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ANAIS XV Encontro de Geografia da UNIOESTE/FBE IX Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná 27 a 29 de Maio de 2010 UNIOESTE/ Francisco Beltrão-PR Resumos

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ANAIS

XV Encontro de Geografia da UNIOESTE/FBE

IX Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná

27 a 29 de Maio de 2010

UNIOESTE/ Francisco Beltrão-PR

Resumos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO-PR

Alcibíades Luiz Orlando Reitor

Benedito Martins Gomes

Vice-Reitor

José Maria Ramos Diretor Geral

Julio Cesar Paisani

Diretor do Centro de Ciências Humanas

Luciano Zanetti Pessôa Candiotto Coordenador do Colegiado do Curso de Geografia

Comissão Organizadora

Professores: Elvis Rabuske Hendges (coordenador)

Adelir Klipel

Fabiano André Marion Fabrício Pedroso Bauab

Gilberto Martins Juliano Andres

Luiz Carlos Flávio Marcos Aurélio Pelegrina

Silvia Regina Pereira

Acadêmicos: Camila Graeff Casiraghi Danieli Cristina Celeski Douglas Jose Cattelan

Elenice Mistura Fernando Eibel

Jacson de Lima Gosmam Marcelo Buttner

Poliane de Souza Robson Pilati

Rodrigo Ferreira Lima Ronaldo Batista Pegorini

Sandra Luiza Furlani Taís Andrieli Menegotto

Tiago Samuel Bulau Wellington Luiz Prezente

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Ilustração da Capa Elvis Rabuske Hendges

Diagramação Sílvia Regina Pereira

ISSN 2176-5529

A redação dos textos apresentados nos Anais é de inteira responsabilidade dos autores.

Comissão Organizadora

Encontro de Geografia da UNIOESTE/FBE (15.: 2010: Francisco Beltrão - PR)

E56a Anais do ...; Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná: Os desafios dos profissionais em Geografia. / Organização de Sílvia Regina Pereira. -- Francisco Beltrão: Unioeste – Campus Francisco Beltrão, 2010. CD-ROM ISSN - 2176-5529 Tema: Os desafios dos profissionais em Geografia.

1. Geografia – Profissão. 2. Geógrafo – Desafios da profissão - Sudoeste do Paraná. 3. Geografia - Congressos.I. Pereira, Sílvia Regina (org.). II. Título.

CDD – 918.162

910.98162 Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Unioeste (Sandra Regina Mendonça CRB – 9/1090)

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Organizadores Colegiado de Geografia da UNIOESTE/FBE

Colegiado do Mestrado em Geografia da UNIOESTE/FBE

Professores:

Elvis Rabuske Hendges (coordenador)

Adelir Klipel Fabiano André Marion

Fabrício Pedroso Bauab Gilberto Martins Juliano Andres

Luiz Carlos Flávio Marcos Aurélio Pelegrina

Silvia Regina Pereira

Acadêmicos: Camila Graeff Casiraghi Danieli Cristina Celeski Douglas Jose Cattelan

Elenice Mistura Fernando Eibel

Jacson de Lima Gosmam Marcelo Buttner

Poliane de Souza Robson Pilati

Rodrigo Ferreira Lima Ronaldo Batista Pegorini

Sandra Luiza Furlani Taís Andrieli Menegotto

Tiago Samuel Bulau Wellington Luiz Prezente

Comissão Científica Professores: Adelir Klipel

Elvis Rabuske Hendges Fabiano André Marion

Fabrício Pedroso Bauab Fernando Sampaio

Gilberto Martins Juliano Andrés Julio Paisani

Luciano Zanetti Pessôa Candiotto Luiz Carlos Flávio

Mafalda Nesi Francischett Marcos Aurélio Pelegrina Marcos Aurélio Saquet

Marga Elis Pontelli Rosana Cristina Biral Leme

Roselí Alves dos Santos Sílvia Regina Pereira

Waldiney Gomes de Aguiar

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APRESENTAÇÃO

Entre os dias 27 a 29 de maio de 2010, realizou-se no Campus de

Francisco Beltrão o XIV Encontro de Geografia da UNIOESTE (ENGEO) e o VIII

Encontro de Geografia do Sudoeste do Paraná (ENGESOP).

O evento é organizado pelo curso de Geografia da UNIOESTE sendo

voltado para acadêmicos, profissionais e comunidade em geral, que tenham em

comum o interesse pela Geografia.

O ENGEO já está em sua décima quinta edição e visa integrar e difundir o

conhecimento de Geografia, aproximando grupos e áreas de pesquisas distintas e

que possuem como alvo de estudo em comum a sociedade, a natureza e a sua

interação.

O ENGESOP é um evento que procura suprir uma lacuna existente na

divulgação do conhecimento produzido na Geografia na região Sudoeste do

Paraná, contribuindo intensamente para a formação acadêmica e para a

divulgação das pesquisas efetuadas no Sudoeste Paranaense.

O objetivo geral do evento é focado na integração de profissionais e

acadêmicos envolvidos em estudos da Geografia, proporcionando, mediante o

debate de temas atinentes à ciência geográfica, a compreensão dos problemas

espaciais da sociedade contemporânea, bem como estimular as possibilidades de

intervenção na resolução destes.

Comissão Organizadora

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PROGRAMAÇÃO GERAL

27/05/10 (quinta-feira)

28/05/10 (sexta-feira)

29/05/10 (sábado)

Manhã

Credenciamento

(auditório 2)

Mini-cursos

(salas do bloco 4)

Mini-cursos

(salas do bloco 4)

Tarde

Apresentação de

Trabalhos

(salas do bloco 4)

Apresentação de

Trabalhos

(salas do bloco 4)

Mini-cursos

(salas do bloco 4)

Noite

Mesa Redonda

OS DESAFIOS DOS PROFISSIONAIS EM

GEOGRAFIA

(auditório 2)

Marcos Piovezan (APROGEO/SC)

Ione Modanese

(Professora Estadual/PR)

Mini-cursos

(salas do bloco 4)

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Programação – Mini-Cursos

Mini-Curso 1 Análise do relevo por meio de dados de RADAR

Ministrantes: Elvis Hendges e Juliano Andres Carga Horária: 4

Sexta-feira: 08h às 12h Local: Laboratórios de Geoprocessamento e de Cartografia. Bloco I

15 vagas

Mini-Curso 2 Granulometria: determinação da classe textural do solo - aplicações em Pedologia

Ministrantes: Jacson de Lima e Fabíola Marinho Carga Horária: 8

Sexta-feira: 08h às 12h Sábado: 14h às 18h

Local: Laboratório de Análise de Formações Superficiais. Bloco I 6 vagas

Mini-Curso 3 Pelas trilhas da educação ambiental emancipatória - conceitos e práticas

Ministrantes: Mateus Pires e Raquel Biral Carga Horária: 4

Sexta-feira: 19h30min às 23h Local: Sala 412. Bloco IV

20 vagas

Mini-Curso 4 Elaboração de maquete hipsométrica do relevo brasileiro

Ministrantes: Daniele Celeski e Elenice Mistura Carga Horária: 4

Sexta-feira: 19h30min às 23h Local: Laboratórios de Geoprocessamento e de Cartografia. Bloco I

20 vagas

Mini-Curso 5 A fotografia digital como instrumento da Geografia

Ministrantes: Paulo Freisleben Carga Horária: 4

Sexta-feira: 19h30min às 23h Local: Sala 413. Bloco IV

25 vagas

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Mini-Curso 6

Fundamentos e práticas da Mineralogia Ministrantes: Wellington da Silva

Carga Horária: 8 Sábado: 08h às 12h e das 14h às 18h

Local: Sala 412. Bloco IV 16 vagas

Mini-Curso 7 Uso das Geotecnologias no manejo de bacias hidrográficas

Ministrantes: Ronaldo Pegorini e Wellington Prezente Carga Horária: 8

Sábado: 08h às 12h/14h às 18h Local: Laboratórios de Geoprocessamento e de Cartografia. Bloco I

11 vagas

Mini-curso 8 Licenciamento Ambiental para instalação de empreendimentos

Ministrantes: Tiago Zen e Fernando Eibel Carga Horária: 8

Sábado: 08h às 12h/14h às 18h Local: Sala 413. Bloco IV

12 vagas

Mini-Curso 9 Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)

Ministrantes: Patrícia Moresco Carga Horária: 4

Sexta-feira: 08h às 12h Local: Sala 412. Bloco IV

30 vagas.

Mini-Curso 10 Introdução às Geotecnologias

Ministrantes: Taís Menegotto e Poliane Nardi Carga Horária: 4

Sexta-feira: 08h às 12h Local: Sala 413. Bloco IV

20 vagas

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Programação - Trabalhos

Quinta-feira - 27 de maio - 14h Sala 412

1 - EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO NA LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Andreia Tomaz

2 - ANÁLISE DIDÁTICA SOBRE O ENSINO DA REGIONALIZAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DO LIVRO DE GEOGRAFIA REGIONAL DO BRASIL

DE CARLOS DELGADO DE CARVALHO E DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

Charla C, Schultz, Waldiney Gomes de Aguiar

3 - ELABORAÇÃO DE MAQUETE HIPSOMÉTRICA DO RELEVO BRASILEIRO Danieli Cristina Celeski, Elenice Mistura

4 - O ENSINO DA GEOGRAFIA E O ALUNO TRABALHADOR

Janice Heming de Souza Monteiro

5 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL Raquel Biz Biral, João Henrique Biral

6 - MATERIAIS DIDÁTICOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

Franciele Moreira Grande, Wellington Luiz Prezente

7 - A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA André Marmentini, Rosilaine Zanardi

8 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE:

UM DIÁLOGO DE SABERES Mateus Marchesan Pires

Sala 414

1 - A BUSCA POR RECONHECIMENTOS DA MULHER AGRICULTORA NO PROCESSO PRODUTIVO FAMILIAR NO SUDOESTE DO PARANÁ

Aline Motter Schmitz, Roselí Alves dos Santos

2 - A CONCEPÇÃO ROMÂNTICA DE NATUREZA E SEUS DESDOBRAMENTOS PARA A GEOGRAFIA

Everton Luiz Lovera

3 - INOVAÇÃO NO SETOR DE PRODUTOS LÁCTEOS: A IMPORTÂNCIA DAS EMBALAGENS LONGA VIDA NA EXPANSÃO

DO SETOR NO SUDOESTE PARANÁENSE Marcelo Buttner

4 - UMA ANÁLISE SOBRE O DESENVOLVIMENTO RECENTE DO CRÉDITO RURAL

E AS MUNDANÇAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA Wilian Padilha, Marlon Clovis Medeiros

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5 - PROMETEU E A NATUREZA HUMANA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE TÉCNICA E TRABALHO

Sandra do Nascimento

6 - ENSAIO SOBRE AS DESCOBERTAS CIENTÍFICAS DA AMÉRICA DO SUL POR LA CONDAMINE

Fábio Mazoco

Sala 415

1 - CARACTERÍSTICAS DO BIOMA CERRADO Bruno Zanetti Pessôa Candiotto, Fabio Mazoco

2 - A PROTEÇÃO DE NASCENTES E SUA IMPORTÂNCIA PARA A CONSERVAÇÃO

DA QUALIDADE E QUANTIDADE DE ÁGUA NA ZONA RURAL Sandra Rodrigues da Silva, Freisleben,

Felipe Fontoura Grisa, Luciano Zanetti Pessôa Candiotto

3 - O CLIMA E O HOMEM Roberto Bottega, Tiago Samuel Bülau

4 - A APROPRIAÇÃO DAS PAISAGENS PELA ATIVIDADE TURÍSTICA

Bruno Zanetti Pessôa Candiotto

5 - REGIÕES NOROESTE, OESTE E SUDOESTE DO PARANÁ E SEUS DIFERENTES TIPOS DE SOLO: UM BREVE RELATO

Fabiola Rakel Marinho, Jacson Gosman Gomes de Lima

6 - LENÇOL FREÁTICO X NECROCHORUME Karise Cristofoli Bauab

7 - IMPLICAÇÕES DAS ORIGENS DA CIÊNCIA E A NATUREZA

Raquel Biz Biral, João Henrique Biral

8 - CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE VOLUMES PEDOGENÉTICOS NO TOPO DE SUPERFÍCIE APLAINADA VII – SERRA DA FARTURA (SC)

Jacson Gosman Gomes de Lima, Fabiola Rakel Marinho, Marga Eliz PonteIli

Sexta-feira, 28 de maio, 14h Sala 412

1 - DETERMINAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

ATRAVÉS DE IMAGENS DO CBERS-2B Ediane Cristina Daleffe, Taisller Guimarães da Silva, Julio Caetano Tomazzoni

2 - CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL COMO UMA FERRAMENTA DE CONTROLE

NA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL Fernando Eibel, Roberto Bottega

3 - A APLICAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NO MAPEAMENTO

DE PRODUTORES AGROECOLÓGICOS Poliane de Souza, Taís Andriéli Menegotto

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4 - REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS/GEOGRÁFICAS DO MUNDO QUE

ANTECEDERAM A GEOGRAFIA CIENTÍFICA MODERNA Rodrigo Ferreira Lima, Fabrício Pedroso Bauab

5 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SOLO DA LINHA SANTA BÁRBARA

Taisller Guimarães da Silva, Ediane Cristina Daleffe, Julio Caetano Tomazoni, Elisete Guimarães

6 - RECURSOS OFERECIDOS PELO GEOPROCESSAMENTO APLICADOS NO

PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA AGRICULTURA Taís Andriéli Menegotto, Poliane de Souza, Alcimar Paulo Freisleben

Sala 414

1 - TEORIA E EMPIRIA – O PENSAMENTO COMPLEXO E A GEOGRAFIA Luiz Carlos Flávio

2 - ASSOCIAÇÃO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO SINDICAL – ACESI

Edinéia Brunhera Gularte, Roseli Alves dos Santos

3 - COLOMBO E O “NOVO MUNDO” Rodrigo Ferreira Lima, Fabrício Pedroso Bauab

4 - A FOTOGRAFIA DE PAISAGEM NA GEOGRAFIA Alcimar Paulo Freisleben, Mafalda Nesi Francischett

5 - POSSIVEL VIA INTEROCEÂNCIA ENTRE BRASIL E EQUADOR

Ronaldo Pereira Gonçalves

6 - ANÁLISE DO SABER HISTÓRICO Ronaldo Pereira Gonçalves

7 - O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA E A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO URBANO DE SALGADO FILHO-PR Tiago Junior Gobetti

Sala 415

1- A RELAÇÃO ENTRE DEMANDA, DISPONIBILIDADE E QUALIDADE DA ÁGUA NA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARANÁ: UMA PEQUENA INTRODUÇÃO À

DISCUSSÃO Débora Luzia Gomes, Maria Cláudia da Silva, Rosana Biral

2 - O SISTEMA ESTADUAL DE IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL (SISLEG) NA MESORREGIÃO SUDOESTE PARANAENSE

Rosana Cristina Biral Leme

3 - POÇOS TUBULARES DO MUNICIPIO DE VERÊ: IMPORTÂNCIA E VULNERABILIDADE NATURAL

Lunéia Catiane de Souza, Maristela da Costa Leite, Fabiano André Marion

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4 - INTRODUÇÃO DE MICROFÓSSEIS EM ESTUDOS GEO-PALEONTOLÓGICOS PARA INTERPRETAÇÃO PALEOAMBIENTAL

Edenilson Raitz, Keli Andressa Batista

5 - DETERMINAÇÃO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE FORMAÇÕES SUPERFICIAIS – COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE OXIDAÇÃO

VERSUS QUEIMA POR PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO (H²O²) Leandro Oliveira, Júlio César Paisani, Simone Guerra

6 - ESTUDO DA VULNERABILIDADE NATURAL DOS POÇOS TUBULARES DO

MUNICÍPIO DE BELA VISTA DA CAROBA - PR Marina Kunz, Pollyana Poletto, Fabiano André Marion

7 - VULNERABILIDADE NATURAL DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

EM SANTA IZABEL DO OESTE - PR Camila Graeff Casiraghi, Nayara Massucatto, Fabiano André Marion

8 - CARACTERIZAÇÃO DAS FORMAÇÕES SUPERFICIAIS DO HOLLOW DE

CABECEIRA DE DRENAGEM NA A.R.I.E. DOS BURITIS – PLANALTO BASÁLTICO (PATO BRANCO/PR)

Julio Cesar Paisani, Edson Bertolo, Marga Eliz Pontelli, Simone Guerra, Leandro Oliveira, Jacson Gosman Gomes de Lima

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EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO NA LICENCIATURA EM GEOGRAFIA

Andreia Tomaz1 [email protected]

A primeira etapa do estágio na licenciatura consiste na observação da

realidade nas aulas de Geografia. Esta experiência foi realizada em duas sétimas

séries do Ensino Fundamental no ano de 2008, no município Francisco Beltrão.

O estágio de observação possibilitou-nos fazer uma análise frente ao

ensino da Geografia, de como ele está sendo trabalhado, de qual a postura que o

professor de Geografia vem assumindo e como os alunos se manifestam e

interagem em sala de aula, além das questões relacionadas às metodologias e

recursos utilizados na execução das aulas e tantas outras indagações

relacionadas ao ensino e suas práticas, que vão surgindo ao longo do período de

estágio.

Essas observações no período de estágio e posteriores avaliações

realizadas na coletividade da Graduação nos auxiliam no mapeamento das

relações existentes no espaço escolar, é uma forma de investigar e refletir sobre a

teoria e prática escolar bem como analisar possibilidades de mudança. Ou seja, é

fazer com que a pesquisa e o ensino caminhem juntos, pois: “quanto mais nos

debruçarmos sobre a teoria, mais nossa prática pode ser melhorada; quanto mais

analisarmos as práticas, mais fundamentos podemos identificar, e a necessidade

de busca pelo conhecimento fica instalada” (SAIKI e GODOI, 2007, p.27).

A prática do estágio supervisionado é de fundamental importância para a

formação do futuro professor, pois possibilita a vivência do espaço escolar e das

relações que nele se estabelecem ao estudar a experiência dos outros através da

observação e da vivência em sala de aula. Assim vamos construindo nosso

conhecimento profissional que não acaba com a conclusão do curso, mas é

continuado e exige constante atualização.

Ao longo das aulas foram, então, surgindo algumas indagações, tais como:

o que explica a falta de motivação de alguns professores? O que esperar do

ensino quando isso acontece? Quais as possibilidades de mudar essa situação? 1 Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão-PR.

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As respostas a estas e outras questões não são fáceis de serem encontradas,

nós não temos. Pois cada indivíduo tem suas particularidades e pontos de vista

que variam de uma pessoa para outra. A desmotivação de alguns professores

pode estar relacionada com o próprio ensino como um todo, que decorre da falta

de políticas públicas eficientes voltadas à educação e que possibilitem a melhoria

do ensino? O estado, ao propor inovação no setor educacional procura atender aos interesses burgueses, causando uma série de problemas, no que tange à educação dos setores menos favorecidos, que apresentam uma realidade distinta, e que sofrem ações discriminatórias nas escolas, justamente por sua condição econômica. (LOPES, 2007, p. 208).

A falta ou não da participação do Estado, especialmente com relação ao

ensino público, pode explicar em parte a essa questão, pois se há benefício das

classes mais favorecidas, beneficiando dessa maneira o processo de acumulação

capitalista, o resultado será cada vez mais a acentuação das desigualdades

sociais, isto afeta a educação que ainda é tida como a via mais segura para a

melhoria da qualidade de vida das classes menos favorecidas que necessitam

estudar. Se o ensino não vai bem, que perspectivas terão essas pessoas em

relação ao futuro?

A melhoria do ensino implica em investimentos tanto na infra-estrutura das

escolas públicas como no conhecimento e na formação continuada dos

professores. A falta de recursos alternativos nas escolas implica em dificuldades

dos professores ao propor novas metodologias e diversificação das aulas e

também a acomodação ou desânimo de muitos professores resulta numa

educação insuficiente. É preciso que haja questionamentos e muito apoio. Em

muitos casos o ensino se dá através da repetição dos conteúdos do livro didático,

há pouca participação dos alunos que não se sentem efetivamente como agentes

na construção do próprio conhecimento. Nesse sentido a formação continuada,

melhor remuneração, cargas horárias menos excessivas, podem ser algumas

alternativas que possibilitem a melhoria do ensino, esse incentivo pode trazer

bons resultados quanto à qualidade do ensino. Afinal, o professor é o principal

agente responsável pelo processo educativo, uma vez que este se encontrar

desmotivado, os resultados não serão satisfatórios.

“Pais e professores podem trabalhar por objetivos comuns: melhorar a

qualidade do espaço onde as crianças ficam minimamente um sexto de suas

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vidas; ajudar os filhos-alunos a terem uma boa formação intelectual, emocional e

moral”. (SILVA; CAMARGO, 2007, p. 71).

A participação e o interesse dos pais em relação à vida escolar de seus

filhos podem resultar em uma melhoria significativa do ensino, mas, é preciso um

trabalho integrado entre comunidade escolar e as famílias, e infelizmente esse

ideal de integração está longe da realidade, já que as pessoas do mundo

moderno disponibilizam de muito pouco tempo para se dedicar a esse tipo de

questão.

Como defensores da tão almejada Geografia Crítica, queremos lutar pela

educação, que não é somente uma necessidade e sim um direito do ser humano,

contribuindo com a formação de cidadãos críticos e atuantes capazes de

promover mudanças e melhorias na sociedade.

A importância do estágio na licenciatura é indiscutível sabendo que o

mesmo pode definir a postura dos futuros professores frente ao ensino. Através

dele tomamos conhecimento dos desafios que aguardam em sala de aula e no

processo de ensino como um todo. “O estágio supervisionado no ensino como

fonte de aprendizagem prática do exercício docente e mecanismo de intercâmbio

de conhecimento muito poderia contribuir na superação dos problemas que

permeiam a Geografia”. (OLIVEIRA; PONTUSCHKA, 1989, p.118).

O papel do estágio consiste em analisar e avaliar o ensino, questionando

assim, as práticas rotineiras, evidenciando aquilo que pode e deve ser mudado e

a partir disso, buscar alternativas para promover mudanças nessa realidade. O

estágio como prática educativa só trará bons resultados quando encarado com

muita responsabilidade, como um processo indispensável para o amadurecimento

do futuro professor. É a fase de preparação para aquilo que nos espera: A sala de

aula e a tarefa de ensinar, com educandos das mais diversas realidades com

suas particularidades e dificuldades diferenciadas, com as quais deveremos lidar.

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REFERÊNCIAS

LOPES, Carla Cristina. Educação e Ensino de Geografia. In: PEREIRA, Sílvia Regina et al (Org.). XII ENGEO; VI ENGESOP. Francisco Beltrão, anais... UNIOESTE, 2007. OLIVEIRA, Christian Dennys Monteiro de; PONTUSCHKA, Nídia Nacib. Repensando e Refazendo Uma Prática de Estágio no Ensino de Geografia. In: VESENTINI, José Willian. (Org.) Geografia e Ensino: textos críticos. Campinas-SP: Papirus, 1989. SAIKI, Kim; GODOI, Francisco Bueno de. A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado. In: PASSINI, Elza Yasuko; PASSINI, Romão; MALYSZ, Sandra T. (Org.) Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007. SILVA, Ana Claudia da; CAMARGO, Eliane de. A Construção do Conhecimento Moral. In: PASSINI, Elza Yasuko; PASSINI, Romão: MALYSZ, Sandra T. (Org.) Prática de Ensino de Geografia e Estágio Supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007.

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ANÁLISE DIDÁTICA SOBRE O ENSINO DA REGIONALIZAÇÃO BRASILEIRA A PARTIR DO LIVRO DE GEOGRAFIA REGIONAL DO BRASIL DE CARLOS

DELGADO DE CARVALHO E DA PROPOSTA PEDAGÓGICA DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL1

Charla C, Schultz2

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Wandiney Gomes de Aguiar3

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Pretende-se, fazer um estudo sobre a maneira na qual o livro Geografia

Regional do Brasil trata didaticamente a regionalização brasileira, e em seguida

uma comparação com a proposta pedagógica do Colégio Estadual Tancredo

Neves do município de Francisco Beltrão no que se refere o ensino de região.

Os procedimentos metodológicos na qual se propõe neste trabalho se

darão da seguinte forma: leitura do livro Geografia Regional do Brasil e da

proposta pedagógica da escola, planos de ensino e livro didático, que servirão de

comparativos e análise na perspectiva didática. Por tratar de uma análise

comparativa a pesquisa se classifica como bibliográfica/documental, sem a

intenção de intervenção ou de fazer juízo de valor. Para fundamentar a pesquisa,

faz-se necessário buscar em alguns autores que tratam da regionalização

brasileira, da didática e documentos como Parâmetros e Diretrizes Curriculares o

embasamento para tal propósito.

Para Corrêa (1986), O termo região não apenas faz parte do linguajar do

homem comum, como também é dos mais tradicionais em geografia. Tanto num

como noutro caso, o conceito de região está ligado à noção fundamental de

diferenciação de área, quer dizer, à aceitação da idéia de que a superfície da

Terra é constituída pó áreas diferentes entre si. Percebe-se que o autor chama

atenção acerca da necessidade de o professor em sala de aula, articular os

1 Pesquisa em andamento. Disciplina de Estágio Supervisionado II. 2 Acadêmica do 4 º ano do Curso de Licenciatura em Geografia, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão-PR. 3 Professor do Curso de Licenciatura em Geografia, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão-PR.

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conceitos que os alunos têm de região e tentar transpor didaticamente para o

conceito científico e também fazer uma análise entre os vários conceitos de

região que se apresentam no meio acadêmico, ou seja, proporcionar aos alunos a

possibilidade de discutir e entender de forma critica e não apenas aceitar a idéia

que a região é só a diferenciação entre recortes da superfície da Terra.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), o lugar e a região

eram sempre vistos como dimensão objetivas resultantes das interações entre o

homem e a natureza. A tendência Lablachiana da Geografia e as correntes que

dela se desdobraram mais tarde, a partir dos anos 60, passaram a ser chamadas

de geografia Tradicional. Apesar de valorizar o papel do homem como sujeito

histórico, propunha-se, na análise da organização do espaço como lugar e

território, estudar as relações entre homem e natureza muito mais como processo

de adaptação.

Ver a região como um lugar que resulta apenas na quantificação do espaço

em dimensão e a interação do homem com o meio parece nos dias de hoje um

equivoco conceitual, mas para época era o que a Geografia tinha como suporte

acadêmico para ensinar o espaço geográfico e conseqüentemente a região.

A seguir, Corrêa (1986), destaca alguns conceitos de região: Região

natural e determinismo ambiental surgem no final do século XIX, e durante as

duas primeiras décadas, quando a ciência geográfica foi impulsionada pela

expansão imperialista, sendo o determinismo ambiental uma de suas principais

correntes de pensamento, um dos conceitos dominantes o de região natural. O

Possibilismo considera de modo diferente a questão da região. Não é a região

natural, e sua influência sobre o homem, e sim a região humana vista como objeto

de estudo. Na Nova geografia, o fundamento principal para o conceito de região é

o positivismo lógico. A região é um conjunto de lugares. A região na geografia

crítica discute esse conceito a partir da visão de que a sociedade que realmente

dirige e organiza o espaço em que vive relacionando o modo de produção e a

relação entre as classes sociais.

Esse cenário apresentado acima proporcionará na nossa pesquisa a

possibilidade de verificar no ensino de região aos alunos o enfoque dado pelo

professor e também no livro Geografia Regional do Brasil. Ao referirmos ao

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ensino de região, faz necessário destacar a importância da didática tanto ao

ensino como aprendizagem.

Para Castellar (2005), Didática, entende-se a maneira na qual o professor

organiza os conteúdos e de qual forma ele socializa aos seus alunos. Segundo o

dicionário Aurélio; “Didática é técnica de dirigir e orientar a aprendizagem”. Ao

dirigir e orientar a aprendizagem, o professor estará em sua prática pedagógica

em sala de aula, junto aos seus alunos, aplicando algum tipo de técnica que ele

entende como se fora a melhor.

Dedicar-se a docência e a investigação científica e também, considerar as

relações existentes a ciência geográfica que vise à articulação da mesma com os

conteúdos curriculares para alunos das escolas do Ensino Básico. Deve-se

também, levar em conta algumas características dos estudantes como: físicas,

afetivas, intelectuais e socioculturais. Essas características podem ser a base

para que haja aprendizagem, pois, a individualidade do aluno, tem que ser vista

como um ponto de partida para que o professor organize suas aulas de forma

que: os conteúdos, método de ensino, recursos didáticos e avaliação estejam

coerentes com os objetivos que se pretende ao ensinar Geografia.

Espera-se que ao entrar em contato com o livro Geografia Regional do

Brasil e os livros que os professores trabalham na escola e os planos de aulas,

possam nos oportunizar a abrir um debate sobre a forma na qual se trabalha a

questão regional com os alunos da Educação Básica e nos proporcionar um

estudo mais aprofundado. Neste sentido, consideramos esta proposta como um

ensaio para fundamentar ainda mais a pesquisa articulada ao Estágio

Supervisionado, que é a principal razão de estarmos tentando contribuir com o

ensino mesmo que seja de forma tímida, mas, com muita expectativa de melhora.

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REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. CARVALHO, Carlos Delgado de. Geografia Regional do Brasil. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1944. CASTELAR, Sônia. Educação Geográfica - teorias e práticas docentes. São Paulo: Contexto, 2003. CORRÊA, Roberto Lobato. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática, 1996.

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ELABORAÇÃO DE MAQUETE HIPSOMÉTRICA DO RELEVO BRASILEIRO1

Danieli Cristina Celeski2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Elenice Mistura3 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

INTRODUÇÃO

Tendo o Espaço Geográfico como principal objeto de estudo e pesquisa da

Geografia, no contexto Escolar trabalha-se o espaço em seus múltiplos aspectos,

entendo-o aqui como as estruturas físicas, formações sociais, diversidade cultural,

apropriação e modificação da natureza pela ação antrópica etc.

As representações espaciais se apresentam como uma maneira de

analisar e interpretar o espaço. É nesse contexto que colocamos a maquete como

instrumento didático de grande valia possibilitando ao aluno uma melhor maneira

de entender a produção, organização e distribuição dos elementos que compõe o

espaço.

OBJETIVOS

Esta temática engloba a elaboração de Maquetes Hipsométrica do relevo

brasileiro, conforme as bases representativas de Simielli (1991) e metodológicas

de Francischett (2004). Terão como o objetivo de fornecer subsídios para o

entendimento do relevo brasileiro, bem como dos processos

geológicos/geomorfológicos através da metodologia educativa com o recurso da

maquete hipsométrica. Nesta atividade estaremos elaborando “a maquete de

E.V.A”. Além da praxidade queremos mostrar a importância da mesma enquanto

representação cartográfica e como pode ser utilizada como meio mediático no

Ensino de Geografia no Ensino Fundamental. 1 Este trabalho é resultado de pesquisas feitas para a elaboração do Mini-Curso que será apresentado no XV ENGEO e IX ENGESOP, a ser realizado na UNIOESTE-Campus de Francisco Beltrão-PR, de 27 a 29 de Maio de 2010. 2 Acadêmica do 3°ano do Curso de Licenciatura em Geografia, da UNIOESTE-Campus de Francisco Beltrão-PR. 3 Acadêmica do 3°ano do Curso de Licenciatura em Geografia, da UNIOESTE-Campus de Francisco Beltrão-PR.

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Por isto, neste artigo, estamos divulgando os procedimentos metodológicos

de sua construção.

MATERIAL E METODOLOGIA

São construídas cinco maquetes, uma de cada região do Brasil, conforme

material base de Simielli (1991) e a metodologia de montagem em Francischett

(2004, p.55). Constitui-se nos seguintes procedimentos: a) identificação das

cotas, colorindo-as primeiro e identificando a cota e passando no papel vegetal,

começando da maior altitude para a menor; b) selecionar a legenda das cores

necessárias para a hipsometria, verificar quantas cotas e cores respectivas; c)

passar com carbono do vegetal para o E.V.A e na sequência recortar; d) proceder

a colagem das cotas da menor altitude para a maior; e) realizar a identificação

dos picos; f) Construir a legenda com as informações básicas: título, fonte, escala,

definição das cores hipsométricas; g) discussão da temática e avaliação do

recurso didático entre os elaboradores.

Como materiais serão necessários: a) placas de E.V.A nas cores: Verde

claro, Verde escuro, Amarelo, Laranja, Vermelho e Marrom Escuro; (ou conforme

escolha) b) tesouras; c) papel vegetal e papel carbono, no tamanho A3; d)

canetas hidrocor (Uma cor para cada cota hipsométrica); e) base fotocopiada da

base da maquete;

Os cursantes serão divididos em cinco grupos, sendo que cada grupo

realizará a montagem da maquete hipsométrica de uma das regiões brasileiras.

Na sequência transcrevem-se as informações da base fotocopiada, para o papel

vegetal com as canetas hidrocor, recomenda-se, neste caso, que a cada curva de

nível seja atribuída uma cor para facilitar sua diferenciação pelos alunos, e

também das demais informações que estavam na base na mesma cota, tais

como: drenagem, compartimentos geomorfológicos, picos etc;

Seguiremos à noção de hipsometria onde utilizamos as cores mais claras

para os terrenos com menor altitude e as mais escuras para os terrenos com

maior altitude (sequência de cores: amarelo, laranja, vermelho e marrom).

Finalizado as delimitações das curvas de nível passa-se para a transposição das

curvas de nível para cada E.V.A, utilizando o papel carbono;

Após, recorta-se o E.V.A, atentando sempre as cotas cortadas em ordem

crescente formando camadas, ou seja, a colagem das placas adotando da menor

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para a maior altitude. Posteriormente, cola-se a maquete numa base de E.V.A de

cor branca ou bege, acrescentando um titulo que será elaborado pelos cursantes

e também os elementos fundamentais como, a escala, legenda, fonte e

identificação dos elaboradores do material;

É importante salientar aqui que a maquete como representação

cartográfica tridimensional, procura nesse caso não apenas representar o espaço,

mas também produzir e transmitir informações constitui-se como importante

instrumento pedagógico, pois permite ao educando obter o domínio visual do

conjunto espacial que é sua temática e por ser um modelo tridimensional,

favorece a relação entre o que é observado no terreno e no mapa. Além de ser

um material alternativo, o que torna o processo de ensino-aprendizagem mais

criativo fugindo de aulas enfadonhas que muitas vezes acontece.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho buscamos demonstrar uma proposta metodológica de

construção de Maquetes Hipsométricas, pois este recurso didático quando bem

utilizado possibilita uma melhor compreensão do espaço e permite transportar

informações contidas no mapa bidimensional para as maquetes cartográficas

tridimensionais, potencializando a visualização das diversas formas de relevo,

através da altitude, sua característica mais importante.

Com isso, a maquete estará auxiliando na compreensão de diversos

conceitos geográficos, bem como também no desenvolvimento de habilidades

cognitivas de representação, indispensáveis na compreensão do espaço

Geográfico.

REFERÊNCIAS

FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A Cartografia no Ensino da Geografia: a aprendizagem mediada, Cascavel: EDUNIOESTE, 2004. SIMIELLI, Maria Elena, Do plano ao tridimensional: a maquete como recurso didático. In: Boletim Paulista de Geografia, São Paulo: AGB, Nº. 70, 1991, p.05-22.

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O ENSINO DA GEOGRAFIA E O ALUNO TRABALHADOR1

Janice Heming de Souza Monteiro2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

A realidade do Ensino de Geografia ainda é bastante complexa. Porém não

deixa de ser um desafio para quem pensa a formação do professor. Sendo este

professor um educador, ele tem diante de si muitos desafios e desigualdades

acentuadas para considerar. Ainda mais desafiador para o professor de Geografia

ao trabalhar no período noturno com alunos que trabalham o dia inteiro e a noite

enfrentam os bancos escolares procurando por formação e ascensão

profissional.

Considerando a responsabilidade do professor de Geografia, diante dessas

demandas, é preciso enfatizar que tanto as possibilidades tecnológicas mais

recentes na infra-estrutura escolar, quantas aquelas mais tradicionais, como o uso

do quadro de giz, do livro didático, dos cartazes, dos jornais e revistas, deve ser

cercadas de cuidados didáticos e pedagógicos para que alcancem resultados

mais significativos no ensino.

Para Carvalho (1989), a escola que oferece o ensino no período noturno,

estas questões aparecem com maior intensidade devido às tensões provocadas

pela coexistência pouco pacífica da educação convencional com as novas

tecnologias. A escola que oferece a modalidade de ensino noturno está voltada a

uma clientela com características e interesses específicos, estreitamente ligados

às transformações operadas pela revolução tecnológica em andamento, ao

retardar a incorporação dessas tecnologias, ela torna questionáveis os seus

próprios propósitos educativos.

O aluno do período noturno em sua maioria é trabalhador, precisa de

autoconfiança para liderar o processo educativo, isto é, precisa saber escolher,

num universo de informações em expansão, quais as informações que lhe

oportunize se tornar competente, onde buscar as melhores opções de acesso a

elas e, principalmente, como as ordenar logicamente. Para que isso ocorra, não 1 Este artigo é resultado do estágio supervisionado III realizado em um Colégio Estadual em Francisco Beltrão, com alunos do terceiro ano do ensino médio no período noturno. 2 Formada em 2009, no Curso de Geografia/Licenciatura-UNIOESTE-Campus de Francisco Beltrão-Pr.

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basta ordenar mecanismos e equipamentos sem compreender sua lógica ou

armazenar muitos dados sem saber integrá-los com as exigências do cotidiano,

tarefas programadas para as próprias máquinas executarem de forma cada vez

mais eficiente. Contudo, constatamos, durante o estágio de licenciatura, que os alunos do

noturno se sentem vitimados pela situação e tentam de todas as formas fazer com

que os professores não realizem com verdade à questão da avaliação, pois não

aceitam as atividades extra classe e pressionam os professores para que lhes

atribuam notas suficientes para passarem de ano.

O que podemos fazer enquanto professores comprometidos com o ensino

de Geografia? Devemos ter a visão de que o ambiente de aula é um espaço

coletivo, não é a sala da casa do aluno. Portanto, as atitudes e comportamentos

devem estar condizentes com a construção de respeito e boa convivência. Criar

um clima de aprendizagem requer inovação, criatividade, envolvimento, coragem

e competência, pois antes de acusar os alunos de desinteresse pela aula, o

professor deveria colocar-se no lugar deles e avaliar se teria paciência de

aguentar a mesma quantidade de horas como ouvinte passivo.

Também ao aluno falta perceber que o compromisso com a formação é

dele também, talvez ele não consiga por vezes perceber a importância da

oportunidade de estar frequentando o ensino médio, não consegue avaliar a

importância do tempo presente para a construção de um futuro melhor. O

professor tem a missão de resgatar o prazer e a emoção do processo de ensino,

tornando-o uma experiência viva para o aluno. Pois, só envolvendo o aluno será

possível trazê-lo para o momento presente.

Também aprendemos que quanto mais tempo se permanece no presente,

mais atenção é dada ao que se está fazendo e mais se aprende. O desafio de

hoje nas salas de aula não é conquistar a presença físicas dos alunos, mas sim

sua presença de espírito e de participação, seja onde estiver a mente do aluno, se

não for ao assunto debatido em sala de aula, ele não estará aprendendo. Talvez

depois ele até leia a apostila ou livro e entenda o assunto suficiente para tirar uma

boa nota na prova, mas estará se enganando e não aprendendo de fato.

Tanto os professores quanto os alunos preferem se colocar no lugar de

vitimas do processo, criando diversos argumentos para justificar as falhas do

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ensino no período noturno em vez de criarem alternativas para mudar essa triste

realidade.

Dos professores ouve-se que “os alunos de hoje não querem saber de

nada”. Que na sua época as coisas não eram assim. Que os alunos chegam ao

ensino médio sem educação básica, sem saber escrever, sem noção de

convivência e respeito. Dos alunos ouve-se que alguns professores são muito

exigentes, outros sem interesse, chegam à sala de aula desanimados. Eles

pedem aos professores que tenham empatia (que se coloquem em seus lugares),

pois é difícil trabalhar e estudar, os alunos reclamam de tudo sem refletir sobre

suas próprias atitudes.

Por isso é fundamental para o Ensino de Geografia que o professor crie,

planeje situações nas quais o aluno trabalhador participe mais das aulas, e possa

conhecer e utilizar os procedimentos de ensino com compreensão.

Considerando a especificidade e a contextualização dos processos, questões,

fenômenos, fatos e conceitos geográficos tanto no ensino diurno como também

no ensino noturno.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rosangela Doin de. A propósito da questão-metodológica sobre o ensino de Geografia. Prática de ensino em Geografia. São Paulo: AGB/Marco Zero, v.8, 1991. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 8.ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1985. CARVALHO, Célia Pezzolo de. Ensino noturno: realidade e ilusão. 6.ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1989. RESENDE, Márcia Spyer. Geografia do aluno trabalhador. São Paulo: Loyola, 1986. SILVA, Rita E. Durso Pereira. O que falta nas aulas de Geografia? São Paulo: Presença Pedagógica, jul./ago., 1998. PONTUSCHKA, Nidia Nacib. A formação inicial do professor de Geografia, São Paulo: Papirus, 1991.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

Raquel Biz Biral UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

João Henrique Biral Professor Educação Básica-SEED-PR

[email protected]

O Brasil deu um enorme passo em relação à construção e ao

fortalecimento do conceito de Educação Ambiental como instrumento de

intervenção na crise ambiental, criando espaço para sua divulgação e aplicação

em todos os níveis de ensino formal e não formal do país, por meio da Lei nº.

9.795 de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui

uma Política Nacional específica para tanto. A Educação Ambiental é

contemplada na referida Lei como um processo que possibilita a todos – individual

e coletivamente – construir “valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes

e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso

comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Associa-se a esta conceituação a determinação de que a mesma se efetive como

“uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e

modalidades do ensino formal”, expressando, principalmente por parte do poder

legislativo, a compreensão de que a Educação Ambiental é de suma importância

para a melhoria da qualidade ambiental no país. Tal escopo só pode ser

alcançado mediante a um processo de formação constante e ininterrupto que

tenha origem e conseqüência nos princípios de cidadania, ética e senso de

responsabilidade para com as demais espécies. Ou seja, valores cada vez mais

escassos num contexto econômico e culturalmente globalizado, em que as

práticas individualistas e concorrenciais têm aportado domínio inquestionável.

O conceito de Educação Ambiental apresenta-se como uma das

alternativas mais viáveis de transformação de práticas sociais e econômicas

degradadoras do meio ambiente. Compreende-se que a seleção da aplicação da

Educação Ambiental no espaço formal das escolas de ensino Fundamental e

Médio, poderá compor relevante parâmetro para a análise sobre a efetividade do

cumprimento da baliza legal, na identificação dos principais elementos que

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dificultam a sua implementação, uma vez que, como principal mediadora desse

processo com toda a sociedade, está à escola. A abordagem que fundamenta a

compreensão de Educação Ambiental é a de um instrumental de dinamização da

educação, já que o adjetivo “ambiental” presta-se a evidenciar dimensões

anteriormente suprimidas pelo fazer educativo, sobretudo, no que diz respeito à

compreensão da relação Sociedade-Natureza.

Partindo da perspectiva, que ressalta o potencial estratégico da Educação

Ambiental para a construção de valores, e novas relações socioambientais, e, em

detrimento de inúmeros debates teóricos existentes sobre distintas correntes

filosóficas que fundamentam a Educação Ambiental na atualidade (tradicional,

emancipatória, crítica, popular, ecopedagógica, entre outras), é possível delimitar

a discussão teórica dos fatos primordiais para a compreensão do processo de

estruturação da Educação Ambiental. No caso brasileiro, a Educação Ambiental

organizou-se sob o signo da ditadura militar, com os movimentos sociais

esfacelados e a educação sob forte repressão, de modo a se evitar a politização

dos espaços educativos. A Educação Ambiental ganhou visibilidade como

instrumento de finalidade exclusivamente pragmática e como mecanismo de

adequação comportamental ao que genericamente chamou-se de

“ecologicamente correto” (LOUREIRO, 2005, p. 76).

A ampliação da discussão sobre Educação Ambiental no Brasil e no mundo

desenvolveu-se ao final da década de 80, pela Organização das Nações Unidas

para a Educação e Cultura (UNESCO) e Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA), promoveram a elaboração de estratégias internacionais

para culminando na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento Humano (CNUMADH – 92).

Então, cabe estabelecer o papel que a Educação Ambiental irá ocupar

inserida nessa sociedade por meio das ações das escolas, como agentes

mobilizador da sociedade. Sabemos que o processo de constituição da ciência foi

longo e penoso, e que muito foi obtido até o momento que vivemos, mas também

se torna assustador o que poderá acontecer se não forem estabelecidos padrões

de consumo e utilização da natureza. A forma como a sociedade se apropria da

natureza também é conseqüência dos avanços da ciência, que a partir da

revolução industrial se intensificaram ainda mais, no entanto, também sabemos

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que muitas são as contribuições que essa revolução trouxe a sociedade

capitalista que vivemos.

Leff (2001) defende ser necessária uma nova racionalidade ambiental na

busca pelo saber ambiental, o que significa que esse saber emerge como uma

reflexão sobre a construção social do mundo atual, onde hoje convergem e se

precipitam os tempos históricos, que já não é mais o tempo da evolução biológica

e da transcendência histórica. É a confluência de processos físicos, biológicos e

simbólicos reconduzidos pela intervenção do homem, da economia, da ciência e

da tecnologia para uma nova ordem geofísica, da vida e da cultura.

Para Leff (2001) o saber sobre um ambiente que não é a realidade visível da

poluição, mas sim um conceito da complexidade emergente onde se reencontram o

pensamento e o mundo, a sociedade e a natureza, a biologia e a tecnologia, a vida e a

linguagem. Um ponto de inflexão da história nos induz a uma reflexão sobre o mundo

atual, de onde emergem as luzes e sombras de um novo saber, atravessado por

estratégias de poder em torno de uma reapropriação da natureza que seja filosófica,

epistemológica, econômica, tecnológica e cultural. Assim, o ambiente é esse saber

que transborda sobre a transparência dos sinais do mercado globalizado e do

iluminismo do conhecimento científico e moderno, da eficácia da tecnologia e da

racionalidade instrumental, precipitando seus saberes subjugados. É o prisma que

recebe o raio concentrado de luz projetado por este mundo homogeneizado da ciência,

do progresso e da globalização, para refratar um feixe de luzes divergentes, de cores e

matizes diversos, onde se entrelaçam tempos ontológicos, tempos históricos, tempos do

pensamento e tempos subjetivos. (LEFF, 2001).

REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 9795 de 27 de abril de 1999 - Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em: <http//: mma.gov.br//>. Acesso em: 20. nov. 2008. DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e prática. São Paulo: Gaia, 1994. GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (dês) caminhos do meio ambiente. 13. ed. São Paulo: Contexto, 2005. LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade e poder. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. LOUREIRO, Frederico B. et al. Educação ambiental: repensando o espaço da cidadania. 3. ed., São Paulo: Cortez, 2005.

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MATERIAIS DIDÁTICOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO

Franciele Moreira Grande1 UNIOESTE (Campus de Marechal Candido Rondon-PR)

[email protected]

Wellington Luiz Prezente2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

RESUMO

O predomínio do ensino de técnicas de resolução nas aulas de Geografia

ainda é uma estável em muitas instituições escolares. Porém, somente os

empregos de técnicas não conseguirão instrumentar o aluno para a compreensão

dos conceitos Geográficos e para a aplicação dos mesmos. Há necessidade do

educando construir o conhecimento através de atividades dinâmicas com

materiais didáticos em que é incentivado a pensar, analisar e fazer deduções,

pois a aquisição de um conceito ou o domínio de alguns significados de geografia

torna-se efetivo quando existe uma ação concreta do indivíduo sobre o objeto de

seu aprendizado.

Os programas de ensino voltados para a educação dos adolescentes e

jovens do ensino médio estão distantes de atingirem níveis satisfatórios de

rendimento escolar, pois estes são realizados sem considerar as características

do aluno do, seus interesses, condições de vida e de trabalho. Cabe aos

educadores o desafio de compreender a realidade do aluno, bem como, quais as

contribuições da Geografia na sua formação e quais atividades e materiais

didáticos podem contribuir para uma aprendizagem eficaz. Desta forma, os

professores de Geografia que não contemplam conteúdos que possibilitam

compreender o “espaço vivido” pelo aluno e auxiliar na tomada de decisões, tanto

profissional como pessoal, se tornam sem relevância, excessivamente teórico, e

de pouca contribuição para a vida do aluno (e da sociedade). Cabe ressaltar,

também, que são raros os materiais e livros didáticos e disponíveis nas escolas

que apóiam a prática pedagógica de educadores de adolescentes e jovens e que 1 Bacharel em Geografia e Acadêmica do segundo ano de Licenciatura em Geografia 2 Acadêmico do quarto ano de licenciatura em Geografia.

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auxiliam na organização de materiais voltados àqueles que se preparam para

enfrentar uma mudança de fase passando a pensar no mercado de trabalho. E

que, portanto necessitam de uma atenção especial, combinada a uma abordagem

menos teórica e abstrata. Essas são as razões para o uso de apoios didáticos.

Deve-se considerar que o aluno do ensino médio, conforme Vóvio (1999) é

portador de cultura e domina uma série de conhecimentos, habilidades,

procedimentos e representações sobre o mundo, que não devem ser

desprezados.

Há vários métodos de ministrar aulas que vão desde a mais Tradicional,

passando para a Humanista, Tecnicista; Interacionista, alguns desses métodos

dão certo em sala de aula, outros nem tanto dependendo da turma que esta a

disposição, pois no modo humanista deixamos de lado a idéia de professor

“mandão” e passamos a ser motivadores para que o aluno seja um sujeito ativo

na sala de aula.

Além desses métodos de ensino de Geografia centrados na ação do aluno,

a utilização de materiais didáticos (ou materiais manipuláveis, ou materiais

instrucionais) variados em sala de aula pode contribuir para a melhoria da

qualidade do ensino e para uma aprendizagem efetiva, auxiliando os alunos na

construção e compreensão dos conceitos geográficos.

Sabendo-se que, na sua maioria, os conteúdos curriculares não são

associados com o conhecimento prático dos alunos em geral, sendo assim este

trabalho pretende promover discussão sobre a utilização de materiais didáticos

nas aulas de Geografia no ensino médio e ainda, apresentar algumas sugestões

de como podem ser usados. Visando à construção do conhecimento em bases

concretas, através da visualização e manipulação do objeto de estudo ou modelo

correspondente, com o auxílio de materiais didáticos, o aproveitamento das aulas

de Geografia é superior ao das aulas convencionais (aulas expositivas) na medida

em que permitem ao professor suprir as dificuldades de abstração apresentados

pelos alunos e auxiliá-los na observação direta dos quadros naturais e humanos,

isto é, na visualização do objeto de estudo, daí a importância de seu uso na

disciplina de Geografia.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia (1998,

p. 34), “o estudo através da observação permite explicações sem necessidade de

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longos discursos. Além disso, estar diante do objeto de estudo possibilita maior

apreensão dos conteúdos teóricos”.

A partir disso, é importante que os profissionais da Geografia precisem

refletir mais sobre sua prática pedagógica para melhorar a qualidade do ensino e

torná-lo mais atrativo para o educando e, não deixar de lado os conhecimentos

que o aluno já possui a fora escola, pois estes que serão a base para o

planejamento das atividades a serem desenvolvidas com o aluno.

MATERIAIS DIDÁTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

O uso de materiais didáticos nas aulas de geografia não é uma idéia

recente, pois alguns autores, já apontavam que o uso de diversos recursos nas

aulas auxiliaria a “desenvolver uma melhor e maior aprendizagem”.

A presença de materiais didáticos nas aulas de geografia vem sendo

incentivada e, atualmente, é impossível que se discuta o ensino desta ciência sem

citar esse recurso de ensino. Entretanto, não basta a utilização de materiais

didáticos se esses ficarem restritos apenas à manipulação dos alunos de forma

lúdica e sem função educativa. É necessário que seu uso esteja atrelado a

objetivos bem definidos quanto ao aspecto de promover a aprendizagem do

estudo da Terra, ou seja, a um cuidadoso planejamento da ação. Para alguns

autores o importante da ação é que ela seja reflexiva e que o aluno aprenda de

modo significativo, desenvolvendo atividades nas quais raciocine, compreenda,

elabore e reelabore seu conhecimento, sendo que o uso de materiais pode trazer

uma grande contribuição nesse sentido. Afinal, o aluno é um sujeito ativo na

construção do seu conhecimento; ele aprende a partir de suas experiências e

ações, sejam elas individuais ou compartilhadas com os outros.

É sabido que nas três séries de escolaridade, os alunos já dominam

conceitos elementares da geografia e que tiveram experiências de (re) construção

destes conceitos, a partir de materiais concretos até atingir a abstração.

Entretanto, apesar de ter capacidade de abstrair, de operar adequadamente com

a linguagem geográfica, há determinados conceitos que seriam mais rapidamente

compreendidos, abstraídos e fixados se fossem explorados com o auxílio de

materiais didáticos concretos.

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REFERÊNCIAS ANDRADE, M. C de. Caminhos e Descaminhos da Geografia. 3. ed. Campinas-SP: Papirus, 1989. ANASTESIOU, Léa das Graças Camargo, ALVES, Leonir Pessate. Estratégias de ensinagem. 4. ed. Univille, 2004. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Geografia. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília, 1998.

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A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

André Marmentini UNIOESTE (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Rosilaine Zanardi UNIOESTE (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Devido ao acelerado crescimento industrial e ao crescimento populacional

desordenado nas últimas décadas, a crise ambiental tomou proporções adversas.

O meio ambiente começou a ser observado com mais cautela na década de 70,

onde surgiu a educação ambiental como uma forma de conscientização para a

população mundial. Hoje com o agravamento da crise ambiental muitas medidas

estão sendo tomadas como forma de conscientização para a preservação do

meio ambiente. Uma delas é a educação ambiental na escola, onde visa fazer

com que as crianças cresçam com uma maior responsabilidade, aprendendo o

valor da preservação desde a escola, assim mostrando e tentando conscientizar

seus pais, amigos, familiares. No Brasil, ainda é necessário que haja uma

qualificação profissional para essa área da educação/ensino (ambiental), onde as

aulas serão de maior qualidade e retorno tanto para os alunos como para a

sociedade.

A questão Ambiental revela-se como grande preocupação de diferentes

instituições, é um dos problemas urgentes a serem resolvidos já que coloca em

risco a sobrevivência do homem na Terra. É preciso chamar atenção para as

ações muitas vezes impensadas, desordenadas e inconsequentes as quais

degradam cada vez mais o planeta. A contaminação dos recursos hídricos, a poluição do ar e dos solos, o consumo desenfreado dos recursos naturais, o aumento da produção dos resíduos sólidos, entre outros agravantes, têm contribuído e muito para a redução da qualidade de vida da comunidade. (PENTEADO, 2001 apud LIMA RIBEIRO; PROFETA, 2004).

A Educação Ambiental pressupõe reformular a base dos participantes

envolvidos no processo educacional, apresentando uma nova visão e construindo

novos conhecimentos, principalmente das crianças, que necessitam crescer com

um pensamento mais amplo e um maior interesse uma maior preocupação e um

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senso de responsabilidades no que diz respeito à preservação dos recursos

naturais, e sua utilização no dia-a-dia como matéria prima e também a sua forma

de utilização manejada.

Discussões acerca da Educação Ambiental vêm ganhando espaço com o

passar dos anos e como não poderia deixar de ser, um desses espaços é a

escola. Dessa maneira, surge uma reformulação no sistema educativo, a partir de

novas práticas pedagógicas que sejam promotoras de sujeitos de ação e não de

adaptação, de cidadãos responsáveis e conscientes de seu papel no mundo. A

incorporação do Meio Ambiente à Educação formal possibilita o contato direto dos

educadores e educandos com a realidade complexa de processos de

conservação da natureza, social e ecológica, trazendo uma compreensão do

mundo através de diferentes processos desde a formação nível básico até a

formação do superior e assim formar um cidadão consciente de suas

responsabilidades perante a natureza.

Dessa forma, criou-se, no mundo inteiro, um consenso mundial de que o

futuro, dos humanos organizados em sociedade depende das relações

estabelecidas entre os homens e a natureza. Inicialmente, a Educação Ambiental

apresentava um caráter preservacionista, com ações voltadas apenas para o

cuidado com a natureza, mas hoje sabemos que esse limite está avançado, ela

possui um caráter social e político. Nesse processo, a Educação Ambiental vem

adquirindo uma grande importância no mundo, sendo então pertinente que os

currículos escolares busquem hoje desenvolver práticas pedagógicas

ambientalizadas. A Educação Ambiental deve estar presente no currículo de

todas as disciplinas como perspectiva educativa, já que permite a análise de

temas que enfocam as relações entre seres humanos, o meio natural e as

relações sociais, sem deixar de lado suas especificidades.

Não é necessário que a Educação Ambiental esteja presente no currículo

escolar como uma disciplina, mas sim como um tema envolto a todas as relações

e atividades escolares, buscando desenvolver-se de maneira interdisciplinar.

Outro fator determinante na inserção da Educação Ambiental na escola de

maneira interdisciplinar e efetiva é, sem dúvida, a formação adequada e o

aperfeiçoamento do profissional docente, sobretudo, a esse respeito, os

Parâmetros Curriculares Nacionais (2000, p.30) ressaltam que:

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Além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor se desenvolva como profissional de educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam ser revistos para que haja possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em suas reais condições de trabalho.

É importante ressaltar que nas escolas não se deve aprender apenas

conteúdos sobre o mundo natural e social e sim adquirir também consciência,

disposições e sensibilidades que irá comandar as relações e comportamentos

sociais do sujeito e estruturar sua personalidade. Assim, a interdisciplinaridade

envolve muito mais do que integração entre as disciplinas, ela precisa envolver

conhecimentos do dia-a-dia dos alunos e que traga a eles algum significado. Por

isso, a Educação Ambiental precisa fazer parte do cotidiano escolar, para tratar

sobre questões atuais que aluno vive e pensar em que mundo se deseja viver, e,

então, pôr em prática o pensamento ecológico e de poder agir na realidade vivida

e pensar globalmente.

REFERÊNCIAS ADOLFO, Rafael; ALBINO Ângela Aparecida; PIRES, Marta Siviero; SANTOS, Carmenlucia. Inclusão de atividades de Educação Ambiental em escola infantil através da reciclagem e compostagem de lixo. Disponível em: <http://www.institutoventuri.com.br/t001.pdf>. Acesso em: 05 out. 2009. ALBERTO, Paula Gadioli; SANTANA, Luiz Carlos. Educação Ambiental na educação infantil: armadilha ou slução?. Disponível em: <http://www.alb.com.br/anais16/sem13pdf/sm13ss16_03.pdf>. Acesso em: 03 out. 2009. AQUINO, Maria Sacramento. A gestão do conhecimento na educação básica com foco nas questões ambientais. Disponível em: <http://www.anped.org.br/reuniões/31ra/2poster/GT22-4313—Int.pdf>. Acesso em: 03 out. 2009. FUNK, Suzana e SANTOS, Ana Paula dos. A educação ambiental infantil apoiada pelo design gráfico através das histórias em quadrinhos. Disponível em: <http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/actas_diseno/articulos_pdf/A4112.pdf>. Acesso em: 03 out. 2009.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERDISCIPLINARIDADE: UM DIÁLOGO DE SABERES1

Mateus Marchesan Pires2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Nos dois últimos séculos (especificamente século XX e XXI) as sociedades

desenvolveram-se técnica e cientificamente, também consequentemente muitas

alterações no espaço natural, foram desencadeadas. Diversos problemas

surgiram (e vêem agravando-se) tais como a fome, má distribuição de renda, a

violência, a desigualdade social.

A partir dos anos 50/60 a sociedade que foi impulsionada pelo

desenvolvimento tecnológico, começa a sentir os efeitos desse desenvolvimento,

sobre a sua qualidade de vida, principalmente as alterações do ambiente natural.

Segundo Ferreira (1993) a civilização, da qual somos parte, tem-nos

apresentado à natureza como algo separado de nós mesmo. Forjou em nossas

mentes uma concepção de mundo onde os fatos, os fenômenos, a existência, se

apresentam de forma fragmentada, desconexa, cuja consequência é a angústia, a

incompreensão da totalidade, medo o sofrimento.

Frente a isso ganha destaque a Educação Ambiental, e especialmente o

acesso ao conhecimento ambiental, uma vez que pode despertar a participação

consciente e organizada da sociedade, visando o bem comum e a transposição

dos saberes, integrando as questões ambientais as necessidades humanas.

Para Leff (2002) a crise ambiental não é crise ecológica, mas crise da

razão. Os problemas ambientais são fundamentalmente problemas do

conhecimento, o que significa que apreender a complexidade ambiental não

constitui um problema de aprendizagem do meio, e sim de compreensão do

conhecimento sobre o meio.

Diante dessa crise da razão, temos a fragmentação das ciências, advinda

especialmente a partir da chamada Revolução Científica, que trouxe a hiper-

especialização para os diferentes ramos do conhecimento. Consequentemente os

1 O presente texto traz uma breve reflexão a cerca da Educação Ambiental e Interdisciplinaridade, sendo que essa é apontada atualmente como um dos possíveis caminhos para se trabalhar a Educação Ambiental, estabelecendo um diálogo entre as áreas do conhecimento. 2 Licenciado em Geografia, Discente Regular do Programa de Pós–Graduação em Geografia, nível de Mestrado – UNIOESTE – Francisco Beltrão – PR, bolsista CAPES.

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saberes passam a ser vistos de forma fragmentária, sem diálogo entre os

especialistas. Um dos possíveis caminhos, para superação seria a

interdisciplinaridade. A interdisciplinaridade caracteriza-se pela intensidade das trocas entre especialistas; Consiste no fato de que ela incorpora os resultados de várias disciplinas. Algumas atitudes interdisciplinares dependem da cultura, da comunicação de especialistas e que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições das outras disciplinas.(FRANCISCHETT, 2006, p.01).

A interdisciplinaridade é muito mais que apenas uma troca, ela requer

atitudes. A imagem a seguir auxilia na compreensão do conceito de

interdisciplinaridade, ou seja, cada profissional (professor, pesquisador) possui a

sua especificidade (cor), entretanto tem conhecimento, opera e trabalha com

conceitos e categorias de outros campos do saber.

Imagem 1-A Interdisciplinaridade, e a visão da totalidade com suas especificidades

Fonte: http://museuempedacos.files.wordpress.com/2009/02/interdisciplinaridade.jpg

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A interdisciplinaridade é um ato de troca, de reciprocidade entre as

disciplinas ou ciências. Segundo Ferreira (1993) é uma atitude, uma

externalização de uma visão de mundo de natureza holística3.

Japiassú apud Garcia (2004) ressalta que a interdisciplinaridade é como

algo a ser vivido, enquanto atitude de espírito. Essa atitude é feita de curiosidade,

de abertura, do senso de aventura e descoberta, e exerce um movimento de

conhecimento capaz de intuir relações. É nesse sentido uma prática individual.

Mas também é prática coletiva, onde se expressa como atitude de abertura ao

diálogo com outras disciplinas, que reconhece a necessidade de aprender com

outras áreas do conhecimento.

É necessário que o professor, que atua interdisciplinarmente, tenha

domínio e conhecimento amplo de sua própria disciplina, para contribuir na

articulação, em profundidade, entre os saberes das demais áreas do

conhecimento, especialmente quando tratamos da Educação Ambiental, uma vez

que essa “não atua somente no plano das idéias e no da transmissão de

informações, mas na existência, em que o processo de conscientização se

caracteriza pela ação com conhecimento”. (LOUREIRO, 2006, p.28).

Por isso a interdisciplinaridade atualmente ganha destaque, sendo uma

prática essencial, para estabelecer um diálogo entre as áreas do conhecimento,

Leff (2002) destaca que uma racionalidade ambiental demanda a transformação

dos paradigmas científicos tradicionais e a produção de novos conhecimentos, o

diálogo, hibridação, integração de saberes, a colaboração de diferentes

especialistas, propondo a organização interdisciplinar do conhecimento para um

desenvolvimento sustentável.

Sendo assim a prática interdisciplinar se constitui como um caminho

fundamental para realização da Educação Ambiental, podendo desenvolver

valores e comportamentos ambientalmente corretos.

3 Visão de totalidade.

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REFERÊNCIAS FERREIRA, Maria Elisa de M. P. Ciência e interdisciplinaridade. In: FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Práticas Interdisciplinares na escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1993. FRANCISCHETT, Mafalda Nesi. A busca do entendimento da Interdisciplinaridade. In: ALVES, Lourdes Kaminski, et al. (Org.). Lingüística Aplicada & Letras Virtuais: Questões de Linguagem e Ensino. Cascavel, UNIOESTE, 2006. GARCIA, Joe. Notas sobre o professor interdisciplinar. Educação Temática Digital, Campinas, SP, v.5, n.2, p.42-57, jun. 2004. Disponível em: <http://www.fae.unicamp.br/etd/viewissue.php?id=6>. Acesso em: 12. abr. 2010. LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. Trad. de Sandra Valenzuela. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002. LOUREIRO, Carlos Frederico B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

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A BUSCA POR RECONHECIMENTOS DA MULHER AGRICULTORA NO PROCESSO PRODUTIVO FAMILIAR NO SUDOESTE DO PARANÁ

Aline Motter Schmitz UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Roselí Alves dos Santos UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Durante muito tempo as mulheres não foram reconhecidas oficialmente na

profissão de agricultora. Isso aconteceu apenas com a Constituição de 1988.

Foram várias lutas em busca de direitos na região sudoeste paranaense e com o

seu reconhecimento na categoria de agricultora, aumentam os direitos das

mulheres, mas não o suficiente para superar a exclusão a que estas foram e são

submetidas. Por exemplo, após a introdução do pacote tecnológico da agricultura

na região as atividades que eram desempenhadas pelas mulheres no campo são

tidas e assumidas por homens, assim como a representatividade nas entidades

políticas e produtivas também.

A pesquisa Registrando a história e as Experiências político – organizativo

das mulheres agricultoras do sudoeste do Paraná1, teve início em 2009, encontra-

se em andamento com previsão de término em dezembro de 2010. Este projeto é

composto por bolsistas de graduação e recém formados dos cursos de Geografia

e Pedagogia, o mesmo é realizado em parceria com entidades representativas da

agricultura da região que são: Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR)

Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (ASSESOAR) e Instituto

de Formação do Cooperativismo Solidário (INFOCOS), com estes foi possível

compreender a realidade das agricultoras, também a contribuição das mulheres

que participaram do processo de organização política foi fundamental.

Em diversas conversas e entrevistas com as mulheres agricultoras

notamos que as diferenças de gênero estão muito presentes em suas vidas. As

diferenças entre os sexos foram estabelecidas através de uma sociedade

patriarcal que coexiste com o capitalismo. Segundo elas a muito que mudar,

1 Projeto financiado pela SETI - Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – FUNDO PARANÁ.

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apesar das lutas e conquistas realizadas pela organização feminina o machismo

continua vinculado a cultura da região. As entrevistadas afirmam que apesar dos

conflitos atuais ocorreu significativa mudança na relação familiar, mas que ainda

há muito que conquistar.

Derivado de um processo de domínio territorial e de exclusão social

emerge um processo de organização política com a criação de organizações de

agricultores familiares que oferecem resistência ao modelo estabelecido pelo

Estado, a partir de práticas alternativas de produção de alimentos com base no

associativismo, em técnicas menos degradantes em questões ambientais e no

trabalho de construção familiar. Nesta nova forma de organização a mulher

agricultora que até então era tida como agente coadjuvante no processo de

desenvolvimento regional, passa a exercer um papel fundamental nas atividades

de produção agropecuária, reprodução familiar, sustentação das lutas e

organização política na busca por direitos igualitários aos seus.

Antes de 1988 as mulheres agricultoras eram reconhecidas apenas como

dona de casa, através das lutas pela constituição tiveram a profissão de

agricultora reconhecida. A organização das mulheres contribuiu para o reconhecimento do trabalho da mulher agricultora como uma profissão, ou seja, da mulher deixar de ser tratada como doméstica e ser reconhecida como uma agricultora. A possibilidade de trabalhar e receber por isso, bem como a aposentadoria, deram liberdade financeira para a mulher, que vê seu trabalho sendo parcialmente reconhecido e valorizado. Sair de casa e começar assumir posições importantes, antes isso era prioridade do homem, isto elevou o auto-estima feminina e deu um outro lugar de poder para a mulher. (Relato das mulheres – Francisco Beltrão – 2009/2010).

Ocorre grande frustração por parte das mulheres em relação ao trabalho e

administração das propriedades rurais. Em entrevista elas colocam que apesar de

efetuar dupla jornada de trabalho não são reconhecidas por seus familiares

homens e seus filhos (homens) e muitas vezes até mesmo pelas próprias

mulheres, as mulheres machistas, que imaginam os homens como superiores

principalmente nas tomadas de decisões.

Apesar da dupla jornada de trabalho, com a modernização agrícola as

mulheres perdem seu espaço no meio produtivo, não diminui o trabalho, mas

apenas sua função fica ainda mais inferiorizada, a utilização de maquinários e

implementos agrícolas faz com que se afastem da produção, seu trabalho fica

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concentrado na casa, horta, nos pequenos pedaços de terras acidentados que

são destinados para que as estas cultivem os produtos para o consumo familiar e

na produção leiteira. Na maioria das famílias, dentre o conjunto de operações necessárias à produção de leite, as mulheres se dedicam àquelas restritas ao âmbito interno das propriedades, enquanto que as relações externas, como venda da produção, compra de insumos, contato com técnicos, participação em reuniões e cursos, são, mais usualmente, executadas pelos homens. (MAGALHÃES, 2003).

Segundo os registros feitos pelo projeto de pesquisa, antes da introdução

tecnológica o leite era trabalho feminino, os homens realizavam apenas serviços

complementares, ou seja, a mulher era a responsável pela produção, usava o

dinheiro para as despesas da casa, na atualidade a venda do leite se tornou

lucrativo, o cheque sai no nome do homem e é ele quem se apresenta como o

responsável da atividade diante das entidades da agricultura e das cooperativas,

onde que as mulheres se afastam cada vez mais dos cargos de direção.

As práticas excludentes e a tentativa de resistência dessas são assumidas

pelas agricultoras familiares no sudoeste do Paraná com muito esforço,

apresentando avanços e recuos, os quais possibilitam o debate a cerca da

importância do reconhecimento do trabalho das mulheres, bem como para que

sua participação política não seja esquecida.

REFERÊNCIAS MAGALHÃES Reginaldo Sales. A masculinização da Prudução de Leite. Revista Economia e Sociologia Rural, Brasília, volume 47, número 01, Março de 2009. <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20032009000100010&script=sci_arttext.>. Acesso em: 05/04/2010. UNIOESTE – SETI - Narrativa em construção do resultado do projeto de pesquisa e extensão Registrando a História e as Experiências Político - Organizativo das Mulheres Agricultoras no Sudoeste Paranaense - Programa: Universidade Sem Fronteiras, Subprograma Diálogos Culturais, realizado na UNIOESTE, Francisco Beltrão, 30-04-2010.

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A CONCEPÇÃO ROMÂNTICA DE NATUREZA E SEUS DESDOBRAMENTOS PARA A GEOGRAFIA

Everton Luiz Lovera1

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

A forma com que o sujeito encara a Natureza tem ganhando relativo

espaço nas pesquisas geográficas pós-modernas. Cada vez mais estudiosos tem

debruçado-se nos estudos a fim de entender a relação entre homem e meio a

partir voltando seu olhar para o sujeito.

Porém, é necessário que se busque ir além apenas do conhecimento pós

modernista em relação a este tipo de estudo, uma vez que personagens como

Goethe, Schelling, foram grandes entusiastas dentro desta perspectiva.

Assim, neste estudo, dá-se relativa importância ao período vivido por estes

pensadores, o Romantismo Alemão.

O movimento romântico alemão, que aqui tentamos elucidar alguns traços,

ganha destaque dentro dos estudos dos diversos movimentos e manifestações

românticas devido a ser “o único que se estrutura como movimento,

conscientemente, a partir de uma posição filosófica”. (BORNHEIN, 2002, p.77).

Faz-se necessário dizer que: O romantismo não foi apenas um fenômeno relativo à esfera da literatura, das artes, do gosto e da estética, afinal, mas uma tendência que abrangeu e modificou radicalmente toda a cultura européia. Religião, política, ciência foram igualmente influenciadas pela revolução romântica.no campo filosófico não houve apenas uma estética romântica, mas também uma filosofia da historia, uma filosofia da natureza, uma ética e uma filosofia da religião orientadas pelo romantismo, que penetrou profundamente nas disciplinas históricas nascentes, acompanhando e condicionando radicalmente o estudo histórico da linguagem, do direito, das religiões e das mitologias. ( D’ANGELO, p13,1998).

Enquanto para o pensamento Iluminista a ciência tinha que ser objetiva e

descrever racionalmente o fenômeno estudado, a visão romântica encarava o

sujeito como o centro para se apreender a realidade que o cercava. Aqui já se

têm a diferença fundamental entre as duas correntes, uma objetiva e outra

subjetiva.

1 Bacharel em Geografia, e membro do Grupo de estudos em História e Epistemologia da Geografia da UNIOESTE/Francisco Beltrão-PR.

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Essa visão contrária à concepção mecanicista de Natureza já é fruto dos

primeiros esboços românticos do Sturm und Drang, e à medida que o movimento

romântico vai se constituindo enquanto corrente filosófica mais forte e severa

torna-se essa critica ao pensamento racionalista. A visão Iluminista quando voltada à natureza baseava-se na premissa de que a mesma deveria ser vista como algo passivo à experimentação e à matematização. Com o aprofundamento dessa visão e a conseqüente modificação nos costumes, perder-se-ia algumas qualidades referentes à sensibilidade e à forma de encarar a vida à que as pessoas estavam acostumadas. Desta forma o pensamento Romântico buscou resgatar alguns valores do período medievo trazendo-os novamente à tona. Dentre os ideais perseguidos pelos românticos ganha destaque a idéia de uma vida em comunhão com a natureza. (LOVERA, 2009, p.25).

O pensamento romântico se apoiava na valorização do sentimento

enquanto forma de se apreender o mundo exterior. Sendo assim, o mundo

sentido pelo sujeito seria de fato o mundo real. De tal forma, a visão romântica de

Natureza resgatava vários pontos característicos do período medievo, onde

Homem e Natureza deveriam encontrar-se em comunhão.

Os românticos encaram a ciência “Newtoniana”, como uma ciência muito

fria em relação às possibilidades apresentadas para se entender a Natureza, não

podendo ser a Natureza reduzida a formulações puramente matemáticas.

Há uma preocupação com a estética, com a forma do objeto observado e o

que essa impressão causaria no observador. Importante seria entender as

relações entre o objeto e o observador para se desvendar ao máximo a razão.

Da necessidade de se pensar a Natureza a partir de outra ótica, que a

princípio contraria a ciência moderna, nasce a ciência romântica, que terá como

principais expoente Goethe, Schelling.

Goethe nos traz a idéia de empobrecida a ciência que não conseguiria ver

nos objetos nada além da linguagem matemática, pregando que a ciência deveria

pensar nas qualidades do objeto e sua influência no observador. Schelling

reformulou e ampliou teorias de pensadores anteriores a ele, tal como a de Fichte,

construindo assim a Teoria da Natureza. desta forma, suas obras, passaram “a

expressar toda a problemática do Romantismo; todos os problemas filosóficos da

escola foram por ele ventilados”. (BORNHEIN, 2002).

Também há no pensamento romântico a preocupação em unir Natureza e

história, a fim de resgatar e entender através dessa relação as peculiaridades de

cada cultura, enaltecendo-as.

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Dentro do pensamento romântico o homem encontra-se íntimamente ligado

a Natureza, em uma relação mútua de troca. O homem por ser Natureza

conseguiria entender o mundo de forma sensível, através da simples observação

da Natureza e assim construir uma ciência subjetiva.

Os românticos, além de encarar a ciência dos séculos XVII e XVIII como

muito fria e com poucas possibilidades de representar toda a essência da

Natureza, viam também, como forma falha, deixar essa explicação apenas para a

filosofia, acreditando que: [...] a filosofia permanece condenada ao abstrato, limitada à perspectiva teórica e, consequentemente, infrutífera, pois só se compreensível também em um plano concreto pode a filosofia ser justificada [...]. (BORNHEIM,2002,p.102).

Dada estas afirmativas, os românticos pregavam que apenas através de

uma obra artística se conseguiria representar de fato a Natureza em sua essência

máxima, pois o artista sente o mundo e torna-se capaz de representá-lo enquanto

materialidade. É evidente que, se se julgarem as pretensões da ciência romântica a partir da física “oficial” instaurada por Newton, tudo isso pode parecer um tanto ridículo, a ponto de nem se dever usar a palavra ciência. Mas o inconformismo com uma aproximação fria, matemática, da natureza era uma idéia extremamente freqüente na época e que, sem dúvida, exerceu uma influência positiva inclusive no progresso da ciência. (BORNHEIM, 2002, p.97).

Assim, o romantismo possuía a sua própria maneira de entender e

representar a Natureza, dando a ela mais significado do que as expressões e

fórmulas matemáticas conseguiam transmitir, deixando o com que o sujeito

pudesse entender a Natureza a partir de sua interioridade.

REFERÊNCIAS

BORNHEIM, G. A filosofia do Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 2002. D’ANGELO, P. A estética do Romantismo. Trad. Isabel Teresa dos Santos. Ed. Estampa, 1998. LOVERA, E. L. A natureza na obra Werther: traços da influência romântica no pensamento geográfico, 2009. 48f. Monografia (Geografia) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus de Francisco Beltrão.

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INOVAÇÃO NO SETOR DE PRODUTOS LÁCTEOS: A IMPORTÂNCIA DAS EMBALAGENS LONGA VIDA

NA EXPANSÂO DO SETOR NO SUDOESTE PARANÁENSE1

Marcelo Buttner2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

O Sudoeste Paranaense é uma região de ocupação recente que

tardiamente foi se consolidando enquanto importante bacia leiteira. Possui uma

colonização baseada na pequena propriedade com produção diversificada, mas

com o passar dos anos tem passado por um processo de especialização.A

produção de leite tem se apresentado como uma importante atividade para os

pequenos produtores da região.

A região vem ganhando destaque na produção nacional de leite tanto que,

em 2007 já era a sexta maior produtora de leite do Brasil. Esse salto de produção

faz parte de um processo mais geral do qual o mercado nacional vem passando

desde o fim do tabelamento do preço do leite no final dos anos 90, o que

possibilitou uma maior expansão do setor, para regiões mais distantes dos

grandes centros consumidores, mas isso só foi possível devido à inserção de

novas tecnologias, dentre as quais podemos destacar a implementação das

embalagens cartonadas. Que representam uma importante inovação no setor.

Segundo Freeman (1984), nem sempre a inovação ao ser criada será de

forma imediata implementada, pode-se passar décadas até que a sua

rentabilidade esteja claramente visível, e os imitadores comecem a se dar conta

do potencial lucrativo que esse novo produto possui, e passem a investir de forma

pesada no mesmo. Dessa forma durante a fase ascendente de uma onda longa,

ocorre a ocorrência simultânea de uma explosiva fase de crescimento em novas e

importantes industrias e tecnologias (FREEMAN,1984, p. 12).

Dessa forma no setor lácteo a grande inovação encontrada é a embalagem

longa vida (conhecida popularmente como Tetra Pak, que na realidade é o nome

empresa produtora das mesmas), produzida pela tetra pak , ela vem mudar as

estratégias desenvolvidas pelas empresas, e as suas áreas de atuação.

1 Pesquisa de Iniciação Cientifica sob orientação do Professor Dr. Fernando dos Santos Sampaio. 2 Acadêmico do Curso de Graduação em Geografia UNIOESTE- Campus de Francisco Beltrão-PR, bolsista da Fundação Araucária.

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Durante a abertura econômica da década de 90, com o fim do tabelamento

do preço do leite, e a grande invasão das multinacionais no mercado nacional de

produtos lacteos, fez dessa década a década de grandes mudanças, e a principal

mudança, segundo Souza (2009), foi a introdução da embalagem longa vida, cuja

embalagem aumenta o tempo de validade do produto de 5 á 7 dias do saquinho

plástico, para cerca de 140 dias com a embalagem tetra pak. Dessa forma se

torna possível que as empresas de laticínios atuem em mercados nacionais e até

mesmo internacionais, deixando de serem limitadas aos seus mercados regionais.

Dessa forma se tem um maior dinamismo espacial na comercialização do

principal produto comercializado – o leite fluido (SOUZA,2009, p. 78). Mas a

introdução da embalagem longa vida teve uma grande desvantagem que foi o

monopólio do mercado pela empresa tetra pak.

Segundo Santos (2000) A empresa tetra pak foi criada em 1951, por Ruben

Rausing, na Suécia para a produção de embalagens cartonadas. No Brasil a

empresa chegou em 1957 através da representação comercial, com a construção

da fabrica de embalagens em 1978, em Monte Mor em São Paulo se iniciou a

produção no pais. A embalagem longa vida foi desenvolvida pelo grupo em 1961,

ela é composta por varias camadas de materiais diversos como papel, polietileno

e alumínio, essas camadas tendem a evitar a entrada de luz, água, ar e

microorganismos que poderiam vir a estragar o produto.

Souza (2009), afirma que outra inovação da década de 90 foi a

diversificação nos mix de produtos, e na especialização das empresas. A

diversificação passa a mediante investimentos em inovações no segmento de

iogurtes, bebidas lácteas, doces de leite queijos, essa diversificação se realiza

numa tentativa de se substituir o mercado perdido do leite barriga mole.

A embalagem longa vida tem um auto custo para as empresas, o que

acaba tornando necessária a inserção de novas tecnologias, e em vista disso a

empresa gaúcha Plastela, entra no mercado com a embalagem Duraflex, um

sache em plástico resistente, capas de dar ao leite um praso de validade de até

120 dias sem refrigeração. E segundo Souza (2009), tem um custo em média de

30% á 50%, a menos que os produtos presentes no mercado.

Devido ao elevado período de tempo que a embalagem longa vida tende a

conservar o leite. Torna possível que as empresas que atuavam de forma limitada

produzindo, leite em embalagens plásticas e que não passavam de mercados

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regionais, atuem em mercados mais distantes e antes inimagináveis. Dessa

forma, permitiu que regiões antes isoladas mas com grande capacidade de

produção leiteira, ganhassem destaque no mercado nacional, como é o caso do

sudoeste paranaense.

REFERÊNCIAS FREEMAN,Christopher. Inovação e ciclos longos de desenvolvimento econômico. Porto Alegre: Ensaios FEE, 1984. p. 5-20. SANTOS, Claudia Fátima Moraes. Gestão ambiental nas empresas: o caso da industria de embalagens Tetra pak. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1999_a0067.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2008. SOUZA, Joel José de. Gênese e desenvolvimento da industria de laticínios na Região Oeste Catarinense. 2009. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis- SC.

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UMA ANÁLISE SOBRE O DESENVOLVIMENTO RECENTE DO CRÉDITO RURAL E AS MUNDANÇAS NA AGRICULTURA BRASILEIRA1

Wilian Padilha2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Marlon Clovis Medeiros3 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

O objetivo do presente trabalho é analisar as mudanças no financiamento

agrícola brasileiro e suas relações com a dinâmica regional na agricultura no

período pós-1990. Busca-se compreender as mudanças no sistema nacional de

crédito rural (SNCR) e o surgimento de novas formas de financiamento.

A financeirização da agricultura tem ênfase em meados da década de

1960, com a implantação de um sistema dirigido pelo Estado, que disponibilizava

crédito subsidiado aos produtores dispostos aderir ao processo de modernização

do campo. O Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) é criado em 1965 e atua

por cerca de duas décadas. A própria estrutura montada a partir desse sistema

engendra outros mecanismos financeiros privados, que passam a atender as

necessidades do mercado, no momento em que o sistema estatal começa a

entrar em crise na década de 1980.

O SNCR atuou na necessidade de financiamento do novo projeto para a

agricultura, e foi mais além, colaborou para a implantação de um parque industrial

responsável pelo fornecimento dos insumos para produção e pelo processamento

da mesma. Essa passo foi fundamental, pois todo esse parque industrial acabou

dando sustento para a continuidade do processo de modernização da agricultura,

fornecendo insumos necessários para produção – indústrias a montante – e

processando os produtos, os destinado ao mercado interno e externo – indústria a

jusante.

1Trabalho correspondente à pesquisa de iniciação científica sob orientação do Professor Marlon Clóvis Medeiros. 2Acadêmico do curso de Graduação em Geografia pela UNIOESTE – Francisco Beltrão, bolsista PIBIC/UNIOESTE/PRPPG. 3 Professor do curso de Geografia UNIOESTE-Campus de Francisco Beltrão. Doutor em Geografia Humana pela USP.

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O padrão de financiamento da agricultura brasileira mudou a partir da crise

do crédito rural subsidiado na virada dos anos 1980, em momento de crise a

política de financiamento agrícola já não é prioridade para o Estado, e assim o

sistema de crédito passa a ser controlado pelo setor privado. Esses novos

mecanismos gerados pelo setor privado formam um novo padrão de

financiamento da produção, baseados na ação direta de compradores e

fornecedores da agropecuária.

O movimento de descentralização do poder por parte do Estado se

intensifica na década de 90, onde ocorre a abertura da economia para o mercado

internacional, transformando a agricultura e o agronegócio em segmentos mais

distantes de uma política financeira adequada. Com a incapacidade do governo

de manter uma política agrícola, o setor privado torna possível a construção e

concessão do crédito por meio do mercado financeiro e de capitais, ligado as

bolsas de mercadorias e futuros e aos grandes grupos agroindustriais

internacionais.

Os volumosos investimentos das décadas de 1970 e 1980 possibilitaram a

consolidação de grandes produtores agrícolas, tanto em regiões tradicionais como

Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo, como em novas áreas recentemente

abertas às lavouras tecnificadas como em Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato

Grosso. Neste movimento, ampliaram-se os grupos agroindustriais, com forte

entrada de empresas estrangeiras entre as maiores do setor. Nas cadeias mais

dinâmicas, como grãos e fibras, tradings internacionais como Cargill, ADM e

Bunge ampliam significativamente sua presença nos país, visando aproveitar o

novo potencial produtivo que havia se formado.

A ampliação da presença desses grupos se deu primordialmente pelas

aquisições de empresas brasileiras que atuavam nesses setores. Estes grupos

ampliam sua influência nas regiões produtoras brasileiras. Em cada município

produtor de grãos há estruturas destes grupos, em geral muito próximas umas

das outras. Em geral ligadas a bancos de financiamento, apresentam uma

liquidez que se tornou fundamental ao financiamento das lavouras no momento

de esgotamento do crédito oficial.

Esses recursos passam a circular inicialmente na forma de vendas

antecipadas, o que ficou conhecido como contratos de “soja verde”. Em muitas

regiões brasileiras essa prática era comum há tempos, em especial entre

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pequenos produtores com dificuldades de acesso ao crédito oficial. As compras

antecipadas eram (e continuam a ser) realizadas por empresas de vendas de

insumos e por cerealistas.

Na década de 1990 esta prática disseminou-se, em especial em virtude do

esgotamento do crédito oficial subsidiado. As dificuldades de acesso ao crédito

além de estimularem as vendas antecipadas, criaram um mercado de

especulação sobre as dificuldades do produtor nas regiões agrícolas brasileiras. A

partir de 1994, as compras antecipadas ganham um mecanismo mais sofisticado

com a criação da Cédula do Produto Rural (CPR), a qual pode ser comercializada

na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

A CPR é um instrumento privado de financiamento, que pode ser emitida

por um agricultor, cooperativa ou associação. Ela significa uma obrigação de

entrega do produto rural na quantidade e qualidade especificadas, é uma venda

antecipada com recebimento no ato e entrega diferida, como um contrato a termo,

podendo ser emitido nas fases anterior, durante e posterior do plantio, trazendo a

possibilidade de alavancagem de recursos no volume e no momento desejável

pelo agricultor.

Com o fortalecimento dos agentes dos complexos agroindustriais, em

especial as agroindústrias e as tradings, com escala de atuação nacional e

internacional, outras questões surgem na compra antecipada de safra. Para o

produtor, trata-se de obter recursos para custeio da safra e ao mesmo tempo

garantir a venda antecipada de parte da produção. Para a indústria, trata-se de

garantir antecipadamente parte da matéria-prima necessária.

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PROMETEU E A NATUREZA HUMANA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE TÉCNICA E TRABALHO1

Sandra do Nascimento UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Na mitologia grega, fonte da sabedoria e tradição antiga, os muitos deuses

representados são antropomórficos, incorporando defeitos, limitações e fraquezas

humanas. Não é diferente com o Titã Prometeu que desejando proteger a

humanidade, roubou dos deuses o segredo do fogo e o entregou aos homens. Ao

contrário da gratidão esperada foi vítima de conspiração humana perante Zeus.

Ávido de vingança, Zeus concluiu que a melhor forma de puni-lo, seria estender o

castigo à raça humana, através da criação da mulher: Pandora. A mulher

Pandora, presente de todos os deuses, abriu sua caixa, espalhando entre os

homens todos os sofrimentos. Castigados os homens, o deus maior, voltou-se

para Prometeu, acorrentou-o, condenando-o ao perpétuo sofrimento, numa

montanha no Cáucaso, onde diariamente uma águia devorava seu fígado, que

voltava a crescer durante a noite, garantindo o sofrimento do dia seguinte. Foi

salvo por Hércules, que matou a águia e o libertou.

A partir dessa história, simplificada em seus detalhes, diversas

interpretações surgiram a respeito de Prometeu, de sua audácia e bondade

suprema, pois ao roubar o fogo para os homens, retirou-os de uma condição

animalesca, permitindo-lhes descobrir e explorar novas condições. Na

interpretação de Francis Bacon (1561-1627), na obra A Sabedoria dos Antigos,

por exemplo, Prometeu além de símbolo da natureza humana, é o rebelde técnico

que se impõe contra o domínio tirânico dos deuses, fornecendo o fogo, o amparo

de todas as indigências e negócios humanos. O fogo, para o ato da técnica, é o

maior auxílio, o recurso mais importante, a partir do qual se desdobra o

desenvolvimento das artes mecânicas, o que no projeto de reforma do

conhecimento baconiano, corresponde ao progresso da ciência.

O Titã rebelde participa da formação do gênero humano, ensinando-lhes a

serem donos da própria sorte. É o reformador que inventa todas as artes e os 1 Resumo associado a dissertação de Mestrado, vinculada ao Programa de Pós-Graduação de Geografia, da UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão-PR.

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instrumentos da vida humana. O fogo roubado por ele é a origem da indústria, das

artes mecânicas, das ciências e de todos os meios que o homem utiliza para

modificar sua condição de nudez.

Mais do que enaltecer Prometeu, esse prólogo pretende esclarecer a

importância do fogo para o desenvolvimento da capacidade técnica e de sua

evolução histórica. Dádiva dos deuses ou não, a técnica caracteriza o processo

de construção da essência do trabalho humano, que por sua vez, está no centro

da “humanização” do homem, onde natureza e trabalho, meio e fim

interpenetram-se homogeneamente, num amálgama representado pelo ato do

trabalho, materializado no produto deste. (LUKÁCS, s/d).

O trabalho, utilizando-se das técnicas é para Lukács (s/d) o início genético

do homem que se torna homem, e para Engels ([1876] 2005) pode-se dizer que o

trabalho criou o próprio homem, ou seja, desde o início a natureza humana foi um

produto humano. Isso ressalta a importância da técnica dentro da constituição da

sociedade e da transformação da natureza e ocupação do espaço, entendendo a

indissociabilidade entre a evolução da técnica e o processo do trabalho na

história.

Sobre isso, Jacques (2002), afirma que o trabalho tornou-se a categoria

representativa do desenvolvimento genético da espécie, e condição humana;

acrescenta que as atividades de trabalho coletivas do início da história de

evolução do homem, podem ser consideradas como importantes fatores no

surgimento de especificidades humanas como o pensamento, a consciência e a

linguagem.

Para Brüseke (1998) a técnica faz parte da essência do homem, liberando-

o da necessidade da adaptação orgânica, comum para todos os animais,

capacitando-o para a transformação das circunstâncias naturais às suas

necessidades. Assim, animais não possuem técnica, seu modo de fazer refere-se

a qualidades instintivas de evolução natural, não derivadas da capacidade

racional de organização de procedimentos.

Trata-se, portanto, de uma concepção antropológica da técnica, onde

separar o homem da técnica é cometer o mesmo erro que separou a natureza da

sociedade (homem); tanto a relação entre técnica e homem, entre natureza e

sociedade são produtos históricos, a dicotomia não possui sentido, já que, no

caso da natureza e da sociedade, a natureza chamada primeira, que precedeu a

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história humana, não existe mais. Portanto, a natureza e a técnica são humanas,

o homem é natureza e técnica.

É no caráter social da técnica que agregamos a categoria trabalho,

reconhecendo nela a potencialidade de dominação do homem (enquanto

individuo e sociedade) e da natureza, mediados por um desenvolvimento técnico

que fornece as bases para que a consciência racional do homem ultrapasse a

adaptação ao ambiente, executando na natureza modificações até então

impossíveis de serem realizadas.

Portanto, os estudos da técnica revelam as relações travadas entre o

homem e a natureza nas diferentes épocas. Essa é a questão filosófica e,

principalmente, geográfica da técnica: a mediação das relações entre homem e

natureza, através de instrumentos externos que permitem a dominação e

superação dos fenômenos naturais. Com isso, mais do que o entendimento de

aspectos históricos, sociais e econômicos, com a técnica vislumbramos a

evolução do poderio do homem que “liberta-se” das contingências naturais.

REFERÊNCIAS BACON, Francis. A sabedoria dos antigos. São Paulo: Ed. UNESP, 2002. BRÜSEKE, Franz Josef. A crítica da técnica moderna. Revista Estudos Sociedade e Agricultura, São Paulo, vol.10, abril 1998. ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. In: ANTUNES, Ricardo (Org.). A dialética do trabalho: escritos de Marx e Engels. São Paulo, Expressão Popular, 2004, p.13-35. JACQUES, Maria da Graça. Identidade e Trabalho. In: CATTANI, Antônio David (Org.). Dicionário crítico sobre trabalho e tecnologia. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2002. p.161-165. LUKÁCS, György. O trabalho. In: Ontologia do ser social. Trad. Ivo Tonet. s/d. (mimeo)

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ENSAIO SOBRE AS DESCOBERTAS CIENTÍFICAS DA AMÉRICA DO SUL POR LA CONDAMINE1

Fábio Mazoco2 [email protected]

No ano de 1700, o astrônomo e geodesista francês Jacques Cassini, junto

de seu pai, organizou medições nos arcos meridianos franceses, chegando à

conclusão de que a Terra teria o formato de um ovo: alongada nos pólos e

estreitada no equador. Teoricamente, o cientista inglês Isaac Newton, provou o

contrário. A Terra era na verdade um globo achatado nos pólos. Segundo Hagen

(s.d.), o mundo científico ficou dividido entre os newtonianos, partidários do

achatamento da Terra, e os cassinistas, defensores intransigentes do

alongamento da Terra. Em 1673, a Academia das Ciências Francesas enviou o

jovem Jean Richer para Caiena, na Guiana Francesa, a fim de provar por meios

físicos, a teoria de Cassini. Jean Richer tinha, sem o saber, ajudado a Newton. De volta a Paris, Jacques Cassini acreditou-se traído pelo seu colega, pois que êle havia aoitamente afirmado que a Terra é achatada no equador e que o raio polar era maior que o do equador. Denunciou o pobre Jean Richer como “um cafard ET um papelard”. E assim nessa atmosfera tensa se desenvolvia a controvérsia sôbre a forma da Terra. (HAGEN, s.d., p.18).

No dia 16 de maio de 1735, o cientista e explorador Charles-Marie de La

Condamine (1701-1774), parte do porto de La Rochelle, na França. Incumbido

pela Academia das Ciências, de chefiar a expedição ao equador, com a crucial

função de dar fim à luta entre cassinistas e newtonianos sobre o alongamento e

achatamento da Terra. Esta expedição científica possibilitou a América, revelar-se

para o mundo.

A expedição chega a novembro de 1735 na cidade colombiana de

Cartagena das Índias, e em dezembro ao Panamá. Atravessam o istmo do canal

do Panamá e navegam até a costa do Pacífico chegando ao mês de março na

província de Quito e em Guayaquil. A partir de Guayaquil, La Condamine conta

apenas com o invejoso astrônomo Pierre Bouguer, onde tomam um caminho

separado dos restantes, seguindo por uma rota pouco conhecida e lugares

desabitados, de vegetação inalterada, para realizarem seus estudos. 1 Pesquisa vinculada ao Grupo de Estudos em História e Epistemologia da Geografia – UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR). 2 Bacharel em Geografia pela UNIOESTE – UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR).

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O arco de meridiano escolhido atravessava um alto vale perpendicular à

linha do Equador, estendendo-se de Quito, ao norte, até Cuenca. no extremo sul

da linha. Iniciaram os seus trabalhos na planície de Yaruqui, levando de 3 de

Outubro a 3 de Novembro de 1736 para medir o segmento de base da

triangulação. Regressaram a Quito no início do mês de Dezembro. Durante dois anos, de junho de 1737 a junho de 1739, foram realizando o trabalho de triangulação, através de enfermidades, deserções e constantes disputas, até que os triângulos os levaram até à cidade de Cuenca, quase três graus ao sul do equador. (HAGEN, s.d., p.63).

A dificultosa medição de um arco de meridiano naquele ambiente

montanhoso e hostil só termina em agosto de 1739. Após quatro anos desde a

partida de Paris, eles finalmente delinearam a cadeia de triângulos da qual

podiam deduzir matematicamente a forma da Terra. Restava agora, apenas fazer

as observações astronómicas que confirmassem a posição dos pontos extremos

do arco medido.

Em Dezembro de 1741 Bouguer corrigiu um erro de cálculo feito por La

Condamine, surgindo assim uma grande disputa entre os dois, o que os fez

pararem de trabalhar em conjunto. Apesar disso, os trabalhos da dupla medição

do arco são dados por concluídos em 1743, sete anos após a chegada da

expedição ao Equador.

Terminado o trabalho geodésico, La Condamine parte em Maio de 1743 da

cidade de Quito, para às cabeceiras do rio Amazonas. No percurso faz um

levantamento do curso do rio. Também estuda a vegetação e a antropologia dos

povos que encontra, interessando-se em especial pela seringueira e pelo uso do

curare.

No 19 de Setembro de 1743, La Condamine chega a Belém do Pará, onde

permanece durante algum tempo fazendo observações astronómicas e

informando-se sobre o uso da borracha. Em 25 de Fevereiro de 1744, chega ao

porto de Cayenne, permanecendo por cinco meses, devido a falta de uma

embarcação que o conduzisse à Europa. Em Cayenne, realizou observações

astronómicas e também interessou-se pela vegetação e pela etnografia da região.

Partiu para Amesterdã em Agosto de 1744, chegando três meses depois.

Em Paris, La Condamine chegou no dia 26 de Fevereiro de 1745, trazendo

consigo uma coleção de mais de 200 objetos relativos à história natural e à

antropologia da bacia amazônica, entre as quais a primeira descrição científica da

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quina (árvore de onde se extrai o quinino), da borracha, da seringueira e do

curare, sendo-a, a primeira amostra trazida para a França .

Esta viagem permitiu-lhe recolher informações relevantes sobre o Peru e a

Amazônia, publicando os relatos da sua viagem, acompanhado das medições

feitas e de um mapa do curso do rio Amazonas em seu Mémoires de l'Académie

des Sciences (1745), as primeiras descrições científicas do canal do Cassiquiare

e do curare. Outro grande e importante resultado científico devido a expedição de

La Condamine (em confronto com os dados obtidos na Lapónia), foi a prova

concreta da tese de Newton. Ou seja, a Terra é achatada nos pólos.

REFERÊNCIAS HAGEN, Victor von. A América do Sul os chamava. São Paulo: Melhoramentos, s/d. Académie des sciences. Fonds Charles Marie de La Condamine. Disponível em: <http://www.academie-sciences.fr/>. Acesso em: 06 mai. 2010.

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TEORIA E EMPIRIA – O PENSAMENTO COMPLEXO E A GEOGRAFIA1

Luiz Carlos Flávio2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Pensar a relação entre teoria e empiria é uma das tarefas mais importantes

e árduas no contexto da pesquisa geográfica.

Por espaço, território, lugar, região, paisagem compreendemos a complexa

relação entre realidade prática dos homens e pensamento sobre ela tecido. Estes

dois termos (realidade e pensamento) são marcados pela complexidade que

envolve as relações humanas e o exercício intelectivo a seu respeito.

Trivinõs (1997, p. 17) aponta que “os fenômenos do mundo não constituem

um amontoado de coisas acabadas, mas em constante transformação”. Para

Marx (1983, p. 156): “o concreto é concreto por ser a síntese de múltiplas

determinações [...]”.

Na geografia, o concreto se traduz como movimento de múltiplas relações

dialéticas entre objetos e ações. Capturarmos, pelo pensamento, o significado dos

processos da realidade que se metamorfoseia a todo momento (no eterno fluir de

Heráclito) não é tarefa fácil.

Produzirmos um referencial de pensamento sobre a realidade pressupõe

voltarmos nossos olhares à sua complexidade. A realidade traduz-se como a

conjugação de diversos elementos que compõem a pluralidade das relações entre

homens e natureza.

Ademais, a heterogeneidade de coisas/objetos do mundo resulta das

relações sociais dotadas de múltiplas intencionalidades e significados. As

interações, lutas embates, conflitos entre homens, grupos, classes sociais e as

instituições por eles criadas nutrem a transformação do mundo. Portanto, o

pensamento ou método de abordagem sobre as formas e conteúdos geográficos

deve levar em conta essas múltiplas interações.

1 Este trabalho insere-se no rol de temáticas afeitas à nossa pesquisa de Doutorado em Geografia, em andamento pela Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente-SP. 2 Professor do Curso de Geografia da UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR).

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Um dos problemas substanciais do pensamento geográfico, histórico,

sociológico, filosófico, etc. repousa na vontade de simplificação que cerca as

elaborações intelectuais as quais tentam explicar as construções históricas.

Lembra Morin (2007) que se o mundo é complexo, ou seja, contempla

conteúdos de coisas tecidas juntas, o pensamento há que também se fazer

complexo. Caso contrário, não logrará êxito em seu entendimento.

É questão, portanto, fundamental a da necessidade de que os conceitos e

categorias do pensamento geográfico levem em conta os movimentos que movem

o mundo. O que quer dizer considerar a unidade e conexão entre as coisas, em

sua relação com a diversidade.

As relações entre homens/grupos/classes sociais contemplam elementos

de coesão e solidariedade (unidade). Mas, concomitantemente, envolvem

imbricamento entre forças antagônicas e conflituosas (diversidade). A realidade

se traduz como tramas de integração dialética, isto é, de convergências e

divergências. É mistura de continuidades e rupturas, de aproximações e

distanciamentos. Envolve a permanência e os devires.

A produção teórica sobre o mundo deve considerar a complexidade do

mundo social/natural. Deve contemplar os andaimes e ligações entre as

coisas/forças/movimentos, os quais se encadeiam uns nos outros, formando

grupos, séries, sistemas, afirma Marx (S/d, p. 99-100).

As relações e antagonismos engendram formas e conteúdos de produções,

circulações e consumo de coisas/objetos e também de idéias e imaginários sobre

eles formulados.

A construção do pensamento geográfico passa, destarte, pela

compreensão de que, sendo a realidade (i)material, exige a formulação de um

pensamento (i)material sobre o mundo. Habitar, viver, trabalhar, movimentar-se

demandam a reprodução material dos homens (reprodução biológica). Mas

também envolve a (re)criação do pensar, ou seja, processos de teorização acerca

de sua existência.

Os homens/grupos classes engendram significações, representações

simbologias. Conforme Moraes (2002, p. 16): por trás dos padrões espaciais, das formas criadas, dos usos do solo das repartições e distribuições, dos arranjos locacionais, estão concepções, valores, interesses, mentalidades, visões de mundo. Enfim, todo o complexo universo da cultura, da política e das ideologias.

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Para Deleuze e Guatari (1992), dada a pluralidade de sujeitos e relações

que configuram a vida social, os conceitos que a explanam também não são

construções simples. Tal qual a própria realidade, devem se definir a partir de

seus elementos de complexidade (repetimos: coisas tecidas juntas). Os conceitos

devem ser vistos como pontes moventes que atingem os elos e conexões, a

multiplicidade, as articulações, cortes, superposições dos componentes da vida

social.

Os conceitos devem traduzir os movimentos que ligam particularidade e

universal, indivíduos, corpos, poderes e forças que movem a vida social e os

interesses. Devem se atentar aos pensamentos e intencionalidades que

alimentam homens/indivíduos, grupos/classes sociais, instituições, corporações (o

capital), Estado etc. Pois as múltiplas formas-conteúdos que nutrem as

metamorfoses do mundo advêm dessas interações.

E, por último, dar conta dessas articulações entre sujeitos/agentes/atores

do mundo exige do pensador/geógrafo uma postura de metadisciplinaridade

(diálogo entre ciências e domínios do conhecimento). Pois a ausência de

articulação entre os conhecimentos/saberes leva necessariamente à cegueira

teórica, ao fracasso ou à debilidade do pensamento.

REFERÊNCIAS DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Editora 34, 1992. (Col. TRANS). MARX, K. A miséria da filosofia: resposta à filosofia da miséria de Proudhon. Trad. Paulo Roberto Banhara. São Paulo: Escala, s/d. (Col. Grandes obras do pensamento universal, 77). ______. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo, Martins Fontes, 1983. MORAES, Antonio Carlos Robert. Ideologias geográficas: espaço, cultura e política no Brasil. 4. ed. São Paulo: Hucitec, Annablume, 2002. (Geografia: teoria e realidade, 15). MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 3. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007. TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1997.

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ASSOCIAÇÃO DO CENTRO DE EDUCAÇÃO SINDICAL – ACESI

Edinéia Brunhera Gularte1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Roseli Alves dos Santos2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

O texto se constitui a partir do projeto de iniciação cientifica que objetiva

compreender a participação política de algumas entidades da agricultura familiar

no sudoeste do Paraná. Neste apresentamos a ASSOCIAÇÃO DO CENTRO DE

EDUCAÇÃO SINDICAL (ACESI) – cuja organização tem apresentado importânte

relevância na constituição de uma rede política para organização dos sindicatos

de trabalhadores rurais no sudoeste do Paraná.

Historicamente, no sudoeste do Paraná desde a década de 1980 se institui

um sindicalismo combativo agregando os sindicatos de trabalhadores rurais e da

agricultura familiar. Esta forma de organização se contrapôs assistencialista e que

não tinha na luta de classes o seu foco de resistência. A ACESI surgiu a partir da

necessidade dos sindicatos de terem uma estância, a qual como pessoa jurídica,

poderia buscar recursos junto a órgão públicos e outras instituições no sentido de

sustentação da proposta de Educação Sindical.

A Ata de fundação da ACESI é do dia 09 do mês de junho de 1996,

reuniram-se nessa data em Francisco Beltrão, os representantes dos sindicatos

de Trabalhadores Rurais da Região Sudoeste do Paraná, juntamente com uma

comissão provisória que organizou a reunião. A ordem do dia era a votação da

primeira diretoria e do estatuto da instituição. Assim foi eleita a primeira diretoria

de ACESI, tendo uma mulher na sua presidência.

Ficou definido já em sua ata de fundação que as primeiras atividades que a

ACESI desenvolveria, seria uma extensa programação de cursos de educação

sindical, que deveria estar organizada em seis turmas de vinte participantes cada,

1 Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UNIOESTE, Acadêmica do Curso de Geografia da UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR). 2 Professora Drª. do Curso de Geografia UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR).

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uma em cada sub região de sindicatos com a participação de dirigentes e

lideranças sindicais.

A ACESI é composta em seu quadro de associados, pelos Sindicatos de

Trabalhadores Rurais, Sindicatos da Agricultura Familiar, Associações de

Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região sudoeste do Paraná, filiados a

Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar- FETRAF-SUL/CUT.

Os principais objetivos dessa entidade são: organizar os Sindicatos e

Associações em eventos de Formação, abrangendo todas as áreas de estudos

relacionadas com as atividades da categoria, tais como elaboração de projetos,

pauta de reivindicações, eleições sindicais, informações sobre leis, resoluções,

portarias e decretos, bem como desenvolver ações de formação que possibilitem

a participação das mulheres e jovens nos movimentos sindicais, manter

atualizados os dados da realidade socioeconômica da região, manter cadastro

organizado dos filiados e convênios com órgãos públicos, instituições,

Universidades, organizações internacionais e Movimentos Populares.

A Associação não tem fins econômicos, sendo mantida pelas mensalidades

dos associados, convênios com órgãos públicos nacionais e internacionais,

doações de órgãos públicos, pessoas físicas e jurídicas, promoções financeiras e

subvenções.

As Atividades desenvolvidas são realizadas, através de convênios, projetos

e acessórias, a ACESI possui parceria com varias entidades que atuam no

sudoeste do Paraná, tais como, ASSESOAR, CAPA, AMSOP, CRESOL,

EMATER, COOPAFI, UTFPR, COOPERHAF, ARCAFAR-SUL, DIOCESE DE

PALMA DE FRANCISCO BELTRÃO, COOPERIGUAÇU, PETROBRAS, MDA.

Os últimos projetos desenvolvidos pela instituição juntamente com as

acima citadas foram; Projeto Água e qualidade de Vida, Gênero, Território do

Sudoeste, UFFS, Fórum das Entidades da Agricultura Familiar, Semana da Água.

Como escola de educação sindical a ACESI vem dando suporte para os

sindicatos e instituições relacionadas à agricultura familiar, através de cursos

formativos e informativos e também participando efetivamente das atividades

desenvolvidas assim como participando da coordenação destas instituições.

Dentre os projetos realizados podemos destacar o projeto Água e

qualidade de Vida, que a ACESI no ano de 2004 conseguiu aprovar como apoio

financeiro da Petrobras para a realização, o projeto teve seu inicio efetivo em

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2005 e sua primeira etapa teve duração de dois anos terminando em 2007, com

meta de proteger 700 minas de água, e conscientizar os agricultores da

importância da preservação da água assim como da implantação da mata ciliar,

para isso ouve a capacitação de agentes que estiveram em 24 municípios da

região sudoeste do Paraná, foi realizado também, o Simpósio Regional da Água,

além de ações educativas em escolas e informações aos agricultores. Devido ao

comprimento das metas estabelecidas a associação conseguiu em 2008 estender

este projeto para mais dois anos junto a Petrobras.

A Diretoria da Associação é eleita em Assembléia Geral Ordinária num

período de três em três anos, podendo ser eleitos Diretores e Diretoras, todos/as

os/as delegados e delegadas da Assembléia, cujo Sindicato ou Associação esteja

em dia com suas obrigações junto à ACESI.

As atividades desempenhadas pela ACESI nos últimos anos demonstram

seu poder de articulação entre os sindicatos e a FETRAF, sendo que a principal

referência que se destaca nos últimos anos é o trabalho a partir do projeto “Água

e qualidade de vida” que deu visibilidade a entidade no sudoeste do Paraná e

cujas ações beneficiaram muitos agricultores. Assim a ACESI juntamente com

outras entidades representativas da agricultura familiar constituem redes de poder

na organização territorial da agricultura familiar no sudoeste do Paraná.

REFERÊNCIAS ACESI. Jornal informativo. WERLE, Inácio José. Entrevistas cedidas. 7/04/2010.

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COLOMBO E O “NOVO MUNDO”

Rodrigo Ferreira Lima UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Fabrício Pedroso Bauab UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Diversos foram os que rumaram ao desconhecido na busca de riquezas e

prestígio. Colombo foi um deles. O que não se esperava era que em uma dessas

viagens surgisse, por acaso, um continente ainda não relatado por autoridades

como Ptolomeu, Estrabão, Isidoro de Sevilha, Cosmas Indicopleustes, etc.

Foi na cidade de Gênova - lugar de nascimento e viveiro de exploradores

marítimos - que Colombo viveu até os 22 anos. Por acaso conheceu D. Henrique,

o navegador, em uma de suas viagens pelos mares. Em 1484, como Boorstin

(1989) salienta, vendo a precariedade das expedições portuguesas em terras

africanas, ofereceu ao Rei D. João II uma passagem marítima à Ocidente como

outra forma de se chegar às Índias. Essa conclusão foi baseada em Paolo Dal

Pozzo Toscanelli (1397-1482), como menciona Giucci (1992), fazendo referências

a Marco Pólo e suas narrativas da Ásia. Assim, pediu ajuda a Toscanelli no

empreendimento, recebendo de presente uma carta e um mapa.

Para tal viagem, Boorstin (1989) enfatiza que foi necessária uma

preparação que ia desde a aprendizagem do latim a se familiarizar com escritos

de viajantes, cosmógrafos, teólogos etc. Em 1484, apresentou sua proposta ao rei

português, que logo foi recusada. Assim, foi à Espanha procurando apoio, onde

esperou por anos até a rainha Izabel ouvi-lo. Mesmo assim, manteve contato com

a coroa portuguesa, quando foi novamente chamado para negociar. Mas ao

chegar a Portugal se deparou com Bartolomeu Diaz retornando da África após ter

sucesso ao dobrar o cabo de Boa Esperança e chegar as Índias, o que frustrou

seus planos.

Colombo voltou à Espanha, conseguindo apoio da rainha Isabel em 1492.

Sua viagem teve discurso cristão, com uma missão evangelizadora que deveria

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ligar os reis católicos ao Grande Khan1 e a cristandade ao reino prodigioso dos

infiéis. Mas existiu uma dualidade nos objetivos e o discurso econômico vigorou

sempre entre as conversas. Após tudo preparado para a viagem, a questão agora

se figurava em um impasse conceitual, quanto à proporção de água e terra na

superfície terrestre e a real distância existente entre a Europa e a China. Para

chegar a algumas conclusões a esse respeito, usou obras como Imago Mundi de

Pierre d’Ally e a Geografia de Ptolomeu (BOORSTIN, 1989).

A próxima etapa, assim, seria seguir em frente. Para tanto, era preciso

conhecer os ventos e correntes marítimas, o que o almirante bem sabia. Assim,

Colombo partiu de Cádiz no dia 3 de agosto de 1492 em direção a Cipango

(Japão). Tudo era motivo de preocupação, desde a direção dos ventos até a falta

de provisões para a viagem (COLOMBO, 1991). Durante a viagem, omitiu

informações sobre a verdadeira distância percorrida. Após 33 dias de sua partida,

no dia 11 de outubro de 1492, Rodrigo de Triana avistou terra. Navegaram grande

parte das costas americanas acreditando ter encontrado terras asiáticas. De

acordo com Giucci (1991), seria preciso o uso da palavra dita para que a empresa

das Índias prosperasse, visto que o discurso de evangelizar os índios era

coexistente a vontade de descobrir grandes riquezas.

Na viagem de retorno à Espanha, mostrou saber controlar a tripulação,

evitando qualquer tipo de amotinagem. Sua grande virtude era relativa aos

cálculos de viagem serem feitos com a ajuda de uma bússola e a olho, sem o uso

de instrumentos de navegação.

Em uma carta enviada a Santángel em fevereiro de 1493, Giucci (1992)

ressalta que Colombo expressou a vontade de povoar o lugar. Seu objetivo,

nesse momento, era de conseguir outra viagem para obter contato com o Grande

Khan e cidade de Cipango. As confusões feitas por Colombo eram desde a

semelhança da selva cubana com a asiática até a comunicação precária os índios,

acreditando, assim, estar em território oriental. Tamanha admiração, segundo

Boorstin (1989), foi um incentivo para que seis meses depois rumasse novamente

sentido ao Ocidente.

1 Conquistador do império Mongol e responsável pela conquista total da China e responsável por sua reunificação.

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Colombo partira na segunda viagem com a missão de conseguir dividendos

para a coroa espanhola. Seu novo plano idealizava um modelo onde atividades

agropecuárias serviriam de apoio à exploração de metais preciosos, visto que o

trabalho indígena e mineradouro seria a principal da atividade. Para isto, era

necessária uma redução no numero dos nativos. O discurso do colonizador

humanizador mudou de acordo com os interesses imperiais, onde o índio se

tornara escravo e servo da coroa. Em algum tempo, vendo o desgaste das

embarcações, resolveu voltar para a Espanha.

Na terceira viagem, Giucci (1992) relata que o almirante se deparou com

um impasse conceitual entre teoria e prática. Como pudera existir uma imensa

massa de terra e como uma grande quantidade de água desembocar nele? A

princípio, se imaginou que se tratava de outro continente. Mas o Almirante não

estava desprevenido para tal revelação, argumentando não conhecer pela falta de

relatos anteriores. Contudo, tal revelação fez Colombo acreditar que se deparara

com o paraíso. Para tal conciliação, era preciso explicação racional. Colombo a

encontrou dizendo que existiria uma parcela de terra habitada concentrada em

uma grande massa de terra e outra que não se ajustaria na imagem, o que

impossibilitaria as pretensões de se alcançar às índias pelo bloqueio da

passagem (COLOMBO, 1991). Outra objeção à existência de outros continentes

seria a possível existência de povos antípodas viventes. Daí encaixar esse

achado a um paraíso terrestre localizado no extremo Oriente.

Colombo iniciou, em 1502, sua última viagem, onde acabou concluindo que

não existia passagem alguma para o Oriente. Segundo consta, chegou a

conclusão de que existiriam duas penínsulas asiáticas. Colombo morreu em 1507

convencido que tivera percorrido a costa oriental asiática.

REFERÊNCIAS BOORSTIN, D. J. Os descobridores. Trad. Fernanda Pinto Rodrigues. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989, p. 103-116. COLOMBO, Cristóvão. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Trad. Milton Person. Porto Alegre: L&PM, 1991. (Col. A visão do Paraíso) GIUCCI, Guillermo. Viajantes do maravilhoso: o Novo Mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 100-49.

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A FOTOGRAFIA DE PAISAGEM NA GEOGRAFIA

Alcimar Paulo Freisleben1 UNIOESTE (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Mafalda Nesi Francischett2 UNIOESTE (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

INTRODUÇÃO

A complexidade para o estudo da paisagem torna impossível qualquer

análise sob a luz de uma única abordagem. Para Schier (2003), o olhar a partir de

uma determinada abordagem constrói um filtro que ressalta o que essa propõe, e

a paisagem, seja física ou cultural, exige uma apreciação que, algumas vezes,

foge até mesmo das questões geográficas mais clássicas, necessitando uma

análise científica, cultural, política, de caráter multidisciplinar no seu estudo.

A paisagem não deve ser vista apenas como um objeto de estudo, mas

também como uma forma de vivência cotidiana. “A paisagem não se refere à

essência, mas representa a inserção do homem no mundo, a manifestação de

seu ser para com os outros, base de seu ser social.” (DARDEL, 1990, p. 54).

Consideramos o cenário, a paisagem, como um sistema de significados

espacializados, fundamentais para o discurso da ação humana. Nesta

perspectiva, interpretamos algumas de suas manifestações registradas em

fotografias da Praça Central à luz da idéia da paisagem como cenário que se

registra e se representa em fotografias, as ações antrópicas no processo histórico

constituinte.

FOTOGRAFIA DE PAISAGEM

No início do século XX, a “Era da Ciência” representava momento de

modernidade, marcada pela velocidade, rapidez, lemas deste momento e, a

fotografia representava um meio de visibilidade dessa ciência da época, como um

1 Aluno do 4º ano do Curso de Licenciatura em Geografia da UNIOESTE (Fco. Beltrão) - Bolsista PIBIC - CNPq 2 Professora Doutora do Curso de Graduação e do Programa de Mestrado em Geografia da UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR).

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veículo propagador, informativo, detalhado. Marcado por um circuito de exposição

de fotografias de paisagem.

Isto incorporou modelos tradicionais de representação da natureza por

meio de fotografias de paisagem, entendida, conforme Moi (2005) como cultura

visual já existente nas sociedades européias desde o início do século XIX. A

crescente busca por imagens de paisagens naturais estava ligada a um contexto

de um rápido desenvolvimento urbano, associado a um impulso mapeador

imbuído de caráter militar e capitalista que se disseminou na Europa da época.

A fotografia é um recurso importante para registrar transformações

ocorridas em uma paisagem. Neste trabalho apresentamos quatro fotografias de

diferentes épocas, da Praça “Central” de Francisco Beltrão-PR. No ano de 1969,

representado na Foto 1, percebemos o obelisco, a vegetação de pequeno porte,

sem as calçadas centrais, com construções baixas no entorno e ruas pavimentas

com paralelepípedos. Na fotografia 2 de 1977 aparecem os monumentos mais

antigos da praça (obelisco e monumento aos posseiros), a vegetação é de médio

porte e a avenida ainda aberta a passagem de automóveis. Na fotografia 3, dos

anos 90, apresenta as árvores altas, calçadas novas, calçadão que fechou a

avenida para automóveis, casa do artesanato, banca de revistas, bar, floricultura,

edifícios mais altos no entorno e as ruas já asfaltadas.

Já, na fotografia 4 de 2009 estas construções que estavam na quadra da

praça, foram retiradas e no lugar foi construído um bar, um cyber-café/revistaria e

pontos de táxi, o parquinho das crianças foi transferido, vemos também que a

vegetação cresceu. Permanece o obelisco - construído em 1969 em homenagem

aos pioneiros - no centro da praça (Foto 1) o monumento aos posseiros, por

ocasião da distribuição dos títulos de terra (construído no início dos anos 70), o

traçado das calçadas e as construções no entorno, que praticamente continuam

as mesmas (algumas aparecem nas Fotos 1, 2 e 4).

A praça “Central” não tem uma função única. Com características

variadas, seu uso é misto: ponto turístico, local de lazer e ponto comercial (feira

livre, ponto de taxi, bar, banca de revista, ambulantes, etc.). Ela se destaca por

reunir esta diversidade de usos e funções em um só lugar. As questões que

merecem ainda atenção: que tipo de turismo e lazer é o da praça? Os feirantes

seriam um segmento social que foi privilegiado, ou não tem lugar no comércio, e

por isto encontram neste local a oportunidade para vender seus produtos? Por

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quê a casa do artesão foi demolida? Por quê os visitantes, as pessoas que mais

permanecem ali são, na grande maioria, pessoas que vêm do interior? O que a

praça oferece para eles? A maioria das pessoas que estão na praça esperam o

horário de pausa do comércio ao meio dia. Será que a praça é pensada e gestada

para este contexto?

PRAÇA “CENTRAL” E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A fotografia é um registro fundamental para análise da paisagem

geográfica, como fez o geógrafo francês Pierre Monbeig na década de 70, que

percorreu regiões do Brasil registrando suas paisagens. Suas fotografias e a

devida análise das anotações mostrou que um meio de acompanhar a mudança

da paisagem é a fotografia. Através dela, é possível identificar aspectos culturais

locais, o estilo arquitetônico das primeiras habitações, o traçado original das ruas

e praças. Vejamos algumas fotos: PRAÇA “CENTRAL” EM DIFERENTES ÉPOCAS

Foto 1- Ano de 1969 Foto 2- Ano de 1977

Fonte: Jornal de Beltrão, 1969. Fonte: Editora Folha do Sudoeste, 1977. Foto 3- Meados de 1993 Foto 4- Ano de 2009

Fonte: Prefeitura Municipal de Fco. Beltrão, s/d. Autor: Alcimar Paulo Freisleben, 2009.

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Como se vê nas fotografias da Praça “Central”, alguns elementos

desapareceram completamente, tais como: a casa do artesanato, o antigo bar, a

banca de jornal (do Gambin), a floricultura, o chafariz que circulava o monumento

dos posseiros. Outros foram modificados ou reformados: a pracinha das crianças,

os gramados e jardins, os bancos, os pontos de táxi. E novos acrescentados:

cyber-café, bar (Cia do Chopp), monumento à Bíblia, monumento ao

tradicionalismo gaúcho (grande cuia de chimarrão), academia de ginástica para a

terceira idade, reformulação com brinquedos novos no parquinho, mas alguns –

depois de 40 anos – permanecem (como o obelisco central e o monumento aos

posseiros), pois são símbolos no qual o cidadão se identifica culturalmente, e que

preservam parte importante da paisagem e da história da cidade. A praça não se

altera em sua concepção específica, mas sim na sua forma, na sua aparência. Se

faz necessário pensar a gestão pública da praça.

REFERÊNCIAS CARLOS, Ana F. A Geografia na sala de aula. 8. ed. São Paulo: Contexto, 2007. DARDEL, E. L’homme et la terre, nature de la réalité geographyque. Paris: CTHS, 1990. MOI, Claudia. Exploração do olhar: ciência e arte nas fotografias da comissão geográfica e geológica de São Paulo. Campinas: CGG-SP, 2005. SCHIER, R. A. As concepções da paisagem no código florestal. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Setor de Ciências da Terra, Curitiba: UFPR, 2003.

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POSSIVEL VIA INTEROCEÂNCIA ENTRE BRASIL E EQUADOR

Ronaldo Pereira Gonçalves1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

RESUMO: A integração regional na América do Sul é um fato que se manifesta devido a expansão das trocas comerciais do Brasil com outros Estados. Nesse contexto torna-se necessário a busca de alternativas para o escoamento da produção agrícola bem com a importação de produtos cujo frete não onere em demasia o consumidor final. E, em tal situação uma alternativa são os corredores bioceânicos, ou seja, uma rota comercial com infra-estrutura para o transporte de mercadorias. Neste ensaio, se examina o projetado Corredor multimodal Brasil-Equador que ensaia os seus primeiros passos com o estabelecimento de uma de uma rota aérea alternativa, entre Belém, Manaus e Mantra. Outros pontos abordados são os portos do Equador e a rede fluvial que acesse o corredor em estudo. PALAVRAS-CHAVE: Integração regional. Corredor Bioceânico. Brasil. Equador. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Mostra-se aqui as considerações iniciais de uma investigação preliminar

sobre a Geografia do Brasil, que esta sendo desenvolvida para ser apresentada

em um órgão de fomento a pesquisa. Deve-se dizer que inúmeras são as

abordagens geográficas e as metodologias de pesquisa à disposição dos

interessados. Neste ensaio emprega-se as orientações de Armando Correia da

Silva, que na obra “O espaço fora do lugar” sugere uma análise do território a

partir daquilo que possa ser mensurado em vários sentidos e, não de um

território onde desenvolvam-se relações entre o homem e o meio ambiente.

Igualmente se considera de valia os estudos de Jayme Moniz Maya, na obra

“Economia internacional e comércio exterior”. Quanto ao método de trabalho,

importa dizer que usando o critério da experiência e observação se procedeu a

uma coleta preliminar de dados, que posteriormente foram organizados por

vertentes e transcritos na pesquisa sempre obedecendo o critério da

territorialização.

O grande avanço nas exportações e importações brasileiras é um fato

notável e sem precedentes, porém, o segmento dos transportes, no Brasil, 1 Prof. Dr., pelo Curso de História da UNESP (2006). Docente do Colegiado de Geografia, UNIOESTE – FBE. Membro do “Grupo de Pesquisa em História e Epistemologia da Geografia”.

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apresenta-se com grandes deficiências que, associadas à expansão da fronteira

agrícola, principalmente de grãos, fazem com que o custo final dos produtos, no

mercado internacional, seja bastante onerado. O impacto da globalização, que

altera o valor agregado da produção, a crescente busca pela qualidade e, uma

maior produtividade com menos custos, impõem aos países sul-americanos a

necessidade de um maior avizinhamento. Tal aproximação que permita a

complementaridade das suas economias, bem como a utilização de meios mais

eficientes, com o objetivo de aumentar a competitividade de seus produtos nos

grandes mercados internacionais pode ser feita através dos corredores

bioceânicos e, por isso a relevância deste estudo.

Assim, pois, nesse contexto de integração regional, onde se insere este

ensaio, cabe indagar o que o governo de Brasília, está fazendo com relação a

deficiente malha rodoviária nacional, para melhorar, em particular, a desordenada

vazão da safra agrícola.

O Ministério dos Transportes e a Empresa Brasileira de Planejamento de

Transportes (GEIPOT) vêm participando de diversos foros internacionais na

América do Sul, (onde se incluem blocos econômicos como o MERCOSUL), na

busca de alternativas e soluções para o escoamento da produção brasileira

através de ligações terrestres mais eficientes e seguras até os terminais

marítimos. E, para, a partir daí seguirem até os mercados de consumo. Nesse

âmbito, os corredores bioceânicos tem ganho espaço de debates, pois

possibilitam concretamente, ligações terrestres e fluviais entre as regiões

produtoras e os portos de embarque, sejam eles na vertente do Atlântico ou do

Pacifico, integrando o país a economia internacional além de representar redução

de custos finais desses produtos no mercado do Extremo Oriente.

REFERÊNCIAS FERNANDEZ, Luis. Corredores bioceânicos. Análises Econômico. México N.41, v. XIX. p.153-174, 2004. MAYA, Jayme Moniz. Economia internacional e comércio exterior. São Paulo: ed.Atlas, 2001. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Projeto multimodal entre Brasil e Equador ganha força. 2010. Disponível em:

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<http://www.mdic.gov.br/portalmdic/sitio/interna/noticia.php?area=1&noticia=7495>. Acesso em: 25 abr. 2010. Ministério dos Transportes. Estudos de Corredores bioceânicos.1996. Disponível em: <http://www.transportes.gov.br/bit/estudos/interligacoes/capa.htm> Acesso: 08 set. 2005 MONTALVO SOSA, Andrés. Relaciones Internacionales de los países del grupo andino. 1992. 222 f. Disertación de Maestria. PROLAM. Universidade de São Paulo. RAMIREZ, Sergio. Los corredores bioceânicos. (Conferência) Academia de Guerra Naval de Chile. Santiago. 17.06. 1996. RICUPERO, Rubens. O Brasil e os países da Bacia Amazônica. Conferência. Escola de Guerra Naval, Marinha do Brasil. Rio de Janeiro, 25.10.1979. SANT’ANA. José Alex. Rede básica de transportes da Amazônia. Brasília: IPEA, 1998. SILVA, Armando Correia. O espaço fora do lugar. São Paulo: Hucitec, 1989. VILLACRÉS MOSCOSO, Jorge. La via internacional ecuatoriana a través del Amazonas. Revista de la Universidad de Guayaquil. Guayaquil. n. 69, 1-13 j. jul-sep., 1987.

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ANÁLISE DO SABER HISTÓRICO

Ronaldo Pereira Gonçalves1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

RESUMO: Não constitui novidade na “Teoria da História” a busca de um modelo de análise do saber histórico, sendo esse o assunto da exposição deste ensaio. A novidade está na considerável parcela dos seres humanos que atualmente se voltam para o cósmico, percebendo aí as suas próprias origens. Por conseguinte, a História meramente factual, sem ater-se ao cósmico, desorienta as explicações sobre o conhecimento da própria civilização. Assim pois, é necessário voltar à Grécia antiga para reviver o conceito de Teoria. Mas não só para isso, como também para rever Platão, pois foi ele quem primeiro falou em “paradigmas”. Também se examina aqui o “campo” como modelo de análise do conhecimento histórico buscando-se Pierre Boudier como referência. Mas, é nos textos de Edgar Morin que se debate a transdisciplinariedade como forma de conhecimento histórico, sem contudo deixar de mencionar o ponto de vista dos historiadores na palavra de Paul Veyne. Por fim, conclui-se esta investigação com uma comparação entre “paradigma”, e “campo” e “transdisciplinariedade” como modelos de análise do conhecimento histórico. PALAVRAS-CHAVE: Teoria. Campo. Paradigma. Transdisciplinariedade. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A História caracteriza-se por ser uma narrativa de acontecimentos

transcorridos no tempo e no espaço que não se repetem. Mas, tal como a

literatura necessita de um narrador para organizar os acontecimentos ou ações

que serão apresentados ao leitor, caso contrário seria apenas um conjunto amorfo

de informações incompreensíveis. O assunto principal desta pesquisa que esta

em andamento para uma agencia de fomento é uma questão que envolve tanto

historiadores, geógrafos, pedagogos além de estudiosos de áreas afins. Está em

debate a questão da busca de contribuições que possam reunir em um mesmo

local cognitivo, conceitos, perspectivas e forças que movem a História, sem

perder de vista um enquadramento científico de modo abrangente.

A pesquisa científica tem por objetivo apresentar contribuições cognitivas

que melhorem a compreensão ou acrescentem novos elementos aos estudos já

realizados ou que serão investigados. Na maioria das vezes, essas mudanças

1 Prof. Dr., pelo Curso de História da UNESP, título obtido em 2006. Docente do Colegiado de geografia, da UNIOESTE – FBE. Membro do “Grupo de Pesquisa em História e Epistemologia da Geografia”.

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são acréscimos envolvendo pequenas alterações superficiais, deixando intocada

a estrutura do conhecimento da área em debate, mas mesmo assim são muito

importantes. Na ciência histórica, contudo, algumas vezes são feitas alterações

que representam uma ruptura com o passado, abrindo um novo capítulo na

compreensão da natureza temática de determinado posicionamento, exigindo

inclusive a reconstrução de teorias tradicionais e uma re-interpretação do

acontecimento histórico. Também deve ser dito que, importante parte das teorias

e modelos adotados na construção do conhecimento histórico perdeu

consistência explicativa na passagem do século XX ao XXI. O mesmo destino

parece ser compartilhado pelos teóricos de uma História fragmentada, originada

em segmentos e esquemas de um marxismo que não consegue abranger a

dinâmica dos novos tempos em que considerável parcela de seres humanos

volta-se, de modo acentuado, para o lado místico da vida na busca de respostas

até hoje não encontradas.

A esse respeito diz Morin (2002, p.51) Somos originários do cosmos, da natureza, da vida, mas devido à própria humanidade, à nossa cultura, à nossa mente, à nossa consciência, tornamo-nos estranhos a este cosmos, que nos parece secretamente intimo. Nosso pensamento e nossa consciência fazem-nos conhecer físico e distanciam-nos dele. O próprio fato de considerar racional e cientificamente o universo separa-nos dele. Desenvolvemo-nos além do mundo físico e vivo. É neste “além” que tem lugar a plenitude da humanidade.

Assim desorientam-se as explicações sobre o próprio mundo. Não há

como negar: existe uma crise na matriz do conhecimento histórico e reside aqui a

necessidade de um modelo de análise que caracterize a investigação desta

ciência. Esse modelo deve ter critérios e julgamentos científicos para avaliar se as

proposições e contribuições têm validade permanente ou é apenas circunstancial

e efêmera. Para esse propósito, duas são as indagações básicas, que irão nortear

essa busca: quais são as finalidades da ciência histórica e como ela deve julgar a

validade das idéias e das contribuições? A partir dessas observações, busca-se o

debate por um modelo de análise mais apropriado aos estudos históricos e por

isso mesmo serão examinados a seguir algumas questões sobre o entendimento

que se possa ter sobre a “Teoria da História”, a “Identidade Paradigmática”, a

“Identidade de Campo Histórico” e a “Identidade Transdisciplinar” como áreas de

conhecimento, para após chegar-se a consideração final.

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Tal é a proposta deste ensaio que se constitui em um debate inicial do

autor com um dos pontos teóricos mais controversos da Teoria da História. Isto é,

discorre-se em torno da idéia de uma concepção de significado da noção de

“modelo” que possa ser utilizado nas análises dos estudos históricos. A questão

não tem consenso e pretende-se tão só, de alguma forma, contribuir com a

evolução da Teoria da História.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria da Conceição; CARVALHO, Edgard. Educação e complexidade. São Paulo: Cortez, 2009. ARAUJO, Inês; BOCCA, Frans. Temas de Epistemologia. Curitiba: Champagnat, 2006. BOURDIEU, Pierre. As regras da Arte. São Paulo: Companhia Letras, 1977. BRANDÃO, Zaia (Org). Crise dos paradigmas da Educação. São Paulo: Cortez, 2002. CASTRO, Manuel Antônio. Paradigma e identidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 95, p.31-43, 1988. CHRISTOPOLETTI, Antonio. Abordagem contextual em Geografia. Boletim de Geografia Teorética. Rio Claro, n. 23/24, p.78, 1982. MARCONDES, Danilo. Crise dos paradigmas e o surgimento da Modernidade. In: BRANDÃO, Zaia. Crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez, 2002. MENDONÇA, Ana Walesska. História da Educação face a crise dos paradigmas. In: BRANDÃO, Zaia. Crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez, 2002. MORIN, Edgar. Cultura das massas no século XX. Rio de Janeiro: ed. Forense, 1969. _____ . Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: ed. Sulina, 2005. _____.Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2002. VEYNE, Paul. Como se escreve a História. Lisboa: Edições, 70, [1971].

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A PROTEÇÃO DE NASCENTES E SUA IMPORTÂNCIA PARA A CONSERVAÇÃO DA QUALIDADE E QUANTIDADE

DE ÁGUA NA ZONA RURAL1

Sandra Rodrigues da Silva Freisleben2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Felipe Fontoura Grisa3 [email protected]

Luciano Zanetti Pessôa Candiotto4

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

A cada ano, as estiagens atingem diretamente lugares e pessoas,

diminuindo a quantidade de água disponível em determinados períodos marcados

pela falta de chuvas. Além disso, existem diversos problemas relacionados à

contaminação dos recursos hídricos, que são responsáveis por diversas

patologias em seres humanos e outros animais. Enquanto nas cidades há um

tratamento adequado da água encanada que chega à população, garantindo a

eliminação de agentes contaminantes, em bairros sem acesso à água encanada e

em diversos estabelecimentos rurais, esse tratamento não é adequado.

Quando se fala em abastecimento de água no meio rural, as principais

fontes para obtenção da mesma são: nascentes de águas subterrâneas,

chamadas de fontes; os poços artesianos decorrentes de lençóis freáticos

perfurados em altas profundidades; outros tipos de poços menos profundos; e as

águas superficiais de rios e córregos.

Considerando que as famílias rurais que trabalham em atividades agrícolas

precisam de água de qualidade para seu consumo e para o cultivo de alimentos e

criação de animais, faz-se necessário disponibilizar água sem agentes

1 Esse texto está vinculado aos trabalhos desenvolvidos na pesquisa “Conservação e uso sustentável de recursos hídricos como instrumento de gestão ambiental em unidades rurais familiares com produção agroecológica no município de Francisco Beltrão – PR”, financiado pelo CNPq, através do edital n. 27/2008. A pesquisa também é cadastrada na Divisão de Pesquisa, da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da UNIOESTE. Período de realização: julho de 2009 a junho de 2012. 2 Discente do Curso de Bacharelado em Geografia da UNIOESTE (Francisco Beltrão-PR). Bolsista do CNPq. 3 Engenheiro Agrônomo e bolsista CNPq. 4 Professor Adjunto do Curso de Geografia da UNIOESTE (Francisco Beltrão-PR). Coordenador do projeto.

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contaminantes para essa população. Uma das técnicas de proteção de fontes de

água que vem sendo utilizadas com êxito em diversas propriedades rurais do sul

do Brasil é a denominada “solo-cimento”. Esse texto procura apresentar algumas

informações sobre essa técnica, que vem se mostrando simples e eficiente.

O aproveitamento de águas superficiais para consumo humano, em geral,

não é indicado, porque a água de superfície (córregos, rios, lagoas) deve ser

considerada suspeita, o que obriga a uma desinfecção contínua, que é

impraticável devido a fatores econômicos e operacionais (FAESP – SENAR/ SP,

2010). Já a nascente ou fonte, consiste em um afloramento de água na superfície

do terreno, ou seja, em algum tipo de nascente de água. Embora muitos pensem

que a água das nascentes tem qualidade garantida, estas estão facilmente

sujeitas à contaminação, principalmente por infiltrações de águas superficiais.

Logo, as nascentes, assim como os poços, também devem ser protegidas.

A técnica de proteção solo-cimento, citada anteriormente, tem baixo custo

e traz benefícios significativos. Para fazer a proteção da nascente seguindo esta

técnica, deve-se seguir os seguintes procedimentos: a) fazer uma limpeza entorno

da nascente, para retirar possíveis elementos contaminantes (folhas, galhos,

outros resíduos orgânicos); b) preparo da massa solo-cimento: com uma mistura

de 20% de cimento e 80% de solo; c) colocação do solo-cimento com as pedras:

utilizando pedras como base, o solo-cimento, em forma de concha, fixa e veda a

entrada de matéria orgânica e servirá de reservatório; d) canalizar a saída da

água da nascente por meio de canos de PVC ou mangueiras, e) cercar a

nascente para impedir a aproximação de animais; f) recuperar a vegetação do

local (50 metros de diâmetro da nascente) com o plantio de espécies nativas.

Por ser simples, após aprender a técnica da construção de fontes, o próprio

agricultor pode tornar-se um difusor desta técnica e auxiliar em novas proteções,

sem necessidade de um acompanhamento permanente de um técnico. O custo

médio da proteção é de R$ 37,00. Algumas instituições dão assistência técnica

para a proteção de fontes, como a EMATER, Prefeituras Municipais, órgãos

ambientais, sindicatos, etc.

A proteção elimina, por exemplo, o acesso de animais silvestres, ou

acúmulo de folhas, evitando a contaminação da água. Como consequência da

preservação das nascentes, as famílias rurais ficam menos susceptíveis à

doenças, pois existem diversos estudos que vinculam a existência de patologias

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ao consumo de água contaminada. Segundo Philippi Jr. (2005) a água, quando

não tratada, é responsável pela proliferação de patologias como: Cólera; Febre

Tifóide; Hepatite Tipo A; Leptospirose; Giardíase; Amebíase; Gastroenterites;

Esquistossomose; Verminoses; Tracoma.

Assim, a proteção de fontes justifica-se pela importância que tem na

manutenção da qualidade e da quantidade de água para uso das famílias rurais.

Nesse sentido, estamos desenvolvendo o projeto “Conservação e uso sustentável

de recursos hídricos como instrumento de gestão ambiental em unidades rurais

familiares com produção agroecológica no município de Francisco Beltrão – PR”,

financiado pelo CNPq, que tem como ação prioritária a proteção de fontes. A

partir do levantamento das águas utilizadas pelos onze estabelecimentos rurais

beneficiários do projeto, realizamos análises microbiológicas dessas águas, que

nos permitiram definir as fontes a serem devidamente protegidas. A previsão é

construir 8 proteções e reformar 5 fontes que já tem algum tipo de proteção.

Após verificarmos problemas em algumas fontes de água (presença de

coliformes e da bactéria escherichia coli), disponibilizamos como medida paliativa,

hipoclorito para as onze famílias aplicarem na água a ser consumida. Orientamos

as famílias sobre a forma de desinfecção, pois o hipoclorito deve ser aplicado na

água no mínimo 30 minutos antes da mesma ser consumida, na quantidade de

uma gota por litro.

Ressaltamos que a decisão sobre a proteção das nascentes e a forma de

proteção das mesmas serão definidas conjuntamente com cada agricultor. A

previsão de início das obras de proteção é a partir de agosto de 2010.

REFERÊNCIAS COMCIENCIA. Revista Eletrônica de Jornalismo Científico. Contaminação ameaça a saúde pública. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/aguas/aguas06.htm>. Acesso em: 07 mai. 2010. FAESP – SENAR/SP. Federação da Agricultura do Estado de São Paulo e Serviço Nacional de Aprendizagem. Saneamento Básico no Meio Rural. Disponível em: <http://www.faespsenar.com.br/senar/psc/acesso/ZIP/saudeambientalsaneamento%20basico.pdf>. Acesso em: 06 mai. 2010. PHILLIPPI JR. A. Saneamento, Saúde e Ambiente – Fundamentos para um desenvolvimento sustentável.. Barueri: Ed. Manole, 2005.

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O CLIMA E O HOMEM1

Roberto Bottega2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Tiago Samuel Bülau3 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

INTRODUÇÃO

Sabemos hoje que o homem influência no clima. Os meios que enfatizam o

aquecimento global, o efeito estufa, são de responsabilidade do homem. Estudos

comprovam que o homem influência no clima local através de suas degradações

locais, com as queimadas, desmatamentos, poluição das águas e do ar, aonde

aos poucos vai influenciando na quantidade de chuva, no calor, no frio.

Em tempos passados a ação do clima sobre o homem era muito mais

constante, sendo que primeiramente homem se abrigava em cavernas para se

proteger do tempo e dos animais selvagens, mas atualmente com a construção

de casas adequadas, as roupas que usa isto explica que o homem não é tão

vulnerável ao clima.

Então, há uma maior harmonia entre o clima e o homem, sabendo então

que tanto o homem como o clima um influência no outro.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é mostrar a relação que acontece entre o homem

e clima.

DESENVOLVIMENTO

O clima compreende um padrão de diversos elementos atmosféricos que

ocorrem na Terra, como as frentes frias, tempestades, e furacões. Todos estes

elementos estão associados as variações meteorológicas, temperatura, vento,

umidade e pressão do ar.

1 Trabalho apresentado no curso de Geografia, na disciplina de Climatologia. 2 Acadêmico do 3º ano de Geografia Licenciatura, UNIOESTE,Campus de Francisco Beltrão-PR. 3 Acadêmico do 4º ano de Geografia Bacharelado, UNIOESTE, Campus de Francisco Beltrão-PR.

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O clima talvez seja o componente mais importante do ambiente natural,

sejam eles, geomorfológicos, formação do solo, crescimento e desenvolvimento

das plantas, etc. Estes são influenciados pelo clima como principais bases para a

vida obtida na atmosfera.

Todas as atividades do homem são influenciadas pelo clima, seja

agricultura, comércio, indústrias, podendo o clima ter influências benéficas, tem

como efeito as chuvas, luminosidade, nebulosidade e ventos nas proporções ou

quantidades que sejam bem utilizados serão como bens gratuitos, e maléficas, sendo as secas, enchentes, tempestades, ventanias, que devem ser controladas

e inevitáveis.

Segundo Burton (1978), a capacidade de uma sociedade em absorver os

impactos climáticos não é uma função de riqueza ou grau de pobreza, mas pelo

desenvolvimento daquelas sociedades que tem grau de modernização e transição

rápida .

A saúde humana, a energia e o conforto são afetados mais pelo clima do

que qualquer outro elemento do meio ambiente. Tem certas doenças que são

induzidas pelo clima em tempos diferentes (Critchfield, 1974).

O homem modifica o clima de muitas maneiras podendo ser através de

influências para que ele consiga atingir seus objetivos, reduzindo as perdas

econômicas e sociais que resultam dos eventos climáticos severos, furacões,

geadas, secas, etc. e melhorando a saúde assim como a eficiência física e

mental, isso envolve a criação de um micro clima artificial.

Um dos maiores impactos ambientais provocados pelo homem acontece na

área urbana, onde os pântanos são drenados dando lugar, a ruas, prédios, casas,

como resultado as radiações de ondas curtas e longas são reduzidas sobre as

áreas urbanas, a umidade também é reduzida nessas áreas, e os nevoeiros e

neblinas são mais espessos.

Outro efeito provocado pela ação humana é a mudança na composição da

atmosfera com CO² e aerossóis. O conteúdo de CO² vem aumentando nos

últimos anos com a queima de combustíveis fósseis que vem ocorrendo um

aumento da temperatura do globo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo o autor Ayoade (1996), define o clima tanto como um recurso ou

um azar, por isso os recursos climáticos devem ser planejados para que não se

transformem em azar.

O homem moderno não precisa como seus antepassados para viver a

mercê do clima. Atualmente há recursos como uma habitação planejada, roupas,

automóveis, assim como outros.

Para se ter um planejamento climático é necessário conhecer as

características atmosféricas, mas esse conhecimento está longe da perfeição pois

há carência de observações, assim de maiores investimentos.

REFERÊNCIAS AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia para os trópicos. 4 ed. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 1996. BURTON, I. et al. Scope Workshop and Climate/ Society Interface. Toronto, Canadá, 1978. CRITCHFIELD, H. J. General Climatology. New Jersey: Prentice – Hall Inc., 1974. www.aceav.pt/blogs/ap9c/grupo2/o_clima_global

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A Apropriação das Paisagens Pela Atividade Turística1

Bruno Zanetti Pessôa Candiotto Bacharel em Geografia

[email protected]

Este resumo tem como objetivo apresentar o surgimento da atividade

turística, e sua disseminação nos mais variados lugares, buscaremos realizar uma

compreensão sobre a apropriação das paisagens naturais pela atividade turística.

A atividade turística surge como uma extensão do lazer, ou seja, com mais

pessoas tendo condições de desfrutar do lazer, começa a ocorrer uma

organização deste (lazer), de modo que a expansão do lazer vai contribuindo para

o surgimento e crescimento do turismo. Os agentes envolvidos com o turismo

passam a produzir a oferta do lazer e das paisagens atrativas, tornando o turismo

uma atividade econômica, que vem se inserindo na agenda de vários municípios,

estados e países (RODRIGUES, 1991). Outros fatores que contribuíram para a expansão do lazer e do turismo foram às novas condições de trabalho que possibilitaram ao trabalhador desfrutar do tempo-livre decorrente das férias, e de uma renda extra, proveniente do décimo terceiro salário. (CANDIOTTO, 2007).

A região Nordeste é o caso mais claro de apropriação de territórios, através

de grandes empreendimentos hoteleiros (resorts) instalados a partir da década de

1990. Através de um processo de ocupação crescente, o turismo e seus impactos

socioambientais vêm atingindo uma área cada vez maior do litoral nordestino,

com muitos empreendimentos oriundos de países estrangeiros, sobretudo

europeus.

Assim, o turismo vai imprimindo suas marcas nos espaços e nos territórios,

passando a se apropriar de paisagens e lugares; modificando toda uma estrutura

espacial ao expandir a acumulação capitalista; transformando essa atividade que

antes era apenas lazer em uma mercadoria; e criando novas formas de

acumulação.

Acreditamos que o turismo tem como principais atrativos, o patrimônio

natural, cultural, e histórico de diversos lugares, territórios, cada um destes, com

suas especificidades. Portanto, o turismo se apropria destas “mercadorias”

1 Este resumo é parte do trabalho de conclusão do curso de Geografia Bacharelado, defendido em 2009.

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(patrimônio natural, cultural e histórico), gerando um forte impacto nas localidades

na qual se insere a atividade.

Devido a esses processos de apropriação de territórios; apropriação do

patrimônio (natural, cultural e histórico), bem como das implicações

socioespaciais que o turismo causa no ambiente em que se insere, é que alguns

geógrafos vêm realizando estudos sobre a questão entre geografia e turismo,

buscando assim compreender suas implicações na dinâmica socioespacial dos

lugares que passam a desenvolver a atividade turística.

Entendemos que o turismo é uma atividade modeladora do espaço no qual

se insere que, segundo Candiotto (2007), transforma as paisagens, os lugares e

pode criar novos territórios. O turismo modela o espaço em que suas atividades são realizadas, não agindo sozinho, mas como já foi dito, por meio dos setores que se interligam com ele. Além disso, é necessário captar a dinâmica do espaço turístico mediante abordagem dos processos sociais que o engendraram. (RODRIGUES, 1997, p.48).

Devido a isso, pautamos nossa idéia de que o turismo deve ser analisado

de forma integrada, considerando aspectos econômicos, políticos, ambientais e

sociais, bem como os atores que atuam no processo de territorialização do

turismo. Candiotto (2007) acredita que A territorialização turística consiste na existência de objetos e de ações em torno do lazer e do turismo em um lugar, englobando as intencionalidades – convergentes e divergentes – dos atores. (p.161).

Para o turista o principal contato, lembrança que irá guardar da realidade

visitada será uma imagem desta, pois através de sua percepção (alienada ou

não) o turista sente as mudanças de ambiente, ou seja, que não está mais em um

ambiente familiar. Nesse sentido, como relata Luchiari (2007), o turista buscará: Gozar da liberdade, experimentar os sons, os cheiros, a vida que surpreende em meio a uma floresta, saber sobre o tempo da natureza, seus ciclos, seus processos, sua lógica. É essa experiência visual, olfativa, tátil, auditiva, de relação, de ruptura, de superação que a imersão na paisagem natural proporciona e atrai o olhar do turista. (LUCHIARI, p. 36).

Na sociedade atual o culto à preservação da natureza ganhou tanta

notoriedade que hoje até empresas, indústrias que colaboraram (e ainda

colaboram) para o fortalecimento dessa lógica liberal, capitalista e destrutiva que

impera sobre a natureza, se vêem “obrigadas” a realizar o chamado “marketing

ambiental”. Neste, a empresa se “responsabiliza” por minimizar os danos

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ambientais existentes ou potenciais, com atitudes preservacionistas, de

responsabilidade social e ambiental.

Vários setores da economia e da sociedade vêem nesse momento uma

oportunidade altamente lucrativa através da comercialização da natureza para a

atividade turística.

A apropriação das paisagens naturais pelo turismo vem colaborar nessa

perspectiva da sociedade, que se encontra em um período de valorização da

natureza, ou seja, os turistas cada vez mais buscam esses territórios longínquos,

ditos “inexplorados” por agências turísticas, para externalizar sua aproximação

com a natureza “selvagem”. Nessa recente virada do milênio, a atividade turística foi profundamente marcada pela idéia de retorno à natureza. Tal situação é, ao mesmo tempo, o resultado do expressivo crescimento das cidades e de uma estratégia do capital. (XAVIER, 2007 p. 56).

Esse consumo das paisagens naturais pelo setor turístico surge com o

ambientalismo contemporâneo que tem como objetivo a proteção de ambientes

naturais, os quais, na maioria dos casos, se encontram em áreas habitadas,

sofrendo com o alto nível de exploração humana.

REFERÊNCIAS CANDIOTTO, Luciano. Zanetti. P. Turismo rural na agricultura familiar: uma abordagem geográfica do Circuito Italiano de Turismo Rural, município de Colombo – PR. 2007. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC. LUCHIARI Maria Tereza D.P. Turismo e Patrimônio Natural No Uso do Território. In: Luchiari Maria Tereza D.P., Bruhns H. T., Serrano C. (Org.). Patrimônio, natureza e cultura. Campinas, SP: Papirus, 2007. RODRIGUES, Adyr Balestri. Turismo e espaço: rumo a um conhecimento transdisciplinar. São Paulo: HUCITEC, 1997. XAVIER, Herber. A percepção geográfica do Turismo. São Paulo: Aleph, 2007.

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REGIÕES NOROESTE, OESTE E SUDOESTE DO PARANÁ E SEUS DIFERENTES TIPOS DE SOLO: UM BREVE RELATO

Fabiola Rakel Marinho1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Jacson Gosman Gomes de Lima2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Ruellan (1988), assinala que o solo, por si só e pela influência que exerce

sobre os ambientes e sobre as sociedades, é um recurso fundamental, sendo

necessário sua valorização para consequente desenvolvimento das sociedades,

devido a quatro funções essenciais que exerce: fonte de alimentos; fonte de

matéria e energia; influência no comportamento hídrico; e suporte para as

construções humanas.

Neste sentido, é emergente, tal como afirma Gondolo 1999, apud Guerra,

2006, que antes de se considerar os fatores que contribuem para a degradação

ambiental, se compreenda a estrutura que lhe embasa e os processos que

colaboram pra que ela perdure.

Seguindo esta perspectiva, afirmamos a necessidade de adaptação dos

sistemas agrícolas aos sistemas peodológicos onde serão desenvolvidos, visando

minimizar os impactos destas atividades sobre a estrutura dos solos, bem como

sobre o agroecossistema circundante.

O estado do Paraná, assim como os demais da região sul do País

apresenta um desenvolvimento agrícola acentuado, tendo no milho, no trigo e na

soja os seus principais produtos. Das três, a soja é a de cultivo mais recente e

que, no entanto, está difundida por todo o território do estado.

O Sudoeste do Paraná, pertencente ao Terceiro Planalto Paranaense é

constituído, na sua grande parte, pelas rochas efusivas da Formação Serra Geral,

ocorrendo afloramentos desde a natureza ácida até básica.

De acordo com o Levantamento de Reconhecimento dos Solos do

Sudoeste do Paraná (1974) realizado pelo Ministério da Agricultura em

1 Geógrafa, aluna bolsista CAPES do Programa de Pós Graduação em Geografia, nível de Mestrado – UNIOESTE – Campus Francisco Beltrão-PR. 2 Acadêmico do Curso de Geografia, bolsista CNPq – UNIOESTE - Campus Francisco Beltrão-PR.

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colaboração com o Governo do Paraná e o Ministério do Interior, ocorrem no

sudoeste do Paraná (também em parte da região Oeste paranaense) solos tipo

Terra Roxa Estruturada (TRd1), eutróficos e distróficos, podendo aparecer

associados a latossolos roxos ou brunos.

Os latossolos podem ser definidos, de forma genérica, como moderados a

muito espessos, formados em regiões tropicais úmidas, sem horizonte

subsuperficial de acúmulo de argila, caracterizados por apresentarem baixa

relação molecular sílica / sesquióxidos na fração de argila, baixa capacidade de

troca catiônica, baixa atividade de argila e baixo teor de minerais primários

facilmente intemperizáveis (CURIE t al., 1993).

Em qualquer um dos tipos de classes de solos a textura se apresenta

argilosa, o que pode ser explicado pelo material parental que os originou – rochas

ígneas vulcânicas, de básicas a intermediárias.

Estas características tornam o solo fértil sendo propício para o

desenvolvimento de várias culturas, principalmente a de grãos. Para uma boa

conservação do solo, tanto pequenos quanto grandes produtores mantém o

“plantio direto” o que consiste em um sistema de manejo o qual diminui o impacto

agrícola sobre o solo, além de trazer benefícios que irão diminuir os custos de

produção e o impacto ambiental.

Ao contrário da região Sudoeste, encontramos no Oeste do Estado uma

mudança no uso e ocupação do solo, onde a produção agrícola comercial é

evidenciada, consequentemente a mecanização do solo está presente em

grandes extensões de terra.

A região noroeste do Paraná, situada na divisa entre a Formação Serra

Geral (basalto) e a Formação Caiuá (arenito), despontando aos municípios uma

certa particularidade referente aos solos e suas formas de ocupação.

Derivados da Formação Serra Geral, os solos são profundos, permeáveis e

bem drenados, ocorrendo sobre uma superfície de topografia ondulada a plana,

com boa absorção de água, e por estas características, apresenta uma situação

própria para o desenvolvimento da agricultura. Já os solos resultantes do arenito,

apresentam textura que variam de arenosa a média com elevado teor de areia e

baixa porcentagem de argila, os quais aparecem nos setores mais elevados da

região. São solos extremamente friáveis e com alto índice de erosão. Os teores

de areia atingem 85% a 90% e possuem níveis críticos de fósforo, potássio,

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cálcio, magnésio e baixos níveis de matéria orgânica em cerca de 1%,

acarretando uma deficiência de macro e micronutrientes.

Segundo a classificação da Embrapa, predomina na região noroeste as

seguintes classes de solo: Lotossolo Vermelho distróficos e eutroficos, Nitossolos

Vermelho eutroférricos, Argissolos Verelho-amarelos etróficos e distróficos,

Pedzólicos Vermelho-amarelos, Cambissolos, Neossolos Quartzarênicos, solos

hidromórficos e solos Aluviais, os quais são resultados da relação existente entre

o substrato geológico, o relevo e as condições climáticas locais.

Os Neossolos Quartzarênicos (previamente areias quartzosas) como a

unidade taxômica que agrupa solos profundos, não-hidromórficos, de textura

arenosa (classes texturais areia e areia franca) com permeabilidade rápida ao

longo de todo o perfil, o qual é destituído de minerais primários facilmente

intemperizáveis (Curi et al.,1993), sendo direcionada a cultura da cana-de-açúcar,

por se tratar de um solo extremamente raso.

Portanto, ciências como a geomorfologia e principalmente a pedologia,

trazem subsídios para o manejo correto nestas áreas de forma a retirar o máximo

de produção sem afetar de forma tão direta o meio ambiente, por meio de uma

caracterização prévia deste solo.

REFERÊNCIAS CURI, N.; LARACH, J.O.I.; KAMPF, N.; MONIZ, A.C.; FONTES, L.E.F. Vocabulário de ciência do solo. Campinas, Sociedade Brasileira de Ciencia do Solo, 1993. 89 p. GUERRA, Antonio José Teixeira. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 192p. RUELLAN, Allain. In: XXI Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. Campinas-SP, p 69-74, 1988.

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IMPLICAÇÕES DAS ORIGENS DA CIÊNCIA E A NATUREZA

Raquel Biz Biral UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

João Henrique Biral Professor Educação Básica-SEED-PR

[email protected]

Buscando refletir e discutir os meios filosóficos nos deparamos com as

ilustres mensagens deixadas pelos escritos de grandes cientistas como Nicolau

Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1642), Johannes Kepler (1571-

1630), René Descartes (1596-1650), Francis Bacon (1561-1626) e Isaac Newton

(1643-1727) que nos trazem o que podemos interpretar como formas de ver a

natureza, ou o distanciamento entre o homem e a mesma. Através do

Renascimento e de duas de suas características segundo Pessanha (1985),

possibilitam representar um novo momento histórico, que critica as concepções e

valores medievais e como seu nome sugere, o renascer de idéias, e de uma nova

forma de ver o mundo. Criam-se tensões entre o velho e o novo.

O Renascimento modifica as condições econômicas, políticas e sociais,

pois as técnicas farão com que a navegação seja mais precisa e o comércio se

espalhe. Com isso o aperfeiçoamento dos instrumentos ópticos possibilita

mudanças, como o heliocentrismo de Copérnico sobrepõe à imagem aristotélico -

ptolomaica do cosmos, e a Terra no centro do universo. A valorização da

experimentação pressupõe que natureza já não é o palco do pecado e da

perdição do pensamento medieval, mas sim a natureza é objeto de curiosidade e

de amor pela pesquisa do que se procura saber. Com isso o homem pode ter

uma visão mais ampla do que está seu redor, tem a possibilidade traçar novos

rumos, criador de si, de sua cultura, de suas verdades e de suas sabedorias.

Para Japiassu (1985), a gênese dos grandes princípios da ciência

moderna processou-se no interior de uma concepção que acreditava na

unidade do pensamento humano, e em suas formas mais elaboradas, sendo elas:

o pensamento filosófico, o pensamento religioso e o pensamento científico.

A ciência moderna, também conhecida como Revolução Galileana surge

na Europa no século XVII como ponto de partida para a uma reavaliação das

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normas da física matemática. O conceito de natureza perde sua significação de

totalidade viva diretamente perceptível. Sua descrição é reduzida a coletas de

dados precisos e completos sobre as necessidades da relação entre os

fenômenos. Galileu possibilitou a racionalização da natureza, pois ele junta no

conceito de natureza a razão da física. O entendimento da natureza

sistematizado, para Galileu se traduz em uma natureza matemática e onde o

entendimento humano sobre a mesma se dá através da significação sistemática

e geométrico-aritmética, afirmando que a linguagem matemática através de

triângulos, círculos e outros é a única coisa capaz de entender a natureza, ao

contrário tudo não passa de um grande labirinto (GALILEI, 2000). Ou seja, a

natureza como, cita Moreira (2006) se traduz em um conjunto de corpos

ordenados pelas leis da matemática.

Segundo Japiassu (1985) sob o ponto de vista científico Kepler pode ser

considerado o melhor representante do espírito renascentista, mesmo sendo

datado posteriormente ao período. A idéia kepleriana de que o universo é regido

pelas mesmas leis de velocidade e movimento dos planetas ainda se encontra

presa ás concepções aristotélicas. Foi Galileu quem realmente introduziu um

corte epistemológico na história do pensamento ocidental. Conforme Japiassu

(1985) o mundo fica divido entre o mundo real, mundo dado à nossa percepção,

mundo da vida quotidiana, que foi substituído por um universo de seres de

razão. Um exemplo típico dessa divisão do mundo em duas verdades, a da

ciência ou Razão e a dos valores ou Coração, pode ser encontrado junto a

Descartes quando critica a velha filosofia reinante. Para Japiassu (1985) Francis

Bacon possuía um caráter mais prático do conhecimento científico e estava

preocupado com sua aplicação para o aperfeiçoamento das artes, com sua

utilidade para a construção de um entendimento sensato do mundo que nos

cerca, em lançar sólidas fundações intelectuais de uma filosofia nova,

susceptível de ser aceita por todos. Assim como Descartes, Bacon estava

muito preocupado com a questão do método. Enquanto seu método era

essencialmente indutivo, Descartes propunha um método eminentemente

dedutivo permitindo à ciência construir um sistema do mundo. Em seu Discurso

sobre o Método René Descartes afirma podermos chegar a conceber

conhecimentos muito úteis à vida e em vez dessa filosofia especulativa

ensinada nas escolas é até mesmo possível encontrar em outra prática

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conhecendo a força e a ação de elementos como o fogo, a água, o ar, os

astros, os céus e de e tudo o que nos cerca, assim como conhecemos,

poderia ser empregado da mesma maneira em todos os usos pertinentes, e

assim ser senhor e possuidor da natureza (DESCARTES, 1999).

A filosofia cartesiana caracteriza-se num importantíssimo marco na

história da modernidade, segundo Gonçalves (2006), o Antropocentrismo e o

caráter pragmático utilitarista do cartesianismo são elementos presentes

adiante na historia cronológica da modernidade, fazendo parte do

mercantilismo e do colonialismo que já consolidavam como possuidores do

mundo e de tudo, constituindo bases permanentes e sólidas ao capitalismo.

Com o iluminismo no século XVIII ocorre um processo de transparência ou

limpeza da filosofia renascentista com relação aos traços religiosos medievais, e

se consolidará e fortalecerá através da Revolução Industrial.Neste contexto cabe

citarmos Isaac Newton, que estabelece um mecanicismo em relação natureza, e a

idéia do universo como uma imensa máquina. Para Newton os elementos

fundamentais para a formação do mundo são: a matéria, algo infinito e variado,

número de partículas impenetráveis; o movimento que não altera o objeto que se

move e espaço, significando um vácuo infinito e homogêneo que nada interfere no

movimento da matéria. Também se dedicou muito a outras teorias e leis, mas

também esteve amplamente envolvido com investigações envolvendo a alquimia,

fazendo muitas experiências. Quanto ao espaço e o tempo os concebeu como

independentes de um mundo criado, estabelecendo relação direta com Deus,

sugerindo a eternidade do mundo.

Opondo-se ao mecanicismo da natureza de Newton e a visão fragmentada

de natureza de Descartes, Humboldt, trará a contribuição da descrição romântica

da natureza. REFERÊNCIAS BACON, Francis. Novum Organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. Trad. de José Aluysio Reis de Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Col. Os Pensadores). BAUAB, Fabrício Pedroso. Da Geografia Medieval às origens da Geografia Moderna: contrastes entre diferentes noções de Natureza, Espaço e Tempo. (Tese de doutorado) UNESP, 2005.

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BORNHEIM, Gerd. Filosofia do Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 2002. DESCARTES, René. O discurso do método. Trad. Enrico Corvisieri.São Paulo: Abril Cultural, 1999 (Col. Os Pensadores). GALILEU. O Ensaiador. Trad. Helda Barraco. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Col. Os pensadores). GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (des)caminhos do meio ambiente. 14. ed. São Paulo: Contexto, 2006.

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CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE VOLUMES PEDOGENÉTICOS NO TOPO DE SUPERFÍCIE APLAINADA VII – SERRA DA FARTURA (SC)1

Jacson Gosman Gomes de Lima

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Fabiola Rakel Marinho

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Marga Eliz Pontelli

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

INTRODUÇÃO

No Planalto Basáltico da Bacia do Paraná, SW do Paraná e NW de Santa

Catarina, foram identificadas através do agrupamento de classes hipisométricas

08 superfícies aplainadas elaboradas simultaneamente, além de superfícies em

elaboração abaixo da cota de 600m. Estas superfícies se estendem da borda

leste do Planalto Basáltico, até a calha do Rio Paraná, a oeste, organizada na

forma de escadarias (PAISANI et al., 2008). Estas superfícies foram numeradas

de I a VIII no sentido leste – oeste, sendo ainda necessário o levantamento das

características de algumas destas superfícies. Desse modo, o presente trabalho

apresenta a caracterização preliminar de volumes pedogenéticos no topo da

superfície aplainada VII – Serra da Fartura. As informações levantadas neste

trabalho permitirão compreender a gênese e a evolução das formas de relevo

dispostas nesta superfície.

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

A caracterização da cobertura superficial seguiu os procedimentos

metodológicos utilizados na pedologia (BOULET et al. 1982: RUELAN; DOSSO

1993), com a realização de levantamentos de campo e análise de laboratório. Em

campo foram efetuados: a) a identificação do remanescente superfície aplainada

intermediária (VII) no Alto Curso do Rio Marrecas, com base na análise de

1 Pesquisa de iniciação cinentífica PIBIC/CNPq/Unioeste – em andamento.

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aerofotogramas da área; b) a seção foi estabelecida a partir de cortes de estrada

existentes, sendo também utilizado o trado holandês para a identificação da parte

do perfil não exposta; c) na descrição das características físicas dos materiais do

perfil, foram observados atributos como cor (sendo utilizada a carta de Munsell),

textura, estrutura pedológica, espessura, presença de raízes, transição entre

horizontes, cerosidade (OLIVEIRA et al; RUELLAN, DOSSO 1993; PRADO 2001;

MANFREDINI et al 2005). As características físicas levantadas em campo

permitiram a definição prévia de volumes pedogenéticos. As amostras

individualizadas em campo foram submetidas ao tratamento granulométrico,

sendo processadas a partir de técnicas convencionais de peneiramento para a

fração grossa e pipetagem para a fração fina, conforme procedimentos da

Embrapa (1997). Os resultados da granulometria permitiram a determinação da

classe textural da cobertura superficial.

RESULTADOS

O perfil descrito em campo perfaz mais de 10m de extensão vertical com

material intemperizado, dos quais 6,5m equivalem à seção exposta em corte de

estrada. Com base nas informações de campo, bem como os dados da

granulometria foram individualizados quatro volumes pedogenéticos. As

características dos materiais estão resumidas na Tabela 1.

Tabela 1. Características físicas dos materiais

ESTRUTURA CEROSIDADE CONSISTÊNCIA VOL. PROF

(cm)

GRAD TEXT

TEXT TIPO/GRAU QUANT/

NITIDEZ SECA ÚMIDA

TRAN.

I 0-30 - Muito Argilosa

Granular/ Moderada

Nula / Fraca

Ligeiramente

Dura

Ligeiramente

Dura

Difusa

II 30-170

Baixo Muito Argilosa

Subangular/ Moderada

Pouca/ Fraca

Dura Firme Gradual

III 170-510

Baixo Muito Argilosa

Subangular/ Forte

Pouca/ Fraca

Dura Firme Gradual

IV 510-1070

Baixo Muito Argilosa

Subangular/ Fraca

Nula/ Fraca

Dura Firme Abrupta

Verificou-se tratar-se de material bastante intemperizado e muito argiloso,

com volume superficial delgado, apresentando pequeno acréscimo de argila do

topo para a base. A partir de 30 cm inicia-se o volume II, onde se observa

pequenas oscilações nos teores de silte e argila variando respectivamente entre

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18 e 25% e 77 e 80% até atingir aproximadamente 1,7m. A partir desta

profundidade até mais ou menos 5,1m, temos o volume III no qual conforme a

granulometria as variações nos teores de silte e argila que variam

respectivamente entre 15 e 35% e 65 e 85% até atingir 4,3m, ponto a partir do

qual a argila apresenta comportamento decrescente e inversamente os teores de

argila aumentam, até atingir 5,1m inicio do volume IV. Neste os teores de silte e

argila passam a oscilar em torno de 20%, em alguns momentos vindo até a se

cruzarem, com silte oscilando entre 25 e 45% e a argila entre 45 e 65% até a

profundidade de 5,8m. A partir desta profundidade a argila apresenta padrão

decrescente e o silte e a areia crescente até 10,7m, ponto em que foi suspensa a

tradagem. Os constituintes do tamanho areia presentes no material analisado

somam aproximadamente 3,5% até 4,3m, a partir dessa profundidade esses

valores aumentam atingindo cerca de 15% na base do perfil.

CONSIDERAÇÕES

A parir dos dados obtidos em campo, bem como análise granulométrica,

conclui-se que se trata de um material bastante evoluído quimicamente e muito

argiloso. Sendo o aumento dos teores de areia e silte e a diminuição da argila

observados a partir de 4,3 m relacionados ao menor grau de pedogênese. Nesta

faixa do perfil atinge-se a alterita, rocha em elevado grau de alteração. Deste

modo a areia encontrada é rocha que não foi completamente alterado pelo

intemperismo químico.

REFERÊNCIAS BOULET, R.; CHAUVEL, A.; HUMBEL, F. X.; LUCAS, Y. Abalyse struturale etcartographie en pédolgie. I – Prise en compte de l’organisation bidimensioonelle de la couverture pédologique: lês études de toposequences et leurs principaux apports á la connaissance dês sols. Cah. O.R.S.T.O.M, Sér. Pédol., v.XIX, n.4, 1982ª, p.309-321. EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. 2002. 388p. MANFREDINI, S.; DIAS, S.M.F; QUEIROZ NETO, J.P; OLIVEIRA, D.; FERREIRA, R.P.D. Técnicas em Pedologia. In: VENTURI, L.A.B. (Org.). Praticando Geografia: técnicas de campo e laboratório. São Paulo: Oficina de Textos, 2005. p.85-98.

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PAISANI, J. C; POTELLI, M. E; ANDRES, J. Superfícies aplainadas em zona morfoclimática subtropical úmida no Planalto Basáltico da Bacia do Paraná (SW Paraná / NW de Santa Catarina): Primeira aproximação. Geociências, v. 27, n. 4, p. 541-553. 2008. PRADO, H. Solos do Brasil: gênese, morfologia, classificação, levantamento. 2. ed. Piracicaba, 2001, 220p. RUELLAN, A.; DOSSO, M. Regards sur Le sol. Paris: Les Éditions Foucher, 1993, 192p.

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A RELAÇÃO ENTRE DEMANDA, DISPONIBILIDADE E QUALIDADE DA ÁGUA NA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARANÁ:

UMA PEQUENA INTRODUÇÃO À DISCUSSÃO

Débora Luzia Gomes UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Maria Cláudia da Silva UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Rosana Cristina Biral Leme UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem o objetivo de suscitar uma discussão fundamental ao

futuro da maior parte da população das regiões Sul e Sudeste do país, sobretudo,

no que tange a sustentabilidade do processo de desenvolvimento econômico: a

disponibilidade de água.

O Brasil é um país mega diverso e privilegiado em termos de

disponibilidade hídrica, abrigando cerca de 12% das reservas mundiais de água

doce sendo, que se considerarmos as águas provenientes de outros países, esse

índice aproxima de 18%. No entanto, apresenta situações contrastantes de

abundancia e escassez de água que exige dos governos, dos usuários e da

sociedade civil cuidados especiais, organização e planejamento na gestão de sua

utilização. Para isso foi criado um Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).

Seu estabelecimento atende os compromissos assumidos pelo Brasil na cúpula

Mundial de Joanesburgo.

Para a elaboração do PNRH, foram realizados vários estudos para

caracterizar as doze regiões Hídricas do Brasil definidas pela Resolução do

Conselho Nacional dos Recursos Hídricos n° 32/2003.

Constituem objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos “assegurar

á atual e ás futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões

de qualidade adequados aos respectivos usos, a utilização racional e integrada

dos recursos hídricos, de origem natural ou decorrente do uso inadequado dos

recursos naturais” Art. II da Lei Federal n° 9.433/1997(página 25).

A quantidade de água disponível em uma dada região hidrográfica resulta

de uma complexa equação na qual são consideradas a oferta de água, as formas

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de captação, os diversos tipos de usos consuntivos e não consuntivos, bem

como, os processos de tratamento físicos e microbiológicos da água. .O órgão

responsável por estas estimativas é a Agência Nacional de Águas – ANA por

meio do Plano Nacional de Recursos Hídricos – PNRH, que foi criado em 2003 e

será a principal fonte bibliográfica consultada para a elaboração deste artigo.

APRESENTAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DO PARANÁ

Dentre as 12 regiões Hidrográficas do Brasil destaca-se a Bacia

Hidrográfica do Paraná, sendo a 3° maior do país com área total de 879.860 km²

(10% do Brasil), abrangendo os estados de São Paulo (25% da região) Paraná

(21%) Mato Grosso do Sul (20%), Minas Gerais (18%) Goiás (14%), Santa

Catarina (1,5%) e Distrito Federal (05%).

A região Hidrográfica do Paraná apresenta cerca de 30% das demandas

nacionais por água para usos consuntivos, mas possui menos que 7% da

disponibilidade hídrica do Brasil, evidenciando potenciais situações de escassez

ou conflitos entre usos múltiplos da água. Além disso, é responsável por mais de

40% do PIB brasileiro, apresenta o maior e mais desenvolvido parque industrial

nacional e diversificado atividades agropecuárias, o que apresenta relação direta

com o uso da água e potenciais impactos negativos qualitativos ou quantitativa.

A disponibilização de água em condições adequadas para a população e

demais usos constitui-se grande desafio, ainda mais pelo fato da Região

Hidrográfica do Paraná concentrar mais de 32% da população Brasileira mais que

o dobro da segunda mais populosa, que é o Atlântico Sudoeste3.

As regiões metropolitanas, notadamente São Paulo, Belo Horizonte,

Campinas, Curitiba e Goiânia, mas também Londrina e Maringá, além de outras

concentrações populacionais expressivas (Sorocaba, Ribeirão Preto, Uberlândia,

Campo Grande etc.) Impõem um dos maiores desafios regionais, que é

gerenciamento e a gestão de áreas altamente urbanizadas e povoadas, com

evidenciais interferências na qualidade das águas, desagregadas pelas atividades

antrópicas, bem como situações potenciais de escassez (grandes demandas em

relação às disponibilidades de água existentes). O caso mais crítico é a Região

Metropolitana de São Paulo a maior concentração populacional do Brasil é uma

das maiores do mundo.

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Um grande desafio na Região Hidrográfica do Paraná são as cargas

poluidoras de origens diversas: doméstica, industrial, postos e sistemas

utilitaristas de combustíveis, sistemas de saneamento, cargas difusas incluindo o

uso de produtos agroquímicos, fertilizantes, erosão e assoreamento.

Por ser a região com maior número de população possuí grande demanda

de água, (ANA) A agência Nacional das Águas analisa a disponibilidade hídrica

per capita, através da razão entre a vazão média e a população. Utilizada para

expressar a disponibilidade de recursos hídricos em grandes áreas, a vazão

média e a população (m³/hab.ano.). Este indicador não reflete a real

disponibilidade hídrica1 ou seja, a efetiva quantidade de água disponível para uso,

uma vez que a vazão média não está disponível em todas as circunstâncias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estes atributos dão uma noção de complexidade da Região Hidrográfica do

Paraná com implicações sócias econômicas e ambientais e diversas

interferências em seus recursos hídricos. Assim uns dos aspectos marcantes da

região, senão um dos maiores desafios,é a grande escala de seus problemas,

com implicações socioeconômicas e orçamentárias marcantes.

Ações de gestão, incluindo a implementação dos planos estaduais e planos

de bacia, alem dos planos diretores setoriais (saneamento, drenagem,

reflorestamento, resíduos sólidos, desenvolvimento regional, etc.), planos

diretores municipais, regulamentação e planos de manejo de unidades de

conservação ambiental, zoneamento econômico- ecológicos e outros, somados a

ações diversas ações estruturais em andamento, visam alterar a realidade atual

em termos das criticidades observadas.Há várias tentativas de implementação

dessas leis em torno da população em geral, no entanto a população não tem

consciência que este seja problema atual, imaginando ser um problema das

gerações futuras.

REFERÊNCIAS Agencia Nacional de Águas. Brasília: ANA, 2002. Caderno da Região Hidrográfica do Paraná- Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos.

1 A classificação adotada é adaptada de publicações das Nações Unidas para traçar o quadro mundial (UNESCO, 2003. ALCANO ET AL 2000). Menor de 500m³/hab.Ano – situação de escassez. 500 à 1700m³/hab. Ano – situação de stresse.Maior de 1700 m³/hab.ano – situação confortável.

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O SISTEMA ESTADUAL DE IMPLANTAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL (SISLEG)

NA MESORREGIÃO SUDOESTE PARANAENSE

Rosana Cristina Biral Leme1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como principal objetivo divulgar informações sobre a

repercussão que a implantação do Sistema Estadual de Implantação de Áreas

de Preservação Permanente e de Reserva Legal (SISLEG) teve junto aos

pequenos proprietários e secretários municipais de agricultura e meio ambiente

dos municípios da Mesorregião Sudoeste do Paraná, analisando a aceitação, bem

como as principais dificuldades para a implantação deste Sistema na Mesorregião

até o ano de 2006.

O SISLEG é um Programa criado através do Decreto Estadual 387/99, sob

a supervisão do Instituto Ambiental do Paraná, e estabelece um Sistema Estadual

de Implantação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal

(RL) previstas no Código Florestal de 1965.

No Estado do Paraná a lei que regulamenta a constituição e a averbação

da Reserva Legal é o Decreto Estadual 387/99, que a define como: florestas e

demais formas de vegetação representadas em uma ou várias parcelas, em pelo

menos 20% da área total da propriedade rural, com uso permitido apenas através

de técnicas de manejo que garantam a sua perpetuidade.

A implementação desta lei na Mesorregião Sudoeste do Paraná tem se

mostrado um processo complexo dadas as características fisiográficas

(especialmente relevo/ hidrografia) e fundiária, que fomentam uma resistência por

parte dos proprietários na adesão da Lei. Tal mesorregião posiciona-se entre as

coordenadas geográficas: Latitude Norte 25°30’ e Latitude Sul 26°30’, com

Longitude Oeste 54° e Leste 52°. Tem 1.163.842,64 hectares correspondentes à

6% do território estadual e uma população de 469.179 habitantes (IBGE, 2005).

Composta essencialmente por pequenas propriedades rurais com área inferior a

1 Profª. Drª. do Colegiado de Geografia, grupo de pesquisa Planejamento Ambiental na região Sudoeste do Paraná, Univesidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE.

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10 hectares, suas principais atividades produtivas são a produção de pecuária

leiteira, criação de aves e suínos e cultivo de milho e soja.

Os procedimentos metodológicos utilizados durante a pesquisa foram:

pesquisas de campo; aplicação de questionários a 452 proprietários rurais da

mesorregião Sudoeste; entrevistas com quinze Secretários Municipais da

Agricultura e Meio Ambiente, bem como pesquisa em documentos teóricos. RESULTADOS

De acordo com ASSESOAR (2006), em 150 propriedades de dez

municípios da mesorregião, diagnosticou-se que 58% das propriedades não

possuíam mata ciliar suficiente para suprir a exigência da legislação ambiental e

em 80% delas, as áreas de fontes e nascentes não são protegidas com

cobertura vegetal. Percentuais confirmados através do trabalho de campo

realizado durante esta pesquisa, que identificou que muitas propriedades

possuíam deficiência em relação a quantidade de Áreas de Preservação

Permanente e Reserva Legal.

O processo de recomposição foi estimulado na mesorregião através do

estabelecimento de alguns programas de governo e de acordo com a SEMA

(2006), havia sido plantado na mesorregião Sudoeste, até o ano de 2006, por

meio de viveiros do IAP, dos municípios e outros, 5.773.660 mudas nativas.

Entretanto, verificou-se que alguns Secretários municipais entrevistados

demonstram preocupação no que tange à produção prioritária de mudas de

essências exóticas destinadas à sombra e à geração de energia, ambas

utilizações dadas principalmente pelos proprietários de aviários.

Os dados pesquisados demonstram que no ano de 2006,

aproximadamente 24,2% do total de propriedades da Mesorregião possuiam o

cadastro junto ao SISLEG. Esse valor excetua as propriedades que realizaram a

averbação da área de reserva legal em período anterior ao ano de 2000. Desde o

período de criação do SISLEG até o ano de 2006, averbaram-se as áreas de

11.445 propriedades na mesorregião Sudoeste paranaense.

O número de averbações aumentou significativamente nos anos de 2004 e

2005. Esse período corresponde àquele no qual ocorreram importantes

aperfeiçoamentos no decreto de criação do SISLEG e que os proprietários

sentiram, principalmente através da dificuldade ou impossibilidade de aquisição

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de documentos junto ao IAP e de financiamentos bancários para investimentos na

propriedade, a necessidade de cumprir esta determinação legal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que as melhores experiências de recomposição de Áreas de

Preservação Permanente e de Matas Ciliares ocorreram nos municípios que

realizaram trabalhos integrados de educação ambiental; estímulo ao SISLEG e,

isolamento das áreas de preservação permanente, promovidos pela

administração municipal ou em áreas em que ocorre a implementação de

experiências de produção de sistemas agroflorestais. Entretanto, esta é uma

prática realizada por um número bastante reduzido de municípios, dificultando a

concretização das regulamentações legais na maior parte das microbacias da

mesorregião Sudoeste e favorecendo a manutenção da falta de áreas de matas

ciliares ou a sua presença em metragem insuficiente.

Avaliou-se o receio que os administradores municipais possuem em

relação à mudança do modelo produtivo da mesorregião. A proposição do plantio

orgânico e da composição de sistemas agroflorestais não desperta interesse nos

administradores e nos proprietários que culpam a “perda” da pequena parcela de

solo, pela inviabilização econômica da sua propriedade, quando na verdade, o

que ocorre é que o modelo produtivo adotado é incompatível com a pequena

propriedade familiar. Verificou-se também que ainda existe muita desinformação

por parte do pequeno proprietário e que, mesmo aqueles que se declaram

informados, podem realmente ser, mas de maneira insuficiente ou, algumas

vezes, equivocada, como demonstrou a pesquisa de campo realizada junto aos

pequenos proprietários da mesorregião Sudoeste.

Avalia-se que a implementação da política ambiental que, no setor

agropecuário, responsabiliza o produtor rural pelos problemas ambientais

existentes em sua propriedade deve ser acompanhada, não por compensações

financeiras, mas por um sistema melhor estruturado e divulgado de alternativas

para aqueles produtores que, sob diferentes tratamentos, correm sério risco de

migrar da área rural.

Os trabalhos que o governo do Estado tem desenvolvido no sentido de

apontar alternativas a estes produtores, são respeitáveis, porém, insuficientes em

abrangência e estratégia de inserção do produtor. Apesar de demonstrar

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progresso, tanto nos novos direcionamentos produtivos quanto no auxilio a

recomposição de caminhos ecologicamente mais harmônicos, o Estado se

contraria por meio dos diferentes sujeitos que o compõem, tornando o caminho

de conversão para práticas ambientais e sociais mais adequadas ainda mais

longo.

REFERÊNCIAS ASSESOAR. Caracterização e diagnóstico dos sistemas de produção do Sudoeste do Paraná. Francisco Beltrão: ASSESOAR, 2006. ______. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Atlas da vegetação do Paraná. Disponível em: <http://www.pr.gov.br/sema>. Acesso em: agosto de 2006.

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DETERMINAÇÃO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DE FORMAÇÕES SUPERFICIAIS – COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE OXIDAÇÃO VERSUS QUEIMA

POR PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO (H²O²)

Leandro Oliveira UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Júlio César Paisani UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Simone Guerra UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

INTRODUÇÃO

A determinação do teor de MO (matéria orgânica), incluso teor de carbono,

de formações superficiais tem sido abordada por diferentes autores das áreas de

sedimentologia e pedologia (SUGUIO, 1973; VALLADARES, 2003).

Recentemente, a eficiência desses métodos vem sendo discutida nas ciências

dos solos (VALLADARES, 2003; SILVA et al, 1999). Ao estudar turfeira em hollow

de cabeceira de drenagem ARIE Buriti (Área de Relevante Interesse Ecológico) –

Pato Branco e seção pedoestratigráfica na Superfície Aplainada I do SW do

Paraná, deparou-se com dois momentos de determinação da MO: i) queima com

peróxido de hidrogênio (VERDADE, 1954) e ii) a oxidação pelo dicromato de

potássio (LUCHESE et al., 2002). O primeiro momento objetiva eliminar a MO

para a análise granulométrica, uma vez que a mesma promove a floculação das

frações argila e silte. Já a segunda, para estimar a quantidade de MO e

percentual de carbono na turfeira e no paleossolo. Independente dos objetivos e

aplicação dos dois métodos, ambos podem prover a determinação da MO. Assim,

o presente trabalho visa comparar os resultados da determinação do teor de MO

em amostras de turfeira e da seção pedoestratigráfica das áreas mencionadas,

para verificar a eficácia do método de queima com peróxido de hidrogênio como

parâmetro para se estimar o teor de MO, uma vez que este método é

recomendado para fins da análise granulométrica.

MÉTODOS

Foram tratadas 8 amostras da turfeira ARIE Buriti e 27 amostras da seção

pedoestratigráfica de Palmas, totalizando 35 amostras. O método de queima por

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peróxido foi aplicado conforme descreve Paisani (1998), enquanto que o método

de oxidação pelo dicromato de potássio seguiu as instruções de Luchese et al

(2002). Os valores do teor de MO pelo método de oxidação com dicromato de

potássio é expresso em g.Kg-1. Já os valores de MO obtidos pela queima com

peróxido de hidrogênio, em percentuais, foram convertidos para g.Kg-1, por uma

simples “regra de três” a partir do peso inicial da amostra, visando a comparação

dos resultados.

RESULTADOS

Considerando que as técnicas laboratoriais exibem erros de aplicação que

são aceitos até a margem de 5% para mais e para menos, os resultados da

comparação entre os métodos de determinação da MO já mencionados são

apresentados considerando-se essa variância (Figura 1). Figura 1. Teores de MO das 27 amostras da seção pedoestratigráfica de Palmas (A1-A27) e as 8 amostras de turfa da ARIE Buriti (A1-A8) pelos métodos de queima com peróxido de hidrogênio e a oxidação pelo dicromato de potássio

Analisando o gráfico da Figura 1 percebe-se alguns aspectos: i) maiores

teores de MO nos paleossolos húmicos da seção pedoestratigráfica (A13-A18; A-

24-A26) e no topo da turfeira da ARIE Buriti (A1-A3); ii) coincidência dos teores de

MO estabelecidos pelo método da queima com peróxido de hidrogênio com a

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133

variância nos teores de MO determinados pelo método de oxidação nas unidades

próximas a superfície, paleossolo representado entre A24-A26 da seção

pedoestratigráfica e no topo da turfeira da ARIE Buriti (A1-A3); iii) nas demais

unidades da seção pedoestratigráfica e em profundidade na turfeira percebe-se

teores superestimados de MO pelo método de queima com peróxido de

hidrogênio.

CONCLUSÃO

Registrou-se uma semelhança na variância dos resultados do teor de MO

pelo método de queima com peróxido de hidrogênio com o método de oxidação

apenas no paleossolo mais recente da seção pedoestratigráfica (A-24-A26) e no

topo da turfeira (A1-A3). Como nesses locais é comum a MO exibir elevada

concentração de substâncias húmicas, como ácidos húmicos, fúlvicos e

hematomelânicos, a queima por peróxido aparenta priorizar a eliminação dessas

substâncias e não a determinação do teor de Carbono. Assim, acredita-se não ser

recomendado a determinação do teor de MO, incluso o teor de carbono, pelo

método de queima por peróxido de hidrogênio.

REFERÊNCIAS LUCHESE, E. et al. Fundamentos da química do solo: teoria e prática. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2002. PAISANI, J.C. 1998 – Descontinuidades hidrológicas, escoamento superficial e desenvolvimento de incisões erosivas em áreas de cabeceira de drenagem: estudo de caso na Colônia Quero-Quero, Palmeira (PR). Florianópolis, 184p. Dissertação de Mestrado em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina. SILVA, A.C. et al. R. Un. Alfenas, Alfenas, 5:21-26,1999. SUGUIO, K. Introdução à sedimentologia. São Paulo: Ed.Blücher, 1973. VALLADARES, G.S. Caracterização de Organossolos, auxílio a sua classificação. 2003. 129p. Tese (Doutorado em Agronomia – Ciência do Solo) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2003. VERDADE, F. da Costa. Ação da água oxigenada sobre a matéria orgânica do solo. Bragantia, v.2, n.24, p.287-295, 1954.

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ESTUDO DA VULNERABILIDADE NATURAL DOS POÇOS TUBULARES DO MUNICÍPIO DE BELA VISTA DA CAROBA - PR1

Marina Kunz2 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Pollyana Poletto3 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Fabiano André Marion4 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

A utilização de água subterrânea remonta há mais de 4.000 a.C. Os

Chineses e os Persas já perfuravam poços com centenas de metros de

profundidade. Os Egípcios há 2.100 a.C, já utilizavam poços para abastecimento.

Atualmente, as obras de captação de água subterrânea são realizadas por meio

de sondas mediante perfuração vertical, conhecidos como poços tubulares.

Poço tubular é aquele feito com a intenção de retirar a água subterrânea

que pode estar confinada ou não. Caso ela não esteja confinada, necessita ser

bombeada para chegar à superfície, situação essa encontrada nos poços do

município de Bela Vista da Caroba - PR.

Segundo Guerra (1987), água subterrânea é aquela que se infiltra nas

rochas e solos, caminhando até o nível hidrostático. Na prática se verifica certa

confusão entre água vadosa e água subterrânea, pois a primeira é a que se

encontra acima da superfície freática, isto é, na zona de aeração, já a água

subterrânea é aquela encontrada nos lençóis freáticos.

A importância da água subterrânea pode ser medida por suas reservas em

relação às das águas superficiais: estima-se que esta represente cerca de 98%

da reserva de água doce disponível no mundo. De acordo com a Fundação

Nacional da Saúde (FUNASA), no Brasil, estima-se que 50% das cidades são

abastecidas por água subterrânea.

1 Trabalho desenvolvido na Disciplina de Geologia Geral no curso de Bacharel em Geografia da UNIOESTE - Francisco Beltrão-PR. 2 Acadêmica do Curso de Bacharel em Geografia da UNIOESTE - Francisco Beltrão-PR. 3 Acadêmica do Curso de Bacharel em Geografia da UNIOESTE - Francisco Beltrão-PR. 4 Professor do Colegiado de Geografia da UNIOESTE - Francisco Beltrão-PR.

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O Município de Bela Vista da Caroba foi criado através da Lei Estadual nº

11254, de 21 de dezembro de 1995. Possui uma população de aproximadamente

4.136 habitantes e uma densidade populacional de 30.60 habitantes por Km²

(IBGE, 2007). Faz parte do Estado do Paraná, com cerca de 148,11 km² de área.

Inicialmente, o abastecimento de água neste município era feito a partir do Rio

Lajeado Tigrinho. No entanto, visando garantir maior qualidade na distribuição de

serviços de saneamento básico para a população bela-vistense, no ano de 2006 a

SANEPAR (Companhia de Saneamento do Paraná) perfurou um poço com

objetivo de utilizá-lo no abastecimento urbano. Este município não possui

indústrias, sendo a principal atividade econômica a agricultura. Resta saber se

esta atividade representa potencial contaminante para a água subterrânea na

região.

Assim, o trabalho tem como objetivo, realizar análise da vulnerabilidade

natural dos poços tubulares de Bela Vista da Caroba, observando as suas

características, a utilização da água e a verificação de atividades potencialmente

contaminantes nos arredores dos locais em questão.

A metodologia empregada para verificar a possível análise da

vulnerabilidade natural destes poços foi o método “GOD”, proposto por Foster et

al (2003), onde “G” representa o tipo de ocorrência da água subterrânea, “O”

representa a classificação litológica, e “D”, representa a profundidade do nível

freático estático. A partir da utilização do método “GOD”, pôde-se fazer a análise

da vulnerabilidade dos poços, com dados disponíveis no site da CPRM

(Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) e de levantamentos

complementares realizados em campo.

Os dados coletados foram organizados numa tabela para o posterior

cálculo do índice da vulnerabilidade. Para isso, foram atribuídas notas para os

parâmetros G, O e D e multiplicados. O produto dessa multiplicação gera uma

nota num intervalo de 0 a 1, que vai corresponder as classes de vulnerabilidade,

que variam de insignificante à extrema.

Na página da CPRM estão cadastrados seis poços. Destes, cinco

apresentam índice de vulnerabilidade baixo, assim, são vulneráveis a

contaminantes conservativos à longo prazo quando contínua e amplamente

lançados. Por outro lado, um deles, o de código 350014970, da localidade Alto

Evangelho, apresenta vulnerabilidade moderada, o que o torna vulnerável a

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alguns poluentes, mas somente quando continuamente lançados. Por isso,

recomenda-se maior atenção com relação à instalação de empreendimentos

potencialmente contaminantes nessa localidade, assim como a realização de

estudos mais aprofundados nesse local, uma vez que o lençol freático encontra-

se, segundo dados da CPRM, muito próximo à superfície.

Embora tenha sido verificada baixa vulnerabilidade na grande maioria dos

poços verificou-se, em campo, que os mesmos não seguem as normas de

proteção. Segundo o Manual de Projetos e Construção de Poços Tubulares

Profundos da FUNASA (Fundação Nacional de Saúde), além do cercamento para

isolar o poço, o mesmo deve conter lajes de proteção, que são lajes de concreto,

com ressalto de 0,10m acima da superfície do terreno. Medida essa, que além da

cimentação, garante maior proteção sanitária à água do poço.

REFERÊNCIAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1.244: Construção de poço para a captação de água subterrânea. Rio de Janeiro, 1992. CPRM. COMPANHIA DE PESQUISA E RECURSOS MINERAIS. Siagas. Disponível em: <http://siagas.cprm.gov.br/wellshow/indice>. Acesso em: 02 nov. 2009. FOSTER, S. et al. Proteção da qualidade da água subterrânea: um guia para empresas de abastecimento de água, órgãos municipais e agências ambientais. 2. ed. Washington: Banco Internacional de Reconstrução e desenvolvimento - Banco Mundial, 2003. 114 p. GUERRA, Antonio Teixeira. Dicionário geológico-geomorfológico. 7. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1987. 446 p. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Bela Vista da Caroba – PR. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em: 26 mar. 2010.

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VULNERABILIDADE NATURAL DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS EM SANTA IZABEL DO OESTE - PR1

Camila Graeff Casiraghi UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Nayara Massucatto UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Fabiano André Marion UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Apesar de três quartas partes da superfície terrestre sejam compostas de

água, a maior parte não está disponível para consumo humano, pois 97% é água

salgada, encontrada nos oceanos e mares e 2% formam geleiras inacessíveis.

Apenas 1% de toda a água doce pode ser utilizada para consumo do homem e

animais e, deste total, 97% estão armazenados em fontes subterrâneas

(CORSAN, 2009).

Por mais que estejam protegidas, as águas subterrâneas não estão a salvo

da poluição e de atividades humanas como agricultura, indústria, urbanização e

mineração, que podem degradar sua qualidade. Dependendo das características

do terreno, os aqüíferos podem ter maior ou menor grau de vulnerabilidade. A

poluição é algo de difícil remediação, entre outras razões, devido ao fluxo lento

das águas, uma vez que esta pode ficar oculta por muitos anos atingindo áreas

muito grandes.

Tanto em nível mundial como nacional, o aumento crescente da utilização

das reservas hídricas do subsolo se deve ao fato de que, geralmente, elas

apresentam excelente qualidade e um custo menor, afinal dispensam obras caras

de captação, adução e tratamento.

Assim, teve-se como objetivo geral, fornecer informações sobre os

recursos hídricos subterrâneos, avaliar a vulnerabilidade natural e espacializar

essas informações em cartogramas para o município de Santa Izabel do Oeste,

através de dados pré-existentes e levantamentos complementares.

1 Trabalho desenvolvido na Disciplina de Geologia Geral do curso de Bacharelado em Geografia – UNIOESTE – Francisco Beltrão-PR.

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Santa Izabel do Oeste é um município brasileiro localizado no sudoeste do

Paraná, integra a microrregião geográfica de Capanema e segundo o IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) possui uma população de 11.747

habitantes em uma área de 321, 169 km², sendo seu IDH considerado médio

(0,767). As atividades econômicas que mais se desenvolvem são a agricultura

com cultivo de soja, milho e trigo; pecuária com criação de bovinos, galináceas,

suínos e vacas ordenhadas e produção mista. Possui solo de terra roxa

estruturado com textura argilosa, aproximadamente 50% da área possui

topografia ondulada suave com bom potencial de mecanização e o restante

fortemente ondulado com mínimo de mecanização.

A pesquisa foi realizada a partir de dados já existentes, dispostos on-line

pelo CPRM/SIAGAS (Serviço Geológico do Brasil), e de dados recolhidos com

saída a campo. A partir disso, os dados foram tabulados e organizados numa

planilha, contendo informações como: nome e código dos poços; localidades em

que os mesmos se encontram; coordenadas UTM (Universal Transversa de

Mercator) norte e leste; profundidade e o ano de escavação; formação geológica;

nível estático e dinâmico; notas G, O, D e final; e por fim a vulnerabilidade natural

dos poços. Após, foi gerado o cartograma de vulnerabilidade natural à

contaminação para a área em estudo.

Para determinar a vulnerabilidade dos poços então estudados, foi utilizado

o método o GOD. Conforme fundamentação em Foster et al. (2003), este

significa: Groundwater hydraulic confinement, Overlaying Strata, Depth to

groundwater table, ou seja, Grau de Confinamento Hidráulico, Ocorrência de

Substrato Litológico (características litológicas e grau de consolidação da zona

não saturada ou capas confinantes acima do nível freático) e a Distância do Nível

de Água Subterrânea (em aqüíferos não confinados, por exemplo, a formação

Botucatu) ou ao Teto do Aqüífero (em aqüíferos confinados, por exemplo, as

rochas vulcânicas).

Na área em estudo, encontram-se cadastrados no SIAGAS/CPRM, 18

poços tubulares, mas apenas 10 apresentaram as informações necessárias para

aplicação do método GOD. No trabalho em campo, foi possível obter algumas

informações como o ano de escavação e a profundidade de alguns poços que

não possuíam tais características, além destas, faltava o nível estático, que

também não foi possível coletar devido à falta de equipamento.

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A principal utilização da água é para uso humano, sendo que dos 18 poços,

13 eram para uso das comunidades, atendendo sempre um número grande de

moradores. Do restante, 02, são para uso em postos de combustíveis e 03 para

uso particular. Os 18 poços analisados não possuíam proteção segundo as

normas técnicas, ficando exposto ao risco de contaminação por pessoas, animais

ou resíduos da superfície.

Com relação à vulnerabilidade, 09 poços apresentaram índice de

vulnerabilidade baixa e apenas 01 com vulnerabilidade média. O baixo índice está

relacionado à ocorrência da formação Serra Geral em todo o município, pois, esta

impermeabiliza a área deixando-a menos vulnerável a possíveis contaminações.

O índice baixo indica vulnerabilidade somente a contaminantes conservados em

longo prazo, quando contínua e amplamente lançados ou lixiviados. Entretanto,

deve-se salientar que o método GOD não leva em consideração possíveis falhas

ou fraturas por onde podem percolar possíveis contaminantes.

Através desta pesquisa nota-se a importância da proteção das águas

subterrâneas, juntamente com órgãos públicos relacionados, à promoção de um

entendimento para a sociedade em geral, ampliando a consciência dos diversos

atores que influenciam na contaminação das fontes subterrâneas e

posteriormente novos testes para estar a par da real situação de vulnerabilidade

de cada poço. REFERÊNCIAS CORSAN. COMPANHIA RIOGRANDENSE DE SANEAMENTO. Ambientais. Disponível em: <http://www.corsan.com.br/ambientais/distribuicao.htm>. Acesso em: novembro/09. CPRM. COMPANHIA DE PESQUISA E RECURSOS MINERAIS. Siagas. Disponível em: <http://siagas.cprm.gov.br/wellshow/indice>. Acesso em: novembro/09. FOSTER, S. et al. Proteção da qualidade da água subterrânea: um guia para empresas de abastecimento de água, órgãos municipais e agências ambientais. 2. ed. Washington: Banco Internacional de Reconstrução e desenvolvimento - Banco Mundial, 2003. 114 p.

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CARACTERIZAÇÃO DAS FORMAÇÕES SUPERFICIAIS DO HOLLOW DE CABECEIRA DE DRENAGEM NA A.R.I.E. DOS BURITIS –

PLANALTO BASÁLTICO (PATO BRANCO/PR)

Julio Cesar Paisani1

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Edson Bertoldo2

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Marga Eliz Pontelli3

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Simone Guerra4

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Leandro Oliveira5

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

Jacson Gosman Gomes de Lima6

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

INTRODUÇÃO

O termo cabeceira de drenagem se refere à área côncava situada a

montante de canal de primeira ordem (PAISANI et al., 2006). Na hierarquização

das bacias hidrográficas, a cabeceira de drenagem corresponde a menor unidade

hierárquica, bacia de ordem zero. Essa área é uma componente importante da

paisagem geomorfológica, pois ao representar a menor unidade da bacia

hidrográfica reflete, em seus materiais e topografia de superficie e subsuperficie

1 Professor Dr. do Curso de Geografia e do Mestrado em Geografia da UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR). 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Geografia – UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR). 3 Professor Dra. do Curso de Geografia e do Mestrado em Geografia da UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR). 4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia – UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR). 5 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Geografia e Bolsista de Iniciação Científica –CNPq. 6 Acadêmico do Curso de Licenciatura em Geografia e Bolsista de Iniciação Científica –CNPq.

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os efeitos de sua história evolutiva. O grupo de pesquisa ‘Gênese e Evolução de

Superfícies Geomórficas e Formações Superficiais’, cadastrado no CNPq e

formado na UNIOESTE, vem caracterizando as formações superficiais de áreas

de cabeceira de drenagem inscritas em remanescentes de superfícies aplainadas

do sudoeste do Paraná e noroeste de Santa Catarina (PAISANI et al., 2008). Os

resultados apresentados até o momento têm revelado a presença de formações

superfíciais autóctones, com pequena contribuição de formações superficiais

alóctones, sobretudo no hollow – porção central das cabeceiras de drenagem

(GEREMIA, 2007; LIMA; PONTELLI, 2009; BRAGAS, 2010). A exceção são as

formações superficiais encontradas no hollow de cabeceira de drenagem situada

na A.R.I.E (Área de Relevante Interesse Ecológico, segundo CARRIJO, 2009)

Buriti em Pato Branco. O presente trabalho traz os resultados de caracterização

das formações superficiais dessa cabeceira de drenagem que se encontra inscrita

na Superfície Aplainada VIII da região sudoeste do Paraná, destacando a

individualização dos volumes, distribuição espacial e identificação de volume

turfoso.

MÉTODOS

Considerando que nas demais cabeceiras de drenagem estudadas, até o

momento, por membros do grupo de pesquisa as formações superficiais se

mostraram como de origem autóctone, procedeu-se a individualização de volumes

dos materiais das formações superficiais através de técnicas convencionais de

descrição em campo (MANFREDINI et al., 2005). A distribuição espacial dos

volumes foi obtida a partir de sondagens realizadas ao longo de transecto

transversal ao hollow (Figura 1). Para o volume turfoso determinou-se no Lab. de

Análise de Formações Superficiais da UNIOESTE, a granulometria e os teores de

matéria orgânica (MO g.kg-1) e carbono (C %). A primeira pelos métodos de

peneiramento e pipetagem, com separação via úmida, enquanto os últimos por

oxidação com dicromato de potássio. Classificou-se a textura com base em

Flemming (2000 apud PAISANI; GEREMIA, no prelo).

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Figura 1. Perfil topográfico transversal ao hollow da cabeceira de drenagem, mostrando os locais de sondagens. Linha descontínua indicando o local de coleta de amostras para granulometria e determinação dos teores de MO e C

RESULTADOS

Foram individualizados 4 volumes da cobertura superficial (Fig.2). O

volume 1 encontra-se no sopé do side slope, tem de 30 a 100 cm de espessura, é

plástico, consistente, com 15% de manchas bruno forte (7.5YR 5/8) e cor variando

de bruno-avermelhado-escuro (5 YR 3/3) a bruno-amarelado-escuro (10 YR 3/4),

com transição abrupta para o volume 2. O volume 2 se distribui pelo hollow

mostrando, em média, 70 cm de espessura; é macio, firme, plástico, sem fibras

aparentes, com cor variando de preta (7.5 YR 2.5/1) a cinza-muito-escura (10 YR

3/1) e, localmente, como bruno-acinzentado (Gley 2.5/N). A textura variou de

argila siltosa, entre 0-80 cm de profundidade, a lama levemente arenosa argilosa,

entre 80-130 cm de profundidade. A MO variou de 206,4 a 103 g.kg-1 com

tendência decrescente para profundidade, tendência similar encontrada para os

percentuais de C, que variaram de 6 a 3%. O volume 3 se distribui no sopé do

side slope, tem cerca de 40 a 100 cm de espessura, cor bruno-amarelo-claro

(10YR 6/4) a bruno-amarelado (10YR 5/6) com manchas bruno-acinzentada

(10YR 5/2). Registra-se gradação lateral do volume 2 para o volume 3 entre o

hollow e side slope. Enfim, o volume 4 se encontra em profundidade no contato

com a rocha e se distribui por todo o transecto com maior espessura no centro do

hollow, chegando a 50 cm. É plástico, exibe litorrelíquias tamanho grânulo a seixo

fino e cor variegada predominando bruno-amarelo-claro (10YR 6/4) e verde

acinzentada (GLEY 1 6/1 5GY).

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Figura 2. Transecto transversal ao hollow da cabeceira de drenagem mostrando a distribuição bidimensional dos volumes das formações superficiais

CONCLUSÃO

As formações superficiais da área de estudo exibem volumes alóctones (1

e 2) e autóctones (3 e 4). Os volumes alóctones atestam que processos erosivos

remobilizaram formações superficiais autóctones em direção ao hollow ao longo

do tempo, com significativa deposição de material mineral no sopé do side slope

(volume 1) e a mistura com material orgânico, vegetal, no hollow (volume 2). Este

último fato foi expressivo no centro da cabeceira, possivelmente durante um

período em que a cabeceira de drenagem se encontrava desconectada da rede

hidrográfica, favorecendo a retenção de umidade, evidenciado pelas

características hidromórficas do volume 4, e sedimentos no hollow (volume 2).

Embora os teores de MO estejam um pouco abaixo do necessário para classificar

esse volume como horizonte orgânico pelo SBCS, estudo palinológico, em

andamento por membro do grupo de pesquisa, revelou quatro zonas polínicas ao

longo desse volume. Assim, não resta dúvidas de que se refere a um volume

turfoso.

REFERÊNCIAS BRAGAS, L.A. Caracterização da cobertura superficial em cabeceira de drenagem sobre substrato vulcânico – Campo Erê (SC). 82p. 2010. Dissertação (Mestrado em Geografia), Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão-PR.

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CARRIJO, B.R. Área de relevante interesse ecológico (ARIE Buriti), Pato Branco-Pr: gênese, manejo e perspectivas de gestão. SIMPGEO, 3, Anais..., UEPG, Ponta Grossa, p.140-151, 2008. GEREMIA, F. Considerações sobre a cobertura superficial de concavidade situada na bacia do rio Quatorze Sudoeste-PR. Anais... XII ENGEO/VI ENGESOP, p.166-168, 2007. LIMA, J.G.G.; PONTELLI, M.E. Distribuição preliminar da cobertura superficial em vertente de concavidade desconectada da rede de drenagem em substrato vulcânico – Alto curso do rio Marrecas (SW do PR). Anais... XVIII EAIC, Londrina, UEL, p.1-4, 2009, CD-ROM. MANFREDINI, S.; DIAS, S.M.F.; QUEIROZ NETO, J.P.; OLIVEIRA, D.; FERREIRA, R.P.D. Técnicas em Pedologia. In: Venturi, L.A.B. (Org.) Praticando Geografia: técnicas de campo e laboratório. São Paulo: Oficina de Textos, 2005, p.85-98. PAISANI, J.C.; GEREMIA, F. Evolução de encostas no planalto basáltico com base na análise de depósitos de colúvio - médio vale do rio marrecas, SW do Paraná . Geociências, no prelo. PAISANI, J.C.; PONTELLI, M.E.; ANDRES,J. Superfícies aplainadas em zona morfoclimática subtropical úmida no Planalto Basáltico da Bacia do Paraná (SW Paraná/ NW Santa Catarina): primeira aproximação. Geociências, v.27, n.4., p.541-553, 2008. PAISANI, J.C.; PONTELLI, M.E.; GEREMIA, F. Cabeceiras de drenagem da bacia do rio Quatorze – Formação Serra Geral (SW do Paraná): distribuição espacial, propriedades morfológicas e controle estrutural. R. RA’E GA, UFPR, n.12, p.211-219, 2006.

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DETERMINAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ATRAVÉS DE IMAGENS DO CBERS-2b

Ediane Cristina Daleffe Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão)

[email protected]

Taisller Guimarães da Silva Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão)

[email protected]

Julio Caetano Tomazzoni Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão)

[email protected]

Elisete Guimarães Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão)

[email protected]

Este trabalho é uma contribuição para determinação do uso e ocupação do

solo, a partir de imagens CBERS-2B, processadas em um programa SIG (Sistema

de Informação Geográfica) denominado SPRING. As pesquisas foram

desenvolvidas na bacia hidrográfica do Rio Catorze, com área de 10.708,00 ha,

localizada nos municípios de Francisco Beltrão e Manfrinópolis, no Sudoeste do

Paraná. Para realizar este estudo empregou-se as imagens CBERS-2B, do

sensor CCD (Câmera imageadora de alta resolução), das bandas, 2 (azul), 3

(vermelho) e 4 (infravermelho). Foram utilizadas imagens das seguintes datas: 23

de dezembro de 2007 (verão); 18 de julho de 2008 (inverno); 21 de dezembro de

2008 (verão); 30 de abril de 2009 (outono) e 13 de dezembro de 2009

(primavera). As imagens em formato TIF, cedidas pelo INPE (Instituto nacional de

pesquisa espacial), foram submetidas ao software IMPIMA para conversão para o

formato próprio do SPRING (TSC/SPG). Na seqüência, com o programa SPRING

as imagens foram registradas e importadas para uma categoria imagem. Através

da ferramenta Imagem, realizou-se o pré-processamento digital das imagens, que

consiste no contraste das imagens para então interpretar-las no uso e ocupação

do solo.

Os resultados obtidos demonstram que há variação no uso do solo nas

diferentes estações do ano, principalmente nos períodos de entre safra, quando o

solo fica em descanso no intervalo de plantio. Observa-se também o aumento da

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vegetação com o decorrer dos anos, principalmente nas áreas de preservação

permanente, e o aumento das áreas de reserva legal, influenciada principalmente

pelo código ambiental vigente. Percebe-se uma maior preferência pela

monocultura de grande porte, com o plantio dos chamados “reflorestamentos”,

com produção de celulose, madeira para exportação e consumo nacional,

principalmente de pinus e eucaliptos. Na seqüência estão representados alguns

resultados deste estudo, através de Figura 1 e Tabela 1.

Figura 1- Mapa do uso do solo em 13 de dezembro de 2009

Fonte: Os autores. Tabela 1- Tabulação cruzada do uso e ocupação do solo em 23 de dezembro de 2007 com 13 de dezembro de 2009

Dezembro de 2009 (ha) Dezembro de 2007 (ha) RF LV PA VSEI VSEM VSEA SE

Total (ha) 2007

RF 99,16 0,04 0,12 0,00 3,28 10,96 0,24 113,80 LV 0,00 13,12 22,40 2,80 14,28 0,00 51,80 104,40 PA 2,32 130,20 1406,92 210,52 2241,40 144,92 1150,12 5286,40 VSEI 0,76 44,40 107,16 151,48 201,44 28,28 164,36 697,82 VSEM 2,28 3,88 7,56 226,56 171,68 436,40 7,16 855,52 VSEA 147,88 4,12 36,44 54,12 725,28 779,44 85,44 1832,72 SE 15,52 21,24 145,00 27,56 562,68 42,64 1002,72 1817,36 Total (ha) 2009 267,92 217,00 1725,60 673,04 3920,04 1442,64 2461,84 10708,0

0 Legenda: RF - Reflorestamento; LV - Lavoura; PA - Pastagens; SE - Solo Exposto. Fonte: Os autores.

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Analisando a Tabela 1 verifica-se que o reflorestamento que em 2007

abrangia 113,80 ha foi ampliado em 2009 para 267,92 ha. As áreas das formas de

uso VSEA (vegetação secundária em estágio avançado) e solo exposto de 147,88

e 15,52 ha respectivamente são as que mais contribuíram nessa ampliação.

As pastagens em 2007 totalizavam 5286,4 ha e em 2009 reduziram-se

para 1725,60 ha na interpretação de pastagens e lavouras está aparecendo uma

distorção e esse fato será melhor analisado para discernimento da evolução

dessa forma de uso.

A VSEI (vegetação secundária em estágio inicial) constituía 697,82 ha em

2007 e totaliza 673,04 ha em 2009 nesse aspecto observa-se que 210,52 ha de

pastagens e 226,56 ha de VSEM (vegetação secundária em estágio médio) em

2009 passaram para esta forma de uso.

A VSEM constituía 855,52 ha em 2007 e passou para 3920,04 ha em 2009.

As principais formas de uso de 2007 que evoluíram para VSEM são: 725,28 ha de

VSEA, 2241,4 ha de pastagens e 562,68 de solo exposto.

A VSEA abrangia 1832,72 ha em 2007 e em 2009 passou para 1442,64 ha.

As formas de uso de 2007, que passaram para as áreas de VSEA são: 436,40 ha

de VSEM e 144,92 ha de pastagens.

O solo exposto em 2007 abrangia 1817,36 há, e em 2009 passou para

2461,84 ha. É uma forma de uso que apresenta grandes mudanças, pois,

depende da época em que foi obtida a imagem, quando pode existir maior ou

menor número de lavouras colhidas, que se enquadram nessa forma de uso.

Ressalta-se também, que a maior parte dessa área pertence a áreas de lavouras

que estão em pousio e pastagens.

REFERÊNCIAS FLORENZANO, T. G. Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo, 2008. NOVO, E. L. de M. Sensoriamento Remoto princípios e aplicações. São Paulo, 1992. INPE. Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres: Disponível em: <http://www.cbers.inpe.br/>. Acesso em: 20 fev. 2010.

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CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL COMO UMA FERRAMENTA DE CONTROLE NA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

Fernando Eibel¹ UNIOESTE (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Roberto Bottega² UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Segundo Valle (2006), um termo que tem tomado uma posição de grande

destaque dentre as preocupações que perturbam a sociedade num todo é o meio

ambiente. Algumas atitudes que são tomadas e acabam sendo consideradas

isoladas em defesa do meio em que vivemos, vem dando lugar a abordagens

feitas de maneira mais racional, objetivas e sistêmicas quando tratamos de

problemas que são gerados pela poluição e atividades humanas.

Segundo Seiffert (2005), um dos fatores que mais afetam de forma intensa

as organizações diz respeito às ações dos clientes, ou possíveis clientes. O papel

das pessoas e suas motivações não são um assunto novo para as empresas,

mas no que diz respeito à questão ecológica vem demonstrando uma conjunção

de fatores, que se apresentam, por exemplo, na forma de um ganho de

importância para a questão ambiental, principalmente devido à evolução dos

meios de comunicação, que muitas vezes possibilitam acesso imediato aos fatos.

Desta forma, as empresas constataram a importância dada pelos consumidores à

qualidade ambiental.

Segundo Barbieri (2004), os selos ou rótulos ambientais têm o objetivo de

informar os consumidores ou usuários sobre as características benéficas

presentes em produtos ou serviços específicos. Algumas informações que são

passadas ao público são biodegrabilidade, retornabilidade, utilização de material

reciclado, eficiência energética e outras.

Segundo Barbieri (2004), a sensibilização da população em geral, funciona

como uma forma de pressão para que as empresas atuem de maneira a degradar

menos o meio ambiente, principalmente consumidores que procuram utilizar

produtos e serviços ambientalmente corretos. Os selos verdes ou rótulos são uma

importante ferramenta de indicação da importância do desempenho ambiental

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como critério determinante na escolha da população na hora de realizar suas

compras. Através dos rótulos ou selos verdes são fornecidos atributos ou

aspectos ambientais em produtos e serviços e seu objetivo é atrair consumidores

e usuários que tenham certa preocupação com o meio ambiente, dando destaque

para as características benéficas dos produtos ou serviços em relação ao meio

ambiente.

Um fator de relevante importância para a aquisição dos selos verdes é a

cooperação dos empregados e fornecedores. Segundo Valle (2006), o processo

de obtenção da certificação ambiental por uma organização e a garantia de sua

manutenção, dependerá da participação consciente de seus funcionários e

fornecedores, pois muitas vezes a falta de preparo por parte desses

colaboradores acaba provocando os maiores acidentes, quando podem ser

gerados os piores resíduos.

Segundo Barbieri (2004), o tema meio ambiente entrou de maneira

definitiva na agenda dos políticos, nota-se isto através da freqüente aprovação de

leis ambientais nos dias atuais. Muitas organizações da sociedade civis e sociais

têm exercido um papel preponderante, manifestado através de denuncias, da

formação de opiniões diante de grande público, de pressões políticas e de

cooperação com grandes empresas. A presença das ONGS nas questões globais

tem sido de fundamental importância para que as resoluções e recomendações

dos acordos multilaterais ambientais não terminem abandonadas nas gavetas dos

governantes.

Segundo Seiffert (2007), um dos resultados atingidos através das várias

discussões sobre os problemas ambientais e de que forma fortalecer o

desenvolvimento econômico envolvendo esta questão foi o surgimento das

normas ISO 14000 estas o buscam desenvolver uma abordagem organizacional

que leve a uma gestão ambiental efetiva.

Segundo Seiffert (2005), a importância da gestão ambiental para pequenas

e médias empresas tem sido demonstrada por uma série de constatações

relacionadas ao ambiente onde elas atuam. Isto ocorre por que as empresas

estão expostas à cobranças de atitudes mais ativas com relação à

responsabilidade sobre seus processos industriais, resíduos e efluentes

produzidos e descartados, como também o desempenho de seus produtos e

serviços em relação à abordagem do ciclo de vida. É necessário que se analise

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além do processo produtivo, também o produto em toda a sua trajetória, desde a

matéria prima até o descarte final.

Segundo Valle (2006), com o objetivo de tentar padronizar as ações que

devem ser tomadas nessa nova óptica para proteger o meio ambiente, a

Organização Internacional para Normatização (ISO) criou um sistema de normas

que foi designado como ISO 14000. Esta série constitui o conjunto de normas,

mais amplo até então, criado de forma simultânea e possui em sua estrutura,

normas que regulam sua própria utilização e que estabelecem as qualificações

daqueles que deverão auditar sua aplicação. Ela tem como proposta normalizar

as referências ambientais e também influenciar nas decisões do consumidor final,

nos pontos-de-venda e nas prateleiras dos supermercados, com a utilização de

símbolos de qualidade ambiental, estampados nas embalagens dos produtos.

REFERÊNCIAS BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004. SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Iso 14001 Sistemas de gestão ambiental: Implantação objetiva e econômica. São Paulo: Atlas, 2005. VALLE, Cyro Eyer do. Qualidade ambiental: iso14000. São Paulo: Senac, 2005.

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A APLICAÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO NO MAPEAMENTO DE PRODUTORES AGROECOLÓGICOS

Poliane de Souza1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Taís Andriéli Menegotto1

UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR) [email protected]

O objetivo deste trabalho é propor a utilização do Geoprocessamento para

a criação de um banco de dados com informações referentes a produtores

agroecológicos.

De acordo com Câmara & Davis (2001) Geoprocessamento denota a

disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais

para o tratamento da informação geográfica. Em outras palavras, pode-se dizer

que é um conjunto de tecnologias, onde há a coleta e tratamento de dados

espaciais para atingir determinado objetivo. O Sistema de Informações

Geográficas (SIGs) é a ferramenta do Geoprocessamento que permite a

integração desses dados.

A combinação dos dados de diversas fontes permite realizar análise e

interpretações sobre os mais diversos fenômenos e dessa forma oferece suporte

para tomada de decisões. Com o auxilio do Geoprocessamento, por exemplo,

podem-se mapear os produtores agroecológicos de uma determinada região ou

município e integrar dados sobre as propriedades e as respectivas produções.

A Agroecologia é um sistema de produção agrícola alternativo que segundo

Gliessman (2002), foi proposto nos anos 1930, por alguns ecologistas para

designar a ecologia aplicada á agricultura. A Agroecologia dedica-se ao estudo

das relações produtivas entre homem-natureza, visando sempre à

sustentabilidade ecológica, econômica, social, cultural, política e ética.

As práticas agroecológicas se baseiam na pequena propriedade, na mão-

de-obra familiar, em sistemas produtivos complexos e diversos, adaptados às

condições locais e em redes regionais de produção e distribuição de alimentos.

Mas diante da racionalista produção convencional as dificuldades encontradas 1 Acadêmicas do curso de Geografia – UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão-PR

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para produzir de forma agroecológica são muitas, dentre elas destaca-se a

dificuldades no acesso a recursos financeiros e assistência técnica. Um dos

motivos que leva a tais dificuldades é a carência de uma base de dados que

incorpore todas, ou pelo menos a maior parte, das informações sobre a produção

agroecológica.

A construção de uma base de dados confiável e completa, dispondo, por

exemplo, de informações sobre localização e tamanho das propriedades, tipo de

produção (produtos naturais ou beneficiados), renda familiar, estradas, tipo de

solo, cobertura vegetal, recursos hídricos entre outros, pode auxiliar na definição

das áreas com aptidão agrícola e também como base para a criação de

associações e cooperativas. Pode-se ainda, ser utilizado como alicerce na criação

e desenvolvimento de políticas públicas pontuais, que sirvam de orientação no

desenvolvimento de programas e projetos específicos. Além disso, pode ser

utilizado como referência no ordenamento e gestão do território, planejando e

maximizando a eficiência de sua utilização de forma ordenada e coerente.

A coleta e inserção dos dados em meio computacional demanda tempo,

dinheiro e conhecimento, mas muito além disso, o desenvolvimento da

agroecologia, depende de interesses e iniciativas, tanto do Estado como dos

próprios produtores, os principais beneficiados.

REFERÊNCIAS CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. Introdução a Ciência da Geoinformação. 1. ed. São José dos Campos, 2001. Disponível em: <http://www.geolab.faed.udesc.br/paginaweb/Pagina%20da%20disciplina%20geop_files/intoducao.pdf>. Acesso em: 08 mai. 2010. GLIESSMAN, Stephen R. Agroecología: processos ecolológicos en agricultura sostenible. Turrialba, C.R.: CATIE, 2002.

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REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS/GEOGRÁFICAS DO MUNDO QUE ANTECEDERAM A GEOGRAFIA CIENTÍFICA MODERNA

Rodrigo Ferreira Lima UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Fabrício Pedroso Bauab UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Durante a Baixa Idade Média se percebeu uma mudança nas formas de

representação da realidade dos lugares, em que a experiência das viagens

marítimas foram sendo incorporadas aos escritos considerados sagrados. A busca

de riquezas fez com que mareantes se lançassem aos mares a procura delas. Para tanto,

usavam-se poucos – ou nenhum - instrumentos de navegação. Assim, foram surgindo

nos mares representações das rotas e dos lugares visitados. As primeiras cartas

mostravam o Mediterrâneo com suas passagens e perigos. Dessa maneira, serviu como

fonte para outra forma de representação costeira chamada portulano. Tal forma de

representação era fruto de uma enorme carga de experiência e conhecimentos dos

mareantes, sendo, portanto, considerada de grande credibilidade.

Outra etapa do processo de renovação cartográfica foi a troca de se navegar em

mares fechados por oceanos abertos. Existiam duas preocupações nesse tipo de

aventura: a determinação da latitude e, também, da longitude nos mares. A primeira

preocupação era sanada com o auxilio de instrumentos como o astrolábio e uma tabela

de declinação, ou pelo referenciamento na estrela polar. No que se diz respeito à

longitude, a preocupação aumentava por não existir uma técnica precisa para tal calculo

de distância, levando a fazê-lo a olho em alguns casos. Para tais cálculos, se observou a

necessidade de reaver conceitos, como o sistema de latitude e longitude de Ptolomeu.

Dessa maneira, quando Marco Pólo regressara a Europa vindo da Ásia, as cartas

portulanos estavam reunidas em cartas e mapas cada vez maiores. A representação de

Abraham Cresques na obra Atlas Catalão foi reflexo dessa tendência.

Esse mapa tinha interesse em se apresentar como um mapa mundi, estando

representados os interesses de mareantes e mercadores do final período medieval. Tal

obra acabou sendo considerada a superação do empirismo pela experiência prática.

Contudo, os aspectos bíblicos ainda se faziam presentes nas representações, como a

presença do paraíso terrestre.

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Após a perseguição aos judeus em Aragão, o filho de Cresques seguiu em

direção a Portugal levado consigo o conhecimento cartográfico até então adquirido.

Dessa maneira, auxiliou na formulação de cartas a mapas de marear, fazendo, assim, a

cartografia se tornar uma ciência internacional.

Essa representação dos lugares se diferenciava dos até então conhecidos mapas

T-O por representar a realidade através de medidas precisas, e não mais somente

através do que os escritos relatavam. Tal forma de representação, antes feita por

Ptolomeu e Estrabão, foi mantida viva graças aos esforços dos árabes, pois ao navegar

pelo índico, sentiram a necessidade de representar os lugares onde visitavam. Dessa

forma, os mapas deixariam de ser meras ilustrações em meio a escritos para se tornarem

forma de representação de lugares, animais, povos desconhecidos, etc. Outros mapas

que serviram de representação no século XIII foram os mapas de Hereford e Ebstorf. Em

tais obras, existiam representações que iam desde cidades consideradas bíblicas até

lugares reais como a região da Baixa Saxônia. Contudo, as representações eram feitas

através de mapas e cartas para uma melhor compreensão e interpretação dos dados e

informações neles contidos. Portanto, não se deve desconsiderar o grande auxílio que os

mareantes e comerciantes fizeram a Cartografia e a Geografia, principalmente nas

representações das já mencionadas cartas Portulano.

Nesse aspecto, as cartas portulanos formularam novas rotas marítimas usando,

em grande medida, de grande experiência e eficácia técnica. Dentre as mais antigas

destes portulanos, estão as primeiras representações feitas em Gênova e Pisa, e

posteriormente de origem catalã.

Dessa maneira, contribuiu com a circulação de mercadorias e pessoas nos mares

durante os primórdios da sociedade mercantil. O grande diferencial dessa técnica de

representação é a triangulação que era feita através de linhas, que acabavam formando

uma “malha geométrica”. Nesse aspecto, Ptolomeu foi de grande valia por demonstrar

alguns traços gerais que foram muito importantes. Quanto aos portulanos, o grande

avanço se deve à aceitação da possibilidade da existência de novas terras e novos povos

em lugares desconhecidos. Outro diferencial que é conhecido dos portulanos é um

padrão geométrico - que poderia variar de acordo com cada carta - conhecido por ser

uma rede de loxodromas1 parecido com a rosa-dos-ventos. Assim, conhecendo a direção

dos ventos e suas dinâmicas, era possível a formulação de viagens ao horizonte.

Outro mapa que se parece com os portulanos são os mapas Toscanelli. Nessa

forma de representação os pontos costeiros do Mediterrâneo eram mais precisos, sempre

sem representar os seus interiores, e quando isso acontecia, acabava os fantasiando

1 Linhas de rumo.

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com figuras como grous e seres fantasiosos, além de sereias e ciclopes. A ilusão de

seres fantasiosos aumentava na medida em que se afastava do equador em direção aos

pólos.

Portanto, os portulanos foram parte de um longo processo de aperfeiçoamento

das técnicas representativas da superfície terrestre, em que existiu a retomada da

linguagem matemática em nas representações cartográficas. A contribuição de Ptolomeu

se estabelece na retomada do espírito científico e quantitativo dos dados, juntamente

com a retomada do seu esquema de latitude e longitude que possibilitava igualdade entre

os mapas. A grande dificuldade ficava por conta da transposição de uma terra esférica

para uma superfície plana. Essas formas de estudo, conjuntamente com as posteriores

viagens marítimas, foram de grande importância para o advento da Geografia Científica

Moderna.

REFERÊNCIAS BOORSTIN, D. J. Os descobridores. Trad. Fernanda Pinto Rodrigues. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989, p. 103-116. CARVALHO, M. S. Geografiaonline: a Geografia no ciberespaço. Londrina, 2002. CROSBY, A. W. A mensuração da Realidade: a quantificação e a sociedade Ocidental – 1250-1600. Trad. Vera Ribeiro. São Paulo: EdUNESP, 1999, p. 99-110. DREYER-EIMBCKE, O. O descobrimento da Terra. Trad. Alfred Josef Keller. São Paulo: Melhoramentos: EdUSP, 1992. KIMBLE, G. H. T. A Geografia na Idade Média. Trad. Márcia Siqueira de Carvalho. 2. ed. rev. Londrina: EdUEL, 2005. RIBEIRO, M. E. B. Entre a fonte e o objeto: o estatuto das imagens na história e na história da arte. Textos de História, v. 15, n°1/2, p. 81-92, 2007. SANTOS, D. A reinvenção do espaço: diálogos em torno da construção de uma categoria. São Paulo: EdUNESP, 2002, p. 33-57.

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CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUIMICA DE SOLO DA LINHA SANTA BÁRBARA

Taisller Guimarães da Silva Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Ediane Cristina Daleffe Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Julio Caetano Tomazoni Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Elisete Guimarães Universidade Tecnológica Federal do Paraná (Campus Francisco Beltrão-PR)

guimarã[email protected]

Esse estudo teve a finalidade de quantificar vários indicadores relevantes à

interpretação geoquímica dos solos. Sendo essa quantificação cada vez mais

importante e presente na tomada de decisões quanto às maneiras de exploração

e intervenção no setor agropecuário. O material para análise foi obtido na

propriedade da UTFPR, Campus de Francisco Beltrão pertencente à bacia

hidrográfica do Rio Catorze na região sudoeste do Paraná. Esse material acima

citado foi recolhido em cinco locais diferentes, a uma profundidade de 0 a 20 cm,

devidamente isolados e etiquetados num total de cinco amostras, com diferentes

tipos de cobertura vegetal (VIEIRA; VIEIRA, 1988). Posteriormente para obtenção

dos dados necessários para a quantificação geoquímica das amostras, foi

encaminhado o material para o laboratório de análises de solos da UTFPR/IAPAR

Campus Pato Branco-PR.

No laboratório foram elaboradas técnicas tradicionais para verificação dos

fatores relevantes a pesquisa, sendo o processo de digestão úmica para

determinação da matéria orgânica e a utilização da solução de Mehlich – I para

determinar os macros e micro-nutrientes como: Fósforo (P), Potássio (K), Cobre

(Cu), Ferro (Fe), Zinco (Zn) e Manganês (Mn), (CLAESSEN, 1997).

A partir do resultado das análises do material foi elaborada a interpretação

dos dados obtidos. Assim sendo possível a classificação do tipo de solo das

amostras com relação às frações do solo, sendo caracterizada por uma textura

muito argilosa, característica dos latossolos, que são muito presente na bacia

hidrográfica do Rio Catorze.

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Na Tabela 1 estão os resultados da análise geoquímica realizada no

laboratório de análises de solos da UTFPR/IAPAR, Pato Branco – PR.

Tabela 1- Análise Geoquímica de amostras de solos da bacia hidrográfica do rio Catorze

Amostra Parâmetro 01 02 03 04 05 Teor de MO (g/dm-3) 37,53 26,80 26,80 40,21 60,3

Acidez pH 5,20 4,40 4,70 4,20 4,60

Alumínio Trocável – Al (cmol (+)/dm3) --- 0,34 0,14 1,04 0,20

Macros - nutrientes Cálcio – CA (cmol (+)/dm3) 6,29 3,75 5,06 6,08 8,90

Potássio (cmol (+)/dm3) 0,53 0,65 0,18 0,18 0,25 Fósforo P (cmol (+)/dm3) 6,99 8,53 7,75 15,65 3,47

Relações Soma das Bases Trocáveis – SB

(cmol (+)/dm3) 9,86 6,15 8,19 8,82 11,56

Capacidade de Troca de Cátions (cmol (+)/dm3) 13,83 11,11 12,47 16,58 18,09

Saturação de Bases V% 71,29 55,36 65,68 53,20 63,90 Saturação de Alumínio AL % --- 5,24 1,68 10,55 1,70

Índice SMP 6,30 6,00 6,20 5,40 5,70 H + Al (cmolcdm-3) 3,97 4,96 4,28 7,76 6,53

Micronutrientes Cobre Cu (mg/dm3) 6,00 5,10 4,79 10,14 7,84 Zinco Zn (mg/dm3) 5,50 1,63 1,12 6,53 5,90

Ferro (mg/dm3) 35,68 23,15 26,42 148,49 119,49 Manganês (mg/dm3) 3,04 1,75 2,95 2,56 2,41

Análise Granulométrica Argila % 71,60 80,76 69,70 64,50 61,00 Areia % 3,60 2,70 3,20 1,90 0,80 Silte % 24,80 16,60 27,10 33,60 38,20

Legenda: Baixo, Médio e Alto; P - fósforo, C - carbono, V - saturação de bases, SMP método de análise e correção de acidez do solo. Fonte = PIBIC – Estudo Radiométrico de Alvos Naturais e Artificiais de sensores Orbitais.

Pode-se perceber segundo a tabela, que os índices de matéria orgânica

são normais, tendo expressividade alta na quinta amostra, por se tratar de uma

área de várzea com cultivo de soja inundável de tempos em tempos.

Os níveis de pH se mostraram estão entre baixo (4,2 e 4,4) a médios (4,6 a

5,2), aspecto que não inviabiliza a possibilidade de utilização para fins agrícola,

pois, podem ser submetidos à calagem.

Com relação aos macros e micro-nutrientes todos os níveis são elevados

ou normais, sendo solos férteis e propícios para exploração agrícola ou

agropecuária.

Em geral os latossolos da bacia hidrográfica do rio catorze se distinguem

em dois tipos: LVdf2 e LVdf8 – Latossolo Vermelho Distroférrico úmbrico, com

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textura argilosa, fase floresta subtropical perenifólia, com relevo ondulado.

Apresentando solos com saturação por bases baixas (V < 50%) e teores de Fe2O3

(pelo H2SO4) de 180g/kg a < 360g/kg na maior parte dos primeiros 100 cm do

horizonte B (inclusive BA), (EMBRAPA SOLOS, 2006). Latossolos Identificados

conforme Figura 1. Figura 1-Classificação de solos através da declividade plataforma SPRING

Fonte = PIBIC – Estudo Radiométrico de Alvos Naturais e Artificiais de sensores Orbitais.

Com esse trabalho buscou-se o enriquecimento dos conhecimentos sobre

as técnicas de obtenção de amostras, os passos para análise granulométrica e a

interpretação de análises geoquímicas com referencial teórico sobre o assunto.

REFERÊNCIAS CLAESSEN, M. E. C. et al. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. rev. atual. EMBRAPA – CNPS. Rio de Janeiro, 1997. VIEIRA, L. S.; VIEIRA, M. N. F. Manual da Ciência do Solo com ênfase aos Solos Tropicais. ed. rev. ampl. Ed: Agronômica CERES LTDA. São Paulo 1988. EMBRAPA SOLOS. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2. ed. Rio de Janeiro, 2006.

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RECURSOS OFERECIDOS PELO GEOPROCESSAMENTO APLICADOS NO PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NA AGRICULTURA

Taís Andriéli Menegotto1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Poliane de Souza1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

Alcimar Paulo Freisleben1 UNIOESTE (Campus de Francisco Beltrão-PR)

[email protected]

O presente trabalho tem por objetivo apresentar alguns dos recursos

oferecidos pelo geoprocessamento na identificação das características das

propriedades rurais, valendo-se de imagens de satélites de alta resolução

espacial e mapas temáticos para identificação do uso atual das terras e das

parcelas agrícolas, visando melhor planejamento de políticas públicas ligadas ao

setor agrícola brasileiro.

O geoprocessamento é a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas

matemáticas e computacionais para tratar informações geográficas e vem

influenciando de maneira crescente diversas áreas, dentre elas a cartografia, a

análise de recursos naturais, transportes, comunicações, energia, planejamento

urbano e regional (CÂMARA; DAVIS, 2001).

Segundo CARSON (1993) em geral ocorre, nos países em

desenvolvimento, erros e omissões nos levantamentos de informações e

indicadores sócio-econômicos mais freqüentes do que as mudanças que

intencionam medir, mascarando muitas vezes a realidade, dificultando a

elaboração de programas e projetos específicos. Para este autor, as fontes de

dados geralmente são questionáveis. A maioria dos países em desenvolvimento

carece de capacidade necessária para coletar informações sociais e econômicas

adequadas, principalmente na área rural, e conclui que muitos governos não

podem sequer manter dados precisos de suas próprias atividades.

Segundo Mangabeira (2002) é praticamente impossível administrar as

políticas públicas sem planejar. Tal planejamento requer uma base segura de

1 Acadêmicos do curso de Geografia.

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informações mais atual e confiável, principalmente no que se refere às

informações quantitativas. Neste caso, é imprescindível gerar, para fins de

planificação e desenvolvimento rural, informações que identifiquem e

quantifiquem as diversas variáveis relacionadas ao uso das terras, das parcelas

agrícolas e dos sistemas de produção. Este processo de investigação pode ser

facilitado pela utilização de imagens de satélites de alta resolução espacial, que

podem gerar dados passíveis de serem geocodificados, ou seja, integrados,

relacionados e espacializados nos sistemas de informações geográficas (SIG's).

Ademais, a geocodificação destes dados embasará a estruturação de

sistemas de informação que possam dar apoio à decisão mais racional quanto ao

planejamento e desenvolvimento rural na escala da administração municipal

regional, fazendo assim, com que a política desenvolvida atinja sua real

finalidade.

O Brasil, país de grande extensão territorial, apresenta uma colonização

bastante diversificada em escala temporal quanto à ocupação de suas terras

agricultáveis, com início de plantação de cana-de-açúcar, criação de gado no Sul

do país, o ciclo do café e assim por diante, cada um deles apresentando

características e dinâmicas específicas.

Em virtude de o Brasil ser considerado um país agrícola, há poucos

registros mais claros quanto a sua dinâmica do uso das terras. Em razão aos

poucos recursos financeiros destinados a realizações de censos e cadastros

fundiários com a freqüência necessária, com informações úteis sobre o uso das

terras e dos sistemas de produção agrícola utilizados. Os censos agrícolas são

realizados a cada 10 anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) e o cadastro das propriedades agrícolas, elaborado pelo Instituto Nacional

de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), encontra-se desatualizado.

Um dos problemas da coleta de dados a cada 10 anos em relação à

dinâmica do setor agrícola pode diferenciar muito, a omissão de dados por parte

dos entrevistados, contribui para inverdades nos dados, ou mesmo, omitindo

fenômenos isolados que aconteceram no período e influenciaram na produção.

Estes dados não possuem enfoque sistêmico, não levam em consideração

informações espaciais, tais como a localização das propriedades, tipo de solo,

relevo, não identificando as aptidões agrícolas, o que leva a implantação de

programas gerais, que se tornam ineficazes. Como forma de garantir melhor

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confiabilidade dos dados coletados, a checagem das informações espaciais se

torna tão importante, quanto a conferencia dos dados numéricos. Em geral, este

tipo de levantamento tem alto custo financeiro, envolve muito tempo e, quando os

dados são publicados, freqüentemente já estão desatualizados.

Isso revela a precariedade dos dados usados para o planejamento das

políticas públicas e o destino de verbas no setor agrícola brasileiro, tendo em vista

o desconhecimento do uso das terras e do sistema de produção instaurado.

Deste modo, torna-se dificultosa a formulação de políticas públicas

adequadas, uma vez que não existe uma base segura e constantemente

atualizada de informações na qual tais políticas possam se basear.

Existe uma deficiência de metodologias que possam ser utilizadas para

resolver o problema de coleta, análise e disponibilização dos dados. Cabe ao

governo procurar medidas alternativas para a obtenção de dados confiáveis, por

meio de técnicas de geoprocessamento pode ser feito a coleta de dados

espaciais e cadastrais, agilizando o trabalho de levantamento e fiscalização dos

dados, aumentando consideravelmente a precisão e eficiência do processo.

REFERÊNCIAS CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. Introdução a Ciência da Geoinformação. 1. ed. São José dos Campos, 2001. Disponível em: <www.dp1.inppe.br/gilberto/livro/introd/index.html>. Acesso em: 23 abr. 2010. MANGABEIRA, J. A. C; Tipificação de produtores rurais apoiada em imagens de alta resolução espacial, geoprocessamento e estatística multivariada: uma proposta metodológica: 2002. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas. CARSON, W. H. Manual global de ecologia: o que você pode fazer a respeito da crise do meio ambiente. São Paulo: AUGUSTUS, 1993. p. 413.