Anaiisanaiis

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Sobre a aplicação do estilo artístico internacional

Art Nouveau em produtos atuais

COITINHO, Manuela A. Graduanda do Curso Bacharelado em Design. Instituto Federal Sul-Rio-

Grandense – IFSul ([email protected])

UMA ARTE NOVA

Durante o século 19 havia uma obsessão curiosa no meio cultural-artístico europeu.

Existia aqui uma busca por um estilo que traduzisse adequadamente o fervilhamento e

a modernidade desta época. Alguns críticos defendiam que deveria haver um retorno

aos estilos do passado, enquanto outros buscavam essa ruptura alegando que, com a

proximidade com o século 20 a sociedade industrial necessitava de um estilo novo.

(DENIS, 2000)

Nos 20 anos de transição entre os séculos 19 e 20 o ecletismo entre as referências ,

propósitos e formas se estabelece no primeiro estilo moderno e internacional – o Art

Nouveau. Toda a contradição da era moderna estava presente no movimento, o que

proporcionou a produção de variadas obras – gráficas, arquitetônicas, artísticas, etc. –

que transmitiriam a visão desse estilo dos profissionais das respectivas áreas, já que

ele estava presente em diferentes regiões européias. (DENIS, 2000)

O Art Nouveau se associa com a grande sinuosidade das formas botânicas de

elementos florais e das formas femininas e suas curvas – o que remete diretamente ao

romantismo e à beleza. Com cores vivas e com a presença do dourado, asas de

libélulas e penas de pavão, o estilo estaria intimamente ligado ao luxo e à

prosperidade predominando, dessa forma, a estética decorativista que antecedeu a

Primeira Guerra Mundial, quando houve a necessidade de uma evolução tecnológica.

(DENIS, 2000; SILVA, 2012)

“(...) a existência de formas de plantas e animais

demonstraria a exata distância que difere o labor artístico

da reprodução realizada pelas máquinas.”

(SOUSA, 2008)

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Unificar as linguagens do design era o ideal dos artistas do Art Nouveau e muitos deles

usavam diferentes técnicas à procura desta integração; entretando, o lema “a arte pela

arte” fez com que o Art Nouveau fosse chamado de “doença decorativa”, já que o

estilo cada vez mais se rebuscava em termos de ornamentação. (PORTO, sem data)

Apesar disso, ele também aponta o uso de formas geométricas e angulares, planos

retos e contornos evidenciados dependendo, como dito anteriormente, com a região

de atuação do artista em questão. (DENIS, 2000)

Pode-se dizer que foi através das peças gráficas em geral e fotografias, e da Exposição

Universal de 1900 (Paris) que o Art Nouveau foi ampla e imediatamente divulgado; sua

disseminação se deu em uma época onde a rápida expansão dessa produção gráfica

influenciando a utilização desse estilo em elementos ligados ao design de livros,

revistas, etc. (DENIS, 2000)

ESCOLA FRANCESA DE NANCY

A França foi um dos primeiros países a incorporar o Art Nouveau, desenvolvido como

uma tendência que interpretava linhas como signos abstratos. Nesse momento, é

criada a Escola de Nancy, em 1901, a qual era toda voltada ao naturalismo das formas

– usadas tanto como decorações, quanto como elementos estruturais – com uma forte

influência de simbolismo de origem literária. Inicia-se também, aqui, a profusão das

molduras, criando forças verticais e horizontais em contraponto à atenuação dos

ângulos retos. (DUARTE, 2008)

Nessa escola, temos nomes importantes e de grande relevância onde, entre eles, estão

Eugène Grasset e Alphonse Mucha, que são os artistas que inspiraram este trabalho.

Grasset, junto com Mucha, foi considerado um dos artistas que difundiram o

movimento Art Nouveau através de ilustrações e cartazes. Seus cartazes são feitos de

composições simples, que apresentam poucos traços ou perspectivas. Suas imagens

são bastante simples com relação a tantas outras presentes no movimento; seu traço

regular que conversa com cores fortes e chapadas, traz para suas peças contraste e

volume. O elemento feminino sempre esteve presente: era a mulher sensual, por

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vezes melancólica e com uma grande carga de erotismo velado por rostos angelicais.

(VIANA, 2006; CARVALHO, 2009)

Já as pinturas e desenhos de Mucha possuem, dentre outras características, um

traçado muito delineado, uma tipografia estilizada, uma mulher idealizada, bela, e

ingênua, assim como a figura representada por Grasset, símbolos e arabescos. Mucha

ainda inovou o formato de seus cartazes – tornou-os mais esguios – potencializando

seu efeito requintado e moderno junto com a utilização de cores encontradas na

natureza em tons pastéis, dando um toque de romantismo a suas peças; para cartazes

publicitários, prioritariamente, adequou suas influências da arte asiáticas destacando

por meio de molduras o produto em questão. (ROTELLI, 2009)

O PROJETO

Para a realização do projeto proposto, foram levadas em consideração as

características gerais do movimento e dos artistas citados acima – Eugène Grasset e

Alphonse Mucha – sendo que foram indicadas as mais importantes para a produção da

embalagem.

Na face frontal da embalagem (Figura 01) foram utilizados elementos como fontes

referentes à época do movimento, assim como foi averiguado na pesquisa preliminar

de imagens dos dois artistas. Os tipos utilizados foram escolhidos por bem representar

o movimento e ainda serem atuais, pois proporcionam leitura e legibilidade, ponto

importante dentro do capitalismo. A fonte das palavras “Anaïs Anaïs” foi escolhida por

ser mais robusta e, por isso, destacar o nome do perfume. Já as fontes das

informações secundárias são mais simples devido a elas não merecerem tanto

destaque quanto o título.

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Figura 01

Para destacar essa face das demais utilizei um recurso muito evidente nas peças de

Mucha que são as molduras. Nesse caso, empreguei esse grafismo no formato

retangular como uma analogia à forma esguia de alguns cartazes desse artista além de

automaticamente destacar a face principal do produto; essa formatação traz ao

produto um requinte atemporal, assim como trouxe aos trabalhos desse artista à

época. Complementando essa informação temos a imagem feminina de Grasset onde

temos a nítida sensação de que a mulher está envolvida numa atmosfera romântica

criada pelo perfume.

No verso (Figura 02) foram colocadas as informações adicionais do produto, como a

composição química e os cuidados que o usuário deve ter no manuseio. Essas

informações para um consumidor são irrelevantes e assim foi decidido que a fonte

seria simples, sem serifa e de fácil compreensão, mas de cor clara e contrastante o

suficiente para permitir uma boa leitura sem prejudicar a composição final da

programação da embalagem.

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Figura 02

Nas laterais foi somente indicado o nome do perfume, conforme o a parte frontal já

apresenta; isso fará com que se destaque essa informação, independente do lado que

a embalagem seja visualizada. (Figura 03; Figura 04)

Figura 03 Figura 04

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Para a programação da embalagem foi escolhido usar prioritariamente a cor verde, a

qual faz referência direta à natureza, tema muito recorrente no movimento Art

Nouveau, além de as peças de Grasset, em sua maioria, terem muitos elementos nessa

cor e suas tonalidades; ainda, na vista frontal, foi usado um tom pastel de verde atrás

da imagem para aumentar o contraste com a mesma.

CONSIDERAÇÕES

Mesmo com o estilo Art Nouveau ter perdido força em um curto espaço de tempo

hoje, ainda, podemos propor peças gráficas e outros produtos de design baseados

nesse movimento. Isso se dá pelo fato dele apresentar conceitos e grafismos bastante

usuais como formas sinuosas e cores marcantes, proporcionando uma assimilação

direta com o universo feminino atual.

A proposta do trabalho traz Anaïs Anaïs como um perfume que transmite o frescor da

natureza e a singular delicadeza e sensualidade presente na mulher, reiterando que o

estilo do século XIX é completamente empregável a qualquer produto

moderno/contemporâneo.

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REFERÊNCIAS

CARVALHO, T. L. Das Artes. 4 mar. 2009. Disponível em:

<http://taislc.blogspot.com.br/2009/03/art-nouveau.html>. Acesso em: 10 set. 2012,

15:35.

DENIS, R. C. Uma Introdução à História. São Paulo: Edgard Blüsher, 2000. Curitiba:

Prisma, 2005. 332 p.

DUARTE, G. Países afetados pelo Art Nouveau 1 - França. 2008. Disponível em: < http://facesartnouveau.blogspot.com.br/2008/12/descoberta-do-ferro-e-tcnica-de-

fundio.html>. Acesso em: 29 set. 2012, 18:22.

FUNDATION, M. Alphonse Mucha – Art Nouveau & Utopia. 2012. Disponível em:

<http://www.muchafoundation.org>. Acesso em: 24 out. 2012, 10:34.

PORTO, C. Art Nouveau e Art Déco. Disponível em:

<http://claudiaporto.wordpress.com/monografias/art-nouveau-e-art-deco/>. Acesso

em: 22 set. 2012, 14:08.

ROTELLI, N. B. A. Teoria de História das Artes e Arquitetura II. 25 jul. 2009. Disponível

em: <http://thaa2.wordpress.com/2009/07/25/o-estilo-do-art-nouveau-parte-v/>.

Acesso em 24 out. 2012, 12:37.

SILVA, V. P. P. Blog Educativo. 13 fev. 2012. Disponível em: <

http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com.br/2012/02/arte-nova-art-nouveau-da-

escola.html>. Acesso em: 15 set. 2012, 15:23.

SOUSA, R. As características do Art Nouveau. 18 jan. 2008. Disponível em: <

http://www.brasilescola.com/historiag/art-nouveau2.htm>. Acesso em: 25 set. 2012,

17:55.

VIANA, D. Seção Gemäldegalerie: Grasset e os primórdios do Art Nouveau. 6 jun.

2006. Disponível em: <http://diegoviana.opsblog.org/secao-gemaldegalerie-grasset-e-

os-primordios-do-art-nouveau/>. Acesso em: 24 out. 2012, 17:20.