Amor aos Inimigos · 2019. 10. 30. · 2 A474 Alves, Silvio Dutra Amor aos Inimigos Silvio Dutra...

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Amor aos Inimigos Por Silvio Dutra Out/2019

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Amor aos Inimigos

Por

Silvio Dutra

Out/2019

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A474 Alves, Silvio Dutra Amor aos Inimigos Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2019. 92p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Fé 4. Amor. I. Título. CDD 252

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“43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo

e odiarás o teu inimigo.

44 Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos

e orai pelos que vos perseguem;

45 para que vos torneis filhos do vosso Pai

celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre

maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.

46 Porque, se amardes os que vos amam, que

recompensa tendes? Não fazem os publicanos

também o mesmo?

47 E, se saudardes somente os vossos irmãos,

que fazeis de mais? Não fazem os gentios

também o mesmo?

48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é

o vosso Pai celeste.” (Mateus 5.43-48).

Foi principalmente por ter em vista a

aplicação incorreta que os judeus haviam feito

da lei de Moisés, acrescentando à mesma um

preceito que não se encontra na revelação, a

saber, o de se odiar os inimigos, que nosso

Senhor Jesus Cristo acrescentou esta instrução

no Sermão do Monte, quanto ao dever de não se

odiar os inimigos, mas de amá-los.

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A interpretação destas palavras tem sido feita de

variadas maneiras, que em sua grande maioria

ou fica aquém do ensino pretendido por Jesus,

ou até mesmo que o adulteram.

Como elas foram proferidas no contexto do

Velho Testamento, no qual os judeus ainda

viviam durante o ministério terreno de Jesus,

uma vez que o Novo Testamento, ou Nova

Aliança, entraria em vigor, somente depois da

Sua morte e ressurreição, entendemos que

seria oportuno e conveniente interpretá-las no

próprio contexto em que foram proferidas, uma

vez que apesar de se referirem a um dever

universal, o ensino foi colocado para corrigir,

antes de tudo, o modo como a cultura do

judaísmo tratava o assunto.

É possível que o mandamento divino de que

Israel não se misturasse aos costumes das

nações pagãs, imitando as suas más obras, possa

ter sido uma das causas que levaram à distorção

do mandamento, levando os israelitas à

consideração de que o amor deveria ser

restringido entre aqueles que fossem da nação

eleita, e que as pessoas das demais nações

deveriam ser odiadas, ainda que não

propriamente com um ódio de caráter

intencional destruidor, mas que os levasse a se

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aborrecerem dos que não seguissem nos

mesmos costumes em que os israelitas viviam.

Nós vimos que mesmo entre eles, havia muitas

divisões e dissensões, decorrentes de um zelo

sem discernimento quanto à aplicação da Lei de

Moisés, considerando que fosse até mesmo

apropriado perseguir, prender e matar aqueles,

que segundo o próprio entendimento deles,

estavam agindo contra a Lei de Moisés. Isto era

feito na maior parte dos casos por motivações

invejosas e carnais, pela consideração de se

considerarem superiores aos demais que não

conheciam a Lei, conforme podemos ver no

caso da perseguição sofrida pelo próprio Senhor

Jesus pelos judeus, e depois dEle, pelos

apóstolos e os demais crentes.

Eles faziam tudo isto alegando estarem

respaldados pela Lei, que consentia neste ódio

aos inimigos.

Ora, como o Evangelho é a chamada de Deus a

todos os povos e nações, para que se convertam

a Cristo, pela graça e mediante a fé, jamais

haveria qualquer progresso no Reino de Deus

caso um espírito rancoroso como o citado

prevalecesse. Como poderia haver missões

evangelizadoras, sobretudo entre os gentios,

como por exemplo, as empreendidas pelo

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apóstolo Paulo, estando-se sob o domínio deste

espírito que faz acepção de pessoas? Como o

amor de Deus prevaleceria entre pecadores

conduzindo-os ao arrependimento e à

conversão?

Foi portanto, para este motivo maior da

expansão do Reino de Deus que nosso Senhor se

apressou a colocar as coisas em seus devidos

lugares, quanto à forma espiritual e verdadeira

com que a Lei deveria ser interpretada e

aplicada.

Como Deus havia revelado no próprio período

do Velho Testamento que salvaria pessoas de

todas as nações, perdoando-lhes todos os

pecados, por mais hediondos que eles fossem,

exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo, então

deveria haver uma disposição de mente e

coração correta naqueles que viessem a crer e

na obra deles de proclamarem o evangelho. Eles

deveriam estar preparados para pregar o amor

de Deus em um mundo que lhes seria hostil e no

qual muitos os odiariam. E a forma de fazê-lo

deveria ser com um espírito perdoador e

símplice, apesar de prudente, e sobretudo cheio

do amor de Deus que é derramado em seus

corações pelo Espírito Santo.

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Para fixar este dever, o Senhor havia declarado

anteriormente no ensino do Sermão do Monte o

seguinte:

“38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente

por dente.

39 Eu, porém, vos digo: não resistais ao

perverso; mas, a qualquer que te ferir na face

direita, volta-lhe também a outra;

40 e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a

túnica, deixa-lhe também a capa.

41 Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai

com ele duas.

42 Dá a quem te pede e não voltes as costas ao

que deseja que lhe emprestes.” (Mateus 5.38-

42).

Nada pode impedir o crente na sua missão de

ganhar almas para Cristo, nem mesmo

perseguições e injustiças que possa sofrer, as

quais devem ser suportadas com paciência,

continuando o crente na prática do bem e do

amor, prosseguindo na obra de pregar a

salvação em Cristo ao mundo.

Quantos dentre estes próprios perseguidores

não poderiam vir a se converter com o seu

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exemplo de perdão, amor e paciência, assim

como o Senhor nos deixou para ser seguido

pelos crentes?

Então, antes desta exortação à paciência na

tribulação, nós temos também declarado por

Jesus no Sermão do Monte, antes de citar o

nosso dever de orarmos em favor da salvação

dos nossos perseguidores, e de bendizê-los e

não amaldiçoá-los, na mesma passagem em que

nos ordena o amor aos inimigos:

“21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não

matarás; e: Quem matar estará sujeito a

julgamento.

22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem

motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a

julgamento; e quem proferir um insulto a seu

irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e

quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao

inferno de fogo.

23 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te

lembrares de que teu irmão tem alguma coisa

contra ti,

24 deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro

reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando,

faze a tua oferta.

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25 Entra em acordo sem demora com o teu

adversário, enquanto estás com ele a caminho,

para que o adversário não te entregue ao juiz, o

juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à

prisão.

26 Em verdade te digo que não sairás dali,

enquanto não pagares o último centavo.”

(Mateus 5.21-26).

O cumprimento destas ordenanças é de tal

caráter eminentemente espiritual, que os

próprios apóstolos, ante a ordenança do Senhor

de que deveriam perdoar 70 vezes 7, pediram-

lhe que lhes aumentasse a fé, ou seja, que os

capacitasse pelo poder e instrução do Espírito

Santo, a alcançarem tal coração perdoador.

Os judeus, carnais em sua maioria, jamais

poderiam alcançar em tal estado, uma devida

compreensão desta verdade, e permaneceriam

em sua cegueira espiritual preservando suas

concepções errôneas relativas ao caráter de

Deus e à vocação deles para ser a nação eleita,

conforme promessa feita por Deus aos

patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó.

O Senhor jamais havia dito que havia escolhido

Israel por algum mérito ou excelência que

houvesse nos israelitas, mas que o fizera por

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amor a Si mesmo, e à Sua fidelidade em cumprir

a Sua Palavra, especialmente a promessa que

havia feito de que seria o Deus deles, e eles o Seu

povo.

Para que não tivessem nenhum sentimento de

exclusividade que os levasse a desconsiderar as

demais pessoas piedosas da Terra, o Senhor lhes

ordenou que amassem os estrangeiros que se

unissem a eles, com o propósito de servi-Lo e

amá-lo, conforme pode ser visto em várias

porções das Escrituras, e das quais destacamos

algumas na divisão deste livro sobre O AMOR

DE DEUS EM RELAÇÃO AO HOMEM.

É portanto, sob este pano de fundo geral que o

assunto do amor aos inimigos deve ser

analisado, de modo a que não incorramos em

interpretações sem respaldo escriturístico.

Meras considerações de caráter sentimental,

emocional, filosófico, social, psicológico, ou de

qualquer outra natureza, jamais poderiam nos

levar a uma correta compreensão deste dever

de amar os inimigos, quanto ao em que ele

consiste, a quem se aplica, a que condições etc.

É à própria Palavra de Deus que devemos

recorrer para uma correta compreensão e

aplicação do mandamento.

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É evidente que o mandamento não se aplica a

Satanás e aos demônios, que sendo inimigos

incuráveis e eternos de Deus e dos crentes, não

devem ser amados, mas resistidos, conforme a

ordenança bíblica, ou seja, de nos colocarmos

em ordem de batalha em nome de Jesus, contra

eles.

Mas, quanto à humanidade, a quem Deus está

convidando ao perdão e à salvação, pela

dispensação da paciência e longanimidade do

Evangelho, nos é ordenado não resistir até

mesmo ao mais perverso dos homens, mas estar

dispostos a sermos até mesmo feridos em

nossas faces por eles, sem fechar-lhes a porta da

oportunidade de alcançarem a salvação.

Na verdade, aquele que mais tem sido ofendido

por nossos pecados diários é o próprio Deus, e

Ele não tem, contudo, resistido a nós, se não

somos orgulhosos, mas sempre nos tem

perdoado em Jesus Cristo através do nosso

arrependimento.

E como somos chamados a sermos imitadores

de Deus, estamos debaixo do dever de exibir a

mesma disposição para perdoar os nossos

ofensores, a ponto de se conciliar na oração do

Pai nosso, o perdão das nossas dívidas,

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conforme também tenhamos perdoados os

nossos ofensores.

Este mandamento jamais poderia ser aplicado

na prática, caso em vez de sermos guiados pela

justiça do reino de Deus, fôssemos conduzidos

pela justiça dos tribunais terrenos, em que a

questão do perdão não é considerada no

julgamento das causas. Este é um dos principais

motivos de os crentes serem proibidos de

encaminharem suas demandas com irmãos em

Cristo a tribunais terrenos.

Antes da justiça dos homens, deve ser atendida

a justiça de Deus. Antes importa mais obedecer

a Deus do que aos homens.

Especialmente em nossos dias, temos

testemunhado, em razão da multiplicação da

iniquidade que havia sido profetizada por Jesus

e pelos apóstolos, o esfriamento do amor de

muitos. A prova disso é que a crueldade tem

crescido, e com ela a falta até mesmo de afeto

natural, há aumento do egoísmo, do ódio

injustificado, da sede de vingança, que se vê por

toda parte. Então o crente é chamado a vigiar,

orar e a nadar contra esta correnteza, para

permanecer no primeiro amor em Jesus Cristo.

Ele não pode permitir ser contaminado por este

espírito de rebelião dessa época, e guardar o

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coração na pureza, na bondade, no amor, no

perdão, na misericórdia e em tudo o mais que

existe no próprio caráter do Senhor.

A tentação para maldizer os que praticam

injustiças é muito grande, mas devemos nos

guardar disso, e bendizer em vez de maldizer.

A sede de punição de transgressores deve ser

substituída por intercessão em favor do

arrependimento e conversão deles. A questão

da justiça deve ser deixada nas mãos do Senhor,

e nos casos de transgressão das leis dos homens,

também nas mãos dos tribunais terrenos, os

quais caso venham a prevaricar, serão julgados

por Deus, não devendo portanto, estarem

sujeitos ao nosso juízo, em movimentos de

massas populares para tentar removê-los de

suas posições, pois o Senhor, o fará caso assim

julgue necessário, pelos Seus próprios meios e

poder.

Temos um grande exemplo na paciência e fé

que os mártires do passado demonstraram em

seu serviço à causa do evangelho, e a cujos

algozes foi permitido por Deus permanecerem

impunes por muito tempo na face da Terra, mas

ai deles, caso não tenham se arrependido.

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Devemos evitar julgar segundo as aparências,

pois é nosso dever inclusive não julgar para não

sermos julgados, mas se for o caso de ser feito,

devemos fazê-lo segundo a reta justiça.

Não são os ricos e poderosos que oprimem os

fracos e pobres, que são propriamente os bem-

aventurados, pois caso não pratiquem a justiça,

a eles virá um castigo eterno, conforme

afirmado por nosso Senhor:

“24 Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a

vossa consolação.

25 Ai de vós, os que estais agora fartos! Porque

vireis a ter fome. Ai de vós, os que agora rides!

Porque haveis de lamentar e chorar.” (Lucas

6.24,25).

E àqueles que são louvados e bajulados pelos

homens quando se empenham na obra do

evangelho, diz o Senhor:

“Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque

assim procederam seus pais com os falsos

profetas.” (Lucas 6.26).

Mas boas promessas são dirigidas àqueles que

sofrem pela causa do evangelho:

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“27 Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis:

amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos

odeiam;

28 bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que

vos caluniam.

29 Ao que te bate numa face, oferece-lhe

também a outra; e, ao que tirar a tua capa, deixa-

o levar também a túnica;

30 dá a todo o que te pede; e, se alguém levar o

que é teu, não entres em demanda.

31 Como quereis que os homens vos façam,

assim fazei-o vós também a eles.

32 Se amais os que vos amam, qual é a vossa

recompensa? Porque até os pecadores amam

aos que os amam.

33 Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem,

qual é a vossa recompensa? Até os pecadores

fazem isso.

34 E, se emprestais àqueles de quem esperais

receber, qual é a vossa recompensa? Também

os pecadores emprestam aos pecadores, para

receberem outro tanto.

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35 Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem

e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será

grande o vosso galardão, e sereis filhos do

Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os

ingratos e maus.

36 Sede misericordiosos, como também é

misericordioso vosso Pai.

37 Não julgueis e não sereis julgados; não

condeneis e não sereis condenados; perdoai e

sereis perdoados;

38 dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada,

sacudida, transbordante, generosamente vos

darão; porque com a medida com que tiverdes

medido vos medirão também.” (Lucas 6.27-38).

Temos assim demonstrado, em linhas gerais, o

significado da ordenança de amarmos os nossos

inimigos.

Nas linhas a seguir apresentamos duas divisões

de passagens do Velho Testamento, sob os

seguintes títulos:

a) O AMOR DE DEUS EM RELAÇÃO AO

HOMEM, e

b) O AMOR DO HOMEM EM RELAÇÃO A DEUS

E AO PRÓXIMO.

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O AMOR DE DEUS EM RELAÇÃO AO HOMEM

“23 E, aproximando-se a ele, disse: Destruirás o

justo com o ímpio?

24 Se houver, porventura, cinquenta justos na

cidade, destruirás ainda assim e não pouparás o

lugar por amor dos cinquenta justos que nela se

encontram?

25 Longe de ti o fazeres tal coisa, matares o justo

com o ímpio, como se o justo fosse igual ao

ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda

a terra?

26 Então, disse o SENHOR: Se eu achar em

Sodoma cinquenta justos dentro da cidade,

pouparei a cidade toda por amor deles.

27 Disse mais Abraão: Eis que me atrevo a falar

ao Senhor, eu que sou pó e cinza.

28 Na hipótese de faltarem cinco para cinquenta

justos, destruirás por isso toda a cidade? Ele

respondeu: Não a destruirei se eu achar ali

quarenta e cinco.

29 Disse-lhe ainda mais Abraão: E se,

porventura, houver ali quarenta? Respondeu:

Não o farei por amor dos quarenta.

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30 Insistiu: Não se ire o Senhor, falarei ainda: Se

houver, porventura, ali trinta? Respondeu o

SENHOR: Não o farei se eu encontrar ali trinta.

31 Continuou Abraão: Eis que me atrevi a falar ao

Senhor: Se, porventura, houver ali vinte?

Respondeu o SENHOR: Não a destruirei por

amor dos vinte.

32 Disse ainda Abraão: Não se ire o Senhor, se

lhe falo somente mais esta vez: Se, porventura,

houver ali dez? Respondeu o SENHOR: Não a

destruirei por amor dos dez.

33 Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se o

SENHOR; e Abraão voltou para o seu lugar.”

(Gênesis 18.22-33).

Desta passagem pode ser inferido corretamente

que é por amor dos crentes que são o sal da terra

e a luz do mundo, que Deus tem suportado com

grande longanimidade os vasos de ira

preparados para a perdição eterna. É por causa

do amor aos eleitos que os preserva, na

expectativa de que através do testemunho deles,

muitos outros venham a se converter também

de seus maus caminhos, que Deus adia muitos

dos seus juízos sobre a Terra, e os canaliza para

o dia do Juízo Final.

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O testemunho de um crente fiel é muito

precioso, porque através dele é proclamada a

justiça, o amor e a bondade de Deus, e este é um

dos principais motivos de eles serem

incentivados a prosseguirem neste

testemunho, pelo qual muitos são abençoados

por causa do amor de Deus por estes crentes

fiéis, em comprovação de que Ele se agrada e

recompensa de fato até mesmo aqueles que

vivem sob a influência destes filhos amados, e

isto pode ser visto em várias Escrituras, como as

destacadas a seguir:

“25 Tendo Raquel dado à luz a José, disse Jacó a

Labão: Permite-me que eu volte ao meu lugar e

à minha terra.

26 Dá-me meus filhos e as mulheres, pelas quais

eu te servi, e partirei; pois tu sabes quanto e de

que maneira te servi.

27 Labão lhe respondeu: Ache eu mercê diante

de ti; fica comigo. Tenho experimentado que o

SENHOR me abençoou por amor de ti.” (Gênesis

30.25-27).

“2 O SENHOR era com José, que veio a ser

homem próspero; e estava na casa de seu

Senhor egípcio.

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3 Vendo Potifar que o SENHOR era com ele e que

tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em

suas mãos,

4 logrou José mercê perante ele, a quem servia;

e ele o pôs por mordomo de sua casa e lhe

passou às mãos tudo o que tinha.

5 E, desde que o fizera mordomo de sua casa e

sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a

casa do egípcio por amor de José; a bênção do

SENHOR estava sobre tudo o que tinha, tanto

em casa como no campo.” (Gênesis 39.2-5).

“8 Contou Moisés a seu sogro tudo o que o

SENHOR havia feito a Faraó e aos egípcios por

amor de Israel, e todo o trabalho que passaram

no Egito, e como o SENHOR os livrara.

9 Alegrou-se Jetro de todo o bem que o SENHOR

fizera a Israel, livrando-o da mão dos egípcios,”

(Êxodo 18.8,9).

A semente de Abraão foi levantada para ser

bênção para todas as nações da Terra, em todas

as gerações, e isto se cumpriria especialmente

com a promessa do Messias. Até que ele viesse,

Israel deveria sustentar um testemunho de

santidade e amor, segundo Deus, e esta era a

razão de terem sido submetidos a Seus juízos

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para que fosse vindicada neles a Sua justiça e

santidade, de modo que todos soubessem que

Ele nada tinha a ver com o mau comportamento

da nação.

As correções da nação de Israel por Deus

apontavam para a verdade de que Ele não rejeita

aqueles a quem ama, mesmo quando agem

contrariamente a Ele, mas os sujeita à disciplina

da aliança, assim como um pai corrige seus

filhos.

“7 É para disciplina que perseverais (Deus vos

trata como filhos); pois que filho há que o pai não

corrige?

8 Mas, se estais sem correção, de que todos se

têm tornado participantes, logo, sois bastardos e

não filhos.

9 Além disso, tínhamos os nossos pais segundo

a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos;

não havemos de estar em muito maior

submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?

10 Pois eles nos corrigiam por pouco tempo,

segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos

disciplina para aproveitamento, a fim de sermos

participantes da sua santidade.

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11 Toda disciplina, com efeito, no momento não

parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao

depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que

têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.”

(Hebreus 12.7-11).

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê,

pois, zeloso e arrepende-te.” (Hebreus 3.19).

Não são pois os castigos dispensados a inimigos

inconciliáveis, mas as correções de um Pai de

amor, aquilo que o Senhor dispensa a todos os

Seus filhos.

Quem ama, repreende, corrige e disciplina.

Então não se pode esquecer que mesmo quando

se fala de amar os inimigos, estas coisas não

podem ser esquecidas, pois muitos são

achegados a Deus por conta dos juízos dolorosos

que Ele traz sobre eles por conta de seu mau

caminhar. Por essas dores que lhes são

infligidas eles são trazidos à cura de suas almas.

É por isso que vemos tantas repreensões e

castigos dirigidos por Deus à própria nação de

Israel, especialmente nos dias do Velho

Testamento. Era o tratamento de um amigo e

não de um inimigo. Eram correções e castigos

motivados pelo amor, e não pelo ódio.

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“39 Aqueles que dentre vós ficarem serão

consumidos pela sua iniquidade nas terras dos

vossos inimigos e pela iniquidade de seus pais

com eles serão consumidos.

40 Mas, se confessarem a sua iniquidade e a

iniquidade de seus pais, na infidelidade que

cometeram contra mim, como também

confessarem que andaram contrariamente para

comigo,

41 pelo que também fui contrário a eles e os fiz

entrar na terra dos seus inimigos; se o seu

coração incircunciso se humilhar, e tomarem

eles por bem o castigo da sua iniquidade,

42 então, me lembrarei da minha aliança com

Jacó, e também da minha aliança com Isaque, e

também da minha aliança com Abraão, e da

terra me lembrarei.

43 Mas a terra na sua assolação, deixada por

eles, folgará nos seus sábados; e tomarão eles

por bem o castigo da sua iniquidade, visto que

rejeitaram os meus juízos e a sua alma se

aborreceu dos meus estatutos.

44 Mesmo assim, estando eles na terra dos seus

inimigos, não os rejeitarei, nem me aborrecerei

deles, para consumi-los e invalidar a minha

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aliança com eles, porque eu sou o SENHOR, seu

Deus.

45 Antes, por amor deles, me lembrarei da

aliança com os seus antepassados, que tirei da

terra do Egito à vista das nações, para lhes ser

por Deus. Eu sou o SENHOR.” (Levítico 26.39-45).

“6 Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu

Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para

que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os

povos que há sobre a terra.

7 Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos

escolheu porque fôsseis mais numerosos do que

qualquer povo, pois éreis o menor de todos os

povos,

8 mas porque o SENHOR vos amava e, para

guardar o juramento que fizera a vossos pais, o

SENHOR vos tirou com mão poderosa e vos

resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó,

rei do Egito.

9 Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é

Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a

misericórdia até mil gerações aos que o amam e

cumprem os seus mandamentos;

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10 e dá o pago diretamente aos que o odeiam,

fazendo-os perecer; não será demorado para

com o que o odeia; prontamente, lho retribuirá.

11 Guarda, pois, os mandamentos, e os estatutos,

e os juízos que hoje te mando cumprir.

12 Será, pois, que, se, ouvindo estes juízos, os

guardares e cumprires, o SENHOR, teu Deus, te

guardará a aliança e a misericórdia prometida

sob juramento a teus pais;

13 ele te amará, e te abençoará, e te fará

multiplicar; também abençoará os teus filhos, e

o fruto da tua terra, e o teu cereal, e o teu vinho,

e o teu azeite, e as crias das tuas vacas e das tuas

ovelhas, na terra que, sob juramento a teus pais,

prometeu dar-te.” (Deuteronômio 7.6-13).

“Reconheceu Davi que o SENHOR o confirmara

rei sobre Israel e que exaltara o seu reino por

amor do seu povo.” (II Samuel 5.12).

“38 toda oração e súplica que qualquer homem

ou todo o teu povo de Israel fizer, conhecendo

cada um a chaga do seu coração e estendendo as

mãos para o rumo desta casa,

39 ouve tu nos céus, lugar da tua habitação,

perdoa, age e dá a cada um segundo todos os

seus caminhos, já que lhe conheces o coração,

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porque tu, só tu, és conhecedor do coração de

todos os filhos dos homens;

40 para que te temam todos os dias que viverem

na terra que deste a nossos pais.

41 Também ao estrangeiro, que não for do teu

povo de Israel, porém vier de terras remotas,

por amor do teu nome

42 (porque ouvirão do teu grande nome, e da tua

mão poderosa, e do teu braço estendido), e orar,

voltado para esta casa,” (I Reis 8.38-42).

“11 Por isso, disse o SENHOR a Salomão: Visto

que assim procedeste e não guardaste a minha

aliança, nem os meus estatutos que te mandei,

tirarei de ti este reino e o darei a teu servo.

12 Contudo, não o farei nos teus dias, por amor

de Davi, teu pai; da mão de teu filho o tirarei.

13 Todavia, não tirarei o reino todo; darei uma

tribo a teu filho, por amor de Davi, meu servo, e

por amor de Jerusalém, que escolhi.” (I Reis

11.11-13).

“1 No décimo oitavo ano do rei Jeroboão, filho de

Nebate, Abias começou a reinar sobre Judá.

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27

2 Três anos reinou em Jerusalém. Era o nome de

sua mãe Maaca, filha de Absalão.

3 Andou em todos os pecados que seu pai havia

cometido antes dele; e seu coração não foi

perfeito para com o SENHOR, seu Deus, como o

coração de Davi, seu pai.

4 Mas, por amor de Davi, o SENHOR, seu Deus,

lhe deu uma lâmpada em Jerusalém, levantando

a seu filho depois dele e dando estabilidade a

Jerusalém.” (I Reis 15.1-4).

“16 No ano quinto do reinado de Jorão, filho de

Acabe, rei de Israel, reinando ainda Josafá em

Judá, começou a reinar Jeorão, filho de Josafá,

rei de Judá.

17 Era ele da idade de trinta e dois anos quando

começou a reinar e reinou oito anos em

Jerusalém.

18 Andou nos caminhos dos reis de Israel, como

também fizeram os da casa de Acabe, porque a

filha deste era sua mulher; e fez o que era mau

perante o SENHOR.

19 Porém o SENHOR não quis destruir a Judá por

amor de Davi, seu servo, segundo a promessa

que lhe havia feito de lhe dar sempre uma

lâmpada e a seus filhos.” (II Reis 8.16-19).

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28

Já em relação àqueles que não se encontravam

aliançados com Ele, e que se levantavam em

grande insolência para afrontá-lo, buscando a

ruína de Israel, o Senhor os tratou de modo

diferente, dando-lhes diretamente o pago por

suas más obras, como foi o caso em diversas

ocasiões com várias nações que o fizeram.

Nestes casos não foi um juízo por amor, mas

uma ação retributiva da justiça divina assim

como Ele havia feito com a geração dos dias de

Noé; com as cidades de Sodoma, Gomorra,

Admá e Zeboim; no Egito com faraó nos dias de

Moisés; com os reis da Síria, Assíria e todos

aqueles que haviam se levantado contra Ele e

Israel nos dias do Velho Testamento, para que o

Seu nome seja temido em toda a Terra,

“32 Pelo que assim diz o SENHOR acerca do rei

da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem

lançará nela flecha alguma, não virá perante ela

com escudo, nem há de levantar tranqueiras

contra ela.

33 Pelo caminho por onde vier, por esse voltará;

mas, nesta cidade, não entrará, diz o SENHOR.

34 Porque eu defenderei esta cidade, para a

livrar, por amor de mim e por amor de meu

servo Davi.

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29

35 Então, naquela mesma noite, saiu o Anjo do

SENHOR e feriu, no arraial dos assírios, cento e

oitenta e cinco mil; e, quando se levantaram os

restantes pela manhã, eis que todos estes eram

cadáveres.” (II Reis 19.32-35).

Este foi o tratamento de Deus com os assírios, do

mesmo modo com que havia feito distinção

entre os egípcios e os israelitas nos dias de

Moisés, para que se saiba que aqueles que são

aliançados com Ele, conforme é o caso da Igreja,

por meio da fé em Jesus Cristo, não mais o

enfrentarão como um juiz togado, pronto a

executar sobre eles uma sentença

condenatória, mas como um pai amoroso,

disposto a perdoar e a disciplinar seus filhos,

uma vez que estes se sujeitam a ele,

diferentemente daqueles que permanecem

voluntariamente como inimigos e estranhos,

sempre resistindo à Sua vontade. No que eles

têm recusado a mão amiga do evangelho que

lhes foi estendida para serem perdoados,

reconciliados e salvos, devem permanecer sob

condenação em razão da sua incredulidade.

Assim o amor aos inimigos ordenado aos

crentes não significa que Deus os aprova ou que

usará de misericórdia com todos eles, mas

demonstra por este amor de Seus filhos o

quanto Ele, o Pai, é longânimo para com eles,

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30

dando-lhes oportunidade para que se

arrependam, em face de toda esta bondade e

paciência demonstradas.

“5 Volta e dize a Ezequias, príncipe do meu povo:

Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai:

Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que eu

te curarei; ao terceiro dia, subirás à Casa do

SENHOR.

6 Acrescentarei aos teus dias quinze anos e das

mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta

cidade; e defenderei esta cidade por amor de

mim e por amor de Davi, meu servo.” (II Reis

20.5,6).

“Reconheceu Davi que o SENHOR o confirmara

rei sobre Israel; porque, por amor do seu povo de

Israel, o seu reino se tinha exaltado muito.” (I

Reis 14.2).

“15 Lembra-se perpetuamente da sua aliança, da

palavra que empenhou para mil gerações;

16 da aliança que fez com Abraão e do juramento

que fez a Isaque;

17 o qual confirmou a Jacó por decreto e a Israel,

por aliança perpétua,

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31

18 dizendo: Dar-vos-ei a terra de Canaã como

quinhão da vossa herança.

19 Então, eram eles em pequeno número,

pouquíssimos e forasteiros nela;

20 andavam de nação em nação, de um reino

para um povo.

21 A ninguém permitiu que os oprimisse; antes,

por amor deles, repreendeu a reis,

22 dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem

maltrateis os meus profetas.” (I Crônicas 16.15-

22).

“1 O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.

2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes.

Leva-me para junto das águas de descanso;

3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da

justiça por amor do seu nome.” (Salmo 23.1-3).

“22 Mas, por amor de ti, somos entregues à

morte continuamente, somos considerados

como ovelhas para o matadouro.

23 Desperta! Por que dormes, Senhor? Desperta!

Não nos rejeites para sempre!

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32

24 Por que escondes a face e te esqueces da

nossa miséria e da nossa opressão?

25 Pois a nossa alma está abatida até ao pó, e o

nosso corpo, como que pegado no chão.

26 Levanta-te para socorrer-nos e resgata-nos

por amor da tua benignidade.” (Salmo 44.22-26).

“6 Pecamos, como nossos pais; cometemos

iniquidade, procedemos mal.

7 Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas

maravilhas; não se lembraram da multidão das

tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao

mar, o mar Vermelho.

8 Mas ele os salvou por amor do seu nome, para

lhes fazer notório o seu poder.” (Salmo 106.6-8).

“20 Tal seja, da parte do SENHOR, o galardão dos

meus contrários e dos que falam mal contra a

minha alma.

21 Mas tu, SENHOR Deus, age por mim, por

amor do teu nome; livra-me, porque é grande a

tua misericórdia.” (Salmo 109.20,21).

“Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu

nome dá glória, por amor da tua misericórdia e

da tua fidelidade.” (Salmo 115.1).

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33

“8 Levanta-te, SENHOR, entra no lugar do teu

repouso, tu e a arca de tua fortaleza.

9 Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e

exultem os teus fiéis.

10 Por amor de Davi, teu servo, não desprezes o

rosto do teu ungido.

11 O SENHOR jurou a Davi com firme juramento

e dele não se apartará: Um rebento da tua carne

farei subir para o teu trono.

12 Se os teus filhos guardarem a minha aliança e

o testemunho que eu lhes ensinar, também os

seus filhos se assentarão para sempre no teu

trono.

13 Pois o SENHOR escolheu a Sião, preferiu-a

por sua morada:

14 Este é para sempre o lugar do meu repouso;

aqui habitarei, pois o preferi.” (Salmo 132.8-14).

“8 Faze-me ouvir, pela manhã, da tua graça, pois

em ti confio; mostra-me o caminho por onde

devo andar, porque a ti elevo a minha alma.

9 Livra-me, SENHOR, dos meus inimigos; pois

em ti é que me refugio.

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34

10 Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o

meu Deus; guie-me o teu bom Espírito por

terreno plano.

11 Vivifica-me, SENHOR, por amor do teu nome;

por amor da tua justiça, tira da tribulação a

minha alma.

12 E, por tua misericórdia, dá cabo dos meus

inimigos e destrói todos os que me atribulam a

alma, pois eu sou teu servo.” (Salmo 143.8-12).

“O ódio excita contendas, mas o amor cobre

todas as transgressões.” (Provérbios 10.12).

“6 Põe-me como selo sobre o teu coração, como

selo sobre o teu braço, porque o amor é forte

como a morte, e duro como a sepultura, o

ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, são

veementes labaredas.

7 As muitas águas não poderiam apagar o amor,

nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse

todos os bens da sua casa pelo amor, seria de

todo desprezado.” (Cantares 8.6,7).

“Foi do agrado do SENHOR, por amor da sua

própria justiça, engrandecer a lei e fazê-la

gloriosa.” (Isaías 42.21).

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35

“11 Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há

salvador.

12 Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir;

deus estranho não houve entre vós, pois vós sois

as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou

Deus.

13 Ainda antes que houvesse dia, eu era; e

nenhum há que possa livrar alguém das minhas

mãos; agindo eu, quem o impedirá?

14 Assim diz o SENHOR, o que vos redime, o

Santo de Israel: Por amor de vós, enviarei

inimigos contra a Babilônia e a todos os de lá

farei embarcar como fugitivos, isto é, os

caldeus, nos navios com os quais se

vangloriavam.” (Isaías 43.11-14).

Por amor do Seu povo Deus toma vingança dos

seus inimigos, de maneira que esta é mais uma

razão para amarem seus inimigos em vez de

buscarem se vingar deles, porque a questão da

justiça e do juízo permanece perfeitamente nas

mãos do Senhor que no devido tempo dará o

pago a cada um segundo as suas obras:

“14 abençoai os que vos perseguem, abençoai e

não amaldiçoeis.

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36

15 Alegrai-vos com os que se alegram e chorai

com os que choram.

16 Tende o mesmo sentimento uns para com os

outros; em lugar de serdes orgulhosos,

condescendei com o que é humilde; não sejais

sábios aos vossos próprios olhos.

17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-

vos por fazer o bem perante todos os homens;

18 se possível, quanto depender de vós, tende

paz com todos os homens;

19 não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas

dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me

pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o

Senhor.

20 Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome,

dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber;

porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas

sobre a sua cabeça.

21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal

com o bem.” (Romanos 12.14-21).

“1 Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a

quem tomo pela mão direita, para abater as

nações ante a sua face, e para descingir os

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37

lombos dos reis, e para abrir diante dele as

portas, que não se fecharão.

2 Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos

tortuosos, quebrarei as portas de bronze e

despedaçarei as trancas de ferro;

3 dar-te-ei os tesouros escondidos e as riquezas

encobertas, para que saibas que eu sou o

SENHOR, o Deus de Israel, que te chama pelo

teu nome.

4 Por amor do meu servo Jacó e de Israel, meu

escolhido, eu te chamei pelo teu nome e te pus

o sobrenome, ainda que não me conheces.”

(Isaías 45.1-4).

Por amor do Seu povo Deus usa até mesmo

ímpios que não o conhecem, para executar toda

a Sua vontade, para o bem deles, como foi o caso

com Ciro, rei da Pérsia, que foi levantado para

conduzir os judeus do cativeiro em Babilônia

para a terra deles na Palestina.

“8 Tu nem as ouviste, nem as conheceste, nem

tampouco antecipadamente se te abriram os

ouvidos, porque eu sabia que procederias mui

perfidamente e eras chamado de transgressor

desde o ventre materno.

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38

9 Por amor do meu nome, retardarei a minha ira

e por causa da minha honra me conterei para

contigo, para que te não venha a exterminar.

10 Eis que te acrisolei, mas disso não resultou

prata; provei-te na fornalha da aflição.

11 Por amor de mim, por amor de mim, é que

faço isto; porque como seria profanado o meu

nome? A minha glória, não a dou a outrem.

12 Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem

chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro e

também o último.” (Isaías 48.8-12).

“Assim diz o SENHOR, o Redentor e Santo de

Israel, ao que é desprezado, ao aborrecido das

nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão, e os

príncipes se levantarão; e eles te adorarão por

amor do SENHOR, que é fiel, e do Santo de

Israel, que te escolheu.” (Isaías 49.7).

“3 Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a

vossa alma viverá; porque convosco farei uma

aliança perpétua, que consiste nas fiéis

misericórdias prometidas a Davi.

4 Eis que eu o dei por testemunho aos povos,

como príncipe e governador dos povos.

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39

5 Eis que chamarás a uma nação que não

conheces, e uma nação que nunca te conheceu

correrá para junto de ti, por amor do SENHOR,

teu Deus, e do Santo de Israel, porque este te

glorificou.

6 Buscai o SENHOR enquanto se pode achar,

invocai-o enquanto está perto.

7 Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os

seus pensamentos; converta-se ao SENHOR,

que se compadecerá dele, e volte-se para o

nosso Deus, porque é rico em perdoar.” (Isaías

55.3-7).

“1 Por amor de Sião, me não calarei e, por amor

de Jerusalém, não me aquietarei, até que saia a

sua justiça como um resplendor, e a sua

salvação, como uma tocha acesa.

2 As nações verão a tua justiça, e todos os reis, a

tua glória; e serás chamada por um nome novo,

que a boca do SENHOR designará.

3 Serás uma coroa de glória na mão do SENHOR,

um diadema real na mão do teu Deus.” (Isaías

62.1-3).

“8 Porque ele dizia: Certamente, eles são meu

povo, filhos que não mentirão; e se lhes tornou o

seu Salvador.

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40

9 Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e

o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor

e pela sua compaixão, ele os remiu, os tomou e

os conduziu todos os dias da antiguidade.

10 Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu

Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em

inimigo e ele mesmo pelejou contra eles.”

(Isaías 63.8-10).

“5 povo que diz: Fica onde estás, não te chegues

a mim, porque sou mais santo do que tu. És no

meu nariz como fumaça de fogo que arde o dia

todo.

6 Eis que está escrito diante de mim, e não me

calarei; mas eu pagarei, vingar-me-ei,

totalmente,

7 das vossas iniquidades e, juntamente, das

iniquidades de vossos pais, diz o SENHOR, os

quais queimaram incenso nos montes e me

afrontaram nos outeiros; pelo que eu vos

medirei totalmente a paga devida às suas obras

antigas.

8 Assim diz o SENHOR: Como quando se acha

vinho num cacho de uvas, dizem: Não o

desperdices, pois há bênção nele, assim farei

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41

por amor de meus servos e não os destruirei a

todos.

9 Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um

herdeiro que possua os meus montes; e os meus

eleitos herdarão a terra e os meus servos

habitarão nela.” (Isaías 65.5-9).

“Posto que as nossas maldades testificam contra

nós, ó SENHOR, age por amor do teu nome;

porque as nossas rebeldias se multiplicaram;

contra ti pecamos.” (Jeremias 14.7).

“1 Naquele tempo, diz o SENHOR, serei o Deus

de todas as tribos de Israel, e elas serão o meu

povo.

2 Assim diz o SENHOR: O povo que se livrou da

espada logrou graça no deserto. Eu irei e darei

descanso a Israel.

3 De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo:

Com amor eterno eu te amei; por isso, com

benignidade te atraí.

4 Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem

de Israel! Ainda serás adornada com os teus

adufes e sairás com o coro dos que dançam.”

(Jeremias 31.1-4).

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Deus nos amou desde a eternidade, antes

mesmo que houvesse mundo, e ele continuou

nos amando mesmo nos dias da nossa

ignorância de Cristo e do evangelho, e por este

amor veio a nos chamar e salvar depois.

“7 Então, lhes disse: Cada um lance de si as

abominações de que se agradam os seus olhos,

e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu

sou o SENHOR, vosso Deus.

8 Mas rebelaram-se contra mim e não me

quiseram ouvir; ninguém lançava de si as

abominações de que se agradavam os seus

olhos, nem abandonava os ídolos do Egito.

Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu

furor, para cumprir a minha ira contra eles, no

meio da terra do Egito.

9 O que fiz, porém, foi por amor do meu nome,

para que não fosse profanado diante das nações

no meio das quais eles estavam, diante das quais

eu me dei a conhecer a eles, para os tirar da terra

do Egito.” (Ezequiel 20.7-9).

“16 Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças,

aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de

Jerusalém, do teu santo monte, porquanto, por

causa dos nossos pecados e por causa das

iniquidades de nossos pais, se tornaram

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Jerusalém e o teu povo opróbrio para todos os

que estão em redor de nós.

17 Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do

teu servo e as suas súplicas e sobre o teu

santuário assolado faze resplandecer o rosto,

por amor do Senhor.

18 Inclina, ó Deus meu, os ouvidos e ouve; abre

os olhos e olha para a nossa desolação e para a

cidade que é chamada pelo teu nome, porque

não lançamos as nossas súplicas perante a tua

face fiados em nossas justiças, mas em tuas

muitas misericórdias.

19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor,

atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti

mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu

povo são chamados pelo teu nome.” (Daniel

9.16-19).

“Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo

os amarei, porque a minha ira se apartou deles.”

(Oseias 14.4).

Em inúmeras passagens da Bíblia Deus declara

o amor ao Seu nome, à Sua palavra, bondade, e

fidelidade, como a causa das Suas ações

graciosas para com a humanidade, e

especialmente para com o Seu povo. Isto pode

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ser visto nas próprias orações feitas por Moisés,

Daniel, Davi, Salomão, e muitos outros reis de

Israel, pedindo que Deus lhes fizesse bem por

amor do Seu nome e fidelidade.

Ora, disto se aprende que o amor aos inimigos

deve existir pela mesma razão, a saber, por amor

ao Nome do Senhor, da Sua obra de salvação que

é destinada a toda e qualquer pessoa. Se não

houvesse esta disposição de se amar inimigos,

jamais poderíamos nos empenhar na obra do

evangelho, atendendo ao seu caráter universal.

Nós podemos ver em muitos sermões de

Charles Haddon Spurgeon, o quanto ele estava

comprometido com a glória de Deus, e que por

amor do Seu nome, gastou-se inteiramente por

amor às almas dos homens, muitas vezes até

mais do que eles próprios, no seu interesse de

livrá-las da condenação eterna pela pregação do

evangelho. O mesmo sentimento podemos

observar no apóstolo Paulo, esforçando-se para

ganhar os próprios judeus que o perseguiam, e

disposto até mesmo a se tornar um anátema, se

com isto pudesse trazer-lhes a salvação.

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O AMOR DO HOMEM EM RELAÇÃO A DEUS E

AO PRÓXIMO

“17 Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo;

mas repreenderás o teu próximo e, por causa

dele, não levarás sobre ti pecado.

18 Não te vingarás, nem guardarás ira contra os

filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo

como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.” (Levítico

19.17,18)

“Não repreendas o escarnecedor, para que te

não aborreça; repreende o sábio, e ele te amará.”

(Provérbios 9.8).

Estas duas passagens devem ser analisadas em

conjunto, pois, se por um lado somos ordenados

a repreender o irmão faltoso, porque a

negligência deste dever é considerada como

pecaminosa por Deus, trazendo-nos culpa em

decorrência disso, todavia, por outro, como se

vê no texto de Provérbios, a pessoa facciosa e

recalcitrante deve ser evitada, uma vez que a

repreensão não lhe traria nenhum benefício,

senão que ficará aborrecido conosco e com a

repreensão recebida.

É necessário ter em todas as situações

conflitantes em nossos relacionamentos, a

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direção do Espírito Santo, quanto à

demonstração do nosso zelo pelo amor e pela

verdade, para que não suceda, que em vez de

agirmos de forma aprovada, venhamos a

acrescentar maiores problemas aos já

existentes.

“4 Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o

único SENHOR.

5 Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o

teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua

força.” (Deuteronômio 6.4,5).

“12 Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR

requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu

Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o

ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o

teu coração e de toda a tua alma,

13 para guardares os mandamentos do SENHOR

e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu

bem?

14 Eis que os céus e os céus dos céus são do

SENHOR, teu Deus, a terra e tudo o que nela há.

15 Tão-somente o SENHOR se afeiçoou a teus

pais para os amar; a vós outros, descendentes

deles, escolheu de todos os povos, como hoje se

vê.

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16 Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais

endureçais a vossa cerviz.

17 Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos

deuses e o Senhor dos Senhores, o Deus grande,

poderoso e temível, que não faz acepção de

pessoas, nem aceita suborno;

18 que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o

estrangeiro, dando-lhe pão e vestes.

19 Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes

estrangeiros na terra do Egito.

20 Ao SENHOR, teu Deus, temerás; a ele

servirás, a ele te chegarás e, pelo seu nome,

jurarás.” (Deuteronômio 10.12-20).

“Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, e todos os

dias guardarás os seus preceitos, os seus

estatutos, os seus juízos e os seus

mandamentos” (Deuteronômio 11.1).

Ao amor deve preceder a verdade, pois não é

amor aquilo que passa por alto a verdade e a

justiça de Deus. Ainda que a misericórdia

triunfe sobre o juízo, isto não é feito de modo

banal e sem fundamento, uma vez que um alto

preço foi pago por Jesus na cruz, para que

pudéssemos ser perdoados e justificados por

Deus, alcançando misericórdia da Sua parte.

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48

Somos chamados a exibir a mesma misericórdia

com a qual fomos contemplados pelo Senhor,

mas isto deve ser feito dentro dos critérios

revelados por Deus na Palavra, e não movidos

por meros sentimentos e emoções.

Muitos são abusados em sua ingenuidade

pretendendo passar por atenuadores de todas as

aflições que o próximo possa estar enfrentando,

sem levarem em conta que estas podem ser

decorrentes de pecados que ele não pretende

abandonar, ou ainda de juízos aplicados por

Deus, seja para correção ou para castigo. Estes

sentimentos são ampliados ou impulsionados

pelos espíritos das trevas para o propósito de

enganar aqueles que pretendem agir de forma

misericordiosa.

Como já dito anteriormente, em todas as nossas

deliberações, devemos buscar a instrução da

Palavra de Deus e a direção do Espírito Santo,

para que não ultrapassemos os marcos que

foram estabelecidos previamente por Deus para

nós ao exercermos misericórdia.

“1 Quando, pois, todas estas coisas vierem sobre

ti, a bênção e a maldição que pus diante de ti, se

te recordares delas entre todas as nações para

onde te lançar o SENHOR, teu Deus;

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2 e tornares ao SENHOR, teu Deus, tu e teus

filhos, de todo o teu coração e de toda a tua alma,

e deres ouvidos à sua voz, segundo tudo o que

hoje te ordeno,

3 então, o SENHOR, teu Deus, mudará a tua

sorte, e se compadecerá de ti, e te ajuntará, de

novo, de todos os povos entre os quais te havia

espalhado o SENHOR, teu Deus.

4 Ainda que os teus desterrados estejam para a

extremidade dos céus, desde aí te ajuntará o

SENHOR, teu Deus, e te tomará de lá.

5 O SENHOR, teu Deus, te introduzirá na terra

que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará

bem e te multiplicará mais do que a teus pais.

6 O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu

coração e o coração de tua descendência, para

amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração

e de toda a tua alma, para que vivas.

7 O SENHOR, teu Deus, porá todas estas

maldições sobre os teus inimigos e sobre os teus

aborrecedores, que te perseguiram.”

(Deuteronômio 30.1-7).

Na Lei, a própria nação de Israel estava debaixo

das ameaças de maldição da Lei, para o caso da

transgressão da aliança, conforme as citadas no

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50

capítulo anterior a este. Aqui, em Deuteronômio

30 são feitas promessas de restauração de Israel,

em caso de arrependimento e conversão ao

Senhor, e que as citadas maldições em vez de

virem sobre a nação eleita, seriam destinadas

por Deus aos inimigos e aborrecedores de Israel.

De fato, todos aqueles que são inimigos de Cristo

permanecem debaixo da maldição da Lei, da

qual todos os crentes foram resgatados, por

conta da nova aliança feita com eles no sangue

de Jesus, que não conta até mesmo as

transgressões desta nova aliança como causa

para maldição.

De Deuteronômio 30.7 aprendemos por

princípio que o amor de Deus à humanidade não

significa que Ele não julgue, castigue e condene

a todos aqueles que não amam a Cristo, contra

os quais a propósito, o apóstolo Paulo proclama

um anátema, em razão da escolha deliberada

deles de permanecerem em rebelião contra

Deus.

Como poderia Deus ter um amor de intimidade,

de familiaridade, de alegria com os tais? Estaria

ele nos ordenando a fazer aquilo que Ele mesmo

nunca se disporá a fazer? Ou seja, amar com este

amor de comunhão e unidade espiritual aqueles

que andam em trevas e que amam o mundo?

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51

Qual é a comunhão possível entre luz e trevas?

Entre o crente e o incrédulo?

Este balizamento quando se fala em amarmos o

próximo como a nós mesmos, deve ser sempre

observado, para que não sejamos encontrados

marchando ao lado, e seguindo a mesma

direção daqueles que odeiam a Deus.

Entre fazer isto e orar por eles para que saiam de

debaixo da maldição da Lei, e não maldizê-los,

vai uma distância muito grande, pois se requer

de nós que não apenas evitemos o mal, como

também fujamos de toda aparência do mal.

“6 Esforçai-vos, pois, muito para guardardes e

cumprirdes tudo quanto está escrito no Livro da

Lei de Moisés, para que dela não vos aparteis,

nem para a direita nem para a esquerda;

7 para que não vos mistureis com estas nações

que restaram entre vós. Não façais menção dos

nomes de seus deuses, nem por eles façais jurar,

nem os sirvais, nem os adoreis.

8 Mas ao SENHOR, vosso Deus, vos apegareis,

como fizestes até ao dia de hoje;

9 pois o SENHOR expulsou de diante de vós

grandes e fortes nações; e, quanto a vós outros,

ninguém vos resistiu até ao dia de hoje.

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10 Um só homem dentre vós perseguirá mil,

pois o SENHOR, vosso Deus, é quem peleja por

vós, como já vos prometeu.

11 Portanto, empenhai-vos em guardar a vossa

alma, para amardes o SENHOR, vosso Deus.

12 Porque, se dele vos desviardes e vos

apegardes ao restante destas nações ainda em

vosso meio, e com elas vos aparentardes, e com

elas vos misturardes, e elas convosco,

13 sabei, certamente, que o SENHOR, vosso

Deus, não expulsará mais estas nações de vossa

presença, mas vos serão por laço e rede, e açoite

às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos,

até que pereçais nesta boa terra que vos deu o

SENHOR, vosso Deus.” (Josué 23.6-13).

“3 Não fale o estrangeiro que se houver chegado

ao SENHOR, dizendo: O SENHOR, com efeito,

me separará do seu povo; nem tampouco diga o

eunuco: Eis que eu sou uma árvore seca.

4 Porque assim diz o SENHOR: Aos eunucos que

guardam os meus sábados, escolhem aquilo que

me agrada e abraçam a minha aliança,

5 darei na minha casa e dentro dos meus muros,

um memorial e um nome melhor do que filhos

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53

e filhas; um nome eterno darei a cada um deles,

que nunca se apagará.

6 Aos estrangeiros que se chegam ao SENHOR,

para o servirem e para amarem o nome do

SENHOR, sendo deste modo servos seus, sim,

todos os que guardam o sábado, não o

profanando, e abraçam a minha aliança,

7 também os levarei ao meu santo monte e os

alegrarei na minha Casa de Oração; os seus

holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos

no meu altar, porque a minha casa será

chamada Casa de Oração para todos os povos.”

(Isaías 56.3-7).

Tendo considerado o amor aos inimigos em seu

contexto veterotestamentário, consideremo-lo

agora em seu sentido geral e universal,

conforme desenvolvido claramente no Novo

Testamento.

Antes de tudo, deve ser observado que Jesus não

ordenou o amor aos inimigos, necessariamente

sob o ponto de vista da forma como devem ser

resolvidos casos de desafeição pessoal. É num

sentido muito mais amplo e profundo que isto

deve ser analisado.

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54

Veja o caso do próprio Deus que nos amou com

um amor eterno quando ainda nem sequer

éramos gerados, e prosseguiu nos amando

mesmo quando éramos seus inimigos, como se

pode ver no texto de Romanos 5.

A carne é inimizade contra Deus, e esta é a

condição natural de todo ser humano, até que

venha a se converter a Cristo, quando ultrapassa

a barreira do carnal para ser espiritual. Assim,

como Paulo se refere aos crentes dizendo que

eles não estão mais na carne, mas no espírito,

como a dizer que eles são agora espirituais e não

mais carnais. A carne, neste sentido, se refere

sobretudo à natureza pecaminosa que é inimiga

de Deus e que não tem em si a condição de se

sujeitar à Sua vontade.

Ora, a conclusão imediata é simples, uma vez

que se Deus não tivesse amado a estes que eram

seus inimigos por natureza, eles jamais

poderiam ser salvos, porque haveria sempre

uma posição de inimizade entre ambos. Mas,

pela graça do evangelho, e por causa do amor de

Deus, somos reconciliados com Ele por meio da

fé, passando a haver um novo estado de paz e

comunhão e não mais de inimizade e guerra. O

amor venceu a guerra, e a paz passou a reinar

entre o crente e Deus.

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55

Era a isto que Jesus tinha principalmente em

vista quando proferiu as palavras do Sermão do

Monte, as quais, a propósito, como se vê, podem

ser praticadas somente por aqueles que são

justificados e regenerados. Sem a obra do novo

nascimento, ninguém está habilitado a cumprir

o mandamento de amar os inimigos, até porque

isto é feito para o principal propósito de alcançá-

los para se converterem a Cristo.

O amor aos inimigos é necessário e compatível

com a missão do crente que é a mesma de Cristo

em Seu ministério terreno, a saber, a de salvar e

não de condenar o mundo.

Não foi sem razão que o pedido dos filhos de

Zebedeu para que fosse derramado fogo do céu

sobre os samaritanos, foi veementemente

repreendido por Jesus com as seguintes

palavras:

“55 Jesus, porém, voltando-se os repreendeu e

disse: Vós não sabeis de que espírito sois.

56 Pois o Filho do Homem não veio para destruir

as almas dos homens, mas para salvá-las. E

seguiram para outra aldeia.” (Lucas 9.55,56).

Até que ponto Deus está disposto a salvar seus

inimigos pecadores foi demonstrado por Jesus

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56

ao ter morrido na cruz, e ali mesmo ter revelado

a graça perdoadora que habita nele em

plenitude, sobretudo quando perdoou e

conduziu ao paraíso juntamente com ele

naquele mesmo dia, um ladrão arrependido que

havia morrido ao seu lado.

É deste mesmo espírito que ele ordena aos

crentes, estarem revestidos para poderem

cumprir a sua missão no mundo, e não somente

isto, para que venham a ser de fato imitadores

de Deus como filhos amados.

Jesus foi perseguido e odiado pelo mundo em

geral, e continua sendo na pessoa dos crentes,

todavia, seguindo Seu exemplo, eles devem se

regozijar nas perseguições sofridas, conforme

são exortados a isto nas palavras da conclusão

das bem-aventuranças no Sermão do Monte:

“10 Bem-aventurados os perseguidos por causa

da justiça, porque deles é o reino dos céus.

11 Bem-aventurados sois quando, por minha

causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e,

mentindo, disserem todo mal contra vós.

12 Regozijai-vos e exultai, porque é grande o

vosso galardão nos céus; pois assim

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57

perseguiram aos profetas que viveram antes de

vós.” (Mateus 5.10-12).

E qual é uma das principais razões para este

regozijo nas perseguições sofridas, senão que é

exatamente através delas que se comprova a

real eleição deles, porque aqueles que não

amam a justiça do evangelho não são

perseguidos pelo mundo e desprezados, assim

como sucede aos crentes fiéis.

O que fez Deus com um mundo que o odiava? Ele

lhes deu o próprio filho Unigênito para ser um

sacrifício para aqueles que viessem a se

arrepender desta condição de inimizade.

“16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira

que deu o seu Filho unigênito, para que todo o

que nele crê não pereça, mas tenha a vida

eterna.

17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo,

não para que julgasse o mundo, mas para que o

mundo fosse salvo por ele.

18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já

está julgado, porquanto não crê no nome do

unigênito Filho de Deus.” (João 3.16-18).

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58

“7 Dificilmente, alguém morreria por um justo;

pois poderá ser que pelo bom alguém se anime

a morrer.

8 Mas Deus prova o seu próprio amor para

conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,

sendo nós ainda pecadores.

9 Logo, muito mais agora, sendo justificados

pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.

10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos

reconciliados com Deus mediante a morte do

seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,

seremos salvos pela sua vida;

11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos

em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por

intermédio de quem recebemos, agora, a

reconciliação.” (Romanos 5.7-11).

A ira de Deus contra o pecado, e a maldição da

Lei, permanecem sobre aqueles que não creem

em Cristo, conforme a demanda da Sua perfeita

justiça, mas nem com isto, Deus os odeia com

uma fúria consumidora conforme é comum

sentirem os homens que se sentem ofendidos e

injustiçados. Ele é Deus e não homem, e não está

sujeito a estes sentimentos e emoções vis.

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59

Sua ira é de justa retribuição ao mal que é

praticado, e não para a satisfação de qualquer

desejo vingativo que seja vil em Sua própria

natureza.

Seu prazer é ser misericordioso e longânimo

segundo a sua bondade e amor, e o juízo é a sua

obra estranha. Não é isto que podemos

comprovar em sua grande paciência em

suportar um mundo tão pecador como o nosso?

Se não fosse por seu amor e misericórdia, e

paciência com os inimigos, este mundo já teria

sido sujeitado a um juízo geral de fogo há muito

tempo.

“13 Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos

mutuamente, caso alguém tenha motivo de

queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos

perdoou, assim também perdoai vós;

14 acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que

é o vínculo da perfeição.

15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso

coração, à qual, também, fostes chamados em

um só corpo; e sede agradecidos.” (Colossenses

3.13-15).

Deus ama e perdoa inimigos, e os recebe como

filhos caso se arrependam, mas nem antes ou

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60

depois disso aprova as suas más obras. Ele os

sujeita à disciplina e castigo. De igual modo, o

nosso amor aos inimigos não significa que

devemos aprová-los em suas más obras.

Em todo o caso deve ser entendido que amar

inimigos não significa ser amigo de inimigos.

Deus não é amigo dos que vivem em pecado, e os

que são Seus filhos devem seguir o Seu exemplo.

Ainda que não sejamos necessariamente

inimigos de muitos de nossos inimigos, jamais

seria possível haver amizade com alguém que

seja nosso inimigo. Por isso a paz é recomendada

com todos os homens, mas isto, se for possível.

Não é possível haver paz com alguém que viva

sob sentimentos de guerra.

Não somos chamados a dissolver todos estes

sentimentos guerreiros enquanto agimos como

agentes da paz, como pacificadores neste

mundo. Por nosso exemplo alguns serão

atraídos a Cristo e se arrependerão, mas a

grande maioria, como sempre sucedeu,

permanecerá endurecida em sua rebelião

contra Deus e os Seus mandamentos.

Jesus nos chama a uma demonstração prática do

nosso amor a Ele e à justiça, por guardarmos os

Seus mandamentos. Onde esteja ausente esta

prática da Palavra, dificilmente poderá ser visto

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um verdadeiro amor a Cristo, e muito menos a

seus inimigos.

“15 Se me amais, guardareis os meus

mandamentos.

16 E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro

Consolador, a fim de que esteja para sempre

convosco,

17 o Espírito da verdade, que o mundo não pode

receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o

conheceis, porque ele habita convosco e estará

em vós.

18 Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós

outros.

19 Ainda por um pouco, e o mundo não me verá

mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós

também vivereis.

20 Naquele dia, vós conhecereis que eu estou

em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.

21 Aquele que tem os meus mandamentos e os

guarda, esse é o que me ama; e aquele que me

ama será amado por meu Pai, e eu também o

amarei e me manifestarei a ele.

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22 Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde

procede, Senhor, que estás para manifestar-te a

nós e não ao mundo?

23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama,

guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e

viremos para ele e faremos nele morada.

24 Quem não me ama não guarda as minhas

palavras; e a palavra que estais ouvindo não é

minha, mas do Pai, que me enviou.” (João 14.15-

24).

“9 Como o Pai me amou, também eu vos amei;

permanecei no meu amor.

10 Se guardardes os meus mandamentos,

permanecereis no meu amor; assim como

também eu tenho guardado os mandamentos

de meu Pai e no seu amor permaneço.

11 Tenho-vos dito estas coisas para que o meu

gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo.

12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns

aos outros, assim como eu vos amei.

13 Ninguém tem maior amor do que este: de dar

alguém a própria vida em favor dos seus amigos.

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14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos

mando.” (João 15.9-14).

“4 Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os

seus mandamentos é mentiroso, e nele não está

a verdade.

5 Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra,

nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o

amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele:

6 aquele que diz que permanece nele, esse deve

também andar assim como ele andou.

7 Amados, não vos escrevo mandamento novo,

senão mandamento antigo, o qual, desde o

princípio, tivestes. Esse mandamento antigo é a

palavra que ouvistes.

8 Todavia, vos escrevo novo mandamento,

aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as

trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já

brilha.

9 Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão,

até agora, está nas trevas.

10 Aquele que ama a seu irmão permanece na

luz, e nele não há nenhum tropeço.

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11 Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas

trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde

vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.” (I

João 2.4-11).

“9 Todo aquele que é nascido de Deus não vive

na prática de pecado; pois o que permanece nele

é a divina semente; ora, esse não pode viver

pecando, porque é nascido de Deus.

10 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os

filhos do diabo: todo aquele que não pratica

justiça não procede de Deus, nem aquele que

não ama a seu irmão.

11 Porque a mensagem que ouvistes desde o

princípio é esta: que nos amemos uns aos

outros;

12 não segundo Caim, que era do Maligno e

assassinou a seu irmão; e por que o assassinou?

Porque as suas obras eram más, e as de seu

irmão, justas.

13 Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos

odeia.

14 Nós sabemos que já passamos da morte para

a vida, porque amamos os irmãos; aquele que

não ama permanece na morte.

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15 Todo aquele que odeia a seu irmão é

assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não

tem a vida eterna permanente em si.

16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a

sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos

irmãos.

17 Ora, aquele que possuir recursos deste

mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade,

e fechar-lhe o seu coração, como pode

permanecer nele o amor de Deus?

18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de

língua, mas de fato e de verdade.” (I João 3.9-18).

“7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque

o amor procede de Deus; e todo aquele que ama

é nascido de Deus e conhece a Deus.

8 Aquele que não ama não conhece a Deus, pois

Deus é amor.

9 Nisto se manifestou o amor de Deus em nós:

em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao

mundo, para vivermos por meio dele.

10 Nisto consiste o amor: não em que nós

tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos

amou e enviou o seu Filho como propiciação

pelos nossos pecados.

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11 Amados, se Deus de tal maneira nos amou,

devemos nós também amar uns aos outros.

12 Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns

aos outros, Deus permanece em nós, e o seu

amor é, em nós, aperfeiçoado.

13 Nisto conhecemos que permanecemos nele,

e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito.” (I

João 4.7-13).

“18 No amor não existe medo; antes, o perfeito

amor lança fora o medo. Ora, o medo produz

tormento; logo, aquele que teme não é

aperfeiçoado no amor.

19 Nós amamos porque ele nos amou primeiro.

20 Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu

irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a

seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a

quem não vê.

21 Ora, temos, da parte dele, este mandamento:

que aquele que ama a Deus ame também a seu

irmão.” (I João 4.18-21).

“1 Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é

nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o

gerou também ama ao que dele é nascido.

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2 Nisto conhecemos que amamos os filhos de

Deus: quando amamos a Deus e praticamos os

seus mandamentos.

3 Porque este é o amor de Deus: que guardemos

os seus mandamentos; ora, os seus

mandamentos não são penosos,

4 porque todo o que é nascido de Deus vence o

mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a

nossa fé.

5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele

que crê ser Jesus o Filho de Deus?” (I João 5.-15).

De tão grande importância é ter um coração

amoroso como o de Deus, que é dito que aquele

que ama a Deus e o próximo tem cumprido a Lei.

“8 A ninguém fiqueis devendo coisa alguma,

exceto o amor com que vos ameis uns aos

outros; pois quem ama o próximo tem cumprido

a lei.

9 Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não

furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro

mandamento, tudo nesta palavra se resume:

Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

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10 O amor não pratica o mal contra o próximo;

de sorte que o cumprimento da lei é o amor.”

(Romanos 13.8-10).

Em tudo isto somos chamados a exercitar amor

aos inimigos porque a obra de amor do

evangelho é realizada em meio a um mundo de

pecado que é inimigo de Deus.

Somos mais odiados do que amados neste

mundo, mas o amor aos inimigos nos mantém

numa posição de vitória, pois o mal é vencido

pelo bem, quando assim se procede.

Especialmente muitos comunistas, socialistas e

muçulmanos manifestam abertamente o ódio

que sentem pelos cristãos, mas graças a Deus,

em vez de ódio, por parte dos verdadeiros

cristãos, o que se tem testemunhado é amor e

não ódio por seus inimigos. Esta vitória só pode

ser obtida por meio da cruz de Jesus quebrando

o nosso ego voluntarioso que é inclinado ao ódio

e fazendo prevalecer em seu lugar uma nova

natureza terna, perdoadora e amorosa. Graças a

Deus por Seu dom inefável.

“1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos

vossos delitos e pecados,

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2 nos quais andastes outrora, segundo o curso

deste mundo, segundo o príncipe da potestade

do ar, do espírito que agora atua nos filhos da

desobediência;

3 entre os quais também todos nós andamos

outrora, segundo as inclinações da nossa carne,

fazendo a vontade da carne e dos pensamentos;

e éramos, por natureza, filhos da ira, como

também os demais.

4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por

causa do grande amor com que nos amou,

5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos

deu vida juntamente com Cristo, – pela graça

sois salvos,” (Efésios 2.1-5).

“3 Pois nós também, outrora, éramos néscios,

desobedientes, desgarrados, escravos de toda

sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia

e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros.

4 Quando, porém, se manifestou a benignidade

de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com

todos,

5 não por obras de justiça praticadas por nós,

mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou

mediante o lavar regenerador e renovador do

Espírito Santo,” (Tito 3.3-5).

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Não poderíamos fechar este livro sem citar o

exemplo clássico de amor aos inimigos que

nosso Senhor nos deu na parábola do bom

samaritano.

Os judeus e os samaritanos eram de há muito

inimigos inconciliáveis, e os judeus chamavam

os samaritanos de cães imundos, e eram

proibidos pelas autoridades de Israel de se

comunicarem com eles.

Todavia, Jesus mostrou na parábola que o amor

aos inimigos havia vencido aquela inimizade

histórica, porque um samaritano se dispôs a

ajudar um judeu, quando os próprios judeus não

haviam se disposto a isto. É para este tipo de

amor ao próximo que o evangelho aponta, pois

não faz acepção de pessoas e busca o bem e a

salvação do próximo seja qual for a condição em

que ele se encontre.

“25 E eis que certo homem, intérprete da Lei, se

levantou com o intuito de pôr Jesus à prova e

disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida

eterna?

26 Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito

na Lei? Como interpretas?

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27 A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu

Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma,

de todas as tuas forças e de todo o teu

entendimento; e: Amarás o teu próximo como a

ti mesmo.

28 Então, Jesus lhe disse: Respondeste

corretamente; faze isto e viverás.

29 Ele, porém, querendo justificar-se,

perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo?

30 Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem

descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em

mãos de salteadores, os quais, depois de tudo

lhe roubarem e lhe causarem muitos

ferimentos, retiraram-se, deixando-o

semimorto.

31 Casualmente, descia um sacerdote por

aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de

largo.

32 Semelhantemente, um levita descia por

aquele lugar e, vendo-o, também passou de

largo.

33 Certo samaritano, que seguia o seu caminho,

passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se

dele.

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34 E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos,

aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o

sobre o seu próprio animal, levou-o para uma

hospedaria e tratou dele.

35 No dia seguinte, tirou dois denários e os

entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste

homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu

to indenizarei quando voltar.

36 Qual destes três te parece ter sido o próximo

do homem que caiu nas mãos dos salteadores?

37 Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que

usou de misericórdia para com ele. Então, lhe

disse: Vai e procede tu de igual modo.” (Lucas

10.25-37).

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APÊNDICE:

O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação

Estamos inserindo esta nota em forma de

apêndice em nossas últimas publicações, uma

vez que temos sido impelidos a explicar em

termos simples e diretos o que seja de fato o

evangelho, na forma em que nos é apresentado

nas Escrituras, já que há muita pregação e

ensino de caráter legalista que não é de modo

algum o evangelho de nosso Senhor Jesus

Cristo.

Há também uma grande ignorância relativa ao

que seja a aliança da graça por meio da qual

somos salvos, e que consiste no coração do

evangelho, e então a descrevemos em termos

bem simples, de forma que possa ser

adequadamente entendida.

Há somente um evangelho pelo qual podemos

ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra

revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas

do Novo Testamento. Mas, por interpretações

incorretas é possível até mesmo transformá-lo

em um meio de perdição e não de salvação,

conforme tem ocorrido especialmente em

nossos dias, em que as verdades fundamentais

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do evangelho de Jesus Cristo têm sido

adulteradas ou omitidas.

Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de

apresentar a seguir, de forma resumida, em que

consiste de fato o evangelho da nossa salvação.

Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso

entender que somos salvos exclusivamente

com base na aliança de graça que foi feita entre

Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação

do mundo, para que nas diversas gerações de

pessoas que seriam trazidas por eles à existência

sobre a Terra, houvesse um chamado invisível,

sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas

de seus pecados, justificadas, regeneradas

(novo nascimento espiritual), santificadas e

glorificadas. E o autor destas operações

transformadoras seria o Espírito Santo, a

terceira pessoa da trindade divina.

Estes que seriam chamados à conversão, o

seriam pelo meio de atração que seria feita por

Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que

pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem

receber a graça necessária que os redimiria e os

transportaria das trevas para a luz, do poder de

Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria

em filhos amados e aceitos por Deus.

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Como estes que foram redimidos se

encontravam debaixo de uma sentença de

maldição e condenação eternas, em razão de

terem transgredido a lei de Deus, com os seus

pecados, para que fossem redimidos seria

necessário que houvesse uma quitação da dívida

deles para com a justiça divina, cuja sentença

sobre eles era a de morte física e espiritual

eternas.

Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém

idôneo que pudesse se colocar no lugar do

homem, trazendo sobre si os seus pecados e

culpa, e morrendo com o derramamento do Seu

sangue, porque a lei determina que não pode

haver expiação sem que haja um sacrifício

sangrento substitutivo.

Importava também que este Substituto de

pecadores, assumisse a responsabilidade de

cobrir tudo o que fosse necessário em relação à

dívida de pecados deles, não apenas a anterior à

sua conversão, como a que seria contraída

também no presente e no futuro, durante a sua

jornada terrena.

Este Substituto deveria ser perfeito, sem

pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do

pecador é eterna e infinita. Então deveria ser

alguém divino para realizar tal obra.

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Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da

graça feita com o Pai, para ser este Salvador,

Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para

realizar a obra de redenção.

O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua

chamada é para uma santificação e perfeição

eternas. Como poderia responder por si mesmo

para garantir a eternidade da segurança da

salvação?

Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado

da natureza divina que sempre possuiu, a

natureza humana, e para tanto ele foi gerado

pelo Espírito Santo no ventre de Maria.

Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em

sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria

ser o de alguém que fosse humano, mas

também divino, de modo que se pode até

mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue

do próprio Deus.

Este é o fundamento da nossa salvação. A morte

de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o

caminho para a vida eterna e o céu.

Para que nunca nos esquecêssemos desta

grande e importante verdade do evangelho de

que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o

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nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou

podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou

a Ceia que deve ser regularmente observada

pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu

corpo foi rasgado, assim como o pão que

partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado

em profusão, conforme representado pelo

vinho, para que tenhamos vida eterna por meio

de nos alimentarmos dEle. Por isso somos

ordenados a comer o pão, que representa o

corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para

o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que

é verdadeira bebida para nos refrigerar e

manter a Sua vida em nós.

Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e

a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é

estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto

se aplica ao fato de que não há outra verdade,

outro caminho, outra vida, senão a que existe

somente por meio da fé nEle. A porta é estreita

porque não admite uma entrada para vários

caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle,

conduzem à perdição. É estreito e apertado para

que nunca nos desviemos dEle, o autor e

consumador da nossa salvação.

Então o plano de salvação, na aliança de graça

que foi feita, nada exige do homem, além da fé,

pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser

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transformado e firmado na graça, será realizado

pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.

Tanto é assim, que para que tenhamos a plena

convicção desta verdade, mesmo depois de

sermos justificados, regenerados e santificados,

percebemos, enquanto neste mundo, que há em

nós resquícios do pecado, que são o resultado do

que se chama de pecado residente, que ainda

subsiste no velho homem, que apesar de ter sido

crucificado juntamente com Cristo, ainda

permanece em condições de operar em nós, ao

lado da nova natureza espiritual e santa que

recebemos na conversão.

Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor

pretende nos ensinar a enxergar que a nossa

salvação é inteiramente por graça e mediante a

fé? Que é Ele somente que nos garante a vida

eterna e o céu. Se não fosse assim, não

poderíamos ser salvos e recebidos por Deus

porque sabemos que ainda que salvos, o pecado

ainda opera em nossas vidas de diversas formas.

Isto pode ser visto claramente em várias

passagens bíblicas e especialmente no texto de

Romanos 7.

À luz desta verdade, percebemos que mesmo as

enfermidades que atuam em nossos corpos

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físicos, e outras em nossa alma, são o resultado

da imperfeição em que ainda nos encontramos

aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde

perfeita a todos os crentes, sem qualquer

doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o

faz para que aprendamos que a nossa salvação

está inteiramente colocada sobre a

responsabilidade de Jesus, que é aquele que

responde por nós perante Ele, para nos manter

seguros na plena garantia da salvação que

obtivemos mediante a fé, conforme o próprio

Deus havia determinado justificar-nos somente

por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão

e com muitos outros mesmo nos dias do Velho

Testamento.

Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé

porque não consegue vencer determinadas

fraquezas ou pecados, porque enquanto se

esforça para ser curado deles, e ainda que não o

consiga neste mundo, não perderá a sua

condição de filho amado de Deus, que pode usar

tudo isto em forma de repreensão e disciplina,

mas que jamais deixará ou abandonará a

qualquer que tenha recebido por filho, por

causa da aliança que fez com Jesus e na qual se

interpôs com um juramento que jamais a

anularia por causa de nossas imperfeições e

transgressões.

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Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a

Jesus, mas sempre lamentará que não o ame

tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo

caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma

coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito,

virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a

apresentar a Deus que ele foi salvo, mas

simplesmente por meio do arrependimento e

da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é

necessário para a segurança eterna da sua

salvação.

É possível que alguém leia tudo o que foi dito

nestes sete últimos parágrafos e não tenha

percebido a grande verdade central relativa ao

evangelho, que está sendo comentada neles, e

que foi citada de forma resumida no primeiro

deles, a saber:

“Então o plano de salvação, na aliança de graça

que foi feita, nada exige do homem, além da fé,

pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser

transformado e firmado na graça, será realizado

pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”

Nós temos na Palavra de Deus a confirmação

desta verdade, que tudo é de fato devido à graça

de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é

suficiente para nos garantir uma salvação

eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e

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Deus Filho, que nos escolheram para esta

salvação segura e eterna, antes mesmo da

fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra

são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle

que somos aceitos por Deus, nos termos da

aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os

agentes da aliança, e os crentes apenas os

beneficiários.

O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o

Filho, sem a consulta da vontade dos

beneficiários, uma vez que eles nem sequer

ainda existiam, e quando aderem agora pela fé

aos termos da aliança, eles são convocados a

fazê-lo voluntariamente e para o principal

propósito de serem salvos para serem

santificados e glorificados, sendo instruídos

pelo evangelho que tudo o que era necessário

para a sua salvação foi perfeitamente

consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor

Jesus Cristo.

Então, preste atenção neste ponto muito

importante, de que tanto é assim, que não é pelo

fato de os crentes continuarem sujeitos ao

pecado, mesmo depois de convertidos, que eles

correm o risco de perderem a salvação deles,

uma vez que a aliança não foi feita diretamente

com eles, e consistindo na obediência perfeita

deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com

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Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa

deles, como para garantir o aperfeiçoamento

deles na santidade e na justiça, ainda que isto

venha a ser somente completado integralmente

no por vir, quando adentrarem a glória celestial.

A salvação é por graça porque alguém pagou

inteiramente o preço devido para que fôssemos

salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.

E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi

dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas

também como Profeta e Rei.

Ele não somente é quem nos anuncia o

evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem

tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,

para que não errássemos o alvo por causa da

incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a

única coisa que pode nos afastar da

possibilidade da salvação.

Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos

corações, e nos submete à Sua vontade de forma

voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo

Seu próprio poder, a viver de modo agradável a

Deus.

Agora, nada disso é possível sem que haja

arrependimento. Ainda que não seja ele a causa

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da nossa salvação, pois, como temos visto esta

causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus,

manifestados em Jesus em nosso favor, todavia,

o arrependimento é necessário, porque toda

esta salvação é para uma vida santa, uma vida

que lute contra o pecado, e que busque se

revestir do caráter e virtudes de Jesus.

Então, não há salvação pela fé onde o coração

permanece apegado ao pecado, e sem

manifestar qualquer desejo de viver de modo

santo para a glória de Deus.

Desde que haja arrependimento não há

qualquer impossibilidade para que Deus nos

salve, nem mesmo os grosseiros pecados da

geração atual, que corre desenfreadamente à

busca de prazeres terrenos, e completamente

avessa aos valores eternos e celestiais.

Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria

até mais facilidade para Deus salvar a estes que

vivem na iniquidade porque a vida deles no

pecado é flagrante, e pouco se importam em

demonstrar por um viver hipócrita, que são

pessoas justas e puras, pois não estão

interessados em demonstrar a justiça própria

do fariseu da parábola de Jesus, para que através

de sua falsa religiosidade, e autoengano,

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pudessem alcançar algum favor da parte de

Deus.

Assim, quando algum deles recebe a revelação

da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que

dominam seu coração, o trabalho de

convencimento do Espírito Santo é facilitado, e

eles lamentam por seus pecados e fogem para

Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os

receberá, e a nenhum deles lançará fora,

conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito

para a sua salvação exige somente o

arrependimento e a fé, para a recepção da graça

que os salvará.

Deus mesmo é quem provê todos os meios

necessários para que permaneçamos firmes na

graça que nos salvou, de maneira que jamais

venhamos a nos separar dele definitivamente.

Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza

divina, no novo nascimento operado pelo

Espírito Santo, de modo que uma vez que uma

natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita.

Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a

velha venha a se dissolver totalmente, assim

como está ordenado que tudo o que herdamos

de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo

é feito novo em Jesus, em quem temos recebido

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este nosso novo ser que se inclina em amor para

Deus e para todas as coisas de Deus.

Ainda que haja o pecado residente no crente, ele

se encontra destronado, pois quem reina agora

é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o

pecado. Ainda que algum pecado o vença isto

será temporariamente, do mesmo modo que

uma doença que se instala no corpo é expulsa

dele pelas defesas naturais ou por algum

medicamento potente. O sangue de Jesus é o

remédio pelo qual somos sarados de todas as

nossas enfermidades. E ainda que alguma delas

prevaleça neste mundo ela será totalmente

extinta quando partirmos para a glória, onde

tudo será perfeito.

Temos este penhor da perfeição futura da

salvação dado a nós pela habitação do Espírito

Santo, que testifica juntamente com o nosso

espírito que somos agora filhos de Deus, não

apenas por ato declarativo desta condição, mas

de fato e de verdade pelo novo nascimento

espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé

em Jesus.

Toda esta vida que temos agora é obtida por

meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se

entregou por nós, para que vivamos por meio da

Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador

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de toda a criação, inclusive desta nova criação

que está realizando desde o princípio, por meio

da geração de novas criaturas espirituais para

Deus por meio da fé nEle.

Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou

seja, pode fazer com que nova vida espiritual

seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe

perfeitamente quais são aqueles que atenderão

ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se

revela em espírito para que creiam nEle, e assim

sejam salvos.

Bem-aventurados portanto são:

Os humildes de espírito que reconhecem que

nada possuem em si mesmos para agradarem a

Deus.

Os mansos que se submetem à vontade de Deus

e que se dispõem a cumprir os Seus

mandamentos.

Os que choram por causa de seus pecados e todo

o pecado que há no mundo, que é uma rebelião

contra o Criador.

Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o

testemunho de que todos necessitam da

misericórdia de Deus para serem perdoados.

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Os pacificadores, e não propriamente pacifistas

que costumam anular a verdade em prol da paz

mundial, mas os que anunciam pela palavra e

suas próprias vidas que há paz de reconciliação

com Deus somente por meio da fé em Jesus.

Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do

reino de Deus que não é comida, nem bebida,

mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

Os que são perseguidos por causa do evangelho,

porque sendo odiados sem causa, perseveram

em dar testemunho do Nome e da Palavra de

Jesus Cristo.

Vemos assim que ser salvo pela graça não

significa: de qualquer modo, de maneira

descuidada, sem qualquer valor ou preço

envolvido na salvação. Jesus pagou um preço

altíssimo e de valor inestimável para que

pudéssemos ser redimidos. Os termos da

aliança por meio da qual somos salvos são todos

bem ordenados e planejados para que a salvação

seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais,

celestiais, espirituais envolvidos em todo o

processo da salvação.

É de uma preciosidade tão grande este plano e

aliança que eles devem ser eficazes mesmo

quando não há naqueles que são salvos um

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conhecimento adequado de todas estas

verdades, pois está determinado que aquele que

crê no seu coração e confessar com os lábios que

Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é

necessário para um pecador ser transformado

em santo e recebido como filho adotivo por

Deus.

O crescimento na graça e no conhecimento de

Jesus são necessários para o nosso

aperfeiçoamento espiritual em progresso da

nossa santificação, mas não para a nossa

justificação e regeneração (novo nascimento)

que são instantâneos e recebidos

simultaneamente no dia mesmo em que nos

convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como

nos encontrávamos na ocasião, totalmente

perdidos e mortos em transgressões e pecados.

E fomos recebidos porque a palavra da

promessa da aliança é que todo aquele que crê

será salvo, e nada mais é acrescentado a ela

como condição para a salvação.

É assim porque foi este o ajuste que foi feito

entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre

si para que fôssemos salvos por graça e

mediante a fé.

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Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o

Pai escolheu para ser o autor e o consumador da

nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da

graça, e nós somos eleitos para recebermos os

benefícios desta aliança por meio da fé nAquele

a quem foram feitas as promessas de ter um

povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.

Então quando somos chamados de eleitos na

Bíblia, isto não significa que Deus fez uma

aliança exclusiva e diretamente com cada um

daqueles que creem, uma vez que uma aliança

com Deus para a vida eterna demanda uma

perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem

qualquer falha, e de nós mesmos, jamais

seríamos competentes para atender a tal

exigência, de modo que a aliança poderia ter

sido feita somente com Jesus.

Somos aceitos pelo Pai porque estamos em

Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que

somos também recebidos. Jamais poderíamos

fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa

Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto

é tipificado claramente na Lei, em que nenhum

ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem

serem apresentados pelo sacerdote escolhido

por Deus para tal propósito. Nenhum outro

Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que

pudéssemos receber uma redenção e

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aproximação eternas, senão somente nosso

Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu

para este ofício.

Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus

por meio da fé em Jesus Cristo, importa

permanecermos nEle por um viver e andar em

santificação, no Espírito.

É pelo desconhecimento desta verdade que

muitos crentes caminham de forma

desordenada, uma vez que tendo aprendido que

a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus

Filho, e que são salvos exclusivamente por meio

da fé, que então não importa como vivam uma

vez que já se encontram salvos das

consequências mortais do pecado.

Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à

segurança eterna da salvação em razão da

justificação, é apenas uma das faces da moeda

da salvação, que nos trazendo justificação e

regeneração instantaneamente pela graça,

mediante a fé, no momento mesmo da nossa

conversão inicial, todavia, possui uma outra

face que é a relativa ao propósito da nossa

justificação e regeneração, a saber, para sermos

santificados pelo Espírito Santo, mediante

implantação da Palavra em nosso caráter. Isto

tem a ver com a mortificação diária do pecado, e

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o despojamento do velho homem, por um andar

no Espírito, pois de outra forma, não é possível

que Deus seja glorificado através de nós e por

nós. Não há vida cristã vitoriosa sem

santificação, uma vez que Cristo nos foi dado

para o propósito mesmo de se vencer o pecado,

por meio de um viver santificado.

Esta santificação foi também incluída na aliança

da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da

fundação do mundo, e para isto somos também

inteiramente dependentes de Jesus e da

manifestação da sua vida em nós, porque Ele se

tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça,

redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios

1.30). De modo que a obra iniciada na nossa

conversão será completada por Deus para o seu

aperfeiçoamento final até a nossa chegada à

glória celestial.

“Estou plenamente certo de que aquele que

começou boa obra em vós há de completá-la até

ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).

“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e

o vosso espírito, alma e corpo sejam

conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda

de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos

chama, o qual também o fará.” (I

Tessalonicenses 5.23,24).

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“Assim, pois, amados meus, como sempre

obedecestes, não só na minha presença, porém,

muito mais agora, na minha ausência,

desenvolvei a vossa salvação com temor e

tremor; porque Deus é quem efetua em vós

tanto o querer como o realizar, segundo a sua

boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).