Alinhavando7 - Alinhavando 07 - ANO 01 - JORNAL DA IM DO JARDIM BOTÂNICO

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1 Jornal da Igreja Metodista do Jardim Botânico-Rio EDIÇÃO 07 ANO 01 24 de junho de 2012 NESSA EDIÇÃO - O que a Bíblia diz sobre ecologia? texto do Bispo Paulo Lockmann - Páginas 2 a 4. - Entrevista com o Rev. Odilon Chaves, pastor pioneiro na internet e criador do site Metodistas online - Páginas 5 e 6. - Reflexão sobre a disputa Rede Record X apóstolo Valdomiro Santiago Texto da jornalista metodista Magali Nascimento Páginas 7 a 10. - No Reino de Deus somos iguais texto do seminarista Daniel Simão Páginas 11. - Nossa Gente nº 7 Leda Machado Ximenes Páginas 12 e 13. - Jornadas de Oração: um caminho em direção ao Reino texto de Maria Ruth Furtado Página 14 OS DEZ MANDAMENTOS DA ECOLOGIA Ecléa Bosi 01 - Ama a Deus sobre todas as coisas e a natureza como a ti mesmo 02 - Não defenderás a natureza em vão com palavras, mas através de teus atos 03 - Guardarás as florestas virgens, pois tua vida depende delas 04 - Honrarás, a flora, a fauna, todas as formas de vida, e não apenas a humana 05 - Não matarás. 06 - Não pecarás contra a pureza do ar deixando que a indústria suje o que a criança respira 07 - Não furtarás da terra a sua camada de húmus, raspando-a com o trator, condenando o solo à esterilidade 08 - Não levantarás falso testemunho dizendo que o lucro e o progresso justificam teus crimes 09 - Não desejarás para teu proveito que a fonte e os rios se envenenem com o lixo industrial e esgoto. 10 - Não cobiçarás objetos e adornos para cuja fabricação é preciso destruir a paisagem: a terra também pertence aos que ainda estão por nascer.

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Jornal da Igreja Metodista do Jardim Botânico-Rio

E D I Ç Ã O 0 7 – A N O 0 1 – 2 4 d e j u n h o d e 2 0 1 2

NESSA EDIÇÃO

- O que a Bíblia diz sobre ecologia? – texto do Bispo Paulo Lockmann - Páginas 2 a 4.

- Entrevista com o Rev. Odilon Chaves, pastor pioneiro na internet e criador do site Metodistas online - Páginas 5 e 6.

- Reflexão sobre a disputa Rede Record X apóstolo Valdomiro Santiago – Texto da jornalista metodista Magali Nascimento – Páginas 7 a 10. - No Reino de Deus somos iguais – texto do seminarista Daniel Simão – Páginas 11.

- Nossa Gente nº 7 – Leda Machado Ximenes – Páginas 12 e 13.

- Jornadas de Oração: um caminho em direção ao Reino – texto de Maria Ruth Furtado – Página 14

OS DEZ MANDAMENTOS DA ECOLOGIA Ecléa Bosi

01 - Ama a Deus sobre todas as coisas e a natureza como a ti mesmo

02 - Não defenderás a natureza em vão com palavras,

mas através de teus atos

03 - Guardarás as florestas virgens, pois tua vida depende delas

04 - Honrarás, a flora, a fauna, todas as formas de vida, e não apenas a humana

05 - Não matarás.

06 - Não pecarás contra a pureza do ar deixando que a indústria suje o que a criança respira

07 - Não furtarás da terra a sua camada de húmus,

raspando-a com o trator, condenando o solo à esterilidade

08 - Não levantarás falso testemunho dizendo que o lucro e o progresso justificam teus crimes

09 - Não desejarás para teu proveito que a fonte e os rios se envenenem com o lixo industrial e esgoto.

10 - Não cobiçarás objetos e adornos para cuja fabricação

é preciso destruir a paisagem: a terra também pertence aos que ainda estão por nascer.

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O que diz a Bíblia sobre Ecologia?

Bispo Paulo Lockmann

Quando abrimos o livro de Gênesis, ou “livro do começo”, a narrativa nos enche de alegria e espanto, pois, ao recordar-nos cada dia da criação, nos traz à memória a natureza criada por Deus.

Em Gênesis 1.3, é dito: “Disse Deus:

Haja luz e houve luz.” Ah! O sol. Que delícia! Após um longo tempo de frio e chuva, como vivi na minha terra, de repente brilha o sol, saímos à rua e sentimos aquele calor agradável que fortalece os ossos. Ou no verão, junto ao mar, levanto cedo e vejo nascer o astro-rei subindo do mar. Ah! É pura poesia, inspira e comove. Sim, o sol é obra do Deus da luz, o Criador. “E viu Deus que a luz era boa.” Sim, não há vida sem o sol.

Em Gênesis 1.6: “E disse Deus: ...Haja

separação entre águas e águas.” Nasci em Porto Alegre, diferente de outros lugares, temos as águas do Guaíba a nos cercar de diferentes partes. A cidade é atravessada por diversos riachos, hoje, todos poluídos, mas como é agradável mergulhar nas águas da Pedra Redonda, ou outras de nossas praias do Rio de Janeiro. Olhar as águas aquieta a alma, tranqüiliza o coração. Mergulhar nas águas energiza os músculos, o cérebro, dá uma sensação de bem-estar. “E viu Deus, que isso era bom.”

Em Gênesis 1.11: “E disse Deus: Produza a terra, relva, ervas e árvores que dêem frutos.” Aprendi desde menino a conhecer ervas para os nossos chás. Havia nelas cura para tudo. Losna para fígado e estômago, quebra-pedra para os rins, jurubeba para o fígado, e tantos outros. Aprendi que tudo que precisávamos para ser curados estava na natureza. E as árvores com seus frutos, ah! Que saudade das árvores da minha infância. Passei boa parte subindo no abacateiro, na goiabeira e na pereira. O que fizeram com as nossas árvores? Tenho pena das nossas crianças que quase não vêem árvores, só prédios; ou as vêem de longe.

Poderia descrever o restante da

criação, pois emociona, motiva. Toda natureza criada por Deus não é nossa, somos apenas mordomos do que Deus criou: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam. Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu” (Sl 24.1-2).

A narrativa do dilúvio mostra também Deus orientando Noé para resgatar e preservar a criação: “De toda carne, em que havia fôlego de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca; eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado; e o SENHOR fechou a porta após ele” (Gn 7.15-16).

Exaltando o Criador e a criação “...pois expusestes nos céus a tua

majestade”, registra Salmos 18.1. A soberania de Deus é ilustrada nesse livro. No Salmo 19, por exemplo, há uma exaltação da natureza ao Criador: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o

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firmamento anuncia as obras das suas mãos.” (Sl 19.1).

Ou a sua grandeza e juízo são

exaltados pelo salmista quando diz: “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de sua boca, o exército deles. Ele ajunta em montão as águas do mar; e em reservatório encerra as grandes vagas. Tema ao SENHOR toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo. Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir” (Sl 33.6-9).

O culto a Deus, conforme o salmista,

obedece a um processo de reconhecimento de que Ele é Deus Criador: “Fala o Poderoso, o SENHOR Deus, e chama a terra desde o Levante até ao Poente. Desde Sião, excelência de formosura, resplandece Deus. Vem o nosso Deus e não guarda silêncio; perante ele arde um fogo devorador; ao seu redor esbraveja grande tormenta. Intima os céus lá em cima e a terra, para julgar o seu povo. Congregai os meus santos, os que comigo fizeram aliança por meio de sacrifícios” (Sl 50.1-5).

Por fim, exalta o poder de Deus,

dizendo: “Ó SENHOR, Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu és, Senhor, com a tua fidelidade ao redor de ti? Dominas a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas. Calcaste a Raabe, como um ferido de morte;com o teu poderoso braço dispersaste os teus inimigos. Teus são os céus, tua, a terra; o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste. O Norte e o Sul, tu os criaste; o Tabor e o Hermom exultam em teu nome. O teu braço é armado de

poder, forte é a tua mão, e elevada, a tua destra” (Sl 89. 8-13).

Os Salmos que reproduzem o culto, os

cânticos, a poesia e a sabedoria do caminhar com Deus reconhecem que Ele é o Criador, Senhor e sustentador do universo. E nós, criaturas suas, responsáveis por sua criação, que anuncia seu domínio e poder.

Jesus e os Evangelhos – lições de

meio ambiente. Alguém poderia dizer: “Ecologia é

tema dos nossos dias. O que pode Jesus e os Evangelhos dizer sobre isto?” Na verdade o que podemos encontrar são conceitos que, uma vez seguidos, ajudam-nos a cuidar do meio ambiente. Deixe-me mostrar dois momentos que nos ensinam sobre princípios de vida em comunidade.

a) A pesca maravilhosa (Lc 5. 1-11) Essa narrativa nos confronta ao

mostrar que a pesca artesanal pode sustentar milhares de famílias no mundo. No entanto, ela está acabando por causa da pesca predatória, que transformou os peixes e moluscos em produtos de enriquecimento de grandes indústrias de pescados. É a acumulação em detrimento do compartilhamento comunitário e sustentável. Veja o que chama atenção no texto: “Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.” (Lc 5.6-7)

A pesquisa nos ensina que a pesca

segue ciclos de procriação dos peixes. A grande pesca, narrada, obedece a tais períodos do mar da Galiléia. A grande lição é partilhar com os companheiros a grande pescaria. Poderiam levar tudo para a praia e fazer a secagem do excedente e vender mais do que conseguiriam ao ter dividido. Essa noção de partilha comunitária mostrada no texto ainda é parte da prática das populações ribeirinhas em redor do mundo. Reconheço que é também importante a pesca em navios

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maiores e industriais, desde que siga os ciclos da natureza, respeitando-a, sem explorá-la ao ponto de pôr em risco a existência de certas espécies, como as baleias.

b) A ansiosa solicitude pela vida (Lc

12.22-34) “Por isso vos advirto: Não andeis

ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir” (Lc 12.22).

Há quatro meses não como carne

bovina, por razões médicas e também por propósito. Para mim, gaúcho, no início foi difícil. Agora como sem a carne o feijão, arroz, salada, de vez em quando peixe ou frango. Neste tempo quebrei o propósito, por falta de opção, poucas vezes. O que estou defendendo é uma vida mais simples. Outro dia Glaucia, minha esposa, me disse: “É impressionante a quantidade de amigos e conhecidos que tiveram ou têm câncer. Não seriam as químicas e conservantes, ou agrotóxicos?”

A verdade é que a necessidade de

grandes produções e grandes lucros faz com que não meçam os meios para produzir mais alimentos, ainda que tragam riscos à saúde. Nossa saúde tem sido vítima dos grandes lucros! Junto a isso entra a advertência que Jesus fez sobre as “vestimentas”. Quando, em Mateus 10, envia os discípulos para a missão, Ele adverte: “nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento” (v.10).

A corrida à monocultura do algodão

não dá espaço na maioria das grandes fazendas, nem para os funcionários plantarem uma horta, feijão ou algo semelhante. Sem falar da rápida exaustão da terra. Pessoas se endividam para comprar as marcas da moda, jovens roubam ou se prostituem para usar roupas de grife. Esse consumismo está destruindo todos nós e o meio ambiente. Que mundo vão herdar nossos netos? É profundamente evangélico sairmos dessa corrida ao consumo e optarmos por uma

vida simples como recomendou Jesus: “Observai os lírios; eles não fiam, nem tecem. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais tratando-se de vós, homens de pequena fé!” (Lc 12.27-28).

A razão desta reflexão é que estamos

à beira do caos no que tange ao meio ambiente, cidades como São Paulo se tornam não habitáveis, há colapso em vários setores. Os dados apontam que no Brasil menos da metade dos domicílios têm conexão com serviço de esgoto, a maioria lança o esgoto in natura nas redes fluviais, contaminam os mananciais de águas. Como Igreja, precisamos nos despertar em relação ao cuidado da criação. Estamos com um grupo de trabalho que irá propor ações que levem nosso povo a cooperar com o cuidado do meio ambiente. Diante da Rio + 20, conferência que ocorre em nosso meio, a Igreja precisa ser vanguarda, assumindo posturas e cuidados que cooperem para o bem-estar do nosso planeta. Deus nos ajude nesta tarefa.

“A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus”.

(Rm 8.19-21).

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http://www.metodistasonline.kit.net

ENTREVISTA com o pastor Odilon Massolar Chaves, ex-pastor da Igreja Metodista do Jardim Botânico, e pioneiro criador do site Metodistas Online que já serviu como importante fórum de debates sobre identidade e rumos do metodismo brasileiro e que hoje prioriza contar através

de vídeos a história do metodismo pelo mundo. ALINHAVANDO – Fale um pouco de como surgiu esse site e do propósito no surgimento do Portal Metodistas Online. PASTOR ODILON – Ao deixar a área nacional onde pude trabalhar como Editor Nacional percebi a necessidade de criar um site que pudesse dar oportunidade aos metodistas de se expressarem.

Percebi que não era bom para a Igreja ter apenas a informação oficial. Era necessário ter outro meio de comunicação e informação.

Era uma época em que havia poucos sites na Igreja. Nem a área nacional tinha. Não havia orkut, facebook, youtube, twintter etc.

O propósito foi esse. Nesse sentido, vejo que o Portal foi pioneiro. Ele foi criado em 2002.

Aprendi muito com um membro da Igreja Metodista de Campo Belo, SP, que era chefe da área de informática de uma grande empresa em São Paulo. Ele me ensinou como fazer um site.

Com sua ajuda, inicialmente, em 1999, criei o Net Paz falando sobre cura interior, paz em Jesus etc.

ALINHAVANDO – O Portal dos Metodistas Online proporcionou grandes debates on line. Como foi esse momento? PASTOR ODILON – Questões de episcopado, ecumenismo, crise institucional e outros assuntos foram debatidos com o propósito de dar liberdade de expressão. Como Wesley disse, "Pensar e deixar pensar".

Na época, nem todos compreenderam o propósito do Portal. Afirmaram, por exemplo, antes do Concílio Geral de Aracruz, que ecumenismo não se discute.

Quando entrevistei o então pastor Adonias Pereira do Lago sobre seu propósito ao desejar ser bispo da Igreja, houve severa critica, algumas agressivas pelo Portal estar abrindo espaço para esse assunto.

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Em pleno Concílio Geral de Aracruz, tive uma informação privilegiada de uma decisão de uma determinada comissão e a publiquei. O líder da comissão me passou um e-mail exigindo que eu retirasse a notícia. Como não sou polêmico, retirei.

Quando o Bennett estava entrando em um período crítico e vendo a situação aflitiva dos funcionários, professores e professoras sem receberem os salários e os alunos e alunas sem condições de continuarem os estudos, publiquei uma manchete com o propósito de buscar solução, mas teve reação contrária muito forte.

Cheguei a retirar o Portal dois dias da internet e isso gerou pânico em algumas pessoas que me pediram para retornar com o Portal.

Foi sugerido, então, ter um grupo de apoio, inclusive de advogados metodistas, pastores e líderes leigos para fazerem parte do Conselho Editorial para dar um suporte. Com isso, senti mais tranqüilidade com o Portal.

ALINHAVANDO – Fale, por favor, do momento atual do Metodistas Online. PASTOR ODILON – Após o Concílio Geral de Aracruz, percebi que os ânimos estavam exaltados e algumas pessoas passaram a utilizar o Portal para agredir outros metodistas, especialmente, por causa da questão do ecumenismo.

Não achei bom isso! O propósito não era esse do Portal.

Aprendi a respeitar a todos. Por isso, havia o debate. Sempre dei oportunidade a todas as correntes teológicas da Igreja. Acredito que temos que aprender a conviver com elas.

É bom que saibam que trabalhei com o bispo católico Dom Mauro Morelli na diocese de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Aqui onde sou pastor meu relacionamento com o padre é excelente.

Decidi, então, transformar o Portal em um local de consulta e de notícias sobre o metodismo que pudessem edificar.

Nesse período, passou a haver as chamadas "redes sociais" onde as pessoas interagem.

Surgiram outros sites interagindo dentro do metodismo e cada Região passou a ter o seu site. Quase toda igreja local passou a ter o seu site. Acho isso natural e muito bom.

Evidentemente, o acesso ao Portal caiu muito, mas prefiro continuar com esse propósito. Prefiro publicar o que possa edificar e despertar os metodistas para o avanço missionário e de testemunho no mundo.

Outros sites na Igreja já abrem espaço para o debate.

Nem todos gostam de história e de notícias, especialmente, do exterior sobre o metodismo.

Vejo o interesse por determinados tipo de sites e blogs no exemplo de minha filha Liliana, a "Lu Francesa". Ela tem um blog sobre emagrecimento (http://www.lufrancesa.com/blog) que já tem um acesso de mais de 3 milhões de visitas. Sua história já saiu em algumas revistas e é parte de um livro... Dieta é um assunto que interessa a muita gente. História do metodismo, nem tanto...

Acredito que o Portal dos Metodistas Online cumpriu um papel importante sobre o debate na história do metodismo..

Hoje o papel do Portal é outro. Hoje estou fazendo até mais vídeos,

especialmente, sobre o metodismo e publicando no youtube.

Como sou um apaixonado pelo metodismo de Wesley, estou sempre a procura de novidades no mundo metodista.

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REFLEXÕES SOBRE A DISPUTA REDE RECORD X APÓSTOLO VALDEMIRO SANTIAGO

Por Magali do Nascimento Cunha (*)

Estamos assistindo nos últimos meses a novos capítulos não-inéditos do espetáculo da

religião nas mídias: o primeiro foi a reportagem de Marcelo Rezende (e toda a repercussão dela), veiculada no programa Domingo Espetacular, da Rede Record, na noite do último 18 de março, que denunciou supostas práticas de uso ilícito das arrecadações financeiras da Igreja Mundial do Poder de Deus, especialmente da parte do líder maior, o apóstolo Valdemiro Santiago. Dali, diversas versões de réplicas e tréplicas, tanto nos programas da Igreja Mundial quanto nos da Igreja Universal do Reino de Deus, vêm se sucedendo.

Explicar o porquê dos termos-chave da

frase que abre este pequeno artigo – capítulo não-inédito, espetáculo, religião nas mídias – é, ao mesmo tempo, buscar compreender o significado deste componente do cenário evangélico no Brasil.

Capítulo não-inédito Denúncias e ataques que envolvem

lideranças religiosas que têm presença nas mídias não são novidade: no rádio são muitos os exemplos de pregadores referindo-se negativamente a outros, há várias décadas; na TV, exposição pública mais destacada por conta das imagens, o fato considerado mais marcante aconteceu em 1995: o desencadeamento de uma série de ataques da Rede Globo contra o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O bispo Macedo e a IURD já haviam sido alvo de reportagens-denúncia em 1989, pouco tempo depois da aquisição da TV Record (1987), no programa Documento Especial, da Rede Manchete, e de uma série de matérias no mesmo teor em vários veículos, com acusações de desvio e lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito com arrecadações financeiras da igreja.

Quando, em 1992, o bispo Macedo foi

preso com acusações de charlatanismo, curandeirismo e envolvimento com o tráfico de drogas, as mídias deram farta cobertura.

Em 1995 a Rede Globo dá início aos ataques à IURD e ao bispo com reportagem-denúncia no Jornal Nacional sobre a exploração dos fiéis através de dízimos e ofertas da igreja, processo que culmina com a veiculação da minissérie de ficção “Decadência”, sobre a vida de um pastor evangélico corrupto e devasso, identificado explicitamente com Edir Macedo. Esse foi também o ano do episódio do “chute na santa”, que rendeu novas matérias críticas à IURD e ao bispo: durante a edição do programa de TV O Despertar da Fé, pela Rede Record, levado ao ar no feriado de 12 de outubro, um dos bispos, de nome Sergio von Helder falou contra a figura de Nossa Senhora e deu chutes numa imagem da santa colocada no estúdio. A Globo se torna a “inimiga número um” da IURD e do bispo Macedo, e a programação da Rede Record tornou-se espaço de contra-ataque. Em 2009, a Globo desfere novos ataques contra a IURD, com matéria no Jornal Nacional que classifica seus líderes como máfia. O duelo ganhou terreno com repercussão em outras mídias.

Em 2002, foi a Igreja Renascer em Cristo o alvo de críticas nas mídias, especialmente das mesmas Organizações Globo. A partir de matérias-denúncia, de capa, publicadas na Revista Época, da Editora Globo, em duas semanas consecutivas, com repercussão em jornais, no rádio e na TV, a Renascer e seus fundadores, o casal Estevan e Sonia

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Hernandes, passam a ser alvo de matérias-denúncia quanto a desvio dos fundos arrecadados pela igreja e pela fundação que leva o mesmo nome. Em 2006, a Justiça bloqueou os bens do casal com acusações de estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Os episódios culminaram, no ano seguinte, com a prisão do casal Hernandes nos Estados Unidos, para onde viajaram com valores em espécie não declarados. Houve ampla cobertura das mídias ao fato. Eles foram julgados pela acusação de contrabando de divisas, conspiração e falso testemunho e ficaram presos por 140 dias, passaram cinco meses em prisão domiciliar e mais um período em liberdade condicional. Estevan e Sônia Hernandes foram liberados e voltaram ao Brasil em 2009, mas continuam respondendo a processos no Brasil por ilegalidade na gestão financeira da igreja.

Os capítulos iniciados em março,

portanto, não são inéditos, como também não é inédito que personagens religiosos midiáticos protagonizem combates entre si. Em 2010, entrando por 2011, os embates entre o bispo Macedo e o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo Silas Malafaia se intensificaram e tiveram espaço na TV, no rádio e na internet por meio dos sites e blogs dos religiosos, de vídeos no Youtube e das redes sociais com manifestações de partidários. Em 2011, a Record reforçou a disputa com matéria no programa Domingo Espetacular, de 13 de novembro, com crítica à prática de “cair no Espírito”, ou “Bênção de Toronto”, respeitada e adotada por vários grupos evangélicos. Nessa etapa de confrontos, outros religiosos midiáticos também foram envolvidos, como o pastor do Ministério Tempo de Avivamento e deputado federal Marcos Feliciano, até os cantores gospel, classificados por Edir Macedo como “endemoniados”. Não é surpresa que o pastor Silas Malafaia tenha se pronunciado, de imediato, pela Internet, sobre a matéria do domingo 18 de março, não isentando Valdemiro Santiago, mas acusando o bispo da IURD com a seguinte frase: “O resumo da história é este: o sujo falando do mal lavado. Todos farinha do mesmo saco”.

A matéria do Domingo Espetacular

contra a Igreja Mundial deixa claro que o

apóstolo Valdemiro Santiago, pastor dissidente da IURD, tem por prática pregar contra a IURD e fazer acusações contra o bispo Edir Macedo em seus programas na TV. Durante os dias posteriores ao programa da Rede Record, Valdemiro Santiago apresentou sua defesa, garantido aos fiéis da igreja que havia entrado com processo contra a Rede Record para obter direito de resposta e desferido novos ataques à IURD e ao bispo Macedo, a quem trata como “eles”. Por sua vez, a IURD rebateu as argumentações de Valdemiro Santiago e tem apresentado novas críticas.

A lógica do espetáculo Estas constatações nos levam a um

outro termo usado na primeira frase deste texto: espetáculo. Não se pode assistir a estes acontecimentos sem ter a compreensão de que eles são um espetáculo, uma demonstração pública, no sentido mais lato do termo. O filósofo Guy Debord chama atenção para isto em sua análise da sociedade contemporânea: o espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. Dessa maneira, por meio da ação das mídias, as relações entre as pessoas transformam-se em imagens e espetáculos. O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.

Segundo Debord, tudo o que era vivido

diretamente tornou-se uma representação. Por exemplo, a violência, uma das faces mais cruas do relacionamento humano, entra nas casas por meio de imagens-espetáculo,

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assim como a sexualidade ou o convite ao consumo de bens e serviços e as pessoas-espetáculo (as celebridades). Dar espetáculo é provocar, convidar ao consumo de conteúdos; por vezes, o escândalo é uma forma espetacular de atrair audiência e consumidores de conteúdos. Programas que expõem brigas de família ou fatos inusitados que envolvem a vida de celebridades atraem um público significativo.

Com a religião nas mídias não é

diferente: esta presença se consolida na trilha cultura das mídias, que é a lógica do espetáculo: os milagres, os exorcismos, os cultos-imagem, a exposição dos religiosos espetaculares, e… as brigas e os fatos inusitados… Tudo isto em torno da lógica midiática que passa pela visibilidade dos emissores e a captação de receptores, e, conseqüentemente, de consumidores. Afinal, as mídias são veículos da “indústria cultural”, termo nascido em meados do século XX para denominar a lógica que rege o lugar social das mídias. Nos tempos de hoje, mais coerente é nomear o fenômeno como “mercado cultural”, já que ele não passa somente pela indústria e a venda de produtos mas também de serviços e todos os derivados.

A religião de mercado Religião midiática é mercado cultural, é

religião de mercado. A fé, nesse caso, é uma produção ao redor da qual circulam produtos, bens e serviços, oferecidos para financiar a presença dos grupos que têm poder financeiro nas mídias, e as consequentes ampliação de visibilidade e busca de hegemonia no cenário religioso. No sentido estabelecido pela sociedade do espetáculo em que para ser visto, conhecido e acreditado é preciso estar nas mídias, grupos religiosos já são formados com esta

compreensão e com este projeto pastoral de visibilidade social e ocupação de espaços, tendo seus públicos-alvo previamente determinados. Não é difícil visualizar, no crescimento da presença midiática da Igreja Mundial, que Valdemiro Santiago é discípulo de Edir Macedo e dos outros líderes da IURD e, na prática, segue seus passos.

Na lógica do mercado cultural cabe a

concorrência, o uso do espaço para minar concorrentes e ganhar a apoio do público (audiência). Não é preciso recordar as análises sobre os casos Globo-IURD e Globo-Renascer que classificaram os embates como de concorrentes. Não foi à toa que, no caso Renascer, em 2002, o SBT abriu imediato espaço no Programa de Gugu, no mesmo domingo 20 de maio, para Estevan Hernandes apresentar sua defesa. Concorrência é valor do mercado.

Discernindo…

O que temos assistido nos últimos meses é nada menos do que mais um episódio da prática da concorrência de mercado tanto midiático quanto religioso. O que parece ser um duelo entre líderes e preceitos religiosos é, de fato, um duelo pela conquista de visibilidade, de espaço, em busca do público consumidor. E isto coloca a religião num patamar que, talvez, não estivesse na sua razão de ser (o re-ligar o ser humano ao divino), mas que é construído socialmente a partir dos sentidos estabelecidos pela sociedade do espetáculo: religião torna-se bem de mercado, elemento de barganha, estratégia de marketing. E assim, como se diz no popular, tudo isto “torna-se briga de cachorro grande” pois extrapola o espaço do estritamente religioso, uma disputa entre grupos religiosos, no caso, pentecostais, e ganha dimensões mas amplas.

Por exemplo, quando um personagem por vezes protagonista, por vezes coadjuvante, como o pastor Silas Malafaia, que assume o papel da pessoa controvertida em todo este contexto e constrói sua imagem midiática como “aquele que diz as verdades”, é convidado para uma conversa com o vice-diretor das Organizações Globo, João Roberto Marinho, temos um sinal do patamar em que se encontra a religião nas mídias. Segundo depoimento do pastor depois da conversa (Revista Piauí, 66, set 2011), Marinho teria alegado precisar conhecer mais

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o mundo dos evangélicos já que a emissora teria percebido que Edir Macedo não seria “a voz” dos protestantes no Brasil. O pastor Malafaia ganhou, então, trânsito em um canal de destaque na comunicação e já teve cinco aparições no programa de maior audiência da Rede Globo, o Jornal Nacional. Além do contato com Malafaia, as Organizações Globo, por meio da gravadora Som Livre, já contrataram grandes nomes do mercado da música evangélica que têm, a partir daí, espaço garantido na programação da Rede Globo, e tiraram da Rede Record o evento de premiação dos melhores da música evangélica, o Troféu Promessas (o que talvez explique a referida classificação de “endemoniados” aos cantores, incluída a popular Ana Paula Valadão). Vamos estar atentos agora aos próximos passos neste interessante embate pela hegemonia nas mídias, tendo como barganha a religião.

Criticar Edir Macedo e Valdemiro

Santiago e classificar de “baixaria” ou de “falso testemunho” o que temos assistido

nestes meses, com prorrogação certa

por outros tantos, e inserir novas denúncias a uma ou a outra parte do duelo, é muito pouco e é desviar do ponto que dá sentido a este capítulo não-inédito, que não é isolado, como vimos, dentro deste processo da relação entre religião e sociedade. Quem se interessa por este cenário social, por motivações religiosas ou acadêmicas, é desafiado a desenvolver uma visão macro e

reivindicar atitudes dos produtores midiáticos, religiosos ou não, que passem pelo campo da ética – a ética nas mídias e a ética na religião – senão estaremos fadados a ver cumprida “a profecia” de Dostoievski, registrada no conto “O Grade Inquisidor” (no livro Os Irmãos Karamazov).

Na história, Cristo volta à terra e é

interpelado por um líder cristão com críticas: Cristo não deveria ter voltado trazendo de novo aqueles valores de misericórdia e justiça e andando no meio do povo apregoando-lhe a liberdade. O líder pergunta a Cristo por que voltou para atrapalhar o que a igreja estava fazendo: “Fica sabendo que jamais os homens se acreditaram tão livres como agora, e, no entanto, eles depositaram a liberdade humildemente a nossos pés”. O líder religioso, então, acusa Cristo de haver fracassado na sua missão por ter recusado a tentação do deserto: não distribuiu pão (milagres) para atrair público, não realizou espetáculos (jogar-se do pináculo do templo para ser aparado por anjos) e não aceitou as riquezas do mundo que lhe dariam glória e poder facilmente. No conto, o líder religioso diz que agora a igreja estava consertando esse erro que Cristo cometeu porque era perda de tempo esperar discípulos por amor: as pessoas querem mesmo é encontrar Deus por meio do pão, dos milagres, das maravilhas e do poder econômico. Por isso, no conto, Cristo é preso novamente.

Ética nas mídias e ética na religião: quem se habilita?

(*) Magali do Nascimento Cunha, jornalista, doutora em Ciências da Comunicação, professora da Universidade Metodista de São Paulo (Faculdade de Teologia e Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação), autora do livro “A Explosão Gospel. Um Olhar das Ciências Humanas sobre o cenário evangélico

contemporâneo” (Ed. Mauad).

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No Reino de Deus somos iguais

Daniel Simão, membro da Igreja do Jardim Botânico

e seminarista na Faculdade de Teologia-SP

Quero começar esse texto compartilhando um trecho bíblico que me chama muito a atenção e que nos faz refletir sobre a igualdade no meio do povo de Deus dentro das igrejas. O texto bíblico é o de Tiago 2.1 onde diz: “Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com parcialidade”.

Já ouvi pregações sobre esse texto, e algumas me chamaram a atenção pelo fato de o pregador ter explanado a diferença de etnia, religião, ser pobre ou rico, doente ou saudável, homem e mulher, dentre outras marcas de preconceitos sociais que podemos observar no dia a dia em nossa sociedade.

Isso é uma realidade que existe não só na sociedade, mas também no meio do povo de Deus, um povo que se chama pelo nome Dele e reconhece que Ele é o seu Senhor, e além dessas virtudes, se podemos assim colocar, o povo que não poderia excluir ninguém, pelo contrário, deveria incluir, acaba sendo alvo de acusações verdadeiras por excluírem a sociedade de todo o amor que Deus quer derramar, privatizando o amor de Deus e o colocando em um nível que só alguns podem receber esse amor, quando a verdadeira mensagem, que percebemos em Jesus, é que o próprio Deus se fez carne para poder caminhar com todos sem distinção ou preconceitos e poder revelar, através de Jesus, seu filho, a verdade sobre esse amor.

Quando penso em igreja penso em comunidade de fé e amor, que não tem vergonha de expressar o seu amor pelas pessoas.

Além de vermos esse tipo de exclusão feita pelo povo de Deus para com o povo que ainda não conhece esse amor, vemos isso de forma banal dentro das igrejas, entre o povo de Deus. Uns se achando melhores do que os outros, se fazendo valer de posições errôneas que não estão na Palavra e, muitas vezes, por disputas por posições entre homens e mulheres.

Se nós olharmos para a Palavra de Deus, ainda com base no texto de Tiago 2, um outro texto que quebra qualquer argumento na briga por posições entre homens e mulheres, dentro da igreja, como liderança leigas ou clericais, é o texto de Efésios 4.11-12, onde diz que: “ E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo.” Sendo assim podemos colocar que não só os homens foram chamados para esses ministérios, mas também mulheres, que foram chamadas para servirem a Deus juntamente com os homens, exercendo esses ministérios, como diz o texto acima, com vista ao aperfeiçoamento do corpo de Cristo, e para a edificação do Reino de Deus implantado na Terra.

Por muito tempo os homens tiveram o domínio dos lugares mais altos da igreja e as mulheres sempre eram usadas no serviço, obedecendo as ordens que vinham dos homens.

Uma característica bem curiosa das mulheres é que elas possuem o coração muito mais aberto ao serviço do que os homens. Não estou dizendo que elas, por causa disso, não possam exercer funções de liderança (que também precisa ser um serviço!), mas sim que essa interessante característica é usada por Deus para levantar mulheres corajosas para poderem assumir os seus lugares como pastoras, apóstolas, evangelistas, profetas e doutoras.

Ao longo da história percebemos que as mulheres, no passado, foram ousadas ao confrontarem as lideranças das igrejas, querendo a igualdade no Reino. E hoje, percebemos que, com passos ainda não tão grandes, as mulheres conseguem provar que são tão capazes quanto os homens para exercerem tais lideranças e cumprirem, juntamente com eles, a vontade de Deus para a igreja.

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NOSSA GENTE Nº 7

Leda Machado Ximenes, filha de Manoel e Ismênia Machado, nasceu no bairro carioca de Cascadura. “A minha avó Cecília era a parteira da família. Fez o parto de todos os netos, exceto dos dois mais novos, o Moisés e a Karla, porque ela dizia que já estava muito idosa e que não tinha mais as condições para tal”, diz a Leda.

Começaram a frequentar e fazer parte de uma igreja evangélica, a Assembléia de Deus de Madureira, quando a avó Cecília converteu-se. Ismênia ainda era pequena.

A mãe Ismênia era membro da Igreja Assembleia de Deus, e foi excluída porque casou-se com o Manoel, que não era membro da Igreja e nem evangélico. “Depois de casados meus pais vieram morar aqui no bairro do Jardim Botânico. E como minha mãe tinha sido excluída da igreja que era membro, procurou por aqui uma Igreja para se filiar, e foi assim que veio parar na Metodista do Jardim Botânico. Eu, portanto, “nasci” na Igreja Metodista do Jardim Botânico. Mais tarde, a Assembleia de Deus constatando que mamãe não se afastou de Deus, arrolou-a outra vez ao rol da Igreja, mas ela não saiu mais da Metodista, assim, frequentávamos as duas, foi muito bom para todos nós. Eu, particularmente, amo a Assembleia de Deus.”

“Fomos lá diversas vezes na época do Pr. Paulo Leiva Macalão, não só lá como no Leblon, na antiga Favela do Pinto, e em Botafogo também. Meu pai não era crente, mas nunca foi contra a orientação cristã que minha

mãe nos dava. No dia de ir à Igreja, mamãe levantava cedo e arrumava os 8 filhos (Amênia, eu, Leila, Ruth, Hilda, Ester, meu saudoso irmão Moisés e a caçula, a Karla) que ainda estavam dormindo. Quando estávamos todos prontos, papai ia nos deixar na porta da Igreja e nos buscar na saída”.

Leda fez sua pública profissão de fé e tornou-se membro da Igreja Metodista do Jardim Botânico no dia 1º de janeiro de 1962, tornando-se assim a 644ª a tornar-se membro de nossa Igreja quando a IMJB

tinha 66 anos como igreja organizada.

Leda conheceu e casou-se com o jovem João. Moravam na mesma rua aqui no bairro do Jardim Botânico. Casaram-se em 1980 aqui na Igreja do Jardim Botânico. “O pastor da nossa Igreja naquele ano era o Bispo Almir dos Santos e o pastor ajudante era o então Pastor Paulo Lockmann, hoje bispo da Igreja Metodista. Bispo Almir estava doente e pediu ao Bispo Paulo Ayres para oficializar nosso casamento.”

O jovem casal comprou uma ampla e bela casa num bairro tranqüilo às margens da Rodovia Rio Petrópolis, bem próximo do bairro de Santa Cruz da Serra, onde residiram por 3 anos com os 5 cachorros que tinham. Para ficarem mais próximos do trabalho do João, mudaram-se para o bairro carioca de Campo Grande onde construíram uma casa e onde viveram por 5 anos, saindo de lá depois da casa ser assaltada. Mesmo residindo longe, Leda nunca deixou de congregar na Metodista do Jardim Botânico.

Nesse mesmo tempo João recebeu um convite para ir trabalhar em Moçambique, na África, para implantar na empresa estatal “Caminhos de Ferro” (a rede ferroviária de Moçambique) o sistema de auditoria. Moraram em Moçambique de 1991 até o final de 2002, quando voltaram ao Brasil, residindo no Bairro do Jardim Botânico. “Quando fui para África, o Bispo fez uma carta de apresentação da minha família para a Igreja Metodista de Moçambique. Assim, quando chegamos lá, já nos esperavam. Mesmo estando lá em Moçambique , nunca deixei de ser membro do Jardim nem da Sociedade de Mulheres. Continuei participando do Coral nas belas e abençoadas cantatas dos finais de ano. A Tia Biga, a regente, mandava as

13 partituras e a fita cassete com as músicas da cantata para que eu pudesse aprender e ensaiar. Vínhamos de férias para que eu pudesse participar da apresentação do Coral. Algumas vezes eu chegava no dia da apresentação. Mas isso era muito gratificante para mim, pois como a nossa irmã Safira Ribeiro disse no Alinhavando nº 5, de 27 de maio último, o meu ministério, apesar de já ter colaborado com algumas outras atividades, sempre foi cantar. Cantar em coral. Por isso, todas as vezes que o Coral se desfez, ficou faltando alguma coisa na minha vida. Canto desde sempre, mas em Coral, comecei aos 11 anos com Marília Dacorso dirigindo o Coral dos Juvenis. Mais tarde, passei para o Coral sob regência da D. Hora Diniz e da Tia Biga. Na África, não participei de Coral, apesar de ser lindo, eles cantavam num dialeto que achei muito difícil de ser falado, e infelizmente não aprendi a falar ou cantar o tal dialeto.”

“Lá em Moçambique, apesar do pessoal metodista estar me esperando, foi muito difícil para mim, me empenhei em frequentar as Reuniões das Mulheres. Mas elas eram muito fechadas, eu ia às reuniões, mas ficava sozinha, ninguém traduzia para mim o que era dito e eu acabei desistindo. Nos cultos, só os homens traduziam para mim. Lá, além da Metodista, eu frequentava também a Batista e a Assembleia de Deus, porque os cultos eram em português. Na Metodista a Escola Dominical não era frequente, então, muitas vezes íamos às 7h para ED e não tinha ninguém, aí ficávamos esperando até às 9h para o Culto. Foi assim que procurei ED em outras denominações. Minha filha Keila gostou da Igreja Batista e o meu filho Cézar gostou da Igreja Assembleia de Deus. Por isso tínhamos que revezar, cada semana era numa Igreja para ED, depois seguíamos para o culto na Metodista. Era o jeito dos meus filhos, naquele tempo crianças pequenas, não deixarem de congregar e de estudar a Palavra de Deus.”

“Deixei meu currículo na Embaixada Brasileira e fui contratada como Secretária do Embaixador, depois trabalhei no Departamento Comercial, trabalhei lá por longos 10 anos. Longos porque ficar na África por 12 anos para mim foi muito sacrifício, eu só pensava em voltar, sentia muita falta da minha família e da minha Igreja; João e Keila gostaram muito de estar lá, para Cézar foi indiferente. Mas eu não me acostumei a uma cultura diferente e a estar longe de tudo e todos que faziam parte da minha vida”.

“Meu retorno foi a glória, realização de um sonho. Deus me trouxe de volta a tempo de conviver mais 8 anos com minha mãe, além de nos abençoar com sua sabedoria, meus filhos puderam tê-la bem perto. Ela faleceu em 2009. Infelizmente não tive essa oportunidade com papai que faleceu em 1996 e eu não pude estar aqui. Deus é Maravilhoso, se na minha volta tivesse vindo morar logo no meu apartamento, não teríamos esse tempo que lhe restava e foi muito importante para todos nós, recuperamos o tempo que fiquei na África. Quando cheguei, me senti como se nunca tivesse saído, minha família, minha Igreja, tudo o que eu queria. Cheguei fazendo bazar, cheguei a ser Presidente das Mulheres por 5 anos, voltei a cantar, Deus tem nos abençoado, dificuldades, todos temos, mas com Cristo no barco, tudo vai muito bem, sou muito feliz e realizada. Agora aqui pertinho da Igreja, estou feito pinto no lixo, meu marido diz que não saio da Igreja. Estou perto das minhas irmãs, estou morando aonde eu nasci, Deus só tem me agraciado, tem nos sustentado, nada tem me faltado. O que tenho a dizer é que, quando deixamos nossa vida ser dirigida por Deus, só pode dar certo.”

“Quanto a minha família, “eu e minha casa servimos ao Senhor”. Sou muito feliz por estarmos todos na presença de Jesus. Casei há 32 anos, mas já conhecia João há 14 anos. Meus filhos sempre participaram das atividades do Departamento Infantil e demais, no momento, só Cézar que é Ministro de Louvor e canta também no Coral, para minha alegria. Assim que casei, me tornei sócia da SMM, naquela época só podia ser sócia quem fosse casada, então, foi uma satisfação quando aconteceu, sempre fui fã das Mulheres, me lembro que sempre que precisavam de algo na Igreja, recorriam às Mulheres, aí, as formiguinhas iam logo fazer campanhas, bazares, almoços, tudo para alcançarem o objetivo, eu achava o máximo, hoje sou uma delas, Glória a Deus.”

“Meu marido é uma benção, companheiro, colaborador, só pude ser Presidente da Sociedade de Mulheres porque pude contar com ele em todos os momentos. Sempre me apoiou. Ia comigo aonde quer que eu precisasse ir. Até hoje, quando já não sou mais Presidente da Sociedade de Mulheres, ele continua me ajudando em qualquer projeto que eu me proponho a fazer. Posso contar com ele para tudo, faz com muito dedicação e carinho. E como já disse, A Igreja Metodista do Jardim Botânico, é a Igreja do meu coração. Amo esse povo!”

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Jornadas de Oração : um caminho em direção ao Reino de Deus Maria Ruth Furtado,

vice-coordenadora do Ministério de Oração e intercessão

Desde o mês de Maio, e ainda nesse mês de junho, a igreja está convocada para uma campanha de oração por vários motivos, e muitos se associaram a esta convocação, que para mim nada mais é que uma convocação divina, à semelhança daquela que o Senhor Deus fez ao povo de Israel: “... Santificai-vos, pois amanhã farei maravilhas entre vós...” (Js 3:5).

Santificar é uma tomada de posição em direção a Deus, àquilo que Ele quer de nós e para nós.

Buscamos nesta campanha sermos avivados pelo Senhor, direção para a implementação do discipulado, crescimento espiritual individual, vida familiar mais saudável espiritualmente e direção para os planos e projetos

missionários de nossa igreja, mas, mais que tudo, buscamos que o Reino de Deus venha sobre nós. Quando falamos de Reino de Deus, não estamos nos referindo a um espaço geográfico ou

territorial, muito menos de um governo humano, mas, sim, do governo de Deus e sua vontade sendo feita em nossa igreja como ela é feita no céu.

Quando oramos juntos (mesmo estando separados) para que o Reino de Deus se cumpra em nosso meio, devemos estar conscientes de que o Reino de Deus não consiste em comida ou bebida (necessidades físicas), mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo. (Rm 14:17).

Trocando em miúdos, devemos saber que a justiça de Deus é estabelecida pela obediência e cumprimento de Sua santa vontade, vontade esta revelada em concordância com Sua Palavra. Jesus cumpriu plenamente esta justiça, obedecendo em tudo a Deus e cumprindo fielmente o plano de salvação. Uma vez que tivermos alcançado o entendimento da vontade de Deus para esta igreja e agirmos segundo as estratégias que Ele nos orientar, experimentaremos aquilo que a Palavra nos garante “... que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável...” (Rm 12:2) e Ele confirmará as obras de nossas mãos e nos prosperará.

Outra prerrogativa do Reino é a paz. A paz de Deus deve ter prioridade no meio de nossas casas e nossa igreja. Esta paz não é a ausência de dificuldades, mas uma disposição em nosso interior de mantermos os laços de fraternidade e amor entre eu e meu irmão independente das dificuldades. Para que isto ocorra, é necessário um quebrantar de corações, uma decisão intima em perdoar e ser perdoado, coragem para destronar o nosso ego e deixar que Deus cure nossas feridas e nos leve ao encontro do outro, estendendo a destra da comunhão. Deus quer e pode sarar nossos relacionamentos. Quando esta paz que excede o nosso entendimento (Fp 4:7) estiver permeando nossa convivência, com certeza esta igreja será invadida por uma alegria que vai romper os muros de nosso prédio, atingindo as ruas, casas e comércio de nossa vizinhança.

A Palavra de Deus nos garante que a alegria é um fruto do Espírito. Essa alegria é mais que risos e gargalhadas, é uma satisfação plena e gloriosa em nosso ser interior (espírito) por aquilo que Deus estará fazendo em nosso meio. Neemias 8:10 diz que “...a alegria do Senhor é a nossa força...” força que nos nutre, anima, fortalece, encoraja e nos da ousadia para irmos em direção aos perdidos, e acolhermos àqueles(as) que o Senhor acrescentar em nosso meio.

Aleluia. Bendito seja o nome do Senhor. Estamos na última semana da convocação feita pelo Pastor Ronan. Se você ainda não se inscreveu

para participar de um dos horários de oração, não deixe de fazê-lo. Deus quer te usar neste projeto intercessório por nossa igreja. Tudo no reino espiritual começa com oração e se você deseja mais de Deus para nossa igreja, dê mais a Ele do seu clamor, do seu amor, do seu tempo. Ele conta com todos nós para avançar o seu Reino neste bairro.

No amor Daquele que nunca falha, Deus o Pai, no poder do Nome que esta acima de todo nome, Jesus de Nazaré, e na unção do eterno Consolador, o Espírito Santo, um forte e carinhoso abraço.