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Farmácia Aliança Ana Sofia de Jesus Matias Gomes 2019-2020

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

I

Farmácia Aliança

Ana Sofia de Jesus Matias Gomes

2019-2020

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes II

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Aliança

Janeiro a fevereiro e Maio a Setembro de 2020

Ana Sofia de Jesus Matias Gomes

Orientador: Dr. Carlos Cunha e Dra. Sónia Correia Tutor FFUP: Prof. Doutora Susana Casal

Setembro de 2020

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes III

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,

ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se

devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito

académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 7 de outubro de 2020

Ana Sofia de Jesus Matias Gomes

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes IV

AGRADECIMENTOS

É chegado o momento de finalmente abrir as asas e voar! Deixar o manto e aquela que, durante

cinco anos foi a minha casa. Cinco anos de dúvidas, ansias e preocupações. Contudo, foram cinco anos

repletos de felicidade, de aprendizagens e de evolução.

Hoje, parto rumo a um futuro incerto, porém sem medo. Pois sei que adquiri as competências e os

conhecimentos necessários para ser uma excelente profissional de saúde. Sei que ainda tenho muito que

aprender, mas não me preocupo, pois ao meu lado tenho, as pessoas que sempre me apoiaram, e estarão

sempre prontas para me auxiliar quando necessário. É a essas mesmas pessoas que quero expressar a minha

mais profunda gratidão, por me ajudarem a ser a melhor profissional possível, sem nunca deixar o meu lado

humanitário de lado.

No âmbito do meu estágio curricular agradeço ao Dr. Carlos Cunha e a toda a equipa da

farmácia Aliança, que me abriram as portas da farmácia, me guiaram, ensinaram e auxiliaram durante

todo o período de estágio. Agradeço todos os ensinamentos, que decerto levarei para o resto da minha vida

profissional e não só.

Aos professores da comissão de estágio, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,

particularmente a Profª Susana Casal, que prontamente me ajudou ao longo desta etapa.

Aos meus pais, que independentemente de qualquer decisão que eu tome na vida, estão e estarão

sempre junto a mim, para me ampararem as quedas e me ajudarem a voar mais alto. Se hoje sou o que sou,

a eles o devo. E não poderia estar mais grata por todo o amor, carinho, coragem e segurança que sempre

me transmitiram. Obrigada por serem o meu porto de abrigo, a minha casa, o lugar onde quero sempre

voltar.

Ao meu irmão, que sempre me protegeu e me guiou, mesmo quando não sabia que caminho seguir.

Que mesmo sem saber, me dava a segurança para ultrapassar os meus medos. Mais do que meu irmão, a

minha rocha, que me protege quando estou frágil e me dá suporte para seguir em frete, mesmo quando

tenho medo.

Aos meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado, desde o primeiro dia. De Viseu trago os

que comigo sempre estiveram e que espero poder levar até ao fim. Do Porto levarei sempre no coração, os

que apesar de estarem comigo há apenas cinco anos, parece já uma vida! Foram o meu suporte quando

achava que estava só; foram aquele abraço, quando todos estavam longe; foram a felicidade mais pura e

genuína. Quero levar-vos para sempre.

À Faculdade de Farmácia, por me dar não só um futuro, mas sobretudo pelo passado, que jamais

esquecerei. Se hoje choro ao deixar esta Casa é porque aqui fui muito feliz.

“Ai Deus, que este adeus dói tanto/ Dói tanto de cantar/ Não quero deixar/ Os meus e o meu manto/

Quero deixar este pranto/ E ficar um pouco mais.” (GF FFUP) Obrigada.

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes V

RESUMO Ao longo dos últimos 5 anos de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. adquiri enumeras

proficiências teóricas, indispensáveis ao exercício da profissão de farmacêutico. Contudo faltava-me ainda

adquirir experiencia prática na área, o que só foi possível através do estagio curricular.

Durante o meu estagio tive a oportunidade de ser integrada na equipa da farmácia aliança, sob a

orientação do Dr. Carlos Cunha. Apesar de inicialmente o meu estagio ser de 4 meses, devido à pandemia,

houve a necessidade de prolongar o meu estágio em farmácia comunitária par seis meses. Foram seis meses

de muita aprendizagem e crescimento pessoal e profissional.

Através deste relatório, pretendo descrever o meu percurso na farmácia Aliança como estagiária.

O relatório está dividido em duas partes. A primeira contém a descrição e organização da farmácia, dos

processos inerentes à sua gestão, assim como as tarefas que fui desempenhando ao longo do estágio. A

segunda parta é relativa aos projetos que desenvolvi durante estes seis meses de estágio. O primeiro projeto

consiste na análise das carências alimentares inerentes às restrições de uma alimentação vegetariana. O

segundo projeto é relativo à análise de interações farmacológicas em utentes de uma residência sénior.

Devido às limitações impostas pela pandemia, não me foi possível pôr em pratica determinados

projetos que tinha em mente. No entanto, creio que, aquilo que consegui alcançar durante este período, me

permitiu compreender o real valor do farmacêutico e o seu papel na sociedade, especialmente nesta

inquietante época.

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes VI

“Wisdom consists of knowing how to distinguish the nature of trouble, and in choosing the lesser evil.”

“It must be considered that there is nothing more difficult to carry out, nor more doubtful of success, nor

more dangerous to handle, than to initiate a new order of things.”

“Where the willingness is great, the difficulties cannot be great. ”

Niccolò Machiavelli, em “ The Prince”

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Ana Sofia Gomes VII

ÍNDICE

Í n d i c e DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE III AGRADECIMENTOS IV RESUMOS V ÍNDICE VII ÍNDICE DE TABELAS VIII ÍNDICE DE FIGURAS IX ÍNDICE DE ANEXOS X ABREVIATURAS XI PARTE 1 1. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA

1.1. INTRODUÇÃO 1 1.2. DESCRIÇÃO FARMÁCIA ALIANÇA 2

1.2.1. LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO 2 1.2.2. CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO INTERIOR 2 1.2.3. CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO EXTERIOR 4

1.3. HORÁRIO E FUNCIONAMENTO 5 1.4. RECURSOS HUMANOS 5 1.5. SISTEMA INFORMÁTICO 5 1.6. FONTES DE INFORMAÇÃO 6 1.7. PÁGINA WEB E VENDA ONLINE 6 1.8. CARTÃO SAÚDA 7

2. GESTÃO DA FARMÁCIA 2.1. GESTÃO DE ENCOMENDAS 7

2.1.1. FORNECEDORES 7 2.1.2. REALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS 7 2.1.3. RECEÇÃO DE ENCOMENDAS 8

2.2. ARMAZENAMENTO 9 2.3. GESTÃO DE STOCK 9 2.4. GESTÃO DE VALIDADES 9 2.5. DEVOLUÇÕES, QUEBRAS E REGULARIZAÇÕES 10

3. CEDÊNCIA DE MEDICAMENTOS 3.1. RECEÇÃO DA PRESCRIÇÃO E CONFIRMAÇÃO DA SUA VALIDADE/AUTENTICIDADE 10

3.1.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA (MSRM) 11 3.1.1.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES 11 3.1.1.2. PRESCRIÇÃO ELETRÓNICA, PRESCRIÇÃO MANUAL E VALIDAÇÃO 11 3.1.1.3. REGIMES DE COMPARTICIPAÇÃO 12 3.1.1.4. SUBSISTEMAS DE SAÚDE 12 3.1.1.5. FATURAÇÃO E RECEITUÁRIO 12

3.1.2. DISPENSA DE MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA (MNSRM) 13 3.2. AVALIAÇÃO FARMACOTERAPÊUTICA 13 3.3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS/PRODUTOS DE SAÚDE 14

3.3.1. CEDÊNCIA DE MEDICAMENTOS EM INDICAÇÃO FARMACÊUTICA 14 3.3.2. CEDÊNCIA DE MEDICAMENTOS EM AUTOMEDICAÇÃO 14 3.3.3. CEDÊNCIA DE URGÊNCIA 15 3.3.4. CEDÊNCIA DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS 15 3.3.5. CEDÊNCIA DE PRODUTOS HOMEOPÁTICOS 16

3.4. INFORMAÇÃO CLÍNICA ORAL E ESCRITA 16 3.5. REVISÃO DO PROCESSO DO USO DO MEDICAMENTO 16 3.6. OFERTA DE OUTROS SERVIÇOS 16

3.6.1. DISTRIBUIÇÃO E PREPARAÇÃO DE MEDICAÇÃO INDIVIDUALIZADA PARA INSTITUIÇÕES 16 3.6.2. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS 17 3.6.3. ADMINISTRAÇÃO DE VACINAS E INJETÁVEIS 17

3.7. RECOLHA DE MEDICAMENTOS PARA O VALORMED 18 3.8. DOCUMENTAÇÃO DA ATIVIDADE FARMACÊUTICA 18

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Ana Sofia Gomes VIII

4. GESTÃO E CONTABILIDADE 18 5. FORMAÇÃO DE ESTAGIÁRIOS 18 6. MARKETING E GESTÃO DE IMAGEM 18

PARTE 2

1. VEGETARIANISMO EM PORTUGAL 19 1.1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 19

1.1.1. CLASSIFICAÇÃO DAS DIETAS VEGETARIANAS 20 1.1.1.1. OVO-LACTO-VEGETARIANOS 21 1.1.1.2. OVO-VEGETARIANOS 21 1.1.1.3. LACTO-VEGETARIANOS 21 1.1.1.4. VEGAN E VESGETARIANOS ESTRITOS 21

1.1.2. IDENTIFICAÇÃO DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS 21 1.1.2.1. MACRONUTRIENTES 21

1.1.2.1.1. HIDRATOS DE CARBONO 21 1.1.2.1.2. LÍPIDOS 21

1.1.2.1.2.1. ÁCIDOS GORDOS 22 1.1.2.1.3. PROTEÍNA 22

1.1.2.2. VITAMINAS 23 1.1.2.2.1. VITAMINA B12 23 1.1.2.2.2. VITAMINA D 23 1.1.2.2.3. VITAMINA A 24

1.1.2.3. MINERAIS E OLIGOELEMENTOS 24 1.1.2.3.1. FERRO 24 1.1.2.3.2. ZINCO 25 1.1.2.3.3. CÁLCIO 25 1.1.2.3.4. IODO 25 1.1.2.3.5. SELÉNIO 26 1.1.2.3.6. POTÁSSIO 26 1.1.2.3.7. MAGNÉSIO 26 1.1.2.3.8. FÓSFORO 26

1.1.3. FORTIFICAÇÃO VERSUS BIO-ENRIQUECIMENTO 27 1.1.4. INTERAÇÕES ENTRE NUTRIENTES 27 1.1.5. SUPLEMENTAÇÃO RECOMENDADA 28

1.2. MÉTODOS E OBJETIVOS 28 1.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 29

1.3.1. POSTER E PANFLETO 29 1.3.2. QUESTIONÁRIO 29 1.3.3. CASO CLÍNICO 30

1.4. CONCLUSÃO 32

2. INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS EM LARES 2.1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 32

2.1.1. FATORES POTENCIADORES DE INETRAÇÕES 32 2.1.2. INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS EM IDOSOS 33 2.1.3. TIPOS DE INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS 33 2.1.4. MECANISMOS DE INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS 33 2.1.5. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS ASSOCIADAS AO ENVELHECIMENTO 34 2.1.6. INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS MAIS COMUNS EM IDOSOS 35

2.2. OBJETIVO E MÉTODOS 2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 36 2.4. CONCLUSÃO 39

CONCLUSÃO 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

ANEXOS 45

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Ana Sofia Gomes IX

ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1.CRONOGRAMA DAS TAREFAS EFETUADAS DURANTE O ESTÁGIO 1

TABELA 2. RECURSOS HUMANOS FARMÁCIA ALIANÇA 5

TABELA 3. RESULTADOS ANALÍTICOS DOS EXAMES BIOQUÍMICOS REALIZADOS A 19.02.2020 30

TABELA 4. RESULTADOS ANALÍTICOS DOS EXAMES BIOQUÍMICOS REALIZADOS A 28.08.2020 30

TABELA 5.INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS MAJOR QUE SURGEM COM MAIOR FREQUÊNCIA 37

TABELA 6.INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS MODERADAS QUE SURGEM COM MAIOR FREQUÊNCIA 37

TABELA 7.INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS MINOR QUE SURGEM COM MAIOR FREQUÊNCIA 37

TABELA 8. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES CARDIOVASCULARES 38

TABELA 9. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES ANTIHIPERTENSORES 38

TABELA 10. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA 38 TABELA 11. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES ANTIDEPRESSIVOS 38

TABELA 12. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES ANTIPSICÓTICOS 38

TABELA 13. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM NITRATOS 38

TABELA 14. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES QUE ATUAM NO SNC 39

TABELA 15. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES PSICOTRÓPICOS 39

ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1. RESULTADOS DOS INQUÉRITOS 29

FIGURA 2. PERCENTAGEM DE QUESTÕES ERRADAS E CERTAS DE ACORDO COM DIFICULDADE 29

FIGURA 3. FIGURA 3. PERCENTAGEM DE CADA TIPO DE INTERAÇÃO FARMACOLÓGICAS ENCONTRADA 36

ÍNDICE DE ANEXOS ANEXO I. POSTER SOBRE NECESSIDADES NUTRICIONAIS VEGETARIANOS 45

ANEXO II. PANFLETO SOBRE NECESSIDADES NUTRICIONAIS VEGETARIANOS 46

ANEXO III. QUESTIONÉRIO SOBRE NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE VEGETARIANISMO EM PORTUGAL 47

ANEXO IV. SOLUÇÃO E EXPLICAÇÃO DE CADA QUESTÃO 48

ANEXO V. EXEMPLO DE CARDEX DE UTENTE 49

ANEXO VI. DOCUMENTO DE CONTROLO DE TERAPÊUTICA 50

AVEXO VII. DOCUMENTO DE ANÁLISE DA TERAPEUTICA INDIVIDUAL 51

ANEXO VIII. DOCUMENTO DE ANÁLISE DE INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS 52

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Ana Sofia Gomes X

ABREVIATURAS

ALA - ALFA-LINOLÊNICO

AA – AMINOÁCIDO

ATP – ADENOSINA TRI-FOSFATO

ANF- ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMÁCIAS

BFP – BOAS PRÁTICAS FARMACEUTICAS

CDU – CEDÊNCIA DE URGÊNCIA

CNP – CÓDIGO NACIONAL DO PROTDUTO

CT – COLESTEROL TOTAL

DRI – DIETARY REFERENCE INTAKES

DHA - DOCOSAHEXAENOICO

EPA - EICOSAPENTAENOICO

FA – FARMÁCIA ALIANÇA

FC – FARMÁCIA COMUNITÁRIA

FF – FORMA FARMACÊUTICA

FEFO – FIRST EXPIRE FIRST OUT

FIFO – FIST IN FISRT OUT

FP – FARMACOPEIA PORTUGUESA

FE – FARMACOPEIA EUROPEIA

GV – GLÓBULO VERMELHO

HB - HEMAGLUBINA

HC – HIDRATO DE CARBONO

HDL – HIGH DENSITY LIPOPROTEINS (LIPOPROTEÍNAS DE ALTA DENSIDADE)

IMC – ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

INR - INTERNATIONAL NORMALIZED RATIO ( RAZÃO NORMALIZADA INTERNACIONAL)

LA - ÁCIDO LINOLEICO

LDL - LOW DENSITY LIPOPROTEINS (LIPOPROTEÍNAS DE BAIXA DENSIDADE)

MM – MEDICAMENTO MANIPULADO

MNSRM – MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

MSRM – MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

NOF – NORMAS DE ORIENTAÇÃO FARMACÊUTICA

PA – PRESSÃO ARTERIAL

PT - PRONTUÁRIO TERAPÊUTICO

PIC – PREÇO INSCRITO NA CARTONAGEM

PVP – PREÇO DE VENDA AO PÚBLICO

PRM – PROBLEMAS RELACIONADOS COM MEDICAMENTOS

RBP – RETINOL BINDING PROTEIN (PROTEINA LIGANTE DO RETINOL)

RCM – RESUMO DAS CARACTERISTICAS DO MEDICAMENTO

RNM - RESULTADOS NEGATIVOS ASSOCIADOS À MEDICAÇÃO

RDW - RED CELL DISTRIBUTION WIDTH ( AMPLITUDE DE DISTRIBUIÇÃO DOS GLÓBULOS VERMELHOS)

SNC – SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE

SNS - SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

TG – TRIGLICERÍDEOS

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes 1

PARTE I – Farmácia Aliança

1. Organização da Farmácia 1.1. Introdução A farmácia Comunitária (FC) representa um incontestável alicerce da saúde. Amplamente

distribuída pelo território nacional, a FC é, em várias circunstâncias, o primeiro local ao qual o utente

recorre, não só quando necessita de assistência, mas também, quando pretende esclarecer dúvidas relativas

a regimes terapêuticos ou questões de saúde. Por ser um local de confiança e proximidade, torna-se

essencial não só para a comunidade em que está inserida, como para o próprio Serviço Nacional de Saúde

(SNS), uma vez que em enumeras ocorrências, o farmacêutico é chamado a resolver situações

fisiopatológicas de menor gravidade e encaminhando quando crê que, haja necessidade, o utente ao

profissional de saúde mais adequado. Esta importância na colaboração entre o SNS e as farmácias está

descrita no artigo 12º do Decreto-Lei (DL) n.º 307/2007, de 31 de Agosto, descrevendo a forma meritória

como as farmácias, “colaboram com a Administração Pública [...] nas campanhas e programas de promoção

da saúde [...] defesa da saúde pública”. E o dever de colaborarem com o INFARMED [...] na identificação,

quantificação, avaliação e prevenção dos riscos do uso de medicamentos, [...] o seguimento das suas

possíveis reações adversas” [1]. A relação de confiança estabelecida entre o farmacêutico e o utente é fulcral de forma a permitir a

validação da terapêutica, identificação de interações farmacológicas, dispensação farmacêutica, garantindo,

não só, a adesão ao regime terapêutico como a própria segurança e eficácia do tratamento. O Farmacêutico,

além do especialista do medicamento, é um promotor de saúde pública, e como tal é da sua competência a

educação para a saúde e adoção de medidas benéficas ao quadro clínico de cada utente

Na Tabela 1, descrevo as funções desempenhadas no decorrer do estágio curricular desempenhado

na Farmácia Aliança, estando colorida de acordo com a frequência e proficiência com as quais foram

executadas.

TABELA 1. CRONOGRAMA DAS TAREFAS EFETUADAS DURANTE O ESTÁGIO

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Ana Sofia Gomes 2

1.2. Descrição Farmácia Aliança Localizada no coração do Porto, a Farmácia Aliança (FA) foi fundada no ano de 1909, tendo como

Diretor Técnico à altura, o Dr. Frederico Abreu. Mantendo a traça original, porém aliada à modernidade.

No ano de 1984, a FA passou para as mãos do proprietário e diretor técnico ainda vigente, o Dr. Carlos

Brás Cunha.

A FA presta ainda serviços de produção de terapêutica individualizada, a vários lares e

residenciais.

1.2.1 Localização e caracterização do público alvo Situada na Rua da Conceição, entre Cedofeita e a Trindade, a FA ergue-se no âmago da cidade do

Porto. Aliando a antiguidade dos anosos residentes, prosaicamente polimedicados; às necessidades

instantâneas e efémeras de turistas fugazes. A heterogeneidade refletida na comunidade em que a FA se

insere, acarreta variadíssimas pelejas, suplantadas apenas com o à-vontade e experiência de profissionais

qualificados, eficientes e flexíveis, capazes de adaptar facilmente o seu discurso e dispensa, às carências

vigentes do utente.

1.2.2 Caracterização do espaço interior Segundo o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, que determina o regime jurídico das

farmácias de oficina, e a Deliberação n.º 1502/2014, de 3 de julho, que trata a “regulamentação das áreas

mínimas das farmácias, as farmácias devem deter “uma área útil total mínima de 95 m2” e “devem dispor,

designadamente, das seguintes divisões:

a) Sala de atendimento ao público;

b) Armazém;

c) Laboratório;

d) Instalações sanitárias;

e) Gabinete de atendimento personalizado, exclusivamente para a prestação dos serviços.”

Em conformidade com o previamente enunciado regime jurídico, a FA encontra-se delimitada de

acordo com os distintos espaços mencionados. Cada espaço apresenta-se convenientemente equipado com

o material requerido ao cumprimento dos serviços pré-estabelecidos, satisfazendo o documento “Boas

Práticas Farmacêuticas de Farmácia Comunitária” (BPF2009), elaborado pelo Grupo de Revisão das Boas

Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária e aprovado pelo Conselho Nacional da Qualidade, da

Ordem dos Farmacêuticos [1], [2] e [3].

a) Sala de atendimento ao público:

Acessível e ao nível da rua, esta ampla área, livre de obstáculos, luminosa e adequadamente

ventilada, consiste no acesso principal dos utentes ao atendimento. Contiguo à entrada, existe um

dispensador de senhas, onde o utente pode retirar a sua senha, sendo visível o número invocado no monitor

suspenso no teto.Dispondo de 4 balcões, de desenho macróbio, ainda assim, contendo os mais modernos

equipamentos, impostos ao exercício das suas funções. Cada um dos balcões, encontra-se segregado dos

restantes, por diversos módulos, viabilizando, desta forma, a conservação da privacidade do doente. Após

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes 3

o início da pandemia COVID-19 foram colocados acrílicos no topo dos balcões de modo a garantir, quer a

proteção do utente, quer do próprio farmacêutico.

O espaço é ainda ladeado por armários e prateleiras de vidro, lisas, facilmente laváveis,

preenchidas com” medicamentos e produtos veterinários, medicamentos e produtos homeopáticos,

produtos naturais, dispositivos médicos, suplementos alimentares e produtos de alimentação especial,

produtos fitofarmacêuticos, produtos cosméticos e de higiene corporal, artigos de puericultura, produtos de

conforto”, de acordo com o permitido pelo Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, estando cada

categoria adequadamente identificada, separada das restantes e visível ao utente[1]. Na retaguarda do balcão

encontram-se os lineares, contendo os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), assim como

os produtos de maior rotatividade. Já os medicamentos sujeitos a receita médica estão armazenados por

ordem alfabética do seu principio ativo (PA) em crescente de concentração, até à letra M, sendo os restantes

conservados no armazém. Uma zona mais interior e circunspecta, é reservada para se proceder aos diversos

serviços farmacêuticos, desde a determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos até às consultas

farmacêuticas. Inclui ainda uma singela faixa de sofás, a qual se encontra à disposição dos utentes para que

estes aguardem a sua vez em repouso e uma balança eletrónica. No atual período de pandemia foram

acrescentados dois pontos de desinfeção, um para quem entra e outro para quem saí.

Possui ainda as placas requeridas por lei, uma identificando o Dir. Técnico e horário, outra

referente à proibição de fumar e uma outra informando da existência do livro de reclamações. No período

de pandemia foi acrescentada uma relativa à obrigatoriedade de uso de máscara e de desinfeção das mãos

no interior da farmácia.

Todos os farmacêuticos e restantes colaboradores presentes nesta área deverão estar devidamente

identificados com cartão onde conste o nome e título do profissional.

b) Armazém

Localizado no piso térreo, isolado da sala de atendimento, dispõe de um acesso secundário à

farmácia, o qual não está acessível aos utentes e através do qual se procede à execução de encomendas, à

receção das mesmas, marcações de preços, verificação de validades, conferência de stocks, devolução de

produtos e respetivas regularizações.

Neste local, existe um controlo rigoroso das “condições de iluminação, temperatura, humidade e

ventilação” estando de acordo com as especificações dos “medicamentos, de outros produtos

farmacêuticos, químicos, matérias-primas e materiais de embalagem” aí acondicionados, de forma a

satisfazer as BPF 2019, respeitantes ao armazenamento, procedendo-se periodicamente à verificação e

registos dos parâmetros requeridos, assegurando, desta forma, o correto cumprimento das normas.

De modo a concretizar os encargos estabelecidos, o armazém dispõe de um balcão, equipado um

computador (contendo o programa SIFARMA®2000), leitor de código de barras, impressora, impressora

de etiquetas de códigos de barras, assim como o restante usual material utilitário.

O aprovisionamento dos medicamentos é operado atendendo à forma farmacêutica (FF),

pretendendo, desta forma ,simplificar e agilizar o processo de atendimento. No que aos comprimidos e

cápsulas, diz respeito, estes estão ordenados alfabeticamente consoante o PA principal, ordem crescente de

dosagem, genéricos primeiramente, seguidos pelos éticos. Devido ao elevado número de MSRM nestas FF,

estes não são possíveis de ser acomodados na sua totalidade adunado à zona de atendimento. As restantes

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes 4

FF, estão organizadas alfabeticamente por nome comercial, dosagem crescente, de acordo com a FF e via

de administração em questão Todos os MSRM excedentes são armazenados num módulo de gavetas

diferente. Divididos em éticos e genéricos, estando estes organizados por nome comercial dentro de cada

categoria.

Os MSRM psicotrópicos e estupefacientes encontram-se em gavetas devidamente

descaracterizadas /dissimulada, de acordo com a legislação portuguesa.

Por fim, esta área dispõe de um frigorifico, para acondicionar os medicamentos que necessitem de

refrigeração e uma singela divisão, onde se localiza o kit de primeiros socorros, produtos de limpeza, assim

como uma pequena mesa onde se procede separação, corte e etiquetagem dos medicamentos e produtos

previamente faturados, que seguirão para as residências, onde irá proceder à preparação da medicação

unitária individualizada.

c) Laboratório

Situado no piso superior da farmácia, o laboratório destina-se à preparação de medicamentos

manipulados e de preparações homeopáticas, sendo que foi o primeiro laboratório em Portugal certificado

para o efeito.

De modo a cumprir as BPF2009 todas as superfícies de trabalho são feitas de material adequado,

facilmente lavável e liso, evitando a existência de superfícies curvas onde os detritos se poderiam acumular,

todos os equipamentos são periodicamente calibrados e verificados e o material utilizados segue as normas

recomendadas. d) Instalações sanitárias

Localizada no piso superior da farmácia, seguindo as condições de limpeza exigidas.

e) Espaços adicionais

A FA é ainda constituída por dois gabinetes, um pertencente ao Diretor Técnico e um outro de

estética e dermocosmética, onde habitualmente se realizam consultas de nutrição, e outros serviços

contratados., uma copa, equipada com micro-ondas, um pequeno frigorifico, maquina de café, mesa e

cadeiras, um armazém para os fitofarmacêuticos, suplementos, alimentos enriquecidos e cosméticos. A loja

adenda à FA, ocorre o aconselhamento de produtos de ortopedia e puericultura.

1.2.3 Caracterização do espaço exterior De fachada antiga, a FA é composta por múltiplas montras, nas quais são expostos conteúdos

publicitários, relativos às campanhas publicitárias em vigor, contando inclusive cm um LED publicitário.

Além da divulgação comercial, a fronte da farmácia contem, tal como exigido por lei, informações dirigidas

ao utente, tais como, o horário de funcionamento, os serviços prestados pela FA, a identificação da farmácia

do município, que se encontra no momento, em regime de serviço permanente, indicando a sua localização

e horário, ou em alternativa o contacto do Diretor Técnico da mesma, assim como uma placa onde está

inscrito o nome da farmácia e do Diretor Técnico vigente.

De forma a cumprir as exigências das BPF 2019, a FA possui ainda, um “letreiro com a inscrição

“FARMÁCIA”, assim como um “símbolo “cruz verde”, o qual é prontamente iluminado durante as noites

em que a farmácia se encontra de serviço.

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1.3 Horário de funcionamento

Satisfazendo as imposições exigidas pelo, Decreto-Lei (DL) no53/2007, de 8 de março, em

conformidade com “o regime geral aplicável aos estabelecimentos de venda ao público e de prestação de

serviços”. Podem estar em laboração das 6h às 24h, 7 dias por semana. Sendo que, o limite mínimo do

período de funcionamento semanal não poderá ser inferior às 55h semanais. Sendo da responsabilidade do

proprietário da farmácia a livre fixação do horário de funcionamento, desde que este não transgrida as

anteriores limitações legais[4]. Deste modo, e cumprindo todas as imposições legais, o horário de

atendimento ao publico da FA está ao momento fixado entre as 8:30 e as 22:00 de segunda-feira a sábado.

1.4 Recursos humanos

De acordo com as normas contempladas nos artigos 23º e 24º do Decreto-Lei (DL) no 307/2007,

de 31 de agosto, a direção técnica da FA está ao encargo de um farmacêutico, o qual é responsável por

assegurar o cumprimento dos serviços farmacêuticos de forma segura, mantendo-se fiel ao código

deontológico que rege a atividade farmacêutica. Neste quadro legal é enunciada a obrigatoriedade de

contarem com pelo menos mais um farmacêutico, o qual deverá estar devidamente “registado junto do

INFARMED, o farmacêutico, ou os farmacêuticos, que substitua o diretor técnico nas suas ausências e

impedimentos”. A legislação indica ainda que os farmacêuticos “podem ser coadjuvados por técnicos de

farmácia ou por outro pessoal devidamente habilitado”.

Em conformidade com o precedentemente exposto, a FA, dispõe, nos seus quadros, de 5 farmacêuticos e 4

técnicos farmacêuticos. A equipa é ainda composta por 2 enfermeiras. A Tabela 2 de seguida apresentada

faz referencia aos recursos humanos da FA, com referência as jurisdições de cada profissional[1].

1.5 Sistema informático

A FA, tal como 90% das farmácias Portuguesas, utiliza o sistema informático, Sifarma2000®,

juntando-se assim, a um total de 2447 farmácias distribuídas por todo o território nacional.

Desenvolvido pela Glintt® - Global Intelligent Technologies, S.A.- pertencente à Associação Nacional das

Farmácias (ANF), o Sifarma2000® é descrito como a “ferramenta de gestão e atendimento das farmácias

comunitárias, pioneiro na implementação da Receita Médica Eletrónica.

Este software dispõe duma interface intuitiva, de lesto acesso à informação cientifica, prestemente

corroborada e insistentemente atualizada. Sendo que, cada funcionário dispõe de um código individual, o

qual lhes concede acesso ao mesmo.

TABELA 2. RECURSOS HUMANOS DA FARMÁCIA ALIANÇA

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Empregue na gestão de stocks, execução e receção de encomendas, marcação de preços,

verificação e controlo de prazos de validade, realização de devoluções e regularização de notas de crédito.

Permite ainda aceder à ficha do produto, de qualquer medicamento ou produto existente na

farmácia ou na base de dados do INFARMED. Este programa garante um controlo rigoroso e minucioso

do circuito do medicamento e abrange inúmeras informações científicas relevantes, tais como indicações

terapêuticas, posologia, possíveis interceções farmacológicas, reações adversas e contraindicações,

proporcionando um atendimento moldado às idiossincrasias de cada, dispondo de alertas visuais ao detetar

incompatibilidades, e as respetivas implicações que devam ser comunicadas ao utente.

Possibilita ainda, conferir se o produto pretendido se encontra na farmácia, e caso contrario permite

verificar se estará disponível nos armazenistas, verificando stocks e histórico de compra, podendo gerar

encomenda instantânea com a respetiva previsão de receção [5], [6], [7] e [8].

No final do meu estágio curricular tive a oportunidade de assistir a uma formação à cerca do novo

módulo de atendimento do Sifarma®, o qual irá entrar muito brevemente em funcionamento nas farmácias

aderentes.

1.6 Fontes de informação

De modo a proceder adequadamente aquando do processo de dispensa de medicamentos, o

Farmacêutico deve ter ao seu dispor fontes informativas e orientadoras, incessantemente atualizadas, que

lhe permitam assegurar a agnição no que ao medicamento dispensado concerne, passando pelas “indicações

terapêuticas, posologias, possíveis interações, reações adversas, contraindicações”, precauções alusivas ao

uso adequado do medicamento assim como condições de conservação referentes ao mesmo, entre outros

esclarecimentos adicionais requeridos pelo utente.

Por conseguinte, e de forma a satisfazer as imposições legais insertas no artigo 37º do Decreto-Lei

(DL) no 307/2007, de 31 de agosto, a FA tem, disponível para consulta, a “Farmacopeia Portuguesa, em

edição de papel” assim como “documentos indicados pelo INFARMED”. Além do mais, a FA abarca na

sua biblioteca, e tal como imposto pela BPF2019, o “Prontuário Terapêutico (PT) e o Resumo das

Características dos Medicamentos (RCM)”[1] [2].

1.7 Página web e venda online

De acordo com o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, artigo 9º prevê e autoriza a venda de

MNSRM “nas suas instalações, ao domicílio ou através da Internet.” Como tal, a FA dispõe de uma página

web, onde estão disponíveis para venda os produtos devidamente autorizados. Na página web, tal como na

página de Facebook® e Instagram®, o público poderá encontram informações relativas aos serviços

prestados pela FA, produtos disponibilizados assim como campanhas promocionais disponíveis.

Durante o estágio fiquem responsável pelo marketing digital e gestão da conta de Instagram®, de

forma a produzir conteúdo quer com caracter publicitário, quer com caracter pedagógico, tendo como

objetivo primordial a aproximação do utente à farmácia, instruindo-o e fidelizando-o[1], [10] e [11].

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1.8 Cartão Saúda

A FA pertence ao grupo das Farmácias Portuguesas. Como tal, os seus utentes podem usufruir do

Cartão Saúda. Este cartão concede pontos ao utente, sempre que este adquira “produtos de saúde e bem-

estar, medicamentos não sujeitos a receita médica e serviços farmacêuticos” em qualquer farmácia aderente.

Os pontos acumulados poderão ser trocados por produtos, disponíveis no catálogo ou poderão ser

convertidos em vales de dinheiro, contendo diferentes importâncias de acordo com o número de pontos

disponíveis (2€, 5€, 10€ e 20€), os quais poderão ser descontados em compras de produtos ou serviços na

farmácia. Este cartão concede ainda descontos exclusivos, e possui ainda uma vertente familiar,

proporcionando que todos os elementos da família acumulem pontos no mesmo cartão, podendo qualquer

um deles, proceder à troca de pontos, desde de que possua um catão ativo[12].

2. Gestão da farmácia 2.1 Gestão de encomendas Na FA, à semelhança das restantes farmácias, é necessário fazer uma congruente gestão de

produtos, assegurando que suprem as necessidades dos utentes, encomendando produtos em maior

quantidade, suficiente para usufruírem de descontos, sem que, no entanto, se perpetuem os ditos “monos”

ou que haja superlotação do armazenamento.

Posto isto, compreende-se a imensa responsabilidade desta tarefa, sendo que cada encomenda

carece de zelosa ponderação, devendo proceder-se à verificação de stocks, validades e histórico de vendas,

tendo sempre em conta, o limitado espaço de armazenamento disponível. Garantindo disponibilidade dos

produtos pretendidos, sem que despoletem quebras.

2.1.1 Fornecedores De modo a adquirir os produtos em falta, a farmácia pode recorrer aos serviços de armazenistas,

ou diretamente aos próprios laboratórios.

No que concerne às encomendas a armazenistas, a FA recorre sobretudo aos serviços da

Cooprofar®, OCP Portugal® e Empifarma® .A escolha do armazenista é consumada após cuidadosa

deliberação de condições inerentes a cada situação, de acordo com o preço praticado, urgência do utente

(dependendo se o produto está disponível e a que horas se procederá à encomenda) e recai sobre qual for

mais vantajoso no momento.

De forma a reduzir custos de aquisição, a FA associou-se a um grupo de compra, Firstfarma, ao

qual paga uma quota mensal, mas que lhe permite usufruir de condições especiais de compra de

determinados produtos, conferindo maiores bonificações e descontos.

Relativamente às encomendas de medicamentos, feitas diretamente aos laboratórios, estas podem

dever-se à falta ou indisponibilidade dos armazenistas habituais, ou à necessidade de determinados

medicamentos carecerem de solicitação direta ao laboratório que o produz.

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2.1.2 Realização de encomendas No azafamado quotidiano da FA surge a necessidade de se proceder a encomendas amiúde. Estas

podem ser efetuadas de dois modos.

Encomendas diárias são geradas automaticamente pelo Sistema Informático, Sifarma® 2000, que

de acordo com os stocks máximos e mínimos, de cada produto, enceta uma encomenda em concordância

com as carências da farmácia. Os stocks mínimos notificam o sistema, quando há escassez de um produto,

de modo a que se proceda à sua reposição; enquanto que os stocks máximos avaliam as necessidades da

farmácia, através do histórico de vendas do produto, estabelecendo a quantidade requerida. Porém, antes

de ser enviada ao armazenista, esta deve ser prudentemente escrutinada e ratificada pelo responsável pelas

encomendas, que no caso da FA, é um técnico farmacêutico. Estas devem ser submetidas através do

Sifarma® 2000, até cerca da 13h, dependendo de cada armazenista, para que possam chegar no próprio

dia, ou até às 19h, chegando apenas no dia seguinte.

No que concerne as encomendas manuais, estas são feitas quando surge uma necessidade pontual

de um determinado produto, receção de produtos que não constem na encomenda original, que tenham sido

feitas por telefone, e-mail, diretamente ao o Delegado de Informação Médica ou instantâneas durante o

atendimento. Por vezes, em situações mais urgentes, faz-se o pedido do produto a uma das farmácias das

redondezas, o qual será prontamente devolvido, assim que este chegue na encomenda seguinte.

Durante o estágio acompanhei este processo, chegando inclusive a realizar encomendas

instantâneas, telefónicas e diárias.

Para determinados medicamentos, de disponibilidade limitada, é possível recorrer a encomendas

“Via Verde”, sempre com caracter extraordinário, visam ressalvar o seu stock mínimo, exigindo sempre

receita médica de modo a que seja possível a solicitação dos produtos ao distribuidor.

2.1.3 Receção de encomendas

Uma vez enviada a nota de encomenda, esta chegará convenientemente acondicionada num

contentor dispondo das condições necessárias à correta conservação dos produtos, dentro do período

previamente estipulado, à zona do armazém. O armazém dispõe de uma porta inacessível aos utentes,

impedindo haja perturbação do normal fluxo na área de atendimento. O contentor contém a respetiva fatura

e guia de remessa, necessária para conferir os produtos que foram entregues estão de acordo com os que

foram encomendados. Antes de proceder a receção dos produtos é necessário verificar se existem produtos

que demandem acondicionamento refrigerado, os quais deverão ser os primeiros a ser rececionados e

prontamente acondicionados no frigorifico.

De modo a proceder à receção dos produtos recebidos, é requerido o acesso ao separador, que

contém uma lista abrangendo todas as encomendas efetuadas de modo informatizado.

No separador “Receção de Encomendas”, disponível no Sifarma® 2000, seleciona-se a encomenda, é

inserido o número da fatura e o valor monetário total da encomenda. De seguida deve fazer-se o scan

individual do código de barras ou inserção manual do CNP, “Código Nacional do Produto” de cada produto,

verificando sempre, se embalagens não se encontram danificados e se o prazo de validade é superior ao

inscrito no sistema, caso contrário deve proceder-se à correção de validade, confirmando os produtos

existentes na farmácia. Quando um produto apresenta stock a zero, deve colocar-se o prazo de validade

“inscrito” na embalagem secundária. Após o scan de todos os produtos, deve ser feita a verificação das

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quantidades enviadas; da congruência da faturação; do preço de custo; das margens de cada produto (de

acordo com a categoria), com exceção dos MSRM, os quais já vêm com o preço previamente marcado na

embalagem secundária (o PIC, preço inscrito na cartonagem). Deve ainda verificar-se se existem reservas,

as quais caso existam, estarão assinalados com um “R”. Nestes casos deve colocar-se o(s) produto(s) à parte

e proceder-se à alteração do estado da reserva de “Aprovado” para “Recebido”, e juntar o talão onde consta

se o produto está pago ou não, colocando-o na gaveta destinada às reservas.

Por último, de modo a concluir o processo, deve conferir-se o valor total; no caso de terem sido

recebidos estupefacientes, benzodiazepinas e psicotrópicos é ainda necessário gravar número de requisição,

que é de seguida enviado ao Infarmed e no caso de algum dos produtos solicitados, não ter sido enviado,

nem faturado, este deve ser transferido para um outro fornecedor, para que se crie uma nova encomenda.

No final do processo são impressas as etiquetas, dos produtos que não possuem PIC, que são

necessárias, contendo o PVP e o respetivo código de barras.

2.2 Armazenamento É de extrema importância que o armazenamento dos MSRM seja feito numa zona restrita, à qual

os utentes não tenham qualquer tipo de acesso. E no caso especifico dos estupefacientes e psicotrópicos,

como já descrito anteriormente, devem estar segregados dos restantes MSRM, dissimulados num

compartimento sem identificação. Já no caso dos MNSRM estes podem estar à vista dos utentes, contudo

não devem estar ao seu alcance. Para que tal devem adotar-se as normas estabelecidas pelos PON e pelas

BPF2009. Duas metodologias recomendadas, são a FEFO (First Expire, First Out) e FIFO (First In, First

Out), que permitem que os produtos cujas validades expirem brevemente, ou produtos que tenham chegado

primeiro sejam os primeiros a serem dispensados.

Assim sendo, e cumprindo os requerimentos impostos pelo DL n.º 307/2007, de 31 de Agosto e

BPF2009, é indispensável fazer um conveniente controlo e registo da humidade e temperatura. A qual

deverá, para a generalidade dos medicamentos, ser inferior a 25ºC, com a exceção de medicamentos cujo

folheto informativo ou material de acondicionamento faça referência à necessidade de o conservar entre os

2 a 8 ºC. Nestes casos, os medicamentos deverão ser acondicionados em frigoríficos ou câmaras de

refrigeração. Para se proceder ao controlo destes parâmetros a FA, dispõe de termohigrómetros e

termómetros. É ainda essencial assegurar que as condições de iluminação e ventilação das zonas de

armazenamento cumprem os requisitos essenciais à conservação dos produtos armazenados. Quando forem

detetadas incongruências estas devem ser prontamente corrigidas de forma evitar perda de estabilidade dos

produtos[1], [2] e [13].

2.3 Gestão de stock Para uma eficaz gestão do stock é ainda essencial uma eficiente gestão dos prazos de validade,

assegurando que não existem na farmácia produtos cujo prazo de validade expire em menos de 2 meses.

Na legislação estão ainda estipuladas algumas normas que afetam o diretamente a gestão do stock, tal como

as enunciadas na Lei n.º 11/2012, de 8 de março, artigo 3º, impõe às farmácias que possuam para “venda

no mínimo três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os

que correspondem aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, devendo dispensar o de menor

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preço, salvo se for outra a opção do utente[14].”

2.4 Gestão de validades A verificação das validades é essencial, quer para evitar quebras, quer para evitar erros como a

dispensação de produtos expirados. Esta averiguação deve ser prática habitual aquando da receção e

armazenamento de encomendas (seguindo sempre os métodos FEFO e FIFO). Contudo é simultaneamente

requerido o controlo periódico dos prazos de validade. Para tal, é gerada uma lista de produtos cuja validade

expirará em 2 meses, a partir da qual se vai proceder à verificação do stock de cada um dos produtos,

confirmando as respetivas validades e no caso de estas terminarem em menos de quatro meses deverão ser

colocados num contentor para devolver ao fornecedor. Caso não seja aceite pelo fornecedor estes produtos

serão considerados como quebras de produtos, sendo enviado para a Valormed®.

2.5 Devoluções, quebras e regularizações Durante a receção dos produtos é imperativa a avaliação das condições do produto, prazo de

validade (inferior a 6 meses), erros na entrega ou no pedido. Quando algum problema é detetado, deve

proceder-se à devolução num período de 72 horas a partir do momento da receção da encomenda.

Para o fazer recorre-se a opção “devoluções” no Sifarma® 2000, é necessário fazer a identificação

do produto, nº da fatura, motivo da devolução quantidades que se pretendem devolver, preço da compra.

De seguida o pedido de devolução é enviado e fica a aguardar aprovação. Caso seja deferida é gerada uma

“Nota de devolução" e o produto é enviado. É o fornecedor que decide com base nos seus critérios, se aceita

a devolução ou não. No caso de ser deferida, ou ocorrera troca do produto danificado ou é emitida uma

“Nota de Crédito”. No caso de haver um indeferimento da devolução, o produto(s) em causa retornarão à

farmácia e dependendo da situação poderão reintegrar o stock ou caso não estejam em condições serão

encaminhados para a Valormed®, onde serão convenientemente eliminados, entrando para “quebras”.

Quebras são produtos que foram adquiridos pela farmácia, contudo não foram vendidos, comportando uma

perda orçamental. São consideradas quebras: devoluções não aceites (inclusive produtos cuja validade

expirou), produtos usados no laboratório, serviços farmacêuticos, serviços de enfermagem, uso interno ou

donativos. É fundamental fazer as quebras por questões fiscais.

3 Cedência de medicamentos

O farmacêutico é o profissional de saúde responsável pela cedência de medicamentos, seja

“mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica” devendo ser

acompanhada da comunicação da informação apropriada e essencial ao uso responsável dos medicamentos

e promovendo a adesão à terapêutica de forma a garantir a eficácia e segurança do regime terapêutico. É

ainda responsável por resolver os “problemas relacionados com os medicamentos (PRM)” impedindo o

aparecimento dos “resultados negativos associados à medicação “(MNR). Para tal, deve seguir o manual

BFP 2009[2].

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3.1 Receção da prescrição e confirmação da sua validade/autenticidade Inicialmente deve proceder-se à validação da autenticidade, através da identificação do doente, do

médico prescritor, subsistema de saúde e validade. Após validação, deve proceder à interpretação do regime

terapêutico e das respetivas intenções do prescritor. De seguida deve identificar o fármaco, verificando se

a FF, posologia, via de administração e duração do tratamento. No caso de verificar algum problema que

não permita a validação da prescrição, o farmacêutico deve ajudar o utente a resolver o mesmo.

3.1.1 Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) Os MSRM, quando não utilizados de forma responsável, podem comportar risco para o estado

fisiopatológico do doente, devendo ser controlado por prescrição médica. O decreto-Lei n.º 176/2006, de

30 de agosto, estabelece as condições para que um medicamento tenha de ser sujeito a prescrição médica.

Os moldes pelo qual se regem as receitas médica são estipulados e têm aval pelo Governo Português,

nomeadamente, pelo Ministério da Saúde[16]. 3.1.1.1 Dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Os psicotrópicos e estupefacientes correspondem a substâncias que atuam ao nível do Sistema

Nervoso Central (SNC), o que implica um controlo mais apertado em todo o seu circuito, desde a aquisição,

até ao armazenamento e dispensa ao utente. Estando sujeitos a uma legislação específica, descrita no

Decreto-Lei n.o 15/93, de 22 de janeiro, a qual contém a listagem de todos medicamentos incluídos nesta

classe, bem como as regras de controlo na sua utilização e penalizações em situações de tráfico[13].

A prescrição destas substâncias, quando realizada em receitas manuais, deve ser feita isoladamente. É ainda

necessário fazer o registo do número da receita, nome do médico prescritor, nome e morada do utente e

dados da pessoa que fez o levantamento da medicação (caso não seja para o próprio). No final do

atendimento, para além da fatura, é emitido um comprovativo de dispensa de psicotrópicos que contém

todas estas informações relativas à dispensa do medicamento e que tem de ser arquivado na farmácia por

um período mínimo de 3 anos[17]. Todos os meses, é necessário fazer o envio da listagem de psicotrópicos

e estupefacientes dispensados para o INFARMED.

3.1.1.2 Prescrição eletrónica, prescrição manual e validação

A prescrição tem de ser emitida por um médico, nela têm de constar informações , tais como: “a

denominação comum internacional da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e

a posologia”. Pode ainda constar a “denominação comercial, por marca ou indicação do nome do titular da

autorização de introdução no mercado”

Em casos devidamente justificados, como “margem ou índice terapêutico estreito”, ou “reação

adversa [...] mesma substância ativa, mas outra denominação comercial” o médico poderá indicar

sucintamente as razões, pelas quais o fármaco prescrito recorrendo à “denominação comercial” não poderá

ser substituído por outro. A prescrição é feita, salvo as exceções previstas, via eletrónica, nesta deve constar a informação

sobre o fármaco com preço mais baixo, disponível no mercado Português, tal como a indicação da opção

caso seja necessário alterar o fármaco a ser dispensado pela farmácia. O utente pode selecionar o

medicamento que queira levar, desde que corresponda à mesma “denominação comum internacional da

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substância ativa, forma farmacêutica e dosagem referidas na prescrição”. Contudo, existem exceções. No

caso, do PA do medicamento prescrito, não existir num medicamento de genérico; de existir uma

justificação do prescritor a justificar a impossibilidade de substituição, como descrito anteriormente[18].

3.1.1.3 Regimes de comparticipação

De modo a racionar e distribuir o financiamento publico de modo mais eficiente, garantindo uma

maior comparticipação por parte do estado na generalidade dos tratamentos, tem-se por base a média dos

preços dos cinco fármacos disponíveis no mercado mais económicos, dentro de cada grupo terapêutico.

Anteriormente, com a politica de comparticipação a 100% verificava-se o uso indevido do “Regime

Especial” implicando um custo incomportável pelo SNS. Para minorar este abuso e permitir recurso a este

regime por parte de quem de facto carece, foi reduzida a percentagem de comparticipação para 95%.

O Regime de comparticipação do Estado divide-se em Regime Geral e Regime Especial. Regime

Especial destina-se aos sobretudo a pensionistas de baixo rendimento para “o tratamento de determinadas

patologias ou por grupos especiais de utentes”, tal como: “Paramiloidose, Lúpus, Hemofilia,

Hemoglobinopatias, Doença de Alzheimer, Psicose maníaco-depressiva, Doença inflamatória intestinal,

Artrite reumatoide espondilite anquilosante, Dor oncológica moderada a forte, Dor crónica não oncológica

moderada a forte, Procriação medicamente assistida, Psoríase, Ictiose” Nestas situações há um acréscimo

de 5% no escalão A e 15% nos escalões B, C e D. Já no caso do Regime Geral, de acordo com a patologias,

divide-se em 4 escalões: o A corresponde a uma comparticipação de 90 %, o B de 69 %, o C de 37 % e o

D de 15 %. Os MM constam também na lista dos fármacos comparticipados, sendo revista e aprovada

anualmente, sendo comparticipados a 30%[16],[19] e [20].

3.1.1.4 Subsistemas de saúde

Existem diversos subsistemas de saúde públicos e privados, que servem de complemento à

comparticipação do Estado. Entre os subsistemas existentes, destacam-se “Assistência na Doença aos

Militares das Forças Armadas (ADM)”, “Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da

Administração Pública (ADSE)”, “Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos (SSCGD)”, “Serviços de

Assistência Médico Social (SAMS)”, “Serviços Sociais do Ministério da Saúde (SSMJ)”. Os benificiários

destes Subsistemas dispõe de um cartão contendo o número de benificiário, que deve ser inserido no caso

das receitas manuais, de modo a que seja impresso no verso a informação relativa à dispensação; enquanto

que nas receitas eletrónicas o número de benificiário já vem referido, sendo impressa uma fatura em

duplicado, uma entregue ao utente e a outra deverá ser guardada para efeitos de faturação[21].

3.1.1.5 Faturação e Receituário

No caso das receitas manuais, é requerido a identificação do plano de comparticipação do utente,

devendo de seguida ser impresso no verso da receita, as informações de faturação, sendo atribuído um

número compreendido entre 1 e 30, juntamente com um número de lote. Este deverá ser assinado pelo

utente e assinado, datado e carimbado pelo farmacêutico, sendo de seguida arquivado. Nas receitas

eletrónicas no final da dispensa, é impressa uma fatura em duplicado, sendo requerido ao utente que assine

um dos exemplares, o qual é devidamente arquivado, de acordo com o subsistema de saúde.

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Ana Sofia Gomes 13

No final de cada mês é necessário proceder à emissão do “Verbete de Identificação de Lote”, para

cada plano de comparticipação, no qual deve constar a identificação da farmácia, mês e ano correspondente,

entidade responsável pelo plano, números de lote, Preço de venda ao público dos produtos, montante pago

pelo benificiário e montante comparticipado. É ainda necessário proceder à “Relação de Resumo de Lotes”,

que corresponde ao encerramento dos lotes, sendo emitida a respetiva fatura, em triplicado. Toda a

documentação deve ser enviada à Associação Nacional de Farmácias. Com exceção do SNS em toda a

documentação é recolhida e encaminhada para o Centro de Conferência de Faturas, o qual “contribui para

a uniformização dos procedimentos de pagamento da comparticipação do Estado às farmácias”.

Durante o decorrer do estágio tive oportunidade de por varias vezes participar neste processo. Para

que a Farmácia receba o montante na íntegra das comparticipações que aplicou, é essencial garantir a

conformidade, legalidade e transparência deste processo, de modo a que toda a documentação seja validada

pelas respetivas entidades envolvidas[19].

3.1.2 Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) Os medicamentos que não concretizem os pressupostos descritos no artigo 114º do Decreto-Lei

n.º 128/2013, de 5 de setembro, “não estão sujeitos a receita médica” de modo geral não são

comparticipados pelo Estado, salvo determinadas exceções previstas pela legislação.

Os “medicamentos homeopáticos” e os “medicamentos tradicionais à base de plantas” são considerados

(MNSRM) com exceção do caso em que se contemple qualquer um dos pressupostos expostos no artigo

114º do Decreto-Lei n.º 128/2013, de 5 de setembro.

Os MNSRM, devem sempre, ser dispensados mediante avaliação das condições fisiopatológicas

do doente, tendo como objetivo o tratamento de curta duração, de problemas de saúde considerados como

“menores”, que facilmente se resolvem sem recurso a avaliação médica. O recurso a estes fármacos e à

“triagem” por parte do farmacêutico, permite aliviar os custos em saúde comportados pelo SNS, quer com

problemas de menor gravidade que não necessitam de assistência médica, quer com o tratamento mais

pronto de problemas mais graves, facilitando o seu tratamento e minorando os recursos utilizados.

A venda de MNSRM em qualquer local autorizado, carece de um “responsável técnico”, que, por

lei, apenas poderá ser um farmacêutico ou técnico de farmácia, o qual requer de registo no INFARMED.

No entanto, o facilitismo da aquisição destes fármacos, associada à reiterada propaganda dos

mesmos, poderá desencadear problemas de saúde pública, nomeadamente a “Automedicação”.

O elevado perfil de segurança destes fármacos, o qual permite que sejam vendidos de uma forma

mais simplificada, muitas vezes leva os utentes a crerem que estes são inofensivos. O que é falso, pois

apesar de considerados “ seguros”, estes fármacos quando usados à margem das recomendações dos

profissionais de saúde, podem desencadear graves problemas de saúde. Deste modo, o aconselhamento

farmacêutico é fundamental de modo a alertar para os perigos da automedicação. Garantindo a utilização

segura e responsável do medicamento[18], [22] e [23] [24].

3.2 Avaliação farmacoterapêutica Após a verificação e validação da prescrição, deve ser feita a analise da farmacoterapia em função

da: efetiva necessidade do fármaco, adequação a condição fisiopatológica do doente (“contraindicações,

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interações, alergias, intolerâncias, ...”), conformidade da posologia (“dose, frequência e duração do

tratamento”), capacidade do doente administrar e cumprir o tratamento até ao fim (“aspetos legais, sociais

e económicos”)[2].

Caso o farmacêutico se depare com eventuais PRM’s e/ou MNR’s, deve atuar no sentido de os

resolver, e caso haja necessidade deve contactar o médico prescritor, sempre após uma recolha de

informação cientifica, no documento das BPF2009, na FP9, no Formulário Galénico, em livros, em artigos

científicos, nos RCMs dos medicamentos, Guide-lines eleboradas por autoridades de saúde, entre outras

fontes de informação

Deve ainda proceder-se ao registo da medicação efetuada pelo doente e respetivos PRM e MRN

identificados, contudo deve ser mantida a confidencialidade dos dados de cada doente.

3.3 Dispensa do medicamento/produto de saúde 3.3.1 Cedência de medicamentos em Indicação Farmacêutica A atividade de indicação farmacêutico é, segundo a Norma emitida pela Ordem dos farmacêutos,

“o ato profissional pelo qual o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um [..] (MNSRM), ou [..]

medidas não farmacológicas, com o objetivo de tratar um problema de saúde [...], após avaliação clínica

pelo farmacêutico”.

Para tal, deve proceder-se à “Entrevista ao doente”, para averiguar a existência/duração dos

sintomas afetos ao problema de saúde (PS) que despoletou a consulta ao farmacêutico, outros PS e

medicamentos tomados pelo doente. Após esta consulta, deve avaliar a condição do doente apurar se se

trata de um transtorno menor, ou se requer acompanhamento médico. Caso ache conveniente, poderá

indicar uma medida não farmacológica, opção terapêutica, ou outros serviços disponibilizados pela

farmácia, caso se tarte de um transtorno maior, deverá encaminhar a outro profissional de saúde apto. No

caso de optar por um MNSRM ou medidas farmacológicas deverá fornecer todas a informações inerentes,

referindo no caso das mediadas farmacológicas, qual o PA, posologia, FF e duração da terapêutica, devendo

sempre ter em consideração a situação fisiopatológica, eventuais alergias e possíveis interações

medicamentosa, de acordo com as “Normas de Orientação Farmacêutica (NOF), protocolos de indicação,

guias clínicas e guias farmacoterapêuticas”.

Está ainda prevista a colaboração do farmacêutico com médicos e outros profissionais de saúde,

para isso, o farmacêutico deve redigir um relatório com a informação atinente, atendendo as condições

fisiopatológicas do utente e às razões pelas quais o farmacêutico solicita a apreciação do médico, devendo

arquivar uma copia do documento que comprova a intervenção farmacêutica, para futura avaliação do

serviço prestado. O documento arquivado deve conter toda a informação provida ao doente, serviços

prestados e relatório remetido ao médico[25].

3.3.2 Cedência de medicamentos em Automedicação A automedicação corresponde ao recurso a fármacos não prescritos por um profissional de saúde

devidamente qualificado, por livre iniciativa. O farmacêutico tem o dever ético de se certificar que existem

condições para a dispensação dos fármacos em questão ao doente em causa. Para tal, deve averiguar qual

o problema de saúde que perturba o doente; qual o seu estado fisiopatológico; a descrição, frequência e

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Ana Sofia Gomes 15

persistência dos sintomas; se toma alguma medicação crónica; se iniciou alguma terapêutica recentemente;

se tomou medicação anterior para tentar resolver o problema. De modo a poder descartar ou associar uma

patologia grave ou reação adversa a uma terapêutica, nesses casos o doente deverá ser encaminhado para

consulta médica. Caso se trate de uma questão de menor gravidade, o farmacêutico deverá prestar a

informação pertinente ao utente, dando primazia a medidas não farmacológicas, recorrendo a

farmacoterapia apenas em inequívoca necessidade. Fatores como tempo de espera prolongado para

consultas, níveis elevados de instrução, estatuto social e profissional foram usados como circunstâncias

instigantes, de acordo com um estudo realizado Centro de Estudos de Farmacoepidemiologia e pelo Centro

de Informação do Medicamento, da Associação Nacional das Farmácias (ANF) [2], [26] e [27].

3.3.3 Cedência de urgência A Cedência de urgência (DCU) pressupõe a dispensa de medicação indispensável à condição do

doente, comprovadamente urgente, em regime de excecionalidade, sem apresentação de prescrição médica.

Estas situações implicam um discernimento prévio do histórico farmacoterapêutico do utente, e requer a

documentação e posterior arquivo da DCU[2].

3.3.4 Cedência de medicamentos manipulados De acordo com a Portaria n.º 594/2004 de Julho de 2006, o medicamento manipulado é definido

como “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e dispensado sob a responsabilidade de

um farmacêutico”. As formulas magistrais são preparadas pôr indicação médica, adaptadas ao doente,

enquanto que os preparados oficinais são executados em concordância com formulários ou farmacopeia.

O recurso aos MM, surge frequentemente associado à inexistência de preparações no mercado,

que se adaptem às necessidades especificas dos doentes, frequente em uso pediátrico, uma vez que existe a

necessidade de adaptar quer a dosagem, quer a forma farmacêutica às condições do doente.

A preparação dos MM segue os procedimentos inscritos em formulários galénicos e farmacopeia,

seguindo escrupulosamente as indicações, cumprindo as boas praticas de manipulação, de forma a garantir

que cumpre os requisitos de eficácia, qualidade e segurança. À medida que o medicamento é preparado

deve proceder-se ao preenchimento da Ficha de preparação do MM, a qual deverá ficar arquivada.

Relativamente a documentação, esta deve abranger toda a informação alusiva às “preparações

efetuadas, número de lote, substâncias utilizadas e respetivo lote, modo de preparação, dados do utente e

do prescritor, controlo da qualidade, prazos de utilização e condições de conservação, bem como o cálculo

do respetivo preço de venda ao público, de acordo com a legislação em vigor”. Só podem ser empregues

matérias-primas que sejam descritas pela Farmacopeia Portuguesa (FP) ou Farmacopeia Europeia (FE)e

estas têm de deter um boletim analítico, que assegura que estas cumprem todas as exigências farmacopeicas.

A circulação das matérias-primas empregues deve estar devidamente registada, assim como como

os medicamentos manipulados, aos quais é atribuído um número de lote, de modo a assegurar a sua

rastreabilidade. Deste modo o MM deve possuir um rótulo respeitando a legislação em vigore deve ainda

ser elaborado um folheto informativo, indicando a composição do MM e as precauções.

De modo a garantir a qualidade, o “produto semi-acabado” deve cumprir as exigências presentes

na Farmacopeia Portuguesa. Devendo assegurar a conformidade das características organoléticas e os

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Ana Sofia Gomes 16

respetivos “ensaios não destrutivos”. Os resultados dos ensaios devem ser sempre registados na ficha de

preparação de cada MM.

O preço de cada MM é estabelecido através de uma formula elaborada pelo INFARMED[28],[29] e [30]

Valor de honorários + Valor das matérias-primas + Valor dos materiais de embalagem) x 1,3, acrescido o

valor do IVA à taxa em vigor (6%)

3.3.5 Cedência de produtos homeopáticos Do ponto de vista legal, os produtos homeopáticos são descritos como “medicamentos obtidos a

partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo

de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, em farmacopeia utilizada de modo oficial num

estado membro, e que pode conter vários princípios”[2],[28],[29] e [30] .

De acordo com a legislação Portuguesa, apenas os preparados oficinais podem ser vendidos sem

prescrição médica. Os magistrais têm de ser prescritos por profissionais de saúde com carteira profissional.

Uma vez que a FA é conhecida pela vertente homeopática e pelo seu laboratório de preparação de

homeopáticos, ao longo do meu estágio estive diversas vezes em contacto com este produtos, o que me

permitiu adquirir diversas proficiências neste âmbito.

3.4 Informação clínica oral e escrita É dever do farmacêutico providenciar a informação especifica e devidamente adaptada às

condições do utente, garantindo o uso responsável, eficaz e seguro dos medicamentos, de forma a fomentar

o cumprimento do regime terapêutico, informando à cerca contraindicações, interações e efeitos

secundários e esclarecer qualquer dúvida que surja acerca do regime terapêutico.

A informação oral prestada ao utente, deve ser complementada e reforçada por informação escrita,

e material didáticos de apoio, de forma a evitar confusões e lapsos de memória.

3.5 Revisão do processo do uso do medicamento Este serviço tem como objetivo avaliar o processo de uso do medicamento, identificando o PRMs

e RNMs implementando medidas que visem a sua resolução, e quando justificado pode contactar o médico

para proceder a ajustes da farmacoterapia. Para a eficaz avaliação e revisão do uso do medicamento, o

farmacêutico deve dispor da informação na integra acerca de toda a medicação utilizada pelo utente. A

partir dessa lista, é feita a avaliação da adequação do medicamento à condição fisiopatológica de cada

utente, do ajuste da posologia para a indicação em causa, da capacidade de adesão ao regime terapêutico e

às condições de administração.

3.6 Oferta de outros serviços farmacêuticos Durante o processo de dispensação farmacêutica pode disponibilizar e dar a conhecer outros

serviços farmacêuticos, que considere relevantes à situação fisiopatológica[15]. A Portaria n.º 1429/2007

“Define os serviços farmacêuticos que podem ser prestados pelas farmácias. Na lista de serviços

disponibilizados pela FA inclui-se a distribuição de medicação a instituições, determinação parâmetros

bioquímicos e fisiológicos, consulta farmacêutica.

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3.6.1 Distribuição e preparação de medicação individualizada a instituições A FA presta serviços farmacêuticos a residências sénior, nomeadamente acompanhamento

farmacológico, tal como deteção de interações, contraindicações, efeitos adversos e farmacovigilância. É

ainda responsável pela preparação da medicação unidose individualizada de cada utente.

Para tal, dispõe de uma sala em cada uma das instituições às quais presta serviços, de acesso

exclusivo do farmacêutico responsável. Nessa sala, os medicamentos estão organizados por gavetas dentro

das quais são organizados por utente, de forma a que a medicação de cada utente esteja junta.

Durante o período de estágio estive inúmeras vezes na unidade Carlton Life a auxiliar na

preparação unidose. E na farmácia era responsável pela separação e preparação da medicação, que era

faturada para as residenciais, sendo que nos últimos meses faturava a medicação para uma das residências.

3.6.2 Determinação parâmetros bioquímicos e fisiológicos a) Pressão arterial (PA):

A hipertensão afeta cerca de 1000 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo responsável por

7.5 milhões de mortes a nível mundial anualmente. Esta determinação é feita com recurso a

Esfigmomanómetro automático de braço, obtendo-se os valores da PA sistólica e diastólica. A informação

é comunicada ao doente de forma oral e registada no cartão de acompanhamento. Quando pertinente, são

aconselhadas medidas não farmacológicas que beneficiem o estado fisiopatológico do utente[31] e [32].

b) Colesterol e Triglicerídeos:

Segundo um estudo da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, estima-se que as dislipidemias

estejam implicadas em 56% das doenças coronárias e 18% de doenças cerebrovasculares. Daí a extrema

importância da monitorização deste parâmetro bioquímico. A determinação do CT e dos TG é feita com

recurso ao instrumento Reflotron®. Antes de colher a amostra, deve ser feita a desinfeção do dedo onde

vai ser feita a punção, com álcool a 70%, aguardando para que este evapore. Após a picada, aspira-se o

sangue para um capilar, descartando de seguida o sangue na tira analítica e coloca-se no aparelho de

mediação [31] e [33].

c) Glicémia capilar: Segundo um estudo elaborado pela Sociedade Portuguesa de cardiologia, a prevalência de diabetes

na população portuguesa, no ano de 2015, entre as idades de 25 e 74 anos é de 9.9%. A diabetes, não

controlada está associada a complicações como doenças cardiovasculares, nefropatia, retinopatia e

neuropatia diabética. A monitorizar dos índices glicémicos é essencial para evitar estas complicações. Para

tal, procede-se à desinfeção do dedo, aguarda-se a evaporação do álcool a 70%, após a punção aproxima-

se a tira do dedo, que por capilaridade irá subir, o glicómetro irá apresentar o resultado em segundos [31] [34].

d) Razão Normalizada Internacional (INR):

O “tempo de protrombina é utilizado para monitorizar os níveis de hipocoagulação e é expresso

em “International Normalized Ratio” (INR). Segundo um estudo Sociedade Portuguesa de Cardiologia 13,8

% dos Portugueses apresentam resultados de INR a baixo do normal (entre 2 a 3) e 13,2% acima. Esta

determinação é essencial para prevenir ocorrência de eventos cardiovasculares. Para determinar este

parâmetro recorre-se ao Coagucheck XS Plus Roche®[32], [34] e [35].

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Ana Sofia Gomes 18

e) Outras determinações:

A FA disponibiliza ainda a determinação do respetivo IMC, testes de gravidez e aconselhamento,

prostacheck, determinação hemoglobina glicada assim como e despiste de infeções urinárias.

3.6.3 Administração de vacinas e injetáveis A administração de algumas vacinas, não incluídas no Plano Nacional de Vacinação e alguns

injetáveis está prevista na legislação, mas o farmacêutico tem de ter formação necessária para o fazer. Na

FA como dispomos da colaboração de duas enfermeiras essa questão fica ao encargo delas.

3.7 Recolha de medicamentos para o VALORMED® Enquanto sociedade sem fins lucrativos, o VALORMED® trabalha em estreita colaboração com

as FC, indústria farmacêutica, e distribuidores, de modo a recolher, gerir e eliminar os resíduos de

medicamentos. Sendo constituída pela “ Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA),

Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos (GROQUIFAR) e ANF” [36].

A sensibilização para a eliminação correta dos medicamentos e produtos de saúde é de extrema

importância, para preservação ambiental, para evitar a ocorrência de erros na terapêutica ou descuidos no

circuito do medicamento. Deste modo, durante os atendimentos procurava sensibilizar o utente para o tema.

3.8 Documentação da atividade farmacêutica É imperativo o criterioso registo, permanentemente atualizado e conservado, de qualquer atividade

que careça de corroboração futura, assim como fármacos que requeiram monotorização e fiscalização,

como o caso dos MSRM, ou fármacos que exijam por lei esse registo, como é o caso dos estupefacientes e

psicotrópicos. É essencial o registo quer da entrada, quer da sua dispensação, de forma a permitir a sua

rastreabilidade, garantindo assim o uso seguro por parte do utente.

Qualquer PMR, detetado, solucionado e Intervenção Farmacêutica que surja durante a dispensação

de fármacos ou “revisão do processo de uso da medicação” deve ser prontamente documentada e arquivada.

Toda a informação comunicada pelas autoridades oficiais acerca de fármacos ou alterações na

legislação, deverão ser averbadas e prontamente aplicadas[2].

4 Gestão e contabilidade A gestão financeira de uma farmácia é fulcral, não só para permitir colocar à disposição dos

utentes, os fármacos, produtos de saúde e serviços requeridos, assim como assegurar simultaneamente a

maximização do lucro. Para isso é necessário conhecer profundamente o mercado e público-alvo da FA,

assim como as ferramentas de gestão financeira existentes.

No decorrer do estágio tive a oportunidade de abordar este assunto através de pequenas formações

facultadas pelo Diretor Técnico, que abordavam assuntos fiscais, económico e financeiros e sobre o

enquadramento legal de diversas atividades da farmácia.

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Ana Sofia Gomes 19

5 Formação de estagiários Após a interrupção provocada pela pandemia, recebemos alguns estagiários na farmácia, os quais

me foram confiados. No total fui responsável pela integração de sete estagiários. Uma estagiária de ciências

farmacêuticas da República Checa, uma estagiária do curso profissional de Farmácia e 5 estagiárias do

programa de estágios extracurriculares dinamizados pela Associação de estudantes da faculdade de

farmácia da Universidade do Porto. Como tal, estive encarregue do seu percurso na farmácia, acompanhei-

os durante o decorrer do seu estágio, atribuí-lhes tarefas, respondi a todas as dúvidas e instruí-os

relativamente a todos os procedimentos da farmácia.

6 Marketing e gestão de imagem Com o progressivo aumento e diversificação dos serviços e produtos disponibilizados pelas

farmácias emerge a necessidade de avaliar quais destes são os mais rentáveis para a farmácia, afim de

maximizar lucro. Por um lado, o incremento dos serviços disponibilizados, permite aumento do número de

clientes através do alargamento da faixa da comunidade alcançada assim como o aumento do número de

visitas à farmácia via para usufruir das atividades, contudo comporta um maior custo económico quer em

equipamento, quer em recursos humanos. Assim sendo é fulcral, assegurar que as atividades são

implementadas de forma racional e rentável, procedendo para isso a uma análise do mercado e do público-

alvo ao qual o serviço se destina, reiterando manifesto beneficio para o utente, publicitando-o através dos

canais ajustados ao alvo em questão, apostar na fidelização, e avaliar o custo-benefício[37].

Tradicionalmente as farmácias recorrem à publicidade em sacos, anúncios em jornais, televisões

até em rádios locais, pela participação em rastreios e outras iniciativas de promoção de saúde, de modo a

publicitar produtos. Apesar de conservadora, é a forma menos arriscada de expandir a visibilidade da FA,

comportando menos custos, mas provavelmente culminando num menor retorno financeiro.

Contudo, existem outras formas de conseguir captar a atenção do consumidor. Num mundo cada

vez mais digital, é fulcral a presença assídua da FA nas redes sociais. Durante o meu estágio procurei

dinamizar o marketing digital da farmácia, através de publicações nas redes socias da FA.

Parte II – Projetos desenvolvidos

1. Vegetarianismo em Portugal

1.1 Enquadramento teórico: O vegetarianismo. Da antiguidade clássica à atualidade Desde a Antiguidade Clássica, que alimentação vegetariana está subjacente a um padrão de

nutrição saudável, associada frequentemente a questões ético-religiosas e inerente a países

subdesenvolvidos, onde, devido às carências socioeconómicas, não teriam outras fontes nutricionais que

não as vegetais. Na Grécia antiga, Pitágoras surge como o “fundador do vegetarianismo”, movimento

desenvolvido em simultâneo com outras figuras contemporâneas. Todavia, se recuar-mos à fundação da

religião Hindu ou do Budismo, verificamos que os seus seguidores já perpetravam a ética da preservação

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes 20

da vida animal e, como tal, promoviam o movimento vegetariano e o seu regime alimentar. Sem embargo,

foi apenas durante o século XX que se assistiu à disseminação do movimento vegetariano à “cultura

ocidental”. Esta expansão ocorreu através da publicação de obras, que enalteciam as vantagens deste regime

alimentar; da formação de múltiplos grupos e comunidades vegetarianas e da conceção de restaurantes

dedicados ao movimento. A propagação destes ideais, aumentou progressivamente o interesse, por parte da

comunidade ocidental, consolidando este movimento em países ditos desenvolvidos [39].

Por conseguinte, nos últimos anos temos assistido a um aumento significativo do número de

pessoas a adotar esta dieta, sendo acompanhado pela mudança de paradigma e da perceção da sociedade à

cerca da alimentação vegetariana, quer do ponto de vista de saúde, quer do ponto de vista ético e social.

Mais do que alimentação por si só, a alimentação vegetariana está associada a movimentos ambientais e

socio conscientes.

De facto, um estudo conduzido pela NIELSEN (2017), a pedido do Centro Vegetariano[38], veio

comprovar essa tendência de crescimento em Portugal. Uma vez que no ano de 2017 a população

portuguesa comprometida com o regime alimentar vegetariano aproximava-se dos 1,2% dos portugueses

(120 mil), sendo que metade desses portugueses eram vegans. Estes valores praticamente quadruplicaram

desde o ano de 2007.Verificou-se ainda uma alteração de comportamentos por parte dos portugueses, que

apesar de manterem o consumo de carne e outros produtos de origem animal, têm reduzido

progressivamente o recurso a esses produtos.

Já no que, ao conhecimento e interesse relativamente à informação nutricional da dieta

vegetariana, diz respeito, 42% da população portuguesa acredita que este tipo de alimentação fornece todos

os nutrientes necessários a uma alimentação saudável, em contraste com 33% que discorda [40].

O crescente aumento de portugueses interessados e curiosos pôr este tipo de alimentação tem levado a um

incremento, na procura de produtos que satisfaçam quer, a sua ideologia, quer as suas necessidades

nutricionais. Deste modo, o outrora nicho de mercado, está a ganhar espaço na economia portuguesa. Como

tal, torna-se fundamental a adaptação e formação do farmacêutico nesta área, de modo, a que este possa

aconselhar os seus utentes da melhor forma, garantindo que as suas necessidades nutricionais são supridas,

quer por planeamento nutricional, quer por recurso a suplementos e alimentos fortificados[41].

Similarmente, na literatura cientifica tem-se constatado um crescente interesse por este campo, não só

relativa ao estudo dos padrões alimentares, mas sobretudo dos benefícios inerentes a esta condição, sendo

corroborado pelo crescimento exponencial do número de artigos pulicados neste âmbito nos últimos 40

anos. Por conseguinte, foi possível validar a ligação entre este modo de vida e a prevenção de eventos

coronários, obesidade, diabetes, doença oncológica, condições profundamente prevalentes na sociedade.

Estes estudos atestam não só a importância de incluir fontes vegetais na alimentação quotidiana, como o

apanágio de uma alimentação, exclusivamente baseada, em produtos de origem vegetal com repercussões

protetoras da saúde[4]. Efetivamente, inúmeras substâncias, tais como isoflavonas, fitoesterois, lignanas e

carotenoides, presentes em variadíssimas fontes vegetais, têm sido caracterizadas como substâncias

antioxidantes e com propriedades anti-inflamatórias, com ação na proteção contra o stress oxidativo celular.

Inclusive algumas destas substancias são isoladas e usadas na terapêutica e como profilaxia.

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Ana Sofia Gomes 21

1.1.1 Classificação das diferentes dietas vegetarianas: O Vegetarianismo é o conceito que visa definir um regime alimentar que dá preferência a

alimentos de origem vegetal e que exclui perentoriamente o consumo de carne e peixe, podendo ou não

incluir produtos lácteos, mel e ovos conforme o tipo de regime. Deste modo, podemos classificar os

vegetarianos em diferentes subcategorias, de acordo com a suas convicções e restrições alimentares.

Os Ovo-lacto-vegetarianos: seguem uma das dietas mais comuns entre a população vegetariana.

Excluem o consumo de carne e peixe, mas incluem a ingestão lacticínios e ovos, os quais são ótimas fontes

de proteína, gordura, vitamina D ( colecalciferol), cálcio, e vitamina B12 (cianocobalamina)[41].

Os Ovo-vegetarianos: excluem o consumo de lacticínios, carne e peixe, contudo permitem o

consumo de ovos.

Os Lacto-vegetarianos: excluem o consumo de ovos, carne e peixe, contudo permitem o consumo

de lacticínios.

Os Vegans e vegetarianos estritos: excluem qualquer produto de origem animal, desde “carne,

e ovos (e seus derivados), lacticínios, mel, gelatina (exceto a de origem vegetal), banha, ovas, insetos,

moluscos, crustáceos, entre outros, e todos os produtos que os contenham.” Relativamente a alimentos

processados, todos os que contenham aditivos de origem animal, tais como “ gordura animal, corantes

(como o ácido carmínico - E120), caseína e glicerina” não são legítimos de ingerir. Os vegans para além

das restrições alimentares, excluem qualquer produto em que haja exploração ou crueldade para com os

animais; sejam alimentares, cosméticos, vestuário, entre outros[39].

1.1.2 Identificação de carências nutricionais: De modo a que um adulto consiga atingir as doses recomendadas de macro e micronutrientes, não

deverá ingerir menos de 2000 kcal, independentemente do seu padrão alimentar ou faixa etária, o que

facilmente acontece nas dietas vegetarianas graças a ingestão de alimentos com elevado valor calórico, tais

como sementes, frutos secos e gorduras vegetais. 1.1.2.1 Macronutrientes

Dietas restritivas, não adequadamente planeadas, que sejam pobres nutricionalmente vão acarretar

consequências nefastas para a saúde e desempenho destes indivíduos. As recomendações para as DRIs

(Dietary Reference Intakes) estabelecem a percentagem de “ingestão calórica” de hidratos de Carbono

(HC), lípidos e proteína, respetivamente entre os 45 a 65%, 25 a 35% e 10 a 35%. Embora a substituição

das fontes animais por fontes exclusivamente vegetais venha alterar as proporções de ingestão calórica,

estas mantêm-se dentro do recomendado pelas DRIs.

1.1.2.1.1 Hidratos de carbono

Apesar de diversos estudos verificarem uma ingestão de maior quantidade de hidratos de carbono

(HC) por parte de vegetarianos, estes valores não ultrapassam as recomendações. Estes têm uma grande

diversidade de fontes de HC e devido ao elevado aporte de leguminosas, frutas e hortícolas,

consequentemente a quantidade de fibra é concomitantemente maior, quando comparada com omnívoros.

Fontes naturais: cereais e derivados, leguminosas, tubérculos e frutas.

Carências: sem necessidade de aporte adicional.

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Ana Sofia Gomes 22

1.1.2.1.2 Lípidos

De modo a suprir as necessidades nutricionais do organismo, a ingestão de gorduras deve provir

de diferentes fontes, e devem ser consumidas nas proporções recomendadas, de forma a colmatar as

carências dos diferentes lípidos essenciais ao bom funcionamento do organismo.

Quando comparamos a ingestão de lípidos entre vegetarianos e omnívoros, comprovamos que de modo

geral, devido à restrição de fontes animais, tanto a gordura total como os ácidos gordos (AG) saturados são

menores nos vegetarianos, sendo que a ingestão dos AG monoinsaturados é semelhante em ambas as dietas.

Contudo o maior consumo de sementes, frutos secos e óleos vegetais fomenta uma maior ingestão de AG

polinsaturados

1.1.2.1.2.1 Ácidos gordos

Dentro dos ácidos gordos polinsaturados, incluem-se os ácidos gordos essenciais, ómega-3 (w-3)

e os ómega 6 (w-6), os quais não são sintetizados pelos seres humanos, e como tal devem ser incluídos na

dieta. Apesar de não serem sintetizados pelo organismo, conseguimos converter endogenamente o ácido α-

linolénico (ALA) às suas formas ativas, em ácido eicosapentaenóico (EPA), posteriormente em ácido

docosahexaenóico (DHA), enquanto que o ácido linoleico (LA) é convertido em ácido araquidónico (AA).

Contudo a taxa de conversão quer do ALA, quer do LA é muito baixa, sendo dependente dos polimorfismo

da enzima conversora e do rácio w-6: w-3, uma vez que estes competem pela mesma enzima. Por

conseguinte o aporte excessivo de ácido linoleico vai exponenciar a conversão de “ eicosanóides pro-

inflamatórios”, que vão oxidar as lipoproteínas de baixa densidade, conhecidas como colesterol LDL e por

outro lado vai inibir a a conversão do ALA em EPA e DHA por competição pelo local ativo da enzima

conversora.

Funções: “transporte de oxigénio, o armazenamento de energia, a constituição da membrana celular, a

regulação da proliferação celular e função imunitária (incluindo inflamação)”.

Carências: Apesar do aporte de ALA ser semelhante entre omnívoros e vegetarianos, os vegetarianos

tendem a ingerir mais LA enquanto que, o EPA e DHA estão praticamente ausentes na alimentação vegan

e pouco significante nas ovo-lacto-vegetarianas. É fundamental garantir o cumprimento do rácio w-6: w-3

de 2:1 a 4:1). Estes défices nutricionais podem ser supridos através da ingestão de alimentos fortificados.

De relembrar que a importância de privilegiar as gorduras monoinsaturadas, como o azeite, em detrimento

de gorduras trans e hidrogenadas presentes em alguns alimentos processados.

Fontes naturais: algas e microalgas são fontes de EPA e DHA, enquanto que sementes/óleos de linhaça,

soja, cânhamo, chia, nozes e beldroegas têm elevados teores de ALA.

1.1.2.1.3 Proteína

São substâncias azotadas, constituídas por cadeias de aminoácidos, os quais podem ser

classificados como essenciais ou não essenciais, dependendo se são ou não sintetizados pelo organismo. A

“qualidade proteica” depende de três características: a digestibilidade. Biodisponibilidade e conteúdo em

aminoácidos (AA). Alimentos de origem animal, como a “carne o peixe, lacticínios e ovos”, e alguns de

origem vegetal, como a “soja, quinoa e amaranto” são considerados alimentos de alto teor biológico pois

contêm teores elevados de AA essenciais. No caso das proteínas de fontes vegetais, embora apresentem

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes 23

todos AA essenciais, as quantidades de um ou mais é baixa. Como tal, dietas vegetarianas exigem uma

diversidade elevada de vegetais de modo a conseguir suprir as necessidades de todos os AA essenciais.

Quanto menor a qualidade proteica do alimento, maior terá de ser a quantidade ingerida de modo

a suprir as necessidades proteicas. Contudo, não é requerido que em cada refeição se cumpram as

necessidades de cada AA essência, uma vez que o nosso organismo é capaz de manter um pool, no musculo-

esquelético, desde que se atinjam os valores recomendados ao longo do dia. Além disso a microbiota

intestinal também sintetiza alguns AA essenciais, retificando as refeições que não atingem os valores

recomendados. Relativamente à digestibilidade, devido à parede celular vegetal, as proteínas de origem

vegetal têm uma digestibilidade (“85% vs 95%”). Quando esta parede celular é removida, por demolhar,

descascar e germinar leguminosas, estas proteínas têm digestibilidade semelhante aos alimentos de origem

animal (>90%). Por outro lado, substâncias naturalmente presentes nos alimentos como fitatos, fibra,

hemaglutininas, taninos e inibidores de tripsina podem afetar a digestibilidade [40].

Carências: não foi demonstrada o risco de deficiência no aporte de proteína.

Fontes naturais: “leguminosas, produtos à base de soja, cereais integrais, pseudocereais (quinoa, amaranto

e trigo sarraceno), frutos gordos, sementes, lacticínios e ovos”[41].

1.1.2.2 Vitaminas

“A ingestão de vitamina E, vitamina K, vitamina C, folatos, riboflavina e tiamina em vegetarianos é

habitualmente adequada”[41]

1.1.3.2.1 Vitamina B12:

A vitB12, ou cobalamina é sintetizada exclusivamente por microrganismos, algas, bactérias e

fungos. Deste modo, os animais têm de adquirir esta vitamina através da ingestão ou através da produção

através da microbiota intestinal. No caso das plantas, também não produzem e por isso dificilmente contêm

esta vitamina. A depleção das reservas desta vitamina, surge apenas alguns anos após o início de uma dieta

nutricionalmente pobre, uma vez que existe recirculação da mesma na bílis (cerca de 65 a 75% da VitB12

é reabsorvida). A deficiência em VitB12 pode suscitar uma anemia megaloblástica, resultante da

diminuição do número de divisões celulares dos glóbulos vermelhos, assim como alterações neurológicas,

associadas a demência.

Função: é essencial tanto para síntese do ácido desoxirribonucleico (ADN) como a nível das bainhas de

mielina dos neurónios, sendo responsável pela manutenção da sua integridade.

Carências: As anemias por deficiência em vitB12, em vegetarianos, podem ser facilmente mascaradas

devido às elevadas quantidades de ácido fólico presentes nos vegetais. Nestes casos, muitas vezes só se

apercebem desta deficiência, quando surgem os sintomas neurológicos, tais como a perda de concentração,

diminuição da sensibilidade periférica, dificuldade em caminhar. Podendo estes ser irreversíveis. Enquanto

que os ovo-lacto-vegetarianos podem ingerir esta vitamina através do dos lacticínios no entanto, poderá

não ser suficiente. Os vegetarianos não têm nenhuma fonte e por isso devem ingerir alimentos fortificados

e suplementos.

Fontes naturais: “lacticínios, ovos, extrato de levedura, bebidas vegetais e cereais de pequeno-almoço”[41].

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Ana Sofia Gomes 24

1.1.3.2.2 Vitamina D:

A vitamina D é sintetizada na superfície da pele, após exposição solar direta, ou adquirida através

da ingestão de alimentos ricos nesta vitamina. O ergocalciferol (vitD2) resultante da irradiação do

ergoesterol presente na levedura, por radiação ultravioleta, parece ser eficiente na manutenção seus níveis

séricos de 25-hidroxivitamina D. As causas para esta deficiência podem ser as mais variadas, desde baixa

síntese devido a deficiência em exposição solar direta, fraca absorção e metabolismo relacionados com

doenças hereditárias ou mesmo adquiridas.

Funções: é essencial para o processo de mineralização óssea, para a absorção do cálcio e do fosforo,

regulação dos sistemas imunitário, muscular e imunitário, e é responsável pelo controlo de mais de 200

genes, entre eles os responsáveis pela angiogénese, regulação da diferenciação e proliferação celular e

apoptose.

Carências: quer a população vegetariana, quer a restante população em geral não atingem as

recomendações de vitamina D.

Fontes naturais: ovos, cereais, leite de soja e ação do sol na pele.

1.1.3.2.3 Vitamina A:

Corresponde a um complexo de vários composto, incluindo o ácido retinóico, o retinolaldeído e o retinol.

Funções: é essencial para a preservação do sistema imunitário, “crescimento, diferenciação e proliferação

celular e visão

Carências: apesar de na dieta vegetariana existir elevada ingestão de carotenoides (equivalentes ao retinol),

como a sua dieta é em geral pobre em gordura, o facto desta vitamina ser lipossolúvel irá comprometer a

sua absorção.

Fontes naturais: o retinol está presente em alimentos de origem animal, produtos hortícolas e frutas. É

recomendada a ingestão de alimentos ricos em betacarotenos (pró-vitamina A), presentes em frutas e

produtos hortícolas de cor laranja, amarelo e verde.

1.1.3.3 Minerais e oligoelementos:

“A ingestão de manganês, cloro, flúor e molibdénio é habitualmente adequada em indivíduos

vegetarianos”[41].

1.1.3.3.1 Ferro:

Uma vez que a capacidade de excreção do ferro é limitada, as suas reservas são reguladas pela

absorção intestinal. Assim sendo, uma falha na absorção ou ingestão de ferro, o organismo recorre às suas

reservas, até que estas se esgotem, seguindo-se de uma diminuição da síntese de hemoglobina, culminando

no desenvolvimento de uma anemia, com todas as consequências inerentes.

Este mineral está presente nos alimentos em duas formas, heme e não heme. Enquanto que o ferro

heme está presente em produtos de origem animal e apresenta uma absorção de entre 15 a 35%, o ferro não

heme, encontrado nos produtos de origem vegetal, é pouco absorvido (2 a 20%). A absorção do ferro não

heme é inibida pelo “cálcio, fitato, polifenóis (taninos e catequinas) presentes no chá́, café́, especiarias

(açafrão, chili) e cacau” que estão associados à redução da acidez gástrica e ao aumento do “estado

inflamatório”[40].

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Ana Sofia Gomes 25

A ingestão de alimentos ricos em fibra está muitas vezes associada à inibição da absorção de ferro,

no entanto esta inibição não se deve à presença da fibra, mas sim dos fitatos. Já a vitamina C, os ácidos

orgânicos, vitamina A e β-carotenos são responsável por promover quer a absorção do Ferro, como a

conversão de ferro férrico em ferroso, forma com maior absorção.

Funções: É essencial na formação de mioglobina e hemoglobina, na produção de enzimas, no metabolismo

energético (essencial na cadeia transportadora de eletrões mitocondrial).

Carências: Em virtude da menor biodisponibilidade de ferro nas fontes vegetais, a IDR é maior em 80%

para a população vegetariana. É de ressalvar que a deficiência em ferro deve ser sempre tratada por via

medicamentosa, em quantidades muito superiores à obtida pela dieta.

Fontes naturais: ferro não-heme:” leguminosas, cereais integrais, tofu, vegetais de cor verde escura,

sementes, frutos gordos, e tempeh”[41]. No caso dos ovo-lacto-vegetarianos, os ovos são uma fonte de ferro.

A absorção de ferro provenientes de leguminosas, sementes e grãos pode ser aumentada, após a sua

demolha, pois vai diminuir o seu conteúdo em fitados.

1.1.3.3.2 Zinco:

Apesar de estar presente tanto em fontes animais como vegetais, nos produtos vegetais encontra-

se numa forma menos biodisponível, muito devido à presenta de fitatos que vão comprometer a absorção

de zinco. A presença de elevadas quantidades de lisina (AA essencial) presentes em muitas leguminosas,

também vai interferir com a absorção deste mineral. Por este motivo, a ingestão de zinco é menor nas

dietas vegetarianas.

Funções: indispensável para as funções metabólicas, com funções estruturais, catalisadoras e reguladoras,

com um papel vital no sistema imunitário.

Carências: Devido à presença de fitatos nos produtos vegetais, a IDR é maior em 50% na população

vegetariana.

Fontes naturais: “cereais integrais e derivados, leguminosas, frutos gordos, sementes, ovos e lacticínios.”

1.1.3.3.3 Cálcio:

Através de mecanismos de adaptação conseguem reter maior quantidade de cálcio que os não

vegetarianos, e apresentam densidade óssea similar. Contudo o aporte proteico deve estar bem regulado,

uma vez que quando em excesso pode aumentar a taxa de filtração glomerular, diminuindo a reabsorção

tubular de cálcio. Por outro lado a deficiência em proteína também é prejudicial. Também o sal vai aumentar

a excreção urinaria de cálcio (perda adicional de 25 mg de cálcio, na urina, por cada grama de sódio.

Funções: Essencial na manutenção dos ossos e dentes, função muscular e nervosa e coagulação sanguina.

Carências: A ingestão de cálcio no ovo-lacto-vegetarianos tende a ser igual ou superior aos omnívoros, no

entanto os vegetarianos tendem a ingerir menos quantidade deste mineral e como tal devem dar primazia a

alimentos ricos no mesmo.

Fontes naturais: “lacticínios, hortícolas de cor verde escura, leguminosas, lacticínios, frutos secos e

sementes.

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Ana Sofia Gomes 26

1.1.3.3.4 Iodo:

Relativamente ao teor de iodo das plantas, este depende da concentração deste no solo. Em locais

próximos do mar a concentração deste elemento é tendencialmente superior

Funções: crucial para a função tiroideia, a qual é responsável pela regulação do metabolismo celular,

decisivo para o crescimento e desenvolvimento dos órgãos, nomeadamente, do cérebro.

Carências: Vegetarianos que não ingiram alimentos fortificados ou suplementos geralmente não suprem

as necessidades do organismo.

Fontes naturais: lacticínios, algas e sal iodado.

1.1.3.3.5 Selénio:

Funções: é componente das selenoproteinas, como a enzima glutatião peroxidases, responsável para

proteção contra o stress oxidativo provocado pela ação dos radicais livres nas membranas celulares. É ainda

responsável pela regulação da síntese das hormonas tiroideia. É de notar que os níveis de selénio são

primordialmente influenciados pela quantidade presente no solo e não tanto pela dieta.

Carências: Tendencialmente a população vegetariana ingere menos quantidade de selénio.

Fontes naturais: ovos, cereais e derivados, sementes.

1.1.3.3.6 Potássio:

Funções: crucial para a manutenção e regulação da tensão arterial, relacionado com a diminuição do risco

de vento cardiovascular, associado à maior retenção de cálcio pelo osso. É abundante em produtos

hortícolas e frutas.

Carências: pouco frequentes (geralmente vegetarianos têm maior ingestão)

Fontes naturais: abundante em produtos hortícolas, fruta, tubérculos, e frutos secos.

1.1.3.3.7 Magnésio:

Apesar de se encontrar abundantemente nas camada externa de grãos e cereais, por estes

apresentarem elevados teores de fitatos e fibra, os quais diminuem a absorção magnésio, a absorção deste

oligoelemento é equilibrada.

Funções: regulação da homeostasia óssea e para a ativação enzimática..

Carências: sem carência especifica em vegetarianos.

Fontes naturais: algas, cereais, frutos secos, leguminosas e sementes.

1.1.3.3.8 Fósforo:

Funções: essencial nos processos de mineralização óssea (onde está armazenado 88% do fósforo no

organismo), manutenção do equilíbrio ácido-base, transporte de nutrientes, metabolismo energético e é

ainda componente indispensável das membranas (formadas por fosfolípidos), ácidos nucleicos e da

adenosina trifosfato (ATP).

Carências: Devido à ingestão de alimentos contendo elevado teor de fitatos, os vegetarianos acabam por

absorver menos fósforo (assim como utilização de antiácidos e suplementos contendo carbonato de cálcio.

Contudo os níveis séricos de fósforo costumam estar de acordo com o recomendado.

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Fontes naturais: ovos, leguminosas, lacticínios, frutos secos e cereais integrais.

1.1.3 Fortificação versus Bio-enriquecimento: Enquanto que, a fortificação de alimentos visa a introdução de forma artificial do nutriente no

alimento, o bio-enriquecimento visa a introdução do nutriente no alimento através da fermentação deste

,utilizando um microrganismo especificamente selecionado, capaz de sintetizar o nutriente pretendido.

Sugestões de alimentos fortificados e enriquecidos por nutriente:

a) Omega-3 e DHA: pão enriquecido em DHA e bebida vegetal fortificada com ómega-3.

b) Vitamina B12: Bebidas e iogurtes vegetais fortificados com vitaminas B e D, levedura nutricional.

c) Vitamina D: bebidas e cremes vegetais, pão e cereais fortificados com ergocalciferol, ovos (em

ovo-vegetarianos) provenientes de galinhas alimentas com algas.

d) Vitamina A: óleo vegetal, cremes e bebidas vegetais, açúcar, bolachas e massas (cereais).

e) Ferro: é difícil de fortificar devido à complexação, no entanto é possível em cereais, farinhas pão.

f) Zinco: cereais (trigo e aveia).

g) Cálcio: sumo maça/laranja, cereais matinais fortificados e bebida de soja, arroz, amêndoa e aveia

enriquecida, tofu.

h) Iodo: sal iodado.

i) Selénio: cereais, massas e pão integral.

j) Magnésio: bebidas e iogurtes vegetais, sumos e bolachas [42].

1.1.4 Interações entre micronutrientes:

A adição de nutrientes deve ter sempre em consideração as interações entre os nutrientes e

constituintes do alimento.

a) Selénio vs Iodo: o selénio é essencial para a conversão da tiroxina em triiodotironina, pois a enzima

conversora (deiodinase) é selenodependente. Deste modo, indivíduos com carência em selénio e iodo

devem fazer suplementação concomitante, pois a suplementação exclusiva com selénio pode resultar

numa elevada produção de triiodotironina a partir de tiroxina residual, podendo provocar uma inibição

da libertação de TSH agravando o cenário de hipotiroidismo[43].

b) Ferro vs Vitamina C: a vitamina C vai facilitar a absorção de ferro não heme. Além disso a vitamina

C também influencia a libertação do ferro das células endoteliais, afetando o seu transporte e

armazenamento. A influência da vitamina C é mais acentuada em refeições que contenham elevadas

quantidades de fitatos e polifenóis, que tendencialmente condicionam negativamente a

biodisponibilidade do ferro. A vitamina C vai manter o ferro na forma solúvel, biodisponível[44].

c) Ferro vs Vitamina A: há uma relação direta entre os níveis séricos de retinol e hemoglobina. Além

do mais, estudos concluem que deficiência em vitamina A, vai lesar a mobilização das reservas de

ferro, assim como a hematopoiese. Contudo, tem pouca influência na absorção de ferro [45].

d) Zinco vs vitamina A: o Zinco é indispensável para a proteína ligante do retinol (RBP), responsável

pelo transporte, do fígado para os tecidos alvos, da vitamina A. A dificuldade no transporte da vitamina

A, manifesta-se clinicamente por episódios de cegueira noturna[46].

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Ana Sofia Gomes 28

e) Ferro vs Zinco: o ferro vai diminuir a biodisponibilidade de zinco e vice-versa. Quando se inicia um

esquema terapêutico de compensação de uma anemia, não se deve descorar os índices de zinco. Por

outro lado, excesso de zinco pode interferir com a utilização do ferro, traduzindo-se na diminuição dos

valores de hematócrito[47]. f) Ferro vs Cálcio: o cálcio vai diminuir a biodisponibilidade de ferro. De acordo com um estudo de

GLEERUP et al. (1995), refere a inibição de ferro heme provocada pela ingestão simultânea com

suplementos de cálcio. “ Adições até 300mg, corresponderiam a um declínio de 50 a 60% na absorção

do ferro não heme”[48]. g) Cálcio vs Zinco: na presença de fitatos, presentes em elevada quantidade em produtos vegetais, esta

interação têm, ainda, um efeito mais pronunciado, pois vão formar complexos Ca:fitato/Zn, que vai

afetar negativamente o equilíbrio de zinco no organismo. Um estudo de WOOD & ZHENG (1997),

demonstra ainda, que a ingestão de “600mg de cálcio junto com a refeição, diminui a absorção de zinco

em 50%”, o que vai provocar um aumento das necessidades de zinco[49].

1.1.5 Suplementação recomendada: Existem diversos multivitamínicos, que idealmente seriam uma boa opção para minimizar as

carências nutricionais associadas a estes regimes alimentares mais restritivos. Contudo, e como já foi

mencionado, a toma concomitante e simultânea de vários macro e micronutrientes, pode inclusive agravar

as carências por interações entre os diferentes nutrientes. Além disso, as quantidades presentes nestes

complexos multivitamínicos é na maioria dos casos insuficiente para suprir as necessidades. Deste modo,

o ideal é verificar o perfil nutricional de cada indivíduo, identificando as necessidades e só depois

estabelecer o regime de suplementação.

1.2 Métodos e Objetivos: Este projeto surgiu de uma necessidade crescente da farmácia. Uma vez que se trata de uma farmácia

muito voltada para produtos naturais e homeopatia, é cada vez mais frequentada por utentes com dietas e

éticas vegetarianas e vegans. Como tal, surgiu a necessidade de adaptar a própria farmácia a este novo

padrão de utentes, de modo a poder proporcionar não só o melhor aconselhamento farmacêutico como os

melhor produtos para o efeito. Deste modo, este projeto, tentou ir de encontro a essa ânsia.

Para tal, comecei por fazer um estudo acerca das necessidades nutricionais mais frequentes e dos

suplementos usados de modo a colmata-las, a partir dessa pesquisa, elaborei posters (ANEXO I.) de modo

a serem afixados na farmácia, estando adaptados para serem publicados nas redes sociais da farmácia. Outra

etapa do projeto passou pela elaboração de panfletos (ANEXO II.) de modo a permitir que os utentes

levassem “a informação para casa” alargando assim a amplitude de pessoas abrangidas pela informação.

Numa última etapa, procurei determinar qual o nível de conhecimento da população em geral, sobre

a alimentação e suplementação vegetariana, através de um questionário online, constituído por perguntas

de diferentes dificuldades, consoante o nível de conhecimento sobre a temática. Para completar o meu

projeto realizei, ainda, uma entrevista farmacêuticas a uma jovens vegan, de modo a elaborar um caso

clínico, avaliando não só o perfil alimentar como o estado nutricional.

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Ana Sofia Gomes 29

1.3 Resultados e discussão: 1.3.1 Posters e panfletos:

Obtive um feedback positivo, constituindo mais uma ferramenta de apoio, quer aos colaboradores

da farmácia quer aos utentes, sejam ou não praticantes desta alimentação.

1.3.2 Questionário:

Contou com a participação de 187 indivíduos. O questionário (ANEXO III.) é composto por 18

questões de verdadeiro ou falso, sendo cinco consideradas fáceis (1 ponto cada), nove medianas (2 pontos

cada) e quatro difíceis (3 pontos), completando um total de 35 pontos. Na Figura 1 verificamos que, os

resultados se encontram entre os 9 e os 35 pontos, com uma média de 21,65 pontos em 35 (62%). No final

de cada questionário, o participante tem acesso à solução e à explicação de cada questão (ANEXO IV.)

Média resultados das questões fáceis: 3,3 pontos em 5 (66%)

Média resultados das questões medianas: 10,8 pontos em 18 (60%)

Média resultados das questões difíceis: 7,6 pontos em 12 (56%)

Questão fácil mais vezes errada:

“A toma de multivitamínicos é preferível à toma de suplementos específicos adequados às carências

nutricionais”

Questão mediana mais vezes errada:

“O omega-3 está presente em produtos de origem vegetal, enquanto que o omega-6 existem em maior

quantidade em produtos de origem animal”

Questão difícil mais vezes errada: “Apesar de uma dieta vegetariana ser rica em alimentos com elevado teor de vitamina A, como a sua dieta

é em geral pobre em gordura, vai haver um compromisso da sua absorção, pois esta é hidrossolúvel.”

Na Figura 2 verificamos que, os participantes erraram em média 37% das questões. Destas

Errando mais questões fáceis (9%) e medianas(20%), do que difíceis (8%). No entanto, acertaram mais

questões fáceis (19%) e medianas (30%), do que difíceis (14%).

Se analisarmos questão a questão, observamos que a perceção da informação chave, não só acerca

do vegetarianismo, mas acerca da interação entre alimentos e carências nutricionais é muito baixa.

FIGURA 1. RESULTADOS DOS INQUÉRITOS FIGURA 2. PERCENTAGEM DE QUESTÕES ERRADAS E CERTAS DE ACORDO COM DIFICULDADE

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Ana Sofia Gomes 30

1.3.3. Caso Clínico:

1. Dado biográficos: 19 anos, sexo feminino, estudante.

2. Historial clínico: sem doenças crónicas conhecidas.

3. Medicação: anticoncecional oral (clarissa); suplementação de ferro (folifer) iniciada após 20.08.2020.

4. Início da dieta vegetariana: 2 anos

5. Início da dieta vegan: 2 meses

6. Perfil alimentar - Opções frequentes:

o Pequeno almoço: papas de aveia; proteína de banana com cereais e sementes; pão com manteiga;

iogurte com banana e cereais.

o Almoço: arroz com feijão (sempre) com acompanhado com outro produto vegetal ( tofu, seitan, soja,

grão de bico).

o Jantar: frequentemente o que sobra do almoço, excecionalmente (fim-de-semana) opções vegan de

pizza, hambúrguer ou pastel brasileiro.

7. Exames bioquímicos:

8. Aconselhamento Farmacêutico:

Tendo em consideração que o primeiro boletim analítico, apresentado na Tabela 3 é referente ao

período correspondente ao primeiro ano de implementação da dieta ovo-lacto-vegetariana, observamos a

existência de determinados parâmetros que levantam algumas preocupações. Podemos verificar que,

embora, os valores de HB, GV, ferro e ferritina, se encontrem dentro dos valores referência, estão muito

próximos do valor mínimo. O que pode ser indicativo da instalação de uma situação anémica. Além disso,

verificam-se níveis de vitamina D extremamente baixos, o que pode ser indicativo, de ingestão insuficiente

de vitamina D. Contudo, como as análises foram feitas durante o inverno, concluímos que os valores baixos

TABELA 3. RESULTADOS ANALÍTICOS DOS EXAMES BIOQUÍMICOS REALIZADOS A 19.02.2020

TABELA 4. RESULTADOS ANALÍTICOS DOS EXAMES BIOQUÍMICOS REALIZADOS A 28.08.2020

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Ana Sofia Gomes 31

também se deveram à falta de exposição solar recorrente neste período. Relativamente à ingestão de lípidos,

verificamos que, embora o colesterol total, colesterol LDL e colesterol HDL estejam dentro dos valores

referência, o colesterol HDL está no limiar inferior. No caso dos oligoelementos, verificamos a sua

conformidade com os valores referência, tendo contudo alguma atenção aos níveis de vitamina 12. Apesar

de estar conforme o intervalo recomendado, a deficiência nesta vitamina, só se faz notar cerca de dois anos

após o início da dieta restritiva, uma vez que existe a sua recirculação, como tal, é de extrema importância

estar atento aos seus níveis.

Quando analisamos os resultados analíticos do segundo boletim, apresentado na Tabela 4 passados

seis meses, verificamos que, os níveis de ferro estão já em défice, os valores de ferritina subiram

ligeiramente (o que é frequente em estados anémicos, tratando-se de um mecanismo do organismo, para

tentar disponibilizar mais ferro para a hematopoiese). Observamos, ainda, uma descida do valores de ácido

fólico e vitamina B12, indicando que há claramente um insuficiente aporte destes nutrientes e que

possivelmente o organismo já está a usar as reservas. Relativamente à vitamina D, houve um aumento do

valor, contudo ainda muito perto do limiar inferior, que se deve provavelmente ao aumento da exposição

solar, uma vez que as análises foram feitas no período de verão. Relativamente aos restantes parâmetros

não foi pedida análise por isso não conseguimos determinar a evolução. Contudo, dado o regime alimentar

da jovem, sereia benéfico o acompanhamento periódico do estado nutricional da mesma, incluindo o

doseamento de outros nutrientes, como o iodo, o zinco, a vitamina A e o selénio, de modo a evitar ou

corrigir as carências causadas pelo regime alimentar.

Relativamente ao perfil alimentar é de salientar que a jovem apesar de tentar integrar todos os grupos

alimentares na dieta, carece de algo importante, da variedade de fontes alimentares. Pois apesar, de ser

possível encontrar todos os aminoácidos essenciais nos produtos vegetais, nem todos apresentam os 9

aminoácidos essenciais, nem em quantidades suficientes para suprir as carências. Da mesma forma que

diferentes alimentos são ricos em diversas vitaminas e oligoelementos. Como tal, é imperativo, sobretudo

em dietas restritivas, apostar na diversidade de alimentos de modo a conseguir atingir as quantidades

necessárias de cada um.

De modo a tentar fortalecer a ingestão do nutrientes em falta, pode apostar em alimentos fortificados

ou bio-enriquecidos. Nomeadamente levedura nutricional que pode ser incorporada nos cozinhados e que

é bio-enriquecida em vitamina B12 e vitamina D; bebida ou iogurte vegetal fortificados com vitamina D e

B12, pão e cereais fortificados com ergocalciferol (vitamina D) e ferro. O ácido fólico está presente em

elevada quantidade em leguminosas, contudo também pode ser encontrado em aveia e arroz fortificado.

Tendo em conta a informação disponibilizada, seria importante, não só fazer a suplementação de

ferro e ácido fólico (que iniciou recentemente), como também suplementação de vitamina B12 (que é de

difícil obtenção nestes regimes restritivos por via da dieta), vitamina D e vitamina C (vai aumentar a

biodisponibilidade do ferro, deve ser feita em simultâneo). É de notar que níveis baixos de vitamina A estão

muitas vezes correlacionados com níveis baixos de ferro, pois esta vitamina, está relacionada com a

mobilização do ferro e como tal é importante fazer o seu doseamento. É ainda de ressalvar que, de modo

a fazer uma absorção correta do ácido fólico é imperativo evitar a ingestão de alimentos ricos em cálcio,

polifenóis(café e chá), zinco, fitatos (geralmente presentes em alimentos muito ricos em fibra) e cacau; em

simultâneo ou próximo da toma do suplemento.

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Ana Sofia Gomes 32

1.4 Conclusões: O projeto em si foi muito bem recebido pela farmácia e permitiu-me retirar diversas conclusões.

Relativamente ao questionário concluímos que o conhecimento, por parte do cidadão comum, relativamente

a este padrão alimentar, é ainda muito parco. O que é verdadeiramente inquietante, pois muita da

informação disponibilizada é útil independentemente do grupo populacional que está em foco. Por

conseguinte, creio que seja de valorizar a realização de campanhas de informação e desmitificação neste

âmbito.

Relativamente ao caso clínico, verificamos um desconhecimento de alguns conceitos importantes que

poderiam prevenir a ocorrência de carências nutricionais, as quais podem ter repercussões graves se não

adequadamente corrigidas. O que acontece muitas vezes, pois a vontade de iniciar este processo ético e

social é maior do que o conhecimento adquirido neste âmbito.

Assim sendo, o papel do farmacêutico é crucial, de modo a não só auxiliar e aconselhar a melhor

forma de iniciar este regime, como para identificar e alertar para possíveis problemas, os quais poderão

exigir a implementação de medidas resolutivas ou profiláticas.

2. Interações farmacológicas em lares 2.1 Enquadramento teórico: Em consonância com a atual condição demográfica portuguesa (pirâmide invertida), resultante do

aumento da esperança média de vida e diminuição da natalidade, verificamos um sucessivo incremento no

número de idosos, sendo que estes, associado à idade avançada, vão padecendo e acumulando diversas

comorbilidades, o que resulta muitas vezes em situações de polimedicação. A questão da polimedicação,

infelizmente, está frequentemente conotada com “problemas relacionados com medicação” (PRM) sejam

estes causados, por falta de adesão à terapêutica, doses sub-terapêuticas ou sobredosagem, ou interações

entre fármacos, alimentos ou agentes químicos, os quais vão resultar em RNM, “resultados negativos

associados à medicação”.

Em Portugal, estima-se que cerca de 70% dos doentes que frequentam os cuidados primários de

saúde em idade adulta, sofram desta problemática, à qual está associada um aumento, quer das

hospitalizações, quer da própria mortalidade[52].

Num estudo realizado a nível hospitalar, na Noruega, observou-se uma taxa de ocorrência de

interações farmacológicas em pacientes medicados com 6 a10 fármacos próxima dos 7,0%, contudo este

valor em pacientes medicamentos com 16 a 20 fármacos, ascende aos 40,0%[53]. Inclusive um estudo

americano, identifica esta problemática como uma questão de saúde pública. Demonstrando que 18,2% das

mortes que ocorreram no serviço de medicina interna se deveram a reações adversas medicamentosas, as

quais muitas vezes se devem a interações farmacológicas.[54]

2.1.1 Fatores potenciadores de interações:

• Idade (conduz a alterações quer farmacodinâmicas, quer farmacocinéticas);

• Doença aguda severa;

• Alterações renais, hepáticas e cardíacas[55];

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Ana Sofia Gomes 33

• Perda massa muscular, diminuição dos níveis de albumina sérica e água corporal (causam alterações

na distribuição do fármaco)[55];

• Múltiplos médicos prescritores (pode conduzir a duplicação de medicação ou interações entre

fármacos) ;

• Múltiplas farmácias dispensadoras (menor controlo do cumprimento do regime terapêutico);

• Tempo de permanência no hospital e número de mudanças de serviço num hospital (maior

probabilidade de existirem erros de medicação)[51].

2.1.2 Interações farmacológicas em Idosos Devido aos fatores já acima referidos, os idosos constituem uma população para a qual o risco de

ocorrência de interações farmacológicas é muito elevado, com consequências particularmente nefastas dada

a sua condição. A polimedicação nesta população, advém não só das comorbilidades adquiridas ao longo

do tempo, mas também do tratamento de reações adversas a medicamentos prescritos para o tratamento de

uma doença primária. O mascarar de reações adversas com outros fármacos é deveras perigoso, pois poderá

acarretar outras reações adversas que serão, por sua vez, tratadas com mais fármacos, exponenciando os

RNM.

Num estudo desenvolvido em Estocolmo, conclui-se que a maioria da reações adversas

responsáveis por hospitalizações eram motivadas por interações medicamentosas, que deviam ter sido

previamente antecipadas e evitadas[56].

2.1.3 Tipos de interações medicamentosas: Farmacocinéticas: Relativas à absorção, distribuição, metabolismo e eliminação do fármaco. Através de

modelos matemáticos é possível prever-se as concentrações de um fármaco no organismo, em função do

tempo que decorreu, após a ingestão do mesmo. É extremamente útil para prever se a terapêutica está a ter

efeito sub-terapêutico, terapêutico ou tóxico[50, 51].

Farmacodinâmicas: Estas interações são mais complexas de detetar, do que as interações

farmacocinéticas, pois acarretam variações nos mecanismo de resposta celular, a nível dos órgãos alvos de

um determinado fármaco, que se irá traduzir na alteração quer do número, quer da sensibilidade dos

recetores, assim como modificações da expressão celular, por alteração de fatores de transcrição[51].

2.1.4 Mecanismos de interações farmacológicas:

• “Fora do copo”: incompatibilidades físico-químicas entre veículo e fármaco, por exemplo

aquando da preparação de injetáveis extemporâneos.

• No local de absorção: devido ao ambiente extremamente complexo do intestino, há possibilidade

de ocorrência de interações com outros fármacos presentes.

• Durante distribuição: competição pela ligação às proteínas plasmáticas entre dois fármacos, que

pode provocar o aumento dos níveis séricos de fármaco na forma livre, contribuindo para uma

possível reação adversa.

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes 34

• Nos recetores: quer interações especificas no mesmo recetor, quer interações menos precisas, no

mesmo órgão ou sistema.

• Durante metabolismo: provocadas, quer por indução, quer por inibição enzimática, provocada

pela administração de substâncias ou outros fármacos.

• Durante excreção: podem ocorrer no rim (por vezes resultando em efeitos terapêuticos), contudo

o resultado pode ser nefasto provocando uma RNM. São extremamente difíceis de prever devido

ao polimorfismo de cada indivíduo[51].

2.1.5 Alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento: Apesar, do processo de envelhecimento ser inevitável, contínuo e gradual, é fulcral perceber que

essas alterações vão acarretar mudanças na forma como os fármacos interagem com e no organismo. Deste

modo, é fundamental conhecer os órgão e sistemas mais comprometidos e perceber de que forma o seu

envelhecimento irá ter impacto na atividade dos fármacos.

• Atividade barorreceptora: a sensibilidade dos barorrecetores vai diminuindo progressivamente

com a idade, podendo causar episódios de hipotensão postural. Este fenómeno agrava-se em idosos

medicados com nitroglicerina, diuréticos e anti hipertensores.

• Função cardiovascular: o tratamento da hipertensão deve ser cuidadosamente planeado e

frequentemente monitorizado, uma vez que o uso de diuréticos conduz a uma acentuada

diminuição do volume de sangue circulante, diminuindo a irrigação sanguínea, podendo culminar

na instalação de um quadro de hipotensão ortostática. É ainda essencial a previsão e coibição de

interações com betabloqueadores e antagonistas do cálcio. Estes fármacos, por serem inotrópicos

negativos, diminuem a força de contração e por conseguinte o débito cardíaco, podendo despoletar

quadros de insuficiência cárdica. Deve fazer-se ainda uma monitorização da ocorrência de

possíveis interações com alfabloqueadores, antidepressivos tricíclicos e fenotiazinas.

• Função do Sistema Nervoso Central: na sequência de processos arterioscleróticos, a irrigação

cerebral de muitos idosos vai estar diminuída, como tal, na presença de fármacos lipossolúveis

capazes de atravessas a barreira hemato-encefálica, podem apresentar sensibilidade exagerada.

Sendo requerida uma monitorização frequente quando usados betabloqueadores, antidepressivos

tricíclicos, benzodiazepinas e antagonistas do cálcio.

• Sistema renina-angiotensina-aldosterona: em idosos com insuficiência renal tipo1 ou diabetes,

devido à etiologia destas doenças, vão apresentar valores de renina, angiotensina II e aldosterona,

diminuídos, o que irá provocar excreção de sódio e reabsorção de potássio aumentadas. Deste

modo, é indispensável a monitorização cuidadosa na administração de “poupadores de potássio”.

• Equilíbrio eletrolítico e de líquidos: o uso inadequado de diuréticos pode provocar desidratação

acompanhada de hipo ou hipernatrémia. Além disso, com o avançar da idade, há uma tendência

de perda de massa muscular e de volume de água corporal, e aumento de gordura corporal. Por

outro lado, vai ocorrendo uma diminuição do fluxo sanguíneo hepático, da função renal, e da

albumina sérica, estando associadas a alterações de natureza farmacocinéticas, nomeadamente de

distribuição dos fármacos no organismo[57].

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Ana Sofia Gomes 35

2.1.6 Interações Farmacológicas mais comuns em idosos:

• Antipsicóticos: interagem com anti-hipertensores e anti-Parkinson, resultando em hipotensão

ortostática, confusão/agitação e diminuição da eficácia.

• Ansiolíticos: interagem com antipsicóticos e antidepressivos, provocam um aumento da depressão

do SNC, resultando em letargia, confusão e frequentemente originando quedas.

• Antidepressivos: antidepressivos, anti-psicóticos, ansiolíticos, anti-parkinson, associado a

síndrome serotoninérgico, aumento da sedação do SNC, provocando agitação, confusão e quedas.

• Psicoestimulantes: antidepressivos, ansiolíticos, anti-parkinson, maior agitação, tremores,

insónias, diminuição da eficácia.

Para além das interações entre estes grupos de fármacos que atuam no SNC, os maiores problemas

iatrogénicos, surgem a partir de fármacos usados no tratamento de doenças cardiovasculares,

nomeadamente, digoxina, diuréticos e hipotensores.

É ainda frequente as alterações dos padrões de sono, nestas idades, sendo que 20% dos idosos,

habitualmente estão medicados com hipnóticos, os quais vão ser responsáveis por episódios de confusão,

hipotermia, incontinência e hipotermia[58].

2.2 Objetivo e Métodos: O objetivo principal deste projeto é determinar, caracterizar e avaliar potenciais interações

farmacológicas ocorridas numa residência sénior, de modo a compreender a sua frequência e etiologia, e

assim poder prevenir iatrogenias e solucionar os efeitos negativos que daí advêm.

A residência sénior em questão é a Carlton Life Porto, a qual tem uma população bem

caracterizada: utentes idosos, com múltiplas patologias, polimedicados, e muitas vezes com elevado grau

de dependência. A farmácia Aliança presta serviços a esta unidade (assim como a outras), na medida em

que é responsável por assegurar um farmacêutico, o qual é responsável pela unidade, pela validação da

farmacoterapia aí administrada e pela preparação dessa medicação em unidose individualizada.

A realização deste projeto só foi possível devido à disponibilidade quer da farmácia (que

possibilitou a presença e acompanhamento do trabalho realizado na unidade), quer da unidade sénior (que

facilitou o acesso à unidade e aos dados, sempre com o compromisso de confidencialidade subjacente).

Este projeto foi iniciado pouco tempo após o início do estágio curricular e prolongou-se no decorrer do

estágio. Contudo, durante o período de estado de emergência, provocado pela pandemia de COVID-19,

sofreu uma interrupção de modo a proteger quer os utentes e funcionários, quer nós próprios, uma vez que

foram diagnosticados utentes infetados com a doença. Após o período de estado de emergência, foi nos

possibilitado reencetar o projeto, após a implementação de medidas de proteção. Por conseguinte, este

projeto não foi tão exaustivo como seria pretendido, pois foram perdidos alguns dados devido à saída de

alguns utentes.

Recolha de dados e protocolo de atuação:

Numa fase inicial tive acesso ao cardex, documento onde se encontra o regime terapêutico de cada

doente, discriminando toda a medicação administrada e respetiva posologia, [ANEXO V]. Uma vez que a

unidade conta com a colaboração de diversos médicos, as alterações da terapêutica são frequentes. Deste

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Ana Sofia Gomes 36

modo, os dados recolhidos podem estar desatualizados relativamente ao período em que foi recolhida a

informação de cada utente. A cada utente foi atribuído um número de série, de modo a proteger a sua

identidade. Numa fase posterior, procedi a uma análise exaustiva de toda a medicação administrada

concomitantemente, a cada utente participante [ANEXO VI]. Avaliando o grupo terapêutico, indicações,

posologia (de modo a garantir que não era ultrapassada a dose recomendada) e apurados os cuidados

necessários e possíveis reações adversas de cada fármaco, de modo a estabelecer um perfil de cada fármaco

[ANEXO VII]. De seguida, procedi à verificação da prevalência e frequência de interações entre os

fármacos administrados, atendendo sempre à posologia[ANEXO VIII]. Para isso, recorri à plataforma de

apoio, Multi-Drug Interaction Checker ®, disponibilizada pelo MEDSCAPE ®, o qual apresenta

reconhecimento e validação internacional. Este permite a verificação de interações entre múltiplos

fármacos, em simultâneo, classificando-as, quando efetivas, em três categorias:

• Major: elevado significado clínico. Evitar estas combinações pois o risco ultrapassa os benefícios.

• Moderada: significado clínico moderado. Evitar de modo geral estas combinações, usar apenas

em circunstâncias especiais e bem determinadas.

• Minor: significado clínico mínimo. Minimizar o risco, avaliar os riscos e considerar um fármaco

alternativo, instituir medidas de prevenção ou instituir plano de monitorização[59].

Análise estatística:

Perante os dados recolhidos e analisados, foram propostas alternativas, menos prejudiciais ou em

doses mais adequadas às condições fisiopatológicas do utente. Posteriormente, procedeu-se à análise

estatística dos resultados obtidos. Para isso recorreu-se ao desenho de gráficos e tabelas, apresentados de

seguida nos resultados e discussão, de modo a visualizar mais facilmente as variáveis em questão.

2.3 Resultados e discussão: Caracterização da amostra:

Relativo ao período compreendido entre 1 de fevereiro e 31 de agosto de 2020, os participantes

com idades compreendidas entre 60 e 100 anos, apresentavam um regime terapêutico contendo uma média

de 10 fármacos concomitantes por utente. A amostra é constituída por 20 utentes, 9 homens e 11 mulheres.

Todos residentes na Unidade Carlton Life no Porto.

No total observamos a existência de 268 interações farmacológicas, com uma frequência de 16 de

interações major, 189 de interações moderadas, 39 de interações Minor e 24 duplicações de terapêutica. A

percentagem de ocorrência de cada interação está descrita na Figura 3.

FIGURA 3. PERCENTAGEM DE CADA TIPO DE INTERAÇÃO FARMACOLÓGICAS ENCONTRADA

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Ana Sofia Gomes 37

As interações major mais comuns, estão descritas na Tabela 5. Em 60% dos perfis terapêuticos,

observou-se a existência de pelo menos uma ocorrência, em 10% duas ocorrências e em 5% três. Na Tabela

6 estão descritas as interações moderadas mais frequentes. Dos 20 perfis analisados, cada utente apresenta,

em média, 10 interações. Em 80% dos casos apresentavam pelo menos 5 interações, em 40% pelo menos

10, em 20% dos casos pelo menos 15 e em 5 % mais de 20 interações.

As interações minor mais comuns estão descritas na Tabela 7. A frequência de ocorrência de pelo

menos uma interação é de 75%, de pelo menos 3 interações é 35% e de pelo menos 5 é 10%.

Relativamente às duplicações de terapêutica, estas foram encontradas em 30% dos perfis, sendo

que destes, em média, apresentavam 3 duplicações simultaneamente, perfazendo um total de 16

ocorrências.

Na Tabela 8 estão descritas as duplicações de agentes cardiovasculares. De acordo com as

guidelines, não devem ser ultrapassados os 4 fármacos, pertencentes a este grupo terapêutico, em

simultâneo, no entanto 15 % dos perfis analisados continham pelo menos 5 fármacos deste grupo. Já no

caso dos agentes anti-hipertensores, descritos na Tabela 9, 15 % dos utentes tomavam pelo menos 3

fármacos deste grupo, ultrapassando o limite recomendado, dois.

TABELA 5. INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS MAJOR QUE SURGEM COM MAIOR FREQUÊNCIA

TABELA 6. INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS MODERADAS QUE SURGEM COM MAIOR FREQUÊNCIA

TABELA 7. INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS MINOR QUE SURGEM COM MAIOR FREQUÊNCIA

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Ana Sofia Gomes 38

Na Tabela 10, referente aos inibidores enzima conversora da angiotensina, os quais devem ser

limitados a um fármaco, em 5 % dos casos analisados, continham uma duplicação. Por sua vez, na Tabela

11, que diz respeito aos agentes antidepressivos, mais uma vez, limitados a um fármaco, encontrávamos a

prescrição de pelo menos 2 em 25% dos perfis analisados.

Relativamente aos agentes antipsicóticos descritos na Tabela 12 e aos nitratos, apresentados na

Tabela 13, ambos restringidos a apenas um fármaco, em 10% dos casos, comprovamos a existência de

duplicação da terapêutica.

Quando verificamos os fármacos que atuam no Sistema Nervoso Central (SNC), apresentados na

Tabela 14, os quais não podem ultrapassar os 3 fármacos em simultâneo, apercebemo-nos que, em 25%

dos casos existem 4 e em 10% dos casos chegam aos 5 fármacos concomitantes. Por último, ao analisar os

agentes psicotrópicos, descritos na Tabela 15, restritos a 3 fármacos simultaneamente, constatamos que em

20% dos casos se recorreu a 4 fármacos.

TABELA 8. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES CARDIOVASCULARES

TABELA 9. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES ANTI-HIPERTENSORES

TABELA 10. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DA

ANGIOTENSINA

TABELA 11. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES ANTIDEPRESSIVOS

TABELA 12. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES ANTIPSICÓTICOS

TABELA 13. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS DE NITRATOS

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Ana Sofia Gomes 39

2.4 Conclusões: A idade avançada é simultaneamente um fator fomentador e um fator de risco, para a ocorrência

de interações farmacológicas. Devido às diversas comorbilidades é necessária a prescrição de um maior

número de fármacos, o que por sua vez irá exponenciar a probabilidade de interações entre si. Deste modo,

torna-se indispensável a monitorização frequente, com vista a evitar problemas de saúde desencadeados

por estas interações. Assim sendo, podemos concluir que este projeto cumpriu o objetivo a que se propôs,

identificando inúmeras interações farmacológicas, através da análise dos perfis terapêuticos dos utentes,

permitindo que, de seguida, estas fossem transmitidas à equipa médica, de modo a que esta as pudesse

corrigir, evitando assim a instalação ou agravamento de problemas de saúde associados a iatrogenias. A

implementação deste e de outros projetos semelhantes é uma mais valia para utentes e prescritores, evitando

o estabelecimento, quer de interações, quer de duplicações de terapêutica, devendo ser uma prioridade

nestes utentes mais expostos.

TABELA 14. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES QUE ATUAM NO SNC

TABELA 15. DUPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS EM AGENTES PSICOTRÓPICOS

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Ana Sofia Gomes 40

CONCLUSÃO

Após o termino deste estágio de seis meses, denoto, sem dúvida, uma enorme evolução nas minhas

competências práticas enquanto farmacêutica. Agora, sinto-me muito mais preparada para lidar com as

mais diversas situações, não só atrás do balcão, como na própria gestão de uma farmácia. O conhecimento

que me foi transmitido durante esta etapa, permitiu-me consolidar todo o conhecimento que apreendi

durante o percurso académico, transmitindo-o para o utente de uma forma concisa, simples e adaptada,

auxiliando-os da melhor forma. As interações com utentes das mais diversas faixas etárias e condições

socioeconómicas, permitiu-me compreender, qual a melhor forma de abordar cada utente, de modo a

garantir que este teria o melhor resultado em saúde possível. Compreendi a importância fulcral do

farmacêutico, não só do ponto de vista profissional, mas sobretudo do ponto de vista humanitário. O

farmacêutico é muitas vezes, mais que um profissional de saúde, é mesmo um confidente, sobretudo em

utentes com mais idade.

No final deste estágio, percebi o quão bela e humana, pode ser esta área, e o quão importante para

a sociedade é. Ainda não sei por onde passará o meu futuro profissional, mas sei que irei levar esta

experiência no coração pelo resto do meu percurso.

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Relatório de Estágio Farmácia Comunitária

Ana Sofia Gomes 41

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de oficina.

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[29] Portaria nº 594/2004, de 2 de Junho. – Aprova as boas práticas a observar na preparação de

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[55] REIS S. Perfil terapêutico e risco de interacções medicamentosas nas pessoas idosas. Tese de mestrado

em gerontologia, Secção Autónoma de Ciências da Saúde, Universidade de Aveiro, 2009.

[56] EULER M. Adverse drug reactions causing hospitalization can be monitored from computorized

medical records and thereby indicate the quality of drug

utilization. Pharmacoepidemiology and Drug Safety.2006, 15(3):179-184.

[57] DÍAZ, A.C. Farmacologia Geriátrica. Síndromes Geriátricos. Revisfarma. 2007,17(9): 35-44.

[58] GELDER, M. Oxford Textbook of Psychiatry. 3.ª ed. Oxford: Oxford University Press. 1996, 944.

[59] Drug Interaction Checker. Medscape, [ONLINE] Disponível em:

https://www.drugs.com/drug_interactions.html [acedido a 14 Set 2020]

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ANEXOS

ANEXO I. POSTER SOBRE NECESSIDADES NUTRICIONAIS VEGETARIANOS

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ANEXO II. PANFLETO SOBRE NECESSIDADES NUTRICIONAIS VEGETARIANOS

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ANEXO III. QUESTIONÉRIO SOBRE NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE VEGETARIANISMO EM PORTUGAL

26/09/2020 Vegetarianismo em Portugal

https://docs.google.com/forms/d/12kf2Gh9BKp9t4wpXDAmLLxKnJlrbPMyjj7qGaB7a1E8/edit 1/5

1.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

2.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

3.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

4.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

Vegetarianismo em Po�ugal*Obrigatório

A alimentação vegetariana é mais saudável *

As pessoas vegetarianas são mais propensas a ter anemia *

Todos os vegetarianos comem laticínios e ovos *

Todos os vegetarianos têm de recorrer a suplementação *

26/09/2020 Vegetarianismo em Portugal

https://docs.google.com/forms/d/12kf2Gh9BKp9t4wpXDAmLLxKnJlrbPMyjj7qGaB7a1E8/edit 3/5

9.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

10.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

11.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

12.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

13.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

Vegetarianismo e veganismo são sinónimos *

A vitamina D não é sintetizada pelo organismo *

A vitamina B12 é sintetizada pelo nosso organismo e é rara a necessidade desuplementação

A anemia em vegetarianos não pode ser mascarada por ingestão de alimentosvegetais ricos em ácido fólico *

O omega-3 está presente em produtos de origem vegetal, enquanto que oomega-6 existem em maior quantidade em produtos de origem animal *

26/09/2020 Vegetarianismo em Portugal

https://docs.google.com/forms/d/12kf2Gh9BKp9t4wpXDAmLLxKnJlrbPMyjj7qGaB7a1E8/edit 2/5

5.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

6.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

7.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

8.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

Em casos de anemia é sempre benéfica a ingestão de alimentos de folha verdeescura. *

As proteínas vegetais são incompletas e de difícil digestão. *

Determinados aminoácidos são exclusivos da carne e como tal, não existem emnenhum produto de origem vegetal. *

Mesmo não ingerindo carne, laticínios e ovos é possível suprir as necessidadesde aminoácidos do organismo *

26/09/2020 Vegetarianismo em Portugal

https://docs.google.com/forms/d/12kf2Gh9BKp9t4wpXDAmLLxKnJlrbPMyjj7qGaB7a1E8/edit 3/5

9.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

10.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

11.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

12.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

13.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

Vegetarianismo e veganismo são sinónimos *

A vitamina D não é sintetizada pelo organismo *

A vitamina B12 é sintetizada pelo nosso organismo e é rara a necessidade desuplementação

A anemia em vegetarianos não pode ser mascarada por ingestão de alimentosvegetais ricos em ácido fólico *

O omega-3 está presente em produtos de origem vegetal, enquanto que oomega-6 existem em maior quantidade em produtos de origem animal *

26/09/2020 Vegetarianismo em Portugal

https://docs.google.com/forms/d/12kf2Gh9BKp9t4wpXDAmLLxKnJlrbPMyjj7qGaB7a1E8/edit 4/5

14.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

15.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

16.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

17.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

18.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

Uma dieta vegetariana carece de um aporte adicional de hidratos de carbono.

Apesar de uma dieta vegetariana ser rica em alimentos com elevado teor devitamina A, como a sua dieta é em geral pobre em gordura, vai haver umcompromisso da sua absorção, pois esta é hidrossolúvel.

A toma de suplementos de cálcio não compromete a absorção de ferro

O potássio é um elemento pouco frequente em produtos de origem animal *

Todos os vegetarianos têm as mesmas carências nutricionais. *

26/09/2020 Vegetarianismo em Portugal

https://docs.google.com/forms/d/12kf2Gh9BKp9t4wpXDAmLLxKnJlrbPMyjj7qGaB7a1E8/edit 5/5

19.

Marcar apenas uma oval.

Verdadeiro

Falso

Este conteúdo não foi criado nem aprovado pela Google.

A toma de multivitaminicos é preferível à toma de suplementos específicosadequados às carências nutricionais

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ANEXO IV. SOLUÇÃO E EXPLICAÇÃO DE CADA QUESTÃO

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ANEXO V. EXEMPLO DE CARDEX DE UTENTE

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ANEXO VI. DOCUMETO DE CONTROLO DA TERAPÊUTICA

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ANEXO VII. DOCUMENTO DE ANÁLISE DA TERAPEUTICA INDIVIDUAL

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ANEXO VIII. DOCUMENTO DE ANÁLISE DE INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS

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