Alternativas para a prevenção e o controle de patógenos em psicultura

download Alternativas para a prevenção e o controle de patógenos em psicultura

of 7

Transcript of Alternativas para a prevenção e o controle de patógenos em psicultura

  • 8/6/2019 Alternativas para a preveno e o controle de patgenos em psicultura

    1/7

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(2): 335 - 341, 2009

    ALTERNATIVAS PARA A PREVENO E O CONTROLE DE PATGENOS EMPISCICULTURA

    Washington Luiz Gomes TAVECHIO 1,2; Gislaine GUIDELLI 1; Leandro PORTZ 1

    RESUMO

    A utilizao de fatores nutricionais e fitoterpicos, considerados imunoestimulantes, umaimportante alternativa na preveno e controle de patgenos em piscicultura em substituio aouso de produtos qumicos e antibiticos que, alm de serem txicos ao peixe, so nocivos aoambiente, geram resistncia e podem afetar a sade do consumidor. Controle de diferentesespcies de bactrias dos gneros Pseudomonas e Aeromonas, reduo de infeco por fungos,controle de Trichodina spp. e de Ichthyophthirius multifiliis e diminuio na ocorrncia demonogenticos em diversas espcies de peixes so conseguidos com o uso de fatores nutricionais ede vrios fitoterpicos, que estimulam as respostas no-especficas do sistema imunolgico eaumentam a resistncia dos peixes. Estes produtos tornam-se alternativas de baixo custo aoprodutor e de mnimo impacto ao ambiente.

    Palavras-chave: Imunoestimulantes; fitoterapia; controle de patgenos; peixes

    ALTERNATIVES FOR THE PREVENTION AND CONTROL OF PATHOGENS IN FISHFARMING

    ABSTRACT

    The use of nutritional factors and phythoterapics considered imunostimulant, is an importantalternative in the prevention and control of pathogens in fish farming in substitution to the use ofchemical and antibiotic products that, beyond being toxic to the fish are harmful to the

    environment, generate resistance and can affect the health of the consumer. Control of differentspecies of bacteria of the genus Pseudomonas andAeromonas, reduction of fungus infection, controlof Trichodina spp. and the Ichthyophthirius multifiliis and the reduction in the occurrence ofmonogenetic in several species of fish are obtained with use of nutritional factors and somephythoterapics that stimulate the not-specific response of the immunologic system and increase theresistance of the fish. These products become alternative of low cost to the producer and minimumimpact the environment.

    Key words: Imunostimulant; phythoterapy; pathogens control; fish

    Artigo de Reviso: Recebido em: 14/11/2008 Aprovado em: 07/08/2009

    1 Ncleo de Estudos em Pesca e Aqicultura, Centro de Cincias Agrrias, Ambientais e Biolgicas, Universidade Federal do

    Recncavo da Bahia, Campus de Cruz das Almas. Rua Rui Barbosa, s/n, CEP: 44380-000 - Cruz das Almas BA - Brasil2 e-mail: [email protected]

  • 8/6/2019 Alternativas para a preveno e o controle de patgenos em psicultura

    2/7

    TAVECHIO et al.

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(2): 335 - 341, 2009

    336

    INTRODUO

    O sucesso na piscicultura depende daimplementao de boas prticas de manejo nos

    viveiros. No conjunto das prticas de manejo,destacam-se o controle da qualidade da gua, arealizao de quarentena na aquisio de novoslotes, fornecimento de alimentao dequalidade e balanceada, garantindo a sade dosanimais e, conseqentemente, a preveno dedoenas.

    Muitas das doenas que causam prejuzosso provocadas por agentes infecciosos e podemtornar a atividade onerosa e pouco lucrativapara os piscicultores, devido mortalidade

    excessiva durante surtos de infeco/infestao.Entre os principais grupos de parasitas quecausam doenas em piscicultura esto osdinoflagelados, os protozorios, osmixospordeos, os monogenticos e oscrustceos, alm de fungos, bactrias e vrusque, ao encontrarem condies adequadas,proliferam causando as doenas.

    Depois de instaladas na piscicultura, asparasitoses provocam perdas e, para que sejameliminadas dos viveiros, devem ser investidos

    grandes esforos financeiros e de manejo, queenvolvemalto custo com produtos e com mo-de-obra especializada.

    Nos principais tratamentos contra asparasitoses de peixes, utilizam-se produtosqumicos tais como: formalina, sulfato de cobre,verde malaquita, cloramina, pesticidasorganofosforados, diflubenzuron. Antibiticos,como a oxitetraciclina, so usados no tratamentode infeces bacterianas. Esses produtos, alm doefeito txico aos tecidos dos peixes,

    principalmente o das brnquias, do tegumento edo fgado, podem acumular resduos namusculatura, oferecendo risco potencial aoconsumidor, caso no sejam respeitados ostempos de carncia ps-tratamento. Alm disso,aumentam significativamente o impactoambiental no entorno da piscicultura onde osresduos dos tratamentos so descartados. Cabe-seainda ressaltar que a utilizao de produtosqumicos deve ser regida por legislao especficae que no Brasil, poucos produtos so registrados

    para uso em aquicultura.

    Muitas doenas de peixes esto ligadas aoestresse imposto pelo ambiente de cultivo. Osistema imunolgico dos peixes diretamenteinfluenciado por fatores ambientais. Alm disso,

    as condies nutricionais tambm tm papelpreponderante sobre o sistema imune. Essesistema, assim como em outros vertebrados,desempenha um papel de grande importncia nadefesa do organismo contra a invaso eestabelecimento de muitas doenas, de maneiraque estimular o sistema de defesa de animaismantidos em um ambiente estressante umaalternativa eficaz e necessria (DGENCI et al.,2003). Para isso, vm sendo utilizados desdeprodutos que contenhammicroorganismos e seus

    derivados, denominados pr-biticos e pr-biticos, extratos de plantas e de animais, atadjuvantes e fatores nutricionais diversos. Estesprodutos so conhecidos como imunoestimulantes(SAKAI, 1999), e tm propriedades capazes deestimular o sistema imune por conferirem umaumento na atividade das clulas fagocitrias, naproduo de lisossomos e anticorpos, diminurem oestresse do manejo reduzindo assim, as perdascausadas pelas doenas (CHITMANAT, 2002).Produtos pr-biticos, formulados commicroorganismos vivos, e pr-biticos, compostos

    de substncias no absorvveis na parte anterior dotrato intestinal, tm ainda ao inibitria direta nocrescimento de bactrias patognicas e predispem colonizao do trato por bactrias benficas(FABREGAT, 2006).

    Os imunoestimulantes, adicionados a raode maneira profiltica, podem beneficiar aaquicultura, principalmente nas fases iniciais docultivo, quando os peixes esto mais susceptveisa doenas (PORTZ, 2006).

    Diante disso, alternativas para o controle epreveno de parasitoses em piscicultura devemser incentivadas, e o conhecimento acerca deprodutos, sejam eles naturais ou no, queauxiliem a qualidade de cultivo e a reduo doscustos de produo importante paramanuteno do crescimento e competitividade daaquicultura nacional.

    Este artigo tem por objetivo apresentar umareviso sobre solues alternativas ao uso deprodutos qumicos convencionais na piscicultura

    para a preveno e controle de patgenos.

  • 8/6/2019 Alternativas para a preveno e o controle de patgenos em psicultura

    3/7

    Alternativas para preveno e o controle de patgenos...

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(2): 335 - 341, 2009

    337

    USO DE FATORES NUTRICIONAIS

    A imunonutrio uma das tcnicas que visaaumentar a resistncia imunolgica de animaiscultivados atravs da alimentao. Ela fornece

    nutrientes essenciais que atuam diretamente nosistema imunitrio conferindo resistncia ao estressedo confinamento, s mudanas na qualidade dagua e a infeces/infestaes parasitrias.

    As vitaminas so consideradas como fatoresnutricionais que estimulam a imunidade de peixesmelhorando a ao das clulas de defesa porfavorecer a integridade e a fluidez das membranascelulares, na proliferao de linfcitos, noaumento do nvel de complementos sricos, naproduo de interferon e na produo de colgeno(ROTTA, 2003).

    Algumas vitaminas, como C (cido ascrbico)e E (tocoferol), esto especialmente ligadas formao e desenvolvimento desse sistema empeixes. A vitamina C, em doses suplementares, conhecida por acelerar o ganho de peso e debiomassa em tilpias ao final da reverso sexual,melhorar os ndices de crescimento de pacus almde ter efeito sobre qualidade dos ovos de peixesmarinhos (MARTINS, 1995; VARGAS, 2004;ALVAREZ-LAJONCHRE, 2006).

    Em relao s doenas parasitrias foramdemonstradas experimentalmente reduessignificativas na ocorrncia de Trichodina spp. comsuplementao de 1.000 mg Kg-1 de vitamina C(LEONARDO, 1999) e de monogenticos emtilpias submetidas suplementao de 1.200 e1.700 mg da vitamina por quilo de rao(LEONARDO et al., 1998; CAVICHIOLO et al.,2002a). Para pacus, as concentraes com efeitosobre a ocorrncia de monogenticos, ficaram emtorno de 50 a 200 mg Kg-1 de rao (MARTINS,1998), demonstrando que existe variao nosnveis timos de suplementao para o controledessas parasitoses.

    Mesmo para doenas bacterianas, h casos dereduo na infeco com doses de 500 mg Kg-1 dealimento (RASHEED, 1989), reduo de 93% damortalidade de carpas causada por Aeromonashydrophyla (TEWARY e PATRA, 2008), e mesmode resistncia completa de peixes apsalimentao com superdoses de vitamina C(3.000mg kg-1) (LI and LOVELL, 1985).

    A combinao de fatores nutricionais tambmpode ser eficaz. As vitaminas C e E combinadasmostraram bons resultados para infecesbacterianas em trutas, diminuindo a mortalidade

    a concentraes de 2.000 mg da vitamina C Kg-1 e800 mg de vitamina E Kg-1 de rao (WAHLI et al.,(1998). Com 1.000 mg da vitamina C Kg -1 e 300 mgde vitamina E Kg-1 de rao tambm se mostroueficaz na diminuio da ocorrncia do ctio, oudoena-dos-pontos-brancos, causada peloprotozorio Ichthyophthirius multifiliis(CAVICHIOLO et al., 2002b).

    Para a vitamina E isoladamente, se conseguiutambm bons resultados no caso de tilpias, com areduo de mais de 78% na ocorrncia de

    monogenticos nas brnquias durante o processode reverso sexual, com suplementao de 500 mgkg-1 de rao (VARGAS et al., 2002), e com 300 mgKg-1 na ocorrncia de Trichodina spp. e ctio emlarvas de tilpia (CAVICHIOLO et al., 2002b).

    O uso de suplementos de vitaminas C e E nadieta parece reduzir o estresse prprio da criao,melhorar o sistema imune e reduzir a ocorrnciade diversos grupos de parasitas, apresentandopotencial para substituir produtos qumicos nocontrole de doenas parasitrias.

    Os nveis de vitamina utilizados no estorelacionados ao grupo de parasitas que melhorcontrolam e sim, espcie de peixe para a qual utilizada. Isto porque, os nveis de vitamina C quemelhor estimulam o sistema imune, variam deespcie a espcie. Portanto, so necessriosestudos para as diversas espcies cultivadas oucom potencial para cultivo, principalmente emrelao dosagem ideal e o tipo de parasita quecontrolam mais eficazmente. A eficcia dos fatoresnutricionais imunoestimulantes pode estar

    relacionada ao grau de patogenicidade da espciede parasita envolvida.

    USO DE FITOTERPICOS

    A fitoterapia outra alternativa de grandepotencial para preveno ou controle depatgenos na aquicultura. Esta se caracteriza pelouso de diferentes partes de plantas na preveno econtrole de doenas. Apesar do pouco uso,atualmente, crescente o interesse sobre assubstncias oriundas de plantas como alternativas

  • 8/6/2019 Alternativas para a preveno e o controle de patgenos em psicultura

    4/7

    TAVECHIO et al.

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(2): 335 - 341, 2009

    338

    ao uso de antibiticos e produtos qumicos nocombate a patgenos em piscicultura.

    Ao contrrio do que ocorre com produtosqumicos e frmacos sintticos, que geralmentecausam aumento da resistncia dos parasitas, etm um elevado tempo de permanncia noambiente, acredita-se que os extratos vegetaispossam causar um desenvolvimento lento deresistncia, ser direcionados a espcies-alvo, serfacilmente biodegradveis, diminuir amplamentea emisso de resduos e, consequentemente, serincuos ao ambiente (CHAGAS, 2004). Existe apossibilidade de que a toxicidade dos extratosvegetais ocorra a concentraes bastante elevadase/ou exposio prolongada e em dependncia da

    espcie de peixe em questo. Dessa forma, atoxicidade deve ser um parmetro testado durantea verificao da eficcia de fitoterpicos.

    Alguns fitoterpicos efetivos estudados para ouso em piscicultura so extrados de plantas comoamendoeira ou sete-copas (Terminalia catappa),alho (Allium sativum), cominho-negro (Nigellasativa), equincias (Echinacea spp.), manjerona(Origanum marjorana) e folhas de nim ou neem(Azadirachtaindica) (CHITMANAT et al., 2005a e b;CRUZ, 2005; JOHN et al., 2007; MESALHY et al.,

    2007; DIAB et al., 2008).

    A amendoeira, T. catappa (Combretaceae) muito comum no Brasil, onde foi introduzida porcolonos portugueses. Suas folhas, frutos e razesso utilizados como medicamento popular porapresentarem atividade antidiabtica (NAGAPPAet al., 2003), antiinflamatria (FAN et al., 2004),estimulante do comportamento sexual ereprodutivo (MONVISES et al., 2009), antibitica eantifngica (GOUN et al., 2003) e desinfetante(SANTOS, 2002). Na aquicultura, suas

    propriedades imunoteraputicas, antiparasitrias,antibactericidas e antifngicas em peixes, foramestudadas por pesquisadores da Tailndia, ndia eChina, que utilizaram tanto folhas como frutos.

    Por meio do uso de extrato aquoso de folhasde amendoeira, na concentrao de 200 ppm,CHITMANAT et al. (2005a) conseguiram reduzir ainfeco por fungos nos ovos de tilpias e, com800 ppm, eliminaram completamente Trichodinaspp. de juvenis de tilpias do Nilo aps 2 dias detratamento. Constatou-se, tambm, atividade

    inibitria sobre a bactria A.hydrophila, utilizando

    0,5 mg mL-1 de gua. Sua eficincia tambm foievidenciada no controle dos monogenticosectoparasitas Gyrodactylus spp. e Dactylogyrus spp.de kinguios, eliminando-se todos os parasitas em 2

    semanas de tratamento, usando 3,104 g em 1,8 L degua (CHANSUE e TANGTRONGPIROS, 2005).

    Outra planta importante, que desperta ointeresse dos pesquisadores, o alho, porapresentar um amplo espectro de combate aosmicroorganismos como bactrias, fungos,protozorios e vrus, alm de ser de fcil obteno.Essas propriedades se devem a alicina, tambmresponsvel pelo odor caracterstico da planta, eao trissulfeto de alila.

    O alho deve ser usado, preferencialmente, naforma de extrato cr, j que a fervura desnatura aalicina perdendo suas propriedades antimicrobianas.Com extrato na concentrao de 200 mg L-1, seconseguiu tratar ovos de enguia parasitados peloprotozorio Trichodina spp. (MADSEN et al., 2000).Na Tailndia, CHITMANAT et al. (2005b), usandoextrato de alho para banhos numa concentrao de800 ppm, conseguiram eliminar 100% doectoparasita Trichodina spp. de juvenis de tilpias doNilo em 2 dias.

    Bons resultados tambm foram conseguidosadicionando-se o alho rao. Notou-se aumentoda resistncia infeco provocada pela bactriaPseudomonasfluorenscens em 91,3%, utilizando 3%de alho por kg de rao durante 3 meses (DIAB etal., 2008). Usando 2,0 g kg-1 de rao por 45 dias,MARTINS et al. (2002) reduziram em 95% ainfestao por monogenticos Anacanthoruspenilabiatus em pacus. A adio do extrato rao,segundo os autores, no alterou as propriedadesorganolpticas da carne dos pacus.

    O uso conjugado de alho e cominho negro(Ranunculaceae), planta de origem asitica,reconhecida por aumentar a atividade de clulasde defesa e clulas T imunitrias atravs daproduo de citoquinas e interleucinas, por inibircrescimento microbiano e apresentar atividadeanti-helmntica, tambm mostra resultadossatisfatrios no controle de parasitoses. Umaconcentrao de 3% de alho e cominho negroadicionados rao de tilpias durante 90 dias,gerou 95% de resistncia infeco pela bactriaPseudomonas spp. (JOHN et al., 2007). Quando

    testado somente o efeito inibitrio de cominho

  • 8/6/2019 Alternativas para a preveno e o controle de patgenos em psicultura

    5/7

    Alternativas para preveno e o controle de patgenos...

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(2): 335 - 341, 2009

    339

    negro no tratamento de infeco induzida por P.fluorenscens em tilpias, a resistncia ao patgenoficou em torno de 85,4% (DIAB et al., 2008).

    A planta equincia (Asteraceae), nativa daAmrica do Norte, outra alternativa fitoterpicana medicina popular e na piscicultura devido assuas propriedades anti-inflamatrias,estimuladoras dos macrfagos e sobre a atividadeinibitria das lipoxigenases. Em cultivos detilpia, a eficincia bactericida a Pseudomonas spp.,na concentrao de 1 ppt de extratos da plantadurante 90 dias, chegou a 95% (JOHN etal., 2007).Tambm controlou a infeco induzida por A.hydrophila com rao suplementada com 0,25 pptdurante 60 dias (MESALHY et al., 2007).

    O nim, Azadirachta indica (Meliaceae), umaplanta arbrea originria da ndia, cujas folhas ecasca so bastante usadas como anti-inflamatria,antirreumtica, antiartritca, antipirtica eantimicrobiana. A azadiractina, composto bioativopresentes nas folhas de nim, pode ser utilizadacomo inibidor do crescimento de insetos, inseticida,nematicida, fungicida e imunoestimulante. Por sersolvel em gua e lcool, biodegradvel e sensvelaos raios ultravioleta, considerada de baixoimpacto ao ambiente e promissora para o uso no

    controle de parasitoses em piscicultura. Emrelao aos efeitos antiparasitrios do nim, autilizao de 150 mL de extrato aquoso das suasfolhas por litro de gua durante 5 dias, conseguiucontrolar a infestao de A. penilabiatus em pacuem 89% (CRUZ, 2005).

    Outras plantas, tais como goiaba (Psidiumguajava), visco-branco (Viscum album), urtiga(Urtica dioica) e gengibre (Zingiber officinale),tambm possuem a capacidade de aumentar asrespostas do sistema imune em peixes, sendoutilizadas experimentalmente como fitoterpicasna piscicultura.

    Para a goiaba, por exemplo, conseguiu-seresistncia total de bagres a Aeromonas causadorasde septicemias utilizando-se 1 g de extrato da frutapor quilo de rao durante 7 dias (Direkbusarakomapud MARTINS, 2004). Aumento na resposta imuneno especfic,a e melhora nas condies contrainfeces, foram observados por DGENCI et al.(2003), durante a utilizao do extrato aquoso de

    visco-branco, urtiga e gengibre a 1% por 3 semanasem truta arco-ris.

    CONCLUSES

    As plantas apresentadas nesta reviso tmpotencial imunoestimulante e eficcia comprovadana preveno e controle de parasitoses napiscicultura. Devido grande diversidade da florabrasileira, possvel que inmeras espciespossuam princpios ativos benficos sade dospeixes. Esses princpios ativos devem serestudados para compreenso do seu potencialimunoestimulante e fitoterpico.

    Para cada espcie de peixe e de parasita, huma concentrao ideal dos extratos vegetais e dosfatores nutricionais que sero eficazes no controle epreveno das parasitoses em piscicultura,devendo ser prescrita por profissional habilitado.Alm disso, extratos vegetais podem apresentarefeitos txicos que devem ser testados.

    A utilizao de extratos das plantas e fatoresnutricionais na preveno e controle de infecesparasitrias possui alto ndice de sucesso contrapatgenos importantes na piscicultura, sendo debaixo custo e de mnimo impacto ambiental. Por estarazo, so alternativas ao uso de produtos qumicose antibiticos que impactam o ambiente, promovemresistncia e contaminam a carne do peixe.

    REFERNCIAS

    ALVAREZ-LAJONCHRE, L. 2006 Nutricin dereprodutores de peces marinos. In: (Ed.)SUAREZ. E.G.; MARIE, D.R.; SLAZAR, M.T.;LPEZ, M.G.N.; CAVAZOS, D.A.V.; CRUZ,A.C.P.; ORTEGA, A.G. Avances em nutricinacucola. SIMPOSIUM INTERNACIONALDE NUTRICIN ACUCOLA, 8., 2006,Mxico. Universidad Autnoma de NuevoLeon. p.15-17.

    CAVICHIOLO, F.; VARGAS, L.; RIBEIRO, R.P.;MOREIRA, H.L.M.; LEONARDO, J.M. 2002aNveis de suplementao de vitamina C narao sobre a ocorrncia de ectoparasitas,sobrevivncia e biomassa em alevinos detilpia do Nilo (Oreochromis niloticus L.). ActaScientiarum, Maring, 24(4): 957-964.

    CAVICHIOLO, F.; VARGAS, L.; RIBEIRO, R.P.;MOREIRA, H.L.M.; LOURES, B.R.R.;MAEHANA, K.; POVH, J.A.; LEONARDO, J.M.

    2002b Efeito da suplementao de vitamina C evitamina E na dieta sobre a ocorrncia de

  • 8/6/2019 Alternativas para a preveno e o controle de patgenos em psicultura

    6/7

    TAVECHIO et al.

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(2): 335 - 341, 2009

    340

    ectoparasitas, desempenho e sobrevivncia emlarvas de tilpia do Nilo (Oreochromis niloticusL.) durante a reverso sexual. Acta Scientiarum,Maring, 24(4): 943-948.

    CHAGAS, A.C.S. 2004 Controle de parasitasutilizando extratos vegetais. Revista Brasileirade Parasitologia Veterinria, Rio de Janeiro,13(1): 156-160.

    CHANSUE, N. and TANGTRONGPIROS, J. 2005Effect of dried Indian almond leaf (Terminaliacatappa) on monogenean parasite of gold fish(Carassius auratus). Thai Journal of VeterinaryMedicine,Bangkok, 35(1): 55-56.

    CHITMANAT, C. 2002 Fish Immunostimulants.

    Songklanakarin Journal Science and Technoogy,Songkhla, 24(4): 739-747.

    CHITMANAT, C.; TONGDONMUAN, K.;KHANOM, P.; PACHONTIS, P.; NUNSONG,W. 2005a Antiparasitic, antibacterial, andantifungal activities derived from a Terminaliacatappa Linn solution against some tilapia(Oreochromis niloticus) pathogens. ActaHorticulturae, Leuven, 678: 179-182.

    CHITMANAT, C.; TONGDONMUAN, K.;NUNSONG, W. 2005b The use of crude

    extracts from traditional medicinal plants toeliminate Trichodina spp. in tilapia(Oreochromis niloticus) fingerlings.Songklanakarin Journal Science and Technology,Songkhla, 27(1): 359-364.

    CRUZ, C. 2005 Aspectos toxicolgicos de parathionmetlico e de extrato aquoso de folhas secas de nim

    ( Azadirachta indica ) para o pacu (Piaractus

    mesopotamicus ) e eficcia no controle de

    monogenea Dactylogyridae. Jaboticabal. 96 p.(Tese de Doutoramento. Universidade

    Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho,UNESP).

    DIAB, A.S.; ALY, S.M.; JOHN, G.; ABDE-HADI,Y.; MOHAMMED, M.F. 2008 Effect of garlic,black seed and Biogen as immunostimulantson the growth and survival of Nile tilapia,Oreochromis niloticus (Teleostei: Cichlidae),and their response to artificial infection withPseudomonas fluorescens. African Journal ofAquatic Science, Pietermaritzburg, 33(1): 63-68.

    DGENCI, S.K.; ARDAB, N.; CANDANA, A. 2003Some medicinal plants as immunostimulant

    for fish. Journal of Ethnopharmacology, Leiden,88(1): 99-106.

    FABREGAT, T.E.H.P. 2006 Utilizao do prebiticoFlavofeed como suplemento dietrio para juvenis

    de tilpia do nilo Oreochromis niloticus. Jaboticabal. 42p. (Dissertao deMestrado,.Universidade Estadual Paulista,UNESP).

    FAN, Y.M.; XU, L.Z., GAO, J.; WANG, Y.; TANG,X.H.; ZHAO, X.N.; ZHANG, Z.X. 2004Phytochemical and antiinflammatory studieson Terminalia catappa. Fitoterapia, Amsterdam,75: 253260.

    GOUN, E.; CUNNINGHAM, G.; CHU, D.;

    NGUYEN, C.; MILES, D. 2003 Antibacterialand antifungal activity of Indonesianethnomedical plants. Fitoterapia, Amsterdam,76: 592596.

    JOHN, G.; MESALHY, S.; REZK, M.; EL-NAGGAR, G.; FATHI, M. 2007 Effect of someimmunostimulants as feed additives on thesurvival and growth performance of Niletilapia, Oreochromis niloticus and theirresponse to artificial infection. Egypt Journal Aquatic Biology & Fishery, Cairo, 11(3): 1299-

    1308.LEONARDO, J.M.L.O.; VARGAS, L.; RIBEIRO,

    R.P. 1998 Efeito de diferentes nveis devitamina C (cido ascrbico) sobre a ocorrnciade ectoparasitas em larvas de tilpia do nilo(Oreochromisniloticus) em processo de reversosexual. In: ENCONTRO BRASILEIROPATOLOGIA DE ORGANISMOS AQUTICOS,5., ENCONTRO LATINO AMERICANO DEPATOLOGIA DE ORGANISMOSAQUTICOS, Maring. Anais... Maring:

    ABRAPOA. p. 49.LEONARDO, J.M.L.O. 1999 Efeito de suplementao

    com diferentes nveis de vitamina C (cido

    ascrbico) em larvas de tilpia do Nilo

    Oreochromis niloticus de origem tailandesa

    durante a fase de reverso. Maring. 75p.(Dissertao de Mestrado. UniversidadeEstadual de Maring, UEM).

    LI, Y.P. and LOVELL, R.T. 1985 Elevated levels ofdietary ascorbic acid increase immuneresponses in channel catfish. Journal ofNutrition, Bethesda, 115: 123-131.

  • 8/6/2019 Alternativas para a preveno e o controle de patgenos em psicultura

    7/7

    Alternativas para preveno e o controle de patgenos...

    B. Inst. Pesca, So Paulo, 35(2): 335 - 341, 2009

    341

    MADSEN, H.C.K.; BUCHMANN, K.;MELLERAGAARD, S. 2000 Treatment oftrichodiniasis in eel ( Anguilla anguilla) rearedin recirculation systems in Denmark:

    alternatives to formaldehyde. Aquaculture,Amsterdam, 186: 221-231.

    MARTINS, M.L. 1995 Effects of ascorbic aciddeficiency on the growth, gill filament lesionsand behavior of pacu fry (Piaractusmesopotamicus) Holmberg, 1887. Brazilian Journal of Medical and Biological Research,Ribeiro Preto, 28: 563-568.

    MARTINS, M.L. 1998 Evaluation of the additionof ascorbic acid to the ration of cultivedPiaractus mesopotamicus (Characidae) on theinfrapopulation of Anacanthorus penilabiatus(Monogenea). Brazilian Journal of Medical andBiological Research, Ribeiro Preto, 31: 655-658.

    MARTINS, M.L.; MORAES, F.R.; MIYAZAKI,D.M.Y.; BRUM, C.D.; ONAKA, E.M.; FENERICKJr, J.; BOZZO, F.R. 2002 Alternative treatment for Anacanthorus penilabiatus (Monogenea:Dactylogyridae) infection in cultivated pacu,Piaractus mesopotamicus (Osteichthyes:Characidae) in Brazil and its haemathologicaleffects. Parasite, Paris, 9: 175-180.

    MARTINS, M.L. 2004 Cuidados bsicos ealternativas no tratamento de enfermidade depeixes na aquicultura brasileira. In: RANZANI-PAIVA, M.J.T.; TAKEMOTO, R.M.; LIZAMA,M. de los A.P. Sanidade de Organismos Aquticos,So Paulo: Varela, 2004. p.357-370.

    MESALHY, S.; JOHN, G.; EL-NAGGAR, G.;FATHI, M. 2007 Effect of Echinacea on bodygain, survival and some hematological andimmunological parameters of Oreochrmis

    niloticus and their response to challengeinfection. Egypt Journal Aquatic Biology &Fishery, Cairo, 11(3): 435-445.

    MONVISES, A.; NUANGSAENG, B.;SRIWATTANAROTHAI, N.; PANIJPAN, B.2009 The Siamese fighting fish: Well-knowngenerally but little-known scientifically.Science Asia, Thailand, 35: 816.

    NAGAPPA, A. N., THAKURDESAI, P. A.,VENKAT RAO, N., SINGH, J. 2003 Antidiabeticactivity of Terminalia catappa Linnfruits.JournalofEthnopharmacology, Ireland, 88: 4550.

    PORTZ, L. 2006 Recentes Avanos na Imuno-Nutriao de Peixes. In: SILVA-SOUZA, A.T.Sanidade de Organismos Aquticos. Maring:ABRAPOA. p.229-236.

    RASHEED, V.M. 1989 Diseases of culturedbrown-spotted grouper Epinephelus tauvinaand silvery black porgy Acanthopagruscuvieriin Kuwait. Journal ofAquaticAnimal Health,Bethesda, 1: 102-107.

    ROTTA, M.A. 2003 Utilizao do cido ascrbico(vitamina C) pelos peixes. Corumb: EmbrapaPantanal, 54 p.

    SAKAI, M. 1999 Current status of fishimmunostimulants. Aquaculture, Amsterdam,

    172: 63-92.SANTOS, E. F. 2002 Atividade antimicrobiana,

    toxicologica e desinfetante de extrato de

    Terminalia cattapa L. Joo Pessoa. 92 p.(Dissertao de Mestrado. UniversidadeFederal da Paraba, UFPB).

    TEWARY, A. and PATRA, B.C. 2008 Use ofvitamin C as an immunostimulant. Effect ongrowth, nutritional quality and immuneresponse of Labeo rohita (Ham.). FishPhysiology and Biochemistry, Netherlands,34(3): 251-259.

    VARGAS, L.; POVH, J.A.; MOREIRA, H.L.M.;RIBEIRO, R.P.; LEONARDO, J.M.L.O. 2002Efeito de diferentes nveis de vitamina E sobre aocorrncia de ectoparasitas em larvas de tilpiado Nilo (Oreochromis niloticus) no processo dereverso sexual.Arquivos de Cincias Veterinriase Zoologia, Umuarama, 5(1): 37-44.

    VARGAS, L. 2004 Efeito de vitamina C, davitamina E, do cloreto de sdio e da formalina

    na ocorrncia de ectoparasitos em tilpias doNilo (Oreochromis niloticus). In: RANZANI-PAIVA, M.J.T.; TAKEMOTO, R.M.; LIZAMA,M. de los A.P. Sanidade de OrganismosAquticos, So Paulo: Varela, p.371-382.

    WAHLI, T.; VERLHAC, V.; GABAUDAN, J. 1998Influence of combined vitamin C and E onnon-specific immunity and disease resistanceof rainbow trout, Oncorhynchus mykiss(Walbaum). Journal of Fish Diseases, Malden,21: 127-137.