Amor e Guerra
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Transcript of Amor e Guerra
IDEALIZADOR E COORDENADOR
Prof.º Jesus Farias
ORGANIZAÇÃO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO
Prof.ª Jemima Silvestre da Silva
REVISÃO
Prof.ª Lidia Freire de Medeiros
AUTORES
Aline Lima , Daiana Queiroz, Daniely Coelho, Felipe
Silvério, Ítalo da Costa, Jéssica Simões, Marcelo Queiroz, Sílvio
Bruno Matos.
“A política é guerra sem derramamento de sangue, enquanto
a guerra á política com derramamento de sangue.”
Mao Tse- Tung
Esse trabalho, transformado em livro, é o resultado da
compilação de cartas produzidas por alunos da EEEP Elsa Mª
Porto Costa Lima, na disciplina de História, ministrada pelo
professor Jesus Farias.
A proposta lançada para os educandos, após exposição,
pesquisa e discussão sobre a Primeira Guerra Mundial,
constitui de uma atividade de produção textual em que os
alunos escreviam cartas e assumiam de forma fictícia o papel
de soldados que participaram da Guerra das Trincheiras.
O objetivo é facilitar a compreensão dos fatos históricos
pelos educandos e direcionar o assunto para o dia-a-dia dos
soldados no que se refere à busca pelas emoções, sensações e
desafios vivenciados por homens em combate.
SUMÁRIO
Valda.........................................................................01
Emily..........................................................................02
Dalva.........................................................................03
Meu desabafo!............................................................04
Bárbara.....................................................................05
Querida mãe!.............................................................06
Rose............................................................................07
Família.......................................................................08
Querida Valda,
Estou com muita saudade dos teus abraços, dos teus
beijos, dos nossos filhos e da tua comida. Aqui não estou me
alimentando bem, só quando posso.
Todos os dias vejo meus amigos morrendo, amigos esses
que tinham sonhos e esperança de realizá-los, mas pena que
essas esperanças acabaram. Tenho medo de que esse dia
chegue para mim.
O dia que acabará a história de um filho, de um
marido, de um pai e de um herói. Mas que você possa
terminar de criar nossos filhos e se eles perguntarem por mim,
fale somente da minha coragem e do meu amor.
De seu amor Mário Júnior...
Por: Marcelo Queiroz
Querida Emíly,
As coisas por aqui não estão nada bem! O desconforto e o
pouco espaço que temos para nos acomodar, só me fazem
lembrar os dias em que acordei em nosso quarto, ao seu lado.
Colocaram-me no degrau mais interno, o “fire step”, pois
permite a visualização ampla dos nossos inimigos. A noite é
muito fria, a comida que eles fornecem não sacia minha
fome. Sinto saudades de seus bolinhos.
Meu amor, já perdi muitos parceiros na trincheira e
tenho medo de não conseguir sobreviver, mas irei lutar até
onde for preciso para voltar e ficar ao seu lado podendo
abraçar nossa pequena Débora.
Aquela promessa de te levar ao cinema no seu
aniversário, ainda vou cumprir, pois não esqueci. Espero sair
o mais rápido possível deste lugar, pois não tirei vocês dos
meus pensamentos. Te amo.
Walter.
Por: Daiana Queiroz
Querida Dalva
Estou com muita saudade de você e de toda a minha
família. A vida não esta sendo fácil aqui na trincheira, existe
um grande desgaste físico e psicológico. Somos obrigados a
agir pela lei da. É preciso matar para não morrer.
Estamos na mesma trincheira há meses. Tive que assistir
colegas serem mortos. Ainda lembro do Lucas, era jovem,
cheio de sonhos, queria ser médico, mas certo dia foi morto
em meus braços. Aqui muitos morrem sem realizar seus
sonhos.
Dalva, se eu não conseguir sair daqui logo, ficarei
louco, já desenvolvi alguns tiques nervosos. Muitos soldados
enlouqueceram, outros perderam seus membros, são poucos os
que estão fisicamente bem.
A alimentação é precária, existem poucos mantimentos
para muita gente. Na hora da refeição, lembro-me de seu pão
de milho com mandioca derretida..
As lembranças são a minha única companhia, delas tiro
força para lutar. Tenho esperança de voltar para casa e
correr para os seus braços. Sinto medo de morrer sem realizar
meu sonho. Há a dias que não durmo...tenho medo de não
acordar!
Dê um abraço na minha mãe e diga que a amo muito,
choro toda noite, mas lutarei firme e forte para poder estar
vivo e reencontrá-las. Estarei logo em casa, me espere.
Obs: Senhora Dalva, infelizmente o soldado John foi
morto neste momento, quando lhe escrevia. Foi a vitima de
uma bala. Tentaremos ao máximo lhe enviar o corpo.
Agradecemos os serviços prestados por John a nossa nação, o
mesmo morreu como herói. Assinado General Carlos.
Por: Aline Lima
Meu desabafo!
Que dor sufocante é essa? Uma junção de saudade e de
medo da perda. A dor dele é refletida em mim.
Estamos no dia 23 de Outubro de 1914. Faz alguns meses
que meu marido saiu de casa para ir à Europa. A última
imagem que guardei é heróica. Homens fardados iluminados
pelo sol, que faziam arder em nossos corações um sentimento
de nacionalismo, de luta por sua pátria.
O que vejo nas cartas é o oposto do que a sociedade
americana viu no dia de sua partida. Centenas de milhares
de homens dentro de trincheiras, recebendo uma ração
diária de pães, biscoitos duros, com os pés na lama, rodeados
por cadáveres em decomposição, comidos por ratos.
Não enterram seus amigos, olham e não podem socorrer,
deixam o soldado ferido morrer.
A morte se aproxima de todas as formas, através das
doenças, das covas, das balas, do lança chamas dos gases
venenosos. Minha angustia é tanta que peço:
_ Não me tragam más noticias!
Quando o dia chegar, continuarei então a lamentar
sua ausência e minhas lágrimas se juntarão com as de outras
mulheres, que em nome do interesse econômico e da ambição
por terra, perderam seus parentes, filhos e maridos.
Por: Jéssica Simões
Querida Bárbara,
Aqui a chuva não é uma dádiva de Deus, as gotas de
chuva são gotas de sangue. Uma dessas gotas acertou minha
coluna, fiquei aleijado. Talvez quando essa carta chegar até
você eu já esteja morto.
Estou com uma infecção que já tomou todo o meu corpo.
O onde as gotas pegam existe uma dor e as feridas que
aparecem ficam por conta dos vermes, que vão roendo a nossa
carne e ficamos cada vez mais doentes. Os mantimentos
foram excluídos de mim. Os soldados dizem que eu irei
morrer. Minha sorte é Pitter que me alimenta escondido.
A temperatura aqui nas trincheiras é insuportável, sem
falar nos gases que nos enlouquecem, o mal cheiro dos
cadáveres existentes aqui é muito forte. Logo mais serei eu.
Tive vontade de desistir no começo, porém não me
deixaram. Nunca podíamos nos levantar, porque poderíamos
ser fuzilados, como aconteceu com vários amigos meus.
Lembre-se que fui um grande guerreiro e que lutei pelos ideais
do meu país. E se tivesse desistido, enfraqueceria minha
nação e fortaleceria a nação inimigo.
Sei que juramos nos amar para sempre, mas acho que o
para sempre acabou. Não lembrais que morri com sofrimento,
mas sim que minha jornada acabou. Amei-te muito.
Com uma imensa saudade, Pedro.
Por: Silvio Bruno Matos
Querida mãe!
Logo, todo esse pesadelo chegará ao fim. Os dias aqui
nas trincheiras não são dos melhores, mas nosso batalhão
está no auge, iremos aniquilar nossos adversários.
Acredito estar aí nas próximas duas semanas. Não vejo a
hora de estar na presença de vocês. Apesar de todos os
entraves, a senhora, o Nick e a July me dão forças para
prosseguir. Não fiquem tristes, estou feliz, creio no que estou
fazendo. Todo o esforço é porque amo meu país, sobretudo
vocês.
Muitas saudades, James
Por: Daniely Coelho
Querida Rose,
Já faz três meses que não te vejo, mas para mim são três
anos. Sei que escolhi esse caminho, e sei também que hoje
posso estar aqui lhe escrevendo, mas amanhã não se sabe. Só
gostaria de dizer que a cada dia que passo longe de ti,
percebo o quanto te amo e o quanto me fazes falta.
Sonho em poder voltar para casa, dar-lhe um beijo
profundo, coisas que não sei se poderei fazer de novo.
Quero que saibas também que o amor que sinto por você
é o que me motiva a não desistir.
Até breve meu amor, pois nunca me esquecerei de você.
Me espere.
Por: Felipe Silvério
Família
Querida família, escrevo para que vocês tenham a
certeza de que estou vivo. As coisas aqui nas trincheiras não
estão nada fáceis, porem já tive dias piores.
Preciso comunicar a vocês que perdi um de meus dedos,
alem de vários amigos meus. Sofri muito com isso, mas não se
preocupem, e nem me julguem, no entanto, não é vontade de
vocês eu estar aqui, mas graças a Deus que superei essas
perdas e que estou bem, na medida do possível.
Não me arrependo de nenhum um minuto vivido aqui,
pois estou lutando pelo meu povo, inclusive por vocês. Talvez
esta carta possa ser o ultimo contato entre a gente, mas quero
que saibam que o amor que eu sinto por cada um de vocês
jamais irá morrer.
Estou com muita saudade de você, mamãe, papai,
Tainara, vó, vô. Todos significam muito para mim.
Amo muito vocês, me aguardem
Com amor Carlos.
Por: Italo da Costa