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  UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL A INFLUÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL  Alessandra de Araújo Gonçalves Professor Orientador: Vera Co-orientador: Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2004

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAO INFANTIL

    A INFLUNCIA DO DESENVOLVIMENTO

    PSICOMOTOR NA EDUCAO INFANTIL

    Alessandra de Arajo Gonalves

    Professor Orientador: Vera

    Co-orientador: Fabiane Muniz

    Rio de Janeiro

    2004

  • 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PSGRADUAO LATO SENSU

    PROJETO VEZ DO MESTRE

    PSICOMOTRICIDADE

    PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAO INFANTIL

    A INFLUNCIA DO DESENVOLVIMENTO

    PSICOMOTOR NA EDUCAO INFANTIL

    Trabalho realizado em cumprimento s

    exigncias curriculares, para obteno do

    certificado de Ps-graduao Latu Sensu em

    Psicomotricidade, pela aluna Alessandra de

    Araujo Gonalves.

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por mais uma conquista em minha vida.

    Aos amigos que, direta ou indiretamente, contriburam para a

    confeco deste trabalho.

  • 4

    DEDICATRIA

    Dedico este trabalho a todas as pessoas que me incentivaram durante todo o curso. Aos professores que tanto contriburam e que, com certeza, deixaro saudade. E principalmente, a minha irm Ana Claudia companheira de todas as horas.

  • 5

    RESUMO

    O presente trabalho aborda a importncia da educao infantil para o

    desenvolvimento global da criana; abrangendo aspectos que englobam a

    Psicomotricidade, favorecendo o processo ensino-aprendizagem, compreendendo a

    educao como algo mais amplo do que a transmisso de conhecimentos e, a

    Psicomotricidade como uma prtica no apenas preparatria da aprendizagem, mas

    como instrumento do fortalecimento da criana enquanto sujeito, atuando no sentido de

    facilitar-lhe a construo de sua unidade corporal, a afirmao de sua identidade e a

    conquista de sua autonomia intelectual e afetiva. E, apresenta exerccios e jogos

    psicomotores que so realizados na educao infantil, confirmando assim a relao entre

    os dois.

    D nfase a importncia do trabalho psicomotor feito com a criana procurando

    estabelecer relaes entre espao e o meio como forma ldica de aprendizado.

    Esse trabalho rene idias de como a imagem do corpo, atravs de experincias

    individuais, estimula a percepo, sentimentos e um auto-conhecimento da criana

    sobre si e seu meio, mantendo uma ligao direta com as descobertas e o prazer que a

    mesma proporciona.

  • 6

    SUMRIO

    INTRODUO

    CAPTULO I

    PSICOMOTRICIDADE: UMA NOVA ABORDAGEM DO CORPO

    1.1 Psicomotricidade e Desenvolvimento Infantil

    1.1.1 - Desenvolvimento da criana

    1.1.2 - Comportamento da criana

    1.1.3 - Exame psicomotor

    1.1.4 - O corpo e o movimento

    1.1.5 - Desenvolvimento psicomotor

    1.1.6 - Funo motora

    1.1.7 - Estrutura do esquema corporal

    1.2 - Aspectos do Desenvolvimento

    1.2.1 O esquema corporal

    1.2.2 - Etapas do desenvolvimento do esquema corporal

    1.2.3 - Imagem corporal

    1.2.4 - Coordenao geral e facial

    1.2.5 - Equilbrio

    1.2.6 - Lateralidade

    1.3 - A Estrutura Espacial

    1.4 - Desenvolvimento Psicomotor

    1.4.1 - Exerccios psicomotores

    1.4.2 - Exerccios de esquema corporal

    1.4.3 - Exerccios de coordenao

    1.4.4 - Exerccios de orientao temporal e espacial

    1.4.5 - Atividades na rea de comunicao e expresso

    1.4.6 - Exerccios de percepo ttil, gustativa, olfativa, auditiva e

    visual

    1.4.7 - Exerccios de relaxamento

    1.5 - A Psicomotricidade no Processo de Aprendizagem

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  • 7 CAPTULO II

    EDUCAO INFANTIL

    2.1 - A Funo da Educao Infantil

    2.2 - A importncia do trabalho realizado na educao infantil

    CONCLUSO

    BIBLIOGRAFIA

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    36

  • 8

    INTRODUO

    O trabalho realizado uma pesquisa documental crtico-dialtica, no

    experimental, na qual foram reunidas pesquisas em livros de diversos autores e

    observaes feitas nos estgios, nos quais o trabalho teve embasamento.

    O objetivo deste trabalho foi o de levantar questes sobre a importncia da

    psicomotricidade na educao infantil, mostrar que a criana um ser global e que

    precisa ser vista por inteiro e no por partes fragmentadas, ou seja, vista cognitivo,

    afetivo, social e motor juntos, mostrando que a educao infantil tem finalidade em si

    mesma e, conseqentemente, a preparao para a vida posterior escola.

    A preocupao com a educao infantil, com os educadores, com as crianas e

    com a psicomotricidade, teve um maior destaque durante o curso de psicomotricidade,

    onde foram vistas vrias questes ligadas ao lado afetivo e social, influenciando o

    aspecto motor e, conseqentemente, o cognitivo.

    A partir dos textos lidos e discutidos em sala de aula, com a troca de

    experincias e dinmicas vivenciadas, foram acontecendo mudanas internas que nos

    fizeram muitas vezes questionar qual seria o verdadeiro papel do (a) educador (a) diante

    de tantas incertezas e insatisfaes. Isto tudo contribuiu na busca crescente de pesquisas

    e lutas para uma mudana positiva, como no trabalho dos pais, educadores e alunos.

    Segundo Kramer (1989) a educao infantil a fase da escolaridade que mais

    tem crescido no Brasil. Isso ocorre pela preocupao com a formao das crianas,

    antes mesmo que atinjam a idade para freqentar o ensino fundamental dentre outros

    motivos. O que acontece nessa fase marcante para o desenvolvimento da criana.

    A educao infantil ocupa-se precisamente de atualizar as experincias e

    conhecimentos que a criana na faixa de dois a seis anos de idade constri em seu

    cotidiano. Esta vai buscar na produo ldica o caminho para ingressar no mundo

  • 9 adulto descobrindo-o a sua maneira, para que possa apropriar-se desse conhecimento e

    us-lo de forma criativa no, simplesmente repeti-lo como um papagaio.

    relevante que todos se conscientizem da forte influncia do desenvolvimento

    infantil e contribuam assim, positivamente, para a formao do cidado consciente e

    cumpridor dos seus direitos e deveres dentro da sociedade.

    A falta de credibilidade da educao infantil se deve alm dos pais e da

    comunidade, aos educadores que nela trabalham. Muitos deles se acomodam a rotina

    escolar e, caem no erro de muitos pais em acreditar que as crianas s brincam na

    escola. Esse comodismo de muitos educadores refora essa concepo e impede muitas

    vezes de se realizar um trabalho srio com seres valiosos e importantes.

    preciso que os educadores acreditem no seu verdadeiro potencial, estudem e

    venam a incredibilidade na educao infantil, colocando-a no seu verdadeiro lugar de

    importncia para o desenvolvimento global do ser.

  • 10

    CAPTULO I

    Psicomotricidade: uma nova abordagem do corpo

    "Dentre tantos que vieram enriquecer a escola em seu processo de construir o novo sujeito para o mundo novo e com um novo paradigma de educao, a psicomotricidade contribuiu com o seu saber para melhorar e transformar o homem, at suas mais profundas razes. Trata-se, portanto de uma educao pelo movimento..

    (Parolin, 1998)

  • 11

    PSICOMOTRICIDADE: UMA NOVA

    ABORDAGEM DO CORPO

    Favorecer um desenvolvimento harmonioso da criana antes de tudo dar-lhe a possibilidade de existir, de tornar-se uma pessoa nica, oferecer-lhe, ento, condies as mais favorveis para comunicar-se, expressar-se, criar-se e pensar.

    (Aucouturier 1988)

    Uma das caractersticas bsicas do ser humano a capacidade de estabelecer

    relaes consigo mesmo, com os outros, com o mundo. A partir desta funo de relao,

    pode-se perceber a unidade do ser enquanto inteligncia, vontade, afetividade,

    motricidade e fundamentalmente, a psicomotricidade enquanto funo integradora

    atravs da qual o indivduo atinge o controle corporal, base para a sua integrao social.

    De acordo com este princpio, o homem antes de tudo o seu corpo, o que vem

    modificar radicalmente a concepo do corpo e obriga a pensar em estruturas

    psicossomticas em novos termos: a nossa imagem do corpo est de acordo com a

    nossa histria, as nossas dificuldades, o que acreditamos ou no. Isso forma o conjunto

    de smbolos corporais que nos identifica como pessoas.

    Tomando o corpo como referencial, o ponto de partida para toda atividade

    humana, possvel compreender que o mundo seja percebido atravs dele como se

    atravs de um filtro, que acabe por regular suas interaes. O homem ao dominar-se,

    fala de seu corpo e em contrapartida, seu corpo fala por ele em qualquer situao.

    Nesse sentido em razo de seu prprio objeto de estudo: o indivduo, seu corpo

    em movimento e suas relaes consigo e com o mundo, a Psicomotricidade se distingue

    como uma cincia, onde se encontra vrios pontos de vista e um sem nmero de

    contribuies de vrias cincias constitudas: biologia, psicologia, psicanlise,

    sociologia, etc.

  • 12 A nvel prtico, a psicomotricidade objetiva desenvolver e compreender a

    linguagem do corpo e o controle corporal.

    A capacidade de coordenar e dissociar os diversos segmentos corporais, com

    preciso, economia de gestos e eficcia, resultante da integrao de condutas motoras,

    afetivas e intelectuais em interao com pessoas e objetos do meio ambiente

    1.1 - Psicomotricidade e Desenvolvimento Infantil

    Segundo Alves (2003) a psicomotricidade envolve toda a ao realizada pelo

    indivduo, que represente suas necessidades e permitem a relao com os demais. a

    integrao psiquismo motricidade.

    A motricidade o resultado da ao do sistema nervoso sobre a musculatura,

    como resposta a estimulao sensorial. O psiquismo seria considerado como o conjunto

    de sensaes, percepes, imagem, pensamentos, afeto, etc.

    Portanto a funo psicomotora a unidade onde se integram a incitao, a

    preparao, a organizao temporal, a memria, a motivao, a ateno, etc.

    O mundo psicomotor surge tambm na escola onde o aluno busca um espao

    para seu corpo, vivendo intensamente cada momento.

    1.1.1 - Desenvolvimento da Criana

    O movimento permite criana explorar o mundo exterior atravs de

    experincias concretas sobre as quais so construdas as noes bsicas para o

    desenvolvimento intelectual. importante que a criana viva o concreto.

    a explorao que desenvolve na criana, a conscincia de si mesma e do

    mundo exterior. A criana se desenvolve desde os primeiros dias de vida, de maneira

    contnua.

  • 13 Cada criana nica, pois apesar do desenvolvimento comum a todas as

    crianas, as diferenas de carter, as possibilidades fsicas, e meio e o ambiente escolar

    e familiar explicam que com a mesma idade crianas perfeitamente normais possam

    comportar-se de maneira diferente.

    1.1.2 - Comportamento da Criana

    Nos primeiros anos de vida, os pais so os principais educadores. Os pais devem

    estar conscientes da importncia da influncia do meio sobre a educao de seus filhos.

    O meio ambiente ter de ser favorvel para que a criana tenha uma maturao

    normal fazendo com que sua inteligncia seja desenvolvida.

    As necessidades e interesses surgem atravs da observao objetiva dos estgios

    nas diferentes idades.

    1.1.3 - O Exame Psicomotor

    Nele podemos distinguir as fases que as crianas de 0 a 2 anos apresentam:

    x Atividades reflexas em respostas a estimulao sensorial. x Evoluo de posturas: sentada, de p e de marcha. Com dois anos

    comea a ser desenvolvido o estgio global e sincrtico, atingindo, ento, a

    representao do corpo.

    Nesta fase observamos tais comportamentos:

    x Coordenao culo Manual x Coordenao Dinmica Geral x Equilbrio x Controle do Prprio Corpo x Organizao Perceptiva x Linguagem

    Fazem parte da estruturao desse estgio os desenvolvimentos da:

    x Coordenao Motora Fina e Motora

  • 14 x Equilbrio x Esquema Corporal x Imagem Corporal x Noo Espao Corporal

    1.1.4 - O Corpo e o Movimento

    Todas as experincias da criana (o prazer, a dor, o sucesso ou fracasso) so sempre vividos corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio d ao corpo e as cero de suas partes, este corpo termina por ser investido de significaes, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoais.

    (Vayer 1984 )

    O primeiro objeto que a criana percebe seu prprio corpo. Este conhecimento

    se estrutura atravs de sensaes, mobilizaes e deslocamento.

    A construo do esquema corporal se d a partir da maturao neurolgica da

    evoluo sensrio-motora e da relao com o corpo do outro. Sendo o movimento uma

    resposta muscular a estimulao sensorial, levando em considerao a informao

    motora.

    1.1.5 - Desenvolvimento Psicomotor

    As fases do desenvolvimento psicomotor devem levar em conta no s o quadro

    de maturao neurolgica, mas o resultado de um processo reacional e relacional

    complexo.

    A organizao da motricidade tem as seguintes fases:

    - 1 fase

    Caracteriza-se pelas conquistas da organizao da estrutura motora, do tnus de

    fundo, da propiocepo e do desaparecimento das reaes primitivas.

    - 2 fase - Organizao do Plano Motor

  • 15 Nela h o aperfeioamento espao temporal das reaes que evoluem com as

    relaes sociais.

    - 3 fase - Automatizao do Adquirido

    As aquisies motoras vo sendo automatizadas atravs da ao do sujeito.

    1.1.6 - Funo Motora

    A funo motora compreende o tnus muscular e o momento propriamente dito

    como tambm o estado de tenso / distenso das vsceras.

    1.1.7 - A Estrutura do Esquema Corporal

    Tem papel fundamental no desenvolvimento da criana, pois o ponto de

    partida para ela agir. A educao psicomotora ir conduzir a criana a estruturar o seu

    esquema corporal atravs de atividade de:

    x Controle de tnus muscular x Deslocamentos globais do corpo x Equilbrio do corpo

    1.2 - Aspectos do Desenvolvimento

    1.2.1 - O Esquema Corporal

    A partir do momento que o indivduo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o

    esquema corporal estruturado e passa a ter conscincia dele e suas possibilidades, na

    relao com o meio ambiente em que vive. Para control-las ele precisa desenvolver:

    x A percepo do corpo; x Equilbrio; x A lateralidade; x A independncia dos membros em relao ao tronco e entre si; x Controle muscular; x Controle da respirao.

  • 16 1.2.2 - Etapas do Desenvolvimento do Esquema Corporal.

    - 1 etapa

    Corpo vivido (at 3 anos).

    Corresponde fase da inteligncia sensrio-motora de Piaget.

    - 2 etapa

    Corpo percebido ou descoberto (3 a 7 anos)

    Corresponde organizao do esquema corporal devido funo de

    interiorizao.

    - 3 etapa

    Corpo representado (7 a 12 anos).

    O corpo j apresenta a noo do todo e das partes do corpo, observa-se a

    estruturao do esquema corporal.

    1.2.3 - Imagem Corporal

    A evoluo do eu corporal na criana a evoluo do conhecimento corporal,

    o sinnimo do caminho para a autoconscincia, caminho expresso por uma maturao

    integral do indivduo.

    1.2.4 - Coordenao Geral e Facial

    A capacidade de coordenao incorpora as atividades que incluem duas ou mais

    capacidades e padres motores. O desenvolvimento de todas as capacidades perceptivas

    e essenciais para a evoluo das potencialidades do indivduo na aprendizagem

    cognitiva, psicomotora e afetiva.

    A coordenao geral necessita de uma perfeita harmonia de jogos musculares em

    repouso (coordenao esttica) e em movimento (coordenao fina).

    Podemos considerar cinco tipos de coordenao motora:

    1. Coordenao Motora Fina

    2. Coordenao Motora Ampla

  • 17 3. Coordenao Visomotora

    4. Coordenao Audiomotora

    5. Coordenao Facial

    A linguagem falada necessita de exerccios com os movimentos primrios pr-

    lingsticos de suco, mastigao e deglutio.

    1.2.5 - Equilbrio

    A medida que ele cresce e evolui, o equilbrio torna-se cada vez mais

    fundamental e a sua fase de sustentao imprescindvel para sua manuteno. Ele pode

    ser esttico em movimentos no locomotores e dinmico em movimentos locomotores.

    1.2.6 - Lateralidade

    A lateralidade importante na evoluo da criana, pois influi na idia que a

    criana tem de si mesma, na formao de seu esquema corporal, na percepo de

    simetria de seu corpo, contribuindo para determinar a estruturao espacial.

    Para ter um bom desenvolvimento das capacidades motoras, faz-se necessrio

    estar atento a alguns indcios que podem revelar deficincias perceptivo - motoras:

    1. Falta de habilidade para as atividades cotidianas;

    2. Falta de vontade de participar dos jogos;

    3. Falta de predominncia lateral;

    4. Dificuldade em associar smbolos e formas;

    5. Constante desconcentrao;

    6. Dificuldades em interpretar direes laterais;

    7. Incapacidade de citar nominalmente partes do corpo;

    8. Dificuldade em colorir smbolos grandes.

  • 18 1.3 A estrutura espacial

    A criana tem necessidade de um espao para se mover e a partir da percepo

    do prprio corpo que o espao exterior pode ser percebido. Ele explorado, no incio,

    por uma dupla em simultnea percepo, a extereoceptiva e a propioceptiva.

    Muitas desordens do comportamento escolar reconhecem, como causa inicial,

    uma perturbao da funo orientao espao-temporal. Essas perturbaes podem ter

    causas motoras, psicomotoras (falta de orientao e de organizao espaciais e

    psicolgicas).

    Conclui-se que uma criana adquire estruturao espacial quando:

    x Toma conhecimento da realidade que ela representa. x Aprende a se orientar e combinar vrias orientaes ocupando e espao.

    A criana no fim do perodo do corpo vivido deve dispor de uma motricidade

    global bem organizada temporalmente.

    O ritmo considerado um dos conceitos mais importantes da orientao

    temporal.

    Tipos de tempo:

    x Subjetivo x Objetivo

    Tipos de ritmo:

    x Motor x Auditivo x Visual

  • 19 1.4 Desenvolvimento psicomotor

    Os primeiros anos de vida tm uma importncia fundamental. As capacidades

    futuras de uma criana sero afetadas caso alguma perturbao no seja detectada e

    tratada a tempo, podendo afetar a aprendizagem da leitura e da escrita.

    O desenvolvimento da criana muito mais rpido no perodo do nascimento at

    aos 6 anos, tanto psicologicamente como fisicamente.

    Segundo Jean Piaget, os estgios de desenvolvimento psquico da criana so:

    x Inteligncia sensrio-motora (at 2 anos) x Pr-operatrio do pensamento (at 6 anos) x Das operaes concretas (at 12 anos) x Das operaes formais (at adolescncia)

    1.4.1 - Exerccios Psicomotores

    Jogar uma atividade natural do ser humano, ele integra os aspectos motores,

    cognitivos, afetivos e sociais. A psicomotricidade pode ajudar muito, atravs de

    exerccios preparatrios.

    1.4.2 - Exerccio de Esquema Corporal

    x Mmica x Escultura x Adivinhaes x Nomear partes do corpo x Montar partes do corpo x Desenhar figura humana.

  • 20 1.4.3 - Exerccios de Coordenao

    Coordenao dinmica global

    x andar, rolar, engatinhar, relaxar, correr, chutar bolas.

    Coordenao visomanual ou fina

    x modelar, rasgar, amassar, tocar teclados, atarraxar e desatarraxar, recortar, colar, pintar.

    Coordenao visual

    x seguir objetos, andar ao redor de um objeto.

    1.4.4 - Exerccios de Orientao Temporal e espacial

    x Reproduzir ritmos, ouvir histrias, recontar histrias. x Andar de olhos fechados, em linha, arremessar bolas.

    1.4.5 - Atividades na rea de comunicao e Expresso

    x Exerccios de fonoarticulatrios, respiratrios, de expresso verbal e gestual:

    x Fazer caretas, assoprar apitos, mastigao, imitar sons, fazer bolhas de ar, jogar beijos

    x Inspirar, expirar, assoprar x Realizar passeio e conversar sobre eles, contar o que v em gravuras e

    fotos.

    1.4.6 - Exerccios de percepo ttil, gustativa, olfativa, auditiva e

    visual

    x Saco surpresa, experimentar alimentos, odores, brincar de cabra cega, identificar e imitar sons, cores, objetos iguais e ocultos.

  • 21 1.4.7 - Exerccios de relaxamento

    Utilizar msicas instrumentais e levar a criana a usar a imaginao relaxando-a.

    1.5 A psicomotricidade no processo de aprendizagem

    A educao psicomotora deve ser considerada uma educao de base na escola primria. Ela acondiciona todos os aprendizados pr-escolares levando a criana a tomar conscincia de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espao, a dominar o seu tempo, adquirir habilmente a coordenao de seus gestos e movimentos. A educao psicomotoras deve ser praticada desde tenra idade; conduzida com perseverana permite prevenir inadaptaes difceis de corrigir quando j estruturadas.

    (Le Bouch 1987)

    A criana precisa se sentir segura para que possa ter a possibilidade de se

    arriscar, trazendo-lhe conhecimento a cerca de si mesma, dos outros e do meio em que

    vive.

    Na educao infantil, a prioridade deve ser a de ajudar a criana a ter uma

    percepo adequada a si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitaes reais,

    auxiliando-a a se expressar corporalmente conquistando novas competncias motoras.

    Quando o professor conscientizar-se de uma educao pelo movimento uma

    pea mestra da rea pedaggica, que permite criana resolver mais facilmente os

    problemas atuais da sua escolaridade e prepara, por outro lado, para a sua existncia

    futura de adulto, essa atividade no ficar mais para segundo plano, sobretudo porque o

    professor constatar que esse material educativo no verbal, constitudo pelo

    movimento , por vezes, um meio insubstituvel para afirmar certas percepes,

    desenvolver formas de ateno, pondo em jogos certos aspectos da inteligncia.

  • 22

    CAPTULO II

    Educao Infantil

    Educar um processo de vida. Toda a constncia ser justificada por conseqncias enriquecedoras de vida!

    (Dr. Iami Tiba, 2003)

  • 23

    EDUCAO INFANTIL

    De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases n 9394/96, artigo 9, define como

    finalidade da Educao Infantil o desenvolvimento integral da criana at 6 anos de

    idade, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social.... Para tanto,

    necessrio tomar a criana, sujeito da educao, como ser global e compreender que seu

    desenvolvimento se d pela interao destas dimenses, e que, portanto, todas elas (e

    no somente a intelectual), so do interesse da educao. Cabe assim Educao

    Infantil, alm de cuidar da aprendizagem, compromissar-se em favorecer a dinmica

    evolutiva da criana, atravs de uma prtica que possibilite o desenvolvimento integral

    (e integrado) do seu ser.

    Os atendimentos s crianas de diferentes formas, em diversas instituies

    tambm so considerados Educao Infantil. o caso das creches, dos programas

    governamentais de atendimento a criana, entre outros.

    Fazemos, no entanto, uma distino entre atendimento e educao. A primeira

    est voltada assistncia da criana (guarda, sade, alimentao e lazer), e educao

    est mais voltada aos trabalhos pedaggicos.

    Esta distino se faz necessria, pois possvel que se desenvolvam propostas de

    atendimento criana sem desenvolver educao, mas no possvel desenvolver

    propostas educativas sem um mnimo de atendimento.

    A idia do atendimento precisa ser questionada, uma vez que essas propostas

    visam quase sempre dar conta da demanda que concebida a partir de uma viso de que

    o problema identificado na criana ou na famlia e nunca na sociedade.

    A criana no passa de um bode expiatrio dos problemas sociais e em geral,

    o atendimento proposto tem um carter compensatrio.

  • 24 2.1 - A funo da Educao Infantil

    Duas consideraes iniciais devem ser feitas ao apresentar algumas idias sobre

    as funes da educao infantil.

    Se tomar respostas concretas da Educao Infantil desenvolvida hoje,

    dificilmente conseguirei classific-la como tendo exclusivamente uma nica funo

    dentre as que vou apresentar.

    As prticas pedaggicas so muito ricas e complexas do que as classificaes

    que teoricamente fazemos. Os educadores no seu dia-a-dia desenvolvem aes que so

    extremamente dinmicas, no se enquadrando facilmente em tipificaes acadmicas.

    O que podemos dizer, que a partir da classificao, a respeito das funes da

    Educao Infantil, que essa ou aquela prtica predominantemente deste ou daquele

    tipo, segundo Kramer (1989). Conforme relao abaixo:

    a) Funo de guardar as crianas (guardi)

    Historicamente, a educao infantil teve seu surgimento, (sculo XVIII - Frana

    e Inglaterra) como funo precpua das crianas filhas de mes operrias.

    Com a necessidade cada vez maior da mulher se inserir no mercado de trabalho,

    a guarda das crianas torna-se uma necessidade.

    Dentro da viso de educao infantil bastaria um lugar seguro, alimentao,

    servio mdico e rea para brincar.

    b) Funo de preparar a criana para ingressar no 1 grau (preparatria)

    Esta concepo entende que a educao infantil serve para dar s crianas a

    prontido para ingressar na 1 srie, evitando a repetncia e, conseqentemente, a

    evaso escolar.

    Com o objetivo de dar criana condies de acompanhar o que lhe exigido ao

    entrar no 1 grau, esta educao infantil preocupa-se com as crianas que fracassam na

    escola.

    Ao se propor a preparar a criana, busca mold-la aos padres escolares, sem

    mudar em nada a escola.

  • 25 c) Funo de promover o desenvolvimento global e harmnico da criana

    (com objetivos em si mesma).

    O importante a vivncia na vida infantil. Tudo o mais vir como acrscimo.

    Esta funo considera importante dar criana o que ela precisa, isto , alimentao,

    cuidados com a sade, oportunidade de brincar com outras crianas.

    d) Funo de formar hbitos e atitudes necessrias vida em sociedade

    (socializao).

    Nesta concepo, o mais importante a preocupao com os aspectos morais,

    com a formao de hbitos e atitudes consideradas boas e necessrias. Alm de

    conviver com as crianas da mesma idade, esta educao infantil valoriza a aquisio de

    hbitos higinicos, alimentares e boas maneiras.

    e) Funo pedaggica

    A partir da valorizao dos conhecimentos que a criana j possui, esta

    concepo busca fornecer a aquisio de conhecimentos escolares. A educao infantil

    com funo pedaggica toma como ponto de partida o universo cultural da criana e

    tem como ponto de chegada o acesso aos conhecimentos escolares. Nesta concepo,

    fundamental proporcionar atividades que tenham sentido verdadeiro na vida cultural das

    crianas, ao invs de desenvolver uma seqncia de aes mecnicas e repetitivas das

    quais desconhecem o porqu e para qu.

    As atividades so organizadas com base no s nos conhecimentos j adquiridos

    e nas prprias atividades que realizam, mas, tambm nas diferentes formas de

    socializao e comunicao j existentes em seu prprio meio, isto , nas suas

    condies objetivas de vida.

    A discusso a respeito de uma Educao Infantil numa perspectiva crtica

    muito nova na nossa sociedade. A educao infantil com uma dimenso pedaggica

    deve ser entendida como uma proposta educativa que visa a desenvolver as crianas no

    apenas cognitivamente, mas tambm, afetiva e socialmente.

    Suas estratgias passam pela concepo de infncia e da criana que tenho, sobre

    as formas que entendo e explica os processos de aprendizagem e, sobretudo sobre a

  • 26 viso de homem e mundo que admitimos ser coerente com os princpios filosficos e

    polticos.

    A aprendizagem depende em grande parte , da motivao. A motivao forte,

    as crianas fazem de boa vontade enorme esforos para dominar obstculos difceis. Por

    esta razo, as necessidades e interesses intrnsecos da criana, tm mais importncia do

    que outra qualquer razo para que a criana se ligue a uma atividade: mais

    especificamente, os objetivos scio-afetivos respeitantes criana.

    Ao longo do tempo, esses conhecimentos so internalizados e transformados ao

    nvel interpessoal. Deste modo, portanto, o desenvolvimento caminha do scio cultural

    para o individual, do inter para o intrapessoal.

    Segundo Wallon (1983), ao longo de suas vivncias, dispe de relaes de

    colaborao e ajuda mtua dos adultos e outras crianas. E neste espao de interao e

    interlocuo que os outros adultos ou crianas, colaboram no desenvolvimento infantil.

    a partir de uma relao dialgica, que a criana desenvolve sua concepo de mundo e

    de homem. Atuando ativamente sobre o mundo, formula hipteses e a partir de suas

    vivncias, na tentativa de desvendar contradies, encontra explicaes e avanar

    criticamente no seu processo de desenvolvimento.

    Participar das brincadeiras da turma e do jogo exige muito da criana.

    necessrio que ela saiba respeitar a si mesma e aos outros. Dever compreender que

    uma coisa leva a outra (relao de causa e efeito) e como as partes podem adaptar-se

    para formar uma totalidade, entender a lgica das normas e reconhecer o certo e o

    errado. O educador d educao intelectual para que a criana atinja esse estgio de

    desenvolvimento.

    O aspecto social compreende o elemento mais marcante na atividade ldica da

    criana; nos anos seguintes ser, sem dvida, um dos componentes mais importantes do

    seu desenvolvimento. Deixando de lado o egocentrismo, a criana para a usar a

    linguagem para coordenar atividades infantis, precisa ter claro que so necessrias

  • 27 qualidades emocionais, sociais e de grupo visando algum objetivo comum. Os

    horizontes sociais da criana lentamente se ampliam: aos poucos, a curiosidade

    recproca aparece e ela procura realizar trocas afetivas. O jogo paralelo vai cedendo

    lugar ao intercmbio aberto.

    Quanto mais a criana for tratada como indivduo, com algo a oferecer

    comunidade na qual se encontra, na qualidade de criana mais til poder torna-se como

    criana; quanto mais lhe permitir o uso da experincia direta, tanto melhor aprender a

    aprender; quanto mais puder participar da organizao e da coletividade escolar, melhor

    enfrentar a soluo de problemas, a tomada de decises e a colaborao com os outros.

    Assim sendo, tanto mais adaptvel se tornar s transformaes da vida.

    2.2. A Importncia do Trabalho Realizado na Educao Infantil

    O trabalho na educao infantil se baseia numa posio filosfica de crena no

    ser humano, em sua capacidade de atualizar suas potencialidades de vir e ser, numa

    viso otimista do homem.

    A criana h de ser vista dinamicamente: no unicamente o que ela , mas,

    sobretudo o que se tornar.

    Partindo dessa posio, caberia escola criar condies favorveis e

    facilitadoras para esse desabrochar. Para isso preciso um clima de liberdade e de

    respeito s caractersticas e s diferenas individuais, a partir de propostas que

    enfatizem a necessidade de atividade do sujeito, de maneira que seja livre para criar,

    num ambiente em que o que ele produza seja valorizado.

    A escola deveria compreender, respeitar e se enriquecer com o que cada criana

    traz enquanto representante de um grupo cultural. O trabalho deve se basear na cultura

    especfica da comunidade da qual ela faz parte.

  • 28 O que caracteriza o trabalho a liberdade e o respeito; liberdade com o que a

    criana experimenta, opta e assume, respeito sua cultura, s suas caractersticas e

    diferenas individuais, sua evoluo bio-psicossocial.

    Para que isto acontea, preciso que aqueles que lidam com o educando estejam

    conscientes de sua responsabilidade e capacitados tecnicamente para um bom

    desempenho.

    As crianas devem ser colocadas em situaes que estimulem perguntas e as

    atividades que executem, lhes possibilitem encontrar respostas. Elas devem ser

    acompanhadas pela professora, mas no conduzidas, a fim de que possam desenvolver

    sua prpria linguagem, seu modo de pensar e a capacidade de chegar s suas prprias

    concluses.

    O trabalho deve ser consciente e intencional. importante que o professor saiba

    porque deve haver a hora das novidades e no o faa simplesmente porque aprendeu

    que o dia de uma turma de Educao Infantil deve ser iniciado com tal atividade. Deve

    ele ter claro que, ao estimular as crianas a falarem sobre as suas vidas, as pessoas que

    gostam e desgostam, os passeios que fazem, seus animais ou objetos prediletos e suas

    famlias, est possibilitando o desenvolvimento oral. Alm disso, ao ouvir as

    experincias e os sentimentos de seus colegas, eles estaro se percebendo no outro,

    abrindo-se para o mundo, percebendo-se no mundo, conhecendo-se. Ao falar de suas

    vidas, ou ao dar vazo imaginao, vo pouco a pouco, elaborando suas dificuldades.

    Essa hora das novidades, como outras em que ficam em grupo fundamental porque as

    crianas necessitam estar em grupo, a ter uma relao com os colegas e com a

    professora, para que se possa estabelecer um vnculo grupal e individual e favorecer

    assim, o processo ensino-aprendizagem.

    Para que se desenvolva na criana o esprito de grupo e de cidado, muito

    importante que ela se posicione, critique e oua.

  • 29 preciso estar sempre presente no professor, o porqu das atividades

    diversificadas e no, quase mecanicamente, arrumar as tintas, os lpis, o barro, os

    blocos de construo, a caixa de recortes e outros materiais.

    A hora das atividades diversificadas o momento em que a criana pode se

    posicionar, tomar uma deciso, escolher o que prefere e isso extremamente

    importante. Para o professor, um momento tambm srio e oportuno para que ele

    possa conhecer melhor o educando; suas caractersticas e suas preferncias. Nesta hora,

    o professor deve ter um olhar e uma atitude psicopedaggica, ou seja, olhar o seu

    educando globalmente, observar o que faz, sem interferir nas suas escolhas e

    dificuldades. Deve estar atenta aos seus interesses, a atividade, as experimentaes e na

    vida cotidiana dos educandos.

    A liberdade com que a criana pode escolher as atividades ou mudar de

    atividade atende no s s diferenas individuais, como sua necessidade de explorao

    dos materiais e de descoberta de possibilidades suas e dos materiais. Ela experimenta

    com todos os seus sentidos: v, toca, observa, cheira, sente e ouve. s vezes, sente

    necessidade de levar boca o material para sentir o seu gosto; a sua experincia total.

    importante que no trabalho de educao infantil esteja claro que cada criana

    tem seu ritmo, seu tempo. Esse tempo e esse ritmo devem ser respeitados, do mesmo

    modo que sua cultura deve ser respeitada.

    Embora muitos professores hesitem em permitir aos alunos selecionar suas

    prprias atividades para o dia, h razo para acreditar que se as crianas so providas de

    materiais e opes adequadas, elas selecionaro atividades consistentes com o nvel

    funcional (estgio) de seu desenvolvimento intelectual. Os professores podem variar as

    opes de atividades disponveis cada dia para os alunos individualmente, a fim de se

    assegurarem de estar providenciando uma adequada variedade de experincias.

    O que muito comum acontecer, a correo do desenho da criana. Este

    desenho um todo que se acha integrado em determinada fase de sua evoluo. Ao ser

  • 30 criticado um detalhe do desenho infantil, este perde a sua unidade, tornando-se

    incoerente em sua totalidade.

    Ao desenhar, a criana registra a sua experincia subjetiva; aquilo que

    significativo para ela naquele momento. Assim, no o tema que importa, mas sim,

    como ele foi trabalhado por ela. Seu trabalho nos oferece dados sobre a sua relao

    consigo mesmo e com o mundo, e sobre o seu desenvolvimento. O professor precisa

    estar consciente de que o importante no o produto final e sim, o processo vivenciado.

    A criana considera terminado o seu trabalho quando teve a experincia

    completa e se sente pronta para comear outra coisa. Para ela, o que importa o

    processo de fazer, de explorar, de inventar e no, o produto final. O produto final revela

    muito pouco da variedade e riqueza da experincia que ela ganhou no processo.

    As crianas tm que agir. Raras vezes esto inativas por mais do que alguns

    poucos minutos, quando acordadas. For-las a ficarem paradas e quietas na escola ir

    frontalmente de encontro s suas naturezas e forosamente resultar numa luta entre as

    vontades dos professores as necessidades dos alunos.

    Os professores fazem melhor, tirando proveito das caractersticas naturais das

    crianas. Elas podem fazer isto provendo riqueza de materiais para as crianas olharem,

    tocarem, manipularem e levarem de um lado para o outro. Tais materiais deveriam ser

    usados em grau muito maior do que comum agora nas escolas. A interao verbal

    entre os alunos deve ser permitida e estimulada. As atividades de grupo que envolve

    cooperao e discusso deveriam abranger uma parte significativa do dia escolar.

    O fato de a criana muitas vezes abandonar um trabalho que ao adulto parea

    bom e acabado e comear outro que possa parecer desinteressante e inacabado, no

    dever ser olhado como fracasso. Pode, na verdade, representar um novo esforo ou uma

    nova situao desafiadora de explorao. importante deix-la explorar e esgotar a

    experincia, sem forar o seu ritmo e, sobretudo, sem comparar o seu desenvolvimento

    com o de seus colegas. Ela s pode dar um novo passo quando estiver pronta para faz-

  • 31 lo. fundamental para o seu auto-conceito que haja aceitao por parte do educador,

    bem como respeito pelo o que ele cria.

    O crescimento se manifesta por uma grande variedade de caminhos. Quando

    encorajada, crescer independente e confiante; se no se sentir aprovada, ela nunca se

    sentir livre e confiante em sua prpria expresso. Quanto mais oportunidades de

    experimentar, de optar livremente entre muitas possibilidades, mais se amplia a sua

    capacidade de se comunicar originalmente.

    Ao utilizar o barro, est atendendo a sua necessidade de conhecimento atravs

    do tato, de explorao com suas mos, criando mundos imaginrios, atividade que

    contribuir para o seu desenvolvimento psquico e intelectual. Atravs da manipulao

    do barro, a criana estabelece relaes de forma, volume, espao, dimenso, proporo

    e movimento e vai enriquecendo o seu vocabulrio plstico. Assim tambm, ela

    amplia o seu vocabulrio musical ao explorar os sons do seu corpo, as diferenas de

    sons produzidos pelo metal, pela madeira ou pelo vidro, ao comparar a voz grave do

    homem e a aguda da mulher, ao reconhecer a voz dos animais, ao ouvir a msica do

    vento e das folhas, do mar, da chuva e do rio, o ritmo da mar, do corao ou do galopar

    do cavalo, ao sentir a vibrao que produz no cho o pesado caminho que passa na rua,

    ao cantar com seus colegas.

    Do mesmo modo que na educao infantil estimulada a utilizao da msica

    como linguagem, nas danas e dramatizaes, as crianas aprendem a utilizar e

    compreender a linguagem do corpo. Ao movimentar o seu corpo no espao, ela se

    apossa do espao, explorando os seus limites. Ao sentir o seu espao, se capacita para

    mais espao tarde entrar no do outro e deix-lo penetrar no seu.

    Atravs dos jogos dramticos, a criana libera sua agressividade, descarrega

    sentimentos de culpa e ressentimentos de uma forma ldica e criativa. H tambm os

    jogos em que expressa sentimentos de amor, cooperao e plenitude.

  • 32 O professor tem um papel importante na dramatizao espontnea, nem se

    omitindo, nem interferindo demais, o que poderia distorcer a idia original da criana.

    Na educao infantil, a criana muitas vezes estabelece o seu primeiro contato

    com o livro de histrias que tanto estimula a sua fantasia: ouve histrias faladas,

    cantadas ou lidas, conta as suas prprias histrias, cria histrias individualmente ou em

    grupo e l histrias.

    atravs do processo de criao que a criana organiza seus pensamentos e

    sentimentos, se confrontando constantemente com suas prprias experincias,

    aliviando-se de suas tenses e, sobretudo capacitando-se para uma vida plena.

    Ao conviver com a professora, diretora, orientadora educacional, supervisora,

    merendeira e servente, vai adquirindo certo grau de conscincia social, tomando

    conhecimento das profisses, dos profissionais e do mundo do trabalho.

    O perodo na educao infantil de suma importncia para o futuro

    desconhecido e por isso deveria ser cuidadosamente planejado e visto seriamente, como

    talvez, o mais importante estgio da educao, do qual todos os demais dependem.

    na educao infantil que se deve iniciar um processo de aprender a aprender,

    aprender a pensar de modo livre e crtico, aprender a amar o mundo e os homens,

    aprender a desenvolver-se no e pelo trabalho criador, aprender a viver, aprender a ser.

    Para um trabalho na educao infantil fluir, importante e fundamental que haja

    um planejamento. Este pode ser formulado com as crianas, o que o torna mais rico.

    Deve ser flexvel a fim de valorizar o que a criana traz ou situaes inesperadas que

    so muito atrativas e interessantes para ela. Cabe ao professor saber aproveit-las e

    convivendo com crianas, o que no falta assunto.

    Na educao infantil, as atividades devem ser interligadas, ou seja, deve haver

    uma interdisciplinaridade, pois como estamos trabalhando com seres e partindo do

  • 33 princpio que eles so totais e no partes isoladas, as atividades tambm devem ser

    assim, englobar o SER TOTAL. Em uma nica atividade, se bem explorada, possvel

    ser trabalhado vrios aspectos simultaneamente, pois uma coisa est interligada com a

    outra. Mas para que isso acontea e d certo, preciso que o professor confie em si

    mesmo e na capacidade do seu educando.

    As atividades na educao infantil podem ser definidas como: brincar de

    descobrir relaes.

    Relaes que estruturam nosso modo de pensar e agir: pela linguagem e pela lgica; mas tambm, no tempo e no espao, descobrindo as possibilidades de nosso corpo. Tais relaes supem um campo social: com o outro, que o generalizado, conhecimento se constri.

    (Amorim, 1990.p.16).

    A Educao Infantil tem nas mos a grande responsabilidade de pequenos

    grandes seres, por isso, cabe a ela facilitar o crescimento intelectual, afetivo e social,

    de maneira que se tornem cidados crticos, conscientes de seus direitos e deveres na

    sociedade.

  • 34

    CONCLUSO

    Trabalhar com crianas na fase da educao infantil no tarefa fcil como

    muitos pensam. Ao contrrio trabalhoso, requer muita ateno e sensibilidade do

    professor, pois todo o trabalho desenvolvido exigir muita ateno, carinho e acima de

    tudo de sensibilidade na execuo das atividades.

    A determinao do estgio de desenvolvimento da criana so indispensveis

    para que se estabeleam as condutas educativas que podero favorecer os diversos

    aspectos de desenvolvimento e do conhecimento e, portanto, simplificar a adaptao da

    criana ao meio em que vive.

    O meio ambiente ter de ser favorvel para que a criana tenha uma maturao

    normal fazendo com que sua inteligncia seja desenvolvida.

    As atividades fsicas realizadas nessa faixa etria resultam em maior domnio do

    corpo, desenvolvendo a fora, a resistncia, a flexibilidade, a destreza, e a autonomia.

    Os jogos ao ar livre proporcionam o aprimoramento da coordenao motora,

    autodomnio e desenvolvimento de habilidades fsicas. Ao tempo, levam a disciplinar as

    emoes, despertam o senso de responsabilidade e honestidade e contribuem para a

    aquisio de sentimentos como coragem, lealdade, cooperao e otimismo. O excesso

    de energia, to comum na faixa etria de 4 a 6 anos, pode ser canalizado por meio de

    jogos e brincadeiras que , bem orientados, despertam aptides e contribuem para a

    formao moral ao mesmo tempo que so prazer e alegria para as crianas.

    As atividades na educao infantil no devem visar exclusivamente ao espao

    fsico ou cultura. Nenhuma atividade deve levar a padronizao de hbitos destitudos

    de seu valor emocional, moral ou intelectual. Na educao infantil o ambiente deve ser

    especialmente criado para fazer desabrochar todas as potencialidades da criana e, por

    esse motivo, nenhuma atividade rigidamente diretiva deve ser admitida.

  • 35 Respeitando a individualidade e a capacidade de cada criana, que o professor

    poder desenvolver seu trabalho utilizando a Psicomotricidade, que serve como

    ferramenta para todas as reas de estudo voltadas para a organizao afetiva, motora,

    social e intelectual do indivduo acreditando que o homem um ser ativo capaz de se

    conhecer cada vez mais e de se adaptar s diferentes situaes e ambientes.

  • 36

    BIBLIOGRAFIA

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    FONSECA , V da. Psicomotricidade - Filognese, Ontognese e Retrognese. Porto

    Alegre: Artes Mdicas,1998.

  • 38

    FOLHA DE AVALIAO

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PROJETO A VEZ DO MESTRE

    Ps-Graduao Lato Sensu

    Curso Psicomotricidade

    Ttulo: Psicomotricidade na educao infantil

    A influncia do desenvolvimento psicomotor na educao

    infantil

    Autor: Alessandra de Araujo Gonalves

    Orientador: Vera

    Co-orientador: Fabiane Muniz

    Avaliado por: ________________________________ Grau: ___________

    ________________________, _______ de _______________de 2004.

  • 39