ALLIEZ, E. Deleuze, Filosofia Virtual

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I Eric . Ali iez o L uz_ FILOSO A VI · TUA_ Traduç . ão Heloisa B.S. Roch1a

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ALLIEZ, E. Deleuze, Filosofia Virtual

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    Eric . Ali iez

    o L uz_ FILOSO A VI TUA_ Tradu.o Heloisa B.S. Roch1a

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    ric Alliez

    DELEUZEFILOSOFIAVIRTUAL

    TraduoHeloisa B.S. Rocha

    coleo TRANS

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    EDITORA 34

    Distribuio pela Cdice Comrcio Distribuio e Casa Editorial Ltda.R. Simes Pinto, 120 Tel. (011) 240-8033 So Paulo - SP 04356-100

    Copyright 34 Literatura S/C Ltda. (edio brasileira), 1996Deleuze philosophie virtuelle Les Empcheurs de penser en rond, d.Synthlabo, 1996LActuel et le virtuel d. Flammarion, 1996 (autorizao especial paraessa edio, lanada por ocasio dos Encontros Internacionais GillesDeleuze, Rio de Janeiro/So Paulo, 10 a 14 de junho de 1996, organiza-dos pelo Colgio Internacional de Estudos Filosficos Transdisciplinares)Agradecimentos: Claire Parnet

    A FOTOCPIA DE QUALQUER FOLHA DESTE LIVRO ILEGAL, E CONFIGURA UMAAPROPRIAO INDEVIDA DOS DIREITOS INTELECTUAIS E PATRIMONIAIS DO AUTOR.

    Ttulo original:Deleuze philosophie virtuelle

    Capa, projeto grfico e editorao eletrnica:Bracher & Malta Produo Grfica

    Reviso tcnica:Luiz Orlandi

    1 Edio - 1996

    34 Literatura S/C Ltda.R. Hungria, 592 Jd. Europa CEP 01455-000So Paulo - SP Tel./Fax (011) 816-6777

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Alliez, ricDeleuze filosofia virtual / ric Alliez ; traduo

    de Heloisa B.S. Rocha So Paulo : Ed. 34, 199680 p. (Coleo TRANS)

    Traduo de : Deleuze philosophie virtuelle

    ISBN 85-7326-029-7

    1. Filosofia. I. Deleuze, Gilles. II. Ttulo.III. Srie.

    96-0138 CDD - 1(44)

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    DELEUZEFILOSOFIAVIRTUAL

    ric AlliezDeleuze filosofia virtual ................................. 7

    Anexos:

    Gilles DeleuzeO atual e o virtual .......................................... 47

    Obras de Gilles Deleuze (1925-1995) ............ 59

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    ric Alliez

    DELEUZEFILOSOFIAVIRTUAL

    In memoriam*

    * Verso modificada da palestra que encerrou a homena-gem organizada pelo Colgio Internacional de Estudos Filosfi-cos Transdisciplinares em 5 de dezembro de 1995, no Rio de Ja-neiro (Centro Cultural Banco do Brasil): Gilles Deleuze: umavida filosfica.

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    No se perguntar o que os princpios so,mas o que eles fazem.

    Gilles DELEUZE

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    O que pretendo aqui fazer, sumariamente, mon-tar e desmontar um paradoxo com o qual de um modoou de outro se haver defrontado todo leitor, amadorou experimentado, de Gilles Deleuze. Pois se incon-testvel que os estudos monogrficos sobre Hume,Bergson, Nietzsche, Kant ou Espinosa propem umaverdadeira gnese do pensamento deleuziano, no menos verdade que a relao de duplicao que De-leuze haver mantido com a histria da filosofia vero Prlogo sempre citado de Diffrence et rptition:Seria preciso que a resenha em histria da filosofiaatuasse como um verdadeiro duplo, e que comportassea modificao mxima prpria do duplo acabapor semear confuso, no sobre a identidade filosfi-ca de seu pensamento (uma filosofia da diferena,segundo a definio mais genrica; ou, mais rigorosa-mente, uma filosofia do acontecimento), mas quan-to prtica e realidade dessa filosofia que no temde resto outra questo que no a do pensamento e dasimagens do pensamento que a animam.

    com base nesse paradoxo e nessa dificuldade queentendo a concluso de Roberto Machado no livro que

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    consagra a Deleuze e a filosofia: Mais do que anun-ciar um novo pensamento, ela uma suma de pensa-mentos que relaciona por expressarem, em maior oumenor grau, a diferena1. Vocs j podem imaginar,por transparncia e diferena, qual ser a questo queeu gostaria ao menos de levantar esta noite: sob quecondies possvel afirmar que o discurso indiretolivre a que recorre Deleuze para constituir o espaodiferencial de sua obra como um muro de pedraslivres, no cimentadas, onde cada elemento vale porsi mesmo, e todavia em relao aos outros ou umpatchwork de continuao infinita, de ligao mlti-pla (Bartleby ou la formule) criador de umpensamento novo e de uma nova imagem do pensamen-to: o deleuzismo?

    Duas opes so a meu ver possveis.A primeira, terica, consiste em instalar-se num

    plano definido em extenso por Mille plateaux e emintenso por Quest-ce que la philosophie?, e em situar-se em posio de sobrancear as monografias. Mas, nofundo, por que se esmerar em reconstituir a equaoem todos os seus supostos termos se o resultado mos-tra com clareza que se est lidando com uma multipli-cidade qualitativa e contnua e no com uma somade pensamentos cuja medida seria fornecida pelo n-mero de elementos que contm? Situao bergsonia-na que experimentei em La signature du monde, ouquest-ce que la philosophie de Deleuze et Guattari?

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    A segunda, prtica ou emprica, consiste em apreen-der nas monografias filosficas aquilo que Deleuze nofaz voltar nem seleciona como puros estados intensi-vos da fora annima do pensamento seno para afir-mar a transmutao da filosofia enquanto tal. Quandoem nome da an-rquica diferena a filosofia empreen-de a excluso de todos os princpios transcendentes quepode haver encontrado em sua histria para se adap-tar s Formas de Deus, do Mundo e do Eu [Moi]a (cen-tro, esfera e crculo: trplice condio para no se po-der pensar o acontecimento2); quando a filosofia afir-ma a imanncia como a nica condio que lhe permitere-criar seus conceitos como as prprias coisas, masas coisas em estado livre e selvagem, para alm dospredicados antropolgicos.

    J nesse nvel, o que haveria de novo em Deleuzeseria que a radicalidade especulativa de sua ontologiadetermina nessa linha sem contorno (ou linha de fuga)a possibilidade de um materialismo filosfico enfim re-volucionrio. Um Ideal-materialismo do acontecimentopuro, indefinidamente mltiplo e singularmente univer-sal, nas palavras de Foucault que se aplicam perfei-tamente a essas filosofias postas-em-devir por Deleuze?Pensamento-Acontecimento ou, atravs de Nietzschee Bergson enfim reunidos, criao de pensamentoque procede por virtualizao. E tudo indica que se po-deria qualificar desta maneira o movimento de des-substanciao e de problematizao da histria dafilosofia operado por Deleuze sob o nome de desterri-

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    torializao, se virtualizar, como o indica Pierre Lvy,consiste antes de tudo em transformar a atualidadeinicial em caso particular de uma problemtica maisgeral, sobre a qual doravante colocado o acento on-tolgico. Isso fazendo, a virtualizao fluidifica as dis-tines institudas, aumenta os graus de liberdade, cavaum vazio motor.... Tudo se passando como se a des-territorializao deleuziana elevasse os autores po-tncia de flutuantes ns de acontecimentos em inter-face recproca e reciprocamente envolvidos num ni-co e mesmo plano de imanncia3. Tantos autores, tan-tos agenciamentos suscetveis de se atualizarem nas fi-guras e nas questes as mais diversas: da filosofia comoarte dos agenciamentos de que dependem os princ-pios (e no o inverso...), criao problematizante quecoincide com a emergncia do novo, que no tem porsujeito seno o virtual, cujo ato no seno um com-plemento ou um produto.

    (Essa iluminao da questo do novo pela noode virtual autorizada por um texto pstumo intitu-lado LActuel et le virtuel, publicado em anexo presente edio.)

    A optar por este segundo mtodo, em que se tratamenos de potencializar as filosofias (formalizando-as)do que de virtualiz-las (e atualiz-las), consoante umatroca perptua entre o virtual e o atual que define oplano de imanncia enquanto tal, dever-se- necessa-riamente partir, por razes que no so apenas de cro-nologia, do encontro de Deleuze com o empirismo.

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    Afinal, como o faria um autor de science-fiction, o em-pirista no trata precisamente o conceito como obje-to de um encontro, como um aqui-e-agora, ou antes co-mo um Erewhon de onde saem, inesgotveis, os aquie os agora sempre novos, diversamente distribudos conforme escreve Deleuze no mesmo Prlogo? OEmpirista, ou o grande Experimentador.

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    Ora, Empirisme et subjectivit. Essai sur la naturehumaine selon Hume, publicado em 1953 (o agencia-mento-Hume, breve se ler) d efetivamente incio pesquisa por aquilo que Deleuze descobre no empi-rismo: uma filosofia da experincia que valha imedia-tamente, e no mesmo movimento, pelo ponto de vistaimanente que pe em jogo (o do associacionismo), co-mo crtica das metafsicas da conscincia e das filoso-fias do objeto (fenomenologia e formalismo lgico, in-clusive) enquanto crtica da representao. Pois asrepresentaes no podem apresentar as relaes atra-vs das quais o sujeito se constitui num dado que no outro seno o fluxo do sensvel como conjunto daspercepes irredutvel a um estado de coisas e conjun-o das relaes exteriores a seus termos. Assim, sechamamos experincia reunio das percepes dis-tintas, devemos reconhecer que as relaes no derivamda experincia; elas so o efeito dos princpios de as-sociao (...) que, na experincia, constituem um su-jeito capaz de ultrapassar a experincia. portanto

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    num mundo de exterioridade mundo onde o pr-prio pensamento tem uma relao fundamental com oFora, destacar Deleuze em seu artigo Hume, es-crito uns vinte anos mais tarde , que no ignora umcerto carter transcendental da sensibilidade, que oser se iguala ao aparecer para uma subjetividade deessncia prtica... Nem terica (em posio de funda-mento ou de representante) nem psicolgica (em situa-o de interioridade representada), esta ltima se de-fine por e em um movimento de subjetivao cujo agen-ciamento de crenas e de paixes, fora de qualquertranscendncia (do sujeito ou do objeto), de ajuste daimanncia em relao ao devir num continuum de in-tensidades que compe o fluxo intensivo da correntede conscincia e remete intensidade da idia na cor-rente de pensamento4.

    Por haver assim enfrentado o paradoxo das rela-es, em lugar de reduzi-lo forma de interioridadedo juzo de atribuio, e por haver desse modo ex-plorado o campo da empiria (esse mundo aparente-mente fictcio que de fato o nosso...), partindo sem-pre de situaes muito concretas, a filosofia empiristapode ser concebida como um protesto vital contra osprincpios (Dialogues, com Claire Parnet), alternan-do exerccio de fices e prtica de artifcios. Uma es-pcie de popfilosofia avant la lettre selando a gran-de converso da teoria prtica, transformando ateoria em enqute.

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    PROPOSIO I: A filosofia deve constituir-se comoteoria do que fazemos, no como a teoria do que , poiso pensamento s diz o que ao dizer o que faz: re-cons-truir a imanncia substituindo as unidades abstrataspor multiplicidades concretas, o de unificao peloE enquanto processo ou devir (uma multiplicidade paracada coisa, um mundo de fragmentos no-totalizveiscomunicando-se atravs de relaes exteriores).

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    O trabalho sobre Bergson realizado aps a publi-cao de Empirisme et subjectivit, com os dois arti-gos publicados em 1956 (Bergson e La conceptionde la diffrence chez Bergson) sistematizados dez anosmais tarde em Le bergsonisme (1966) e no Bergson,assim como houve um Nietzsche, um Spinoza, um Fou-cault, um Leibniz... (e tambm um Kant, ao qual sere-mos levados a voltar) , destina-se a pensar a ques-to do Monismo como afirmao vitalista da Diferenana irredutvel multiplicidade do devir. Pois a igualda-de entre o ser e a diferena s ser exata se diferenafor diferenao, isto , processo e criao, individua-o como processo (lan vital); e se, a partir de umvirtual que, sem ser atual, possui enquanto tal umarealidade intensiva (quantidade intensiva abstrata) do-tada de uma potncia de singularizao por pontosrelevantes, atingir-se a essncia pura de um Tempo nocronolgico. ( o presente que passa, que define oatual, implica indivduos j constitudos; mas novirtual que o passado se conserva.) Tempo-potncia

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    contra Estado-dos-lugares, a distino entre o virtuale o atual corresponde ciso mais fundamental doTempo. Estabelecendo uma relao de imanncia dovirtual com sua atualizao, isto , uma maneira decristalizao entre o virtual e o atual quando no hmais limite identificvel entre os dois, surge a imagem-cristal, o cristal de tempo descoberto por Deleuze nocerne da criao cinematogrfica, na imagem da Damade Xangai...

    Fundado numa crtica categoria de possvel queretrojeta sobre si mesma um real todo feito e pr-for-mado, e de um s lance opera uma crtica soberaniado negativo e oposio dialtica como falso movimen-to, o vitalismo bergsoniano investido de modo a per-mitir afirmar a existncia de um inconsciente ontol-gico diferencial cujo volume cnico obtura qualquerdualismo entre sensvel e inteligvel, matria e durao.A Durao difere da matria por ser antes de tudoaquilo que difere de si, de modo que a matria de quedifere ainda durao: a matria o grau mais bai-xo da diferena (como a distenso face contrao, ouo atual face ao virtual).

    toda a dimenso bergsoniana da frmula propostapor Deleuze: pluralismo = monismo, que s adquiresentido concebendo-se a multiplicidade como um ver-dadeiro substantivo, situado aqum da oposio dia-ltica entre o um e o mltiplo, que foi substituda peladiferena entre os dois tipos de multiplicidade: a mul-tiplicidade numrica, material e atual, multiplicidade

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    distinta que implica o espao como uma de suas condi-es, devendo tambm ser explicado a partir dela (Rie-mann); e a multiplicidade qualitativa que implica a du-rao enquanto coexistncia virtual do um e do mltiplo,nem um nem mltiplo, uma multiplicidade... E Deleuzeno cessar de voltar revoluo introduzida por Berg-son no segundo captulo do Essai sur les donnes im-mdiates de la conscience, onde a polaridade espao-durao no introduzida seno em funo do temaanterior e mais profundo das duas multiplicidades, quan-do se trata de reportar a pura durao idia de umaheterogeneidade pura. Diferenado [Diffrenti] semser diferenciado [diffrenci], diferena interna dife-rencial [diffrentielle] em si mesma e diferenciadora [dif-frenciatrice] em seu efeito: este complexo que ser de-signado pelo nome de diferen ao im-pe a virtualida-de como objeto mesmo da teoria onde a prxis se deveinstalar para promover um sujeito sempre nmade, fei-to de individuaes, mas impessoais, ou de singularida-des, mas pr-individuais.

    Com o que, Deleuze pde reconhecer-se num cer-to estruturalismo ( o princpio da resposta questo quoi reconnat-on le structuralisme?: pela estru-tura como virtualidade, multiplicidade de coexistnciasvirtuais efetuando-se em ritmos diversos consoante umtempo de atualizao multi-serial...), antes de denun-ciar sua incapacidade de dar conta de uma realidadeprpria ao devir num texto posterior de Mille plateaux:Souvenirs dun bergsonien.

    ci

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    Pois a partir de seus estudos bergsonianos5 queDeleuze pode opor sedentariedade da individuaonumrica a insistncia nmade do virtual no atual, purodinamismo espao-temporal destinado a nos permitirapreender o mundo em seu carter ideal de aconteci-mento [vnementialit idelle] e a experincia real emtodas as suas particularidades (heterognese). Da umasegunda proposio que resume esse naturalismo ex-perimental para o qual a filosofia se confunde com aontologia, pelo qual a ontologia se funde na univo-cidade do ser (segundo as famosas frmulas de Logiquedu sens).

    PROPOSIO II: A filosofia indissocivel de umateoria das multiplicidades intensivas medida que aintuio enquanto mtodo um mtodo antidialticode busca e de afirmao da diferena no jogo do atuale do virtual.

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    *

    Descoberta simultnea de Bergson e de Nietzsche,Nietzsche ou o Retorno da diferena que iria permitira Deleuze avanar na explorao do elemento prticoda diferena enquanto afirmao ontolgica elevada asua mais alta potncia no campo diferencial das for-as, do sentido e do valor. Com Nietzsche et la philo-sophie (1962), uma vez estabelecido que o sentido noaparece seno na relao da coisa com a fora de queela o signo (e todo signo, nesse sentido, exige avalia-o dentro de uma lgica das foras: a fora afirma-o de um ponto de vista6), o ser da diferena enquan-to tal, da diferena livre de qualquer forma de interio-ridade (da alma, da essncia ou do conceito), que se vafirmado na doutrina do Eterno Retorno. Por haverinvestido a vontade como elemento diferencial da for-a, o Eterno Retorno liberta-se da curvatura do crculopara no mais fazer voltar seno aquilo que afirma ou afirmado. Substituto inesperado da lembrana purabergsoniana, na alegria do devir-ativo voltar o serda diferena que exclui todo o negativo, inclui todo

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    o singular. O ser como vivente, a volta da diferenacomo forma de experincia vital quando a seleo noincide mais sobre a pretenso mas sobre a potncia(segundo a frmula definitiva de Plato, os gregos modstia da potncia, em oposio pretenso dosRivais...). Pois se Nietzsche denuncia como ningumantes todas as mistificaes que desfiguram a filosofiae desviam o pensamento da afirmao da vida (do idealasctico ao ideal moral, do ideal moral ao ideal do co-nhecimento, com o humanismo como a mais profun-da e a mais superficial das mistificaes: o homem su-perior, o homem verdico, prodigiosa cadeia de fals-rios...), porque ele haver sido o primeiro a ousarinscrever num corpo a relao com o fora como campode foras e de intensidades: o corpo da Terra, o cor-po do livro, o corpo de Nietzsche sofrendo voltandoem todos os nomes da histria (Pense nomade) isto , meu prprio corpo medida que ele no Car-ne e no tem mais Eu no centro, Corpo sem rgos...

    PROPOSIO III: Se a afirmao do mltiplo aproposio especulativa e a alegria do diverso a pro-posio prtica, preciso afirmar a filosofia como essepensamento nmade que cria conceitos como manei-ras de ser e modos de existncia.

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    *

    Com Spinoza et le problme de lexpression (1968)e as inmeras retomadas a que Espinosa deu lugar (Spi-noza [1970]; Spinoza. Philosophie pratique [1981];Sur Spinoza, de Dialogues [1977] e de Pourparlers[1990]; Souvenirs /dun spinoziste, mas tambmComment se faire un Corps sans Organes, em Milleplateaux [1980], pois afinal o grande livro sobre oCsO no seria a tica?; Quest-ce que la philosophie?[1991], onde a Espinosa outorgado o ttulo de prn-cipe da filosofia, prncipe da imanncia...; Spinozaet les trois thiques, onde se consuma Critique et clini-que [1993]), chega-se celebrao da grande identida-de Nietzsche-Espinosa, para a qual tudo tendia. que Espinosa desenvolve essa mesma passagem, reaber-ta a golpes de martelo por Nietzsche, prpria a ligar aontologia bergsoniana, o bergsonismo de Deleuze, auma tica da expresso como atividade constitutiva doser7, estabelecimento e construo de um plano comumde imanncia. Pois ele a um s tempo plenamenteplano de imanncia, e contudo deve ser construdo,para que se viva de uma maneira espinosista.

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    A tomar Espinosa assim pelo meio (ns no meiode Espinosa, diz Deleuze), logo se percebe que ele en-carna o perigo filosfico extremo, da imanncia e daunivocidade absolutas, porque possui a frmula maissimples, a frmula que consuma a filosofia, exalandob

    o no-filosfico: imanncia da expresso naquilo quese exprime, e do que se exprime na expresso8. Quandoa potncia do ser volta no conatus como potncia depensar porque o interior no mais que um exteriorselecionado e o exterior um interior projetado... Quandoa potncia de pensar se define pelos afectos que capazde produzir para individuar a vida que a compreende eexplicar o desejo de que inseparvel como poten-cial e acontecimento. Da os conceitos filosficos, aomodo das noes comuns espinosistas, serem sus-cetveis de uma avaliao biolgica que remete em lti-ma anlise ao corpo como modelo e aos poderes deafetar e de ser afetado que caracterizam cada coisa noPlano de Vida. Em toda a face da Natureza um nicoAnimal abstrato, infinitamente varivel e transformvel(os afectos so devires), para todos os agenciamentosque o efetuam e para todos os conceitos que o exprimem.

    PROPOSIO IV: tica do Ser-Pensamento, tica dasrelaes que opem as potncias da vida s doutrinasdo juzo, a filosofia uma onto-etologia medida queseus conceitos formam mundos possveis e acontecimen-tos presos no movimento de um infinito virtual-real.

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    vista da progressiva instalao desse Quadrante, dfcil perceber o sentido do trabalho sobre Kant, como livro de 1963 (La philosophie critique de Kant) e suaretomada no mnimo inesperada no artigo de 1986:Sur quatre formules potiques qui pourraient rsumerla philosophie kantienne (retomado em Critique etclinique). Ao falar sobre ele, Deleuze o faz para preci-sar t-lo concebido como um livro sobre um inimigoque se tenta mostrar como funciona, quais so suasengrenagens..., uma vez dito que mesmo Kant, quandodenuncia o uso transcendente das snteses, levado aerigir um plano de imanncia, ainda que se atenha experincia possvel e no experimentao real (cf.Pourparlers). A crtica, desenvolvida em Diffrence etrptition e retomada em Logique du sens, consiste emmostrar que Kant no faz o que diz nem diz o que faz, medida que se contenta em decalcar dos caracteresdo emprico o transcendental; fracassa assim em pro-duzir uma verdadeira gnese que ultrapasse o plano darepresentao, condio da experincia possvel de um

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    real j individuado, que no concebe o diverso senoaprisionado na unidade a priori do sujeito e do obje-to. Mas a rede to frouxa que por ela passam osmaiores peixes, pois essas categorias so a um s tem-po demasiado gerais e excessivamente individuais parao sensvel. Ser assim preciso mergulhar na matria dasensibilidade para dela extrair o carter transcenden-tal e conferir esttica transcendental um estatuto real e no mais apenas formal, enquanto as sensaesestiverem ligadas forma a priori de sua representa-o , liberando o jogo das singularidades de um tem-po submetido ao primado das categorias da conscin-cia...9 Reencontramos aqui a cronologia bergsonianaque margeia, a montante e a jusante, A filosofia crti-ca de Kant.

    Sucede que a crtica a Kant introduz uma dimen-so nova na histria da filosofia deleuziana, desenvol-vendo uma funo de contra-efetuao na qual se veminscrever a posio problemtica da modernidade.

    Em duplo nvel. antes de tudo o livro sobre Kant que porta o

    subttulo Doutrina das faculdades, e que investe a Cr-tica do juzo de modo a mostrar que s o senso comumesttico pode ser objeto de uma gnese propriamentetranscendental, medida que ele manifesta a existn-cia de um acordo livre e indeterminado entre as facul-dades, e que este ltimo forma o fundo vivo pressu-posto por todo acordo determinado, sob uma faculdadedeterminante e legisladora (entendimento: senso co-

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    mum lgico; razo: senso comum moral). Com isso,o senso comum esttico no completa os dois outros;ele os funda ou torna-os possveis, ultrapassando abela forma, ligando-se matria empregada pela na-tureza para produzir o belo, uma matria fluida e cris-talina que duplica a esttica formal do gosto por umameta-esttica material. O romantismo kantiano se-ria assim portador de uma revoluo copernicana bemoutra que no a clssica submisso do objeto qual-quer ao sujeito (do senso comum) lgico, revoluoprpria para, numa relao de imanncia radical, in-vestir o ser mesmo do sensvel como questo que estem jogo num empirismo transcendental sob a for-ma de uma nova esttica transcendental. Dito ainda deoutro modo, em estilo to caracterstico: juzo deter-minante e juzo de reflexo no so como duas esp-cies do mesmo gnero. O juzo de reflexo manifestaum fundo que permanecia oculto no outro. Mas o ou-tro, j ento, no era juzo seno por esse fundo vivo.

    Com o artigo sobre as quatro frmulas poticasque poderiam resumir a filosofia kantiana, Deleuzeno se prope mais a restituir as linhas de fora cons-titutivas da elaborao textual do mtodo transcen-dental, porm, mais radicalmente, a submeter o pen-samento kantiano heterognese de seu impensado afim de arrast-lo em direo a um fora explorado emoutra parte em termos de capitalismo e esquizofrenia(conforme o ttulo geral de LAnti-dipe e de Milleplateaux).

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    Quatro grandes reverses podem ento ser defi-nidas:

    1. reverso do tempo em relao aos movimentoscardeais do mundo, com o tempo out of joint que sedescobre pura ordem do tempo como tempo da cidadee nada mais;

    2. reverso do tempo em relao ao movimentointensivo da alma, com a descoberta da linha do tem-po [fil du temps] que no cessa de reportar o Eu aoEuc sob a condio de uma diferena fundamental:Eu um outro ou o paradoxo do sentido interno,quando a loucura do sujeito corresponde ao tempofora dos eixos;

    3. reverso da Lei, elevada a sua unicidade pura evazia, em relao ao Bem, que nos anuncia o tempokafkiano do julgamento diferido e da dvida infinita;

    4. estabelecimento de uma esttica do belo e do su-blime que nos prope um exerccio nos limites das facul-dades, de desregramento de todos os sentidos, paraformar estranhas combinaes como fontes do tempo...

    Quando a histria da filosofia se faz experincia-de-pensamento de um tempo situado sob o signo deseus elementos de curvatura, de declinao, de inflexo,de bifurcao criadora... quando o antes e o depoisno indicam mais do que uma ordem de superposi-es, e por conseguinte se levado a considerar, noponto de uma imagem moderna do pensamento, o tem-po da filosofia e a filosofia do tempo mais do que ahistria da filosofia.

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    ESCLIO I: De um ponto de vista filosfico, a his-tria da filosofia s vale medida que comea a intro-duzir tempo filosfico no tempo da histria. Questode devires que extraem a histria de si mesma, hist-ria universal de um princpio de razo contingente, elapoder assim ser concebida como o meio onde se nego-cia o cruzamento necessrio da filosofia com a histriatout court, todavia tambm com as cincias e as artes.

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    *

    Desdobrando o Pensamento-mundo de uma filo-sofia transcendental leibniziana que se volta para oacontecimento mais do que para o fenmeno, substi-tui o condicionamento kantiano por uma dupla ope-rao de atualizao e de realizao transcendentais(animismo e materialismo), o ltimo livro de Deleuzevoltado para um filsofo, Le pli. Leibniz et le baroque(1989), dele fornece a impecvel maneira. Mas comopensar o acontecimento a que est associado o nomede Leibniz a saber, uma teoria do singular comoacontecimento, assegurando a interioridade do conceitoe do indivduo, assumindo o conceito como um sermetafsico que participa de um mundo cujas relaesso todas elas internas (a monadologia): e algo do per-curso de Deleuze na histria da filosofia a partir doempirismo se fecha aqui, um fecho ou uma dobra quefar do prximo livro a narrao em estilo direto doser-mundo da filosofia (uma nomadologia) , comoentrar no universo leibniziano sem refazer o gesto ma-terial que liberou as mquinas barrocas (a dobra que

  • 34 ric Alliez

    vai ao infinito), sem restituir o ato operatrio que soubedefinir seu ponto de ineso propriamente metafsico eque constitui a contribuio do leibnizianismo para afilosofia (o paradigma da dobra como mtodo orga-nicista de elevao do pensamento ao infinito do jogolabirntico do mundo)? Sem reviver as npcias do con-ceito e da singularidade e reencontrar todo um berg-sonismo como presente entre os temas de Leibniz nafrmula Omnis in unum? portanto num mesmo mo-vimento que se poder ver o quanto Leibniz partici-pa desse mundo [barroco], ao qual oferece a filosofiaque faltava, e que se poder dobrar o texto leibnizianoa fim de envolv-lo em nosso mundo catico constitu-do de sries divergentes que no mais se resolvem emacordos (caosmos: o jogo que diverge). Compor umnovo Barroco...

    Dobra sobre dobra, um neoleibnizianismo revela-se assim como endereamento da imagem moderna dopensamento em seus processos de compossibilitaodas mais radicais heterogeneidades. Ou seja, a afirma-o de um leibnizianismo virtual que implica o leibni-zianismo real como sua verso restrita ltima tenta-tiva de reconstituir uma razo clssica... em um novotipo de narrativa onde (...) a descrio toma o lugar doobjeto, o conceito torna-se narrativo, e o sujeito, pon-to de vista, sujeito de enunciao.

    Adquire aqui todo seu sentido a observao deAlain Badiou, segundo a qual essa definio do bar-roco se aplica maravilhosamente maneira deleuzia-

  • 35Deleuze Filosofia Virtual

    na, em sua potncia de narrao em que todo Sujeitose resolve, em prol da Assinatura do mundo Leibniz-(Bergson)-Deleuze10.

    ESCLIO 2: No h histria filosfica da filosofiasem que se desenvolvam as filosofias virtuais que dra-matizam um jogo de conceitos como expresso do jo-go do mundo. Ela no tem tal ou qual filosofia comoobjeto, mas ponto de vista, pura efetividade que com-preende sua efetuao real, (trans-)histrica, como ainflexo primeira e a dobradura original de uma idea-lidade em si mesma inseparvel de uma variao infi-nita. Tal o fundamento do perspectivismo deleuziano:a Dobra como operador do Mltiplo, que do pontodessa imanncia singulariza a individuao do pensa-mento em cada uma das dobras do mundo.

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    * * *

    Como uma aranha sempre refazendo sua teia, De-leuze extrai, seleciona de cada um de seus filsofosum universo virtual de conceitos que dobra sobre ummundo real de foras, de maneira que eles constitui-ro os nicos sujeitosd de sua filosofia (princpio al-trusta de toda leitura generosa, j que nunca se tobem servido quanto por seus outros), destinados a se-rem investidos como heternimos, intercessores, per-sonagens conceituais que entram em ressonncia numteatro multiplicado onde a dana das mscaras leva apotncia do falso a um grau que se efetua no maisna forma ( o falsrio) mas na transformao: Mist-rio de Ariadne segundo Nietzsche, eis o profundonietzschesmo de Deleuze em seu uso dos nomes pr-prios, nos quais imprime um verdadeiro devir-concei-to11. A heterognese e a transmutao deleuziana do-se assim como (ou melhor: do-nos) a ontognese deuma filosofia-mundo que investe o plano de imann-cia ou de univocidade como campo de experincia ra-dical de uma sobrefsica livre de toda Forma, crtica

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    de todas as formas essenciais, substanciais ou funcio-nais, crtica de todas as formas de transcendncia (in-clusive em sua ltima figura, fenomenolgica, quan-do chega o momento de pensar a transcendncia nointerior do imanente12), pela qual haver passadotoda a histria da filosofia em sua colocao em va-riao contnua. Da o carter nico da afirmao de-leuziana da filosofia como sistema. Com efeito, o sis-tema no deve apenas estar em perptua heterogenei-dade, ele deve ser uma heterognese, o que, parece-me,nunca foi tentado (grifo meu)13.

    O que nunca foi tentado foi essa virtualizao sis-temtica da histria da filosofia como modo de atua-lizao de uma filosofia nova, de uma filosofia virtualcuja efetuao infinitamente varivel no cessa de fa-zer dobras (dobras sobre dobras); o que afasta Deleuzea um s tempo da funo-autor e da falsa enunciaodo comentador em prol de uma figura infinitamen-te mais barroca e borgesiana: maneirista.

    (So as duas recriminaes simtricas que o tem-po todo foram dirigidas a Deleuze: ele no autor,pois comenta, tampouco comentador, pois fala laDeleuze.)

    Apreender a filosofia deleuziana como essa feno-menologia virtual do conceito cuja potncia criadorae ontrgica no se projeta no Aberto do pensamentosem voltar como maneira e matria do ser, desdobra-mento no plano de Natureza ou de composio de uma

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    ontologia da experincia que no decalca do empricoo campo transcendental, como o faz Kant: ele devepor isso ser explorado em nome dele mesmo, portan-to experimentado (mas num tipo de experincia muitoparticular)... Maneirismo de uma criao continua-da, territorial e desterritorializada, que se infinita en-tre as foras interiores da Terra e as foras exterioresdo Caos para fazer fugirem os Mil plats de um Cos-mos pantesta molecular sobre o fundo obscuro deanimalidade envolvente (na magnfica expresso deAlain Badiou que no me canso de retomar). pera-mquina para uma imensa Mquina abstrata, entre-tanto real e individual, qual Deleuze, no ltimo li-vro escrito com Flix Guattari (Quest-ce que la phi-losophie?; mas ver, j antes, Rhizome [1976]), d onome sbrio e luminoso de Pensamento-Crebro.

    Quando o prprio mundo se descobre crebro,enquanto expresso e produo se abrem para a ma-terialidade do moderno14 e a relao homem/mquinatorna-se expressiva/produtiva de um devir que no temmais sujeito distinto de si mesmo, que no tem maisfora, que no tem mais dentro: rizoma coletivo, tem-poral e nervoso (Mille plateaux); devir que porta con-sigo o pensamento como auto-objetivao da Nature-za atravs de relaes diferenciais, no momento emque toda diferena se esfuma entre a natureza e o arti-fcio (Pourparlers). Mundo-Crebro: independente detodo contedo, longe de todo objeto, essa filosofia de Implicao do Moderno na idia de um Dentro do

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    puro Fora, no sentido complicado do genitivo leibni-ziano que j ento tornava alucinatria toda percep-o (porque a percepo no tem objeto).

    De modo que a questo de Deleuze ter sido sem-pre a de uma imagem material e virtual-atual do Ser-Pensamento, de rizoma e de imanncia, com a etologiasuperior a que ela recorre para seguir os sulcos desco-nhecidos traados no mundo-crebro por toda livrecriao de conceitos: novas conexes, novas trilhas,novas sinapses para novas composies que faam, dosingular, conceito...

    Toda uma pragmtica do conceito como ser real,volume absoluto, superfcie auto-portadora, cristaliza-o e coalescncia, dobra do crebro sobre si mesmo,micro-crebro..., toda uma maqunica do pensamen-to ser assim mobilizada para fazer o mltiplo (pois preciso um mtodo que efetivamente o faa), tomarcomo sujeito o virtual (a atualizao do virtual asingularidade) e responder enfim questo o que a filosofia? (a filosofia a teoria das multiplicida-des) quando chega a velhice, e a hora de falar con-cretamente, no ponto singular onde o conceito e a cria-o se reportam um ao outro na grande identidadeEXPRESSIONISMO = CONSTRUTIVISMO.

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    Gilles Deleuzeou

    o EXTRA-SUJEITOd da filosofiae

    o PLANO ABERTO do pensamento

    uma filosofia virtualpara todos e alguns

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    NOTAS

    1 R. Machado, Deleuze e a filosofia, Rio de Janeiro, Graal,1990, p. 225.

    a No havendo palavras diferentes em portugus para Je eMoi, ao longo de todo o texto traduziremos o primeiro por Eue o segundo pelo mesmo termo, apenas que em itlico Eu.(N. da T.)

    2 M. Foucault, Theatrum philosoficum (1970), retoma-do em Dits et crits, Paris, Gallimard, 1994, Tomo II, p. 84.

    3 A virtualizao no desrealizao mas desterritoriali-zao, cf. Pierre Lvy, Quest-ce que le virtuel?, Paris, La D-couverte, 1995, captulos 1 e 9. Para um desenvolvimento de ins-pirao deleuziano sobre a imagem virtual, cf. J.-Clet Martin,LImage virtuelle, a ser publicado.

    No momento em que eu revia a verso final deste texto, Jean-Luc Nancy enviava-me sua contribuio a ser publicada no De-leuze Critical Reader editado por Paul Patton: Pli deleuzien dela pense. A encontrei com espanto o seguinte enunciado: Afilosofia de Gilles Deleuze uma filosofia virtual, no sentido emque hoje se emprega este termo... Em seguida viria a descobrir,antes de ser publicado, e por intermdio de Claire Parnet, a quemaqui agradeo, o texto indito de Deleuze sobre O atual e o vir-tual aqui publicado em anexo no sem a reencontrar a obrade Lvy, citada em nota...

    4 Importncia do encadeamento Hume-James, caractersti-co do empirismo radical deleuziano (a expresso de W. Ja-

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    mes), para a crtica do Eu transcendental de Husserl, com a refe-rncia freqente a La Transcendance de lEgo de Sartre. No lti-mo texto publicado em vida, Limmanence: une vie... (Philo-sophie, n 47, 1995), o prprio Deleuze relaciona Sartre e Jamessob esse ponto de vista (citando em nota o artigo em tom bemdeleuziano de D. Lapoujade, Le flux intensif de la consciencede William James, Philosophie, n 46, 1995); sobre o empirismode Deleuze, ver o artigo de X. Papas, Puissances de lartifice,publicado no nmero dedicado a Gilles Deleuze.

    5 Publicado em 1973 na Histria da filosofia dirigida por F.Chtelet (Paris, Marabout, 1979, no caso da edio reduzida), oartigo A quoi reconnat-on le structuralisme? abre-se com a fraseEstamos em 1967 ou seja, um ano aps a publicao doBergsonisme. O que explica em parte como a virtualizao doestruturalismo condiciona Logique du sens (1969).

    6 O que ser desenvolvido de outro modo em Proust et lessignes (1964; 1970, no caso da edio aumentada). Essa questodo signo-sentido foi magistralmente exposta por F. Zourabichviliem Deleuze. Une philosophie de lvnement, Paris, PUF, 1994,(Rencontre, signe, affect).

    7 Cf. M. Hardt, Gilles Deleuze. An Apprenticeship in Phi-losophy, University of Minnesota Press, Minneapolis-London,1993, cap. 3 (a sair em trad. bras. pela Ed. 34); e minha resenhaem Critique, n 560-561, 1994: Deleuze, philosophie pratique?.

    b Exalando, alm do sentido de exaltar, elevar, al-ar deve fazer lembrar exaustando/exausto como no ori-ginal francs exhaussant ou elevando, alando faz lembrarexhaustion. Perde-se contudo na traduo a homonmia entreexhaussant e exauant ou escutando, assim como escuta-da ou atendida uma promessa. (N. da T.)

    8 difcil ver como F. Laruelle, em nome de uma no-filo-sofia generalizada (?), pode deduzir da confuso entre a imann-cia e o mltiplo uma forma pura da transcendncia qualquer...

  • 45Deleuze Filosofia Virtual

    Compreende-se, em compensao, que esse autor reivindique parasi mesmo os Axiomas de um pensamento no-espinosista. Cf.Laruelle, Rponse Deleuze, in Non-philosophie, le Collectif,La Non-Philosophie des contemporains, Ed. Kim, 1995, pp.49-78.

    9 No belo livro de Jean-Clet Martin sero reencontradastodas as variaes da demonstrao deleuziana: Variations. Laphilosophie de Gilles Deleuze, Paris, Payot, 1993.

    c Cf. nota de traduo a.

    10 A. Badiou, Le Pli: Leibniz et le baroque, in Annuairephilosophique 1988-1989, Paris, Seuil, 1989, pp. 164-165.

    d E em sujeito [sujet] h que ouvir, tambm, assunto sentido que em portugus no nos ocorre de imediato associara tal palavra. (N. da T.)

    11 Cruzo aqui ainda com a anlise de J.-L. Nancy, que ob-serva com muito acerto que paralelamente ao devir-conceito dosnomes prprios a filosofia deleuziana imprime um devir-nome-prprio nos conceitos (e citar plat ou rizoma, ritornelo ou do-bra...).

    12 Cf. E. Alliez, A Assinatura do mundo, ou o que a filo-sofia de Deleuze e Guattari?, Rio, Ed. 34, 1995 (III.-Onto-eto-lgicas); e sobretudo Da impossibilidade da fenomenologia. So-bre a filosofia francesa contempornea, Rio, Ed. 34, 1996 (II.-Posies da filosofia).

    13 Extrada da Carta-prefcio de Gilles Deleuze ao livro deJ.-Clet Martin, essa afirmao adquire um estatuto bastante ni-co no corpus deleuziano.

    14 A. Negri, Sur Mille plateaux, Chimres, n 17, 1992,p. 80.

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  • 47Deleuze Filosofia Virtual

    Gilles Deleuze

    O ATUALE O

    VIRTUAL*

    * Texto originalmente publicado em anexo nova ediode Dialogues, de Gilles Deleuze e Claire Parnet (Paris, Flamma-rion, 1996).

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  • 49Deleuze Filosofia Virtual

    1.

    A filosofia a teoria das multiplicidades. Todamultiplicidade implica elementos atuais e elementosvirtuais. No h objeto puramente atual. Todo atualrodeia-se de uma nvoa de imagens virtuais. Essa n-voa eleva-se de circuitos coexistentes mais ou menosextensos, sobre os quais se distribuem e correm as ima-gens virtuais. assim que uma partcula atual emite eabsorve virtuais mais ou menos prximos, de diferen-tes ordens. Eles so ditos virtuais medida que suaemisso e absoro, sua criao e destruio aconte-cem num tempo menor do que o mnimo de tempocontnuo pensvel, e medida que essa brevidade osmantm, conseqentemente, sob um princpio de incer-teza ou de indeterminao. Todo atual rodeia-se decrculos sempre renovados de virtualidades, cada umdeles emitindo um outro, e todos rodeando e reagin-do sobre o atual (no centro da nuvem do virtual estainda um virtual de ordem mais elevada... cada part-cula virtual rodeia-se de seu cosmo virtual, e cada umapor sua vez faz o mesmo indefinidamente...1). Em

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    virtude da identidade dramtica dos dinamismos, umapercepo como uma partcula: uma percepo atualrodeia-se de uma nebulosidade de imagens virtuais quese distribuem sobre circuitos moventes cada vez maisdistantes, cada vez mais amplos, que se fazem e se des-fazem. So lembranas de ordens diferentes: diz-se se-rem imagens virtuais medida que sua velocidade ousua brevidade as mantm aqui sob um princpio deinconscincia.

    As imagens virtuais so to pouco separveis doobjeto atual quanto este daquelas. As imagens virtuaisreagem portanto sobre o atual. Desse ponto de vista,elas medem, no conjunto dos crculos ou em cada cr-culo, um continuum, um spatium determinado em cadacaso por um mximo de tempo pensvel. A esses cr-culos mais ou menos extensos de imagens virtuais cor-respondem camadas mais ou menos profundas do ob-jeto atual. Estes formam o impulso total do objeto:camadas elas mesmas virtuais, e nas quais o objeto atualse torna por sua vez virtual2. Objeto e imagem so am-bos aqui virtuais, e constituem o plano de imannciaonde se dissolve o objeto atual. Mas o atual passouassim por um processo de atualizao que afeta tantoa imagem quanto o objeto. O continuum de imagensvirtuais fragmentado, o spatium recortado confor-me decomposies regulares ou irregulares do tempo.E o impulso total do objeto virtual quebra-se em for-as que correspondem ao continuum parcial, em velo-

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    cidades que percorrem o spatium recortado3. O virtualnunca independente das singularidades que o recor-tam e dividem-no no plano de imanncia. Como mos-trou Leibniz, a fora um virtual em curso de atua-lizao, tanto quanto o espao no qual ela se desloca.O plano divide-se ento numa multiplicidade de pla-nos, segundo os cortes do continuum e as divises doimpulso que marcam uma atualizao dos virtuais. Mastodos os planos formam apenas um nico, segundo avia que leva ao virtual. O plano de imanncia com-preende a um s tempo o virtual e sua atualizao, semque possa haver a limite assimilvel entre os dois. Oatual o complemento ou o produto, o objeto da atu-alizao, mas esta no tem por sujeito seno o virtual.A atualizao pertence ao virtual. A atualizao dovirtual a singularidade, ao passo que o prprio atual a individualidade constituda. O atual cai para forado plano como fruto, ao passo que a atualizao o re-porta ao plano como quilo que reconverte o objetoem sujeito.

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  • 53Deleuze Filosofia Virtual

    2.

    Consideramos at o momento o caso em que umatual rodeia-se de outras virtualidades cada vez maisextensas, cada vez mais longnquas e diversas: umapartcula cria efmeros, uma percepo evoca lembran-as. Mas o movimento inverso tambm se impe: quan-do os crculos se estreitam, e o virtual aproxima-se doatual para dele distinguir-se cada vez menos. Atinge-se um circuito interior que rene to-somente o obje-to atual e sua imagem virtual: uma partcula atual temseu duplo virtual, que dela se afasta muito pouco; a per-cepo atual tem sua prpria lembrana como umaespcie de duplo imediato, consecutivo ou mesmo si-multneo. Com efeito, como mostrava Bergson, a lem-brana no uma imagem atual que se formaria apso objeto percebido, mas a imagem virtual que coexis-te com a percepo atual do objeto. A lembrana aimagem virtual contempornea ao objeto atual, seuduplo, sua imagem no espelho4. H tambm coa-lescncia e ciso, ou antes oscilao, perptua trocaentre o objeto atual e sua imagem virtual: a imagem

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    virtual no pra de tornar-se atual, como num espelhoque se apossa do personagem, tragando-o e deixando-lhe, por sua vez apenas uma virtualidade, maneira dAdama de Xangai. A imagem virtual absorve toda a atua-lidade do personagem, ao mesmo tempo que o per-sonagem atual nada mais que uma virtualidade. Essatroca perptua entre o virtual e o atual define um cris-tal. sobre o plano de imanncia que aparecem os cris-tais. O atual e o virtual coexistem, e entram num es-treito circuito que nos reconduz constantemente de uma outro. No mais uma singularizao, mas uma in-dividuao como processo, o atual e seu virtual. No mais uma atualizao, mas uma cristalizao. A puravirtualidade no tem mais que se atualizar, uma vez que estritamente correlativa ao atual com o qual formao menor circuito. No h mais inassinalabilidade doatual e do virtual, mas indiscernibilidade entre os doistermos que se intercambiam.

    Objeto atual e imagem virtual, objeto tornado vir-tual e imagem tornada atual: so essas as figuras quej aparecem na ptica elementar5. Mas, em todos oscasos, a distino entre o virtual e o atual correspon-de ciso mais fundamental do Tempo, quando eleavana diferenciando-se segundo duas grandes vias:fazer passar o presente e conservar o passado. O pre-sente um dado varivel medido por um tempo cont-nuo, isto , por um suposto movimento numa nicadireo: o presente passa medida que esse tempo se

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    esgota. o presente que passa, que define o atual. Maso virtual aparece por seu lado num tempo menor doque aquele que mede o mnimo de movimento numadireo nica. Eis por que o virtual efmero. Mas tambm no virtual que o passado se conserva, j queo efmero no cessa de continuar no menor seguin-te, que remete a uma mudana de direo. O tempomenor do que o mnimo de tempo contnuo pensvelnuma direo tambm o mais longo tempo, mais lon-go do que o mximo de tempo contnuo pensvel emtodas as direes. O presente passa (em sua escala), aopasso que o efmero conserva e conserva-se (na suaescala). Os virtuais comunicam-se imediatamente porcima do atual que os separa. Os dois aspectos do tem-po, a imagem atual do presente que passa e a imagemvirtual do passado que se conserva, distinguem-se naatualizao, tendo simultaneamente um limite inas-sinalvel, mas intercambiam-se na cristalizao at setornarem indiscernveis, cada um apropriando-se dopapel do outro.

    A relao do atual com o virtual constitui sempreum circuito, mas de duas maneiras: ora o atual remetea virtuais como a outras coisas em vastos circuitos,onde o virtual se atualiza, ora o atual remete ao vir-tual como a seu prprio virtual, nos menores circuitosonde o virtual cristaliza com o atual. O plano de ima-nncia contm a um s tempo a atualizao como re-lao do virtual com outros termos, e mesmo o atual

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    como termo com o qual o virtual se intercambia. Emtodos os casos, a relao do atual com o virtual no a que se pode estabelecer entre dois atuais. Os atuaisimplicam indivduos j constitudos, e determinaespor pontos ordinrios; ao passo que a relao entre oatual e o virtual forma uma individuao em ato ouuma singularizao por pontos relevantes a serem de-terminados em cada caso.

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    NOTAS

    1 Michel Cass, Du vide et de la cration, Editions OdileJacob, pp. 72-73. E o estudo de Pierre Lvy, Quest-ce que levirtuel?, d. de la Dcouverte.

    2 Bergson, Matire et mmoire, d. du Centenaire, p. 250(os captulos II e III analisam a virtualidade da lembrana e suaatualizao).

    3 Cf. Gilles Chtelet, Les Enjeux du mobile, d. du Seuil, pp.54-68 (das velocidades virtuais aos recortes virtuais).

    4 Bergson, Lnergie spirituelle, a lembrana do presen-te..., pp. 917-920. Bergson insiste nos dois movimentos, em di-reo a crculos cada vez mais amplos, em direo a um crculocada vez mais estreito.

    5 A partir do objeto atual e da imagem virtual, a ptica mos-tra em que caso o objeto se torna virtual, e, a imagem, atual;mostra depois como o objeto e a imagem se tornam ambos atuais,ou ambos virtuais.

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    OBRAS DE GILLES DELEUZE (1925-1995)*

    Livros

    David Hume, sa vie, son oeuvre, avec un expos de sa philoso-phie (com Andr CRESSON), Paris, PUF, 1952.

    Empirisme et subjectivit, Paris, PUF, 1953.

    Instincts et instituitions. Textes et documents philosophiques.(org., prefcio e apres. de G. Deleuze), Paris, Hachette, 1955.

    Instintos e instituies, tr. br. de Fernando J. Ribeiro, in CarlosHenrique ESCOBAR (org.), Dossier Deleuze, Rio de Janeiro,Hlon, 1991, pp. 134-137.

    Nietzsche et la philosophie, Paris, PUF, 1962.Nietzsche e a filosofia, tr. br. de Ruth Joffily Dias e Edmundo

    Fernandes Dias, Rio de Janeiro, Ed. Rio, 1976.

    La philosophie critique de Kant, Paris, PUF, 1963.Para ler Kant, tr. br. de Sonia Pinto Guimares, Rio de Janeiro,

    Francisco Alves, 1976.

    Proust et les signes, Paris, PUF, 1964 (1 ed.); 1976 (4 ed. atua-lizada).

    * Relao atualizada por Luiz B.L. Orlandi, a partir da esta-belecida por Roberto MACHADO, Deleuze e a filosofia, Rio de Ja-neiro, Graal, 1990, pp. 227-234.

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    Proust e os signos, tr. br. da 4 ed. fr. de Antonio Piquet e RobertoMachado, Rio de Janeiro, Forense Universitria, 1987.

    Nietzsche, Paris, PUF, 1965.Nietzsche, tr. port. de Alberto Campos, Lisboa, Ed. 70, 1981.

    Le bergsonisme, Paris, PUF, 1966.

    Prsentation de Sacher-Masoch, Paris, PUF, 1967.Apresentao de Sacher-Masoch, tr. br. de Jorge de Bastos, Rio

    de Janeiro, Taurus, 1983.

    Diffrence et rptition, Paris, PUF, 1968.Diferena e repetio, tr. br. de Luiz Orlandi e Roberto Macha-

    do, Rio de Janeiro, Graal, 1988.

    Spinoza et le problme de lexpression, Paris, Minuit, 1968.

    Logique du sens, Paris, Minuit, 1969.Lgica do sentido, tr. br. de Luiz Roberto Salinas Fortes, So

    Paulo, Perspectiva, 1982.

    Spinoza, Paris, PUF, 1970.Espinoza e os signos, tr. port. de Ablio Ferreira, Porto, Rs, s.d.

    Lanti-Oedipe (com Flix GUATTARI), Paris, Minuit, 1972 (1 ed.);1973 (nova ed. aumentada).

    O anti-dipo, tr. br. de Georges Lamazire, Rio de Janeiro, Imago,1976.

    Kafka - Pour une littrature mineure (com Flix GUATTARI), Pa-ris, Minuit, 1975.

    Kafka - Por uma literatura menor, tr. br. de Julio Castanon Gui-mares, Rio de Janeiro, Imago, 1977.

    Rhizome (com Flix GUATTARI), Paris, Minuit, 1976 (reed. emMille plateaux).

    Dialogues (com Claire PARNET), Paris, Flammarion, 1977.

  • 61Deleuze Filosofia Virtual

    Superpositions (com Carmelo BENE), Paris, Minuit, 1979.

    Mille plateaux (com Flix GUATTARI), Paris, Minuit, 1980.Mil plats, vol. 1, incluindo: Prefcio para a edio italiana [de

    1988]; Introduo: Rizoma 1914 - Um s ou vrios lo-bos e 10.000 a.C. - A geologia da moral (Quem a terrapensa que ?). Tr. br. de Aurlio Guerra Neto e Celia Pin-to Costa, Rio de Janeiro, Ed. 34, 1995.

    Mil plats, vol. 2, incluindo: 20 de novembro de 1923 - Postu-lados da lingstica e 587 a.C. - 70 d.C. - Sobre algunsregimes de signos. Tr. br. de Ana Lcia de Oliveira e L-cia Cludia Leo, Rio de Janeiro, Ed. 34, 1995.

    Mil plats, vol. 3, incluindo: 28 de novembro de 1947 - Comocriar para si um corpo sem rgos, Ano zero - Rostidade,1874 - Trs novelas ou O que se passou? e 1933 - Mi-cropoltica e segmentaridade. Tr. br. de Aurlio GuerraNeto, Ana Lcia de Oliveira, Lcia Cludia Leo e SuelyRolnik, Rio de Janeiro, Ed. 34, 1996.

    Mil plats, vol. 4, incluindo: 1730 - Devir-intenso, devir-animal,devir-imperceptvel e 1837 - Do ritornelo. Tr. br., SoPaulo, Ed. 34 (no prelo).

    Mil plats, vol. 5, incluindo: 1227 - Tratado de nomadologia: amquina de guerra, 7000 a.C. - Aparelho de captura,1440 - O liso e o estriado e Concluso: Regras concretase mquinas abstratas. Tr. br., So Paulo, Ed. 34 (no prelo).

    Spinoza. Philosophie pratique, Paris, Minuit. 1981.

    Francis Bacon: Logique de la sensation, 2 vols., Paris, Ed. de laDiffrence, 1981.

    Cinma 1. Limage-mouvement, Paris, Minuit, 1983.Cinema 1. A imagem-movimento, tr. br. de Stella Senra, So Paulo,

    Brasiliense, 1985.

    Cinma 2. Limage-temps. Paris, Minuit, 1985.

  • 62 ric Alliez

    Cinema 2. A imagem-tempo., tr. br. de Eloisa de Araujo Ribeiro,So Paulo, Brasiliense, 1990.

    Foucault, Paris, Minuit, 1986.Foucault, tr. port. de Jos Carlos Rodrigues, Lisboa, Vega, 1987.Foucault, tr. br. de Claudia SantAnna Martins, So Paulo, Bra-

    siliense, 1988.

    Le pli. Leibniz et le baroque, Paris, Minuit, 1988.A dobra. Leibniz e o barroco, tr. br. de Luiz B.L. Orlandi, Ca-

    minas, Papirus, 1991.

    Pricls et Verdi, Paris, Minuit, 1988.

    Pourparlers (1972-1990), Paris, Minuit. 1990.Conversaes (1972-1990), tr. br. de Peter Pl Pelbart, Rio de

    Janeiro, Ed. 34, 1992.

    Quest-ce que la philosophie? (com Flix GUATTARI), Paris, Mi-nuit, 1991.

    O que a filosofia?, tr. br. de Bento Prado Jr. e Alberto AlonsoMuoz, Rio de Janeiro, Ed. 34, 1992.

    Lpuis, em seguida a Quad, Trio du Fantme, ... que nuages...et Nacht und Trume (de Samuel BECKETT), Paris, Minuit,1992.

    Critique et clinique, Paris, Minuit. 1993.Crtica e clnica, tr. br. de Peter Pl Pelbart, So Paulo, Ed. 34 (no

    prelo).

  • 63Deleuze Filosofia Virtual

    Artigos, Prefcios, Entrevistas, Resenhas

    ANOS 40

    Description de la femme. Pour une philosophie dautrui sexue,Pense, n 28, 1945.

    Descrio da mulher. Por uma filosofia de outrem sexuada, tr.br. de Ricardo Augusto Vieira, Campinas, DF-IFCH-UNI-CAMP, micrografada, s.d.

    Du Christ la bourgeoisie, Espace, 1946, pp. 93-106.

    Mathse, science et philosophie, introduo a Jean Malfatti deMONTEREGGIO, tudes sur la Mathse ou anarchie et hi-rarchie de la science, Paris, Griffon dOr, 1946, pp. IX-XXIV.

    Prefcio a Denis DIDEROT, La religieuse, Paris, Marcel Daubin,1947, pp. VII-XX.

    ANOS 50

    La conception de la diffrence chez Bergson, Les tudes berg-soniennes, vol. IV, Paris, Albin Michel, 1956, pp. 77-112.

    Bergson, in Maurice MERLEAU-PONTY (dir.), Les philosophesclbres, Paris, Mazenod, 1956, pp. 292-299.

    ANOS 60

    Nietzsche, sens et valeurs, Arguments, 1960.

    De Sacher-Masoch au masochisme, Arguments, n 15, 1961.

    Lucrce et le naturalisme, tudes philosophiques, 1961. Reed.moficado no livro Logique du sens: Apndice II - Lucrceet le simulacre, pp. 307-324.

  • 64 ric Alliez

    La critique du Jugement (selon les cours indits de lanne 1960-61), Bulletin du groupe dtudes de philosophie de la Sor-bonne, n 14 (nmero especial sobre Kant).

    Lide de gense dans lesthtique de Kant, Revue desthtique,1963, pp. 113-136.

    Mystre dAriane, Bulletin de la socit franaise dtudes nietz-scheennes, n 2, mar. de 1963, pp. 12-15; reed. em Philoso-phie, n 17, 1987, pp. 67-72 e retomado no livro Critiqueet clinique: Mistre dAriane selon Nietzsche, pp. 126-134.

    Unit de la recherche du temps perdu, Revue de mtaphysiqueet de morale, 1963, pp. 427-442.

    Klossowski ou les corps-langage, Critique, 1965. Modificadoe reeditado com mesmo ttulo no livro Logique du sens:Apndice III, pp. 325-350.

    propos de Gilbert Simondon: Lindividu et sa gense phy-sicobiologique, Revue de philosophie, 1966.

    Gilbert Simondon: O indivduo e sua gnese fsico-biolgica,tr. br. de Ivana Medeiros, O esprito das coisas, So Paulo(no prelo).

    Lhomme, une existence douteuse: sur Les mots et les choses,Le Nouvel Observateur, 1/6/1966, pp. 32-34.

    Mthode de dramatisation, Bulletin de la socit franaise dephilosophie, 28/1/1967, pp. 90-118.

    Lclat de rire de Nietzsche, Le Nouvel Observateur, 5-12/4/1967, pp. 40-41.

    Sur la volont de puissance et lternel retour, Nietzsche, Cahiersde Royaumont, Paris, Minuit, 1967, pp. 275-287.

  • 65Deleuze Filosofia Virtual

    Sobre a vontade de potncia e o eterno retorno, tr. br. in CarlosHenrique Escobar (org.), Por que Nietzsche?, Rio de Janei-ro, Achiam, 1985, s.d., pp. 19-29.

    Introduction gnrale Nietzsche (com Michel FOUCAULT),Oeuvres philosophiques compltes, tomo V: Le Gai Savoir,Paris, Gallimard, 1967.

    Une thorie dAutrui, Michel Tournier, Critique, 1967. Reed.modificado no livro Logique du sens: Apndice IV - MichelTournier et le monde sans autrui, pp. 350-372. Reeditadocomo posfcio a Michel TOURNIER, Vendredi ou les limbesdu Pacifique, Paris, Gallimard, 1967.

    Michel Tournier e o mundo sem outrem, posfcio a MichelTOURNIER, Sexta-feira ou os limbos do Pacfico, tr. br. deFernanda Botelho, So Paulo, Difel, 1985, pp. 223-249.

    Renverser le platonisme, Revue de mtaphysique et de morale,1967. Reed. modificado no livro Logique du sens: Apndi-ce I - Platon et le simulacre, pp. 292-307.

    Prefcio a La bte humaine, Oeuvres compltes dmile Zola,Cercle du livre prcieux, 1967. Reed. modificado no livroLogique du sens: Apndice V - Zola et la flure, pp. 373-386.

    Entretien sur Nietzsche, a J.N. VUANET, Les lettres franaises,5/3/1968.

    Le schizoprhne et le mot, Critique, n 255-256, 1968, pp. 731-746. Modificado, foi reeditado com o ttulo Schizologiecomo prefcio a Louis WOLFSON, Le schizo et les langues,Paris, Gallimard, 1970, pp. 5-23. Retomado no livro Criti-que et clinique: cap. II - Louis Wolfson, ou le procd, pp.18-33.

  • 66 ric Alliez

    Gilles Deleuze parle de la philosophie, entrevista a JeannetteCOLOMBEL, La quinzaine littraire, n 68, 1-15/3/1969.

    La synthse disjuncitive (com Flix GUATTARI), Larc n 43,1969, retomado no livro Lanti-Oedipe: La synthse con-nective denregistrement, pp. 89-100.

    Spinoza et la mthode gnrale de M. Guroult, Revue de m-taphysique et de morale, 1969, pp. 426-437.

    ANOS 70

    Un nouvel archiviste, Critique n 274, mar. de 1970. Reim-presso, Montpellier, Fata Morgana, 1972. Reed. modifica-do e aumentado no livro Foucault.

    Faille et feux locaux, Kostas Axelos, Critique n 275, abr. de1970, pp. 344-351.

    Les intellectuels et le pouvoir, conversa com Michel FOUCAULT,Larc n 49, 1972, pp. 3-10.

    Os intelectuais e o poder, tr. br. de Roberto Machado, in MichelFOUCAULT, Microfsica do poder (org. e tr. de Roberto Ma-chado), Rio de Janeiro, Graal, 1979, pp. 69-78.

    Os intelectuais e o poder, tr. port. de Jos Afonso Furtado, inManuel Maria CARRILHO (org.), Capitalismo e esquizofre-nia. Dossier Anti-dipo, Lisboa, Assrio e Alvim, 1976, pp.13-27.

    Schizophrnie et socit, in Encyclopaedia Universalis , vol. 14,Paris, 1972.

    Capitalisme et schizophrnie, entrevista com G. Deleuze e F.GUATTARI, Larc n 49, 1972.

  • 67Deleuze Filosofia Virtual

    Capitalismo e schizofrenia, entrevista de G. Deleuze e F. GUAT-TARI a Vitoria MARCHETTI, Tempi Moderni n 14, 1972; re-produzido in Laltra pazzia. Mappa antologico della psi-chiatria alternativa, Milo, Feltrinelli, 1975.

    Hume, in Franois CHTELET (dir.), Histoire de la philosophie,vol. 4, Les Lumires (le XVIIIme sicle), Paris, Hachette,1972, pp. 65-78.

    Hume, tr. br. de Guido de Almeida, in Franois CHTELET (dir.),Histria da filosofia, vol. 4, As Luzes (o sculo XVIII), Riode Janeiro, Zahar, 1982, pp. 59-70.

    Trois problmes de groupe, prefcio a Flix GUATTARI, Psy-chanalyse et transversalit, Paris, Maspero, 1972, pp. I-IX.

    Dis-moi quelles sont tes machines dsirantes toi?, introduoao texto de Pierre BNICHOU, Sainte Jackie, comdienne etbourreau, Les temps modernes, nov. de 1972, pp. 854-856.

    Entretien avec C. Backs-Clment, Larc n 49, 1972. Retomadono livro Pourparlers: Entretien sur Lanti-Oedipe (avec F-lix Guattari), pp. 24-38.

    Bilan-programme pour machines dsirantes (com Flix GUAT-TARI), Minuit n 2, jan. de 1973. Republicado com o mes-mo ttulo na nova ed. aumentada do livro Lanti-Oedipe,1973, pp. 463-487.

    Le nouvel arpenteur. Intensits et blocs denfance dans Le ch-teau, Critique, 1973, pp. 1046-1054.

    14 mai 1914 - Un seul ou plusieurs loups? (com Flix GUAT-TARI), Minuit n 5, set. 1973, pp. 2-16. Republicado no li-vro Mille plateaux: 2. 1914 - Un seul ou plusieurs loups?,pp. 38-52.

  • 68 ric Alliez

    Lettre Michel Cressole, in Michel CRESSOLE, Deleuze, Paris,Ed. Universitaires, 1973, pp. 107-118. Retomado no livroPourparlers: Lettre un critique svre, pp. 11-23.

    Resposta de Gilles Deleuze a Michel Cressole, tr. por. in Ma-nuel Maria CARRILHO (org.), Capitalismo e esquizofrenia.Dossier Anti-dipo, Lisboa, Assrio e Alvim, 1976, pp. 215-228.

    Colaborao in Grande Encyclopdie des homosexualits, Re-cherches, mar. de 1973.

    Le froid et le chaud, apresentao da exposio Fromanger,le peintre et le modle, Baudard Alverez, ed. 1973.

    Pense nomade, in Nietzsche aujourdhui?, 1. Intensits, Paris,UGE, 10/18, 1973, pp. 159-174.

    Pensamento nmade, tr. br. in Carlos Henrique ESCOBAR (org.),Por que Nietzsche?, Rio de Janeiro, Achiam, 1985.

    Pensamento nmade, tr. br. in S. MARTON (org.), Nietzschehoje?, So Paulo, Brasiliense, 1985.

    Les quipements du pouvoir (com Michel FOUCAULT e FlixGUATTARI) entrevista, Recherche n 13, dez. de 1973, pp.39-47. (10/18, pp. 212-220).

    A quoi reconnat-on le structuralisme?, in Franois CHTELET(dir.), Histoire de la philosophie, vol. 8 - Le Xme sicle,Paris, Hachette, 1973.

    Em que se pode reconhecer o estruturalismo?, tr. br. de HiltonF. Jupiass, in Franois CHTELET (dir.), Histria da Filo-sofia, vol. 8 - O sculo XX, tr. br., Rio de Janeiro, Zahar,1974, pp. 271-303.

    Comment se faire un corps sans organes? (com Flix GUATTARI),Minuit n 10, set. de 1974. Republicado no livro Mille pla-teaux: 6. 28 novembre 1947 - Comment se faire un corpssans organes?, pp. 105-204.

  • 69Deleuze Filosofia Virtual

    Prefcio a G. HOCQUENGHEM, Laprs-midi des faunes: volutions,Paris, Grasset, 1974, pp. 7-17.

    Ecrivain non: un nouveau cartographe, Critique n 343, dez.de 1975, pp. 1207-1227. Reed. modif. no livro Foucault.

    Table ronde, sobre Proust (com Roland BARTHES, Serge DOU-BROVSKY, Jean-Pierre RICHARD, Grard GENETTE, JeanRICARDOU), Cahiers Marcel Proust n 7, Paris, Gallimard,1975, pp. 87-116.

    Avenir de la linguistique, prefcio a Henri GOBARD, Lalina-tion linguistique, Paris, Flammarion, 1976, pp. 9-14.

    Gilles Deleuze fascin par Le Misogine, La quinzaine littrairen 229, 1976.

    Trois questions sur Six fois deux, Cahiers du cinma, n 271,nov. de 1976. Retomado no livro Pourparlers: Trois ques-tions sur Six fois deux (Godard), pp. 55-66.

    Entretien sur les nouveaux philosophes, prospecto, 5 de jun.de 1977. Reed. como Intervew propos des nouveaux phi-losophes et dun problme plus gnral. Le Monde, 19-20de jun. de 1977. Rep. em Minuit n 24, 1977.

    Lascension du social, posfcio a Jacques DONZELOT, La policedes familles, Paris, Minuit, 1977, pp. 213-220.

    A ascenso do social, tr. br. de J.A.G. Albuquerque. Prefcio aJ. DONZELOT, A polcia das famlias, tr. br. de M.T. da CostaAlbuquerque, Rio de Janeiro, Graal, 1980, pp. 1-8.

    Participao, com Flix GUATTARI, Claire PARNET e Andr SCALAin Linterprtation des noncs, in Politique et psycha-nalyse, Alenon, Des Mots Perdus, 1977, pp. 59-86.

    Quatre propositions sur la psychanalyse, in Politique et psy-chanalyse, Alenon, Des Mots Perdus, 1977, pp. 41-58.

  • 70 ric Alliez

    Quatro proposies sobre a psicanlise, tr. br. de Luiz Anto-nio Fuganti, SadeLoucura n 2, So Paulo, Hucitec, jul. de1990, pp. 83-91.

    Le juif riche, Le Monde, 18/2/1977.

    Nous croyons au caractre constructiviste de certains agitationsde gauche, Recherches n 30, nov. de 1977.

    Deux rgimes de fous, in Psychanalyse et smiotique, Paris, 10/18, 1977.

    Le pire moyen de faire lEurope (com Flix GUATTARI), Le mon-de, 1/11/1977.

    Deux questions. O il est question de la toxicomanie, Alenon,Des Mots Perdus, 1978. Republicado in Recherches, n 39bis, dez. de 1979, pp. 231-234.

    Duas questes, tr. br. de ngela Maria Tijiwa, SadeLoucuran 3, So Paulo, Hucitec, pp. 63-66.

    Philosophie et minorit, Critique n 369, fev. de 1978, pp. 154-155.

    Les gneurs, Le Monde, 7/4/1978.

    La plante et le corps, Le Monde, 13/10/1978.

    Nietzsche et Saint Paul, Lawrence et Jean de Patmos (com FannyDELEUZE). Prefcio a D.H. LAWRENCE, Apocalypse, Balland,1978, pp. 7-37. Retomado com o mesmo ttulo no livro Cri-tique et clinique, pp. 50-70.

    En quoi la philosophie peut servir des mathmaticiens ou mme des musiciens. Mme et surtout quand elle ne parle pas demusique ou de mathmatiques, in Vincennes ou le dsirdapprendre, Paris, Alain Moreau, 1979.

  • 71Deleuze Filosofia Virtual

    ANOS 80

    8 ans aprs, entrevista a Catherine BACKS-CLMENT, Larcn 49, nova ed., 1980, pp. 99-102.

    Pourquoi en est-on arriv l?, entrevista com Franois CH-TELET, Libration, 17/3/1980.

    Mille plateaux ne font pas une montagne, ils ouvrent mille che-mins philosophiques, entrevista a Christian DESCAMPS, Di-dier ERIBON, Robert MAGGIORI, Libration, 23/10/1980.Retomada no livro Pourparlers: Entretien sur Mille pla-teaux, pp. 39-52.

    Mil plats no formam uma montanha, tr. br. de Ivana Bentes,in Carlos Henrique ESCOBAR (org.), Dossier Deleuze, Rio deJaneiro, 1991, pp. 115-126.

    Peindre le cri, Critique n 408, 1981.

    Un livre de Gilles Deleuze sur Francis Bacon, la peinture enflemelcriture, entrevista a Herv GUIBERT, Le Monde, 3/12/1981, p. 15.

    Prefcio a Antonio NEGRI, Lanomalie sauvage. Puissance et pou-voir chez Spinoza, Paris, PUF, 1982.

    Prefcio a Antonio NEGRI, A anomalia selvagem. Poder e potn-cia em Spinoza, tr. br. de Raquel Ramalhete, Rio de Janei-ro, Ed. 34, 1993, pp. 7-9.

    Lettre Uno sur le langage, La revue de la pense daujourdhui,Tquio, dez. de 1982.

    Labstration lirique. Change International, 1, 1983.

    La photographie est dj tire dans les choses, entrevista a PascalBONITZER e Jean NARBONI. Cahiers du cinma, set. de 1983,pp. 36-40.

  • 72 ric Alliez

    Cinma 1, premire, entrevista a Serge DANEY, Libration, 3/10/1983, p. 30.

    Le philosophe menuisier , entrevista a Didier ERIBON, Lib-ration, 3/10/1983, p. 31.

    Sur limage-mouvement, entrevista a Pascal BONITZER e JeanNARBONI, Cahiers du cinma n 352, out. de 1983. Reto-mado com o mesmo ttulo no livro Pourparlers, pp. 67-81.

    Portrait du philosophe en spectateur, entrevista a Herv GUI-BERT, Le Monde, 6/10/1983, pp. 1-17.

    gauche sans missiles, entrevista a Jean-Pierre BAMBERGER, LesNouvelles, 15/12/1983, pp. 60-64.

    Le pacifisme aujourdhui, entrevista a Jean-Pierre BAMBERGER.Les Nouvelles, 21/12/1983.

    Grandeur de Yasser Arafat, Revue dtudes palestiniennes n18, 1984, pp. 41-43.

    Mai 68 na pas eu lieu (com Flix GUATTARI), Les Nouvelles,3-9/5/1984, pp. 75-76.

    Lettre Uno: Comment nous avons travaill a deux, La revuede la pense daujourdhui, Tquio, set. de 1984.

    Le temps musical, La revue de la pense daujourdhui, Tquio,set. de 1984.

    Les plages dimmanence, in A. CUZENAVE e J.-F. LYOTARD(orgs.). Lart des confins - Mlanges offerts Maurice deCandillac, Paris, PUF, 1985, pp. 79-81.

    Praias de imanncia, tr. br. de Jos Marcos Macedo, Folha deS. Paulo, 3/12/1995, cad. 5, p. 13.

  • 73Deleuze Filosofia Virtual

    Le philosophe et le cinma, entrevista a Gilbert CABASSO e Fa-brice Revault dALLONNES, Cinma n 334, 18/12/1985. Re-tomada no livro Pourparlers: Sur limage-temps, pp. 82-87.

    Il tait un toile de groupe (Franois CHTELET), Libration,27/12/1985.

    Entrevista a Antoine DULAURE e Claire PARNET, Lautre journaln 8, out. de 1985. Retomada no livro Pourparlers: Lesintercesseurs, pp. 165-184.

    Le cerveau cest lcran, entrevista a Cahiers du cinma n 380,mar. de 1986, pp. 25-32.

    Sur le rgime cristallin, Hors-cadre, abril de 1986, pp. 39-45.

    The intellectual and Politics: Foucault and the prison, Historyof the present, primavera de 1986, pp. 1-2, 19-21.

    Boulez, Proust et le temps: Occuper sans compter, in Eclats/Boulez, Ed. du Centre Pompidou, 1986, pp. 98-100.

    La vie comme oeuvre dart, entrevista a Didier ERIBON, Le nou-vel observateur, 29/8 e 4/9/1986. Retomada com o mesmottulo no livro Pourparlers, pp. 129-138.

    Fendre les choses, fendre les mots, entrevista a Robert MAG-GIORI, Libration, 2 e 3/9/1986. Retomada com o mesmo t-tulo no livro Pourparlers, pp. 115-128.

    Michel Foucault dans la troisime dimension, Libration, 3/9/1986, p. 38.

    Foucault por Deleuze, tr. br., Folha de S. Paulo, 20/9/1986.

    Un portrait de Foucault, entrevista a Claire PARNET, s.e., 1986.Publicada com o mesmo ttulo no livro Pourparlers, pp. 139-161.

  • 74 ric Alliez

    Sur quatre formules potiques qui pourraient rsumer la philo-sophie kantienne, Philosophie n 9, inverno de 1986, pp.29-34. Retomado com o mesmo ttulo no livro Critique etclinique, pp. 40-50.

    Sobre quatro frmulas poticas que poderiam resumir a filoso-fia de Kant, tr. br. de Andra Estevo, in Carlos HenriqueESCOBAR (org.), Dossier Deleuze, Rio de Janeiro, Hlon,1991, pp. 127-133.

    Optimisme, pessimisme et voyage. Lettre Serge Daney, car-ta-prefcio a Serge DANEY, Cin journal - 1981-1986, Pa-ris, Cahiers du Cinma, 1986, pp. 5-13. Retomada no livroPourparlers: Lettre Serge Daney: optimisme, pessimismeet voyage, pp. 97-112.

    Le plus grand film irlandais, Revue desthtique (Beckett), 1986,pp. 381-382. Retomado com o mesmo ttulo no livro Criti-que et clinique, p. 39.

    Doutes sur limaginaire, entrevista a Hors-cadre, n 4, 1986.Publicado com o mesmo ttulo no livro Pourparlers: pp. 88-96.

    Quest-ce que lacte de cration?, conferncia pronunciada em17/3/1987 para os alunos da Femis, videocassete.

    Mystre dAriane selon Nietzsche, Philosophie n 17, invernode 1987. Retomado com o mesmo ttulo no livro Critiqueet clinique, pp. 126-134.

    Prefcio (com Flix GUATTARI) edio italiana de Mille plateaux,Milo, Enciclopedia italiana, 1988.

    Prefcio para a edio italiana, tr. br. in Mil plats, vol. 1, pp.7-9.

    Un critre pour le baroque, Chimres n 5-6, maio-junho de1988.

  • 75Deleuze Filosofia Virtual

    Signes et vnements, entrevista a Raymond BELLOUR e Fran-ois EWALD, Magazine littraire n 257, set. de 1988. Re-tomada no livro Pourparlers: Sur la philosophie, pp. 185-212.

    Signos e acontecimentos, tr. br. de Ana Sacchetti, in CarlosHenrique ESCOBAR (org.), Dossier Deleuze, pp. 9-30.

    Foucault, historien du prsent, Magazine littraire n 257, set.de 1988, pp. 51-52. Parte final de Quest-ce quun dispo-sitif?.

    Foucault, historiador do presente, tr. br. in Carlos HenriqueESCOBAR (org.), Dossier Deleuze, pp. 85-88.

    La pense mise en plis, entrevista a Robert MAGGIORI, Libra-tion, 22/9/1988. Retomada no livro Pourparlers: Sur Leib-niz, pp. 213-222.

    Re-prsentation de Masoch, Libration, 18/5/89. Retomadocom o mesmo ttulo no livro Critique et clinique, pp. 71-74.

    Re-(a)presentao de Masoch, tr. br. de Viviane de Lamare, 34Letras n 5/6, setembro de 1989, pp. 414-415.

    Quest-ce quun dispositif?, in Michel Foucault philosophe.Rencontre internationale (Paris, 9, 10, 11 janvier 1988),Paris, Le Seuil, 1989, pp. 185-195.

    Lettre Rda Bensmaa (9/7/1988), Lendemains, 53, 1989. Re-tomada no livro Pourparlers: Lettre Rda Bensmaa, surSpinoza, pp. 223-225.

    Un concept philosophique, Cahiers confrontation n 20, inver-no de 1989.

    Posface a Herman MELVILLE, Bartleby, Paris, Flammarion,1989. Retomado no livro Critique et clinique: Bartleby, oula formule, pp. 89-114.

  • 76 ric Alliez

    ANOS 90

    Post-scriptum sur les socits de contrle, Lautre jounal n 1,maio de 1990. Retomado com o mesmo ttulo no livro Pour-parlers: pp. 240-247.

    Contrle et devenir, entrevista a Toni NEGRI, Futur antrieurn 1, primavera de 1990. Retomada com o mesmo ttulo nolivro Pourparlers, pp 229-239.

    Les conditions de la question: quest-ce que la philosophie?,Chimres, maio de 1990.

    Lettre-prface a Mireille BUYDENS, Sahara. Lesthtique de Gil-les Deleuze, Paris, Vrin, 1990, p. 5.

    Prface a ric ALLIEZ, Les temps capitaux. Rcits de la conqutedu temps, Paris, Cerf, 1991, pp. 7-9.

    Prefcio a ric ALLIEZ, Tempos capitais - Relatos da conquistado tempo, tr. br. de Maria Helena Rouanet, So Paulo, Si-ciliano, 1991, pp. 13-15.

    Platon, les Grecs, in Nos Grecs et leurs modernes, Paris, Seuil,1992. Retomado com o mesmo ttulo em Critique et clini-que, pp. 170-171.

    Lettre-Prface (datada de 13 de junho de 1990) a Jean-CletMARTIN, Variations. La philosophie de Gilles Deleuze, Pa-ris, Payot, 1993, pp. 7-9.

    Dsir et paisir, Magazine littraire (Foucault aujourdhui),n 325, out. de 1994, pp. 59-65.

    Desejo e prazer, tr. br. de Luiz B.L. Orlandi. Cadernos de sub-jetividade (no prelo).

    Limmanence: une vie..., Philosophie, n 47, 1/9/1995, pp. 3-7.

  • 77Deleuze Filosofia Virtual

    Lactuel et le virtuel, publicado como anexo (cap. V) a GillesDeleuze e Claire PARNET, Dialogues, Paris, Flammarion,nova edio, 1996, pp. 179-181.

    O atual e o virtual, in ric ALLIEZ, Deleuze filosofia virtual, tr.br. de Heloisa B.S. Rocha, So Paulo, Ed. 34, 1996.

    Abcdaire, entrevista a Claire PARNET realizada em 1988 etransmitida em srie televisiva a partir de novembro de 1995pela TV-ARTE, Paris, videocassete.

    Faces et surfaces (com S. CZERKINSKY), in G. Deleuze, M. FOU-CAULT, Mlanges: pouvoir et surface, s.e., s.d.

  • 78 ric Alliez

    COLEO TRANSdireo de ric Alliez

    Para alm do mal-entendido de um pretenso fim da filosofia inter-vindo no contexto do que se admite chamar, at em sua alteridade tecno-cientfica, a crise da razo; contra um certo destino da tarefa crtica que nosincitaria a escolher entre ecletismo e academismo; no ponto de estranheza ondea experincia tornada intriga d acesso a novas figuras do ser e da verdade...TRANS quer dizer transversalidade das cincias exatas e anexatas, humanase no-humanas, transdisciplinaridade dos problemas. Em suma, transforma-o numa prtica cujo primeiro contedo que h linguagem e que a lingua-gem nos conduz a dimenses heterogneas que no tm nada em comum como processo da metfora.

    A um s tempo arqueolgica e construtivista, em todo caso experimen-tal, essa afirmao das indagaes voltadas para uma explorao polifnicado real leva a liberar a exigncia do conceito da hierarquia das questes ad-mitidas, aguando o trabalho do pensamento sobre as prticas que articulamos campos do saber e do poder.

    Sob a responsabilidade cientfica do Colgio Internacional de EstudosFilosficos Transdisciplinares, TRANS vem propor ao pblico brasileiro nu-merosas tradues, incluindo textos inditos. No por um fascnio pelo Outro,mas por uma preocupao que no hesitaramos em qualificar de poltica,se porventura se verificasse que s se forjam instrumentos para uma outrarealidade, para uma nova experincia da histria e do tempo, ao arriscar-seno horizonte mltiplo das novas formas de racionalidade.

    COLEO TRANSvolumes publicados

    Gilles Deleuze e Flix GuattariO que a filosofia?

    Flix GuattariCaosmose - Um novo paradigma esttico

    Gilles DeleuzeConversaes

    Barbara Cassin, Nicole Loraux, Catherine PeschanskiGregos, brbaros, estrangeiros - A cidade e seus outros

    Pierre LvyAs tecnologias da inteligncia

    Paul VirilioO espao crtico

  • 79Deleuze Filosofia Virtual

    Antonio NegriA anomalia selvagem - Poder e potncia em Spinoza

    Andr Parente (org.)Imagem-mquina - A era das tecnologias do virtual

    Bruno LatourJamais fomos modernos

    Nicole LorauxA inveno de Atenas

    ric AlliezA assinatura do mundo - O que a filosofia de Deleuze e Guattari?

    Gilles Deleuze e Flix GuattariMil plats - Capitalismo e esquizofrenia (Vols. 1, 2 e 3)

    Maurice de GandillacGneses da modernidade

    Pierre ClastresCrnica do ndios Guayaki

    Jacques RancirePolticas da escrita

    Jean-Pierre FayeA razo narrativa

    Monique David-MnardA loucura na razo pura

    Jacques RancireO desentendimento - Poltica e filosofia

    ric AlliezDa impossibilidade da fenomenologia

    Michael HardtGilles Deleuze - Um aprendizado em filosofia

    ric AlliezDeleuze filosofia virtual

    A sair:

    Franois JullienFiguras da imanncia

  • 80 ric Alliez

    ESTE LIVRO FOI COMPOSTO EM SABON PELABRACHER & MALTA, COM FOTOLITOS DAHOLT E IMPRESSO PELA EDITORA PARMAEM PAPEL PLEN 80 G/M2 DA CIA. SUZANODE PAPEL E CELULOSE PARA A EDITORA 34,

    EM JUNHO DE 1996.