ANAIS DO EVENTO ISSN: 2178-2431 - cpnv.ufms.br · Mirella Villa de Araújo Tucunduva da Fonseca...

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1 VIII JNE & VI CNCS: ―Relações de Gênero, Sociedade e Escola‖ – ISSN 2178-2431 05 a 07 de Dezembro de 2016 Câmpus Naviraí-UFMS ANAIS DO EVENTO ISSN: 2178-2431 *As ideias, diagramação, formatação e grafia contidas nos trabalhos aqui apresentados são de responsabilidade de seus respectivos autores e autoras.

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  • 1 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    ANAIS DO EVENTO

    ISSN: 2178-2431

    *As ideias, diagramao, formatao e grafia contidas nos trabalhos aqui apresentados so de

    responsabilidade de seus respectivos autores e autoras.

  • 2 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    Programao

    VIII Jornada Nacional de Educao

    VI Colquio Nacional de Cincias Sociais UFMS / CPNV

    Relaes de gnero, sociedade e escola

    5 a 7 de Dezembro de 2016

    Dia 05 de

    Dezembro s

    15h00min

    Local: Campus

    da Universidade

    Federal de Mato

    Grosso do Sul

    CPNV

    Tarde

    Dia 05 de

    Dezembro s

    18h00min

    Local: ACED-

    Associao

    Comercial e

    Empresarial de

    Navira

    Noite

    Dia 06 de

    Dezembro s

    13h30min

    Local: Campus

    da Universidade

    Federal de Mato

    Grosso do Sul

    CPNV

    Tarde

    Dia 06 de

    Dezembro s

    19h00min

    Local: Cmara

    Municipal de

    Educao de

    Navira

    Noite

    Dia 07 de

    Dezembro s

    08h00min

    Local: Campus

    da Universidade

    Federal de Mato

    Grosso do Sul

    CPNV

    Manh e Tarde

    Dia 07 de

    Dezembro s

    19h00min

    Local: Cmara

    Municipal de

    Educao de

    Navira

    Noite

    15h00min

    Inscries e

    Credenciamento

    18h00min

    Inscries e

    Credenciamento

    13h30min s

    17h30min

    apresentao de

    trabalhos no

    campus da

    UFMS/CPNV

    08h00min s

    11h00min

    Minicurso no

    campus da

    UFMS/CPNV

    19h00min

    Apresentao

    Cultural

    19h00min

    Apresentao

    Cultural

    14h00min s

    17h00min

    Minicurso no

    campus da

    UFMS/CPNV

    19h00min

    Palestra de

    encerramento

    com a professora

    Me. Juliana

    Gomes Santos da

    Costa-

    PUC/Campinas

    19h30min

    Palestra de

    abertura com a

    professora Dra.

    Ldia Maria

    Vianna Possas

    UNESP/Marlia

    19h30min

    Palestra de com

    a professora Dra.

    Marisa de

    Ftima Lomba

    de Farias-

    UFGD/ Dourados

    21h30min

    Lanamento de

    Livros com

    coffee break

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    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    Comisso Cientfica

    Clia Regina de Carvalho

    Fabiana Rodrigues dos Santos

    Josiane Peres Gonalves

    Klinger Teodoro Ciraco

    Larissa Wayhs Trein Montiel

    Maria das Graas Fernandes de Amorim dos Reis

    Mirella Villa de Arajo Tucunduva da Fonseca

    Roseli Maria Rosa de Almeida

    Telma Romilda Duarte Vaz

    Thiago Moessa Alves

    Victor Garcia Miranda

    Victor Ferri Mauro

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    Equipe de Trabalho

    Adriana Ribeiro

    Adriano Pontes de Souza

    Aline Freitas Gonalves

    Ana Caroline Ribeiro Bernardi

    Ana Ftima Finoto

    Ana Maria Costa Pereira

    Ana Paula da Silva Ferreira

    Andreza Santos Pinto Goncalves

    ngela Patrcia de Oliveira Frais

    Ariane da Silva

    Bruna Mendes Muniz

    Cssia Soares dos Santos

    Cntia Raquel Ferreira Mercado

    Cirlene Ternovoe Ruiz Ramos

    Cleiton Souza

    Crislaine Goes da Costa Silva

    Cristiana Mariano

    Cristiana Nunes da Silva

    Daiane Bueno de Souza

    Daniela Soares da Costa

    Danielle Abreu Silva

    Deisiane Kelly Prates

    Deysiane Pereira Pardin

    Edinia Moraes do Nascimento

    Eliana Ablio Correia

    Elzira Aparecida Zucca

    Emanoela Aparecida dos Santos Bernni Lima

    Erica Daviana Pereira Ferrari

    Erika Naiara Florentin

    Estela Sabrina de Freitas

    Evely Solaine Vidal Canuto

    Fbia da Silva Azevdo

    Felipe Silva Vedovoto

    Gisele Gimenes do Amaral Miguel

    Hugo Leonardo Garcia Javarez

    Jaqueline de Jesus Rocha

    Jssica Costa de Meneses da Cruz

    Juliana Aparecida Venturine

    Juliane Loureno

    Larissa de Oliveira Pupo

    Laudicia dos Santos Barbosa da Silva

    Lucia Moreno

    Luciana Ximenes Gomes Farias

    Lucimara Paixo Nunes de Almeida

    Lucinia Matsui dos Santos

    Luiara Maria da Cruz

    Maiara da Rocha Silva

    Marcia Aparecida Rodrigues Mateus

    Marcielli de Lemos Cremoneze

    Maria de Ftima Moreira da Silva

    Maristela Garcia de Oliveira

    Mayra Prachedes Queiroz

    Michelle Laura da Silva

    Michely Tadeu Arias

    Patrcia dos Santos Silva

    Rayannne dos Santos Silva

    Rute Santos Novaes

    Samia Rgia de Paula Silva

    Silvana Maria Dias de Oliveira

    Surizadai Gomes Trindade

    Talita Souza da Silva Fonseca

    Tamires Teixeira dos Santos

    Thais Maiara Teixeira Jota

    Thas Mirian Ferreira

    Viviane de Souza Correia de Carvalho

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    Sumrio

    GT 1 POLTICAS PBLICAS E EDUCAO SALA 101 Profa. Maria das Graas

    Fernandes de Amorim do Reis............................................................................................. 06

    GT 02 LINGUAGEM E LETRAMENTOS MLTIPLOS Profa. Roseli Maria Rosa

    de Almeida........................................................................................................................... 108

    GT 03 EDUCAO INFANTIL Profa. Larissa Wayhs Trein

    Montiel................................................................................................................................. 147

    GT 04 FORMAO DE PROFESSORES E PRTICAS PEDAGGICAS Profs.

    Klinger Teodoro Ciraco e Clia Regina de Carvalho..................................................... 221

    GT 05 EDUCAO ESPECIAL Profa. Roseli Maria Rosa de

    Almeida................................................................................................................................ 403

    GT 06 RELAES DE GNERO, SOCIEDADE E EDUCAO Profs. Josiane

    Peres Gonalves e Thiago Moessa Alves........................................................................... 476

    GT 07 TEORIA POLTICA Prof. Victor Ferri Mauro............................................ 626

    GT 08 DIVERSIDADE CULTURAL E MOVIMENTOS SOCIAIS Prof. Victor

    Ferri Mauro......................................................................................................................... 639

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    GT 1

    POLTICAS PBLICAS E

    EDUCAO SALA 101

    Prof. Maria das Graas Fernandes

    de Amorim do Reis

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    LISTA DE TRABALHOS APRESENTADOS

    GT 1 POLTICAS PBLICAS E EDUCAO SALA 101 Profa. Maria

    das Graas do Reis

    RESUMOS SIMPLES

    Trabalho: ADOO E SUA INFLUENCIA NA VIDA DO INDIVDUO........................ 09

    Autoras: Silvana Maria Dias de Oliveira, Lucina Matsui dos Santos, Margarida Maria

    Silva Arantes, Rosely Vieira dos Santos

    Trabalho: MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS NO MUNICPIO DE NAVIRA: O

    CONTEXTO DE ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI.............................. 10

    Autores: Adriano de Pontes Souza, Ana Maria Costa Pereir, Josiane Peres Gonalves

    Trabalho: POLITICAS EDUCACIONAIS DE CURRICULO DO ENSINO

    MDIO.................................................................................................................................... 11

    Autores: Ana Paula da Silva Ferreira, Juliane Loureno, Maria das Graas Fernandes de

    Amorim dos Reis e Maristela Garcia de Oliveira

    RESUMOS EXPANDIDOS

    Trabalho: DESLOCAMENTOS DA EDUCAO RURAL PARA URBANA:

    POLITICAS PUBLICAS DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM........................ 12

    Autoras: Erika Naiara Florentin, Luisa Oliveira Gomes da Silva, Mylena Pereira Aguilar,

    Pamela Caetano Gimenes

    TRABALHOS COMPLETOS

    Trabalho: PLANEJAMENTO E PARTICIPAO SOCIAL: NOTAS SOBRE O

    PLANO NACIONAL DE EDUCAO (2014-2024)......................................................... 18

    Autores: Marli dos Santos de Oliveira, Elisngela Alves da Silva Scaff

    Trabalho: NOTAS SOBRE A ABORDAGEM COGNITIVA DAS POLTICAS

    PBLICAS............................................................................................................................. 34

    Autores: Marli dos Santos de Oliveira, Elisngela Alves da Silva Scaff

    Trabalho: O PAPEL DO GESTOR DE ENSINO FUNDAMENTAL II.......................... 44

    Autores: Ana Lcia de Oliveira Silva, Cirlene Ternovoe Ruiz Ramos, Edinia Moraes do

    Nascimento, Elisngela de Barros Pereira

    Trabalho: UMA ANLISE DA EDUCAO NA CONCEPO DE DAVID HUME E

    REN DESCARTES.............................................................................................................. 57

    Autores: Ana Cristina da Silva Brito, Kelei Zen, Eliane de Ftima Triches

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    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    Trabalho: APONTAMENTOS ACERCA DAS POLTICAS EDUCACIONAIS DE

    GESTO DA EDUCAO BSICA: AVISO DE DIRETORES ESCOLARES DO

    MUNICPIO DE NAVIRA-MS........................................................................................... 68

    Autores: Erika Naiara Florentin, Luisa Oliveira Gomes da Silva, Mylena Pereira Aguilar e

    Pamela Caetano Gimenes

    Trabalho: GESTO ESCOLAR E PLANEJAMENTO: CONSTRUINDO O CARTER

    DEMOCRTICO DA ESCOLA.......................................................................................... 83

    Autor: Milene Dias Amorim

    Trabalho: O PAPEL DA GESTO NO MBITO DA EDUCAO INFANTIL DE 0 A 3

    ANOS....................................................................................................................................... 98

    Autores: Polyana da Silva Pereira, Fernanda Celestino de Souza Meneguello e Maria das

    Graas Fernandes de Amorim dos Reis

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    ADOO E SUA INFLUNCIA NA VIDA DO INDIVDUO

    Lucina Matsui dos Santos(UFMS/CPNV)1

    Margarida Maria Silva Arantes (UFMS/CPNV)2

    Rosely Vieira dos Santos (UFMS/CPNV)3

    Silvana Maria Dias de Oliveira (UFMS/CPNV)4

    Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a situao de abandono sofrido na infncia e

    quanto ao fato de ter sido adotado se influenciou na sua vida quanto cidado. Para isso, foi

    realizado por meio pesquisa qualitativa e bibliogrfica, por meio de questionrio com

    questes abertas com quatro pessoas de diferentes faixa etrias, e que passaram pelos mesmos

    sentimentos extremos do abandono adoo. Segundo o Estatuto da Criana e do

    Adolescente (ECA), em princpio, a adoo depende do consentimento dos pais ou dos

    representantes legais de quem se deseja adotar e uma deciso revogvel at a publicao da

    sentena da adoo. Mas o consentimento ser dispensado se os pais da criana/adolescente

    forem desconhecidos ou tiverem desaparecido, se tiverem sido destitudos do poder familiar,

    ou se o adotando for rfo e no tenha sido reclamado por qualquer parente por mais de um

    ano (MENDES, 2007). Das pessoas pesquisadas, 03 ( trs) foram adotadas antes de

    completar um ano de vida e outra com 6 (seis) anos de idade. A idade atual varia entre 27

    (vinte sete) e 61 (sessenta e um) anos. Em relao aos motivos de sua adoo, dois relatam

    que os pais faleceram e dois foram abandonados, para esses o sentimentos de rejeio fica

    bem claro nas respostas. O fato de ter sido adotado no influenciou negativamente nos

    sentimentos em relao a famlia adotiva. A maioria das pessoas pesquisadas conhecem suas

    origens e quem no conhece diz que o fato de no saber quem so seus pais biolgicos no faz

    diferena. Apenas um dos pesquisados consideram que era mais cobrada do que os filhos

    biolgicos. Apesar da resposta de um dos adotados dizer que era mais cobrado, do que os

    outros, todos dizem ter superado a situao de abandono, independente de qual foi o motivo

    que os colocaram em outra famlia. Podemos analisar, por meio da pesquisa, a importncia

    que a adoo tem para a sociedade, visto que 99% dos pesquisados adotariam, como

    retribuio a oportunidade que tiveram, dando a outra criana a chance de refazer os laos

    familiares que foram rompidos.

    Palavras-chave: Abandono, adoo, famlia.

    1 Graduanda do 3 Semestre de Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de

    Navira (UFMS/CPNV). E-mail: [email protected] 2 Graduanda do 3 Semestre de Pedagogia pela UFMS/CPNV. E-mail: [email protected]

    3 Graduanda do 3 Semestre de Pedagogia pela UFMS/CPNV. E-mail: [email protected]

    4 Graduanda do 3 Semestre de Pedagogia pela UFMS/CPNV. E-mail: [email protected]

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    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS NO MUNICPIO DE NAVIRA: O

    CONTEXTO DE ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI

    Adriano de Pontes Souza (UFMS/CPNV)1

    Ana Maria Costa Pereira (UFMS/CPNV)2

    Josiane Peres Gonalves (UFMS/ CPNV)3

    Resumo: evidente que o ndice de criminalidade tem aumentado exponencialmente nos

    ltimos anos configurando-se como grave problema que necessita de maior ateno por parte

    de toda a sociedade. Inseridos neste contexto no so poucos adolescentes, por diversos

    fatores, que passam tambm a ingressar o mundo do crime. Esta pesquisa tem como objetivo

    compreender como esse processo se d e analisar a atuao de medidas socioeducativas no

    municpio de Navira, a partir da experincia dos jovens infratores. O presente estudo se

    baseia nos escritos de Mrio Volpi (representante do UNICEF no Brasil), em pesquisas sobre

    violncia do socilogo Srgio Adorno e na teoria da Aprendizagem Social de Albert Bandura,

    a qual demonstra a influncia do comportamento de pessoas prximas sobre as atitudes do

    indivduo. A pesquisa de campo, de natureza qualitativa, foi realizada com dois adolescentes

    de 13 e 16 anos (que cumprem medida socioeducativa de liberdade assistida) e tambm com a

    pedagoga responsvel por acompanh-los. Foi realizada a coleta de dados por meio de

    entrevistas semiestruturadas e observaes. Os resultados alcanados sugerem que no caso

    dos dois sujeitos entrevistados, tm-se obtido respostas positivas no sentido de reabilitao

    dos mesmos, porm de forma lenta e gradual. O primeiro jovem entrevistado demonstrou que

    se sente envolvido e interessado em seu processo de reabilitao. espontneo, comunicativo,

    demonstra disposio para realizar as atividades solicitadas pela supervisora e se relaciona de

    forma positiva com todos os funcionrios da instituio. Considera que a sua experincia est

    sendo proveitosa e significativa, por melhorar o seu comportamento, a ponto de conseguir

    vislumbrar um futuro melhor para si e sua famlia. O segundo jovem, por sua vez, mais

    tmido, apresenta um comportamento pouco socivel e instvel em relao a atitude de

    agressividade; j se envolveu em diversos conflitos dentro e fora da instituio. Segundo a

    supervisora, isto reflexo tanto de sua experincia conturbada intrafamiliar quando dos

    distrbios de personalidade que possui. A histria de vida e o contexto familiar, social e as

    influncia de grupos de amigos, podem ser considerados fatores determinantes para o

    surgimento de comportamentos vistos socialmente como inadequado na fase da adolescncia.

    Palavras-chave: Adolescente infrator, Psicologia Social, Violncia.

    1 Graduando do 3 Semestre de Cincias Sociais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de

    Navira (UFMS/CPNV). E-mail: [email protected] 2 Graduanda do 3 Semestre de Cincias Sociais pela UFMS/CPNV. E-mail: [email protected]

    3 Doutora em Educao pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professora do

    Programa de Ps-Graduao em Educao da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus do

    Pantanal (UFMS/CPAN). Professora dos cursos de licenciatura em Cincias Sociais e Pedagogia da

    UFMS/CPNV. Lder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Desenvolvimento, Gnero e Educao (GEPDGE).

    E-mail: [email protected]

  • 11 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    POLTICAS EDUCACIONAIS DE CURRCULO NO ENSINO

    MDIO

    Ana Paula da Silva Ferreira (UFMS)

    1

    Juliane Loureno (UFMS)2

    Maria das Graas Fernandes de Amorim dos Reis (UFMS)3

    Maristela Garcia de Oliveira (UFMS)4

    Resumo: A poltica enquanto ao deve atender as necessidades dos cidados. Dentre as

    Polticas temos a Poltica Educacional que so as relaes estabelecidas entre o Estado e a

    Sociedade na luta pelo reconhecimento de educao como um direito, a qual deve buscar

    melhorias com intuito de atender o pblico no setor da educao. J as Polticas Curriculares

    tem o objetivo de contribuir para o dilogo entre professor, conhecimento e aluno, incluindo

    orientaes para a prtica docente e o desafio de oferecer uma educao bsica de qualidade.

    O currculo um meio pelo qual a escola se organiza, prope os caminhos e a orientao para

    trabalho escolar, ou seja, sobre o que, quando e como ensinar e avaliar. O Ensino Mdio

    integra vrios objetivos ao compor seu currculo, tais como a formao integral do aluno, a

    integrao entre a educao e as dimenses do trabalho, da cincia, da tecnologia e da cultura

    como base da proposta e do desenvolvimento curricular. O Ensino Mdio deve oferecer uma

    formao base para o trabalho, sendo previsto articulando inclusive a Educao Profissional e

    Tecnolgica. O currculo escolar um apoio aos professores, pois proporciona um suporte

    para o profissional docente. Dessa forma, espera-se que o estudante do Ensino Mdio tenha

    uma formao de qualidade, tanto para o mercado de trabalho quanto para o ingresso no

    Ensino Superior.

    Palavras-chave: Polticas Educacionais, Currculo, Ensino Mdio.

    1 Acadmica do 8 semestre do Curso de Pedagogia Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus

    Navira e estagiria do programa Vale Universidade. E-mail: [email protected]. 2 Acadmica do 8 semestre do Curso de Pedagogia Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus

    Navira, participa do Grupo de Estudo e Pesquisa GEPETE - Grupo de Estudo Pesquisa em Prticas Educativas e

    Tecnologia Educacional. E-mail: [email protected]. 3 Professora Adjunta da UFMS/CPNV. E-mail: [email protected].

    4 Acadmica do 8 semestre do Curso de Pedagogia Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus

    Navira, participa do Grupo de Estudo e Pesquisa GEPETE - Grupo de Estudo Pesquisa em Prticas Educativas e

    Tecnologia Educacional. E-mail: [email protected]

  • 12

    DESLOCAMENTOS DA EDUCAO RURAL PARA URBANA:

    POLTICAS PBLICAS E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

    Patrcia dos Santos Silva (UFMS/CPNV)

    1

    Andreza Santos Pinto Gonalves (UFMS/CPNV)2

    Sthephany Freitas (UFMS/CPNV)3

    Thiago Moessa Alves (UFMS/CPNV)4

    Resumo: Abordaremos o percurso das escolas pblicas no mbito rural da regio Cone Sul do

    Mato Grosso do Sul, mais especificamente Itaquira e Iguatemi. A partir de nossa experincia

    enquanto estudantes de Ensino Fundamental em escolas rurais, pudemos perceber que essas

    escolas enfrentam adversidades de toda ordem, sobretudo financeira, estrutural e de recursos

    humanos. Essa realidade leva, muitas vezes, ao fechamento dessas escolas e faz com que seus

    alunos sejam obrigados a frequentar as escolas urbanas, o que, por sua vez, acarreta outros

    problemas. Diante dessa realidade, levantamos as seguintes questes norteadoras: Quais so

    os motivos que levam ao fechamento dessas escolas? Como o rendimento pedaggico

    afetado diante do deslocamento da escola rural para a urbana? Pautando-nos em

    procedimentos da pesquisa qualitativo-interpretativa, realizamos entrevistas semi-estruturadas

    com professores envolvidos nesse contexto peculiar, buscamos por respostas que fortaleam a

    educao rural, que proporcionam qualidades de aprendizagens, respeitando e seguindo as

    polticas pblicas educacional uma vez que estas so amparadas por leis. Para o

    desenvolvimento deste trabalho usamos como referncias as entrevistas de Claudia Cardoso

    (2016) e Silvana Souza (2016). Para anlise dos dados levantados, pretendemos utilizar como

    referencial terico autores como Carvalho, Silva e Neto (2010), Graciano, (2005). De modo

    geral, observa-se que essas escolas so fechadas por questes financeiras, pois os municpios

    usam esta centralizao para reduzir tais dvidas.

    Palavras-chave: Educao rural; Dificuldades de aprendizagem; Polticas Pblicas

    Educacionais.

    INTRODUO

    Esta pesquisa apresenta-se como o desenvolvimento de um trabalho apresentado no

    ano de 2015 no V colquio Nacional de Cincias Sociais UFMS/CPNV e VII Jornada

    Nacional de Educao da UFMS/CPNV.

    1 Graduanda do curso de cincias sociais - Bolsista Permanncia UFMS/CPNV. [email protected].

    2 Graduanda do curso de cincias sociais- Bolsista PIBID UFMS/CPNV.

    [email protected]. 3 Graduanda do curso de cincias sociais- Bolsista PIBIC UFMS/CPNV. [email protected].

    4Mestre em Letras (UFGD/2014). Professor substituto do curso de Cincias Sociais do Cmpus de Navira da

    Fundao Universidade Federal do Mato Grosso do Sul UFMS/CPNV. Integrante do Grupo de Estudos e

    Pesquisas em Inovao, Polticas Pblicas e Educacionais GEPIPPE/UFMS/CNPq onde coordena a linha de

    pesquisa em Lngua(gem), discurso, educao e diversidade: [email protected].

  • 13 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    Com base em nossas experincias no municpio de Itaquira-MS, localizado a 407km

    ao sul de Campo Grande - MS, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas no

    assentamento Indai a 07km do municpio.

    As entrevistas foram realizadas com profissionais que atuaram diretamente no

    processo de desenvolvimento da escola, aos quais nomeamos com nomes fictcios para

    preservar a integridade tanto da escola quanto das ex-funcionrias, portanto a escola ser

    nomeada de Paulo Freire, a professora chamaremos de Claudia Cardoso e a ex-coordenadora

    de Silvana Souza.

    Ser destacado aqui o surgimento da escola rural dessa regio, assim como as

    dificuldades na formao de professores, as dificuldades financeiras enfrentadas pelo

    municpio, e o consequente fechamento dessas escolas rurais.

    AS DIFICULDADES ENFRENTADAS NAS ESCOLAS RURAIS

    A Constituio Federal assegura os direitos e deveres dos cidados, sendo a educao

    um meio para garantir os demais direitos sociais, civis e polticos. Porm no isso que

    mostram os ndices de alfabetizao e de excluso na educao bsica rural em todo o pas,

    por haver alm do preconceito com essa populao uma excluso social e poltica. A carta

    magna assegura que A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser

    promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento

    da pessoa,seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    (BRASIL, 1988).

    O estatuto da criana e do adolescente (Lei n 8069/90) prev o acesso escola pblica

    e gratuita prxima a residncia do aluno (inciso V, art.53). Ou seja, nessas localidades rurais

    no difcil encontrar situaes de alunos que precisam viajar por horas de nibus, barcos, ou

    at mesmo a p, entre outros para poder chegar s escolas. O acesso escola primordial para

    o desenvolvimento da criana. necessrio ainda que ele tenha qualidade de ensino dentro da

    escola, desde material didtico, alimentao, transporte com segurana, equipamentos para

    estudo e pesquisa assim como uma boa formao para os docentes. Estas so ferramentas

    essenciais no desenvolvimento intelectual de jovens e crianas, porm a falta de efetividade e

    comprometimento das polticas pblicas agrava a situao degradante nessas regies, como

    mostra estudo realizado por Carvalho, Silva e Neto (2010, p. 5):

  • 14 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    Quando se fala de educao no Brasil, observa-se que o meio rural apresenta os mais

    baixos ndices de escolaridade de toda a sociedade. Dessa forma o analfabetismo da

    populao rural na faixa etria acima de 15 anos, de 32,7%, enquanto somente 2%

    dos jovens que moram no campo, frequentam um ensino mdio (IBGE 1998), o que

    demonstra histrica negao a populao do campo, do direito de acesso e

    permanncia na escola, para completar sua formao inicial.

    So inmeros os fatores que levam ao fechamento dessas escolas rurais, por estratgia

    de governos que pensam em rendimento e no em qualidade, tendo em vista que o custo com

    a manuteno se mantm estveis, o nmero de docentes continua o mesmo, enquanto os de

    alunos rurais so relativamente menor do que nas escolas urbanas, portanto o repasse do

    Fundo de Desenvolvimento da Educao Bsica (Fundeb) menor por ser baseado no nmero

    de matriculados. Sendo assim, mais vivel economicamente para as prefeituras o

    fechamento dessas escolas por ser mais barato deslocar esses estudantes para uma cidade

    prxima do que manter uma escola rural.

    Com o deslocamento desses estudantes para as escolas urbanas, o rendimento

    pedaggico afetado, pois o aluno precisa sair do seu mbito cultural, no qual facilitaria o

    processo de aprendizagem para se deslocar por longos trajetos. Isso que faz com que o aluno

    gaste muita energia alm dos riscos com segurana e suspenso do transporte.

    Com base nisto e nas entrevistas, utilizaremos a escola Paulo Freire como exemplo

    situada no assentamento Indai tendo aproximadamente 35 famlias que contavam com a

    escola para a educao de seus filhos, pois estando prximo da escola, deixavam os pais mais

    tranquilos com a segurana dos mesmos, uma vez que no necessitavam de transporte escolar.

    De acordo com a entrevista realizada, essa escola surgiu de uma necessidade existente

    no acampamento, as primeiras aulas foram realizadas no barraco utilizado pelos acampados

    do Movimento Sem Terra (MST) para reunies, neste perodo as famlias contribuam com a

    alimentao dos alunos por meio de doaes produzidas pelos prprios assentados, assim

    como os livros que eram frutos de doao da Pastoral da Terra, e coordenado pelas irms

    religiosas da Igreja Catlica que tambm auxiliavam na formao para os professores.

    Os professores foram escolhidos dentro do acampamento pra lecionar nas escolas,

    pois professores eram escassos em Itaquirai. Eu tinha apenas a formao de sexta

    serie. E foram as irms que fizeram os cursos de formao com as pessoas que

    queriam ser professores. (CARDOSO, 2016, informao verbal).

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    Com a crescente demanda de alunos houve a necessidade de se fazer uma escola na

    regio que inicialmente foi construda de pau a pique e posteriormente de alvenaria com

    recursos vindo da Alemanha destinados a Pastoral da Terra.

    Nos anos 90, comearam as escolas no assentamento. A primeira escola foi feita de

    pau pique com cobertura de sap. Foram deixados seis terrenos pra construo das

    escolas que foram patrocinados pela Alemanha. O INCRA na poca do loteamento

    deixou o terreno pra construo da escola. Porm a mesma no foi feita no local

    certo, sendo construda em outro sitio, prximo ao local escolhido. (CARDOSO,

    2016, informao verbal).

    Durante este perodo era mantida com recursos da Prefeitura Municipal, para a

    manuteno e funcionamento da escola, embora ainda passasse por dificuldades financeiras, a

    escola funcionou regularmente at o ano de 2005 quando foi fechada devido aos cortes

    oramentrios. Esta vem sendo uma realidade crescente no Brasil, pesquisas realizadas na

    rea da educao rural vem comprovando os altos ndices de fechamento de escolas nessas

    regies, pois cerca de 32.512 escolas foram fechadas nos ltimos 10 anos. Em reas rurais, o

    nmero de escolas fechadas foi de 4.084 somente em 2014. As informaes so de Cristina

    Vargas, do setor de educao do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

    Diante dessas estatsticas a Lei n 12.960/2014, que altera a LDB (Lei de Diretrizes e

    Bases da Educao) dificulta o fechamento dessas escolas obrigando as secretarias de

    educao e poder executivo que cumpram uma srie de exigncias antes do fechamento, bem

    como ouvir a comunidade escolar, e obter uma justificativa formal da Secretaria de Educao.

    CONSIDERAOES FINAIS

    As concluses levantadas so as de que, na maioria das vezes, essas escolas so

    fechadas por questes financeiras, pois os municpios desenvolvem as polticas pblicas

    educacionais de centralizao para reduzir os gastos com professores, estrutura e alimentao,

    deixando de lado o rendimento escolar dos alunos. Por mais que os direitos elencados sejam

    assegurados pela lei, ainda precisam ser conquistados.

    REFERNCIAS

    BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF:

    Senado Federal: Centro Grfico, 1988.

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  • 18

    PLANEJAMENTO E PARTICIPAO SOCIAL: NOTAS SOBRE O PLANO

    NACIONAL DE EDUCAO (2014-2024)

    Marli dos Santos de Oliveira (UEMS-UFGD)1

    Elisngela Alves da Silva Scaff (UFGD) 2

    Resumo: O presente texto objetiva refletir acerca do Plano Nacional de Educao (2014-

    2024), notadamente sobre a participao social no mbito do planejamento educacional, por

    meio de reviso de literatura e pesquisa documental. Nota-se que nos ltimos anos as

    Conferncias Nacionais de Educao tm servido como importantes espaos destinados

    reflexo e deliberao acerca dos rumos da educao. Observa-se que a participao social

    incentivada em diferentes nveis no contexto do federalismo brasileiro, de modo a no se

    restringir somente ao campo educacional.

    Palavras-chave: Planejamento Educacional. Participao social. Plano Nacional de

    Educao.

    Consideraes iniciais

    O atual momento histrico brasileiro, com a recente aprovao do Plano Nacional de

    Educao (PNE) 2014-2024, desencadeou processos de elaborao dos Planos Estaduais e

    Municipais de Educao, estabelecendo metas e estratgias para a efetivao das polticas

    educacionais no decnio. A esse respeito, historicamente, a desobrigao da Unio para com a

    educao bsica reforou desigualdades regionais, de modo que, os municpios com maior

    poder de investimento dispuseram de melhores condies de investir em educao, enquanto

    que a suplementao por meio dos fundos destinados a redistribuir recursos para os

    municpios com menor arrecadao, praticamente no aconteceu. (PERONI, FLORES, 2014).

    Alm disso, o texto final da Lei n 13.005/14, que aprovou o PNE (2014-2024), trouxe

    avanos e perdas para a consolidao da democracia na educao, e desse modo, foi

    aguardado no mbito dos estados e municpios da federao para que a partir dele pudessem

    se desdobrar os respectivos planos estaduais e municipais. A construo desses planos nos

    contextos locais deve significar avanos reais para as polticas educacionais, corroborando

    1 Pedagoga pela UFMS/CPNV. Acadmica do curso de Direito da UEMS, unidade de Navira e aluna do

    Programa de Ps-graduao em Educao Mestrado, UFGD. E-mail: [email protected] 2 Docente do Programa de Ps-graduao em Educao Mestrado e Doutorado e Diretora da Faculdade de

    Educao da UFGD. E-mail: [email protected]

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    para a criao de um Sistema Nacional de Educao em sua relao de interdependncia com

    o Plano Nacional de Educao. (IBID, 2014).

    Compreendido como plano de Estado, o Plano Nacional de Educao apresenta-se

    como um meio de unidade social e poltica. Social, porque busca preencher com realizaes

    as promessas e valores que a educao encerra. Poltica, porque em pases federativos h que

    haver um equilbrio entre unidade nacional e diversidade regional (CURY, 2013, p.32). No

    caso brasileiro, um plano, alm de se impor como medida racional de maximizao dos

    recursos, objetiva ser uma baliza de frente (IBID, p. 32) a fim de que os princpios

    educacionais traduzam-se em polticas consistentes tendo por base um rigoroso diagnstico

    dos problemas educacionais.

    Nesse contexto, o planejamento e a gesto so considerados os principais instrumentos

    para se alcanar a qualidade social do ensino (IBID). Entende-se o processo de planejamento

    estreitamente vinculado s concepes de Estado e de prticas polticas, dessa forma, a ao

    de planejar pode ser analisada como um instrumento poltico de ao do Estado e dos

    governos (AMORIM, SCAFF, 2013, p.247), pela qual o planejamento apresenta-se como um

    instrumento de interveno na implementao de polticas, de modo a fornecer orientaes

    gerais bem como os fundamentos tcnicos necessrios tomada de decises.

    As mudanas que o setor educacional sofreu nos ltimos anos, cujo processo de

    descentralizao transferiu para as instncias locais as responsabilidades operativas outrora

    atribudas ao poder central (FERREIRA; FONSECA, 2013), pressupem um esforo coletivo

    e consciente no processo de elaborao de planos, no sendo de responsabilidade somente dos

    funcionrios do Estado ou dos parlamentares, visto que Seja qual for viso que se tenha

    sobre o planejamento, o fato que este no mais, a partir da CF de 1988, um processo

    dependente da mera vontade dos governantes (SENA, 2013, p.137). Nessa perspectiva,

    refletir acerca do planejamento educacional atual requer compreend-lo em seus nveis

    diferenciados de complexidade, pois no se trata de uma prtica simplria, sua materializao,

    d-se em nveis complexos distintos, indo da rotina da sala de aula construo do sistema

    educacional (DELLA FONTE; LOUREIRO, 2013).

    H que se considerar que o planejamento acompanha a dinmica mais ampla da

    sociedade. Assim, num contexto autoritrio, compreensvel a existncia de estruturas de

    planejamentos fechadas, onde a vontade dos tcnicos ou do dirigente educacional prevalece.

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    Numa sociedade aberta, todavia, as circunstncias so diferentes (VIEIRA, 1998, p.198). No

    entanto, alerta a autora que, em decorrncia das peculiaridades da democracia brasileira, h

    uma tendncia de se manter padres de funcionamento do regime anterior.

    A fim de melhor compreender essa temtica, o presente texto tem por objetivo refletir

    acerca do Plano Nacional de Educao (2014-2024) de modo a contextualizar sua elaborao

    tendo em vista a dinmica de participao oportunizada pelas conferncias de educao, por

    meio de reviso de literatura e pesquisa documental.

    Assim, o presente texto pretende contribuir suscitando reflexes acerca da temtica

    haja vista o planejamento educacional brasileiro estar em evidencia com a recente aprovao

    do Plano Nacional de Educao, mas, sobretudo, pela urgente necessidade de se extinguir as

    lacunas de regulamentao e descontinuidade das polticas pblicas no Brasil, situaes essas

    que dificultam, sobremaneira, a construo de formas orgnicas de colaborao entre os

    sistemas de ensino e seus entes federados, mesmo j sendo regulamentados em lei.

    Participao social e Conferncias Nacionais no contexto dos Planos decenais de

    Educao

    Nos ltimos anos tm-se diversos movimentos de mobilizao da sociedade a fim de

    promover a ampla participao social na articulao de polticas de Estado para a educao

    brasileira. A formulao de planos nacionais no Brasil acompanhada da realizao de

    encontros, conferncias, congressos, fruns, dentre outros diferentes espaos que congregam

    diferentes atores com vistas a discutir e deliberar sobre a educao.

    De acordo com Avritzer (2012) as conferncias nacionais se tornaram a mais

    importante e abrangente poltica participativa do Brasil nos ltimos anos, sobretudo aps a

    CF/1988 cujas formas de participao da sociedade civil previstas, levaram a

    institucionalizao dessas conferncias. Para o governo as conferncias mostram a existncia

    de uma poltica participativa em nvel federal; do ponto de vista acadmico, estas significam

    um conjunto de importantes mudanas na forma de fazer poltica do governo federal (IBID,

    2012).

    Nesse contexto, as conferncias nacionais impactam o poder legislativo na medida em

    que impulsionam a atividade do Congresso Nacional, e fortalece atravs de uma prtica

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    participativa e deliberativa, a democracia representativa no Brasil, estabelecendo um sistema

    integrado de participao e deliberao visto congregarem esforos de mobilizao e

    representao em torno da definio de uma poltica pblica (FARIA 2011, apud AVRITZER

    2012).

    As formas institucionalizadas de participao, isto , as instituies participativas

    advm, segundo o autor da ao da sociedade civil brasileira no processo constituinte. H

    vrios artigos na CF/1988 que estabelecem a participao social nas polticas pblicas e isso

    significa que essa foi origem das formas de participao no nvel local. Dentre os momentos

    destinados ao confronto de ideias e deliberaes, tm-se aps a dcada de 1980 os seguintes

    eventos de abrangncia nacional:

    Tabela 01 Eventos nacionais na rea da educao aps 1980

    Evento Ano Cidade

    I Conferncia Brasileira de Educao (CBE) 1980 So Paulo

    II CBE 1982 Belo Horizonte

    III CBE 1984 Niteri

    IV CBE 1986 Goinia

    V CBE 1988 Braslia

    VI CBE 1991 So Paulo

    Semana Nacional de Educao para todos (SNET) 1993 Braslia

    Conferncia Nacional de Educao para todos (CNET) 1994 Braslia

    I Congresso Nacional de Educao (CONED) 1996 Belo Horizonte

    II CONED 1997 Belo Horizonte

    III CONED 1999 Porto Alegre

    IV CONED 2003 So Paulo

    V CONED 2004 Recife

    Conferncia Nacional de Educao Bsica (CONEB) 2008 Braslia

    I Conferncia Nacional de Educao (CONAE) 2010 Braslia

    II CONAE 2014 Braslia

    Fonte: Elaborao prpria (BRASIL, 2010; DUARTE; SANTOS, 2014).

    Como se observa, houve momentos destinados ao planejamento e a participao na

    rea da educao, mas as anlises desses espaos que congregaram educadores, entidades,

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    militantes, dentre outros segmentos e setores com suas proposies e divergncias para a

    formulao dos planos nacionais ainda so incipientes (DUARTE, SANTOS, 2014). Embora

    seja importante caracterizar todos esses momentos de discusses e reflexes, destaca-se a 1

    Conferncia Nacional de Educao (CONAE) realizada em 2010 que se constitui num espao

    social de discusso acerca da educao brasileira, de modo a articular os diferentes segmentos

    institucionais, da sociedade civil e dos governos, a favor da construo de um Sistema

    Nacional de Educao (SNE), entendido como mecanismo articulador do regime de

    colaborao no pacto federativo, que preconiza a unidade nacional, respeitando a autonomia

    dos entes federados, como poltica de Estado (BRASIL, 2010, p.16).

    Com o tema central CONAE: Construindo o Sistema Nacional Articulado: o Plano

    Nacional de Educao, Diretrizes e Estratgias de ao, teve como resultado3 seu documento

    final4 que apresenta diretrizes, metas e aes para a poltica nacional de educao,

    constituindo-se como marco histrico para educao brasileira.

    Saviani (2014) aponta que foi correta a organizao da CONAE articular no tema

    central da conferncia a questo da construo do Sistema Nacional de Educao (SNE) com

    o PNE. O autor destaca que:

    [...] H, efetivamente, uma ntima relao entre esses dois conceitos [...]

    sistema resulta da atividade sistematizada; e a ao sistematizada aquela

    que busca intencionalmente realizar determinadas finalidades. , pois, uma

    ao planejada. Sistema de ensino significa, assim, uma ordenao articulada

    dos vrios elementos necessrios consecuo dos objetivos educacionais

    preconizados para a populao qual se destina. Supe, portanto,

    planejamento [...] as exigncias de intencionalidade e coerncia implicam

    que o sistema se organize e opere segundo um plano. Consequentemente, h

    3 Registre-se que foram inseridas pelas comisses estaduais e do Distrito Federal 5.300 deliberaes em

    pargrafos, acrescidos ao documento, as propostas foram sistematizadas, sendo 2.057 encaminhadas para

    apreciao dos delegados (as) nas plenrias de eixo. Das seis plenrias de eixo, resultaram 694 emendas,

    aprovadas pelos delegados e delegadas e encaminhadas para apreciao e deliberao na plenria final, em que

    foram aprovadas 677 e o contedo resultante de todo esse processo est registrado no documento final da I

    CONAE (CONAE, 2010). 4 O Documento Final em coerncia com o Documento Referncia paras as conferncias municipais,

    intermunicipais, estaduais, distrital e nacional e com o Documento Base para a etapa nacional da CONAE

    estruturam-se em seis eixos temticos: I Papel do Estado na Garantia do direito educao de qualidade:

    organizao e regulao da educao nacional; II Qualidade da educao, Gesto Democrtica e Avaliao; III

    Democratizao do acesso, permanncia e sucesso escolar; IV Formao e valorizao dos trabalhadores em

    educao e; V Financiamento da educao e igualdade (CONAE, 2010).

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    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    uma estreita relao entre sistema de educao e plano de educao

    (SAVIANI, 2014, p. 81).

    Nesse vis, a formulao do PNE coloca-se como uma exigncia para que o SNE

    mantenha de modo permanente suas caractersticas prprias, pois, caso contrrio seria

    reduzido a uma simples estrutura, fazendo com que o sistema caia numa rotina em que as

    aes tornem-se mecnicas e automticas. Assim, a vida do sistema implica sua no reduo a

    simples estrutura burocrtica, necessitando manter, continuamente, a intencionalidade das

    aes, no perdendo de vista o carter racional das atividades desenvolvidas. O plano

    educacional apresenta-se como o instrumento que pretende introduzir racionalidade na prtica

    educativa a fim de superar o espontanesmo e as improvisaes que so o oposto de uma

    educao sistematizada (SAVIANI, 2014).

    Nesse contexto o PNE (2014-2024) em comparao com o plano anterior,

    aparentemente, apresenta-se mais enxuto visto que, em vez de 295 metas do PNE (2001-

    2011), o atual apresenta vinte metas, conforme tabela a seguir, que se desdobram em 170

    estratgias.

    Imagem 01 Metas do PNE (2014-2024)

    Fonte: Observatrio do PNE (2016)5.

    5 Disponvel em:< http://www.observatoriodopne.org.br/metas-pne>. Acesso: 07 nov. 2016.

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    Sobre a extenso do PNE (2014-2024) Saviani (2014) argumenta que a reduo do

    nmero das metas, seja por aglutinao ou por se fixar nos aspectos mais significativos,

    viabilizaria o acompanhamento e o controle, permitindo avaliar se o Plano esta sendo posto

    em prtica, bem como cobrar dos responsveis o cumprimento efetivo das metas, uma vez que

    a extenso do plano dificulta o acompanhamento por parte da populao do conjunto do plano

    e de sua efetividade. De modo complementar, o autor evidencia o no cumprimento no PNE

    anterior em relao s avaliaes peridicas previstas em sua aprovao, indicando a

    necessidade de se equacionar essa questo no PNE (2014-2014) a fim de se garantir que o

    Plano seja, de fato, posto em prtica.

    A avaliao de polticas pblicas constitui-se num grande desafio para a rea

    educacional seja em funo dos limites tericos e metodolgicos subjacentes ao seu grau de

    complexidade, pelo envolvimento de diferentes atores, seja pelo seu desdobramento

    abrangente, envolvendo questes que transcendem o escopo da rea educacional

    (DOURADO, 2006, p.22). Assim, tendo em vista a complexidade do processo de avaliao

    do PNE, deve-se apreend-lo enquanto poltica de Estado e no circunscrito s polticas

    governamentais, de modo a considerar sua complexidade bem como o processo de disputa em

    que ele se constri.

    Planejamento educacional e Participao social no contexto do Plano Nacional de

    Educao (2014-2024)

    Tendo em vista essa complexidade que envolve um plano, a Emenda Constitucional n

    59 de 2009 mudou substancialmente o papel e a condio dos planos de educao, ao

    estabelecer que o PNE e, consequentemente os planos estaduais, distrital e municipais seriam

    decenais e articuladores dos sistemas de educao. Nessa lgica, do ponto de vista

    constitucional, os planos de educao ultrapassam os Planos Plurianuais de governo, exigindo

    articulao institucional e participao social para a sua elaborao, adequao,

    acompanhamento e avaliao (BRASIL, 2014).

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    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    A ttulo de exemplo, o PPA 2016-2019 refora o compromisso em promover o

    desenvolvimento econmico e social, com a reduo das desigualdades e a criao e

    ampliao das oportunidades. Esse compromisso traduz-se em quatro eixos estratgicos, a

    saber: Educao de qualidade como caminho para a cidadania e o desenvolvimento social e

    econmico; Incluso Social e reduo de desigualdades, com melhor distribuio das

    oportunidades e do acesso a bens e servios pblicos de qualidade; Ampliao da

    produtividade e da competitividade da economia com fundamentos macroeconmicos slidos,

    sustentabilidade e nfase nos investimentos pblicos e privados, especialmente em

    infraestrutura e; Fortalecimento das instituies pblicas, com participao e controle social,

    transparncia e qualidade na gesto. (BRASIL, 2015)

    O eixo estratgico Educao de qualidade como caminho para a cidadania e o

    desenvolvimento social e econmico destaca que, conforme previsto na Constituio Federal

    de 1988, a educao deve promover o pleno desenvolvimento da pessoa bem como sua

    qualificao para o trabalho e preparo para o exerccio da cidadania. Nesse contexto, ressalta

    que a Lei n 13.005/2014 que aprovou o PNE constitui-se como um marco importante e

    norteador para as polticas educacionais do decnio. Assim, tendo em vista as metas e

    diretrizes do PNE, bem como sua relevncia no cenrio brasileiro, o PPA 2016-2019,

    enquanto instrumento de mdio prazo, buscou incorporar o esprito e essncia do PNE ao

    definir suas metas e iniciativas (BRASIL, 2015).

    A expanso das oportunidades educacionais essencial para a estratgia de

    desenvolvimento do pas. Por isso, a perspectiva de uma Ptria

    Educadora6perpassa todas as dimenses do PPA 2016-2019 e vai bem alm

    da oferta de servios educacionais. A educao no se inicia nem se encerra

    no ambiente escolar. Assim, preciso que o Estado, a sociedade e a famlia

    gerem as condies necessrias para que todos os cidados desenvolvam as

    disposies fundamentais para o aprendizado e o conhecimento. No

    suficiente construir uma escola de qualidade sem enfrentar a realidade

    material e simblica da pobreza e da desigualdade. no desafio de reduo

    das desigualdades que se delineia a estratgia para o desenvolvimento de

    uma Ptria Educadora (BRASIL, 2015, p. 27).

    6 Em seu discurso de posse no dia 01 de janeiro de 2015, no Congresso Nacional, a presidenta Dilma

    Rousseff declarou: [...]Gostaria de anunciar agora o novo lema do meu governo. Ele simples, direto e

    mobilizador. Reflete com clareza qual ser a nossa grande prioridade e sinaliza para qual setor deve convergir o

    esforo de todas as reas do governo. Nosso lema ser: BRASIL, PTRIA EDUCADORA!. Disponvel em:

    . Acesso em: 11 nov. 2016.

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    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    A fim de alcanar e garantir uma educao de qualidade, o PPA 2016-2019 prope um

    conjunto de polticas pblicas para cobrir os riscos, contingncias e necessidades que se

    fazem presentes na vida social dos indivduos, incluindo suas famlias e comunidades. O

    plano destaca que a noo de conjunto das polticas faz-se indispensvel e coloca-se como

    uma estratgia na/para a construo de um ambiente de oportunidades em que a educao

    elemento essencial no caminho para o desenvolvimento do Brasil, gerando crescimento

    econmico, incluso social e o fortalecimento da democracia (BRASIL, 2015).

    Outro eixo estratgico do PPA 2016-2019 que merece destaque o Fortalecimento

    das instituies pblicas, com participao e controle social, transparncia e qualidade na

    gesto. Tendo em vista as especificidades do Estado federativo brasileiro, muitas polticas

    pblicas, na maioria das vezes de responsabilidades compartilhadas, exigem esforos mtuos

    a fim de que alcancem os cidados onde so mais necessrias. Nessa direo, visando

    alcanar a qualidade da atividade estatal, nota-se que as polticas pblicas esto cada vez mais

    abertas a novos atores e mais transparente nos atos e nos processos decisrios (BRASIL,

    2015).

    Nesse sentido, o fortalecimento dos instrumentos democrticos e

    participativos de conhecimento e acesso s polticas pblicas pelos cidados,

    desde o planejamento at a avaliao, torna-se central. Ao se pactuar

    democraticamente os instrumentos de planejamento do pas, fortalecem-se as

    estruturas do Estado e gera-se um espao de dilogo permanente ao longo do

    ciclo de implementao e avaliao das polticas pblicas (BRASIL, 2015, p.

    34).

    Como exemplo da consolidao dessa poltica de participao, destaca-se a

    continuidade na realizao de conferncias nacionais em diversas reas, como sade,

    assistncia social, e na prpria construo do PPA 2016-2019 que contou com diversas etapas

    em sua elaborao, tais como: Frum Dialoga Brasil Interconselhos; Discusso pelos

    Ministrios junto aos seus canais de participao; Dilogo com entidades representativas de

    segmento produtivo e de classe; Dilogos Federativos, dentre outras (BRASIL, 2015).

    Esse cenrio de participao e controle social tambm permeia as polticas

    educacionais, sobretudo na formulao dos planos de educao. Conferncias municipais,

    estaduais e nacionais intensificaram-se nos ltimos anos e ampliaram, sobremaneira, o debate

  • 27 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    acerca da melhoria da qualidade da educao no pas, ao envolverem diferentes segmentos em

    suas mltiplas etapas.

    Tendo em vista as relaes federativas e a participao social, o MEC, por meio da

    Portaria n 619 de 2015 instituiu a Instncia Permanente de Negociao Federativa no

    Ministrio da Educao com o objetivo de fortalecer os mecanismos articuladores entre os

    sistemas de ensino por meio da realizao de aes conjuntas, a fim de se alcanar as metas

    previstas no PNE e a instituio do SNE. Essa Instncia, conforme previsto no pargrafo

    nico do Art. 1 da referida Portaria, se reunir ao menos duas vezes por ano, visando

    negociar acerca dos assuntos previstos na lei do PNE ou sempre que o debate sobre o

    desenvolvimento da educao bsica for pertinente (BRASIL, 2015).

    Art. 2 A Instncia Permanente ser composta por quinze membros e

    respectivos suplentes, considerando as seguintes representaes: I - cinco

    representantes do MEC; II - um representante dos Secretrios Estaduais de

    Educao de cada uma das cinco regies poltico-administrativas do Brasil,

    indicado pelo Conselho Nacional dos Secretrios de Educao - CONSED; e

    III - um representante dos Secretrios Municipais de Educao de cada uma

    das cinco regies poltico-administrativas do Brasil, indicado pela Unio dos

    Dirigentes Municipais de Educao UNDIME (BRASIL, 2015).

    Registre-se que o trabalho de interlocuo entre a Instncia Permanente com os

    Grupos de Trabalhos, criados por deciso colegiada ou com especialistas contratados para

    subsidiar o debate, ser realizado sob a coordenao da Secretaria de Articulao com os

    Sistemas de Ensino (SASE)7. Alm disso, a SASE dever promover a interao entre a

    Instncia com o Frum Nacional de Educao (FNE), bem como com o Frum Nacional de

    Conselhos, institudo pelo Pacto de Cooperao assinado em 18 de outubro de 2009

    (BRASIL, 2015). Todavia, ao final do ano de 2015 a SASE esteve sob ameaa de extino

    visto o corte de custos realizado pelo governo federal. Essa notcia veiculou em jornais

    eletrnicos, blogs e em manifestos realizados por educadores.

    7A SASE foi criada em 2011 como uma demanda da CONAE 2010. Tem como funo precpua o

    desenvolvimento de aes para a criao de um Sistema Nacional de Educao, alm de estimular a colaborao

    entre os sistemas para que as metas de seus respectivos planos de educao sejam consonantes ao PNE, pela via

    da constituio de uma Rede de Apoio Tcnico Nacional para elaborao ou adequao dos planos de

    educao. Disponvel em:. Acesso em: 13 nov. 2016.

  • 28 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

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    O portal do MEC Planejando a prxima dcada Trabalhando juntos8 apresenta a

    Rede de Assistncia Tcnica, criada pelo MEC em conjunto com CONSED e a UNDIME, a

    fim de orientar as comisses coordenadoras locais para a adequao ou formulao de planos

    de educao articulados ao PNE. O portal informa que a estrutura da Rede compreende um

    Comit Tripartite em cada estado da federao, composto pela SASE, Secretaria Estadual de

    Educao e Seccional Estadual da UNDIME (BRASIL, 2016).

    Destaca-se que, dentre as atribuies gerais da Rede esto a capacitao e orientao

    das equipes e Comisses Coordenadoras locais, bem como a sensibilizao dos atores

    envolvidos. Essa Rede no substitui os Conselhos, Comisses, Fruns, e a sociedade em geral

    no trabalho de mobilizao, debate, acompanhamento e controle social na formulao e

    adequao dos planos de educao.

    Assim, a estratgia de trabalho resultante da Rede de Assistncia Tcnica fortalece as

    aes colaborativas, representando um importante exerccio de pactuao entre os entes

    subnacionais (BRASIL, 2016). Alm da Rede, o portal Planejando a prxima dcada,

    disponibiliza acesso ao Boletim PNE em Movimento, cuja veiculao realizada pelo e-

    mail dos interessados que se inscrevem no portal.

    Os boletins veiculados nos e-mails trazem informaes sobre a formulao dos planos

    estaduais e municipais de educao, alm de notcias sobre recursos, Sistema Nacional de

    Educao, Planos de Carreira, entrevista com o Ministro da Educao, dentre outras

    informaes pertinentes sobre o cenrio educacional atual.

    Outra ao do MEC que orienta os municpios a fim de minimizar os desafios pactuais

    referentes aos planos de educao, diz respeito aos cadernos de orientaes, intitulados

    Planejando a prxima dcada: alinhando os Planos de Educao e O Plano Municipal de

    Educao: caderno de orientaes. Ambos, visam auxiliar os entes subnacionais na

    formulao ou adequao de seus planos de educao, em consonncia com o estabelecido no

    PNE.

    O primeiro caderno foi elaborado pela SASE com contribuio da Universidade

    Federal de Pernambuco e da Associao Nacional de Poltica e Administrao da Educao

    8 Acesso ao Portal pelo site: .

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    (ANPAE)9, que subsidiaram o debate terico do tema, haja vista o envolvimento e as

    inquietaes dos pesquisadores participantes. De modo geral, o caderno estrutura-se nos

    seguintes tpicos de discusso: Planejamento governamental e poltica pblica; Avanos na

    legislao e nas polticas educacionais; Construo coletiva de polticas de Estado; PNE e seu

    alinhamento com os planos locais e; Elaborao ou adequao, aprovao, monitoramento e

    avaliao. (BRASIL, 2014a).

    J o segundo caderno apresenta-se com orientaes mais tcnicas do que o primeiro.

    Nele, h premissas importantes para a formulao dos planos municipais, bem como a

    descrio sobre as etapas a serem observadas nesse processo. Enfatiza-se a necessidade do

    PME estar alinhado ao PEE e ao PNE, recomendando-se a participao de todos os segmentos

    da sociedade e das trs esferas de governo na construo dos planos. Alm disso,

    fundamental que o PME seja percebido como do municpio e no apenas da rede ou sistema

    de educao municipal. Todos os muncipes devem se envolver, visto que o PME no se

    restringe a uma administrao da Prefeitura ou da Secretaria de Educao, haja vista perpassar

    diferentes mandatos de prefeitos e dirigentes educacionais. (BRASIL, 2014b).

    Destaca-se tambm a importncia que o PME se articule aos demais instrumentos de

    planejamento. Assim, instrumentos como o PPA, Lei de Diretrizes Oramentrias, Lei

    Oramentria Anual, PAR, entre outros, devero observar e se vincular ao plano decenal de

    educao. Por fim, o caderno de orientaes ressalta que para ter sucesso, o PME dever ter

    legitimidade, ou seja, planos construdos em gabinetes ou por consultores alheios realidade

    municipal tendem ao fracasso, mas um PME submetido ao amplo debate incorpora riqueza

    das diferentes vises e vivncias que a sociedade tem sobre a realidade que deseja alterar

    (BRASIL, 2014b, p. 8).

    Nessa direo, tendo em vista a importncia da participao dos diferentes segmentos

    nos diversos momentos que permeiam o PME, um grupo de instituies10

    reconhecidas no

    9 - Alm dessas, houve a colaborao do Conselho Nacional de Educao, Conselhos Municipais e Estaduais de

    Educao, Unio dos Conselhos Municipais de Educao, Fruns dos Conselhos Estaduais de Educao, Unio

    dos Dirigentes Municipais de Educao e Conselho dos Secretrios Estaduais de Educao, instncias que tm

    dialogado permanentemente com o MEC assumindo responsabilidades para com a educao brasileira (BRASIL,

    2014a).

    10 - Ao Educativa; Associao Nacional de Poltica e Administrao da Educao (ANPAE); Campanha

    Nacional pelo Direito Educao; Fundao das Naes Unidas para a Infncia (Unicef) ; Instituto C&A; Unio

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    campo educacional lanou a iniciativa De Olho nos Planos. Composta por vrias aes,

    materiais e portal11

    na internet, objetiva estimular o desenvolvimento de processos

    participativos no que tange a formulao ou adequao dos planos de educao. Visa

    subsidiar, por meio de suas publicaes, a construo e a reviso dos planos apresentando

    orientaes, referenciais, bem como outras informaes importantes ao processo.

    No referido portal h a opo De Olho no Mapa onde o Termmetro dos Planos

    indica a porcentagem dos Estados e municpios que esto: em elaborao, com planos e sem

    planos. Os dados so constantemente atualizados e esto disponveis qualquer cidado sem a

    necessidade de cadastro ou algo semelhante. Alm do portal na internet, a iniciativa tambm

    est presente nas redes sociais como o Facebook e Twiter e permite que seus usurios estejam

    sempre por dentro das notcias referentes aos planos e a educao de um modo geral.

    Ressalta-se que diversas iniciativas oficiais e no oficiais surgiram no intuito de

    contribuir para com a participao e controle social no que tange os planos de educao. Tais

    iniciativas visam subsidiar as discusses e os diferentes papis assumidos nos momentos de

    formular, adequar, monitorar e avaliar os planos nacional, estadual, distrital e municipal de

    educao.

    Consideraes finais

    Face ao exposto, nota-se que o Planejamento educacional brasileiro marcado por

    tenses e descompassos, ora refletindo os anseios de setores especficos da sociedade, ora

    como mero instrumento de desenvolvimento nacional, marcado por inconstncias e

    centralizao das discusses e aes. Alm disso, a consolidao democrtica ps CF de 1988

    trouxe arena poltica, novos atores e tenses visto ser no plano dos estados e municpios que

    ocorre, atualmente, um processo de inovao poltica, de participao e controle social.

    dos Conselhos Municipais de Educao (UNCME); Unio Nacional dos Dirigentes Municipais de Educao

    (Undime). Disponvel em: . Acesso em: 12 nov. 2016. 11

    O Portal pode ser acessado no seguinte endereo eletrnico: . Acesso

    em: 12 nov. 2016.

  • 31 VIII JNE & VI CNCS: Relaes de Gnero, Sociedade e Escola ISSN 2178-2431

    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    A maior autonomia dada aos entes subnacionais, com a CF de 1988, aponta uma

    descentralizao das despesas pblicas e o fortalecimento institucional desses entes. Todavia,

    esses aspectos parecem notadamente obscurecer, que grande parte das esferas de atuao do

    governo, seja em relao educao como nos demais direitos sociais, permanecem sob a

    responsabilidade do governo federal. Isso implica consequentemente, em uma transferncia

    de atividades pblicas, sem uma efetiva redistribuio de competncias e recursos.

    No campo educacional, as disparidades regionais se apresentam como entraves

    efetivao dos princpios educacionais constitucionais, alm da descontinuidade de aes

    devido a pouca ateno dada ao PNE enquanto poltica de Estado e norteadora das polticas

    educacionais. Embora sejam desenvolvidas aes direcionadas a sanar as disparidades

    regionais, bem como os entraves postos a execuo do PNE, h que se considerar que o

    carter democrtico do planejamento educacional depende, de forma mais direta, das

    instituies encarregadas de executar tais decises do que do mbito no qual foram tomadas.

    Por fim, as reflexes aqui iniciadas, apresentam-se como tentativa de melhor

    compreender o planejamento educacional brasileiro, sobretudo o mbito municipal,

    retomando as discusses j existentes, ampliando-as e evidenciando a necessidade de se

    intensificar as reflexes acerca da temtica. A participao e o controle social exigem

    diferentes anlises a fim de que essa nova configurao democrtica do planejamento

    educacional no seja reduzida mera participao nas discusses, em momentos pontuais e

    descontnuos. preciso, pois, ampliar o debate para que se apreenda a lgica subjacente a

    essa participao e controle postos populao brasileira a fim de que se contribua de modo

    significativo para a melhoria da qualidade social da educao brasileira.

    Referncias

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  • 34

    NOTAS SOBRE A ABORDAGEM COGNITIVA DAS POLTICAS PBLICAS

    Marli dos Santos de Oliveira (UEMS-UFGD1)

    Elisngela Alves da Silva Scaff (UFGD)2

    Resumo: O presente texto objetiva refletir acerca das polticas pblicas, notadamente sobre a

    Abordagem Cognitiva, a partir de uma reviso de literatura. Nota-se que, historicamente, as

    polticas pblicas so concebidas sob diferentes perspectivas e abordagens, visto sua

    complexidade enquanto temtica de pesquisa. Diante das muitas possibilidades de apreenso

    desse fenmeno, tm-se a abordagem cognitiva cuja centralidade est nas ideias e nos atores

    que protagonizam os diferentes momentos e contextos das polticas pblicas. Dessa forma, as

    polticas pblicas no so concebidas a partir de uma viso estadocntrica, mas pela

    interao entre Estado e novos atores sociais, sem negar, contudo, as influncias de ordem

    estrutural.

    Palavras-chave: Polticas pblicas. Abordagem cognitiva. Ideias.

    Consideraes Iniciais

    Uma caracterstica de qualquer Cincia a disputa entre as vrias perspectivas de

    explicao dos problemas. Seja ao longo do tempo ou num mesmo perodo histrico, h maior

    ou menor dissenso sobre a abordagem terica mais apropriada para se adotar e compreender.

    No campo de estudo das Polticas Pblicas, especificamente, h uma variedade de

    perspectivas de anlise, cada qual buscando se afirmar perante as demais (ROCHA, 2005).

    Nesse contexto, as discusses acerca das polticas educacionais brasileira dos anos de

    1990 resumidas a partir de um conjunto de reformas em todos os nveis de ensino geraram e

    ainda geram significativas polmicas aos interessados em pesquisar e refletir acerca das

    transformaes pelas quais passou e passa a organizao da educao no pas.

    Embora haja carncia de pesquisas acerca das polticas sociais, h em nvel mundial

    uma impressionante quantidade de obras dedicadas temtica, geralmente elaboradas nas

    ltimas trs dcadas. No que diz respeito aos modelos tericos na literatura, Azevedo (2004)

    pontua que as polticas pblicas, historicamente, tm sido alvo de muitos questionamentos,

    1 Pedagoga pela UFMS. Acadmica do curso de Direito da UEMS e aluna do Programa de Ps-graduao em

    Educao Mestrado, UFGD. E-mail: [email protected] 2 Docente do Programa de Ps-graduao em Educao Mestrado e Doutorado e Diretora da Faculdade de

    Educao da UFGD. E-mail: [email protected]

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    05 a 07 de Dezembro de 2016 Cmpus Navira-UFMS

    dada complexidade inerente a sua anlise, sendo plurais os autores e as abordagens terico-

    metodolgicas dedicadas ao estudo da temtica.

    Em conformidade, Amorim e Boullosa (2012) argumentam que no existe consenso

    sobre o que sejam as polticas pblicas uma vez que a literatura revela uma multiplicidade de

    definies e conceitos a ela associados, a partir dos olhares de diferentes analistas. Mas, h

    duas grandes correntes que podem caracterizar o estudo das polticas pblicas: de um lado,

    as abordagens centralizadas no governo e no seu absoluto protagonismo na formulao de

    polticas publicas; de outro, as perspectivas pluralistas, pautadas numa multiatorialidade.

    (IBID, p. 62). Se na primeira o papel dos atores no estatais se resume a influenciar as

    polticas governamentais, na segunda tal papel pode assumir o protagonismo.

    Nessa perspectiva, Gohn (2012) explica que a ampliao da esfera pblica3, visto esses

    novos atores e os efeitos das reformas que configuraram novo papel para o Estado na sua

    relao com a sociedade, criaram os elementos para a constituio de um novo conceito na

    Cincia Poltica: o de governana, o conceito me de outros que lhe seguiram, tais como:

    governana global, regional e governana local.

    Esse conceito insere nos referenciais de [...] um novo paradigma da ao pblica

    estatal, em que o foco central das aes no se restringem aos rgos e aparatos estatais, mas

    incorpora tambm, via interaes mltiplas, a relao governo e sociedade (GOHN, 2011,

    p.41). Esse conceito ainda est em formao e refere-se a um sistema de governo cuja

    incluso de novos atores fundamental, por meio do envolvimento de um conjunto de

    organizaes pblicas (estatais e no estatais) e privadas.

    Coutinho (1991) reconhece que o problema posto ao mundo moderno consiste em

    buscar uma sntese entre a vontade geral que impede as mltiplas associaes de se

    fragmentarem e ao mesmo tempo, a conservao dessa multiplicidade, do pluralismo de

    atores. Onde essa multiplicidade no existe, onde o pluralismo foi negado, de cima para

    baixo - com o bloqueio, portanto, da socializao da poltica e da democratizao - temos

    casos claros de despotismo (IBID, 1991, p.9). Todavia, a mera expanso do pluralismo sem a

    3 Trata-se de uma esfera que comporta a interao entre os grupos organizados da sociedade, originrios das

    mais diversas entidades, organizaes, associaes, movimentos sociais etc. A natureza dessa esfera

    essencialmente poltica argumentativa. um espao para o debate, face a face, dos problemas coletivos da

    sociedade, diferenciando do debate no espao estatal propriamente dito (GOHN, 2011, p. 39).

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    presena de uma vontade coletiva, pode conduzir ao corporativismo, ideal do pensamento

    neoliberal contemporneo.

    O corporativismo defende a ideia de que os interesses devem ser requeridos de modo

    individual e os resultados sero decorrentes da capacidade de cada particular se organizar.

    Falta, portanto, um projeto coletivo de sociedade que considere o interesse particular

    subordinado aos interesses pblicos. Em relao a essa vontade coletiva, trata-se de uma

    vontade geral que leve em conta os mltiplos interesses dos diferentes segmentos nela e por

    ela representados (IBID, 1991).

    [...] E assim, no apesar das diversidades, mas atravs e por causa delas,

    construir um projeto comum de sociedade, um projeto global, que funde uma

    vontade coletiva efetivamente transformadora. Essa a nica forma de

    conseguirmos criar, efetivamente, uma democracia que respeite a vontade

    coletiva e o interesse pblico, mas que respeite tambm o pluralismo e,

    portanto, respeite os elementos modernos da realidade social [...] atravs

    da troca de ideias, da discusso com o diferente que podemos afinar nossas

    verdades, fazer com que a teoria se aproxime o mais possvel do real

    (COUTINHO, 1991, p. 11-13).

    Convm ressaltar que o pluralismo no deve implicar em ecletismo ou relativismo, a

    fim de conciliar pontos de vistas inconciliveis. Trata-se, portanto, de uma abertura ao

    diferente a fim de advertir e/ou conciliar posies, erros e limites a fim de contribuir, de modo

    particular, apreenso do fenmeno estudado e, de modo geral, Cincia.

    Como se constata, as abordagens acerca da noo de poltica pblica so amplas e

    cercadas de complexidade. nesse contexto que o presente trabalho objetiva apresentar

    elementos e conceituaes acerca da Abordagem Cognitiva das Polticas Pblicas.

    Compreende-se, em conformidade com Grisa e Niederle (2013, p. 100) que:

    O principal mrito da abordagem cognitiva o modo como pauta as disputas

    que envolvem a produo de referenciais de polticas pblicas, destacando

    os espaos onde elas acontecem (fruns e arena), assim como a maneira de

    decifrar como distintos atores criam representaes que sustentam esses

    referenciais. Ademais, diferentemente de outras abordagens, esta proposta

    no toma as ideias como dadas. A preocupao central est nos processos de

    construo das ideias e como elas institucionalizam-se em polticas pblicas.

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    A fim de melhor compreender a temtica em evidncia, bem como o lcus de

    produo e institucionalizao das ideias e dos diferentes atores, realiza-se uma reviso de

    literatura, embora se constate a pouca produo acadmica em torno do assunto. Dessa forma,

    tendo em vista as possibilidades tericas, recorre-se a autores como Lascoumes e L Gales

    (2002), Fouilleux (2012), Grisa e Niederle (2013) dentre outros, que discutem a temtica e

    subsidiam as reflexes iniciais aqui propostas.

    Ideias, Conhecimento e Poltica e Pblica: Notas sobre a Abordagem Cognitiva

    A complexidade inerente ao estudo das polticas pblicas evidencia-se, sobretudo, pela

    amplitude de abordagens e perspectivas dedicadas ao estudo da temtica. Carvalho (2015)

    aponta que isso bem sinalizado pela matriz de anlise dos elementos constitutivos e de suas

    interaes, conforme proposta de Lascoumes & Le Gals (2007). Nesse contexto, tm-se os

    atores que podem ser individuais ou coletivos; as representaes desses atores que se

    relacionam aos quadros cognitivos e normativos; os processos que so as formas de

    mobilizao e interao e; os resultados, como consequncias ou efeitos da ao pblica.

    Sob o prisma da sociologia da ao pblica4, a poltica pblica entendida

    como processo e resultado da interveno das autoridades pblicas (por via

    de seus dispositivos de produo normativa e de interveno executiva) e de

    uma pliade de outros atores (estatais e no estatais) que, situados e

    diversas escolas ou nveis de ao (supranacional, nacional, regional, local),

    participam na definio do bem comum em torno do qual as atividades

    sociais (nos domnios da economia, da educao, da sade, do emprego, etc.)

    devem ocorrer e devem ser coordenadas (CARVALHO, 2015, p.318, grifo

    nosso).

    Conforme se observa, essa abordagem redimensiona o espao social das polticas

    pblicas de modo a integrar os atores sociais ligados aos rgos estatais como tambm os

    atores inseridos em outros contextos, como associaes profissionais, sindicais, etc., que

    participam dos debates pblicos sobre as polticas e atuando, portanto, em seu percurso.

    4 [...] uma forma de refletir sobre as novas configuraes entre Estado e a sociedade civil, entre uma (ou vrias)

    autoridade(s) pblica(s) democraticamente legitimado(s) e as mltiplas formas de mobilizao dos atores sociais

    que procuram organizar e promover os seus interesses simblico e materiais (LASCOUMES & LE GALS,

    2007, p. 112 apud ROCHA, 2015, p. 318).

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    A ao pblica um espao sociopoltico construdo tanto por tcnicas e

    instrumentos5 quanto por finalidades, contedos e projetos de ator (LASCOUMES, L

    GALES, 2012, p. 21). Convm assinalar que desse ponto de vista o Estado relativizado, mas

    no minimizado e/ou apagado. A abordagem da ao pblica no desconsidera o fato que a

    autoridade pblica constri crenas e interesses que permitem a coordenao e a direo do

    processo.

    Dessa forma, a correo de uma viso estado-cntrica das polticas pblicas no se

    produz negando essa presena, mas colocando intensidade e a amplitude dessa participao

    e seus modos de articulao com a participao de atores no estatais como questes

    empricas. (IBID, 2015, p. 318) Logo, as polticas pblicas constituem-se a partir das

    contribuies dos diversos atores que se estabelecem em espaos com regras e dinmicas

    prprias (AMORIM, BOULLOUSA, 2012).

    [...] analisar uma deciso pblica quer dizer, portanto, em definitivo,

    compreender como num contexto de presses (tcnicas, econmicas,

    sociais, polticas...) das quais no se conhece os limites (no momento da

    deciso) - um certo nmero de atores vo construir e fazer aceitar uma

    matriz de interpretao do real que, dando oportunidade aos diferentes

    participantes de estabilizar sua relao com o mundo, vai permitir fazer

    emergir e legitimar uma escolha pblica.(MULLER, SUREL, 2002, p. 119).

    Nesse nterim, o papel das ideias desses diferentes atores, tem relao com a

    capacidade de uma determinada rede de profissionais e formuladores de polticas associarem

    os dados e os diagnsticos a prticas que visam solucionar problemas em determinados

    momentos da vida social. Portanto, tal abordagem cognitiva permite lanar determinados

    interrogantes ao pblica (FRANA, FARENZENA, 2016).

    Em oposio ao modelo clssico de poltica pblica concebida por um

    Estado centralizado, atuando sobre setores bem definidos e delimitados,

    5 Entendemos por instrumentao da ao pblica o conjunto dos problemas colocados pela escolha e o uso dos

    instrumentos (tcnicas, meios de operar, dispositivos) que permitem materializar e operacionalizar a ao

    governamental. Trata-se no somente de compreender as razes que levam a se reter certo instrumento muito

    mais que outro, mas de considerar igualmente os efeitos produzidos por essas escolhas. A ttulo indicativo

    possvel catalogar minimamente esses instrumentos: legislativo e regulador, econmico e fiscal, conveno e

    incentivo, informativo e de comunicao [...] (LASCOUMES, L GALES, 2012. p. 20. Grifos no original).

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    crescem as anlises que buscam acercar-se dos mecanismos da ao

    pblica, uma definio que acentua o conjunto das interaes entre os

    vrios