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Anais do

I Simpósio Interdisciplinar do Vale do São Francisco

Jéssica Viviane Amorim Ferreira

Patrícia Avello Nicola

(Organizadores)

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Anais dos Trabalhos Apresentados no

I Simpósio Interdisciplinar do Vale do São Francisco

17 – 19 de Novembro de 2016

Petrolina - PE

Editores

Jéssica Viviane Amorim Ferreira

Patrícia Avello Nicola

Patrocínio:

Apoio:

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Esta publicação está disponibilizada no endereço:

http://www.sivasf.com/

Revisores de Texto: Jéssica Viviane Amorim Ferreira

Normalização Bibliográfica: Jéssica Viviane Amorim Ferreira

Editoração Eletrônica: Jéssica Viviane Amorim Ferreira

1ª edição (2016): Formato digital

O conteúdo dos resumos é de responsabilidade dos autores.

Todos os direitos reservados.

A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no. 9.610).

É permitida a reprodução parcial do conteúdo desta publicação desde que citada à fonte.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Simpósio Interdisciplinar do Vale do São Francisco (I.: 2016: Petrolina, PE)

Anais do I Simpósio Interdisciplinar do Vale do São Francisco. – Petrolina:

UNIVASF, Editado por: Jéssica Viviane Amorim Ferreira e Patrícia Avello

Nicola, 2016.

Internet

ISBN: 978-85-60382-80-4

Organização: Programa de Pós Graduação Ciências da Saúde e Biológicas

1. Interdisciplinar 2. Meio Ambiente e Agrárias 3. Sociais e Humanidades

4. Engenharia, Tecnologia e Gestão 5. Saúde e Biológicas I. Ferreira ,Jéssica

Viviane Amorim II. Nicola, Patricia Avello

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenadora Geral: Patrícia Avello Nicola – UNIVASF

COMISSÃO ORGANIZADORA:

Coordenadora Geral: Patrícia Avello Nicola - UNIVASF

Presidente da Comissão Organizadora:

Jéssica Viviane Amorim Ferreira – UNIVASF

Comissão de Apoio Logístico e Divulgação Camilla Virgínia Siqueira - UNIVASF

Dayana Evelin Pinheiro de Sousa Santos - UNIVASF Juciara Karla de Souza Lima - UNIVASF

Ester Costa Lima - UNIVASF

Comissão Científica Emanuella Lisboa Baiao Lira - UNIVASF

Talyta Torres Vianez - UNIVASF Joice Requião Costa - UNIVASF

Comissão Financeira Carlos Henrique Araújo Dias - UNIVASF

Comissão Social Fábio Miguel da Silva - UNIVASF

Gilberto Gomes de Souza - UNIVASF Regina Santos Dantas - UNIVASF

Edson Rafael Pinheiro dos Anjos - UNIVASF Simone Aline Araújo Guimarães de Sá - UNIVASf

Comissão de Suporte e Tecnologia Alexandre Braga Gomes - UNIVASF

Marcelo Bezerra Grilo Junior - UNIVASF

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Apresentação

A Interdisciplinaridade pode ser entendida como a convergência de duas ou mais áreas do conhecimento, não pertencentes à mesma classe, que contribua para o avanço das fronteiras da ciência e tecnologia, transfira métodos de uma área para outra, gerando novos conhecimentos ou disciplinas e faça surgir um novo profissional com um perfil distinto dos existentes, com formação básica sólida e integradora. O I Simpósio Interdisciplinar do Vale São Francisco (I SIVASF) surgiu com o objetivo promover capacitação, atualização e integração dos estudantes e profissionais das mais diversas áreas atuantes na região do Vale do São Francisco, além de discutir como a interdisciplinaridade pode ser inserida no contexto profissional e didático das mais diversas áreas

atuantes no Vale. A primeira edição do evento, ocorrida em novembro de 2016, foi promovida pelo Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde e Biológicas no auditório da biblioteca na UNIVASF em Petrolina. Este documento, que apresenta os trabalhos apresentados durante o I SIVASF, é mais uma fonte de informação para aqueles que objetivam começar a estudar ou ampliar seus conhecimentos sobre interdisciplinaridade.

Jéssica Viviane Amorim Ferreira

Presidente da Comissão Organizadora – I SIVASF

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Sumário

Eixo 01: Meio Ambiente e Agrárias – Resumos Expandidos

1. Germinação de Sementes de Girassol Ornamental em Condições de Campo ....................... 12

2. Longevidade de Hastes de Girassol Ornamental Sob Diferentes Concentrações de Sacarose e Temperaturas ................................................................................................................................ 17

3. Identificação dos Problemas de Esgotamento Sanitário em Escolas Públicas de Educação Básica dos Municípios de Petrolina -PE e Juazeiro-BA. .............................................................. 22

4. Percepções Gerais Sobre a Definição de Camponês ................................................................. 27

5. Desenvolvimento da (Allium fistulosum L), Sob a Aplicação de Adubos Orgânicos ............. 32

6. Publicações Acadêmico-Científicas Sobre Qualidade da Água do São Francisco ................. 37

7. Desenvolvimento de Alface sob Aplicação de Diferentes Doses de Esterco Caprino............. 41

Eixo 02: Sociais e Humanidades - Resumos Expandidos

1. Batuque no Quilombo: Educação e Cultura.............................................................................. 46

2. Violência Baseada em Gênero um Fenômeno Social de Abordagem Interdisciplinar .......... 50

3. Comportamento Informacional de Pesquisadores da Área Interdisciplinar ......................... 54

4. Formação de Professores no Sertão Pernambucano – O Projeto Logos II ........................... 58

5. Experiência de Estudantes Cristãos no Contexto da Graduação em Psicologia .................... 63

6. Semibreve Revisão Bibliográfica Sobre Interdisciplinaridade no Campo CTS .................... 68

Eixo 03: Engenharia, Tecnologia e Gestão - Resumos Expandidos

1. Distinção Mecânica à Tração de Compósito de Resina Polimérica Reforçado com Fibra do Caroá ................................................................................................................................................. 73

2. Desenvolvimento e Avaliação Físico – Química de Iogurte de Maracujá do Mato ............... 77

3. Uma Investigação Sobre as Motivações para o Empreendedorismo Feminino ..................... 82

4. PROJETO VER: Valorizando o Empreendedorismo Rural ................................................... 87

5. Os Softwares como Suportes Pedagógicos para o Ensino de Atomística ................................ 92

6. Curva de Secagem e Avaliação Físico-Química de Uva ‘Crimson’ Desidratada ................... 97

7. Análise de Estrutura de Mercado em Três Varejistas de Moda no River Shopping .......... 103

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Eixo 04: Saúde e Biológicas - Resumos Expandidos

1. Ações Lúdicas de Saúde em Feiras Municipais de Juazeiro – BA......................................... 107

2. Enfrentamento de Familiares Perante Diagnóstico de Câncer Infanto-Juvenil .................. 112

3. Fatores de Risco para Pé Diabético: Subsídios para Prevenção ............................................ 117

4. Contribuição da Fé no Enfrentamento do Câncer Infanto-Juvenil ...................................... 121

5. Influência de Sexo e Idade na Qualidade de Vida de Pacientes Transplantados ................. 126

6. O Enfermeiro no Contexto Oncológico: Uma Revisão Bibliográfica .................................... 131

7. O Papel do Fisioterapeuta na Prevenção e Tratamento da Úlcera de Pressão .................... 136

8. Perfil Clínico-Nutricional de Pacientes Candidatos à Cirurgia Bariátrica .......................... 141

9. Perfil Comportamental de Universitários Relacionado a Transtornos Alimentares .......... 146

10. O Transplante Sob o Olhar do Transplantado: Relato de Experiência.............................. 151

11. Estudo Etnofarmacológico de Plantas Medicinais Utilizadas no Madre Paulina .............. 155

12. Uma Análise Didática dos Livros na Área de Química Orgânica: Com Foco em Polímeros .......................................................................................................................................................... 160

13. Toxicidade Aguda do Extrato Etanólico das Partes Aéreas de Passiflora cincinnata ....... 165

14. Avaliação dos Aspectos Ergonômicos em uma Escola de Referência em Petrolina – PE . 170

15. Influência da Altitude na Composição Florística na Serra do Umbuzeiro, BA ................. 175

16. Educação Permanente e Hanseníase: Formando Protagonistas.......................................... 179

17. Saúde e Educação: O Ensino Lúdico para Crianças de Escolas Municipais ..................... 183

18. Síndrome de Burnout em Profissionais de Enfermagem Intensivistas ............................... 187

19. Assistência de Enfermagem nos Principais Complicadores das Sessões de Hemodiálise: Revisão de Literatura .................................................................................................................... 192

20. Vigilância Entomológica de Triatomíneos em Comunidade Rural de Petrolina - PE....... 197

Eixo 01: Meio Ambiente e Agrárias – Resumos Simples

1. Mulheres Agricultoras: Emponderadas ou Cerceadas? ......................................................... 202

2. A Educação no Processo de Sensibilização Ambiental, Utilizando a Reciclagem, em uma Escola da Rede Estadual, na Região Metropolitana do Recife - PE .......................................... 203

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3. Vídeo - Documentário e Sua Produção Alternativa: Compreendendo a Diversidade do Conceito de Camponês................................................................................................................... 204

4. Caracterização dos Impactos Ambientais Oriundos da Ação Antrópica na Praia de Taquari – Valença - BA ................................................................................................................................ 205

5. Formação de Agentes Populares em Educação Ambiental no Semiárido Nordestino ........ 206

6. Fortalecimento da Agricultura Familiar Através do Programa Nacional de Alimentação Escolar ............................................................................................................................................. 207

Eixo 02: Sociais e Humanidades - Resumos Simples

1. Diferencial Metodológico na Elaboração do PTDRSS no Agreste Meridional de Pernambuco .................................................................................................................................... 208

2. Encontro Estadual de Mulheres: Percepção das Mulheres Rurais Sobre Políticas Públicas .......................................................................................................................................................... 209

3. Magnitude da Violência contra a Mulher Trabalhadora Rural ............................................ 210

4. A Ecosofia e a Interação Entre Homem e Natureza ............................................................... 211

Eixo 03: Engenharia, Tecnologia e Gestão - Resumos Simples

1. Influência da Adição de Fibra de Cana - de - Açúcar em um Compósito de Matriz de Gesso .......................................................................................................................................................... 212

2. Projeto e Fabricação de um Dispositivo de Ensaio de Torção ............................................... 213

3. Gestão de Conflitos no Ambiente Acadêmico Sob a Ótica dos Coordenadores em uma IES de Petrolina ..................................................................................................................................... 214

Eixo 04: Saúde e Biológicas - Resumos Simples

1. Prevalência de Pressão Arterial Elevada em Escolares do Sexo Masculino de Petrolina – PE .......................................................................................................................................................... 215

2. Incidência de Alterações Posturais em Trabalhadores Rurais de Fronteiras - PI............... 216

3. Avaliação do Equilíbrio e Mobilidade Funcional em Idosos.................................................. 217

4. História da Anatomia e Biossegurança em Laboratórios como Promotores da Iniciação à Docência .......................................................................................................................................... 218

5. Ação de Bactérias Antagonistas Sobre Xanthomonas campestris pv. viticola ....................... 219

6. Assistência de Enfermagem no Planejamento Familiar: Um Relato de Experiência .......... 220

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7. Atuação da Gerência de Risco no Hospital Materno Infantil de Referência Vale São Francisco ......................................................................................................................................... 221

8. Benefícios da Cinesioterapia Global no Tratamento de Pacientes com Hernia de Disco.... 222

9. Contaminantes Fitopatogênicos Presentes no Laboratório de Biotecnologia da UNEB - DTCS ............................................................................................................................................... 223

10. Educação Permanente: Uma Ferramenta para a Prática da Enfermagem ....................... 224

11. Epidemiologia do Zika Vírus no Nordeste Brasileiro e Suas Alterações Imuno/Hematológicas. ................................................................................................................... 225

12. Destruição do Globo Ocular por Miíases ............................................................................... 226

13. Confecção de “Neurogame” Como Método Alternativo no Ensino da Neuroanatomia ... 227

14. Revisão Sistemática: Riscos de Neoplasias Encefálicas por Exposição às Radiações Eletromagnéticas do Telefone Celular ......................................................................................... 228

15. Música Com Sabor: Metodologia para Reeducação Alimentar em Pré-Escolares ........... 229

16. Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica em Idosos no Piauí entre 2010 e 2012 ..... 230

17. Nível de Atividade Física de Escolares do Sexo Masculino de Petrolina – PE ................... 231

18. Olhares Sobre o SUS: Percepções de Usuários, Trabalhadores e Gestores em Porto Seguro, Bahia .................................................................................................................................. 232

19. Tratamento Cirúrgico de Osteomielite de Mandíbula: Relato de Caso ............................. 233

20. Padrão de Ocorrência de Queimaduras no Paraná entre 2012 e 2015 ............................... 234

21. Prevalência de Excesso de Peso em Escolares do Sexo Masculino de Petrolina – PE ....... 235

22. Avaliação da Toxicidade Aguda da Farinha do Maracujá do Mato (Passiflora cincinnata Mast.) em Camundongos ............................................................................................................... 236

23. Contribuição da Enfermagem no Cuidado à Crianças e Adolescentes com Deficiência na Atenção Básica na Cidade de Petrolina - PE ............................................................................... 237

24. Levantamento de Esquistossomose no Estado de Sergipe e Suas Alterações Fisiológicas 238

25. Leishmaniose Visceral: Situação Epidemiológica na Região Nordeste no Período de 2007 a 2014 .................................................................................................................................................. 239

26. História da Fundação Da LAESC - Liga Acadêmica de Enfermagem em Saúde Comunitária .................................................................................................................................... 240

27. Infecção de Trabalhadores da Saúde pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) .... 241

28. Saúde do Trabalhador Rural: Influência da Utilização do Agrotóxico .............................. 242

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29. Educação em Saúde em Hanseníase no Município de Juazeiro - BA: Relato de Experiência .......................................................................................................................................................... 243

30. Sala de Apoio a Mulher Trabalhadora que Amamenta: Um Relato de Experiência ........ 244

31. Fatores Responsáveis pela Interrupção Precoce da Amamentação: Uma Revisão Integrativa....................................................................................................................................... 245

32. Qualificação Técnica Da Equipe De Enfermagem Na Prevenção De Câncer De Colo De Útero E Mama - Relato De Experiência....................................................................................... 246

33. Homeopatia em Ambulatório Pediátrico do SUS no Município de Petrolina (PE): Relato de Experiência ................................................................................................................................ 247

34. Toxoplasmose Congênita em Criança Exposta Verticalmente ao Vírus da Imunodeficiência Humana: Relato de Caso ................................................................................ 248

35. Diabetes Mellitus descompensada e Gestação: Relato de Experiência ............................... 249

36. Causas e Fatores de Risco de Mortalidade Materna Durante Gestação e Puerperio ........ 250

37. Traumatismo Crânio Encefálico na Infância: Consequências e Tratamento .................... 251

38. Acidente Vascular Isquêmico: Principais Sinais para um Diagnóstico Precoce ................ 252

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Germinação de Sementes de Girassol Ornamental em Condições de Campo

Sheila Daniella Pereira da Silva1*, Raylla da Rocha Lima1, Gracielle Peixoto de Souza1, Thais Silva de Oliveira1, Márkilla Zunete Beckmann Cavalcante1

INTRODUÇÃO

O girassol ornamental (Helianthus annus L.) tem se destacado no mercado de floricultura por ser uma cultura versátil, podendo ser comercializada em vaso ou como flor de corte, além da beleza de suas inflorescências, ciclo curto e adaptabilidade a diferentes condições edafoclimáticas [1]. No entanto, por ainda ser uma espécie relativamente nova no mercado de flores e plantas ornamentais, algumas questões sobre cultivo precisam ser elucidadas de modo a permitir o delineamento de um plano de manejo específico para a cultura, pois nem todas as recomendações disponíveis para girassol granífero podem ser generalizadas para as cultivares ornamentais. Considerando a região do Submédio do Vale do São Francisco esses estudos são ainda mais escassos. Uma dessas lacunas diz respeito aos aspectos relacionados à germinação em campo, pois nem sempre o desempenho de sementes apresentado em testes de germinação em laboratório realmente ocorre em condições de campo [2], devido à interação dos fatores genéticos da semente com o ambiente. Desse modo, este trabalho teve por objetivo avaliar parâmetros germinativos de sementes de diferentes cultivares de girassol ornamental cultivadas sob as condições da região do Submédio do Vale do São Francisco.

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido em duas épocas, no Setor de Floricultura da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Campus Ciências Agrárias (CCA), situado no município de Petrolina, PE, localizado às coordenadas geográficas 09°21’ de latitude Sul, 40°34’ de longitude Oeste, na região do Submédio do Vale do São Francisco. O município apresenta clima quente e seco classificado por Köppen como Bswh e altitude média de 375 m. Os dados climáticos referentes ao período de realização do experimento (Figura 1) foram coletados na estação meteorológica da UNIVASF, localizada no CCA. O solo da área foi identificado como Neossolo Quartzarêmico Órtico. Durante a realização do experimento foram feitas irrigações diárias através de sistema de gotejamento.

___________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; *[email protected]

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Figura 1- Dados climáticos referentes ao período de realização do experimento nas épocas 1 (A) e 2 (B).

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com seis tratamentos (cultivares) e quatro repetições, totalizando 24 parcelas, em esquema de parcela subdividida no tempo. As cultivares avaliadas foram: C1- Bonito de outono sortido, C2 - Sol noturno, C3 - Sol vermelho, C4 - Jardim amarelo alto, C5 - Sunflower F1 Sunbright Supreme e C6 - Sunflower F1 Vincents II em duas épocas do ano. A semeadura foi realizada no dia 14 de Outubro de 2015 e no dia 22 de Março de 2016, para a época 1 e 2, respectivamente, sempre no início da manhã. Semeou-se uma semente por cova a cerca de 2 cm de profundidade. Cada parcela possuía quatro linhas, com 14 plantas por linhas, totalizando 56 plantas por parcela. O espaçamento foi de 0,3 m entrelinhas e 0,3 m entre plantas. Para a 2ª. época, as sementes foram tratadas com Standak ® (dose de 100 ml do produto comercial/100 kg de sementes) como medida preventiva ao ataque de pragas. As variáveis analisadas foram porcentagem de emergência das plântulas (EP), diariamente até a estabilização e índice de velocidade de emergência (IVE), diariamente a partir da primeira contagem de emergência até a última contagem, conforme [3]. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste “F”, para diagnóstico de efeito significativo, sendo que os dados de EP foram transformados pela função arc sen √ x/100. A comparação entre as médias para as fontes de variação e suas interações foi realizada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se pela Tabela 1 que para a variável porcentagem de emergência houve diferença significativa para o efeito de cultivares e épocas isoladamente, porém não houve diferença significativa para interação entre os fatores, logo os genótipos e as épocas não são dependentes entre si. A maior porcentagem de emergência foi observada na época 1, apesar de se esperar que ela fosse maior na época 2, uma vez que as condições ambientais foram mais favoráveis (Figura 1), principalmente em relação à umidade relativa do ar média que foi relativamente maior nessa época reduzindo a temperatura do ar a uma média de 26 a 28 ºC, embora para [4], as condições ótimas para emergência de girassol sejam temperatura do ar entre 20 e 25ºC e precipitação média de 0,6 mm dia-1.

Dias após a semeadura

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

T ºC max.

T ºC min.

UR (%) max.

UR (%) min

Precip. (mm)

Dias após a semeadura

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

T ºC max.

T ºC min

UR (%) max.

UR (%) min.

Precip. (mm)

(A) (B)

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Tabela 1- Porcentagem de emergência de plântulas (EP) e índice de velocidade de emergência (IVE) de cultivares de girassol ornamental nas condições da região do Submédio do Vale do São Francisco. Petrolina, PE, 2016.

Uma explicação provável para este resultado é que no segundo ciclo houve um ataque de pragas (lagarta-rosca e formiga cortadeira) generalizado na área que dificultou a emergência, bem como o estabelecimento inicial das plântulas.

Fonte de variação EP IVE

% -

Blocos (Valor “F”) 0,98 ns 1,51 ns

Cultivares (C) (Valor "F") 5,95 ** 9,44**

C1 43,76 b 5,76 c

C2 52,68 ab 8,38 bc

C3 50,09 ab 7,49 bc

C4 48,94 b 8,51 ab

C5 47,41 b 6,93 bc

C6 61,06 a 11,10 a

DMS 11,08 2,71

C.V. (%) (C) 13,49 20,79

Épocas (E) (Valor "F") 98,08 ** 26,72**

E1 59,62 a 9,04 a

E2 41,69 b 7,01 b

DMS 3,90 0,82

C.V. (%) (E) 12,70 16,98

Interação C x E (Valor "F") 1,324 ns 3,18*

* Significativo a 5% de probabilidade; **Significativo a 1% de probabilidade; ns= Não significativo; DMS= Diferença mínima significativa; C.V.= Coeficiente de variação. Médias seguintes pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade.

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Apesar de ter sido maior na época 1, a porcentagem de emergência foi baixa considerando o potencial germinativo das sementes indicado pela empresas produtoras (71 a 98%) e do recomendado por [5]. [6] constataram que o desempenho de sementes em campo foi reduzido quando comparado a resultados de germinação, isso se deve ao fato de as condições de umidade relativa e temperatura do ar não serem controladas, evidenciando o efeito do ambiente no vigor de sementes, o que pode ser uma explicação para os baixos resultados encontrados neste experimento. Dentre as cultivares avaliadas, o híbrido C6 apresentou maior porcentagem de emergência diferindo estatisticamente de C1, C4 e C5, embora não tenha sido diferente estatisticamente das variedades C2 e C3. A emergência de plântulas está diretamente relacionada com a qualidade das sementes, no qual as sementes híbridas são mais vigorosas, mais uniformes quanto ao tamanho, além de serem tratadas previamente com fungicidas o que reduz os problemas com pragas e patógenos habitantes de solo. Fato esse que provavelmente tenha resultado no resultado para o C6. Em relação ao IVE, observa-se efeito significativo de cultivares e épocas isoladamente, bem como para interação entre os fatores (Tabela 2). Desdobrando o efeito de cultivares dentro das épocas de cultivo, verifica-se que a época 1 influenciou de maneira semelhante todas as cultivares, enquanto que na época 2, C6 foi estatisticamente superior às demais, com índice de 11,54; em contrapartida o menor índice de 3,78 foi observado para C1. Segundo [6], a emergência de plântulas mais rápida e uniforme sob condições variadas do ambiente são resultados de sementes mais vigorosas. Assim, sementes que possuem maiores IVE têm mais chances de sucesso no estabelecimento das plântulas em campo, pois como germinam mais rápido podem converter mais energia para o desenvolvimento inicial. Considerando o efeito das épocas dentro das cultivares, observa-se que C2, C4 e C6 responderam de forma semelhante nas duas épocas avaliadas, no entanto, para as demais cultivares, a época 1 foi a que proporcionou maiores índices, embora deva-se levar em conta o problema com as pragas na época 2.

Tabela 2- Efeito das épocas de cultivo sob o índice de velocidade de emergência em seis cultivares de girassol ornamental cultivadas nas condições da região do Submédio do Vale do São Francisco. Petrolina, PE, 2016.

IVE

Cultivares Época 1 Época 2

C1 7,72 aA 3,78 cB

C2 9,08 aA 7,68 bA

C3 8,90 aA 6,09 bcB

C4 9,33 aA 7,69 bA

C5 8,57 aA 5,29 bcB

C6 10, 66 aA 11,54 Aa

Médias seguintes pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

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CONCLUSÕES

A cultivar Sunbright ou Sunflower F1 Vincents II (C6) apresentou maior potencial germinativo nas condições avaliadas. Em relação à época de cultivo não é possível inferir qual foi a melhor época devido à interferência de pragas na época 2.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CURTI et al. Girassol ornamental: caracterização pós-colheita e escala de senescência. Revista de Ciências Agrárias, v.35, n.23, p.240-250, 2012.

[2] BRAS, M.R.S.; ROSSETTO, C.A.V. Correlação entre testes para avaliação da qualidade de sementes de girassol e emergência das plântulas em campo. Revista Ciência Rural, v.39, n.7, p.2004-2009, 2009.

[3] MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection aid evolution for sudling emergence and vigor. Crop Science, v.2, n.2, p.176-177, 1962. [4] CASTRO, C. de; FARIAS, J.R.B. Ecofisiologia do girassol. In: LEITE, R.M.V.B de C. et al. Girassol no Brasil. Londrina: Embrapa soja, 2005. p.163-218. [5] BRASIL. Instrução Normativa n.25, de 16 de dezembro de 2005. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 2005. [6] ROCHA et al. Avaliação do vigor de sementes de girassol por meio de análise de imagem de plântulas. Ciência Rural, v.35, n.6, p.970-976, 2015.

AGRADECIMENTOS

À FACEPE pelo apoio financeiro crucial para execução do projeto e pela bolsa de estudo.

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Longevidade de Hastes de Girassol Ornamental Sob Diferentes Concentrações de Sacarose e Temperaturas

Sheila Daniella Pereira da Silva¹, Anamaria Ribeiro Pereira Ramos¹, Daniel Fagner da Silva Dultra¹, Gracielle Peixoto de Souza¹, Márkilla Zunete Beckmann Cavalcante¹

INTRODUÇÃO

A floricultura brasileira tem se consolidado como uma atividade altamente rentável, geradora de emprego e renda, altamente competitiva e dinâmica. A recente expansão das áreas de cultivos de flores e plantas ornamentais para fora dos estados da região Sudeste e a procura por produtos diferenciados têm contribuído para um aumento e valorização deste mercado no Brasil [1]. Um exemplo são as cultivares de girassol (Helianthus annus L.) desenvolvidas para fins ornamentais, que possuem ampla aceitação no setor, devido à facilidade de manejo e ciclo curto que resultam em retorno rápido para produtor e pela exuberância de seus capítulos [2].

Um dos maiores entraves à floricultura são os problemas relacionados à pós-colheita, destacando-se transporte, armazenamento e manuseio inadequados, que reduzem a qualidade e a durabilidade das hastes, causando grandes perdas para o setor. A qualidade de flores cortadas pode ser mantida por mais tempo através do uso de soluções de manutenção, por exemplo, à base de sacarose, que tem a função de repor o carboidrato endógeno, aumentando assim a concentração osmótica das células de flores e de folhas [3]. Assim como as soluções conservantes, a temperatura do ar também é fator importante a ser considerado, uma vez que temperaturas elevadas ou muito baixas prejudicam a conservação das flores. Desse modo, este trabalho teve por objetivo avaliar a durabilidade pós-colheita de hastes de girassol ornamental submetidas a diferentes concentrações de sacarose e condições de ambiente.

MATERIAIS E MÉTODOS

As hastes de girassol ornamental, cultivar Sunbright F1 Vincents II, foram provenientes de área experimental localizada no próprio Campus, colhidas no início da manhã, no estádio fenológico R5.7 (quando 70% das flores do disco estão abertas e as lígulas completamente expandidas), em seguida foram levadas para o laboratório de Floricultura da Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Ciências Agrárias, em Petrolina, PE, cortadas em bisel e padronizadas para 50 cm de comprimento considerando a inflorescência, deixando-se um par de folhas abaixo do capítulo. Posteriormente, as hastes foram imediatamente acondicionadas em seus respectivos tratamentos.

_________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; *[email protected]

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As soluções de sacarose foram preparadas com água de saneamento urbano, colocadas em recipientes transparentes de 2L e em cada recipiente foram adicionadas duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2%. A cada três dias as soluções foram trocadas, porém sem a renovação do corte basal das hastes. Durante o experimento as luzes do laboratório foram mantidas acesas.

A qualidade das inflorescências foi avaliada a partir de escala de senescência floral [4]. Diariamente foram atribuídas notas: a) Nota 5= aspecto geral excelente, presença de brilho, flores bem abertas; b) Nota 4= aspecto geral bom, presença de brilho, flores abertas, leve inclinação da haste floral; c) Nota 3 = início de deterioração do capítulo, cor levemente opaca, estames visíveis, flor ligulada do raio voltadas para baixo; d) Nota 2= sinais evidentes de murcha, enrolamento das flores do raio, ausência de brilho, haste inclinada; e) Nota 1= flor ligulada do raio murcha, flor ligulada do disco (centro do capítulo) bem abertas, formação de pólen, hastes tortas; e, f) Nota 0= flor ligulada do raio totalmente murcha, flor ligulada do disco (centro do capítulo) totalmente abertas.

A avaliação foi realizada diariamente até que as hastes florais receberam nota 0. Avaliou-se a longevidade ponderada (LongP) por meio da equação LongP = Σ di . Ni/Σ di, em que cada dia de avaliação foi representado por di (i= 1 a N) e a nota atribuída a cada dia por Ni (0 a 5). A longevidade comercial (LongC) foi obtida de forma semelhante, no entanto levou-se em conta apenas o número de dias em que a média de tratamento teve valor superior ou igual a 3, estipulado como o limite para comercialização. A longevidade total (LongT) foi definida como sendo o total de dias de avaliação e apresentada de forma descritiva.

Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste “F”, para diagnóstico de efeito significativo. Posteriormente, as médias foram submetidas à análise de regressão, com auxílio do software estatístico R [5].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A longevidade total (Tabela 1) para as hastes submetidas à temperatura ambiente foi de 10 dias para todas as concentrações de sacarose, enquanto que em temperatura refrigerada as hastes tiveram durabilidade variando de 13 a 15 dias, sendo menor para os tratamentos de maior concentração de sacarose. Observou-se que o tratamento com temperatura a 16ºC retardou a deterioração das inflorescências, possivelmente por diminuir a respiração, a transpiração e a incidência de microrganismos. Segundo [6] a velocidade da senescência floral é diretamente proporcional à taxa respiratória, causando o esgotamento das reservas de carboidratos, diminuindo a vida útil das flores de corte, ou seja, temperaturas altas aceleram o processo.

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Tabela 1- Longevidade total (dias) de hastes de girassol ornamental cv. Sunbright F1 Vincents II, submetidas a diferentes concentrações de sacarose e condições de ambiente.

Durante as avaliações foi possível notar que apesar das soluções de sacarose terem sido acrescidas de hipoclorito de sódio, houve um escurecimento dos tecidos na base das hastes mantidas em temperatura ambiente, que pode indicar ação de bactérias. Segundo [7] os microrganismos podem causar obstrução dos vasos xilemáticos diminuindo a absorção de água pela haste, o que contribui para a redução da durabilidade pós-colheita, como visto para o tratamento em temperatura ambiente.

A LongP (Figura 1A) foi ajustada pelo modelo linear de regressão, em que o aumento da concentração de sacarose proporcionou redução na longevidade para as duas condições de ambiente avaliadas. Observa-se pelo coeficiente angular que esta redução foi maior quando as hastes foram submetidas à temperatura ambiente, sugerindo uma correlação positiva entre esses fatores, ou seja, a maior temperatura aliada à maior concentração de sacarose potencializou a degradação das inflorescências. Com relação ao efeito do ambiente, a LongP foi maior quando as hastes foram mantidas em ambiente refrigerado quando comparado àquelas mantidas em temperatura ambiente.

Concentração de sacarose

Condições de ambiente

25 ºC 16 ºC

0% 10,00 15,00

1% 10,00 15,00

2% 10,00 13,00

3% 9,00 13,25

4% 9,00 13,00

5% 9,00 13,00

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Figura 1- Longevidade de hastes de girassol cv. Sunbright F1 Vincents II em função de diferentes concentrações de sacarose e temperaturas. (A) Longevidade ponderada e (B) Longevidade comercial.

A LongC (Figura 1B) apresentou resultados semelhantes aos da LongP, onde a sacarose também influenciou de maneira negativa a durabilidade e o tratamento em ambiente refrigerado proporcionou maior longevidade. Embora o uso de soluções conservantes aumente a durabilidade pós-colheita para maioria das espécies, para outras se observa efeito contrário [8], por isso é importante entender o metabolismo pós-colheita de cada espécie para fazer o manejo adequado. [6] contataram que a utilização de diferentes concentrações (0%, 2%, 4%, 6% e 8%) de sacarose, aplicada na forma de solução de pulsing em hastes florais de Alpinia purpurata var. Red Ginger, também não aumentou a longevidade das hastes.

O efeito da sacarose pode estar relacionado com ponto de colheita das inflorescências, causando efeito negativo em estádios mais avançados do florescimento, conforme observado neste experimento, já que [10] avaliando inflorescências de girasol colhidas em estádio R5.5 observaram que a longevidade foi prolongada com uma solução de sacarose a 4%. Ressalta-se que a durabilidade pós-colheita é função de vários fatores pré e pós-colheita, e está relacionada com características genéticas, fisiológicas e anatômicas de cada espécie e entre cultivares [9].

CONCLUSÕES

Considerando as condições envolvidas neste experimento, não há necessidade de tratamento conservante com sacarose para aumentar a durabilidade das inflorescências de girassol ornamental cv. Sunbright F1 Vincents II.

A durabilidade pós-colheita pode ser aumentada quando as hastes são acondicionadas em ambiente com temperatura refrigerada.

(A) (B)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BUAINAIN, M.A.; BATALHA, M.O. Cadeia produtiva de flores e mel. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 2007. 140p. (Boletim Técnico, 9).

[2] CURTI et al. Girassol ornamental: caracterização, pós-colheita e escala de senescência. Revista de Ciências Agrárias, v.35, n.23, p.240-250, 2012.

[3] NOWAK et al. Storage of cut flowers and ornamental plants: present status and future prospects. Postharvest News and Information, v.2, n.4, p.255-260, 1991.

[4] CURTI, G.L. Caracterização de cultivares de girassol ornamental semeados em diferentes épocas no oeste catarinense. 2010. 76f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Pato Branco.

[5] R CORE TEAM (2016). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/.

[6] FERREIRA et al. Durabilidade de inflorescências de Alpinia purpurata var. Red Ginger, tratadas com solução de sacarose. Pesquisa Agropecuária Tropical, v.38, n.3, p.164-168, 2008.

[7] DIAS-TAGLIACOZZO et al. Manutenção da qualidade pós-colheita de lírio. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, v.11, p.29-34, 2005.

[8] SCHMITT et al. Conservantes florais comerciais nas soluções de manutenção de hastes florais de gérbera de corte. Ciência Rural, v. 44, n.12, p.2124-2128, 2014.

[9] MORAES et al. Efeito da refrigeração e do condicionamento em sacarose sobre a longevidade de inflorescências de Strelitzia reginae Ait. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v. 5, n. 2, p. 151-156, 1999.

[10] GONZAGA et al. Longevidade pós-colheita de inflorescências de girassol afetada por nitrato de prata e sacarose. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, v.7, n.1, p.73-77, 2001.

AGRADECIMENTOS

À FACEPE pelo apoio financeiro crucial para execução do projeto e pela bolsa de estudo. À UNIVASF pela infraestrutura indispensável para realização do experimento.

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Identificação dos Problemas de Esgotamento Sanitário em Escolas Públicas de Educação Básica dos Municípios de Petrolina -PE e

Juazeiro-BA.

Fabio Miguel da Silva¹*; Emanuella Lisboa Baião Lira¹; Marcelo Bezerra Grilo Juniror¹; Juçara Barroso Leal¹; Juliane Barroso Leal¹; Eduard Montgomery Meira Costa¹

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), define-se saneamento como controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. Com outras palavras, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de ações socioeconômicas que pretende alcançar salubridade ambiental. A utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe a superação dos entraves tecnológicos, políticos e gerenciais que têm dificultado a extensão dos benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e localidades de pequeno porte [1].

Mais de um bilhão de habitantes na Terra não têm acesso à habitação segura e a serviços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. No Brasil, as doenças resultantes da falta ou de um inadequado sistema de saneamento, especialmente em áreas pobres, têm agravado o quadro epidemiológico [1].

Os esgotos sanitários são gerados a partir da utilização das águas de abastecimento e podem ser classificados em urbanos e rurais. As atividades domésticas, comerciais, públicas, industriais e agrícolas utilizam água de abastecimento pública, ou de outras fontes de abastecimento, e a ela agregam matéria de diversificada composição física, química e biológica [2]

O sistema de esgotos sanitários é o conjunto de obras e instalações que propicia coleta, transporte e afastamento, tratamento, e disposição final das águas residuais, de uma forma adequada do ponto de vista sanitário e ambiental. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contato de dejetos humanos com a população, com as águas de abastecimento, com vetores de doenças e alimentos[3].

Com a construção de um sistema de esgotos sanitários em uma comunidade procura-se atingir os seguintes objetivos: afastamento rápido e seguro dos esgotos; coleta dos esgotos individual ou coletiva (fossas ou rede coletora); tratamento e disposição adequada dos esgotos tratados, visando atingir benefícios como conservação dos recursos naturais; melhoria das condições sanitárias locais; eliminação de focos de contaminação e poluição; eliminação de problemas estéticos desagradáveis; redução dos recursos aplicados no tratamento de doenças; diminuição dos custos no tratamento de água para abastecimento [4].

_________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; *[email protected]

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Desde a antiguidade o homem aprendeu intuitivamente que a água poluída por dejetos e resíduos podia transmitir doenças. Há exemplo de civilizações, como a grega e a romana, que desenvolveram técnicas avançadas para a época, de tratamento e distribuição da água. A descoberta de que seres microscópios eram responsáveis pelas moléstias só ocorreu séculos mais tarde por volta de 1850, com as pesquisas realizadas por Pasteur3 e outros cientistas. A partir de então descobriu-se que mesmo solos e águas aparentemente limpos podiam conter organismos patogênicos introduzidos por material contaminado ou fezes de pessoas doentes[5].

Nessa concepção, o saneamento está voltado para a sustentabilidade dos sistemas de educação e ações associadas e para a sua adaptação ao contexto geral onde são executados. Busca a articulação entre instituições e a população com vistas ao seu fortalecimento, compartilhando com ela e com outros setores técnicos envolvidos a responsabilidade pelas ações e decisões. Compreende a educação sanitária e ambiental voltada para a promoção do ser humano. O componente Educação Ambiental é fundamental nos projetos de saneamento, pois permite à população o conhecimento dos benefícios trazidos por este, além de conscientizá-la sobre a importância da mudança de comportamento, visando a preservação do meio ambiente e qualidade de vida [1].

Considerando a importância do tema, este trabalho pretendeu analisar os problemas de esgotamento sanitário em escolas públicas de educação básica nas cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, tornando-se ponto de partida para estudos mais aprofundados sobre o tema, como forma de garantir melhores condições de vida e saúde para as populações.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratório, cuja natureza do objeto demandou a adoção de preceitos metodológicos de abordagens qualitativa e quantitativa. O estudo exploratório proporciona ao pesquisador maior proximidade com o problema, tornando-o mais explícito, sendo seu principal objetivo o aprimoramento de ideias e descobertas de intuição. Esse tipo de pesquisa abrange a análise da literatura com identificação de fontes primárias, que contribuem para melhor compreensão do tema estudado e entrevista com pessoas que vivenciaram o problema pesquisado [6].

A pesquisa foi realizada no período entre julho a setembro de 2015 e teve como cenário 15 escolas de educação básica, sendo cinco no município de Juazeiro (BA) e dez no município de Petrolina (PE), presentes na região do Vale São Francisco. As escolas pesquisadas representam uma amostra não-probabilística.

Para coleta de dados, realizou-se visitações e observações dos terrenos das instituições, além da aplicação de formulários aos gestores de cada escola. Também foram realizadas palestras sobre saúde e meio ambiente, com apresentação de vídeos. Os dados desse estudo correspondem a um recorte da pesquisa realizada pelo Projeto Escola Verde (PEV).

O Projeto Escola Verde (PEV) desenvolvido pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), em parcerias com várias instituições de ensino, sociais e ambientais, atua nas escolas públicas de ensino fundamental, médio e superior do Vale do São Francisco, sobretudo nas cidades de Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e Sobradinho (BA). As ações estão sendo

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desenvolvidas desde 2012, a partir da integração entre Pesquisa, Ensino e Extensão, através da mobilização de professores, estudantes, gestores e membros das comunidades do entorno das escolas, em prol de ações socioambientais.

Para análise quantitativa, os dados foram tabulados e dispostos em gráfico, utilizando-se o Programa Microsoft Excel15.0 (Office 2013). Por questões éticas a identificação das escolas manteve-se em sigilo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O saneamento visa prevenir doenças, contribuir para a qualidade de vida da população e à produtividade dos indivíduos, sendo direito assegurado pela Constituição e assegurado pela Lei nº 11.445 de 2007. De acordo com essa lei todos devem ter acesso ao abastecimento de água de qualidade, à coleta e tratamento adequado de lixo e esgoto [7].

Através desse estudo, foi possível verificar problemas sanitários em 15 escolas, sendo 10 no município de Petrolina (PE) e 5 escolas no município de Juazeiro (BA), situados no Vale do São Francisco. Revelou-se que dentre as escolas de Petrolina, 70% não possuem problemas sanitários, e 30 % possuem problemas como deficiência na coleta de lixo, rede de esgoto e falta de limpeza dos ambientes. Das escolas de Juazeiro (BA) 60% não apresentam problemas sanitários e em 20% das escolas os gestores relataram problemas sanitários.

Pôde-se perceber que mesmo com a maioria das escolas possuindo saneamento básico, em 33, 3% das escolas ainda existem problemas sanitários que podem influenciar negativamente na saúde dos estudantes e funcionários.

O saneamento minimiza o risco de várias doenças infectocontagiosas, gastrointestinais e parasitárias, refletindo na saúde e no rendimento escolar das crianças e produtividade dos funcionários. Um estudo desenvolvido pelo Instituto Trata Brasil, retrata que a diarreia está presente em 80% das doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado, sendo também responsável por metade dos gastos com esses tipos de doenças. O grupo que possui maior vulnerabilidade às diarreias são crianças de até os 5 anos de idade, representando mais de 50% das internações dentre as doenças derivadas da falta de saneamento básico [7].

Em 2009 foi constatado que muitos municípios já atingiam a universalidade desse serviço, sendo que o abastecimento de água já atingia 81,7% da população e 44,5% já possuíam coleta de esgoto (BRASIL, 2012). É evidente a importância do saneamento básico, tanto para a prevenção de doenças, quanto para a preservação do ambiente. Esse serviço precisa ser implementado e acessível a todos, principalmente em instituições escolares, onde as crianças passam a maior parte do seu tempo diário. A Lei 11.445/2007 destaca o princípio da universalidade dos serviços, e responsável públicos devem seguir a legislação [8].

CONCLUSÃO Analisando as escolas pesquisadas das duas cidades, no que ser refere a situação sanitária, foi verificado a necessidade da utilização da Educação Ambiental e ações direcionada a aplicação

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do saneamento. Das 15 escolas em que a pesquisa de campo foi realizada constatou-se que um percentual expressivo das escolas tem problemas com saneamento nas instituições. As dificuldades com saneamento no ambiente escolar, vai desde a rede coletora externa, quanto interna, com falta de limpeza da rede e à danificação nas redes coletoras interna.

Observou-se a necessidade de informação às comunidades escolares em relação a temática, com foco no desenvolvimento de doenças causadas por intermédio de vetores de veiculação hídrico na região. A partir da análise foi possível concluir que é possível progredir na temática sanitária no ambiente escolar de modo efetivo, porém isso será possível a partir do momento em que ocorrer uma atividade de ampla conscientização, capacitação e direcionamento de toda a comunidade escolar. Assim, a escola juntamente com os seus educadores, podem assumir um papel proativo para a formação de um pensamento crítico e do compromisso com a saúde e o meio ambiente.

É necessário que se estabeleça um equilíbrio entre os aspectos ecológicos, econômicos e sociais, de tal forma que as necessidades materiais básicas de cada indivíduo possam ser satisfeitas, sem consumismo ou desperdícios, e que todos tenham consciência de sua corresponsabilidade na preservação dos recursos naturais e na prevenção de doenças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos: Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS. Brasília: SNSS, 2006. [2] JORDÃO, E. P.; VOLSCHAN Junior, I. Tratamento de Esgotos Sanitários em Empreendimentos Habitacionais. Brasília: Caixa Econômica Federal, 2009. [3] GUIMARÃES, A. J. A.; CARVALHO, D. F. de; SILVA, L. D. B. da. Saneamento básico. ago. 2007. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABwH8AG/capitulo1-saneamento-basico#. Acesso em: 20 abril. 2016. [4] LEAL, F. C. T. Juiz de Fora. Sistemas de saneamento ambiental. Faculdade de Engenharia da UFJF. Departamento de Hidráulica e Saneamento. Curso de Epecialização em análise Ambiental. 4 ed. 2008. [5] CAVINATTO, V. M. Saneamento básico: fonte de saúde e bem-estar. São Paulo: Ed. Moderna, 1992. [6] GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002, p.176. [7] BRASIL. Manual do Saneamento Básico: Entendendo o saneamento básico ambiental no Brasil e sua importância socioeconômica. Instituto Trata Brasil, p. 27, 2012.

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[8] BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. Brasília: FUNASA, 2004. BRASIL. Lei 11.445, 5 jan. 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. Publicado no DOU de 8.1.2007 e retificado no DOU de 11.1.2007.

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Percepções Gerais Sobre a Definição de Camponês

Danilo Moreira dos Santos 1*, Isaías Alves Rodrigues dos Anjos ¹, Aitla L. H. de S. Jatobá 1, Ana Paula da Silva 1, Isabela Esteves Gomes 1.

INTRODUÇÃO

A partir da leitura de alguns autores que discutem o tema da campesinidade ou aspectos relacionados ao mesmo no Brasil ou em outras partes do mundo, tais como Woortmann[1], Wanderley[2], Abramovay[3], Marques[4], Bourdieu[5], Pontes[6], Shanin[7] e Wolf [8], entre outros, verifica-se a inexistência de uma definição unívoca do conceito de camponês, permanecendo várias visões, abordagens e modos de conceituação desta forma de ser e estar no mundo. Partindo-se dessas observações, o principal objetivo do trabalho é problematizar concepções concernentes à definição de camponês enquanto elementos integrantes do processo de constituição de sua identidade, focando as relações de aproximação ou distanciamento nas ideias apresentadas. A importância das conceituações acerca da identidade camponesa reside, sobretudo no contexto da luta pela terra e na formulação de políticas públicas para este seguimento, questões que ainda permanecem no cerne das discussões no cenário sócio-político do país.

Defende-se que “A origem do conceito de camponês está relacionada à realidade da idade média européia, mas a formação do campesinato brasileiro guarda as suas especificidades. Aqui, o campesinato é criado no seio de uma sociedade situada na periferia do capitalismo e à margem do latifúndio escravista”[4].

As várias formas de abordagens e colocações ora são divergentes, ora complementam umas às outras. Abordando teorias marxistas e não identificando nelas um conceito de camponês, Abramovay defende que não cabe mais esta definição, permanecendo a mesma como uma formulação arcaica. Shanin indica, a partir de conceituações e desconceituações do tema da campesinidade, que a mesma pode ser abordada tanto com uma noção homogeneizadora quanto heterogeneizadora. Enquanto Pontes defende que para Chayanov “o trabalho do camponês tem, como fim, a satisfação de suas necessidades.”[6], e Wolf enfatize que “o camponês tem como objetivo sua subsistência, não o reinvestimento.”[8], Wanderley, citando Lamarche, sustenta que “[...] a agricultura camponesa não se identifica simplesmente a uma agricultura de subsistência”.[2]

Para Abramovay[3], “Uma agricultura familiar, altamente integrada ao mercado, capaz de incorporar os principais avanços técnicos e de responder às políticas governamentais não pode ser nem de longe caracterizada como camponesa.”. Na ideia apresentada pelo mesmo, a campesinidade estaria mais vinculada a “[...] uma família rural [...] cuja reprodução social apoia-se em laços de dependência comunitária e cuja ligação com o mercado mistura-se com um conjunto de relações de

________________________________________________________________________________ 1 Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR)/Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); *[email protected]

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pessoa a pessoa.”[3]. Esta segunda colocação de Abramovay também lembra o contexto verificado por Bourdieu nas sociedades agrárias da Argélia, por volta de 1955, as quais se caracterizavam pelas formas de dependência comunitária e laços de solidariedade e reciprocidade e pela ausência de uma integração a um mercado mais amplo ou mesmo global, características fundantes daquelas comunidades que podem ser consideradas como camponesas. Também lembra o contexto das comunidades de sitiantes em Sergipe que foi analisado por Woortmann, o qual traz a ideia de campesinato como ordem moral, orientada em torno do conceito de uma ética camponesa fundada sobre princípios de solidariedade e reciprocidade em muito semelhantes àqueles observados por Bourdieu nas comunidades de Argélia. Um argumento colocado por Marques enfatiza que:

[...] o conceito de camponês permite apreender a complexidade do sujeito histórico que designa, diferentemente do que ocorre com outros conceitos como os de pequena produção e agricultura familiar. Trata-se de um conceito que possui uma história significativa no interior das ciências sociais e que tem se relacionado às disputas políticas e teóricas travadas em torno da interpretação da questão agrária brasileira e das direções tomadas pelo desenvolvimento capitalista no campo.[4]

Assim, defendendo a atualidade do conceito de camponês, a autora considera que o campesinato não seria somente “[...] um setor da economia, uma forma de organização da produção ou um modo de vida.”[4], mas sim uma classe social. Pereira também argumenta que “o campesinato não é uma classe proletária e sim, uma classe independente na economia capitalista.”[ ]. Mas também há argumentos de que “o campesinato não é uma classe, mas uma noção”, conforme citação de Plekhanov feita por Shanin em epígrafe.[7]

Longe de querer classificar o melhor conceito para descrever a identidade camponesa, uma vez que cada definição assume uma importância fundamental para o contexto em que se insere e o objetivo a que se propõe, busca-se apenas problematizar aspectos que permitam uma maior compreensão da questão em estudo.

MATERIAIS E MÉTODOS

No desenvolvimento da pesquisa qualitativa, além da análise bibliográfica para contextualização do tema pesquisado, procedeu-se à realização de entrevistas, gravadas com o auxílio de câmeras fotográficas e smartphones, tendo sido colhidos relatos de pessoas de diversas faixas etárias durante a primeira semana de setembro de 2016, principalmente no dia 7 de setembro, no qual a equipe de pesquisa saiu às ruas de Juazeiro-BA registrando vários relatos, tendo sido analisados oito deles. Também foram realizadas entrevistas no meio rural, com cinco pessoas pertencentes à comunidade de Carnaíba do Sertão, no interior do município, além das que foram realizadas com sete professores e estudantes universitários, constituindo-se, assim, um grupo de 20 entrevistas. Ressalta-se que “Na pesquisa qualitativa a preocupação do pesquisador não é com a representatividade numérica do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, de uma instituição, de uma trajetória etc.”[11].

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A entrevista do meio urbano era orientada por uma pergunta básica, sendo questionado ao entrevistado o que o mesmo compreende por camponês. Em seguida, buscava-se motivar o respondente a partir de novas perguntas, como: você se considera camponês? Você conhece algum camponês? Em sua família há algum camponês? Já no meio rural, as entrevistas foram mais densas, buscando identificar além desses, outros elementos de pertencimento a uma identidade camponesa, relacionados ao tipo de interação com a terra, a origem da mesma, a estrutura familiar e seu papel no contexto da produção, culturas cultivadas, entre outros. As entrevistas selecionadas foram reunidas num vídeo-documentário, classificadas em três categorias: a visão urbana, a visão do meio rural e a visão profissional-universitária, possibilitando a identificação das conceituações dos entrevistados acerca do tema. Após socialização, num seminário com a turma da disciplina de Sociologia Rural do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR), o material foi submetido à transcrição e à Análise de Conteúdo proposta por Bardin [10], criando-se Categorias de Análise ou identificando-se núcleos de sentidos existentes nos relatos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De maneira geral, verifica-se que há uma multiplicidade de compreensões e significações em torno da definição de camponês, embora um ponto em comum possa ser identificado em muitas falas dos três grupos de análise: a associação do camponês com o trabalho e a moradia no campo/roça: “Camponês [...] é o homem e a mulher do campo né... que vive ou trabalha no campo, que nasce no campo.” (Entrevistada A); “Camponês é uma pessoa [...] que trabalha na roça, no sítio, que veve (sic) da lavoura [...]” (Entrevistado B); “creio eu que seja a pessoa que mora no campo, vive do trabalho agrícola, da zona rural.” (Entrevistada C). Assim, relações produtivas (trabalho) e espaço como lugar de moradia (residência) permanecem como duas categorias de análise identificáveis a partir de tais relatos.

Há, entretanto, pessoas que mesmo estando hoje inseridas na dinâmica da vida urbana mantêm laços de identidade com o meio rural e são capazes de externar um sentimento de pertencimento em suas falas, categoria de análise que pode ser formulada a partir desses argumentos, sobretudo de pessoas do meio acadêmico: “[...] eu sou um camponês meio camaleão. Minha família é uma família de camponeses, sempre tiveram relação com o campo, moram no campo. Eu morei até 2012, quando mudei pra cidade, e não me sinto completamente citadino [...]. Me sinto camponês e ao mesmo tempo da cidade.” (Entrevistado D); “Eu sou camponesa. Eu nasci no campo. Mesmo me distanciando dele há muitos anos, mas os meus processos identitários me trazem essa afinidade com as realidades campesinas, então eu sou uma camponesa.” (Entrevistada A). Desta forma, a caracterização do camponês como mero morador de espaços rurais contrasta-se com a verificação de identidades camponesas que não necessariamente têm o meio rural como espaço de residência.

Observa-se em alguns relatos uma dificuldade em expressar opiniões acerca de um conceito de camponês e, principalmente, em se reconhecer enquanto tal, no caso de alguns entrevistados que apresentam algum tipo de ligação com a identidade camponesa mas que não souberam expressar uma opinião acerca do conceito. Isso se verifica na fala de uma entrevistada que, apesar de relatar diversos elementos que a define enquanto camponesa, ao ser indagada acerca do que compreende

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por camponês, enfatiza que: “Eu não compreendo nada! (risos). Porque eu sou... eu moro lá na rua [referindo-se à área urbana] e venho aqui na roça só a passeio.” (Entrevistada E). Houve até mesmo quem respondesse que nunca ouviu falar de camponês.

Alguns entrevistados identificam os camponeses como “[...] uma classe de trabalhador mais humilde, cujo trabalho está relacionado [...] à agricultura.” (Entrevistado F). Aquela primeira caracterização pode se fazer estereotipante à medida que o sentido de “humilde” conferir à realidade camponesa graus de inferioridade e associá-la à pobreza, o que se torna incoerente, já que o camponês também se integra à dinâmica de processos de desenvolvimento, sobretudo tecnológicos, aspecto que chega a ser reconhecido por outro entrevistado do meio profissional-acadêmico: “o jovem, ele começa a si preocupar com elementos da moderna tecnologia, então ele tem um smartphone, ele tem uma motocicleta, e ele faz com que isso sejam (sic) elementos agregados a essa nova vertente, né..., mesmo o camponês dos assentamentos, tem uma motocicleta e tem um smartphone” (Entrevistado G).

Em relação à associação da figura do camponês com a figura do agricultor, elemento bastante comum e que se mostrou presente em algumas falas, considerando a forma de abordagem de autores como Wolf[8], o qual não se preocupa em estabelecer uma diferenciação significativa entre agricultores e camponeses, frisando mais a identificação temporária de variedades de seguimentos do campesinato, não seria incorreto, mas, em se considerando a abordagem de outros autores como Wanderley[2], Abramovay[3] e Marques[4], isso compreenderia um paradoxo, já que os mesmos polarizam aqueles dois conceitos.

No grupo das pessoas do meio rural, algumas falas que denotam a ajuda de integrantes da família na produção permitem identificar a unidade familiar como elemento fundamental para a manutenção da estrutura produtiva. Isso conflui com pontos de convergência que podem ser encontrados em maior ou menor grau na análise que alguns dos autores citados[1] [4] [5] [6] [7] fazem sobre o tema do campesinato, ao identificar o fato de sua produção ser orientada pela organização em torno do trabalho familiar, sendo esta uma característica fundamental para a compreensão de sociedades camponesas.

CONCLUSÕES

Os resultados apontam que não há um conceito homogêneo de camponês, de forma que tanto na literatura abordada quando no discurso dos agentes sociais que exprimiram concepções referentes a uma definição da categoria o que se verifica é a existência de diferentes graus de campesinidade. Verificam-se múltiplas compreensões acerca da definição da identidade camponesa, constatando-se tanto representações positivas quanto formas de pensamento ainda vinculadas a uma maneira estereotipada de ver a imagem deste agente social, como se observa num dos relatos citados. Contudo, mesmo perante contextos tão diversos os discursos dialogam entre si, não na busca por uma definição única de camponês, mas na diversidade, complexidade e no peso que carrega esta palavra.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] WOORTMANN, K. Com parente não se neguceia: o campesinato como ordem moral. Brasília, UnB, 1990, (Anuário Antropológico, 87), p. 11-73.

[2] WANDERLEY, M. de N. B. Raízes históricas do campesinato brasileiro. XX Encontro Anual da ANPOCS. GT 17. Processos Sociais Agrários. Caxambu-MG. Outubro de 1996, p. 6-7.

[3] ABRAMOVAY, R. O saco de batas. In:________. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. 2. ed. Campinas-SP: Editora Unicamp, 1998, p. 22-23, 22.

[4] MARQUES, M. I. M. A atualidade do uso do conceito de camponês. Revista Nera, ano 11, n. 12, Jan./Jun. 2008, p. 60, 58, 59.

[5] BOURDIEU, P. Sociología de Argélia. In:_________. Sociología de Argélia y três estudos de etnologia cabília. Madrid: Centro de Investigaciones Sociológicas: Boletín Oficial del Estado, 2006.

[6] PONTES, B. M. S. A organização da unidade econômica camponesa: alguns aspectos do pensamento de Chayanov e de Marx. Revista Nera, ano 8, n. 7, Jul./Dez. 2005, p. 36, 45.

[7] SHANIN, T. A definição de camponês: conceituações e desconceituações – o velho e o novo em uma discussão marxista. Revista Nera, Presidente Prudente, ano 8, n. 7, Jul./Dez. 2005, p. 5.

[8] WOLF, E. Tipos de campesinato latino-americano: uma discussão preliminar. In: FELDMAN-BIANCO, B.; RIBEIRO, G. L. (Org.). Antropologia e poder. Brasília: Editora UnB, Campinas: Editora da Unicamp, 2003, p. 120.

[9] PEREIRA, L. da C. P. A questão agrária e o campesinato. [s.l., s.d.]. Disponível em:<http://www2.fct.unesp.br/nera/publicacoes/AGUESTAOAGRARIAEOCAMPESINATO11.pdf>. Acesso em: 22 set. 2016, s/p.

[10] BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

[11] GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 8. ed. Rio de Janeiro. São Paulo : Editora Record, p. 11-65, 2004, p. 14.

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Desenvolvimento da (Allium fistulosum L), Sob a Aplicação de Adubos Orgânicos

Kaique da Silva França1, Raiane Lima oliveira1, Monalisa Marques Morais1, Rayla Mirele Passos Rodrigues¹, Tayna Carvalho de Holanda Cavalcanti¹, José Humberto Félix de Sousa 1,

Rubens Silva Carvalho1

INTRODUÇÃO

A cebolinha comum (Allium fistulosum L.), originária da Sibéria, é um condimento muito apreciado pela população brasileira e consumido em quase todos os lares do país [1]. Sendo muito utilizada no preparo de saladas, sopas e omeletes.

A planta é considerada perene, apresenta folhas cilíndricas e fistulosas, com 0,30 a 0,50 m de altura, produz pequeno bulbo cônico, envolvido por uma película rósea, com perfilhamento e formação de touceira [2, 3, 4, 5]. A colheita da cebolinha inicia-se entre 55 e 60 dias após o plantio ou entre 85 e 100 dias após a semeadura, quando as folhas atingem de 0,20 a 0,40 m de altura [3,4]. O rebrotamento é aproveitado para novos cortes, podendo um cultivo ser explorado por dois a três anos, principalmente quando são conduzidos em condições de clima ameno. Na comercialização para consumo ao natural, ela aparece só ou formando um conjunto com a salsa (Petroselinum crispum L.), o popular cheiro-verde [3,4].

Algumas exigências observadas no cultivo dessa cultura é a preferência da mesma em solo bem drenado, fértil e principalmente rico em matéria orgânica. Observando então que se pode minimizar ou eliminar a utilização de fertilizantes químicos no cultivo da cebolinha e consequentemente evitar a adubação mineral e o uso de agrotóxicos de forma excessiva que acabam provocando diversos problemas ambientais, além de inibição na síntese de proteínas na planta, causando acúmulo de nitrogênio e aminoácidos livres no suco celular e na seiva do vegetal, alimento que pragas e patógenos utilizarão para se proliferar. Enquanto que esse mesmo vegetal bem alimentado e manejado considerando todas as suas necessidades e equilíbrios, dificilmente será atacado por “pragas e doenças”. As altas produtividades obtidas com o uso intensivo de capital, de fertilizantes inorgânicos e de agrotóxicos têm sido questionadas não só por suas contradições econômicas e ecológicas, mas também por desprezar aspectos qualitativos importantes da produção vegetal [6,7].

Sabe-se que durante o processo de transição agroecológica, uma das principais dificuldades encontradas pelos agricultores é a disponibilidade de insumos de base ecológica que se enquadrem nas especificidades deste tipo de produção, dentre eles, fertilizantes orgânicos capazes de proporcionar bons rendimentos aos cultivos e, ao mesmo tempo, possibilitar melhorias nas características químicas, físicas e biológicas do solo. Com isso surgiu à necessidade de ser feita

________________________________________________________________________________ 1 Universidade Estadual da Bahia – UNEB; *[email protected]

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uma pesquisa observando então o desenvolvimento e a produtividade de hortaliças folhosas como a cebolinha, empregando-se unicamente de adubação orgânica, como (esterco caprino, cama de galinha, húmus e biofertilizante).

A utilização desses adubos orgânicos de origem animal e vegetal torna-se prática útil e econômica para os pequenos e médios produtores de hortaliças, de vez que enseja melhoria na fertilidade e na conservação do solo além de enriquecê-lo, aumentando a resistência das plantas a climas adversos, aumentando a capacidade do solo em armazenar água, proporcionando uma maior produção de microrganismos benéficos como as minhocas, besouros, fungos e bactérias que irão agir como predadores de possíveis pragas da planta cultivada.

Em virtude disso, o objetivo desse trabalho foi avaliar o rendimento de cebolinha (Allium fistulosum L), quando adubada apenas por fertilizantes orgânicos como, esterco caprino, cama de galinha, húmus associados a biofertilizante.

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado em área de campo da UNEB, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), Campus III, localizado no município de Juazeiro, Estado da Bahia, em um Neossolo Flúvico, por um período de sessenta e nove dias, desde o plantio até a colheita. A região está situada a 9º25' de latitude sul e 40º29' de longitude oeste, com altitude de 366m. De acordo com a classificação climática de Köeppen, o clima é BSh,(clima semi-árido quente) [8], caracterizado por chuvas distribuídas de novembro a março entre 250 e 500mm e estiagem no inverno e temperatura anual média igual 24,2ºC, com média máxima de 29,6ºC e mínima de 20,3ºC. As temperaturas mais elevadas se distribuem entre os meses de janeiro e fevereiro, enquanto a média mensal mais baixa ocorre no mês de junho e julho.

O experimento que foi realizado em campo com uma variedade de cebolinha, no qual a cultivar era a cebolinha verde, foi composto por quatro tratamentos e quatro repetições ao acaso constituindo-se então dezesseis canteiros, com aplicação de diferentes tipos de estercos animal, na presença de biofertilizante, os tratamentos foram: ( + bi = 5,0 kg de húmus e 7,5 ml de

biofertilizante ; C + bi = 5,0 kg de cama de galinha e 7,5 ml de biofertilizante ; E +

bi = 5,0 kg de esterco caprino e 7,5 ml de biofertilizante ; E + bi = Sem adição de

esterco animal e biofertilizante). O esterco caprino utilizado foi adquirido na própria UNEB, especificamente no DTCS-Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais, sendo retirado do aprisco presente na universidade e no que diz respeito ao biofertilizante utilizado foi produzido na própria UNEB-Especificamente no CAERDES-Centro de Agroecologia, Energia Renovaveis e Desenvolvimento Sustentavel sendo formado com restos de produtos vegetais e animais. Os adubos orgânicos foram incorporados ao solo vinte dias antes do plantio. A aplicação do biofertilizante iniciou vinte e nove dias após o plantio, sendo feita aplicação via foliar, ocorrendo essas pulverizações semanalmente e encerrou onze dias antes da colheita.

Os canteiros são de 1,0 a 1,0 m de largura por comprimento e comporta 5,0 e 10 fileiras longitudinais e transversais respectivamente, de plantas, com espaçamento variando de 20 a 10 cm entre plantas. Foi feito o plantio direto das sementes no campo, a uma profundidade de 3 cm. Para o

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preparo do solo foi realizada subsolagem, em seguida aragem e por fim gradagem. Os berços de plantios foram abertos com o auxílio de enxadas e a semeadura foi realizada manualmente. A irrigação foi feita com o intuito de manter o solo sempre úmido, mas não encharcado, o tipo é por aspersão.

A colheita foi feita manualmente, retirando a planta completa do solo. As variáveis agronômicas avaliadas foram altura da planta, diâmetro da touceira, numero de folhas por planta e massa seca.Foi utilizada uma balança digital para determinação da massa seca da parte aérea, já no que se refere a diâmetro da touceira foi determinado com a utilização de um paquímetro digital, em relação a altura da planta foi realizada com o auxilio de uma trena.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, e as médias, comparadas por meio do teste de agrupamento de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se através do delineamento estatístico (Tabela 01), uma diferença significativa em uma das variáveis agronômicas avaliadas, que foi a massa seca, onde houve o aumento da mesma no tratamento em que se foi aplicado C + bi , em relação à testemunha E + bi , que foi

isenta de qualquer tipo de adubação. Para altura da planta, diâmetro da touceira e massa seca, todos os tratamentos no qual foi incorporado o esterco animal e aplicado o biofertlizante, apresentaram maiores médias quando comparados com a testemunha, E + bi . Considerando que a

comercialização é baseada no número de folhas por plantas observou-se que ocorreram aumentos nos tratamentos que receberam cama de galinha e esterco caprino mais biofertlizante, sendo que a produtividade foi maior no C + bi com aumento de 56% quando comparado à testemunha,

E + bi . Tal fato pode ser justificado pela composição do esterco cama de galinha, no qual

possui alto teor de nitrogênio, elemento essencial para o desenvolvimento e produção das plantas. Devido a grande quantidade de nitrogênio em sua composição, esse adubo apresenta uma relação C/N baixa, especificamente menor que 20, ocorrendo então uma rápida decomposição pelos microrganismos, disponibilizando os nutrientes de forma mais rápida para as plantas.

Considerando o aspecto visual a maior média no número de folhas por planta do tratamento C + bi , pode ser um fator positivo na comercialização. O delineamento estatístico não

apresentou diferenças significativas na maioria das variáveis agronômicas avaliadas, com exceção a massa seca no tratamento cama de galinha mais biofertilizante (Tabela 01). No entanto é possível observar que o tratamento composto por esterco caprino mais biofertilizante, proporcionou em relação às quatros variáveis, valores melhores quando comparado à testemunha e o tratamento composto por húmus mais biofertilizante possibilitou melhores resultados em relação às variáveis: altura da planta, diâmetro da touceira e massa seca.

O tratamento C + bi = 5,0 kg de cama de galinha e 7,5 ml de biofertilizante

apresentou melhor incremento de produtividade com percentual de 56% no número de folhas quando comparado ao tratamento E + bi = Sem adição de esterco animal e biofertilizante,

possibilitando um resultado mais significativo no rendimento da cebolinha.

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Tabela 01:Valores médios das variáveis agronômicas (altura da planta, diâmetro da touceira, numero de folhas por plantas e massa seca.) submetidos a três tipos de estercos animal na presença de biofertilizante, sendo um isento de qualquer tipo de adubação. (Juazeiro /BA, 2015)

Letras iguais na mesma coluna não diferem ao nível de 5% (Tukey).

Em relação a quase todas as variáveis observadas é possível verificar que a incorporação desses adubos orgânicos ao solo possibilitou melhores resultados aos tratamentos que receberam a adubação, quando comparado à testemunha. Isso porque, segundo vários autores citados por Graciano et al. (2006), os adubos orgânicos contêm vários nutrientes minerais, especialmente N, P e K, e, embora sua concentração seja considerada baixa, na sua valorização, deve-se levar em conta, também, o efeito benéfico que exercem no solo, em que a matéria orgânica contribui de modo decisivo na capacidade de troca de cátions, formação de complexos e quelatos com numerosos íons e retenção de umidade.

CONCLUSÕES

A aplicação de diferentes tipos de adubo orgânico associado com biofertilizante proporcionaram o desenvolvimento e uma produtividade diferente na cultura da cebolinha (Allium fistulosum L). Possibilitando determinar o adubo orgânico ideal para o cultivo da cebolinha.

Portanto, constituindo-se então na recomendação da utilização de C + bi = 5,0 kg de

cama de galinha e 7,5 ml de biofertilizante para a cultura da cebolinha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa, MG: UFV. 2008. 421 p.

[2] FERREIRA, M. E.; CASTELLANE, P. D.; CRUZ, M. C. P. Nutrição e adubação de hortaliças. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DE HORTALIÇAS, 1990, Jaboticabal. Anais... Piracicaba: POTAFOS, 1993. p.473- 476.

Tratamentos A.Planta (cm) D. Touceira

(cm)

N. Folhas

por plantas M. Seca (g)

Testemunha 34.87 a 2.34 a 10.20 a 1.98 ab

Húmus + Bio 39.05 a 2.86 a 10.10 a 3.34 a

C. galinha + Bio 44.70 a 3.77 a 15.95 a 6.84 ab

E.Caprino + Bio 46.35 a 3.42 a 13.9 a 5.76 a

MG 41.24 3.09 12.53 4.48

CV% 14.61 24.8 37.06 51.19

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[3] MAKISHIMA, N. O cultivo de hortaliças. Brasília: EMBRAPA-CNPH: EMBRAPA-SPI, 1993. (Coleção Plantar, 4)

[4] FILGUEIRA, F.A.R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000.

[5] HEREDIA ZÁRATE, N.A.; VIEIRA, M.C.; BRATTI, R. Efeitos da cama-de-frangos e da época de colheita sobre a produção e a renda bruta da cebolinha ‘Todo Ano’. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v.33, n.2, p.73- 78, jul./dez.,2003.

[6] SANTOS, R. H. S. Crescimento, produção e qualidade de alface (Lactuva sativa) cultivada com composto orgânico. Viçosa, MG: UFV, 1993. 114 p. Dissertação de Mestrado.

[7] SANTOS, R. H. S.; CASALI, V. W. D.; CONDÉ, A. R.; MIRANDA, L. C. G. de. Qualidade de alface cultivada com composto orgânico. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 12, n. 1, p. 29-32, 1994.

[8] TEIXEIRA, A.H.C. Informações Agrometeorológicas do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Petrolina: Embrapa Submédio do Vale do São Francisco, 48p. (Documentos. Embrapa Submédio do Vale do São Francisco). 2001.

[9] GRACIANO, J. D.; HEREDIA ZÁRATE, N. A.; VIEIRA, M. C.; ROSA, Y. B. C. J.; SEDIYAMA, M. A. N.; RODRIGUES, E. T. Efeito da cobertura do solo com cama-de-frango semidecomposta sobre dois clones de mandioquinha-salsa. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 28, n. 3, p. 367-376, 2006.

AGRADECIMENTOS

À Universidade do Estado da Bahia e ao Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais-(DTCS) do Campus III de Juazeiro, pelo espaço e apoio na realização dos trabalhos.

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Publicações Acadêmico-Científicas Sobre Qualidade da Água do São Francisco

Iara Jeanice Souza Ferreira¹, Sheila Daiane de Souza Rodrigues¹, Silvia Maria Alves Correa Oliveira², Rita de Cássia Rodrigues de Souza¹, Weruska Brasileiro Ferreira3, Miriam Cleide

Cavalcante de Amorim¹

INTRODUÇÃO

O Rio São Francisco com área de 639.219 km2 se estende por 2.700 km, vai da sua nascente na Serra da Canastra em Minas Gerais, passando pela Bahia e Pernambuco até chegar ao Oceano Atlântico pela divisa entre Alagoas e Sergipe e é dividido neste percurso por regiões fisiográficas, que inclui o Alto São Francisco, Baixo São Francisco, Médio São Francisco e Submédio São Francisco, possui grande valor para diferentes atividades, tanto para os que vivem em seu entorno como para todo Brasil [1]. Diante das condições climáticas extremas e a elevada exploração do rio que cada vez mais se degrada em termos socioambientais, faz-se mister ações que resultem em soluções na busca da qualidade ambiental. E é dentro do contexto dinâmico dos diversos usos, que ações vêm sendo realizadas a exemplo de estudos e pesquisas de órgão governamentais e universidades e programas governamentais que visam sua preservação e revitalização. No entanto, ainda não está clara uma percepção comum sobre a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, quanto ao seu real estado de conservação, seus grandes dilemas e desafios, principalmente quando se trata da integração de estudos acadêmicos científicos no que tange a qualidade da água da bacia. Assim, esse trabalhou objetivou realizar um levantamento bibliográfico capaz de apresentar o ‘estado da arte’ das pesquisas científicas realizadas na bacia hidrográfica do São Francisco. Isto é, um diagnóstico dos estudos acadêmicos científicos já realizados sobre a qualidade da água, na busca de identificar lacunas nas pesquisas científicas bem como integrar os conhecimentos sobre o tema, propiciando subsídios para o aporte de novos estudos que contribuam efetivamente para a preservação do rio.

MATERIAIS E MÉTODOS

O levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses de Fevereiro e Maio de 2016, compreendeu produções cientificas dos últimos vinte anos (1996-2016). A temática do estudo foi a “qualidade da água”, sendo então definidas, para maior eficácia, palavras-chave associadas ao tema, tais como “Qualidade de água”; “São Francisco”; “Poluição”; “Metais Pesados”; “Afluentes”; “Agrodefensivos”; “Nutrientes”; “Poluentes Emergentes”; “Bioindicadores”; “Sedimentos”; “IQA”, entre outras. A pesquisa foi realizada em bases de dados de diferentes portais de ciência e tecnologia, periódicos, anais de eventos científicos e ambientes virtuais como o Google Acadêmico,

______________________________________________________________________________

1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; 2 Universidade Federal de Minas Gerais; 3

Universidade Estadual da Paraíba;*[email protected]

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e direcionada à obtenção de artigos científicos, trabalhos de conclusão de cursos, teses e dissertações, programas de pós-graduação e Grupos de Pesquisa existentes em universidades e órgãos governamentais cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Os dados obtidos foram então dispostos em planilhas do Excel, onde gráficos foram elaborados para a interpretação dos resultados referentes à: Produção científica total; Produção científica por tipo de publicação; Produção científica por regiões fisiográfica da bacia; Produção científica por subtemas; Subtemas mais estudados nos anos de maiores publicações e aos Programas de Pós-Graduação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise estatística dos dados, foi possível observar que dentre as 198 produções cientificas obtidas, 66% adveio de artigos publicados em eventos científicos, 21% de dissertações/teses, e 13% de periódicos. Além disto, a maior produção científica ocorreu de 2010 a 2011, correspondendo a 27% do total de publicações de todo o período de pesquisa avaliado, como mostra o gráfico da Figura 1.

Figura 1 – Produção científica por tipo de publicação.

Subdividindo todo o contingente de publicações nas respectivas áreas fisiográficas do Rio São Francisco, denotou-se significativa expressividade na realização de pesquisas dentro da região do Alto do São Francisco, a qual concentra aproximadamente 35% de todos os estudos (Figura 2).

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Figura 2 – Produção Científica por Regiões Fisiográficas.

Com relação aos diversos subtemas intrínsecos à qualidade da Bacia Hidrográfica, depreende-se da Figura 3, que a maior parte das pesquisas focou na avaliação físico-química e/ou microbiológica dos corpos hídricos, sendo também, não menos significativos, estudos voltados para assoreamento e uso de bioindicadores de qualidade da água.

Figura 3 – Número de publicações por subtemas avaliados. No intervalo de anos de maiores produções cientificas, considerado na Figura 4, os parâmetros físico-químicos e/ou microbiológicos, continuaram com grande destaque, sendo interessante observar, no entanto, que em 2011, houve ligeiro incremento em estudos envolvendo uso de biondicadores.

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.

Figura 4 – Subtemas mais estudados nos anos de maiores publicações.

Através da Figura 5, foi possível demonstrar a distribuição dos Programas de Pós-Graduação voltados à qualidade da Bacia do São Francisco em diferentes Universidades brasileiras, sendo notória, a existência de um maior número destes Programas em instituições nordestinas (caso da UFPE e UFBA, seguidas pela UFAL) e na UFMG.

Figura 5 – Programas de Pós-Graduações com estudos de Qualidade da Água do São Francisco, por instituições.

CONCLUSÕES

O fato de haver relevante concentração de produção científica no Alto São Francisco, torna necessário o incentivo à pesquisa nas demais regiões que formam a bacia. No que diz respeito aos subtemas de importância à qualidade da água, é preciso identificar e investir naqueles que ainda carecem de estudos, como por exemplo, os fitoplânctons, disruptores endócrinos, microrganismos emergentes, entre outros. No mais, o levantamento permitiu criar um panorama onde foi possível observar o que já se tem e onde se deve intensificar os esforços, de modo a preencher déficits, com o objetivo de alcançar uma avaliação mais completa acerca da Bacia do Rio São Francisco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CBHSF. A BACIA. 2001. Disponível em: < http://cbhsaofrancisco.org.br/a-bacia/> Acesso em: 05 de ago 2016.

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Desenvolvimento de Alface sob Aplicação de Diferentes Doses de Esterco Caprino

Kaique da Silva França1, Raiane Lima Oliveira1, Monalisa Marques Morais1, Rayla Mirele Passos Rodrigues1, Leticia Steffany Gonçalves Tavares1, José Humberto Félix de Souza1, Rubens

Silva Carvalho¹

INTRODUÇÃO

A alface é a hortaliça folhosa mais consumida no País, e apresenta grande resposta à adubação nitrogenada [1, 2] e a altos teores de água no solo [3], e possui grande potencial de produção com adubos orgânicos. Paralelamente, a adubação orgânica presta-se à reciclagem de resíduos rurais, o que possibilita maior autonomia dos produtores em face do comércio de insumos, e apresenta grande efeito residual [4, 5, 6].

À medida que a população foi crescendo, outros ecossistemas foram manejados para a obtenção de alimentos. Ocorreu a introdução da química na produção de alimentos, o que proporcionou o surgimento de uma agricultura altamente dependente de energia, centrado no uso intensivo de insumos químicos sintéticos e sementes melhoradas, que se denominou Agricultura Convencional [8]. Com o decorrer do tempo, ficaram evidentes os efeitos colaterais deste processo, como a contaminação do meio ambiente e a presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos, criando insegurança entre os consumidores [9].

Havendo então a necessidade de buscar tecnologias e formar novas técnicas capazes de aumentar a produção agrícola preservando os ecossistemas e o meio ambiente em geral, evitando alguns danos nocivos que a agricultura convencional é capaz de propiciar ao meio ambiente quando praticada de forma errada. Uma alternativa que vem crescendo, com o intuito de evitar esses problemas, é a agricultura orgânica.

Na visão de Paschoal (1994, p.16) [7], a agricultura orgânica foi desenvolvida “para corrigir os erros e as distorções da agricultura industrial” e tem como objetivo não só minimizar os impactos sociais e ambientais advindos da prática agrícola, como também resgatar valores de respeito e integração do homem com a natureza [8].

O mercado de produtos orgânicos vem crescendo no Brasil e no mundo a uma taxa de até 50% ao ano. Neste contexto, o cultivo de hortaliças com adubos orgânicos tem aumentado nos últimos anos, graças principalmente aos elevados custos dos adubos minerais e aos efeitos benéficos da matéria orgânica em solos intensamente cultivados com métodos convencionais [10, 11]. Com isso, o objetivo desse trabalho foi determinar a dosagem ideal para aplicação de esterco caprino associado com biofertilizante como fonte de adubo orgânico no cultivo da alface.

________________________________________________________________________________ 1 Universidade Estadual da Bahia – UNEB; *[email protected]

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MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado em área de campo da UNEB, Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), Campus III, localizado no município de Juazeiro, Estado da Bahia, em um Neossolo Flúvico, por um período de sessenta e nove dias. A região está situada a 9º25' de latitude sul e 40º29' de longitude oeste, com altitude de 366m. De acordo com a classificação climática de Köeppen, o clima é BSh,(clima semi-árido quente), caracterizado por chuvas distribuídas de novembro a março entre 250 e 500mm e estiagem no inverno e temperatura anual média igual 24,2ºC, com média máxima de 29,6ºC e mínima de 20,3ºC. As temperaturas mais elevadas se distribuem entre os meses de janeiro e fevereiro, enquanto a média mensal mais baixa ocorre no mês de junho e julho.

O experimento foi realizado em campo com uma variedade de alface, no qual a cultivar era a Elba, durando um período de 47 dias, desde o plantio até a colheita, foi composto por quatro tratamentos e quatro repetições ao acaso constituindo-se então dezesseis canteiros, com aplicação de quatro diferentes dosagens de estercos caprino, na presença de biofertilizante, (EC0,0 + bi =

Sem adição de esterco caprino e 7,5 ml de biofertilizante m-2; EC2,5 + bi = 2,5 kg/m-2 de esterco

caprino e 7,5 ml de biofertilizante ; EC5,0 + bi = 5,0 kg/m-2 de esterco caprino e 7,5 ml de

biofertilizante ; EC7,5 + bio7,5 = 7,5 kg/m-2 de esterco caprino e 7,5 ml de biofertilizante). O adubo orgânico utilizado como o esterco caprino, foi incorporado ao solo doze dias antes do plantio, já no que se refere ao biofertilizante começou a ser aplicado dezoito dias após o plantio da alface, sendo feito então aplicações via foliar semanalmente e encerrando as pulverizações sete dias antes da colheita.

Os canteiros são de 1,0 a 1,0 m de largura por comprimento, com o levantamento dos canteiros a 0,20 m de altura e comporta 4 e 5 fileiras longitudinais e transversais respectivamente, de plantas, com espaçamento variando de 30 a 25 cm entre linhas e plantas, respectivamente. Foi feito o plantio direto das sementes no campo, a uma profundidade de 3 cm. Para o preparo do solo foi realizada subsolagem, em seguida aragem e por fim gradagem. Os berços de plantios foram abertos com o auxílio de enxadas e a semeadura foi realizada manualmente. A irrigação foi feita com o intuito de manter o solo sempre úmido, mas não encharcado, o tipo é por aspersão.

A colheita foi feita manualmente, retirando a planta completa do solo. As variáveis agronômicas avaliadas foram teor de clorofila na folha, numero de folhas por planta, massa fresca e área foliar.

Foi utilizada uma balança digital para determinação da massa fresca da parte aérea (PA-MF), já no que se refere ao teor de clorofila médios de três folhas (PA-C) foi determinado com a utilização de um clorofilômetro eletrônico, em relação a área foliar (PA-AF) foi determinada com base no comprimento (C) e na largura (L) médios de três folhas situadas na região mediana da planta, por meio da formula AF= [(C x L)/2 x FC], em que FC é o fator de correção. Utilizou-se o fator de correção de 0,68, fator esse utilizado também por (Lédo e et al., 2000). Os dados obtidos foram analisados por meio de análise de variância (P<0,05) e quando significativo foi aplicado a análise de regressão polinomial através do programa WinStat.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

As variáveis analisadas como a clorofila, massa fresca e área foliar foram influenciadas significativamente (P<0,05) com a aplicação do esterco caprino (tabela 1).

Os resultados evidenciaram efeitos significativos independentes para doses de esterco caprino para o teor de clorofila na folha (PA-C), área foliar (PA-AF) (Tabela 1). Em relação ao teor de clorofila determinada com o auxilio do clorofilômetro mostrou que a dose EC7,5 + bio7,5

propiciou a maior resposta quando comparado aos os demais tratamentos (Tabela 1). As plantas desenvolvidas sob essa dosagem apresentaram coloração verde mais intensa, o que reflete melhor o estado nutricional, principalmente, quanto ao nitrogênio.

No que se refere ao numero de folhas por planta (PA-NFP), os resultados não diferiram significativamente, no entanto o tratamento 2, 3 e 4 apresentaram os melhores resultados quando comparados com a testemunha (Tabela 1). Evidenciando então a importância e o efeito positivo que a aplicação de esterco caprino causa no cultivo da alface.

No que diz respeito à área foliar, os tratamentos 2 constituído por EC2,5 + bi e 4 composto

por EC7,5 + bio7,5, obtiveram os melhores resultados quando comparados com os demais tratamentos (Tabela 1). Sendo possível observar então que a adubação orgânica, feita com esterco caprino e biofertilizante, contribuiu com o desenvolvimento dessas plantas de alface. Tal fato pode ser justificado devido a um maior numero de folhas por plantas que os alfaces desses mesmos tratamentos 2 e 4 apresentaram e devido também a composição do esterco caprino e do biofertilizante que é formado com restos vegetais, possuindo alguns elementos importantes para o desenvolvimento da planta como fosforo (P), potássio (K) e o nitrogênio (N), contribuindo então para o incremento do crescimento da planta e consequentemente de área foliar da planta.

Tabela 1. Análise de variância para as variáveis de produção da alface (PA): Clorofila (PA-C), número de folhas por planta (PA-NFP), área foliar (PA-AF) em função de diferentes doses de esterco caprino mais biofertilizante . Juazeiro, BA, UNEB, 2016.

(a)Médias originais por tratamentos; (b)S= Desvio padrão; (c)CV= Coeficiente de variação; (d)Ŷ= equações estimadas a partir das médias dos tratamentos de cada variável.

Pela figura 1, é possível observar através dos resultados que houve efeito significativo para a variável massa fresca da parte aérea da alface, no qual foi submetido a um efeito linear obtendo-se o X máximo de 7,5 kg/m-2 de esterco caprino mais 7,5 ml/m-2 de biofertilizante em relação a dosagem do esterco caprino mais biofertilizante e com Y máximo de 251,25 g de massa fresca da parte aérea

Variáveis respostas

Doses de esterco caprino (kg / m2) mais biofertilizante ml/m2 (c)CV R2 Equações ajustadas (b)S

0 + 7,5 2,5 + 7,5 5,0 + 7,5 7,5+ 7,5

(PA-C) 11.81 12.97 12.42 14.54 6.30 0,70 (d)Ŷ= 11.7935 + 0.3054x (±0.81)

(PA-NFP) 35.55 63.85 59.65 75,00 36.15 - Ȳ= 58.51

(PA-AF) 37.69 62.67 55.14 57.19 14.42 0,74 Ŷ= 39.797625 + 8.91805x -0.9173x2 (±7.66)

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por planta de alface. Observando então uma maior formação de biomassa do alface quando submetido a aplicação EC7,5 + bio7,5. Isso pode ser justificado pela maior disponibilidade de nutrientes que a dosagem de EC7,5 + bio7,5 proporcionou para a cultura do alface, possibilitando então um maior desenvolvimento de sua biomassa.

Ŷ= 125.85 + 17.74x (±77.18)**R2 = 0,61 (1)

Figura 1 – Massa fresca da parte aérea do alface (PA-MF), em função de doses de esterco caprino associadas com biofertilizante. Juazeiro, BA, UNEB, 2016.

CONCLUSÕES Nas condições da presente pesquisa, a utilização do esterco caprino associado com

biofertilizante, como fonte de adubação orgânica é recomendado para a produção de alface (Lactuca sativa), sob a dosagem de EC7,5 + bio7,5 = 7,5 kg/m-2 de esterco caprino e 7,5 ml de biofertilizante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Agronômica Ceres, 1985. 492 p.

[2] SMITH, S. R.; HADLEY, P. A comparison of the effects of organic and inorganic nitrogen fertilizers on the growth response of summer cabbage (Brassica oleracea var. capitata cv. Hispe F1). Journal of Horticultural Science, Ashford, v. 63, n. 4, p. 615-620, 1988.

[3] MACIEL, R. F. P. Estudo sobre a influência do espaçamento, níveis de adubação, irrigação e adubação na cultura da alface (Lactuca sativa L.). Viçosa, MG: Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, 1968. 48 p. Dissertação de Mestrado.

[4] MARCHESINI, A.; ALLIEVI, L.; COMOTTI, E.; FERRARI, A. Long-term effects of quality-compost treatment on soil. Plant and Soil, Dordrecht, v. 106, p. 253-261, 1988.

[5] SMITH, S. R.; HADLEY, P. A comparison of organic and inorganic nitrogen fertilizers: their nitrate-N and ammonium-N release characteristics and effects on the growth response of lettuce (Lactuca sativa L. cv. Fortune). Plant and Soil, v. 115, n. 1, p. 135-144, 1989.

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[6] VIDIGAL, S. M.; RIBEIRO, A. C.; CASALI, V. W. D.; FONTES, L. E. F. Resposta da alface (Lactuca sativa L.) ao efeito residual da adubação orgânica: I. Ensaio de campo. Revista Ceres, Viçosa, v. 42, n. 239, p. 80-88, 1995.

[7] PASCHOAL, A. D. Produção e comercialização de alimentos orgânicos e insumos naturais. São Paulo: Sebrae. 1994.

[8] TRIVELLATO, M. D.; FREITAS, G. B. Panorama da agricultura orgânica. In: STRINGHETA, P. C. Alimentos orgânicos. Viçosa: UFV, 2003.

[9] REZENDE, C. L.; FARINA, E. M. M. Q. Assimetria informacional no mercado de alimentos orgânicos. In: II Seminário Brasileiro da nova economia institucional, 2001, Campinas. CD-Rom.

[10] ASANO, J. Effect of organic manures on quality of vegetables. Japan Agricultural Research Quarterly, Ibaraki, v. 18, n. 1, p. 31-36, 1984.

[11] RODRIGUES, E. T. Efeitos das adubações orgânica e mineral sobre o acúmulo de nutrientes e sobre o crescimento da alface (Lactuca sativa L.). Viçosa, MG: UFV, 1990. 60 p. Dissertação de Mestrado.

AGRADECIMENTOS

À Universidade do Estado da Bahia e ao Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais-(DTCS) do Campus III de Juazeiro, pelo espaço e apoio na realização dos trabalhos.

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Batuque no Quilombo: Educação e Cultura

Elaine Lopes de Souza¹*

INTRODUÇÃO

Este é um relato de experiência de um projeto que está sendo desenvolvido na comunidade quilombola do Serrote desde 2009 e que continua até hoje. Esta comunidade está localizada a 19 km da cidade de Santa Maria da Boa Vista- PE. Esta comunidade recebeu este nome por ter em seu território uma serra que inicialmente era chamada de “Pé de Serrote”. E que depois começou a ser chamada de “Monte Carmelo” por ser comparado pelas semelhanças com o Monte Carmelo localizado em Israel (antiga Palestina). E após a formação da Fraternidade do Carmo com a realização de novenas carmelitanas em devoção a Nossa Senhora Do Carmo, santa esta, que possui a sua imagem dentro da capela, que está localizada sobre o monte. A comunidade foi reconhecida como Quilombola no dia 10 de Abril de 2008 pela Fundação Palmares tendo como código do IBGE nº2612604. Por ser uma comunidade de pessoas descendentes de africanos escravizados e que lutam pelo resgate e valorização da sua cultura. Tendo como objetivo principal a regularização de suas terras. Além da valorização da cultura afro-brasileira e africana na educação como elemento primordial na luta contra o preconceito e as desigualdades raciais no Brasil.

No Brasil, os quilombos se constituíram na principal forma de luta e resistência á escravidão. Munidos de organização política, econômica, religiosa e militar, os oprimidos desenvolveram um impressionante trabalho de estruturação da vida em coletivo, criando uma alternativa concreta á sociedade escravocrata, para negros, indígenas e brancos. [1]

A Cultura de descendência africana está presente também nas danças culturais como: o Batuque, o reisado, o São Gonçalo, a roda trocada. Tendo o batuque como dança cultural mais difundida através do grupo de jovens da comunidade. Refletindo a prática cultural vinda com os negros africanos e sendo transmitida de geração e geração. Começou a ser difundida na região desde os anos 70 em apresentações em todo o estado de Pernambuco por Albino Onofre dos Santos, Patrocina Marques, Dulce Onofre dos Santos, Alexandrina Rodrigues entre outros integrantes, que não dançam mais devido a velhice. Mas que contribuem com os ensaios junto com os professores na escola. Refletindo a prática cultural vinda com os negros africanos, ajudando a fortalecer a identidade quilombola e luta contra o racismo no Brasil.

Os quilombos contemporâneos mantêm a cultura baseada em experiências de antepassados, com modificações substanciais em função das exigências de tempo e espaço. Tratar o universo cultural das comunidades negras rurais como cultura subalterna, quase automaticamente inferior, é desconhecer a importância das fontes orais da história e o significado da cultura popular. [2]

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade de Brasília -UNB;* [email protected]

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O Batuque tem um repertório musical que canta elementos da comunidade e região como: Sai, sai piranha que faz uma homenagem a esse peixe tão apreciado na região do São Francisco; Gato do mato, fazendo referência a este animal que faz parte da região; Quebra o coco, rala o coco cita elementos que compões a culinária afro-brasileira, falando do namoro com mulher casada; Chora Noivo como uma despedida a vida de solteiro, e a liberdade; a música Lá vem água, Lá vem água que faz referência a cachaça e é dançada com o litro de cachaça na cabeça. Entre outras músicas que cantam a beleza da comunidade com seu pé de Serrote que a todos convida a banhar-se em suas águas profundas e encantam por suas belezas misteriosas.

O processo de buscar estratégias para o enfrentamento do racismo foi uma das justificativas deste trabalho. A participação feminina é predominante nas manifestações culturais na comunidade. [3]

As manifestações culturais, danças coletivas sem hora ou local definidos e acessíveis a todos, os batuques, eram instantes alegres de criação de vínculos e de viver o direito ao corpo. E que prevalece nos quilombos de hoje e que sobrevive através de muita luta.

O projeto tem como objetivos a Aplicação da lei10639/03 como instrumento de fortalecimento da luta quilombola na escola; Fortalecer a identidade afro-brasileira e quilombola na comunidade; Estimular a prática da dança do Batuque na comunidade e Estudar a fauna regional através da interdisciplinaridade das músicas do Batuque.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa usada foi a qualitativa através de entrevistas e história oral desenvolvida com um grupo de 4 idosos e 12 crianças para aprender sobre a história e músicas do batuque. Os idosos foram a escola ensinar as crianças sobre a história e a cantar as músicas do Batuque. Fortalecendo assim a cultura e a educação da comunidade. Foi formado um grupo para assimilação e prática da dança. Para isso os elementos presentes nas músicas foram explorados na escola para um melhor envolvimento dos educandos no processo.

O trabalho se enquadra em uma pesquisa qualitativa. Nesse sentido, a abordagem qualitativa visará atender as expectativas conceituais, através de revisões bibliográficas que darão base ao estudo de caso. [4]

A Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente.

A pesquisa está baseada na observação do ambiente e na escuta das pessoas entrevistadas, descrevendo assim para depois analisar os dados coletados. Na abordagem qualitativa, a pesquisa tem o local como fonte direta dos dados. O pesquisador mantém ligação direta com o ambiente e o objeto de estudo em questão, necessitando de um trabalho mais intensivo de campo. Nesse ponto, as

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questões são estudadas no ambiente em que elas se mostram sem nenhuma manipulação intencional do pesquisador. [5]

A história oral valoriza a recuperação do vivido conforme concebido por quem viveu. As experiências apreendidas e praticadas pelos mais velhos contribuindo assim com uma prática tradicional advindo dos antepassados e a manutenção e apreciação da mesma pelos jovens. Falar que a memória das sociedades antigas se apoiava na estabilidade espacial e na confiança em que os seres de nossa convivência não se perderiam, não se afastariam. É a manutenção da cultura através da transmissão do conhecimento dos idosos as crianças e essa transmissão é feito pela comunidade através da oralidade .[6] E por isso as histórias de vida são tão importantes pois vem destacar mais fortemente a modo de viver, fazer, rezar, brincar, contar das pessoas dentro de uma comunidade de descendente de africanos e que trazem histórias centenárias de luta e defesa do território. Onde através da luta de cada componente da comunidade se percebe um círculo de força e de valorização da identidade local na busca pela autonomia e sobrevivência de todos na comunidade. E na sociedade atual. É através do oral que se pode apreender com mais clareza as verdadeiras razões de uma decisão; que se descobre o valor de malhas tão eficientes quanto as estruturas oficialmente reconhecidas e visíveis; que se penetra no mundo do imaginário e do simbólico, que é tanto motor e criador da história quanto o universo racional. É preciso identificação com sua cultura para que o indivíduo possa manifesta-la através da dança e do canto por isso o uso da história oral como ferramenta importante neste processo. [7]

A contação de histórias está ligada ao processo de memória, valorização e identidade das pessoas e suas histórias. Por isso as histórias de vida são tão importantes no auto processo de identificação e fortalecimento cultural. [8]

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados desta experiência foi que usar os elementos culturais que dão origem a história de vida do educando torna a aprendizagem efetiva dos conteúdos além de fortalecer na valorização identitária através do estudo das músicas foi explorado a história de vida dos dançarinos, a aplicação das lei 10639/08, o fortalecimento da identidade e o conhecimento sobre a fauna da região trabalhando a interdisciplinaridade das músicas. Através da dança tradicional da comunidade a escola tornou-se mais atraente para os educandos pois a música dos antepassados com seus ritmos agrega e estimula o processo educacional por isso a aprendizagem dos conteúdos foi efetivos. Além de promover uma valorização cultural que ainda não tinha sido feita no ambiente escolar. Tornou-o também uma ambiente de discursão contra o racismo pois através do projeto gerou rodas de debate entre escola, associação e ONGs na luta pela valorização da cultura quilombola e afro-brasileira na comunidade.

CONCLUSÕES

Este projeto de cunho social é importante em contribuição para uma cultura que é inferiorizada e que luta pela sobrevivência todos os dias. Há muitos desafios a serem vencidos e superados quando procura-se através da educação combater o racismo ao negro, quilombola na

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sociedade. Pois quebrar com uma rotina e hábitos seculares de preconceito necessita também de muitos anos de desmistificar e construir novos conceitos.

É importante acredita na transformação da sociedade e a educação é a base desta sendo que os passos já foram dados e devem ser praticados continuamente por isso a importância da lei 10639/03 e 11645/08 para a transformação de umas sociedade justa e igualitária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] LEITE, Ilka. Os quilombos no Brasil: Questões Conceituais e normativa. Etnográfica. Vol. IV (2): 2000, 333-354.

[2] MOURA, Glória. Festa dos quilombos. Brasília: UNB, 2012, 184p.

[3] WERNECK, Jurema. WHITE, Evelin (org.). O livro da Saúde das Mulheres Negras: Nossos passos vem de longe. Rio de Janeiro: Pallas: Criola, 2000, p62-68.

[4] KUARK, Fabiana, S. MANHÂES, Fernanda, C. MEDEIROS, Carlos, H. Metodologia da Pesquisa: guia prático. 2010, p88.

[5] FREITAS, Sônia Maria de. História oral: possibilidades e procedimentos. 2.ed. São Paulo: Humanitas,2003, p.142.

[6] BOSI, Ecléia. Memória e sociedade – Lembrança de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p.488.

[7] JOUTARD, Philippe. Desafios á História oral do século XXI. In: ALBERTI, Verena org. et al). História Oral: Desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Fio cruz, 2000, 31-46p.

[8] SANTHIAGO, Ricardo. História oral e as artes: percursos, possibilidades e desafios. Artigo-Doutorado do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo: 2013, p155-187.

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Violência Baseada em Gênero um Fenômeno Social de Abordagem Interdisciplinar

Vitória de Barros Siqueira¹*; Maria Auricélia da Silva Siqueira²; Emanuela de Araújo Nascimento¹; Roxana Braga de Andrade Teles¹

INTRODUÇÃO

A violência é um fenômeno de conceituação complexa, polissêmica e controversa, que gera muitas teorias parciais, isto porque é um evento pluricausal que possui várias origens e expressões, assumindo designações diversas, conforme as percepções do imaginário coletivo e as sutis limitações entre ela e o socialmente aceito.

A violência contra a mulher integra situações de agravos físicos, psicológicos e sexuais que contribuem para a depreciação da integridade da vítima, a experiência do abuso destrói a autoestima da mulher, expondo a mesma a risco mais elevado de sofrer com problemas mentais, depressão, fobia, estresse pós-traumático, tendência ao suicídio e consumo abusivo de álcool e drogas.[1-2-3]

Nas economias de mercado a violência intrafamiliar representa quase um ano de vida saudável perdido em cada cinco mulheres de 15 a 44 anos, e ocupa peso similar à tuberculose, ao HIV, aos diversos tipos de câncer e as enfermidades cardiovasculares, sendo notável que as consequências negativas da agressão atingem a saúde física e emocional das mulheres, o bem-estar de seus filhos e até a conjuntura econômica e social das nações, seja imediatamente ou em longo prazo. [3-4]

Os estudos sobre violência, sobretudo a violência de gênero despertam interesse de vários setores, uma vez que os altos índices dessas ocorrências resultam em comprometimento da produtividade econômica do país refletindo-se em altos custos com sistema de saúde, polícia, poder judiciário, órgãos de apoio à mulher bem como com o absenteísmo da mulher no trabalho. Devido o seu caráter multifacetado, a violência contra a mulher é um problema social, político, econômico e de saúde, requerendo, portanto, a integração de conhecimentos e serviço.[5]

Interdisciplinaridade é uma condição sine qua non para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação. Engloba problemas e necessidades reais, objetivando soluções integradoras, não ocorrendo simplesmente pela junção de saberes de diferentes áreas, mas pela integração e compartilhamento de novas abordagens técnico-metodológicas contribuindo para formação de novo paradigma.[6]

A violência contra a mulher deve ser objeto de estudo de todas as áreas, bem como seu debate deve unir as disciplinas a ponto de agregar valores e conhecimentos para o enfrentamento a esta problemática. O conceito de interdisciplinaridade é bastante difundido e os estudos de gênero são bastante aplicados, porém a união destes dois fatores ainda se mostra incipiente. Desta forma o presente trabalho tem por objetivo realizar o levantamento das áreas de conhecimento dos artigos

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco, 2 Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro -BA;* [email protected].

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científicos da base da biblioteca eletrônica Scientific Eletronic Libary Online (SciELO), que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos, durante o triênio 2011-2013 que tenham como tema violência contra a mulher.

MATERIAIS E MÉTODOS

Estudo descritivo que utilizou como fonte de informações a biblioteca eletrônica SciELO para realizar o levantamento das grandes áreas e áreas (segundo CNPq e CAPES) os quais estão inseridos os artigos que versam a cerca da violência contra a mulher.

A questão que norteou a pesquisa foi: diante de sua magnitude e complexidade, a violência de gênero é abordada de forma interdisciplinar pelos pesquisadores brasileiros ou ainda está vinculada a áreas específicas de conhecimento?

A coleta dos dados foi realizada durante o mês de maio de 2014 a partir da associação entre termos, em português: Violência contra a mulher e violência baseada em gênero, os termos foram cruzados como descritores de assunto seguindo a lógica booleana da seguinte forma: (Violência contra a mulher) OR (Violência baseada em gênero).

Como critérios de inclusão foram adotados: tipo de documento artigo, país do estudo Brasil, ano de publicação de 2011 a 2013, sem restrição de idioma. Desta forma foram encontrados 37 artigos que tiveram seus títulos e objetivos analisados através de leitura criteriosa, com isso foram excluídos dois dos trabalhos por fugirem da temática da violência contra a mulher, totalizando uma amostra final de 35 artigos.

A consolidação dos dados se deu a partir da leitura crítica dos conteúdos bem como a posterior analise através de instrumento elaborado para este fim contemplando as seguintes informações: Título, autoria, grande área, área, objetivo geral.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 35 artigos que compuseram a amostra final, a maioria pertence à grande área ciências da saúde (24 artigos), seguido da grande área ciências humanas (9 artigos) e das ciências socialmente aplicáveis (2 artigos) sendo a área da enfermagem que mais produziu artigos na temática de violência contra a mulher (15 artigos) logo após a psicologia (07), a saúde coletiva (05 artigos), a medicina (04 artigos), sociologia (2 artigos) e por último o direito e o serviço social com 1 artigo publicado cada. Nenhum dos artigos possui características interdisciplinares. Dados da SciELO ilustram a evolução das publicações científicas no geral ao longo dos anos e demonstram que a área da saúde sempre se destacou em termos de quantidade de publicações científicas. O recorte disciplinar deu origem a territórios de poder que geram dificuldades para romper as barreiras e promover a colaboração, porém é um desafio intelectual fazer colaborar disciplinas que não vão enxergar os mesmos níveis da realidade, principalmente as que trabalham com questões concretas, palpáveis e práticas com aquelas que trabalham com conceitos mais abstratos e conceituais.[7]

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A área interdisciplinar, segundo a CAPES, é um das áreas de conhecimento que mais cresce no Brasil. Talvez isto seja fruto da necessidade de estabelecer diálogos com a sociedade bem como de enfrentar os problemas cada vez mais complexos do dia a dia.[8] A violência é exercida, sobretudo, enquanto processo social, portanto, não é objeto específico da área da saúde, porem está intrinsecamente ligada a ela uma vez que além de atender às vítimas da violência social, a área tem a função de elaborar estratégias de prevenção, de modo a promover a saúde. A reflexão sobre a interdisciplinaridade e multiprofissionalidade no campo da práxis violência não pode ser vista como uma imposição, e sim como exigência intrínseca e essencial. O principio da cooperação é central e deve prevalecer à soberania das disciplinas. Num âmbito mais restrito, é fundamental o diálogo entre a saúde pública e os serviços médicos, clínicos e de emergência. No que diz respeito às relações da saúde com outros setores, as ações coletivas demandam entendimento com a educação, os serviços sociais, a justiça, a segurança pública, o ministério público, o poder legislativo e, sempre, com os movimentos sociais.[9] Neste contexto, a interdisciplinaridade parece surgir da necessidade e da contingência do próprio estatuto do conhecimento. A colaboração interdisciplinar se faz necessária em face da “rigidez”, da artificialidade e da falsa autonomia das disciplinas, as quais não permitem acompanhar as mudanças no processo pedagógico e a produção de conhecimentos novos. [10] O trabalho interdisciplinar no campo da violência caracteriza-se como um esforço da busca da visão global da realidade, com superação das impressões estáticas e do hábito de pensar fragmentado e simplificador da realidade. [11] Para o enfrentamento à violência contra a mulher fazem-se necessárias ações interdisciplinares que propiciem o trabalho colaborativo e, dessa forma, a promoção de uma assistência menos passiva. Nessa perspectiva, o enfrentamento da violência exige a articulação efetiva entre diferentes setores: saúde, segurança pública, justiça e trabalho, assim como requer o envolvimento da sociedade civil organizada em redes integradas de atendimento.[5]

CONCLUSÕES

A violência contra a mulher configura-se como um fenômeno social e complexo que repercute em todas as áreas da vida das pessoas seja de forma direta ou indireta. Para que haja eficaz e profundo entendimento visando o enfrentamento da problemática faz-se necessário não apenas o desenvolvimento de complexos estudos disciplinares, mas a integração de saberes de diversas áreas para possibilitar uma abordagem completa do fenômeno. Estudos interdisciplinares necessitam de maior incentivo e reconhecimento, uma vez que diante da complexidade da conjuntura social atual, apenas rompendo as barreiras disciplinares será possível um olhar mais denso e factual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL. Atenção integral para mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual. Ministério da Saúde. Brasília; 2006.

[2] MOTA, J.C, VASCONCELOS, A.G.G; ASSIS, S.G. Análise de correspondência como estratégia para descrição do perfil da mulher vítima do parceiro atendida em serviços

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especializados. Ciênc saúde coletiva [Internet], v. 12, n. 3, June 2007. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n3/30.pdf>. Acesso em: 30 Mai 2014.

[3] DAY, V.P; TELLES, L.E.B; ZORATTO, P.H; AZAMBUJA, M.R.F; MACHADO, D.A; SILVEIRA, M.B et al. Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Rev psiquiatr. Rio Gd Sul [Internet]. v. 25, n. 1, June 2007. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/rprs/v25s1/a03v25 s1.pdf>. Acesso em: 30 Mai 2014

[4] HEISE, L; PITANGUY, J; GERMAIN, A. Violence against women: the hidden health burden. Washington: World Bank; 1994

[5] GOMES, N.P. Enfrentamento da violência doméstica contra a mulher a partir da interdisciplinaridade e intersetorialidade. Rev enferm UERJ [Internet]. v. 17, n. 1, 2009. Disponível em:<http://www.facenf.uerj.br/v17n1/v17n1a03. pdf>. Acesso em: 30 Mai 2014

[6] BARRA, C.M. Interdisciplinaridade: desafios para pesquisa e publicação. Fisioter mov [Internet]. v. 26, n. 4, 2013. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/fm/v26n4/a01v26n 4.pdf>. Acesso em: 30 Mai 2014

[7] RAYNAUT, C. Entrevista à Assessoria de Comunicação da Capes. Portal Capes [Internet]. 2010. Disponível em:<http:// www.capes.gov.br> . Acesso em: 30 Mai 2014

[8] CESCO, S. Interdisciplinaridade e temas socioambientais. Estud av [Internet]. v. 25, n. 72, 2014. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/ea/v25n72/a26v25 n72.pdf>. Acesso em: 30 Mai 2014

[9] MINAYO, M.C.S, SOUZA, E.R. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. Hist ciênc saúde-Manguinhos [Internet]. v. 4, n. 3, Nov 1997. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v4n3/v4n3a0 6.pdf>. Acesso em: 30 Mai 2014

[10] AZAMBUJA, M.R.F. A interdisciplinaridade na violência sexual. Serv soc soc [Internet]. v. 115, n. 487, 2013. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n115/05.pdf 15>. Acesso em: 30 Mai 2014

[11] SILVA, T.P; LEITE J.L; TEIXEIRA, E;R; MOREIRA, M.C; ALCÂNTARA, L.M; SILVA Í.R. A interdisciplinaridade e suas contribuições para o cuidado de enfermagem: revisão integrativa. J Nurs UFPE on line [Internet]. v.7, n.7, 2013. Disponível em:< http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/view/3276/pdf_2992. Acesso em: 30 Mai 2014

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Comportamento Informacional de Pesquisadores da Área Interdisciplinar

Renato Marques Alves1, Ricardo Argenton Ramos1

INTRODUÇÃO

O estudo do comportamento informacional de usuários busca compreender o processo de busca e o uso da informação entre pesquisadores acadêmicos com a finalidade de desenvolver programas de treinamento para o ensino de competências informacionais para lidar com o universo amplo de fontes existentes que apoiam o processo de ensino-aprendizagem e da pesquisa no ambiente universitário. A maioria dos modelos de busca da informação foi desenvolvido nos últimos 30 anos, e para [1,2] os modelos focam em criar estratégias (modelos) para o aprimoramento de habilidades e competências informacionais de usuários, de modo que eles possam recuperar fontes informacionais arquivados em diferentes sistemas de informação, de modo autônomo, para estar aptos a aprender continuamente para sobreviver numa sociedade autodenominada de sociedade do conhecimento. Esse é o contexto em geral utilizado para fundamentação de estudos sobre busca e uso da informação em domínio disciplinar bem definido para compreender como é o comportamento informacional de engenheiros, enfermeiros, médicos, físicos etc. Entretanto, poucas são as investigações sobre as estratégias de busca da informação de estudantes e pesquisadores no contexto interdisciplinar [1,3]. Assim alguns questionamentos, tais como: Qual modelo é mais adequado para representar o comportamento informacional do pesquisador interdisciplinar? Quais métodos são utilizados pelos pesquisadores da área interdisciplinar para se atualizarem e acessar a informação? [1,3]. Ambos forneceram pistas sobre os hábitos informacionais de pesquisadores da área interdisciplinar, mas ainda não permitem a elaboração um modelo universal, o que demanda mais investigações em profundidade para um desenho de uma representação mais abrangente em relação aos aspectos do comportamento de busca dos acadêmicos no campo de pesquisa interdisciplinar. Visando ampliar o lastro referencial sobre a busca da informação no campo interdisciplinar, a pergunta de pesquisa endereçada aqui visa conhecer “quais as estratégias dos pesquisadores da área interdisciplinar para acessar as fontes de informação que pertence a outro(s) domínio(s) de conhecimento”? Para tanto o objetivo principal deste estudo é fazer o levantamento dos aspectos relacionados ao comportamento de busca da informação no campo interdisciplinar documentados na literatura acadêmica? Tal empreendimento justifica-se, porque a obtenção de informações sobre as estratégias do pesquisador para se atualizar com a literatura de outras áreas de diferentes da sua formação disciplinar auxiliará os profissionais de bibliotecas universitárias a formatar programas de _______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco;* [email protected]

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treinamentos para estudantes acadêmicos que atuam em programas/áreas de pesquisar interdisciplinar na Universidade Federal do Vale do São Francisco.

MATERIAIS E MÉTODOS

A opção metodológica para condução da presente pesquisa foi à revisão da literatura porque permite conhecer em profundidade um tópico a partir de estudos anteriores, no caso em particular, o comportamento de busca dos acadêmicos da área interdisciplinar para descrever seus os hábitos de acesso à informação. A revisão da literatura é um tipo de estudo que fornece um retrato completo do tópico investigado. A revisão da literatura possibilita ao pesquisador identificar áreas potenciais para pesquisa a partir da avaliação de achados anteriores, mapear trabalhos similares para fazer comparações, identificar fragmentação/lacuna de conhecimento que demande estudos mais aprofundados e levantar informações sobre métodos úteis ao seu projeto [4]. No entanto, uma boa revisão da literatura requer habilidades para conduzir levantamentos bibliográficos exaustivos, organizar os dados coletados, e por extensão, descrever, criticar e relacionar todas as publicações sobre o tema, apresentando a revisão logicamente organizada mencionando corretamente todas as fontes citadas. O método utilizado [4] será a base para execução desta revisão da literatura. À priori foi planejado duas estratégias de ação para condução da revisão: 1ª) fazer o desenho da pesquisa para execução da revisão da literatura; e o 2º analisar e descrever as evidências coletadas para a descoberta dos hábitos informacionais da área interdisciplinar. Na primeira etapa da pesquisa foi selecionada a base de dados para a extração das evidências. Optou-se pela base internacional Library Information Science Abstracts (Lisa1) indexada no portal de periódicos Capes e cobre áreas de pesquisa como estudo de uso da informação e de usuários. É uma base que indexa mais de 400 títulos de periódicos de mais de 68 países e em mais 20 idiomas diferentes. Os termos de busca que serão utilizados no levantamento de informações na base Lisa serão formados de termos simples e compostos, combinados com os operadores booleanos para aumentar a precisão dos resultados. Os termos da pesquisa para o levantamento: “information seeking”, information seeking behavior”; “interdisciplinary”. Quanto ao critério para a seleção dos estudos levará em conta a perspectiva do comportamento de busca da informação científica no contexto da interdisciplinaridade. Modelos e estudos fora deste escopo serão descartados.

Figura 1 – Interface da base Lisa

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Já segunda ação do plano é a pesquisa propriamente dita na base Lisa para coletar a documentação e descobrir os aspectos ligados ao comportamento informacional do pesquisador da área interdisciplinar para que a biblioteca possa planejar programa de treinamentos direcionado a este perfil acadêmico. É importante ressaltar que, muitos estudantes têm as primeiras experiências com pesquisa somente a partir da graduação ou na pós-graduação. Esses dados podem ser confirmados em (2,5) que afirmam que a ciência brasileira é produzida principalmente nas Universidades através dos programas de iniciação cientifica e pós-graduação. Por fim, esta seção descreveu o desenho metodológico do estudo e no próximo tópico encontram-se os achados preliminares obtidos da literatura especializada sobre o conceito de interdisplinaridade de um campo científico, o problema da dispersão da literatura e o tipo de ferramenta preferencialmente usada nas busca de informação científica pelos pesquisadores da área interdisciplinar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Do levantamento da literatura foi possível a obtenção de informações relevantes sobre a origem da pesquisa, ou seja, as primeiras incursões realizadas por especialistas para compreender o comportamento informacional de pesquisadores que atuam no campo da interdisciplinaridade. Segundo relata [1] na década de 60 e 70 do século passado, os estudiosos perceberam o problema de alta dispersão da literatura em determinadas áreas de conhecimento em oposição a outros campos científicos que tinha sua literatura bem concentrada. A dispersão da literatura pode ser entendida como a distribuída da informação de uma área entre os canais de comunicação em que ela pode ser localizada. Daí o reconhecimento de estratégias diferenciadas para buscar e recuperar a literatura que não está concentrada numa área específica. Nesse contexto emerge o conceito de interdisciplinaridade de um campo. Que se refere à dependência que cientistas (de área interdisciplinar) têm em acessar a literatura de outras disciplinas. Em outras palavras, a extensão que pesquisadores de um campo usam a literatura de outras disciplinas é considerada como uma medida de interdisciplinaridade de um campo de investigação [3]. Com base nesses argumentos, os pesquisadores da área interdisciplinar apresentam um padrão de comportamento informacional diferenciado em relação ao pesquisador da área disciplinar. Este é um pressuposto de uma confirmação empírica. Outro dado obtido foi da base de dados Lisa e resumido na Tabela 1, apresenta a quantidade de trabalhos recuperados. Os dados parciais confirmam a existência do número limitado de pesquisa abordando esta temática [1]. Por outro lado, os documentos recuperados serão a fonte de dados para a realização da revisão aqui proposta.

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Termos de busca Documentos recuperados

(information seeking) AND interdisciplinary 69 (information seeking behavior) AND

interdisciplinary 48

Total 117 Tabela 1 – Número de documentos recuperados por termos de busca

CONCLUSÕES

A conclusão parcial que podemos inferir com base no estudo da literatura analisada é que no contexto interdisciplinar, o pesquisador tem como característica o uso da literatura de outro(s) domínio(s) o que implica a utilização de métodos diversos para acompanhar as evidências científicas registradas fora de seu campo disciplinar, a exemplo do uso bases de dados multidisplinar porque indexam paper e outros materiais de várias áreas de conhecimento e a disponibilizam de forma centralizada. Além disso, os pesquisadores da área interdisciplinar necessitam dominar os termos e jargões para acompanhar as atualizações que ocorrem em outra área de conhecimento que na maioria das vezes não lhe é familiar. Então, são muitos aspectos do comportamento informacional do cientista da área interdisciplinar que precisam ser melhor compreendidos para que as unidades de informação apresentem portfolio de serviços e produtos de acordo suas necessidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] FOSTER, A. A nonlinear modelo of information-seeking behavior. Journal of the American Society for Information Science and Technology, v.55, n.3, p.228-237.2004.

[2] GASQUE, K.C.G.D. Pesquisas na pós-graduação: uso do pensamento reflexivo no letramento informacional. Ci. Inf., Brasília, v.40, n.1, p.22-37, jan./abr. 2011. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/ci/v40n1/a02v40n1>. Acesso em 06 abr 2014.

[3] JAMALI, H.R.; NICHOLAS, D. Interdisciplinarity and the information-seeking behavior of scientist. Information Processing and Management, 46, p.233-243, 2010.

[4] KADLI, J.H; KUMBAR, B.D. Library resources, services and information seeking behaviour inf changing ICT environment: a literature review. Library Philosophy, and Practice (e-journal). 2013.

[5] OLIVEIRA, E. S. O comportamento informacional de pós-graduandos de engenharia: estudo sobre a influência da personalidade. 192 f. 2013. Dissertação (mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, Marília.

[6] NU, Xi; HEMMINGER, Bradley M. National study of information seeking behavior of acadêmic researchers in the United States. Jornal of the American society for science and technology, v. 61, n.5, p. 869-890. 2010.

[7] ATHUKORALA, K. et al. Information-seeking behaviors of computer scientists: challenges for electronic literature search tools. ASIST, Montreal, p.1-6, nov. 2013.

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Formação de Professores no Sertão Pernambucano –

O Projeto Logos II

Isaely Maria de Assis Albuquerque1*, Marcelo Dias da Silva1, Iracema Campos Cusati1

INTRODUÇÃO

Na década de 1970 foi implantado no Brasil o Projeto Logos II, uma proposta de educação a distância do Governo Federal orientada pelo Ministério da Educação e da Cultura (MEC) com intuito de formar os professores leigos em regime emergencial, com habilitação em segundo grau para exercício do magistério. Foi desenvolvido em estados estratégicos, onde havia a maior quantidade de professores leigos atuando. Os professores que se matriculavam no Logos II tinham níveis de escolaridade variados, sendo exigida como escolaridade mínima para participar do projeto, a 4ª série do 1º grau e idade mínima de 19 anos, sendo necessário ter 21 anos completos para a conclusão do curso. Desenvolvido mediante o uso de módulos instrucionais e com avaliação no processo, o Logos II tinha um plano de atividades diversificado e flexível, no qual o aluno estabelecia seu próprio ritmo de aprendizagem sendo que os encontros com o orientador de ensino eram mensais, quando aconteciam também as aplicações de testes. O projeto Logos II foi instituído devido à falta de formação de professores. Em 1972, diagnosticou-se que cerca de 150 a 200 mil professores leigos, segundo o Departamento de Ensino Supletivo do Ministério da Educação e Cultura (DSU/MEC), estavam em exercício do magistério para as quatro séries do 1º. Grau no território nacional. Outro dado importante é que o nível de escolaridade desses professores estava entre a 4ª. e a 8ª. série do 1º grau. Diante disso, uma ação supletiva do DSU/MEC, tentou resolver o problema testando o Projeto Logos I com uma metodologia de ensino-aprendizagem na modalidade a distância para qualificar tais professores num período de 12 meses em nível de 1º grau. A metodologia utilizada nesse Projeto objetivou a aquisição de conhecimentos e a formação de habilidades nas várias áreas de ensino, oferecendo subsídios para a ampliação do conhecimento dos professores. No aspecto didático, os projetos Logos I e II previam ao cursista a possibilidade de estabelecer seu próprio ritmo, bem como experiências para o estudo pessoal, sendo que os encontros com orientadores de aprendizagem aconteciam uma vez por mês ou quando havia necessidade, por parte do cursista, de tirar dúvidas além da aplicação de testes, discussões para o crescimento pessoal/social. Diante desse panorama educacional e social, urge pensar a formação inicial docente a partir da implantação de programas e comunidades de aprendizagem bem como considerar essa formação calcada em um modelo comunitário de escola (participações em processos de ensino e aprendizagem e gestão escolar) a partir do qual se pretende entender a cultura escolar vigente, possibilitando compreensão das representações de escola que favoreçam a formação pedagógica e a _______________________________________________________________________________ 1 Universidade de Pernambuco - UPE;* [email protected]

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melhoria da aprendizagem profissional dos estudantes de Licenciatura, futuros professores, nessa investigação, de Matemática. Apesar de sua importância para a educação no Brasil, justifica-se a relevância do desenvolvimento dessa investigação por haver pouquíssimas pesquisas sobre a implantação e as ações do Logos II na formação de professores que ensinavam e ensinam matemática no país. Além disso, a formação dos alunos da graduação que estão se licenciando em Matemática carece de um resgate histórico dos estudos sobre a circulação de orientações para o exercício docente na escola primária brasileira. Em todo o material Logos II, o ideário do Movimento da Matemática Moderna (MMM) apresentou-se como possibilidade de aprendizagem da Matemática presente no referencial utilizado nesse projeto como fundamentação pedagógica. Em relação aos conteúdos característicos desse ideário – a Teoria dos Conjuntos – apresentava sugestões para abordar os conceitos de classificação ou discriminação, ordenação, seriação, correspondência, conservação de quantidades, numerais e frações. Os módulos de Didática da Matemática do Projeto Logos II enfatizavam a necessidade de o professor considerar os conhecimentos detidos pelos alunos. Sendo assim, a forma pela qual o professor poderia identificar a apropriação desses conhecimentos seria pela capacidade de a criança resolver as tarefas propostas [1]. O material ainda apresentava sugestões para elaboração de testes diagnósticos.

Na teoria de John Dewey o interesse do aluno é um componente fundamental para que ocorra a aprendizagem e a experiência pode ser vista como um processo investigativo com problemas reais, ou seja, com situações concretas. No Logos II era incentivado que os professores trabalhassem com “situações de vivência das crianças” como nos sistemas de medidas e sistemas monetário [1]. Os Módulos incentivam o uso de material concreto para estimular a observação do aluno perante essas situações concretas, como por exemplo, “O estudo de conjuntos deve partir de situações concretas, reais e ao nível das experiências das crianças. Utilize material variado como: bolinhas, carrinhos [...]” [1]. Outra consideração destacada também no Logos II refere-se a Piaget ao ressaltar que a criança recorre a objetos e acontecimentos concretos, presentes no momento. Esse destaque foi dado para ao enfatizar que depois de manipular o material concreto é que os alunos estarão capacitados para trabalhar mais abstratamente, usando somente lápis e papel. [1].

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente projeto de pesquisa situa-se na área da História da Educação Matemática, com ênfase na formação de professores e segue na historiografia as correntes denominadas "História Cultural" e "Cultura Escolar". Há que ser reconhecida que a produção histórica carrega uma tradição de ser produzida nacionalmente, embora os estudos históricos possam transitar entre países, entre culturas, permitindo que determinados problemas sejam compreendidos regionalmente para além do que poderiam ser os seus determinantes regionais. Neste ponto, cabe a seguinte interrogação como questão central de pesquisa: Como foram organizados os saberes matemáticos presentes no Projeto Logos II? Ou seja, que trajetórias de constituição tiveram os saberes matemáticos para a formação dos professores leigos no âmbito do projeto Logos II?

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A organização dos saberes elementares matemáticos presentes na educação básica revela-se em várias instâncias: nas diretrizes curriculares oficiais; nos impressos pedagógicos para professores, como as revistas com orientações didáticas para o ensino; nos relatórios de estágio docente; nos manuais e livros didáticos; nos documentos de elaboração de aulas dos professores; nos materiais dos alunos (cadernos, fichas etc.) dentre muitos outros documentos ligados ao funcionamento do cotidiano escolar de outros tempos. Desse modo, o estudo histórico deve considerar essa multiplicidade de fontes para a pesquisa, que serão inventariadas pelos participantes da pesquisa. Como fontes históricas foram considerados os manuais existentes do Projeto Logos II. Como método analítico foi utilizada a análise de conteúdos que de acordo com Bardin [2], está dividida em três diferentes fases: Pré-análise; Exploração do material e Tratamento dos resultados: considerando a Inferência e a Interpretação. Analisar diretrizes curriculares e tantos outros materiais constituídos como fontes de pesquisa têm por fim subsidiar as reflexões sobre a constituição dos saberes elementares matemáticos. Na pesquisa de doutorado de Costa [3], que fez uma análise dos módulos das disciplinas de Matemática e Didática da matemática do Projeto Logos II, chegou-se à conclusão de que estes módulos receberam influências do Movimento da Matemática Moderna (MMM). O vestígio marcante do ideário da modernização do ensino da Matemática, a Teoria de Conjuntos, foi o início da fundamentação pedagógica do material investigado. Além das ideias do MMM, outras correntes de pensamentos também influenciaram na elaboração dos módulos do Projeto Logos II. As duas principais correntes filosóficas que explicam o problema do conhecimento, o Empirismo e o Racionalismo estão presentes nos módulos. Um dos traços da corrente Empirista identificado em um dos módulos da didática da Matemática é quando o professor se vale de perguntas com o objetivo de conduzir o raciocínio da criança como se a nova forma de pensar fizesse compreender aquilo que estava sendo ensinado. “Para levar as crianças a redescobrir o professor deve se preocupar em não dar respostas prontas. Deve proporcionar oportunidades às crianças para a reflexão e, através de perguntas, conduzi-las passo a passo, a redescoberta dos conceitos” [1]. Um dos pressupostos do Racionalismo se reflete nos métodos que se fundamentam na ideia de que para ensinar basta que o professor enuncie um fato ou um princípio e que para ter aprendido é suficiente que o aluno seja capaz de repeti-lo, sem levar em consideração os pensamentos espontâneos da criança ao que está sendo ensinado.

Nas bibliografias dos módulos constam obras como “Matemática Moderna” de Déborah Pádua Neves (1975) e “Matemática na escola primária moderna” de Norma Cunha Osório e Rizza de Araújo Porto (1968), indicando que as ideias do MMM foram utilizadas na elaboração dos módulos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O desenvolvimento desta pesquisa e sua divulgação ofereceram conceitos e resultados necessários para a compreensão do tema abordado além de possibilitar aos alunos a vivência e o estudo intensivo do material documental, da escrita da história, da produção histórica,

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compreendendo o que modifica ou não nos métodos, nos objetos de pesquisa e em suas questões de trabalho. As questões legítimas para os historiadores são aquelas que fazem avançar a sua disciplina. Em relação a teoria dos conjuntos, no módulo 01 de Didática da Matemática, consta que “o estudo de Teoria dos conjuntos é fundamental à compreensão do conceito de número”, sendo, “um auxiliar vigoroso no estudo de nosso sistema de numeração decimal, na compreensão das operações e suas propriedades” [1], o que Kline [4] afirma ao dizer que no MMM a teoria dos conjuntos era o tópico mais enfatizado e que era tratado como um conceito básico da matemática, unificando vários ramos desta ciência. De uma forma geral a teoria dos conjuntos é utilizada em quase todos os módulos de didática da matemática do Logos II, para orientar o professor a ensinar conteúdos, tais como operações fundamentais, frações e geometria. Nos módulos finais voltados para a metade da terceira e da quarta série, percebe-se um incentivo para conduzir os alunos à abstração como “Ao propor atividades sobre fração, você deve se preocupar em ajudar a criança a se desprender das características físicas do material usado, cuidando de evitar que os alunos associem o conceito de fração a casos muito particulares” [1]. Devido a essa tendência a abstração as aulas dos professores são instruídas a serem mais expositivas e explicativas, com a aplicação de muitos exercícios. A contribuição, mediante o desenvolvimento desse projeto, foi o incentivo a iniciação científica entre os alunos do curso de Licenciatura em Matemática e ampliação da produção científica dos professores do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação no Sertão do São Francisco – GEPHESF - da Universidade de Pernambuco - UPE.

CONCLUSÕES

Expandir conhecimentos acerca dos temas pesquisados e participar do monitoramento de políticas públicas de formação de professores foi um aspecto considerado. Nesta pesquisa buscou-se, também, verificar quais correntes de pensamentos que influenciaram a elaboração dos módulos das disciplinas de Matemática e de Didática da Matemática do referido Projeto. A preocupação com o ensino da matemática é histórica. A investigação histórica da Educação Matemática, consolidada como área de investigação presente em importantes documentos, constitui num ferramental para a compreensão das mais diversas áreas da matemática. É nesse sentido que o presente projeto espera contribuir, ou seja, espera-se que os estudantes envolvidos, direta e indiretamente, nessa pesquisa possam compreender o “fazer matemática”, os resultados desse “fazer” e os rumos que tais resultados impuseram aos saberes matemáticos nos últimos séculos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL. Projeto Logos II: Didática da Matemática. V.1 e V.6. SEPS/MEC. Brasília: CETEB, 1981.

[2] BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009.

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[3] COSTA, R.R. A capacitação e aperfeiçoamento dos professores que ensinavam matemática no Estado do Paraná ao tempo do Movimento de Matemática Moderna – (1961 a 1982). Curitiba, Tese (Doutorado em Educação) – Pontifica Universidade católica do Paraná (PUC), 2013.

[4] KLINE, M. O Fracasso da Matemática Moderna. São Paulo: IBRASA, 1976.

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Experiência de Estudantes Cristãos no Contexto da Graduação em Psicologia

Cássia Regina Souza de Queiroz 1*, Marcelo Silva de Souza Ribeiro

INTRODUÇÃO

Rodrigues e Motta [1] apontam que, nos últimos 50 anos, a construção de ligações entre ciência e religião. Para demonstrar o fato, os autores citam Ian G. Barbour, físico e teólogo, professor da Universidade de Carleton, em Minnesota (EUA). Em sua obra Religion in an Age of Science (Religião numa Era de Ciência), de 1990, este último apresenta a tipologia quádrupla de relações entre ciência e religião [1] sendo assim definidos: Conflito, que configura o campo da ciência e da religião em posições opostas, extremas e radicais; Independência, quando se trata de considerar a ciência e a religião domínios separados de conhecimento, reconhecendo que não há medida comum entre eles quanto a seus métodos e linguagens; Diálogo, que leva ao estabelecimento de ligações indiretas entre as áreas ao abarcar explicações de ambas, no entanto, limitando campos de estudo específicos para cada uma; e Integração, onde religião e ciência estão diretamente ligadas, cooperando mutuamente, a fim de aprimorar os conhecimentos humanos acerca de determinado fenômeno [1; 2]. Durante o estudo concomitante da Psicologia e da teologia, é provável que sejam encontradas não só semelhanças, porém, além disso, ideias em desacordo. Para Bondía [3], nem tudo que está sendo exposto durante a aula chama a atenção do sujeito, ou ainda, nem todo discurso ele pretende tomar como seu, nem tudo resultará em experiência. O autor considera que experiência seria justamente o que deixa alguém como uma superfície sensível ao que acontece, sendo essa pessoa afetada, marcada pelo que ocorre ao seu redor. A presente pesquisa visou compreender a experiência, no caso do estudante cristão em contato com a Psicologia.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi, por seu objetivo, exploratório-descritiva e os seus dados, de natureza narrativa, tratando-se assim de um método qualitativo-fenomenológico, de orientação Husserliana. De acordo com Holanda [4], este método, na perspectiva de Husserl, busca ter acesso a essência do fenômeno estudado a partir de três elementos fundamentais: A redução fenomenológica, a intersubjetividade e o retorno ao vivido. Os elementos equivalem, respectivamente, ao acesso a verdade do sujeito; à relação estabelecida entre o sujeito-pesquisador e o sujeito-pesquisado; ao momento no qual o sujeito-pesquisado retoma sua história. Foram entrevistadas quatro graduandas do curso de Psicologia da Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), pertencentes a um grupo instituído de universitários cristãos. O critério de exclusão foi para os estudantes que estavam no primeiro período do curso. _______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; [email protected]

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As entrevistas foram realizadas numa sala que possuía espaço e acústica adequados, garantindo a privacidade de cada participante. Como instrumento, foram utilizadas entrevistas semidirigidas que continham duas perguntas disparadoras: O que significa religião pra você? Como você lida com as questões que envolvem o tema religião dentro da formação? O presente trabalho foi submetido ao Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisa (CEDEP) da Univasf, junto com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e aprovado com número de registro CAAE 42388715.4.0000.5196. Na data combinada, as participantes foram instruídas acerca da pesquisa e assinaram o TCLE, em cumprimento da resolução n° 466 do ano de 2012. Logo após, foi realizada a entrevista, e solicitado que cada estudante respondesse às perguntas disparadoras, tendo sido convidada a falar livremente. As entrevistas tiveram duração aproximada de 20 minutos, cada uma, sendo gravadas em áudio formato mp3, posteriormente transcritas na íntegra e digitalizadas em formato Word, seguidas de uma leitura atenciosa. Logo após, ocorreu a elaboração de uma síntese do conteúdo considerando a repetição e a frequência dos temas que foram ao encontro do objetivo da pesquisa, assim como os sentidos e significados desses conteúdos. A síntese foi analisada conjuntamente pela sujeita entrevistada, para que esta concordasse ou não, e para que fossem apontadas considerações em diálogo com Barbour [1]. Foi tipificada a forma de enxergar a relação entre os estudos acadêmicos e a crença religiosa. A fim de resguardar o sigilo, os colaboradores receberam nomes fictícios, de acordo com as prerrogativas da resolução 466/12 e dos comitês de éticas em pesquisas com seres humanos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas entrevistas as estudantes cristãs, todas do sexo feminino, com tempo de estudo entre um ano e meio e três anos e meio, sendo-lhes conferidos nomes fictícios. Os nomes escolhidos foram de personagens do escritor Clive Staples Lewis (1898-1963) em sua trilogia “As Crônicas de Nárnia”, a saber: Helena, Lucia, Susana e Liliandil. Essas personagens foram rainhas de Nárnia, um país criado pelo autor que pode ser considerado uma analogia ao céu das narrativas bíblicas.

As interpretações das quatro narrativas foram feitas com base nos princípios da pesquisa qualitativa fenomenológica, dialogando com o referencial teórico de Barbour [1]. A partir da apreciação das narrativas, foram elencadas cinco temáticas: O primeiro contato com o curso; O estudante, a turma e o professor; O que é e o que não é cristianismo; Grupo cristão de apoio; Formas de relacionar ciência e religião ao longo do curso.

O primeiro contato com o curso

Ao analisar o discurso das alunas, foi perceptível o choque diante das novas ideias apresentadas no primeiro e no segundo período de graduação. Na fala de Liliandil, percebe-se que os primeiros períodos do curso foram marcados por crises. Trata-se, assim, de uma forma conflituosa, nos termos de Barbour [1], de relacionar sua experiência na academia e sua crença. Helena também descreve situações de conflito, e de forma geral, reagia dessa maneira diante das

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diferenças de ideias que giravam em torno da temática religiosa dentro de sala de aula. Lucia traz à tona um fato em que o discurso acadêmico prepondera sobre o discurso religioso: “Então, aí você caracteriza o professor como um saber e a pessoa que você tá ali pra aprender, lhe dizendo isso (que Deus não existe), é agressivo porque você vai deixar uma coisa que você cresceu ouvindo, cresceu acreditando.” Susana também exemplifica uma situação de conflito advinda do choque entre os discursos.

A princípio, a Psicologia que, enquanto ciência, está configurada de acordo com o que Morin [5] chama de jogo científico, se anuncia em conflito com a fé das estudantes. O jogo seria, segundo o autor, superior à rede ideológica da religião, pois o mérito da ciência existe uma vez que ela mesma estabelece suas próprias regras no jogo da verdade e do erro. As crises, o choque, a agressividade e a “armação” nomeadas pelas entrevistadas parecem ter sido desencadeadas no momento do contato com a percepção dessas regras científicas.

O estudante, a turma e o professor As quatro tipologias de Barbour [1] foram indicadas nesta segunda temática a partir das relações estabelecidas entre o estudante, sua turma e o professor durante um debate em sala. Susana fala que se sentia mal durante aulas em assuntos envolvendo religião surgiam e, ciência e religião foram expostas de maneira independente. Helena afirma que quebrou junto com a turma alguns estereótipos. As turmas das estudantes citadas expressam um tipo de independência nas formas de relacionar a Psicologia com a religião. Pois, os debates são estagnados no exato momento em que se estabelece a incompatibilidade de opiniões. Essa característica também se repete no discurso de Lucia. Evita-se a produção de novas conclusões em comum acordo sobre determinados temas, como exemplifica a fala de Liliandil: “A aula era pouco tempo pra discussão, todos têm uma ideia, uma forma de pensar, e eu tento respeitar minimamente isso.”

Cabe considerar que seria importante para a formação acadêmica expor o que se pensa, levando em conta o aspecto da experiência do aluno. A “exposição”, nos termos de Bondía [3], com todos os riscos de se perder o controle da situação ou de ser preciso lidar com o inesperado, o capacita a não apenas impor, propor, opor ou pôr, mas a “ex-por”, se deixar ser afetado e tocado por uma experiência. Esta última, para o autor, é o que permite ao sujeito o apropriar-se de sua existência, a qual ganha um sentido à medida que se vive, em meio a construções e desconstruções de si mesmo. Nesse sentido, quando não foi possível a exposição dos pensamentos das estudantes, a experiência foi tolhida.

O que é e o que não é cristianismo Para Susana, a fé em Deus é diferente dos rituais religiosos. A estudante sugere que sua fé e sua ciência não podem andar separadas, o que significa uma forma de integrar os dois campos. É aparente essa sugestão também na fala de Lucia, que disse que seus estudos, na verdade, ajudaram-na a seguir o cristianismo, sendo este diferente da religiosidade anteriormente vivenciada. Liliandil e Helena não expressam a necessidade de integração, o termo “respeitar a opinião dos outros” surge nas suas falas, indicando uma independência entre a posição acadêmica ouvida por elas em sala e suas crenças. Entretanto, o espaço para confrontos se manifesta assim que os outros rompem essa

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linha que assegurava independência entre as duas formas de pensar, como fica exemplificado na fala de Helena: “(...) a gente tenta não entrar muito em questões, mas se entrar, talvez tenha posicionamento e tudo mais.”

Pode-se considerar que o conceito trazido pelas entrevistadas quanto ao termo religião, pelo menos no sentido mais individual e privado, não institucional e coletivo, se assemelha à definição de Vitor Frankl [6], que é um caminho por meio do qual o homem procura respostas para suas questões existenciais [6]. A partir desse caminho religioso parece viável a integração com a ciência, como fizeram Lucia e Susana. Contudo, a religião cristã, ainda que seja considerada somente por um viés pessoal, também pode se constituir antagonicamente frente às ciências psicológicas.

Grupo cristão de apoio Tornou-se evidente que um grupo instituído de cristãos universitários representou uma comunidade de apoio para as estudantes, e que ele promoveu em alguns momentos o suporte e espaço para uma vivência da religiosidade das estudantes dentro do contexto da graduação. “Deus falou muito comigo através das pessoas que tavam ali e eu pude compreender que eu não tava sozinha” (LILIANDIL). O que foi dito por Liliandil aponta certos conflitos, que na tipologia de Barbour [1] se caracterizam como uma forma de opor as redes científica e religiosa, mas parecem ter sido amenizados. Isso se repete em Lucia, que também sofreu influencia do grupo e pode amenizar os conflitos entre religião e ciência. Semelhantemente, é notória a influência do grupo na narrativa de Susana. Helena teve pouco envolvimento com o grupo, e expressou um desejo de maior aproximação.

O quadro que vem sendo exposto nos relatos mencionados até o momento não corrobora com a pesquisa de Cavalheiro e Falcke [7], onde é indicado que a religiosidade do estudante das ciências Psicológicas pode diminuir o contato com formas de conhecimento no âmbito religioso. O que ocorreu de fato não foi a redução deste contato, mas a criação de novas formas religiosas, novos modos de compreensão e vivência desse âmbito por parte das discentes.

Formas de relacionar ciência e religião ao longo do curso

Cada entrevistada desenvolveu um mecanismo que permitisse a integração das duas coisas para caminhar dentro dos dois campos do saber. Ao longo da graduação, Liliandil se dá conta de que sua crença e seus estudos podem ter contribuído juntos para o seu bem-estar. Outros discursos demonstram de igual forma a consciência de que é possível integrar os saberes: “(...) a gente tende a ver a vida religiosa com a vida universitária como coisas diferentes, (...). Dá pra complementar e uma acrescentar na outra tranquilamente, sem problema (HELENA); “(...), às vezes a dificuldade tá nas pessoas aceitarem que é possível conciliar as duas coisas. (...) Psicologia e religião formam um casamento muito interessante na forma de compreender o ser humano (SUSANA).

Os relatos aqui dispostos oferecem dados suficientes para se afirmar que é possível a integração, em termos Barbourianos, no que se refere à Psicologia e o cristianismo. O conceito de integração se aproxima da proposta de transdisciplinaridade de Nicolescu [8], que é associada à dinâmica da

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multiplicidade das dimensões da realidade, tendo enfoque na articulação de referências diversas que podem se complementar. A transdisciplinaridade não objetiva a acumulação de conhecimentos, mas a promoção de uma conversa entre eles [8]. Nisso se constitui a genuína educação.

CONCLUSÕES

Foi alcançada uma compreensão aprofundada das experiências de estudantes de Psicologia que professam uma fé cristã, e cada estudante apresentou mais de uma concepção da relação entre esses dois campos do saber. Os achados se constituem em informações relevantes para a comunidade acadêmica, tanto para docentes quanto para discentes, no sentido de colaborar com o aprimoramento da formação do Psicólogo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] RODRIGUES, W. G.; MOTTA, R. S. S. Relações entre ciência e religião na perspectiva dos professores da Faculdade Adventista de Fisioterapia (FAFIS). Revista Práxis Teológica, p. 105-129, 2011.

[2] PAIVA, G. J. Ciência, Religião, Psicologia: Conhecimento e Comportamento. Psicologia: Reflexão e Crítica, 15 (3), pp. 561-567, 2002.

[3] BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 20-x, 2002.

[4] HOLANDA, A. O resgate da fenomenologia de Husserl e a pesquisa em psicologia. Tese de doutorado não-publicada, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, 2002.

[5] MORIN, E. Ciência com consciência. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand. Brasil, 2005.

[6] GANDELMAN, Terezinha Carmen. A religiosidade e a espiritualidade dos alunos no curso de formação do Psicólogo. 2013. 116f: Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) - Pontífica Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013.

[7] CAVALHEIRO, C. M. F.; FALCKE, D. Espiritualidade na formação acadêmica em psicologia no Rio Grande do Sul. Espiritualidade e Psicologia. Estudos de Psicologia, v. 31, n. 1, p. 35-44, 2014.

[8] SANTOS, A. Complexidade e transdisciplinaridade em educação: cinco princípios para resgatar o elo perdido. Revista Brasileira de Educação, v. 13 n. 37, 2008.

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Semibreve Revisão Bibliográfica Sobre Interdisciplinaridade no Campo CTS

Simone Moraes Stange 1*, Julio Cesar Stiirmer 2, Carlos Roberto Massao Hayashi3

INTRODUÇÃO

O conhecimento é a ação e o efeito de conhecer, portanto, insere-se nas diversas faculdades sensoriais do homem no exercício de apreensão da realidade que o circunda. Todavia faz-se imprescindível à supremacia da atividade mental, bem como o descobrimento e o aperfeiçoamento de outras funções múltiplas interligadas à capacidade cognitiva, que se desenvolva, concomitantemente, saberes sobre as concepções da educação e da sociedade, promovendo-se articulação entre espaços e campos disciplinares, ou seja (observando-se uma simplificação visando sistematização da proposta abaixo formulada), uma interdisciplinaridade tanto teórica quanto metodologicamente almejada. O interesse principal desse trabalho é descrever, sucintamente, o percurso de revisão bibliográfica sobre o tema Interdisciplinaridade por autores do campo da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS). Para tanto, lançou-se mão da conjugação dos métodos de Revisão Bibliográfica[1] e do método de Análise de Conteúdo[2], identificando-se elementos que apontam para uma necessidade maior de discussão sobre o uso do conceito de Interdisciplinaridade no contexto de uma Ciência contemporânea que questiona os preceitos de uma Ciência moderna reducionista.

MATERIAIS E MÉTODOS

Essa pesquisa conjuga duas metodologias complementares em sua execução, uma orientada por uma pesquisa bibliográfica e outra de Análise de Conteúdo documental. Ambas se orientaram pela investigação do tema Interdisciplinaridade pela perspectiva de autores do campo CTS. Segundo Gil[1] uma pesquisa bibliográfica é: “[…] desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos". Em termos de procedimentos metodológicos, pode ser descrita pela contemplação das seguintes etapas: 1) Identificação e exploração de acervo pertinente ao tema investigado; 2) Leitura e seleção do material coletado; 3) Elaboração de fichamentos que sintetizem/apresentem aspectos relevantes do tema. A técnica de Análise de Conteúdo é utilizada segundo prescrições de Bauer[2], na seguinte ordem: 1) divisão do texto em unidades de análise (parágrafos); 2) identificação de ênfases em cada uma dessas unidades; e 3) atribuição de sentidos dessas ênfases. Cabe informar que a pesquisa se considera de caráter mais intensivo que extensivo, objetivando identificar algumas consonâncias discursivas de teóricos alinhados com os interesses do _______________________________________________________________________________ 1,Universidade Federal de São Carlos – UFSCar; 2,Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR; 3 Universidade Federal de São Carlos – UFSCar; *[email protected]

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campo CTS, ou seja, não tem por interesse ser uma abordagem definitiva do tema e, sim, exploratória. No que concerne aos materiais, como já estabelecido pela descrição do método, estes compuseram um corpus de 14 documentos distribuídos em duas tipologias/configuração: nove livros e cinco artigos. Os principais enfoques serão apresentados na próxima seção, uma vez que a mesma se orienta pela justaposição (discussão) das diversas abordagens do tema.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira acepção do conceito de interdisciplinaridade no corpus analisado foi identificada em Thiesen[3], quando este, parafraseando Georges Gusdorf2[4], observa a função de mestre como a daquele que ultrapassou a concepção de uma verdade como fórmula universal, e absoluta, para concebê-la pela ideia de procura, ou seja, uma incerteza constante e flagrante da ciência – imagem contrária aos postulados cartesianos da Ciência moderna. Pelo interesse nos trâmites processuais do ato de ensinar e aprender, no universo da Ciência contemporânea, Demo[5] propõe a pesquisa como um projeto pedagógico/científico, guiado por um engajamento presente desde sua gênese até seu desenvolvimento, estruturação e articulação dos conhecimentos, perpassando por todas as áreas da erudição humana. Outra questão importante seria que, para Thiesen[3], a abordagem interdisciplinar na educação representa um movimento histórico amplificado, relacionado a uma contextura mais ampla e complexa, que abarcaria outros setores, tais como os da economia, da política e da tecnologia. Dessas considerações, observa-se que a Ciência, como fonte de conhecimento do humano, vem se constituindo como um mosaico que, no campo da educação se projeta como ação eminentemente interdisciplinar, tendo-se em conta que se propõe, em diferentes linguagens, o inter-relacionamento por meio de práticas pluralistas estimuladas por um contínuo processo reflexivo do ensino/aprendizagem, sobretudo pelo entorno de um status quo completamente enraizado numa atmosfera contemporânea caracterizada por um fluxo dinâmico e multifacetado de informação. Nesse sentido, Morin [6] observa que a dispersão da humanidade pelo globo resultou: “[…] à extraordinária diversidade de línguas, culturas, destinos, fontes de inovação e de criação em todos os domínios. A riqueza da humanidade reside na sua diversidade criadora […]”. Partindo-se dessa consideração, entende-se que a escola, enquanto espaço de formação humana, está destinada a ser o lugar legítimo de aprendizagem, produção e construção/reconstrução do conhecimento pertinente e eficientemente objetivado. No entanto, reconhece-se também que, para tal compromisso, seu ambiente e estrutura precisam estar apoiados num enfoque interdisciplinar, pois, considera-se que este enfoque funciona como um catalizador das prováveis articulações entre os conjuntos de questões formuladas no dia a dia dos sujeitos alunos, exigindo respostas que convirjam não só para tendências da escola do futuro, mas, sobretudo, para realidades sustentadas por meio de reflexões sobre o presente local e global. Moraes [7] destaca ainda que as implicações do paradigma educacional emergente retratam os enfoques interdisciplinares presentes no construtivismo, por uma abordagem histórico-cultural

2 Na década de 1960 o citado epistemólogo e filósofo francês apresentou à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) um projeto interdisciplinar direcionado às Ciências humanas, o que oportunizou, com base na obra La parole (1953), um reconhecimento proeminente, para entendimento do conceito de interdisciplinaridade.

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vygotskyana, exigindo-se um planejamento detalhado, como forte sustentação teórica, bem como, consciência crítica de que existe uma grande carência de materiais didáticos pertinentes ao projeto a ser desenvolvido. A Ciência contemporânea, os novos paradigmas, o mundo holístico, interdisciplinarizado e complexo, formam os sustentáculos para apreensão da realidade, abordada a partir de uma visão histórica, pragmática e desafiadora dos tempos atuais, o que propõe a contextualização da universalidade do mundo globalizado, mantendo-se, no entanto, o respeito pelas práticas localizadas. Dessas confrontações entre uma Ciência contemporânea e uma Ciência moderna é que surgem as crises que, segundo Kuhn[8], anunciam a transição de um paradigma antigo para um outro, novo: “[…] do qual pode surgir uma nova tradição de ciência normal […]”, ou seja, a própria Ciência demonstra, na perspectiva apontada, uma dinâmica instável, orientada por uma sucessão de confrontamentos e adesões que fluem em desacordo com a ideia de uma “verdade” absoluta a ser descoberta. Segundo Japiassu [9], a interdisciplinaridade, como princípio integrador requer: “[…] equilíbrio entre amplitude, profundidade e síntese”, necessitando, portanto, a contemplação desses elementos em uma base segura de formação. Partindo-se dessa premissa, as teorias e os conceitos científicos integrados entre si, fazendo com que o ser humano seja percebido como elemento criativo e capaz, possibilitaria ao mesmo (por meio de uma formação crítica mais coadunada com o espaço de interação) o entendimento dos problemas oriundos da implementação de um novo modelo de produção de conhecimento, assim como uma, igualmente crítica, aplicação do desenvolvimento técnico e cientifico em demandas sociais propulsoras da circunspeção do desenvolvimento sustentável do todo. Teixeira[10] observa que a educação é elemento vital da formação cidadã, podendo tanto atuar: “[…] de modo crítico, reflexivo, fomentando a emancipação popular, ou pelo contrário, pode ser responsável pela formação de indivíduos acríticos, obedientes e conformistas, contribuindo para a manutenção de um quadro de imobilismo coletivo diante das questões sociais”. Para Goergen[11], é na fundamentação dos valores morais e da educação moral que o homem contemporâneo se debate, tendo como fonte dos seus conflitos as controvérsias geradas pela consciência de sua responsabilidade na aplicação do conhecimento científico e tecnológico e a manutenção de sua sobrevivência enquanto espécie. Um agravante desse dilema é a percepção de uma diversidade de culturas no mundo, e uma diversidade ainda maior de subculturas dentro dessas divisões. Essa condição multicultural promove uma noção equivocada de impossibilidade de comunicação mútua entre tantos níveis culturais diferenciados. O complexo é sugerido, então, nos moldes do pensamento de Morin[6], como ponte integradora de sentido não só da linguagem, mas, também, do comportamento civilizatório global pela formação científica em nível interno (pesquisador) e externo (cidadão). Geremek[12], apontam duas maneiras de construção científica: uma guiada pelo princípio de exclusão; a outra, guiada pelo princípio da coesão social. Os novos sentidos da interdisciplinaridade, pertenceriam, pois, a esta segunda modalidade, por prescreverem a conformação de um universo positivo tanto do discurso quanto da ação, fortalecendo-se pela composição de terminologias representativas de sua caracterização multi, pluri e transdisciplinar, tornando-se aceitável uma mescla epistemológica a ser, ainda, investigada profundamente.

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Conforme evidencia Fiorin[13], há uma tendência acentuada para a “destruição de fronteiras”, em todos os planos, o que força, por sua vez, que os pesquisadores comecem os problemas como elementos: “[…] situados na fronteira das disciplinas e que, durante muito tempo, foram deixados de lado”. Praia e Cachapuz [14], por sua vez, sinalizam que uma aliança multicultural eficiente exigiria maior abrangência da Ciência enquanto objeto de estudo escolar, ou seja, um conhecimento útil e com significado social atualizado dinamicamente, o que permitiria, na ótica da presente revisão, o surgimento de uma matriz social e tecnológica da Ciência, amparando-se em redes de relações cooperativas, permeadas pelos saberes interativos/expressivos na potencialização da inserção CTS em nível educativo.

CONCLUSÕES

Conclui-se, pela consideração das abordagens teóricas dos autores do campo CTS que o tema da interdisciplinaridade, ainda que ofereça grandes possibilidades de enfoque e desenvolvimento, observam-no como empreendimento voltado a formação educacional em menor ou maior grau, ou seja, tanto no nível do aluno (básico, médio ou superior) quanto no nível do cidadão, o que aponta uma convergência dessas categorias no sentido de exercitarem uma consciência e uma ação ampla, e criticamente, desenvolvida. Observa-se, ainda, a premente variação de sentidos do termo, sobretudo no uso de expressões que exigem maior consideração em pesquisas futuras, dentre as quais, destacam-se: pluridisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[9] JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. [10] TEIXEIRA, P. M. M. A educação científica sob a perspectiva da pedagogia histórico-crítica e do movimento CTS no ensino de Ciências. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p. 177-190, 2003. [11] GOERGEN, P. Educação e valores no mundo contemporâneo. Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, out. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302005000300013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 set. 2016. [12] GEREMEK, B. Coesão, solidariedade e exclusão. In: DELORS, Jacques et al. Educação, um tesouro a descobrir: relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. 6. ed. São Paulo/Brasília: Cortez/MEC/UNESCO, 2001, p. 228-232. [13] FIORIN, J. L. Linguagem e interdisciplinaridade. Alea, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 29-53, jun. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-106X2008000100003&lng= en&nrm=iso>. Acesso em: 8 set. 2016. [14] PRAIA, J.; CACHAPUZ, A. Ciência-tecnologia-sociedade: um compromisso ético. Revista Iberoamericana de Ciencia Tecnología y Sociedad – CTS, v. 2, n. 6, p. 173-194, dez. 2005. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/pdf/924/ 92420608.pdf>. Acesso em 31ago. 2016.

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Distinção Mecânica à Tração de Compósito de Resina Polimérica Reforçado com Fibra do Caroá

Fabiano Pinheiro de Amorim1*, Miguel Ângelo de Oliveira Shaw1, Jéssica Danielly de Lima Nunes1, Pedro Henrique Novais Cardoso 1, Nelson Cárdenas Olivier 1

INTRODUÇÃO

O novo modelo do desenvolvimento econômico encontrar-se voltado para proporcionar a melhoria de vida das futuras gerações, incorporando na sua percepção maneiras de produção menos poluentes e impactantes. A uso das fibras vegetais como substitutas de diferentes reforços sintéticos, ou de cargas minerais, tem oferecido um grande potencial de aplicação tecnológica [1,2].

Para Kuruvilla et al. [3], além de serem geradas a partir de fontes renováveis, decorrerem de um material em abundância, diversos fatores também viabilizam uso das fibras celulósicas, como por exemplo, a viabilidade financeira, a baixa densidade, o fato de ser biodegradável, não produzir toxinas, a facilidade de uso/alteração através dos atuantes químicos, serem abundantes e de serem geradas a partir de fontes renováveis, além das características mecânicas, elevada resistência à tração, baixo módulo de elasticidade e quando empregadas em compósitos proporcionam maior resistência ao impacto. O que são comparáveis às de outros reforços comumente empregados.

As principais desvantagens no emprego dessas fibras em compósitos poliméricos são relacionadas à umidade bem como à susceptibilidade destas fibras a ataques de fungos e bactérias [4]. Nóbrega et al [5] complementa, citando que a estrutura das fibras vegetais é capaz de proporcionar uma “baixa molhabilidade”, assim como uma absorção da matriz do compósito em sua superfície, resultando em fraca adesão interfacial no compósito final. Medeiros et al. [6] complementa dizendo que, através destes fatores, a qualidade da interface fibra-matriz é significativa para a aplicação de fibras vegetais como reforço.

Vários estudos são realizados a respeito das funções para esta bromélia, Nóbrega et al (2005), testou diversos compósitos da fibra natural com poliéster e constatou um bom aumento na resistência do material a impactos. Na UFCG (Universidade Federal de Campina Grande), uma equipe de engenheiros químicos estudou maneiras de retirar a polpa do caroá, comprovando a viabilidade de seu uso na produção industrial de celulose, com resultados comparáveis aos do eucalipto, e de biocombustíveis conforme JOHN [7].

Seguindo esta mesma linha, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) realiza estudos farmacológicos, com resultados bastante promissores contra inflamações, dor e

_______________________________________________________________________________ 1, Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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úlceras gástricas [7] . Diante do exposto, a motivação principal para a realização deste trabalho, é a busca das propriedades mecânicas desta planta, que se refere ao comportamento do compósito da fibra do caroá, e em seguida, suas aplicabilidades em compósitos.

Para a realização deste trabalho, utilizou-se as fibras do Caroá (Neoglaziovia variegata), membro da família das bromeliáceas, que tem como características um caule terrestre, poucas folhas e flores variegadas. Esta planta é originária nativa do Nordeste do Brasil, e principalmente, do Cariri Velho no Estado da Paraíba, com folhas lineares e acuminadas e dispostas em roseta, capazes de fornecer fibras longas, resistentes e com alta durabilidade.

Em outras palavras, este texto tem como objetivo principal a análise da influência das fibras de caroá em compósitos de resinas poliméricas, quando submetidos à ação de esforços e que são expressas em função de tensões e/ou deformações.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho, utilizou-se o seguinte material: resina epóxi, fibra de caroá, maquina universal de Ensaios EMIC DL 10000. O ensaio foi realizado, em seis corpos de prova, no Laboratório de Ensaios Mecânicos, pertencente à Universidade Federal do Vale do São Francisco. Realizando-se ensaios de tração do compósito de fibra de caroá, dispostos em fibras longas e curtas, 3 de cada, utilizando a Máquina Universal de Ensaios EMIC DL 10000, conforme visto na figura-1.

Figura 1 - Ensaio em realização.

A norma utilizada foi a ASTM D 3039, que fornece ao corpo de prova, uma largura de 13,5 mm, espessura 3,5 mm e comprimento de 165 mm a uma velocidade de avanço de 5 mm/min.

Os compósitos de fibras do caroá submetidos aos ensaios de tração foram dispostos à máquina por duas garras fixadas nas extremidades do corpo de prova, e submetidas a uma força que provoque desde o alongamento até a sua ruptura da seção transversal.

Os respectivos corpos de prova foram confeccionados em moldes de gesso, onde após o preenchimento do formato total pela resina (composto a base de Glicóis) e pelas fibras inseridas, com a secagem totalmente em natura, e temperatura ambiente de aproximadamente 28 ºC com

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duração mínima de 60 horas, o molde do corpo de prova é desconfigurado para a retirada do corpo de prova.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela, mostramos os resultados das medições realizadas no laboratório de ensaios mecânicos, onde foram feitas as medidas da espessura dos corpos de prova, e o resultado da média da tensão e da deformação máxima até o cisalhamento. Sendo o cálculo da tensão convencional (σc) dado pela equação - 1:

σ = P/So (1)

Em que,

σ – tesão convencional (MPa);

P – carga aplicada (N);

So – seção transversal (m²).

Tabela 1 - Comparação entre as características das fibras curtas e longas.

Propriedades médias Fibras curtas Fibras longas

Tensão (Mpa) 7,357 ± 0,750 14,888 ± 2,512

Deformação (mm) 1,264 ± 0,180 3,038 ± 0,074

Tenacidade (J/m³) 5,907 ± 0,951 30,212 ± 5,653

O comportamento obtido nos ensaios de tração do compósito das fibras de caroá está sendo ilustrados nos gráficos.

Gráfico 1 - Comparação entre as Tensões das fibras curtas e longas.

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Analisando os resultados na tabela, comprovamos que a resina é um material bastante frágil, e que mesmo utilizando as fibras de caroá, apresentam um comportamento que não favorece a transferência de eficiência da tensão entre a matriz e a fibra, não promovendo uma melhora eficiente das propriedades mecânicas.

CONCLUSÕES

Esta análise conclui que as características mecânicas avaliadas, confirmam a vantagem das fibras longas em ensaio de tração no compósito de caroá. Tendo como consequências a comprovação de que as fibras longas absorvem uma maior quantidade de energia, uma maior deformação comparada as fibras curtas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[5] NOBREGA, M.M.S. Compósitos de Matriz Poliéster com Fibras de Caroá Neoglaziovia variegata: Caracterização Mecânica e Sorção de Água. Doutorado em engenharia de processos: UFCG. 2007. [6] MEDEIROS, E.S.; AGNELLI, J.A.M.; JOSEPH, K.; CARVALHO, L.H.; MATTOSO, L.H.C.; Journal Applied Polymer Science. 90, p.1678, 2003. [7] JOHN, LIANA. A proteção que vem da caatinga. Site, Planeta Sustentável. 2012. Disponível em: <http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/biodiversa/a-protecao-que-vem-da-caatinga/> acesso em 04 de março de 2016.

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Desenvolvimento e Avaliação Físico – Química de Iogurte de Maracujá do Mato

Lucas Rodrigues de Alencar1, João Pedro Pereira Borges1, Ediclesio de Souza Silva1, Jorgean Coelho1, Bruno Emanuel Souza Coelho1, Raphael Emiliano de Medeiros Diniz1, Karla dos Santos

Melo de Sousa1

INTRODUÇÃO

O maracujazeiro é uma das culturas frutíferas mais cultivadas no Brasil e nesse ramo existe o predomínio de duas espécies no mercado, o maracujá-amarelo (P. edulis f. flavicarpa Degener) e o maracujá-roxo (P. edulis Sims), as demais espécies são exploradas em menor escala. Dentre as principais espécies silvestres destaca-se o maracujá do mato (Passiflora cincinnata Mast), que é encontrado nas regiões de climas tropicais, uma vez que essa cultivar é encontrada em boa parte do Brasil e o seu fruto não tem sido explorado no mercado apesar de suas qualidades sensoriais, fitotécnicas, industriais e rendimento da polpa de cerca de 30 ± 2,26 %. Esta espécie vem sendo utilizada geralmente para fins genéticos, como objeto do melhoramento em virtude da sua resistência a pragas e doenças, a exemplo da Epicauta atomaria, a bacteriose e aos nematóides do gênero Meloidogyne [1].

O iogurte é definido de acordo com o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leites Fermentados como o produto adicionado ou não de outras substâncias alimentícias, obtidas por coagulação e diminuição do pH do leite, ou reconstituído, adicionado ou não de outros produtos lácteos, por fermentação láctica mediante ação de cultivos de micro-organismos específicos, esses micro-organismos devem ser viáveis, ativos e abundantes no produto durante seu prazo de validade e devem contribuir para a determinação das características do produto final [2], geralmente é preparado a partir da fermentação do leite por uso das bactérias Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus termophilus ,sendo benéfico para a flora intestinal além de ser rico em proteínas e cálcio [3]. Também é uma boa fonte de vitaminas do complexo B, fósforo e minerais como Zn e Mg [4].

Este trabalho teve por objetivo elaborar e caracterizar físico-quimicamente três formulações de iogurte saborizados com o maracujá-do-mato, com o intuito de agregar valor comercial e criar um novo produto para servir de alternativa para os produtores e consumidores do fruto.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente experimento foi realizado de junho a julho de 2016, no Laboratório de Agroindústria da Universidade Federal do Vale do São Francisco do Campus Ciências Agrárias, Petrolina-PE.

_______________________________________________________________________________ 1, Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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A matéria-prima utilizada foi o açúcar, iogurte natural, leite em pó e leite integral, adquiridos no mercado local do município de Petrolina, e o maracujá-do-mato proveniente de pequenos produtores rurais do mesmo município. Os frutos foram lavados em água corrente e sanificados com água clorada à 50 ppm, posteriormente foram lavados em água corrente novamente para retirada do cloro adsorvido à casca do fruto. Posteriormente os frutos foram despolpados em liquidificador domésticos e a polpa peneirada.

O iogurte foi elaborado com uso de 10% de açúcar cristal, 5% de leite em pó e 17% de iogurte natural, de massa em relação ao volume de leite integral utilizado. Em seguida, a mistura foi pasteurizada à 72ºC durante 5 segundos, depois resfriada a 43±2 ºC para inoculação do fermento lático (iogurte natural), sendo utilizado o iogurte natural na proporção acima citada e incubado a 45±1 ºC por 4 horas até atingir o pH de 4,6, posteriormente o iogurte foi resfriado na geladeira à 4ºC por 24 horas. Após resfriamento foi realizado a quebra da coalhada por agitação até atingir uma textura viscosa e homogênea, adicionando-se a polpa do maracujá-do-mato em três concentrações diferentes, 6, 7 e 8% de massa em relação à massa de iogurte batido elaborado. Depois foi envasado em embalagens de polietileno e armazenado sob refrigeração de 4ºC, para realizar as análises físico-químicas.

Os parâmetros físico-químicos avaliados na polpa in natura e nas amostras de iogurtes foram: pH; medido em pHmetro calibrado com soluções de tampões valor de pH 7,0 e 4,0; sólidos solúveis (ºBrix); determinado pelo refratômetro do tipo Abbe, com resultados corrigidos para 20 ºC; acidez titulável; determinada por volumetria ácido-base empregando solução de NaOH a 0,1N como agente titulante, utilizando a solução alcoólica a 1% de fenolftaleína como indicador, conforme as metodologias descritas pelo Instituto Adolfo Lutz [5], expressa em g de ácido cítrico /100g para a polpa e g de ácido lático /100g para o iogurte; a vitamina C foi determinada por meio da volumetria de oxirredução, empregando a solução de 2,6-diclorofenol-indofenol como agente titulante, seguindo a metodologia descrita pela AOAC [6], modificada por Benassi & Antunes[7], expressa em mg/100g de polpa . Todas as análises foram realizadas em triplicatas.

Os dados obtidos do experimento foram submetidos à análise estatística pelo programa de computador Assistat versão 7.7 Beta [8], utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC), aplicando o teste de Tukey a nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 têm-se os valores dos parâmetros físico-químicos avaliados da polpa do maracujá-do-mato. Avaliando os dados expressos na tabela verifica-se que o pH e o teor de ácido cítrico encontra-se dentro da faixa do Padrões de Identidade e Qualidade estabelecidos para a polpa do maracujá amarelo [9], que é de 2,7 à 3,8 para o pH e teor mínimo de 2,7 g/100g para o teor de ácido cítrico, já o teor de sólidos solúveis encontra-se abaixo do preconizado, que é de no mínimo 11 ºBrix. Com relação à quantidade de vitamina c presente na polpa de maracujá não se tem um valor estabelecido pela legislação Brasileira, entretanto em pesquisa realizada por Araújo et al. [10] com maracujá-do-mato cultivado no campo Experimental da Caatinga pertencente a EMBRAPA Semiárido obteve-se um valor médio de 10,73 mg/100g, sendo um valor próximo ao encontrado neste trabalho.

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Tabela 1– Avaliação físico-química da polpa de maracujá-do-mato.

Parâmetro pH

Acidez titulável

(g de ácido cítrico /100g)

Sólidos Solúveis

(ºBrix)

Vitamina C

(mg/100g)

Média ± Desvio Padrão

3,35 ± 0,01

2,49 ± 0,07 8,57 ± 0,08 9,61 ± 0,15

Na Tabela 2 encontram-se os valores da caracterização físico-química do iogurte acrescido de polpa de maracujá-do-mato. Pode-se observar que o pH para as diferentes concentrações de polpa não formou a contração de coágulo, pois ocorre em pH < 4,0, devido à redução da hidratação das proteínas, ocasionando também o dessoramento do produto. Também não favoreceu a separação do soro, devido ao gel não suficientemente formado, sendo necessário um pH > 4,6. [11]. O pH dos iogurtes saborizados com o maracujá-do-mato variou de 4,19 a 4,28, apresentando diferença significativa entre suas médias para as diferentes concentrações de polpa adicionadas, observando-se o decréscimo do pH a medida que aumentou a quantidade de polpa de fruta, podendo ser atribuído a acidez elevada da polpa. Contudo, o pH encontra-se dentro da faixa adequada de desenvolvimento sem prejuízo das bactérias láticas estabelecidas, que é de 3,6 à 4,3 [12].

No que se refere ao parâmetro de acidez titulável, expressa em ácido lático, constatou-se diferença significativa entre as formulações de 6e 8%. Entretanto, de acordo com a legislação brasileira, a instrução normativa nº 46, de 23 de outubro de 2007, os iogurtes elaborados com as respectivas concentrações de polpa de maracujá encontram-se dentro da faixa estabelecida por esta legislação, que é de 0,6 a 1,5 g de ácido lático/100g [2].

Tabela 2– Valores médios e desvios padrão da caracterização físico-química do iogurte do maracujá do mato acrescido de diferentes concentrações.

Parâmetros 6% de polpa 7% de polpa 8% de polpa CV%

pH** 4,28 ± 0,005 a 4,25 ± 0,01 b 4,19 ± 0,005 c 0,18

Acidez titulável (g de ácido lático/100g)*

0,92 ± 0,031 b 0,93 ± 0,021

ab 0,98 ± 0,008 a 2,40

Sólidos solúveis (ºBrix)** 15,4 ± 0,221 a 15,27 ± 0,046

a 14,81 ± 0,035

b 0,87

Vitamina C (mg/100g) ns 1,65 ± 0,116 a 1,75 ± 0,075 a 1,79 ± 0,046 a 4,89

As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01), * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05), ns não significativo (p >= .05)

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Os sólidos solúveis não diferiram significativamente entre os valores obtidos para as formulações que fizeram uso de 6 e 7% de polpa, porém a média de 8% de polpa apresentou diferença significativa entre as demais, sendo que foi observado que quanto maior a adição de polpa, ocorrerá um decréscimo no teor dos sólidos solúveis. Os valores encontrados neste trabalho para as formulações que fizeram uso de 6 e 7% de polpa foram maiores em relação aos valores encontrado por Coelho et al. [13] de 14,08 ± 0,3 ºBrix para iogurte de leite de cabra com adição de 20% de polpa de acerola entretanto, o valor obtido com a adição de 8% de polpa foi inferior ao relatado para o iogurte de leite de cabra com adição de 25% de polpa de acerola (14,85±0,05 ºBrix).

Os valores de vitamina C do presente trabalho variaram de 1,65 a 1,79 mg/100g. Apesar de o fruto ter uma quantidade mensurável de vitamina C, o processamento, armazenamento, embalagem, exposição ao oxigênio, à luz, temperatura e pH, dependendo das condições, pode degradar o ácido ascórbico[14], e este diminuir os teores na adição ao iogurte.

CONCLUSÕES

Todas as formulações de iogurte desenvolvidas estão de acordo com os parâmetros estabelecidos pela legislação brasileira pertinente, sendo uma alternativa de produto para indústria alimentícia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Uma Investigação Sobre as Motivações para o Empreendedorismo Feminino

Erika Maria Jamir de Oliveira1,Adriano Victor Lopes da Silva1

INTRODUÇÃO

O que é empreendedorismo? Quem é um empreendedor? Quais são as características de uma trajetória empreendedora? Indagações como estas são frequentes, provavelmente se deve ao elevado interesse nos empreendedores, figura central no campo de estudo do empreendedorismo [1]. Entretanto, mesmo com elevado interesse, tal campo carece até hoje, de maior robustez teórica [2].

Iniciar um novo empreendimento está vinculado ao processo de empreender, que envolve mais do que uma simples resolução de um problema em uma posição administrativa típica. Esse processo envolve as funções, atividades e ações relacionadas com a criação de novas empresas, ou ainda, à luz do estado-da-arte em tecnologia gerencial, o desenvolvimento de novos negócios, para o contexto de corporações já existentes [3 – 4 – 5]. Para Dornelas [6] o processo de empreender é formado por quatro etapas: identificação e avaliação da oportunidade, desenvolvimento do plano do novo negócio, a determinação dos recursos necessários e a administração do novo empreendimento.

Apesar dos números expressivos o setor de beleza e estética ainda é pouco compreendido, dentro deste contexto buscou-se entender, se as empreendedoras do segmento de salões de beleza, decidem abrir um novo negócio por necessidade ou oportunidade? A presente pesquisa visou contribuir para a compreensão das motivações do empreendedorismo feminino no segmento de salões de beleza de pequeno porte na cidade do Recife.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para o alcance do objetivo deste trabalho, foi realizada uma pesquisa descritiva quantitativa e qualitativa e, como técnica um levantamento de dados. A pesquisa descritiva visa encontrar soluções para os problemas aprimorando as práticas através da observação, análise e registro dos fenômenos, sem necessariamente interferir em seu conteúdo [7]. O universo foi considerado como infinito enumerável e desconhecido, pois, o número de empreendimentos informais neste segmento é muito alto [8]. A amostra foi probabilística e a técnica de amostragem por cotas significa dizer que a amostra é selecionada de acordo com o interesse do pesquisador ou com o objetivo da pesquisa, neste trabalho a cota foi de 50% empreendimentos formais e 50% empreendimentos informais [9]. O cálculo para o tamanho da amostra considerou o nível de significância e erro amostral tolerável de 10%. O tamanho da amostra para o universo totalmente desconhecido foi calculado e obteve-se o resultado de 40 empreendimentos no total, sendo 20 estabelecimentos informais e 20 formais.

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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O instrumento de pesquisa foi um formulário com sete perguntas, composto por 6 objetivas e uma subjetiva com o propósito de confrontar a resposta objetiva e direta, com a resposta subjetiva.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente foram calculadas as estatísticas descritivas para os diferentes níveis de escolaridade de todos os estabelecimentos. Na Tabela 1 mostra que das quarenta empreendedoras entrevistadas, há uma pequena parcela com ensino superior completo, e o maior número foi com ensino médio completo.

Tabela 1 - Estatística descritiva para os quarenta salões de beleza.

Escolaridade Número de

estabelecimentos Média da

Idade Média do

Faturamento Quantidade média

de funcionários

ENSINO FUNDAMENTAL 12 40,75 1708,33 1,17

ENSINO MEDIO 27 38,81 3159,26 0,96

ENSINO SUPERIOR 1 47,00 9000,00 3,00

Total 40 39,60 2870,00 1,08

Em mais de 50% houve divergências nas respostas das empreendedoras para todos os salões de beleza como pode ser visto na figura 1.

Figura 1- Gráfico de resposta subjetiva versus resposta objetiva para todas as empreendedoras entrevistadas.

Em seguida foram separados os salões de beleza formalizados e foram calculadas também as estatísticas descritivas para os diferentes níveis de escolaridade. Na Tabela 2 mostra que das vinte

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empreendedoras formais entrevistadas identificou-se o comportamento semelhante ao visto na tabela 1.

Tabela 2 - Estatística descritiva para os salões de beleza formais.

Escolaridade Número de

estabelecimentos Média da

Idade Média do

Faturamento Quantidade média

de funcionários

ENSINO FUNDAMENTAL 7 38,00 1542,86 1,29

ENSINO MEDIO 12 38,08 4250,00 1,08

ENSINO SUPERIOR 1 47,00 9000,00 3,00

Total 20 38,50 3540,00 1,25

Apenas 35% não divergiram em sua resposta para as empreendedoras para dos salões de beleza formais podendo ser visualizado na figura 2.

Figura 2 - Gráfico de resposta subjetiva versus resposta objetiva para todas as empreendedoras entrevistadas formalizadas.

Pode ser visto na Tabela 3 as estatísticas descritivas para os diferentes níveis de escolaridade dos estabelecimentos informais.

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Tabela 3- Estatística descritiva para os salões de beleza informais.

Escolaridade Número de

estabelecimentos Média da

Idade Média do

Faturamento Quantidade média

de funcionários

ENSINO FUNDAMENTAL 5 44,60 1940,00 1,00

ENSINO MEDIO 15 39,40 2286,67 0,87

Total geral 20 40,70 2200,00 0,90

Em torno de 70% não divergiram em sua resposta para as empreendedoras para dos salões de beleza informais podendo ser visualizado na figura 3.

Figura 3- Gráfico de resposta subjetiva versus resposta objetiva para todas as empreendedoras entrevistadas informais.

CONCLUSÕES

Devido a sua imensa relevância para a economia do Brasil e mais especificamente na cidade do Recife, pode-se sugerir a criação de cursos de capacitação técnicos gerenciais voltados para o segmento nesta região. Uma das dificuldades desta pesquisa deve-se ao fato de que pode ter havido alguma empreendedora que apesar de ter empreendido por necessidade, não tenha coragem de alegar que empreendeu por necessidade, ou ainda não se recorde, pois atualmente pode não ser uma questão de necessidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] HISRICH, Robert; PETERS, Michael. Empreendedorismo. São Paulo: Bookman, 2004.

[2] VALE, Gláucia Maria Vasconcelos. Tréplica – Afinal de contas, Que bicho é esse? Tréplica sobre o Empreendedor e o Empreendedorismo. RAC, Rio de Janeiro, v. 18, n. 6, p. 901-908, Nov./Dez. 2014. [3] BERNARDI, Luiz Antonio. Manual de Empreendedorismo e Gestão. São Paulo: Atlas, 2003.

[4] MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Administração para empreendedores. São Paulo: Pearson, 2011.

[5] SEIFFERT, Peter, Quadros. Empreendendo Novos Negócios em Corporações: Estratégias, Processo e Melhores Práticas. São Paulo: Atlas, 2008.

[6] DORNELAS, José. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: LTC, 2014.

[7] BERTUCCI, J. L. O. Metodologia básica para elaboração de trabalhos de conclusão de cursos. São Paulo: atlas, 2011.

[8] CALADO, Marcos Antonio Fonseca. Projetos de pesquisas artigos e trabalhos de conclusão de curso: iniciando o trabalho científico. Olinda: Livro rápido, 2004.

[9] BRUNI, Adriano Leal. Estatística aplicada a gestão empresarial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

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PROJETO VER: Valorizando o Empreendedorismo Rural

Rosilene Souza de Oliveira¹, Edenise Guedes1, Jeane Souza Silva1, Rosemary Barbosa de Melo1

INTRODUÇÃO

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio - DCN da EPT NM [1] a organização curricular deve ser flexível e compatível com os princípios da interdisciplinaridade entre as áreas, da contextualização e da integração teoria/prática durante todo o processo de ensino e aprendizagem. Neste sentido, a interdisciplinaridade é compreendida como um movimento de saberes que transitam diversas áreas curriculares possibilitando o rompimento e a superação da fragmentação de conhecimentos e a segmentação da organização curricular nos cursos técnicos e tecnológicos ofertados no Campus Petrolina Zona Rural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF SERTÃO-PE). Neste contexto, o Projeto Interdisciplinar VER - Valorizando o Empreendedorismo Rural, partiu da compreensão dos docentes das turmas concluintes do referido Instituto de que o estudante do Curso Médio Integrado em Agropecuária deve ser estimulado a produzir saberes que lhe propiciem o desenvolvimento de um conjunto de competências voltadas ao campo da sua futura atuação profissional, bem como a sua formação integral - enquanto sujeito social, por meio de uma integração entre a realidade prática e teórica aprendida no ambiente acadêmico. Como o conhecimento na vida cotidiana não aparece fragmentado, pois, a realidade é necessariamente global e multidimensional, alguns professores, que atuam no último ano do referido curso, sentiram a necessidade de encontrar uma forma de garantir espaço e tempo no currículo para a integração dos saberes, sem que isso significasse desconsiderar as especificidades disciplinares. Para tal, fez-se necessária a adoção de uma prática interdisciplinar, a qual envolve o corpo docente e discente e uma mudança no processo de tomada de decisão frente aos problemas de ensino/aprendizagem que permeiam as disciplinas envolvidas. Assim, em um mundo globalizado e altamente tecnológico e mutativo, a implementação da interdisciplinaridade nos cursos de Educação Profissional tem sido uma necessidade e neste sentido, a inserção da interdisciplinaridade contribui para a integração do conhecimento entre as disciplinas das áreas técnicas e propedêuticas. Para Mello [2], há urgência de desenvolver um trabalho pedagógico que não seja fundamentado no “confinamento disciplinar” e acrescenta: “Contextualização e interdisciplinaridade são as palavras chaves para a mudança de paradigma: ensina-se para construir sentidos, produzir significados, construir competências”. Diante desse cenário, elencamos, a partir de reuniões de planejamento docente, o ensino do Empreendedorismo Rural como tema integrador. A escolha surgiu da necessidade de preparar nos alunos propensão à criatividade e ao planejamento, _______________________________________________________________________________ 1 Instituto Federal do Sertão Pernambucano – IF SERTÃO-PE; * [email protected]

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frente a nova ordem capitalista que é extremamente competitiva e onde ocorrem constantes mudanças, exigindo que o profissional tenha um perfil empreendedor e possua habilidades específicas, como criatividade, inovação, responsabilidade com o meio ambiente, liderança, persistência, compreensão, capacidade de trabalhar em equipe, capacidade de planejamento e organização, controle, comunicação e capacidade de lidar com pessoas. Assim fica clara a necessidade de uma mudança no processo de construção do conhecimento, este que deve ser produzido de forma integrado com outras áreas do saber; para obter tais habilidades, principalmente pelo fato de que o curso Médio Integrado em Agropecuária é formado por diversas disciplinas que influenciam nas atividades cotidianas, como manejos (zootécnico, agrícola e agroindustrial), setor financeiro, elaboração de projetos, o setor de recursos humanos, setor fiscal, controle de qualidade entre outros. Desta forma, o trabalho interdisciplinar possibilita que as disciplinas ofertadas atuem de forma sistêmica e sejam ministradas de forma integrada possibilitando a construção de saberes com uma visão global, facilitando as atividades do profissional empreendedor. Assim, este relato de experiência apresenta o delineamento de um Projeto interdisciplinar, tendo como tema central o Empreendedorismo Rural, a partir de uma prática integradora, conectora e geradora de saberes e competências nas disciplinas de Agronegócio, Filosofia, Matemática, Educação Física, Português e Artes nas turmas concluintes de 2016.2 do Campus Petrolina Zona Rural do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano. Portanto, esse texto tem como objetivo geral apresentar os resultados do Projeto Interdisciplinar VER - Valorizando o Empreendedorismo Rural que teve como objetivo despertar o espírito crítico, o interesse pela investigação científica e contribuir para a construção do conhecimento de forma interdisciplinar, criativa e contextualizada envolvendo as turmas do 3º ano do Curso de Agropecuária do Campus Petrolina Zona Rural.

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho teve início a partir de uma demanda oriunda no cotidiano acadêmico dos docentes do IF SERTÃO-PE, e consequentemente houve a necessidade de uma intervenção institucional que deu origem a este trabalho enriquecedor, perpassando pelas seguintes fases:

• levantamento das necessidades formativas dos docentes – equipe pedagógica; • discussão da temática interdisciplinaridade no Encontro Pedagógico; • mobilização interna entre os docentes para construção e execução de projetos

interdisciplinares; • execução pelos docentes de ações integradoras/interdisciplinares, inclusive esta que resultou

neste Relato; • execução da proposta entre os docentes envolvidos; e, • culminância envolvendo todos os estudantes, docentes e convidados internos e externos.

Vale destacar que durante todo o processo de realização do referido Projeto, ele foi sustentado no tripé: multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade - em sintonia com a contextualização, conforme orienta as Diretrizes para essa modalidade de ensino – a Educação Profissional e Tecnológica.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este Projeto oportunizou a realização de atividades didático-pedagógicas de forma multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar nos cursos do Campus Petrolina Zona Rural; estimulou estudantes e professores para a produção de saberes e realização de trabalhos investigativos coletivamente; viabilizou a integração entre docentes, equipe pedagógica, estudantes e coordenações, favorecendo e contribuindo para a efetivação de um processo educacional coletivo, colaborativo e enriquecedor, como também possibilitou a transição de conhecimentos entre as áreas especificas e propedêuticas do currículo, a partir do tema Empreendedorismo Rural, conforme preconiza as Diretrizes Curriculares de Educação Profissional e Tecnológica [1].

Ao final, houve a culminância de todas as atividades realizadas, as quais foram socializadas por meio de um Seminário Integrador e como produto macro – a elaboração de Projetos Agroindustriais fundamentados em autores, como Baron [3], Chiavenato [4], Dornelas [5], entre outros.

O professor é o protagonista do fazer pedagógico e o gestor da aprendizagem, além disso, tem autonomia para viabilizar uma prática interdisciplinar no processo de construção do conhecimento, conforme afirma Macedo [6]: “É fundamental o papel do docente em desenvolver um ensino interdisciplinar que permita aos estudantes estabelecer uma inter-relação entre as diferentes áreas do conhecimento, promovendo assim sua capacidade de observar, refletir, transformar, pensar, comunicar e criar.”

As dificuldades de materializar a interdisciplinaridade entre disciplinas que não dialogam entre si, a desarticulação entre áreas técnicas e propedêuticas, a fragmentação, a segregação e as individualidades são questões que emergem nos diálogos docentes nas reuniões entre coordenação de cursos e equipe pedagógica. E neste sentido, Cargnin [7] afirma que é preciso adquirir novos conhecimentos na perspectiva de reconhecer que a docência é muito mais que mera transmissão de conhecimentos, que é preciso construir outro perfil de docência, estimulando a relação teoria e prática, a integração, a interdisciplinaridade, a autonomia intelectual e a participação de todos.

Na docência, é imprescindível abandonar práticas obsoletas, virar do avesso [8], reinventar-se para dá conta das exigências atuais. Assim, o professor é o profissional que, mesmo não percebendo, passa constantemente por mudanças vertiginosas decorrentes de circunstâncias naturais - reflexo da contemporaneidade. Tais mudanças também são determinadas pelo cotidiano ou pelas escolhas do próprio docente; este, motivado por fatores diversos, já que as transformações na sociedade refletem diretamente no campo acadêmico, exigindo do professor novos comportamentos, novas posturas, novas rotinas. Pereira [8] chama atenção para essa questão afirmando que, contemporaneamente não é aceitável, diante da realidade, a existência de “práticas desencontradas”. Neste contexto, precisamos estar atentos para a superação da configuração fragmentada e descontextualizada dos processos de construção de saberes – forma historicamente instituída nos ambientes acadêmicos.

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CONCLUSÕES

Para a realização de um ensino interdisciplinar é preciso empenho, tempo e iniciativa dos docentes, além de uma proposta significativa, enriquecedora e que possibilite a integração e o trabalho coletivo e colaborativo entre todos. A partir do Projeto VER, os discentes sentiram-se motivados para a criação do próprio negócio, competências de gestão, trabalhos em equipe para o desenvolvimento da comunicação e relacionamentos interpessoais, além de promover idéias empreendedoras. Essas são algumas estratégias que as escolas podem adotar para o desenvolvimento da proposta de ensino de forma interdisciplinar com o auxilio do empreendedorismo.

Referindo-se ao trabalho docente, percebeu o engajamento, a integração entre as diversas áreas dos cursos ofertados no IF SERTÃO-PE e oportunizou o trânsito de discussões voltadas ao Empreendedorismo pelas diversas disciplinas.

De acordo com as DCN da EPT NM, a formação geral deve ser parte inseparável da Educação Profissional, em todos os campos nos quais se dão a preparação para o trabalho - seja nos processos produtivos, seja nos processos educativos de formação inicial nos cursos técnicos ou tecnológicos. Isso significa que devemos buscar alternativas para superação da fragmentação entre as áreas e essa lacuna está na contramão das orientações metodológicas das referidas DCN, preconizadas pela Resolução CNE/CEB nº 06/2012, daí a realização desse Projeto enriquecedor, coletivo e colaborativo envolvendo as disciplinas de Agronegócio, Filosofia, Matemática, Educação Física, Português e Artes no Campus Petrolina Zona Rural do IF SERTÃO-PE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL. Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Brasília, DF, 2012.

[2] MELLO, Guiomar N. de. Educação Escolar Brasileira: o que trouxemos do século XXI?. Porto Alegre: Artmed, 2004.

[3] BARON, Robert A.; SHANE, Scott A. Empreendedorismo: uma visão do processo. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

[4] CHIAVENATO, I. Empreendedorismo - dando asas ao espírito empreendedor: empreendedorismo e viabilidade de novas. 2.ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva 2007.

[5] DORNELAS, José Carlos Assis. Transformando Ideias em Negócios. 2ª Edição. RJ: Elsevier, 2005.

[6] MACEDO, Roberto Gondo; LIMA, Catarina Rodrigues; GUNZBURGER, Zilá de Souza Lima. Interdisciplinaridade em ação: A comunicação como agente de potencialização do perfil empreendedor nas áreas de educação e gestão. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/extensao/article/view/24883 >. Acesso em: 30/09/2012.

[7] CARGNIN, Miria Trentin. A formação de professores para a educação profissional: uma realidade a ser construída no IFRS. P. 115-130 In: AMARAM, Josiane C.S.R; Gaelzer, Vejane

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(org). A formação de professores no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul: diálogos sobre educação e ensino. Bento Gonçalves: IFRS – Campus Bento Gonçalves, 2011.

[8] PEREIRA, Marcos Villela. Estética da professoralidade: um estudo crítico sobre a formação do professor. 1. ed. Santa Maria: EdUFSM, 2013.

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Os Softwares como Suportes Pedagógicos para o Ensino de Atomística

Glauciane Barros Nascimento1, Thamirys Alves Pereira1, Edson da Silva Reis2

INTRODUÇÃO

Atribuindo a matéria como um estudo microscópico, observa-se que a aprendizagem da atomística é de suma importância para o ensino da ciência. Estudar o átomo e seu comportamento onda- partícula vai além da percepção ótica, para um estudo submicroscópico na educação básica [1]. A construção dos modelos atômicos e sua evolução iniciam-se com os filósofos Gregos, o átomo como a própria etimologia traz, era uma partícula indivisível, essa concepção predominou por muitos anos como a menor partícula da matéria [2].

A divisibilidade do átomo começa a ser fonte de estudos e experimentações a partir de John Dalton. Os seus postulados atômicos baseavam-se nas leis das proporções definidas, o átomo como sendo uma esfera maciça e indivisível [3]. Posteriormente, J.J. Thomson com a aparelhagem dos Tubos de Crookes provou muitas propriedades sobre os raios catódicos, concluindo que há fluxos de partículas com massa carregadas negativamente, tornando-se o descobridor da partícula conhecida como o elétron [4].

Rutherford com sua aparelhagem e seus experimentos conseguiu resultados com o espalhamento de partículas alfa em uma lâmina de ouro. À vista disso, o cientista conseguiu identificar o átomo com um núcleo pequeno, rodeado por um alto volume de elétrons, em que o núcleo possuía toda a carga positiva, na qual ele denominou de prótons [5]. Experimentações posteriores conduziram a descoberta da terceira partícula, os nêutrons, tendo por descobridor James Chadwick [4].

Com a evolução dos estudos experimentais, a mecânica quântica explicou a radiação quântica, fótons e corpo negro, representou uma revolução na ciência [3]. Bohr retratou seu modelo, onde estudaram as linhas espectrais hidrogenoides, estabelecendo que o átomo detivesse de níveis e subníveis de energias quantizadas, baseando-se em Planck e Einstein com o efeito fotoelétrico, em que cada nível possui uma população máxima de partículas negativas [5].

Louis de Broglie apresenta seu modelo atômico, o conceito da dualidade onda- partícula. Para ratificar Schrödinger apresentou uma equação para obtenção de funções de onda. De posse da relação de Louis de Broglie e a equação de Schrödinger, apresentou o principio da incerteza que afirma a impossibilidade de encontrar de forma precisa o momento e posição de uma partícula [6].

Diante os conceitos teóricos apresentados acima, o livro didático é a principal ferramenta pedagógica utilizado em sala de aula [7], nesta visão o processo de (EA) ensino aprendizagem, não

_______________________________________________________________________________ 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano – Campus Ouricuri;

2 Universidade Federal do Pernambuco; * [email protected]

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pode ter como pilar, apenas transmissão de informação, deve garantir ao discente, uma autonomia intelectual, possibilitando o entendimento, não apenas do teórico, do abstrato, mas do comportamento atômico e experimental.

O professor pode introduzir práticas que facilitem processo investigatório e situações-problema, as “novas tecnologias” estão no dia-a-dia da população [8], elucida-se uma ferramenta alternativa para balizar o ensino, as (TICs) Tecnologias da Informação e Comunicação se fazem presentes nas instituições de ensino, [9] ratifica que os TICs são um agrupamento de várias tecnologias que, essa união permite um progresso na educação.

Os softwares educacionais propõem ao discente uma aprendizagem nova, ou um reforço a um saber assimilado previamente, esse olhar beneficia a aprendizagem, na qual os discentes se tornem críticos e visualizem os problemas, e vão atrás de soluções. Os softwares são programas computacionais que quando manuseadas corretamente desempenham as funções desejadas [10]. Com isso, os softwares utilizados para a pesquisa estão inseridos na categoria engenharia/científico que são simuladores, que abrangem cálculo em massa [11].

Os softwares abordados na pesquisa induzem autonomia do raciocínio lógico, o PhET Interactive Simulations foi a plataforma utilizada nesta pesquisa [12]. No processo ensino-aprendizagem, a junção de experimentos e livros didáticos, o aluno adquire um novo formato de discente agente. Elucida-se então a necessidade, de unir conceitos científicos, livros didáticos e simuladores virtuais, para experimentações, no intuito de ratificar as informações citadas [13].

A presente pesquisa tem como principal objetivo aplicar os conceitos teóricos sobre atomística, abordados no livro de química do ensino médio, trazendo a teoria para a prática experimental computacional. Com intensão de auxiliar as aprendizagens dos discentes e a prática do docente.

MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida com os alunos de informática do ensino médio integrado (2016.1), no turno matutino, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano – Campus Ouricuri. O primeiro momento iniciou com o estudo investigatório [14], onde se fez o pré-teste da pesquisa, com um questionário de dez questões, objetivas e subjetivas, norteando o estudo de caso, no questionário fez-se as seguintes perguntas: 1- Você conhece os modelos atômicos? 2- Quais modelos atômicos você conhece? 3- A partir de qual estudioso iniciou as teorias atômicas?4- A partir de qual estudo iniciou as teorias atômicas? 5- Saberia explicar o que são os raios catódicos? 6- Conseguiria explicar, brevemente, sobre o modelo atômico de Thomson? 7- Conseguiria descrever o experimento feito por Rutherford? 8- O modelo atômico de Rutherford é conhecido por possuir o “elétron suicida”, saberia explicar o por quê ? 8- O modelo atômico de Bohr aborda sobre os níveis de energia, saberia justificar? 9- Você já ouvir falar em “salto quântico”? 10- Qual o modelo atômico atual?

No questionário três eixos foram fundamentais: historicidade do átomo, teoria e experimentação.

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Em um segundo momento, foi apresentada a plataforma virtual PhET, com o intuito de os discentes simularem os experimentos feitos na área de atomística. O livro didático, em que os alunos utilizam é o FONSECA, Marta Reis. Química. Vol. 1. 1 ed. São Paulo: Ática, 2014. (PNLD 2015, 2016, 2017) A metodologia que se utilizou foi de ordem cronológica, apresentada no livro. Os simuladores que contemplam a pesquisa foram: Modelos atômicos do Átomo de hidrogênio, este simulador contemplou de Dalton, até Schrödinger. O simulador Espalhamento de Rutherford proporcionou aos alunos fazer comparativos entre a descoberta dos elétrons e dos prótons. Juntamente com o Simulador Efeito Fotoelétrico, colocando o aluno no mundo quântico, explicando o comportamento físico das partículas. Em conjunto com o BlackBody-Spectrum, garantiu o aluno uma visão geral da mecânica quântica. Após a junção das teorias apresentadas nos livros didáticos e os simulares virtuais, fez-se o mesmo questionário aos discentes, como forma de pós-teste.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os discentes responderam receosos ao questionário o (pré-teste), e notou-se a dificuldade que os mesmos tiveram para responder as questões propostas. A seguir, apresentam-se os percentuais de erros e acertos em cada pergunta do questionário. O gráfico a seguir apresentará as comparações entre o pré-teste e o questionário posterior.

Gráfico 1- Pré- Teste. Gráfico 2- Pós Teste.

Observa-se nos gráficos que houve um aumento significativo de acertos nas questões, nas questões 1, 4,6, que eram objetivas, se nota que antes da aplicação dos simuladores, a minoria dos alunos conseguia responder as questões. Após a utilização dos softwares: Modelo Atômico de Hidrogênio e o Espalhamento de Rutherford, os resultados chegaram a uma média de 93% de acertos, isso significa que houve uma aprendizagem quantitativa. Nas questões 2, 3, 5, 7, 8, 9 e 10, sucedeu uma média inicial de acertos de 6,40%, evidenciando que as ideias e os conceitos científicos estavam distribuídos de forma desorganizada, superficial e difusa nas cabeças dos alunos. Utilizou-se dos seguintes simuladores: Modelo Atômico de Átomo de Hidrogênio, Espalhamento de Rutherford, Efeito Fotoelétrico e BlackBody-Spectrum, tornando o aluno mais uma vez, agente no processo EA, o questionário posterior após a utilização dos softwares teve por medias: (Sim) 87,68% souberam responder, (Parcial) 10,2 % responderam

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de maneira breve e o (Não) 2,25 %, para os alunos que não souberam responder. A partir dos simuladores, os discentes puderam visualizar a falha no modelo atômico de Rutherford, e os níveis de energia em orbitas tridimensionais. Já em Bohr, Louis de Broglie e Schrödinger, o pouco apresentado no livro didático sobre mecânica quântica, e a junção com os softwares os discentes entederam a dualidade da matéria, e o modelo atômico atual, constatou-se que os resultados finais superaram os resultados iniciais.

CONCLUSÕES

A presente pesquisa uniu o livro didático com o software, podendo assim reconhecer que é possível inovar o ensino da atomística. O pré-teste e teste posterior tiveram diferenças significativas, mas após aplicação a junção livro e simulador constatou uma prática simples e objetiva, mudando a formatação com que os alunos aprendem, tornando uma aula eficaz, estimulando a criticidade, a curiosidade e aumentando o intelecto do aluno. A intervenção do docente é importante para a aprendizagem do aluno, se o professor é facilitador do conhecimento, o discente se torna principal gente de sua formação. Vale salientar que o livro didático usado pelos alunos, não precisa ser modificado, e sim, intercalado a outras ferramentas pedagógicas disponíveis na realidade de cada âmbito escolar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] KOTZ, Jonh C; TREICHEL, Paul, M; WEAVER, Gabriela C. Química geral, Vol.1. São Paulo: Cengaga Learning, 2014. [2] FEYNMAN, R. Física em seis lições. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.

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[4] BROWN, Theodore L. et al. Química, a ciência central. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005 [5] RUSSELL, Jonh Blair. Química Geral. Vol 1. 2 ed. São Paulo: Pearson Makron Books, 1994. [6] ATKINS, Peter; DE PAULA, Julio. Físico-química: Fundamentos. Vol. 1. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. [7] LOUGUERCIO, R. SAMRSLA, V. E, E; DEL. OINO, J. C. Livros textos de Química: análise na realidade dos docentes. Tecno-lóg. Santa Cruz do Sul, vol. 2, n 2, p. 53-64. Jul/dez, 1998. [8] ALMENARA, J. C. Nuevas Tecnologias, comunicacion y educacion. EDUTEC. Revista Electrónica de Tecnologia Educativa. 1996. Disponível em: <http://www.uib.es/depart/dceweb/revelec1.html>. Acesso em: 23 Jul.2016.

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[9] MENDES, A. TIC – Muita gente está comentando, mas você sabe o que é? Portal iMaster, mar.2008. Disponível em: <http://imasters.com.br/artigo/8278/gerencia-de-ti/tic-muita-gente-estacomentando-mas voce-sabe-o-que-e/>. Acesso em: 06 Jul. 2016. [10] VALENTE, José A. Diferentes usos do computador na educação. 1992. Disponível em: http://www.mrherondomingues.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/27/1470/14/arquivos/File/PPP/Diferentesusosdocomputadoreducacao.PDF. Acesso em: 12 Jul. 2016. [11] PRESSNAN, Roger S; MAXIM, Bruce R. Engenharia de Software: uma abordagem profissional. 8º ed. São Paulo: Bookman, Mc Graw Hill Education, 2016.

[12] BORGES, H. (1999). Uma classificação sobre a utilização do computador pela escola. Fortaleza, Revista Educação em Debate, 1 (27): 135-138.

[13] Valente, J.A.. O Computador na Sociedade do Conhecimento. 1. ed. Campinas: Nied/Unicamp, 1999

[14] Borg, W. & Gall, M. (1989). Educational Research. Nova Iorque: Longman.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Ouricuri pela disponibilização de equipamentos de multimídia e também pelos recursos financeiros, aos discentes de informática (2016.1), por participarem de maneira voluntária na pesquisa e ao nosso orientador Edson da Silva Reis.

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Curva de Secagem e Avaliação Físico-Química de Uva ‘Crimson’ Desidratada

Itamara Rayanny Bessa de Carvalho¹*, Gabriela Maria de Souza¹, Karine da Silva Barbosa¹, Bruno Emanuel Souza Coelho¹, Karla dos Santos Melo Sousa¹, Neiton Silva Machado¹

INTRODUÇÃO

O mercado de uvas in natura apresenta tendência no aumento do consumo de uvas sem sementes, substituindo as tradicionais com sementes, sendo as uvas ‘Crimson Seedless’ (Vitisvinifera L.) a segunda mais importante variedade sem semente cultivada no Vale do São Francisco [1].

Por ser um fruto muito perecível, há grandes perdas o dificulta a comercialização. Assim, processos de desidratação ou secagem são os mais utilizados visando a conservação, pois a aplicação dessa técnica reduz a umidade do produto, minimizando a possibilidade de deterioração microbiana e de reações químicas indesejáveis sem que percam suas propriedades biológicas e nutritivas [2].

O processo de secagem pode ser realizado de forma natural (secagem solar) ou artificial (estufa). Ferreira [3] refere-se a secagem utilizando a energia solar como alternativa de grande interesse por suas qualidades e características uma vez que essa fonte é limpa, gratuita e apresenta grande potencial, largamente disponível em todo Brasil e principalmente no Nordeste.

Com isto o objetivo deste trabalho foi desidratar a uva ‘Crimson’ em secador solar e estufa, e comparar os dois métodos de secagem.

MATERIAIS E MÉTODOS

O experimento foi realizado no Laboratório de Agroindústria da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF, Campus Ciências Agrárias, Petrolina – PE. Foram utilizadas como matéria-prima uvas da variedade Crimson, adquiridas no mercado local do município de Petrolina/PE, os frutos foram selecionados, lavados, sanitizados (150 ppm) e lavados novamente.

A determinação do teor de umidade inicial e final das amostras foi realizada pelo método da estufa a 105°C, até peso constante IAL [4].

O equipamento utilizado para secagem das bagas foi um secador solar, desenvolvido em parceria com o Laboratório de Construções Rurais (CEAGRO/CCA/UNIVASF), constituído de um tambor metálico com capacidade de 200L, sendo este cortado ao meio, com vidro apoiado e pintado de preto fosco.

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); * [email protected]

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A temperatura interna do secador foi medida com termômetro do tipo pistola, enquanto que a temperatura do ambiente externo foi verificada a partir de dados fornecidos pela Estação Automática de Petrolina INMET [5].

As amostras de uva in natura, em triplicata, foram colocadas dentro do secador solar e da estufa, pesando-se a massa do material em intervalos regulares de tempo, até peso constante. Os frutos foram avaliados in natura e desidratados quanto aos parâmetros do teor de ácido ascórbico (vitamina c), determinado por titulometria de oxido-redução, conforme o método descrito pela AOAC [6], modificado por Benassi & Antunes [7]; e cor, por leitura direta em colorímetro Minolta, modelo CR 10, com sistema de cor Cielab, sendo obtidos os parâmetros L* que indica luminosidade, C* que representa croma e H* que indica tonalidade.

Os dados experimentais de vitamina c foram analisados estatisticamente através da ANOVA utilizando-se o programa computacional ASSISTAT Versão 7.7[8] tendo sido empregado o delineamento inteiramente casualizado com a comparação entre médias pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando a Figura 1A, verifica-se que a temperatura no interior do secador foi superior quando comparado à temperatura externa, chegando a atingir um valor máximo de 55,9 e 30 ºC, para o secador solar e ambiente externo, respectivamente, no horário de 12 h, constatando-se que a temperatura registrada no interior do secador quase que duplicou.

O processo de secagem solar teve uma duração total de 1.680 min (28 h), com valor médio de temperatura de 47 ºC; já o mesmo processo realizado na estufa de circulação de ar forçado a 47º C durou 2.160 min (36 h) (Figura 1B). Observa-se que em ambos os processos, no início da secagem ocorreu diminuição acentuada da umidade, em seguida foi reduzida moderadamente, estabilizando-se ao final do processo, resultado semelhante ao reportado por Machado [9] em secagem de caju (Anacardium Occidentale L.). Nota-se também que as curvas de secagem de ambos os métodos apresentaram-se de forma bem definida, ou seja sem oscilações nos pontos da curva, indicando uma condição de homogeneidade.

(A) (B)

Figura 1. Curva de temperatura (A) e secagem de uva ‘Crimson’ em secador solar e em estufa.

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Os valores experimentais do ácido ascórbico (vitamina C) da uva variedade Crimson, cultivada na região do Submédio São Francisco, estão apresentados na Tabela 1, tanto para a fruta in natura, quanto o produto desidratado.

Tabela 1 – Valores médios da vitamina C mg/100mL de polpa de uva in natura e desidratadas

Amostras Vitamina C

mg/100mL de polpa

In natura 336,70 c

Desidratada em secador solar 1119,73 b

Desidratada em estufa 2191,83 a

Médias das amostras seguidas da mesma letra nas colunas não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Verifica-se analisando os dados, que houve diferenças significativas quanto aos valores obtidos, além de um aumento acentuado no teor de vitamina C após o processo de secagem. Esse fato também foi relatado por Brandão [10] que afirmam que após a secagem ocorre a concentração dos nutrientes no produto seco devido a retirada de água tendo como principal característica a redução da atividade da água do fruto desidratado.

O mesmo pode ser observado para secagem em estufa, onde também houve aumento do teor de vitamina C, esse aumento em frutos desidratados, ainda pode ser confirmado por Elias [11] que observaram aumento significativo da concentração de vitamina C em relação ao teor na fruta in natura, ao submeterem à desidratação osmótica amostras de caqui cv. Fuyu. Segundo Carughi [12], como consequência do processo de secagem, as passas têm maior valor energético, densidade de nutrientes, conteúdo em fibra e frequentemente uma melhoria significativa da atividade antioxidante, comparando com as uvas frescas.

A determinação instrumental de cores realizada nas amostras de uvas da variedade Crimson in natura e desidratadas em secador solar e em estufa encontram-se expressos na Tabela 2.

Tabela 2 – Valores médios dos parâmetros de cores das amostras de uva ‘Crimson’ in natura e desidratadas

Amostras L* C* H*

In natura 27,22 a 4,39 b 33,95 ab

Desidratada em secador solar 15,61 b 10,30 a 55,91 a

Desidratada em estufa 18,06 b 5,07 b 18,57 b

Médias das amostras seguidas da mesma letra nas colunas não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

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Para o parâmetro luminosidade (L*), observa-se diferença estática entre os valores da amostra in natura em relação as desidratadas, ocorrendo uma redução nos valores (Tabela 2), isso pode ser explicado pelo efeito da temperatura que favorece os processos de escurecimento Santillo [13], assim como verificado por Moura [14], que obtiveram resultados semelhantes para maçãs passas.

Ainda na Tabela 2, nota-se que o parâmetro Croma (C*), foi estatisticamente igual ente as amostras in natura e desidrata em estufa, sendo ambas diferentes da amostra desidratada em secador solar, ou seja, a uva desidratada em secador solar apresentou maior intensidade de cor; sendo o mesmo observado por Costa et al. [15], ao estudarem a caracterização física e físico-química de uva ‘Itália’ desidratada. Segundo Cardoso [16], os valores de C* menores correspondem ao padrão de cor mais fraco (aspecto fosco do objeto) e valores mais altos ao padrão de cor mais intensa, aspecto desejado para os alimentos.

Já ângulo Hue (H*) foi menor para uvas desidratas em estufa comparando-se com as amostras desidratadas em secador solar. Alessi [17] ao estudarem a desidratação de tomates cereja, observaram para o parâmetro ângulo de cor Hue que não houve diferenças entre a desidratação em secador solar e secador convencional, mostrando que ambos não afetaram a tonalidade.

CONCLUSÕES

Ambos os processos de secagem solar e em estufa contribuíram para obtenção de um produto com boas características, com elevado teor de ácido ascórbico e coloração atrativa ao consumidor, demonstrando que a secagem é um método eficiente na conservação da uva, pois reduz as perdas, e agrega valor ao produto final. Além disso, o secador solar demonstrou ser uma tecnologia de baixo custo que pode ser utilizada por pequenos produtores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] FELDBERG, N. P; MOTA, R. V; et. al. Viabilidade da utilização de descartes de produção de uvas sem sementes para elaboração de passas. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 30, n. 3, p. 846-849, 2008. [2] ROCKENBACH, I. I. Compostos fenólicos, ácidos graxos e capacidade antioxidante do bagaço da vinificação de uvas tintas (Vitisvinifera L. e Vitislabrusca L.). Florianópolis. Dissertação de Mestrado, UFSC, Floranópolis, 2008. [3] FERREIRA, A.G., MAIA, et al. Technical feasibility assesment of a solar chimney for food drying.Solar Energy. v. 82, n.3, 198-205 p. 2008. [4] INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas, métodos químicos e físicos para análise de alimetos. 3.ed. São Paulo: Intituto Adolfo Lutz, v.4, p.533,2004.

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[5] Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesAutomaticas>. Acesso em: 20 de agosto de 2016. [6] AOAC (Association of Official Analytical Chemistry). 1992. Official methods of analysis. 11 ed. Washington: AOAC, Estados Unidos.1115p. [7] BENASSI, M. T.; ANTUNES, A. J. A. Comparison of meta-phosphoric and oxalic acids as extractant solutions for the determination of vitamin C in selected vegetables. Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v.31, n.4, p.507-513, 1988. [8] SILVA, F. A. S.; AZEVEDO, C. A. V. Principal Components Analysis in the Software Assistat-Statistical Attendance. In: WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 7, Reno-NV-USA: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2009. [9] MACHADO, A. V.; OLIVEIRA, E. L.; et. al. Estudiodel Secado de Anacardo (Anacardium occidentale L.) mediante Secador Solar de Radiación Directa. Información tecnológica, La Serena, v. 21, n. 1, p. 31-37, 2010. [10] BRANDÃO, M. C. C.; MAIA, G. A.; et. al. Análise físico-química, microbiológica e sensorial de frutos de manga submetidos à desidratação osmótico-solar. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 1, p. 38-41, 2003. [11] ELIAS, N. F.; BERBERT, P. A.; et. al. Avaliação nutricional e sensorial de caqui cv.Fuyu submetido à desidratação osmótica e secagem por convecção. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 28, n. 2, p. 322-328, 2008. [12] CARUGHI A. Health benefits of sun-dried raisins. Health research and studies center. Sun-Maid Growers. California, EUA. (2008) [13] SANTILLO, A. G. Efeitos da radiação ionizante nas propriedades nutricionais das uvas de mesa Benitaka e uvas passas escuras. 2011. 95f. Dissertação (M. em C. na Área de Tecnologia Nuclear–Aplicações) -Instituto de Pesquisas Energética e Nucleares, Autarquia Associada à Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. [14] MOURA, S. C. S. R; BERBARI, S. A; et. al. Determinação da vida-de-prateleira de maçã-passa por testes acelerados. Ciência e Tec. de Alimentos, vol.27 (1). 141-148p. 2007. [15] COSTA, J.D.S; NETO, A. F., et. al. Caracterização Física e Físico-Química de Uva Itália Desidratada. Revista Iberoamericana de Tecnología Postcosecha. vol.16,(2). 273-280p. 2015

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[16] CARDOSO, W. S.; PINHEIRO, F. A.; et. al. Determinação da concentração de sulfito para a manutenção da qualidade da cor em maçã desidratada. Revista Analytica, São Paulo v.29, p.66-72, 2007. [17] ALESSI E.S; CARMO L.F; et al. Processo produtivo de tomate seco obtido em secador solar e em estufa, a partir de mini-tomates congelados. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial vol. 7. 1049-1061 p. 2013.

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Análise de Estrutura de Mercado em Três Varejistas de Moda no River Shopping

Danilo Moreira dos Santos1, Natalia Ferreira Cândido1, Emanuella Thâmara P. Filgueira1, Camyla Alves Cunha1, Liliane Caraciolo Ferreira1

INTRODUÇÃO

A análise da estrutura de mercado de bens e serviços, que se resume no modo como as empresas se organizam entre si, torna-se fundamental para a compreensão da forma de concorrência entre as mesmas e sua operação no próprio mercado.

Segundo Vasconcelos as estruturas de mercado são condicionadas por três aspectos fundamentais: “número de firmas produtoras no mercado; diferenciação do produto; existência de barreiras à entrada de novas empresas”[1]. Quanto às formas de mercado, o autor elenca quatro modelos: a) Concorrência Perfeita, com um número ilimitado de firmas, produto único, e sem barreiras à entrada de outras firmas e consumidores; b) Monopólio, o qual ocorre com uma única empresa, o produto não possui substitutos próximos, havendo barreiras à entrada de novas firmas; c) Concorrência Monopolística (ou imperfeita), o qual funciona com várias empresas, há diferenciação do produto e o acesso de firmas ao mercado é livre; d) Oligopólio, no qual um pequeno número de empresas domina o mercado, os produtos são únicos ou diferenciados, sem a entrada de novas empresas. Já na definição de Stackelberg, é considerado apenas o número de vendedores e o de compradores, sendo que a forma de mercado analisada neste trabalho, a de oligopólio, seria caracterizada por um pequeno número de vendedores e um grande número de compradores [2,3].

A partir do interesse pela investigação de unidades empresariais reunidas em um Shopping Center, espaço típico que devido à segurança física proporcionada aos clientes torna-se bem sucedido enquanto “centro de consumo e lazer” [4], surge o problema de pesquisa: como se desenvolve o modelo de competição de setores comerciais varejistas do ramo de vestuário no River Shopping? Este é um conglomerado com mais de 130 lojas, inaugurado em 25 de outubro de 1995 no centro de Petrolina-PE. Engloba várias empresas que assumem importantes formas de concorrência ante o seu relacionamento no mercado, das quais foram selecionadas três para este Estudo de Caso: C&A, Marisa, e Riachuelo, que estão entre os principais grupos empresariais do ramo da moda, um dos mais importantes setores da economia do país, sendo também um dos mais dinâmicos e competitivos [1].

O principal objetivo é identificar o modelo de concorrência de setores comerciais varejistas do ramo de vestuário no River Shopping, e o modo como estas empresas se inserem na Estrutura de Mercado local. Para tanto, discute-se alguns dos conceitos de Estrutura de Mercado; analisa-se particularidades concorrências de três lojas instaladas no River Shopping; e caracteriza-se o espaço físico das mesmas a partir de mapeamento, com o registro fotográfico externo, análise de croqui da estrutura e seu contraste com particularidades concorrenciais identificadas em cada unidade.

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); * [email protected]

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MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida com base na metodologia qualitativa, a partir da perspectiva de Estudo de Caso. Conforme Ventura, “o estudo de caso como estratégia de pesquisa é o estudo de um caso, simples e específico ou complexo e abstrato e deve ser sempre bem delimitado. Pode ser semelhante a outros, mas é também distinto, pois tem um interesse próprio, único, particular e representa um potencial na educação.” [1]

Durante o processo de pesquisa foi realizada revisão bibliográfica para nortear as análises. O setor escolhido para a pesquisa foi o de “Vestuário e Acessórios”, do qual fazem parte três grandes empresas instaladas no River Shopping: Marisa, C&A e Riachuelo. Nestas foi desenvolvida pesquisa de campo mediante observação in loco e aplicação de questionário junto a lideranças, entre julho e agosto de 2016. O questionário era composto por sete perguntas que visaram à identificação de particularidades concorrenciais: tempo no mercado e domínio sobre o mesmo, tipo de produto, classes atendidas e influência sobre a formação do preço, entre outras. Também foi realizado mapeamento das organizações, a partir de sua identificação via elaboração de croqui da estrutura do Shopping e registro fotográfico do exterior com o uso de smartphones. Os procedimentos éticos foram observados, formalizados mediante assinatura de Carta de Anuência, que informou os motivos e condições da pesquisa. Os dados obtidos por meio do questionário e das observações foram submetidos a uma análise comparativa entre os mesmos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das três lojas pesquisadas, Marisa, C&A e Riachuelo, verifica-se que a Marisa é a que ocupa um maior espaço físico no Shopping, embora seja mínima a diferença. Ela também foi a primeira a se instalar no River Shopping, logo no ano seguinte à sua inauguração, fato que é argumentado como justificativa para a ausência de dificuldades na implantação. A C&A instalou-se 13 anos depois de inaugurado o espaço, sendo que a existência de outras empresas do mesmo seguimento foi visto como oportunidade de negócio pelo entrevistado, o qual considera que o fato de existirem outras concorrentes facilita a implantação de outras lojas, pois os clientes já conhecem os produtos. Quanto à Riachuelo, esta foi instalada após 18 anos, tendo sido identificado como dificuldade o fato de os concorrentes estarem há mais tempo no mercado, o que a empresa busca contornar por meio da fidelização dos clientes, conforme a entrevistada.

As três empresas foram identificadas como concorrentes diretas umas das outras. Também foi indicada como concorrente, em uma das entrevistas, a empresa Renner, que só existe na cidade vizinha, Juazeiro-BA, instalada no Juá Garden Shopping. Os produtos, que embora pertençam ao mesmo seguimento, não são únicos entre as três lojas, mas atendem a pessoas das mesmas classes sociais. Todas exercem influência sobre os preços, embora tenha sido indicado pelo entrevistado que a C&A exerce pouca influência. O número de consumidores é grande e o de vendedores (ofertantes) é pequeno. Todas essas características são comuns à estrutura de oligopólio, na qual, a concorrência e a rivalidade também são fatores comuns, que levam as empresas a apresentarem sensibilidade tanto ao marketing quanto ao preço de seus concorrentes.[i]

Fatores como a abrangência, estrutura e tradição, têm possibilitado às lojas Marisa, C&A e Riachuelo manterem-se seguras no mercado, competitivas inclusive com seguimentos

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internacionais. Considera-se que a disputa no mercado varejista de moda brasileiro pode acirrar-se ainda mais pela possibilidade de entrada de grandes empresas internacionais. Porém, ao chegar estas encontram barreiras de ordem tributária e burocrática que dificultam o seu estabelecimento, além do que, por meio da reformulação de estratégias e capacidade de adaptação, as redes varejistas nacionais conseguem manter-se no topo, conforme dados e depoimentos citados em Bouças; Valor [2]. Além disso, nos mercados onde ocorre a diferenciação do produto e concentração de mercado, existe um grande gasto com publicidade e promoção, fatores que podem gerar barreiras à entrada e fortalecem a posição competitiva das empresas já inseridas no mercado [2].

A C&A já foi apontada como a maior empresa do varejo de moda no Brasil que, até 2013, liderava o setor com 9, 3% de participação no mercado nacional. E a Riachuelo e a Marisa também tiveram pequena ampliação em sua participação entre 2013 e 2014 [8]. Contudo, coloca-se que de meados de 2008 até 2014 a Riachuelo (contrastada apenas com a Renner e Marisa) é que detinha os maiores índices de lucro líquido, conforme dados citados por Abdallah [2]. Como se percebe, a Marisa, a C&A e a Riachuelo concorrem tanto com outras firmas nacionais e internacionais, quanto entre elas mesmas, apesar de poderem travar alianças para se manterem ainda mais seguras no mercado.

Figura 1 – Croqui do River Shopping.

Fonte: Os autores (2016).

CONCLUSÕES

Quanto ao modelo de competição na Estrutura de Mercado de Bens e Serviços, observa-se que, no espaço pesquisado, as empresas Marisa, C&A e Riachuelo assumem a forma de Oligopólio, já que, como se verifica, um pequeno número de empresas domina o mercado, possuindo inclusive influência sobre os preços, e os produtos são diferenciados, havendo ainda a existência de barreiras à entrada de novas empresas. E estas barreiras vão desde o protecionismo praticado pelo próprio

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mercado, em âmbito nacional, a estratégias formuladas pelas empresas e fatores já estabelecidos, como a própria tradição no mercado, em âmbito nacional e local.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] VASCOCELLOS, M. A. S. Estrutura de Mercado. In: _______. Economia: micro e macro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 137.

[2] MAGALHÃES, M. F. et. al. Estruturas de Mercado: a proposta de uma nova taxonomia. Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, jul./dez. 2008, p. 21.

[3] ROSSETI, J. P. O Mercado: estruturas e mecanismos básicos. In:_______. Introdução à economia. 20 ed. São Paulo: Atlas, 2003, pp. 400-401.

[4] NOVELLO, M. M. A indústria da moda: análise por meio da ótica de organização industrial. Monografia (Graduação em Economia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2013, p. 30. [5] ALBUQUERQUE, M. V. M. L.; TORRES, D. A. R. A industrialização no Brasil e o desenvolvimento da moda: um ensaio. Cadernos Temáticos de Ciências Gerenciais – Textos para

Reflexão, Sete Lagoas, n.4, pp. 29-35, jul. 2004.

[6] VENTURA, M. M. O Estudo de caso como modalidade de pesquisa. Revista SOCERJ. 2007: 20(5): 383-386, setembro/outubro, p. 384.

[7] LEITE, M. T. A. de S. Formação de preço: mercado onde custos, clientes ou concorrentes são fatores determinantes. Monografia (Graduação em Contabilidade) – Centro Universitário de Brasília (Uniceub), 2007. [8] BOUÇAS, S.; VALOR. Riachuelo e Lojas Marisa tomam um pouco do mercado da C&A, a maior do varejo de moda do Brasil. Disponível em: https://alfredopassos.wordpress.com/2014/12/23/inteligencia-competitiva-moda-riachuelo-e-lojas-marisa-tomam-um-pouco-do-mercado-da-ca-a-maior-do-varejo-de-moda-do-brasil/. Postado em: 23 dez. 2014. Acesso em: 22 jul. 2016. [9] TOLEDO, J. C. de. Qualidade, estrutura de mercado e mudança tecnológica. Revista de

Administração de Empresas – RAE, São Paulo, v. 30, n. 3, p. 33-45, Set. 1990, p. 38.

[10] ABDALLAH, Ariane. Empresário dobrou faturamento da Riachuelo, mas ainda é pouco para conquistar a liderança. Disponível em: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/noticia/2015/05/empresario-dobrou-faturamento-da-riachuelo-mas-ainda-e-pouco-para-conquistar-lideranca.html. Acesso em: 06 jul. 2016.

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Ações Lúdicas de Saúde em Feiras Municipais de Juazeiro – BA

Lucas Rafael Monteiro Belfort 1*; Danyella Evans Barros Melo1; Roberta Novaes de Santana1; Victor Hugo da Silva Martins 1; Nadyr Cristina Bezerra 1; Maria Aparecida Pereira Ivo 1; Kedma de

Magalhães Lima 1

INTRODUÇÃO

Através das constantes mudanças que ocorrem no mundo contemporâneo, as modificações ensino-aprendizagem, como e onde os mesmos são transmitidos, passaram também por modificações. MACHADO [1] é um dos autores que observaram na educação um caminho para a adaptação e preparação dos indivíduos em uma sociedade mutável, tornando-os proativos a essas constantes mudanças. Diante das transformações, torna-se necessário utilizar instrumentos práticos e mentais indispensáveis para poder viver, trabalhar, e, sobretudo, se sentir inserido na atual sociedade, que é fortemente competitiva.

Faz-se importante uma educação que privilegie a diversidade, mas que possua bases comuns para a integração social, proporcionando a negociação e o trabalho em equipe, além da convivência e o relacionamento social. Diante dessa perspectiva, o ensinar passa a ser realizado nos mais diversos ambientes onde a interação pode ocorrer. O papel da promoção de ensinar passa a ser realizada de maneira em que as atitudes permitam maior conexão com a realidade e novas técnicas sejam utilizadas para lidar com o desconhecido. Essas atitudes possibilitam aprender a fazer, aprender a aprender, encarar problemas de vários pontos de vista, desenvolver relacionamentos interpessoais (aprender a viver com os outros) e a liberdade de escolha (currículo diversificado).

Por mais que o ambiente seja o mais diversificado possível, a mediação do conhecimento deve nortear a chegada ao mesmo através da intervenção assertiva, por exemplo, a forma lúdica. O mediador interpõe entre o aprendiz facilitando os estímulos, a interpretação e a significação por meio de participação do envolvimento e da motivação do sujeito. Ao profissional de saúde cabe uma reflexão e entendimento maior, visto que além dos conhecimentos técnicos ligados a sua área de atuação, é necessário um conhecimento mais vasto em outras áreas, compreendendo habilidades pessoais em lidar, conviver com a diversidade social e cultural que permeia a sociedade.

Baseado no alicerce em que a saúde também ocorre através da promoção de conhecimento nos maios diversos locais, e considerando a peculiaridade da região do Vale do São Francisco, em especial a cidade de Juazeiro, na Bahia, localizado a aproximadamente 500Km, da capital Salvador, ligada pela ponte presidente Dutra ao município de Petrolina-PE, onde juntas formam o maior aglomerado urbano do semiárido brasileiro, as margens do Rio São Francisco, em sua região sub-média, foi idealizado a construção do trabalho. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística, Juazeiro, possui cerca de 197.655 habitantes, em uma área de 6.500,691 km2, tendo um total de 46 bairros. Na agricultura é tido como um dos maiores centros produtores de frutas tropicais

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); * [email protected]

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do país, tendo destaque, principalmente a cultura da manga, uva, melancia, cebola, melão, coco e banana. Por conta disso a cidade possui o maior centro de abastecimento (CEASA), norte/nordeste, brasileiro

A cidade de Juazeiro, como a grande maioria das cidades do nordeste, possui feiras onde a população faz compras dos mais diversos produtos. Com o passar dos anos, esse comércio veio aumentando, promovendo renda e empregos dentro da cidade; e fazendo com que os pequenos produtores das cidades e regiões vizinhas migrem para expor seus produtos. No entanto, não há um controle rígido sobre o preparo e comercialização desses alimentos. Para Soto este quadro proporciona condições favoráveis para o aumento do risco de intoxicações alimentares, quando partimos do pressuposto de que as condições de higiene e manipulação destes alimentos podem estar insatisfatórias.

Hábitos irregulares como a falta de atenção ao manipular e armazenar os alimentos pode gerar graves problemas como uma intoxicação alimentar, o que traz grandes preocupações e envolve questões de segurança alimentar. Um produto exposto nas feiras deve possuir adequadas características sensoriais e valor nutricional, além de boas condições de higiene, para que ele satisfaça as necessidades e desejos de seu cliente. É preciso uma constante vigilância em torno da qualidade do ambiente e da manipulação onde estão sendo expostos os alimentos, pois estes devem conter diversas exigências até chegar ao consumidor final.

Os agentes microbianos encontrados nas feria livres, podem ser dos mais diversos, e muitas vezes a população não tem uma real clareza que medidas “simples” podem evitar patologias, a intervenção na educação para manipulação adequada de alimentos pode contribuir para aumentar a segurança do manipulador no manuseio de alimentos, ampliarem as perspectivas educacionais deste, e proporcionar à população um alimento seguro, do ponto de vista microbiológico [2].

Uma maneira de se educar o manipulador é fazê-lo conhecer como os micro-organismos potencialmente veiculadores de doenças transmitidas por alimentos (DTAs) atuam no hospedeiro humano e o que deve ser feito para oferecer ao consumidor segurança, do ponto de vista. A qualidade higiênico-sanitária é apresentada como fator de segurança alimentar que tem sido amplamente estudada e discutida, uma vez que as Doenças Transmissíveis por Alimentos são a principais causas que contribuem para os índices de morbidade nos países da América Latina e do Caribe. Por isso, tem-se a necessidade de verificar a qualidade higiênico-sanitária dos manipuladores de alimentos, para que as doenças possam ser evitadas [3].

Desta forma, o projeto de extensão “Conscientização sobre doenças parasitárias em feiras municipais de Juazeiro-BA: A universidade além dos muros”, tem como objetivo principal, ressaltar a importância de medidas criativas utilizadas pelos profissionais de saúde em prol da mobilização da população, onde demonstra como uma importante ferramenta para desenvolver e difundir o conhecimento acerca das doenças infecto-parasitarias transmitidas por alimentos, de forma lúdica, conscientizando a população, transeuntes e comerciantes sobre maneiras higiênicas eficazes para garantir a qualidade e segurança alimentar, promovendo a saúde em feiras populares. Assim, torna-se possível desenvolver ações que modifiquem a realidade do aumento da prevalência de DTAs.

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MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho trata de um estudo descritivo-qualitativo do tipo relato de experiência, relatando aspectos vivenciados pelos autores, na oportunidade de um projeto de extensão denominado “Conscientização sobre Doenças Parasitárias em Feiras Municipais de Juazeiro -BA: A Universidade Além dos Muros”, vigente pelo Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária (PIBEX) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF). O relato de experiência é uma ferramenta da pesquisa descritiva que apresenta uma reflexão sobre uma ação ou um conjunto de ações que abordam uma situação vivenciada no âmbito profissional de interesse da comunidade científica.

O presente projeto nasceu de uma atividade de avaliação na disciplina de Processo Saúde e Doença II (PSD II), 5º período do curso de Enfermagem, 2014.2, da UNIVASF. Os alunos foram divididos em grupos e avaliados quando ao desempenho intelectual e criativo na abordagem dos comerciantes, clientes e transeuntes da Feira Municipal da Areia Branca, Petrolina/PE. Através deste trabalho foi possível entender a importância da utilização de jogos, teatro, música no processo educativo, como instrumento facilitador da integração, da sociabilidade, do despertar lúdico, da brincadeira e principalmente do aprendizado. A população geral da feira agradeceu a iniciativa e se mostrou bastante interessada e entusiasmada, e percebeu-se que o indivíduo criativo constitui um elemento importante para a construção de uma sociedade melhor, pois se torna capaz de fazer descobertas, inventar e, consequentemente, provocar mudanças. Da mesma forma, semanalmente se escolhe um tema na parasitologia relacionado a doenças de origem alimentar, e uma das feiras municipais da cidade de Juazeiro (Alto da Maravilha, Joca de Oliveira e Parque Residencial). Os discentes, juntos com o coordenador do projeto e os colaboradores, montam jogos, teatros, músicas, literatura em cordel, vestimentas e/ou cartazes que de alguma forma, chame a atenção do público para levar a informação previamente estabelecida. Além disso, são distribuídos folhetos explicativos e questionários para o recolhimento de informações socioeconômicas, culturais e relacionados à patologias parasitárias. A cada evento é realizado uma avaliação do conteúdo abordado e de seu aproveitamento, agrupando esses dados para a confecção de relatórios mensais, criando um banco de dados com essas informações.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A efetivação do projeto demonstra aos próprios discentes que o lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo, além de integrarem as várias dimensões dos próprios estudantes e da comunidade, como a afetividade, o trabalho em grupo e das relações com regras pré-definidas. Estas atividades podem comprovar que, além de ser fonte de prazer e descoberta, é a tradução do contexto sócio - cultural - histórico refletido na cultura, podendo contribuir significantemente para o processo de construção do conhecimento.

Assim, é possível tornar tanto os discentes, como os frequentadores e vendedores das feiras livres, mais competentes na produção de respostas criativas e eficazes para solucionar os problemas. Ser competente implica em saber mobilizar de forma criativa e eficaz as habilidades, nas quais os conhecimentos, valores e atitudes são usados de forma integrada frente às necessidades impostas pelo meio. As habilidades se constroem e manifestam na ação, a qual se aprimora pela prática,

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levando à reconstrução do conhecimento. E, contudo, espera-se assim, discentes capacitados no manejo ao atendimento integral do futuro paciente, principalmente com doenças infectocontagiosas, utilizando uma linha de cuidado como ferramenta da integralidade, além do conhecimento acerca dos benefícios da profilaxia. Estimular a criatividade, assim como, o senso crítico dos discentes acerca dessa temática e estimular os discentes a participarem em atividades relacionadas à arte e a cultura na mobilização em saúde.

Para os transeuntes, vendedores e compradores de feiras livres, consegue que a atividade lúdica propicie um meio para que o induzam o seu raciocínio, a reflexão e consequentemente a construção do seu conhecimento. Além de promover construção do conhecimento cognitivo, físico, social e psicomotor o que o leva a memorizar mais facilmente o assunto abordado, desenvolvendo as habilidades necessárias às práticas educacionais da atualidade.

CONCLUSÕES

O lúdico, como componente do lazer, esteve presente em todas as épocas da história e pode acontecer em qualquer momento da existência humana, seja em questões relacionadas à família, religião, política, cultura e principalmente, trabalho e saúde. O lúdico é uma estratégia insubstituível para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias. Além disso, é uma importante ferramenta de progresso pessoal e de alcance de objetivos institucionais.

Da mesma forma, o ensino das Ciências há muito tempo vem sendo motivo de discussões e reflexões, principalmente por educadores, psicólogos e cientistas. Os mesmos veem construindo teorias, baseadas em observações e em experiências que visam buscar elementos que possam compreender o comportamento das pessoas e, com isso, orientar as atividades de ensino. As investigações têm trazido mudanças nas ideias existentes sobre quem aprende e quem ensina. Diante do que foi exposto, percebe-se a importância da conscientização através do ensino lúdico das parasitoses, não apenas para a formação humana e crítica do indivíduo que trabalha ou frequenta as feiras livres, também enquanto ferramenta promotora de seu bem-estar. O projeto atinge seus objetivos, não só por permitir uma construção do conhecimento por parte dos comerciantes, transeuntes e clientes, mas por oferecer aos próprios estudantes de enfermagem, a oportunidade de trabalhar a promoção da saúde, uma das estratégias mais importantes para a redução no número de pessoas atingidas pelas verminoses. Os acadêmicos podem atuar em um contexto diferente do que estão habituados, o que oportuniza um crescimento ímpar, que muito contribuirá para a trajetória profissional dos mesmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MACHADO, Arlindo. Artigo: Hipermídia: O labirinto como metáfora. In: A Arte no século XXI: a humanização das tecnologias. Diana Domingues (org). São Paulo, Fundação Editora da UNESP, 1997.

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[2] LEVINGER, B. School feeding, school reform, and food security: connecting the dots. Food Nutrition Bulletin, v.26, p.170-178, 2005.

[3] AKUTSU, R.C; BOTELHO, R.A; CAMARGO, E.B; SÁVIO, K.E.O; ARAÚJO, V.C. A ficha técnica de preparação como instrumento de qualidade na produção de refeições. Rev. Nutrição. Campinas, v.18, n.2, p. 277-279, mar./abr., 2005.

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Enfrentamento de Familiares Perante Diagnóstico de Câncer Infanto-Juvenil

Patrícia Shirley Alves de Sousa1*, Larissa Lorena de Carvalho2, Joice Requião Costa2, Emanuella Lisboa Baião Lira2, Alana Mirelle Coelho Leite2 Herydiane Rodrigues Correia Wanderley2,

Marcelo Domingues de Faria2

INTRODUÇÃO

No Brasil, assim como em outros países, o câncer já representa a primeira causa de morte (7% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, em todas as regiões [1]. Após o diagnóstico do câncer infanto-juvenil, familiares buscam a resiliência diante dos inúmeros sentimentos que surgem, como: culpa, negação, medo, confusão, raiva, desgosto e angústia [2], visando, assim, adaptar-se as mudanças e dar apoio incondicional ao doente [3]. Além do surgimento da doença, a hospitalização é uma experiência estressante, não só pelo próprio ambiente, mas principalmente pelo surgimento de emoções e comportamentos correlacionados ao diagnóstico, tratamento e prognóstico da doença [4]. O enfrentamento consiste-se numa alternativa de condução desse evento complexo, que é definido como o esforço de comportamento e cognição do indivíduo voltado para manobrar um acontecimento estressante, fazendo-o entender quais os fatores que irão influenciar o resultado final do processo. Para isso, é preciso que o mesmo seja resiliente, ou seja, capaz de superar e ressignificar de forma positiva as situações adversas, manejando a doença e o tratamento ao logo do tempo [5]. Este trabalho é um recorte da Dissertação de Mestrado: ‘CÂNCER EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: o enfrentar da doença pelos familiares’, do programa de pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco e tem como finalidade compartilhar o enfrentamento de familiares parente o diagnóstico do câncer infanto-juvenil.

MATERIAIS E MÉTODOS

O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, através do parecer CAAE 45724915.7.0000.5196 de 28/07/2015. Trata-se de um estudo descritivo, fenomenológico com abordagem qualitativa, que objetivou analisar o processo de enfrentamento adotado por familiares/responsáveis de crianças e adolescentes com câncer hospitalizados. O mesmo foi realizado no período de agosto a novembro de 2015, momento em que se atingiu o desvelamento do fenômeno, no Hospital Dom Malan localizado no Município de Petrolina (PE), que trabalha sob a gestão do Instituto de Medicina ______________________________________________________________________________

¹Hospital Dom Malan – IMIP; 2 Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF);

* [email protected]

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Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), uma entidade filantrópica que atua nas áreas de assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária. Os participantes do estudo foram compostos por 16 familiares/responsáveis das crianças ou adolescentes em tratamento para o câncer infanto-juvenil internados no Hospital Dom Malan.

Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, com base em roteiro contendo questões norteadoras e de apoio. Cada familiar/responsável assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e foi entrevistado individualmente. Após cada entrevista gravada, as falas foram transcritas para não se perder os modos pelos quais os familiares/responsáveis se expressaram, tanto física quanto verbalmente. Foi atribuída a letra F seguida do número em ordem crescente dos familiares/responsáveis, visando garantir o sigilo e anonimato dos mesmos. Os discursos dos familiares/responsáveis foram transcritos e analisados partindo-se de quatro momentos, conforme orientação de Martins e Bicudo (1989): 1. Leitura geral e atentiva da descrição de cada discurso; 2. Leituras das entrevistas, quantas vezes forem necessárias, pelo pesquisador para buscar identificar unidades de significado (U.S.), ou seja, coloca-se em evidência os significados da descrição; 3. Obtendo as U.S., o pesquisador tenta expressar o “insight” contido em cada uma delas, de maneiras a aproximá-las fazendo as convergências possíveis de todas as U.S. obtidas dos discursos/entrevistas, através de expressões concretas dos sujeitos, de modo a construir categorias reveladoras do fenômeno em estudo; 4. O pesquisador, para chegar à estrutura do fenômeno, sintetiza e integra os “insights ”contidos nas U.S., buscando uma descrição consistente desse fenômeno tal como ele se mostra de sua estrutura. O processo de desvelamento em pesquisa fenomenológica ocorre durante a entrevista e também na sua análise. Verifica-se as vivências dos sujeitos no que tange ao que eles experienciaram e foi relatado, mas também ao que não foi dito, mas ficou implícito nas suas expressões [6].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização dos familiares/responsáveis Dos 16 familiares/responsáveis participantes do estudo, 14 eram mães, que, normalmente, são as principais cuidadoras e, em muitos casos, as únicas, por cuidarem em período integral de seus filhos [7], conforme pode-se constatar na Figura 1.

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Figura 1 - Gráfico evidenciando o principal cuidador das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no IMIP - Petrolina, 2015.

A cor de pele predominante entre os familiares foi parda (50%), a média de idade foi 41 anos e 87,5% eram casados/união estável. Corroborando com estes achados, estudo mostrou que a maioria dos entrevistados também tinha a cor parda, eram casados e a idade variava entre 23 e 42 anos [8]. Caracterização das crianças e adolescentes Todos os pacientes estavam em tratamento quimioterápico (100%). Desses, 10 (62,5%) eram do gênero sexual masculino; e seis (37,5%), do feminino. A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é o tipo de neoplasia mais frequente na oncologia pediátrica do hospital, sendo a patologia de 14 dos 16 pacientes (87,5%), seguida pelo neuroblastoma (6,25%) e linfoma de Hodgkin (6,25%). A LLA é o tipo de neoplasia maligna mais comum na infância e acomete mais meninos do que meninas, confirmando os achados da pesquisa [9]. A Figura 2 especifica as idades das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no hospital e evidencia a prevalência entre 2 a 5 anos, confirmando dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) [1].

Figura 2 - Gráfico evidenciando a idade das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no IMIP - Petrolina, 2015.

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Desvelamento fenomenológico Foram evidenciadas seis U.S., dentre elas, o câncer. Constatou-se que os familiares lembram de cada detalhe que antecedeu o diagnóstico da neoplasia maligna e que, na maioria das vezes, os sinais e sintomas da patologia foram confundidos com outros agravos de saúde.

“ ... ele teve uma gripe. Aí ‘tava’ dando febre, pensamos ser da gripe, inclusive o médico disse que era. Só depois apareceram umas manchas roxas, ele começou a ficar “da cor de leite”, aí trouxemos pra cá e foi descoberto” (F6). Na leucemia, as manifestações mais frequentes são: palidez, febre, manifestações hemorrágicas, adenomegalia, hepatomegalia, esplenomegalia, fadiga e dor óssea. Porém, esses sinais e sintomas podem ser confundidos com outras enfermidades comuns da infância, dificultando o diagnóstico precoce que, por sua vez, permite melhor controle da doença [10].

O choque imposto por essa etapa inicial soma-se ao impacto de cuidar da criança e do adolescente, gerando perturbações psicológicas, emocionais e físicas [11], como também foi evidenciado nas falas:

“ ... a leucemia pra mim é a morte. Eu morri por dentro, sabe? Queria que fosse comigo e não no meu filho. Queria que fosse qualquer outra doença, menos essa ‘doença ruim’ (choro)” (F2).

“ Eu passei uma semana sem acreditar, só chorava. Tive depressão e queria me matar, eu não entendia o porquê de aquilo ser no meu filho. Essa foi a fase mais difícil, sabe? Depois eu vi que eu precisava aceitar e cuidar dele. Mas, até hoje, não me conformo! ” (F14).

Em contrapartida, alguns familiares demonstraram esperança desde o início: “ ... eu já tive câncer e me curei. É claro que eu não queria que meu filho passasse por isso,

afinal, ele é apenas uma criança. Mas, a gente não deve entender os planos de Deus, apenas aceita-los. Eu creio que ele vai sair dessa ... ele vai se curar ...” (F6). Em relação às mudanças ocorridas na rotina dos familiares/responsáveis em virtude do início do tratamento quimioterápico, verificou-se dedicação total às crianças e adolescentes, independente da fase terapêutica, em que muitos desses cuidadores abdicaram do seu trabalho, lazer e relações sociais.

“ ... pra cuidar dela eu largo tudo! Meu marido e pais estão me ajudando muito. Tenho fé que dará tudo certo!” (F1) Os cuidadores se sentem bem por estar ao lado de quem amam no processo da doença, independentemente dos obstáculos enfrentados. O cuidar vai além do valor moral, representa o sentimento parental existente perante situações de sofrimento [12].

CONCLUSÕES

O câncer traz consigo uma urgência à vida da criança ou adolescente, incitando mudanças no cotidiano da família desde o momento em que o diagnóstico da doença é comunicado. Dessa forma, os familiares buscam o enfrentamento do mesmo pautando-se principalmente na fé e apoio de familiares.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Instituto Nacional do Câncer - INCA. Estimativa 2016: Incidência de Câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro.p.1-51, 2016

[2] ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Comunicação com parceiros e familiares. São Paulo, 2006. Disponível em <http://www.abrale,org.br/apoio_psicologico/conversando/comunicação_familiares.php>. Acesso em: 27 nov. 2014. [3] MENEZES, C. N. B.; PASSARELI, P. M. et al. Câncer infantil: organização familiar e doença. Rev Mal-Estar Subjetividade. v. 7, n. 2, p.191-210, 2007.

[4] COSTA, J. B.; MOMBELLI, M. A.; et al. Avaliação do sofrimento psíquico da mãe acompanhante em alojamento conjunto pediátrico. Estudos de Psicologia. v. 26, n.3, p.317-325, 2009. [5] PENNA, T.L.M. Dinâmica Psicossocial de Famílias de Pacientes com Câncer. In: ______. Doença e Família. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, p. 377-378.

[6] MARTINS, J.; BICUDO, M.A.V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: Moraes, 1989. p. 82-96.

[7] FARIA, A. M. D. B.; CARDOSO, C. L. Aspectos psicossociais de acompanhantes cuidadores de crianças com câncer: stress e enfrentamento. Estudos de Psicologia. v. 27, n.1, p. 13-20, 2010. [8] FAGUNDES, C. S. O.; SILVA, M. F. et al. “Senti culpa, muita tristeza e vontade de chorar” – percepções sobre o câncer para mães e cuidadores de crianças em tratamento oncológico. Revista Bionorte. v. 4, n. 2, p. 48-60, 2015. [9] Instituto Nacional do Câncer – INCA. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro. p. 35-53, 2014

[10] NAOUM, P. C.; NAOUM, F. A. Câncer: por que eu. All Print. 2012, 215p. [11] LJUNGMAN, L.; CERNVALL, M. et al. Long-term positive and negative psychological late effects for parentes of childhood cancer survivors: a systematic review. PloS ONE. v. 9, n. 7, p. 1-15, 2014.

[12] COSTA, M. A. D. J.; NETO, V. L. S. et al. Contexto de mães de crianças com câncer internadas em uma unidade de cuidados paliativos. Paraninfo digital. n. 20, 2014.

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Fatores de Risco para Pé Diabético: Subsídios para Prevenção

Ana Tarsila Leal 1, Ariene Carlene Silva 1, Laiane Barbosa 1 , Maria Helvila Oliveira 1 , Glenda Carvalho Vasconcelos 1, José Mario Mattos 1

INTRODUÇÃO

O Diabetes é uma das doenças mais preocupantes e um dos mais importantes problemas sociais de saúde do século XXI, pois existe um grande número de pessoas afetadas decorrentes da mesma, como por exemplo, com as incapacitações físicas, doenças cardiovasculares, Hipertensão, Cegueira, dentre outras enfermidades, além das várias dificuldades para tratamento para obter uma vida normal incluindo também a falta de conhecimento de meios para a prevenção da mesma [6]. É síndrome de origem múltipla causada pela falta de incapacidade da insulina de realizar de forma correta sua função no organismo, alterando assim o funcionamento correto de um metabolismo saudável [10].

Na mesma linha alguns trabalhos definem a diabetes como uma doença que acaba surgindo quando ocorre a produção de insulina no organismo de forma descontrolada, ou seja, quando o organismo para ou diminui sua capacidade de atuação , elevando assim a taxa de glicose encontrada no sangue, relatando também que a doença pode ser diagnostica na adolescência ou até mesmo durante a infância [6] [9]. Sendo que a insulina é caracterizada como um hormônio anabólico essencial e responsável pelo trabalho e manutenção da Homeostase de glicose, além do crescimento e diferenciação celular [1]. Todos esses eventos podem evoluir para o pé diabético, que pode ser caracterizado por consequência de uma diabetes não controlada e nem diagnosticada precocemente, sendo o pé diabético considerado uma forte complicação crônica [2]. A prevenção da mesma poderia evitar 44% a 85% de amputação dos casos, levando a qualidade de vida dos portadores da doença [2].

O desenvolvimento das úlceras de pé diabético começa com lesões simples no tecido mole do pé, formando calos. Podendo ser causado por andar de pés descalços na praia, solo quente ou frio levando a complicações para indivíduos portadores da Diabetes Mellitus [11] .

Diante disso, ver-se a necessidade de identificar os principais fatores de riscos ao mesmo tempo em que se estuda a forma de prevenção da doença. Acredita-se que ao encontrar os fatores de risco que afetam o pé diabético, podem-se amenizar os principais incômodos da doença, assim como adquiri-la, permitindo uma melhor qualidade de vida. A prevenção, para toda e qualquer doença nunca deixará de ser a maior e melhor solução, por essa razão deve-se encontrar meios específicos e validos para prevenir-se evitando os principais fatores de riscos que acometem a mesma.

_____________________________________________________________________________ 1 Instituto de Educação Superior Raimundo Sá – IESRSÁ; * [email protected]

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Este estudo tem por objetivo investigar e demonstrar os principais fatores de riscos para pé diabéticos e quais os meios de prevenção e principais causas, visando encontrar aos melhores métodos de prevenir a doença, melhorando assim a qualidade de vida.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, bibliográfico realizado a partir de material já elaborado, constituídos de artigos periódicos nas línguas inglesas e portuguesa e atualmente disponibilizadas na internet [3]. Foram utilizados como fonte as bases de dados eletrônicos da Biblioteca Virtual em Saúde, tais como: SciElo, ACCAMARG, REVISTAVOOS, bem como dados governamentais por serem as principais bases de dados utilizados para a publicação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os vários estudos vêm concluindo e demonstrando a necessidade de avaliar e da atenção aos pés dos portadores de Diabetes Mellitus, incentivando para o autocuidado, como também o controle da glicemia para assim não se transformar num pé diabético. Estudo descritivo, exploratório com portadores de Diabetes Mellitus (DM) cadastrados na Unidade Básica de Saúde da Zona Rural de Londrina, onde foram selecionados os portadores de DM tipo 2 com idade superior a 40 anos, excluindo os diabéticos em tratamento e obteve como conclusão que os pés diabéticos são considerados condições elevados e que se relacionam especialmente com fatores dermatológicos e que a prevenção está ligada a manutenção e controle glicêmico e cuidados higiênicos com os pés. Podendo ser utilizado principalmente a técnica de autocuidado [11].

Seguindo a mesma linha de pesquisa outro trabalho realizado teve como resultado de seu estudo que os principais fatores de riscos para pés diabéticos são as modificações de nível glicêmico, alterações dermatológicas e sedentarismo [8]. No referido trabalho o autor usou como amostra 659 pessoas diagnosticadas com DM como idade acima de 20 anos de ambos os sexos, obteve o resultado atreves de instrumentos demográficos, exames laboratoriais, exames dos pés, além de analisar o estilo de vida. Em estudo realizado foram analisados 80 idosos portadores de DM onde a associação de grau de risco para pé diabético e as variáveis analisadas foram feitas por meios de tabelas de contingências como o teste de Pearson [4]. Com todos esses dados obteve-se o resultado de que todas as variáveis estudadas são fatores de risco para o pé diabético, como por exemplo, a hipertensão que agrava o problema, doenças cardiovasculares, a não pratica de exercício físico, ou seja, conclui-se que todas essas condições podem levar o pé diabético e que trabalhando para a prevenção das doenças secundárias pode-se prevenir a pé diabetes em indivíduos portadores da doença.

Estudo de revisão bibliográfica, onde teve como objetivo demonstrar as principais estratégias de prevenção para relacioná-la os fatores de risco para pé diabético, obtendo como resultado que o atendimento primário e prevenção das lesões nos membros inferiores que são resultantes da falta de controle da doença são a melhor saída, pois dessa forma pode-se diminuir principalmente o risco de amputações, estagio mais grave da doença [13]. Trabalho também de revisão sobre estratégias de prevenção e tratamento de pé diabéticos, que conseguiu demonstrar que os portadores reconhecem a importância da prevenção e que a capacitação de profissionais da saúde

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também é importante, pois ajudam a manipular e controlar o nível da glicose através de estratégias sugerida pelos mesmos, evitando dessa forma fraturas nos pés que consequentemente irá se torna ulceras e pés diabéticos [5]. Dessa forma através dos vários trabalhos publicados analisados, notou-se a relevância do assunto, além de contribuírem de forma significante para o entendimento do problema e principalmente para a prevenção do mesmo.

CONCLUSÕES

Diante de todas as fontes analisadas e trabalhos comparados pode-se notar que os principais fatores de risco para portadores da Diabetes Mellitus são os problemas cardiovasculares, sedentarismo, alterações nas taxas glicêmicas que acabam por evoluir em úlceras e nos casos mais graves, a amputação. No que diz respeito à prevenção, acredita-se que o diagnóstico precoce seja a melhor solução, pois a partir desse ponto começa-se a tomar os cuidados necessários.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[3] GIL, J,O,. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. Disponível em https://professores.faccat.br/. Acessado em 05 de Setembro de 2016 as 08h03min.

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[5] LOPES, R, O. Elaboração de protocolo de prevenção e tratamento do pé diabético. Dissertação (Especialização em Atenção Básica em saúde da Família) p. 15, 2012. Disponivel em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br. Acessado em 05 de Setembro de 2016 as 07h40min.

[6] ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Diabetes: Organização Mundial de Saúde, 2011.Disponivel em: http://www.diabetes.org.br/. Acessado em 02 de Setembro de 2016 as 06h32min.

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[8] PACE, A,E; FOSS, M,F;VIGO,K,O;HAYASFIDA, M. Fatores de Riscos para complicações em extremidades Inferiores de Pessoas com Diabetes Mellitus. Revista Brasileira de Enfermagem. v.55, n.5, p100, 2002. Disponível em : http://www.scielo.br/. Acessado em 01 de Setembro de 2016 as 07h14min.

[9] RAMALHO, C. Comida que cuida 2: O prazer na mesma e na vida de quem tem diabetes. Sonofi aventis, p. 20, 2014.Disponivel em : http://www.accamargo.org.br/. Acessado em 04 de Setembro as 10h35min.

[10] SAKAE, T, M; COSTA, A,W, O ; LINHARES, R. Prevalência dos fatores de riscos para Diabetes Mellitus Tipi 1 no Grupo de Endocrinologia Pediátrica do Hospital Universitário –UFSC. Arquivos Catarinenses de Medicina. v.33.n.4, p.1, 2004. Disponível em: http://www.acm.org.br/. Acessado em 04 de setembro de. 2016 as 10h25min.

[11] SMANTIOTO, F, N; HADDADE, M, C, F; ROSSANEIS, M, A. Autocuidado nos fatores de riscos da ulceração em pés diabéticos: Estudo Transversal. Online brililian of Nurrseg.p.2, 2010. Disponível em : http://www.objnursing.uff.br/. Acessado em 03 de Setembro as 08h05min

[12] TAVARES, D,M,S; DIAS, F,A; ARAÚJO, L, R; PEREIRA, G, A. Perfil de Clientes submetidos a amputações relacionadas ao Diabetes Mellitus. Revista Brasileira de enfermagem. v.62, n.6, p. 16, 2009. Disponivel em: http://www.scielo.br/. Acessado em 02 de setembro de 2016 as 07h21min.

[13] VIGO, K, O ;PACE, A, E. Pé Diabético: Estratégias para prevenção. Acta, Paul Enferm.v.18, n.1, p.100, 2005. Dispoviel em: http://www.scielo.br/. Acesso em 02 de Setembro de 2016 as 07h23min.

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Contribuição da Fé no Enfrentamento do Câncer Infanto-Juvenil

Patrícia Shirley Alves de Sousa1, Larissa Lorena de Carvalho2, Joice Requião Costa2, Emanuella Lisboa Baião Lira2, Alana Mirelle Coelho Leite2, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley2,

Marcelo Domingues de Faria2

INTRODUÇÃO

Em 2016 e em 2017, estima-se que ocorrerão, por ano, cerca de 12.600 casos novos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil. As regiões Sudeste e Nordeste apresentarão os maiores números de casos novos, 6.050 e 2.750, respectivamente, seguidas pelas regiões Sul (1.320), Centro-Oeste (1.270) e Norte (1.210) [1]. Diante do surgimento do câncer infanto-juvenil, os familiares passam a conviver com sentimentos culpa, negação, medo, confusão, raiva, desgosto e angústia [2]. Como as famílias consistem na principal forma de apoio ao doente, fazem inúmeras adaptações em sua vida e rotina. Algumas adotam até a mesma dieta restritiva do doente, reduzem a carga profissional e de atividade de lazer visando ter mais disponibilidade para suprir suas necessidades [3]. Além do aparecimento da doença, a hospitalização é uma experiência estressante e envolve adaptação do paciente às várias mudanças decorrentes do processo de internação, independentemente de sua idade ou nível sócio-econômico. A internação imediata, a separação de casa e do convívio familiar, além dos procedimentos terapêuticos que, muitas vezes, agridem o paciente física e emocionalmente, são fatores desestruturantes tanto para a criança quanto para os demais membros da família [4]. Uma forma de conduzir esse evento complexo é compreender como as famílias enfrentam e suportam os problemas surgidos diante de uma doença grave, levando em conta também a percepção de cada membro da mesma em relação ao câncer, suas fantasias e dificuldades em acostumar-se com a situação [5]. Este trabalho é um recorte da Dissertação de Mestrado intitulada ‘CÂNCER EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: o enfrentar da doença pelos familiares’, do programa de pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco, tendo como finalidade compartilhar um dos tipos de enfrentamentos mais adotados pelos familiares: a fé.

MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, através do parecer CAAE 45724915.7.0000.5196 de 28/07/2015. Trata-se de um estudo descritivo, fenomenológico, com abordagem qualitativa, que visou analisar como ocorre o processo de enfrentamento adotado por familiares/responsáveis de crianças e adolescentes com câncer hospitalizados. O mesmo foi realizado no período de agosto a novembro de 2015, momento em que se atingiu o desvelamento do fenômeno no Hospital Dom Malan, localizado no Município de Petrolina (PE), que trabalha sob a gestão do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), uma entidade filantrópica que atua nas áreas de

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assistência médico-social, ensino, pesquisa e extensão comunitária. Os participantes do estudo foram compostos por 16 familiares/responsáveis das crianças ou adolescentes internados e em tratamento contra o câncer infanto-juvenil. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, com base em roteiro contendo questões norteadoras e de apoio. Cada familiar/responsável assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e foi entrevistado individualmente. Após cada entrevista gravada, as falas foram transcritas para não se perder os modos pelos quais os familiares/responsáveis se expressaram, tanto física quanto verbalmente. Foi atribuída a letra F seguida do número em ordem crescente dos familiares/responsáveis, visando garantir o sigilo e anonimato dos mesmos. Os discursos dos familiares/responsáveis foram transcritos e analisados partindo-se de quatro momentos, conforme orientação de Martins e Bicudo (1989): 1. Leitura geral e atentiva da descrição de cada discurso, de modo que o pesquisador possa captar o sentido do todo: neste momento, ele procura se aproximar do lugar onde o sujeito experienciou aquela dada situação, de forma a não ser um mero expectador; 2. Leituras das entrevistas, quantas vezes forem necessárias, pelo pesquisador para buscar identificar unidades de significado (U.S.), ou seja, coloca-se em evidência os significados da descrição, que não se encontram prontos no texto, mas que tem a ver com a disposição do pesquisador frente às suas perspectivas e interrogação; 3. Obtendo as U.S., o pesquisador tenta expressar o “insight” contido em cada uma delas, de maneiras a aproximá-las, fazendo convergências possíveis de todas as U.S. obtidas dos discursos/entrevistas, através de expressões concretas dos sujeitos, de modo a construir categorias reveladoras do fenômeno em estudo; 4. O pesquisador, para chegar à estrutura do fenômeno, sintetiza e integra os “insights” contidos nas U.S., buscando descrição consistente desse fenômeno tal como ele se mostra em sua estrutura. O processo de desvelamento numa pesquisa fenomenológica ocorre durante a entrevista e também em sua análise. Na entrevista, o pesquisador se detém à busca da vivência, manejando a entrevista de maneira a conseguir o relato das vivências de determinadas situações e, ao mesmo tempo, tendo o cuidado de direcionar o sujeito a dar determinadas respostas. Já, durante a análise dos dados, o pesquisador analisa as vivências dos sujeitos no que tange ao que eles experienciaram e foi relatado, mas também ao que não foi dito, mas ficou implícito nas suas expressões [6].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterização dos familiares/responsáveis

Dos 16 familiares/responsáveis participantes do estudo, 14 eram mães (87,5%), uma avó (6,25%) e um pai (6,25%). A mãe, normalmente, é a cuidadora principal e, em muitos casos, a única, visto ser a integrante da família a cuidar em período integral de seu filho [7]. A cor de pele predominante entre os familiares foi a parda (50%); a média de idade foi 41 anos e 87,5% eram casados/união estável. Corroborando com estes achados, estudo realizado com dez indivíduos, acerca das percepções de cuidadores de crianças em tratamento oncológico, mostrou que a maioria dos entrevistados também tinham a cor parda, eram casados e a idade variava entre 23 e 42 anos [8].

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Conforme classificação econômica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2014), 93,75% dos entrevistados pertencem a classe E [até 2 salários mínimos (SM), com remuneração de até R$1449,99]. Em relação à escolaridade, 50% possuía Ensino Fundamental completo. Caracterização das crianças e adolescentes

Todos os pacientes estavam em tratamento quimioterápico (100%) e possuíam terapêutica superior a 15 dias. Desses, 10 (62,5%) eram do sexo masculino e seis (37,5%) do feminino. A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é o tipo de neoplasia mais frequente na oncologia pediátrica do hospital, sendo a patologia de 14 dos 16 pacientes (87,5%), seguida pelo neuroblastoma (6,25%) e linfoma de Hodgkin (6,25%). A LLA é o tipo de neoplasia maligna mais comum na infância e acomete mais meninos do que meninas, confirmando os achados da pesquisa [9]. A Figura 1 especifica as idades das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no hospital e evidencia a prevalência entre 2 a 5 anos, confirmando dados do INCA [1].

25%

12,50%

31,25%

6,25%

12,50%

6,25% 6,25%

0%

10%

20%

30%

40%

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Idade

Idade

Figura 1 - Gráfico evidenciando idade das crianças e adolescentes em tratamento oncológico no IMIP - Petrolina, 2015.

Desvelamento fenomenológico Foram evidenciadas seis U.S., dentre elas, a fé. Que é vista como fonte de força, otimismo e esperança na cura da criança e do adolescente. A fé em Deus e o amparo da religião formam um mecanismo de proteção para o enfrentamento da doença e do tratamento, observado nas falas:

“ ... Deus é a minha maior força! É com Ele que me apego nas horas mais difíceis e sei que Ele vai me ajudar. Não posso reclamar da cruz muito pesada que estou levando nas costas, Ele também já levou uma cruz e morreu por mim né?...” (F12).

“Eu me apeguei com Deus, a gente vai sair dessa. Eu rezo todo dia. Comprei um terço pra minha filha, você viu? Tô ensinando ela a rezar, acho que ajuda também né?...” (F01).

“Eu sinto a presença de Deus nas horas mais difíceis. Eu oro. Sei que não estamos sozinhos!...” (F08).

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“Até meu marido está mais religioso! Acredita? Deus já livrou meu filho de muita coisa. Eu acredito nos médicos, mas sei que tem uma força maior lá em cima olhando por ele (filho). Está nas mãos Dele!...” (F04).

“Ter fé pra mim é acreditar que já deu certo. Entreguei nas mãos de Deus. A gente tem que acreditar que vai dar certo, para no final tudo dar certo mesmo...” (F02).

“Eu nunca tive pensamento negativo, tem ‘algo que vem de dentro de mim’, acho que é minha fé que me diz que minha filha vai ficar boa!” (F11). A fé e a crença religiosa e espiritual estão entre os apoios mais importantes e necessários no enfrentamento do processo de adoecimento [7] e podem se manifestar de duas diferentes formas: tendo fé em Deus, mas também o responsabilizando, ou seja, entregando a situação à Sua vontade. O processo de aceitação vem acompanhado com esse apego religioso, fazendo com que isso torne os familiares mais fortes para superar o sentimento de dor [10].

CONCLUSÕES

Incitados pelo sofrimento, os familiares buscam apoio que transcenda o tratamento convencional. Desta forma, fé, esperança, crença em Deus, têm sido “ferramentas próprias” para o enfrentamento do câncer infanto-juvenil. A fé aparece como forma de se alcançar aquilo que é almejado. Bem como, sob um tipo de força para o enfrentamento da doença e, como confiança que parte de seu próprio interior, direcionando a não ter pensamentos negativos e visando a cura do câncer. Não se pode negar o papel da fé das pessoas no enfrentamento de situações difíceis, como por exemplo, um câncer infanto-juvenil, pois dá sentido à doença que se está vivenciando, alimenta-se a esperança por melhores dias e favorecendo o manejo da dor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[6] MARTINS, J.; BICUDO, M.A.V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: Moraes, 1989. p. 82-96.

[7] FARIA, A. M. D. B.; CARDOSO, C. L. Aspectos psicossociais de acompanhantes cuidadores de crianças com câncer: stress e enfrentamento. Estudos de Psicologia. v. 27, n.1, p. 13-20, 2010. [8] FAGUNDES, C. S. O.; SILVA, M. F. et al. “Senti culpa, muita tristeza e vontade de chorar” – percepções sobre o câncer para mães e cuidadores de crianças em tratamento oncológico. Revista Bionorte. v. 4, n. 2, p. 48-60, 2015.

[9] Instituto Nacional do Câncer – INCA. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de Janeiro. p. 35-53, 2014

[10] DANTAS, M. S. A.; SILVA, D. A.; PINHO, T. A. et al. Estratégias de enfrentamento familiar do diagnóstico de leucemia: aspectos sociais e religiosos. Rev enferm UFPE on line. v. 9, n.1, p. 137-142, 2015.

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Influência de Sexo e Idade na Qualidade de Vida de Pacientes Transplantados

Alana Mirelle Colho Leite1, Patrícia Shirley Alves de Sousa2, Larissa Lorena de Carvalho2, Joice

Requião Costa2, Emanuella Lisboa Baião Lira2 ,José Carlos Moura 2

INTRODUÇÃO

No Brasil, o número de transplantes aumentou consideravelmente na última década, possuindo o maior sistema público de transplantes do mundo e uma das mais rigorosas legislações [1,2].

Em Pernambuco, o número de transplantes de órgãos vem aumentando significativamente, e o estado só não realiza o transplante de pulmão. No ano de 2015, foi realizado 517 transplantes de órgãos, representando um aumento de 17,9% em relação à 2014, ocupando em número de doações efetivas, o segundo lugar no Norte/Nordeste e a oitava posição no Brasil[3,4].

A literatura diz[5,6] que o transplante de órgãos configura a única fonte de tratamento para muitos pacientes que apresentam algum tipo de patologia e representa o principal recurso para a manutenção da vida. Ressaltam que o transplante é considerado a última possibilidade e melhor opção terapêutica, e tem um impacto positivo na qualidade de vida desses pacientes. Avaliar a qualidade de vida dos pacientes submetidos a transplantes de órgãos e os fatores que o influenciam, nos permite entender o quão esta intervenção pode interferir na vida destas pessoas beneficiadas, através de um olhar voltado não só para o tratamento fisiológico, mas também para um contexto social, pessoal e psicológico, considerando as implicações desta em sua vida[7]. Este estudo é um recorte da Dissertação de mestrado intitulada em: “Percepção da Qualidade de Vida de pacientes submetidos a transplantes de órgãos”, do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde e Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF. Objetivou avaliar a influências de variáveis socioeconômicas na percepção da Qualidade de Vida de pacientes transplantados.

MATERIAIS E MÉTODOS

Em consenso com a Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde que determina as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos, esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), CAAE: 49632115.3.0000.5201. Trata-se de um estudo descritivo, com perspectiva quantitativa e de caráter transversal, desenvolvido em uma unidade de atendimento ambulatorial de referência pré e pós – transplante, a Unidade Geral de Transplantes – UGT, na cidade de Recife – PE. A população foi constituída por pacientes transplantados de fígado, rim ou coração e acompanhados ambulatoriamente pela UGT. Após ser realizado o cálculo para populações finitas, com intervalo de confiança de 95% e a margem de erro de 5%, foi definida uma amostra de 258 voluntários [8]. ______________________________________________________________________________ ¹ Instituto Materno Infantil de Pernambuco - IMIP; 2 Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); * [email protected]

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Os dados foram coletados através de dois instrumentos, um questionário socioeconômico para a caracterização dos pacientes e um questionário estruturado padronizado de qualidade de vida, o World Health Organization Quality of Life, WHOQOL –Bref.

A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas pelo pesquisador, no período de janeiro a abril de 2016, uma semana a cada mês, totalizando quatro semanas, no ambulatório de transplantes da UGT, Recife – PE. A abordagem aos pacientes ocorreu conforme agendamento ambulatorial, enquanto estes aguardavam as consultas de seguimento. Os dados foram organizados e armazenados na planilha eletrônica Microsoft Excel e em seguida exportados para o SPSS versão 22.0, onde foi realizada a categorização e processamento dos dados. Para a sintaxe dos escores do WHOQOL – Bref foi utilizado uma ferramenta desenvolvida a partir do Microsoft Excel, seguidas as orientações do grupo Whoqol[9].

Incialmente foi realizada a análise descritiva dos dados (média, mediana, desvio padrão, amplitude, frequência e porcentagem), em seguida o Teste de Normalidade dos Dados, no qual foi utilizado o teste de Shapiro Wilk, que evidenciou a não normalidade dos dados (p<0,05) [10]. Foi utilizado o teste U de Mann-Whitney para comparação de médias entre dois grupos e a correlação de Spearman[10].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 258 pacientes estudados, observou-se predominância no sexo masculino (60,1%) e com média de idade de 44,81 anos (±14,24), corroborando com características de outros estudos[5,6,7,11,12]. Os resultados desta pesquisa demonstraram que os pacientes transplantados percebem a qualidade de vida de uma forma satisfatória, sendo influenciada por sexo e idade. Os resultados desse estudo mostraram significância quanto ao sexo e a qualidade de vida no domínio psicológico, no qual as mulheres apresentaram piores escores. As mulheres são mais sensíveis, são mais susceptíveis à estressores e têm maior prevalência de sintomas depressivos. O transplante pode trazer esse comprometimento emocional, uma vez que, diante do tratamento, estão sujeitas às oscilações de peso, efeitos colaterais dos imunossupressores, ansiedade, medo da morte e incerteza do sucesso do tratamento[13,14,15].

Percebe-se também, que as mulheres se preocupam mais com a imagem que os homens, influenciadas por fatores como cultura, mídia e visão de padrões. Skopinski e colaboradores[15] ao avaliarem a relação da imagem corporal com a QV, observaram que houve uma correlação inversa, evidenciando que quanto maior a insatisfação com a imagem corporal menor a percepção de qualidade de vida.

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Tabela 1. Comparação entre os domínios da QV de acordo com sexo por meio do Teste U de Mann-Whitney. Dados expressos em mediana (amplitude).

Domínio Masculino (n=155) Feminino (n=103) p

Físico 15,43 (6,86 – 20,00) 15,43 (7,43 – 20,00) 0,745

Psicológico 17,33 (8,67 – 20,00)* 16,67 (8,67 – 20,00) 0,051

Relações Sociais 17,33 (9,33 – 20,00) 16,00 (6,67 – 20,00) 0,208

Meio Ambiente 15,50 (8,50 – 20,00) 14,50 (9,50 – 20,00) 0,280

Auto Avaliação 16,00 (10,00 – 20,00) 16,00 (10,00 – 20,00) 0,302

Geral 16,00 (10,15 – 20,00) 15,54 (10,00 – 19,85) 0,214

*p<0,05 para feminino.

Ao correlacionar idade com qualidade de vida, percebeu-se que há uma relação inversa e

significativa nos domínios físico, relações sociais e auto avaliação. Assim, nos aspectos que contemplam esses domínios, a qualidade de vida foi percebida de uma forma pior à medida que a idade aumentou, convergindo com dados da literatura[6]. Em contrapartida, um estudo realizado por Orlandi e amigos [16] com pacientes acima de 65 anos submetidos a transplantes, mostrou que a idade avançada não significa piora do funcionamento do enxerto.

Entende-se então que não é o transplante realizado em uma determinada idade que pode comprometer a qualidade de vida, e sim, enfermidades que acometem os indivíduos com o passar dos anos é que podem influenciar esta percepção [6]. O envelhecimento traz com ele mudanças de aspecto físico e emocional, estando atrelado a diversos fatores, como aumento de doenças crônicas, perdas funcionais e cognitivas[17,18].

Os aspectos físicos se relacionam com a presença de dor e dependência para realização de atividades cotidianas e em geral o transplante proporciona melhora nessa condição[17]. Por conta da idade, surgem algumas limitações físicas, que associadas a outras comorbidades podem acarretar em dificuldades de realizar atividades rotineiras e ainda interferir na disposição, sono e relações no âmbito familiar[5]. A sensação de depender de outras pessoas para realizar atividades básicas tem impacto importante na vida das pessoas, diminuindo a autonomia e trazendo sentimentos de impotência e vulnerabilidade[12].

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Tabela 2. Correlação de Spearman entre idade e domínio da QV.

Variável D. Físico D. Relações Sociais Auto Avaliação

Idade r = - 0,124 r = - 0,138 r = - 0,197

p = 0,047 p = 0,027 p = 0,001

CONCLUSÕES

A percepção da qualidade de vida de pacientes transplantados foi influenciada pelo sexo e idade dos participantes. O sexo feminino influenciou negativamente a QV para o domínio psicológico, onde as mulheres apresentaram piores escores. Ao correlacionar a idade com a QV, percebeu-se uma relação inversa, onde quanto maior a idade, pior a percepção da QV nos domínios físico, relações sociais e auto avaliação.

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O Enfermeiro no Contexto Oncológico: Uma Revisão Bibliográfica

Lucas Rafael Monteiro Belfort1; Danyella Evans Barros Melo1; Roberta Novaes de Santana1; Victor Hugo da Silva Martins 1; Nadyr Cristina Bezerra 1; Maria Aparecida Pereira Ivo 1; Kedma de

Magalhães Lima 1

INTRODUÇÃO

Os inúmeros investimentos em pesquisas e o volume de trabalhos publicados na área de oncologia confirmam, nos últimos anos, a importância atribuída à doença [1]. A organização Mundial de Saúde (OMS) dispõe que onze milhões de pessoas são diagnosticados com câncer anualmente, e que a doença representa 12,5% das mortes no mundo. Segundo a mesma mais de 16 milhões de casos serão verificados até 2020 [1].

O câncer é atualmente, a segunda causa de morte no mundo ocidental, especialmente nos países desenvolvidos, tendo aumentado de maneira considerável em todo mundo, principalmente a partir do século XX, constituindo-se como um dos mais importantes problemas de saúde pública mundial, tanto em países desenvolvidos, como em países em desenvolvimento [1,2,3].

O avanço da ciência e tecnologia possibilitou a melhoria dos métodos diagnósticos e tratamento que culminaram na cura de diversas doenças, dentre elas, o câncer, aumentando a expectativa média de vida [3]. A utilização destes recursos, aliada ao desenvolvimento socioeconômico, contribuiu para a diminuição da mortalidade por doenças controláveis, como o câncer. Contudo, paradoxalmente, o uso destes métodos altamente sofisticados, ao tempo em que podem prolongar a vida das pessoas, podem aumentar o seu sofrimento, devido à potência dos efeitos adversos da terapêutica [3].

Assim, a preocupação dos profissionais de saúde, ao prestar assistência ao paciente com doença oncológica, terá que se voltar para as questões do mesmo, os quais procuram os serviços de urgência. Pensando na qualidade de vida dos sobreviventes, que pressupõem um cuidado que focalize as dimensões físicas, psicológicas e sociais [1].

Diante dos fatos o presente trabalho teve como objetivo, a descrição da importância da assistência de enfermagem nos cuidados paliativos ao paciente oncológico, destacando e identificando, tais cuidados.

Pensar o cuidado de enfermagem nesta perspectiva requer a emergência de um processo interativo, de participação e diálogo entre a enfermeira, cliente e família, tendo em conta que nas atitudes de cuidado é que encontramos a essência da expressão humana, pois somente o ser humano é capaz de sentir com emoção, imprimir emoção nos atos e expressar emoção nas atitudes, entendendo-as como tomada de posição que resulta da inter-relação que se estabelece entre o conhecimento e o afeto. É aí que está a verdadeira dimensão humana do cuidado [3].

Desse modo, para prestar uma assistência cuidadosa ao cliente com câncer, faz-se necessário desvelar seus sentimentos, conhecer as situações por ele vivenciadas para viabilizar maneiras concretas e efetivas de cuidar. Portanto, o cuidado não se limita à realização de uma tarefa ou ______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); * [email protected]

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procedimento. Inclui o componente moral e emocional, o aspecto cognitivo, da percepção, do conhecimento e da intuição [3]. A enfermagem no contexto da globalização mundial desenvolve-se em diversos países com enfoque voltado para o cuidado com qualidade. No Brasil, apesar do enfoque estar na essência da prática, observa-se que há poucos estudos referentes à qualidade do cuidado. A assistência de enfermagem de boa qualidade se caracteriza pelos seguintes atributos: alto grau de competência profissional, eficiência na utilização dos recursos, risco mínimo para os pacientes e um efeito favorável na saúde [4].

Em se tratando de cuidados paliativos, a suposição a de que não há mais nada a se fazer pelo paciente sem possibilidades de cura é errônea: enquanto há vida, existe a necessidade do cuidado de enfermagem. Neste sentido, a atuação da equipe de enfermagem é primordial e indispensável para proporcionar o máximo de conforto ao paciente sob cuidados paliativos, ajudando-o a vivenciar o processo de morrer com dignidade, para que utilize, da melhor forma possível, o tempo que lhe resta [5]. Isto significa ajudar o ser humano a buscar qualidade de vida, quando não é mais possível acrescer quantidade [5].

MATERIAIS E MÉTODOS

Tratou-se de um trabalho de revisão bibliográfica, do tipo descritivo. A pesquisa descritiva descreve um fenômeno ou situação, mediante um estudo realizado espaço-tempo abordando quatro aspectos: descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos atuais [6]. A pesquisa bibliográfica pode ser entendida como um processo que envolve as seguintes etapas: escolha do tema, levantamento bibliográfico, formulação do problema, elaboração do plano provisório de assunto, busca de fontes, leitura do material, tomada de apontamentos, confecção de fichas, construção lógica do trabalho e redação do relatório. Este estudo baseia-se na pesquisa de artigos publicados em periódicos científicos nas bases de dados, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), além do Google acadêmico que apresentam periódicos com artigos pertinentes ao tema. Inicialmente foram selecionados 20 artigos publicados entre os anos de 2000 a 2016, destes apenas 11 foram utilizados por se enquadrarem na proposta desta pesquisa. Para estabelecer a amostra do estudo foram selecionados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DECS): Cuidados paliativos; Assistência de Enfermagem; Oncologia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos foram categorizados a partir da leitura sistemática do material analisado, onde no que tange a abordagem de enfermagem em pacientes sob cuidados paliativo, A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu em 1990 e revisou em 2002 o conceito de cuidados paliativos: são cuidados ativos e totais do paciente cuja doença não responde mais ao tratamento curativo [5]. Trata-se de uma abordagem de cuidado diferenciada, que visa melhorar a qualidade de vida do paciente e seus familiares, por meio da adequada avaliação e tratamento para alívio da dor e sintomas, além de proporcionar suporte psicossocial e espiritual [5]. Como filosofia dos cuidados paliativos tem-se: afirma a morte como um processo normal do viver; não apressa nem adia a morte; procura aliviar a dor e outros sintomas angustiantes; integra os aspectos psicológicos, sociais e espirituais no cuidado do paciente; disponibiliza uma rede de apoio para auxiliar o paciente a

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viver tão ativamente, quanto possível até sua morte; oferece um sistema de apoio para a família do paciente na vivência do processo de luto [5]. A assistência de enfermagem no contexto dos cuidados paliativos deve considerar o paciente um ser único, complexo e multidimensional, biológico, emocional, social e espiritual. Este tipo de cuidado, integral e humanizado, só é possível quando o enfermeiro faz uso de diversidades de comunicação para que perceba, compreenda e empregue a comunicação verbal e não-verbal [5]. A dor em paciente oncológico, teve sua descoberta mais importante dor ocorreram após a II Guerra Mundial, decorrentes da expansão do conhecimento sobre anatomia e fisiologia, e a utilização do método científico para investigar o significado da dor [7]. A OMS define a dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada à lesões reais ou potenciais ou descritas em termos de tais lesões [7]. Dentre os fatores que influenciam a sensação dolorosa, evidenciam-se os sentimentos e as experiências emocionais como mágoa, luto, temor, angústia e culpa. Portanto, a reação a um estímulo doloroso é individual, depende do estado físico e emocional do sujeito em situação a dor [7]. Assim, a dor é considerada como uma síndrome resultante da interpretação do aspecto físico-químico do estímulo nocivo e da sua interação com as características individuais como o humor, o significado simbólico atribuído ao fenômeno sensitivo e os aspectos culturais e afetivos dos indivíduos [7]. Os pacientes podem experimentar dois tipos de dor: a dor aguda e a crônica. A dor crônica é definida quanto ao tempo de duração. Há autores que consideram a dor crônica, como uma síndrome com duração de 3 a 6 meses [8]. A dor crônica acomete de 25% a 30% da população dos países industrializados, devendo ser considerada um sério problema de saúde [7]. A dor crônica é frequente em doentes com câncer e pode ser devido ao tumor primário ou suas metástases, à terapia anticancerosa (cirurgia, radioterapia ou quimioterapia) e aos métodos de diagnóstico. Em algumas situações, ela pode estar relacionada a causas psicossociais [8]. A dor crônica, no paciente oncológico, incapacita-o e acarreta modificações danosas no âmbito orgânico, emocional, comportamental e social [8]. O controle da dor deve ser uma preocupação do enfermeiro. A atuação do profissional, de modo independente e colaborativo, compreende a identificação de queixa álgica, a caracterização da experiência dolorosa em todos os seus domínios, a aferição das repercussões da dor no funcionamento biológico, emocional e comportamental do indivíduo, a identificação de fatores que contribuam para a melhora ou piora da queixa álgica, a seleção de alternativas de tratamento e a verificação da eficácia das terapêuticas implementadas [9].

Os objetivos que baseiam as intervenções para o controle da dor são o alívio e controle da queixa dolorosa, a melhora da funcionalidade física, psíquica e social traduzida como qualidade de vida. É desejável o uso de intervenções múltiplas que possibilitem melhor resposta analgésica interferindo simultaneamente na diminuição da geração do impulso nociceptivo, alterando os processos de transmissão e de interpretação do fenômeno doloroso e estimulando o sistema supressor da dor [10]. O controle da dor é mais efetivo quando envolve intervenções que atuem nos diversos componentes da dor, compreendendo medidas de ordem educacional, física, emocional e comportamental que podem ser ensinadas aos doentes e cuidadores. Deve-se avaliar as crenças dos doentes, e familiares sobre o valor das terapêuticas propostas [7].

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CONCLUSÕES

Diante dos dados que foram apresentados, lançamos um alerta para os profissionais da área da saúde sobre a necessidade e importância do conhecimento destes, principalmente pela equipe de enfermagem que mantém um contato prolongado com os doentes em cuidados paliativos, estando presente em praticamente todos os momentos. Esse alerta não se baseia apenas nos dados obtidos neste estudo, como também em vários outros trabalhos, por se tratar de um problema frequente em qualquer região do Brasil ou do mundo, é preciso que os profissionais de saúde estejam aptos a lidar com esse tipo especial de cuidados, já que a qualidade da assistência esta diretamente ligada a atuação dos profissionais de uma forma bem mais ampla e não somente na conduta terapêutica adequada. Sugere-se, diante dos dados apresentados, que este assunto seja abordado com mais detalhes deste as instituições de ensino, para que desta forma, tenhamos profissionais capacitados a atender este tipo específico de clientela.

Este estudo objetivou a identificação de artigos científicos que tratassem sobre a assistência de enfermagem a pacientes em cuidados paliativos. Embora esta temática seja uma área de vasta discussão, acreditamos que nosso estudo deixa pontos importantes para reflexão, por parte dos profissionais que atuam nos campos da saúde.

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O Papel do Fisioterapeuta na Prevenção e Tratamento da Úlcera de Pressão

Islândio Francisco da Costa1*, Ihorranna Socorro Morais Maia1, João Victor Barbosa Cardoso1,

Maria Edenia Barbosa Leite de Sousa1, Marinara Akeme Sousa Silva1, Virna de Lourdes Batista de Sousa1, José Mário Fernandes Mattos1

INTRODUÇÃO

A úlcera de pressão é, ainda, considerada um problema grave que atingem diretamente, principalmente, em pessoas idosas, em indivíduos portadores de doenças crônico-degenerativas, “podendo também ser encontradas em diversas situações clinicais tais como a falta de sensibilidade, déficit de movimento e alteração na percepção”[1], tornando-se indispensável investigar como o fisioterapêutico atua na prevenção desse problema e como o acompanhamento desse tipo de lesão estão sendo conduzidos pelos mesmos. Definida como “qualquer lesão causada por uma pressão não aliviada, cisalhamento ou fricção que podem resultar em morte tecidual, sendo frequentemente localizada na região das proeminências ósseas”[2], a úlcera de pressão, também ocasiona dano tissular, provocando inúmeras complicações como o agravamento do estado clínico de pessoas com restrição na mobilização do corpo. No entanto, a prevenção é, sem dúvidas, o aspecto mais importante na abordagem da úlcera de pressão, já que, quanto mais o problema se desenvolve, mais fica difícil o seu tratamento. Neste sentido, a fisioterapia tem como objetivo nos processos ulcerativos, “[...] a redução no período de cicatrização destes, possibilitando aos indivíduos um retorno mais rápido às suas atividades sociais e de vida diária trazendo uma melhora na qualidade de vida de pessoas portadoras de úlceras cutâneas”[3]. Consequentemente, a atuação do fisioterapeuta nesse processo se torna de fundamental importância, pois, “promovendo mudança de decúbito, exercícios ativos e passivos, observação do estado geral do paciente, bem como a integridade física da pele e deambulação precoce”. [4] Neste sentido, o presente resumo tem como objetivo geral analisar o papel do fisioterapeuta no processo de prevenção e tratamento da úlcera de pressão. Como objetivos específicos: Compreender os determinantes que provocam a patologia; avaliar sua etiologia; discutir a importância do fisioterapeuta no processo de prevenção e tratamento da mesma. Diante disto, o trabalho pretende responder, qualitativamente, a todos esses objetivos.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente resumo foi elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica. As informações serão coletadas através de livros, sites e artigos científicos de acesso gratuito encontrados em bibliotecas virtuais, através de endereços eletrônicos do tipo: Google Acadêmico, Scielo, Unifafibe, Physiotherapy Evidence Database, dentre outros. Neste sentido serão usados de 3 (três) à 5 (cinco) artigos científicos. _______________________________________________________________________________ 1 Instituto de Educação Superior Raimundo Sá – IESRSA; * [email protected]

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A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias trata-se do levantamento de toda a

bibliografia já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas em imprensa escrita (documentos eletrônicos). Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações[12].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As úlceras de pressão conhecidas também como escaras ou úlceras de decúbito, são definidas como qualquer lesão causada por pressão não aliviada que resulta em danos aos tecidos subjacentes (tecido subcutâneo, músculo, articulações e ossos) [5]. De modo voluntário ou reflexo, o indivíduo constantemente realiza pequenas mudanças de decúbito, isto se deve à existência de proeminências ósseas que ao comprimir o revestimento constituído pelos músculos, fáscias, gordura subcutânea e pele, promovem uma diminuição a fim de aliviar a pressão exercida neste local. O termo “decúbito” deriva do latim e significa “deitado”, implicando em que a úlcera seria causada somente pela posição prolongada. Como as úlceras de pressão podem ocorrer devido à pressão mantida prolongadamente em quase todas as posições[6]. Ou seja, relatam que seria mais útil então utilizar um termo relacionado à etiologia ao invés da posição específica do corpo, conduzindo que a úlcera de pressão é causada pela pressão excessiva, a qual causa isquemia e eventualmente uma necrose e ulceração dos tecidos. Os fatores de risco para o desenvolvimento de úlceras são: imobilidade, perda sensorial, atrofia muscular, déficit circulatório, posicionamento inadequado, estado nutricional precário, incontinência, local de uma úlcera prévia, edema no local da pressão aumentada e anemia[6]. Indivíduos com doenças crônicas, como diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, são mais suscetíveis a desenvolvê-las, além disso, o fator mais importante é a perda da sensibilidade dolorosa que faz com que o paciente mude de posição quando a pressão sobre um ponto se torna excessiva[7]. A etiologia da úlcera de pressão

Existem várias causas para as úlceras, onde as mais comuns podem ser classificadas com: as doenças venosas, artérias ou uma combinação das duas, nesse caso, as úlceras são chamadas de úlceras mistas. A diabetes, também, é outra causa para as úlceras de pressão. A etiologia de cada uma pode ser definida, tais como: [8] Úlceras Arteriais

São decorrentes de insuficiência arterial, atingindo geralmente pacientes com idade acima de 50 anos. A insuficiência arterial resulta de oclusões de vasos principais, em situações como vasculite, arteriosclerose e trombose.

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Úlceras venosas As úlceras venosas decorrem da interação do inadequado suprimento vascular do membro inferior e da força da gravidade, causando com isso, uma incapacidade das veias em movimentar o sangue corporal de volta ao coração, contra a força da gravidade. Isto se deve à dificuldade de ação dos três sistemas venosos (profundo, superficial e comunicante) e, suas respectivas valvas semilunares. Úlceras diabéticas

A maioria das úlceras diabéticas decorre da combinação da situação de isquemia e neuropatia periférica, estando sempre uma das duas prevalecendo. A infecção é um risco que está sempre presente para os diabéticos, e pode exacerbar o desenvolvimento da ulceração e aumentar o risco de amputação. A neuropatia periférica afeta nervos periféricos sensoriais, motores e autônomos. Úlceras mistas

São úlceras que apresentam componentes arteriais e venosos. Sendo importante definir o fator predominante para realização de tratamento adequado.

Além disso, as úlceras de pressão classificam-se em estágios/graus que são eles: Grau 1 – Eritema não esbranquiçavel, escurecimento ou induração da pele íntegra. Indica lesão do tecido subjacente; Grau 2 – Perda da espessura parcial da pele, envolvendo a epiderme, a derme ou ambas; Grau 3 – Perda da espessura total da pele, envolvendo o tecido subcutâneo, que pode se estender até a fáscia subjacente, mas não atravessa; e no Grau 4 – Lesões de espessura completa mais profunda, estendendo-se até os músculos, os ossos e as estruturas de apoio [9]. A importância da fisioterapia na prevenção e tratamento da úlcera de pressão

Como a estimulação da circulação sanguínea alivia a isquemia tecidual, o paciente é encorajado a manter atividade. Movimentos ativos e passivos melhoram o tônus muscular, vascular e cutâneo. Quando possível, estimular a deambulação[10].

Nisso, cuidar de pacientes em condições clínicas graves ou em situações de risco de morte faz parte da rotina do fisioterapeuta e este profissional necessita ter conhecimento em fisiologia, ventilação mecânica e técnicas fisioterapêuticas. O seu trabalho é eliminar secreções pulmonares e prevenir sua produção, promover a força muscular, a expansibilidade respiratória, agir no pré e pós-operatório, promover reeducação respiratória, prevenir e/ou reduzir complicações respiratórias e posicionar corretamente o paciente no eito a fim de evitar os defeitos da imobilização prolongada no leito e, consequentemente, o desenvolvimento das úlceras de pressão. A fisioterapia atua a partir dos objetivos traçados, visando às necessidades do paciente como um todo.

Portanto, a fisioterapia é importante para os pacientes acamados e fisicamente debilitados, especialmente naqueles com úlceras de pressão. Ela irá atuar na prevenção de contrações, na diminuição da chance de trombose venosa profunda, na diminuição da incidência das complicações respiratórias e aumentando a perpicácia mental[11].

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CONCLUSÕES

É difícil acreditar que mesmo após o termino do milênio, cercados de lata tecnologia ainda encontramos pacientes que sofrem com o desenvolvimento de úlcera de pressão durante a internação hospitalar, porém, a teoria difere da prática. Há literatura sobre profilaxia e tratamento, mas ainda precisamos conhecê-la mais profundamente para podermos atuar de forma efetiva na solução do problema[13].

Portanto, conclui-se que a úlcera de pressão representa uma condição comum, mas potencialmente previsível vista principalmente em populações de alto risco, como os pacientes idosos e os com debilidade física. O desenvolvimento das úlceras de pressão pode interferir com a recuperação funcional, pode ser complicada por dor e infecção, e pode contribuir para o prolongamento do período de internação hospitalar.

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[13] ANTUNES, S. C. M. Úlcera de pressão nos pacientes internados em UTI: O que mais fazer? Rev. Tec. Científica do Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 16- 19, jan., 2005.

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Perfil Clínico-Nutricional de Pacientes Candidatos à Cirurgia Bariátrica

Julian dos Santos Guimarães1*, Lidiane Cristina dos Santos Nascimento2, Thays Kallyne Marinho de Souza1

INTRODUÇÃO

A obesidade consiste em uma doença crônica metabólica, podendo ser desencadeada por fatores genéticos e caracterizada pelo excesso de gordura corporal. Ela pode iniciar patologias associadas como diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares (hipertensão arterial sistêmica, arteriosclerose), dislipidemias, distúrbios ortopédicos, asma, apneia do sono, alguns tipos de câncer, esteatose hepática, problemas psicológicos e entre outras comorbidades [1, 2].

A obesidade grave é capaz de esquivar-se das abordagens dietéticas, farmacológicas e esportivas, mas em geral, responde bem à cirurgia. Assim, no tratamento de obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica acaba sendo a intervenção mais eficaz [3].

A diminuição de complicações micro e macrovasculares, redução da mortalidade, perda ponderal, melhora dos parâmetros bioquímicos e redução das patologias associadas, são alguns dos bons resultados das operações bariátricas e metabólicas, justificando o uso deste procedimento como um dos tratamentos da patologia[4, 5, 6].

Contudo, a indicação para o processo operatório baseia-se em um julgamento de múltiplos fatores clínicos do doente. A avaliação desses pacientes no pré e pós-cirúrgico deve ser realizada por uma equipe interdisciplinar, composta por cirurgiões, nutricionistas, psicólogos, cardiologistas, endocrinologistas, dentre outros profissionais, monitorando a avaliação diagnóstica, orientando o melhor tratamento, planejando e adequando as expectativas do paciente com as limitações cirúrgicas [6, 7]. Especificamente, o papel do nutricionista é coordenar o paciente na perda de peso de forma saudável e duradoura, corrigir carências nutricionais, fortalecer a reeducação alimentar e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, pois apenas com um acompanhamento nutricional correto pode-se assegurar o sucesso da operação [1, 7, 14, 15]. Diante do exposto, faz-se claro a necessidade de mais pesquisas envolvendo obesidade, cirurgia bariátrica e perfil nutricional, uma vez que esta patologia tem sido considerada uma epidemia global, principalmente na presente região, onde apresenta escassez de pesquisas envolvendo os determinantes relatados, porém trata-se de um polo de desenvolvimento científico. Este trabalho teve por objetivo traçar o perfil clínico-nutricional de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica residentes no Vale do São Francisco.

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade de Pernambuco (UPE) – Campus Petrolina; * [email protected]

2Instituto de Cirurgia Bariátrica & Metabólica (ICBM) – Juazeiro-BA.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo e quantitativo, realizado no ambulatório de nutrição de um instituto hospitalar privado, localizado na região do Vale do São Francisco, nordeste brasileiro. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco (UPE) sob o número 1.622.672.

Os critérios de inclusão foram: adultos de ambos os sexos, idade entre 18 e 59 anos, com indicação de cirurgia bariátrica e que participaram das reuniões interdisciplinares de pré-cirurgia. Os pacientes que não se enquadraram nesses critérios foram excluídos.

Os dados foram coletados dos prontuários dos pacientes. Foram avaliados características socioeconômicas e demográficas (sexo, idade, cidade e renda), perfil clínico (presença de síndrome metabólica – SM, uso de medicamentos, patologias associadas e funcionalidade do trato gastrointestinal – TGI) e parâmetros antropométricos e bioquímicos: índice de massa corporal – IMC (Kg/m²), peso ideal – PI (Kg), circunferência da cintura – CC (cm), excesso de peso – EP (Kg), albumina (g/dL), glicemia de jejum – GJ (mg/dL), triglicérides – TG (mg/dL), colesterol total – CT e as frações HDL-C e LDL-C (mg/dL).

O IMC foi calculado a partir da seguinte fórmula: peso atual (Kg)/estatura² (m). Foram utilizados os critérios preconizados pela Organização Mundial de Saúde – OMS [8] para o diagnóstico nutricional. O PI também foi calculado conforme proposto pela OMS [8], utilizando a fórmula PI = altura² × IMC médio (IMC médio para homens = 22 e para mulheres = 20,8). O EP foi definido através da fórmula EP = peso pré – peso ideal, segundo proposto por Deitel et al.[9]. Os valores da CC coletados foram comparados com aqueles disponibilizados pela OMS [8]. Todos os parâmetros antropométricos foram aferidos considerando as recomendações de Cuppari [10]. Já os marcadores bioquímicos e metabólicos foram avaliados seguindo os valores de referência de diretrizes e guias brasileiros [10, 11, 12]. Para classificar a existência de SM foram utilizados os critérios propostos pela Federação Internacional de Diabetes – IDF [13]. O diagnóstico incluiu a presença de obesidade abdominal como condição essencial e dois ou mais critérios alterados (TG, HDL-C, pressão arterial sistêmica – PAS e GJ). Os dados foram transcritos dos prontuários dos pacientes para um questionário. Os questionários foram revisados e categorizados para digitação. Os dados foram arquivados, tabulados e processados no programa Microsoft Office Excel 2010, e apresentados através de tabelas, e descritos na forma de médias e seus respectivos desvios padrões e valores percentuais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram estudados 40 pacientes candidatos à cirurgia bariátrica com idade média de 35,6±7,1 anos. Houve um predomínio de indivíduos do sexo feminino (85,0%), com idade entre 20 a 40 anos (80,0%) residentes na cidade de Petrolina-PE (60,6%) e que recebem de 2 a 4 salários mínimos (57,1%). Em alguns estudos brasileiros também foi identificado um predomínio de pacientes do sexo feminino [2, 4] e com renda em torno de 2 salários mínimos [1, 6]. Os autores [5, 14] explicam que alguns fatores como estética, risco de alguns tipo de câncer, ovários policísticos e infertilidade,

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levam as mulheres a procurar os serviços de saúde para realização da cirurgia bariátrica. Além disso, a obesidade na população brasileira é mais prevalente no sexo feminino, refletindo também na maior procura do tratamento [7]. Os homens apresentam maior dificuldade em aceitar que necessitam emagrecer, justificando, o baixo número de homens adeptos das gastroplastias, na maioria dos estudos [1]. A faixa etária encontrada de 20 a 40 anos respalda com outras análises, que encontraram prevalência maior na faixa de idade entre 36 a 50 anos e entre 25 a 59 anos. Além disso, os mesmos autores frisam que esta faixa etária é a mesma relatada em outros estudos de cirurgia bariátrica [6, 14]. A idade média dos pacientes, 35,6±7,1 anos, foi relativamente menor que os demais estudos comparados, onde as idades médias apresentadas foram de 39,0±10,1, 40,5±10,3 e 41,5±8,13 anos [1, 2, 5]. Com relação às características clínicas dos pacientes, a maioria apresenta síndrome metabólica (58,9%), faz uso de hipotensores (30,4%) e possui o diagnóstico de esteatose hepática (33,3%), seguido de hipertensão arterial sistêmica – HAS (30,9%) entre as comorbidades mais relatadas. O funcionamento normal do TGI foi referido por 75% dos indivíduos estudados. De acordo com a literatura [15], a prevalência de síndrome metabólica (SM) em adultos oscila entre 25,0% a 67,7% no momento pré-cirúrgico, sendo ligeiramente mais frequente em mulheres que em homens e os componentes mais frequentes da SM são as baixas concentrações de HDL-C, obesidade abdominal e presença de HAS, corroborando com a presente análise. Algumas das pesquisas enfatizam que entre as principais comorbidades, encontra-se a HAS [2, 5, 14], com um elevado percentual variando entre 35,9% e 86,5% [3], semelhante ao valor descrito no presente estudo, 30,9%. Já em relação ao percentual de pacientes com esteatose hepática, o valor encontrado (33,3%), revela-se superior ao relatado na literatura [7], a qual refere um percentual entre 22,0% e 27,0%. A diabetes mellitus apresenta prevalência mínima de 10,0% e máxima de 45,3%, mas apenas um paciente apresentou o diagnóstico nesse estudo, com percentual de 2,3% [3, 5, 6]. A presença de dislipidemia somou um percentual de 7,1%, corroborando com outras pesquisas [3, 5, 14], onde é possível observar uma variação entre 6,6%, 12,0% e 13,0%, no percentual de dislipidêmicos. Um recente estudo [1] ressalta que entre os pacientes candidatos à bariátrica, era comum o uso de inibidores de apetite e antidepressivos. Na presente pesquisa, verificou-se que entre os medicamentos utilizados, 26,0% são inibidores de apetite e 21,7% são antidepressivos. No que diz respeito à saúde do TGI, apesar da maioria dos pacientes apresentarem uma funcionalidade normal, 25% relataram algum desconforto. Alguns autores [4, 14] destacam em seus resultados que alguns pacientes apresentaram vômitos (23% a 28%) e constipação (8% a 24,6%) após serem submetidos ao Bypass Gástrico em Y-de-Roux, porém não foi encontrado análises dessas variáveis no pré-operatório. Os pacientes analisados apresentaram um peso médio de 111,9±15,6Kg, com predomínio de obesidade grau II (51,2%), circunferência da cintura em risco muito elevado (100%) e excesso de peso entre 30 a 59Kg (74,3%). O peso médio dos pacientes desta pesquisa foi semelhante ao descrito em outra análise [4] que encontrou valor de 115,2±19,9Kg. Além disso, o autor [4] refere um excesso de peso de 56,9±17,7Kg e a circunferência da cintura de 122,1±13,4cm, classificada em risco muito elevado. Outro estudo recente [2], encontrou em sua pesquisa que a maioria dos

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pacientes (59,6%) tinha IMC acima de 40Kg/m². Entretanto, o mesmo destaca que há benefícios da cirurgia para os casos de obesidade grau I e II e até mesmo no sobrepeso quando ocorrem casos de comorbidades associadas. Ademais, outro autor [5] acentua em sua pesquisa, que antes da cirurgia apenas 7,6% dos pacientes apresentavam obesidade grau II. Nos parâmetros bioquímicos avaliados, nota-se a predominância dos valores séricos normais para albumina (90,9%), GJ (86,4%) e HDL-C (50,0%). Apesar dos pacientes apresentarem valores desejáveis para TG (47,3%), CT (44,7%) e LDL-C (38,2%), cerca de 52,7%, 55,3% e 35,2% tinham valores considerados limítrofes ou altos para TG, CT e LDL-C, respectivamente. Contudo, os estudos [7, 15], revelam melhoras significativas desses parâmetros bioquímicos após a cirurgia, apontando para diminuição do risco metabólico e cardiovascular dos pacientes.

CONCLUSÕES

O presente trabalho demonstrou que a maioria dos indivíduos obesos que procuram tratamento cirúrgico são mulheres adultas que apresentam síndrome metabólica e fazem uso de algum medicamento para controle das patologias associadas. Além disso, possui obesidade grau II, risco muito elevado para evento cardiovascular e perfil lipídico com valores alterados. Assim, a realização deste procedimento por estes indivíduos apresenta-se como uma alternativa de tratamento que pode resultar em perda de peso, melhora das patologias associadas e dos parâmetros bioquímicos, contribuindo para um aumento na qualidade de vida e longevidade dos mesmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[6] SOUZA, J. D. Avaliação de sucesso terapêutico após cirurgia bariátrica em mulheres atendidas no hospital universitário de Brasília. 40 f. TCC (Graduação) - Curso de Nutrição, Departamento de Nutrição, Universidade de Brasília, Brasília, 2014; [7] SANTOS, H. N.; LIMA, J. M. S.; SOUZA, M. F. C. Estudo comparativo da evolução nutricional de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica assistidos pelo Sistema Único de Saúde e pela Rede Suplementar de Saúde. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 19, n. 5, p.1359-1365, maio 2014; [8] ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Obesity – Preventing and managing the global epidemic. Report of WHO consultation on Obesity. Geneva, 1997; [9]DEITEL, M. et al. Recommendations for reporting weight-loss. Obes. Surg., v. 2, n. 13, p.159-160, 2003; [10] CUPPARI, L. Guia de nutrição: clínica no adulto. 3. ed. Barueri: Manole, 2014; [11] MILECH, A. et al. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (2015-2016). Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). São Paulo: A.C. Farmaêutica, 2016; [12] SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 4, p.1-22, 2013; [13] FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DIABETES (IDF). The IDF consensus worldwide definition of the metabolic syndrome. IDF | Promoting Diabetes Care, Prevention And A Cure Worldwide, Belgium, p.1-7, 2006; [14] SANTANA, J. T.; OLIVEIRA, J. D. A importância do acompanhamento nutricional e psicológico no pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica. 35 f. TCC (Graduação) - Curso de Nutrição, Universidade Tiradentes, Aracajú, 2014; [15] SANTOS, H. C. M. et al. Síndrome metabólica e outros fatores de risco para doença cardiovascular em população de obesos. Rev. Bras. Cardiol., Vitória de Santo Antão, v. 6, n. 26, p.442-449, 16 out. 2013.

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Perfil Comportamental de Universitários Relacionado a Transtornos Alimentares

Caline Alves de Oliveira¹, Laís Bortoloni Gouveia¹, Diego Felipe dos Santos Silva¹

INTRODUÇÃO

O comportamento alimentar alterado devido a uma excessiva preocupação em relação ao peso e a forma corporal, que leva o indivíduo a adotar práticas inadequadas dirigidas à perda de peso, são característicos dos transtornos alimentares [1]. Transtornos alimentares são definidos como qualquer padrão alimentar que não seja normal e podem incluir uma variedade de problemas subclínicos. Tensões familiares e pessoais, assim como pressões sociais de magreza, podem resultar em sérios distúrbios da imagem corporal e problemas alimentares, que podem tornar-se transtornos psiquiátricos. A American Psychiatric Association (ADA), declara que transtornos alimentares prevalecem mais em populações femininas do que em populações masculinas [2]. A imagem corporal está relacionada com a auto-estima, que significa amor próprio, satisfação pessoal e, acima de tudo, estar bem consigo mesmo. Se existe uma insatisfação, está se refletirá na auto-imagem. A primeira manifestação da perda da autoconfiança é percebida quando o corpo que se tem não está de acordo com o estereótipo idealizado pela sociedade [3]. Apesar do crescente número de estudos publicados sobre os transtornos alimentares (TA) nas três últimas décadas, a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN) em homens permanecem pouco compreendidas. A baixa frequência dos TA no sexo masculino contribuiu para que fossem por diversas vezes menosprezados e até mesmo ignorados, chegando-se inclusive à crença de que homens não sofrem desses distúrbios. A falta de familiaridade de profissionais de saúde com o assunto tem dificultado o diagnóstico, atrasado o tratamento e, consequentemente, aumentado o risco de complicações clínicas dos TA em pacientes masculinos [4]. Existem ainda situações descritas pela biomedicina em que os homens podem desenvolver tal comportamento como uma forma de otimização das aptidões físicas, por exemplo, os atletas, bailarinos, soldados, modelos e outros profissionais. Além disso, os transtornos alimentares em homens estariam relacionados ao abuso de substâncias que alteram a percepção da realidade, como o álcool, as drogas e os medicamentos; e também a históricos de depressão e transtornos de personalidade. Outro aspecto relevante está na falta de estudos sobre a temática, entre os motivos estão: o número reduzido de casos (aproximadamente, um homem em cada dez casos de transtornos alimentares em mulheres) e a baixa procura dos homens por tratamento médico [5].

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade de Pernambuco – UPE – Campus Petrolina; * [email protected]

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Pessoas com baixa autoestima e dificuldade de relacionamento interpessoal podem com frequência rejeitar ou aceitar com sofrimento a própria imagem corporal, em alguns casos esse fenômeno pode ser caracterizado como dismorfia muscular (DM) ou também chamado vigorexia. Esta síndrome psiquiátrica acomete indivíduos de ambos os sexos, mas é mais prevalente em homens, e se caracteriza por uma preocupação excessiva em ficar forte a todo custo. Apesar dos portadores desses transtornos serem bastante musculosos, passam horas na academia malhando e ainda assim se consideram fracos [6]. Os transtornos alimentares são cada vez mais focos da atenção dos profissionais da área da saúde por apresentarem significativos graus de morbimortalidade. Verifica-se que a população universitária pode ser foco de estudos que propiciem maiores esclarecimentos sobre os transtornos alimentares [7]. A presente proposta tem por objetivo analisar distúrbios psiquiátricos alimentares e a percepção da imagem corporal entre servidores e discentes dos cursos de saúde da Universidade de Pernambuco campus Petrolina, e determinar quantitativamente a presença de risco aumentado para os seguintes distúrbios; anorexia nervosa, bulimia nervosa, e vigorexia entre os servidores e discentes dos cursos de saúde.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram avaliados 100 indivíduos que participaram como voluntários da pesquisa. Sendo 60 estudantes, obrigatoriamente do sexo masculino, dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição e ciências biológicas. Foram analisados também 40 servidores: 20 professores dos curso de: Nutrição, Fisioterapia e Enfermagem, e 20 funcionários da Universidade de Pernambuco (UPE) campus – Petrolina – PE. Foram utilizados quatro auto questionários para analisar o risco ao desenvolvimento de distúrbios psiquiátricos alimentares. Os questionários utilizados foram os seguintes: Eating Attitudes Test (EAT 26), Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE), e o Questionário do complexo de Adônis (QCA). Foi esclarecido que para a participação efetiva na pesquisa os voluntários deveriam assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Após a confirmação dos participantes, foi iniciada a pesquisa, com o desenvolvimento na própria Universidade de Pernambuco campus Petrolina-PE.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através da análise das respostas de 60 questionários dos acadêmicos de saúde, foi possível obter os seguintes resultados parciais. Com relação á idade dos participantes houve uma variação de 18 a 28 anos, com uma média etária de 21,32 anos. A partir da análise do primeiro questionário aplicado Eating Attitudes Test (EAT 26), observou-se os seguintes resultados: 18,90% apresentaram alto risco para o desenvolvimento de anorexia nervosa, 34,48% apresentaram baixo risco, e 44,82% foram considerados isentos de risco, segundo a classificação deste instrumento. Segundo um estudo realizado, com estudantes da mesma universidade do sexo feminino da área de saúde, observou-se uma prevalência de 21,8% de comportamento de risco elevado para o desenvolvimento de anorexia nervosa [8], mostrando-se próximo aos resultados encontrados no presente estudo.

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O EAT-26, assim como outros instrumentos de avaliação, não faz diagnóstico de transtornos alimentares e então não se pode afirmar sobre quadros de transtorno alimentares nessa população, mas comportamentos de risco são apontados. Uma nomenclatura sugerida da Associação Dietética Americana (ADA) e utilizada em diferentes trabalhos é o comer transtornado (do inglês disorderd eating), caracterizado por comportamentos alimentares problemáticos e métodos inadequados para perder ou controlar o peso que ocorrem com menor frequência e de forma menos severa do que o exigido pelos critérios diagnósticos [9]. Os resultados referentes ao questionário Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE), que avalia o comportamento de risco para o transtorno de bulimia nervosa, foram os seguintes: 30,0% dos participantes apresentaram risco médio para o desenvolvimento do distúrbio, e 70,0% da amostra encontrava-se em normalidade, segundo a classificação do próprio instrumento. Segundo um estudo realizado com universitárias da área de saúde, observou-se uma prevalência de 8,57% de comportamento de risco com sintomas de bulimia [10], nesse presente estudo houve uma maior prevalência para esse comportamento (30,0%), podendo ser levado em consideração que o público avaliado era apenas o masculino. A bulimia nervosa parece possuir evolução mais favorável que a anorexia nervosa. Estudos indicam uma taxa de recuperação total entre 50% e 70%, contudo as taxas de recaída situam-se em torno de 30 a 50% [11]. Esse prognóstico pouco favorável deve-se à probabilidade de distúrbios hidroeletrolíticos e hipovolêmicos, assim como a associação frequente com quadros depressivos. Acredita-se que pessoas bulímicas têm uma mortalidade 9,1 vezes maior que a população geral [12]. Idade menor de início da doença, motivação para o atendimento e uma boa base social de suporte são considerados fatores de bom prognóstico, enquanto sintomatologia mais severa, alta frequência de vômitos, impulsividade, baixa auto-estima e conduta suicida contribuem para um mau prognóstico [11]. Com relação a análise dos resultados para os questionário de Complexo de Adônis (QCA), que avalia o comportamento alterado para o transtorno de vigorexia, obteve-se os seguintes dados: 25,0% dos avaliados apresentaram uma forma moderada de vigorexia, enquanto 75,0% apresentou-se sem risco para o comportamento vigoréxico. Um estudo realizado, em praticantes de musculação do sexo masculino de 18 a 30 anos, foi verificado que 37,5% dos avaliados apresentavam comportamento vigoréxicos segundo a classificação do QCA [13]. Indivíduos com vigorexia, além de sofrerem com sua imagem corporal, passam a destinar boa parte de seu tempo livre à prática de exercícios de musculação, fazendo comparações e/ou diferenciações por meio do reflexo no espelho e diretamente com outros frequentadores da academia [14]. Esses indivíduos chegam a verificar ganhos de massa muscular em torno de 13 vezes ao dia. Outro ponto a ser mencionado concerne ao humor desses indivíduos, pois demonstram irritabilidade quando não praticam musculação, imaginando uma deterioração de sua aparência, como a perda de peso e músculos [15].

CONCLUSÕES

O presente estudo apresentou resultados parciais para transtornos alimentares na população universitária masculina de cursos de saúde. 18,90% apresentaram risco para o desenvolvimento de anorexia nervosa, 30,0% apresentaram risco para o desenvolvimento de bulimia nervosa, e 25,0%

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apresentaram risco moderado para desenvolvimento de comportamento vigoréxico. A presente pesquisa encontra-se em andamento, para análise dos resultados referentes ao público docente e aos servidores da Universidade de Pernambuco. Com relação aos resultados apresentados, faz-se necessário mais pesquisas na área de comportamento alimentar para observar a busca por padrões de beleza estigmatizados pela sociedade e a influência desses ideais, investigando os fatos para um melhor entendimento do foco do estudo. Assim como uma análise mais criteriosa relacionada ao público masculino, enfatizando os estudantes da área de saúde pelo fato de estarem mais expostos a esses padrões de imagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[13] CHOTAO, S. L. A incidência de vigorexia em alunos de musculação de academias de Curitiba. Monografia apresentada ao curso de Educação Física da UTP. Paraná, 2011.

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O Transplante Sob o Olhar do Transplantado: Relato de Experiência

Alana Mirelle Colho Leite1*, Patrícia Shirley Alves de Sousa2, Larissa Lorena de Carvalho2, Joice Requião Costa2, Emanuella Lisboa Baião Lira2, José Carlos Moura 2

INTRODUÇÃO

O transplante é um procedimento cirúrgico no qual ocorre a reposição de um ou mais órgãos doentes por outro órgão, através de uma doação, e configura a última forma de tratamento eficaz para doenças em fase terminal, e para que este se concretize se faz necessário um doador, seja este vivo ou falecido. As situações que podem requerer um transplante ocorrem quando há falência de órgãos, normalmente por doenças comuns, como diabetes, hipertensão, doença hepática alcoólica e hepatites[1,2,3,4,5,6].

Essa terapia exige manutenção e cuidados ao longo da vida e pode interferir de forma impactante na qualidade de vida do indivíduo. Mesmo após um transplante bem-sucedido, os pacientes são acompanhados rotineiramente, fazendo uso de medicações e realizando exames periódicos, por toda sua vida[7].

O objetivo é melhorar a vida do indivíduo, reduzir morbidades, e aumentar a longevidade. A sobrevida de pacientes após o transplante de órgãos depende da indicação da terapia e das condições de saúde desse paciente, mas vem apresentando melhora nas últimas décadas. Isso se deve ao fato da descoberta de novas medicações imunossupressoras, proporcionando aumento da sobrevida do paciente e do enxerto, e diminuindo seus efeitos colaterais, na tentativa de aumentar a qualidade de vida do paciente transplantado[8,6].

O transplante pode trazer um comprometimento emocional, uma vez diante do tratamento, estão sujeitas às oscilações de peso, efeitos colaterais dos imunossupressores, ansiedade, medo da morte e incerteza do sucesso do tratamento[9,10,11]. A expectativa contida no transplante pode refletir em tristeza e depressão, principalmente nos meses iniciais, evidenciando flutuação emocional. Sentimentos negativos se fazem presentes, uma vez que a vida antes da enfermidade nunca será obtida, apenas melhorada[12].

O período inicial após o transplante é ainda uma fase adaptativa, onde os pacientes estão vivenciando diversas mudanças que a nova condição impõe. É nos primeiros meses que as infecções oportunistas costumam se instalar por conta das medicações imunossupressoras, interferindo ainda mais na nova vida desse paciente[10,13].

Nesse sentido, este estudo vem a relatar a experiência, enquanto pesquisadora, adquirida mediante a realização de um projeto de pesquisa com pacientes transplantados em um Centro de Transplante de referência no estado de Pernambuco.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo, através de um relato de experiência que visa descrever as principais percepções acerca do significado do transplante pelos pacientes, assim como os sentimentos mais evidenciados, relatados durante a coleta de dados de uma pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pôde-se perceber que para os pacientes, o transplante representa oportunidade de recomeçar a vida. Em vários momentos a gratidão por ter recebido um órgão foi percebida, assim como a certeza que o transplante não significava a cura para a doença, e sim a melhor terapia naquele momento. Consideram-se pessoas de sorte por terem sido transplantados, uma vez que a muitas pessoas falecem ainda na lista de espera, e por vezes, o sentimento de culpa aparecem no olhar, por pensar nos doadores e na dor de suas famílias.

Dentre os sentimentos mais evidenciados com relação ao tratamento, destaca-se a insegurança e o medo. O medo da rejeição do enxerto e da morte foram as principais angústias percebidas, pois o transplante configura um corpo estranho no organismo, e há possibilidade de ser rejeitado, o que resultaria em estar novamente na lista de espera, aguardando por um novo transplante, ou mesmo voltar para tratamentos conservadores, como a hemodiálise. A incerteza do sucesso do transplante e do que pode acontecer após o implante do órgão despertavam preocupação.

Apesar da satisfação com a nova vida e todos os benefícios que o transplante proporcionou, fica claro que essa nova condição também exige muito dos pacientes. O acompanhamento no centro de transplante é periódico e por toda a vida, não existe um momento em que eles vão poder ir embora, e essa certeza os desanima, pois, mesmo sabendo de tudo isso antes de se submeter ao tratamento, vivenciar essa realidade é bem difícil.

Além do comparecimento no centro de transplante, os pacientes fazem uso de muitas medicações imunossupressoras, no intuito de prevenir complicações e evitar rejeições. Os imunossupressores ocasionam efeitos colaterais constantes, principalmente nos meses iniciais, por isso, oscilações de peso, mudança de coloração da pele e desenvolvimento de doenças oportunistas são uma realidade na vida desses pacientes.

Todas essas alterações são previstas pela equipe e informadas aos pacientes antes do transplante, e por conta disso, eles precisam sem acompanhados de forma cautelosa. Há a necessidade de realizar exames laboratoriais frequentemente, para que qualquer modificação seja detectada precocemente. Mesmo diante do desconforto dos efeitos colaterais, observou-se muita confiança por parte dos pacientes na forma com que a equipe os conduzia, mostrando uma relação de muito respeito com os profissionais.

Os resultados dos exames era algo muito preocupante para os pacientes, pois bons resultados significavam que organismo respondia bem ao tratamento, e havia muita expectativa por parte de todos. De acordo com os exames, era definido se esse paciente deveria ficar internado ou se ele poderia voltar para casa e aguardar o próximo regresso.

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Um outro sentimento percebido foi com relação à capacidade de trabalhar, pois as limitações físicas trazidas por conta doença não eram recuperadas após o transplante, despertando sensações de impotência e dependência. Muitos pacientes podiam exercer uma atividade laboral, mas se sentiam excluídos do mercado de trabalho em virtude das necessidades de tratamento de saúde, pois mesmo após o transplante era preciso o acompanhamento regular.

Observou-se também que esses pacientes pouco sabiam sobre seus doadores, conforme prevê a legislação brasileira. A maioria dos pacientes recebe um órgão de um doador falecido e havia um desejo muito forte de poder conhecer um pouco mais da vida dessa pessoa que o salvou, assim como agradecer aos familiares pelo gesto da doação.

Uma mudança de valores foi percebida nesses pacientes, onde simples ações eram suficientes para esquecer qualquer medo de rejeições e das doenças oportunistas. Ir ao banheiro, beber água, viajar com a família, fazer planos e vivenciar momentos que haviam sido esquecidos pela doença fazem parte agora dos itens mais importantes da vida.

Percebeu-se que, mesmo com uma vida cheia de restrições, medos e incertezas, eles passariam pelo transplante novamente. Acreditavam que os cuidados eram importantes, e apesar de todas as dificuldades, os faziam com prazer, pois as lembranças da vida antes do transplante eram bem piores e eles não desejam mais vivenciar essa realidade.

CONCLUSÕES

O transplante não proporciona a cura, mas reabilita os pacientes para uma vida próxima da normalidade, possibilitando-os sentir prazeres que foram esquecidos por conta doença e que aos poucos podem ser recuperados. Ainda desperta muitas incertezas quanto ao amanhã, mas todos desejam poder realiza-lo se for preciso, pois de fato o transplante muda vidas, e mesmo com tantas limitações ele é capaz de devolver sorrisos e esperanças.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SILVA, O.C.; SOUZA, F.F.; NEJO, P. Doação de órgãos para transplantes no Brasil: O que está faltando? O que pode ser feito? ABCD Arq Bras Cir Dig, v. 24, n. 2, p. 93-94, 2011. [2] TEIXEIRA, R. K.; GONÇALVES, T. B.; SILVA, J. A. A intenção de doar órgãos é influenciada pelo conhecimento populacional sobre morte encefálica. Revista Brasileira Terapia Intensiva, v. 24, n. 3, p. 258-62, 2012. [3] DOS REIS, F. P. et al. Morte encefálica e transplante de órgãos e tecidos: o entendimento dos alunos do curso de Medicina. Revista Brasileira Terapia Intensiva, v. 25, n. 4, p. 279-283, 2013. [4] MENDONCA, A. E. O. et al. Mudanças na qualidade de vida após transplante renal e fatores relacionados. Acta paulista enfermagem [online]. Vol.27, n.3, p. 287-292, 2014.

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[5] CRUZ, M. G. S. et al. Vivência da família no processo de transplante de rim de doador vivo. Acta paulista enfermagem v. 28, n. 3, p. 275-280, 2015. [6] Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Disponível em < http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/sas/transplantes/sistema-nacional-de-transplantes > acesso em 21 de janeiro de 2016. [7] WICKS, P.; SULHAM, K.A.; GNANASAKTHT, A. Quality of Life in Organ Transplant Recipients Participating in an Online Transplant Community. Patient, v. 7, p. 73-84, 2014. [8] KIM, J. J.; MARKS, S. D. Long-term outcomes of children after solid organ transplantation. Clinics, v. 69, p. 28-38, 2014. [9] GONÇALVES, S. S.; NETO, A. M. S. Dimensão psicológica da qualidade de vida de estudantes de medicina. Rev. bras. educ. médica, v. 37, n. 3, p. 385-395, 2013. [10] BRITO, D. C. S. et al. Análise das mudanças e dificuldades advindas após o transplante renal: uma pesquisa qualitativa. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 23, n. 3, p.419-426, 2015. [11] SKOPINSKI, F.; RESENDE, T. L.; SCHNEIDER, R. H. Imagem corporal, humor e qualidade de vida. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 18, n. 1, p. 95-105, 2015. [12] AGUIAR, M. I. F., et al. "Qualidade de vida de pacientes submetidos ao transplante cardíaco: aplicação da escala Whoqol-Bref." Arq Bras Cardiol, v. 96 n. 1, p. 60-67, 2011. [13] TAMINATO, Mônica et al. Prevalência de infecção em transplante renal de doador vivo versus falecido: revisão sistemática e metanálise. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 49, n. 3, p. 502-507, 2015.

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Estudo Etnofarmacológico de Plantas Medicinais Utilizadas no Madre Paulina

Camila Mahara Dias Damasceno1*, Isabel Dielle Souza Lima Pio¹, Milla Gabriela Belarmino

Dantas¹, Marcelo Domingues de Faria1, Julianeli Tolentino de Lima1, Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida1

INTRODUÇÃO

Atualmente, existem novas abordagens para atuar no processo saúde-doença e percebe-se que as terapias complementares estão em ascensão na sociedade, permitindo enfoque integral do ser humano, considerando a articulação dos aspectos sociais, físicos e psicológicos [1]. Dentre as terapias complementares, existe a fitoterapia, tratamento baseado na utilização de plantas medicinais [2], as quais são muito utilizadas pela população, possivelmente decorrente da falta de acesso aos serviços assistenciais, além de questões culturais que estimulam o uso dessas ervas [3]. A Organização Mundial da Saúde estima que grande parte da população mundial faz uso frequente de plantas medicinais para o tratamento de doenças [4], mas existe a necessidade de estudos científicos para respaldar o trabalho de pessoas que indicam ervas medicinais sem precisão, pois essa prática pode ocasionar problemas para a saúde de indivíduos [5]. Algumas iniciativas foram realizadas para incentivar a prática da fitoterapia, a exemplo da recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1978, para que todos os países, a partir de então, realizassem estudos científicos de plantas popularmente utilizadas [6]. Além disso, o Ministério da Saúde, ao identificar a extensa flora brasileira e com a intenção de interferir positivamente na saúde da população, está investindo na fitoterapia como alternativa para o Sistema Único de Saúde (SUS). Mas para que a utilização dessa terapia ocorra de forma segura, são necessários profissionais capacitados, que considerem o saber popular, e que tenham conhecimento em várias áreas relacionadas às plantas medicinais [7].

Por isso, abordagens etnobotânicas e etnofarmacológicas ganham ênfase nos estudos com plantas medicinais. A etnobotânica é uma ciência que envolve várias áreas científicas para identificar espécies vegetais utilizadas pela medicina popular [2]. A etnofarmacologia é o estudo articulado de diversas ciências, com atuação de diferentes profissionais que consideram substâncias, como as presentes em ervas, já utilizadas pelo homem [9]. Assim há maior facilidade na identificação de agentes terapêuticos para o tratamento de saúde da população, principalmente a mais carente de recursos financeiros e a que reside em regiões sem assistência à saúde de qualidade [10].

_______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Dentro desse contexto, destaca-se a interdisciplinaridade, que se refere à integração entre os diversos campos do conhecimento, valorizando a dependência entre as disciplinas para promover o diálogo e modificações entre as áreas do saber [11], considerando o saber popular na utilização de plantas medicinais, de fundamental importância. Assim, vale ressaltar o trabalho realizado no Recanto Madre Paulina, uma instituição que atua na cidade de Petrolina/PE adotando terapias complementares, como a fitoterapia, envolvendo diferentes profissionais. Buscou-se com essa pesquisa aliar o conhecimento popular ao conhecimento científico, gerando dados confiáveis que possam servir de subsídios para práticas de cuidado à saúde com segurança, que teve como objetivo geral realizar o estudo etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas no Recanto Madre Paulina, possibilitando maior conhecimento sobre os recursos naturais existentes e contribuindo para a utilização de maneira consciente.

MATERIAIS E MÉTODOS

Aspectos éticos O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas

(CEDEP) da UNIVASF, sendo registrado, após aprovação, sob o nº 0002/240714 CEDEP/UNIVASF.

Coleta e identificação do material botânico

Uma amostra de cada planta cultivada no Recanto Madre Paulina foi coletada e rotulada de acordo com o nome popular especificado pelos funcionários da instituição, posteriormente, com ajuda de um botânico, classificada quanto à espécie e família botânica para determinação do nome científico. As amostras coletadas foram depositadas no Herbário do Trópico Semiárido (HTSA), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), onde recebeu um número de tombo específico. Vale ressaltar que foram coletadas apenas as plantas que no momento da coleta apresentavam partes reprodutivas como flor e/ou fruto, essenciais para a correta identificação botânica. Coleta de dados

Mediante realização de busca nos prontuários dos pacientes do Recanto Madre Paulina, com roteiro de perguntas, as informações sobre as plantas indicadas para os pacientes foram repassadas pelos profissionais responsáveis pela prática da fitoterapia na instituição. Foram identificados, além do nome popularmente conhecido, a indicação terapêutica, parte da planta utilizada e forma de utilização. Para o cálculo do tamanho da amostra, foi considerado margem de erro máxima de 5%, nível de confiança de 95% e probabilidade de 50%. Foram incluídos todos os pacientes que permaneceram na instituição para realização de tratamento interno no ano de 2014, totalizando 201 pacientes. Assim, após cálculo realizado, a amostra mínima necessária foi de 132 pacientes, mas foram utilizados dados de 140 pacientes.

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Aleatoriamente os pacientes foram identificados, e através de busca realizada nos prontuários, as informações foram coletadas, sendo repassadas pelos funcionários que iam associando as doenças com plantas indicadas. Os dados obtidos foram confrontados com a literatura existente, comparando com a literatura as 10 plantas mais indicadas, para avaliar se a indicação mencionada pelos profissionais do Recanto Madre Paulina está de acordo com trabalhos publicados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Recanto Madre Paulina são cultivadas 129 espécies vegetais, 93 espécies são utilizadas no tratamento de doenças. Neste trabalho foram identificadas, de acordo com o nome científico, 64 plantas consideradas medicinais dentre as presentes na instituição. Destas espécies, 34 foram indicadas para os pacientes selecionados para a pesquisa e apenas as 10 plantas mais indicadas foram comparadas com a literatura existente. A família com o maior número de indicações foi a Asteraceae, representando 20,59%; seguida de Lamiaceae e Fabaceae, cada uma com 17,65%; Verbenaceae e Myrtaceae com 5,88% cada; e Costaceae, Moraceae, Anacardiaceae, Papaveraceae, Equisetaceae, Rutaceae, Crassulaceae, Chenopodiaceae, Cucurbitaceae, Plantaginaceae e Euphorbiaceae, cada uma com 2,94%. A parte mais utilizada das plantas é a folha (88,57%), seguida da casca (5,71%), flor (2,86) e fruto (2,86%), preparada como infusão (77,78%), sumo (11,11%), decocção (5,55%), suco (2,78%) e tintura (2,78%). O quadro 1 apresenta o resumo das indicações terapêuticas das 10 plantas medicinais mais indicadas, relacionando informações sobre as espécies vegetais, as indicações realizadas pelos profissionais do Recanto Madre Paulina quanto à utilização das plantas medicinais para o tratamento de doenças e os dados encontrados na literatura científica sobre essas plantas.

Quadro 1 – Síntese das indicações terapêuticas de algumas espécies vegetais.

Nome da planta Indicações dos profissionais do

Recanto Madre Paulina Indicações presentes na literatura

científica

Alfafa

Medicago sativa L.

Anemia, fortificante, estimulante, cansaço

Fortificante, escorbuto, raquitismo, estimular o apetite, sistema

endócrino.

Alfavaca

Ocimum gratissimum L.

Gases, diurético, estimulante, reumatismo, dor nos braços, estimular os rins, emagrecer, hipertensão, depurativo, gripe, triglicerídeos, colesterol, digestivo,

gastrite, aumentar o metabolismo hepático, infecção urinária, anti-

inflamatório, infertilidade, sinusite.

Reumatismo, antiespasmódico, colesterol, triglicerídeo, estimulante,

sudorífera, diurética, carminativa, antibacteriana, antioxidante,

sinusite, afecções gênito-urinárias, dor, anti-inflamatório,

hepatoprotetora, gripe, esterilidade, dores abdominais, gastrite.

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Cavalinha

Equisetum hyemale L.

Hérnia de disco, reumatismo, diurético, infecção urinária, edema, hipertensão,

obesidade

Consolidação de fraturas ósseas, infecções nos rins e bexiga,

diurética, antioxidante.

Erva-cidreira/melissa

Lippia alba (Mill)

Calmante, digestivo,estômago, insônia, refluxo, relaxante

Cólica, calmante, insônia, hipertensão, digestão, anti-diarreico,

sedativa e miorrelaxante.

Erva-de-são –joão

Senna macranthera Depressão, ansiedade

Não foram encontrados estudos que comprovem as indicações dos

profissionais do Recanto Madre Paulina.

Gervão

Stachytarpheta cayennensis

Esteatose hepática, digestão, aumentar o metabolismo hepático, fígado, melhorar

o funcionamento do fígado, gastrite

Debilidades do estômago, cólicas, fígado.

Limão

Citrus medica (L.) Antiácido, sinusite Acidez gástrica e anti-inflamatório.

Malva-santa

Kalanchoe pinnata

Antioxidante, gastrite, mucosa gástrica, depurativo, antiácido, emagrecer,

calmante, anti-inflamatório

Antiinflamatório, estômago, gastroprotetora, antioxidante ,

depurativa.

Picão

Bidens pilosa L.

Estimular o fígado, fígado, esteatose hepática

Problemas hepáticos, hepatite, hepatoprotetor.

Transagem

Plantago major L.

Anti-inflamatório, dor, protetor gástrico, rouquidão, expectorante, corrimento

vaginal, lesão na pele, repor mucosa por causa da diarreia

Anti-inflamatório, antifúngico, gastroprotetora, expectorante,

queimaduras, ferimentos, lesões, erupções cutâneas, analgésico,

doenças de pele, infecção, problemas digestivos.

CONCLUSÕES

Estudos já publicados, seja por levantamento etnofarmacológico, que confirmam a importância popular de algumas plantas, ou por experimentos que validam determinadas indicações através de estudos pré-clínicos realizados, corroboram algumas indicações dos profissionais do Recanto Madre Paulina.

Conclui-se que o saber popular é de grande importância para direcionar a descoberta de plantas com propriedade farmacológicas, tendo em vista que muitas indicações referidas através de conhecimento popular são comprovadas por estudos científicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[2] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Brasília, 2006a. 92 p.

[3] ALVIM, N. A. T. et al. O uso de plantas medicinais como recurso terapêutico: das influências da formação profissional às implicações éticas e legais de sua aplicabilidade como extensão da prática de cuidar realizada pela enfermeira. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n. 3, p. 316-323, mai./jun.2006.

[4] VELOZ, A. I. R.; PERERA, L. M. S. et al. Tratamientos convencionales y medicina alternativa de la úlcera péptica. Revista Cubana de Farmácia. v. 46, n.

[5] EVANGELISTA, S. S. et al. Fitoterápicos na odontologia: estudo etnobotânico na cidade de Manaus. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Campinas, v. 15, n. 4, p. 513-519, 2013.

[6] ALMEIDA, J. R. G. S. et al. Uso de plantas medicinais em uma unidade de saúde da família no município de Juazeiro-BA. Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente, Aracaju, v.01, n.01, p. 9-18, 2012.

[7] SANTOS, R. L. et al. Análise sobre a fitoterapia como prática integrativa no Sistema Único de Saúde. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 13, n. 4, p.

[8] NETO, F. R. G. et al. Estudo etnobotânico de plantas medicinais utilizadas pela comunidade do Sisal no município de Catu, Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v. 16, n. 4, p. 856-865, out./dez. 2014.

[9] PEREIRA, F. L. et al. Ethnopharmacological survey: a selection strategy to identify medicinal plants for a local phytotherapy program.Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, São Paulo, v. 48, n. 2, p. 299-313, abr./jun., 2012.

[10] MENEZES, M. P.; YASUI, S. A interdisciplinaridade e a psiquiatria: é tempo de não saber? Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 6, p. 1817-1826, Jun 2013.

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Uma Análise Didática dos Livros na Área de Química Orgânica: Com Foco em Polímeros

Thamirys Alves Pereira1*, Glauciane Barros Nascimento1, Edson da Silva Reis2

INTRODUÇÃO

O ensino da química deve ter como foco as “explicações” necessárias à vida do aluno/cidadão, sendo que alguns conceitos não são amplamente estudados [1]. Estudos recentes de livros didáticos mostram que estes não abordam com eficácia, alguns temas de grande importância para a sociedade, como por exemplo, o tema polímeros [2].

Entende-se que a sequência dos acontecimentos relacionados aos polímeros assume destaque, a partir do avanço tecnológico no século XIX, onde as transformações produzidas pelo homem, deu surgimento e causou uma revolução em relação aos polímeros sintéticos e nas indústrias em geral. No entanto, apenas materiais poliméricos naturais quimicamente modificados, estavam disponíveis no final do século XIX. Como exemplo, a descoberta de Charles Goodyear em 1839, a vulcanização, sendo a conversão da borracha natural pegajosa à base de enxofre em elastômeros, que deu à luz a indústria da borracha, em que foi registrada e patenteada [3].

No início do século 20, o desenho e as arquiteturas moleculares dos materiais poliméricos naturais ou provocados pelo homem, eram desconhecidos, embora que os primeiros produtos tenham sido desenvolvidos por otimizações de tentativa e erro, atingindo o mercado [4].

Com a evolução dos conhecimentos a respeito dos polímeros, chegou-se a um consenso de que são substâncias formadas pela combinação de moléculas exordiais pequenas (meros ou monômeros), através das ligações covalentes, que se repetem, crescendo as cadeias resultando em dímeros, trímeros e formando longas correntes poliméricas, obtendo assim as macromoléculas (polímeros com alta massa molecular), tendo ou não uma continuidade nas partes de recorrência, processo esse chamado de polimerização [5 e 6].

Nessa situação, para compreender, enfatiza-se que os polímeros são feitos por dois tipos principais de reações: de adição e de condensação. O tipo de reação utilizado depende dos grupos funcionais existentes nos materiais de partida, aonde a maior parte vem do petróleo, mas alguns polímeros são feitos de produtos agrícolas como o milho e a soja [7].

De posse as informações apresentadas, salienta-se que os (LDs) livros didáticos são de suma importância para a aprendizagem, onde o mesmo vincula conceitos científicos em informações escolarizadoras, não sendo somente uma ferramenta de trabalho, mas uma transmissão sistematizada do conhecimento [8]. Cabe ao professor, orientar o discente a entender a real

_______________________________________________________________________________ 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano – Campus Ouricuri;

2 Universidade Federal do Pernambuco * [email protected]

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definição dos LDs, que vão além dos conteúdos impressos, valorizando a formação correta, ofertando ao aluno entendimento e uma visão ampla do mundo [9].

Portanto, este trabalho tem como o objetivo a investigação de como livros abordam o conteúdo (teórico e prático) de polímeros, observando o acervo literário na área de química orgânica (gerais e específicos) da Biblioteca IF Sertão Pernambucano- Campus Ouricuri, podendo elaborar um aparato de conceitos que fundamentam a didática no ensino da Química Orgânica, levando em consideração a linguagem técnica e contextualizada.

As fundamentais contribuições, na utilização dos livros didáticos podem ser vistas na afirmação [10] “um instrumento impresso, intencionalmente estruturado para se inscrever no processo de aprendizagem, com o fim de melhorar a eficácia”. Todavia, o papel lhe é atribuído variam de acordo com os ambientes escolares, em que os fatores são inúmeros e influenciam a contextualização, trazendo a historicidade e suas utilidades, às vezes, tangenciada.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os materiais utilizados na análise foram os Livros Didáticos de Química a Nível Superior (LDQNS), como fonte principal e os a Nível Médio (LDQNM), como base secundária. Este estudo analítico atendeu aos seguintes critérios: 1- contexto histórico; 2- abrangência dos conceitos; 3- exemplificações; 4- contextualização e 5- linguagem científica. Foram analisados os seguintes (LDQNS): LDQNS-1 - Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012 dos autores Peter Atkins e Loreta Jones; LDQNS-2 - Química, a ciência central. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006 dos autores Theodore Brown et al. e LDQNS-3 - Química Orgânica. Volume 2. 4 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005 da autora Paula Bruice. Enquanto os (LDQNM) foram: LDQNM-1 - Química Orgânica. Volume3. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2004 do autor Ricardo Feltre; LDQNM-2 - Química na Abordagem do Cotidiano. Volume3. 4 ed. São Paulo: Moderna, 2006 dos autores Francisco Peruzzo e Eduardo L. do Canto; e LDQNM-3 - Ser Protagonista: química, 3º ano 2 ed. São Paulo: Edições SM, 2013 editor responsável Murilo T. Antunes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A relevância atribuída ao LDQN, no meio social, faz com que ele determine as temáticas e norteiem os mecanismos de ensino determinando: quem ensina, como se ensina, o que se ensina [11]. À vista disso, iniciou-se uma busca literária, a efetuação da leitura e análise dos LDQNS e LDQNM, fez-se uma seriação dos critérios estabelecidos, apresentando as distinções (ou não) dos livros didáticos como ferramenta encadeadora necessária ao processo de formação acadêmica. Segue as análises efetuadas para os LDQNS.

Para o primeiro critério, tem-se que o LDQNS-1, o LDQNS-2 e o LDQNS-3 trazem alguns aspectos históricos, contudo o LDQNS-3 traz uma abordagem mais detalhada sobre os polímeros sintéticos, enfatizando grandes nomes para a história dos polímeros, tais como: “Alexander Parker,

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inventor da ‘piroxilina’, Jonh Wesley que melhorou a síntese de ‘piroxilina’ Louis –Marie- Hilaire produziu a nitrocelulose” [12].

Segundo critério, o LDQNS-1 está inserido em química orgânica II, referindo-se aos polímeros e aos compostos biológicos, atentando-se aos grupos funcionais comuns. Com relação ao LDQNS- 2, o contexto ao qual ele está situado apresenta uma relevância às propriedades macroscópicas dos materiais, por serem livros de química geral abordam brevemente os conceitos, características e comportamentos dos polímeros. O LDQNS-3, por ser o específico fragmenta a temática em vários capítulos, a fim de discutir sobre os polímeros sintetizados, os ácidos nucléicos, os carboidratos e os polímeros sintéticos, tornando-se uma referência com um maior grau de embasamento para o acúmulo de pesquisas e atividades voltado para os alunos de Licenciatura em Química.

Terceiro critério, para os LDQNS as exemplificações estão bem definidas, quanto a seu tema e suas propostas, trazendo modelos moleculares tridimensionais, propondo ao aluno sair do abstrato e tendo uma visualização melhor dos grupos funcionais estudados, as figuras são bem coloridas, o que proporciona uma leitura agradável.

Quarto critério, para tal tem-se que o LDQNS-1, abrange, em relação à temática central, o impacto sobre a tecnologia e o impacto na biologia, compondo juntamente com as aplicabilidades industriais, um quadro visível de conhecimentos importantes, evitando a prolixidade ao elucidar os conteúdos. O LDQNS-2 incorpora conceitos dentro dos materiais modernos, fazendo coligações com as informações apresentadas e as suas aplicabilidades. Já o LDQNS-3, por ser um material específico da área de orgânica, apresenta-se com um fracionamento preciso do tema, agregando um conteúdo amplo e característico, sua vinculação conhecimento/aplicabilidade encontra-se presente.

E por fim, quinto critério, a linguagem científica, assumindo a principal orientação, tornando-se facilitadora substancial do domínio conteudista, neste aspecto, os LDQNS mantêm a tecnicidade e o vocabulário mais científico, não prejudicando o entendimento do assunto, sendo adequada ao objetivo proposto por cada livro.

Em seguidas as análises efetuadas para os LDQNM.

Primeiro critério, em que o LDQNM-1, apresenta uma historicidade mais contextualizada, exibindo quem foi Hermann Staudinger, o pioneiro da química dos polímeros, já o LDQNM-2, traz uma associação imediata entre polímeros e plásticos, a historicidade central do capítulo aborda exatamente “A Era dos plásticos”, em uma sessão intitulada “Química e história”, nota-se que ao longo do material o leitor vai se deparar com inserções históricas. E o LDQNM-3, possui a historicidade caracterizada na mesclagem entre os biopolímeros e os artificiais, do passado ao presente, o livro demonstra a evolução da produção dos polímeros sintéticos.

Segundo critério, em que o LDQNM-1 discuti, apenas, os polímeros artificiais, faltando informações sobre os polímeros naturais, suas definições, e suas estruturas, deixando uma lacuna, já o LDQNM-2, os conceitos são expostos diretamente com uma abrangência branda, focando em temas gerais, salientando a estrutura dos polímeros, entende-se que o material contém uma

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apresentação dos conteúdos contemplativa, possuindo “quadros temáticos” que aprofundam o conhecimento. E o LDQNM-3 exibe o tema de forma breve.

Terceiro critério, o LDQNM-1 possui uma abordagem bem simples com exemplos inteligíveis sobre os recipientes de plásticos, gomas de mascar, tecidos, policarbonetos, todos são bem ilustrados, trazendo também, sobre a periculosidade, descartes e reciclagem dos polímeros sintéticos, sendo algo elucidado no livro, com imagens dos códigos de orientação. Já o LDQNM-2, contém muitos exemplos que podem ser vistos na realidade do discente, não ficando no abstrato, e há, ainda, um bloco intitulado “Saiba mais...” que possui a função de instigar e relacionar informações, sedimentando o conhecimento. E o LDQNM-3 aborda diversas exemplificações todas tangíveis ao aluno, onde são apresentadas as características, origens poliméricas e sua produção, enquadrando com imagens.

Quarto critério, o LDQNM-1 tem como tema central “Química na abordagem do cotidiano”, onde os contextos dos assuntos assumem uma forma concisa, que ao mesmo faz conexões com o dia a dia do aluno, já para o LDQNM-2 há apresentação de blocos como “Ciência, tecnologia e sociedade”, que são subsídios acompanhados de questões que fomentam reflexões e discussões, tendo também o bloco “Química e Biologia”, que possui a função de coligar a química a diversas áreas da ciência. Na abertura do capítulo do LDQNM-3, apresenta-se uma recapitulação, umas exemplificações básicas, provocando a curiosidade do aluno, compreende-se que a contextualização incentiva discussões, gerando reflexões críticas e habituando o discente à prática argumentativa, o livro obedece a e essa premissa.

Finalmente, o quinto critério, para os LDQNM é identificável que o vocabulário utilizado, intercala conceitos científicos com didáticos, tornando a linguagem totalmente acessível.

CONCLUSÕES

Dando enfoque ao proposto tema, observa-se que os livros a nível superior são mais completos e mais embasados, tornando-os fontes mais seguras de pesquisas para alunos a nível universitário, essa característica se dá pelo fato de serem mais conteudistas. E, levando em consideração a contextualização dos livros de ensino médio, o material pode ser utilizado como fonte secundária de pesquisa para os graduandos, introduzindo sobre o assunto de polímeros. Então, mediante as análises, pode-se contatar que os livros didáticos são de suma importância para a construção teórica dos discentes, sendo ferramentas pedagógicas primordiais, nos quais se podem intercalar conteúdo/contextualização, aprimorando tanto o conhecimento científico como também trazendo a aplicabilidade para o cotidiano, esta fusão tem por consequência tanto a escolarização, quanto a edificação do exercício da cidadania do discente. Todavia, enxerga-se a necessidade de haver no acervo das pesquisas, livros mais específicos de polímeros, para uma sedimentação mais abrangente do assunto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CURI, D. Polímeros e interações intermoleculares. Química nova na escola, Nº 23, 2006. Editora Pearson Education. pág. 292-307.

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[2] SOUZA, E. M. Metodologias e analíticas qualitativas em pesquisa organizacional: Uma Abordagem Teórico-Conceitual. Vitória: EDUFES. p, 11. 2014.

[3] Goodyear, C. Gum-Elastic and Its Varieties with a Detailed Account of its Applications and Uses, New Haven,1855.

[4] MÜLHAUPT, R. Hermann Staudinger and the Origin of Macromolecular Chemistry. Angewandet Chemie. 2004.

[5] CALLISTER, William D. Jr. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 5ªedição. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

[6] SOLOMONS, T. W. Graham; FRYHLE, Craig B. Química Orgânica. Volume I. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

[7] ATKINS, Peter; JONES, Loreta. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5ªedição. Porto Alegre: Bookman, 2012.

[8] SAVIANI, D. Educação: do senso-comum à consciência filosófica. 17 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007.

[9] GERARD, F. Roegers. (1993), Concebar el évaluir des manuels scoláires. Bruxelas. De Baeck.

[10] LOPES, Alice Casimiro. Currículo e Epistemologia. Ijuí: Editora Unijuí, 2007. Wess.email (traduzido para português de Julia Ferreira e de Helen Peratal) Porto: 1998.

[11] LAJOLO, Marisa. Livro didático: um (quase) manual de usuário. Em Aberto, Brasília, n. 69, v. 16, jan./mar. 1996.

[12] BRUICE, Paula Yourkanis. Química Orgânica. Volume 2. 4ªedição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

AGRADECIMENTOS

Gostaríamos de agradecer ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Ouricuri, pela disponibilização dos livros e também pelos recursos financeiros ofertados e ao nosso orientador Edson da Silva Reis.

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Toxicidade Aguda do Extrato Etanólico das Partes Aéreas de Passiflora cincinnata

Érica Martins de Lavor1*, Antônio Wilton Cavalcante Fernandes1, Ana Ediléia Barbosa Pereira Leal1, Mariana Gama e Silva1, Roxana Braga de Andrade Teles2, Fernanda Pires Rodrigues de

Almeida Ribeiro1, Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida1

INTRODUÇÃO

Na Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, existem inúmeras espécies cujas atividades biológicas ainda não foram avaliadas e são utilizadas pela população por suas propriedades terapêuticas, sendo assim, uma importante fonte de sustâncias com potencial farmacológico [1]. Espécies de Passiflora, conhecidas popularmente como maracujá, têm sido amplamente cultivadas no Brasil, especialmente no bioma Caatinga, devido à produção de frutos comestíveis, resistência à seca e pelo seu uso na medicina tradicional [2 - 3]. A espécie Passiflora cincinnata, popularmente conhecida como maracujá-do-mato, é utilizada na medicina popular por suas propriedades anti-inflamatória, calmante e relaxante, as quais podem ser justificadas pela presença de diversos metabólitos secundários encontrados em espécies do gênero Passiflora, como por exemplo os alcaloides indólicos (passiflorina e a harmina), e compostos fenólicos, como os flavonoides vitexina e isovitexina [4 - 5]. No entanto, apesar da ampla utilização da P. cincinnata na medicina tradicional, não são relatados na literatura estudos farmacológicos com essa espécie, bem como estudos que demonstram o perfil de segurança por meio de ensaios de toxicidade. Dessa forma, o presente trabalho apresenta como objetivo avaliar a toxicidade aguda do extrato etanólico bruto da espécie Passiflora cincinnata Mast. (Passifloraceae) em camundongos.

MATERIAIS E MÉTODOS

As partes aéreas (folhas e talos) de Passiflora cincinnata Mast. foram coletadas no município de Uauá-BA, e posteriormente foram submetidas a secagem em estufa à temperatura de 40o C durante três dias, posteriormente a droga vegetal seca foi repartida granulometricamente em moinho de facas e macerada com etanol 95%, com intervalo de 72 horas entre cada extração, até completo esgotamento da droga vegetal. A solução extrativa foi submetida a destilação, em evaporador rotativo e após a evaporação do solvente, foi obtido e extrato etanólico bruto de Passiflora cincinnata (Pc-EtOH). Os experimentos realizados foram previamente aprovados pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) sob número de protocolo de 0001/180416. Para realização do ensaio de toxicidade aguda foi utilizado o protocolo da ANVISA [6] com algumas modificações. Para isso, 40 camundongos swiis (Mus musculus) de ambos os sexos foram divididos em quatro grupos experimentais (n=10), submetidos ao jejum de 6 horas, e posteriormente receberam diferentes _______________________________________________________________________________ 1 Pós graduação em Recursos Naturais do semiárido, UNIVASF, Petrolina-PE; * [email protected]

2 Pós graduação em Biotecnologia, UEFS, Feira de Santana, BA

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tratamentos. Os animais dos grupos 1 e 3 receberam solução salina a 0,9% por via oral (v.o) e intraperitoneal (i.p), respectivamente. Os grupos 2 e 4 receberam o tratamento com dose única do Pc-EtOH (2000 mg/Kg) por v.o, e i.p, respectivamente. Após administração dos tratamentos, os animais foram avaliados nos tempos de 30, 60, 90, 120, 180 e 240 minutos para avaliação da presença de sinais de toxicidade como por exemplo: piloereção, ptose palpebral, contorções abdominais, convulsões, catatonia, tremores, paralisia das patas dianteiras, sedação, ambulação aumentada, resposta ao toque diminuída, movimentação intensa das vibrissas, agressividade, estereotipia e analgesia, seguindo as recomendações descritas por Almeida et al.[7]. Os animais foram avaliados diariamente durante 14 dias, e nesse período foram monitorados o consumo de água, ração e o peso corporal de cada animal, além disso foi avaliado durante todo experimento se houve morte para determinação da DL50 (dose letal que mata 50 % dos indivíduos). Após 14 dias de avaliação, os animais foram anestesiados com cetamina (15 mg/Kg) e xilazina (100 mg/Kg) e submetidos a eutanásia por deslocamento cervical, os órgãos dos animais (pulmão, coração, baço, estômago, fígado, rim e pâncreas) foram então extirpados, analisados macroscopicamente (quanto ao aspecto, textura e coloração), e pesados para avaliação de possíveis efeitos tóxicos do extrato. Os dados obtidos foram analisados por meio do programa GraphPad Prism, versão 5.0, e expressos como média ± erro padrão da média (e.p.m). Diferenças estatisticamente significativas entre os grupos foram calculadas pela aplicação de uma análise de variância (ANOVA) one-way seguido do teste de Tukey. Foram considerados significativos valores de p < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A administração do extrato etanólico de P. cincinnata na dose de 2000 mg/kg, por via oral e intraperitoneal em dose única não ocasionou mortes, indicando baixa toxicidade do extrato, dessa forma foi possível demonstrar que o Pc-EtOH apresenta DL50 > 2000 mg/kg quando administrado por ambas as vias de administração. Esses resultados corroboram com os resultados de Boeira et al. [8] o qual investigou a toxicidade aguda do extrato de Passiflora alata (espécie pertencente ao gênero Passiflora), demonstrando que o tratamento com dose de 4800 mg/Kg não provocou nenhum sinal de toxicidade.

A avaliação comportamental dos camundongos foi realizada nos tempos de 30, 60, 120, 180 e 240 minutos após a administração do Pc-EtOH por via intraperitoneal e oral na dose de 2000 mg/kg. Os animais tratados por via intraperitoneal com o extrato apresentaram no tempo de 30 minutos piloereção, movimento intenso das vibrissas e ptose palpebral, as quais não foram observadas nos outros tempos de análise. O grupo tratado com Pc-EtOH por via oral apresentou aumento no número de rearing e ptose palpebral no tempo de 60. Os animais tratados com solução salina não apresentaram comportamento normal.

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O peso corporal dos camundongos do primeiro ao décimo quarto dia após o tratamento com o Pc-EtOH encontra-se apresentado no gráfico 1. A análise estatística não indicou variação significativa no peso dos animais após os 14 dias de análise. Ao final do experimento a média do peso dos animais tratados com Pc-EtOH por via oral foi de 39,70 ± 1,49 g, já o grupo que recebeu o tratamento por via intraperitoneal apresentou 38,60 ± 1,57 g. Os grupos controles que receberam apenas solução salina a 0,9 % por via oral e via intraperitoneal apresentaram 38,40 ± 1,92 g e 39,01 ± 2,23 g, respectivamente.

0 5 10 1534

36

38

40Salina 0,9% (v.o)

2 g/Kg Pc-EtOH (v.o)

Salina 0,9% (i.p)

2g/Kg Pc-EtOH (i.p)

Dias

Peso

(g)

Gráfico 1 – Efeito do tratamento com dose única do Pc-EtOH (2000 mg/Kg) e solução salina 0,9% durante 14 dias no peso dos animais. O gráfico mostra o peso diário dos animais após o tratamento com dose única de Pc-EtOH por diferentes vias de administração, via oral (v.o) e via intraperitoneal (i.p). Os dados são expressos como média ± erro padrão da média, n = 10. Considerando diferença estatística quando p<0,05.

Ao final do experimento, o consumo de ração foi de 32,50 ± 0,5 g para o grupo controle via oral e 32,34 ± 0,5 g para o controle via intraperitoneal. Os animais tratados com 2000 mg/kg por via oral apresentaram ao final do experimento um consumo de 32,50 ± 1,57 g e 31,90 ± 1,50 g para aqueles tratados por via intraperitoneal. Em relação ao consumo de água, a média do consumo do grupo controle via oral foi de 35,00 ± 1,2 mL, já os animais do controle intraperitoneal apresentaram consumo de 39,00 ± 1,00 mL. Os grupos tratados com Pc-EtOH (2000g/Kg) por via oral e intraperitoneal apresentaram consumo de respectivamente 40,00 ± 2,0 e 35,50 ± 2,5 mL. Após eutanásia dos animais, seus órgãos foram avaliados macroscopicamente, retirados e pesados (Tabela 1). Na análise macroscópica foi possível observar que todos os órgãos dos grupos controles (via oral e intraperitoneal) apresentavam arquitertura preservada e coloração normal. Foi observado que o fígado de um dos animais tratados com 2000g/Kg do Pc-EtOH por via oral apresentou bordas levemente amareladas, tal alteração está sendo investigada por meio de avaliação histopatológica desse órgão. A partir da análise estatística observou-se um aumento estatisticamente significativo apenas no peso do baço dos animais tratados com o Pc-EtOH por via intraperitoneal, o qual apresentou 0,20 ± 0,01 g, quando comparado ao que recebeu salina 0,9% (0,16 ± 0,00 g) pela mesma via de administração, tal efeito está sendo investigado, no entanto pode ser atribuído a uma possível atividade imunoestimulante do extrato, visto que é relatado na literatura seu uso na medicina popular como anti-inflamatório [2].

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Quadro 1 – Peso dos órgãos de animais tratados com dose única do Pc-EtOH (2g/Kg) e solução salina 0,9% após 14 dias (n= 10 por grupo).

Órgãos

Grupos

Salina 0,9%

(v.o)

2 g/Kg Pc-EtOH (v.o)

Salina 0,9%

(i.p)

2 g/Kg Pc-EtOH (i.p)

Fígado (g) 1,78 ± 0,08 1,84 ± 0,10 1,90 ± 0,18 1,83 ± 0,07

Rim (g) 0,24 ± 0,01 0,27 ± 0,02 0,26 ± 0,02 0,25 ± 0,02

Estômago (g) 0,48 ± 0,02 0,52 ± 0,07 0,60 ± 0,03 0,68 ± 0,04

Pâncreas (g) 0,18 ± 0,01 0,19 ± 0,01 0,18 ± 0,01 0,19 ± 0,02

Coração (g) 0,19 ± 0,01 0,21 ± 0,01 0,19 ± 0,01 0,19 ± 0,00

Pulmão (g) 0.23 ± 0.01 0.22 ± 0.01 0.22 ± 0.01 0.24 ± 0.01

Baço (g) 0,17 ± 0,00 0,22 ± 0,04 0,16 ± 0,00 0,20 ± 0,01*

Os dados estão expressos como média ± erro padrão da média (n=10). * p<0,05 comparado com o grupo que recebeu solução salina 0,9% (i.p).

CONCLUSÕES

A partir desse estudo foi possível observar que o tratamento com o extrato etanólico de Passiflora cincinnata não foi capaz de provocar mortes ou sinais pronunciados de toxicidade aguda nos animais, demonstrando assim um bom perfil de segurança, e encorajando para a realização de ensaios farmacológicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SOUZA, L. et al. Ethnopharmacology of medicinal plants of carrasco, Northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology. v.157, p. 99–104, 2014. [2] RIBEIRO, D.A. et al. Promising medicinal plants for bioprospection in a Cerrado area of Chapada do Araripe, Northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology. v.155, p.522–1533, 2014. [3] CUTRI, L. et al. Evolutionary, genetic, environmental and hormonal-induced plasticity in the fate of organs arising from axillary meristems in Passiflora spp. Mechanisms of development. v. 130, p. 61–69, 2013. [4] COSTA, A. M.; TUPINAMBÁ, D. D. O maracujá e suas propriedades medicinais – estado de arte. In: FALEIRO, F. G.; JUNQUEIRA, N. T. V.; BRAGA, M. F. (Ed.). Maracujá: germoplasma e melhoramento genético. Planaltina: Embrapa Cerrados, cap. 20, p. 475 - 506, 2005.

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[5] WOSCH, L. et al. Comparative study of Passiflora taxa leaves: II. A chromatographic profile. Revista Brasileira de Farmacognosia. v.38, p .241 - 251, 2016.

[6] ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia para a condução de estudos não clínicos de toxicologia e segurança farmacológica necessários ao desenvolvimento de medicamentos. V. 2, p.6. 2013.

[7] ALMEIDA, R. N. et al. Metodologia para avaliação de plantas com atividade no Sistema Nervoso Central e alguns dados experimentais. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 80, p. 72 - 76, 1999.

[8] Boeira, J.M. et al. Toxicity and genotoxicity evaluation of Passiflora alata Curtis (Passifloraceae). Journal of Ethnopharmacology. v.128 , p.526–532, 2015.

AGRADECIMENTOS

À UNIVASF pelo suporte estrutural e a FACEPE pelo financiamento da pesquisa.

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Avaliação dos Aspectos Ergonômicos em uma Escola de Referência em Petrolina – PE

Ariadine Ione Ferreira de Moura¹*, Francisco Alves Pinheiro¹, Diego Luz Moura ¹, Leonardo Rodrigues Sampaio¹

INTRODUÇÃO

A ergonomia é uma ciência que surgiu no século XX, significando trabalho (ergon) e regras (nomos)[1]. Segundo a Associação Internacional de Ergonomia (IEA), essa ciência apresenta dois objetivos, desenvolver maior desempenho laboral e bem-estar dos trabalhadores [2]. Tem caráter interdisciplinar e recebe contribuições de diferentes disciplinas. Pode ser desenvolvida em diferentes campos de aplicação e ser dividida em áreas de especialização, como, ergonomia cognitiva, ergonomia organizacional e ergonomia física [2]. Se tratando da ergonomia física, aspectos como ruídos, temperatura e iluminação são objetos de estudos dessa área. Mais especificamente, [3] conceitua como:

“(...) a ergonomia física ocupa-se das característica da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física. Os tópicos relevantes incluem a postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador” (p. 3)

Considerando a ambiência sonora, que estuda os ruídos no local de trabalho, os níveis de nocividade são estabelecidos a partir da avaliação da duração da exposição, da frequência e do nível sonoro. Os ruídos podem causar consequências negativas, como por exemplo, dificuldades na concentração e aprendizagem, se o indivíduo for exposto a um nível de ruído sonoro acima de 60 dB [4]. A temperatura do ambiente deve propiciar conforto para os indivíduos, pois tanto o excesso de calor como de frio podem causar efeitos nocivos para os seres humanos. Segundo Iida (2005) a diminuição do desempenho, por exemplo em uma atividade de aprendizagem, ocorre em temperatura superiores a 33ºC e, em torno dos 23ºC ocorre o melhor desempenho do indivíduo. O autor também ressaltou que entre 18 e 28ºC as interferências sofridas pelos sujeitos são mínimas. Entende-se por ambiência luminosa a quantidade de luz artificial ou natural no posto de trabalho, sendo medida pela iluminância, iluminação e contraste, no qual para uma adequada luminosidade necessita do conjunto dessas três medidas [4]. A luminosidade natural também pode ser utilizada para compor o ambiente, entretanto quando o ambiente é mal iluminado, pode complementar ou substituir a luz natural por fontes artificiais [1]. _______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Com isso, o objetivo do presente estudo é avaliar os índices de iluminação, temperatura e ruído das salas de aula e compará-los com as Normas do Ministério do Trabalho e Previdência Social e normas da ABNT em uma escolar de referência em ensino médio na cidade de Petrolina/PE.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado em uma escola pública com regime semi-integral na cidade de Petrolina/PE. Foram escolhidas três salas de aula, sendo uma corresponde a cada série do ensino médio. A escolha de cada sala se deu por meio de visita in locus, tendo como critério as salas viradas para a via mais barulhenta. Quando não teve salas de todas as três séries nessas condições, foi escolhida uma sala virada para uma via que apresente mais barulho das restantes, ou a sala com mais tempo virada para o sol. As condições ergonômicas das salas de aula foram analisadas a partir da mensuração do ruído, luminosidade e temperatura e comparadas com os parâmetros estabelecidos nas normas da ABNT e Normas Regulamentadoras do Ministério do trabalho e Previdência Social. Teve como instrumentos: decibelímetro, luxímetro e medidor de estresse térmico e suas normas de regulamentação (NBR 10.152 [5], NR-15 [6] e NBR 5413 [7]). Também foi utilizado um checklist para avaliar as características da sala (ar-condicionado e sua posição, número de filas e luminárias por filas, dentre outras). As medições nas salas ocorreram no turno da manhã e da tarde. A medição do ruído ocorreu em sete pontos na sala, com a presença de alunos, sendo o sétimo ponto o sinal (próximo ao professor). E os dados foram comparados com a norma 10.152 [5]. Para a iluminação foi utilizado os critérios de medição da norma NBR 5382[8] para cada tipo de sala e iluminação contida nela, e os dados encontrados foram comparados com a norma NBR 5413 [7]. Na medição da temperatura, o medidor de estresse térmico foi instalado no centro da sala, e os dados obtidos foram comparados com a norma NR -15 [6]. Antes do início da coleta de dados o projeto foi aprovado pelo comitê de Ética e Deontologia em Pesquisa com Seres Humanos (CEDEP), sob 48795115.5.0000.5196.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O índice médio da iluminação nas salas de aulas da escola pesquisada variou entre 133,52 e 149,16 no turno matutino e 106,96 e 146,16 no turno vespertino, conforme pode ser visto na tabela 1. Esses dados indicam que a iluminação em todas as salas investigadas em ambos os turnos estão abaixo dos valores que a norma de regulamentação NBR 5413[7] recomenda. De acordo com essa norma, os valores recomendados em sala de aula poderiam ser três valores (200 lux – 300 lux0 500 lux) a depender das características da tarefa e do observador (idade, velocidade e precisão e refletância do fundo da tarefa). Para a referida pesquisa, de acordo com a característica da tarefa e do observador, considerou-se o valor de 300 lux como o recomendado para a iluminância.

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Tabela 1: Dados referentes a iluminação e a temperatura SALA TURNO I média* IBUTGimédio*

*

1º ano Matutino 133,52 22,05

1º ano Vespertino 106,96 22,61

2º ano Matutino 136,21 23,30

2º ano Vespertino 136,32 23,12

3º ano Matutino 149,16 22,.41

3º ano Vespertino 146,64 23,11

*Média da iluminação; **média da temperatura

No que se refere aos níveis de temperatura das salas de aulas, observa-se que variaram entre 22,05 a 23,30 e 22,61 a 23,12, no turno matutino e vespertino, respectivamente. Constata-se, assim, que a temperatura das salas pesquisadas estão de acordo com o que é recomendado pela Norma Regulamentadora NR 15 [6] (tabela 1).

Tabela 2: dados referentes ao ruído

SALA TURNO Leq=R dB(A) SINAL S-R 1º ano Matutino 76,33 77,9 1,57

1º ano Vespertino 78,08 77,7 -0,38

2º ano Matutino 82,78 86,1 3.32 2º ano Vespertino 81,86 84,9 3,04 3º ano Matutino 73,81 76,4 2,59 3º ano Vespertino 78,32 79,8 1,48

Foram realizadas para a análise do ruído o total de sete medições na sala de aula na presença dos alunos. De acordo com a tabela 2, que mostra as médias do ruído, as medições do nível sonoro das salas de aula variaram entre o mínimo de leq 73,81dB e máximo leq 82,78dB no turno matutino, e no mínimo leq 78,08dB e máximo leq 81,86dB no turno vespertino. Esses dados indicam que estão todos acima do que recomenda a norma NBR 10152 [5]. Essa norma sugere-se que o ruído em uma sala de aula com alunos deve estar entre 40 a 50 dB, com isso, esses dados indicam que esses ambientes são insalubres. Afim de que a voz do professor seja audível para os seus alunos, a fala desse profissional não pode estar abaixo dos níveis de ruído da sala. Na presente pesquisa, conforme a tabela 2, o maior valor do sinal-ruído (S-R) é de 3.32, o que está abaixo do limite para uma boa inteligibilidade da fala, no qual requer que seja um S-R de 10dB. Com isso, supõe-se que a inteligibilidade da fala do professor está sendo comprometida, e consequentemente pode influenciar na aprendizagem dos alunos.

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CONCLUSÕES

Os resultados desse estudo indicaram que as salas de aulas investigadas não estão de acordo com as normas regulamentares, nos turnos matutino e vespertino, nos aspectos de iluminação e ruído. Diferentemente, o ambiente térmico das salas de aulas está de acordo com as normas, em ambos os turnos. Esses aspectos ergonômicos podem influenciar no bem-estar e na saúde dos professores e alunos, e interferir no processo de ensino-aprendizagem. Com isso, sugere-se que seja realizadas intervenções que busquem um melhoramento nas variáveis que não estão de acordo com as normas da ABNT e Normas Regulamentadoras do Ministério do trabalho e Previdência Social. Também sugere-se que sejam realizadas pesquisas que busquem relacionar os aspectos ergonômicos com os dados de ensino-aprendizagem e os fatores da saúde, tanto dos alunos quantos dos professores, para se ter uma visão de quanto esses indivíduos são afetados pelos aspectos ambientais de sala de aula. Uma das principais limitações do presente estudo consiste em ter sido realizado em apenas uma escola de referência da cidade de Petrolina/PE. Porém, considera-se que esse trabalho foi importante para demonstrar como essa escola, com uma proposta diferenciada das escolas regulares, está com relação aos aspectos ergonômicos de iluminação, temperatura e ruídos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] DUL. J. WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. Trad. Itiro Iida. 2 ed. Ver. E ampl. – São Paulo: Edgard Blucher, 2004 [2] FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher, 2006. [3] IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2ª ed. rev. e ampl. – São Paulo: Edgard Blucher, 2006.

[4] MILLANVOYE, M. As ambiências físicas no posto de trabalho. In: FALZON, P. Ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher, 2006. [5] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) Níveis de Ruído para Conforto Acústico Norma NBR 10152, 2000. [6] MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora 15 – Ergonomia. Disponível em: < http://trabalho.gov.br/legisla%C3%A7%C3%A3o/normasregulamentadora/nr15> acesso em: 17/05/2015. [7] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Iluminância de Interiores: NBR-5413. Rio de Janeiro, 1992 [8] ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Verificação de iluminância de Interiores. Norma NBR 5382, 1985.

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AGRADECIMENTOS

À instituição UNIVASF e ao Laboratório de Ergonomia e Segurança do Trabalho Agrícola - LESTA do Colegiado de Engenharia de Produção pelo empréstimo de equipamentos.

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Influência da Altitude na Composição Florística na Serra do Umbuzeiro, BA

Jaranna Thaiane Coelho Barbosa¹, Larissa Bezerra Soares Milhomens ¹, Bruna Sá Rodrigues de Souza ¹, Ruana Ravelane Sandes Souza¹

INTRODUÇÃO

As Caatingas possuem uma imensa fitofisionomia, heterogeneidade e variados processos ecológicos, porém tem sido bastante modificada por ações antrópicas[3], por processos de desertificação [3], assim como pela simplificação desse ecossistema[6]. Apesar de apresentar grande heterogeneidade ambiental [3,6] e biodiversidade, são poucas as iniciativas de conservação para esse ecossistema[3].

O Raso da Catarina é uma das oito ecorregiões da caatinga [7]. É constituída por rochas sedimentares e solos do tipo Areia Quartzosa, Planossolo Solódico, Argissolo Distrófico e Bruno não Cálcicos, em geral menos fértil, quando comparada com a Depressão Sertaneja Meridional, apresentando clima um pouco mais úmido[4]. Apesar de haverem estudos florísticos para essa ecorregião, estes são limitados às Unidades de Conservação (UC’s), não sendo realizados estudos envolvendo áreas fora das UC’s.

A Serra do Umbuzeiro, localizada no Povoado de Riacho, em Paulo Afonso (BA), é uma região que está situada no limite da Ecorregião do Raso da Catarina[7] onde seus grandes paredões de rochas sedimentares, servem de abrigo para espécies vegetais e aves de rapina. Apesar de estar inserida em uma área prioritária para conservação (CA-412 Xingó - 1 com nível Extremamente alta), os esforços para conservação dessa região são escassos. Esta situação é agravada por intensas ações antrópicas, devido à construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso. Portanto, a expedição à Serra do Umbuzeiro, localizada na ecorregião do Raso da Catarina foi de grande importância por abranger áreas fora das UC’s, não incluídas nos estudos florísticos para a região.

O objetivo do presente estudo foi analisar a mudança da composição florística em função a diferentes altitudes, numa área localizada na ecorregião do Raso da Catarina, na Serra do Umbuzeiro, Paulo Afonso-BA.

MATERIAIS E MÉTODOS

As coletas foram realizadas no dia 02/08/2016 durante a excursão de campo da disciplina de Ecologia de Ecossistemas, na Serra do Umbuzeiro, situada no povoado de Riacho, a 25 km de Paulo Afonso, Bahia. Foram coletadas espécies em três diferentes altitudes, denominadas "Estação 1" (09º 35' 26,00'' S/038º12'37,09''O), "Estação 2" (09º 35' 05,01''S/038º 12' 19,5''O) e "Estação 3" (09º 34' 46,00'' S/ 038º 12' 15,4'' O) tendo 300 m, 400 m e 500 m de altitude respectivamente.

______________________________________________________________________________ 1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Após a coleta o material foi levado para o CRAD (Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga) e armazenado em estufa à 60º por cerca de 72 horas. A identificação das espécies foi feita, quando possível, ainda em campo por consulta a um especialista, sendo em seguida adicionadas a coleção científica do HVASF (Herbário do Vale do São Francisco).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao todo foram coletadas 57 espécies de plantas. A família Fabaceae foi a que teve uma maior representatividade de coleta, justificada por possuir uma grande riqueza e uma ampla distribuição em todos os biomas brasileiros[2]. Apesar de haver uma pequena variação na riqueza de espécies entre os pontos amostrados, a composição foi completamente dissimilar evidenciando a influência da altitude na distribuição das espécies. Assim, têm-se as espécies para a "Estação 01", aos 317 m de altitude, da família Fabaceae: Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz e Zornia sp. (Fabaceae). As outras espécies foram: Aosa rupestris (Gardner) Weigend (Loasaceae); Tillandsia recurvata (L.) L. (Bromeliaceae); Harpochilus neesianus Mart. ex Nees (Acanthaceae); Mitracarpus sp. (Rubiaceae); Ipomoea sp. (Convolvulaceae); Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. (Euphorbiaceae); Portulaca sp. (Portulacaceae); Oxalis sp. (Oxalidaceae); Lippia sp. (Verbenaceae); Jatropha mollissima (Pohl) Baill.(Euphorbiaceae); Cyperus sp. (Cyperaceae); Centratherum punctatum Cass. (Asteraceae); Selaginella convoluta (Arn.) Spring (Selaginellaceae); Alternanthera sp. (Amaranthaceae). Na “Estação 02”, aos 400 m de altitude, foram coletadas 23 espécies, das quais lista-se: Wedelia sp (Asteraceae); Gymnanthes sp. (Euphorbiaceae); Mitracarpus sp. (Rubiaceae); Croton sp. (Euphorbiaceae); Solanum sp. (Solanaceae); Ipomoea sp.1 (Convolvulaceae); Ipomoea sp.2 (Convolvulaceae); Ipomoea sp.3 (Convolvulaceae); Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum, (Rubiaceae); Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. & Schult.f. (Bromeliaceae); Anemopaegma sp. (Bignoniaceae); Cordia sp. (Boraginaceae); Chresta martii (DC.) H.Rob., (Asteraceae); Senna sp.(Fabaceae); Byrsonima sp., (Malpighiaceae); Stylosanthes sp.(Fabaceae); Serjania cf. glabrata Kunth (Sapindaceae); Centrosema sp. (Fabaceae); Phytolacca sp. (Phytolaccaceae); Pilosocereus sp. (Cactaceae); Adenocalymma sp.(Bignoniaceae) e duas espécies não identificadas pertencentes às famílias Poaceae e Bignoniaceae, respectivamente. Na “Estação 03”, aos 505 m de altitude, obteve-se as espécies, Encholirium spectabile Mart. ex Schult. & Schult.f. (Bromeliaceae); Tibouchina sp. (Melastomataceae); Tillandsia streptocarpa Baker (Bromeliaceae); Senna sp. (Fabaceae); Byrsonima sp. (Malpighiaceae); Stylosanthes sp. (Fabaceae); Tillandsia recurvata (L.) L. (Bromeliaceae); Myrcia guianensis (Aubl.) DC. (Myrtaceae); Eugenia sp. (Myrtaceae); Ageratum conyzoides L. (Asteraceae); Phytolacca sp. (Phytolaccaceae); Byrsonima sp. (Malpighiaceae); Portulaca sp. (Portulacaceae); Adenocalymma sp. (Bignoniaceae); Stigmaphyllon paralias A.Juss. (Malpighiaceae); Erythroxylum sp. (Erythroxylaceae), além de duas espécies não identificadas pertencentes às famílias, Poaceae e Malpighiaceae. Assim, com o levantamento dessas espécies, ao longo das altitudes, foi observado que a composição florística varia com a altitude. Na estação 1, as famílias com maiores representatividades foram Fabaceae (2 espécies) e Euphobiaceae (2 espécies); Na estação 2, as família que mais apareceram foram Bignoniaceae (5 espécies), Convolvulaceae (3 espécies),

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Fabaceae (3 espécies), Rubiaceae (2 espécies). Na estação 3, a Malpighiaceae (4 espécies), Bromeliaceae (3 espéceis), Fabaceae (2 espéceis) e Myrtaceae (2 espécies).

Fab

ac eae

Big

non

iac eae

Rub

iac eae

Bro

melia

c eae0123456

E staç ão 1 E staç ão2 E staç ão3

Fa m ília

N úm ero de es péc ie/E s taçã o

Figura 1 - O gráfico demonstra a variação no número de espécies por família, em cada estação, escolhida na Serra do Umbuzeiro, Paulo Afonso – Bahia, no dia 02/8/16

Os poucos estudos envolvendo essa temática [1;5], corroboram com o resultados aqui apresentados no entanto fazem-se necessários novos estudos e diferentes métodos de análise para a confirmação do que foi demonstrado e aprofundamento do conhecimento dessa ecorregião.

CONCLUSÕES

Após o estudo pôde-se observar influencia da altitude na composição florística, com algumas famílias sendo mais representativas do que outras. Porém novas pesquisas são necessárias para uma melhor compreensão desse efeito, principalmente quando leva-se em consideração que há poucos estudo envolvendo a Serra do Umbuzeiro, Paulo Afonso-BA, e que o conhecimento de sua flora ainda não está documentado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] FERRAZ, E. M. N., RODAL, M. J. N., SAMPAIO, E. V., & PEREIRA, R. D. C. A. Composição florística em trechos de vegetação de caatinga e brejo de altitude na região do Vale do Pajeú, Pernambuco. Brazilian Journal of Botany, v.21, n1, p.7-15, 1998.

[2] LIMA, H.C. de; et al., . Fabaceae in. LISTA DE ESPÉCIES DA FLORA DO BRASIL. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Available in: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115>. Access on: 28 Ago. 2016.

[3] MMA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Áreas Prioritárias Para Conservação, Uso Sustentável E Repartição De Benefícios Da Biodiversidade Brasileira: Atualização -portaria Mma N°9, De 23 de Janeiro de 2007. / Ministério Do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas. – Brasília: Mma, 2007. P. : Il. Color. ; 29 Cm. (série Biodiversidade, 31).

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[4] MELO, J.I.M. & ANDRADE, W.M. Boraginaceae s.l. A. Juss. em uma área de Caatinga da ESEC Raso da Catarina, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 21: 369-378, 2007.

[5] MORENO, M. R., NASCIMENTO, M. T., & KURTZ, B. C. Estrutura e composição florística do estrato arbóreo em duas zonas altitudinais na Mata Atlântica de encosta da região do Imbé, RJ. Acta Botanica Brasilica, v.17, n3, p371-386, 2003.

[6] SIQUEIRA FILHO, J. A. Flora das Caatingas do Rio São Francisco. História Natural e Conservação. Rio de Janeiro; Andrea Jacbsson.552 p, 2012.

[7] VELLOSO, A.L.; SAMPAIO, E.V.S.B.; PAREYN, F. G.C. Ecorregiões propostas para o Bioma Caatinga / Editado por Agnes L. Velloso, Everardo V. S. B. Sampaio, Frans G. C. Pareyn ____ Recife: Associação Plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental. The Nature Conservancy do Brasil, 2002.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal do Vale do São Francisco por disponibilizar os recursos necessários para a realização da expedição de campo da disciplina de Ecologia de Ecossistemas.

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Educação Permanente e Hanseníase: Formando Protagonistas

Tathyane Trajano Barreto1*; Alison Silva de Paula1; Bruno Nascimento de Jesus1; José Camilo

Fonseca Gama Filho1; Daniel Borges Leal1 Carlos Dornels Freire de Souza2; Tânia Rita Moreno de Oliveira Fernandes¹

INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, que se manifesta principalmente por meio de sinais e sintomas dermatoneurológicos, e possui grande impacto para a saúde pública, pelo seu elevado potencial incapacitante. A incidência dessa doença a nível mundial parece estar reduzindo gradativamente, no entanto, em várias áreas, não houve mudança enquanto em outras as taxas se elevaram [1,2]. O Brasil é o único país que não eliminou a propagação da doença e o segundo em número absoluto, responsável pela concentração de 90% dos casos no continente americano. E avaliando o coeficiente de detecção em menores de 15 anos, importante indicador que reflete a força de transmissão e tendência de endemia, revelando taxas elevadas quando maior que 10/100 mil habitantes, o país registrou 4,81casos/100 mil habitantes, em 2012, com a região Nordeste ocupando o segundo lugar (7,89/100 mil habitantes) e estado da Bahia assumindo a quinta posição (5,56/100 mil habitantes) no mesmo ano [3,4,5]. No município de Juazeiro-BA, o coeficiente de detecção de novos casos em menores de 15 anos, no ano de 2010, foi de 41,89 casos por 100.000 habitantes, caracterizando-se como hiperendêmico e como uma das cidades prioritárias para receber investimentos para realização de ações de combate à doença, segundo o Plano Integrado de Ações Estratégicas 2011-2015 no Ministério da Saúde. Devido ao caráter endêmico e às repercussões físicas, sociais e psicológicas da hanseníase, vê-se na educação em saúde uma estratégia essencial para formação de protagonistas sociais [4,5]. Nesse sentido, o Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde, por meio da “Estratégia Global Aprimorada” e das “Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da hanseníase como problema de saúde pública”, visam orientar profissionais e mostrar a necessidade e importância da integração das estratégias de eliminação e controle da hanseníase nos serviços de saúde, principalmente na atenção primária [2,6]. Dessa forma, faz-se necessário repensar as práticas de vigilância epidemiológica, quanto à busca ativa, exames dermatológicos, e quanto à educação permanente em saúde como estratégia de capacitação, de fortalecimento da atenção primária e de formação de protagonistas sociais, podendo auxiliar na redução da incidência da hanseníase nessa região [7].

____________________________________________________________________________

1 Universidade Federal do Vale do São Francisco, * [email protected];

² Secretaria de Saúde de Juazeiro – BA.

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O presente trabalho pretende relatar a experiência vivenciada na realização de oficinas pautadas no método de Educação permanente em Saúde, com a equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), pelos membros do projeto de extensão voltado à educação e vigilância epidemiológica em hanseníase, no município de Juazeiro-BA.

MATERIAIS E MÉTODOS

Com base no método de Educação Permanente em Saúde, as oficinas, espaços de diálogo e escuta que promovem reflexões e a reformulação/aquisição de práticas de cuidado [8], foram realizadas entre Abril e Agosto de 2016 com a equipe da ESF dos três bairros de maior incidência de hanseníase do município de Juazeiro/BA e com o Centro de Referência Assistência Social (CRAS). Inicialmente, realizou-se uma oficina com objetivo de mostrar a proposta do Projeto de Extensão e criar um vínculo com as equipes das ESF, contando com a participação de enfermeiros, psicólogos, agentes comunitários de saúde e assistentes sociais. Tendo como referências bibliográficas os materiais do Ministério da Saúde, nas outras ações foram abordadas as temáticas referentes à doença, como: transmissão, diagnóstico, tratamento, estigma e prevenção com ênfase no sujeito como agente transformador dessa realidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi possível perceber durante os encontros, pela participação da equipe da ESF nas discussões, que, embora alguns já tivessem passado por alguma capacitação, havia muitas dúvidas e mitos que precisavam ser desconstruídos. Além disso, mostraram-se mobilizados para aprender, mostrar a realidade local e seus desafios e promover mudanças nas suas práticas de cuidado. A maioria dos encontros ocorreu, por sugestão das ESF, no CRAS, importante potencialidade local, que trabalha na perspectiva de reduzir os níveis de vulnerabilidade e risco social e de fortalecimento do vínculo familiar e na comunidade, que cedeu espaço e participou ativamente das atividades. Além disso, percebemos que a EP constitui-se como uma importante estratégia de capacitação, de construção compartilhada, de fortalecimento da atenção primária e de formação de protagonistas sociais, ao se problematizar a realidade local e ao permitir o desenvolvimento de habilidades, como: autonomia, corresponsabilização, postura crítica e social para prevenção da hanseníase, podendo contribuir para redução da morbidade e impacto desta doença na região. A Educação Permanente é um dispositivo que leva a reflexão crítica acerca das práticas profissionais, à construção individual e coletiva de aprendizado, e aproxima o profissional do modelo preconizado pelo Sistema Único de Saúde [9]. Nesse contexto, as oficinas impulsionaram e reforçaram, aos profissionais e aos discentes participantes, a capacidade desses atuarem como possíveis protagonistas e valorizar o multiprofissionalismo no âmbito da saúde.

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CONCLUSÕES

O projeto ainda está em andamento, mas a oportunidade de atuar de forma interdisciplinar, vivenciar a experiência de diferentes realidades e seus desafios e acompanhar a corresponsabilização e o empoderamento dos profissionais, faz-nos ver na prática, a importância da estratégia de Educação Permanente em Saúde na transformação de práticas de cuidado. Além disso, ressalta-se o valor da ação conjunta entre universidade, serviço e comunidade, através da extensão universitária, como um espaço para construção e reflexão das práticas de saúde com foco em Hanseníase.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002 [2] ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estratégia global aprimorada para redução adicional da carga da hanseníase: 2011-2015 : diretrizes operacionais (atualizadas). / Organização Mundial da Saúde. Brasília : Organização Pan-Americana da Saúde, 2010. [3] NUNES JM cols. Hanseníase: conhecimentos e mudanças na vida das pessoas acometidas. Ciência & Saúde Coletiva, 16(Supl. 1):1311-1318, 2011. [4] BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Registro ativo: número e percentual; casos novos de hanseníase: número, coeficiente e percentual, faixa etária, classificação operacional, sexo, grau de incapacidade, contatos examinados, por estados e regiões, Brasil, 2012 [página da internet]. [5] MOURA, L. T.R., FERNANDES, T.R.M.O., BASTOS L.D.M., LUNA I.C.F, MACHADO L.B. Hanseníase em menores de 15 anos na cidade de Juazeiro-BA. Hansen. Int. 2012; 37(1): 45-50. [6] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública : manual técnico-operacional [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. [7] ABREU, S. C.; PEDROSA, V. Fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica da hanseníase no bairro Colônia Antônio aleixo. Manaus-AM. 2013. Disponível em: <https://novo.atencaobasica.org.br/relato/715>. Acesso em: 09 set. 2016. [8] AFONSO, M. L. Oficinas em Dinâmica de Grupo na Área da Saúde: um método de intervenção psicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2006.

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[9] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos. Educação Permanente em Saúde: um movimento instituinte de novas práticas no Ministério da Saúde: Agenda 2014 / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Subsecretaria de Assuntos Administrativos. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.

AGRADECIMENTOS

À Pró-reitoria de Extensão da UNIVASF e Secretaria de Saúde de Juazeiro - BA.

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Saúde e Educação: O Ensino Lúdico para Crianças de Escolas Municipais

Victor Hugo da Silva Martins 1*; Danyella Evans Barros Melo2; Roberta Novaes de Santana³; Lucas Rafael Monteiro Belfort4; Nadyr Cristina Bezerra 5; Maria Aparecida Pereira Ivo 6; Susanne

Pinheiro Costa e Silva 7

INTRODUÇÃO

A escola é um marco na vida de qualquer indivíduo. A mesma tem como missão primordial desenvolver processos de ensino-aprendizagem, atuando na formação das pessoas em todas as áreas da vida social. Em consonância com outros espaços sociais, ela cumpre papel decisivo na construção dos estudantes, na percepção e desenvolvimento da cidadania e no acesso às políticas públicas. Desse modo, pode e deve tornar-se sítio para ações de promoção da saúde para crianças, adolescentes e jovens adultos [1]. Dentro desse contexto, articulando-se a promoção da saúde à educação, nota-se certo mecanismo de fortalecimento e implementação de uma política mais integrada, transversal e intersetorial, que provém articulação entre os serviços de saúde, às iniciativas pública e privada e a comunidade, além do próprio cidadão na efetivação de ações que busquem bem-estar e qualidade de vida [2]. As escolas de educação primária são um importante espaço para o desenvolvimento de um programa de educação para a saúde entre crianças, pois é através dela que estas iniciam seus conhecimentos, integração e inclusão na sociedade, relacionamentos e potenciais, ou seja, construções complexas e que se estendem pelo resto da vida [3]. Distingue-se das demais instituições por ser aquela que oferece a possibilidade de educar por meio da construção de conhecimentos resultantes do confronto dos diferentes saberes: aqueles contidos nos conhecimentos científicos veiculados pelas diferentes disciplinas; trazidos pelos alunos e seus familiares e que expressam crenças e valores culturais próprios; divulgados pelos meios de comunicação, muitas vezes fragmentados e desconexos, mas que devem ser levados em conta por exercerem forte influência sociocultural; e aqueles trazidos pelos professores, constituídos ao longo de sua experiência, resultante de vivências pessoais e profissionais, envolvendo crenças e se expressando em atitudes e comportamentos [1]. Ações educativas podem visar à mobilização e/ou a conscientização sobre algum problema de saúde ou aquelas que possam vir a evitar alguns males. Nesse sentido, é de suma importância enfatizar o quanto às ações preventivas são vantajosas sobre as ações curativistas, tanto do ponto de vista econômico quanto do assistencial, uma vez que podem reduzir a incidência de doenças e colaborar para a redução do número de indivíduos acometidos, sua morbidade e mortalidade [4]. Nesse sentido, educar desde a infância provoca mudanças não só naquela fase da vida, como em todo o curso da mesma. Tendo em vista a variedade de patologias existentes e a suscetibilidade ____________________________________________________________________________

1 Universidade Federal do Vale do São Francisco, * [email protected]

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da população infantil às mesmas, torna-se a educação em saúde um ponto chave para a diminuição desses problemas. Quando entendido por uma criança que ações simples podem diminuir o risco de contrair certos tipos doenças, a mesma assumirá funções ativas no processo de prevenção, baseado nos princípios básicos do cuidado, bem como o de promoção, muitas vezes para seus amigos e familiares.

Surge daí a necessidade de buscar novas estratégias para implementar eficazmente a educação em saúde, com foco na educação primária, no sentido de multidimensionar a assistência, por meio de práticas diferenciadas e que se conciliem com os preceitos estabelecidos pelas políticas públicas de saúde adotadas no país; dentre essas estratégias, destacam-se métodos de ensino-aprendizagem não convencionais, como por exemplo o ensino lúdico, com utilização da linguagem teatral, seja corpórea, com fantoches ou mimicas, capazes de enriquecer as ações educativas, na medida em que se trata de adequado instrumento de comunicação, expressão e aprendizado; uso de jogos educativos, que promovam interação e participação, bem como do conhecimento; música como instrumento de aprendizagem, voltada à temas diversificados e com alto grau de adesão pelo público infantil; histórias contadas e/ou em quadrinhos que desenvolvam o olhar crítico da criança, fazendo-a refletir sobre situações ocorrentes no cotidiano e formas de torná-las saudáveis; outras atividades que tornem a criança protagonista, ou seja, parte ativa do processo de aprendizagem e conhecimento. Dessa forma, o projeto “Brincado e Aprendendo: Saúde Geral, Saúde Pessoal, Saúde Nutricional e Saúde Ambiental – Promoção de Saúde em Escolas Municipais de Ensino Fundamental I no Vale do São Francisco” busca incluir, de forma efetiva, as escolas de ensino fundamental I como campo de atividades, contribuindo com ações educativas que promovam a saúde e a qualidade de vida dos alunos e consequentemente, famílias e comunidades, buscando a supressão do modelo biomédico de atenção à doença e dando ênfase ao modelo preventivo e promocional da saúde.

O objetivo deste projeto é de promover e estimular a propagação de saúde em crianças do ensino fundamental I, abordando saúde pessoal, nutricional, ambiental e aspectos gerais. Além disso pretende-se possibilitar o aprimoramento professional dos graduandos envolvidos no projeto, com articulação entre os parceiros e a universidade.

Além disso, busca propiciar condições favoráveis à saúde das comunidades, através das crianças, com um conteúdo transversal, intersetorial e integrado, utilizando-se das diversas áreas do setor educacional, sanitário e da saúde, no intuito de compor redes de compromisso e corresponsabilidade com as escolas e profissionais da educação e saúde, mobilizando debates, projetos e ações permanentes visando sempre o bem-estar geral da população, e em especial, das crianças.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este é um projeto de extensão vigente pelo Programa de Bolsas de Extensão-PIBEX da UNIVASF, com foco no ensino lúdico para a promoção de saúde, realizado em quatro escolas públicas de Juazeiro/BA, sendo o público alvo os estudantes de escolas públicas municipais do Ensino Fundamental I. É realizado pelo grupo do projeto uma intervenção em cada escola, que segue um rodízio de 4 semanas, ou seja, a cada semana uma escola tem a realização dessas atividades e ao fim, todas as

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escolas são beneficiadas, aptas a reiniciar o ciclo, no intuito de tornar esse tipo de abordagem permanente em cada escola. A demanda sobre a temática a ser abordada é articulada anteriormente com os professores, por estes estarem mais próximos à realidade das crianças, considerando-se também os dados epidemiológicos atuais das doenças preveníveis para o público infantil, assim como a importância da saúde ambiental nesse processo. Após a escolha da temática a ser discutida (articulação professor-equipe do projeto), o grupo se divide para que as tarefas sejam planejadas e executadas, inclusive na confecção de materiais utilizados. Além de apresentação de vídeos, a equipe se organiza para encenar, o que envolve figurino e cenários. A cada atuação, os alunos são avaliados de forma coletiva através de perguntas, de forma a perceber se a dinâmica utilizada causou reflexão entre os mesmos. Complementarmente, os professores das escolas envolvidas respondem posteriormente às atuações, identificando possíveis mudanças nos hábitos diários de seus alunos. A equipe se empenha em discutir os assuntos da forma mais lúdicas possível, seja com músicas, cenas lúdicas, fantoches, cartazes, entre outros. O auxílio dos gestores das escolas quanto dos professores é essencial, bem como a participação dos mesmos em todas as atividades. Sendo assim, traduz-se novidade, envolvimento, desafio e promoção de saúde, que permitem transformar de forma ousada e criativa a realidade dos sujeitos envolvidos; incita, dessa forma, o autoconhecimento, o pensamento autônomo e crítico, o crescimento pessoal e coletivo e facilita a socialização, integrando saúde e educação em um único espaço: a escola.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O projeto vem atingindo o público destinado de uma forma bem positiva. A aproximação com a sociedade e, em especial, com as crianças é uma oportunidade para o crescimento profissional, que aliada a utilização de métodos lúdicos, integra ainda mais o saber em relação às crianças. A sincronia dos integrantes do projeto, que acarreta em respeito, afetividade e trabalho em equipe, reforça que não só para os ouvintes das intervenções, mas também para aqueles que estão executando as tarefas, é uma fonte de descoberta e evolução pessoal e profissional. Aos discentes executores gera a capacidade de autonomia e, no futuro, terá como consequência o atendimento integral à criança, utilizando um cuidar integral, além de prover conhecimentos amplos sobre determinados assuntos e estimular ainda mais à prática extensionista. Para os profissionais das instituições, fica a mensagem da necessidade de trabalhar assuntos variados de diferentes formas, inspirando alguns deles a mudarem suas abordagens tradicionais. Para as crianças, é notória a alegria no olhar das mesmas quando mostramos maneiras de se defenderem de agentes causadores de doenças, de maneiras de cuidar da higiene bucal, de como é bom ser defensor do ambiente, e nas falas inocentes percebe-se que o trabalho efetuado não é e nem será em vão, demonstrado por elas mesmas a necessidade de diálogo em casa acerca dos temas tratados. Através da educação em saúde de forma lúdica para crianças do ensino fundamental é possível ensinar a discernirem sobre o que é certo ou errado, o que é bom ou não para saúde e, por

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ventura, formar pessoas críticas e que irão disseminar o conhecimento adquirido com seus amigos e familiares.

CONCLUSÕES O compartilhamento dessa experiência se dá pela certeza de que o projeto tem relevância social e científica, além de que se torna fonte de aprendizado por se tratar de uma experiência que trará incrementos valiosos à formação de cada integrante do mesmo. Acreditamos que transformar a criança em um sujeito ativo no processo de promoção da saúde, incentivando-a na adoção de comportamentos saudáveis e corretos em prol de sua saúde é uma vertente poderosa no processo de amadurecimento, bem como para nós, os desafios e conquistas desse trabalho são muito mais que provas de que são as experiências de práticas formativas que nos nortearão como futuros profissionais de saúde. E por fim, e não menos importante, reconhecemos a relevância dos projetos de extensão que viabilizam aos estudantes envolvidos uma vivência real e significativa da prática em saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BRASIL, Ministério Da Saúde. CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA; N. 24 – SAÚDE NA ESCOLA. Secretaria De Atenção À Saúde. Departamento De Atenção Básica. Saúde Na Escola / Ministério Da Saúde, Secretaria De Atenção À Saúde, Departamento De Atenção Básica. – Brasília: Ministério Da Saúde, 2009. 96 P.: Il. – (Série B. Textos Básicos De Saúde).

[2] BRASIL, Ministério Da Saúde. ESCOLAS PROMOTORAS DE SAÚDE: EXPERIÊNCIAS DO BRASIL / Ministério Da Saúde, Organização Pan-Americana Da Saúde. – Brasília: Ministério Da Saúde, 2007. 304 P. – (Série Promoção Da Saúde; N. 6)

[3] LIBERAL, E.F. ET AL. ACIDENTES E DANOS COM ESCOLARES: INCIDÊNCIA, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS. Jornal De Pediatria. V 81, N.5(Supl.), P.155 – 163, 2005

[4] COSTA, F. S.; SILVA, J.L.L.; DINIZ. M.I.G. A IMPORTÂNCIA DA INTERFACE EDUCAÇÃO\SAÚDE NO AMBIENTE ESCOLAR COMO PRÁTICA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE. Informe-Se Em Promoção Da Saúde, V.4, N.2. P.30-33, 2008.

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Síndrome de Burnout em Profissionais de Enfermagem Intensivistas

Emanuella Lisboa Baião Lira¹, Joice Requião Costar1, Patrícia Shirley Alves de Sousa¹, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley4, Rejane Cristiany Lins de França2, Yany Suellen Pereira Cruz

Oliveira2, Marcelo Domingues de Faria¹

INTRODUÇÃO

A síndrome de Burnout (SB) é considerada disfuncional, exposta por sentimentos de fracasso e fadiga devido ao grande desgaste físico e trabalho direto com pessoas. O profissional perde a vontade de se relacionar com os demais trabalhadores e com o ambiente de trabalho, considerando-os não mais importantes. A síndrome envolve três aspectos importantes, sendo eles: esgotamento profissional, despersonalização e exclusão no trabalho [1].

Pode se manifestar de diversas formas, quando, fisicamente, o profissional apresenta fadiga intensa, sono prejudicado, mudanças no apetite e dores musculares; e, psicologicamente, com falta de atenção, sentimentos de ansiedades, depressão e decepções. Além disso, os indivíduos estão expostos a mudanças de comportamento, riscos de negligências no trabalho, risco de irritabilidade, impossibilidade para se concentrar, momentos de conflitos entre os colegas, descumprimento de horários de serviço e ainda isolamento no trabalho [2].

O absenteísmo é uma das principais consequências dos fatores estressantes no trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência Social, no ano de 2007, cerca de 4,2 milhões de trabalhadores foram afastados do serviço e, destes, 3.852 profissionais com diagnóstico de Síndrome de Burnout [3].

Existem profissões que possuem maior risco ao aparecimento da SB, como os profissionais de saúde, de educação, bombeiros e outros que atuam diretamente com pessoas e estão expostos a maior tenção emocional e estresse crônico, devido às condições de trabalho. Alguns autores evidenciam a enfermagem, por estar exposta a excessiva carga física e emocional, além da sobrecarga no serviço com grandes jornadas de trabalho, sendo que os profissionais atuantes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) possuem maior risco de ser acometidos pela SB [4].

Diante disso, destaca-se a relevância de investigar os fatores associados com a SB em profissionais de enfermagem que atuam em ambientes de cuidados intensivos. Assim, esta pesquisa teve o objetivo de conhecer os fatores causadores de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas em profissionais de enfermagem, que atuam em UTI, já disponíveis na literatura.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco, * [email protected]

² Hospital Dom Malan - HDM/IMIP

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MATERIAIS E MÉTODOS

Para redação deste artigo, foi realizada revisão sistemática, cuja coleta de dados foi realizada entre fevereiro e abril de 2016, considerando artigos de periódicos científicos publicados nos últimos 10 anos, nos idiomas português, inglês ou espanhol, disponíveis em textos completos nas bases de dados Literatura Latino-Americana e Ciências de Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF).

O levantamento bibliográfico partiu dos seguintes descritores: I) esgotamento profissional; II) enfermagem e; III) Unidades de Terapia Intensiva, segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DECS), sendo que, na base de dados SCIELO, foram utilizados os termos “esgotamento profissional” e “Enfermagem”; na LILACS, “esgotamento profissional” e “Unidades de Terapia Intensiva”; e na BDENF, os três descritores.

Como estratégia de análise e síntese de conhecimento das obras selecionadas, realizou-se a apresentação dos fatores geradores de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas em enfermeiros atuantes em UTIs. Assim, chegou-se a discussão dos principais destaques, fundamentada na literatura pertinente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conformes os descritores nomeados para o tema, foram levantados 94 artigos nas bases de dados. Desses, 14 foram eliminados, 6 por estarem repetidos nas bases de dados e 8 por serem revisões sistemáticas. Após leitura exploratória dos estudos, foram escolhidos 12 para análise.

A SB é caracterizada por três situações, sendo elas a exaustão emocional, a despersonalização e realização profissional. Na exaustão emocional, há uso abusivo de fármacos psicoativos e os principais sintomas são: a) gastrite nervosa; b) ansiedade; c) disfunção do sono; d) dores de cabeça; e) dores musculares. Há, ainda, a despersonalização, com comportamentos de insensibilidade com colegas. E quando se refere a realização profissional, os indivíduos apresentam desmotivação, sentimento de incapacidade, desvalorização e esmorecimento no trabalho [5].

Inicialmente, foram abordados os fatores estressores na equipe de enfermagem atuante em UTI. Estudos mostram que estruturas físicas inadequadas e falta ou precariedade de recursos materiais são um dos principais fatores que levam os profissionais ao estresse, supondo que a escassez de materiais contribui para diminuição da qualidade do atendimento prestado e exige maior esforço físico e psicológico dos profissionais. Outros fatores abordados são as relações interpessoais, como contribuintes para atritos na equipe: a falta de respeito, de vínculos de amizades, de postura ética e compreensão, assim como a diversidade de comportamentos e personalidades [6,7].

Estudo realizado com enfermeiros de UTI, num hospital do sul do Rio Grande do Sul, refere-se ao gerenciamento de setores fechados como sendo outro fator estressor ao enfermeiro, devido ao excesso de responsabilidades imposto ao cargo de chefia. O fato da UTI possuir estrutura conservadora, a implementação de novas estratégias de trabalho é considerada estressante ao gerente de enfermagem da unidade. Tal pesquisa coloca algumas reclamações dos profissionais,

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como a função exaustiva e a sobrecarga de serviços técnicos e burocráticos, dentre eles, a organização da unidade e produção de escalas, normas e planilhas [8].

A sobrecarga de trabalho também tem papel importante quando se consideram os fatores estressantes. Os profissionais ficam sobrecarregados principalmente pela redução de recursos humanos, absenteísmo de outros colegas e complexidade dos procedimentos em UTIs. A maioria dos participantes do estudo realizado em UTIs de dois hospitais privados em Porto Alegre (RS) afirma possuir mais de um vínculo de trabalho, acumulando funções e, em alguns casos, em turno noturno, prejudicando o sono do trabalhador que já passou o dia em atividade, aumentando a sobrecarga [9].

No geral, as pesquisas abordam, ainda a desvalorização da área da enfermagem, a falta de reconhecimento no serviço e situações de sofrimento vivenciadas juntamente com os familiares, como a morte de pacientes. As equipes de enfermagem questionam a falta de sensibilização com os profissionais e falta de apoio por parte das instituições em que trabalham, enfatizando a necessidade de sensibilização quanto à percepção dos profissionais nos serviços hospitalares [10].

O gênero foi discutido por Andolhe et al. (2015), abordando profissionais de enfermagem de UTIs de um hospital público de São Paulo (SP), constatando que as mulheres apresentam maior probabilidade de serem acometidas pelo estresse, quando comparadas aos homens. As mulheres conseguem expressar melhor seus sentimentos, sendo essa uma das justificativas para serem mais propensas ao estresse e possuírem pior qualidade de vida [11].

Estudo realizado em UTI de um hospital de cuidado terciário, filantrópico e de grande porte na cidade de Divinópolis (MG) reforça que a SB pode acarretar diversos sinais e sintomas, como desinteresse e disposição no trabalho, ansiedade, sentimento de culpa, sofrimento e incapacidade. Devido à falta de esclarecimento sobre a patologia, muitos profissionais acometidos deixam de receber diagnóstico clínico e tratamento adequado [12].

A síndrome provoca diversos efeitos na saúde do trabalhador. Como já foi mencionado, o sono dos profissionais de enfermagem costuma ser prejudicado, devido à sobrecarga de trabalho e longos períodos de serviço, e isso gera várias disfunções cognitivas, cardiovasculares e gastrointestinais, além de alterações de humor, diminuição no desempenho profissional, e isolamento social e laboral [6].

Pôde-se evidenciar que essa patologia traz sérias consequências físicas e psicológicas à saúde dos profissionais, como fadiga crônica, dores de cabeça, dores musculares e articulares, enxaqueca, irritabilidade, ansiedade, úlceras pépticas, distúrbios do sono, depressão e interferências fora do trabalho, como ausência em momentos familiares, em cuidados e lazer com os filhos e cônjuges [13].

A equipe de enfermagem tem demonstrado maiores dimensões na SB no contexto mundial, atingindo a capacidade produtiva desses profissionais, acarretando conflitos trabalhistas e até mesmo, dependendo do nível elevado de estresse, levar ao suicídio. O grau de estresse laboral pode

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ser evidenciado em todas as hierarquias da enfermagem, em auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros [14].

CONCLUSÕES O resultado desse estudo permitiu a identificação dos principais fatores que levam a equipe de enfermagem ao estresse em Unidades de Terapia Intensiva, dentre eles: estrutura física inadequada, alta e precariedade de recursos materiais, relações interpessoais, gerenciamento de setores fechados, sobrecarga de trabalho e acúmulo de funções, pouco reconhecimento das instituições, desvalorização da classe e momentos de sofrimento, como a morte de paciente. Constatou-se também diversas consequências na saúde dos profissionais acometidos pela patologia, como depressão, doenças gastrointestinais, cardiovasculares, úlceras pépticas, distúrbios do sono, prejuízos no desempenho profissional, isolamento, dentre outros. Salienta-se, então, a importância de o profissional saber identificar os sinais e sintomas da SB para, assim, obter o diagnóstico preciso e tratamento específico e eficaz.

Por fim, espera-se que esse estudo possa contribuir para novas pesquisas voltadas ao impacto da SB na saúde dos profissionais de enfermagem, pois faz parte dos distúrbios psiquiátricos que mais acometem os profissionais da saúde e que ainda necessita de estudos direcionados à promoção da prevenção e tratamento eficaz.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MUROFESE, N. T. et al. Reflexões sobre estresse e burnout e a relação com a enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem,v. 13, n. 2, p. 255-261, 2005

[2] GUIMARÃES, L. A. M.; CARDOSO, W. L. C. D. Atualizações da Síndrome de Burnout. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2004.

[3] GONÇALVES, E. Síndrome de burnout: desconhecida, mas perigosa. Folha de Londrina, v. 2, n. 7, 2008.

[4] RIBEIRO, C. et al. Sìndrome de burnout e a enfermagem: revisão da literatura. Web artigos São Paulo, 2008. [Acesso em: 10 abril 2016]. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/sindrome-de-burnout-e-a-enfermagem/11653/

[5] FOGAÇA, M. C. et al. Fatores que tornam estressante o trabalho de médicos e enfermeiros em terapia intensiva pediátrica e neonatal: estudo de revisão bibliográfica. Rev. Bras. Ter. Intensiva, v. 20, n. 3, p. 261-266, 2008.

[6] BARBOZA, J. I. R. A. et al. Avaliação do padrão de sono dos profissionais de Enfermagem dos plantões noturnos em Unidades de Terapia Intensiva. Einstein, v. 6, n. 3, p. 296-301, 2008.

[7] LIMA, E. T. et al. Estresse dos profissionais enfermeiros que atuam na unidade de terapia intensiva. Acta Paul Enferm, v. 26, n. 5, p. 421-427, 2013.

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[8] BARBOZA, C. N. et al. Estresse Ocupacional em enfermeiros atuantes em setores fechados de um hospital de Pelotas (RS). Rev Enferm UFSM, v. 3, n. 3, p. 374-382, 2013

[9] MONTEIRO, J. K. Sofrimento Psíquico de Trabalhadores de Unidade de Terapia Intensiva. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, v. 12, n. 2, p. 245-250, maio-ago 2012

[10] ANDOLHE, R. et al. Estresse, coping e burnout da Equipe de Enfermagem de Unidades de Terapia Intensiva: fatores associados. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 49, n. esp, p. 58-64, 2015.

[11] OLIVEIRA, E. R. A. et al. Gênero e qualidade de vida percebida: estudo com professores da área de saúde. Ciênc Saúde Coletiva, v. 17, n 3, p. 741-747, 2012.

[12] MACHADO, R. M. et al. Síndrome de Burnout em centro de terapia intensiva infantil da região centro-oeste de minas gerais. R. Enferm. Cent. Oeste. Min, v. 1, n. 2, p. 201-209, 2011.

[13] SILVA, J. L. L. et al. Fatores psicossociais e prevalência da síndrome de burnout entre trabalhadores de enfermagem intensivistas. Rev Bras Ter Intensiva, v. 27, n. 2, p. 125-133, 2015.

[14] JOFRE, A. V.; VALENZUELA, S. S. Burnout em personal de enfermería de la unidad de cuidados intensivos pediátricos. Aquichán, v. 5, n. 1, p. 56-63, 2005.

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Assistência de Enfermagem nos Principais Complicadores das Sessões de Hemodiálise: Revisão de Literatura

Joice Requião Costa¹*, Emanuella Lisboa Baião Lira 1, Patrícia Shirley Alves de Sousa1, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley1, Rejane Cristiany Lins de França Pereira1, Yanny Suellen Pereira

Cruz Oliveira1, Marcelo Domingues de Faria¹

INTRODUÇÃO

No Brasil e no mundo, a cada ano, a incidência e prevalência de insuficiência renal crônica terminal tem crescido, progressivamente. A doença renal crônica (DRC) tem elevada morbidade e letalidade nos últimos cinquenta anos, e se caracteriza pela perda progressiva e, na maioria das vezes, irreversível da função renal. A mortalidade dos pacientes com lesão renal crônica permaneceu elevada nos últimos 50 anos, a despeito dos avanços na terapia intensiva, sendo possível que essas anormalidades observadas no pulmão, mas que também envolvem coração, cérebro, medula óssea e trato gastrintestinal, não sejam totalmente reversíveis após instituição de terapia dialítica. Para evitar e reduzir os sinais e sintomas da DRC e suas complicações foram desenvolvidas formas de tratamento como: terapêutica medicamentosa e dietética; a terapia renal substitutiva (TRS); e o transplante renal [1,2].

Apesar dos grandes avanços tecnológicos, a terapia hemodialítica convencional ainda está associada a diversas complicações agudas e crônicas e a altas taxas de hospitalização e mortalidade. Tais complicações que ocorrem durante a sessão de hemodiálise podem ser eventuais, mas algumas são extremamente graves e fatais [2].

É notório o grande progresso relacionado à segurança e eficácia das máquinas de hemodiálise, tornando o tratamento mais seguro. Existem alarmes que indicam qualquer alteração no sistema (detectores de bolhas, alteração de temperatura e do fluxo do sangue entre outros). Mesmo assim, isso não é garantia de que as complicações deixem de ocorrer [3,4].

A enfermagem tem grande valia na observação contínua dos pacientes durante a sessão, podendo ajudar a salvar vidas e evitar complicações ao fazer o diagnóstico precoce de tais intercorrências. É extremamente importante que o paciente tenha extrema confiança nos profissionais. A equipe de enfermagem precisa ser prestativa, atenciosa e sempre alerta para intervir quando necessário [3,4].

As complicações que ocorrem durante a sessão de hemodiálise podem ser eventuais, mas algumas são extremamente graves, podendo ser fatais. Atualmente, a hemodiálise busca a reversão não somente dos sintomas urêmicos, mas também a redução das complicações que são inerentes ao

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco, * [email protected]

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próprio procedimento e a diminuição do risco de mortalidade. Por este motivo, os profissionais de enfermagem devem estar sempre atualizados para promover tratamento com segurança e qualidade ao paciente renal crônico [4].

Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo descrever, a partir de revisão da literatura científica, as complicações mais comuns durante a hemodiálise, correlacionando-as com a assistência de enfermagem devida.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão sistemática onde foram consideradas fontes bibliográficas, artigos de periódicos científicos publicados e disponíveis em textos completos, na língua portuguesa, no período entre 2005 e 2015, nas bases de dados "Literatura Latino-Americana e Ciências de Saúde" (LILACS), "Bases de Dados de Enfermagem" (BDENF) e “Medical Literature Analysis and Retrievel System Online” (MEDLINE). A coleta de dados foi realizada de fevereiro a abril de 2016. Utilizou-se como palavras-chave: "diálise renal", "complicações" e "assistência de enfermagem", segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DECS). Para análise e síntese do material foram realizados os seguintes procedimentos: a) leitura exploratória, b) leitura seletiva; c) leitura crítica ou reflexiva, que buscou definições conceituais sobre complicadores durante sessões de hemodiálise e assistência de enfermagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram levantados 94 artigos nas bases de dados. Desses, foram eliminados 88 que estavam em inglês e 4 em espanhol. Das 29 produções em português (23,96%), 9 foram eliminadas pois não estavam relacionadas diretamente com as complicações durante a hemodiálise, e uma por se tratar de revisão sistemática da literatura. Após leitura exploratória dos estudos, foram escolhidos 09 (7,44%) para análise. Os nove estudos analisados mostraram que, das complicações mais comuns durante a hemodiálise, destacam-se: hipotensão (20%-30% das diálises), cãibras (5%-20%), náuseas e vômitos (5%-15%), cefaleia (5%), dor torácica (2%-5%), dor lombar (2%-5%), prurido (5%) febre e calafrios (< 1%). As complicações menos comuns, mas sérias e que podem levar à morte incluem: a síndrome do desequilíbrio, reações de hipersensibilidade, arritmia, hemorragia intracraniana, convulsões, hemólise e embolia gasosa [5,6,7,8].

As principais complicações e as atribuições da equipe de enfermagem frente a estas, serão discutidas nas categorias a seguir:

Hipotensão

A Hipotensão é definida como queda da pressão sistólica abaixo de 100 mmHg durante o procedimento dialítico sendo a complicação mais frequente durante a hemodiálise, caracterizada pelo reflexo primário de grande quantidade de líquidos que é extraída do volume plasmático durante uma sessão de rotina da diálise. A água, que parte é acumulada no intervalo interdialítico. A assistência consiste em colocar o paciente em posição de Trendelemburg, e administrar bolus de 100ml de solução fisiológica a 0,9% ou mais e a velocidade de ultrafiltração deve ser diminuída para o mais próximo possível de zero. Além disso, deve ser atentado o monitoramento cauteloso

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dos sinais vitais e observações de sintomas específicos que podem ajudar a limitar a ocorrência e a intensidade de episódios hipotensivos [5,6].

Cãibras Musculares

As cãibras predominam nos membros pélvicos e ocorrem, rotineiramente, na segunda metade da hemodiálise. São geralmente precedidas de hipotensão arterial e são associadas à elevada taxa de ultrafiltração durante a terapia, não significando, necessariamente, que o paciente atingiu seu peso seco. Tal complicador acarreta para o paciente um desgaste muscular doloroso que poderá alterar outros sintomas e a equipe de enfermagem deve atentar para outros agravos. Quando o episódio de cãibras já está instalado, a assistência da enfermagem é baseada em aplicar calor no músculo afetado intercalando massagens, flexão dos dedos sobre o dorso do pé e pedir permissão ao paciente para fazer pressão sobre a planta do pé se a cãibra estiver localizada em membros pélvicos. Além disso, faz-se necessário orientar o paciente sobre a ingestão de sal e água para reduzir o ganho de peso [7,8,9].

Náuseas e Vômitos

Náuseas e vômitos ocorrem em até 10% dos tratamentos de rotina de diálise e considera-se que sua etiologia seja multifatorial. A maioria dos episódios em pacientes estáveis está relacionada possivelmente à hipotensão, como também podem ser manifestação precoce da síndrome do desequilíbrio. Para a categoria náuseas e vômitos, os cuidados de enfermagem consistem em considerar outras causas não relacionadas à diálise, e assim, corrigi-la. Caso persistam as queixas de náuseas e vômitos, pode-se administrar antiemético, conforme prescrição médica [7,8,9].

Cefaléia

A cefaléia é sintoma frequente em pacientes com doença renal crônica submetidos à hemodiálise. As causas associadas são: hipotensão arterial, a hipertensão arterial, alterações na massa corporal e ansiedade. Não se pode descartar a relação com síndrome do desequilíbrio ou pode, ainda, estar associada ao uso de solução de diálise contendo acetato [8,9,10].

Dor Torácica e Dor Lombar A dor torácica, frequentemente associa-se à dor lombar discreta, ocorrendo em 1% a 4% das sessões de diálise, mas pode estar relacionada com a ativação do complemento (reação de imunidade do organismo, função que envolve a estrutura da imunoglobulina e que ativa as respostas humorais). Os cuidados de enfermagem nesse complicador consistem em administrar analgésicos por via oral ou parenteral, conforme prescrição médica. Se a angina for a causa da dor torácica, pode-se discutir com a equipe médica o uso da nitroglicerina sublingual e uso de oxigênio nasal conforme o necessário [9,10].

Prurido

O prurido é classificado como a manifestação mais comum na DRC, sendo atribuído ao efeito tóxico da uremia na cútis. As toxinas urêmicas circulantes são a causa do prurido, além disso

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a alergia à heparina também pode causar prurido. Para minimizar o prurido, sob prescrição médica, a enfermagem deve administrar anti-histamínicos, avaliar a cútis dos pacientes em busca de lesões, orientá-los quanto ao uso de emolientes para hidratação cutânea e a tomarem banhos rápidos com água sob temperatura ambiente [8,9,10].

Febre e Calafrios

O local do acesso venoso é a fonte de 50% a 80% das infecções por bactérias, principalmente nos pacientes com cateteres permanentes. As bacteremias podem acarretar endocardite, nefrite, meningite e osteomielite. A febre e calafrios durante a diálise podem, ainda, estar relacionados à infecção por equipamento contaminado. Assim, para essa categoria, cabe à enfermagem investigar as possíveis causas de tais sintomas e administrar analgésicos e antibióticos conforme critério médico. Além disso, sempre, inspecionar os acessos vasculares e, atentar-se às medidas para o controle da infecção [10].

Hipertensão

A alteração da pressão arterial relaciona-se diretamente com o excesso de sódio e sobrecarga de líquidos, ansiedade e sentimentos do paciente. Isso se confirma comparando-se a massa corpórea do paciente antes da diálise com a massa corporal ideal ou peso seco. Quando a sobrecarga hídrica é a origem da hipertensão, a ultrafiltração ocasionará, geralmente, redução na pressão sanguínea, normalizando a pressão. Os cuidados de enfermagem para tal complicação resumem-se em administração de anti-hipertensivo e monitoramento da pressão arterial, em intervalos frequentes (geralmente, de 15 em 15 minutos). Pode ser necessário o uso de sedativos para diminuir a ansiedade durante os tratamentos subsequentes [9, 10].

CONCLUSÕES Os principais complicadores durante a sessão de hemodiálise englobam as alterações hemodinâmicas do processo de circulação extracorpórea e a retirada de grande volume de líquidos em curto espaço de tempo. Observou-se a necessidade de discutir o problema das complicações durante a hemodiálise. Poucas fontes consultadas são oriundas de publicações de enfermagem, ainda foi notável que as publicações por enfermeiros não são atuais. Assim, o trabalho reflete a necessidade de realização de pesquisas sobre os complicadores que ocorrem durante a diálise renal. É imprescindível ressaltar que um potencial benefício será obtido com a finalidade de identificar o padrão de diagnósticos de enfermagem para tais complicações, bem como para definir quais sejam as intervenções específicas de acordo com a terminologia padronizada de enfermagem, resultando numa assistência mais humanizada ao integrar o sistema pessoal, interpessoal e social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] SALOMÃO, A.; CRISTELLI, M.P.; SANTOS, A.; PEREIRA, J.E.; GONÇALVES, A.; PESSOA, G.H.; et al. Projeto piloto de hemodiálise curta diária: melhora da qualidade de vida de renais crônicos. J Bras Nefrol. 2012; 24 (4), 168-75.

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[2] TERRA, F. S.; COSTA, A. M. D. D.; RIBEIRO, C. C. S, et al. O portador de insuficiência renal crônica e sua dependência ao tratamento hemodialítico: Compreensão fenomenológica. Rev Bras Clin Med. 2010; 8(4), 306-310.

[3] AJZEN, H.; SCHOR, N. Guia de Nefrologia. 2005; 4.ed. São Paulo: Manole Ltda.

[4] SANTOS, L. V. A.; SANTOS, A. B.; COSTA, C. M. A. Qualidade de vida relacionada ao domínio relação social em transplantados renais: um estudo preliminar. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2011; 10, 64-72. [5] RIELLA, L. V.; MOURA, L. A. V.; RIELLA, M. C. Anatomia renal. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 2008; 6. 1-9.

[6] RODRIGUES, M.C.S. A atuação do enfermeiro no cuidado ao portador de insuficiência renal crônica no contexto biotecnológico da hemodiálise. Rev. Nursing. 2006; 82 (8),135-42.

[7] NASCIMENTO, C.D.; MARQUES, I.R. Intervenções de enfermagem nas complicações mais frequentes durante a sessão de hemodiálise. Rev Bras Enferm, 2005; 58(6), 719-722. [8] FERMI, M.R.V. Manual de diálise para enfermagem. 2010; 3(1), 12-23. [9] TERRA, F. S.; COSTA, A. M. D. D.; RIBEIRO, C. C. S, et al. O portador de insuficiência renal crônica e sua dependência ao tratamento hemodialítico: Compreensão fenomenológica. Rev Bras Clin Med. 2010; 8(4), 306-310.

[10] NASCIMENTO, C.D.; MARQUES, I.R. Intervenções de enfermagem nas complicações mais frequentes durante a sessão de hemodiálise. Rev Bras Enferm, 2005; 58(6), 719-722.

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Vigilância Entomológica de Triatomíneos em Comunidade Rural de Petrolina - PE

Illaira Leydira Carvalho Bandeira1*, Ricardo Santana de Lima¹, Marlos Gomes Martins1

INTRODUÇÃO

A doença de Chagas, causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, é uma antropozoonose de ocorrência relacionada à distribuição do vetor e à aspectos vinculados ao subdesenvolvimento sociocultural e econômico de uma população, e, assim considerada negligenciada [1, 2, 3]. A transmissão natural deste agravo ocorre através da contaminação das mucosas ou pele lesionada, pelas fezes infectadas de triatomíneos (insetos hematófagos) parasitados pelo T. cruzi, configurando a forma mais importante de infecção [4]. Apesar da re-emergência da doença em grandes centros urbanos [5], esta é prevalente em populações rurais, onde milhares de insetos vetores são encontrados nas moradias de madeira e barro, e áreas de pedreiras [6]. Sobre isto, a encosta rochosa, que se estende entre comunidades rurais do município de Petrolina - PE, entre elas, a Serra da Santa, apesar de servir como fonte de renda à população na extração de pedra para construção civil, é também, inicialmente, o habitat natural de espécies vetores da doença. A disponibilidade deste vínculo empregatício temporal, associado às condições de trabalho e poder aquisitivo, infere na construção de moradias fixas e também provisórias (casas de taipa) susceptíveis a instalação e domiciliação dos insetos. Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo avaliar os indicadores entomológicos de triatomíneos, verificando a parasitemia por Trypanosoma cruzi, na comunidade Serra da Santa em Petrolina-PE.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado na comunidade rural Serra da Santa (9° 12’10,78’’ S, 40° 23’35,49’’ W), localizada a 25km da sede do município de Petrolina-PE, durante o período de fevereiro a novembro de 2015, apenas em casas domiciliadas/abertas. A captura ou coleta de triatomíneos ocorreu em ambientes intradomiciliar (dentro do domicílio) e peridomiciliar (galinheiro, curral, pocilgas, tulhas) com apoio da equipe da VIII Gerência Regional de Saúde (GERES) de Petrolina-PE. Esta ocorreu através da busca ativa em até três vezes por residência (quando pertinente) e passiva nas demais vistorias. A atividade entomológica demandou o uso de pinças de dissecação anatômica e utilização de equipamentos de proteção individual (EPI's) a todos os envolvidos como norma de biossegurança. Os insetos coletados foram acondicionados em recipientes de plásticos, com a inserção de etiquetas contendo dados da coleta. Todo o material coletado foi encaminhado ao Laboratório Regional de Entomologia da VIII GERES para análise. ____________________________________________________________________________

1 Universidade Federal do Vale do São Francisco, * [email protected]

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Nesse momento, cada inseto (vivo ou não) foi inicialmente identificado quanto à espécie, através de chave dicotômica [7]; estágio evolutivo, a partir das características morfológicas presentes em ninfa e adulto; e sexo, com base na diferença do conexivo (expansões laterais do abdome), que apresenta-se contínuo em machos e chanfrando em fêmeas, com ovipositor aparente nestas. Em relação à parasitemia, foram examinadas as fezes obtidas por meio da compressão do abdome dos triatomíneos. A prática consistiu na suspensão e homogeneização do conteúdo intestinal fresco dos insetos a uma gota de soro fisiológico 0,9% em lâmina, com inserção de lamínula para visualização em microscópio óptico em objetiva de 40x. Verificado a presença do T. cruzi, a técnica de coloração das lâminas foi aplicada, utilizando álcool etílico, composto azul de metileno e corante Giemsa, para visualização morfológica e confirmação da presença do protozoário. Os indicadores entomológicos foram calculados conforme estabelecido pelo Manual de Controle da Doença de Chagas [8].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas 10 vistorias/coletas domiciliares na Serra da Santa, com o achado de 111 triatomíneos em 15 residências de 22 Unidades Domiciliares (UD) pesquisadas, conferindo uma média de 7,4 ± 13,7 indivíduos por casa. Foram identificados dois gêneros e três espécies, a saber, Panstrongylus lutzi (0,9%), Triatoma pseudomaculata (4,5%) e T. brasiliensis (93,69%)¸ com esta última predominante, bem como a única espécie parasitada pelas formas tripomastigotas de T. cruzi. Após o controle da transmissão vetorial por Triatoma infestans no Brasil, quatro espécies de triatomíneos possui evidente importância epidemiológica: T. brasiliensis, Panstrongylus megistus, T. pseudomaculata e T. sordida. [9]. O T. brasiliensis, encontrado em maior proporção neste estudo, é considerado atualmente o mais importante vetor envolvido na transmissão domiciliar da doença de Chagas no Brasil, principalmente na região do nordeste [10, 11]. Em relação ao estágio evolutivo e sexo dos triatomíneos, 61,3% dos indivíduos encontravam-se na fase imatura e 38,7% já adultos, sendo a maioria, destes, macho (69,8%). A captura de ninfas, seja no ambiente intra ou peridomiciliar, é interpretada como uma colonização local, favorecida e mantida através de boas condições de abrigo e alimento [12, 13]. Esta adaptação das espécies ao ambiente domiciliar é considerada um fator primário para ocorrência e propagação da doença humana [13]. Sobre a captura e ao conjunto que constitui a unidade domiciliar, 71,17% dos barbeiros encontrados na comunidade foram coletados no peridomicílio, através da busca ativa. Utilizando estes parâmetros, foi calculada a frequência simples relacionando o número de triatomíneos à parasitemia para cada ambiente da UD. Como resultado, 12,5% dos triatomíneos coletados dentro das casas apresentaram infecção pelo parasito (Gráfico 1).

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Gráfico 1 - Frequência simples (%) de triatomíneos quanto ao ambiente domiciliar capturado e parasitemia por T. cruzi na

comunidade Serra da Santa, Petrolina-PE, 2015.

Os indicadores entomológicos foram calculados e expressos na Tabela 1. No que se refere à infestação, 68,18% das 22 UDs pesquisadas apresentaram triatomíneos em algum ambiente domiciliar. A infecção natural ocorreu em 14,56% de 103 indivíduos examinados e o índice de colonização, referente ao achado de ninfas, em 21,43% dos intradomicílios pesquisados.

Tabela 1. Valores percentuais dos indicadores entomológicos na comunidade Serra da Santa, Petrolina-PE, 2015.

Indicadores entomológicos Serra da Santa (%)

Infestação domiciliar 68,18

Infestação intradomiciliar 63,64

Infestação peridomiciliar 18,18

Infecção natural 14,56

Colonização 21,43

De acordo com o estabelecido no manual de controle da doença de Chagas, em caso de espécies para as quais se pretenda a eliminação, é bastante e suficiente a existência ou um único achado desta na unidade domiciliar para demandar ações de intervenção e controle [8]. Sobre as taxas de colonização intradomiciliar é preconizado para a pesquisa de vigilância entomológica que estas devem ser mantidas em zero [8], diferentemente da atual situação da comunidade pesquisada.

CONCLUSÕES Foram identificadas três espécies de triatomíneos no presente estudo, apresentadas em ordem de frequência: Triatoma brasiliensis, T. pseudomaculata e Panstrongylus lutzi, com a maior captura de indivíduos imaturos. Foi verificada a ocorrência do protozoário Trypanosoma cruzi em

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triatomíneos em ambiente intra e peridomiciliar. Os índices de infestação foram elevados, consistindo na presença do inseto na maioria das unidades pesquisadas, principalmente no intradomicílio. O índice de colonização não atendeu aos parâmetros estabelecidos pelo programa de controle da doença de Chagas. De acordo com os resultados se faz necessário a operação de controle químico (borrifação) nas residências infestadas em Serra da Santa, cabíveis a vigilância local; o estudo de riscos biológicos e soroprevalência da doença de Chagas no local, visto a ocorrência do agente etiológico, bem como ações preventivas que deverão auxiliar no processo de qualidade de vida da população.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ARRUDA, I. C. Doença de Chagas. Centro Universitário de Brasília. Brasília, p. 32. 2003. [2] LEDEBOUR, C. C. D. et al.. Estudo da distribuição de triatomíneos de importância epidemiológica capturados no ambiente domiciliar. Fundação Oswaldo Cruz, Núcleo de Estudos em Saúde Pública. Recife, p. 27. 2001. [3] MS. Doenças negligenciadas: estratégias do Ministério da Saúde. Rev Saúde Pública, Brasília, v. 44, n. 1, p. 200-202, 2010. [4] GURGEL-GONÇALVES, R. et al. Geographic Distribution of Chagas Disease Vectors in Brazil Based on Ecological NicheModeling. Journal of Tropical Medicine, p. 15, 2012. [5] RIBEIRO JUNIOR, G. J. S. Alterações ambientais e risco de re-emergência da doença de Chagas na cidade do Salvador–BA - uma abordagem da ecologia vetorial e epidemiológica. Fundação Oswaldo Cruz. [S.l.], p. 49. 2012.

[6] ANDREOLLO, N. A.; MALAFAIA, O. Os 100 anos da doença de Chagas no Brasil. ABCD Arq Bras Cir Dig, v. 22, n. 4, p. 189-91, 2009. [7] LENT, H.; WYGODZINSKY, P. Revision of the Triatominae (Hemiptera, Reduviidae) and their signiticance as vectors of Chagas ' disease. Buli. Amer. Mus. Nat. Hist., v. 163, p. 123-520, 1979. [8] SES/RS. Vigilância Entomológica da doença de Chagas: Operações de campo: Pesquisa Ativa e Controle Químico. (Adaptado do Manual de Controle da doença de Chagas: Diretrizes Técnicas), 1996. Disponivel em: <http://www.saude.rs.gov.br/upload/1335550390_Vigil%C3%A2ncia%20Entomol%C3%B3gica%20da%20Doen%C3%A7a%20de%20Chagas.pdf>. Acesso em: janeiro 2015. [9] BRASIL. Vigilância em saúde: zoonoses. Departamento de Atenção Básica/Cadernos de Atenção Básica. Brasília, p. 224. 2009.

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[10] GONÇALVEZ, R. G. et al. Guia de triatomíneos da Bahia. Feira de Santana, p. 112. 2012. [11] SILVEIRA, A. C.; MARTINS, E. Histórico do controle da transmissão vetorial e situação epidemiológica atual. In: GALVÃO, C. O. Vetores da doença de chagas no Brasil. Curitiba: Sociedade Brasileira de Zoologia, 2014. p. 10-25. [12] VILLELA, M. M. et al. Vigilância entomológica da doença de Chagas na região centro-oeste de Minas Gerais, Brasil, entre os anos de 2000 e 2003. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, 2005. [13] VINHAES, M. C.; DIAS, J. C. P. Doença de Chagas no Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 7-12, 2000.

AGRADECIMENTOS

À Gerência Regional de Saúde de Petrolina-PE por viabilizar o estudo através de apoio e suporte técnico, dispondo materiais e infraestrutura.

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Mulheres Agricultoras: Emponderadas ou Cerceadas?

Gladstony Wilker Bezerra1*, Laura Susana Duque Arrazola1

As mulheres agricultoras pertencentes a agricultura familiar tem um importante papel na configuração agrícola do nosso país, e têm participado cada vez mais de atividades ligadas ao campo, quer seja no roçado propriamente dito, no beneficiamento ou mesmo na comercialização de produtos agrícolas. Este resumo é parte de um estudo sobre a produção agrícola e o autoconsumo alimentar de agricultores familiares da feira orgânica do CEASA-PE. Na feira, 40% dos agricultores que comercializam alimentos orgânicos são do sexo feminino, com o ensino fundamental incompleto e que se afirmam chefes de família. Não obstante, percebemos que a configuração das famílias destas mulheres é bem diferenciada. 20% delas são casadas, mas respondem sozinhas pelas culturas agrícolas e a comercialização, visto que, seus maridos já não podem realizar atividades ligadas ao campo por problemas de saúde. Ainda assim, recebem benefício social ou aposentadoria por invalidez, mas não são suficientes para o sustento da família, devido a compra constante de medicamentos. As demais mulheres que compõem o grupo entrevistado, tem em média 4 (quatro) pessoas morando na mesma residência, entre filhos/as e genros/noras. Todavia, ao serem questionadas sobre a participação desses agentes, a reprodução da fala é a mesma: nenhum deles tem aptidão para a lida na roça ou mesmo consideram um trabalho rentável para as suas necessidades. Com essas informações podemos perceber que há um empoderamento por parte das mulheres agricultoras na medida em que, sendo chefes de família, elas também se colocam como sendo responsáveis pelas escolhas das cultivares na unidade familiar de produção, que são em grande parte, produtos olerícolas. Por outro lado, percebe-se o contraditório, que se apresenta como o cerceamento, evidenciando-se em suas palavras, quando as mesmas se projetam com a negação quanto ao seu futuro e escolha de vida, até mesmo pela ausência de apoio dos entes familiares quanto a atividade no campo.

Palavras-chave: Mulheres agricultoras, cerceamento, emponderamento.

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1 Programa de Pós-Graduação em Consumo, Cotidiano e Desenvolvimento Social da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, * [email protected]

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A Educação no Processo de Sensibilização Ambiental, Utilizando a Reciclagem, em uma Escola da Rede Estadual, na Região

Metropolitana do Recife - PE

Fabio Miguel da Silva¹*, Juçara Barroso Leal1, Juliane Barroso Leal 1, Emanuella Lisboa Baião lira 1, Eduard Montgomery Meira Costa1

O meio ambiente vem sofrendo a cada dia mais com os fatores que contribuem desesperadamente para a destruição do mesmo. Um dos fatores preocupantes em relação a essa destruição é o lixo que produzimos em grande quantidade, o tempo todo, não se preocupando onde depositar esses resíduos, passando a poluir os solos, rios, mares degradando toda a vida a sua volta. Pensando nesses problemas optamos pela temática Educação Ambiental, coleta seletiva e reciclagem que significa transformar objetos materiais usados em novos produtos para o consumo. O presente trabalho teve como objetivo vivenciar a reciclagem, com foco na sensibilização da comunidade escolar, frente a sustentabilidade, em uma Escola da Rede Estadual do Recife, Pernambuco. A pesquisa realizada entre setembro e dezembro de 2015, foi desenvolvida uma pesquisa, com a metodologia da Pesquisa-Ação, a pesquisa foi dividida em quatro etapas, inicialmente palestras, exposição de vídeos e debates, depois coleta seletiva, oficinas com os recursos reciclados e pôr fim a exposição dos objetos produzidos. Verificando que tanto a primeira etapa e a segunda da pesquisa nos mostraram mudanças nas atitudes significativas da comunidade escolar, em seguida foram segregados com a coleta seletiva 340,9Kg de resíduos recicláveis, desses foram utilizados apenas (70%), que equivale a 238.6KG, gerando um total de 62 objetos produzidos a ser exposto. Fica então explicita a necessidade de trabalhar a questão socioambiental, a sensibilização e a prática na forma de segregação e reciclagem, visando mudanças graduais e efetivas, com foco no meio ambiente e a qualidade de vida.

Palavras-chave: Implantação; Educação Ambiental; Coleta seletiva.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco, * [email protected]

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Vídeo - Documentário e Sua Produção Alternativa: Compreendendo a Diversidade do Conceito de Camponês

Isaías Alves Rodrigues dos Anjos1, Danilo Moreira dos Santos ¹, Ana Paula da Silva1, Aitla L. H. de S. Jatobá 1, Isabela Esteves Gomes1

Na história do campesinato, um fato se torna marcante: a necessidade de compreender o que define um camponês. Nessa perspectiva e, a partir de indagações surgidas no âmbito da disciplina de Sociologia Rural, do curso interdisciplinar de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR), nos deparamos com a mesma problemática, que, diante de teóricos como Abramovay, Shanin e Burdieu se tornaram mais expressivas. O objetivo do trabalho foi transcender a sala de aula e a teoria acadêmica, no intuito de dialogar com as múltiplas visões sobre o tema. Assim, como produto principal da pesquisa foi produzido um vídeo-documentário que dialoga com a curiosidade da busca pelas interpretações sobre o que é camponês. O publico alvo da pesquisa foi selecionado de forma aleatória e possui características diversas, contemplando os espaços “urbano” e “rural”. Nestes, foram entrevistados professores, estudantes, agricultores e profissionais informais, durante a primeira semana de setembro de 2016. O trabalho perpassou pela inquietação dos pesquisadores diante do tema e percorreu os caminhos da produção do vídeo-documentário, compreendendo as dificuldades, os anseios e a diversidade de material utilizado nas gravações, tendo em vista que, as tecnologias contemporâneas nos permite produções alternativas, onde cada celular se torna um meio de captação de imagem e opiniões, bem como os múltiplos olhares sobre o que é camponês. O produto da pesquisa não pode, nem de fato gerou, uma resposta única e definitiva às nossas inquietações, mas possibilitou problematizar de forma contextualizada o conhecimento empírico e o acadêmico visando a construção de novos saberes.

Palavras-chave: Camponês, Rural, Urbano, vídeo-documentário.

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1 Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural – PPGExR/ UNIVASF;

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Caracterização dos Impactos Ambientais Oriundos da Ação Antrópica na Praia de Taquari – Valença - BA

Israel Vieira de Souza1; Lirane Rocha Borges1; Jaciara Raquel Barbosa de Lima1; Daiany Macieira Varjão1; Adriana Maria Cunha da Silva1

Os manguezais são ecossistemas costeiros de regiões tropicais e subtropicais que ocorrem em áreas de transição entre ambientes terrestres e marinhos, devido sua riqueza biológica, essas áreas são consideradas importantes “berçários” naturais. Entretanto, apesar da comprovada importância desse ecossistema para o equilíbrio ecológico do planeta, o mesmo continua sendo alvo da ação humana, que vem destruindo e alterando as regiões de mangues para diversas finalidades. Nesse sentido, este estudo objetivou caracterizar os impactos ambientais que ocorrem na área de manguezal da praia do Taquari, levantando indicadores de tais problemas e inserindo-os no contexto da interação entre o homem e os recursos naturais. O local onde foi realizada a pesquisa chama-se Praia de Taquari, pertencente a cidade de Valença, que está localizada na costa do Estado da Bahia, distando cerca de 100 km ao sul da capital, Salvador. Para realização desta pesquisa, foi utilizado o método bibliográfico sobre o tema proposto, aplicado Lista de Controle (Check-list) com 16 questões como base. Após aplicação do referido check-list foi identificada várias evidências da ação do homem na degradação do ambiente, seja pela atividade tradicional, como a pesca, a caça e a coleta, seja pela atividade de veraneio, que colocam o referido local de estudo em risco. Entre essas evidências destacam-se a abertura de estradas, construção de casas, queimadas e descarte de lixo urbano. Verificaram-se duas formas de ocupação: uma tradicional, onde o homem retira do ambiente seu sustento; outra onde o homem extrai do ambiente seu lazer. Ambas causam impactos ambientais, entretanto, devem-se levantar mais informações para que se possam elaborar políticas que venham a alinhar esses meios de exploração a uma forma sustentável, que alinhe sobrevivência, lazer e conservação.

PALAVRAS-CHAVE: mangues, conservação, sustentabilidade.

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1 Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental – PPGEcoH - UNEB;

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Formação de Agentes Populares em Educação Ambiental no Semiárido Nordestino

Danielle Morais Amorim1; Ana Cláudia Damasceno1; Anderson Vieira Santos1; Lígia Anny Alves de Carvalho Farias1, Lúcia Marisy Souza Ribeiro de oliveira1

Os Territórios Sertão do São Francisco Pernambuco e Bahia englobam municípios que enfrentam dificuldades ambientais, econômicas e sociais, seja pelas condições adversas do clima e disponibilidade hídrica bem como pela incipiência de políticas públicas que não atendem de maneira efetiva às necessidades e exigências locais. Nesse sentido, a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Vale do São Francisco em parceria com o Ministério do Meio Ambiente desenvolveu um trabalho cujo objetivo foi promover a formação de agentes populares em educação ambiental para a disseminação de práticas agroecológicas sustentáveis no Semiárido nordestino através do projeto Inovando Práticas – Transformando Vidas. A ação iniciada em novembro/2014 contou com uma equipe multidisciplinar e contemplou 12 municípios do Semiárido da Bahia e Pernambuco, tendo como público alvo agricultores familiares, quilombolas, pescadores artesanais e ribeirinhos. Aproximadamente 200 participantes foram capacitados através de aulas teóricas, oficinas e visitas técnicas durante o primeiro ano de projeto. Após a fase de capacitação, foram desenvolvidas campanhas ambientais nas respectivas comunidades dos participantes e estes elaboraram projetos de intervenção social voltados para o contexto local de suas comunidades de origem. De 20 projetos elaborados por grupos de participantes, seis obtiveram financiamento durante um ano pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente para sua execução, englobando as áreas de apicultura, educação ambiental, hortas orgânicas e reciclagem. Na atual fase de execução dos projetos traçados pelos participantes, atividades estão sendo desenvolvidas nas comunidades de origem com o apoio de professores da Univasf e de profissionais de instituições parceiras alcançando o público local, promovendo sua mobilização e empoderamento nas temáticas dos projetos elaborados. Até então, os resultados obtidos abrangem a formação de 135 agentes de educação ambiental e a mobilização das comunidades para a execução dos projetos com atuação direta dos agentes formados. Trabalhos como esse se apresentam oportunos frente ao contexto atual de desenvolvimento territorial, sobretudo por potencializar iniciativas de progresso socioambiental de comunidades tradicionais do semiárido da Bahia e Pernambuco, promovendo autonomia na temática desenvolvida pelo projeto executado.

Palavras-chave: extensão rural, educação ambiental, intervenção social, comunidades tradicionais.

Apoio: Univasf, FNMA/MMA, Embrapa Semiárido, IFSertão, IRPAA e Codevasf.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Fortalecimento da Agricultura Familiar Através do Programa Nacional de Alimentação Escolar

Xenusa Pereira Nunes1, Francisco Assis Filho1, Gáudia Maria Costa Leite Pereira1, Luciene Nascimento dos Santos1, Xirley Pereira Nunes1, Lúcia Marisy Souza Ribeiro de Oliveira1

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) fornece alimentação aos estudantes no âmbito estadual e municipal durante o ano letivo, onde no mínimo 30% do total dos recursos provenientes do Fundado Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) deve ser utilizado na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar, o que contribui para o escoamento da produção agrícola, fortalecimento da agricultura familiar e promoção de hábitos alimentares saudáveis e culturalmente articulados que, somados, contribuem para a promoção das condições de saúde da população escolar brasileira. O objetivo do trabalho foi realizar um levantamento sobre o quantitativo de escolas do município de Casa Nova-BA que são atendidas pelo PNAE e que recebem produtos oriundos da agricultura familiar, bem como, o número de fornecedores e os tipos de produtos adquiridos. O trabalho foi desenvolvido no município de Casa Nova-BA, no período de abril a maio de 2016, através de levantamentos realizados junto à Secretária da Educação do município e a nutricionista responsável técnica pelo PNAE. Foram obtidos dados referentes ao número de escolas atendidas e de fornecedores agricultores familiares, bem como, informações sobre os gêneros alimentícios fornecidos. São 189 escolas contempladas com produtos da agricultura familiar e abastecidas por 16 fornecedores. Os produtos fornecidos são: cominho temperado, salada de fruta, frutas, hortaliças, alimentos protéicos, polpas de frutas, derivados de panificação e rapadura, totalizando 45 tipos de produtos. O levantamento mostrou que a resolução do PNAE está sendo cumprida e que uma grande variedade de produtos são adquiridos pela prefeitura, melhorando o teor nutricional da alimentação servida aos alunos, valorizando a cultura alimentar local e contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e desenvolvimento socioeconômico local.

Palavras-chave: agricultura familiar, PNAE, fortalecimento agrícola.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Diferencial Metodológico na Elaboração do PTDRSS no Agreste Meridional de Pernambuco

Gáudia Maria Costa Leite Pereira1, João Batista de Oliveira1

O Território Rural foi criado em 2003, quando foi instituída a Comissão de Desenvolvimento Territorial do Agreste Meridional de Pernambuco – CODETAM e construído o Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável – PTDRS. Isto se fez necessário porque os investimentos do Governo Federal, de acordo com a Estratégia de Desenvolvimento Territorial, orientam-se por esse Plano. Em 2008 a CODETAM passa a Território de Cidadania e em 2010, o Plano foi revisado com vigência para cinco anos 2010/2015. Em janeiro/2016, a CODETAM como soberana, define que, além da Assembleia Territorial de Construção e Validação do Plano (como orientava o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA), seriam também realizadas oficinas municipais para coleta de dados, pretendendo-se com essa nova metodologia, maior envolvimento dos municípios com o desenvolvimento territorial. Assim, foi iniciado o processo de revisão e requalificação do Plano, que passa a conter o conceito “Solidário”. A fim de dar efetividade ao trabalho nos municípios, foi realizada uma “Oficina de Formação para Agentes Municipais de PTDRSS”, e foram feitas em dezoito, dos vinte municípios do Território, “Oficinas Municipais de PTDRSS”. A Metodologia constou de reuniões do Colegiado Territorial para justificar a ideia; ajudar as lideranças locais na sensibilização e mobilização de instituições; fazer agenda com os municípios; e apresentação das matrizes orientadoras para trabalhos em grupos abordando as dimensões: Ambiental; Organização Social e Institucional; Sociocultural; e Econômica. Como resultados foram mobilizadas aproximadamente quatrocentas pessoas; construídas matrizes municipais; a partir dessas, foi elaborada uma Matriz Síntese Territorial, posteriormente apresentada e validada pelo Assembleia Territorial, que definiu as ações que seriam assumidas pelo Colegiado. Como conclusão, foram construídos dezoito planos municipais e o documento final do PTDRSS CODETAM com vigência para vinte anos 2016/2025.

Palavras-chave: desenvolvimento territorial; território de cidadania; gestão social; PTDRSS; Agreste Meridional - PE.

Apoio: IADH, FETAPE e CODETAM.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Encontro Estadual de Mulheres: Percepção das Mulheres Rurais Sobre Políticas Públicas

Gáudia Maria Costa Leite Pereira1*, João Batista de Oliveira1, Xenusa Pereira Nunes1, Moema Kelly Nogueira de Sá1, Victor Pereira de Oliveira2

O Núcleo de Extensão e Desenvolvimento Territorial – NEDET (CNPq/MDA) atua no Agreste Meridional de PE prestando assessoria ao Colegiado Territorial. São atendidos com esse serviço 20 municípios. Dentre as assessorias oferecidas pelo NEDET, há uma em gênero, com objetivo de “apoiar atividades de assessoria técnica para articulação e promoção da participação de mulheres rurais nos Colegiados Territoriais”. A metodologia adotada prima pela sensibilização, mobilização e realização de eventos que envolvam as mulheres a fim de promover um processo de empoderamento, informando sobre direitos e políticas públicas específicas. Para tanto, foram realizados oito encontros municipais e cinco territoriais, uma Conferência Livre de Mulheres, e a culminância dessas ações foi um Encontro Estadual de Mulheres, realizado em Garanhuns nos dias 05 e 06 de julho de 2016, onde 300 lideranças femininas dos 10 Territórios de PE trataram dessa temática. Desse encontro, foi produzido um relatório detalhado sobre a situação das mulheres em PE, onde se pode visualizar o que elas pensam da atual situação e na resolução de problemas. O encontro teve como Tema Principal: Mulher, Autonomia e Desenvolvimento Territorial; e Temas Transversais: Mulheres do Meio Rural; Acesso às Políticas Públicas nos Territórios; e Contexto Político Atual na Perspectiva Feminina. As principais dificuldades identificadas, por ordem decrescente: dificuldade de acesso às Políticas Públicas/burocracia/falta de informação e divulgação/desconhecimento (50); ausência dos temas gênero, feminismo, sexualidade, direitos, saúde e violência contra a mulher na sociedade (37); educação/formação inadequadas/falta de assistência técnica (27); mulheres rurais - mais abandonadas (18); necessidade de empoderamento e autonomia (8). Considera-se que mulheres se sentem desfavorecidas em políticas públicas que assegurem legitimidade, informação, empoderamento, oportunidades e segurança. Há um longo caminho na busca da equidade de gêneros.

Palavras-chave: Encontro Estadual de Mulheres; equidade de gêneros; inclusão; políticas públicas.

Apoio: NEDET Agreste Meridional – PE, CNPq e MDA.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

² Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

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Magnitude da Violência contra a Mulher Trabalhadora Rural

Vitória de Barros Siqueira¹*, Maria Auricélia da Silva Siqueira², Emanuela de Araújo Nascimento¹, Roxana Braga de Andrade Teles¹

A violência contra a mulher é um fenômeno de grande magnitude e transcendência e considerada um problema de saúde pública. Toda mulher corre o risco de ser vitimada pela violência porém, alguns grupos, incluindo as mulheres inseridas em contextos rurais, parecem estar mais vulneráveis. Desta forma o presente estudo teve como objetivo avaliar o perfil da violência de gênero perpetrada contra trabalhadoras rurais de Petrolina. Estudo descritivo quanti-qualiativo cuja amostra foi composta por 90 trabalhadoras rurais. Foi utilizado como fonte de dados entrevista semi-estruturada abrangendo quatro blocos temáticos: dados sócio-demográficos, percepção de violência pela mulher, prevalência e caracterização da violência e percepções acerca das condições de trabalho. Os dados qualitativos foram analisados através da análise do conteúdo, e os quantitativos através de estatística descritiva e inferencial sendo verificadas associações entre variáveis através do Teste Qui-Quadrado. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da UNIVASF e cumpriu todas as normas da Resolução 466/12 do CNS. A prevalência de violência encontrada foi de 78,88%. Das entrevistadas, 50 declararam ter sofrido violência durante a infância. Quanto à ocorrência durante a fase adulta, 29 relataram situações de violência física; 40 psicológica; 16 sexual e 19 citaram algum evento no local de trabalho. A exposição à violência contra a mulher durante a infância mostrou associação estatística com a vitimização durante a idade adulta por violência física e psicológica (p= 0,0209), o estado civil mostrou associação com a ocorrência de violência sexual (p=0,0118). Algumas mulheres só consideram como violência atos que deixam sequelas físicas, abrandando os atos violentos que não deixam marcas corporais. A alta prevalência bem como a naturalização da violência pelas trabalhadoras rurais desponta como um grave problema para esta população.

Palavras-chave: violência, violência contra a mulher, trabalho feminino

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

² Secretaria Municipal de Educação de Juazeiro - BA

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A Ecosofia e a Interação Entre Homem e Natureza

Kellison Lima Cavalcante1*, Rafael Santana Alves1

O conceito de Ecosofia expressa as formas como os sujeitos interagem entre si e com o meio ambiente. Com a Ecosofia é possível compreender que a natureza e os seres humanos fazem parte do mesmo ecossistema comunicativo, propondo assim, discussões entre meio ambiente e filosofia. Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo refletir sobre o pensamento ecosófico, como um instrumento de conhecimento do sentido humano na natureza, através de uma discussão teórica do assunto abordado. Fundamentou-se a partir de aspectos provenientes dos pensamentos e registros de Félix Guattari, que contribuíram e auxiliaram na problematização da pesquisa. A proposta de Guattari aborda a nossa compreensão, como parte do meio em que vivemos, e como aprendemos e agimos sobre a problemática ambiental, tendo por base as três ecologias: a do meio ambiente, a das relações sociais e a da subjetividade humana (mental). Os problemas ambientais são resultados da evolução da sociedade, em seus aspectos econômicos, políticos, sociais e educacionais, que sintetizam a subjetividade da condição humana. A Ecosofia insere-se no contexto de uma força potencializadora e/ou uma ação para refletir sobre as problemáticas existentes e pensar a educação e o meio ambiente. Essa subjetividade significa a nossa percepção sobre o mundo em que vivemos e sobre nós mesmos, nosso modo de pensar e agir para preservar e cuidar do meio ambiente. De acordo com a Ecosofia proposta por Guattari, o que está em questão é a maneira de viver daqui em diante sobre esse planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-científicas e do considerável crescimento demográfico. Dessa forma, é possível compreender que a Ecosofia é mais que uma reflexão sobre ecologia, natureza e subjetividade humana, é uma busca por ações concretas, levando em consideração a interação do homem com o meio ambiente, é a forma eficaz de entender as frágeis relações que regem a globalidade deste planeta e as pontualidades entre os seres vivos.

Palavras-chave: filosofia; ecologia; meio ambiente.

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1 Universidade Federal do Piauí - UFPI; * [email protected]

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Influência da Adição de Fibra de Cana - de - Açúcar em um Compósito de Matriz de Gesso

Jéssica Danielly de Lima Nunes1*, Fabiano Pinheiro de Amorim1, Miguel Ângelo de Oliveira Shaw1, Nelson Cárdenas Olivier1

O estudo das propriedades de diferentes materiais compósitos, principalmente aqueles reforçados com fibras vegetais, tem crescido exponencialmente, bem como as tecnologias que permitem a inserção dos mesmos em diferentes setores da indústria. O presente trabalho teve como objetivo a determinação da influência da adição de reforços em três diferentes teores mássicos de fibra de cana-de-açúcar (1%, 2% e 3%) no comportamento mecânico de um compósito à base de gesso. A análise foi feita através de testes de resistência à compressão e à flexão, e, através de uma correlação com esta última, também foram determinadas as propriedades à tração. As fibras utilizadas nos compósitos passaram por secagem natural ao sol a uma temperatura ambiente média de 35 ºC e 66% de umidade relativa. As amostras foram ensaiadas à flexão com aplicação de carga de 50 ± 10 N/S até a ruptura do corpo de prova. Em seguida, foram ensaiadas à compressão, as metades dos corpos de prova provenientes do ensaio de flexão, com aplicação de uma carga de 500 ± 50 N/s, segundo recomendações da NBR 13279. Após análise comparativa dos resultados, percebeu-se que os compósitos reforçados com fibra de cana-de-açúcar apresentaram maiores valores de resistência à flexão, à compressão e à tração, sendo que o melhor resultado foi conseguido pelo compósito contendo 2% da fibra. Neste, a média da resistência máxima à flexão alcançada foi de 5,43 MPa enquanto o gesso puro conseguiu uma média de apenas 1,68 MPa. Ótimos valores de resistências máximas à compressão e à tração também foram verificados nesse compósito, apresentando uma média de 4,78 MPa e 3,80 MPa respectivamente. Ao término da pesquisa constatou-se que os compósitos reforçados com fibra de cana-de-açúcar apresentaram uma grande melhoria nas propriedades mecânicas quando comparados com o gesso puro.

Palavras-chave: compósitos, fibra de cana-de-açúcar, propriedades mecânicas.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF; * [email protected]

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Projeto e Fabricação de um Dispositivo de Ensaio de Torção

Pedro Henrique Novaes Cardoso1, Nelson Cárdenas Olivier1

Este trabalho tem como finalidade projetar e fabricar um dispositivo de baixo custo para Ensaios de Torção, o qual será acoplado a uma Máquina Universal de ensaios. A máquina deve tracionar uma corrente de aço, que passa por uma roda dentada, responsável por transmitir o torque para o dispositivo e este para o corpo de prova. A Máquina Universal possui sensores, os quais medem a força aplicada e o deslocamento da corrente tracionada durante intervalos de tempo do ensaio até a ruptura. Com estas informações, o usuário pode plotar uma curva de Tensão-Deformação e calcular o Módulo de Elasticidade Transversal, Tensão de Cisalhamento, Limite de Escoamento à Torção e Módulo de Ruptura a Torção, que são propriedades muito importantes para a realização de qualquer projeto mecânico e caracterizar o comportamento mecânico de diversos materiais. O dispositivo possui custo total extremamente baixo em comparação ao preço de dispositivos disponíveis no mercado, e ainda permite a substituição dos corpos de prova, possibilitando a realização de ensaios de torção com materiais distintos, sendo de grande importância para realização de experimentos com produtos acabados ou corpos de prova padronizados. A Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) não possui nenhum equipamento para realizar ensaios de torção com estas características. Concluído o trabalho, os alunos e professores da UNIVASF podem contar com um dispositivo para a realização de ensaios de torção. Além disso, outras instituições podem fabricar seus próprios dispositivos a partir do projeto.

Palavras-Chave: Torção; Máquina Universal; Corpo de Prova; Ensaio de Torção

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF; * [email protected]

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Gestão de Conflitos no Ambiente Acadêmico Sob a Ótica dos Coordenadores em uma IES de Petrolina

Mikaellen Kalyanny Moura Ferreira1, Erika Maria Jamir de Oliveira2

As organizações estão em constante mudança em seus processos organizacionais e, nessas mudanças, o papel do administrador é fundamental na construção do relacionamento e intermediações nos grupos de trabalho. As Instituições de Ensino Superior são ainda mais complexas de ser administrada, tendo em vista a sua estruturação colegiada, havendo mais de uma linha de comando com lógicas e valores diferentes, ocasionando conflitos. O conflito é um processo que pode ter seu início no momento em que uma das partes percebe que a outra parte afeta ou pode afetar de forma negativa, algo que a primeira parte considera relevante. O objetivo deste trabalho foi identificar os sintomas e as causas dos conflitos enfrentados pelos coordenadores de curso da FACAPE. A pesquisa possui abordagem mista, qualitativa e quantitativa, descritiva e a técnica foi um estudo de caso. Realizou-se um censo, pois o tamanho da população é pequeno. O instrumento utilizado para coleta de dados foi um formulário estruturado. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, gerando-se gráficos e tabelas, estes permitiram traçar uma análise dos sintomas e causas dos conflitos na instituição. Os coordenadores afirmam que existem conflitos na instituição, e que a expressão facial e verbal e a personalidade de algum professor são sintomas de conflitos. Em seguida, os coordenadores afirmam que as causas frequentes de conflitos são o não cumprimento de normas e tarefas, problemas de comunicação e perfil inadequado para atuar como professor. O conflito em si, não pode ser considerado bom ou ruim, a questão é a sua natureza e a forma de administrar que tornará suas consequências positivas ou negativas para o grupo e organização como um todo, é preciso ter uma postura inteligente para aproveitar os conflitos existentes, tornando suas consequências, sempre que for possível, positiva.

Palavras-chave: gestão, conflito, sintomas, causas.

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1 Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina - FACAPE; * [email protected]

2 Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF

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Prevalência de Pressão Arterial Elevada em Escolares do Sexo Masculino de Petrolina – PE

Francinete Deyse dos Santos1, Edna Ferreira Pinto1, Priscila Leopoldina Oliveira Batista1, Ferdinando Oliveira Carvalho1, José Fernando Vila Nova de Moraes1

A pressão arterial é um importante indicador de trabalho que o coração precisa realizar para bombear sangue em todo o corpo humano. Estudos recentes têm revelado um aumento na prevalência de pressão arterial elevada em crianças e adolescentes. Desta forma, o presente estudo objetivou verificar a prevalência de pressão arterial elevada em escolares do sexo masculino da cidade de Petrolina – PE que cursam o ensino médio. Para tanto, foi realizada a medida da pressão arterial de repouso por meio de aparelho oscilométrico automático (BP A100, Microlife®, China), após 10 minutos de repouso, na posição sentada, em 163 estudantes do sexo masculino, com idades entre 13 e 20 anos (16,25 ± 1,31) que cursam o ensino médio em três escolas do município de Petrolina – PE. Os participantes foram diagnosticados como tendo pressão arterial normal e elevada de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia, considerando o sexo, idade e percentil de estatura para a idade. A análise descritiva foi realizada por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0 para Windows. Os resultados encontrados mostraram que 137 (84,0%) dos participantes apresentaram pressão arterial adequada, enquanto que 26 (16,0%) revelaram ter pressão arterial elevada. A prevalência de pressão arterial elevada encontrada em estudantes do sexo masculino que cursam o ensino médio neste estudo é similar a de outros estudos encontrados na literatura e sugerem o uma atenção ao monitoramento desta variável mesmo em idades escolares. Ademais, sugere-se o estímulo a participação em programas e projetos que envolvam atividade física, visto que esta é considerada uma forma não medicamentosa de controlar a pressão arterial e, além disso, promove diversos benefícios nas esferas física, psicológica e social.

Palavras-chave: pressão arterial, hipertensão, escolares.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF

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Incidência de Alterações Posturais em Trabalhadores Rurais de Fronteiras - PI

Juçara Barroso Leal1*, Anderson Nelson Alves de Sousa2, Juliane Barroso Leal1, Anaita de Sousa Rocha Neta2, Fabio Henrique Moura Bernardes2, Edson Rafael Pinheiro dos Anjos1, Ricardo

Argenton Ramos1

A atividade agrícola é de grande exigência física, pois é reconhecido amplamente pelo risco elevado de produzir problemas de saúde. O objetivo do estudo foi identificar as deformidades mais comuns no padrão postural da coluna vertebral de trabalhadores rurais da zona rural da macrorregião de Fronteiras – PI, relacionando-as com a carga horária diária de trabalho e as queixas de dores mais relatadas. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório e transversal, de abordagem quantitativa, desenvolvido no período de fevereiro a maio de 2015 em Fronteiras – PI, aprovado pelo CEP CEUT (11497/2013). Foi constituído por 22 trabalhadores rurais de ambos os sexos com idade em média 42,22± (d.p. 11,14) anos. A avaliação postural foi realizada de forma estática, no plano frontal e sagital, por meio de registro fotográfico. No plano frontal pode-se observar a presença de escoliose em 10 (54,54%) das amostras, sendo que 9 (90%) apresentaram escoliose em “C” e 1 (10%) escoliose em “S”. No plano sagital dos 22 (100%) sujeitos, 18 (81,82%) apresentaram hipercifose; 2 (9,09%) apresentaram retificação lombar; 1 (4,54%) hiperlordose lombar e 1 (4,54%) não apresentou nenhuma alteração significativa. A carga horária de trabalho diário praticadas pelos trabalhadores foi de 8 horas. As atividades mais praticadas pelos agricultores foram: a capinagem, plantio, colheita e ordenha. O local de dor relatado durante ou após o exercício das atividades laborais foi na coluna lombar (100%). Os sujeitos apresentaram alta prevalência de alterações posturais, visto que os desvios mais prevalentes foram: escoliose em “C” e hipercifose, com uma forte relação com as posturas e movimentos repetitivos e unilaterais adotados durante longo período de tempo durante as atividades rurais, gerando desconfortos e dores em vários segmentos corporais, e em maior escala na coluna lombar durante ou após as fases produtivas.

Palavras-chave: Avaliação Postural. Trabalho Rural. Desvios Posturais. Coluna Vertebral. Ergonomia.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF; * [email protected] 2 Instituto de Educação Superior Raimundo Sá – IERSA

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Avaliação do Equilíbrio e Mobilidade Funcional em Idosos

Juçara Barroso Leal1*, Venilson Serafim da Costar2, Juliane Barroso Leal1, Maria Ivone Leal de Moura3, Gilberto Gomes de Sousa1, Arilsângela de Jesus Conceição1, Ricardo Argenton Ramos1

O processo de envelhecimento gera várias alterações físico-funcionais, dentre elas o comprometimento do equilíbrio corporal, acompanhado pelo declínio de capacidades físicas e cognitivas. O sistema musculoesquelético apresenta diminuição no comprimento, na elasticidade, no número de fibras e na viscosidade dos fluidos sinoviais levando a restrição das respostas motoras, do poder de reações e da capacidade de coordenações, contribuindo para os riscos de queda em idosos. A Escala de Equilíbrio de Berg avalia a parte funcional do equilíbrio. É bastante utilizado em ambientes clínicos e de pesquisa e o teste Timed Up and Go, tem como finalidade avaliar a mobilidade funcional em indivíduos idosos. A pesquisa teve como objetivo analisar o equilíbrio e mobilidade funcional em idosos. Trata-se de pesquisa de campo, de caráter descritivo e com abordagem quantitativa, aprovada CEP UFPI (051648/2016). A amostra foi composta por 21 idosos com idade entre 60 e 80 anos, de ambos os sexos; para avalição foi aplicado Escala de Equilíbrio de Berg e Teste Timed Up and Go; a pesquisa foi desenvolvida na cidade de Vila Nova do Piauí – PI. Os sujeitos foram 10 do sexo feminino e 11 do sexo masculino, os valores médios de idade total e desvio-padrão é de 66,61 ± 7,99 variando entre 63,88 anos e 66,61anos. Os valores médios e desvio-padrão da pontuação total foi de 44 ± 15,94 pontos na EEB, e no TUG de 15,64 ± 7,08s, classificando-os quanto a avaliação funcional do equilíbrio em risco moderado de quedas. Diante dos resultados podemos concluir que os idosos avaliados através da aplicação do Teste Timed Up and Go e com a realização das tarefas da Escala de Equilíbrio de Berg, os indivíduos da amostra apresentaram alterações funcionais no equilíbrio e mobilidade com risco moderado de quedas.

Palavras-chave: Idoso. Equilíbrio. Postura. Quedas.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF; * [email protected] 2 Instituto de Educação Superior Raimundo Sá – IERSA

3 Universidade Federal do Piauí - UFPI

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História da Anatomia e Biossegurança em Laboratórios como Promotores da Iniciação à Docência

Fernando Silva Ribeiro1*, Bárbara Oliveira Soares¹, Iara Feitosa dos Santos¹, Edivaldo Xavier da Silva Júnior²

O estudo da Anatomia Humana faz parte da formação de todo profissional da área da saúde. O conhecimento acerca da história e da inserção da anatomia nos currículos dos cursos de saúde é essencial para compreensão da evolução dos seus métodos de ensino e pesquisa. Dessa forma, o objetivo do estudo foi relatar a vivência de monitores do curso de Fisioterapia da Universidade de Pernambuco (UPE), Petrolina, em seu primeiro contato com a docência, a partir do "II Seminário sobre História da Anatomia Humana e Biossegurança em Laboratórios". O estudo é do tipo qualitativo, através de relato de experiência. Para fundamentação teórica do evento, foi realizada uma revisão literária nas principais bases de dados científicas, utilizando os descritores: ensino, anatomia, cadáver, história, biossegurança, laboratório e suas combinações. Os artigos encontrados, compuseram a apresentação do seminário, que ocorreu no Auditório da UPE, Petrolina, com a presença de 170 (cento e setenta) ouvintes. No evento, foi abordado o percurso histórico da anatomia humana, enfatizando o uso do cadáver e sua importância na construção do saber, além de normas de biossegurança em laboratórios. De acordo com os discentes que participaram da vivência, a experiência adquirida foi de grande valia. Segundo eles, atividades deste tipo contribuem para a formação acadêmica e apresentam noções sobre a docência, visto que a capacidade de sistematizar os conhecimentos adquiridos ao longo da estruturação do seminário foi explorada, bem como a interação com o público. Desta forma, este primeiro contato com a docência possibilitou aos discentes atingirem o objetivo principal da monitoria, a iniciação na docência, obtendo grande relevância em sua inserção no ensino da anatomia, uma vez que, muitas vezes, os conteúdos trabalhados são negligenciados frente a redução da carga horária do referido componente curricular.

Palavras-chave: anatomia humana, biossegurança, história, laboratórios.

Apoio: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da UPE - PIBID-UPE / Programa de Fortalecimento Acadêmico da UPE - PFAUPE

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1 Universidade de Pernambuco – UPE; * [email protected]

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Ação de Bactérias Antagonistas Sobre Xanthomonas campestris pv. viticola

Emanuele Peixoto Cordeiro1, Ana Karolina Leite Pais1, Ana Paula Miranda da Silva1, Márcia Ferreira Queiroz1, Josineide Edinalva Pereira1, Brenda Lima Ribeiro1, Cristiane Domingos da Paz1

O cancro bacteriano é um problema fitossanitários frequente nas videiras cultivadas no Vale do São Francisco, causado por Xanthomonas campestris pv. viticola. O objetivo deste trabalho foi avaliar o antagonismo direto exercido por BPCP’s a Xanthomonas campestris pv. vitícola (Xcv3). O trabalho foi conduzido no Laboratório de Fitopatologia do Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais/UNEB-Campus III. Foram utilizados quatro isolados bacterianos promotores de crescimento de plantas - BPCP’s (C116, RAB7, RAB9 e HNF15). Todas as BPCP’s foram cultivadas em meio de cultura NYDA (extrato de levedura – dextrose – Agar) a 28°C, por 24 horas, posteriormente, foram repicadas em placas de Petri com meio NYDA, em dois pontos equidistantes, e incubados a 28 °C, por 24 horas. Após esse período, as BPCP’s foram expostas, com placas abertas, à luz ultravioleta por 30 minutos. Em seguida, adicionou-se a cada placa de petri 5 ml de meio NYDA semi-sólido fundente contendo 0,1 ml da suspensão bacteriana de Xcv3 na concentração de 6x108 UFC.ml-1. No tratamento-controle não houve a presença das BPCP’s. As leituras foram realizadas 48 horas após a fundição, medindo-se os halos de inibição. O delineamento foi em DIC com quatro repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). As bactérias C116 e Rab7 apresentaram eficiência no controle de Xcv3. A utilização de métodos biológico no controle de patógenos é uma alternativa sustentável para a produção vegetal.

Palavras-chave: Cancro bacteriano, videira, BPCP's

Apoio: UNEB, CNPq

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1 Universidade do Estado da Bahia - UNEB

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Assistência de Enfermagem no Planejamento Familiar: Um Relato de Experiência

Yany Suellen Pereira Cruz Oliveira 1*, Arielton Cirilo Alves Diniz1, Emanuella Lisboa Baião Lira2, Joice Requião Costa2, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley1, Rejane Cristiany Lins de França2

A ampliação do acesso de mulheres e homens à informação e aos métodos contraceptivos é uma das ações imprescindíveis para que possamos garantir o exercício dos direitos reprodutivos no país. Para que isto se efetive, é preciso contar com profissionais capacitados para auxiliar a mulher a fazer sua opção contraceptiva em cada momento da vida. O trabalho tem como objetivo relatar a experiência adquirida mediante realização de projeto de pesquisa com enfermeiras no programa de Planejamento Familiar em Unidade de Saúde da Família, no que diz respeito à atuação profissional conforme o Manual de Normas e Rotinas para a Atenção aos Direitos Sexuais e Reprodutivos. Trata-se de um relato de experiência, resultado de uma pesquisa realizada com enfermeiras, no período de setembro e outubro de 2015 em duas Unidades de Saúde da Família no município de Recife (PE). Observou-se que todas as enfermeiras orientam sobre concepção, contracepção e métodos contraceptivos durante as consultas individuais e realizam práticas educativas em grupo, no entanto a maioria não faz uso do cartão da mulher e da ficha clínico-ginecológica, tendo como principal motivo a falta dos instrumentos na unidade. Além disso, todos referenciam as usuárias ao tratamento de infertilidade conjugal, quando necessário. As principais dificuldades mencionadas pelas participantes durante o programa foram: a falta do kit de Planejamento Reprodutivo; de ambiente adequado para práticas educativas; e de preservativos femininos. Como fatores facilitadores destacou-se: a existência de outros métodos contraceptivos; farmácia da família na unidade; referências para especialistas; e insumos sempre disponíveis. Conclui-se que as enfermeiras realizam uma boa atuação, porém deixam a desejar na realização de uma consulta clínico-ginecológica completa, devido à falta de impressos na unidade. Tal fato pode ocasionar num atendimento falho por falta do histórico das usuárias.

Palavras-chave: planejamento familiar, enfermeiras, Unidades de Saúde da Família.

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1Hospital Dom Malan – IMIP; * [email protected] 2Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Atuação da Gerência de Risco no Hospital Materno Infantil de Referência Vale São Francisco

Rejane Cristiany Lins de França Pereira1*; Fernanda Mirelle V.D. Padilha¹; Emanuella Lisboa Baião Lira 2, Joice Requião Costa2, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley1, Yanny Suellen

Pereira Cruz Oliveira1

A ampliação do acesso de mulheres e homens à informação e aos métodos contraceptivos é uma das ações imprescindíveis para que possamos garantir o exercício dos direitos reprodutivos no país. Para que isto se efetive, é preciso contar com profissionais capacitados para auxiliar a mulher a fazer sua opção contraceptiva em cada momento da vida. O trabalho tem como objetivo relatar a experiência adquirida mediante realização de projeto de pesquisa com enfermeiras no programa de Planejamento Familiar em Unidade de Saúde da Família, no que diz respeito à atuação profissional conforme o Manual de Normas e Rotinas para a Atenção aos Direitos Sexuais e Reprodutivos. Trata-se de um relato de experiência, resultado de uma pesquisa realizada com enfermeiras, no período de setembro e outubro de 2015 em duas Unidades de Saúde da Família no município de Recife (PE). Observou-se que todas as enfermeiras orientam sobre concepção, contracepção e métodos contraceptivos durante as consultas individuais e realizam práticas educativas em grupo, no entanto a maioria não faz uso do cartão da mulher e da ficha clínico-ginecológica, tendo como principal motivo a falta dos instrumentos na unidade. Além disso, todos referenciam as usuárias ao tratamento de infertilidade conjugal, quando necessário. As principais dificuldades mencionadas pelas participantes durante o programa foram: a falta do kit de Planejamento Reprodutivo; de ambiente adequado para práticas educativas; e de preservativos femininos. Como fatores facilitadores destacou-se: a existência de outros métodos contraceptivos; farmácia da família na unidade; referências para especialistas; e insumos sempre disponíveis. Conclui-se que as enfermeiras realizam uma boa atuação, porém deixam a desejar na realização de uma consulta clínico-ginecológica completa, devido à falta de impressos na unidade. Tal fato pode ocasionar num atendimento falho por falta do histórico das usuárias.

Palavras-chave: planejamento familiar, enfermeiras, Unidades de Saúde da Família.

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1Hospital Dom Malan – IMIP; * [email protected] 2Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Benefícios da Cinesioterapia Global no Tratamento de Pacientes com Hernia de Disco

Jackellinny Santos Vieira1, Islândio Francisco da Costa1, Ihorranna Socorro Morais Maia1, Laiane da Silva Barbosa1, Mayly da Silva Cardoso1, Virna de Lourdes Batista de Sousa1, Juçara Barroso

Leal1

A hérnia de disco é uma patologia que atinge frequentemente a coluna lombar, por ser uma região de grande mobilidade, sofrendo forças de compressão e cisalhamento, tornando o núcleo pulposo vulnerável ao deslocamento. Neste sentido, o diagnóstico consiste em exame clínico complementado por exame de imagem para melhor acerto do nível envolvido. Denomina-se cinesioterapia o uso do movimento como forma de tratamento. O estudo teve objetivo descrever os benefícios da cinesioterapia global como tratamento de pacientes com hérnia de disco, destacando as técnicas cinesioterapêuticas mais relatadas na literatura. Trata-se de uma revisão de literatura em artigos nas bases de dados Scielo e PubMed, nos meses de setembro e outubro de 2016. Foram selecionados 09 artigos, publicados nos cinco últimos anos e que destacassem diretamente os benefícios da cinesioterapia na hérnia de disco. Utilizaram-se palavras-chave em português e inglês: cinesioterapia, hérnia de disco, fisioterapia. Como principal efeito abordado pelos autores, destacou-se a analgesia proporcionada pela cinesioterapia como um recurso fisioterapêutico com poucos efeitos colaterais, e principalmente, boa eficácia relacionada à diminuição da percepção dolorosa e do consumo de analgésicos farmacológicos. Em segundo, foram abordados o ganho de amplitude de movimento de membros inferiores e o relaxamento muscular. As principais técnicas abordadas foram o alongamento passivo e o treino de força da musculatura abdominal. O trabalho cinesioterapêutico reabilita e reequilibra as forças mecânicas atuantes no organismo como um todo, proporcionando uma melhor qualidade de vida. E para isso a cinesioterapia, através das suas técnicas, tem suma importância no tratamento fisioterapêutico, promovendo a melhora do quadro álgico, o relaxamento muscular e o ganho de amplitude de movimento articular.

Palavras-chave: Cinesioterapia; Hérnia de disco; Fisioterapia

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1 Instituto de Educação Superior Raimundo Sá – IESRSA; * [email protected]

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Contaminantes Fitopatogênicos Presentes no Laboratório de Biotecnologia da UNEB - DTCS

Emanuele Peixoto Cordeiro1*, Ana Karolina Leite Pais1, Ana Paula Miranda da Silva1, Josineide Edinalva Pereira1, Brenda Lima Ribeiro1, Mayara Pereira de Souza1, Cristiane Domingos da Paz1

A contaminação biológica é um fator relevante que ocorre rotineiramente na micropropagação, porém a contaminação por agentes patogênicos pode vim a comprometer a fitossanidade das mudas micropropagadas. O objetivo deste trabalho foi identificar contaminantes patogênicos fúngicos a nível de gênero presentes no Laboratório de Biotecnologia. O experimento foi conduzido nos Laboratório de Biotecnologia e de Fitopatologia do Campus III da Universidade do Estado da Bahia-DTCS-Campus III. Iniciou-se com a distribuição de placas de Petri, contendo meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), por oito ambientes distintos do laboratório. As placas estavam abertas e ficaram expostas por 60 minutos. Em seguida, foram vedadas e colocadas em câmara de germinação tipo BOD. Após oito dias de incubação, os microrganismos encontrados foram transferidos para placas Petri contendo meio de cultura BDA e incubadas por mais oito dias. Após esse período os fungos foram identificados com auxílio de microscópio óptico. O delineamento foi em DIC com cinco repetições para cada ambiente. Os contaminantes fúngicos encontrados foram dos gêneros Colletotrichum, Alternaria, Penicillium, Curvularia e Aspergillus, sendo este o contaminante mais frequente, presente em sete dos oito ambientes observados.

Palavras-chave: Contaminação, fungo, micropropagação.

Apoio: UNEB, CNPq

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1 Universidade do Estado da Bahia - UNEB; * [email protected]

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Educação Permanente: Uma Ferramenta para a Prática da Enfermagem

Rejane Cristiany Lins de França Pereira1*, Fernanda Mirelle V.D. Padilha¹, Emanuella Lisboa Baião Lira2, Joice Requião Costa2, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley1, Yanny Suellen Pereira Cruz

Oliveira1

A educação é considerada um instrumento para mudanças e transformações em uma sociedade. Desta forma, compreende-se e discute-se a educação permanente como construção compartilhada de conceitos que supera a cultura organizacional baseada na centralidade de decisões. Este relato de experiência tem como objetivo descrever a experiência da assistência de enfermagem prestada nos primeiros momentos de vida ao recém-nascido. A metodologia utilizada foi à realização de uma capacitação com utilização de recursos audiovisuais e exposição oral de condutas pela normatização. Foram realizados pré-teste e pós-teste, após exposição dos assuntos, composto de nove questões de múltipla escolha e uma questão aberta, com equipe de enfermagem da sala de parto e do alojamento conjunto, de uma maternidade de Referência do Vale São Francisco, durante treinamentos mês de abril de 2015. Os resultados dos pré-testes e pós-testes destacaram-se as questões, quanto aos materiais disponíveis para receber o RN na sala de parto, 55% da equipe de enfermagem acertaram no pré-teste e 79% no pós-teste. O melhor momento para clampear o cordão, obtiveram 30% de acertos no pré-teste e 83% no pós-teste. As medidas utilizadas para prevenção de infecção e sangramento, apenas 15% acertaram no pré-teste e 63% no pós-teste. Alguns profissionais (13%) não expressaram interesse e não quiseram participar da capacitação. Os dados evidenciaram que a educação permanente em saúde é instrumento importante que prepara a equipe, propondo mudanças para o trabalho qualificado. O modelo utilizado permitiu a equipe uma maior reflexão sobre a assistência aos recém-nascidos, de modo que obtiveram maiores desempenho ao realizarem o pós-teste. Para que a educação permanente seja mais eficaz é necessário o interesse e participação de toda a população alvo. A educação permanente transforma de forma indireta a prática da assistência, pois age diretamente nos profissionais dessa prática.

Palavras-chave: educação, enfermagem, cuidados ao recém-nascido.

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1 Hospital Dom Malan - IMIP; * [email protected]

² Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF

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Epidemiologia do Zika Vírus no Nordeste Brasileiro e Suas Alterações Imuno/Hematológicas.

Larissa Lisboa Rêgo Brito1*, Layanne Barbosa dos Santos1, Sheina Nunes Barreto1, Samuel Oliveira Santos1, Mikaelly Rodrigues Dos Santos1, Marcos Emanuel Vilanova Da Costa1, José

Hugo Romão Barbosa1

O Vírus da Zika (ZIKV), contido na família Flaviridae e no gênero Flavivirus, tem como principal vetor, o mosquito Aedes aegypte e Aedes albopictus. Nos últimos anos, os sintomas descritos no Brasil foram febre de 39ºC, mialgia, erupções pruriginosas maculopapular com frequência, dores de cabeça, conjuntivite não purulenta, vertigem, sensibilidade visual, dores articulares e lombares discretas. O trabalho teve o objetivo de levantar dados epidemiológicos do Nordeste Brasileiro, mostrando a importância de políticas de prevenção e controle. Para a obtenção das informações, utilizou-se como fonte de pesquisa artigos científicos disponíveis na Revista Cientifica da Ordem dos Médicos, PubMed e fonte de dados do Ministério da Saúde, respectivamente. Em 2016, até a Semana Epidemiológica (SE), foram notificados 120.161 casos prováveis de febre pelo ZKV com uma estimativa de 58.8 casos/100mil hab., distribuídos em 1.605 municípios, dos quais 39.993 foram confirmados. Em Sergipe, totalizou-se 1.915 o número de amostras cadastradas com 30 amostras positivas. Não houve relatos de letalidade. No Nordeste totalizou-se 43.000 o número de casos já registrados, contabilizando 428,8 casos/100 mil hab. Destaca-se com alto número de casos, Salvador (34,507), Alagoas (1,906), Maranhão (1,877), Paraíba (1,745) e Rio Grande do Norte (1,443). Pela análise dos casos diagnosticados no Nordeste Brasileiro, pode-se inferir que a incidência dessa infecção viral está intimamente relacionada à proliferação vetorial e, consequentemente, às condições sanitárias da região. Laboratorialmente, na maioria das vezes, o hemograma não exibe alterações. O diagnóstico definitivo é realizado por meio do Reverse Transcription Polymerase Chain Reaction (RT-PCR). Visto que a proliferação do mosquito é diretamente proporcional às péssimas condições sanitárias, medidas efetivas para o controle da mesma, com especial enfoque na educação da população não somente em épocas de ascensão é de grande importância.

Palavras-Chave: Zika, Epidemiologia, Incidência.

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1 Universidade Tiradentes - UNIT; * : [email protected]

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Destruição do Globo Ocular por Miíases

Camilla Siqueira de Aguiar¹, Carla Marcellyna de Araújo Viana², Victor Leonardo Mello Varela Ayres de Melo², Rodrigo Henrique Mello Varela Ayres de Melo3, Milena Mello Varela Ayres de

Melo Pinheiro1, Marcela Côrte Real Fernandes1, Ricardo Eugenio Varela Ayres de Melo1

A miíase pode ser definida como uma zoodermatose causada pela presença de larvas de moscas em órgãos e tecidos do homem ou outros animais vertebrados, onde se nutrem e evoluem como parasitos. Más condições de higiene associadas a ferimentos contribuem para que as moscas depositem seus ovos e se desenvolvam. Embora a ocorrência da miíase em cavidade orbitária seja rara, o seu conhecimento é importante para a eventualidade do cirurgião-dentista em se deparar na prática com um caso desta infestação. O objetivo do trabalho é abordar o relato de caso clínico, juntamente com uma breve revisão de literatura e explanação sobre o tratamento em pacientes com destruição do globo ocular por miíases. Paciente 64 anos de idade apresentando lesão localizada na região supra-orbitária há 14 dias. Ao exame clínico observou-se destruição do globo ocular direito, necrose nos tecidos periorbitários, destruição parcial do assoalho da órbita e dos ossos nasais, com presença de prurido, odor fétido e edema. O tratamento a princípio foi a retirada das larvas e debridamento dos tecidos desvitalizados, limpeza e curativo. Posteriormente, foi realizado curetagem do seio maxilar direito e o pós-operatório transcorreu dentro dos padrões da normalidade. Portanto, é necessário a higienização das lesões em cavidades do organismo para que não sejam infectadas por larvas de moscas e consequentemente por miíases.

Palavras-chave: Hipodermose, Miíase, Parasitos.

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1 Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

² Universidade Maurício de Nassau - UNINASSAU

3Hospital Nossa Senhora das Graças

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Confecção de “Neurogame” Como Método Alternativo no Ensino da Neuroanatomia

Fernando Silva Ribeiro1*, Bárbara Oliveira Soares¹, Iara Feitosa dos Santos¹, Edivaldo Xavier da Silva Júnior²

O conhecimento acerca da Neuroanatomia é imprescindível para formação de todos profissionais da área da saúde. Fatores negativos como medo, perda de concentração e interesse pela disciplina comprometem o processo de ensino e aprendizagem dos discentes. Como método alternativo, jogos de tabuleiro estão sendo utilizados com a finalidade de minimizar os referidos fatores envolvidos no aprendizado do referido componente curricular, além de incentivar metodologias ativas, tornando um processo mais lúdico e facilitando a compreensão e retenção do conteúdo. Assim, o objetivo do trabalho foi confeccionar jogos de tabuleiro como método alternativo para o ensino-aprendizado prático da disciplina de Neuroanatomia. O estudo foi do tipo pesquisa-ação, descritivo e exploratório, realizado no período entre fevereiro a maio de 2016. Foram produzidos sete jogos de tabuleiro com material de baixo custo como: isopor, tesoura, papel, cola, pincel e tinta. Estes abordaram desde a neuroanatomia macroscópica à morfofisiologia do sistema nervoso. Após a produção, os jogos foram aplicados durante as aulas práticas e plantões da referida disciplina, obtendo feedback positivo dos discentes. Desta forma, a busca por métodos alternativos para ensino da Neuroanatomia, constitui uma possibilidade diante das dificuldades inerentes no processo de aprendizagem, além de poderem ser ferramenta que otimiza a compreensão teórica e aplicação clínica dos conteúdos vivenciados em sala de aula, como foi possível perceber com o "Neurogame".

Palavras-chave: neuroanatomia, materiais de ensino, aprendizagem, jogos experimentais.

Apoio: Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da UPE - PIBID-UPE / Programa de Fortalecimento Acadêmico da UPE - PFAUPE

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1 Universidade de Pernambuco – UPE; * [email protected]

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Revisão Sistemática: Riscos de Neoplasias Encefálicas por Exposição às Radiações Eletromagnéticas do Telefone Celular

Juliana Pereira da Silva¹*, Larissa Lorena de Carvalho1, Fabrício Cieslak¹, Marcelo Domingues de Faria¹, Luciana da Silva Timossi1

Os telefones celulares têm sido utilizados com uma frequência cada vez mais crescente, e isso tem gerado inquietações sobre os prováveis potenciais de riscos à saúde. A preocupação maior é com possíveis neoplasias encefálicas decorrentes de exposições às radiações eletromagnéticas, na faixa das micro-ondas. Por isso, este estudo de revisão sistemática fez a seleção e análise de artigos publicados nos últimos dez anos em três bases de dados, e elegeu cinco estudos mais relevantes sobre a temática. No entanto, os telefones móveis ainda são uma tecnologia nova e há poucas evidências sobre os efeitos do seu uso a longo prazo. Dois dos cinco estudos apontaram para uma possível correlação entre uso do celular e carcinogênese, principalmente no lado ipsilateral ao uso do aparelho; um dos estudos nega ter evidências concretas da associação; e outros dois apontam uma possível relação forte de causa e efeito, mas que precisa ser melhor investigada. Assim, é prudente que outros estudos sejam feitos, utilizando um rigor metodológico coerente, para dar mais segurança às conclusões. Entretanto, é importante recomendar cautela no uso e tempo de exposição enquanto os resultados permanecerem inconclusivos.

Palavras-chave: telefones celulares, micro-ondas, neoplasias encefálicas, radiação eletromagnética, manifestações neurológicas.

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1 Pós-graduação Ciências da Saúde e Biológicas, Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Música Com Sabor: Metodologia para Reeducação Alimentar em Pré-Escolares

Juliane Barroso Leal¹*, Alan Silva Barbosa1, Arilsângela de Jesus Conceição1, Juçara Barroso Leal1, Maria Ivone Leal de Moura2, Ferdinando Oliveira de Carvalho1

A educação nutricional é um processo educativo que tem como objetivo tornar os escolares autônomos e seguro de suas escolhas alimentares. A música é uma atividade lúdica, recreativa que em parceria com a área nutricional, pode ser desenvolvida como ferramenta de aprendizagem e conhecimento de grupos alimentares para crianças, por facilitarem através da fixação da melodia, valores nutricionais. Esse trabalho teve o objetivo de fazer um relato de experiência sobre a aderência de crianças pré-escolares a reeducação alimentar através de oficina de músicas sobre alimentação saudável. Estudo exploratório, tipo relato de experiência, vivenciado por profissionais e estagiários da saúde e educação na Creche Comunitária Pequeno Cidadão, na cidade de Picos-PI, no mês de setembro de 2015. Participaram das oficinas 62 pré-escolares, com divisão de oficinas por sala de aula, em dias diferentes. A oficina compôs de 6 músicas didáticas sobre alimentos, onde eram apresentadas através de vídeo, para melhor aceitação e participação das crianças. Além disso, eram realizadas danças de rodas para melhor interação do grupo. Ao final foram realizadas perguntas as crianças como: “Qual fruta é vermelha?”, “O coelho é forte porque como o que?” e “Para vencer a gripe temos que comer o que?”. Todos os alunos estudados na presente pesquisa participaram das atividades demonstrando entusiasmo e interesse. Ao final teve boas respostas das perguntas aos estudantes. Considerada em todos os seus processos ativos a música globaliza naturalmente os diversos aspectos a serem ativados no desenvolvimento da criança: cognitivo/ linguístico, psicomotor, afetivo/ social. A reeducação alimentar pode ser inserida no âmbito escolar de forma lúdica despertando o interesse dos alunos, quando trabalhada através da música gera melhor aprendizado, levando em consideração os processos pelos quais as crianças efetivam o aprendizado.

Palavras-chave: música; reeducação alimentar; lúdico.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected] ² Universidade Federal do Piauí - UFPI

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Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica em Idosos no Piauí entre 2010 e 2012

Juliane Barroso Leal¹*, Juçara Barroso Leal1, Maria Ivone Leal de Moura2, Gilberto Gomes de Souza¹, Fábio Miguel da Silva¹, Edson Rafael Pinheiro dos Santos1, Ferdinando Oliveira Carvalho1

Os dados demográficos mostra que o Brasil tem aumentando o número de idosos. Segundo o IBGE, em 1991, o grupo de idosos representava 4,8% da população total, passando a 5,9% em 2000 e chegando a 7,4% em 2010. Os principais fatores do aumento do número de idosos e em conjunto o aumento das doenças crônicas são a urbanização acelerada, porém esta vem acompanhada de mudanças dos padrões de consumo e estilo de vida, além da falta de exercício neste grupo populacional. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um importante problema de saúde pública, visto que a morbimortalidade e os custos com o seu tratamento são elevados. Somam-se ainda a falta de intervenção multiprofissional e estrutura dos sistemas de saúde para atender a essa população e as escassas ações preventivas para reduzir os fatores de risco. O objetivo desse estudo foi observar a evolução da prevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) em idosos entre 2010 e 2012 no Piauí. Trata-se de um estudo descritivo, ecológico, quantitativo, de um período entre 2010 e 2012, com dados coletados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) relacionados ao sexo, presença de sedentarismo e tabagismo na faixa etária de 60 anos ou mais. Na análise total dos municípios entre os anos não houve diferença significativa. Na comparação entre os sexos, a prevalência de HAS acima de 60 anos nas mulheres foi maior que nos homens. Com relação ao fator de associação da HAS com o tabagismo e o sedentarismo foi reduzido entre os anos de 2011 e 2012, estando o sedentarismo em alto nível de associação por alta quantidade de acometidos. A prevalência de HAS acima de 60 anos seguiu uma tendência linear, mantendo-se elevada, com predomínio em idosos do sexo feminino e com fatores associados, porém com redução ao longo dos anos, chamando a atenção para a necessidade de ações de prevenção dos fatores de risco e acompanhamento em longo prazo dos idosos hipertensos.

Palavras-chave: idoso, hipertensão, prevalência, Piauí, DATASUS.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected] ² Universidade Federal do Piauí - UFPI

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Nível de Atividade Física de Escolares do Sexo Masculino de Petrolina – PE

Edna Ferreira Pinto1, Francinete Deyse dos Santos1, Priscila Leopoldina Oliveira Batista1, Ferdinando Oliveira Carvalho1, José Fernando Vila Nova de Moraes1

O avanço tecnológico e o aumento do lazer passivo acarretaram na diminuição da prática de atividade física na população de escolares em geral. Sabe-se que o sedentarismo possui associação direta com fatores de risco cardiovascular, como a obesidade, por exemplo. Neste cenário, o presente estudo objetivou verificar a o nível de atividade física de escolares do sexo masculino da cidade de Petrolina – PE que cursam o ensino médio. Para tanto, o nível de atividade física dos participantes foi avaliado pelo International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Ao todo, participaram 163 estudantes do sexo masculino, com idades entre 13 e 20 anos (16,25 ± 1,31) que cursam o ensino médio em três escolas do município de Petrolina – PE. Os escores do questionário foram convertidos em equivalentes metabólicos (METs) e os participantes foram classificados em baixo, médio e alto nível de atividade física de acordo com as diretrizes para processamento e análises de dados do IPAQ.. A análise descritiva foi realizada por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0 para Windows. Os resultados encontrados mostraram que 14 (8,6%) dos participantes apresentaram baixo nível de atividade física, 58 (35,6%) apresentaram médio nível de atividade física e 91 (55,8%) apresentaram alto nível de atividade física. A prevalência de participantes com alto nível de atividade física, no presente estudo, revelou-se maior do que outros estudos com escolares do ensino médio disponíveis na literatura. Um dos fatores que pode contribuir para estes achados é o fato de que diversos alunos da rede pública de ensino do município de Petrolina caminham ou pedalam de casa para a escola. Não obstante os resultados apresentados, é importante estimular a prática de atividade física durante a infância e adolescência, visto que esta está intimamente ligada ao bem estar físico, psicológico e social.

Palavras-chave: nível de atividade física, sedentarismo, escolares.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Olhares Sobre o SUS: Percepções de Usuários, Trabalhadores e Gestores em Porto Seguro, Bahia

Letícia Lima Barros¹*, Maria Laura de Almeida Alves1, Anna Elize Knezevic1, Carina Oliveira de Carvalho1, Maiana Ferraz1, Mariana Aguiar1, Gabriela Lamego1

No Brasil, a saúde é um direito social que deve ser garantida pelo Estado mediante políticas econômicas e sociais, conforme previsto no art.196 da Constituição Federal. Para tanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) está presente em todo o território brasileiro e deve ser capaz de produzir ações e serviços de saúde voltados para toda a população. O SUS tem como um dos seus princípios finalísticos a participação social devido a compreensão do papel relevante da população em sua construção. O presente trabalho teve como objetivo analisar as percepções de usuários, trabalhadores e gestores da saúde sobre o conceito ampliado de saúde, o funcionamento do SUS e a participação social no município de Porto Seguro, Bahia. Foram realizadas 15 entrevistas com gestores (03), trabalhadores (06) e usuários (06) de saúde no município de Porto Seguro mediante o uso de um roteiro de entrevistas semi-estruturado. Os resultados apontam para um desconhecimento acerca do SUS, ineficiência da ouvidoria municipal e falta de informação sobre a existência e o funcionamento dos conselhos e conferências de saúde, por parte dos usuários e trabalhadores. As dificuldades de acesso a exames e consultas especializadas também estiveram presentes nos relatos dos usuários. Por parte dos gestores, foi abordada a dificuldade na contratação de profissionais médicos; falta de cursos de capacitação voltados para atuação no SUS entre outros problemas. Como pontos positivos, destacou-se a qualidade da farmácia popular, o excelente atendimento pelos profissionais de saúde e a oferta variada de serviços para a população. Desta forma, destaca-se a necessidade de maiores esclarecimentos dos usuários e também trabalhadores acerca da abrangência do SUS, bem como a relevância da participação social nas instâncias de controle social no município, tendo em vista que é através delas que as demandas podem ser ouvidas e, então, ser planejado estratégias para o enfrentamento dos problemas vivenciados pela comunidade.

Palavras-chave: Saúde; interdisciplinaridade; SUS; participação social.

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1 Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB; * [email protected]

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Tratamento Cirúrgico de Osteomielite de Mandíbula: Relato de Caso

Camilla Siqueira de Aguiar¹, Victor Leonardo Mello Varela Ayres de Melo², Rodrigo Henrique Mello Varela Ayres de Melo3, Milena Mello Varela Ayres de Melo1, Nelson Alves Berenguer

Neto1, Marcela Côrte Real Fernandes1, Ricardo Eugenio Varela Ayres de Melo1

As osteomielites se caracterizam como um processo inflamatório agudo ou crônico ocorrendo a partir de osteítes não circunscritas que se difudem através do osso esponjoso e a diabetes mellitus e redução da vascularização são fatores predisponentes para o surgimento dessa lesão. O presente trabalho visa o diagnóstico e o tratamento da osteomielite de mandíbula. Paciente do gênero feminino, 28 anos, sofreu acidente motociclístico em julho de 2004 que resultou em fratura de mandíbula. Comparecendo ao ambulatório de traumatologia Buco Maxilo Facial da Universidade Federal de Pernambuco em novembro do mesmo ano, apresentava edema na região retromolar esquerda. Radiograficamente foram demonstradas áreas de rarefação e sequestros ósseos. A cintilografia através do Tecnécio 99 demonstrou a evolução do processo crônico até a região de ângulo direito. Após cultura, o Staphylococcus aureus foi evidenciado. Com o diagnóstico de osteomielite de mandíbula, a paciente foi submetida ao tratamento cirúrgico e à antibioticoterapia. O presente relato permite a associação do desenvolvimento de osteomielite pós- cirúrgica com a fixação com miniplacas e parafusos e destacar o sucesso do tratamento dessas lesões.

Palavras-chave: Osteomielite, Cirurgia patológica, Cirurgia.

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1 Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

² Universidade Maurício de Nassau - UNINASSAU

3Hospital Nossa Senhora das Graças

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Padrão de Ocorrência de Queimaduras no Paraná entre 2012 e 2015

Mateus de Sousa Rodrigues1*, Marília Rodrigues de Oliveira Campos1, José Alves de Souza1, Ivan Martins Galvão1

As queimaduras são um problema de saúde pública no Estado do Paraná, analogamente à situação do país. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é analisar o perfil das 1.248 queimaduras ocorridas no estado do Paraná entre 2012 e 2015. A partir de estatísticas disponibilizadas pelo Sistema de Registro e Estatística de ocorrências do Corpo de Bombeiros do Paraná, foram coletados dados sobre as faixas etárias mais acometidas pelas queimaduras e o padrão temporal referentes ao mês, ao dia da semana e ao período do dia em que as ocorrências eram mais frequentes. Dos 1.248 acidentes, ocorreram cerca de 5 óbitos, o que confirma o retratado pela literatura no sentido de que a maioria das queimaduras não são fatais, sendo as faixas etárias mais acometidas as crianças entre 01 e 04 anos e adultos com idade entre 20 a 24 anos. Os meses do ano e os dias da semana com maior número de ocorrências foram dezembro e janeiro, e os dias de quarta, quinta e de final de semana, respectivamente. A tarde e a noite foram os períodos do dia com acidentes mais frequentes. Assim, sobretudo nesses meses e dias, as estratégias para reduzir o número de acidentes térmicos devem ser voltadas para medidas preventivas, especialmente no ambiente doméstico e laboral, que são os locais em que mais ocorrem.

Palavras-chave: Queimaduras, Paraná, Prevenção.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Prevalência de Excesso de Peso em Escolares do Sexo Masculino de Petrolina – PE

Priscila Leopoldina Oliveira Batista1, Francinete Deyse dos Santos1, Edna Ferreira Pinto1, Ferdinando Oliveira Carvalho1, José Fernando Vila Nova de Moraes1

A prevalência de sobrepeso e obesidade cresceu abruptamente nos últimos anos, trazendo consigo o acometimento de doenças cardiovasculares, mesmo em populações de escolares (crianças e adolescentes). Neste sentido, o presente estudo objetivou verificar a prevalência de excesso de peso (sobrepeso e obesidade) em escolares do sexo masculino da cidade de Petrolina – PE que cursam o ensino médio. Para tanto, foi realizada a medida da massa corporal e estatura, para posterior cálculo do índice de massa corporal, em 216 estudantes do sexo masculino, com idades entre 13 e 20 anos (16,27 ± 1,32) que cursam o ensino médio em três escolas do município de Petrolina – PE. Os participantes foram diagnosticados como eutróficos (peso normal), sobrepesados e obesos de acordo com os percentis de escore-z por idade preconizados pela Organização Mundial da Saúde. Para efeitos deste estudo, os participantes sobrepesados e obesos foram agrupados em uma categoria denominada “excesso de peso”. A análise descritiva foi realizada por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22.0 para Windows. Os resultados encontrados mostraram que 179 (82,9%) dos participantes apresentaram índice de massa corporal adequado para a idade, enquanto que 37 (17,1%) revelaram ter excesso de peso. A prevalência de excesso de peso encontrada em estudantes do sexo masculino que cursam o ensino médio é similar a de outros estudos encontrados na literatura e sugerem o desenvolvimento de políticas públicas que estimulem a prática de atividade física e alimentação saudável nesta população, com o intuito de minimizar as doenças cardiovasculares decorrentes do excesso de peso.

Palavras-chave: índice de massa corporal, excesso de peso, escolares.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Avaliação da Toxicidade Aguda da Farinha do Maracujá do Mato (Passiflora cincinnata Mast.) em Camundongos

Ana Ediléia Barbosa Pereira Leal1, Érica Martins de Lavor1, Jackson de Menezes Barbosa1, Mariana Gama e Silva1, Roxana Braga de Andrade Teles1, Jackson Roberto Guedes da Silva

Almeida1, Julianeli Tolentino de Lima1

A família Passifloraceae possui aproximadamente 16 gêneros e 650 espécies, sendo o gênero Passiflora considerado o mais importante, com cerca de 400 espécies, onde algumas destas espécies são conhecidas vulgarmente como maracujá. A Passiflora cincinnata, popularmente conhecida como maracujá do mato, já é usada na medicina popular como anti-inflamatório, antitussígeno, antihipertensivo, no combate a insônia, e como calmante. O objetivo do estudo foi de avaliar o perfil de segurança da farinha obtida da casca de P. cincinnata, por meio do teste de toxicidade aguda. Para tanto, os frutos foram coletados em Uauá-BA, identificados (exsicata nº 22870), selecionados, sanitizados, obtendo-se apenas o mesocarpo. O material obtido foi seco em estufa, triturado e tamisado, posteriormente, para a preparação da suspensão aquosa e subsequente administração via oral (gavagem) em camundongos. A avaliação toxicológica seguiu as normas estabelecidas pela ANVISA (2013). Três grupos com 10 animais, de ambos os sexos, receberam, em dose única, solução salina ou a suspensão aquosa da farinha, nas concentrações de 1,0 e 2,0 g/Kg. Os animais foram observados após a administração das substâncias e durante os 14 dias do experimento, avaliando possíveis alterações comportamentais e fisiológicas. O peso dos animais e o consumo de água e ração foram avaliados diariamente. Ao final do experimento, os animais foram anestesiados e eutanasiados, para avaliação macroscópica dos órgãos (aspecto, textura e coloração) e peso. Todos os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas da UNIVASF (nº 0002/190216). Como resultado, não foi evidenciada nenhuma alteração comportamental, fisiológica e possíveis sinais de toxicidade, assim como, os animais utilizados na pesquisa não apresentaram diferenças significativas no peso e no consumo de ração e água, sugerindo que a farinha de P. cincinnata possui baixa toxicidade nas doses testadas.

Palavras-chave: Passifloraceae, P. cincinnata, toxicidade.

Apoio: FACEPE, CNPq e UNIVASF.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Contribuição da Enfermagem no Cuidado à Crianças e Adolescentes com Deficiência na Atenção Básica na Cidade de Petrolina - PE

Naiara Pereira Barbosa¹, Venâncio de Sant’Ana Tavares¹, Luciana Paula Fernandes Dutra¹

A deficiência provoca inicialmente uma quebra de expectativas, aumento da carga emocional e alterações no relacionamento conjugal e às vezes distanciamento de outros membros da família, o que pode causar traumas que podem demorar a ser reparados. A enfermagem tem papel fundamental na atenção a essas famílias, pois está a ouvir e compreender os temores, dificuldades e inquietações, para desta forma buscar maneiras de ajudar na adaptação e convivência com o filho deficiente. Desta forma foi elaborado um projeto de extensão com o objetivo de colaborar na promoção do atendimento do enfermeiro e fortalecer o cuidado das famílias às necessidades das crianças e adolescentes. O mesmo está sendo desenvolvido nas unidades de Atendimento Médico Especializado (AME) Amália Granja de Alencar, no bairro Vila Mocó; e Roza Maria Ribeiro, no bairro Gercino Coelho do município de Petrolina – PE. Consiste em 4 etapas: 1-Treinamento dos estudantes do projeto, 2- diagnóstico situacional para conhecer o quantitativo atendido, 3-identificação dos protocolos existentes e 4-dificuldades enfrentadas pelos profissionais e realização de oficinas com enfermeiros e familiares, das quais o treinamento dos estudantes já foi iniciado sob a forma de sensibilização acerca das políticas, redes de atenção e ainda acerca do cuidado à pessoa com deficiência e seus familiares, aguardamos o levantamento das deficiências atendidas pelas unidade para fundamentar as oficinas a serem realizadas com os profissionais. Como resultados, percebemos um envolvimento e sensibilização maior dos estudantes, dos Agentes Comunitários de Saúde e da Coordenação da AME voltados para uma melhor compressão do cuidado às pessoas e não às deficiências.

Palavras-Chave: Cuidado, Pessoa com Deficiência, Criança e adolescente

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Levantamento de Esquistossomose no Estado de Sergipe e Suas Alterações Fisiológicas

Layanne Barbosa dos Santos1*, Larissa Lisboa Rêgo Brito1, Ariel Oliveira Celestino1; Samuel Oliveira Santos1, Mikaelly Rodrigues Dos Santos1, Marcos Emanuel Vilanova Da Costa1, José

Hugo Romão Barbosa1

A Esquistossomose Mansonica é uma doença parasitária de grau crônico que atinge diversas pessoas com maior incidência em zonas subtropicais. O seu agente etiológico é o Schistosoma Mansoni, um platelminto trematódeo que realiza ciclo heteroxênico, contaminando inicialmente caramujos gastrópodes do gênero Biomphalaria. O presente trabalho teve como objetivo levantar dados epidemiológicos do Estado de Sergipe, frisando assim, a importância de políticas de prevenção e melhor controle desta epidemia. Utilizou-se o site do Ministério da Saúde para extração dos dados epidemiológicos entre o período de 2010 a 2015 juntamente com um levantamento bibliográfico descritivo e qualitativo por meio de artigos científicos atualizados. Segundo o Ministério da Saúde, Sergipe é um estado endêmico apresentando uma estimativa de 197 mil casos nos últimos cinco anos, sendo 13.283 em 2010, 13.003 em 2011, 11.384 em 2012, 12.652 em 2013, 9.767 em 2014 e 7.557 em 2015. O índice de internação chegou a 590 não havendo dados a cerca de número de óbitos. A Esquistossomose em sua forma crônica, o paciente apresenta quadros diarreicos constantes, alternados de prisão de ventre e sangue no material fecal, tonturas, cefaleia, emagrecimento e esplenomegalia, seguida do aumento do volume do abdômen (barriga d´água). A esquistossomose está ligada à falta de saneamento básico. Medidas preventivas como o controle biológico dos caramujos (hospedeiros intermediários infectados) e evitar o contato com águas onde possam ser encontrados devem ser tomados além da educação contínua da população.

Palavra-Chave: Esquistossomose, Epidemiologia, Schistosoma mansoni.

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1 Universidade Tiradentes – UNIT; * [email protected]

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Leishmaniose Visceral: Situação Epidemiológica na Região Nordeste no Período de 2007 a 2014

Layanne Barbosa dos Santos1*, Larissa Lisboa Rêgo Brito1, Ariel Oliveira Celestino1, Samuel Oliveira Santos1, Vanessa Christine Gusmão Santos1, Juliana Nicolau Peixoto1, Isana Carla Leal

Souza¹

A Leishmaniose Visceral (LV) ou Calazar, causada pelo gênero Leishmania, pertencentes ao complexo Leishmania danovani , uma das zoonoses mais conhecidas pelo âmbito rural, vem sendo notificada também em ambientes urbanos considerados de médio e grande porte. No Brasil, o parasita notificado é o L. chagassi. A zoonose é transmitida pelo mosquito Lutzomyia longipalpis popularmente conhecido como flebotomíneos. Seu acometimento dá-se por parte de todas as faixas etárias sendo mais prevalentes em crianças com menos de 10 anos. O trabalho teve como objetivo levantar dados de LV no período de 2007 a 2014 no Estado de Sergipe, chamando a atenção para uma política de prevenção e controle zoonose. Utilizou-se o site do Ministério da Saúde para extração dos dados epidemiológicos e o levantamento bibliográfico por meio de artigos científicos atuais disponíveis no Scielo e na Revista Pan-Amazônica de Saúde. O primeiro caso notificado no Brasil foi em 1934 ao ser encontrado formas amastigotas do parasita em corte histológico de pacientes com suspeita de febre amarela. No Nordeste há cerca de 14 mil casos notificados, 25 casos/100 mil habitantes e um registro de 814 mortes por LV. Em Sergipe 422 casos foram diagnosticados. O coeficiente de incidência por 100 mil habitantes chegou em 20, com uma estimativa de 36 mortes já registradas de acordo com a Fonte de Infecção. A alta incidência de casos em várias cidades da região Nordeste se intensificou com o processo de urbanização. Para que se possa ter um controle da doença, se faz necessário capacitar os agentes de endemias para conhecer as áreas endêmicas e a incidência da doença na população humana e canina, além do combate aos flebotomíneos.

Palavras chave: Zoonose, Leishmania Visceral, Epidemiologia.

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1 Universidade Tiradentes – UNIT; * [email protected]

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História da Fundação Da LAESC - Liga Acadêmica de Enfermagem em Saúde Comunitária

Tatiana Carla Carvalho Amorim Guisande¹, Thaís Brito da Silva1, Lívia Thaís Lima de Sousa¹, Lucas Rafael Monteiro Belfort1, Victor Hugo da Silva Martins1, Danyella Evans Barros Melo1,

Luciana Paula Fernandes Dutra¹

As Ligas Acadêmicas são extensões fundamentais na complementação da formação teórico-pratico-metodológica dos futuros profissionais. Porém, algumas dificuldades podem vir a atrapalhar a criação e desenvolvimento delas, e a formação da Liga Acadêmica de Enfermagem em Saúde Comunitária (LAESC) não foi muito diferente. Apesar do curso de Enfermagem da UNIVASF ser reconhecido, o histórico de Ligas Acadêmicas é restrito, sendo a LAESC a primeira, ou seja, existiu pouca iniciativa para a formação de Ligas Acadêmicas, pela falta de tradição alguns discentes do curso não conheciam o funcionamento deste tipo projeto. O objetivo deste trabalho é explanar sobre a criação e efetivação da LAESC como ferramenta visando aproximação entre discentes e a comunidade. O presente trabalho trata-se de um relato de experiência. Com a LAESC, os integrantes aprimoram seus conhecimentos na vida acadêmica o que é de crucial importância para a iniciação da prática profissional trazendo benefícios para além do aprendizado, pois contribui com a saúde pública, tais como a atuação junto à comunidade na promoção e prevenção de saúde, modificação e contribuição social, acréscimos de atividades práticas, aspectos psicossociais, culturais, ambientais e biológicos em um mesmo patamar. Tendo em vista que o ensino, a pesquisa e o trabalho de extensão se complementam e que o discente é ferramenta essencial, se faz necessário à condição de uma formação ilimitada que envolva aspectos técnicos, protocolares, sociais e políticos promovendo uma consciência crítica a partir da realidade vivenciada.

Palavras-chave: Saúde, Extensão, Comunidade, Enfermagem.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Infecção de Trabalhadores da Saúde pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)

Larissa Lorena de Carvalho1, Juliana Pereira da Silva1, Patrícia Shirley Alves de Souza1, Fabrício Cieslak1, Marcelo Domingues de Faria1

O Vírus da imunodeficiência humana (HIV), agente etiológico da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), representa risco ocupacional elevado aos profissionais da saúde. A sobrecarga de trabalho, trabalhar sob condições de pressão, casos de emergência e a falta de precaução dos próprios trabalhadores favorecem a ocorrência de acidentes. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão sistemática de literatura para identificar quais os profissionais de saúde são mais acometidos por infecção pelo HIV, no local de trabalho, e a forma de acidente mais comum. O levantamento foi realizado em junho e julho de 2015 e levou em consideração os trabalhos publicados entre 2005 e 2015, em inglês e português, nas bases de dados Pubmed, Scielo, e Science Direct. Foram encontrados 1.284 estudos, destes, selecionaram-se nove artigos. O profissional da saúde mais acometido pela exposição ao HIV foi o enfermeiro, outros trabalhadores como: médicos, profissionais de laboratório e auxiliares de serviços gerais também foram citados, e a forma mais frequente de infecção foi por manuseio de agulha. Medidas de biossegurança são necessárias durante a prática profissional para prevenir a infecção pelo HIV. Cabe aos serviços de saúde planejar e implementar orientações especificas aos trabalhadores de saúde, para que estes adotem práticas de exercício profissional seguro. Além disso, faz-se necessário capacitar profissionais para lidarem com a ocorrência de acidentes de trabalho e o acompanhamento adequado ao mesmo após acidente.

Palavras-chave: Infecção por HIV, Acidentes de trabalho, Saúde do trabalhador.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Saúde do Trabalhador Rural: Influência da Utilização do Agrotóxico

Mariana Mercês Mesquita Espíndola¹, Patrícia Avello Nicola¹, Cheila Nataly Galindo Bedor¹

Trata-se de uma revisão sistemática cujo objetivo foi analisar os principais fatores que influenciam na exposição aos agrotóxicos e os danos causados por esses produtos na saúde desses indivíduos. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica abrangente nas bases de dados Scielo e Lilacs, entre os anos de 2013-2014 com idioma português, utilizando os termos: “exposição a agrotóxicos”, “riscos a saúde do trabalhador” e “intoxicação por agrotóxicos”. Foram obtidos 186 artigos científicos, do qual após leitura completa e minuciosa, chegou-se à seleção final de 11 artigos que contemplaram os critérios de inclusão. Entre os fatores que influenciam essa exposição está a utilização inadequada do EPI – Equipamento de Proteção Individual ou até mesmo sua não utilização, baixo grau de escolaridade, papel ausente do Estado na fiscalização da venda e ausência de orientação quanto à utilização desses produtos, acarretando no adoecimento desses trabalhadores que podem apresentar desde uma intoxicação aguda até efeitos no sistema auditivo periférico e central, câncer e má-formação congênita. Por conseguinte, enfatiza-se que o uso indiscriminado dos agrotóxicos ocasiona danos tanto ao meio ambiente, quanto aos indivíduos envolvidos nesse contexto, aumentando as chances de adoecimento, devido ao seu elevado grau de toxicidade. Estratégias de prevenção e controle do uso de agrotóxicos são imprescindíveis medidas de impacto para a melhoria da qualidade de vida e saúde dos trabalhadores rurais, tanto aqueles que trabalham diretamente com o manejo dos produtos agrotóxicos, quanto aos que têm exposição passiva.

Palavras-chave: saúde do trabalhador, exposição ocupacional, saúde da população rural, riscos ocupacionais.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Educação em Saúde em Hanseníase no Município de Juazeiro - BA: Relato de Experiência

Alison Silva de Paula1, Tathyane Trajano Barreto1, Brenda Virgínia Moitinho Avelino1, Artur Alves da Silva1, Rayanna Cangussu Fernandes1, Tânia Rita Moreno de Oliveira Fernandes1, Carlos

Dornels Freire de Souza2

Hanseníase é uma doença infectocontagiosa de grande impacto para a saúde pública, pelo seu elevado potencial incapacitante. No município de Juazeiro-BA, o coeficiente de detecção de novos casos em menores de 15 anos foi de 41,89 casos/100mil habitantes, em 2010, caracterizando-se como hiperendêmico e como cidade prioritária para receber investimentos para realização de ações de combate à doença. Devido ao caráter endêmico e às repercussões físicas, sociais e psicológicas da hanseníase, vê-se na educação em saúde uma estratégia essencial para formação de protagonistas sociais. Esse trabalho teve o objetivo de relatar a experiência vivenciada pelos membros do projeto de extensão voltado à educação e vigilância epidemiológica em hanseníase no município de Juazeiro-BA. Em parceria com o Centro de Referência em Assistência Social, as rodas de conversa, método de educação em saúde que visa a ressignificação de saberes e aproximação do conhecimento popular e técnico, foram realizadas mensalmente de Abril a Agosto de 2016 com a comunidade dos bairros de maior incidência do município. A ação educativa com os adultos foi realizada por meio da discussão sobre transmissão, diagnóstico, tratamento, estigma e prevenção da hanseníase, com ênfase no sujeito como agente transformador dessa realidade. Com o público infantil foi dada a preferência de uma abordagem lúdica por meio de jogos. Observou-se que a educação em saúde é uma importante estratégia de construção compartilhada, de fortalecimento da atenção primária e de formação de protagonistas sociais, ao permitir o desenvolvimento de habilidades, como: autonomia, corresponsabilização, postura crítica e social para prevenção da hanseníase, podendo contribuir para redução da morbidade e impacto desta doença na região. Nesse sentido, a ação conjunta entre universidade, serviço e comunidade, constitui-se como um espaço para construção e reflexão das práticas de saúde com foco em Hanseníase.

Palavras-chave: hanseníase, extensão, educação em saúde.

Apoio: Pró-reitoria de Extensão da UNIVASF e Secretaria de Saúde de Juazeiro/BA.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco

² Vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde de Juazeiro - BA

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Sala de Apoio a Mulher Trabalhadora que Amamenta: Um Relato de Experiência

Yany Suellen Pereira Cruz Oliveira¹*, Arielton Cirilo Alves Diniz1, Emanuella Lisboa Baião Lira2, Joice Requião Costa2, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley1, Rejane Cristiany Lins de França1

Em 2010, o Ministério da Saúde, juntamente com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), regulamentou a implementação das salas de apoio à amamentação nas empresas por meio da nota técnica conjunta nº 01/2010. A sala não exige uma estrutura complexa e é destinada à ordenha e estocagem de leite materno durante a jornada de trabalho. Por isso, sua implantação e manutenção são de baixo custo. Além disso, todos são beneficiados: mães, bebês e empresas. O trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivenciada enquanto enfermeira, mediante apoio e orientação à mulher trabalhadora que amamenta, e supervisão da sala de apoio à amamentação de uma maternidade. Trata-se de um relato de experiência sobre a prática vivencial como Enfermeira Gerente da Sala de Apoio a Mulher trabalhadora que amamenta em hospital materno infantil de Petrolina (PE). Observou-se que a sala de apoio é um ambiente que proporciona conforto, privacidade e segurança. A trabalhadora nutriz que retorna da licença-maternidade e deseja manter a amamentação recebe orientações e apoio quanto a técnica de ordenha manual para poder esvaziar as mamas, armazenando seu leite em frascos previamente esterilizados durante o horário de trabalho para, ao final do expediente, levar o leite coletado para o seu filho no domicílio, e oferecê-lo em um outro momento, ou até mesmo doar o leite ordenhado ao Banco de Leite Humano (BLH). Fica evidente a importância do apoio por parte das instituições à mulher trabalhadora que amamenta, para que esta consiga amamentar seu bebê por dois anos ou mais, e exclusivamente no peito nos seis primeiros meses, segundo as recomendações do Ministério da Saúde. Para isso, após a licença maternidade e a volta ao trabalho, as trabalhadoras precisam de auxílio das empresas, através da disponibilização de salas de apoio à amamentação, sendo um ambiente acolhedor e adequado à coleta e armazenamento do leite.

Palavras-chave: amamentação, sala de apoio, mulher trabalhadora.

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1 Hospital Dom Malan; * [email protected] ² Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Fatores Responsáveis pela Interrupção Precoce da Amamentação: Uma Revisão Integrativa

Emanuella Lisboa Baião Lira1*, Joice Requião Costa1, Patrícia Shirley Alves de Sousa1, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley2, Rejane Cristiany Lins de França2, Yany Suellen Pereira Cruz

Oliveira2, Marcelo Domingues de Faria¹

O Aleitamento é considerado como o melhor alimento para o recém-nascido e traz diversos benefícios ao binômio mãe-filho, tanto imediato quanto a longo prazo. Os benefícios são muitos, porém, ainda existe grande desafio para a saúde pública no incentivo ao aleitamento materno, devido à alta incidência do desmame precoce e o elevado número de doenças que poderiam ser evitadas. Assim, o presente trabalho teve o objetivo de conhecer os diversos fatores que predispõem ao desmame precoce encontrados na literatura. Trata-se de uma revisão integrativa de artigos científicos publicado nos últimos 10 anos, no idioma português, com texto completo presentes nas bases de dados LILACS, SCIELO E BDENF. A coleta foi realizada entre abril e maio de 2016, a partir dos descritores aleitamento materno, desmame precoce, saúde da criança e mães, de acordo dos o DECS. Foram encontrados 45 trabalhos e selecionados 11 para análise. Pôde-se constatar que existem diversos fatores que contribuem ao desmame precoce, desde a introdução de outros alimentos até a interrupção por completo do leite materno. Dentre os principais fatores, destacam-se: a) problemas relacionados a mama; b) retorno da mãe ao trabalho; c) queixas de leite insuficiente ou leite fraco; d) fato de ser uma prática que demanda muito tempo e dedicação; e) falta de conhecimento sobre os benefícios; f) choro e recusa do bebê; g) falta de vontade da mãe para amamentar. Embora muitas mães reconheçam os valores da prática do aleitamento materno, esses fatores dificultam a questão da sua exclusividade e no tempo de oferecimento do leite humano. Diante disto, sugere-se atenção especial de políticas públicas mais eficazes para fortalecer a prática da amamentação, bem como a elaboração de estratégias que forneçam orientações e estímulos à amamentação nas instituições e empresas, fazendo com que as mães que precisem retornar às suas atividades profissionais deem continuidade ao aleitamento materno por período mais prolongado.

Palavras-chave: Aleitamento materno, Desmame precoce, Saúde da criança, Mães.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected] ² Hospital Dom Malan

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Qualificação Técnica Da Equipe De Enfermagem Na Prevenção De Câncer De Colo De Útero E Mama - Relato De Experiência

Joice Requião Costa ¹, Emanuella Lisboa Baião Lira 1, Patrícia Shirley Alves de Sousa2, Herydiane Rodrigues Correia Wanderley2, Rejane Cristiany Lins de França Pereira2, Yanny Suellen Pereira

Cruz Oliveira2, Marcelo Domingues de Faria¹

A Educação profissional e trabalho em saúde são práticas sociais, existindo relação de mútua influência entre qualificação técnica e qualidade da assistência prestada, propiciada pela profissionalização e o exercício cotidiano. Na temática relacionada a prevenção de câncer nas mulheres essa prática é negligenciada, muitas vezes por falta da qualificação do pessoal da saúde. O trabalho tem como objetivo relatar a experiência da realização do Curso de Qualificação Técnica na Prevenção de Câncer de Colo de Útero e Mama. Trata-se de um relato de experiência sobre a prática vivencial como docente do Curso de Qualificação Técnica da Equipe de Enfermagem na Prevenção de Câncer de Colo de Útero e da Mama num hospital público de Petrolina (PE), com carga horária total de 80 horas. O conteúdo aplicado foi: “Conceito de câncer de mama e útero”, “Fisiopatologia, Epidemiologia e fatores de risco”, “Prevenção e detecção precoce”, “Exame clínico e métodos de imagem”, “Cuidados paliativos”, “Exame citopatológico”, “Auto exame das mamas e mamografia”, “Aulas práticas de realização de mamografia e coleta citopatológica”. As oficinas proporcionaram segurança e motivação aos participantes, sanando as principais dúvidas e inseguranças na prática profissional e favorecendo o desenvolvimento de assistência de qualidade pautada no conhecimento. Os profissionais demonstraram interesse em todos os temas, pois atuavam em hospital de referência em saúde da mulher. Observou-se que os participantes demonstravam conhecimento desatualizado relacionado à temática, além de alguns serem recém-atuantes na assistência à saúde da mulher, demonstrando insegurança principalmente nas aulas práticas. A realização do Curso permitiu atualizar e proporcionar novos conhecimentos acerca do cuidado e prevenção do câncer de colo do útero. Com caráter dinâmico e de alta interatividade, foi possível proporcionar informações valiosas ao exercício profissional dos participantes, destacando a importância da qualificação e educação continuada para garantir a qualidade da assistência prestada.

Palavras-chave: Saúde da mulher, Atualização, Câncer.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected] ² Hospital Dom Malan

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Homeopatia em Ambulatório Pediátrico do SUS no Município de Petrolina (PE): Relato de Experiência

Martha Maria de Souza Guimarães Cavalcanti 1, Emanuella Lisboa Baião Lira 1, Joice Requião Costa de Santana1, Marcelo Domingues de Faria1

As práticas integrativas e complementares em saúde priorizam uma abordagem global do ser humano, levando em consideração os diversos aspectos que conduzem ao adoecimento e não apenas a doença. A homeopatia - descoberta pelo farmacêutico e médico alemão Samuel Hahnemann, no século XVIII - é uma dessas práticas de medicina mais humanizada por constituir efetivamente abordagem global do ser humano, investigando características diversas - físicas, psíquicas, sociais, ambientais, espirituais, emocionais, dentre outras - e se diferencia principalmente por utilizar substâncias isentas de efeitos colaterais ou tóxicos, retiradas diretamente da natureza, sem causar danos à mesma. O objetivo deste é relatar a experiência da prática da Homeopatia em um ambulatório pediátrico do Serviço Único de Saúde (SUS). Trata-se de um relato de experiência sobre a vivência no Município de Petrolina (PE), no período de janeiro de 2009 a junho de 2016. Inicialmente, de acordo com a sintomatologia e diagnóstico, o tratamento homeopático era sugerido pela pediatra durante o atendimento, mediante explanação aos pais ou responsáveis sobre os benefícios do mesmo. Observou-se que os pacientes percebem durante o primeiro atendimento o seu diferencial, uma vez que é realizado um interrogatório detalhado sobre diversos aspectos e características, os quais não são levados em conta na consulta alopática tradicional. A adesão ao tratamento proposto ocorre também em decorrência da posologia e forma de apresentação dos medicamentos homeopáticos, mas principalmente por causa do resultado positivo. As consultas subsequentes são, em sua maioria, momentos gratificantes de relatos de remissão ou melhora. Os medicamentos homeopáticos têm sido utilizados com êxito em ambulatório pediátrico do SUS em Petrolina (PE) e o resultado positivo deve servir de incentivo aos profissionais de saúde e gestores para maior investimento na área.

Palavras-chave: Práticas integrativas e complementares em saúde, Saúde integral, SUS.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Toxoplasmose Congênita em Criança Exposta Verticalmente ao Vírus da Imunodeficiência Humana: Relato de Caso

Martha Maria de Souza Guimarães Cavalcanti 1, Emanuella Lisboa Baião Lira 1, Joice Requião Costa de Santana1, Marcelo Domingues de Faria1

O presente trabalho teve o objetivo de apresentar o relato de um caso de Toxoplasmose Congênita (TC), doença infecciosa que resulta da transferência transplacentária do Toxoplasma gondii para o concepto, cuja genitora era portadora do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A menina nasceu em junho de 2015, em Hospital do Município de Petrolina (PE) e vem sendo acompanhada em ambulatório especializado em atendimento de portadores de HIV do Sistema Único de Saúde (SUS). O diagnóstico de TC se deu mediante realização de exames rotineiros para esse grupo específico de crianças, denominado Exposição Vertical ao HIV. As demais crianças atendidas pelo SUS não realizam as sorologias rotineiramente no primeiro ano de vida. No caso relatado, a paciente era assintomática e as dosagens séricas de imunoglobulinas (Ig) para Toxoplasmose, se mostraram ascendentes. A genitora, multípara de 41 anos de idade, em terapia antirretroviral desde 2011, realizou exames do período pré-natal e não teve diagnóstico de Toxoplasmose durante a gestação. O parto foi por meio de histerotomia, sem intercorrências; foi instituída a profilaxia contra HIV e a criança evoluiu bem no período neonatal. A ecografia transfontanela detectou microcalcificações periventriculares e a IgG para Toxoplasmose foi 10,7 UI/mL, com IgM negativa. Aos 5 meses, a IgM permanecia negativa, mas a IgG aumentou para 126,60 UI/mL. Foi iniciado tratamento com Sulfadiazina, Pirimetamina e Ácido Folínico. Aos 11 meses de idade, a IgG reduziu para 6,20 UI/mL e a IgM permanecia negativa. A evolução da criança foi satisfatória no primeiro ano de vida e, aos 14 meses, não apresentava sinais clínicos de toxoplasmose ativa ou sequelas. Os autores chamam atenção para a importância da realização de sorologias e ecografia transfontanela em crianças assintomáticas no primeiro ano de vida com a finalidade de diagnosticar infecções congênitas que podem trazer graves sequelas.

Palavras-chave: Ecografia transfontanela, imunoglobulinas, sorologias, SUS.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco; * [email protected]

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Diabetes Mellitus descompensada e Gestação: Relato de Experiência

Herydiane Rodrigues Correia Wanderley¹*, Joice Requião Costa², Patrícia Shirley Alves de Sousa1, Emanuella Lisboa Baião Lira², Rejane Cristiany Lins de França¹, Yany Suellen Pereira Cruz

Oliveira¹, Marcelo Domingues de Faria²

Várias alterações no metabolismo ocorrem durante a gestação, sendo assim, uma mulher diabética que decide engravidar poderá ter algum eventual risco, como hipertensão arterial, aborto, parto prematuro, infecções, trauma obstétrico. O estudo teve como objetivo relatar a experiência como integrante da equipe de enfermagem diante de uma gestante com Diabetes Mellitus tipo 1 descompensada internada em maternidade pública de hospital do Município de Petrolina (PE). A paciente precisava, antes mesmo da concepção, manter seus níveis glicêmicos o mais próximo do normal possível para evitar malformações ou abortamento. Com a evolução da gestação, aumentou a dificuldade de controlar os níveis glicêmicos, mesmo com o auxílio de insulina. Foi realizado acompanhamento rigoroso na dieta, bem como, monitorização com glicosímetro, feita no mínimo quatro vezes ao dia para prevenir picos de hiper ou hipoglicemia. A insulina administrada junto às refeições não foi suficiente e a paciente precisou fazer uso de insulina por bomba de infusão em UTI. Todos os cuidados foram tomados para manter o bem-estar materno e fetal durante o ciclo gravídico puerperal, com equipe de enfermagem atenta à qualquer sinal ou sintoma evidenciado. A verificação constante dos sinais vitais e a comunicação com a equipe médica foi feita de forma eficaz e precisa. Apesar da qualidade da assistência prestada e das ferramentas utilizadas para garantir o êxito da gestação, não houve sucesso ao final do processo, culminando com o óbito fetal. A gestação em mulher diabética é um desafio para a equipe de saúde. A atenção precisa ser redobrada em todos os momentos e, apesar de ser possível conduzir a gestação até o termo sem grandes complicações para ambos, o prognóstico nem sempre é favorável.

Palavras-chave: Gravidez, Insulina, Óbito fetal, Enfermagem.

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1 Hospital Dom Malan ; * [email protected]

2 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Causas e Fatores de Risco de Mortalidade Materna Durante Gestação e Puerperio

Herydiane Rodrigues Correia Wanderley¹*, Joice Requião Costa², Patrícia Shirley Alves de Sousa1, Emanuella Lisboa Baião Lira², Rejane Cristiany Lins de França¹, Yany Suellen Pereira Cruz

Oliveira¹, Marcelo Domingues de Faria²

A mortalidade materna, apesar de evitável na maioria dos casos, é importante indicador de saúde pública, revelando falhas na qualidade da assistência à mulher durante o ciclo gravídico puerperal. Este estudo teve como objetivo conhecer, por intermédio da literatura, as principais causas e fatores de risco para mortalidade materna durante gestação e puerpério. Trata-se de uma revisão sistemática, realizada no mês de agosto de 2016, considerando artigos de periódicos científicos publicados nos últimos 10 anos, no idioma português, disponíveis em textos completos nas bases de dados Literatura Latino-Americana e Ciências de Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e Bases de Dados de Enfermagem (BDENF). O levantamento bibliográfico partiu dos seguintes descritores: a) mortalidade materna; b) fatores de risco; c) Gravidez, segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DECS). Foram obtidos 112 artigos, sendo que, após análise do título e resumo, selecionamos 16 deles para estudo. Observou-se que as causas de mortalidade materna podem ser diretas (surgiram em decorrência de gestação, parto e puerpério) ou indiretas (já existiam e agravaram com o ciclo gravídico puerperal). A principal causa de mortalidade materna na gestação são as doenças ligadas à hipertensão arterial, seguido pelas hemorragias e as infecções puerperais. Já, dentre os fatores de risco, há a má qualidade de pré-natal, baixa escolaridade, baixo nível socioeconômico, situação conjugal instável, tipo de parto (maior incidência em cesarianas). Os resultados desse estudo evidenciam que melhorias na qualidade da assistência pré-natal e ao parto são necessárias. Quanto maior for o grau de esclarecimento da mulher e o acesso aos serviços de saúde, maiores serão as chances de prevenção e tratamento de suas co-morbidades. Faz-se necessário a sensibilização de gestores, profissionais de saúde e da sociedade civil na promoção de políticas públicas visando a redução da mortalidade materna.

Palavras-chave: Gravidez, hipertensão arterial, principais causas.

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1 Hospital Dom Malan ; * [email protected]

2 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Traumatismo Crânio Encefálico na Infância: Consequências e Tratamento

Isabella Maria Lopes de Oliveira 1, Emanuella Espindola de Araujo1, Luiz Sergio Nunes de Rezende

Junior1, Eneida de Moraes Eufrásio1, Melina Machado1, Igor Matheus Jambeiro Brandão1

O traumatismo crânio encefálico (TCE) tem alta capacidade de morbimortalidade. No Brasil, o trauma mata 22 mil crianças por ano, e, dos sobreviventes o número de pacientes com sequelas varia de 3 a 31. Dessa forma, saber as principais consequências que um trauma nessa região pode causar, além de morbidades e sequelasque poderão sobrevir com emergências como essas, além de ter conhecimento quais as primeiras abordagens a serem feitas é de extrema importância. Dessa forma, essa revisão bibliográfica tem por objetivo disseminar conhecimento sobre as principais consequências do TCE na infância e possíveis tratamentos, levando assim conhecimentos acerca de tal assunto para estudantes, profissionais de saúde e a comunidade em geral, a fim de que estes estejam preparados para lidar com tal questão. A metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica acerca do assunto por meio de uma investigação sistemática científica. Houve o levantamento, a reunião e avaliação crítica sobre publicações prévias de estudos relevantes que resultaram na formulação da listagem das principais consequências e maneiras de tratamento para o traumatismo crânio encefálico em crianças. Das crianças que sobrevivem ao TCE a maior parte apresenta dificuldades comportamentais e de aprendizagem, além de sequelas psico-sociais que afetam a qualidade de vida dessas crianças. A maior parte dos distúrbios só se apresenta em longo prazo, frequentemente na adolescência, muito vezes sendo mal diagnosticado, não recebendo o tratamento de forma correta para lidar com as consequências cognitivas do TCE. Sendo assim se faz importante um conhecimento á respeito do assunto, para que esses distúrbios alterações e dificuldades sejam prontamente identificados, para assim receber os devidos cuidados e atenção. É necessário um acompanhamento e apoio multidisciplinar, educação especial ou modificações no ambiente escolar se faz necessário, além disso, é necessário um apoio por parte da família e de toda a comunidade, para que estes atuem como um todo no processo de recuperação.

Palavras-chave: Traumatismo Crânio-Encefálico, sequelas psico-sociais, apoio multidisciplinar, qualidade de vida.

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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Acidente Vascular Isquêmico: Principais Sinais para um Diagnóstico Precoce

Luiz Sergio Nunes de Rezende Junior1, Eneida de Moraes Eufrásio¹; Melina Machado1, Isabella

Maria Lopes de Oliveira 1, Igor Matheus Jambeiro Brandão1, Emanuella Araujo1

O acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi) ocorre quando há uma redução ou interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro. Acontece principalmente em pessoas mais idosas, com diabetes, colesterol elevado ou hipertensão. No Brasil o AVCi é uma das doenças que mais causa morbidade e mortalidade, ademais a maior parte dos danos causados pelo AVCi são revertidos em até 3 horas após o ocorrido, por isso saber identificar os sintomas iniciais pode salvar a vida e evitar sequelas graves ao paciente. O objetivo do presente trabalho é identificar os principais sinais do AVCi com o intuito de atentar estudantes, profissionais da saúde e a população geral sobre a importância do seu diagnóstico precoce, já que a viabilidade do tratamento depende diretamente do conhecimento dos seus sinais e sintomas pela população e da agilidade dos serviços de emergência. O método desse trabalho visa sistematizar de maneira clara e concisa a abordagem que deve ser feita ao paciente que apresenta uma hipótese diagnóstica de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCi) nas primeiras horas e dias, caracterizando o quadro agudo, através da sistematização da pesquisa sobre prevenção e tratamento do AVCi por intermédio de uma revisão de literatura. Os resultados apresentam a dinâmica da identificação, da primeira abordagem e do tratamento do paciente com AVCi, visando minimizar ou até mesmo reverter sequelas neurológicas. Esses resultados são representados através de dados estatísticos estabelecendo um bom ou ruim prognóstico a depender de cada caso, estando os fatores de risco relacionados. A análise feita da literatura utilizada pretende acatar os meios de tratamento mais adequados, discutindo possíveis implicações, significados e razões para concordância ou discordância. A partir dessa análise podemos identificar os meios mais eficientes e seguros para cada tipo de situação e assim explanar para comunidade os conhecimentos adquiridos e conclusões observadas.

Palavras-chave: isquemia, acidente vascular, diagnóstico, prevenção, tratamento

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1 Universidade Federal do Vale do São Francisco

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