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    AMICUS PLATUS SED MAGIS AMICA VERITAS

    (Amo Plato, mas amo mais a Verdade frase de Aristteles)

    Otto de Alencar S Pereira

    Este provrbio latino geralmente empregado quando se quer dizer que,por mais importante que seja a fonte de uma citao, deve-se antes detudo buscar conhecer e aderir-se verdade. Plato foi figura mpar na

    filosofia grega, mas, nem por isso, devemos acat-lo indiscutivelmente. Averdade o que vale. s vezes. Plato podia no estar com a razo, isso

    sendo assim com todos os filsofos. Na Histria, tenta-se obter a verdadeatravs da documentao fidedigna - sobretudo textual - mas tambm,

    em grande parte, naquilo que um dos historigrafos franceses modernoscostuma denominar "documento-monumento", I.E., uma fonte

    relacionada mentalidade dos homens da poca histrica do fato emquesto, resultando em fator imprescindvel de anlise mais criteriosa emenos anacrnica da Histria. Deve-se tentar "filtrar" na interpretaoda Histria vises ideolgicas inflamadas, expressadas muitas vezes o

    mais banalmente possvel, como por exemplo, em minsculos programasde televiso, em filmes da indstria de cinema e mesmo em opinies

    avulsas de professores. muito comum em nossos dias transmissores decalnias soltarem afirmaes das mais absurdas, como se falassem "ex

    cathedra", principalmente quando querem deslustrar - por falta depatriotismo e sentimentos do gnero - as grandes figuras do nosso Brasil-Imprio, nossos cones sagrados.

    Um deles naturalmente D. Pedro I, o Fundador do Brasil! Houve quem ochamasse de traidor!!! Traidor? E por qu? Porque teria pagado com

    nosso dinheiro a dvida de Portugal Inglaterra? fcil abrir a boca echamar algum de traidor, jogando um fsforo em palha seca para fazer

    um incndio, pois a "palha seca" , infelizmente, a ignorncia de nossopovo, que a Repblica se encarregou de promover. fcil acusar

    gratuitamente, sem explicar o contexto histrico.

    Depois do gesto de "panache", quase quixotesco, s margens do Ipiranga(sete de Setembro de 1822), foi que o Imperador D. Pedro I, nos seus noveanos de reinado, propriamente elaborou a nossa Independncia: criando

    um governo brasileiro, organizando a Marinha e o Exrcito Imperiais,outorgando uma Constituio, em 1824 - considerada por muitos juristas

    um verdadeiro "primor" -, expulsando as tropas portuguesas econseguindo diplomaticamente o reconhecimento internacional da

    soberania do Imprio do Brasil, principalmente pelas grandes potnciasdo Velho Continente.

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    Uma vez contextualizada a Europa de ento pelo Congresso de Viena(1815) e a Santa Aliana, no difcil compreender que as grandes naes

    s reconheceriam nossa Independncia depois que Portugal o fizesse. Oque fazer ento? Bater s portas de Lisboa? Intil. No por causa do pai

    de D. Pedro, o j idoso Rei D. Joo VI, de boa-memria em nossa Histria

    ptria, mas sim devido rarefeita viso poltica dos novos governantesda Monarquia Constitucional portuguesa, burgueses recm-alados s

    decises da poltica internacional. Como ento conseguir oreconhecimento diplomtico, fundamental, para a nova nao? A surge asagacidade de nosso primeiro Imperador, reconhecida herana paterna.Se a questo era contar com o apoio de um "Grande", que se batesse s

    portas de Londres! Os ingleses, que tinham sempre gozado de privilgiosalfandegrios no Brasil portugus, agora, no Brasil livre, os tinham

    perdido. No seria uma boa ocasio de recuper-lo, atendendo ssolicitaes do Imperador do Brasil, a fim de que a Inglaterra "forasse

    um pouquinho", utilizando-se de seu prestgio junto ao reino lusitano,este reconhecimento? Claro que sim! Londres envia o Embaixador Stuarts Cortes de Lisboa, o qual tudo consegue. Contudo, Portugal tinha a sua

    honra a zelar. Reconheceria a Independncia do Brasil, mediante asseguintes condies:

    1 - Dinasticamente, D. Joo VI cederia os direitos de reinar comoImperador do Brasil ao seu filho e herdeiro, ainda que resguardando

    para isso a condio de Imperador Titular at a morte;

    2 - O Brasil pagaria a dvida de Portugal Inglaterra.

    Sabe-se que, aceitos esses pr-requisitos por Sua Majestade Imperial oSenhor D. Pedro I, o Tratado de Reconhecimento finalmente saiu, em

    1825, pondo um ponto final acerca do futuro do Brasil soberano eindependente. Quanto questo financeira bem verdade que os cofres

    brasileiros ficaram vazios... Mas e da? Bastaram alguns anos para que oImprio se reconstitusse econmica e financeiramente. Quase todas as

    Naes europeias iniciaram atividades comerciais com o Brasil e logo osnossos portos estavam lotados de navios, importando e exportando...

    Grandes negcios foram feitos! Em pouco tempo, o Tesouro Nacional jtinha tanto ouro quanto aquele que "pagara" o nosso reconhecimento. E

    no 2 Reinado, como bem sabido, o Brasil-Imprio pde ser consideradoum pas rico, sob vrios aspectos, com paridade de condies a muitos

    dos "pases de 1 mundo da poca"!

    Dito isto, puderam notar os leitores o quanto perigoso sair acreditandoem opinies pseudo-intectualizadas, nascidas de esprito profundamenteantipatritico? Viram como se conhecendo o contexto histrico e evitandoo anacronismo, tudo muda de figura? Outros caluniados ou desmerecidosultimamente tm sido o Imperador e Rei Senhor D. Joo VI - mostrado nofilme "Carlota Joaquina" como um abobalhado. O Imperador Senhor D.Pedro II, como no filme "O Imperador e o Rei", sobre o Baro e Viscondede Mau, lanado recentemente, onde se esquecem at de dizer que os reisso as fontes de nobreza e que, portanto, os ttulos de Irineu Evangelista

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    de Souza provinham do "dbil" D. Pedro II (!!!). Outros casos so aPrincesa Imperial Senhora D. Isabel - ultimamente acusada at de no ter

    tido a menor participao no processo de Abolio da Escravatura - oPrncipe Senhor Conde d'Eu e tantos outros...

    Por fim, s mesmo fazendo nossas e de todos os verdadeiros brasileiros aclebre prece de D. Pedro II: que Deus realize Sua Justia na voz daHistria! E que tais torpezas nunca mais se repitam!