Amigas Forever!

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Amigas Forever... 1ª Edição Por Nádia Dupont 01 de Outubro de 2011

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Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmm.... Tudo era um despertar na vida de Diana. Como era difícil e penoso levantar-se naquela gelada manhã de julho para ir à escola. Não! Diana não queria... Ao deitar ficou pensando em mil doenças e desculpas que a fizessem convencer D. Dirce em deixá-la ficar. Mas não deu...O som do despertador antigo, herança da tataravó deixava Diana ainda mais irritada.

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Amigas Forever...

1ª Edição

Por Nádia Dupont

01 de Outubro de 2011

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Capítulo 1 Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmmmmmmmmm....

Tudo era um despertar na vida de Diana. Como era difícil e penoso levantar-se naquela gelada manhã de julho para ir à escola. Não! Diana não queria... Ao deitar ficou pensando em mil doenças e desculpas que a fizessem convencer D. Dirce em deixá-la ficar. Mas não deu...O som do despertador antigo, herança da tataravó deixava Diana ainda mais irritada.

- Mããããããããããe, não dá pra sacar que eu já

acordei!!!! Não ouviu o barulho? -Menina, não me irrite!!!! A essa hora?? No mínimo um

“Bom dia, Mamãe” “ dormiu bem?” - Arghhhhh, Zerooooo isso, mãe!!! Em plena segunda-feira?

Já sei: “ A crise da mãe coruja”!!! - Di, um dia você será mãe, aí “Queira Deus” que você

entenda o quanto é penosa essa missão! Não havia outra maneira, Diana precisava ir à escola.

Após um carinhoso café da manhã feito pela “mamãe coruja em crise”, desceu as escadas feito louca e deu a última olhada no espelho da sala. Enrugou a testa! Mais uma espinha? Haja corretivo!

Diana nunca gostava do que via. Sua imagem estava

sempre sendo retocada. Sacou do estojo seu poderoso ultra Power mega infalível gloss para passar nos lábios adolescentes. Ajeitou os cabelos alisados pela amiga “chapinha” e saiu...

- Migaaaaaaaaaaas! Friends forever! Ai, te amoooo mais

que tudo!!! A-mei nossa conversa séria ontem no MSN. Você acha mesmo que o Gui tá querendo algo sério?

- Dani, não começa! Mal chegou a segunda-feira! - ihhhh, a crise da tua mãe pegou, é??

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- Vamos ao banheiro! Está cedo! Assim poderemos tirar fotos e postá-las todas no Facebook!!

- Dani, não tô legal! Minha mãe sempre com esse papo de

que quando eu for mãe... Tra lá lá - Miga, as mães são iguais! Parece que elas fizeram

faculdade disso. - Disso? Perguntou Diana - É. “mãenologia” ou “perturbologia” ou “ enchesacologia” .

Dani teve uma crise meio nervosa meio infantil do seu próprio comentário. A amiga Diana estava estranha. Isso era fato.

Daniele e Diana eram amigas desde o jardim de infância e

não conseguiam se imaginar longe uma da outra. Dani, filha de um grande comerciante da região, era mais do que acostumada a festas na Zona Sul , a viagens para Disney, a fins de semana na serra ou na praia. Mas, com tanto, tinha uma alma simples, acolhedora, amigável e muito alegre. Não era tão magra quanto Diana e ostentava orgulhosamente os seus longos cachos escuros com alguns fios dourados pela constante permanência no sol. Dani amava o sol! E amava a companhia dos amigos, principalmente a de Diana que era sempre a primeira amiga da lista a ser lembrada. Desde convidada VIP da festa temática de aniversário da amiga ao velório da vovó Ruth.

Difícil lembrar os momentos difíceis, mas Diana ficava feliz

em saber que podia dar à amiga de longa data a sua sempre presença e que seriam “Amigas Forever” ... Pelo menos era o que elas queriam.

Bom dia, Turmaaaaaaa!!!! Livros abertos na página 39!

Vamos ler o conto “A galinha” de Clarice Lispector. - Aê, hein, Clarissa? Quase você!!! A “galinha da Clarissa”!.

O comentário bobo perturbou a aula que acabara de começar. O professor, apesar de novo e amigável, já demonstrava cansaço e sinal de desânimo. A turma ria descompassadamente.

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Diana manteve o silêncio. Não esboçou nenhuma reação. Achou a piada de um grande mau gosto, mas não quis se meter. Na verdade, foi meio que tirada de um certo transe hipnótico em que se encontrava.

- Di, Di? Hei, amiga, sou eu, Sabrina! O que foi? - Já sei, o gato do Miguel não lhe sai da cabeça? Ai, amiga,

enquanto ele for só seu ficante eu posso olhar e babar, né? - Sabrina, você também? Parece até a Dani. Hoje cedo já

veio encher, falou de MSN, Facebook... Ai, que zero! Não sei se é pela minha família, pelos longos comentários da minha mãe, mas nada anda bem comigo. Não consigo achar nada tão divertido...Tô velha?

- Velha? Fala sério! Esse teu comentário foi zero! Sei que

não tenho tanta experiência assim e sei também que conversar com a mãe da gente nem sempre é legal. Ahh! Posso emprestar a minha. Tá certo que ela vive no salão e na academia, mas sei lá... Ela tem umas ideias bem novas. Nunca conversei com ela, mas ela sempre diz que mãe é pra essas coisas. Também tem a Helena. Acho um show as aulas dela. Uma menina da turma da tarde me disse que ela tem um papo super legal. Ah, Di! Você decide...

Até que Sabrina estava certa. Diana precisava conversar e

tinha medo de se abrir com sua mãe. A desligada e bela Sabrina não podia trazer uma ideia melhor, era isso que ela ia tentar... Conversar com um adulto.

Helena era a professora mais simpática da escola. Sempre

muito querida, não media esforços para ajudar seus alunos, conversava abertamente sobre qualquer assunto e fazia das suas aulas de ciências um mega plantão tira dúvidas. Naquela manhã Helena não foi à escola. Diana estava triste e ficou mais ainda.

- Obrigada, Dona Amália, mas é só com ela sim, disse Diana

ao lado de Sabrina. - Meninas, olhem ela lá! Parece que o pensamento de vocês

é poderoso! Vocês a trouxeram!

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- Professora, professora! Gritava Sabrina como quem chama seu astro de Rock favorito.

Helena virou-se para pedir calma às meninas. Mas a escola estava muito agitada, pois faltavam duas semanas para a festa dos novos talentos e todos pareciam aproveitar os intervalos para seus ensaios de dança, teatro, canto, etc...

- Meninas, podemos conversar na outra sala? Assim, aproveito e conto uma novidade a vocês.

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Capítulo 2

- E aí, meninas! O que vocês têm de tão importante para contar? O celular da professora tocou neste instante.

Como seria bom ser como Helena... Essa mulher deve passar horas na academia, sua única preocupação deve ser como gastar o que ganha em cremes, massagens, tardes no shopping... Ai, que sonho de vida! Ela também devia morar em uma casa fantástica, ter uma família perfeita, um quarto LIN-DO e um namorado LIN-DO e MA-RA-VI-LHO-SO!

Duda fora tirada de seu transe por sua amiga Sabrina que jurava que há minutos lhe clamava a atenção. Helena ria da desatenção de Duda e da impaciência de Sabrina.

A professora Helena era uma mulher muito bonita. Tinha escuros cabelos compridos que caíam- lhe como uma capa de seda sobre os ombros. Tinha olhos escuros e amendoados e um sorriso largo e cativante. Além disso, ela tinha muito estilo para andar e vestir-se. Era realmente uma diva para as meninas e um colírio para os meninos.

- Você não consegue parar de falar, Sabrina! Credo! Parece que tem medo de ficar muda... Quero escutar a conversa dela!

As meninas observavam Helena falando e tentavam entender o assunto sem o menor disfarce.

- Obrigada, Alfredo! Sabia que não seria decepcionada... Obrigada, também, por cobrir a oferta da Pousada Estrela do Mar. Esses caras nunca mais me verão por lá... Que preço absurdo! Agora só dependo da autorização dos responsáveis.

- Pousada, responsáveis, assinatura... O que será, Sabrina? - Ahhhhhh, Tá com medo de ficar muda também, fofoqueira? Sabrina ria da amiga. - Deixa de ser boba, menina!

- Ai, logo a aula começa e não consegui falar nadinha com ela.

- Ai, Duda, logo a aula começa e não consigo decifrar o código dela. Bem que a minha mãe diz que meu senso jornalístico é extremamente apurado.

- Jornalismo? Fala sério, Sabrina! - Nervosinha demais, gata! Esqueça aquela bobagem!

Quem ainda não foi zoado, será um dia... Isso é certo!

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- Esquecer, Esquecer... Não foi contigo, não é, Sabrina? - Ei, sou a tua amiga, mas não tenho o saco da Dani, tá? - Temos algum tempinho, meninas! Acho que vocês saberão

da notícia antes da turma. Mas antes quero saber o que de tão importante vocês tem para falar! Cadê a Daniele?

- Está chegando, professora! Garanto que ela não falta hoje!

Duda observava Helena com um misto de admiração e inveja. Em sua cabeça, a professora era realmente The Best.

... - Então, meninas! Com esse papo, já deu pra sacar o

quanto patinho feio eu era, né? Então, nada de ficar se escondendo, de ficar mentindo, falando mal dos outros para melhorar a própria situação. A verdade sempre aparece.

- Duda, faz tanta diferença assim perder 5 quilos? Não acredito que o comentário feito por um menino infantil, metido a bonitão, vai acabar com a sua vida.

- Professora, a Duda está assim porque realmente o Gui é lindo. Ela, não esperava que ele a pedisse em namoro, mas ser humilhada em plena piscina na escola. Caraca! A garota depois disso quis até se afogar. A tia Dirce ficou louca! Ate pra mim sobrou! Escutei cada uma! Hunf!

- Ei! Não preciso de advogada! Só quero esquecer, Helena! Por isso quis falar com você... Eu te acho DEMAIS, cara! Quero ser como você!

- Duda, o lance não é esquecer, mas aprender a lidar com isso. Não acho que um curto papo nosso vai fazer isso por você... Mas... Posso adiantar que algo novo vai surgir! Após o seminário apresentado, conversei com a coordenação e tive o meu projeto aprovado. Vamos a uma aula passeio!

- O quêêêêêêê? As meninas gritaram juntas. Dani acabara de chegar e pôde ouvir a maravilhosa notícia!

- Acalmem-se, meninas! Não toda a turma, mas os melhores na apresentação. Já adianto que o grupo de vocês foi escolhido! Não vamos perder tempo! Já quero que vocês saiam daqui levando pra casa a autorização! Meninas empolguem-se! Além de trabalho, vocês levarão pra vida muito conhecimento! Agora, tenho mais três tempos de aula. Vamos nessa!

- Ela é demais, Duda! Pra onde iremos? - Ela não quis contar, será que nossas mães vão deixar?

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A mãe de Dani fez mil perguntas. Julgou a professora que enviou um bilhete para que os pais autorizassem a viagem sem um aviso formal. Ela foi à escola no dia seguinte.

Com licença, bom dia! Onde fica a coordenação? Com a pergunta acima, nem é preciso dizer que a historia

se alongou, não é? A mãe da Dani encontrou-se com Dirce por acaso na escola. Receberam ambas as mesmas explicações. Na verdade, tiveram uma aula de como criar expectativas em adolescentes. Saíram da escola tão confiantes que Dirce resolveu aceitar o convite para um chá com a mãe de Dani.

E deste chá... Bom, leiam mais! À frente vocês saberão. - Maria Eduarda, você não me disse que a mãe da Dani era

tão legal? Nossa! Que exemplo de mulher! Não esperava me divertir tanto.

Duda pensava como as mães podem ser mutáveis, mutantes... Ela ria disso sozinha e agora aguardava o outro dia para saber oficialmente sobre o seu destino.

No outro dia, após um cansativo teste de matemática que vale ressaltar: muito estudado pelas meninas, o tão aguardado anúncio se aproximava. Helena parecia combinar a roupa com a notícia. Estava linda para orgulho de seus alunos...

- Bom dia, galera! Pra não criar mais expectativas... Falarei sobre a nossa aula passeio. Estaremos juntos, pesquisando, arquivando, coletando dados e aprendendo mais sobre vida na Ilha Grande. Partiremos em dois grupos de dez alunos... Sairemos daqui a dois dias! Hora de arrumar as trouxas, galera!

- Dudaaa, que show! Eu e minha B.F.F. (sigla para Best Friend Forever) juntas numa ilha paradisíaca! Meu Deus! Será que estaremos em “Lost”?

- Santa paciência, Dani! Tudo pra você vira uma forma de citar os seriados americanos! - Ai, Duda... Que a grande ilha nos dê grandes presentes!!! Vamos, amiga! Uhuuu!! O tempo passava tão lento quanto num interrogatório policial. As meninas diante disso sentiam-se felizes pela possibilidade de estarem cada vez mais juntas. A professora

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havia marcado a saída na porta da escola, mas abriria uma exceção para os pais que quisessem levar os filhos até o cais de Mangaratiba, desde que, é claro, não existissem atrasos, pois partiriam numa mesma barca às 8 h em ponto!

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Capítulo 3

Foi a maior confusão na casa da Dani! As meninas que juraram, juraram bem juradinho aos pais que dormiriam cedo, não conseguiram segurar o grau máximo de ansiedade em que estavam. Tudo por conta da Sabrina que teimou em ficar com as amigas na véspera

da viagem. Os pais, cansados, explicaram, falaram o motivo, o porquê, a razão pela qual o sono em sua medida certa só as deixariam bem no dia seguinte, mas não teve jeito. Nada as segurava. O pai de Sabrina a deixou por volta das 23h na casa da Dani e todas prometeram o imediato mergulho no berço. Quem disse isso???

- Migasssssssssss, vocês sabem que eu espero uma chance como esta há séculos! – Gritava Sabrina

- Falou a Hiperbólica! Debochava Duda - Ah, amigas!!! Vamos combinar assim: ajeitamos nossas

roupas para amanhã, separamos nossa maquiagem, perfume, etc... E... Ficamos acordadas até às 5h, hora que meu querido papi disse que nos acordaria! Que tal?

- Tudo de bom! Vamos passar um trote pra casa do Gui?- Dani sugeriu.

- Nada disso! Esqueçam esse palhaço! - Ai, Dudinha, pra ficar sem fazer nada é melhor dormir... - Com vocês desse jeito e com a certeza de que o Gui e o

Miguel estarão na Ilha Grande já me arrependo de ter insistido para ir...Tomara que algo de bom aconteça!

- Duda,o Gui já esqueceu a M... que fez contigo! Você está paranoica! Que saco! O cara é o maior gato! Todas desejam passar pela oportunidade de tocar aqueles lábios carnudos e quentes... Ai! Ai!!

- Isso é! Amiga, eu já superei o que ele te fez... Ai, Guiiiiiiiiii!!!

- Ei, o que é isso? - Por acaso as minhas amigas estão sonhando acordadas? – Gritava a mandona Duda.

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- Vocês estão loucas? Bom mesmo, na idade que temos, é a mais pura e simples paquera... Nada de contato mais próximo! Os mais bonitos são os mais safados!!!!

- Até o Miguel? – Gritaram as duas - Sim, sim, sim! Não tenho motivos para julgá-lo, mas ele é

muito gatinho pra ser considerado santo! Mesmo que muito caladinho!

- Tadinho dele - dizia Dani - Tadinho do mudinho - ria Sabrina As duas foram ao encontro de Duda com vários

travesseiros, pareciam dois polvos com seus tentáculos loucos, ou seja, seus loucos “travesserais” tentáculos...

- Parem, loucaaaaaaaaaaaas!!! - Tire o vermelho da mão dela, Sa! As meninas riram tanto que o ar faltava e que a dor

abdominal imperava de tal forma que era preciso não olhar uma para outra para que pudessem recobrar os sentidos...O pai de Dani batia à porta.

- Mocinhas, será possível? Faltam menos de duas horas para que se levantem e ouço gargalhadas como se não tivessem dormido?

- Desculpe, tio - sibilava Duda. - Foi mal - ria Sabrina. - Paaai, desculpe! Vamos dormir, ok? - Dormir? Vocês estão loucas? Tratem já de começar a

organizar a bagunça de vocês!!! - Ferrou! – riam as três descompassadamente. O pai de Dani, o famoso tio Jorge, dirigia pela Rio Santos

com muita competência e conhecimento do local. Afinal, a Costa Verde era destino, também, da família. Mônica, mãe de Dani, muito insistiu para levar a filha e as amigas até o cais de Mangaratiba, mas demonstrava cansaço e desânimo até pra falar...

- Meninas, sem música, ok? - Puxa, Mãezinha!!! - Tá bom, tá bom. “É tão certo quanto o calor do fogo/ é tão certo quanto o

calor do fogo/ já não tenho escolha e participo do seu jogo, participo./ Não consigo dizer se é bom ou mal assim como o ar me parece vital/ onde quer que eu vá/ o que quer que eu faça/ sem você não tem graça...”- as meninas gritavam ao som do Capital Inicial.

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- Meninas, Olhem o visual da esquerda! Praia de Ibicuí... É linda...Dani, eu e sua mamãe namoramos muito por aqui!

- Eca, Pai! Bizarroooooooo!!!! - Aêêêêêêê, tio e tia! Quem diria?- Muitos risos das amigas

de Dani ecoavam pelo carro. - Que belo dia, princesas! Eis o cais de Mangaratiba...

Chegamos às 7h e 27... Tempo para um café e uma rápida conferida nas coisas.

- Querido, você acha mesmo que as meninas calculam essas coisas? Elas querem chegar e cantar até a barca encostar... - Gargalhava a bela Mônica.

- Com mulheres não discuto! Mas acho que vou tentar vaga para casal nessa tal pousada “Marazul”...

- Nããããõ, pai! Confie em mim! Por Favor! - Olhe, Dani, a Helena também chegou... Que linda!!! - Oba!!! O Gui, a Camila, a Karen e o Miguel... - A Mariana veio com a Clara e a Bianca, gente! -Cuidem-se, meninas! Vou agora ao encontro da tal

professora musa Helena. - Sem gracinhas, Jorge! Vou não! Vamos! - Sim, meu anjo! No cais, a diversão e a ansiedade não faziam distinção nos

rostos dos alunos... Helena, à esquerda da fila, negociava os bilhetes de ida e volta para a Ilha.

- Professora, Cuide bem da minha filha! - Da minha também! - Do meu Também! - Fiquem tranqüilos, queridos pais, além de mim, mais

quatro colegas voluntários estarão nesta importante missão e, com certeza, os amigos da pousada “Marazul” também estarão conosco para garantir o melhor. Caso algo aconteça, vocês serão avisados imediatamente! Agora, precisamos embarcar...

... - Duda, você também será estudada pelos biólogos? - Não, Gui, mas acho que as amebas sim! Prepare-se! -Essa aula tem cheiro de babado e confusão!

Adoroooooooooo. - Dá um tempo, Bianca! Vamos deixar os problemas da

escola na escola. Disse Dani.

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- Ahhh, Dudinha não sabe se defender! Tadinha! Dudinhatadinhachatinhabobinha!

- Gostei, amiga - Riam Clara e Mariana. - Ei, pessoal! ... Logo chegaremos à Ilha Grande, um pouco

mais de hora e meia... Assim que chegarmos, os amigos da MARAZUL nos receberá e levará para um maravilhoso café da manhã de boas vindas! Não comam nada! Perder o apetite diante das iguarias que nos aguardam é definitivamente ZEROOOOOOO....

...

A chegada foi com uma tônica de alegria máxima, pareciam que chegavam ao melhor lugar do mundo. Todos olhavam atônitos para a quantidade de estrangeiros que perambulavam pela ilha... Não esperavam isso! Os alunos imaginavam que até poderiam passar alguns dias na praia, mas que na maior parte estariam envolvidos com moluscos, crustáceos e sabe, Deus, o que mais a LINDA professora Helena inventasse para incluir na tal avaliação.

A divisão dos quartos foi feita pela própria professora com a ajuda de Isabel, funcionária da pousada. Sabrina ficou CHO-CA-DA ao saber que dividiria o quarto com Mariana e Clara. Karen, também, CHO-CA-DA ao saber que Dani e Duda seriam suas companheiras de quarto pelos próximos dias... Fossem eles de sol ou de chuva! Mesmo que seja difícil entender, caros leitores, a professora tinha a intenção de que todos trabalhassem em prol da melhor convivência com os demais... Algo fácil demais para se ter com quem já se é mega íntimo!

- Nem tentem, os devidos ajustes serão feitos por mim de acordo com o compromisso e aproveitamento que mostrarem. Mesmo num lugar paradisíaco, vocês não estão de férias... Logo, mãos ao trabalho!

- Caramba, Helena! Mal chegamos! Dia livre, por favor... Trouxe muitas roupas pra mostrar - pedia Karen.

- Nem pensar! O dia livre, a noite livre chegarão sem aviso prévio! Agora, todos para o quarto. Precisamos nos trocar logo, pois um barco nos aguardará em 20 minutos no segundo cais para a primeira missão: em busca da estrela do mar com 4 pontas!

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- Iremos mergulhar para procurá-las? Perguntava Sabrina apavorada.

- Claro que não! Dizia Helena já cansada... A turma do colégio Pirâmide subia as escadas de madeira

da pousada na maior algazarra. Gritos, apelidos e gargalhadas eram ouvidos por todos... Quando Helena começou a esboçar uma reação de arrependimento, Isabel tocou-lhe o ombro para garantir-lhe companhia e apoio total!

- Fique tranquila, Helen! Eles não darão mais trabalho do que demos na pousada do meu pai - ria Isabel.

- Ok, amiga! – piscou Helena. Em pouco tempo, Isabel acionava um sino na recepção que

clamava pela presença de todos e que, também, anunciava, a chegada do Sr. Chagas, o barqueiro que iria conduzir Helena e sua trupe à praia do Abraãozinho. Um local próximo e facilmente acessado por uma trilha (para quem conhecesse, é claro), mas Helena e alguns biólogos decidiram chegar até lá de barco...

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Capítulo 4 - Sr. Chagas, olho vivo nessa galera! Vou no segundo barco

até a praia do Abraãozinho! – disse Helena - Se quiser, a gente se

aperta e vai! - Nem pensar em riscos,

Sr. Chagas! Ninguém vai ser submetido ao famoso “jeitinho”. Eles são de minha responsabilidade! Todos eles!

- Já entendi, professora! Levarei estes dez e já volto pra pegar mais dez... Apresse a sua turma porque é bem rápido. Ainda mais hoje com tudo muito calmo aqui no mar.

Helena permitiu ficar jogada por cinco minutos no

sofá maravilhosamente macio que a pousada Marazul oferecia e enquanto passava a mão no tecido vermelho lembrava-se de sua infância ao lado de Isabel! A companheirinha de travessuras na Ilha Grande trabalhava com turismo e Helena tornara-se uma bióloga apaixonada como seu saudoso pai. O sonho da bela professora era mesmo preservar aquele santuário para que gerações futuras pudessem ter contato com as várias espécies de plantas, peixes e pássaros...

- Eduarda Diana Peixoto... - Gritava Sabrina do alto da escada.

- Ei, escolha um nome, ok? - Ai, que infantilidade! Esse não é teu nome, criatura? Pra

quê ficar envergonhada?- debochava Sabrina - Duda ou Di, Eduarda ou Diana estava confusa...

Extremamente confusa! Achava sua barriga grande, via celulites demais em seu corpo e pouco pensava no trabalho que deveria fazer, mas pensava constantemente no maior mico que passou através das piadinhas de Gui! Achava estranho o comportamento de Sabrina. Como alguém poderia ser tão volúvel? Falava mal das meninas e agora que dividia o

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quarto da pousada tornaram-se melhores amigas. A vida, às vezes, é dura mesmo.

Helena assistiu ao final da cena e já entendeu que teria problemas de relacionamento se não tomasse logo, logo uma providência. Franziu a testa e exclamou:

- Meninas, sem perder tempo! - Sabrina, volte já ao quarto e tire esse minúsculo biquíni!

Não teremos dia livre hoje. E Já disse que é preciso escutar um pouco mais para aprender.

- Tá bom, prof.! Pensei que de repente você pudesse mudar ideia!

- Helena, posso explicar algo muito cultural? Extremamente importante para a humanidade?

- O que é Sabrina? - Tia Dirce me contou que o nome da Duda é Eduarda Diana

porque a tia amou uma novela chamada “top model”. A Malu Mader era a protagonista da história e se chamava Eduarda. Já o Diana, é claro que não podia deixar de ser, tem a ver com a beleza e realeza de Lady Diana. Então, é claro que a tia quis homenagear sua filha linda...

- Nossa! Depois eu sou a infantil? Perguntava Duda - Deixe de ser boba! Riam todos. - Vou passar o número do meu psicólogo, menina! Você é

muito cheia de neuras! Zombava Clara. A professora, que já caminhava em direção ao barco, não

entendia o porquê de tanta demora e convocava sua lista final. - Miguel, Clara, Mariana, Eduarda Diana, Ana Lúcia, Bianca,

João Pedro... Toda a galera estava encantada com o pequeno percurso

até o Abrãaozinho. João Pedro, Miguel, Clara e Mariana conheciam o lugar, mas juravam que pela primeira vez observavam atentamente as belezas naturais da ilha. A professora explicava e incitava a curiosidade de todos. Principalmente para o que viria pela frente.

O Ronco do barco despertava a galera que estava na praia sob o comando de Isabel. Todos pulavam! Mas o Gui era o mais empolgado...

- Miguel, João!!! Que onda, hein, caras! Só gata na embarcação.

- Professora, Juro que jamais esquecerei a senhora! Posso até dormir aqui na areia. Melhor passeio da minha vida...

- É com essa empolgação que estou contando para acelerarmos o trabalho. - ria Helena

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Depois que todos desceram do barco, Helena juntou seus alunos em grupo e começou a falar.

A proposta de levá-los à praia do Abrãazinho era a melhor opção para contar sobre seu projeto de preservação da Ilha. Helena, na verdade mentiu sobre a procura da estrela do mar de quatro pontas. Afinal, eles estudariam também os equinodermos, mas de uma forma geral. No final das contas, todos receberiam uma grande lição sobre sustentabilidade.

- Então, galera! O tempo não é nosso maior aliado, mas com boa vontade todos sairemos ganhando.

- Professora, nós não buscaremos nada aqui?- perguntava Ana Lúcia

- Claro que sim, Aninha! Buscaremos e encontraremos conhecimento. Precisamos de uma sede para o nosso comitê de assuntos relacionados à preservação, mas como faremos isso construindo mais e desmatando mais ainda este paraíso?

- Então, Helena, pelo que entendi, ajudaremos na criação do projeto da sede, desde que esse tenha como primor a sustentabilidade e, também, estaremos juntos na catalogação das principais espécies.

- Quase isso, Guilherme! Precisamos encontrar um modelo de desenvolvimento comunitário baseado na sustentabilidade social, econômica e do planeta. Utilizando os recursos naturais sem esgotá-los, estaremos preservando-os para as futuras gerações. - Disse Helena.

- Helena, quando me preparei para o seminário da semana do meio ambiente da escola vi que as construções ecológicas misturam integração e harmonia entre homem, meio ambiente, com o cuidado de gerar um mínimo impacto sobre a Natureza. – comentava Duda.

- Nossa! A chatinha resolveu dar aulas. - Sabrina debochava.

Enquanto Duda falava, Guilherme a observava de um outro jeito. Parecia mesmo cena de cinema. Uma atmosfera encantadora tomava conta do ambiente enquanto a trilha sonora era a voz de Eduarda Diana e seus comentários sobre construção ecológica.

A maior parte dos alunos estava animada. Todos anotavam tudo e já esperavam o próximo momento aula quando foram interrompidos pelo aviso de Isabel.

- Atenção, turma! O almoço sairá em 10 minutos. Juntem suas coisas, pois logo voltaremos para a Vila do Abraão.

- Uhuuu!!! Que fome!!! Exclamava João.

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- Sa, vamos sentar juntas! Pediam Mariana e Clara. Enquanto isso, Dani sentia a amiga Duda distante e ficava

triste.

... De volta à pousada Marazul, todos aguardavam o aviso de

Helena. A bela professora desceu as escadas e anunciou: - Alunos, amanhã partiremos para a Lagoa Azul! Mas hoje...

Festa!!! Risos e aplausos inundaram o ambiente. A maioria subiu

correndo para decidir a roupa, o estilo porque Helena anunciara que sairiam da pousada às 20h.

Dani demonstrava desânimo e preocupava Helena. - O que foi, querida? Perguntava a professora. - Helena, confesso que a minha maior empolgação em vir

pra cá era estar na companhia das minhas amigas, principalmente a Duda. Até me empolguei com a ideia de preservação, sustentabilidade. Mas queria mesmo que a Duda esquecesse de uma vez o que o Gui fez com ela. Cadê a minha melhor amiga?

- Dani, você tem um coração gigante, hein? - Quer que sua amiga esqueça o que o gatinho fez, mas não

quer que ela o esqueça porque acredita nele. É isso? - É, Helena. - Eles ficaram na festa da Ana e muita gente não gostou.

Para muitos aqui o corpo tem que ser perfeito, mesmo que a cabeça seja vazia.

- Já falei que não vejo o corpo de Duda como algo absurdo. - Mas ela vê, professora! Além disso implica até com as

espinhas. - Isso é uma fase, Dani! - E Hoje... Nada que um bom corretivo não disfarce. - Piscou

Helena. - Professora, você é mesmo 10! - Tem mais, Dani! O Gui parece que se impressionou com o

jeitinho de explicar da Eduarda Diana. – Deixava no ar a professora.

- Mas depois de terem ficado umas três vezes, o cara marca com ela para conversarem no dia do campeonato de natação da escola. Ainda diz que será o primeiro a abraçá-la depois da

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vitória. Pensar o quê disso, Helena! Ele é legal, engraçado, sei que é gente boa, mas foi muito cretino.

- E ele não fez nada do que prometeu, não é? - Pior: Gritava o nome baleia e cantava uma musiquinha

babaca no microfone. Todos da escola riram. - E os pais? - Ficaram chateados com a atitude dele, professora. Mas o

pai dele riu junto e mostrou até um pouco de orgulho do filho machão como o pai.

- Não consigo ver o Gui assim, Dani! - Eu também não. Mas esses garotos são tão influenciados

pelos colegas... - Vou ver o que posso fazer pra ajudar! Agora suba e desça

bem linda. - Vou me arrumar, professora! Obrigadaaaaaaaa... Na altura da história, queridos leitores, a nossa Duda nem

sabia, mas dois lindos meninos já se perguntavam quais eram os encantos dessa normal menina. Miguel, o mais quietinho do grupo, pensava em Duda e em defendê-la de qualquer piadinha grosseira. Gui, o famoso e destemido garanhão da escola, já não pensava mais em Eduarda Diana como mais uma de sua coleção, pensava de forma estranha e pensava cada vez mais...

- Todos caminhando! Não iremos longe... Ficaremos

próximo à igreja num sobrado com uma festa especialmente para nós.

- Você está linda, professora! - Obrigada, Sabrina! Não acredito! De salto alto? Você está

na beira da praia, menina. - Não consigo sair sem, professora. - Quem falta? - Somente Eduarda Diana, Helena - dizia Isabel. - Ué... e Dani? – perguntava Helena. - Aqui, professora! - Fiu Fiu! Que isso, hein, gata? Falava João. - Nada demais... Só uma produçãozinha básica... - Dani

tentava chamar a atenção de Miguel. - Vamos buscar a Eduarda! - Vá você, Helena... Ela pode precisar conversar. - Duda... ? - Tô descendo professora...

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- Posso entrar? - Claro, minha Diva professora! - Que lindaaaaaaaaaaa... Como você escolheu bem! Amei o

conjunto: vestido florido, sandália, colar e perfume. Só falta caprichar na maquiagem. Escolha algo leve, mas que realce a sua beleza. Não chore, querida! Aproveite a noite para dançar... Dançar lava a alma! Te espero lá embaixo.

Eduarda Diana... Di... Duda... Isso não interessava agora.

Enquanto descia as escadas de madeira da pousada, uma onda de segurança e poder era emanado. Todos olhavam estarrecidos para a bela e ela parecia acreditar muito em si própria.

Helena nem deixou Guilherme falar e foi logo convidando Duda para irem juntas. Só assim poderiam conversar por mais alguns minutos. Depois das instruções sobre o que deviam e não deviam fazer, a galera seguiu feliz e muiiiiiiiiitooooooooo animada. Dani ainda estava um pouco triste pelo distanciamento da amiga...

- Nossa, Helena! Isso é muito chique! - Meus lindos, que tenhamos uma festa maravilhosa. Nossa

ida à Lagoa Azul só acontecerá depois das 11h. Logo, Tempo pra curtir não faltará...

- Estão prontos? - SIIIIIIIIIIIMMMMMMMMMMMM!!! - Todos gritavam em

uníssono. - Sejam bem vindos, alunos do colégio Pirâmide - anunciava

um casal na recepção. Um maravilhoso jantar os aguarda! Por favor, escolham seus lugares...

Uma porta preta foi aberta e anunciou um terraço iluminado

com tochas de bambu criado por um grande paisagista amigo de Helena. O espaço era gigante e muito elegante. Plantas lindas emolduravam o terraço. Um deck suspenso com uma piscina convidativa completavam o encanto do local. Dani e Duda estavam boquiabertas. Nunca esperariam por uma recepção daquelas. Que lugar! As distraídas meninas caminhavam de costas uma para a outra quando de repente, ouve-se o barulho das cabeças se chocando...

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Capítulo 5 - Helena, o que houve? - Duda, você e Dani bateram

fortemente com a cabeça! Pior: uma na outra! Levante, querida! Não é bom que você durma agora.

- Cadê a Dani? Ela está bem? - Está sim! Foi para a Marazul

com a Isabel. Talvez ela volte... Ela está tão tristinha... Chegou a ligar para a casa pensando em ir embora. O que está acontecendo com as melhores

amigas do colégio Pirâmide? - Descobri que a Dani é uma falsa! O ódio tá passando, mas

ainda tô com uma raiva! Sempre confiei nela pra tudo! Ela sabe tudo sobre a minha vida... Agora virou minha ex-BFF (Best Friend Forever)... Não sei como disfarçar!

- Eduarda Diana, Você precisa aprender que as aparências

não dizem tudo. E tem mais: Você acredita em tudo que dizem! Principalmente se falam de você... Mas se a tua mãe lhe faz um elogio, ela não é sincera... Falava a professora tirando a compressa de gelo da cabeça da menina.

- Tá sabendo de tudo, hein, Helena? - Sabrina disse que no dia do campeonato de natação, Dani

e Gui se beijaram atrás do vestiário e que a ideia de gritar “Roliça” no microfone pra TODA a escola ouvir foi dela... Todos gritavam e riam de mim. Prof, Tô arrasada!

- Quando ela contou? - Assim que chegamos! A festa estava um arraso, todos empolgados e ansiosos

com a presença de uma banda pop rock de São Paulo e com a chegada de alunos e alunas de Angra dos Reis que estariam

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ali por um projeto bem semelhante ao que Helena conduzia com seus alunos. A pousada Marazul promovia o show da banda na Ilha e reservou uma apresentação para os alunos naquela noite estrelada e com tempo bem fresquinho. O frio deu um tempo... Os olhares de Miguel e Gui se encontraram. Ambos esboçaram uma péssima expressão. Eles queriam mesmo era que Duda voltasse logo para festa para curtir.

- Então, Dani, está melhor? Perguntava Isabel. - Tô sim, Bel! Muito triste, mas desisti de ir embora. Vou

ligar pra minha mãe, tenho que acalmá-la. - Faça isso, retoque a maquiagem e Vamos pra festa JÁ! - Tá bom... Dizia Dani esboçando uma careta. No caminho, Bel e Dani tiveram a impressão de terem visto

Clara jogando sinuca num bar próximo à festa, mas se convenceram de que era só impressão. Afinal, a Ilha estava sempre cheia e havia uma big festa para curtirem!

Dani encontrou Miguel babando pela amiga (ex-amiga?) Eduarda Diana... Ensaiou um encontro até a galera, mas resolveu ficar no canto. De repente, o prefeito de Angra começou a falar :

- Boa noite, alunos do colégio Pirâmide!!! Boa noite, alunos

do colégio Saber Máximo e suas duas unidades. Estar aqui é um privilégio para os melhores aluno. Mas deixemos esse discurso sobre trabalho para amanhã e vamos agitar! Antes do show da banda Total Guitar, aproveitem o maravilhoso jantar de boas vindas!!!

A galera gritava, falavam todos ao mesmo tempo. Os risos e

as gargalhadas ecoavam naquela noite de atmosfera romântica. Gui procurava Duda com o olhar, Miguel também, mas conversavam com os alunos que acabaram de conhecer. Gui, como sempre, com o peito estufado, lançava mão do seu repertório sem graça de piadas para se exibir para as meninas.

- Socorroooooooooo!!!! – Gritou Dani

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De repente toda a luz virou escuridão. Um pano preto tornava o ambiente mais negro do que a madrugada.

Dani ouvia vozes... Vozes de homens e de mulheres, mas não consegui identificar, apesar de uma certa familiaridade no ar... Vejam bem... Uma delas era da... Sabrina! Não era possível!

- Pronto, gatinhos! Depois acerto com vocês! É só largar

essa chatice ambulante em um canto qualquer da Ilha. Mas, lembrem-se de soltá-la somente quando eu ligar. Ela será uma prisioneira temporária! - Ria estranhamente.

- Deixe com a gente, gata! Só não esqueça a grana que

combinamos com sua amiga na sinuca! O resto da história a gente não vai querer nem saber...

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Capítulo 6

- Miguel, você viu Daniele por aí?

- Desculpe, professora, o som está muito alto!

- Viu a Dani por aí? - Não, professora! Tô

preocupado... Miguel pediu licença ao grupo

com quem estava sentado e saiu em direção à professora, buscando um lugar do terraço que

melhor pudesse ouví-la. Todos estavam encantados com a comida servida por garçons fortes e sarados metidos em ternos alvíssimos. Miguel viu Duda tentando esboçar a maior alegria do mundo. Olhou para Helena, olhou para Eduarda Diana... Decidiu falar com Duda primeiro, a professora ficaria por ali mesmo... chegou tarde, Gui já se colocava de prontidão e chegou mais rápido do que ele... Mais uma vez ficaria no zero a zero com Duda...

- Nossa, Miguel!!! Falou em urgência emergencial super

secreta e demorou uma hora para cruzar vinte metros? Indagava a professora com ironia e brincadeira.

- Professora, sei que eu pouco falo, mas... - Vamos, Mig! Desembuche, gatinho! - Eu quero estar no primeiro grupo para a Lagoa Azul

amanhã! - Ah, então essa é a parte secreta da história... - Sim, Professora! - Tá bom... - Não, professora!

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- Ai, juro que enlouqueço na Ilha Grande! Sim o quê, não o

quê? - Não é isso... Não é só isso, professora. Miguel olhava a professora também com muita admiração e

sua forma doce e penetrante de olhar, além de transmitir magnetismo e muito charme, também passava às pessoas muita confiança. Helena era colossal. A professora estava linda naquela noite e ao sentar ajeitou as sandálias, tirou mais areia dos pés muito bem feitos, suspirou e olhou bem nos olhos do seu aluno.

- Sente-se, Miguel! - Professora... - Se você realmente confia em mim... - Eu sou apaixonado pela Duda. Desde o 6º ano! Já a vi em

diversas fases... Sei que a Dani quer ficar comigo e o sei que as duas são muito unidas...

- Gosto da Dani como amiga, professora! Mas não para

ficar, namorar... - Helenaaa - gritava Isabel. - Aqui, Bel! Tudo bem? - Amiga, o jantar terminou e em breve o show começará. O

diretor de Angra gostaria que você desse um alô de boas vindas aos alunos ... Mas tô extremamente preocupada!

- Algo com os músicos? - Pior: algo com um de nossos alunos... Uma aluna! - Não piore as coisas, Bel! - Professora, Foi a Duda? - Miguel, volte ao grupo e não comente nada com ninguém.

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- Meu Deus, Professora! - Faça isso, querido! Prometo que lhe mantenho informado,

mas aqui não tem só a Duda... Pense que há várias colegas aqui e que qualquer coisa que aconteça a vocês, qualquer um de vocês é extremamente preocupante, seja o que for... Agora vá!

Helena aguardava Isabel terminar sua ligação e apertou as

mãos ansiosamente quando escutou Isabel falar em POLÍCIA! E agora? Faltava pouco para o show e uma aluna com problemas...

- Bel, desligue isso! É sério assim? - Sim, Helena! - Dani sumiu! Não está em lugar nenhum da festa, da

pousada e nem na praia comprida! Pedi a dois amigos que fossem à praia da Júlia e... Nada!

- Há quanto tempo? - Há quase duas horas... - Pior, amiga, é que com essa escuridão... Pouco

poderemos fazer! - DEUS DO CÉU! - Esbravejava Helena. - Mais alguém desaparecido? -Não, amiga! Estão todos presentes! Os do colégio

Pirâmide e os alunos de Angra dos Reis... - Cancelamos o show então? Perguntava insegura Isabel - A polícia está vindo? Queria saber Helena. - Sim, amiga! Inclusive o Dalton... Um policial muito amigo

meu.

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- Toda a festa ficará por sua conta, Bel! Ligue para o tal Dalton e peça-lhe que me encontre na entrada do prédio. Não quero ninguém fardado aqui para não assustá-los... Chame mais ajuda e não permita que ninguém saia... O show terá a duração de pouco mais que 1h e espero encontrar Dani nesse intervalo...

- Se for uma brincadeira, Helena? - Se for brincadeira, essa menina merece um castigo de 100

anos!!! Sabrina observa a professora e Isabel atentamente...

Fingindo estar curtindo a festa, cochichava com Clara. Naquele momento não levantariam suspeitas...

- Tudo certo, Sa? - Tudo, Clarinha! - A professora e a galera da pousada vão pirar quando

souberem que os bem pagos recepcionistas da festa largaram tudo por uma mentirinha de nada...

- Você é danada, Clarinha! - Não precisa virar baba ovo, Sabrina! - Os caras querem a grana hoje, né? Já arrumei um

esquema... Vou até o quarto da Dani, pego a reserva que o tio querido deixou com ela...

- Muita grana? - Amiga, só pelo que eu vi... Uns mil reais... Disse que era

para a filhota curtir sem medir diversão e aproveitar para trazer presentinhos pro papai e pra mamãe...

- QUE GRA CI NHA! – debochavam as duas ao mesmo

tempo com uma irritante voz infantil. Isabel tremia como se estivesse ensaiando um passo de

dança, mas subiu ao palco com desenvoltura. Pigarreou e clamou pela atenção de todos! Tudo bem que não foi num

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primeiro momento, mas até que ela conseguiu... A galera estranhou porque esperava a musa Helena, mas Isabel mandou muito bem!

- Helena? - Dalton? - Vamos para a delegacia? - Não, professora! Subiremos e conversaremos no terraço

daquela pousada. Assim, ficaremos de frente para o show e poderemos analisar alguns suspeitos...

- Você está brincando comigo, He- Man? Uma aluna some e

tenho que bancar a CSI contigo? - Mais respeito professora... Sou uma autoridade policial!

Já mobilizamos toda a ilha! Quis pessoalmente cuidar do caso em nome da amizade gigante que tenho por Isabel, mas não saí da cama para aturar crises de ninguém... Se é para conduzirmos as investigações com algum sigilo, é preciso que me ouça...Temos que avisar aos pais da aluna!

- Desculpe, policial! - Por aqui, professora Helena! - Por que um lugar tão escuro? Meu Deus! Garanti a todos

os pais que seus filhos viveriam experiências únicas e com a máxima segurança. Onde eu falhei? Por que não ouço meus próprios pais que vivem me aconselhando sobre meus passeios?

- Sente-se, professora. O vidro também nos garante

privacidade! – dizia o forte policial Helena, a forte e poderosa mulher, desabou na frente de

Dalton... Um tão somente estranho que tentava ajudar a resolver o recente problema. Dalton, sem jeito, esperava que a bela mulher se recuperasse para então lhe falar sobre o caso...

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- Helena, já disse que mobilizamos nossa força policial, mas não disse que fizemos isso antes da chegada do seu grupo. Há exatos cinco dias, coisas estranhas vêm acontecendo aqui e tenho a certeza de que são pessoas fora da Ilha. Antes uma americana e seu filho sumiram misteriosamente numa trilha e hoje, a aluna Daniele.

- Alguns homens da delegacia viram duas alunas suas conversando com os recepcionistas. Depois uma voltou pra festa e a outra saiu com o grupo. Uma aluna também estava jogando sinuca com um grupo no mínimo esquisito.

- Como elas saíram, policial? - Subornando a recepção! - Olhe para elas... Juntas e estranhamente nervosas. - Daqui vemos tudo! - E aquele falante casal? - Aquela é Eduarda Diana, melhor amiga da menina que

sumiu... Acho que brigaram e estão um pouco estranhas, mas mesmo assim parece que Duda insiste em procurar a amiga.

- Vamos investigá-la também! - Agora conte-me: O que fez com que você escolhesse a

Ilha Grande? Por que não Búzios, Arraial do Cabo? - Consegui um ótimo desconto com uma amiga de infância

que trabalha aqui e por ter várias espécies ligadas a minha pesquisa... espécies de peixes, principalmente e também por um ofício enviado por um pai de uma aluna avisando que os passeios na ilha e as instalações para o congresso dos jovens seriam patrocínio de sua empresa. Amanhã é ... seria o penúltimo dia da nossa pesquisa e nossos alunos fariam relatórios que seriam avaliados em outras disciplinas também!

- Um trabalho interdisciplinar, professora? -Isso mesmo! Venho tentando desde as férias de Julho, mas

agora no fim de agosto a oportunidade dos quatro dias caíram como uma luva...

- A senhora tem conhecimento da situação financeira da aluna Daniele?

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- Soube que o pai é um rico industrial que fechou um resort em Angra para uma convenção. Um grande incentivador de projetos culturais que não gosta de aparecer.

- O próprio não sabe ainda, mas a americana que sumiu

com o filho veio exclusivamente para a tal convenção sobre marketing estratégico do senhor Jorge...

- Não é possível!

... - QUEM SÃO VOCÊS? O QUE VOCÊS QUEREM? Perguntava

Dani muito assustada. - Gatinha, boca fechada! Estamos quase lá... - Socorroooooooooooooooooooo!!! - Caramba, Mané! Que vacilo! A mina vai atrapalhar tudo!

Faz ela calar a boca... Dani chorava assustada quando teve a boca fechada e foi

obrigada a inalar algo muito forte...A menina não apagou por completo, mas resolveu fingir para não sofrer mais... Escutava conversas e sabia que estava indo em direção à praia Preta. Meu Deus! Tão escuro e deserto! O que fariam com ela? Dani foi conduzida para dentro de um lugar... O cheiro era forte e não era nada agradável.

- E agora, chefe? - Deixe a gatinha perto dos gringos... Tá apagadinha

mesmo... O subordinado medroso deixou Dani ao lado dos gringos

dentro da Ruína do Lazareto, local do primeiro presídio da Ilha Grande. Dani percebeu que área estava isolada. Logo, seria muito difícil que algum curioso tentasse entrar ali. Viu o olhar apavorado de mãe e filho e piscou numa tentativa de comunicação positiva. Agora era só esperar que os capangas fossem embora. Dani rezava para que coisas positivas acontecessem...

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Capítulo 7 - Isabel, onde está a Dani? - Não sei, Duda! - Ah, sabe sim! - A cabeça dela é tão dura assim? - Foi por causa dela que a festa acabou mais cedo, não foi? - Foi sim, menina! E os pais dela Já são aguardados aqui... - Caramba! Tio Jorge e tia Mônica

ligaram quinhentas mil vezes para o meu celular.

- E já sei: por causa de uma grande bobagem que falaram você passou a tratar mal e a não reconhecer Dani como sua amiga, não é?

- Não foi bem assim! A Sabri ... - Quieta, menina! Como você é boba e insegura! - Em todos você acredita, menos em você! - Ei, Isabel! Não quero lição de moral! A Danizinha querida

ficou com o Gui e como ele é só barriga de tanquinho e músculos, a idiota acabou fazendo o que ele pediu ... Todos me chamaram de baleia e de roliça em plena piscina da escola. Depois veio me consolar! Ai! Como é falsa! Gosta de trolar os outros e se faz de santinha!

- “Trolar”? Que isso, garota? - Ah, Isabel, é um tipo de bullying mais light... - Sua melhor amiga corre perigo! Se você ficar escutando

qualquer coisa e qualquer pessoa, vai acabar sozinha! Você não percebe que é provocada o tempo todo. Sei que nós temos que fazer a chamada ”social” com os outros, mas amigo de verdade não é fácil de encontrar. Entrei em contato com a dona Dirce. A família de Dani precisará do apoio de sua mãe. E você, mocinha, se não quiser falar comigo sobre a Dani, falará mesmo com a polícia ... Agora precisamos do máximo de informações sobre ela ... A festa acabou e espero, sinceramente, que a tua frescura também!

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- MINHA MÃE AQUI? Só pode ser brincadeira...

- Hora de arrumar as coisas. Um pequeno grupo vai à lagoa Azul sem desconfiar do que está acontecendo. Você será muito útil nas investigações...

Um mar de lágrimas salgadas afogavam as pupilas de

Duda. Ela queria que fosse um pesadelo. Será que Dani não teria mesmo culpa de nada? Mesmo que tivesse, por onde sua amiga estava? Por que dificuldade estaria passando e o principal: o porquê disso tudo!

- Deixa de ser palhaço, Mané! Ela vai ficar com quem ela

quiser! - Com todos, menos com um idiota corpulento como você!

Vai malhar teu cérebro, animal - gritava o tímido Miguel. - Ahhh, Com o bobão C.D.F ela pode ficar! Fala sério, boçal!

Já fiquei com ela várias vezes... E só questão de querer... Duda faz tudo, tu- di-nho que eu quiser! Te garanto que se eu quiser, rola aqui na ilha mesmo, manezão!

- Depois de toda a vergonha que você fez a Duda passar,

você não toca em um fio de cabelo dela, seu canalha! Você não é homem! - Havia raiva nos olhos de Miguel.

- Eu não! Homem é você, C.D.F! Ria debochadamente

Guilherme - Muito mais que você! – Piiif... – Guilherme levou um soco

magistral no queixo, caiu em seguida incrédulo. - Levante, safado! – Dizia Miguel espantado com a própria

força e coragem... Uma multidão se aglomerava perto dos dois, Duda escutava

tudo incrédula, mas resolveu não se meter. Talvez fosse preciso escutar mais um pouco ...

- Duda, você está se escondendo de quem? Qual deles?

Eles estão armando uma briga por você e você tão perto não faz nada – insistia Karen.

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- Ah, Karenzita! Não conte a ninguém que estou aqui! Peça ajuda a Ana Lúcia e a Bianca ... Logo, o pessoal do primeiro grupo chega da Lagoa Azul.

- Tá bom, sua doida! Mas não me meta em confusão, hein?

O clima está muito estranho aqui... Até a festa foi interrompida sem que soubéssemos o porquê. Tenso!

- Tenso vai ficar se formos descobertas! Tchau. Duda, apesar de escondida, viu que funcionários da

pousada e da escola levaram os meninos. Em seguida, viu Helena com a mesma roupa da festa perambulando de um lado para o outro. Tudo era muito estranho... Ao colocar as mãos na bermuda florida de bolsos largos e fundos lembrou-se da Dani. As duas comparam algumas peças de roupa para viagem juntas e aquela bermuda foi uma escolha das duas. Seria uma espécie de amuleto. Como eram bobas e amigas! No fundo do bolso estava seu pequeno celular. Duda e Dani combinaram de deixar os aparelhos discretamente dentro daquele bolso fundo. Dani também colocou a bermuda depois da hilária e dolorida pancada na cabeça de ambas... Resolveu ligar.

...

- Who are you? -My Son and me were kidnapped. - Are you not American? - No, I´m Brazilian - Ok, I speak Portuguese - Quem são vocês? - Meu nome é Cindy! Estou com meu filho. Acho queriam

pegar a filha de Jorge. O homem para quem eu trabalho. - Sou Scott. Estou assustado e com medo de morrer nesta

selva. Imagino que leões vão nos achar - falava o americano com sotaque carregado.

- Eu sou Daniele... A filha do tal empresário! Acho que armaram uma cilada para meu pai. Pelo que eu conheço desse paraíso aqui, seremos resgatados logo! Aqui não tem leões, Scott! Meu pai é capaz de mover o mundo por mim!

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- Acredito verdadeiramente! Mas não vejo a hora de voltarmos para casa e com vida!

- Vamos sim! – dizia Dani com as mãos nos bolsos fundos da

bermuda. Em um deles estava o celular que só a amiga Dani tinha o número. Era uma espécie de código das duas, não havia nenhuma tentativa de localizá-la e a bateria dava sinal de que duraria pouco, bem pouco.

...

- Ei, o que vocês querem nas coisas da Dani? – perguntava Duda.

- Um xampu emprestado, gata! – dizia Bianca. - Foi preciso revirar as coisas dela? - Ah, chatinha! Dá um tempo! Duda plugou o frágil celular na tomada e ansiava para que

existisse a menor chance de contato com Dani... De repente, viu Miguel descendo com as malas. Foi melhor se deixar perceber. Achou muito fofo que o menino lindo e tímido da escola viesse a defendê-la. Porém, que chato transformar o passeio trabalho numa grande confusão e desentendimento. Além do mais, Dani estava realmente interessada no Miguel. Mas se estava interessada no Miguel por que ficou com o Gui?... As perguntas eram muitas em sua cabeça. O celular tinha pouco sinal, era a hora de tentar... Será que ela estaria mesmo com o telefone secreto de ambas? Duda estava sendo tão ríspida com Dani. Eduarda Diana encostara na parede decorada do quarto da MARAZUL e percebeu que Sabrina falava ao celular muito nervosa.

- Clara, ela acredita em tudo! É bom tê-la por perto... É a

certeza de fofoca fresquinha... Não recebi o dinheiro ainda, mas já escutei que o tio Jorge vem salvar a filhinha. Meu pai também está vindo e disse que se eu me der bem, minha viagem está garantida, amiga!

- Sabrinaaaaaaa! Shiiiii... Sua idiota! Falando alto e um

monte de besteira no celular! Frita estarei eu se meu pai souber que me envolvi num plano de sequestro para ganhar uma miséria.

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- Cala a boca, Bianca! Meu pai não permitiria que nada acontecesse com a gente!

- Sua vaca! Ele não dará conta nem dele quanto mais de você! To ferrada, Meu Deus!!! Minha mãe morre sabendo disso.

- Aceitou por quê? - Vou entregar tudo!!! - Não pensa assim... Mantenha a calma, seja discreta! –

falava Sabrina bem baixinho. - Indiscreta é você, Sabrina! Falando sobre isso aqui... E se

tem alguém aqui em cima? - Não tem ninguém, boba! Calma! Vai dar certo... A Dani

aparecerá depois da grana entregue... A Clara está em contato direto com eles... Tem gringo fazendo companhia pra ela!- ria Sabrina.

- Você dormia na casa dela, sua falsa... - E daí? Era isso que meu pai queria mesmo... Só assim eu

conheceria os hábitos da família. Ao ouvir praticamente uma confissão de Sabrina, o rosto de

Eduarda Diana congelou... Como era fácil acreditar nas pessoas... Pegou o telefone e decidiu tentar, ia gritar chamar a polícia e junto com Helena resolver a história. Nunca mais ficaria longe da amiga e nunca desconfiaria dela... nunca mais!

(...)

- Helena, beba! Acabei de passar! - Obrigada, Dalton! Estou contando os minutos para que

Jorge e Mônica cheguem. Acho que a mãe da Eduarda Diana chegará com eles.

Helena prendia os cabelos num coque desgrenhado e os

prendia com um lápis. Dalton olhava sua silhueta esguia e firme com um ar de encanto. Há tempos não babava por uma mulher desse jeito, achava mesmo que todas eram iguais... Aquela não! Havia alguma coisa em Helena que o tirava do sério, era uma vontade gigante de abraçá-la, mas como e em tão pouco tempo alguém pode se tornar tão especial para alguém. Dalton tirou o grande casaco e colocou sobre os

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ombros macios de Helena. Apesar das olheiras e da aparência extremamente cansada, os pelos de sua pele eriçaram com o rápido contato das mãos másculas de Dalton. Ela agradeceu e se permitiu ficar no aconchego dos fortes braços. Ele a abraçava fraternalmente. Era um policial consolando uma mulher apavorada, mas por dentro, Dalton queria mesmo era abraçar fortemente Helena e inebriado pelo perfume dos seus cabelos, dar o beijo mais longo da vida de ambos.

- Ei, amigos! Escuto passos... - sibilava Dani. - Deve ser a hora do lanche, baby! – debochava o

americano. - Filhos, vamos ficar juntos! Dani, acho melhor não falar que

dominamos o português. Assim, poderemos descobrir um jeito mais rápido de sair daqui...

- Por mim tudo bem. E por você Scott? - OK! Scott colocou a mão sobre a de Dani e ambos piscaram

concordando com a ideia da americana. Um homem encapuzado entrou trazendo comida quente e um monte de bananas. Se a comida veio tão quente assim era porque havia uma outra casa por perto... Dani não acreditou, mas sentiu algo vibrar na bermuda... Era SEU CELULAR!

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Capítulo 8 - Dalton! Não sei como agradecer

todo apoio e carinho comigo! Sinto como se fosse desabar...

- Estou aqui, Helena! Conversei com

o delegado de Angra e estarei diretamente ligado ao caso, acompanhando tudo bem de perto, sempre pronto pra segurar a sua mão - Dizia Dalton com a voz mansa e rouca.

- Não durmo, não como, larguei meu

projeto nas mãos de estranhos, Dalton! Calculei cada passo com eles aqui, esta viagem era pra ser algo inesquecível positivamente, você me entende?

- Professora, Isabel é uma grande amiga sua! Vive me

contando do quanto você é cuidadosa com estes jovens e do quanto que eles aprendem com você!

- Desde quando você e Bel se conhecem? - Desde que passei a trabalhar na ilha... Há uns 10 anos!

Vim em busca de mais paz e tranquilidade, fiz ótimos amigos, mas já penso numa transferência para o Rio de janeiro. Não devia porque não é momento, mas sempre tive vontade de te conhecer- Confessava o Jovem policial.

Helena prestava atenção em todas as palavras ditas por

Dalton. Surpresa pelas confissões, via um misto de compromisso com o trabalho e solidão gigante! Como ele era forte e bonito. A incidência da luz direta revelava olhos claros e sedutores. Helena parecia encantada. De repente, Helena foi tirada do transe em que se encontrava...

- Helena!!!! Os pais de Daniele chegaram! Trouxeram a

Dona Dirce, mãe da Eduarda Diana para ajudar (não sei em quê!) - Anunciava Isabel aos berros.

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- Vim ajudar meus amigos e dar força a minha filha - Dizia Dirce.

- Ah, sim! Sente-se D. Mônica, Sente-se Sr. Jorge! A

professora e o policial responsável pela investigação do caso estão vindo!

- Professora, o que fizeram com minha filha? Tanto recomendei! Que falha séria para o colégio Pirâmide e para a senhora! – Falava Mônica chorando.

- Vamos escutá-los, meu amor! – Pedia o marido tentando

manter a calma. - Sou o detetive Dalton! Estou no caso diretamente e posso

garantir a vocês que a menina está na Ilha. Estamos trabalhando em equipe com grande esmero. Não posso dizer muito, mas Dani está perto de ser encontrada! O mais importante é que nenhuma informação saia daqui. Seja para os jornais, seja para um familiar próximo... Por favor, não divulguem na-da! Sr. Jorge, lamento informar, mas uma americana e seu filho também foram seqüestrados...

- Qual a minha relação com isso, detetive? Bufava o pai

sem tranqüilidade. - A senhora Cindy veio assistir a uma de suas convenções

sobre marketing trazendo consigo seu filho Scott. Soube que ela morou vários anos no Brasil. Ela e o filho falam português bem, apesar do sotaque extremamente pesado.

- Ajude-nos, Por favor! Pediam o pai e a mãe... Professora,

desculpe nosso desabafo... É que a Dani é o nosso maior patrimônio!

- Fiquem tranquilos - Assegurava Dalton - Isabel

providenciou estadia para vocês em outra pousada para que não levantem suspeitas. O passeio acaba mesmo amanhã. A professora Helena conduzirá os alunos até o Cais de Mangaratiba para o encontro com seus responsáveis.

Dalton era firme em todos os aspectos. Sua voz derrubava

a insegurança do rico casal que só pensava em encontrar a filha sã e salva. Jorge passava insistentemente as mãos pela

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cabeleira falhada tentando buscar uma ligação de sua empresa com o acontecido com sua Dani. A vida, às vezes, era de assustar...

(...)

- O que está acontecendo, meninas? - Algo sério, Sabrina! Bianca jura que viu os pais de Dani na

Ilha. Até agora ninguém viu a Best Friend de Duda! Ela deve ter aprontado alguma. Ria Clara.

- Se for pelo fator inteligência, duvido! Riam as meninas. - Vocês não se preocupam com nada, com ninguém! Admiro

você, Sabrina! Dormimos por diversas vezes na casa da Dani, sempre tratadas como da família. Agora ela e Duda brigam, Dani some, Miguel e Gui se estapeiam, a professora pira e ninguém sabe de nada! Ninguém acha nada estranho! Burra eu não sou – Gritava Bianca.

- Espere aí, gata! Vá procurar a Karen, a Ana Lúcia e a

Mariana para te ajudarem no trabalho da Helena. A gente não tá aqui pra isso! Estamos em pleno sol de inverno e a Ilha tá cheia de gatinhos. A vida é curta, Baby! É bom que você siga o bonde “picolé de chuchu” (cambada de menininhas sem graça!), só deixem o Miguel com a gente porque ali é só questão de tempo! - Clara falava com soberba e deboche.

- Vou contar tudo pra Helena e pra Duda! A Duda tem que

ver o quanto vocês são idiotas e falsas! Aguardem! - Ah, sai logo daqui, bebê chorão! Sabrina empurrava

Bianca do quarto. - Que saco, Clara! Tem que provocar os outros assim? Quer

estragar tudo? - Não começa, Sabrina!

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- Anda, desça e vá atrás do Miguel! Ele deve estar louco pra ir atrás da Duda. Mandava Clara.

- O que você quer com ele? - Caramba, Sabrina! Ele vai ficar do nosso lado! Você quer

estragar tudo? Os caras estão apertando, não param de ligar para o meu telefone! Cadê o dinheiro, animal?

- Não fala assim comigo, garota! Estamos até os últimos fios

de cabelo juntas nessa... - Se arrependimento matasse, Sabrina! Ahhhh como fui tola

em aceitar tua proposta. Tinha que ser eu a filha do safado do teu pai! Seria perfeito!

- Não tem jeito. Vou atrás do Miguel e tentarei atraí-lo para

cá! Vai pensando em algo, mestra! Bianca falava aos berros e aos prantos. Descendo

correndo a escadaria da pousada pôde ver Guilherme exibindo os músculos na beira da piscina para as mulheres da pousada, no final do corredor viu Miguel levando uma mala para recepção.

- Miguel, Você viu a Duda por aí? - Está arrumando as coisas no quarto! Esta mala aqui é a

dela. Vou pegar a minha e vamos para o Rio hoje ainda. Vá conversar com ela... Ela está completamente arrasada. Não consigo nem que ela converse comigo. Mas vou ajudá-la.

- Miguel, aqui em cima! Pedia Sabrina com voz de

desespero. Clara está desmaiada! Ajude a gente, por favor! Miguel subiu as escadas rapidamente e ao chegar ao

quarto encontrou uma desagradável festinha de meninas. - SURPRESA!!!!!! - O que é isso? O que está acontecendo aqui?

- Calma, gatinho! Compramos umas bebidinhas e

queríamos comemorar o teu sucesso na briga com o Gui! Não

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pelo que você fez defendendo a Duda, é claro, mas pela tua força e masculinidade! Um brinde, meninas!

- Não quero nada! Deixem –me sair daqui! - Ah, beba um pouquinho de suco com a gente! Não tem

álcool! É só uma forma de agradecer a você pela proteção que você nos dá e que nem sabíamos que você tinha... Ria Clara.

- É isso aí, Clara! Ele é o melhor...

(...)

- Duda! Duda! Abra a porta já! – Pedia Bianca. - Um instante... No visor do celular que estava no bolso de Duda aparecia a

mensagem “Rediscando”. Logo agora alguém chama por ela! - Dudaaaaaa! Não quero que ninguém me veja aqui. Abra

logo! Você está sozinha? - Estou, Bia! Mas não posso falar! - Abre, amiga! É mega importante! - Ei, Biazinha! Não querem que você entre no quarto?

Perguntava Gui. - Quem está aí? - A Mariana e a Ana Lúcia! - As meninas querem a companhia do mais gato da Ilha? - Obrigada, Gui! - Ah, não aceito ouvir essa desculpa! Vamos dar um passeio

então pelo shopping Bouganville... Tem uma pizzaria 10 lá! Guilherme falava abraçado a Bianca que teve outra

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alternativa. Precisou ir para a piscina da pousada ouvir as mesmas e idiotas histórias do grande pegador e lutador. Caso contrário, sua amiga Duda não teria mais paz! Era preciso pensar, agir sem fazer alarde, mas e agora?

- Sabrina, o Miguelzinho desmaiou! - Clara, vamos deixá-lo dormir um pouco e depois a gente inventa uma história pro santinho.

Miguel fingia estar apagado e escutava horrorizado a conversa. O assunto era a Dani e sua importante família. Sabrina confidenciava a Dani que seu pai já planejava acabar com os negócio do Sr. Jorge há muito tempo, pois eles chegaram a trabalhar em uma mesma empresa e todas a promoções eram unicamente para Jorge. Cansado de tanto sucesso na empresa, Jorge abriu a sua própria e prosperou grandemente em pouquíssimo tempo. A ideia do pai de Sabrina envolvia a filha. Era perigosa, mas a menina também já mostrava traços de inveja e despeito. Miguel juntava as peças e viu como foi fácil Sabrina e Clara se juntarem nesta armadilha... Eram as duas igualmente ambiciosas. Miguel também corria perigo ali? Como avisar Duda? E a professora? A polícia?

- Oh, amiga! Estamos ricas! Sabrina exibia o dinheiro como

um leque. - Como você conseguiu se seu pai nem veio aqui? - Ele mandou que eu passasse o cartão na loja de roupas de

um amigo dele. O cara nem desconfiou do esquema forte... vá, Clara! Termine logo o que devemos e em breve, receberemos a “nossa” parte!

- Já to ligando para eles, mana! - Joca, encontre-me no segundo cais às 22h! Isso mesmo,

criatura! O que faltava será entregue hoje... Não, não! Só pela Dani que deve estar muito bem, né? AHHH, tadinha emagreceu um pouquinho? Não brinca! Queremos ela sã e salva ouviu, cabeça? Tá... tá

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- Tudo bem, Sa! Podemos começar a pensar na comemoração. Viajar agora não vai dar! Mas podemos começar a escolher nosso pacote de férias para Janeiro, amiga!

(...)

- Daniiiiiiiiiiiiii? - Duda? - Amiga, pelo amor de Deus! Onde você se meteu? Perguntava Duda chorando. - Amiga, fui sequestrada no dia da festa da escola. Descobri

que a Clara está diretamente envolvida no caso. Não devo estar longe. Por favor, chame a polícia! Tem mais duas pessoas aqui comigo! São americanos e conhecem meu pai.

- Dani, me dê mais alguma pista. - Acho que estou numa antiga cela, mas há barulho de

água. Deve haver alguma nascente sei lá...

- Tá bom, Dani! Me diz o que mais você pode ver... - Duda, vejo uma ... - Dani, Dani, Daniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.... Não acredito, amiga! Estava tão perto! – Chorava Duda. - Socorro! Socorro! Socorro!!! Era a voz de Miguel e vinha do quarto... de cima? Onde as meninas teimaram em ficar juntas não obedecendo as regras da Helena? - Miguel?

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- Duda, ajude-me! Duda forçou a porta e viu o amigo com os pés amarrados na

pesada cama de jacarandá. - O que isso? Santo Deus! - Temos que salvar Dani! Sei onde ela está! Fui atraído até

aqui e pude escutar toda a conversa da Clara com a Sabrina! Temos que agir bem rápido... Antes que os outros cheguem da aula passeio.

(...) - Eduarda Diana! Filhaaaaaaaaaaaaaaaa... Como uma

tragédia dessa pôde acontecer? Chorava Dirce. - Mãe, estamos todos empenhados em encontrar a Dani!

Não precisa me tratar igual a um bebê aqui... Duda buscava o olhar de Helena que pedia por gestos um

pouco de paciência com a mãe. Não era fácil, mas era a hora de crescer e entender que mãe vai ter sempre motivo para se preocupar com os filhos e, de fato, a situação era mesmo grave. Como conversar com Helena sobre as descobertas novas sem que Dirce escutasse?

- Mãe, tudo vai ficar bem! Quer me ajudar? Ajude a tia

Mônica e o Tio Jorge neste instante, para que eu possa garantir um clima de paz na pousada!

- Nossa, filha! Nem te reconheço! Quanta maturidade!

Quem diria que iria te encontrar sem maquiagem e completamente descabelada!

- Manhêêêêê! Não precisa humilhar, tá legal? Que saco! - Tá filha! Vou sim! Vim aqui pra isso...

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- D. Dirce, já estou indo levar um reconfortante chá para eles. Vamos comigo! E você, Helena! Nem tente fugir... O seu já está na chaleira. Falava a doce Bel.