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    CIDADES CRIATIVAS,TURISMO CULTURAL E REGENERAO URBANA

    Ana Carla Fonseca Reis

    Para entendermos a criatividade no territrio urbano, preciso antes de tudo salientar que acidade um ser vivo. Geograficamente localizado, fisicamente assentado em um traadovirio, administrativamente autnomo mas, acima de tudo, em constante mutao. Afinal, acidade formada por pessoas e suas relaes fsicas, sociais, culturais e econmicas.

    Entender uma cidade exige seguir um fio histrico, unindo pilares identitrios do passado,singularidades do presente e vocaes futuras. Requer, tambm, revelar as intrincadas emultifacetadas relaes entre formas de perceber a cidade, ler suas fragilidades e soltar asvelas de seus potenciais. Comecemos ento um breve alinhavo histrico.

    Embora seja objeto de debates, costuma-se assumir que a primeira cidade foi formada naMesopotmia, cerca de 3.000 anos A.C., como centro de comando e de troca de excedentesagrcolas. Nasceu, assim, profundamente ligada s relaes econmicas, polticas, religiosas esociais da poca e essa caracterstica permaneceu ao longo da histria.

    Assumindo novos traos na Antiguidade, recontextualizada na Idade Mdia, a cidade sofreuuma transformao dramtica durante o perodo industrial, que vingou do final do sculoXVIII s primeiras dcadas do XX. O afastamento das pessoas do meio rural e sua aglomeraono espao urbano, o acirramento da diviso do trabalho, a prevalncia da manufatura, oexcedente de capital que sustentou a formao das indstrias e a expanso do mercado

    consumidor para outros continentes, enfim, um emaranhado de condies caracterizou acidade industrial e prenunciou uma srie de problemas das cidades atuais, como a carncia demoradia e o excesso de marginalizao.

    Na segunda metade do sculo XX, com o advento da chamada era ps-industrial, a sociedade ea economia do conhecimento novamente transformaram as cidades (ou algumas cidades,dado que muitas delas, em especial abaixo do Equador, continuam sendo industriais).Respaldada por novas formas de comunicao e de acesso informao, pela economia dosservios (de forma complementar e em parte substituta industrial) e pelo impulso do fluxointernacional de capitais, entre outros fatores, a cidade ps-industrial tem em sua base o

    reconhecimento ao capital humano, tanto em termos sociais quanto econmicos 1

    .

    GLOBALIZAO, TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAES E O ADVENTO DA ECONOMIACRIATIVA

    J a partir do final da dcada de 1980 e incio dos anos 1990, cultura e espao foram afetadosde forma crescente pela difuso das novas tecnologias e pelo acirramento da globalizao. Ossentimentos despertados foram polarizantes. Para alguns, a globalizao e as tecnologias

    1 Alguns dos economistas precursores dessa teoria, em meados do sculo XX, foram agraciados com ochamado Prmio Nobel de Economia: Theodore Schultz (1979) e Gary Becker (1992).

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    digitais acelerariam a massificao da cultura, pasteurizando e solapando as culturas locais.Foi nesse mbito que alguns pases, dentre os quais a Frana, o Canad e o Brasil,desfraldaram a bandeira da Conveno sobre a Proteo e a Promoo da Diversidade dasExpresses Culturais, empunhada no mbito da UNESCO.

    Para outros, o binmio globalizao-tecnologias digitais trazia a promessa de ser umapanaceia aos males da excluso cultural, pois permitiria novas formas de criao, produo,distribuio e consumo, alm de uma facilidade sem igual de acesso s culturas do mundoafora. Entre o otimismo ufanista e o pessimismo dramtico, vingou o otimismo cauteloso. Oacesso a novas formas de produo e consumo culturais de fato colocou vrias sociedades emcontato, em ndices inditos. O problema, porm, que as tecnologias digitais e, pordecorrncia, o conhecimento global continua restrito a pessoas e regies com recursosfinanceiros e infraestrutura de comunicao que permitam utiliz-las.

    O mesmo se deu, de certa forma, com relao ao espao. A transmisso de imagens e vdeos

    pelo mundo digital tornou prximos locais antes inatingveis e revelou outros inimaginveis.Da experincia presencial (especialmente pelo turismo, a exemplo da avalanche de viajantesque se renderam Nova Zelndia, aps a filmagem de O Senhor dos Anis) que ocorre dianteda tela do computador, o mundo pareceu se reduzir e o mundo de cada um se expandir. Ospessimistas de planto viram nisso mais uma ameaa de pasteurizao, a partir do momentoem que se buscaria copiar o de fora; j os otimistas incurveis defenderam que a identidadesempre se fez por comparao e, sendo assim, o contraste com o outro fortaleceria asidentidades de cada territrio.

    Em paralelo, os paradigmas econmicos comearam a ser revistos, a despeito de ortodoxias.

    Nesse processo, o termo indstrias criativas surgiu em 1994, na Austrlia, tomouvisibilidade crescente em 1997, no Reino Unido e ganhou o mundo na primeira dcada dosculo XXI. Entendido como o conjunto de setores que tm por centro a criatividade humana,via de regra as indstrias criativas abrangem arte, artesanato, indstrias culturais e ainda ossetores econmicos que bebem criatividade e cultura para devolver funcionalidade, a exemplode moda, design, arquitetura, propaganda, software e mdias digitais. Aps um primeiromomento de euforia, os vrios pases que mergulharam nessa questo comearam a definir,individualmente, os seus prprios setores criativos, como base de uma estratgia econmica ede desenvolvimento.

    Mas no parou por a. A discusso sobre indstrias criativas evolui para a da economiacriativa, que abrange no s as primeiras, como tambm seus impactos nos demais setores daeconomia. Temos assim a moda, que impulsiona toda a cadeia txtil e de confeces; aarquitetura, que dinamiza a construo civil. Em essncia, a economia criativa reconhece queembora produtos e servios possam ser copiados, a criatividade no passvel de cpia. Pode-se copiar o que ela cria, mas no sua fonte. E, portanto, a criatividade poderia estar na basecompetitiva da economia de uma regio ou pas.

    nesse contexto que surge tambm a discusso sobre cidades criativas. Conceito de

    contornos fluidos, para alguns revela a efervescncia do que produzido criativamente noespao urbano e seu potencial econmico. Para outros, o enfoque da produo se translada prevalncia de um ambiente capaz de gerar, capacitar, atrair e reter talentos que sustentem

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    essa criatividade e seu valor econmico agregado. Uma terceira (e no derradeira) correntev a essncia da cidade criativa na confluncia entre capacidade de gerao tecnolgica,formao de uma mentalidade aberta e tolerante e atrao de talentos. Abordagens nocolidentes nem exclusivas, que direcionam porm o olhar a ngulos especficos da questo.

    A abordagem adotada neste captulo evidencia a necessidade de traduo, a contextualizaoe a contribuio de algo novo a essas vrias vertentes de definio. Bebendo nas fontes daeconomia criativa e do legado de estudos sobre o territrio urbano, cidade criativa aquientendida como uma cidade capaz de transformar continuamente sua estrutura

    socioeconmica, com base na criatividade de seus habitantes e em uma aliana entre suas

    singularidades culturais e suas vocaes econmicas. nessa convergncia de objetivos entreagentes e setores que se desenha uma estratgia comum, contnua, voltada a resultadossociais, culturais e econmicos.

    Temos a o pressuposto bsico de que a criatividade urbana interage com o campo cultural, j

    que o prprio territrio um espao de significados. Essa criatividade transborda a criaocultural em si e se refere mais ao modo de pensar e criar inovador, aberto,descompromissado de dogmas do que cultura por seu aspecto esttico, por valoroso queobviamente seja. Porm, aqui o eixo da discusso no a esttica mas o reconhecimento deque a transformao urbana desencadeada pelo processo de criao. A criatividadeimpulsiona a busca de novos arranjos de governana entre pblico, privado e sociedade civil;de formas alternativas de financiamento (mais voltadas ao capital de conhecimento do que sgarantias fsicas); de inovaes na gesto da cidade; de valorizao da criatividade; e de buscade modelos colaborativos, nos quais todos ganham (ao invs de competitivos, nos quais umganha no curto prazo e todos perdem).

    Mas importante enfatizar que transformaes econmicas, sociais e das dinmicas urbanastornam imprescindvel contemplar o territrio no qual as polticas culturais e dedesenvolvimento se localizam. Isso j nos lana um pressuposto bsico: o de que polticas,estratgias, modelos e aes no so copiveis de uma cidade ou regio a outra. Se tm na suabase a singularidade do espao e as relaes que a se estabelecem, evidente que no podemser transpostos a outro contexto, sem a devida traduo. Vejamos como vrias das cidadesque hoje tendem a ser reconhecidas como criativas trabalharam essa questo.

    CASOS EMBLEMTICOS

    Se voltarmos definio proposta para as cidades criativas, veremos que em sua base est asingularidade do territrio (suas identidades culturais, suas vocaes econmicas, seuhistrico, seu contexto, as dinmicas que se estabelecem entre agentes e setores, enfim, seuDNA) e ela deve ser o leme da poltica de desenvolvimento, entendida como um conjuntoentrelaado das polticas cultural, econmica, social e urbana. Copiar o resultado de outracidade tem, ademais, o pssimo efeito de no construir o prprio processo: no estabeleceuma governana compartilhada entre o pblico, o privado e a sociedade civil; no constrilaos colaborativos entre os agentes criativos; leva uma cidade a achar que o reflexo noespelho da outra seu e, via de regra, ainda incorre em custos vultosos de consultoria e

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    projetos arquitetnicos de grande magnitude. Enfim, em vez de aprender a pescar, ao secopiar a soluo dos outros compra-se um peixe que, alm de tudo, pode ser muito indigesto.Aprender com as experincias (e cabeadas) dos outros, porm, muito saudvel...

    De uma ampla gama de cidades que aspiram a serem reconhecidas como criativas, de Londresa Toronto, de Johannesburgo a Berlim, veremos brevemente quatro casos, com histricos econtextos bastante diversos.

    O primeiro deles, talvez o de maior destaque em termos mundiais na seara das cidadescriativas, Barcelona. Reconhecida hoje como cidade cultural por excelncia, epicentro deproduo criativa e plo de atrao de negcios e talentos, do audiovisual biotecnologia, oprocesso de transformao de Barcelona tem porm razes muito profundas. Na opinio dealguns barceloneses (Pardo, Mascarell), a cidade foi historicamente negligenciada pela capitaldo pas. Por decorrncia e necessidade, no negligenciou nenhuma oportunidade paraangariar recursos pblicos e privados capazes de impulsionar seu desenvolvimento, desde a

    Exposio Universal de 1888, at o Frum Internacional das Culturas, em 2004.A identidade cultural da cidade, vtima dileta da ditadura franquista, manteve-se resistenteat a reconquista da democracia espanhola, em 1975. Esse capital cultural, de identidadeaguerrida e cosmopolita, tido como um dos grandes motores da criatividade urbana,impactando tanto no desenvolvimento fsico da cidade (com a construo de novos eixos,como a Diagonal), como em seu modelo econmico e social. Emblemtico disso o projetoBarcelona 22@2

    Ademais, Barcelona investiu pesadamente na recuperao de seu patrimnio histrico, napromoo de sua imagem no exterior e na construo ou fortalecimento de seusequipamentos culturais e espaos pblicos. Como resultado, o destino turstico preferidodos europeus que buscam viagens culturais de fim de semana e integrou de forma slida omapa dos plos culturais mundiais. nessa modernizao tardia, mas concreta, que a cidadese encontra hoje, unindo conhecimento, tecnologia, cultura e turismo. Este, alis, um dosmaiores aprendizados de Barcelona. Ao privilegiar sua imagem externa, a cidade criticadapor ter relegado a segundo plano o bem-estar de seus prprios habitantes. Com o aumento dademanda por imveis, fomentada pelos profissionais e estudantes estrangeiros que passarama ver Barcelona como farol criativo, os barceloneses tiveram de enfrentar a escalada do custode vida, sentindo-se de certo modo alijados de sua prpria cidade.

    , voltado recuperao de uma regio degradada da cidade, ancorado em ummodelo de cooperao pblico-privada e pautado por uma estratgia de longo prazo. Aexemplo de outras regies da cidade, esta j foi palco de diferentes crises e processos de

    precarizao no cenrio ps-industrial, tendo atualmente por foco os setores de tecnologia dainformao, mdia, bioengenharia e novas energias. Em suma, setores intensivos emconhecimento e criatividade.

    Bilbao, se tem uma trajetria com similaridades de Barcelona, seguiu uma trilha paralelapara se transformar socioeconomicamente. Cidade que se formou em funo de seu porto eteve na extrao mineral novo impulso sob a revoluo industrial, entrou em crise aguda na

    era ps-industrial. Afinal, quando produtos passam a ser menos preponderantes que servios,

    2http://www.22barcelona.comAcessado em 27/08/2009.

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    um porto no mais to necessrio; e nem o a extrao mineral. A histria comum a vriascidades que vicejaram sob o paradigma industrial, em especial as porturias. Sua forma desair da crise porm mais inusitada.

    Diante de uma crise que no lhe apontava alternativas fceis, Bilbao realizou um profundoestudo de vocao ps-1980 ou seja, consolidao da sociedade do conhecimento. Com oobjetivo bsico de encontrar uma estratgia que lhe granjeasse empregos, impostos, bem-estar social e a reposicionasse no mundo, a recuperao da cidade foi objeto de uma parceriaentre agentes pblicos e privados, que desenhou oito eixos estratgicos. Entre eles, vriosligados a infraestrutura (metr, aeroporto), mas todos simbolizados por uma face visvel: oMuseu Guggenheim. Hoje, muitas cidades miram-se no Guggenheim como produto,esquecendo de analisar o processo que levou sua construo e que tm no museu apenas aponta de um iceberg.

    A preocupao socioeconmica do projeto evidente at mesmo na realizao anual de um

    estudo de impacto do Guggenheim na economia basca espanhola3

    Mudemos de continente. Medelln, a segunda maior cidade colombiana em populao, foiconsiderada em 1991 a cidade mais violenta do mundo. Internacionalmente, ainda levava apecha do narcotrfico, o que em nada favorecia sua imagem. O processo de transformaoteve incio em um movimento cvico, independente e amplo, que aglutinou do meio acadmicos empresas privadas, das associaes comunitrias s ONGs mais diversas. Seu foco sempre

    recaiu sobre o investimento em dois setores: educao pblica e cultura e teve claramente oapoio do governo municipal, muito criticado por algumas vozes que viam nesse investimentoum desvio do premente combate ao crime.

    . De fato, os dados de 2007revelam que 67% dos visitantes foram estrangeiros (ante 60% em 2006), tendo o museucontribudo para a economia da regio com 220 milhes e a gerao de 4.399 empregos,ademais de arrecadao tributria adicional, programa educacional e afins.

    Como armas de combate a cidade optou porm por livros, urbanismo social, iniciativas defomento criao cultural, fortalecimento participao cidad, recuperao da autoestima.Os resultados sociais e culturais vicejam. E mesmo a mudana de sua imagem internacional evidente no fato de que hoje a cidade plo de turismo de negcios e palco de grandeseventos internacionais, a exemplo da Assembleia Geral da OEA, da Assembleia do BID, dosJogos Sul-Americanos, do Congresso Ibero-Americano de Cultura e da Bienal Ibero-Americanade Arquitetura.

    A face mais visvel desse processo (e sempre h ao menos uma), porm, so as renomadasbibliotecas-parque, equipamentos culturais de ponta, tanto como conceito, quanto comoprojetos arquitetnicos, construdos nos locais socialmente mais frgeis da cidade. Com vastaprogramao educativa e cultural, so espaos pblicos dos quais a comunidade se apropria,nos quais se desenvolve, se fortalece e se reconhece 4

    3 Os estudos so disponibilizados pelo museu, sob demanda.

    .

    http://www.guggenheim-bilbao.esAcessado em 27/08/2009.4http://www.reddebibliotecas.org.coAcessado em 27/08/2009.

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    E agora, mudemos de escala. Chegamos singela Guaramiranga, cidadezinha cearense decerca de cinco mil habitantes, que nos faz lembrar que pequenas cidades tambm podem sercriativas. O processo teve incio em 2000, graas iniciativa de duas produtoras culturais deFortaleza, Rachel Gadelha e Mar Mamede. Profundamente enfronhadas no contexto local,elas perceberam as singularidades de Guaramiranga. Entre outras, ecos de saraus e tertlias

    do incio do sculo XX, quando as famlias abastadas de Fortaleza refugiavam-se do calorintenso, migrando para o enclave de Mata Atlntica da regio de Guaramiranga. Na viradapara a dcada passada, porm, a situao socioeconmica da cidade era periclitante e semuma estratgia positiva de recuperao j delineada.

    Analisando a situao da cultura fora da cidade, elas constataram que grandes talentos damsica instrumental cearense passavam por uma situao profissional difcil e havia umatendncia ademais de desvalorizao desse estilo. Perceberam, por fim, que o interior doCear era de modo geral desconhecido da maior parte do pas e que durante o perodo docarnaval os prprios cearenses ficavam alijados de outros ritmos musicais, que no os

    importados de outros estados.

    Unindo todos esses problemas e traos para transform-los em soluo, o Festival de Jazz eBlues de Guaramiranga foi a bandeira de mudana e visibilidade da regio, sustentada poruma estratgia slida e uma srie de aes enredadas. Fundamental nesse processo era que acomunidade local se apropriasse do festival que este fosse da cidade e no na cidade. Paraisso, o papel da AAGUA - Associao dos Amigos de Guaramiranga; o cuidado em oferecer70% da programao de forma gratuita; em desenvolver um vasto programa paralelo,educativo e de mapeamento de talentos musicais; em fomentar a converso de casas efazendas em pousadas, restaurantes, cafs e pequenos negcios; e em promover a atrao deturistas qualificados, que vissem a cidad como sua anfitri e no seu palco de entretenimentoe desordem; e em estimular a formao de programas alternativos, a exemplo do turismoecolgico, foram aspectos cruciais. Hoje, os indicadores econmicos, tursticos, sociais eculturais da regio mostram uma escalada frente aos originais e seus benefcios alcanamimpacto tambm no restante do estado.

    Por fim, uma iniciativa interessante a ser acompanhada a Rede de Cidades Criativas daUNESCO. Lanada em 2004, com o objetivo precpuo de formar uma rede de cidades quecompartilhem experincias, impulsionem o potencial criativo conjunto e desenvolvam

    eventualmente projetos comuns. Para isso, o endosso conferido pela UNESCO visto como umdiferencial relevante.

    guisa de concluso, identificamos no radar de cidades criativas, essa categoria ainda emformao, os exemplos mais originais, que nos trazem aprendizados acerca do que e do queno fazer. Certo, h elementos comuns a todos eles, como governana clara; polticas pblicascom continuidade; convergncia de interesses pblicos, privados e da sociedade civil;engajamento da comunidade; investimento em educao e cultura, dentre outros ingredientess vezes to escassos nas prateleiras dos processos de transformao socioeconmicaimplementados em nossas cidades. Mas, acima de tudo, h a convico de que o mundo

    urbano possvel; de que o passado influi, mas no determina o futuro; e de que os objetivospblicos, privados e da sociedade civil podem, sim, ser convergentes e parceiros naconstruo do desenvolvimento socioeconmico urbano.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    FLORIDA, Richard, Whos Your City?Nova Iorque: Basic Books, 2008

    Cities and the Creative Class. Nova Iorque: Routledge, 2005

    KOTKIN, Joel, The City a Global history. Nova Iorque: Modern Library, 2005

    LANDRY, Charles, The Creative City. Londres: Earthscan, 2000

    MARITO, Flix (Ed.), Ciudades Creativas. Vol. 1 Cultura, territorio, economa y ciudad. Barcelona:Fundacin Kreanta, 2009

    MASCARELL, Ferran, Barcelona y la Modernidad la Ciudad como proyecto de cultura. Barcelona: Gedisa,2007

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    Compostela, 22/01/2009. Disponvel emhttp://www.vimeo.com/2924299Acessado em27/08/2009

    MUMFORD, Lewis, The City in History its Origins, its transformations and its prospects. Nova Iorque:Harcourt, 1989 (1961)

    PARDO, Jordi, Transformando cidades e regies com criatividade o caso de Barcelona. Palestraproferida no Frum Internacional de Economia Criativa. So Paulo, FIESP, 04/12/2007

    REIS, Ana Carla Fonseca, Economia Criativa como Estratgia de Desenvolvimento (Org.). SoPaulo: Garimpo de Solues e Ita Cultural, 2008, Disponvel em:http://www.garimpodesolucoes.com.br/downloads/ebook_br.pdfAcessado em 27/08/2009

    http://www.vimeo.com/2924299http://www.vimeo.com/2924299http://www.vimeo.com/2924299http://www.garimpodesolucoes.com.br/downloads/ebook_br.pdfhttp://www.garimpodesolucoes.com.br/downloads/ebook_br.pdfhttp://www.garimpodesolucoes.com.br/downloads/ebook_br.pdfhttp://www.vimeo.com/2924299