ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) [email protected]...

257
Anais REALIZAÇÃO APOIO

Transcript of ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) [email protected]...

Page 1: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

AnaisR E A L I Z A Ç Ã O

A P O I O

Page 2: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Comissão Organizadora do 5º Colóquio Internacional da Rede Latino-americana de

Investigadores de Didática de Geografia

Coordenação Geral Profa. Dra. Lana de Souza Cavalcanti – UFG/IESA Técnica Administrativa Larissa Bárbara Borges Drumond - UFG/IESA Doutorando Leovan Alves dos Santos – UFG/IESA Acadêmica Maria Eduarda Andrade de Faria – UFG/IESA

Secretaria Profa. Dra. Eliana Marta Barbosa de Morais – UFG/IESA Profa. Dra. Lorena Francisco de Souza – UEG/Itapuranga Doutoranda Domitila Theil Radtke – UFG/IESA Mestranda Clara Lúcia Francisca de Souza – UFG/IESA Mestranda Camylla Silva Otto - UFG/IESA

Logística Prof. Dr. Vanilton Camilo de Souza – UFG/IESA Doutoranda Adriana Tenório da Silva – DINTER/UFG/UNIFAP Doutorando David de Abreu Alves – UFG/IESA Doutorando Magno Emerson Barbosa – UFG/IESA

Tesouraria Profa. Dra. Adriana Olívia Alves – UFG/IESA Doutoranda Fabiana Rodrigues Oliveira Queiroz – UFG/IESA

Cultural Profa. Dra. Miriam Aparecida Bueno – UFG/IESA Profa. Me. Lívia Reis Mendes – UFG/IESA Mestranda Janine Cordeiro Braga- UFG/IESA Acadêmica Stephani da Cruz Faria – UFG/IESA

Comunicação Prof. Dr. Denis Richter – UFG/IESA Doutoranda Lais Rodrigues Campos – UFG/IESA Doutorando Heitor Silva Sabota – UFG/IESA Mestranda Izabelle de Cássia Chaves Galvão - UFG/IESA

Page 3: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Sumário

GRUPO DE TRABALHO I: TEMAS, CONTEÚDOS E LINGUAGENS………………………… 6Los procesos de evaluación en la geografía escolar: notas de debate y de reflexión sobre un problema complejo. María Victoria Fernández Caso; Raquel Gurevich………… 7Pesquisando o ensino de geografia na interface com as novas tecnologias: conceitos e abordagens de um núcleo de estudos em formação. Tânia Seneme do Canto; José Augusto Faria de Araújo; Wander Guilherme Rocha Carvalho……………………………… 24Mobilidade urbana e cidadania: desafios para uma mobilidade sustentável. Elmir Jorge Schneider; Carina Copatti; Helena Copetti Callai……………………………………… 35Espacialidad de lo público en la ciudad: indagación y posibilidades para su enseñanza y aprendizaje. Nubia Moreno Lache; Alexánder Cely Rodríguez; Luis Felipe Castellanos Sepúlveda; Carlos Alberto Zambrano Barrera…………………………………………………. 47Conceitos e educação geográfica. Paula Cristiane Strina Juliasz; Livia Reis Dantas de Souza………………………………………………………………………………………………… 60

GRUPO DE TRABALHO II: FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA…………………………….…………………………………………… 72Por uma construção do raciocínio geográfico para além do pensamento espacial (spatial thinking). Patrícia Assis da Silva; Valéria de Oliveira Roque Ascenção; Roberto Célio Valadão……………………………………………………………………………………….. 73Da queda à redenção: breve história do discurso geoescolar. Bruno Nunes Batista; Antonio Carlos Castrogiovanni………………………………………………………………….. 84A competência de argumentar: contribuições para a pesquisa e ensino de geografia. Eden Correia Carli; Jerusa Vilhena de Moraes…………………………………………………. 95A importância da didática no ensino de geografia. Waldiney Gomes de Aguiar; Carla Holanda Silva……………………………………………………………………………………….. 106Contactos: neurociencia y didáctica de la geografía. Daniel Fernando Sanchez Navarro; Maristela Maria de Moraes…………………………………………………………….. 116

GRUPO DE TRABALHO III: CURRÍCULOS E POLÍTICAS…………………………………….. 128La geografía en Colombia: ausencia de un currículo y de una política educativa escolar propuesta para la implementación de un programa escolar. Mario Fernando Hurtado; Olga Lucía Romero; Luis Guillermo Torres……………………………………………………… 129Currículo e didática da geografia dialogam com a formação para a cidadania? Possibilidades formativas desenvolvidas em projetos pesquisa e extensão universitária. Silvia Aparecida de Sousa Fernandes; Andréa Coelho Lastória; Sérgio Claudino Loureiro Nunes…………………………………………………………………………. 150Os Institutos Federais de Educação e seu sentido discursivo provisório de desenvolvimento local-regional. Linovaldo Miranda Lemos; Rafael Straforini; Gustavo Teramatsu…………………………………………………………………………………………… 160

Page 4: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Educación para la paz: retos y posibilidades para la enseñanza de la geografía. Alejandro Pimienta Betancur; Jaime Andrés Parra Ospina…………………………………… 173Os projetos pedagógicos dos cursos de formação de professores de geografia após a aprovação das diretrizes curriculares nacionais. Eliana Marta Barbosa de Morais; Adriana Olívia Alves; Miriam Aparecida Bueno……………………………………………….. 182

GRUPO DE TRABALHO IV: FORMAÇÃO DE PROFESSORES……..……………………….. 194Ensino de geografia e as pesquisas no cotidiano escolar: contribuições para a formação inicial e em exercício dos docentes e para educação básica. Ana Claudia Ramos Sacramento; Manoel Martins de Santana Filho……………………………………….. 195Grupo de estudos da localidade: trajetória em busca da formação de professores de geografia no Brasil. Andrea Coelho Lastória; Silvia Aparecida de Sousa Fernandes; José Faustino de Almeida Santos……………………………………………………………….. 208El semillero de investigación como apuesta de formación docente. Oscar Iván Lombana Martínez; Nubia Moreno Lache; Olga Lucia Romero Castro; Liliana Angélica Rodríguez Pizzinato………………………………………………………………………………… 219A cartografia escolar no ensino de geografia: uma análise sobre as práticas docentes na Espanha e no Brasil. Denis Richter; Alfonso Garcia de la Vega………………………….. 233Hacia el desarrollo del pensamiento crítico en la formación inicial del profesorado en geografía y ciencias sociales. María Raquel Pulgarín Silva; Rocío del Pilar Posada López; Ángela Henao Fernández…………………………………………………………………………. 245

Page 5: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

APRESENTAÇÃO

A Rede Latino-americana de Investigadores de Didática de Geografia (Redladgeo) é formada por investigadores de didática de Geografia da América Latina e promove a cada dois anos o Colóquio da Redladgeo que tem como objetivo discutir projetos de pesquisas em andamento em parceria com alguns países da América Latina, bem como fortalecer uma rede de Educação Geográfica e Didática da Geografia no Brasil, na medida em que nosso propósito será reunir vários pesquisadores do Brasil e do exterior.

Logo, este evento tem como finalidade: consolidar as atividades do grupo de pesquisa da Rede de Investigação em Didática da Geografia – REDLADGEO; proporcionar o encontro de grupos de pesquisa de universidades brasileiras e latino americanas, tais como: Colômbia, Venezuela e Argentina, e, ainda, de pesquisadores da Espanha, Portugal e Estados Unidos, que estão em contato com a REDLADGEO; discutir as investigações científicas realizadas por professores vinculados a grupos de pesquisa que tratam do ensino e aprendizagem da Geografia Escolar; apresentar resultados das pesquisas em andamento relacionadas a Educação Geográfica tanto no Brasil como em outros países; apresentar os grupos de pesquisas de algumas universidades de ensino do Brasil e do exterior, com o intuito de avaliar como a Educação Geográfica está sendo discutida nesses centros; organizar a próxima publicação da Rede com dados das pesquisas realizadas.

Dentre as atividades programadas para o evento destacam-se mesas redondas, grupos de trabalho e atividades de campo. O público-alvo é formado por investigadores de didática de geografia pertencentes à Redladgeo e seus orientandos de pós-graduação convidados.

Os trabalhos aqui apresentados são resultados de estudos e pesquisas desenvolvidas pelos integrantes da Redladgeo e seus respectivos orientandos e grupos de pesquisas e trabalho.

Boa leitura!

Page 6: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

�6

Grupo de Trabalho 1:

TEMAS, CONTEÚDOS E LINGUAGENS

Page 7: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

LOS PROCESOS DE EVALUACIÓN EN LA GEOGRAFÍA ESCOLAR. NOTAS DE DEBATE Y DE REFLEXIÓN SOBRE UN

PROBLEMA COMPLEJO

María Victoria Fernández Caso 1

Universidad de Buenos Aires (UBA) [email protected]

Raquel Gurevich 2

Universidad de Buenos Aires (UBA) [email protected]

RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones anuales que los docentes realizan es poco significativo el lugar otorgado al componente de evaluación. En las propuestas de enseñanza planteadas y en las planificaciones de aula acotadas a una unidad didáctica o un conjunto de clases acotadas, si bien se incluye, tiene más bien un papel declarativo, de enunciado, pero de bajo impacto en las prácticas concretas de aula, ya sea como elemento orientador de la enseñanza, sea como elemento crítico para la devolución de los alumnos, en relación a rectificar sus conocimientos, aprender de las dificultades encontradas y abrir caminos alternativos de experiencias superadoras. Siguiendo con la distinción metodológica que venimos sosteniendo en proyectos anteriores, nos centramos en analizar el papel de la evaluación tanto en escuelas que atienden a sectores socialmente menos favorecidos como en aquellas instituciones de élite, a fin de observar relaciones con el proceso de selección de los contenidos escolares, la cantidad de temas enseñados, su profundización, el tiempo dedicado a cada uno de ellos y las escalas geográficas ponderadas. La propuesta de trabajo es analizar y caracterizar las principales tendencias y estilos de evaluación propuestos por docentes de geografía de escuelas secundarias de la CABA, abordando distintos terrenos de indagación que permitan ponderar y triangular aportes empíricos en materia de consistencia entre las propuestas de enseñanza y las de evaluación. PALABRAS CLAVE: geografía escolar, evaluación de los aprendizajes, escuela secundaria

PROCESSOS DE AVALIAÇÃO NA GEOGRAFIA ESCOLAR.

NOTAS DE DEBATE E REFLEXÃO SOBRE UM PROBLEMA COMPLEXO

RESUMO: Em pesquisas anteriores, descobrimos que, no planejamento anual que os professores realizam, o lugar dado ao componente de avaliação não é significativo. Nas propostas de ensino propostas e nos planos de sala de aula limitados a uma unidade didática ou a um conjunto de classes delimitadas, embora inclua, tem um papel declarativo, de declaração, mas de baixo impacto nas

Profesora en Geografía por la Universidad de Buenos Aires (UBA) y Doctora por la Universidad Autónoma de 1

Barcelona. Profesora Regular del Departamento de Geografía e Investigadora del Instituto de Geografía (UBA)> Directora Proyecto UBACyT Programación 2017-2019. Contacto: [email protected]

Profesora en Geografía por la Universidad de Buenos Aires y Magister en Administración Pública (UBA) Profesora 2

Regular del Departamento de Geografía e Investigadora del Instituto de Geografía (UBA).Co- Directora Proyecto UBACyT Programación 2017-2019. Contacto: [email protected]

�7

Page 8: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

práticas concretas da sala de aula, quer como um elemento orientador do ensino, quer como um elemento crítico para o retorno dos alunos, em relação à retificação de seus conhecimentos, aprendendo com as dificuldades encontradas e abrindo caminhos alternativos de experiências a superar. Seguindo a distinção metodológica que apoiamos em projetos anteriores, nos concentramos em analisar o papel da avaliação tanto em escolas que servem setores socialmente menos favorecidos e nessas instituições de elite, a fim de observar as relações com o processo de seleção da conteúdos escolares, número de tópicos ensinados, aprofundamento, tempo dedicado a cada um deles e escalas geográficas ponderadas. A proposta de trabalho é analisar e caracterizar as principais tendências e estilos de avaliação propostos pelos professores de geografia do ensino médio da CABA, abordando diferentes áreas de pesquisa que nos permitem pesar e triangular contribuições empíricas em termos de consistência entre as propostas de ensino e a de avaliação. PALAVRAS-CHAVE: geografia escolar, avaliação de aprendizagem, ensino médio

EVALUATION PROCESSES IN SCHOOL GEOGRAPHY. NOTES OF DEBATE AND REFLECTION ON A COMPLEX PROBLEM

ABSTRACT: Our previous reseach projects detected that the teacher’s annual plannings give very little attention to evaluation criteria and strategies. In the case of teaching planning of a didactical unit or set of classes, even if assessment is included, it usually has a decorative role, a statement with low impact on specific practices in the classroom, whether as a guiding idea for teaching or as a critical element for the feedback to students in order to rectify their knowledges, to learn from the mistakes and obstacles and to open new ways for overcoming experiences. Continuing with our previous methodological strategy, focus will be put on the analysis of both schools that deal with socially underpriviledged groups and schools of elite, in order to study the relationships with the selection of disciplinary contents, the amount of topics included, its depth, the time spent teaching them and the prevailing geographical scales considered. We intend to analyse the main evaluation trends and styles proposed by Geography teachers of secondary schools of Buenos Aires Autonomous City, considering different research fields that would allow us to weigh up empirical contributions with reference to consistency between teaching and assessment schemes

KEYWORDS: school geography, evaluation and assessment of learning; secondary school

INTRODUCCIÓN: UNA PRIMERA DEFINICIÓN DEL CAMPO DE ESTUDIO

En esta presentación retomamos los lineamientos conceptuales y pedagógicos que

orientan el Proyecto de Investigación UBACyT Programación 2017-2020 “Los procesos de

evaluación en la enseñanza de la geografía escolar. Un campo en debate: su sentido

formativo, propuestas de trabajo y criterios implicados”, que nos encontramos llevando a

cabo en el Instituto de Geografia, Facultad de Filosofía y Letras, UBA. Partimos de situar el

�8

Page 9: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

campo de la enseñanza de la geografía como un objeto de investigación regular y

sistemática de diversos grupos nacionales e internacionales, en particular, a partir de la

década de 1990 y con mayor énfasis en los últimos años, cuando se comenzaron a

desarrollar congresos y coloquios específicos referidos a la didáctica de la geografía. Tal

como hemos relevado en trabajos e investigaciones anteriores, los temas prevalentes de

dichas indagaciones y presentaciones se han dedicado a desarrollos curriculares, materiales

didácticos, historias de la formación del profesorado y temarios de la agenda escolar en

geografía.

Cabe puntualizar que el tema específico de la evaluación en ciencias sociales y en

particular de la geografía tiene un menor peso específico en dichas indagaciones y su

cobertura es escasa en las propuestas de enseñanza que se analizan y/o desarrollan en los

diferentes proyectos de investigación y/o intervenciones pedagógicas delineadas. Además,

si consideramos un tema aún más particular y menos indagado como es el referido al valor

agregado del uso de recursos y entornos digitales para renovar las formas, criterios y

competencias incluidas en la evaluación de la enseñanza de la disciplina, la vacancia en

investigación resulta reveladora, teniendo en cuenta las significativas transformaciones

abiertas en ese campo en los últimos tiempos. De allí, el interés académico y profesional en

ampliar, enriquecer y problematizar la temática de la evaluación, dado su papel formativo en

los procesos de enseñanza de calidad e inclusivos en geografía, y en especial, en el contexto

histórico de implementación de la obligatoriedad de la escuela secundaria en nuestro país, a

partir de mediados de la década pasada.

Con esta demarcación realizada, elaboramos un estado de la cuestión a partir de los

ámbitos de la cultura educativa que vienen sosteniendo trabajos de investigación en el

campo de la didáctica específica que nos ocupa. En el mundo europeo, los saberes teóricos

y prácticos de mayor difusión en nuestro medio proceden de trabajos españoles y en el

ámbito latinoamericano, de Brasil y de Colombia. En el marco de la Argentina, se destacan

los trabajos académicos de M. Victoria Fernández Caso (2006), Verónica Hollman (2006),

Silvina Quintero (2007), Silvia Busch (2010) y Viviana Zenobi (2012), que analizan, desde

diferentes ópticas y con preguntas temáticas específicas, los desafíos de la enseñanza de la

geografía crítica en las aulas. El tema evaluación es colateral en dichos estudios, pero

�9

Page 10: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

pueden hallarse derivas disciplinares y pedagógicas a partir de los resultados

epistemológicos y didácticos que en dichos proyectos se desarrollan. De allí su valor

conceptual y documental para avanzar en el área de vacancia, objeto de nuestro presente

trabajo.

El estado de la cuestión se nutre también de los resultados obtenidos de los propios

proyectos UBACyT del grupo INDEGEO. A través de un trabajo sostenido desde el año 2006

se desarrollaron 3 líneas de investigación educativa en Geografía en el contexto del Instituto 3

de Geografía (UBA), en estrecha relación con dos redes temáticas específicas. La primera, de

carácter internacional, REDLADGEO, que reúne a más de 15 universidades latinoamericanas

de Chile, Colombia, Brasil y Argentina dedicadas a temas de investigación en el campo que

estamos perfilando. La segunda, de carácter nacional, REDIEG, hace lo propio en

universidades nacionales y se abre a producciones académicas de docencia e investigación

en enseñanza de la geografía.

Como otro punto afín relacionado con la temática de la evaluación de los

aprendizajes, agregamos la existencia de algunos equipos de trabajo en el ámbito

profesional y académico orientados a tareas de capacitación, transferencia y trabajo

colaborativo con los docentes en ejercicio, que tienen carácter de insumos relevantes para

estudiar los procesos de evaluación. Nos referimos a documentos tales como los Diseños

Curriculares de CABA y la Provincia de Buenos Aires; los Núcleos de Aprendizaje Prioritarios

del Ministerio de Educación nacional y los Marcos de Referencia de la asignatura Geografía

para el Nivel Secundario de Ciclo Básico y Ciclo Orientado; los Proyectos de Voluntariado de

las Universidades de Luján y Buenos Aires; las capacitaciones de los equipos técnicos

territoriales de Educ.ar y CONECTAR en el campo de las políticas nacionales. También cabe

destacar el proyecto Nuestra escuela desarrollado desde el INFOD entre los años

2005-2015, y la elaboración de lineamientos y materiales sobre Educación Ambiental a nivel

Proyecto UBACyY Programación 2006-2009 F-808 “Transformaciones recientes en el temario de la geografía escolar. 3

Un diagnóstico de las condiciones del cambio en las concepciones y prácticas docentes en la escuela secundaria de la Ciudad de Buenos Aires, desde mediados de la década de 1990”. Proyecto UBACyT Programación 2010-2012 , 20020090100213 “Geografía y prácticas de aula en la escuela secundaria. Un estudio sobre problemas de enseñanza y alternativas de acción educativa en el desarrollo de contenidos ambientales”. Proyecto UBACyT Programación 2013-2016 “Enfoques de la Geografía escolar y decisiones de los docentes: las planificaciones anuales como articuladoras entre la teoría y la práctica”

�10

Page 11: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

nacional . Todos ellos han abonado el terreno de las políticas de la enseñanza de la 4

geografía, de modos complementarios y solidarios. En particular, sobre el tema evaluación,

cabe señalar otro insumo de interés: los Operativos Nacionales de Evaluación ONE

desarrollados entre los años 2012 y 2015, en el ámbito del Ministerio Nacional de Educación;

así como los aportes modélicos de actividades integradoras, problematizadoras y

sintetizadoras de saberes realizados por el Ministerio de Educación de la Nación y UNICEF

Argentina, que aportan propuestas de enseñanza innovadoras en el campo, que incluyen el

componente de evaluación de los saberes aprendidos.

1. El lugar de la evaluación en los procesos de planificación de la enseñanza

A partir de estudios anteriores, hemos detectado que en las planificaciones anuales

que los docentes realizan es poco significativo el lugar otorgado al componente de

evaluación en las propuestas de enseñanza planteadas y en las planificaciones de aula

acotadas a una unidad didáctica o un conjunto de clases acotadas, si bien se incluye, tiene

más bien un papel declarativo, de enunciado, pero de bajo impacto en las prácticas

concretas de aula, ya sea como elemento orientador de la enseñanza, sea como elemento

crítico para la devolución de los alumnos, en relación a rectificar sus conocimientos, aprender

de las dificultades encontradas y abrir caminos alternativos de experiencias superadoras.

Esta hipótesis nos lleva a sostener la idea de la necesidad de centrar las evaluaciones

en consonancia una enseñanza de la geografía desde enfoques actualizados propios de las

ciencias sociales. Nos referimos a los abordajes disciplinares y didácticos que recuperen

categorías de análisis y perspectivas metodológicas acordes con los principios que dan

cuenta de la complejidad contemporánea, los conflictos y tensiones inherentes a la vida

social, la multiplicidad de actores sociales y políticos implicados, la historicidad de los

procesos socioterritoriales, entre otros. Asimismo, en abordajes didácticos que promuevan el

desarrollo de capacidades y habilidades de manera gradual y sostenida.

Incluimos los antecedentes sobre Educación Ambiental ya que, desde un enfoque crítico que enfatiza en la 4

dimensión social, se realiza un abordaje de la cuestión ambiental que se nutre no sólo, y tal como sucede tradicionalmente, de los aportes de las Ciencias Naturales, sino que se centra en instalar y fortalecer conceptos y metodologías de las Ciencias Sociales

�11

Page 12: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Para avanzar en un diagnóstico certero acerca de los procesos de evaluación en

geografía, será necesario que la indagación contemple la distinción metodológica de

centrarla tanto en escuelas que atiendan a sectores socialmente menos favorecidos como en

aquellas instituciones de élite, a fin de observar relaciones con el proceso de selección de los

contenidos escolares, la cantidad de temas enseñados, su profundización, el tiempo

dedicado a cada uno de ellos y las escalas geográficas ponderadas.

En cuanto a los contenidos a evaluar, resulta importante prestar atención al lugar de

los inventarios memorísticos de contenidos de geografía física y conocimientos

instrumentales relacionados con las representaciones cartográficas que impregnan los

temarios escolares efectivamente enseñados, porque a partir de nuestras observaciones en

el campo, estamos en condiciones de afirmar que aun cuando las prácticas escolares

incorporan innovaciones curriculares (tanto en los tópicos a tratar como en los dispositivos

nuevos de comunicación o en estrategias grupales de trabajo), estos nuevos formatos rara

vez se hacen presentes en los instrumentos de evaluación.

Esta situación disciplinar y pedagógica implica un proceso de avances y ajustes

permanentes hasta lograr una secuenciación significativa de todos los componentes del

proceso de enseñanza, desde la selección del tema elegido, la secuencia de actividades, la

elección de los materiales y recursos pedagógicos, y la propuesta de evaluación. La idea de

trabajo genuino, en términos de aprendizajes valiosos de geografía, de la evaluación dentro

de la programación anual y de las unidades didácticas o unidades parciales que se formulen

constituye una idea fuerza que guía la investigación del presente proyecto.

Esta nueva perspectiva de análisis, complementaria y compatible en términos

epistemológicos, metodológicos y pedagógicos procura contribuir a la transformación de los

enfoques naturalizantes, no reflexivos, meramente descriptivos, que persisten en las prácticas

escolares en geografía. Tal propósito se enmarca en un momento histórico del desarrollo del

nivel de enseñanza secundaria en Argentina, pues cobran plena centralidad los lineamientos

político-institucionales, los pedagógico-didácticos y los referidos a las trayectorias escolares

de los estudiantes en condiciones de igualdad y participación sancionados en la Ley

Nacional de Educación 26.206 (del año 2006). En el Artículo 16, se enuncia la obligatoriedad

escolar en todo el país, extendiéndose desde la edad de cinco (5) años hasta la finalización

�12

Page 13: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

del nivel de la Educación Secundaria y en el Artículo 29 propone la Educación Secundaria

obligatoria, constituyendo una unidad pedagógica y organizativa destinada a los/as

adolescentes y jóvenes que hayan cumplido con el nivel de Educación Primaria. Y más

adelante, en el Artículo 30, se detallan las finalidades de habilitar a los/las adolescentes y

jóvenes para el ejercicio pleno de la ciudadanía, para el trabajo y para la continuación de

estudios.

Interesa también tener en cuenta la necesidad de que las prácticas concretas de aula

asuman distintas formas y recursos para la enseñanza, atendiendo a criterios de

significatividad, flexibilidad, oportunidad, relevancia. De acuerdo con la Resolución CFE Nº

84/09 sobre Lineamientos políticos y estratégicos de la Educación Secundaria Obligatoria,

sostenemos que “la obligatoriedad pone en el centro de las preocupaciones a las

trayectorias escolares de todos los adolescentes, jóvenes y adultos. Esto implica profundos

cambios al interior de las instituciones y sus propuestas. Entre ellos, superar la fragmentación

histórica del trabajo docente en la secundaria, así como revisar los saberes pedagógicos

disponibles y las condiciones de escolarización de quienes están en la escuela, para aquellos

que deben volver y también para los que aún no llegan”. Recuperando los productos y

reflexiones surgidas de las investigaciones anteriores, la hipótesis de trabajo que orienta esta

propuesta se centra en sostener que entre los componentes que integran los procesos de

enseñanza en geografía, la evaluación es uno de los menos jerarquizados y actualizados

desde el punto de la vista disciplinar y pedagógico, en las planificaciones anuales y de las

unidades didácticas parciales que se desarrollan en el cotidiano escolar, y de escasa

contextualización en los procesos de democratización vigentes vinculados con la

obligatoriedad del nivel secundario.

2. Una indagación sobre la evaluación de los aprendizajes en geografía

Entre los principales desafíos de la investigación en didáctica de las ciencias sociales,

la pregunta acerca de cómo lograr que los resultados de la investigación y el análisis de las

prácticas de enseñanza puedan ser aprovechados para transformar de manera efectiva las

prácticas docentes, resulta central. Principalmente porque entendemos que para los

�13

Page 14: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

docentes en ejercicio la posibilidad de poner en práctica dichas transformaciones en

relación con el temario escolar y su enseñanza, incluyendo la evaluación como un

componente constitutivo, se encuentra estrechamente vinculada con la oportunidad de

encontrar en la reflexión-acción un camino de cambio y mejora de las prácticas de

enseñanza. Así, y continuando con las líneas de trabajo que venimos desarrollando en

investigaciones anteriores, esta propuesta se inscribe en la línea de producción de estudios

que analizan los procesos educativos en contextos específicos y singulares, que atienden a

las características sociales, culturales y etarias de los alumnos, a sus prácticas juveniles, a las

tensiones propias de la convivencia intergeneracional y a la necesidad de promover la

inclusión de todos los jóvenes.

En particular, lo que motiva la investigación que estamos presentando es el hecho de

que en las experiencias relevadas y analizadas, advertimos una intencionalidad y numerosos

avances en términos de la producción de planificaciones desde una visión renovada pero,

especialmente al momento de diseñar la evaluación, se retoman modelos tradicionales que

no se condicen, y hasta resultan contradictorios, con los criterios adoptados para la

elaboración de las distintas propuesta de enseñanza.

Es por ello que nuestro objetivo se focaliza en analizar y caracterizar las principales

tendencias y estilos de evaluación  propuestos por docentes de geografía y poder

establecer  consistencia entre las propuestas  de enseñanza y las  de evaluación, desde

enfoques  epistemológicos y didácticos propios de la  enseñanza de las ciencias sociales,

proponemos que en forma específica se aborden desde prácticas metodológicas de

indagación como las que se proponen a continuación.

Primeramente, el análisis de los criterios disciplinares y pedagógicos de elaboración

de las evaluaciones formuladas y administradas en aulas de geografía correspondientes a

diferentes años de la escolaridad del nivel secundario. Considerar el análisis de la

coherencia y consistencia entre los diferentes componentes de las respectivas propuestas de

enseñanza y las propuestas de evaluación correspondientes, a fin de detectar regularidades

y articulaciones que faciliten aprendizajes integrados, complejos y relevantes.

También la realización de lecturas reflexivas de documentos curriculares vigentes es

relevante a los fines propuestos, ya que permite revisar y actualizar enfoques

�14

Page 15: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

epistemológicos-disciplinares, e identificar ejes temáticos significativos acordes con el

contexto sociocultural, institucional y las trayectorias escolares de los alumnos.

En concordancia con lo anterior, cabe la exploración sobre el papel que ocupan los

conceptos y explicaciones de carácter social en los contenidos y problemas propuestos en

los instrumentos de evaluación elaborados por los docentes. Asimismo, los resulta oportuno

relevar y analizar las posturas de los docentes frente a los resultados de las evaluaciones, sus

decisiones pedagógicas durante el proceso y sus definiciones acerca de la calificación y

acreditación.

Por otra parte, el análisis de las relaciones existentes entre los modelos de evaluación

practicados en las aulas y el sistema de acreditación y el régimen académico en el nivel

educativo correspondiente, es otra vía de indagación que aporta evidencias acerca del

proceso evaluativo y que tiene importantes consecuencias, no solo en el plano de la

enseñanza, sino también de la institución y por supuesto en los alumnos y sus familias.

Todo ello se complementa con la recopilación y sistematización de las planificaciones

realizadas por docentes participantes en la investigación, a fin de detectar qué lugar

formativo se le otorga al componente de evaluación en las respectivas propuestas. Otro

punto de interés se refiere a la sistematización y análisis del rol que juega la tecnología en el

componente de evaluación de las planificaciones y de las propuestas de evaluación con el

objeto de revisar la coherencia con el resto de los componentes y el tipo de competencias

involucradas. Es sabido que las nuevas tecnologías de la información reconfiguran los

paisajes de la enseñanza y el aprendizaje en las aulas, de modo que resulta pertinente

indagar los usos y aprovechamientos que se hacen de ella, al momento de evaluar

aprendizajes concretos en la disciplina.

En cuanto al trabajo con los profesores participantes, la posibilidad de llevar a cabo un

dispositivo de consulta e intervención con docentes en ejercicio, a modo de grupos focales

de trabajo, resulta una oportunidad inestimable para que investigadores y docentes, sobre la

base de criterios de reflexividad y producción colaborativa, consoliden y enriquezcan

experiencias colectivas sobre la enseñanza de la geografía, y para conocer cuáles son las

principales dificultades en el diseño de evaluaciones de los aprendizajes.

�15

Page 16: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Finalmente, tenemos pensado un proceso de socialización de los resultados de la

investigación, que presente los productos obtenidos, así como reflexiones teóricas y aportes

conceptuales sobre el tema, a modo de contribución significativa a las discusiones que

desde el campo de la didáctica específica reclaman urgentemente atención.

3. Notas metodológicas y esbozo del diseño del trabajo

En cuanto a la metodología a seguir para alcanzar los objetivos propuestos, es

importante abordar distintos terrenos de indagación que permitan ponderar y triangular

aportes empíricos en materia de consistencia entre las propuestas de enseñanza y las de

evaluación. En este sentido, detectar regularidades y articulaciones que resulten fértiles para

facilitar aprendizajes integrados, complejos y relevantes, supone obtener y sistematizar

información proveniente, por una parte, de las planificaciones de aula elaboradas por los

docentes participantes de la investigación. Se trata de avanzar en el desarrollo de una

construcción metodológica que recupere las tradiciones de las denominadas investigación-

acción e investigación participativa (Elliot, 1994; 1997; Latorre, 2003) y que por tanto

involucre a los propios docentes participantes en los procesos de reflexión y de planificación

de intervenciones innovadoras.

El análisis del lugar que ocupa la evaluación en las propuestas de enseñanza puede

continuarse buceando otro terreno constituido por el conjunto de instrumentos de

evaluación que elaboran los docentes en ejercicio de escuelas de gestión estatal y privada.

Para ello, se propone realizar entrevistas a profesores y profesoras de geografía del nivel al

que se refiera la investigación, en este caso, del nivel secundario, para recoger evidencias

que permitan analizar la coherencia y consistencia entre los diferentes componentes de las

respectivas propuestas de enseñanza y las propuestas de evaluación correspondientes.

Un tercer campo de exploración lo constituyen las propuestas de evaluación

elaboradas por estudiantes de los profesorados en Geografía que cursaron o cursan el ciclo

de graduación. Finalmente, hemos contemplado la posibilidad de acceder a los ítems de

evaluación de los operativos nacionales y/o jurisdiccionales de evaluación, como otro

importante terreno de indagación. Si bien suelen ser de carácter restringido, lo que hace que

�16

Page 17: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

este insumo sea de muy difícil acceso, puede constituirse en un propio objeto de discusión,

justamente, por la no posibilidad de contar públicamente con los ítems.

El diseño metodológico contempla diferentes instancias y etapas de trabajo, con los

siguientes propósitos: en primer lugar, organizar los dispositivos y la logística del trabajo

para el relevamiento de información y en segundo lugar, dedicarnos a la recolección y

análisis de instrumentos de evaluación, a través de entrevistas y nuevas evidencias empíricas

de instrumentos de evaluación. En esta última tarea nos centraremos en analizar los criterios

disciplinares y pedagógicos de elaboración de las evaluaciones formuladas y administradas

en aulas de geografías seleccionadas de las jurisdicciones de CABA y Provincia de Bs. As,

correspondientes a diferentes años de la escolaridad del nivel secundario. Algunos de los

analizadores seleccionados para revisar los resultados obtenidos en relación con las

decisiones prescriptas en las planificaciones, son: tipos de textos y contenidos en relación

con las posibilidades de apropiación de los alumnos, tiempos disponibles, contextos de

vulnerabilidad, cantidad de alumnos en las aulas, entre otros.

En el marco del Diseño que venimos comentando, compartimos el conjunto de

interrogantes que guiaron los Grupos de Discusión llevados a cabo en Octubre de 2017, a

modo de ilustración de las categorías de análisis abordadas . Las preguntas articuladoras de 5

las respectivas conversaciones fueron elaboradas de modo colaborativo por el conjunto de

integrantes del proyecto y refieren a:

• ¿Qué espacio y qué valor le da a la evaluación en sus prácticas de aula? • A la hora de pensar y diseñar la evaluación, ¿recupera ejemplos, recursos trabajados en

las clases?, ¿propone nuevas situaciones, casos, información? ¿Cuánto tiempo le dedica? ¿En qué momento del desarrollo del contenido?

• ¿Qué variedad de situaciones de evaluación ofrece a sus alumnos? ¿Qué tipo de consignas propone? Cerradas, abiertas, promueve ejercitaciones puntuales, capacidades complejas, ¿Cómo pondera el puntaje asignado?

• ¿Qué diferencias hace en el tipo de evaluación que se toma en distintas instancias? (Para acreditar asignaturas, previas, diagnóstico, cierre de una unidad, acreditación anual)

• ¿Qué lugar le dan al comentario/devolución/retroalimentación de los resultados?

El grupo de Investigación INDEGEO-UBA que lleva adelante esta investigación está conformado por las 5

investigadoras Andrea Ajón, Lia Bachmann, Mariana Caspani, Patricia Souto y el Prof. Ivan Thiested; también por las investigadoras en formación Daniela Guberman y Maia Krakowiak.

�17

Page 18: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

A lo largo de esta experiencia de intercambio con los/as profesores/as hemos

vinculado la producción de conocimiento didáctico con las prácticas reales de aula en sus

contextos específicos, con la idea de colaborar en el desarrollo de una enseñanza inclusiva

de calidad. Esta premisa metodológica es la misma que venimos sosteniendo en la

realización de proyectos de investigación-acción, de corte participativo y plural, como punto

de partida para avanzar en la producción de una mejor comprensión de la cotidianeidad del

aula de geografía en la escuela secundaria y en la reflexión sobre las concepciones que los

sujetos tienen acerca de sus propias prácticas. En efecto, el objetivo central de los estudios

que el equipo ha desarrollado en estos años, ha sido producir una batería de propuestas

innovadoras de enseñanza de conceptos y temas socio-territoriales que se constituya en

terreno de experimentación y reflexión crítica sobre problemas de la didáctica de las ciencias

sociales.

Por ello, a partir de 2010, elegimos desarrollar un trabajo de investigación participativa

en el marco de una experiencia de formación, adoptando una perspectiva que considera a la

formación profesional como un proceso de reconstrucción y desarrollo de competencias

para una intervención autónoma y eficaz en el aula. En tal sentido, y siguiendo la literatura de

referencia en el tema, podemos afirmar que la investigación se configura como una espiral

de instancias de planificación, acción, observación y reflexión, entendiendo también que un

proceso de transformación de las prácticas de enseñanza no se lleva adelante de modo

individual, sino como un emprendimiento colectivo, para mejorar y renovar las tareas

cotidianas de aula.

Desde este enfoque, llevamos adelante experiencias de investigación que permitieron

analizar el conjunto de problemas relativos a la enseñanza de manera situada y situacional al

mismo tiempo que producir alternativas de intervención didáctica, a partir del diálogo con

las prácticas reales y favoreciendo la reconstrucción del pensamiento pedagógico del

profesor mediante el intercambio de experiencias, el contraste de ideas y el discernimiento

sobre distintas opciones éticas y políticas.

Recuperamos especialmente las contribuciones de los proyectos que antecedieron al

presente, detectando la persistencia de distintos problemas en relación con la enseñanza y la

�18

Page 19: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

evaluación en geografía desde los enfoques actualizados propios de las ciencias sociales.

Nos referimos a los abordajes disciplinares y didácticos que recuperan categorías de análisis

y perspectivas metodológicas acordes con los principios que dan cuenta de la complejidad

contemporánea, los conflictos y tensiones inherentes a la vida social, la multiplicidad de

actores sociales y políticos implicados, la historicidad de los procesos socio-territoriales,

entre otros.

Como parte sustancial del dispositivo metodológico de nuestro trabajo, concebimos

las instancias de debate y socialización de los resultados alcanzados en estas indagaciones.

En efecto, han sido presentados por las integrantes del equipo en distintas instancias

académicas nacionales e internacionales: coloquios, congresos, simposios y/o seminarios,

así como publicados en revistas y libros de la especialidad.

También ocupa un lugar significativo en nuestro trabajo de investigación el desarrollo

de actividades de transferencia de los resultados a destinatarios concretos y posibles, así

como el diseño y gestión de los procedimientos para concretar dichas actividades. En este

sentido, sabemos que entre los principales desafíos de la investigación en didáctica de las

ciencias sociales, se encuentra la pregunta acerca de cómo lograr que los resultados de la

investigación y el análisis de las prácticas de enseñanza puedan ser aprovechados para

transformar de manera efectiva las prácticas docentes. Principalmente porque entendemos

que para los docentes en ejercicio la posibilidad de poner en práctica dichas

transformaciones en relación con el temario escolar y su enseñanza, incluyendo la evaluación

como un componente constitutivo, se encuentra estrechamente vinculada con la

oportunidad de encontrar en la reflexión-acción un camino de cambio y mejora de las

prácticas de enseñanza. Así, y continuando con la línea de trabajo que venimos

desarrollando en investigaciones anteriores, el presente Proyecto se inscribe en la línea de

producción de estudios que analizan los procesos educativos en contextos específicos y

singulares, que atienden a las características sociales, culturales y etarias de los alumnos, a

sus prácticas juveniles, a las tensiones propias de la convivencia intergeneracional y a la

necesidad de promover la inclusión de todos los jóvenes.

A la luz de las nuevas orientaciones para el nivel secundario a partir de su

obligatoriedad, que además definen cambios en relación con los formatos curriculares, las

�19

Page 20: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

formas de evaluación y las estrategias de enseñanza, la meta de este Proyecto es aportar al

colectivo docente no sólo elementos descriptivos y explicativos de los procesos de

configuración pedagógica de los contenidos geográficos, sino fundamentalmente

estrategias específicas para la implementación de propuestas de enseñanza y de evaluación

socialmente relevantes, científicamente válidas y pedagógicamente significativas en la

formación integral de las futuras generaciones.

Para ello, se prevén distintas vías para la transferencia de resultados: poner a

disposición del colectivo docente los resultados alcanzados a través de la investigación, bajo

la forma de documentos de desarrollo curricular y otros materiales para la enseñanza y la

evaluación en geografía en la escuela secundaria, en forma on line y con acceso libre y

gratuito; realizar encuentros de intercambio y ateneos didácticos con docentes en ejercicio;

entre otras posibilidades.

4. Hacia una nueva apertura en la geografía escolar

Hasta aquí hemos compartido nuestro análisis e hipótesis acerca de cómo se

programan, se implementan y se comunican los procesos de evaluación en la geografía

escolar, correspondiente a cursos de la escuela secundaria. En dicho proceso se articula un

conjunto de contenidos curriculares, estrategias metodológicas y aspectos referidos a la

organización escolar, como instancias de tiempos y espacios muy regulados por la gramática

institucional en cada caso.

Nos interesa especialmente en el transcurso de la investigación y en su etapa posterior

que los aprendizajes de las temáticas previstas logren convertirse en verdaderas experiencias

formativas para los estudiantes, que se legitimen las estrategias y recursos más potentes para

aprender. Rescatamos la noción de pasar de las intenciones a la práctica, en el sentido de

que aquello que se programó para ser enseñando, pueda ser transformado y apropiado, de

modo singular y creativo, por los sujetos estudiantes hasta devenir en aprendizajes para

ellos. Los procesos de evaluación se inscribirían en ese tránsito entre la teoría y la práctica,

siempre recíprocamente enlazadas, pensados como instrumentos para apoyar y enriquecer

las trayectorias escolares de nuestros estudiantes.

�20

Page 21: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

BIBLIOGRAFÍA:

ACOSTA F. (2011): “Escuela secundaria y sistemas educativos modernos: análisis histórico comparado de la dinámica de configuración y expansión de en países centrales y en Argentina”. En Revista HISTEDBR on line, vol. 11 N° 42, junio 2011 ANIJOVICH, R. (2004): “La evaluación alternativa, develando la complejidad”. En Anijovich, R.; Malbergier, M. y Sigal, C.: Una introducción a la Enseñanza para la Diversidad. Buenos Aires, Fondo de Cultura Económica BACHMANN, L. (2015). Educación Ambiental: Repensar la enseñanza de problemas ambientales. Ministerio de Educación de la Nación. Libro digital, PDF - Disponible en http://entrama.educacion.gov.ar/variaciones/secundaria-para-todos/ BINSTOCK, G. y CERUTTI, M. (2005) Carreras truncadas. El abandono escolar en el nivel medio en la Argentina. Buenos Aires: UNICEF Argentina. BUSCH, Silvia (2010) Reforma, campo académico y geografía crítica en el curriculum de la formación del profesorado en geografía. Tesis de Maestría. Directora Silvina Quintero Palacio. Universidad de Buenos Aires, FFyL,Secretaría de Posgrado, Maestría en didáctica CAMILLONI, A. (2010) “La validez de la enseñanza y la evaluación”. En Anijovich, R. (comp): La evaluación significativa. Buenos Aires, Paidós, CARR, W. y KEMMIS, S (1988) Teoría crítica de la enseñanza. La investigación acción en la formación del profesorado. Barcelona: Martínez Roca CARR, W. (1996). Una teoría para la educación. Hacia una investigación educativa crítica, Madrid: Morata. CASTELAR, S. V. Y VILHENA DE MORAES, J. (2010). Ensino de Geografia, São Paolo: Cengage Learning. CAVALCANTI, L. de S. (2011). “Ensinar geografia para a autonomia do pensamento: o desafio de superar dualismos pelo pensamento teórico crítico”, Revista de ANPEGE, 7(1), 193-203. COLS, E.; AMANTEA, A y GUERVITZ, M. (2007): “Las prácticas de evaluación en el nivel medio: problemáticas y enfoques”. Material perteneciente al CEPA a distancia. Módulo I. DIRECCION GENERAL DE CULTURA Y EDUCACION. Diseños Curriculares para la Educación Secundaria. La Plata, Provincia de Buenos Aires. www.abc.gov.ar ELLIOT, J. (1997) El cambio educativo desde la investigación-acción. Madrid, Morata. FELDMAN, D. (2010) Didáctica General Buenos Aires, Ministerio de Educación de la Nación. FERNÁNDEZ CASO, M.V. y GUREVICH, R.(dir) (2014) Didáctica de la geografía. Buenos Aires, Biblos FENSTERMACHER, Gary (1989). Tres aspectos de la filosofía de la investigación sobre la enseñanza. En Wittrock, M. La investigación en la enseñanza I. Madrid, Barcelona: Paidós, MEC. FENSTERMACHER, Gary y SOLTIS, Jonas. (1999). Enfoques de la enseñanza. Buenos Aires: Amorrortu, 1999. Capítulo 1. GARRIDO, Marcelo (editor) (2009). La espesura del lugar. Reflexiones sobre el espacio en el mundo educativo. Universidad Academia de Humanismo Cristiano. Santiago de Chile: Colección Investigación.

�21

Page 22: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

GOBIERNO DE LA CIUDAD DE BUENOS AIRES. Ministerio de Educación, Dirección General de Planeamiento Educativo, Dirección de Currícula y Enseñanza. Contenidos para el Nivel Medio. Geografía. www.buenoaires.gov.ar HARGREAVES, A.; EARL, L. Y RYAN, J. (1999) Una educación para el cambio. Reinventar la educación de los adolescentes. Barcelona, Octaedro. (2da. Edición) HOLLMAN, V. (2006) La geografía crítica y la subcultura escolar: una interpretación de la mirada del profesor. Tesis doctoral FLACSO –Sede académica Argentina- Programa de doctorado en Ciencias Sociales. LATORRE, A. (2003) La investigación-acción. Conocer y cambiar la práctica educactiva. Barcelona: Grao LEY DE EDUCACION NACIONAL (2006). Ley Nro. 26.206. Honorable Senado de la Nación: Buenos Aires. MAGGIO, M. (2012) Enriquecer la enseñanza. Los ambientes con alta disposición tecnológica como oportunidad. Buenos Aires: Paidós MINISTERIO DE EDUCACION DE LA NACION (2009). Resolución Nro. 93/09. Buenos Aires: Consejo Federal de Educación PERRENOUD, P. (2008): La evaluación de los alumnos. De la producción de la excelencia a la regulación de los aprendizajes. Entre dos Lógicas. Buenos Aires. Colihue. QUINTERO, S. (2002) “Geografías regionales en la Argentina. Imagen y valorización del territorio durante la primera mitad del siglo XX”, Scripta Nova, Universidad de Barcelona, Vol VI, núm. 127. QUINTERO, S. (2007) “Los textos de geografía: un territorio para la nación”, en La Argentina en la escuela, Romero, L. A. (coord.), Siglo XXI Editores. SCHÖN, D. (1992) La formación de profesionales reflexivos. Hacia un nuevo diseño de la enseñanza y el aprendizaje en las profesiones. Barcelona: Paidós-MEC. SOUTO, P. y AJÓN, A. (2010 a) “La capacidad de resolución de problemas. Geografía: Una investigación sobre la calidad ambiental de nuestro barrio o ciudad”. En UNICEF-OEI-Educación para Todos-Ministerio de Educación. El desarrollo de capacidades según áreas de conocimiento. La capacidad de resolución de problemas (V. 4). Buenos Aires, 2010. Disponible en: http://www.unicef.org/argentina/spanish/resources_10848.htm SOUTO, P. y AJÓN, A. (2010b) “La capacidad de ejercer el pensamiento crítico. Geografía: Un problema ambiental: la deforestación. El caso de la selva misionera”. En: UNICEF-OEI-Educación para Todos-Ministerio de Educación. El desarrollo de capacidades según áreas de conocimiento. La capacidad de ejercer el pensamiento crítico (V. 6). Buenos Aires, 2010. Disponible en: http://www.unicef.org/argentina/spanish/resources_10848.htm STENHOUSE, L (1984) Investigación y desarrollo del currículum. Madrid: Morata UNESCO (2015a) Education 2030: Towards Inclusive and Equitable Quality Education and Lifelong Learning for All. Disponible en: https://en.unesco.org/world-education-forum-2015/incheon-declaration UNESCO (2015b) Evaluación del aprendizaje del estudiante y el currículo: Problemas y consecuencias para la política, el diseño y la aplicación. Disponible en: http://www.ibe.unesco.org/sites/default/files/resources/ipr1-muskin-assessmentcurriculum_spa.pdf Consulta Septiembre 2016.

�22

Page 23: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ZENOBI, Viviana (2012) Los profesores de Geografía, la innovación de la Enseñanza y su profesionalización: El lugar de los materiales curriculares. Tesis doctoral. Universitat Autònoma de Barcelona.

�23

Page 24: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

PESQUISANDO O ENSINO DE GEOGRAFIA NA INTERFACE COM AS NOVAS TECNOLOGIAS: CONCEITOS E ABORDAGENS DE UM

NÚCLEO DE ESTUDOS EM FORMAÇÃO

Tânia Seneme do Canto Universidade Estadual de Campinas

[email protected] José Augusto Faria de Araújo

Universidade Estadual de Campinas [email protected]

Wander Guilherme Rocha Carvalho Universidade Estadual de Campinas

[email protected]

RESUMO: O trabalho busca apresentar o referencial teórico e metodológico que apoiam as pesquisas de um núcleo de estudos em formação, ligado ao Grupo de Pesquisa APEGEO, sediado na Universidade Estadual de Campinas. Conceitos e abordagens centrais ao referencial são discutidos no texto em função de sua pertinência as questões investigadas pelo núcleo. Como será possível observar, tal repertório possibilita tomar as tecnologias digitais como criadora de novas linguagens com grande potencial para a educação geográfica, cartográfica e a formação de professores.

PALAVRAS-CHAVE: novos letramentos, narrativas digitais, práticas de linguagem, cartografia e formação de professores.

INTRODUÇÃO

O presente texto visa apresentar a abordagem teórico-metodológica que tem

fundamentado as pesquisas e atividades de ensino e extensão de um núcleo de estudos

voltado à compreensão dos novos letramentos na educação geográfica contemporânea. O

�24

Page 25: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

núcleo, vinculado ao Grupo de Pesquisa APEGEO (Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino 6

de Geografia), tem hoje quatro pesquisas em andamento que buscam, no entendimento das

tecnologias como linguagem, novas possibilidades para o ensino de geografia e para a

formação de professores.

O núcleo de estudos em questão iniciou sua formação em fevereiro de 2017 a partir

de um projeto de pesquisa financiado pela FAPESP com o título “Cartografia e Tecnologias

Digitais: novas literacias no ensino de geografia (?)” . Focado na compreensão do lugar que 7

a cartografia digital pode ocupar na educação cartográfica e geográfica, este projeto propôs

investigar a integração das tecnologias digitais nas práticas de futuros professores de

geografia no contexto de formação inicial, além de apoiar a criação de um núcleo de estudo

sobre o tema e fortalecer o Curso de Licenciatura em Geografia da Unicamp através da

aproximação entre pesquisa e ensino.

Desde então, a docente responsável pelo projeto e seus orientandos de mestrado e

iniciação científica têm empreendido ações no sentido de consolidar a abordagem teórico-

metodológica utilizada e construir caminhos de articulação entre formação docente e

pesquisa dentro da temática investigada.

Uma iniciativa que contribuiu com este movimento foi a criação e desenvolvimento de

uma disciplina no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Unicamp denominada

“Cartografia, Novas Tecnologias e Educação Geográfica”. A partir do exame de diversas

práticas de mapeamento desenvolvidas com a emergência das tecnologias digitais, a

disciplina, realizada no 2º semestre de 2017, procurou: pensar o papel da cartografia escolar

na contemporaneidade considerando a perspectiva dos novos letramentos e

multiletramentos, caracterizar e conceituar diferentes aplicações e fenômenos socioespaciais

ligados às geotecnologias e desenvolver noções e conceitos da cartografia narrativa e pós-

representacional.

Além desta ação, voltada ao aprofundamento de conceitos e abordagens que vêm

alimentando as pesquisas dos atuais integrantes do núcleo, também desenvolvemos

O grupo de pesquisa APEGEO é certificado pelo CNPq e encontra-se registrado na Plataforma Lattes neste 6

endereço: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/1593691655113713

Agradecemos a FAPESP pelo financiamento da pesquisa, cujo nº do processo é: 2016/16121-07

�25

Page 26: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

algumas práticas no interior de disciplinas da graduação e através de uma oficina que nos

possibilitaram refletir sobre os sentidos e significados das novas tecnologias para futuros

professores de geografia, fomentando assim discussões em torno da temática investigada e

projetos de formação para a integração dos recursos digitais ao Ensino de Geografia.

AS NOVAS TECNOLOGIAS ENQUANTO LINGUAGEM

Buscar compreender as tecnologias enquanto linguagem é um dos aspectos mais

importantes das pesquisas que o núcleo vem realizando. Mais que um novo suporte ou canal

de comunicação, as tecnologias digitais são propulsoras da criação de novas formas de

expressão e linguagens. Santaella (2005) nos ajuda a compreender este movimento

comparando as linguagens aos organismos vivos, os quais estão sempre em crescimento e

transformação.

O metabolismo das linguagens, dos processos e sistemas sígnicos, tais como escrita, desenho, música, cinema, televisão, rádio, jornal, pintura, teatro, computação gráfica etc., assemelha-se ao dos seres vivos. Tanto quanto quaisquer organismos viventes, as linguagens estão em permanente crescimento e mutação. Os parentescos, trocas, migrações e intercursos entre as linguagens não são menos densos e complexos do que os processos que regem a demografia humana. Enfim, o mundo das linguagens é tão movente e volátil quanto o mundo dos vivos. (SANTAELLA, 2005, p. 27).

De acordo com a autora, o crescimento das linguagens está diretamente relacionado à

invenção de um novo veículo ou do casamento entre meios já existentes. Assim, com a

revolução digital, o surgimento de novas máquinas de escrever, de ligar, de calcular, de ver e

ouvir ampliou ainda mais o universo de linguagens no qual já estávamos imersos e, como diz

Santaella (2005, p. 28), “não há nenhum indicador de que as linguagens deverão parar de

crescer”.

As linguagens que emergem das novas tecnologias são muitas e não é o caso de

especificar cada uma delas aqui, até por que esta seria uma tarefa praticamente impossível

considerando a velocidade com que as mesmas crescem e se multiplicam. No entanto,

importa destacar que estas novas linguagens são fortemente marcadas por um processo de

�26

Page 27: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

intensa mistura e hibridização de códigos e linguagens e por uma mudança radical nos

papéis de autor e leitor, ou transmissor e receptor, das mensagens.

Ambas as características das linguagens baseadas na digitalização e na conexão em

rede são relevantes no campo da educação, pois, elas trazem consigo novos modos de

pensar, sentir e agir, configurando uma nova cultura e novo modo de ser e estar no mundo.

Desta forma, conceber as tecnologias enquanto linguagem implica em procurar entender

não somente as particularidades das novas linguagens, e como elas crescem e se

desenvolvem, mas também seus efeitos no mundo de que faz parte e nos sujeitos que as

usam.

Para tanto, uma perspectiva social e cultural das linguagens faz-se extremamente

necessária aos estudos do grupo. Lankshear e Knobel (2013, 2017), bem como Rojo (2013,

2012), são autores que nos fornecem um repertório teórico e conceitual que ajuda a realizar

esta aproximação com a temática que investigamos, especialmente pelo fato de se apoiarem

nesta perspectiva para entenderem as práticas com as tecnologias digitais e suas relações

com a escola e o conhecimento.

Pelo conceito de multiletramentos, Rojo (2013, p. 14) nos ensina, por exemplo, que as

práticas de linguagem contemporâneas envolvem tanto a “a multiplicidade de linguagens,

semioses e mídias envolvidas na criação de significação para os textos multimodais

contemporâneos”, quanto “a pluralidade e diversidade cultural trazidas pelos autores/leitores

a essa criação de significação”. Neste movimento duplo, a abordagem da autora nos permite

examinar as manifestações e expressões que nascem nas margens e no cruzamento das

culturas sem tomá-las de maneira pura e estilizada, determinando o que é e o que não é uma

prática letrada culta ou correta. Tal entendimento é fundamental para compreendermos as

várias formas de uso das novas linguagens e, consequentemente, das tecnologias.

No que se refere às formas de uso das linguagens associadas às tecnologias digitais, a

autora destaca que “elas estão relacionadas a uma nova mentalidade, que pode ou não ser

exercida por meio de novas tecnologias digitais” (ROJO, 2013, p.7). Assim, a mistura e

integração de diferentes linguagens nos suportes de hipermídia e a existência de um espaço

para autoria e interação não se reflete apenas numa mudança tecnológica, mas também de

cultura.

�27

Page 28: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Partindo do conceito de novos letramentos, Lankshear e Knobel (2007) vão mais fundo

na ideia de uma mudança de mentalidade implicada no uso das linguagens digitais.

Conforme afirmam,

We think that what is central to new literacies is not the fact that we can now “look up information online” or write essays using a word processor rather than a pen or typewriter, or even that we can mix music with sophisticated software that works on run-of-the-mill computers but, rather, that they mobilize very different kinds of values and priorities and sensibilities than the literacies we are familiar with. The significance of the new technical stuff has mainly to do with how it enables people to build and participate in literacy practices that involve different kinds of values, sensibilities, norms and procedures and so on from those that characterize conventional literacies. (LANKSHEAR; KNOBEL, 2007, p. 7).

Assim, em relação às práticas de linguagem convencionais, dizem os autores que as

novas práticas são mais participativas, colaborativas e distribuídas. Menos dominadas por

especialistas ou profissionais, acabam apresentando normas mais fluidas e menos

duradouras. A origem destas diferenças entre as novas e tradicionais práticas, segundo

Lankshear e Knobel (2007), seriam sustentadas pelo desenvolvimento de uma nova

mentalidade pautada em princípios não materiais e pós-industriais.

Diferentemente de uma mentalidade físico-industrial que tem na escassez seu principal

paradigma, a nova mentalidade assume como valores a dispersão e a coletividade,

investindo na maximização dos relacionamentos, conversações e redes por meio da troca e

distribuição da informação. Com isso, esta nova mentalidade não abraça as novas

tecnologias para realizar de uma maneira mais “tecnologizada” as coisas que já realizava

antes; pelo contrário, ela aposta no uso dos novos meios para explorar modos originais de

se fazer as coisas. (LANKSHEAR; KNOBEL, 2007, p. 11).

Há, portanto, uma formação de identidade inteiramente nova entre a cultura juvenil e o

complexo crescentemente global da mídia, corporificado em novas formas de ser e de se

tornar humano, da ação e da subjetividade das coisas. Uma das intenções do núcleo de

estudos é entender esta subjetividade no diálogo como o Ensino de Geografia uma vez que

se pensa em conhecer os indivíduos que atuam de forma ativa nesse sistema informativo

como uma nova sensibilidade.

�28

Page 29: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Considerando esta questão como central a todas as pesquisas que temos desenvolvido,

apresentamos abaixo alguns dos objetivos que têm acompanhado nossas práticas científicas

na medida em que as tecnologias são concebidas enquanto linguagem:

• Identificar e caracterizar práticas de linguagem com as tecnologias digitais que

possibilitam pensar sobre a cartografia e o espaço geográfico na

contemporaneidade;

• Compreender os processos, conhecimentos e sentidos envolvidos nestas práticas

a partir do engajamento e do ponto de vista de futuros professores de geografia e

jovens em idade escolar;

• Problematizar a relação dos conhecimentos, processos e sentidos, advindos das

práticas de linguagem com as tecnologias digitais, com o Ensino de Geografia e

Cartografia considerando a perspectiva dos multiletramentos e novos letramentos.

Principalmente em relação ao segundo objetivo, o grupo tem se dedicado a encontrar

caminhos metodológicos para promover o engajamento dos sujeitos apontados com as

tecnologias digitais, assim como para produzir o conjunto de informações necessárias para a

análise dos processos, conhecimentos e sentidos que buscamos compreender. Portanto, são

sobre estes caminhos que discorremos a seguir.

A NARRATIVA NA PESQUISA COM TECNOLOGIAS DIGITAIS E MAPAS

O uso de narrativas no campo da educação constitui-se como uma abordagem

metodológica de grande importância. Contar e narrar histórias possibilita aos sujeitos

produzir sentido para suas práticas cotidianas e experiências vividas. Desse modo, seja na

pesquisa em educação ou no ensino, as narrativas têm sido utilizadas tanto como fonte

histórica quanto como processo de auto-formação. Como colocam Clandinin e Connelly

(2011),

a narrativa é o melhor modo de representar e entender a experiência. Experiência é o que estudamos, e estudamos a experiência de forma narrativa porque o pensamento narrativo é uma forma-chave de experiência e um modo-chave de escrever e pensar sobre ela. (CLANDININ E CONNELLY, 2011, p.48).

�29

Page 30: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Considerando o potencial da narrativa como recurso formativo e o interesse do núcleo

de estudos na compressão do uso das tecnologias por futuros professores de geografia,

temos nos aproximado do conceito de narrativas digitais para engajar estudantes do Curso

de Licenciatura em Geografia da Unicamp em práticas de linguagem com as novas

tecnologias e para compreender os significados e conhecimentos que eles constroem neste

processo.

De acordo com Almeida e Valente (2012, p. 02),

as narrativas que eram tradicionalmente orais ou escritas, podem ser agora produzidas com uma combinação de mídias, o que pode contribuir para que esta atividade seja muito mais rica e sofisticada, sob o ponto de vista da representação de conhecimento e da aprendizagem. [...] Além disso, novas formas de produção de texto, advindas das práticas sociais com o uso de múltiplas linguagens midiáticas, propiciam a organização de nossas experiências por meio de histórias que articulam os acontecimentos com os quais lidamos, representados por meio de texto, imagem ou som.

A produção de narrativas digitais, então, possibilitam a significação das experiências

vividas pelos estudantes por meio da mobilização de diferentes linguagens que se

encontram reunidas no ambiente digital e, muitas vezes, também em um único dispositivo.

Os celulares, por exemplo, carregam consigo câmera de vídeo, de foto, gravador de som,

processadores de texto e outros diversos aplicativos que permitem a edição de fotos, filmes,

mapas, etc. Quando conectados à internet, estes dispositivos permitem ainda o

compartilhamento das experiências narradas e a produção colaborativa das mesmas.

Ao romperem com a materialidade da escrita no papel e passarem a circular no

ciberespaço, as narrativas digitais viajam no tempo e no espaço fazendo proliferar diferentes

interpretações e novas experiências compartilhadas. Com isso, o processo de significação

das práticas cotidianas e a construção do conhecimento se dão de maneira coletiva. Prado e

outros autores (2017) informam sobre esta questão dizendo que:

A reflexão teórica sinaliza que o recurso pedagógico, por meio das narrativas digitais, torna o sujeito ativo no processo de construção, pois é capaz de tecer a sua trilha de conhecimento, interagindo com os outros atores do processo – com os seus pares, com o seu próprio conhecimento prévio, com os novos conceitos que lhe são apresentados e com o seu mediador – num processo de aprendizagem colaborativa. (PRADO et al, 2017, p. 1172).

�30

Page 31: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Além de serviram para a compreensão do modo com as tecnologias digitais são

apropriadas pelos estudantes do curso, mais especificamente no contexto do estágio

supervisionado, em seu processo formativo, as narrativas nos dão também condições de

investigar os conhecimentos envolvidos nas praticas cartográficas contemporâneas.

A relação entre narrativas e cartografia tem sido debatida por diversos autores

(Caquard e Cartwright, 2014; Caquard, 2011; Seemann, 2014) considerando duas

perspectivas. Uma delas enfoca o potencial dos mapas para contar histórias/estórias, ou seja,

como a cartografia poderia contribuir para representar estruturas espaciais de narrativas

orais, romances e outras obras literárias e fictícias. A outra perspectiva, concebida como uma

virada processual na cartografia, questiona os mapas como representação e entende a

narrativa como uma estratégia para documentar o processo de mapeamento, isto é,

compreender o modo como os mapas se constituem como mapas através de práticas

corporais, discursivas e técnicas (KITCHIN e DODGE, 2007).

A figura abaixo busca apresentar estas duas perspectivas de maneira mais

sistematizada. Para tanto, ela ilustra as relações estabelecidas entre narrativa e cartografia

considerando as várias possibilidades de interação entre elas.

Figura 1: A aproximação entre cartografias e narrativas e seus desdobramentos em ambos os campo. Elaboração própria.

�31

Page 32: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Nas pesquisas desenvolvidas pelo núcleo temos buscado explorar estas duas

perspectivas para refletir sobre o potencial do uso das tecnologias nas práticas de

mapeamento contemporâneas. Assim, estimulamos os sujeitos das investigações, bem como

os próprios pesquisadores que compõem o núcleo, a mapearem suas histórias e trajetórias

através das novas tecnologias e suas diferentes linguagens e, também, a escreverem

narrativas sobre suas histórias com mapas e outros recursos cartográficos digitais.

Os autores Caquard e Cartwright (2014), na publicação chamada “Narrative

Cartography: from mapping stories to the narrative of maps and mapping” são bastante

enfáticos acerca da importância da virada processual na cartografia, definida como pós-

representacional. Dizem eles que,

(…) in a postrepresentational perspective, the map is as good as the different narratives it is associated with that describes its context of appearance, and its production process, as well as all the discourses associated with the map, and the political and personal agendas it helped to push forward. In postrepresentational cartography, the narrative is essential to documenting the mapping genealogy and to tell the story of the map’s life. (CAQUARD E CARTWRIGHT, 2014, p. 105).

Concordamos com os autores e, através de alguns estudos (Canto, 2016; 2015), já

entendemos que no mundo digital a vida dos mapas é tão efêmera e volátil quanto os

materiais líquidos, os quais, de acordo com Santaella (2007), representam uma bela metáfora

para se referir à extraordinária instabilidade e mobilidade adquirida por textos, imagens e

sons [e mapas] com a digitalização e o advento do ciberespaço.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho apresentou o repertório teórico e metodológico que tem

fundamentado as pesquisas de um núcleo de estudos em formação, ligado ao Grupo de

Pesquisa APEGEO, sediado na Universidade Estadual de Campinas. O referencial em

questão foi discutido no texto buscando esclarecer os conceitos e abordagens que são

centrais ao núcleo na medida em que possibilitam tomar as tecnologias digitais como

�32

Page 33: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

criadora de novas linguagens com grande potencial para a educação geográfica,

cartográfica e a formação de professores.

Desse modo, além de discorremos sobre os novos letramentos, os multiletramentos e

as narrativas em algumas de suas modalidades e aplicações, também destacamos os

objetivos que guiam as práticas científicas do núcleo e as ações e inciativas que temos

realizado para aproximar pesquisa e ensino, a partir do uso das novas tecnologias.

Por último, vale mencionar que trabalhos relacionados às pesquisas em andamento já

têm sido publicados em eventos e revistas especializadas. E, para o presente ano, temos

como projeto a criação de um espaço na web voltado à publicação de materiais didáticos e,

principalmente, de reflexões e comentários acerca de novas práticas de linguagem que

emergem no campo da cartografia por meio de sua aproximação com as tecnologias e a

cultura digital.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Integração currículo e tecnologias e a produção de narrativas digitais. Currículo sem Fronteiras, v. 12, n. 3, p. 57-82, set./dez. 2012. CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. M. Narrative Inquiry: experience and story in qualitative research. [Pesquisa Narrativa: experiências e história na pesquisa qualitativa, trans. Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Professores ILEEU/UFU]. Uberlândia: EDUFU, 2011. CANTO, T. S. O mapa como linguagem líquida: novas possibilidades para a cartografia escolar. Anais do IX Colóquio de Cartografia para Crianças e Escolares, Goiânia: Universidade Federal de Goiás, p. 753-759, out. 2016. CANTO, T. S. Práticas de mapeamento com as tecnologias digitais: para pensar a educação cartográfica na contemporaneidade. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Geografia. Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, Rio Claro, SP, 2014. CAQUARD, S. Cartography I: mapping narrative cartography. Progress in Human Geography, v. 37, n. 1, p. 135-144, 2013. CAQUARD, S.; CARTWRIGHT, W. Narrative cartography: from mapping stories to the narrative of maps and mapping. The Cartographic Journal, v. 51, n. 2, p. 101-106, 2014. KITCHIN, R.; DODGE, M. Rethinking maps. Progress in Human Geography, v. 31, n. 3, p. 331-344, jun. 2007. LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M.; CURRAN, C. Conceptualizing and researching “new literacies”. In: CHAPELLE, C. A. (Ed.). The Encyclopedia of Applied Linguistics, Oxford: Wiley-Blackwell, 2013.

�33

Page 34: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. Sampling “the new” in new literacies. LANKSHEAR, C.; KNOBEL, M. (Ed.). A new literacies sampler. Nova Iorque: Peter Lang Publishing, 2007. PRADO, A. L. et al. Narrativas digitais: conceitos e contextos de letramento. RIAEE: Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, v. 12, n. esp. 2, p. 1156-1176, ago./2017. ROJO, R. (Org.). Escola conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola, 2013. ROJO, R.; MOURA, E. Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. SANTAELLA, L. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007. SANTAELLA, L Matrizes da linguagem e pensamento: sonora visual verbal: aplicações na hipermídia. São Paulo: Iluminuras: FAPESP, 2005. SEEMANN, J. Entre mapas e narrativas: reflexões sobre as cartografias da literatura, a literatura da cartografia e a ordem das coisas. RA’E GA: O espaço geográfico em análise, Curitiba, v. 30, p. 85-105, abr. 2014.

�34

Page 35: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

MOBILIDADE URBANA E CIDADANIA: DESAFIOS PARA UMA

MOBILIDADE SUSTENTÁVEL

Elmir Jorge Schneider 8

Carina Copatti 9

Helena Copetti Callai 10

RESUMO: O objetivo neste artigo é propor reflexões sobre mobilidade urbana, concebendo-a enquanto uma necessidade que precisa abarcar toda a população de modo que seja sustentável e promova a cidadania. A mobilidade envolve deslocamentos no espaço e, por meio da educação e das políticas públicas, pode tornar-se um exercício de convivência possível a todos.

PALAVRAS-CHAVE: Cidadania; Espaço público; Mobilidade urbana.

INTRODUÇÃO

A mobilidade urbana trata dos deslocamentos e se manifesta no espaço geográfico

das cidades. É hoje uma das temáticas mais discutidas na administração pública e constitui

um desafio não apenas para os gestores públicos, mas também para as pessoas que realizam

diversas formas de deslocamento em seu cotidiano. Estes estão sujeitos às regras que

Doutorando em Educação nas Ciências – UNIJUI. Graduado em Direito e Mestre em Direitos Humanos – UNIJUI. 8

Policial Rodoviário Federal. E-mail: [email protected]

Doutoranda em Educação nas Ciências – UNIJUI. Graduada em Geografia e Mestre em Educação – UPF. Professora 9

na rede municipal de ensino, Charrua/RS. E-mail: [email protected]

Pós-doutorado pela Universidad Autónoma de Madrid (UAM). Pesquisadora do CNPq. Professora do Departamento 10

de Humanidades e Educação (DHE). Orientadora do Programa de Pós-Graduação em Educação nas Ciências – UNIJUÍ. E-mail: [email protected]

�35

Page 36: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

definem procedimentos de conduta e à organização do espaço público que se estabelece

através das edificações materiais como passeios, ciclovias, trilhos, ruas e avenidas. Nestes

espaços ocorrem muitos problemas, principalmente pelo grande número de veículos, cuja

capacidade de tráfego, devido à rápida urbanização e a precária infraestrutura com relação às

vias de acesso, não comportam um deslocamento efetivo. Isso também é agravado pela

escassez de investimentos em transporte coletivo no Brasil.

Na medida em que não existem soluções mágicas para problemas complexos, as

políticas de mobilidade estão cada vez mais em destaque pela necessidade de buscar

soluções eficazes para tornar a cidade mais agradável para se viver. Isso porque cada vez mais

se observa que a população urbana vem sofrendo com um trânsito caótico, e uma

mobilidade que parece não garantir uma boa qualidade de vida. Como pensar, então, uma

mobilidade urbana cidadã, que ocorra de modo sustentável? A partir desta questão, propõe-

se como objetivo refletir sobre cidade, mobilidade urbana e cidadania, enquanto elementos

que se entrelaçam e constituem a vida humana cotidiana.

Esta reflexão também leva em consideração o Plano de Mobilidade Urbana e o Plano

Diretor dos Municípios, importantes na organização de cada cidade, pois é nestes

documentos que são definidas as estratégias de crescimento urbano, de distribuição da

população e organização dos diversos setores da cidade.

A mobilidade urbana ocorre em espaço público e reflete múltiplos interesses,

atendendo às necessidades de trabalho, lazer, saúde, etc., que muitas vezes podem ser

conflitantes. No entanto, é importante destacar que as necessidades individuais e o seu

atendimento acontecem no contexto social, e portanto, está inclusive submetida a interesses

e decisões políticas. Essas podem estar referidas às condições de vida digna, mas tem forte

apelo às demandas de um mundo globalizado, que nos interessa compreender em sua

complexidade.

Nesta perspectiva, uma questão a ser considerada é avaliar os diferentes tipos de

deslocamento urbano, num sistema complexo que mantém a cidade em constante

movimento, como uma grande engrenagem responsável em mantê-la funcionando, de

maneira em que todos os deslocamentos devem estar de certa forma interligados entre si.

Interessa considerar não apenas o deslocamento dos veículos, mas de tudo que flui e se

�36

Page 37: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

conecta nos diferentes tipos de transporte; o que requer conscientização e participação de

toda sociedade como participante deste sistema, o que estamos considerando nesta

abordagem de cunho teórico, construída a partir de reflexões que envolvem os principais

temas em debate: cidade, mobilidade urbana e cidadania.

Estrutura da mobilidade urbana

Diante da importância deste tema surgiu a necessidade da criação de uma Lei que

obrigasse os municípios a definir critérios na organização da mobilidade urbana e garantia do

desenvolvimento dessa estrutura. Isso se materializou com a criação da Lei 12.587 de

3/1/2012, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana, na qual o governo federal

estipulou um prazo de sete anos para que os municípios acima de 20.000 (vinte mil)

habitantes, elaborassem um Plano de Mobilidade Urbana. Este plano deverá estar integrado

e compatível com os respectivos planos diretores ou estar neles inserido até abril de 2019 , 11

com o objetivo de contemplar os diferentes modos de transporte, integrando todos os

serviços de mobilidade que ocorrem no espaço urbano.

Para tanto, cabe compreender a dinâmica das sociedades e a evolução histórica do

transporte, haja visto a importância do espaço público e dos meios de locomoção para um

transporte mais equilibrado. Isso exige projeções de investimento, que se refletirão no futuro

da mobilidade urbana como um dos fatores de desenvolvimento das cidades. Assim, os

caminhos da cidade, sejam eles calçadas, trilhos ou ruas, podem ser vistos como espaços

estruturados da vida urbana, compreendidos de formas diferentes, dependendo da posição

que ocupamos na vida cotidiana, como pedestres ou usuários de veículos.

A rua é lugar de trânsito, de circulação, de passagem para se chegar a outros lugares. A rua está carregada de história das vidas das pessoas que por ali circulam. O tempo acumulado produz marcas, mostra suas origens. As ruas revelam o passado, o presente e permitem, inclusive, que se vislumbre o futuro (CALLAI, 2010, p.125-126).

Caso algum município descumprir este prazo (que se encerra em abril de 2019), este ficará impedido de receber 11

recursos federais destinados à mobilidade urbana até o cumprimento da exigência.

�37

Page 38: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Os diferentes caminhos que integram a mobilidade urbana fazem parte da vida nas

cidades e são essenciais para sua organização. E para tal, cabe o respeito às regras de

convivência, como por exemplo, a liberdade de circulação nas calçadas, sem obstáculos.

Porém, muitas vezes ocorre uso particular deste espaço com mesas de bar, bancas de jornal,

propagandas, obras que usam o passeio, degraus que dificultam os deslocamentos de

deficientes ou até mesmo a falta de calçada nos locais mais afastados do centro.

Assim, cabe ao pedestre uma atenção especial, principalmente onde não há passeios

de qualidade e o nivelamento com a rua para respeitar os acessos e um bom deslocamento

das pessoas. O cuidado com os passeios mostra respeito pelos pedestres, pois melhora suas

vidas quando o deslocamento ocorre livre de obstáculos. De acordo com Duarte (2017, p.

30), “as calçadas não são apenas elementos de ligação entre espaços urbanos, mas também

espaços de convivência cidadã” o que reserva o direito ao pedestre de preferência de

deslocamento neste espaço.

O espaço urbano é, portanto, lugar de convivência a ser compreendido como

território de uma coletividade, em que diferentes atitudes podem facilitar deslocamentos de

modo seguro e acessível a todos. Envolve pensar que a cidade é também “lugar do possível

– possibilidade de um projeto voltado para o futuro” (CARLOS, 2007, p.11).

Pensar e planejar o espaço das cidades requer considerar sua constituição social e

histórica, em um recorte espacial com características peculiares, permeadas por constantes

transformações que envolvem aspectos locais e globais. Nessa dimensão, a cidade enquanto

espaço de deslocamento, é constituída por diferentes intencionalidades, disputas, conflitos,

os quais se modificam de acordo com a época, com as necessidades e interesses que

emergem.

A cidade, enquanto construção humana, é um produto histórico-social e nesta dimensão aparece como trabalho materializado, acumulado ao longo do processo histórico de uma série de gerações. Expressão e significação da vida humana, obra e produto, processo histórico cumulativo, a cidade contém e revela ações passadas, ao mesmo tempo em que o futuro, que se constrói nas tramas do presente – o que nos coloca diante da impossibilidade de pensar a cidade separada da sociedade e do momento histórico analisado (CARLOS, 2007, p.11).

�38

Page 39: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Compreender as dinâmicas de mobilidade urbana, na atualidade, demanda entender

o espaço ocupado e as interações que nele acontecem. Dentre as interações a mobilidade

de ciclistas, pedestres, motociclistas, são aspectos a serem considerados.

A bicicleta representa um meio de transporte que traz muitos benefícios ao cidadão

pela sua economia financeira e ao meio ambiente. É tida como símbolo de transporte

sustentável e acessível para grande parte da população, utilizada principalmente entre a

população de baixa renda. Porém, apesar de ser ainda pouco utilizada como meio de

transporte, o seu uso no Brasil vem crescendo, embora com finalidade voltada

principalmente à prática esportiva e ao lazer. No Código de Trânsito Brasileiro – CTB, seu uso

está previsto como um veículo, tendo suas regras de circulação no mesmo sentido do fluxo

dos veículos, e quando desembarcado, o ciclista se iguala à condição de pedestre ao

empurrar a bicicleta, seja na calçada ou na faixa de pedestre. Para incentivar ainda mais seu

uso como uma forma de deslocamento e tornar esta prática diária um hábito, algumas

grandes cidades como Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, e cidades médias como Passo

Fundo, estão investindo no uso de bicicletas públicas.

Com relação ao uso das motocicletas na mobilidade urbana, estas tiveram um

crescimento considerável nos últimos anos, servindo ao transporte individual para pessoas

de menor renda, além de ser utilizadas para serviços de tele entrega pela sua agilidade,

economia e praticidade. Entretanto, o aumento no número de motocicletas também

representa um problema pelo alto índice de acidentes. Os motociclistas, junto aos pedestres

e ciclistas, constituem o grupo mais vulnerável no trânsito.

Já os automóveis, que foram considerados como a solução para século XX,

principalmente pelo desenvolvimento da indústria automobilística, já não podem mais ser

vistos desta forma. Razão pela qual obriga os gestores públicos a investir em formas

alternativas de mobilidade urbana devido ao excesso de carros e a impossibilidade de

aumentar a estrutura das ruas e avenidas. Esse fato motiva a necessidade de planejamento

das cidades para as pessoas, restringindo o transporte individual.

O trânsito não é apenas um problema ‘técnico’, mas sobretudo uma questão social e política, diretamente ligada às características da nossa sociedade capitalista. Para entender o trânsito, portanto, não basta discutir os problemas

�39

Page 40: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

do dia-a-dia (congestionamentos, acidentes), é preciso também analisar como o trânsito se forma, como as pessoas participam dele, quais são seus interesses e necessidades (VASCONCELLOS, 1985, p.11).

Em contrapartida, existe a pretensão do mercado econômico, onde as fábricas

ampliam sua produção de veículos e o comércio procura vender cada vez mais, causando

um verdadeiro inchaço no trânsito brasileiro, que caminha na contramão de uma mobilidade

consciente. Esse processo faz com que a maioria das cidades brasileiras, em especial os

grandes centros urbanos, não favoreça condições estruturais necessárias para garantir a

mobilidade urbana (PIRES, 2016). Desse modo, o Brasil continua sendo o país do automóvel

e a consequência, principalmente nas grandes cidades, são os problemas de

congestionamento, associado à poluição do ar e sonora, que comprometem a saúde pública

e a qualidade de vida. Entretanto, para a população brasileira “o automóvel, além de ser

inegavelmente o modo de transporte mais confortável e conveniente do ponto de vista

individual, transformou-se na sociedade moderna num símbolo de liberdade individual e de

‘status’ econômico (e social)” (VASCONCELLOS, 1985, p.47).

O hábito de utilizar automóveis tem desencadeado dificuldades para a locomoção no

trânsito, reflexo da cultura do povo brasileiro e do individualismo exacerbado. A maioria dos

jovens sonha na compra do seu primeiro automóvel, imersos em uma cultura que vai

passando de geração em geração. Esta atitude, para muitos, é vista como uma forma de

demonstrar seu poder econômico, reflexo do autoritarismo. Assim, um carro comprado para

facilitar o transporte não é escolhido apenas em função de seu consumo ou tamanho, mas do

seu prestígio como símbolo de superioridade e sucesso pessoal, representando a liberdade e

o reconhecimento social (DA MATTA, 2010).

Frente a este cenário, se constata que boa parte do problema da mobilidade urbana

no Brasil se dá pela cultura do automóvel, símbolo do status social, que permite maior

autonomia com liberdade de deslocamento. Representa poder e independência econômica,

alimentando a ideia de que “posso ir para onde eu quero e da forma que eu quero”, levando-

nos a refletir sobre a conscientização em relação ao exercício da cidadania, a partir do uso de

transporte coletivo ou outros meios de locomoção alternativos. Esse processo permitiria a

�40

Page 41: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

organização do espaço urbano, considerando que ir e vir é um direito fundamental e, no

convívio social, é condição à vivência da cidadania.

Transporte coletivo, cidadania e conscientização no trânsito

A mobilidade urbana é um sistema complexo e seu pleno funcionamento exige

sincronia, em que todos respeitem os mais diferentes tipos de deslocamento. Desta forma,

pode ser representada como uma engrenagem que se move e precisa se encaixar ao

contexto. O que representa muitos desafios para a gestão pública na medida em que se exige

a colaboração de todos.

Este sistema deveria funcionar de modo sincronizado com os vários tipos de modais,

como o metrô, trem e VLT , se interligando com linhas de BRT , ônibus, estacionamentos de 12 13

veículos, ciclistas e pedestres. Como se observa, a ideia não é de concorrência entre os

modais, pois nenhum substitui o outro, mas se complementam, um alimenta e depende do

outro, permitindo maior fluidez, conforto e segurança.

No entanto, a mobilidade urbana no Brasil enfrenta sérios problemas estruturais,

tornando o transporte coletivo bastante deficitário, carecendo não só de mudanças nessa

estrutura, mas também, de mudanças de consciência dos motoristas em usar o transporte

coletivo. Inúmeras experiências vêm sendo testadas para melhorar a qualidade deste meio

de locomoção, dentre eles a criação de faixas exclusivas para ônibus, passagens integradas,

cartão de embarque, veículos menos poluentes, gestão dos semáforos.

Isso poderia melhorar as condições de transporte coletivo, investindo em qualidade e

um custo acessível para toda a população, criando deslocamentos alternativos, com políticas

de transporte de forma compartilhada. Pensando nisso, compreende-se que carece, nas

cidades, uma cultura baseada em meios de transporte sustentáveis, que possam beneficiar

todas as pessoas. Meios de transporte sustentáveis constituiriam vantagens pessoais na

Conhecido como “Veículo Leve sobre Trilhos” é um pequeno trem urbano, geralmente movido a eletricidade e não 12

tem a faixa de tráfego exclusiva, sua capacidade é de aproximadamente 400 pessoas.

O BRT (Bus Rapid Transit), ou Transporte Rápido por Ônibus, é um sistema de transporte coletivo de passageiros, 13

usando faixa exclusiva de passagem e transporta aproximadamente 270 pessoas.

�41

Page 42: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

medida que as políticas públicas protejam o pedestre, ciclista, e principalmente invistam no

transporte coletivo. Ações como essa tendem a contribuir para a redução da poluição

atmosférica e sonora na medida que reduz congestionamentos em ruas e avenidas.

Desta forma, ao tratar da política de mobilidade urbana e da construção de cidades

sustentáveis, Boareto (2008, p.152), traz uma importante reflexão sobre os “valores como

equidade no uso do espaço público, democratização e controle social sobre a política de

mobilidade, equiparação de oportunidades, acessibilidade às vantagens que a cidade

oferece”. Materializando, assim, o direito à cidade que deve ser buscado de forma constante,

para concretizar o acesso à cidadania.

Cidadania, na compreensão de Pinski (2012), tem sentido variado no tempo e no

espaço. A nosso entender, a cidadania não abrange apenas direitos e deveres, mas envolve,

ainda, o exercício da participação social, do envolvimento e compreensão da vida em

sociedade. As interações sociais, a mobilidade urbana e a perspectiva da coletividade são

proposições intrínsecas à constituição da cidadania.

O exercício da cidadania no trânsito precisa seguir uma hierarquia, prevista no CTB, o

que é fundamental para o pleno funcionamento da mobilidade urbana. Assim,

Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres (BRASIL, 1997, Art. 29, § 2º).

O respeito no trânsito passa pela educação da sociedade, representado pelo

motorista, passageiro e pedestre. Dessa forma, o principal componente do trânsito são as

pessoas, que exercem diferentes posturas no espaço público. Para tanto, promover a

educação para o trânsito na família, na escola, na formação de condutores e na sociedade de

forma geral, pensando em políticas públicas e ações conjuntas, são algumas medidas

necessárias com vistas a melhorar a segurança e a mobilidade.

Consequentemente, a melhor alternativa para as cidades continua sendo o

investimento em programas de incentivo ao uso de transporte coletivo e não motorizado. Ao

melhorar a infraestrutura e os serviços para estes meios de transporte, pode tornar o sistema

eficiente, com previsão e cumprimento de horários. Isso desafia os gestores, obrigando-os a

�42

Page 43: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

tornar as vias não apenas viáveis com maior fluidez, mas também, seguras para todos. Para

tanto, envolve analisar e compreender o espaço urbano, suas características físicas e a

estrutura construída, no sentido de planejá-lo e transformá-lo para que supra as

necessidades de toda a população em suas diferentes faixas etárias.

De acordo com Duarte (2017), hoje os planos diretores são revisados e buscam

privilegiar os pedestres e o transporte coletivo sobre o veículo particular, com a ideia de

revitalizar os espaços públicos. O grande desafio da mobilidade urbana é promover a

inclusão social com o acesso amplo e democrático ao espaço público. Envolve incorporar o

conceito de sustentabilidade com o uso do transporte coletivo e os não motorizados de

modo efetivo, inclusivo e ecologicamente sustentável.

Para atender a demanda do crescimento das cidades é normal que ocorram alguns

ajustes e modificações nos planejamentos urbanísticos, visto que vão evoluindo de acordo

com o passar dos anos, principalmente com relação à mobilidade, afetada com o

crescimento das cidades e o aumento da frota de veículos. Araújo (2009), salienta que, ao

longo do tempo se percebe que o espaço urbano foi sendo adequado para atender a

expansão automobilística, sem uma preocupação maior na vida das pessoas, tornando o

trânsito uma intensa manifestação de conflitos. Isso tem se acentuado em meio a um

processo de intensificação da globalização, aumentando os fluxos e, consequentemente os

congestionamentos, além da precariedade do transporte coletivo nas grandes cidades.

Nesta mesma linha, de acordo com Hannah Arendt (1997), o debate político foi

transformado num espaço ocupado pelo mercado, que gira em torno das trocas de favores

entre estes dois setores. O interesse privado tem cada vez mais prevalecido sobre o interesse

público, de modo que este acaba sendo negociado e transferido aos poucos aos interesses

privados. Assim, se enfatiza que a modernidade tem transformado o espaço público em

espaço privado, e esta tendência remete às novas gerações a responsabilidade de garantir a

perpetuação do espaço público (CALLEGARO, 2009).

A disputa pelo espaço público fica cada vez mais acirrada pelo aumento do transporte

individual de veículos, sendo o transporte coletivo visto como uma alternativa de

deslocamento apenas para a população de baixa renda, conforme Vasconcellos (2013),

consideradas como cidadãos de segunda classe, assim como ciclistas e pedestres. Isso faz

�43

Page 44: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

com que exista, no trânsito, uma seleção natural de status social, que se identifica de acordo

como as pessoas se locomovem no espaço público.

Os menos favorecidos são ainda mais atingidos pelos problemas de mobilidade, por

residirem geralmente em áreas periféricas, sem uma infraestrutura adequada para os ciclistas

e pedestres, e com um transporte público precário, que acaba dificultando os

deslocamentos (VASCONCELLOS, 2013). Numa sociedade em que o tempo é extremamente

valioso, os deslocamentos diários são cronometrados, e o grande desconforto na mobilidade

é reflexo do tempo perdido. Nesse contexto, a sociedade brasileira vê no automóvel um

desejo de liberdade e considera esta a forma ideal de deslocamento, utilizando o transporte

coletivo quando não há outra alternativa.

Verifica-se, então, que sem investimentos na mobilidade urbana, como aumento na

quantidade e na qualidade do transporte coletivo, e sem oferecer outras alterativas de

transporte, as pessoas não se sentem incentivadas a mudar seus hábitos, permanecendo

ligadas ao mercado automobilístico. Isso envolve pensar o espaço produzido pelos homens

no seu convívio cotidiano tendo como regramento o mundo capitalista.

E aqui reside a possibilidade de através da educação fazer a diferença, tanto no

sentido de promover a educação para o trânsito, desde a infância e em contextos formativos

diversos, quanto em relação às políticas públicas que favoreçam o uso consciente do espaço

coletivo. Consideradas as possibilidades de vivência cidadã, é possível viabilizar modos

diversos de uso e mobilidade sustentável no espaço urbano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No trânsito, assim como em todas as nossas atividades diárias, existem pequenos

gestos que podem e devem ser incorporados em nossas ações servindo para melhorar a

convivência social. Este procedimento pode contribuir ao desenvolvimento da cidadania, na

consciência articulada e na nossa prática diária, tornando todos comprometidos com o meio

em que vivemos.

Os órgãos responsáveis pela mobilidade urbana contribuem no gerenciamento dos

deslocamentos de pessoas, veículos e cargas com a missão de melhorar o transporte, a

�44

Page 45: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

circulação viária, procurando sempre atender as necessidades da população. Tem como

intuito promover a integração e o desenvolvimento coletivo, valorizar a solidariedade, a

equidade, segurança, respeito ao meio ambiente e a sustentabilidade.

Diante disso, defende-se a mobilidade a partir da diversidade no transporte, havendo

a necessidade de um equilíbrio que contemple todos os meios de locomoção. Isso evitaria o

uso excessivo dos veículos automotores, aderindo a formas de transporte mais sustentáveis

tanto ambiental quanto social e economicamente. Entende-se assim, que a mobilidade

urbana depende de cada um em particular e não apenas da gestão pública. Envolve

compreender o espaço ocupado e as relações sociais cidadãs, para que ocorra um bom

funcionamento do sistema viário e fluidez maior nos deslocamentos, melhorando a qualidade

de vida e a convivência no espaço urbano.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Ronaldo de Souza. Modificações no planejamento urbanístico. São Paulo: Nobel, 2009. ARENDT, Hannah. As esferas pública e privada. In. A Condição Humana. Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1997. BOARETO, Renato. A política de mobilidade urbana e a construção de cidades sustentáveis. Revista dos Transportes Públicos, ANTP, Ano 30/31, 2008. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Brasília: D i s p o n í v e l e m : < h t t p : / / w w w . p l a n a l t o . g o v . b r / c c i v i l _ 0 3 / c o n s t i t u i c a o /ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em: 18 fev. 2018. ______. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Brasília. Disponível em: <http://www.denatran.gov.br/ctb.htm> Acesso em: 18 fev. 2018. ______. Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; revoga dispositivos dos Decretos-Leis nos 3.326, de 3 de junho de 1941, e 5.405, de 13 de abril de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e das Leis nos 5.917, de 10 de setembro de 1973, e 6.261, de 14 de novembro de 1975; e dá outras providências. Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm> Acesso em: 24 fev. 2018. CALLAI, Helena Copetti. Estudar o lugar para compreender o mundo. In. CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 9. ed. Porto Alegre: Mediação, 2010. CALLEGARO, Ronaldo. Reflexões sobre a educação no pensamento de Hannah Arendt. 4º Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da Unesp. v. 2, n. 2, 2009. CARLOS, Ana Fani Alessandri. O Espaço Urbano: Novos Escritos sobre a Cidade. São Paulo: FFLCH, 2007, 123p.

�45

Page 46: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

DA MATTA, Roberto. Fé em Deus e pé na tábua, ou, como e por que o trânsito enlouquece no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2010. DUARTE, Fabio. Introdução à mobilidade urbana. 3ª reimpr. Curitiba: Juruá, 2017. PINSKI, Jaime. PINSKI, Carla Bassanezi (orgs.). História da cidadania. 6. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2012. PIRES, Lucineide Mendes. Os jovens em busca do direito à cidadania: os espaços públicos em questão. In: PAULA, Flávia Maria de Assis; CAVALCANTI, Lana de Souza; PIRES, Lucineide Mendes. Os jovens e suas especialidades. Goiânia: Editora Espaço Acadêmico. 2016. VASCONCELLOS, Eduardo A. O que é trânsito. São Paulo: Editora Brasiliense S.A., 1985. VASCONCELLOS, Eduardo A. Políticas de transporte no Brasil: a construção da mobilidade excludente. Barueri, SP: Manole, 2013.

�46

Page 47: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ESPACIALIDAD DE LO PÚBLICO EN LA CIUDAD: INDAGACIÓN Y POSIBILIDADES PARA SU ENSEÑANZA Y

APRENDIZAJE

Nubia Moreno Lache 14

Alexánder Cely Rodríguez 15

Luis Felipe Castellanos Sepúlveda 16

Carlos Alberto Zambrano Barrera 17

Grupo de Investigación Interinstitucional Geopaideia Bogotá D.C. – Colombia

Mesa Redonda I: Desafios teórico-práticos da pesquisa em ensino de Geografia no contexto latino-americano.

RESUMEN: La ponencia presenta algunas reflexiones sobre la espacialidad y el espacio público en el marco de un proyecto de investigación a desarrollar en la ciudad de Bogotá. Interesa reconocer discursos de la espacialidad en relación con usos y apropiaciones del espacio público por parte de habitantes de la ciudad, con el ánimo de encontrar algunas reflexiones que aporten en la formación de ciudadanos y de docentes que piensen a la ciudad, en este caso de Bogotá, como un constructo permanente, lo que implica reconocerla como escenario de enseñanza y aprendizaje. La investigación asume al espacio geográfico como un escenario dinámico que contiene relaciones e interacciones en donde la impronta humana se torna fundamental, de allí que la ciudad no es entendida como contenedor sino como contenido y por ello la espacialidad es fundamental para

Docente de la Universidad Distrital Francisco José de Caldas – Integrante Grupo Interinstitucional de Investigación 14

Geopaideia. Email: [email protected] - [email protected]

Docente de la Universidad Pedagógica Nacional – Integrante Grupo Interinstitucional de Investigación Geopaideia. 15

Email: [email protected] - [email protected]

Docente de la Universidad Pedagógica Nacional – Integrante Grupo Interinstitucional de Investigación Geopaideia. 16

Email: [email protected] - [email protected]

Docente de la Universidad EAN – Integrante Grupo Interinstitucional de Investigación Geopaideia. Investigador del 17

grupo Cultura y Gestión. Email: [email protected]

�47

Page 48: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

comprender la relación con y en el espacio en la esfera de lo público pues es allí en donde convergen ciudadanías, lo que implica también, entre otros, tensiones, conflictos, alternativas y manifestaciones de la vida urbana, las cuales son relevantes para la educación, así como para la enseñanza y aprendizaje del medio urbano.

PALABRAS CLAVE: espacialidad, espacio público y ciudad, formación ciudadana, formación docente, enseñanza y aprendizaje.

INTRODUCCIÓN

La ciudad como expresión de la creación humana, en palabras de Borja (2003), es una

de las máximas manifestaciones de transformación y dinámica; atributos que en Lefebvre

(1983) corresponden al carácter histórico que la acompaña y a su vez caracteriza; de esta

manera se comprende porque la ciudad se convierte en un escenario inacabado de estudio

e indagación. Desde diversos paradigmas de la geografía la ciudad se ha asumido, entre

otros, como: i) unidad y modelo que permite explicar fenómenos urbanos para pensar su

planificación y desarrollo; ii) resultado de lógicas y tensiones sociales asociadas con el poder

del espacio y los espacios de poder; iii) escenario fecundo para la interacción sujeto -

espacio como constructo socio - cultural. En esta perspectiva, el giro espacial acompañado

por el lingüístico y temporal, dan paso a la instauración de la espacialidad como posibilidad

para reconocer y comprender el complejo mundo de la ciudad y para posicionar al sujeto

como uno de sus mayores gestores y protagonistas.

Acorde con lo expuesto, la presente disertación presenta algunas consideraciones

sobre la relación espacio público y ciudad; seguido a ello se abordan algunos elementos de

la espacialidad, para dilucidar la necesidad de indagar esta perspectiva en relación con su

enseñanza y aprendizaje; estas intenciones son cobijadas por el interés de esta perspectiva

en la formación de docentes y de ciudadanos. Acompaña a este interés la formulación de la

propuesta de investigación, la cual es una provocación para pensar y dialogar este proyecto

desde la interacción con comunidades académicas interesadas y afines con los asuntos

urbanos y de las ciudades en general, para la cual se consideran algunos aspectos sobre la

enseñanza y aprendizaje de la espacialidad en lo público.

�48

Page 49: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

2. Algunas reflexiones sobre la ciudad y el espacio público: ¿Qué es lo público en lo espacial y qué es lo espacial en lo público?

La ciudad puede ser definida desde diversas acepciones dado su carácter y

naturaleza, de modo tal que en la presente disertación no se ingresará a especificar sus

múltiples consideraciones sino que, para este caso, se asume como un constructo social e

histórico que responde a interacciones políticas, culturales, económicas y socialmente

posicionadas de sus habitantes. De esta manera se evidencia un paso interesante en la

concepción de la ciudad como una unidad homogénea a ser reconocida como construcción

social.

Acorde con Páramo (2007) la ciudad es, por ella misma, un objeto interesante de

aprendizaje a partir de su arquitectura, estructura social e historia; no obstante también es

valiosa por la interacción de los ciudadanos en el espacio en el cual confluyen, y que

corresponde al escenario público, el cual finalmente corresponde al lugar en donde, por lo

menos desde su postulación, todos somos iguales, o por lo menos debemos ser asumidos

como iguales; por ello la cultura y la vida urbana en él aparecen como camino necesario para

potenciar sentidos, apropiaciones y significaciones. De allí que resulte relevante reconocer lo

que constituye a lo público de la vida urbana así como las maneras en las cuales se ha

trabajado, planificado e intervenido en relación con el papel de los ciudadanos y de la

ciudadanía que construye la vida urbana. Por tanto,

Es posible comenzar a conceptuar el espacio público de la ciudad como un ambiente de posibilidades pedagógicas entre las que están el revelar significados y contribuir a ofrecer oportunidades de aprendizaje a través de experiencias sociales que conduzcan a la interacción de los individuos con el espacio público (Páramo, 2007, p. 2).

Así, calles, parques, plazas, avenidas, centros comunitarios, barrios, escenarios de

confluencia de los habitantes urbanos se tornan en lugares fundamentales para reconocer la

vida en la ciudad como expresión de reconocimiento socio-espacial. Retomando a Lussault

(2015), la identidad de los lugares no aparece por ella misma sino que es resultado de la

iniciativa e invención de sus habitantes, quienes a partir de sus prácticas y vivencias

�49

Page 50: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

cotidianas le dan forma y consolidan el sello de una ciudad. De esta manera emerge una

tensión entre la ciudad de la política pública y de la administración ciudadana y la ciudad

que construyen sus habitantes, la cual suscita nuevas formas de ciudadanía alejadas incluso

de los planes para los cuales se pensaron áreas y espacios. Situación que, no es favorable o

desfavorable, pero que presenta la demanda por pensar y reconocer la ciudad como esfera

de lo público.

Esta dicotomía posee varias alternativas de abordaje, no obstante el reconocimiento

de los campos de la geografía humanística más precisamente, como se ha referenciado, con

el giro espacial y los auges de enfoques como la geografía fenomenológica, de la vida

cotidiana - GVC - y en general de las nuevas geografías, permite conectar a la espacialidad

como alternativa para comprender otras manifestaciones de la relación ciudad - espacio

público.

En este marco de referencia podemos afirmar que el espacio público se comprende

como el escenario donde se presenta lo que Manuel Delgado (2007) denomina lo urbano.

Entendiendo por éste, el conjunto de prácticas que hacen los habitantes sobre el espacio, el

sistema de relaciones sociales que las determinan y por ello es un espacio social, es decir un

lugar de encuentro entre extraños con miradas diferentes, las cuales no siempre son

armoniosas. Es interesante considerar la mirada del planificador y de la administración

pública, cuyo imaginario se centra en un espacio público neutral (Delgado, 2007) en el cual

la funcionalidad estaría dada por:

1) Asegurar la buena fluidez de lo que por él circule; 2) servir como soporte para las proclamaciones de la memoria oficial, monumentos, actos, nombres…-, y 3) ser objeto de todo tipo de monitorizaciones que hagan de sus usuarios...consumidores de ese mismo espacio que usan (p.17).

Los propósitos de densificación conllevaron a que en la organización del espacio

urbano hiciera irrupción los conjuntos de edificios residenciales, pero con una particularidad,

al interior de los nacientes conjuntos hay un espacio que hace parte del diseño que se toma

como espacio comunal pero de acceso restringido. Esta restricción se plasma en el

cerramiento del conjunto y la imposibilidad de acceder por parte de cualquier persona ajena

�50

Page 51: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

a él. Así, el cerramiento cumple una doble función respecto al espacio público; impide el

ingreso a personas desconocidas al conjunto y de otra parte, aísla a los que habitan en su

interior. Fernando De La Carrera (2015) señala cómo las puertas de los edificios no se abrirán

hacia la calle sino a zonas comunes interiores; de igual manera, muestra otro aspecto

revelador de los conjuntos encerrados y es como el aislamiento también reviste un carácter

temporal. El conjunto permanece en lo que el autor titula “Ciudad estática. Entornos

congelados” (Carrera, 2015, p.75). Finalmente, la vida del barrio ordenado en manzanas en

donde una de ellas no es edificada sino abierta, recibe el nombre de parque donde todos se

encuentran, se diluye en los nuevos conjuntos residenciales. Efectivamente en éstos las

responsabilidades son delegadas contractualmente a un tercero, llamado administrador. El

manejo y disposición de residuos, la seguridad e inseguridad, la convivencia, entre otros

temas, no se abordan colectivamente, los definen terceros, en algunos casos ni siquiera

residen en el lugar. Los muros que unen y separan son los encargados de brindar algún tipo

de sensación de seguridad y ello deriva en el desconocimiento absoluto o en su defecto

significativo del entorno. Este tipo de sucesos, los vemos en nuestros estudiantes, amigos,

familiares, en general en las actuales sociedades urbanas.

En consecuencia, pensar la ciudad como un escenario para la educación y el espacio

público por excelencia, permite vincular la experiencia individual y la experiencia colectiva

que construyen los ciudadanos en el espacio urbano. Su interacción está en el marco no solo

de la vida urbana, sino de la vida pública que exige asumir roles y responsabilidades en la

relación con los otros. Una ciudad que promueve la vida pública, abre la puerta a la

diversidad de experiencias y aprendizajes de sus ciudadanos: re-crearse, ejercitarse,

contemplar, apreciar, observar, estudiar, expresarse y hasta disentir, acciones que, en suma,

requieren de un escenario significante que sirva como mediador entre la vecindad, la

cercanía y la simultaneidad que plantea la vida urbana. De allí que explorar y descubrir

lugares en la ciudad debe ser una constante de la experiencia de los ciudadanos, en tanto la

vida cotidiana se constituye de encuentros: consigo mismo, con los otros y con el entorno. En

este sentido, los recorridos urbanos y los encuentros de ciudadanos alrededor del

reconocimiento de la ciudad son acciones muy importantes que deben ser estudiadas, así

como pensadas en la enseñanza y aprendizaje de la ciudad.

�51

Page 52: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

En la lectura formativa y pedagógica de distintos lugares públicos de la ciudad

encontramos lo espacial en lo público: la coexistencia de acciones y objetos movidos por la

energía de la experiencia de las personas, por la trayectoria de los lugares y por la

proximidad que garantiza la vida cotidiana. Mientras que lo público en lo espacial está

íntimamente ligado al tránsito incesante de la alteridad humana, de sus asuntos y obras

comunes; un tránsito que construye una red de lugares conectados por las particularidades y

manifestaciones de la vida pública (Castellanos, 2012). De allí que antes de recorrer el

espacio público de la ciudad debe leerse lo público como forma de interpretar a los otros;

antes de abordar lo público en la ciudad debe explorarse la ciudad como un conjunto de

lugares públicos.

3. Espacialidad en la ciudad: fundamento teórico para comprender otras manifestaciones urbanas

La geografía humanística permite abordar el campo de lo social y lo cultural

ampliando el horizonte conceptual del espacio geográfico; el estudio de la subjetividad

humana y su correlación con el espacio justifica la presencia de geógrafos que optaron por

el desarrollo de estudios en la estética del paisaje, la identidad humana en los lugares, los

problemas sociales y ambientales, la experiencia en el lugar, entre otros. Interés que

promueve una apertura conceptual de la geografìa puesto que “ […] los geógrafos

humanistas miran el ambiente y ven el lugar, escenario de las experiencias de la vida y

cargado de significado” (Delgado, 2003, p.106) [Énfasis agregado].

A la par, las perspectivas de los humanistas inspirados quizá en corrientes filosóficas

del existencialismo y de la fenomenología, proponen una alternativa nueva y diferente para

el estudio de la espacialidad en la relación con los seres humanos. Las geografías de corte

fenomenológico inspiradas en estudios de Husserl, acompañadas por el habitar que devela

Heidegger, construyen ejercicios de lectura espacial de los individuos casi que de manera

personalizada, aportando fundamentos valiosos para el posterior desarrollo de las geografías

personales en asocio con las geografías de la vida cotidiana. Este panorama es terreno

fecundo para el reconocimiento de la relación sujeto - espacio como realidad y alternativa

�52

Page 53: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

que aporta en la comprensión del espacio, en la presente reflexión, la ciudad y el espacio

público. En esta dirección se retoman argumentos de Massey (2005) al postular que,

1. El espacio es producto de interrelaciones. Se constituye a través de las interacciones, desde lo inmenso de lo global hasta lo ínfimo de la intimidad. 2. El espacio es la esfera la posibilidad de la existencia de la multiplicidad; es la esfera en la que coexisten distintas trayectorias, la que hace posible la existencia de más de una voz. Sin espacio, no hay multiplicidad; sin multiplicidad, no hay espacio. Si el espacio es en efecto producto de interrelaciones, entonces debe ser una cualidad de la existencia de la pluralidad. La multiplicidad y el espacio son co - constitutivos. 3. Por último, y precisamente porque el espacio es producto de las relaciones, relaciones que están necesariamente implícitas en las prácticas materiales que deben realizarse, siempre se está en proceso de formación, en devenir, nunca acabado, nunca cerrado (Massey, 2005, p.p. 104 - 105).

En similar sinfonía, Soja (1997) en relación con la trialéctica del espacio da apertura a

planteamientos expuestos por autores como Lefebvre y Tuan (1970) en relación con la vida

cotidiana de las personas en los lugares. Interesa a Soja reafirmar la espacialidad,

sociabilidad y temporalidad como categorías fundamentales para la comprensión del

espacio en tanto lo percibido, concebido y vivido constituyen una estructura necesaria de las

geografías personales; de esta manera la experiencia en el espacio emerge como elemento

clave para reconocer la espacialidad del espacio, pues la manera como las personas se

relacionan con los lugares, sus prácticas y cotidianidades son camino en la construcción de

dicha espacialidad. Camino que no fue reconocido históricamente en la geografía, y solo

recientemente se está validando, explorando e indagando.

La ciudad y su espacialidad debe abordarse desde al menos dos dimensiones, una

morfológica y una social. La primera, siguiendo a Zárate (2011) se presenta en la conjunción

entre el trazado urbano, las construcciones y el uso del suelo urbano, no solo como marco de

la experiencia en el espacio sino como catalizador de nuevas espacialidades. El trazado

tiende a mantenerse, la construcciones cambian paulatinamente y el uso del suelo se

actualiza de manera más rápida. Desde lo morfológico la ciudad tiene intensidades y ritmos

diferentes de sobrellevar el cambio social e histórico; los cambios morfológicos se dan

simultáneamente, pero sus efectos en la vida urbana están directamente relacionados con la

�53

Page 54: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

calidad de su intervención. El cambio sobre el uso del suelo impacta sobre el espacio

cotidiano y las relaciones efímeras en público (transeúnte, usuario o consumidor); el cambio

en las construcciones afecta las formas de habitar y las relaciones con los otros (vecinos,

familiares, comunidad o barrio), mientras que el cambio en el trazado urbano contradice la

estructura de la vida urbana misma: renovación urbana, espacio público, ordenamiento

territorial, la imagen de la ciudad o la planeación urbana.

En este sentido, la dimensión social de la espacialidad de la ciudad se centra no tanto

en el cambio de la morfología como en el cambio de los lugares. Para Lussault (2015) el lugar

constituye el espacio básico de la vida social y se caracteriza por ser una unidad espacial

compleja “porque en él se muestra la complejidad de la sociedad y porque resulta ya de una

combinación de principios espaciales elementales” (p.97-98). Estos principios tienen que ver

con la construcción de lugares a partir de la fijación de límites y la experiencia de la distancia,

fundamentales al pensar la ocurrencia de hechos espaciales. La dimensión social de la

espacialidad tiene que ver con la conversión de los lugares en “otros” lugares por medio de

los hechos espaciales; éstos requieren de espacio (un conjunto de fenómenos) y transforman

la espacialidad (un conjunto de usos) en este caso de la ciudad. Para que se configure un

hecho espacial se requiere de personas con un acervo espacial - o como los denomina

Lussault (2015) “operadores espaciales” - y de un marco espacial, o sea, un lugar con

características y cualidades que provienen de una trayectoria. El hecho espacial cualifica el

espacio, lo convierte en otro lugar, acorde con las condiciones de la experiencia del

operador espacial. Tanto el despliegue de un sistema económico sobre el espacio terrestre

como la relación psicológica de un sujeto con un lugar, representan usos que definen

cualidades y manifestaciones de la espacialidad de las ciudades contemporáneas;

recordemos que nuestras ciudades están signadas por la construcción de los lugares a partir

de los hechos socio - espaciales.

Seguramente, los hechos espaciales que se proyectan en el espectro de la

espacialidad de la ciudad están relacionados con los hechos permeados por lo público.

Podemos ejemplificar a partir de los movimientos sociales urbanos que plantea Harvey

(2014) como catalizadores de hechos espaciales que saltan a la escena pública,

reivindicaciones por el derecho a la ciudad, a la vivienda, el trabajo y la calidad de vida

�54

Page 55: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

urbana y por lo mismo son relevantes y necesarios tanto para la investigación como para su

reflexión en la enseñanza y aprendizaje de la ciudad así como en unas nuevas didácticas de

lo urbano.

4. Enseñanza y aprendizaje de la espacialidad en la esfera de lo público

La ciudad como objeto social manifestado de manera particular por medio de sus

espacios públicos necesita el desarrollo de proyectos de investigación que contribuyan en la

visualización de las formas como sus ciudadanos reconocen las esferas espaciales,

interactúan en ellas, las apropian, significan y transforman acorde con sus demandas y

necesidades plasmadas en las vivencias cotidianas en y con la ciudad.

En este orden de ideas, llama la atención investigar sobre cómo la ciudad y lo público

son manifestaciones de la espacialidad en la vida urbana susceptibles de enseñar y aprender.

Interrogante que traza como objetivo fundamental comprender al espacio público de la

ciudad en tanto expresión de la espacialidad y escenario de educación, enseñanza y

aprendizaje de la ciudad. En ese orden de ideas, la investigación pretende: a) Reconocer

espacios públicos representativos para habitantes bogotanos; b) Identificar espacialidades

presentes en los espacios públicos representativos de los bogotanos; c) Comprender la

espacialidad en lo público como manifestación de la vida urbana; d) Construir estrategias

pedagógicas y didácticas que contribuyan en el estudio y comprensión del espacio público

de la ciudad para fortalecer la educación espacial, la enseñanza y el aprendizaje del espacio

urbano; e) Contribuir en el reconocimiento de caminos y concepciones de la geografía

escolar, la didáctica de la geografía y la educación geográfica.

La investigación se adelantará con estudiantes de carreras de pregrado, docentes en

formación de las universidades Pedagógica Nacional y Distrital FJC de las líneas de

investigación en geografía y educación geográfica, y estudiantes de pregrado de la

Universidad EAN en campos de formación socio - humanística, particularmente en el marco

de la Cátedra Bogotá. Este panorama permite identificar una muestra poblacional

aproximada de 80 estudiantes; a su vez, considera la investigación seleccionar algunas de las

instituciones educativas en donde los docentes en formación adelantan prácticas

�55

Page 56: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

pedagógicas, lo que daría una muestra poblacional promedio de 150 habitantes de la

ciudad. Metodológicamente, la investigación será de corte cualitativa - interpretativa en tanto

interesa adelantar una hermeneútica de la espacialidad de lo público en Bogotá; en

consecuencia se privilegia la elaboración de mapas mentales, rutas urbanas personales,

relatos de vida en la ciudad, cartografìas perceptuales individuales y colectivas, grupos

focales, análisis documentales, literatura urbana, entre otros, como instrumentos de

investigación. La investigación se ejecutará en una primera fase para un periodo de doce

meses.

5. Formación docente y ciudadana como expresión de la espacialidad: ¿Por qué es importante indagar la espacialidad de lo público en la ciudad, en sus ciudadanos y en los docentes en formación?

En el año 2017 la Alcaldía Mayor de la ciudad realizó una presentación acerca de los

proyectos que tenía la actual administración con miras al año 2038 . En ese marco, se realiza 18

un recorrido en el Museo Casa Sámano visitando cada una de las presentaciones; llama la

atención un montaje en donde los visitantes del Museo, en este caso los estudiantes, podían

escuchar los sonidos de la ciudad. En pequeñas campanas de madera había un sonido

envolvente que capturaba la experiencia del ruido de la ciudad, como se puede apreciar en

la foto 1.

Entonces surgen diversas inquietudes; ¿por qué había que capturar los ruidos de la

ciudad en la que viven los estudiantes y llevarla a un museo para que sean reconocidos?,

¿por qué razones los habitantes de la ciudad no oyen los ruidos de su entorno? Entre las

premisas iniciales de la investigación proponemos que existe un extrañamiento mediado por

diversos factores entre el sujeto y su entorno inmediato. Esta desfamiliarización ha

conllevado a que el espacio público no tenga un reconocimiento como parte de la vida de la

ciudad o que se aprecie como segmento de conexión entre dos puntos, generalmente el de

vivienda y el de estudio o trabajo, aunando el espacio de rumba y esparcimiento.

Para más información se puede consultar: http://idpc.gov.co/2017/09/15/conoce-la-nueva-exposicion-bogota-proyecta-futuro-18

museo-bogota/

�56

Page 57: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Foto Nº 1. Visita de estudiantes al museo Casa Sámano

� Fuente: propia

Así el espacio público se viene resignificando a partir de los imaginarios que nos

propone, entre otros, Armando Silva donde se encuentran tres elementos: saberes, deseos y

emociones. Estos alimentan las imágenes o la expresión verbal y se convierten en acciones

(Silva, 2015). Una acción puede ser la invisibilización y la negación, las cuales son propias de

lo que este autor denomina como “la sociedad cotidianizada”. La realidad del espacio

público parece desvanecerse en el aire mediante la negación de lo que allí existe, es y se

observa.

Entonces la construcción de la espacialidad estaría mediada por la apertura de los

espacios públicos privados; es decir, espacios donde se permite el acceso a una parte de la

población pero el origen del mismo es de carácter privado, como sucede con los centros

comerciales (shopping center, mall); en palabras de Fernando de la Carrera, “... con la excusa

de tenerlo todo bajo un mismo techo, están transformadas las calles de su función de lugar

de intercambio y encuentro, para dejarlas como un simple conector entre partes” (2015, p.

25).

La única relación que parece validarse en los nuevos espacios de “socialización” es la

de oferta y demanda. Las nociones de tiempo, distancia, vecindad, solidaridad, desaparecen

o pasan a un segundo plano en el mejor de los casos. Las situaciones que se presenten se

reportan a la administración del lugar, de resto grabamos en los equipos tecnológicos

�57

Page 58: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

portátiles para subir a las redes sociales y perdemos así de vista el rol y función social del

ciudadano y del habitante de los lugares. Retomando a Carrera reafirmamos con él la

preocupación de que el valor estructurante de la relación en el espacio público sea la

desigualdad, sobre todo porque “el espacio público nace y se mantiene bajo el principio de

la igualdad de todos los que lo disfrutan y usan” (Carrera, 2015, p. 26).

La otra perspectiva está constituida por el espacio público que se genera en los

barrios cuyo ordenamiento, usualmente y gracias a las apropiaciones, significaciones y vida

cotidiana, está por fuera de los márgenes de la planeación urbana. Ya sea que su origen sea

legal o ilegal el elemento que predomina es la informalidad. La fuerte migración que se

presenta hacia la capital, en el caso de Bogotá, provoca que la necesidad de nuevas tierras

para vivienda se incremente y los espacios disponibles escasean, lo que suscita a su vez,

nuevas tensiones y dinámicas urbanas. En la construcción del barrio se prioriza los espacios

para las viviendas y las vías en detrimento del espacio público.

Esta situación redunda en la vida en comunidad (Coquimbo y otras, 2017). Los pocos

espacios que se dejan como públicos presentan regulares condiciones de calidad o ausencia

de ello, lo que provoca una fuerte percepción de inseguridad e incluso se pierde el interés

hacia lo público y al intercambio social. Dicho abandono acentúa el deterioro progresivo del

espacio dificultando el desarrollo de vínculo con el territorio (sentido de pertenencia) y la

construcción de comunidad (Coquimbo, 2017).

De allí la importancia de dar nuevas miradas al espacio público. Un espacio que se

privilegie como escenario de vida de las ciudades, como lugar de encuentro e incluso como

forma de resistencia ante el llamado al consumo de los espacios privados. Lo espacial, como

construcción colectiva se ha desvanecido, la apropiación del espacio público ha sido

delegada a terceros y la impotencia es un sentimiento que se generaliza. Por eso, el proyecto

de investigación que presentamos, es un deseo y una necesidad para ahondar en este tema

y poder determinar formas en que lo espacial se está dando entre las nuevas generaciones y

así visibilizar, pensar, construir y proponer alternativas para el disfrute y el bienestar de la

sociedad; por el derecho mismo a ella, lo que demanda también nuestro deber y

responsabilidad con y en ella.

�58

Page 59: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Borja, J. (2003). La ciudad conquistada. Alianza: Madrid. Caquimbo, S y otros. (2017). Espacio público, periferia urbana y derecho a la ciudad. Intervención parque Caracolí, Ciudad Bolívar. En: Revista Invi Nº 89 Mayo. Carrera, F. (2015). Rejalópolis: Ciudad de fronteras. En: Revista Escala 232, Julio. Pág. 14 a 27 Castellanos, F. (2012). Espacialidad de lo público en la ciudad contemporánea: horizonte de estudio para la geografía. En: Revista Anekumene, Vol 1, No 4. http://revistas.pedagogica.edu.co/index.php/anekumene/article/view/7536/6064 Recuperado el 12 mar. 2018 Cely, A. & Moreno, N. (2015). Concepciones e imágenes de ciudad. Universidad Pedagógica Nacional: Bogotá. Delgado, M. (2007). Sociedades Movedizas. Anagrama: Barcelona. Delgado, O. (2003). Debates sobre el espacio en la geografía contemporánea. Universidad Nacional de Colombia: Bogotá. Harvey, D. (2014). Ciudades Rebeldes. Barcelona: Akal. Lefebvre, H. (1983). La revolución urbana. Alianza: Madrid. Lussault, M. (2015). El hombre espacial. La construcción social del espacio humano. Amorrortu: Buenos Aires. McGuirk, J. (2014). Ciudades Radicales. Un viaje a la nueva arquitectura latinoamericana. Madrid: Turner Massey, D. (2005). La filosofía y la política de la espacialidad. Algunas consideraciones. En: Arfuch, L. (2005). Pensar este tiempo. Espacios, afectos, pertenencias. Paidós: Argentina. p.p.103 - 127. Páramo, P. (2007). El significado de los lugares públicos para la gente de Bogotá. Universidad Pedagógica Nacional: Bogotá. Tuan, Yi- Fu (2007). Topofilia. España: Melusina. Primera edición (1974) Topophilia. A study of enviorenmental percepción, attitudes and values. New Jersey: Prentice – Hall Inc. Silva, A. Imaginarios Urbanos como Espacio Público. Arquitecturas del Sur. (S.L.) P. 16 - 29 mayo de 2015 <http://revistas.ubiobio.cl/index.php/AS/article/view/795>. Recuperado el 12 mar. 2018 Soja. E. (1997). El tercer espacio en geografía. Ampliando el horizonte de la imaginación geográfica. En: Geographikós. Una revista de geografía. Territorios en redefinición. N° 8. Segundo semestre de 1997. VI Encuentro de Geógrafos de América Latina. Marzo 17 al 21 de 1997. Buenos Aires: Argentina. Zárate M. (2011). Paisaje, sociedad y cultura en geografía humana. Madrid: Universitaria Ramón Areces.

�59

Page 60: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

CONCEITOS E EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA

Paula Cristiane Strina Juliasz Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

[email protected] Livia Reis Dantas de Souza

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo [email protected]

RESUMO: Os conceitos localização e território e as habilidades do pensamento espacial, da argumentação e da solução de problemas são revistos e aprofundados em duas pesquisas do GEPED USP que têm em comum a preocupação com a aprendizagem conceitual na Educação Geográfica direcionada a uma possível constituição de um conhecimento poderoso em Geografia.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Educação Geográfica. Conceitos.

INTRODUÇÃO

A discussão que se levanta neste trabalho relaciona-se à aprendizagem de conteúdos

conceituais na Educação Geográfica. A reconsideração da importância do conhecimento

conceitual para o currículo da Geografia advém dos sociólogos da educação, em especial

Michael Young (BUTT, 2017). Até então, seguindo as ideias do sócioconstrutivismo, nos

currículos e na pedagogia, priorizava-se o ensino de habilidades. O retorno de uma

concepção de ensino-aprendizagem concentrada sobre conceitos e conhecimento teórico,

concebido por Young como conhecimento poderoso inspirou, inclusive, a elaboração do 19

Conhecimento poderoso é aquele que vai além do conhecimento cotidiano, é o conhecimento conceitual (teórico) 19

validado por comunidades científicas e acadêmicas, ou seja, por especialistas, sendo testável, revisável, promotor de justiça social ao ser concedido o acesso dele a todos, independente de classes sociais, através de novas formas de pensamento e raciocínio, com explicações confiáveis.

�60

Page 61: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

currículo de Geografia mais recente na Inglaterra, no que ficou conhecido como virada do

conhecimento ou knowledge turn.

Com essa reconversão, deveria-se dedicar esforços no sentido do o que ensinar, não

em detrimento da aprendizagem do como, mas buscando resgatar os conceitos na

aprendizagem, uma vez que, seguindo Young, o conhecimento teórico seria confiável e

consistente através dos consensos conquistados por meio de evidências, possuindo

explicações testáveis, delimitando fronteiras com outras ciências, inserido em domínios de

conhecimentos ou de especialidades, o que o torna valoroso e em muito distancia-se da

transmissão de meras informações.

Na repercussão desse debate para a Geografia, expandindo sua compreensão,

poderíamos questionar, no Brasil, como a Geografia escolar é compreendida? Qual seu

papel na escola? Quais conceitos e teorias da Geografia permitem imprimir ou expressar

esse papel da disciplina? Qual seria o conhecimento poderoso em Geografia escolar e como

a mudança conceitual se insere nessa discussão?

A Geografia contém em si um conhecimento que empodera pela possibilidade de

tomada de decisão ou de escolha entre decisões alternativas com base em questões do

cotidiano ampliadas na medida em que os conceitos da Geografia auxiliam a entender e

explicar os fenômenos. Isso já justifica o pensamento geográfico como um conhecimento

poderoso (BROOKS, BUTT e FARGHER, 2017). Conhecer o espaço é um conhecimento vital e

compreender o arranjo da paisagem e as redes e as relações em um território, por exemplo,

é fundamental para uma análise da realidade em uma perspectiva geográfica. Para isso, os

conceitos são elementos fundamentais. Então, como podemos levar esse conhecimento

poderoso para a sala de aula? Com quais estratégias, fundamentados em quais conceitos?

Debates contemporâneos na área de ensino de Geografia reconhecem que esse

conhecimento poderoso estaria atrelado, no geral, a descobrir novas formas de pensar;

melhor explicar e entender os mundo social e físico; pensar alternativas futuras e formas de

influenciá-las; apoderar-se do próprio conhecimento; ser capaz de participar em debates

significativos; ir além dos limites da experiência pessoal ou individual. Especificamente em

Geografia, fala-se acerca dos conceitos de espaço, lugar, ambiente e interconexão que têm

potencial de promover o pensamento holístico ao revelar as inter-relações de um fenômeno.

�61

Page 62: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Outra possibilidade que se apresenta é a de trabalhar com conceitos geográficos de

análise, de poder explicativo e de generalizações geográficas como, por exemplo, conceitos

de distribuição espacial, escalas espaciais, ou, ainda, lançar mão da comparação de lugares.

O estabelecimento de uma interconexão de conceitos, com a síntese entre dados/

informação culminaria na generalização/teorização ainda mais poderosa se inclui explicação

e previsão. Promover pensamento crítico pelo questionamento, concedendo poder

explicativo aos alunos através do conhecimento para poder se inserir nos debates e

conhecendo o mundo além do vivido é a grande colaboração da Geografia escolar ao

conhecimento poderoso (MAUDE, 2017).

Fögele (2017) enriquece o tema ao introduzir a ideia de conceitos chave (key

concepts). Os chamados conceitos chave são ideias ou enquadramentos analíticos da

estrutura de uma disciplina específica para descrever os mais relevantes processos e

fenômenos. São teorias, conceitos e modelos explicativos interconectados, configurando a

gramática da Geografia, dando sentido e significado pela perspectiva geográfica, ordenando,

interconectando e explicando temas, modelos e teorias da Geografia.

Os key concepts da Geografia apontados por Fögele (2017) são: 1. sistemas homem-

meio que reúnem a totalidade de elementos relacionados formando uma unidade funcional

com variados elementos, somados a sua dinamicidade, em um sistema aberto, sendo que ao

modelar o sistema é possível dar explicações, prognosticar, avaliar e implementar ações. 2.

Estrutura, função e processo que são componentes do sistema, além da escala sendo que a

estrutura relaciona-se à organização espacial e o processo diz respeito a mudanças espaciais.

3. Espaço e lugar que poderiam ser interpretados e aplicados como palco de

acontecimentos, sistema de relações, categoria de percepção ou, ainda, como um construto.

Dentro dessa concepção, a investigação geográfica integraria os conceitos chave e

eles, por sua vez, auxiliariam os alunos a compreender e propor investigações geográficas,

identificando pontos chave, encorajando à construção de conclusões e promovendo

orientação em investigações desafiantes.

Nesse sentido, na pesquisa de mestrado que está sendo aplicada foram elencados

conceitos geográficos que seriam considerados relevantes à formação geográfica e cidadã

do aluno. Território é um conceito que permite vincular conhecimento cotidiano e escolar,

�62

Page 63: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

através do estudo da cidade como objeto, sendo que o conhecimento científico alimenta

novos panoramas acerca dos conceitos. Apostamos que ao conhecer melhor seu território

vivido o aluno poderia criar mais laços identitários e maior envolvimento e participação

conscientes nas questões que afetam sua cidade, promovendo sua formação cidadã. Poder

entender o território em seus aspectos histórico, social, espacial, político, econômico, cultural

e simbólico, além de sua dinâmica, nas aulas de Geografia, ao superar as visões senso

comum que se têm acerca dele, constitui potencial transformador que se aproxima ao

conceito de conhecimento poderoso.

A aprendizagem de conceitos em Geografia e em qualquer outra ciência,

normalmente, demanda uma mudança conceitual, já que o aluno definitivamente não é uma

tábula rasa, especialmente quando se trata de assuntos como sua cidade, ou o território em

que habita. Há que se creditar influência dos conhecimentos prévios na construção de novos

conhecimentos de maneira que os alunos possam indagar, refletir e reconhecer as limitações

e a viabilidade de seus conhecimentos prévios. Dessa forma, a solução de problemas

vinculada à argumentação pode facilitar a aprendizagem de conceitos geográficos. A

resolução de problemas aporta enfrentamento dos conhecimentos prévios para constatar

suas limitações e incita uma investigação. Já os raciocínios disparados pela argumentação

têm um poder pedagógico imprescindível. O pensamento crítico e o questionamento

necessitam da habilidade argumentativa para que haja melhores explicações e

compreensões das temáticas abordadas. A avaliação de evidências dos dados, do contexto e

a realização de inferências são competências desenvolvidas por meio da argumentação que

promovem uma leitura mais rica do mundo. A argumentação possibilita ampliar o sentido de

um conceito ao articular evidências, buscar referências e articular refutadores. Numa

argumentação geográfica, Uhlenwinkel (2017) propõe que deve haver pelo menos um

conceito geográfico e que as escalas sejam contempladas para compreender um fenômeno.

Devemos considerar que a escola da Educação Básica, desde a Educação Infantil deve

ter propostas que deem o início ao desenvolvimento de conteúdos científico, tendo a

atenção voltada à criança, compreendendo-a como um sujeito integral e de direito ao

conhecimento. Neste sentido, entendemos que a Educação Geográfica por meio de noções

e princípios pode ser desenvolvida com crianças na Educação Infantil, com o objetivo de

�63

Page 64: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

relacionar os pré conceitos que as crianças trazem para escola com novos conceitos e

conhecimentos, em direção do desenvolvimento conceitual nos anos posteriores, a partir

dos anos iniciais.

Esses são direcionamentos em que a Geografia pode encaminhar-se. Neste trabalho,

abordaremos duas pesquisas desenvolvidas no contexto do Grupo de Estudo e Pesquisa em

Educação Geográfica: práticas interdisciplinares (GEPED) da FEUSP: “O pensamento espacial

na Educação Infantil: uma relação entre Geografia e Cartografia” (tese defendida em 2017) e

“Formação do cidadão territorial em aulas de Geografia: potencialidades do conceito de

território, da solução de problemas e da argumentação para a participação cidadã” (pesquisa

de mestrado em andamento). As duas pesquisas partiram da elaboração e desenvolvimento

de sequências didáticas, com o objetivo de compreender como as crianças aprendem. A

pesquisa de mestrado inclui como a aprendizagem de conceitos como território pode ser

fomentada, com acompanhamento do processo de aplicação de uma sequência didática

que contempla aprendizagem conceitual, argumentação e solução de problemas. Essa

temática pode constituir fonte relevante que vem a se somar às pautas do ensino de

Geografia atual. Enquanto que a pesquisa de doutorado tratou de analisar as interações

discursivas e a função das palavras no desenvolvimento do pensamento espacial e como

este concretizava-se na forma de representações bidimensionais.

METODOLOGIA

No ensino da Geografia, as crianças desde muito cedo passam pelo processo de

alfabetização cartográfica, o qual aborda conceitos cartográficos e noções espaciais e

fornece materialidade aos conceitos e conteúdos geográficos. O mapa, por exemplo, das

crianças introduz noções de representação do espaço, bem como a própria ideia de mapa

enquanto produção social, e ao desenhar, as crianças pensam sobre o espaço, e certos

conhecimentos geográficos podem ser introduzidos.

A ideia de mapa pressupõe a projeção das três dimensões do espaço terrestre sobre o

plano, o que envolve também as concepções de superfície terrestre e de planeta. Joseph

Nussbaum (1989), no texto “La Tierra como cuerpo cósmico”, afirma que o planeta enquanto

�64

Page 65: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

esfera situada em um espaço ilimitado não corresponde a uma concepção óbvia às crianças,

isto é aprendido e desenvolvido ao longo dos anos.

Para investigar as noções que as crianças têm em relação à ideia de planeta,

Nussbaum (1989) desenvolve uma série de investigações e conclui que as crianças

apresentam cinco percepções sobre a configuração do planeta: noção 1- a Terra é plana,

caracterizada pela linha do céu e do chão; noção 2- a Terra é uma bola enorme composta

por hemisfério, na qual vivemos dentro, e é impossível viver sobre ela; noção 3- a Terra é

esférica e sólida, mas não tem a noção de acima e abaixo; noção 4- o planeta é esférico e o

espaço rodeia a Terra, e passa a ter a referência para cima e para baixo; noção 5- planeta

esférico rodeado pelo espaço e os objetos têm queda em direção ao centro.

A construção da noção da forma do planeta auxiliará na construção de conceito

básico de representação: a projeção. Assim, com base nas conclusões de Nussbaum (1989),

propusemos uma sequência de atividades com o objetivo de mobilizar o pensamento em

relação à concepção de planeta, trabalhando com as noções em cima e embaixo,

introduzindo a ação gravitacional por meio do uso de materiais como a esfera, além do uso

de diferentes materiais que problematizassem duas visões em relação à representação do

espaço, a frontal e a vertical, a partir de uma linha curva e também de um plano de base.

Nessa sequência de atividades utilizamos a história infantil “A Pirilampeia e os dois

meninos de Tatipurum” (SANTOS, 2000), pois problematiza a localização dos personagens

em um planeta, então tomamos a localização como foco central, com o intuito de trabalhar a

concepção de que os objetos estão localizados e existem condições e conexões entre eles.

Para promover as mais variadas representações gráficas, com base em

conceitos espaciais, optamos pelo uso de materiais tais como esfera, maquete, linha

inclinada, linha de base e plano de base. A sequência é composta por seis atividades,

direcionadas a partir das seguintes questões: 1) Onde estão os meninos?; 2) O que existe de

diferente entre os lugares do Fulaninho e do Sicraninho?; 3) Qual foto o Fulaninho poderia

tirar nessa posição?; 4) Qual foto Pirilampeia poderia tirar enquanto voa?; 5) Qual foto

Pirilampeia poderia tirar do lugar onde vive Sicraninho?; 6) Como é a superfície, o chão, no

qual eles pisam? Todas as atividades tiveram o objetivo de mobilizar o pensamento espacial

em seu amplo âmbito, ou seja, considerando os conceitos espaciais, as representações e

�65

Page 66: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

habilidades do raciocínio espacial, favorecendo, por sua vez, reflexões sobre distância,

distribuição e localização, noções espaciais importantes para fundamentação de conceitos

geográficos.

Na pesquisa de mestrado em desenvolvimento, o conceito geográfico território é

traduzido na sala de aula numa abordagem que tem a cidade como objeto de estudo de

uma sequência de aulas que reúne atividades visando a aprofundar o conhecimento sobre o

território vivido dos alunos. A sequência foi elaborada incluindo habilidades que, após

revisão teórica na área de ensino de Geografia e ensino de Ciências, foram compreendidas

como importantes ao desenvolvimento do pensamento geográfico e à formação cidadã

como a solução de problemas e a argumentação. Assim, cada aula traz um questionamento

ou problema que os alunos, com evidências e conceitos trazidos para a classe, buscam

articular para expandir seu entendimento sobre seu território e, por consequência, sobre o

próprio conceito de território em si.

A sequência de aulas começou a ser aplicada em fevereiro de 2018 pela própria

pesquisadora com quatro turmas de 9º ano do Ensino Fundamental na cidade de Cubatão-

SP. Produções escritas dos alunos em aulas específicas serão coletadas como material para

análise do processo e para estabelecimento de critérios avaliativos que justifiquem ou não a

aprendizagem dos conceitos, - território e cidade - das habilidades - argumentar e resolver

problemas - e do impacto atitudinal quanto à formação cidadã..O modelo metodológico de

investigação educativa adotado é o da perspectiva interpretativa, nos moldes

apresentados por Sacristán e Pérez-Goméz (1998). Nessa perspectiva, considera-se que os

fenômenos educativos devem ser investigados in loco, na realidade em que é produzido, ou

seja, na dinâmica da aula. A finalidade desta investigação é a compreensão dos fenômenos

de aprendizagem dos objetivos da sequência e a formação dos envolvidos para que sua

atuação seja mais reflexiva, rica e eficaz.

RESULTADOS

O ponto de vista na Cartografia é fundamental para compreender a ideia de mapa,

então, ao longo das atividades sobre a superfície do planeta Tatipurum, as crianças

�66

Page 67: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

experimentaram alguns problemas gráficos: linha curva e plano de base. Além dessas

representações, inicialmente, as crianças manipularam esferas e desenharam o planeta e os

personagens da história, introduzindo a noção de planeta. Analisamos as produções das

crianças com o objetivo de entender os padrões estabelecidos em seus desenhos, tratando-

os como sistemas de representação. Estabelecemos, então, quatro categorias para

compreender como as crianças interpretam o planeta e a localização de pessoas e objetos

(Quadro 1):

A) Dentro: desenhos apresentam personagens dentro do planeta;

B) Superfície: desenhos mostram os elementos da história na superfície do planeta;

C) Transição: Alguns elementos ultrapassam a linha do planeta e outros permanecem na

superfície;

D) Sem localização: desenhos apresentam elementos da história, mas não respondem a

pergunta “onde estão os personagens?”;

�67

Page 68: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Quadro 1 - Categorias e desenhos

Fonte: Juliasz (2017, p. 120).

A categoria A diz respeito à noção 2 de planeta tratada por Nussbaum, quando o

planeta é compreendido como uma bola enorme composta por hemisfério, na qual vivemos

dentro e é impossível viver sobre ela. Esses desenhos foram elaborados após a manipulação

dos personagens em uma esfera, o que pode ter mobilizado muitos a realizarem desenhos

da categoria B e C. Alguns desenhos não mostraram a localização, conceito central das

atividades, invocado pela palavra onde.

A categoria B, especialmente o desenho de ING, apresenta o espaço rodeando o

planeta esférico, o que pode ser verificado pelas nuvens e sóis, o que indica noções

próximas a 4 e 5 de Nussbaum, porém não podemos afirmar com total certeza, pois outras

questões que envolvessem a gravidade deveriam ser realizadas.

A)

!

JOJ (5,8)

D)

!

DAN (5,7)

B)

!

ING (5,6)

C)

!

LAO (6,1)

�68

Page 69: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

A partir desses estudos práticos com fundamentos na literatura do campo do

pensamento espacial desenvolvido pela Educação Geográfica, estabelecemos alguns

referenciais teórico-metodológico quanto aos conceitos e às habilidades que

problematizamos com as turmas de cinco a seis anos de idade, a partir das representações

espaciais discutidas (Quadro 2).

Quadro 21. Conceito e habilidades desenvolvidas nas atividades

Fonte: Juliasz (2017, p. 128).

Essas foram habilidades e conceitos trabalhados na tese, por meio de certas situações

de ensino, o que torna necessário afirmar que outras tantas podem ser desdobradas desta a

fim de ampliar os referenciais e desenvolver o pensamento espacial.

Conceitos Habilidades

Localização Fundamental para situar lugares e objetos

Hierarquia espacial Identificar que um lugar ou objeto está dentro ou fora de um determinado espaço Palavras: dentro/fora.

Condição Classificação dos elementos

próprios de um lugar ou

objeto

Comparação espacial Classificar os aspectos que se assemelham e diferenciam em dois espaços. Palavras: mais/menos, largo/estreito, maior/menor Influência espacial Identificar e criar referenciais para determinar a posição de um lugar ou objeto. Palavras: perto/longe

Conexão Como os lugares e

objetos estão conectados

Influência espacial Verbalizar a posição de um objeto ou lugar tomando como referência outro. Palavra: acima/abaixo. Transição ou sequência espacial Identificar a ordem dos objetos e lugares em um espaço. Palavras: antes, primeiro, depois.

Mapa Representação

do espaço Criação de

equivalentes

Hierarquia espacial Localização de elementos em um plano de base Transição ou sequência espacial Localização de lugares em uma ordem, segundo uma linha de base.

�69

Page 70: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

O uso de diferentes linguagens (verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal) é

importante para desenvolver os conceitos, expressando e comunicando suas ideias diante

de um problema. Além disso, podemos ampliar esses conceitos em direção a um ensino

integrado, pensando nas grandes áreas que compõem a Educação Infantil, tendo como base

a natureza multidisciplinar do pensamento espacial.

A pesquisa de mestrado está em andamento portanto ainda não existem resultados

finais. A coleta de produções escritas dos alunos para averiguação dos conhecimentos

prévios já foi realizada e trouxe pistas sobre o que eles sabem sobre a cidade. Esse seria o

ponto inicial do processo que permitirá ao final da sequência didática realizar comparações

e inferências sobre o aprendido e o não aprendido.

A cidade de Cubatão, no estado de São Paulo, é vista pela maioria muito relacionada

às atividades práticas que eles realizam e nas preocupações que rondam o dia a dia dos

adolescentes, como as idas ao parque e à lanchonete, assim como aproximam-se de uma

influência que pode derivar da família e das mídias, o que pode ser visto nas menções sobre

o desemprego na cidade, a precariedade do hospital municipal, ou ainda às conotações

negativas a respeito da cidade e de sua administração, talvez demonstrando uma

desidentificação com seu território. Uma tabela e uma ilustração (figura 1) foram elaboradas

buscando sintetizar as concepções prévias da maior parte dos alunos.

REFERÊNCIAS

BROOKS, C. BUTT, G. e FARGHER, M. The power of geographical thinking.  In BROOKS, C. BUTT, G. e FARGHER, M. (orgs). The power of geographical thinking. Switzerland: Springer, 2017. BUTT, G. Debating the place of knowledge within geography education: reinstatement, reclamation or recovery? In BROOKS, C. BUTT, G. e FARGHER, M. (orgs). The power of geographical thinking. Switzerland: Springer, 2017. FÖGELE, J. Acquiring powerful thinking through geographical key concepts.  In BROOKS, C. BUTT, G. e FARGHER, M. (orgs). The power of geographical thinking. Switzerland: Springer, 2017. JULIASZ, P. C. S. O pensamento espacial na Educação Infantil: uma relação entre Geografia e Cartografia. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo, 2017.

�70

Page 71: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

MAUDE, A. Applying the concept of powerful knowledge to school geography.  In BROOKS, C. BUTT, G. e FARGHER, M. (orgs). The power of geographical thinking. Switzerland: Springer, 2017. NUSSBAUM, J. La tierra como cuerpo cósmico. In: DRIVER, R; GUESNE, E. TIBERGHIEN, A. Ideas científicas em la infância y la adolescência. Traduzido por Pablo Manzano. Madrid: Ediciones Morata. 1982, p. 259 – 290. SACRISTÁN, J. G. e PÉREZ GOMÉZ, A.I. Compreender e transformar o ensino. Trad. Ernani F. da Fonseca Rosa. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. SANTOS, J. R. A Pirilampéia e os dois menino de Tatipurum. São Paulo: Editora Ática. 2000. UHLENWINKEL, A. Geographical thinking: is it a limitation or powerful thinking?  In BROOKS, C. BUTT, G. e FARGHER, M. (orgs). The power of geographical thinking. Switzerland: Springer, 2017.

�71

Page 72: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

�72

Grupo de Trabalho 2:

FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS PARA O

ENSINO DE GEOGRAFIA

Page 73: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

POR UMA CONSTRUÇÃO DO RACIOCÍNIO GEOGRÁFICO PARA

ALÉM DO PENSAMENTO ESPACIAL (SPATIAL THINKING)

Patrícia Assis da Silva Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia Departamento de Geografia, Instituto de Geociências / IGG

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) [email protected]

Valéria de Oliveira Roque Ascenção Professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia

Departamento de Geografia, Instituto de Geociências / IGG Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

[email protected] Roberto Célio Valadão

Professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia Departamento de Geografia, Instituto de Geociências / IGC

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) [email protected]

RESUMO: Neste artigo procuraremos, através de uma pesquisa documental, cotejar as compreensões sobre Pensamento Espacial, presentes no Learning to Think Spatially: GIS as a Support System in the K-12 Curriculum (NRC, 2006), às pesquisas nacionais dedicadas a identificação dos componentes e movimentos intelectuais envolvidos num Raciocínio Geográfico. Através da identificação de aproximações, distanciamentos e discordâncias entre os trabalhos analisados, buscamos um delineamento, ainda que incipiente, daquilo por nós compreendido como Raciocínio Geográfico. Tal raciocínio é por nós tomado como necessário ao estudo da espacialidade de um dado fenômeno e, em decorrência, à compreensão de Práticas Espaciais.

PALAVRAS-CHAVE: Pensamento Espacial; Raciocínio Geográfico; Espacialidade do Fenômeno; Práticas Espaciais.

�73

Page 74: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

INTRODUÇÃO

A Base Nacional Curricular Comum – BNCC enfatiza que o ensino de Geografia

possibilita a compreensão do espaço. Não obstante, para que os alunos realizem,

fundamentados em preceitos geográficos, a propalada leitura do mundo em que vivem esta

mesma Base afirma ainda como essencial o estímulo a pensar espacialmente, mediante

desenvolvimento de uma modalidade específica do raciocínio, adjetivado de geográfico

(BRASIL, 2017). Esta expertise constituiria, pois, um modo de pensar que guarda

especificidades necessárias à compreensão das práticas espaciais (SOUZA, 2013). Mediante

a lida com signos e representações, notadamente em situações de ensino, os alunos devem

construir aprendizagens conceituais que os instrumentalizem para a produção de

interpretações geográficas (CALLAI, 2006).

Encetamos afirmando que através deste exercício intelectual – o Raciocínio Geográfico

– são produzidas compreensões relativas à espacialidade de fenômenos. Para Roque

Ascenção e Valadão (2017b), essa espacialidade se constitui na dialética entre “onde?”, “o

que?” e o “como?” posta a serviço da compreensão da relação entre a atuação de um

fenômeno sobre um espaço e, ao mesmo tempo, desse espaço sobre o fenômeno que nele

ocorre. É por meio desta retroalimentação constante de ambas polaridades, tão fundamental

à análise da espacialidade do fenômeno, que se desvelam as práticas espaciais. Neste

contexto, o Raciocínio Geográfico constitui um modus operandi do intelecto que permite a

decodificação da dialética espaço/fenômeno, sine qua non do fazer geográfico (ROQUE

ASCENÇÃO, VALADÃO, 2017b).

Nos anos da educação básica caberia à Geografia Escolar, mediante o ensino desse

modus operandi (do Raciocínio Geográfico) a interpretação de práticas espaciais. À medida

que tal interpretação fosse desenvolvida seriam ensinados conceitos e processos que

permitiriam a compreensão, para além do senso comum, das práticas espaciais em estudo

pelos educandos.

Com base nesta perspectiva é que o Grupo de Estudos em Ensino e Pesquisa em

Geografia – GEPEGEO (UFMG), coordenado pelos professores Valéria de Oliveira Roque

Ascenção e Roberto Célio Valadão, tem, desde 2012, conduzido suas atividades de pesquisa,

�74

Page 75: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ensino e extensão. Esta última, dedicada sobretudo à formação continuada de professores

de Geografia das redes públicas e privada, foca no desenvolvimento de abordagens

metodológicas para a Geografia Escolar, apoiando-se sobremaneira em Bloom (1971), Piaget

(1986), Vigostky (1979), Shulman (1986), Souza (2013), Gomes (1996; 2017), Dauphiné (1991)

e Cavalcanti (2002; 2017).

As ações desenvolvidas pelo GEPEGEO (ROQUE ASCENÇÃO, VALADÃO, 2014, 2016,

2017a, 2017b) até o momento indicaram que, ao realizarem atividades com a finalidade de

interpretar uma situação espacial, os professores: (i) tratam isoladamente os componentes

espaciais, desconsiderando as interações entre diferentes componentes como base para o

entendimento das organizações espaciais; (ii) revelam dificuldades ao operarem com o tripé

metodológico da Geografia – localizar, descrever e interpretar; (iii) raramente articulam seu

saber-fazer com a totalidade dos conceitos estruturadores da ciência Geografia – espaço,

escala e tempo; (iv) reconhecem o tripé metodológico da Geografia, seus conceitos

fundantes (estruturadores e estruturantes, tal qual como proposto por Roque Ascenção e

Valadão, 2017b) como base do fazer geográfico, mas deles não se apropriam na produção

de suas práticas pedagógicas.

Diante do exposto, acredita-se que a formação inicial e continuada de professores não

tem favorecido os conhecimentos necessários à construção de um Raciocínio Geográfico

junto aos futuros docentes. Simultaneamente, tais sujeitos não aprendem a interpretação da

espacialidade dos fenômenos, mas sim, quando muito, o estudo de componentes espaciais

isolados (ROQUE ASCENÇÃO, VALADÃO, 2017b), numa perspectiva distanciada do fazer

geográfico (GOMES, 2017).

Mas o que constitui então o tal Raciocínio Geográfico? Há, de fato, um raciocínio

específico e essencial à compreensão das espacialidades de um dado fenômeno, ou teria ele

um caráter generalizado e não particular? Quais os componentes que engendram um

Raciocínio Geográfico? Pensamento Espacial (Spatial Thinking) e Raciocínio Geográfico são

sinônimos? Estas são as questões que justificam a produção deste texto; embora saibamos a

distância que separa em nós as indagações das possíveis respostas, ousamos propor essa

discussão.

�75

Page 76: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Para tanto, este trabalho foi organizado de modo que, de início, buscamos discutir

possíveis aproximações, distanciamentos e incompletudes entre Pensamento Espacial e

Raciocínio Geográfico. É o momento em que nos defrontamos com as seguintes indagações:

O Pensamento Espacial subsidia a construção de um Raciocínio Geográfico? Como? Em

seguida é efetivada a exposição de algumas inferências acerca daquilo que se engendra

quando da produção de um Raciocínio Geográfico.

Desde já, aqui registramos tanto nossa clareza quanto à incipiência das discussões

postas a seguir, quanto nossa crença na relevância em tomá-las como pauta. Nessa afirmativa

encontramos o apoio para a escolha metodológica na construção deste trabalho: a pesquisa

documental, tomando como referência as considerações presentes no Learning to Think

Spatially: GIS as a Support System in the K-12 Curriculum (NRC, 2006), as produções textuais

decorrentes das pesquisas do Grupo de Estudos em Ensino e Pesquisa em Geografia –

GEPEGEO (UFMG) efetivadas no período de 2012 a 2017 e autores dedicados à reflexão

sobre o fazer geográfico.

Pensamento Espacial e Raciocínio Geográfico – aproximações?

A expressão ‘Pensamento Espacial’ tem sua utilização desde a década de 2000 em

textos diversos produzidos no contexto de diferentes áreas do conhecimento. Entretanto, foi

a partir da publicação do relatório intitulado Learning to Think Spatially: GIS as a Support

System in the K-12 Curriculum (2006) que tal conceito ganhou sistematização e clareza

quanto as suas propriedades.

O Pensamento Espacial (Spatial Thinking) é um conceito interdisciplinar que perpassa

notadamente pela Matemática, Geografia, Psicologia Cognitiva, Engenharia, Medicina, Artes

Visuais e pela Arquitetura, sem, contudo, excluir possíveis outras conexões com demais áreas

do conhecimento. O referido relatório tornou-se referência para pesquisadores nos Estados

Unidos e ganhou notoriedade internacional ao apresentar textos desenvolvidos por

investigadores de campos científicos distintos, com vistas a identificar as bases constituintes

do Pensamento Espacial.

�76

Page 77: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

O relatório define Pensamento Espacial como aquele constituído por três elementos

principais: conceitos espaciais, formas de representação e processos de raciocínio, atuantes

em sistema amálgama (NRC, 2006, ix; tradução nossa). Pensamos espacialmente quando

operamos com um ou mais conceitos espaciais, como posição, distância, localização,

direção. As formas de representação do espaço podem ser internas, aquelas que constituem

na capacidade de criação e manipulação de imagens mentais, como também externas, ou

seja, as representações físicas como fotografias, mapas, maquetes, blocos diagramas e

gráficos. Os processos cognitivos definem a cognição envolta na mobilização de conceitos e

representações espaciais, como também possibilitam o avanço da informação espacial para

o conhecimento espacial (DUARTE, 2017).

Ressaltamos que o relatório não teve como foco definir o termo Raciocínio Geográfico,

pois seu objetivo foi apresentar os elementos integrantes do Pensamento Espacial. Embora

reconheçamos o valor do Pensamento Espacial, encontramos em seu conceito noções que

talvez destoem da ideia de Raciocínio Geográfico. Duarte (2016) afirma que o pensamento

espacial é onipresente e, em consonância com o relatório do NRC (2006), ocorre ele em três

contextos denominados geográficos: (i) geografia dos espaços cotidianos; (ii) geografia dos

espaços físicos e sociais; e (iii) geografia dos espaços intelectuais (NRC, 2006).

Para nós, a ideia de uma geografia dos espaços cotidianos atende ao Pensamento

Espacial, contudo, não decorre necessariamente no processo de elaboração de um

Raciocínio Geográfico. O exercício de percepção e locomoção no espaço, a reorganização

de móveis em um quarto, o percorrer de um trajeto tendo como base as informações dadas

por outra pessoa são ações espaciais, as quais demandam um pensamento que considere

localização, distância, direção. No entanto, tal pensamento não se constitui, do nosso ponto

de vista, um Raciocínio Geográfico. Este último, de maior complexidade que o primeiro,

pressupõe e exige ações que articulem outros componentes para além da mera localização,

distância e direção. O mesmo afirmamos em relação à criação de imagens mentais, as quais

são formadas sobre locais, figuras, objetos, sistemas biológicos (respiração, digestão,

circulação). Não há aqui, pois, uma especificidade geográfica, mas, reconhecemos que tudo

isso envolve um Pensamento Espacial. A localização cotidiana de pessoas, espaços, objetos é

uma ação do senso comum, que não exige a operação com instrumentos de trabalho,

�77

Page 78: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

conceitos, competências e aptidões específicas da Geografia (GOMES, 2017). Assim sendo,

na contramão do que se afirma no Learning to Think Spatially: GIS as a Support System in the

K-12 Curriculum (2006) questionamos, com base em dimensões epistêmicas, a denominação

‘geografia dos espaços cotidianos’. Não há Geografia nessas ações; há sim deslocamentos,

movimentos, ou seja, substantivos que constituem o fazer geográfico caso se associem a

toda uma ordem de pensamento decorrente de um conhecimento científico – a ciência

Geografia.

O segundo contexto do Pensamento Espacial tem como foco o conhecimento científico

que é utilizado para pensar sobre o espaço. Vejamos um exemplo: um morador que reside

em área susceptível à inundação deveria, em sua escolarização, ser munido de elementos

conceituais e processuais que o deixasse atento à relação entre componentes físicos e

humanos ali presentes e as decorrências possíveis a partir das interações entre os referidos

componentes. Tal ideia, apresentada no Learning to Think Spatially: GIS as a Support System

in the K-12 Curriculum (2006), condiz com a nossa compreensão acerca de um Raciocínio

Geográfico e, assim sendo, é basilar tanto para a produção da ciência, como para sua ação

como disciplina escolar no nível básico do ensino. No entanto, apresentamos também

discordâncias em relação ao que o referido relatório considera contexto do Pensamento

Espacial Geográfico (NRC, 2006). Para nós, o foco geográfico está nas relações natureza/

sociedade, bem como na estrutura e função dos fenômenos que geram Práticas Espaciais

(SOUZA, 2013) em diferentes escalas geográficas. A distinção entre o que consideramos

Raciocínio Geográfico, diante da compreensão do Pensamento Espacial (NRC, 2006), pode

parecer sutil, mas não é. A escala apontada no relatório transita do nível “microscópico ao

astronômico” (NRC, 2006, p.30). Para nós, a escala geográfica é concernente à espacialidade

de um dado fenômeno; ao interpretarmos tal espacialidade acessamos compreensões

relativas às Práticas Espaciais que ocorrem na escala do espaço geográfico (SANTOS, 2002).

Aclarando: a escala geográfica define-se a partir do espaço onde coexistem e se relacionam

diretamente homem e natureza, através de um conjunto de sistemas de objetos e ações

(SANTOS, 2002).

O relatório apresenta ainda um terceiro contexto denominado ‘geografia dos espaços

intelectuais”. Ao nosso ver, reside aqui grande barreira quanto à associação direta entre

�78

Page 79: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Pensamento Espacial e Raciocínio Geográfico. Todo Raciocínio Geográfico é essencialmente

espacial, mas a recíproca não é verdadeira, pois nem todo Pensamento Espacial constitui

uma leitura geográfica de um fenômeno. A proposição dos autores no trecho do relatório

que trata da ‘geografia dos espaços intelectuais’ traz situações que contêm espaços, por

exemplo, relações familiares. Daí perguntamos: há alguma situação em que espaços estejam

ausentes? Pensamos que não! Contudo, simplesmente assumir que o cálculo métrico de

distância, a exploração visual de um conjunto de dados, a construção de um mapa de

anomalias gravitacionais, ou até mesmo a leitura da paisagem como local formado por

montanhas e vales estão aquém da compreensão geográfica de um fenômeno. Mais que

isso, ao afirmar que “duas proposições linguísticas” encerram um espaço intelectual

geográfico, em virtude de ali se fazer presente, metaforicamente geográfico um espaço, o

relatório recai na noção de espaço como palco, “um espelho da dinâmica social” (SOJA,

1993, p. 107) Todos os casos exemplificados, neste terceiro contexto, não são efetivamente

geográficos. O termo Geografia é utilizado de maneira vaga e distanciada do objeto desta

ciência: as práticas espaciais (SOUZA, 2013).

Nossa compreensão do que viria a ser um Raciocínio Geográfico aproxima-se, no

Learning to Think Spatially: GIS as a Support System in the K-12 Curriculum (2006), quando se

afirma no relatório que o Pensamento Espacial possui três funções: (i) função descritiva, a

qual permite localizar objetos e estabelecer as relações topológicas entre eles; (ii) função

analítica, a qual permite a compreensão das estruturas espaciais do objetos; (iii) função

inferencial, geradora de respostas para perguntas sobre evolução e funcionamento de

objetos. Aqui encontramos algumas especificidades da interpretação geográfica, por nós

compreendidas como constituintes de um Raciocínio Geográfico. Soma-se a este encontro

de ideias a compreensão de que o Pensamento Espacial não é estático, mas sim um

processo dinâmico que nos permite localizar, descrever e explicar.

Ainda assim indagamos: O que será localizado, descrito e explicado? A partir de quais

movimentos intelectuais, além dos citados? De que objetos e estruturas espaciais estamos

tratando quando operamos com um Raciocínio Geográfico? Há outros constituintes além

daqueles já aqui postos no denominado por nós Raciocínio Geográfico? Vão eles além dos

limites definidos para o Pensamento Espacial?

�79

Page 80: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

O Pensamento Espacial pode ser externalizado por meio de representações

cartográficas, a exemplo de mapas, maquetes, gráficos e desenhos convencionais, táteis e

sonoros. Estas são linguagens que favorecem a representação, organização e expressão do

espaço geográfico. É certo que linguagens nos auxiliam na percepção das relações entre

diferentes componentes que perfazem uma dada espacialidade dos fenômenos e, desse

modo, favorecem elas nossa compreensão das práticas espaciais.

Até aqui identificamos nossas aproximações, distanciamentos, concordâncias e

discordâncias entre Pensamento Espacial e Raciocínio Geográfico. Mas cabe ainda

perguntar: Em que consiste um Raciocínio Geográfico?

Novamente, consideramos relevante demarcar que temos discordâncias quanto à

compreensão de Geografia presente no Learning to Think Spatially: GIS as a Support System

in the K-12 Curriculum (NRC, 2006). Para nós, tais divergências por vezes reforçam a ideia de

que o Pensamento Espacial bastaria para as interpretações geográficas. Ao mesmo tempo,

diante deste entendimento do relatório do NRC (2006), compreendemos estar ele vinculado

à concepção de Geografia e do fazer geográfico como sinônimo de Geociências, comum aos

Estados Unidos e a Inglaterra, dentre outros países. Reforçamos ainda que nossa perspectiva

geográfica está assentada no conceito de espaço geográfico, posto por Milton Santos

(2002).

Este texto constitui um esforço de diálogo entre o relatório do NRC (2006) e nossas

evidências de pesquisa construídas desde 2012 e que nos levaram a produção de algumas

inferências sobre o que poderia constituir um Raciocínio Geográfico. Assim, não há aqui um

objetivo de desqualificação do trabalho exposto no Learning to Think Spatially: GIS as a

Support System in the K-12 Curriculum (NRC, 2006). Ao contrário, ressaltamos a relevância

que parte do que se afirma nesse documento acerca do Pensamento Espacial está na base

de um Raciocínio Geográfico para o ensino da ciência geográfica. Porém, não concordamos

quando o relatório toma os componentes do Pensamento Espacial, em linha direta, como

suficientes à interpretação geográfica.

Retomamos algumas de nossas concordâncias e contribuições do referido relatório à

estruturação de um Raciocínio Geográfico, mas essas serão apresentadas seguidas de

apontamentos que, para nós, tornariam o que o NRC (2006) aponta constituinte daquilo que

�80

Page 81: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

denominamos Raciocínio Geográfico. Assim, a percepção e o percorrer de um trajeto tendo

como base as informações de origens diversas, o reconhecimento da localização, distância,

direção e a criação de imagens mentais norteadas por questões espaciais são por nós

acordadas como essenciais para a compreensão das Práticas Espaciais. O conhecimento

científico é fundamental ao exercício geográfico na Geografia Escolar e em tantos outros

fazeres geográficos. Somam-se aos anteriores a noção de escala, adjetivada geográfica e

para além da escala absoluta por vezes recorrente tratada como sinônimo da anterior, em

aulas de Geografia, na formação de professores e pela própria Cartografia. A produção de

mapas mentais, de coremas, de mapas assentados na Cartografia Sistemática ou Social,

entendemos, são linguagens fundamentais para a representação e a expressão de questões

espaciais. Contudo, tais instrumentos representacionais solitariamente, sem a ancoragem em

questões voltadas à organização do espaço, não traduzem a interpretação geográfica que

buscamos e defendemos.

Localizar, descrever, inferir, analisar são habilidades cognitivas imprescindíveis ao

Raciocínio Geográfico. Todavia, tais ações somente se concretizam solidamente edificadas

sobre alguma questão e, no caso da Geografia, questões referentes à compreensão das

Práticas Espaciais. Os movimentos cognitivos anteriormente citados devem vir associados ao

reconhecimento dos processos espaciais lidos através de uma ordem conceitual específica

da Geografia ou que atende ao entendimento das relações interativas entre componentes

espaciais (físicos e humanos). Esse entendimento seria buscado ao que denominamos por

espacialidade do fenômeno e tal busca seria a operacionalização de um raciocínio específico

– o Raciocínio Geográfico.

No momento atual, qual tem sido nossa busca? Primeiro, identificar quais são os

possíveis outros constituintes de um Raciocínio Geográfico, para além dos que apontamos

neste texto e além dos apontados pelo NRC (2006), com os quais demonstramos

aquiescência. Buscamos também compreender como os constituintes apontados e os

demais a ser identificados se engendram a partir de posicionamentos cognitivos e

metodológicos, que respeitem os métodos diversos que hoje subsidiam as interpretações

geográficas.

�81

Page 82: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Por fim, cabe um destaque importantíssimo: não apostamos na existência única de um

Raciocínio Geográfico. Possivelmente, combinações outras devem existir, advindas da

multiplicidade de pesquisas que tomem como central a realização de uma interpretação na

qual o espaço geográfico seja central e não um mero palco.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como afirmamos ao longo do trabalho, temos aqui um diálogo entre compreensões

que se aproximam e distanciam quanto ao movimento intelectual do Pensamento Espacial

necessário ao desenvolvimento de um Raciocínio Geográfico. Para tanto, cotejamos a

posição sistematizada ao longo do Learning to Think Spatially: GIS as a Support System in the

K-12 Curriculum (NRC, 2006), às pesquisas que temos realizado no GEPEGEO.

Destacamos a necessidade do desenvolvimento de debates similares que busquem

aclarar o conceito de Raciocínio Geográfico. Tal debate poderá fomentar ações pedagógicas

no ensino de Geografia na educação básica. Mais ainda, poderá contribuir para a construção

de metodologias destinadas à formação inicial e continuada de professores geógrafos, os

quais, não raramente, permanecem trabalhando componentes espaciais isolados, não

produzindo interações entre os mesmos e assim realizando práticas assentadas na

fragmentação espacial.

É fato comum nos depararmos com documentos curriculares que exigem esforços

docentes próximos à operacionalização de um Raciocínio Geográfico. Como demandar

empenhos nessa direção por sujeitos que em suas ações formativas, pouco ou nada,

entraram em contato com movimentos intelectuais distanciados da referida fragmentação?

Caminhemos!

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação – Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: ME/SEB, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf Acesso em 15 de março de 2018. CALLAI, Helena Copetti. A Articulação teoria-prática na formação do professor de geografia. In: SILVA, Ainda Maria Monteiro et al. (Orgs.). Educação formal e não formal, processos

�82

Page 83: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

formativos, saberes pedagógicos: desafios para a inclusão social. Recife: ENDIPE, 2006. p. 143- 161. DUARTE, Ronaldo Goulart. A linguagem cartográfica como suporte ao desenvolvimento do Pensamento Espacial dos alunos na educação básica. Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v. 7, n. 13, p.187-206, 2017. Disponível em: <http://www.revistaedugeo.com.br/ojs/index.php/revistaedugeo/article/view/493/235>. Acesso em: 15 de março de 2018. DUARTE, Ronaldo Goulart. Educação Geográfica, Cartografia Escolar e Pensamento Espacial no segundo segmento do ensino fundamental. 2016 Tese (Doutorado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. GOMES, Paulo César da Costa. Quadros geográficos: Uma forma de ver, uma forma de pensar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017. 160 p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Learning to think spatiall: GIS a support system in the K-12 curriculum. Washington: National Reaserach Council Press, 2006. ISBN: 0-309-53191-8, 332 p. Disponível em: <https://www.nap.edu/catalog/11019/learning-to-think-spatially> Acesso em 15 de março de 2018. ROQUE ASCENÇÃO, Valéria de Oliveira; VALADÃO, Roberto Célio. Complexidade conceitual na construção do conhecimento do conteúdo por professores de geografia.  Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v. 7, n. 14, p.5-23, 2017a. Disponível em: <http://www.revistaedugeo.com.br/ojs/index.php/revistaedugeo/article/view/458/257>. Acesso em: 15 de março de 2018. ROQUE ASCENÇÃO, Valéria de Oliveira; VALADÃO, Roberto Célio. Por uma Geomorfologia socialmente significativa na Geografia Escolar: uma contribuição a partir de conceitos fundantes. Acta Geográfica, Boa Vista, Edição Especial, p.179-195, 2017b. Disponível em: <https://revista.ufrr.br/actageo/article/view/4780/2421>. Acesso em: 15 de março de 2018. ROQUE ASCENÇÃO, Valéria de Oliveira; VALADÃO, Roberto Célio. Professor de Geografia: entre o estudo do fenômeno e a interpretação da espacialidade do fenômeno. Scripta Nova, Barcelona, n. 496(03), p.1-14, 2014. Disponível em: <http://revistes.ub.edu/index.php/ScriptaNova/article/view/14965/18402>. Acesso em: 15 de março de 2018. ROQUE ASCENÇÃO, Valéria de Oliveira; VALADÃO, Roberto Célio. Tendências Contemporâneas na Aplicação do Conhecimento Geomorfológico na Educação Básica: a Escala sob Perspectiva. Espaço Aberto, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p.191-208, 2016. Disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index.php/EspacoAberto/article/view/5245/3853>. Acesso em: 15 de março de 2018. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: Técnica e tempo. Razão e emoção. 4. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 258 p. SOJA, Edward. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1993. 324 p. SOUZA, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. 320 p.

�83

Page 84: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

DA QUEDA À REDENÇÃO: BREVE HISTÓRIA DO DISCURSO GEOESCOLAR

Prof. Dr. Bruno Nunes Batista (IF-CATARINENSE)

[email protected] Prof. Dr. Antonio Carlos Castrogiovanni

(POSGEA-IG-UFRGS) [email protected]

RESUMO: Este artigo trata o ensino de Geografia como um discurso no viés foucaultiano, isto é, uma prática cerceada sobre a qual se deve pronunciar-se de uma determinada maneira. Certos arquivos, presentes no periódico Boletim Geográfico (1943-1978) permitem identificar algumas das raízes para entender por que, ainda hoje, escreve-se com determinadas normas, e com um dado jeito, sobre o ensino de Geografia. Primeiro, comenta-se sobre a análise de discurso à luz de Michel Foucault. Na sequência, a partir do conceito de arquivo, compartilha-se fragmentos de textos sobre ensino de Geografia publicados entre a primeira e o início da segunda metade do século XX que descreviam o estado dessa disciplina escolar. No final disso tudo, uma singular constatação: parece que o ensino de Geografia, desde a primeira metade do século XX, vem sendo um filho dos mais pródigos do neoliberalismo.

PALAVRAS-CHAVE: Ordem do discurso geoescolar. Ensino de Geografia. Discurso.

1. PALAVRAS INTRODUTÓRIAS

Para aqueles que se propõem a pesquisar acerca da Geografia escolar, comumente

são apresentadas convenções, tratados, ou receituários por meio dos quais as suas

respectivas trajetórias investigativas possam ser percorridas sem sobressaltos. Isso não é

nem bom e nem ruim, e nem seria o caso de, aqui, desqualificar ou combater o que vem

sendo robustamente produzido nessa subárea subjacente à escola. A minha intenção, na

verdade, é outra: partilhar uma grade inteligibilidade, nem sempre realizada, porém profícua,

�84

Page 85: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

na educação: a análise de discurso sob a ótica de Michel Foucault. Trata-se de uma maneira

contrastante ao que comumente se executa nas linhas de pesquisa desse campo do

conhecimento. Explico o porquê; faço-o resumindo o que, em linhas gerais, bastante se faz.

Muitas vezes, no ensino de Geografia, acontece a utilização de um método que possa

levar à busca positiva das suas relações, procurando apontar como de fato o aluno aprende

e/ou o professor ensina. Em outras, temos a dialética, segundo a qual as contradições

presentes nas teorias e práticas pedagógicas poderiam serem amarradas por uma síntese.

Encontramos, de forma semelhante, o materialismo marxista, encaminhando-nos para o

encontro da verdade histórica, a luta de classes configurada pela opressão burguesa que

poderia ser desvelada nas ações ocultas da Geografia escolar; ou quem sabe iluminar por

meio dela a falsa consciência transmitida pelo aparelho ideológico da educação; ou,

finalmente, situar o ensino de Geografia como instrumento de luta em prol de uma

sociedade socialista, justa e igualitária. E também não poderíamos deixar de lado uma

abordagem como a da fenomenologia, cujo objetivo seria o encontrar o sentido último que

poderiam fazer dos estudos geográficos alavancas significativas para a construção do

conhecimento com sentido para o estudante.

Parece-me que, entretanto, em não raros momentos esses universais métodos vêm se

portando à semelhança de ferrolhos, “[...] que nos habituaram às corridas de cancha reta,

onde tanto o ponto de partida, quanto o percurso, e mesmo o ponto de chegada são,

tediosamente, visíveis” (CORAZZA, 2002, p. 109). Isso porque, ao fim e ao cabo, tais escolas

atracar-se-iam ora nos portos da razão positivista, através da qual aguçaríamos o olhar com

que captamos o mundo; ora sob o alicerce do pensamento crítico, que assim nos

possibilitaria revelar o invisível nas relações sociais.

Na minha tese de doutorado (BATISTA, 2017), tentei transitar por um outro caminho,

isto é, pensar o ensino da Geografia como uma formação discursiva. Levantar essa premissa

significa tomá-lo enquanto um substrato feito de regras que estabelecem ditos e escritos a

serem transmitidos, como se deve pronunciá-los - e quem pode fazê-los. Seria, nesse

sentido, um discurso constituído como um “[...] elemento central das relações de poder

inscritas na prática cotidiana da sala de aula e do currículo, reforçando hierarquias sociais e

reproduzindo relações de saber e autoridade” (SILVA, 2013, p. 198).

�85

Page 86: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Com as ferramentas foucaltianas em mãos, não procurei encontrar o oculto naquilo

que é escrito, nem fazer o esforço de explicitar o que alguns autores do ensino de Geografia

queriam mesmo dizer. Também, próximo que seria à hermenêutica, não busquei interpretar a

profundidade das camadas que fariam do discurso uma matéria a ser elucubrada. Antes pelo

contrário, um dos objetivos da pesquisa foi apenas ater-se ao que estava sendo pronunciado

nessa área do pensamento geográfico, descrevendo a regularidade de uma opinião, a

manutenção fantasmagórica de uma teoria e a presença constante de um conjunto de ideias.

Ao resultado discursivo do que foi feito dei o nome de ordem do discurso geoescolar

(BATISTA, 2017), conceito que se refere à rede de objetos, enunciados e estratégias que vem

fazendo do ensino da Geografia uma prática linguística estável que, da primeira metade do

século XX em diante, comportou-se de um modo mais ou menos previsível.

Com efeito, debrucei-me efetivamente sob o dizível e o visível de dadas épocas,

portanto. Tratar-se-ia tal atividade de pensamento, para Foucault (2000a, p. 93), “[...] de

determinar as condições de sua existência, de fixar da maneira mais justa os seus limites, de

estabelecer suas correlações com os outros enunciados aos quais ele pode estar ligado, de

mostrar que outras formas de enunciação ele exclui”.

Para tanto, reconheci que a(s) formação(ões) discursiva(s) no âmbito da Geografia

parecem possuir uma amplitude que é o corolário de uma não negligenciável faixa temporal:

uma pesquisa em publicações em meados dos anos 1920 a 1930 demonstrará que refletir

acerca de possibilidades no ensino de Geografia não é uma atividade recente. É devido a

esse quadro que toda a elaboração teórica referente a esse saber pode ser compreendida

como um, conceitua Foucault (2000b), arquivo. Para o pensador francês, o arquivo é o

conjunto total dos discursos que foram efetivamente pronunciados ao longo de uma

determinada época e os quais, sobretudo, continuam a exercer funções e influências

contemporaneamente, transformando enunciados atuais e exortando a formação de novos

conceitos alinhados a “[...] regras de formação, de existência, de coexistência, a sistemas de

funcionamento” (FOUCAULT, 2000b, p. 146). O arquivo, com efeito, agrupa figuras distintas,

age e movimenta um sistema de funcionamento que define a atualidade de um enunciado e

concatena-o à uma matriz discursiva coordenada por engrenagens normativas

�86

Page 87: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

2. MÉTODO INVESTIGATIVO

Fiz o levantamento discursivo através de um eixo de análise: o Boletim Geográfico,

publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que circulou nos espaços

acadêmicos e técnicos entre o ano de 1943 (data da sua primeira edição) até 1978, quando

foi extinto e posteriormente absorvido pela Revista Brasileira de Geografia. Sua

periodicidade foi mensal até dezembro de 1951; em janeiro de 1952 torna-se bimestral,

situação que permanece até dezembro de 1974; de janeiro de 1975 a julho de 1978, a

publicação atinge temporalidade trimestral. Desde aquele momento, atinge uma tiragem

média de 10 mil exemplares por edição, com preço considerado como acessível,

constituindo, até 1978, a expressiva marca de 35 anos de editoração transmitidas por

intermédio de 259 publicações (PRÉVE, 1989). Era essa revista, outrossim, amplamente

distribuída em território nacional pelas agências e delegacias do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística. Esteve regularmente, a rigor, presente fisicamente e economicamente

ao alcance do público.

Essa longa estadia no tempo e no espaço do pensamento geográfico brasileiro

conduz a três constatações: a primeira é a marca que o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística cravou no ensino geográfico na educação básica, algo perceptível quando

aparece em lembrança o expressivo número de materiais editados, obras avulsas, eventos e

cursos de férias ofertados para professores que exercessem a docência nessa disciplina. A

segunda averiguação, igualmente importante, é a sua presença cativa tanto nas bibliografias

dos cursos de graduação em Geografia quanto nas dos livros didáticos produzidos durante a

faixa de tempo na qual esteve circulando ativamente (PRÉVE, 1989). Isso tanto é verdade, e

não pode ser obscurecido, que o Boletim Geográfico, de 1943 a 1970, trazia seções

específicas destinadas à educação, batizadas de “Contribuição didática (1943)”,

“Contribuição ao ensino (1944-1951)”, “Contribuição à didática de Geografia (1952-1953)” e

“Contribuição ao ensino (1953-1970); mesmo após seu encerramento, as discussões sobre

didática e metodologias educacionais continuaram aparecendo até 1970, malgrado isso

tenha sido feito de maneira espraiada. Totalizaram essas contribuições, com efeito, o não

menos que surpreendente número de 497 trabalhos ancorados em teorias educacionais ou

�87

Page 88: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

compartilhamento de metodologias de ensino. A última constatação é a demarcação

enquanto registro histórico ao nível tanto de uma trajetória do pensamento geográfico

quanto como reflexo das políticas públicas e de planejamento realizadas pelo governo

federal.

Quando perde relevância em meado dos anos 1970, explica Préve (1989), através do

alastramento de informações geográficas ao grande público por meio de publicações mais

atraentes e atravessadas por ações de marketing, assim como pela massificação do livro

didático - cujo preço era mais barato e a linguagem menos árida -, sua existência já estava

enraizada no pensamento geográfico e pedagógico brasileiro. Por esse ângulo, pode-se

frisar que o Boletim Geográfico contribuiu para estabelecer os conteúdos presentes no

currículo, uma metodologia própria de ensino e um padrão idealizado de professor de

Geografia; essas práticas discursivas foram transmitidas aos professores, direta e

indiretamente, nos cursos de graduação nos quais foram alunos e, mais estreitamente, pelos

livros didáticos e metodológicos distribuídos às escolas pelas secretarias de educação, cujas

bibliografias estavam alinhavadas às concepções do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística.

Então, como realizei um recorte de um universo amplo e diversificado quanto este que

se apresenta através do Boletim Geográfico? O número de 497 trabalhos nas seções

relacionadas ao ensino, por si só, ilustra uma vontade de ensinar Geografia e de propulsionar

seus efeitos estruturantes na Escola Básica. Uma quantidade expressiva de artigos

demandaria, no entanto, um trabalho específico apenas à tal esfera, empreitada feita por

Préve (1989), cuja concepção teórica, ainda que diferente da perspectiva na qual aqui

trabalho, merece ser retomada. Entretanto, como procurei elucidar ou não o ensino de

Geografia como uma ou mais formações discursivas, portanto sujeito a regras e

normatividades, que conduzem a uma verdade por intermédio de dispositivos científicos e

pedagógicos, uma delimitação urgiu ser elaborada. É o que fiz. E a construí do ponto de vista

da subjetividade do professor; portanto, percebendo como o Boletim Geográfico discorreu a

respeito de possibilidades de ensinar Geografia, problematizando sua didática, difundindo

uma metodologia de ensino e aspirando à produção de um certo tipo de sujeito para uma

dada época: com efeito, meu esforço de análise apontou para os aspectos da didática de

�88

Page 89: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ensino e da moralidade que a Geografia pode auxiliar a construir. O que fiz, então, foi utilizar

como instrumento de análise os artigos do Boletim Geográfico que discutam questões de

ordem pedagógica e didática, empreendo diálogos tanto ao nível da descrição de como se

encontra a Geografia escolar em um determinado momento, como, à maneira de

diagnóstico, apresentando e compartilhando condições necessárias à melhora qualitativa

das práticas escolares e, igualmente, à formação docente.

3. LINHAS GERAIS DE UM DISCURSO PETRIFICADO

No primeiro momento de aproximação com os textos pedagógicos presentes no

Boletim Geográfico, procurei descrever como o ensino de Geografia era concebido e

presentificado pelos autores que publicavam na seção “Contribuição ao ensino”. O que foi

sendo colocado por esses autores, desde os primeiros artigos, em 1943, até a rarefação

textual que se encerrou em 1970, foi um quadro, no mínimo, assustador.

Os estudos geográficos que eram feitos nas escolas eram altamente desconectados

da moderna ciência geográfica que categoricamente se anunciava (enquanto metodologia),

por um aspecto, e das renovadas correntes pedagógicas que predominavam nos textos

sobre educação, de outro. O que restava aos alunos, por tudo isso, eram as aulas expositivas

sustentadas pela fala tediosa do docente, que se preocupava ou em narrar fatos geográficos

sem relação com a Geografia moderna que se apregoava, ou procurando descrever

elementos de ordem física ou humana negligenciando a gênese a explicação para esses

processos.

Mas o pior, no entanto, estava reservado aos momentos avaliativos. Nesses é que se

concretizavam, segundo autores como Delgado de Carvalho, Pierre Monbeig, Igor Moreira,

Mariano Zamorano e Arthur Bernardes Weiss, as enfadonhas práticas mnemônicas, que

subjugavam os estudantes à memorização de dados brutos, meramente informativos e

posicionalmente estanques. Residia na atividade de decorar os elementos geográficos a

síntese metodológica de toda a inutilidade da Geografia na Escola Básica, e isso não era

pouca coisa. Pois, naquele tempo presente, esse campo do conhecimento já era, para os

professores que publicavam na “Contribuição ao ensino”, não menos do que detestado

�89

Page 90: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

pelos alunos, que não somente desconheciam o sentido daqueles conteúdos como

possuíam ojeriza por tais conhecimentos. E, no que toca aos cenários futuros, o cenário

poderia ser visto mais como distópico do que esperançoso: eram favas contadas as

premissas de que, daquele jeito, o caminho óbvio da Geografia era a pura e simples

extinção.

Contudo, no momento em que o grande inimigo e seus executores (a Geografia

descritiva-mnemônica e os professores tradicionais) passaram a ser reconhecidos no tempo

e no espaço, o movimento produzido no Boletim Geográfico apontou para a construção das

ferramentas pedagógicas e epistemológicas que pudessem soterrar aqueles datados

métodos de ensino e aprendizagem. Ancoradas na Pedagogia ativa moderna (ponto de

partida: o aluno trabalha), e fundamentadas na tríade do método geográfica localização –

descrição – explicação, diversos textos na “Contribuição ao ensino” discorreram sobre as

potencialidades a serem construídas ou até mesmo resgatadas por intermédio dos estudos

geográficos. A reboque, constatações de que o aluno aprende através do seu conhecimento

prévio, ou de que nas condições materiais do cotidiano o ensino pode ser impulsionado:

maneiras, a rigor, de tornar o pensamento geográfico mais significativo aos estudantes.

Sobre isso, não podemos obliterar a própria sombreada, nesses textos pedagógicos, feita

pela Psicologia do desenvolvimento, que cientificamente passou a orientar quais

abordagens e conteúdos deveriam ser trabalhos pelo professor levando em conta a idade

de cada um dos seus alunos. Como resultado desse emaranhado de fontes (o método

geográfico moderno, a Pedagogia ativa, os estudos psicológicos em educação), atividades e

recursos didáticos variados foram relatados, partilhados, propostos. Provenientes de toda

uma geração de professores de Geografia (na maioria oriundos do Ensino Superior, mas não

poucos lecionando na Educação Básica), práticas como as excursões geográficas, os estudos

dirigidos, a leitura de imagens, o emprego de textos jornalísticos, as discussões coletivas e o

clube de Geografia foram algumas ilustrações, entre outras tantas apresentadas, das

capacidades latentes nos estudos geográficos para fazê-los imprescindíveis na Escola Básica,

talvez mais do que quaisquer outros componentes curriculares.

Uma última peça do quebra-cabeça geográfico escolar justificaria toda a chamada

“renovação” (assim nomeada nos textos) do ensino da Geografia: a formação de sujeito

�90

Page 91: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

voltados para um projeto de sociedade. Se a Pedagogia ativa é recomendada, é porque os

sujeitos são pensados como se fossem ou mesmo devessem ser ativos; nesse caso, por

atividade individual entende-se o comprometimento do sujeito com a sua pátria e o seu

mundo. Em resumo, transformar o presente e edificar o futuro. Para tanto, o resgate e/ou

construção de valores pautados pela cidadania, pela solidariedade e pela justiça social

começariam a bater ponto entre os objetivos primordiais da Geografia escolar. Havia um

mundo lá fora problemático, desigual, paradoxal... Mundo cujos recursos naturais eram

esgotáveis e a sua terminalidade ameaçavam seu próprio destino. Um mundo feito de

conexões geográficas, portanto que demandava aproximação e reciprocidade entre os

sujeitos e as nações, de modo a constituir uma grande e pacífica comunidade comum. Uma

totalidade-mundo que, enfim, talvez nunca tenha antes existido, mas que, de algum modo,

poderia ser elaborado pelos caminhos escolares e, particularmente, no âmbito do ensino da

Geografia. Sujeitos críticos, sujeitos criativos, sujeitos cidadãos, sujeitos co-irmãos, sujeitos

conscientes, sujeitos ambientalmente ajuizados para esse mundo. Eis a formidável fábrica de

sujeitos idealizada pela Geografia escolar.

4. SINALIZAÇÕES FINAIS

Parece que se tornou um costume colocar o ensino de Geografia como entidade

natural que está desde sempre entre nós, sem que se questione por que ele é o que é e

como chegou a sê-lo. Mas, no momento em que coloquei em suspensão a Geografia escolar

como prática inseparável de relações de poder e saber, pude passar a pensa-la enquanto

uma formação discursiva no sentido proposto por Michel Foucault. Isso significa que o

ensino de Geografia é feito de regras e jogos estratégicos, que distribuem o que pode ser

escrito, dito e pensado durante um certo estrato histórico, isto é, movimentando-o

discursivamente. Foi essa vontade de investigação que condicionou a tese de doutorado.

O movimento investigativo aqui desenvolvido partiu dessas alavancas não para

entender as ideias compartilhadas na didática geográfica, e sim as condições de

possibilidade, relações de poder e saber, que a instituíram. Um trabalho arqueológico e

genealógico; sobretudo, uma perspectiva de trabalho pós-estruturalista ancorada nas

�91

Page 92: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

teorizações de Michel Foucault. Por intermédio da descrição de arquivos subjacentes ao

ensino de Geografia na primeira metade do século XX, questionando de onde se fala, como

se fala e quem fala sobre ensino de Geografia, identificamos um discurso capitaneado por

um elevado número de textos sequenciados pela denúncia recorrente ao método tradicional

de ensino e tudo que ele envolve; a celebração de um projeto renovador operacionalizado

pela Pedagogia ativa e as psicologias escolares; um ideal de final de história, representando

por uma nação evoluída, tecnologicamente desenvolvida e voltada para o constante

progresso.

Assim, tive como objetivo entender se dentro da ordem do discurso no âmbito do

pós-estruturalismo, existiriam práticas lastreadas por um regime de verdade que estabeleceu

onde se deve falar sobre ensino de Geografia, o que se deve falar sobre ensino de

Geografia, como se deve falar sobre ensino de Geografia e quem está autorizado a falar

sobre ensino de Geografia. Abandonando qualquer metodologia ancorado no paradigma

da representação, na busca de uma essência ou de algum marco fundacionista, regressei até

textos pedagógicos sobre Geografia escolar da primeira metade do século XX publicados

no periódico Boletim Geográfico com o objetivo de descreve-los - à guisa de uma

arqueologia foucaultiana - e teorizar como eles chegaram a ser o que são - o método

genealógico - a fim de empreender uma história do presente que explicasse o discurso

subjacente à Geografia que é dita e escrita acerca da escola básica. O que identifiquei vem

se sustentando, desde mais ou menos o início do século XX, através de três alicerces.

O primeiro deles é uma rígida ordem discursiva, que faz da prática escrita tributária da

tríade catastrofismo-metodologismo-salvacionismo, pressupostos do Iluminismo que se

repetem em textos e falas relacionadas aos estudos geográficos até a contemporaneidade,

quase como comentários de um texto canônico original.  

O segundo alicerce é que esse discurso não está desancorado da sociedade, e na

verdade vem sendo elaborado sob a sombra da economia de mercado – no início do século

XX, a mudança de ênfase de uma nação eminente agroexportadora e rural para uma nação

industrializada e urbanizada exigiria do sistema nacional de ensino transformações, durante

quase 400 anos, impensadas (ROCHA, 1996, 2009).

�92

Page 93: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

O terceiro alicerce é entender o Estado como catalisador dessas atividades; como sua

prática governamental, entranhada pelos arranjos do pós-fordismo, foi apropriada

discursivamente pelas escolas neoliberais estadunidenses e alemãs, de forma que ele passa,

para sua própria conservação, a diminuir as funções para melhor governar (FOUCAULT,

2008b; 2008c).

É do interior dessas três âncoras, que se coadunam como uma relação imanente

(DELEUZE, 2002), que o ensino de Geografia, através dos enunciados da autonomia, da

liberdade, do ensino pelo interesse do aluno, da pedagogia de projetos e do movimento

pela interdisciplinaridade, vem estando em prol do capitalismo tardio, cujo interesse maior é

incluir todos, competitivamente, no jogo da economia; enfim, para que possam, ao fim e ao

cabo, serem livres para consumir. Com hegemonia, infiltrou-se nessa formação discursiva

uma constelação maior de objetos e conceitos que, advindos da emergência da acumulação

flexível do capital, alicerçavam-se na necessidade de maior investimento em capital humano,

isto é, sujeitos flexíveis, individualistas e compradores, para manter em funcionamento os

jogos econômicos de inspiração neoliberal. Balizada pela pedagogia do interesse, a

metodologia de projetos, a interdisciplinaridade e as didáticas ativas, e tendo, como pano de

fundo, o fatalismo da extinção, pode-se afirmar que, muitas vezes, a ordem do discurso

geoescolar foi um mecanismo a serviço da economia de mercado.

5. BIBLIOGRAFIA

BATISTA, Bruno Nunes. A ordem do discurso geoescolar. Tese (Doutorado em Geografia). Instituto de Geociências, UFRGS. Porto Alegre, 2017. CORAZZA, Sandra Mara. Labirintos da pesquisa, diante dos ferrolhos. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos investigativos: novos olhares em educação. Rio de Janeiro: DP & A, 2002. DELEUZE, Gilles. A imanência: uma vida... Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 27, n. 2, jul.-dez. 2002. FOUCAULT, Michel. Sobre a arqueologia das ciências. In: ____. Ditos e escritos II: Arqueologia das ciências e histórias dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000a.

�93

Page 94: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

____. Michel Foucault explica seu último livro. In: ____. Ditos e escritos II: Arqueologia das ciências e histórias dos sistemas de pensamento. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000b. ____. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008a. ____. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collége de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008b. ____. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008c. PREVÉ, Orlandina da Silva Damian. A participação do Boletim Geográfico do IBGE na produção da metodologia do ensino da Geografia. Dissertação (Mestrado em Educação – Metodologia de Ensino) – Faculdade de Educação, UNICAMP. Campinas, 1989. ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da. A trajetória da disciplina Geografia no currículo escolar brasileiro (1837-1942). Revista da APG (PUCSP), São Paulo, v. 8, 1996. ____. Por uma Geografia Moderna na sala de aula: Rui Barbosa e Delgado de Carvalho e a renovação do ensino de Geografia no Brasil. Mercator – Revista de Geografia da UFC, Fortaleza, v. 8, n. 15, 2009. SILVA, Tomaz Tadeu da. Currículo e identidade social: Territórios contestados. In: Silva, Tomaz Tadeu da (Org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

�94

Page 95: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

A COMPETÊNCIA DE ARGUMENTAR: CONTRIBUIÇÕES PARA A PESQUISA E ENSINO DE GEOGRAFIA

CARLI, Eden Correia Universidade Federal de São Paulo

[email protected] MORAES, Jerusa Vilhena de

Universidade Federal de São Paulo [email protected]

RESUMO: A proposta desse estudo foi de investigar “quais são” e “como são” desenvolvidos os argumentos científicos construídos pelos alunos dos anos finais do ensino fundamental de três escolas públicas do município de São Paulo. Como ferramenta de coleta de dados nos utilizamos de um questionário investigativo tipo teste de conhecimento. As discussões que envolvem essa investigação, analisam a qualidade do argumento dos estudantes no contato com a teoria científica apresentada através do padrão de argumento desenvolvido pelo filósofo inglês Stephen Toulmin e contextualizam a análise do papel da moral e da ética na tomada de decisões contidos nos argumentos coletados. Os resultados demonstram as potencialidades do campo da argumentação científica em propiciar novos passos para as pesquisas e prática em sala de aula na disciplina de Geografia.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Geografia, Argumentação Científica, Alfabetização Científica, cidadania.

INTRODUÇÃO

As implicações de pensarmos as práticas socioespaciais inscritas no processo de

formação científica e a cidadania são preocupações que se seguiram na investigação que

apresentaremos. Nossa tentativa é evidenciar outras condições para compreendermos a

produção do conhecimento e as implicações significativas para seu aprendizado.

�95

Page 96: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Trata-se, com isso, de apresentar a dimensão dos saberes sobre o conceito, a nada

simplista relação que existe entre o conhecimento cientifico, produzido por pesquisadores e

o conhecimento que a Geografia Escolar produz afim de atender sua função social.

A importância dessa afirmação vai de encontro com as constatações de Lestegás

(2012) de que a prática da Geografia Escolar não deve se constituir como uma transposição

do conhecimento científico, mas sim propiciar a produção de raciocínios que possibilitem ao

estudante conhecimentos integradores entre as pesquisas e os conhecimentos científicos em

relação a dinâmicas sociais e do ensino.

Para concretizar as relações entre a produção de raciocínios integradores entre o

conhecimento científico e a prática escolar buscou-se a aproximação com o campo de

pesquisas em Alfabetização Científica e com pesquisas que se situam no campo de estudos

da argumentação científica.

O conceito de Alfabetização Científica a qual nos referimos parte do entendimento de

que a ação do ensinar/aprender é um processo de elaboração do discurso científico, que

não está expresso na reprodução dos argumentos da ciência, mas que se aproxima de a

necessidade do conhecimento estar relacionado com suas implicações, como uma direção

para a cidadania para formar cidadão capazes de não só perceber os problemas, mas de

propor soluções para sua resolução.

Dentre as fundamentações que sustentam a incursão no campo de estudos em

argumentação científica temos como referência as considerações de Jiménez-Aleixandre &

Brocos (2015) de que a argumentação está enquadrada em uma prática discursiva que

propicia o entendimento sobre o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem a partir da

reflexão sobre os elementos que promovem um argumento em um discurso científico.

Participaram da amostra analisada um total de 47 estudantes de 3 escolas públicas da

cidade de São Paulo, que responderam aos enunciados de 6 questões relacionadas a

apresentação de duas pesquisas científicas (TORRES & MARQUES, 2002 E PINHO & GIRARDI,

2015) e, no caso da segunda parte do questionário, interpelada por notícias da mass media

que narraram vários episódios em que pessoas em seus carros foram levados a favelas por

�96

Page 97: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

orientação de aplicativos de GPS na cidade do Rio de Janeiro. Os textos foram adaptados

para a adequação aos estudantes . 20

Está investigação faz parte das discussões do grupo de pesquisa “Alfabetização

científica e as metodologias ativas no ensino de Geografia”, sediado na Universidade Federal

de São Paulo.

Pesquisa, ensino e aprendizagem em argumentação científica

As pesquisas em argumentação científica têm como preocupação compreender o

contexto sócio cultural da produção do discurso científico que é compartilhada e

influenciada pela comunidade científica, a sociedade e padrões morais e éticos dos

indivíduos. O empoderamento de estudantes em processo de formação é o principal

objetivo dessas pesquisas que avistam no desenvolvimento das competências

argumentativas em ciências a possibilidade da promoção de um processo de Alfabetização

Científica implicitamente relacionado com a capacidade de participação, julgamento e a

promoção da cidadania.

Um referencial de análise importante para o desenvolvimento do campo de pesquisa

em argumentação científica é o trazido pelo filósofo inglês Stephen Toulmin (1922-2009),

que preocupado em responder questões como: “Quais as razões que temos para a alegação

de conhecimento que fazemos? ” “Estão as razões em que baseamos nossas alegações de

conhecimento sempre, de fato, à altura de um padrão? ”, conduziu seus trabalhos na

proposta de um layout para a análise de argumentos, o chamado padrão de argumento de

Toulmin (TAP - Toulmin´s Argument Pattern). Sobre tal modelo de análise, prevê-se que as

asserções que fazemos seja sobre uso cotidiano, científico, jurídico, etc. quando qualificadas

seguem um padrão; de uso de dados (D) para definição da conclusão (C) (TOULMIN, 2001).

Tal padrão é analisado por Toulmin (2001) que tece diferentes críticas a perspectivas

de estudos que veem no componente filosófico da lógica um tipo de análise naturalizada do

argumento. Com isso, Toulmin (2001) aponta para o indício de que a compreensão da

O questionário tipo teste de conhecimento foi pensado conforme metodologia proposta por Lima (2008)20

�97

Page 98: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

análise do argumento passa por um estudo da lógica como uma ciência crítica (op. cit, p.

125). Sendo assim, uma questão importante a qual se subordina um padrão de análise da

argumentação é de como se resolver a questão: dados – conclusão, sem cairmos nas ilusões

de que, portanto, qualquer argumento é válido.

Para que possamos manter a qualidade das asserções, segundo o Layout (figura 1)

do padrão de análise de Toulmin (2001), são necessárias categorias analíticas adicionais de

análise do argumento como a presença das Justificações (J) e a Fundamentação (F), que nos

permite compreender o raciocínio proposto, a refutação (R), que nos possibilita

compreender as contestações e/ou condições de exceção, e ainda, os qualificadores modais

(Q), normalmente um advérbio que dá aval a garantia (como possível/impossível, provável/

improvável, etc.). Tais categorias são consideradas recursos no argumento que recorremos

para dar significado a conclusão de nossa asserção.

A principal característica do layout de Toulmin (2001) foi a tentativa de

desenvolvimento de um paradigma universal de análise de argumentos que propiciou a

troca e avanço no campo de pesquisas sobre a linguagem argumentativa na escola. Sendo

que, o foco dessas pesquisas envolve não apenas a aprendizagem do conceito (a teoria),

mas a ampliação das preocupações sobre o processo de aprendizagem para como nós

conhecemos (metodologia científica) e porque nós acreditamos que conhecemos

(epistemologia da ciência) – (DUSCHL, 2007).

�98

Page 99: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Tais preocupações guiam o campo, sendo o proposto por Toulmin (2001) o indutor

de uma dimensão metodológica para as pesquisas em sala de aula, por potencialmente nos

levar para a hipótese de trabalho de inúmeros estudos que destacam a argumentação no

ensino científico como forma de potencializar a Alfabetização Científica dos alunos

(SASSERON, 2008; JIMÉNEZ-ALEXANDRE & ERDURAN ,2007), os aspectos sociais da

construção dos argumentos científicos (ZEIDLER & SADLER, 2007) e da qualidade da

argumentação (LIMA, 2008; DUSCHL, 2007).

A fim de traçar uma leitura sobre o campo de investigação em argumentação as

autoras Erduran & Jiménez-Aleixandre (2007) destacam o crescente aumento nas pesquisas

no contexto da sala de aula e o potencial demonstrado por estas do desenvolvimento do

pensamento crítico, na enculturação científica e na elevada ordem de processos cognitivos

para a formação de competências para a Alfabetização Científica.

Todos estes diagnósticos apresentam elementos para a compreensão do

desenvolvimento do campo que vem se diversificando em metodologias e em análises de

seu potencial no contexto ensino-aprendizagem.

Pesquisa desenvolvida a partir do campo de investigação em argumentação científica no ensino de geografia.

Compreender o processo de Alfabetização Científica utilizando-se como hipótese de

trabalho, da argumentação científica, inseriu a necessidade de um método de investigação e

análise para a pesquisa. Para tanto, essa pesquisa caracterizou-se como um estudo

combinado de análises qualitativa e quantitativa em educação (GATTI, 2006), por possibilitar

a apreensão dos produtos desenvolvidos nas situações de interação entre os estudantes

envolvidos e o instrumento de pesquisa.

Para atingir nossos objetivos analisamos os argumentos escritos produzidos pelos

alunos por meio de um questionário tipo teste de conhecimento. Foram criados dois

indicadores que balizam os procedimentos de análise e as expectativas quanto a

investigação:

�99

Page 100: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

1º balizador) fornecer subsídios para a compreensão da aquisição do discurso científica

pelos alunos: As discussões que envolveram esta etapa buscaram organizar o trabalho de

investigação para, primeiramente, identificar os elementos argumentativos construídos pelos

estudantes que participaram da pesquisa e o exame dessas categorias para o refinamento

do padrão de argumento de Toulmin (TAP/2001) - o uso de dados (D), Justificações (J) e

Fundamentação (F) para definição da conclusão (C), a capacidade de refutação (R) -,

conforme Lima, 2008; Duschl, 2007; Erduran, Simon & Osbourne (2004). Uma segunda etapa

propôs-se a analisar a correspondência dos argumentos válidos avaliando: a) a suficiência

dos dados, b) a relação entre os dados e garantia (fundamentação teórica e justificação) para

o estabelecimento de conclusões e, também, c) o diagnóstico da validade científica das

informações, seguidos por uma distinção de acordo com os níveis de justificação, conforme

a proposta do estudo de Lima (2008).

2º balizador) fornecer subsídios para compreender a aproximação da argumentação

científica, produzida pelos estudantes, da prática cidadã: A análise da tomada de decisão

dos estudantes frente a diálogos de questões técnicas sociocientíficas foi o viés proposto

para a análise deste indicador, que busca entender como os estudantes integram o

conhecimento científico ao processo de tomada de decisões sobre a prática científica. Tal

referencial propôs-se a aproximar o conhecimento científico com a experiência racional,

emotiva e intuitiva dos estudantes através da inclusão da necessidade das discussões sobre

as implicações, aplicações e consequências do conhecimento científico num contexto de

aprendizagem conceitual. As preocupações neste indicador têm como perspectiva

contextualizar os fundamentos sociais e culturais das ciências geográficas e a análise do

papel da moral, da ética e da justiça social nas justificações dos argumentos, conforme

apresentado por Zeidler & Sadler (2007).

RESULTADOS

�100

Page 101: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

1º) Conclusões a respeito do indicador que buscava fornecer subsídios para a compreensão da aquisição do discurso científica pelos alunos:

A variedade de análises propostas demonstrou uma série de obstáculos a

aprendizagem dos estudantes em contato com o discurso científico oferecido pela atividade.

Dentre elas ressaltamos as dificuldades de se trabalhar com evidências científicas, como a

identificação de resultados e dados em diferentes linguagens (mapas e tabelas), o uso de

dados com garantias científicas como uma forma de apoio as conclusões e a refutação as

evidências apresentadas.

Outro elemento que pode ser caracterizado como obstáculo a aprendizagem diz

respeito a forma de comunicar as conclusões feitas pelos estudantes com sequências

argumentativas menos completas, o que evidencia a baixa capacidade de persuasão dos

argumentos que muitos estudantes elaboraram.

Nossos resultados confirmaram também as dificuldades dos estudantes que

participaram da pesquisa em elaborar a refutação aos dados, justificação e/ou da

fundamentação e já induzem possíveis necessidades metodológicas em sala de aula e de

pesquisas em educação. Já a apresentação das poucas refutações desenvolvidas pelos

estudantes indicou a crítica a hipótese, fundamentação e dados da pesquisa apresentada e

demonstram as possibilidades de formação de um pensamento crítico por proporcionar a

discussão sobre a construção de “verdades” científicas e a evolução da qualidade dos

argumentos em estudantes.

Esses resultados indicam que a dimensão de análise sobre a qualidade da

argumentação cientifica é uma significativa ferramenta para a identificação de obstáculos a

aprendizagem de estudantes em Geografia por avaliar a capacidade de os alunos aderirem a

novas evidências. Os resultados nesta pesquisa não indicam condições para a apreendermos

em processos formativos, por se reportarem a avaliação de um produto, mas nos ajudam a

reconhecer como importante implicação para a sala de aula:

1) O desenvolvimento de sequências didáticas e situações problemas que incentivem os

estudantes a checar suas evidências (dados e justificativas). A importância do

desenvolvimento de sequências didática é propícia para que o avanço das mudanças

�101

Page 102: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

teóricas dos estudantes não signifique a produção de uma verdade temporariamente

implícita para agradar a autoridade do professor, mas como um caminho que possa

promover mudanças teóricas racionais e reflexivas nos alunos. Há importantes estudos

sobre a argumentação (Sunal, Sunal & Tirri, 2001; Erduran, Simon & Osborne, 2004) e

sobre a importância dos dados para a mudança teórica (Chinn & Brewer, 1993) que

reforçam essa necessidade.

2) O desenvolvimento de enunciados capazes de fomentar a produção de refutação

pelos estudantes é uma implicação que envolve tanto o trabalho do professor, como a

produção de materiais e livros didáticos. Estes resultados demonstram a pouca

presença desse elemento nos argumentos dos alunos, mas também por apresentarem

a demonstração de possibilidades de desenvolvimento do raciocínio crítico a partir

dos poucos argumentos que apresentaram as limitações no estudo do cientista. Há

importantes estudos sobre a argumentação (JIMÉNEZ ALEIXANDRE, 2010; ERDURAN,

SIMON & OSBORNE, 2004) que reforçam essa necessidade. Ressalta-se a

oportunidade de desenvolvimento desse elemento também na contraposição a

evidências e justificações em argumentos falados em dinâmica da sala de aula,

conforme Erduran, Simon & Osborne (2004) e Jiménez Aleixandre & Brocos (2015)

3) Os resultados indicaram que a maior parte dos estudantes não fizeram uso de

sequências argumentativas mais completas. Isso implica na necessidade de ensinar a

argumentação e os componentes argumentativos para que os alunos produzam

argumentos mais persuasivos. Essa proposta é apoiada por Erduran, Simon & Osborne

(2004) que indicam como um próximo passo a evolução e melhora dos argumentos a

capacidade das evidências e fundamentações em justificar as conclusões chegadas.

Em Jiménez-Aleixandre (2010) se aponta que ensinar a argumentar também é

propiciar experiências que possibilitem ao aluno argumentar, sendo que isso “ocurre

si el diseño de tareas y del ambiente, clima o cultura del aula, favorece sus

experiencias con la argumentación”. Reforçamos na proposta deste item que

argumentação se ensina (op. cit., p. 166).

�102

Page 103: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

2º) Conclusões a respeito do indicador que buscava fornecer subsídios para compreender a aproximação da argumentação científica, produzida pelos estudantes, da prática cidadã:

O estudo sobre as fundamentações que foram utilizados pelos estudantes na defesa

de suas justificações revelaram a importância das pesquisas e práticas em sala de aula das

discussões técnico sociocientíficas como um meio de engajar o estudante e promover uma

reflexão crítica relacionada a construção de conteúdos, evidências, implicações e

consequências do conhecimento científico. Ajudaram-nos também a reconhecer como

importante implicação para a sala de aula, os itens que seguem:

1) Na importância da intervenção dos professores, não para mudar o ponto de vista dos

estudantes, mas, principalmente, na promoção de uma integração da cultura científica

(o uso de evidências, fundamentação, conhecimento científico, etc.), na necessidade

deles se envolverem em reflexões críticas de suas próprias posições e padrões de

argumento, bem como, os de seus pares para um processo de Alfabetização Científica

mais profundo.

2) A presença de padrões racionais são apenas a expressão de um tipo de habilidade

para a tomada de decisões. Por outro lado, padrões emotivos e intuitivos são

tipicamente presentes em questões sociocientíficas, o que sugere a necessidade de

oportunizar a expressão de ideias pessoais sobre os problemas em um ambiente em

que seus pensamentos sejam valorizados.

3) Para combatermos uma possível análise com status de neutralidade da

fundamentação dos estudantes entendemos como implicações pedagógicas a

necessidade da promoção da confrontação dos argumentos, com a participação do

discurso do outro, de outras reflexões que busquem articular a aprendizagem em

ciências e as concepções democrática, visando uma formação cidadã.

Para os leitores dessa pesquisa e a todos que buscam uma educação de melhor

qualidade ressalvamos que está implícita nesta discussão o compromisso de

desenvolvimento de debates educacionais que tenham a capacidade de desenvolvimento

�103

Page 104: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

de conhecimentos poderosos que os possibilitem a nossos estudantes a formação para os

debates da ciência geográfica e das interações entre ciência, tecnologia, sociedade e meio

ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHINN, Clark A.; BREWER, William F. The role of anomalous data in knowledge acquisition: a theoretical framework and implications for science instruction. In. Review of Education Research. v.63, n.1, 1993. DUSCHL, Richard A. Quality argumentation and epistemic criteria. IN: Argumentation in Science Education: perspectives from classroom-based research / organizado por: Jiménez-Alexandre; Erduran, Sibel. Alemanha: Springer, 2007. ERDURAN, S.; SIMON, S.; OSBORNE, J. TAPping into argumentation: developments in the application of Toulmin's argument pattern for studying science discourse.  Science Education, Hoboken, v. 88, n. 6, p. 915-933, 2004. GATTI, Bernadete Angelina. Pesquisar em Educação: considerações sobre alguns pontos-chaves. Revista Diálogo Educacional (PUCPR), v. 06, p. 25-36, 2006. JIMÉNEZ-ALEXANDRE, Maria Pilar; ERDURAN, Sibel. Argumentation in science education: an overview. IN: Argumentation in Science Education: perspectives from classroom-based research / organizado por: Jiménez-Alexandre; Erduran, Sibel. Alemanha: Springer, 2007. JIMÉNEZ-ALEXANDRE, Maria Pilar; BROCOS, Pablo. Desafios metodológicos na pesquisa da argumentação em ensino de ciências. In: Revista Ensaio, v. 17, número especial, 2015. LESTEGÁS, Francisco Rodriguez. A construção do conhecimento geográfico escolar: do modelo transpositivo à consideração disciplinar da geografia. In: Castellar, S. M. V.; MUNHOZ, Gislaine Batista. Conhecimentos Escolares e caminhos metodológicos. São Paulo: EJR Xamã Editora, 2012. LIMA, Tânia Filipa Almeida da Silva. A Argumentação e a Educação em Ciências para a Cidadania: Qualidade de argumentos produzidos por alunos do 9º ano sobre o Efeito Estufa. Dissertação de mestrado em Ciências da Educação. Portugal: Universidade do Minho, 2008. PINHO, Talita Guimarães F. de; GIRARDI, Gisele. Construção de proposta metodológica para mapeamento participativo de mobilidade urbana: Estudo no “TERRITÓRIO DO BEM” – Bairro São Benedito – Vitória/ES. In Revista da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia (ANPEGE), v.11, .16, jul-dez, 2015. SASSERON, Lucia Helena & CARVALHO, Ana Maria Pessoa de. Construindo argumentação na sala de aula: a presença do ciclo argumentativo, os indicadores de alfabetização científica e o padrão de Toulmin. In. Ciência e Educação, Bauru, v. 17, n.1,2011 SARDÁ JORGE, Anna; SANMARTI PUIG, Neus. Enseñar a argumentar cientificamente: um reto de las classes de ciências. In: Enseñanza de las ciências, Barcelona, v.  18, n. 3, p. 405-422, 2000.  SUNAL, Cynthia Szymanski; SUNAL, Dennis W.; TIRRI, Kirsi. Using Evidence in Scientific Reasoning: Exploring Characteristics of Middle School Students' Argumentation. Paper

�104

Page 105: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

presented at the annual meeting of the national association for research in Science teaching, Seattle, USA, 2001. TORRES, Haroldo G.; MARQUES, Eduardo C. Tamanho populacional das favelas paulistanas, ou os grandes números e a falência do debate sobre a metrópole. Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, Ouro Preto, novembro 4-8, 2002. TOULMIN, Stephen. Os usos do argumento. São Paulo: Martins Fontes, 2001. ZEIDLER, Dana L.;SADLER, Troy D.. The role of moral in argumentation: conscience, character, and care. IN: Argumentation in Science Education: perspectives from classroom-based research / organizado por: Jiménez-Alexandre; Erduran, Sibel. Alemanha: Springer, 2007.

�105

Page 106: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA NO ENSINO DE GEOGRAFIA

AGUIAR, Waldiney Gomes de 21

Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP [email protected]

SILVA, Carla Holanda 22

Universidade Estadual do Norte do Paraná [email protected]

RESUMO: O artigo ora apresentado visa mostrar os resultados de uma investigação junto a três grupos de participantes, entre os quais acadêmicos do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Estadual do Norte do Paraná — UENP — (15 discentes do primeiro ano e 15 do quarto ano) também 15 professores da Rede Básica de Educação, vinculados ao Núcleo Regional de Educação de Cornélio Procópio no Estado do Paraná. Teve como objetivo principal compreender de que forma os discentes e docentes supracitados entendem a Didática a partir da seguinte pergunta: “Qual a importância da Didática para o Ensino de Geografia?”. Os resultados mostraram aproximação das respostas dadas pelos participantes, havendo pouca variação no modo que explicaram, usando expressões como; “a Didática é a maneira ou forma de ensinar”. A ideia de investigar o tema aqui apresentado surgiu em reuniões dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa de Ensino de Geografia e Interdisciplinaridade, registrado junto ao CNPq e que investiga temas curriculares que consideram importantes na escola básica e na formação inicial no que se refere ao Ensino de Geografia.

PALAVRAS-CHAVE: Didática. Educação Básica. Ensino de Geografia.

INTRODUÇÃO

A investigação sobre a importância da Didática para o Ensino da Geografia se deu a

partir dos debates no Grupo de Pesquisa de Ensino de Geografia e Interdisciplinaridade

Waldiney Gomes de Aguiar é Doutor em Geografia e Professor de Didática da Geografia na Universidade Estadual 21

do Norte do Paraná – UENP.

Carla Holanda da Silva é Doutora em Geografia e Professora de Geografia Cultural na Universidade Estadual do 22

Norte do Paraná – UENP.

�106

Page 107: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

vinculado ao CNPq e à Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Estadual do Norte do

Paraná — UENP. O grupo é composto por três professores pesquisadores do Colegiado de

Geografia da universidade supracitada, onde cada docente atua com temas diversificados,

porém relacionados à Geografia, especificamente ao ensino dessa disciplina. Os temas de

investigação do grupo são: Diversidade e Ensino de Geografia; a Didática no Ensino da

Geografia. Considerando as temáticas estudadas, a Didática permeia de forma

interdisciplinar os campos de atuação dos docentes sem perder as especificidades dos

conhecimentos geográficos.

Nesse sentido, o artigo foi organizado da seguinte forma: primeiramente faz-se uma

reflexão sobre a Didática; o texto inicia com uma apresentação acerca do conhecimento

didático, lançando mão de trabalhos como o de Hugo de São Vitor (2015), com a obra

Didascalicon: a arte de ler, de Comenius (2006), Didática Magna, e de Libâneo (2013),

Didática. A Didática investiga as condições e formas que vigoram no ensino, como apontam

Pozo e Crespo (2009), que propõem que o conhecimento sistemático deva ser ensinado a

partir de sua história de constituição e também de maneira provisória. Raths (1977) discute

que alguns professores supõem que o aluno deva, em primeiro lugar, aprender os fatos, e

depois ser solicitado a pensar a respeito. A Didática pode oferecer ao professor em sala de

aula a possibilidade de trabalhar os conteúdos com seus alunos a partir de questionamentos

acerca dos conceitos dos conhecimentos que lhe são propostos a saber.

Metodologicamente, optou-se pelo que propõem Weller e Pfaff (2010), a abordagem

etnográfica, que descreve um esquema de coleta de dados, o qual inclui diferentes formas

de observação de participantes e entrevistas ou questionários, mas que, de um modo geral,

está aberto a todos o tipo de coleta de dados.

DIDÁTICA: UMA BREVE REFLEXÃO

A discussão acerca da Didática neste trabalho parte do que é apontado como a

gênese dos conhecimentos didáticos a partir dois autores importantes, Hugo de São Vitor,

com a obra Didascalicon: a arte de ler e Comenius, em sua obra Didática Magna. De maneira

significativa, ambos contribuem aos pesquisadores dessa área de conhecimento,

�107

Page 108: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

fomentando debates acerca do processo de ensino, principalmente no que diz respeito aos

conteúdos curriculares da educação básica. Hugo de São Vitor (1096-1141) nasceu na

Saxônia, hoje território Alemão. Como professor, ele instituiu uma prática pedagógica que

conduzia à contemplação e meditação por meio da leitura, com o objetivo de ensinar. A

outra obra basilar no campo didático pedagógico é a de Comenius (1657), denominada

Didática Magna.

De acordo com (SÃO VITOR, 2015), existem três elementos necessários para o

estudo: a) natureza, que seria as qualidades naturais do estudante, a felicidade em ouvir o

que é pertinente aos estudos para reter com firmeza na memória; b) o exercício, ou seja, o

trabalho contínuo em repetição das tarefas nos estudos; c) a disciplina nas atividades para

que não se perca tempo com coisas alheias aos estudos.

A Didática pode ajudar o docente em suas atribuições profissionais desde que ele

compreenda qual realmente é o papel desse ramo da ciência pedagógica. Nesse sentido,

pode-se recorrer, também, às contribuições acerca do conhecimento didático, sugeridas por

Comenius, em sua obra Didática Magna. Ela foi publicada pela primeira vez em Amsterdam,

em 1657, e defendia sua pedagogia com a máxima: “ensinar tudo a todos”, que sintetizaria

os princípios e fundamentos que permitiriam ao homem colocar-se no mundo como autor

de conhecimentos. Comenius (2006) sinaliza aos professores, nesse caso, possibilidades de

socializar os conhecimentos de maneira irrestrita, considerando, é claro, o tempo escolar de

cada sujeito, para que os conteúdos curriculares sejam organizados, sistematizados de modo

que não sejam aligeirados, e, sim, transmitidos devagar, com paciência; cada coisa em seu

devido tempo para que a aprendizagem ocorra de maneira sólida. O autor ainda sentencia:

“Quem quiser dar aos alunos uma ciência verdadeira e certa deverá ensinar tudo sempre por

meio da observação direta e da demonstração sensível” (COMENIUS, 2006, p. 234).

Desse modo, há a compressão de que a Didática possibilita ir além de uma prática

pedagógica, refletindo o contexto em que os conteúdos são ensinados a partir de

questionamentos, tais como: “quem são os alunos ali matriculados?”; “de onde vieram?”; “o

que buscam questionar?”; “o currículo escolar oficial daria conta de atender ao grupo de

pessoas que procuram a escola para adquirir conhecimentos?”; “as estruturas físicas

administrativas e de pessoal estariam adequadas para tal atendimento?”.

�108

Page 109: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

De acordo com Libâneo (2013), a Didática investiga as condições e formas que

vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais — sociais, políticos, culturais,

psicossociais, condicionantes das relações entre a docência e a aprendizagem. Destaca,

ainda, que a instrução e o ensino são elementos primordiais do processo pedagógico. Por

instrução, compreende-se o processo e o resultado da assimilação sólida de conhecimentos

sistematizados e o desenvolvimento da capacidade cognitiva que corresponde aos

conteúdos das matérias (LIBÂNEO, 2013). Desta forma, o pensar é fundamental do processo

de ensino e aprendizagem.

O pensar proporciona ao sujeito avaliar as condições nas quais vive e a perceber que

existem outras possibilidades em suas práticas sociais. Para Raths (1977), há centenas e

milhares de ano, o objetivo fundamental do homem foi o de sobrevir, e a maior parte dos

primeiros pensamentos humanos provavelmente servia a esse fim. Posteriormente, chegou o

momento em que o homem não precisava pensar apenas em viver, mas em viver melhor, o

que exigiu novos sonhos e a alteração do ambiente a fim de se buscar tais realizações.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para analisar os resultados obtidos, optou-se pelo que propõe o método etnográfico,

que descreve um esquema de coleta de dados, o qual inclui diferentes formas de

observação participante e entrevistas ou questionários, mas de um modo geral está aberto a

todos o tipo de coleta de dados. Segundo, Weller e Pfaff (2010, p. 257) “É interessante

observar que — em contraste à noção da Etnografia como um conjunto de método de coleta

de dados — não existe uma conceitualização dos métodos etnográficos para análise de

dados”. Dessa forma, como parâmetro para análise das respostas no campo conceitual,

optou-se pelos conceitos de didática a partir das obras: Didática Magna, de Comenius (2006)

— “ensinar tudo a todos” — e Didática, de Libâneo (2013) — “um processo de ensino”.

�109

Page 110: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Quadro 3: Respostas dos 15 alunos do primeiro ano do Curso de Licenciatura em Geografia à pergunta porém apresentada apenas três respostas no quadro abaixo: “Qual a importância

da Didática para o ensino de Geografia?”

Fonte: Elaborado pelos autores.

As respostas apresentadas no quadro acima indicam que os participantes do

primeiro ano de Licenciatura em Geografia entendem a Didática como importante, porém

não apresentaram nenhum tipo de conceito, mas, sim, algumas definições aleatórias e

confusas. Nas respostas obtidas, o termo metodologia para mencionar à Didática, que

corresponde a um equívoco, aparece na maioria das respostas. Percebe-se, por se tratar de

uma turma do primeiro ano da Licenciatura, a necessidade de superação conceitual em

direção ao conceito mais próximo do ideal acadêmico, ou seja, a didática como processo de

ensino que considera desde a compreensão dos conteúdos específicos, das matérias

curriculares, até as metodologias a serem utilizadas, os recursos didáticos. Enfim, neste caso,

o curso de Licenciatura poderia já no inicio da formação acadêmica fazer um trabalho

pedagógico com os alunos, referente tanto aos conceitos da ciência geográfica como

também aos conceitos didáticos pedagógicos. Com isso, a intenção de aproximação destes

conhecimentos, haveria a possibilidade de promover formação mais consistente, prevendo

que os futuros professores de Geografia poderiam, na Educação Básica, articular os

conteúdos curriculares por série aos conteúdos referentes à didática, ao ensinar os alunos.

Quadro 4: Respostas dos 15 alunos do quarto ano do Curso de Licenciatura em Geografia à pergunta: “Qual a importância da Didática para o ensino de Geografia?”

Resposta 1: É fazer questões e abordagem sobre o dia a dia e sua qualidade de vida. Percebe-se que a resposta indica uma reflexão, porém não menciona como fazer. Mesmo não havendo menção sobre a reflexão, os termos “dia a dia” e “qualidade de vida” aproximam-se da perspectiva de que ensinar é levar em conta as práticas sociais, neste caso o dia a dia.

Resposta 2: É o principal meio para um ensino mais efetivo. Não ficam claros quais os meios para ensinar, porém dá a impressão de que “meio”, neste caso, representaria uma prática pedagógica.

Resposta 3: Ela ajuda na questão do nosso dia a dia, deteriorando a superfície da Terra. A resposta não apresenta aproximação mínima do que é didática.

�110

Page 111: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quadro 5: Respostas dos 15 docentes de Geografia, da Educação Básica do Estado do Paraná — PDE PR — à pergunta porém apresentada apenas três respostas no quadro 23

abaixo: “Qual a importância da Didática para o ensino de Geografia?”

Fonte: Elaborado pelos autores.

As respostas analisadas dos docentes indicaram que todos estão de acordo com

importância da Didática para o ensino da Geografia. Porém, poucos apresentam detalhes

Resposta1: É formar o professor para atuar em sala de aula. É uma disciplina que deve ser associada à instrumentação e à prática de ensino. Indica a importância da Didática para atuação em sala de aula, ou seja, ensinar. Revela também a importância da Didática no curso de formação.

Resposta 2: Ela é muito importante. Sem a Didática é impossível ensinar. Confirma a importância da Didática, porém não apresenta conceitos. Considera impossível ensinar sem a didática, mas não detalha como.

Resposta 3: Não só para a Geografia mas para todos os cursos. É importante para a transmissão dos conteúdos e sua fixação. Declara importante para a transmissão dos conteúdos e a fixação do mesmo, pressupõe que o professor transmita algum conhecimento para os alunos se apropriarem, mas não detalha e nem conceitua a Didática.

Resposta 1: É indispensável. Penso que nossa maior dificuldade não é o que ensinar, mas sim como ensinar. Considera importante, não apresenta conceito de Didática e assume a fragilidade de como ensinar.

Resposta 2: A Didática, ou seja, a forma de pensar o conhecimento geográfico é muito importante para aprendizagem, isso vai contribuir muito no dia a dia escolar. Quando responde que a didática é a forma de pensar o conhecimento geográfico, indica a possibilidade de compreensão de que é preciso saber o que ensinar aos alunos.

Resposta 3: Permite conhecermos, para aplicarmos técnicas e métodos de ensino com o objetivo de alcançar melhores resultados ao ensino e aprendizagem. Existe aqui uma preocupação a partir da resposta de que apenas um bom método bastaria para ensinar.

O programa PDE — Programa de Desenvolvimento da Educação — foi criado pelo Governo do Estado do Paraná 23

para fim de capacitação docente. O professor se inscreve junto à Secretaria de Educação Estadual, apresentando um projeto de intenção de pesquisa e intervenção na escola, selecionado, é liberado das suas atividades escolares para desenvolver suas atividades de pesquisa, estudos junto a uma universidade pública que disponibiliza um professor orientador. No segundo ano do Programa, o professor retorna à escola para fazer a intervenção pedagógica e escreve um artigo a partir dos resultados obtidos.

�111

Page 112: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

sobre a maneira de ensinar seus alunos e como se dá a relação entre os conhecimentos

didáticos pedagógicos e os conhecimentos específicos da Geografia para a Educação

Básica. Percebe-se, muitas vezes, que a prática pedagógica é tomada como se fosse a

própria Didática. Nesse sentido, considerando os docentes já formados, e há muito tempo

em sala de aula, percebe-se a necessidade desses professores investirem na formação

continuada, neste caso, nos conhecimentos didáticos pedagógicos, haja vista as respostas da

investigação ora apresentadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A investigação sobre o que sabem os acadêmicos do primeiro e quarto ano do Curso

de Licenciatura em Geografia e dos docentes da Educação Básica acerca da importância da

Didática para o ensino da Geografia na Educação Básica mostrou respostas que ora se

confundem entre a Didática e as Práticas Pedagógicas. No pressuposto metodológico da

pesquisa, a pergunta feita aos participantes foi: “Qual a importância da Didática para o

ensino de Geografia?”, tendo como objetivo verificar como alunos e professores

compreendem a Didática, seja por sua importância, seja como ela se relaciona com os

conhecimentos curriculares da Geografia para a Educação Básica no contexto escolar, isto é,

na sala de aula.

Dessa forma, percebeu-se que todos os participantes disseram que a Didática é

importante para o ensino da Geografia, porém não apresentam respostas contundentes ao

que significaria tal importância — um detalhamento sobre a importância da Didática para o

ensino da Geografia. No contexto da investigação, metodologicamente optou-se pela

perspectiva da Didática como processo de ensino que fomenta uma articulação entre os

conhecimentos didáticos e revela uma complexidade, e não a generalização conceitual tal

como a Didática seria a forma ou maneira de ensinar.

Mas qual seria a forma ou maneira de ensinar? Quando se refere à complexidade no

processo de ensinar, é de certa forma falar na relevância de pensar num todo ao ministrar

uma aula aos alunos. Nesse sentido, deve se considerar o contexto escolar, como está

inserida a escola na sociedade, qual o público a que atende, como são selecionados os

�112

Page 113: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

conteúdos a serem ensinados, qual a metodologia para cada conteúdo, os recursos

pedagógicos, até mesmo questões no campo da psicologia e da sociologia, enfim,

compreender o ensino como processo é compreender o que ensina, como ensina e para

quem ensina e não simplesmente selecionar um conjunto de conteúdos descontextualizados

do cotidiano dos alunos.

Considerando as respostas obtidas na investigação, optou-se por fazer um quadro

demonstrativo entre o que responderam os participantes, alunos do primeiro, quarto ano e

os professores da Educação Básica, com o objetivo de verificar se existem aproximações de

termos determinantes que possam indicar o que pensam sobre a Didática.

Quadro 6: Demonstrativo de termos utilizados pelos participantes da pesquisa acerca da importância da Didática para o ensino de Geografia.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os termos mencionados pelos participantes se aproximam entre si. Dessa forma,

percebe-se que não há evolução de definição ou conceitos de Didática, revelando

expressões como “meios” e “formas de ensinar” com maior frequência. Nesse sentido,

observa-se que a compreensão da importância da Didática para o ensino da Geografia fica

Acadêmicos 1º ano

Termos: Como ensinar; Meio para ensinar; A base para ensinar; É metodologia de ensino; Forma de ensinar; Forma de ensinar; Ajuda ensinar; É o método do ensino; Facilita a aprendizagem.

Acadêmicos 4º ano

Termos: É uma prática de ensino; Meio para ensinar; É para transmitir conhecimento; É um instrumento para ensinar; É a forma de ensinar; É um plano de ensino; É a maneira de ensinar; É uma ajuda para o professor ensinar; Facilita o ensino; É para aplicar o conteúdo; É para orientar o ensino; É um meio para ensinar; É um método.

Professores de Geografia da Rede Básica Termos: É como ensinar; É a forma de ensinar; É o método para ensinar; É para ajudar a aprendizagem; É o meio para ensinar; É a prática de ensino; É a forma de ensinar; É a organização para ensinar; É como trabalhar os conteúdos.

�113

Page 114: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

clara a partir das respostas — em todas elas. E fica evidente que os termos utilizados pelos

discentes e docentes não são explicados com detalhes, tais como as expressões “meios” e

“formas de ensinar”. Da mesma forma, não é possível concluir que estariam se referindo ao

tipo de conteúdo curricular a ser ensinado, considerando a idade dos alunos por série, por

exemplo. Ou, ainda, de que forma os recursos didáticos articulariam o conteúdo selecionado

à realidade de uma aula? O método escolhido para a prática de ensino contribuiria para a

aprendizagem?

São indagações que precisam ser feitas quando se fala de processo de ensino, pois

todos os elementos pedagógicos precisam estar em sintonia com um só objetivo, a

aprendizagem dos alunos. Além disso, toda essa sintonia pedagógica se comunica com a

perspectiva curricular na qual optou a escola em seu projeto pedagógico. A perspectiva

curricular nada mais é do que a decisão em conjunto dos envolvidos com a escola que opta

por um determinado tipo de currículo escolar, que deve ser desenvolvido com o objetivo de

fomentar a qualidade no processo ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, o professor compreendendo toda a dinâmica ao ensinar os alunos,

desde a sua própria concepção de educação ou de sociedade, respeitando o currículo

escolar decidido democraticamente, é que se poderá responder a uma pergunta ou

aproximar-se da resposta quando se reflete a expressão “tal professor não tem Didática”. Se

ele compreende toda a dinâmica, conceitos, métodos, os conteúdos curriculares e seus

objetivos para a sociedade, conhece o público no qual ministra suas aulas; tal professor teria,

sim, Didática.

�114

Page 115: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

REFERÊNCIAS

CASTELLAR, Sônia, V. Geografia Escolar: contextualizando a sala de aula. In: AGUIAR. Didática da Geografia. Curitiba: Editora CRV, 2014. COMENIUS, Jan Amós. Didática Magna. (Tradução de Ivone Castilho Benedetti). 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. GONZALES, Xosé Manuel. Didática de La Geografía. Ediciones del Serbal. Barcelona, 1999. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013. MACHADO, Nilson José. Epistemologia e didática: as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente. São Paulo: Cortez, 2011. POZO, Juan Ignacio. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento cientifico. (Tradução de Naila Freitas). 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. RHATS, Louis. Ensinar a pensar: teoria e aplicação. (Tradução de Dante Moreira Leite). 2. ed. São Paulo: EPU, 1977. SÃO VITOR, Hugo de. Didascalicon: a arte de ler. (Tradução de Tiago Tondinelli). Campinas, SP: Vide Editora, 2015. STRAFORINI, Rafael. Ensinar Geografia: O desafio da totalidade. São Paulo, SP: Annablume, 2004. VESENTINI, José William (Org.). O ensino de Geografia no século XXI. Campinas, SP: Papirus, 2004. WELLER, Vivian; PLAFF, Nicole (Org.). Metodologia da pesquisa qualitativa em Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

�115

Page 116: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

CONTACTOS: NEUROCIENCIA Y DIDÁCTICA DE LA GEOGRAFÍA

Daniel Fernando Sanchez Navarro Mestrando em Educação nas Ciências – UNIJUI

[email protected] Maristela Maria de Moraes

Pos-doutoranda PNPD/CAPES - UNIJUI [email protected]

RESUMEN: La Neurociencia fue el epicentro de un gran temblor teórico que termino por alcanzar las aulas. A partir de los descubrimientos de las últimas décadas sobre el cerebro se han renovado campos de indagación al respecto de los fenómenos humanos, entre ellos el del aprendizaje. Tomar en cuenta el cerebro y sus procesos es algo vital, es cierto, no obstante, y para evitar un nuevo caso de mesianismo en el campo educativo, el presente escrito quiere abrirse pasó frente a las incógnitas más significativas que acarrea el contacto entre neurociencia, educación y didáctica, especialmente a los preocupados por la didáctica de la geografía. Usando los recursos metodológicos de la investigación bibliográfica con un principal interés en establecer las rupturas, los riesgos y las posibilidades más prometedoras que se esconden tras este encuentro entre campos del conocimiento. Finalmente se concluye lo prematuro de algunas certezas sobre la neurociencia, lo prometedor que es su vinculación al entendimiento del fenómeno educativo y, por último, la posibilidad de establecer un campo de investigación fructífero para la didáctica de la geografía.

PALABRAS CLAVE: Neurociencia, Educación, Didáctica, Geografía.

INTRODUCCIÓN

El cerebro humano es un maquina maravillosa, está conformado por una capa

superficial llamada corteza y por los lóbulos parietal asociado a las percepciones sensoriales,

el frontal vinculado a la razón, el temporal vinculado a la memoria y el occipital vinculado a la

visión, la imagen y la espacialidad (BLACKMORE; FRITH, 2017, p.20). Cuenta con más de

100.000 millones de neuronas que se interconectan en interacciones celulares, llamada

�116

Page 117: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

sinopsis, que superan los mil billones (BLANCO, 2014, p. 206). Esta una definición escueta

pero suficiente para dimensionar de lejos la complejidad de la base biológica del

pensamiento humano su basto micro universo ha sido territorio fecundo para el surgimiento

de múltiples disciplinas que constituirían en su trabajo conjunto lo que hoy se conoce como

Neurociencia, el esfuerzo multidisciplinar por entender el funcionamiento del cerebro, hasta

sus funciones cognitivas más avanzadas entre ellas el aprendizaje (BLANCO, 2014).

Por el cerebro pasan todas las actividades cognitivas, por ende, es un factor vital para

el aprendizaje y la educación, objeto de reflexión del presente texto. En tiempo reciente, los

descubrimientos a cuenta de la Neurociencia han puesto en tela de juicio la forma en que se

estimula el cerebro para producir un aprendizaje efectivo, poniendo en alerta a disciplinas

tradicionalmente encargadas del tema. La Didáctica, disciplina que estudia la relación

enseñanza-aprendizaje, es claramente una de sus más grandes benefactoras o víctimas,

dependiendo de cómo se dé la relación entre ambas y teniendo en cuenta que las dos están

en permanente actualización.

¿Cómo pudo avanzar la didáctica en formular teorías para lograr el aprendizaje sin

tener en cuenta el cerebro? Lo cierto es que la didáctica es una disciplina emergente y posee

dos niveles, el general y el específico. El primero se ocupa de reflexionar sobre el

aprendizaje y las mejores formas de enseñar en términos amplios, esta intención es la

precursora del contacto con la piscología cognitiva, la pedagogía, la epistemología, entre

otras. Por su parte, las didácticas específicas, aterrizan esas reflexiones a campos disciplinares

concretos que necesitan ser enseñados y aprendidos para la propagación del conocimiento

amasado por la humanidad, por ejemplo, el de la geografía, cuerpo de interés del presente

trabajo. Si bien no ha realizado sus avances apoyado en suposiciones y ficción, en el corto

tiempo en que ha tratado de consolidarse como disciplina independiente ha recibido fuertes

críticas que han probado su temple en múltiples ocasiones.

¿Es la Neurociencia la respuesta? No, como se defiende en este escrito, algo como

una posible neuro didáctica, no es el reemplazo de la didáctica en sí, es sólo un aporte

científico rigoroso que viene a enriquecer un universo cada vez más complejo contenido en

la relación entre el aprendizaje y la enseñanza. Esto se debe a que dicha relación es

multidimensional y, ni la enseñanza, ni el aprendizaje, están únicamente mediados por el

�117

Page 118: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

cerebro, por tanto, el campo de la didáctica trasciende el campo neuronal, o cognitivo, o de

alguna ciencia específica y se consolida en la interacción de todos los elementos que

configuran el fenómeno de la enseñanza y en el aprendizaje como un elemento complejo.

Para poder llegar hasta el centro de la cuestión el presente texto se organizará de la

siguiente forma: Inicialmente el contacto neurociencia y educación, en segunda instancia la

relación entre neurociencia y didáctica, por último, las posibilidades y límites de la

neurociencia de aportar a la didáctica de la geografía como campo autónomo de saber.

Neurociencia y Educación

La Neurociencia estudia el cerebro y al sistema nervioso en general, su rama aplicada

a los fenómenos cognitivos estudiaría pues, la base neuronal de los comportamientos

conscientes, en ellos se incluye el pensamiento, los sentimientos, emociones y, claramente, el

aprendizaje. Estos campos de conocimiento son particularmente recientes, sus esfuerzos

actuales se han enfocado en llevar al campo practico los resultados del trabajo teórico y

empírico de los neuro científicos a todas las actividades humanas con el fin de entender

mejor el pensamiento humano y hacer dichas actividades más afines a los modos de operar

del cerebro realzando su efectividad, impacto en el sujeto y el dominio del mismo al asumir

ciertas tareas. La educación es un campo obligado bajo esa línea de entendimiento. La

complejidad del fenómeno educativo engloba varios elementos susceptibles a ser

reformados a partir de los avances sobre el entendimiento neuronal, pero el aprendizaje es,

tal vez, el elemento más receptivo a cambios y nuevos entendimientos.

La Neurociencia lo define como una capacidad cognitiva permanente del cerebro de

adquirir, conservar, ejecutar y producir información, para ello desarrolla conexiones

neuronales a partir de las estructuras que se configuran entre una dupla conformada por la

biología y la cultura, las desarrollan y programan acorde a sus necesidades. Un conocimiento

profundo del funcionamiento neuronal al momento de producirse el aprendizaje llevaría a un

avance significativo al momento de plantearse las formas de enseñanza y es aquí donde el

camino se encarrila hacia lo coalición con el campo de la educación, al cual se accederá por

tres vías. Iniciar por un mapeo de nuevas premisas, inicialmente contra intuitivas que

�118

Page 119: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

controvierten mitos ampliamente aceptados. Establecer cuáles son las premisas nuevas y

sólidas para tejer un camino hacia el pacto Neurociencia-educación y, por último, poner

sobre la mesa los límites y vacíos que limitan a la vez que desafían este campo del saber.

Verdades caducas: el cerebro no puede seguir entendiéndose como objeto

solamente natural, su base, ciertamente biológica, es una máquina que se programa a partir

de un contexto cultural y social. Los elementos culturales hacen evolucionar al cerebro, como

prueba está la transformación que sufren las estructuras cerebrales durante y después de la

incorporación del lenguaje.

Existen un acuerdo en términos generales sobre el momento crítico que es la

temprana infancia en términos de las futuras capacidades para aprender con las que contara

un individuo, no obstante, lo que en realidad procede a nivel neuronal es un proceso que se

llama poda, metafóricamente hablando sucede algo similar al cuidado de las plantas,

inicialmente se tiene una cifra abultada de estructuras neuronales que sobre los 7 años van

acoplándose, proceso de sinaptogénesis , quitando unas y reforzando otras. 24

En la década de los 80’s este descubrimiento llevo a plantear políticas educativas que

estuvieran basado en el excesivo cuidado de esta etapa bajo el riesgo de perder

capacidades en tiempos futuros, no obstante lo que ha demostrado el seguimiento de

individuos en todas las edades es que, ese proceso es una adaptación a nuestro medio

cultural cuyo mayor impacto es realizado por la vida cotidiana y la apropiación del lenguaje y,

en segunda instancia, que el cerebro no pierde plasticidad durante ningún momento de la

vida, el aprendizaje es posible hasta el momento de la muerte, lo que hay que aplicar es una

máxime popular, lo que no se usa se pierde, sin embargo, nada tiene que ver con la creencia

de que no recibir una educación de punta en la infancia condene a alguien a la perdida de

sus capacidades, es decir, sobre saturar el entorno educativo a la larga no es la clave del

desarrollo cognitivo del infante, pero un ambiente empobrecido es definitivamente fatal para

el desarrollo de dichas capacidades, si bien es cierto que hay periodos sensibles a ciertos

campos, la respuesta no es centrarse en uno u otro, la capacidad de estructurarse del

Sinaptogénesis o proliferación sináptica, proceso por el cual el cerebro origina nuevas conexiones entre neuronas, 24

ocurre una gran oleada en la infancia temprana que después es podada o filtrada (BLACKMORE; FRITH, 2007, p.293).

�119

Page 120: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

cerebro es permanente y, por tanto, la exposición a contextos enriquecidos de aprendizaje

deben ser del mismo modo (BLACKMORE; FRITH, 2007, p.22).

Campos aún por madurar: Abordar cualquier fenómeno desde los aportes de la

Neurociencia es un ejercicio riesgoso por varias razones, principalmente su incesante

reformulación. Segundo, que la mayoría de los estudios se realizan sobre autopsias y

cerebros de animales, dando lugar a un margen de error bastante amplio sobre los

resultados de ciertos estudios. Otro elemento fundamental para la sospecha es el hecho de

que el área más estudiada del cerebro es las relaciones al desarrollo sensorial, es decir, la

parte encargada de los funcionamientos racionales del cerebro, la que está directamente

inmiscuida en los procesos de aprendizaje científico, no está suficientemente explorada,

amén de que todo el cerebro es maquina diseñada para aprender, en su lugar es el lóbulo

occipital y los elementos de la corteza visual la estructura mejor investigada, de hecho, este

problema es doble, no sólo se conocen más ciertas partes del cerebro que otras, sino que se

descubrió que todas las partes del cerebro están directamente implicadas en cada acción,

por tanto no sólo es la parte, también la relación de las partes, lo que hace a las

investigaciones más embrionarias de lo que se cree pero más prometedoras de lo

imaginable (BLACKMORE; FRITH, 2007, p.25).

Lo inconsciente es otro elemento que escapa de los investigadores, el cerebro

aprende todo el tiempo, se estima que se tienen alrededor de 60.000 pensamientos por día,

es imposible que estén todos ubicados en lo que podría llamarse aprendizaje consiente. Lo

inconsciente ocupa una gran parte de la actividad cerebral, como campo de investigación

está aún desierto en términos de un entendimiento que permita vincularlo como factor

importante del aprendizaje, no obstante, está comprobado que lo inconsciente también

aprende, avanzar en esa línea podría ofrecer una gama de herramientas para brindarle al

inconsciente la posibilidad de reforzar lo que se planea enseñar y que el sujeto aprenda.

Nuevas premisas: Metodológicamente la Neurociencia procede en analizar las

funciones del cerebro con técnicas como la electrofisiología que mide la actividad del

cerebro, la estimulación magnética transcraneana, los estudios neuropsicológicos sobre la

alteración de la conducta en relación con lesiones cerebrales, técnicas que aún profesional

de la educación no le dicen mucho. Aportan claridades, por ejemplo, la actividad cerebral

�120

Page 121: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

que se produce bajo ciertas acciones, entre mayor actividad se genere a nivel neuronal se

está hablando de actividades más significativas, lo que sirve para comparar si una

metodología es más o menos atractiva para el cerebro, en el caso del aprendizaje implica

que entre más se consiga activar el cerebro y sus interconexiones, más efectivo es el

aprendizaje, eso implica adaptar el contenido y el mensaje de esa misma manera, contenido

en relación, actividades cognitivas multi sensoriales y de múltiples modalidades, etc. El paso

entre los avances neurocientíficos hacia el aprendizaje no es automático, sus universos son

bastante dispares en términos de producción de conocimiento, por tanto, requieren de la

existencia de varios intermediarios, el más revisado es la psicología cognitiva, no obstante, el

llamado es a atender al trabajo interdisciplinario. Aun no se pueden entrelazar de manera

sistemática ambos campos, falta desarrollo tecnológico para estudiar el cerebro en acción,

no obstante, hay correspondencia entre estudios psicocognitivos y cerebrales,

principalmente en el campo de la memoria, el lenguaje, la abstracción, la mentalización, etc.

El campo multidisciplinar que estudia la educación también ha aportado su parte al

desarrollo de la Neurociencia, principalmente en la significación de lo que es en realidad el

aprendizaje y la memoria (BLACKMORE; FRITH, 2007, p.117). Existen distintos tipos de

aprendizajes que hacen uso de distintos tipos de memoria, el aprendizaje puede ser

implícito o explicito, la memoria puede ser condicionada, ser episódica, semántica,

procedimental. Entre las distintas configuraciones que existen entre memoria y aprendizaje

se encuentra la posibilidad de acceder a capacidades más complejas de la memoria como

mentalizar, realizar dos actividades al mismo tiempo, tener conciencia de actividades que

debemos realizar a futuro, recordar sucesos.

En consecuencia, también se diversifica las formas de aprendizaje, el netamente

memorístico o el significativo, cerebralmente diferenciados ya que el primero usa la corteza

premotora y el lóbulo frontal inferior, tiene un límite de 7 elementos disociados en

simultaneo, el significativo logra activar, además de las zonas ya nombradas, la corteza

prefrontal izquierda, el lóbulo temporal y occipital, accede así a capacidades más complejas

como el sentido y la imaginación, esta última tiene formas diferentes dependiendo si se

remite a objetos concretos, en cuyo caso activa la corteza parietal, mientras que al referirse a

formas abstractas activa el lóbulo parietal y en menor medida con las áreas lingüísticas del

�121

Page 122: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

lóbulo temporal (BLACKMORE; FRITH, 2007, p.224). Este inventario de conceptos son

simplemente ejemplos de cómo los conocimientos de la base biológica neuronal son de

importancia en el campo del aprendizaje.

Didática y Didáctica de la geografia

La didáctica y su versión volcada hacia la geografía, ambas, son campos relativamente

autónomos, y es en el seno de esa autonomía es que se debe gestar cualquier contacto

interdisciplinar, reconocerlo es simplemente el límite que separa el trabajo interdisciplinar de

la instrumentalización y el mesianismo. Por eso aquí se da un espacio para, primeramente,

comprender lo que se entiende por didáctica y posteriormente de que se ocupa la didáctica

de la geografía. De acuerdo con Cavalcanti (2010) la didáctica pude ser comprendida como

el campo de conocimiento que tiene como objetivo reflexionar sobre el proceso de

enseñanza, el cual es comprendido como una práctica social, subjetiva que está más allá del

simple cumplimento de reglas y normas preestablecidas. En esa misma línea Libâneo (2004,

p.5), aclara:

La didáctica tiene el compromiso con la búsqueda de la calidad cognitiva de los aprendizajes, esta, a su vez, asociada al aprendizaje del pensar. Le Cabe investigar cómo ayudar a los alumnos a constituirse como sujetos pensantes y críticos, capaces de pensar y lidiar con conceptos, argumentar, resolver problemas, a través de dilemas y problemas de la vida práctica.

Tal concepción implica considerar la didáctica como elemento importante en el

proceso de aprendizaje, una vez que es responsable por encontrar caminos que auxilien en

el complejo proceso de enseñar/aprender. Hay que considerar aún que el proceso de

aprendizaje envuelve muchos actores, muchas responsabilidades y desafíos, ya que no se

trata de una tarea fácil, teniendo en vista que necesita de una reflexión sobre la enseñanza y

no de un modelo listo, acabado. Su preocupación también lleva en consideración la

formación humana y, por ende, la formación ciudadana del sujeto.

Así, en lo que se refiere a la didáctica de la geografía es posible decir que ella “busca

analizar la dinámica de enseñanza de esa materia: elementos constitutivos, condiciones de

�122

Page 123: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

realización, contextos y sujetos, límites y demandas” (CAVALCANTI, 2010, p. 3). Lo que lleva a

percibir que la contribución de la didáctica de la geografía para la enseñanza “es producir

conocimiento amplio de la enseñanza y de los fundamentos teóricos y metodológicos de la

Geografía escolar, sus principios epistemológicos, subsidiando así la actuación docente

consciente y autónoma” (CAVALCANTI, 2010, p.3). Tal entendimiento se evidencia en las

ideas de la autora cuando enuncia que, en lo que atinge a la a didáctica de la geografía,

Es de esperarse que las orientaciones de la Didáctica y de la ciencia geográfica estuvieran presentes de algún modo en la práctica de enseñanza. El presupuesto es el de que el profesor, para estructurar la materia que enseña, moviliza autónomamente conocimientos de esas fuentes, teniendo como ejes principales la historia del pensamiento geográfico, la constitución del área como ciencia y como disciplina escolar, las tendencias teóricas y las categorías de análisis básicas del raciocinio espacial, los procedimientos de investigación y análisis del espacio (CAVALACANTI, 2010, p. 5).

Las preocupaciones de la didáctica de la geografía remeten a los desafíos que los

profesores enfrentan en sala de aula cuando se cuestionan ¿que enseñar? ¿Cómo? Y ¿Para

qué? La didáctica de la geografía viene para intentar ayudar responder y auxiliar en esos

cuestionamientos. Todavía, ella debe considerar no solamente los principios

epistemológicos, teóricos e metodológicos, también debe tener en cuenta el contexto, pues

el proceso de aprendizaje no se desvincula de él.

Durante lo expuesto, lo que se verifica es el esfuerzo de la didáctica de la geografía en

contribuir en el proceso de aprendizaje de modo que consiga auxiliar al profesor, sin

embargo, no le coacta su autonomía, para que este encuentre las estrategias y

procedimientos que van a potenciar el proceso de aprendizaje, es decir, que contribuyan en

el proceso de construcción del conocimiento y siendo así, en la formación humana del

sujeto. A pesar de todo, hay que considerar que inclusive si se reconoce ese esfuerzo por

parte del profesor, y de la didáctica en reflexionar sobre tales cuestiones, hay aún muchos

desafíos a ser superados en lo que se refiere a la enseñanza que van más allá.

Neurociencia y Didáctica de la geografía

�123

Page 124: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

La investigación bibliografía es parte de cualquier investigación, pero también

consiste en un tipo de investigación por sí misma. Básicamente es la búsqueda sistemática y

rigurosa de una temática dentro de la extensa variedad de investigaciones ya realizadas que

se encuentran organizadas en bases de datos institucionales y hasta internacionales. Tiene

como objetivo dar cuenta del estado de la cuestión de ciertos temas, lo que se sabe, lo que

aún se desconoce y los principales problemas a resolver; es un ejercicio necesario que ubica

a los investigadores dentro de campos reflexivos socialmente valiosos y evita que trabajos ya

realizados se pasen por alto y se caiga en la reiteración u omisión desperdiciando esfuerzos

valiosos.

El subtítulo correspondiente a este apartado contiene las palabras clave usadas como

categorías de búsqueda en múltiples buscadores de artículos científicos tanto en lengua

hispana, como portuguesa e inglesa, no obstante, la búsqueda arrojó como resultado sólo

dos trabajos que relacionaban directamente el campo de la enseñanza de la geografía con

las implicaciones de la Neurociencia en el campo de la educación. Por un lado, esta una tesis

de doctorado titulada “Geografia: Ensino e Neurociência” realizado en el año 2015 en la

Universidade Federal de Rio Grande do Sul. En ella se discute la conexión entre enseñanza

de la geografía y Neurociencia en el marco de la lógica de la complejidad en clave moriniana

de eco auto organización y demás principios de la complejidad para encontrar el puente

entre el cerebro y le geografía, también usa categorías de la psicología cognitiva y proyecta

dos líneas centrales para seguir avanzando en la constitución de este campo investigativo, si

bien el camino de la tesis no es similar a los objetivos de este escrito, su camino la lleva a

reflexionar en un aspecto vital, esta sería la posibilidad de reflexionar desde la construcción

neuronal del espacio geográfico con dos consecuencias que casi por inercia chocan en la

didáctica, a saber: la espacialidad como capacidad del cerebro y la construcción de lecturas

y representaciones sobre el espacio que tienen a ser cada vez más complejas y que se

revisten en el campo de la geografía con los conceptos geográficos y sus categorías de

análisis.

El segundo documento encontrado fue un artículo de carácter exploratorio o

descriptivo titulado “Consideraciones neuro didácticas en la geografía a través del uso de las

tecnologías emergentes” realizado en la Universidad de Puerto Rico y presentado en el XVI

�124

Page 125: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Encuentro de Geógrafos de América Latina en el año 2017. En este artículo se expone otra

perspectiva, en el que se discute la forma de los contenidos de enseñanza de la geografía,

pero en esta oportunidad se cuenta como el móvil de los contenidos las herramientas

tecnológicas que, a partir de los aportes en Neurociencia, brindan mayores posibilidades al

cerebro de envolverse en procesos de aprendizaje significativo en sus dimensiones

biológica, cognitivo y teórico. La autora llega a denominar esto como una neuro didáctica y

al respecto aclara que:

En términos epistemológicos podríamos decir que la neurodidáctica es un entramado de complejas y diversas metodologías sumadas a un discurso pedagógico que se deriva de un componente fuerte de conocimientos asociados a la neurología y neurociencia, y que con la ayuda de estrategias particulares ayuda a impartir los conocimientos que se generan de las mismas (ZORRILLA, 2017, p.2).

Esta definición se contrapone a la definición de didáctica que, otrora, se defendió en

este mismo escrito, ya que la didáctica de la geografía es un campo reflexivo autónomo,

simplemente la transformación de los contenidos en formatos más refinados, por mucho que

favorezcan el aprendizaje de los mismos, no agota el campo de la didáctica vinculado a la

formación humana, que se complejiza al momento de imbricarse en acciones pedagógicas

reales, sobre lo cual reflexiona Camilloni (1993):

el empleo de la teoría didáctica en la acción pedagógica exige siempre un esfuerzo de acomodación. Ninguna teoría permitirá pasar al caso individual sin una mediación, fruto de la reflexión crítica y de la decisión creativa. Este es el aporte, su alcance y su límite, que la teoría didáctica puede hacer a la práctica pedagógica (p.32).

Por lo tanto, la propuesta neuro didáctica, si bien es un camino rico, debe ser

entendido como intención transdisciplinar y no de reemplazo de lo nuevo por lo viejo; hecha

esta salvedad sólo basta entender que el refinamiento de los contenidos y las formas de

ponerlo a disposición a los estudiantes también es una responsabilidad de los inmiscuidos

en investigación didáctica.

�125

Page 126: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Más como reflexiones finales que como conclusiones debido a la volatilidad de las

disciplinas aquí enfrentadas, se tiene que, primeramente, estamos hablando de un campo

emergente de investigación dentro del objeto teórico de la didáctica de la geografía, que

dicho campo esta inexplorado y que como prueba de ello hablan los escasos resultados

encontrados en la investigación bibliográfica a tres idiomas distintos. No obstante, el campo

de la didáctica de la geografía ya empieza a proyectar líneas de investigación interesantes

que se presentaron a lo largo de este ejercicio exploratorio. Hasta el momento se cuentan

con los aportes específicos de los trabajos citados, es decir, la vinculación de nuevas

tecnologías y su impacto en la estimulación cerebral y el aprendizaje, o bien sea la

Neurociencia y la doble naturaleza de la relación espacio geográfico y cerebro, es capacidad

cerebral y es representación codificada. Dicha codificación parte de nociones básicas de

lateralidad, pasa por identificación de objetos, relaciones de objetos en el espacio,

propiedades topológicas, hasta llegar a toparse con las dimensiones absolutas, relacionales

y relativas del espacio que a través del aprendizaje puede llegar a tomar forma de conceptos

geográficos que nutren el aprendizaje crítico y ciudadano.

No obstante, estos trabajos también sirven como prueba de la necesidad de darle

atención a esta posibilidad en específico y de llevar a la investigación en didáctica de la

geografía los conocimientos que se acuñan entre la Neurociencia y la educación. Aguardan

al otro lado nuevas formas de enseñanza, nuevas formas de entender el aprendizaje y hasta

de comprender el propio espacio geográfico.

REFERENCIAS

BLANCO, C. Historia de la neurociencia. el conocimiento del cerebro y la mente desde una perspectiva interdisciplinar. Madrid: Biblioteca Nueva, 2014. BLACKMORE, S., FRITH, U. Cómo aprende el cerebro. Las claves para la educación. [Traducido al español de The Lerning Brain: Lessons for education]. Barcelona: Ariel, 2007. CAMILLONI, Alicia. El sujeto del discurso didáctico. Praxis Educativa, [S.l.], v. 3, n. 3, p. 27-32, may 2012. ISSN 2313-934X. Disponible en: <http://cerac.unlpam.edu.ar/index.php/ prax is/article/view/194/180>. Fecha de acceso: 04 mar. 2018 CAVALCANTI, Lana de Souza. A geografia e a realidade escolar contemporânea: avanços, caminhos, alternativas. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em Movimento – Perspectivas Atuais. Belo Horizonte, Novembro de 2010. Disponível: http://

�126

Page 127: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7167-3-3-geografia-realidade-escolar-lana-souza/file. Acesso em 22 de Fev. de 2018. LIBÂNEO, José Carlos. A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender: a Teoria Histórico-cultural da Atividade e a contribuição de Vasili Davydov. Revista Brasileira de Educação. Set /Out /Nov /Dez 2004 Nº 27. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu /n27/n27a01. Acesso em 21 de Fev. de 2018. SANTOS, K. Geografia: Ensino e Neurociência. 187 f. Tese (Doutorado em Geografia) —Instituto de Geociências, Universidade federal do Rio Grande Do Sul, Porto Alegre, 2015. ZORRILLA, Maria. Consideraciones neurodidacticas en la geografia a traves del uso de las tecnologias emergente. XVI EGAL Fevereiro de 2017. Disponível: http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal16/Ensenanzadelageografia/Metodologiaparalaensenanza/12.pdf. Acesso em 21 de Fev. de 2018.

�127

Page 128: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

�128

Grupo de Trabalho 3:

CURRÍCULOS E POLÍTICAS

Page 129: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

LA GEOGRAFÍA EN COLOMBIA: AUSENCIA DE UN CURRÍCULO Y DE UNA POLÍTICA PROPUESTA PARA LA

IMPLEMENTACIÓN DE UN PROGRAMA ESCOLAR

Mario Fernando Hurtado Olga Lucía Romero

Luis Guillermo Torres 25

RESUMEN: En Colombia la educación geográfica está por desaparecer. Existió como un área propia en los grados sexto, séptimo, octavo y noveno hasta 1994 (de 11 grados escolares). Después se integra con la historia y la política, sin embargo, nunca se hizo un currículo sobre qué enseñar y poco a poco la historia fue desplazando los contenidos geográficos.En 2017 se aprobó en el Congreso de la República la Ley 1874 que da a la historia un estatus diferente a las demás ciencias sociales con la intención de “restablecer la enseñanza obligatoria de la Historia de Colombia”, sin embargo, el silencio del gobierno, del Ministerio de Educación y de las asociaciones geográficas del país, es abismal frente a esta situación. Para llevar una propuesta es necesario definir el ¿Por qué? Y ¿Para qué? de la educación geográfica escolar, además, definir los contenidos relevantes que se requieren en la escuela y las líneas de formación geográfica escolar, que pasan también por la formación docente. Desde el grupo interinstitucional de investigación Geopaideia, se han sistematizado algunas experiencias cuyo propósito ha sido definir unas temáticas curriculares para la enseñanza de la geografía escolar. El presente artículo es producto de estas reflexiones y de la práctica de los tres autores en políticas educativas, currículo, formación docente y enseñanza escolar.

PALABRAS CLAVES: Políticas educativas en geografía, currículo escolar, formación de licenciados en Ciencias Sociales, materiales de texto, contenidos geográficos.

Miembros del Grupo Geopaideia - Bogotá DC - Colombia25

�129

Page 130: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

INTRODUÇÃO

Contexto histórico: la historia y la geografía como canal de identidad nacional.

La enseñanza de las ciencias sociales fue prioridad del Estado durante el siglo XIX,

después de la independencia y hasta las primeras décadas del siglo XX. Las políticas

educativas se orientaron a la alfabetización, los conocimientos matemáticos y la apropiación

de una identidad nacional, por ello las áreas de lenguaje, matemáticas, historia y geografía se

convirtieron en los ejes estructurales de la educación nacional.

La enseñanza de la geografía se convirtió en un eje central para generar identidad

local, regional y nacional, por lo que se empezaron a desarrollar las primeras cartillas

escolares donde se explicaban los elementos básicos del relieve colombiano, el clima, los

recursos naturales y las características económicas y poblacionales de los departamentos y

del país. La educación geográfica era positivista, descriptiva, enunciativa, básica, sin espacio

para el debate o la argumentación; pero funcional para replicar el concepto de apropiación

del territorio y en la construcción de una identidad regional. Por su parte, la historia se centró

en la exaltación de héroes, las hazañas de las luchas libertadoras para justificar la

emancipación de España y las bondades de esa separación; se apeló a una enseñanza

descriptiva de los hechos históricos, con un interés de construir identidad nacional, de

justificar la existencia del Estado colombiano. Las descripciones históricas no se prestaron a

matices; se era bueno si era parte del grupo nacionalista y asesino si se era español, pero de

igual forma se justificó como bueno todo lo traído por España: lengua, religión, principios,

normas; es decir la cultura y la sociedad indígena se relegó y se avaló todo aquello que se

deseaba, hiciera parte del proyecto nacional colombiano. Durante esos 120 años de

enseñanza la geografía y la historia se concibieron como áreas independientes, con

elementos comunes pero dos áreas de conocimiento propio, pues cada una debía cumplir

una labor en la formación de colombianos.

Las reformas educativas de la década del 30 del siglo XX, determinaron que las

Ciencias Sociales serían un programa de primero a quinto de primaria, con una subdivisión

de áreas entre geografía, historia, democracia y urbanidad y con una intensidad de 6 horas a

�130

Page 131: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

la semana. Para la educación secundaria se determinaron 4 horas semanales de historia y 3

horas semanales de geografía de sexto a noveno grado. El currículo favoreció la elaboración

de libros de texto para ambas áreas. Varias editoriales desarrollaron materiales de geografía

de manera locacional, abordada por regiones. Los ejes temáticos por grados se centraron de

la siguiente manera: en sexto geografía física de Colombia, en séptimo geografía de

América, en octavo geografía de Europa, Asia, África y Oceanía, y en noveno geografía

económica con énfasis en Colombia. El currículo repetía procesos desde una visión

tradicional y descriptiva.

La integración

En 1994 la Ley 115 de educación, normativa la integración de la geografía y la historia

en una sola área, lo más relevante es la reducción de la intensidad horaria semanal de 8 a 4

horas semanales. Adicional se incluyen las clases de democracia y todas las cátedras que se

crean a partir de la Constitución Política de 1991 (entre ellas afrocolombianidad,

emprendimiento, las cátedras departamentales). La integración evidenció la supremacía de

la historia sobre la geografía en la academia colombiana y en la formación escolar, tanto que

en la elaboración de los libros de texto y los programas impartidos en la escuela, el 60% de

los contenidos terminan siendo históricos y el restante 40% para la formación política, la

geografía y las demás cátedras. En eso, se va diluyendo la geografía en la escuela e inclusive

se pierde el nombre y el rol para la sociedad. Las nuevas generaciones en muchos casos

desconocen qué es la geografía y cuáles son las funciones y las acciones que tienen para la

población.

El temor a la valoración y a la evaluación recrudece el problema. No hay claridad

sobre los contenidos geográficos que se deben enseñar en la escuela. Se sigue oscilando

entre la enseñanza descriptiva y la formación ciudadana. Los lineamientos de 2004 del

Ministerio de Educación, dan mayor claridad sobre qué enseñar en historia, pero ideas muy

vagas y su pertinencia en qué grado para la enseñanza de la geografía.

Desde 2016 y en el contexto del Proceso de Paz varios historiadores y la comunidad

histórica comienza un debate por revivir la cátedra de historia independiente de las Ciencias

�131

Page 132: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Sociales, como un compromiso por la paz, por conocer el pasado del país y explicar las

razones del conflicto. Sin embargo, los que lideran el proceso desconocen la enseñanza en el

aula, los contenidos de ciencias sociales y, sobre todo, entender que la integración fue el

matrimonio de dos grandes áreas geografía e historia y la separación de una implica

entender el rol de la otra. El 28 de diciembre de 2017 el Congreso de la República aprueba

la creación de la cátedra de historia, y la geografía sigue en el limbo, sin saber qué se

enseña, las prioridades en la escuela y lo que se espera en los procesos de formación. Por

otra parte, las Pruebas nacionales han reducido la geografía al mínimo de evaluación.

Formación para la enseñanza de la geografía: entre las políticas de calidad y la formación disciplinar

La formación de docentes que enseñan geografía, implica desarrollar pensamiento

espacial en los estudiantes, articular la enseñanza de la geografía a contextos más cercanos y

problematizar los más lejanos, formar ciudadanos, articular los estudios ambientales en

relación a la apropiación antrópica del espacio geográfico, incluir otras ramas de la disciplina

en la enseñanza escolar, como la económica, la política o los estudios de la población.

El MEN enfatiza en que estas competencias están directamente relacionadas con la

práctica del maestro, los aprendizajes de los estudiantes y su formación integral. El

documento señala que, en la formación inicial de maestros, los programas y su concreción en

la propuesta curricular y el plan de estudios requieren de una permanente articulación e

interacción entre pedagogía, didáctica, disciplina e investigación para promover y concretar

el aprendizaje. El MEN asume que los ambientes de aprendizaje son el lugar donde el

licenciado ejerce su práctica profesional y donde se concretan los aprendizajes de los

maestros en formación.

Es esta, una de las razones por las cuales la geografía escolar y la didáctica de la

geografía deben tener mayor relevancia en ámbitos universitarios proponiendo currículos

que piensen que tipo de geografía se quiere enseñar en las escuelas y qué procesos de

enseñabilidad que buscan desarrollar en la formación de docentes. En la actualidad, la

política educativa ha dado un giro muy amplio, puesto que orienta políticas de calidad

�132

Page 133: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

educativa, que sea medible y que establece no sólo lineamientos para los diferentes

programas de formación, sino para acreditar las universidades en alta calidad . La 26

Resolución 18583 de 2017 ajusta las características específicas de calidad de los programas

de Licenciatura para la obtención, renovación o modificación del registro calificado. Así se

abre el espacio, en el marco de la autonomía curricular, para que se incluyan los saberes de

la enseñanza de la geografía.

El decreto determina la importancia del saber didáctico para cada una de las

disciplinas que estructuran la formación docente. Esto se refiere a la capacidad para

aprehender y apropiar el contenido disciplinar como objeto de enseñanza. Se hace

pertinente conocer la manera cómo las personas aprenden los contenidos y desarrollan

habilidades concretas, reconocer dónde se encuentran las mayores dificultades del

aprendizaje, saber cómo utilizar estrategias y prácticas que permitan al estudiante resolver

estas dificultades y conocer cómo evaluar los aprendizajes. Lo anterior implica una

intersección entre los saberes didácticos y contenidos disciplinares del área de desempeño

del educador y sus prácticas pedagógicas, de forma que esté en capacidad de apropiar e

investigar dichas prácticas y evaluar su impacto.

Formar en competencias: Una ventana al mundo globalizado

Si bien es cierto se discute la funcionalidad de las competencias en relación a la

formación, estas se han permeado la promulgación de las políticas educativas y también en

el desarrollo de micro currículos. Sin embargo, a pesar que la idea de competencia se

encuentra inmersa en el lenguaje de los docentes, ésta no es aplicable en el proceso de

formación y menos aún asimilado por quienes se están formando. En parte porque las

competencias se consideran como una reproducción técnica del conocimiento y no como la

interiorización, el manejo y resolución de las situaciones problémicas de la cotidianidad. El

MEN concreta estas tres competencias básicas y fundamentales:

La acreditación de alta calidad es una directriz que permite el funcionamiento de un programa específico, en el que 26

se tienen en cuenta elementos curriculares, con la planta física, perfil de los docentes, resultados de pruebas externas, formación del licenciado ente otros aspectos.

�133

Page 134: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

! Enseñar: para comprender, formular y usar la didáctica de las disciplinas con el propósito

de favorecer los aprendizajes de los estudiantes.

! Formar: para re-conceptuar y utilizar conocimientos pedagógicos que permitan crear

ambientes educativos para el desarrollo de los estudiantes, del docente y de la

comunidad.

! Evaluar: para hacer seguimiento y tomar decisiones sobre los procesos de formación, con

el propósito de favorecer la autorregulación y de plantear acciones de mejora.

Las competencias y la didáctica de la geografía

En líneas anteriores se ha mencionado la ausencia de la formación en competencias

profesionales en el marco universitario, para profundizar se realiza una propuesta de

competencias focalizada para la asignatura de Didáctica de la geografía. Desde los micro

currículos se pueden desarrollar competencias del ser -afectiva, saber -cognitiva y del 27

saber hacer – pedagógica. Estas competencias son definidas así:

! Cognitivas: reconocer y diferenciar qué es y cómo se trabajan los saberes disciplinares,

los instrumentos y las estrategias del saber ser, el saber conocer y el saber hacer.

! Afectivas: practica la autorreflexión y meta-cognición para mejorar continuamente el

desempeño, teniendo en cuenta unos determinados propósitos según el contexto de

trabajo. Independiente al modelo pedagógico que se trabaje en la institución

universitaria.

! Pedagógica: Proceso de desempeño teórico - práctico, con base en el proceso meta

cognitivo. El estudiante demuestra que internaliza el saber disciplinar y tiene la capacidad

de correlación teórico – práctico en diferentes ámbitos de formación.

Otro elemento, es propiciar la investigación en el aula, puesto que esta es una manera

de generar procesos autónomos de enseñanza – aprendizaje, aclarando que no se busca el

También conocidos como planes de clase o syllabus.27

�134

Page 135: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

desarrollo de la instrumentalización de la didáctica, sino un proceso de desarrollo de

habilidades espaciales que le permitan al estudiante construir socialmente el espacio,

especificando la relación de las competencias en el marco de la enseñanza de la geografía.

Finalmente, la aplicación de la “Trenza pedagógica” en las diferentes asignaturas solamente 28

permite además de un abordaje teórico en la asignatura per se, pensarse la articulación de

los diferentes niveles de concreción curricular. Para el caso específico de lo que se enseña en

la Universidad y lo que se busca se enseñe en la escuela, se entiende la didáctica como

proceso de formación política del docente con miras a la transformación de los procesos de

enseñanza.

La geografía escolar: la actual enseñanza en las aulas.

Como se ha mencionado, en el año 1994, el MEN expide la ley 115 con la cual se

regulan los aspectos relacionados con la educación en el país, siendo uno de sus fines: “La

adquisición y generación de los conocimientos científicos y técnicos más avanzados,

humanísticos, históricos, sociales, geográficos y estéticos, mediante la apropiación de

hábitos intelectuales adecuados para el desarrollo del saber” (Art. 5 numeral 5). Lo anterior

se interpreta como una preocupación por involucrar los conocimientos geográficos dentro

de los procesos formativos de la población colombiana. No obstante, la misma ley centra el

saber geográfico en temas referidos al conocimiento del medio físico, el uso de los recursos,

la conservación del ambiente, la organización política del territorio y la observación de

problemáticas sociales (sin especificar las espaciales), evidenciando el carácter descriptivo

de las dinámicas espaciales y de su enseñanza.

Bajo esta perspectiva, para el año 1996, la resolución 2343 establece un intento de

regulación para el diseño de un currículo integrado para las Ciencias Sociales a partir de los

indicadores de logros curriculares, que, para el caso de la enseñanza de la geografía, se

concretan en los siguientes contenidos y procesos para los diferentes grados de escolaridad:

Nombre que la Dra. Luz Stella García (docente de la UT) ha establecido para la unión de los conceptos de currículo, 28

didáctica y evaluación en pro de la mejora del proceso de enseñanza – aprendizaje.

�135

Page 136: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Tabla 1: Contenidos y procesos geográficos referidos en los logros curriculares.

Elaboración propia.

En este caso se evidencia una preocupación por identificar, clasificar y comparar los

elementos físicos propios del paisaje, la descripción de las actividades humanas productivas

y las problemáticas derivadas de ellas sin llegar a generar procesos de análisis ante las

mismas (solamente en los grados décimo y once). Sumando a lo anterior se puede

establecer cómo los contenidos geográficos tienen mayor relevancia en los primeros grados

de la educación básica, reduciéndose para los grados séptimo a once al restringir las

temáticas a la ubicación espacial de los fenómenos sociales en función de los aspectos

históricos.

Por su parte los Lineamientos Curriculares se concibieron como una propuesta

“abierta, flexible, integrada y en espiral” implementada de ejes generadores (agrupación de

temáticas), preguntas orientadoras (promoción de la investigación) y ámbitos conceptuales

(agrupación de conceptos) que en su conjunto buscaban desarrollar las competencias

propias de científicos sociales. Esta propuesta, aunque se estructura desde la concepción de

integración formulada desde la ley 115, enmarca una notoria perspectiva histórica, situación

evidenciada en la enunciación de las pautas de secuencia para el área (p. 73) cuyos

referentes se centran en: nivel cognitivo, vivencias y experiencias, manejo conceptual,

perspectiva temporal y tiempo histórico. Sumando a lo anterior, el análisis de los aspectos

espaciales propuestos dentro de los ejes generadores se especifican en: a) mujeres y

hombres como guardianes y beneficiarios de la madre tierra, b) la necesidad de buscar

Grado PreescolarPrimero-segundo-tercero Cuarto-quinto-sexto

Séptimo-octavo-noveno

Décimo-Undécimo

ContenidosAmbiente, mundo físico, entorno.

Elementos geográficos, paisaje cultural y natural, recursos naturales, modelos de representación, nociones de organización territorial

Cartografía, la Tierra, el sistema solar, elementos de la superficie terrestre, actividades productivas, problemáticas ambientales.

Fenómenos sociales espacial y temporalmente situados.

Problemáticas sociales, culturales, políticas, étnicas, económicas y ambientales.

ProcesosOrientación, observación, ubicación.

Identificar, clasificar, valorar, construir, organizar.

Identificar, reconocer, relacionar. Comparación Plantear criterios.

�136

Page 137: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

desarrollos económicos sostenibles que permitan preservar la dignidad humana y c) nuestro

planeta como un espacio de interacciones cambiantes que nos posibilita y limita, ejes que

privilegian temáticas ambientales, el uso de los recursos y el desarrollo económico, dejando

de lado la enseñanza de las habilidades propias del pensamiento espacial y los contenidos

que permiten el análisis del dinamismo y complejidad de los problemas propios del espacio

geográfico.

Respecto a los Estándares Básicos, estos se centran en señalar “…aquello que todos

los estudiantes del país, independientemente de la región en la que se encuentren, deben

saber y saber hacer una vez finalizado su paso por un grupo de grados” (p.113), buscando

responder a una integración curricular desde el desarrollo de las competencias científicas a

partir de tres ejes articuladores: a) aproximación al conocimiento científico-social a través del

estudio de las ciencias sociales, b) manejo de los conocimientos propios de las ciencias

sociales a partir de tres grandes relaciones (relaciones con la historia y la cultura, relaciones

espaciales y ambientales y relaciones ético-políticas) y c) el desarrollo de compromisos

personales y sociales. Respondiendo a lo anterior, los contenidos y procesos geográficos

referenciados en los Estándares Básicos se pueden resumir de la siguiente manera:

�137

Page 138: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Tabla 2: Contenidos y procesos geográficos referidos en los Estándares Básicos.

Elaboración propia.

La propuesta se centra en la descripción de las características naturales y culturales del

paisaje (con un alto componente histórico evidenciado en la interpretación de los cambios

espaciales en las diferentes culturas) y el análisis de las dinámicas económicas humanas

desarrolladas por las sociedades en el espacio. No se evidencia una progresión clara en el

desarrollo de los procesos y habilidades para el análisis espacial ni una secuencia temática

estructurada.

En el año 2015, surgen los Derechos Básicos de Aprendizaje (DBA) que, en coherencia

con los Lineamientos Curriculares y los Estándares Básicos, buscan generar una secuencia en

el aprendizaje a partir de la integración de conocimientos, habilidades y actitudes, siendo

“estructurantes en tanto expresan las unidades básicas y fundamentales sobre las cuales se

puede edificar el desarrollo futuro del individuo” (p. 6). Para el área de ciencias sociales, los

DBA están agrupados en cuatro categorías: espacialidad, temporalidad, culturalidad e

institucionalidad y derechos humanos. Se sintetiza de la siguiente manera:

Grado Primero-segundo-tercero

Cuarto-quinto Sexto- séptimo Octavo-noveno Décimo-once

Contenidos Ubicación espacial, referentes y representaciones espaciales, formas del paisaje natural y cultural, actividades económicas, recursos naturales.

Ubicación espacial, referentes y representaciones espaciales, regiones, actividades económicas, uso de la tierra.

El planeta Tierra, cartografía, husos horarios, características físicas y climáticas del espacio, organización espacial y económica de las culturas a través del tiempo

Ecosistemas, ambiente y economía, historia económica de Colombia, migración y desplazamiento.

Modelos económicos en Colombia y el mundo, desarrollo económico, relaciones económicas y su organización, globalización, concentración urbana.

Procesos Reconocimiento de la interacción entre el ser humano y el paisaje a partir de las acciones económicas.

Reconocimiento de las características físicas y culturales del entorno y sus consecuencias.

Análisis sobre producción, transformación y distribución de recursos, bienes y servicios de acuerdo con las características físicas del entorno.

Análisis de la interacción entre el espacio geográfico y el ser humano evaluando los avances y limitaciones de esta relación.

Identificación y postura de las causas y consecuencias políticas, económicas, sociales y ambientales de la aplicación de las diferentes teorías y modelos económicos.

�138

Page 139: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Tabla 3: Derechos Básicos de Aprendizaje para la categoría de espacialidad.

Elaboración propia.

Frente los DBA se evidencia una correlación con las temáticas orientadas en logros

curriculares de 1996, en este caso reducidos a dos derroteros por grado para el estudio de la

geografía. En el caso de primaria se da relevancia al desarrollo de la orientación, la

identificación de las características del paisaje y su relación con las actividades económicas,

la descripción de las características rurales y urbanas de los espacios y las regiones. Se

resalta la incorporación del estudio de los mares y los océanos en las dinámicas económicas

de los pueblos costeros. En secundaria se preponderante el estudio de los elementos del

universo, la descripción del relieve terrestre y la interpretación de las representaciones

Primaria Secundaria

Primero: 1. Ubicación espacial a partir del cuerpo y los puntos cardinales. 2. Descripción de las características del paisaje geográfico (lugar donde vive).

Sexto: 1. Comprensión de las teorías sobre el origen del universo. 2. Comprensión de los cambios del relieve terrestre y su incidencia en las comunidades.

Segundo: 1. Comprensión de los cambios del paisaje por acciones humanas. 2. Reconocimiento de los puntos cardinales para la orientación y el desplazamiento.

Séptimo: 1. Comprensión de los cambios de las representaciones del mundo. 2. Interpretación de las relaciones entre el crecimiento de la población, desarrollo urbano y las problemáticas sociales.

Tercero: 1. Comprensión de la importancia de océanos y mares en la economía de los pueblos costeros. 2. Relación las características biogeográficas con las actividades económicas.

Octavo: 1. Evaluación de la influencia de los procesos de

cooperación económica y política entre los Estados. 2. Comprensión del fenómeno migratorio en el mundo y sus consecuencias.

Cuarto: 1. Comprensión de la importancia de los límites geográficos y las fronteras en la organización de los territorios. 2. Diferenciación a las características del medio urbano y el medio rural (concentración de la población y uso del suelo).

Noveno: 1. Análisis de la situación ambiental de los geosistemas de Colombia y las problemáticas derivadas de su explotación. 2. Comprensión de las consecuencias de

los procesos migratorios en Colombia.

Quinto: 1. Comprensión de la organización territorial por regiones. 2. Comprensión de las ventajas de la posición geográfica y astronómica de Colombia en relación con la economía.

Décimo: 1. Análisis de los conflictos en el territorio colombiano relacionados con la degradación ambiental, el desarrollo económico y la inestabilidad política.

Once: 1. Análisis la supervivencia de la humanidad a partir de la protección del ambiente.

�139

Page 140: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

espaciales, también las temáticas relacionadas con el crecimiento de la población y sus

consecuencias en la organización de los centros urbanos; las actividades económicas y la

degradación ambiental (en décimo y undécimo, grados donde la espacialidad se reduce a

un solo derecho básico).

Hasta aquí se evidencia cómo desde la integración de las Ciencias Sociales a partir de

la ley 115 de 1994, la enseñanza de la geografía ha estado dirigida al desarrollo de la

orientación, la lectura de representaciones espaciales, la descripción de los elementos

naturales y culturales del paisaje, la caracterización de las regiones, la delimitación territorial,

la caracterización de las actividades económicas, entre otros temáticas, que a pesar de la

idea de integración curricular, han estado relegados ante el estudio de los aspectos

históricos. De allí que sea indispensable analizar la pertinencia de los contenidos diseñados

para el estudio del espacio geográfico.

¿Qué enseñar?

A partir de los anterior es importante establecer la pertinencia de algunos de los

contenidos y procesos a partir de las reflexiones didácticas resultantes de investigaciones de

diversos grupos a nivel iberoamericano, de las reflexiones nacientes al interior del grupo

Geopaideia y de la misma práctica docente. El qué enseñar parte de la necesidad de generar

una integración de las habilidades conceptuales, procedimentales y actitudinales, que más

allá de lo propuesto hasta el momento con la integración de la historia, la geografía, la

constitución política y la democracia en el área de ciencias sociales, propende por la

articulación los conceptos y procedimientos geográficos para la resolución de problemas

propios del espacio geográfico que permitan una mejor lectura y análisis de la organización

espacial en relación con la realidad cotidiana de los estudiantes. En este sentido, a partir de

lo expuesto por Sonia Castellar (2014) se hace pertinente tener en cuenta el mundo de la

vida, siendo pertinente la formulación de preguntas e hipótesis que den cuenta de la

realidad sentida.

Los procesos didácticos referentes a la geografía, según Souto (1999) implican la

formulación de conceptos, hechos y estructuras relacionadas entre sí a partir de

�140

Page 141: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

problemáticas socio-espaciales, cuyo conocimiento permite el análisis de lugares

diferenciados y delimitados a partir de conceptos específicos y la relación de estructuras

espaciales, con el propósito de convertirse en saberes útiles para el estudiante. En este

contexto, y siguiendo a Souto (2017), la preocupación por el análisis de espacio geográfico

como categoría para la enseñanza de la geografía, implica tener como referentes

subcategorías como las de espacios percibido, vivido y concebido a partir de las

problemáticas sociales visibles para los estudiantes. Es importante resaltar que la elección de

los conceptos asociados con el análisis del espacio, parte del enfoque epistemológico que el

docente maneje y de su interés disciplinar.

Así por ejemplo para Blanco (2009) son primordiales los conceptos de paisaje, región,

espacio, lugar y territorio, sin embargo, cada uno de estos conceptos puede ser abordado

desde diferentes enfoques teniendo en cuenta la escuela geográfica y pedagógica que

oriente la reflexión docente. No obstante, independiente de la orientación epistemológica

del educador, la relevancia de los conceptos tiene que ver con el diálogo que estos

establecen con las problemáticas socio-espaciales del contexto del estudiante. Son varias las

propuestas que buscan generar una secuencia didáctica para la enseñanza de la geografía.

Este es el caso de lo planteado por Rodríguez de Moreno (2000 y 2010) quien propone una

secuencia para primaria a partir de conceptos propios de la geografía y para secundaria una

secuencia desde la perspectiva de las escuelas geográficas.

�141

Page 142: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Tabla 4: Secuencia temática y conceptual propuesta por Rodríguez de Moreno 2000 y 2010.

Elaboración propia.

Finalmente, como parte de la elección de los contenidos y procesos geográficos a

enseñar, Caballero (2000) propone algunos criterios de selección entre los que se

encuentran la integración disciplinar, la recurrencia, la relevancia, la proximidad, la

complejidad y el desarrollo de la capacidad crítica. Así se entiende la importancia del

contexto y las problemáticas socio-espaciales como primer paso para la elección de los

contenidos y los procesos espaciales, iluminadas por el enfoque epistemológico que

permite establecer, además de las habilidades a desarrollar, la pertinencia de temática y

contextual.

Grado Eje temático Concepto/escuela geográfica

1 La vivenda Relaciones espaciales

2 Representación topográfica Tamaño, proximidad, altura, distancia, causalidad simple

3 Representación geométrica Orientación, localización, escala y convenciones

4 Espacio geográfico Sociedad, medio, entorno, paisaje, ambiente, espacio geográfico

5 La ciudad Espacio geográfico urbano

6 Relieve geomorfología, clima, vegetación Geografía física

7 - 8 Poblamiento, densidad, grupos étnicos, asentamientos

Geografía humana

9 Imagen de la ciudad o del entorno cercano Geografía de la percepción

9 Densidad y distribución de la estructura espacial

Enfoque positivista

10 Problemáticas políticas, económicas, sociales, culturales

Enfoque hermenéutico

11 Problemas socio espaciales Enfoque socio-crítico – geografía radical

�142

Page 143: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

¿Cómo enseñarlo?

Sumado al qué enseñar, se genera la reflexión por el cómo enseñar los elementos que

permitan el conocimiento y el análisis del espacio geográfico. Partiendo de las

investigaciones sobre la didáctica de la geografía se presentan las siguientes generalidades:

Se hace necesario construir una secuencia de contenidos y procesos que permitan conocer y

analizar las realidades locales, nacionales y mundiales de una manera contextualizada y que

conlleven al desarrollo de habilidades propias del pensamiento espacial. De allí que se

retome propuestas como la de Franco, Montañez, Rodríguez de Moreno, y Cárdenas de

Torres (2000) desde la cual se involucran para cada grado de primero a noveno el 29

horizonte conceptual, los objetivos de enseñanza y los conceptos y contenidos a desarrollar

en la enseñanza de la geografía.

En segundo lugar, es importante conocer la manera cómo los estudiantes

comprenden el saber teórico y cómo lo relacionan con el saber práctico desde el inicio hasta

el final del proceso educativo. En este sentido se hace importante la indagación de los

saberes preexistentes y las expectativas de los estudiantes en relación con el contexto social,

con el propósito de evidenciar los saberes previos e identificar las dificultades y

potencialidades en el proceso de aprendizaje. A partir de lo anterior se propone generar

preguntas que impliquen un método de trabajo para resolverlas. En relación con esto último,

muchas de las reflexiones didácticas frente a la enseñanza de la geografía (por ejemplo,

Souto-1999, Rodríguez de Moreno-2000-2010, Caballero-2000, Sebastiá y Tonda-2017),

propenden por una didáctica de la geografía basada en un método investigativo desde el

cual se plantea un objeto de indagación, siendo tarea del estudiante resolverla y socializarla

bajo la orientación del docente.

Un tercer aspecto tiene que ver con la combinación de diferentes estrategias para el

aprendizaje, se relacionan con el reconocimiento de la ideas previas de los estudiantes, la

generación de un clima de aula que facilite el aprendizaje, la definición de objetivos por

Véase Franco, M. Montañez, G. Rodríguez de Moreno, A. Torres de Cárdenas, R. (2000) Propuesta para la enseñanza 29

de la geografía en la educación básica en las memorias del XVI congreso colombiano de geografía, eje temático: Educación Geográfica.

�143

Page 144: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

parte del docente y de los estudiantes, la consecución de trabajos individuales y grupales

que faciliten la construcción colectiva del conocimiento, el uso de diferentes fuentes de

información, la utilización de recursos variados, las salidas de campo como posibilidad de

vivenciar los aprendizajes y generar un sentido al aprendizaje de los contenidos y procesos.

Como cuarto elemento se tienen en cuenta el desarrollo de habilidades de

pensamiento que permitan la explicación de las dinámicas del Espacio Geográfico. En este

sentido Rodríguez de Moreno, Pérez de Sánchez y Rodríguez Pizzinato (2003) recalcan la

importancia de dos habilidades primordiales: la observación y la descripción. La primera

orientada al contacto sensorial con la realidad espacial para el cuestionamiento, la

comparación y la retrospectiva. Respecto a la descripción, permite para la enseñanza de la

geografía contrastar y comparar; localizar y desarrollar la proporcionalidad y la densidad;

relacionar elementos temporales como el ritmo, el cambio, la posición y la velocidad;

relacionar usos de recursos y establecer relaciones de causalidad.

Finalmente, sin la pretensión de dar por acabada la discusión del cómo enseñar, se

resalta el papel del lenguaje en los procesos de aprendizaje. Desde el siglo pasado, con los

giros lingüístico y espacial, se ha dado importancia a otros tipos de lenguaje, además del

verbal, para comprender la realidad social. Para el caso de la enseñanza de la geografía, es

más que válido el uso de diferentes tipos de lenguajes para resolver las preguntas

propuestas por los estudiantes y dotar de sentido el proceso de aprendizaje. De allí que

propuestas como la de Souto (1999 y 2017) tengan en cuenta lo cartográfico, lo icónico, lo

estadístico y lo verbal para atender una secuencia didáctica. De igual manera,

investigaciones vigentes desde el grupo Geopaideia, han centrado su interés en el desarrollo

de habilidades espaciales y el análisis del Espacio Geográfico a partir de escenarios como la

literatura o la fotografía, no solo como fuentes de información o documentación, sino como

posibilidades didácticas. Lo anterior permite generar una reflexión en torno a la necesidad

de establecer una secuencia de aprendizaje, buscando dar un lugar preponderante al

estudio del Espacio Geográfico. Además de hacer frente a la falta de unificación de un

currículo pertinente para la enseñanza de la geografía y al reduccionismo dado a contenidos

geográficos centrados en la enunciación de los aspectos del paisaje, la caracterización de las

�144

Page 145: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

problemáticas ambientales y el estudio de las dinámicas económicas situadas. De allí que se

presente la siguiente propuesta.

Una propuesta curricular en geografía

Un debate que hemos venido discutiendo es la necesidad de definir el qué y para qué

enseñar en la geografía escolar. Hay un problema con varias áreas del conocimiento, y la

creencia del educador que está formando profesionales en el área, cuando lo que se

requieren son las habilidades y competencias que necesita una persona para hacer el

tránsito a la educación superior. Por eso es necesario no sobre cargarlos con autores

complejos o con dinámicas como construir mapas por curvas de nivel cuando la prioridad es

que aprendan a utilizar un mapa y orientarse en el mismo. Desde esta premisa, la propuesta

de Rodríguez Pizzinato (2007) presenta la siguiente estructura conceptual para la enseñanza

de la geografía:

Gráfico 1: Estructura conceptual de la Geografía Escolar

� Fuente: Rodríguez Pizzinato (2007) p. 113

�145

Page 146: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

En primaria

La geografía debe mantener la integración con la historia y la formación ciudadana. El

reto, superar la visión tradicional que la mayoría de las instituciones educativas tienen. Lo que

se enseña hasta hoy, en primero: la familia, en entorno; en segundo: el barrio, la localidad;

en tercero: la ciudad y el departamento (esta clasificación tradicional hace que los profesores

solicites pedidos específicos para una enseñanza locacional, lo que dificulta la

implementación de un currículo nacional); en cuarto: se aborda la orientación y Colombia

desde el relieve, el clima y los aspectos físicos; y en quinto: geografía de la población y

económica de Colombia (de igual forma termina siendo una geografía locacional).

La propuesta para la enseñanza de la geografía la incorporamos para los grados

tercero, cuarto y quinto. Para los dos primeros grados, se ve pertinente la formación

ciudadana y cívica a partir del entorno local y la identificación de los elementos del espacio

geográfico cotidiano.

Tabla 5: Secuencia temática y conceptual para grado tercero, cuarto y quinto.

Elaboración propia.

En la enseñanza de la secundaria no ha existido unidad sobre qué enseñar en

geografía. En varias instituciones se sigue aplicando la enseñanza de la geografía locacional,

como se hacían antes de 1994.

Grados Ejes conceptuales

TerceroManejo de distancias

Uso de mapas y planos

Elaboración de mapas

El concepto de frontera

Los conceptos geográficos

Cuarto El espacio geográfico

Los urbano y lo rural El paisaje el relieve el clima

QuintoEl espacio habitado el uso del suelo

las formas y funciones de la ciudad

las formas y las funciones de los espacios rurales

Conceptos básicos de la demografía.

�146

Page 147: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Tabla 6: Secuencia temática y conceptual para secundaria.

Elaboración propia.

Los contenidos y los materiales educativos

En el XVI Congreso colombiano de Geografía del año 2000, los profesores Franco,

Montañez, Rodríguez de Moreno y Torres presentaron un artículo llamado Propuesta para la

enseñanza de la educación geográfica en el cual plantean unos contenidos locacionales

desde los conceptos y las redes conceptuales. Hoy el panorama y las necesidades son otras,

por eso el papel que desempeñan los textos escolares es fundamental.

Tradicionalmente los textos diseñados por las editoriales se convierten en el principal

recurso para la enseñanza de la geografía. Los textos enfrentan varias dificultades, una de

ellas se refiere a la falta de una secuencia temática lo que conlleva a que cada editorial

proponga secuencias a partir de criterios particulares. Otra dificultad se relaciona con la

manera como se presenta la información geográfica y el enfoque dado a la misma,

generando vacíos didácticos y centrando su interés en dotar al docente de herramientas

teóricas sin tener presentes de manera clara los procesos de aprendizaje de los estudiantes.

Sumando a lo anterior, la enseñanza de la geografía se reduce a un 20% o 30% de la

Grado Ejes conceptuales

Sexto Cartografía Relieve Geomorfología ClimaProblemáticas ambientales

Séptimo DemografíaElementos de la geografía poblacional

Estructuras demográficas

Características culturales Las migraciones

OctavoEstructura y tipos de Estado

La organización del território

La organización mundial

Los espacios urbanos y rurales

El concepto de ciudad

NovenoLos sectores económicos

Las actividades económicas

La globalizaciónRedes y flujos comerciales

Los conflictos y los recursos.

Décimo Espacio ruralActividades agrarias

Espacio urbanoActividades urbanas

Los espacios suburbanos

Undécimo

La geopolítica

poder y territorioformas de participación y representación

�147

Page 148: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

estructura total de los libros de ciencias sociales, dando mayor importancia a los temas

relacionados con la historia, sin responder realmente a los fines de la integración curricular

propuesta por el ministerio de educación desde 1994.

Sin embargo, en los últimos años se resaltan propuestas editoriales que buscan

desarrollar contenidos centrados en el aprendizaje de los estudiantes, no solo desde los

aspectos visuales o de lenguaje propios de cada edad, sino también en la consecución de las

actividades contextualizadas y significativas. Además, se ha evidenciado una preocupación

por la renovación conceptual y pedagógica, que en algunos casos han propiciado la

renovación de los textos escolares.

Ante estas premisas se puede indicar que el uso del libro de texto parte de la visión

epistemológica del docente y su intencionalidad didáctica. En muchos casos la enseñanza de

la geografía queda relegada los temas y actividades propuestas en los libros de texto. En

otros casos, el texto se convierte en una de las variadas fuentes que pueden ser utilizadas por

los estudiantes para organizar y analizar los contenidos y las problemáticas socio-espaciales.

De allí la importancia de involucrar dentro de los procesos de enseñanza y aprendizaje las

Unidades Didácticas, con las cuales se proponen los objetivos, actividades, recursos y

estrategias de evaluación de los temas relacionados con el estudio del Espacio Geográfico.

Las unidades didácticas pueden responder de manera más efectiva a las necesidades de

aprendizaje de los estudiantes y los intereses de enseñanza de los docentes ya que son

confeccionadas a partir de las realidades próximas.

Reflexiones finales

La geografía escolar en Colombia está desapareciendo. Debe ser un compromiso de

los grupos de investigación, de la academia y del gobierno, comenzar por la recuperación de

la enseñanza geográfica. Sin embargo, lo primero es definir qué enseñar y para qué. Definir

un programa curricular y unos lineamientos por grados de primero a undécimo. Todo con

una estrategia que se acompañe de las reformas necesarias en la formación docente, en el

uso de materiales de texto y didácticos, y en los procesos de evaluación de la escuela y del

Estado.

�148

Page 149: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

REFERENCIAS

Blanco, J. (2009) Espacio y territorio: elementos teórico-conceptuales implicados en el análisis geográfico. En María Fernández y Raquel Gurevich (coor) Geografía nuevos temas, nuevas preguntas, un temario para su enseñanza. Buenos Aires: Editorial Biblos. Caballero, J. (2000) Didáctica de las ciencias sociales, geografía e historia para profesores de educación secundaria. Sevilla: Editorial MAD. Castellar, S. (2014) Geografía Escolar, contextualizado a sala de aula. Curitiba: Editora CRV. Franco MC, Montañez et al (2000). Propuesta para la enseñanza de la geografía en la educación básica en XVI Congreso colombiano de Geografía “Por la Construcción de un proyecto territorial nacional” Cali. República de Colombia (1996) Decreto 1860, Ministerio de Educación Nacional. República de Colombia (2016) Derechos Básicos de Aprendizaje ciencias sociales, Ministerio de Educación Nacional. República de Colombia (2006) Estándares Básicos en Competencias en ciencias sociales y ciencias naturales. Ministerio de Educación Nacional. República de Colombia (2002) Lineamientos curriculares ciencias sociales en educación básica. Ministerio de Educación Nacional. República de Colombia (1994) Ley 115, Ministerio de Educación Nacional. República de Colombia (1996) Resolución 2343, Ministerio de Educación Nacional. República de Colombia (2017) Resolución 18583, Ministerio de Educación Nacional. Rodríguez de Moreno, A. (2000) Geografía conceptual, enseñanza y aprendizaje de la geografía en educación básica primaria. Bogotá: Tercer mundo editores. Rodríguez de Moreno, A. (2010) Geografía conceptual, enseñanza y aprendizaje de la geografía en educación básica secundaria. Bogotá: Estudio Caos. Rodríguez Pizzinato, L. (2007) Una geografía escolar (in) visible. Desarrollo de pensamiento espacial desde la construcción de conceptos geográficos. Bogotá: Universidad Distrital. Rodríguez, E. Rodríguez, A. Pérez, G. (2003) Algunas habilidades y procesos de pensamiento para comprender la dinámica espacial. En Conjeturas, proyecto curricular de Ciencias Sociales. Souto, X. (1994) Didáctica de la geografía, problemas sociales y conocimiento del medio. Barcelona: ediciones del Serbal. Souto, X. (2017) Los métodos didácticos en la enseñanza del espacio geográfico. En Rafael Sebastiá y Emilia María Tonda (eds) Enseñanza y aprendizaje de la geografía para el siglo XXI. Alicante: Universitat D´Alacant.

�149

Page 150: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

CURRÍCULO E DIDÁTICA DA GEOGRAFIA DIALOGAM COM A FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA? POSSIBILIDADES FORMATIVAS

DESENVOLVIDAS EM PROJETOS PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Silvia Aparecida de Sousa Fernandes Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília

[email protected]; [email protected] Andréa Coelho Lastória

Universidade de São Paulo (USP), Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCRLP/USP)

[email protected] Sérgio Claudino Loureiro Nunes

Universidade de Lisboa [email protected]

RESUMO: Este artigo, como proposto em seu título, pretende discutir a relação entre currículo e didática da Geografia por meio da análise de projeto de extensão e pesquisa realizado em uma escola pública estadual no município de Marília. O projeto, iniciado em 2016, reúne docentes da universidade, professores da educação básica e estudantes da graduação em Ciências Sociais para discutir e propor atividades pedagógicas voltadas aos estudantes do ensino fundamental II que possibilitem a discussão sobre problemas ambientais da localidade e proposição de alternativas para equacionar os problemas identificados. Em 2017, o projeto realizou oficinas temáticas e trabalho de campo com estudantes da educação básica do município de Marília, em que foram apresentados os resultados de levantamento e acompanhamento de reportagens de jornal, páginas de organizações não governamentais e instituições governamentais que abordam as questões ambientais na região de Marília. A partir do levantamento e acompanhamento de jornais locais e de âmbito nacional, os dados organizados em quadros, tabelas e gráficos subsidiaram as discussões na escola pública e possibilitaram a definição de um rol de problemas ambientais do entorno, que foram investigados pelos estudantes do ensino fundamental e possibilitaram a elaboração de um roteiro para a realização do trabalho de campo. Posterior a essa etapa, o retorno às atividades na escola resultou em nova investigação e proposição de ações que poderão ser enviadas ao poder público municipal.

Palavras-chave: Práticas pedagógicas; extensão universitária; questão ambiental; currículo de Geografia; educação básica.

�150

Page 151: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

INTRODUÇÃO

A proposta deste artigo é apresentar os resultados parciais do projeto desenvolvido

em 2016 e 2017 no âmbito dos projetos de extensão, reconhecido e financiado pela Pró-

reitoria de Extensão (PROEX) e pela Pró-reitoria de Graduação (PROGRAD) da Universidade

Estadual Paulista – Unesp, realizado no município de Marília-SP, em parceria com o Instituto

de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) da Universidade de Lisboa. Trata-se do

Projeto Nós Propomos! Educação geográfica e formação cidadã, realizado em conjunto com

outros dois projetos de extensão: “Currículo de Geografia e práticas ambientais: a educação

geográfica e o observatório do meio ambiente”, desenvolvido no âmbito dos Núcleos de

ensino da Unesp e “Meio Ambiente sob o olhar da mídia: a questão ambiental em Marília e

região”.

O projeto Meio ambiente sob o olhar da mídia teve por objetivo acompanhar os

veículos de comunicação da imprensa escrita local e regional (jornais, revistas, páginas de

divulgação de organizações não governamentais) para identificar reportagens e notícias que

abordem a questão ambiental em Marília e região e organizar um “Observatório do Meio

Ambiente” , página da internet que reúne os resumos das reportagens publicadas e 30

pretende servir aos professores da educação básica como banco de dados e disponível para

consulta e que possibilite a elaboração de materiais didáticos. Complementar a esse

projeto, iniciado em 2016, em 2017 o projeto “Nós Propomos!”, voltou-se à análise do

currículo de Geografia e proposição de oficinas temáticas aos estudantes da educação

básica, com os resultados desse levantamento, bem como a investigação sobre os

problemas ambientais locais. Um dos pressupostos dos três projetos, articulados, é a

discussão sobre o currículo e a didática da Geografia na educação básica e possiblidade de

realizar pesquisa colaborativa que tenha por foco a reflexão sobre o currículo prescrito e

práticas inovadoras. Importante destacar que, para cada projeto, contamos com um bolsista,

estudante da graduação do curso de Ciências Sociais e voluntários do mesmo curso. Em

O projeto e os dados resultantes do acompanhamento das mídias está disponível em: <http://30

www.marilia.unesp.br/#!/pesquisa/grupos-de-pesquisa/cpea/observatorio-do-meio-ambiente/quem-somos/mensal/>

�151

Page 152: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

2017, o projeto reuniu 3 docentes das universidades (autores deste artigo), um docente de

geografia na Educação Básica, cinco estudantes da graduação.

O objetivo do Nós Propomos! pretendia responder a uma situação concreta, em que era obrigatório mobilizar e fazer um referido estudo de caso, preferencialmente sobre os problemas locais. Não é totalmente obrigatório, mas todo o discurso é fazer um trabalho prático, preferencialmente sobre aspectos comunitários. Eu tento juntar o objetivo do ordenamento do território, porque eu estou no Instituto de Geografia e Ordenamento do território, com o desafio da educação geográfica. (NUNES, 2016, p. 138)

Por sua vez, as reportagens e notícias identificadas nos jornais e sites consultados

foram apresentados na página do projeto de extensão possibilitaram a organização de

gráficos e tabelas em que são apresentados os temas mais recorrentes, os meios de

comunicação que abordaram a questão ambiental. A apresentação desses materiais foi

tomada como atividade inicial com os estudantes da educação básica, mais especificamente,

80 alunos do 8º ano da Escola Estadual Oracina Correa de Moraes Rodini, integrante do

projeto.

Articular as propostas e objetivos dos projetos exigiu entre os participantes das três

universidades diálogos profícuos e constantes, realizados nas reuniões do grupo de

pesquisa Estudos da Localidade (ELO) e do grupo de estudos “currículo de Geografia na

educação básica”, vinculado ao grupo de pesquisa Centro de Pesquisas e Estudos Agrários e

Ambientais (CPEA).

O currículo de Geografia na educação básica no estado de São Paulo está organizado

a partir de conceitos estruturantes que se desdobram em situações de aprendizagem,

apresentadas no “Currículo oficial da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo” e no

“Caderno do Aluno”. Inicialmente apresentada como proposta curricular em 2008, foi

instituído como currículo oficial da rede estadual de ensino em 2010. Tanto o “Caderno do

Aluno” quanto o “currículo oficial” integram o Programa São Paulo Faz Escola, que possui

ações previstas para realização em 10 anos.

Esse currículo prescrito tem dificultado a realização de projetos nas escolas públicas,

pois não há apoio da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. As iniciativas para

�152

Page 153: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

realização dos mesmos sempre partem de professores das escolas públicas que valorizam a

autonomia docente e o processo de formação contínua de estudantes e professores.

A despeito dessas dificuldades, o interesse de docentes que prezam por essa

autonomia na definição das atividades curriculares na escola tem possibilitado a realização

dos projetos apresentados pelas universidades, entre eles os projetos aqui apresentados.

METODOLOGIA

Para discutir o currículo de Geografia a partir da questão ambiental em Marília, realiza-

se o acompanhamento das reportagens e artigos de opinião publicados nos jornais Cidade

de Marília, Jornal da Cidade de Bauru, Diário de Marília, JCNET e Folha de São Paulo. Esse

levantamento iniciou-se em março de 2016 e se realiza em processo contínuo. Para

sistematizar, divulgar o levantamento realizado e possibilitar que sejam utilizadas como fonte

de pesquisa e recurso didático, foi organizado um site intitulado “observatório do meio

ambiente em Marília”, em que são divulgados os resumos das reportagens, além do título e o

endereço na web em que estão disponíveis . As reportagens foram organizadas 31

mensalmente e a descrição das mesmas possibilitou a organização de quadros, gráficos e

tabelas utilizados nas atividades a desenvolvidas na escola de educação básica em 2017 . 32

Em oficinas realizadas em escolas da rede estadual de ensino, a divulgação do espaço

virtual e a discussão da problemática ambiental possibilitou a abordar a educação geográfica

em uma perspectiva crítica, oferecendo formação e conhecimento aos jovens estudantes.

Participaram das atividades no segundo semestre de 2017 estudantes do 8º ano do

ensino fundamental da Escola Estadual Oracina Correa de Moraes Rodine, de Marília-SP. A

escola participante oferece Ensino Fundamental e Médio, está localizada em um bairro da

região oeste da cidade e possui cerca de 800 estudantes. A direção e coordenação da

Para consultar o site do projeto que divulga as reportagens, acesse: http://www.marilia.unesp.br/#!/pesquisa/31

grupos-de-pesquisa/cpea/observatorio-do-meio-ambiente/

Agradecemos aqui a participação das estudantes do curso de Ciências Sociais da FFC/Unesp: Suelen Aparecida 32

Santana do Amaral, Jordana Machado Marques, Vitor Arraes Gomes e Iara Milreu Lavratti, que integraram os projetos de extensão e do núcleo de ensino. Agradecemos, imensamente, a participação das estudantes voluntárias: Agnes Rocha, Aline S. Antunes, Marcela S. Sousa, Rafael Alves.

�153

Page 154: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

escola, colaborativamente, recepcionaram os professores e estudantes envolvidos com o

projeto e possibilitaram a realização de reuniões com os professores em reuniões de ATPC.

Após esta fase definiu-se quais seriam as turmas e que integrariam o projeto e o professor de

Geografia, efetivo na escola, Prof. Gabriel aceitou prontamente realizar as ações do projeto.

Desse modo, entendemos que as atividades do Projeto Nós Propomos! se realizam

por meio de pesquisa colaborativa, pois trata-se de pesquisa que envolve professores da

universidade, professores da escola pública, estudantes de graduação com o intuito de

planejar, discutir e realizar práticas pedagógicas em escola pública e promover o

aprendizado da educação geográfica e de temas curriculares mais amplos da educação

básica, notadamente os temas vinculados às questões ambientais e aprendizagem sobre a

localidade. Pauta-se, portanto, em autores como Lopes (2010), Ludke& André (1996) que

discutem a especificidade da metodologia da pesquisa na educação e das pesquisas em

educação geográfica.

Elegeu-se o 8º ano do Ensino Fundamental, quarto bimestre, para realização das

atividades didáticas, pois a temática ambiental está prevista para ser realizada nesse

momento no currículo do estado de São Paulo para a área de Geografia. As práticas

realizadas no projeto foram desenvolvidas em caráter complementar às atividades

curriculares regulares. Esse esclarecimento é importante tendo em vista a preocupação dos

docentes participantes em propiciar uma formação complementar aos estudantes, sem,

contudo, deixar de realizar o currículo prescrito exigido pela SEE.

As atividades didáticas foram realizadas durante os meses de outubro, novembro e

primeira semana de dezembro. Inicialmente, apresentamos o projeto aos estudantes nas

duas turmas de 8º ano envolvidas. No ensino fundamental, a disciplina Geografia tem carga

horária de três horas aulas semanais o que possibilitou a realização das ações do projeto em

24 aulas em cada turma.

Em classe as aulas anteriores ao trabalho de campo foram utilizadas para

apresentação do projeto, apresentação dos resultados obtidos com a investigação em

jornais e revistas sobre o tema questão ambiental, apresentação da formação geológica e

relevo de Marília, localização industrial e expansão urbana, organização dos grupos e

definição dos temas de interesse de investigação.

�154

Page 155: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

O planejamento do trabalho de campo foi atribuído aos docentes e estudantes da

graduação. Foi elaborado um roteiro que permitisse aos estudantes observar e registrar ao

longo do trajeto os dados de interesse de cada grupo, além dos aspectos apresentados no

Quadro 1, que destaca os locais de visitação.

Quadro 1 – Roteiro do trabalho de campo PONTOS A SEREM VISITADOS E OBSERVADOS

1. Jardim Pérola e Parque Bandeirantes a) Observação da praça b) Características da ocupação urbana c) Vale do Córrego Pombinhas d) Pavimentação das ruas e) Atividades comerciais e industriais no bairro e bairros vizinhos f) Resíduos sólidos e efluentes líquidos

2. Centro a) Fachada das lojas e edifícios b) Mobilidade urbana e trânsito c) Pavimentação das ruas d) Edifícios históricos

3. Represa Cascata a) Características da represa b) Avenida de acesso c) Captação da água d) Resíduos sólidos e efluentes líquidos

4. Vale do Córrego Barbosa – Zona Sul e Vale do Córrego Barbosa – UNESP a) Características da ocupação urbana b) Preservação da área do Itambé e área de recuperação ambiental na Unesp c) Espécies vegetais d) Resíduos sólidos e efluentes líquidos – Estação de tratamento de esgotos da Unesp

O trabalho de campo, realizado no dia 20 de novembro de 2018, contou com a

participação de todos os professores e estudantes envolvidos no projeto. Ao todo, foram

visitados quatro locais na cidade que permitissem abordar os temas: poluição urbana;

sistema de captação, distribuição e tratamento de água e esgotos; expansão urbana e

atividade industrial; preservação da vegetação e ocupação dos Itambés.

�155

Page 156: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Cabe ressaltar que o município de Marília não possui estação de tratamento de

esgotos (ETE) e os efluentes são despejados no Rio do Peixe, córrego do Pombinho

(próximo à escola) e Rio Tibiriçá sem nenhum tratamento. O Rio do Peixe, embora não tenha

sido um dos pontos visitados no trabalho de campo, é um dos mananciais de abastecimento

urbano em Marília. Esta situação irregular, de desastre ambiental local, é de conhecimento

das autoridades municipais, Cetesb e DAAE. Porém, não há nenhuma proposta de instalação

de ETE no município. Outro aspecto a ser destacado é a ocupação dos vales e itambés por

áreas de favelização e propriedades agrícolas uma vez que o limite de expansão urbana é

limítrofe aos itambés.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A política ambiental ainda não é considerada uma política social, por isso a dificuldade

em produzir políticas públicas e a emergência e intensificação dos problemas

socioambientais. Essa temática ganha relevância na segunda metade do século XX, mas são

poucas as ações efetivas de divulgação e problematização da questão ambiental e geração

de políticas públicas.

No Brasil, a legislação específica sobre a questão ambiental ganha relevo nos anos

1980 e ações específicas por meio da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei n°

6938/1981.Os municípios que deveriam facilitar o processo participativo na gestão

ambiental não o fazem e muitas vezes não criam mecanismos de participação social e

divulgação das informações sobre a problemática ambiental.

A visão tradicional das relações entre a sociedade e o meio ambiente desenvolvidas

até o século XIX, já no processo de produção capitalista, tem a concepção de uma natureza

fonte ilimitada de recursos, uma natureza transformada em objeto, a ser apropriado pelo

Homem. Com a globalização, a ampliação da possibilidade de obtenção de lucro pelas

empresas tem levado, cada vez mais, ao crescimento da problemática ambiental e o debate

sobre os limites da exploração dos recursos naturais. Muitas crises, que enfrentamos na

atualidade, como a crise enérgica e a crise de abastecimento de água, ambas, tem uma

relação direta com o modo de produção capitalista neoliberal.

�156

Page 157: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Durante os anos 1960 e 1970 houve uma grande mobilização social e dos governos

locais no sentido de mudar essa concepção de que meio ambiente está à disposição e

mostrar que a preservação da natureza está organicamente ligada à conservação da

humanidade e que esse modo de produção se revela, cada vez mais, insustentável. Esse

debate sobre o “novo movimento ambientalista” foi ampliado com a realização das

Conferências das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CNUMAD, em

1972, 1992 e as conferências temáticas realizadas após a Conferência de 1992, conhecida

por Rio 92. (BERNARDES; FERREIRA, 2007). Desse período para cá muitas temáticas globais

têm ganhado destaque na imprensa nacional e mundial e se tornado objeto da ação de

políticas públicas, como por exemplo o aquecimento global, redução das áreas florestadas,

contaminação de mananciais e poluição dos mares e oceanos.

Contudo, para abordar as temáticas locais, seja em relação à questão ambiental,

expansão urbana ou questão agrária, por exemplo, há poucos materiais que permitem o uso

didático nas escolas públicas. O professor da educação básica é incentivado a desenvolver

temas curriculares com base no local, mas sem que tenha disponível materiais didáticos para

isso. (CALLAI, CAVALCANTI, CASTELLAR, 2007)

A universidade pública tem o papel de produzir conhecimento e o acesso ao

conhecimento traz com ele responsabilidades na divulgação do conhecimento socialmente

produzido. Um dos papéis da Universidade pública, a nosso ver, é dar visibilidade e oferecer

informações que possibilitem a divulgação de pesquisas que ajudem no desenvolvimento da

cidadania.

A comunidade acadêmica de Marília tem a possibilidade de produzir essa reflexão,

numa perspectiva interdisciplinar, tendo em vista a contribuição dos cursos de graduação e

pós-graduação em Ciências Sociais. Valorizando a ação social e a divulgação científica e de

notícias veiculadas pela imprensa local e regional, realizando trabalho de campo como

estratégia didática para identificar problemas ambientais locais, acredita-se que os projetos

de extensão e pesquisa têm contribuído para a divulgação de informações com

responsabilidade e rigor acadêmico, cumprindo desse modo, um dos papéis da

universidade pública.

�157

Page 158: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Em oficinas realizadas em escolas da rede estadual de ensino, a divulgação do espaço

virtual e a discussão da problemática ambiental ofereceu formação e conhecimento aos

jovens estudantes.

O trabalho de campo, por sua vez, possibilitou despertar o olhar do jovem estudante

para problemas locais, do bairro em que está inserida a escola e da cidade como um todo. O

retorno à sala de aula, para discussão dos resultados do trabalho de campo e propor ações

de intervenção no espaço urbano foi significativa, porém a exiguidade de tempo devido à

finalização do ano letivo impossibilitou que as propostas fossem apresentadas por todos os

grupos e que tivéssemos um produto final de todos os estudantes. Alguns grupos não

finalizaram o cartaz/banner (produto final do projeto) que será apresentado no “Seminário

Nós Propomos”.

Apesar desses contratempos, podemos afirmar que o trabalho de campo contribuiu

significativamente para o desenvolvimento do projeto e para a reflexão sobre as temáticas

propostas pelos próprios estudantes da educação básica. Conforme apontam Fernandes,

Monteagudo e Souto Gonzáles (2016) o trabalho de campo como recurso didático tem

características específicas e se diferencia da investigação de campo como método de

investigação, pois possibilitam reunir teoria e prática, refletir sobre o que é observado,

sistematizar o conhecimento e formular conceitos. Esse percurso de aprendizado foi

percebido no retorno do trabalho de campo, nas aulas de sistematização dos resultados do

projeto e nas avaliações feitas pelos participantes, sejam os estudantes da educação básica

ou do ensino superior.

A discussão sobre a questão ambiental na perspectiva crítica foi realizada por meio da

problematização das reportagens e análise dos resultados do trabalho de campo. Contudo,

consideramos que a apresentação dos resultados do projeto, ou seja, as propostas de

intervenção elaboradas pelos estudantes para cada problema ambiental identificado,

apresentadas no ano letivo posterior ao desenvolvimento das primeiras atividades do

projeto foi um grande problema, pois com essa decisão, as propostas não foram

apresentadas ao poder público e contribuíram para desestimular os estudantes na última

semana de realização das atividades na escola.

�158

Page 159: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

REFERÊNCIAS

BERNARDES, J. A.; FERREIRA, F. P. M. Sociedade e Natureza. In: GUERRA, S. B. C.; GUERRA, A. J. T. A. Questão Ambiental: Diferentes Abordagens. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 17-42 CALLAI, H. C.; CAVALCANTI, de S.;L. CASTELLAR, S. M. V. Lugar e cultura urbana: um estudo comparativo de saberes docentes no Brasil. Revista Terra Livre, São Paulo, ano 23, v.1, n. 28, p. 91-108, jan./jun. 2007. FERNANDES, S. A. S.; MONTEAGUDO, D. G; SOUTO GONZALES, X. M. Educación Geográfica y lassalidas de campo como estratégia didáctica: um estúdio comparativo desde El GeofotoIberoamericano. Biblio 3W (Barcelona), v. XXI, p. 1-22, 2016. Disponível em: <http://www.ub.edu/geocrit/b3w-1155.pdf> LASTÓRIA, A. C.; CASTELLAR, S.; FERNANDES, S.A.S. de. A Geografia, o ensino e a formação docente sob três contextos de pesquisa. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, 15., 2010, Belo Horizonte, MG. Anais... Belo Horizonte, MG: UFMG, 2010. LOPES, C.S. O professor de Geografia e os saberes profissionais: o processo formativo e o desenvolvimento da profissionalidade. São Paulo: 2010. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia. Tese de doutorado. 258p. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1986. 99p. NUNES, S. C. L. Entrevista Prof. Sérgio Claudino. Giramundo, Revista de Geografia do Colégio Pedro II, v. 3, n. 5, p. 131-140, jan./jun. 2016.

�159

Page 160: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

OS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO E SEU SENTIDO DISCURSIVO PROVISÓRIO DE DESENVOLVIMENTO

LOCAL-REGIONAL

Linovaldo Miranda Lemos 33

[email protected] Rafael Straforini 34

[email protected] Gustavo Teramatsu 35

[email protected]

RESUMO: O texto traz discussões preliminares da pesquisa em curso sobre os Institutos Federais realizada pelo Ateliê de Pesquisas e Práticas de Ensino (APEGEO), no Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG/Unicamp). De uma rede tradicionalmente ligada ao ensino técnico de nível básico e médio, os Institutos têm suas atribuições e objetivos ampliados a partir da oferta de licenciaturas e cursos de pós-graduação (dentre outros), o que exigiu um esforço por meio do estabelecimento de cadeias de equivalências discursivas em torno de um núcleo, ou ponto nodal, visando demarcar essa nova institucionalidade. Embora não se coloque em xeque a importância e os méritos de tais instituições, a pesquisa tensiona um dos aspectos que são reforçados discursivamente relacionados à possibilidade de tais Instituições deflagrarem processos de desenvolvimento local-regional.

PALAVRAS-CHAVES: Institutos Federais, Teoria do discurso, significante vazio

Prof. Titular do Instituto Federal Fluminense (IFF) Campus Campos-Centro; Doutorando no Programa de Pós-33

Graduação em Geografia da Unicamp e pesquisador do Grupo de Pesquisa Ateliê de Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia (APEGEO).

Prof. Dr. do Departamento de Geografia da Unicamp e Líder do Grupo de Pesquisa Ateliê de Pesquisas e Práticas 34

em Ensino de Geografia (APEGEO).

Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Unicamp e membro do Grupo de Pesquisa Ateliê de 35

Pesquisas e Práticas em Ensino de Geografia (APEGEO).

�160

Page 161: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

INTRODUÇÃO

A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica compreende um

conjunto de 644 unidades educacionais distribuídas entre Institutos Federais de Educação,

Ciência e Tecnologia (IF); Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET); Escolas

Técnicas Vinculadas às Universidades Federais e Escolas Agrotécnicas, além da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e o Colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro. A

partir dos anos 2000, houve uma significativa expansão das unidades, principalmente dos IF,

com o espraiamento em direção a municípios para além das capitais estaduais e de regiões

metropolitanas. Isso permite dizer que esta rede possui uma capilaridade no território

nacional, estando presente, atualmente, em 568 municípios brasileiros e em todos os

estados da Federação e no Distrito Federal.

Concomitantemente à progressiva cobertura geográfica e expansão do número de

unidades dos IF, houve ainda uma transformação no seu papel social e institucional, com a

ampliação do raio e do escopo da formação ofertada. Assim, os Institutos podem ser

considerados “um produto híbrido que deve atuar em todos os níveis e modalidades” de

educação (FARTES, 2014, p. 851). O “hibridismo” se refere justamente ao fato de que àquelas

atribuições mais tradicionais voltadas à formação de profissionais da área técnica e

tecnológica de nível médio e também de nível básico agregaram-se cursos integrados de

nível médio, pesquisas aplicadas e atividades de extensão, além da tentativa de geração de

trabalho e renda por meio de programas específicos. Outra atribuição de grande impacto na

estrutura desta instituição se refere ao nível superior de ensino, uma vez que passou a atuar

na formação de profissionais com cursos de tecnologia (os chamados “tecnólogos”), cursos

de bacharelado, sobretudo nos cursos de engenharia, e de licenciaturas, especialmente em

matemática, em ciências e nas áreas voltadas para a educação profissional. Permitiu ainda,

como coroamento desse processo de verticalização, a possibilidade de abertura de cursos

de mestrado e de doutorado.

A ampliação dos campos, níveis, modalidades de atuação dos Institutos, seu processo

de interiorização pelo território nacional e seu fortalecimento com lócus de formação em

diferentes níveis e modalidades exigiu um esforço de estabelecimento de cadeias de

�161

Page 162: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

equivalências discursivas em torno de um núcleo, ou ponto nodal, visando demarcar novos

sentidos para a sua “institucionalidade”.

Assim como as demais pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos de Currículo,

Políticas Educacionais e História da Geografia Escolar, sediados no Ateliê de Pesquisas e

Práticas em Ensino de Geografia (APEGEO), o presente artigo também se apropria da Teoria

do Discurso de Ernesto Laclau para compreender os sentidos em disputas em torno do

significante Instituto Federal de Educação.

1. A teoria do discurso de Ernesto Laclau

Na sua obra, Laclau formulou uma constelação de conceitos utilizados como

ferramentas intelectuais voltadas à análise do fenômeno político, tais como articulação, ponto

nodal, significante vazio, antagonismo, deslocamento, hegemonia etc. A invenção desse

“novo vocabulário” (AVGITIDO, KOUKO, 2008), segundo o próprio Laclau, originou-se da

tradição e da gramática gramsciana e opera de forma a estabelecer novas categorias

voltadas à análise política.

Uma primeira questão que devemos esclarecer de antemão é o próprio entendimento

de Laclau a respeito do que seja um “discurso” e qual o seu papel no contexto da disputa

política. Devemos partir de um princípio básico ao pensamento de Laclau de que não há

uma dicotomia entre o mundo real e o discurso como se esse último se estruturasse em

torno de um caráter mental em oposição à materialidade do mundo “real”. Para Ernesto

Laclau e Chantal Mouffe, toda estrutura discursiva possui um caráter material. Nesse sentido,

o discurso é uma prática capaz de transformar, de articular, de estabelecer relações entre

posições diferenciais que, inicialmente desarticuladas, são transformadas numa totalidade

estruturada discursivamente. Para os autores, todas as práticas sociais são consideradas

como práticas discursivas, logo, não se limitando à exclusividade da oralidade e/ou da

escrita, como muitas vezes costuma-se inferir.

Na tentativa de tornar claro o pensamento e as ferramentas conceituais e Laclau e

Mouffe, propomos o organograma abaixo como uma forma de demonstrar gráfica e

visualmente a prática articulatória que produz o discurso. Obviamente que se trata de uma

�162

Page 163: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

simplificação do pensamento do autor, de uma redução com vistas ao melhor entendimento

do conceito de discurso e das categorias analíticas a ele associadas.

� Fonte: Elaboração própria com base em Mendonça (2009) e Jorgensen e Phillips (2002).

Observando o organograma, podemos perceber que diferentes grupos, com

diferentes clivagens sociais de gênero, de religião e de posição social e profissional, por

exemplo, inicialmente, não possuem relações políticas entre si. Diante de um governo

�163

Page 164: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

autoritário e incapaz de satisfazer suas demandas, esses grupos se unificam na identificação

deste como sendo o seu corte antagônico. Nesse sentido, a despeito de todas as diferenças

e demandas específicas, esses grupos são articulados, num segundo momento, em torno de

uma pauta ou demanda comum – a democracia. Esta passa a ter a função de um signo

privilegiado, ou de um ponto nodal, capaz de articular as diferentes demandas em relação ao

seu corte antagônico com o qual mantém uma relação de antagonismo. Por meio dessa

prática articulatória que estabeleceu relações entre os elementos, tem-se, então, um discurso

que é representado no organograma por meio do círculo pontilhado que envolvem os

grupos articulados, no segundo momento, de forma a representar o caráter imprevisível,

indeterminado do discurso.

Note-se que a escolha do pontilhado – e não de uma linha contínua – representa outra

característica fundamental da teoria de Laclau, o caráter contingente do discurso. Conforme

assinalam Jorgensen e Phillips (2002), um discurso fixa um significado particular por meio da

exclusão de outras possibilidades, de outros significados, mas isso não significa que será

sempre dessa forma, pois sempre haverá um conflito entre discursos antagônicos. Por isso, o

discurso é, mesmo que provisoriamente, uma redução de múltiplas possibilidades a uma

possibilidade hegemonizada. Assim, “qualquer discurso se constitui como tentativa de

dominar o campo da discursividade, de deter o fluxo das diferenças, de construir um

centro” (LACLAU, MOUFFE, 2015, p.187).

Para Laclau, a política reside nessa tentativa de estabelecimento de uma articulação de

diferentes identidades e movimentos (DEVENNEY, 2016) a um determinado projeto político

mais amplo a partir da criação de “formas coletivas de identificação política” capazes de

amalgamar demandas não satisfeitas (HOWARD, ALLETA, 2016). Nesse sentido, para o autor,

há uma primazia do político em relação ao social já que é por meio do discurso, enquanto

totalidade estruturada, que “uma força ou um movimento social conduz seu desempenho

político global” (LACLAU, 2013, p. 47) diante de outra força antagônica.

É no contexto de uma prática articulatória que poderemos compreender aquilo que

para o pensamento laclauniano ocupa um lugar de absoluto destaque, o conceito de

hegemonia. Para Laclau, esta é um tipo de relação política que emerge do confronto entre

práticas articulatórias, o que pressupõe, de antemão, a existência de múltiplas forças

�164

Page 165: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

antagônicas no seio de uma dada formação social e de uma fronteira instável entre estas.

Portanto, múltiplas forças disputam entre si diferentes demandas democráticas que, por meio

da construção de uma cadeia de equivalências, aglutinam-se em torno de um ponto nodal.

Enquanto pontos discursivos privilegiados de fixação parcial de sentidos dentro de uma

cadeia de equivalências, os pontos nodais podem ser representados, por exemplo, pelo

“povo”, pela “natureza”, ou pelo “nacionalismo” no contexto de seu uso por movimentos

populistas, ambientalistas ou nacionalistas, respectivamente (STAVRAKAKIS, 2016). O mesmo

poderia ser dito da força representada pela ideia de “democracia”, ou mesmo de “justiça”.

Os pontos nodais possuem uma natureza tão polissêmica, e por isso estão tão sujeitos

às contingências de diferentes práticas articulatórias (discursivas), que se transformam em

significantes vazios. De acordo com Mendonça (2007, p. 253), “o significante vazio ocorre

quando um discurso universaliza tanto seus conteúdos a ponto de ser impossível de ser

significado de forma exata”, daí compreendermos a definição aparentemente contraditória

de Laclau de que “um significante vazio é um significante sem significado” (LACLAU, 2010, p.

69). Portanto, será somente por meio de uma cadeia de equivalências que, combinadas com

outros signos, os significados serão “preenchidos” provisoriamente.

2. Os Institutos Federais como significantes vazios?

Utilizando-se do arcabouço teórico-conceitual de Ernesto Laclau, caberia

compreender como as regras de produção de sentidos de como um fenômeno – no caso os

Institutos Federais – encontram discursivamente seu lugar provisório no mundo. Discurso,

seguindo a síntese proposta por Jorgensen e Phillips (2002), unifica palavras e pressupõe um

conjunto de práticas linguísticas e não linguísticas levadas a cabo por sujeitos, identidades,

grupos sociais e instituições.

Portanto, para Laclau, aquilo que Michel Foucault havia denominado “complexos não

discursivos” (instituições, técnicas, organização produtiva etc.), só podem ser compreendidos

à luz das formações discursivas através das quais foram e são estruturados. Assim,

poderíamos considerar que a centralidade do discurso - e do esforço de sua análise -

residiria no fato de que “(...) cada institución política, cada categoria de análisis político, se

�165

Page 166: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

nos presenta hoy día como el locus de juegos de lenguaje indecidibles” (LACLAU, 2006, p.

59).

Visando situar o Instituto Federal à luz da Teoria do Discurso, propomos o

organograma abaixo:

� Fonte: Elaboração Própria

Nele observamos, ao centro, o signo privilegiado, ou ponto nodal representado

pelo Instituto Federal e, orbitando ao seu redor, diferentes signos que são ordenados e que

adquirem significados de acordo com as relações – as cadeias de equivalência estabelecidas

- com o ponto nodal, ou seja, com o Instituto e também entre eles, de tal forma que o IF

passa a representar toda a cadeia discursiva. Ao Instituto Federal são associadas tantas

atribuições na execução de políticas governamentais que seu significado só pode ser

compreendido dentro de uma cadeia de equivalências discursivas. Nesse caso, não há um

fechamento no discurso, porque no cerne da disputa pelo estabelecimento de significado e,

�166

Page 167: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

logo, de hegemonia, há uma multiplicidade de demandas e interesses conflitantes que

impedem qualquer tipo de sutura, uma vez que essas equivalências ocorrerão de forma

diferenciada a partir das demandas próprias de cada IF. Um IF ou um campus do IF pode

assumir, por exemplo, um discurso muito mais próximo da demanda de oferecimento de

cursos de pós-graduação do que de extensão, considerando suas próprias condições

institucionais e socioespaciais.

Compreendemos que o esforço por estabelecer uma nova “institucionalidade”, como

destacado no trecho que abre a presente seção “tão arduamente preconizada e defendida

por discursos e documentos emanados do MEC” (SILVA, 2016), se insere na tentativa de

estabelecer um centro, no esforço de exclusão de outros possíveis significados que aqueles

signos pudessem ter. Vale lembrar mais uma vez, que o discurso é uma redução de

possibilidades, uma exclusão de discursos antagônicos e, por isso, mesmo algo sempre

contingente, imprevisível e provisório. A essa fixação precária de significados opostos dentro

de uma determinada ordem, Laclau chamou hegemonia (BIGLIERI, 2017).

É nesse sentido que podemos compreender a afirmação de Luiz Augusto Caldas

Pereira, ex diretor de Políticas da SETEC/MEC, de que sentia a necessidade de tecer alguns

comentários – feitos nesse documento por ele assinado – visando “contribuir para a

construção da identidade dessas instituições e, de certa maneira, suscitar reflexões,

aprofundando os debates” (PEREIRA, 2008, p. 1). Mais adiante o autor se indaga: “Que

sentido político associar à criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia?”. Do ponto de vista de um dos sentidos que giram em torno do significante IF,

como acima apresentado no esquema, e que tenta impregná-lo no que se refere ao papel

dos Institutos como agentes de desenvolvimento local-regional, Pereira chama a atenção

para o aspecto espacial e territorial da expansão da Rede na sua contribuição para o

“desenvolvimento sócio-econômico do país” por meio de sua interiorização e,

consequentemente, da maior oferta de Ensino Profissional e Tecnológico. Assim,

ao estabelecer que todas as unidades vinculadas aos Institutos Federais (inclusive as novas) têm elevado e isonômico grau de autonomia, afirma o território como uma dimensão essencial a sua função e insere na pauta regimental dessas instituições o seu compromisso com um desenvolvimento

�167

Page 168: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

sócio-econômico que perceba antes o seu “lócus”. Isto implica uma atuação permanentemente articulada e contextualizada a sua região de abrangência. (...) É, pois, função precípua dos Institutos Federais atuar a favor dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais (PEREIRA, 2008, p. 2, grifos nossos)

Nesse sentido, os objetivos reservados à Rede Tecnológica devem ser compreendidos

dentro de um contexto mais amplo referente ao papel de agentes dinamizadores de

processos de desenvolvimento no nível local e regional atribuídos aos Institutos, bem como

às Universidades ou Instituições de Ensino Superior (IES), conforme também vimos

pesquisando a partir das políticas de expansão das universidades no território brasileiro a

partir dos anos 2000 (TERAMATSU, 2014; TERAMATSU, 2015) e também de outras políticas

relacionadas ao ensino superior (FREITAS; TERAMATSU; STRAFORINI, 2015). Se no momento

da criação dos antigos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET) esse

entendimento se apresentava de forma mais sucinta na legislação, compreendendo-se que a

formação profissional e a pesquisa deveriam estar em “estreita ligação com os setores

produtivos da sociedade, especialmente de abrangência local e regional” (BRASIL, 2004,

grifos nossos), quatro anos mais tarde, com a criação da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica essa “recomendação” passa a ser incorporada de forma

mais definitiva e explícita.

A partir de sua inserção nas realidades locais e regionais às quais se ligam, é atribuído

aos Institutos um poder de interferência e modificação dessas realidades de forma a

contribuir para o desenvolvimento territorial local. Repetidamente isso é afirmado nas

publicações disponíveis no site do MEC, a respeito dos Institutos com adjetivações como

“novo momento”, “novas perspectivas”, “educação para um novo tempo”, até culminar na

afirmação de que os Institutos são “uma revolução na educação profissional e tecnológica”,

conforme sugestivo título de publicação do MEC organizada por Eliezer Pacheco, então

Secretário de Educação Profissional e Tecnológica (PACHECO: 2011).

Universidades e Centros de Pesquisa & Desenvolvimento são importantes ativos dos

territórios e podem desempenhar papel relevante no desenvolvimento. Contudo, no caso

dos Institutos, há que se identificar as diferentes formas de inserção das instituições nas suas

realidades locais-regionais de forma a problematizar essa associação direta Institutos/

universidades-desenvolvimento-território. Em outras palavras, há que se tensionar

�168

Page 169: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

enunciados e pressupostos de forma a responder: qual tem sido o papel dos Institutos no

desenvolvimento local? O que podem os Institutos? Esse é, de fato, o seu papel?

Estudos realizados por profissionais oriundos, no geral, dos próprios Institutos, foram

tentativas de dar respostas a estas perguntas. No entanto, em muitos casos, não chegam a

responder (ou, nos parece, a fazê-lo satisfatoriamente) àquelas indagações propostas. Nesse

sentido, há estudos que podem ser criticados por acabarem por ampliar o debate a um nível

teórico e de explicações mais generalistas sobre desenvolvimento local, sem identificar,

qualificar e apontar efetivamente os aspectos nos quais os Institutos e a educação

profissional que ministram atuam de forma decisiva nesse sentido, a exemplo dos trabalhos

como Pereira (2003), Leite e Kobold (2017), Menezes (2010), Dagnino e Mota (2016),

Cerqueira (2016). Além disso, há um problema ou pano de fundo que nos parece central

que é a não problematização dos pressupostos que fundamentam a proposta do próprio

MEC/SETEC. Ou seja, há na concepção teórica – e política – que embasa essa proposta uma

dupla supervalorização: por um lado, superestima a escala local no seu papel de

deflagradora de processos de desenvolvimento e, por outro lado, dá excessivo valor ao

papel de uma instituição de ensino nesse cenário.

Costa (2015) discutiu como as compras governamentais podem se constituir em

fatores que contribuem com o desenvolvimento local. Tomando por base a realização de

licitações por pregões eletrônicos para aquisições e contratações de bens de consumo, bens

permanentes, serviços e obras, a autora investiga como os recursos financeiros do Instituto

Federal Fluminense (IFF) poderiam contribuir com o desenvolvimento do Noroeste do

Estado do Rio de Janeiro e, assim, “levar algum dinamismo, fazendo circular neste espaço

parte do orçamento da Instituição” (COSTA, 2015, p. 16) e, como consequência, promover o

aumento da renda e do emprego na região. Os resultados dessa pesquisa demonstraram

que, apesar de haver empresas comerciais na região que poderiam suprir as demandas dos

campi, a maioria das licitações é vencida por fornecedores de outras localidades. Isso

significa dizer que “um valor insignificante” do montante de recursos de custeio destinados

pelo Instituto permanece na região noroeste fluminense do estado do Rio de Janeiro (1,26%

em 2014).

�169

Page 170: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Tratando ainda da mesma problemática – a possibilidade do IFF de contribuir no

desenvolvimento local – e da mesma região do estado do Rio de Janeiro – o noroeste

fluminense –, o estudo levado adiante por Lima (2017) apontou a falta de estudos por parte

da Instituição com o objetivo de proceder ao mapeamento das potencialidades locais bem

como a pouca articulação com os atores sociais no momento da oferta de cursos num

campus do IFF. Em ambos os casos, depreende-se a ideia de que há limites na possibilidade

de o Instituto de contribuir positivamente para o desenvolvimento da economia local-

regional em questão. Concluímos que, tomando esse sentido discursivo de desenvolvimento

local-regional que se tenta fixar ao significante IF, quando colocamos uma lente sobre ele e

analisamos geograficamente suas articulações, nos parece que se trata de um sentido

discursivo muito frágil do ponto de vista territorial.

REFERÊNCIAS

AVGITIDOU, A. KOUKOU, E. The defender of eventuality: an interview with Ernesto Laclau (2008), 5, Intellectum, p. 85-95. BRASIL. DECRETO Nº 5.224 DE 1º DE OUTUBRO DE 2004. Dispõe sobre a organização dos Centros Federais de Educação Tecnológica e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5224.htm Acesso em: 15 de Dez. 2017. CERQUEIRA, Y. D. F. Institutos Federais e Desenvolvimento Local: O IFSULDEMINAS- Campus Machado- como expressão dos limites e possibilidades da Educação Profissional e Tecnológica na sociedade brasileira contemporânea. Dissertação. Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2016. COSTA, F. C. Limites e possibilidades da contribuição do sistema de compras do Instituto Federal Fluminense para o desenvolvimento do noroeste do estado do Rio de Janeiro. Dissertação. Mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades– Universidade Candido Mendes –Campos dos Goytacazes, RJ, 2015. DAGNINO, R. MOTA, L. A importância da Ciência, Tecnologia e Inovação no contexto dos Institutos Federais: Desenvolvimento Local, sustentabilidade e Emancipação Social. Anais... XI JORNADAS LATINO-AMERICANAS DE ESTUDOS SOCIAIS DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA. Curitiba, 25 -28 de julho de 2016. DEVENNEY, Mark. The politics of antagonism. Contemporary Political Theory, vol. 15, 3, 2016, p. 329-335 FARTES, Vera Lúcia B. A cultura profissional dos grupos de pesquisa nos Institutos Federais: uma comunidade de práticas? Cadernos de Pesquisa, V. 54, N.º 154, p. 850-874, out./dez. 2014.

�170

Page 171: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

FREITAS, A. S. F. ; TERAMATSU, G. ; STRAFORINI, R. . As dimensões territorial e política do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). Revista Terra Livre, v. 1, p. 75-113, 2015 HOWART, David. NORVAL, Aletta J. Demands, articulation and radical democracy. Contemporary Political Theory, vol. 15, 3, 2016, p. 306-312 JORGENSEN, Marianne. PHILLIPS, Louise J. Discourse Analysis as Theory and Method. Londres, SAGE Publications Inc. : 2002. LACLAU, Ernesto. Emancipação e Diferença. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2010. ____. “Política de La retórica”. In: LACLAU, Ernesto. Misticismo, retórica y política. Buenos Aires, Fondo de Cultura Econômica de Argentina, 2006, p.57-99. ____. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas, 2013. LACLAU, E. y MOUFFE, C. Hegemonia e estratégia socialista: por uma política democrática radical. São Paulo: Intermeios, Brasília: Cnpq, 2015. LEITE, E. D. KOBOLD, E. C. S. A educação profissional e os arranjos produtivos locais promovendo o desenvolvimento regional no Distrito Federal. Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo, v. 2, n. 3, p. 107-129, jul-set, 2017. LIMA, F. S. A implantação do campus Santo Antônio de Pádua do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense: uma discussão sobre a proposta de oferta de cursos e sua inserção regional. Dissertação. Mestrado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades, Universidade Candido Mendes, Campos dos Goytacazes, RJ, 2017. MENDONÇA, D. A teoria da hegemonia de Ernesto Laclau e a análise política brasileira. Ciências Sociais Unisinos, vol. 43, núm. 3, set.-dez, 2007, pp. 249-258 . ____. Como olhar “o político” a partir da teoria do discurso. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, N.º 1, p 153-169, jan. – jun. 2009. MENEZES, M. A. de A. A contribuição da educação profissional para o desenvolvimento local e regional: cooperação técnica entre o Instituto Federal de Educação Baiano campus Catu e a Agricultura Familiar. Anais... V CONGRESSO NORTE-NORDESTE DE PESQUISA E INOVAÇÃO. Maceió, 17-19 nov. de 2010. Disponível em: http://congressos.ifal.edu.br/index.php/connepi/CONNEPI2010/paper/viewFile/228/195Acesso em 05 de fev. 2018. PACHECO, E. (Org.). Institutos Federais: uma revolução na educação profissional e tecnológica. Brasília: Fundação Santilhana, São Paulo: Moderna, 2011 PEREIRA, Luiz Augusto Caldas. Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/artigosifet_ jornal.pdf. Acesso em 16 de mar. 2018. SILVA, E. P. da. Limites e possibilidades aos processos de integração regional, desenvolvimento local e combate às desigualdades pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), São Leopoldo (RS), 2016. STAVRAKAKIS, Yannis. Laclau and psychoanalysis: na appraisal. Contemporary Political Theory, vol. 15, 3, 2016, p. 312-318. TERAMATSU, G.. Geografia e ensino superior: estado da arte das pesquisas de pós-graduação. Anais... XI Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, 2015, Presidente Prudente, SP. Anais do XI ENANPEGE, 2015. v. 1. p. 4054-4065.

�171

Page 172: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

TERAMATSU, G.. A educação superior no território brasileiro: aproximações a partir dos dados dos censos demográficos (1872-2010). Anais... VII Congresso Brasileiro de Geógrafos, 2014, Vitória, ES.

�172

Page 173: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

EDUCACIÓN PARA LA PAZ: RETOS Y POSIBILIDADES PARA LA ENSEÑANZA DE LA GEOGRAFÍA

Dr. Alejandro Pimienta Betancur Profesor del Instituto de Estudios Regionales Universidad de Antioquia

[email protected] Mag. Jaime Andrés Parra Ospina

candidato a doctor en educación. Docente del municipio de Medellín.

[email protected]

RESUMEN: TERRITORIO_LAB: ciudadanía y paz” es un proyecto de investigación que se viene desarrollando en Medellín, Colombia desde el 2017 con el cual se busca aportar un posicionamiento pedagógico y didáctico que integre elementos de la educación geográfica y la educación para la paz, dando como resultado un enfoque territorial de educación para la paz en Colombia. Se presenta la discusión teórica que integra ambos campos pedagógicos

PALABRAS CLAVE: enseñanza de la geografía, educación para la paz, cartografía social, arte, tecnología.

INTRODUCCIÓN

Colombia actualmente vive una transición política del conflicto armado al posacuedo,

a raíz de la implementación de los acuerdos de paz entre el gobierno y las guerrillas, lo cual

demanda de posicionamientos pedagógicos y propuestas didácticas innovadoras que desde

la escuela coadyuven a que, al nivel de los sujetos, esa transición se entienda como la

superación de relaciones amigo-enemigo y se conviertan en relaciones políticas entre

ciudadanos, incluso entre adversarios (Laclau & Mouffe, 2010; Ruitenberg, 2009), sujetos con

capacidad de resolver sus diferencias por la vía pacífica y así entender la democracia como

un modo de vida que aporta a la construcción de lo público.

�173

Page 174: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

La intencionalidad de educar para la paz no es nueva en Colombia, pero su

implementación en las instituciones educativas no ha logrado los impactos esperados en

cuanto a las capacidades y habilidades de los estudiantes para ejercer una ciudadanía que

aporte a la paz. “TERRITORIO_LAB: ciudadanía y paz” es un proyecto de investigación que se

viene desarrollando en Medellín, Colombia desde el 2017 con el cual se busca aportar un 36

posicionamiento pedagógico y didáctico que busca integrar elementos de la educación

geográfica, la formación ciudadana y la educación para la paz , dando como resultado un 37

enfoque territorial de educación para la paz en Colombia.

Se han identificado tres debilidades estructurales que limitan la construcción de paz

desde la escuela: Primera, desarticulación de las políticas curriculares existentes orientadoras

en el país de la construcción de paz: la educación para la ciudadanía y la educación para la

paz, propuestas que no logran evidenciar el potencial de la integración curricular de estas

dos perspectivas pedagógicas y didácticas. Segunda, en la relación pedagógica estudiantes

- maestros, no se ha considerado la comprensión del espacio escolar como un elemento

fundamental en la educación para la paz, desarrollando currículos de espaldas al territorio,

desconociendo la dimensión espacial y territorial del sujeto. Es decir, el contexto escolar es

concebido como algo materialmente dado y externo al currículo, lo cual obedece a

herencias asociadas a concepciones funcionales y conductistas de la formación y donde las

relaciones de poder son estrictamente jerárquicas Y tercera debilidad, la escasa

implementación de estrategias didácticas en el proceso docente, que interpelen a los

estudiantes desde su subjetividad y favorezcan el desarrollo de habilidades y actitudes para

la paz.

Por otro lado, y basados en la práctica docente, podemos afirmar que existe una

concepción de la democracia restringida a la mecánica electoral, donde se dejan por fuera

otras características de ésta, esto se ve reflejado en los tipos de espacios de participación en

El proyecto de Investigación es dirigido por Alejandro Pimienta Betancur y Jaime Parra participa como estudiante 36

de doctorado en formación. El proyecto está avalado por el Grupo de Estudios del Territorio del Instituto de Estudios Regionales de la Universidad de Antioquia y es financiado por la Vicerrectoría de Investigación de la misma Universidad.

.EL TERRITORIO-LAB analiza tres tipos de experiencias: barriales, institucionales y escolares. En este escrito sólo se 37

reflexiona sobre las experiencias escolares. .

�174

Page 175: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

la escuela y en las formas represivas de enfrentar el disenso y las críticas – de ejercer la

autoridad-, lo cual muestra que la formación ciudadana en la escuela presenta aún un

enfoque restringido pues tiene un carácter normativo que “promueve el moldeamiento de

comportamientos y conductas sin conciencia política” (Pimienta Betancur, 2008), y en este

sentido se aleja de la formación de un ciudadano crítico, con capacidad real de aportar a la

construcción de paz.

A continuación se presenta el avance consistente en el posicionamiento teórico que

permite integrar teóricamente ambos campos: Educación geográfica y Educación para la

paz.

METODOLOGIA

El componente escolar del TERRITORIO_LAB busca desarrollar una propuesta

pedagógica que promueve la educación para la paz a partir de la educación geográfica, en

el contexto de la enseñanza de las ciencias sociales en tres escuelas localizadas en Medellín-

Colombia, lo cual se desarrollará mediante la cartografía social. No obstante en este texto se

desarrolla la discusión teórica.

En Colombia el interés por la educación para la paz tiene referentes muy fuertes en la

problemática social que el conflicto armado y la violencia estructural han generado a lo largo

de las últimas décadas, en consecuencia, en nuestro país “la paz” es un significante central y

articulador de diversos discursos dominantes en muchos ámbitos de la vida nacional por los

efectos sociales y políticos que su ausencia ha traído para la vida de millones de habitantes.

La escuela no escapa a esta preocupación y a través del currículo de la educación

básica y media se han hecho sendos esfuerzos por educar ciudadanos y educar para la paz,

casi siempre vinculados a la educación ética, religiosa, moral, cívica o a través de algunas

cátedras específicas que han sido propuestas en determinados momentos históricos, el caso

más reciente es la cátedra de la paz (Ley 1732 de 2014 y Decreto 1038 de 2015), creada en el

contexto de las negociaciones de paz entre el gobierno y la guerrilla de las FARC-EP.

�175

Page 176: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

La revisión de las investigaciones e iniciativas internacionales acerca de la educación

para la paz permite plantear la siguiente síntesis de las debilidades, falencias y 38

potencialidades de la educación para la paz, tanto a nivel teórico como práctico que los

diversos autores han referenciado para los contextos de sus respectivos trabajos.

Uno de los aspectos comunes en la mayoría de investigaciones y propuestas es la

referencia a la pedagogía crítica como uno de los enfoques necesarios en la educación para

la paz (Bar-tal & Rosen, 2009; H. Berents & Mcevoy-levy, 2015; Cardozo & Shah, 2016; Harber

& Sakade, 2009; Lee Deck, 2010) pues busca que los estudiantes produzcan conocimiento,

que se involucren con diversas ideas y actúen sobre ellas para transformarlas, en resumen,

busca el cambio social a través del entendimiento de la relación entre la teoría y la práctica

(Giroux, 2015).

En un artículo que teoriza sobre la juventud y la paz cotidiana, Berents y Mcevoy

analizaron trabajos de campo con jóvenes en iniciativas de construcción de paz en Colombia,

Estados Unidos, Suráfrica, Guatemala, Uganda, Mozambique y Timor Oriental, en este

mencionan a lo local y lo cotidiano como unos espacios claves de la política, de la

producción de conocimiento; afirman que las acciones de construcción de paz dependen

del espacio y de los actores que intervienen (H. Berents & Mcevoy-levy, 2015). Afirman

además que el contexto es crucial para determinar si la vida cotidiana dispone de espacios

abiertos, maleables a la intervención de los jóvenes, espacios en los que realmente puedan

involucrarse y ser protagonistas de los procesos de cambio social, en los que no sean

simples sujetos a los que se informa o usa para hacer parte de las estadísticas de

capacitación. Hay en estas ideas una aproximación al énfasis de paz territorial, al darle un

papel central a los elementos del contexto, sin embargo, no hay referencias sobre la manera

de llevar lo local y lo cotidiano a la educación para la paz en las aulas.

se hizo rastreando en las bases de datos Cambridge University Press, Dialnet, ERIC, JSTOR y EBSCO, privilegiando 38

los artículos de revista indexada que trataran sobre la educación para la paz en contextos escolares, publicados en los últimos 7 años, allí se encontraron en especial tres revistas (Journal of Peace Education, Journal of Peacebuilding & Development y Compartive Education) de las cuales provienen la mayoría de los trabajos reseñados. Es de resaltar la poca existencia o visibilidad de los resultados de investigación en castellano, en su totalidad los artículos referenciados en este apartado están escritos en inglés, a pesar que algunos de ellos tratan sobre países de américa latina, Asia o África.

�176

Page 177: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Siguiendo con estos autores, afirman que uno de los fallos que tradicionalmente ha

tenido la educación para la paz es que ha considerado a los jóvenes como sujetos

moldeables que inevitablemente necesitan y se han de beneficiar del entrenamiento para

vivir en paz pues son el futuro, esta visión deja a los jóvenes en un papel marginal en el que

son simples receptores de la información que se les proporciona, con el agravante que en la

mayoría de los casos no se sabe -la escuela y los formuladores de políticas públicas- en

realidad quiénes son esos jóvenes con los que se está trabajando, debido a que se parte de

las representaciones sociales que sobre ellos se tiene y que los medios de comunicación han

ayudado a construir apoyados en generalizaciones vagas, descontextualizadas y orientadas

por intereses comerciales. Esto evidencia la falta de una adecuada lectura previa del

contexto social y educativo en el cual se quiere implementar la educación para la paz; se

olvida – en relación con los jóvenes- que factores como el género, la etnia, la edad, el

territorio que habita y la clase social afectan las experiencias del conflicto y la construcción

de paz de las personas.

De acuerdo con Cardozo y Shah para abordar de una manera seria la construcción y la

educación para la paz se deben considerar las responsabilidades sobre tres tipos de

injusticias: culturales (que generan conflictos por la falta de reconocimiento a la diversidad),

políticas (que generan conflictos por falta representación política de algunos grupos) y

económicas (redistribución). (Cardozo & Shah, 2016) Estos autores vinculan la Educación

para la Paz con el logro de la justicia social, en este sentido afirman que si la educación sirve

a estas tres facetas de reconocimiento, representación y redistribución puede contribuir al

logro de las transformaciones sociales, pues se identifica con la necesidad de cambios

institucionales y estructurales que implican cambios en las relaciones de poder en la

sociedad. (Noelli & Smith 2011, 14. Citado por Cardozo & Shah, 2016,519)

De acuerdo con Smith y otros citados por (Cardozo & Shah, 2016) en una revisión de

literatura sobre el papel de la educación en la construcción de paz, existen vacíos en la

investigación sobre el tema: No hay un énfasis en el efecto de la educación en los proyectos

de construcción de paz a largo plazo; insuficiente atención al contexto, a la voluntad política

y las motivaciones de los actores involucrados en proyectos educativos de contextos

afectados por conflictos; Una escasez de teoría sobre la compleja relación entre educación y

�177

Page 178: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

la construcción de paz y una ausencia general de reconocimiento del lugar de la educación

en un contexto político-económico más amplio y a diferentes escalas (local, regional,

nacional y global); Falta teoría acerca de la relación entre educación y los factores del

conflicto en dimensiones tales como movilidad social, inclusión social, justicia social, normas

sociales y oportunidad económica.

Al respecto vemos que en el caso colombiano estos vacíos existen también en la

práctica educativa y en la formulación de la política pública de formación ciudadana y de

educación para la paz, en particular la insuficiente atención al contexto y a la voluntad de los

actores, pues se promulgaron las leyes y los decretos reglamentarios y al parecer se pensó

que con esto se resolvía la necesidad de una mejor educación al respecto, sin tener en

cuenta las diferentes realidades que enfrentan las comunidades educativas en cuanto a sus

experiencias territoriales del conflicto, la existencia de factores de violencia manifiesta o

estructural que hacen riesgoso el tratamiento de ciertos contenidos, los modelos de

autoridad imperantes en nuestras escuelas que en muchos casos van en contravía de los

contenidos y los objetivos de la formación ciudadana y la educación para la paz.

Una educación para la paz que debe tener en palabras de Deck cuatro características:

Transformadora -debe retar a los estudiantes hacia la transformación-, centrada en el proceso

-el proceso debe ser coherente con la idea de paz-, participativa -conocimiento, oportunidad

y apoyo para que los jóvenes puedan participar-, relacional -las habilidades para establecer

relaciones son la base para que el individuo tenga un impacto positivo en los conflictos-,

sustentable -que se mantenga en el tiempo(Lee Deck, 2010)

RESULTADOS Y DISCUSIÓN

La revisión del estado del arte y los documentos de política educativa relacionados

con la educación para la paz permite constatar que el aspecto espacial-territorial de la

educación para la paz no ha sido tomado en cuenta, es decir, si bien se menciona el contexto

y en algunas ocasiones se habla del territorio, se hace referencia a un espacio dado, un

espacio contenedor que no da lugar a una perspectiva de espacio socialmente construido

(Lefebvre, 2013; Silveira, 2011) y sobre el cual es posible intervenir para transformarlo y

�178

Page 179: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

cambiar las situaciones de violencia estructural y/o manifiesta, por tal razón es uno de los

aspectos que el TERRITORIO_LAB analiza y en especial, siendo la educación geográfica la

encargada de este aspecto espacial, la pregunta central gira en torno a los aportes que la

educación geográfica puede hacerle a la educación para la paz para superar algunas de las

falencias que hemos identificado tales como: concepciones restringidas de la ciudadanía y la

democracia, una educación de espaldas al territorio o con una concepción de espacio

proveniente de la geografía cuantitativa –espacio contenedor- y la desconexión entre los

documentos curriculares y la práctica escolar.

En el TERRITORIO-LAB se establece una relación entre el espacio escolar (intra y extra)

y la educación para paz, entendiendo el espacio desde la geografía crítica como el conjunto

de objetos, acciones y normas (Silveira, 2011) producto de una construcción social, la cual

influye en las formas de vida de los ciudadanos, a la vez que es influida por estos (Massey,

2009).

REFERENCIAS

ABar-tal, D., & Rosen, Y. (2009). Peace Education in Societies Involved in Intractable Conflicts  : Direct and Indirect Models Author ( s ): Daniel Bar-Tal and Yigal Rosen Source  : Review of Educational Research , Vol . 79 , No . 2 ( Jun ., 2009 ), pp . 557-575 Published by : American Educ. Review or Educational Research, 79(2), 557–575. Retrieved from http://www.jstor.org/stable/40469048 Accessed: Benjumea, M., Gutiérrez, A., Jaramillo, O., Mesa, A., & Pimienta, A. (2011). Formación ciudadana y educación para la ciudadanía. Aproximaciones conceptuales y mínimos compartidos. Revista Temas, 3(5), 211–224. Berents, H. M. (2013). From the Margins : Conflict-Affected Young People , Social Exclusion , and an Embodied Everyday Peace in Colombia. University of Queensland. Berents, H., & Mcevoy-levy, S. (2015). Theorising youth and everyday peace (building). Peacebuilding, 7259(October). http://doi.org/10.1080/21647259.2015.1052627 Cardozo, M. T. A. L., & Shah, R. (2016). A conceptual framework to analyse the multiscalar politics of education for sustainable peacebuilding. Comparative Education, 68(October 2017). http://doi.org/10.1080/03050068.2016.1220144 Caro Rodríguez, A. (2015). “ EL APORTE DE LA EDUCACIÓN GEOGRÁFICA A LA FORMACIÓN CIUDADANA. Bio- Bio. Chaux, E., & Velásquez, A. M. (2016). Orientaciones generales para la implementación de la cátedra de la paz. Bogotá: MEN. Chu, Y., Bratton, M., Lagos Cruz-Coke, M., Shastri, S., & Tessler, M. a. (2008). Public Opinion and Democratic Legitimacy. Journal of Democracy, 19(2), 74–87. http://doi.org/10.1353/jod.2008.0032

�179

Page 180: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Colombia (MEN), M. de E. N. de. (2006). Estándares básicos de competencias ciudadanas. Bogotá. Diamond, L. (2013). Why Wait for Democracy. The Wilson Quarterly Winter 2013. Diamond, L. J., & Morlino, L. (2004). The quality of democracy, An Overview. Journal of Democracy, 15(4), 20–31. http://doi.org/10.1353/jod.2004.0060 Giroux, H. (2015). Giroux, Educated hope and the promise of democracy. Chapman University, 9. Gutiérrez Tamayo, A. L. (2010). El ciudadano territorial, propósito de la formación ciudadana. Uni-Pluriversidad, 10(3), 1–12. Harber, C., & Sakade, N. (2009). Schooling for violence and peace : how does peace education differ from “ normal ” schooling  ? Journal of Peace Education, 201(October), 171–187. http://doi.org/10.1080/17400200903086599 Laclau, E., & Mouffe, C. (2010). Hegemonía y estrategia socialista. Hacia una radicalización de la democracia. Ciudad de México: Fondo de Cultura Económica. Lee Deck, S. (2010). Transforming High School Students into Peacebuilders  : A rationale for the Youth Peace Initiative model of peace education. CPACS Working Paper, (12), 1–37. Lefebvre, H. (2013). La producción del espacio. Madrid: Capitán Swing. Massey, D. (2009). Concepts of space and power in theory and in political practice. Documents d’Anàlisi Geogràfica, 55, 15–26. Retrieved from http://www.raco.cat/index.php/DocumentsAnalisi/article/viewArticle/171747/0 National Research council. (2006). Learning to Think Spatially. National Academies Press. http://doi.org/10.17226/11019 Parra Ospina, J. A. (2012). Enseñanza de la geografía, formación y ecoturismo en instituciones educativas de la subregión del oriente antioqueño, Colombia. Madrid: Editorial Académica Española. Patiño Jiménez, O. A. (2016). Potencial didáctico de la cartografía social en la enseñanza de la geografía y las problemáticas socioambientales. Tesis de maestría. Directo Alejandro Pimienta. Universidad de Antioquia, Medellín. Pimienta, A. (2012). Formación ciudadana, proyecto político y territorio. Antioquia. Pimienta Betancur, Alejandro & Parra Ospina, J. A. (2014). El discurso docente sobre la ciudad de Medellín: una ventana para ver la relación de la enseñanza de la geografía y formación ciudadana. Buenos Aires. Pimienta Betancur, A. (2008). Formación ciudadana en Colombia, Hacia una necesaria re-politización. In Uni-pluriversidad (Vol. 8 N°1, pp. 1–10). Pimienta Betancur, A., & Patiño Jiménez, O. A. (2017). Didáctica de la geografía y cartografía social. Medellín. Pulgarín Silva, R. (2003). Enseñanza de las ciencias sociales integradas desde el estudio del espacio geográfico. Memorias IX EGAL. Pulgarín Silva, R. (2006). El estudio del territorio como estrategia de formación ambiental en el oriente antioqueño. Medellín. Pulgarín Silva, R., & Pimienta Betancur, A. (2017). Educación geográfica y formación ciudadana para la paz -Colombia. Medellín: UGI.

�180

Page 181: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Pulgarín Silva, R., & Vanzella Castellar, S. (2015). Estudio comparado sobre las concepciones de lugar, ciudad, urbano y usos del suelo con profesores y estudiantes de las redes educativas públicas de Sao Pualo- Brasil y Medellín - Colombia. Medellín. Quiroz Posada, R. E., & Mesa Arango, A. (2011). Currículo crítico en la formación ciudadana. EDUCERE, Articulos Arbitrados, N°52, 621–628. Ruitenberg, C. W. (2009). Educating Political Adversaries : Chantal Mouffe and Radical Democratic Citizenship Education. Stud Philos Educ (2009) 28:269–281 DOI 10.1007/s11217-008-9122-2, 269–281. http://doi.org/10.1007/s11217-008-9122-2 Schulz, W., Ainley, J., Fraillon, J., Kerr, D., & Losito, B. (2010). Initial findings from the IEA International civic and citizenship education study. Design. Silveira, M. L. (2011). Territorio y ciudadanía : reflexiones en tiempos de globalización. Uni-Pluriversidad, 11(3), 1–23. UNESCO. (2000). Decenio Internacional de una cultura de paz y noviolencia. Retrieved from www3.unesco.org/iycp/kits/a55377_spa.pdf UNESCO. (2013). Caja de herramientas en educación para la paz. México D.F: DANDA México. Verma, K. (2017). Cultural Group Variances in Geospatial Thinking of Undergraduates in the United States: Educational Policy Implications. Papers in Applied Geography, 0(0), 1–18. http://doi.org/10.1080/23754931.2017.1355841

�181

Page 182: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

OS PROJETOS PEDAGÓGICOS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA APÓS A APROVAÇÃO DAS

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS

Eliana Marta Barbosa de Morais Universidade Federal de Goiás – UFG/IESA

[email protected] Adriana Olivia Alves

Universidade Federal de Goiás – UFG/IESA [email protected] Miriam Aparecida Bueno

Universidade Federal de Goiás – UFG/IESA [email protected]

RESUMO: Objetiva-se analisar a formação de professores de Geografia em diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil, avaliando as alterações ocorridas na formação inicial no período de 2002 a 2012 em função das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s). Para alcançar esse objetiva buscar-se-á compreender os projetos de formação de professores de Geografia; analisar a percepção dos alunos sobre sua formação profissional; conhecer como se efetiva a prática como componente curricular; caracterizar a maneira pela qual a teoria e a prática se efetivam; refletir sobre a descentralização e mudança da carga horária das disciplinas de domínio pedagógico e analisar os estágios nesses cursos. Trata-se de uma pesquisa coletiva desenvolvida no âmbito do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Educação Geográfica (NEPEG), que agrega pesquisadores de diferentes IES situadas em distintas regiões brasileiras. A problemática da formação de professores de Geografia no âmbito das DCN’s envolve o contexto político da educação brasileira; o cenário de sua implantação; e os impactos já percebidos na formação de professores de Geografia em função dessas DCN’s. O desenvolvimento da pesquisa, assenta-se na análise de documentos, questionários, entrevistas e na realização de workshops, tendo por subsídio a metodologia qualitativa do tipo estudo de caso. Como resultados, destaca-se o acompanhamento e contribuição ao debate em torno do currículo na legislação, nos artigos e nas monografias, dissertações e teses produzidas; a conclusão da primeira etapa da pesquisa, circunscrita à análise dos projetos pedagógicos das instituições envolvidas, evidenciando convergências e divergências quanto ao embate entre legislação e projeto pedagógico.

�182

Page 183: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

PALAVRAS-CHAVE: Diretrizes Curriculares Nacionais. Projetos Pedagógicos. Formação de Professores. Geografia. Brasil.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As discussões acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN´s) brasileiras,

aprovadas em 2002, teve seu debate fortalecido a partir dos anos 2000, quando o Ministério

da Educação encaminhou para o Conselho Nacional de Educação (CNE), para apreciação, a

proposta de Diretrizes para a Formação de Professores da Educação Básica, em cursos de

nível superior, conforme apresentado no parecer do CNE-CP 9/2001, de 08 de maio de

2001. Foi esse parecer, através da Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, que

instituiu as DCNs para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, nos

cursos de licenciaturas, de graduação plena.

A apresentação da proposta das DCNs ao Conselho Pleno do Conselho Nacional de

Educação, última instância antes do encaminhamento do mesmo à apreciação do Ministro da

Educação, ocorreu em 08 de maio de 2001. O documento que hoje constitui as Diretrizes

para a Formação de Professores da Educação Básica, em cursos de nível superior, havia sido

(março de 2001), submetido à apreciação da comunidade educacional em audiências

públicas regionais, em reunião institucional, em reunião técnica e em audiência pública

nacional (Parecer do CNE-CP 9/2001, de 08 de maio de 2001).

Dentre as justificativas apresentadas nesse parecer para a instituição das DCNs, os

relatores destacaram o preparo inadequado dos professores que, segundo eles, se manteve

ao longo dos últimos anos assentado num formato de ensino tradicional incondizente com o

que se almeja para a atuação docente. Enquanto a comunidade científica defende que o

ensino medeie e oriente a aprendizagem dos alunos; comprometa-se com o sucesso da

aprendizagem destes; assuma e lide com a diversidade existente entre os alunos; incentive o

desenvolvimento de atividades de enriquecimento cultural; promova práticas investigativas;

execute projetos para desenvolver conteúdos curriculares; utilize novas metodologias,

estratégias e materiais de apoio; favoreça o desenvolvimento de hábitos de colaboração e

trabalho em equipe; a formação docente continua assentada em parâmetros tradicionais,

que dificultam o alcance desses objetivos (CNE-CP N. 09, de 08 de maio de 2001).

�183

Page 184: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Embora seja apresentada as dificuldades para o alcance da aprendizagem, em virtude

de uma formação docente que não condiz com o que se almeja desse profissional na

atualidade, esse documento destaca que, além das mudanças que se fazem necessárias nos

cursos de formação docente (O que justifica a elaboração e aprovação das DCNs), essa

melhoria vai depender também de políticas que fortaleçam a profissionalidade docente, do

estabelecimento de uma formação continuada, que fortaleça o vínculo entre as instituições

formadores e as de Educação Básica, de melhorias na infra-estrutura institucional, que defina

jornada de trabalho e planos de carreiras compatíveis com o exercício profissional do

docente.

Portanto, a reflexão sobre o fazer docente, apresentada nesse parecer, indica que, não

é possível analisar a construção de aprendizagens desvinculas de reflexões que vão além da

sala de aula, e que, de igual maneira, afetam a atuação desses profissionais.

Foi assentado nas justificativas apresentadas por esse parecer que foram aprovadas as

DCNs, documento esse que ampara a investigação que será levada a cabo no presente

trabalho. Assim, foi a Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002, que instituiu a

duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de

professores da Educação Básica em nível superior.

Considerando-se o contexto histórico e suas finalidades, as DCN´s vem promovendo

intensos debates no território nacional, num cenário marcado por divergências entre o

Ministério da Educação, responsável pelo processo de implantação das diretrizes e os

educadores brasileiros, em especial aqueles que são militantes políticos e aqueles que

atuam com a formação de professores no Brasil.

Esse processo de reforma têm trazido à tona divergências como o tempo mínimo de

formação profissional. Denúncias em torno do aligeiramento da formação dos professores,

foram expressas pelos educadores em consideração à resolução CNE/CP nº 2/2002, que

estabeleceu a duração dos cursos de licenciatura. Outro debate foi posto à proibição da

formação do licenciado e do bacharel concomitantemente. Tal proibição resultou em forte

reação de educadores, instituições de pesquisa e agremiações profissionais, as quais

utilizavam o argumento de que ambos devem ter as mesmas bases teórico-metodológicas

que conformam a ciência geográfica.

�184

Page 185: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Evidenciam-se também, nessas propostas, pontos convergentes a exemplo das

concepções em torno da necessidade de ampliar a associação entre a pesquisa e o ensino,

de articular teoria e prática e construir um currículo menos fragmentado, que integre as áreas

essenciais para a formação do professor.

Pode-se dizer que os impactos dessas políticas têm tido forte incidência na

estruturação e na qualidade da formação empreendida nos cursos de formação de

professores, somando-se àquelas já citadas os debates em torno do Estágio Supervisionado

e das Práticas como Componente Curricular (MORAIS; OLIVEIRA, 2008).

Constata-se que, a temática, a despeito de estar materializada numa base legal, ainda

carece de reflexões e precisa ser discutida pelos sujeitos que estão direta ou indiretamente

envolvidos no processo de formação de professores. A necessidade de ajustes sobre o

processo se revela pelos impactos gerados em decorrência da implementação da legislação.

Sendo assim, de que forma as mudanças trazidas pelas DCNs contribuiríam para a formação

do professor nos cursos de licenciatura? Além desses, que outros problemas permeiam o

processo de formação docente? Que impactos são específicos aos cursos de Geografia das

IES públicas? Quais as possibilidades de sucesso diante das demandas da

contemporaneidade? Quais seriam os ajustes a serem efetuados para melhorar o processo

de formação de professores?

Diante dessas e de outras questões, torna-se necessário conhecer as diversas

experiências de formação desse profissional, no intuito de subsidiar os debates e propor

encaminhamentos para a formação do professor de Geografia.

É considerando a análise e os desdobramentos em torno desses pareceres e

resoluções que objetiva-se, na pesquisa, analisar a formação de professores de Geografia em

diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil, avaliando as possíveis alterações

ocorridas na formação inicial após 2002 em função das Diretrizes Curriculares Nacionais

(DCNs).

Para atingir esse objetivo optou-se pela metodologia do tipo estudo de caso

conforme a abordagem qualitativa de Lüdke e André (1986). O caso desta pesquisa se

configura no estudo dos impactos das DCNs nos cursos de licenciatura em Geografia, tendo

como base o projeto pedagógico e os sujeitos (docentes e discentes) envolvidos nessa

�185

Page 186: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

formação após o ano de 2002. A delimitação do universo empírico da pesquisa se

circunscreve inicialmente às Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil que tem o curso

de Geografia, na qual trabalham os professores/pesquisadores membros do NEPEG.

Por se tratar de uma pesquisa coletiva o desenvolvimento metodológico foi o mesmo

para todas as instituições e cursos pesquisados. Nesse sentido, a realização da pesquisa

conta com as seguintes etapas: Etapa 1 – Análise do projeto pedagógico dos cursos de

Geografia, para conhecer a relação do projeto com as DCNs; a concepção do estágio e da

prática como componente curricular; a relação teoria e prática; a posição e a carga horária

das disciplinas pedagógicas. Etapa 2 – Análise da percepção dos docentes e discentes sobre

os impactos das DCNs, para conhecer a percepção sobre a formação profissional; a prática

como componente curricular; a relação teoria e prática e a descentralização das disciplinas

pedagógicas. Etapa 3 – Análise da percepção dos docentes sobre o estágio e a formação

pedagógica no contexto das DCNs, para entender a concepção dos docentes sobre a

descentralização das disciplinas pedagógicas; a concepção e as propostas de estágio e de

prática; bem como a contribuição dessa estrutura para a formação docente em Geografia.

Etapa 4 – Análise das possíveis alterações nos cursos de Geografia no contexto das DCNs,

feita por meio da análise dos dados coletados e tratados nas etapas anteriores amparada em

referenciais teóricos sobre a formação docente e ainda nas discussões realizadas pelos

pesquisadores no âmbito da pesquisa coletiva.

A elaboração e aplicação dos instrumentos de pesquisa e suas análises estão sendo

desenvolvidas coletivamente no âmbito do NEPEG, tendo como subsídios o Grupo Gestor,

formado por pesquisadores responsáveis pelo acompanhamento da pesquisa em todas as

suas etapas.

Fazem parte desta pesquisa pesquisadores oriundos de 20 cursos de graduação em

Geografia no Brasil de 12 instituições de ensino superior: Universidade Federal de Goiás

(Goiânia, Catalão e Jataí), Universidade Estadual de Goiás (Anápolis, Goiás, Morrinhos,

Porangatu e Minaçú), Universidade de Brasília (Brasília), Universidade Federal do Tocantins

(Porto Nacional e Araguaína), Universidade Federal do Piauí (Teresina), Universidade Federal

da Paraíba (João Pessoa), Universidade Estadual da Paraíba (Guarabira, Campina Grande),

Universidade Federal de Campina Grande (Cajazeiras e Campina Grande), Universidade

�186

Page 187: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Federal de Uberlândia (Uberlândia), Universidade Federal de São João Del Rei (São João Del

Rei) e Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte) e uma pesquisadora de uma

universidade que, embora não tenha curso de graduação em Geografia, trabalha com essa

componente curricular nos cursos de pedagogia -Centro Universitário de Anápolis

(Anápolis/Goiás).

Por tratar-se de uma pesquisa em desenvolvimento, priorizar-se-a no presente trabalho

a análise da primeira etapa, qual seja, a dos Projetos Pedagógico Currículares (PPCs) das

instituições envolvidas na pesquisa, com destaque para os impactos já percebidos nesses

projetos em função dessas DCNs, tema central do presente texto, a qual foi realizada tendo

como subsídio um roteiro de análise pré-estruturado.

OS PROJETOS PEDAGÓGICOS DAS INSTITUIÇÕES ANALISADAS

A primeira etapa da pesquisa circunscreveu-se à análise do projeto pedagógico dos

cursos de Geografia para conhecer a relação do projeto com as DCNs; a concepção do

estágio e da prática como componente curricular; a relação teoria e prática; a posição e a

carga horária das disciplinas pedagógicas.

Nesse sentido, analisou-se o Projeto Pedagógico de 20 cursos de geografia, os quais

estão sediados em 11 instituições de Ensino Superior no Brasil, situadas nas distintas regiões

brasileiras, segundo a classificação do IBGE.

Quanto aos projetos pedagógicos dos cursos, foram analisados os PPCs de 15 cursos

de Geografia, visto que na UEG é utilizado projeto pedagógico similar, com algumas

adequações, nos diversos campus que a constituem. E o PPC da UFG de Catalão, por ser

similar ao PPC da UFG de Goiânia também não foi analisado. O primeiro foco de análise do

PPC circunscreveu-se ao seu ano de elaboração, considerando as versões posteriores à

aprovação das DCNs; ao turno (s) em que é ofertado o curso de Geografia; bem como ao

regime e a carga horária total do curso.

A par desses elementos, constatou-se que os projetos foram elaborados entre os anos

de 2005 e 2017, sendo três em 2005, um em 2007, dois em 2009, dois em 2011, um em

2013 e seis em 2017. Destaca-se, nesse conjunto a elaboração tardia dos PPCs. Apenas três

�187

Page 188: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

cursos o elaboraram até o ano de 2005, considerando que as DCNs foram aprovadas em

2002 e que havia a obrigatoriedade de elaborá-lo até o ano de 2005, momento em que um

novo currículo deveria ser “colocado em prática”.

Quanto ao regime, essas instituições ofertam o curso de Geografia majoritariamente

no formato semestral. Da totalidade das instituições, apenas a UEG oferta o curso no regime

anual. No que tange ao turno em que o curso de Licenciatura é ofertado, apenas uma

instituição a oferta apenas no período diurno. As demais ofertam à noite, sendo que apenas

nove destas ofertam também no diurno. Esse aspecto evidencia que uma parcela

significativa desses estudantes são trabalhadores, restando, portanto, o horário noturno para

se dedicar aos estudos.

No que tange à carga horária das instituições analisadas, elas situam-se entre 2850 e

3560 horas. Oito instituições possuem carga horária entre 2850 e 3000 horas; seis entre 3001

e 3500 horas e uma com 3560 horas. Portanto, elas atendem as questões apresentadas pela

resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002, a qual estabelece em seu primeiro artigo

que “A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível

superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada mediante a

integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas”.

Acrescente-se que quase todas as instituições possuem em seu projeto itens como

perfil dos formandos (exceto uma), competências e habilidades (exceto uma), estrutura do

curso, formato dos estágios, conteúdos básicos e complementares, conteúdos definidos pela

Educação Básica (exceto quatro), características das atividades complementares (exceto

duas), e formas de avaliação (exceto duas), temas esses indicados como obrigatórios para

serem apresentados nos PPCs das IES.

No que diz respeito às disciplinas de caráter pedagógico do curso, no parágrafo único

do artigo 11 da Resolução CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002, explicita-se que

nas licenciaturas voltada para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental deverão preponderar os tempos dedicados à constituição de conhecimento sobre os objetos de ensino e nas demais licenciaturas o tempo dedicado às dimensões pedagógicas não será inferior à quinta parte da carga horária total.

�188

Page 189: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Isso significa dizer que, em um curso com 2.800h ao menos 560h deverá ser destinada

às disciplinas pedagógicas. Ao analisar os PPCs das instituições participantes da pesquisa

constatamos que a carga horária de disciplinas pedagógicas é superior a esse montante

quando integramos à essas disciplinas a carga horária relativa aos estágios. Quando vistas

isoladamente, apenas uma instituição apresenta carga horária equivalente ao que é

solicitado pela legislação (Acima de 550 horas)

Outro item analisado circunscreveu-se à Prática como componente curricular. O

parecer CNE/CES N.15/2005 explicita que

(...) a prática como componente curricular é o conjunto de atividades formativas que proporcionam experiências de aplicação de conhecimentos ou de desenvolvimento de procedimentos próprios ao exercício da docência.

Isso significa dizer que se trata de uma dimensão do conhecimento que tanto está

presente nos cursos de formação, tanto nos momentos em se trabalha com o estágio quanto

nos momentos em que o foco é a reflexão sobre a atividade profissional, devendo permear

toda a formação do futuro professor (PARECER CNE/CP 9/2001). Nessa mesma direção, é

apontada pela RESOLUÇÃO CNE/CP 1, de 18 de fevereiro de 2002 ao expressar que a

dimensão prática deverá ser trabalhada por todas as disciplinas e não apenas pelas

disciplinas pedagógicas.

No que circunscreve à concepção da Prática como Componente Curricular, seis

instituições expressam essa concepção nos projetos pedagógicos e destas, apenas duas

apresentam a distribuição dessa carga horária nas disciplinas. Portanto, ao verificarmos que o

CNE estabelece que 400 horas dos cursos de formação de professores fossem destinadas a

essa componente curricular, vivenciadas ao longo do curso, destacamos de um lado a

obrigatoriedade estabelecida pela legislação e, de outro, o ganho que essa formação passa

a ter, visto que a profissionalidade docente passa a situar-se no centro da formação dos

futuros professores. Isso permite, por exemplo, a integração entre conhecimento geográfico,

pedagógico e didático associado à realidade do ambiente escolar. Essas questões podem

ser mais bem compreendidas com a leitura do fragmento a seguir:

A prática não é uma cópia da teoria e nem esta é um reflexo daquela. A prática é o próprio modo como as coisas vão sendo feitas cujo conteúdo é atravessado por uma teoria.Assim a

�189

Page 190: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

realidade é um movimento constituído pela prática e pela teoria como momentos de um devir mais amplo, consistindo a prática no momento pelo qual se busca fazer algo, produzir alguma coisa e que a teoria procura conceituar, significar e com isto administrar o campo e o sentido desta atuação. (RESOLUÇÃO CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002).

No que se refere ao estágio, verificou-se que ele possui carga horária entre 400 e 645

horas, predominando aquelas situadas entre 400 e 450 horas (12 instituições), tendo apenas

uma situada entre 450 e 500 horas e duas acima de 500 horas. Assim, a normatização do

CNE/2002 tem sido utilizada como subsídio, uma vez que esse conselho aponta a

necessidade de perfazer, no mínimo, 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular

supervisionado a partir do início da segunda metade do curso.

A alteração realizada quanto ao formato de desenvolvimento do estágio nos cursos de

formação de professores, comparativamente ao período anterior à aprovação das DCNs, tem

o propósito de qualificar a formação, visto que nesse formato e com essa carga horária cria-

se a possibilidade de uma aproximação maior com o ambiente de trabalho dos futuros

professores, auxiliando-os a problematizar questões específicas de sua atuação profissional

durante a sua formação.

Os estágios têm sido desenvolvidos ao longo do curso, sob o acompanhamento de

docentes do ensino superior e docentes da Educação Básica, sendo estruturado em duas,

três ou quatro disciplinas, das quais predomina o montante de 4 disciplinas, bem como a

terminologia Estágio Supervisionado em Geografia (I, II, III, IV).

Ao analisar a relação teoria e prática nos cursos de formação de professores

investigados verificamos que, onze dos quinze cursos apresentam essa relação em seus

projetos pedagógicos, numa perspectiva de construir o conhecimento associando teoria e

prática. Esse aspecto evidencia o destaque que tem sido dado a essa temática nos projetos

pedagógicos, o que, embora não seja uma garantia, sinaliza que a práxis tem a possibilidade

de ser efetivada nesses cursos de formação. Esse tema tem sido destacado como uma

referência importante para os cursos de formação de professores (GARCIA, 2013).

Quanto à pesquisa na formação docente, constatou-se que, dos projetos analisados

nove apresentam essa proposição. Ter a pesquisa como fio condutor dos cursos de formação

de professores auxilia os alunos na construção do conhecimento durante e após a sua

�190

Page 191: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

formação, visto que, ao atuarem na educação básica pode utilizar essa perspectiva para

encaminhar o processo de ensino e aprendizagem. Encaminhar o ensino nessa perspectiva

permite problematizar e intervir na realidade avaliando a atuação dos sujeitos envolvidos na

construção do espaço geográfico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo dessa pesquisa, constatamos que a articulação relacionando o conteúdo à

metodologia de ensino não é apresentada na maioria dos projetos pedagógicos dos cursos

investigados. Ter essa articulação como referência é importante para a autonomia dos

professores, para que eles saibam como são produzidos os conhecimentos que ensinam, no

que se refere aos métodos de investigação.

Acreditamos que os resultados parciais desta pesquisa, embora sejam relativas à

algumas das instituições brasileiras que ofertam o curso de Licenciatura em Geografia,

refletem aquilo que comumente está posto nos PPCs para a formação de professores de

Geografia em nível nacional.

No que se refere a elaboração tardia dos PPCs, apenas três cursos o elaboraram até o

ano de 2005, considerando que as DCNs foram aprovadas em 2002, observamos um

descompasso temporal entre as orientações curriculares lançadas, e, consequentemente, a

efetivação dessa na prática profissional, no intervalo de tempo que corresponde a sua dada

realidade.

Quanto à concepção da Prática como Componente Curricular, verificamos um

descompasso quanto a exigência do CNE que estabelece 400 horas dos cursos de formação

de professores, pois apenas seis instituições expressam essa concepção nos projetos

pedagógicos. Podemos inferir que, a cultura universitária de formação de professores ainda

continua arraigada nos modelos dicotômicos de teoria e prática, e não na sua relação de

interdependência.

Relativa a carga horária de estágio curricular supervisionado entre 400 e 645 horas, a

grande maioria dos cursos atendem a normatização exigida pelo CNE/2002. O atendimento

dessa exigência amplia as possibilidades do professor em formação vivenciar cenários de

�191

Page 192: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

planejamento, operacionalização e reflexão da realidade escolar, bem como confrontá-los

teoricamente.

A análise desses dados circunscreveu-se apenas à primeira etapa da pesquisa, como

continuidade desta, com o intuito de compreender a Geografia Escolar no contexto dos

cursos analisados, prevê-se a realização das etapas dois, três e quatro, as quais, conforme

apresentado anteriormente, culminam com a compreensão das possíveis alterações

ocorridas nos cursos de Geografia no contexto das DCNs.

REFERÊNCIAS

BRASIL. 2001a. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 009/2001, de 8 de maio de 2001. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Publicado no Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 de jan. 2002. seção 1. p.31. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/009.pdf. Acesso em: 10/06/2017. BRASIL. 2001b. Conselho Nacional de Educação. BRASIL. Parecer CNE/CP 28/2001, de 2 de outubro de 2001. Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a duração e a carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Publicado no Diário Oficial da União de 18/1/2002, Seção 1, p.31. BRASIL. 2002a. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 01, de 18 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf . Acesso em: 10/06/2017. BRASIL. 2002b. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 2, de 19 de fevereiro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 4 de mar de 2002, seção 1, p.9. Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP022002.pdf.> Acesso em: 01/06/2017. BRASIL. 2005. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CP 1, 17 de novembro de 2005. Altera a Resolução CNE/CP nº 1/2002, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de Licenciatura de graduação plena. Disponível em http://portal.mec.gov.br/. Acesso em: 10/06/2017. GARCIA, Maria Manuela Alves; FONSECA, Márcia Souza da; LEITE, Vanessa Caldeira. Teoria e prática na formação de professores: a prática como tecnologia do eu docente. Educação em Revista, v.29, n.03, p.233-264, 2013. LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação:abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

�192

Page 193: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

MORAIS, Eliana Marta Barbosa de; OLIVEIRA, Karla Annyelly Teixeira de. Estágio Supervisionado e práticas curriculares: uma leitura dos cursos de formação de professores de geografia das Universidades Católica, Estadual e Federal de Goiás. In: Cavalcanti, Lana de Souza. (Org.). Temas Geográficos. Goiânia: Editora da UFG: CEGRAF, 2008, p. 169-188.

�193

Page 194: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

�194

Grupo de Trabalho 4:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Page 195: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ENSINO DE GEOGRAFIA E AS PESQUISAS NO COTIDIANO ESCOLAR: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO INICIAL E EM

EXERCÍCIO DOS DOCENTES E PARA EDUCAÇÃO BÁSICA

Prof.ª. Drª. Ana Claudia Ramos Sacramento UERJ/FFP

[email protected] Prof. Dr. Manoel Martins de Santana Filho

UERJ/FFP [email protected]

RESUMO: O trabalho tem por objetivo entender e debater sobre o desenvolvimento de pesquisas no cotidiano na escola, tendo por lastro os projetos desenvolvidos no Departamento de Geografia da UERJ-FFP. Como tais projetos têm possibilitado ao professor em exercício, aos estudantes da escola básica e aos professores universitários realizar a formação permanente e a reconstrução do conhecimento na sala de aula? Faz tempos que no Brasil a temática escola não tem sido valorizada como pesquisa acadêmica, apesar de discussões destacando a relevância do estudo no cotidiano escolar. Nos últimos anos, agências de fomento vinham disponibilizando editais referentes à escola pública, o que permitiu conhecer práticas pedagógicas realizadas pelos docentes no seu cotidiano, bem como trazê-los para as universidades para estudar e refletir sobre suas práticas. Entende-se que a escola, além de um espaço de trabalho docente, é um espaço de pesquisa e de formação – nesse último caso também para os discentes. Assim, a universidade e a escola pública se articulam e se aproximam para realização de pesquisas e para a compreensão das dinâmicas próprias da escola e das suas propostas teórico-metodológicas, renovando-as. A Geografia, como disciplinar escolar é mais um elemento importante para se pensar a escola, pois a problematização da realidade vivida permite que se atualizem, se redefinam e transponham os conceitos e os conteúdos geográficos, de modo que ganhem novos significados.

PALAVRAS-CHAVE: Cotidiano Escolar. Pesquisa. Formação Docente. Ensino de Geografia

�195

Page 196: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

INTRODUÇÃO

A importância dos estudos sobre a formação docente e o cotidiano escolar

apresentou algum crescimento no Brasil com a expansão das universidades federais e

consequentemente, dos cursos de licenciaturas, bem como o surgimento de editais voltados

para pesquisa em escola pública. Em consequência foi promovida a discussão sobre a

escola, o seu cotidiano, a gestão, a formação docente e discente, além do processo de

ensino e de aprendizagem. As reformas educacionais em curso e os ataques à educação

escolar pública, em todos os níveis, impõem aos educadores, aos pesquisadores de dentro e

fora das universidades o debate sobre o lugar e a importância do professor, da

profissionalidade docente em relação às imposições curriculares que, em retrocesso,

configuram um projeto comercial de educação para o país.

A elaboração de pesquisas voltadas para o contexto escolar possibilita estar dentro do

universo cotidiano, e dali compreender, efetivamente, as dificuldades relacionadas ao

ensinar geografia, como também das diferentes atividades que são desenvolvidas pelos

docentes, transformando o processo de ensinar e aprender em conhecimento novo sobre o

mundo, sobre si, sobre o outro. Cavalcanti (2006) destaca a importância de se repensar as

bases teórico-metodológicas da Geografia frente às novas concepções do mundo

contemporâneo e a pesquisa na escola permite discutir a contribuição dos conhecimentos

geográficos para a educação espacial cidadã.

O Governo Federal por meio da CAPES, do CNPQ e outros órgãos de fomentos

estaduais, como FAPERJ, FAPESP , vinham proporcionando aos pesquisadores na área de 39

ensino de Geografia, trabalhar com acesso a bolsas e a financiamento conjuntamente com

professores, licenciandos e pós-graduandos, bem como estudantes do ensino médio. Isto

resultava em possibilidades efetivas de intervenção na qualidade da educação básica e na

formação de professores.

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), CNPQ (Conselho Nacional de 39

Desenvolvimento Científico e Tecnológico), FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)

�196

Page 197: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Partindo da concepção metodológica apresentada por André (2008) sobre “estado do

conhecimento” ou “estado da arte”, foram analisados projetos de pesquisa sobre ensino de

geografia em quatro instituições de fomento, tendo como instrumento metodológico: a

busca em bancos de pesquisas das instituições, os critérios de seleção de material, coleta do

material, leitura e organização dos dados para se pensar o papel que os projetos

desempenhavam para o ensino aprendizagem e a formação docente.

André (2008) também aponta o crescimento de estudos sobre a escola e a educação a

partir de dois caminhos importantes: das análises de dissertações e teses e a partir dos

projetos de pesquisa financiados. Neste trabalho as agências financiadoras foram: CAPES,

CNPQ, FAPERJ, FAPESP.

Sobre a primeira parte, ela aponta que em várias áreas do conhecimento, houve o

crescimento de pesquisas vinculadas à educação, formação de professores e outros. Nas

diferentes leituras em André (2002), Gatti, Sá e André (2011) se pode destaca a importância

desses estudos para a construção de novas possibilidades de intervenção e renovação na

educação.

No caso do ensino da Geografia teve e tem um expressivo aumento, apontado por

Pinheiro (2003) em sua análise sobre o Ensino de Geografia entre 1972-2000, dividindo a

pesquisa em núcleos temáticos, interpretou as características mais relevantes das

dissertações e das teses pesquisadas, podendo assim traçar elementos em comum. Assim

como Silva (2013) busca revelar as tendências, desafios e perspectivas que caracterizam esse

campo de conhecimento na atualidade, desenvolvendo a pesquisa entre os anos

(2004-2012). Já Moraes (2010) analisa nas revistas de Geografia de São Paulo as temáticas do

ensino de Geografia mais retratadas. Esses trabalhos permitem conhecer os principais temas

nas pesquisas e as concepções teórico-metodológicas vigentes no ensino de geografia.

Outra parte do estudo de André (2008) aponta para os números de projetos de

pesquisa pelo CNPQ/CAPES sobre educação, sendo que 45% estão relacionados à escola

pública. Nos últimos anos, tem-se observado projetos aprovados sobre Ensino de Geografia

para a escola pública: a criação do PIBID (CAPES), Programa de Melhoria do Ensino Público

(FAPERJ), Programa Ensino Público (FAPESP), e tantos outros que agregam a construção do

conhecimento. Estes programas possibilitam uma aproximação da universidade com a

�197

Page 198: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

escola básica, a fim de promover conjuntamente a melhoria do ensino público, a reflexão

sobre as práticas docentes e a aprendizagem dos discentes na construção de uma geografia

escolar para a cidadania.

O objetivo deste trabalho é discutir a importância de projetos de pesquisas, de

extensão e outros que focam na melhoria do ensino público, possibilitando a formação

continuada em serviço do professor, bem como a valorização profissional e o seu papel de

pesquisador. Entende-se que são tarefas da universidade e da escola, sem hierarquizar tais

contribuições. Para tanto, tomou-se por material de análise os projetos com a temática

relacionadas ao Ensino de Geografia e afins do Departamento de Geografia na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro na Faculdade de Formação de Professores.

A importância de estudar o cotidiano escolar para o ensino de Geografia

As escolas têm seus ritmos, tanto temporal quanto espacial, o que implica dizer que o

cotidiano escolar e as condições de trabalho dos professores afetam as suas muitas

atividades: sociais, políticas, culturais, educativas. André (2000) destaca a importância da

pesquisa de campo na escola, pois é o lugar onde os fenômenos acontecem, onde surge a

interação do conhecimento, da vivência e da organização sócio-político-cultural de vários

grupos.

As escolas e seus sujeitos têm suas próprias experiências já que vivenciam e se

relacionam entre si sobre este cotidiano. Para Thompson (1981) a forma como os sujeitos

experienciam mental e emocionalmente, faz com que os acontecimentos sejam inter-

relacionados. Assim, as maneiras que vivenciamos o mundo e o modo com muitas práticas

nos são impostas permitem a construção das experiências.

A pesquisa no cotidiano escolar implica em saber como a escola se organiza e,

consequentemente, na forma como o professor constrói suas práticas, pois o cotidiano

escolar acaba influenciado pelos ritmos, símbolos e signos do que é interno e externo a ele.

São as mesmas pessoas e profissionais que vivenciam o contexto escolar, carregando

consigo as experiências do externo, das lutas de classe, das relações familiares, da cultura.

Também as formas como o Estado estabelece as normas, a forma de trabalhar, e a própria

�198

Page 199: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

contextualização histórica daquilo que Penin (1989) afirma sobre o cotidiano da escola como

sendo uma obra construída. Tanto para Penin (idem), como para André (1987, 2000, 2008),

Menga e Cruz (2005) faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas na escola, pois

assim, vivencia-se e compreende-se in loco as representações dos sujeitos, bem como o

processo de ensino e de aprendizagem. Também possibilita o repensar das diferentes

experiências e práticas educativas construídas pelos docentes; entender quem são os

professores e os alunos; compreender a articulação das diferentes disciplinas.

Ao pensar sobre o ensino de Geografia, com os trabalhos de Pinheiro (2003) e Silva

(2013) analisamos a importância que as pesquisas apontam para os estudos realizados

dentro do ambiente escolar. Trabalhos como de Resende (1986) em relação à percepção de

vida dos alunos, que pesquisou a construção de conhecimento que os alunos de escolas

noturnas possuem, produzindo um saber espacial, proveniente do espaço social do trabalho,

articulando o cotidiano com os conteúdos de geografia. Já Cavalcanti (1998) busca com os

alunos de 5ª e 6ª séries, na faixa etária de 11 a 15 anos, por meio do construtivismo,

desenvolver os conceitos geográficos, estabelecendo uma relação com a casa, a rua, o

bairro, a cidade em que moram. De Couto (2005) que desenvolveu uma análise do papel da

construção dos conceitos científicos na organização do ensino de Geografia em uma escola

pública de São Gonçalo. Moraes (2010) em sua tese de doutorado, busca em sua pesquisa

analisar o PBL (Aprendizagem baseado de problemas) como uma metodologia para o ensino

de Geografia e buscam contribuir para as práticas pedagógicas e aprendizagem dos

conceitos científicos. Castellar (2010) busca trabalhar com as metodologias inovadoras e

ativas como forma de estimular a construção do conhecimento, melhorar a aprendizagem

organizando atividades em espaços não-formais que estimulem as diferentes maneiras de

ensinar.

Esses são exemplos de pesquisa que almejavam pensar as concepções teórico-

metodológicas do ensino de geografia tendo como campo de estudo uma análise no

ambiente escolar, seja a partir do trabalho com os professores ou com os alunos de

diferentes escolas. Tem-se percebido também um número crescente de dissertações e teses

derivadas de projetos de pesquisa na educação básica, as quais nos fazem refletir sobre o

papel dessas pesquisas no ambiente escolar, na formação docente em serviço e a repensar

�199

Page 200: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

as pesquisas acadêmicas sobre a escola. Essa parceria escola pública-universidade vem

permitido que as investigações se tornem cada dia mais articuladas no cotidiano e não a

partir de gabinete.

A pesquisa na escola tem o papel de compreender qual o papel atual da disciplina

para os docentes e discentes. Entre tantas outras possibilidades: qual tipo de Geografia está

sendo desenvolvida; quais são os temas emergentes e necessários para articular os

conteúdos e os conceitos geográficos; quais são as problemáticas levantadas pelos

docentes; quais são as metodologias desenvolvidas nas aulas; quais são os recursos

utilizados ou construídos pelos docentes; como fica a formação docente e como professor se

coloca frente a novos desafios.

Com a divulgação dessas pesquisas entende-se a necessidade de tê-las no ambiente

escolar, e mais ainda, compreende-se o lugar dos professores como sujeitos, criando-se uma

representação social escolar cotidiana. São representações de uma parte da prática docente

de Geografia cujo conhecimento organiza a forma de pensar e agir sobre esta ciências e a se

articular com outras.

Os projetos e sua relação com o ensino e a formação docente

O desenvolvimento de projetos de pesquisa nas escolas públicas tem promovido

importante debate acerca do papel das universidades públicas para a compreensão do

conhecimento do cotidiano das escolas, da educação, dos docentes e discentes na

construção de um novo olhar sobre o conhecimento.

Para tanto, é necessário ter um referencial do significado dos projetos de pesquisa que

são documentos nos quais estão descritos como serão desenvolvidos e organizados a

proposta de pesquisa, de acordo com Gil (1995). Desta forma, para se pensar um projeto

não é apenas a submissão, mas entender o que se quer com determinados sujeitos e

objetos. Observe-se que um projeto é orientado a partir de alguns elementos fundamentais:

a) formulação do problema; b) construção dos objetivos; c) identificação do tipo de

pesquisa; d) metodologia e elaboração de instrumentos de investigação; e) plano de

trabalho e cronograma de execução; f) definição dos recursos humanos, materiais e

�200

Page 201: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

financeiros necessários. Estabelecer bem esses instrumentos é fundamental para o

pesquisador desenvolver e mapear os caminhos a serem seguidos na investigação, orientar-

se quanto ao percurso, analisar e comunicar os resultados na pesquisa para a comunidade.

A partir desses elementos compreende-se que os projetos na escola colaboram para a

formação docente e para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem ao analisar, por

dentro da escola, as diferentes concepções teórico-metodológicas do componente

curricular, os elementos teórico-práticos e contextuais que mobilizam a ação da equipe

(professores da escola e da universidade, discentes-pesquisadores). Importante também

para redefinir a compreensão dos elementos que compõem a escola.

Estes projetos, com suas distintas particularidades, podem oferecer elementos para

fundamentar a necessidade constante da discussão sobre as Políticas Públicas para a

educação, em especial no cenário recente, cujas ações investem sobre os currículos, os

programas de formação inicial e continuada de professores, a produção e avaliação de

materiais didáticos.

Para Menga e Cruz (2005) a articulação entre o ensino e a pesquisa no trabalho

docente da educação básica tem se destacado desde a década de 1990. Esse cenário tem

sido importante para desenvolver no docente o papel de pesquisador da própria prática,

favorecendo o encaminhamento crítico e sistemático de suas atividades. As autoras

constatam que grande parte dos professores não recebeu na formação inicial insumos

preparatório para pesquisa; que há precariedade de condições de trabalho, e que, havendo

projetos investigativos na escola, mais educadores acabam buscando a pós-graduação.

Pode-se perceber esse avanço já que nos últimos anos com aumento de projetos de

pesquisa vinculados ao Ensino de Geografia. O que permite uma discussão e melhor

compreensão sobre como tais investigações auxiliam não só o ensino, como também a

formação em serviço do docente, apesar de são ser essa a função prioritária das pesquisas.

�201

Page 202: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Projetos sobre temas de ensino de Geografia na Educação Básica- 2003-2018 no âmbito do Departamento de Geografia da UERJ-FFP

A UERJ-FFP dentro das atividades de pesquisa, extensão e afins, tem construído e

possibilitado uma série de atividades acadêmicas e de formação docente, desde palestras,

minicursos e oficinas, grupos de estudos, pesquisas nas escolas, projetos de pesquisa,

promovendo investigações em várias temáticas. O DGEO-FFP atua com ações e projetos

dentro do ensino de geografia. São exemplos:

TABELA 1: Projetos De Pesquisa, Extensão E Outros Vinculados À Temática De Ensino De Geografia Do Dgeo-Uerj-Ffp 2003-2018

PERÍODO PROJETOTIPO DE PROJETO PROFESSOR FINANCIAMENTO

2003-2006 Projeto Político Pedagógico Outros Manoel Santana  

2005- atual

Geografia e Literatura: diálogos sobre conhecimento e cultura Pesquisa Manoel Santana  

2010- atual

Educação geográfica: fundamentos, didática, aprendizagem e docência Pesquisa Manoel Santana  

2010- atual

Prática Sócio-Espacial, Didática e Currículo da Geografia Pesquisa Charlles da França  

2003-2007 Programa Políticas da Cor na Educação Brasileira Extensão Renato Santos FUNDAÇÃO FORD

2005- atual

Novas metodologias no ensino de geografia agrária* Pesquisa Paulo Alentejano  

2006- atual

Centro de Documentação, Informação e Pesquisa sobre Ensino de Geografia* Pesquisa Charlles da França FAPERJ

2006-2010

Escolarização de jovens e adultos em acampamentos e assentamentos rurais no estado do Rio de Janeiro

Pesquisa Paulo Alentejano INRA

2006-2008

A recente produção teórico-metodológica sobre o ensino de geografia: inventariando os seus avanços e impasses

Pesquisa Marcos Couto FAPERJ

2006-2011

O Ensino de Geografia, a Globalização e o Imperialismo* Pesquisa Eduardo Karol  

2007-atual

Tendências Metodológicas no Ensino de Geografia Pesquisa Marcos Couto FAPERJ

2007- atual Educação do campo Pesquisa Paulo Alentejano  

2007-atual A Lei 10.639 e o Ensino de Geografia Pesquisa Renato Santos CNPQ

�202

Page 203: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

2009- atual

O Ensino de Geografia no Contexto da Educação do Campo Pesquisa Paulo Alentejano  

2010- atual Saber Para Mudar* Extensão Andrelino Campos  

2010-2014

Perspectivas de desenvolvimento da Educação do Campo nos acampamentos e assentamentos rurais do Estado do Rio de Janeiro

Extensão Paulo Alentejano  

2011-2018

PIBID UERJ Saber escolar e formação docente na Educação Básica Programa Marcos Couto CAPES

2011-2012

Prática sócio-espacial, didática e currículo de Geografia Extensão Marcos Couto FAPERJ

2012-2015

Educação Geográfica: aprendizagem, metodologia, currículo e docência Pesquisa Manoel Santana FAPERJ

2013-2015

Popularização e difusão da responsabilidade ambiental através das Estações Experimentais da Faculdade de Formação de Professores/UERJ em São Gonçalo – RJ

Pesquisa Ana Valéria Bertolino FAPERJ

2012-2013

Reconstruindo práticas curriculares de Geografia: experiências a partir da Lei 10.639 Extensão Renato Santos  

2013-2014

O Ensino de Geografia da África: descolonizando pensamentos, imaginários e representações Pesquisa Denilson Araújo  

2013-2015

Educação Geográfica e o Estudo da Cidade e do Urbano em São Gonçalo: um estudo da construção das práticas docentes e discentes

Pesquisa Ana Claudia Sacramento FAPERJ

2013-2016

Um estudo sobre as didáticas e as concepções de cidade e de urbano dos alunos e professores de Geografia da cidade de São Gonçalo

Pesquisa Ana Claudia Sacramento CNPQ

2013-2016

A disciplina de Geografia nos currículos estaduais de Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo no contexto da educação básica nacional

Pesquisa Ana Claudia Sacramento FAPERJ

2014-2014

Curso de Formação de Professores em educação para as relações étnico-raciais (Lei 10.639/03) Extensão Renato Santos  

2014 - atual

Didática e Mediação dos Professores de Geografia em São Gonçalo-RJ* Pesquisa Ana Claudia

Sacramento  

2014-atual

Geografia Política e Geopolítica no Ensino de Geografia* Pesquisa Eduardo Karol  

2014- atual

Ensino de Geografia Física na Formação de Professores de Geografia* Pesquisa Anice Afonso  

2016-atual

As práticas pedagógicas docentes em Geografia e os textos e as políticas curriculares nos estados do Rio de Janeiro e Goiás

Pesquisa Ana Claudia Sacramento FAPERJ

2016- atual

Oficinas escolares de Geografia: diferentes ações didáticas Extensão

Ana Claudia Sacramento e João Bode

 

2016- atual

Descolonizando o ensino de Geografia da África: algumas propostas teórico-metodológicas Pesquisa Denilson Araújo  

�203

Page 204: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Os projetos finalizados até 2018 foram 15 (quinze) sendo eles: nove de pesquisa,

sendo que seis com financiamento dos quais (quatro da FAPERJ, 1 do INCRA e 1 CNPQ);

quatro de extensão sendo que dois financiados (um Fundação Ford e um FAPERJ; um Outros

(atividade em articulação da prática docente e universidade) e o PIBID (CAPES) que não é

considerado um projeto em si, mas um programa de formação.

Os projetos em andamento são 16 (dezesseis), sendo que quatorze são de pesquisa,

quatro deles com financiamentos (três FAPERJ e 1 CNPQ) e dois extensão.

No total contabilizam-se 31 (trinta e um projetos) no período de 2003-2018, sendo

que 8 (oito) financiados pela FAPERJ; 2 (dois) CNPQ; 1 (um) INRA; 1 (um) Fundação Ford; 1

(um) (CAPES), totalizando 13 (treze) projetos.

Esses dados são relevantes para mostrar a importância institucional desempenhada

pelo grupo para pensar e refletir sobre os diferentes temas do ensino de geografia.

Num agrupamento preliminar pode-se apontar as seguintes temáticas: a) a referente

à formação de professores; b) a aprendizagem dos alunos; c) análise e problematização dos

currículos e das práticas curriculares; d) metodologia e didática da geografia: e) didática e

construção da mediação; f) o estudo da cidade e do urbano em São Gonçalo; g) produção

de materiais didáticos e metodologias inovadoras; h) divulgação científica dos Anais da

Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) para compreensão da ciência geográfica:

fotografias e vídeos; i) a lei 10.639/2003 e as questões étnico-raciais no ensino de geografia;

j) educação geográfica e aprendizagem; temas de geografia política e ensino.

Os projetos desenvolvidos têm como objetivo tanto promover pesquisa como

proporcionar aos professores-bolsistas diferentes abordagens teórico-metodológicas, além

da discussão sobre o currículo, sobre a mediação do conhecimento geográfico, além de

tratar de assuntos de relevância social, cultura e política da conjuntura mais contemporânea.

De modo geral, a tônica nesses projetos é buscar reunir os professores de escola básica –

que por meio de leituras e reflexões acerca do seu trabalho podem repensar suas ações em

sala de aula – para dialogar com docentes e licenciandos, de modo que os questionamentos

FONTE: Dados coletados dos currículos lattes dos(das) professores(as) – www.lattes.cnpq.br * Projetos sem financiamento, mas com bolsas da FAPERJ, CNPQ, UERJ.

�204

Page 205: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

e desafios comuns e específicos sejam interpretados, redefinidos mutuamente. Note-se

como fica exemplificado no trecho citado a seguir:

Acreditamos que os professores para serem autônomos, necessitam assumir posturas reflexivas e críticas sobre o ensino como prática social, e que podem fazer isso interrogando-se quanto aos resultados e à pertinência de seu trabalho, buscando referenciais teóricos que lhes possibilitem melhor compreendê-lo e aperfeiçoá-lo, produzindo, por meio de suas próprias investigações, transformações no seu pensamento e na sua prática docente. (ANDRÉ, 2002, p 117-118).

Assim, os professores são instigados a assumir o papel de pesquisadores dentro do

universo escolar, a elaborar estratégias para melhorar o próprio trabalho e a qualidade do

ensino. Além disso, mostrar as diferentes experiências que se desenvolvem na escola básica

– um contexto múltiplo e complexo, da formação cidadã à alfabetização científica, passando

pela experiência estética, cultural, política etc. tão destacadas em artigos e publicações.

Para tanto, as contribuições de Cavalcanti (1998, 2010), Castellar (2010), Couto (2005),

Resende (1986) Vilhena (2010), são relevantes para que possamos compreender o valor de

trabalhar com diferentes metodologias para alcançar uma aprendizagem significativa. Os

trabalhos de pesquisa no ensino de Geografia têm a importante tarefa de ressignificar os

conteúdos e os conceitos, contextualizando-os, e provocar nos docentes e graduandos

reflexões sobre as práticas na sala de aula.

Os projetos têm oferecido aos docentes em exercício, bem como aos estudantes da

escola básica e da graduação, novas possibilidades metodológicas e didático-pedagógicas:

temas, conteúdos, usos das diversas linguagens e tecnologias. Fica possibilitado pensar a

formação docente de dentro (Nóvoa, 2014). Os projetos relacionados ao PIBID têm essa

contribuição em especial, permitindo o autoconhecimento das práticas profissionais e uma

tomada de consciência sobre o próprio trabalho e a identidade como professor.

Esses projetos oportunizam a compreensão sobre qual geografia está sendo

desenvolvida na escola – as concepções sobre ciência geográfica; as diferentes

metodologias trabalhadas pelos docentes; sobre o currículo, a função do ensinar e da

aprendizagem; as temáticas contemporâneas mais urgentes no âmbito da disciplina etc.

�205

Page 206: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como finalidade pensar como o cotidiano escolar e as

pesquisas dentro da área do ensino de Geografia são importantes para a formação

docentes, bem como conhecer a construção e a reflexão definidoras das temáticas nos

projetos de pesquisa. Eles promovem diferentes olhares sobre o papel da escola e da

universidade para melhoria do ensino público.

Aprendeu-se no trabalho que tais projetos concretizam novas possibilidades de

intervenção dos fomentos de pesquisa ao possibilitar suportes e condições para execução

de projetos investigativos sobre ensino de geografia. Constatou-se um crescimento contínuo

no período, o que possibilitou maior conhecimento sobre os docentes, sobre a escola e os

diferentes processos educativos que acontecem dentro dela, o que resultou em aportes

teórico-metodológicos para construção de propostas de ensino aprendizagem para uma

educação geográfica pertinente para esses novos tempos e múltiplos contextos.

Além disso, as experiências de pesquisa, de ações de extensão que dialogam com as

escolas ou com temas relativos à educação geográfica, escolar ou não, vêm se desdobrando

em crescente produção de trabalhos voltados para elaboração de dissertações e teses, bem

como de pesquisas que tratam de distintos temas nos conhecimentos geográficos-escolares.

Entende-se que as experiências alvo do trabalho se coadunam aos diferentes projetos

espalhados pelo Brasil que têm possibilitado a discussão sobre o ensino de Geografia em

diferentes temáticas. Outro resultado é que são projetos que têm demonstram aos cursos de

pós-graduação e graduação a demanda por bolsas de estudos para constituir as linhas de

pesquisas em ensino, e claro, proporcionando aos graduandos conhecer mais sobre a

realidade cotidiana da escola.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

�206

Page 207: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ANDRE, Marli E.D.A. (Org.) Formação de Professores no Brasil (1990-1998). 1. ed. Brasília: INEP/MEC, 2002. 364p. ANDRE, Marli E.D.A.  Pesquisas sobre a escola e pesquisas no cotidiano da escola. Eccos. Revista Científica, v. 10, p. 133-145, 2008. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, Escola e Construção de conhecimentos. São Paulo: Papirus, 1998.e CAVALCANTI, Lana de Souza. A Geografia e a realidade escolar contemporânea: avanços, caminhos, alternativas: In: Anais do I Seminário Nacional: Currículo em movimento - Perspectivas Atuais. Belo Horizonte: 2010. p. 1-15. COUTO, Marcos Antônio Campos. Construção dos conceitos científicos e escolares: caminhos para a organização da educação geográfica. Tese de doutorado – FFLCH-USP. São Paulo, 2005. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002 MENGA, Hermengarda Alves Lüdke; CRUZ, Giseli Barreto da. Aproximando universidade e escola de educação básica pela pesquisa. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas. Impresso). São Paulo-Fund. Carlos Chagas. 2005, v. 35, n.125, p. 81-109. MORAES, Jerusa Vilhena de. A alfabetização científica, a resolução de problemas e o exercício da cidadania: uma proposta para o ensino da Geografia. 2010. Tese de doutorado. São Paulo: Faculdade de Educação-USP. 2010. NOVOA, Antonio. Para uma formação de professores construída dentro da profissão. Acesso em 05.05. 2014, http://www.revistaeducacion.mec.es/re350/re350_09por.pdf PENIN, Sonia Teresinha de Sousa. Cotidiano e Escola: a obra em construção. São Paulo: Cortez Editora, 1989.  PINHEIRO, Antônio Carlos. Trajetória da pesquisa acadêmica sobre o ensino de Geografia no Brasil - 1972-2000. Tese de doutorado. 2003. UNICAMP, Pós-graduação em Geociências. 2003. RESENDE, Márcia Spyer. A geografia do aluno trabalhador: caminhos para uma prática de ensino. São Paulo: Loyola 1986. SILVA, Francisco das Chagas Rodrigues da. Pesquisa em Ensino de Geografia no Brasil: tendências, desafios e perspectivas. In: Anais do 14º Encuentro de Geógrafos de América Latina. Lima: IGU/UGI. v. Único, 2013, p. 1.

�207

Page 208: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

GRUPO DE ESTUDOS DA LOCALIDADE: TRAJETÓRIA EM BUSCA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA NO BRASIL

Andrea Coelho Lastória Grupo ELO / FFCLRP / USP

[email protected] Silvia Aparecida de Sousa Fernandes

Grupo ELO / FFCLRP / USP [email protected]

José Faustino de Almeida Santos Grupo ELO / FFCLRP / USP

[email protected]

RESUMO: Neste trabalho apresentamosas ações formativas desenvolvidas pelo Grupo de Estudos da Localidade – ELO, entre os anos de 2006e 2018, no Brasil. Tais ações priorizam os processos de formação profissionalde professores e alunos envolvidos em investigar as atuais políticas públicas curriculares para o ensino de Geografia e História e promover práticas educativas inovadoras para o ensino de Geografia e História no Brasil. O objetivo geral consiste em apresentar e refletir criticamente sobre a participação dos membros do Grupo ELOque é vinculado ao Laboratório Interdisciplinar de Formação do Educador – LAIFE, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP, na Universidade de São Paulo – USP,em dois projetos específicos já desenvolvidos pelo grupo e um novo que priorizaa produção de práticas pedagógicas propositivas em diferentes contextos escolares, denominado “Projeto Nós Propomos!”. O cenário teórico e políticoé pautado pelas recentes discussões sobre o novo currículo implementadono Brasil para a Geografia e a História Escolar, denominado Base Nacional Comum Curricular entre outras iniciativas, do governo federal brasileiro, além de outras ações como a proposta de lei conhecida como “Escola Sem Partido” e as produções de professores e pesquisadores ibero-americanos a respeito do campo educacional e da Geografia Escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Geografia e História Escolar; políticas públicas de ensino, currículo; práticas pedagógicas.

�208

Page 209: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

INTRODUÇÃO

Este trabalho objetiva apresentar e discutir as ações desenvolvidas por um grupo de

professores que realiza atividades formativas e investigativas, nas áreas da Geografia e

História Escolar, desde o ano de 2006, vinculado ao Laboratório Interdisciplinar de Formação

do Educador – LAIFE,na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, na

Universidade de São Paulo - FFCLRP / USP.Estruturamos o presente texto em três seções,

além desta introdução e das considerações finais. Na primeira, apresentamos brevemente, o

referido grupo e os procedimentos metodológicos utilizados. Na segunda, descrevemos os

três projetos coletivos, dois finalizados e um em desenvolvimento. A intenção é explicitar

parte da trajetória do grupo ELO por meio dos referidos projetos a fim de estabelecer a

sequência de ações formativas que priorizaram a publicação de um Atlas Escolar, a

publicação de uma coletânea de práticas sócio-educativas sobre a localidade e o cotidiano e,

por último, a participação num projeto sobre a produção de práticas propositivas em

diferentes contextos escolares.

1. GRUPO DE ESTUDOS DA LOCALIDADE – ELO

Os professores que participam do Grupo de Estudos da Localidade – ELO são

profissionais que buscam melhorar suas práticas educativas e, ao mesmo tempo,

desenvolverem-se profissionalmente. Descrevemos tais profissionais como atores que

passaram a buscar apoio coletivo, acadêmico, institucional para tentar “solucionar” os

problemas da profissão docente no Brasil. Tais professores chegaram à Universidade de São

Paulo, no ano de 2006, atraídos pelo convite, realizado pela primeira autora, para se

constituírem como um grupo a fim de estudar a localidade municipal de Ribeirão Preto-SP e

construírem um atlas escolar. O convite foi enviado a todos os professores da educação

básicae, também, aos alunos dos cursos de Pedagogia, da FFCLRP / USP, eaos alunos dos

cursos de História e de Geografia, do Centro Universitário “Barão de Mauá”. Consideramos,

portanto, que a formação do grupo foi vinculada às necessidades de docentes que

buscavam desenvolver melhor seus trabalhos pedagógicos e, ao mesmo tempo, construir

�209

Page 210: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

um material escolar que tivesse como foco o estudo da localidade. Este último aspecto

justifica o nome que o grupo recebeu.

O projeto pautou-se na ideia de que os professores, como possuidores de saberes

específicos da docência, produziriam um material que atendesse, prioritariamente, as

necessidades educativas dos professores e alunos do município. Priorizamos, os processos

formativos dos envolvidos; a construção do Atlas Escolar: Histórico, Geográfico e Ambiental

para o município de Ribeirão Preto-SP; a publicação e distribuição para as escolas da região.

Ao optarmos pelo município de Ribeirão Preto-SP como espaço de análise, geográfica

e histórica, concordamos com Callai; Cavalcanti; Castellar (2012) que defendem ser essa

uma possibilidade ideal na medida em que se trata de um espaço de vivência de professores

e alunos. Considerar uma realidade municipal como uma escala de análise significa, para tais

pesquisadoras, definir um espaço e um tempo que permite que se estabeleçam análises

multivariadas, a fim de que tenhamos próximos de nós, diversos elementos que expressam

as condições sociais, econômicas, políticas do mundo vivido.

O ELO adquiriu uma sistemática de ações pautadas no trabalho coletivo, na busca

pela consolidação de uma base de conhecimentos em comum, no aprimoramento do ensino

de Geografia e de História, dentre outros.O relato de um dos participantes menciona um

desses objetivos:O grupo tem uma sistemática diversificada. Sempre focando no objetivo do

grupo que é compartilhar saberes da prática pedagógica. Para tanto nas reuniões semanais

do grupo acontecem as leituras e estudos de textos, discussões de praticas, relatos de

experiências, divulgação e incentivo a participação em eventos ligados as áreas envolvidas.

Feedbacks dessas participações.(Professor da rede pública estadual).

Sobre o conceito de colaboração, defendemos e entendemos que ele está

relacionado a possibilidade efetiva de diálogo entre pesquisadores e professores que se

inserem em um processo de desenvolvimento profissional a partir de trocas mútuas. Neste

sentido, a colaboração assenta-se na negociação contínua e complexa entre os participantes.

Significa trabalhar juntos, por meio de intercâmbios genuínos e ajudas mútuas. Conceber o

grupo como uma comunidade de aprendizagem auxiliou os participantes a buscar

mecanismos de trocas, de apoio e de ajuda. Ações importantes que diferem o referido

coletivo da maioria dos outros grupos de estudos ou pesquisas existentes na academia. O

�210

Page 211: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ELO caminhou pela trajetória da pesquisa colaborativa que, segundo Garrido (2000, p. 17) é

uma forma exigente de investigação porque

cobra-se dos participantes não só competências investigativas, mas também capacidades de congregar e entusiasmar o grupo, determinação para vencer os obstáculos e obter os resultados relevantes e democraticamente definidos. Há um alto investimento dos participantes, por um tempo prolongado.

Como uma comunidade de aprendizagem o grupo partiu das seguintes premissas

básicas. A saber: professores aprendem com outros professores e a partir de suas próprias

experiências; aprendem de modos diversos e precisam de tempo, espaço e apoio para se

envolverem com as metas do trabalho pedagógico e da escola; precisam de apoio

institucional e oportunidade para experimentar, observar, avaliar e refletir sobre seu próprio

desenvolvimento profissional (Lastória, 2003, pp. 51-52).

O ELO, portanto,configura-se como uma comunidade de aprendizagem, no sentido

de que vem desenvolvendo oportunidades de aprendizagem profissional, durante um

processo que leva em conta a inserção prolongada de seus participantes em contextos

específicos de pesquisa, estudos e ensino que priorizam a educação geográfica no Brasil. O

relato do participante a seguir, exemplifica tais aspectos:Em minha formação continuada

como professor pesquisador todos os temas abordados pelo grupo são interessantes e

significativos para meu aprimoramento profissional e acadêmico. Os temas sobre Geografia

Escolar são os que mais aprecio. Acredito que a prática de pesquisar e apresentar ao grupo

para discussão no coletivo enriquece e aperfeiçoa, possibilitando olhares diferentes que

conduzem a uma melhor percepção da pesquisa. A construção do Atlas Escolar Municipal

Histórico, Geográfico e Ambiental de Ribeirão Preto foi um exemplo e uma experiência

maravilhosa. (Professor da rede pública municipal)

Os dados para a configuração deste trabalho a ser apresentado no V Colóquio

Internacional de Investigadores em Didática da Geografia foram colhidos junto aos

participantes, por meio de questionários com questões abertas e fechadas e, também por

meio dos relatos escritos das reuniões do grupo. Tais relatos são denominados de memórias

e são produzidas regularmente desde o início das atividades do grupo, no ano de 2006. Elas

�211

Page 212: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

são produzidas por um dos participantes presentes na reunião, e posteriormente, enviadas a

todos os membros por correio eletrônico. Os questionários foram respondidos sem

identificação dos participantes, a fim de evitar constrangimentos e/ou preservar as

identidades dos respondentes. Incluímos, no presente trabalho, alguns fragmentos das

respostas dos participantes e, também, elementos presentes nos relatos escritos (memórias).

2. PROJETOS FORMATIVOS

2.1 Projeto Atlas Escolar Histórico, Geográfico e Ambiental para o município de Ribeirão

Preto – SP.

O projeto Atlas Escolar, sob coordenação da primeira autora, teve como premissa

básica a idéia de que a Formação Inicial e Continuada para o Ensino Fundamental deve

contribuir com o desenvolvimento do trabalho dos professores por meio da valorização da

sua profissionalização e sua identidade docente, dentre outros. Considerou fundamental que

os professores desenvolvessem capacidades profissionais para selecionar conteúdos e

organizá-los adequadamente tendo em vista as situações concretas de ensino e

aprendizagem das diversas realidades escolares. Considerou, ainda, imprescindível que os

professores participassem criticamente dos seus próprios processos de ensino e de

aprendizagem. Neste sentido, a produção coletiva de um Atlas Escolar foi justificada pela

necessidade de subsidiar o ensino de Geografia e História locais. Tal necessidade perpassa o

uso de mapas escolares como um valioso mecanismo para a consolidação de práticas

pedagógicas que ressaltam a preservação dos recursos naturais e a recuperação da memória

ligada à origem histórica de uma localidade municipal.

A sistemática de trabalho envolveu uma fase de estudo de textos norteadores tendo

em vista o embasamento teórico de conceitos das áreas específicas. Aspecto fundamental

para que se estabelecesse uma base de conhecimentos em comum, ou seja, era preciso

esclarecer o que cada membro entendia por uma noção ou conceito específico. Afinal, o

grupo era composto por professores de Geografia, de História e pedagogos, com diferentes

repertórios acadêmicos, profissionais e formativos, além de estarem em diferentes estágios

da carreira docente.

�212

Page 213: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

A realização do projeto deu-se de modo pautado pela pesquisa colaborativa na qual

os participantes estavam em diferentes estágios da carreira docente e a partilha de

conhecimentos e saberes foi desafiadora e motivante. Não se buscou a realização de um

trabalho científico para produzir uma investigação “para” os professores, mas sim, “com” os

professores, parafraseando Nóvoa (1995).

A construção das páginas temáticas do Atlas teve inicio pelo levantamento temático

da localidade e do cotidiano do município de Ribeirão Preto-SP. A partir daí realizou-se o

trabalho de selecionar os temas mais relevantes para o ensino de Geografia e História. A fim

de estudar tais temas, os membros foram subdivididos em grupos menores. Foram coletados

dados em diferentes fontes e de diversos modos, desde entrevistas orais, pesquisas

documentais, registros fotográficos etc. Todos os procedimentos éticos foram esclarecidos

no coletivo e os devidos créditos foram atribuídos aos entrevistados e aos documentos

originais.

Para o desenvolvimento dos mapas foi estabelecido uma parceria com o Laboratório

de Estudos Aplicados e Práticas Pedagógicas – LEAPP, do Centro Universitário “Barão de

Mauá”, firmada por meio de um acordo de cooperação acadêmica entre a referida instituição

e a FFCLRP / USP.

A construção coletiva do Atlas Escolar apresentou-se com dois importantes

propósitos. A saber: a publicação do próprio material de ensino no formato de um Atlas que

privilegia o lugar e suas histórias e, os processos formativos que tal construção envolve.Tais

referidos propósitos contribuíram tanto para os processos de Formação Inicial, como para os

de Formação Continuada dos membros, embora seja preciso salientar que o projeto não se

desenvolveu de modo linear e contínuo, muitos avanços e retrocessos ocorreram. Alguns

membros se desligaram do grupo, nem todos tiveram a mesma produção, mas a maioria

demonstrou desenvolvimento de competências profissionais e motivações para continuarem

no grupo.(Lastória, 2003, pp. 136-137).

�213

Page 214: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

2.2 PROJETO DE PRÁTICAS SÓCIO-EDUCATIVAS SOBRE A LOCALIDADE E O COTIDIANO

O projeto “Práticas sócio-educativas sobre a localidade e o cotidiano”, sob

coordenação da primeira autora, objetivou dar continuidade ao projeto anterior por meio do

planejamento, desenvolvimento, avaliação, reflexão e publicação de práticas sócio-

educativas com o referido Atlas. Uma das premissas que permearam tal projeto relaciona-se

a busca pela promoção de práticas de ensino exitosas, motivadoras e que se distanciassem

das pautadas exclusivamente em apostilas ou livros didáticos. Práticas criativas, planejadas

para envolver alunos específicos de dado contexto educativo. A ideia foi desenvolver

práticas que possibilitassem “sair da mesmice”, que promovessem a interdisciplinaridade na

escola e, ainda, que mobilizassem alunos, professores e outros agentes escolares em torno

de uma temática motivadora e sua aprendizagem. Neste sentido, nos reportamos às

colocações de Pontuschka; Paganelli; Cacete (2009, pp. 149-150):

Pensar e agir interdisciplinarmente não é fácil, pois passar de um trabalho individual e solitário, no interior de uma disciplina escolar, para um trabalho coletivo faz emergirem as diferenças e as contradições do espaço social que é a escola. O pensar interdisciplinar vai à busca da totalidade na tentativa de articular os fragmentos, minimizando o isolamento nas especializações ou dando novo rumo a elas e promovendo a compreensão dos pensamentos e das ações desiguais, a não fragmentação do trabalho escolar e o reconhecimento de que os alunos e professores são idealizadores e executores de seu projeto de ensino.

Embora o trabalho na escola tenha como referência básica os saberes científicos, ele é

um lugar de encontro de culturas, de saberes científicos e cotidianos. A escola lida, então,

com culturas no interior da sala de aula e em seus demais espaços, inclusive nos que estão

fora e ao redor dela.As práticas foram planejadas e desenvolvidas em diferentes contextos

escolares e revelaram diferentes desejos de priorizar a educação para a cidadania. Não

foram pensadas para uma escola ideal, mas sim para os alunos e os contextos educativos

que temos hoje no Brasil. Estamos falando daquelas iniciativas que nos dão uma espécie de

certeza sobre termos acertado em escolher a profissão docente.(LASTÓRIA; ROSA, 2014, p.7).

�214

Page 215: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

O planejamento de cada prática sócio-educativa envolveu as etapas de seleção de

conteúdos, de estratégias de ensino, de avaliação e de confecção do plano de aulas e, foi

realizado por um subgrupo de trabalho, depois apresentado ao coletivo para revisão. Cada

prática passou por esse processo cíclico, ou seja, nasceu no subgrupo, foi avaliada no grupo

maior e voltou para o subgrupo. Algumas foram replanejadas mais de três vezes. A execução,

ou seja, o desenvolvimento efetivo de cada plano nas instituições de ensino aconteceu com

a participação de dois ou mais membros a fim de que o registro sobre o ocorrido pudesse

ser o mais fiel possível, tendo em vista uma meta-avaliação. Numa etapa posterior, cada

prática foi escrita no formato de um texto a ser publicado.

A produção textual pode ser apontada como uma experiência única para muitos

participantes, pois envolveu a tarefa de relatar por escrito e, de forma coletiva, a prática

desenvolvida pelo subgrupo. A ação de reescrever diversas vezes, após as considerações e

apontamentos realizados pelo coletivo, não foi fácil, nem prazeroso em muitos casos, mas

estritamente necessária.

Consideramos ter sido um processo lento e custoso para a maioria dos participantes,

tendo em vista que era preciso produzir um texto que além de descrever retratasse algumas

interações com os alunos, ou mesmo as dificuldades encontradas no processo, ou ainda,

algumas alterações realizadas durante a execução das práticas, por conta dos imprevistos

inerentes a dinâmica escolar. Afinal, o universo da ação didática não é unidirecional, pelo

contrário, a ação de ensinar é uma atividade que exige pensar na urgência e agir na incerteza

(Perrenoud, 1993). Os imprevistos da prática são inúmeros o que torna o plano de ensino um

instrumento importante desde que seja flexível, aberto a novas considerações, ponderações

e exemplos. Do contrário, torna-se um receituário impossível de ser cumprido em todas as

salas de aula, de diferentes contextos escolares.

A publicação da coletânea das práticas sócio-educativas“de” professores e “para”

professores esbarrou na dificuldade de conseguir financiamento.Em 2014, publicamos e

distribuímos a obra “Elos da cidadania: localidade, escola e ação”, com financiamento da

FFCLRP / USP.

�215

Page 216: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

3. PROJETO NÓS PROPOMOS!

O projeto foi iniciado em meados do ano de 2017 quando o grupo buscava

desenvolver um novo percurso coletivo que tivesse tamanha potencialidade à exemplo dos

dois projetos anteriormente desenvolvidos. A proposta de conhecer melhor os contornos

propositivos do projeto, sugerida pelas duas primeiras autoras, estava atrelada a busca por

promover uma educação crítica e de qualidade para os alunos brasileiros. A idéia era superar

a tendência ao imobilismo que havia tomado conta dos professores e membros do grupo

ELO em função dos retrocessos no debate e na configuração das políticas públicas

educacionais, por meio de ações significativas que valorizassem a escola laica, pública, livre

de preconceitos étnico-raciais e que permitisse dar voz aos estudantes do ensino médio e

fundamental. Afinal, muito se tem falado “para” os alunos e pouco se tem discutido “com”

eles.

Neste sentido, o grupo ELO, buscava desenhar seu terceiro grande projeto coletivo de

modo a questionar o projeto “Escola Sem Partido” e a refletir melhor sobre o novo currículo

de Geografia e História, representado pela recém-publica da Base Nacional Comum

Curricular – BNCC. O primeiro tinha e continua tendo grande repercussão na mídia brasileira

por apresentar-se como um aparente aliado dos pais e alunos, prometendo evitar que o

currículo escolar fosse partidário e indicasse alguma tendência proselitista. E a BNCC, em

suas diferentes versões apresentadas, tinham sido estudadas pelo grupo ELO nos anos

anteriores e merecia maiores reflexões e aprofundamentos.

A vinda do Professor Doutor Sergio Claudino, do Instituto de Geografia e

Ordenamento Territorial – IGOT, da Universidade de Lisboa, para participar de reuniões

presenciais foi fundamental para o início das ações. As tratativas de estabelecimento de um

convênio de cooperação acadêmica foram tomadas pela primeira autora e o plano de

trabalho foi estabelecido. Em Portugal há um apelo crescente em prol do desenvolvimento

de práticas sócio-educativas vinculadas à gestão e ao ordenamento do espaço por parte das

comunidades locais.Seu objetivo geral é estimular e contribuir com a promoção de uma

efetiva formação cidadã a partir das escolas de ensino fundamental e médio, por meio da

identificação, da pesquisa e da reflexão sobre questões territoriais urbanas, numa

�216

Page 217: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

perspectiva interdisciplinar. Tal objetivo, portanto, busca promover efetivamente práticas

sócio-educativas voltadas à formação cidadã e a categoria localidade, premissas básicas

perseguidas pelo grupo ELO, desde seu início em 2006.

As ações iniciadas pelo grupo ELO envolvem planejamento em espaços formais e não

formais de ensino, estudo do meio, atividades cartográficas e avaliação. Experiências que

serão partilhadas no Seminário Nacional do Projeto “Nós Propomos!”, em Portugal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um grupo pode ser considerado uma ferramenta formativa importante se possibilitar

espaço para a reflexão da prática e dos conhecimentos gerados; permitir que a teoria seja

elucidada numa relação dialética com a prática; considerar que o professor retome sua

história de vida profissional para que ele perceba suas próprias hipóteses de trabalho

construídas durante a mesma, relacionando-as com as dos outros professores; despertar da

consciência do professor de forma sistematizada; favorecer a percepção da prática cotidiana;

possibilitar que o professor exercite sua capacidade de enxergar a essência dos fenômenos

educativos e não permaneça na aparência do mesmo; favorecer o processo de mudança

educativa (Aquino e Mussi, 2001).Entendemos que o grupo ELO assenta-se em tais aspectos,

à medida que espaços para a reflexão são constantemente possibilitados durante as

reuniões e por meio dos projetos coletivos. O movimento entre teoria e prática ilumina tais

reflexões.

Os elementos que apresentamos neste trabalho expõem parte da trajetória do

próprio grupo ELO e revelam algumas facetas dos participantes que investem

continuamente em suas carreiras. A busca é pela aquisição de conhecimentos, de

informações, de apoio institucional, de atualização, e desenvolvimento nas áreas de

Geografia e História Escolar, dentre outros, conforme explicitado pelos próprios

participantes nos trechos acima destacados. As principais fragilidades do processo envolvem

as dificuldades do referido coletivo em conseguir financiamentos para a plena execução e

manutenção das atividades formativas, para custear as despesas dos participantes, dentre

outras, porém a alta motivação do grupo no período de mais de dez anos de existência,

�217

Page 218: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

apontada, inclusive por uma pequena evasão e rotatividade entre os seus membros, é um

dos pontos de maior relevo. A motivação, como revelam os excertos apresentados ao longo

do texto, decorrem das temáticas abordadas nas reuniões, da possibilidade de diálogo e

reflexão sobre as práticas e políticas públicas brasileiras.

As atividades priorizadas pelo grupo envolvem discussão de programas e políticas

públicas curriculares que estão em curso no Brasil. Desde 2015, o programa “Escola Sem

Partido” é estudado. O grupo tem participado de fóruns docentes que discutem os sérios

impactos do referido programa para a formação dos estudantes e docentes brasileiros.

Outro documento estudado é a BNCC. O relato a seguir indica a importância atribuída por

um participante à discussão sobre as políticas públicas brasileiras:São vários os temas e

práticas que considero significativas, mas vou destacar um de cada: quanto aos temas,

considero importante a discussão acerca das políticas públicas sobre a educação brasileira.

Acho fundamental discuti-las, pois são documentos que norteiam a atuação profissional dos

educadores. Quanto às práticas, gosto de tudo o que envolve a Geografia, sobretudo as

práticas para os anos finais do ensino fundamental. (Professor da rede privada de ensino

fundamental e médio).

REFERÊNCIAS

AQUINO, J. G. e MUSSI, M. C. As vicissitudes da formação docente em serviço: a proposta reflexiva em debate. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 27, n. 2, pp.1-16,jul/dec. 2001. CALLAI, H.; CAVALCANTI, L.; CASTELLAR, S. M. V. O Estudo do Lugar nos anos iniciais do ensino fundamental. Terra Livre, v. 1, n.38, pp.79-98, 2012. GARRIDO, E.Pesquisa Universidade-Escola e desenvolvimento profissional do professor. 2000. 108 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000. LASTÓRIA, A. C. Aprendizagem profissional da docência: o projeto Atlas. 2003. Tese (Doutorado) – Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2003. LASTÓRIA, A. C; ROSA, A. V. (Orgs). Elos da cidadania: localidade, escola e ação. Ribeirão Preto: FFCLRP/USP, 2014. PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: perspectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993. PONTUSCHKA, N.N.; PAGANELLI, T.I.; CACETE, N.H.Para ensinar e aprender Geografia.3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

�218

Page 219: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

EL SEMILLERO DE INVESTIGACIÓN COMO APUESTA DE FORMACIÓN DOCENTE

Oscar Iván Lombana Martínez Nubia Moreno Lache

Olga Lucia Romero Castro Liliana Angélica Rodríguez Pizzinato

Grupo de Investigación GEOPAIDEIA 40

RESUMEN: La ponencia socializa el proceso de formación de los semilleros de investigación orientados por GEOPAIDEIA en las universidades en donde incide el grupo. El trabajo con los 41

semilleros corresponde a una actividad de formación docente e investigativa que pretende contribuir en la consolidación de los estudiantes de los programas de licenciatura en Ciencias Sociales con el ánimo de que reflexionen sobre el campo disciplinar de la geografía y su enseñanza, para favorecer la generación de docentes que dinamicen la enseñanza y aprendizaje de la geografía y las ciencias sociales en general a partir de su propia práctica.

PALABRAS CLAVE: Formación Docente, Educación Geográfica, Semillero de investigación

La ponencia es elaborada por los profesores Oscar Iván Lombana Martínez y Nubia Moreno Lache con aportes 40

de las profesoras Olga Lucia Romero Castro y Liliana Angélica Rodríguez Pizzinato. Email: [email protected]

El trabajo con los semilleros lo adelantan los profesores: Elsa Amanda Rodríguez de Moreno, Alexánder Cely 41

Rodríguez, Luis Felipe Castellanos Sepúlveda y Oscar Iván Lombana Martínez en la Universidad Pedagógica Nacional; Nubia Moreno Lache y Liliana Rodríguez Pizzinato en la Universidad Distrital Francisco José de Caldas y Olga Lucia Romero Castro en la Universidad del Tolima.

�219

Page 220: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

1. Introducción: reflexión y apuesta por la formación investigativa de los estudiantes.

El Grupo Interinstitucional de Investigación GEOPAIDEIA a lo largo de su trayectoria se

ha interesado por la reflexión acerca del espacio desde una perspectiva “multidisciplinar con

miras a aportar en la comprensión contemporánea de la geografía y su relación con el

mundo cotidiano, al igual que generar propuestas pedagógicas que cualifiquen su

enseñanza dentro de los procesos educativos” (www.geopaideia.com). Los escenarios de

participación y reflexión de los integrantes del Grupo son la formación en educación

superior de docentes para la enseñanza de la geografía y las ciencias sociales en Educación

Básica y Media, conservando vínculos importantes con instituciones educativas en estos

niveles donde los futuros licenciados realizan sus prácticas docentes y de innovación. Así

mismo, adelanta consultorías con organizaciones no gubernamentales, salidas de campo e

itinerarios urbanos en la ciudad acompañando a instituciones educativas; también realiza

actividades de periodismo con carácter pedagógico el cual reconoce la importancia de

situaciones de contexto y de coyuntura educativa, y la producción de textos escolares.

GEOPAIDEIA asume la formación docente, entre otras, desde la complejidad

acercándose a la propuesta de Morin (2009), y que aboga por comprender el mundo como

un entramado de relaciones en cuyo tejido se interconectan distintas miradas. Por ello,

afronta procesos de formación y de investigación desde una perspectiva multidimensional y

multidisciplinar, no obstante el saber geográfico es esencial en el trabajo que se adelanta. De

esta manera se abordan frentes como: a) programas de pregrado (Licenciaturas en la

Universidad Pedagógica Nacional – Universidad Distrital Francisco José de Caldas y 42 43

Universidad del Tolima ); b) posgrados de la Maestría en Educación de la UDFJC, línea Ética, 44

política y formación ciudadana, en la Maestría en estudios sociales de la UPN - línea

Construcción social del espacio; c) constitución de grupos de trabajo y/o de estudio sobre

en adelante UPN 42

en adelante UDFJC43

en adelante UT44

�220

Page 221: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

reflexiones asociadas con la geografía y la educación geográfica, como es el caso de los

semilleros de investigación que interesan a esta ponencia.

Con respecto a la formación de docentes para GEOPAIDEIA, es muy importante

diseñar ambientes educativos en los que los estudiantes puedan “desarrollar habilidades

suficientes, para responder a las necesidades de las comunidades” (Hinostroza, 2004, p. 17).

En esa dirección, ha consolidado un semillero de investigación permanente en el que por

medio del desarrollo de proyectos de investigación, ha involucrado a un número importante

de estudiantes a lo largo de su historia; como resultado de este proceso en la actualidad

varios de sus integrantes no sólo son docentes universitarios, sino investigadores del grupo

lo que es evidencia de los logros del proceso formativo. A esto se suma, que en los últimos

años los procesos autónomos de los docentes del grupo han permitido formar grupos de

estudio y de trabajo que con el tiempo han asumido la forma de nuevos semilleros, los

cuales tienen como común denominador asuntos de la educación espacial desde múltiples

preocupaciones e intereses.

Actualmente existen al menos cuatro grupos de estudiantes con los que se desarrollan

procesos de fundamentación teórica, ejercicios investigativos y diseño de material didáctico

en el ámbito de la geografía, la educación geográfica y la didáctica de la geografía; estos

grupos son:

● Semillero de Investigación Formación y Educación Geográfica Itinerantes (SIFEGI) en la

UDFJC dirigido por la profesora Liliana Angélica Rodríguez Pizzinato.

● Semillero Scripta Geographica en la UDFJC de Caldas dirigido por la Profesora Nubia

Moreno Lache.

● Didáctica de las Ciencias Sociales en la UT dirigido por la Profesora Olga Lucia Romero

Castro.

● Semillero de Investigación en Educación Geográfica GEOPAIDEIA (SIEG) en la UPN

dirigido por los profesores Elsa Amanda Rodríguez de Moreno, Alexánder Cely

Rodríguez, Óscar Iván Lombana Martínez y Luis Felipe Castellanos Sepúlveda.

A continuación se relacionan características generales de estos semilleros, ejes de

trabajo que han establecido, ejercicios que desarrollan actualmente y logros más

�221

Page 222: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

destacables. De esta forma, se pretenden hallar convergencias, divergencias y retos de esta

perspectiva así como su impacto en la formación de docentes.

2. Características generales de los semilleros

Las preocupaciones que llevan a la conformación de los semilleros son similares; en

todos los casos hay un interés por desarrollar procesos de formación inicial en investigación

y formación docente en geografía y en las ciencias sociales en general, que complementen

los procesos que desarrollan los estudiantes en sus programas de estudio. Estos grupos de

trabajo reconocen igualmente, que existen dificultades en la formación de docentes de

ciencias sociales relacionadas con el pensamiento y alfabetización espacial, de ahí la

importancia de pensar en procesos sistemáticos, integrados y permanentes que garanticen

el crecimiento profesional de los estudiantes. Según Rodríguez (2010),

● Los maestros no tienen conceptos precisos básicos de geografía, de espacio geográfico,

de localización, ubicación, orientación, región...

● Los maestros no tienen claras los enfoques que subyacen a las teorías geográficas o no se

manejan con claridad las diversas escuelas geográficas.

● No se conocen las teorías psicológicas o los estudios que se han realizado sobre el

desarrollo del pensamiento espacial y temporal, lo cual es básico para abordar la

enseñanza y el aprendizaje de la geografía.

● Se tiene una idea equivocada de lo que significa construir un concepto el cual se identifica

con términos, definiciones u opiniones (Geopaideia, 1995).

● Los alumnos además de no haber construido los conceptos tampoco le encuentran una

utilidad al conocimiento geográfico en su cotidianidad.

● Los alumnos no interpretan los mapas que se encuentran en los atlas o en los textos

escolares y menos se ha desarrollado la habilidad de elaborar sus propios mapas con base

en la observación directa de su entorno (Rodríguez, 2010, p. 22).

Así, las posibilidades formativas que ofrece un semillero de investigación se

reconocen en las ideas de Restrepo (2003), quien lo aborda como un tema y un problema de

carácter pedagógico, en el cual se pone de manifiesto la relación docencia e investigación,

�222

Page 223: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

sentido expresado por GEOPAIDEIA frente a la apuesta por un docente investigador, que al

convertir su práctica en praxis pedagógica, es capaz de transformar progresivamente las

realidades en el contexto escolar en el que se desenvuelva.

Estas razones motivan a los semilleros a profundizar en la disciplina geográfica y su

enseñanza, más ampliamente en la educación geográfica, en la cual el escenario de trabajo

se orienta al ámbito pedagógico, particularmente en la escuela con énfasis en la formación

ciudadana en espacios comunitarios urbanos y rurales. En relación con los ejes de trabajo

que han consolidado los semilleros se encuentra el siguiente balance:

1. El semillero Scripta Geographica (UDFJC), ha diseñado cinco líneas de trabajo: a)

Educación Geográfica y formación ciudadana; b) Construcción social del espacio; c)

Geografía urbana: lo urbano como objeto de investigación, enseñanza y educación; d)

Geotecnologías para la representación, análisis y pensamiento espacial y e) Sistemas de

Información Geográfica para la práctica docente y la geografía escolar. Este grupo ahonda

en temas asociados con la geografía, el espacio y el territorio así como su incidencia en la

educación; en este sentido, el interés que congrega a Scripta Geographica se relaciona con

la educación geográfica, la geografía escolar, la didáctica de la geografía y la formación

docente desde la investigación en relación a lo urbano, sus representaciones, producción de

espacio, entre otros. Bajo estas líneas actualmente se desarrollan procesos académicos como

docentes a cargo de la enseñanza, aprendizaje y reflexión del lenguaje cartográfico para la

formación de docentes de la licenciatura en la UDFJC, mediante sesiones - talleres de clase,

así como trabajo en campo con los estudiantes como se puede observar en una de las

plachas construidas por el semillero para uno de los cursos.

Figura 1 Ejemplo plancha Oiba – Socorro – San Gil

�223

Page 224: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Fuente: semillero Scripta Geographica – 2017 II

El material cartográfico (Figura 1) presentado como ejemplo de las elaboraciones

realizadas, dista de una producción técnica convencional en la medida que es un producto

cartográfico pensado para potenciar reconocimiento y análisis espacial en una zona del

territorio colombiano en donde actividades como iluminación de la plancha, construcción de

perfiles altitudinales, análisis de variables bio fisicas en relación con usos del suelo, son

potencial de aprendizaje para los docentes en formación.

En la actualidad el semillero crea el grupo de estudio Geotopos cuyo objetivo es la

formulación de un espacio paralelo a las actividades curriculares propias del programa de

Licenciatura como posibilidad de análisis en la formación de estudiantes cuyos intereses

académicos se encuentren cercanos a las relaciones Espacio – Tiempo – Sociedad, en donde

convergen diversos fenómenos por analizar y cuyas problemáticas demandan de reflexiones

actuales en pro de construir alternativas a problemas concretos del espacio.

La ejecución del espacio formativo que propone inaugurar Geotopos se desarrollará

en cuatro fases; las primeras tres han sido formuladas por los integrantes del semillero

asociados con epistemología de la geografía, aspectos de estudio y análisis de la cartografía

�224

Page 225: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

y representación, mientras que la fase final reunirá los elementos expuestos en las semanas

precedentes para trabajar con los estudiantes algunas de las posturas que desde la

geografía ubican en el espacio urbano, su construcción, desarrollo y particularidades,

teniendo como fin último llevar dichas reflexiones al ejercicio docente y sus posibilidades en

la formación ciudadana, en la didáctica de la geografía y en la educación geográfica en

general.

2. El semillero de investigación formación y educación geográfica Itinerantes SIFEGI

(UDFJC), ha consolidado dos líneas de trabajo, una relacionada con el uso educativo de la

bicicleta y otra sobre la salida de campo como una alternativa de producción de

conocimiento y formación docente. En la primera se está implementando una forma de

acercamiento a la ciudad al pensar la ciudadanía desde una perspectiva más consciente y

participativa por medio de la realización de Ciclo salidas educativas; en la segunda el apoyo

en la realización de salidas de campo con estudiantes universitarios como otra alternativa de

formación inicial docente desde la figura de estudiante de apoyo en las mismas. En este

sentido, el desarrollo de esquemas formativos a nivel ciudadano aprovechando la bicicleta

como excusa para ello, ha permitido diseñar, aplicar y validar la modalidad de trabajo con

estudiantes universitarios y ciudadanos en general, cuyo ejemplo se aprecia en la Figura 2

Figura 2 Ejemplo recorrido urbano en bicicleta

Fuente: Memoria grupo de estudio 2016

�225

Page 226: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

La posibilidad formativa de la salida de campo con la figura de un (os) estudiante de

apoyo del semillero, ha permitido descubrir otro potencial en ella como una forma de

práctica docente. Finalmente, el diálogo de saberes en el semillero, está abriendo otra línea

de trabajo en relación a la cartografía como texto educativo, teniendo en cuenta el papel que

puede jugar la representación espacial (objetiva y subjetiva) en la formación ciudadana,

pensando en procesos de alfabetización espacial y educación geográfica.

3. El grupo Didáctica de las Ciencias Sociales (UT), se ha propuesto tres líneas de trabajo; la

primera busca identificar problemas centrales de la enseñanza de las Ciencias Sociales en la

educación básica en la ciudad de Ibagué – Tolima en Colombia, mediante el trabajo y

establecimiento de la red de didáctica en ciencias sociales del Tolima en el año 2017

(agosto) se realizó el primer encuentro en el que socializaron y trabajaron los DBA en el 45

marco de la escuela actual, la formación ciudadana y se presentaron diferentes miradas

frente a la didáctica de la geografía y de la historia. Además de lo anterior, se contó con la

presencia del Profesor Miguel Ángel Varela Pereira de la Universidad de Barinas, quien

realizó talleres sobre la elaboración de cartografía histórica. La segunda línea, brinda asesoría

y acompañamiento de propuestas de trabajo de grado alrededor de problemáticas urbanas

y su impacto en la enseñanza de las Ciencias Sociales. Se han elaborado dos trabajos de

grado (1. Proceso de renovación urbana en el centro de Ibagué del año 2000 al 2015 y 2.

Segregación socio espacial en la comuna 6 de la ciudad de Ibagué); en la actualidad se

encuentran en curso dos investigaciones. Un tercer escenario de intervención es el desarrollo

de recorridos urbanos en la ciudad de Ibagué articulados a las materias de didáctica de la

geografía I y didáctica de la geografía II del programa de licenciatura para reconocer

dinámicas de las ciudades actuales, realizar aplicaciones conceptuales, replantear la

enseñanza dentro y fuera del aula, establecer formas de sistematización de salidas de campo.

Los recorridos se han realizado con el apoyo de otro semillero de la UT que se llama

Laboratorio de ciudad.

Derechos Básicos de Aprendizaje45

�226

Page 227: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

El semillero trabaja actualmente una propuesta de investigación avalada por el comité

central de investigaciones para reconocer el concepto de territorio; se busca que la

relevancia del territorio abarque las esferas de la educación en el ámbito universitario y

escolar; para lo anterior se busca, desde análisis de las realidades educativas en cuatro

instituciones públicas de Ibagué (dos urbanas y dos periurbanas), irradiar los procesos de

enseñanza – aprendizaje en torno al concepto del territorio articulado con la cotidianidad de

los estudiantes para que ayudar en la transformación de prácticas educativas y mejorar la

enseñanza de las ciencias sociales. El trabajo se encuentra en una primera fase de

socialización para lo cual se estableció la cátedra abierta de Territorio con la colaboración de

los integrantes del Semillero y docentes invitados, entre ellos Horacio Bozzano y Marco

Aurelio Saquet.

4. El semillero SIEG (UPN), por su parte, trabaja en cuatro líneas; la primera dedicada a la 46

sistematización de trabajos de grado de la línea de práctica que ha orientado en los últimos

años; la segunda el desarrollo de estrategias didácticas digitales para la enseñanza de la

geografía física; la tercera, trabajos que estudian la construcción social de espacio y la cuarta

los recorridos urbanos y salidas de campo. Desarrolla actualmente dos actividades; la

primera de sistematización de los trabajos de grado de las diferentes cohortes que han

desarrollado sus exploraciones en el marco de las líneas de práctica en la Licenciatura en

Ciencias Sociales de la UPN, este trabajo se viene adelantando con orientación del Profesor

Alexander Cely R. De igual forma se adelanta un proyecto de investigación que propone

validar una estrategia transmedia, el cual tiene como base una transposición didáctica de la

propuesta de los Sistemas Morfogénicos del Territorio Colombiano (SMTC) planteada por el

Profesor Antonio Florez ; esta actividad está orientada por el profesor Óscar Lombana. El 47

otro trabajo que se adelanta es el acompañamiento a diferentes trabajos de investigación

que de forma autónoma desarrollan grupos de estudiantes al interior del semillero,

Semillero de Investigación en Educación Geográfica GEOPAIDEIA – UPN. 46

Antonio Flórez es Ingeniero Geógrafo colombiano que trabajó en la descripción de los relieves y modelados de 47

Colombia; de la mano de instituciones gubernamentales como el IDEAM adelantó el trabajo Sistemas Morfogénicos de Territorio Colombiano.

�227

Page 228: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

fundamentalmente en el apoyo a elementos epistemológicos, teóricos y metodológicos de

la geografía y la educación geográfica.

3. Alcances de los semilleros

La metodología de formación expuesta en la modalidad de semilleros muestra

diferentes logros y propone distintos retos que se convierten en acciones de mejora, para

continuar potenciando la formación de los estudiantes de las licenciaturas.

En esta perspectiva, el semillero Scripta Geographica ha participado en eventos

académicos nacionales como:

• Cátedra Bogotá: Encuentro de Jóvenes investigadores - Septiembre de 2017. En ella

se presenta una reflexión sobre procesos espaciales susceptibles de abordar e indagar

desde la cartografía. La reflexión central que se persigue enmarca estas revisiones y

producciones en una escala espacial y temporal que abarca los últimos 40 años de

desarrollo en la ciudad de Bogotá, generando así un insumo sincrético entre miradas

físicas y urbanas que permitan comprender algunos de los recientes cambios de la

ciudad para así, dirigir la mirada a la Bogotá del futuro. Se espera que la indagación

aporte elementos de análisis que permitan comprender manifestaciones urbanas, formas

y configuraciones actuales de la ciudad y atributos del espacio geográfico bogotano

contemporáneo.

• VIII Encuentro colombiano de grupos de investigación en didáctica de las ciencias

sociales - Octubre de 2017- Ponencia: Espacio urbano y formación docente:

escenario de aprendizaje, enseñanza y reflexión. La ponencia presentó algunas

cavilaciones sobre el espacio con particular énfasis en lo urbano y la ciudad en tanto

constructo social relevante para la enseñanza de la geografía. La ponencia considera

algunos referentes conceptuales de la ciudad, seguido por una mirada a manifestaciones

contemporáneas de lo urbano. Estos marcos son aprovechados no solo en lo que ella

conceptualmente oferta sino también y especialmente en su vínculo con la formación de

docentes, de modo tal que sean pretexto para ahondar en la consideración de algunos

�228

Page 229: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

procesos pedagógicos y didácticos que potencien nuevas miradas a la ciudad y a su vez

dinamicen la enseñanza de las ciencias sociales, particularmente de la geografía.

● I Encuentro Distrital de la enseñanza de las Ciencias Sociales - UPN – UDFJC. Se

socializan las monografías elaboradas por los estudiantes en el marco del ciclo de

investigación Dinámicas contemporáneas del espacio urbano y que corresponden a: 1) El

Centro De Bogotá Como Espacio Crítico. Plan Parcial De Renovación Urbana: ‘Estación

Central’; 2) Procesos de gentrificación y violencia urbana. Caso Suba Rincón en la ciudad

de Bogotá y 3) El suelo en la ciudad: transformaciones del espacio urbano en torno a

estaciones “BRT”, caso Bogotá.

● Semana de las Ciencias Sociales año 2017 segundo semestre UDFJC. Se participa con

la elaboración de un taller sobre cartografía para la enseñanza y comprensión del espacio

geográfico en contextos escolares.

El semillero de investigación formación y educación geográfica Itinerantes SIFEGI,

trabaja en un proceso de formación antes y después de ingresar al semillero. El acercamiento

de los estudiantes interesados quienes inician un proceso formativo, para hacer parte del

semillero. Así mismo, de acuerdo a sus líneas de trabajo, aborda la formación ciudadana

mediante la realización del esquema de trabajo de la ciclo salida educativa como

oportunidad de reconocer otras dimensiones tanto de la ciudad como del ejercicio que

puede realizar el ciudadano en dos ruedas, y la formación docente mediante la práctica que

se desarrolla como estudiante de apoyo en la realización de salidas de campo que lo ubica

como un actor activo y reflexivo. A nivel nacional ha participado en: el Primer encuentro

sobre la enseñanza de historia y la geografía-UPN, XXI Congreso Colombiano de Geografía-

Universidad del Valle, VI Encuentro IV Interinstitucional III Nacional De Semilleros de

Investigación- San José Fundación de Educación Superior, I Foro en ciencias sociales.

Reflexiones y perspectivas-UT, I Foro enseñanza de las ciencias sociales. Territorios,

educación y transformaciones sociales-UDFJC, Jornada de acreditación institucional, I

Encuentro distrital de ciencias sociales y Semana de las ciencias sociales todos en UDFJC. En

el orden internacional se participó en el III Encuentro Iberoamericana de investigación en

didáctica de las ciencias sociales-Universidad de Santiago de Chile. Logra una publicación

�229

Page 230: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

de un artículo en la Revista de didáctica de las ciencias experimentales y sociales de la

Universidad de Valencia, lo que posibilita la visibilización de las reflexiones producidas en

otros contextos.

El Grupo de Didáctica de las Ciencias Sociales, participó en actividades propias del

Programa de Licenciatura en Ciencias Sociales, básicamente relacionadas con el

funcionamiento del Comité Curricular, conferencias y eventos académicos internos en la

Universidad. Se ha conseguido precisar el objeto de trabajo del Semillero alrededor de las

Ciencias Sociales, logrando que todas las ideas de proyectos de investigación giren

alrededor de este objetivo de la formación profesional. Como fruto del trabajo en el

Semillero algunos de sus estudiantes presentaron ponencias en el 1er Encuentro de

Geografía Urbana realizado en la UPN en la ciudad de Bogotá. De la misma manera se ha

logrado el establecimiento de la Cátedra Abierta de Territorio durante el año 2018 como

fruto del proyecto de investigación en curso.

Por otra parte, el semillero SIEG entre los años 2015 y 2017, ha participado de un

proceso de formación en elementos básicos de la geografía y en el planteamiento del

proyecto de validación de una Estrategia Transmedia; también participaron como asistentes

en el VII Encuentro de Estudios Territoriales y Ambientales el mes de octubre de 2016. De

igual manera, los estudiantes asisten como ponentes en el 1er. Encuentro Distrital de

Ciencias Sociales realizado en la Universidad Pedagógica Nacional y la Universidad Distrital

Francisco José de Caldas del 24 al 28 de abril de 2017, allí presentaron las ponencias: “La

enseñanza de la geografía de Bogotá por medio de Recorridos Históricos y Estrategia

Didáctica para la enseñanza de los Sistemas Morfogénicos del Territorio Colombiano”.

Actualmente los estudiantes participaron del V Encuentro Nacional de Estudiantes de

Geografía que se realizó en la Universidad del Valle del 3 AL 7 de Octubre de 2017 y del VIII

Encuentro de investigación e innovación en Didáctica de las Ciencias Sociales, que se realizó

en la Universidad Córdoba, los días 19 y 20 de octubre del año 2017.

�230

Page 231: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

4. Retos del trabajo con los semilleros: a manera de conclusión

El proceso de formación docente que se adelanta por medio de la estrategia de los

semilleros evidencia unos intereses comunes, algunos escenarios compartidos y ciertos

aspectos en los que independiente de la universidad en donde se realiza el trabajo

convergen, potenciando la formación docente investigativa de los estudiantes adscritos a

ellos. En general se puede decir que los semilleros se encuentran en tres elementos

centrales; el primero en sus propósitos, puesto que los grupos esperan ampliar y consolidar

el proceso de formación de los docentes en Ciencias Sociales, el segundo en el interés por la

didáctica de la geografía y la educación geográfica; el tercero en el estudio del espacio

geográfico. No obstante, GEOPAIDEIA identifica que:

• Los semilleros garantizan la continuidad de los estudios en torno a la educación espacial y

la didáctica de la geografía ya sea en el grupo o en otros colectivos, lo que de una u otra

manera aporta en renovaciones de la enseñanza de la geografía.

• Los ejercicios de investigación y de formación permiten que los estudiantes que

participan en ellos reconozcan formas de trabajar y actuar; ahondan en la valoración de lo

que construyen y avanzan en reflexiones maduradas en búsqueda de un mejoramiento

de la práctica docente.

• Para los integrantes de GEOPAIDEIA la experiencia en la formación de docentes, por

medio de la estrategia de los semilleros de investigación, se ha convertido en: a) un

escenario de reflexión permanente; b) indagación sobre su propia práctica; c) búsqueda

de estrategias pedagógicas y didácticas para motivar el trabajo de los semilleros y ante

todo en e) un escenario de conocimiento que garantiza de una u otra manera la

generación de unos nuevos docentes inquietados por el saber geográfico, por su

enseñanza y aprendizaje, así como la posibilidad de construir una generación de relevo

que dé continuidad con el trabajo del grupo con las preocupaciones e intereses por

pensar y resignificar la geografía en Colombia en diálogo con las redes nacionales,

latinoamericanas y mundiales en pro de una alfabetización geográfica que permita la

generación de unos ciudadanos comprometidos con sus espacios de vida.

�231

Page 232: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Referencias bibliográficas.

Hinostroza, G. y Otros. (2004). Encuentro Iberoamericano de formación docente (Tomo I: Conferencias). Entre Orugas y Mariposas, Bogotá: Universidad Pedagógica Nacional. Geopaideia. (2015). Grupo Interinstitucional de Investigación. Recuperado de http://www.geopaideia.com/?page_id=2. Morin, E. (2009). Introducción al pensamiento complejo. Barcelona: Gedisa. Restrepo, B. (2003). Investigación formativa e investigación productiva de conocimiento en la universidad. En: Revista Nómadas, Nº 18, p.p.10- 18. Rodríguez, E. (2010). Geografía Conceptual, Enseñanza y Aprendizaje de la geografía en la educación básica secundaria. Geopaideia: Bogotá.

�232

Page 233: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

A CARTOGRAFIA ESCOLAR NO ENSINO DE GEOGRAFIA:

UMA ANÁLISE SOBRE AS PRÁTICAS DOCENTES NA ESPANHA E NO BRASIL

Prof. Dr. Denis Richter Universidade Federal de Goiás

[email protected] Prof. Dr. Alfonso Garcia de la Vega

Universidad Autónoma de Madrid [email protected]

RESUMO: Este texto refere-se aos resultados parciais do estágio de pós-doutorado realizado na Universidad Autónoma de Madrid (UAM) e que teve como objetivo de analisar e comparar como os professores de Geografia da Educação Infantil até o Ensino Superior de Madrid/Espanha e de Goiânia/Brasil trabalham com a Cartografia Escolar na perspectiva de contribuir para a educação geográfica e o pensamento espacial. Para o desenvolvimento deste estudo a pesquisa de campo centrou-se na construção de um roteiro de entrevista semiestruturado e na seleção de quatro professores de Madrid e outros quatro de Goiânia e que atuassem no ensino de Geografia nos seguintes níveis de escolarização: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. A partir desta seleção foram realizadas as entrevistas com os oito docentes em suas respectivas instituições de ensino e com propósito de conhecer como estes professores articulam a Cartografia Escolar em suas aulas, como o pensamento espacial encontra-se integrado nessas práticas e se esses docentes desenvolvem atividades relacionadas a construção de mapas mentais. Como resultados preliminares, observou-se que a Cartografia Escolar tem sido valorizada enquanto discurso por parte dos professores tanto na Espanha como no Brasil. Contudo, o processo de formação inicial pelo qual esses docentes passaram apresenta inúmeras lacunas que possibilitem uma articulação mais potente da linguagem cartográfica nas aulas de Geografia. Espera-se com este estudo identificar proximidades e diferenças entre as práticas dos professores desses dois países que possa orientar melhor o trabalho da Cartografia Escolar nas aulas de Geografia.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Geografia; Cartografia Escolar; Formação de Professores; Mapas Mentais.

�233

Page 234: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

INTRODUÇÃO

A preocupação em trabalhar a linguagem cartográfica no ensino de Geografia tem

sido cada vez mais recorrente. Pode-se reconhecer que este debate tem sido muito comum

em inúmeros países latino-americanos e ibéricos, por exemplo, a partir dos trabalhos

apresentados em alguns eventos como o Encontro de Geógrafos da América Latina (EGAL) e

o Congresso Ibérico de Didática de Geografia . Nesses eventos acadêmicos é recorrente a 48

presença de pesquisas relacionadas à Cartografia Escolar e sua inserção do processo de

ensino-aprendizagem de Geografia.

Tendo como referência este contexto é que foi proposto um estágio de pós-

doutorado para conhecer diferentes realidades em relação ao trabalho didático-pedagógico

de Geografia no que tange sobre o ensino do mapa. Esse estudo foi realizado na

Universidad Autónoma de Madrid (UAM) sob a supervisão do Prof. Dr. Alfonso Garcia de la

Vega, durante os meses de setembro de 2017 à fevereiro de 2018. A escolha deste espaço

se deve em razão dos estudos e pesquisas desenvolvidas por alguns investigadores na

Espanha (DE MIGUEL, 2011; GARCÍA DE LA VEGA, 2014; BUZO SÁNCHEZ, 2016;

HERNÁNDEZ, 2016) que promovem a reflexão acerca da contribuição da linguagem

cartográfica no ensino de Geografia. Por outro lado, se reconhece também que no Brasil este

debate tem sido forte nos últimos anos (SIMIELLI, 1999; ALMEIDA, 2001 e 2017; SEEMANN,

2003; GIRARDI, 2014; CASTELLAR, 2011 e 2017; RICHTER, 2017) e vem consolidando o

campo da linha de pesquisa em Cartografia Escolar.

Assim, parte-se do pressuposto que investigar sobre os avanços e os desafios da

Geografia Escolar em distintos espaços e compartilhar experiências, como propôs Pezzato

(2012), pode ser um caminho para contribuir no desenvolvimento da prática desta ciência na

educação básica e, também, no processo de formação de professores.

É a partir desse contexto que este estágio pós-doutoral foi estruturado, na perspectiva

de compreender os estudos realizados no campo da Didática da Geografia na Espanha em

Não foi realizado um levantamento estatístico detalhado sobre esses eventos, mas é possível observar uma 48

significativa presença de trabalhos na área de Cartografia Escolar a partir dos Anais das edições do EGAL de 2015 (La Havana/Cuba) e 2017 (La Paz/Bolívia), e da edição do Congresso Ibérico de 2017 (Lisboa/Portugal).

�234

Page 235: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

relação às suas propostas com a Cartografia Escolar, bem como de integrar a estas

investigações as abordagens e pesquisas que são realizadas no Brasil a respeito da

Cartografia Escolar e da utilização do mapa mental nas aulas de Geografia.

Desse modo, o objetivo desse estudo foi analisar e comparar como os professores de

Geografia da Educação Infantil até o Ensino Superior de Madrid/Espanha e de Goiânia/Brasil

trabalham com a Cartografia Escolar na perspectiva de contribuir para a educação

geográfica e o pensamento espacial.

Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se a metodologia de estudo de caso

para analisar a prática docente em duas realidades específicas, Madrid e Goiânia. Em cada

uma dessas cidades foram selecionados quatro professores de Geografia que atuassem nos

seguintes níveis de escolarização: Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e

Ensino Superior, totalizando um universo de oito sujeitos, e que participaram de uma

entrevista semiestruturada em suas respectivas instituições de ensino.

Cabe destacar que as entrevistas em Madrid foram realizadas nos meses de janeiro e

fevereiro de 2018 e as entrevistas em Goiânia nos meses de abril e maio de 2018 . Após 49

esta etapa foi utilizado a análise do discurso para compreender o trabalho didático-

pedagógico dos professores em relação a presença e a utilização da Cartografia Escolar em

suas aulas de Geografia.

Diante desses apontamentos o presente texto se estrutura em duas partes. A primeira,

metodologia, visa apresentar todo o processo de desenvolvimento da pesquisa, seja na

parte de levantamento bibliográfico ou nas etapas de campo. E a segunda parte, Resultados

e Discussões, busca debater algumas reflexões acerca das análises preliminares desta

investigação e sua relação com a tríade: Ensino de Geografia - Cartografia Escolar -

Pensamento Espacial, considerada fundamental para o processo de ensino-aprendizagem de

Geografia nos mais diferentes níveis da escolarização.

Em razão das entrevistas de Goiânia terem sido realizadas nos meses de abril e maio deste ano não houve tempo 49

hábil para incluir neste texto as análises preliminares. Por isso, serão apresentadas aqui somente as entrevistas de Madrid e as interpretações iniciais desta etapa do trabalho de campo.

�235

Page 236: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

METODOLOGIA

O desenvolvimento desta investigação se caracterizou por uma metodologia de

pesquisa qualitativa na modalidade de estudo de caso, tendo a concepção e o

reconhecimento de que a análise dos dados em cada respectivo espaço selecionado não

deve construir uma ideia generalizante, mas possibilitar o diálogo e a compreensão de como

um determinado contexto ocorre em cada realidade (YIN, 2010). Posto isto, esta pesquisa se

estruturou em três etapas específicas, a saber:

Primeira Etapa: pesquisa documental e bibliográfica. Durante o estágio foi realizado

uma busca por materiais (livros e artigos) produzidos por pesquisadores espanhóis e/ou de

outras nacionalidades que pudessem contribuir com o presente estudo.

Segunda Etapa: entrevista. Com a perspectiva de conhecer as práticas escolares e

também um pouco das experiências dos professores em relação ao ensino de Geografia e

de Cartografia Escolar, foi construído um roteiro de entrevista (Quadro 01) semiestruturado

que direcionou o diálogo com os oito docentes. Este roteiro foi organizado em três partes: a)

Dados pessoais e formação acadêmica; b) Experiência profissional; e c) Práticas escolares.

Essas três partes orientaram a construção das 25 perguntas que foram feitas aos professores

e que podem ser observadas no Quadro 01.

�236

Page 237: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Quadro 01 - Questionário semiestruturado aplicado aos professores

Fonte: Pesquisa de campo, 2018.

Após a organização deste roteiro de entrevista selecionamos quatro professores que

trabalhavam com a disciplina de Geografia em Madrid, sendo que cada docente atuava em

um nível de escolaridade (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino

Superior), e o mesmo procedimento foi realizado na cidade de Goiânia. A seleção desses

�237

Parte 1 - Datos personales y Formación académica 1.1. Nombre: 1.2. Edad: 1.3. Formación de grado/institución: 1.4. Año de conclusión de grado: 1.5. Formación de posgrado/institución: 1.6. Año de conclusión de posgrado:

Parte 2 - Experiencia profesional 2.1. ¿Cuándo inició la docencia y cuando inició la carrera docente? 2.2. ¿Escuela en la que trabaja? (¿Trabaja en más de una escuela?) 2.3. Fecha de incorporación a la actual escuela: 2.4. ¿En cuantas escuelas ha trabajado a largo de su experiencia profesional? 2.5. Carga horaria de trabajo semanal: 2.6. ¿Trabaja con qué cursos?

Parte 3 - Practicas escolares 3.1. ¿Cómo trabaja el contenido de la Geografía con los alumnos? 3.2. Haga un breve relato de su trabajo teniendo como referencia los conceptos geográficos desarrollados y qué procedimientos cartográficos utiliza en el aula? 3.3. ¿De qué manera ese trabajo contribuye al desarrollo del pensamiento espacial? 3.4. ¿Qué recursos didácticos se utilizan, por ejemplo: mapa del tiempo, clima, pirámide de población, cartografía digitales, mapas temáticos… 3.5. ¿Qué tipo de actividades desarrolla con los mapas en sus clases? Cite algunas actividades (mapas-murales, mapas-mudos, dibujos de mapas…) y explique brevemente. 3.6. ¿Cuál el objetivo de aprendizaje para trabajar los mapas com los alumnos en el aula? 3.7. ¿Cuál es la influencia del currículo escolar español para la organización de su trabajo con mapas en el aula? 3.8. ¿Como el libro de texto de Geografía desarrolla el trabajo con el mapa para los alumnos? 3.9. ¿Cómo evalúa la presencia del lenguaje cartográfico en el libro de texto de Geografía? (Las actividades con mapas propuestas en el libro de Geografía son suficientes para desarrollar el contenido de Cartografía y posibilitar al alumno comprender los diferentes usos de este lenguaje?; ¿Usted proponen otras actividades?) 3.10. ¿Cómo fue su formación académica en relación a la enseñanza de los contenidos de la cartografía para los alumnos? 3.11. ¿Cómo trabaja el espacio de la ciudad y su relación con la enseñanza del mapa en sus clases? 3.12. ¿Conoces la propuesta del trabalho con mapas mentales? 3.13. Si conoce, ¿ha desarrollado alguna actividad con mapas mentales con sus alumnos en alguna ocasión? Relate brevemente.

Page 238: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

professores utilizou o critério de contato com as respectivas universidades em cada cidade

(Madrid - UAM; Goiânia - UFG), em razão da disponibilidade desses profissionais em

participarem da pesquisa. Cada entrevista durou aproximadamente de 40 à 60 minutos,

sendo gravadas e posteriormente transcritas.

Terceira etapa: análise dos dados. Com o término das entrevistas foi organizado um

quadro síntese no qual foram inseridas as ideias, concepções e posicionamentos dos

professores acerca das questões respondidas com o objetivo de contribuir no processo de

análise do discurso (ver Quadro 02).

Quadro 02 - Síntese das entrevistas dos professores 50

Fonte: Pesquisa de campo, 2018.

Madrid/Espanha Goiânia/Brasil

PMEI PMEF PMEM PMES PGEI PGEF PGEM PGES

Idade

Formação acadêmica/ano

Pós-Graduação/ano

Início da carreira docente

Anos de docência

Carga horária de trabalho semanal

Ensinar Geografia

Conceitos geográficos e a representação cartográfica

Pensamento espacial

Recursos didáticos e atividades com mapas

Objetivo de ensinar o mapa

Livro didático de Geografia e mapas

Formação acadêmica e a Cartografia

Ensinar a cidade e o uso de mapas

Mapas mentais, conhece a proposta? Como trabalha?

As siglas presentes neste quadro referem-se a: PMEI (Professor Madrid Educação Infantil); PMEF (Professor Madrid 50

Ensino Fundamental); PMEM (Professor Madrid Ensino Médio); PMES (Professor Madrid Ensino Superior); PGEI (Professor Goiânia Educação Infantil); PGEF (Professor Goiânia Ensino Fundamental); PGEM (Professor Goiânia Ensino Médio); PGES (Professor Goiânia Ensino Superior).

�238

Page 239: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

No momento de organização deste quadro 02 foram selecionadas algumas das 25

questões presentes no questionário que pudessem contribuir de maneira mais significativa

para análise das entrevistas. Além disso, como a pesquisa se encontra na fase de análise dos

dados optou-se para este artigo não apresentar dos dados preliminares, que referem-se as

análises das respostas dos professores. Por outro lado, considerou-se pertinente, do ponto

de vista metodológico, expor ao leitor como as informações serão tratadas nesta pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como já foi destacado ao longo do texto esta pesquisa encontra-se no processo de

análise dos dados. Neste contexto, os resultados e as discussões serão apresentadas em

duas partes. A primeira será relativa algumas reflexões teóricas sobre a tríade destacada na

introdução deste trabalho (Ensino de Geografia - Cartografia Escolar - Pensamento Espacial)

e a segunda algumas análises preliminares das entrevistas realizadas com os professores

espanhóis.

Ensino de Geografia, Cartografia Escolar e Pensamento Espacial: elementos para uma

articulação da prática docente

O desenvolvimento das práticas escolares de Geografia no Brasil tem sido fortemente

associado nos últimos 30 anos à preocupação com os conceitos geográficos, à valorização

do cotidiano e sua relação com o pensamento espacial. Esta perspectiva é resultado de

inúmeros estudos e pesquisas que possibilitaram conhecer melhor as demandas e urgências

no que tange ao ensino de Geografia na Educação Básica. Em consequência, tivemos um

significativo incremento na realização de investigações e na sua interferência (in)direta nas

práticas pedagógicas dessa disciplina na escola.

Esta nova concepção de trabalhar a Geografia em sala de aula direcionou uma postura

dessa ciência para um maior envolvimento com as leituras do cotidiano, bem como à

construção de conceitos científicos pertinentes desse saber, como lugar, paisagem, território,

região e espaço geográfico. Neste contexto, pode-se observar uma consolidação da

Geografia Escolar com as leituras e análises espaciais, promovendo assim uma aproximação

�239

Page 240: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

mais construtiva com a própria linguagem cartográfica. Isso pode ser analisado a partir de

documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Geografia, nas

orientações e produções dos livros didáticos desta disciplina escolar e no próprio discurso

acadêmico, que vem valorizando gradativamente a articulação da Geografia com a leitura e a

produção de mapas.

É possível considerar estes fatos como um avanço no trabalho didático-pedagógico

de Geografia na escola. A própria Cartografia Escolar, que no início estava ocupada somente

em possibilitar ao aluno a aprendizagem dos signos, elementos e conteúdos do mapa, pôde

ampliar suas análises na perspectiva de reconhecer a necessidade de pensar o mapa para

além das suas estruturas e convenções normativas. É o que os pesquisadores, como Castellar

(2011) e Breda (2017), destacam como processo de alfabetização e letramento cartográfico.

Por outro lado isto não significa dizer que houve uma superação de uma abordagem da

Cartografia, mas pelo fato desta linguagem estar mais integrada às práticas escolares de

Geografia houve a possibilidade de construir novas leituras e propostas. Portanto, existe

autalmente na Cartografia Escolar duas abordagens bem distintas e que vêm contribuindo

significativamente para a Geografia que se pratica na escola: a Cartografia Clássica e a

Cartografia Social . 51

Estas duas abordagens veem se consolidando e promovendo fortemente uma

contribuição no processo de ensino-aprendizagem de Geografia no que tange ao

desenvolvimento do pensamento espacial, considerado por alguns pesquisadores como

Aguirre (2004), Duarte (2016) e Juliasz (2017) de fundamental importância para a

compreensão dos alunos.

Por outro lado, se reconhece que essas contribuições teórico-metodológicas não

chegam de modo equivalente em todas as salas de aula de Geografia. Para Buitoni (2010) e

Albuquerque (2011) esta situação é resultado de um processo histórico que caracterizou o

Por Cartografia Clássica entende-se os estudos pioneiros no Brasil sobre a Cartografia Escolar que tinham como 51

perspectiva colaborar para a aprendizagem dos conteúdos do mapa, caracterizando-se por uma abordagem cartesiana. Enquanto que a Cartografia Social está apoiada fortemente na concepção de pensar o mapa como uma linguagem carregada de intenções, ideias, e superando uma perspectiva de neutralidade. Ou seja, na intenção de que o mapa possa vir a ajudar na construção uma leitura de mundo, superando a concepção da Cartografia como neutra ou isenta de intencionalidade.

�240

Page 241: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ensino de Geografia e ainda hoje está presente, tendo o desafio de romper com situações

consideradas limitantes em relação ao trabalho escolar dessa ciência, como as ações

mnemônicas, a fragmentação do espaço e a negligência do mapa.

É possível observar que esses desafios não são exclusivos de uma sociedade. Tanto

pesquisadores brasileiros como espanhóis relatam a ocorrência desses problemas em seus

respectivos países como contextos a serem superados no ensino de Geografia. Assim, ao

mesmo tempo em que são identificados os avanços nos estudos sobre a Geografia Escolar,

torna-se necessário ser realista e observar também a importância de promover investigações

que possam contribuir efetivamente com essa disciplina na escola.

De todos os desafios destacados anteriormente, os estudos a respeito da superação

da negligência do mapa tem se destacado significativamente. Pois, se reconhece que houve

uma melhora perceptível no trabalho de Geografia Escolar articulado com a linguagem

cartográfica no Brasil nos últimos anos, como foi apontado anteriormente. Mas ainda pode-

se identificar situações que são consideradas entraves para permitir o efetivo avanço, como

uma maior articulação das diferentes abordagens da Cartografia Escolar na perspectiva de

contribuir com a construção do pensamento espacial. Por isso, considera-se importante

conhecer outras experiências e investigações que vêm se ocupando em valorizar a

linguagem cartográfica ou o pensamento espacial nas práticas escolares de Geografia, como

é o caso de alguns pesquisadores: De Miguel (2011), García de la Vega (2014), Buzo Sánchez

(2016) e Hernández (2016).

Assim, é possível citar como exemplo o estudo de Breda, García de la Vega & Straforini

(2016) que indicam o destaque que o currículo de Geografia na Espanha dá para a ensino

dos conteúdos cartográficos ao longo dos primeiros anos (Educación Primaria). Esses autores

identificaram diversos conhecimentos e saberes do campo da Geografia e da Cartografia

que são valorizados no desenvolvimento das competências e habilidades dos alunos nessa

fase da escolarização.

Este destaque aos conteúdos da Cartografia Clássica no trabalho escolar de Geografia

também é perceptível nas análises de Macía Arce, Rodrígues Lestegás & Armas Quintá

(2016). Para esses pesquisadores existe no currículo espanhol uma presença e referência

�241

Page 242: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

mais consolidada aos conhecimentos cartográficos relacionados a perspectiva cartesiana,

principalmente no que se refere ao ensino de plantas, mapas e da escala cartográfica.

A Cartografia Escolar nas aulas de Geografia na Espanha: leituras preliminares

A partir das entrevistas realizadas com os quatro docentes espanhóis foi possível

identificar, preliminarmente, alguns contextos que explicitam o trabalho de Geografia e sua

articulação com o ensino do mapa. Contudo, é importante destacar que por mais que seja

utilizada a referência da Espanha como país de origem desses professores, em momento

algum deve-se tomar essas leituras como generalizantes. Por se tratar de um estudo de caso

as situações que foram investigadas são específicas das respectivas realidades, ou seja, do

trabalho relativo a somente quatro professores de instituições de ensino em Madrid.

Portanto, não podem ser consideradas como padrão para todo o contexto espanhol.

Assim, a seguir serão apresentadas algumas ideias e concepções que foram

observadas nas entrevistas com os quatro docentes em Madrid.

Ensinar Geografia é trabalhar com mapas. A primeira pergunta do questionário relativa

às práticas escolares solicitava que os professores relatassem como eles desenvolviam seu

trabalho de Geografia em sala de aula. A partir das respostas foi possível observar que em

praticamente as quatro entrevistas os docentes fizeram menção, direta ou indiretamente, que

o trabalho de Geografia na escola está associado com o uso do mapa. Esta situação foi

considerada pertinente por ter sido recorrente nas quatro entrevistas. Além disso, foi

perceptível observar como o mapa ganha importância e destaque nas práticas escolares. Os

quatro professores sempre tinham experiências ou exemplos de atividades para relatar e

contextualizar sobre seu trabalho. Isto foi muito marcante no discurso desses docentes.

Bem, uma das coisas que fazemos é sobretudo que aprendam a utilizar um atlas. Ou seja, um recurso onde que eles devem buscar informações folheando este livro. Outra coisa que fazemos é trabalhar também o globo terrestre, trabalhar com mapas murais, a partir de temas de escala, de orientação, de localização, e trabalhamos também planos e mapas da Comunidade de Madrid […]. (PMEF)

�242

Page 243: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Cartografia como conteúdo e não como linguagem. Ao longo das entrevistas foi

possível reconhecer que os professores valorizam mais a Cartografia como conteúdo do que

como linguagem em suas práticas escolares. Esta situação foi observada em todas as

entrevistas a partir do seguinte contexto, sempre que os docentes faziam referência ao

trabalho com a Cartografia nas aulas de Geografia eram destacados os elementos e

conteúdos básicos para a aprendizagem do mapa, como a escala gráfica e numérica, a

projeção cartográfica, a orientação, a legenda, etc. O destaque a esta abordagem era

recorrente sempre quando eram questionados sobre como desenvolviam o trabalho de

Geografia articulado com o mapa.

Utilizamos desde diferentes tipos de projeções geográficas, por exemplo, para trabalhar o tema dos mapas e as escalas. Para que os alunos do primeiro ano de pedagogia compreendam o que se supõe sobre os distintos tipos de projeção. E as implicações que possuem nas representações do espaço. Por exemplo, o aumento do tamanho dos países situados na parte superior do hemisfério em relação a projeção de Mercator, ou os problemas que existem para a utilização de planos usando as escalas por parte dos alunos. Quer dizer, o conceito de escala, o conceito de grande e pequena escala […](PMES)

Estas análises preliminares dão indícios da importância que o mapa tem como

discurso e também como recurso didático para as aulas de Geografia. Foi perceptível o

reconhecimento por parte dos professores da contribuição e do papel da Geografia em

ensinar a utilizar o mapa. Contudo, este trabalho está mais voltado para a leitura e análise do

que para o processo de construção da linguagem cartográfica.

Como se tratam de leituras iniciais é reconhecido que qualquer conclusão prévia pode

ser perigosa. Por hora são indicativos de como os quatro professores espanhóis realizam seu

trabalho. Todavia, as análises ganharão corpo e qualidade ao serem finalizadas e

interpretadas em comparação com as entrevistas dos docentes brasileiros.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Maria Adailza Martins de. Dois momento na história da Geografia escolar: a Geografia clássica e as contribuições de Delgado de Carvalho. In: Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 01, n. 02, jul-dez, 2011. p. 19-51. Disponível em: http://www.revistaedugeo.com.br/ojs/index.php/revistaedugeo/article/view/29/31 Acesso em 10 de fev. de 2017

�243

Page 244: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001. BUITONI, Marísia Margarida Santiago. Geografia: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2010. BUZO SÁNCHEZ, Isaac. Introducción de la Cartografía colaborativa en educación secundaria. In: Anales de XI Congreso Nacional de Didáctica de la Geografía. Sevilla: AGE, 2016. p. 129-140. BREDA, Thiara Vichiato. “Por que eu tenho que trabalhar lateralidade?”: experiências formativas com professoras dos anos iniciais. Tese de Doutorado. Campinas: Instituto de Geociências, 2017. BREDA, Thiara V.; GARCÍA DE LA VEGA, Alfonso & STRAFORINI, Rafael. Raciocínio espacial no ensino de Geografia: uma análise da Cartografia nos documentos curriculares da Espanha e Brasil. In: ALCARAZ, R.S. & MONLLOR, E.M.T. (orgs.). La investigación e innovación en la enseñanza de la Geografia. Alicante: Universidad de Alicante, 2016. p. 899-913. CASTELLAR, Sônia Maria V. Cartografia Escolar e o pensamento espacial fortalecendo o conhecimento geográfico. In: Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 07, n. 13, jan./jun. 2017. p. 207-232. DE MIGUEL. Rafael. Visores cartográficos y sistemas de información geográfica para la enseñanza y el aprendizaje de la Geografía en educación secundaria. In: DELGADO, J.; DE L ZARO, M.L. Y MARRÓN, M.J. (coord.). Aportaciones de la Geografía en el aprendizaje a lo largo de la vida. Málaga: Universidad de Málaga y Grupo de Didáctica de la Geografía (AGE), 2011. pp. 371-388. GARCÍA DE LA VEGA, Alfonso. El pensamiento crítico en el análisis e interpretación de las representaciones sociales del paisaje. In: MEDINA, R.M. & MONLLOR, E.M.T. (orgs.). Nuevas perspectivas conceptuales y metodológicas para la educación geográfica. Córdoba: AGE, 2014. p. 93-108. GIRARDI, Gisele. Mapas alternativos e educação geográfica. In: Revista Percursos. Florianópolis, v. 13, n. 02, p 39 – 51, 2012. HERNÁNDEZ, Laura Daniela. Geografía de la percepción: un ejercicio práctico de la enseñanza de la Geografía en la educación media. In: Anales de XI Congreso Nacional de Didáctica de la Geografía. Sevilla: AGE, 2016. p. 590-600. JULIASZ, Paula Cristiane Strina. O pensamento espacial na educação infantil: uma relação entre Geografia e Cartografia. São Paulo: FEUSP, 2017. MACÍA ARCE, Xosé Carlos; RODRÍGUEZ LESTEGÁS, Francisco & ARMAS QUINTÁ, Francisco Xosé. La Cartografía temática como recurso didáctico en los procesos de enseñanza y aprendizaje de las ciencias sociales para a Educación Primaria. In: Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 6, n. 11, jan-jun, 2016. p. 428-438. Disponível em: http://www.revistaedugeo.com.br/ojs/index.php/revistaedugeo/article/view/384/200 Acesso em 10 de fev. 2017 PEZZATO, João Pedro. Formação docente e geografia escolar: um estudo de caso entre Brasil e Espanha. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. RICHTER, Denis. A linguagem cartográfica no ensino de Geografia. In: Revista Brasileira de Educação em Geografia, v. 07, n. 13, jan./jun. 2017. p. 277-300. SEEMANN, Jörn. Mapas, mapeamentos e a cartografia da realidade. In: Revista Geografares. No. 04. Vitória: EDUFES, 2003. p. 49-60. SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Cartografia no ensino fundamental e médio. In: CARLOS, A. F. A. A (org.). Geografia em sala de aula. São Paulo: Contexto, 1999. p. 92-108. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e método. Porto Alegre: Bookman, 2005.

�244

Page 245: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

HACIA EL DESARROLLO DEL PENSAMIENTO CRÍTICO EN LA FORMACIÓN INICIAL DEL PROFESORADO EN GEOGRAFÍA Y

CIENCIAS SOCIALES

María Raquel Pulgarín Silva Universidad de Antioquia.

[email protected] Rocío del Pilar Posada López

Universidad de Pereira [email protected]

Ángela Henao Fernández Universidad de Pereira

[email protected] Grupo de investigación:

Didáctica de la Educación Superior. Línea Didáctica de la Geografía. Universidad de Antioquia. Medellín. Colombia.

RESUMEN: El presente texto se origina en los avances del proyecto de investigación desarrollado 52

por las autoras en el marco del Doctorado en Didáctica de las Ciencias Sociales. El objeto de análisis es el programa de formación de maestros en la Licenciatura de Ciencias Sociales en la Universidad de Caldas. En particular, busca ser un estudio comprensivo sobre los fundamentos básicos de una propuesta didáctica que posibilite el desarrollo del pensamiento crítico de los maestros en formación. Investigación que propende por incentivar nuevas formas de enseñar y aprender lo social, donde la búsqueda, organización, interpretación y el posicionamiento sobre la información, se constituyan en elementos básicos y desarrolladores del pensamiento. El objetivo general, es fundamentar una propuesta didáctica desde la perspectiva de la investigación formativa y los estudios del contexto territorial con miras a incentivar el desarrollo del pensamiento crítico en los futuros licenciados. La ruta metodológica se fundamenta desde Galeano, E (2012), Stake (2007), Yin, (2003), Strauss; Anselm & Corbin, J. (2002), como un modelo teórico y metodológico que permite al investigador combinar métodos y técnicas, que facilitan la comprensión del tema que se investiga. Específicamente se trabaja con la teoría fundamentada y la metodología de estudio de caso, con el fin de comprender el problema planteado desde los actores sociales de la comunidad académica en

Desarrollo del pensamiento crítico desde la investigación formativa en la formación de licenciados en ciencias 52

sociales en la Universidad de Caldas.

�245

Page 246: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

particular y, la unidad de análisis son seis (6) docentes y el grupo de estudiantes de VIII semestre del programa de licenciatura.

PALABRAS CLAVE: formación inicial del profesorado, enseñanza de las ciencias sociales, geografía escolar, pensamiento crítico.

INTRODUCCIÓN

Preguntarse por el cómo promocionar el pensamiento crítico en la formación inicial de

licenciados en ciencias sociales, se ubica en un problema mayor de la educación superior,

como lo es el que la universidad deje de ser receptora y transmisora de conocimientos para

convertirse, como lo señala Castro (2008:13), en una universidad que forma profesionales en

una cultura hacia la producción de nuevos conocimientos, de manera que les permita pensar,

descubrir y construir sus propios conocimientos para hacer frente a los problemas cotidianos

que aquejan su entorno social y económico, ofreciendo posibles soluciones.

Las tendencias de un momento histórico como el de la sociedad de la información y/o

del conocimiento en el cual estamos sumergidos en la actualidad, aboga por nuevas

metodologías, por nuevas formas de construir, conservar y transmitir el conocimiento, más

acorde con la naturaleza del saber que se enseña. En nuestro caso, no es posible enseñar

ciencias sociales sin fundamentar lo que se enseña y enseñar a pensar críticamente, es decir

a transformar el conocimiento. Esto significa que debe potenciarse no sólo el desarrollo de

unas destrezas cognitivas (interpretar, analizar y evaluar) sino a enseñar a pensar

críticamente. Lo cual implica, sin duda, el desarrollo de la capacidad analítica desde una

perspectiva más amplia, es decir, propiciar espacios de diálogo, de conflicto y de

intercambio con la tradición, con todo el compendio de autores y teorías que integran las

ciencias sociales para desarrollar en los estudiantes habilidades argumentativas. Al respecto,

Facione (2007: 8), señala que el pensador crítico ideal se puede caracterizar no sólo por sus

habilidades cognitivas, sino también, por su manera de enfocar y vivir la vida. Es decir, pensar

críticamente no sólo para su desempeño en la vida escolar, sino en todas las esferas de la

vida cotidiana.

Esto nos lleva a pensar en perspectivas pedagógico - didácticas como la investigación

formativa y el estudio del contexto territorial. La primera, sugiere integrar la investigación y la

�246

Page 247: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

docencia. Investigación formativa entendida como herramienta en los procesos de

enseñanza y de aprendizaje con miras a difundir información existente y contribuir a que el

estudiante la incorpore como conocimiento (aprendizaje). Para Restrepo, B. (2003), una forma

de trabajar la investigación formativa es a partir del trabajo de los estudiantes con el profesor

en el aula de clase, aprendiendo a formular problemas y proyectos, a idear hipótesis, a

diseñar rutas metodológicas, a saber recopilar información, a procesar datos, a discutir,

argumentar, interpretar, inferir y defender resultados. Es decir convertir la escuela en lugar de

aprendizaje, enseñando a buscar la verdad (no como última interpretación) sino desde el

desarrollo de habilidades de razonamiento, aprendiendo de las lecciones que nos deja la

historia del conocimiento para producir otras interpretaciones que contribuyan a ver el

mundo como un abanico de posibilidades y asumirse en un espacio más libre y plural.

La investigación formativa en los programas de formación inicial se torna una

perspectiva importante, al permitir a los futuros licenciados debatir desde la propia

búsqueda, los desarrollos teóricos y avances de las disciplinas científicas en las que se

forman. Dado que, de acuerdo con Hernández, C. (2003: 186), son notables los cambios en

las profesiones y las disciplinas que resultan del vertiginoso desarrollo científico y

tecnológico que aporta nuevas interpretaciones (nuevas teorías, nuevos conceptos, nuevos

lenguajes) y nuevas estrategias de trabajo (nuevas herramientas, nuevas formas de

organización, nuevas relaciones en el espacio de la producción). Frente a este reto, es

necesario asumir una reflexión permanente de los procesos de formación y de las

capacidades de aprendizaje permanente que es necesario desarrollar para ofrecer a los

futuros profesionales alguna probabilidad de éxito.

La segunda, estudio del contexto territorial, se ubica en la necesidad de hacer

pertinente y situado el conocimiento que se busca promover en el profesorado. Esto es, de

acuerdo con Gutiérrez, A & Pulgarín, R (2009), una invitación a formar profesionales

conscientes, renovados, democráticos, participativos, sociales, políticos, activos y críticos,

dispuestos a ejercer una nueva ciudadanía. Y es ahí donde los estudios del territorio, desde

el proceso docente, se convierten en una oportunidad de formar en, para y sobre

ciudadanía, lo cual incluye la instrucción, el desarrollo y la educación en contexto. Estudiar el

territorio con intencionalidad formativa permite hacer realidad la investigación como base de

�247

Page 248: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

la enseñanza (Stenhouse, L. 1998), donde los profesionales adquieran la capacidad para

transformar la realidad cotidiana, conociéndola. Esto no es otra cosa que la promoción de

una educación con sentido (Pulgarín, 2013), la cual implica procesos de formación situados,

en la interrelación: territorio, educación y ciudadanía, los cuales requieren ubicarse en el

tiempo y en el espacio.

Los estudios del contexto territorial en un proceso de formación del profesorado en

geografía y ciencias sociales, son una oportunidad de poner en práctica o llevar a la

aplicación, aquellas teorías y conceptos propios de estas disciplinas, en la lectura de los

espacios contemporáneos, desde situaciones problema o “cuestiones socialmente vivas” 53

que requieren: preguntarse, rastrear, analizar e interpretar información, debatir, construir y

argumentar explicaciones sobre el problema elegido. Y es ahí donde confluyen los estudios

del territorio con la investigación formativa como un proceso a desarrollar en el aula de

clase. Estas dos perspectivas, la investigación formativa y los estudios del contexto territorial,

hacen de la formación de licenciados un proceso intencionado y consciente en el que es

posible aprender juntos, del y con el otro y en especial, hace posible desarrollar el

pensamiento crítico.

En este sentido y de acuerdo con Reeder (2009), la investigación formativa permite,

“escuchar al otro” exige la posibilidad de evaluar lo que dice, lo que pretende con lo que dice, la verdad de lo que dice, etc.; pero, igualmente, exige que para expresar el punto de vista propio y para hacerlo valer en la construcción del sentido compartido se argumente con cuidado y se exprese con precisión el propio pensamiento. Y como el pensamiento propio de cada individuo existe como parte vivida del desarrollo intersubjetivo e histórico del ser humano, el pensamiento crítico incluye las estructuras públicas de la comunicación y de la argumentación, en las cuales las ideas (y de esas, las leyes) se manifiestan y se modifican en el proceso de compartir y debatir afirmaciones sobre el mundo de la vida y su praxis”. (p.31).

Que de acuerdo con Pagés, J. & Santisteban, A. (2011), como temas controversiales que ayudan al profesorado en 53

la actualidad, a motivar al alumnado y fomentar en él la reflexión y el pensamiento social y crítico sobre la realidad que le rodea.

�248

Page 249: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Esto a su vez permite, retomando a Gutiérrez, A & Pulgarín, R (2009), formar docentes

críticos, conocedores de su entorno en tanto poseen la capacidad crítica propia de la

reflexividad asociada a la praxis que les hace ser más conscientes del propósito de la

existencia: “conquistarse, hacerse más uno mismo, y conquistar el mundo, hacerlo más

humano” (Freire, 2005: 19) y, al tiempo, procurar ser más humanos.

1. Formación inicial del profesorado en Geografía y Ciencias Sociales en Colombia

La formación de docentes en ciencias sociales en Colombia, está a cargo de las

universidades, tanto de carácter oficial como privado. Son programas que presentan una

duración entre 12 y 8 semestres académicos, según la modalidad de trabajo que utilicen en

el desarrollo del plan de estudios: unos privilegian las metodologías presenciales, algunos la

modalidad virtual y otros la modalidad a distancia (tradicional -semipresencial), siendo estos

últimos los de mayor duración. Son programas que procuran ajustarse a los requerimientos

curriculares planteados por el Ministerio de Educación Nacional –MEN-, para la educación

básica y media.

Hasta el año 2000, en Colombia los programas de licenciatura en ciencias sociales, ofrecían

un currículo bi-disciplinar otorgando el título de licenciado en Geografía e Historia, o

licenciado en Historia y Filosofía, siendo el estudiante el que definía el énfasis de la disciplina

al elegir el mayor número de créditos, en una u otra.

Asimismo en el país se ha privilegiado el pensar históricamente más que

geográficamente, lo cual puede explicarse en una mayor tradición de formación de

historiadores en nuestras universidades y lo reciente de la creación del programa de

formación propiamente de geógrafos, la cual data de 1992. Antes de esta fecha y desde

1954, la formación en geografía se daba de la mano de la educación, es decir se formaba

para enseñar geografía o historia. Recientemente, con el surgimiento de las carreras en

Antropología, Sociología y Psicología, entre otras ciencias sociales, se ha promovido la

formación desde el concepto de área, desde una visión interdisciplinaria.

Actualmente existen debates con respecto a los componentes que deben

incorporarse en los programas de formación de maestros, como lo señala Posada, R (2009),

en especial, lo relacionado con los conocimientos necesarios para la enseñanza. Discusiones

�249

Page 250: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

que se centran en dos aspectos como, el divorcio existente entre la disciplina a enseñar y la

pedagogía; y la pertinencia y eficacia de los saberes pedagógicos, toda vez que los docentes

del área disciplinar (Ciencias sociales, Geografía, historia...) la consideran poco relevante

y dan mayor trascendencia a la disciplina a enseñar, que si bien es fundamental y necesaria

para los maestros, también se requiere del conocimiento didáctico, curricular y pedagógico.

Sin embargo, el encuentro entre estos dos componentes de la formación, es escaso.

Investigaciones recientes, como la de Loaiza (2010) y Torres (2014), plantean la

necesidad de fortalecer en los programas de formación inicial de docentes, el desarrollo del

pensamiento crítico, mediante elementos controversiales que permitan desarrollar

habilidades de argumentación y promover la autonomía de los estudiantes. Es decir, hoy se

reconoce la necesidad de concebir la formación de maestros desde una visión amplia que

desborde los saberes disciplinares específicos que tradicionalmente se han privilegiado y

que le dé un estatus adecuado a saberes de orden epistemológico, pedagógico, contextual y

personal, de ahí que se asume para la formación inicial, abordar el pensamiento crítico

como una necesidad para que los futuros maestros estructuren una manera de pensar

propia, capaz de tomar posiciones frente a las situaciones sociales que viven y tener un papel

activo en las decisiones culturales y científicas.

Los lineamientos curriculares para las Ciencias Sociales del Ministerio de Educación

Nacional –MEN- (2002), igualmente plantean la articulación de las Ciencias sociales que se

enseñan desde la incorporación de situaciones de la vida cotidiana de los seres humanos

(violencias, problemas ambientales, espaciales, de la cultura, etc.), las cuales desbordan los

marcos interpretativos de las disciplinas; por tanto requieren de la integración de saberes,

miradas transdisciplinares que ofrezcan respuestas contextualizadas a los problemas y

exigencias de la sociedad. Lo cual, genera nuevos retos a la enseñanza de la geografía y de

las Ciencias Sociales escolares. Al respecto, Velasco (2014), expresa la necesidad de ampliar

horizontes y miradas de los procesos sociales y propone un pensamiento abierto y dispuesto

a cambios de la realidad, a contribuir con la generación de nuevas percepciones y construir

reflexiones que promuevan la relación del espacio y tiempo, como momentos de la

historicidad del ser humano.

2. La formación de licenciados en la Universidad de Caldas

�250

Page 251: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

El programa de Licenciatura en Ciencias Sociales en esta universidad, lleva más de

cuatro décadas aportando al proceso de formación de maestros, en este trayecto se han

presentado algunas transformaciones en su estructura curricular y cambios en la

denominación, dando respuesta a los requerimientos no sólo desde ICFES y el MEN, sino a 54

las dinámicas sociales, políticas, económicas y culturales de la sociedad. Actualmente el

Programa continúa con esta denominación de Licenciatura en Ciencias Sociales y desde

1996 se ajustó la duración del programa de 8 semestres a 10; se confirman como objetivos:

generar y difundir el conocimiento que responda a las necesidades de la sociedad global, en

dirección de la política curricular de la Universidad, la cual plantea como objeto de la

Licenciatura en Ciencias Sociales:

La formación de profesionales de la Educación en la enseñanza – aprendizaje, investigación y proyección de lo relacionado con la pedagogía, la didáctica y el Currículo del área de Ciencias Sociales. Tanto en el campo de la educación básica, media, superior, educación no formal; como instituciones estatales o privadas en donde se maneje el componente educativo del citado campo disciplinar (Acuerdo 029).

Concepción desde la cual se pretende promover la formación de un profesional del

área de las Ciencias Sociales crítico, que interprete la realidad social, privilegiando la

investigación como posibilidad de reconocer problemáticas y desde allí generar alternativas

de cambio, aprovechando el aula y el contexto educativo como laboratorios sociales y

culturales, que permiten generar, desde la investigación, nuevos desarrollos teóricos. Y

superar así un currículo tradicional (Díaz, V. 2002), o de racionalidad técnica (Pagés (2002), el

cual está organizado por asignaturas, entendidas como unidades que agrupan los

contenidos, resultado de la selección y recontextualización a partir de los conocimientos

especializados de las disciplinas, que en la mayoría de los casos permanecen aisladas unas

de las otras, con jerarquías diferentes que, por lo general, son promovidas por los profesores.

Situación que hace necesario superar la rigidez de las estructuras curriculares de los

programas, la dicotomía entre la formación científica y la pedagógica así como dejar de

ICFES -Instituto Colombiano para el Fomento de la Educación Superior- 54

�251

Page 252: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

privilegiar en la enseñanza la transmisión de conocimientos y de concebir al profesor como

especialista o experto en la disciplina, restando importancia al campo pedagógico y

didáctico.

METODOLOGÍA

El proceso de investigación que se viene desarrollando, se concibe como una práctica

y un proceso continuo, reflexivo y crítico que busca descifrar significados y construir saberes

acerca del cómo promocionar el desarrollo del pensamiento crítico desde el proceso de

formación inicial de los maestros en ciencias sociales, en particular desde la lectura del plan

de formación de la licenciatura en la Universidad de Caldas. Con la finalidad de fundamentar

una propuesta didáctica que promueva el desarrollo del pensamiento crítico. Para ello se

optó en la construcción de la ruta desde el enfoque cualitativo, entendido según Galeano

(2012, p.20) como un proceso mediante el cual se busca la comprensión de la realidad

social, resultado de un proceso histórico de construcción a partir de la lógica de diversos

actores sociales, con una mirada desde adentro y rescatando la singularidad y las

particularidades propias de los procesos sociales. Es además un proceso de ir y volver de la

teoría a la práctica, resignificando cada vez a medida que se avanza en la construcción del

estado del arte y en la fundamentación conceptual del problema planteado.

En correspondencia con los objetivos propuestos se trabaja desde la perspectiva de la

metodología de estudio de caso según Stake (2003) y Yin (2007). Se plantea como unidad de

trabajo el pensamiento crítico y como unidad de análisis 6 docentes y 6 estudiantes de VIII y

IX semestre del programa de Licenciatura quienes realizan su práctica educativa. Asimismo,

se proponen unos momentos de encuentro con los profesores y estudiantes, que

corresponden en primer lugar al análisis descriptivo sobre cómo se fundamentan sus

prácticas de enseñanza desde las Ciencias Sociales y la geografía. En segundo lugar, una

fase de conceptualización desde la construcción de un estado del arte, seguido del

momento de significación, que comprende inicialmente el planteamiento y la discusión con

el colectivo de docentes, de los fundamentos de una propuesta didáctica para el desarrollo

�252

Page 253: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

del pensamiento crítico, desde la investigación formativa y el estudio del contexto territorial,

que podrá ser aplicada por parte de los estudiantes en los centros de práctica.

A nivel de estrategias metodológicas se consideran: grupo focal, la entrevista a

profundidad y la observación participante, con las cuales se busca conocer la opinión y la

perspectiva de los sujetos participantes en el proceso. En el caso de las fuentes empíricas se

recurre al trabajo de campo para reconocer la dinámica de la realidad social, en este se

resalta la identificación de los ambientes del sitio que son significativos como por ejemplo el

aula de clase. La interpretación de estos registros de campo, se piensan desde el análisis de

discurso, que emerge como una posibilidad de dar voz a los docentes y estudiantes

participantes en el proceso investigativo. Desde los avances en la investigación, se han

construido como categorías conceptuales: formación inicial, didáctica de las ciencias

sociales, pensamiento crítico, investigación formativa, entre otros.

3. Enseñanza de la geografía en el contexto de las Ciencias Sociales

En las últimas décadas la geografía vive una renovación conceptual y metodológica, lo

que puede contribuir a superar el papel marginal que ha tenido en el conjunto de las

ciencias sociales escolares, al ser limitada a describir lugares y a registrar pasivamente los

fenómenos en un mapa. Hoy, la geografía estudia y desarrolla el complejo sistema de la

dinámica de las relaciones espaciales, su peculiaridad, la tendencia evolutiva y los problemas

que ésta genera; también examina la organización espacial de los territorios y la relación

entre la naturaleza y la sociedad, en la búsqueda de alternativas para mejorar la calidad de

vida de la población. Lo cual hace a la geografía una disciplina integradora en el aprendizaje

de lo social que demanda ampliar horizontes y miradas del espacio, donde se propone un

pensamiento abierto y dispuesto a cambios de la realidad, a contribuir con la generación de

nuevas percepciones y construir reflexiones que promuevan la relación del espacio, tiempo y

cultura, como momentos de la historicidad del ser humano.

1. La formación inicial de maestros

�253

Page 254: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Diferentes autores, han planteado la formación inicial de maestros, entre ellos

González (2011: 105), como el momento en el cual se intenta proporcionar el conjunto de

conocimientos que le permitan al futuro profesor diseñar, materializar y evaluar procesos de

enseñanza y aprendizaje. Otros autores como Tosar, B.; Santiesteban, A. J. y Pagés. (2016),

Flórez (2015); plantean que el proceso de formación requiere hacer una revisión crítica

permanente para superar racionalidades instrumentales y promover enfoques más

comprensivos y críticos que vinculen una enseñanza comprensiva desde contenidos y

metodologías novedosos, para que el profesor supere la perspectiva enciclopédica

convirtiéndose en un intelectual que comprende la lógica histórica de lo que enseña y las

dificultades que ésta ha tenido en su conformación como disciplina.

Al respecto, Cavalcanti, L. (2012: 29), considera necesario para un ejercicio

competente y comprometido del magisterio, una constante formación como profesional

crítico-reflexivo, dispuesto a practicar la interdependencia entre acción y reflexión en su

práctica de enseñanza. Una formación y un trabajo profesional consistente, que propicie en

el profesor seguridad para tratar los temas disciplinares, analizar la sociedad contemporánea,

sus contradicciones y transformaciones; comprender el proceso histórico de construcción

del conocimiento, sus avances, límites; y a comprender que su presencia en la escuela no es

neutral, ni injustificada; por el contrario, debe estar presente en la escuela con propósitos

pedagógicos bien definidos y consciente.

Es decir, la formación inicial en ciencias sociales hoy, requiere de una fuerte

fundamentación conceptual tanto en los saberes pedagógicos como en las disciplinas

sociales, pero ante todo una formación comprometida con el conocimiento y la

transformación del mundo social.

4.2 El pensamiento crítico en la educación

Si bien definir el pensamiento crítico es algo difícil, varios autores coinciden en

reconocer que éste se puede concebir como un proceso humano complejo, en el que

intervienen ciertas habilidades cognitivas, mentales e intelectuales asociadas directa e

indirectamente a las disposiciones y/o actitudes de las personas, a sus experiencias de vida y

�254

Page 255: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

a la manera como estas enfocan sus vidas (Torres, 2012, p. 2). No es un tema nuevo pero ha

reaparecido con gran fuerza gracias al desarrollo reciente de la didáctica, que permite

comprenderlo mejor. Su génesis y desarrollo tiene bases multidisciplinarias, de modo que se

pueden reconocer varias tradiciones o esferas disciplinares relacionadas: Educación y

pedagogía que se ocupa del problema de la formación; Didáctica que se ocupa de los

procesos de enseñanza y de aprendizaje y en Psicología que se ocupa de la conducta, la

mente y en ésta del pensamiento en general.

De acuerdo con Boisvert (2004), el pensamiento crítico es una necesidad de formación

en el ser humano y la educación debe contribuir a su desarrollo desde el currículo. Por su

parte, Hawes (2003), expresa como el pensamiento crítico se refiere a un conjunto de

capacidades y actitudes interdependientes orientadas hacia la valoración de ideas y

acciones…. es un planteamiento intelectual producto de análisis, interpretaciones y

problematizaciones racionales acerca de las manifestaciones de la realidad, sus fenómenos,

situaciones e ideas, para generar cuestionamientos, juicios y propuestas orientadas a la

promoción de cambios y transformaciones en beneficio de la humanidad.

Diversas investigaciones sobre el pensamiento crítico en la formación inicial de

maestros, coinciden en expresar que estos programas requieren estructurar su plan

curricular y planes de trabajo en el aula, con el fin de contribuir al desarrollo del juicio crítico

mediante el ejercicio de la argumentación, toma de decisiones y resolución de problemas

como expresiones de logro en cuanto al pensamiento racional.

A manera de síntesis,

Al pensar el programa de formación inicial del profesorado en ciencias sociales en

Colombia y, en la perspectiva de fomentar el desarrollo del pensamiento crítico;

compartimos la consideración de teóricos, como Boisvert (2004), Hawes (2003) y Facione

(2007), entre otros; que presentan como punto de partida para lograrlo, desarrollar la

competencia de la argumentación, la cual permite a los estudiantes formular y evaluar

información relevante apoyada en evidencias y convertirse en personas autónomas y críticas

ante el conocimiento. Es posible hacerlo realidad desde perspectivas teóricas como la

�255

Page 256: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

investigación formativa y los estudios del contexto territorial, en las cuales se pondera la

importancia de una dialéctica socioespacial, un “giro espacial” en el pensamiento y

comprensión de los fenómenos sociales, como lo planteara Soja (2014). Otorgando a la

geografía el potencial de disciplina integradora en la enseñanza y el aprendizaje de las

ciencias sociales. En este sentido, con la realización de este trabajo esperamos fundamentar

nuevas maneras de formar licenciados en ciencias sociales, desde la apuesta por

comprender el espacio como un componente básico en la comprensión de diferentes

problemas sociales relevantes –cuestiones socialmente vivas.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Boisvert, J. (2004). La formación del pensamiento crítico: teoría y práctica. México: Fondo de Cultura Económica. Bolaños T., B. (2012) Pensamiento crítico: formar para atreverse. Universidad de San Buenaventura. Castro L, S. (2008). La investigación formativa en la Universidad de Manizales y proyección en su entorno económico y social. Manizales. Recuperado el noviembre de 30 de 2017, de http://ridum.umanizales.edu.co:8080/xmlui/handle/6789/92 Campoy Aranda, T. y Gómez Araujo E. (2009). Técnicas e instrumentos cualitativos de recogida de datos© Editorial EOS. Cavalcanti, L. (2012). La geografía escolar en Brasil y desafíos para la práctica de la enseñanza. En Revista Geoenseñanza. Vol. 17, 2012 (1) enero - junio / p. 23-38 / ISSN 1316-6077 Díaz Villa, M. (2002). Flexibilidad y Educación Superior en Colombia. Bogotá: ICFES.

Facione, P. (2007). Que es el pensamiento crítico y por qué es importante?. En: http://www.eduteka.org/PensamientoCriticoFacione.php Freire, P., (2005). La educación como práctica de la libertad, 11.a ed., traducción por Lilian Ronzoni, Madrid, Siglo XXI. Galeano M., E. (2012).  Estrategias de investigación social cualitativa. El giro en la mirada. Medellín: La Carreta Editores. González, G. y Santisteban, A. (2014). Una mirada a la investigación en didáctica de las ciencias sociales. Manizales: Universidad de Caldas. Revista Latinoamericana de Estudios Educativos, 10 (1). 7-17. Gutiérrez, A. & Pulgarín, R. (2009). Formación ciudadana: ¡utopía posible!, Revista Educación y Pedagogía, Medellín, Universidad de Antioquia, Facultad de Educación, vol. 21, núm. 53, enero abril, pp. 33-48. Hawes, G. (2003). Pensamiento crítico en la formación universitaria. Universidad de Talca. Documento de trabajo Proyecto Mecesup. Instituto de Investigación y Desarrollo Educacional.

�256

Page 257: ANAIS - lepeg.iesa.ufg.br · Raquel Gurevich2 Universidad de Buenos Aires (UBA) gurevich@me.gov.ar RESUMEN: En investigaciones anteriores hemos detectado que en las planificaciones

Hernández, (2003). Investigación e investigación formativa. Revista Nómadas, 18. Bogotá: Universidad Central. Ministerio de Educación Nacional. (2002). Lineamientos curriculares de ciencias sociales. Bogotá. En: https://www.mineducacion.gov.co/1759/articles-339975_recurso_1.pdf Pagés, J. (2002). Aprender a enseñar historia y ciencias sociales: el currículo y la didáctica de las ciencias sociales. Pensamiento Educativo, 30, 255-269. Pagés, J. & Santisteban, A. (Coords). (2011). Les qüestions socialment vives i l’ ensenyament de les ciéncies socials. Universitat Autónoma de Barcelona. Servei de Publicacions. Bellaterra. Posada, R. (2009). La enseñanza de la historia: perspectivas y retos en la educación superior. Estudio del caso enseñanza de la historia en la licenciatura en ciencias sociales de la Universidad de Caldas. Universidad de Caldas. Pulgarín, R. (2013). El reto de innovar en el proceso docente universitario. Medellín-Colombia. Uni-pluri/veridad, 13 (1). Reeder, H. P. (2009). Formación y pensamiento crítico. Revista interamericana de investigación, educación y pedagogía, 2(1), 23-43. Restrepo, B. (2003). Conceptos y aplicaciones de la investigación formativa, y criterios para evaluar la investigación científica en sentido estricto. Revista Nómadas, 18. Bogotá: Universidad Central. Soja, Edward. (2014). En busca de la justicia espacial, Valencia, Tirant Humanidades. Stake, R. E. (2007). Investigación con estudio de casos. Cuarta edición. Madrid: Ediciones Morata. Stenhouse, L. (1998), la investigación como base de la enseñanza. Morata: Madrid. Cuarta edición. Strauss; Anselm & Corbin, J. (2002). Bases de la investigación cualitativa. Técnicas y procedimientos para desarrollar la teoría fundamentada. Medellín: Editorial Universidad de Antioquia. Torres, B. (2012). Pensamiento crítico. Formar para atreverse. Bogotá: Universidad San Buenaventura sede Bogotá. Tosar, B.; Santiesteban, A. J. y Pagés. (2016). Literacidad crítica en clase de ciencias sociales de educación secundaria: una investigación a partir de la problemática actual de los refugiados en Europa. Santiago de Chile: III Encuentro Iberoamericano de Investigación en Didáctica de las Ciencias Sociales: El Profesorado de Ciencias Sociales en la Realidad Iberoamericana. Velasco, G (2014). La historia de la enseñanza de las ciencias sociales como referente para la transformación crítica de las prácticas educativas. En: Uni-pluri/versidad, Vol. 14, N.° 1, Medellín: Universidad de Antioquia, pps, 78-89. Yin, R. K. (2003). Sobre estudio de casos diseño y métodos. Segunda Edición. London: SAGE Publications.

�257