Almanaque do agente comunitário de saúde

80
Quem são os agentes comunitários de saúde O que fazem Linha do tempo dos ACS Dicas e informações Contos e narrativas Anedotas Curiosidades Cuidados de saúde

Transcript of Almanaque do agente comunitário de saúde

  • Quem so os agentes comunitrios de sade O que fazem Linha do tempo dos ACS Dicas e informaes Contos e narrativas Anedotas Curiosidades Cuidados de sade

  • Realizao:Grupo de Pesquisa Cultura e Processos Infocomunicacionais (Culticom)Projeto de Pesquisa Almanaque do Agente Comunitrio de Sade: produo, sistematizao e difuso de conhecimentos numa perspectiva da informao, desenvolvido no perodo de 2008 a 2010, no Icict/Fiocruz.Coordenao geral:Regina Maria Marteleto, PPGCI/Ibict - UFRJ

    Pesquisadores membros do projeto de pesquisa responsveis pelos contedos tcnico-cientficos:Helena Maria Scherlowski Leal David, Enf/UERJ Nanci Goncalves da Nobrega, GCI/UFF Tereza Cristina Neves, Ensp/Fiocruz Vera Joana Bornstein, Mariana Nogueira, Marcela Abrunhosa, EPSJV/Fiocruz.

    Pesquisadores colaboradores:Paulette Cavalcanti de Albuquerque, Centro de Pesquisa Aggeu Magalhes/Fiocruz, Recife, PE Renata Pekelman e Equipe do Grupo Hospitalar Conceio/MS, Porto Alegre, RS

    Bolsistas do CNPq/MCTI:Danielle Torres Josiane Roberto Kennya Torres Andrade Luciana Barbio

    Design Editorial:Diagramao: Paulo de Loyola, Fantomas Estudio, pginas 1 a 21 e 30 a 78, e Rodrigo Abrahim, pginas 22 a 29. Fotografias: Acervo Fiocruz, CG Textures, Stock XChange, Paulo de Loyola, A. A. de Melo, OMS/Thierry Parel, OMS/ Justin De Normandie e Janette Sunita. Foto da pg. 5: Anderson Carlos de Alarco, Itabera, GO, cedida pela SBMFC; Foto da pgina 15: Margarida Mascarenhas, Itabira, MG, cedida pela SBMFC; Foto da pgina 50: Cid Faio. Acervo Radis/Ensp/Fiocruz; Fotos das pginas 64 e 65: Rogrio Lanne.Acervo Radis/Ensp/Fiocruz. Ilustraes: Rodrigo Abrahim e Paulo de Loyola. Capa: Ilustracao digital de Paulo de Loyola sobre fotos de Wanderley Pereira Costa Suzano, SP, cedida pela SBMFC; CG Textures.

    Financiamento do Processo:Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, CNPq/MCTI

    Impresso: Secretaria de Gesto Estratgica e Participativa do Ministrio da Sade OS 0116/2014

    Nota de agradecimento:Essa publicao produto de uma pesquisa, portanto no visa fins comerciais e sua distribuio gratuita. Agradecemos a todos que emprestaram suas criaes para compor esse Almanaque. Seja de forma explcita, cedendo direitos de imagens e palavras; ou de maneira amplamente generosa, divulgando seus trabalhos em stios da internet ou em publicaes, assim nos permitindo, aps ampla pesquisa, tambm acess-los e multiplicar as suas leituras.

  • poltica

    educ

    ar

    trabalho

    comunica o

    saber

    equipe

    aprender

    co

    munid

    ade

    territrio

    informao

    mediao

    form

    ao

    sade

    Trilhas de leitura

  • Este Almanaque resultado da constru-o compartilhada de conhecimentos entre pesquisadores, estudantes, agen-tes comunitrios e outros profissionais de sade. Seu objetivo, como dos almanaques em geral, no ensinar ou informar o que deve ser feito, mas conversar, refletir, diver-tir, trocar ideias sobre as prticas dos agentes comunitrios de sade na sua lida diria de trabalho.

    De forma ldica e competente, convida a pensar que sobre a sade tambm se brin-ca, porque o srio no precisa ser sisudo. Na leveza das conversas se alcana a profundeza das questes, aproximando o que est perto daquilo que, de longe, age sobre o trabalho e o saber dos agentes.

    Seus contedos conversam sobre a sade, o papel mediador dos agentes, seu preparo e formao para o trabalho, seus elos de iden-tidade com a comunidade, sua relao com as equipes de profissionais.

    Contm poesia, literatura, curiosidades, dicas, brincadeiras, jogos para serem lidos e refletidos.

    Boa leitura! E... boa prosa!

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 3

    O agente comunitrio de sade Todo mundo pode ver Subindo e descendo morro Ao comunitrio esclarecer.

    Ensinando promoo, preveno Hipertenso, diabetes, vacinao A criana bem cuidada Desde o incio da gestao E a mulher toda esperta Da sade no abre mo.

    O idoso com carinho Pegamos sempre pela mo Para no virar domiciliado Damos muita ateno E recebemos como prmio Beijos estalados com emoo.O homem tambm tem vez Participando da promoo O dia azul novidade Tinindo qual corda do violo.

    O adolescente muito Esperto do grupo vem Participar aprendendo a Se proteger, gravidez e Doenas evitar e a Danada da droga sabe que Males pode causar.

    Tuberculose e hipertenso Abrimos logo o olho Para no deixar o comunitrio De tomar a medicao Logo logo vem a cura s comemorao.No final de 30 dias O relatrio est na mo A supervisora bem contente Com tanta dedicao Sai ganhando a sade Com menos preocupao.

    O ACS EM AO

    Autores: Silvania Marques

    Miriam Jordo Fernando Marques

    ACSs da USF Hlio Mendona/ Crrego do Jenipapo DS.III

    da Prefeitura da Cidade do Recife,

    Pernambuco

  • 4 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Quem o Agente Comunitrio

    de Sade?

    RAP do ACSLetra: Edson Silva

    Msica: Erasmo Alves(Salvador, BA)

    Assim eu sou Verde minha cor Na minha bagagem Esperana eu levo Sempre com amor Oito horas por dia contigo estou Ando entre becos e vielas Ruas e favelas Se l me esperam, eu vou Pesar a sua filha Visitar os hipertensos Uma palavra amiga Eu sempre dou Enceno peas Dou palestras Luto pela vida Sou apenas um agente

  • Comeando ajornada

    detrabalho

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 5

  • Vamos Pensar

    6 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Quando comea e quando acabao dia de trabalho do ACS?

    Porque a gente chega nas casas das pessoas, s vezes a pessoa est com um problema e a gente termina se envolvendo dessa forma. E assim eu acredito que muitos agentes tm problemas por justamente no saber dividir o trabalho com a vida da gente em relao vida das pessoas.

    Porque a gente se envolve muito.

    ACS, Recife, PE

    Como voc lida com a dificuldade de conciliar as demandas da comunidade com sua vida pessoal?

    Voc j debateu esta questo com outros ACS, profissionais da equipe ou gestores?

    E com as pessoas da comunidade?

    Trabalhar e morar no mesmo local no simples.Vimos que o trabalho dos agentes pode ser muito exigente, e que nem sempre eles conseguem manter os limites da jornada diria de trabalho, pois as pessoas os pro-curam de noite, nos finais de semana, e mesmo nas festas, no mercado....e os ACS, que so muito envolvidos com suas comunidades, acabam aceitando muitas destas situaes, por solidariedade e apoio.

  • Vamos Pensar

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 7

    O dia dos ACS comea cedo: quando so mes, precisam deixar as coisas da casa em ordem, levar filhos na escola ou na creche; mesmo os homens iniciam cedo seu dia, para no atrasar suas atividades.

    O incio da jornada de trabalho pode variar: pode comear j com as visitas domiciliares, compare-cendo na Unidade para fazer o planejamento com a equipe. No caminho, o agente vai encontran-do muitas pessoas, com demandas diversas e vai identificando problemas e situaes para resolver.

    Durante o dia, o agente pode ser mobilizado para diversas atividades: cursos, reunies, re-solver pendncias na Unidade, fazer o acolhi-mento e recepo, realizar a busca ativa no ter-ritrio. Isso sem falar nos cadastros e fichas de acompanhamento para atualizar e preencher...

    E o descanso dos ACS? Nem sempre d... Mui-tas vezes, eles visitam pessoas noite ou atendem pedidos para acompanhar queles que precisam no atendimento nos servios de sade.

    Mas por que a quinta-feira

    no aceita vir depois da sexta?

    Por que de novo a Primavera

    oferece seus verdes vestidos?Pablo Neruda

    O d

    ia d

    e tr

    abal

    ho d

    o A

    CS

    Como as agentes mulheres e os agentes homens enfrentam sua jornada de trabalho? Existem diferenas entre os sexos?

    De que forma organizar o tempo do trabalho?

    E a vida pessoal, como fica?

  • 8 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Assim meio que Bombril

    ACS, Recife, PE

    tipo o corao de tudo

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    A importncia do agente que ele vai l, ele

    entra, ele vai conversar

    ACS, Porto Alegre, RS

    No, chama a Mirian que ela desenrola, no sei se eu sou um carretel para ir desenrolando, no sei

    ACS, Recife, PE

    O Agente de Sade aquela pessoa que tem aquela sabedoria popular e que fala aquela

    linguagem da prpria comunidade

    ACS, Porto Alegre, RS

    Eu no sou euquipe, ns somos uma equipe

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Ns somos cuidadores e muitas vezes ns estamos doentes

    ACS, Recife, PE

    A gente pode at dizer um no, mas um no mais comprido. No aquele no, no. Tu

    conversa e ele se explica. A tu vai e explica como que funciona

    ACS, Porto Alegre, RS

    A gente at fez assimum grupo do corao

    da gente mesmo

    ASC, Rio de Janeiro, RJ

    ACS:

    Saber ouvir. Acho que a parte mais importante, saber ouvir. Muitas vezes voc tem que ouvir e tentar amenizar a situao. Tem duas coisas que voc tem que saber na comunidade: saber ouvir e saber que muitas

    coisas voc no pode falar

    ACS, Recife, PE

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 9

    Pense um pouco e escreva aqui o que significa para voc ser um

    Agente Comunitrio de Sade.

    E seus colegas, o que pensam?

    quemsoufuiqueroser

  • amigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforadosolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocomprometidoamigoresponsvelprestativoatenciosodedicadoesforad osolidrioorgulhosoguerreirosuper-acsinguietoimpulsivoesperanosodeterminadocompro m e t i d o t i d o

    10 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    C

    OM P

    ROM

    ET

    IM

    M

    E NT O

    POR QUEsouACS?

    ???

    Da fui pegando o gosto, de visi-tar as casas, de ajudar as pessoas, e de sair na rua todo mundo te cumprimentando e todo mundo gostar de ti... E aquela coisa do cafezinho, e tal... Fui gostando...Agora eu peguei amor coisa, causa. No consigo me ver sem estar l com eles.ACS, Porto Alegre, RS

    Que palavra ser?

    Com as letras do cartaz acima forme uma palavra cujo significado uma qualidade fundamental do ACS.

    Resposta: COMPROMETIMENTO

  • Vamos Pensar

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 11

    Contradies de umtrabalho muito especial

    A profisso de agente co-munitrio de sade foi se es-truturando influenciada pe-las propostas internacionais para a Ateno Primria Sade na dcada de 1970. No Brasil, teve como base as experincias de sade comunitria nesta mesma poca, alm da experincia no Cear em 1987. Apesar de muitas atribuies do ACS estarem voltadas para a promoo da sade e a pre-veno de doenas, sabemos que muitas pessoas somente procuram os servios em si-tuao de emergncia, no estabelecendo um vnculo permanente com o servio na preservao da sade.

    Eu acredito que importan-te, porque uma maneira da gente criar um vnculo com cer-tas pessoas que conhecem o posto s como uma necessidade de do-ena, de tratar uma doena. E hoje com o trabalho do agente a gente consegue perceber que no s isso... na verdade tu vai com o objetivo de trabalhar, antes que a doena chegue.

    ACS, Porto Alegre, RS

    O ACS quem est mais perto das pessoas nos territrios, e acaba sendo muito cobrado quanto resoluo dos problemas. Mesmo sabendo que estes no se resolvem de uma hora para a outra, os ACS ficam preocupados e sofrem com estas situaes.

    Gostaria de saber o que posso ou no prometer para a comunidade. S isso! Porque quando algo no acontece para quem precisa, somos ns que estamos ali e no os polticos e nem os mdicos e os enfermei-ros. Fica muito desagradvel conviver com os pro-blemas e no poder solucion-los.

    ACS, Porto Alegre, RS

    Os ACS com frequncia dizem que so pau para toda obra, por causa da quantidade de coisas a fazer. Como entender esse quadro, e como enfrentar essa situao?

    E o meu dia a dia agitado porque ns fica-mos em vrias funes dentro do posto e, onde me chamam, eu vou.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Carla, enfermeira do Rio de Janeiro, que j foi ACS, trouxe esta pergunta:

    Como o agente se sente? Como algum que do servio e leva as coisas do servio para a comunidade, ou como algum que morador da comunidade e leva as questes da comunidade para o servio?

    Ou...???

  • 12 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    SOL?E o

    O Sol est funcionando h 4.600 milhes de anos mas s nos ltimos 20 anos que os cientistas comearam a compreender a estrela que o centro de nosso sistema planetrio. Dentro dele caberiam mais de 1 milho de planetas do tamanho da Terra. Ele est to longe (150 milhes de quilmetros) que sua luz leva oito minutos para chegar at ns. Mas ainda bem que est longe pois sua temperatura na parte mais externa de dois milhes de graus centgrados. Ele o responsvel pelo fornecimento de energia para a maioria dos planetas do sistema solar, graas aos gases hidrognio e hlio, os mais leves que existem, que provocam as reaes nucleares fornecedoras de luz e calor para todos ns.

    Os agentes comunitrios de sade, na organizao do seu trabalho e para atender a uma das suas principais atribuies, que a Visita Domiciliar, acabam caminhando por vrias horas, todo dia, expostos ao sol.

    trabalho ao ar livre

    E com esse sol a a gente tem que andar na rua, a gente no tem protetor, a gente no tem um bon...

    ACS, Porto Alegre, RS

    Alm da bolsa, que deveria ser em forma de mochila para equilibrar o peso, as quan-tidades de fichas poderiam ser compactas ou deveria ser aquele palm. Deveramos ter filtro solar porque estamos trabalhando no sol o tempo inteiro.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Ento a gente conseguiu esse espao, a gente conseguiu computador, conseguiu ar condicionado. E a gente foi conseguindo... por exemplo, o protetor solar...

    ACS, Porto Alegre, RS

    Para mim, eu s acho ruim de estar tra-balhando na chuva.

    ACS, Recife, PE

    O bloqueador solar considerado cos-mtico, e a no tem. Eu acho que isso teria que ter. Assim como um tcnico tem luvas para se proteger, a gente deveria ter isso.

    ACS, Porto Alegre, RS

    E por que o sol to mau amigodo caminhante do deserto?E por que o sol to simpticono jardim dos hospitais?

    Pablo Neruda

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 13

    A atribuio central no trabalho dos ACS a realizao de visitas domici-liares. Isto significa entrar na casa das pessoas, conhec-las e sua famlia, entender a dinmica familiar, suas dores, problemas, condies, riquezas

    Existem vrias maneiras de entender o que Visita Domiciliar (VD). Ela pode ser entendida como uma tcnica, uma determinada forma de organizar o trabalho na Ateno Primria.

    Resultados de pesquisas feitas em Palmas, capital do Tocantins, apontam a funo edu-cativa da VD como muito importante: as pes-soas disseram que gostavam das orientaes, que achavam importante a ao educativa.

    O ACS costuma cumprir um papel educati-vo durante as VDs. Esta educao pode incluir desde a explicao sobre informaes tcnicas, sobre doenas e tratamentos, mas tambm pode ser uma forma de aprofundar a compreenso de todos agentes e famlias acerca da realidade em que vivem, e sobre os problemas que devem ser enfrentados. Pode-se dizer, portanto, que o ACS um educador popular!

    O agentee avisita

    domiciliar

  • 14 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    A cromoterapia a tcnica de aplicao das cores com um fim teraputico. Esta tcnica foi estudada e aplicada na antigui-dade, na Grcia e no Egito. muito simples aplicar a cro-moterapia ao nosso dia-a-dia, atravs da escolha das cores do nosso vesturio, da decorao da casa, dos objetos com que trabalhamos. Para saber como colocar em prtica alguns pequenos truques, veja uma lista de propriedades de algumas cores:

    Vermelho - Efeito vitalizante, excitante, estimulante. Fortalece o sangue, melhora a circulao, previne a anemia e eleva a tempera-tura do corpo.

    Laranja - Estimula o sistema nervoso e promove a alegria. Fortalece as funes mentais, aumenta a energia fsica e dissipa o desnimo. Combate a insegurana e a falta de vontade.

    Amarelo - Desperta as faculdades mentais, ajuda a controlar o sistema nervoso, promove o otimismo e favorece a criatividade e o raciocnio.

    Verde - Promove o equilbrio, a harmonia e a serenidade. Tem um efeito re-frescante e tranquilizador, estimulando a sensao de confiana e segurana.

    Azul - Efeito relaxante e apaziguador. Elimina a sensao de angs-tia e as perturbaes nervosas, tem um efeito sedativo.

    Violeta - Efeito benfico sobre o sistema nervoso, estimula a sensa-o de liberdade e combate as neuroses.

    Branco - No uma cor, mas sim a reunio de todas as cores. A cor branca a luz emitida pelas superfcies que refletem todas as cores. Ao receber luz branca, o organismo liberta todas as vibraes pesa-das e negativas provenientes das doenas.

    Preto - a ausncia de cor. Preto o que vemos quando uma super-fcie absorve todas as cores e no reflete nenhuma. Deve ser evitada, uma vez que gera desarmonia e energias negativas.

    Para ler mais: Consulte o stio web Mulher Portuguesa no endereo:http://tinyurl.com/72qf5x5. Acesso em dezembro de 2011

  • KAWAMOTO E.E. et. al. Enfermagem Comunitria: visita domiciliria. So Paulo: EPU, 1995.

    TAKAHASHI, R. F.; OLIVEIRA, M.A.C. A visita domiciliria no contexto da sade da famlia. In: IDS; USP; MS. (Org.). Manual de Enfermagem. Programa de Sade da Famlia. Braslia: MS, 2001, p. 43-6

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 15

    a gente vai s casas, or

    ientando as famlias sobre

    a

    sade, sobre a higiene, sobr

    e as doenas, como evit-l

    as

    ...ento de uma importn

    cia imensa, porque tem ge

    nte

    que est doente em casa e n

    o sabe.

    As VDs que eu acho bem

    legal, porque a gente peg

    a

    um vnculo com a comuni

    dade.ACS, Rio de

    Janeiro, RJ

    Para o sucesso de uma visita domiciliar necessrio planejamento, execuo, regis-tro de dados e avaliao.

    A gente nunca sai da visita e terminou a.

    Sempre o primeiro passo de outra coisa

    que vai acontecer.ACS, Porto Alegre, RS

    Em muitos l

    ugares, somo

    s parteiros, p

    si-

    clogos, orie

    ntadores sex

    uais, porque

    as

    pessoas preci

    sam conversa

    r, desabafar.

    Sr. Roque

    A visita domiciliar constitui uma atividade utilizada com o intuito de subsidiar a in-terveno no processo de sade-doena de indivduos, ou no planejamento de aes vi-sando a promoo da sade da coletividade.

    Visita Domiciliar um

    conjunto de aes

    de Sade voltadas p

    ara o atendimento,

    tanto educativo com

    o assistencial.

    Para ler mais

    VD o que dizem os estudos?o que pensam os ACS?

    Abre-te, Ssamo!

    Esta frase rene palavras mgicas e cabalsticas que, faladas pelo heri do episdio Ali Bab e os quarenta ladres, das Mil e uma noites, resultam na abertura da porta misteriosa da caverna onde eram guardados os tesouros.

    Para ler mais

    HONORVEL ONORATO. RADIS: Comunicao e Sade. Rio de Janeiro, n.82, jun./2009. p. 20.

    Para ler mais

  • 16 | Almanaque dos Agentes Comunitrios de Sade

    pensand

    oouv

    indovisitand

    o

    O ACS obtm na sua formao, desde o curso intro-dutrio, vrias informaes sobre como e onde re-gistrar os dados coletados nas visitas domiciliares.Mas... e a dimenso da relao entre as pessoas? E o

    lado humano, das emoes, dos encontros, das dificulda-des? De modo geral, este lado acaba pouco trabalhado nas capacitaes. No entanto sabemos o quanto importante, tanto para o ACS quanto para as famlias, que as visitas aconteam num clima de confiana, respeito, escuta.

    Isto exige cuidados e competncias que vo alm dos conhecimentos tcnicos exige um jeito-de-ser marca-do pela humanidade, respeito e tica.

    O Referencial Curricular do Curso Tcnico de ACS fala deste saber-ser e recomenda que este desenvolva suas atividades de forma a:

    interagir com os indivduos e seu grupo social, com coletividades e a populao;

    respeitar valores culturais e individualidades ao pensar e propor as prticas de sade;

    buscar alternativas frente a situaes adversas, com postura ativa; recorrer equipe de trabalho para a soluo ou enca-

    minhamento de problemas identificados; levar em conta a pertinncia, oportunidade e preciso

    das aes e procedimentos que realiza, medindo-se pelos indivduos, grupos e populaes a que se refere sua prtica profissional;

    colocar-se em equipe de trabalho em prol da organiza-o e eficcia das prticas de sade;

    pensar criticamente seus compromissos e responsabili-dades como cidado e trabalhador.Neste trabalho, o respeito, o sigilo e a confiana so elemen-

    tos fundamentais. Por isso, o agente de sade tem sido um pro-fissional que capaz de escutar e ouvir o que as pessoas dizem.

    Para ler mais: Brasil. Referencial curricular para curso tcnico de agente comunitrio de sade: rea profissional sade. Ministrio da Sade, Minist-rio da Educao. Braslia: Ministrio da Sade, 2004. Dispon-vel em: http://migre.me/8scuE. Acesso em: jan. 2012

  • Cruzando as palavras

    Est

    as c

    ruza

    das f

    oram

    cria

    das p

    ela R

    evist

    a Coq

    uete

    l esp

    ecia

    lmen

    te p

    ara o

    Alm

    anaq

    ue d

    o A

    CS.

  • Eu fiquei numa casa meia hora. Eu acho

    que no perdi tempo, eu ganhei, porque mais vale voc fazer uma VD de meia hora do que voc fazer seis

    VDs e no aproveitar a informao

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Voc acha que, para os agentes, a VD apenas um instrumento para coletar dados?

    VD:

    Qual o trabalho, qual o papel verdadeiramente completo do agente comunitrio de sade? s preencher papel? s visitar?

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Como tem sido a prtica educativa durante a VD?

    Quanto tempo dura, geralmente, cada VD? E quanto tempo voc acha que deve durar? Qual o significado

    da Visita Domiciliar para os demais profissionais e

    gestores? E o que a

    comunidade pensa?

    18 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

  • Pense um pouco e escreva aqui o que significa para voc a visita domiciliar

    E seus colegas, o que pensam?

    o que essa visita?

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 19

  • Quadrilha

    Joo amava Teresa que amava Raimund

    o

    Que amava Maria que amava Joaquim q

    ue amava Lili

    Que no amava ningum.

    Joo foi para os Estados Unidos, Teresa

    para o convento,

    Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. P

    into Fernandes

    Que no tinha entrado na histria.

    (Carlos Drummond de Andrade)

    No dia 13 de setembro de 1987, uma cpsula de csio 137, retirada do Instituto Goiano de Radioterapia por catadores de papel, vendida a um ferro-velho. Sem saber do que se tratava, algumas pessoas chegaram a se presentear com pedras de csio e outras comeram alimentos contaminados pela substncia radioativa. O desastre fez centenas de vtimas, todas contaminadas atravs de radiaes emitidas por uma nica cpsula que continha csio-137.

    Voc sabia?

    Memrias, lutas, conquistas e dire

    es.

    Como comea a histria dos agent

    es

    comunitrios de sade? Como con

    tinua?

    --

    Em 1987, teve incio o Programade Agentes de Sade do Cear,experincia indita em dois aspectos: por ter sido a primeira vez que se tra-balhou em ampla escala com osACS e por ter transformado um pla-no emergencial para a seca, em quese empregavam temporariamentepessoas das regies atingidas,em um programa de promooda sade, utilizando os mesmosrecursos de fundos emergenciais dogoverno federal. Foram contratados 6.113 trabalhadores, dos quais a gran-de maioria era de mulheres, oriun-dos de 118 municpios diferentes do serto do Cear.

    No momento inicial gerador, os ACS que existiam estavam ligados a movimentos populares, o que dava uma condio a esse trabalhador, principalmente no Nordeste, que voc no encontra replicada quando ex-pande isso em escala.

    Especialista e Formadora de ACS, EPSJV/Fiocruz

    Nas comunidades, naquela poca, que os movimentos populares estavam reprimi-

    que uma referncia era o agente comunit-rio de sade. Pelo nvel de presena que ele tinha na comunidade. E de atuao.Formadora de ACS, Escola de Enfermagem

    Sta. Catarina, Petrpolis,RJ

    Eu comecei em 1980. A Associao de Moradores comeou a trabalhar para fazer a legalizao fundiria e a eu comecei a ir na casa das pessoas, fazendo um levantamento da situao das famlias. Foi a que eu acho que comeou a nascer o esprito de agente comunitrio de sade, e eu no sabia que es-tava fazendo um trabalho de uma categoria que nem existia ainda: 84, 85, no existia.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    1987

    Nas pginas seguintes a linha do tempo dos agentes com

    unitrios

    de sade

    traz os principais marcos histricos das suas memrias

    de lutas

    ,

    conquistas e perspectivas. Pense sobre o seu papel nessa h

    istria qu

    e ainda t

    em

    muitas pginas a se

    rem criad

    as...

    Ba de lembranas

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2120 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    As primeiras experincias de trabalho e de formao de agentes comunitrios de sade comearam nas dcadas de 1970 e 1980, principalmente por iniciativa de entidades religiosas, organizaes no-governamentais (ongs) e instituies acadmicas que desenvolviam ati

    trio de ditadura militar, e alguns setores religiosos apoiavam as lutas populares contra esse

    sade, morador da comunidade, passa a ter uma importncia fundamental na articulao entre

    vidades na sade pblica e comunitria. Nesse perodo o Brasil vivia sob um regime autori

    regime poltico. Nesse contexto em que as liberdades democrticas eram cerceadas, o agente de

    as aes de sade e as comunidades.

  • Quadrilha

    Joo amava Teresa que amava Raimund

    o

    Que amava Maria que amava Joaquim q

    ue amava Lili

    Que no amava ningum.

    Joo foi para os Estados Unidos, Teresa

    para o convento,

    Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. P

    into Fernandes

    Que no tinha entrado na histria.

    (Carlos Drummond de Andrade)

    No dia 13 de setembro de 1987, uma cpsula de csio 137, retirada do Instituto Goiano de Radioterapia por catadores de papel, vendida a um ferro-velho. Sem saber do que se tratava, algumas pessoas chegaram a se presentear com pedras de csio e outras comeram alimentos contaminados pela substncia radioativa. O desastre fez centenas de vtimas, todas contaminadas atravs de radiaes emitidas por uma nica cpsula que continha csio-137.

    Voc sabia?

    Memrias, lutas, conquistas e dire

    es.

    Como comea a histria dos agent

    es

    comunitrios de sade? Como con

    tinua?

    --

    Em 1987, teve incio o Programade Agentes de Sade do Cear,experincia indita em dois aspectos: por ter sido a primeira vez que se tra-balhou em ampla escala com osACS e por ter transformado um pla-no emergencial para a seca, em quese empregavam temporariamentepessoas das regies atingidas,em um programa de promooda sade, utilizando os mesmosrecursos de fundos emergenciais dogoverno federal. Foram contratados 6.113 trabalhadores, dos quais a gran-de maioria era de mulheres, oriun-dos de 118 municpios diferentes do serto do Cear.

    No momento inicial gerador, os ACS que existiam estavam ligados a movimentos populares, o que dava uma condio a esse trabalhador, principalmente no Nordeste, que voc no encontra replicada quando ex-pande isso em escala.

    Especialista e Formadora de ACS, EPSJV/Fiocruz

    Nas comunidades, naquela poca, que os movimentos populares estavam reprimi-

    que uma referncia era o agente comunit-rio de sade. Pelo nvel de presena que ele tinha na comunidade. E de atuao.Formadora de ACS, Escola de Enfermagem

    Sta. Catarina, Petrpolis,RJ

    Eu comecei em 1980. A Associao de Moradores comeou a trabalhar para fazer a legalizao fundiria e a eu comecei a ir na casa das pessoas, fazendo um levantamento da situao das famlias. Foi a que eu acho que comeou a nascer o esprito de agente comunitrio de sade, e eu no sabia que es-tava fazendo um trabalho de uma categoria que nem existia ainda: 84, 85, no existia.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    1987

    Nas pginas seguintes a linha do tempo dos agentes com

    unitrios

    de sade

    traz os principais marcos histricos das suas memrias

    de lutas

    ,

    conquistas e perspectivas. Pense sobre o seu papel nessa h

    istria qu

    e ainda t

    em

    muitas pginas a se

    rem criad

    as...

    Ba de lembranas

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2120 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    As primeiras experincias de trabalho e de formao de agentes comunitrios de sade comearam nas dcadas de 1970 e 1980, principalmente por iniciativa de entidades religiosas, organizaes no-governamentais (ongs) e instituies acadmicas que desenvolviam ati

    trio de ditadura militar, e alguns setores religiosos apoiavam as lutas populares contra esse

    sade, morador da comunidade, passa a ter uma importncia fundamental na articulao entre

    vidades na sade pblica e comunitria. Nesse perodo o Brasil vivia sob um regime autori

    regime poltico. Nesse contexto em que as liberdades democrticas eram cerceadas, o agente de

    as aes de sade e as comunidades.

  • Os Mdicos Sem Fronteiras (MSF) ganham o prmio Nobel da paz. O MSF uma organizao internacional no-governamental,

    e humanitria em situaes de emergncia,

    naturais, epidemias, fome e excluso social.

    Voc sabia?

    Muita gente pequena, em muitos

    lugares pequenos, fazendo coisas pe-

    quenas, mudar a face da Terra.(Provrbio africano)Adlia Prado, escritora e poeta mineira, publicou em 19

    91 o livro

    Poesia reunida , onde se l coisas bonitas assim:

    De vez em quando Deus me tira a poesia.

    Olho pedra, vejo pedra mesmo.

    O mundo, cheio de departamentos, no a bola bonita

    caminhando solta no espao.

    ***

    A luta pela implantao desse sade da famlia foi uma luta muito longnqua...porque quando ns comeamos era por um posto de sade, pela abertura de uma porta de entrada para o sistema, porque o povo nascia, crescia, morria, sem nunca ter fei-to um exame preliminar, um exame que a pessoa tem que fazer todos os anos, ns no tnhamos essa porta.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Criao do Programa Nacional de Agentes Comunitrios de Sade (PNACS) pelo Ministrio da Sade, expandindo para todo o pas a experincia institucional iniciada no Cear e transformando em poltica nacional as experincias locais de agentes de sade. Posteriormente, transformou-se em Programa de Agentes Comunitrios de Sade (PACS).

    Sade da Famlia (PSF) pelo Mi-nistrio da Sade como modelo de assistncia sade, que visa a desenvolver aes de promoo e proteo sade do indivduo, da famlia e da comunidade.

    Publicao do Decreto n 3.189 em 4/10/1999. Fixa as diretrizes para o exerccio da atividade de Agente Comunitrio de Sade.

    Publicao da Portaria no. 1.886 de 16/12/1997, do MS, aprovando normas e diretrizes para o PACS e o PSF.

    1994 19971991

    Os alimentos transgnicos so aqueles cujas sementes foram alteradas com o DNA de outro ser vivo (como uma bactria ou fungo) para funcionarem como inseticidas naturais ou resistirem a um determinado tipo de herbicida. A comercializao de transgnicos bastante polmica, porque ainda no se conhecem nem os seus efeitos sobre a sade humana, nem o impacto que podem causar ao meio ambiente.

    Voc sabia?Eu acho fundamental para o sistema

    de sade, voc ter uma porta de entrada. Porque se voc tiver uma porta de entrada, uma ateno primria de qualidade, voc vai ter o que se chama de longitudinalida-de, ou seja, atender ao longo do tempo as pessoas, ser na verdade o coordenador do cuidado...

    Mdica, Porto Alegre, RS

    1999

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2322 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Como possvel que a ns, mortais, se aumente o brilho no

    s olhos

    Porque o vestido azul e tem lao?

    Veja normas e diretrizes do PACS e do PSF no stio da internet do Ministrio da Sade: .

    Leia mais sobre as diretrizes para o exerccio da atividade de agente comunitrio de sade no seu Manual do ACS. Como tambm na Portaria n 2.488, de 21 de

    outubro de 2011, que aprova a Poltica Nacional deAteno Bsica e institui as diretrizes e atribuies para os ACS e demais prossionais das equipes de Ateno Bsica.

    Para saber mais

  • Os Mdicos Sem Fronteiras (MSF) ganham o prmio Nobel da paz. O MSF uma organizao internacional no-governamental,

    e humanitria em situaes de emergncia,

    naturais, epidemias, fome e excluso social.

    Voc sabia?

    Muita gente pequena, em muitos

    lugares pequenos, fazendo coisas pe-

    quenas, mudar a face da Terra.(Provrbio africano)Adlia Prado, escritora e poeta mineira, publicou em 19

    91 o livro

    Poesia reunida , onde se l coisas bonitas assim:

    De vez em quando Deus me tira a poesia.

    Olho pedra, vejo pedra mesmo.

    O mundo, cheio de departamentos, no a bola bonita

    caminhando solta no espao.

    ***

    A luta pela implantao desse sade da famlia foi uma luta muito longnqua...porque quando ns comeamos era por um posto de sade, pela abertura de uma porta de entrada para o sistema, porque o povo nascia, crescia, morria, sem nunca ter fei-to um exame preliminar, um exame que a pessoa tem que fazer todos os anos, ns no tnhamos essa porta.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Criao do Programa Nacional de Agentes Comunitrios de Sade (PNACS) pelo Ministrio da Sade, expandindo para todo o pas a experincia institucional iniciada no Cear e transformando em poltica nacional as experincias locais de agentes de sade. Posteriormente, transformou-se em Programa de Agentes Comunitrios de Sade (PACS).

    Sade da Famlia (PSF) pelo Mi-nistrio da Sade como modelo de assistncia sade, que visa a desenvolver aes de promoo e proteo sade do indivduo, da famlia e da comunidade.

    Publicao do Decreto n 3.189 em 4/10/1999. Fixa as diretrizes para o exerccio da atividade de Agente Comunitrio de Sade.

    Publicao da Portaria no. 1.886 de 16/12/1997, do MS, aprovando normas e diretrizes para o PACS e o PSF.

    1994 19971991

    Os alimentos transgnicos so aqueles cujas sementes foram alteradas com o DNA de outro ser vivo (como uma bactria ou fungo) para funcionarem como inseticidas naturais ou resistirem a um determinado tipo de herbicida. A comercializao de transgnicos bastante polmica, porque ainda no se conhecem nem os seus efeitos sobre a sade humana, nem o impacto que podem causar ao meio ambiente.

    Voc sabia?Eu acho fundamental para o sistema

    de sade, voc ter uma porta de entrada. Porque se voc tiver uma porta de entrada, uma ateno primria de qualidade, voc vai ter o que se chama de longitudinalida-de, ou seja, atender ao longo do tempo as pessoas, ser na verdade o coordenador do cuidado...

    Mdica, Porto Alegre, RS

    1999

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2322 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Como possvel que a ns, mortais, se aumente o brilho no

    s olhos

    Porque o vestido azul e tem lao?

    Veja normas e diretrizes do PACS e do PSF no stio da internet do Ministrio da Sade: .

    Leia mais sobre as diretrizes para o exerccio da atividade de agente comunitrio de sade no seu Manual do ACS.

    Como tambm na Portaria n 2.488, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Poltica Nacional deAteno Bsica e institui as diretrizes e atribuies para os ACS e demais prossionais das equipes de Ateno Bsica.

    Para saber mais

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2524 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Datas nacionais que se comemoram no dia 4 de outubro04 - Dia da Natureza04 - Dia da Ecologia04 - Dia do Animal04 - Dia do Poeta04 - Dia de So Francisco de Assis04 - Dia do Agente de Sade e do Agente de Endemias

    Escola , sobret

    udo, gente. Gen

    te

    que trabalha, que

    estuda, que se a

    legra,

    se conhece, se es

    tima.

    (Paulo Freire)

    Eu acho que deve constar no Almanaque a formao do ACS, que uma coisa im-portante, do curso tcnico, mostrar para eles o ganho que eles vo ter. As pessoas no entendem o que o curso tcnico, o que eles ganhariam fazendo esse curso...

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    No h como deixar de reconhecer a importncia da existncia do referencial curricular. Ele ser sempre uma referncia, uma bandeira de luta, algo que aponta para um horizonte diferente em relao forma-

    Especialista e formadora, EPSJV/Fiocruz

    promulgada a Lei 10.507, em 10/07/2002, que cria a pro-

    de Sade exclusivamente no

    requisitos para o exerccio da -

    o, pode ser considerado um avano, na medida em que se

    -cao bsica para a formao dos ACS.

    Criao do Referencial Curricular para o Curso Tcnico de Agente Comunitrio de Sade. Elaborado em conjunto pelo Ministrio da Sade e pelo Ministrio da Educao, estabelece uma carga horria mnima de 1.200 horas dividida

    processo formativo, os alu-nos que terminarem o Ensino Mdio recebem o diploma de nvel tcnico de Agente Comu-nitrio de Sade.

    Em 14 de fevereiro publicada a Emenda Constitucional n 51, criando o processo seleti-vo pblico para os Agentes Comunitrios de Sade (ACS) e os Agentes de Combate s Endemias (ACE). Em 5 de outubro promulgada a Lei n 11.350 , que estabelece as respectivas atividades desses agentes.

    Em 28 de novembro, criao da Lei n 11.585 que institui o dia 4 de outubro como o Dia Nacio-nal do Agente Comunitrio de Sade e do Agente de Endemias.

    2002

    2004 20062007

    Lanamento do livro Cem

    expoentes em todas as reas. Mostra a incansvel energia do povo brasileiro para criar, ousar, liderar, empreender, resistir e superar adversidades.

    Voc sabia?

    O Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, eleito uma das novas sete maravilhas do mundo, em uma festa realizada em Lisboa, Portugal.

    Voc sabia?

    Em muitos municpios so ofertados apenas pequenos cur-sos, treinamentos ou capacitaes sobre doenas como tuberculose, hansenase, hipertenso ou ainda o Curso Introdutrio, em lugar da formao tcnica completa do agente comunitrio de sade.

    Na escola da vida, no h

    frias.

    (Provrbio popular)

    O saber a gente aprend

    e com os

    mestres e os livros. A

    sabedoria se

    aprende com a vida e com

    os humildes.

    (Cora Coralina)

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2524 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Datas nacionais que se comemoram no dia 4 de outubro04 - Dia da Natureza04 - Dia da Ecologia04 - Dia do Animal04 - Dia do Poeta04 - Dia de So Francisco de Assis04 - Dia do Agente de Sade e do Agente de Endemias

    Escola , sobret

    udo, gente. Gen

    te

    que trabalha, que

    estuda, que se a

    legra,

    se conhece, se es

    tima.

    (Paulo Freire)

    Eu acho que deve constar no Almanaque a formao do ACS, que uma coisa im-portante, do curso tcnico, mostrar para eles o ganho que eles vo ter. As pessoas no entendem o que o curso tcnico, o que eles ganhariam fazendo esse curso...

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    No h como deixar de reconhecer a importncia da existncia do referencial curricular. Ele ser sempre uma referncia, uma bandeira de luta, algo que aponta para um horizonte diferente em relao forma-

    Especialista e formadora, EPSJV/Fiocruz

    promulgada a Lei 10.507, em 10/07/2002, que cria a pro-

    de Sade exclusivamente no

    requisitos para o exerccio da -

    o, pode ser considerado um avano, na medida em que se

    -cao bsica para a formao dos ACS.

    Criao do Referencial Curricular para o Curso Tcnico de Agente Comunitrio de Sade. Elaborado em conjunto pelo Ministrio da Sade e pelo Ministrio da Educao, estabelece uma carga horria mnima de 1.200 horas dividida

    processo formativo, os alu-nos que terminarem o Ensino Mdio recebem o diploma de nvel tcnico de Agente Comu-nitrio de Sade.

    Em 14 de fevereiro publicada a Emenda Constitucional n 51, criando o processo seleti-vo pblico para os Agentes Comunitrios de Sade (ACS) e os Agentes de Combate s Endemias (ACE). Em 5 de outubro promulgada a Lei n 11.350 , que estabelece as respectivas atividades desses agentes.

    Em 28 de novembro, criao da Lei n 11.585 que institui o dia 4 de outubro como o Dia Nacio-nal do Agente Comunitrio de Sade e do Agente de Endemias.

    2002

    2004 20062007

    Lanamento do livro Cem

    expoentes em todas as reas. Mostra a incansvel energia do povo brasileiro para criar, ousar, liderar, empreender, resistir e superar adversidades.

    Voc sabia?

    O Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, eleito uma das novas sete maravilhas do mundo, em uma festa realizada em Lisboa, Portugal.

    Voc sabia?

    Em muitos municpios so ofertados apenas pequenos cur-sos, treinamentos ou capacitaes sobre doenas como tuberculose, hansenase, hipertenso ou ainda o Curso Introdutrio, em lugar da formao tcnica completa do agente comunitrio de sade.

    Na escola da vida, no h

    frias.

    (Provrbio popular)

    O saber a gente aprend

    e com os

    mestres e os livros. A

    sabedoria se

    aprende com a vida e com

    os humildes.

    (Cora Coralina)

  • As palavras s tm sentido se nos ajudam a ver o

    mundo melhor.Aprendemos palavras para m

    elhorar os olhos.

    ***H muitas pessoas de viso

    perfeita que nada vem...

    O ato de ver no coisa natural.

    Precisa ser aprendido!

    (Rubem Alves)

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2726 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    O passado histria, o futuro mistrio, e hoje

    uma ddiva. Por isso chamado presente.(Provrbio chins)

    O futuro resultado

    do que fazemos hoje.

    (Provrbio popular)

    dulo do curso tcnico. Fizemos o primeiro Ns zemos tambm o primeiro m-

    mdulo e esse curso tcnico tambm...ele demorou. Foram 400 horas se eu no meengano, que ns zemos

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Acho que a importncia do meu trabalho ver que as pessoas podem viver bem.

    A importncia principal que cada dia mais venho me fortalecendo, me fazendo conti-nuar a ajudar, poder de alguma forma compartilhar aquilo que eu tenho aprendido, no s como agente de sade, mas como educadora...

    Uma das atividades que eu destaco e considero da maior importncia de educadora popular...

    Se tivesse mais cursos de formao seria muito bom, porque conhecimento sempre bom porque a gente pode perder tudo, te roubarem roupa, te roubarem tudo, mas conhe-cimento ningum tira...

    ACSs, Recife, PE

    200811 de novembro: publicao

    da Portaria n 2.662/MS

    pelo Ministrio da Sade, para a formao dos agentes comunitrios de sade, com curso de carga horria de 400 horas.

    Aqueles que dizem que determina-da coisa no pode ser feita, devem ceder o lugar para aqueles que esto fazendo.

    (lema da luta dos ACS pela aprovao, em 2005, da PEC 007/0. Est registrado no stio web do CONACS Confederao Nacional dos Agentes Comunitrios de Sade)

    Em 2008 foi lanado o documentrio O homem que engarrafava nuvens, dirigido por Lrio Ferreira. O lme conta a histria de Hum- berto Teixeira, criador do baio, um dos ritmos mais importantes no Brasil. Um deles Asa Branca, a segunda cano mais popular do pas.

    Voc sabia?

    O QUE VIR?

    2014- 28 de fevereiro: 0 Ministrio da Sade fixa o valor do incentivo de custeio referente implantao de Agentes Comunitrios de Sade (ACS) por meio da Portaria GM n 314.

    - 17 de junho: a Presidncia da Repblica publica a Lei n 12.994, que altera a Lei n 11.350, de 5 de outubro de 2006, para instituir piso salarial profissional nacional e diretrizes para o plano de carreira dos Agentes Comunitrios de Sade e dos Agentes de Combate s Endemias, decretada pelo Congresso Nacional.

  • As palavras s tm sentido se nos ajudam a ver o

    mundo melhor.Aprendemos palavras para m

    elhorar os olhos.

    ***H muitas pessoas de viso

    perfeita que nada vem...

    O ato de ver no coisa natural.

    Precisa ser aprendido!

    (Rubem Alves)

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 2726 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    O passado histria, o futuro mistrio, e hoje

    uma ddiva. Por isso chamado presente.(Provrbio chins)

    O futuro resultado

    do que fazemos hoje.

    (Provrbio popular)

    dulo do curso tcnico. Fizemos o primeiro Ns zemos tambm o primeiro m-

    mdulo e esse curso tcnico tambm...ele demorou. Foram 400 horas se eu no meengano, que ns zemos

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Acho que a importncia do meu trabalho ver que as pessoas podem viver bem.

    A importncia principal que cada dia mais venho me fortalecendo, me fazendo conti-nuar a ajudar, poder de alguma forma compartilhar aquilo que eu tenho aprendido, no s como agente de sade, mas como educadora...

    Uma das atividades que eu destaco e considero da maior importncia de educadora popular...

    Se tivesse mais cursos de formao seria muito bom, porque conhecimento sempre bom porque a gente pode perder tudo, te roubarem roupa, te roubarem tudo, mas conhe-cimento ningum tira...

    ACSs, Recife, PE

    200811 de novembro: publicao

    da Portaria n 2.662/MS

    pelo Ministrio da Sade, para a formao dos agentes comunitrios de sade, com curso de carga horria de 400 horas.

    Aqueles que dizem que determina-da coisa no pode ser feita, devem ceder o lugar para aqueles que esto fazendo.

    (lema da luta dos ACS pela aprovao, em 2005, da PEC 007/0. Est registrado no stio web do CONACS Confederao Nacional dos Agentes Comunitrios de Sade)

    Em 2008 foi lanado o documentrio O homem que engarrafava nuvens, dirigido por Lrio Ferreira. O lme conta a histria de Hum- berto Teixeira, criador do baio, um dos ritmos mais importantes no Brasil. Um deles Asa Branca, a segunda cano mais popular do pas.

    Voc sabia?

    O QUE VIR?

    2014- 28 de fevereiro: 0 Ministrio da Sade fixa o valor do incentivo de custeio referente implantao de Agentes Comunitrios de Sade (ACS) por meio da Portaria GM n 314.

    - 17 de junho: a Presidncia da Repblica publica a Lei n 12.994, que altera a Lei n 11.350, de 5 de outubro de 2006, para instituir piso salarial profissional nacional e diretrizes para o plano de carreira dos Agentes Comunitrios de Sade e dos Agentes de Combate s Endemias, decretada pelo Congresso Nacional.

  • 28 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Almanaques so publicaes populares bem antigas. Eles existem desde o sculo XV. Por exemplo, nesse tempo, na Europa, eram distribudos por vendedores ambu-lantes. O objetivo dessas pequenas enciclopdias populares sempre foi levar a informao e o entretenimento aos leitores.

    No Brasil os mais populares foram os almanaques de farmcia. Editados desde o scu-lo XIX pelos laboratrios farmacuticos, ensinavam o uso de drogas medicinais e promo-viam o uso de produtos cosmticos.

    O mais famoso almanaque de farmcia no Brasil foi o Almanach do Biotonico, publi-cado pela primeira vez em 1920. Nele colaborou o escritor Monteiro Lobato, cujo perso-nagem Jeca Tatuzinho ilustrava os seus nmeros. Esse foi um grande momento de popu-larizao dos almanaques no pas, at os anos de 1970, quando chegaram a ser publicados em milhes de exemplares.

    Os almanaques de farmcia e os almanaques em geral tm formato e texto populares e funcionam para os leitores como um livro que informa, distrai e pode ser facilmente levado de um lado para outro, juntando lazer e utilidade. Tudo isso sem abrir mo da informao tcnica e cientfica, tanto quanto da religio, das receitas caseiras com ervas, dos jogos, das anedotas, da astrologia, das dicas para a boa sade.

    Ainda hoje existem os almanaques populares e outras formas so inventadas.

    ALMANAQUESLeitura de

  • Voc conhece o DATASUS?Os dados apresentados nesse mapa das regies do Brasil foram elaborados pelo Departamento de Informao e Informtica do SUS (DATASUS), onde as informaes sobre sade no pas ficam dis-ponveis para serem acessadas por qualquer cidado. Esses dados foram consultados em outubro de 2014. L voc encontra, entre outros dados, os seguintes: nmero de nascimentos, bitos, casos de doenas, causas de internao, repasses financeiros por regio, estado, municpio. So muitas informaes! Os ACS, assim como os demais profissionais de sade que atuam no SUS, tambm esto includos no DATASUS, no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Sade (CNES). O ende-reo na internet : www.datasus.gov.br Outros dois espaos importantes para acessar informaes so a Sala de Apoio Gesto Es-tratgica (SAGE), que possui dados sobre os ACS e outros programas do Ministrio da Sade (http://189.28.128.178/sage/), e o Portal da Ateno Bsica, que tem informaes dos programas e publicaes, assim como atualizaes sobre Ateno Bsica (http://dab.saude.gov.br/portaldab/).

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 29

    Brasil?Quantos somos no

    30.439

    102.750

    18.772

    77.986

    31.323

    Nmero de agentes comunitrios de sade

    em cada regio do Brasil

  • 30 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    como entender?Brasil:Comentando um artigo escrito por Machado de Assis, em 1870, para falar de um Brasil real e de um Brasil oficial:

    Machado de Assis diz que o pas real bom, revela os melhores instintos, mas o oficial caricato e burlesco. No sei se fazendo violncia ao pensamento de Machado de Assis, identifico o Brasil oficial com as classes privilegiadas e o Brasil real com o Brasil do povo, dessa imensa maioria de despossudos que, a meu ver, so a fonte da grande esperana que eu tenho no meu povo. Se Machado de Assis fosse vivo, constataria que o pas real continua bom, revelando os melhores instintos, e o pas oficial ficou ainda mais caricato e burlesco.

    Criticando o texto escrito por um jornalista:

    E no meio havia uma frase em que ele dizia que utopia uma palavra

    ridcula. Eu vou dizer uma coisa: eu acho que no , no; a razo man-da que a gente se acomode em casa, e o sonho que leva a gente para a frente.

    Sobre o rio So Francisco:No foi toa que Alceu Amoro-

    so Lima, que no era mineiro nem nordestino, escreveu a seguinte fra-se: Do Nordeste para Minas corre um eixo que, no por acaso, segue o curso do Rio So Francisco, o rio da unidade nacional. A esse eixo o Brasil tem de voltar de vez em quando se no quiser se esquecer de que Brasil.

    Palavras de Ariano Suassuna, dramaturgo, romancista e poeta brasileiro nascido em Joo Pessoa, Paraba, autor de muitas obras, entre elas Auto da Compadecida e A Pedra do Reino:

    Para ler maisAriano Suassuna, o encantador de histrias, entrevista concedida ao programa Personalidade, TV Cmara, em 27/11/2006: http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/95488.html. Acesso em dezembro de 2011

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 31

    e complementares?

    A Poltica Nacional de Prticas Inte-grativas e Complementares (PN-PIC) no Sistema nico de Sade foi aprovada pelo Ministrio da Sade por meio da Portaria n 971/2006.

    As Prticas Integrativas e Complemen-tares englobam os sistemas mdicos com-plexos e os recursos teraputicos da medicina tradicional e da medicina comple-mentar ou alternativa.

    Esses sistemas e re-cursos procuram esti-mular os mecanismos naturais de preveno de agravos e de recuperao da sade, utilizando tcni-cas eficazes e seguras, com nfase na escuta acolhedo-ra, no desenvolvimento do vnculo entre os profissio-nais da sade e os pacien-tes e na integrao do ser humano com o meio am-biente e a sociedade.

    A PNPIC visa institucio-nalizao da Homeopatia; da Medi-cina Tradicional Chinesa/ Acupuntura; das Plantas Medicinais e Fitoterapia; e do Ter-malismo Social / Crenoterapia*.

    Esta poltica est de acordo com o princpio de integralidade no SUS e segue a orientao da Organizao Mundial da Sade (OMS) de es-timular o uso da Medicina Tradicional e Com-plementar/Alternativa nos sistemas de sade de

    forma integrada medicina ocidental moderna.Esta iniciativa um marco na democra-

    tizao da sade no Brasil, pois d po-pulao o direito de escolher a teraputica.

    * O Termalismo Social e a Crenoterapia consistem na indicao e uso de guas minerais com finalidade terapu-tica, atuando de maneira complementar aos demais tratamentos de sade.

    Gilda Campos, mdica homeopata

    PRTICAS INTEGRATIVASVoc conhece as

    INTEGRATIVASINTEGRATIVASINTEGRATIVASINTEGRATIVAS

  • Ns formamos uma

    EQUIPE?

    A Poltica de Ateno Bsica institui alguns formatos e composio de equipes como os Ncleos de Apoio Sade da Famlia, Consultrios na Rua, entre outros. Para saber mais acesse a pgina do DAB na internet: http://dab.saude.gov.br/portaldab/.

    Alguns ainda tm aquela viso de que o agente comunitrio de sade s um agente comunitrio, e no um profissional de sade.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    O ACS tem um olhar diferenciado, um pouco diferenciado de outro profis-sional dentro da unidade de sade (...) os agentes de sade so muito inseridos nos domiclios, nas reas, ficam conhecendo situaes de risco, de vulnerabilidade...

    Enfermeira, Porto Alegre, RSEu tenho um saber cien-

    tfico, eles tm um saber da vida, da faculdade da vida, da universidade da vida e eu acho que essa troca enriquece.

    Mdica, Recife, PE

    A gente tem que estar disponvel para eles. Infe-lizmente, a grande maioria dos profissionais no est. No consegue perceber a riqueza que voc poder efetivamente trabalhar com o agente comunitrio.

    Mdica, Porto Alegre, RS

    Dentro de uma equipe, por exemplo, a maior dificuldade que ns temos hoje aqui no PSF o relacionamento entre a equipe. um neg-cio impressionante! extremamente produtivo quando a equipe se acerta, mas no fcil.

    ACS, Recife, PE

    Algumas coisas que elas trazem, al-guns questionamentos, fazem com que a gente tente procurar, tente aprender, quando tu no sabe responder na hora... Ento elas me questionam, s vezes, elas passam e me questionam...

    Enfermeira, Porto Alegre, RS

    32 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    http://dab.saude.gov.br/portaldab/

  • Seu nome verdadeiro Aparcio Fernando de Brinkerhoff Torelly, conheci-do tambm por Apporelly e pelo falso ttulo de nobreza Baro de Itarar. Foi escritor, jornalista e pioneiro no humor poltico no Brasil. Nasceu em Rio Grande, RS, em 1895, e faleceu no Rio de Janeiro, em 1971.

    Voc sabia?

    Frases e Humoresdo

    Baro deItarar

    Mais valem dois marimbondos voando do que um nas mos.

    Viva cada dia como se fosse o ltimo. Um dia voc acerta...

    Quando pobre come frango, um dos dois est doente.

    A conversa prejudica o trabalho! Deixe, portanto, de trabalhar, sempre que quiser conversar.

    O mal de certos polticos no a falta de persistncia. a persistncia na falta.

    De onde menos se espera, da que no sai nada.

  • 34 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Existem estudos que propem que o papel de mediador social exercido pelos ACS seja assim resumido: um elo entre os objetivos das polticas sociais do Estado e os objetivos prprios ao modo de vida da comunidade; entre as necessidades de sade e outros tipos de necessidades das pessoas; entre o conhecimento popular e o conhecimento cientfico sobre sade; entre a capacidade de auto-ajuda prpria da comunidade e os direi-tos sociais garantidos pelo Estado.

    O ACS

    EU medeio TU medeias ELE medeia NS mediamos VS mediais ELES medeiam

    Eles nos procuram, eles vm pedir o auxlio,

    para quem eles podem recorrer, como podem recorrer, como pode ser feito, qual profissional necessrio consultar...Ou ir desabafar, de uma forma ou de outra...E a gente d o retorno, a gente encaminha dentro da unidade, para que a pessoa consiga de

    certa forma comear, passar a solucionar aquele problema. Sempre tem...

    ACS, Porto Alegre, RS

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 35

    E seus colegas, o que pensam?

    Pense um pouco e escreva aqui o que significa para voc o seu papel

    como mediador.

    mediador? um

  • 36 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Existe uma relao direta entre o trabalho do ACS e as polticas pblicas de sade, em nvel nacional e internacional. Vamos pensar sobre isso?

    Comecemos com a expresso Sade para todos no ano 2000. O que signi-fica e de onde vem? Ela surgiu na Assemblia Mundial da Sade, em 1977, promovendo um movimento mundial para a sade pblica, que apresentava um panorama de profunda desigualdade, no s entre pases desenvolvidos e em desenvolvimento como, tambm, entre regies de um mesmo pas.

    Em 1978 foi realizada a Conferncia In-ternacional de Cuidados Primrios em Sade de Alma-Ata (cidade da Repblica do Caza-quisto, antiga URSS), que tornou-se o mar-co mais importante da poltica internacional de sade, tendo grande repercusso para a implantao, em inmeros pases, de progra-mas de Cuidados Primrios de Sade.

    Na Conferncia foram avaliadas experi-ncias inovadoras utilizadas por diversos pa-ses. Eram cuidados simples, de baixo custo e acesso fcil ao nvel local.

    Quatro pases e suas experincias se desta-caram: China, ndia, Nigria e Cuba.

    A Conferncia de Alma-Ata identificava como princpio geral dessas experincias a re-flexo sobre a noo de sade com as pessoas nos locais onde vivem, trabalham e relacio-nam-se socialmente. Para atingir seus objeti-vos, a participao da comunidade seria a cha-ve para o sucesso da poltica pblica de sade.

    gua mole em pedra dura tanto bate at que fura (frase popular utilizada para designar a

    pertincia como virtude que vence qualquer dificuldade, por maior que seja).

    A unio do rebanho obriga o leo a deitar-se com fome.

    (provrbio africano)

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 37

    Voc sabia?A expresso Cuidados Primrios em Sade foi substituda

    no Brasil por Ateno Bsica Sade ou, mais recentemente, Ateno Bsica. Todas essas expresses, utilizadas ao longo do tempo, referem-se ao primeiro nvel de ateno sade, cujo ob-jetivo atender e resolver a maior parte dos problemas e questes de sade, incluindo aes de promoo, preveno e assistncia.

    Veio a Alma-Ata. um livri-nho azul... E na Alma-Ata eu fiquei muito encantada com aquela questo do prprio povo se tratar, assumir a his-tria, ser sujeito da histria.

    Formadora, Escola de Enfermagem Santa Catarina,

    Petrpolis, RJ

    Como resultado da Conferncia, na Declarao de Alma-Ata h, entre outros, trs pontos para os ACS refletirem: Os Cuidados Primrios em Sade* (CPS) devero ser inte-grados num Sistema Nacional de Sade, que por sua vez deve-r atender a real situao do pas e aos recursos de que dispe (econmicos, sociais, polticos, culturais), de forma que seja sustentvel ao longo do tempo, de acordo com o nvel de desen-volvimento de cada nao. Os CPS procuraro responder s principais necessidades e problemas de sade das populaes. Para tal, iro dispor de equipes multi e interdisciplinares: mdicos, enfermeiros, par-teiras, auxiliares, agentes comunitrios e praticantes tradicio-nais - todos com formao apropriada aos tipos de cuidados que prestam. Os CPS tero como reas prioritrias de interveno: a edu-cao para a sade; a nutrio apropriada; a qualidade da gua e do saneamento bsico; os cuidados de sade materno-infantil (incluindo o planejamento familiar); a imunizao (dirigida s principais doenas endmicas); a preveno e o controle de do-enas endmicas; o tratamento de doenas e leses comuns; o fornecimento de medicamentos essenciais. Mais um ponto deve ser lembrado: entender o envolvimento e a participao das populaes como um direito e um dever das mesmas, a serem exercidos de forma individual ou coletiva, in-fluenciando o planejamento e a prestao de cuidados sade.

  • E no Brasil?: o Movimento Sanitrio

    Outras conferncias foram em segui-da realizadas no mundo, indicando novos caminhos para os cuidados em sade.Foi tambm a partir dos cuidados prim-rios que o Brasil viu a necessidade de se reorganizar para diminuir as desigualdades e atender as demandas internas em sade. Nosso pas, na dcada de 1970, se encontra-va sob um regime autoritrio de represso poltica e censura imprensa. O panorama demogrfico apresentava um perfil com enormes desigualdades sociais. O modelo mdico assistencial que vigorava nessa po-ca era baseado em aes curativas, s quais grande parte da populao no tinha direito e acesso.

    Em meados da dcada de 1980, teve incio a abertura poltica com eleies e a

    reorganizao dos movimentos sociais, destacando-se o Movimento Sanitrio. Foi possvel, ento, denunciar as consequncias do modelo econmico sobre a sade da po-pulao e a irracionalidade do sistema de sade existente na poca.

    O Movimento Sanitrio criou um con-junto de propostas alternativas para um novo sistema de sade, com caractersticas demo-crticas, para a melhoria da qualidade de vida de toda a populao brasileira. A uni-versalizao do direito sade, em um sis-tema de sade racional, de natureza pblica, descentralizado, integrando as aes curati-vas e preventivas com participao popular, numa perspectiva democrtica, estava entre seus pontos mais importantes.

    38 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    No vou teimar com quem dizQue viu ferro dar azeite,

    Um avestruz dando leite E pedra criar raiz,Ema apanhar de perdiz

    E um rio fora do leito,Um aleijo sem defeito

    E um morto declarar guerra,Por que vejo em minha terra

    Prefeitura sem prefeito.Patativa do Assar

  • E no Brasil?: A 8 Conferncia Nacional de Sade e o SUS*

    Em 1986 foi realizada a 8. Conferncia Nacional de Sade, sendo a primeira a ser aberta sociedade e grande responsvel pela propagao do movimento da reforma sanitria no Brasil. Foi tambm criada a Comisso Nacional da Reforma Sanitria com a tarefa de formular as bases para um sistema de sade brasileiro. A reforma do modelo de assistncia pblica sade ocorreu, ento, com a criao do Sistema nico de Sade (SUS).

    Este novo modelo tem seis princpios bsicos:Universalidade a sade como um direito de todos;Equidade tratar de forma diferenciada os desiguais;Integralidade no fragmentao ou desarticulao entre os nveis de ateno;Descentralizao distribuio do poder nas instncias de governo;Hierarquizao - organizao em nveis de complexidade tecnolgica crescente, dispostos numa rea geogrfica delimitada, com a identificao da populao a ser atendida, definindo melhor a porta de entrada no sistema;Participao sociedade ativa atuando em entidades representativas, como os Con-selhos de Sade.

    *As Conferncias de Sade sempre foram fundamentais para a democratizao do se-tor. Em 1986 foi realizada a histrica 8 Conferncia Na-cional de Sade, cujo relat-rio final serviu como subsdio para os deputados constituin-tes elaborarem o artigo 196 da Constituio Federal Da Sade. A partir da promul-gao da Constituio, em 1988, a sade ganhou ru-mos diferentes com a criao do Sistema nico de Sade (SUS). Em 28 de dezembro de 1990, a Lei n. 8.142 ins-tituiu as Conferncias e os Conselhos de Sade, instn-cias de Controle Social.

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 39

    Consulte o stio web do Conselho Nacional de Sade: http://conselho.saude.gov.br. Acesso em dezembro de 2011

    Para saber mais

  • Existem diversas fontes, escritas e orais, para estudar e saber mais sobre a histria da sade, da constituio do SUS, das polticas, dos trabalhadores, entre eles os agentes comunitrios de sade.

    importante refletir que a rea da sade no Brasil formada por um conjunto de saberes e prticas inter-disciplinares fortemente influenciado pelas dimenses polticas, econmicas, sociais e culturais da histria da sociedade brasileira.

    Essas fontes emanam de pensadores acadmicos, profissionais e populares, todos eles reconhecendo na sade uma das chaves de interpretao da sociedade brasileira e componente fundamental da cidadania.

    40 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    * possvel ter acesso a essas fontes nas bibliotecas, fa-zendo pesquisas na Internet, conversando com pessoas dos servios, das universidades, das comunidades.

    Coisas nossas... histrias e memrias

    O SUS que no se v. RADIS Comunicao e Sade, no. 104, abril de 2011. Disponvel em: http://www.ensp.fiocruz.br/radis/revista--radis/104/reportagens/o-sus-que-nao-se-ve

    PONTE,C.F.;FALLEIROS,I. (orgs.). Na cor-da bamba de sombrinha: a sade no fio da histria.Rio de Janeiro:Fiocruz/COC; Fio-cruz/EPSJV, 2010. Disponvel em: http://observatoriohistoria.coc.fiocruz.br/local/File/livro-na-corda-bamba-de-sombrinha.pdf

    Portal eletrnico do Departamento de Ateno Bsica (DAB). Link: http://dab.saude.gov.br/portaldab/.

    Para saber mais Os ACS representa

    m uma categoria

    muito importante, que contrib

    uiu

    muito para que o sistema de sa

    de

    estivesse onde est. Ajudam m

    ui-

    to no processo do PSF, do PA

    CS,

    mas precisava avanar muito ma

    is a

    conscincia poltica para resolver

    um

    pouco a questo do SUS. uma

    ca-

    tegoria importantssima, porque

    sem

    eles no teria esse elo de ligao

    com

    a comunidade, com a populao,

    com

    a unidade bsica de sade. Porm

    ,

    necessrio e urgente um process

    o de

    capacitao continuado. Em al

    guns

    lugares j existe o curso tcnico

    de

    agente, mas ainda muito centrado

    na

    doena, e no na preveno e pro

    mo-

    o da sade.

    (Professora e profissional, For

    taleza, CE)

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 41

    Estude, reflita, anote e discuta com os seus colegas algumas questes que voc considera importantes sobre polticas,

    histrias e prticas de sade no mundo e no Brasil.E como os ACS fazem parte desse cenrio...

    Um dia de chuva to belo quanto um dia de sol.Ambos existem; cada um como .(Fernando Pessoa, Poemas inconjuntos.)

    Para ler maiswww.dominiopublico.gov.br

  • Vamos PensarQuais so os desafios que nos

    esperam nas prximas dcadas?Quais as respostas que o sistema

    de sade brasileiro ainda precisa dar populao?

    Os trabalhos, aes do ACS, influenciam os indicadores de sade da populao?

    42 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    A sade e suas mudanas

    Os epidemiologistas costumam se referir ao termo transio epide-miolgica para indicar a mudana no perfil de sade da populao ao longo do tempo. No Brasil, at meados do sculo XX, predominavam as doenas infecciosas como a febre amarela e a varola.

    As mudanas associadas aos hbitos de alimentao e ao sedentarismo, dentre ou-tros fatores, levaram ao aumento dos casos de cncer, doenas cardiovasculares e dia-betes. A transio epidemiolgica seria en-to esta passagem de um quadro de predo-mnio de doenas infecto-parasitrias para outra situao na qual as chamadas doen-as da modernidade so mais prevalentes.

    Os sistemas de sade tambm tiveram de se ajustar a estas mudanas. No Brasil, embora tenham ocorrido tais alteraes no perfil de sade, muitas doenas infecciosas que j poderiam estar controladas ainda

    esto presentes em diversas regies o caso da malria, da doena de Chagas e da esquistossomose. Por isso, alguns estudio-sos se referem ao caso brasileiro como uma transio epidemiolgica incompleta.

    A atuao dos ACS foi se modificando e acompanhando essas mudanas. Desde as primeiras experincias focalizadas na dimi-nuio da mortalidade infantil por casos de diarria e pneumonia, at os dias de hoje, onde os agentes devem ajudar a identificar e controlar um grande nmero de agravos crnicos, muita coisa mudou. No entanto, sabemos bem que, no fim das contas, so as condies de vida, de acesso aos servios de sade, educao, trabalho e renda que podem garantir populao uma sade in-tegral e sustentvel.

    (Helena Leal David, professora da Faculdade de Enfermagem, UERJ)

  • Voc sabe o que so doenas emergentes e reemergentes?

    As doen

    as emergentes e

    m geral so defi

    nidas como

    aquelas que no

    tinham ocorrid

    o no passado e

    em

    determinado mom

    ento surgem com

    o novas, pois so

    causadas por age

    ntes etiolgicos d

    esconhecidos: a

    AIDS, por

    exemplo. Em lin

    has gerais, pode

    -se dizer que s

    o molstias

    transmissveis ca

    usadas por bact

    rias ou vrus nu

    nca antes

    descritos, ou por

    novas formas in

    fectantes gerada

    s a partir

    de mutaes em

    um microrganis

    mo j conhecido

    . possvel

    ainda que sejam c

    ausadas por um a

    gente que j para

    sitava ani-

    mais, e depois co

    meou a infectar

    tambm as pesso

    as.

    As doenas reem

    ergentes so aqu

    elas j conhecid

    as e que

    foram controlada

    s, mas voltaram

    a apresentar am

    eaa para a

    sade humana. A

    dengue, por exem

    plo. At a reintro

    duo do

    Aedes aegypti no

    pas, em 1967, a

    dengue chegou a

    ser consi-

    derada erradicad

    a. Porm, depois

    foi registrada um

    a srie de

    surtos, o maior d

    eles em 2002, qua

    ndo foram notifi

    cados qua-

    se 800 mil casos d

    a doena.

    Na lista abaixo, assinale quais so as doenas emergentes (E) ou

    reemergentes (R) e pesquise sobre estas e outras: Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (AIDS) Hepatites virais Influenza Humana pelos virus H5N1 (Gripe Aviria) e H1N1 (Gripe A) Clera Hantavirose Febres hemorrgicas virais: febre amarela, febre pelo vrus Ebola,

    formas hemorrgicas da dengue Leishmaniose Tuberculose Dengue

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 43

    Consulte o Portal da Sade/MS: http://portalsaude.saude.gov.br

    Para saber mais

  • 44 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    O mdico chama o paciente em seu consultrio e diz:-Eu tenho uma notcia boa e uma ruim para voc. Qual voc quer ouvir primeiro?-A boa diz o paciente-Bom, a boa que voc tem 24 horas de vida!O paciente, nervoso, diz:-Mas, doutor, se essa a boa qual a ruim?E o doutor responde:-A ruim? que eu quero falar com voc desde ontem!

    Como foi o comeo para o senhor? pergunta o psiquiatra ao paciente.-Bem, doutor, no comeo eu criei o cu... a terra... o mar...Psiquiatra: - Diga-me, s vezes o senhor ouve uma voz, sem saber de quem , o que fala e nem de onde vem?-Sim doutor.

    -Justamente o que eu julgava. E quando acontece isso?-Quando atendo o telefone.

    A av: - Mas que ests tu a fazer, homem? Queres dar cabo do pequeno?O av: - Deixa-me c, mulher; que me esqueci de agitar o remdio antes de lho dar, e quero ver se, agitando-o, agora, dar o mesmo resultado!

    O sujeito vai ao mdico, caindo de bbado. Durante a consulta, vm as perguntas de praxe:- Nome?-Juvenal dos Santos!- Idade?-32 anos- O senhor bebe?- Vou aceitar um golinho pra te acompanhar!

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 45

    Eu deveria era consultar um

    veterinrio, pois trabalho como um burro, me alimento como um coelho, e sou tratado como

    um co.

    Um homem sentado na varanda de sua casa diz: Eu te amoEla pergunta: Este voc ou a cerveja falando?-Sou eu... falando com a cerveja!

    Um banqueiro, muito apaixonado por uma jovem atriz, comeou a fazer-lhe a corte, saindo com ela vrias vezes.Tendo decidido, finalmente, despos-la, tomou a precauo de, antes de tocar no assunto, pedir polcia um relatrio sobre os antecedentes da atriz. Ao fim de uma semana, entregaram-lhe o seguinte comunicado:Passado irrepreensvel. Reputao at agora inatacvel. Mas, de certo tempo para c, vem mantendo relaes com um homem de negcio cuja reputao muito duvidosa.

  • Que

    m n

    o se

    comunica no se inform

    a? E quem no se informa por que no se co m u ni

    ca?

    Acho

    que

    mais a

    integ

    rao,

    a tro

    ca de

    co-

    nheci

    mento

    um pa

    ra o ou

    tro, qu

    e s ve

    zes, eu

    te-

    nho u

    ma for

    ma de

    trabal

    har co

    m a co

    munid

    ade,

    mas te

    m pes

    soas q

    ue j t

    m um

    conh

    ecime

    nto

    melho

    r de o

    utras

    forma

    s, ent

    o eu p

    rocuro

    fazer

    troca

    da mi

    nha p

    arceria

    de es

    tudar

    a com

    unida-

    de com

    o ente

    ndime

    nto ma

    is cien

    tfico

    ou seja

    l

    qual fo

    r. Eu q

    uero, e

    u fao

    essa

    troca

    tu me

    d

    esse, q

    ue eu

    te dou

    esse ,

    e a ge

    nte va

    i troca

    ndo e

    se ajud

    ando.

    ACS,

    Recif

    e, PE

    Eu acho que a comunicao um dos pontos mais primor-diais do agente comunitrio de sade...Porque, assim, a comunicao uma troca, no ? Ento eu tenho que estar trocando direto com o paciente, com a equipe, com a prefeitura, com o governo. uma troca, tem de haver essa agilidade de comunicao.

    ACF, Rio de Janeiro, RJ

  • Vamos PensarComo essas relaes se do no dia a dia

    do trabalho?Todos da equipe tm a oportunidade

    de falar sobre suas atividades, sobre as famlias cadastradas?

    H reunies? Quem participa?H momentos para a troca de

    informaes sobre as visitas domiciliares?

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 47

    Dentro da equipe de Sade da Famlia a rotina de trabalho dos agentes comu-nitrios de sade est estabelecida de maneira que ele cumpra diversas atividades, como a preveno de doenas e de promoo da sade por meio de aes educativas, tanto nas visitas domiciliares quanto em atividades coletivas junto comunidade, nos centros de sade e nas escolas, nas campanhas e com os diversos grupos de sade (gestantes, hiperten-sos, diabticos, etc).

    Pode-se af irmar que para dar conta de tantas atribuies, o agente precisa

    exercitar muitas prticas de comunica-o e informao em sade no cotidia-no do seu trabalho, alm das prticas educativas, estas ltimas previstas de forma mais explcita nas portarias, nos manuais e nas rotinas estabelecidas para esse trabalhador.

    Percebe-se ento que o ponto principal no desenvolvimento da ESF so os elos permanentes entre todos os profissionais da equipe: mdicos, enfermeiros, tcnicos e os agentes comunitrios, e a relao destes com a comunidade.

    Informar, comunicar, educar... as mltiplas atribuies dos ACS

  • 48 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Acompanhando,anotando

    registrandoNas visitas domiciliares os agen-tes preenchem fichas que contm informaes sobre cada membro da famlia e suas condies de moradia. Est presente tambm na VD uma carac-terstica tpica desta atividade: os ACS tornam-se ouvintes de questes mais pessoais, algo considerado como forta-lecedor da relao deles com as famlias. Sendo assim, a orientao, a mobilizao, a compreenso, dentre outras, so carac-tersticas que fazem parte do trabalho dos agentes comunitrios.

    Na coleta de informaes sobre as fa-mlias, os agentes utilizam diversas fichas que fazem parte do sistema de informao para registro das aes da Ateno Bsica.

    Neste momento, h uma transio entre o SIAB e o novo sistema de informao, o e-SUS AB/SISAB, que ser concluda em junho de 2015, quando todas as equipes utilizaro apenas o e-SUS AB. Este novo Sistema apresenta algumas mudanas na forma de registro das informaes, tais como: dados individualizados, ou seja, de cada indivduo; registro por todos os pro-fissionais da equipe; alteraes nas infor-maes essenciais que devem ser coletadas. A depender da infraestrutura tecnolgica de cada UBS e municpio, o e-SUS AB poder ser utilizado de diversas formas. A mais comum a utilizao da Coleta de Dados Simplificada (CDS), em que os profissionais utilizam fichas em papel e

    Ficha A: preenchida nas primeiras visitas que o Agente Comunitrio de Sade (ACS) faz s famlias de sua comunidade. Deve ser preen-chida uma ficha por famlia.Ficha B: utilizada para o acom-panhamento domiciliar dos grupos prioritrios para monitoramento.Ficha C: uma cpia do Carto da Criana padronizado pelo Minist-rio da Sade, utilizado pelos diversos servios de sade nos municpios.Ficha D: utilizada por todos os profissionais da equipe de sade para o registro dirio das atividades e procedimentos realizados, alm da notificao de algumas doenas ou condies que so objeto de acom-panhamento sistemtico.

    posteriormente as digitam em um compu-tador. O ACS utiliza at 4 fichas: cadastro domiciliar, cadastro individual, atividade coletiva e visita domiciliar. O e-SUS AB tambm est disponvel como Pronturio Eletrnico do Cidado (PEC) para regis-tro dos atendimentos ou pode se integrar com pronturios prprios dos municpios.

    Para os municpios que ainda estejam utilizando o SIAB, as fichas a serem preen-chidas pelos agentes so as citadas abaixo:

  • Saiba mais sobre os novos sistemas de informao da Ateno bsica: http://dab.saude.gov.br/portaldab/esus.php

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 49

    O dia deRODAR O SIAB

    Tem um dia que a gente tem que ficar no computador. A tem desvio, eu tenho desvio de funes... Nesse dia do computador a gente abastece o SIAB, bota todas as informaes. Uma vez por semana, uma hora. E muitas das ve-zes no d para abastecer com todas as visitas domiciliares que voc fz. O pro-grama lento, a rede fica caindo. A tem que fazer o que puder, o que no puder deixa para a semana seguinte. Como est dando esse problema, a gente est fazendo no sistema antigo, no papel mesmo, e leva esses dados todos para a enfermeira. A enfermeira soma a da equipe toda, de todos os dados, e enca-minha para a CAP. A CAP manda para a secretaria. E a secretaria manda para o ministrio, que em cima desses dados que eles recebem todas as verbas.

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Tarefa apressada, tarefa estragada (provrbio popular)

    O SIAB e o SISAB so sistemas informatizados criados para o acompanhamento das aes e dos resultados das atividades realizadas pelas equipes de Ateno Bsica, apoiando as equipes e os gestores no planejamento e monitoramento das aes. Estes sistemas so como uma lente de aumento sobre o territrio, apresentando informaes sobre as famlias, condies de moradia e saneamento, situao de sade, produo e composio das equipes responsveis.

    No e-SUS AB/SISAB, possvel tambm captar informaes de pessoas em situao de rua e registrar se a Visita Domiciliar (VD) do ACS foi feita em conjunto com outros profissionais. Alm disso, a partir do preenchimento destes sistemas que se identifica a adeso a progra-mas, cujo financiamento realizado por meio de recursos repassados pelo Ministrio da Sade Ateno Bsica municipal. O ACS um ator mui-to importante na produo das informaes tanto do SIAB quanto do SISAB, por meio do cadastramento inicial e atualizao peridica das fichas. Em muitos municpios, tambm o ACS que alimenta o sistema, inserindo os dados diretamente no computador.

    Sistema de Informao da ou para a Ateno Bsica

  • a

    bre

    alas /

    Que eu qu

    ero passar

    Quem nunca escutou abre alas? Sua letra e melodia centenrias grudam na nossa memria, no ?

    Composta por uma mulher rebelde, frente de seu tempo Chiquinha Gonzaga foi a primeira msica feita exclusi-vamente para o Carnaval. At ento o que havia eram es-tribilhos populares, cantados nos dias de folia.

    Por volta de 1899, Chi-quinha morava no Andara, subrbio do Rio. Folies se concentravam no bairro, ponto de encontro de cordes. Um deles, o Rosa de Ouro, pediu--lhe uma msica para enrique-cer a festa e a compositora no se fez de rogada. A marcha fez tanto sucesso, que Chiquinha incluiu-a num espetculo de teatro de revista, sendo pio-neira tambm em levar para o salo o que era da rua.

    50 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

    Confira histrias do carnaval e de outras tradies da cultura brasileira no Almanaque Brasil de Cultura Popular em http://www.almanaquebrasil.com.br

    Para saber mais

  • Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 51

    A simbologiafloresdas

    Antrio ........................................................SeduoAzalia ..........................................................SorteAnglica ........................................Proteo angelicalBegnia ...................................................Felicidade

    Boca-de-leo ............................ Elevao espiritualBromlia ......................................... InspiraoCamlia ...............................................BelezaCopo de leite ............................... Reconciliao

    Cravo ..................................Afrodisaco e dinheiroCrisntemo .............................................HarmoniaDlia ................................................ CrescimentoFicus .......................................... Grandes decisesFlor-do-campo ..................................... JuventudeGrbera ........................................ Vida e energiaGirassol ................................ Sorte e companhiaGladolo..................................... RenascimentoHelicnia ....................................... Fertilidaderis ......................................Proteo divinaJasmin ........................................ ElegnciaLrio .............................................. PurezaLrio da paz ...................................... Paz

    Margarida ...............................InocnciaOrqudea ................................SeduoRom ................................ FertilidadeRosa vermelha ...........................PaixoRosa cor-de-rosa ........................Amor

    Rosa amarela ...................AdmiraoRosa branca ..Amizade e religiosidadeTulipa .............Declarao de amorVioleta ....................Autoestima

  • Sempre a gente se depara assim com

    situaes novas, na sade sempre modifica...

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Saber dizer no com carinho... Depois a gente

    explica por que, o que est acontecendo e a pessoa se d por satisfeita, porque eles querem na verdade ser bem atendidos

    ACS, Recife, PE

    Eu aprendi muito. Aprendi

    a observar, aprendi a escutar

    ACS, Rio de Janeiro, RJ

    Eu consegui me comunicar mais. Eu cresci como pessoa... Hoje

    em dia eu consigo me colocar na equipe, falar o que eu penso

    ACS, Porto Alegre, RS

    Conscientizao mesmo, porque ns podemos sim, se fizermos melhorando o nosso municpio, nosso Estado, juntos

    ACS, Recife, PE

    O saber do ACS:52 | Almanaque do Agente Comunitrio de Sade

  • Pense um pouco e escreva aqui o que voc aprende na sua prtica

    E seus colegas, o que pensam?

    o queeu aprendi?

    Almanaque do Agente Comunitrio de Sade | 53

  • Homens, mulheres e trabalho

    Cena 1# diferenas

    A sobrevivncia humana sempre foi res-ponsabilidade de todos. Entretanto, em tempos passados a diviso do trabalho foi determinada pelo uso da fora fsica pelos homens, pois vivamos em um mundo ameaador e peri-goso, e pelo papel reprodutivo das mulheres, que exigia maior presena feminina na vida domstica, para gerar,