Alma Infantil - B4 Editores infantil 01 capitulo.pdf · Os fios da sua teia Entre os galhos de um...
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Alma Infantil
Alma InfantilFrancisca Júlia
© desta edição - 2012 da B4 Kids – selo editorial de B4 EDITORES - Empresa do Grupo BOOKPartners. Revisão segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 2009
Diagramação: Sidnei V. Cordeiro Capa: Rodrigo Rojas Ilustrações: Vanessa Alexandre
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESindicato Nacional dos Editores de Livros - RJ
J89a
Júlia, Francisca Alma infantil / Francisca Júlia; [ilustrações Vanessa Alexandre]. - São Paulo : B4, 2012.
120p. : il. ; 23 cm
ISBN 978-85-65358-04-0
1. Poesia infantojuvenil brasileira. I. Título.
12-6398. CDD: 028.5 CDU: 087.5
04.09.12 19.09.12 038853
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ISBN 978-85-65358-04-0
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Impresso no Brasil – Printed in Brazil
Francisca Julia e Júlio da Silva
Alma Infantil
Versos para uso das escolas
(Recitativos, monólogos, diálogos, comédias escolares, brincos infantis, hinos)
2012
Í n d i c e
O ninho do beija-flor ............................................................................................ 07A aranha e a mosca ............................................................................................... 09 garoto e o mestre-escola .................................................................................... 12Crueldade de Joãozinho ...................................................................................... 14O relógio ................................................................................................................. 16Professora e discípulo ......................................................................................... 17Voz dos animais ..................................................................................................... 19O meu retrato ....................................................................................................... 24Horas melhores ..................................................................................................... 25A bela Corina .......................................................................................................... 26A menina feia ......................................................................................................... 28Caridade .................................................................................................................. 30O patinho ................................................................................................................ 32A boneca de Paulina .............................................................................................. 33O pão ........................................................................................................................ 35 Infância e velhice ................................................................................................. 37Exame escolar ....................................................................................................... 38A filha do carpinteiro ........................................................................................... 41Berceuse* da boneca ........................................................................................... 42presente de Mário ................................................................................................ 43guloso ....................................................................................................................... 46O dedinho de mamãe ............................................................................................ 47Mimi ......................................................................................................................... 49Bichano .................................................................................................................... 52O galo ....................................................................................................................... 54Ociosidade .............................................................................................................. 56Irmã Cecília ............................................................................................................ 57Aspirações .............................................................................................................. 58O ébrio .................................................................................................................... 59Joãozinho o medroso ........................................................................................... 60Visita maçadora ..................................................................................................... 62
Cinco anos ................................................................................................................67Deus ..........................................................................................................................69No circo de cavalinhos ..........................................................................................70O relógio da torre .................................................................................................73Manhã de inverno ...................................................................................................75Paula ..........................................................................................................................76Primavera .................................................................................................................77As duas sábias ........................................................................................................78Passarinho imprudente .........................................................................................83A boneca sensata ...................................................................................................85Rosinha e o mendigo ..............................................................................................87Utilidade da chuva .................................................................................................88Dia de chuva ............................................................................................................90O tambor e a campainha .......................................................................................92Visita de cerimônia ................................................................................................94Na ausência da professora ..................................................................................98As duas bonecas .....................................................................................................102
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O NiNhO dO Beija-FlOr
Edméa, certa manhã, Indo ao pomar, sorrateira, Para colher à macieira A apetecida maçã,
Entre dois galhos franzinosOcultos, viu — que primor!Um ninho de beija-florCom dois ovos pequeninos.
Chegou-se mais para o ver,E, porque não visse aindaCoisa tão fina e tão linda,Bateu palmas de prazer.
Nada de certo há que excedaEm primor e perfeiçãoA esse ninho de algodãoForrado de paina e seda.
Mal ocultos no frouxelOs ovos olha e examina:Têm a casquinha tão finaComo a uva moscatel.
Que vivo desejo a abrasaDe o ninho poder furtar!Mas deixa-o em seu lugarE volta enfim para casa.
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“Se o furtar, — pensa — que dor,Que angustiosa agoniaHá de sofrer todo o diaO pobre do beija-flor!”.
E foi-se, deixando o ninho,Sem de leve lhe tocar,Naquele mesmo lugarOnde o fez o passarinho.
Assim procede o cristãoQue dos seus atos se preza.E Edméa, a par da beleza,Tem muito bom coração.
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a araNha e a MOsca
Uma aranha, a muito custo,Com cuidado tece e enleiaOs fios da sua teiaEntre os galhos de um arbusto.
Da teia fina entre as pautasOculta a um canto se ajeitaE fica encolhida à espreitaDas borboletas incautas.
Parece a teia um adornoEntre os dois galhos tecido;Um besouro, num zumbido,Anda revoando-lhe em torno.
Pensa a aranha: “A presa é boa”.E o besouro descuidadoQuase às vezes é apanhado,Mas bate as asas e voa.
Pousada num galho, acima,A mosca esperta acompanhaCom a vista os gestos da aranha,Mas dela não se aproxima.
A mosca é velha, e, à cautela,Diz estas coisas consigo:“Aquela aranha é um perigo,Não me chego perto dela”.
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Receosa da armadilha,Soltando o voo, abre a asaE volta depressa à casaA prevenir sua filha;
E à filha diz que receia, Receia muito essa aranhaQue as pobres moscas apanhaNos fios da sua teia.
“— Não vás lá, filha querida,Quem te fala e te aconselhaSou eu, que sou mosca velha.Não vás lá, que estás perdida”.
Dado o conselho, anunciaQue em voo ligeiro parteA buscar em outra parteO sustento do seu dia.
Pensa porém a mosquinhaPossuir também olho espertoQuer ver a aranha de perto,E da teia se avizinha.
— Que linda casa em que vivesDiz ela. “Parece louraNo raio de sol que a dotara,Parece uma obra de ourives!
“Minha casa é sem abrigo,De construção muito toscaPalavra de honra de mosca,Quisera viver contigo!
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“Creio bem que não te negasA viver em sociedadeCom a minha estreita amizadeComo excelentes colegas”.
Curiosa, em voo erradio,Vencida enfim de quebranto,Ela aproxima-se tantoQue prende as patas num fio.
A aranha então, num disfarce,Atira o laço em que enroscaAs seis perninhas da mosca,Que tenta em vão escapar-se.
Presas as patas, vencida,Triste, enquanto a morte espera,Lembra-lhe o que a mãe dissera,Chorando de arrependida:
“Foge da aranha, filhinha,Quem te fala e te aconselhaSou eu, que sou mosca velha,Infortunada mosquinha!
Se é inútil o teu intento,Se é baldado o teu esforço,Que vale agora o remorso?Que vale o arrependimento?
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O GarOtO e O Mestre-escOla
A mãe de Alfredo sofriaDissabores e torturasPor causa das travessurasQue ele fazia.
Sujo, magro, o fato roto,Ignorante e analfabeto,Ele era um tipo completoDo mau garoto.
Era de índole travessa,De gostos ruins e caprichosDeixava até nascer bichosPela cabeça.
Pronto sempre a dar esmola,De olhos meigos e alma boa,Que delicada pessoaO mestre-escola!
Pelas ruas da cidade,Todo trêmulo, o bom velhoSó distribuía conselhoE caridade.
Aos ricos, de grande aspecto,Ou à pobre e humilde gente,A todos dava igualmenteO seu afeto.
Alegre, risonha a face,Andava com o passo incerto.Ninguém havia decertoQue o não amasse.
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Porém Alfredo, que andavaEnchendo a mãe de amargurasPelas muitas travessurasQue praticava,
Na rua, um dia, se atreveA enfiar debaixo da golaDo fraque do mestre-escolaUm rabo-leve.
Por causa de tal gracejoO velho, num gesto amigo,Deu-lhe o devido castigo,Dando-lhe um beijo.
Desde então o valdevinos*,O vadio transformou-se,De mau que era, no mais doceDos meninos.
*Pessoa que não gosta de trabalhar, boêmio, pilantra.
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crueldade de jOãOziNhO
Para que a turma dos demais o aplauda,Logo ao sair da escola o mau JoãozinhoPrende uma pedra à caudaDe um pobre cachorrinho.
E protestando, a rir, contra o socorroQue os meninos ao cão querem levar,Escorraça o cachorro,Que se põe a gritar.
E de dor a gritar, corre e dispara;Mas um homem que passa, a muito custoCerca o animal, que para,Todo a tremer de susto.
Tira-lhe a pedra, e, enquanto o pequeninoCão ali fica a olhar, calmo e feliz,Ao perverso meninoEstas palavras diz:
“Quem maltrata animais, meu filho, e gozaCom estas dores alheias,Pratica uma ação feia e criminosaComo as mais criminosas e mais feias.
“Só maltrata animais essa má genteQue é perversa e feroz;O animal, como nós, as dores sente,Ou mais talvez do que as sentimos nós.
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“Ouve: disse uma vez santo Agostinho,Que à terra veio a consolar as dores,Que os animais, filhinho,São os nossos irmãos inferiores.
“Por isso não devemos maltratá-losPor dever de cristãos,Ames, porém, dai-lhes carinho e amai-osComo nossos irmãos”.