Alegações de Ressurreição Em Religiões Não-Cristãs - Gary Habermas
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Gary Habermas é professor do departamento de Teologia e Filosofia da Universidade
de Liberty. Junto com N.T. Wright é um dos maiores especialistas em Jesus histórico
do mundo, autor de The Historical Jesus: Ancient Evidence for the Life of Christ.
Neste artigo acadêmico, Habermas investiga as alegações de deificação e ressurreição
que existem fora do cristianismo.
Por Gary R. Habermas
Tradução: Vitor Grando
http://vitorgrando.wordpress.com
Fonte: www.GaryHabermas.com
Publicado em:
Religious Studies v25.n2 (June 1989): pp167(9).
Cambridge University Press
Introdução
1. Alegações Não-Cristãs de Apotheosis e Ressurreição
2. Critica Histórica das Alegações Não-Cristãs de Ressurreição
3. Conclusão
________________________________________
Introdução
Apesar das crenças cristãs serem, de um modo geral, amplamente conhecidas,
especialmente no mundo ocidental, alguns adeptos de grandes religiões não-cristãs
também alegam que alguns de seus rabinos, profetas, gurus ou “messias”
ressurgiram da morte. A julgar pela relevante literatura religiosa, parece que tais
alegações não-cristãs são geralmente ignoradas, talvez porque haja pouco
conhecimento delas. Mesmo quando a existência de tais crenças é percebida, quase
nunca há algum tipo de resposta detalhada à questão da possibilidade dessas
alegações serem fundamentadas em eventos sobrenaturais da história.
Este ensaio é um exame de algumas alegações de ressurreição em religiões não-
cristãs desde os tempos antigos até os tempos modernos. A ênfase primária será
colocada na questão da possibilidade desses eventos serem historicamente baseados
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em fatos sobrenaturais. Para alcançar esse objetivo, critérios históricos como
também outros critérios críticos serão aplicados a essas crenças religiosas. Depois,
alguns comentários serão feitos em relação à questão da possibilidade dessas
alegações de ressurreição fornecer alguma base apologética para sistemas religiosos
não-cristãos.
1. ALEGAÇÕES NÃO-CRISTÃS DE APOTHEOSIS E RESSURREIÇÃO
Como parte do diálogo entre ateus e teístas, [1] Robert Price recentemente alertou
que não têm sido dada atenção suficiente aos fenômenos religiosos não-cristãos. Em
particular, Price cita os relatos de fenômenos póstumos encontrados em outros
sistemas de crenças, citando casos onde antigos herois que supostamente teriam
experimentado apotheosis (que consiste em ascender aos céus ou ser divinizado) ou
onde eles supostamente apareceram aos seus seguidores após a morte, geralmente
para confortá-los. [2]
Tais alegações não são raras, especialmente desde o surgimento da disciplina
História das Religiões no final do século dezenove, que freqüentemente focava a
atenção na mitologia antiga e nas religiões de mistério em especial. [3]
Mas tanto devido a esse fenômeno ter sido demasiadamente discutido no último
século e especialmente devido ao fato de ser difícil avaliar dados referentes a
personagens mitológicos em termos históricos, nós focaremos nossa atenção nas
alegações que envolvem personagens reais. [4] Até mesmo Price considera a hipótese
mitológica como ‘insustentável’. [5] Por tais razões, pouco será dito, neste ensaio, em
relação a personagens não-históricos (mitológicos) que foram relatados como tendo
sido deificados ou ressurgido dos mortos. [6] Para cada um desses casos
encontramos inúmeros problemas, como uma séria escassez de dados históricos,
relatos que são muito posteriores aos fatos ou histórias sobre personagens
mitológicos que jamais existiram.
Nossa atenção será colocada nas relativamente poucas alegações de personagens
históricos que foram apotheosizados ou ressurgiram dos mortos. Exemplos da
primeira categoria (deificação) incluem Júlio César, Augusto César, Apolônio de
Tiana e Antinous. Exemplos da última categoria (ressurreição) incluem o Rabino
Judah, Kabir, Sabbatai Sevi, Lahiri Mahasaya e Sri Yukteswar.
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A apotheosis parece ser mais comum no mundo antigo, onde personagens históricos
eram tidos como tendo ascendido aos céus e deificados. No período Romano, esse
processo era freqüentemente retratado pela visão de um cometa ou estrela no céu
onde se acreditava que a alma do heroi estava. Por exemplo, Suetônio relata que após
a morte de Júlio César,
...um cometa apareceu aproximadamente uma hora antes do pôr do sol e brilhou por
sete dias seguidos. Acreditava-se que isso era a alma de César, elevada aos céus; e,
portanto, uma estrela, agora posicionada acima da imagem de sua face divina. [7]
Curiosamente, cometas eram tidos como sinais das mortes dos Imperadores Cláudio
e Vespasiano. [8] Durante a cremação de Augusto César, Suetônio relata que “um ex-
centurião jurou ter visto o espírito de Augusto subir aos céus em meio às chamas”.
[9] Outro exemplo diz respeito a Antinous, o escravo favorito do Imperador Adriano.
Quando Antinous morreu, Adriano aceitou o ensinamento de que uma certa estrela
foi criada a partir da alma de seu escravo. Adriano construiu uma cidade no local da
morte de Antinous e ergueu diversas estátuas em sua honra por todo o Império
Romano. [10] Uma antiga estátua de Antinous proclamava sua glorificação aos céus
e que ele era Osíris. [11]
Por último, e talvez o principal exemplo de apotheosis, diga respeito a Apolônio de
Tiana, um filósofo neopitagórico do primeiro século que se acreditava possuir
diversos poderes especiais, incluindo o poder de realizar milagres. A longa vida de
Apolônio foi relatada em detalhes pelo seu principal biógrafo, Filóstrato, que
concluiu seu relato alegando que Apolônio desapareceu de um templo e foi, portanto,
provavelmente transportado aos céus e divinizado. Também nos é dito que ele
apareceu posteriormente em sonhos para um jovem para convencê-lo da realidade
da imortalidade. [12]
Em relação aos personagens históricos aos quais se atribui uma ressurreição, cinco
casos serão mencionados rapidamente. O Rabino Judah I foi um mestre Judeu
expoente que foi o grande responsável pela compilação final da Mishnah por volta de
200 A.D. É relatado nas Gemaras (N.T, uma espécie de comentário da Mishnah.)
que, após sua morte em 220 A.D., “Ele costumava voltar para sua casa ao pôr-do-sol
todos os sábados”. Em uma ocasião, um vizinho se aproximou da porta da casa, mas
foi logo dispensado pela empregada. Quando o Rabino Judah soube desse incidente,
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ele parou de voltar para sua casa para não se sobrepor a outras pessoas piedosas que
não retornavam às suas casas após a morte. [13]
Kabir foi um mestre religioso que viveu entre os séculos XV e XVI que tentou
combinar algumas facetas do Hinduísmo e do Islamismo. Após sua morte,
geralmente datada em 1518, foi relatado que os seguidores de Kabir argumentavam
entre si se deveriam cremar seu corpo de acordo com os costumes hindus ou sepultá-
lo de acordo com os hábitos muçulmanos. Para acabar com a controvérsia, o próprio
Kabir apareceu aos seus seguidores e mandou que tirassem o tecido que cobria seu
corpo. Quando fizeram isso, ao invés do corpo de Kabir encontraram flores. Os
Hindus queimaram metade destas flores enquanto os Muçulmanos enterraram a
outra metade. [14]
Sabbatai Sevi foi um mestre Judeu do século XVII que alegou ser o Messias, uma
alegação que, posteriormente, foi corroborada por um profeta chamado Nathan, um
contemporâneo judeu. Depois da morte de Sabbatai em 1676, foi relatado que seu
irmão, Elias, foi ao túmulo e se deparou com um dragão guardando a entrada. Sendo
permitido passar, Elias não encontrou o corpo, mas encontrou apenas a caverna
totalmente iluminada. Também foi relatado que Sabbatai não morreu realmente, ele
apenas pareceu ter morrido, esse ensinamento ganhou grande aceitação entre seus
seguidores. Nathan concordou que Sabbatai não havia morrido, e afirmou que ele
apareceria em breve. (15)
Um guru hindu do século XIX chamado Lahiri Mahasaya morreu em 1895 e foi
cremado após dizer aos seus seguidores que ressurgiria. Depois, foi dito que ele
apareceu a três seguidores, cada um individualmente. Esses encontros foram breves,
ocorrendo em três diferentes cidades praticamente ao mesmo tempo. Também foi
dito que o corpo de Mahasaya foi transfigurado. [16]
Por último, outro guru hindu, chamado Sri Yukteswar, morreu e foi sepultado em
1936. Um dos seus principais discípulos, Paramhansa Yoganda, nos conta que uma
semana após ter uma visão de Krishna e mais de três meses após a morte de seu
mestre, ele testemunhou uma aparição em carne e osso do falecido Yukteswar
enquanto ele meditava. Ele relata que tocou o corpo de seu mestre e que conversou
durante duas horas sobre a natureza do pós-vida. Yoganda também relata um
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incidente que ocorreu por volta de três meses antes, onde uma mulher idosa também
relatou ter visto Yukteswar após sua morte. [17]
Se tais casos de apotheosis e ressurreição forem relatos de forma que não tenham
passado pelo crivo da investigação crítica (como geralmente acontece) podemos ficar
com a ideia de que alegações de fenômenos pós-morte são comuns e podemos até
pensar que tais eventos ocorrem com certa freqüência. Alguns pesquisadores, como
Price, parecem incentivar o ceticismo em relação a qualquer dado como esse devido
aos vários paralelos existentes. [18] Outros, como Yoganda, concluem que houve
vários líderes espirituais no mundo religioso que ressurgiram da morte. O
interessante é que Yoganda ilustra essa afirmação se referindo à ressurreição de
Jesus. [19]
2. CRÍTICA HISTÓRICA DAS ALEGAÇÕES NÃO-CRISTÃS DE
RESSURREIÇÃO
Acredito que pesquisadores como Price e Yoganda não são suficientemente críticos
de tais alegações. Curiosamente, todo esforço de Price, ao qual nós nos referimos
acima, é dirigido à aplicação da critica histórica às crenças cristãs, ainda assim os
paralelos não-cristãos, que ocupam boa parte de seu ensaio, quase nunca são
submetidos a críticas similares. [20]
Entretanto, e estranhamente, a abordagem de Price é duplicada por alguns outros
estudiosos críticos. Enquanto há frequentemente um estudo aprofundado das
alegações cristãs, as mesmas pessoas parecem ser bem menos críticas das crenças
não-cristãs. John A.T. Robinson discutindo a possibilidade da ressurreição de Jesus,
relata uma alegação budista de apotheosis. Ele conta a história de um piedoso
homem budista cujo corpo, poucos dias após sua morte em 1953, desapareceu de um
lençol deixando para trás apenas suas unhas e cabelos. E já que um arco-íris foi visto
sobre a casa na qual o corpo estava trancado, os habitantes locais presumiram que
ele tinha sido “absorvido e transmutado” para a vida vindoura. E mesmo assim, não
há praticamente nenhuma interação crítica com as inúmeras possibilidades críticas
que podem ser aplicadas a tal relato. [21]
Mais um exemplo é dado por Charles Hartshorne que, ao discutir a ressurreição de
Jesus, relata que todas as religiões relatam milagres. Por causa disso, Hartshorne
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declara, “Eu não acho que eu possa escolher entre tais relatos...”. [22] Mas essa
última declaração parece presumir que só porque relatos de milagres existem aos
montes eles estão no mesmo patamar. Entretanto, tal visão (sem levantar a questão
de se milagres algumas fez já ocorreram) ignora o processo de interação crítica. Será
que eles devem ser todos aceitos ou rejeitados en masse simplesmente porque existe
uma enorme variedade de tais relatos?
Mas como afirmado anteriormente, temos de ser críticos tanto do ceticismo de Price
em relação a todos os relatos como da aceitação de Yoganda da maioria deles,
precisamente porque tais conclusões são, com freqüência, assumidas sem analisar os
dados. Para ser mais especifico, Price, Yoganda, Robinson e Hartshorne todos estes
se negam a aplicar críticas rigorosas às alegações não-cristãs.
Começando com os relatos de apotheosis, inúmeros problemas intransponíveis
surgem imediatamente. Primeiro, as fontes que relatam os dados são relativamente
tardias e portanto questionáveis. Apesar de Suetônio realmente ter tido acesso a
alguns relatos oficiais de Roma, ele escreveu 150 anos após Júlio César e
aproximadamente 200 anos após Augusto. Apesar disso já ser o bastante para
invalidar sua obra, inclusões de paranormalidade são comuns nos seus escritos
históricos. [23] Além disso, a crença romana na adoração do imperador ajuda a
explicar as referências à apotheosis, quase metade dos doze imperadores citados por
Suetônio foram tidos como tendo sido deificados após a morte. Dio Cassius também
escreveu após aproximadamente 200 anos depois de Adriano.
Segundo, e mais importante, relatos em que se alega que um espírito ascendeu aos
céus ou que afirmam que estrelas e cometas indicam a alma glorificada de uma
pessoa não contam como evidência histórica de maneira alguma. No máximo, são
testemunhos subjetivos que não podem ser expostos, de nenhuma maneira, à
verificação.
Terceiro, relatos de deificação, sejam verdadeiros ou falsos, não necessariamente
envolvem ressurreição. Em outras palavras, a crença na vida após a morte é
totalmente diferente da alegação de que um personagem histórico foi ressuscitado
dos mortos e apareceu a seus seguidores, que é o objeto deste estudo.
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Como teste, vamos analisar o testemunho de Filóstrato em relação a Apolônio de
Tiana, que é provavelmente a maior alegação de deificação. De fato, Price coloca
bastante ênfase no relato desse antigo filósofo. [24] E, em particular, encontramos
uma incrível série de problemas com qualquer tentativa de validar o relato de
Filóstrato. [25]
1. Filóstrato escreveu depois de 100 anos após a morte de Apolônio. Novamente, isso
não chega a ser um grande espaço de tempo, mas é suficiente para nos tornar
cautelosos ao avaliar as fontes desse autor e o conteúdo de seus relatos.
2. Estudiosos críticos têm julgado a obra de Filóstrato como ficção romântica, uma
das formas literárias mais populares do segundo século d.C. Existem diversas
indicações de que o objetivo primário do autor não era produzir uma cronologia
histórica exata da vida de Apolônio. [26]
3. Existem também sérias imprecisões históricas em sua obra, como as longas
excursões de Apolônio para terras não-existentes como Nínive e Babilônia (que
tinham sido destruídas centenas de anos antes). Da mesma forma, os diálogos com
reis desses locais jamais poderiam ter ocorrido, no mínimo na forma em que são
formulados. Isso também leva a questionarmos outras partes de sua obra. [27]
4. Filóstrato era comissionado para escrever sua obra por Júlia Domna, esposa do
Imperador Romano Sétimo Severo e é popularmente crido entre os estudiosos que
ela o fez como “oposição a Jesus”. [28] Aqui temos indicações que as similaridades
com Jesus eram mais do que coincidência.
5. Alguns duvidam se Damis, o discípulo de Apolônio a quem se atribui a autoria das
principais fontes usadas por Filóstrato, sequer tenha existido. [29] E se Damis sequer
existiu (diz-se que ele veio da não-existente Nínive, por exemplo), o material de
Filóstrato é anônimo e, portanto, certamente questionável.
6. Em relação às alegações sobrenaturais, Damis (ou o verdadeiro autor desse relato)
“não é digno de crédito” como fonte e sabe-se que ele modificou a vida de Apolônio,
especialmente os alegados milagres. Filóstrato adicionou muitos itens fictícios à vida
de Apolônio e, novamente, milagres estão entre esses itens. [30]
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7. Filóstrato admite abertamente que o relato de Damis termina antes da morte de
Apolônio e, portanto, nem sua morte nem qualquer alegação posterior são relatadas
na única fonte substancial. Então Filóstrato se contenta em relatar “histórias” a
respeito da morte de Apolônio explicitamente contraditórias que foram formuladas
um século depois da morte dele. [31]
8. Por último, o desaparecimento de Apolônio do templo não fornece evidência para
nenhum fato sobrenatural, especialmente apotheosis. E o sonho de um cético não
fornece nenhuma evidência para uma possível ressurreição, especialmente quando
sabemos que outros que estavam presentes não viram nada. [32]
Nós concluímos, então, que os relatos antigos de apotheosis são bastante
problemáticos em relação aos seus fundamentos históricos, à falta de qualquer
verificabilidade e ao fato de que não existe nenhum relato substancial de ressurreição
sequer. No nosso exemplo de Apolônio, inúmeros problemas sérios, incluindo o fato
de a fonte usada por Filóstrato terminar antes da morte de Apolônio, invalidam a
tentativa de afirmar qualquer evidência histórica para fenômenos pós-morte.
Em relação às alegações não-cristãs de ressurreição, a investigação crítica revela
outros diversos problemas. Em relação ao relato de aparições pós-ressurreição do
Rabino Judah, a questão mais importante é a data do testemunho. Enquanto o
Rabino morreu em 220 A.D., a Gemara na qual o incidente está relatado é datada por
volta do 5º século, ]33] um espaço de tempo muito grande. Adicionalmente, parece
haver apenas uma testemunha do evento (a empregada) e não há nenhuma tentativa
de fornecer evidências. Isso não é dizer que o fenômeno não poderia ter ocorrido,
mas apenas que seria virtualmente impossível sequer começar a comprová-lo.
No caso de Kabir, o principal problema é também a falta de evidências antigas e a
falta de documentação de testemunhas oculares. [34] Assim, em relação aos dados
históricos, nenhum relato relevante está disponível para exame. E ao tentar
reconstruir os eventos em torno da morte de Kabir surgem ainda mais problemas.
Pode ser demonstrado que o desenvolvimento legendário se deu rapidamente nos
relatos, especialmente em relação aos pontos envolvendo alegações sobrenaturais,
como o nascimento milagroso, os milagres realizados durante sua vida e sua aparição
aos discípulos após a morte. De fato, foi descoberto que isso é um processo muito
comum e esperado na formação de uma lenda indiana. [35] Outras críticas
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(especialmente formulações alternativas) poderiam ser niveladas no caso de Kabir,
como faremos depois com outro relato. Mas a presença demonstrada de lendas
especialmente nas porções cruciais dos relatos e a ausência de qualquer
documentação histórica verificável são, em minha opinião, assaz decisivas nesse
ponto da nossa investigação visto que isso nos impede de checar essas alegações
posteriores de ressurreição.
Agora, o ponto principal nessa investigação não é uma rejeição a priori dos milagres.
Nossas críticas ao Rabino Judah e a Kabir não são por serem alegações de milagres
e, portanto, legendárias, mas sim por não haver dado histórico confiável de uma fonte
antiga e de testemunha ocular através das quais possamos avaliar tais alegações e
compará-las com os testemunhos antigos. Em outras palavras, o ponto crucial não é
as alegações de ressurreição. Isso certamente não é nenhuma anomalia. O que é
importante é que há uma escassez de verificabilidade para tais alegações. E na
ausência dessa documentação crucial, tais conclusões são necessárias.
Outra dos casos favoritos de Price é Sabbatai Sevi, [36] mas esse exemplo, como o de
Apolônio de Tiana, revela inúmeros problemas para qualquer um que tente
argumentar a favor de uma ressurreição ou qualquer elemento sobrenatural.
Histórias de milagres em relação à Sabbatai se disseminaram quase que
imediatamente após sua aparição em várias cidades, com cartas da Palestina sendo
enviadas para várias comunidades no norte da Europa. As cartas, que foram enviadas
para lugares distantes e diversos, contêm muitos rumores e relatos não
substanciados. Como Stephen Sharot afirma:
Havia, frequentemente, largos espaços de tempos entre os ensinamentos de Nathan,
os eventos concernentes a Zvi no Oriente Médio, e o conteúdo das noticias. ... As
cartas e rumores que relatam milagres e eventos mitológicos e apocalípticos
ocorrendo no presente... . [37]
Alguns desses relatos continham algumas alegações estranhas de que as dez
desaparecidas tribos de Israel reapareceram na Arábia, que Meca foi destruída e que
algumas Igrejas Cristãs tinham sido absorvidas pela terra. [38]
Além disso, 2. Relatos Cristãos, dependentes de relatos judaicos, “adicionaram suas
próprias distorções, exageros, e embelezamentos”. [39]
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3. Nathan, precursor de Sabbatai, argumentou contra tais relatos milagrosos dizendo
que somente a fé era suficiente. [40] Surgem outros problemas em relação às
alegações de Sabbatai de ser o Messias.
4. Algumas das atividades e alegações de Sabbatai podem ser explicadas pelo fato de
ser sabido que ele era um maníaco depressivo. [41]
5. Mas ainda mais devastador, Sabbatai foi aprisionado por muçulmanos turcos e lhe
foi dada a escolha de morrer ou se converter ao islã. Sabbatai não só negou que tivesse
feito qualquer alegação messiânica, mas se converteu ao islã e encorajou alguns de
seus discípulos a fazerem o mesmo! A maioria de seus seguidores admitiu
que estavam errados e alguns ainda se converteram ao cristianismo. [42]
E em relação à morte de Sabbatai e aos fatos posteriores? Novamente, encontramos
diversos problemas ainda mais sérios. 6. Apesar de Sabbatai ter morrido em 1676, o
principal ensinamento dos Sabbatianos foi que ele apareceu apenas para morrer. Em
principio, essa visão pode estar próxima à apotheosis descrita anteriormente,
principalmente em relação aos imperadores romanos. [43] 7. Em relação ao
incidente no qual Elias, irmão de Sabbatai, encontrou o túmulo vazio, Scholem nota
os estágios específicos através dos quais essa lenda se desenvolveu, evidenciado pelos
documentos internos do próprio grupo. [44] 8. Enquanto uma carta relata o
ensinamento de Nathan de que Sabbatai ainda estava vivo e que Nathan iria
encontrá-lo em breve, Scholem aponta que mesmo quando essa carta foi escrita,
Nathan já estava morto um mês antes e sem ter encontrado Sabbatai. [45] 9. Por
último, aparentemente não havia nenhuma alegação de que Sabbatai apareceu após
sua morte, especialmente quando vemos que foi oficialmente ensinado por Nathan
que ele nem sequer tenha morrido! De qualquer forma, não há nenhuma evidência
histórica para a ressurreição de Sabbatai.
Em relação às alegações de que Lahiri Mahasaya e Sri Yukteswar ressurgiram dos
mortos, novamente precisamos aplicar o mesmo tipo de questionamento critico que
nos propomos anteriormente. Apesar de nos ser dito que Mahasaya apareceu a três
individuos e Yukteswar é dito como tendo aparecido a dois, um dos quais o tocou,
inúmeras perguntas têm de ser feitas.
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Por exemplo, todos os cinco relatos de aparição aconteceram para certos indivíduos,
enquanto tais indivíduos estavam sozinhos. Especialmente à luz desse fato e a
possibilidade de luto na maioria dos casos, alucinação é certamente uma conclusão
bem plausível (se não provável). E em relação a outras teorias subjetivas como
autossugestão, especialmente com pessoas que estavam tão ansiosas por aceitar a
crença em tais fenômenos? [46] E fenômenos parapsicológicos como atividades
ocultistas não poderiam também ser um fator, o que é certamente possível, se não
indicado, na maioria dos casos? (47)
Relatos embelezados através dos tempos é fato conhecido na literatura religiosa,
como apontado anteriormente nesse ensaio, mas os relatos acima certamente não
eliminam tal possibilidade.
A prática de meditação oriental também precisa ser mencionas como um possível
fator contribuinte, no mínimo no exemplo onde Yoganda alega ter visto e tocado seu
ex-guru Yukteswar enquanto meditava. Isso é ainda mais provável por Yoganda nos
informar que isso aconteceu “uma semana depois da visão de Krishna”, quem ele viu
sobre o telhado de uma casa próxima “acenando para mim, sorrindo e acenando a
cabeça em forma de saudação”. [48] Para mim, no mínimo, essa última declaração
sozinha é suficiente para abalar a credibilidade do testemunho dado no relato da
ressurreição. [49] E não devemos descartar a possibilidade de uma plena confusão
de diversos tipos em alguns desses relatos. Price aponta um flagrante caso disso na
tradição muçulmana. [50] Deve ser relembrado que nenhuma teoria alternativa tem
que responder por todas as aparições relatadas. Teorias diferentes (ou até mesmo
combinadas) podem ser a resposta.
Novamente, como fizemos antes, devemos também notar que não é o bastante
simplesmente relatar um milagre. Tal relato tem de ser substanciado e provado para
fundamentar a crença de alguém. E o ônus da prova pertence a quem alega, nesse
caso, que uma ressurreição ocorreu. Uma alegação milagrosa requer fortes
evidências já que, por definição, tais eventos não são corriqueiros. [51] Mas a prova
necessária não é apresentada em nenhum desses casos não-cristãos que nós
avaliamos. Simplesmente apresentar um relato de ressurreição não é o mesmo que
substanciar ou provar tal caso e sem evidência para estabelecer o relato o milagre não
pode servir como prova para um sistema de crença religiosa ou teológica.
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3. CONCLUSÃO
É um fenômeno interessante o fato de alguns estudiosos que são críticos na sua
abordagem as alegações cristãs [52] serem bem menos críticos quando avaliam as
alegações não-cristãs de apotheosis e ressurreição. Mas é necessário dizer que tais
alegações não passam satisfatoriamente pelo crivo da investigação histórica. Agora
isso não desmente tais crenças; apenas revela que elas não podem ser estabelecidas
(ou conhecidas) pela metodologia histórica.
Mas e se mais evidências surgirem no futuro para algumas dessas alegações não-
cristãs ou se surgirem casos totalmente novos? E se surgirem evidências antigas para
os relatos de Kabir? Ou e se surgirem evidências de diversas testemunhas oculares
de uma só vez envolvendo as ressurreições indianas?
Inicialmente, deve ser mencionado que tais suposições são arbitrárias já que alguém
poderá sempre postular a possibilidade de evidências futuras para qualquer
proposição. Mas mesmo além disso, nos exemplos de Kabir e dos gurus indianos
(como outros analisados nesse ensaio) tais evidências podem ajudar a eliminar a
principal alternativa naturalista, mas não descartariam algumas das outras possíveis
hipóteses como as que mencionamos. Mas todas as possíveis teorias naturalistas
têm de ser abordadas, simplesmente inúmeros dados seriam exigidos.
Então para concluir, alegações não-cristãs de ressurreição não são provadas pelas
evidências. Qualquer das diversas hipóteses naturalistas é possível e, em alguns
casos, uma ou mais podem ser postuladas como causa provável. Simplesmente
relatar um milagre não é suficiente para estabelecê-lo, especialmente se o milagre for
usado para fundamentar um sistema religioso. E para responder uma questão
apresentada no inicio deste ensaio, religiões não-cristãs não podem usar suas
alegações de ressurreição para fornecer evidências para o sistema em questão se tais
alegações não são substanciadas.
Liberty University
Lynchburg
Virginia, U.S.A.
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1. 'Christianity Challenges the University: An International Conference of Theists and
Atheists', que ocorreu em Dallas, Texas on 7-10 Fevereiro 1985.
2. Robert Price, 'Is There a Place for Historical Criticism?' especialmente pp. 2-3, 14-
25.
3. Por exemplo, veja Otto Pfleiderer, The Early Christian Conception of Christ: Its
Significance and Value in the History of Religion (London: Williams and Norgate,
1905)
4. Até mesmo Pfleiderer, por exemplo, é critico de sua próprias obras (ibid. pp. 153—
9) e concorda que tais relatos mitológicos não podem explicar as origens Cristãs
primitivas (ibid. pp. 157-8).
5. Price, pp. 19-20.
6. Exemplos disso são as histórias de Rômulo que foi assunto aos céus e glorificado,
aparecendo posteriormente a Julio Proculo (Ovid, Metamorphoses 14.805-51; Fasti
2.481-509). Relatos conflitantes são descritos por Livio, que afirma que Rômulo ou
desapareceu num trovão, sendo declarado como deus posteriormente ou que ele foi
morto pelos senadores (The History of Rome 1.16). (Curiosamente e similar a outros
problemas apontados abaixo, Ovidio e Livio escreverem cerca de 700 anos depois de
Rômulo supostamente viveu. Esse grande buraco de tempo se junta a questões
quanto a existência de Rômulo.) Hércules, um heroi da mitologia Grega, é tido como
tendo sido queimado até a morte numa pira funeral, depois sendo assunto aos céus
e glorificado por Júpiter. Veja Thomas Bullfinch, Mythology (New York: Dell
Publishing Company, Inc., 1959), pp. 122-3. Mas Rouse relata o conto conflitante de
que Hércules morreu depois de vestir um manto encantado, depois disso sua alma
foi para o céu. Veja W. H. D. Rouse, Gods, Heroes and Men of Ancient Greece (New
York: New American Library, 1957), p. 70. Eneias, heroi da Ilíada de Homero e o
personagem principal da obra Aneida de Virgílio, é tido como tendo se estabelecido
próximo ao rio Tibre. Tendo desaparecido após uma batalha, foi relatado que ele se
juntou aos deuses (Price, pp. 28-9). Aristeu é tido como se tivesse entrado na casa de
fuller, onde morreu. Quando seus parentes chegaram, ele não se encontravam em
lugar algum. Então passaram a crer que ele foi assunto aos céus. Ele depois,
supostamente, reapareceu sete anos depois, desapareceu e reapareceu de novo, 340
anos depois (Orígenes, Contra Celso 3.26). Orígenes descreve inúmeras criticas a
essas histórias (Contra Celso 3.27-9). Por último, Asclépio era um médico que curava
através de medicamentos e óleos. Ele foi morto por Júpiter (Zeus) mas ressuscitou e
se colocou entre as estrelas (Rouse, p. 87) ou entre os deuses (Bullfinch, p. 106). Para
os relatos dos deuses de mistério ver Pfleiderer, especialmente pp. 91-100.
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7. Suetonius, The Twelve Caesars, traduzido por Robert Graves (Baltimore: Penguin
Books, 1957), 1.88.
8. Ibid. v.46 and x.23, respectivamente.
9. Ibid. II.100.
10. Dio Cassius, Roman History, 69.11.2. See David R. Cartlidge and David L.
Dungan, Documents for the Study of the Gospels (Cleveland: William Collins, 1980),
p. 199.
11. Ibid. p. 198.
12. Philostratus, The Life of Apollonius of Tyana, translated by F. C. Conybeare, two
volumes, Loeb Classical Library (Cambridge: Harvard University Press, 1969),
especially vm.3i.
13. Israel W. Slotki, editor, The Babylonian Talmud (Seder Nashim, Kethuboth),
translated by S. Daiches (n.p.: The Rebecca Bennett Publications Inc., 1959), Vol. III,
XII.103A.
14. James Hastings, editor, Encyclopedia of Religion and Ethics, s.v. 'Kabir,
Kabirpanthis', pp. 632-4.15.
15. Veja especialmente Gershom Scholem: The Mystical Messiah (Princeton:
Princeton University Press, 1973), 00. 917-29.
16. Paramhansa Yoganda, Autobiography of a Yogi (Los Angeles: Self Realization
Fellowshi, 1956), pp. 348-50
17. Ibid. pp. 413-33
18. Price, especialmente pp. 14-25, 28-30
19. Yoganda, p. 3131; cf. p .349
20. Price, pp. 2-3
21. John A.T. Robinson, The Human Face of God (Philadelphia: Westminster Press,
1973), pp. 138-9.
22. Veja a resposta de Charles Harshorne no livro Did Jesus Rise From the Dead?
The Resurrection Debate (San Francisco: Harper and Row, 1987), p.137.
23. Veja o prefácio de Robert Graves ao livro The Twelve Caesars, p. 7 de Suetônio
24. Price, pp. 19, 23, 28-9
25. Deve ser cautelosamente observado aqui que Price não duvida que tenha muita
lenda nos relatos de Filóstrato, como ele diz (pp. 23,29). Ainda assim, ele não
submete os relatos de Filostratos ao mesmo tipo de critica histórica que ele aplica ao
cristianismo.
26. Para detalhes, veja Howard Kee, Miracle in the Early Christian World New
Heaven (Yale University Press, 1983), p. 253; Hastings, p. 699; S.A. Cook, editor, The
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Cambridge Ancient Histon. xn Cambridge: Cambridge University Press, 1965), p.611.
27. Por exemplo, também é reconhecido pela maioria dos estudiosos que Filóstrato
colocou palavras na boca de Apolônio que este jamais poderia ter dito, como é
indicado pelo fato de algumas dessas porções são tiradas de outras obras do próprio
Filóstrato (como por exemplo Lives of the Sophists).
28. James Ferguson, The Religions of the Roman Empire (Ithaca: Cornell University
Press, 1970), p.51. Cf. Cook, p.613; Hastings, p.610.
29. Ferguson, p. 182; Kee, p. 25; Charles Bigg, The Origins of Christianity (Oxford:
Clarendon Press, 1910), p. 306.
30,. Para esses problemas, veja a Introduction to Philostratus Work de Conybeare,
páginas vii-x. Cf. Carlidge and Dungan,p.206.
31. Philostratus, VIII.29
32. Ibid, VIII.31.
33. Conversa pessoal com Asher Finkel, Seton Hall University, 24 de Maio de 1988.
34. Enquanto alguns dos dizeres de Kabir foram copiados por volta de 50 anos depois
de sua morte, os estudiosos contemporâneos não estão certos sobre exatamente
quais desses ensinamentos foram dele e quais foram acrescentados após a vida de
Kabir, , especialmente desde que os poemas e versos são frequentemente misturados
com os de outros autores. Mas de qualquer forma, esses escritos não incluem os
dados históricos em questão. Veja, por exemplo, John Clark Archer, The Sikhs
(Princeton: Princeton University Press, 1946), pp. 50, 52-
35. Mohan Singh, Kabir and the Bhagti Movemtn (Lahore, 1934). Ver Archer (pp. 63-
4) que sumarizou a demarcação de Singh dos passos através dos quais as lendas se
desenvolveram nos ensinamentos sobre Kabir.
36. Price, pp. 4-5, 9-10, 27
37. Stephen Sharot, Messianism, Mysticism and Magic: A Sociological Analysis of
Jewish Religious Movemtns (Chapel Hill: University of North Carolina, 1982), pp.
87-8,90.
38. Ibid. p.88.
39. Ibid.
40. Ibid. pp. 87-8
41. Ibid. p.91; Gernshom G. Scholem, Major Trend in Jewish Mysticism (New York:
Schocken Books), p. 90.
42.Para ver o relato de Sharot desses eventos, ver pp. 115-17
43.Scholem, Sabbatai Sevi, pp. 920, 922-4; Sharot, p. 122.
44. Scholem, ibid. pp. 919-20
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45. Ibid. p. 925.
46. Yoganda, pp. 313, 349.
47. Por exemplo, um ex-guru indiano afirma: “Meu mundo estava cheio de espíritos
e deuses e poderes ocultos, e minha obrigação desde a infância era lhes dar o que lhes
era devido.” Ver Rabindranath R. Maharaj (with Dave Hunt) Escape in to the Light
(Eugene: Harvest House Publishers, 1984), p. 24. Esse volume foi pela publicado pela
primeira vez com o nome de “ Death of a Guru (Philadelphia: H.J.Holman, 1977).
48. Yoganda, p. 413.
49. A simples incrível natureza da alegação de ter visto Krishna, atrevo dizer, já
perturbaria muitos pesquisadores. Mas além disso (pois não devemos rejeitar
alegações a priori), como Yoganda poderia ter reconhecido e identificado Krishna
mesmo se o tivesse visto? E se há um problema aqui, o que falar da visão de
Yukteswar? Em outras palavras, se Yoganda não pode positivamente identificar
Krishna com certeza (ou no mínimo num sentido evidencialista), o que pode ser dito
em relação a outra alegação de aparição, que também foi bastante subjetiva? De fato,
eu diria no mínimo Yoganda comprometeu seriamente seu testemunho.
50. Price, p.13.
51. De forma geral, eu penso que é verdadeiro que as pessoas precisam de mais
evidência para aceitar um evento extraordinário do que aceitar uma ocorrência
corriqueira. Apesar de discordar da posição de David Hume de que nenhuma
evidência pode estabelecer um milagre. (Para entender a posição de Hume em
relação a isso veja a seção “Of Miracles”, parte 10 de An Enquiry Concerning Human
Understanding.)
52. Estranhamente, apesar de Price ser critico das alegações cristãs, ele conclui sua
discussão sobre a ressurreição de Jesus com este comentário intrigante: “...não é
necessário presumir que não houve ressurreição. De fato, foi precisamente por
experiências de algum tipo... que alguém ser importou em glorificar Jesus” (p.20).