contato com um profissional que esteja familiarizado

com as mudanças produzidas na boca por essas terapias (TENCATE, 2001).

Que efeitos colaterais a radioterapia produz na boca? Os autores consultados afirmam quando a radioterapia é

usada na área de cabeça e pescoço, muitas pessoas experimentam irritação ou ressecamento da boca, dificuldade de

deglutir e perda do paladar. A radiação também aumenta o risco de cáries e, por isso, é muito mais importante cuidar

bem da boca e da garganta neste período.Converse com seu dentista e seu médico oncologista sobre os problemas

bucais que você possa ter durante ou depois do tratamento. Antes de começar a radioterapia, não se esqueça de

discutir com seu dentista os possíveis efeitos colaterais e a forma de evitá-los.

Como manter a saúde bucal durante a terapia? Segundo STEVENS e LOWE, 2001 use uma escova macia depois

das refeições e fio dental diariamente. Evite condimentos e alimentos ásperos como vegetais crus, nozes e biscoitos

secos. Evite o fumo e o álcool. Para não ficar com a boca seca, os doces e chicletes não devem conter açúcar.

MATERIAL E MÉTODOS - Objetivando enriquecer o questionamento e a importância das disciplinas básicas na

formação do cirurgião dentista, elaboramos um questionário com a finalidade de coletar dados que realçassem as

nossas conclusões. (Anexo 5)

Resultados e conclusão: Por meio de entrevistas feitas com estudantes da UNIME, do curso de odontologia, cursando

do 4o ou 7o semestre, e com profissionais da área de odontologia. Foram entrevistadas, um total de, 30 pessoas, das

quais 100% tiveram essa matéria na sua vida acadêmica, mas só 55% acham que a histologia e embriologia é muito

importante, porém 100% acham necessária na grade curricular de odontologia, como mostra o gráfico 1.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Gráfico1

Necessário

Não necessário

Muito importante

Importante

Pouco importante

Houve

Não houve

PREVENCÃO DO CÂNCER BUCAL, disponível em: http://www.odontocare.com.br/alvaroichi/informativo/cancer.htm, acessado em: 04 de abril de 2005;

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CONCLUSÃO: Após a analise dos resultados concluímos que a importância da histologia e embriologia, não só na vida

acadêmica, como base para outras matérias, mas também na vida profissional para precisar diagnósticos de possíveis

patologias na cavidade oral. No futuro quando profissionais poderão diagnostica se as anormalidades bucais são de

origens genéticas ou adquiridas por fatores teratogênicos. As disciplinas básicas permitem que tenhamos conhecimento

de como se obtém informações através dos livros técnicas e artigos. Na vida profissional as informações obtidas na

embriologia e histologia permitirão saber diagnosticar as possíveis patologias da cavidade bucal e orientar os pacientes

quais os procedimentos, para obter a confirmação (retirada do material pra a biopsia, leitura dos resultados e conclusão

do relatório).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

STEVENS, A.; LOWE, J. S., Histologia Humana, 2a. Ed, Manole: São Paulo, 2001

TENCATE, R., Histologia Bucal, 5a ed, Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2001.

BUNDUKI, V. et al, Diagnóstico Pré-Natal de Fenda Labial e Palatina: Experiência de 40 Casos, disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032001000900003, acessado em: 02 de abril de

2005;

MARTINS, M. A. T; MARTINS, M. D. e COSSOLIN, G. S. I., Dê o diagnóstico, disponível em:

http://www.odontologia.com.br/diagnostico.asp?regid=35, acessado em: 30 de marco de 2005;

ANEXOS

Criança apresentando fenda labial unilateral.

Figura 1 – Criança com fenda labial unilateral. As fendas labiais, com ou sem palatina, ocorre em cerca de 1 vez em cada 1.000 nascimentos; 60 a 80% são do sexo masculino (cortesia do Dr. AE Chudley, professor of Pediatrics and Child Health Cildrens’s Hospital and University of Manitoba, Winnpeg, Manitoba, Canadá.)

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Crianças apresentando diferentes tipos de fendas lábias

Figura 2 – Fotografia ilustrando vários tipos de fendas labial. A e B, Fenda labial unilateral. A fenda em B é incompleta; a seta indica uma faixa de tecido (faixa de Simonart) unido as partes do lábio. C e D, Fenda labial bilaminar (cortesia do Dr. DA Kernahan, The Childeren’s Memorial Hospital, Chicago.)

Paciente apresentando Granuloma Gravídico (casos de diagnóstico que se fez necessário o conhecimento da histologia e embriologia)

http://odontologia.com.br

a) A hipótese de diagnóstico, segundo características clínicas, foi de granuloma gravídico. b) O exame complementar mais indicado é a biópsia excisional, por se tratar de uma lesão isolada e sem hipótese de neoplasia maligna.

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DIAGNÓSTICO PRECOCE

figura 1

figura 2

figura 3

figura 4

http://www.vicnet.com.br/marcucci/cancerbucal.html No que diz respeito às manifestações bucais mais importantes, isto é, mais comuns, são: aparecimento de manchas brancas (figura1), avermelhadas (figura 2) e eventualmente escuras (figura 3). O surgimento de lesões ulceradas (feridas) nos lábios (figura 4), principalmente no inferior, ou na boca e que não cicatrizam (curam) no espaço de 7/14 dias devem ser encaminhados, diagnosticados e tratados o quanto antes possível.

São enfermidades bucais que, quando não tratadas, podem evoluir para um câncer.

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA BIOQUÍMICA BÁSICA NA FORMAÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA Autores: Short, T. A. A.; Brito, G. I.; Camacam, E. C. P.; Carvalho, I.; Dourado, D.; Duque, D.; Guimarães, E.; Morais, D.; Oliveira, S.; Riccio, G.; Riva, F.; Rigaud, F.; Rodrigues, L.; Santos, G.; Silva, F.; Souza, G. R. Orientador: Almeida, J. C. S. RESUMO:

INTRODUÇÃO - A Bioquímica preocupa-se em estudar o efeito da química e suas reações dentro de um corpo

biológico. Sendo assim, esta ciência é uma síntese, pois se vale do conhecimento químico para reconhecer as

substâncias, suas propriedades e ações no corpo humano. A odontologia baseia-se nos fundamentos da Bioquímica

que estuda a composição das substâncias do meio bucal e dos dentes, bem como todos os processos bioquímicos

direta ou indiretamente relacionados à saúde geral do sistema buco-dental. A integração entre as duas ciências,

odontológicas e bioquímicas são de fundamental importância para a constituição de estudos direcionados ao

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entendimento e manutenção da saúde assim como o tratamento eficiente das doenças bucais, formando melhores e

mais preparados cirurgiões dentistas. As primeiras noções de Bioquímica no curso de Odontologia caracterizam-se pela

composição da saliva, dieta e placa bacteriana. Estas são analisadas ao longo do documento de forma dividida para

melhor sistematizá-las, facilitando assim o estudo e a compreensão do que será passado. Todavia, é de fundamental

importância ressaltar que a placa bacteriana é dependente direta da dieta e da higiene bucal, assim como a saliva esta

ligada à formação da placa, ou seja, o funcionamento ou manutenção de todos estes princípios que geram um

metabolismo ótimo para a cavidade oral, está na dependência de fatores relacionados uns aos outros. Um destes que

se caracterize de forma problemática comprometerá a funcionalidade do outro. Um baixo fluxo salivar garante uma

maior retenção dos alimentos ingeridos, que de acordo com a dieta podem ficar mais ou menos armazenados na

cavidade oral, o que determina a formação da placa bacteriana, caracterizando o primeiro estagio para o advento de

caries.

DESENVOLVIMENTO - A saliva é o líquido que umedece a cavidade bucal, e o seu aspecto viscoso deve-se à alta

concentração de mucina. A secreção salivar é induzida por vários estímulos, entre eles existem os psíquicos,

mecânicos, físicos, químicos, físico-químicos e biológicos. Entre os estímulos psíquicos os mais importantes são odor, o

sabor e a cor dos alimentos, e ainda o estado emocional de cada individua ou do momento estabelecido. Já os

estímulos mecânicos destacam-se os movimentos realizados para uma boa mastigação, além de intervenções

odontológicas. Os estímulos químicos caracterizam-se pelas substâncias de sabor pronunciado, a exemplo de ácidos,

doces e medicamentos. Os estímulos físico-químicos estão às variações de pH do meio bucal e entre os estímulos

biológicos destacam-se os processos inflamatórios. O aumento da secreção salivar denominasse sialoréia sendo

produzido por substâncias como a pilocarpina; de forma antagônica a atropina determina a diminuição da secreção

salivar chamada de sialosquise. O fluxo salivar ótimo é importante para a saúde do indivíduo à medida que este não

propicia o aumento de S. Mutans e Lactobacillus que diminuem o pH da saliva reduzindo a remineralização do esmalte

e cáries subseqüentes.

A determinação da velocidade salivar é realizada com o paciente da seguinte forma: o paciente deve reter na boca um

pedaço de parafina que é amolecida e a saliva produzida é armazenado em um recipiente não sendo deglutida. Após 5

minutos é expelido a ultima quantidade de saliva. O volume de saliva é demonstrado em milímetros por minuto devendo

atingir uma velocidade normal entre 1-3 ml/ min.

Formação de saliva: A saliva é principalmente constituída por água em grande proporção que serve para manter a

mucosa e a superfície dos dentes úmida, ao mesmo tempo em que conferem a sua propriedade de solvente universal

as substâncias do meio bucal. Entre os ânions destacamos o bicarbonato, o monofosfato, e o bifosfato, estes exercem

um efeito tamponante frente aos ácidos e bases, permitindo a constância do pH salivar em torno de 6,9 (praticamente

básico). Dos cátions, o cálcio é usado como parâmetro para determinar a susceptibilidade dos pacientes à cárie dental

pelo método de Fosdick. O mais importante dos componentes orgânicos é a mucina (glicoproteina) que com sua

viscosidade aglutina as partículas alimentares e microorganismos formando o bolo alimentar que será ingerido

posteriormente. Também contribui para o tamponamento. A amilase salivar que é um biocatalizador de natureza

protéica (enzima), responsável pela primeira forma de digestão no nosso organismo também está contida na saliva,

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mas possui uma insoenzima no pâncreas. Atua hidrolisando amido até maltose, passando por sub fases como dextrina

e eriotrodextrina. A uréia, resíduo do catabolismo de aminoácidos é excretada principalmente pela urina, mas em parte

(20 mg%) pela saliva. A lisoenzima que possui ação bactericida (mata bactérias), e a anidrose carbônica classificada no

grupo das liases por possuir como função separar grupos do substrato sem a utilização de água ou reação de óxido-

redução catalisando a reação de dissociação do ácido carbônico (H2CO3) em íon de hidrogênio (H+) e sua base

conjugada (HCO3-), é importante na formação do tártaro dental. A glicose também se faz presente na saliva, mas em

taxa bastante reduzida. Entre os componentes orgânicos destacam-se: Enzimas microbianas; Componentes

sangüíneos; Produtos de excreção; Produtos da atividade microbiana (determina o mau hálito).

Atividade da amilase salivar: A atividade da amilase salivar mede o tempo mínimo que a amilase leva para digerir

totalmente o amido em condições ótimas de temperatura, pH e concentração de cloretos. Sabe-se que o amido ao ser

adicionado ao iodo apresenta uma coloração azul, porém ao adicionar saliva ao amido e posteriormente colocar iodo na

forma de lugol, o produto não terá a cor azulada. Este fato pode ser explicado da seguinte forma: A enzima amilase já

supracitada tem o poder de hidrolisar o amido que é o seu substrato sem se alterar, por isso, esta pode acoplar-se a

vários substratos em tempos diferentes. Dependendo da quantidade de substrato e de enzima a produção de maltose

pode ser mais rápida (maior quantidade de enzima) ou mais lenta (maior quantidade de substrato). Portanto, não é de

forma imediata que há a produção de maltose na reação descrita, o amido ainda se diferencia em Dextrina e Eritroxina

antes de chegar à maltose (ponto acromático em relação adição de iodo) podendo ser subdividida de acordo com a cor

produzida. Amido + Iodo = azul; Dextrina + Iodo = violeta; Ertrodextrina + Iodo = vermelho; Maltose + Iodo = incolor.

Para a comprovação da sintetização da maltose ao final do experimento adiciona-se Benedict fervendo por dois

minutos, se a coloração for vermelho telha evidencia-se a boa ação da enzima amilase.

Capacidade tampão da saliva: O potencial de hidrogênio da saliva é formado a partir dos ácidos produzidos pelas

bactérias encontradas nos alimentos que ficaram retidos entre outras derivações. A mensuração do pH salivar

fundamenta sua importância na determinação da quantidade de bactérias existentes na cavidade bucal. De forma que,

quanto maior a quantidade de bactérias maior será a produção de ácido derivando essa característica ao pH que ficará

baixo. A relação entre o pH e o fluxo salivar é de proporcionalidade inversa, de maneira que o fluxo salivar alto propicia

menor retenção de bactérias e aumentando a alcalinidade da saliva. A capacidade tampão da saliva pode ser medida

adicionando-se um determinado ácido a saliva, por exemplo, temos o Hcl a 0,005% (a 3,0 ml para 1,0ml de saliva).Ao

agitar para que aja a interação do ácido clorídrico com a saliva há a produção de H2CO3 que decompões facilmente

liberando CO2 (gás carbônico) e H2O (água).

Caracterização da dieta: A dieta consiste na ingestão de alimentos habituais, ou aquela que se faz visando preencher

as necessidades específicas de um individuo, incluindo ou excluindo certos itens de sua alimentação. Também pode ser

caracterizado pelo conjunto de alimentos sólidos e líquidos, prescritos pelo médico.

A qualidade e quantidade de microorganismos na microbiota bucal são determinadas efetivamente pelo tipo de alimento

ingerido. Este fato caracteriza-se, por exemplo, em neonatos que se alimentam principalmente de leite determinando

microrganismos acidogênicos como estreptococos e lactobacilos. Já as pessoas adultas que se alimentam basicamente

de carne aparecem microrganismos proteolíticos em maior quantidade. Um grande exemplo da influencia da dieta sobre

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os microrganismos patogênicos encontrados na boca é a cárie, pois indivíduos que possuem uma alimentação muito

rica em carboidratos, principalmente sacarose possuem uma maior propensão a apresentar esta doença, uma vez que

estas substâncias ao serem metabolizadas pelos microrganismos presentes na cavidade bucal produzem ácidos que

vão provocar uma desmineralização do dente podendo formar uma cavidade, ou seja, instalando-se a patogenia cárie.

A consistência do alimento também interfere na formação de patologias bucais, visto que, alimentos mais duros ficam

pouco retidos, diferentemente de alimentos mais pastosos que aderem à superfície do dente. A proteína da dieta tem

importância na constituição de substancias fundamentais do tecido conjuntivo, principalmente do tecido ósseo,

concomitantemente que deve suprir toda a quantidade de aminoácidos essenciais. As vitaminas fundamentam sua

importância no aumento da resistência do periodonto à doença periodontal. Vitamina A - Mantém a integridade dos

epitélios e, assim, aumenta a aderência do epitélio do sulco gengival na superfície do dente. Complexo vitamínico B -

Faz parte de inúmeras coenzimas que participa das reações metabólicas que envolvem carboidratos lipídeos e

proteínas. Vitamina C - Aumenta a resistência capilar, enviando o escorbuto que predispõe a doença periodontal. Além

disso, a vitamina C é um poderoso antioxidante, reduzindo a toxicidade de inúmeros produtos, que acontecem na

doença periodontal. Vitamina D - É importante na calcificação das matrizes protéica dos dentes e os ossos alveolar, o

que aumenta a resistência a doenças periodontais. Vitamina K - É anti-hemorrágica e, portanto, evita os sangramentos

gengivais que predispõem a periodontose. Minerais - Possuem o papel de calcificação e equilibra as taxas de pH.

Fatores mecânicos (Higiene Bucal): Uma boa higiene é um fator preponderante da saúde bucal, esta se caracteriza

pelo uso adequado e constante de escova dentaria e controle de placa bacteriana. Porém é válida a informação que a

saúde bucal somente não tem o poder de conferir uma forma sadia ao meio, já que fatores exógenos podem vir a

causar danos não estimados previamente. Caso ocorra um descuido na higiene bucal, restos de alimentos ingeridos

podem ficar depositados nas superfícies dentárias e mucosas. Este fato pode gerar conseqüências futuras, já que a

elevada proliferação de microrganismos anaeróbicos e putrefativos provocam um desequilíbrio na microbiota gerando

patogenias. A ressalva que a profilaxia é o melhor método de atuação em patogenias de qualquer espécie é

fundamental ao falarmos de higiene, visto que esta pode evitar vários tipos de doença em se tratando de meio bucal.

Por isso, o cirurgião dentista não pode ficar atento apenas em curar patogenias já instaladas, e sim, alertar os seus

clientes sobre as formas de prevenção existentes, como exemplo supracitado tem-se modificações na dieta (redução da

ingestão de carboidratos, principalmente sacarose). A higiene também pode ser efetuada por agentes químicos como

veremos posteriormente.

Fatores químicos (Substância Química): O uso de substâncias químicas baseadas em estudos realizados para

verificar a possibilidade de impedir a formação de placa bacteriana lança mão de substancias químicas como

antibióticos, enzimas e anti-sépticos, fluoretos, e etc. que interferem na microbiota bucal. Porém a utilização destes tem

de manifestar extrema conduta, pois uso de antibióticos indevidamente pode gerar resistências a remédios talvez

imprescindíveis no futuro para o paciente, por isso a utilização continua deste tipo de medicamento não é bem aceita

por médicos e dentistas. Um bom método de profilaxia química é o anti-séptico, já que este é capaz de impedir pela

inativação ou destruição de micróbios a proliferação destes no meio bucal combatendo também a infecção e putrefação

por ação germicida. O fluoreto que consiste em um sal binário do acido fluorídrico são inquestionavelmente eficazes na

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prevenção da cárie e com relação à placa bacteriana tem ação ao interferir nos processos enzimáticos da bactéria, por

sua ação bactericida direta, interferindo também na aderência de microrganismos odontopáticos aos dentes. As

enzimas têm o seu papel experimental, mostrando, porém ineficiência para o completo controle de placa bacteriana.

Constituição da Placa Dental: É uma camada gelatinosa, espessa, de alta viscosidade, firmemente aderida a

superfície dental, constituída de lipídeo, proteínas, mucopolissacarídeos (ácidos e neutros), contendo também um

número elevado de inúmeros microrganismos. A placa dental caracteriza-se por seu comportamento acidófilo e gram-

positivo, o que faz ser corada por eosina (róseo), ou malagueta (verde) na região cervical do esmalte a partir da borda

gengival. Quando o dente é revestido por uma placa cremosa de coloração esbranquiçada, constitui-se a chamada

matéria Alba, esta é facilmente removida com as práticas de higiene supracitadas, esta matéria é a primeiro indicio, de

maneira que a placa dental que forma a matéria Alba ao impregnar a mucosa bucal e nos restos alimentares que

ficaram retidos. A manutenção do biofilme da placa dental no interior do sulco ou bolsa periodontal poderá levar a uma

progressão da doença de forma irreversível, ou seja, a perpetuação do biofilme-placa dental associado à deficiência na

resposta tecidual do hospedeiro produzirá migração apical do epitélio da bolsa, perda de inserção das fibras conjuntivas

e conseqüente perda óssea alveolar. Logo, a terapia periodontal visa essencialmente eliminar ou reduzir o biofilme-

placa dental minimizando assim os seus efeitos deletérios. A proposta terapêutica está baseada em procedimentos

físicos incluindo raspagem e aplainamento das superfícies dentais contaminadas. Estes procedimentos são bem

sucedidos na dependência de alguns fatores como: a habilidade profissional, a qualidade dos instrumentos utilizados e

sobre tudo da acessibilidade em remover o biofilme-placa dental das bolsas periodontais mais profundas. Neste

contexto a racionalização no uso de antimicrobianos locais poderá agir como um coadjuvante importante no sucesso

terapêutico periodontal. O domínio da placa bacteriana é um conjunto de medidas que tem por objetivo a sua remoção e

prevenção de sua recorrência, podendo ser realizado através de meios mecânicos ou químicos. O controle mecânico

baseia-se principalmente na utilização da escova dental, podendo ser manual ou elétrica. O controle químico da placa

dental tem justificativa dupla: a primeira, pois as cáries são de origem bacteriana e, deste modo, estas substâncias

antibactérianas poderiam ser utilizadas para combatê-las; a segunda é decorrente da dificuldade de se conseguir que

os indivíduos mantenham um adequado controle mecânico de placa, e assim, substâncias antibactérianas poderiam

tentar compensar a desmotivação para uma boa limpeza dos dentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Para o grupo, a realização do projeto interdisciplinar foi uma forma enriquecedora de

demonstrar o quanto às ciências bases são importantes na constituição do futuro profissional. O comprometimento do

alunado em relação às praticas adotadas no principio do curso, pode determinar a qualidade do profissional que se

revelará no futuro. É importante avultar que se faz necessário no percurso profissional, uma reciclagem constante,

aumentando a capacidade do cirurgião, concomitantemente a criticidade e envergadura moral são indissociáveis para

uma carreira singular.

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ANEXOS Saliva - Estímulos ácidos bem como doces geram maior produção de saliva.

Exame Salivar - A saliva afeta os dentes e a microflora de várias maneiras. Vários componentes e propriedades

salivares estão associados com o desenvolvimento de cárie dentária. Muitas correlações significativas têm sido

encontradas apenas entre a velocidade do fluxo salivar e a capacidade tampão por um lado, e a atividade de carie por

outro. A baixa velocidade do fluxo salivar e baixa capacidade tampão levam à eliminação reduzida dos microorganismos

e restos alimentares o que prejudica a neutralização de ácidos e reduz a tendência a remineralização das lesões inicias

do esmalte. Uma baixa velocidade do fluxo salivar é, geralmente, acompanhada por um numero aumentado de

S.mutans e Lactobacillus. Assim, uma alta atividade de carie, vista em pessoas com a velocidade reduzida de fluxo

salivar, pode ser devido não apenas à redução da resistência do hospedeiro, mas também há um predomínio das

exigências microbianas.

Cigarro transforma a saliva em mistura corrosiva e cancerígena. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia Technion-

Israel publicaram estudo no British Journal of Cancer, onde afirmam que o cigarro transforma a saliva em uma

substância corrosiva e com propriedades cancerígenas. A saliva é responsável por defender o organismo de uma série

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 14

de doenças porque contém enzimas capazes de neutralizar substâncias perigosas. No entanto, o fumo destrói esses

agentes, deixando uma mistura corrosiva de compostos químicos do tabaco na boca, que podem levar ao surgimento

de câncer de boca e em órgãos próximos. No estudo, os cientistas recriaram os efeitos do cigarro em células

cancerígenas na boca. Metade das amostras de células ficou exposta somente ao fumo e outra a uma mistura de fumo

e saliva. Os resultados comprovaram que a saliva contaminada pelo cigarro é até mais grave do que o cigarro

separadamente. O câncer de boca e órgãos próximos, como nariz, garganta, amídalas, laringe, faringe e gengiva têm

no fumo e na ingestão de bebidas alcoólicas as suas principais causas.

Placa Dental

Placa bacteriana

O que é?

A placa bacteriana nada mais é do que um acúmulo de bactérias que se depositam sobre o dente. Ela se forma quando

não há uma higienização correta dos dentes.

Sintomas

Quando ficamos sem escovar os dentes por algumas horas, sentimos com a própria língua uma camada diferente sobre

os dentes. Isso é a placa bacteriana.

Como evitar?

A simples escovação e uso do fio dental removem a placa bacteriana. Existem alguns agentes químicos que

conseguem remover a placa, mas isso só deve ser feito em alguns casos, após indicação do dentista ou do médico.

Como posso evitar a formação da placa bacteriana?

É fácil evitar a formação da placa bacteriana. Basta você: Escovar bem, no mínimo três vezes ao dia, para remover a

placa bacteriana de todas as superfícies dos seus dentes; Usar fio dental diariamente para remover a placa bacteriana

que se instala entre seus dentes e sob a gengiva, onde a escova não pode alcançar; Limitar a ingestão de alimentos

com muito açúcar ou amido, especialmente aqueles que grudam nos dentes; Visitar seu dentista regularmente para

fazer limpeza e exame completo dos dentes.

Por meio da raspagem, a placa e o tártaro são removidos da coroa e raiz do dente.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 15

Dieta:

Rapadura Brigadeiro

Alimentos duros têm pouca aderência ao dente. Alimentos moles auxiliam na formação da placa bacteriana por ficarem

facilmente retidos

Higienização da cavidade oral de bebes. Importante para conter microrganismos acidogênicos do leite como

estreptococos e lactobacilos.

Instrumental para realização de controle de placa bacteriana por fatores mecânicos.

Fator químico responsável pela higienização bucal.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 16

Orientação aos Pais - Palestra aos Pais – Dieta

A dieta é o tipo de alimentação que você dá ao bebê desde o início da vida do seu até uma idade mais avançada,

levando em consideração as necessidades de cada criança em cada estágio da vida. O interesse dos pais em relação à

saúde bucal tem feito com que a cárie esteja diminuindo, pois sabendo o que causa a doença poderemos evitá-la.

Inicialmente a dieta do bebê é líquida e constitui-se basicamente de leite, onde ele se alimenta várias vezes por dia, no

peito ou na mamadeira. E em relação ao leite, tanto o leite materno quanto o de vaca possuem composições diferentes,

o leite materno possui uma maior concentração de lactose, que o torna mais cariogênico, mas sabemos que geralmente

além do leite de vaca possuir açúcar em sua composição, é colocado açúcar, chocolate em pó, mel, o tornando mais

cariogênico que o materno.

O açúcar na forma de sacarose é o principal responsável pela proliferação exagerada de placa bacteriana, e assim o

aparecimento de cáries.

Uma duvida que existe: É se medicamentos causam cáries? Vamos esclarecer que para um remédio ser aceito pela

criança ele tem que ser adoçado, então na sua composição é colocado açúcar (sacarose), e geralmente estes

medicamentos são dados a noite, onde o fluxo salivar é diminuído.

E o tempo de remoção aumenta, e como evitar isso? Limpando, evitando que o medicamento fique muito tempo na

boca da criança. Pois a saliva é uma aliada na proteção à cárie, mas para isso o meio deve estar em condições

mínimas de higiene.

A IMPORTÂNCIA DA BIOLOGIA E GENÉTICA NA FORMAÇÃO DO CIRURGIÃO-DENTISTA Autores: Almeida, M.; Brito, I.; Barbagelata, L.; Bonin, L.; Borges, M.; Carvalho, L.; Cruz, L.; Ferreira, J. D.; Espíndola, M.; Figueiredo, L.; Santana, M. G.; Pereira, J. J.; Martinez, L. C.; Nogueira, L.; Passos, H.; Pinheiro, M.; Santos, K. T. P.; Oliveira, L. V. Orientador: Oliveira, S. V.; Simões, M. L. P. C. RESUMO:

INTRODUÇAO - A biologia pode ser considerada como a ciência mãe. Encontra-se como disciplina central que fornece

a base para o entendimento das demais disciplinas básicas do curso de odontologia e de qualquer outro da área de

saúde. Para compreendê-la é necessário o estudo da célula, sua estrutura e funções como ponto de partida. Logo, os

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 17

agrupamentos de células específicas formam os tecidos que se unem formandos órgãos distintos e estes juntos

compõem o organismo. A biologia é a ciência que estuda a vida e sua unidade fundamental é a célula, então se

percebe claramente a relevância dessa ciência. Ela é a própria natureza de tudo aquilo que iremos trabalhar na nossa

rotina diária. Assim sendo, devemos nos sentir responsáveis pela compreensão e pela utilização da biologia em toda

sua extensão. As demais disciplinas básicas estabelecem correlações fundamentadas com a biologia. Logo, bactérias

da cavidade oral estudada por ciências patológicas (bacteriologia) em contato com glicose (carboidrato) estudado em

bioquímica transformam-na em ácido que destrói o esmalte do dente – estudado na anatomia humana – provocando

cárie. E para o entendimento da estrutura tecidual do dente a histologia fornece o estudo dos tecidos. Enfim, não há

como negar o valor de tais conhecimentos quando se julga a competência de um profissional da saúde (cirurgião

dentista). Entender genética é conhecer a ciência da hereditariedade, que constitui o ramo da Biologia e estudam o

mecanismo de transmissão dos caracteres ou genes de uma espécie para outra. Mas, como falar de genética sem

mencionar o seu pai Gregor Mendel? Com base em suas experiências, pode-se concluir duas leis: monoibridismo ou

Lei da Segregação e dihibridismo, onde ocorreu a fecundação das ervilhas. Sua contribuição para com a genética foi

fornecer o chamado genótipo e fenótipo humano, buscando entender a hereditariedade, transmissão de semelhanças e

diferenças. Como os padrões hereditários são herdados pode-se concluir que a sensibilidade da cárie está ligada ao

código genético transmitido de gerações. Com a evolução científica, aumentou-se a expectativa de vida, sobretudo em

relação às células tronco, um potencial genético que possibilitará, após estudo de diferenciação, formar tecidos ou

órgãos específicos. Como conseqüência isso, ocorreu o aparecimento de complicações como: câncer, diabetes,

hipertensão e outras mais doenças. Voltado para Odontologia, há expectativas de células-tronco serem um dia

implantadas nos tecidos, possibilitando pessoas que perderam sua estrutura óssea a recuperarem sua forma original.

No entanto, é a genética que nos fornece esse entendimento mais amplo de toda nossa estrutura, pois ela invade

nossa vida até mesmo com novidades: as chamadas mutações inseridas no DNA, a molécula universal.

DESENVOLVIMENTO - Os alvos protéicos para a ação das drogas nas células dos mamíferos, podem ser amplamente

divididos em: Receptores; Canais iônicos; Moléculas transportadoras. Receptores: Os receptores formam os elementos

sensores no sistema de comunicações químicas que coordena a função de todas as diferentes células do corpo, sendo

os mensageiros químicos representados por hormônios, substancias transmissoras de outros mediadores. Canais

Iônicos: Eles atuam como alvos para a ação de drogas. A interação poder ser indireta envolvendo uma proteína G e

outros intermediários, ou direta, quando a própria droga liga-se a proteína do canal e altera a sua função. O tipo de

interação mais simples envolve um bloqueio físico do canal pela molécula da droga exemplificado pela ação

bloqueadora dos anestésicos locais sobre o canal. Moléculas transportadoras: O transporte de íons e de pequenas

moléculas orgânicas através das membranas celulares exige geralmente uma proteína transportadora, visto que as

moléculas permeáveis são, com freqüência, muito polares (insuficientemente lipossolúveis) para penetrar por sim

mesma nas membranas lipídicas. As proteínas transportadoras englobam um sitio de reconhecimento que as tornam

especificas para determinada espécie permeável, e esses sítios de reconhecimento também podem construir alvos para

drogas cujo efeito consiste em bloquear o sistema de transporte.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 18

CÂNCER - O câncer é resultado de uma quebra dos mecanismos reguladores que administram o desenvolvimento

normal celular. O que gera o câncer é a proliferação descontrolada das células cancerosas. A anormalidade vista é nas

proteínas que tem o papel importante na sinalização celular, na regulação do ciclo celular e no controle de morte celular

programada. O tumor é a proliferação anormal da célula. Ele pode se benigno ou maligno. O tumor benigno permanece

parado em seu local de origem sem se espalhar e sem invadir o tecido vizinho. Já o tumor maligno é capaz de invadir o

tecido vizinho e espalhar-se pelo corpo. É importante ressaltar que apenas o tumor maligno pode ser chamado de

câncer, por serem capazes de invadir e provocar metástases tornando-os perigosos. No desenvolvimento do tumor é

gerado a partir de uma alteração genética que induz a proliferação anormal de uma única célula. Essa proliferação

torna-se uma multiplicação de células clones, ou seja, células tumorais. Muitos carcinogênicos químicos atuam

danificando o DNA e induzem as mutações. Algumas células cancerosas produzem fatores de crescimento que

estimulam a sua própria proliferação. A diferença de uma célula cancerosa para uma célula normal, é que as células

cancerosas são reguladas de forma menos rigorosa do que as normais pelas interações célula-célula e célula-matriz.

SÍNDROME DE DOWN (MONGOLISMO) - É devida a trissomia do cromossomo 21 e ocorre com a freqüência de 1

caso para 500 a 600 nascimentos normais. Causa, seguramente, mais deficientes mentais que qualquer outra doença.

A síndrome de Down constitui a primeira anormalidade cromossômica descrita para o homem, pois Lejeune, já em

1959, demonstrou que os indivíduos com síndrome de Down apresentam excesso de um pequeno cromossomo

acrocêntrico. De acordo com a classificação de Denver, trata-se de um cromossomo do grupo G; porém é impossível

saber com certeza se trata do cromossomo 21 ou do 22, pois ambos são morfologicamente idênticos. Em todo caso,

deve tratar-se sempre do mesmo cromossomo que se encontra triplicado em todos os mongolóides; por convenção,

este cromossomo é considerado como sendo o 21. A identificação dos mongolóides, principalmente dos brancos, é fácil

pois a aparência dos pacientes é típica. A característica mais marcante é o retardamento mental, pois seu QI varia entre

15 e 50. Outras características são a face achatada, a existência de uma prega típica no canto dos olhos, a língua

saliente e sulcada, a dentição irregular, as orelhas pequenas e deformadas. O abdômen costuma ser saliente e o tecido

adiposo é abundante. A genitália é pouco desenvolvida; nos homens o pênis é pequeno e há criptorquidismo e na

mulheres os lábios e o clitóris são pouco desenvolvidos; embora não se conheça nenhum caso de homem afetado que

tenha se reproduzido, as mulheres mongolóides são férteis. Os dedos são, freqüentemente, curtos e grossos e com

falta de uma falange no dedo mínimo; nas palmas das mãos é comum a existência de uma prega transversal

denominada prega simiesca. A pele é flácida determinando o aparecimento de rugas nas frontes e os ligamentos são

frouxos causando uma marcha insegura; defeitos congênitos do coração são freqüentes. Em conseqüência das

anomalias cardíacas e de uma baixa resistência às infecções, a longevidade dos mongolóides costuma ser reduzida;

hoje, os cuidados médicos aumentam sensivelmente as possibilidades de sobrevivência dos mongolóides. No recém-

nascido não se nota o principal sintoma de mongolismo, ou seja, o retardamento mental. Peso inferior ao normal, orelha

disforme, prega simiesca e outros achados são algumas indicações que recomendam a realização do exame

citogenético. Um dado que levanta a suspeita para a síndrome de Down é a idade materna, pois o acontecimento é

tanto mais freqüente quanto mais idosa for a mãe; de fato 60% dos mongolóides são filhos de mulheres com mais de 30

anos. O risco de uma mulher com menos de 30 anos ter filhos mongolóides é de aproximadamente 1:3000; em

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 19

mulheres entre 30 e 35 anos o risco aumenta para 1:600, chegando, nas mulheres, nas mulheres com mais de 45 anos,

até 1:50. A causa desse efeito da idade materna reside na ovogênese: ocorre que, por época do nascimento de uma

menina, os ovócitos encontram-se na prófase I e, logo após o nascimento, interrompem a meiose por um período que

dura de 12 a 50 anos (da menarca à menopausa). Quanto mais longo for esse período, por mais tempo permanecem

interrompidas as meioses dos ovócitos e mais influências ambientais (radiações, medicamentos, infecções) podem

alterar a segregação dos cromossomos originando, em conseqüência, maior número de óvulos aneuplóides. Um fator

independente da idade e que possivelmente aumenta a ocorrência de zigotos aneuplóides é que, ao ser lançado na

tuba, o ovócito encontra um meio diferente daquele em que permaneceram vários anos; desse modo, ele fica exposto à

ação de fatores ambientais, tornando-se mais vulnerável à ocorrência de não-segregações. Relacionado com esse

aspecto, há indícios de que a ocorrência de relações sexuais esporádicas, isto é, esparsas, aumenta a chance de

nascimento de crianças mongolóides visto que, nesse caso, o ovócito leva mais tempo para ser fertilizado. É evidente

que a diminuição na freqüência dos encontros sexuais atinge principalmente mulheres com mais de 35 anos, como

conseqüência do aumento de duração do casamento. A comprovação dessa hipótese seria útil no aconselhamento

genético, em geral como medida preventiva.

SÍNDROME DE PATAU - A trissomia 13 foi reconhecida pela primeira vez por Patau e cols. O fenótipo dos afetados é

tão evidente que o diagnóstico é geralmente baseado em dados clínicos, muitas vezes antes de se conhecer o

resultado do cariótipo. A sua incidência foi estimada em cerca de 1 caso para 6000 nascimentos. Aproximadamente

45% dos afetados falecem após 1 mês de vida; 70%, aos 6 meses e somente menos de 5% dos casos sobrevivem mais

de 3 anos. A maior sobrevida relatada na literatura foi a de 10 anos de idade. Também está associada à idade materna,

sendo que em 40% dos casos a idade da mãe é superior a 35 anos. A cabeça é pequena, os olhos- pequenos ou

ausentes- são extremamente afastados, orelhas deformadas e baixamente implantadas, pescoço curto, anomalias

cardíacas, renais e sexuais, lábio leporino e palato fendido.

CÉLULAS-TRONCO - As células-tronco do cordão umbilical são semelhantes às células-tronco embrionárias. Estas,

cultivadas em laboratório, podem dar início a diferentes linhagens, pois as células-tronco embrionárias têm a

capacidade de se multiplicar indefinidamente. No futuro, os pesquisadores poderão guiar o processo de diferenciação e

obter linhagens muito parecidas com as dos neurônios e outros tecidos, tais como o pâncreas e o miocárdio. Isto

permitirá o tratamento de doenças empregando-se células naturais e provenientes do mesmo organismo, tornando

desnecessário, o uso de medicamentos imunossupressores.

TRABALHOS E ESTUDOS QUE ESTÃO SENDO REALIZADOS - No mundo inteiro cientistas têm pesquisado sobre o

uso das células-tronco no tratamento de várias doenças Onco-Hemtológicas, Hematológicas, Oncológicas. As

pesquisas estão adiantadas no tratamento de doenças degenerativas como no caso do Mal de Alzeheimer e Mal de

Parkinson (no cérebro, as células tronco assumem o papel dos neurônios e auxiliam na recuperação das vítimas desses

males e também de derrames), Esclerose Múltipla, diabetes e distúrbios cardiovasculares (no coração, as células-

tronco tem potencial para se transformar em células do músculo cardíaco e regenerar artérias e áreas lesadas por

infartos. Pesquisas estão sendo feitas relacionadas ao câncer de pulmão, rins, medula óssea, Aids, Doença de Chagas

(uma pesquisa inédita no Brasil), retardo do envelhecimento e recuperação de queimados (as células tronco agilizam o

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 20

tratamento: experiências mostram que, ao serem transplantados para a pele, 1 centímetro quadrado pode evoluir para 1

metro quadrado de tecido novo em menos de um mês).

CONSIDERAÇÕES FINAIS - Um grande avanço tecnológico vem melhorando a detecção das moléstias genéticas,

tanto antes como após o nascimento. O conhecimento vem se expandindo e de forma particularmente rápida na área

da tecnologia do DNA. Um grande esforço em andamento, denominado Projeto Genoma Humano, tem como objetivos a

identificação e o mapeamento de todos os genes dos cromossomos humanos. Genoma é o conjunto genético de um

indivíduo. Em cada lócus de um cromossomo, existe um gene. A função exercida por esse lócus, por exemplo, a cor os

olhos, é a mesma para todos os indivíduos. No entanto, o gene preciso que se encontra nesse local varia de pessoa

para pessoa, fornecendo a cada um de nós características próprias. Há vários modos de se produzir cópias suficientes

de um gene para o seu de estudo. Cópias de um gene humano podem ser produzidas em laboratório através da

clonagem genética. Geralmente, o gene a ser copiado é introduzido no DNA do interior de uma bactéria. Cada vez que

ela se reproduz, a bactéria produz uma cópia exata de todo seu DNA, inclusive do gene introduzido. As bactérias

multiplicam-se com muita rapidez e, dessa forma, bilhões de cópias do gene original podem ser produzidos em

pouquíssimo tempo. Outra técnica de cópia do DNA utiliza a reação de cadeia de polimerase (PCR, polymerase chain

reaction). Em um laboratório, um segmento específico do DNA, incluindo um gene específico, pode ser copiado

(amplificado) mais de 200.000 vezes em questão de horas. O DNA de uma única célula é suficiente para iniciar uma

reação de cadeia de polimerase. Uma sonda genética pode ser utilizada para localizar um gene específico em um

determinado cromossomo. Um gene clonado ou copiado torna- se uma sonda marcada quando recebe um átomo

radioativo. A sonda irá buscar a imagem complementar do segmento do DNA e se ligará a ele. A sonda radioativa pode

então ser detectada através de técnicas fotográficas sofisticadas.Com as sondas genéticas, várias doenças podem ser

diagnosticadas antes ou após o nascimento. No futuro, é provável que as sondas genéticas sejam capazes de testar

pessoas em relação a muitas doenças genéticas importantes. Contudo, nem toda pessoa que possui o gene para

determinada doença irá realmente desenvolvê-la. Uma técnica, conhecida como Southern blot, é amplamente utilizada

para identificar o DNA. Extraído das células do indivíduo que está sendo estudado, o DNA é cortado em fragmentos

precisos através de uma enzima denominada endonuclease de restrição. Os fragmentos, separados em um gel por

meio da técnica da eletroforese, são colocados em um papel de filtro e cobertos com uma sonda marcada. Como a

sonda liga-se apenas à sua imagem complementar, ela irá identificar o fragmento de DNA.

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Disponível em:<www.merck.com/>. Manual Merck Saúde Para a Família. Acessado em 15 de abril de 2005.

ANEXOS Síndrome de Down (Mongolismo)

Cariótipo

Sindrômico

Disponível em:< http://www.ufv.br/dbg/BIO240/DC02.htm.Acessado >. Acessado em 15 de abril de 2005.

Paciente com síndrome de Down exibindo a fácies características

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 23

Síndrome de Patau

Sindrômico

Disponível em:< http://www.ufv.br/dbg/BIO240/DC02.htm.Acessado >. Acessado em 15 de abril de 2005.

Criança de 1 mês com síndrome de Patau. Note o hemangioma na glabela, microftalmia, lábio leporino e fenda palatina. A IMPORTÂNCIA DE ANATOMIA HUMANA PARA A FORMAÇÃO DO CIRURGIÃO DENTISTA Autores: Pimentel, A. M.; Meireles, A. F.; Pires, A.; Oliveira, A. S.; Santos, A. C. F.; Carvalho, A. A.; Gonçalves, A.; Menezes, B. M.; Oliveira, B. B.; Oliveira, C. A.; Ramos, C.; Menezes, C.; Oliveira, C. D.; Cavalcante, D.; Cunha, E. Orientadores: Oliveira, M. A. M.; Almeida Jr., E. RESUMO:

INTRODUÇÃO: A anatomia é uma ciência básica fundamental na formação dos profissionais de saúde. Na Odontologia

são de indiscutíveis interesses para um profissional especializado, em suas diversas especialidades, tais como a

radiologia, prótese, cirurgia.

Em odontologia é interessante e indispensável o conhecimento da anatomia buco-maxilo facial, que deve se completar

com a anatomia topográfica, estudo dos órgãos dentro dos limites precisos e correlacionando-o por regiões.

Temos assim uma funcionalidade útil, com aplicações clínicas que beneficiam a prática do exercício profissional. A

cirurgia tem um grande valor na topografia anatômica nas técnicas anestésica e termos cirúrgicos. Na ortodontia, o

aspecto normal da arquitetura crânio facial, a cronologia da erupção e a articulação dentária são indispensáveis no

tratamento das anomalias do crânio e da face.

A anatomia se relaciona com todos os ramos e especialidades odontológicos e servirá de base para os princípios

científicos. Muitas inovações e diversas técnicas cirúrgicas tem seus fundamentos no conhecimento correto devido ao

conhecimento dos detalhes anatômicos e funcionais.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 24

DESENVOLVIMENTO: O dente é o ''órgão'' fundamental na formação dos profissionais de odontologia. Conhecer sua

anatomia, fisiologia e desenvolvimento são assenciais para que o dentista possa diagnosticar, planejar e estabelecer o

tratamento das patologias bucais.

O esqueleto facial é formado por 14 ossos tendo o maior interesse para a odontologia, entre esses, a mandíbula e a

maxila, pois são neles que se implantam os dentes. Nestes ossos os dentes se prendem formando duas dentições, uma

decídua com 20 dentes e outra permanente com 32 dentes. A maxila é um osso fino constituído por 16 dentes. A

mandíbula é o único osso móvel da face, onde se encontram 16 dentes, estes ossos articulam-se com o osso temporal

formado uma complexa articulação sinovial: a ATM.

Nervos maxilar, exclusivamente sensitivo, é um ramo médio da trifurcação do V par encefálico. Distribui-se para: 1.

dura-máter; 2.parte da mucosa nasal; 3. mucosa bucal do palato e do véu palatino; 4. região gengival da maxila; 5. pele

da face, da pálpebra inferior, da bochecha e do lábio superior.

O nervo mandibular é o mais lateral e volumoso dos três ramos terminais do V par encefálico; trata-se de um nervo

misto, com fibras sensitivas e motoras.

Sistema do Nervo Trigêmeo: O nervo Trigêmeo é misto, sendo composto por duas raízes independentes: uma motora

e uma sensitiva.A importância da sensitiva em odontoestomatologia deve-se ao fato de inervar as estruturas que

compõem o aparelho da mastigação. Do ponto de vista fisiológico, a função do nervo trigêmeo é sensitiva, vasomotora,

secretora e trófica; ainda atua sobre a pupila e o tônus ocular. A raiz motora distingue-se da sensitiva por ser menos

espessa. Entre ambas a raiz intercala-se uma ponte de substância nervosa: a língua. A raiz sensitiva termina no gânglio

trigeminal e a motora funde-se com o nervo mandibular. O percurso intracraniano do nervo trigêmeo abrange as

seguintes regiões: fossas posteriores do crânio, margem superior da parte petrosa do osso temporal e fossa média do

crânio.

Nervo Facial: O nervo facial é misto, sendo composto por uma raiz motora e uma sensitiva. A raiz motora é o nervo

facial propriamente dito é a raiz sensitiva é o nervo intermediário, com dois tipos de fibras nervosas: sensitivas

(sensibilidade geral) e especiais (sensações gustativas), e fibras parassimpáticos secreto-motoras para as glândulas

submandibular, sublingual e lacrimal.

Nervos Hipoglosso: No embrião, mais precisamente durante o primeiro período de vida intra-uterina, o nervo

hipoglosso pode ser comparado a um nervo espinhal. Suas fibras anteriores (ventrais), moneras, inervam os três

primeiros somitos do pescoço, origem dos músculos da língua. Mais tarde, esses somitos serão absorvidos pelo

desenvolvimento da cabeça e, conseqüentemente, os filetes nervosos nele incluídos se transformação num autêntico

nervo encefálico: o XII par. As fibras sensitivas do nervo hipoglosso embrionário e seu núcleo profundo atrofia-se,

desaparecendo no feto de termo.Em raros casos de necropsia em indivíduos adultos é possível verificar que alguns

filetes radiculares sem do sulco dorso lateral da medula oblonga e se confunde com o nervo acessório superior,

misturando-se rapidamente com as fibras de nervo hipoglosso no sulco ventro lateral. Trata-se de fibras sensitivas em

cujo trajeto podemos identificar corpúsculos ganglineares, com estrutura microscópica semelhante aos gânglios

espinais. O XII par ou nervo hipoglosso é uns nervos essencialmente motores, destinados á musculatura da língua.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 25

Nervo Glossofaríngeo: O IX par craniano ou nervo glossofaríngeo é constituído essencialmente por fibras sensitivas e

sensoriais (gustativas) que se misturam em vários filetes para forma o tronco único do nervo, no qual distinguem-se

duas dilatações superpostas, chamadas gânglio rostral (superior) e gânglio caudal (inferior). Envia também fibras

secretoras parassimpáticos pré-ganglionares para o gânglio ótico e um contingente de fibras motoras destinadas ao

grupo de músculos derivados do terceiro orço branquial.

CONCLUSÃO: A anatomia é uma ciência que de uma forma indiscutível, é essencial para uma boa formação de um

cirurgião-dentista, de modo que sem o conhecimento do mesmo, torna-se impossível à execução do trabalho da

odontologia correta, com responsabilidade e com a devida ética profissional. Tornando, assim evidente que o estudo

anatômico e o relacionamento desde com todas as áreas da odontologia como Ortodontia, Cirurgia, Radiologia, Prótese

e Dentística, são de grandes interesses tanto para um Cirurgião quanto para um profissional especializado em área

odontológica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIGUM, M, E; GARINO, R. R; Anatomia Odontológica Funcional e Aplicada; Buenos Aires; 3° Ed., cap. 5,

p.139;155;163;169.

SCHEID, R. C; WOELFEL, J. B.; Anatomia Dental, sua Relevância para a Odontologia; Rio de Janeiro; 5° Ed; cap. 1;

ANEXOS

Sistema do Nervo Trigêmeo

Nervo Facial

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 26

Nervo Hipoglosso

Nervo Glossofaríngeo

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 27

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 2º SEMESTRE

A IMPORTÂNCIA DO USO DOS MÉTODOS PREVENTIVOS NA SAÚDE PÚBLICA Autores: Borges, L.; Macedo, J. O.; Macedo, W. V.; Silva, W. T.; Teixeira, T. P. Orientador: Barreto,C. E. RESUMO:

INTRODUÇÃO: A prevenção consiste de um conjunto de medidas e atitudes, principalmente da filosofia de prática

profissional que, tomadas durante o estado de saúde, impedem o estabelecimento de doenças, limitando a extensão do

dano, quando já estabelecido.

DESENVOLVIMENTO: Prevenção: A grande maioria problemas relacionados aos dentes podem ser evitados com uma

escovação adequada e o uso do fio dental. Pois através da odontologia curativa (restaurações, extrações, tratamentos

de canal...) não se obtém resultado no controle dessas doenças. Cerca de 95% dos brasileiros sofrem de cárie e

doença das gengivas (doença periodontal), mesmo com grande número de dentistas por habitante. Um dos períodos

mais importantes para se prevenir às cáries é durante a erupção dos dentes, sejam eles decíduos ou permanentes.

Prevenção baseia-se em: Correta higienização com escova e fio dental; Consumo inteligente do açúcar; Uso correto

de flúor, para fortalecer os dentes; Acompanhamento da saúde bucal pelo dentista.

Doenças Periodontais: A periodontite, é uma infecção que acomete as estruturas ao redor dos dentes, destruindo –

as. As periodontites podem ser divididas de acordo com os principais patógenos presentes, e a idade do paciente, em

periodontite pré- púbere, periodontite juvenil, periodontite progressiva rápida e periodontite de adulto. De acordo com o

grau de destruição em relação à raiz do dente, classificam – se em leve, grave e complicada. A perda das estruturas de

suporte, levam o paciente a apresentar mobilidade, diastema patológico, migração, esfoliação, bolsas periodontais,

sangramento, defeitos ósseos severos, secreção, halitose, perda de dentes, etc. O tipo mais freqüente de periodontite é

a de adulto, que normalmente acomete pessoas com idade acima dos 35 anos. É uma doença que apresenta

características de inflamação crônica, com evolução ocorrendo por surtos, e destruição dos tecidos de forma

relativamente lenta. Métodos De Trabalho: O trabalho foi realizado através de questionários aplicados aos alunos do

primeiro e terceiro semestres do curso de Odontologia da UNIME. O intuito da pesquisa é mensurar o nível de

consciência relacionados à saúde bucal adquiridos pelos alunos na sua vida acadêmica. Os autores do trabalho

elaboraram perguntas relacionadas à prevenção da saúde bucal, métodos preventivos da cárie dentária e doenças

periodontais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.adem.com.br/dicas.asp

http://www.unimes.br/academico/casos/casos_de_periodontite

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 28

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA ANATOMIA DENTÁRIA NA PREVENÇÃO DA CÁRIE DENTÁRIA Autores: Amaral, B.; Bahia, C.; Caíres, P.; Cardoso, L.; Santos, E. C. M.; Gusmão, L. E. D.; Silva, P. H. A.; Sá, S. L. O.; Nero, T. D.; Santos, T. P. S.; Rodrigues, L.; Grapiuna, A. S. A.; Soares, C.; Sodré, J. Orientador: Almeida Jr., E. RESUMO:

INTRODUCÃO: O dente, os arcos dentais e os tecidos periodontais constituem o objeto de maior parte das manobras

realizadas pelo cirurgião dentista. Assim se demonstra a importância do conhecimento dos dentes e de seus tecidos de

sustentação, isoladamente ou em relação com os elementos vizinhos (Thylstrup, 1994.). A localização inicial da cárie

depende quase exclusivamente da própria estrutura do dente. Conseqüentemente, as estruturas dentais, interdentais e

periodontais, configuram locais propícios ao depósito de placas microbianas e também dificultam a ação da autolimpeza

do fluxo salivar. É de fundamental importância para a preservação dos dentes o conhecimento profundo de todas as

suas estruturas, pois só assim, é possível evitar ao máximo que se destruam partes importantes não afetadas por

lesões cariosas. Quanto menos tecido mineralizado for retirado e conseqüentemente quanto maior a sua preservação,

maior a probabilidade da manutenção da unidade dentária. Sendo assim, conhecendo os vários métodos de prevenção

e hábitos saudáveis de higiene, é possível manter um constante estado de saúde bucal. Além dos selantes de fissuras,

a aplicação de verniz de flúor ou verniz de clorexidina nas superfícies oclusais atua como preventivos. Sua eficácia,

entretanto, não é comparável à dos selantes. Segundo Loesch (1993), estudos clínicos indicam que a escovação

dentária realizada pelo paciente tem pouco valor no controle da cárie. Isso indica que o pouco conhecimento da

anatomia dentária reduz a eficácia da remoção da placa bacteriana nas diferentes estruturas do dente. Segundo Koch

(1995), o conhecimento da anatomia dentária aliada a uma boa higiene bucal constitui um importante fator na

prevenção de cáries.

DESENVOLVIMENTO: Anatomia Dentaria - Os dentes compreendem os grupos dos incisivos, caninos, pré-molares, e

molares, cada um adaptado às funções mastigatórias de apreender, cortar, dilacerar e triturar os alimentos. Fixam nos

ossos por meio de fibras colágenos que constituem o ligamento periodontal. O dente é formado por coroa e raiz (es)

unidas numa porção intermediaria estrangulada chamada colo. É composto na maior parte, por dentina, que

circunscreve a cavidade pulpar. A dentina é recoberta na coroa pelo esmalte e na raiz pelo cemento. Uma coroa dental

tem faces, bordas e ângulos. A face que se volta para o vestíbulo da boca é a face vestibular e a que se volta para a

língua é a face lingual, ambas opõem-se e são conhecidas como faces livres. As faces de contato, também conhecidas

como faces proximais, opostas entre si, são: a face mesial, a mais próxima ao ponto sagital mediano, e a face distal, a

mais distante do ponto mediano. Face oclusal é a superfície da coroa que entra em contato com as homônimas dos

dentes antagonistas durante a oclusão. Duas faces da coroa encontram-se em um ângulo diedro, arredondado,

conhecido como borda. Três faces da coroa se encontram em um ângulo triedro ou simplesmente ângulo. Sua

denominação será a combinação dos nomes das três faces que o compõe, por exemplo: ângulo mesio-ocluso-

vestibular. A raiz do dente relaciona-se em tamanho e numero com o tamanho da coroa. Quanto menor a coroa menor

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 29

a raiz. As raízes dos dentes vão de unirradiculares (uma raiz) até trirradiculares, podendo encontrar até quatro raízes.

Sulco principal – depressão linear aguda, estreita, que separa as cúspides umas das outras. Sulco secundário –

pequeno e pouco profundo, distribui-se irregularmente e em numero variável nas faces oclusais. Esse torna a superfície

mastigatória menos lisa aumentando a eficiência da trituração. Fissuras – fendas lineares provocadas por fusão

incompleta dos lobos. É local de fácil desenvolvimento de carie. Fosseta – também chamada de fóssulas são

depressões encontradas na terminação do sulco principal ou no cruzamento de dois deles (fosseta principal). No

encontro de um sulco principal com um ou dois mais secundários formam fossetas menores e menos profundas,

denominadas fossetas secundarias. No fundo das fossetas principais podem surgir pequenas depressões irregulares ou

pontos profundos no esmalte, conhecidas por cicatrículas. Fossa – escavação ampla e pouco profunda da face lingual

de dentes anteriores.

A Importância Da Anatomia Dentária - Existe uma relação indissolúvel de interdependência entre estrutura e função.

Quando neles ocorre alguma alteração, passam a fazer parte à patologia. Por isso, é muito importante conhecer a

anatomia dental para manter o mecanismo fisiológico e evitar que o processo patológico que afeta o órgão dental atinja

outros tecidos adjacentes. Assim sendo pode-se considerar dois aspectos. A parte biológica; onde anatomia dental tem

relação com sua histologia, que explica como se formam suas estruturas dentais. A parte clinica; na qual existe a

importância do conhecimento anatômico que é uma necessidade direta do dentista quando ele precisa fazer um

diagnóstico, decidir sobre um tratamento ou realizar uma manobra ou intervenção cirúrgica. Alguns casos podem ser

citados: 1- Suponhamos ocaso em que o dente se transforme em um foco produtor de material purulento. A difusão do

pus e suas conseqüências diferem segundo o dente seja superior ou inferior e se localize na região anterior ou posterior

da cavidade bucal. Um abscesso localizado na parte anterior do palato, provocado por um incisivo lateral superior, terá

sintomatologia, evolução e prognostico diferentes de outro produzido por um terceiro molar inferior, embora ambos

estejam condicionados pela mesma etiopatologia; 2- Outro fenômeno químico que tem exploração anatômica e o que

se refere ao mecanismo da dor pulpar. O tratamento da câmara coronária que aloja a polpa (tecido inervado que da

sensibilidade ao dente) difere entre crianças, adultos e velhos, pois quanto maior a idade menor a câmara pulpar e

conseqüentemente mais distante de afecções que atingem a coroa como, por exemplo, a cárie; 3- Em radiologia, será

muito difícil determinar o estudo das estruturas dentais e periodontais ao se observar um registro radiográfico se essas

estruturas não forem conhecidas. As noções anatômicas não só possibilita o diagnóstico como também são aplicáveis

na formulação das diversas técnicas que podem ser empregadas nas radiografias, onde são utilizados pontos de

referencia anatômicos, geralmente ósseos, que permitem adequar os procedimentos de uma técnica geral as

necessidades de cada caso; 4- Em cirurgia, não será possível proceder á extração de um dente sem o conhecimento de

sua forma, das tabuas ósseas do periodonto, da inervação e da irrigação. Só com esses conhecimentos haverá

condições de decidir sobre o tipo de técnica anestésica e via de abordagem e as estruturas que deverão ser

sacrificadas ou preservadas; A dentística operatória talvez seja o campo em que se aplica com mais freqüência os

conhecimentos da anatomia dental. Em resumo, com o conhecimento da anatomia dentária é possível preservar os

dentes de patógenos bem como tratá-los no caso de infecções, a fim de se preservar ao máximo as estruturas sadias e

manter uma saúde bucal harmônica.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 30

CÁRIE - A cárie dental é reconhecida como uma doença infecto-contagiosa, resultado de uma perda mineral localizada,

cuja causa são os ácidos orgânicos provenientes da fermentação microbiana dos carboidratos da dieta (Loesche,1993).

A doença tem caráter multifatorial, dependendo seu aparecimento da interação de três fatores essenciais: o hospedeiro

(dente), a microbiologia e a dieta (substrato). Esse conceito simplificado (Keyes, 1962), aceito universalmente nas

ultimas décadas, aponta de maneira bastante genérica os fatores ecológicos necessários para o aparecimento da cárie

dentária. Para que ocorra a cárie, esses fatores devem não apenas estar presentes, mas também interagir em

condições cruciais. Em outras palavras, a carie requer um hospedeiro com tecidos suscetíveis (dentes) colonizados por

uma microbiota potencialmente cariogênica, consumindo constantemente uma dieta rica em sacarose, que devem estar

presentes em um período de tempo significativo (Newbrun). Áreas de maior incidência: Sulcos principais e secundários

situados em faces oclusais de pré-molares e molares; Faces linguais de incisivos e caninos superiores; Fossas

principais e secundárias nas faces oclusais de pré-molares e molares; Espaço interdental de todos os dentes; Inserção

gengival. Todas essas áreas constituem locais favoráveis ao depósito de placas microbianas pelas seguintes razões:

Própria topografia do dente; Difícil limpeza durante a higiene bucal; Áreas não sujeitas a autolimpeza.

Doença Periodontal - A Doença Periodontal (Doença das Gengivas) se inicia da mesma forma que a cárie, ou seja,

com a formação da placa bacteriana. A placa bacteriana fica aderida ao dente e ataca as gengivas, provocando

inflamação. Então a gengiva fica bastante vermelha, inchada e pode sangrar. É a chamada Gengivite. Com o tempo, a

placa bacteriana sofre um processo de calcificação em certas áreas, formando o cálculo ou tártaro. Este processo leva

um tempo considerável (às vezes até anos). Com o avanço da doença periodontal (devido à falta de tratamento:

remoção de tártaro e higienização) aparecem espaços conhecidos como bolsas periodontais entre a gengiva e o dente.

As bolsas facilitam ainda mais o acúmulo de restos alimentares, placa bacteriana e cálculo junto às raízes dos dentes.

Em um estágio mais avançado da doença periodontal as bolsas avançam destruindo o osso que prende a raiz dos

dentes e causando retração da gengiva. Neste estágio os dentes podem amolecer e até cair.

SELANTES DE FÓSSULAS E FISSURAS: Os dentes posteriores, os quais usamos, para triturar os alimentos, contêm

fissuras e fóssulas: pequenas ranhuras e depressões onde os restos alimentares e a placa bacteriana ficam retidos e se

acumulam e onde as cerdas das escovas não conseguem limpar. A cerda de uma escova de dente é muito larga para

poder alcançar o fundo desses sulcos e fissuras. Formando uma película protetora, os selantes protegem o dente dos

restos alimentares e da placa bacteriana, diminuindo, assim, o risco de cárie. Selantes são materiais plásticos (resina

liquida) utilizadas para cobrir fóssulas e fissuras de faces oclusais de dentes posteriores, com a finalidade de preservar

o dente contra cáries. Há basicamente três tipos de selantes resinosos: os de primeira geração, polimerizados pela luz

ultravioleta; os de segunda geração, autopolimerizáveis e os de terceira geração, polimerizados pela luz visível. 0

selante age como uma barreira, uma película protetora que, facilitando a limpeza dos restos alimentares e o controle da

placa bacteriana, reduz o risco dessas superfícies cariarem-se. Essa película protetora de selante não deve ser muito

espessa, pois poderá interferir na oclusão (na mordida). Ela deve apenas cobrir as superfícies rugosas dos dentes

posteriores. Leva cerca de poucos minutos para um dente ser selado. Primeiro, o dente que vai ser selado deve ser

limpo, depois, sua superfície rugosa é preparada e o selante é aplicado, ficando aderido à superfície rugosa do dente.

Quando o selante é aplicado, ele "escorre" e penetra nas fóssulas e fissuras do esmalte do dente. Durante a

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 31

mastigação, irá ocorrer um desgaste natural dessa película protetora e por isso, para manter o efeito protetor, há

necessidade de verificação periódica durante as visitas de retorno; assim, o dentista determinará se a re-aplicação é

necessária. A ameloplastia é a remoção das fissuras por desgaste. O objetivo é eliminar os sulcos pelo desgaste, de

forma que eles não sirvam como fenda para abrigar os restos orgânicos e microorganismos que cursam atividade de

cárie. Restos orgânicos que evitam a união de lóbulos de desenvolvimento do esmalte penetrem no esmalte em

profundidades variáveis, alguns somente a pequena distância e outros tão profundos, que virtualmente penetram na

junção amelodentinária. O objetivo é desgastar as fissuras rasas e colocar restaurações individuais naquelas que são

profundas que não podem ser eliminadas pelo desgaste. Realmente, o desgaste e o polimento podem ser conduzidos

até três quartos do esmalte sem nenhum risco para sua integridade. A vantagem deste método é que o tratamento é

permanente e não necessita de exames posteriores à procura de perda da integridade do selante. A técnica para

ameloplastia utiliza uma broca em forma de pêra, com 330 ou 331 na turbina de alta rotação. Sem parar de mover a

broca e utilizando o senso tato, a superfície é aplainada pela remoção das bordas de esmalte da fenda. Uma redução

adicional não será necessária, quando a profundidade da fissura for alcançada. Se a fissura se aprofundar em um ponto

localizado, alcançando a junção amelodentinária ou se descobrir uma cárie real envolvendo a dentina, então deverá ser

feito um pequeno preparo em forma de fossúla ou sulco, preenchido e polido. Os molares são particularmente indicados

para esse tipo de terapia de prevenção. Um dente com lesão proximal, preparada adequadamente, não necessita de

extensão oclusal para ancoragem, porque a retenção adequada pode ser obtida dentro da caixa proximal. A maioria das

lesões proximais é preparada com extensões oclusais, devido à presença de sulcos oclusais de origem no

desenvolvimento. A prevenção consiste no controle de placa e na restrição na freqüência do consumo de carboidratos.

PREVENÇÃO: BASE RACIONAL DO CONTROLE QUÍMICO DA PLACA SUPRAGENGIVAL - A prevenção da

doença periodontal tem base racional no controle da placa supragengival. Este fato exige que a prevenção através de

hábitos de higiene oral seja bastante recomendada. Prevenção através do controle da placa supragengival ainda é a

chave para o controle da gengivite e conseqüentemente da ocorrência ou recorrência de periodontite. Sem duvida, a

melhor arma para se prevenir gengivite é a obediência e destreza do individuo em relação aos hábitos de higiene oral.

(Fransdsen, 1986). O consenso é de que a escovação pelo menos duas vezes por dia é ótima para a saúde gengival,

embora uma proporção considerável de muitas populações a faça com menos freqüência. A duração da escovação é

discutível, mas a recomendação de pelo menos 1-2 minutos parecem ser razoáveis. Talvez ainda mais importante, os

indivíduos abstêm-se de escovar certos locais e superfícies dos dentes. Por exemplo, alguns estudos revelaram que os

indivíduos gastavam, no Maximo, menos de 10% do ciclo completo de escovação limpando as superfícies palatina e

lingual, e alguns não gastavam tempo alguns nesses locais. De forma semelhante, limpeza interdental raramente ou

nuca é feita por muitos indivíduos, ou relatada como sendo difícil de realizar por outros. Entretanto, existem sinais de

melhoria de higiene oral e conseqüentemente na saúde gengival em muitos países desenvolvidos. É improvável que

isso se deva aos avanços no desenho das escovas de dente, já que a evidencia da superioridade de um tipo de escova

manual sobre os outros não foi provada (Frandsen, 1986). A melhoria provavelmente se deu devido a uma maior

conscientização sobre a saúde geral de muitas populações, inclusive sobre cuidados orais, trazidas por meio de

conselhos e comerciais da mídia. Entretanto, a gengivite é ainda muito prevalente, indicando que para muitas pessoas a

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 32

limpeza manual não é suficiente para manter a saúde gengival. Isso apóia o conceito do uso de agentes para o controle

da placa que requerem cooperação e habilidade mínima em sua utilização. Este é o conceito que forma a base do

controle químico da placa supragengival. Gengivite e periodontite são doenças altamente prevalentes e a prevenção da

ocorrência ou recorrência depende do controle da placa supragengival. A limpeza dos dentes é altamente influenciada

pela obediência e destreza do individuo, e pouco influenciada pelo desenho dos instrumentos e aparelhos de higiene

oral. O conceito de controle químico da placa pode ser justificado como uma forma de superar as inadequações da

limpeza mecânica de dentes.

O Uso Do Fio Dental - O fio dental remove eficazmente a placa proximal ele é mais eficaz que a escovação na redução

da gengivite proximal. O uso do fio dental pode reduzir 30 a 50% nas lesões de cárie. A placa bacteriana formada na

proximal inicia-se desde a região cervical até a área de contato interproximal. Para remover essa placa é necessário

fazer com que o fio dental acompanhe a curvatura da área de contato com um leve movimento, o fio dental entra

delicadamente no sulco gengival. Os movimentos principais são na direção lingual e facial ao longo da curva que

contorna a superfície. O fio dental é delicadamente removido sobre a papila dentaria e o procedimento é repetido na

superfície do dente adjacente. Estudos comprovam que a combinação da escovação diária supervisionado com o uso

do fio dental.

A Escovação - A escova dental é o mais eficaz e o mais utilizado instrumento para a higiene bucal. Com a orientação

do profissional, deve-se escolher a escova ideal e a técnica a ser usada. O fundamental é que a escova não traumatize

os músculos da bochecha e da língua, e que atinja os dentes do fundo da boca. É importante que ela possua cerdas da

mesma altura, arredondadas e macias. O cabo reto é recomendado, porque oferece um bom apoio e bom sentido

direcional no momento da escovação.

OS OBJETIVOS DA HIGIENE BUCAL são: Remover a placa que se acumula sobre o complexo dentoperiodontal;

Prevenir a formação de tártaro; Reduzir a flora microbiana estagnada; Estimular a irrigação sangüínea; Aumentar a

massagem gengival. A escova deve ser lavada após cada uso em água corrente e guardada em local limpo. Em geral

deve ser trocada a cada dois ou três meses de uso; devemos sempre estar atentos com relação às cerdas, pois quando

estão amassadas e tortas, não alcançam seu objetivo, limpar. Ao escovar os dentes, não é necessário colocar uma

grande quantia de pasta, não é a pasta que limpa os dentes, e sim a escova, a pasta apenas deixa na boca o seu sabor

e uma pequena liberação de flúor. O ideal é que escove os dentes, sempre após as refeições. Caso isto não seja

possível, o mínimo que se pode fazer para tentar manter uma boa higiene bucal é limpar os dentes antes de dormir da

maneira correta. Assim as placas não se aproveitarão do sono para liberar ácidos sobre os dentes durante toda à noite.

O fundamental não é o número de vezes que se escova os dentes, mas sim a eficiência em remover as placas. Uma

higiene bucal bem feita só será conseguida quando se dedica cerca de 5 minutos para a escovação. Para que todos os

dentes sejam escovados, é necessário seguir uma trajetória contínua e padronizada. Começa-se sempre escovando

pela arcada superior, no seu lado direito, a partir do último dente junto à bochecha, percorrendo todos os dentes tanto

nas suas faces externas como internas. Não se pode esquecer a superfície de cima dos dentes-região que corta e

tritura os alimentos. Por último escova-se também a língua, isto também é muito importante e faz parte de uma boa

higiene bucal. A escovação num local com boa iluminação e sempre na frente do espelho, é ideal para se ir verificando

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 33

a posição da escova e a freqüência dos movimentos. O principal movimento é o circular, com os dentes se tocando

pelas pontas, a escova é colocada numa inclinação de 45 graus na divisão entre os dentes e a gengiva, com as pontas

das cerdas voltadas para as raízes. Faz-se movimento de circulo sobre os dentes e gengiva, assim se estará

escovando os dentes superiores anteriores. Para os dentes inferiores anteriores, são indicados que se escovem os

dentes com a boca semi-aberta, seguindo a mesma técnica, para melhor visualizar os movimentos. Os dentes

posteriores da arcada dental (pré-molares e molares) estão situados em uma região de difícil acesso, portanto, é

aconselhável que para alcançá-los durante a escovação, a boca esteja aberta e a bochecha seja levemente tracionada

para melhor acesso e visualização da área a ser atingida pela escova. Isso é válido para todas as faces do dente

(interna e externa). Não se pode escovar os dentes de cima e de baixo (arcada superior e inferior) ao mesmo tempo,

portanto, uma de cada vez, para visualizar melhor os movimentos e obter uma melhor higiene bucal. Outro movimento

que pode faz parte da técnica é o movimento horizontal. A escova é colocada sobre os dentes, apoiada contra a

superfície oclusal e esfregada para frente e para trás. Com este movimento de vai-e-vem consegue-se limpar a parte

que mastiga os alimentos em todos os dentes.

Ortodontia - O uso do aparelho ortodôntico tem como finalidade principal, corrigir a maloclusão dentaria promovendo

uma máxima intercuspidação, harmonizando toda a função mastigatória. Em caso que há apinhamentos, a higienização

adequada é quase impossível, pois as regiões proximais dos dentes ficam fora da ação da autolimpeza promovida pela

saliva, tornam-se difíceis ao acesso do fio dental e formam locais propícios ao acumulo de placa bacteriana. Neste caso

alem de suas funções, estéticas e reparadoras, a correção vai permitir o acesso adequado às regiões que antes do

tratamento eram difíceis.

CONCLUSÃO - Levando-se em consideração a importância da anatomia dentária para a prevenção de cáries e outras

odontopatologias, o conhecimento geral e específico de cada unidade se faz necessário para a manutenção de uma

boca saudável e harmônica. Para as pessoas em geral esse conhecimento anatômico vai proporcionar-lhes uma melhor

higiene bucal e para os profissionais da área odontológica, é ferramenta indispensável para o exercício da profissão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

THYLSTRUP, A. et al. Cariologia Clínica, 2 ed, São Paulo: Livraria e Editora Santos,1994, p327.

KOCH, G. et al. A Higiene Oral e a Cárie Dentária.In: THYSTRUP, A.; FEJERSKOV, A. Cariologia Clínica. São Paulo:

Livraria e Editora Santos, p. 219-30,1995.

L. ABOPREV: Promoção de Saúde Bucal. São Paulo: Artes médicas, p. 113-27,1997.

JORGE, A. O. C. Microbiologia Bucal, 2ed. São Paulo: Livraria e Editora Santos, 1998,122p.

FIGÙN; Mário Eduardo; GARINO, Ricardo Rodolfo. Anatomia odontológica funcional e aplicada.3 ed. São Paulo:

Médica Panamericana, 1994.

Disponível em: www.scholar.google.com, acesso em: 20 mar 2005.

Disponível em: www.pubmed.com, acesso em: 25 mar 2005.

Disponível em: www.colgate.com.br, acesso em: 25 abr 2005.

Disponível em: www.odontoguia.com.br acesso em: 28 abr 2005

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 34

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO LÚDICO PARA A SAÚDE DOS INDIVÍDUOS Autores: Santana, J.; Guimarães, A.; Santos, E. R.; Suzart, K. Orientadores: Rios, A. C. F. C.; SANTOS, S. P. RESUMO:

INTRODUÇÃO - Os antigos já sabiam da importância do brincar no desenvolvimento integral do ser humano.

Aristóteles, quando classificou os vários aspectos do homem, dividiu-os em homo sapiens (o que conhece e aprende),

homo faber (o que faz, produz) e homo ludens (o que brinca, o que cria) (BRUHNS & GUTIERREZ, 2002). Em nenhum

momento, um dos aspectos sobrepujou o outro como mais importante ou mais significativo. Na sua imensa sabedoria,

os povos antigos sabiam que mente, corpo e alma são indissolúveis, embora tenham suas características próprias

(BRUHNS & GUTIERREZ, 2002). O brincar deve ser aliado as formas de aprendizagem dos seres humanos, não

apenas das crianças. A execução de tarefas cansativas torna-se mais prazerosas quando são inseridos elementos

lúdicos, pois esses aliviam as ansiedades decorrentes de algo que muitas vezes é aborrecedor (SANTOS, 2000). A

conduta odontológica pode ser considerada por muitos indivíduos como procedimento invasor, ocasionando temores

durante o tratamento odontológico. Associado a isto, historicamente a imagem do cirurgião dentista tem sido associado

à dor. Faz-se necessário que se intensifique práticas que venham reverter esta imagem construída socialmente do

odontólogo, como também é salutar a aplicação de métodos de prevenção das doenças bucais mais prevalentes, entre

elas a doença periodontal infecciosa. A educação para a saúde constitui-se um dos elementos importantes no processo

de motivação para a saúde e prevenção de doenças, por isso associando os conceitos de ensinar através da

brincadeira, o presente trabalho teve por objetivo o desenvolvimento de uma revista em quadrinhos com o intuito de

prevenção das doenças periodontais para indivíduos adultos com idade avançada.

DESENVOLVIMENTO - Considerações Sobre O Lúdico - Considerando-se que brincar é a ação do “homo ludens”,

falava-se no início, e que é parte do ser humano integral e que além do desenvolvimento físico e intelectual, o brincar,

favorece o desenvolvimento dos vínculos afetivos e sociais positivos, condição única para que se possa viver em grupo,

estar-se diante de um dos principais instrumentos de educação para a vida (BRUHNS & GUTIERREZ, 2002). O grande

trunfo das atividades lúdicas é o fato de elas estarem centradas na emoção e no prazer, mesmo quando o jogo pode

trazer alguma angústia ou sofrimento. Nesses casos, quando o indivíduo exprime emoções consideradas negativas, o

jogo funciona como uma limpeza da alma, que dá lugar para que outras emoções mais positivas se instalem (SANTOS,

2000). Sentimentos como raiva, tristeza ou frustração fazem parte da vida diária. Poder exprimi-los através de um jogo,

uma brincadeira, não só aliviará o fardo, como ensinará a utilizar o humor de forma a fortalecer as resistências

orgânicas. Chutar uma bola ou virar cambalhota podem ser maneiras saudáveis de liberar adrenalina concentrada no

organismo e que, muitas vezes, não permite que o indivíduo se concentre nas atividades mentais, incluindo o

aprendizado (SANTOS, 2000). Felizmente pouco a pouco, os muito especialistas, e os nem tanto, estão percebendo a

importância do lúdico para o desenvolvimento saudável, não só de crianças e adolescentes, mas também de adultos de

qualquer idade. Considerações Sobre As Doenças Periodontais: O periodonto consiste em tecidos de revestimento e

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 35

suporte do dente (gengiva, ligamento periodontal, cemento e osso alveolar) (CARRANZA, Et. Al, 2004). A principal

função do periodonto é inserir o dente no tecido ósseo dos maxilares e manter a integridade da superfície da mucosa

mastigatória da cavidade oral. O periodonto forma uma unidade de desenvolvimento, biológica e funcional, que sofre

determinadas alterações com a idade, está sujeito a alterações morfológicas e funcionais, assim como a alterações

relacionadas com modificações do meio oral (IAN LINDHE, 1999). Dentro de uma prática odontológica que tenha como

objetivo maior à promoção de saúde, as doenças periodontais (o processo saúde/doença), são entendidas como

doenças infecciosas e suas alterações de forma e função consideradas como seqüelas da mesma (ABOPREV, 1999).

Doença periodontal é um processo inflamatório crônico, destrutivo, de progressão lenta, que afeta todo sistema de

sustentação do dente, ou periodonto. O acontecimento mais importante é a destruição das fibras colágenas do

periodonto de proteção e inserção, o que leva à reabsorção do osso alveolar, formação de bolsas purulentas, mau

hálito, mobilidade e perda inexorável do dente. Além disso, a diminuição da biossíntese de fibras colágenas, por

distúrbios fisiológicos e deficiências nutritivas, impede o reparo da estrutura periodontal (ARANHA, 2002). O Lúdico Na

Prevenção De Doenças Periodontais: Segundo Caranza (2004), as doenças periodontais são em sua natureza doenças

bacterianas que acometem o tecido de sustentação dos dentes, provocando inflamações e a perda óssea. Para

entender e aplicar o lúdico na prevenção destas doenças faz-se necessário à construção de um projeto que englobe

educação, levando as crianças e também os adultos a perceberem que a higienização é muito importante e também

desenvolvendo a consciência que as pessoas não precisam perder os dentes como processo de envelhecimento.

Inicialmente, deve-se considerar que as doenças periodontais são doenças que apresentam etiologia multifatorial em

que fatores sistêmicos, tais como: diabetes, AIDS, condições hormonais, estresse emocional e ingestão de

determinados medicamentos, como fenitoína, nifedipina ou ciclosporina afetam a progressão e agressividade da doença

(LOUIS, et al, 2002). O primeiro passo na prevenção das doenças periodontais se refere ao levantamento das

condições de saúde bucal do individuo, construção de um plano de ação baseado no tratamento das anormalidade

periodontal e depois implementa-se a construção de metas com a finalidade de prevenir a ocorrência de novos casos

(CARRANZA, et al, 2004). Na elaboração das metas torna-se importante o ensino dos princípios de prevenção. Neste

ponto a utilização de jogos e brincadeiras que possam se inserir na vida cotidiana de relações, a exemplo residência,

grupos de convivência, escola passa a ser um aliado do dentista no processo de aprendizagem dos conceitos de saúde

bucal de forma descontraída.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - O termo conclusão pode não ser bem enquadrado nesta fase do trabalho, pois estamos

tratando de justificativas para o ensino e objetivando a prevenção. As considerações finais neste momento abrangem

questões relativas a definição da patologia e do lúdico, relacionando-o para posterior aplicação em um projeto que visa

a prevenção de doenças e a manutenção da saúde bucal. O lúdico está inserido nos diferentes sistemas de ensino e

acompanha toda mentalidade pedagógica que vise o desenvolvimento criativo do indivíduo. Aliando-o com o trabalho do

odontólogo, pode servir de meio pelo qual este profissional diminua as ansiedades e os pavores referentes à história da

profissão. Trabalhar com o lúdico facilita a prevenção e a promoção de comportamentos coerentes dos indivíduos de

forma branda e fácil, afastando aquelas orientações de tratamento que as pessoas acabam não cumprindo. Além de

que o lúdico é a criatividade, é a capacidade de aprender com prazer e esta aprendizagem é real e dura a vida inteira.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Flávio Leite. Bioquímica odontológica. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2002.

BRUHNS, Heloísa Turini; GUTIERREZ, Gustavo Luis. Enfoques contemporâneos do lúdico. São Paulo: Autores

Associados, 2002.

CARRANZA, Fermin A.; NEWMAN, Michael G. Periodontia clínica. 9. ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

LINDHE, Jan. Tratado de periodontia clínica e implantologia oral. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca – a criança, o adulto e o lúdico. São Paulo: Vozes, 2000.

ABOPREV: Promoção de saúde bucal. 2.ed. São Paulo: Artes Medicas, 1999.

LOUIS, F. R ; ROBERT, J. G ; BRIAN, L. M.; D.WALTER, C. Medicina periodontal. 1. ed. São Paulo: Santos, 2002.

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DO LÚDICO PARA A SAÚDE DO INDIVÍDUO Autores: Von Beckerath, P. F.; Portela, I.; Gomes, S.; Bonfim, R.F.; Cerqueira, L. M. Orientadores: Santos, S. P.; Rios, A. C. F. C. RESUMO:

INTRODUÇÃO: A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso,

indispensável à prática educativa (Piaget, 1998). Segundo especialistas em educação, as brincadeiras são importantes

para que o indivíduo aprenda a se socializar com outras pessoas, conheça a cultura de seu país e desenvolva

expressões corporais, como também a possuir uma melhor qualidade de vida e saúde. O brinquedo é oportunidade de

desenvolvimento. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de

estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento

e da concentração e atenção. Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. Isso irá

contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto. O lúdico aborda a memória e a história das brincadeiras

de infância, o brinquedo como representação da sociedade e a definição de critérios para a escolha de brinquedos ou

jogos.

No presente estudo, foram abordados aspectos relacionados à importância da ludicidade na educação em saúde para o

individuo, enfatizando a saúde bucal e os métodos preventivos da cárie dental, a fim de elaborar um método lúdico

apropriado para crianças na fase escolar (6 a 12 anos de idade) que envolva a criança no aprendizado de uma saúde

bucal adequada e da prevenção de cárie dental.

DESENVOLVIMENTO: O grande desafio com relação à promoção de saúde bucal é chegar a mudanças de atitudes

que estimulem ao máximo o cuidado ou, mais diretamente, a motivação da população para evitar as doenças bucais e

para se auto-aplicar nos cuidados preventivos (GUEDES-PINTO, 2000). Nesse intuito, o lúdico vem a ser um elemento

coadjuvante no processo de aprendizado, o que vem estimular a mudança de atitudes. A participação dos profissionais

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 37

da saúde bucal é fundamental para capacitar outros profissionais, voluntários e interessados em atuar com o lúdico

utilizando brinquedos, jogos ou a aplicação de brincadeiras na educação para a saúde bucal.

Estudos realizados até agora constatam que a cárie dentária não pode ser evitada ou prevenida, mas a doença –

entendida hoje como um processo dinâmico de desmineralização e remineralização, resultante do metabolismo

bacteriano na superfície dentária que, com o tempo, resulta na perda de mineral e subseqüente possibilidade de

cavitação – pode ser controlada (THYLSTRUP; FEJERSKOV, 2001). Dessa forma, a utilização de mecanismos para o

controle da doença se constitui nos principais objetivos dos profissionais que lidam com a saúde bucal.

A literatura nos revela que a prevalência de cárie dental tem diminuído ao longo dos anos, especialmente na faixa etária

escolar (KRIGER, 2000). Alguns fatores têm sido atribuídos como responsáveis pela redução da doença, como o amplo

uso de dentifrícios fluoretados e um maior acesso da população aos serviços de saúde. Entretanto, a prevalência de

cárie dental nessa faixa etária ainda se apresenta alta, e isso justifica a adoção de medidas preventivas que visem à

mudança desse quadro epidemiológico.

A utilização do lúdico se torna um ponto relevante nesse contexto, onde a conscientização das crianças com relação à

criação de hábitos de escovação adequados, de dieta sem excesso de alimentos cariogênicos e, também, a importância

do uso do fluoreto resultaria, possivelmente, na manutenção de um estado de saúde bucal satisfatório.

No presente trabalho foi criado um método lúdico para ser aplicado em crianças de 06 a 12 anos de idade para

conscientizar-las de forma prazerosa, a evitar á carie dental. O método se constituiu em um de jogo de perguntas e

respostas, onde o tempo será contado por uma ampulheta em um minuto para cada pergunta.Cada criança terá que

responder a outra criança perguntas referentes à saúde bucal e prevenção à cárie dental. A cada acerto, a criança

receberá um dente de ouro. O jogo termina quando uma criança consegue ganhar mais rápido os 20 dentes de ouro,

referente a sua arcada dentaria decídua.O “SHOW DO DENTÃO” é um jogo simples, fácil e bem divertido, fazendo com

que a criança aprenda com prazer a ter uma boa saúde bucal e aprendendo a prevenir a cárie dental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Assim, a associação do lúdico com os métodos de controle de cárie dental poderá

contribuir para a modificação do quadro desta doença, especialmente, na infância. Nesse período, novos hábitos de

saúde estão se formando, sendo mais fácil serem modificados ou adaptados de forma adequada.

O engajamento dos profissionais de saúde bucal será fundamental para a melhoria da condição de saúde bucal da

população. É importante considerar que o objetivo é fazer com as crianças cheguem à fase adulta sem problemas de

doença. Nesse contexto, algumas informações são fundamentais para serem trabalhadas no método de ludicidade na

prevenção da cárie dental, como:

• A importância da redução da freqüência de ingestão de carboidratos, porque quanto maior a freqüência de

ingestão, maior o risco de adquirir a cárie;

• Orientação para a escovação dos dentes e uso de fio dental: sempre após as refeições, principalmente à noite

antes de dormir, pois nesse período ocorre a redução do fluxo salivar diminui, aumentando o risco a doença

cárie;

• Utilização de fluoretos, especialmente o dentifrício fluoretado;

• Visitas regulares ao cirurgião dentista: início – antes da irrupção do 1° dente.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KRINGER, L. ABOPREV -Promoção de Saúde Bucal-Paradigma, Ciência, Humanização.

PINTO, A. C. Odontopediatria. Editora Santos, 6ª ed.; 2000.

PINTO, V. G.Saúde Bucal Coletiva. Editora Livraria Santos, 2000

THYLSTRUP, A.; FEIERSKOV, O. Cariologia clínica. 3ed. São Paulo, 2001.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 39

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 3º SEMESTRE

AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO EM PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS DE ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE LAURO DE FREITAS Autores: Cardozo, M.; Pinheiro, S.; Ribeiro, V.; Silva, C.; Viana, J.; Xavier, G. Lisboa, M.; Araújo, M.; Eduão, N.; Pinheiro, P.; Sampaio, R.; Grapiuna, R. ; Azevedo, R. Orientador: Cardozo, A. C. C.; Santos Jr., R. Q. RESUMO:

O Sistema Estomatognático é de vital importância para a qualidade de vida de todos. Quando em desarmonia pode

repercutir sobre todo o corpo por isso, todos os componentes deste sistema precisam funcionar de acordo com suas

propriedades e seus sistemas específicos, devendo-se ter um equilíbrio entre seus componentes. Sabe-se que a

avaliação do equilíbrio deste sistema deverá ser completa examinando e relacionando entre si todas as estruturas que

compõe este sistema. Com base neste princípio as disciplinas Estágio Supervisionado I e Saúde Bucal Coletiva I

elaboraram um questionário a ser aplicado aos professores e funcionários dos colégios municipais Enock Amaral, José

dos Santos Paranhos e a escola Itamar de Oliveira Rodrigues objetivando a avaliação do equilíbrio do sistema

estomatognático deste público alvo. O modelo avaliativo utilizou um método quantitativo descritivo.O grupo de Estágio

responsabilizou-se pela aplicação do questionário e o grupo de saúde coletiva pela análise e interpretação dos

resultados obtidos através dos dados do questionário. Assim para uma avaliação eficaz do sistema estomatognático

primou-se pela caracterização sócio-cultural do entrevistado, sobre o seu acesso a serviços Médicos-Odontológicos,

sobre sua Autopercepção em Saúde Bucal, sua História Atual e Higiene Bucal.Dessa forma, analisou-se o equilíbrio do

sistema a partir do bom funcionamento da fala, da mastigação, da deglutição, dos dentes e da gengiva.

PALAVRAS CHAVES: Sistema Estomatognático, Saúde Bucal Coletiva, modelo avaliativo.

INTRODUÇÃO - O sistema estomatognático é o conjunto de estruturas anatômicas que desenvolvem funções comuns,

tendo como característica constante à participação da mandíbula. Trata-se de um sistema com características próprias,

apresentando uma unidade morfofuncional localizada centralmente na cavidade oral. Está constituídos pelos

componentes esqueletais (os maxilares), as arcadas dentárias, tecidos moles (glândulas salivares, suprimento nervoso

e vascular), Articulação Têmporo Mandibular e músculos.

Todos os componentes do Sistema Estomatognático precisam funcionar de acordo com suas propriedades e seus

sistemas específicos, mas exige-se uma inter-relação harmônica entre eles, levando ao equilíbrio do sistema que é a

chamada homeostase estomatognática. Assim, o sistema estomatognático é uma unidade funcional do organismo em

que tecidos diferentes e variados quanto à origem e à estrutura agem harmoniosamente na realização de variadas

tarefas funcionais. Tais estruturas encontram-se interligados e relacionados e, quando em função, visam alcançar o

máximo de eficiência com a proteção de todos os tecidos envolvidos.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 40

A avaliação do equilíbrio deste sistema deverá ser completa. Não só deve-se examinar todas as estruturas que compõe

este sistema, como se deve, acima de tudo, relacioná-las entre si. Diante desta realidade, a partir da disciplina Estágio

Supervisionado I e Saúde Coletiva I, os alunos destas disciplinas aplicaram um questionário em visitas de Campos em

algumas escolas do Município de Lauro de Freitas como a Escola Municipal Enock Amaral, a Escola Municipal José dos

Santos Paranhos e a Escola Municipal Itamar de Oliveira Rodrigues, tendo como público alvo os professores e

funcionários, objetivando uma avaliação do equilíbrio do Sistema Estomatognático.

OBJETIVOS - Objetivo Geral: Avaliar as condições do sistema estomatognático dos professores e funcionários dos

colégios municipais Enock Amaral, José dos Santos Paranhos e Itamar de Oliveira Rodrigues.

Objetivos específicos:

• Aplicar questionário de avaliação com professores e funcionários;

• Representar graficamente os resultados obtidos;

• Analisar e interpretar os dados obtidos nos questionários.

METODOLOGIA - Para avaliar aspectos relacionados às condições do sistema estomatognático dos professores e

funcionários dos colégios municipais Enock Amaral, José dos Santos Paranhos e Itamar de Oliveira Rodrigues,devemos

definir certos elementos de referência.

Sistema Estomatognático: O Sistema Estomatognático é caracterizado por um conjunto de estruturas anatômicas que

desenvolvem funções comuns, tendo como característica constante à participação da mandíbula. Este possui uma

dinâmica complexa, variada e extremamente ativa, que põe em atividade forças intensas, necessárias ao deslocamento

da mandíbula e a realização das funções de mastigação, fonação,deglutição e expressão facial. (DOUGLAS, 1994).

Os principais componentes são: músculos, atm (articulação temporomandibular), ligamentos, nervos, artérias, maxila,

mandíbula. (DOUGLAS, 1994).

O Sistema Estomatognático é de vital importância para a qualidade de vida de todos. Quando em desarmonia pode

repercutir sobre todo o conjunto do sistema tônico postural e vice-versa, desencadeando alterações em cascata, com

intensa relação com a posição da cabeça. E, assim, causa dores de cabeça, apnéia, bruxismo, ronco, dores na coluna e

problemas estomacais, como gastrite. Cerca de 90% das dores de cabeça são causadas por disfunções estruturais da

mandíbula e coluna. Para se ter uma idéia da abrangência do problema, há pessoas que relatam dores na cabeça, nas

costas e na mandíbula (ATM) por anos seguidos, mesmo após terem passado por tratamentos de diversas

especialidades. Em certos casos há alívio temporário, mas o problema volta. Isto acontece com quem não é tratado na

origem das disfunções que geraram as dores e que, nestes casos, estão ligadas ao Sistema Estomatognático. Às

vezes, o problema começa na infância. A criança, quando não amamentada no seio da mãe no primeiro ano de vida,

não desenvolve corretamente a musculatura orofacial, gerando problemas como a instalação de respiração bucal,

mordidas cruzadas e/ou abertas. (ROSENBAUER, 2001)

O foco do tratamento deve ser um só: reposicionar a estrutura desalinhada do indivíduo. Para tanto, há diversas

técnicas em funcionamento, porém é preciso atenção aos métodos propostos. Quase todos os tratamentos são

baseados no uso de placas de mordida e que, por não corrigir os problemas estruturais da ossatura da mandíbula, tem

uma ação paliativa, em vez de fazer com que a mandíbula atue na posição correta para buscar a respiração nasal. O

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 41

tratamento ideal é o que leva a articulação (ATM) a reaprender o seu funcionamento e que, por isto, soluciona o

problema. Com a recuperação da função correta da respiração, os sintomas costumam desaparecer e os que persistem

podem ser tratados com terapias auxiliares, como prótese dentária, fisioterapia e fonoaudiologia (ROSENBAUER,

2001).

As dores de origem dentária continuam sendo as mais comuns na população em geral, mas levantamentos sobre

atendimentos de pacientes que apresentam disfunções da articulação temporomandibular (ATM, a articulação do osso

temporal com o osso mandibular) demonstram que a dor está presente em 97% dos casos.(BIANCHINI, 2001).

Avaliação do Sistema Estomatognático - Postura Corporal - A postura corporal é o primeiro item a ser avaliado.

Grandes partes dos problemas encontrados nas funções orais são devido à postura corporal inadequada. Deve-se

examinar o paciente em pé, de frente, de costas e de lado. Nestas posições observar o corpo todo e avaliar posturas

inadequadas e assimetrias. Depois, com o paciente sentado, deve-se observar a cabeça em relação ao tronco. Por

último, observar as assimetrias faciais. Fotografar o paciente nas diversas posições, principalmente se houver

alterações, será o ideal, pois somente desta maneira poderemos obter, no final do tratamento, comparações entre o

antes e o depois. As filmagens são amostras dinâmicas do exame, enquanto as fotos são estáticas. Ambas são

importantes e devem, na medida do possível, ser realizadas (DOUGLAS, 1994).

Partes Duras - O estreitamento da maxila, muitas vezes é decorrente da respiração bucal. Outras causas também

devem ser pesquisadas como hereditariedade e/ou má oclusão. É importante saber que, expansões realizadas em

maxilas atrésicas, quando ocorrem após o crescimento crânio facial, são apenas dentárias e não estão de fato

interferindo com o osso. Um palato atresiado interferirá na respiração pelo nariz pois estará diminuindo o espaço aéreo

superior. Todos estes dados são importantes pois nos ajudarão a compor o quadro do paciente, não só na avaliação

mas também, principalmente, no prognóstico da terapia (DOUGLAS, 1994).

A língua está inserida na mandíbula, portanto, seu formato será fortemente influenciado pelo tamanho e profundidade

deste osso. Da mesma forma, a língua contribuirá fortemente para a sua forma. Uma forte correlação entre estas duas

estruturas é esperada. Muitas discussões existem sobre quem causou o que. Não é nosso intuito neste momento,

descobrirmos os vilões dos prejuízos encontrados mas, como sabemos destas relações, procuraremos intervir durante

o crescimento para evitar maiores danos do que aqueles que já são determinados pela genética.

Observar relações de tamanho e de posicionamento entre maxila e mandíbula para compreendermos a força e o

funcionamento dos músculos que recobrem estas estruturas. Por exemplo, em faces mais longas, a musculatura

tenderá a ser mais fraca. Em faces onde exista retrognatia, o selamento labial ficará dificultado. Em arcos mais estreitos

a língua tenderá a "sobrar" nas laterais. A fala também sofrerá grande influência do posicionamento da mandíbula

porque quando esta estiver muito retroposta em relação à maxila tende a haver um deslizamento da mandíbula para

frente na produção dos fonemas sibilantes.

A falta de um bom relacionamento entre os dentes, cáries, ausência de algum elemento e a presença de

extranumerários são algumas das causas que podem alterar as funções de mastigar e ou deglutir. Portanto, conhecer a

estrutura dentária é fundamental para poder avaliar as funções estomatognáticas e compreender melhor algumas de

suas alterações.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 42

Partes Moles - Os lábios, as bochechas e a Língua são as partes moles do sistema.Sobre esta ultima pode-se

considerar que a sua força é associada ao tipo de alimentação. Comidas mais pastosas exigem menor força de

mastigação e, conseqüentemente, menor movimentação da língua. As características genéticas, no entanto,

determinam fortemente estes padrões de força e de tamanho enquanto que as condições ambientais contribuem para

melhorar ou piorá-los.

Uma das funções das bochechas é colaborar, durante a mastigação, com a manutenção do alimento sobre os dentes.

Em uma mastigação unilateral ocorrerá o fortalecimento da bochecha do mesmo lado. Caso esta mastigação unilateral

já venha ocorrendo há muito tempo, provavelmente encontraremos uma hipertrofia da bochecha do lado onde ocorre a

mastigação, o que resultará numa diferença de tamanho bastante razoável. A bochecha do lado em que predomina a

mastigação tende a ser mais alta e a distância entre a comissura labial e o canto externo do olho deste lado, tende a ser

menor do que à distância do lado de balanceio. Quando estamos falando em mastigação dizemos que o lado onde a

comida está sendo triturada chama-se trabalho e, o lado oposto, balanceio.

Funções realizadas pelos Órgãos Fono Articulatórios - Respiração: Os seres humanos nascem respirando pelo

nariz e, a não ser que ocorram impedimentos mecânicos, assim continuará até a morte. Isto significa que ao

encontrarmos um paciente com respiração bucal devemos buscar compreender o por que ele não está realizando esta

função de forma normal. A respiração não é puramente bucal, mas sim mista, isto é, dá-se pelo nariz e pela boca. As

causas mais freqüentes de uma respiração inadequada referem-se a problemas mecânicos. Eles podem estar ao nível

da nasofaringe, da adenóide, da orofaringe, das amídalas, ou do próprio nariz, como um desvio de septo ou mais

comumente, as hipertrofias de conchas que impedem ou diminuem a entrada do ar (MARCHESAN, 1993).

Para conhecermos de forma correta qual a razão da respiração estar ocorrendo por via inadequada, uma consulta ao

otorrinolaringologista é fundamental sendo que a mesma deve acontecer antes de iniciarmos nosso tratamento

(MARCHESAN, 1993).

Mastigação - Para avaliar esta função precisa-se, em primeiro lugar, conhecer os dentes e como eles se relacionam. A

oclusão e a tipologia facial determinam a força e o modo de mastigar. Em segundo lugar, se pesquisa os hábitos

alimentares, não só do paciente mas, principalmente, de sua família. Hábito alimentar não é só o que se come. É

necessário saber o como, o quando, o tempo disponível, valores que se dá para a alimentação, dinheiro que se investe

nisto, etc... Normalmente, o problema alimentar não é só do paciente mas é da família, ou do meio no qual aquele

indivíduo vive. Como prova específica, pode-se utilizar, em todas as avaliações, um mesmo alimento para que se possa

criar um padrão de exame. O pão francês é uma boa opção pois é fácil de encontrar e, praticamente, todos o comem.

Deglutição - Esta função dá continuidade ao processo de mastigação e, como tal, não pode e nem deve ser avaliada

em separado da mesma. Ao observar a mastigação também observa-se o paciente deglutindo, pois esta seqüência é

natural. Nada mais lógico do que olhar, ao mesmo tempo, as duas funções. Normalmente, mastiga-se e engole. Não se

faz um único e grande bolo de tudo o que está sendo mastigado para então deglutir. Quando isto ocorre, tende-se a

realizar um movimento de cabeça para trás, na tentativa de aumentar o espaço orofaríngeo para que todo o alimento

possa passar de uma só vez. Isto acaba sendo classificado como "deglutição atípica", quando na verdade, foi algo que

provocamos ao pedirmos uma forma de mastigação que é antinatural.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 43

Deve-se descobrir qual é a causa da inadequação deste modo de deglutir e, mais do que a causa, tentar verificar quais

são as possibilidades que o paciente tem de deglutir de uma outra maneira que não aquela por nós encontrada.

Fala - Avaliar a fala, em geral, requer procedimentos mais simples. È possível verificar como o paciente fala e que tipos

de trocas apresenta, apenas conversando com ele. Em geral, os pais sabem quais os fonemas que os filhos omitem ou

trocam. Muitas vezes, já na anamnese, pode-se ficar conhecendo, com certa margem de segurança, quais são os

problemas de fala existentes.

No entanto, para uma avaliação mais precisa é importante não só saber quais são as trocas ou omissões mas, mais

uma vez, tentar compreender a razão destas trocas e quais as possibilidades de correção. Com muita freqüência são

encontrados problemas de fala que fazem parte de problemas de linguagem. Infelizmente, muitas vezes, acabamos

simplificando e realizando análises somente parciais, reduzindo problemas de desenvolvimento de linguagem em meras

trocas ou omissões de fonemas. As distorções por sua vez, podem estar relacionadas a problemas de forma, ou seja, a

características anatômicas das estruturas que produzem fala.

Métodos de Avaliação - Modelos Avaliativos - Há na literatura especializada dois modelos alternativos para avaliação.

O primeiro, mais difundido, é o modelo de objetivos, e o outro, é o modelo de sistema.

Na perspectiva sistêmica, a avaliação representa o controle por feedback, sistematicamente definido e necessário ao

planejamento de ações futuras.

A noção de feedback ou de retroalimentação, expressa-se mediante um conceito de intencionalidade ou na idéia de

teleologia. Comportamento teleológico é aquele segundo o qual se torna nítida a orientação intencional para um

determinado fim e em que a ação, uma vez iniciada, é constantemente reajustada a fim de se atingir o objetivo

proposto, por um mecanismo de feedback.

A avaliação deve ser visualizado no contexto de um ciclo interativo avaliação – planejamento – implementação –

avaliação. O planejamento sem implementação nada significa e implementação sem avaliação pior ainda. A avaliação

deve ser considerada um processo de feedback provido através de informações planejadas para dirigir ou reformular as

decisões individuais ou organizacionais.

Cabe ressaltar que a avaliação é calcada na explicitação de valores e que o processo avaliativo é de natureza circular,

iniciando-se e terminando na formação de valores que referencia o processo de avaliação.

Para desenharmos o sistema de avaliação é importante diferenciar entre os indicadores que avaliam os inputs,

processo e output (avaliação interna) daqueles referentes primeiramente à avaliação dos efeitos do programa

(avaliação externa).

A avaliação externa pressupõe a pesquisa avaliativa, que é definida como o uso específico de método científico com o

propósito de realizar uma avaliação. A pesquisa avaliativa, por sua vez, implica o estabelecimento de uma relação

causal hipotética entre um determinado programa odontológico (variável independente) e algumas alterações na

incidência de doenças bucais (variável dependente). Conseqüentemente deve-se isolar aquelas outras variáveis

independentes que poderiam interferir na doença. E isso exige a opção por um experimento que é o estudo, geralmente

prospectivo, designado a verificar causalidade e a permitir previsões probabilísticas.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 44

Na avaliação externa de um programa odontológico deverá ser utilizado um experimento verdadeiro, já que é

necessária a presença de um grupo controle a fim de se isolar a variável “programa odontológico”.

O tipo de experimento usado neste trabalho é o que envolve pré-teste. Para avaliar aspectos relacionados às condições

do Sistema Estomatognático dos professores e funcionários dos colégios municipais Enock Amaral, José dos Santos

Paranhos e Itamar de Oliveira Rodrigues foi utilizado um método quantitativo descritivo.

Coleta de dados: O instrumento utilizado foi questionário para obter a Avaliação do Sistema Estomatognático dos

professores e funcionários das escolas Municipais Enock Amaral, José dos Santos Paranhos e Itamar de Oliveira

Rodrigues, localizadas no município de Lauro de Freitas, numa amostra de 30 pessoas entrevistadas. Este questionário

foi elaborado pelos professores da disciplina de Saúde Coletiva I e Estágio Supervisionado I, distribuídos pelo professor

coordenador do projeto interdisciplinar e aplicados ao público alvo na semana de 19 á 25 de Abril. O questionário citado

anteriormente tem os seguintes itens:

1º Caracterização sócio-cultural,

2º É sobre o Acesso a serviços Médicos-Odontológicos,

3º É sobre a Autopercepção em Saúde Bucal,

4º História Atual do e o 5º Higiene Bucal.

O método utilizado para o desenvolvimento deste projeto de Avaliação do Sistema Estomatognático foi através de

visitas de campo aos colégios municipais já citados, no período de 19 a 25 de Abril, com a finalidade de aplicação do

questionário com 30 professores e funcionários. O grupo de Estagio supervisionado I composto por Clarice, Gustavo,

Julia, Maísa, Sheilla e Vagner entrevistaram os professores e funcionários nos colégios Municipais Enock Amaral, José

dos Santos Paranhos e Itamar de Oliveira Rodrigues. Feito isso, os dados da entrevista foram entregues ao grupo

responsável por representar a matéria Saúde Coletiva I para assim eles avaliarem e interpretarem a situação do

sistema estomatognático das pessoas abordadas.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS - A maioria dos entrevistados, a saúde é bem-estar geral e qualidade de

vida. Importa-se com saúde do corpo e não se importam muito com a saúde da mente. A grande parte das pessoas

entrevistadas consideram sua saúde bucal entre boa e regular, porém grande maioria da População acha que necessita

de tratamento (gráficos 1 e 2)

Alem disso, a maioria da população julga a aparência de seus dentes e gengivas entre regular e boa apesar de ser uma

população onde o acesso à saúde bucal é muito precária (gráfico 3).

Auto-avaliação da saúde bucal,em funcionários de escola municipal, Lauro de Freitas – BA,

2005.

35%

40%

5%

5%5%

10% Não sabePéssimaRuimRegularBoaÓtima

Gráfico 1

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 45

77%

23%Sim

Não

Necessidade atual de tratamento odontológico, Em funcionários de escolas municipais, Lauro

de Freitas – BA)

Gráfico 2

Auto-percepção da aparência de dentes e gengivas,em funcionários de escolas municipais,

Lauro de Freitas-BA, 2005.3%

17%

12%

20%

8% Não sabe

Péssima

Ruim

Regular

Boa

Ótima

Gráfico 3

Em geral os participantes da entrevista responderam se alimentar basicamente arroz, feijão, carne. Uma minoria incluía

massas, verduras, frutas, leites e derivados. Mostrando que o nível sócio-econômico dessa população é baixo, onde

não se encontra uma diversificação nutricional. E entre as refeições a maior parte dos participantes afirma comer entre

as refeições alimento altamente cariogênicos (biscoitos, doces, pão) e uma minoria se alimentava de frutas e alimentos

mais saudáveis.

Quase metade dos entrevistados sente dor de cabeça freqüentemente, e a maior parte dos medicamentos relacionados

é referente à dor de cabeça (gráfico 9). Essas dores podem estar associadas a desequilíbrios em seu sistema

estomatognático. Cerca de 1/3 dos entrevistados afirma sentir dor e estalos quando abri a boca, e também sentir dor na

região de ouvido, têmporas e orelhas, onde podemos também estar associando os problemas no sistema

estomatognático (gráfico 13). Nota-se que 30% dos entrevistado utilizam algum tipo de prótese placa de mordida, as

mais utilizadas são prótese fixa, roach. (gráfico 16).

02468

101214

1618

sim não

Fonte: PID

- Unime

Dores de cabeça freqüentes, em funcionários de escola municipal, Lauro de Freitas – BA, 2005.

Gráfico 9

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 46

0

5

10

15

20

25

sim não

Font

e: P

ID-U

nim

e

Gráfico 13

Dor na região de ouvido, têmporas ou bochechas, em funcionários de escola municipal, Lauro de Freitas – BA, 2005.

0

5

10

15

20

25

sim não

Font

e: P

ID- U

nim

e

Gráfico 10

Dor e estalos ao abrir a boca, em funcionários de escola municipal, Lauro de Freitas – BA, 2005.

Os hábitos deletérios a saúde bucal também foram abordado na entrevista, a grande maioria dos entrevistados

possuem pelo menos um hábito deletério, entre eles, apoiar o queixo com a mão, roer unhas, morder a bochecha,

morder lápis ou caneta, mascar chicletes, entre outros (gráfico 8). Cerca de ¼ dos entrevistados afirmaram ranger os

dentes ao dormir (gráfico 11). O sistema estomatognático também pode atrapalhar na fala, mastigação, além do

relacionamento com os outros dessa pessoa, baixar sua auto-estima, a grande maioria dos entrevistados afirmaram que

seus dentes e gengiva não atrapalham sua mastigação, e fala (gráfico 6). Grande parte deles afirma apresentar uma

boa aparência de seus dentes e gengivas (gráfico 3), apesar de ser em um local onde o acesso a saúde bucal é

bastante precário e onde o nível sócio-econômico dos entrevistados é consideravelmente baixo. E 1/3 dos entrevistados

acham que sua saúde bucal afeta de alguma fora seu relacionamento com as pessoas (gráfico 6).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 47

Hábitos deletérios, em funcionários de escolas municipais, Lauro de Freitas–BA, 2005.

Gráfico 8

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

mascar chicletes

Apoiar o queixo com as mãos

Morder lápis, caneta

Levar objetos à boca

Não se aplica

73%

27%

sim

não

Gráfico 11

Costume de ranger os dentes, em funcionários de escola municipal, Lauro de Freitas – BA,

2005.

O sistema estomatognático também pode atrapalhar na fala, mastigação, além do relacionamento com os outros dessa

pessoa, baixar sua auto-estima, a grande maioria dos entrevistados afirmaram que seus dentes e gengiva não

atrapalham sua mastigação, e fala (gráfico 5). Grande parte deles afirma apresentar uma boa aparência de seus dentes

e gengivas, apesar de ser em um local onde o acesso a saúde bucal é bastante precário e onde o nível sócio-

econômico dos entrevistados é consideravelmente baixo. E 1/3 dos entrevistados acham que sua saúde bucal afeta de

alguma forma seu relacionamento com as pessoas (gráfico 6).

Classificação da fala devido às condições dos dentes e gengivas, em funcionários de escolas

municipais, Lauro de Freitas-BA, 2005.

Gráfico 5

02468

10121416

Nãosabe

Péssima Ruim Regular Boa Ótima

Não sabePéssimaRuimRegularBoaÓtima

DISCUSSÃO: Esta análise mostra que a sociedade observada ainda apresenta problemas odontológicos básicos, como

a cárie e a doença periodontal, mas já indica o impacto desses problemas em complicações com origem e repercussão

relativas a ATM. A dor orofacial é uma condição de dor associada aos tecidos da cabeça, face, pescoço e estruturas da

cavidade oral. Incluem-se, entre outras, as dores de cabeça, dores com origem no sistema nervoso, dores psicogênicas

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 48

(relacionadas com fatores psicológicos) e dores por doenças graves, como tumores e AIDS. O tratamento deve ser

realizado por uma equipe de profissionais: dentistas, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, pois essa condição deve ser

abordada com uma visão do paciente como um todo, não se tratando apenas a dor no momento em que o indivíduo a

está sentindo.

Existem várias dores que se refletem (denominadas "dores referidas") na face e não têm origem dentária, como as

dores por otite e sinusite, dores na articulação, dores musculares nas costas, no pescoço e nos músculos da

mastigação, dores nos nervos faciais, como as neuralgias, dores causadas por infecções e ulcerações da mucosa

bucal, dores com origem nos olhos, glândulas salivares, lacrimais e mucosa nasal e a dos relacionada com a síndrome

de ardência bucal (dor crônica e "queimação" em toda a boca, sem que existam lesões na mucosa). A disfunção da

ATM é uma anormalidade da articulação temporomandibular e/ou dos músculos responsáveis pela mastigação. Na

verdade, a disfunção da ATM é um subgrupo das dores orofaciais. Deve ser feito um minucioso exame clínico e

questionário para se obter um correto diagnóstico, pois, muitas vezes, as disfunções da ATM podem ser confundidas

com outras condições dolorosas, como dores de origem dentária e infecções bucais.

Portanto, o instrumento de coleta utilizado foi eficiente, pois avalia não só as estruturas que compõem o sistema

estomatognático com também o indivíduo como um todo a partir de uma visão biopiscicosocial. Este fato pode ser

confirmado a partir das questões analisadas que se baseiam na caracterização sócio-cultural, acesso a serviços

Médicos-Odontológicos, autopercepção em Saúde Bucal, história Atual e a sua higiene Bucal do entrevistado.

Analisou-se dados referentes ao equilíbrio no sistema estomatognático, onde se pode visualizar que os componentes

desse sistema, tais como dentes e gengivas podem estar afetando a relação pessoal do portador do desequilíbrio no

sistema, ou articulações têmporo-mandibulares podem estar causando dores constantes de cabeça, além da má-

oclusão que pode ser causada por próteses mal-adaptadas podendo estar causar dores musculares entre outras

patologias.

Houve algumas dificuldades com a disponibilidade de tempo dos professores e funcionários, pois no momento da visita

a sua maioria estava em horário de trabalho. Mas este fato não atrapalhou muito o desenvolver do projeto, pois os que

podiam responder ao questionário colaboraram de forma positiva com a pesquisa, demonstrando aceitação e

veracidade nas respostas das questões.

CONCLUSÃO: A saúde bucal, no município de Lauro de Freitas, constitui ainda um grande desafio aos princípios do

Sistema Único de Saúde, principalmente no que se refere à universalização e à eqüidade do atendimento. O papel do

profissional da saúde na busca da promoção de saúde deve se fundamentar em ações Educacionais; de Estímulo, de

empatia e de entusiasmo. É importante também que o profissional esteja preparado para fornecer algumas informações

importantes para o sucesso na prática.

Diante destas realidades, o projeto interdisciplinar é de extrema importância pois através dele pudemos perceber um

pouco das dificuldades encontradas pela população de baixo nível sócio-econômico, tais como acesso à saúde e a

educação. Este trabalho foi essencial para compreender como os desequilíbrios do sistema estomatognático podem

atrapalhar nas relações inter e intrapessoais, evidenciando o quanto é enriquecedor, para crescimento acadêmico, o

trabalho de pesquisa em campo.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MARCHESAN, I. Q. Motricidade Oral. Visão Clínica do Trabalho Fonoaudiológico Integrado com outras Especialidades.

Editora Pancast, 1993.

PINTO, G. V., Saúde Bucal e Coletiva.Livraria Santos Editora Com. Imp.Ltda, 4ª Ed. 2000.

Rosenbauer, K. A.; Engelhardt J. P., Kach H., Stuttgen U. O sistema estomatognático como unidade funcional. In:

Anatomia Clínica da Cabeça e do Pescoço aplicada à Odontologia. Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 228-48.

Bianchini, M. C. http://www.biosaude.com.br/artigos Fonte: Revista da APCD,2001

MARCHESAN, I. Q. & KRAKAUER, L. H. A Importância do Trabalho Respiratório na Terapia Miofuncional. In Tópicos

em Fonoaudiologia, Vol II: 155-160, Editora Lovise, 1995.

MARCHESAN, I. Q. Motricidade Oral. Visão Clínica do Trabalho Fonoaudiológico Integrado com outras Especialidades.

Editora Pancast, 1993.

ABORDAGEM DAS INTERFERÊNCIAS DOS CONFLITOS HUMANOS NO EQUILÍBRIO DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO Autores: Rodrigues, A. H., Carvalho, C.; Oliveira,D.; Nunes, D.; Aguiar, E.; Lisboa, H.; Júnior, J.; Orientadores: Melo, M. S. RESUMO:

INTRODUÇÃO - Conflitos é uma realidade do dia-a-dia das pessoas; ou em casa ou no lugar de trabalho, as

necessidades e os valores da pessoa entram constantemente em choque com os das outras pessoas, e isto constituem

uma necessidade de redefinir as relações interpessoais e rever a relação intrapessoal, porque esta também leva a

Conflitos por tensões que existem nos indivíduos, objetivos não satisfeitos, expectativas não realizadas, ou ainda fontes

de natureza existencial ou psíquica.

Os conflitos, sejam de que ordem for, afetam não só a concentração, a motivação, à vontade de trabalhar e a habilidade

de interagir com outros. O conflito causa tensão cria ambiente não produtivo e também afeta a saúde corporal além da

mental.

Sendo assim os conflitos gera essas desordens atualmente conhecidas como sensação stressante. E como o individuo

é uma unidade psicossomática mantida pelo sistema nervoso através de sua ação de integração e coordenação de

todas as atividades fisiológicas e psicológicas, cada órgão executa a sua função mantendo-se uma interdependência

com as funções de outros órgãos e com a função mental, dentro de uma escala de valores nessa influência recíproca.

O desequilíbrio da harmonia entre o corpo e a mente é o que origina o desenvolvimento das doenças relacionadas ao

estresse, podendo manifestar-se a qualquer sistema do corpo humano como, por exemplo, o sistema estomatognático.

É necessário compreensão dos processos emocionais que levam as desordens no individuo, seus aspectos psico-

morais, correlacionando as respostas com as condutas e reações do paciente e suas relações: com ele próprio, com os

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 50

outros e com tudo que o rodeia, para ressaltar a importância da influência de atitudes mentais no equilíbrio do sistema

estomatognático.

OBJETIVO GERAL: Relacionar os conflitos humanos interferindo no equilíbrio do Sistema Estomatognático mente,

corpo e suas disfunções.

OBJETIVO ESPECÍFICO:

• Evidenciar como os conflitos humanos levam a alterações à mente humana com repercussões no físico como

as disfunções manifestadas no Sistema Estomatognático.

• Evidenciar como os conflitos são uma das principais causas de Estresse

• Relacionar as disfunções do Sistema Estomatognático com o stress

• Relacionar os problemas psicossomáticos que interferindo nas relações humanas podem desencadear

disfunções do Sistema Estomatognático

• Papel da Holodontia na busca do equilíbrio do Sistema Estomatognático dos pacientes

• Como implantar a Holodontia no dia-a-dia dos Cirurgiões Dentistas

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: Relacionamento – Relações Humanas - As pessoas em seu cotidiano se relacionam

com diferentes grupos de pessoas, sejam familiares, profissionais, amigos, entre outros enfrentando dificuldades em

manter um padrão de relações que os façam ficar em equilíbrio pessoal e grupal diante das diferenças que precisam ser

identificadas, compreendidas e trabalhadas no dia-a-dia de suas relações.

A relação profissional-paciente é mais uma das relações que existem no mundo atual. Esta se trata de um processo de

integração entre duas pessoas capaz de formar um todo com características próprias a cada situação ou caso

individual. De um lado fica o paciente, isto é, uma pessoa que sofre e precisa de ajuda na solução de seu problema e

do outro o profissional odontólogo, que deve possuir condições para solucionar ou encaminhar o paciente no sentido de

encontrar a solução para contribuir para a manutenção ou reequilibrio do sistema estomatognático.

É importante que o profissional tenha a sensibilidade de conhecer os conflitos emocionais de seus pacientes, para um

melhor diagnostico dos sintomas que levaram a um distúrbio emocional, vindo das suas relações com ajuda

principalmente do conhecimento das relações humanas.

Atualmente todos vivem problemas emocionais devido a diversos fatores de crise social de valores ético-sociais,

econômicos dentre outros que deixa o individuo afetado na sua homeostase.

A forma com o qual nos relacionamos é o espelho do que somos na sociedade, que é de extrema importância para

aprendermos a viver é obtermos autoconhecimento, que favorecerá a encontrar o equilíbrio.

Como disse Badra, (1987): “é necessário que o dentista se conheça suficientemente bem, em seu aspecto de

personalidade, do consciente e inconsciente, pois no exercício de sua profissão estará constantemente despertando

fantasias e provocando reações emocionais mais ou menos agudas, seja de amor apaixonado, seja de terror sem

nome”.

Existem indivíduos incapazes de se relacionar com outros, que vivem em conflitos devido a seus processos mal

resolvidos como os cristalizados em complexos, como superioridade, narcisismo, agressividade, inferioridade, timidez,

ciúme, inveja, dentre outros. Essa estrutura psico-moral quando extrapolado, alem de ficar altamente impossível à

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 51

convivência leva o individuo ao estresse, conseqüentemente uma mudança no estado de equilíbrio levando inclusive a

problemas estomatognáticos.

Estresse - Conceito de Estresse - Estresse vem do Inglês (stress), que é um conceito físico para materiais sujeitos a

tensão. Segundo a definição do dicionário AURÉLIO estresse é um conjunto de reações do organismo a agressões de

ordem física, psíquica, infecciosa e outras, capazes de pertubar-lhe a homeostase Mas, o que é estresse?

Modernamente, pode-se conceituar estresse como tendência ao desgaste organo-funcional gerado por estímulos

excitantes (agradáveis ou desagradáveis) minando a imunidade, extenuando a ação neuro-hormonal e depauperando o

psiquismo mental e/ou emocional.

Porém o seu significado de estresse não se restringe, apenas, à tensão ou ansiedade, uma vez que a superexcitação,

barulho, críticas, mudanças drásticas no modo de vida da pessoa e até mesmo, a alegria pura, é suficiente para pôr em

ação, o mecanismo do estresse no nosso organismo.

Causas e Sintomas do Estresse - É muito mais provável que sejamos capazes de tomar medidas preventivas antes

que os problemas assumam maiores proporções.

O estresse é um estado físico causado pelo excesso de adrenalina circulante no organismo. Os sintomas são os mais

variados possíveis, tais como cansaço, irritabilidade, depressão, insônia, redução da resistência física e mental. Em

casos mais extremos, o estresse pode estar entre as causas determinantes de infartos, úlcera gástrica e, até mesmo,

de algumas lesões bucais levando, portanto ao desequilíbrio do sistema estomatognático.

Todas as alterações físicas e químicas desencadeadas, para fazer em face de uma emergência no stress fruto dos

conflitos diários, são mantidas inadequadamente no organismo por longo tempo. Quando esse estado se mantém por

muito tempo, acompanhado de uma permanente elevação da pressão arterial, de distúrbios digestivos e outras

alterações, o sono é prejudicado, várias perturbações reais podem ocorrer e o homem acabará por se “envenenar” com

suas próprias secreções.

Os sintomas encontrados são os mais variados possíveis que vão dos mais inespecifícos como dor de cabeça, mãos

trêmulas, diarréia, músculos doloridos, olhos piscando, acidez no estomago, suor e frieza nas mãos e pés, taquicardia,

calor no rosto, gases, tiques nervosos, até os específicos do sistema estomatognático como as paradentoses como:

bruxismo, ranger dentes e inclusive boca seca e lesões patológicas na boca.

Fisiologia do Estresse - Inicialmente há envolvimento do hipotálamo, que ativa o sistema nervoso autônomo, em sua

porção simpática. O hipotálamo também secreta alguns neurotransmissores, como dopamina, noradrenalina e fator

liberador de corticotrofina. Esse último estimula a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, que

também aumenta a produção de outros hormônios, tais como ADH, prolactina, hormônio somatotrófico (STH ou GH -

hormônio de crescimento), hormônio tireotrófico (TSH).

O ACTH estimula as glândulas supra-renais a secretarem corticóides e adrenalina (catecolamina).As glândulas adrenais

passam então a produzir e liberar os hormônios do estresse (adrenalina e cortisol), que aceleram o batimento cardíaco,

dilatam as pupilas, aumentam a sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão (e ainda o crescimento

e o interesse pelo sexo), contraem o baço (que expulsa mais hemácias para a circulação sangüínea, o que amplia a

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 52

oxigenação dos tecidos) e causa imunodepressão (redução das defesas do organismo). A função dessa resposta

fisiológica é preparar o organismo para a ação, que pode ser de “luta” ou “fuga”.

O estresse pode provocar também mudança nos receptores pós-sinápticos normais de GABA (principal

neurotransmissor inibidor do SNC), levando a superestimulação de neurônios e resultando em irritabilidade do sistema

límbico. A presença de GABA diminui a excitabilidade elétrica dos neurônios ao permitir um fluxo maior de íons cloro. A

perda de uma das sub-unidades-chave do receptor GABA prejudica sua capacidade de moderar a atividade neuronal.

O estresse também pode alterar a ovulação feminina. Quando o estresse for de pequena ou média intensidade, irá

promover uma queda da taxa de FSH e LH ou até inibindo. Já quando o estresse for de alta intensidade, estimula a

ovulação devido a um aumento na taxa de FSH e LH, tendo como exemplo o estupro. Sendo assim por isso a maioria

engravida devido a esta ovulação precoce e devido a o espermatozóide viver dentro do organismo feminino durante 5

dias.

Classificação do Estresse - Existem dois tipos de estresse. O negativo (distress), que é causado pelas frustrações e

problemas diários, e o positivo (eutress), causados pelas coisas hesitantes em nosso cotidiano, como por exemplo,

promoção no trabalho, gravidez, compra de uma casa. Levar a vida sem estresse é um mito, pois não podemos atuar

sem seu estímulo. Entretanto, muito estresse ou a sua ausência pode causar sérios problemas à saúde.

O estresse pode ser ainda classificado como agudo ou crônico e tem três fases de evolução:

Estresse agudo: período breve de duração (minutos com máximo de 2 dias). O paciente portador apresenta sudorese

intensa, extremidades frias, respiração curta e ofegante, taquicardia, diarréia, tonturas ou zumbidos nos ouvidos.

Raramente traz seqüelas, podendo trazer conseqüências desagradáveis, incluindo disfunção das defesas imunológicas.

Estresse crônico: mais freqüente determinada pela exposição prolongada dos agentes estressantes. Divide-se em 3

estágios,sendo eles:

Alarme: corpo reconhece e prepara-se para ação através de reações bioquímicas. Glândulas endócrinas- adrenalina –

taquicardia – taquipnéia – maior oxigenação no sangue – músculos tencionados – circulação periférica aumenta –

processo digestivo acumula-se – corpo mantêm equilíbrio

Resistência: organismo repara danos feitos pelo estresse. Se o agente não desaparecer o corpo não tem chance de se

recuperar. O estresse pode torna-se maléfico e então o organismo entra em estagio de Exaustão.

Exaustão: reações são nocivas podendo desencadear doenças graves como enfarte, hipertensão, ulceras...

Estresse x Equilíbrio do Sistema Estomatognático: O estresse modifica o funcionamento fisiológico do sistema

estomatognático além de causar diversas lesões e até mesmo a carie que pode advir deste fator, além também de

modificar fisiologicamente o funcionamento de outras partes do corpo. Para que poça reverter o quadro e deixar tal

sistema em equilíbrio é necessário que o paciente procure um Psicólogo e assim simultaneamente tratar os problemas

tanto do sistema estomatognático como também do psicológico.

Conflitos emocionais e alterações psicossomáticas: Manifestações bucais - Várias manifestações são causadas

devido ao estresse assim como os conflitos humanos principalmente os decorrentes das relações humanas

desarmônicas. Para que isso ocorra não depende somente do estágio do estresse como também do organismo do ser

humano o qual está submetido à ação do estresse, pois tem-se organismos que possuem uma imunidade maior e esse

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 53

processo fisiológico e outros não, sendo que através disso vê-se se as manifestações iram ser mais intensas, difícil de

aparecer.

Tais manifestações são: Úlcera Aftosa; Úlcera de Sutton; Úlcera Psicogênica; Gengivoestomatite Úlcera Necrosante

Aguda (GUNA); Gengivoestomatite Herpética Aguda; Herpes Simples Recidivante; Pênfigo Líquen Plano; Desordens

Têmporo-Mandibulares.

Dos músculos mastigatórios - Contração protetora - Dolorimento muscular local (Mialgia não-inflamatória) - Mioespasmo

(mialgia de contração tônica) - Dor miofascial (mialgia de pontos álgicos) - Mialgia crônica mediada centralmente

(miosite crônica) –Fibromialgia.

Da articulação temporomandibular: Desarranjo do complexo côndilo-disco; Desalojamento do disco; Deslocamento do

disco com redução; Deslocamento do disco sem redução; Incompatibilidades estruturais das superfícies articulares;

Desvio na forma; Aderências e adesões; Subluxação (hipermobilidade); Deslocamento espontâneo (travamento aberto);

Desordens articulares inflamatórias; Sinovites ou capsulites; Retrodiscites; Artrites; Paradentoses como: hábito de

chupar balas e chicletes, roer unhas, morder lápis; Bruxismo, ranger dentes, trituração excessiva; Glossopatia.

A cárie - A cárie é também uma manifestação bucal tão freqüente nos indivíduos pode ser decorrente do estresse, do

estado emocional. Em situações de stress pelos diversos conflitos existentes nos seres humanos, há um aumento de

adrenalina na corrente sangüínea que desencadeia uma vasoconstricção periférica com espasmos vasculares que

podem afetar a nutrição da polpa, a saliva apresenta baixa de cálcio e do pH, a hipercloridria gástrica contribui com a

diminuição do pH da saliva além da diminuição do nitrogênio da saliva.

Posteriormente pela modificação na produção de ACTH, que atua no metabolismo dos hidratos de carbono, por meio

dos fatores enzimáticos facilitando a formação de ácido lático pela presença de cortisol, assim impedindo o

reabastecimento de sangue oxigenado, levando a uma isquemia tecidual. As bactérias presentes atuam neste meio,

produzindo mais ácido, fazendo com que o pH caia ainda mais provocando uma desmineralização do esmalte dentário

que é simplesmente a queda do teor de cálcio deste tecido dentário duro.

CONCLUSÃO - Fica claro que os distúrbios emocionais, como ansiedade, raiva, tensão e depressão estão intimamente

relacionados com desencadeamento das lesões ou seu agravamento (maior freqüência e intensidade dos surtos da

doença) e que estes distúrbios manifestam-se nos conflitos das relações humanas ou do individuo com ele mesmo.

Diversas manifestações são capazes de modificar fisiologicamente o sistema estomatognático. Essas manifestações

são apresentadas por pacientes que estão passando por níveis altos de tensão emocional. Alguns estudos mostram

que esses pacientes geralmente são perfeccionistas, compulsivos e dominantes. Outros estudos dizem ser pacientes

mais introvertidos e neuróticos, com características de maior ansiedade. Outros têm sugerido que eles são geralmente

infelizes, insatisfeitos e egodestrutivos.

Alguns autores têm sugerido que estes apresentam uma personalidade mais vulnerável às tensões da vida. Assim, a

conclusão que pode ser tirada é que existe uma enorme variação entre características de personalidade, porém, em

sua maioria, existe uma relação direta entre o distúrbio, a atividade parafuncional e a tensão emocional.

Características de personalidade distintas e estados emocionais podem ter efeitos a curto prazo sobre o

comportamento humano. Na maioria dos estudos, os distúrbios parafuncionais eram apresentados por um alto nível de

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 54

ansiedade. Outros estados emocionais comuns informaram a apreensão, frustração, hostilidade, depressão,

nervosismo e medo. É necessário considerar estes estados quando na entrevista dos pacientes.

Outra consideração psicológica que parece estar unida significativamente à dor facial crônica é uma história de abuso

físico ou sexual.

Função Normal + Um Evento > Tolerância

Fisiológica = Alterações Patológicas

Quando um evento ultrapassa a tolerância fisiológica individual, o sistema começa a revelar certas mudanças. Quando

uma mudança funcional ultrapassa um nível critico, começam as alterações.

Uma das principais etiologias das DTMs é o estresse emocional. Existem, portanto, diversas atividades parafuncionais

relacionadas à tensão emocional, como as citadas: roer unhas, apertar ou ranger os dentes, morder a língua ou a

bochecha, morder caneta (causam uma hiperatividade muscular, pois os músculos ficam contraídos, muitas vezes a

mandíbula se encontra em movimento e não em sua posição músculo esqueletal estável), além de lesões inflamatórias,

ulcerosa glossopatias, gengivites, e principalmente contribuindo para aparecimento de cárie ou seja levando ao

desequilíbrio do sistema estomagnático. Sendo assim é necessário conhecer mais sobre a fisiopatologia do stress

decorrentes dos conflitos inter ou intrapessoais que comumente atinge hoje a sociedade moderna.

Tudo está intrinsecamente ligado tudo se conecta o tempo todo. E assim, sucessivamente o ser humano tem vivido sem

que se conheça a si mesmo, por conseguinte sem transformar-se para modificar suas ações e conseqüentemente

relacionar-se sem conflitos, principalmente nas elações humanas adquirindo em conseqüência disso o adoecimento.

Sob este prisma a holodontia surge como resposta da odontologia para uma visão sistêmica no atendimento do

paciente odontológico na busca incessante de manter, prevenir ou reequilibrar o sistema estomatognático.

Holodontia - É a visão na odontologia do paciente como um todo. Sob esta nova visão, cada individuo é ele, seus

dentes, sua boca, suas emoções e sua vida. Daí a necessidade de interdisciplinaridade e da humanização dos

instrumentos e profissionais na área de odontologia. Podemos ter um tipo de visão integral de homem e seu ambiente

(corpo e mente) e a psicologia + relações humanas + odontologia = tratamento completo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRUDA, Antonio. Quando a doença do corpo vem da mente. Folha de São Paulo, 20 de agosto de 2000.

OKESON, Jeffrey P.; Tratamento das desordens têmporo-mandibulares e oclusão, 4ª edição, editora Artes Médicas,

São Paulo, 2000.

BLEGER, José. Psicologia da Conduta. Porto Alegre: Artes Médicas, 2ª ed., 1989.

CARVALHO, Irene Mello. Introdução à psicologia das relações humanas. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 17ª

ed., 1989.

CHANLAT, Jean F. O Indivíduo nas Organizações – Dimensões Esquecidas. São Paulo: Atlas, V. 2, 1994.

GAUDÊNCIO, Paulo. Minhas Razões/ Tuas Razões (A origem do desamor). São Paulo: Gente, 1994.

WEIL, Pierre. Relações Humanas na Família e no Trabalho. Petrópolis: Vozes, 34ª, 1980.

Sites: htpp:/ /www.medcenter.com.br capturado em 30/03/20

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 55

ANEXOS Peça realizada: 1° ATO – Relacionamento Paciente x Dentista O paciente chega ao consultório do cirurgião dentista e a assistente o recepciona.

P: Bom dia! A: Bom dia Marcus Vinícius. Como vai o senhor? È! Como sempre pontual! P: Pois é! Tenho que manter meu sorriso sempre lindo! A: Aguarde um momento enquanto vou comunicar o Dr. João Macedo. Olhe! Tome uma revista, é a sua cara!

O paciente espera. A: Dr. o paciente Marcus Vinícius chegou e está te aguardando na recepção. Dr.: Bom dia, senhor Marcus. Vamos entrando!

O paciente entra. Dr.: Sumido, hein!? Como você está se sentindo hoje? E a família! Está tudo bem? P: Está tudo ótimo Dr. Vim fazer só um check-up. Dr.: Deixe eu analisar sua ficha. P: Ta bom.

Primeiro olha a boca. Dr.: Como você não apresenta nenhum problema, vou fazer os procedimentos básicos. P: Ok. Dr.: Como sempre você é meu paciente exemplar, sem problemas. Mas, não deixe de me visitar, ok?! A assistente Verônica depois irá te ligar para agendar outra consulta de rotina.

Abraçam-se! 2° ATO – Dentista estressado x Paciente

A: Bom dia! Como vai o senhor? Sumido hein? P: Bom dia! É ando muito ocupado, mais de vez enquanto sobra um tempinho. A: Vou avisar ao Dr. Marcio Giampá que o senhor chegou. P: Está bom. Dr.: Venha, venha! Entre, sente-se. Carol, cadê a ficha!? Pegue logo porque eu estou atrasado. A: Aqui Dr. Marcio. P: Estou me sentindo meio tonto. Dr.: Tá, tá, abra a boca. A: Dr. Marcio, o seu celular está tocando.

O Dr. deixa o paciente na cadeira e vai atender o celular. Dr.: O quê?!? Não acredito!!! Ainda não está pronto?! Vou procurar outro protético. P: Algum problema doutor? Dr.: Não, não. Deixa-me resolver logo seu problema aqui porque tenho que sair.

O dentista faz o tratamento e diz: Dr.: Pode ir, já terminei.

O paciente sai se queixando do tratamento e nunca mais retorna. 3° ATO – Paciente estressado x Dentista

P: Bom Dia! A: Bom dia! Tudo bem com o senhor? P: É... Tá mais ou menos. A: Aguarde um pouco enquanto vou avisar ao Dr. Eduardo que senhor chegou.

Enquanto ele termina com o outro paciente.Demorando um pouco... P: E ai! Cadê esse Dr? Vou entrar que horas?

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 56

A: Calma ele já vai te chamar. P: Pô... Tenho aula daqui a pouco e o professor não vai me esperar. Dr.: Oi, tudo bem, senhor Augusto César? Vamos entrando... P: Está mais ou menos, estou com vários problemas em casa e muito trabalho da faculdade, e ainda o meu dente começou a doer. Dr.: O que o senhor está sentindo? P: Estou sentindo dor e uma sensação áspera na parte de dentro da bochecha. Também estou sentindo uma sensação de queimadura na língua. Dr.: Vamos dar uma olhada para verificar o que está acontecendo.

Durante o atendimento o dentista fala: Dr.: O senhor anda com algum desequilíbrio emocional, excesso de trabalho, problemas familiares? P: Muitos, é doutor, andam exigindo muito da minha mão-de-obra e estou endividado.

Ao término do atendimento... Dr.: Devido a estes fatos do seu cotidiano apareceram algumas lesões na boca do senhor, como líquen plano,que são pontos brancos encontrados na superfície da sua língua , por isso há sensação de queimadura, como também encontrei aftas e surgimento de carie em fase inicial. P: Tudo isso doutor!!!? Não sabia que esses estresses poderiam causar essas doenças. O que eu devo fazer?! Dr.: Simultaneamente o senhor precisa fazer um tratamento emocional e psicológico com um psicólogo e continuar o tratamento do senhor aqui comigo Não deixe de procurar se tratar!Até a próxima! P: Está bom, doutor! Obrigado.

CONCEITOS DE NORMALIDADE DA BIOMECÂNICA DENTAL E DA OCLUSÃO Autores: Pithon, A. T.; Bomfim, E.; Menezes, F. L. B.; Jesus, A. S.; Barbosa, B. G. N.; Moraes Jr., J. A. Orientador: Ticianelli, M. G. RESUMO:

INTRODUÇÃO: A oclusão não é uma simples relação de contatos estáticos ou de arranjos dentais. O sistema

mastigatório é um sistema extremamente complexo, constituído de ossos, músculos, articulações, ligamentos e dentes,

tendo seus movimentos regulados por um mecanismo de controle neurológico. Cada movimento é coordenado para

maximizar a função e, ao mesmo tempo, minimizar os danos a quaisquer das suas estruturas constituintes.

Os dentes foram anatomicamente concebidos para desempenhar importantíssima função de cortar e estraçalhar os

alimentos, possibilitando uma ação efetiva das enzimas digestivas contidas na saliva e ao longo do tubo digestivo. Um

ligamento, que se constitui de inúmeras fibras, prende cada raiz de dente ao osso, amortecendo os impactos e

distribuindo ordenadamente as poderosas forças desenvolvidas pelos músculos sobre os dentes durante a mastigação.

As gengivas protegem as delicadas estruturas subjacentes.

O posicionamento e a oclusão dos dentes são extremamente importantes na função mastigatória. As atividades básicas

de mastigação, deglutição e fala dependem grandemente não só da posição dos dentes nos arcos dentais, mas

também do relacionamento com os dentes antagônicos, quando os dentes são levados a ocluir. As posições dos dentes

não são determinadas ao acaso, mas por numerosos fatores controladores como por exemplo à largura do arco, o

tamanho do dente, fatores hereditários e as forças musculares providas dos tecidos moles circundantes.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 57

DESENVOLVIMENTO: A ATM é um sistema articular extremamente complexo. O fato das duas ATMs serem

conectadas pelo mesmo osso (mandíbula) complica bastante a função de todo o sistema mastigatório. Cada uma das

articulações pode, ao mesmo tempo, agir de forma diferente e separadamente, mas não completamente sem alguma

influência uma da outra.

A estabilidade da articulação é mantida por constante atividade dos músculos que tracionam a articulação,

principalmente os elevadores. À medida que a atividade muscular aumenta, o côndilo é forçado com maior intensidade

contra o disco e o disco contra a fossa articular, resultando num aumento da pressão intra-articular. Na ausência da

pressão intra-articular, as superfícies articulares se separam e tecnicamente a articulação se desloca. Assim, o espaço

ocupado pelo disco articular varia com a pressão intra-articular. Quando a pressão é baixa, como na posição de boca

fechada em repouso, o espaço do disco aumenta e, quando a pressão é alta, como durante o apertamento dos dentes,

o espaço discal se estreita. Na medida que a pressão intra-articular aumenta o côndilo se assenta na zona intermediaria

e mais fina do disco. Quando a pressão diminui e o espaço do disco é aumentado, a porção mais grossa do disco

rotacional para preencher o espaço.

CONTATO DOS DENTES: Quando está saudável, a anatomia oclusal dos dentes, funciona em harmonia com as

estruturas que controlam os movimentos da mandíbula. As estruturas que determinam estes movimentos são as

articulações têmporo-mandibulares e os dentes anteriores. Durante qualquer movimento, uma relação única dessas

estruturas se combina para determinar uma trajetória precisa e que pode ser repetida. Para manter a harmonia da

condição oclusal, os dentes posteriores devem ficar perto mas não devem contactar os dentes opostos durante os

movimentos mandibulares. É importante examinar cada estrutura com cuidado e observar como a forma anatômica de

cada estrutura determina a morfologia oclusal necessária para se conseguir uma relação oclusal ideal. As estruturas

que controlam os movimentos mandibulares se dividem em dois tipos: aquelas que influenciam no movimento da

porção posterior da mandíbula e aquelas que influenciam no movimento da porção anterior da mandíbula. As ATMs são

consideradas os fatores de controle posterior e os dentes anteriores os fatores de controle anterior. Os dentes

posteriores se situam entre estes dois fatores de controle e dessa forma podem ser afetados por ambos em graus

variados. À medida que o côndilo sai da posição de relação cêntrica, ele desliza na eminência articular da fossa

mandibular. À proporção que ele se move para baixo enquanto a mandíbula está sendo protruída depende da

angulação da eminência articular. Se a superfície é muito angulosa, o côndilo vai descrever um trajeto inclinado

verticalmente. Se ela é mais plana, o côndilo irá percorrer um trajeto que é menos inclinado verticalmente. O ângulo no

qual o côndilo se move a partir de um plano horizontal de referência é chamado de guia condilar. Geralmente o ângulo

da guia condilar gerado pelo côndilo orbitante quando a mandíbula move-se lateralmente é maior do que quando a

mandíbula protrui para frente. Isto se deve ao fato de que a parte mediana da fossa mandibular é geralmente mais

angulosa do que a eminência articular da fossa diretamente anterior ao côndilo. As duas ATMs fornecem a guia para a

porção posterior da mandíbula e são responsáveis para determinar o tipo de movimento mandibular posterior. A guia

condilar é considerada um fator fixo, porque num paciente fisiologicamente estável ela é inalterável. Ela pode ser

alterada, no entanto, sob certas condições (trauma, doenças ou cirurgias). Como as ATMs determinam ou controlam a

maneira na qual a porção posterior da mandíbula se move, assim os dentes anteriores determinam como a parte

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 58

anterior se move. Quando a mandíbula protrui ou se move lateralmente, as bordas incisais dos dentes inferiores ocluem

com as superfícies linguais dos dentes antero - superiores. A angulação dessas superfícies linguais determinam a

quantidade do movimento vertical da mandíbula. Se as superfícies são muito angulosas, o aspecto da mandíbula se

traduz em um trajeto bem anguloso. Se os dentes anteriores tiverem pouco trespasse vertical, eles vão fornecer pouca

guia vertical durante o movimento mandibular. A guia anterior não é considerada como um fator fixo mas sim variável.

Ela pode der alterada por procedimentos dentários como restaurações, ortodontia e extrações, hábitos e desgastes dentais.

DISTRIBUIÇÃO DE FORÇA: Um dos fatores destrutivos é a tensão (stress) oclusal, capaz de produzir lesões

traumáticas nos dentes e suas estruturas de suporte, já que as forças mastigatórias não são devidamente distribuídas.

Daí a sobrecarga, pois determinados dentes são submetidos a forças maiores do que podem suportar. Disso podem

resultar dentes desgastados ou com mobilidade pelo trauma constante. As interferências, grandes responsáveis pela

tensão, são assim denominadas porque interferem na harmonia de movimentos da mandíbula que deveria se fazer à

custa de deslizes suaves. Como os dentes não se engrenam ou encaixam adequadamente, a mandíbula é obrigada a

manter-se em uma posição não fisiológica, que esforça excessivamente os músculos, podendo levá-los à fadiga e

transformar suas contrações em espasmos dolorosos.

Os dentes estão constantemente recebendo forças oclusais. Sendo que os tecidos ósseos não suportam força de

pressão que se for aplicada ao osso, o tecido será reabsorvido. Para ajudar a controlar essas forças existe entre a raiz

do dente e o osso alveolar um ligamento periodontal composto por fibras de tecido conjuntivo colagenoso que sustenta

o dente no alvéolo. A maioria dessas fibras corre obliquamente a partir do cemento. Quando a força é aplicada ao

dente, as fibras suportam essa carga, convertendo uma força destrutiva (pressão) em uma força aceitável (tensão).

Quando o contato de um dente é numa ponta de cúspide ou numa superfície relativamente plana, a força resultante é

inserida verticalmente através do longo eixo do dente. Quando durante o contanto a força não é dirigida através do

longo eixo, é então incorporado um componente horizontal que tende a causar um deslocamento, pois muitas fibras do

ligamento periodontal não estão adequadamente alinhadas para controlar essas forças. Portanto, se um dente é

contatado de forma que as forças resultantes se dirigem através do seu longo eixo, o ligamento periodontal é bem

eficiente e o dano é menos possível. Mas se durante este contato as forças horizontais forem colocadas nas estruturas

de suporte, a possibilidade de efeitos patológicos é maior.

O processo de dirigir forças oclusais através de longo eixo do dente é conhecido como distribuição axial de cargas.

Existem dois métodos para se conseguir este padrão de distribuição: 1- através do desenvolvimento dos contatos

dentais em qualquer das pontas de cúspides ou em superfícies relativamente planas que estão perpendicular ao longo

eixo do dente, e; 2- cada cúspide contate uma fossa oposta de tal maneira que produzam três contatos ao redor da

ponta de cúspide, (tripoidismo). Em ambos os métodos a força resultante será dirigida através do longo eixo dos dentes.

QUANTIDADE DE FORÇA APLICADA AOS DENTES: A ATM permite excursões laterais e protrusivas da mandíbula,

resultando em forças horizontais e obliquas aplicadas aos dentes, as quais não são bem aceitas pelas estruturas de

suporte e pelo sistema neuromuscular. Para identificar qual dente ou dentes que poderão melhor aceitar as forças

horizontais alguns fatores devem ser considerados, como a distância do dente em questão da área de fulcro (ATM) e do

componente muscular de força, sendo que quanto mais próximo deste componente, maior a força recebida. Sendo

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 59

assim, os dentes posteriores podem gerar muito mais força que os dentes anteriores. Portanto, as forças horizontais

danosas dos movimentos excêntricos devem ser direcionadas aos dentes anteriores, nos quais estão posicionados

mais longe do fulcro e das forças vetoriais. Como o total de força que pode ser colocada nos dentes anteriores é menor

que as dos posteriores, a probabilidade de acontecer um colapso é minimizada.

Os caninos são os dentes anteriores mais bem preparados para receber as forças horizontais durante os movimentos

excêntricos, desocluindo os dentes posteriores no lado de trabalho, e promovendo uma desoclusão total no lado de não

trabalho (balanceio). A alternativa para pacientes que não tem caninos na posição adequada para aceitar as forças

horizontais, é a função em grupo, onde muitos dentes contatam no lado de trabalho durante o movimento laterotrusivo.

Quando a mandíbula move-se para frente no contato protrusivo, forças horizontais prejudiciais devem ser aplicadas aos

dentes anteriores e não nos posteriores. Os contatos protrusivos posteriores geram forças desfavoráveis para o sistema

mastigatório, devido à quantidade e direção que as forças são aplicadas. Torna-se evidente que os dentes anteriores e

posteriores tem funções diferentes. Os dentes posteriores funcionam recebendo forças aplicadas durante o fechamento

da boca e os dentes anteriores devido ao seu posicionamento no arco não devem receber forças pesadas. Se os

dentes anteriores superiores recebem contatos oclusais fortes durante o fechamento, existe uma grande probabilidade

de suas estruturas de suporte não serem capazes de tolerarem essas forças e eles se deslocarem labialmente.

Portanto, os dentes posteriores suportam melhor a mandíbula durante o fechamento, enquanto os dentes anteriores

funcionam mais eficientemente em guiar a mandíbula durante movimentos excêntricos. Esse padrão oclusal onde os

dentes posteriores protegem os anteriores de qualquer contato na posição estática da mandíbula e vice-versa durante

os movimentos excursivos é conhecido como oclusão mutuamente protegida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante do exposto, fica evidente que a busca por um padrão oclusal do tipo ideal requer

análise e conhecimento de muitos fatores. Porém, é interessante lembrar que o que se almeja é uma oclusão

fisiológica, ou seja, um padrão oclusal no qual existe um equilíbrio funcional ou um estado de homeostase entre todos

os tecidos do sistema mastigatório, e as tensões que atuam sobre os dentes são dissipadas normalmente, existindo

equilíbrio entre as tensões e a capacidade adaptativa dos tecidos de suporte, músculos mastigatórios e ATMs, e que

nem sempre precisamos ter todos os componente de uma oclusão ideal presentes para alcançarmos uma oclusão

fisiológica

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MC NEILL, C. Ciência e Prática da Oclusão. Quintessence Editora Ltda, Chicago, 1a ed.2000.

MEZZOMO, E.Reabilitação Oral para o Clínico. Editora Santo, S.P., 3ª ed.1997.

OKESON, J. P. Tratamento das Desordens têmporo-mandibulares e Oclusão. Editora Artes Médicas, S.P., 4a ed.2000.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 60

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 4º SEMESTRE

AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO DA CÁRIE, DOENÇA PERIODONTAL E CÂNCER BUCAL Autores: Boa Ventura, F.; Bonfim, L.; Castelo Branco, L.; Oliveira, Í.; Rios, D.; Sampaio, D.; Vilas Boas, H. Orientador: Miranda, C. B. RESUMO:

INTRODUÇÃO - As distintas formas de doença foram identificadas em todas as civilizações pré-históricas através de

estudos paleontológicos, confirmando ser um problema para humanidade há milhares de anos. A doença periodontal, a

cárie dental e o câncer bucal constituem um dos principais problemas de saúde bucal, devido não apenas a sua alto-

prevalência, mas, sobretudo, pelo dano causado nas populações. Assim, se faz necessário conhecer, em total

plenitude, as características destas doenças, pois, tão antigo quanto o conceito de doença é a idéia de que quanto mais

rápido for o seu diagnóstico, mais rápida será a cura. E, sabe-se que um diagnóstico eficaz sobre uma determinada

doença faz necessário um conhecimento profundo sobre a mesma. Assim, é correto afirmar que a eficácia dos métodos

e a eficiência de um programa de tratamento necessitam da precisão do diagnóstico. Para tal, cientistas biomédicos

trabalham incansavelmente numa busca frenética de novos métodos de diagnóstico que possibilitem eficácia, rapidez e

eficiência num só plano de cura. Nesta incansável busca pela perfeição temos um papel fundamental que é o de

implantar, testar e proliferar o uso destas técnicas. Confirmando esta tese, nossa apresentação tem o intuito de passar

algumas destas novas técnicas de diagnóstico de uma maneira que possibilite a compreensão.

DESENVOLVIMENTO - O diagnóstico e o tratamento da cárie dentária por muito tempo concentrou-se na cavidade

propriamente dita detendo-se no tratamento cirúrgico-restaurador sem se preocupar com o fator etiológico da doença e

com a promoção de saúde. (ABOPREV, 2003)

Atualmente, sabe-se que a lesão de cárie é a manifestação de uma infecção bacteriana. Segundo ARANHA (2002), as

bactérias que estão presentes na cavidade oral colonizam a placa bacteriana presente na superfície dentária,

realizando fermentação, deixando-a ácida, e essa acidez resultará numa perda de minerais dos tecidos duros do

dentes. Este processo é realizado através da metabolização bacteriana que é influenciada por alguns fatores como a

composição e freqüência da dieta, o fluxo salivar, a capacidade tampão da saliva e da placa etc. Estes são os fatores

determinantes e podem estar juntos ou não aos fatores modificadores, que são os socioeconômicos e

comportamentais. Portanto para elaboração do diagnóstico de cárie deve-se, considerar o fator etiológico, os

determinantes e os modificadores. Assim, para fazer um diagnóstico de cárie, tornam-se necessários a anamnese, o

exame clínico, o radiográfico e até mesmo exames adicionais para avaliar a dieta, a saliva e a microflora cariogênica do

indivíduo. Na anamnese poderemos saber a história do paciente através de informações que podem interferir num

diagnóstico diferencial como situação socioeconômica para adequar o tratamento de acordo com a condição do

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 61

paciente. Assim, após a anamnese, realiza-se exame clínico intra-oral onde será de extremo valor observar o exame de

mucosa oral, a presença de placa e gengivite, experiências anteriores de cárie, exame das lesões de cárie, tipo de

lesão, atividade de cárie, localização da lesão, exame radiográfico, estágio de erupção dentária, dieta, exame salivar e

exame bacteriológico. Portanto, todos esses exames devem ser realizados pelo profissional em busca do diagnóstico,

pois, a cárie dentária é uma doença multifatorial e quanto maior o número de fatores negativos pior será o prognóstico

da doença.

O odontólogo moderno não deve se restringir somente à cárie já instalada, deve incorporar-se no conceito de promoção

de saúde, não se detendo apenas em restaurar o dente afetado, mas sim em interferir no desequilíbrio que provoca a

doença cárie com a preocupação da detecção do diagnóstico o quanto antes. Pensando nisso, novos métodos de

diagnóstico como a Radiografia Digital e o Laser DIAGNOdent estão sendo implantados na odontologia para que a

detecção da cárie ocorra o mais precocemente possível.

A doença periodontal nos últimos anos tem se tornado de grande relevância para a odontologia preventiva, pois ocupa

hoje lugar em destaque dentre as doenças bucais, acometendo grande parte da população mundial. Quando não

tratada precocemente, suas conseqüências se tornam de grande risco para saúde e sua progressão tem se mostrado

como ponto de partida para diversas outras doenças graves. Estudos demonstram que a doença periodontal pode tanto

estar relacionada a partos prematuros quanto estar interferindo em doenças cardiovasculares.

Segundo LINDHE (1999), durante muito tempo acreditou-se que a doença periodontal inflamatória fosse uma entidade

única e isolada, causada principalmente pelo acúmulo de placa e manifestando-se, inicialmente, pela gengivite marginal

que, pela falta de higiene oral adequada, se estabelecia e evoluía para periodontite destrutiva, promovendo perda

óssea contínua e posterior perda do dente. Porém, segundo SOCRANSKI (1984) citado por MENDONÇA et al (1998) a

doença periodontal destrutiva tem mostrado uma prevalência mais baixa do que se pensava originalmente, e não

progride numa taxa constante. A perda óssea pode ocorrer em surtos de exacerbação ou remissão. MENDONÇA et al

(1998) afirma ainda que, os métodos de diagnóstico mais utilizados, como sondagem e radiografias, só relatam a

severidade da doença, são incapazes de determinar os sítios ativos na periodontite e prever futura destruição

periodontal. E, que os métodos usados rotineiramente expressam apenas medidas e índices baseados nos sinais e

sintomas da doença periodontal, e também na identificação de fatores que predispõem ao acúmulo de placa bacteriana,

o que se torna ineficiente para determinação de um diagnóstico precoce.

Com base nas limitações do diagnóstico periodontal convencional CARRANZA et al (2004) reafirmou a importância de

alguns parâmetros para o estabelecimento de novos métodos de diagnóstico para doença periodontal. Segundo estes

autores devem-se ser feitas considerações sobre fatores microbiológicos, sistêmicos, genéticos e comportamentais,

além dos parâmetros clínicos e radiográfico tradicionais, ao avaliar a condição do paciente. Partindo dessas

necessidades, avanços consideráveis como a sondagem eletrônica computadorizada, Diagnóstico por imagem com

radiografia digital, método de temperatura gengival, Sistema de Análise Densiométrica Assistida por Computador

(CADIA), testes bacteriológicos como Slot Imunoblot, uso da Sonda de Desoxirribonucléico, dentre outras, já são

realidade para o diagnóstico precoce da doença periodontal.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 62

O câncer no Brasil é considerado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) como um problema de saúde pública. O

câncer está sempre entre as causas mais freqüentes de morte ao lado das doenças circulatórias, causas externas,

doenças infecciosas e parasitárias, e afecções do período perinatal. O câncer bucal é uma doença crônica que resulta

em alta morbidade e mortalidade. No Brasil, os registros hospitalares de câncer mostram que a boca está entre as dez

localizações mais freqüentes para a ocorrência de câncer, ao lado da pele, colo uterino, mama e estômago.

Considerando-se que a boca não é um local de fácil acesso ao exame físico, pode-se deduzir que existe uma

deficiência importante no diagnóstico destes tipos de câncer, como afirmam COSTA & MIGLIORATI (2001), em estudos

que mostram que há um grande atraso no reconhecimento da lesão causado pelo dentista e pelo médico não

especialista. Deste modo, a maioria dos autores concordam que o diagnóstico precoce do câncer bucal e o imediato

encaminhamento do paciente para tratamento são fatores importantes para a redução da morbidade e da mortalidade

causadas pela doença.

Apesar do avanço das técnicas modernas de diagnóstico de lesões malignas da cavidade bucal e da possibilidade de

tratamento destas lesões, o diagnóstico precoce e o pronto tratamento da lesão é ainda a melhor forma de aumentar a

sobrevida de cinco anos e diminuir a morbidade e a mortalidade. Pois, segundo COSTA & MIGLIORATI (2001), quando

uma lesão maligna é diagnosticada em sua fase inicial, ou seja, menor que 2 cm de extensão e sem comprometimento

linfonodal, o tratamento cirúrgico local será provavelmente suficiente para curar o paciente. Entretanto, se o diagnóstico

não é feito no início, a extensão local certamente ocorrerá, podendo haver invasão dos linfonodos regionais, alterando o

estadiamento do câncer o que fará incluir no tratamento radioterapia e, em alguns casos, quimioterapia. No entanto, os

autores afirmam que estas formas de tratamento oncológico são acompanhadas de complicações severas, tanto para a

boca como para o resto do organismo, sendo que algumas delas são definitivas, como a xerostomia e o risco para

osteoradionecrose. Ou seja, uma lesão maligna que poderia ter sido curada passa a ser tratada com menores chances

de cura, mudando totalmente o prognóstico para o paciente. Assim, torna-se evidente a importância do diagnóstico

utilizando tomografias computadorizadas e outras técnicas avançadas para o diagnóstico do câncer bucal.

CONCLUSÃO - O avanço tecnológico atual permitiu a adaptação da nova tecnologia para o combate as doenças,

assim, radiografias digitais, laser, tomografias computadorizadas, sistemas de imagens assistidos por computador vêm

sendo implantados na odontologia e se mostram de suma importância para um melhor prognóstico das doenças

periodontais, da cárie dentária, e câncer bucal, o que torna imprescindível à incorporação do cirurgiões dentistas aos

avanços destas novas técnicas de diagnóstico estando aptos a realizá-las, oferecendo maior qualidade e,

principalmente, maior eficiência nos serviços prestados aos seus pacientes. E, a partir deste embasamento teórico,

buscaremos mostrar em nosso trabalho a realidade destes novos métodos e suas técnicas que têm possibilitado o

cirurgião dentista diagnosticar precocemente seu paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABOPREV; Promoção de Saúde Bucal. 3ª ed. Artes Médicas. São Paulo-SP, 2003. p.69 cap.4

ARANHA, F. L. Bioquímica odontológica. 2ªed. Sarvier. São Paulo-SP, 2002.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 63

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ÍNDICES EPIDEMIOLÓGICOS UTILIZADOS NO DIAGNÓSTICO DA CÁRIE DENTAL, DOENÇA PERIODONTAL E CÂNCER BUCAL Autores: Azevedo, R.; Carneiro, D.; Carvalho, T.; Ferreira, A. C.; Moreira, G.; Nun’Álvares, Á.; Queiroz, G. Orientador: Graça, C. C. RESUMO

INTRODUÇÃO - Índices utilizados no diagnóstico da Cárie dental

Índice CPO - O Índice de Ataque de Cárie originalmente formulado por Klein e Palmer em 1937, conhecidos pelas

iniciais cpo permanece sendo o mais utilizado em todo mundo, mantendo como o ponto básico de referência para o

diagnostico das condições dentais e para formulação e avaliação de programas de saúde bucal.

Quando a unidade de medida é o dente temos o índice CPO-D, ou seja, Dentes Cariados Perdido e Obturados. Ainda

que a denominação mais correta nesse ultimo caso, seja “restaurado”, para efeito do índice se mantém os iniciais “O”

como uma concessão a sua maior eufonia.

Cáries radiculares não estão incluídas, pois o índice é especifico para problemas verificados na região da coroa

dentária.

Considerando que o CPO-D codifica com peso idênticos dentes em condições bastante diversas, desde uma pequena

cavidade até uma extração, desenvolveu-se como uma alternativa mais refinada e precisa o índice CPO-S, cuja

unidade de medida é a superfície (S). Os 32 dentes permanentes são divididos em 148 superfícies, da seguinte forma:

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 64

Molares e pré-molares com 5 superfícies cada: Oclusal, mesial, distal, vestibular e lingual; Incisivos e caninos com 4

superfície cada: mesial, distal, vestibular e lingual. No caso de diagnóstico de extração ou extração indicada, anotar

todas as faces nesta condição (um molar, por ex. é anotado como tendo 5 faces E ou Ei).

Usualmente mais utilizado em trabalhos de pesquisa, o CPO-S ganha significado e utilidade em estudos

epidemiológicos levados a efeito em áreas de baixa prevalência de cárie em vista de sua maior sensibilidade e poder de

discriminação. Em idades avançadas o CPO-S tende à saturação, perdendo sua capacidade de discernimento pela

grande quantidade de superfícies atacadas.

Para dentição temporária os índices são identificados com letras minúsculas denominando-se respectivamente ceo-d e

ceo-s. Assim, o índice ceo-d é o correspondente ao CPO-D em relação à dentição decídua, mais inclui só os dentes

cariados (c), com extração indicada (e) e obturados (o), excluindo os extraído devido às dificuldades em separar os que

o foram por causa de cárie dos perdidos pelo processo natural de esfoliação dentária.

O CPO costuma ser dividido em quatro componentes, acrescentando os dente com extração indicada (Ei). Os fatores

que representam a história passada, enquanto os fatores C e Ei compõem a história presente e correspondem às

necessidades de tratamento.

Em vista do caráter cumulativo da cárie dental, que se traduz em diferentes padrões de ataque ao longo da vida

humana, o índice de CPO deve ser expresso por idade ou por grupo etário. Quanto mais avançada a idade mais alto é

o CPO. Mesmo em populações com tradição secular de prevalência muito baixa de cárie, o índice cresce

continuamente com o tempo.

As limitações do CPO clássico passaram a ser cada vez mais evidentes na medida em que a prevalência de cárie

começou a diminuir e saúde bucal deixou de ser vista como um elemento isolado passando a ser analisada como um

dos fatores que contribuem para a saúde geral e bem-estar de cada individuo e de cada comunidade.

Índice de CPO inovado: Considerando a difusa situação epidemiológica encontrada no Brasil, parece evidente que é

inadequada qualquer tentativa de adotar o enfoque europeu de maneira acrítica e automática. Epidemiologistas

brasileiros são forçados a conviver com situações tão distintas quanto à de comunidades nas quais a prevalência da

cárie dental permanece similar ou é ainda pior que a encontrada no estudo do Ministério da Saúde de 1986 (Brasil,

1989), enquanto em muitas cidades houve uma redução de tal ordem que o CPO em crianças já se aproxima das

médias constatadas no mundo desenvolvido.

Esta nova formulação é um reconhecimento da inevitabilidade de modificações de critérios de exames bucais coletivos,

seguidos durante quase meio século no Brasil (período durante o qual o CPO se manteve virtualmente o mesmo); ao

mesmo tempo em que se busca adotar um novo padrão compatível com a realidade epidemiológica nacional que surgiu

de modo especial a partir da década de 1990, mas evitando a transposição acrítica de conceitos provenientes de países

mais industrializados e com condições de saúde bucal bastante distintas.

Vale lembrar que em qualquer caso são examinados todos os dentes. Ou seja, em adultos o exame epidemiológico

inclui os 32 dentes. Quando o estudo quiser reportar-se, para a dentição permanente, apenas ao total de 28 dentes,

excetuando os terceiros molares do exame epidemiológico, esta condição deve ser informada.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 65

ÍNDICES UTILIZADOS PARA DOENÇA PERIODONTAL

Índice gengival – IG - Específico para analisar as condições de saúde dos tecidos gengivais e utilizado notadamente

em estudos clínicos, o Índice gengival (IG) baseia-se em um dente de cada sextante bucal: 16, 12, 24, 36, 32 e 44.

Esses dentes são divididos em 4 faces – vestibular, lingual, mesial e distal – atribuindo-se o valor de 0 a 3 a cada face.

A soma dos índices é dividida pelos seis dentes examinados para chegar ao IG individual.

Podem ser formulados índices também por grupos de dentes, bem como optar pelo exame integral das arcadas

dentarias.

O principal problema relacionado ao IG, diz respeito à dificuldade em distinguir os limites entre cada estágio, ou seja,

entre 0 e 1, entre 1 e 2, etc., o que exige examinadores cuidadosamente calibrados para a sua correta aplicação.

Índice periodontal – IP: Sem dúvida o índice Periodontal – IP de Russell (1956), é a mais difundida dentre as medidas

epidemiológicas relativas as DPs, devendo sua popularidade a facilidade de uso, nitidez na separação de conceitos

para suas cinco subdivisões e à conseqüente diferença intra e interexaminadores que lhe dá melhor comparabilidade de

resultados.

É um Índice misto, pois mede tanto a fase reversível da DP quanto à presumivelmente irreversível, sendo aplicado a

totalidade dos dentes presentes na boca.

Para obter o IP médio por pessoa os valores dados a cada dente são somados e o resultado é dividido pelo total de

dentes examinados. Para grupos, basta somar os IP individuais e dividir pelo número de pessoas examinadas.

É possível efetuar a transformação do IP em necessidades de tratamento. Um procedimento simples nesse sentido foi

sugerido por Douglas et al. (1984), composto por quatro passos. (multiplica-se o IP médio pelo numero de habitantes,

por faixa etária; 2) converte-se o IP em tipos de serviços necessários; 3) estima-se o tempo necessário por tipo de

serviço; 4) multiplica-se o resultado do passo 1 pelo do passo 3 obtendo o tempo total necessário para realização do

tratamento da população.

Dois pontos importantes devem ser referidos: a) que toda e qualquer estimativa de tempo de trabalho e de necessidade

de tratamento periodontal deve corresponder ao nível de oferta de serviços de cada programa odontológico; b) que

ainda não há consenso entre os especialistas em periodontia e em saúde pública quanto à conveniência da conversão

automática dos problemas diagnosticados por meio de índices epidemiológicos em tipos de tratamento, devido aos

diferentes padrões de resposta orgânica individual as DPs.

ÍNDICES UTILIZADOS PARA O DIAGNOSTICO DO CÂNCER BUCAL - O câncer bucal é no Brasil um problema de

saúde pública (3,8% das neoplasias). Em 1987 o câncer bucal causou 1,6% dos óbitos no país. De 1986 a 1993 o

índice de detecção de carcinomas "in situ" permaneceu estável. Segundo o Instituto Nacional do Câncer em 1993,

64,3% dos cânceres de boca foram diagnosticados em fases avançadas, e apenas 18% dos casos eram iniciais ou “in

situ”. Se o diagnóstico do câncer é tardio, o prognóstico é desfavorável, os tratamentos mutilantes, paliativos e

dispendiosos para as unidades hospitalares e planos de assistência médico-odontológicos. Quando o diagnóstico é

feito nos estágios iniciais o câncer de boca pode ser considerado curável. A prevenção do câncer de boca adquire

relevância em saúde pública, particularmente se considerarmos que a abordagem preventiva é compatível com a

natureza desta doença, pois a boca favorece o fácil acesso visual. Além disso, é possível esclarecer a população sobre

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 66

a necessidade da eliminação dos fatores de risco associados ao desenvolvimento do câncer, bem como orientá-la

sobre a importância da realização do auto-exame de boca periódico, já que o câncer nas fases iniciais não apresenta

sintomas.

CONCLUSÃO - O diagnostico das doenças dentarias tem sido um fator importante dentro do campo da Odontologia,

visto as mudanças que ocorreram, principalmente a morfologia da fissura e progressão da lesão, o que modificou o

conceito do CD sobre a presença deste problema. Esta linha de pesquisa engloba tópicos como índices, métodos de

diagnostico e diagnostico de carie em saúde publica.

Este trabalho foi importante para nossa formação como futuros profissionais cirurgiões dentistas pois podemos

conhecer de forma mais detalhada fomas de índices epidemiológicos, estes tão importantes para nossa atuação futura.

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FATORES DE RISCO DA CÁRIE, DOENÇA PERIODONTAL E CÂNCER BUCAL. Autores: Sodré, B.; Brito, Carlos H.; Xavier, E.; Rodrigues, J.; Franklin, M.; Jesus, M. S. Orientador: Koser, L. R. RESUMO:

O presente trabalho visa explicitar os fatores de risco atrelados à cárie, à doença periodontal e ao câncer bucal. É

sabido que, por definição, o fator de risco representa o elemento causa em potencial para desencadear uma

determinada doença. No que diz respeito à cárie, são sugeridos como fatores de risco a dieta rica em carboidratos. Já

na doença periodontal o uso do cigarro, o stress e algumas condições/alterações sistêmicas estão correlacionadas ao

risco do surgimento desta enfermidade. Por fim, no tocante ao câncer bucal, o fumo, a exposição solar e o álcool são

fatores de extrema relevância relacionada a lesões de boca.

INTRODUÇÃO - O Câncer Bucal é uma neoplasia maligna, cujas causas do câncer podem ser determinadas por

fenômenos químicos, físicos ou biológicos, onde o aspecto comum é uma lesão em nível do DNA celular. Uma célula

normal pode sofrer alterações no material genético (DNA) dos genes, a mutação genética, passando a receber

instruções erradas para as suas atividades. Ao processo de formação do câncer chamamos de carcinogênese.

Exposição da mucosa bucal a agentes cancerígenos resulta, inicialmente, em lesões inflamatórias inespecíficas podem

ser reversíveis, caso a agressão seja suspensa, ou poderão provocar reações que podem levar ao desenvolvimento de

alterações celulares chamadas de displasias, que evoluem finalmente para carcinoma in situ. Existem os fatores

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 67

carcinógenos, que predispõem o paciente a desenvolver um tumor maligno na boca; tais como, o etilismo, o tabagismo,

a exposição solar, a falta de cuidados com os dentes e as próteses inadequadas que irritam e ferem a mucosa bucal.

A Cárie Dental é uma doença que atinge os tecidos duros orais, que dependem da presença de microorganismos

bucais e sua penetração, onde os mais ativos são o Streptococos mutans e o Lactobacilus acidófilo. Da ingestão de

açúcares, somada a não ou má escovação dos dentes. Esses fatores formam a placa bacteriana e a síntese

cariogênica. A degradação metabólica dos açúcares afrouxa e quebra o esmalte dental, possibilitando a penetração dos

microorganismos, os quais, de fato são os agentes da cárie. O papel do flúor consiste na rigidez do esmalte dental.

Fundamental, portanto como prevenção ao ataque dos microorganismos, pois, é a barreira natural da fortaleza do

tecido dental.

Na Doença Periodontal ocorre o comprometimento dos tecidos periodontais através de processo inflamatório, levando a

reabsorção óssea. 0 sinal mais característico é o sangramento, somados às alterações na posição dos dentes,

mobilidade, retrações gengivais, retenções de alimento, inchaço. A placa bacteriana aderida ao dente é a causa da

doença periodontal, porém algumas alterações podem estar associadas a causas hormonais, uso de alguns

medicamentos ou até queda de resistência. O tratamento da doença periodontal restringe-se à remoção mecânica.

Mesmo com o tratamento, a doença periodontal deixa seqüelas e alterações estéticas. A sua prevenção pode ser feita

unicamente removendo a placa bacteriana através de limpeza bucal doméstica com fio dental e escova, mais limpezas

periódicas feitas pelo dentista.

DESENVOLVIMENTO - A cárie dentária é uma doença infecto-contagiosa, que acomete principalmente crianças e

adultos jovens, transmissível de pessoa para pessoa através do contato direto (por exemplo, o beijo), que resulta na

perda localizada de superfícies dentárias, causada por ação de ácidos orgânicos presentes na boca, provenientes da

fermentação microbiana dos carboidratos da dieta (açúcares, doces). Esta doença é normalmente crônica e para que

ocorra o seu aparecimento no meio bucal temos que ter três fatores essenciais associadas:

• O hospedeiro, representado pelos dentes e saliva;

• A microbiota (Streptococcus mutans) na região, bactéria causadora de cáries;

• A dieta consumida rica em carboidratos e sacarose.

Portanto, para ocorrer à manifestação da cárie estes três fatores citados acima devem estar presentes e interagir entre

si. Por exemplo, uma pessoa que já tenha contraído a microbiota por contágio pela saliva de outra pessoa com grande

freqüência de ingestão de carboidrato e que possui dentes com quantidade de placa dentária cariogênica (massa

amolecida que adere ao dente quando não realizamos a higiene dentária). A primeira manifestação clínica da doença

cárie é uma mancha branca opaca, leitosa e rugosa na superfície do dente. Logo após esta primeira fase, a superfície

dentária passa a ficar castanha de claro a escuro, neste estágio a doença cárie evolui rapidamente passando muitas

vezes a atingir a segunda camada do tecido dentário que é a dentina. Quando a cárie chega neste estágio, já se tem à

formação de cavidade cariosa que pode levar a destruição e perda dentária.

RECOMENDAÇÕES PRA DIMINUIR O RISCO DE CONTRAIR CÁRIES: Diminuir a freqüência da ingestão

carboidratos, doces e balas. O ideal é só comer estes alimentos após as refeições e não entre as refeições. Quanto

maior a freqüência de ingestão, maior o risco de adquirir a cárie.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 68

Escovar os dentes sempre após as refeições, com uma escova que esteja com as cerdas parelhas e não deformadas,

principalmente à noite antes de dormir, pois quando dormimos a secreção salivar diminui aumentando o risco à doença

cárie. A escovação tem como intenção à remoção de placa bacteriana que adere ao dente sempre que ingerimos um

alimento.

Utilizar o fio dental pelo menos uma vez ao dia, pois o fio penetra na região interdental e papilas gengivais local que a

escova não alcançam.

Fazer uso de colutórios bucais que contenham flúor, também é um bom meio de diminuir o risco da doença.

Visitar regularmente o cirurgião dentista, principalmente o paciente jovem.

O flúor tem um papel muito importante no combate à doença cárie. O flúor presente no meio bucal aumenta a

solubilidade do esmalte dentário deixando-o mais resistente perante a presença dos ácidos gerados pelas bactérias

cariogênicas. Hoje, na maioria das cidades, temos a presença de flúor na água potável, que atua de forma sistêmica

quando a ingerimos.

RECOMENDAÇÕES PRA PREVENIR CÁRIES:

• Fluorterapia, sessões de aplicação de fluoretos, normalmente na forma de gel aplicado no consultório.

• Remoção dos fatores retentivos de placa como, restos radiculares, próteses mal adaptadas, hiperplasias

gengivais, restaurações mal adaptadas.

Segundo, (Izamir Araújo, 2004), tradicionalmente, o diagnóstico de cárie tem sido divulgado levando-se em conta

apenas seu sintoma – a cavidade – o que leva a um tratamento operatório, com o qual, não se interrompe o ciclo da

doença e, conseqüentemente, não propicia a cura do paciente. Entretanto, a Odontologia de promoção de saúde

privilegia o diagnóstico baseado em uma avaliação prévia dos fatores envolvidos no desenvolvimento da doença cárie

através da anamnese, exame clínico e recursos complementares permitindo a identificação do risco/atividade

cariogênica do indivíduo e a determinação de medidas preventivas e terapêuticas individualizadas (Medeiros & Wayne,

2001). Atualmente, a Odontologia de promoção de saúde tem suas ações norteadas pelo diagnóstico da atividade de

doença do paciente, e não apenas na detecção de lesões de cárie. Esta visão abrangente envolve uma avaliação

prévia dos fatores etiológicos, determinantes e modificadores da doença atuantes no indivíduo ou na população.A

prevenção da doença cárie tem por objetivo remover ou controlar os vários fatores etiológicos determinantes ou

predisponentes que levam ao aparecimento de lesões. Estes fatores dizem respeito ao hospedeiro (dente e saliva),

dieta e microorganismos (Navarro, 1995). Desta forma são utilizadas estratégias que visam o aumento da resistência do

dente, a remoção dos microorganismos cariogênicos e o controle da dieta cariogênica, através de medidas preventivas

como utilização de fluoretos, selantes e controle da saliva deficiente a fim de aumentar a resistência do dente,

impedindo a instalação ou controlando a progressão da doença cárie. Os hábitos alimentares e de higiene bucal, a

freqüência e formas de exposição ao flúor, assim como a identificação de doenças sistêmicas e uso de medicamentos

através da história médica, que têm a capacidade de modificar o fluxo salivar ou apresentar sacarose na sua

composição devem ser conhecidos pelo profissional. O nível sócio-econômico, a importância que o paciente atribui a

sua própria saúde e sua atitude frente ao tratamento odontológico é fundamental para o processo diagnóstico e seleção

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 69

da conduta clínica a ser empregada. A atividade de cárie é um fato plenamente reversível desde que sejam aplicadas,

continuamente medidas de prevenção e controle. Do ponto de vista etiológico, a doença cárie dentária é:

1) Infecciosa: não ocorre na ausência de microrganismos específicos;

2) Tri-fatorial: dependente da tríade de bactérias cariogênicas, dieta rica em carboidratos e susceptibilidade

individual.

3) Comportamental: sua ocorrência depende da utilização que o hospedeiro faz de produtos que contribuem para

a progressão da lesão (dieta cariogênica) e de produtos que dificultam seu aparecimento e progressão

(produtos fluoretados). Com a evolução dos conceitos de promoção de saúde e o entendimento epidemiológico

de multifatoriedade da doença cárie e da proposta de tratamento segundo o risco e a atividade, a prática

odontológica transformou-se numa prática voltada para a promoção de saúde da população onde se enfatizou

a necessidade da atuação nos agentes predisponentes ou causadores das doenças e não no tratamento

cirúrgico-restaurador. Tais fatores interferem no risco de desenvolver a doença, mesmo que os demais fatores

determinantes e predisponentes estejam presentes. As modificações nos padrões educacionais, incluindo

alterações nos padrões da dieta, higiene bucal e o acesso facilitado aos serviços de saúde, contribuem para a

melhoria da saúde bucal dos indivíduos.A partir dos conhecimentos da etiologia, da prevalência, dos estudos

epidemiológicos, dos critérios de diagnóstico e das medidas de prevenção e controle da cárie dental, conclui-

se que a incidência da doença cárie deverá declinar no Brasil, a exemplo dos Estados Unidos, Nova Zelândia e

países Escandinavos. O desafio é, e será, manter a criança, futuro adulto, livre de cárie.

DOENÇA PERIODONTAL- Doenças periodontais, incluindo gengivite e periodontite, são infecções que, se não

tratadas, podem levar à perda do dente. A doença periodontal é uma infecção bacteriana crônica que afeta as gengivas

e a tecidos que suportam os dentes. Tal enfermidade pode afetar um ou muitos dentes. Ela se inicia quando a bactéria

na placa (uma película sem cor e aderida, que forma constantemente sobre seus dentes), faz as gengivas tornarem-se

inflamadas.Como características da forma inicial da doença, a gengivite, a gengiva torna-se vermelha, flácida e sangra

facilmente. Normalmente, causa pouco ou nenhum desconforto. Esta é desencadeada por uma higiene bucal

inadequada que leva permanência das colônias bactérias no meio bucal. A gengivite é reversível e com o tratamento

profissional e boa higiene oral em casa, se retorna ao estado de saúde.

A gengivite não tratada pode avançar para periodontite. Com o tempo, a placa pode se espalhar e crescer abaixo da

linha gengival. As toxinas produzidas pelas bactérias na placa irritam a gengiva. Estas ainda estimulam uma resposta

inflamatória, e a resposta a esta agressão pode provocar destruição dos tecidos e do osso que suportam o dente. Neste

momento, há formações de bolsas (espaços entre o dente e a gengiva), que são sítios de infecção. Como a doença

progride, as bolsas se aprofundam e mais tecidos periodontais são destruídos. Freqüentemente, este processo

destrutivo aponta alguns sintomas. Eventualmente, os dentes podem tornar-se moveis e podem perder sustentação e

função. A principal causa etiológica da doença periodontal é a placa bacteriana, uma película incolor e aderida que se

forma sobre seus dentes. Entretanto, outros fatores podem também contribuir para afetar a saúde de seus dentes, os

chamados fatores de risco.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 70

Tabagismo - O uso do fumo está ligado com muitos problemas sérios de saúde tais como câncer, doenças pulmonares

e cardíacas, como também a outros numerosos problemas de saúde, dentre eles que os usuários do fumo também têm

um risco aumentado para as doenças periodontais. Estudos recentes têm mostrado que o fumo pode ser um dos

fatores de risco mais significantes no desenvolvimento e progressão das doenças periodontais.

Genética - Pesquisas apontam que mais de 30% da população pode ser geneticamente susceptível às doenças da

periodontais. Apesar dos cuidados com a higiene bucal, estas pessoas podem ter seis vezes mais probabilidade para

desenvolver doenças periodontais. A identificação destas pessoas, com testes genéticos, antes de mostrar os sinais da

doença e intervir precocemente, pode ajudar a manter os dentes por toda a vida.

Alterações hormonais nas mulheres - Escovar os dentes e usar o fio dental diariamente, ter uma dieta sadia, e fazer

exercícios regulares são hábitos importantes para manter-se com saúde. Fases como puberdade, menopausa, gravidez

e menstruação exigem cuidados especiais. Durante estas fases em particular, o corpo passa por alterações hormonais.

Estas variações podem afetar muitos tecidos, inclusive o tecido gengival. Estes podem se tornar sensíveis, e às vezes

reagir vigorosamente às alterações hormonais. Estudos recentes sugerem que a mulher grávida com doença gengival

tem sete vezes mais possibilidade de ter parto prematuro, com bebês de baixo peso.

Stress - O stress está relacionado a alterações sérias como hipertensão, câncer, e inúmeros outros problemas de

saúde. Incluindo entre estes, ser um fator de risco para as doenças periodontais. Pesquisas demonstram que o ele

pode dificultar o organismo no combate às infecções.

Medicamentos - Algumas drogas, podem afetar sua saúde bucal, induzindo a alterações dos tecidos periodontais a

exemplo das drogas neurolepticas que, como efeito adverso, pode gerar aumentos gengivais.

Trauma Oclusal - Apertar ou ranger os dentes pode provocar forças excessivas nas estruturas que suportam as

unidades dentoriais e pode acelerar a velocidade de destruição dos tecidos periodontais.

Diabetes - O diabetes é uma doença que causa alteração nos níveis glicêmicos séricos. É causado por uma deficiência

na produção de insulina (um hormônio que é um componente chave na habilidade do organismo em utilizar o açúcar

que está no sangue) ou pela incapacidade do organismo utilizar a insulina corretamente. Um diabético tem um alto risco

para desenvolver infecções, incluindo aí a doença periodontal. Estas infecções podem dificultar a capacidade de

processar e/ou utilizar a insulina, que pode tornar mais difícil controlar o diabetes.

Má nutrição - Uma dieta deficiente em nutrientes importantes pode comprometer o sistema de defesa do organismo e

dificultar o combate às infecções.

CÂNCER BUCAL - É um tipo de câncer que geralmente ocorre nos lábios (mais freqüentemente no lábio inferior),

dentro da boca, na parte posterior da garganta, nas amídalas ou nas glândulas salivares. É mais freqüente em homens

do que em mulheres e atinge principalmente pessoas com mais de 40 anos de idade. O fumo, combinado com o

excesso de bebida alcoólica, é um dos principais fatores de risco.Se não for detectado de maneira precoce, o câncer

bucal pode exigir tratamentos que vão da cirurgia (para a sua remoção) à radioterapia ou quimioterapia. Este câncer

pode ser fatal, com uma taxa de sobrevivência de cinco anos de 50%*. Uma das razões pelas quais este prognóstico é

tão negativo é o fato de que os primeiros sintomas não serem reconhecidos logo. O diagnóstico precoce é fundamental

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 71

para o sucesso do tratamento. Nem sempre é possível visualizar os primeiros sinais que indica a existência do câncer

bucal, o que aumenta a importância das consultas regulares com o dentista ou o médico.

SINAIS DE ALTERAÇÃO POR CÂNCER - Ferida nos lábios, gengiva ou no interior da boca, que sangra facilmente e

não parece melhorar; um caroço ou inchaço na bochecha que você sente ao passar a língua; perda de sensibilidade ou

sensação de dormência em qualquer parte da boca; manchas brancas ou vermelhas na gengiva, língua ou qualquer

outra parte da boca; dificuldade para mastigar ou para engolir; dor sem razão aparente ou sensação de ter algo preso

na garganta; inchaço que impede a adaptação correta da prótese mudança na voz.

FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER - O uso do tabaco é responsável por 80 a 90% das causas de câncer

bucal.Fumo - A ligação entre o fumo, o câncer pulmonar e as doenças cardíacas já foi estabelecida (1). O fumo também

afeta sua saúde geral, tornando mais difícil o combate de infecções e a reparação de ferimentos ou de cirurgias. Em

adultos jovens, este hábito pode retardar o crescimento e dificultar o desenvolvimento. Muitos fumantes afirmam não

sentir mais o odor ou sabor tão bem como antes. O fumo também pode causar mau hálito e manchar os dentes. A

saúde bucal está em perigo cada vez que se acende um cigarro, um charuto ou um cachimbo. Com esta atitude, as

chances de desenvolver câncer na laringe, na boca, na garganta e no esôfago aumentam. Como muitas pessoas não

notam ou simplesmente ignoram os sintomas iniciais, o câncer bucal muitas vezes se espalha antes de ser detectado.

Mascar tabaco - O hábito de mascar tabaco eleva em 50 vezes a possibilidade de se desenvolver o câncer bucal. O

melhor a se fazer é não fumar nem usar quaisquer outros produtos derivados do tabaco. Quando uma pessoa pára de

usar esses produtos, mesmo depois de vários anos de consumo, o risco de contrair câncer bucal se reduz

significativamente. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas também aumenta o risco de câncer bucal. A

combinação fumo/álcool torna esse risco ainda muito maior. Como em outras neoplasias malignas, o câncer de boca

tem o seu desenvolvimento estimulado pela interação de fatores ambientais (agentes cancerígenos ou carcinógenos) e

fatores do hospedeiro (idade, raça, sexo e herança genética). Estudos epidemiológicos têm demonstrado que 80 a 90%

dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Deve-se entender por ambiente o meio em geral (água, terra e ar),

o ambiente ocupacional (indústrias químicas), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos e produtos de uso

doméstico) e o ambiente cultural (estilo e hábitos de vida). A conjugação destes fatores, associados ao tempo de

exposição, intensidade são condições básicas na gênese dos tumores malignos que acometem a boca. Porém, os

fatores externos parecem exercer um papel preponderante. É importante salientar que muitas associações entrem à

exposição a determinados fatores e a ocorrência de câncer não são claras, requerendo investigação mais apurada.A

seguir serão apresentados os principais fatores ambientais relacionados ao câncer bucal.

TABAGISMO - A organização Mundial da Saúde registra mais de 60 mil pesquisas comprovando a relação causal entre

o uso do cigarro e doenças graves como câncer de pulmão (90%), enfisema pulmonar (80%), infarto do miocárdio

(25%) e derrame cerebral (40%).Como exemplo da ação tóxica do cigarro citamos o câncer de pulmão, em que a

quantidade de cigarros fumados por dia é proporcional ao risco de desenvolver a doença. Um indivíduo que fuma de 1 a

9 cigarros por dia, tem 5 vezes mais chance de apresentar câncer quando comparado a um não-fumante. Também as

pessoas que não fumam, mas convivem com fumantes, (denominados de fumantes passivos), têm chances de

desenvolver a doença. Há mais de 200 anos atrás havia a suspeita da relação existente entre o câncer bucal e o

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 72

tabagismo (tabaco fumado e mascado).O hábito de fumar cigarros, charutos, cachimbos e cigarros de palha constituem

a principal causa do câncer de pulmão, laringe e cavidade bucal. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabaco é

a maior causa isolada de doenças e mortes no mundo.Na Índia e em outros países da Ásia, o câncer de boca é o tipo

mais comum de neoplasia maligna, sendo responsável por até 50% de todos os casos de câncer. O fato está

relacionado com o uso de tabaco sem fumaça misturado com outras substâncias.A incidência é maior nos homens,

porém, o risco é semelhante em ambos os sexos.Estudos comprovaram que o risco relativo para o desenvolvimento de

câncer de boca é maior entre os usuários de tabaco quando comparado com os não tabagistas. Esse risco está

baseado no consumo de tabaco ao longo da vida do indivíduo, especialmente entre os usuários de cachimbo.

Na fumaça do tabaco, já foram detectadas mais de 60 substâncias carcinogênicas. O alcatrão, um dos seus principais

componentes, contém o benzopireno, potente agente cancerígeno e as aminas aromáticas. No fumo também são

encontradas substâncias químicas utilizadas no seu cultivo, como pesticidas e elementos radioativos (Polônios-210).As

alterações ocorridas na mucosa, decorrentes da presença dessas substâncias, somam-se à exposição contínua ao

calor desprendido pela combustão do fumo.Os indivíduos que são portadores de úlceras bucais são mais vulneráveis,

pois permitem o contato direto das substâncias e elementos agressivos com o tecido.Após abandonar o hábito de

fumar, são necessários 10 anos para o indivíduo tornar-se comparável ao não fumante. ÁLCOOL, O consumo de

bebidas alcoólicas aumenta o risco de câncer de boca (assoalho da boca e língua).Os mecanismos pelos quais o álcool

pode agir no desenvolvimento deste câncer não estão ainda definitivamente esclarecidos: (1) aumento da

permeabilidade das células da mucosa aos agentes carcinogênicos devido ao efeito solubilizante do álcool; (2)

presença de substâncias carcinogênicas nas bebidas alcoólicas; (3) dano celular produzido pelos metabólicos do etanol

(aldeídos); (4) deficiências nutricionais secundárias ao consumo crônico do próprio álcool.Em estudos realizados, foi

demonstrada a importância do consumo cumulativo de álcool etílico, tendo-se ainda comprovado que o vinho é mais

importante do que a cachaça no que se refere ao câncer de língua, mesmo entre os consumidores moderados.Para os

consumidores crônicos, os quais associam todos os tipos de bebidas alcoólicas nas faixas mais elevadas de consumo,

o risco relativo para o câncer de boca atingiu índices 8,5 a 9,2 vezes maior do que no grupo não-consumidor.Quando o

uso crônico de tabaco e álcool é associado, o risco para o câncer bucal é potencializado drasticamente.Salientamos

ainda que e o álcool seja o agente causal da cirrose hepática e pode estar relacionado com o câncer de fígado. É

causador também de doenças neurológicas e pancreáticas.

RADIAÇÕES - A radiação solar (raios ultravioleta) é capaz, de produzir lesões de significativa importância biológica.

Sendo assim, a exposição crônica à luz solar representa um fator de risco importante de uma das neoplasias malignas

mais importantes da boca - o câncer do lábio inferior. É mais freqüente nos indivíduos de raça branca e no sexo

masculino, que habitam as regiões quentes, próximas à linha do Equador. Este tipo de lesão é muito comum entre os

marinheiros,, pescador e agricultor. A exposição repetida e excessiva aos raios solares, por períodos superiores há 15

anos, provoca alterações no lábio capazes de evoluírem para o carcinoma. O risco depende da intensidade e do tempo

de exposição da pele e da mucosa e também da quantidade de pigmentação dos tecidos.A primeira alteração somática

resultante da exposição da luz solar é o eritema (vermelhidão) da pele. Indivíduos de pele clara que se expõem por

períodos prolongados ao sol, principalmente no horário das 10 às 15 horas, devem se proteger com o uso de chapéu e

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 73

filtros solares e dessa maneira, reduzir os efeitos nocivos desses raios sobre a pele, particularmente no lábio inferior

(WENNSTROM et al., 1990).

FATORES OCUPACIONAIS - Diversos estudos têm demonstrado o aumento do risco de desenvolvimento do câncer

de boca, quando se trabalha em indústrias de processamento de metais, couro, níquel, álcool isopropílico, ácido

sulfúrico. Esses riscos seriam bastante limitados se os trabalhadores se submetessem aos meios de proteção que as

indústrias devem fornecer. Na verdade, o fator ocupacional não é o agente cancerígeno. Ele apenas obriga as pessoas

a se exporem agentes de risco em função da profissão.

AGENTES BIOLÓGICOS - Alguns agentes biológicos têm sido implicados na etiologia do câncer. Algumas dessas

associações pesquisadas são listadas a seguir. Vírus Herpes simples (HSV) Tipo I - câncer de língua

Papiloma vírus humano (HPV) - carcinoma verrucoso - uma possível transformação maligna nas lesões verrucosas da

boca. Estomatites crônicas causadas pelo fungo Cândido albicans em áreas irritadas por próteses mal adaptadas.

FATORES NUTRICIONAIS – DIETA - A falta de determinados nutrientes promove modificações da mucosa bucal, que

podem predispor o aparecimento do câncer. Evidências epidemiológicas têm demonstrado que existe uma relação

inversa entre consumo de frutas frescas, principalmente as cítricas (laranja, limão) e vegetais em relação à incidência

de câncer. A deficiência de ferro e Beta-caroteno, o precursor da vitamina A (encontradas na cenoura, mamão,

abóbora, batata-doce, couve e espinafre), por exemplo, causa atrofia da mucosa aumentando a predisposição para o

câncer de boca, faringe e esôfago.(Krauser, 2004).Dieta pobre em proteínas, vitamina A, riboflavina, associada à ação

de irritantes crônicos simultâneo, tem sido apontado como fator predisponente para o câncer de boca. O hábito de

consumir alimentos e bebidas quentes não é considerado fator significante no desenvolvimento deste tipo de câncer.

Também não está estabelecida uma relação de causa e efeito entre o uso de condimentos e este tipo de neoplasia.

HIGIENE BUCAL- A higiene bucal é medida pela freqüência de escovações. Indivíduo com maus hábitos de higiene

bucal tem risco aumentado para o desenvolvimento de câncer bucal. Essa condição é observada com freqüência entre

os etilistas e tabagistas. Estudos realizados mostraram que a agressão contínua da mucosa por dentes fraturados e

escovação deficiente contribuíram para a elevação do índice de risco cerca de 1,3 a 2,6 vezes, respectivamente

(MEDEIROS & WEYNE, 2001).

IRRITAÇÃO MECÂNICA CRÔNICA - A ação constante e prolongada de próteses mal adaptadas e de bordas cortantes

de dente sobre a mucosa bucal constitui, ao longo dos anos, causas de lesões hiperplásicas. Essas ações podem

induzir ao desenvolvimento do câncer de boca pela potencialização de outros agentes carcinogênicos que atuam na

mucosa, particularmente em indivíduos com hábitos tabagistas e etilistas.

CONCLUSÃO - Diante do que foi demonstrado através da analise dos principais fatores atrelados à cárie, à doença

periodontal e ao câncer, se pode interpretar o fumo e o stress como fatores críticos associados a estas enfermidades.

Partindo da idéia de que o estado de saúde abrange não apenas a ausência de doenças, mas sim o fator ou fatores

que cercam, como a realidade social do individuo (e que converge para a sua qualidade de vida), as suas viciosidades

sociais, o meio biopsicossocial o qual estar inserido, bem como o estado físico e psico saudáveis, tem extrema

relevância no desencadear de alterações físico-biológicas.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 74

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

www.apcd.org.br

www.eduardorubio.odo.br

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www.saúdevidaonline.com.br

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MEDEIROS, U. de V. WEYNE, S. de C. A doença cárie dentária no Brasil e no mundo. UFES Rev. Odontol. V. 3, n. 1,

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OLIVEIRA, A.G. R. C. Levantamento epidemiológico em saúde bucal - 1ª etapa - Cárie dental, 1996. Relatório Paralelo.

1998.

AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO EM FARMACOLOGIA DA CÁRIE, DOENÇA PERIODONTAL E CÂNCER Autores: Brum, B.; Brito, J.; Tavares, J.; Mathias, M.; Santana, S.; Damásio, S. Orientador: Mendonça, R. RESUMO

INTRODUÇÃO - O objetivo desse trabalho é fazer com quê se conheça melhor as doenças relacionadas à cavidade

oral e saber tratar, prevenir e diagnosticar precocemente estas. As doenças que mais acometem a cavidade oral são:

Carie, Doença Periodontal e Câncer. Dessa forma vários estudos vêm sendo realizados com o intuito de identificar

precocemente a presença e a interação em condições críticas dos fatores essenciais ao seu aparecimento.

DESENVOLVIMENTO - Cárie dental -È uma patologia que tem início antes do desenvolvimento da lesão clinicamente

detectável. Sua manifestação provém de uma etiologia multifatorial na qual interagem superfície dentária, carboidratos

da dieta – principalmente a sacarose – saliva e os microrganismos da placa bacteriana. Entretanto, nem todos os

indivíduos de uma determinada população apresentam predisposições semelhantes para o desenvolvimento de cáries.

Diversas tentativas têm sido feitas para se utilizar bactérias bucais ou seus produtos para a predição do risco de cárie

em humanos. As principais bactérias associadas à predição do risco de cárie são os lactobacilos e os estreptococos do

grupo mutans. Através de exame clínico, lesões cavitadas em superfícies oclusais são inquestionáveis; no entanto, o

diagnóstico de lesões subsuperficiais de esmalte ou daquelas nas quais uma superfície aparentemente hígida de

esmalte recobre uma extensa progressão em dentina – cárie oculta 5,7 – é mais complexo, sendo necessária uma

avaliação criteriosa de características relacionadas à opacidade, coloração e textura durante o exame clínico.

Doença Periodontal - O principal fator etiológico da doença periodontal é a placa bacteriana, a qual vem sendo

estudada e discutida por vários autores tendo como marco histórico o estudo da gengivite experimental em humanos.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 75

A priori o tratamento era direcionado para o estabelecimento de uma forma e função da gengiva, posteriormente o

objetivo passou a ser o controle do agente causal, sendo indiferente o tipo de tratamento (cirúrgico ou não).

Segundo NENNSTROM et al, em 1987; SLOTS et al, em 1986; BRAGG et al em 1987, a hipótese da placa específica

(que permite associações entre grupos bacterianos específicos com diferentes formas de doença periodontal), implica

em um diagnóstico microbiano correto, para que a terapia adequada possa ser estabelecida. THEILADE em 1986,

acredita que esta teoria ainda não explica como pode acontecer a progressão da doença na ausência de patógenos

considerados de suma importância. Segundo LINDHE, para que uma infecção oportunista ocorra são necessários:

1- a presença de um microorganismo em um nicho microbiano: o nicho microbiano é representado pelo sulco

gengival, que abriga uma microflora predominantemente gram positiva facultativa do gênero Streptococcus e

Actinomyces, mas também pode alojar patógenos periodontais. Estes aumentam significativamente com a

severidade da doença periodontal, em função de alterações no equilíbrio da bolsa;

2- o estabelecimento de ambiente, no nicho, que favoreça a multiplicação e proliferação de certos segmentos da

microbiota

3- o desenvolvimento de resistência alterada do hospedeiro, que o torna incapaz de enfrentar a microbiota

presente no nicho ecológico: não somente a presença da placa bacteriana é suficiente para o desenvolvimento

da doença periodontal, mas também outros fatores podem estar envolvidos, como stress, doenças sistêmicas,

consumo de drogas e fumo; agem deprimindo o sistema imune, alterando a circulação sanguínea da gengiva e

o fluxo salivar, ou propiciando para partes específicas da placa nutrientes adicionais.

Classificação das Doenças Periodontais - GENGIVITE: se caracteriza clinicamente por edema, vermelhidão e

sangramento à sondagem. Pode apresentar-se de forma generalizada ou localizada. O aumento gradual na massa total

e espessura da placa bacteriana supragengival causa inflamação na margem gengival. Os microorganismos mais

associados são da espécie Streptococcus, Actinomyces e Spirochetas. GUNA: gengivite ulcerativa necrosante aguda –

necrose das papilas gengivais, sangramento espontâneo, dor, mau hálito. PERIODONTITE: caracteriza-se por

inflamação dos tecidos de suporte do dente, sangramento à sondagem e presença de perda de inserção.

Câncer - câncer oral é O responsável por 3 a 4% de todos os cânceres, apresenta índice de mortalidade de 50% em

cinco anos, sendo que nos Estados Unidos cerca de 30 mil novos casos são diagnosticados por ano, havendo

aumentos anuais recentemente. As localizações mais freqüentes são borda lateral da língua, lábio inferior e assoalho

da boca. As lesões cancerosas da mucosa oral assumem os mais variados aspectos: podem ser brancas a vermelhas,

ulceradas ou não, lisas, papulosas ou vegetantes.

CONCLUSÃO - Existem vários métodos para diagnóstico dessas doenças, os clínicos e imaginológicos ainda são os

mais utilizados. Constamos também com diferentes métodos como por exemplo: Caritest, perioscan, azul de toluidina,

capacidade tampão da saliva, teste de snyder, teste de fluxo salivar, entre outros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MEDEIROS, U. de V.; WEYNE, S. de C. A doença cárie dentária no Brasil e no mundo. UFES Rev Odontol., v. 3, n. 1,

p. 88-95, jan./jun. 2001.

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OLIVEIRA, A .G. R. C. Levantamento epidemiológico em saúde bucal – 1ª etapa - Cárie dental, 1996. Relatório

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CARRANZA, F. A., NEWMAN, M. G. Periodontia Clínica. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

LINDHE, J. Tratado de periodontologia clínica. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.

MONTEIRO DA SILVA, A. M. Psychosocial factors, dental plaque levels and smoking in periodontitis patients. J. Clin.

Periodontol., n.25, p.517-523, Jun., 1998.

FATORES DE RISCO - DIAGNÓSTICO PRECOCE DA CÁRIE, DOENÇA PERIODONTAL E CÂNCER BUCAL Autores: Cardoso, J.; Kutras, M.; Masini, R.; Mota, R.; Assis, T.; Godo, V. Orientador: Lamberti, P. L. RESUMO

Devido ao aumento do número de casos de cárie, doença periodontal e câncer, a Odontologia percebeu a necessidade

iminente de capacitar seus profissionais a detectar precocemente os fatores de risco e o diagnóstico precoce da

doença. Através da revisão da literatura, foram abordados os principais fatores de risco da cárie, doença periodontal e

câncer.

PALAVRAS-CHAVES: cárie; doença periodontal; câncer; fatores de risco; diagnóstico precoce.

INTRODUÇÃO: Fatores de risco são condições que predispões uma pessoa a maior risco de desenvolver determinada

doença. O presente trabalho tem como objetivos abordar os principais fatores de risco relacionado com a cárie, doença

periodontal e o câncer bucal.

O risco à doença cárie dental é a probabilidade de desenvolvimento de lesões cariosas. BRATHALL e ERICSSON,

afirmam que é possível estabelecer um “perfil de risco” de um indivíduo a partir de um grupo de informações, dentre

esta: dieta, flúor, saliva, higiene bucal e microorganismos. A gengivite e periodontite crônica são formas mais comuns

de doença periodontal. Fatores de risco que demonstram relacionar-se diretamente com a freqüência da gengivite são:

diabetes Mellitus, trauma, a respiração bucal, fumo, estresse emocional, deficiência nutricional, uso de aparelhos

ortodônticos a Aids. O Câncer bucal é a oitava neoplasia mais freqüente, esta tem sido considerada como um problema

de saúde publica onde reconhecidamente a prevenção e o diagnóstico precoce consistem nas melhores formas de

reverter essa situação. Os fatores de risco do câncer bucal são: desnutrição, condição sistêmica, idade, sexo, fator

hereditário, genes oncogênicos, tabagismo, etilismo, exposição à radiação e vírus oncogenes. Suspeita-se que o fumo

seja um agente iniciador e o álcool o promotor do mecanismo oncogênico.

Revisão da literatura: Cárie - A doença cárie é um processo dinâmico que ocorre nos depósitos microbianos (placa

dental nas superfícies do dente) e que resulta em distúrbio do equilíbrio entre substâncias do dente e o fluido da placa

adjacente. Com o decorrer do tempo, o resultado é a perda de mineral na superfície do dente (Thylstrup, 2001). Porém

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 77

é necessário que vários fatores estejam presentes para que esta doença ocorra. Fatores estes, relacionados a saliva,

microorganismos da cavidade oral, dieta, higiene, dentre outros.

Os traços característicos da doença cárie são: é uma doença, ou processo, crônico que progride muito lentamente e a

doença raramente é autolimitante e, na ausência de tratamento, progride até que o dente seja destruído. A doença

pode afetar o esmalte, a dentina e o cemento. A destruição localizada dos tecidos duros, geralmente chamada lesão, é

o sinal da doença. Os sinais da doença podem ser classificados em uma escala que vai desde a perda inicial de mineral

no nível ultra-estrutural até a destruição total do dente (Thylstrup, 2001). Como já se sabe, esta, por ser uma lesão que

progride lentamente, torna-se importante detecta-la precocemente para que seja tratada. É importante, ressaltar

aspectos relacionados aos fatores potenciais para o surgimento desta doença, para que além do tratamento, a

prevenção através da informação às pessoas a respeito dos fatores que causam esta doença seja realizada, como por

exemplo, a dieta. Fazendo assim uma orientação sobre a alimentação ideal a ser ingerida, ressaltando a necessidade

de redução de ingestão de açúcares, alimentos pegajosos etc.

As lesões cariosas apresentam-se sob varias características clínicas, dependendo de quanto a destruição progrediu em

uma superfície em especial: a desmineralização prematura pode ser detectada apenas após cuidadosa secagem e

exame da superfície, ao passo que a lesão mais avançada pode ser facilmente detectada pela presença de uma

cavidade e, entre os dois, existe uma ampla faixa de sinais clínicos do ataque da doença passados e presentes

(Thylstrup, 2001). O diagnostico precoce da doença cárie é observado através de lesões de mancha branca. Este sinal

indica que a desmineralização, proveniente do metabolismo das bactérias presentes na cavidade oral, está

acontecendo. A partir da observação desta característica, o diagnostico precoce da lesão é realizado e o tratamento

deste problema poderá ser elaborado sem que seja necessária a utilização de instrumentos cortantes que possam

agredir a estrutura do dente. Além da mancha branca a cárie pode ser observada, quando inativa, como uma região

escurecida e com a presença de cavidade, porém neste caso o tratamento conservador não poderá ser executado, pois

já existe uma cavidade no elemento dental. Medidas preventivas, como: controle da placa, educação em saúde bucal,

controle da dieta, uso profilático e terapêutico do flúor, são aplicadas na odontologia com a finalidade de manter a

dentição natural por meio da perpetuação do estado de saúde de suas estruturas bucais.

Dieta: É importante observar que a dieta rica em carboidratos, especialmente aquelas cujas preparações tem alta

adesividade às superfícies dentais, associadas à má higienização, favorece a cariogênese, pela criação de condições

favoráveis à atividade bacteriana. Durante a fermentação dos carboidratos, as bactérias produzem ácidos que

desestabilizam o pH bucal, acarretando a saída de íons cálcio da estrutura dentária, que funcionam como um sistema

tampão para a estabilização do pH bucal. Com tal ocorrência, estes íons cálcio retornam à estrutura dental, sendo esse

processo conhecido como DES-RE (desmineralização-remineralização). Então, o tempo que o alimento permanece na

cavidade bucal é determinante no processo carioso, visto que a oferta contínua de açúcar para a placa bacteriana

acarretará uma maior produção de ácidos e, conseqüentemente, um desequilíbrio no ciclo DES-RE, onde a

desmineralização será maior que a remineralização, causando assim a cárie dentária.

Flúor: O flúor vem sendo utilizado na Odontologia por aproximadamente um século, seu efeito preventivo foi atribuído à

redução da solubilidade do esmalte, resultante da sua incorporação na apatita, formando o composto fluorhidroxiapatita,

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 78

que torna o esmalte mais resistente.GEDDES e BOWDEN (1990), afirmaram, que a concentração de flúor altera não

somente o metabolismo das bactérias, promovendo assim uma redução na acidogenicidade, mas também, altera a

produção de polissacarídeos extra-celulares insolúveis, reduzindo a aderência bacteriana à placa. O flúor age reduzindo

a solubilidade do esmalte por sua simples ação dinâmica no meio líquido ao nível da lesão de cárie do que pela sua

posição estática, incorporado em concentração não significativa no esmalte. É o que ocorre quando se ingere açúcar e

atinge-se na placa dental um pH < 5,5. Havendo a presença de F na placa, embora o dente perca Ca e P para o meio

bucal, ele ganhará Ca, P e F do meio pelo fato de que este mantém-se ainda (pH < 5,5 > 4,5) supersaturante em

relação ao produto de solubilidade da FA (fluorapatita). Ocorre uma troca da perda de Ca e P na forma de HA

(hidroxiapatita) pelo ganho de Ca e P na forma de FA. Na dinâmica do processo da cárie quando o pH tende a retornar

ao normal, após fenômeno de desmineralização, condições supersaturantes em relação ao produto de solubilidade da

HA são novamente restabelecidos, o que ativará o fenômeno de remineralização, aumentando a eficiência da reposição

de Ca e P perdidos.

Saliva: A saliva também tem um papel importante no contexto da cárie dental. Ela é reconhecida como um fator de

proteção da cavidade bucal, e em conseqüência, da superfície dental. A saliva contem fatores anti-microbianos

(imunoglobulinas e efeito tampão) que fundamentais na ocorrência da cárie. Logo a diminuição do fluxo salivar, implica,

na diminuição desse fatores e conseqüentemente, propicia um meio mais favorável para o desenvolvimento da cárie.

Microorganismos: Os microorganismos presentes na cavidade bucal formam uma película firmemente aderida ao

dente, que é responsável pela desmineralização.

Doença Periodontal: A terminologia doença periodontal abrange uma serie de condições clinico-patológicas distintas

que afetam o periodonto, incluindo as gengivas livre e inseridas, bem como o ligamento periodontal, o cemento reticular

e osso alveolar. O termo gengivite refere-se a uma condição inflamatória limitada as gengivas livre e inserida. A

gengivite crônica é uma das doenças mais comuns em humanos. Na maioria dos grupos etários, as mulheres

demonstram uma freqüência menor de gengivite crônica quando relacionadas com os homens, o que se deve a uma

melhor higiene bucal. Os sinais mais precoces da gengivite crônica são usualmente as mudanças na cor e textura,

acompanhadas por um discreto aumento dos tecidos, com relativa perda de consistência e da adaptação aos dentes.

Com o progresso da doença os tecidos gengivais apresentam-se vermelhos, brilhantes e edemaciados, exibindo

margens irregulares com perda ou redução do pontilhado gengival, podendo revelar, ainda, sangramento à leve

sondagem. Diversos fatores que predispõem a doença periodontal podem ser observados, entre eles estão: o acúmulo

de placa, presença de cálculo, uso de aparelhos ortodônticos, fumo, Aids, respiração bucal, diabetes e má nutrição.

(NEVILLE, 1998).

A causa primária da inflamação gengival é a placa bacteriana. Junto com outros fatores predisponentes. Um desses

fatores predisponentes é o cálculo. O cálculo consiste em uma placa que se forma sobre a superfície dos dentes

naturais e próteses. O cálculo é classificado em supragengival ou subgengival em relação à margem gengival. O cálculo

supragengival localiza-se coronalmente a margem gengival e é, portanto, visível na cavidade bucal. Ele é geralmente

branco ou amarelado, de consistência dura como argila. O calculo subgengival esta localizado abaixo da crista da

gengiva marginal e, portanto, não é visível no exame clinico de rotina. A localização e extensão dos cálculos

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 79

subgengivais podem ser avaliados através de sondagem. Possui a consistência dura e densa e freqüentemente

aparece com coloração marrom-escuro ou verde-escuro, firmemente aderido à superfície dentária. (CARRANZA, 2002).

De acordo com GENCO (1992), as mulheres exibem uma maior susceptibilidade à gengivite crônica, quando estão

expostas a elevados níveis de progesterona associados à gravidez ou a algumas formas de contraceptivos orais, visto

que, tal hormônio parece aumentar a permeabilidade dos vasos sanguíneos gengivais, determinando, com isso, uma

maior sensibilidade aos irritantes bacterianos, físicos e químicos.

A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é caracterizada por um profundo dano no sistema imune. A

transmissão ocorre principalmente por contato sexual, ou por exposição do sangue. A AIDS afeta indivíduos de todas as

idades, porém mais de 90% dos casos ocorrem em adultos. Lesões bucais são bastante comuns em pacientes

infectados. Uma gengivite linear eritematosa, de fácil sangramento e persistente foi descrita em alguns pacientes HIV

positivos, podendo ou não ser o precursor de uma periodontite. A gengivite eritematosa associada ao HIV geralmente

não responde a terapia corretiva, embora tais lesões possam evoluir para a remissão espontânea. As periodontites de

forma rapidamente progressiva, ulcerativa, necrosante ocorrem com maior freqüência em pacientes HIV positivos. As

lesões podem ocorrer em qualquer região da arcada dental e são usualmente localizados em poucos dentes. O osso é

freqüentemente exposto. A saúde periodontal de um paciente infectado pelo HIV esta sujeita a grandes variações, mas

a susceptibilidade a infecção periodontal aumenta à medida que o sistema imune se torna mais comprometido. Com

cuidados domiciliares, tratamento periodontal e manutenção apropriada, indivíduos HIV positivos podem prever uma

saúde periodontal razoável durante o curso da doença. Um número de efeitos adversos induzidos por drogas foi

descrito em pacientes HIV positivos como exemplo a leucopenia, caries, xerostomia. Quando o efeito da droga é severo

ou persistente, terapias alternativas com drogas diferentes deverão ser utilizadas. (LINDHE, 1997).

Segundo LINDHE (1997), apontou a má adaptação do aparelho como uma das causas da gengivite Adicionalmente, o

aparelho provê áreas de retenção para acúmulo de placa e restos de alimentos além de dificultar a higienização. Os

aparelhos ortodônticos não apenas retêm placa bacteriana e resíduos alimentares, o que resulta em gengivite, mas

também são capazes de modificar o ecossistema gengival. Após a colocação de bandas ortodônticas, é visto um

aumento de Prevotella melaninogenica, P. intermédia e Actinomyces odontolyticus e uma diminuição na flora

anaeróbia/facultativa do sulco. É importante evitar forças excessivas e o movimento dentário muito rápido no tratamento

ortodôntico. A força excessiva pode produzir a necrose do ligamento periodontal e do osso alveolar adjacente, que em

geral sofre reparação. Contudo, a destruição da do ligamento periodontal na crista do osso alveolar pode gerar uma

lesão irreparável.

A diabete como um fator de risco para a doença periodontal tem sido objeto de debate por vários anos. Embora seja

difícil obter conclusões definitivas sobre os efeitos específicos do diabetes sobre o periodonto, uma variedade de

alterações é descrita, incluindo uma tendência ao crescimento gengival, nódulos gengivais, sésseis ou pendiculados,

proliferações gengivais nodulares, formação de abscessos, periodontite e perdas dentais. A periodontite no diabetes

tipo 1 parece iniciar após os 12 anos de idade. A prevalência de periodontite é relatada como sendo de 9,8% em

indivíduos de 13 a 18 anos de idade, aumentando para 39% naqueles com 19 anos e mais velhos. (GENCO, 1992).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 80

Segundo LINDHE (1997), a plausibilidade biológica de uma associação entre o tabagismo e a doença periodontal foi

baseada nos efeitos potenciais das substancias relacionadas ao cigarro, como nicotina, o monóxido de carbono e o

cianeto de hidrogênio. Em resumo, tais substancias podem agir como vasoconstrictores, o que resulta em isquemia do

tecido, redução da resposta vascular inflamatória e reparo celular. De acordo BOSTROM (1998), o fumo eleva o nível

de TNF no fluido crevicular de pacientes portadores de periodontites, mas não eleva os níveis de albumina, IgA e IgG

encontradas no fluido crevicular desses mesmos pacientes, sugerindo, assim, que a doença periodontal é bem mais

destrutiva ou Ativa sob a influencia do fumo.

A gengivite é freqüentemente observada em associação a respiração bucal. As alterações gengivais incluem eritema,

edema, aumento do volume e um brilho superficial difuso nas áreas afetadas. A maneira exata pela qual a respiração

bucal afeta a gengiva não foi demonstrada. Seu efeito prejudicial é geralmente atribuído à irritação advinda da

superfície desidratada. (CARRANZA, 2002).

Dependendo de sua natureza, a má oclusão exerce efeitos variados na etiologia da gengiva e doença periodontal. O

alinhamento irregular dos dentes dificultará ou tornara impossível o controle da placa. As relações mordidas aberta

levam a modificações periodontais causadas pelo acúmulo de placa e ausência ou diminuição na função. (CARRANZA,

2002).

Segundo CARRANZA (2002), pacientes com câncer tratados com altas doses de radiação sofrem de perda de inserção

periodontal e perda dentaria. O osso irradiado demonstra acelularidade e avascularidade, estas alterações tornam o

osso mais susceptível a infecções, e, conseqüentemente a doença periodontal. Assim estas pacientes devem receber

cobertura antibiótica e profilática antes do tratamento.

Numerosos experimentos em animais demonstram que o caráter físico da dieta pode ter algum papel no acúmulo de

placa e desenvolvimento da gengivite. Dietas macias, apesar de adequadas nutricionalmente, podem levar ao acumulo

de placa e formação de cálculos. Alimentos duros e fibrosos proporcionam uma limpeza de superfície e estimulação, o

que resulta em menos placa e gengivite. A dieta humana pode possuir um alto conteúdo de sacarose, o que favorece a

produção de uma placa mais espessa. Apesar do consumo da dieta ser geralmente considerado em termos de sustento

individual, ele também é a fonte de nutrientes para bactérias. Através de seus efeitos nas bactérias bucais, a

composição da dieta pode influenciar a distribuição relativa dos tipos de organismos, suas atividades metabólicas e seu

potencial patogênico, o qual por sua vez afetara a ocorrência e gravidade da doença bucal. (SILNESS, 1999).

A gengivite crônica pode permanecer nesse estado ou, com a presença continua da placa periodontopatogênica,

progredir para o estado de periodontite. A periodontite ocorre pela extensão da inflamação gengival as estruturas mais

profundas do periodonto em conseqüência de um desequilíbrio entre microbiota potencialmente patogênica e a resposta

imunológica do hospedeiro, levando à destruição progressiva das estruturas de suporte. A periodontite crônica não

demonstra predileção por sexo, sendo associada com a idade avançada, e o pouco acesso a assistência odontológica,

além dos fatores predisponentes já vistos anteriormente. A periodontite crônica leva de anos a décadas para progredir,

onde vários estágios clínicos de exacerbação e remissão são típicos. A periodontite não é um processo continuo, mas

sim episódico. (LINDHE, 1997).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 81

Câncer Bucal: Segundo BORAK (2001), o câncer da boca é doença de alta incidência. Estima-se que cerca de 7% da

população mundial esteja acometida. O Brasil está em 4º lugar em incidência no mundo. Atualmente o câncer de boca é

a 8º neoplasia mais freqüente no Brasil, sendo que o carcinoma epidermóide corresponde cerca de 95% dos casos

(MORAES, 1995). A etiologia do câncer é um somatório de fatores carcinógenos que podem levar ao aparecimento da

doença (ABDIEL, 1993). Podemos dividir tais fatores em intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos incluem

estados sistêmicos ou gerais, como a desnutrição geral, sexo, idade, hereditariedade e outros; nos fatores extrínsecos

incluem-se agentes externos como álcool, fumo de tabaco, sífilis, luz solar e outros. (NEVILLE, 1998).

Segundo NEVILLE (1998), muitas evidências clínicas indiretas implicam o hábito do fumo de tabaco no

desenvolvimento do carcinoma de células escamosas oral, sendo a proporção de fumantes entre os pacientes dos

carcinomas orais de duas a três vezes maior que a população em geral. Suspeita-se que o fumo seja um agente

iniciador e o álcool o promotor do mecanismo oncogênico (CHAIM E COPI, 1998), quando associados, atuam

sinergicamente, aumentando significantemente o risco para o desenvolvimento do câncer (NEVILLE, 1998). Outro

grande fator de risco é a radiação, segundo NEVILLE (1998), a exposição excessiva ou a longo prazo ao componente

ultravioleta da radiação solar provoca uma alteração difusa e pré-maligna do vermelhidão do lábio inferior, a queilose

actínica. Esta lesão causa mudança clínicas iniciais como atrofia da borda do vermelhão do lábio inferior, caracterizada

por uma macia e áreas pálidas com erupções, nas regiões mais ressecadas, desenvolvem-se áreas ásperas e

escamosas. Com a progressão da lesão, ocorre uma ulceração focal crônica em um ou mais locais. Tais ulcerações

podem durar por meses, sugerindo uma progressão para o câncer bucal.

O câncer de boca se tornou um problema de saúde pública, nem tanto por sua mortandade, mas sim por sua

morbidade. Porém, de acordo com BORAK (2001), se diagnosticado no início de sua evolução, pode ser curado em

grande número de casos, nos casos avançados extensos ou disseminados a chance de cura é praticamente nula.

Assim é importante estar sempre atento às alterações bucais aparentemente nocivas, que podem passar despercebidas

por serem mínimas, para poder detectar o tumor maligno o mais precoce possível, ainda passível de ser tratado.

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Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 83

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 5º SEMESTRE

USO DO LASER NO PREPARO CAVITÁRIO Autores: Carvalho, C.; Silva, G.; Barreto, M.; Cardoso, S. P.; Leopoldino, T. Orietador: Noya, M. S. RESUMO

INTRODUÇÃO - Diz a sabedoria popular que o mal se corta pela raiz. Essa máxima encerra o paradigma que a

odontologia deseja ver definitivamente abolido das clinicas dentarias. Novos matérias e instrumentos aplicados ao

tratamento odontológico permitem que cada vez, mas o “mal” seja removido do seu limite exato, sem que qualquer

estrutura dentaria saudável do paciente seja sacrificada inutilmente. A palavra é preserva. Promover saúde com

qualidade, minimizando a dor através de abordagens menos agressivas.

O conceito que é conhecido como odontologia minimamente invasiva propõem um novo olhar sobre antigos problemas.

Nem tão novo assim se lembrarmos que ainda no século XIX tempo em que o dente doente era literalmente extirpado

pela raiz, o dentista americano Dr Greene Vardimam Black (1836 – 1930) já dizia que chegaria o dia em que os

profissionais estariam mais engajados na odontologia preventiva do que na restauradora.

Histórico - Einstein foi o primeiro cientista a propor princípios que antecederam a concepção do laser, em 1917, ao

descrever o 3° processo de integração da matéria: a emissão estimulada da radiação. Conclui que essa interação

poderia existir e que seria produzida por m processo atômico (Sulewski, 2000; Varandas, Genovese, 2000). Com base

nas teorias de Einstein, muitos cientistas foram impulsionados a estudar o assunto. Por volta da década de 60, foi

criado o primeiro laser sólido com aplicabilidades cirúrgica no campo da Oftalmologia, o laser de Rubi (Sulewski, 2000;

Varandas, Genovese, 2000). Também por volta da década de 60, desenvolveu-se o laser de CO² , útil para a area

medica pela sua alta absorção por moléculas de água. E em meados dos anos 80, testou-se, in vivo, o uso do laser de

argônio, produzindo janela naso-antral. (Varandas, Genovese, 2000).

Em 1990 os protótipos dos lasers de Érbio: YAG começaram a serem pesquisados no Japão e na Alemanha e em 1992

surgem os relatos dos primeiros preparos cavitários conservadores com Meclern na França. Em 1994 os alemães

lançam no mercado os primeiros lasers comerciais de Er: YAG, logo seguidos pelos japoneses em 1995. Em 1998 o

laser de Er: YAG ë aprovado pela FDA (USA) para utilização em preparos cavitários conservadores em adultos e em

1999 para crianças. No entanto, os preparos cavitários com laser, em muitas situações, ainda necessitam da utilização

associada aos instrumentos rotatórios em alta rotação. Os preparos cavitários protéticos ainda não podem ser

realizados com o laser, a não ser alguns "inlay" de pequena proporção.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 84

Laser - Caracterizado como um feixe de luz concentrado, o laser, entre as suas várias utilidades, cada vez mais se

torna um equipamento eficaz e seguro para uso na odontologia. Da remoção de cáries a tratamento de canal, ele está

recebendo a atenção de pesquisadores e dentistas em todo o mundo.

"O laser pode ser usado em diversas áreas da odontologia e é um procedimento muito seguro. Mas engana-se quem

acha que ele veio para substituir os equipamentos tradicionais. Ele é parceiro nos tratamentos dentários", explica o

professor Carlos de Paula Eduardo, da Fousp. De acordo com o pesquisador, a nova tecnologia traz inúmeros

benefícios aos pacientes. Além de não causar dor na maioria dos casos, o laser faz uma remoção seletiva do tecido

cariado, porque o feixe de luz age exclusivamente na cárie, preservando as áreas adjacentes que estão sadias - coisa

que a broca de alta rotação não faz. Na prevenção, o laser associado ao flúor aumenta a resistência do dente à cárie.

Outra grande vantagem, talvez a maior delas, é a redução de infecções microbianas nos tratamentos dentários -

exatamente uma das áreas de pesquisa da Fousp, em conjunto com a Universidade de Aachen, na Alemanha. Por meio

de um processo denominado de ablação do tecido cariado, o laser causa microexplosões na dentina (camada logo

abaixo do esmalte do dente) atingida pelas bactérias, removendo a cárie e reduzindo em até 99,6% a população de

microrganismos. O mesmo benefício acontece em tratamentos de canal e periodontais, aqueles que envolvem a

gengiva.

Vários tipos de lasers podem ser empregados nos tratamentos, sendo os mais comuns os de argônio, de dióxido de

carbono (CO2), de érbio-YAG (Er:YAG) e neodímio-YAG (Nd:YAG). O laser de argônio opera tendo como meio ativo

uma ampola de gás argônio que emite luz nas faixas do ultravioleta, do azul e do verde, enquanto o de CO2 tem como

meio ativo uma ampola de dióxido de carbono. Sua luz é emitida no infravermelho e ele é muito usado na prática de

vaporização, situação em que um tecido biológico mole ou duro é convertido em vapor pela energia absorvida do feixe

de luz. Já os laser Er:YAG e Nd:YAG são formados, respectivamente, a partir dos elementos químicos érbio e

neodímio, e YAG é a designação de um cristal sintético constituído por óxido de ítrio e de alumínio. Excetuando o de

argônio, que é visível ao olho humano, os demais são invisíveis. Nesse caso, o equipamento emite um feixe de luz

vermelho chamado luz guia, que serve para indicar o local preciso onde o feixe de laser deve incidir.

Esses lasers variam de acordo com a forma que são produzidos e classificados como de baixa ou alta potência,

conforme a concentração de energia no feixe de luz. Enquanto os lasers de alta potência permitem o corte de até

placas de aço, os de baixa potência são usados para bioestimulação. Com eles, o dentista é capaz de interferir no

metabolismo celular por meio da excitação das moléculas, acelerando reações como cicatrização, analgesia e

desinflamação", diz Bagnato. Trata-se de uma reação química muito bem delimitada e que não pode ser confundida

com cromoterapia."

O potencial de uso do laser não pára por aí. "Ele também pode ser empregado para prevenção e diagnóstico,

mostrando onde existem cáries precoces", afirma Denise Zezell, coordenadora do Laboratório de Lasers em Ciência da

Vida do Centro de Lasers e Aplicações (CLA), unidade do Ipen. Muitas vezes, a cárie está abaixo do esmalte do dente e

não é flagrada pela radiografia. O laser detecta essas infiltrações incipientes com mais sensibilidade do que os

equipamentos convencionais. A tecnologia também pode ajudar a fazer diagnósticos de vitalidade pulpar por técnicas

de ultra-som, outra técnica desenvolvida no Ipen. "Nesse caso, o laser atinge os microvasos da polpa do dente e traz a

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 85

informação da velocidade do deslocamento do sangue, mostrando se a região está ou não saudável", explica o físico

Nílson Dias Vieira Júnior, gestor do CLA. Esse diagnóstico, feito com laser de baixa potência, revela possíveis casos de

necrose causada pela tração de aparelhos ortodônticos.

Laser de Érbio - O Laser de Érbio é um sistema consagrado para uso odontológico, isso se deve ao seu comprimento

de onda em 2940 nm que coincide com o pico máximo de absorção da água, resultando em boa absorção pelos tecidos

biológicos, incluindo os tecidos dentais duros. Devido às suas características de absorção, o laser de Er:YAG é visto

como um meio alternativo para a ablação de tecidos cariados, sem causar injúrias térmicas aos tecidos duros

adjacentes e ao órgão pulpar.

O laser de Erbium:YAG (meio ativo de estado sólido, sendo um cristal de ytrium-alumínio-granada dopado com erbium)

trata-se de um dos sistemas mais recomendados para a Dentística Restauradora, tendo surgido em 1988 (HIBST;

KELLER; STEINER4) como um novo instrumento para remoção de esmalte e dentina, porém foi aprovado nos Estados

Unidos apenas em 1997 pela Food and Drug Administration (FDA), com a finalidade de ablacionar os tecidos duros

dentais (COZEAN1, 1997) realizando preparos cavitários e modificando esses tecidos superficialmente.

Mecanismo de Ação - Seu comprimento de onda de 2940 nm coincide com o pico máximo de absorção da água

permitindo que, após a absorção da energia do laser pela água, ocorra vaporização e expansão da mesma com

aumento da pressão interna do meio. Este aumento gera micro-explosões resultando em ejeção do substrato em forma

de partículas microscópicas, removendo tecido cariado e deixando os canalículos dentinários abertos. Neste processo,

conhecido como efeito fotomecânico, a maior parte da energia incidente é consumida, sendo que, apenas uma pequena

fração resulta em aquecimento do tecido remanescente, contrastando com o mecanismo fototérmico presente em

outros sistemas laser (HIBST; KELLER5 - 1988; MISERENDINO - 1995; LIZARELLI8 - 1999).

A máxima absorção do laser de Er:YAG pela água o torna seletivo ao tecido cariado, mais úmido, permitindo uma

remoção mais efetiva da dentina infectada durante o processo de ablação. Esta notável característica permite sua

utilização com segurança no tratamento da cárie dental, com precisão e ausência de sintomatologia dolorosa. Além de

preparos cavitários conservadores, existem outras aplicações clínicas, como nos casos de osteotomias e apicectomias

(pela grande afinidade com a hidroxiapatita), cirurgias em tecido mole (devido absorção pela água), limpeza de fóssulas

e fissuras, redução bacteriana nas bolsas periodontais e nos condutos intra-radiculares.

Indicação Clinica - Muitas pesquisas têm se desenvolvido nesta nova área, já se podendo realizar os seguintes

procedimentos:

Condicionamento do esmalte dental que associado ou não ao condicionamento ácido promove força de tração de resina

comparável com resultados obtidos com os ácidos.

Preparos cavitários conservadores com preservação de tecidos dentais sadios:

- Classe V

- Classe III

- Classe IV

- E os preparos Classe I e II, muitas vezes associados aos métodos tradicionais.Cáries de sulcos e fissuras -

Os preparos cavitários com laser são indicados para restaurações em resinas compostas, pois não proporcionam

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 86

paredes definidas e regulares.Estudos in vitro, demonstram que a adaptação marginal das restaurações de resina

composta em cavidades preparadas com laser é comparável com restaurações em cavidades preparadas

convencionalmente, pois os resultados das medidas de microinfiltração na interface dente-material restaurador são

semelhantes.

Vantagens - A remoção do tecido cariado é muito precisa, preservando ao máximo a estrutura dental remanescente.

Com certeza a grande vantagem da utilização desta tecnologia de ponta, aliada a possibilidade de realizar preparos

cavitários conservadores, é o fato desta luz apresentar alto potencial em redução bacteriana após remoção fina; do

tecido cariado contaminado, já comprovado com índices de viabilidade entre 98,9 e 99,7%. Este fato reveste-se de

grande importância na conservação máxima da estrutura dental remanescente. Oferece maior conforto ao paciente já

que não provoca a vibração, pois a luz age à distância, além de proporcionar redução de ruídos quando comparados ao

tratamento convencional.

Grande parte dos preparados cavitários é realizada sem anestesia, dependendo da profundidade e do limiar de dor de

cada paciente.

Apresenta papel importante na Odontologia Preventiva, pois o esmalte irradiado com laser pode apresentar aumento à

resistência aos ácidos.

Desvantagens - O alto custo dos equipamentos a laser; Necessidade de conhecimentos das normas de segurança

para a utilização dos equipamentos, sendo, portanto necessária uma especialização na área do laser, para o

entendimento da interação laser-tecido alvo, fato este, que dificulta a divulgação e a popularização dessa nova

tecnologia para a utilização na clínica diária.

CONCLUSÃO FINAL - Há necessidades que o binômio pesquisa-clínica seja fortemente levado em consideração como

observação máxima dos cuidados das normas de segurança para o paciente-profissional-auxiliar. E também de extrema

importância de protocolos já aprovados, utilizando parâmetros adequados de energia, a fim de que os benefícios sejam

levados aos nossos pacientes.

Certamente, o futuro da odontologia, como resultado dos significativos métodos preventivos, terá como alternativa a

remoção de pequenas áreas do tecido cariado por meio do processo de ablação com a microexplosão do esmalte e

dentina, resultando preparos cavitários extremamente conservadores. As restaurações destas micro-cavidades

utilizando sistemas adesivos e materiais restauradores de última geração, proporcionarão às estruturas dentais

melhores características de estética e de resistência e fatura.

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O PAPEL DO ESTOMATOLOGISTA ANTES E DEPOIS DO TRATAMENTO DE QUIMIOTERAPIA Autores: Franco, A. S. C.; Pereira, C. H. A. C.; Pitanga, F. C. C.; Schleinstein, M. P.; Silva, J. P. B. K.; Orientador: Lamberti, P. L. RESUMO

INTRODUÇÃO: A neoplasia surge de células transformadas e caracteriza-se por uma proliferação celular

descontrolada que ocorre à custa do hospedeiro. Os cânceres propagam-se por invasão dos tecidos circundantes e por

metástase para locais distantes. Os tumores podem exibir uma acentuada heterogeneidade quanto ao cariótipo, à

morfologia, imunogenicidade, taxa de crescimento, capacidade de se metastatizar e responsividade às drogas anti-

neoplásicas. No momento atual, a maioria dos tratamentos eficazes para a doença sistêmica utiliza agentes

quimioterápicos, ou hormonais, ou uma combinação de ambos. (COLEMAN et al.,1996).

Uma boa interação entre o médico e o dentista é o início de tudo. Para que possa intervir no sentido de evitar as

complicações orais, é importante que o dentista saiba o tipo de câncer do paciente, suas condições médicas, em

especial a contagem de leucócitos, e todos os detalhes sobre o tratamento a que vai se submeter, inclusive o tempo de

intervalo entre as sessões de quimioterapia (DORNELES et al., 2004).

A quimioterapia tem por objetivos controlar os neoplasmas amplamente disseminados, complementar uma cirurgia e/ou

irradiação, cuidado paleativo para pacientes com carcinomas espino-celulares avançados da cabeça ou do pescoço

(BORAKS, 2001).

Os tipos de agentes quimioterápicos estão estabelecidos em categorias: Agentes alquilantes, antibióticos,

antimetabolitos, alcalóides de plantas, esteroides/hormônios, diversos ; podendo ser de uso único ou em terapia

combinada (HARDMAN, 1996).

Os agentes quimioterápicos destroem ou desativam rapidamente as células cancerosas em divisão com o mínimo

possível de destruição de células normais. Os efeitos colaterais dessas drogas são significativos e freqüentemente

envolvem os tecidos orais (COLEMAN, 1996).

DESENVOLVIMENTO: A quimioterapia é um método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no

tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de

quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica (INCA).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 88

As células normais de rápida proliferação são susceptíveis a ação supressora de agentes quimioterápicos. Os efeitos

colaterais mais comuns incluem: alopécia, (queda capilar), mielossupressão (supressão da medula óssea causando

uma redução da leitura de valores do hemograma, levando à anemia, leucopenia e trombocitopenia), imunossupressão

(inibição da resposta de anticorpos resultantes da leucopenia), náusea e vômito; diarréia e perda de apetite

(DORNELES et al., 2004).

As complicações orais provocadas pela quimioterapia para tratamento do câncer é um tema ainda muito pouco

conhecido e estudado no Brasil. Está cada vez mais clara a importância do dentista no tratamento de pacientes

quimioterápicos. Quando realizada da forma e no tempo corretos, a intervenção deste profissional pode evitar ainda

mais sofrimento aos pacientes, já que periodontites ou quaisquer outros distúrbios orais podem tomar proporções bem

maiores, e perigosas, em pacientes submetidas à quimioterapia (BORAKS, 2001).

Os fatores que afetam a severidade dos efeitos orais são dosagem e duração da droga administrada, idade do

paciente, estado sanitário oral do paciente e hábitos dietéticos e condições sistêmicas/ perfil hematológico. Além disso,

devem-se levar em consideração os efeitos citotóxicos diretos: mucosite ulcerativa, xerostomia transitória, dor maxilo-

mandibular, desenvolvimento anormal do esmalte e de raízes, retardo na erupção; e os efeitos citotóxicos indiretos,

causada pela mielosupressão: hemorragia – sangramento gengival e petéquias e equimoses orais; infecção –

bacteriana, viral e fúngica (COLEMAN, 1996).

É fundamental que os profissionais de saúde atentem para os cuidados orais, como agendamento, hemograma,

transfusão de plaquetas, profilaxia antibiótica, prevenção e remissão – retorno das taxas à normalidade e manutenção

da higiene oral (WILKINS, 2004).

A mucosite é um dos problemas odontológicos a atingir as pessoas que se submetem às sessões de quimioterapia. Os

sinais clínicos presentes são: mucosa esbranquiçada com insuficiente descamação de ceratina, substituição por

mucosa atrófica, que é edematosa, eritematosa e friável (EPSTEIN et al., 2000), presença de mebrana fibrinopurulenta,

amarelada e destacável, dor queimação e desconforto durante a alimentação e higiene oral, perda do paladar e

susceptibilidade à infecção (PLEVOVÁ, 1999, CHILDES et al., 1993).

A xerostomia é a diminuição da produção de saliva devido às agressões que as glândulas salivares sofrem durante o

tratamento oncológico. A sensação de ‘boca seca’ é o principal sinal. Esse mesmo problema propicia a formação de

placas bacterianas e o acúmulo de resíduos nos dentes. Com isso, a incidência de cáries e os problemas periodontais

são mais evidentes (NEVILLE, 2004, PETERSON et al., 1998 e BORAKS, 2001).

O ideal é que os pacientes que precisem se submeter à quimioterapia passem por avaliação prévia em dentistas

especializados. Antes de se iniciar o tratamento, é preciso eliminar todos os focos de infecção da região bucal do

paciente. E os dentes que precisarem, deverão ser extraídos imediatamente. Não se pode extraí-los durante as

aplicações ou até cinco anos depois de encerrado o tratamento, sob risco de causar problemas bastante graves. Nesse

trabalho profilático (feito antes dos tratamentos), o laser de baixa potência também é utilizado (DORNELLES et al.,

2004).

Dentre esses efeitos colaterais (mucosites, feridas esbranquiçadas, xerostomia, entre outros) que surgem na região

bucal causados pelas aplicações de quimioterapia em pacientes oncológicos, surgem os casos mais graves, e não

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 89

raros, e a dor chega a impedir que a pessoa se alimente por via oral. Atualmente, o problema pode ser eliminado

praticamente por completo, com disparos de laser de baixa potência ou baixa intensidade. Logo durante a primeira

aplicação, os pacientes já sentem a diminuição da intensidade das dores e, ao final do tratamento, os resultados são

excelentes. Cada aplicação do laser de baixa potência dura, em média, 30 minutos. Em alguns casos, o especialista

leva o equipamento portátil. “Suas aplicações não representam qualquer tipo de risco ao paciente ou causam efeitos

colaterais. Muito pelo contrário, o alívio costuma surgir já na primeira aplicação, e o tratamento completo é feito em

cerca de quatro sessões” (BORAKS, 2001).

As infecções periodontais, pulpo-periapicais, fúngicas e virais são as que mais acometem os pacientes quimioterápicos

no que se refere à sua saúde oral. Esses pacientes estão com maior vulnerabilidade, já que todas as células da medula

óssea são atingidas pela quimioterapia, inclusive aquelas que deveriam combater as infecções (COLEMAN, 1996).

Nas ocorrências de periodontite, em 98% dos casos consegue-se evitar as infecções com ações preventivas. Estas

incluem ações que devem ser realizadas três dias antes do início da quimioterapia: tratamento periodontal básico e

extração dos dentes com envolvimento periodontal grave.Aliada a essas ações, os pacientes recebem informação sobre

a importância de manutenção de uma boa higiene oral. Se a despeito desses cuidados acontecer algum problema

periodontal durante a quimioterapia, antibióticos são utilizados (DORNELLES et al., 2004).

Em relação aos problemas pulpo-periapicais estudiosos afirmam que eles podem provocar problemas muito sérios,

embora sejam vistos com menos freqüência nos pacientes que vêm estudando, se comparados aos problemas

periodontais. Mais uma vez, é indicada a extração nos casos onde há necroses sérias, pelo menos três dias antes do

início do tratamento de quimioterapia (COLEMAN, 1996).

Para as infecções fúngicas, que também podem causar problemas muito sérios aos pacientes em tratamento

quimioterápico que a chave do sucesso é a suspeita e tratamentos precoces, seja com o uso de medicamentos tópicos

ou sistêmicos. A dosagem de anticorpos é importante e, de acordo com cada caso, utilizam-se antibióticos orais ou

intravenais (NEVILLE et al, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

• A quimioterapia promove efeitos colaterais relevantes (PETERSON et al. 2000);

• Equipe multidisciplinar para um tratamento adequado (DORNELLES et al. 2004);

• “É responsabilidade do cirurgião-dentista o diagnóstico, sobretudo, precoce, e, principalmenet, o incentivo do

auto-exame, divulgação dos fatores de risco para o desenvolvimento, tratamento e cura da doença, pois o

desconhecimento é aliado do câncer” (VIDAL, 2002).

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TRAVAGLINI, Flávia. Jornal da APCD, 2003.

O PAPEL DO CIRURGIAO DENTISTA ANTES E DEPOIS DO TRATAMENTO RADIOTERAPICO Autores: Fernandes, C. R.; Sacerdote, D. D.; Godoy, G. P.; Flores, G.; Rodrigues, J.; Figueiredo, K. A. Orientador: Sarmento, V. A. RESUMO

INTRODUÇÃO - Em 1996, o Ministério da Saúde relatou que o câncer bucal está entre os dez tumores mais

freqüentes. Os locais mais acometidos são a língua e o lábio inferior (Line et al, 1995).

Uma vez diagnosticada uma neoplasia maligna, ela poderá ser tratada através da cirurgia, radioterapia e quimioterapia,

usadas isolada e associadamente (Line et al, 1995).

A Radioterapia é um método de tratamento que se baseia na propriedade que têm certas formas de radiações de

produzir alterações físico-químicas nos componentes celulares. As radiações utilizadas na radioterapia têm a

propriedade de alterar os constituintes da membrana, do citoplasma ou do núcleo celular, através de um mecanismo

denominado ionização, daí o nome de ionizantes que se dá a estas radiações (Antônio et al, 2001).

De uma maneira geral, essas radiações ionizantes têm como objetivo eliminar as células malignas do organismo, mas

tem como desvantagem o fato de lesar ao mesmo tempo as células normas adjacentes causando complicações graves

ao paciente. Desta forma o paciente que será submetido ao tratamento radioterápico deverá se assistido por um

Cirurgião-Dentista antes, durante e pós a terapia a fim de prevenir, amenizar e tratar as possíveis complicações

(Antônio et al, 2001).

REVISÃO DE LITERATURA - A radioterapia é uma arma no tratamento loco-regional, tendo benefícios e efeitos

colaterais nas áreas irradiadas. A sensibilidade das células à radioterapia depende do estágio do ciclo celular na época

da exposição. Assim, as células são geralmente mais sensíveis à radiação quando estão ativamente se dividindo

(Antônio et al, 2001).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 91

As radiações ionizantes tendem a destruir as células neoplásicas visando uma redução ou desaparecimento da

neoplasia maligna. No entanto alguns fatores precisam ser considerados no planejamento terapêutico, tais como:

histologia, tamanho e localização do tumor; vias de disseminação; idade e estado geral do paciente; estagio da doença

e prognostico (Line et al, 1995).

Um minucioso exame da região da cabeça e do pescoço, incluindo uma inspeção e palpação cuidadosa da cavidade

bucal, orofaringe e pescoço, alem de exames complementares são essenciais. Uma vez determinada a área a ser

tratada (campo de radiação), o processo de planejamento do tratamento começa através da parceria do médico

radioterapêuta e um dentista (Antônio et al, 2001).

A radioterapia quando aplicada na região de cabeça e pescoço, também atinge os tecidos normais, produzindo danos

reversíveis e irreversíveis que podem aparecer durante a aplicação ou meses após o termino do tratamento.

Xerostomia, cárie de radiação, osteorradionecrose, trismo, desenvolvimento dentário anormal são algumas das

possíveis conseqüências desta modalidade terapêutica. A avaliação prévia da condição bucal e o acompanhamento

pelo cirurgião dentista durante o tratamento radioterápico podem minimizar os danos causados aos tecidos bucais

(Antônio et al, 2001).

Xerostomia - As glândulas salivares estão usualmente dentro da zona de irradiação, provocando alterações

morfofisiológicas das mesmas com conseqüente diminuição do fluxo saliva (Matos et al, 1994-1995).

Quando as glândulas salivares maiores são afetadas pela radiação, o fluxo salivar pode diminuir em até 90% (Antônio

et al, 2001; Lopes et al, 1998).

A lubrificação insuficiente da boca favorece o aparecimento de lesões na mucosa. Na maioria das vezes, as ulcerações

que exibem um quadro generalizado de estomatite acompanhado de intensa sintomatologia dolorosa, sensação de

ardor e perda do paladar (Araújo & Araújo apud Garone Netto & Biagioni, 1990).

Para reduzir o desconforto ocasionado pela xerostomia pode ser utilizada saliva artificial, a qual deve ter características

semelhantes à saliva natural. Os pacientes também devem ser orientados para consumir maior quantidade de água

(Lopes et al, 1990).

Cárie de Radiação - A radioterapia provoca uma mudança na microbiota bucal onde a placa bacteriana torna-se

altamente acidogênica, com um aumento progressivo de S. mutans, Lactobacillus e Candida na cavidade bucal

decorrente de tal modalidade terapêutica.

A saliva é de fundamental importância para a manutenção dos tecidos bucais e deste modo, pacientes com acentuada

queda do fluxo salivar, decorrente da radioterapia, tendem a desenvolver, dentre outras alterações uma alta atividade

de cárie (Matos et al, 1994-1995).

A cárie de radiação se desenvolve de maneira lenta e sem sintomatologia dolorosa e pode surgir até após 1 ano da

terapia (Matos et al, 1994-1995).

Osteorradionecrose - A radioterapia provoca uma redução da atividade dos osteoblastos e alteração nos vasos

sanguíneos, tornando o osso menos irrigado e conseqüentemente, mais vulnerável à infecção e com menor capacidade

de reparação (Whitmyer apud Lopes et al, 1998).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 92

As exodontias prévias ao tratamento radioterápico devem ser realizadas, esperando-se pela reunião epitelial da mucosa

(7 a 14 dias) para somente depois encaminhar o paciente para realização de tal terapia (Souza & Barbosa, 1991).

A patogênese da osteoradionecrose não é inteiramente conhecida, mas geralmente aceita-se que há 3 fatores

envolvidos no seu aparecimento: radiação, trauma e infecção (Maia et al, 1997).

A mandíbula é a mais comumente envolvida devido à maior densidade do osso (Lopes et al, 1998; Maia et al, 1997).

Trismo - Durante a radioterapia, a ATM e os músculos da mastigação ficam expostos ao feixe primário da radiação de

região de cabeça e pescoço e sofrem fibrose gradual (Souza & Barbosa, 1991).

O trismo normalmente está associado com câncer de área retromolar e palato mole. O primeiro sinal de trismo relatado

pelo paciente é a contração dos músculos mastigatórios. A abertura da boca fica dificultada por longo período e pode

complicar a higiene bucal e os procedimentos dentários (Souza & Barbosa, 1991).

Desenvolvimento Dentário Anormal - As modificações que podem ocorrer no desenvolvimento dentário são

conseqüências dos casos de tratamento radioterápico na infância. Segundo Burke & Frame apud Garone Netto &

Biagioni 2000, a radioterapia reduz durante o desenvolvimento dentário a atividade dos ameloblastos e atrasa a

diferenciação de novos ameloblastos. Isto faz com que ocorra alteração no desenvolvimento tanto da coroa quanto da

raiz.

Os cuidados odontológicos com pacientes que serão submetidos a radioterapia deverão ter inicio antes do inicio do

tratamento e um acompanhamento rigoroso destes indivíduos deverá ser realizado para o resto de suas vidas. Sendo

assim, o cirurgião dentista representa um elemento importante na equipe multidisciplinar que atua nos centros de

tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Jansma (1992) afirma que os objetivos principais para um programa

estomatológico para um paciente submetido à radioterapia deverão incluir:

• Melhoria das condições de higiene bucal;

• Eliminação de possiveis fontes de infeccoes bucais;

• Aconselhamento nutricional;

• Prevencao e tratamento das complicações do tratamento radioterápico.

CONCLUSÃO - Conclui-se que a radioterapia é uma especialidade médica utilizada no tratamento do câncer de cabeça

e pescoço que pode provocar efeitos colaterais importantes aos tecidos bucais, daí a necessidade desse conhecimento

por parte do cirurgião dentista, para que este possa atuar na prevenção e redução de tais danos.

A estabilização da doença bucal deve ser realizada antes do tratamento radioterápico e o acompanhamento dos

pacientes irradiados durante o tratamento, pelo cirurgião dentista minimiza o risco de aparecimento das complicações

bucais.

Após o término da terapia oncológica deve-se realizar a prevenção do paciente às vezes por toda a vida, já que efeitos

tardios podem ocorrer.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TOMMASI, A. F., Diagnóstico em Patologia Bucal. Revista e ampliada. 3ed. São Paulo: Pancast, 2002, p 433-436.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 93

TCHERNIACOWSKI, D. ; VIGANÓ R.; Efeito da Radioterapia Ionizante em Câncer de cabeça e Pescoço. Revista

Hands vol: 5, nº 22 – Junho \ junho- 2004.

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www.ctopetropolis.com.br/radioterapia.htm - 22k

TRATAMENTO PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICO Autores: Brandão, A. E.; Pinheiro, C.; Vieira, C.; Ferreira, F.; Alban, R. Orientador: Monteiro, A. M. A. RESUMO:

A doença periodontal é uma entidade nosológica de caráter infeccioso inflamatório, responsável por desencadear

resposta imunológica singular induzida pela placa bacteriana (MONTEIRO & ARAUJO. 2002). O tratamento para a

doença periodontal baseia-se na eliminação e no controle rigoroso da placa bacteriana, onde a colaboração do paciente

torna-se imprescindível. Segundo o conceito de Gottlieb, o único tratamento eficaz da doença periodontal seria o

cirúrgico, através da remoção i cirúrgica da bolsa periodontal. Porém, em 1952, Waerhaug publicou uma tese

mostrando que a união dento gengival não era constituída por epitélio inserido no dente, mas apenas aderido a este.

Portanto, a eliminação dos fatores etiológicos, como a placa bacteriana e o trauma oclusal, levaria ao restabelecimento

da inserção periodontal; determinando bases científicas ao tratamento periodontal não cirúrgico. Entretanto, a

importância do tratamento cirúrgico é inquestionável nos casos mais avançados da periodontite, onde o tratamento

básico não alcançaria resultados satisfatórios. Estudos longitudinais têm demonstrado, através de parâmetros clínicos,

que a terapia não cirúrgica é eficaz no tratamento das infecções periodontais (BADERSTEIM, 1991). Dados de estudos

clínicos longitudinais demonstram que a terapia não cirúrgica e vários tipos de terapias cirúrgicas podem resultar em

parâmetros clínicos positivos evidenciados por redução da profundidade de sondagem e ganho de inserção clínica,

caracterizados histologicamente pela formação de epitélio juncional longo sobre as superfícies radiculares

instrumentadas (RIESKO, 2002). Segundo Socransky, em 1984, a escolha da técnica a ser aplicada baseia-se em uma

precisa coleta de dados através da intensidade da inflamação, sondagem e interpretação radiográfica, assim, de posse

desses dados, o clínico pode traçar seu plano de tratamento. Joves e O’Lery avaliaram a eficácia da raspagem e

alisamento radicular executados a campo fechado e demonstraram que das 48 superfícies radiculares raspadas,

18,75% ainda tinham sinais de cálculo detectados somente após a extração dos dentes; entretanto, declaram que a

raspagem, aliada ao alisamento radicular amplo, poderia produzir uma superfície com conteúdo endotóxico semelhante

ao das superfícies radiculares normais. Logo, as cirurgias periodontais devem ser indicadas para: melhorar as

condições teciduais morfológicas gengivais, regularizar a topografia óssea e adequação pré-protéticas (SABA-CHUJFI,

2002). Portanto, o determinante clínico mais importante na terapia periodontal não é a técnica aplicada para eliminação

da infecção subgengival, mas a qualidade da Terapia Periodontal de Manutenção (PADOVANE et al 1991).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 94

TRATAMENTO CONSERVADOR VERSUS TRATAMENTO CONVENCIONAL DA CÁRIE DENTAL Autores: Alves, N.; Amaro, T.; Cavalcanti, T.; Pinto, V.; Viana, V. Orientador: Miranda, C. B. RESUMO

INTRODUÇÃO: A odontologia contemporânea caracteriza-se por apresentar um novo conceito sobre a filosofia do

tratamento da cárie dentária, de uma forma mais rápida e com mínimo de desconforto para o paciente, sendo o objetivo

de todo profissional a preservação da dentição natural do paciente. Atualmente o trabalho no campo da saúde é dirigido

basicamente para a conservação do corpo humano e suas funções. (MURDOCH-KINCH & MCLEAN, 2003)

Durante um longo período, o tratamento da cárie era só baseado em procedimentos restauradores, porém a limitação

de desenvolvimento da doença incentivou pesquisadores a reconsideraram os tratamentos convencionais, renovando

assim, as formas de diagnóstico e, realizando um tratamento da cárie mais biologicamente orientado. Passou-se a

valorizar os fatores etiológicos primários da doença, seus fatores determinantes e modificadores, sendo assim, o

tratamento odontológico atual individualizado é baseado na avaliação do caso e determinação da atividade da doença.

Com isso pode-se dizer que, o tratamento conservador passou a ser realizado por meio de técnicas não invasivas como

a aplicação de selantes sobre as áreas de cicatrículas e fissuras sem o preparo mecânico; fluorterapia; remoção da

placa bacteriana pelo profissional; aconselhamento dietético; uso de antimicrobianos como diclonato de clorexidina em

pacientes com alta atividade de cárie; orientação e motivação de higiene oral e preparos minimamente invasivos. Já o

tratamento convencional consiste em tratamentos invasivos para controlar a atividade da doença cárie, ou seja, em

casos onde já existe lesão da cárie.

DESENVOLVIMENTO: Tratamento conservador: - O tratamento conservador/preventivo consiste da realização de

diversos procedimentos com o intuito de impedir e/ou controlar o desenvolvimento da doença cárie. Dentre as técnicas

disponíveis para tal finalidade pode-se citar a remoção de placa bacteriana pelo profissional, aplicação profissional de

flúor, aconselhamento dietético, uso de antimicrobianos em pacientes com alta atividade de cárie, informação,

orientação e motivação para autocuidados e uso de selantes. Já o tratamento invasivo consiste na remoção mecânica

do tecido cariado, preparo cavitário e restauração deste. (ABOPREV, 1999)

A remoção mecânica da placa pelo profissional foi introduzida na década de 1970 na Suécia em um programa

preventivo de cárie e gengivite de 3 anos de duração, o qual foi desenvolvido com crianças e adolescentes. O resultado

deste programa foi a redução de cárie maior que 90%.(LINDHE, 1999)

A aplicação tópica de flúor feita pelo profissional consiste no emprego de produtos de alta concentração e baixa

freqüência de aplicação, como o fluoreto de sódio a 2%. Há também produtos para autoaplicação, como a solução de

fluoreto do sódio 0,05% e 0,2% para bochechos diários e semanais respectivamente. As aplicações tópicas realizadas

pelo profissional são indicadas de 1 a 2 vezes por ano, embora em paciente com alta atividade de cárie a aplicação

possa ser mais freqüente. (ABOPREV, 2003).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 95

Na etapa de aconselhamento dietético, o profissional pode fazer uma entrevista sobre dieta e líquidos ingeridos nas

últimas 24 horas, ou um questionário padrão de registro de dieta e líquidos no período de 3-7 dias conhecido como

diário de dieta. O profissional deverá então discutir com o seu paciente medidas que possam ser efetivamente adotadas

para ingestão adequada de açúcar, indicado como um dos maiores responsáveis pelo aumento na incidência de lesão

cariosa. (ABOPREV, 2003).

Já o selante representa um sistema de obliteração de fóssulas, sulcos e fissuras da superfície dentária, formando uma

barreira altamente eficaz contra a instalação dos microorganismos e de detritos na superfície oclusal, dificultando assim,

o estabelecimento da cárie dental. (MOTA & FARIAS, 2004). Um selante adequado deve apresentar ótima adesividade

à superfície do esmalte, método de aplicação simples, biocompatibilidade, baixa viscosidade, penetração em fissuras

mais estreitas e baixa solubilidade no meio bucal (PEREIRA, 2003).

Uma outra opção são os químicos terapêuticos os quais podem ser aplicados na forma de bochechos, dentifrícios, gel

ou goma de mascar. Estas substâncias são utilizadas seguindo duas filosofias distintas de tratamento, uma delas é o

controle da placa e não de microrganismos específicos e a outra é o controle da microflora cariogênica. Dentre as

substancias mais utilizadas temos a clorexidina que pode ser utilizada na forma de bochecho, gel ou verniz.

(BARATIERI, 2002).

A proposta de invasão mínima para o tratamento de cáries dentais incorpora a ciência odontológica de intercepção e

tratamento de lesões csriosas em nível microscópico. A meta está na conservação máxima do esmalte desmineralizado

não cavitado e da dentina com uso de materiais bioativos como o cimento de ionômero de vidro (MURDOCH-KINCH &

MCLEAN, 2003).

Por outro lado, o tratamento de lesões cariosa já existentes também pode ser considerado dentro do conceito

conservador. Atualmente se dispõe da técnica de tratamento restaurador atraumático que é uma técnica relativamente

recente que consiste na remoção do tecido cariado com o auxílio somente de instrumentos manuais, seguido do

selamento destas unidades com cimento de ionômero de vidro. Esta técnica apresenta uma série de vantagens que

parecem superar as desvantagens. É claro que a técnica não pode ser usada em todos os tipos de cavidade, porém

nos tipos recomendados, apresenta índices de sucesso e longevidade adequados (tabela 1) (NASCIMENTO & REGO,

2004).

Tratamento convencional: A preservação da maior quantidade possível de tecido dental é um objetivo importante ao

se considerar o tipo e extensão de restaurações individuais (MJOR, 1999) Uma vez determinada a necessidade de

intervenção invasiva, deve-se ainda considerar o risco e a atividade de cárie, a localização e a extensão da lesão e as

características do material restaurador, para, então, selecionar o tratamento mais adequado (KRIGER, 1999).

Em virtude da evolução tecnológica da odontologia, uma grande e confusa variedade de materiais restauradores

passou a ser comercializada e, em função desse vasto sortimento, o clínico confronta-se freqüentemente com a difícil

tarefa de classificar e selecionar o material mais apropriado para as diferentes situações clinicas (CASTRO, 2002). A

seleção do material é baseada nas suas características restauradoras, as quais serão citadas nos próximos tópicos:

Material ionomérico: O cimento de ionômero de vidro é indicado para pacientes de alto risco ou atividade de cárie, em

casos onde não haja contatos oclusais diretos sobre a área a ser restaurada (KRIGER, 1999). Ele é indicado para estes

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 96

pacientes devido principalmente à sua propriedade de liberação de flúor. Além disso, trata-se de um material com

excelentes propriedades como a biocompatibilidade, adesividade e coeficiente de expansão térmico-linear próximo ao

da estrutura dentária. Por outro lado, deve ser evitado em áreas onde haja contatos oclusais diretos em função da sua

baixa resistência ao desgaste (CONCEIÇÃO, 2002). Quanto ao seu emprego, o preparo cavitário limita-se à remoção

da cárie ativa e regularização das margens (KRIGER, 1999).

Compósitos odontológicos: Os primeiros compósitos foram desenvolvidos para restaurar somente dentes anteriores,

entretanto a melhoria nas propriedades e a busca constante pela estética fez com que esses materiais fossem usados

também para restaurar dentes posteriores (CASTRO, 2002). As resinas condensáveis surgiram, aliando as facilidades

da técnica do amálgama com a cosmética dos compósitos, permitindo seu uso em dentes posteriores submetidos a

esforços mastigatórios (VIEIRA, 2002).

Os preparos seguem as mesmas características dos materiais ionoméricos, restringindo-se à remoção do tecido cariado

e regularização das margens. Por terem características adesivas, o preparo cavitário deverá ser o mais conservador

possível. (MONDELLI, 2004).

Amálgama: O amálgama continua ocupando um lugar de destaque entre os materiais para restaurações de dentes

posteriores, principalmente nas áreas, onde os fatores mecânicos são mais exigidos (BRISO, 2002). O amálgama

possui muitas vantagens, entre elas estão a resistência ao desgaste, já que possui uma resistência muito próximo ao da

estrutura dental; ampla experiência e longevidade clínica; e bom selamento marginal. Porém o amálgama possui

limitações como ausência de união à estrutura dental e baixa resistência à tração, necessitando de cavidades amplas e

retentivas, o que aumenta o risco de fratura (CONCEIÇÃO, 2002).

Os preparos devem ter forma de resistência e retenção, com paredes circundantes convergentes para oclusal, ângulos

internos próximos de 90° e ângulo cavo-superficial nítido e sem bisel. Isso não significa, contudo, que se deva remover

tecido dental hígido desnecessariamente. Em algumas situações clínicas, pode-se manter esmalte sadio sem suporte

dentinário, desde que se utilize um material resistente para atuar como dentina artificial. (KRIGER, 1999).

Enfim, o tratamento convencional restaurador deve ser o menos invasivo possível, consistindo na remoção mecânica do

tecido cariado, preparo cavitário e restauração deste. Ele é somente uma parte global da carie dentaria, pois sem

procedimentos preventivos não há diminuição de sua prevalência.

CONCLUSÃO - As táticas operatórias isoladas, não definem um adequado plano de tratamento. Esse plano requer

alem da tática operatória, grande parte do tempo clínico gasto com exames, diagnósticos, estudos dos casos,

aconselhamentos e monitorações. O paciente deve ser informado de que a cárie pode ser evitada ou controlada e que

restaurações não são tratamentos da doença, apenas substituem tecidos perdidos.

Levando em conta resultados funcionais e estéticos, houve uma mudança de conceitos no tratamento odontológico,

fortalecendo um elo de união entre os procedimentos restauradores e os não invasivos, com objetivo final de promover

a saúde bucal.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PEREIRA A C. e Colaboradores. Odontologia em Saúde Coletiva e Planejando Ações e Promovendo Saúde.

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NARCISO L. N. et al. Odontologia Restauradora Fundamentos e Possibilidades. Santos Livraria Editora. 2002.

LINDHE, Jan. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia oral. 3 ed. Rio de Janeiro-RJ: Guanabara Koogan,

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KRIGER, Leo, Abropev, Promoção de saúde bucal; 3 ed, São Paulo – SP, Artes Médicas, 2003

MONDELLI, Jose. Dentística, Procedimentos Pré-clinicos. Livraria Santos Editora Ltda. SP, 2004, 3ª ED

KRIGER, L., ABOPREV: Promoção de saúde bucal/ vários autores. 2ed São Paulo: Artes Médicas, pg 209, 1999

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VIEIRA, Luiz Clóvis et al . Resinas Condensáveis: Como Obter suas vantagens e evitar suas limitações. RGO , vol

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CASTRO, Silvia et al. Resinas Compostas: evolução e estagio atual. Revista ABO Nacional, vol 10 , nº 4, p 213 –

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MURDOCH-KINCH, Carol & MCLEAN, Mary. Odontologia de Invasão Mínima. Revista JADA, vol 6 , nº 1, janeiro/

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NASCIMENTO, Ana Carolina e REGO Marcos. Tratamento Restaurador Atraumático, Disponível em

<http://www.revistaonlineapcd.com.br>: Acesso 10 de Abril de 2005.

ANEXOS Tabela 1: Tratamento restaurador atraumático

Indicações Vantagens Desvantagens Crianças não cooperativas e em bebês;

lesões de cárie precoce na infância; gestantes;

Estar de acordo com a filosofia de Promoção de saúde bucal;

Não existem dados sobre a duração das restaurações com ART à longo prazo;

Pacientes que possuam contra-indicação à anestesia local, pacientes

especiais e hospitalizados; Não utilizar anestesia;

É recomendado o uso em cavidades de uma face em dentes permanentes, pelo

menos até mais estudos se complementarem;

Tratamento de lesões cariosas que envolvem dentina e cavidades classe I

de dentes permanentes;

Impedir que a cárie atinja a polpa;

Exigir boa compreensão do processo da doença cárie, do material e da técnica;

Lesões que ocorrem no período de erupção do dente com presença de

capuz mucoso;

Remover apenas tecido amolecido, desmineralizado;

Fadiga do profissional pelo uso prolongado dos instrumentos manuais;

Idosos com cárie radicular; Buscar o retorno das funções estéticas e mastigatórias;

Falta de habilidade do profissional ou problemas de manipulação do material

podem levar ao desgaste das restaurações com o CIV;

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 98

__ Apresentar alto índice de aceitação e diminuição da

ansiedade;

Decréscimo do índice de sucesso da técnica com passar do tempo;

__ Ter custo relativamente baixo; Impossibilidade de utilização em pacientes

com reincidência de cárie onde se faz necessário a remoção da restauração;

__ Possibilitar remineralização da dentina endurecida;

Quando utilizamos somente instrumentos manuais pode ser deixada dentina cariada

durante o preparo cavitário; (NASCIMENTO & REGO, 2004) PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO TRATAMENTO DO CÂNCER NO BRASIL - BAHIA Autores: Almeida, L. M.; Araújo, V.; Mendes, R.; Muccini, C.; Petilo, R. Orientador: Almeida, C. S. L. RESUMO:

INTRODUÇÃO - A epidemiologia o estudo da distribuição das várias formas de câncer entre a população, a observação

e a análise das variações de sua ocorrência em diferentes grupos ou comunidades, e os fatores de risco a que eles se

expõem. O câncer é uma célula que perdeu seus mecanismos de controle normais e, conseqüentemente, apresenta um

crescimento desregulado. O Câncer pode desenvolver-se a partir de qualquer tecido no interior de qualquer órgão. À

medida que as células cancerosas crescem e se multiplicam, elas formam uma massa de tecido canceroso que invade

os tecidos adjacentes e pode disseminar (produzir metástase) por todo corpo (www.msd-brasil.com, 2005 ). O câncer

de boca tem grande importância como problema de saúde pública por ser uma das localizações que apresentam

elevadas taxas de incidência e mortalidade, assim como uma alta letalidade (QUEIROZ, 2002). A maioria dos casos de

câncer de boca, no Brasil, é diagnosticado em estágio avançado (Ministério da Saúde, 1996; apud QUEIROZ, 2002).

Segundo Bercht (1998); apud QUEIROZ (2002), admitir que o câncer de boca é um problema de saúde pública implica

em reconhecer que a realização do diagnóstico precoce e do pronto tratamento representam, não só, uma forma de

prevenção secundária, mas também um meio de aumentar a sobrevida. O câncer de boca é mais comum em homens,

com razão homem/mulher de 3/1, na maioria dos países (FERLEY et al, 1998; apud QUEIROZ, 2002), e a partir dos 55

anos esta neoplasia tende a aumentar de maneira importante (SOUZA et al, 1996; apud QUEIROZ, 2002). Em relação

à exposição ocupacional, atividades que envolvem oportunidades de consumo de álcool (garçons, empregados de

cervejarias) e o trabalho com asbesto e produtos de fibra mineral têm sido relacionadas particularmente ao câncer de

lábio (GUNNARSKOG et al 1995; JITOMIRSKI, 2000; apud QUEIROZ, 2002). Outros fatores, como irritação crônica

mecânica (próteses mal adaptadas, fraturas e ausência de higiene oral e ausência de elementos dentários) ou química

(uso de soluções de higiene bucal), além da má higiene oral, têm sido relatados como possíveis fatores de risco para o

câncer de boca (FRANCO et al 1989; LA VECCHIA et al, 1991; apud QUEIROZ, 2002). Em relação aos fatores sócio-

econômicos, um estudo ecológico realizado por Maciel e colaboradores (2000), no Brasil, observou-se uma correlação

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 99

positiva entre mortalidade por câncer de boca e componentes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) e de

condições de vida (ICV) nas capitais brasileiras, nos anos de 1980 e 1991, sugerindo maior vulnerabilidade do sexo

masculino, de pessoas idosas e de baixo nível educacional (QUEIROZ, 2002). Para a realização de programas de

prevenção ao câncer bucal, o governo, até 2002, auxiliou a implantação de 16.734 equipes de saúde da família,

beneficiando cerca de 55 milhões de pessoas beneficiadas, em 4.163 municípios. Isso implica em uma maior promoção

de saúde, ou seja, pessoas de baixa renda podem ter acesso a profissionais da saúde capacitados a orientar e

esclarecer quaisquer que sejam as dúvidas da comunidade. A atuação das equipes, compostas minimamente por

médicos, um auxiliar de enfermagem, quarto a seis agentes comunitários de saúde (ACS). O número de ACS varia de

acordo com o número de pessoas sob a responsabilidade da equipe - numa proporção de um agente para 150 famílias,

destacando que o recrutamento de agentes da comunidade facilita a prestação do serviço e o controle social.

Conjuntamente ao PSF, os Agentes Comunitários de Saúde - PACS atuam como responsáveis pelo monitoramento

mensal da saúde de 90,7 milhões de pessoas em 5.076 municípios. O envelhecimento da população, o intenso

processo de urbanização, com exposição contínua a fatores ambientais e mudanças de comportamentos responsáveis

pela carcinogêneses têm contribuído para que o câncer tenha se transformado na terceira causa de mortes no Brasil.

Por essa razão, o Ministério da saúde, com a gestão do instituto nacional do câncer – INCA, intensificou, de forma

expressiva, ações voltadas para a prevenção e controle das neoplasias, com prioridades naquelas de maior incidência e

mais facilmente evitáveis pela prevenção. O tabagismo é o maior fator de risco isolado de câncer e seu controle

compreende o desenvolvimento de ações contínuas e ações pontuais em todo o território nacional. É importante

destacar que os esforços empreendidos na prevenção e vigilância para controle do câncer foram coroados com a

aprovação, em dezembro de 2000, da Lei Federal nº 10.167, que restringe a publicidade de produtos do tabaco.

Gerenciado pelo Instituto Nacional do Câncer, o Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de

Risco de Câncer, em operação desde 1997, sistematizou dois grandes grupos de estratégias: o primeiro voltado para a

prevenção da iniciação do tabagismo, tendo como público alvo, crianças e adolescentes; o segundo, envolvendo ações

para estimular os fumantes a deixarem de fumar, e criou uma base geopolítica através da capacitação gerencial e

técnica das Secretarias Municipais de Saúde, para o desenvolvimento de ações no nível local. No período de 1996 a

2002, as ações de capacitação voltadas para o controle do tabagismo atingiram 6.781 escolas, 82.274 professores,

1.572.141 alunos, 17.211 profissionais de representações municipais e, 3.966 unidades de saúde e ambientes de

trabalho atingidos pelo Programa Ambientes Livres de Cigarro. Outras ações voltadas para a prevenção e assistência

aos portadores de neoplasias merecem destaque, dentre as quais o Projeto Expande, iniciado em dezembro de 2000,

destinado a elevar a capacidade instalada de assistência oncológica integral para 14 milhões de brasileiros, até 2004,

com a criação e melhoramento de Centros de Alta Complexidade em Oncologia – CACONs em 20 hospitais no país. No

biênio 2001-2002 foram implantados cinco (5) centros distribuídos por todo o País. A avaliação e a vigilância do câncer

e seus fatores de risco são particularmente importantes, já que as informações sobre a incidência e mortalidade são

fundamentais para estabelecer uma base para a orientação e análise das ações de prevenção e controle da doença.

Foram iniciadas, em 1999, ações destinadas a aprimorar a capacidade local de análise epidemiológica nas secretarias

de saúde e, no ano seguinte, intensificadas em 26 Estados e no Distrito Federal. Atualmente, o Brasil dispõe de 101

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 100

Registros Hospitalares de Câncer, com cobertura de cerca de 85% das capitais brasileiras, e de 22 Registros de Câncer

de Base Populacional. O ano de 2000 marca tento importante, com a inauguração do Banco de Sangue do Cordão

Umbilical e Placentário, que ampliará as possibilidades de transplante de medula óssea no País, para pacientes que

não possuam doador aparentado e deverá servir como modelo para a formação de uma rede nacional de Bancos da

mesma espécie. Dentre as principais ações de assistência em oncologia, com a utilização de terapêutica especializada,

tecnologia e medicamentos de alto custo, devem ser destacadas (Anexo1). A Assistência Farmacêutica desenvolvida

pelo Ministério da Saúde foi estruturada no âmbito da Política Nacional de Medicamentos, tendo como diretriz primordial

o acesso da população aos medicamentos, com qualidade e segurança no uso. O Programa de Incentivo à Assistência

Farmacêutica Básica compreende o repasse financeiro aos municípios para a compra descentralizada e distribuição de

medicamentos de atenção básica à saúde, como analgésicos, antitérmicos, vermífugos, para anemia, dentre outros,

usados para o tratamento, no domicílio do paciente, de doenças mais simples diagnosticadas pelas Equipes de Saúde

da Família. Em 2002, todos os municípios brasileiros se encontram habilitados a receber o incentivo financeiro para a

compra dos medicamentos de atenção básica, com cobertura total da população (Ministério da saúde, 2002). O câncer

de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábios e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro,

língua e assoalho da boca). O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no

lábio inferior em relação ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente tabagistas e os

riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra (www.inca.gov.br, 2005). O câncer de lábio é muito freqüente

no Brasil, que é um país tropical e onde muitos trabalhadores permanecem longos períodos expostos ao efeito dos

raios solares. A prevenção deve ser feita através da proteção da pele contar o sol, seja através de chapéus ou

similares, seja através de protetores solares (www.unimes.br, 2005). No Hospital Aristides Maltez da Bahia, o câncer

bucal, corresponde a 16,5% do total de diagnósticos de câncer feitos em 1990. Atualmente, o câncer bucal é um

problema de saúde pública devido ao aumento do número de incidências, corroborando a falta de acesso, de uma

grande parcela da população, a políticas de saúde públicas preventivas, bem como o precário diagnóstico inicial

realizado pelos profissionais da área.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Queiroz, R. C. Validade e confiabilidade das declarações de óbito por câncer de boca no município do Rio de Janeiro.

2002; Cap.1

www. inca.gov.br 01/04/05 às 14:33

www.msd-brasil.com 08/03/05 às 23:33

www. unimes.br 01/04/05 às 14:56

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 101

ANEXOS

Especificação 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002* Matrículas de Pacientes 11.988 12.732 12.912 12.798 12.320 10.794 10.108 9.179

Consultas 158.316 200.460 225.936 262.764 246.473 244.937 246.866 232.176 Internações 8.328 10.980 12.780 13.321 14.500 16.224 15.899 15.497 Cirurgias 8.988 13.704 11.352 11.820 11.369 12.675 13.059 11.785 Aplicações de Quimioterapia 15.972 20.028 40.028 40.086 34.686 35.632 35.821

Aplicação de Radioterapia 216.192 257.328 249.588 131.458 169.606 182.172 191.822 185.999

Transplante de Medula Óssea 70 75 75 93 83 99

TRATAMENTO PERIODONTAL CIRÚRGICO Autores: Andrade, R.; Figueiredo, R.; Maia, G.; Tanajura, T.; Orientador: Koser, L. R. RESUMO:

Os procedimentos utilizados na estratégia periodontal cirúrgica desempenham um papel significativo na integridade

biológica dos tecidos e consistem em técnicas executadas para restabelecer a saúde periodontal ora perdida. Como

objetivos, se apontam a correção de defeitos morfológicos, que podem favorecer o acúmulo de placa e recidiva da

bolsa, ou então um comprometimento estético (Carranza,2002).

A terapia periodontal cirúrgica tem também como propósito eliminar as alterações advindas das patologias periodontais,

a exemplo da cirurgia de redução de bolsa, das cirurgias ressectivas (como gengivectomias e retalhos deslocados

apicalmente) e das cirurgias regenerativas (como as enxertias) (Carranza, 2002).

Dentre as técnicas cirúrgicas mais comumente utilizadas destacam-se ainda as técnicas cirúrgicas plásticas, tendo

como uma das suas inúmeras possibilidades a criação ou aumento da gengiva inserida através da colocação de

enxertos de vários tipos; as técnicas usadas para recobrimento de raízes desnudas e a recriação de papilas perdidas; e,

as cirurgias pré-protéticas, com o propósito de adaptar o periodonto e os tecidos circunvizinhos para receber substitutos

protéticos, que incluem aumento de coroa, aumento de rebordo e aprofundamento vestibular; dentre outras. Além das

citadas, ainda existem as técnicas periodontais para colocação de implantes dentários, incluindo ente elas as técnicas

para desenvolvimento do sítio para implantação (a exemplo da regeneração óssea guiada) e a do levantamento de seio

maxilar (Carranza, 2002).

Para a maioria das doenças periodontais, que é constituída freqüentemente de distúrbios associados à placa, é

evidente que o tratamento periodontal cirúrgico somente pode ser considerado como um instrumento auxiliar na terapia

associada à causa sendo também de suma importância a contribuição do paciente para o sucesso operatório. Portanto

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 102

os variados métodos cirúrgicos deve ser avaliados com base no seu potencial facilitador no controle da placa e

conseqüentemente na melhora ou preservação, em longo prazo, do periodonto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARRANZA, A. F.; NEWMAN, M. G. Periodontia Clinica. 9 ed. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan,2004.

LINDHE, J.; KARRING, T.; LANG, P. N.; Tratado de Periodontia Clinica e Implantologia Oral. 4 ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2005.

ROBRAC, Revista odontológica do Brasil central;ano X- Junho de 2001, número 29.

RGO, Reconstrução cirúrgica da papila interdental; volume 51, número 4 ; outubro de 2003.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 103

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 6º SEMESTRE

ABORDAGEM ODONTOLÓGICA CIRÚRGICA EM PACIENTES HEPATOPATAS VIRAIS B, C E D E HIV-SOROPOSITIVO COMPENSADOS OU NÃO Autores: Dias, A. L. B.; Mascarenhas, A. S. L., Souza, C. T. S.; Borges, K. L. M.; Costa, A. C. S. Orientador: Farias, J. G. RESUMO

Introdução - Os dentistas e em especial os cirurgiões bucomaxilofaciais deveriam estar atentos ao potencial para

transmissão de várias doenças contagiosas, primariamente as virais por meio de contato com o sangue, mucosa e

secreções bucais de pacientes, muitos dos quais podem estar assintomáticos. O controle de infecção e a biosegurança

são temas de grande importância para a prática odontológica, e vêm despertando nos últimos anos maior interesse em

virtude principalmente do avanço da epidemia AIDS. Os profissionais de saúde se encontram em um conflito no que diz

respeito a preocupação em suprir as necessidades de seus pacientes e, por outro lado, a preocupação em não se

contaminar pelos mesmos. Somado a este dilema existe ainda o risco de infecção pela hepatite B, a mais preocupante

das doenças infecto-contagiosas entre os profissionais de saúde. A infecção pelo HBV pode levar ao desenvolvimento

de enfermidades gravíssimas e muitas vezes até a morte. Estudos epidemiológicos mostram que a exposição

parenteral é a de maior risco no que diz respeito à infecção. A transmissão do HBV e HIV após exposição parenteral já

foi relatada na literatura. Baseado em estudos com profissionais da área de saúde, o risco de contaminação pelo HBV

após perfuração por agulha contaminada varia de 6% a 30%. Em circunstâncias semelhantes o risco para o HIV é

menor que 1%.

AIDS / SIDA - A síndrome da imunodeficiência adquirida não é na verdade uma doença, mas um estado de deficiência

imunológica provocada por um vírus, que leva o indivíduo a desenvolver infecções e tumores que fatalmente o levarão à

morte. (BORAKS, 2001).

A AIDS, causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), apresenta afinidade pelo receptor CD4+, presente na

superfície de alguns grupos de células humanas, incluindo linfócitos T-CD4+, monócitos, macrófagos e células

microgliais do sistema nervoso central. Os linfócitos T-CD4+ ou “T-Helper” são os mais normalmente atingidos pelo HIV.

A razão entre os linfócitos T-CD4+ e T-CD8+ cai drasticamente com a progressão da infecção pelo HIV, afetando

amplamente as funções do sistema imunológico, predispondo o paciente ao desenvolvimento de infecções oportunistas

e algumas neoplasias. (FABRO et al, 2002).

A contagem de linfócitos T-CD4+ no sangue periférico tem implicações na evolução da infecção pelo HIV, pois indica o

grau de comprometimento imunológico do paciente, devendo ser associada a dados clínicos. Esta contagem reflete o

dano causado pelo HIV ao sistema imunológico e é fundamental para avaliar a gravidade da doença, estabelecendo a

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 104

presença ou não de deficiência imunológica e a instituição de profilaxias para as infecções oportunistas mais

freqüentes. (FABRO et al, 2002).

A infecção pelo HIV em crianças apresenta aspectos distintos da observada em adultos. O vírus torna-se mais

agressivo, levando rapidamente a um quadro de disfunção imunológica e a morte. Elas tendem a apresentar mais

infecções bacterianas que os adultos, pois não possui, ainda, um sistema imunológico amadurecido capaz de debilitar

tais bactérias. (PORTELA et al, 2001).

Entretanto, mesmo a adesão às precauções universais não elimina todos os acidentes relacionados ao sangue

infectado pelo HIV. Ferimentos com agulhas representam o mais alto risco de transmissão pelo HIV e ocorrem muito

freqüentemente. O teste dos anticorpos HIV dos profissionais de saúde é recomendado em exposições “significativas”

para estabelecer uma linha guia e monitorar as respostas sorológicas. (TOPAZIAN et al.)

A administração profilática de zidovudina (AZT) não tem se mostrado benéfica. Este agente diminui a replicação do

vírus nas culturas de células, mas não provoca sua morte. O AZT é eficaz para atenuar a doença nos pacientes

infectados pelo HIV, mas ele não cura o paciente. (TOPAZIAN et al).

Não é necessário tratar diferentemente os pacientes soropositivos daqueles atendidos rotineiramente. A utilização de

precauções universais, que inclui a utilização de luvas, óculos de proteção, máscara e revestimento clínico apropriado,

proporciona uma proteção adequada. Pode ser aconselhável um capote cirúrgico para procedimentos complicados ou

que propiciem sangramento intenso. (SONIS et al, 1996)

O HIV é extremamente lábil e pouco resistente aos procedimentos anti-sépticos de rotina e estão em número não muito

elevado. (BORAKS, 2001)

Do ponto de vista médico existem duas considerações principais durante o atendimento de pacientes com AIDS: o nível

de imunodepressão e o nível de trombocitopenia. Muitos pacientes com AIDS podem tolerar o tratamento odontológico

sem dificuldades. Entretanto, mesmo que o pacientes apresente-se assintomático, a imunodepressão pode

proporcionar o desenvolvimento de infecção após a manipulação bucal. Além disto, tanto a doença quanto os

medicamentos que o paciente esteja tomando podem causar leucopenia e granulocitopenia. Portanto, para cirurgias

odontológicas é importante – antes do início do tratamento – determinar a contagem de plaquetas, antes de iniciar

qualquer tratamento que possa causar sangramento. (SONIS, 1996)

Na necessidade de um procedimento cirúrgico são solicitados ao paciente HIV + exames laboratoriais para a avaliação

do quadro geral. Se o paciente estiver compensado, a cirurgia pode ser feita tranqüilamente. No entanto, se houver uma

descompensação, o paciente será internado e, depois de estabilizada sua condição geral, estará em condições de

submeter-se ao procedimento cirúrgico. (HEITZ et al, 2001)

Lesões orais têm ampla relação com o estado imunológico do paciente e o prognóstico da doença, de forma que

pacientes com imunossupressão severa têm maior chances de desenvolvê-las. Essas alterações estomatológicas

atuam como reais indicadores tanto da progressão da doença como da falha do tratamento anti-retroviral, sendo,

portanto, de fundamental importância a realização de um complexo exame estomatológico pelo profissional de saúde.

(ISRAEL et al, 2002)

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 105

A suspeita de que um indivíduo de alto risco tenha AIDS é usualmente confirmada pela presença de sarcoma de

Kaposi, pneumonia por Pneumocystis Carinii ou por uma taxa de linfócitos T-helper/supressor alterada. O teste

sorológico atesta a presença de anticorpos para o HIV, mas a presença de anticorpos não se relaciona estritamente

com a efetividade. (TOPAZIAN et al.)

Outras manifestações da AIDS ou do complexo relacionado à AIDS incluem febre específica, perda de peso,

linfadenopatia, diarréia, fadiga, sudorese noturna, candidíase oral, hiperplasia epitelial associada a vírus e doença

periodontal avançada. A presença de qualquer uma destas manifestações da AIDS em uma pessoa de um grupo de

alto risco indica o início de maiores investigações. (PETERSON, 1997)

Pacientes sob tratamento com certas drogas deve-se evitar o uso de soluções anestésicas locais contendo

vasoconstritores do grupo das aminas simpaticomiméticas, pelo risco de alterações bruscas e severas da pressão

arterial e do ritmo cardíaco. Pode-se dizer que, nesses pacientes não somente o emprego dos vasoconstritores do

grupo das aminas simpaticomiméticas estaria contra-indicado, como também o próprio tratamento odontológico, pois o

ideal seria que as condições citadas estivessem controladas ou fora do período de risco. Entretanto, não pode-se

esquecer das situações de urgência odontológica (pulpites, pericementites e abscessos) onde o pronto atendimento é

imprescindível, e quando não é possível aguardar o período mais favorável para o atendimento, nem dispõe-se de

tempo hábil para que o paciente seja encaminhado ao médico para controle de sua doença. Após o controle ou

compensação não haverá a mesma restrição ao emprego dos vasoconstritores pertencentes ao grupo das aminas

simpaticomiméticas. (ANDRADE, 2002)

Um paciente HIV +, estando compensado, estará apto a realizar exodontia simples, exodontia de retido, cirurgia bucal,

implantodontia e emergências. (PETERSON, 1997)

Hepatite viral - A hepatite viral é autolimitada, pode ser fulminante ou cronicamente debilitante. Devido ao potencial

para disseminação hematogênica desses vírus entre pacientes e profissionais da área de saúde, a hepatite é de

especial interesse aos integrantes das carreira odontológica e cirúrgica.

Hepatite B - O paciente com história hepatite B deve ser cuidadosamente avaliado pelo dentista. Esse tipo de hepatite

é transmitido predominantemente pela via parenteral, embora existam outras maneiras de transmissão como a via

percutânea e a sexual.

O HbsAg (vírus da hepatite B) é encontrado no sangue bem como na maioria das secreções orgânicas, incluindo saliva

lágrimas, suor e secreções sexuais. A hepatite B é o único tipo de hepatite para o qual existe um teste de triagem.

Atualmente, é possível fazer a detecção na camada superficial do vírus (antígeno de superfície da hepatite B, AgHBs) e

no material do cerne do vírus (antígeno do cerne da hepatite B, AgHBc). Também é possível detectar anticorpos

circulantes do vírus da hepatite B que indicam infecção prévia. Nos últimos anos mostrou-se que o antígeno e (AgHBe)

é um indicador da infecciosidade, e a exposição ao sangue de um portador positivo para AgHBe está associada a um

elevado risco de infecção.

O risco de infecção pelo HBV entre profissionais da área de saúde varia de ocupação para ocupação, mas é mais alto

naqueles diretamente expostos ao sangue, tais como dentistas, cirurgiões e cirurgiões bucais, equipe de sala de

emergência, funcionários de laboratório e equipe de hemodiálise.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 106

O curso clínico da hepatite B compreende um período de incubação, durante o qual há replicação do vírus; uma fase

prodrômica, quando aparecem sintomas inespecíficos; e uma fase ictérica, quando o paciente apresenta icterícia. Cerca

de duas semanas antes do aparecimento dos sintomas, o antígeno de superfície do vírus da hepatite B (AgHBs), e as

enzimas associadas ao dano hepatocelular começam a elevar-se, denotando comprometimento inflamatório do fígado.

O paciente passa então por um período prodrômico, com mal-estar, anorexia e fadiga, antes de apresentar icterícia,

náusea e vômitos.Os sintomas costumam durar de quatro a seis semanas. Mais da metade de todas infecções pelo

HBV são assintomáticas ou associadas com apenas uma doença leve, não reconhecida, semelhante a uma gripe. Na

maioria dos pacientes, a infecção pelo HBV resolve-se completamente em seis meses do surgimento dos sintomas.

Aproximadamente 10% dos pacientes, contudo, tornam-se portadores crônicos do HbsAg, definido como sendo positivo

para HbsAg para um período mais longo que 6 meses. A maioria destes pacientes continua a ser portadora crônica do

HBV, embora alguns espontaneamente superem suas infecções após vários anos.

Diferentemente de outros vírus, o vírus da hepatite B é excepcionalmente resistente à dessecação e a alguns

desinfetantes químicos, portanto esse vírus é de difícil controle, particularmente quando da realização de uma cirurgia

oral. Felizmente há meios de se inativar o vírus, através de desinfetantes contendo halogênios, formaldeído, gás óxido

de etileno, todas as formas de esterilização pelo calor e irradiação. Estes métodos podem ser usados para minimizar o

contágio da hepatite B.

Pacientes com risco elevado

1.) Na triagem pacientes que apresentem antígeno superfície positivo para hepatite B.

2.) O risco também é elevado nos pacientes com provas de função, hepática anormal.

3.) Nos pacientes com icterícia, esclerótica amarelada e sintomas de hepatite a vírus, o risco é elevado.

Pacientes que tenham história pregressa de hepatite ou icterícia ou com esclerótica amarelada devem ser avaliados

cuidadosamente. A avaliação laboratorial de um paciente assintomático com história pregressa de hepatite ou de

icterícia deve incluir hemograma completo, contagem de plaquetas, tempo de protrombina (TP), tempo de

tomboplastina parcial (TTP) e tempo de sangramento, prova de função hepática (SGOT, SGPT, LDH), Título de

anticorpos contra hepatite e antígeno de superfície da hepatite B(AgHBs).

Hepatite aguda é geralmente uma doença autolimitada tendo como características pacientes com história de mal-estar,

febre baixa, anorexia, náusea, vômitos que devem ser encaminhados para avaliação médica.

Existem dois padrões de infecção crônica pelo HBV, a hepatite crônica ativa e a hepatite crônica persistente. A hepatite

crônica ativa é uma doença hepática crônica fibrosante caracterizada por sintomas de hepatite em desenvolvimento tais

como anorexia, letargia, lassidão e testes de função hepática anormais.

A hepatite crônica persistente por outro lado é clinicamente leve e freqüentemente assintomática, com a elevação da

transaminase sendo o único sinal.

Deve-se adiar o tratamento dentário eletivo, até a infecção estar resolvida.

Pacientes com lesão hepática resultante de doença infecciosa exigem cuidados especiais de cirurgia oral.

Freqüentemente é necessário alteração na dosagem ou evitar o uso de drogas que requerem metabolismo hepático. A

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 107

produção de vitamina K, da qual dependem vários fatores de coagulação (II, VII, IX e X), pode estar deprimida na

doença hepática grave por isso o tempo parcial de tromboplastina (TPT) é de muita utilidade nesses pacientes.

Pacientes com disfunção hepática grave podem exigir hospitalização para cirurgia oral devido à dificuldade de

metabolizar o nitrogênio do sangue deglutido, podendo com isso levar à encefalopatia. Em paciente portador do vírus

da hepatite B deve-se evitar medicamentos que requerem metabolismo ou excreção hepática, se o uso for essencial

modificar a dose, deve-se evitar também procedimentos ou situações nos quais o paciente possa deglutir grandes

quantidades de sangue.

Devido ao grande risco de contaminação pelo HBV é extremamente indicado à imunização contra este vírus. Existem

dois tipos de vacinas no mercado: A primeira desenvolvida em 1982, deriva do plasma do vírus. A segunda

desenvolvida em 1986 é um recombinante de DNA. Ambas são consideradas seguras e não mostram efeitos colaterais

significativos.

O tratamento administrado para prevenir hepatite B imediatamente após uma exposição ao agente é denominada

profilaxia pós-exposição. A administração de imunoglobulinas deve ser feito até 7 dias após o contato com o vírus. A

vacinação contra hepatite B deve ser iniciada juntamente com a imunoprofilaxia passiva com IGHB ou IGS.

Hepatite C - A Hepatite C é uma inflamação do fígado causada pelo vírus da hepatite C (HCV) e diferentemente das

hepatites A e B, a grande maioria dos casos de hepatite C não apresenta sintomas na fase aguda ou, se ocorrem, são

muito leves e semelhantes aos de uma gripe.

Nos raros casos em que a hepatite C é descoberta na fase aguda, o tratamento está indicado por diminuir muito o risco

de evolução para hepatite crônica, prevenindo assim o risco de cirrose hepática e câncer.

Em casos de pacientes com cirrose hepática deve-se redobrar as atenções e realizar procedimentos minimamente

invasivos, diminuindo assim a probabilidade de descompensação da hepatopatia. (FONTES, 2002)

Tendo em vista a freqüência da falência hepatocelular que ocorre após procedimentos cirúrgicos em pacientes com

hepatopatia crônica, a cirurgia ficava reservada somente para os casos em que havia complicações que colocavam em

risco a vida do doente. Na cirrose descompensada, a cirurgia acarreta morbimortalidade elevada, sendo então indicado

o tratamento conservador da hepatopatia, através de medidas que melhorem o suporte nutricional, associado ao

controle de uma provável doença associada, bem como afastar o eventual agente etiológico, até que melhor função

hepática seja alcançada. Assim, todo paciente portador de hepatopatia deve ser rigorosamente avaliado no pré-

operatório através de exames laboratoriais, com o propósito de determinar o grau de comprometimento da função

hepática. Entre os exames laboratoriais, o tempo de protrombina 2,5 segundos acima do limite normal parece ser o

melhor indicador de mau prognóstico nesta população de pacientes (FONTES, 2002).

A hepatopatia crônica levando a insuficiência hepática é uma importante causa de morbidade e mortalidade no pós-

operatório do transplante renal (111). Alterações bioquímicas hepáticas ocorrem em 7 a 24% dos pós-operatórios

imediatos destes pacientes que tardiamente podem evoluir a óbito em decorrência da doença hepática em 8 a 28% dos

casos.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 108

Na fase antes do aparecimento das complicações, exames de sangue realizados por qualquer motivo podem revelar a

elevação de uma enzima hepática conhecida por TGP ou ALT. Essa alteração deve motivar uma investigação de

doenças hepáticas, entre elas, a hepatite C.

A pesquisa diagnóstica busca anticorpos circulantes contra o vírus C (anti-HCV). Quando presentes podem indicar

infecção passada ou atual.

Com a evolução aparecem alterações nos exames de sangue e na ecografia de abdômen. Muitas vezes o médico irá

necessitar de uma biópsia hepática (retirada de um fragmento do fígado com uma agulha) para determinar o grau da

doença e a necessidade ou não de tratamento.

São realizados também a detecção do tipo de vírus (genotipagem) e da quantidade de vírus circulante (carga viral),

fatores importantes na decisão do tratamento.

CONDUTA APÓS EXPOSIÇÃO ACIDENTAL (SESSP,1999) - Após acidente com pérfuro-cortante, serão adotadas as

seguintes condutas:

• Cuidados locais.

• Notificação.

• Avaliação do acidente: material biológico envolvido; tipo de acidente; situação sorológica do paciente-fonte em

relação ao HIV; situação do paciente-fonte com relação aos vírus da hepatite B e C; coleta de material e

seguimento clínico/laboratorial do profissional acidentado.

TRATAMENTO DO LOCAL DA EXPOSIÇÃO (FERIDA DO HCP) - O local da ferida ou da pele que foi exposto a

sangue ou outro fluido corporal deve ser lavado com água e sabão e a mucosa deve ser lavada apenas com água. Não

há evidências de que o uso de anti-sépticos para o tratamento da ferida ou a tentativa de extrair os fluidos espremendo

o local da ferida reduz o risco de transmissão de patógenos associados a sangue. O uso de anti-sépticos não está

contra-indicado, mas não é recomendável a aplicação de agentes cáusticos como o hipoclorito de sódio sobre a ferida,

assim como a injeção de anti-sépticos ou desinfetantes dentro da mesma.

AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO E DO PACIENTE FONTE DO MATERIAL BIOLÓGICO

1. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO

A exposição deve ser avaliada quanto ao seu potencial em transmitir HBV, HCV e HIV, com bases no tipo de substância

corporal envolvida e na rota, e na severidade da exposição em si. Logo, os fatores a serem considerados quanto à

necessidade de acompanhamento para exposições ocupacionais são:

• Tipo de exposição

• Lesão percutânea

• Exposição de mucosa

• Exposição de pele não-intacta

• Mordidas resultantes em exposição do tecido subcutâneo

• Tipo e quantidade do fluido/tecido

• Sangue

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 109

• Fluidos contendo sangue

• fluidos ou tecidos potencialmente infectados (sêmen; secreção vaginal; fluidos cerebro-espinhal, sinovial,

pleural, peritonial, pericardial e amniótico)

• Contato direto com superfície reconhecidamente contaminada por vírus

• Situação infecciosa do paciente

• Presença de HbsAg

• Presença de anticorpos anti-HCV

• Presença de anticorpos anti-HIV

• Suscetibilidade do HCP exposto

• Vacinado contra HBV e sua situação imunocompetente

Situação imunológica quanto ao HCV e HIV:

• Sangue, fluidos visivelmente contendo sangue ou outros fluidos potencialmente contaminados ou tecidos

podem estar infectados com vírus associados à transmissão hematogênica. A exposição a esses fluidos ou

tecidos através de uma lesão percutânea, ou pelo contato com superfície mucosa, são situações que

estabelecem risco de transmissão viral e requerem avaliação e acompanhamento. Em relação ao HVC e ao

HIV, a exposição a agulhas ocas preenchidas com sangue ou instrumentos visivelmente contaminados com

sangue sugerem um risco maior de contaminação.

Para exposições da pele, o acompanhamento só está indicado quando a pele está com sua integridade comprometida,

como por exemplo, com dermatites, abrasão ou ferida aberta, e foi exposta aos fluidos corporais listados acima. Na

avaliação clínica de mordidas humanas, deve-se considerar a possibilidade de contaminação tanto da pessoa mordida

quanto da agressora. Deve-se proceder ao acompanhamento das exposições se a mordida resultar em exposição de

sangue de ambas as pessoas envolvidas.

Observação:

Exposição de pele intacta a fluidos corporais do paciente não é considerada de importância.

Alguns fatores podem ser ditos como agravantes, podendo acelerar o desenvolvimento da doença, com a idade

avançada no momento da infecção, uso concomitante de álcool, associação de hepatite B ou HIV. Com a evolução

progressiva da doença, os exames laboratoriais alteram-se, desenvolvendo valores de AST maiores que os de ALT,

baixos níveis séricos de albumina e alargamento da atividade de protrombina, todos eles sugestivos de cirrose hepática.

Hepatite D - O vírus da hepatite D ou delta é um dos menores vírus RNA animais. Tão pequeno que é incapaz de

produzir seu próprio envelope protéico e de infectar uma pessoa. Para isso, ele precisa utilizar a proteína do vírus B.

Portanto, na grande maioria dos casos a hepatite D ocorre junta a B, ambas com transmissão parenteral. O vírus D

normalmente inibe a replicação do B, que fica latente.

Na fase aguda da infecção, ocorre esteatose microvesicular e necrose granulomatosa eosinofílica por ação citotóxica

direta do vírus (a variedade amazônica é uma das mais severas). Na fase aguda, a atividade necroinflamatória costuma

ser severa.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 110

Em pacientes já portadores do vírus B que apresentam infecção aguda pelo D, esta pode ser severa com hepatite

fulminante. Ao contrário da hepatite B, não apresenta manifestações extra-hepáticas.

O diagnóstico ocorre pela sorologia anti-HDV (IgM para infecções agudas e IgG para as crônicas - o anticorpo IgG não

é protetor) ou por PCR. O PCR mostra que ha replicação (multiplicação em virtualmente todos os pacientes com vírus

D).

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ABORDAGEM ODONTOLÓGICA CLÍNICA EM PACIENTES HEPATOPATAS VIRAIS B, C, D E HIV-SOROPOSITIVOS COMPENSADOS OU NÃO. Autores: Lobo, A.; Oliveira, F. A.; Araújo, L. L. G.; Souza, M. S.; Santana, S. B. Orientador: Rios, M. A. RESUMO

INTRODUÇÃO - O tratamento de pacientes na rotina odontológica deve, em tese, ser direcionado para o consenso de

que todos os indivíduos que são atendidos são portadores em potencial de doenças contagiosas, e a AIDS e as

hepatites virais vem sendo apontadas como entidades de risco ocupacional para dentistas, fazendo valer aquela

premissa.

KNOBEL (2002) alertou para o fato de ser essencial adoção de precauções padrão na manipulação do sangue e das

secreções de todos os pacientes. Afinal, as precauções universais com o sangue e secreções são mandatárias,

independentes do conhecimento ou não de infecção pelo HIV. O autor complementa ainda que algumas medidas

básicas devem ser utilizadas no manuseio de qualquer paciente diante da impossibilidade de se estabelecer se ele é ou

não portador de AIDS ou outra infecção transmitida por sangue ou secreções orgânicas. Essas medidas incluem o uso

de equipamentos de proteção individual e cuidados na manipulação de perfuro-cortantes.

Apesar de recomendações gerais serem estabelecidas com base em princípios de biossegurança, é importante tentar

delinear em que nível as intervenções clínicas cirúrgicas ou não podem ser realizadas, não mais pelo risco ao

profissional, mas sim pelo risco inerente ao paciente portador de soropositividade para os vírus da imunodeficiência

humana e das hepatites de contágio parenteral.

No que ser refere as hepatites virais, foi verificado que os pacientes com hepatite B aguda apresentam partículas

viróticas na saliva, no sêmen, nas secreções vaginais e no leite materno, o que explica a elevada incidência à elevada

incidência nos filhos de mães infectadas e nos cônjuges de pacientes infectados.

Dessa forma, este trabalho aborda sugestões de condutas em Odontologia que podem ser tomadas nesses pacientes,

além de apresentar alguns elementos clínicos que podem nortear a seleção de casos e os cuidados técnicos a serem

empreendidos.

DESENVOLVIMENTO - O tratamento de pacientes portadores de HIV e HV passam necessariamente pela verificação

de parâmetros médicos dos casos, como sugere CARRANZA (2004), onde salienta que nos casos de HIV positivos é

necessário que o tratamento seja conduzido em contato direto com o médico do paciente. SONIS em 1995 chamou

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 112

atenção para os pacientes portadores de hepatites virais, colocando que indivíduos com esclerótica amarelada ou com

icterícia devem ter seu tratamento adiado e ser conduzido para avaliação adicional.

Contudo, no que se refere aos procedimentos odontológicos que devem ser ou não realizados, pouca abordagem de

estratificação tem sido colocada, exceto a observação dos níveis de linfócito T CD4 em pacientes HIV positivos

(FINKELSZTEJN, 1999) e avaliação de co-morbidades prevalentes posteriores à lesão hepática aguda ou crônica vírus

mediada (FIUGUEIRA et al. 2004)

Quantos à abordagem geral de pacientes de risco, virais ou não, o acesso à cavidade bucal deve ser executado com

bochecho PVPI 10% ou clorexidina 0,12% para procedimentos semicríticos, e com antissepsia da pele PVPI 10% ou

clorexidina 4% para procedimentos críticos (MATTOS, 2004).

No tocante aos procedimentos em pacientes portadores de HIV, a periodontia apresenta uma discussão amiúde

detalhada sobre o tema. CARRANZA (2004) traz uma categorização de portadores, de acordo com o Center for

Disease Control and Prevention (CDC), quais sejam:

Categoria A: inclui pacientes com sintomas agudos ou doenças assintomática, incluindo indivíduos com linfadenopatias

generalizadas persistentes, com ou sem mal-estar, fadiga ou baixas temperaturas de febre.

Categoria B: paciente com condições sintomáticas tais como candidíase orofaríngea ou vulvovaginal; herpes zoster;

leucoplasia pilosa bucal; trombocitopenia idiopática; ou sintomas gerais como febre, diarréia e perda de peso.

Categoria C: aqueles pacientes completamente com AIDS, manifestada por condição de risco de vida, identificada por

níveis de linfócitos T CD4 menores que 200 por milímetro cúbico.

Como elemento norteador para as categorias, surge um critério que pode ser considerado regra de outro para pacientes

com AIDS: o nível de linfócito T CD4. FINKELSZTEJN (1999) expôs os níveis destes leucócitos no portador de HIV, sob

o ponto de vista médico, que foi transposto pelo CDC para uma prática odontológica (Quadro 1 em anexo). Nesta

condição, o risco de intervenções aumenta com na proporção inversa do nível celular de defesa. Quadro 1 – Níveis de

referência absoluto e percentual de linfócitos T CD4 (adaptado de FINKELSZTEJN 1999)

CARRANZA (2004) atenta para o fato de que o estado de saúde do paciente deve ser determinado pela historia da

doença, avaliação física e consulta ao seu médico. As decisões de tratamento irão variar em função do estado de saúde

do paciente.O manuseio clínico dos pacientes periodontais infectados com HIV requer rigorosa dedicação para se

estabelecerem métodos de controle da infecção, com base na diretriz da American Dental Association (ADA) e dos

Centers for Disease Control and Prevention (CDC – Centros para prevenção e Controle da Doença). Pois os pacientes

imunocomprometidos estão em risco potencial tanto de adquirir como de transmitir infecções no consultório.

Ainda com base em CARRANZA (2004), o exame bucal completo determinará as necessidades de tratamento dentário

do paciente. Os objetivos primários da terapia dentária deverão ser a restauração e a manutenção da saúde, conforto e

função bucais. A terapia periodontal conservadora e não-cirúrgica deve ser a opção de tratamento para virtualmente

todos os pacientes HIV-positivos, e a execução de procedimentos periodontais cirúrgicos eletivos para instalação de

implantes vem sendo reportada. É imperativo que o paciente mantenha uma meticulosa higiene bucal pessoal. Além

disso, as visitas de manutenção periodontal devem ser conduzidas em intervalos curtos (dois a três meses), e qualquer

doença periodontal progressiva deve ser tratada vigorosamente (ROSE et al., 2002).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 113

SILVERMAN, EVERSOLE e TRUELOVE (2004) chamam atenção sobre relatos de que pacientes HIV-soropositivos não

apresentam números maiores de complicações em procedimentos endodônticos, periodontais, biópsias, dentística

operatória ou protética em relação a HIV soronegativos, e, portanto o oferecimento de terapia para portadores de HIV

deve ser ofertado sem especulações sobre variações no sucesso do tratamento com base na presença do vírus.

Estes mesmos autores, corroborando com FIGUEIRA et al. (2004), chama atenção para o risco de inflamações

articulares sintomáticas em HCV-soropositivos com hepatopatia crônica, o que leva a considerar o diagnóstico

diferencial de dores em ATM de fundo sistêmico.

No tocante as hepatites virais de contágio parenteral, SONIS (1995) relata que em paciente com esclerótica amarelada

ou com icterícia, o tratamento dentário deve ser adiado, devendo ser encaminhados para avaliação adicional. Além

disso, SILVERMAN, EVERSOLE e TRUELOVE (2004) pontuam para o risco hemorrágico em pacientes hepatopatias

virais cujo RNI esteja acima de 3,5. Esses autores alertam sobre a necessidade de intervenções hospitalares

controladas nesses casos, e no que se refere ao tratamento clínico não cirúrgico, eventos de drenagens com

sangramento abundante devem ser considerados. Em acréscimo, nos casos de cirrose hepática, a administração prévia

de antibióticos deve ser avaliada, pelo risco aumentado de infecções nesses casos.

CONCLUSÃO - Em linhas gerais, podem-se sugerir critérios que delimitem que condutas clínicas não-cirúrgicas podem

ser realizadas em odontologia com base em critérios médicos de estado geral do paciente, passando pelas

observações dos autores acima discutidos:

Não há restrições quanto às condutas clínicas não-cirúrgicas em HIV soropositivos com níveis de linfócito T CD4

aceitáveis e estado geral satisfatórios, nem em hepatopatias virais sistemicamente controlados.

Procedimentos envolvendo processos agudos supurativos requerem muitas vezes uma abordagem antimicrobiana

prévia em ambas as condições virais, especialmente no HIV-positivo com queda nos níveis de linfócito T CD4, e nos

hepatopatias com cirrose. Essa condição passa em especial pela periodontia e endodontia.

Os tratamentos em indivíduos não controlados, essencialmente em HIV-positivos, passam por promover bem-estar e

controlar outros irritantes locais complicadores.

Pode ser particularmente importante à percepção de inflamações articulares em hepatopatas virais crônicos,

conduzindo o cirurgião-dentista à investigação da condição sistêmica nesses pacientes e as limitações terapêuticas.

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SILVERMAN Jr., S; EVERSOLE, L.R.; TRUELOVE, E.L. Fundamentos de Medicina Oral. 2ª ed., Rio de Janeiro:

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ROSE, L.E.; GENCO, R.J.; MEALEY, B.L.; COHEN, D.W. Medicina Periodontal, 1ª edição, São Paulo:Santos, 2002.

ANEXO Quadro 1 – Níveis de referência absoluto e percentual de linfócitos T CD4 (adaptado de FINKELSZTEJN 1999)

CD4 Absoluto Percentual de CD4 > 700 – 800/ mm³ >32%

>500/mm³ >28% 200 –500/mm³ 14 a 28%

<200/mm³ <14% ABORDAGEM ODONTOLÓGICA PREVENTIVA EM PACIENTES HEPATOPATAS VIRAIS B, C, D E HIV Autores: Crozara, J.; Jacobino, L.; Kruschewsky, M.; Leal, P.; Orientador: Alves, G. B. RESUMO - O aumento da consciência pública e profissional sobre HIV, Hepatites B, C, D resultou em um delírio de

normas reguladoras que possuem um impacto marcante na prática odontológica. Nosso objetivo é demonstrar que ao

se utilizar alguns procedimentos estaremos, se não combatendo, ao menos, controlando as contaminações, tão

presentes nos dias de hoje. A facilidade de se contrair algumas doenças, principalmente as HIV, HBV, HCV e HDV em

nosso ambiente de trabalho, é mais comum do que imaginamos. Portanto , tomando precauções como o simples ato da

lavagem das mãos; esterilizações dos instrumentais e materiais de nosso uso rotineiro; uso de equipamentos de

proteção individual do profissional como, avental, máscara, gorro ,óculos, luvas; uso de proteção nas pontas do equipo;

armários; cadeira; refletor; manutenção da limpeza em nossos consultórios e obedecendo as normas da Vigilância

Sanitária, certamente estaremos realizando medidas de biossegurança e conseqüentemente tomando os devidos

cuidados que irão minimizar os riscos de contaminações.

PALAVRA-CHAVE: Biossegurança, Hepatite, HIV, Prevenção

INTRODUÇÃO - A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é causada por um retrovirus que possui afinidade ao

receptor CD4 e é uma doença infecciosa de origem viral que atinge o sistema imunológico do portador. A maioria pode

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 115

permanecer inativo por longo período mas estes indivíduos são infecciosos e podem infectar outros indivíduos, embora

a infectividade seja maior no período inicial da doença. É uma doença causada pelo vírus HIV-1 ou HIV-2. O vírus que

predomina no mundo inteiro é o HIV-1 mas ambos são transmitidos de 3 formas: relação sexual, sangue, de mãe para

filho. O intervalo entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sintomas clínicos é longo e bastante variável. Por isso o

profissional precisa estar apto a diagnosticar e tratar as doenças bucais mais comuns que são decorrentes do estado

imunológico de portadores do HIV. (PINTO. 1996)

Em relação ás manifestações bucais a candidose mucocutânea é a mais freqüente e costuma se localizar na orofaringe

e na boca. A leucoplasia pilosa também ocorre em freqüência significativa, as lesões são assintomáticas e não

necessitam de tratamento. Durante o atendimento de um paciente HIV-positivo é importante avaliar o estado de

imunodepressão e o nível de trombocitopenia através de contagem de plaquetas antes de qualquer tratamento que

possa causar sangramento. (SONIS 1996)

Segundo Machado et al as alterações periodontais representa um fator de risco que pode ser tratada e prevenida. É

fundamental que estes pacientes imunocomprometidos recebam atenção especial no tocante ao controle da placa

através de substâncias mais efetivas e até o presente, a clorexidina 0,12 % aparece como a mais indicada. De acordo

com o Ministério da Saúde, desde 1982 até o ano de 2000, foram registrados no Brasil 184.506 casos de contaminação

pelo HIV. O grupo etário mais atingido, para ambos os sexos, é de 20 a 39 anos, que prefazem 70% dos casos de AIDS

notificados ao Ministério da Saúde até o ano de 2000. (FRANÇA et al., 2002)

As medidas de biossegurança devem ser adotadas universalmente para todos os pacientes. Em relação ao plano de

tratamento a profilaxia antibiótica é indicada nos casos de paciente com válvula cardíaca, história de febre reumática ou

outra e não há necessidade de usar cobertura antibiótica de rotina para prevenir infecção pós- procedimento. (PINTO,

1996) A transmissão do HIV através de acidentes de trabalho envolvendo agulhas ou instrumentos cortantes com

sangue contaminado é de aproximadamente 0,3% ou uma a cada 250-300 exposições, mesmo sendo um risco

pequeno, medidas universais de biossegurança devem ser observadas com todos os pacientes durante todos os

procedimentos odontológicos considerando a possibilidade de qualquer indivíduo ser portador da doença. Onde o

sangue, a saliva e o líquido gengival de todos os pacientes devem ser considerados infectados. (FRANÇA et al.,2002)

As bactérias possuem uma estrutura mais diferenciada do que a dos vírus, e que formando colônias sobressaem-se

pela patogenicidade apresentadas como os pneumococos, gonococos, estreptococos, estafilococos bacilos e espirilos.

Verificaremos alguns dos agentes das infecções comuns na tabela –1 em anexo.

Infecção cruzada - Pesquisadores têm estudado profundamente para demonstrar que, em todos os instrumentais

odontológicos escondem-se microorganismos patogênicos que colocam em risco o paciente e o profissional. A cavidade

bucal abriga abundante flora microbiológica, portanto, quanto menor a atenção com as normas de segurança em

consultórios odontológicos, maior a possibilidade de se contrair doenças infecto-contagiosas. Segundo Borges, Lusiane

(2004), a maior fonte de contaminação do consultório odontológico está no instrumental esterilizado inadequadamente.

Os locais mais contaminados são a cuspideira, a caneta de alta rotação e a caixa de revelação, destinada ao

acondicionamento de filmes de raios X- local de grande contaminação que precisa de constante limpeza e desinfecção.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 116

As doenças de forma direta são contraídas pelo contato direto entre o portador e o hospedeiro, as de forma indireta

ocorrem quando o hospedeiro entra em contato com uma superfície contaminada. As doenças contraídas à distância

ocorrem através do ar, quando o hospedeiro entra em contato com os microorganismos.O cirurgião dentista e o

paciente estão submetidos facilmente a essa contaminação, por isso se faz necessário o uso de proteção individual,

que comentaremos mais adiante. Na tabela -2 em anexo podemos verificar as doenças contraídas nas formas de

contaminações. Lembrando que paciente e cirurgião dentista estão sob constante risco de contaminação à distância

pelo uso contínuo das altas rotações necessário nos tratamentos do paciente, os aerossóis produzidos durante o

tratamento dentário contribuem para as contaminações, 1 metro de distância há 100% de risco de contaminação,

conseqüentemente 50%, a 2 metros, confirmando a importância do uso do equipamento individual, como a máscara.

Um eficiente consultório é aquele que incorpora à sua rotina o uso permanente do protocolo de controle da infecção,

pois verificamos a facilidade de contaminações. É aconselhável que o profissional se previna tomando vacinas contra a

hepatite B, sarampo, rubéola e tétano,sendo a hepatite B de maior risco para os profissionais da saúde bucal, e a

recomendação para a imunização da hepatite B é tomar a vacina na freqüência de três doses: 30, 60 e 180 dias,com

reforço a cada 6 anos.

Atualmente não se pensa mais em grupos de risco, pois todos estamos vulneráveis às contaminações diante da grande

incidência das infecções cruzadas, portanto, temos que adotar as medidas preventivas para qualquer tipo de paciente,

todos somos portadores de microorganismos, o paciente e o profissional de saúde, dessa maneira, as precauções para

se evitar as contaminações se iniciam com a aplicação da biossegurança.

Hepatite B - O vírus da hepatite B (HBV), a causa da “hepatite sérica”, pode produzir hepatite aguda, hepatite crônica

não-progressiva, hepatite crônica progressiva culminando em cirrose. Os métodos de esterilização utilizados pelos

profissionais, os resultados mostram que a hepatite B é uma doença do fígado causada pelo vírus de Hepatite B(HBV),

embora a hepatite possa ser muito grave e mesmo fatal, muitas pessoas podem não apresentar os sintomas

relacionados a essa patologia, sintomas tais como: sintomas semelhantes aos da gripe, incluindo fadiga, febre baixa,

dores musculares e nas articulações, dor abdominal descrita como sensação de peso e diarréia ocasional e em alguns

casos podem apresentar icterícia. Sua forma de contágio pode ser através de contato direto com o sangue ou fluidos de

corpo de uma pessoa infectada; por exemplo, você pode ser infectado praticando sexo ou compartilhando agulhas com

uma pessoa infectada. Um bebê pode contrair hepatite B de uma mãe infectada durante o parto, pessoas de qualquer

idade cujo comportamento os expõe a risco para aquisição de VHB e pessoas cujos trabalhos os expõem a sangue

humano. Estes contudo, idealmente, devem ser testados previamente antes da vacinação.

O paciente não deve compartilhar as instalações sanitárias e os objetos de uso pessoal com os outros. O sangue e as

secreções destes pacientes devem ser manipulados com cuidado e o contato íntimo evitado.

Hepatite C - As precauções são as mesmas que as recomendadas para os pacientes com hepatite B.

É uma doença causada pelo vírus da hepatite C (VHC),é transmitida por via parental e geralmente resultante de

transfusão sanguínea. Infecção persistente e hepatite crônica são as marcas da infecção por HCV. Como eu posso

prevenir a propagação HCV para outros: (1) Não doe seu sangue, órgãos do corpo, outro tecido, ou esperma, (2) Não

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 117

compartilhe escovas de dente, navalhas, ou outros artigos de cuidado pessoais que poderiam ter seu sangue neles, (3)

Cubra seus cortes e feridas abertas.

Hepatite D - É também chamado de agente delta e vírus da hepatite delta, o HBV é um vírus de Rna singural e

absolutamente dependente das informações genéticas fornecidas pelo HBV, para se multiplicar e causar a hepatite

somente na presença do HBV. Nos indivíduos que são infectados de forma aguda e simultaneamente por HBV e HDV

não há aumento na probabilidade de vir a surgir uma hepatite crônica, mas a probabilidade de ocorrer insuficiência

hepática fulminante é maior do que para a hepatite B isoladamente. As precauções adotadas em relação à hepatite D

são as mesmas que a hepatite B. A co-infecção simultânea por HBV e HDV resulta em uma hepatite que varia de leve

fulminante a ultima ocorrendo mais provavelmente (3 a 4%) do q com o HBV isolado. (Robbins, 1994)

Procedimentos de assepsia - A assepsia consiste em afastar os germes patogênicos das superfícies como materiais,

mesas, armários, etc, e a antissepsia é aplicada em pele e mucosas,em tecidos vivos também conhecida como

degermação. A desinfecção é o uso de agentes químicos desinfetantes em superfícies, instrumentais e ambientes. A

esterilização se processa por meio físico, químico e físico químico. A tabela- 3 em anexo facilita o entendimento desses

procedimentos. Além do processo de esterilização, a limpeza e higienização do ambiente se faz necessárias,

removendo de qualquer sujidade em áreas nos consultórios ou em hospitais controlando as infecções.

COMENTÁRIOS FINAIS - Conclui-se que é insuficiente o conhecimento dos Cirurgiões dentistas e da população em

relação a doenças passíveis de transmissão cruzada ou direta no consultório dentário, existindo a necessidade de

esclarecimento deste grupo no que diz respeito a doenças como a AIDS e Hepatite B,C e D, ao controle de infecção e à

biossegurança. Acreditamos portanto que a participação dos cirurgiões dentistas é de fundamental importância no

processo de esclarecimento e educação da população sendo de fundamental importância, ampla campanha de

esclarecimento junto aos profissionais e estudantes de modo a melhorar conhecimentos, atitudes e procedimentos de

controle de infecção.

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ANEXOS Tabela -1

Doença Via Período de incubação Sobrevivência a temperatura ambiente

Vírus de vias aéras

superiores

saliva secreções até uma semana Horas

Hepatite B saliva

sangue sêmen

até 6 meses Meses

HIV sangue sêmen

secreções até 10 dias Dias

(COLEMAN, 1996) Tabela 2 - doenças contraídas nas formas de contaminações

Forma Direta

Doença sexualmente transmissíveis

Hepatites virais

HIV

Forma Indireta

Hepatite B

Herpes simples

À distância

Tuberculose

Sarampo

Varicela

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 119

Tabela - 3

Superfícies, Equipamentos e

Materiais

Limpeza Desinfecção

Produto Método Freqüência Produto Método Freqüência

Cadeira do cliente Água e sabão

Fricção limpeza úmida

Após cada uso álcool 70% Fricção 30" Após cada uso

Botões de controle da cadeira

Água e sabão

Fricção limpeza úmida

Após cada uso

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Após cada uso

Alça e interruptor do foco de luz

Água e sabão

Fricção limpeza úmida

Após cada uso

1ºálcool 70% associado a

clorexidina a 1% (manipulado)

Fricção 30" Após cada uso

Pontas – caneta de alta e baixa rotação

Seringa tríplice*

Água e sabão

Fricção limpeza úmida

Após cada uso

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Após cada uso

Tubulação do sugador

Detergente enzimático Aspirar Após cada

uso 1ºhipoclorito 1% Aspirar Diário

Cuspideira Água e sabão Fricção Após cada

uso

1º formulação de formoldeído 4% (c/

fragância,manipulado) 2ºhipoclorito 1%

Borrifar Após cada uso

Puxadores de gaveta Água e sabão

Fricção limpeza úmida

Após cada atendimento

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Após cada uso

Cart/Equipo Água e sabão

Fricção limpeza úmida

Após cada uso

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Após cada uso

Ampola e disparador de RX

Água e sabão

Fricção limpeza úmida

Após cada uso

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Após cada uso

Reservatório de água que

alimenta as linhas das pontas

Água e sabão Fricção Diário -------------- -------------- ---------------

Tubetes anestésico -------------- ---------- ------------ 1º clorexidina 2% (manipulado)

Imersão por 20’ Antes do uso

Pote dappen de plástico*

Água e sabão Fricção Após cada

uso 1º hipoclorito 1% Imersão por 20’ Após cada uso

Saca-broca* Água e sabão Fricção Após cada

uso 1º hipoclorito 1%

2º álcool 70% Imersão por 20’ Após cada uso

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 120

Cone de guta percha ------------ ---------- ------------ 1ºálcool 70% (manipulado)

Imersão 20’-

enxagüar em álcool

70% e secar em

gaze esterilizada

Antes do uso

Moldagem com silicone e

polissulfatos Água Jato de água

Após a moldagem,

antes do envase

1ºhipoclorito 1% 2ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Imersão 10’

Após a moldagem, antes do envase

Moldagens com alginato Água Jato de água

Após a moldagem,

antes do envase

1ºhipoclorito 1% 2ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Borrifar e guardar em saco plástico por 10’

Após a moldagem, antes do envase

Moldagem com oxido de zinco eugenol Água Jato de água

Após a moldagem e

antes do envase

Glutaraldeído 2% Imersão 10’

Após a moldagem e antes do envase

Moldeiras de resina acrílica

Água e sabão Fricção Antes da

moldagem Hipoclorito 1% Imersão 10’

Antes da moldagem

Planos oclusais / registros Água Jato de água Após o

registro 1ºálcool 70% Imersão 10’ Após o registro

Próteses de metal e porcelana, metal e resina, resinas ou

porcelana

Água e sabão Fricção

Antes da prova ou fixação

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Antes da prova ou fixação

Restaurados metálicos

Água e sabão Fricção

Antes da prova ou fixação

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Antes da prova ou fixação

Restaurados em cera/ prova -------------- ---------- --------------- Álcool 70% Imersão

20’ Antes da prova

Piso Água e sabão Fricção Ao final de

cada turno Hipoclorito 1% Fricção Após a

contaminação e diária

Ralos Água quente e sabão Fricção Semanal --------- --------- ----------

Tela do sugador Água e

Detergente enzimático

Imersão 2’e fricção Diária --------- --------- -----------

Pias de lavagem das mãos

Água e sabão Fricção Ao final de

cada turno --------- --------- -----------

Sifão e pias de lavagem de instrumental

Água e sabão Fricção Diária --------- --------- -----------

Filtros de condicionadores de

ar

Água e sabão Fricção Semanal --------- --------- -----------

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 121

Geladeiras de medicamentos,

resinas e material de moldagem

Água e sabão

Fricção limpeza úmida Semanal

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Semanal e qdo nessec

Telefone Água e sabão Fricção Diária

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado) 2º Hipoclorito 1%

Fricção 30" Diária

Saboneteira de vidro ou metal

Água e sabão Fricção Às reposições --------- --------- ----------

Bebedouros de esguicho

Água e sabão Fricção Diária

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Diária

Banheiro Água e sabão Fricção Diária Hipoclorito 1% Fricção 30" Diária

Filme de RX Com barreira plástica Fricção Antes do uso

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção 30" Antes do uso

Posicionadores de Filme

Água e sabão Fricção Antes do uso 1º glutaraldeído

2º Álcool 70% Imer 30 Antes do uso

Almotolias de anti-sépticos e

desinfetantes

Água e sabão Fricção À reposição

1ºálcool 70% associado a

clorexidina 1% (manipulado)

Fricção Às reposições

1º- Primeira escolha; 2º Segunda escolha; *Se estes materiais suportarem alta temperatura devem ser autoclavados . ** Todos os equipamentos e superfícies passíveis de colocação de barreiras devem ser limpos e desinfetados, a cada uso e novamente encapados somente no momento de utilização. Maiores informações no site http://www.biossegurancaodonto.com.br/

PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES JURÍDICAS E SOLUÇÕES DE PROBLEMAS OCORRIDOS DURANTE O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO DE HEPATOPATAS VIRAIS B, C E D E HIV-SOROPOSITIVO COMPENSADOS OU NÃO, COM OU SEM SEQÜELAS CAUSADA PELO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO Autores: Hayvanon, A.; Valladares, C.; Goelzer, E.; Abreu, S.; Orientador: Almeida, C. S. L. RESUMO

INTRODUÇÃO: A prática odontológica abrange uma variedade de procedimentos, onde implicam contato com

secreções da cavidade oral, como saliva, sangue, secreções respiratórias e aerossóis. Isto tudo acaba resultando em

possibilidade de transmissão de infecções, tanto do paciente para paciente, como dos profissionais para pacientes ou

dos pacientes para os profissionais.

Uma grande preocupação com risco de transmissão de hepatite e HIV tem sido encontrada na prática odontológica, em

virtude de que nem todos os pacientes portadores de HIV e hepatite, ou outros patógenos importante, possam ser

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 122

identificados previamente à realização de um procedimento invasivo. Por isso, é recomendado que todos os pacientes,

indiscriminadamente, sejam considerados potencialmente pacientes de risco e que conseqüentemente, precauções

padronizadas sejam utilizadas em todos os procedimentos.

Efetivas medidas de controle de infecção visam quebrar ou minimizar o risco de transmissão de infecções na prática da

odontologia, respeitando os aspectos universais de biossegurança como uso de luvas, aventais, máscaras e óculos de

proteção (EPI). Deve-se ter sempre em mente os cuidados adicionais na manipulação de instrumentos cortantes e

perfurantes, pois a melhor prevenção é não se acidentar.

Embora não haja substituto para a boa prática clínica, muitos processos se relacionam a aspectos não-pertinentes ao

tratamento em si. Estes freqüentemente incluem a falta de comunicação e entendimento entre o cirurgião dentista e o

paciente, e de registro deficientes de tratamento, os quais se tornam importantes argumentos e excelentes

possibilidades para o advogado do cliente, aumentando o número de processos contra os cirurgiões-dentistas.

DESENVOLVIMENTO: O cuidado com a comunicação cirurgião-dentista-paciente e equipe odontológica; a informação

fornecida ao paciente, o consentimento do paciente após ser informado, a documentação apropriada e o controle

adequado das complicações pode reduzir significativamente o potencial de problemas legais.Toda informação possível

sobre o tratamento proposto, além dos riscos e alternativas, benefícios e limitações de cada opção devem ser

transmitidas ao paciente. Se for realizado de maneira adequada, o processo de cons Tornando o paciente, portanto,

capaz de tomar uma decisão consciente e voluntária quanto à realização do tratamento ou de eleger outra opção.

Um dos problemas mais comuns encontrados na defesa do erro profissional é o registro deficiente. Esses registros

fornecem aos advogados do reclamante uma oportunidade de alegar que os cuidados com o paciente também foram

deficientes.

Se o Cirurgião-dentista não documentar os achados clínicos importantes que sustentem o diagnóstico e tratamento, os

advogados podem questionar primeiramente a necessidade desse tratamento em si. Caso necessite de correções no

prontuário, devem ser realizadas sem rasuras, datadas e assinadas. Em alguns estados a alteração de registro é

considerada crime, ou intenção fraudulenta.

Na maioria dos casos o profissional deve avisar o paciente sobre as complicações. É aconselhável considerar e discutir

as opções razoáveis de tratamento que ainda possam produzir um resultado aceitável. Após observado todos esses

cuidados para redução do risco e mesmo assim o paciente processe o cirurgião-dentista, o mesmo poderá responder a

três instâncias: responsabilidade ética, civil e criminal.

Ética - Trata-se dos direitos e deveres dos profissionais inscritos nos Conselhos de Odontologia, caso o CD sofra

penalidades, este responderá de acordo com o código de ética:

Cap XVI – Das penas e suas aplicações; Art40:

I –advertência confidencial, em aviso reservado;

II – censura confidencial, em aviso reservado;

III – censura pública, em publicação oficial;

IV – suspensão do exercício profissional do Conselho Federal

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 123

Art 45 – Além das penas disciplinares previstas, também poderá ser aplicada pena pecuniária a ser fixada pelo

Conselho Regional, arbitrada entre 1 (uma) e 25 vezes o valor da unidade

Responsabilidade Civil - A responsabilidade Civil se relaciona com a obrigação que incumbe a todo agente dotado de

liberdade, de responder por seus atos ante a autoridade competente, apresentando dois enfoques: a obrigação que tem

o cirurgião-dentista de assumir a responsabilidade e de aceitar as conseqüências oriundas de seus atos profissionais

praticados e ter de satisfazer ou responder, inclusive com uma quantia pecuniária ou uma indenização financeira fixada

em procedimento judicial, a qualquer dano, prejuízo ou perda que eventualmente venha ocasionar ao paciente.

Na esfera civil, o dever de reparar o dano causado vem disposto no artigo 159 do Código Civil e decorre da existência

de alguns pressupostos:

A - ação ou omissão do sujeito

B - dolo ou culpa do sujeito

C - nexo de causalidade entre a ação ou omissão e o prejuízo causado

D - ocorrência de dano sofrido pela vítima

O paciente que se sentir prejudicado em seu tratamento pode mover uma ação de ressarcimento de danos contra o

cirurgião-dentista na área cível, penal e administrativa, desde que seja caracterizada uma destas figuras: negligência,

imperícia ou imprudência.

Responsabilidade Criminal - A responsabilidade criminal pode decorrer da culpa ou do dolo. Na culpa, o agente não

quer resultado danoso, mas é responsável, visto ter adotado conduta ativa ou passiva, pelas modalidades de imperícia,

imprudência ou negligência. No dolo, o agente quer o resultado danoso ou assumir o risco de produzi-lo.

Constituem crimes que podem ser cometidos por cirurgiões-dentistas no desempenho de sua profissão: Omissão de

notificação, quebra do sigilo profissional, lesão corporal.

Probabilidade de aquisição do HIV e Hepatite pelo profissional de saúde no seu trabalho - Lima (1996), em

estudos prospectivos, cita que o risco de um profissional de saúde infectar-se com HIV após acidente percutâneo é

estimado em aproximadamente 0,3%, sendo essa taxa passível de sofrer influências de vários fatores.Sabe-se que o

risco de infecção pelo HIV é maior se a exposição envolver grande quantidade de sangue do paciente HIV positivo,

procedimento que envolva cateter diretamente ligado a veias ou artérias e ferimentos perfurantes profundos. É

importante observar que a contaminação pelo vírus da hepatite B é 40% maior do que a AIDS e para a hepatite C, esse

risco é apenas de 0 a 10%. As formas que o profissional de saúde infectado pelo HIV pode contaminar seus pacientes

na prática profissional são variadas. A transmissão do HIV para pacientes pode ocorrer diretamente pela inoculação de

sangue ou outro fluido corpóreo ou indiretamente através do uso de instrumentos contaminados; Inoculação direta é

possível quando um profissional infectado é ferido e sangra sobre uma ferida cirúrgica do paciente, ou quando um

instrumento contaminado causador de ferimento, entrar novamente em contato com os tecidos do paciente.

Precauções tomadas pelo profissional de saúde infectado pelo HIV para prevenir a contaminação de seus

pacientes - Segundo Lima (1996) os riscos de um profissional de saúde infectar seus pacientes são pequenos e de

difícil mensuração. Além de todas as precauções universais que devem ser usadas por todos os profissionais de saúde,

como uso de luvas, aventais, máscaras e óculos de proteção, deve-se ter sempre em mente os cuidados adicionais na

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 124

manipulação de instrumentos cortantes e perfurantes. Profissionais da área da saúde devem utilizar todas as medidas

de biossegurança, contra acidentes com sangue e secreções de pacientes, como por exemplo, uso de luvas, máscara e

óculos de proteção.

Diante de Processos Jurídicos:

•••• Esteja preparado.

•••• Conheça bem a sua documentação (registros)

•••• Reveja todas as anotações, resultados de exames e qualquer outra informação relevante.

•••• Nunca responda a uma pergunta sem a compreensão clara desta

•••• Não especule; Se for necessário rever os registros, radiografias ou outras informações, faça-os antes de

responder à pergunta.

•••• Cuidado ao concordar com qualquer perito ou com um texto de uma autoridade

•••• Não discuta desnecessariamente com o advogado da outra parte: O júri espera que cirurgiões-dentistas ajam

profissionalmente;

•••• Siga os conselhos de seu advogado, que existe para representar seus interesses.

Inversão do ônus da prova (CDC, art.6º, Inciso VIII) - Nas ações cíveis (indenizatórias) movidas contra o profissional

liberal, quer se trate de obrigação de meio ou de resultado, inúmeras vezes ocorre a inversão do ônus da prova em

favor do consumidor, ou seja, sendo acusado de ter sido autor de um erro profissional, o Cirurgião-dentista estará

obrigado a reunir o conjunto de provas que possam demonstrar a sua ausência de culpa, e não o paciente teria que

reunir as provas que irão incriminá-lo.

CONCLUSÃO - A sociedade está cada vez mais consciente dos seus direitos e atenta à atuação dos profissionais,

principalmente nos últimos quinze anos, com o advento da Lei 8.078/90, que cria o Código de Defesa do Consumidor,

que legisla sobre os direitos e deveres dos consumidores e prestadores de serviço, aqui representados pelo paciente e

profissional, respectivamente, gerando um aumento do número de processos civis, penais e éticos contra profissionais

da área de saúde. O cirurgião-dentista tem que exercer sua profissão diligentemente e com zelo, utilizar todos os

recursos disponíveis para obter o melhor resultado para seu paciente, mas, sendo humano, também está sujeito a

erros.

Por isso, é importante para o cirurgião dentista ter conhecimento de que ele também está sujeito às responsabilidades

nos âmbitos criminal, civil e administrativo, quando inseridos em possíveis implicações jurídicas durante o tratamento

odontológico, especificadamente, neste caso, envolvendo pacientes portadores de hepatites e pacientes soropositivos.

Vale ressaltar que a conduta ética do cirurgião dentista em relação à biossegurança deve ser idêntica para todos os

pacientes independente de sua condição sistêmica, assim, ele estará resguardando-se™ e prevenindo a si e ao

paciente de possíveis contaminações por doenças virais (HIV/hepatite) e outras doenças infecto contagiosas e

consequentemente complicações jurídicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. AIDS nos tribunais. Coordenação Nacional de DST e AIDS. Brasília. 1997.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 125

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Conduta. Exposição Ocupacional a Material Biológico; Hepatite e HIV.

Brasília: 1999.

CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Código de Ética Odontológica. Resolução nº 179 de 19 de dezembro

de 1991, Rio de Janeiro: CFO, 1992

DURANT, G. A Bioética: natureza, princípios, objetivos. São Paulo: Paulus, 1995.

GUANDALINI, S. L.; MELLO, N. S. F. de; SANTOS, E. C. de P. Como controlar a infecção na odontologia . [S. l.:

GNATUS, 1997].

LIMA A. L. M. et al. HIV/AIDS: perguntas e respostas. São Paulo: Atheneu, 1996.

PINEL, A.; INGESI, E. O que é AIDS. São Paulo: Brasiliense, 1996.

SEBASTIÃO J., Responsabilidade Médica Civil, Criminal e Ética, ed.3, Del Rey BH, 2003.

PETERSON L., ELLIS E., HUPP J., TUCKER M., Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. Guanabara Koogan, 3

ed, Rio de Janeiro, 2000 FISIOPATOLOGIA, ETIOPATOGENIA, IMUNOPATOGENIA E CLASSIFICAÇÃO DA HEPATITE VIRAL (B, C, D) E HIV Autores: Santos, J. G. O.; Guimarães, L. L. C.; Andrade, L. A. P.; Bueno, T. R. Orientador: Macedo Sobrinho, J. B. RESUMO

INTRODUÇÃO - A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, mundialmente conhecida como AIDS, é causada pelo

Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que apresenta afinidade pelo receptor CD4+, presente na superfície de alguns

grupos de células humanas, incluindo linfócitos T CD4+, monócitos, macrófagos e células microgliais do sistema

nervoso central. Os linfócitos T CD4+ ou “T- helper” são os mais comumente atingidos pelo HIV. A razão entre os

linfócitos T CD4+ e T CD8+ cai drasticamente com a progressão da infecção pelo HIV, afetando amplamente as funções

do sistema imunológico, predispondo o paciente ao desenvolvimento de infecções oportunista e algumas neoplasias.

A hepatite viral aguda é causada por qualquer um de vários agentes e se manifesta como um espectro de síndromes

que pode variar desde inteiramente subclínica e inaparente até rapidamente progressiva e fatal. Na maioria dos casos é

auto-limitada e sem complicações, no entanto e conforme o agente viral envolvido, observa-se uma incidência variável

de manifestações extra-hepática clinicamente significativos ou de progresso para doença hepática crônica. Essas

doenças representam infecções por agentes virais com predileção relativa ou absoluta pelo hepatócito. Após um

período de incubação variável, a replicação viral na célula hepática se aproxima de um máximo, com o aparecimento de

componentes virais nos líquidos corporais e/ou excretas, necrose dos hepatócitos com resposta inflamatória associada

e modificações nas provas laboratoriais de função hepática.

Desenvolvimento – HIV - As síndromes descritas a seguir são causadas pelo retrovírus humano conhecido como Vírus

da Imunodeficiência Humana (HIV ou HIV-1, anteriormente conhecido como HTLV-III ou LAV). O genoma do HIV

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 126

contém genes de 3 proteínas estruturais básicas e de pelo menos 5 outras proteínas reguladoras: código gag, que

codifica a síntese das proteínas da região central do vírus; código pol codifica enzimas que atuam na replicação viral e

código env, que codifica a síntese das proteínas do envelope do vírus. Os códigos reguladores são: Código tat

responsável pela transativação viral; Código rev responsável pela regulação da síntese de proteínas virais; Código nef

regula negativamente a síntese de proteínas virais; Código vif é conhecido como fator de virulência por acreditar-se que

sua presença esteja associada a maior transmissibilidade de infecção. As proteínas reguladoras são sintetizadas em

concentrações menores e os métodos sorológicos habituais não detectam anticorpos contra estas proteínas

(HOLLANDER, KATZ, 2001).

Pode-se relacionar a AlDS com importante depleção de linfócitos T auxiliadores CD4+ no sangue periférico, de um

normal de cerca de 1.000/mm3, cai para menos de 100/mm3 na AIDS completamente desenvolvida. Sabe-se que outras

células, especialmente macrófagos teciduais, podem ser infectadas pelo HIV, e que considerável replicação viral ocorre

nos linfonodos desde os primórdios da infecção. No início da infecção, a resposta imune celular e humoral ao HIV pare-

cem ser efetivas em limitar a replicação viral em células do sangue periférico. A molécula CD4, presente na superfície

de linfócitos T auxiliadores (T4), parece funcionar como o principal receptor celular para o HIV, permitindo sua entrada

na célula hospedeira, o que explica a depleção de linfócitos T CD4+ na AlDS. Mesmo durante a fase assintomática,

muitos indivíduos portadores do HIV mostram um seletivo defeito na resposta imune celular dependente de T a

antígenos de memória. A partir da entrada do HIV na célula, via CD4+, este perde seu envelope glicoprotéico, expõe

sua fita de RNA e permite a ação da enzima transcriptase reversa viral, formando dupla fita de DNA; neste momento, o

material genético viral vai penetrar no núcleo da célula hospedeira e integrar-se ao seu genoma, formando o pró-vírus.

Este pró-vírus poderá permanecer em latência por período de tempo variável, de meses a anos. Por um mecanismo

ainda não compreendido, ocorrerá ativação do pró-vírus no decurso da infecção, com conseqüente replicação viral e

liberação de partículas virais na circulação, aptas a infectar novas células. Uma vez completada a replicação viral, a

célula hospedeira que albergou o pró-vírus irá ser destruída, talvez por um mecanismo de apoptose. A produção viral é

crescente e constante tanto a nível linfático quanto plasmático sendo que em um determinado momento desta

replicação já não existe possibilidade de reposição linfocitária com perda crescente de linfócitos auxiliadores e a

conseqüente imunodepressão (LEWI et al., 1997).

HEPATITES B, C, D - Hepatite virótica é infecção que acomete preferencialmente o fígado e é causada por pelo menos

seis diferentes tipos de vírus: A, B, C, Delta, E e G. A maior parte das evidências sugere que os mecanismos

imunológicos, e não uma citotoxicidade viral direta, causam o dano hepatocelular. Como poderoso argumento contra

um efeito citopático viral direto existe o fato dos hepatócitos que contêm vírions completos ou antígenos virais em

portadores HBV "sadios" não apresentarem qualquer evidência de lesão. Por outro lado, existem fortes indícios de

mecanismos imunes e especificamente de células T citotóxicas sensibilizadas como os mediadores da lesão hepática.

As infecções por HBV passam através de duas fases. A primeira fase proliferativa constitui um período de replicação

viral, durante a qual HBV-DNA está presente na forma esporádica nas células hepáticas com formação completa de

vírions e de todos os antígenos associados. Durante essa fase, células T sensibilizadas para HBcAg, são encontradas

nos locais de lesão das células hepáticas. A fase proliferativa é seguida por uma fase de integração. Os vírions deixam

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 127

de ser produzidos e o DNA viral é incorporado dentro do genoma da célula hospedeira. Com o desaparecimento dos

antígenos e do desafio antigênico para as células T e o aparecimento de anticorpos para os vários antígenos, a

infecciosidade termina e o dano hepático ativo regride (FERRAZ, SILVA, 1997).

O vírus infeccioso completo, ou partícula Dane (HBV), é um vírus ADN com 42nm de diâmetro, que consiste em

componentes superficiais e centrais antigenicamente distintos. O invólucro superficial é constituído essencialmente por

lipídios e proteínas e pode existir no soro ou em outros lipídios corporais, seja como um componente da partícula Dane,

seja como esferas ou cilindros separados com 20 nm de diâmetro. O principal determinante antigênico é o antígeno de

superfície da hepatite B, HBsAg. O cerne do vírus da hepatite B incluem o antígeno central da hepatite (HBcAg). Dentro

do produto do arcabouço de leitura aberta do gene central reside o antígeno (HBeAg). HBcAg continua sendo uma parte

intrínseca do vírus completo, enquanto HBeAg é secretado pelo hepatócito e existe separadamente no plasma. Cada

um deles desencadeia uma resposta humoral (anticorpos anti-HBc e anti-HBe, respectivamente) durante a evolução da

hepatite B (COTRAN, KUMAR, ROBBINS, 1991).

Devem ser observadas várias restrições importantes ao interpretar os resultados dos testes sorológicos para hepatite B.

Primeiro, em um número significativo de pacientes com hepatite B aguda o soro é negativo para HBsAg,

presumivelmente porque o antígeno existe com um título muito baixo ou em concentrações cada vez menores. Por essa

razão, um único teste HBsAg-negativo não exclui o diagnóstico. Anti-HBc é mais sensível a esse respeito e pode

constituir a única indicação sorológica de infecção por hepatite B. Um teste negativo para anti-HBc exclui de fato o

diagnóstico. Por outro lado, um teste positivo para anti-HBc em um soro HbsAg-negativo poderia refletir simplesmente

um episódio anterior de hepatite B. Esses pacientes HBsAg-negativos e anti-HBc-positivos poderiam ser classificados

com base no anti-HBs: um teste positivo no início da evolução de uma hepatite aguda constitui evidência contra o

diagnóstico de hepatite B aguda. A identificação de IgM anti-HBc sugere infecção HBV aguda recente ou crônica

durante a fase de replicação ativa do vírus, como assinalado acima. Nos indivíduos IgM-anti-HBc-negativos nos quais a

infecção HBV parece ter precedido a enfermidade aguda, deve ser aventada a possibilidade de infecção superimposta

por hepatite B (agente delta), por um vírus não-A, não-B, ou por outras causas de uma síndrome de hepatite aguda.

Com o advento de métodos mais sensíveis para detectar HBV-ADN, estão evoluindo as percepções da relação entre

sorologia e interações hospedeiro-vírus (OCKNER, 1993).

A hepatite C é a principal causa de hepatite pós-transfusianal. Ocorre em cerca de 5 a 10 casos por 1.000 transfusões e

pode ser transmitida no sangue total, nas papas de hemácias, nas plaquetas, no plasma e especialmente nos

concentrados dos fatores da coagulação. HCV infecta principalmente os hepatócitos, mas não existem evidências de

indução de efeito citopático nas células hepáticas. É mais provável que a destruição dos hepatócitos seja devido ao

ataque das células T citotóxicas. Apesar da presença de anticorpos contra HCV, aproximadamente metade dos

pacientes são infectados de forma crônica e continuam a produzir vírus durante pelo menos um ano. Destes pacientes,

aproximadamente 10% desenvolvem hepatite crônica ativa e cirrose (HOLLANDER, KATZ, 2001).

O vírus da hepatite Delta (HDV) é um RNA vírus, defectivo, e que necessita do vírus B para a sua sobrevivência. Existe

no plasma um invólucro de HBsAg e está presente nos núcleos dos hepatócitos infectados. A infecção por HDV se

reflete pela presença do anticorpo anti-HDV (IgM na fase aguda; IgG na fase crônica) ou HDV-RNA no soro. Quase

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 128

invariavelmente o soro é positivo para HBsAg e anti-HBc e, na maioria, anti-HBe. A transcrição e a replicação do

genoma do HDV são incomuns. Especificamente, a RNA – polimerase II da célula hospedeira fornece uma cópia de

RNA, replica o genoma e produz RNAm. A seguir, o genoma forma uma estrutura de RNA denominada ribozima, que

cliva o círculo do RNA, produzindo um RNAm. O gene do antígeno delta sofre mutação através de uma enzima celular

(adenosina-desaminase ativada por RNA de fita dupla), durante a infecção, permitindo assim a produção do antígeno

delta grande. A produção deste antígeno limita a replicação do vírus e a destruição celular, promovendo uma infecção

persistente. O genoma, o antígeno delta e o HBsAg associam-se e, a seguir, são liberados da célula. Entretanto, só

pode replicar-se e causar doença em indivíduos com infecções ativas pelo HBV. Como os dois agentes são transmitidos

pelas mesmas vias, o indivíduo pode ser co–infectado pelo HBV e agente delta. O indivíduo com infecção crônica pelo

HBV também pode ser superinfectado pelo agente delta. Observa-se uma evolução mais rápida e grave em portadores

de HBV superinfectados pelo HDV do que indivíduos com infecção concomitante pelo HBV e agente delta, visto que,

durante a co–infecção, o HBV deve estabelecer inicialmente a sua infecção antes que possa haver replicação do HDV,

enquanto a superinfecção de um indivíduo infectado pelo HBV permite a replicação imediata do agente delta. A

replicação do agente delta resulta em citotoxicidade e lesão hepática. Uma infecção persistente pelo agente delta é

freqüentemente estabelecida em portadores do HBV, mesmo após desaparecimento dos sintomas. Embora sejam

produzidos anticorpos contra o agente delta, a proteção provavelmente decorre da resposta imunológica ao HBsAg,

visto que se trata do antígeno externo e da proteína de fixação viral para o HDV (ROSA, PORTO, 1994).

CONSIDERAÇÕES FINAIS - Há evidências de que os modos de transmissão do HIV são semelhantes aos do vírus da

hepatite B, em particular no que se refere a transmissão sexual, parenteral e vertical. Além disso, considerações a

respeito da etiopatogenia, fisiopatologia e imunopatogenia das hepatites B, C, D e HIV, são fundamentais para

compreensão do processo evolutivo dessas doenças no individuo e para a obtenção de um melhor diagnóstico já que

existe manifestações dessas doenças na cavidade bucal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COTRAN, R. S.; KUMAR, V.; ROBBINS, S. L. Patologia Funcional, 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991. p.

185-196; 760-773.

OCKNER, R. K. Hepatite Viral Aguda. In: WYNGAARDEN. J. H. BENNETTI. J. C. C. Tratado de Medicina Interna. 19ª

ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993.p.780-787.

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Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 129

SINAIS E SINTOMAS PRESENTES EM PACIENTES HEPATOPATAS VIRAIS B, C E D E HIV-SOROPOSITIVO Autores: Rios, A., V. B.; Angelim, A. F.; Mota, C. E. T. G.; Brandão, C. S.; Bittencourt, R. P. Orientador: Rocha, J. R. M. RESUMO

Introdução - A hepatite por vírus é uma doença contagiosa que afeta aproximadamente 500.000 pessoas por ano, nos

EUA. A maioria dos pacientes apresenta sintomas de uma virose aguda branda, mas cerca de 5% evoluem para uma

hepatite crônica. De igual importância é o fato de um certo número de pacientes tornarem-se portadores do antígeno da

hepatite e transmissores em potencial da infecção. É importante compreender os vários tipos de hepatite infecciosa e o

modo comum de transmissão, para proceder-se à prevenção da doença. O dentista corre um risco particular, devido à

sua exposição às excreções bucais e ao sangue de pacientes potencialmente infectantes.

A AIDS é uma doença retroviral caracterizada por imunossupressão profunda que leva a infecções oportunistas,

neoplasias secundárias e manifestações neurológicas. A transmissão do HIV ocorre sob condições que facilitam a troca

de sangue ou líquidos corporais contendo o vírus ou células infecciosas pelo vírus. Portanto, as três vias principais de

transmissão são contato sexual, inoculação parenteral e passagem do vírus de mães infectadas para seus recém-

nascidos. Em todo o mundo, aproximadamente 36 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus da

imunodeficiência humana. Uma parcela considerável dessa população irá apresentar manifestações orais relacionadas

à evolução da infecção. Este aspecto é particularmente importante porque mostra que o cirurgião dentista pode ser o

primeiro profissional da saúde a ter condições de realizar o diagnóstico da infecção pelo HIV através da identificação de

lesões orais indicadoras de imunossupressão.

Cerca de 80% dos pacientes com AIDS tem pelo menos uma manifestação oral. Entre as manifestações encontradas

mais freqüentemente estão as infecções por fungos, como a cândida albicans, por vírus, as gengivites e as

periodontites necrosantes e a leucoplasia pilosa entre outras.

Desenvolvimento

Hepatites Virais - Hepatite significa inflamação do fígado. Os vírus causam uma variedade de tipos de hepatite. A

hepatite por vírus é uma doença contagiosa que afeta aproxidamente 500.000 pessoas por ano, nos Estados Unidos.

(SONIS, 1996)

Hepatite B - O vírus da hepatite B(HBV), pode produzir hepatite aguda, hepatite crônica não progressiva, hepatite

crônica progressiva culminando em cirrose, hepatite fulminante com necrose hepática maciça, um estado de portador

assintomático, com ou sem doença sub-clínica progressiva e o pano de fundo para o vírus da hepatite D (HDV).

(SOLTIS, 1997).

A doença hepática derivada do HBV é um problema global, com uma taxa mundial de estimada de portadores de 300

milhões somente nos Estados Unidos, há 300.000 novas infecções por ano. O HBV permanece no sangue durante os

últimos estágios de u período de incubação prolongado e durante episódios agudos de hepatites agudas e crônicas.

Também está presente em todos os líquidos corporais fisiológicos e patológicos, à exceção das fezes. Assim, enquanto

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 130

o sangue e os líquidos corporais são os veículos primários de transmissão, o vírus também pode se propagar por

contato com secreções corporais, como o sêmen, saliva, suor, lágrimas, leite materno e efusões patológicas. ROBBINS,

1994).

Hepatite C - O vírus da hepatite c (HCV) também é uma causa importante das doenças hepáticas em todo o mundo. As

principais vias de transmissão são inoculação e transfusões sanguíneas. Acredita-se que o HCV seja a causa mais

importante de hepatite associada à transfusão, sendo responsável por 90 a 95% do total de casos. A sua prevalência é

mais alta em contatos domiciliares, homossexuais, pacientes de hemodiálise, hemofílicos e viciados em drogas

intravenosas. (ROBBINS, 1994).

Hepatite D - O vírus da hepatite C(HDV), também chamado de agente delata e vírus da hepatite delta, é um vírus de

RNA singular cuja replicação é defectiva, causando infecção apenas quando encapsulado pelo HSsAg. Portanto,

embora taxonomicamente diferente do HBV, o HDV é absolutamente depende das informações genéticas fornecidas

pelo HBV para se multiplicar e causar hepatite somente na presença do HBV. Assim, a hepatite delta origina-se em

duas situações, como co-infecção aguda após exposição a soro contendo HDV e o HDV, ou quando ocorre infecção

secundária de um portador crônico de HBV com um novo inoculo de HDV. (HOSINAZLE, 1989).

A co-infecção simultânea por HBV e HDV resulta em uma hepatite que varia de leve a fulminante, a última ocorrendo

mais provavelmente do que com o HBV isolado. Quando o HDV se superpõe à infecção por HBV crônica, existem três

possibilidades, a hepatite por HBV leve pode converter-se em uma doença fulminante; uma hepatite aguda intensa

pode se instalar em um portador de HBV previamente sadio; ou uma doença crônica progressiva pode se desenvolver,

muitas vezes culminando em cirrose. (ROBBINS, 1994).

Síndrome Clinicopatológicas - Várias síndromes clínicas podem desenvolver-se após a exposição aos vírus da hepatite:

Estado de portador; infecção assintomática; hepatite aguda; hepatite crônica e hepatite fulminante. (CZAJA, 1996).

“Portador” é um indivíduo sem sintomas francos que abriga, por conseguinte pode transmitir um microorganismo. Com

os vírus hepatotrópicos, há aqueles que abrigam um dos vírus, mas sofrem poucos efeitos adversos ou nenhum e

aqueles que tem doença hepática crônica, mas são essencialmente assintomático ou livres de incapacidade.

Morfologicamente, os portadores têm um fígado normal, alguns hepatócitos com aparência de vidro fosco com núcleos

arenosos(HBV), ou no caso do HCV, evidências de hepatite crônica. (ROBBINS, 1994).

Na infecção assintomática os pacientes são identificados apenas por acaso a partir de uma elevação mínima das

transaminases séricas, ou após o evento pela presença de anticorpos antivirais. (COLLINS, 1994).

Na hepatite viral aguda seja qual for o agente, a doença é aproximadamente a mesma e dividi-se em quatro fases,

período de incubação; fase pré-ictérica sintomática; fase ictérica sintomática e convalescença.A fase de incubação é

uma fase assintomática. A fase pré-ictérica é caracterizada por sintomas constitucionais, inespecíficos. Mal-estar é

seguido após alguns dias por fadiga geral, náuseas e inapetência. Perda ponderal, febre baixa, cefaléia, mialgias,

artralgias, dores e diarréias são sintomas inconstantes. Pacientes com hepatite B desenvolve uma síndrome

semelhante à doença do soro, que consiste em febre, exantema e artralgia atribuíveis a imunocomplexos circulante. A

origem verdadeira de todos esses sintomas é sugerida por níveis séricos de aminotransferases elevados. O exame

físico revela um fígado levemente aumentado e doloroso à palpação.Em alguns pacientes, os sintomas são mais

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 131

intensos como, febre mais alta, calafrios, cefaléia, às vezes acompanhados no quadrante superior direito e

hepatomegalia dolorosa. Quando a icterícia aparece entra-se na fase ictérica quando os demais sintomas começam a

ceder. A icterícia é causada predominantemente por hiperbilirrubinemia conjugada e, portanto, acompanha-se uma

urina escura relacionada à presença de uma bilirrubina conjugada. As fezes podem adquirir cor clara, e a retenção de

sais biliares pode causar prurido cutâneo incômodo. Os achados laboratoriais incluem um tempo de protombina

prolongado e hiperglobulinemia; a fosfatase alcalina sérica em geral está apenas um pouco aumentada. (KUMAR,

1994).

Na hepatite viral crônica, definida como evidências sintomáticas, bioquímicas ou sorológicas de doenças hepáticas. Em

particular o HCV é notório como causa da hepatite crônica que evolui para cirrose em uma alta percentagem dos

pacientes. As manifestações clínicas da hepatite crônica são variáveis e não prodizem o prognóstico. Em alguns

pacientes os únicos sinais de doença crônica são elevações persistentes das transminases séricas. O sintoma mais

comum é fadiga, menos comumente, há mal-estar, inapetência e episódios eventuais de icterícia leve. Achados físicos

são escassos, podendo aparecer angiomas estelares, eritema palmar, hepatomegalia leve, dor à apalpação do fígado e

esplenomegalia discreta. Os exames laboratoriais podem revelar prolongamento do tempo de protombina e, em alguns

casos, hiperglobulinemia, hiperbilirrubinemia e elevações sutis dos níveis de fosfatase alcalina. Infecções com HBV e

HCV, podem gerar episódios de vasculite e glomerulonefrite. Pode se encontrar crioglobulinemia em cerca de 35% dos

pacientes com hepatite por HCV crônica. (COTRAN, 1994).

A hepatite fulminante quando a disfunção hepática evoluída início dos sintomas para encefalopatia hepática dentro de 2

a 3 semanas, sendo essa a insuficiência hepática fulminante, ou quando ocorre uma evolução menos rápida,

estendendo-se por até 3 meses, é cham2ada de insuficiência hepática subfulminante. A insuficiência hepática

fulminante pode apresentar-se como icterícia, encefalopatia e fator hepático. Notavelmente ausentes ao exame são os

estigmas de uma doença de hepática crônica. As complicações extra-hepáticas ameaçadoras à vida incluem

coagulopatia e sangramento, instabilidade cardiovascular, insuficiência renal, síndrome da angústia respiratória do

adulto, perturbações eletrolíticas e ácido-básicas e sepse. A mortalidade global varia de 25 a 90% na ausência de

transplante hepático. (ROBBINS, 1994).

Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) - A AIDS foi primeiramente reconhecida em 1997, após a

apresentação de um pequeno grupo de homens jovens com formas raras de pneumonia e cânceres normalmente

observados apenas em indivíduos imunucomprometidos. A doença foi reconhecida como entidade em 1982, pelo

Centro de controle de doenças(CDC). (BALTINORE, 1991)

Estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos identificaram cinco grupos de adultos em risco de desenvolver

AIDS, homens homossexuais ou bissexuais, representando 70% dos casos, usuários de drogas intravenosas,

representando 18% dos casos, hemofílicos, 1% dos casos, receptores de sangue e hemoderivados, representando

2,5% dos casos e contatos heterossexuais de membros de grupo de risco, representando 45 da população de

pacientes. (ROBBINS, 1994).

A AIDS é causada pelo vírus HIV, um retrovírus humano que pertence à família dos lentivírus. Duas formas

geneticamente diferentes, mais intimamente relacionada ao HIV, denominadas HIV-1 e HIV-2, foram isoladas de

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 132

pacientes com AIDS. O HIV-1 é o tipo mais comum associado à AIDS. O vírus HIV-1 é esférico, e contem um núcleo

eletrodenso circundado por um envoltório lipídico derivado da membrana celular do hospedeiro. O núcleo do vírus

contém várias proteínas centrais, dois filamentos de RNA genômico, e a enzima transcriptase reversa. (COTRAN,

1994).

Há dois alvos principais de HIV, o sistema imune e o sistema nervoso central. A imunossupressão acentuada, afetando

basicamente a imunidade celular, é a característica da AIDS, resultando principalmente de uma perda acentuada de

células CD4+ bem como de um comprometimento da função das células T auxiliares sobreviventes. A patogenia das

manifestações neurológicas merece menção especial porque, além do sistema linfóide, o sistema nervoso é um

importante alvo da infecção por HIV.As principais anormalidades da função imune na AIDS são, linfopenia, redução da

função das células T, alteração das funções das células T, ativação de células B policlonais e alteração das funções dos

monócitos e macrófagos. (HASELTINE, 1991).

A evolução da infecção por HIV pode ser mais bem compreendida em termos de uma interação entre o HIV e o sistema

imunológico. Pode ser reconhecido que refletem a dinâmica da interação vírus hospedeiro: uma fase inicial, aguda, uma

fase intermediária, crônica, e uma fase final de crise. (FAUCI, 1991).

A fase inicial, aguda, representa a primeira resposta de um adulto imuno competente à infecção de HIV, sintomas

inespecíficos como dor de garganta, mialgias, febre, enxatema e às vezes meningite asséptica desenvolve-se três a

seis semanas após a infecção e se resolvem duas a três semanas depois. (ROBBINS, 1994).

A fase intermediária crônica representa um estágio de contaminação imune do vírus. Os sintomas constitucionais em

geral estão ausentes ou são leves. A linfadenopatia persistente com sintomas constitucionais como febre, enxatema e

fadiga, reflete o início de descompenssação do sistema imune, aumentando a replicação viral e o início da fase de

crise.Os sintomas como agravamento de psoríase preexistente, foliculite ou eczema, e o desenvolvimento de

trombocitopenia imune, relacionados à perda do controle imunológico, podem se tornar evidentes. (COTRAN, 1994).

A fase final ou de crise, é caracterizada por uma ruptura da defesa do hospedeiro. O paciente adulto típico com AIDS

nesta fase apresenta febre, emagrecimento, diarréia, linfadenopatia generalizada, múltiplas infecções oportunistas,

doença neurológica e em vários casos neoplasias secundárias. A pneumonia causada pelo fungo P. Carinii é a

característica de apresentação em cerca de 50% dos casos, cerca de 12%dos pacientes apresentam infecções

oportunistas além da pneumonia por P. Carinii. Entre as mais comuns estão a candidíase, infecção disseminada por

citomegalovírus, herpes simples perianal ulcerativo intenso, infecção disseminada por microbactérias atípicas,

meningites criptocócica, e toxoplasmose do sistema nervoso central. Cerca de 20% dos pacientes apresentam sarcoma

de Kaposi, um tumor vascular extremamente raro. Os linfomas de não-Hodgkin constituem o segundo tipo de tumores

associados à AIDS. (ROBBINS, 1994).

Além das infecções oportunistas e das neoplasias, há várias alterações neuropatológicas determinadas por vírus. Estas

incluem uma meningoencefaliteautolimitada que ocorre no momento da soroconverssão, meningite asséptica,

mielopatiavacuolar, neuropatias periféricas, e, mais comumente, uma encefalopatia progressiva designada clinicamente

como complexo AIDS- demência. (KUMAR, 1994).

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 133

CONSIDERAÇÕES FINAIS - A hepatite inclui um conjunto de alterações inflamatórias que acometem difusa mas

heterogeneamente o fígado, as quais podem ser responsáveis por manifestações clínicas como icterícia, colúria, acolia

fecal, astemia e outras manifestações sistêmicas.

As manifestações clínicas da infecção por HIV variam desde uma doença aguda leve a uma afecção grave. A infecção

pelo HIV leva a uma imunossupressão progressiva, levando a uma desregulação imunitária acabando por resultar em

infecções oportunistas como candidíase oral e leucoplasia pilosa, neoplasias e inúmeras manifestações clínicas como

fadiga, perda de peso, febre, sudorese, diarréia, adenomegalia, faringite, etc, que são condições que definem a doença

AIDS.

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Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 134

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 7º SEMESTRE

A IMPORTÂNCIA DA DETERMINAÇÃO DO PROGNÓSTICO NA ELABORAÇÃO DE PLANO DE TRATAMENTO ODONTOLÓGICO Autores: Correia Neto, C. J. B.; Oliveira, I. A. A.; Martins, L. L.; Nuñez Hijo, M.; Almeida, V. T. V.; Figueiredo, K. O. Orientador: Meireles, J. K. S. RESUMO

INTRODUÇÃO - Pode-se definir prognóstico como a previsão da duração, curso e término de uma doença e sua

reposta ao tratamento.Depois de determinar o diagnóstico e antes de iniciar o tratamento, o prognóstico é estabelecido

diante da complexidade de cada caso. (CARRANZA, 1996 e WILKINS, 2000).

A determinação de um prognóstico é essencial para o curso do tratamento que o paciente está sendo submetido.

Torna-se muito importante tanto para o clínico como para o paciente. Vários fatores podem influenciar na determinação

de prognóstico, desde de fatores biológicos até condição sócio-econômica( CARRANZA, 1996). Na ortodontia o

prognóstico é de fundamental importância para iniciar o tratamento. Como os casos geralmente perduram, por no

mínimo 1 ano, é sempre relevante explicar ao paciente o possível prognóstico frente a complexidade daquele caso.

DESENVOLVIMENTO - O Exame Clínico é o passo inicial para se realizar um tratamento como também para um

melhor relacionamento entre paciente/profissional. O objetivo fundamental do exame do paciente é a elaboração do

diagnóstico, do prognóstico e do correto planejamento terapêutico. Porém para obter-se êxito em um tratamento é

preciso que se conheça os problemas que afligem o paciente (NEVES, 2005). Conhecendo-se o paciente (a sua história

odontológica, médica e familiar), e associando suas histórias ao exame físico e exames complementares, pode-se

elaborar um diagnóstico ,um prognóstico ,o qual determinará a oportunidade do tratamento (NEVES, 2005 e TOMMASI,

1989). O prognóstico é bastante variável, dependendo dentre outros fatores do diagnóstico e da instalação precoce da

terapêutica, visando diminuir a morbidade da doença. Na determinação de um prognóstico é preciso avaliar a patologia,

a idade, condição sistêmica, má oclusão, cooperação do paciente e avaliação sucinta do estado periodontal do

paciente.A partir dessa avaliação, pode-se determinar dois tipos de prognóstico: Geral e Individual (CARRANZA, 1996).

Na análise Geral observa-se o sistema estomatognático completo, endossando o prognóstico numa visão harmônica do

complexo crânio-facial e dentária. Questiona-se se o tratamento deve ser feito , avaliando se é possível a obtenção de

sucesso. No caso específico de tratamento orto-prótese, por exemplo, pode-se questionar se as próteses resistirão às

cargas ortodônticas e oclusais associadas (CARRANZA, 1996). No olhar Individual observa-se o dente separademente.

A análise gira em torno da ocorrência de mobilidade, bolsas periodontais, envolvimento de furca, dentes adjacentes a

áreas edêntulas, além da localização do osso remanescente em relação a superfícies de dentes individuais

(CARRANZA, 1996). De acordo com Chiapasco et all (1997) um dos maiores desafios para a prática clínica é a

definição da possibilidade de sobrevivência de um ou mais dentes; e o diagnóstico em qualquer tipo de atendimento

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 135

clínico, dependerá da habilidade e capacidade do profissional em estabelecer um correto prognóstico do caso. A

determinação do prognóstico tem forte relação com a condição financeira do paciente. Sabemos que o custo de um

tratamento odontológico em nosso país é muito caro para o salário que a média dos brasileiros ganham. Devido a isso,

um tratamento complexo pode não alcançar a excelência almejada devido à necessidade de terapia interdisciplinar, a

qual pressupõe um alto custo. A escolha do tratamento ortodôntico depende de muitos fatores etiológicos, clínicos,

radiográficos e porque näo, a expectativa do paciente. Alguns pacientes säo altamente resistentes ao tratamento

ortodôntico, porém sentem a necessidade do mesmo, pois condiçöes adversas a seu bem estar físico, intelectual,

psíquico e social, fazem com que esta escolha seja feita de uma maneira ou de outra. Cabe ao profissional saber

escolher o tratamento mais eficiente e torná-lo eficaz para se obter o melhor prognóstico. Por isso, temos hoje muitas

técnicas ortodônticas e ortopédicas que podem se integrar no transcorrer de toda a terapia .

CONCLUSÃO - O prognóstico é uma previsão do curso provável e desdobramento do tratamento de uma condição ou

doença. A determinação precisa ser bem elaborada devido a vários fatores que influenciam tal determinação. A

natureza e sintomas do caso vão servir de auxílio para perspectiva da recuperação de uma doença (CARRANZA,

1996). O tratamento odontológico tem como objetivo traçar um diagnóstico preciso de determinada patologia e tratar de

forma correta para se obter um Prognóstico favoravél, promovendo a satisfação clínica do paciente. Essa fase se

procede na primeira consulta, no primeiro contato do profissional com o paciente, afim de deixar claro a possibilidade e

oportunidade de tratamento. A avaliação deve ser bastante criteriosa, analisando as condições sistêmicas e locais

(BORAKS, 1996 e TOMMASI, 1989). O profissional deve estar muito seguro do procedimento escolhido, como também

explicar ao paciente os possivéis insucessos ao longo do tratamento diante do caso. Além disso, deve-se esclarecer

que a cooperação do mesmo vai influenciar num sucesso clínico desejável. Na ortodontia o prognóstico geralmente é

provisório. Isso porque as correções esqueléticas e dentárias estão em uma fase bastante complexa, que só permite

tratamentos bastantes difíceis e subordiandos ao crescimento facial. Existe também a barreira finaceira que circunda os

custos ortodônticos. É um tratamento que requer muito tempo, no mínimo 1 ano, que eleva o custo do tratamento. O

relacionamento com esse paciente deverá ser verdadeiro, compreensivo, porém sem precisar invadir a sua privacidade.

O tratamento de uma doença pode ser inteiramente impessoal, porém o manejo de um paciente é obrigatoriamente

pessoal (NEVES, 2005).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

CARRANZA, F., Periodontia Clínica 7º ed. Editora Internacional, 1996, Rio de Janeiro.

WILKINS, E. M., Odontologia em Geral - Teoria e Prática. 1º ed. Editora Riddel, São Paulo.

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TOMMASI, António Fernando. Diagnóstico em patologia bucal. São Paulo: Artes Médicas, 1989, 664 p.

http://www.odontologia.com.br/artigos - Pesquisado em 01/05/2005

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 136

ANEXOS CASO CLÍNICO - Paciente E. C. queixava-se de um mal estado de sua boca. Após o exame clínico, foi diagnosticado

Classe I, padrão I; perdas de dentes 35,36,38,45,46 e 48; incisivos superiores e inferiores inclinados e protruídos;

Diastemas generalizados e perda óssea horizontal generalizada.

• Nota-se perda de dimensão vertical, mas padrão de perfil mantido.

* Saúde periodontal do paciente no exame clínico. Gengiva inflamada e próteses insatisfatórias.

* Modelos de gesso do paciente. Notar vestibularização e inclinação dos incisivos superiores e inferiores.

* Colocação de implante na região retromolar para ancoragem.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 137

* Retração Ântero-inferior com alças apoiadas de um lado no implante e do outro no dente.

* Confecções de novos provisórios nos incisivos superiores.

* Análise Radiográfica da retração Ântero-superior de ambos os arcos.

* Detalhe radiográfico dos implantes, e confecção de novas coroas na região anterior-superior.

* Caso final com as próteses sobre implante e coroas de metalo-cerâmicas confeccionadas e Tratamento Ortodôntico e

Protético finalizados.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 138

* Nota-se a aumento da dimensão vertical

RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO ÉTICO NA ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRATAMENTO ODONTOLÓGICO Autores: Cruz, A. O.; Peixoto, E. S.; Sales, C. C.; SILVA Jr.; M. B. A.; Trief, C. B. Orientador: Amoedo, R. M. P.; Rocha, P. V. B. RESUMO

INTRODUÇÃO - O termo responsabilidade é definido como sendo o dever jurídico de responder pelos próprios atos e

os de outros sempre que estes atos violem os direitos de terceiros protegidos pelas leis, assim como o de reparar os

danos causados. A ética, de forma geral, ocupa-se do que é bom ou correto e do que é mal ou incorreto no agir

humano, portanto é um conjunto de regras e normas morais que regem a conduta e o comportamento humano. A

situação do cirurgião-dentista é regulada pelo código de ética odontológico. Neste os seus deveres e direitos

fundamentais são atribuídos para servirem de base e orientação em diversos aspectos da vida profissional. A existência

de normas éticas e legais orienta o cirurgião-dentista no exercício de sua profissão em virtude da grande

responsabilidade que este desempenha por cuidar da saúde dos seus semelhantes. Na elaboração do plano de

tratamento odontológico o profissional deve conduzir o caso clínico mediante avaliação do quadro geral de saúde bucal

do paciente em conjunto com sua condição sistêmica, grau de motivação, estado psicológico, vida social, situação

econômica e aceitabilidade para intervenção da opção selecionada pelo paciente e cirurgião-dentista. Inúmeros fatores

e critérios contribuem para a seleção da opção de tratamento e constituem a forma correta de conduzir cada caso

clínico na prática odontológica. Estes devem ser seguidos e incorporados rotineiramente na prática clínica do

profissional, cuja conduta traduz o sucesso terapêutico.

DESENVOLVIMENTO - Na medida em que estamos trabalhando na área da saúde, o termo orçamento não deve ser

utilizado para definir as consequências das fases de diagnóstico, terapêutica e prognóstico, tendo em vista a

imprevisibilidade da resposta biológica do paciente. Por esta razão é preferível a utilização da expressão plano de

tratamento, que permite a modificação do plano inicial sempre que necessário. Em decorrência da possibilidade de

efetivação de serviços odontológicos com diferentes tipos de tratamentos e técnicas cientificamente mais ou menos

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 139

adequados é de grande importância que no plano de tratamento sejam anotadas todas as alternativas para a realização

dos procedimentos. É recomendável a discussão sobre as diferentes alternativas de tratamentos a serem oferecidas

para que, desta forma o paciente possa escolher a opção mais adequada mediante sua condição financeira, sua

cooperação e motivação no tratamento, aspecto geral de saúde bucal, riscos e expectativa pessoal. De acordo com o

Art. 7º do código de ética odontológica constitui infração ética:

I. Descriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto;

III. Exagerar em diagnóstico, prognóstico ou terapêutica;

IV. Deixar de esclarecer adequadamente os propósitos, riscos, custos e alternativas do tratamento;

V. Executar ou propor tratamento desnecessário ou para o qual não esteja capacitado;

X. Adotar novas técnicas ou materiais que não tenham efetiva comprovação científica;

Iniciar qualquer procedimento ou tratamento odontológico sem o consentimento prévio do paciente ou do seu

responsável legal,

XII. exceto em casos de urgência ou emergência.

Ao executar o plano de tratamento, o cirurgião-dentista deve expor ao paciente todas as opções de terapêutica

possíveis mediante cada caso apresentado, pois para cada situação clínica irão existir diversas formas para solucionar

o problema. A escolha do tratamento deverá ser feita pelo paciente em conjunto com o cirurgião-dentista de acordo com

a sua necessidade de reabilitação, real condição de saúde bucal e oportunidade de execução do procedimento. O

profissional deve indicar ao paciente a opção de tratamento que melhor se adapta ao caso, que lhe traga um melhor

prognóstico e assim, as maiores chances possíveis de sucesso terapêutico. O cirurgião-dentista não deve priorizar

oferecer ao paciente apenas aquele tratamento que está qualificado em desempenhar, como também não deve

aproveitar-se para induzir o paciente à escolha que melhor lhe serve financeiramente. A prioridade deve ser o bem estar

e a satisfação completa do paciente em relação à sua expectativa de funcionabilidade, fonética e estética. Quando

transpuser a capacidade do profissional de corresponder às necessidades do paciente, ele deve indicar a melhor opção

e encaminhar o paciente a um outro profissional altamente capacitado que solucione o caso da maneira ideal. É de

grande responsabilidade do cirurgião-dentista orientar o paciente, estudar seu caso detalhadamente, discutir com o

paciente sobre as opções de tratamento disponíveis ao seu quadro condicional, explicar-lhe minuciosamente sobre a

terapêutica ideal e executar o tratamento, a partir da melhor escolha e da melhor maneira possível, dispondo de todos

os recursos fundamentais para o sucesso do tratamento. Ao discutir com o paciente sobre a melhor opção para seu

caso, deve-se utilizar uma linguagem clara, acessível e explicativa, colocando todos os pontos positivos e negativos,

todos os cuidados necessários com a prótese, os inconvenientes que existirão, a forma de higienização adequada, as

interferências na fala, na mastigação e, ainda, sobre a importância do controle para conservação da prótese e

preservação dos tecidos bucais. Para uma correta procedência do plano de tratamento, a ficha clínica deve conter

anotações referentes ao estado do paciente que antecedem o tratamento, os atos clínicos realizados, materiais

utilizados, ocorrências detalhadas, como por exemplo, a falta de colaboração, condições de higienização e outros

acontecimentos que possam interferir no resultado esperado pelo paciente bem como pelo profissional.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 140

CASOS CLÍNICOS - Foram selecionados alguns casos clínicos que mostram de forma clara as possibilidades de

tratamento e a opção escolhida em cada caso, de acordo com a expectativa e de condições gerais do paciente,

juntamente com a conduta clínica do profissional respeitando os critérios essenciais na elaboração do plano de

tratamento e instituição da terapêutica.

Caso Clínico 1

Paciente 38 anos, do sexo masculino, fumante, já fazia uso de prótese fixa metaloplástica, apresentando as unidades

1.3, 1.4 e 2.3 com preparos prévios. Foram colocadas as opções de tratamento para a elaboração do plano:

1) Implante;

2) PPR mais três coroas unitárias nos preparos prévios;

3) Prótese Fixa metalocerâmica ou outro material estético, como in-ceran (sem metal).

O paciente é de Portugal e permaneceria por apenas 15 dias em Salvador, foi quando a prótese que fazia uso fraturou.

O paciente escolheu a terceira opção, uma vez que não possuía tempo disponível para um tratamento mais invasivo,

possui sorriso baixo, já possuía as unidades respectivas para a prótese fixa preparadas, já está adaptado à esta

condição, além disso já compareceu ao consultório determinado a fazer a prótese fixa. Em relação à primeira opção, o

tempo necessário seria maior; o que poderia adiantar este implante seria uma carga imediata, mas foi descartado pelo

profissional por se tratar de maxila, que possui um osso menos denso, e necessitaria de um acompanhamento maior

pelo implantodontista que realizaria o procedimento, o que não seria possível, pois o paciente retornaria ao seu país em

15 dias, além disso, o custo é mais elevado. A segunda opção foi descartada automaticamente, por todo o

inconveniente que traria. O paciente foi motivado ao tratamento, orientado sobre a higienização da prótese com uso do

passa-fio, pois o fio dental não passaria entres as unidades protéticas, uma vez que estariam unidas. Assim, após

adequação do meio bucal com raspagem e alisamento radicular, foram repreparadas as unidades e confeccionado a

prótese fixa.

Caso Clínico 2

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 141

Paciente 36 anos, sexo feminino, compareceu ao consultório com desejo de fazer implante dentário; situação

semelhante ao caso anterior, porém sem preparo de outras unidades dentárias. Foram colocadas as opções:

1) Implante;

2) Prótese Fixa metalocerâmica ou outro material estético, como in-ceran (sem metal);

3) PPR.

A paciente possuía uma expectativa maior em relação à estética do que o paciente anterior e o implante foi realmente a

opção escolhida, destacando em relação a vantagens sobre a prótese fixa; a PPR foi automaticamente descartada

devido ao grau de exigência estética da paciente, sem falar nos inconvenientes de ser removível, dos grampos e

comprometimento de outras unidades dentárias para o suporte da prótese. Ela já fazia uso de uma PPR sem grampo,

com flange vestibular e não queria usar mais nada removível. A prótese fixa neste caso, envolveria o preparo de outras

unidades dentárias, a possibilidade de tratamento endodôntico mais colocação de pino intrarradicular de reforço. Em

relação ao implante a paciente não possui o sorriso baixo, ou seja, área estética e possuía disponibilidade de tempo

para os procedimentos referentes ao implante, porém, apresentava pouca espessura de rebordo até mesmo para

implante de pouco diâmetro (Exs: 3.25mm – 3i; 3.00mm – Nobel biocare). O planejamento foi colocar dois implantes na

região do 1.2 e 2.2 e preenchimento com biomaterial (bio-oss) mais membrana de colágeno para devolver o suporte

labial que era dado antes pela flange vestibular da PPR. Foi confeccionada uma prótese fixa sobre implantes de quatro

elementos: o 1.1 e 2.1 sendo pônticos e o 1.2 e 2.2 pilares. Não foram colocados quatro implantes, pois neste caso a

colocação de quatro elementos é difícil de trabalhar para ganhar papila em relação à estética e o prognóstico do caso

com dois implantes com a prótese sobre eles é mais previsível. Foi colocado para a paciente as duas possibilidades

ressaltando que em relação à resolução e custo a opção escolhida seria a mais favorável. É importante ressaltar para a

paciente que a higienização será feita com o uso do passa-fio, pois se trata de uma prótese fixa sobre implante.

CONCLUSÃO - A obrigação do cirurgião-dentista compreende o dever de executar um tratamento que ofereça conforto,

função, fonética e estética. A escolha da terapêutica ideal deve ser feita pelo paciente em conjunto com o profissional

mediante completa explicação sobre todas as opções disponíveis para o caso em questão, levando sempre em

consideração o melhor para o paciente, independente se a escolha condiz com a capacidade do profissional ou maior

retorno financeiro.Para a obtenção do sucesso e satisfação da reabilitação, o paciente deve ser orientado devidamente

de forma clara sobre alterações, inconvenientes e adaptações que deverão acontecer bem como os cuidados diários

que devem ser seguidos para a conservação da prótese e manutenção da saúde bucal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Código de Ética Odontológica, Resolução nº 42 de 20 de maio de 2003. Rio de Janeiro, CFO, 2003.

SILVA, M. Compêndio de Odontologia Legal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.

SILVA, M. Exerça clínica com tranqüilidade, documente-se e esteja seguro. In:

www.planeta.terra.com.br/saude/busato/html/artigo07.htm Acessado em Março/Abril de 2005.

SILVA, M. Um alerta aos profissionais: os dez mandamentos da documentação. In:

www.planeta.terra.com.br/saude/busato/html/artigo09.htm Acessado em Março/Abril de 2005.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 142

IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE E OPORTUNIDADE TERAPÊUTICA NA ELABORAÇÃO DE

PLANO DE TRATAMENTO ODONTOLÓGICO

Autores: Fernandes, V.; Ferreira, F.; Góes, F.; Noya, F.; Teles, J. Orientadores: Miranda, C. O.; Oliva, E. A. RESUMO

INTRODUÇÃO - Diante da definição de um problema a partir da anamnese, exames clínicos e exames

complementares, e da indicação terapêutica, é preciso elaborar um plano de tratamento com bases nas necessidades,

a fim de alcançar as expectativas do paciente, estabelecendo o momento adequado da intervenção.Dentre os fatores

que irão contra-indicar ou impossibilitar o tratamento estão as patologias sistêmicas, o uso de medicamentos, a

efetividade da capacidade motora, a eficiência funcional, a eficiência sensitiva e o perfil psicológico tanto emocional

como comportamental associado à motivação do paciente. As patologias sistêmicas vão desde a hipertensão arterial,

aumentando o risco de hemorragia em procedimentos mais complexos até pacientes imunodeprimidos. No caso de

pacientes que estão fazendo uso de medicamentos deve-se avaliar a possibilidade de suspensão dos mesmos bem

como a possível interação com o tratamento odontológico. A efetividade da capacidade motora e a eficiência sensitiva

devem ser avaliadas a fim de perceber a possibilidade do paciente realizar procedimentos adequados de higiene bucal,

assim como estabelecer comunicação efetiva com o mesmo durante o tratamento. Ao analisar o perfil psicológico do

paciente deve-se atentar para o nível de ansiedade e estresse, depressão, além de características comportamentais

como hábitos parafuncionais. Este trabalho visa mostrar a importância de se planejar um adequado tratamento aos

pacientes, de acordo com suas necessidades e oportunidades, enfatizando condições sistêmicas mais encontradas no

consultório odontológico, como hipertensão, diabetes e gravidez, através de dois relatos de caso clínicos. A hipertensão

é uma doença que se tornou um problema de saúde pública mundial. Caracteriza-se pela elevação anormal da pressão

arterial sanguínea sistólica acima de 140 mmHg e/ou elevação da pressão arterial sanguínea diastólica acima de 90

mmHg, em repouso, podendo desencadear comprometimentos cardiovasculares, renais e acidentes cerebrovasculares.

Em termo de prevalência, é a entidade clínica de maior representividade no mundo, acometendo 10 a 20% da

população adulta que freqüenta o consultório dentário. (SONIS, 1996). Devido às complicações clínicas que podem

ocorrer caso o profissional não esteja ciente do atual estado de saúde do seu paciente, é imprescindível que seja

realizada uma anamnese bem detalhada, obtendo-se dados a respeito da história médica pregressa ou sobre um

possível componente hereditário em sua história familiar, que aumenta a possibilidade deste ser acometido por alguma

doença sistêmica .Além disso, deve-se verificar a pressão arterial sanguínea antes de executar intervenções dentárias

capazes de gerar ansiedade pois, a hipertensão mal controlada pode exigir um novo esquema de tratamento. (SONIS,

1996). Dependendo do grau da hipertensão (leve, moderada, grave ou severa) determina-se o tipo de tratamento a que

o paciente pode ser submetido. Por exemplo, pacientes com hipertensão severa devem ser encaminhados ao médico

para intervenção imediata, sendo contra indicado qualquer tratamento odontológico. O risco de comprometimento

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 143

sistêmico é determinado pelos níveis pressóricos associados a outros fatores, como diabetes, tabagismo, obesidade,

idade acima de 60 anos, história familiar e presença ou ausência de lesão em órgãos. A avaliação criteriosa desse risco

levará à escolha de um respectivo tratamento (OLIVEIRA, et al; 2003). É imprescindível que haja uma inter-relação do

cirurgião dentista com o médico e o paciente para que sejam esclarecidas quais medidas terapêuticas estão sendo

adotadas e para que se obtenha uma visão mais abrangente do quadro clínico. O diabetes mellitus é uma desordem

orgânica de etiologia variada, caracterizada por uma elevação dos níveis do açúcar no sangue frente a um distúrbio de

metabolismo, resultando em defeitos de secreção de insulina ou pela falta de resposta dos tecidos periféricos à mesma

(SONIS, FAZIO e FANG 1996). O aumento significativo no número de pessoas portadoras do Diabetes Mellitus e da

hipertensão arterial exige, cada vez mais, que o cirurgião-dentista tenha conhecimento a cerca de tais alterações, a fim

de realizar o tratamento odontológico com segurança, estando ciente de quais procedimentos podem ser realizados e

quais as intercorrências caso este paciente se encontre num estado compensado ou não. No Brasil, segundo Andrade

(2002), existe uma população com aproximadamente 13 milhões de diabéticos e estima-se que 10 a 20% desses

brasileiros com mais de 20 anos são hipertensos, sendo que apenas 40% estão cientes da sua condição sistêmica.

Assim, pode-se notar o papel do cirurgião-dentista na descoberta dessas alterações. Segundo Carvalho et al (2003), o

paciente com descompensação glicêmica pode ter um agravamento das manifestações bucais que irão interferir na

conduta do seu tratamento odontológico. Sabe-se, ainda, que o paciente portador da Diabetes possui uma dificuldade

de cicatrização por intervir na imunidade do indivíduo. Esta dificuldade pode não ter relação com o controle glicêmico, e

sim ao comprometimento sangüíneo devido à complicações vasculares (www.diabetesnoscuidamos.com.br). Pacientes

de Pequeno Risco: pacientes sob excelente controle, portanto de baixo risco para intervenções odontológicas. Para

todos os procedimentos cirúrgicos deve haver controle da dieta, redução do estresse e risco de infecção com antibiótico

profilaxia, podendo haver sedação auxiliar (inalação de óxido nitroso ou diazepan 5 mg) uma hora antes da intervenção

via oral. Não há necessidade de nenhum ajuste na dose de insulina (SANTOS, 1978; SONIS et al, 1996). Pacientes de

Médio Risco: risco moderado para intervenções odontológicas. Cirurgia oral moderada a extensa deve ser executada

após consulta ao médico. Utilização de técnicas de sedação auxiliar, podendo chegar a internação hospitalar nos casos

de cirurgias extensas. Pode haver ajuste na dosagem de insulina utilizada pelo paciente em qualquer caso de cirurgia

(SANTOS, 1978; SONIS et al, 1996). Pacientes de Grande Risco. Paciente de alto risco para intervenção

odontológica. Qualquer tipo de procedimento cirúrgico deve ser adiado até as condições metabólicas se equilibrarem e

exista um controle enérgico das infecções bucais. Todos os tipos de intervenções cirúrgicas devem ser realizadas em

ambiente hospitalar (SANTOS, 1978; SONIS et al, 1996). Em pacientes gestantes, assegura-se que o segundo

trimestre da gravidez é a melhor época para atendimento odontológico, devido à organogênese estar completa e o feto

desenvolvido. O primeiro trimestre é o de maior risco de abortos espontâneos, além de maior indisposição, enjôos e

vômito. O último trimestre da gestação não é indicado para tratamentos prolongados, já que a posição supina na

cadeira do dentista causa desconforto para a paciente, podendo esta apresentar hipotensão postural (Andrade, 2002).

De acordo com SONIS (1996) no meio e no final do terceiro trimestre, o feto pode comprimir a veia cava inferior,

resultando em um prejuízo no retorno venoso, síncope e hipotensão na gestante quando ela se encontra em decúbito

dorsal. SONIS (1996) e ANDRADE (2002) defendem que, após o primeiro trimestre, a paciente deve ser atendida para

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 144

profilaxia dentária. Tratamentos inadiáveis podem ser realizados no segundo trimestre, quando o feto já está bem

desenvolvido. No terceiro trimestre não são recomendados procedimentos dentários eletivos, pela proximidade do

parto. Sendo assim, não se justifica a submissão do feto e da mãe ao estresse de tratamentos não emergenciais e, até

mesmo, a possíveis bacteremias. O risco de síncope e hipotensão justifica a não recomendação de atendimentos

dentários no final da gestação A gestante deve ser acompanhada por médicos e dentistas durante toda a sua gestação.

Todo o seu metabolismo deve estar rigorosamente controlado, observando-se o peso, a pressão arterial, o hemograma

para analisar presença de anemia, as deficiências vitamínicas, os exames de urina etc. (ANDRADE , 2002). O

atendimento pelo dentista às gestantes requer uma série de cuidados, desde a posição da paciente na cadeira, até a

escolha do tratamento a ser efetivado. Não se deve, pois, negligenciar atendimentos às gestantes, mas estes devem

ser realizados no momento adequado e de forma prudente (SILVA, SILVA & FARIAS , 1996).

RELATO DO CASO CLÍNICO 1 - Paciente A. J. S., 53 anos, sexo masculino, compareceu a Clínica Odontológica

queixando-se das próteses totais superior e inferior em relação à estética, odor e instabilidade, impedindo-o de ter um

padrão de mastigação satisfatório comprometendo sua alimentação e a nutrição. Durante a anamnese o paciente

relatou apresentar hipertensão, realizando controle através de medicação. No exame físico e clínico observou-se um

padrão acentuado de reabsorção do rebordo residual mandibular, fato que comprometia a estabilidade da prótese

inferior, indicando se a confecção de novas próteses. Foi sugerida a confecção de uma prótese total superior e uma

inferior sobreimplantes. Ainda na primeira consulta foram solicitados exames complementares: radiografia panorâmica,

hemograma completo, coagulograma, glicemia, urina I.

Na segunda consulta, o paciente retornou e ao se avaliar os exames complementares observou uma alteração na

glicemia. Diante desse achado clínico o paciente foi encaminhado para uma consulta com o endocrinologista. Em

conjunto com o médico responsável foi planejada uma reeducação alimentar, controle da glicemia com utilização de

insulina. O tratamento do paciente foi desenvolvido durante 3 meses, prorrogando se, assim, a cirurgia para o momento

oportuno.

Após o controle da taxa glicêmica do paciente foi programada a cirurgia. Previamente à intervenção cirúrgica, foi

avaliada a glicemia do paciente encontrando-se uma taxa de 80mg/cm3. Entretanto, no momento que foi aferida a

pressão arterial, observou- se que a mesma estava 160 x 100mmHg, prorrogando- se novamente a cirurgia. No

momento oportuno, a cirurgia foi realizada com sucesso e após 72 horas foi instalada uma prótese com carga imediata.

O paciente foi acompanhado com consultas regulares e nos 4 meses seguintes, período de osseointegração, houve um

controle rigoroso da glicemia com exames regulares a cada mês ( Figuras 1 a 6)

RELATO DO CASO CLÍNICO 2 - Paciente M. A. S., sexo feminino, 27 anos de idade, compareceu à Clínica

Odontológica da UNIME queixando-se de dor nos incisivos superiores. Durante a anamnese a mesma relatou estar no

segundo mês de gravidez. Ao exame clínico, foram observadas amplas lesões cariosas nas unidades antero-

superiores, sem exposição pulpar evidente e com sensibilidade aos testes térmicos. Como a paciente estava no

primeiro trimestre da gravidez, realizou-se a adequação do meio bucal, considerando-se a necessidade e oportunidade

do caso. Foi feita a remoção do tecido cariado com baixa rotação e curetas dentinárias, o condicionamento da

superfície com ácido poliacrílico e restauração provisória com cimento de ionômero de vidro. Desta forma, se buscou

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 145

controlar a dor e a doença cárie, ao mesmo tempo em que foi criada uma condição adequada para higienização (Figs 7

a 12).

CONCLUSÃO - Quando se realizar o plano de tratamento do paciente, deve-se ressaltar a grande importância do

acompanhamento médico e de cuidadores mantendo-se informado sobre o estado geral de saúde do mesmo. A relação

entre a necessidade de tratamento e a expectativa do paciente é de fundamental importância na determinação da forma

de tratar. Para isso deve-se avaliar a função (eficiência mastigatória), estética, conveniências sociais, exigências

profissionais, motivação para cuidados com a saúde, facilidade nos procedimentos de higiene bucal e compatibilidade

com condições financeiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, et al. Utilização de Anestésicos Locais Associados a Vasoconstritores Adrenérgicos em Pacientes

Hipertensos. JBC – Jornal Brasileiro de Clínica Integrada, 2003.

SONIS, Stephen T.; FAZIO, Roberto C.; FANG, Leslie. Princípios da Prática de Medicina Oral. 2.ed.Guanabara

Koogan. 1996

ANDRADE, Eduardo D. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. Ed. Artes Médicas. 2002

SILVA, Benedicto; SILVA, Penildon; FARIAS, Augusto. Pacientes de alto Risco em Odontologia.2 ed. Ed Revinter.

1996

www.diabetesnoscuidamos.com.br, acessado em 19/04/2005

ANEXOS

CASO CLÍNICO 1

Figura 01 – Caso Inicial

Figura 02 – Aspectos do rebordo residual

Figura 03 – Instalação dos implantes

Figura 04 – Aspecto dos implantes posicionados – pós-

operatório

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 146

Figura 05 – Aspecto das próteses superior (convencional)

e inferior (sobreimplantes)

Figura 06 – Próteses Instaladas

CASO CLÍNICO 2

Figura 7- caso inicial vista frontal

Figura 8- caso inicial vista palatina

Figura 9- tecido cariado removido

Figura 10- tecido cariado removido

Figura 11- condicionamento com ácido poliacrílico

Figura 12- resultado final

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 147

A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL NO PLANO DE TRATAMENTO - LESÕES PERIAPICAIS DE ORIGEM ENDODÔNTICA E PERIODONTAL Autores: Fernandes, M. A.; Ferreira, C. M.; Franco, R. S. M.; Leão, I. L.; Lira, A. J.; Rocha, C. C. Orientador: Rasquin, L. C. RESUMO

INTRODUÇÃO - O correto diagnóstico é fundamental para definir um plano de tratamento. Após a análise e

interpretação do processo semiológico, um provável diagnóstico é obtido. Em casos no qual não se define o provável

diagnóstico clínico, devem-se julgar diferentes possibilidades, a partir do diagnóstico diferencial, até alcançar o

diagnóstico final. Logo, é inevitável considerar e avaliar bem a anamnese, o exame clínico/radiográfico, o teste de

sensibilidade pulpar, os exames laboratoriais, e também a história pregressa do paciente.

As alterações periapicais podem ser conseqüência da ação direta dos microrganismos patogênicos provenientes da

polpa; ou através de traumas no dente e no osso alveolar que podem envolver a polpa ou ligamento periodontal; ou

através do biofilme bacteriano, quando não é removido provocando a formação de cálculos dentais resultando numa

alteração periodontal.

Esse trabalho visa através de um resumo expandido esclarecer o diagnóstico das lesões endodônticas e periodontais, e

através do relato de caso clínico mostrar a interação Endodontia e Periodontia.

DESENVOLVIMENTO - O diagnóstico é o conjunto de sinais e sintomas obtidos através do exame do paciente que

orientam o profissional, tendo noção do estado de normalidade para determinar uma anormalidade. Esta identificação

se baseia em entrevistas ou interrogatórios, exames clínicos do paciente, recursos suplementares e racionalização para

execução do tratamento oral. Porém, assim como podem caracterizar uma doença, apenas esses sinais e sintomas não

são suficientes para diagnosticar uma determinada enfermidade. Deste modo, é necessário à utilização dos recursos,

onde podemos estabelecer um diagnóstico diferencial, que proporcione a comparação de sinais e sintomas

semelhantes entre certas patologias.

Para obter o diagnóstico diferencial, faz-se necessário à obtenção de certos recursos semiotécnicos como: anamnese,

exame clínico, teste de sensibilidade pulpar, exames por imagem e exames complementares.

A anamnese é um exame subjetivo no qual se faz o interrogatório ao paciente para que possamos avaliar o relato do

mesmo através dos sinais e sintomas e poder determinar o diagnóstico sugestivo. Vale ressaltar que, para auxiliar o

planejamento e a estrutura do diagnóstico, como também a previsão do prognóstico, as informações gerais presentes

na historia médica são indispensáveis. Já o exame clínico, é uma análise objetiva dos sinais de uma patologia, pois

exame extra e intra-bucal, observação visual e inspeção física são determinantes para as condições teciduais e

estruturas dentárias, sendo fundamental a sua análise.

A interpretação e observação das radiografias permitem visualizar imagens dos tecidos mineralizados, destruições

ósseas e dentárias. Todavia, essas radiografias não mostram as condições reais dos dentes e ossos adjacentes, sendo

apenas um exame auxiliar para o diagnóstico. Com relação à história médica do paciente, os exames complementares

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 148

devem ser solicitados, pois através das informações obtidas poderemos avaliar a condição sistêmica do paciente e

estabelecer a sua capacidade de reparo frente a uma patologia.

Durante o processo de formulação do diagnóstico em endodontia, são realizados exames complementares que

consistem em testes clínicos como a percussão que é efetuada com o cabo do espelho, devendo-se evitar este

procedimento em casos onde a patologia apresenta-se em fase aguda. A palpação é um teste que é feito com a ponta

dos dedos na região apical dos dentes suspeitos. O teste de observação da mobilidade é verificado fazendo

movimentos laterais leves para a vestibular e lingual, não devendo ser considerado como sinal relevante, principalmente

em pacientes com história de doença periodontal.

O teste de sensibilidade pulpar é importante no diagnóstico clínico, sendo satisfatório para avaliar o estado de

normalidade, de inflamação ou necrose pulpar e consiste em teste elétrico que é feito pela passagem de uma corrente

elétrica pelo esmalte e dentina, contudo não é muito utilizado por apresentar alto custo. Entretanto existem os testes

térmicos que podem ser realizados através de um bastão de gelo, mas devido a sua temperatura de 2° C acaba não

sendo confiável, pois o esmalte e a dentina apresentam um excelente isolamento térmico, devendo ser substítuído

pelos gases refrigerantes que, inicialmente, causam uma diminuição da pressão intersticial seguindo de uma brusca

vasodilatação capilar que estimula as fibras nervosas obtendo a resposta dolorosa. As respostas pulpares aos

estímulos térmicos proporcionam informações sobre o estado de saúde da polpa dental.

Durante a rotina profissional na clínica, podem ocorrer dificuldades quanto ao diagnóstico de algumas patologias, por

isso, existe a necessidade de um diagnóstico diferencial utilizando os recursos semiotécnicos. Dentre essas alterações,

pode-se ressaltar abscesso periodontal e periapical; cistos de origem não odontogênica.

O abscesso periapical caracteriza-se por apresentar dor intensa, porém suportável; com tumefação localizada;

sensibilidade à pressão e percussão; mobilidade dentária aumentada; o dente não responde ao teste de sensibilidade,

podendo a fístula estar presente ou não; e está invariavelmente associado à invasão bacteriana a partir do canal

radicular com polpa necrosada e infectando a região periapical.

Clinicamente, o abscesso periodontal apresenta dor intensa e mobilidade dentária; ocorre mais na gengiva e mucosa;

dor à palpação intra e extra bucal, procuramos avaliar a presença ou ausência de dor; muitas vezes, pode apresentar

exsudato purulento. Esta lesão é proveniente de uma infecção através de microrganismo presente em bolsa periodontal

existente.

O granuloma apical é uma reação de baixa intensidade quase sempre assintomática, onde o dente afetado não

responde ao teste de vitalidade e radiograficamente apresenta-se como uma área radiolúcida circular.

O cisto periapical é a lesão mais freqüentemente observada pelo cirurgião dentista. Este está localizado na região

apical de um dente despolpado, é assintomático na maioria dos casos, radiograficamente apresenta-se como uma área

radiolúcida circular ou oval, associada ao ápice dentário e possui crescimento lento, apresentando resposta negativa ao

teste de sensibilidade. Quando o tratamento endodôntico não reverte essas lesões como ocorre na maioria dos cistos

de dimensões grandes e médias, têm-se como opção de tratamento a cirurgia paraendodôntica, após concluir-se a

obturação dos canais radiculares.

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 149

O cisto periodontal lateral apresenta-se como uma tumefação gengival, assintomática de superfície lisa e coloração

normal; radiograficamente observa-se uma área radiolúcida pequena, bem delimitada não tendo relação com os dentes

vizinhos que se apresentam vitais.

Todas as vezes que nos deparamos com uma lesão endodôntica e periodontal, observamos tanto o envolvimento

endodôntico como envolvimento periodontal. Essas lesões freqüentemente ficam livres de sintomas por períodos

longos, como raramente são diagnosticadas, até a doença começar a se manifestar de forma aguda com presença ou

não de dor. Às vezes, as lesões são detectadas acidentalmente através de um exame de rotina. Dentes com lesões

endo-perio tipicamente têm uma história de cárie recidivante e subseqüentemente abrange uma parte ou totalmente a

coroa.

As lesões de origem endodôntica podem produzir efeitos no periodonto e vice-versa. A lesão endo-perio é um processo

que envolve a polpa dental e as estruturas de suporte do dente, a lesão verdadeira caracteriza-se pela presença de

bolsa periodontal e alteração pulpar irreversível, sendo necessário o tratamento periodontal e endodôntico combinados.

O aspecto periodontal de lesões combinadas desenvolve em um período extenso de tempo, começando no tecido

periodontal marginal. Radiografias revelam largo defeito ósseo vertical situado coronalmente. Para o tratamento dessas

lesões, os procedimentos periodontais cirúrgicos através de reparos e em algumas indicações, a regeneração tecidual

guiada (procedimento que tenta garantir a cicatrização pós cirúrgica a partir do ligamento, com barreira mecânica,

evitando a proliferação epitelial) produzem melhores resultados.

Em uma lesão combinada (endo-perio), quanto maior a prevalência etiológica endodôntitca sobre a periodontal, melhor

o prognóstico de tratamento, pois o ambiente endodôntico pode ser melhor controlado. Uma vez executado um preparo

biomecânico correto, uma adequada medicação intracanal e a obturação, a mais hermética possível, poderemos

contribuir para um reparo da reação periapical, apesar de todas as limitações existentes. Todavia, em uma lesão

periodontal em que o principal fator é a doença periodontal, o prognóstico é menos favorável.

O diagnóstico diferencial tanto das lesões endodônticas primárias com ou sem envolvimento periodontal secundário,

como das lesões periodontais primárias com ou sem envolvimento endodôntico secundário e também das lesões

combinadas verdadeiras deve ser baseado em variáveis como: fratura vertical do dente; fissuras de desenvolvimento;

lesões periapicais e periodontais; lesões crônicas; extensão da fissura no esmalte de molares; defeito periodontal

provocado por trauma; lesões periodontais e periapicais ou laterais de origem endodôntica que não se comunicam.

RELATO DO CASO CLÍNICO - Paciente G.M.L., 34 anos, gênero feminino, faioderma, compareceu a clínica

odontológica queixando-se de dor e inchaço na região de molar inferior, especificamente na unidade 46. Ao exame de

sondagem, o sulco gengival apresentou-se normal e foi detectada uma bolsa estreita na face onde existe a drenagem.

Na região de furca não há comprometimento vestíbulo-lingual. Foi feito uma tomada radiográfica e pode-se observar

uma área radiolúcida na região periapical na raiz mesial da unidade 46, como também um área radiopaca na coroa

dente compatível com material provisório. O diagnóstico foi de abscesso de origem endodôntica. Foi realizada a

drenagem do exsudato, a abertura coronária para a possível neutralização do canal radicular. Fez-se o preparo

biomecânico e foi colocado medicação intracanal (Calen PMCC). Após 15 dias, foi feita a tomada radiográfica e

Anais dos Projetos Interdisciplinares – 2005.1 150

observou-se uma redução da área radiolúcida da raiz mesial, como também houve o desaparecimento da fístula. Foi

realizada a obturação do canal radicular e em seguida, a unidade foi restaurada.

CONCLUSÃO - Para realizar uma anamnese, levando em consideração a queixa principal, a história médica e a

condição do dente é pressuposto básico para o diagnóstico e para o tratamento. É fundamental que o profissional

conheça o paciente em um todo, respeitando as condições gerais.

O diagnóstico diferencial entre lesões endodônticas e periodontais geralmente não é difícil, pois freqüentemente lesões

endodônticas provocam sintomatologia na região apical, enquanto que, na doença periodontal os sintomas ficam

restritos ao periodonto marginal. Mas, pode acontecer confusão na interpretação desses sintomas quando estes

aparecem simultaneamente, pois a causa de uma lesão pode ser a outra lesão ou podem desenvolver-se

separadamente, em processos distintos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERCINI, F.; AZAMBUJA, T. W. F. Cisto periapical: revisão da literatura e apresentação de caso clínico. RFO, Passo

Fundo, vol. 03, nº 02, p. 49-54, jul./dez. 1998.

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