Alfabetizacao
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Faculdades Integradas IESGOCurso Normal Superior
ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA
MARIA NILMA DE PAIVA
FORMOSA-GO, DEZEMBRO DE 2006
MARIA NILMA DE PAIVA
ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Normal Superior como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciado em Normal Superior, com habilitação para as séries iniciais das FACULDADES Integradas IESGO.
Orientadora: Profª. Sandra Zanetti Moreira
FORMOSA, DEZEMBRO DE 2006
MARIA NILMA DE PAIVA
ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA
Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do grau
de Licenciatura em Normal Superior com habilitação para as séries iniciais e
aprovada em sua forma final pelo Curso de Graduação em Normal Superior das
Faculdades Integradas IESGO.
Formosa-GO, 12 de dezembro de 2006.
___________________________________________________________________
Prof. MSC. Venâncio de Souza Junior – Faculdades Integradas IESGO
___________________________________________________________________
Profª. Sandra Zanetti Moreira – Orientadora – Faculdades Integradas IESGO
Dedico o resultado desse
trabalho ao meu esposo Nadir José de Paiva,
e aos filhos Poliane, Wander, Advo e Bruno,
ao meu genro Mauro e aos netinhos Samuel
Filipe e Tiago Emanuel, e ao meu irmão Noel
pela contribuição nesse período de estudos.
Agradeço primeiramente a Deus
e aos mestres Venâncio e Sandra pela
enorme contribuição para minha
aprendizagem.
Tudo que existe antes, dentro e depois do oficio de educar,
existe no interior de relações de trocas vivas
Onde o trabalho sobre o mundo e entre os homens
É o único poder que tem o dom de a tudo transformar.
Pensar nossa própria prática como um trabalho entre os outros,
recria-la e fazê-la,
Transformar-se em cada uma das suas esferas a da sala de
aula, a da escola, a do sistema, a do lugar do sistema,
Entre outros de nosso mundo agora,
Imaginar que a educação existe muito mais imensa do que a
escola,
Que os educadores somos todos os que temos
O olhar dirigido ao horizonte de um mundo de homens livres,
Mas com as mãos e coração metidos nas questões e nos
caminhos de agora,
De que devemos ser, mais do que mestres
Muito mais do que meros mediadores de um poder supremo:
Irmãos e companheiros da lição humana de um mesmo
caminhar”
Última estrofe de “Avôs e netos no meio da noite”
Carlos Rodrigues Brandão.
RESUMO
Pesquisas de como se processa a Psicogênese da Escrita nas crianças na alfabetização tem sido objeto de vários estudos, por parte de estudiosos e de educadores, tendo como objetivo averiguar como se desenvolve a seqüência de elaboração e resolução dos conflitos gerados pelos desafios que os alunos enfrentam para passarem de um nível para outro dentro desse processo. O objetivo desse trabalho de final de curso foi averiguar, na realidade do cotidiano de sala de aula como o professor desenvolve esse trabalho, e comparar os níveis que as crianças da turma do 2º ano do ensino fundamental, de uma escola pública da cidade de Cabeceiras vem participando e em quais níveis da construção da escrita elas se encontram através da análise dos dados coletados: atividades avaliativas. O resultado que se espera é detectar exatamente quantos alunos se encontram em cada um dos 04 (quatro) níveis descritos nos estudos de Ferreiro (1979), e tendo como referência as pesquisas de Grossi (1990), Smolka (1993) Weisz (2002), para tanto foi feito, após a coleta de dados o confronto entre teoria e prática, analisando cada um dos itens propostos para avaliação e classificação das atividades, os resultados alcançados foram: dos 23 (vinte e três) alunos que participaram da pesquisa: 06 (seis) são pré-silábicos; 06(seis) são silábicos; 07 (sete) são silábico-alfabéticos e 03(três) são alfabéticos.
Palavras-chave: Alfabetização – Psicogênese – Escrita – Desafios – Níveis
ABSTRACT
Researches of as Psicogênese of the Writing is processed in the children in the literacy it has been object of several studies, on the part of specialists and of educators, tends as objective discovers as he/she grows the elaboration sequence and resolution of the conflicts generated by the challenges that the students face for us to pass inside of a level for other of that process. The objective of that work of course end was to discover, in reality of the daily of class room as the teacher develops that work, and to compare the levels that the children of the group of the 2end year of the fundamental teaching, of a public school of the city of Headboards are participating and in which level of the construction of the writing they meet through it analyzes her/it of the collected data: activities avaliativas. The result that one wait is to wait is to detect exactly how many student they are in each one of the 04 (four) levels described in Blacksmith’s studies (1979), and tends as reference the researches of Grossi (1990), Smolka (1993), Weisz (2002), for so much it was done, after the collection of data the confrontation between theory and practive, analyzing each on the items proposed for evaluation and classification of the activities, the reached results were: of the 23 (twenty-three) students that participated in the research: 06 (six) they are pré-syllabic; 07 (seven) they are syllabic-alphabetical and 03 (three)they are alphabetical.
Keywords: Literacy – Psicogênese – Writing – Challenges - Levels
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Processo de construção da escrita: fases e características ........... 22Tabela 02 – Análise dos dados coletados........................................................... 35
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 11 CAPÍTULO I. PERSPECTIVA HISTÓRICA .................................................... 13 CAPÍTULO II. PSICOGÊNESE DA ALFABETIZAÇÃO................................... 20 CAPÍTULO III. ALFABETIZAÇÃO; A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA .......... 25 CAPÍTULO IV. METODOLOGIA.................................................................... 34 4.1. Participantes ..................................................................................... 34 4.2. Instrumento........................................................................................ 35 4.3. Análise dos dados coletados ............................................................ 35 4.4. Relatório de análise dos dados coletados ........................................ 35 4.2. Relatório de análise dos dados coletados............................................ 35 CONCLUSÃO.................................................................................................. 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 41 ANEXO............................................................................................................ 43 Anexo – Modelo Atividade Avaliativa......................................................... 44
INTRODUÇÃO
A alfabetização tem sido, através dos tempos, motivo de estudos e pesquisas.
Nas últimas três décadas maior atenção foi dedicada à construção do processo da
escrita, a psicogênese da escrita e da leitura, baseado nos estudos de Emilia
Ferreiro e Ana Teberosky (1979). Após essa pesquisa e baseado nos resultados
apresentados, mudou-se a concepção sobre o processo de alfabetização e
construção da escrita, através da comprovação das fases que a criança atravessa
no processo de aquisição da escrita, as perspectivas e características de cada uma
delas. A partir dessa constatação, passa-se a perceber que vários são os fatores
que podem influenciar os avanços e retrocessos dos alunos nesse processo.
Esse trabalho apresenta algumas reflexões sobre a Psicogênese da
Alfabetização, como ela vem sendo desenvolvida numa perspectiva histórica, nas
crianças das séries iniciais do ensino fundamental, das escolas públicas da cidade
de Cabeceiras, em Goiás, cenário escolhido para coleta de dados para análise e
discussão sobre o tema.
Na busca de fundamentar teoricamente para embasar esse trabalho de
pesquisa, apoiei-me nos estudos de Piaget, Vigotsky e Wallon, sobre a criança, seu
desenvolvimento e o processo de construção da escrita, isto é na Psicogênese da
escrita e sobre as influências exercidas nas crianças, no período da alfabetização.
Foi precisamente a necessidade de analisar como acontece a construção da
escrita nas séries iniciais do ensino fundamental, que foi escolhida a turma de 2º
ano, com faixa etária entre 6-7 anos. A escolha justifica-se, visto que nas escolas
públicas os alunos estão tendo acesso à leitura escrita nessa faixa etária, e a partir
da análise dessas atividades pode-se perceber o quanto o aluno teve de contato
com a escrita e a leitura fora da escola, compreendendo sobretudo que fatores
internos e externos podem contribuir para o sucesso da alfabetização.
A análise dos dados coletados nos leva a considerar que se o índice de
alunos nos níveis alfabético e silábico alfabético, forem número igual ou superior a
60% da turma, os objetivos pré-estabelecidos da alfabetização para a série foram
alcançados, conforme informação da professora-regente. E, que as informações que
foram possíveis coletar tornaram a compreensão e o enriquecimento do trabalho
maior, e passíveis de avaliação para classificação em níveis, principal objetivo desse
Trabalho de Conclusão de Curso.
CAPÍTULO I
PERSPECTIVA HISTÓRICA
A leitura e escrita foram surgindo historicamente a partir do momento em que
o homem aprendeu a comunicar seus pensamentos e sentimentos. Daí houve a
necessidade em registrar as idéias sobre como funciona o sistema de comunicação.
(BARBOSA, 1994).
Esse processo de registro teve início de maneira prática
... com a pintura nas cavernas do período paleolítico; transformou-se na pictografia (registro de idéias por desenhos copiados da natureza com relativo realismo); aperfeiçoou-se com a simplificação desses desenhos, transformando-os em ideogramas (sinais simplificados de desenhos, já sem a preocupação de faze-los cópias fiéis da natureza) e resultou na criação dos fonogramas (sinais que representam os sons da língua falada), invenção essa atribuída ao povo semita, que habitava a Ásia Menor. ( RIZZO, 2005, p.13)
A escrita que temos hoje, o alfabeto com o qual (re)construímos graficamente
nosso olhar, com o qual podemos dizer das coisas e dos outros, é resultante “de
longos anos de história da escrita e decorrente de sua necessidade de registrar
fatos, idéias e pensamentos”. ( RIZZO, 2005,p.13)
Nota-se na realidade que o desenvolvimento da escrita evoluiu devido às
observações nas mudanças de governo, nos fatores geográficos, sociais, culturais e
econômicos, portanto os registros históricos se fizeram necessários, para garantir às
gerações futuras os conhecimentos dos fatos passados.
Ao criar-se código de sinais para fixação do conhecimento, precisou de
compreensão para dominá-lo, isso para que os que quisessem ter acesso à
informação escrita.
Em muitas culturas históricas, a linguagem escrita era dominada por uma
casta de funcionários ou sacerdotes, o que assegurava o poder através do controle
da referente linguagem. Os escribas, sacerdotes do antigo Egito ou Eclesiásticos da
Idade Média européia desfrutavam desse privilégio.
Na Antiguidade, na Grécia e Roma Antiga, o ensino da leitura e da escrita
... enfatizava de tal forma o domínio do alfabeto (ensino do nome e das formas das letras), a ponto de o processo iniciar-se pela caligrafia e pelo reconhecimento oral do nome de cada sinal (letra). Esse procedimento era bastante repetitivo e demorado e transformava-se, numa fase posterior, na conjugação de dois, depois três sinais para serem “lidos” juntos, formando assim novos sons, sem qualquer preocupação de ligação destes a significados. ( RIZZO,2005, p.14)
A respeito do processo de ensino da leitura e da escrita, RIZZO (2005, p.14),
iniciava com exercícios de domínio de todas as possíveis combinações de letras e
sons, assim passavam para a etapa posterior, na qual somente depois de “os
alunos já estarem manobrando bem penas e tintas na caligrafia das letras, estes
eram, então, levados a formarem palavras, que, depois, reunidas, formavam frases
e, finalmente, textos”.
A origem do termo alfabetizar1deve-se ao ensino do alfabeto e “ ao primeiro
método de ensino, que conhecemos pelo nome de alfabético2. ( RIZZO, 2005,p.15)
Como já foi enfatizado, saber ler e escrever era sinal de status, e somente as
classes da elite tinham acesso, o que persistiu até muito recentemente.
O ensino na Grécia
... era sempre individual e cabia aos escravos (pessoas cultas retidas como prisioneiras de guerra) faze-lo.Em Roma, em época posterior, os filhos dos ricos já iam à escola. Os professores eram, geralmente, gregos, na sua maioria, escravos dos romanos. Ensinavam a poucos alunos, em cada classe, que podia ser de meninos ou de meninas, separadamente. As aulas eram sempre na parte da manhã. ( RIZZO, 2005, p.15)
1 Grifo da autora.2 Grifo da autora
Com o passar dos anos, na Antiguidade, o método alfabético passou a ser
questionado pelos pedagogos frente as dificuldades dos alunos em “ enunciar sons
resultantes de combinações de consoantes com vogais, tendo aquelas nomes
diferentes dos sons que deveriam evocar”. (RIZZO, 2005, p. 15) Devido a esse
fracasso, substituíram “por uma simplificação, que era semelhante em tudo ao
primeiro, porém não ensinava mais o nome das letras e sim o seu respectivo som.
Assim foi crido o método fônico ou fonético3. ( Id, Ibidem)
Por volta do séc. XV foi inventada a imprensa móvel4 que veio ao mundo
europeu romper com os modos antigos, porém reservados a poucos. A partir do
Renascimento a quantidade de indivíduos que dominavam a leitura e escrita veio a
aumentar. A Reforma Protestante insistiu em que os fiéis lessem a Bíblia, o que
motivou o aumento do interesse pelo domínio do alfabeto. Mais tarde surgiu o
iluminismo a desempenhar no desenvolvimento da alfabetização, sentiu
necessidade em alfabetizar a sociedade, para contar com um povo alfabetizado no
seu conjunto. No inicio do séc. XIX os estados liberais europeus providenciaram
planejamentos de alfabetização para escolarização de crianças obrigatoriamente.
(CENED, 2002).
No Brasil os portugueses encontraram povos primitivos quando chegaram às
costas da Bahia no ano de 1.500. Dividiam-se em tribos mediante tradição oral,
passaram as sucessivas gerações os valores de seus antepassados. Estes povos
eram muitas tribos indígenas existentes no Brasil acolheram os europeus, em anos
seguintes foram submetidos à catequese cristã por várias ordens religiosas. Os
3 Grifo do autor.4 Atribui-se a Gutenberg a invenção da imprensa em 1450. Pelo menos foi ele um dos primeiros
impressores que se serviram de tipos móveis”. -- Enciclopédia Delta Júnior, Volume 7, Editora Delta.S. A., Rio de Janeiro, p. 993)
Jesuítas, com a finalidade catequética, implantaram a primeira escola no Brasil,
assim :
A educação jesuítica, nos chamados “tempos heróicos” (primeiros 21 anos – 1549-1570), comandados pelo Padre Manuel da Nóbrega, era organizada em recolhimentos onde eram educados mamelucos, os órfãos, os indígenas (especialmente os filhos dos caciques) e os filhos dos colonos brancos dos povoados.
A partir de 1556, Anchieta recolheu a língua falada no Brasil, na região sul e
elaborou uma Gramática da Língua-Guarani, e as primeiras peças educacionais
compostas a partir da matriz européia.
Quando as tropas napoleônicas se aproximaram de Lisboa, a família
real veio para o Brasil, ensinou-se uma nova Educação brasileira no Reinado de D.
João VI com novos e exigiram novas posturas da antiga e pobre colônia nos
aspectos cultural e industrial. Alguns que já haviam estudado tiveram acesso ao
ensino superior, e a comunidade permaneceu analfabeta.
Com a proclamação da Independência do Brasil, continuou a mesma linha de
pensamento do tempo de D. João VI, implantaram curso de direito em Pernambuco
e São Paulo. A alfabetização permaneceu esquecida, nessa época o acesso à
alfabetização era restrito aos padres, freiras e aos descendestes das famílias que
tinham condições financeiras, pagavam o ensino particular, o catolicismo arcava
com os estudos para aqueles que optavam por ser padre ou freira.
O Decreto Imperial de 15 de outubro de 1827
... foi a primeira lei de instrução elementar, no Brasil, durante o Império e única até 1946. Por esses dados já se pode ter uma idéia do descaso com que foi tratada a educação elementar. A tradição das camadas privilegiadas de tratar a instrução elementar como tarefa da família, por meio de perceptores, dispensava a reivindicação de escolas. Quando o faziam era apenas para confirmar o discurso demagógico que permeou todas as ações da elite ante as necessidades da população. ( ZOTTI, 2004. P.39)
O segundo imperador do Brasil. D. Pedro II, não implantou sequer um curso
superior e não se preocupou com a questão do analfabetismo, ainda porque toda a
produção agrícola era suportada pela mão-de-obra escrava.
Ainda no decorrer do Segundo Império começaram a surgir, por todo o Brasil,
escolas geradas pelos trabalhos de pregação de missionários evangélicos
presbiterianos vindos dos Estados Unidos da América. Os presbiterianos fundaram
escola fundamental que restringia apenas aos protestantes e maçons situação que a
comunidade continuava sem estudar.
Durante a República velha, copiaram-se a constituição do Estados Unidos,
deram seguimentos ao ensino particular e proibiram o ensino público. No Estado
Novo impediram o processo educativo pelos estrangeiros existentes no Brasil, em
virtude à imigração européias e Asiáticas, que começaram a ignorar a Língua
Portuguesa. Foi barrada pelo o governo que ignorou também o Ensino público e
básico.
Durante República, o período da Primeira República, “produziu uma farta
legislação sobre o ensino superior em todo o país e os ensinos secundários e
primário” que se tornaram inoperantes com a Constituição de 1891 e a vitória do
federalismo, “que deferiu aos estados a atribuição do ensino primário, dando-lhes o
direito de organizar os seus sistemas escolares, sem fixar as diretrizes de uma
política de educação nacional”. (ZOTTI, 2004. p.68)
Na década de 70 iniciou ações do movimento brasileiro de alfabetização
(MOBRAL), que atingiu 30 milhões de jovens e adultos nos 3.953 municípios em que
penetrou. Extinto em 25.11.1985 deu origem a Fundação Educar.
O MOBRAL, no Brasil, emergiu enquanto luta pela educação popular e assim
como:
... nos países dependentes, pode ser analisada sob dois ângulos: a) política externa, b) política interna. No Brasil o primeiro nos conduz ao MOBRAL que tem como objetivo a adaptação, a preparação da mão-de-obra para o mercado de trabalho. Para isso o indivíduo deve ser alfabetizado a fim de receber duma forma mais fácil as informações e o treinamento que lhe permitirão desenvolver o trabalho que lhe está reservado no desenvolvimento do país, ou seja: o indivíduo é condicionado e instrumentalizado. (BORBA, 1984, p.22)
Também no inicio dos anos 80, com o objetivo fundamental de promover a
participação comunitária, entraram em ação o Programa Nacional de Ações Sócio -
Educativos para o Meio Rural (PRONASEC) e o Programa de Ações Sócio-
Educativos e Culturais (PRODASEC), centrado nas zonas urbanizadas.
No entanto, essas iniciativas não resolveram o problema de expandir
efetivamente a alfabetização. No Brasil hoje, os atuais governantes brasileiros
têm despendido grandes esforços para afastar o analfabetismo e para oferecer
educação em todos os níveis à sociedade.
Atualmente a principal motivação, de vários autores que pesquisam sobre o
processo de construção da escrita, na perspectiva da teoria desenvolvida por Emília
Ferreiro, deve-se ao fato dessa abordagem enfocar a origem e a evolução das
funções a psicogênese da escrita da criança em relação à alfabetização.
Para FERREIRO (1989, p.24):
A desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as práticas sociais, assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças. Quando tentam compreender, elas necessariamente transformam o conteúdo recebido. Além do mais, a fim de registrarem a informação, elas a transformam. Este é o significado profundo da noção de assimilação5que Piaget coloca no âmago de sua teoria. (1986,p.24)
5 Grifo do autor
Em decorrência das conclusões obtidas por Emilia Ferreiro, as estudiosas
nessa abordagem sentem a necessidade de uma reestruturação nos conceitos, nas
práticas e nas posturas didáticas, repensando a função do professor alfabetizador e,
principalmente, considerando a criança como o sujeito que está se desenvolvendo
num ambiente social cuja alfabetização se realiza num processo de construção de
conhecimento referente ao sistema alfabético da escrita. Neste sentido, a criança
não está sendo alfabetizada por alguém, mas sim está alfabetizando-se ao interagir
com o meio e com as pessoas que a cercam. O principal objetivo deste trabalho é
levar–nos, enquanto educadoras e alfabetizadoras, que somos, a rever nossa
postura, refletir e definir nossa prática numa postura construtivista e esclarecer os
principais pontos da obra de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, sobre as questões
que envolvem a Psicogênese da Língua Escrita.
CAPÍTULO II
PSICOGÊNESE DA ALFABETIZAÇÃO
A psicogênese da língua escrita constitui-se por uma seqüência crescente de
níveis de complexidade da compreensão da criança em relação à leitura e a escrita.
A construção do objeto conceitual “ler e escrever”, faz-se, portanto, durante vários
anos, através de um processo progressivo de elaboração pessoal. Sobre a
psicogênese da escrita, Weisz, (2002, p. 20) afirma que:
Segundo mostrou a psicogênese da língua escrita, em uma sociedade letrada as crianças constroem conhecimentos sobre a escrita desde de muito cedo, a partir do que podem observar e das reflexões que fazem a esse respeito. Em busca de uma lógica que explique o que não compreendem quando ainda não se alfabetizaram, as crianças elaboram hipóteses muito interessantes sobre o funcionamento da escrita. (2002, p. 20)
A psicogênese da língua escrita, formulada por Emilia Ferreiro e
colaboradores, é uma teoria. A teoria consiste em um modelo explicativo do real.
Uma tentativa de descrever coerentemente o que é comum a todos os processos
individuais de alfabetização. A psicogênese da língua escrita mostra que o processo
de aprendizagem não é dirigido pelo processo de ensino. Nesse aspecto que existe
o diferencial da teoria, ao invés de questionar como o professor deve alfabetizar,
Emilia Ferreiro enfoca como o aluno se alfabetiza.
Silva (1994, p. 17), concorda com Vygotsky (1984) que as crianças não
aprendem a escrita, complexo sistema de signos, através de atividades mecânicas e
externas aprendidas apenas na escola. O seu domínio da escrita resulta de um
longo processo de desenvolvimento de funções comportamentais complexas, na
qual participa e atua. Cita, ainda, Ferreiro e Teberosky (1979) que afirma que a
criança já elaborou uma concepção acerca da escrita muito antes de receber
instrução formal escolar.
Vygostsky considera as primeiras manifestações gráficas como precursoras
da escrita. Na verdade, para esse autor tanto esses rabiscos como as brincadeiras
de faz de conta e o desenho “devem ser vistos como momentos diferentes de um
processo essencialmente unificado de desenvolvimento da linguagem escrita.”
( 1984) apud SILVA 1994, P. 18).
De acordo com Silva (1994, p. 18), no que diz respeito à relação
desenho/escrita, Ferreiro e Teberosky analisaram a postura da criança diante de
uma gravura com legenda e verificaram que, para a criança diante de uma gravura
com legenda e verificaram que, para a criança, o que está escrito é sempre
predizível a partir do desenho e que, numa primeira etapa de conceitualização, o
desenho e o texto constituem uma única unidade.
A partir dessa constatação é desenvolvida toda a concepção das fases de
desenvolvimento da relação da criança com a escrita, a passagem do desenho
(símbolos/desenhos) até a escrita ortográfica, vai depender da fase pela qual a
criança está passando.
Ferreiro (1986), defende que “esse processo de construção cognitiva se
caracteriza por estruturações e sucessivas reestruturações, geradas pelos
desequilíbrios originários nas contradições entre esquemas diferentes”, afirmando,
ainda que, é possível destingir três grandes períodos:
a) O primeiro período caracteriza-se pela distinção entre o modo de representação figurativo e o não-figurativo, ou seja, o sujeito é capaz de fazer a distinção entre "desenhar" e "escrever"; começa a utilizar sinais gráficos diversos (linhas, bolinhas, letras e números) com determinada repetição para representar a escrita. Ou seja, nesse período sujeito consegue diferenciar o sistema de representação da escrita de outros sistemas de representação: fundamentalmente diferencia o desenho da escrita. Os sujeitos começam a
utilizar marcas figurativas quando desenham e não figurativas quando escrevem.b) No segundo período, verifica-se a construção de formas de diferenciação entre os sinais gráficos que se manifestam pelo controle progressivo das variações, tanto sobre o eixo quantitativo (o sujeito estabelece quantidades diferentes de grafias para representar diferentes palavras), como sob o eixo qualitativo (o sujeito varia o repertório e a posição das grafias para obter escritas diferentes). Essas variações realizadas nesse período correspondem à fase pré-silábica, sendo que uma das características da escrita é a correspondência da quantidade de sinais gráficos ao tamanho do objeto e não ainda, aos sons da fala.c) No terceiro período, verifica-se a fonetização da escrita pela atenção que o sujeito começa a dar às propriedades sonoras dos significantes, ou seja, dá-se à descoberta de que as partes da escrita (letras) podem corresponder a outras tantas partes da palavra. Nesse período a pessoa chega a diferenciar as escrituras, relacionando-as com a pauta sonora da fala.
Segundo Silva (1994, p.19), Ferreiro e Teberosky (1979), constataram ao
analisar como as crianças escrevem sem a ajuda escolar, que elas consideram
letras, símbolos e desenhos como forma de escrita. Os resultados obtidos dessa
análise definiram cinco etapas evolutivas no longo caminho para a aquisição e
domínio do sistema alfabético. Isto é entre a representação inicial, constituída por
simples rabiscos, até a final, na qual a criança já descobriu que cada letra de uma
palavra representa corresponde a um som da fala (fonema), há uma longa distância
a ser percorrida.
As cinco etapas evolutivas a serem percorridas até chegar ao domínio da
escrita alfabética podem ser representado, ou os níveis da psicogênese escrita no
quadro abaixo, como o processo da construção da escrita:
TABELA 01: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCRITA: Fases e características
FASES CARACTERÍSTICAS
início dessa construção, as tentativas das crianças dão-se no
sentido da reprodução dos traços básicos da escrita com que elas
se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, embora o
traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo
FASE 01 que quis escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a
sua própria escrita, e não a dos outros. Nesta fase, a criança
elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é proporcional ao
tamanho do objeto ou ser a que está se referindo.
FASE 02
a hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso
usar formas diferentes. A criança procura combinar de várias
maneiras as poucas formas de letras que é capaz de
reproduzir.Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas
exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e
a variedade entre elas, (não podem ser repetidas).
FASE 03
são feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras
que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese silábica,
isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada,
podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste
momento, um conflito entre a hipótese silábica e a quantidade
mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida.A
criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa
usar duas formas gráficas para escrever palavras com duas
sílabas, o que vai de encontro às suas idéias iniciais de que são
necessários, pelo menos três caracteres. Este conflito a faz
caminhar para outra fase.
FASE 04
ocorre, então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O
conflito que se estabeleceu - entre uma exigência interna da
própria criança ( o número mínimo de grafias ) e a realidade das
formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure
soluções.Ela, então, começa a perceber que escrever é
representar progressivamente as partes sonoras das palavras,
ainda que não o faça corretamente.
FASE 05
finalmente, é atingido o estágio da escrita alfabética, pela
compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita
corresponde valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se
tiver duas sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser
pronunciada, necessitará mais do que duas letras para ser escrita
e a existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir
desses elementos simples, formar a representação de inúmeras
sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham
exercitado.
Telma Weisz, consultora do Ministério da Educação autora de tese de
doutorado orientada por Emilia Ferreiro, faz um alerta muito importante aos
professores alfabetizadores: “não é porque o aluno participa de forma direta da
construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-lo.” (CENED,
2003, p.72). Ainda segundo a autora, “Faz-se necessário que o professor organizar
atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita, porque é pensando
que ela aprende.”
De acordo com Grossi (1990, p.11), estudos sobre alfabetização, dentre
outros desdobramentos mostra necessidade de enfatizar a trilogia das Didáticas dos
Níveis Pré Silábico, Silábico e Alfabético não representa momentos distintos do
trabalho de alfabetização mas, ao contrário, devem ser operacionadas
simultaneamente, atendendo a benéfica heterogeneidade dos níveis dos alunos
numa mesma sala de aula e a interferência de outros fatores na leitura e na escrita.
CAPÍTULO III
ALFABETIZAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DA ESCRITA
“A identificação e análise no momento de interações e ações conjuntas, o
processo de internalização, isto é, a transformação de um processo interpessoal e
intrapessoal.”(VYGOTSKY, 1978, p. 57).
Relacionam-se e se articulam discurso interior e discurso escrito, no período
egocêntrico manifesta-se à proximidade entre três a sete anos, e o seu fim coincide
com o inicio da escolaridade, quando tem inicio sobre informações da escrita. A
linguagem escrita faz parte do discurso social no contexto da sociedade letrada e da
industria cultural. Levando em conta o próprio processo de elaboração socio-
histórico-cultural da escrita e suas condições e funções hoje, discurso interior e
linguagem escrita interagem, que implicações tem isso no processo inicial da leitura
e como se dá a relação na gênese da produção escrita. O contato com a escrita
transforma a elaboração interior.
O discurso interior é a linguagem completamente desabrochada em toda a sua dimensão, é uma linguagem mais completa do que a falada. O discurso interior é quase completamente predicativo porque a situação, o assunto pensado é sempre conhecido de quem pensa. A linguagem escrita, pelo contrario, tem que explicar completamente a situação para ser intelegível. A transformação do discurso interior, condensado ao máximo, em linguagem escrita, pormenorizada ao máximo, a exige o que poderíamos designar por semântica deliberada do fluir do =significado. (VYGOTSKY, 1975, p.100).
Sabe-se que o conhecimento teórico do professor a respeito de como a
criança aprende é fundamental na organização de ensino-aprendizagem. Não o
conhecimento explicativo no discurso, mas aqueles presentes nas posturas e,
principalmente, na sua prática. Conhecer os discursos que circulam no universo a
respeito da escrita, a importância da construção deste conhecimento pela criança
explicitando ter informações, leituras, e conhecer alguns princípios metodológicos
acerca da teoria construtivista e da psicogênese da língua escrita. Faz reconhecer
que a leitura e a escrita dá-se através de um processo de construção e que no grupo
de aprendizagem há níveis diferenciados.
Porém diz-se que o aspecto a ser considerado, no processo de ensino seja o
desejo da criança de apropriar-se da aprendizagem diante de situações prazerosas,
porém a capacidade de desejar e a inteligência não se caracterizam como dons
inatos, mas como resultados de uma construção, cabendo ao educador o desafio de
estimular no sujeito o desenvolvimento dessas capacidades, e o desejo de interagir
com a leitura e escrita, é algo a ser construído a partir dessa preparação.
Dentre os sistemas de comunicação desenvolvidos pelos seres humanos, a
escrita que é uma notação da língua falada por meio de signos gráficos.
A linguagem oral possui marcantes qualidades rítmicas, enteracionais,
expressivas e paralinguistica, advindas de necessidades imediatas da situação
interacional, na qual papéis sociais e atos de significação são imediatamente pelos
interlocutores, sem nenhum caminho, preestabelecido. Na lingugame escrita, isso
não acontece, surge de necessidades e situações mais abstratas nas quais, faz com
que a interação seja mediada pela própria escrita. (SILVA, 1994, p. 13).
Para Gody (1978), a linguagem escrita é duradoura e permite a comunicação
no tempo e espaço, ou seja, sua finalidade principal é a leitura.
Percebe-se que escrever é uma forma de linguagem com o qual pode
expressar, comunicar com as demais pessoas que convivem. E que a criança se
apropria desse conhecimento no dia-a-dia, precisa partir do seu cotidiano de vida.
E o professor assume o papel de mediador, a nortear a criança percorrer um
caminho da sua própria construção. Não abrir mão de ouvir, falar, ler e escrever
sobre a realidade, as emoções e o mundo da fantasia.
Segundo as teorias desenvolvidas por Emília Ferreiro (1985) deixam de
fundamentar-se o ensino mecanizado sobre o processo de alfabetização para seguir
os pressupostos construtivistas/interacionais de Vygotsky e Piaget (1988). Da ação
de ensinar o processo parte para o ato de aprender por meio da construção de um
conhecimento a ser realizado pelo educando, que passará a ser visto como um
agente e não como um ser passivo que recebe e absorve o que lhe ensinado.
É importante destacar Santos & Sanson (2005, p. 7) sobre as contribuições
de Paulo Freire e Emilia Ferreiro foram decisivas para a mudança de paradigma
sobre o que significa alfabetizar, Freire destaca que para se chegar à consciência
crítica, que é ao mesmo tempo desafiadora e transformadora, são imprescindíveis o
diálogo crítico, a fala e a convivência. Portanto, percebe-se que não basta seguir
uma seqüência lógica de dificuldades na leitura e na escrita, é necessário que o
processo esteja relacionado à vivência e o contexto do aluno, levando-o a
compreensão de mundo mais crítico e reflexiva.
Para Santos & Sanson (2005, p. 7), é importante frisar que Ana Teberosky,
em seus estudos, apresenta duas contribuições para a educação da língua
portuguesa nas séries iniciais: a primeira destaca que escrita, leitura e linguagem
oral se desenvolvem de maneira interdependentes desde a mais tenra idade; a
segunda considera como a criança é influenciada pelos contextos sociais em que
está inserida e como esses contextos determinados influenciam também a
alfabetização inicial, facilitando a aprendizagem da leitura e da escrita.
Santos & Sanson (2005), fazem importantes considerações sobre o ambiente
alfabetizador e as contribuições do contexto para o processo de alfabetização:
primeiro que para poder adquirir conhecimentos sobre a escrita, a criança irá
procurar assimilar as informações que o meio lhe fornece, então formulará hipóteses
procurando descobrir e organizar seus conhecimentos. E, que o professor que
entendem o papel de mediador em todo esse processo costumam organizar um
ambiente rico em elementos escritos, utilizando diferentes materiais, não apenas os
escolares, mas os de uso social, enriquecendo a cultura o contexto da cultura
escrita a que as crianças já têm acesso.
Baseado em Silva (1994), de acordo com Ferreiro e Teberosky (1979), ao
analisar como as crianças escrevem sem ajuda escolar. Os resultados obtidos
dessa análise definiram cinco etapas evolutivas no longo caminho para aquisição e
domínio do sistema alfabético. Quer dize, entre a representação inicial, constituída
de simples rabiscos que cada letra de uma palavra corresponde a um fonema, há
uma longa distância e a ser percorrida.
Num período, as autoras constataram que, para a criança, a escrita deveria
refletir algumas características do objeto representado. Já num segundo nível, a
escrita deveria apresentar diferenças objetivas, para poder representar significados
diferentes.
Num terceiro estágio, a criança representaria a sílaba falada por um símbolo
gráfico (hipótese silábica), ou seja, para ela cada letra valeria por uma sílaba. Ao
passar para esse nível a criança deixaria de lado a correspondência global entre as
formas escrita e a informação oral atribuída, para operar com relação entre as partes
do texto (cada letra) e partes oral (recorte silábico da palavra), ou seja, ela notaria
um fato muito importante – a escrita representa partes da fala. Na passagem da
hipótese silábica para a alfabética, há um período em que as propostas de escrita
das crianças penderiam entre o silábico e o alfabético. A hipótese alfabética é o
ultimo estagio dessa trajetória. Ao formulá-la, a criança descobriria que cada letra de
uma palavra deveria corresponder a um som da fala (fonema), portanto a valores
menor que a sílaba.
Cabe ressaltar Grossi (1990, p.11), quando afirma que:
(...) é importante enfatizar que a triologia das Didáticas dos Níveis Pré-silábico, silábico e alfabético não representam momentos distintos do trabalho do alfabetizador mas, ao contrario, devem se operacionalizadas simultaneamente, atendendo a benéfica heterogeneidade dos níveis dos alunos numa mesma sala de aula e a interferência de outros fatores na leitura e na escrita.
Segundo Ferreiro (1985), a quantidade de letras com que se vai escrever uma
palavra corresponde com a quantidade de partes que se reconhece na emissão oral.
Essas “partes” da palavra são inicialmente as suas silabas. Inicia-se assim o período
silábico, que evolui para compreensão de uma silaba por letra. Esta hipótese silábica
é da maior importância, por duas razões: permite obter um critério geral para regular
as variações na quantidade de letras que devem ser escritas, e centra a atenção da
criança nas variações sonoras entre as palavras. No entanto a hipótese silábica cria
suas próprias condições de contradição entre o controle silábica e a quantidade
mínima de letras que uma escrita deve possuir para ser interpretável.
No mesmo período as letras podem começar a adquirir valores sonoros
(silábicos) relativamente estáveis, o que leva a estabelecer correspondência com o
eixo quantitativo, as partes sonoras semelhantes entre as palavras começam a se
exprimir por letras semelhantes.
Ferreiro desenvolveu trabalhos revolucionários no campo da aquisição da
escrita, fundamentado na teoria de Piaget e definiu quatro níveis pelos quais o
alfabetizando passa na psicogênese da escrita: pré-silábico, silábico, silábico-
alfabético e alfabético. (GROSSI, 1990, p.19).
Inicialmente a criança começa por diferenciar o que é a escrita do que é
desenho e perceber que o texto escrito tem significado próprio. Passa por várias
hipóteses, as crianças utilizam as letras do repertório que conhecem ou criam
símbolos para escrever.
De acordo com Ferreiro (1985), a definição do nível é constituído por um
conjunto de condutas determinadas pela forma como o individuo vivencia os
problemas em cada etapa do processo de aprendizagem da escrita, essas são
divididas em categorias e subcategorias.
Nível pré-silábico, a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência
entre grafia e os sons, ou seja, não apresenta nenhum tipo de correspondência
sonora. Esse processo representa a escrita de um período longo do processo de
alfabetização. Ainda não é claro para o individuo o relacionamento entre a escrita e
o pensamento. Suas dúvidas podem se situar no nível dos aspectos gráficos podem
se situar no nível dos aspectos gráficos da forma e da função das letras e números.
Ele começa fazer questionamentos sobre os sinais gráficos. Risco sobre o papel
representa a escrita, algumas vezes, as letras podem estar associadas a palavras
inteiras, uma paginas inteiras de letras podem corresponder a uma só palavra.
As categorias e subcategorias do nível pré-silábico. Grafismos, classificados
em três tipos: primitivos e escrita gráfica. Escrita fixa: a mesma série de letras na
mesma ordem para diferentes nomes. O nome próprio geralmente é valido para
todas as palavras. Escritas diferenciadas – grafia na mesma ordem diferentes
quantidades de grafias. Quantidade de repertório para diferenciar uma escrita da
outra.
De acordo com Grossi (1990, p.16), silábico é o período em que estes alunos
acrescentam letras, sobretudo às suas escritas de palavras dissílabas e
monossílabas, como meio de transformá-las em “verdadeiras escritas´.
O nível silábico: quando o aluno compreende que as diferenças das
representações escritas se relacionam com as diferenças na pauta sonora das
palavras. De acordo com Gossi (1990, p. 19), “ é importante assinalar que, no nível
silábico, leitura e escrita começam a ser vistas como duas ações com certo tipo de
interligação coerente”.
Grossi (1990, p.19), aponta para a importância, para o professor
alfabetizador, das duplas de Wallon, formadas pelos alunos na relação leitura e
escrita: “ os sujeitos que se alfabetizam tratam os elementos presentes no campo
conceitual da leitura e escrita, formando duplas, como por exemplo:
a) (desenho, escrita) (letra, algarismo)
b) (palavra, número) (quantidade de letras, tamanho do referente)
c) (leitura, escrita) leitura, desenho) (escrever, movimento da escrita)
d) (palavra, muitas letras) (ler, postura de alguém que lê)
e) (ler, falar em voz alta olhando um papel escrito ou não).
Estas e outras duplas constituem o sistema de base que vai dar origem à
compreensão de nossa língua escrita.
Geralmente, nesse nível o aluno faz corresponder uma grafia a cada silaba e
também a letra pode servir para qualquer nome. O aluno pode associar cada silaba,
vogal ou consoante. Por exemplo: PATO poderá ser escrito com PT ao AO = PTAO.
No nível silábico poderá ocorrer que, quando lhe é proposto a escrever uma
frase, o aluno utiliza uma letra para cada palavra ao invés de uma letra para cada
silaba. O aluno do nível silábico resolve temporariamente o problema da leitura,
porque consegue ler o que escreve. Isso constata o processo de alfabetização, qual
seja, o da vinculação leitura-escrita até então independentes. Saber escrever mas
não poder ler o que foi escrito é o fato gerador de conflito da passagem para outro
nível. No nível silábico-alfabético coexistem duas formas de fazer corresponder
sons e grafias: a silábica e alfabética. Cada grafia corresponde a um som.
O nível alfabético, trata-se de um estágio significativo na escrita, a
constituição alfabética de silabas. Sabe-se entretanto, que a fonetização das silabas
não é instantânea e definitiva. O aluno começa a escrever alfabeticamente algumas
sílabas e para a escrita de outras, permanece silábico. A passagem de um nível
para outro faz-se trabalhando o conhecimento de cada um.
De acordo com Ferreiro (1985, p.27), o período silábico-alfabético marca a
transição entre os esquemas prévios em via de serem abandonados e os esquemas
futuros em vias de serem construídos. Visto que, quando a criança descobre que a
silaba não pode ser considerada como uma unidade, mas que ela é, por sua vez,
reanalisável em elementos menores. É a partir daí, que descobre novos problemas:
pelo lado quantitativo, que se por um lado não basta uma letra por silaba, também
não se pode estabelecer nenhuma regularidade duplicando a quantidade de letras
por silabas, esse é o grande desafio gerado por conflitos no inicio do processo de
alfabetização.
Esse período entre o nível silábico-alfabético e o alfabético é quando a
criança já internalizou a necessidade de resolver os conflitos gerados pela
representação do som pela letra, e sobretudo abstrair a idéia de palavras maiores ou
menores (em número de letras ou sílabas) e a simbologia do objeto.
CAPÍTULO IV
METODOLOGIA
A presente pesquisa, de natureza qualitativa, que utilizou como instrumentos
atividades avaliativas, onde se procurou identificar através das produções escritas
os níveis de alfabetização que os alunos pertenciam. Foram participantes desta
pesquisa uma turma de 2º ano do ensino fundamental de uma escola pública da
cidade de Cabeceiras-GO.
4.1. Participantes
A turma composta de 29 alunos, distribuídas entre 10 (dez) alunos do sexo
feminino e 19 (dezenove) do sexo masculino, na faixa etária entre e 6 (seis) e 7
(sete) anos, sendo que a maioria já tem os sete anos completos. Do total de alunos
somente 23 (vinte e três) participaram das atividades. O índice de abstenção deve
ao fato dos alunos não estar freqüente por ocasião da aplicação do instrumento.
4.2. Instrumento
O instrumento usado foi a Atividade Avaliativa composta de 10 itens,
referentes a compreensão da fase, que o aluno se encontra, dentro do processo de
construção da escrita e da leitura, Psicogênese da escrita, baseado na relação entre
teoria Ferreiro (1985), Grossi (1990), Smolka (1993) e Silva (1994), dentre outros e a
prática observada no cotidiano de sala de aula.
4.3.Análise dos dados coletados
Os dados coletados fazem parte de atividades avaliativas aplicadas em de 23
(vinte e três), alunos presente na turma, nos dias pré-fixados para desenvolver a
atividade proposta. Os resultados serão apresentados na forma de relatório, onde
será estabelecido o confronto entre teoria e prática. Isto é, cada dos itens analisados
será baseado na revisão da literatura para a devida classificação.
4.4.Relatório de análise dos dados coletados
A seguir será feita a análise dos exemplos de escrita dos alfabetizandos que
participaram da pesquisa, usando como referência os 10 itens analisados, para
classificação, fundamentados da revisão da literatura.
TABELA 02 : ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
Questões Resultados observados 01. Faça um desenho
e escreva o nome ao
lado:
18 (dezoito) crianças conseguiram fazer o desenho, mas não
conseguiram colocar o nome do desenho. Do total de alunos
somente 05 (cinco) crianças conseguiram desenhar e escrever o
nome dos desenhos. 02.: Escreva o nome
dos desenhos
11 (onze) crianças utilizaram vários tipos de letras para dar nomes
aos desenhos; 01 (uma) criança não escreveu nada e outra
preencheu o espaço com rabiscos; 05 (cinco) crianças utilizaram
uma letra para cada sílaba em dar nomes aos desenhos; 10
crianças escreveram as sílabas corretas porém trocando algumas
letras; somente 05 (cinco) crianças escreveram corretamente os
nomes.
03 e 04: Qual a
palavra maior boi ou
formiga? Porque?
01 (um) não respondeu; 10 (dez) responderam que é boi porque
ele é grande; 06 (seis) crianças disseram que é formiga,
demonstrando ter noção que a palavra têm mais letras ou sílabas,
07 (sete) crianças disseram que é a formiga, porém não
conseguiram distinguir o porquê. 05: Leia as palavras e
desenhe ao lado.
09 (nove) crianças leram corretamente e desenharam; 09 (nove)
leram em partes; 05 (cinco) não leram nenhuma palavra. 06: Leia as palavras e
desenhe ao lado
05 (cinco) crianças escreveram corretamente relacionando o
desenho com a palavra; 02 (dois) confundiram uma talha de
melancia com queijo; outra disse que talha de melancia era uma
estrela; 10 (dez) crianças disseram o nome dos desenhos
inventando letras e 05 (cinco) escreveram corretamente com as
letras certas, reconhecendo o desenho de forma coerente. 07: Produção de
Texto à vista de
gravura:
04 (quatro) alunos emendaram bastante as letras, 02 (dois)
fizeram rabiscos, 11 (onze) alunos inventaram letras e fizeram
pequenas palavras dizendo que era histórias. 03 (três) alunas
escreveram pequeno texto, utilizando colocações corretas; 02
(duas) não fizeram nada. 08: A palavra cachorro
é maior que a palavra
casa? Por que?
10 (dez) alunos acham que a palavra maior é cachorro; 08 (oito)
tiveram noção de mais letras ou sílabas; 02 (dois) disseram: que
é desse jeito porque sim. 09: Escreva uma
palavra grande: e
10: Escreva uma
palavra pequena:
11(onze) crianças escreveram para palavra grande: várias letras
emendadas até ficar enorme, e para as pequenas poucas letras;
porém todas fora de ordem de formar sílabas. 02 (dois) alunos
fizeram rabiscos para as duas questões. 01 (um) aluno não fez
nada e 02 (dois) fizeram com pequeno erro, faltando alguma letra
para a palavra; 06 (seis) alunos escreveram tendo noção das
palavras grandes e a palavra pequena e com sílabas corretas.
Fonte: da própria autora (2006)
Considera-se como resultado da análise dos dados coletados que 06 (seis)
alunos estão no nível pré-silábico, visto que nesse nível, a escrita é alheia a
qualquer busca de correspondência entre grafia e sons, as crianças fazem
experiência de ler a realidade em desenhos, gravuras, ou seja em imagens gráficas.
“ (...) a escrita é alheia a qualquer busca de correspondência entre grafia e os sons,
ou seja, não apresenta nenhum tipo de correspondência sonora. Esse processo
representa a escrita de um período longo do processo de alfabetização.”
(FERREIRO, 1999).
Dos trabalhos analisados, nota-se que 06 (seis) alunos estão no nível
silábico” nesse nível, o sujeito formula a hipótese de que para cada sílaba oral deve
corresponder uma letra (sinal gráfico) e qualquer letra pode servir para qualquer
som” (FERREIRO, 1999), conforme a análise de Weisz (2002) e Smolka (1993),
por exemplo a palavra ABACATE, pode ser escrita: ABRAU, ABA, ABACAE.
A partir da análise das atividades avaliativas conclui-se que: 07 (sete)
crianças estão no nível silábico-alfabético, “ Nesse nível a pessoa ouve a pronúncia
de cada sílaba e começa a fazer a correspondência entre sons e letras. Consiste
ainda em uma escrita bastante fonética, pois a tendência da criança é escrever
exatamente como ela ouve. “ (FERREIRO, 1999). De acordo com a referencia de
Weisz (2002) e Smolka (1993), ainda há uma forte ligação com a oralidade, não
havendo domínio da ortografia: MELAIA – MELECIA – MALASIA – (MELANCIA)
Dos 23 (vinte e três) alunos que fizeram parte da atividade somente 03 (três)
alunos podem ser considerados no nível alfabético: “trata-se de um estágio
significativo na escrita, a constituição alfabética de silabas. Sabe-se entretanto, que
a fonetização das silabas não é instantânea e definitiva. O aluno começa a escrever
alfabeticamente algumas sílabas e para a escrita de outras, permanece silábico. A
passagem de um nível para outro faz-se trabalhando o conhecimento de cada um.”
(FERREIRO, 1985). De acordo com as considerações feitas por Grossi (1999) e
Smolka (1993), este nível é evidenciado quando a criança começa a fonetizar a
sílaba; iniciando um processo de correspondência entre fonemas e grafemas, a
criança começa a compreender que uma sílaba pode ser formada por uma, duas ou
três letras. Ex. FOMIGA – FUMIGA – BANANA N – BOBOLETA.
Nessa fase eles já são capazes de explicar que a palavra FORMIGA é maior
por que tem mais letras, ou mais sílabas, já tem a concepção exata para
exemplificar palavras grande e pequena pelo número de letras ou sílabas:
ÁRVORE e CASA. Sabe exemplificar: representando graficamente os nomes dos
desenhos. Nota-se também uma significativa mudança na produção do texto, onde
as palavras podem estar escritas no nível silábico-alfabético, mas o aluno já tem
noção de seqüência de fatos e idéias, elaborando frases e orações com sentido
completo.
Cabe ressaltar que se o professor alfabetizador não será capaz de
desenvolver um bom trabalho, se ele não tiver o conhecimento da Psicogênese da
Escrita e do processo de construção que a criança executa, através da resolução de
conflitos pela transpossição de cada um dos desafios que ela vai resolvendo no
decorrer do processo, e sobretudo compreender o importante papel do professor
alfabetizador como mediador nesse processo, estimulando o aluno através da
colaboração, oferecendo um ambiente rico e propício capaz de motivar os alunos
para novas aprendizagens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de alfabetização pelo qual todas as crianças vão passar, algumas
de forma mais harmoniosa, outras porém enfrentando maiores desafios, isso
dependendo do ritmo de cada aluno para a aprendizagem. Os conflitos que geram
os desafios, processo relevante para que a aprendizagem aconteça, podem ser
compreendidas como etapas, estágios ou níveis, sucessivas que a criança vai
assimilando e com isso aumentando o grau de dificuldades que o aluno vai
vencendo.
A mudança de um nível para outro depende de um processo de assimilação
de grau de dificuldades, gerada por um conflito interno, mediante estímulos
recebidos. Esses níveis não são inflexíveis, ao contrário, vários são os fatores que
podem interferir para que esse processo seja mais rápido em cada um dos
indivíduos, portanto, não estão diretamente ligados à faixa etária, mas sim a outros,
tais como maturidade, leitura de mundo, contato com a leitura e a escrita.
Estudos apontam, também, para o fato de que o meio é um fator de influência
no processo de aprendizagem. No decorrer da revisão da literatura, comprova-se
que os fatores que interferem de forma positiva ou negativa, podem ser intrínseco ou
extrínseco. E, ainda que o professor tem um importante papel no ensino-
aprendizagem do aluno.
A pesquisa de campo cujo objetivo foi averiguar como está o rendimento dos
alunos da turma, tendo em vista os avanços obtidos, enfim, em que estágio se
encontra esses alunos no que se refere à aquisição da leitura e da escrita. Os
resultados apontam para o fato de que: dos 23 (vinte e três) alunos participantes: 06
(seis) são pré-silábicos; 07 (sete) são silábico-alfabéticos e 03 (três) são alfabéticos.
Considera-se que os objetivos foram alcançados, visto que através de subsídios da
revisão da literatura, oportunizou a capacitação para analisar, classificar e concluir
os estágios que cada um dos alunos se encontram.
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ANEXOS