Alvares de Azevedo - Soneto

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SONETO Um mancebo no jogo se descora, Outro bêbado passa noite e dia, Um tolo pela valsa viveria Um passeia a cavalo, outro namora, Um outro que uma sina má devora Faz das vidas alheias zombaria, Outro toma rapé, um outro espia.... Quantos moços perdidos vejo agora! Oh! não proíbam pois ao meu retiro Do pensamento ao merencório luto A fumaça gentil por que suspiro. Numa fumaça o canto d'alma escuto. . . Um aroma balsâmico respiro, Oh! deixai-me fumar o meu charuto!

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SONETO Um mancebo no jogo se descora,Outro bêbado passa noite e dia,Um tolo pela valsa viveriaUm passeia a cavalo, outro namora, Um outro que uma sina má devoraFaz das vidas alheias zombaria,Outro toma rapé, um outro espia....Quantos moços perdidos vejo agora! Oh! não proíbam pois ao meu retiroDo pensamento ao merencório lutoA fumaça gentil por que suspiro. Numa fumaça o canto d'alma escuto. . .Um aroma balsâmico respiro,Oh! deixai-me fumar o meu charuto!