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Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
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Coordenação Geral
DEOLINDA LUCIANNE FERREIRA GARCIA
Coordenação Editorial:
FABIANA ROCHA PINTO
COMISSÃO ORGANIZADORA:
DEOLINDA LUCIANNE FERREIRA GARCIA
REJANE GOMES FERREIRA
FABIANA ROCHA PINTO
MELISSA CHALCO FERNANDEZ
FÁBIO BASSINI
GILSON ROBERTOVASCONCELOS DOS SANTOS
GIULIANO PIOTTO GUIMARÃES
JUAN DANIEL VILLACIS FAJARDO
LUÍS PAULO DA SILVA LIMA
APRESENTAÇÃO
Este CD contém os resumos expandidos dos trabalhos selecionados para apresentação:
III Seminário de Pós-Gradação em Gestão Ambiental
III Semana de Engenharia Florestal.
Os trabalhos estão divididos em três áreas temáticas:
1. Engenharia Florestal;
2. Gestão Ambiental;
3. Geral.
Além da publicação em CD, os trabalhos estão inseridos na agenda técnica do evento, no
formato de sessões de pôsteres.
Em nome da Comissão Organizadora, apresentamos os trabalhos a todos os participantes e
desejamos pleno êxito no enriquecimento do conhecimento sobre os aspectos das mudanças
climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos.
Boa leitura
NOTA
Os artigos contidos neste CD são de inteira responsabilidade dos respectivos autores. As
afirmações técnicas e cientificas, bem como opiniões e menções de qualquer metodologia,
não implicam sua aceitação e recomendação por parte da Comissão Organizadora ou da
Universidade do Estado do Amazonas. Os editores não se responsabilizam pela revisão
ortográfica e gramatical ou eventual erro de classificação dos resumos nas áreas temáticas
contempladas no evento.
Itacoatiara, AM, novembro de 2011
Engenharia Florestal
ADEQUAÇÃO ÀS NORMAS E QUALIDADE DA MADEIRA SERRADA
COMERCIALIZADA NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE
ITACOATIARA-AM.
Alexsandro Garcia de SEIXAS1, Gilson Roberto Vasconcelos dos SANTOS
2
1Engenheiro Florestal - [email protected],
2Professor CESI/UEA - [email protected]
Rua Mário Andreazza S/N, São Francisco, 69100-000.
RESUMO
Este trabalho foi realizado em comércios de madeira serrada para construção civil da cidade
de Itacoatiara (AM) com o objetivo de analisar a situação em que se encontra a madeira
serrada comercializada na área urbana do município. Foram coletadas informações sobre o
produto comercializado, como: espessura, largura, comprimento, nome da peça, emprego
final. Foram medidas 10% do total encontradas de cada lote de bitolas. Utilizaram-se
catálogos para a identificação botânica das espécies. As bitolas e a nomenclatura das peças
foram comparadas ao disposto para peças de madeira serrada relacionadas nas Normas
NBR7203/1982 e NBR 14807/2002 da ABNT. Ficou constatado que no comércio as
dimensões registradas nas peças comercializadas não sofreram variações, quando comparadas
às Norma previstas. Somente as peças ripeta, travessão e pernamanca encontraram-se com
nomes diferentes. As peças são empregadas de acordo com uso final. Na identificação apenas
quatros espécies apresentaram nomes incompletos da literatura.
Palavras chaves: Padronização de bitolas, Madeira serrada, Itacoatiara.
INTRODUÇÃO
Frequentemente, a madeira está presente na construção civil, de forma temporária, na
instalação do canteiro de obras, nos andaimes, nos escoramentos e nas formas (Zenid 2001).
Em estrutura é usada em pisos, paredes e/ou telhados. Suas possibilidades decorativas
foram sempre exploradas, o que amplia suas possibilidades estruturais e estéticas.
A construção civil é considerada como um dos principais mercados para a indústria
madeireira, em países desenvolvidos e em desenvolvimento. As construções em madeira são
observadas, no Brasil, com certa suspeita. A madeira é utilizada de forma inadequada, devido
à falta de conhecimento técnico, gerando construções que não atingem a vida útil esperada
(Pedreschi et al. 2005). No Brasil as principais normas no setor madeireiro são estabelecidas
pela ABNT. Existem atualmente mais de 40 normas relacionadas com a madira, porém, são
mais usadas pelo setor as NBR 7203/1982 que padroniza a nomenclatura de peças e padroniza
as dimensões (bitola) de madeira serrada e de madeira beneficiada, NBR 14807/2002: (peças
de madeira serrada: dimensões). Devido a diferenças criadas pelas características da matéria
prima e do seu objetivo de uso, acabam gerando variabilidades e diversificação nos tipos de
padronização. Um problema no mercado de madeira serrada é a falta de padronização das
peças e a não-observância às normas que regulamentam o setor e a identificação equivocada
das espécies botânicas comercializadas, dessa forma, o consumidor pode comprar peças de
madeira de qualidade inferior (Atanasov, 2001).
Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo analisar a atual situação em
que se encontra a madeira serrada comercializada na área urbana do município de Itacoatiara,
de forma a obter informações sobre a padronização de peças e observância as normas para
construção civil no mercado de madeira serrada. Procurando buscar informações sobre os
critérios que servem para estipular as normas de qualidade e conduzir os fornecedores à sua
aceitação, e melhor qualidade dos trabalhos realizados, visto que a normalização pode
resumir-se a: maior qualidade pelo menor custo.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido nas casas comerciais de madeira serrada, para construção
civil na cidade de Itacoatiara - AM, de latitude 12º44'26" leste e longitude 60º08'45" oeste. A
amostragem foi de 100%, já que foi constatada a existência de apenas 3 pontos de construção
que comercializam madeira serrada, de espécies e peças para diferentes usos finais para
construção civil.
Foram anotadas as dimensões/bitolas das peças, com fita métrica para comprimento e
largura e paquímetro para a espessura. As nomenclaturas também foram coletas para
avaliação comparativa às Normas de madeira serrada ABNT NBR 7203/1982 e NBR
14807/2002 (Tabela 1). Sendo coletadas também informações do enquadramento das peças
de madeira às Normas estabelecidas e suas possíveis aplicações no mercado local.
De cada espécie utilizada foram coletadas amostras para posterior identificação anatômica no
Laboratório de Anatomia da Madeira, do Centro de Estudo Superiores de Itacoatiara.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 são mostradas as nomenclaturas e bitolas de acordo com NBR 7203/1982
e NBR 14807/2002 e na Tabela 2 a média das peças comercializadas em Itacoatiara, com a
amplitude de variação entre parêntese, mínima e máxima.
Sendo constatado que o comércio de madeira serrada do município não seguem um
padrão específico de normas que estabeleçam as dimensões para a comercialização e uso das
peças.
Nas Normas ABNT aparecem 8 variedades de peças para construção civil, na presente
pesquisa foram encontrados 10 nomes para peças comercializadas, causando uma dispersão
de nomes, sendo comuns apensa 4 nomes (pranchão, caibro, tábua e ripa). De acordo com
Zenid (2001) e Garcia (2008) as peças podem ser enquadradas e encontradas com outros
nomes, variando com região, dimensões e funções.
O travessão possui bitolas que se encontram como viga, na nomenclatura proposta
pelas Normas, no entanto, é encontrada no comércio local com nome diferente. O mesmo
acontece com as peças pernamanca e a ripeta, onde, as mesmas possuem nomes diferentes, no
entanto, aparecem com as dimensões equivalentes aos intervalos proposto pelas Normas da
ABNT (2002, 1982) para a peça de vigota.
Na Peça ripão ocorreu um emaranhado a respeito de suas dimensões. No comércio
local a peça possui somente a dimensão de largura equivalente ao intervalo proposto pelas
normas, porém, sua espessura não corresponde à medida de padronização especificada.
Portanto, tal peça não corresponde às medidas necessárias para ser comparada as dimensões
da peça vigota proposto pelas Normas. No entanto, no comércio de madeira serrada da cidade
de Itacoatiara a vigota é nomeada como peça ripão, pela simplicidade de ser aplicada, em
várias ocasiões, com as mesmas funções da peça mencionada pelas normas da ABNT. Isso
não pode ser justificado, porque, para cada emprego, em diferentes ocasiões de diferente peça,
as dimensões são de mera obrigatoriedade para evitar futuros acidentes em futuras aplicações.
A peça encontrada no comércio de Itacoatiara nomeada de Lambri, não é especificada
em nenhuma das Normas, assim, como sua utilização no emprego final. Neste trabalho a peça
ripa não sofreu controvérsias quanto a sua nomenclatura encontrada no comércio, no entanto,
esta peça sofreu diferenciação em relação às demais quando comparada as suas dimensões,
onde, acontece dispersão em relação às bitolas nominais das Normas. Nas comparações
equivalentes às demais peças, pode-se verificar que não sofrem variações quanto à nomes e
quanto às bitolas nos intervalos indicados pelas normas.
Tabela 1- Normas ABNT NBR 7203/1982 e NBR 14807/2002, utilizadas para comparação
dos resultados.
NBR 14807/2002 ABNT NBR 7203/1982
Peça
Bitolas
Peça
Bitolas
Largura
(cm)
Espessura
(mm)
Comprimento
(m)
Largura
(cm)
Espessura
(mm)
Comprimento
(m)
Viga 8,1-16,1 40,0-80,0 Variável Viga 11,0-20,0 >40,0 Variável
Vigota 8,0-11,0 40,0-80,0 Variável Vigota 8,0-11,0 40,0-80,0 Variável
Ripa 2,0-5,0 10,0-20,0 Variável Ripa >10,0 >20,0 Variável
Sarrafo 2,0-9,9 21,0-39,0 Variável Sarrafo 2,0-10,0 20,0-40,0 Variável
Caibro 5,0-8,0 40,0-80,0 Variável Caibro 5,0-8,0 40,0-80,0 Variável
Tábua >10,0 10,0-37,0 Variável Tábua >10,0 10,0-40,0 Variável
Prancha >16,1 39,0-70,0 - Prancha >20,0 40,0-70,0 Variável
Pranchão >16,1 >70 Variável Pranchão >20,0 >70,0 Variável
Tabela 2 – Peças utilizadas e comercializadas pelas casas de construção civil, com amplitude
de variação mínima e máxima.
Peça
Bitolas das peças comercializadas
Largura
(cm)
Espessura
(mm)
Comprimento
(m)
Peça travessão 14,77 (14,75-14,83) 46,24 (44,95-48,33) 5,81 (4,79-5,30)
Pernamanca 8,56 (7,00-11,00) 58,61 (42,10-80,00) 3,92 (2,00-5,00)
Ripão 11,72 (8,00-17,00) 23,36 (21,87-30,00) 3,86 (2,50-5,00)
Ripa 8,96 (8,50-9,60) 13,76 (11,01-20,00) 3,21 (2,00-9,00)
Ripeta 5,52 (5,00-6,00) 24,67 (24,00-26,81) 3,50 (2,00-6,00)
Caibro 5,92 (5,00-7,00) 38,78 (30,00-50,00) 3,63 (2,00-7,00)
Tábua parede 22,46 (21,00-24,00) 20,23 (15,00-24,00) 3,42 (2,00-5,00)
Tábua assoalho 22,50 (21,00-24,00) 23,81 (15,00-51,00) 3,83 (2,00-5,00)
Pranchão 44,50 (40,00-50,00) 50,00 (40,00-50,00) 2,53 (2,82-5,00)
Lambri 13,03 (12,00-13,20) 12,58 (12,00-13,20) 2,92 (2,00-3,00)
Zenid (2001) também encontrou vários nomes para peças de madeira
serrada/beneficiada, de acordo com suas dimensões nominais (largura x espessura),
encontrando citações de bitolas sem nenhum nome específico (cm). Garcia (2008) ressalta que
essa confusão acontece, também, porque, normas deixam que a escolha de bitola seja livre,
desde que respeitados os intervalos de valores estabelecidos.
Foram coletadas para identificação anatômica 24 amostras, em função do uso final e
espécie utilizada. Estas amostras foram identificadas como pertencentes a 10 diferentes
espécies (Tabelas 3), a identificação anatômica e comparação em função do uso final coletado
e da literatura (Tabela 4).
Zenid (1997) em trabalho desenvolvido na cidade de São Paulo encontrou 15 espécies
oriundas da região amazônica representando 80% das amostras coletadas. Sendo constatada
essa mesma concentração de poucas espécies na presente pesquisa, notando-se assim a
concentração em um número restrito, e já tradicional no mercado.
A família Vochysiaceae é quem apresenta maior ocorrência de espécies utilizadas,
com dois representantes. Apenas 4 espéices das 10 utilizadas, tiveram seus nomes atribuídos
de forma incompleta. Das espécies pesquisadas, Mezilaurus Itauba, Hymenolobium petraeum
e Scleronema micrathum, são de uso freqüente em diferentes usos.
Tabela 3- Identificação das amostras coletadas
Nome coletado
na pesquisa
Nome com identificação
anatômica
Nome científico Família
Angelim Angelim pedra Hymenolobium petraeum Fabaceae
Arurá Arurá branco Osteophloeum platyspermum Myristicaceae
Cedrinho Cedrinho Scleronema micranthum Vochysiaceae
Cedro Cedro Cedrela odorata Meliaceae
Cupiúba Cupiúba Goupia glabra Goupiaceae
Jacareúba Jacareúba Calomephyllum brasiliense Clusiaceae
Louro Louro Itaúba Mezilaurus itauba Lauraceae
Piquía Piquía Cariocar villosum Lauraceae
Sucupira Sucupira vermelha Andira parviflora Fabaceae
Tintarana Tintarana Ormisia sp. Vochysiaceae
Quando comparado o uso final indicado nos locais da pesquisa com a literatura, não
ocorreram divergências do emprego citado na literatura, quando comparado com o emprego
coletado no comercio. Um exemplo das aplicações pode ser mencionado às espécies
Scleronema micranthum, que na literatura é indicada para uso em forros, no comercio local o
seu uso final é ripas. A espécie Goupia glabra, na literatura é indicada para postes, pontes,
vigas, caibros, por exemplo. No comércio local, esta espécie é utilizada para estes mesmos
fins, porém, com nomes diferentes.
Tabela 4 – Identificação das espécies de acordo com seu uso final.
Nome científico Uso na pesquisa Uso na literatura Autor
Hymenolobium petraeum Caibro,
pernamanca
Construções pesadas Silva, 2002
Osteophloeum platyspermum Ripeta, Lambry,
Pernamanca
Compensados,
Assoalhos
Silva, 2002
Scleronema micranthum Caibro, lambry,
Ripa
Lambry, forros. IPT, 2010;
Magalhães, 2001
Cedrela odorata Tábua assoalho Portas, forros,
lambry
Droppa Jr., 1999
Goupia glabra Peças travessão,
pernamanca.
Postes, pontes,
caibros, vigas
Gastal e
Schwingel, 1995
Calophyllum brasiliense Pranchão Lambry, forros,
ripas, assoalho
IPT, 2010; Silva,
2002
Mezilaurus itauba Ripão, caibro,
Pernamanca
Tábuas assoalho,
tacos
Silva, 2002;
Droppa Jr., 1999
Cariocar villosum Peça travessão Postes, vigas Marcelino, 2001
Andira parviflora Peça travessão Vigas, caibros Silva, 2001.
Ormisia sp. Ripão Ripas, tacos, tábua ABINCI, 2002
Notas-se que as variações ocorridas nos usos finais das espécies são decorrentes do
desconhecimento de suas características físicas e mecânicas.
CONCLUSÃO
Foi constatado concentração em um número reduzida de espécies utilizadas para
construção civil. O comércio de construção não segue nenhuma norma de padronização das
dimensões das peças. A peça ripão tem o intervalo da largura proposto pela Norma, ocorrendo
dispersão na espessura. A peça lambri não é especificada em nenhuma das Normas. As
demais peças comercializadas estão dentro dos intervalos propostos pelas Normas. Foram
identificadas 10 diferentes espécies de madeiras que estão sendo utilizadas no comercio de
construção civil. Apenas 04 das 10 espécies encontradas tiveram seus nomes comerciais
apontados de forma incompleta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). 1982. NBR 7203/1982:
madeira serrada e beneficiada. Rio de Janeiro,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). 2002. NBR 14807/2002:
peças de madeira serrada: dimensões. Rio de Janeiro,
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE MADEIRA PROCESSADA (ABINCI).
.2002. Compensado de Pinus. Catálogos técnico, n 1.
ATANASOV, A. 2001. Investindo em qualidade. Revista da Madeira, Curitiba/PR. ed. n°60.
DROPPA, Jr. A. 1999. Análise estrutural de lajes formadas por vigotas pré-moldadas com
armação treliça. Dissertação de Mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade
de São Paulo, São Carlos, São Paulo. 177pp.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. 2010. Informações sobre madeiras (IPT).
(http://www. ipt. com.br). Acesso em: 03/11/10.
GASTAL, F.P.S.L.; Schwingel, R.C. 1995. Dimensionamento automático de vigas isostáticas
com propensão total ou parcial, por aderência inicial. XXVII Jornadas Sulamericanas de
Engenharia Estrutural, Tucumán, Argentina.
GARCIA, J.N. 2008. As normas de padronização no setor de madeira serrada, Informativo
aresb. ed. n°101, jul/2008. (www.aresb.com.br/informativoaresb/.../informativo_julho.pdf-).
Acesso: 14/04/10.
MAGALHÃES, F.L. 2001. Estudo dos momentos fletores negativos nos apoios de lajes
formadas por elementos pré-moldados tipo nervuras com armação treliçada. Dissertação
Mestrado, Escola de Engenharia de Sâo Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, São
Paulo, 135pp.
MARCELINO, N.A. 2001. Ligação laje-viga de estruturas pré-fabricadas de concreto, Tese
Doutorado, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, São Paulo, 221pp.
PEDRESCHI, R.; GOMES, F.C.; MENDES, L.M. 2005. Avaliação do desempenho da
madeira na habitação utilizando abordagens de sistemas. CERNE, Lavras – MG, v. 11, n. 3, p.
283-293, jul./set.
SILVA, A.C. 2002. Madeiras da Amazônia: características gerais, nome vulgar e uso. Ed.
SEBRAE, Manaus – AM, 237pp.
ZENID, J.G. 2001. Qualificação de produtos de madeira para a construção civil.(www.celso-
foelkel,com.br/artigos) Acesso 14/04/1.
AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE SECAGEM DE MADEIRA
PROCESSADA EM SEIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DO ALTO
SOLIMÕES – AMAZONAS.
Apolônio MÜLLER FILHO1; Gilson R. V. SANTOS
2
1Engenheiro Florestal - CESI/UEA; [email protected];
2 Professor/UEA - [email protected]
Rua Mario Andreazza s/n São Francisco, Itacoatiara; CEP 69100-000.
RESUMO
A região do Alto Solimões é constituída por nove municípios, sendo uma importante região
tanto para o fornecimento quanto a expansão madeireira. Foram realizadas visitas em seis
municípios, para avaliação do método de secagem realizado nesses municípios, os defeitos, os
teores de umidade e a identificação das madeiras comercializadas. Foi constatado que a
secagem ao ar tipo “tesoura” é o método mais comum em todos os municípios, os defeitos
mais comuns foram os empenamentos decorrentes do tipo de empilhamento e dos teores de
umidade, variando de 20 a 30% de umidade em média.
Palavras chaves: Secagem de Madeira, Madeira serrada, Alto Solimões.
INTRODUÇÃO
A madeira é a mais versátil matéria-prima natural da Terra utilizada pelo homem. A
sua utilidade se verifica em diversos produtos que vai da fabricação de mobiliário até o papel,
presente no dia-a-dia das pessoas. Depois dos derivados de combustíveis fósseis, a madeira é
um dos recursos mais negociados no mundo de hoje.
O Brasil é considerado um país privilegiado por ser detentor da maior floresta tropical
do mundo, isto significa dizer que a Amazônia abrange mais da metade das suas áreas
florestais. O Estado do Amazonas por ser o maior do país possui uma considerável quantidade
de recursos florestais da região, recursos como espécies florestais de alto potencial
econômico.
A região do Alto Solimões, mas especificamente os municípios de São Paulo de
Olivença, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Tabatinga, Santo Antonio do Içá e Amaturá
demonstram que o setor madeireiro é uma das principais atividades econômicas e
oportunidade de desenvolvimento.
O principal mecanismo de desenvolvimento desse setor ocorre através de serrarias e
movelarias. Os métodos empregados para processar a madeira exercem influência direta sobre
a qualidade desejada. No entanto, o uso da madeira está diretamente relacionado ao tipo de
secagem recebido. São diversos os métodos utilizados para alcançar a secagem da peça de
madeira, assim como são muitos os problemas encontrados durante essa secagem.
É essencial o melhoramento da qualidade da madeira, para a obtenção de produtos
finais que possam adquirir espaço no mercado e proporcionar a satisfação dos consumidores.
Dentre algumas táticas utilizadas para melhorar a qualidade final da matéria-prima, existem as
técnicas de desdobro das toras de madeira, visando uma otimização máxima desse produto, ou
seja, buscando um alto rendimento e eficiência (COELHO, 2010).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o método de secagem realizado em seis
municípios da Região do Alto Solimões – AM, com descrição do empilhamento, avaliação de
defeitos e o teor de umidade da madeira comercializada.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi desenvolvida na Mesorregião do Alto Solimões, durante os
meses de janeiro e fevereiro de 2011, abrangendo seis municípios: São Paulo de Olivença,
Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Tabatinga, Santo Antônio do Içá e Amaturá.
Os municípios foram escolhidos em razão de suas proximidades e a facilidade de
acesso ao local de pesquisa. Nos municípios com poucos locais de comercialização, as visitas
abrangeram todos os estabelecimentos (São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antonio do
Içá e Atalaia do Norte), onde existia um número maior, foram feitas visitas apenas nos
estabelecimentos de maior aquisição e comercialização de madeiras (Tabatinga e Benjamin
Constant).
Para determinar o método de secagem e os tipos de empilhamentos utilizados em cada
município foram feitas comparações entre empilhamento padrão (“gradeado” ou “tipo caixa”),
empilhamento tipo “tesoura” e empilhamento tipo “gaiola”. Em cada uma das diferentes
formas de empilhamentos foram avaliados defeitos como: encanoamanto, arqueamento,
torcimento, encurvamento e forma de diamante. Também observou-se outros defeitos
decorrentes do processo de secagem como o colapso, rachaduras de superfície e de topo
(JANKOWSKY, 2005).
Foram coletadas 46 amostras de madeiras que passaram pela secagem em estufa a103
± 2ºC, pelo tempo de 3 a 4 dias com objetivo de verificar o teor de umidade estável. Essas
amostras foram coletadas de cada lote encontrado em cada um dos locais visitados, para
determinação do teor de umidade em que se encontravam.
Para tal, foi utilizada a fórmula (GALVÃO; JANKOWSKY, 1985):
Tu = (Pu – Po / Po) x 100
Em que:
Pu = massa inicial da peça de madeira (g);
Po = massa final da peça de madeira (g);
Tu = teor de umidade (%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste trabalho mostram que nos seis municípios visitados a
secagem ao ar livre ainda é o único método utilizado para a obtenção de um produto com teor
de umidade reduzido. Constatou-se a utilização dos três tipos de empilhamentos (padrão
“gradeado”, tipo “tesoura” e tipo “gaiola”) na secagem da madeira. Foram identificados os
tipos de defeitos (rachaduras, empenamentos e colapso) que ocorrem com frequência durante
o processo de secagem da madeira. E, principalmente, devido à grande demanda, a madeira
acaba não recebendo a secagem necessária para seu destino final.
Em alguns empreendimentos visitados a peça da madeira ficava exposta para secagem
ao ar por 30 dias, sendo necessário para a região de 2 a 3 meses. Para peças de madeira como
tábuas, Jankowsky (2005) cita que a perda da metade do teor de sua umidade ocorre entre 15
e 30 dias, o restante é eliminado em um tempo de 3 a 5 vezes maior, permanecendo as tábuas
sob as mesmas condições de exposição. Para obtenção da secagem são utilizados na região
alguns métodos de empilhamento.
Na tabela 1, são apresentados os tipos de empilhamento encontrado nos seis
municípios da pesquisa.
Tabela 1 - Tipos de empilhamentos encontrados nos seis municípios
MUNICÍPIO TIPO DE EMPILHAMENTO
Padrão (gradeado) Tipo “tesoura” Tipo “gaiola”
São Paulo de Olivença X X ---
Benjamin Constant X X X
Atalaia do Norte X X ---
Tabatinga X X ---
Santo Antonio do Içá --- X ---
Amaturá --- X ---
Durante o processo de secagem da madeira foram identificadas várias formas de
empenamentos (encanoamento, encurvamento, arqueamento e torcimento), esses
empenamentos ocorreram em razão da peça de madeira não receber uma secagem adequada,
resultado semelhante foi encontrado por Coelho (2010) estudando a qualidade da madeira
serrada de Eucalyptus grandis, o autor ainda cita que os empenamentos ocorreram devido à
secagem rápida das peças e a falta de pesos melhor distribuídos sobre a pilha de secagem.
As rachaduras identificadas durante a pesquisa foram de superfície e de topo, esses
defeitos estão relacionados ao tipo de secagem recebida e em razão da madeira se encontrar
verde, já que as mesmas chegam aos empreendimentos e são diretamente beneficiadas.
Segundo Coelho (2010) esse tipo de defeito acontece ainda com as peças na condição verde,
podendo ser ocasionados por vários fatores, como exemplo: diferenças de contração entre as
camadas.
As amostras coletadas durante a pesquisa passaram pelo processo de secagem em
estufa para a determinação do teor de umidade (FIGURA 01). Com isso, foi possível verificar
as espécies com maior e menor teor de umidade e suas médias.
Verificou-se que os municípios de São Paulo de Olivença, Benjamin Constant e
Tabatinga apresentaram o teor de umidade máximo, entre 30,1 e 35,0%, itaúba (Mezilaurus
itauba Taub. Ex Mez.), arapari (Macrolobium acaciaefolium) e cedrorana (Cedrelinga
catenaeformis Ducke), com destaque para Benjamin Constant que apresentou teor de umidade
máximo de 35,0% (arapari). Já o teor de umidade mínimo encontrado nos seis municípios
ficou entre 10,7 e 14,8%, macacaúba (Platymiscium ulei Harms.), muirapiranga (Eperua
schomburgkiana Benth.) e maubarana (Vochysia maxima Ducke), com destaque para Amaturá
que apresentou 10,7% para macacaúba. Entre os seis municípios, Benjamin Constant foi quem
apresentou a maior média 24,9%, ficando São Paulo de Olivença e Tabatinga com médias
22,4 e 22,3%, respectivamente.
Figura 01. Teor de umidade das amostras coletadas nos seis municípios.
Onde: S.P.O. = São Paulo de Olivença; B. C. = Benjamin Constant; ATN. = Atalaia do
Norte; TBT. = Tabatinga; S.A.I. = Santo Antonio do Iça; AMT. = Amaturá; MÁX.= Máximo;
MÍN.= Mínimo; MÉD.= Média.
CONCLUSÃO
O método de secagem utilizado é totalmente ao ar livre, em todos os municípios. O
empilhamento tipo “tesoura” foi encontrado em todos os municípios visitados e o
empilhamento tipo “gaiola” ocorreu apenas no município de Benjamin Constant. Devido à
demanda local ou a falta de tempo as peças de madeira não alcançavam uma secagem
adequada.
Analisando os defeitos da madeira nos seis municípios ficou constatado a presença de
rachaduras de superfície, rachaduras de topo e empenamentos como encanoamento,
encurvamento, arqueamento e torcimento em todos os empreendimentos visitados, estando
estes defeitos relacionados com a secagem da madeira.
Os municípios que apresentaram maior teor de umidade foram São Paulo de Olivença,
Benjamin Constant e Tabatinga.
Os teores de umidade apresentaram um percentual próximo em relação ao teor de
umidade de equilíbrio local.
Não houve muita diferença quanto ao nome vulgar utilizada nos municípios visitados
em relação às espécies já catalogados. As espécies mais comercializadas foram angelim,
cedro, louro-inhamuí e macacaúba.
A utilização final das madeiras está predominantemente ligada ao ramo da construção
civil e na confecção de móveis. Todos os empreendimentos trabalham sob encomenda. A
maioria dos produtos é comercializado na própria região.
AGRADECIMENTOS
Aos proprietários das serrarias e movelarias dos municípios de São Paulo de Olivença,
Benjamin Constant, Atalaia do Norte, Tabatinga, Santo Antonio do Içá e Amaturá, pela
disponibilidade e confiança para a realização deste trabalho.
A todas as pessoas, que direta e indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho, meus sinceros agradecimentos!
TEOR DE UMIDADE
13,4
17,9
31,3
17,0
35,0
30,1
10,712,0
13,311,1
14,814,8
12,0
14,9
22,3
14,0
24,922,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
S.P.O. B. C. ATN. TBT. S.A.I. AMT.
MUNICÍPIOS
UM
IDA
DE
(%
)
MÁX.
MÍN.
MÉD.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, C. A. S. Qualidade da madeira serrda de Eucalyptus grandis, procedente da
região Sul do Rio Grande do Sul. (Monografia) Curso de Engenharia Industrial Madeireira.
Universidade Federal de Pelotas, 2010.
JANKOWSKY, I. P. Secagem adequada é decisiva para a qualidade. Revista da Madeira, p.
102-104, ano 15, n. 87, 2005.
GALVÃO, A. P. M.; JANKOWSKY, I. P. Secagem Racional da Madeira. São Paulo:
Nobel, 1985. 111.
Avaliação de Rendimento de Madeira Beneficiada e Desempenho
Operacional de uma Serraria de Pequeno Porte no Município de
Itacoatiara / AM.
Apolônio MÜLLER FILHO1; Gilson R. V. SANTOS
2
1Engenheiro Florestal - CESI/UEA; [email protected];
2 Professor/UEA - [email protected]
Rua Mario Andreazza s/n São Francisco, Itacoatiara; CEP 69100-000.
RESUMO
A maior parte de madeira produzida na Amazônia provêm de pequenas empresas, com baixo
padrão tecnológico, levando a um desperdício acima dos níveis aceitáveis, resultando em
produtos de baixo valor agregado. Apesar de estudos referentes a qualidade de madeiras
comercializadas, propriedades físicas e mecânicas e potenciais de uso, ainda há carência de
estudos relacionados ao processamento de madeira em serraria, ainda mais nas de pequeno
porte. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o rendimento e o desempenho operacional
de uma serraria de pequeno porte, na cidade de Itacoatiara. Com quantificação de rendimento,
de madeira em tora e serrada, a eficiência e o tempo e movimento realizado. Foi constatado
que a serraria tem um rendimento acima de 50%, conversão de madeira em tora para madeira
serrada, acima do encontrado na literatura, a eficiência ficou classificada como baixa
0,7m3/op./dia, mas estando acima das referências citadas na literatura para região Amazônica,
o tempo produtivo apresentou-se superior ao tempo não produtivo, sendo que de 8 (oito)
horas diárias, efetivamente trabalhando apenas 2 horas, em média.
Palavras chave: Rendimento, Eficiência, Tempo e movimento, Itacoatiara.
INTRODUÇÃO
Denomina-se serraria, o local onde as toras são armazenadas e processadas em
madeira serrada, sendo posteriormente estocadas por um determinado período para secagem.
No caso do Brasil, muitas vezes pode-se encontrar anexado à serraria, unidades de
beneficiamento da madeira. Porém, estas unidades nada têm a ver com a definição de serraria
(ROCHA, 1999). As serrarias no estado do Amazonas operam basicamente com os seguintes
equipamentos: engenho de fita, canteadeiras (simples e múltiplas), desdobradeiras e
canteadeiras. Essas serrarias na maioria das vezes estão localizadas na beira de rios e igarapés,
devido ao fato do transporte acontecer via fluvial (WAKIRI, 1984).
De acordo com Oliveira et al. (2003) a maior parte de madeira produzida na
Amazônia, cerca de 80% provém de pequenas empresas com baixo padrão tecnológico,
levando a um desperdício acima dos níveis aceitáveis. A madeira é processada praticamente
em um nível primário, o que resulta em um produto de baixo valor agregado. O rendimento
ou porcentagem de aproveitamento depende basicamente de: volume total de madeira em tora
utilizada pela serraria; tipo de desdobro utilizado; dimensões finais da peça desejada (número
de cortes feitos); máquinas utilizadas e: tipo de mão-de-obra utilizada (especializada ou não)
(LATORRACA, 2004).
Alguns autores afirmam que o rendimento da serraria não depende unicamente da
eficiência de seus equipamentos, mas também dos defeitos internos das toras, tanto em maior
como em menor grau, além deste ainda estão relacionados os parâmetro de tempo de
estocagem da madeira nos pátios, dentro da mata e o comprimento das toras.
O rendimento no desdobro varia de 55% a 65% para coníferas e entre 45% e 55%
para folhosas, considerando que não somente a espécie afeta o rendimento, mas que este será
maior ou menor em função da qualidade dos povoamentos, dos equipamentos, técnicas de
desdobro e da qualificação profissional dos operários (ROCHA, 2002).
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
Por ser de conhecimento um baixo nível automação em serraria da região, é necessário
verificar a interação homem-máquina no processo de desdobro, bem como obter informações
sobre tempo gasto em cada atividade ou conjunto de desdobro. Assim estudo de tempo e
movimento são necessários para visualização do tempo produttivo, tempo perdido,
verificando onde estão as maiores demoras, os seus motivos, possibilitando fazer mudanças
para o ganho de produtividade.
A pesquisa teve o objetivo de avaliar o rendimento e desempenho operacional de uma
serraria de pequeno porte, na cidade de Itacoatiara, quantificando o rendimento de madeira
serrada, a eficiência e o tempo e movimento realizados na serra fita principal de desdobro.
METODOLOGIA
Foram utilizadas fichas de campo para coletar os dados necessários para realização
do trabalho. Nas fichas constavam as seguintes informações: Espécie serrada; Diâmetros da
tora (D1 e D2); Comprimento da tora (L); Espessura da peça (e); Largura da peça (l);
Comprimento da peça (L); Número de peças serradas por bitola.
O rendimento foi quantificado de acordo com equação 1
100*
Vt
VmR (1)
Onde:
R: Rendimento de madeira serrada (%);
Vm: Volume de madeira serrada (m³);
Vt: Volume de toras (m³);
Para determinar o volume das peças produzidas (madeira serrada) foi utilizada a
equação 2.
LelV ** (2)
Onde:
V: Volume da madeira serrada (m³).
l: Largura (m).
e: Espessura (m).
L: Comprimento (m).
O volume de madeira serrada por tora foi determinado a partir da soma do volume de
cada peça, equação 3.
)...21( vnvvVmt (3)
Onde
Vmt: Volume total de madeira serrada por tora (m³).
Vn: Volume de madeira de cada peça serrada (m³).
A eficiência foi avaliada na linha de produção, anotando-se o número de toras
desdobradas por ciclo de trabalho, multiplicado pelo volume médio de madeira em tora,
obtido no rendimento. Este produto será dividido pelo número de operários da linha de
produção, utilizando a equação (4).
(4)
Onde:
E: eficiência, em m3/ operário/ dia;
N: número de toras processadas por dia, em m³;
V: volume médio por tora, em m³;
O: número de operários.
O
VNE
*
Para quantificar e analisar o tempo gasto em cada operação desempenhada pelo
conjunto homem/máquina na linha de produção foi através da observação direta das
atividades desempenhadas pelos funcionários e pela máquina principal, serra fita, da linha de
produção, durante todo o dia de trabalho, em uma jornada de oito horas diárias de trabalho,
tanto pela manhã, quanto pela parte da tarde. Primeiro foi realizado um acompanhamento das
atividades na serra fita, visando determinar um número de amostras significativas. As
atividades desempenhadas foram classificadas em trabalho produtivo e tempo perdido, sendo
que este último foi divido em trabalho não produtivo, demoras e tempo ocioso. O trabalho não
produtivo será caracterizado pelo ajuste no carro porta toras, trocas de serra, problemas na
serra, problemas no sistema elétrico, ajuste na guia e troca de óleo do bitolador, as demoras
configuraram os problemas na esteira e o tempo ocioso, fora os problemas no carregamento
da esteira de toras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Quadro 1 é visualizado as espécies processadas na serraria, percebe-se
concentração em cima de espécies tradicionais, é um número reduzido quando a quantidade
de espécies existentes na região.
Os dados de rendimento estão acima dos citados por Jankauskis et al, (1981) que
encontrou rendimento na faixa d e 43% a 65%. O rendimento pode ser atribuído a qualidade
das toras e ao operador na hora de definir quais produtos finais podem ser obtidos,
contribuindo com melhor aproveitamento das toras no produto final.
A eficiência ficou em média 0,7 m3/op./dia, estando acima dos exemplos citados por
Rocha,(2002), que cita o valor para o Amazonas 0,3 m3/op./dia.
Quadro 1 – Volume em tora, serrado, rendimento, número de toras por espécie processada.
Espécie
Vol tora
(m3)
Vol serrado
( m3)
Rendimento
(%)
No arvores /
Espécie
Arara tucupi 1,7 1,16 68 1
Arurá branco 1,87 1,64 88 3
Breu 2,58 1,3 50 2
Cajuí 2,7 1,51 56 3
Cedrinho 2,04 0,88 43 1
Cupiúba 3,84 2,51 65 4
Desconhecida 3,2 2,14 67 3
Fava amarela 5,2 1,85 36 3
Jutaí 0,82 0,76 93 1
Piquiarana 6,54 2,18 33 5
Sucupira 8,54 4,9 57 9
Sucuuba 0,69 0,57 83 1
Tachi amarelo 2,47 1,74 70 3
Tauari 4,91 3,34 68 3
Total 47,1 26,48 42
O Desempenho homem-máquina, para serra fita principal, pode ser visualizado na
Figura 01, no primeiro dia de avaliação chegou acima de 60%, tempo efetivo de trabalho,
mantendo constante nos demais dias, pode ser atribuído ao fato de ter ocorrido desdobro
maior de toras no primeiro dia, diminuindo nos demais dias de acompanhamento. Tirando o
primeiro dia, os demais podem ser considerado uma baixa produtividade, os mesmo
resultados foram obtidos por Batista; Carvalho (2007) obtiveram valores médios entre 24,53%
e 32,50%. Trazendo a interpretação para a serraria em estudo, ela possa maior parte do ciclo
de trabalho com o tempo não produtivo, com as demoras e tempo ocioso, visualizado na
figura 02.
As observações realizadas são mostradas no Quadro 2, ficando os maiores valores
para o tempo produtivo, seguido das demoras.
Quadro 2 - Amostras realizadas para serra fita principal
Atividade observada Amostra
Trabalho produtivo 290
Trabalho não produtivo 91
Demoras 227
Tempo ocioso 160
00:00:00
00:28:48
00:57:36
01:26:24
01:55:12
02:24:00
02:52:48
03:21:36
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4
TP
TNP
D
TO
Tempo Produtivo
Onde: TP= Tempo produtivo; TNP= Tempo não produtivo; D= demoras; TO= Tempo ocioso.
Figura 02. Tempo produtivo na serra fita.
Desempenho da serra fita principal
0
10
20
30
40
50
60
70
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4
Estu
do
do
Tem
po
s (
%)
Tempo produtivo
Tempo não produtivo
Demoras
Tempo ocioso
Figura 01. Desempenho da serra fita
CONCLUSÃO
A serraria apresentou rendimento acima de 50%, acima da média para serrarias da
região;
A eficiência ficou acima dos valores encontrados na literatura, 0,7m3/op./dia;
A interação homem-máquina foi classificada como baixa, um pouco acima de 30%.
Em um ciclo de trabalho a empresa ficou na maior parte do período em demora e
tempo ocioso.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pela bolsa PIBIT.
Aos amigos, Hamilton, Carlos Sergio, Diegler, que colaboraram na coleta dos dados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATISTA, D. C.; CARVALHO, A. M.Avaliação do desempenho operacional de uma serraria
através de estudo do tempo, rendimento e eficiência. Sciencia Florestales. n.75 p.31-38. 2007
WAKIRI, S. Rendimento e condições de desdobro de algumas espécies de madeiras da
Amazônia. Série técnica, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Centro de Pesquisa de
Produtos Florestais, Manaus, 1984.
LATORRACA, J.V.F. Processamento mecânico da madeira. Seropédica: Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro, 116p2004.
OLIVEIRA, A. D.; MARTINS, E. P.; SCOLFORO, J. R. S.; REZENDE, J. L. P.; SOUZA, A.
N.; Viabilidade Econômica de Serrarias que processam Madeira de Florestas Nativas – O caso
do Município de Jaru, Estado de Rondônia. Cerne, Jaru, RO, v.9, n.1, p.001-015, 2003
.
ROCHA, M.P. Desdobro primário da madeira. Edição Revisada e Ampliada - n° 02/01,
Curitiba: Fupef, 2002.
ROCHA, M.P. Desdobro primário da madeira. Série Didática n° 02/99, Curitiba: Fupef, 1999.
61p.
WAKIRI, S. Rendimento e condições de desdobro de algumas espécies de madeiras da
Amazônia. Série técnica, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Centro de Pesquisa de
Produtos Florestais, Manaus, 1984.
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA MARGEM DO IGARAPÉ DA
PRAÍNHA ZONA URBANA NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA – AM.
Davidson do Canto MARQUES1; Angela Maria da Silva MENDES
2
Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA. Email: [email protected];
Pesquisadora, orientadora, UEA . Email: [email protected]
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, CEP. 69.100-000, Itacoatiara, AM.
RESUMO
O crescimento urbano nas margens de igarapés, bem como construções sem infra-estrutura,
provocam a degradação dessas áreas (MARQUES et al., 2007). O resultado é o
desaparecimento de muitas espécies vegetais das margens dos igarapés. O estudo objetivou
fazer a composição florística na Mata Ciliar do Igarapé da Praínha, Município de Itacoatiara
AM. O levantamento foi realizado do mês de fevereiro a Abril de 2011., em uma área de
2.000 m² correspondendo a 20 parcelas nas duas margem. Na coleta dos dados foram medidos
indivíduos com circunferência a altura do peito (CAP) igual ou superior a 10 cm. Foram
observados 376 espécimes de 24 espécies e 17 famílias (Anacardiaceae, Annonaceae,
Apocynaceae, Araceae, Araliaceae, Arecaceae, Bignoniaceae, Caricaceae, Euphorbiaceae,
Fabaceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Monimiaceae, Piperaceae, Rubiaceae, Solanaceae e
Urticaceae). O material botânico foi coletado, prensado, levado a estufa e em seguida,
selecionado para confecção de exsicatas e depois incorporado no Herbário do CESI/UEA, o
material fértil encontrado foi coletado e depositado na Carpoteca do CESI/UEA. Apesar da
ação antrópica na área, a mesma ainda apresenta riqueza de espécies, merecendo atenção e
estudos sobre sua estrutura e dinâmica com vistas à sua conservação. Os resultados destes
estudos contribuirão para melhor conhecer a variação ambiental nesses ecossistemas
perturbados, além de oferecer alternativas, com algumas espécies vegetais adaptadas que
poderão ser utilizadas na recuperação ou recomposição de áreas degradadas.
Palavras chave: Espécie; espécime; família.
INTRODUÇÃO
O crescente povoamento, ocorrido em espaços urbanos, nas últimas décadas tem
ocasionado consideráveis mudanças na paisagem natural do planeta, um exemplo da
interência do homem, são as mudanças feitas nos cursos d'água que cortam as cidades
(TONELLO et al., 2008). Portanto, o aumento populacional causa grandes impactos
ambientais, com conseqüências drásticas, principalmente para a população de baixa renda,
que por falta de recursos, localizaram-se nas áreas menos valorizadas, às margens dos
igarapés, de onde retiraram a mata ciliar, para construção de casas, sem qualquer infra-
estrutura, provocando a degradação dessas áreas (MARQUES et al., 2007), já que há a
retirada da cobertura vegetal, por meio da derrubada das matas ciliares, contribuindo para o
desaparecimento de espécies vegetais, e por consequencia o assoreamento dos igarapés. Nesse
aspecto, surge a necessidade de quantificar e qualificar as espécies presentes e que se
adaptaram nestes ambientes perturbados e poluídos para que sejam utilizadas na recuperação
de outras áreas perturbadas e assoreadas.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado no bairro da Praínha, sob as coordenadas 03º07’46,7” S e
58º26’16.3” W, Município de Itacoatiara/AM, localizado no extremo norte do país, às
margens do Rio Amazonas, que ocupa uma área de 8.600 km² com população de 89.440
habitantes (IBGE,2009) é. O local do estudo é uma Área de Preservação Permanente (APP),
situada à margem do igarapé da Praínha. Limita-se com o Centro de Convenção, Pista de
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
Moto Cross, Associação Atlética Banco do Brasil-AABB, Centro de Zoonoses e de algumas
residências.
A Demarcação da área foi feita com aberturas de trilhas para facilitar a medição da
área, que mede 20 x 100 m, divididas em duas Parcelas Permanentes de Monitoramento
(PPM) de 20 x 50, distantes 10 m entre si a partir de um ponto escolhido ao acaso. Cada uma
destas parcelas foi dividida em 10 quadrados de 10 x 10m (unidade amostral do estudo).
No inventário realizado, em cada parcela foram coletado dados e tomadas as medidas
de altura total e diâmetro (1,30 m) de cada indivíduo.
Também se observou os estádios fenológicos das árvores, segundo REGO et al., (2006) e com
observações pessoais, com auxilio de binóculo e a olho nu, sendo considerados os seguintes
estádios fenológicos: Desenvolvimento das folhas; Floração e Frutificação.
As coletas do material botânico foram feitas mediante a utilização de tesoura de poda
nas ervas e arbustos e com podão nas arvoretas e árvores de grande porte. Foram coletadas
cinco amostras de cada espécie, prensadas e colocadas para secar em estufa a 50 ºC por 48
horas. A identificação preliminar do material botânico foi feita em campo e, posteriormente,
no Herbário do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara (CESI) da Universidade do
Estado do Amazonas (UEA) e comparação com bibliografia pertinente. Após identificação
foram confeccionadas exsicatas para incorporação no Herbário/CESI.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na análise da vegetação ciliar dos 2.000 m² de área estudada do Igarapé da Praínha,
foram observados 376 indivíduos distribuídos em 17 famílias botânicas (Anacardiaceae,
Annonaceae, Apocynaceae, Araceae, Araliaceae, Arecaceae, Bignoniaceae, Caricaceae,
Euphorbiaceae, Fabaceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Monimiaceae, Piperaceae, Rubiaceae,
Solanaceae e Urticaceae) e 24 espécies. Essas famílias aparecem entre as mais ricas e
freqüentes em Matas Ciliares apresentadas no estudo FELFILI et al., 2001. Em observação
realizada na freqüência dos indivíduos da margem esquerda (A) do Igarapé da Praínha,
percebeu-se um número menor (143) de indivíduos em comparação com a margem direita
(B), que apresentou maior quantidade de indivíduos (233). Sendo a espécie Senna alata a de
maior número de espécimes com (55), seguido Xylopia sp.(21) e Piper sp.(19), da margem
esquerda (A). E na margem direita (B), a espécie Montrichardia linifera foi a de maior
freqüência com (99), seguido de Piper sp.(60) e Senna alata (38). Como mostra os gráficos a
seguir.
Fig.1. Margem esquerda (A). Fig.2. Margem direita (B).
Em dados de outras pesquisas já procedidas na Amazônia, verificou-se que a
composição florística é bastante variável, principalmente quanto ao número de espécies por
hectare. Pinto et al. (2003) em dezoito hectares identificaram 330 espécies arbóreas,
pertencentes a 55 famílias botânicas. Portanto, 24 espécies representadas por 17 famílias
botânicas encontradas nas margens do Igarapé da Praínha, no perímetro urbano, podem ser
consideradas como flora diversificada, apesar da baixa freqüência das espécies.
CONCLUSÃO
A análise florística para remanescente de espécies resistentes na Mata ciliar poderá
contribuir, com informações importantes para recuperação e recomposição de áreas
degradadas e perturbadas, além de permitir comparações sobre a composição e diversidade
florística entre outras formações florestais.
AGRADECIMENTOS
À Deus
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pela bolsa PAIC e à
Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
À Profª M.Sc. Angela Maria da Silva Mendes, pela orientação, apoio e confiança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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araribá (Centrolobium tomentosum Guill. ex Benth. – Fabaceae) em uma mata ciliar, Rio
Jacaré-Pepira, São Paulo. Revista Brasil. Bot., v.26, n.2, p.193-202. 2003
MARQUES, A.L.; BERNHARD, T.; SCHULL, S.; OAIGEN, E.R. A poluição do igarapé do
Chico Reis (Rorainópolis - RO) e suas consequências para a saúde pública. Caderno de
Pesquisa Sér. Bio. Santa Cruz do Sul, v.20, n.2, p.63-75. 2007.
TONELLO, M.F.; FERREIRA, E. da S.; RODRIGUES, I.O.M.; SOUZA, V. Situação
ambiental do Igarapé Mirandinha (canalização). Revista Acta Geográfica, ano II, n.4, p.41-53.
2008.
PRANCE, G. T.; SILVA, M. F. da. Árvores de Manaus. Manaus: INPA, 1975. 312 p. REGO,
G.M. et al. Monitoramento dos estádios fenológicos reprodutivos da Cerejeira-do-mato.
Embrapa, Comunicado Técnico nº 171, dez. 2006.
FELFILI, J.M. et al. Flora fanerogâmica das Matas de Galeria e Ciliares do Brasil Central. In:
RIBEIRO, J.F.; Fonseca, C.E.L.; SOUSA-SILVA, J.C. (eds.). Cerrado: caracterização e
recuperação de Matas de Galeria. Planaltina: Embrapa. 2001. p.195-263.
PINTO, A.C.M.; HIGUCHI, N.; IIDA, S.; SANTOS, J. dos; RIBEIRO, R.J.; ROCHA, R. de
M.; SILVA, R.P. da. Padrão de distribuição espacial de espécies florestais que ocorrem na
região de Manaus-Am. In: HIGUCHI, N.; SANTOS, J. dos; SAMPAIO, P.T.B.; MARENCO,
R.A.; FERRAZ, J.; SALES, P.C. de; SAITO, M.; MATSUMOTO, S. (Org.). Projeto
Jacaranda-Fase II: Pesquisas florestais na Amazônia Central. INPA. Manaus-AM. 2003,
p.1-19.
INCREMENTO MÉDIO E CORRENTE ANUAL DE PAU-ROSA (ANIBA
ROSAEODORA DUCKE) PLANTIOS FLORESTAIS NO MUNICÍPIO DE
MAUÉS AMAZONAS.
Diegler Coimbra de MATOS1; Fabiana Rocha PINTO
2; Roberval M. Bezerra de LIMA
3
1Eng. Florestal - [email protected]
2Professora CESI-UEA – [email protected]
3Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Amazônia Ocidental
RESUMO
A exploração madeireira tem grande importância na região Amazônica, no entanto essa
exploração tem sido praticada de modo predatório, muitas vezes sem nenhum critério técnico.
Dessa forma, os plantios florestais se enquadram na proposta do uso racional da região
Amazônica. Neste contexto, este estudo teve como objetivo avaliar o incremento médio e
corrente anual de pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) em diferentes espaçamentos na região
de Maués – AM. Os plantios estão localizados no município de Maués, Estado do Amazonas,
entre as coordenadas geográficas de 03º32’44’’ latitude Sul e 57º41’30’’ de longitude Oeste.
Foi avaliado o crescimento de 3 talhões (7, 12 e 22 anos), durante o período de 1 ano,
(janeiro-julho de 2010 e janeiro de 2011). Foram analisados o incremento corrente anual
(ICA) e incremento médio anual (IMA) usando o DAP (diâmetro altura do peito) e volume. O
talhão 2, apresentou o maior incremento corrente e médio anual em diâmetro, respectivamente
0,71 cm e 1,25 cm. O talhão 1 foi o que apresentou o maior incremento médio anual em
volume com 7,37 m³/ha-1
e o talhão 2 o maior incremento corrente anual em volume 7,18
m³/ha-1
. Os três talhões estão sofrendo uma estagnação de crescimento, pois o IMA esta
superior ao ICA.
Palavra chave: Crescimento; idade; plantio Homogêneo.
INTRODUÇÃO
Na Amazônia brasileira, cerca de 35 milhões de hectares haviam sido desflorestados
até 2007, devido à exploração desordenada e seletiva das florestas nativas (INPE, 2009).
Parte destas áreas desmatadas poderia ser reaproveitadas para plantios florestais, pois á
região apresenta um elevado potencial, principalmente em áreas que foram alteradas por
atividades de pecuária e agricultura.
O reflorestamento destas áreas traria vários benefícios ecológicos, entre eles estão à
redução do desmatamento sobre as florestas nativas; absorção de CO2 da atmosfera, reduzindo
os efeitos do aquecimento global; regulação do ciclo hidrológico; conservação do solo;
redução da poluição do ar e água, entre outros fatores (VICTORIA et al. 1991).
Ainda é escasso o conhecimento científico sobre o comportamento das espécies nativas em
plantios homogêneos e o conhecimento científico produzido pelas instituições de ensino e
pesquisa ainda carece da participação das empresas privadas na Amazônia (MACHADO,
2008). Buscando aliar o conhecimento científico e o interesse empresarial, pretende-se
contribuir para o desenvolvimento na região de Maués, com o estudo em 3 plantios
homogêneos de pau-rosa em espaçamentos e idades diferentes, onde foram mensurados 100
indivíduos e analisados os incremento corrente anual e médio em DAP (diâmetro altura do
peito) e volume.
O pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke) foi uma das espécies mais exploradas da região
Amazônica, pois a mesma possui grande valor na indústria de cosmético. Este processo levou
ao quase desaparecimento da espécie em áreas onde ocorria em alta densidade, levando o
governo estadual no ano de 2006 à elaborar a Instrução Normativa SDS 002/2006,
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
estabelecendo procedimentos e exigências que disciplinam a exploração do pau-rosa
(SEMMA, 2006).
METODOLOGIA
Os plantios estão localizados no município de Maués, Estado do Amazonas, entre as
coordenadas geográficas de 03º32’44’’ latitude Sul e 57º41’30’’ de longitude Oeste. Distância
de 267 Km em Linha reta e 356 Km por via fluvial de Manaus.
Segundo a classificação de Koppen o clima característico da região é denominada pelo
grupo climático A (Clima Tropical Chuvoso), abrangendo os seguintes tipos e variedades
climáticas: Am, (chuvas do tipo monção) apresenta uma estação seca de pequena duração,
Amw (chuvas do tipo monção) representa uma variedade do tipo Am, diferindo apenas por
apresentar as maiores quedas pluviométricas durante o outono e Aw’ (verão úmido e inverno
seco) possui uma estação seca bem acentuada, coincidindo com o inverno (RADAM
BRASIL, 1976).
A propriedade apresenta vários plantios de pau-rosa, com diferentes idades e
espaçamentos, um plantio de experimental de guaraná da Embrapa de Maués e uma usina de
destilação. Os plantios avaliados neste estudo são respectivamente de 7, 12 e 22 anos.
Foi mensurado a circunferência altura do peito (CAP) de 100 indivíduos, de 3 plantios,
foram medidas sempre as mesmas árvores, utilizando-se uma fita métrica. As medidas de
circunferência foram transformadas em diâmetro (DAP). Os indivíduos localizados na borda
dos plantios não foram utilizados no estudo, devido sofrer maior influencia do ambiente.
Foram realizadas 3 medidas, com intervalo de tempo de 6 meses entre elas. A primeira
medida se deu no mês de janeiro de 2010, a segunda no mês de julho do referido ano e a
última coleta de dados se deu no mês de janeiro de 2011. A altura foi mensurada somente na
ultima coleta de dados, devido à dificuldade de coleta. Foram sorteados 30 indivíduos de cada
plantio para a mensuração da altura. Foi considerada a altura comercial de cada individuo, ou
seja, a altura foi medida até a primeira bifurcação de cada árvore, sendo utilizada apenas para
a cubagem rigorosa das árvores. Para medir a altura dos indivíduos do estudo, utilizou-se uma
escada de aproximadamente 6 metros e uma vara de 4 metros. Com as variáveis (CAP e
ALTURA) mensuradas, foram avaliados o incrementos correntes e médios anuais em
diâmetro e volume dos 3 plantios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
INCREMENTO CORRENTE E MÉDIO ANUAL EM DIÂMETRO
Plantio 1
O Incremento corrente anual em diâmetro (ICA – Diâmetro) do conjunto dos 100
indivíduos do plantio de 7 anos, com de espaçamento 2,5 x 1,5 m foi de 0,55 cm, o intervalo
de confiança variou entre 0,52 a 0,58 cm a 95 % de probabilidade. Machado (2008) encontrou
valores superiores de ICA – diâmetro para 4 espécies florestais na Amazônia Central Cumaru
(Dipteryx odorata) 1,4 cm, Caroba (Jacaranda copaia) 2,6 cm, Fava arara tucupi (Parkia
decussata) 3,0 cm e Mogno (Swietenia macrophila) 2,1 cm, em plantios homogêneos com
espaçamento 2 x 2 m em Itacoatiara – AM.
O incremento médio anual em diâmetro (IMA – DAP) deste plantio foi de 1,14 cm,
com intervalo de confiança (95 % de Probabilidade) variando entre 1,07 cm a 1,20 cm.
Souza et al. (2010), compararam o comportamento de várias espécies florestais em
plantios de 6 anos a pleno sol, em espaçamento de 3 x 3 m e em faixas de enriquecimento em
capoeira, e registraram os melhores crescimentos de todas as espécies a plena sol, em
comparação com os resultados obtidos na capoeira. Das espécies analisadas no ensaio a pleno
sol, verificou-se que o pau-rosa alcançou IMA semelhante ao cumaru (Dipteryx odorata), 1,1
cm, ipê rosa (Tabebuia pentaphylla) com 1,4 cm e breu sucúuba (Trattinickia burseraefolia),
1,4 cm. A espécie sumaúma (Ceiba pentandra) foi a que obteve o maior IMA com 3,3 cm.
Isso mostra que o espaçamento, a idade, características inerentes a espécie, a quantidade de
luz entre outros fatores influenciam no crescimento das espécies.
Plantio 2
O ICA – diâmetro do plantio de 12 anos foi de 0,71 cm, com intervalo de confiança
(95 % de probabilidade) observado de 0,64 a 0,78 cm. Estudos de incremento realizados por
Salomão et al. (2006) com castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa H. e B.) em áreas
degradadas localizadas na Floresta Nacional Saracá-Taquera, município de Oriximiná – PA,
foi de 1,02 cm, valor este acima com o encontrado para o plantio de pau-rosa.
Neste plantio o IMA – diâmetro foi de 1,25 cm o intervalo de confiança (95 % de
probabilidade) variou entre 1,20 cm a 1,30.
Costa et al. (2009), analisando aspectos silviculturais da castanha-do-brasil
(Bertholletia excelsa) com 12 anos de idade em sistemas agroflorestais, obteve incremento
médio anual de 3,16 cm. Neste mesmo estudo o autor afirma que isto se deu devido à
interação positiva das demais plantas do sistema com a castanha-do-brasil, decorrente das
condições ambientais locais, como, por exemplo, a melhor ciclagem de nutrientes.
Plantio 3
O ICA – diâmetro no plantio de 22 anos, com espaçamento 5 x 5 m anos foi de 0,45
cm, com intervalo de confiança (95% de probabilidade) de 0,41 a 0,49 cm,
incremento observado foi neste plantio.
Silva (2002), realizou estudo de crescimento de 272 árvores da Amazônia Central de
13 espécies pertencem a família Lauraceae e observou-se que três espécies, apresentaram
incrementos parecidos com o encontrado no presente estudo, louro fofo (Endlicheria sp.) com
0,43 cm, louro pirarucu (Licaria sp.) 0,42 cm e itaúba (Mezilaurus duckei van der Werff.)
apresentando 0,41 cm.
O IMA – diâmetro deste plantio foi de 0,82 cm, o intervalo de confiança (95 % de
probabilidade) observado variou entre 0,79 a 0,86 cm, respectivamente.
Schaaf et al. (2005), analisou o incremento em diâmetro de espécies arbóreas de uma
floresta ombrófila mista, localizada no estado do Paraná em um período de 21 anos, das
espécies pertencentes a família Lauraceae, verificou-se que o pau-rosa obteve incremento
superior comparado com as espécies deste estudo, ocotea corymbosa 0,27 cm, ocotea porosa
0,37 cm, ocotea puberula 0,40 cm, Cinnamomum sellowianum 0,43 cm e Cinnamomum
vesiculosum 0,31 cm.
CONCLUSÃO
Verificou-se que os 3 plantios estão sofrendo uma estagnação de crescimento, isso é
constatado quando o incremento médio anual em diâmetro é superior ao incremento corrente
anual em diâmetro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, J. R.; CASTRO, A. B. C.; WANDELLI, E. V.; CORAL, S. C. T.; SOUZA, S. A. G.
Aspectos silviculturais da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) em sistemas agroflorestais
na Amazônia Central. Manaus – AM: Revista Acta Amazônica, Manaus, v.39, n.4, p. 843-
850, 2009.
INPE. Monitoramento da floresta Amazônica brasileira por satélite – projeto PRODES.
Disponível em: <http://www.obt.inpe.br/prodes/> Acesso em: 16 /06/2009.
MACHADO, M. R. Plantios florestais na Amazônia central: biometria ciclagem
bioquímica e alterações edáficas, Manaus Amazonas: Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (AM): INPA, 2008. (Dissertação de Mestrado).
PROJETO RADAMBRASIL. Folha SA-21: geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação
e uso da terra. Rio de Janeiro, v.10.1976.
SALOMÃO, R. P.; ROSA, N. A.; CASTILHO, A.; MORAIS, K. A. C. Castanheira-do-brasil
recuperando áreas degradadas e provendo alimento e renda para comunidades da Amazônia
Setentrional. Revista Ciência Naturais, Belém, n. 2, v. 1, p. 65-78, 2006.
SCHAAF, L. B.; FILHO, A. F.; SANQUETA, C. R.; GALVÃO, F. Incremento diamétrico e
em área basal no período 1979-2000 de espécies arbóreas de uma Floresta Ombrófila Mista
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SUSTENTAVEL. 2006. Notícias: semana do meio ambiente. Disponível em:
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SILVA, R. P. Padrões de crescimento de árvores que ocorrem em diferentes
toposseqüências na região de Manaus. Manaus - Amazonas: Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (AM): INPA, 2002. (Dissertação de Mestrado).
SOUZA, C. R.; AZEVEDO.C. P.; LIMA, R. M.; ROSSI, L. M. B.; Comportamento de espécies
florestais em plantios a pleno sol e em faixas de enriquecimento de capoeira na Amazônia.
Manaus – AM: Revista Acta Amazônica, Manaus, v.26, n.1, p.127-134, 2010.
VICTORIA, R. L. et al. A Amazônia brasileira e seu papel no aumento da concentração
de CO2
na atmosfera, p. 9-20. In: Val, A. L.; Figlioulo, R.; Feldberg, E. (Ed.). Bases
científicas para estratégias de preservação e desenvolvimento da Amazônia: fatos e
perspectivas. INPA, Manaus, 1991.
INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE CLAREIRAS NO CRESCIMENTO
DE MUDAS DE Dipteryx odorata e Dinizia excelsa EM CAPOEIRA.
Edfran Nascimento ANDRADE1; Giuliano Piotto GUIMARÃES
2
Bolsista PIBITI–CNPq–UEA. Email: [email protected];
Pesquisador, orientador, UEA . Email: ggmanaus@gmailcom2
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, CEP. 69.100-000, Itacoatiara, AM.
RESUMO
Um dos maiores desafios para a pesquisa florestal na Amazônia é encontrar formas de
reflorestamento em capoeiras com espécies atrativas comercialmente. O objetivo do trabalho
foi avaliar o desenvolvimento inicial de duas espécies cumaru - Diptryx odorata e angelim -
Dinizia excelsa, plantadas sob diferentes tamanhos de clareiras. O estudo foi realizado em
uma capoeira pertencente à UEA/CESI, Itacoatiara/AM. Foram plantadas 50 mudas de
Cumaru e 50 de Angelim. Os tratamentos simularam clareiras: T1- Plantio de mudas em
faixas abertas com dois metros de largura e cem metros de comprimento; T2- Plantio de
mudas em faixas abertas com quatro metros de largura e cem metros de comprimento. O
delineamento utilizado foi o DIC. O tamanho das faixas não resultou em diferença
significativa entre a mortalidade para as duas espécies, mas afetou positivamente o
crescimento em altura das mudas de cumaru em faixas de 2 metros de largura de largura. Os
dados em altura apresentaram valores superiores em faixas de 2 metros de largura. Em relação
ao crescimento do diâmetro altura do colo, não houve diferença significativa entre as médias
dos tratamentos, as espécies não sofreram influência dos diferentes tamanhos de clareira. O
cumaru independente do tamanho das faixas apresentou melhor incremento médio anual.
Tanto o cumaru quanto o angelim tiveram melhores resultados em faixas de 2 metros de
largura. A análise de variância revelou valores não significativos de incremento médio anual
em altura e diâmetro do colo entre os tratamentos tanto para o Cumaru e o Angelim.
Palavras chave: Enriquecimento – mortalidade – sobrevivência - crescimento em altura
INTRODUÇÃO
Inúmeras são as vantagens ecológicas trazidas pelo plantio florestal em florestas
secundária. Entre eles estão à redução da pressão sobre as florestas nativas; absorção de
dióxido de carbono da atmosfera, redução dos efeitos do aquecimento global; regulagem do
ciclo hídrico; conservação do solo; controle dos ventos; redução da poluição do ar e da água,
entre outros (VICTORIA et al., 1991; CARPANEZZI, 2000; MORA; GARCIA, 2000;
FRANCO, 1992). O referido trabalho teve como objetivo gerar informações a respeito do
crescimento e da mortalidade de mudas de duas espécies arbóreas (Dipteryx odorata e
Dinizia excelsa ), em diferentes tamanhos de faixas. Portanto, avaliou-se a hipótese de qual o
tamanho de clareira influencia no comportamento das espécies.
METODOLOGIA
O experimento foi realizado, em uma área de vegetação secundária (capoeira) com
aproximadamente 15 anos, localizada no terreno da Universidade do Estado do Amazonas-
UEA/Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – CESI, situado na Avenida Mário
Andreazza S/N, Bairro São Francisco no município de Itacoatiara- AM, com coordenadas a
uma latitude sul de 03° 07’ 29,2” e longitude oeste de 58° 25’ 50,3”. A área total do terreno é
de 12 hectares.
Para a realização do experimento foram abertas quatro faixas de enriquecimento no
sentido leste oeste. Para simular as condições de clareira utilizou-se um total de 100 plantas
nas faixas, sendo 2 (duas) faixas destinadas a espécie Dinizia excelsa (Angelim) com 25
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
repetições para cada faixa e 2 (duas) faixas de Dipteryx odorata (Cumaru) com 25 repetições
para cada faixa.
Os tratamentos ficaram caracterizados da seguinte forma:
T1- Plantio de Dipteryx odorata e Dinizia excelsa em faixas abertas com dois metros (02) m
de largura e cem metros (100) m de comprimento,
T2- Plantio de Dipteryx odorata e Dinizia excelsa em faixas abertas com quatro metros (04)
m de largura e cem metros (100) m de comprimento.
O plantio de enriquecimento com espécies comerciais, Dipteryx odorata e Dinizia
excelsa foi realizado no mês de março de 2010, em. O Delineamento estatístico adotado foi o
Inteiramente Casualizado (DIC). Os resultados obtidos foram submetidos ao teste de Tukey
(P<0,05), análise de variância – ANOVA, O programa utilizado foi o Assistat 7.5.
Foi avaliado o crescimento inicial ao longo de um ano e três meses, medindo-se a
altura total da planta desde o colo até a última gema apical do ramo principal. A medição da
altura foi feita com o auxílio da fita métrica. Também se mediu o diâmetro do colo próximo a
base rente ao solo. O diâmetro do caule foi medido ao nível do solo, foi feito com o emprego
do paquímetro graduado em milímetros.
O percentual de mortalidade e sobrevivência foi quantificado plantas vivas e mortas,
foi avaliado com base o número de mudas no início e no final do experimento, foi contado
todos os indivíduos mortos durante o período de avaliação.
Para análise dos dados utilizou-se o programa Excel. A planificação ocorreu aos 90,
180, 270, 360 e 450 dias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O acompanhamento teve início em março de 2010 e finalizou em junho de 2011, ao
final da coleta de dados programadas aos ( 90, 180, 270, 360 e 450 dias), foi possível verificar
o percentual de mortalidade das mudas. O início das avaliações ocorreu 90 dias após o
plantio. Faixas de 2 metros de largura uma mortalidade inferior quando comparado a faixas
de 4 metros de largura.
A análise estatística da mortalidade para Dipteryx odorata, avaliadas nos dois
tratamentos não apresentou diferença significativa entre as médias. referente à Dinizia
excelsa, também se constatou que não houve diferença significativa entre as duas médias, mas
isso não significa que as médias dos tratamentos são iguais, essa particularidade é explicada
pela variação ao acaso.
A análise estatística também comparou as médias da mortalidade entre T1 e
T2. O resultado indicou ns (não significativo), porque que as médias dos tratamentos se
mostram iguais. Apesar de que o tratamento com 2 metros de largura obteve uma mortalidade
de 25 %. O tratamento com 4 metros de largura resultou uma taxa de mortalidade de 29 %.
Foram plantadas 50 mudas de Dipteryx odorata e 50 mudas de Dinizia excelsa
totalizando 100 mudas, desse total 42% morreram durante o período de avaliação. Turne
(1990), ao realizar á pesquisa na floresta tropical da Malásia, inventariou 1287 mudas
menores de um metro de altura, em quatro clareiras naturais, sobre dois sítios. Desse total,
251 (19%) morreram durante um período de 16 meses de observação. Ao comparar esses
dados, este estudo mostrou que ocorreu um elevado número de mortalidade.
O crescimento inicial em altura das espécies florestais: Dipteryx odorata e Dinizia
excelsa. Observados até os 450 dias de idade. O Plantio de Dipteryx odorata e Dinizia excelsa
em faixas abertas com dois metros obtiveram os melhores desempenhos em altura, o cumaru
apresentou superioridade de crescimento, o qual atingiu uma altura de 60,2 cm. Já o angelim
apresentou crescimento inferior, com uma altura média de 52,1 cm.
Com relação aos plantios de Dipteryx odorata e Dinizia excelsa em faixas abertas com
quatro metros de largura obtiveram um crescimento em altura de 44,44 cm e 42,4 cm
respectivamente, exibindo um comportamento inferior quando comparado a faixas de dois
metros de largura.
O teste de Tukey a 5% indicou que o Cumaru apresentou diferença estatística entre as
médias de T1 e T2. Por outro lado o angelim não apresentou diferença significativa ( ns).
O crescimento em DAC (Diâmetro à Altura do Colo) para as duas espécies em estudo
é mostrado em T1 e T2.
Nesse paramêtro observa-se que T1 apresentou os menores valores em crescimento
em todas as idades, o cumaru antigindo uma média do DAC (Diâmetro da Altura do Colo)
de 7,5 mm. O angelim apresentou um DAC médio de 5,0 mm.
Para T2 ao final da avaliação mostrou um maior crescimento em diâmetro em
comparação a T1. O cumaru apresentou um crescimento inicial em DAC ao final dos 450
dias um valor médio de 8,2 mm. Já os valores do angelim se revelaram uma médio do DAC
de 6,7 mm.
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos indicam que o cumaru em faixas de 2 metros de largura (T1)
apresentou melhor desempenho na área de capoeira. Com índice de sobrevivência de 76%.
Com relação ao desenvolvimento inicial em altura, o cumaru apresentou diferença
significativa em T1 (faixas de 2 metros) em relação a T2 (faixas de 4 metros).
Já as características de diâmetro à altura do colo (DAC), para ambas as espécies, não
apresentaram diferença significativa entre os tratamentos.
AGRADECIMENTOS
À Deus
À CNPq referente ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – PIBITI
Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
O Prof Giuliano Piotto Guimarães, Msc., pela orientação, apoio e confiança.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VICTORIA, R. L. 1991. A Amazônia brasileira e seu papel no aumento da concentração de
CO2 na atmosfera, p. 9-20. In: Val, A. L.; Figlioulo, R.; Feldberg, E. (Ed.). Bases científicas
para estratégias de preservação e desenvolvimento da Amazônia: fatos e perspectivas. INPA,
Manaus.
CARPANEZZI, A. A. 2000. Benefícios indiretos da floresta, p. 19-56. In: Galvão, A. P. M.
(Org.). Reflorestamento de propriedades rurais para fins produtivos e ambientais: um guia
para ações municipais e regionais. Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia;
Colombo: Embrapa Florestas., Brasília, DF.
MORA, A. L.; Garcia, C. H. 2000. A cultura do eucalipto no Brasil. São Paulo: SBS. 112 pp.
ANÁLISE ESTRUTURAL EM UMA FLORESTA SECUNDÁRIA NA
COMUNIDADE LAGO DE SERPA, NO MUNICÍPIO DE
ITACOATIARA (AM).
Emerson Gomes RAMOS1; Jefferson José de Lima RIBEIRO
2; Fabiana Rocha PINTO
3
1Bolsista PIBITI–CNPq–UEA – [email protected] ;
2Bolsista Voluntário;
3Pesquisador(a) orientador(a) UEA – [email protected].
RESUMO
A crescente demanda por madeira na Amazônia é suprida por espécies oriundas da floresta
nativa, que vem sofrendo grandes pressões ambientais, devido também a outras ações do
homem (Fearnside, 2005). O estudo foi realizado na comunidade do Lago de Serpa na estrada
AM- 010, vicinal do km 09, Itacoatiara/AM. A coleta de dados foi realizada em fevereiro de
2011, por meio de um inventário florístico, com a instalação de 02 parcelas de 20 x 100 m,
com as unidades amostrais distribuídas aleatoriamente. Os indivíduos foram identificados ao
nível de morfoespécie, para análise da estrutura horizontal. Observou-se 107 indivíduos,
distribuídos em 31 morfoespécies. A primeira parcela apresentou 69 indivíduos e a segunda,
38 indivíduos. A maior quantidade de indivíduos foi da espécie breu branco (13) e observada
nas duas parcelas, seguido das morfoespécies: muiratinga (11), breu vermelho (8), abiurana
(7), açaí (7), cupiúba (7), louro (7), arurá (6), tintarana (6), embaúba (4), sendo essas as 10
espécies mais abundantes nessa área.O diâmetro médio da área estudada é de 23,2 cm e
apresentando distribuição diamétrica na forma de “J”invertido, onde a maior concentração de
indivíduos arbóreos está nas menores classes diamétricas. As espécies menos frequentes
foram: abiurana bacuri, goiaba de anta, guariúba, ingá, louro, tanimbuca, entre outros, visto
que neste estudo, apresentaram um (01) indivíduo cada, observadas em uma parcela ou outra.
Já as espécies mais dominantes foram: angelim e a cupiúba, com maior área basal, espécies
que provavelmente não foram retiradas do sistema, antes da mudança no uso do solo.
Palavras chave: Frequência, Dominância, Abundância, Espécies, Classe diamétrica.
INTRODUÇÃO
A crescente demanda por madeira na Amazônia é suprida em sua quase totalidade por
espécies oriundas da floresta nativa, que vem sofrendo grandes pressões ambientais, devido
também a outras ações do homem. As principais pressões são: exploração desordenada de
madeira, a expansão dos sistemas agrícolas e outras formas do uso do solo (Fearnside, 2005).
A remoção inadequada da biomassa, mediante a exploração florestal, pode contribuir
tanto para o aumento da demanda de nutrientes do solo como para o declínio, cada vez maior,
de sua fertilidade natural, o que pode comprometer as atividades silviculturais, além de
potencializar outras perdas de nutrientes pelo aumento da lixiviação e erosão dos solos (Neves
et al., 2001). Até 2004, a Amazônia brasileira possuia aproximadamente 83,8 % de sua
cobertura florestal, excluindo áreas de cerrado, ainda intactas (Fearnside, 2005). Contudo, só
no período de 2005/2006, o desmatamento na Amazônia legal alcançou a cifra de 13.100 km2,
onde o Estado do Amazonas contribuiu com um pouco mais de 5 %, abrangendo uma área de
752 km2 (INPE, 2006). Tais atividades de desmatamento e queimas conduzem à liberação de
parte dos estoques de carbono contidos na vegetação e no solo para a atmosfera (Fearnside e
Guimarães, 1996).
Na Amazônia brasileira 47 % da área desmatada até 1996 não estava em uso (Higuchi
et al., 2003). A vegetação que cresce nessa área é classificada como floresta secundária,
também denominada de “capoeira”, um termo que vem do tupi “Ko'pwera” (ko ‘mata’ +
pwera ‘que já foi’). Uma das formas de uso da floresta que tem sido sugerida como
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
potencialmente sustentável, é a extração seletiva e controlada da madeira, uma vez que não
expõe muito o solo e não retira muito do capital existente de matéria orgânica e nutrientes da
floresta natural (Higuchi et al., 2003).
METODOLOGIA
O estudo foi realizado na comunidade do Lago de Serpa na estrada AM- 010, vicinal
do km 09, Itacoatiara/AM. O município esta localizado na porção centro leste do estado,
numa área de baixo planalto, com uma pequena inclinação em direção aos cursos d'água.
Localiza-se a uma latitude de 12º44’26” leste e a uma longitude de 60º08'45" oeste, estando a
uma altitude de 612 metros. Possui uma área de 8.600 km².
O clima do local está classificado, segundo Koppen, como Grupo Climático A (Clima
Tropical Chuvoso), abrangendo o tipo e variedade climática Amw (chuvas do tipo monções),
representando uma variedade do tipo Am. A precipitação pluviométrica anual é de cerca de
2200 mm, com menor volume mensal entre agosto e outubro. A temperatura média é de 26° C
e a umidade relativa do ar é de 80% (RADAMBRASIL, 1978).
Ainda segundo a mesma fonte citada acima, o solo predominante no município, é
classificado como latossolo vermelho-amarelo. Grande parte da vegetação é coberta por densa
floresta equatorial, caracterizada pela mata de terra firme com árvores enormes. Além das
florestas, os campos limpos também fazem parte da vegetação, com tipos de vegetais
característicos.
A coleta de dados foi realizada no mês de fevereiro de 2011, por meio de um
inventário florístico, com a instalação de 02 parcelas de 20 x 100m, com as unidades
amostrais distribuídas aleatoriamente. Os indivíduos foram identificados ao nível de
morfoespécie. Contudo, foram quantificados todos os indivíduos arbustivos e arbóreos
presentes nas parcelas com diâmetro a altura do peito (DAP) maior ou igual a 10 cm, a 1,30 m
do solo. A análise da estrutura horizontal do estudo não pode ser realizada, devido à
quantidade muito baixa de parcelas (duas), porém buscou-se caracterizar alguns dos
parâmetros da análise estrutural e inferir sobre eles.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram observados nas duas parcelas amostradas 107 indivíduos, onde a parcela 01
apresentou 69 indivíduos e a parcela 02 apenas 38 indivíduos, divididos em 31 morfo-
espécies, onde 13 morfoespécies apresentaram apenas 1 (um) indivíduo. A morfoespécie que
apresentou uma maior quantidade de indivíduos nessas parcelas amostradas foi o breu branco
com 13 indivíduos, seguido da muiratinga (11) e breu vermelho (8), esse resultado também
pode ser avaliado como parâmetro de abundância (Figura 01).
Como era uma área de floresta secundária dividimos os indivíduos em 7 (sete) classes
diamétricas, com intervalo de 5 cm, de 10 a 40 cm de DAP, já que a quantidade de indivíduos
era pouco a partir dessa classe e não ultrapassaram 50 cm de DAP. Apesar da pequena
quantidade de indivíduos, a floresta reflete o J-invertido da floresta Amazônica, onde a maior
quantidade de indivíduos se concentra nas primeiras classe diamétricas, porém a variação
demonstrada na figura 02, apesar de reduzida mostra a necessidade de se aumentar a
amostragem já que demonstrou a instabilidade da composição da área.
Figura 01. Quantidade de indivíduos das 10 morfoespécies mais abundantes.
Comparando as duas parcelas, observou-se que as mesmas apresentaram diâmetros
próximos, porém a parcela hum (01) apresenta o dobro de indivíduos, que pode ser explicado
por ter maior interferência do efeito de borda, e assim ter uma maior quantidade de indivíduos
em regeneração, nas primeiras classes diamétricas.
Figura 02. Quantidade de indivíduos distribuídas em sete classes diamétricas (cm).
O diâmetro médio apresentado pelas duas parcelas amostradas se apresentaram em
torno de 23,2 cm (Figura 03), o que mostra que a área não é uma floresta secundária recente.
Mesmo que as duas tenham apresentados diâmetros próximos, deve-se ressaltar que as
parcelas foram tomadas aleatoriamente e essa caracterização pode ter influência do banco de
sementes e da chuva, da proximidade com a floresta primária mais próxima, do uso do solo e
outras variáveis como topografia e clima.
Quando se fala de frequência, as morfoespécies abiurana bacuri, castanheira, goiaba de
anta, guariúba, ingá, louro amarelo, louro aritu, pau d’arco, ripeiro, tanimbuca entre outros,
não podem ser consideradas, nesse caso, espécies frequentes, visto que só apresentaram um
(01) indivíduo cada, se apresentando em apenas uma parcela ou outra, porém com essa
quantidade de parcelas só se pode inferir sobre esses parâmetros neste estudo. Assim como
em dominância, onde os maiores indivíduos foram o angelim e a cupiúba, espécies que
provavelmente não foram retiradas do sistema, quando feita a derrubada da área.
Figura 03. Diâmetro médio (cm) nas duas (2) parcelas amostradas.
Observou-se 107 indivíduos, distribuídos em 31 morfoespécies. A primeira parcela
apresentou 69 indivíduos e a segunda, 38 indivíduos. A maior quantidade de indivíduos foi da
espécie breu branco (13) e observada nas duas parcelas, seguido das morfoespécies:
muiratinga (11), breu vermelho (8), abiurana (7), açaí (7), cupiúba (7), louro (7), arurá (6),
tintarana (6), embaúba (4), sendo essas as 10 espécies mais abundantes nessa área.
As espécies menos frequentes foram: abiurana bacuri, goiaba de anta, guariúba, ingá, louro,
tanimbuca, entre outros, visto que neste estudo, apresentaram um (01) indivíduo cada,
observadas em uma parcela ou outra. Já as espécies mais dominantes foram: angelim e a
cupiúba, com maior área basal, espécies que provavelmente não foram retiradas do sistema,
antes da mudança no uso do solo.
CONCLUSÃO
Observou-se 107 indivíduos, distribuídos em 31 morfoespécies. A primeira parcela
apresentou 69 indivíduos e a segunda, 38 indivíduos. A maior quantidade de indivíduos foi da
espécie breu branco (13) e observada nas duas parcelas, seguido das morfoespécies:
muiratinga (11), breu vermelho (8), abiurana (7), açaí (7), cupiúba (7), louro (7), arurá (6),
tintarana (6), embaúba (4), sendo essas as 10 espécies mais abundantes nessa área.
O diâmetro médio da área estudada é de 23,2 cm e apresentando distribuição
diamétrica na forma de “J”invertido, onde a maior concentração de indivíduos arbóreos está
nas menores classes diamétricas.
As espécies menos frequentes foram: abiurana bacuri, goiaba de anta, guariúba, ingá,
louro, tanimbuca, entre outros, visto que neste estudo, apresentaram um (01) indivíduo cada,
observadas em uma parcela ou outra. Já as espécies mais dominantes foram: angelim e a
cupiúba, com maior área basal, espécies que provavelmente não foram retiradas do sistema,
antes da mudança no uso do solo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brazilian Amazonia. Forest Ecology and Management, 80: 35-46.
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RADAMBRASIL. Programa de Integração Nacional. Levantamentos de Recursos
Naturais. V.18 (Manaus) - RADAM (Projeto) DNPM, Ministério das Minas e Energia.
Brasil, 626p. 1978.
INVENTÁRIO DE VEGETAÇÃO CILIAR DO IGARAPÉ DO
INGAIPAUA, ITACOATIARA-AM.
Flávia Carla Baraúna PEREIRA1; Ester Oliveira de FREITAS
2; Rejane Gomes FERREIRA
3
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA [email protected] ;
2Bolsista Voluntária;
3Pesquisador(a) orientador(a), UEA – [email protected].
RESUMO
As matas ciliares são de grande importância para o fluxo, porque seu objetivo é controlar a
erosão nas margens dos cursos de água, evitando o assoreamento das fontes de água,
minimizando os efeitos das inundações, manter a quantidade e a qualidade da água, filtrar os
resíduos de produtos químicos como pesticidas possíveis e fertilizantes, ajudar a proteger a
fauna local. O objetivo deste estudo foi realizar um diagnostico da mata ciliar ao longo do
igarapé Ingaipaua, em Itacoatiara. Inicialmente, foi realizadas excursões exploratórias para
definir as estratégias do trabalho. Após a visita in loco foi escolhido um trecho da área onde a
vegetação mostrou-se mais abundante. Para a amostragem da vegetação foi utilizado o
Métodos dos Pontos Quadrantes. A distância entre cada ponto quadrante foi de 20 metros e
cada ponto os indivíduos foram registrado em um raio de um metro partindo do ponto
marcado. Os parâmetros avaliados foram a densidade relativa (DR) e frequência (FR). O
inventário nos permitiu observar a predominância de paracaxirana (Pentaclethara macroloba
Wild), e apesar da reduzida vegetação nativa da área foram encontradas 18 espécies, 18
gêneros e 15 famílias de um total de 37 indivíduos. As famílias com maior número de
espécies foram Euphorbiaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae com 2, 3 e 4 espécies,
respectivamente.
Palavras chave: Matas ciliares; Métodos dos Pontos Quadrantes; Inventário.
INTRODUÇÃO
A expansão desordenada do meio urbano em direção aos lagos, rios e igarapés tem
sido um problema tanto nas grandes cidades quanto nas cidades do interior. Em Itacoatiara a
pressão sobre essas áreas não tem sido diferente e os investimentos realizados nessas áreas
ainda carecem de um planejamento voltado para a realidade local. As áreas atingidas são
denominadas matas ciliares e constitui a vegetação estabelecida ao longo dos cursos d’água
que tem dentre suas funções a proteção dos cursos hídricos e a manutenção da qualidade
destes. Essas áreas são definidas pelo Código Florestal (Lei n.° 4.777/65) como Áreas de
Proteção Permanente (APP), objeto de discussão atual que se distancia do conhecimento
científico e da sociedade que vive uma problemática singular. Pretende-se com este estudo
realizar um inventário da vegetação ciliar em um trecho do Ingaipaua, buscando fornecer
informações sobre a situação atual dessas áreas que sirvam como base para o planejamento de
políticas e ações de desenvolvimento, bem como de recuperação de um importante recurso
hídrico que entrecorta as áreas urbanas e rurais em Itacoatiara.
METODOLOGIA
O Igarapé do Ingaipaua está localizado na Zona Leste da sede do município de
Itacoatiara (AM) próximo aos bairros Jardim Adriana e o Bairro da Paz e sofre influência
direta das águas do Rio Amazonas, que regem seu fluxo e refluxo conforme a estação do ano.
No período da estiagem a área de influência do igarapé se restringe apenas à proximidade do
Amazonas. No período da enchente, principalmente a partir de março ou abril, o igarapé
enche e deságua em uma depressão próxima ao Bairro da Paz formando um lago sazonal
popularmente chamado de Lago do Ozório que, enquanto cheio, serve como ligação entre o
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
Igarapé do Ingaipaua e os demais cursos d’água existentes no município (ITACOATIARA,
2010). Inicialmente foram realizadas incursões exploratórias para definição das estratégias de
trabalho. Após a visita in loco foi verificado o trecho onde a vegetação se mostrou mais
abundante. O inventário da vegetação ciliar foi realizado no mês de junho onde o igarapé
apresentava o período de cheia. Para a amostragem desta vegetação foi empregado o Método
dos Quadrantes empregado por Lacerda et al. (2003). A distância entre cada ponto quadrante
foi de 20 m e em cada ponto foram anotados os indivíduos mais próximos em um raio de um
metro. Como critérios de inclusão foram amostrados indivíduos arbustivos e arbóreos com
altura ≥ 1 metro. A identificação botânica das espécies foi realizada com o auxilio de um
identificador florestal e o material coletado foi identificado por meio de comparações com
exsicatas no Herbário do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara.
Os parâmetros avaliados foram a Densidade Relativa (DR) por permitir uma avaliação
da estrutura da vegetação, representando em valores percentuais a participação de cada
espécie no total de árvores amostradas e a Frequencia Relativa (FR) por representar a
percentagem de ocorrência de uma espécie em relação a outras, sendo: DRi = (ni/N) X 100,
DRi = densidade relativa da Especie i (%); ni = número de indivíduos amostrado da espécie i;
e N = número total de indivíduos amostrados de todas as espécies. FRi = (FAi/nΣFAi) Χ 100,
onde: FRi = frequencia relativa da espécie i (%); FAi = frequencia absoluta da espécie i;
nΣFAi = frequencia absoluta de todas as espécies; e n = número de espécies amostradas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No entorno circundante do igarapé Ingaipaua notou-se pouca vegetação, o que
dificultou a escolha da área para a aplicação da metodologia dos Pontos Quadrantes
(MARTINS, 1993), método no qual os resultados definem os componentes como arbustivo-
arbóreo ciliar. No inventário realizado permitiu-se observar a predominância de paracaxirana
(Pentaclethara macroloba Wild.), sendo que na reduzida área de vegetação nativa foram
encontradas 18 espécies nativas, 15 famílias e 18 gêneros num total de 37 espécimes (Tabela
1).
As famílias com maior número de espécies foram a Euphorbiaceae, Fabaceae e
Caesalpiniaceae apresentando 2, 3 e 4 espécies respectivamente. Em um levantamento
fitossociológico realizado por Pinheiro et al. (2007) em área de preservação permanente no
leste da Amazônia indicaram que as famílias Fabaceae e Lecythidaceae tiveram a maior
riqueza e densidade na composição florística da área. Em relação aos gêneros em sua
totalidade de 100% apresentaram somente uma espécie, variando somente o número de
espécimes por gênero, o que indica uma alta diversidade de espécies vegetacionais no local.
Os dados de Densidade Relativa (DR) e Freqüência Relativa (FR) das espécies no estrato
arbóreo-arbustivo da mata ciliar estão apresentados a seguir (figura 1). Em estudo realizador
por Miranda (2000) a espécie Pseudobombax cf. faroense apresentou maior densidade relativa
(DR%) com 18,0 % e maior frequência relativa (FR%) com 14,65%.
Tabela 1. Listagem das espécies encontradas na área ciliar do igarapé do Ingaipaua.
Família/Espécies Nome popular
Fabaceae
Pentaclethara macroloba Wild. Paracaxirana
Campsiandra laurifólia Acapurana
Rubiaceae
Alibertia sp. Apuruizinho
Lecythidaceae
Eschweilera odorata (Poepp) Meiers. Castanharana
Euphorbiaceae
Croton urucarana Urucarana
Hevea brasiliensis (HBK) M. Arg. Seringueira
Boraginaceae
Cordia ulei IM Johnst Uruá
Simarubaceae
Simaba guianensis Aubl. Cajurana
Caesalpiniaceae
Sclerolobium paniculatum Vogel. Taxi Branco
Schisolobium amazonicum Huber ex
Ducke
Paricá
Macrolobium acacifolium Arapari
Fabaceae Mimosoideae
Abarema jupunba (Willd.) Britton &
Killip
Ingarana
Arecaceae
Astrocaryum jauari Jauari
Bombaceae
Pachira aquatic Munguba
Verbanaceae
Vitex montevidensis Cham. Tarumã
Palmae
Maximiliana maripa (Correa) Drude. Marajá
Sterculiaceae
Sterculia excelsa Mart Tapuruzeiro
Brassicaceae
Crateva tapia L. Catoré
Figura 1. Valores de Freqüência Relativa (FR) e de Densidade Relativa (DR) da mata ciliar
do igarapé Ingaipaua.
Apesar da pressão urbana em direção ao igarapé Ingaipaua e a presença da lixeira
municipal do Município de Itacoatiara próximo ao igarapé nenhuma das espécies em estudo
são indicadoras de degradação, porém pôde ser observada a presença de macrófitas aquática
em quase toda área de estudo do igarapé na qual é importante indicador de poluição.
Alicerçadas às inúmeras importâncias atribuídas à mata ciliar dos reservatórios artificiais, a
Resolução do CONAMA no 004/85 vem preencher uma lacuna do Código Florestal quanto à
largura da faixa ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de água, naturais ou artificiais.
Assim, essa Resolução considera como Áreas de Preservação Permanentes (APPs) as florestas
e demais formas de vegetação, situadas ao redor destas áreas, desde o seu nível mais alto
medido horizontalmente, em faixa marginal.
Considerando que o igarapé do Ingaipaua está inserido na zona urbana do Município
de Itacoatiara e possui em alguns trechos uma largura mínima de 20 metros, a largura mínima
da mata ciliar deveria ser de 50 metros de cada lado, porém o que se observa em alguns
trechos do curso do igarapé é a remoção da vegetação ciliar para a instalação de comércios e
residências, prejudicando a qualidade e o curso natural das águas do igarapé. Portanto a
manutenção e proteção dessa cobertura de vegetação são importantes para alcançar as
condições ideais para o equilíbrio ambiental.
CONCLUSÃO
No inventario exploratório foi permitido a observação de baixo revestimento na
vegetação ciliar nativa, sendo a paracaxirana (P. macroloba Willd) a espécie que ocorreu com
maior predominância.Com relação a aplicação do Métodos de Quadrantes, os resultados
definem que o componente arbustivo-arbóreo foi representado por 18 espécies distribuídas em
15 famílias e 18 gêneros. As famílias com maior número de espécies foram Euphorbiaceae,
Fabaceae e Caesalpiniaceae. Os parâmetros fitossociológicos analisados (DR e FR)
demonstraram que a quase totalidade das espécies foram representados pela espécie
paracaxirana (P. macroloba Willd). Com resultados apresentados nesse estudo pode-se
concluir que com o Método de Quadrantes obteve-se uma baixa abrangência da vegetação
ciliar, recomendando então adequar o método para realidade Amazônica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Presidencia da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília.
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para a sustentabilidade dos recursos naturais na bacia hidrográfica do rio Taperoá, no
semi-árido paraibano. Disponível em:
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PINHEIRO, K.A.O.; Carvalho J.O.P.; Quanz B.; Francez L.M.B.; Francez G.
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Zoneamento Ambiental. Relatório Anual 2009. Itacoatiara, Amazonas, 2009.
MIRANDA I. S. Análise florística e estrutural da vegetação lenhosa do rio
Comemoração, Pimenta Bueno, Rondônia – Brasil. 2000. Disponível em:
>http://acta.inpa.gov.br/fasciculos/30-3/PDF/v30n3a05.pdf<. Acesso em: 15.06.2011.
COLETA, IDENTIFICAÇÃO, CONFECÇÃO DE EXSICATAS E
INCORPORAÇÃO DO MATERIAL BOTÂNICO NO HERBÁRIO DO
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITACOATIARA –
CESI/EST/UEA
Francisco Itamar Gonçalves MELGUEIRO1; Melissa CHALCO
2; José Hamilton de Oliveira
BRAGA3; Renata Reis CARVALHO
4
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA. Email: [email protected];
2Pesquisador(a) orientador(a), UEA;
3Bolsista PIBITI–UEA;
4Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, Itacoatiara, AM.
RESUMO
Este estudo visa à coleta, identificação, descrição, confecção de exsicatas e incorporação no
Herbário do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara - CESI/EST/UEA, e acrescentar
informações sobre o hábitat, distribuição geográfica, fenologia, dispersão de semente de cada
espécie. A coleta do material botânico foi realizada no seu estádio de desenvolvimento
incluindo ramos e folhas em seguida foram prensadas entre folhas de jornais e papelão, os
exemplares coletados foram colocados imediatamente na estufa à temperatura média de 60°C
no período de dois dias e foi feita a identificação e confecção do material botânico. Foram
coletadas 147 amostras de material botânico fértil, sendo três de cada árvore, que foi
incorporado 32 espécies diferentes, sendo que algumas espécies sua coleta foi repetido em até
3 vezes, totalizando 49 espécies no total. Foi encontrado 23 famílias diferentes no total.
Constatou-se nesta pesquisa, que as famílias mais encontradas e que suas espécies foram
incorporadas foi a família Fabaceae (20%) e Arecaceae (20%) apresentou o maior números de
espécies incorporadas com total de 5 espécie, seguida pela Anacardiaceae (16%) com 4,
Malphigiaceae (3%), Anonaceae (3%) e Leguminosae (3%) com 3 espécies.
Palavras chave: Coleção de plantas secas, Exsicata, Botânica.
INTRODUÇÃO
Herbário é uma coleção de plantas secas, processadas e organizadas, servindo como
material de pesquisa para todas as áreas da ciência que utilizam os vegetais como seu objeto
de estudo (BRASIL, 2001; MARQUETE et al., 2001 apud PACHECO, 2004). Essa coleção é
composta por exsicatas, que é a unidade básica de um Herbário, pois constitui material
testemunho referencial para futuros estudos (BRASIL, 2001).
A identificação científica correta das espécies é fundamental para o desenvolvimento
das ciências básica e aplicada, bem como para garantir a integridade das transações
comerciais de madeiras e demais produtos vegetais retirados da floresta. A obtenção da
nomenclatura científica requer metodologia específica que deve ser criteriosamente utilizada a
fim de minimizar erros (FERREIRA & MARTINS-DA-SILVA, 1999; MAGALHÃES,
SANTOS & SALEM, 2001).
Este estudo visa a coleta, identificação, descrição, confecção de exsicatas e
incorporação no Herbário do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – CESI/EST/UEA, e
acrescentar informações sobre o hábitat, distribuição geográfica, fenologia, dispersão de
semente de cada espécie, para que este atue como importante suporte para pesquisas
científicas e atividades de educação ambiental com um acervo de qualidade. Este projeto tem
como objetivo geral, coletar o material botânico, identificar, descrever, confeccionar exsicatas
e incorporar no Herbário do CESI/EST/UEA, e como específico, coletar material botânico
fértil encontrado no município de Itacoatiara/AM, identificar e descrever as características dos
indivíduos coletados, confeccionar as exsicatas e incorporá-las no Herbário.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
METODOLOGIA
Levantamento bibliográfico
Foi realizado um levantamento bibliográfico específico das espécies que predominam
no município de Itacoatiara-Am, que serviram de base para o desenvolvimento deste projeto.
Coleta do material botânico
A coleta do material botânico foi realizada no seu estádio de desenvolvimento, pois a
planta deve estar fértil (florida ou frutificada), incluindo ramos e folhas. As ferramentas
utilizadas foram: podão e tesoura de poda. Durante a coleta os exemplares foram prensados
entre folhas de jornais e papelão, em seguida colocados e amarrados em prensas (grades de
madeira) com cordões. Foram anotadas todas as observações possíveis do indivíduo tais
como: hábitat, porte, polinizadores, cor e tamanho de flores e frutos, tipo de tronco, diâmetro,
altura.
Secagem e identificação do material botânico
Para a secagem do material, os exemplares coletados foram colocados imediatamente
na estufa à temperatura média de 60°C no período de dois dias. As amostras que não foram
possíveis desidratar em campo foram borrifadas com álcool 70% e acondicionadas em saco
plástico bem lacrado, para manter a coleta em bom estado. Os exemplares foram identificados
de acordo com a bibliografia especializada e sites disponíveis na internet, como ferramentas
para a classificação correta, e em alguns casos foi necessário consultar um especialista.
Confecção do material botânico As amostras foram confeccionadas, sendo colocado um exemplar em cada folha de
papel madeira. Em seguida foram etiquetados, sendo que na etiqueta contém informações
sobre classificação (família, gênero, espécie e nome popular), a procedência, data da coleta,
nome do coletor, do identificador, número da exsicata correspondente (registro do Herbário) e
observações sobre a planta (cor da flor, do fruto, estágio de desenvolvimento, odor).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletadas 147 amostras de material botânico fértil, sendo três de cada árvore,
essas amostras foram identificadas através da chave analítica e material especializado. De
cada árvore foi escolhido uma exsicata para ser incorporada, com o total de 49 amostras,
algumas árvores da mesma espécies foram coletas mais de uma vez.
A Tabela 1 mostra o número total de indivíduos incorporados, de acordo com o nome
popular, nome científico de cada espécies com sua devida família e pode ser verificado o
número total de espécies incorporadas. Pode-se observar que foram incorporadas 32 espécies
diferentes, sendo que algumas espécies sua coleta foi repetida em até 3 vezes, totalizando 49
espécies. Foram encontradas 23 famílias diferentes no total.
Tabela 1. Número total de espécies e famílias incorporadas no herbário.
N P N C Família N E
Açaí Euterpe oleraceae Arecaceae 2
Acapurana Chamaecrista adiantifoli Caesalpiniaceae 1
Aninga Montrichardia linifera Araceae 2
Bacaba Oenocarpus bacaba Arecaceae 1
Canela-de-velho Aspidosperma discolor Apocynaceae 1
Capitarí-da-varzea Tabebuia barbata Bignoniaceae 1
Capitiú Siparona sp Moniniaceae 1
Embauba Cecropia ulei Cecropiaceae 2
Envira Xylopia sp Annonaceae 1
Genipapo Genipa americano Rubiaceae 1
Jurubeba Solanun paniculatum Solanaceae 2
Louro preto Dicypelium sp Lauraceae 2
Mamão Carica papaia Caricaceae 2
Manga Mangifera indico Anacardiaceae 2
Mata pasto Cassia iccidentalis Fabaceae 2
Matá-matá Eschweilera amazonica Lecythidaceae 1
Pimenta longa Piper longum Piperaceae 1
Tapereba Spondias lutea sp Anacardiaceae 1
Tucumã Astrocaryum aculeatum Arecaceae 2
Murici Malphigia sp Malphigiaceae 3
Inga Inga edulis Fabaceae 3
Paliteiro Clitória fairchildiana Leguminosae 3
Biriba Rollinia mucosa Anonaceae 2
Ipê Tabebuia serratifolia Bignoniaceae 1
Cacau Theobroma cacao Sterculiaceae 1
Purui Alibertia edulis Rubiaceae 2
Cajú Anacardium ocidentale Anacardiaceae 1
Andiroba Carapa guianensis Meliaceae 1
Limorana Randia armata Rubiaceae 1
Goiabeira Psidium sp Myaraceae 1
Mamona Ricinus communis Euphorbiaceae 1
Morototó Schefflera morototoni Araliaceae 1
Total 32 23 49
Legenda: N P = Nome Popular; N C = Nome Científico; N E = Número de Espécies.
Constatou-se nesta pesquisa, que as famílias mais encontradas e que suas espécies
foram incorporadas são: Arecaceae, Anonaceae, Malphigiaceae, Leguminosae, Bignoniaceae,
Anacardiaceae e Fabaceae (Tabela 2).
Tabela 2. Famílias que apresentaram o maior número de espécies incorporadas.
Família Número de species %
Arecaceae 5 20
Fabaceae 5 20
Anacardiaceae 4 16
Malphigiaceae 3 12
Leguminosae 3 12
Anonaceae 3 12
Bignoniaceae 2 8
Total 25 100
Sendo que a família Fabaceae (20%) e Arecaceae (20%) apresentou o maior números
de espécies incorporadas com total de 5 espécie, seguida pela Anacardiaceae (16%) com 4,
Malphigiaceae (3%), Anonaceae (3%) e leguminosae (3%) com 3 espécies.
As espécies mais comuns foram: Malphigia sp, Inga edulis, Clitória fairchildiana,
Euterpe oleraceae, Mangifera indico, Rollinia mucosa e Tabebuia serratifolia (Figura 1).
Figura 1. As sete espécies com maior número de incorporação.
CONCLUSÃO
As famílias incorporadas são de suma importância para o herbário e servirão de base
para estudos e pesquisas científicas, sendo que a espécies ingá edulis e Malphigia sp e
Clitoria fairchildiana são as espécies mais predominaram durante esta pesquisa e tem como
importância além de enrriquecer o acervo servirá de material de troca com outros herbários.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pela bolsa
PAIC e à Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Botânica. Rio de Janeiro, RJ.
FERREIRA, G.C. & MARTINS-DA-SILVA, R.C.V. 1999. Informatização da família
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MAGALHÃES, C.; SANTOS, J. L. C. & SALEM, J. I. 2001. Automação de coleções
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MARTINS, R. A. et al. (Ed.). Filosofia e história da ciência no Cone Sul: 3º encontro.
Campinas: AFHIC. p. 110-114.
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UMA FLORESTA PRIMÁRIA,
LOCALIZADA NO RIO ARARI, MUNICÍPIO DE ITACOATIARA -
(AM).
Gisélia de Oliveira dos SANTOS1; Leide Jany Nogueira SANTOS
2; Fabiana Rocha PINTO
3
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA [email protected];
2Bolsista Voluntária;
3Pesquisadora orientadora, UEA [email protected].
RESUMO
O objetivo desse trabalho foi analisar a composição florística de uma floresta primária,
localizada no Rio Ararí, município de Itacoatiara (AM), visando subsidiar estudos futuros
sobre as formações florestais em nossa região, através da descrição da composição florística
da área. O clima da região é do tipo “Amw”, caracterizado como quente e úmido durante o
ano inteiro. Para o levantamento florístico foram utilizados os dados de 24 parcelas com
dimensões de 20 x 125 m cada. Dentro de cada parcela foi feita a medição do diâmentro a
altura do peito (DAP) dos indivíduos arbustivos e arbóreos ≥ 10 cm, dos quais obteve-se
amostras botânicas. A composição florística nos seis hectares analisados constou de 2.455
indivíduos, distribuídos em 155 espécies, 97 gêneros e 37 famílias. As maiores famílias em
número de espécies foram: Sapotaceae (14), Lauraceae (12) e Lecythidaceae com (12). As
famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram: Sapotaceae (291), Arecaceae
(284), e Caesalpiniaceae (182). As famílias mais representativas em número de gêneros
foram: Caesalpiniaceae (07), Sapotaceae (06), Annonaceae (05), e Fabaceae (04). Os gêneros
com maior número de espécies foram: Eschweilera e Ingá (07), Pouteria (06), Hymenolobium
e Otoba (05). E as espécies com maiores números de indivíduos são: babaçu (Orbignya
speciosa) com 197; breu branco (Trattinickia burseraefolia) com 135, e Abiurana (Pouteria
sp.) com 102. Contudo, foi possível verificar que os dados desses estudos não diferenciaram-
se de outros levantamentos realizados em outras áreas na Amazônia, principalmente com
relação à de distribuição das espécies entre as famílias.
Palavras chave: Inventário Florístico; Identificação Botânica; Coleta Vegetativa.
INTRODUÇÃO
A Amazônia brasileira possui a maior extensão de floresta tropical primária contínua
do mundo, com área de, aproximadamente, 300 milhões de hectares. A mesma é também, o
maior reservatório natural de diversidade do planeta, onde cada um de seus diferentes
ambientes florestais possui um contingente florístico rico e variado, muitas vezes exclusivo de
determinado ambiente (OLIVEIRA & AMARAL, 2004). Nos últimos anos a exploração e a
destruição das florestas tropicais têm se tornado um problema freqüente. De acordo com
estimativas do INPE (2004), somente na Amazônia Legal a taxa de desmatamento para o
período 2001-2002, foi de 25.476 km², e que até 2001 o desmatamento acumulado foi de
566.099 km², que corresponde a 11% da cobertura florestal original (4.195.660 km² de
floresta densa). As principais causas do desmatamento na Amazônia são atribuídas,
principalmente, a exploração madeireira ilegal e a maior exploração intensiva de áreas
florestais convertidas em agricultura e pecuária (MATOS & AMARAL, 1999). Estudar a
floresta primária é importante para a manutenção e conservação da diversidade biológica, e
dos processos ecológicos. Uma das características dessa floresta é a alta densidade de árvores
de maior porte e uma presença significativa na cobertura do dossel, criando condições
favoráveis à germinação e estabelecimento de espécies de plântulas. (WILLIANS – LINERA,
2002). A floresta Primária ainda é considerada um dos mais importantes ecossistemas do
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
mundo, pois é caracterizada pela pouca interferência humana, ou seja, sem atividades do
extrativismo de madeiras ou produtos não madeireiros. (CRAVO, M.S; SMITH, 1991).
Infelizmente a fragilidade dos ambientes florestais da Amazônia indica a necessidade
prioritária de se conhecer a composição e distribuição das espécies vegetais nesses
ecossistemas, visando com isso garantir a conservação da flora nativa regional. Nesse sentido,
os estudos sobre a composição florística são imprescindíveis, pois a partir dessas informações,
pode se conhecer, entre outros, a classificação e identificação de espécies de plantas na
localidade, bem como os habitats preferenciais de cada um delas (OLIVEIRA et al., 2004).
Contudo, ainda existem vários fatores que dificultam as investigações científicas e,
consequentemente, um conhecimento satisfatório do potencial e limitações dos recursos
naturais da Amazônia. Entre esses, podem ser citadas a grande complexidade dos
ecossistemas, extensão geográfica ocupada pela região, às várias interações entre os fatores
ambientais bióticos e abióticos, que influenciam sobre tudo em sua composição florística,
bem como a falta de incentivo à pesquisa básica e principalmente o desmatamento acelerado,
e falta de informações sobre a classificação e identificação de certas espécies (SILVA et al.,
1987; LIMA FILHO et al., 2001). Por isso, uma boa identificação dos espécimes vegetais
depende, principalmente, da metodologia de coleta, visto que estas plantas farão parte de
acervos que servirão como: i) documentação científica da flora local; ii) referência a outras
identificações taxonômicas; e ainda, iv) servirão para ampliar o número de plantas
catalogadas no país, elevando o conhecimento da biodiversidade e promovendo o uso racional
dos recursos vegetais. Para isso, as ferramentas disponíveis são exsicatas nos herbários,
chaves e descrições taxonômicas que utilizam os órgãos reprodutivos utilizando termos
técnicos complexos, pouco acessíveis a leigos e aos botânicos menos experientes
(PROCÓPIO, 2004).
O presente estudo objetiva, analisar a composição florística de uma floresta primária,
localizada no Rio Ararí próximo ao município de Itacoatiara (AM), visando subsidiar estudos
futuros sobre as formações florestais em nossa região, e descrever a composição florística da
área por meio da identificação das famílias, gêneros e espécies presentes na floresta primária.
METODOLOGIA
As informações que serviram de base para o presente trabalho foram coletadas em
uma Floresta Primária, localizada no Rio Arari próximo ao Município de Itacoatiara (Am),
sendo escolhida em função de ser uma floresta nativa que contém uma grande diversidade
florística. A floresta estudada está situada à margem direita do Rio Arari, limitando-se ao
norte com o igarapé do Pahy, e ao sul com a margem esquerda do igarapé do Bonifácio, estes
fazendo a drenagem do local estudado. O acesso à propriedade é feito por via fluvial. A
propriedade está localizada entre os paralelos 3°37’0”S e 58°13’0”W . A área Florestal possui
900 ha. A vegetação da área de estudo está classificada como Floresta Tropical Fechada de
Terras Baixas da sub região de baixos platôs da Bacia Amazônica. Esta floresta caracteriza-se
em função de ser um clima quente com elevadas precipitações. A floresta cresce sobre os
platôs de origem Terciária e sobre terraços de rios recentes ou mais velhos
(RADAMBRASIL, 1978). O Clima do local está classificado, segundo Koppen, como Grupo
Climático A (Clima Tropical Chuvoso), abrangendo o tipo e variedade climática Amw
(chuvas do tipo monções), representando uma variedade do tipo Am. A precipitação
pluviométrica anual é de cerca de 2200 mm, com menor volume mensal entre agosto e
outubro. A temperatura média é de 26° C e a umidade relativa do ar é de 80%
(RADAMBRASIL, 1978). Os Solos estão classificados no grupo dos Latossolos Amarelos
Distróficos, de acordo com o Mapa Geral de Solos do Brasil. A área está inserida na
microrregião Médio Amazonas, com baixa fertilidade natural, alta toxidez de alumínio e solos
de textura argilosa. As formas de relevo observadas na região permitem concluir que os solos
foram consideravelmente desgastados de sua configuração original (RADAMBRASIL, 1978).
A formação vegetal típica da região é a Floresta Tropical Densa, da Sub-região de Baixos
Platôs Dissecados. Os platôs são bem drenados e abrigam uma floresta significativamente
mais densa do que nos declives e nos Igapós (vegetação inundada ao longo dos cursos de
água). No levantamento florístico foi aplicada amostragem em método de parcelas com
dimensão de 20 x 125m, onde foram estabelecidas algumas unidades amostrais distribuídas
aleatoriamente. Sendo quantificados todos os indivíduos arbustivos e arbóreos presentes nas
parcelas com diâmetro a altura do peito (DAP) maior ou igual a 10 cm, a 1,30 m do solo. Para
a medida do CAP foi utilizada fita métrica e a medida da altura dos indivíduos foi estimada
visualmente. A coleta do material botânico foi realizada através da escalada em árvores e por
peconha, apenas em alguns indivíduos que foram marcados durante o inventário florestal. As
amostras coletadas dos indivíduos foram prensadas e conservadas no álcool e transportadas
para o laboratório de biologia do CESIT, onde ficaram em estufa à 50ºC durante três dia, e
após sua secagem elas foram levadas ao herbário, onde foram identificadas por comparação
com literaturas especializadas. Sendo que os dados de características do fuste, base, exsudatos
foram anotados em uma ficha de campo pré-elaborada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos 06 hectares analisados foram amostrados 2.455 indivíduos, distribuídos em 155
espécies, 97 gêneros e 37 famílias botânicas. Sendo que a Sapotaceae é a família mais
importante no povoamento, onde possui o maior número de espécies e maior número de
indivíduos. Segundo Ribeiro et al. (1999) esta família apresenta ampla distribuição nas
regiões tropicais americanas, aparecendo sempre com uma alta diversidade em muitos
ambientes, principalmente em florestas úmidas localizadas em regiões de baixa altitude.
As maiores famílias em número de espécies foram: Sapotaceae (14 espécies),
Lauraceae (12 espécies), Lecythidaceae (12 espécies), Myristicaceae (11 espécies),
Mimosaceae (10 espécies), Caesalpiniaceae (08 espécies), Annonaceae (08 espécies),
Fabaceae (08 espécies), Chrysobalanaceae (06 espécies), e Humiriaceae (06 espécies), onde
juntas representam 85 espécies do povoamento, com total de 1.205 indivíduos
respectivamente (Fig. 11). Assim, analisando os dados de outras pesquisas já procedidas na
Amazônia, verifica-se que a composição florística é bastante variável, principalmente quanto
ao número de espécies por hectare. Lima Filho (1995) analisando três hectares na região do
Rio Urucu-AM registrou 694 espécies, 279 gêneros e 79 famílias. Oliveira (1997) em três
hectares na Reserva do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF)
próxima a Manaus, registrou um total de 513 espécies distribuídas em 181 gêneros e 58
Fig. 01. Número de espécies Fig. 02. Número de indivíduos
famílias botânicas. Pinto et al. (2003) em dezoito hectares identificaram 330 espécies
arbóreas, pertencentes a 55 famílias.
As famílias que apresentaram maior número de indivíduos da pesquisa em questão
foram: Sapotaceae (291 indivíduos), Arecaceae (284 indivíduos), Caesalpiniaceae (182
indivíduos), Burseraceae (181 indivíduos), Lauraceae (178 indivíduos), Lecythidaceae (171
indivíduos), Apocynaceae (112 indivíduos), Myristicaceae (91 indivíduos), Fabaceae
(89,indivíduos), e Mimosaceae (84 indivíduos), totalizando 1.844 indivíduos (Fig. 12). Esses
resultados não diferem de outros levantamentos realizados em diferentes sítios na Amazônia
(Silva et al., 1992; Lima Filho et al., 2001; Saito et al., 2003), verifica-se portanto, que
independente da amostragem de um, três ou mais hectares neste tipo de floresta, poucas
famílias, principalmente, Sapotaceae , Arecaceae, e Lecythidaceae, apresentam um elevado
número de indivíduos, enquanto que a maioria contribui com poucos representantes. Pelo
menos quatro das dez famílias com maior número de indivíduos, são reportadas em outros
locais, segundo os autores acima.
Vários fatores podem ser supostos como os responsáveis pela variação no número de
táxons, em regiões distintas na Amazônia. Segundo Oliveira (2000) as sínteses esbarram em
problemas metodológicos, principalmente, na comparação de diferentes técnicas de
amostragem e, muitas vezes, na impossibilidade de atualização e correção de identificações
por falta de material testemunho. Observa-se que na maioria dos trabalhos, principalmente,
nos censos florestais, somente o nome vulgar é levado em consideração, haja vista, que para a
identificação no nível específico é necessário à coleta do material, a qual demanda tempo e
não é, muitas das vezes, economicamente viável.
As famílias mais representativas em número de gêneros foram: Caesalpiniaceae com
07 gêneros, Sapotaceae com 06 gêneros, Annonaceae Lecythidaceae, Lauraceae e
Myristicaceae com 05 gêneros cada uma, e Fabaceae com 04 gêneros (Fig. 03). Os gêneros
com maior número de espécies foram: Eschweilera e Ingá com sete espécies, Pouteria com
seis espécies, Hymenolobium e Otoba com cinco espécies, e Micropholis com quatro
espécies. E as espécies com maiores números de indivíduos são: babaçu (Orbignya speciosa)
com 197 indivíduos; breu branco (Trattinickia burseraefolia) com 135 indivíduos; Abiurana
(Pouteria sp.) com 102 indivíduos, Abiurana casca fina (Pouteria durlandii) com 100
indivíduos, e macucu (Aldina sp.) com 97 indivíduos (Fig. 04).
CONCLUSÃO
Contudo, ao comparar a diversidade das principais famílias encontradas nesta pesquisa
com outros levantamentos realizados em outras áreas na Amazônia, verifica - se que para
Fig. 03. Número de gêneros Fig. 04. Número de indivíduos por espécie
estas florestas há um certo padrão de distribuição das espécies entre as famílias. Destacam - se
Sapotaceae, Caesalpiniaceae, Burseraceae, Lauraceae, Lecythidaceae e Mimosaceae,
consideradas as primeiras no “ranking” de diversidade em espécie, evidenciando,
principalmente, a família Sapotaceae como uma das principais contribuidoras da elevada
heterogeneidade nesse tipo de floresta.
AGRADECIMENTOS
À FAPEAM; Aos Professores do curso de Eng. Florestal; aos colegas: Daniel,
Emerson, Edivaldo, Filipe, João Bosco, Leide Jany, Pedro e Romário; Aos Srs. Henrique dos
Santos, Jander Rubens, Gilson da Paz, Aluísio Neto, Jackson Jean, Lúcio Barros, Silvio Rego
e Raimundo Maia; Sra. Flávia Baraúna e Cristina Santos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRAVO M.S. E SMYTH, T.J. Sistema de cultivo com insumos na Amazônia brasileira. In
SMYTH, T.J.; RAUN, W.R. e BERTSCH, F. (Ed). Manejo de Suelos tropicais en
latinoamerica. Norte Carolina state University, Raleigh, 1991.
LIMA FILHO, D. DE A. DE; MATOS, F.D. DE A.; AMARAL, I.L. DO; REVILLA, J.;
COÊLHO, L. DE S.; RAMOS, J.F.; SANTOS, J.L. DOS. 2001. Inventário florístico de
floresta ombrófila densa de terra firme, na região do rio Urucu-AM, Brasil. Acta
Amazonica, 31(4): 565-579.
MATOS, F.D. DE A.; AMARAL, I.L. DO. 1999. Análise ecológica de um hectare em
floresta ombrófila densa de terra-firme, estrada da Várzea, Amazonas, Brasil. Acta
Amazonica, 29(3): 365-379. Martins da Silva, R.C.V. 2002. Identificação de espécimes
botânicos. Embrapa Amazônia Oriental, Belém-PA. 31 p.
MESQUITA, M.R.; PROCÓPIO, L.C. 1999. Flora da Reserva Ducke: Guia de
identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia
Central. Manaus: INPA. 819p. Resumo Público de Certificação de Mil Madeireira
Itacoatiara, Ltda. (Precious Woods Amazon). Certificado no: SW-FM/COC-019. Data da
Certificação: 1 de Junho de 1997. Data do Resumo Público: Novembro de 2002, atualizado
2003. 84p.
OLIVEIRA, A. N. DE; AMARAL, I. L., Composição e diversidade florístico-estrutural de
um hectare de floresta densa de terra firme na Amazônia Central, Amazonas, Brasil.
Acta Amazônica, v. 35, n.1, p.1-16, 2004.
PROCÓPIO, L.C.; SECCO, R. de S. 2008. A importância da identificação botânica nos
inventários florestais: o exemplo do “tauari” (Couratari spp. e Cariniana spp. -
Lecythidaceae) em duas áreas manejadas no estado do Pará. Acta Amazonica, vol. 38(1)
2008: 31 – 44.
RADAMBRASIL. 1978. Programa de Integração Nacional. Levantamentos de Recursos
Naturais. V.18 (Manaus) – RADAM (Projeto) DNPM, Ministério das Minas energia. Brasil.
626p.
CRIAÇÃO DA CARPOTECA DO CENTRO DE ESTUDOS
SUPERIORES DE ITACOATIARA – CESI/EST/UEA
José Hamilton de Oliveira BRAGA1; Melissa CHALCO
2; Francisco Itamar Gonçalves
MELGUEIRO3; Renata Reis CARVALHO
4
1Bolsista PIBIT–CNPq–UEA. Email: [email protected];
2Pesquisador(a)
orientador(a), UEA; 3,4
Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, Itacoatiara, AM.
RESUMO
A importância de uma carpoteca anexa a um herbário se dá pela maior praticidade no
momento da armazenagem dos frutos, estes que em algumas situações não podem ser
armazenados juntamente com suas respectivas exsicatas. Nesse contexto este projeto atuou
com o objetivo de coletar, identificar, descrever, armazenar e incorporar frutos, na Carpoteca
do CESI/EST/UEA. Foi realizado um levantamento bibliográfico específico das espécies que
predominam no município de Itacoatiara-Am, e as suas respectivas épocas de frutificação em
seguida realizou-se a coleta dos frutos maduros nas árvores encontradas em vias públicas e
em quintais domésticos. Os frutos coletados com auxilio de podão e tesoura de poda e logo
após foram separados e classificados como secos e carnosos. Sendo os frutos carnosos
acondicionados em recipientes com álcool 70% e glicerina e os frutos secos foram
desidratados em estufa a 60ºC. Foi realizada a coleta de 29 frutos, sendo 25 carnosos e 4
secos, além destes também foram revitalizados 16 frutos secos vindos do antigo herbário.
Palavras chave: Coleção de frutos; coleta; armazenamento de frutos.
INTRODUÇÃO
A carpoteca é uma coleção científica de frutos, que por serem grandes ou de
consistência lenhosa ou carnosa não é viável seu armazenamento junto da exsicata
correspondente, pois pode danificá-la (POTIGUARA, 2001).
Esta coleção de frutos (carpoteca) possui grande importância na preservação e
manutenção dos frutos, tornando-os disponíveis para o acesso de alunos e pesquisadores com
a finalidade de servir como um arquivo para a identificação de espécies vegetais, tendo
importância para a pesquisa na taxonomia, florística e propagação (UEMS, 2009).
A montagem de uma carpoteca inclui a coleta e armazenamento de frutos de
consistência seca e carnosa, porém esses devem ser armazenados de maneira adequada,
descrita em metodologia. A existência de uma carpoteca é imprescindível para pesquisas e
estudos, servindo como ferramenta para taxonomistas e estudantes em geral, pois o fruto pode
ser a parte do material que difere uma espécie de outra (POTIGUARA, 2001).
Um fruto completo é composto por pericarpo e sementes. O pericarpo possui três
camadas: uma externa (o epicarpo), uma mediana (o mesocarpo) e uma interna que reveste as
sementes (o endocarpo) (RAVEN, 2007).
Este estudo atuou como importante suporte para pesquisas científicas e atividades de
educação ambiental com um acervo de qualidade, tornando-se disponível para o acesso de
alunos, pesquisadores e a comunidade em geral, além de contribuir com o curso de engenharia
florestal, que traz em sua grade curricular algumas disciplinas que necessitavam de uma
carpoteca para a realização de aulas práticas.
O projeto teve como objetivo coletar, identificar, descrever, armazenar e incorporar
frutos, na Carpoteca do CESI/EST/UEA, encontrados na região de Itacoatiara-Am,
contribuindo para a organização da mesma, elaborando uma checklist dos frutos, seu uso e
habitat.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento bibliográfico específico das espécies que predominam
no município de Itacoatiara-Am, e as suas respectivas épocas de frutificação, onde este serviu
como base para o desenvolvimento do projeto.
A coleta dos frutos maduros foi realizada diretamente das árvores nas vias públicas,
em quintais domésticos devidamente autorizados pelos proprietários, além de áreas adjacentes
a zona urbana do município de Itacoatiara. As ferramentas utilizadas para as coletas foram:
podão, tesoura de poda, potes de vidro, sacos de ráfia e plástico, bandejas plásticas para o
transporte.
As coletas foram baseadas no período fenológico de frutificação de cada espécie,
tendo em vista que as coletas foram feitas em espécies de floresta nativa.
Os dados referentes às árvores matrizes foram anotados em ficha de campo e
posteriormente digitalizados para a confecção de banco de dados interno do Herbário do
CESI.
Os frutos coletados foram separados e classificados como secos e carnosos. Sendo os
frutos carnosos acondicionados em recipientes com álcool 70% e glicerina, para conservação
da integridade do material. Os frutos secos foram desidratados em estufa a 60ºC.
Os exemplares foram identificados de acordo com a bibliografia especializada e sites
disponíveis na internet como ferramentas para classificação correta e quando necessário foi
realizada consultas à especialistas. Em seguida foram etiquetados onde nesta etiqueta
continham informações sobre classificação (família, gênero, espécie e nome popular), a
procedência, data da coleta, nome do coletor, do identificador, número da exsicata
correspondente (registro do Herbário) e observações sobre a planta (cor da flor, do fruto,
estágio de desenvolvimento, odor).
Os frutos identificados foram incorporados na carpoteca do CESI/EST/UEA e
informatizados utilizando o programa BRAHMS (Botanical Research and Herbarium
Management System).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi realizada a coleta de 29 frutos, sendo 25 carnosos (figura 1) e 4 secos, diretamente
das árvores nas vias públicas do município de Itacoatiara – Am com o auxílio do podão e
tesoura de poda, foram anotados em ficha de campo as características da árvore, em seguida
os frutos foram colocados em bandejas plásticas e levados ao laboratório. Além destes
também foram revitalizados 16 frutos secos vindos do antigo herbário (figura 2). Foi criado
uma lista dos frutos coletados (tabela 1), contendo dados como: nomes vulgares, nomes
científico e família.
Tabela 1 – Informações dos frutos coletados
NOME VULGAR ESPÉCIE FAMÍLIA
Muricy Byrsonima crossifia Malpighiaceae
Biriba Rollinia mucosa Anonnaceae
Goiaba de anta Bellucia grossularioides Melastomataceae
None Morinda citrifolia Rubiaceae
Carambola Averrhoa carambola Oxalidaceae
Taperebá Spondias mombim Anacardiaceae
Caxinguba Ficus pertusa Moraceae
Mamona Ricinus communis Euphorbiaceae
Jurubeba Solanum paniculatum Solanaceae
Puruí Alibertia edulis Rubiaceae
Pimenta Piper hispidinervum Piperaceae
Açaí Euterpe precatória Arecaceae
Embaúba Cecropia sciadophylla Urticaceae
Uruá Não identificado Não identificado
Cajarana Spondias lútea Anacardiaceae
Catauarí Crataeva tapia Caparidaceae
Tento vermelho Adenanthera pavonina Fabaceae
Paliteiro Clitoria racemosa Fabaceae
No laboratório foram separados os frutos carnosos dos frutos secos e acondicionados
de acordo com sua classificação. Os frutos carnosos foram acondicionados em potes de vidro
contendo álcool 70%, para conservar a integridade do material. Os frutos secos foram
desidratados em estufa a 60ºC.
Figura1 - Frutos armazenados na carpoteca do CESI.
O material coletado foi identificado de acordo com a bibliografia especializada e
levado ao herbário onde foi digitalizado no programa Brahms e em seguida incorporado na
coleção.
Figura 2 - Frutos secos revitalizados na carpoteca do CESI.
CONCLUSÃO
A criação da carpoteca proporciona a inserção de novas atividades para disciplinas que
anteriormente necessitavam da atividade de coleta de frutos e não tinham um lugar onde
fossem armazenados estes frutos coletados nestes trabalhos.
A carpoteca também contribui como uma nova fonte de consulta para estudantes,
professores e a comunidade em geral.
AGRADECIMENTOS
Ao Cnpq, ao CESI/UEA, e aos colegas Francisco Itamar, Renata Carvalho, Filipe
Santos, Victor Galvão e Davidson Marques.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
POTIGUARA, R. C.V. et al. Carpoteca: a coleção de frutos Paulo Bezerra Cavalcante -
Minas Gerais. 2001.
RAVEN, P. H.; EVERT , R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia Vegetal. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan. p.856, 2007.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO. Criação de uma carpoteca. Obtido
em http://sigproj.mec.gov.br/apoiados.php?projeto_id=16376 – Acesso em 05/05/2010.
ENRIQUECIMENTO EM LINHAS, UTILIZANDO Carapa
guianensis Aubl. e Dinizia excelsa Ducke EM TRÊS AMBIENTES DE
UMA FLORESTA SECUNDÁRIA
Israel Ferreira de PAULA¹; Fabiana Rocha PINTO² 1Eng. Florestal - [email protected];
2Professora UEA - [email protected]
CESIT/UEA - Av. Mário Andreazza s/n.º, CEP: 69100-000, Itacoatiara-AM.
RESUMO
O plantio de enriquecimento em áreas de capoeira pode ser uma maneira de recuperar áreas
abandonadas, acelerando os processos de transição de comunidade florestais para níveis mais
avançados, e tornando-as promissoras produtoras de bens e serviços florestais, para as
comunidades locais. O objetivo do trabalho foi estudar o comportamento de mudas de duas
espécies florestais Carapa guianensis Aubl. e Dinizia excelsa Ducke em um fragmento
urbano de Floresta Secundária no município de Itacoatiara - AM, plantadas em diferentes
ambientes da capoeira. Cada tratamento - T1 (área aberta), T2 (floresta) e T3 (borda) -
recebeu 10 mudas de cada espécie. Avaliou-se o índice de sobrevivência e crescimento em
altura e diâmetro ao nível do solo. Em termos de sobrevivência a andiroba apresentou as
melhores taxa de crescimento com índices de 90% nos tratamentos T1 e T3 e 60% no T2. Os
índices de sobrevivência para as mudas de angelim foram de 40%, 40% e 70% para os
tratamentos T1, T2 e T3, respectivamente. Para o crescimento inicial das espécies as mudas
de angelim apresentaram crescimento significativamente diferente no T1 em relação aos
demais tratamentos com média de 3,1 cm/mês. As mudas de andiroba apresentaram suas
melhores médias no T2 (1,9 cm) e T3 (1,3 cm). Já para o crescimento em diâmetro médio
mensal as mudas de angelim mantiveram a mesma tendência apresentando o melhor valor
para o T1 (1,1 mm). Para as mudas de andiroba o T1 e o T2 foram os que obtiveram as
melhores médias com 0,7 mm, cada.
Palavras chave: Enriquecimento de capoeira; andiroba; angelim; desenvolvimento de mudas.
INTRODUÇÃO
A ocupação da Amazônia tem levado a um desenvolvimento social, ecológico e
econômico insustentável (Uhl et al., 1998), caracterizando o padrão de uso da terra na região
pela substituição da floresta nativa por sistemas agrícolas e/ou pastoris efêmeros
(WILLERDING; OLIVEIRA, 2005). Esse padrão de uso e ocupação da terra na região põe
em prova a manutenção da biodiversidade e de diversos processos ecológicos em uma escala
temporal, o que sugere que algumas medidas devam ser tomadas de modo a resguardar estes
importantes depositários da riqueza biológica. Dentre as medidas de recuperação florestal nas
áreas alteradas, visando a manutenção dos sistemas florestais nativos e secundários, está o
plantio de enriquecimento e manejo da regeneração natural.
Para que os projetos de enriquecimento sejam bem sucedidos, se faz necessária à boa
compreensão das relações entre variação ambiental e a vegetação. Os diferentes ambientes de
uma floresta secundária podem apresentar variações quanto aos fatores ambientais que
controlam o crescimento e desenvolvimento das plantas. Dentre os fatores ambientais que
controlam o crescimento e desenvolvimento das plantas, a radiação solar destaca-se pela
marcante influência na sucessão ecológica das florestas, sendo a regeneração natural
dependente da disponibilidade de energia nos sítios (LARCHER, 2000). Dessa forma, o
objetivo desse trabalho foi avaliar o desenvolvimento inicial de duas espécies florestais
(Carapa guianensis e Dinizia excelsa) em três diferentes ambientes: área aberta, borda e sub-
bosque de uma floresta secundária, no município de Itacoatiara/AM.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
METODOLOGIA
O experimento foi implantado no município de Itacoatiara, na região do Médio
Amazonas, estado do Amazonas, em uma área plana rodeada por ruas, de cobertura vegetal
classificada como Fragmento de Floresta Secundária urbano com pouco mais de 12 hectares,
entre as longitudes 58°25’52,3” e 58°25’36,8” W e as latitudes 03°07’22,3” e 03°07’39,4’ S
(OZÓRIO, 2009), sob o domínio da Universidade o Estado do Amazonas, Centro de Estudo
Superiores de Itacoatiara. Segundo a classificação de Köppen, o tipo climático da região é
Amw, com índices pluviométricos entorno de 2.500 mm/ano, sendo os meses de novembro a
maio o período chuvoso e os meses de junho a outubro o período de seca. A temperatura
média anual é de 28,1°C, com máxima de 32,6°C e mínima de 23,6°C (INMET, 2011). O solo
do município é classificado como Latossolo Amarelo Distrófico com leve textura argilosa.
Sua vegetação é do tipo Ombrófila Densa de Terras Baixas, com presença de Floresta
Ombrófila Densa Aluvial, Floresta densa Sub-Montana e vegetação secundária
(RADAMBRASIL, 1978).
Segundo moradores, a área foi desmatada em meados dos anos 90 do século XX, para
atividades pecuárias. A priori, era constituída de vegetação ao seu entorno, sendo esta
totalmente suprimida pela ocupação desordenada da população. Hoje, com quase 15 anos de
idade, segundo Ozório (2009), a área pode ser descrita como um ambiente fechado típico de
capoeira, com presença de pteridófitas terrestres, varas e uma elevada diversidade de espécies
arbóreas.
No experimento foram utilizadas mudas, com cinco meses de idade, de duas espécies
florestais: Carapa guianensis Aubl. e Dinizia excelsa Ducke adquiridas no Horto Florestal
Municipal de Itacoatiara. O plantio foi realizado no início do mês de dezembro de 2010, em
diferentes ambientes (tratamentos) da capoeira para ambas as espécies: T1 – Plantio, em linha,
a pleno sol (área aberta) da capoeira; T2 – Plantio, em linha, no interior (floresta) da capoeira;
T3 - Plantio, em linha, na região de borda da capoeira (FIGURA 1).
Para cada tratamento, ambas as espécies foram plantadas na mesma linha, dispostas
alternadamente (FIGURA 1b). Os tratamentos, tanto da andiroba como o do angelim, foram
constituídos de 10 repetições, totalizando 30 indivíduos para cada espécie. O espaçamento
entre os indivíduos foram de quatro metros e as dimensões das covas foram de 40x40x40 cm.
Durante o experimento nenhum trato silvicultural foi realizado, evitando ainda a
correção de pH e fertilização mineral para avaliar a adaptabilidade das espécies as condições
naturais dessa vegetação.
a b
Figura 1: a) Croqui de implantação do experimento e, b) Disposição das mudas nas linhas de
plantios dos tratamentos.
A coleta dos dados de desenvolvimento: altura e diâmetro, e mortalidade e
sobrevivência, foi realizada mensalmente durante seis meses (janeiro a junho de 2011).
Para avaliar o desenvolvimento inicial das mudas foram adotados os métodos
utilizados por Batista (2008): para a avaliação de sobrevivência e mortalidade das mudas,
foram quantificadas as plantas vivas e mortas. Estas foram representadas em percentagens.
Para evidenciar estruturalmente as plantas mortas, foi considerada como parâmetro a presença
de folhas totalmente secas e de caulículos cortados e/ou danificados na base. Para avaliação
do crescimento em diâmetro e altura, foram calculadas as médias aritméticas de crescimento
em cada tratamento, em cada mês de coleta de dados. O desenvolvimento diametral do
caulículo foi estabelecido ao nível do solo e foi medido com o auxílio de um paquímetro
graduado em milímetro e para o comprimento do caulículo as medidas foram efetuadas com o
auxílio de uma trena métrica, sendo este medido a partir do nível do solo até a região da
bainha da primeira folha funcional.
Para o armazenamento e análises dos dados de desenvolvimento das mudas foram
utilizadas as ferramentas do Programa Excel e do Programa Estatístico Assistat 7.6 beta 2011.
Os dados coletados foram submetidos à análise de variância, e a comparação das médias feitas
pelo do teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Taxa de sobrevivência e mortalidade da Andiroba e do Angelim
O comportamento inicial das duas espécies durante os seis meses de avaliação em
termos de sobrevivência demonstra melhor resultado para a espécie andiroba (FIGURA 2).
A andiroba apresentou um índice de sobrevivência de 90% no T1. O angelim
apresentou um índice menor, com 40% de sobrevivência no mesmo tratamento. A
mortalidade das mudas de angelim foram observadas logo no segundo mês de experimento,
vindo a ultrapassar a taxa de sobrevivência das mudas no mês de maio. No T2 o número de
indivíduos mortos de andiroba aumentou reduzindo a taxa de sobrevivência para 60%,
havendo a morte de um indivíduo a cada mês, a partir do mês de março. Já as mudas de
angelim mostraram o mesmo índice de sobrevivência que o tratamento anterior, com destaque
para os meses de março onde a taxa de mortalidade já era grande vindo a ultrapassar a taxa de
sobrevivência das mudas no mês de maio. O T3 foi tratamento em que as mudas apresentaram
menores taxas de mortalidade. As mudas de andiroba apresentaram taxa de sobrevivência de
90% e as de angelim de 70%.
Médias de crescimento em altura para Andiroba e Angelim
A Figura 3 mostra as médias de crescimento mensal em altura das mudas de andiroba
e angelim nos três tratamentos estudados. O T1 apresentou para as mudas de andiroba a
menor média entre os tratamentos com 0,6 cm. Para as mudas de angelim foi o tratamento
Figura 2: Percentual de sobrevivência das mudas nos três tratamentos a) Andiroba e, b) Angelim.
a b
com maior média de crescimento mensal com 3,1 cm. Nos tratamentos T2 e T3 as mudas de
andiroba tiveram médias maiores que as mudas de angelim, no entanto, suas médias não
alcançaram o bom desempenho da média de altura do angelim no T1.
A Figura 4 mostra que a média de crescimento entre as mudas de angelim e andiroba
diferiram significativamente no T1 (área aberta) ao nível de 1% de probabilidade, segundo o
teste de Tukey. Os demais tratamentos não apresentaram estatisticamente diferenças
significativas.
Médias de crescimento em diâmetro para Andiroba e Angelim
Para o crescimento em diâmetro, a média das mudas de angelim no T1 também
mostrou-se superior que a média das mudas de andiroba. Também, assim como ocorrera no
T2 e T3 para o crescimento em altura, as médias de crescimento em diâmetro para as mudas
de andiroba foram maiores do que as médias das mudas de angelim nesses tratamentos
(FIGURA 5).
A Figura 6 mostra que a média de crescimento entre as mudas de angelim e andiroba
diferiram significativamente no T2 (área aberta) ao nível de 5% de probabilidade, segundo o
teste de Tukey. Os demais tratamentos não apresentaram estatisticamente diferenças
significativas.
Os resultados corroboram com o trabalho de enriquecimento de capoeira feito por
Silva (2009) onde se obteve um índice de sobrevivência acima de 80% para as mudas de
andiroba e crescimento médio em altura e em diâmetro de 29 cm e 0,67 cm, respectivamente.
Já para as mudas de angelim poucos são as literaturas disponíveis que abordam seu
desenvolvimento em plantio de enriquecimento. No entanto, estudo realizado em viveiros
Figura 3: Crescimento médio mensal em altura das
mudas de andiroba e angelim nos tratamentos. Figura 4: Valores médios de crescimento em altura das
espécies andiroba e angelim nos três tratamentos
Figura 5: Crescimento médio mensal em diâmetro
das mudas de andiroba e angelim nos tratamentos. Figura 6: Valores médios de crescimento em diâmetro
das espécies andiroba e angelim nos três tratamentos
mostra-se que essa espécie se desenvolve melhor em condições de sombreamento de 30 e 50
% (Varela; Santos, 1992).
CONCLUSÃO
As mudas de andiroba apresentaram taxas de sobrevivência de 80% das 30 mudas
plantadas no experimento. O T1 (área aberta) e T3 (borda) apresentaram as melhores taxas de
sobrevivência, sendo de 90% para ambos os tratamentos. As mudas de angelim apresentaram
53,3% de sobrevivência das 30 mudas plantadas, durante o experimento. O T3 foi o que
apresentou maior taxa de sobrevivência com 70%.
Em termos de crescimento médio mensal, as mudas de andiroba apresentaram boas
médias para altura e diâmetro no T2 (floresta) e a menor média de crescimento no T3 (área
aberta). O angelim apresentou maior média de crescimento em diâmetro e altura no T1 (área
aberta), diferindo estatisticamente em relação aos outros dois tratamentos.
Os resultados obtidos confirmam que as espécies desenvolvem-se bem em diferentes
ambientes com diferentes níveis de sombreamento, possuindo potencial para plantios de
enriquecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Chuva acumulada mensal na estação
automática. Itacoatiara. 2011. Disponível em: <http .www.inmet.gov.br/sonabra/iframe...>
Acesso em: 02 de julho de 2011.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: Rima, 2000. 531p.
OZORIO, P. R. S.. Levantamento Florístico de um Fragmento de Floresta Secundaria na
Área do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara – AM. Itacoatiara: UEA, 2009.
(Monografia).
RADAMBRASIL. Programa de integração nacional. Levantamento de recursos naturais.
v.18. Ministério das Minas e Energia, Departamento Nacional da Produção Mineral. 1978.
SILVA, M. L. A. Avaliação do desenvolvimento inicial de três Espécies florestais
submetidas a diferentes faixas de Abertura de clareira em área de capoeira do
Município de Itacoatiara-AM. Itacoatiara: UEA, 2009. (Monografia).
Uhl, C.; BARRETO, P.; VERÍSSIMO, A.; BARROS, A. C.; AMARAL, P.; VIDAL, E.;
SOUZA Jr., C. Uma abordagem integrada de pesquisa sobre o manejo dos recursos
florestais na Amazônia brasileira. Belém; Imazon, 1997. 30 p., (Série Amazônia, 7).
Disponível em: < http://www.imazon.org.br/publicacoes/serie-amazonia/...> Acesso em: 08
de nov. 2010.
VARELA, V.P.; SANTOS, J. Influência do sombreamento na produção de mudas de Angelim
pedra (Dinizia excelsa Ducke). Acta Amazônica, Manaus, v. 22, n. 3, p. 407-411, 1992.
WILLERDING, A. L.; OLIVEIRA, L. A. de. Diagnóstico de um projeto de enriquecimento
florestal na Comunidade do Brasileirinho, Manaus, Amazonas. Acta Amazônica, Manaus, v.
35, n. 4, p. 421 – 426, 2005. Disponível em: < www.scielo.br/pdf/aa/v35n4/... > Acesso em:
08 de nov. 2010
USO DE DIFERENTES SUBSTRATOS ACRESCIDOS DE
FERTILIZANTE DE LIBERAÇÃO LENTA NA PRODUÇÃO DE
MUDAS DE PLUKETENIA VOLÚBILIS (SACHA INCHI)
José Uanderson Souza dos SANTOS1; Juan Daniel Villacis FAJARDO
2
1Bolsista do PAIC/UEA. Email: [email protected];
2Orientador PAIC/UEA – Itacoatiara.
Av. Mário Andreaza s/n, São Francisco, Itacoatiara- AM, 69100-000.
RESUMO
O referente trabalho teve como objetivo a produção de mudas de Pluketenia volúbilis (Sacha
inchi) e a análise do desenvolvimento das mesmas utilizando diferentes substratos acrescidos
de um fertilizante de liberação lenta, esta espécie tem um alto valor lipoproteico, contendo
altos índices de Omega 3 que é um lipídio benéfico para o organismo. O trabalho foi
conduzido na área do CESI/UEA, onde foram utilizadas sementes oriundas do Peru. As
sementes introduzidas em uma bandeja contendo areia lavada. Ao termino do trabalho não se
obteve o resultado esperado, pois não houve germinação das sementes de P. volúbilis. O
resultado está aliado com as características da família, pois está apresenta um índice muito
baixo de germinação.
Palavras chave: Fertilização, semeadura, sementes
INTRODUÇÃO
A espécie de Sacha inchi, é uma oleaginosa silvestre que pertence à Família
Euphorbiaceae, planta volúvel, trepadeira, que cresce principalmente na Amazônia Peruana.
A planta Amazônica conhecida pelos nativos faz milhares de anos, foram utilizadas
pelos incas e esculpidas nas cerâmicas encontradas nos túmulos (cultura inca Mochica-
Chimú).
A produção de mudas de qualidade ainda é um desafio em muitas culturas,
principalmente naquelas pouco estudadas, como a Pluketenia volubilis L. (Sacha inchi).
A utilização de substratos de qualidade e uma fertilização adequada são fatores que
podem contribuir para amenizar este problema.
Nesse sentido, o uso de fertilizantes de liberação lenta vem sendo estudado, por seus
benefícios na produção de mudas. Esses fertilizantes fornecem nutrientes gradualmente às
plantas, por um período determinado; requerem menor frequência de aplicação e, assim,
diminuem os gastos com mão-de-obra para o parcelamento (SHAVIV, 2001).
O substrato é definido como meio físico natural ou sintético, onde se desenvolvem as
raízes das plantas. Pode ser compreendido não apenas como suporte físico, mas também como
fornecedor de nutrientes para a muda em formação.
Segundo MESQUITA et al. (2006), a cultura da oliveira que é produtora de óleo
adapta-se facilmente a vários tipos de solo, com preferência por aqueles de boa estrutura física
e fertilidade, desenvolvendo-se melhor em pH que tende à neutralidade, ou seja, igual ou
superior a 6,0. No entanto o sacha inchi desenvolve-se em ph 4 igual o superior, porém
produze óleos de qualidade em clima subtropicais.
Todavia, para a produção de mudas, ainda cabem pesquisas, a fim de estudar qual a
melhor opção de substratos para obter sucesso. Por sua natureza, e pela tecnologia a serem
utilizada para os cultivos ecológicos e seu processo industrial de extrair um óleo de alta
qualidade para a alimentação e a saúde.
A presente pesquisa da Pluketenia volubilis L. (Sacha inchi) pretende conhecer melhor
a espécie realizando testes de germinação usando estratos com fertilizantes que viabilizem
melhor compreensão do desenvolvimento da fase inicial da espécie.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
O referente trabalho deve como objetivo testar diferentes substratos e doses de
Osmocote®
na produção de mudas de sacha inchi, estudar e caracterizar agronomicamente a
espécie com potencial de óleo alimentício.
METODOLOGIA
O trabalho foi conduzido no Setor de Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara
(UEA), localizada no município de Itacoatiara, AM. Utilizaram-se de sementes vindas do
Peru, obtidas na Fazenda Experimental Varillal (Iquitos).
Para o teste germinativo foram usadas bandejas com areia lavada onde foi efetuado a
semeadura. Foi efetuado um método de escarificação simples nas sementes, que
posteriormente foram semeadas em sulcos contendo o tamanho e mais 1/3 da semente.
Depois de semeadas foi efetuada uma avaliação de 3 a 4 dias observando – se o índice
de germinação das sementes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A espécie P. volúbilis L. (Sacha inchi), apresentou insuficiência germinativa.
As características da família aliada a procedência das sementes colaboram para o
resultado, pois espécies da família Euphorbiaceae apresentam um poder germinativo muito
baixo, desta forma deve – se ter um cuidado dobrado com o armazenamento de suas sementes.
Com isso não foram obtidos os resultados esperados.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que precisa de mais estudos desta espécie de importância agrícola
para Amazônia.
A espécie, natural do Peru, contem alta concentração de óleo (54%), proteína (27%),
alem de conter Omega 3, Omega 6 e Omega 9, zero colesterol para alimentação humana.
As sementes trazidas podem não ter sido manejadas de forma correta desde a coleta
ate o acondicionamento, para posterior implantação do experimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOX, G.E.P.; DRAPER, N.R. Empirical model-building and response surfaces. New
York: J. Willey, 1987. 669p.
DECARLOS NETO, A.; SIQUEIRA, D.L. de; PERREIRA, P.R.G.; ALVAREZ V., V.H.
Crescimento de porta-enxertos de citros em tubetes influenciados por doses de N. Revista
Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.24, n.1, p. 199-203, abr. 2002.
MENDONÇA, V.; TOSTA, M. da S., MACHADO, J.R.; GOULART JÚNIOR, S.A.R.;
TOSTA, J. da S.; BISCARO, G.A. Fertilizante de liberação lenta na formação de mudas de
Maracujazeiro ‘Amarelo’. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.31, n.2, p.344-348, mar./abr.
2007.
MESQUITA, H.A. de; FRÁGUAS, J.C.; PAULA, M.B. de. Adubação e nutrição da oliveira.
Informe Agropecuário. Azeitona e azeite de oliva: tecnologias de produção, Belo Horizonte,
v.27, n.231, p.68-72, mar./abr. 2006.
SHAVIV, A. Advances in controlled-release fertilizers and horticultural applications.
Scientia Horticulturae, v.71, p.1-49, 2001.
SMIDERLE, O.J.; MINAMI, K. Emergência e vigor de plântulas de goiaba em diferentes
substratos. Revista Científica Rural, Bagé, v.6, n.1, p.38-45, jun. 2001.
ESTIMATIVA DE CARBONO E BIOMASSA FRESCA DE UMA
FLORESTA PRIMÁRIA LOCALIZADA NO RIO ARARI,
ITACOATIARA-AM.
Leide Jany Nogueira dos SANTOS1; Gisélia de Oliveira dos SANTOS
2; Fabiana Rocha
PINTO3
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEAE-mail: [email protected];
2Bolsista Voluntária;
3Pesquisador(a) orientador(a), CESI - UEA - [email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi de estimar o Carbono (C) e Biomassa Fresca em uma floresta
primária localizada no Rio Arari, no município de Itacoatiara, Estado do Amazonas, visando à
média de Carbono por hectare deste local. A área situa-se à margem direita do Rio Arari,
limitando-se ao norte com o igarapé do Pahy, e ao sul com o igarapé do Bonifácio a 3037’0”S
e 58013’0”W. Para a coleta dos dados foi realizado um inventário florestal, instalando 24
parcelas de 20 X 125m e medindo todos os indivíduos com DAP ≥ 10cm. Nas estimativas
foram utilizadas a equação de simples entrada, Volume = 0,000103 x DAP2,504559
, Biomassa
acima do nível do solo = 2,2737 x DAP1,9156
, Carbono = 48%. O Total de indivíduos
inventariados neste estudo foi de 2.455, onde a espécie que obteve a maior estimativa de
Carbono foi Buchenaviacapitata (Tanimbuca) com 169,21t, seguida das necromassa em pé
com 128,38t. A estimativa média de Carbono total encontrada foi 179,82 ± 16,77 t ha-1
,
Biomassa fresca total foi de 634,86 ± 59,21t, o volume encontrado na área de 6ha foi de 71,42
± 11,38 m3 ha
-1. Na demonstração de eficiência de estimativa de estoque de carbono, também
se concluiu que a parcela dois (2) apresentou o maior valor.
Palavra chave: Estoques; Gases; Necromassa; Área basal; Volume.
INTRODUÇÃO
A crescente demanda por madeira na Amazônia é suprida em sua quase totalidade por
espécies oriundas da floresta nativa, que vem sofrendo grandes pressões ambientais, devido
também a outras ações do homem. As principais pressões são: exploração desordenada de
madeira, a expansão dos sistemas agrícolas e outras formas do uso do solo (Fearnside, 2005).
A remoção inadequada da biomassa, mediante a exploração florestal, pode contribuir tanto
para o aumento da demanda de nutrientes do solo como para o declínio, cada vez maior, de
sua fertilidade natural, o que pode comprometer as atividades silviculturais, além de
potencializar outras perdas de nutrientes pelo aumento da lixiviação e erosão dos solos (Neves
et al., 2001).
Até 2004, a Amazônia brasileira possuía aproximadamente 83,8 % de sua cobertura
florestal, excluindo áreas de cerrado, ainda intactas (Fearnside, 2005). Contudo, só no período
de 2005/06, o desmatamento na Amazônia Legal alcançou a cifra de 13.100 km2, onde o
Estado do Amazonas contribuiu com um pouco mais de 5%, abrangendo uma área de 752 km2
(INPE, 2010). Tais atividades de desmatamento e queimas conduzem à liberação de parte dos
estoques de carbono, contidos na vegetação e no solo para a atmosfera (FEARNSIDE &
GUIMARÃES, 1996).
A estimativa do estoque de carbono da vegetação pode ser obtida pelo produto da
biomassa florestal e concentração de carbono. A concentração de carbono na vegetação obtida
por Higuchi e Carvalho Jr. (1994) e Silva (2007), está em torno de 48%, valor este, que está
dentro dos limites de concentrações em florestas tropicais, entre 46 e 52%.
No entanto, resultados de observações sucessivas ao longo dos últimos 20 anos
mostram que a floresta é capaz de fixar nas árvores cerca de 1,2 toneladas de carbono por
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
hectare a cada ano (um hectare tem 10 mil metros quadrados, medida similar à de um campo
de futebol). "Se considerarmos que a Amazônia tem por volta de 250 milhões de hectares,
chega-se à conclusão que a floresta pode absorver até 300 milhões de toneladas de carbono
por ano" (Higuchiet al., 2004). O objetivo deste trabalho foi Estimar Carbono (C) e Biomassa
Fresca em uma floresta localizada no Rio Arari, no município de Itacoatiara, Estado do
Amazonas, visando à média de Carbono por hectare deste local.
METODOLOGIA
O presente trabalho ocorreu em uma área de Floresta Primária, localizada no Rio
Arari, Município de Itacoatiara-AM, a 3°37’0”S e 58°13’0”W.
A área está classificada como Floresta Tropical Fechada Terras Baixa da sub região de
baixos platôs da Bacia Amazônica, caracterizada em função do clima quente com elevadas
precipitações. A floresta cresce sobre os platôs de origem Terciária e sobre terraços de rios
recentes ou mais velhos (RADAMBRASIL, 1978). O clima está classificado segundo
Koppen, como Grupo Climático A (Clima Tropical Chuvoso), abrangendo o tipo e variedade
climática Amw (chuvas do tipo monções). A precipitação pluviométrica anual é de cerca de
2200 mm, com menor volume mensal entre agosto e outubro. A temperatura média é de 26° C
e a umidade relativa do ar é de 80% (RADAMBRASIL, 1978).
Os solos estão classificados no grupo dos Latossolos Amarelos Distróficos inclusa na
microrregião do Médio Amazonas, com baixa fertilidade natural, alta toxidez de alumínio e
solos de textura argilosa (RADAMBRASIL, 1978).
A área situa-se à margem direita do Rio arari, limitando-se ao norte com o igarapé do Pahy, e
ao sul com a margem esquerda do igarapé do Bonifácio, estes fazendo a drenagem do local
estudado.
Para a coleta dos dados foi realizado um inventário florestal, com a instalação de 24
parcelas temporárias de 20 x 125m, utilizando fita métrica, para medir todos os indivíduos
iguais e maiores que 10 cm de DAP.
Para as estimativas foram utilizados a equação de simples entrada para o Volume: V =
0,000103 x DAP2,504559
. Já, para as estimativas de Biomassa acima do nível do solo (Biomassa
Fresca) = 2,2737 x DAP1,9156
e carbono foram utilizadas as equações de SILVA (2007), onde
59,2% da massa fresca é água e 48,3% é Carbono.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O total de indivíduos inventariados nesse estudo foi de 2.455, divididos em classe
diamétricas de 10 cm, onde a classe com maior quantidade de indivíduos foi a primeira (10 a
20 cm) com 1.258 indivíduos, o que correspondeu a 51,2% do total inventariado, seguida da
classe 20 a 30 cm (618 - 25,2%) e da terceira classe (30 a 40 cm) com 11%. Pode-se observar
o j-invertido, característico de floresta amazônica.
Figura 01. Número de indivíduos por classe diamétrica
Na Tabela 01, se encontram as 10 espécies com maiores estimativas de Carbono. A
primeira espécie Buchenaviacapitata (Tanimbuca) apresentou 169,21 t; Endopleura sp.
(Babaçú) com 89,54 t e seguida das espécies “não Identificadas”, onde a maioria delas
pertencia à classe da necromassa em pé com 128,38 t.
Tabela 01. Valores médios de carbono para as espécies com maior estoque.
Nome Vulgar C (t)
Tanimbuca 169,210
Nãoidentificada 128,380
Babaçú 89,542
Louroaritu 51,484
Acariquarabranca 47,434
Angelim 40,428
Abiurana 35,011
Matamatá 33,603
Abiuranacascafina 32,586
Cupiúba 26,166
Na Tabela 02 são apresentados os valores médios, de área basal e de volume. A
parcela dois foi a que obteve a maior área basal (12,08 m2
ha-1
), seguida da parcela 17 com
9,86 m2
ha-1
. O volume médio por hectare foi de 71,42 m3
ha-1
, sendo os maiores valores de
volume encontrados na parcela dois (156,89 m3
ha-1
) e na parcela 19 (107.834 m3
ha-1
).
Tabela 02. Valores médios para área basal (G) e volume (V), nos 6 ha.
G (m2 ha
-1) V (m
3 ha
-1)
Média 7,32 71,42
IC (95%) 0,76 11,38
A estimativa média de Carbono por hectare encontrada na parte aérea da vegetação
correspondeu a 176,29 ± 16,97 t ha-1
e carbono total (considerando raiz) foi de 179,82 ± 16,77
t ha-1
, com variância de 449, 85 e 449,31, respectivamente, seguida de desvio padrão de 42,42
para carbono acima do solo e 41,92 para carbono total (Tabela 03). Pinto (2007) estimou uma
média de Carbono com 130, 4 t ha-1
em indivíduos com DAP ≥ 20 cm, em uma floresta
primária na cidade de Manacapuru – AM.
Tabela 03. Médias de biomassa (fresca e seca) aérea e total e carbono.
Pabs (t) Pseco (t) C (t)
Biomassaaérea Média 614,00 363,49 176,29
IC (95%) 59,11 34,99 16,97
Biomassa total Média 634,86 370,76 179,82
IC (95%) 59,21 34,58 16,77
Segundo Silva (2007), na região de Manaus a média de biomassa obtida na parte aérea
foi de 777,40 t ha-1
, neste caso foram medidas árvores com DAP ≥ 5 cm, mudas de árvores
com DAP < 5 cm, palmeiras e cipós. Os valores são próximos aos encontrados nesse estudo.
CONCLUSÃO
Foram avaliadas 24 parcelas (06 ha) para estimativas de Biomassa e Carbono de uma
floresta primária. A estimativa média de biomassa fresca acima do nível do solo foi de 614,00
± 59,11 t e para o carbono acima do solo foi de 176,29 ± 16,97 t. Entretanto, a estimativa
média de biomassa fresca total (incluindo raiz) foi de 634,86 ± 59,21 t e para o carbono total
foi de 179,82 ± 16,77 t. O volume encontrado na área de 06 hectares foi de 71,42 ± 11,38 m3
ha-1
.
De toda a área analisada, a parcela dois (2) obteve os maiores resultados, isso se deve
ao fato de ela obter o maior número de indivíduos e principalmente de área basal (m2) e
Volume (m3). Na demonstração de eficiência de estimativa de estoque de Carbono (C),
também se concluiu que a parcela dois (2) apresentou o maior valor.
A classe diamétrica de 10 a 20 cm de DAP apresentou o maior número de indivíduos.
As espécies Buchenaviacapitata (Tanimbuca), Endopleura sp. (Babaçú) e “não
Identificadas”, foram as que obtiveram um maior número de estoque de Carbono (t).
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INDICAÇÃO DE PROGRAMA DE SECAGEM PARA ESPÉCIES
TROPICAIS UTILIZADAS PELA INDÚSTRIA DE PISOS DE MADEIRA
Luciane de Lima CARVALHO1; Gilson Roberto Vasconcelos dos SANTOS
2.
1Bolsista PAIC-FAPEAM-UEA. E-mail: [email protected].
2Professor Orientador UEA. [email protected].
RESUMO
A eficiência técnica e econômica dos processos de transformação dos recursos florestais pela
indústria é fator básico para sua sobrevivência. O processo de secagem industrial sempre
necessita ser melhorado, devido às demandas de mercado e incrementos de novas espécies de
madeira e produtos, por isso pesquisas neste campo são de grande ajuda para a indústria
madeireira. Este trabalho teve os objetivos de indicar programas mais adequados para
secagem convencional para madeiras de diferentes espécies, programas de secagem para
espécies utilizadas para fabricação de pisos de madeira e para espécies que tenham potencial
para uso pela indústria de pisos de madeira. As espécies analisadas foram Tauari (Couratari
oblongifolia) e Cedrorana (Cedrelinga catenaeformis). A cedrorana teve uma tendência à
rachaduras no início da secagem, que é quando acontece a perda de água livre. Já a espécie
tauari obteve essa tendência maior a colapso durante a retirada de água higroscópica. A
cedrorana apresentou uma maior tendência a colapso. Com os resultados do ensaio à 100°C
foi possível indicar programas de secagem específicos para as madeiras de cedrorana e tauari.
Os parâmetros obtidos mostraram-se seguros quando comparados com a literatura. Somente a
densidade básica não é um bom parâmetro para se elaborar um programa de secagem, pois as
características internas também influenciam na perda de mais ou menos umidade. Apesar da
diferença de densidade básica entre ambas espécies, observou-se um potencial de secagem
médio semelhante.
Palavras chave: tecnologia da madeira; cedrorana; tauari; colapso; rachadura.
INTRODUÇÃO
A eficiência técnica e econômica dos processos de transformação dos recursos
florestais pela indústria é fator básico para sua sobrevivência. O nível de perdas de madeira
ligado ao processo de secagem alcança valores significativos, sendo que um dos fatores que
contribuem para essa situação é a carência de programas de secagem apropriados para
diversas espécies de madeiras. Cada espécie ou tipo de madeira apresenta comportamento
próprio durante o processo de secagem, informações técnicas ainda não estão esclarecidas, e
pesquisas vêm sendo desenvolvidas buscando obter melhores rendimentos e qualidade.
Para espécies conhecidas, a indicação de programas pode ser feita com base nas
informações contidas na literatura de autores como Rasmussen (1968); Hildebrand (1970);
Pratt (1974); Boone et al. (1988); Mendes et al. (1998), entre outros, embora estas literaturas
nem sempre estejam disponíveis as pessoas que secam madeira.
O processo de secagem é de grande importância dentro da indústria madeireira, sendo
necessário obter informações seguras que envolvam o comportamento da madeira e o
processo de secagem, pois se trata de uma operação que requer considerável investimento
prévio e representa parcela significativa do custo operacional. Sua má condução influencia
nos empenamentos, rachaduras, descoloração, resultando em produtos de baixa qualidade e
aumento nos custos de manufatura. Pesquisas neste campo são de grande ajuda para a
indústria madeireira, uma vez que o processo de secagem industrial sempre necessita ser
melhorado, devido às demandas de mercado e incrementos de novas espécies de madeira e
produtos.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
Este trabalho tem os objetivos de indicar programas mais adequados para secagem
convencional para madeiras de diferentes espécies, programas de secagem para espécies
utilizadas para fabricação de pisos de madeira e para espécies que tenham potencial para uso
pela indústria de pisos de madeira.
METODOLOGIA
A coleta das amostras foi realizada em uma serraria situada no município de
Itacoatiara, feita de forma aleatória, tomando o cuidado de serem colocadas em saco plástico
para evitar perda de umidade. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Propriedades
Físicas e Mecânicas da madeira do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara. Foram
retiradas das peças de cada espécie 24 amostras nas dimensões 1,0 x 5,0 x 10,0 cm (espessura,
largura e comprimento respectivamente) para ensaio de secagem drástica a 100 °C, e 48
amostras nas dimensões 1,0 x 5,0 x 5,0 cm (espessura, largura e comprimento
respectivamente) para determinação do teor de umidade inicial e da densidade básica. Para a
determinação do teor de umidade inicial utilizou-se o método gravimétrico, descrito em vários
manuais de secagem (Rasmussen ,1968; Galvão & Jankowsky, 1985), no qual as amostras
úmidas são submetidas à secagem em estufa a 103°C 2, até que seja atingida peso constante.
A indicação preliminar do programa de secagem segue a metodologia descrita por Jankowsky
et al. (1997) e Ciniglio (1998). As amostras de 1,0 x 5,0 x 10,0 cm foram submetidas a uma
secagem drástica a 100º C, em estufas de laboratório, sem sistema de circulação de ar,
quantificando-se os defeitos e as taxas de umidade durante o ensaio para a indicação
preliminar do programa de secagem.
No decorrer do ensaio para determinação da perda de massa foi utilizada balança
analítica, com precisão de 0,01g, As rachaduras de topo foram medidas com auxílio de
lâminas calibradoras (largura) e paquímetro digital (comprimento), considerando o defeito de
maior significância.
O ensaio a 100°C permitiu, também, estimar a tendência da madeira ao colapso. Ao
final do ensaio as amostras foram cortadas ao meio (no sentido do comprimento) e medidas as
espessuras nas laterais e na parte colapsada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 pode-se observar os parâmetros dos programas de secagem com os
valores médios da umidade inicial, da densidade básica e das variáveis de velocidade e
rachaduras analisados nessa pesquisa. Os resultados para densidade básica estão de acordo
com os valores encontrados na literatura, onde espécies mais densas com densidades maiores,
espécies conhecidamente mais leves, com densidades menores, Tauari (Couratari
oblongifolia) e Cedrorana (Cedrelinga catenaeformis) respectivamente.
As espécies apresentaram uma variação na umidade inicial, isso pode ter ocorrido por
conta das mesmas possivelmente terem sido abatidas a algum tempo, levando em
consideração os dias de espera no pátio da serraria e sabendo-se que logo após ser abatida a
árvore já começa a perder umidade.
Tabela 1- Valores médios do teor de umidade inicial, da massa específica básica e das
variáveis do ensaio a 100°C.
Espécies Ui
(%)
Db
(g/cm3)
T2
(h)
V1
(g/cm².h)
V2
(g/cm².h)
V3
(g/cm².h)
R1
(Un.)
R2
(Un.)
R3
(Un.)
Colapso
Cedrorana 76.21 0.57 6.56 0.0119 0.0264 0.0059 3.5 3.5 3.0 2.5
Tauari 56.09 0.68 4.05 0.0148 0.0254 0.0069 3.7 3.1 3.5 1.7 Onde: Ui=Umidade Inicial; Db=Densidade Básica; V1=Velocidade de secagem; V2=Velocidade de secagem;
V3=Velocidade de secagem R1=Rachadura de topo; R2=Rachadura de topo; R3=Rachadura de topo;
Para a elaboração de um programa de secagem não se deve levar em consideração
apenas a densidade, visto que uma apresenta maior densidade que a outra, mas se
comportaram de forma parecida sendo observado as taxas de velocidade de secagem onde
ambas tiveram uma baixa velocidade. A semelhança na velocidade de secagem comprova que
as características internas das madeiras contribuem para a retirada na hora da secagem de
mais ou menos umidade por unidade de tempo, portanto a densidade básica não é único fator
que afeta o comportamento da madeira em relação a sua secagem.
Tabela 2- Parâmetros dos programas de secagem.
Espécies TI (ºC) TF (ºC) PS (ºC)
Cedrorana 44.99 68.04 2.23
Tauari 42.21 65.28 2.24 Onde: TI=Temperatura Inicial; TF=Temperatura Final; PS=Potencial
de Secagem
Nota-se um potencial de secagem médio semelhante entre ambas espécies. Sabe-se
que madeiras mais densas, geralmente, demandam um tempo maior para a secagem e tem
tendência a apresentar maiores defeitos.
Tabela 3 - Programa de secagem proposto para madeira de Cedrorana.
Umidade da
Madeira (%)
Ts
(ºC)
Tu
(ºC)
UR
(%)
UE
(%)
Potencial
de secagem
Aquecimento 45,0 44,0 94 21,2 -
Até 50 45,0 44,0 94 21,2 -
50 45,0 44,0 94 21,2 2.4
40 45,0 43,0 89 18,4 2.2
35 45,0 42,0 84 16,2 2.2
30 45,0 40,5 76 13,4 2.2
28 48,0 43,0 74 12,7 2.2
26 51,0 45,0 70 11,5 2.3
24 54,0 47,5 68 10,9 2.2
22 57,0 49,5 64 09,9 2.2
20 60,0 51,0 60 08,8 2.3
18 63,0 52,5 56 08,0 2.3
16 66,0 53,0 51 07,1 2.3
14 70,0 54,0 45 06,1 2.3
12 70,0 51,5 38 05,3 2.3
10 70,0 48,0 31 04,5 2.2
8 70,0 44,0 23 03,6 2.2
6 70,0 40,0 16 02,8 2.1
Tabela 4 - Programa de secagem proposto para madeira de Tauari.
Umidade da
Madeira (%)
Ts
(ºC)
Tu
(ºC)
UR
(%)
UE
(%)
Potencial
de secagem
Aquecimento 42,0 41,0 94 21,6 -
Até 50 42,0 41,0 94 21,6 -
50 42,0 41,0 94 21,6 2.3
40 42,0 40,0 88 18,2 2.2
35 42,0 39,0 83 16,1 2.2
30 42,0 37,5 75 13,2 2.3
28 45,0 40,0 73 12,8 2.2
26 48,0 42,0 69 11,5 2.3
24 52,0 51,0 65 10,6 2.3
22 56,0 48,5 63 09,9 2.2
20 59,0 50,0 59 08,8 2.3
18 63,0 52,5 55 08,0 2.3
16 65,0 53,0 50 07,1 2.3
14 65,0 50,0 45 06,3 2.2
12 65,0 47,0 37 05,3 2.3
10 65,0 44,0 31 04,5 2.2
8 65,0 41,0 25 04,0 2.0
6 65,0 37,0 22 03,2 1.9
CONCLUSÃO
Com os resultados do ensaio à 100°C foi possível indicar programas de secagem
específicos para as madeiras de cedrorana e tauari. Os parâmetros obtidos mostraram-se
seguros quando comparados com a literatura. Somente a densidade básica não é um bom
parâmetro para se elaborar um programa de secagem. Apesar da diferença de densidade
básica entre ambas espécies, observou-se um potencial de secagem médio semelhante.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM pela
concessão da bolsa e à Universidade do Estado do Amazonas – UEA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VARIAÇÃO NAS DIMENSÕES DOS ELEMENTOS ANATÔMICOS DA
MADEIRA DE Erisma uncinatum Warn (Vochysiaceae).
Luiz Kleber Sena de ARAUJO1; Gilson Vasconcelos dos SANTOS
2
1Acadêmico CESI/UEA - [email protected];
2Prof. Orientador CESI/UEA - [email protected].
Av Mário Andreazza s/n CEP: 69100-000, Itacoatiara-AM.
RESUMO
O trabalho foi desenvolvido a partir de duas árvores da espécie Erisma uncinatum Warn.,
provenientes da floresta da comunidade de Santo Antonio, no município de e Silves no Estado
do Amazonas. Devido à falta de informações sobre a variabilidade anatômica no sentido-
medula casca, sobre a influência de diferentes situações ecológicas. As árvores foram
selecionadas por um critério a distinguir duas classes ecológicas, sendo uma proveniente de
floresta nativa e outra de uma capoeira de 30 anos. Nas árvores foram retirados discos em
cinco alturas e também orientados no sentido medula casca em cinco partes, totalizando
cinqüenta amostras das quais foram feitas lâminas histológicas para a mensuração das
principais células constituintes do lenho das duas árvores; Vasos, Raios e Fibras, assim
descrevendo as diferentes formas, arranjos e tamanhos das células.
Palavras chave: Floresta; Classes ecológicas; Variação anatômica.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho estuda a variação axial e radial dos vasos, raios e fibras de
Erisma uncinatum Warn, em dois indivíduos sobre diferentes classes ecológicas (dominante e
intermediaria), espécie pertencente à floresta tropical Amazônica. A árvore dominante foi
encontrada na floresta primaria e outra sobre condições intermediaria proveniente de uma
capoeira de 30 anos, de acordo com Florsheim et al. (2009), verificaram que a variação dos
elementos constituintes do lenho em relação as suas dimensões exerce um efeito marcante
sobre a qualidade da madeira e em todo o seu processo de beneficiamento e acabamento final.
Portanto para se ter um melhor aproveitamento da madeira é necessário conhecer a variação
das células por todo o fuste. Segundo Roque et al. (2007), mostram em seu trabalho com a
espécie Gmelina arborea que 4 componentes principais revelam características anatômica de
uma árvore na proporção de 91,4% de toda a variabilidade encontrada no lenho, são eles
raios, fibras, parênquima e vasos. Portanto o principal objetivo foi estabelecer as principais
características anatômicas da espécie Erisma uncinatun Warn. Analisar a variação dos
elementos anatômicos na estrutura da madeira de um único individuo e as variações nos
diferentes tamanhos e diâmetros dos elementos do lenho entre indivíduos de mesma espécie
sobre duas classes ecológicas, dominante e intermediaria.
METODOLOGIA
Foram amostradas 2 árvores da espécie Erisma uncinatum Warn proveniente das
florestas da comunidade de Santo Antonio, nos municípios de Silves no estado do Amazonas.
Estas foram selecionadas por um critério a distinguir 2 classes sociológicas, Florsheim et al.
(2009) em seu trabalho cita espécies dominantes como as existentes em florestas nativas e
intermediárias as existentes em florestas secundarias, seguindo estes critérios foram
selecionadas amostras sendo uma proveniente de floresta nativa e outra de uma capoeira de 30
anos de idade. As árvores foram derrubadas pra a retirada de discos nas seguintes alturas:
base, DAP, 50 %, 75 %, 100 % ao entorno da altura comercial. Os corpos-de-prova foram
orientados nas secções transversal, longitudinal radial e longitudinal tangencial, os mesmos
foram submetidos à fervura com água e glicerina na proporção 4:1 em fogo brando por 10
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
horas. As secções histológicas foram obtidas com o auxilio de um micrótomo de deslize (R.
Jung. Ag. Mod. 15015) com espessura entre 20 μm a 25 μm, os histológicos foram
descoloridos com solução de hipoclorito de sódio 60 % e posteriormente coloridos com
safranina aquosa 1:1 (LOGUI et al, 2009). Em seguida foram submetidos à desidratação
através de uma série de álcool etílico (álcool etílico P. A. mais água destilada 20 %, 30 %, 50
%, 70 %, 90 % e 100 %). Na maceração foram utilizados pequenos fragmentos de madeira
entre 2 cm e 4 cm de comprimento e aproximadamente 2mm de espessura obtida no sentido
longitudinal dos corpo-de-prova. A solução macerante, foi composta por peridroxido e ácido
acético glacial na proporção 1:1, foi adicionada em tubos de ensaio, contendo os fragmentos
de madeira, o suficiente para cobrir o material. Os tubos de ensaio foram vedados e mantidos
em estufa a 40 ºC durante 24 horas. Concluída a maceração o material foi lavado em água
corrente. Foram dissociados em uma gota de glicerina sobre lâmina de vidros, com a ajuda de
uma agulha e de uma lupa Carl-Zeiss, foram separados os elementos anatômicos e procedeu-
se a montagem das lâminas para as mensurações do material dissociado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
VARIAÇÃO ANATÔMICA
Vasos:
As árvores relacionadas com as diferentes alturas se observaram uma diferença entre
as medias das células de vasos somente nas alturas referentes a 100% entre as árvores, já ao
entorno de cada árvore as medias dos vasos não diferem de maneira significativa. Roque et al.
(2007), nos seus resultados constataram que dos elementos anatômicos, os vasos mostraram
maior adaptação as variações climáticas, mostradas pela variação das suas dimensões na
espécie Gmelina arborea para os diferentes tipos de clima onde foi cultivada.
Raios:
Não ocorreu diferença significante nas células dos raios tanto em comprimento como
em largura nas diferentes alturas em ambas as árvores, mas entre elas ocorreu diferença na
altura de 100% do fuste. Urbinati et al. (2003), notaram em Terminalia ivorensis A. Chev. que
a redução na freqüência de raios próximos ao câmbio, pode ser conseqüência da redução do
número de iniciais radiais, com o aumento do número de iniciais fusiforme existe acha
FIBRAS
As médias se mostram iguais para todas as alturas excerto para a altura de 100% que
mostrou ter diferença entre as árvores, na árvore 1 analisada isoladamente mostrou-se
diferente também para a altura de 100% do fuste comercial. Longui et al. (2009), relatam em
seu trabalho que há uma diferença significante no tamanho das fibras em relação ao lenho
juvenil do adulto, revelando então que houve um aumento das fibras nos primeiros anos,
apresentando estabilização e um pequeno decréscimo com o avanço da idade para a espécie
Luechea divaricata.
À espessura da parede celular das fibras mostrou um comportamento igual ao da
espessura das fibras e assim como o lume apresentou uma diferença nas médias somente na
altura de 100% do furte comercial essa condição diacordo com Florsheim et al. (2009), que
afirma em seu trabalho que a classe dominante apresenta madeira mais densa pois possui
maior espessura da parede celular e lume nas fibras sendo estes os fatores que mais
influenciam a densidade básica da madeira.
É visível as diferenças entre as arvores 1 e 2. Na árvore 2 proveniente de um capoeirão
de 30 anos que mostrou células na região cambial com tamanho inferior a medula, o cambio
desta espécie esta em constante atividade e a medula não, esta diferença pode esta relacionado
a classe ecológica de co-dominante e a quantidade de recursos hídricos na região ou ate
mesmo esta diferença pode ser proposital na árvore como estratégia de sobrevivência em um
ambiente de estrema competição por luz solar. Já na árvore 1 proveniente de floresta nativa as
células da região cambiais tem um tamanho maior que as da região da medula este
comportamento pode esta relacionado aos fatores acima descrito ou por uma baixa
competição por luz. Diferenças estas descrita por Roque et al. (2007), que ao analisarem as
diferenças anatômicas existentes em espécies de Gmelina arborea cultivada sopre diferentes
climas tropicas se tratar de uma adaptação da espécie as condições climáticas, ressalta
também no mesmo trabalho que a disponibilidade de água afeta o processo fisiológico das
árvores e conseqüentemente, a formação do cerne alterando em alguns casos até mesmo a
formação do tronco e a cor da madeira. Já Longui et al. (2009), mencionam em seu trabalho
que varias espécies tropicais apresentam uma madeira homogênea ao longo das camadas de
crescimento. Característica que apresenta aumento radial podendo esta ligada ao grupo
ecológico, uma vez que espécies pioneiras crescem rapidamente, o que ocasiona madeiras
mais leves, e quando a árvore atinge a altura satisfatória para uma maior captação dos raios
solares a um reforço mecânico com o aumento na densidade aparente.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que:
As árvores da espécie Erisma uncinatun Warn. possuem características anatômicas
distintas, (como as descritas na caracterização anatômica) e estas, por sua vez, são
importantes para a identificação da mesma, uma vês que devido a alta diversidade amazônica
e comum encontramos espécies com características muito similares.
Também foi possível descrever com clareza as variações que ocorrem dentro de um
único individuo em todo o seu lenho no sentido axial e radial confirmando que não há
diferença significante para a variação das células, porém, nota-se uma variação em relação as
células mais próximas do cambio constatando a formação de um lenho juvenil discreto na
espécie Erisma uncinatun Warn., em ambas as classes ecológicas.
A variação entre as espécies sobre as diferentes classes ecológicas; dominante e
intermediaria, são somente notadas na região do cambio, tendo como possível causadora desta
diferença a organização da floresta e os fatores abióticos.
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VARIAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA E RETRAÇÃO VOLUMÉTRICA
AO LONGO DO FUSTE DA ESPÉCIE CEDRINHO (Erisma uncinatum
Warm), EM DOIS ESTÁGIOS DE FLORESTA NA AMAZÔNIA
CENTRAL.
Luiz Rocha MACIEL1; Gilson Roberto Vasconcelos dos SANTOS
2
1Bolsista PAIC-FAPEAM-UEA [email protected];
2Prof. Orientador CESI/UEA [email protected].
Av Mário Andreazza s/n, São Francisco, Itacoatiara-AM, 69100-000
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo estudar as propriedades físicas (densidade básica e
retratibilidade) da madeira do cedrinho (Erisma uncinatum Warm), no sentido base-topo e
medula-casca da árvore. As amostras foram coletadas, de duas árvores, sendo uma floresta
nativa e outra de 30 anos, em cinco posições equidistantes no sentido medula-casca,
correspondendo a a-0 %, b-25 %, c-50 %, d-75 % e e-100 %, e na Base, DAP, 50 %, 75 % e
100 % da altura comercial. As amostras tiveram dimensões nominais 2 cm (tangencial) x 3
cm (radial) x 5 cm (longitudinal). Os resultados mostraram que não houve variação da
densidade básica no sentido medula-casca, com tendência de aumento na posição de b-25 % a
c-50 % (cerne) e em seguida diminuir para os valores mínimos na região do alburno, próximo
a casca e-100 %, para árvore I, enquanto para árvore II a densidade básica foi maior apenas a-
0 % (cerne). Valores mínimos de densidade para as duas árvores forma encontrados apenas na
região do alburno. No sentido base-topo, um comportamento de tendência de aumento foi
observado apenas para árvore I, com maiores valores a 50 % da altura, e decréscimo de
densidade para a árvore II, obtendo maior densidade apenas na BASE, sendo que os valores
mínimos foram observados para duas árvores nas amostras retirados a 100 % da altura, na
qual é uma região livre de extrativos. As contrações volumétricas e lineares totais tenderam a
diminuir no sentido medula-casca, independentemente da posição da amostra no fuste.
Palavras chave: densidade básica; retração volumétrica; extrativos.
INTRODUÇÃO O aumento crescente da pressão sobre a utilização dos recursos naturais renováveis, onde a
floresta ocupa lugar de destaque, vem tornando cada vez mais imperiosa a qualificação de madeiras
para fins apropriados. A densidade básica é uma propriedade que expressa à quantidade da substância
madeira por unidade de volume, sendo definida pela relação entre o peso da madeira seca e o volume
saturado (umidade acima do ponto de saturação das fibras, U > 30 %), expressa em g/cm3ou kg/m
3
(HILLIS. W.; BROWN, 1984).
O crescimento populacional, de maneira geral, estabelece uma crescente demanda de bens de
consumo e de matéria-prima necessária para a sua manufatura. As madeiras de folhosas de espécies
tropicais, por exemplos, vêm obtendo um aumento substancial da sua demanda nos últimos anos,
sendo necessário estudar suas propriedades para uma melhor definição da sua aplicabilidade destas
madeiras (MAFRA, 1994).
Uma das características que melhor expressa à qualidade da madeira é a densidade básica. Esta
é uma das características muito influenciada pela estrutura anatômica do lenho de formação de
espécies tropicais, apresentando, por isso grande variação tanto no sentido longitudinal como no
sentido medula-casca (FEARNSIDE, 1997).
A densidade da madeira por ser um excelente indicador da quantidade de parede celular na
madeira, apresenta uma forte correlação com as propriedades mecânicas e outras propriedades da
madeira. Porém, a densidade e a retratibilidade não são homogêneas nem mesmo em amostras
retiradas das mesmas árvores e variam tanto na direção medula-casca como na direção base-topo no
tronco.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
A qualidade da madeira é entendida como a adequação da matéria-prima para determinado uso
ou múltiplos usos, assim sendo, a qualidade pode ser encarada como suas múltiplas versatilidades da
madeira. Quanto maior diversidade de uso de dada madeira tanto maior é a qualidade.
Com a diminuição da umidade da madeira, além da perda de massa, tem-se também uma
perda em volume, denominada de retração volumétrica parcial ou simplesmente retratibilidade
volumétrica. O termo retratibilidade volumétrica total refere à perda total de água desde a amostra
totalmente saturada até secagem completa em estufa a 103 ± 2 oC.
A variação dimensional da madeira, devido à dessorção e adsorção de água, são conhecidas
como retratibilidade e constitui uma de suas propriedades mais importantes, pois afeta
consideravelmente o emprego industrial da mesma em vários ramos de utilização (CRUZ 2006).
Não há duvida de que os fatores limitantes para a utilização das essências florestais da
Amazônia é a falta de dados concretos sobre suas propriedades físicas e seus usos comerciais e
industriais, sendo que sem essas informações mesmo de forma empírica fica difícil à comercialização
dessa madeira no mercado.
Como forma de complementar as informações já existente sobre a espécie cedrinho (Erisma
uncinatum), este trabalho objetivou a determinação das propriedades físicas (densidade básica e
retratibilidade) no sentido base-topo e medula-casca, além de estudar a variação radial e longitudinal
da densidade básica em cinco posições equidistantes a partir da medula em direção à casca e em
diferentes alturas do fuste, em dois estágios de florestas, uma primária e outra floresta de capoeira de
30 anos.
METODOLOGIA
Para este estudo foram utilizadas amostras de madeiras da espécie (Erisma uncinatum
Warm) em diferentes estágios sucessionais de floresta, floresta clímax e de capoeira de 30
anos. Considerando-se altura comercial das árvores do Cedrinho foram retirados de cada
árvore cinco discos em um total de dez ao todo, com 12 cm de espessura: nas alturas Base,
DAP, 50 %, 75 % e 100 %, totalizando 10 amostras de cada árvores e 20 ao todo baseando-se
em (CRUZ, 2006). Estes discos foram retirados com o uso de uma motosserra, e
acondicionados em sacos plásticos para diminuir a perda de umidade e ataques de organismos
xilófagos. As amostras foram transportadas para retirada dos corpos de prova com os ensaios
realizados no Laboratório de Propriedades Físicas e Mecânicas da Madeira, do Centro de
Estudos Superiores de Itacoatiara CESI/UEA.
Foram utilizados corpos de prova de 2 x 3 x 5 cm, após saturados foram obtidos o peso
úmido de cada corpo de prova seguindo as recomendações (CRUZ, 2006). Posteriormente os
mesmos foram secos em estufa até atingirem o peso constante a 103 ± 2 oC e assim pode-se
obter o peso seco dos corpos de prova.
Os métodos de determinação da densidade básica:
a) Método de medição direta do volume por paquímetro (MD) Para a obtenção da densidade básica foi utilizada a expressão 1, conforme proposto por
(VITAL, 1984).
DB= Ps (1)
HxLxC
Onde:
DB = densidade básica (g/cm3);
Ps = peso seco (g);
H = altura do corpo de prova úmido (cm);
L = largura do corpo de prova úmido (cm);
C = comprimento do corpo de prova úmido (cm).
b) Método de máximo teor de umidade (MTU)
Trugilho et al. (1990), afirma que este método baseia-se na relação existente entre a
densidade da madeira e o seu máximo teor de umidade, determina-se a densidade básica sem,
contudo obter o seu volume. O cálculo da densidade básica foi feito pela fórmula proposta por
(FOELKEL et al. 1972). Expressão (2):
1
DB= Pu -0,346 (2)
Ps
onde:
DB = densidade básica da madeira (g/cm3);
Ps = peso seco (g);
Pu = peso úmido (g)
RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisadas 20 amostras do lenho da Erisma uncinatum Warm, dividido em BASE,
DAP, 50 %, 75 % e 100 % da altura comercial das arvores, para calcular a densidade básica. A
variação da densidade básica, no sentido radial da árvore do Cedrinho (Erisma uncinatum Warm -
Vochysiaceae), é apresentada na (FIGURA 01, 02 e 03).
Figura 03 - Variação da densidade básica no sentido axial (base-topo) da madeira do cedrinho (Erisma
uncinatum Warm - Vochysiaceae) a BASE, DAP, 50 %, 75 % e 100 % da altura comercial.
Através da análise da variância (ANOVA) em esquema fatorial, realizada para
verificar a existência ou não de diferença significativa entre a densidade básica no sentido
radial do fuste (medula-casca) e longitudinal (base-topo), resultou significativo no sentido
longitudinal (Base-topo) e não significativo no sentido radial x longitudinal
Figura 01 - Variação da Densidade Básica no
Sentido Radial (Medula-Casca) da madeira do
Cedrinho (Erisma uncinatum Warm) em
diferentes posições do fuste (BASE, DAP, 50,
575 %, 75 % e 100 %).
Figura 02 - Variação da Densidade Básica no
Sentido Radial (Medula-Casca) da madeira do
Cedrinho (Erisma uncinatum Warm) em
diferentes posições do fuste (BASE, DAP, 50
%, 75 % e 100 %).
Tabela 1. Valores médios para densidade básica no sentido base-topo da madeira do cedrinho (Erisma
uncinatum Warm - Vochysiaceae).
Posições BASE DAP 50- % 75 -% 100-%
Médias 1.25a 1.11b 1.11b 1.02c 0.94c
Obs.: Médias seguidas da mesma letra são estatisticamente iguais ao nível de 5 % de probabilidade.
O teste Tukey de comparações múltiplas de média mostrou para a densidade que a
posição BASE, é diferente, enquanto o DAP e 50 % são estaticamente iguais, assim como 75
% e 100 % foram estatisticamente diferentes das demais. Enquanto estas foram
estatisticamente iguais entre si, ou seja, a densidade da base foi estatisticamente maior do que
a 100 % da altura comercial da árvore do (Erisma uncinatum).
Tabela 2. Análise da variância para a variação da densidade básica da madeira do cedrinho (Erisma
uncinatum Warm – Vochysiaceae).
Fonte de variação GL SQ QM F
Bloco 1 0.102152 0.10215 18.8085
Tratamento 24 0.166508 0.00694 1.2277
Base-topo = B-T 4 0.128728 0.03218 5.92543**
Medula-casca=M-C 4 0.004808 0.00120 0.22131ns
Base Topo x Medula Casca 16 0.032972 0.00206 0.37943ns
Erro 24 0.130348 0.00543
Total 49 0.399008
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05)
ns = não significativo (p >= .05)
Quanto às maiores e menores contrações ocorreram para as maiores e menores
densidades respectivamente. Isto está de acordo com a literatura. Cruz (2006) verificou
experimentalmente a existência de uma correlação entre a variação volumétrica e a densidade
básica da madeira, no sentido de que quanto maior a densidade básica maior a retração
volumétrica da madeira.
CONCLUSÃO
A densidade básica não variou no sentido medula-casca.
As amostras retiradas da posição do alburno próxima à casca diferiu de todas as
demais posições de amostragem variando entre árvores.
Os extrativos, normalmente depositados no cerne, podem ter contribuído para maiores
valores de densidades básicas e retração volumétrica, nesta região, assim como a ausência
pode ter influenciado no menor peso do alburno.
AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) pela bolsa PAIC,
Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Coordenação da Semana de Engenharia Florestal do
Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DE UM FRAGMENTO DE
FLORESTA SECUNDÁRIA NA ÁREA DO CENTRO DE ESTUDOS
SUPERIORES DE ITACOATIARA-AM.
Pablo Roberto da Silva OZORIO¹; Renata Braga Souza LIMA² 1Engenheiro Florestal – [email protected];
2UEA – [email protected]
RESUMO
O estudo foi realizado em um fragmento de floresta secundária na área do Centro de Estudos
Superiores de Itacoatiara-AM, com o objetivo de conhecer a composição florística do
ambiente. A metodologia utilizada fundamentou-se na instalação de seis parcelas de 50 x 50
m, subdivididas em 5 parcelas de 10 x 50 m totalizando 30 unidades amostrais. Foram
amostrados todos os indivíduos com DAP ≥ 5,0 cm. Foram identificados 943 indivíduos
pertencentes a 21 espécies de 18 gêneros, distribuídas em 14 famílias. As famílias mais
importantes foram Annonaceae (3 espécies), Arecaceae (3 espécies), Chrysobalanaceae (2
espécies). Annonacea e Arecaceae contribuem juntas com 25% da riqueza local de espécies.
A densidade total de indivíduos foi de 628,67 para uma área de 1,5 ha amostrados. Com base
na dominância, a área basal total foi de 20,32 m². Attalea maripa foi a espécie mais
dominante da composição florística com 4,768 m², apresentando 3,814% da dominância total.
As espécies Attalea maripa e Miconia regelii são as mais frequente onde ambas apresentam
valores de (F.A) igual a 90,00% e (F.R) igual a 6,870%. As espécies mais importantes foram
Attalea maripa (45,819), Guatteria olivacea (30,413), Byrsonima chrysophylla (25,818),
Miconia regelii (22,778), Astrocaryum aculeatum (18,768). A curva espécie área apresentou
uma estabilização no aparecimento de novas espécies apartir de uma área amostral de 9.500
m². O volume total encontrado na comunidade florística foi de 75,13 m³. O índice de
diversidade de Shannon (H’) para a área estudada foi de 2,84, indicando baixa diversidade
local.
Palavras chave: fragmento florestal urbano; composição florística.
INTRODUÇÃO
A caracterização da vegetação é de grande importância para entendimento da dinâmica
dos ecossistemas, além disso, serve de base para outros estudos mais aprofundados no ramo
da ecologia e possibilita o melhor entendimento da tipologia florestal, o manejo adequado dos
recursos naturais de novas áreas e a proteção da floresta para a manutenção do equilíbrio
climático terrestre (OLIVEIRA, 1997).
O estudo do complexo funcionamento da floresta Amazônica permite a divisão
geográfica das tipologias florestais, a diversidade das florestas e informações sobre a
compreensão da vegetação, bem como, o conhecimento da flora do povoamento de todas as
regiões da floresta Amazônica (PINTO, 2003).
A avaliação da estrutura horizontal da floresta tem como objetivo verificar a
caracterização da vegetação arbórea de uma determinada área e verificar seu
desenvolvimento, a distribuição das espécies na área estabelecendo as espécies mais
importantes da composição do povoamento florestal (LONGHI et al., 2000).
Conservar os remanescentes de floresta fragmentada é de grande importância para a
manutenção da diversidade biológica, dos processos ecológicos, a estruturação do dossel e do
sub-bosque (LUCAS et al., 1998).
Uma das características da fragmentação é o empobrecimento do povoamento florestal
que passam por um processo gradativo de perda das funções biológicas e ecológicas da
composição florística (VIANA; TABANEZ, 1996). Essas florestas geralmente apresentam
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
uma baixa densidade de árvores de maior porte e redução significativa na cobertura do dossel
criando condições abióticas não-propícias à germinação e estabelecimento de espécies de
plântulas (WILLIAMS-LINERA, 2002).
Diante da necessidade de estudos com o enfoque nas características biológicas e
ecológicas e devido à crescente formação de fragmentos, este trabalho teve objetivo conhecer
a composição florística de um fragmento de floresta secundária situado na área do Centro de
Estudos Superiores de Itacoatiara-AM, fornecendo informações que podem subsidiar estudos
futuros sobre as formações florestais no município de Itacoatiara.
METODOLOGIA
O presente estudo foi desenvolvido na área do Centro de Estudos Superiores,
localizado no município de Itacoatiara-AM entre as coordenadas cartesianas 3º8’54” de
latitude Sul e a 58º25’00” de longitude a Oeste de Greenwich. O local de estudo é uma área
de cobertura vegetal classificada como Fragmento Florestal urbano com pouco mais de 12
hectares.
A coleta de dados foi realizada nos dias 29, 30, 31 de outubro e 01 de novembro de
2009, através de levantamento florístico por equipe assim constituída: um para-botânico, um
anotador e dois ajudantes, totalizando quatro pessoas para o levantamento de campo. O
levantamento florístico adotado na área foi o método sistemático seguindo uma trilha
principal que corta o fragmento florestal com o objetivo de representar todo o povoamento
florestal com pouco mais de 12 ha, onde foram alocadas três parcelas em cada lado do
fragmento totalizando 6 parcelas de 2.500 m² (50 x 50 m), cada parcela foi subdividida em 5
sub-parcelas de 10 x 50 m, totalizando 30 parcelas ou 1,5 ha de área amostrada.
A demarcação das parcelas foi feita utilizando fitas coloridas em cada vértice. As
parcelas foram alocadas em função de variação nos elementos fisionômicos da vegetação
como as características dendrológicas e morfológicas dos indivíduos, observados na área de
estudo levando em consideração a experiência do para-botânico. Esse método de amostragem
foi escolhido principalmente para representar melhor a área do projeto, assim como por
adaptar-se as condições e realidades da área.
Os indivíduos com CAP (Circunferência Altura do Peito) ≥ 15,71 cm a 1,30 do solo
foram medidos com fita métrica depois os valores foram convertidos para DAP (Diâmetro
Altura do Peito) e sua altura foi estimada a olho nu, este não é um método preciso, no entanto
é um método prático e adotado na região devido às condições da floresta fragmentada
apresentar o dossel muito denso com elevada predominância de cipós, não permitindo a
visualização do ápice da floresta.
As espécies foram identificadas em campo com ajuda de para-botânico, e amostras
estéreis ou férteis foram coletadas de material botânico, onde foram prensadas e
posteriormente postas para secar em estufa na temperatura de 25°C por aproximadamente 72
horas no laboratório de Anatomia da Madeira do Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara
(CESI), em seguida foram identificadas com auxílio de bibliografia específica, de acordo com
a classificação de Cronquist (JOSÉ et al,. 1999, MARTINS; GRIBEL, 2007, RIBEIRO;
ESTEVES 1999, RIBEIRO et al., 1999).
Foi realizada a análise da estrutura horizontal do povoamento florestal fragmentado,
calculando a área basal e o volume de cada indivíduo identificado, como também distribuição
dos indivíduos por classe diamétrica, a área basal dos indivíduos por classe de diâmetro e o
volume dos indivíduos por classe diamétrica. Foi os parâmetros fitossociológicos como
Densidade, Frequência, Dominância e o índice de diversidade de Shannon, na comunidade
vegetativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Á área pode ser classificada como vegetação de transição entre florestas secundárias e
clímax, pois no ambiente estudado foram identificadas espécies típicas de florestas clímax
como amarelinho (Pogonophora schomburgkiana), louro-preto (Dicypelium manausense),
envira surucucu (Bocageopsis multiflora) e macucu (Licania glabra). O estrato arbóreo
possui dossel com altura média entre 7-9 metros, o dossel é fechado dificultando a penetração
da radiação solar, aumentando a competição nos estratos inferiores.
No levantamento florístico foram identificadas um total de 943 indivíduos
pertencentes a 21 espécies de 18 gêneros, distribuídas em 14 famílias. As maiorias dos
gêneros estão representadas por uma única espécie, exceto os pertencentes às famílias
Annonaceae, Arecaceae, Chrysobalanaceae e Fabaceae. As famílias com maior número de
espécies foram Annonaceae (3 espécies), Arecaceae (3 espécies), Chrysobalanaceae (2
espécies), Fabaceae (2 espécies). Estas famílias são representadas por espécies arbóreas, varas
e árvores, compondo estratos diferenciados da composição florística. As famílias Annonacea
e Arecaceae contribuem juntas, com 25% da riqueza local de espécies no povoamento
fragmentado. A família Annonacea representa 22% do total de indivíduos. A família
Arecaceae representa 12% do total de indivíduos.
As espécies com maior número de indivíduos foram: Guatteria olivacea com 160
indivíduos; Byrsonima chrysophylla com 112 indivíduos; Miconia regelli com 67 indivíduos;
Attalea maripa com 62 indivíduos e Jacaranda copaia com 58 indivíduos.
As espécies do gênero Guatteria caracterizam-se por ser uma planta de vegetação
secundária e contribui para a renovação e dinâmica das espécies vegetais, colonizando
rapidamente as áreas perturbadas naturalmente ou por ações antrópicas.
O povoamento apresenta uma baixa riqueza de espécies, em função dos distúrbios
ocorridos na área, comprometendo a composição florística original e a dominância local das
espécies. Porém, o corte indiscriminado aumenta a entrada de luminosidade no povoamento
facilitando o desenvolvimento de espécies oportunistas, típicas desses ambientes.
O povoamento florestal teve uma densidade absoluta total de indivíduos foi de 628, 67
para uma área de 1,5 ha amostrados. Observou-se que as seis espécies mais abundantes
contribuíram com mais 78% em relação ao total. Entre as espécies mais abundantes, a espécie
envira (Guatteria olivacea) foi a mais abundante na estrutura florística, seguida do murici
(Byrsonima chrysophylla); tintarana (Miconia regelii) e inajá (Attalea maripa).
Em relação à dominância, a área basal para a comunidade arbórea foi de 14,727 m². A
espécie inajá (Attalea maripa) foi a espécie mais dominante da composição florística com
4,768 m² , o que representou 3,814% da dominância total.
De acordo com os valores de frequência absoluta e relativa a espécie inajá (Attalea
maripa) e tintara (Miconia Regelii) são as mais frequentes na floresta fragmentada onde
ambas apresentam valores de (F.A) igual a 90,00% e (F.R) igual a 6,870%.
Dentro da avaliação do índice de valor de importância destacam-se as espécies Attalea
maripa (45,819), Guatteria olivacea ( 30,413), Byrsonima chrysophylla (25,818), Miconia
regelii (22,778), Astrocaryum aculeatum (18,768), Jacaranda copaia (15,733), Dicypelium
sp. (12,829) e Couepia bracteosa (12,764).
A distribuição diamétrica consiste na distribuição dos indivíduos em classes de
diâmetro, permitindo uma melhor análise do componente arbóreo, determinado o número de
indivíduos por classe diamétrica, a área basal das espécies por classe diamétrica e o volume
das espécies por classe diamétrica. Entre as espécies inventariadas, apenas Attalea maripa e
Astrocaryum aculeatum não apresentam indivíduos nas menores classes diamétricas, por
serem indivíduos com grandes diâmetros, apresentando uma distribuição irregular com
indivíduos bem distribuídos nas classes intermediárias e superiores.
A área basal das espécies por classe diamétrica tem destaque para as espécies
Byrsonima chrysophylla (0,426 m²) e Guatteria olivacea (0,385 m²) na qual apresentaram
maiores valores de área basal.
O volume total encontrado na comunidade florística foi de 75,13 m³. As espécies
vegetais que tiveram maiores valores em termos de volume foram espécies Attalea maripa
(3,50 m³), Byrsonima chrysophylla (1,46 m³), Miconia regeli (1,15 m³).
O índice de diversidade de Shannon (H’) para a área estudada foi de 2,84, indicando
baixa diversidade local.
CONCLUSÃO
A amostragem foi significativa para representar a composição florística fragmentada,
composta por poucas espécies pertencentes a poucas famílias. Apenas dois gêneros
apresentam duas espécies, o restante apenas uma espécie.
As espécies mais frequêntes foram Attalea maripa e Miconia Regelii, sendo também
as mais dominantes da estrutura florística.
As espécies com maior importância na composição florística foram Attalea maripa,
Guatteria olivacea e Byrsonima chrysophylla, se destacando em número de indivíduos, em
quase todas as unidades amostrais.
Os objetivos da presente pesquisa foram alcançados, gerando dados para a referida
área do Centro de Estudo Superiores de Itacoatiara, para que se possam tomar as medidas
necessárias para a sua restauração e manutenção de sua biodiversidade.
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REVITALIZAÇÃO DO HERBÁRIO DO CENTRO DE ESTUDOS
SUPERIORES DE ITACOATIARA – CESI/EST/UEA.
Renata Reis CARVALHO1; Melissa CHALCO
2; Francisco Itamar Gonçalves MELGUEIRO
3;
José Hamilton de Oliveira BRAGA4
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA. Email: [email protected];
2Pesquisadora orientadora, UEA ;
3Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA;
4Bolsista PIBITI–UEA
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, CEP. 69000-100, Itacoatiara, AM.
RESUMO
A revitalização do Herbário CESI/UEA é de suma importância para o curso de Engenharia
Florestal, sendo útil como fonte de consulta e referência para estudantes, estagiários e
cientistas, pois possibilita a perfeita identificação dos materiais botânicos, além de fornecer
informações sobre a flora de uma região. O objetivo deste projeto ocorreu através de separar
as exsicatas por ordem alfabética de família; organizá-las dentro dos armários de acordo com
a classificação APGIII, identificar os armários com os nomes das famílias, elaborar um mapa
das famílias existentes no Herbário e digitalizar, criar um Herbário virtual do CESI/UEA. Foi
realizado um levantamento bibliográfico com enfoque aos Herbários existentes no mundo. As
exsicatas foram separadas por ordem alfabética de famílias, gêneros e espécies. Foram
organizadas dentro dos armários de acordo com o modelo APGIII (classificação de acordo
com evolução e filogenética). Para facilitar a busca das famílias nos armários, foi elaborada
uma lista contendo as famílias e os armários em que se encontram. Os armários foram
identificados (parte externa e interna) com placas, mostrando as famílias e espécies que estão
depositadas. A informatização completa do Herbário CESI/UEA deu-se através do programa
Brahms, totalizando 4.277 exsicatas (4.245 já existentes + 32 incorporadas). Foi elaborada
uma planilha no programa Excel com o nome das famílias em ordem alfabética, e cada
família está identificada através das cores utilizadas no sistema APGIII. Foi criado o herbário
digital contando o histórico do herbário contendo também todas as informações das exsicatas
existentes, registradas com fotos, disponível em: http://brahms.inpa.gov.br/bol/hitam. Palavras chave: Revitalização, herbário, informatização.
INTRODUÇÃO
Herbário é uma coleção de plantas secas, processadas e organizadas (BRASIL, 2001).
As coleções botânicas são imprescindíveis para o estudo da diversidade vegetal, detém um
inestimável acervo de plantas e de dados (BARBOSA & PEIXOTO, 2003).
Os herbários têm como função primordial a documentação de pesquisas botânicas,
especialmente as taxonômicas e florísticas. Para obter informações sobre reconhecimento
(identificação), nomenclatura, classificação, distribuição e ecologia de qualquer planta são
necessários exames precisos de cada exemplar, o que se tornaria muito difícil em campo. A
investigação taxonômica se baseia, então, em coleções de plantas, construídas e preservadas
ao longo do tempo nos herbários. Além da importância para a taxonomia, mais recentemente
os herbários passaram a ser reconhecidos como instrumentos essenciais para pesquisas
genéticas e agronômicas, em que as exsicatas documentam a variabilidade amostrada (UCS,
2011).
Para compor uma coleção de referência, há necessidade de um ambiente com
condições mínimas de funcionamento, com espaço para receber o material botânico
proveniente das coletas e vindo de outras instituições, para secagem, montagem, catalogação,
armazenamento e conservação (FERREIRA, 2006).
A organização dos Herbários é realizada em diversas maneiras, alguns organizam suas
exsicatas em ordem alfabética de família, gênero e espécie; outros de acordo com as relações
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
(similaridades) entre eles, ou até mesmo com a ordem de evolução como no sistema de
APGIII (BRASIL, 2001).
Este estudo visa à revitalização do Herbário do Centro de Estudos Superiores de
Itacoatiara – CESI/EST/UEA, que é de suma importância para o curso de engenharia florestal,
sendo útil como fonte de consulta e referência para estudantes, estagiários e cientistas, pois
possibilita a perfeita identificação dos materiais botânicos com que trabalham, além de
fornecer informações das mais variadas sobre a flora de uma região.
METODOLOGIA
Levantamento bibliográfico
Foi realizado um levantamento bibliográfico com enfoque aos Herbários existentes em
todo país, que serviu de base para o desenvolvimento do projeto. Para um melhor aprendizado
sobre as formas de manejo de um herbário, foram realizadas visitas e cursos no Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Organização das exsicatas
A princípio, as exsicatas foram separadas por ordem alfabética de famílias, gêneros e
espécies para facilitar a organização posterior. Após a separação das exsicatas, foram
organizadas dentro dos armários de acordo com o modelo APGIII, que classifica as famílias
de acordo com a evolução e filogenética.
Mapas das famílias existentes
Para facilitar a busca das famílias no Herbário do Centro de Estudos Superiores de
Itacoatiara – CESI/EST/UEA, será elaborado um mapa, localizando os armários onde se
encontram as famílias existentes no Herbário.
Identificação dos armários
Para facilitar a busca das exsicatas os armários foram identificados com placas, na
parte exterior mostrando os nomes das famílias e gêneros; já no lado interior mostrando
gêneros e espécies que estão depositados nos armários indicados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi elaborada uma planilha através do programa Excel com o nome das famílias em
ordem alfabética, e cada família está identificada através das cores utilizadas no sistema
APGIII, também foi feita uma planilha com as novas famílias inseridas no sistema APGIII.
Estas planilhas foram coladas nas portas dos seis armários presente no herbário (FIGURA 1).
Na parte externa indicando o nome das famílias existentes no armário e na parte interna do
armário indicando a local de cada família, facilitando assim a localização dos indivíduos.
Foram digitalizadas todas as exsicatas presentes no herbário CESIT/UEA/ITA através
do programa Brahms apropriado para coleções, seguindo o sistema APGIII. Foi tirada fotos
de todas as exsicatas, dos frutos e das etiquetas que é gerada pelo programa Brahms. As novas
exsicatas inseridas no herbário costuradas e todas foram provenientes de mini-cursos,
pesquisadores da universidade, coletas de outros projetos e por alunos de graduação de
engenharia florestal (FIGURA 2). A informatização completa do Herbário CESI/UEA/ITA,
totalizou em 4.245 exsicatas. Com isso foi criado o herbário digital contando o histórico do
herbário contendo também todas as informações das exsicatas existentes, registradas com
fotos, disponível em: <http://brahms.inpa.gov.br/bol/hitam> (FIGURA 3).
Figura 1: Armários Figura 2: (A) lista das famílias, (B) organização das exsicatas
Figura 3: Site do herbário disponível em: <http://brahms.inpa.gov.br/bol/hitam>
CONCLUSÃO
Após a informatização de 4.245 exsicatas, inserimos até este momento 29 exsicatas
sendo que algumas estão acompanhados com seus frutos inseridos direto na carpoteca, além
disso foi criado o site do herbário e cada exsicata pode ser identificadas através do nome
cientifico e de fotos podendo facilitar as pessoas interessadas em fazer pesquisas acadêmicas,
trabalhos e até mesmo para conhecer o histórico do nosso herbário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, M.R.V. & PEIXOTO, A.L. 2003. Coleções botânicas brasileiras: situação
atual e perspectivas. In: Peixoto, A.L. (org.). Coleções biológicas de apoio ao inventário, uso
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arios>. Acesso em: 16 ago. 2011.
GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS JOVENS DE
BURITI (Mauritia flexuosa L. f.) SUBMETIDAS À INUNDAÇÃO
SIMULADA.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
Romário Gurgel da SILVA1; Renata Braga Souza LIMA
2.
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA. E-mail: romá[email protected];
2Pesquisador(a) orientador(a), UEA.
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, Itacoatiara, AM.
RESUMO
As sementes de buriti (Mauritia flexuosa) foram submetidas a dois tratamentos, alagado e de
controle, as sementes submetidas ao tratamento alagado ficaram submersas em areia lavada e
recobertas por uma lâmina de água de 10 cm, as sementes do tratamento de controle foram
semeadas em areia lavada e a umidade da água foi controlada diariamente, foram avaliadas a
porcentagem de geminação e após o desenvolvimento das plântulas as mudas foram repicadas
para bandejas contendo areia lavada e submetidas a dois tratamentos, alagamento parcial
(deixando a raiz submersa) e de controle (sem alagamento), 20% das sementes germinaram, o
restante entrou em estado de dormência devido a condições desfavoráveis, as primeiras
sementes começaram a germinar em torno dos 115 dias depois de semeadas, esta germinação
se estendeu até 225 dias após a semeadura, as mudas demonstraram boa adaptação aos dois
tipos de tratamento, não apresentando alterações morfológicas significativas, o buriti é uma
planta típica de áreas de várzea, conseqüentemente adaptada a regiões alagadas como
demonstrou o experimento, essas adaptações possibilitam seu crescimento normal nessas
áreas sem nenhuma anormalidade para a planta.
Palavras chave: alagamento; dormência; morfologia.
INTRODUÇÃO
A floresta Amazônica, além de corresponder a uma das regiões com maior potencial
genético florístico do planeta, devido a grande heterogeneidade de espécies, é considerada
a maior detentora de plantas florestais com múltiplas utilidades (MAIA, 2001).
Para muitas comunidades dessa região, além da importância ecológica, os produtos
florestais constituem o único meio de sobrevivência, sendo estes produtos fontes de
importantes insumos. De acordo com Tewari e Campbell (1996) cerca de 500 milhões de
pessoas que vivem nas florestas e nas redondezas, dependem destes produtos como
componente essencial para seu sustento.
A potencialidade dessas plantas também tem sido apontada como uma importante
ferramenta para a exploração sustentável de recursos não madeireiros visto que muitos
produtos são obtidos a partir da composição química das plantas respeitando o tripé:
biodiversidade, aceitabilidade e mercado econômico.
Dentre essas espécies destacam-se as que sobrevivem em ambientes como os locais
alagados, que apesar de ser uma característica constante na região, somente certas espécies se
adaptam, uma vez que para a maioria das plantas a inundação representa um risco, podendo a
germinação ser inibida pela deficiência parcial de oxigênio. Dessa forma, verifica-se que,
para o estabelecimento de plantas em ambientes com deficiência de oxigênio, adaptações
morfológicas, anatômicas, e metabólicas a esse estresse são necessárias para se conseguir um
estabelecimento bem sucedido (DREW et al. 1994).
Essa paisagem está profundamente marcada por espécies de palmeiras formando
extensas áreas monoespecíficas, ou florestas oligárquicas, como é o caso dos “açaizais”
(Euterpe oleracea Mart.) e “buritizais” (Mauritia flexuosa L.f.) dentre outras (ALMEIDA;
SILVA, 1997). A presença marcante das palmeiras nas regiões estuarinas parece estar
condicionada as condições do ambiente, por exemplo, o fluxo de marés que induz as espécies
à formação de estruturas especiais como pneumatóforos, raízes aéreas e lenticelas (KAHN;
CASTRO, 1985).
Estima-se que cerca de 60% das palmeiras amazônicas ocorrentes no estuário sejam
utilizadas pelo homem ribeirinho na habitação, alimentação, ornamentação, medicina
tradicional e, principalmente nas indústrias (JARDIM; VIEIRA, 2001). Este percentual
aproxima-se do citado por Almeida e Silva (1997) onde afirmam que 40% das palmeiras
amazônicas representam valor econômico e alimentar no cotidiano da região.
Dentre essas palmeiras, o buritizeiro (Mauritia flexuosa L. f.) se uma espécie da
família Arecaceae (ALMEIDA et al., 1998) cuja todas as partes da planta são aproveitadas: a
polpa de seus frutos é utilizada na culinária de diversas formas, como geléia, sorvetes, cremes
e doce. Do seu fruto também é extraído óleo comestível, com alto teor de vitamina A. Da
parte interna do estipe da palmeira é produzida a farinha e extraído o palmito do broto
terminal. Suas folhas apresentam formato de leque com as quais são feitas redes, coberturas
de tetos, cordas e balaios. E por fim do seu estipe e das inflorescências imaturas faz-se
refresco que após um processo fermentativo obtêm-se o vinho de buriti.
Nesse contexto o objetivo desse estudo foi avaliar a germinação e as alterações
morfológicas sob inundação simulada de sementes de buriti (Mauritia flexuosa), assim como
o desenvolvimento das mudas sob diferentes condições de alagamento, testandor a
germinação e observar possíveis alterações morfológicas das sementes de buriti (Mauritia
flexuosa), com e sem alagamento; acompanhar o desenvolvimento, quanto ao ganho de
biomassa e as alterações morfológicas de adaptação das mudas de buriti (Mauritia flexuosa),
sob diferentes condições de alagamento.
METODOLOGIA
Teste de germinação: as sementes de buriti (Mauritia flexuosa) serão coletadas em
ambientes de várzea e após serem tratadas com hipoclorito de sódio a 0,5% (v/v), durante 10
minutos e submetidas a diferentes tratamentos pré-germinativos (embebição, escarificação e
mecânico), serão colocadas para germinar em bandejas contendo areia lavada com uma
lâmina de água (completamente alagadas) e em bandejas sem alagamento (controle), para
cada tratamento serão utilizadas três repetições (bandejas) com 25 sementes. A germinação
(com e sem alagamento) será acompanhada diariamente, durante 65 dias sob condições de
viveiro e as seguintes variáveis serão analisadas: índice de velocidade de emergência (IVE),
tempo inicial e médio de germinação e a porcentagem de germinação (Maguire, 1962).
Tratamento das mudas: após o período de germinação, as plântulas do tratamento
sem alagamento (controle) serão repicadas para bandejas maiores contendo terra preta,
submetidas aos seguintes tratamentos: alagamento total (10 cm - planta inteira), alagamento
parcial (2 cm - somente raiz) e controle (sem alagamento). Antes da repicagem serão medidas
altura, DAS (diâmetro à altura do solo) e contadas número de folhas. Esse acompanhamento
será realizado a cada 15 dias por um período de 4 meses. As plantas serão acompanhadas
também por meio de observações mensais caso surgisse algum tipo de adaptação em resposta
à inundação. Após este período, serão sorteadas algumas amostras para promover o
experimento de alocação de biomassa, para isso as folhas (limbo e pecíolo), o caule e a raiz,
serão colocados separadamente dentro de sacos de papel com massa conhecida. Esse material
biológico irá permanecer em estufa a 60°C (± 3°C) por 72 horas e, posteriormente, será
pesado em balança analítica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
GERMINAÇÃO (%):
Na análise de germinação o tratamento de controle apresentou uma germinação de
20% das sementes semeadas e o tratamento alagado não apresentou germinação.
Provavelmente as sementes deste tratamento foram induzidas à dormência devido a exposição
a fatores ambientais desfavoráveis (tabela 01). As sementes de buriti possuem um tegumento
impermeável, sementes com estas características, são chamadas de sementes com tegumento
duro, por não conseguirem absorver água e/ou oxigênio. Como a intenção do experimento foi
apenas analisar as alterações morfológicas da espécie em condições que simulem seu
ambiente natural seco e alagado, não foram feitos tratamentos para a quebra de dormência
para acelerar a germinação.
TABELA 01- porcentagem de germinação de sementes de buriti em tratamentos de controle e alagado.
tratamento controle alagada
%
germinação
%
germinação
controle alagado
R01 3 0 20,00 0,00
R02 1 0 6,67 0,00
R03 3 0 20,00 0,00
R04 4 0 26,67 0,00
R05 2 0 13,33 0,00
R06 5 0 33,33 0,00
Total 18 0 20,00 0
ÍNDICE DE VELOCIDADE E TEMPO MÉDIO DE GERMINAÇÃO:
O tratamento controle apresentou um índice de germinação relativamente baixo,
porém vale ressaltar que as sementes que inda não germinaram não podem ser descartadas por
estarem em estado de dormência.
As primeiras sementes começaram a germinar em torno dos 115 dias depois de
semeadas, esta germinação se estendeu até 225 dias após a semeadura, o período de
germinação foi um pouco acima do observado para sementes dessa espécie em condições
naturais, que é em média de 90 dias.
ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS:
As mudas de buriti após serem repicadas demonstraram uma boa adaptação aos
tratamentos de controle e alagado não apresentando diferenças significativas de redução de
matéria seca entre os dois tratamentos após um período de 90 dias (Tabela 02).
O buriti, assim como outras plantas de várzea apresentam grande adaptação à
inundação, mantendo o nível de nitrogênio suficiente nas raízes para suprir o seu metabolismo
aeróbico. As respostas observadas sugerem que o buriti tem uma resistência grande ao
estresse de inundação, o que explica sua ocorrência mais comum em áreas alagadas, sua
adaptação fica ainda mais evidente após os 90 dias onde foram feitas as comparações com os
dois tratamentos e não foram observadas diferenças significativas entre as mudas.
Nas observações visuais as mudas também não apresentaram sintomas de toxidez ou
falta de nutrientes minerais, o que ocorre com grande frequência em outras espécies
submetidas à inundação. Nas mudas repicadas para o tratamento alagado foi observado o
escurecimento de partes da raiz e do solo que estava em contato com elas, apresentando assim
um sintoma de oxidação do solo isso impede que a planta absorva quantidades toxicas de
ferro e manganês.
O buriti é uma planta típica de áreas de várzea, consequentemente altamente
adaptada a regiões alagadas como demonstrou o experimento, essas adaptações possibilitam
seu crescimento normal nessas áreas sem nenhuma anormalidade para a planta como, por
exemplo, sintomas resultantes do estresse de inundação, clorose, epinastia, murcha,
senescência ou queda das folhas.
Tabela 02 – Massa (g) alcançados por planats de buriti após 90 dias de crescimento em dois
tratamentos, controle e alagado.
Parte da planta controle alagada
peso umido peso seco peso umido peso seco
Raiz 16,89 4,63 16,3 3,69
Caule 8,2 3,7 7,9 2,6
Folha 4,53 2,6 3,76 1,98
Semente 10,9 8,38 12,8 9,05
Total 40,52 19,31 40,76 17,32
CONCLUSÃO
Apesar da baixa taxa de germinação apresentada no tratamento de controle, o que já
era esperado devido ao estado de dormência que apresentam as sementes de buriti já que não
foram feitos nenhum tratamento para quebra de dormência, o projeto apresentou bons
resultados, o índice de germinação aconteceu dentro do esperando levando em consideração
que as sementes não estavam em seu ambiente natural e as alterações morfológicas entre os
tratamentos de controle e alagado não foram significativas, demonstrando que o buritizeiro
por ter uma localização típica em regiões periodicamente alagadas é uma planta altamente
adaptada à inundação, essa resistência possibilita a sobrevivência e o crescimento inabalado
do buriti sob inundação, pelo menos em plantas jovens.
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ITACOATIARA – AM.
Suami Lima SILVA1; Thana Esashika BEZERRA
2; Melissa CHALCO
3
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA. [email protected];
2,3Pesquisador(as) orientador(as) - UEA.
RESUMO
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento etnobotânico das plantas
medicinais utilizadas por agricultores rurais em duas comunidades no município de Itacoatiara
– AM. Os dados foram coletados em doze famílias, sendo que seis de cada comunidade por
meio de entrevista, com anotações feitas em campo e comparações realizadas com amostras e
outras literaturas. Durante as coletas consideraram-se apenas as plantas de uso cotidiano das
famílias. O interesse tanto no cultivo quanto pelo conhecimento do uso se dá pelas mulheres
que mantém seus etnoconhecimentos passados de mãe para filha. Das 27 espécies
catalogadas, 58% são preparadas em forma de chá. Oitoespécies são indicadas para
inflamações e seis para dores. Das 27 espécies catalogadas, 20 se utilizam as folhas para o
preparo dos remédios. A pesquisa também mostrou que o interesse em cultivo das plantas é
apenas para uso próprio, não havendo interesse de comercialização. A pesquisa também
mostrou que algumas espécies utilizadas para uso medicinal são encontradas na própria
floresta, não havendo a necessidade de cultivo. As espécies mais utilizadas para fins
medicinais são: Vernoniacondensatabaker (Boldo), Cymbopogoncitratus (Capim santo),
Lippia alba (Cidreira) e Piectrantusamboinicus (Malvarisco).
Palavras chave: etnobotânico, plantas medicinais.
INTRODUÇÃO
A diversidade de espécies encontradas na Amazônia ainda é questionada por muitos
estudiosos, tanto que, durante os últimos 20 anos estimou-se que o número de espécies
variava entre 17 e 60 mil, e hoje esses dados são bem inferiores chegando a apenas 3500
espécies catalogadas, ou seja, relativamente baixa com relação a grande diversidade da
Floresta Amazônica. Entretanto, a região Amazônica é agraciada com sua diversidade vegetal
em razão da riqueza de nutrientes que são acumulados nos solos e que fazem parte do grande
ciclo de renovação da vida (PEREZ et al., 2010).
Os pomares caseiros ou horticulturas são considerados por pesquisadores como uma
prática sustentável barata e eficiente para os moradores que vivem em regiões remotas, como
sítios, com grandes dificuldades de deslocamento em busca das necessidades que são
oferecidas apenas em grandes centros. Esse sistema Agroflorestal é um dos mais antigos dos
quais se tem noticias e que ajudam na manutenção de diversos produtos alimentícios e
medicinais usufruídos por essas famílias e em muitos casos colaboram no aumento da renda
familiar. E como esse trabalho geralmente é desenvolvido pelas mulheres evita-se gastos com
a mão-de-obra, além da preservação dos bancos genéticos das espécies cultivadas nesse
agrossistema, através do etnoconhecimento (CLEMENTet al., 2006; COSTA E MITJA,
2010).
Esta pesquisa teve como objetivo central realizar um levantamento etnobotânico de
espécies cultivadas e utilizadas por pequenos agricultores familiares, de forma a caracterizar
seus pomares caseiros e relatar o uso das espécies cultivadas, a fim de registrar a diversidade
de plantas utilizadas, investigar e valorizar o conhecimento da medicina tradicional e assim,
através da abrangência dessa pesquisa, subsidiar estudos posteriores em diversas áreas do
conhecimento. Observar também, se o cultivo das plantas medicinais é apenas para o
consumo próprio ou para a comercialização com a finalidade de obtenção de renda extra.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado em duas comunidades: Comunidade de São Lázaro no igarapé
do Açacu, localizada a 3 km de Itacoatiara, (58˚23΄26,02˝ W e 03˚08΄23,45˝ S) e Comunidade
de São João Batista, localizada no igarapé do Carão, a 5 km de Itacoatiara (58˚22΄46,91˝ W e
03˚08΄07,82˝ S). Ambas situam-se em área de Várzea.
O clima do local está classificado, segundo Köppen, como grupo climático A (Clima
Tropical Chuvoso). A precipitação pluviométrica anual é de 1900 a 2200 mm, com volume
RESUMO
mensal mínimo entre agosto e outubro. A temperatura média fica em torno de 26˚ C e a
umidade relativa do ar é de 80%, a vegetação está classificada como Floresta Tropical de
Várzea e o solo classificado como Latossolos Amarelos Distróficos (RADAMBRASIL,
1978).
Os dados foram coletados em doze famílias, seis de cada comunidade por meio de
entrevista. A identificação das espécies deu-se por meio de anotações feitas em campo,
comparações realizadas com amostras e literaturas especializadas. Após o levantamento das
espécies realizou-se registros fotográficos das mesmas e coletas para o preparo de exsicatas
que serão utilizadas posteriormente para identificação no herbário do Centro de Estudos
Superiores de Itacoatiara da Universidade do Estado Amazonas.
Durante as coletas considerou-se apenas as plantas utilizadas no cotidiano das famílias
entrevistadas, as quais foram indicadas pelas lideranças comunitárias. Através de uma
abordagem participativa para a coleta das informações, utilizou-se de formulários, além das
visitas percorrendo as propriedades na companhia dos agricultores.
As características etnobotânicas abrangeram as seguintes informações das espécies
cultivadas: nome vulgar, como se dá a propagação das espécies, nome cientifico, família e os
hábitos de cada espécie.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As famílias pesquisadas como as demais que vivem em áreas consideradas isoladas,
cultivam as plantas medicinais em seus quintais ou canteiros individuais improvisados, como
caixas de madeira, canoas e vasos. Dessa forma, impedindo a sua perda durante o período das
cheias ou que os animais de criação, como patos e galinhas, danifiquem as plantas, se
alimentando ou se alojando sobre os canteiros.
Esses agricultores beneficiam-se dessas espécies como fonte de medicamentos
alternativos para o tratamento de diversas enfermidades como: gripes, resfriados, parasitas
internos como lombrigas, dores de cabeça e no estômago, além de inflamações, inchaços e
micoses (Hidalgo, 2003).
Noda (2000) observou que mais da metade das plantas utilizadas nas localidades
distantes tanto indígenas quanto caboclos, são de interesse medicinal, já que a distancia e a
dificuldade de locomoção para a cidade é uma grande barreira para que essas famílias
recorram a produtos industrializados.
Quanto ao interesse no cultivo de plantas medicinais, geralmente são apresentados
pelas mulheres das localidades entrevistadas, assim como o conhecimento quanto a sua
utilização e indicação medicinal. Os conhecimentos são passados de geração a geração, de
mãe para filha, seguindo a forma de utilização correta quanto ao uso e dosagem de cada
espécie para evitar o envenenamento ou intoxicação pelas espécies (Costa &Mitja 2010).
Das 27 espécies estudadas e catalogadas, 58% são utilizadas em forma de chá, 18% se
extrai o suco ou sumo da planta, 13% preparo de pasta e xarope/melado, 11% é feito a infusão
das folhas, preparo de lavagem/banho ou se extrai o leite da planta (Figura 1). De acordo com
a pesquisa as espécies são indicadas das seguintes formas: 8 para o tratamento de inflamações,
6 para o tratamento de dores estomacais e 5 para cicatrizar ferimentos (figura 2). Observou-se
também que das 27 espécies identificadas, 20 utilizam-se das folhas para o tratamento
medicinal.
Figura 3: Partes usadas das planta.
Imagem 3: Cidreira Imagem 2: Capim santo
Todas as famílias entrevistadas beneficiam-se das plantas medicinais somente para uso
doméstico, e seus cultivos são em pequena escala, mostrando que não há interesse em
comercializá-los. Outro fator importante a observar, é que a maioria das plantas utilizadas
para a medicina popular é encontrada na floresta, não havendo a necessidade de cultivo.
Dentre as espécies que foram citadas pelos entrevistados, utilizam-se da seguinte
forma: 81,49% das folhas e ramos, 11,11% as cascas, 3,70% a raiz e 3,70% o caule para o
preparo de remédios (figura 3).
As principais espécies cultivadas nas comunidades são: o boldo
(Vernoniacondensatabaker), o capim-santo (Cymbopogoncitratus) e a cidreira (Lippia Alba),
que são muito indicados para dores e febre. As mais comuns são: Crista de galo
(Celosiacrustata) e Pião roxo (Jatrophagossypiifolia) que, segundo os moradores crescem de
maneira espontânea chegando até mesmo incomodar com o crescimento populacional intenso.
Quanto aos: crajirú (Arrabidaea chica Verlot.), o hortelãzinho (Menthaspicata) e arruda
(Rutagraviolens) são cultivados em pequenos vasos improvisados com latas e ficam expostos
sempre ao redor ou nas varandas nas casas dos comunitários, pois conforme informações
coletadas, essas espécies são mais vulneráveis ao ataque de pragas e doenças o que torna
difícil seu cultivo e até mesmo seu desenvolvimento em canteiros no chão das propriedades.
Figura 1: Forma de uso ou preparo Figura 2: número de espécies por
tratamento ou indicação.
Figura 1: Boldo
Fonte: Elaborado Pelo Próprio autor, 2011.
Figura 6: Hortelãzinho Figura 5: Pião roxo Figura 4: Crista de galo
CONCLUSÃO
O uso alternativo das plantas para a prevenção e tratamento de diversas enfermidades
ainda é o melhor recurso utilizado pelas populações tradicionais que habitam as regiões
isoladas da Amazônia.
Essas famílias ocupam áreas ainda muito bem preservadas, o que resulta em uma
interação benéfica do homem com a floresta, ajudando a preservar todo o banco genético
natural daquela área. Pois essas populações ocupam o espaço sem causar grandes impactos ao
meio ambiente e se beneficiam dos recursos oferecidos pela floresta de maneira sustentável.
O autoconhecimento obtido pelas famílias dessas localidades é de suma importância
para a preservação e uso das plantas medicinais, e dessa forma, possam contribuir para
estudos e pesquisa mais aprofundada pela medicina científica nas plantas e raízes existentes
na floresta sobre tratamentos de doenças que até o momento são consideradas incuráveis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLEMENT, C. R.; KLUPPEL, M. P.; GERMAN, L. A. Diversidade Vegetal em Solos
Antrópicos da Amazônia. Disponível em: <www.biochar.org>. Acesso em 10 de maio 2010.
2008.
COSTA, J. R.; MITJA, D. Uso dos recursos vegetais por agricultores familiares de
Manacapuru – AM. Acta Amazônia, v. 40, n. 01, p.49-58. 2010.
HIDALGO, Ari de Freitas. Plantas de uso popular para tratamento da malária e males
associados da área de influência do Rio Solimões e Região de Manaus, AM. Tese de
Doutorado – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu,
2003.
PÉREZ, E. L.; LEITE, A.M.; TORRES, F.N.M. Diversidade Vegetal na Amazônia: estado
de arte. Disponível em <www.amazonianet.org>. Acesso em 10 maio 2010. 1998.
SILVA, Alberto Jorge da Rocha; ANDRADE, Laise de Holanda Cavalcanti. Etnobotânica
Nordestina: Estudo Comparativo da Relação entre Comunidades e Vegetação na Zona
do Litoral - PE. Acta Botânica Brasileira, v. 19, n. 01, p.45-60. 2005.
Figura 2: Capim santo Figura 3: Cidreira
SOARES, Mauricio Veloso; CHACON, Simone de Freitas. NODA, Sandra do Nascimento.
Sistema de Produção e Conservação Tradicional das Plantas Medicinais por
Agricultores Familiares - AM. Acta Amazonica, v. 38, n. 01, p.60-66. 2008.
BANCO DE DADOS DA XILOTECA DO CENTRO DE ESTUDOS
SUPERIORES DE ITACOATIARA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO
DO AMAZONAS.
Silvya Katrinne Santana de MORAES1; Rosiele Vasconcelos dos SANTOS
2; Giuliano Piotto
GUIMARÃES3
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA. Email: [email protected];
2Bolsista Voluntária;
3Pesquisador Orientador - UEA
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, Itacoatiara, AM.
CESIT/UEA - Av. Mário Andreazza s/n.º, CEP: 69100-000.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
RESUMO
As xilotecas (coleções de amostras de madeira) guardam amostras com as quais é possível
realizar vários estudos, que podem auxiliar na solução de problemas, como o da
comercialização de madeiras amazônicas, através da identificação cientifica. O projeto teve o
objetivo de informatizar a coleção de madeiras do Centro de estudos Superiores de
Itacoatiara, através de um banco de dados, para disponibilização dos dados para a comunidade
científica, e a organização da xiloteca do Centro. Na criação do banco de dados utilizou-se o
software Microsoft Access 2007, foram informatizadas todas as amostras que fazem parte do
acervo da XILOTECA com as seguintes características gerais (família botânica, gênero, nome
vulgar, procedência, n° da amostra, n° da gaveta e n° de registro de cada espécies), presentes
no Laboratório de Anatomia e Identificação da Madeira do CESI. A xiloteca do centro foi
organizada e, além disso, foram catalogadas 1125 amostras, 585 laminas e 1102 fichas de
campos. O banco de dados do centro de estudos superiores de Itacoatiara tem grande
importância, pois além da disponibilização dos dados para a comunidade acadêmica as
informações nele contidas serão utilizadas para prosseguir com estudos, pesquisas entre
outros relacionados a identificação de espécies.
Palavras chave: coleções de madeira; amostras de madeira; anatomia.
INTRODUÇÃO
As coleções de madeiras botanicamente identificadas e com dados de coleta
disponíveis tem grande importância para atender ás necessidades de informações de
botânicos, tecnologistas de madeira, produtores de madeira e muitos outros para os quais a
madeira é um meio de estudo e pesquisa, bem como de material para análise e comparação.
Na Amazônia as coleções de madeiras são de extrema importância, pois como
mencionado por (FILHO et al, 2004), elas abrigam uma inestimável gama de informações
sobre espécies de vários ambientes e de diversas regiões, acumuladas ao longo do tempo e
que se analisadas podem revelar o mais profundo nível da biodiversidade florestal.
As xilotecas (coleções de amostras de madeira) guardam amostras com as quais é
possível realizar vários estudos, que podem auxiliar na solução de problemas, como o da
comercialização de madeiras amazônicas, através da identificação cientifica. Nas regiões
tropicais encontra-se uma grande diversidade de espécies tropicais e conseqüentemente um
vasto leque de madeiras com diferentes características e propriedades, refletindo-se deste
modo nas suas potenciais utilizações. Contudo, a identificação taxonômica e caracterização
tecnológica de muitas madeiras tornam-se difícil, pelo pouco conhecimento que se tem delas.
Devido à importância econômica da madeira, o principal interesse é por estudos de
caracterização tecnológica, que abrangem, em especial, estudos anatômicos, propriedades
físicas e mecânicas e o comportamento nos processos de secagem, preservação e
trabalhabilidade da madeira. Uma das utilizações práticas do material incorporado às xilotecas
é o estudo da madeira sendo de grande interesse para a ciência, por se tratar da única parte da
árvore que se mantém por toda a vida da planta e nela serem identificados registros de
fenômenos ocorridos durante o seu desenvolvimento.
Os registros relacionados a suas características podem auxiliar no entendimento do
crescimento de uma determinada planta, sua integração no ambiente, mudanças climáticas,
recuperação da história da vida de árvores e florestas, bem como, registro de acontecimentos
de eras passadas por meio de estudos de madeiras fósseis (BESSA et al., 2005).
METODOLOGIA
Para a criação do banco de dados foi utilizado o software Microsoft Access 2007. O
projeto teve como base as amostras que fazem parte do acervo da XILOTECA presentes no
Laboratório de Anatomia e Identificação da Madeira da Universidade do Estado do
Amazonas.
Foi realizado a catalogação de todo o material existente no laboratório de Anatomia da
madeira e de cada amostra presente na xiloteca, além disso foram realizadas imagens
macroscópicas das mesmas e em seguida todas as amostras foram informatizadas no banco de
dados com as seguintes informações: características gerais (família botânica, gênero, nome
vulgar, procedência, n° da amostra, n° da gaveta e quantidade de amostras de cada espécie
junto as imagens macroscópicas.
Foi realizado um levantamento das amostras, lâminas e fichas de campo que constam
no acervo da xiloteca.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados propostos pelo projeto foram executados e satisfatórios de acordo com
os objetivos propostos.
A xiloteca do centro foi organizada e, além disso, foram catalogadas 1125 amostras,
585 laminas e 1102 fichas de campos.
Foi elaborado o Banco de dados da xiloteca do centro contento as seguintes
informações como: nome vulgar, nome científico, família, gênero, coletor, procedência,
número da amostra, quantidade de amostras e imagens das mesmas.
O Banco de dados da xiloteca encontra-se disponível no laboratório de anatomia da
madeira disponível à comunidade acadêmica do Centro.
CONCLUSÃO
O banco de dados do centro de estudos superiores de Itacoatiara é de grande interesse,
pois além da disponibilização dos dados para a comunidade acadêmica as informações nele
contidas serão utilizadas para prosseguir com estudos relacionados a identificação de
espécies.
Com as informações contidas no banco de dados, acrescidos de imagens digitalizadas
é possível proceder a estudos, pesquisas científicas etc.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BESSA, Fernanda; QUILHÓ, Tereza; PEREIRA, Helena. Xiloteca virtual - colecção de
madeiras da India portuguesa. 2005.
FILHO, Armando J. Hage et al. XiloMAM-Xiloteca Virtual de Madeiras Amazônicas. São
Paulo, 2004.
DIAGNÓSTICO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO IGARAPÉ DO
INGAIPAUA, ITACOATIARA- AM.
Ubaldo Tonar Castro RABÊLO JUNIOR¹; Rejane Gomes FERREIRA²; Deolinda Lucianne
Rodrigues FERREIRA³ 1Bolsista do PAIC-FAPEAM-UEA.E-mail: [email protected];
2Pesquisador(a) Orientador(a) UEA;
3Co-Orientador(a) UEA.
CESI/UEA. Av. Mário Andreazza s/n. São Francisco. CEP: 69.100-000. Itacoatiara-AM.
RESUMO
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
A degradação ambiental pode ser definida como um processo de degeneração do meio
ambiente, onde as alterações biofísicas do meio provocam alteração da fauna e flora natural,
com perda eventual da biodiversidade, o igarapé do Ingaipaua no município de Itacoatiara tem
suas características naturais alteradas diariamente, principalmente pela ação discriminada do
homem. Este trabalho teve como finalidade descrever e mapear as áreas de preservação
permanente do igarapé, pontuando as áreas degradadas através de imagens e do
georrefenciamento. Para melhor entendimento a área de estudo foi dividida em 04 partes,
permitindo um melhor diagnostico do igarapé. Foi verificado em todas as áreas que a
ocupação desordenada tanto para moradia quanto para agricultura, contribuíram diretamente
para a degradação do ambiente de mata ciliar do igarapé.
Palavra chave: Georreferenciamento; ocupação; mata ciliar.
INTRODUÇÃO
A degradação ambiental pode ser definida como um processo de degeneração do meio
ambiente, onde as alterações biofísicas do meio e provocam alteração da fauna e flora natural,
com perda eventual da biodiversidade (WIKIPÉDIA [s.d.]). O município de Itacoatiara-Am é
cortado por vários cursos d’água, dentre eles encontra-se o igarapé do Ingaipaua. No entanto,
o Igarapé do Ingaipaua vem sofrendo continuo processo de degradação na sua faixa de mata
ciliar, ocasionada principalmente pela ocupação desordenada das suas áreas circunvizinhas,
que vem crescendo sem controle através de invasões por parte da população em geral, e pela
falta de comprometimento das autoridades do município, não levando em consideração a
conservação do meio ambiente, provocando danos irreparáveis ao ecossistema local e a
qualidade de vida da população, que vem perdendo alem da fonte de alimento as áreas de
lazer que se formavam ao longo do igarapé. Essa área é protegida pelo Código Florestal (Lei
nº 4.777/65), sendo essas as faixas de vegetação que margeiam os cursos d’água definidas
como Áreas de Proteção Permanente (APP) devendo portanto ser preservada (PIOLLI;
CELESTINI; MAGON, 2004).
Este trabalho vem apresentar os resultados de um diagnóstico referente à degradação
ambiental ocorrida às margens do Igarapé do Ingaipaua, onde buscou-se identificar e
caracterizar in loco as áreas de preservação permanente e a descrição dos principais
problemas ambientais.
METODOLOGIA
O estudo foi realizado ao longo do curso do igarapé do Ingaipaua, localizado na zona
leste do município de Itacoatiara-Am, abrangendo os bairros Jardim Adriana e Bairro da Paz.
O igarapé sofre influência direta das águas do rio Amazonas que regem seu fluxo e refluxo
conforme a estação do ano. Inicialmente foi realizado o reconhecimento do curso do igarapé,
possibilitando assim a elaboração do plano de ação e cronograma das atividades de campo e
como instrumentos para registro foram utilizados maquina fotográfica digital, GPS e planilha
para anotação dos dados coletados. Após a identificação do percurso foi realizado o
georreferenciamento do igarapé, para classificação da área de APP foram efetuadas varias
medições da largura do igarapé, atingindo desta forma uma largura média. Para a
identificação da degradação ocorrida na faixa de mata ciliar as áreas foram identificadas,
fotografadas e georrefenciadas o que possibilitou a criação de um banco de dados. Para
melhor identificação a área do igarapé foi dividida em quatro partes, ficando assim
denominadas: Área 1 ponto de ligação com o rio Amazonas; Área 2 Comunidade Boa
Esperança; Área 3 Lixeira Municipal; Área 4 Bairro da Paz. Pra elaboração do mapa da área
foram utilizadas as informações contidas no banco de dados, possibilitando a identificação e
localização dos principais pontos de degradação, utilizou-se como ferramenta auxiliar o
programa ARCGIS 9.3 e o Excel 2007 (Mapa de localização; Planilha de Campo).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os pontos listados a seguir mostram os pontos de coleta.
Na área 1 considerada como zona rural, foi verificado que a degradação ambiental foi
amplamente influenciada pela agropecuária e pela agricultura familiar. A vegetação local foi
retirada dando lugar a pastos e plantios que vão desde seringais a pequenas lavouras, sendo
ocupadas na sua grande maioria por pequenos criadores, que ao longo do tempo foram
gradativamente abandonando suas atividades e migrando para a zona urbana. Poucos foram os
habitantes que permanecem na área, ocasionando o abandono das terras. Este fato
possivelmente está contribuindo para a regeneração natural de parte da vegetação (Figuras 1 –
a, b e c).
a. b. c.
Figuras 1: (a- Área do igarapé em recuperação; b- Área do igarapé em recuperação; c- Pecuária na área
do igarapé)
Fonte: equipe de campo.
Na área 2 foi verificado que a ocupação desgovernada a margens do igarapé e a
agricultura familiar praticada pelos moradores contribuíram diretamente parar a degradação
da mata ciliar, nesta localidade foi verificada a construção de moradias e benfeitorias as
margens do igarapé, além de aterros para construção de pontes, impedindo o fluxo normal das
águas. Existe em toda área a presença de lixo residencial e entulhos. A falta de esgoto
representa risco eminente de contaminação igarapé (figura 2 - a, b e c);
a. b. c.
Figuras 2: (a-área da comunidade; b-desmatamento margem do igarapé; c-desmatamento área da
comunidade)
Fonte: equipe de campo
Na área 3 que abrange a lixeira municipal, recebe todo o lixo produzido pelo
município, vale ressaltar que não há neste local nenhum tipo de controle sanitário, não
havendo distinção de lixo domestico, hospitalar ou industrial, todo material é depositado a céu
aberto, e com a ocorrência das chuvas parte deste resíduo é depositado no leito do igarapé.
Devido o crescimento da lixeira parte da vegetação que ainda resistia no local esta sendo
derrubada (figura 3 – a, b e c);
a. b. c.
Figuras 3: (a- Lixeira pelo Bairro da Paz; b- Lixeira Bairro da paz; c- Lixeira Bairro da Paz)
Fonte: equipe de campo
Na área 4 denominada Bairro da Paz a ocupação desgovernada das margens do igarapé
vem aumentando diariamente, não há por parte do poder público nenhuma ação de contenção
da expansão demográfica no local, pequenas áreas de mata ciliar que existiam foram
derrubadas, foi verificado que em vários pontos do bairro, o igarapé foi aterrado para dar
lugar a vias de acesso, e o sistema de bueiros adotados não é suficiente para dar vazão as
águas do igarapé. Outro ponto que tem causado grande impacto ambiental verificado foi a
instalação neste local de uma olaria, que retira das margens do igarapé material para produção
de tijolos, promovendo assim o desmatamento da área e o assoreamento do curso da água. No
geral foi verificado que o maior impacto ambiental vem ocorrendo pela ocupação
desordenada da área e pela falta de políticas publicas (figura 4 – a, b e c).
a. b. c.
Figura 4: (a- Igarapé por trás da olaria; b- Área desmatada Olaria; c- Retirada de material Olaria)
Fonte: equipe de campo
CONCLUSÃO
A degradação ambiental verificada na região de Itacoatiara-AM, não é diferente da que
ocorre no restante do território brasileiro, o Igarapé do Ingaipau é um exemplo do descaso
com o meio ambiente, há falta de políticas de preservação por parte dos governantes e o total
desconhecimento da importância das áreas de mata ciliar por parte da população, que não
associa a necessidade da manutenção desses ecossistemas com a melhoria da qualidade de
vida nas áreas em que residem. É notório que o principal fator social para o aumento da
degradação nas áreas de mata ciliar é a ocupação desordenada para fins de moradia e
instalação de industrias, é necessário a implantação de métodos de controle para conter o
crescimento destas áreas, e a elaboração urgente de um plano de recuperação das áreas
degradadas é indispensável para a revitalização do igarapé do Ingaipaua.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965. Lex. coletânia de legislação: Presidência
da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília.
PIOLLI, A.L.; CELESTINO, R.M.; MAGON, R. Teoria e práticas em recuperação de áreas
degradadas: plantando a semente de um mundo melhor. São Paulo: Secretaria do Estado de
Meio Ambiente, 2004.
ITACOATIARA (Município). Secretaria de Meio Ambiente de Itacoatiara. Departamento de
Zoneamento Ambiental. Relatório Anual 2009. Itacoatiara, Amazonas, 2009.
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS EM COMUNIDADES DO
MUNICÍPIO DE ITACOATIARA – AM.
Victor de Lima GALVÃO1; Filipe Bruno B. dos SANTOS
2; Giuliano Piotto GUIMARÃES
3
1Bolsista PAIC-FAPEAM-UEA. E-mail: [email protected];
2Bolsista Voluntário - UEA;
3Orientador UEA.
CESI/UEA. Av. Mário Andreazza s/n. São Francisco. CEP: 69.100-000. Itacoatiara-AM.
RESUMO
Devido ao grande aumento da população de Itacoatiara muitas comunidades formaram-se às
margens dos rios e rodovias do Município. Buscando suprir a necessidades básicas de
alimentação, habitação e renda, muitas áreas florestais foram alteradas pelos comunitários
dando lugar a pastagens, roçados, ramais e residências, esta mudança de uso do solo gera uma
série de Impactos ambientais, para avaliar tais impactos foram feitas observações em três
comunidades, Comunidade Boa Esperança, igarapé do Igaipaua, Comunidade São José,
Colônia do Piquiá, Comunidade Nossa Senhora Aparecida, Lago do Serpa, nas proximidades
da cidade de Itacoatiara para identificação de qual condicionante ambiental é mais impactada
e qual atividade exercida pelas comunidades é mais impactante. Os resultados mostraram que
todas as comunidades exercem atividades que geram impacto, em todas as comunidades
notou-se a ausência de mata ciliar nos igarapés que passam por dentro das mesma, notou-se
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
também que nesses igarapés é despejado lixo, mesmo nas comunidades que possuem coleta
seletiva. Concluiu-se que o processo de criação de comunidades em áreas anteriormente
cobertas por florestas primárias é causador de impactos em todos os componentes ambientais.
Como componente ambiental mais impactada foi possível identificar os igarapés e a atividade
carvoeira de uma das comunidades estudadas mostrou-se como atividades mais impactante.
Palavras chave: Condicionante ambiental; Mata ciliar; Igarapés.
INTRODUÇÃO
Devido ao grande aumento da população de Itacoatiara muitas comunidades
formaram-se às margens dos rios e rodovias do Município. Buscando suprir a necessidades
básicas de alimentação, habitação e renda, muitas áreas florestais foram alteradas pelos
comunitários dando lugar a pastagens, roçados, ramais e residências. Esta mudança de uso
do solo gera uma série de Impactos ambientais que segundo Bolea (1984) pode ser definido
como a diferença entre a situação do meio ambiente (natural e social) futuro, modificado pela
realização de um projeto, e a situação do meio ambiente futuro tal como teria evoluído sem o
projeto. Com o passar dos anos, estes impactos acabam causando a diminuição da oferta de
recursos naturais, que gera crise econômica (ALMEIDA et al., 1993) conseqüentemente,
problemas sociais e ambientais. Avaliar tais impactos ambientais é necessário para apontar
qual atividade é mais impactante, qual o componente ambiental foi mais alterado e quais
medidas podem ser apontadas para orientar o processo de formação de novas comunidades
evitando impactos ambientais alem dos impactos inevitáveis. Este trabalho teve como
objetivo avaliar os impactos causados pelas atividades de comunidades próximas a cidade de
Itacoatiara
METODOLOGIA
Foram selecionadas três comunidades do entorno da sede do Município de Itacoatiara
e realizado nessas, um levantamento sistêmico de todas as atividades antrópicas geradoras de
resíduos e impactos, número de moradores, principal atividade econômica, destinação do lixo
sólido, saneamento básico, condição da mata ciliar e fonte de energia. Os dados foram
levantados junto à Prefeitura Municipal de Itacoatiara e confirmados em visitas técnicas
realizadas nas comunidades:
□ Comunidade Boa Esperança, igarapé do Igaipaua
□ Comunidade São José, Colônia do Piquiá
□ Comunidade Nossa Senhora Aparecida, Lago do Serpa
Para a determinação da degradação do solo das comunidades, tanto do ponto de vista
físico como químico, foram realizadas análises no laboratório de solos da CPAA Embrapa –
Manaus. Foram coletados amostras de solo em dois diferentes ambientes em cada
comunidade: a) Entre 0 e 20cm de profundidade na área de agricultura da comunidade; b)
Entre 0 e 20cm de profundidade na área de floresta primária no entorno da comunidade. Em
cada comunidade foram realizadas três coletas em cada área de uso do solo e em seguida
foram misturadas as amostras de mesmo uso formando um total de seis amostras compostas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na comunidade Boa Esperança, igarapé do Igainpaua cerca de 40 famílias foram
contadas e quase que grande maioria delas em atividade no cultivo de milho, macaxeira,
banana e verduras. Também foi encontrado famílias na atividade de produção de farinha, em
pequena escala e de extrativismo de frutos e produtos florestais, para posterior venda ao
mercado de Itacoatiara.
Apesar de a comunidade Boa Esperança ser uma das mais próximas a cidade, não há
energia elétrica disponível aos moradores, não há um posto de saúde disponível, pois,
segundo a Secretaria de interior do Município de Itacoatiara, seria inviável construir um posto
de saúde somente para a comunidade devida a sua proximidade com a cidade.
Quanto a questão de saneamento básico e tratamento de dejetos, observou-se a
presença de fossas rudimentares nas moradias e ausência de coleta seletiva do lixo gerado. O
único tratamento encontrado para a eliminação do lixo foi a incineração.
A comunidade está situada a margem do rio Amazonas com a maioria das residências
localizadas na margem do rio. Praticamente sem presença de mata ciliar em toda área ocupada
pela comunidade.
A mesma situação foi encontrada no igarapé do Igaipaua, que corta a comunidade, que
além de não possuir mata ciliar, ainda é alvo de despejo do lixo que não é queimado pela
população local. Na comunidade São José, localizado na Colônia do Piquiá foram encontradas
cerca de 500 pessoas exercendo quase que exclusivamente a atividade de produção de farinha
não só para consumo como também como fonte de renda.
Encontrou-se na comunidade São José posto de saúde e coleta seletiva de lixo
realizada pela prefeitura do município. Porém a prática da incineração do lixo bem como o
descarte direto nos igarapés que cortam a comunidade foram encontradas nas visitas
realizadas. Como fonte de energia a comunidade São José conta com ligação de energia
elétrica. Quanto ao tratamento de esgoto foram encontradas várias fossas rudimentares e sem
tratamento de efluentes antes do despejo.
Observando a comunidade Nossa Senhora Aparecida do Lago do Serpa foram
encontrados 180 pessoas vivendo da produção de carvão destinada ao comércio da cidade de
Itacoatiara. Outra atividade também exercida pelos comunitários é a produção de farinha.
A comunidade possui energia elétrica, mas não tem posto de saúde. É realizada a
coleta seletiva do lixo, e a grande maioria das casas apresenta ainda fossas rudimentares.
A atividade carvoeira é realizada a partir da extração de madeira de forma desordenada
e que conseqüentemente tem reduzido as áreas de floresta primária que circundam a
comunidade. Algumas residências situadas as margens do lago do Serpa não possuem mata
ciliar.
As amostras de solo ainda estão em processo de análise devido ao atraso decorrente de
greve da instituição.
CONCLUSÃO
O processo de criação de comunidades em áreas anteriormente cobertas por florestas
primárias é causador de impactos em todos os componentes ambientais. Seja de forma direta
ou indireta, curto ou longo prazo, reversível ou irreversível, o ambiente será inevitavelmente
impactado pelos comunitários.
No que diz respeito à flora, em todas as comunidades foi possível identificar a
supressão da vegetação natural por meio da mudança de uso do solo. Quando se trata de
habitantes de baixa renda e que não tem acesso a técnicas agrícolas menos degradantes, a
cobertura florestal será constantemente alterada. Como foi visto o método de agricultura
itinerante, de queima e derrubada e mais tarde esgotamento do solo obriga os comunitários a
avançar com o roçado para dentro da floresta.
Neste trabalho foi possível concluir que não é a agricultura comercial visando
revender seu produto colhido a modalidade mais impactante ao ambiente. A própria
agricultura de subsistência e os plantios de subsistência são tão degradadores já que a técnica
obsoleta de cultivo inevitavelmente obrigará o agricultor a desmatar.
Quanto ao componente ambiental mais impactado pela comunidade foi possível
identificar os igarapés. Mesmo nos locais de coleta seletiva do lixo, foi observado
assoreamento e contaminação dos recursos hídricos. A própria mata ciliar, que minimizaria
estes impactos, foi sempre observado a sua derrubada sem motivo especial que justificasse tal
prática. E agravando mais ainda o problema, o despejo direto do esgoto no próprio igarapé
que passa por dentro destas comunidades.
A atividade carvoeira mostrou-se a mais impactante, pois não existe fiscalização e os
recursos florestais necessários para suprir esta atividade econômica vêm de áreas de floresta
primária que são constantemente exploradas. Mais agravante também é a incineração de
resíduos sólidos que poluem a atmosfera e contaminam o solo.
AGRADECIMENTOS
À Prefeitura Municipal de Itacoatiara.
Á FAPEAM
Aos amigos Daniel Carta, Lucio Barros e Hamilton Braga
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, J.R.; Orsolon, A.M.; Malheiros, T.M.; Pereira, S.R.B.; Amaral, F. & Silva, D.M.
1993. Planejamento ambiental – caminho para participação popular e gestão ambiental para
nosso futuro comum. Uma necessidade, um desafio. Ed. Thex Ltda/Biblioteca Estácio de Sá,
Rio de Janeiro, 154p.
BOLEA, M.E. 1984."Evaluación de impacto ambiental". Fondacíon MAFPRE, Madrid.
O SETOR MADEIREIRO NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE
PARINTINS-AM
Vilson de Souza ROCHA1; Gilson Roberto Vasconcelos dos SANTOS
2
1Engenheiro Florestal, Consultor. E-mail: [email protected];
2Professor- CESI/UEA.
RESUMO O presente trabalho teve por objetivo analisar a atual situação em que se encontra o setor
moveleiro na área urbana do município de Parintins, AM. Foi elaborado um formulário para
buscar informações sobre: a procedência e diversidade da madeira utilizada, gerenciamento
interno e qualificação dos funcionários, tipos de maquinários e tempo de uso dos mesmos.
Verificou-se que 66 % da madeira utilizada têm origem legal. Tanto os empresários quanto os
funcionários possuem baixo grau de instrução. As máquinas mais utilizadas são tupia e serra
circular presentes em 100 % dos estabelecimentos, a maioria do maquinário existente possui
mais de 30 anos de uso. O setor necessita de uma maior qualificação, tanto gerencial quanto
técnica, para aperfeiçoamento da atividade. Falta investimento em maquinário moderno para
melhor aproveitamento da madeira e diminuição da geração de resíduos, e torna-se necessário
uma maior organização através de associações e apoio de entidades governamentais, e de uma
maior divulgação dos produtos aos consumidores da região.
Palavras chave: Movelaria, Móveis, Procedência.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
INTRODUÇÃO
Roese e Gitahy (2004); Coutinho (2001) destacam que a distribuição geográfica da
indústria de móveis de madeira é bastante concentrada nas regiões Sudeste e Sul.
Leão e Naveiro ([s.d.]) afirmam que a indústria de móveis tradicionalmente possui
características comuns a nível internacional, tais como, a utilização intensiva de mão-de-obra,
relativamente a outros segmentos industriais, predomínio de pequenas e médias empresas,
pequena participação no valor adicionado pela indústria de transformação. Os autores
afirmam ainda que a nível nacional a indústria de móveis de madeira também se caracteriza
pelo predomínio de pequenas e médias empresas, possuindo poucas de grande porte e também
empresas do setor informal da economia, e seu processo produtivo é caracterizado por grande
verticalização, ou seja, vários processos de produção que elaboram vários produtos em uma
mesma unidade fabril.
Kibler e Silva (2008) destacam que os entraves administrativos de regularização
fundiária, jurídica e ambiental bloqueiam a cadeia produtiva desde o extrator até o moveleiro,
apesar disso os extratores e moveleiro do interior estão dispostos a atuar na legalidade desde
que o poder público saiba criar condições viáveis e confiáveis de acesso a legalidade.
Souza e Alfaia (2008) constataram que o município de Parintins dispõe de 41
movelarias, sendo classificadas como micro-empresas por apresentarem em média 6
funcionários, pois segundo o SEBRAE (1995) uma empresa que possui até 19 empregados se
encaixa nessa classificação. Constataram ainda que as espécies florestais mais utilizadas são
angelim, marupá e muiracatiara. O principal consumidor é o mercado local, sendo uma
pequena quantidade exportada para outros municípios. A maioria das empresas não estão
licenciadas junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas - IPAAM.
Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo diagnosticar e analisar a atual
situação em que se encontra o setor moveleiro na área urbana do município de Parintins, AM,
de forma a fornecer informações para seu desenvolvimento. Procurando verificar a
procedência e a variedade de espécies madeireiras utilizadas como matéria prima na
fabricação de móveis e esquadrias, analisar o sistema organizacional das movelarias com base
na sua infra-estrutura e nos aspectos mercadológicos, e buscar informações sobre o
gerenciamento dos resíduos e regularização das movelarias junto aos órgãos públicos.
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido em movelarias no Município de Parintins no Estado do
Amazonas, localizado nas coordenadas gegraficas 20 36’ 48’de latitude sul e a 560 44’ de
longitude a oeste de Greenwich. Limita-se com os municípios de Urucurituba, Nhamundá e
Barreirinha e com o Estado do Pará.
A coleta de dados foi efetuada no mês de setembro 2009, como parte do projeto
“Diagnóstico do setor moveleiro na área urbana do município de Parintins - AM”. A coleta de
dados foi efetuada mediante aplicação de formulário, o formulário desenvolvido objetivou
coletar as seguintes informações:
Identificação da empresa quanto aos aspectos relacionados ao endereço, ano de
instalação e documentação;
Caracterização de recursos humanos, infra-estrutura e controle, de cada empresa;
Produção industrial, abordando pontos como principais espécies utilizadas, origem,
quantidade, preço, disponibilidade, e tratamento dado a matéria prima, tipos de
equipamentos e ano de aquisição, estocagem e industrialização da produção;
Forma de armazenamento da matéria prima, insumos e produto acabado;
Principais dificuldades da empresa;
Incentivos e pretensões de investimento
Caracterização dos fatores decisivos na escolha das espécies madeireiras;
Caracterização dos fatores de influências à introdução de novas espécies no mercado;
Foram estudadas 29 unidades de uma população de 41 movelarias, representando 71
% da população. Os participantes foram informados e esclarecidos quanto à liberdade de
participação na pesquisa e assegurado o anonimato. Os participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido onde foi entregue uma via ao participante e a outra
arquivada pelo pesquisador. Em cumprimento a Resolução Número 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, antes de sua execução, o referido projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas, Processo n0
108/09.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maioria dos empresários possuía o ensino fundamental. Apenas 3 % dos
empresários concluíram o curso superior, demonstrando que a atividade moveleira local está
concentrada nas mãos de pessoas com baixo grau de instrução. Com relação aos empregados,
a situação não é diferente, visto que a grande maioria (70 %) não concluiu o ensino
fundamental. A maioria dos empresários enfatizaram que seus empregados são treinados na
própria empresa, por meio da “prática do dia-a-dia”, pois alegam ser difícil encontrar um
marceneiro profissional no mercado local. Todavia, reconheceram a importância de um
treinamento mais adequado e a necessidade, principalmente, de cursos referentes ao
acabamento de móveis e administrativo.
Das movelarias pesquisadas 83 % encontram-se com terrenos legalizados e 13 % não
estão legalizados, observou-se ainda que 76 % dos prédios são próprios 14 % são alugados e
10 % são emprestados (Tabela 1), dos prédios próprios 60 % divide o terreno com residência.
Constatou-se que o setor moveleiro de Parintins, AM enfrenta sérios problemas com
relação à legalização das movelarias (Gráfico 1), tal resultado se deve segundo informações
dos moveleiros devido a entraves burocráticos.
Dessas movelarias 79 % disseram estar legalizadas junto a Prefeitura, portanto
possuem alvará de funcionamento, 21 % declararam estar completamente ilegal sem nenhum
registro, 45 % estão inscritas junto a SEFAZ (Secretaria da Fazenda), 38 % dispõem de
Registro junto a Receita Federal, 34 % possuem registro no INSS (Instituto Nacional de
Seguridade Social) e no Ministério do Trabalho e Emprego, os menores índices ficaram com o
IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) e o Cadastro Técnico Federal, com
21 %, resultado semelhante ao encontrado por Souza (2008) em movelarias do Município de
Itacoatiara, AM, esses resultados refletem a situação em que se encontra o setor moveleiro do
interior do Estado, carente de políticas públicas que levem a legalização das mesmas.
Tabela 1 - Infra-estrutura das movelarias de Parintins, AM.
Terrenos % Prédios %
Legalizados 83 Próprio 76
Não legalizados 13 Alugado 14
Emprestados 10
Figura 1: Gráfico sobre a situação documental das movelarias de Parintins, AM.
Conforme mostra a (TABELA 2), das movelarias pesquisadas 79 % não possuem
instrumentos de controle, como livro caixa ou computador e apenas 21 % possuem algum tipo
de instrumento de controle. O controle das empresas é feito 86 % por seus proprietários, e 14
% pelos familiares dos mesmos. As movelarias estudadas na cidade de Parintins 83 %
trabalham sob encomenda, apenas 17 % produzem de forma planejada, fato observado por
Alves et al. (2008), nas marcenarias de Viçosa, MG, onde os produtos fabricados são de
acordo com a necessidade especifica dos consumidores.
Tabela 2 - Controle e planejamento das empresas
Controle e planejamento % Instrumentos de controle %
Proprietário 86 Computador 21
Familiares do proprietário 14 Nenhum 79
Gerente 0
Durante a pesquisa verificou-se que 100 % dos moveleiros compram a matéria-prima
em forma de pranchas e o pagamento é feito 90 % a prazo e 10 % a vista (Gráfico 2), isso se
justifica pelo fato das movelarias trabalharem sobre encomenda onde o cliente adianta parte
do pagamento do móvel para que o moveleiro possa comprar a matéria-prima.
Figura2: Gráfico Forma de compra, pagamento e transporte da matéria-prima
As principais máquinas e equipamentos utilizados pelas movelarias, no processo
produtivo são apresentados na Tabela 3, em média, seis tipos de máquinas diferentes, que
executam as mais variadas funções. A tupia e serra circular são utilizadas em todas as
marcenarias da cidade seguidas da lixadeira e desempenadeira, resultado.
Tabela 3 - Percentual de movelarias de Parintins, AM de acordo com o tipo de
máquinas/equipamentos.
Máquinas/Equipamentos % Máquinas/Equipamentos %
Tupia 100 Torno 34
Serra circular 100 Desengrosso 41
Serra de fita 28 Compressor 10
Furadeira 86 Desempenadeira 97
Lixadeira 97 Sarrafiadeira 14
Lixadeira horizontal 14 - -
As empresas pesquisadas alegaram a falta de capital de giro como a principal
dificuldade das empresas (Gráfico 3), seguida da falta de matéria-prima, questionados sobre
os itens de maior preocupação os moveleiros disseram que a oferta de matéria-prima
legalizada está entre os itens que mais preocupam o setor, seguido do custo dos materiais.
CONCLUSÃO
O setor utiliza máquinas simples, geralmente artesanal.
O tempo de uso das máquinas pode chegar acima de 30 anos, embora existam
máquinas modernas incluídas no processo de produção.
Tanto os empresários quanto os funcionários possuíam baixo grau de instrução.
O setor moveleiro de Parintins encontra-se desorganizado, existindo um grande
percentual de empresas ilegais no município.
A maioria das empresas é tradicionalmente familiar, passando de pai para filho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R.R. et al. Diagnóstico e caracterização das marcenarias na cidade de Viçosa, MG.
Seminário: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 4, p. 789-798, out./dez. 2008.
Figura 3: Gráfico Principais dificuldades e itens de maior preocupação
KIBLER, J.F.; SILVA, L.N. Articulação regional e internacional no Projeto Floresta Viva.
T&C Amazônia, Manaus, v.6 n.15 p.35-43, 2008. Disponível em:
<htt://www.florestavivaamazonas.org.br>. Acesso em 12 de abr. 2009.
LEÃO, M.S.; NAVEIRO, R.M. Fatores de Competitividade da Indústria de Móveis de
Madeira no Brasil, Rio de Janeiro: [s.ed],[s.d].
ROESE, M.; GITAHY L.M.C. Globalização, indústria tradicional e gênero: a indústria de
móveis de madeira em Bento Gonçalves/RS. In: SEMINÁRIO TEMÁTICO, Trabalho,
Sindicatos e os Desafios do Desenvolvimento Caxambu, MG. 2004.
SEBRAE/AM. Programa de Desenvolvimento de Pequenos Negócios da Região Norte –
PRONORTE: AC, AM,AP,PA,RO,RR,TO. Manaus – AM, 1995.
SOUZA, A .O.; ALFAIA, D.C. EMPRESAS DE BASE FLORESTAL NO ESTADO DO
AMAZONAS. Parintins-AM: [s.ed], 2008.
SOUZA, E.B. Diagnóstico moveleiro do município de Itacoatiara – AM. Monografia
(Curso de Engenharia Florestal) UEA. Itacoatiara. 2008.
Gestão Ambiental
GESTÃO AMBIENTAL: ASPECTOS LEGAIS, MERCADOLÓGICOS E
ECONÔMICOS – ESTUDO DE CASO NUM GRUPO DE EMPRESAS
INSTALADO NO MUNICÍPIO DE ITACOATIARA.
Pedro Rogério Gomes NEVES1; Deolinda Lucianne Rodrigues FERREIRA
2
1Bolsista PAIC–FAPEAM–UEA. Email: [email protected];
2Pesquisadora orientadora, UEA.
Departamento de Engenharia Florestal - CESI, Itacoatiara, AM.
RESUMO
A questão ambiental está inserida nas diversas áreas de estudo da economia, uma vez que o
meio ambiente é fonte de matérias primas, recursos naturais renováveis e não renováveis.
Esse estudo avaliou a aplicabilidade da gestão ambiental num grupo de empresas instaladas
em Itacoatiara/AM. O estudo de caso foi conduzido nas empresas HERMASA
NAVEGAÇÃO DA AMAZÔNIA S/A E AMAGGI EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO
LTDA, pertencente ao GRUPO ANDRÉ MAGGI, certificadas pela Norma ISO 14001:2004.
As empresas possuem várias atividades ligadas à soja, respondendo pelo armazenamento e
exportação, transporte fluvial e geração de energia. Enquanto a gestão ambiental, as empresas
visam o compromisso de preservar o meio ambiente, tentando minimizar a geração de
resíduos, visando qualidade de vida das gerações futuras. Os gastos não podem ser
mensurados, principalmente custos de implementação, já que há diversos gastos operacionais
por meio de investimentos em cursos e treinamentos. Foi observado no grupo, que por meio
dos aspectos ambientais, pode-se identificar, conhecer, administrar e controlar os resíduos
gerados durante o processamento e uso do produto; as exigências legais, desenvolvendo uma
sistemática para ter acesso às exigências legais de quaisquer atividades; objetivos e metas,
alinhados com o cumprimento da política ambiental definida; programa de gestão ambiental,
estruturado com responsáveis pela coordenação e implementação de ações; estrutura
organizacional, programa integrado com as funções dos funcionários da empresa;
conscientização e treinamento, para que estejam conscientes da importância do cumprimento
da política e objetivos do meio ambiente etc., possuindo requisitos legais (ISO 14000), para o
funcionamento de suas atividades.
Palavras chave: ISO 14000; Economia; Sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
A questão ambiental está inserida nas diversas áreas de estudo da economia, uma vez
que o meio ambiente é fonte de matérias primas, recursos naturais renováveis e não
renováveis, contribuindo de maneira significativa para o bem-estar da população. Nesse
contexto, a economia é, por muitos, definida como a ciência que aloca recursos escassos para
fins alternativos. Porém, essa questão envolve também uma série de problemas, que foi
gerado por um modelo hegemônico de desenvolvimento. Os dois primeiros grandes
problemas ambientais estão ligados com a falta de organização e de gestão ambiental: a
revolução industrial (ocasionando uma grande mudança na produção, com a falta de gestão
ambiental privada) e a organização urbana (também gerado principalmente pela revolução
ambiental; construções e aumento populacional de grandes cidades, sem planejamento,
relacionado à gestão pública).
Aliado a esse contexto, a aceleração do processo de industrialização, promoveu novas
tecnologias poluidoras e de baixa eficiência energética. Considera-se, então, que atuar de
maneira ambientalmente responsável é, principalmente, o diferencial entre empresas no
mercado. Em breve este diferencial se tornará um pré-requisito e quanto antes às empresas
perceberem esta nova realidade, maior será a chance de se manterem no mercado
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
(GUTBERLET, 1996). Contudo, esse projeto visou às limitações e/ou potencialidades que o
grupo de empresas apresenta, buscando cumprir a legislação e as pressões do mercado,
enquanto gestão ambiental. Serão destacados os aspectos econômicos – dispêndios/ganhos –
tendo em vista a busca da compreensão de uma economia da sustentabilidade (LUSTOSA,
1999). O objetivo deste estudo foi avaliar a atual aplicabilidade da gestão ambiental num
grupo de empresas instaladas no município de Itacoatiara, destacando as razões, benefícios e
as restrições legais e mercadológicas para a sua adoção, assim como os dispêndios e ganhos,
especificada pela contextualização da gestão ambiental empresarial sob a ótica do
desenvolvimento sustentável e apresentar a Norma ISO 14000 como uma fonte de assistência
e ordenação na implantação ou aprimoramento do Sistema de Gestão Ambiental; abordagem
da legislação ambiental brasileira e os principais instrumentos de gerenciamento ambiental,
buscando esclarecer a relação entre empresas e órgãos públicos reguladores; verificação da
implantação da gestão ambiental como estratégia empresarial, na busca por vantagens
competitivas frente a seus concorrentes, assim como seus investimentos nesta área.
METODOLOGIA
A pesquisa foi conduzida por meio de um estudo de caso das empresas HERMASA
NAVEGAÇÃO DA AMAZÔNIA S/A E AMAGGI EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO
LTDA, pertencente ao GRUPO ANDRÉ MAGGI, instaladas no município de Itacoatiara/AM,
certificadas pela Norma ISO 14001:2004. O Grupo André Maggi começou na produção de
soja, depois se transformou em trading de grãos. Há dez anos, introduziu uma inovação na
logística de transporte de grãos no Brasil, com a construção do Porto de Itacoatiara, no
Amazonas e, com a criação da Hidrovia do Madeira-Amazonas, voltados para a exportação de
soja produzida no Centro-oeste. Construiu, também, terminal para armazenar grãos, no
Amazonas. Por essa razão, movimentou uma indústria naval, de pequeno porte, com a
encomenda de fabricação de balsas e empurradores, para o transporte de grãos de soja.
A empresa HERMASA Navegação da Amazônia S/A, surgiu da necessidade de
viabilização do Corredor Noroeste de Exportação, por onde é escoada a produção de grãos das
regiões noroeste de Mato Grosso e sul de Rondônia. Em atividade desde 1997, a HERMASA
possui um terminal de transbordo no município de Porto Velho/RO, onde a soja, cultivada na
região Noroeste do Estado de Mato Grosso, chega até a capital de Rondônia por modal
rodoviário. Neste terminal, é realizada a operação de transbordo dos grãos para barcaças
graneleiras. A partir dessa etapa, as barcaças navegam pelos rios Madeira e Amazonas até o
terminal graneleiro localizado no município de Itacoatiara/AM, o qual armazena esses grãos
(armazéns), além de transformá-los em subprodutos, tais como farelo e óleo degomado em
processo de esmagamento. Posteriormente a essas fases, a soja, farelo e óleo degomado são
transportados para navios (tipo Panamax) os quais seguem destino de Itacoatiara/AM para os
mercados consumidores na Europa e Ásia (Grupo André Maggi, 2011).
A Amaggi Exportação e Importação Ltda., tem em seu foco de atuação a compra e
venda de grãos (soja e milho), industrialização, logística, produção de sementes de soja,
importação e comercialização de fertilizantes e defensivos. Atua nos Estados de Mato Grosso,
Rondônia, Amazonas, Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. No exterior, a trading está presente com escritórios e representações em
países como Argentina, Noruega e Holanda. Para garantir também uma excelente
armazenagem da soja, a Amaggi utiliza 40 unidades armazenadoras, capazes de estocar mais
de 2,5 milhões de toneladas e conta com três unidades de esmagamento de soja: duas em
Mato Grosso (Cuiabá e Lucas do Rio Verde) e uma no Amazonas (Itacoatiara) (Grupo André
Maggi, 2011).
Toda esta movimentação, além de gerar divisas municipais, estaduais e federais,
incrementa a geração de emprego e renda para a população das cidades onde a HERMASA
Navegação da Amazônia S/A e AMAGGI Exportação e Importação LTDA tem atividades.
(Grupo André Maggi, 2011).
Para desenvolvimento do presente trabalho, foi utilizado o método avaliativo,
analisando-se o desenvolvimento empresarial em relação à questão ambiental. A primeira
etapa do presente trabalho consistiu em realizar revisão bibliográfica sobre temas que
sustentam a caracterização e utilização das normas de Sistema de Gestão Ambiental – SGA,
que foram construídas a partir da ISO 14000 e delimitadas e aperfeiçoadas na divisão da ISO
14001, buscando na literatura existente informações disponíveis sobre os conceitos que
envolvessem a economia e o meio ambiente. A pesquisa foi fundamentada teoricamente no
surgimento do paradigma do Desenvolvimento Sustentável e sua relação com a gestão
estratégica ambiental.
Seguida a etapa de revisão, foram enviados documentos ao grupo referenciado no
estudo de caso deste artigo para solicitação da liberação de dados já existentes sobre a
construção do SGA no mesmo, tais como política, investimentos e maquinários, além de
vantagens econômicas e sociais da implementação do Sistema de Gestão Ambiental – SGA.
Para sustentar as informações disponibilizadas foram feitas reuniões com membros do
Departamento de Sustentabilidade e Responsabilidade Social do Grupo André Maggi e visita
in loco para conhecer as atividades que obedecem as exigências do sistema de gestão
ambiental. Nesta visita, foi repassado o layout da empresa, contendo as explicações sobre as
atividades inerentes ao meio ambiente e manutenção do sistema de gestão ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados aqui apresentados foram descritos a partir de informações fornecidas pelo
grupo de empresas, bem como consulta ao site do Grupo André Maggi e Relatório de
Sustentabilidade do mesmo.
As empresas possuem várias atividades, ligadas à soja, porém a HERMASA Navegação
da Amazônia S/A e AMAGGI Exportação e Importação LTDA, empresas afiliadas ao grupo
André Maggi, localizadas no município de Itacoatiara/AM, são responsáveis pelo
armazenamento e exportação, transporte fluvial e geração de energia.
Nesse contexto, observando as premissas da gestão ambiental, as empresas visam o
compromisso de preservar o meio ambiente, onde tenta minimizar a geração de resíduo e
sempre pautada na qualidade de vida das gerações futuras (LOPES et al., 2009).
Dessa forma isso corrobora com a classificação da WWF (2011), onde o
desenvolvimento sustentável diz que qualquer atividade tem que ser capaz de suprir as
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das
futuras gerações, conclui-se então, que o desenvolvimento sustentável não esgota os recursos
para o futuro.
Há gravíssimos problemas de cunho ambiental a serem equacionados e enfrentados em
grandes empresas, como problema do lixo, tratamento de água, ocupação do solo,
consequência da insuficiência da produção, poluição, rejeitos etc. (GUIMARÃES &
XAVIER, 2006). Contudo, as empresas do grupo por meio da “gestão responsável do meio
ambiente” busca o atendimento de requisitos legais aplicáveis e outros subscritos pela
organização em suas mais diversas áreas, tendo como exemplo as licenças ambientais,
lançamento de efluentes, inventário de resíduos, busca de fontes alternativas de energia,
minimização de acidentes e incidentes, treinamento aos funcionários, além do estímulo dos
colaboradores comerciais, fazendo com que os mesmos aumentem o desempenho
socioambiental.
Os gastos das empresas não podem ser mensurados, principalmente custos de
implementação, já que há diversos gastos operacionais por meio de investimentos em cursos e
treinamentos (informação verbal3). Sendo assim diversas iniciativas voluntárias do setor
financeiro estão sendo estabelecidas para viabilizar créditos ambientais para empresas, que
tenham o comprometimento da aplicação do princípio da precaução, respeito à legislação
ambiental e acordos multilaterais, além da introdução e manutenção dos padrões ISO
(BARBIERI, 2006).
Todo esse processo gerou uma melhor gestão das empresas quanto ao cumprimento da
legislação ambiental, reduzindo riscos; melhoria da imagem e confiabilidade da empresa em
relação ao desempenho ambiental, junto a seus clientes, fornecedores e colaboradores;
prevenção da poluição, através de gerenciamento e controle dos aspectos ambientais;
manutenção de registros que possam subsidiar questionamentos externos (órgãos públicos,
stakeholders) (LOPES et al., 2009).
Ainda de acordo com a ABNT (2011), as exigências para que essas normas sejam
cumpridas se mostram principalmente na área da política ambiental, na qual a empresa possa
representar seus produtos e serviços, buscando a melhora contínua do desempenho ambiental.
Contudo, o que se verificou na HERMASA Navegação da Amazônia S/A e AMAGGI
Exportação e Importação foi que: por meio dos aspectos ambientais, permitiu-se identificar,
conhecer, administrar e controlar os resíduos que elas geram durante o processamento e uso
do produto; as exigências legais, desenvolvendo uma sistemática para ter acesso às exigências
legais de quaisquer atividades; objetivos e metas, alinhados com o cumprimento da política
ambiental definida; programa de gestão ambiental, estruturado com responsáveis pela
coordenação e implementação de ações; estrutura organizacional, programa integrado com as
funções dos funcionários da empresa; Conscientização e treinamento, para que estejam
conscientes da importância do cumprimento da política e objetivos do meio ambiente, entre
outros.
Nesse processo de mudança e adaptação às regras da sustentabilidade o Grupo André
Maggi criou o Departamento de Sustentabilidade e Responsabilidade Social, em 2009, com
contratação de equipe técnica multidisciplinar, além de investimentos em treinamentos para
colaboradores, de acordo com cronograma anual, bem como cursos externos de qualificação e
aprimoramento em diversas áreas do conhecimento; mudança de cultura corretiva para cultura
preventiva; e fomento interno para criação de grupos de discussões no âmbito ambiental
(LOPES, et al., 2009).
Para regulamentar a gestão ambiental, por meio de normas internacionais, foi
instituída a criação da ISO 14000, elaborada pela International Organization for
Standardization. A ISO permitiu que a normatização, tivesse uma linguagem conhecida
mundialmente, sendo o desempenho ambiental das empresas padronizado, facilitando as
transações no mercado global (ABREU, 2000).
HERMASA Navegação da Amazônia S/A e AMAGGI Exportação e Importação
LTDA possuem licenciamento ambiental para suas operações, incluindo atividades para
transporte de produtos e resíduos perigosos, atividade portuária, manutenção e reparo de
estruturas flutuantes, além de produção de energia elétrica a partir de termoelétrica. No
terminal portuário são desenvolvidas atividades operacionais de carregamento,
armazenamento e descarregamento dos produtos em barcaças e navios oceânicos e atividades
administrativas, certificado pela ISO 14001:2004, em 2007, e sua Frota Fluvial, cuja base é
Itacoatiara, foi certificada no ano de 2010 (Informação verbal3).
A ISO 14000 (Sistema de Gestão Ambiental) possui ainda especificações com Guia de
uso, estabelecendo requisitos para que as empresas gerenciem seus produtos e processos que
não agridam o meio ambiente, onde a sociedade seja beneficiada (ABNT, 2011). Cada país
possui um órgão responsável por elaborar suas normas, no Brasil temos a ABNT, por ser
internacional seu processo de elaboração das normas é muito lento, pois levam em
consideração as características e opiniões de vários países membros. Todo o seu processo de
elaboração foi semelhante ao que aconteceu com a ISO 9000 – Normas de Garantia da
Qualidade.
CONCLUSÃO
Os dados fornecidos pela empresa mostram que de acordo com as leis que regem a
gestão ambiental, a mesma possui todos os requisitos legais para o funcionamento de suas
atividades, por meio da ISO 14000.
Concluímos que a empresa busca o aprimoramento de suas atividades, procurando
beneficiar empresa e comunidade, sem perder o foco das gerações futuras.
AGRADECIMENTOS
Ao Grupo ANDRÉ MAGGI, pela disposição, acompanhamento, paciência e liberação
dos dados para a realização desse projeto.
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GRUPO ANDRÉ MAGGI. Apresentação do Grupo André Maggi. Disponível em:
www.grupoandremaggi.com.br. Acesso em: 15/08/2011.
PESQUISA-AÇÃO PARA O FOMENTO DA CIDADANIA AMBIENTAL
EM PARINTINS, NO BAIXO AMAZONAS/AM.
Renan Albuquerque RODRIGUES1; Sara Moreira SOARES
2
1Doutorando - E-mail: [email protected];
2Mestranda
Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura da Amazônia (ICHL/Ufam);
Professores do Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (Icsez/Parintins).
RESUMO
Pretende-se realizar ações que ajudem na conscientização para a necessidade de redução da
quantidade de resíduos descartados pela população de Parintins, a 375 km de Manaus, no
Baixo Amazonas/AM. A proposta é agir em conjunto com a Associação dos Catadores de
Lixo de Parintins (Ascalpin), entidade sem fins lucrativos que auxilia na promoção da coleta
seletiva na cidade e fomenta ações no sentido de gerar renda a moradores de áreas de periferia
por meio da retirada das ruas e revenda de plásticos, papelões, vidros e alumínios em geral.
Estão sendo executadas palestras educacionais, vídeos com temática social e reuniões
comunitárias para dar publicidade à proposta. Diversos públicos, entre estudantes,
profissionais, comerciantes e donas de casa são convidados a participar das atividades,
realizadas desde setembro e que seguem até a segunda quinzena de dezembro, com fomento
do Programa de Atividade Curricular de Extensão (Pace) da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam).
Palavras chave: Resíduos sólidos; Coleta e destinação; Prática social
INTRODUÇÃO
O município de Parintins, a 375 km de Manaus, região do Baixo Amazonas, Estado do
Amazonas, enfrenta atualmente graves problemas por conta de dificuldades do Poder Público
Municipal em dar destino e disposição adequados aos resíduos produzidos pela população em
geral. Apesar da coleta ser feita diariamente, de modo regular, em todos os bairros da Ilha
Tupinambarana (exceto domingo e feriados), com o aumento populacional e a alta na
quantidade de rejeitos diários oriundos do avanço no consumo interno, alternativas que
viabilizem a diminuição da produção de resíduos são de grande utilidade no contexto da
sustentabilidade local, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida dos comunitários.
A quantidade de resíduos despejados no aterro controlado da cidade atinge a marca
das 40 toneladas, de segunda a sexta, e chega até as 65 toneladas no sábado e domingo. Festas
em áreas públicas ou privadas elevam o volume descartado nos finais de semana, sobretudo
por conta do alto número de plástico (pets, copos e pratos) utilizado nas comemorações.
Coletar e revender esse material que se amontoa em bares, esquinas e tampas de bueiros é
difícil, sobremaneira devido à necessidade de realizar a lavagem e a arrumação do montante
acumulado. A Associação dos Catadores de Lixo de Parintins (Ascalpin), organização não-
governamental (ONG) que poderia realizar o trabalho, depende de recursos próprios e essa
atividade, muito específica, demanda um orçamento direcionado para ela, o que inviabiliza
parte do processo. Todavia, apesar das dificuldades em financiar a ação, a Ascalpin ainda
consegue coletar e revender a empresários de Manaus o montante de descartáveis que recolhe
em Parintins por meio do envio do volume agregado em uma balsa para a capital do Estado.
Hoje, cerca de 100 quilos diários são retirados das ruas e ajudam a gerar renda a famílias
carentes. Mas a atividade carece de maiores recursos para se fortalecer. O dinheiro poderia vir
da iniciativa pública, entretanto a falta de atenção ao problema impede o auxílio à atividade
de coleta e destinação dos recicláveis, em detrimento à cidadania ambiental, a qual poderia ser
melhor desenvolvida junto à sociedade.
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
Sobre o conceito de cidadania ambiental, cabe destacar que as pessoas cujas ações
sociais se orientam mediante o conceito de cidadania ambiental tendem a pesar seus atos a
partir do referencial da natureza (Cavalcanti, 2005; Hermann, 2006). Trata-se de um tipo de
relação com os demais membros de um mesmo espaço geográfico a partir dos recursos
naturais que regem o entorno e fazem parte da realidade social dos coletivos. Levando em
consideração esse modelo de cidadania, é importante ressaltar a questão da educação
ambiental como base de reforço na construção de novas formas de pensar, incluindo a
compreensão da complexidade e das emergências e inter-relações entre os diversos
subsistemas que compõem o meio (Leff, 2008). Quando se fala em cidadania ambiental trata-
se de enfocar o papel das pessoas frente à necessidade da conservação do meio ambiente,
principalmente no que tange aos espaços de convivência dos grupos. De forma que, seguindo
essa linha conceitual, a promoção do equilíbrio socioambiental no planeta depende da
possibilidade de cada cidadão exercer seus direitos e deveres tomando como pressuposto a
perspectiva ecológica (Castells, 2000; Teixeira 2001).
O enfoque da cidadania ambiental deve buscar uma perspectiva de ação holística que
relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo como referência que os recursos naturais se
esgotam e o principal responsável pela sua degradação é o ser humano (Costa, 2005;
Guimarães, 1997). A abordagem da complexidade que envolve o meio ambiente e as
diferentes perspectivas de ação interpretativa sobre ele dão margem para se pensar que o
processo de interação com o meio é a atividade que melhor mostra o grau de cidadania
ambiental desenvolvido por uma pessoa ou grupo. Significa dizer que, ao território político —
objeto da soberania —, são agregados conceitos referentes a ecossistemas, espécies naturais,
unidades de conservação, entre outros, e ao exercício individual de direitos e deveres é
somada a ação civil pública. A esta nova forma de participação, ampla e convergente, em que
a responsabilidade é o núcleo das ações, é possível denominar cidadania ambiental (Silva e
Hainard, 2005). Diante do exposto, a relevância social do projeto consiste prioritariamente na
sensibilização e mobilização social para a necessidade da coleta seletiva do resíduo sólido
enquanto atividade que contribui respectivamente com a conservação ambiental, a geração de
renda e inclusão social.
Para auxiliar na redução do entrave, o projeto integra o conjunto de Atividades de
Extensão (Pace) do segundo semestre deste ano da Universidade Federal do Amazonas
(Ufam), tem como objetivos: a) ampliar a visão de que o “lixo não é lixo” e que pode gerar
renda e promover cidadania ambiental, por meio de ações comprometidas, as quais são
indissociáveis sobretudo no que concerne à ideia de desenvolvimento sustentável; b) alertar
para o fato de que os resíduos podem ser reaproveitados em grande parte, deixando de ser
visualizados como algo negativo ou pejorativo, além de possibilitar a geração de trabalho e
renda para muitas famílias; c) trabalhar uma nova concepção ante aos resíduos, fortalecendo
discussões à respeito da questão ambiental atrelada ao social e incentivando a coleta seletiva
em Parintins como caminho para o desenvolvimento sustentável; d) fortalecer e ampliar a rede
de apoiadores da Associação de Catadores de Lixo de Parintins (Ascalpin), incentivando a
participação da comunidade acadêmica do Icsez nesse processo; e e) desenvolver com os
associados da Ascalpin oficinas em torno das noções de cidadania e políticas sociais,
enfatizando a ideia de cidadania ambiental enquanto processo em construção e que possibilita
a inclusão social.
METODOLOGIA
Os associados da Ascalpin participam do projeto por meio das oficinas de mobilização
e capacitação técnica, bem como são convidados a realizar trabalhos conjuntos com vistas à
sensibilização da comunidade acadêmica do Icsez, por meio de palestras sobre a importância
da coleta seletiva do resíduo sólido de forma solidária. A ideia é fomentar nos acadêmicos o
maior interesse pelas questões socioambientais do município de Parintins e possibilitar a
aproximação direta com a temática a partir das experiências vivenciadas pelos associados da
Ascalpin.
Dentre os procedimentos da pesquisa, situam-se: a) revisão bibliográfica: a
bibliografia será revisada através das reuniões entre os alunos e professores responsáveis.
Nessas reuniões, os textos selecionados pelos coordenadores serão discutidos pelos
participantes, com a elaboração posterior de produção acadêmica e material didático, frutos
das discussões travadas; b) produção de material didático: o material didático constará de
apostilas informativas, elaboradas a partir das discussões e revisão da bibliografia. Também
serão previamente selecionados documentários a serem utilizados durante o desenvolvimento
do projeto; c) divulgação do projeto e formação de parcerias: a divulgação das atividades
tende a ser realizada a partir de reuniões prévias com os associados, a partir das quais será
elaborado coletivamente um calendário de atividades. Serão também utilizados os meios de
comunicação disponíveis no município (rádio, TV e jornal impresso). As parcerias serão
articuladas com instituições que já desenvolvem atividades relacionadas à questão ambiental
no município, tais como Ibama, UEA, Ifam/Parintins e Secretaria Municipal de Meio
Ambiente; d) oficinas de mobilização: as oficinas serão realizadas de forma didática para
facilitar a assimilação de conceitos que sejam aplicáveis pelos catadores em seu contexto
social. Nessas oficinas, noções de cidadania ambiental, ancoradas por investigações acerca
das representações sociais sobre o “lixo”, serão efetivadas; e) oficinas de capacitação técnica:
após a etapa de mobilização política, o projeto também contará com a realização de oficinas
de capacitação técnica para os catadores por meio dos parceiros e da coordenação do projeto;
f) realização de palestras: as palestras terão um caráter informativo e de mobilização social.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o momento, foram realizadas três reuniões de avaliação com membros da
Alcalpin, no intuito de apontar possíveis resultados a serem obtidos a partir do estudo. Foi
explanada a proposta dos pesquisadores em relação à associação, levando em conta,
sobretudo, a inserção social que os membros da organização não-governamental possuem na
sociedade parintinense, além da vertente econômica que a Ascalpin alcança com suas
atividades, gerando possibilidades de ganho financeiro a famílias de baixa renda. Nesta ação,
o problema da coleta e destinação dos resíduos, o qual foi identificado em Parintins e originou
a atividade de extensão curricular (ACE), foi enfatizado aos associados, a partir de uma
reflexão em grupo acerca do montante de resíduos que poderiam ser reciclados diariamente,
mas que vão parar no aterro controlado da Ilha Tupinambarana, devido à falta de assistência
do poder público. As oficinas de capacitação e mobilização, as palestras e a divulgação do
projeto foram explicitadas aos associados como estratégias de ação. Ainda nessas atividades,
foram enfatizadas as contribuições dos associados em relação ao projeto, sendo estas de
grande validade para o escopo da pesquisa-ação, principalmente porque se levou em
consideração a experiência que os catadores de Parintins possuem, dado que eles conhecem os
bairros onde a maior parte dos recicláveis são coletados, sabem os horários de pico em que os
moradores deixam esses materiais para serem levados pelos profissionais e ainda
compreendem detalhes da realidade infraestrutural do município, o que facilita no momento
de conscientizar a população para o trabalho da Ascalpin.
Entre os resultados esperados, a principal meta da ACE é contribuir para a redução na
quantidade de recicláveis hoje despejada no aterro controlado da cidade. As garrafas pets, os
copos plásticos e principalmente os vasilhames domésticos de plástico utilizados pela
população tendem a servir de lucro para os catadores da associação. E é justamente esse o
resultado que mais se busca com a pesquisa-ação. Os meses de outubro, novembro e
dezembro serão decisivos para se mensurar, por intermédio da Ascalpin, se o montante de
recicláveis enviados de balsa para Manaus aumentou nos últimos meses. Caso seja positivo o
resultado, ou mesmo se em curto prazo a média acumulada de recicláveis à atividade
curricular de extensão aumentar, a proposta terá sido bem aceita pela população em geral, que
atualmente pouco contribui para o trabalho da associação.
CONCLUSÃO
Dentre as conclusões esperadas, existe a expectativa de contabilizar, junto aos
associados da Ascalpin, o montante de lucros que eles terão após o término do projeto, em
comparação ao que conseguiam antes da Atividade de Extensão patrocinada pela Ufam.
Mesmo com um crescimento pequeno, caso este seja confirmado, haverá, assim, indícios
empíricos de que a ação resultou em melhorias na qualidade de vida dos associados que
trabalham na coleta e destinação de resíduos na cidade de Parintins. Sendo negativa a alta
financeira, no comparativo entre antes e depois do projeto, haverá uma reavaliação das
práticas utilizadas (oficinas, palestras etc.) para tentar agir em consonância a essas
dificuldades e, no futuro, possivelmente restabelecer atividades mais eficazes de ganhos
financeiros, correlacionados à melhoria da qualidade de vida para os membros da Ascalpin.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que concedeu auxílio financeiro à
atividade por meio do Programa de Atividade Curricular de Extensão (Pace, 02/2011).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Identidade Vol II. Trad. Klauss Brandini Gerhardt. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
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TEIXEIRA, Elenaldo Celso. O local e o global: Limites e desafios da participação cidadã 2
ed. São Paulo: Cortez, 2001.
Temas Gerais
BOLSA – FAMÍLIA E RENDIMENTO ESCOLAR NA ESCOLA FÁBIO
LUCENA – MANAUS – AM
Magaly Briceno LOPES1; Daniely dos Santos FARIAS; Ana Aparecida Lopes SENA; Ana
Carolina Sotero MENDONÇA; Karla Gomes da SILVA; Amanda da Silva GOMES; Luiz
Augusto Silva BRUCE. 1FAPEAM/SEMED. E-mail: [email protected].
RESUMO
O presente estudo possui o intuito de verificar se o Programa Bolsa Família melhorou o
rendimento escolar dos alunos da Escola Municipal Fábio Lucena no ano de 2010, além de
verificar a ocorrência dos gastos dos beneficiados com alimentação e educação. Para tal,
realizou-se levantamento de dados em relação ao rendimento escolar do referido ano, bem
como se realizou pesquisa de campo com todos os alunos da escola que possuíam o benefício
no intuito de verificar a ocorrência dos gastos. Por meio da pesquisa conclui-se que os
beneficiados do PBF apresentaram melhor aprovação dos que não possuem o PBF, além de
uma menor evasão escolar. No entanto, no que se refere à reprovação, esta foi maior entre os
beneficiados do PBF. No que tange a ocorrência de gastos com o benefício, o PBF faz o seu
papel, posto que os gastos com alimentação e educação representam 72%.
Palavras chave: Bolsa-Família, rendimento escolar, alimentação, educação.
INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta concentração de renda, de modo que tal conjuntura gera miséria e
exclusão para sua população. No intuito de reduzir tal disparidade, o Governo Federal
implantou em 2003 o Programa Bolsa Família.
Tal programa consiste na liberação de um benefício que pode variar de R$ 32,00 a R$
242,00 para as famílias que preencham os requisitos necessários. Em contrapartida, as
famílias beneficiadas devem zelar pela saúde da gestante, bem como manter seus filhos na
escola, que por sua vez, não podem manter freqüência inferior a 85% ou 75%.
É sabida a importância desta política social, de modo que instituições e pesquisadores
tem se debruçado no estudo das melhorias que este programa tem proporcionado. Lopes
(2010), por exemplo, afirma que o Programa reduziu em 19,36% a quantidade de famílias sem
rendimento no aglomerado rural do Lago do Limão, Iranduba, Amazonas.
No entanto, pouco se pesquisou no que tange a melhoria do rendimento escolar,
embora já possua uma pesquisa encomendada pelo Ministério e Desenvolvimento Social
(MDS), com previsão de divulgação dos resultados para dezembro de 2011.
Desse modo, o objetivo dessa pesquisa foi identificar se o Programa Bolsa Família tem
contribuído para a melhoria do rendimento escolar da Escola Municipal Fábio Lucena em
Manaus, Amazonas. Além disso, pretende identificar a ocorrência dos gastos do benefício
com a educação e alimentação, o que daria melhores condições físicas ao aluno para o estudo.
Tal estudo se justifica pela proposição de uma maior reflexão acerca das
condicionalidades do referido programa. Ora, somente a presença do aluno é suficiente para
elevar o rendimento? Diante do exposto, é necessário identificar os efeitos do programa para
melhoria da educação brasileira.
Este artigo está estruturado em quatro seções. A primeira traz as informações acerca
do programa, bem como demonstra evidências empíricas dos avanços proporcionados por tal
Política Social. A segunda, por sua vez, traz a metodologia pautada na resolução dos objetivos
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
propostos. Por fim, os resultados e discussão que apresentam os resultados da pesquisa, bem
como as considerações finais.
O PROGRAMA BOLSA- FAMÍLIA E SEUS ACERTOS
A Constituição Federal, promulgada em 1988, contemplou os direitos sociais e a
dignidade humana em seu Titulo I – Princípios Fundamentais, Capítulo II, art. 6˚: “São
direitos sociais a educação, a saúde, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma da Constituição”.
Dessa forma, regulamentou-se em 2003, o Programa Bolsa Família, no qual são
contempladas famílias em condição de pobreza e de extrema pobreza.
Não obstante, esta metodologia para a concessão do benefício é questionada por
beneficiar famílias que não se adéquam ao perfil do programa, excluindo, dessa forma,
famílias que realmente necessitam do benefício, visto que o programa tem uma cota
estabelecida pelo Governo Federal, prevista em PPAs. Conforme Soares (et al., 2009), quase
metade das famílias atendidas não estariam aptas a receber o benefício.
Contudo, cabe ressaltar a importância do PBF para a redução da pobreza e exclusão
social demonstrado por algumas evidências empíricas. Matos e Oliveira (2008), por exemplo,
ressaltam a importância do PBF para a redução da pobreza, aumento da escolaridade em áreas
rurais, além de concluírem que este programa não afasta os beneficiários do mercado de
trabalho. Em pesquisa realizada na Comunidade Rural de Timbó, Bahia, estes autores
afirmam que 55% das famílias desta localidade são beneficiadas, sendo que estes recursos
participam de 11% da renda.
Soares et al. (2006), por sua vez, ressaltam que o PBF contribuiu para a redução da
desigualdade de renda. Conforme os autores, este programa reduziu o Índice de Gini em 21%,
característica considerada relevante posto que este programa representa apenas 0,82% da
renda total das famílias.
No que tange ao rendimento escolar das escolas brasileiras, Glewwe e Kassouf (2009)
mostraram que o Programa Bolsa Família aumentou as matrículas de 2o ao 5
o ano em 5,5% e
de 6o ao 9
o ano em 6,5%, além disso, diminuiu as taxas de abandono escolar em 0,5 pontos
percentuais nas escolas de 2o ao 5
o ano e em 0,4 por cento nas de 6
o ao 9
o ano, bem como
aumentou as taxas de aprovação em cerca de 0,9 pontos percentuais de 2o ao 5
oano e 0,3
pontos percentuais de 6o ao 9
o ano, demonstrando um impacto positivo em relação ao
rendimento escolar.
METODOLOGIA
Indubitavelmente, toda pesquisa científica requer uma sistematização no intuito de
responder os objetivos propostos. Desse modo, esta pesquisa contemplou o levantamento de
dados primários e secundários por meio de uma pesquisa de campo, no qual foram aplicados
formulários com perguntas de múltipla escolha, de aspecto qualitativo, sobre os objetivos
propostos, bem como se levantou dados sobre o rendimento escolar de todos os alunos do
ano de 2010 que possuem ou não o Programa Bolsa-Família.
Posteriormente foram realizadas as tabulações dos resultados que levaram a análise
dos resultados por meio do programa Excel, o qual foi utilizado a Estatística Básica no
intuito de se encontrar média, mediana e porcentagens. A amostra da população consiste em
100% dos alunos que estudam na Escola Municipal Fábio Lucena, em Manaus, Amazonas,
que possuem o benefício Bolsa-Família.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio da pesquisa de campo foi possível visualizar um panorama acerca dos efeitos
do PBF na Escola Municipal Fábio Lucena, em Manaus. Desse modo, foi possível concluir
que a aprovação dos alunos que possuem PBF se apresentou 03% maior do que os alunos que
não possuem PBF (Gráfico 01). Tal resultado demonstra-se maior que a pesquisa realizada
por Glewwe e Kassouf (2009), cujo aumento na aprovação foi em média 0,6%.
Gráfico 01 – Rendimento escolar da Escola Municipal Fábio Lucena – 2010.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2011.
Além disso, pode-se visualizar, conforme o Gráfico 01, que o percentual de desistentes
dos alunos que possuem PBF foi 8% menor do que o percentual dos alunos que não possuem
PBF. Tal assertiva leva a conclusão de que, de fato, os benefícios reduzem a evasão escolar,
posto que tais alunos por medo de perder o benefício não abandonam a escola.
Não obstante, convém assinalar a deficiência do PBF constatada na pesquisa: a
reprovação foi maior 10% entre os alunos que possuem o referido programa.
Diante do exposto afirma-se que a condicionalidade da presença por si só não é
suficiente para a melhoria do rendimento escolar. Tal assertiva leva à reflexão da
possibilidade de se rever as condicionalidades impostas. Nesse sentido, poder-se-ia, por
exemplo, exigir dos pais beneficiados pelo PBF o melhor acompanhamento da vida escolar
dos filhos, visando o progresso escolar.
No que se refere à ocorrência de gastos do benefício, pode-se verificar que o PBF fez
o seu papel de dar melhores condições de estudo as crianças beneficiadas, posto que os
dispêndios do PBF foram maiores com alimentação - 45% - e educação - 27% - (Gráfico 02).
Gráfico 02 – Dispêndios do PBF.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2011.
Levando-se em conta que uma criança bem alimentada possui um melhor
aprendizado, a despesa com alimentação apresenta-se como um aspecto positivo do PBF para
a melhoria do rendimento escolar. No que tange as despesas com educação, estas representam
que o aluno possui um melhor aporte de material para seus estudos, característica que também
pode levar a melhoria do rendimento escolar.
CONCLUSÃO
O PBF representa desde a sua implementação em 2003, um avanço para redução da
pobreza e desigualdade social e conseqüentemente, melhoria da qualidade de vida para as
populações menos abastadas. No entanto, no que se refere à melhoria do rendimento escolar,
embora os alunos que possuem o benefício tenham apresentado melhor aprovação e menor
evasão, cabe ressaltar a maior reprovação entre os beneficiários do Programa.
Isso se deve a cobrança somente por presença dos beneficiários e não da aprovação.
Levando-se em conta que a repetência eleva as despesas com educação, bem como representa
um atraso para os alunos que dela sofrem, é necessário a exigência de um acompanhamento
por parte dos pais e responsáveis para um melhor aprendizado de seus filhos.
Não obstante, convém assinalar que se defende a qualidade de tal aprovação, que deve
envolver a comunidade escolar: os pais no acompanhamento da vida escolar dos filhos, bem
como dos professores no intuito de sanar deficiências no aprendizado destes respectivos
alunos.
No que se refere à ocorrência de gastos, ressalta-se a importância do benefício para
uma melhor condição física do discente, posto que os gastos foram maiores com alimentação
e educação, respectivamente.
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Desigualdade. Brasília: IPEA, 2006. (Texto para discussão, n.1228) Disponível em:
<www.undp-povertycentre.org/publications/cct/td_1228.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2010.
DINÂMICAS POPULACIONAIS NOS MUNICÍPIOS SOB A
INFLUÊNCIA DA EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE DE GÁS
NATURAL – PARTE 1
Moisés Barbosa da SILVA1; Alfran Freitas da SILVA
2; Isaque dos Santos SOUSA
3
1,2 Pesquisador Bolsista FAPEAM/ Membro do Núcleo de Estudo e Pesquisa das Cidades na Amazônia
Brasileira - NEPECAB, e do Núcleo de Estudo de Políticas Públicas - NUPEP. 3Professor da Universidade do Estado do Amazonas – UEA/ Pesquisador do Núcleo de Estudo e Pesquisa das
cidades na Amazônia brasileira - NEPECAB.
E-mail: [email protected]
RESUMO
A província petrolífera de Urucu está localizada a 700 km a sudoeste de Manaus. Nesta
localidade está sendo extraído gás natural para geração de energia na Capital do Amazonas. A
extração e o transporte deste produto movimenta a economia dos municípios do médio
Solimões que estão ao longo do traçado do gasoduto. Este trabalho sobre dinâmica
populacional nos Municípios de Anamã, Anori, Coari e Codajás tem a sua importância porque
pode servir como orientação na elaboração de politicas públicas nestes Munícipios. Este
estudo sobre dinâmicas populacionais teve o intuito de analisar os dados referentes à
demografia daquela região, como: migrações, taxa de natalidade, taxa de fecundidade, taxa de
mortalidade, distribuição populacional por áreas e faixas de idade. Como metodologia foi
utilizada revisão e leituras bibliográficas em autores que trabalham sobre o assunto, foram
feito também busca de dados em órgão oficiais, como IBGE, DATASUS, IPEADATA, por
ultimo foi feito a elaboração deste trabalho com as análises de todos os dados. Diante dos
dados dos últimos censos demográficos, é possível evidenciar que a população está em
constante crescimento, e este é um evento característico de uma região em desenvolvimento.
Pode-se considerar que essas transformações na estrutura da população estão sendo reflexos
da ação do Estado, por meio das politicas de desenvolvimento para região, políticas como a
exploração e o transporte de gás e petróleo.
Palavra chave: Anamã; Anori; Coari; Codajás.
INTRODUÇÃO
Este trabalho é fruto de um projeto de pesquisa que se delimitou em estudar as
mudanças demográficas ocorridas recentemente nos municípios do médio Solimões, Anamã,
Anori, Coari e Codajás. Mudanças decorrentes da exploração e transporte de Gás Natural de
Urucu.
O transporte deste produto, extraído da província petrolífera de Urucu, ainda é
realizado por meio de balsa tanque. Este transporte influencia economicamente os Municípios
através do Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) e dos Royalties, a
compensação financeira dada aos Estados e Municípios produtores de petróleo.
A circulação de capital em um local ou região pode atrair população por meio de
migrações dos diversos tipos, como rural/urbana, nacional, internacional, intercontinental,
etc., como afirma MARX (1967) apud HARVEY, (2000. p. 60) “a acumulação de capital esta
no centro das coisas”. No caso destas cidades, a exploração de gás é um dos responsáveis
pelas modificações demográficas que estão ocorrendo nos municípios da região do médio
Solimões, a qual faz parte Anamã, Anori, Coari e Codajás, e que corresponde o primeiro
trecho por onde passa o gasoduto.
Este trabalho que relata sobre as mudanças demográficas em um espaço rural e urbano
têm a sua importância em decorrência que o mesmo pode auxiliar na elaboração de politicas
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
públicas para que venha atender a necessidade da população por serviços considerados
básicos, como: educação, saúde, segurança, dentre outros.
O crescimento populacional e a produção do espaço nestes municípios estão sendo
estimulado pelas ações do estado que tem o intuito de gerar desenvolvimento através da
exploração dos recursos existente na região, como os recursos energéticos. Isto vem reforça
que a produção do espaço é coletiva. Oliveira, (2000. p. 150) afirma que “O espaço não se
produz apenas pelas relações de classes, nem apenas pelas relações de produção, mais pelas
especificidades de sua própria produção”.
Portanto este trabalho teve como objetivo Geral, Caracterizar o perfil demográfico dos
municípios de Anamã, Anori, Codajás e Coari, localizados na região do médio Solimões e sob
a influência direta da exploração e transporte de gás natural no Amazonas. Os objetivos
específicos foram: Identificar a origem e o percentual de imigrantes nestes municípios;
Verificar as taxas do crescimento vegetativo (fecundidade/natalidade/mortalidade) nos
municípios; Discutir as principais causas de mortalidade; Classificar a população
economicamente ativa conforme sua atuação nos três setores da economia; Construir
pirâmides etárias que ilustrem a situação da população por sexo e faixa etária nos municípios
de Anamã, Anori, Codajás e Coari.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para realização da pesquisa foi dividida em três fases; leitura
e revisão bibliográfica sobre o tema “dinâmicas demográficas e populacionais nas cidades da
Amazônia brasileira” em autores que trabalham o assunto como Oliveira (2000), Sousa
(2007), e outros; levantamento dos dados de população por domicilio, sexo e faixa etária,
estes dados serão pesquisados em órgãos como o IBGE, DATASUS e SEPLAN; depois de
realizado as duas fases empregadas na pesquisa com analises dos dados concernente ao
aumento populacional, as taxas de mortalidade, fecundidade, natalidade e o pessoal
empregado segundo os três setores da economia, chegou-se na produção do trabalho final a
qual considerada como terceira e ultima fase.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A exploração de gás e petróleo em Urucu é realizada desde 1988. Desde a exploração
destes produtos alguns municípios passaram por mudanças na estrutura da população, como
Coari que teve uma redução da sua população em 1991, isto pode se dar ao fato porque houve
o surgimento de novas cidades, como o município de Anamã, e também por mortalidade.
Houve também o crescimento da população de alguns municípios, mas isto aconteceu por
causas de migrações ou aumento de famílias, como será mostrado adiante.
O número de habitantes na área de estudo em 1991 era de 67.134 pessoas deste total
3,15% era imigrante o que corresponde a 470. Em 2000 o número de habitantes aumentou e
passou a existir 102,486 pessoas, acompanhando esse mesmo crescimento o percentual de
imigrantes registrado foi de 9.62% do total da população o que corresponde a 939 pessoas.
A pesquisa sobre taxa bruta de natalidade na área de estudo considerou os anos de
1999 a 2008. A média em 1999 registrou 18,9%, em 2000 ficou em 22,3%, em 2001 foi 26,2
a maior taxa registrada neste período, 2002 foi de 24,2%, 2003 25,5%, 2004 25,3%, 2005
23,9% 2006 23,3%, 2007 22,2% e 2008 o ultimo ano da pesquisa foi verificado uma taxa de
22,2 seguindo o ano anterior.
A média da taxa de fecundidade registrada na área de estudo em 1991 foi de 22,7%.
Em 2000 a média da taxa de fecundidade nos municípios foi de 14,3%, mostrando uma
redução da mesma. A fecundidade é a relação do número de crianças de menos de 5 anos de
idade e o número de mulheres em idade reprodutiva (15 a 44 anos ou 15 a 49). A fecundidade
sofre influencias de alguns fatores, como o casamento que por sua vez sofre influências de
fatores culturais, políticos e econômicos.
As taxas de mortalidade analisadas na área de estudo do período de 2002 a 2008. A
maioria das causas de mortes é decorrente de Causas Externas (Acidentes de Transportes e
Agressões) e Internas (Infarto Agudo do Miocárdio e doenças Cerebrovasculares). Os
principais causadores de mortes nos municípios acompanham as estatísticas das cidades de
países subdesenvolvidos. As causas de morte por Agressões o menor índice registrado foi em
2002 com 5,4% enquanto que em 2008 mostrou grande aumento com um percentual de
15,9%. Doença cerebrovascular em 2002 foi responsável por 15,1% dos óbitos, o maior
número foi em 2008 com um índice de 23,8%. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) sua menor
porcentagem foi em 2003 com 7,3% e o maior em 2006 com 13,9%, e as mortes por acidente
de transporte foi evidenciado em somente dois anos em 2003 com 14,9% e 2008 com 11,8%.
Segundo o censo de 2000 houve um aumento no total de População Economicamente
Ativa (PEA) quando comparado aos censos realizados anteriormente, segundo esse mesmo
censo, do total de 101.528 habitantes o que corresponde a 100%, 49.191 era PEA, ou seja,
49%. Consideram-se como PEA as pessoas em idade de trabalhar, mas não estão fora do
mercado de trabalho. É o total de pessoas acima do limite mínimo e abaixo do limite máximo
de entrada no mercado de trabalho, entre 18 e 59 anos de idade.
O aumento populacional é mostrado nos censos realizados pelo IBGE a partir de 1980
até 2010, conforme mostrado a seguir. Segundo IBGE (1980), o município de Anori possuía
14.980 habitantes, uma população maior que a do ano de 1991, Codajás 10.781 e Coari
42.503 habitante. Vale ressaltar que o município de Anamã não aparece na pesquisa deste ano
porque ele ainda é considerado como distrito de Anori (Gráfico 01).
Com o desmembramento do distrito de Anamã em 1981, o município de Anori
mostrou uma redução no número de pessoas indicando um total de 8.990 habitantes segundo
o censo realizado em 1991, Anamã aparece com uma população de 6.024 habitantes, Codajás
aumentou 12% e passou a ter 13.462, e Coari houve uma redução tendo 38.678 habitantes.
(Gráfico 02)
Gráfico 01 – Pirâmide Etária Censo 1980.
Fonte: <www.ibge.com.br.> Acesso em: 14 Mar.2011.
Modificado por: SILVA, M. B.
H M
Em 2000 foi observado um aumento nos municípios de Anamã 6.564, Anori 11.321,
Codajás 17.508 e Coari com 67.096 habitantes (Gráfico 03).
Em 2010 o censo mostra que as cidades continuam em crescimento populacional,
Anamã tem 9.833 habitantes, Anori 15.974, Codajás 22.307 e Coari com 73.475 habitantes.
CONCLUSÃO
Portanto, como resultado final desta pesquisa constatou-se que houve mudanças na
dinâmica populacional desses municípios, pode-se considerar também que a produção do
espaço amazônico é influenciada pelo estado, através das políticas desenvolvimentistas, e no
Gráfico 02 – Pirâmide Etária Censo 1991.
Fonte: <www.ibge.com.br.> Acesso em: 14 Mar.2011.
Modificado por: SILVA, M. B.
H M
Gráfico 03 – Pirâmide Etária Censo 2000.
Fonte: <www.ibge.com.br.> Acesso em: 14 Mar.2011.
Modificado por: SILVA, M. B.
H M
caso dos municípios do médio Solimões a exploração de gás natural esta influenciando as
dinâmicas populacionais, como visto nos dados mostrados.
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus pelo seu infinito Amor. A Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do
Amazonas – FAPEAM, pela bolsa concedida para a pesquisa. A Universidade do Estado do
Amazonas – UEA. A minha família pelo apoio, em especial Minha Mãe e meu Pai, e a todos
os meus amigos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DAMIANI, A. L. População e Geografia. 9. Ed, 2ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2009.
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HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. 2ª edição. São Paulo: Annblume, 2006.
(Coleção Geografia e adjacências).
MORAIS, R. O que é violência urbana/ Regis de Morais. 1ª ed.- São Paulo: Brasiliense, 1981.
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compreender a cidade. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Disponível em
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AM. [Dissertação de Mestrado] Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo –
Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis, 2007.
http://<www.ibge.gov.br> Acesso em: 05 de outubro de 2010.
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DINÂMICAS POPULACIONAIS NOS MUNICÍPIOS SOB A
INFLUÊNCIA DA EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE DE GÁS
NATURAL – PARTE 2
Alfran Freitas da SILVA¹; Moises Barbosa da SILVA²; Isaque dos Santos SOUSA³. ¹,² Graduando em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA
Pesquisador e Bolsista da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM/ Membro do
Núcleo de Estudo e Pesquisa das Cidades na Amazônia Brasileira – NEPECAB
³ Professor da Universidade do Estado do Amazonas – UEA/ Pesquisador do Núcleo de Estudo e Pesquisa das
cidades na Amazônia brasileira - NEPECAB.
RESUMO
O estudo em questão propôs analisar as mudanças demográficas decorrentes da exploração de
gás natural realizado em Urucu no município de Coari e do transporte do mesmo pelos
municípios de Caapiranga, Iranduba e Manacapuru que fazem parte da região do médio
Solimões. O estudo sobre dinâmica populacional possibilita compreender as diversas
mudanças que estão ocorrendo nos municípios sejam elas sociais ou físicas. Como já dito, a
exploração de gás realizado em Urucu no município de Coari influencia na economia dos
municípios estudados, logo existe a oferta de emprego que por conseqüência necessita de mão
de obra. Essa necessidade de trabalhadores ocasiona em dinâmica populacional que influencia
em vários processos, um deles é o crescimento de famílias. As dinâmicas populacionais nos
municípios da região do médio Solimões ocorrem por meio de migrações, crescimento
populacional via crescimento de famílias ou não, natalidade e fecundidade. A importância
deste trabalho decorre devido a esses municípios estarem sujeitos a transformações que
influenciam na mudança demográfica e do crescimento econômico ao quais os municípios
localizados na região do médio Solimões estão vivenciando. O projeto, portanto, teve como
objetivo caracterizar o perfil demográfico dos municípios de Caapiranga, Iranduba e
Manacapuru que estão sob influência da exploração e transporte de gás natural.
Palavras chave: Municípios do médio Solimões; Perfil demográfico; Gasoduto.
INTRODUÇÃO
A produção do espaço consiste na realização e produção de objetos que se articulam e
organizam e que segue uma determinada lógica econômica, e se destinam a cumprir funções
de diferentes condições de acordo com as necessidades de (re) produção e das relações sociais
e da divisão social do trabalho. De acordo com Santos o processo de produção do espaço é
resultado da ação dos homens agindo sobre o próprio espaço, através dos objetos, naturais e
artificiais (SANTOS, 1988, p.22).
As reservas de gás natural no Amazonas são de aproximadamente 130 bilhões de m3, o
equivalente a mais de 25% do total do Brasil. Sua exploração comercial teve início em 1988,
e dez anos depois foi inaugurado um gasoduto de 200 km da província de Urucu para o
Terminal na cidade de Coari. Nos dias atuais, o transporte para a Manaus, onde fica a refinaria
deste produto, ainda é feito nas balsas ao longo do rio Solimões, passando pelos municípios
de Caapiranga, Manacapuru, Iranduba. Estes lugares, portanto, estão sob influência direta da
exploração e transporte desse produto há alguns anos. Esta influência foi intensificada nos
últimos cinco anos por causa da construção do gasoduto Coari-Manaus, previsto para operar a
partir de Setembro de 2010.
Os defensores do gasoduto entendem que o mesmo dará um impulso enorme para o
desenvolvimento econômico para a região. Por outro lado, não se podem negar os impactos
sócio-ambientais que o empreendimento tem trazido. Tem-se conhecimento da forte
Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 3, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2011.Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT / UEA. Volume 3, Número 1. Manaus / AM: Edições UEA, 2011. ISSN 2595-7821
especulação imobiliária e a supervalorização de lotes em suas proximidades, e com isso, o
processo de ocupação, sucessão e nova territorialização da área.
O projeto, portanto, teve como objetivo caracterizar o perfil demográfico dos
municípios de Caapiranga, Iranduba e Manacapuru que estão sob influência da exploração e
transporte de gás natural.
METODOLOGIA
Para a realização da pesquisa foi utilizada de forma preliminar uma análise teórica da
dinâmica populacional e demográfica de modo a compreender como essa se processa nos
municípios do médio Solimões e como essa influência no desenvolvimento econômico e
demográfico. Para tanto, baseou-se em dados demográficos obtidos no site do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Departamento de Informática do SUS –
DATASUS, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e dos anuários da SEPLAN –
Secretária de Planejamento do Estado. Esta pesquisa suplantou-se em leituras de livros,
artigos científicos, capítulos de livros; fontes pesquisadas na internet e de autores que estudam
questões relacionadas à temática proposta na pesquisa. Portanto, tornando-se um meio
desmistificador à análise dos dados importantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa teve como objetivo geral a caracterização do perfil demográfico dos
municípios de Caapiranga, Iranduba e Manacapuru, localizados na região do médio Solimões
e sob a influência direta da exploração e transporte de gás natural no Amazonas. A
caracterização desse perfil possibilitou identificar se a população desses municípios estava
situada mais na zona urbana ou rural e de como está esta sendo influenciada pela exploração e
o transporte de gás natural. A constatação dessa mudança no perfil da população se deu por
meio da verificação dos censos de 1991, 2000 e 2010. Com os dados obtidos nos órgãos do
IBGE, DATASUS e IPEA, pode-se constatar que a população dos municípios no período de
1991 se encontrava situada na zona urbana, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE o número de habitantes situados na cidade nos três municípios é de 44.129
habitantes (soma dos três municípios) e a da zona rural é de 38.753 habitantes. Já no censo de
2000 percebeu-se a transformação na quantidade populacional dos municípios pesquisados,
pois o número de habitantes da zona urbana aumentou de 44.129 para 60.717 habitantes, e da
zona rural que era de 38.753 para 54.084 habitantes. A justificativa para esse aumento se deve
a procura da população a melhores condições de vida; as imigrações e a melhoria feita na
infra-estrutura dos municípios. Já no campo, esse aumento pode está relacionado com o
aumento da taxa de natalidade decorrentes dos programas de saúde do governo, por exemplo,
a bolsa família que beneficia essas famílias dando-lhes renda, direitos sociais básicos nas
áreas de educação, saúde e assistência social além de outros benefícios que estão associados
com outros programas. Em 2010, a população residente na cidade continua crescendo e de
modo rápido enquanto que boa parte da população residente no campo decresce se comparado
aos censos anteriores. No mesmo ano a população do campo em 2010 é de 42.542 habitantes
(soma dos três municípios), contudo em comparação com o censo de 1991 e 2000 é notado
uma diferença de 15.331 e 11.542 habitantes respectivamente, essa diferença pode esta ligada
a busca da população do campo as condições ditas anteriormente, a melhor condição de vida.
Além do objetivo de caracterizar o perfil demográfico dos municípios de Caapiranga,
Iranduba e Manacapuru a pesquisa também contou com a identificação do percentual de
imigrantes para os locais estudados. Para a realização e cumprimento deste objetivo, se
utilizou de informações cedidas pelo Setor de Disseminação de Informações do IBGE
Manaus, onde se constam os censos de 1991, 2000 e a contagem 2007. Nesses documentos
pode-se observar que no censo de 1991 o maior índice de imigrantes nos municípios
analisados é do próprio Estado do Amazonas, contudo a pesquisa não contemplou esses
imigrantes, logo o número de imigrantes em Caapiranga é de apenas 1,5%, em Iranduba
53,6% e em Manacapuru de 44,8%, como pode se observar a concentração de imigrantes se
encontra neste período em Iranduba. Em 2000, o número de imigrantes não sendo do Estado
do Amazonas em Caapiranga é 3%, Iranduba 47,3% e em Manacapuru 49,8%, conforme os
dados do IBGE Manaus, Manacapuru em 2000 foi o que teve maior imigrante comparado
com 1991. Na contagem de 2007 o município de Caapiranga teve 1,2%, Iranduba 29,8% e
Manacapuru 68,9% o maior índice em relação aos três municípios tanto em 2007 como em
2000.
Outro objetivo específico que constou na pesquisa foi a verificação da taxa do
crescimento vegetativo (fecundidade/natalidade/mortalidade). Devido aos poucos dados
encontrados sobre a taxa de fecundidade dos municípios estudados, se adotou na pesquisa as
informações obtidas no Instituto de Pesquisas Aplicadas – IPEA. Nesses documentos se
observa que a taxa de fecundidade do município de Caapiranga em 1991 é de 5,8%, Iranduba
5,9 % e Manacapuru de 6,6%, se comparado esses dados com a estimativa para a região Norte
conforme citado nos indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações,
organizados pela Organização Pan-Americana da Saúde em 2008 (2008, p. 74), “a estimativa
para a região Norte é de 3,99” segundo dados do IBGE/Projeções demográficas preliminares.
Os dados dos Diretos: MS/SVS/Sistema de Informações sobre nascidos vivos, mostrando que
a taxa desses municípios esta acima da média para região. Em 2000 a taxa de fecundidade é
de 4,6%, 3,4% e de 3,8% respectivamente, se nota que há uma diminuição da taxa em
Iranduba e Manacapuru. Essa pode esta relacionada com redução da mortalidade infantil,
melhoria do nível educacional, ampliação do uso de métodos contraceptivos e entre outros.
Além da fecundidade tem se também a taxa de natalidade dos municípios de Caapiranga,
Iranduba e Manacapuru. No caderno de saúde do DATASUS a taxa é verificada no período
compreendido entre 1999 a 2008. E a partir deste caderno de informações da saúde, o
município de Caapiranga em 2003 teve dentre as várias causas de mortalidade o infarto agudo
do miocárdio (IAM) com 10,6%, essa doença é causa pela morte de parte do músculo devido
à falta de oxigênio. O número de incidência dessa doença por ser devido à falta de grandes
hospitais, ao excesso de esforço físico, á falta de médicos especializados e a alimentação da
população no município. Em Iranduba o maior número de mortalidade registra-se no ano de
2006 e 2008, por causas externas (acidentes e violência). Ainda se tem registrado o caso de
óbito por agressões 28,6%, podendo-se aferir que no município à falta de segurança contribui
para o aumento desse tipo de caso. Já em 2008, o maior número de casos registrado é por
acidentes de transporte 23,9%, esse é causado por acidentes de transporte terrestre, para o
estudo esse número demonstra a falta de investimento por parte dos órgãos competente na
sinalização e da fiscalização do trânsito em Iranduba.
Entre as principais causas de óbito em Manacapuru no ano de 2002 até 2008
destacam-se o infarto do miocárdio (IAM) com 27% dos casos registrados, doenças
cerebrovasculares (DCbV) ou acidentes vasculares cerebrais (AVC) 35,2%, essa é pode
atingir qualquer faixa etária, contudo é mais freqüente em pessoas com idade acima dos 65
anos de idade, o DCbV ou AVC é causado por vários fatores, dentre esses destacam-se: o
sedentarismo, o estresse, o consumo de drogas; álcool e dieta com poucas verduras e fibras e
muito sal. Além desses, pode ser causada também devido a má alimentação da população e
pelo habito de fumar o que acaba por provocar mudanças metabólicas no tecido atingindo
pela falta de oxigênio e glicose ao tecido cerebral. Manacapuru ainda apresentou um número
muito alto de casos por acidentes por transporte 58,6% o maior registro dentre os municípios
analisados, esse valor se deve em parte ao grande número de moto, motocicleta, bicicleta;
carros e outros meios de transporte; e a falta de fiscalização por parte do DETRAN em
Manacapuru.
A pesquisa também observou a classificação da população economicamente ativa
(PEA), e com base nos dados do Sidra IBGE mostrou que no censo de 2000, o total de
pessoas ocupadas no setor primário foi de 5996, isso representa 37,1%, e já no setor
secundário 2942 representando 18,2% e no setor terciário foi de 7217, o que representa em
percentual 44,7%, como pode observar há uma concentração da população economicamente
ativa no setor terciário. Por ultimo, a pesquisa verificou a situação da população por
domicilio, sexo e faixa etária nos municípios de Caapiranga, Iranduba e Manacapuru e
conforme os dados do IBGE a situação da população por domicilio (rural e urbana) nos
municípios analisados no ano 1991, a situação da população por domicilio em Caapiranga é:
rural 5.126 e 1.707 urbana, no município de Iranduba 12.473 rural e 6.403 urbana e em
Manacapuru 21.154 rural e 36.019 urbana. O censo 2000 a situação da população em
Caapiranga é: rural 5.688 e urbana 3.155 se nota que a situação da população que se
encontrava na cidade aumenta significativamente. Em Iranduba 22.363 rural e urbana 9.940
comparado com 1991 as pessoas que se encontravam no campo diminui e a da cidade
aumenta, uma das justificativas se deve a busca da população do campo a melhores condições
de vida. Manacapuru 26.033 rural e urbana 47.662, no caso o mesmo se deve em parte por
esta próximo a região Metropolitana de Manaus. No ano de 2010, o município de Caapiranga
rural 5.769 e urbana 5.140. Iranduba 11.807 rural e urbana 28.928. Manacapuru 24.966 rural e
urbana 60.178, apesar de a situação da população aumentar mais na cidade, a presença do
campo ainda é forte nos municípios estudados.
Logo, notasse que há mudança na dinâmica populacional dos municípios de
Caapiranga, Iranduba e Manacapuru, além da produção do espaço amazônico que é
influenciada pela ação do Estado através das políticas desenvolvimentistas no caso dos
municípios do médio Solimões, a exploração de gás natural esta influenciando as dinâmicas
populacionais, a economia e o perfil demográfico dos municípios.
CONCLUSÃO
Nota-se que há mudanças na dinâmica populacional dos municípios de Caapiranga,
Iranduba e Manacapuru, além da produção do espaço amazônico que é influenciada pela ação
do Estado através das políticas desenvolvimentistas no caso dos municípios do médio
Solimões, a exploração de gás natural esta influenciando as dinâmicas populacionais, a
economia e o perfil demográfico dos municípios.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter concedido essa oportunidade. Em segundo aos
meus pais e colegas que me apoiaram e incentivaram em todos os momentos. Por ultimo a
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM que incentivou
financeiramente, permitindo assim realização da pesquisa.
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