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ALTERNATIVAS DE GESTÃO DE
ESTOQUES: ESTUDO DE CASO NUMA
EMPRESA DE ELETRÔNICOS
EDUARDO DA COSTA MARTINS JUNIOR (UESC )
Juliano Zaffalon Gerber (UESC )
O presente artigo objetiva contribuir para a gestão de estoques numa
empresa do segmento eletroeletrônico por meio da análise nos
processos de implementação de novos produtos. O estudo consiste em
uma investigação exploratória e qualitativaa do estoque de matéria
prima envolvendo um problema de paradas de produção e suas
consequências. Tal análise buscou ressaltar, dentre outros aspectos: a)
o método empírico para o ressuprimento de componentes de desktops;
b) as técnicas de controle estoque; c) a classificação ABC atrelada à
criticidade para auxiliar na manutenção dos estoques de matéria
prima. Para a coleta dos dados utilizou-se os registros de produção de
cinco meses decorrentes, e em seguida foi proposto outra condição
para gerir o estoque. Os resultados, ao utilizar métodos de controle
descritos na literatura, garantem uma gestão mais equilibrada,
evitando custos desnecessários e armazenando a matéria suficiente
para atender aos pedidos de clientes.
Palavras-chaves: Gestão de estoques, Indústria de Informática,
Classificação ABC
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. Introdução
A indústria de informática, representada pelos computadores pessoais, passou a ser entendida
como uma ferramenta de trabalho a partir dos anos 70, por sua eficiência e baixo custo.
Porém, devido à concorrência do mercado, a realidade brasileira se resume hoje à montagem
de kits (LAURINDO e CARVALHO, 2003). Então, com a expectativa de superar a crise na
monocultura do cacau, a criação do polo de informática de Ilhéus permitiu que o estado da
Bahia tivesse a maior taxa de produtividade de trabalho a partir de 1995 (GALEANO,
MEIRELLES E WANDERLEY; 2011).
Segundo Bowersox, Closs e Cooper (2007), dentro do ambiente organizacional, as decisões
que têm relação com o estoque são arriscadas e refletem em toda a cadeia de suprimentos da
empresa.
Segundo Fernandes e Godinho Filho (2010), uma das maneiras de se obter uma gestão de
estoques eficiente é começar o processo com a realização da análise ABC. Também chamada
de curva ABC, essa ferramenta deriva da análise de Pareto, que separa itens do inventário por
ordem de importância, como por exemplo no que diz respeito ao volume de vendas, como é o
caso deste trabalho. Aliada à classificação ABC, também utiliza-se a análise de criticidade,
que por sua vez, avalia o impacto da falta dos itens na operacionalização da empresa
(RUFINO, 2009).
A partir daí, direciona-se a gestão do estoque segundo as características de cada produto
fazendo uso das técnicas mais adequadas, como por exemplo, os cálculos de estoque de
segurança, lotes econômicos de compra, e ponto de reposição. Neste contexto, este artigo tem
como objetivo principal propor a implementação de um sistema de gestão de estoques
auxiliado pela curva ABC atrelado aos índices de criticidade para os processos produtivos de
novos produtos. Além disso, pretende apresentar os impactos que os indicadores de estoque
de segurança e lotes econômicos de compra poderiam causar para uma empresa de
eletroeletrônicos de médio porte do Sul da Bahia.
Para atender a estes propósitos, o trabalho foi estruturado da seguinte forma: na primeira parte
foi feita uma revisão teórica sobre a indústria de informática e a importância da produção de
desktops para o contexto atual. Após isso, abordou-se o PCP e a Gestão de Estoques, a fim de
embasar o estudo de caso. No estudo de caso, foram feitos levantamentos de histórico de
consumo e foram calculadas algumas variáveis como lotes econômicos, ponto de reposição e
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estoques de segurança, e em seguida os itens foram classificados e analisados. Por fim, foram
apresentadas as recomendações e conclusões.
2. Método de pesquisa
Para a elaboração deste artigo, foi realizada uma revisão teórica baseada em referências
bibliográficas difundidas no meio eletrônico como em anais publicados em periódicos e
dissertações, como também através de consultas a meios físicos como livros, revistas e jornais
regionais. A composição da revisão inclui os seguintes temas:
a) A Gestão de Estoques, com a apresentação dos principais tipos de estoque, breve
abordagem sobre o método empurrado, além de estabelecer a classificação ABC e as
variáveis que influenciam no controle do estoque;
b) E um estudo de caso que aplica a teoria e testa os seus resultados fazendo comparativo
entre a realidade vivida de modo empírico em uma empresa de eletroeletrônicos,
fazendo uso da classificação ABC.
Este trabalho possui características qualitativas podendo ser considerado como de caráter
exploratório e descritivo, já que descreve uma situação que não possui apenas um tipo de
resultado provável (YIN, 2010).
O estudo de caso foi dividido em quatro partes:
a) A primeira, que compreende três etapas, é descritiva, pois garante a caracterização da
fábrica, revelando como funciona a empresa em questão;
b) A segunda baseia – se apenas em identificar e analisar o problema causado pela gestão
de estoques;
c) A terceira, que abrange seis etapas e propõe soluções para as situações encontradas ao
planejar a gestão de estoques com auxílio de ferramentas como cálculos de estoques
de segurança, ponto de reposição, lotes econômicos e a classificação ABC;
d) A última parte faz um comparativo entre se fazer um planejamento baseado na
experiência do dia a dia e a utilização de ferramentas que garantam qualidade no
processo de gestão de estoques.
3. A gestão de estoques
A gestão de estoques é uma prática de caráter estratégico que é desenvolvida pelos gestores da
organização com o intuito de aproveitar o melhor possível dos recursos e potencializar os
resultados positivos (RUFINO; 2009).
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Para que a implementação de uma Gestão de Estoque seja feita de forma coordenada e
harmônica, é preciso que três estágios sejam respeitados – planejamento, controle e avaliação.
Na primeira etapa – planejar – se encontram as previsões de venda e de demanda, as previsões
de reposição (tempo, lote e ponto de reposição), e o estoque máximo e mínimo, este último
também chamado estoque de segurança. A segunda etapa – controle – corresponde às práticas
de inventariar, codificar e classificar o estoque de acordo com a necessidade da gestão. É
nesta etapa que ocorre a chamada classificação ABC, responsável por identificar os itens do
estoque que possuem valor monetário significativo, conforme veremos adiante. Por fim, na
etapa de avaliação, é feita a análise da classificação ABC e são determinados os tempos de
pedido de cada item do inventário (RUFINO, 2009).
Segundo Bowersox, Closs e Cooper (2007), um grande potencial logístico para a organização
se encontra no comprometimento do estoque com os estoques de segurança. Neste caso, existe
uma variedade de técnicas para auxiliar a gerência a planejar tais ações. O autor ressalta que a
política de estoque escolhida pela organização deve ser baseada nos indicadores de
desempenho que orientarão a empresa em relação a quanto e quando pedir. Os dois principais
indicadores são o nível de serviço e o estoque médio.
“O nível de estoque e o nível de serviço dependem do sistema(s) de
coordenação de ordens utilizado(s) e da forma como tal sistema foi
implementado e é operado, o que, obviamente, depende da competência
do gerente de PCP e de sua equipe de trabalho.” (FERNANDES,
GODINHO FILHO, 2010, pg.168)
3.1 Controle de estoque
A política de estoques que se baseia na excedência, em curto prazo, dos níveis de produção ou
de compras é caracterizada como método empurrado. Caso o material não possa ser
depositado nos pontos onde o produto é manufaturado, deve – se buscar alternativas de
armazenamento mais próximas dos locais de produção, levando em consideração os custos
envolvidos (BALLOU, 2006).
3.2 Classificação ABC
Também chamada de curva ABC, essa ferramenta é derivada da análise de Pareto, que, por
sua vez, convém separar itens por ordem de importância. Tal critério de importância pode
estar relacionado ao volume de vendas, à receita ou ao lucro gerado em determinado período
(FERNANDES, GODINHO FILHO, 2010).
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Algumas vezes chamada de 80/20, essa análise direciona os resultados para a situação em que
80% do valor do estoque são responsáveis por apenas 20% de todos os itens estocados
(SLACK, 2008).
Segundo Ching (2001), para se calcular a representatividade dos itens, multiplica-se o
consumo anual de cada um por seu respectivo custo. Feito isso, deve-se listar em ordem
decrescente de valor e calcular o percentual relativo de cada item em relação ao custo total do
estoque.
De acordo com Rufino (2009), a análise desses itens é feita da seguinte forma:
Itens A – representam até 70% do valor monetário acumulado de consumo. Deve-se
manter controle rígido de entradas, saídas e saldo de estoque. É adequado manter o
menor estoque de segurança possível e indica-se estabelecer parcerias com
fornecedores, garantido segurança operacional ao manter baixos estoques;
Itens B - representam entre 71% e 90% do valor monetário acumulado de consumo.
Deve-se manter controle moderado estoque, para que não ocorra falta de itens e pode-
se trabalhar com estoques de segurança maiores;
Itens C - representam entre 91% e 100% do valor monetário acumulado de consumo.
São recomendadas as mesmas ações dos itens B.
3.3 Os estoques de segurança e lotes de reposição
Vollmann (2006) estabelece o estoque de segurança (Es) como uma ferramenta que pode ser
utilizada para a redução dos estoques, garantindo que a demanda do cliente será atendida em
tempo imediato, evitando que o cliente aguarde enquanto os pedidos são acumulados.
Rufino (2009) considera que o cálculo pertinente ao estoque de segurança exige que sejam
conhecidos os consumos médios levando em consideração uma unidade de medida única,
além dos tempos que os fornecedores levam para entregar as matérias primas. Tal cálculo
pode ser feito de acordo com a seguinte equação:
Uma decisão importante no que diz respeito à gestão de estoques é a determinação do
tamanho dos lotes de reabastecimento. Uma maneira de resolver tal impasse se faz escolhendo
o método mais adequado para ordenar os ressuprimentos. A partir de então, são criados
padrões de gestão à manutenção do contínuo processo de reposição, visando o máximo
desempenho da atividade (GASNIER apud FREITAS, MEDEIROS e MELO, 2008).
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Nesse cenário, apresentam-se dois sistemas de reposição que atuam sob a conservação de
conceitos básicos da gestão de estoques: o Sistema de Reposição Contínua - SRC e o Sistema
de Reposição Periódica - SRP.
No contexto do SRC, os gerentes devem acompanhar de forma contínua os níveis de estoque
de cada item, versando instituir um ponto no nível de estoque disponível que, quando
alcançado, dá início ao processo de reposição do item em uma quantidade fixa e determinada
previamente (TUBINO apud FREITAS, MEDEIROS e MELO, 2008). A vantagem desse
método é que, apesar de o ritmo de pedidos se apresentar algumas vezes irregular, o tamanho
do pedido é constante e pode ser determinado com o cálculo do lote econômico de compra -
LEC (SLACK, 2008):
Segundo Ching (2001), quando se chega ao tempo da revisão periódica e quando a quantidade
estocada é determinada, um pedido de ressuprimento é emitido e esse volume é calculado
como a diferença entre um nível máximo a ser fixado e um nível no momento da revisão.
A revisão teórica desenvolvida neste tópico permite o embasamento aos cálculos e
tratamentos técnicos relatados no estudo de caso que será apresentado no próximo tópico.
4. Estudo de caso
A partir da revisão da literatura que versou sobre a gestão de estoques, atrelando a
classificação ABC, parte-se para o estudo de caso propriamente dito, onde será apresentado o
processo produtivo da empresa Delta. Foram analisadas as falhas causadas pela gestão de
estoques, e com o intuito de sanar estes desvios no processo, foram utilizadas algumas
ferramentas de gestão de estoques para auxiliar no controle.
4.1 Identificação e análise dos problemas
A falta de matéria prima no ato da produção acarretou baixa produtividade em alguns meses
do ano de 2012 na produção de desktops, como mostram os gráficos das figuras 1, 2 e 3.
Figura 1: Gráfico de produção de desktops em fevereiro de 2012
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O gráfico da produção correspondente ao mês de fevereiro de 2012 (figura 1) demonstra que,
nos últimos dias, os produtos não puderam ser entregues ao estoque de produto acabado (A),
porque houve falta dos calços CAPXX6701 e CAPXX2800H, para os modelos A12000004 e
A12000005. Em seguida, no mês de abril houve ainda ocorrência de paradas na produção por
falta de material (figura 2). Neste último caso, o estoque não pôde enviar fita adesiva porque
ocorreu atraso no pedido de compra, e houve também falta da caixa para embalagem dos
modelos de desktop A12000001, A12000004 e A12000005.
Figura 2: Gráfico de produção de desktops em abril de 2012
No mês de maio a falta do componente “unidade óptica” ocasionou quedas de produção ao
nível 0 em meados do mês (figura 3). Esta realidade ocorreu devido ao tempo de
ressuprimento indevido, já que todos os produtos necessitam do mesmo componente, e nas
ordens de produção que foram disparadas, o estoque não pôde enviar as peças para a
produção.
Neste caso, como o componente “unidade óptica” participa do processo produtivo nas etapas
intermediárias, diferentemente dos casos de calços, fitas e caixas que integram o produto no
último estágio de produção, não foi possível nem sequer iniciar a produção dos modelos
A12000003 e A12000006.
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Figura 3: Gráfico de produção de desktops em maio
Em algumas situações, como na falta da fita adesiva, foi possível corrigir a necessidade
fazendo uma compra do insumo em lojas mais próximas da fábrica, podendo suprir o processo
de embalagem imediatamente dentro de poucas horas de atraso. No entanto, ainda assim, os
custos para a compra foram mais altos comparados aos custos do pedido em lotes, apesar do
valor unitário deste material ser baixo e não acarretar altos prejuízos financeiros.
O artigo em questão propõe modificações quanto à gestão de matéria prima para a empresa
Delta, controlando o estoque através de uma classificação ABC. Além de elaborar a curva
ABC, são feitos também, cálculos de estoque de segurança, ponto de reposição, e a definição
dos lotes mais econômicos para a organização conseguir estabilizar a gestão de estoques,
como será detalhado no item seguinte.
4.2 Alternativa para a gestão de estoques
A construção da classificação ABC começa a partir do levantamento dos custos unitários dos
insumos, como está detalhada na terceira coluna da tabela 4 a seguir. Em seguida, o custo de
cada material foi multiplicado pela média de consumo mensal gerando o custo total por mês.
A partir dessas informações a tabela foi reorganizada de modo decrescente em relação ao seu
valor total. A última coluna da tabela 1 calcula o valor acumulado dos itens. Esta etapa baseia
– se em agregar o valor acumulado do componente anterior da tabela ao valor total gerado em
cada item. Por exemplo, o valor acumulado do segundo componente da tabela, o C12000110 -
Placa-Mãe Intel DH61CRBR H61 DDR3 Micro ATX 1155, é igual à soma do valor
acumulado do componente anterior C12000114 - Disco Rígido Seagate ST500DM002 500
GB 6 Gb/s 16 MB 7200 com o custo do consumo médio mensal do C12000110.
Tabela 1: Custos médios envolvidos na aquisição de matéria prima
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Para determinar o percentual acumulado dos itens, bastou – se relacionar os custos
acumulados que foram adquiridos anteriormente pelo somatório total dos consumos médios.
Em cada componente haverá a formação de uma porcentagem correspondente à significância
dos custos de cada material. A distribuição resultante poderá ser dividida em três categorias
denominadas A, B e C. No intervalo entre o componente C12000114 até o C12000116, as
porcentagens se limitam de 16,78% a 66,33%.
A lista de insumos contém 36 itens, o que representa o 100% de toda distribuição de
componentes. Portanto, foi verificado que os seis primeiros materiais representam 66,33% do
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valor monetário total acumulado que seria movimentado pelo estoque, enquanto 19,44% dos
itens representam 22,73% do valor monetário total, e 63,89% dos materiais correspondem a
10,94% deste custo total acumulado como ilustra a tabela 2:
Tabela 2: Classificação ABC
Este intervalo foi definido com essas limitações, porque de acordo com o estudo da arte os
itens que são categorizados como A devem atender até 70% da classificação. Como os itens B
devem estar dispostos até 90% da classificação, este intervalo abrangerá os componentes
C12000096 até o C12000105. Os demais valores, classe C, representam a maior parte da
classificação ABC neste estudo de caso.
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Para certificar que os materiais não faltem no ato da produção, foram elaboradas seis etapas
onde estão discriminadas as variáveis que determinam quanto e quando pedir de cada
material, são elas:
Etapa 1 – Histórico de consumo
O primeiro passo, consiste no levantamento do histórico de produção da empresa Delta a fim
de determinar as quantidades que foram consumidas ao longo de um intervalo de tempo. Os
dados obtidos foram colhidos nos documentos de registros da produção nos meses janeiro até
maio de 2012, detalhando o consumo de cada componente integrante dos seis modelos de
desktops a partir da lista de materiais de cada produto.
Etapa 2 – Cálculo das médias mensal e semanal
Os números obtidos foram reservados para que em seguida fosse feita uma média de consumo
mensal, na qual foram somadas as quantidades consumidas em cada mês e divididas pela
quantidade de meses da amostra (5). Essa média possibilitaria os cálculos posteriores,
iniciando pela média semanal, que seria o resultado da média mensal dividido por quatro
semanas.
Etapa 3 – Determinação do tempo de reposição
Já que a Delta possui uma tabela de fornecedores em seu banco de dados, foi analisado o
tempo em que cada fornecedor de componente demora em realizar a entrega dos materiais
solicitados. Na coluna “tempo de reposição” está explicitado o período máximo de chegada
dos insumos na empresa, de modo que os valores estão arredondados em função do número
semanas, ou seja, se um material como, por exemplo, o calço, demora nove dias para chegar,
este número foi arredondado para 2 semanas.
Etapa 4 - Cálculo do estoque de segurança
Esta etapa é considerada uma das mais importantes, uma vez que esta ferramenta garante a
redução dos estoques, e marca que a demanda do cliente será atendida em tempo preciso,
evitando o aguardo à medida que os pedidos são acumulados. Por este motivo, na tabela 8, a
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coluna referente a esta variável será destacada, demonstrando os valores correspondentes à
quantidade mínima que deverá ser estocada para cada componente.
Essas quantidades mínimas que devem ser armazenadas foram calculadas de acordo com o
produto entre o tempo de reposição e a média semanal.
Etapa 5 - Cálculos do ponto de reposição e lotes de reposição e determinação da
frequência de compra
Em seguida pôde – se definir o ponto de reposição de cada componente pelo dobro do estoque
de segurança. Já a compra em lotes de reposição foi definida de acordo com a frequência de
compra, ou seja, consiste na relação entre a média mensal e o tempo para a frequência das
compras em vezes por mês.
Etapa 6 – LEC
Todo o cálculo mantido na planilha foi desenvolvido com a intenção de determinar as
variáveis mais significativas para cada material. O LEC foi a variável mais relevante, porém a
que necessitou de maiores apurações, pois foi necessário coletar os custos envolvidos na
obtenção de cada material. Neste caso, como alguns pedidos são feitos de forma agregada,
atrelando, por exemplo, unidades ópticas com unidades de processamento e processadores,
precisou - se fazer uma média nestes custos envolvidos, para atender à fórmula dos lotes
econômicos de compra.
Para exemplificar essas etapas, será demonstrado a seguir os cálculos das variáveis para o
primeiro item da tabela, o componente C12000104 que corresponde ao Processador Intel Core
i3 2100 3.1 GHz 3 MB 1155 OEM.
Etapa 1 – Histórico de consumo
MÊS JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO
CONSUMO
(unidades)
1860 1516 1724 1655 1636
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Etapa 2 – Cálculo das médias mensal e semanal
Etapa 3 – Determinação do tempo de reposição
Sabendo que o fornecedor leva em média 12 dias para entregar o componente, adotou – se
como sendo o tempo de reposição em 2 semanas.
Etapa 4 - Cálculo do estoque de segurança
Etapa 5 - Cálculos do ponto de reposição e lotes de reposição e determinação da
frequência de compra
Etapa 6 – LEC
Da mesma forma este memorial de cálculo foi executado para os demais componentes, dando
origem à tabela 3.
Tabela 3: Parâmetros para controle de estoques de matéria prima
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Através das propostas para a gestão do estoque da empresa, no tópico seguinte será realizado
um comparativo entre o método utilizado pelo gestor da empresa e a possível aplicação dos
estoques de segurança e da classificação ABC.
5. Considerações Finais
Este estudo partiu de uma problemática de paradas de produção por falta de material de uma
empresa de eletroeletrônicos, e trouxe propostas para gerir o estoque utilizando técnicas de
gestão. As ferramentas escolhidas para determinar as necessidades do estoque foram os
estoques de segurança, os lotes de reposição e dos lotes econômicos de compra partindo de
uma classificação ABC crítica dos materiais componentes dos desktops.
Essas ferramentas (Es, lote de reposição e LEC) foram suficientes para compor uma proposta
sólida de melhoria na gestão do estoques de matéria prima da referida empresa. A nova
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proposta determina as quantidades mínimas a serem estocadas para que o problema
apresentado não se repita.
A classificação pode orientar o empreendedor para os cuidados diferenciados na gestão dos
diversos itens em estoque. Quanto ao nível A da curva ABC, pode – se destacar o controle
rígido que é preciso manter nas entradas, saídas e nos saldos do estoque. O mais adequado,
em relação a estes componentes, é manter o menor estoque de segurança possível, ou ainda
procurar negociar garantias de entrega, buscar estabelecer parcerias com os fornecedores para
assegurar as operações internas e manter baixos estoques.
Para os itens de classificação B e C deve – se manter um controle moderado do estoque para
não ocorrer falta dos materiais. Poderiam ser trabalhados estoques de segurança maiores,
considerando a avaliação do capital que é dinâmico e o espaço físico disponível. A
manutenção destas classes pode ser compensador para o gestor comprar maiores quantidades
para estocar também por maiores períodos de tempo.
As empresas que pretendem se manter competitivas num mercado tão disputado necessitam
buscar alternativas de gestão para garantir qualidade nos serviços internos, essencialmente em
termos de gestão de estoques, e finalmente atender às expectativas da clientela que cada vez
mais, diante do volume de produtos e serviços disponíveis nos dias atuais, se torna apurada e
rigorosa. Este artigo detalhou os resultados, evidenciando as paradas de produção ocorridas
numa empresa que não possuía uma gestão de estoque para novos produtos adquiridos e os
impactos que poderiam ser causados ao se implementar alternativas para o gerenciamento do
estoque.
Referências
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empresarial. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
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