ALCOOLISMO: O PACIENTE E AS ALTERAÇÕES … HENRIQUE HERMENEGILDO DA SIL… · i ii universidade...
Transcript of ALCOOLISMO: O PACIENTE E AS ALTERAÇÕES … HENRIQUE HERMENEGILDO DA SIL… · i ii universidade...
I
ii
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ALCOOLISMO: O PACIENTE E AS ALTERAÇÕES NOS VÍNCULOS
FAMILIARES
Luiz Henrique Hermenegildo da Silva
Orientadora: Prof ª Diva Nereida M. Maranhão
RIO DE JANEIRO
2007
i
LUIZ HENRIQUE HERMENEGILDO DA SILVA
ALCOOLISMO: O PACIENTE E AS ALTERAÇÕES NOS VÍNCULOS
FAMILIARES
Monografia apresentada ao Instituto A Vez Do Mestre, para aprovação no Curso de Pós-graduação em Terapia de Família, sob a orientação da Prof. ª Diva Nereida M. Maranhão.
RIO DE JANEIRO
2007
2
ALCOOLISMO: O PACIENTE E AS ALTERAÇÕES NOS VÍNCULOS
FAMILIARES
LUIZ HENRIQUE HERMENEGILDO DA SILVA
Aprovada em ____/____/_____.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Nome Completo (orientador)
Titulação-Instituição
__________________________________________________
Nome Completo
Titulação-Instituição
__________________________________________________
Nome Completo
Titulação-Instituição
CONCEITO FINAL: _____________________
3
AGRADECIMENTOS
À Jesus Cristo, amigo sempre presente, sem o qual
nada teria feito.
À minha mãe, meu irmão, e meu filho, que sempre
incentivaram meus sonhos e estiveram sempre ao meu lado.
Aos meus colegas de classe e demais formandos pela
amizade e companheirismo que recebi.
Ao Prof.ª Diva Nereida, que me acompanhou,
transmitindo-me tranqüilidade.
Ao meu querido Pai, que me viu nascer, me viu
crescer, mas não me viu vencer.
4
RESUMO
Nas famílias alcoólicas, o alcoolismo invade as condutas reguladoras. Isto acontece
quando, por exemplo, o fato de embebedar-se incorpora às estratégias de solução de
problemas. Também, muitas vezes as condutas rituais se modificam para adaptar-se a um
membro alcoólico da família (como por exemplo, quando a família não se reúne mais em Natal
porque o pai se embebeda). As rotinas cotidianas também podem ser invadidas pelo
alcoolismo.
A invasão do álcool produz uma alteração nas "condutas reguladoras", no sentido de
que estas se escolhem em função de sua compatibilidade com a conduta alcoólica e se
desprezam se forem incompatíveis com ela. Este processo de invasão ocorre com lentidão, e a
família vai realizando pouco a pouco suas adaptações ao alcoolismo.
As "condutas reguladoras" da família passam agora a cumprir a função de manter a
conduta alcoólica crônica. Nesse momento o funcionamento familiar se volta mais rígido, no
sentido de que aumenta a dificuldade para desenvolver-se e crescer. Os aspectos do
crescimento pessoal dos membros da família são mal atendidos até o ponto que cada integrante
se as acerta como pode. É provável que as declarações dos integrantes do grupo familiar se
relacionem com o sentimento de aborrecimento e distância emocional.
Nas relações que se estabelecem entre o dependente químico e os outros membros da
família, vai-se construindo uma teia relacional que, muitas vezes, perpetua os padrões
disfuncionais que ajudam a manter a dependência. É indispensável, no tratamento da
dependência, abordar os vínculos familiares para que o sistema familiar possa encontrar
alternativas mais saudáveis de relacionamento, a fim de promover uma progressiva mudança
nos padrões de interação que são facilitadores da manutenção do comportamento adictivo.
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................07
1.1. Antecedentes familiares e sua influência na construção do indivíduo. .................................08
2. O ALCOOLISMO E AS RELAÇÕES FAMILIARES ATRAVÉS DO TEMPO .............................10
3. PSICANÁLISE, ADOLESCÊNCIA E O CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS ILÍCITAS .................16
4. CONCEITO FUNDAMENTAL SOBRE O TERMO “FAMÍLIA” ...................................................... 25
4.1. Formas de organização familiar ............................................................................................25
4.1.1 Modelo Piramidal. .....................................................................................................27
4.1.2. Modelo Circular........................................................................................................27
4.1.3. Homeostase...............................................................................................................29
4.1.4 Homeostase sem tensão ............................................................................................29
4.1.5 Homeostase de baixa tensão ......................................................................................29
4.1.6 Ruptura da Homeostase .............................................................................................29
4.2 Funcionalidade e disfuncionalidade familiar..........................................................................29
4.2.1 Funcionalidade familiar .............................................................................................30
4.2.2 Disfuncionalidade familiar ........................................................................................30
5 – O ALCOOLISMO............................................................................................................................32
5.1. O que se entende por alcoolismo ..........................................................................................32
5.2 Como atua o álcool no corpo humano ...................................................................................33
6 – AS ALTERAÇÕES NOS VÍNCULOS FAMILIARES...................................................................36
7 – AS NOVAS ESTRUTURAS FAMILIARES DURANTE O PERÍODO DE DEPENDÊNCIA.....38
7.1. Como é a relação da família com o alcóolico........................................................................39
7.2. Abordagem familiar ..............................................................................................................45
6
8 – CONCLUSÃO .................................................................................................................................47
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................................48
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................51
7
1. INTRODUÇÃO
A família é fundamental para o sucesso do tratamento da dependência química.
Pensar que tudo se resolverá a partir de uma internação ou após algumas consultas
médicas é uma armadilha que não polpa a mais sincera tentativa de tratamento.
A dependência é um problema que se estruturou aos poucos na vida da pessoa.
Muitas vezes, levou anos para aparecer. Muitas coisas foram afetadas: o desempenho
escolar, a eficiência no trabalho, a qualidade dos relacionamentos, o apoio da família, a
confiança do patrão, o respeito dos empregados. Como esperar, então, que algo presente
na vida de alguém há tempo e que lhe trouxe tantos comprometimentos desapareça de
repente? Quem decide começar um tratamento se depara com os sintomas de desconforto
da falta da droga e, além disso, com um futuro prejudicado pela falta de suporte, que o
indivíduo perdeu ou deixou de adquirir ao longo da sua história de dependência.
A análise do problema pela família e pelo dependente encontra-se distorcida.
Muitas vezes pais e filhos (não importando quem seja o dependente) confundem a
inabilidade de ambos em lidar com o problema, com as dores e ressentimentos que
rolaram no passado. Qualquer família erra, deixa de fazer ou mesmo traumatiza seus
membros. Por outro lado também lhe dá habilidades e compensações para minimizar ou
superar essas perdas. Esse não é um caminho frutífero. Se a conversa não é mais possível,
ou se só é possível dessa maneira, é sinal que chegou a hora de buscar uma figura neutra.
Ela pode ser o profissional capacitado, que se incumbirá de dar o tom do tratamento e
ouvirá os dois lados. Antes de chegar ao tratamento, outras figuras neutras importantes
podem ser evocadas para facilitar o processo: um tio respeitado por todos, um amigo, o
líder da comunidade, o padre, o pastor, enfim pessoas que gozem da confiança de todos os
membros da família.
8
A rotina da dependência química traz ressentimentos para todos. Muita roupa suja
vai ser lavada. No entanto, é preciso entender que se trata de uma doença. Em um
primeiro momento a motivação do dependente para a mudança e do apoio da família para
mantê-lo motivado são importantíssimos. Isso demonstra que a família ainda é capaz de
se unir, conversar e resolver seus problemas. Quando o momento de ir para o tanque
chegar, todos estarão fortalecidos e o assunto será tratado com mais ponderação e menos
emoção.
1.1. Antecedentes familiares e sua influência na constituição do indivíduo
Muitas investigações científicas demonstraram que os fatores genéticos têm
influência sobre o alcoolismo. Estes descobrimentos demonstram que os filhos de pais
alcoólicos são até quatro vezes mais propensos a desenvolver problemas com o álcool que
o resto da população geral. Entretanto, o alcoolismo não se determina somente pela
composição genética herdada. De fato, mais da metade dos filhos de pais alcoólicos não
chegam a sê-lo.
Existem estudos que demonstram que muitos fatores influem sobre o risco de
desenvolver alcoolismo. Os pesquisadores acreditam que o risco em uma pessoa aumenta
quando existem na família as seguintes características:
· um pai alcoólico sofre de depressão ou algum outro problema psicológico;
· ambos os pais abusam do álcool e outras drogas;
· o abuso do álcool por parte dos pais é acima do normal;
· os conflitos levam a agressão e violência na família.
9
A boa notícia é que muitos dos filhos de pais alcoólicos, ainda aqueles que provêm
das famílias mais perturbadas, nem sempre desenvolvem problemas com as bebidas
alcoólicas. assim como a história de alcoolismo na família não garante que uma pessoa
será alcoólica. O risco é maior, mas não tem porquê ocorrer.
As pessoas com antecedentes familiares de alcoolismo, que correm maior risco de
desenvolver dependência, deveriam encarar o consumo moderado de álcool com
prudência. É possível que lhes seja mais difícil manter hábitos de consumo moderados,
que a outras pessoas em cujas famílias não existe história de alcoolismo. Uma vez que
uma pessoa passa do consumo moderado de álcool a tomar em excesso, o risco de
problemas sociais (como por exemplo, dificuldades de socialização, violência, etc.) e os
problemas médicos (como por exemplo, enfermidade hepática, dano cerebral e câncer)
aumentam grandemente.
10
2. O ALCOOLISMO E AS RELAÇÕES FAMILIARES ATRAVÉS DOS
TEMPOS
Toda a história da humanidade está permeada pelo consumo de álcool.
Inicialmente as bebidas tinham baixo teor alcoólico, porém, com o advento do processo
de destilação surgiram novos tipos de bebida alcoólica.
A partir da Revolução Industrial, registrou-se um grande aumento na oferta deste
tipo de bebida, contribuindo para o maior consumo e, consequentemente, gerando um
aumento no número de pessoas que passaram a apresentar algum tipo de problema devido
ao uso excessivo de álcool.
O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo admitido e
até incentivado pela sociedade, entretanto, seu consumo de forma excessiva, passa a ser
um problema, pois dependendo da dose, da freqüência e das circunstâncias, pode
provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo, como afirma Bertolote
& Ramos (1997).
Segundo Mansur apud Bertolote & Ramos (1997) até praticamente o século
passado, o alcoolismo era visto dentro de uma postura essencialmente moralista, sendo
considerado um problema de caráter e, como medidas terapêuticas, só cabiam métodos
punitivos, castigos e prisão. O indivíduo que hoje chamamos de alcoolista, não passava de
um bêbado sem caráter, marginalizado por todos e tratado sem o mínimo de carinho e
compreensão.
No princípio deste século, que, as novas alternativas começam a surgir. Uma
delas, que muitos até hoje defendem, coloca o alcoolismo como um sintoma de uma
dificuldade psicológica. Uma vez curado o distúrbio psíquico, o problema do alcoolismo
estaria resolvido. Em março de 1940, o alcoolismo foi apontado como uma doença da
11
qual as pessoas seriam portadoras, ou seja, uma característica biológica, bioquímica, que
tornaria
seu organismo de alguma forma incompatível com o álcool. Essa visão, como
predisposição interna e biológica de determinados indivíduos, se popularizou bastante na
medida em que é o referencial teórico adotado pela associação dos Alcoólatras Anônimos.
O tratamento, neste caso, é se abster totalmente das bebidas alcoólicas. Entretanto,
pesquisas mais modernas dizem que esta visão biológica deve ser revista em muitos
pontos, conforme Kalina (1999), principalmente no que diz respeito a perda do controle,
pois este modelo biológico sugere que, o alcoólatra não pode beber nada, uma gota de
álcool que penetre no seu organismo vai provocar um desarranjo metabólico, e ele
compulsivamente vai precisar beber mais. Constatou-se que a perda de controle de fato
existe, mas ela depende muito não só de determinadas condições biológicas, mas também
da expectativa psicológica que o alcoólatra tem em relação ao álcool. Entende-se que a
transição do beber moderado ao, beber problemático ocorre de forma lenta, tendo uma
interface que, em geral, leva vários anos.
Alguns dos sinais do beber problemático são: desenvolvimento da tolerância, o
aumento da importância do álcool na vida da pessoa; a percepção do grande desejo de
beber e da falta de controle em relação a quando parar, síndrome de abstinência e
aumento da ingestão de álcool para aliviar a síndrome da abstinência (Bertolote & Ramos,
1997). Não subestimando a importância de todos estes fatores biológicos na determinação
da vulnerabilidade ao alcoolismo, várias teorias tentam explicar o desenvolvimento da
dependência de álcool através de processos psicológicos, que incluem tanto processos
cognitivos (pensamento, memória, atenção) como fatores afetivos (sentimentos e
atitudes). Cada teoria psicológica procura explicar o desenvolvimento da dependência de
álcool através de seu referencial teórico (Bertolote & Ramos, 1997).
12
Há também, uma determinação sócio-cultural, onde os fatores interpessoais, como
a influência dos pares e o comportamento da família, também são muito importantes na
determinação do padrão de uso de álcool (Bertolote & Ramos, 1997). Essa observação
levou a crescente valorização dos fatores sociais na gênese do alcoolismo sendo destacado
o fato de que a ênfase dada às causas individuais minimiza a participação dos fatores
sociais na determinação do alcoolismo, permitindo que a sociedade e a família,
propriamente dita, não assuma a sua parcela de responsabilidade (Roebuck, 1983). É
provável que a busca de segurança para si e a prole tenha sido o determinante que
impulsionou o homem da idade da pedra a agrupar-se, ainda que de forma rudimentar, no
que hoje determinamos família. Além da segurança, a própria necessidade da procriação
contribui para esse movimento aglutinador e, desde então, parecem ser esses os pilares de
sustentação da família como conhecemos em nossos dias. De fato, ao analisarmos a
história de uma dada família, assistimos, ao longo dos anos, a presença de vários
mecanismos em sua dinâmica que visam propiciar segurança e estabilidade para que seus
membros possam não só conviver harmoniosamente, como também lançar-se nas
sucessivas fases de seu desenvolvimento. Para que isso aconteça sem maiores
dificuldades, cada um dos pares, quando se casam, devem trazer consigo o modelo de
uma família suficientemente integrada. Isso proporcionará a ambos um determinado grau
de independência que viabilizará a estruturação da identidade da nova família. Esta
guardará com as respectivas famílias de origem uma proximidade afetiva nutridora de
uma independência econômica e existencial (Steiglass, 1987).
A partir destes referências pensamos que alguns problemas possam vir a ser
discutidos abrindo perspectivas para se repensar a atividade com o alcoólico. Pensamos à
respeito da família do alcoólico e do papel fundamental que esta exerce no processo de
recuperação da dependência do álcool e a manutenção desta recuperação. É importante se
13
reconhecer a realidade do alcoólico e o modo de seu adoecer, buscando as causas que o
levaram a recaída.
A escolha da metodologia do tratamento do alcóolico também é muito
influenciada pela importância dos fatores biológico, psicológico e social. Assim, os
terapeutas que tendem a valorizar mais os fatores psicológicos, por exemplo, se utilizarão
como principais ferramentas de trabalhos de psicoterapias ou técnicas de modificação de.
comportamento, dependendo da linha que se segue. Por outro lado, os simpatizantes do
modelo biológico poderão investir em drogas eficazes na redução do efeito reforçador
cerebral. E os que atribuem maior importância aos fatores sociais poderão atuar através de
modelos sistêmicos, envolvendo a família ou a comunidade em que o dependente se
insere.
No entanto, considerando qualquer uma das formas de tratamento, a tarefa mais
difícil e complexa é conseguir a manutenção da mudança do comportamento inadequado,
ou seja, conseguir se manter sem ter a recaída. Então, em relação ao uso do álcool, a
maior dificuldade não está em parar de beber, mas sim em manter-se em abstinência sem
ter a recaída.
Sendo assim, pensamos que as reincidências constituem um tópico importante a
ser
estudado, uma vez que representam primordial importância no processo de
recuperação do
dependente. A moral ainda permeia o campo do alcoolismo e o reincidente é mal
visto, é como se tivesse cometido um ato de indisciplina, tivesse fracassado. Geralmente,
quando o dependente apresenta a recaída, sua família tende a marginalizá-lo e a
considerá-lo como tal, quando deveria ser a primeira a mobilizar o indivíduo para a
formação de uma aliança em busca de sua recuperação.
14
Deve-se ter como foco que, a dependência química é um transtorno crônico e pela
sua própria natureza tem grande tendências a lapsos e recaídas, e, por este motivo,
enfrentar e aprender com as recaídas constitui um aspecto extremamente importante na
recuperação do alcóolico (Knapp, 1993).
Refletindo sobre a influência da família no processo de recuperação do alcoólico,
Levantamos a hipótese de que se a família estivesse mais presente no processo de
restabelecimento, lhe dando apoio, afeto e reeducação para uma volta à convivência
familiar, talvez não acontecesse a rescindência à bebida.
Segundo Edwards (1995), para se entender porque algumas pessoas bebem
excessivamente é fundamental saber que o álcool é uma droga capaz, pelo menos a curto
prazo, de remover ou afastar uma ampla variedade de sentimentos desagradáveis, como
por exemplo angústia ou depressão. Para o indivíduo inseguro ou que duvida de seu
próprio valor, beber pode remover temporariamente estes sentimentos. A pessoa que bebe
demais está, freqüentemente, usando o álcool para alterar sua percepção do mundo, que
ela acha difícil, ou para aliviar sentimentos insuportáveis a seu próprio respeito, este
beber excessivo pode levar ao alcoolismo.
O alcoolista pode perder sua auto-estima, convencido de que ele não vale nada,
preso a um sentimento de culpa, profundamente pessimista e, clinicamente deprimido. O
beber e suas conseqüências levam a estes sentimentos e o álcool então é usado. Ao
alcoolista parece não existir outra forma de lidar com estes sentimentos de menos-valia.
Sendo assim, as razões que podem levar um indivíduo a beber excessivamente são
muitas e como vimos, a passagem do beber sem problemas ao alcoolismo não se faz do
dia para noite.
É um processo que admite uma longa interface entre o beber normal e o beber
excessivo,em geral de vários anos. Nessa interface, começam a aparecer os problemas
15
relacionados ao uso inadequado do álcool, onde o beber passa a ser priorizado adquirindo
uma importância cada vez maior na vida da pessoa (Bertolote & Ramos, 1997).
Acredita-se que este início precoce esteja relacionado ao fato de que nesta fase do
desenvolvimento o indivíduo se veja como um não-adulto e por isso ainda não completou
a transição de auto-imagem de adolescente para adulto. Desta forma, é um indivíduo que
ainda não possui muita maturidade para resolver questões fundamentais sobre o equilíbrio
entre dependência dos outros e independência de si. E para a ansiedade e raiva que estas
frustrações lhe causa, o álcool pode ser uma boa saída, pois como já afirmava Roebuck
(1983), o alcoolista não assume suas responsabilidades. Ainda ao considerarmos os
motivos que, na maioria das vezes, levam um adolescente ao ingresso à bebida alcóolica,
esta idéia pode ser confirmada.
16
3. PSICANÁLISE, ADOLESCÊNCIA E CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS
ILÍCITAS.
No sistema teórico de Freud (1914 apud SCHULTZ, 1992), ele não
compreendia os tópicos que costumavam ser incluídos no compêndio de psicologia da
época. Ele explorou áreas que os psicólogos tendiam a ignorar, tais como as forças
motivadoras inconscientes, os conflitos entre essas forças e os efeitos desses conflitos
sobre o comportamento humano.
Em suas primeiras obras, Freud afirmou que a vida psíquica consistia em duas
partes, o consciente e o inconsciente. A parte consciente representa o aspecto
superficial da personalidade total. O inconsciente, os instintos que são a força pulsora
de todo o comportamento humano (SCHULTZ, 1992). Mais tarde, entre 1920 e 1923,
ele remodelou a teoria do aparelho psíquico e introduziu os conceitos de id, ego e
superego, como assinala Carneiro, (2000) “[...] Freud sempre esteve interessado em
construir uma teoria da mente ou da personalidade, e não somente em conceber uma
teoria da neurose” (p. 73).
O id constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se localizam as
pulsões: a de vida e a de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente,
na primeira teoria, são, nesta teoria, atribuídas ao id. É regido pelo princípio do prazer,
sendo a parte mais primitiva e menos acessiva da personalidade, incluem os instintos
sexuais e agressivos. O id não conhece juízo de valor, nem o bem e o mal
(SCHULTZ),
1992).
O ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as
exigências da realidade e as “ordens” do superego. Procura “dar conta” dos interesses
da pessoa. É regido pelo principio da realidade, que, com o princípio do prazer, rege o
17
funcionamento psíquico. É um regulador, a medida em que altera o princípio do prazer
para buscar a satisfação considerando as condições objetivas da realidade. As funções
básicas do ego são: percepção, memória, sentimentos e pensamento. Este princípio
mantém em suspenso as exigências voltadas para o prazer advindas do id até ser
encontrado um objeto apropriado para satisfazer a necessidade e reduzir ou descarregar
a tensão. O ego não existe independentemente do id. Se aceita que os processos do ego
são operados por energias sexuais de agressão neutralizadas.
[...] Freud encarava o ego como a instância executiva da personalidade total,
pelo menos no que se refere à personalidade sadia, mas nunca o colocou em uma
posição autônoma: o ego sempre foi um servo dos desejos do id (CARNEIRO, 2000,
p. 77).
O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das
proibições, dos limites e da autoridade. A moral e as idéias são funções do superego. O
conteúdo do superego refere-se a exigências sociais e culturais. O terceiro componente
da estrutura da personalidade freudiana se desenvolve bem cedo na infância, quando
são assimiladas as regras de conduta ensinadas pelos pais mediante um sistema de
recompensas e punições. Os componentes errados (que produzem punição) se tornam
parte da consciência da criança, que é uma parte do superego. Comportamentos
corretos (que são recompensados) se tornam parte do ego ideal da criança. Ele
representa todas as restrições morais e está constantemente em conflito com o id. Ao
18
contrário do ego, o superego não tenta apenas adiar a satisfação do id, ele tenta inibi-la
por completo (SCHULTZ, 1992).
É importante considerar que estes sistemas não existem enquanto uma estrutura
em si, mas são sempre habitados pelo conjunto de experiências pessoais e particulares
de cada um, que se constitui como sujeito em sua relação com o outro e em
determinadas circunstâncias sociais (CARNEIRO, 2000, p. 56).
Assim, segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997), o termo personalidade pode
ser definido como a totalidade dos traços emocionais e comportamentais que
caracterizam o indivíduo na vida cotidiana, sob condições normais. É relativamente
estável e previsível. Esta estrutura é a base que organiza e une as diferentes condutas
e disposições do indivíduo, é a organização global que dá consistência e unidade à
conduta. Esses conteúdos estão relacionados com as vivências concretas do indivíduo
no seu meio social, cultural, religioso etc. De modo geral, a personalidade se refere ao
modo relativamente constante e peculiar de perceber, pensar, sentir e agir do indivíduo.
Esta definição tende a ser ampla e acaba por incluir habilidades, atitudes,
crença, emoções, desejos, o modo de comportar-se e, inclusive, os aspectos físicos do
indivíduo. A definição da personalidade envolve também o modo como todos esses
aspectos se integram, se organizam, conferindo peculiaridade e singularidade ao
indivíduo.
Na teoria psicanalítica do desenvolvimento psicossexual, Erikson reformulou
os estágios elaborados por Freud em termos das qualidades do ego e deu ênfase
especial ao período da adolescência. Carneiro (2000), explica a associação dos termos
psicossocial e desenvolvimento:
[...] ela significa especificamente que os estágios da vida de uma pessoa, do
19
nascimento à morte, são determinados por influências sociais que interagem com um
organismo em amadurecimento físico e psicológico. Nas palavras de Erikson, “há uma
adaptação mútua entre o indivíduo e o ambiente, ou seja, entre a capacidade de um
indivíduo para se relacionar com um espaço vital formado por pessoas e instituições e
em contínua expansão, de um lado, e a disposição manifestada por essas pessoas e
instituições no sentido de tornar o indivíduo parte da cultura em construção, de outro
lado” (p. 65).
Na teoria de Erikson, ele deixa de fazer referência ao termo personalidade para
substituí-lo por identidade, assim como faz Papalia e Olds (2000) também. Segundo
Erikson (1968 apud CARNEIRO, 2000) a principal tarefa da adolescência é confrontar
a crise de identidade versus confusão de identidade (ou de papel) para tornar-se um
adulto único com um senso de identidade coerente e um papel valorizado na sociedade.
O principal perigo dessa fase é a confusão de identidade, a qual pode retardar muito a
conquista da maturidade psicológica, mesmo depois da idade de 30 anos.
Segundo Papalia e Olds (2000), certo grau de confusão de identidade é normal.
Os adolescentes podem igualmente mostrar confusão regredindo a infantilidade para
não ter que resolver conflitos. A crise de identidade raramente se resolve
completamente na adolescência, as questões relativas à identidade podem aparecer
repetidas vezes durante a vida adulta.
Para formar uma identidade, os adolescentes devem firmar e organizar suas
habilidades, necessidades, interesses e desejos para que possam ser expressos a um
contexto social. Segundo Erikson (1968 apud CARNEIRO, 2000) os adolescentes não
formam sua identidade modelando-se conforme outras pessoas, como fazem as
crianças mais jovens, e sim modificando e crivando as estruturas psicológicas de
outros.
20
Para Erikson, apud Papalia e Olds (2000), a identidade se forma à medida que
as pessoas resolvem três questões importantes: a escolha da ocupação, a adoção de
valores nos quais viver e o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória.
Quando os jovens têm problemas para se estabelecer numa identidade ocupacional,
eles correm risco de apresentar comportamentos com graves conseqüências negativas,
como gravidez precoce ou atividade criminosa.
O grau de fidelidade dos jovens a esses compromissos influencia sua
capacidade de resolver a crise de identidade. Os adolescentes que resolvem essa crise
de maneira satisfatória desenvolvem a virtude da fidelidade: lealdade, fé ou um
sentimento de pertencer a alguém que se ama, ou a amigos ou companheiros. A
fidelidade também pode significar identificação com conjunto de valores, uma
ideologia, uma religião, um movimento político, uma busca criativa ou um grupo
étnico. A identificação pessoal aparece quando os jovens escolhem os valores e as
pessoas com as quais serão leais, em vez de simplesmente aceitar as escolhas de seus
pais (PAPALIA e OLDS, 2000).
A gravidade de uma crise na adolescência oscila muito em função do
temperamento do jovem e de seus pais, da qualidade da família e das capacidades do
meio social. Felizmente, são mais freqüentes os casos nos quais a adolescência
transcorre sem maiores problemas, isto é, as dificuldades do processo não chegam a
serem graves, mas também há outros em que os conflitos rompem os vínculos afetivos
e acarreta situações seriamente destrutivas, uma das quais, precisamente, o tema que
nos ocupa: a dependência da droga.
Os conflitos familiares podem ser componentes sociais importantes para que o
adolescente recorra ao consumo de drogas. [...] o fato de o adolescente sair de casa em
busca da droga é um sintoma secundário, resultante de outro antecedente mais
21
profundo, como problemas de relacionamento. Porém, a droga é um sintoma que
aparece mais externamente (ZAGURY, 2000, p. 92).
Freud, apud Papalia e Olds (2000), também achava que o atrito entre pais e
filhos era inevitável, originando-se da necessidade dos adolescentes de se libertar da
dependência de seus pais.
Segundo Benachaque (1997), uma educação adequada do adolescente por parte
dos pais reduz a severidade da crise e evita muitas das suas dificuldades, pois em geral
os problemas são simples e momentâneos quando o jovem cresce cercado de afeto de
seus pais, em um meio familiar sadio e com uma dose devidamente equilibrada de
controle e liberdade. Porém, o equilíbrio não é tão fácil de ser obtido, uma vez que há
um conjunto de decisões tomadas diariamente e que se baseiam em critério e situações
em permanentes mudanças.
Mas, infelizmente, a capacidade de reduzir os perigos da dependência às drogas
não garante que se possa eliminá-las totalmente, e alguns jovens podem chegar ao
vício apesar de terem recebido uma educação equilibrada e afetuosa. Porém, os pais
podem atuar muito para proteger seu filho das drogas.
Segundo Riera (1998), entre os nove e os quinze anos, a quantidade de tempo
que os jovens passam com os pais e os irmãos diminui. Os adolescentes passam a
maior parte do seu tempo livre com os amigos, com os quais se identificam e se sentem
á vontade. Uma fonte importante de apoio emocional, durante a complexa transição da
adolescência, bem como fonte de pressão para um comportamento que os pais podem
deplorar é o envolvimento cada vez maior dos jovens com seus amigos.
22
“Os adolescentes em rápida transformação física encontram conforto em
estar com outros que estejam passando por mudanças semelhantes” (PAPALIA e
OLDS, 2000, p. 333).
Os jovens que desafiam os padrões adultos e a necessidade de orientação dos
pais tranqüilizam-se ao buscar conselhos de amigos que possam compreendê-los e se
identifiquem com eles porque estão na mesma posição. A intensidade da amizade é
maior na adolescência do que em qualquer outra época da vida. No início dela, as
amizades tornam-se mais íntimas e provedoras de apoio do que nas idades anteriores
(RIERA, 1998).
Os adolescentes que questionam a adequação dos pais com modelos de
comportamentos, e que ainda não estão seguros de si mesmos para ficarem sozinhos,
buscam os amigos para mostrar-lhes o que é certo ou o que é errado. O grupo de amigo
é um lugar de afeto, solidariedade, compreensão e um lugar de experimentar situações
novas (PAPALIA; OLDS, 2000, p. 333).
Os adolescentes tendem a escolher amigos que sejam como eles, e os amigos
influenciam uns aos outros para se tornarem ainda mais parecidos. Além de reconhecer
as características individuais de adolescentes problemáticos, é necessário averiguar a
influência do ambiente – a família, o grupo de pares e a comunidade – para descobrir
modos de reduzir a exposição dos jovens a ambiente de auto-risco. Desta forma, a
instituição Família tem um papel social determinado por necessidades sociais. Este
grupo deve garantir o provimento das crianças, para que elas futuramente exerçam
23
atividades produtivas para a própria sociedade, e deve educá-las para que elas tenham
ética e valores compatíveis com a cultura em que
vivem, por isso a organização familiar muda de acordo com a história do homem ou
das
próprias mudanças sociais.
A família tem estado em evidencia na sociedade como uma grande polemica.
Por um lado ela tem sido o centro de atenção por ser um espaço privilegiado para o
desenvolvimento da vida emocional dos seus componentes. Por outro, tem chamado a
atenção dos cientistas, pois ao mesmo tempo em que, sub alguns aspectos, mantêm-se
inalterada, apresenta uma grande variedade de mudanças (RIERA, 1998, p. 210).
Em 1945, Pichon-Riviéri (apud ZIMERMAN, 1993) introduziu o conceito de
grupo e estabeleceu o sistema “esquema conceitual referencial operativo” (ECRO)
considerando uma série de fatores, conscientes e inconscientes, que regem a dinâmica
de qualquer campo grupal e que se manifestam em três áreas: mente corpo e mundo
externo.
Um conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e
espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe de forma
explicita ou implícita, uma área a qual se constitui sua finalidade, interatuando através
de complexos mecanismos de atribuição e assunção de papeis (PICHON-RIVIERI
1965 apud ZIMERMAN, 1993, p.67).
As noções de enquadramento, tarefa e formação de papeis mais a noção de
vínculo foram desenvolvidas através da interação continuada e dos processos de
comunicação e aprendizagem. Os componentes do grupo vão estabelecendo vínculos, e
cada um vai internalizando os demais (ZIMERMAN, 1993). A teoria do vínculo
referida por Pichon-Riviéri é, segundo Zimerman (1993), uma estrutura complexa que
24
inclui sujeito, objeto e a interação de ambos. É através da noção de vínculo que se pode
abordar a relação entre a estrutura social e a configuração do mundo interno do sujeito.
O sujeito é um ser de necessidades que somente se satisfaz socialmente através de
relações que o determinam. É um sujeito produzido, na medida em que existem
determinantes que atuam na sua concepção como ser social. O fundamento
motivacional do vínculo são as necessidades que estabelecem as relações
intersubjetivas.
O grupo interno se forma sobre a base de vínculos internalizados, começando pelo
grupo familiar, e continuando pelos subseqüentes grupos com os quais o sujeito se
relaciona. Este grupo interno serve-lhe como modelo de aproximação em cada nova
experiência (ZIMERMAN, 1993).
O psicanalista francês Lacan afirma que a Família, entre todos os grupos
humanos, desempenha um papel primordial na transmissão da cultura. Se as tradições
espirituais, a manutenção dos ritos e dos costumes, a conservação das técnicas e do
patrimônio são com ela disputadas por outros grupos sociais, a Família prevalece na
primeira educação, (responsável pelo modelo que a criança terá em termos de conduta,
no desenvolvimento de papeis sociais e das normas e valores que controlam tais
papeis), na repressão dos instintos (estruturação do ego) e na aquisição da linguagem
chamada de materna (BOCK; TEIXEIRA; FURTADO, 1998).
Através da popularidade do tema, observou-se que a droga pertence a um
conjunto de assuntos da atualidade desencadeado pela sua grande importância. Assim,
teve-se como objetivo geral nesta pesquisa estudar e investigar o “universo”
psicológico e familiar, com ênfase na estrutura da família do dependente químico de
cocaína (ver anexo I), ou seja, está no fato de contribuir à sociedade com o
conhecimento da dinâmica familiar deste dependente, uma vez que as conseqüências
25
do abuso de cocaína refletem diretamente na sociedade como um todo, principalmente
em forma de violência.
[...] a guerra pelo controle da cocaína pode aumentar a violência urbana, não só nas
favelas como em toda a sociedade brasileira, pois o viciado rouba para sustentar o
vício [...]. No caso da cocaína [...], o que faz com que ela seja uma droga
especialmente perigosa é a freqüência com que provoca acidentes fatais, muitas vezes
numa única experiência. (BENACHAQUE, 1997, p. 24).
Neste contexto, os objetivos específicos foram: a) analisar quais os motivos que
levaram os dependentes químicos a consumirem cocaína; b) compreender a estrutura
familiar do dependente químico relacionando-a com a cocaína e ainda; c) analisar e
compreender a estrutura familiar deste dependente fazendo ligação com o tipo de
relação com os pais e o vínculo emocional estabelecidos com eles.
4. CONCEITO FUNDAMENTAL SOBRE O TERMO FAMÍLIA
Podemos conceituar o termo “família” como um conjunto de pessoas que
convivem sob o mesmo teto, organizadas em róis fixos (pai, mãe, irmãos, etc.) com
vínculos consangüíneos ou não, com um modo de existência econômico e social comuns,
com sentimentos afetivos que os unem e aglutinam. Naturalmente passa pelo nascimento,
logo crescimento, multiplicação, decadência e transcendência. A este processo lhe
denomina ciclo vital de vida familiar.
Tem, além disso, uma finalidade: gerar novos indivíduos à sociedade.
26
“A instituição núcleo familiar é constante em todos os tempos e todas as
culturas... transcorrendo eminentemente dinâmico, com finalidade de crescimento e
multiplicação. A proposta é sempre prospectivo e perspectivo através de uma dinâmica
complexa e projetada evolutivamente para o futuro através de sua capacidade de
adaptação a cada presente. Assim este conjunto lhe funciona convertendo em um
organismo que como tal faz, cresce amadurecida e morre mas perpetuando-se em novos
brotos no infinito processo da vida.”
A finalidade por excelência, estando determinada por a espécie, é a multiplicação,
ou seja, gerar novos indivíduos para sociedade.
Para alcançar esta finalidade deve cumprir com uma série de objetivos
intermédios:
Dar a todos e cada um de seus membros segurança afetiva.
Dar a todos e a cada um de seus membros segurança econômica.
Proporcionar ao casal pleno goze de suas funções sexuais, dar aos filhos a
noção firme e vivenciada do modelo sexual, que permita-lhes identificações claras e
adequadas.
Ensinar respostas adaptativas a seus membros para a interação social.
4.1. Formas de organização familiar
A forma em que se estruturam as famílias são muitas e diferentes, tendo como
extremos às famílias piramidais por um lado e às famílias consensuais ou circulares pelo
outro, de acordo à distribuição das comunicações e o poder.
27
4.1.1. Modelo piramidal.
Nele sobressaem os modelos autocráticos de poder, o pai está colocado no topo de
uma pirâmide. Por debaixo dele, em um segundo estrato se encontra a mãe com o rol de
“braço executor” das ordens emanadas de acima e veículo das necessidades dos filhos.
28
4.1.2. Modelo Circular
A autoridade e o poder se diluíram e são exercidos pelo acordo de todo o
núcleo, podendo qualquer de seus integrantes ser o iniciador de condutas
familiares.
29
4.1.3. Homeostase: É a regulação e a manutenção de um meio interno
constante. Quando se chega a homeostase, é quando a família conserva ou mantém sua
pauta preferida tanto tempo como lhe é possível, pondo resistências às mudanças
mediante mecanismos de regulação chamados homeostáticos.
4.1.4. Homeostase sem tensão: É quando o estado estável nos intercâmbios e
as comunicações se alcança sem o emprego de mecanismos homeostáticos que imponham
tensão ao acampo psicoafetivo e social familiar.
4.1.5. Homeostase de baixa tensão: É quando o estado estável se alcança
com o sofrimento e a imposição de mecanismos homeostáticos rígidos, imodificáveis. a
fechar-se e, em algum momento, produz-se um notório e “inesperado” desequilíbrio.
4.1.6. Ruptura da Homeostase:
Em um momento de extrema tensão, o equilíbrio não pode sustentar-se e se
rompe. A Família se desintegra como tal.
4.2. Funcionalidade e disfuncionalidade familiar - Homeostase
A comunicação entra familiar permite intercambiar informação e delinear os
limites entre cada individualidade e cada identidade que conformam o todo do sistema, de
uma vez que resolver situações e problemas comuns.
Com respeito ao modo de funcionamento familiar através das comunicações se
podem encontrar tanto respostas apropriadas como inapropriadas.
•Uma resposta é apropriada quando satisfaz a demanda implícita tanto no
significado como na intenção da mensagem recebida.
•considera-se um modo de resposta apropriada quando na interação conjunta se
desenvolve o reconhecimento da identidade do outro que inclui o reconhecimento de suas
potencialidades e capacidades.
30
•Cada identidade pessoal é positiva e significativamente considerada acordo de
todo o núcleo, podendo qualquer de seus integrantes ser o iniciador de condutas
familiares.
4.2.1. Funcionalidade familiar
Alcança-se quando os objetivos familiares ou funções básicas cumprem-se
plenamente (seguranças econômica, afetiva, social e de modelos sexuais) e quando se
obtém a finalidade (gerar novos indivíduos à sociedade) em uma homeostase sem tensão,
mediante uma comunicação apropriada e baseada no respeito das relações intrafamiliares.
4.2.2. Desfuncionalidade familiar
Uma família disfuncional é aquela que responde as exigências internas e externas
de mudança, padronizando seu funcionamento. Relaciona-se sempre da mesma maneira,
de forma rígida não permitindo possibilidades de alternativa. Podemos dizer que ocorre
um bloqueio no processo de comunicação familiar".
Ainda que este comportamento soe doentio, ele tem que ser mantido, mesmo que
para isso um membro da família seja eleito para 'ser' ou 'ter' o problema. Os sintomas do
'paciente identificado' constituem a expressão de uma disfunção familiar e o tratamento
deve ser feito considerando as inter-relações que se estabelecem no grupo.
Sempre que se fala em família disfuncional, estamos falando de doença nas
famílias. Assim, temos todo o funcionamento familiar envolvido nesse problema". Alguns
autores psicanalistas, como José Bleger e Eduardo Kalina, desenvolveram bastante a
questão das dinâmicas familiares. Pode-se falar em dois modelos básicos de
desestruturação nas relações familiares: "há as famílias 'cindidas' e as famílias
'simbióticas'".
Nas primeiras, os membros das famílias não conseguem se relacionar entre si.
Encontram-se divididos, dispersos. Funcionam e se relacionam como se, ao ficarem
31
juntos, todos corressem riscos do ponto de vista emocional. Assim, as pessoas não podem
ter um relacionamento afetivo, são frias entre si. A doença dessas famílias cindidas está
na dificuldade de convívio. Os membros percebem que ao conviverem entre si eles se
machucam e se afetam negativamente, uns aos outros.
Já no extremo oposto, temos as famílias simbióticas, aquelas em que os membros
da família vivem num estado de fusão. Não há diferenciação entre os papéis familiares,
estes são confusos e não divididos. As pessoas sentem dificuldades em viver
independente dos outros membros da família, estão num estado de constante 'grude'. Em
ambos os casos, está-se falando de doenças familiares do ponto de vista do
desenvolvimento afetivo, inter-relacional e de organização psíquica.
32
5. O ALCOOLISMO
Falar de alcoolismo é enfocar a atenção em um tema de importância no que faz à
saúde individual, e sua repercussão a nível social.
5.1. O que se entende por Alcoolismo?
“O alcoolismo é uma enfermidade, e não um vício, que se caracteriza pela
existência de uma dependência regular, psicopatológica, social e física para o etanol (o
álcool), com prejuízo para o indivíduo” (2) trata-se de uma enfermidade crônica,
progressiva e freqüentemente mortal; é um transtorno e não um sintoma de outras
enfermidades ou problemas emocionais. A O.M.S. define ao alcoolismo “como a ingestão
diária de álcool superior a 50g na mulher e 70g no homem”. Neste homem parece ser
produzido pela combinação de diversos fatores fisiológicos, psicológicos e genéticos.
Caracteriza-se por uma dependência emocional e às vezes orgânica do álcool, e produz
um dano cerebral progressivo. (3)
O alcoolismo passou a ser definido recentemente como uma enfermidade
complexa, que se desenvolve ao longo dos anos, cujos primeiros sintomas são mais sutis,
inclui a preocupação pela disponibilidade de álcool, influindo na eleição de amizades e
atividades. (3)
O álcool é uma droga de fácil acesso, modifica o estado de ânimo geralmente
utilizado para:
Adquirir confiança em si mesmo;
Comunicar sentimentos, pensamentos e crenças;
Sentir-se bem e divertir-se;
Descansar e esquecer o estresse;
Para escapar;
Para ser parte de um grupo.
33
Esconde detrás de seu consumo a insegurança na gente mesmo, uma baixa auto-
estima e uma personalidade anti-social.
O consumo de álcool é um vício. Portanto, considera-se a esta como a
conseqüência da vulnerabilidade do self do indivíduo produto de enguiços evolutivos e
um ambiente cedo de pré-disposição. Convertendo o abuso de substância, em um intento
de reparação, que só agudiza a condição original, dada a dependência física e a
deterioração que se produz nas estruturas fisiológicas e psicofísicas. (4)
A nível fisiológico, no cérebro, o álcool interage com centros responsáveis de
prazer e de outras sensações; depois de uma exposição prolongada ao álcool, o cérebro se
adapta às mudanças que produz o mesmo e se volta dependente dele. Os efeitos que se
produzem na pessoa, como por exemplo, a desinibição, euforia, converte-se em um meio
primário mediante o qual esta se relaciona com outros, trabalha e leva adiante sua vida,
este efeito estimulante, quando termina, produz uma sensação depressora importante. (3)
A nível psicológico, os paciente alcoólicos e viciados som sempre vulneráveis a as
condutas compulsivas, obsessivas e viciadas. (4)
5.2. Como atua o álcool no corpo humano?
O abuso e a dependência de álcool apresentam um curso variável que se
caracteriza freqüentemente por períodos de remissão e recaídas.
Durante as intoxicações alcoólicas moderadas se observam diferentes sintomas
nos distintos episódios de intoxicação. Durante o período precoce, quando os níveis de
álcool vão subindo, os sintomas coincidem com: lábia, sensação de bem-estar, alegria,
brilhantes e um estado de ânimo expansivo. Mais tarde, quando diminuem os níveis de
34
alcoolemia, o sujeito deprime-se progressivamente, retrai-se e apresenta deterioração
cognitivo.
Com freqüência, a dependência alcoólica apresenta um patrão familiar, sem
engreno, os fatores genéticos só explicam uma parte dos riscos, já que uma parte
significativa depende de fatores ambientais e interpessoais que incluem as atitudes
culturais a respeito da bebida e os bebedores, disponibilidade de acesso ao álcool,
expectativas do afetado em seu estado de ânimo e o comportamento, e as expectativas
pessoais. (5)
Características centrais que levam a dependência do álcool:
Intolerância à angústia
Intolerância à frustração
Dependência de terceiros
Impulsividade
Intolerância à solidão
Vazio interno (álcool como companhia)
Incapacidade de reconhecer-se débil e pedir ajuda
Pressão social e ambiente conflitivos.
Conseqüências sobre a conduta da pessoa alcoólica:
Impulsos negativos destrutivos para si (risco de suicídio), e agressividade para
os que o rodeiam e tentam ajudá-los.
Dificuldades por regularizar os afetos, conduta e cuidado de si mesmo, que leva
a uma deterioração funcional que provoca um desequilíbrio no comportamento
ocupacional da pessoa, traduzindo-se isto em isolamento, relutância, abulia, falta de
iniciativa e uma só preocupação continuar em busca de seu vício.
35
Depressão e ansiedade.
Embora seja difícil separar causa e efeito, o baixo nível educacional, a falta de
emprego e um sob status social econômico se associam com transtornos relacionados com
o álcool. Os anos de escolaridade não são importantes na determinação do risco de
problemas alcoólicos, mas sim é o fato de que a escolaridade não se culmine. (5)
Finalmente se destaca ao alcoolismo como uma enfermidade multifatorial, em a
que interagem causas:
Individuais: solidão, isolamento, falta de projetos.
Familiares: não reconhecem a enfermidade, baixo nível de instrução.
Social: propagandas que estimulam o consumo.
Portanto também a abordagem terapêutica, exige ser um enfoque multidisciplinar
orientado a: desintoxicação, a orientação familiar e tratamento ambulatório. (2)
36
6. AS ALTERAÇÕES NOS VÍNCULOS FAMILIARES
“A família é a unidade básica de desenvolvimento e experiência, de realização e
fracasso. É também a unidade básica da enfermidade e da saúde” (Ackerman).
A palavra família designa uma instituição evolutiva. O que permite sustentar que
há diferentes tipos de família, o qual evidência, por um lado, que não há um só arquétipo
da mesma, e por outro, que não é uma estrutura estática mas sim cada família, em sentido
cultural e particular, tem dinamismo próprio. É a família a que desempenha um papel
fundamental na transmissão da cultura. Os contribuições que realiza a família permitem
administrar os processos primitivos do desenvolvimento psíquico, os modo de
comunicação de idéias e sentimentos, as atitudes corporais próprias e as regras
fundamentais “de” e “na relações, tudo isto o faz transmitindo estruturas e patrões de
conduta que permitem a adaptação e o funcionamento familiar que facilita sua
sobrevivência em um meio ambiente determinado. A família como sistema, como grupo,
tem rasgos universais ou compartilhados com outros da mesma ordem social; entretanto
como estrutura interacional, cenário de uma dialética entre sujeitos, desenvolvem-se nela
processos únicos, irrepetíveis e específicos. E nesta permanente interação, o primeiro
grupo onde o indivíduo começa a interagir é a família, que acontece ser não só um lugar
de desenvolvimento, mas também, e dentro do funcional da mesma, um fator importante
que pode levar ao normal ou ao patológico. É por isso que a família, como primeiro
ambiente cumpre funções imprescindíveis para o desenvolvimento são de todo sujeito.
A família é o lugar onde se jogam as possibilidades de aquisição em ordem à
saúde mental, que não é uma qualidade estática que alguém possua em privado, quer dizer
não se sustenta a si mesmo, mas sim se mantém graças à cercania e apoio emocional de
37
outros, implicando um sistema de valores em onde o bem-estar do indivíduo está
vinculado aos integrantes do sistema primitivo. (6)
Na família todos influem sobre todos, em uma espécie de reação em cadeia
circular, quando a estrutura familiar, como conjunto de interações constantes que se dão
na família, é inadequada, ou, quando o grupo familiar ou algum de seus membros
confronta um momento de estresse que transborda suas forças, a família se estanque em
seu desenvolvimento, se recarrega sobre si mesmo de maneira centrípeta e se fecha à
possibilidade de experimentar novas formas de interação, mais adequadas ao momento
pelo que atravessam.
É então quando o sintoma surge como forte signo de alarme ou como intento
fracassado de solução.
O sintoma neste caso poderia considerar-se à pessoa alcoólica. Onde os familiares
estão desconcertados, comocionados, e incapazes de compreender o que esta acontecendo.
“O alcoolismo é uma enfermidade grave que afeta a todos os membros da
família.”
Diz-se que é uma enfermidade de “contágio familiar”, que freqüentemente
provoca problemas ou rupturas importantes, tanto do matrimônio como de maus
entendimentos aos meninos e numerosos problemas de saúde mental e físico. (7)
38
7. A NOVA ESTRUTURA FAMÍLIAR DURANTE O PERÍODO DE
DEPENDÊNCIA
Nas famílias com adolescentes ou adultos que abusam de drogas se pode ver o
triângulo marido, esposa-filhos sintomáticos. Existe um progenitor sobre envolto, aliado
ao filho sintomático e outro progenitor menos próximo que luta contra a aliança de seu
cônjuge com seu filho. Os problemas parentais de como guiar, educar, ou comportar-se
com o filho sintomático se convertem em signos explícitos de conflitos não resolvidos.
Com freqüência observamos que nas famílias com mais de um filho aparece junto
a este triângulo um filho parental, que pelo general é maior e que está aliado ao outro
progenitor.
Este filho parental pelo general se envolve nas decisões concernentes a seu irmão
viciado.
39
O triângulo marido- esposa- filho sintomático, desvia problemas conjugais através
do sintoma. O triângulo mãe- marido- filho parental também desvia potencial
enfrentamento entre os cônjuges e tenta estabilizar o que o filho sintomático às vezes não
obtém totalmente.
A nova estrutura familiar se caracteriza por:
Grande dependência e apego entre seus membros.
Temores à separação.
Co-dependência
Necessidade de acalmar tensões através da utilização de álcool,
psicofármacos, trabalho compulsivo, condutas aditivas como jogo ou televisão ·.
7.1. Como é a relação da família com o alcoólico?
A interação entre a pessoa alcoólica e os que com ela convivem origina muitas
tensões e emoções geralmente negativas, que em princípios o próprio afetado e a família
resistem a relacionar com a ingestão de bebida alcoólica.
Isto leva a desenvolver uma relação de CO-DEPENDÊNCIA, uma relação
interpessoal patológica, onde a atitude fundamental consiste durante um período de tempo
em um intento de ajuda ao alcoólico, até a costa do próprio sacrifício. Isto faz que o co-
dependente-coadicto se converta em cúmplice de a enfermidade e contribua a perpetuá-la.
(7)
Quando o familiar co-dependente se dá conta que não pode controlar a
enfermidade do afetado, se neurotiza e é quando procura ajuda. O familiar não deve
sentir-se culpado ou envergonhado, tem que colaborar em um plano de tratamento, mas
não ser responsável por aqueles aspectos que só são de estrita incumbência do afetado. (7)
Os principais problemas que os familiares dos alcóolicos enfrentam são:
40
Sentimentos de culpa;
Angústia ou ansiedade;
Vergonha;
Incapacidade para manter relações interpessoais;
Confusão, irritação e depressão.
Como conseqüência destes sofrimentos, a família decide, quando os mecanismos
para seguir adiante já não são suficientes, começar o tratamento de seu familiar doente,
que na maioria dos casos se corresponde com a institucionalização do afetado, como uma
maneira de distanciar-se parcialmente do problema e poder confrontar o estresse familiar.
Este estresse do que se faz menção, é efeito da vergonha e estigma de ter um familiar
doente, condutas estranhas de um ser querido, mudança do estilo familiar habitual.
Como conseqüência o abandono familiar que se origina, influi na motivação e
grau de compromisso do paciente com seu tratamento, mais ainda quando dito tratamento
não é produto de sua vontade.
Com muita freqüência encontramos que a família se constitui em barreira que
dificulta a manutenção e fortalecimento da sobriedade, ao impedir a adequada reinserção
do alcoólico em vias de reabilitação a seu seio. Em outra faceta do problema, a
reabilitação se facilita e consolida ao cooperar adequadamente a família. (1)
Durante os últimos anos se reconheceu cada vez mais a importância que tem a
família na compreensão e tratamento do alcoolismo.
Mas o que acontece quando se obtém exatamente o contrário?
Isto se deve à ausência de conhecimentos e orientações que induzam uma atuação
acorde com a natureza do problema.
Existem:
Insuficiente conhecimento a respeito da enfermidade
41
Manifestam atitudes negativas na convivência familiar que reforçam a dinâmica
aditiva e dificulta a reabilitação do alcoólico.
Expectativas superficiais sobre o tratamento e a reabilitação. (1)
“Os familiares constituem os aliados mais importantes no processo de
tratamento, e podem pressionar ao bebedor para que se submeta à desintoxicação. O
tratamento de alcoolismo de orientação familiar é essencial para trocar o contexto no
qual surgiu o problema e para ajudar às famílias que o sofrem” (7).
Porém, muitas vezes, mesmo mantendo anos de abstinência e controle, o indivíduo
com a doença alcoolismo falha nesta manutenção do comportamento desejado (não
utilizar bebidas alcoólicas), tendo a recaída. Talvez, este fato esteja relacionado à
característica da própria dependência química ser um tipo de transtorno crônico com
tendências naturais a acontecerem lapsas ou recaídas (Kalina, 1999). Ou ainda, pelo fato
de existir algum fator externo que ocasione a recaída, como estamos considerando o apoio
familiar no presente trabalho.
Nota-se que este apoio não significa paternalizar a relação com o alcóolico,
reforçando, assim, seu comportamento inadequado, pois quanto mais colo ele obtiver,
menos pensará sobre suas atitudes e fará por si mesmo. Este apoio pode ser um ambiente
mais saudável, o qual o alcóolico esteja incluído e aceito nesta família, conseguindo,
assim, compreender seu problema e manter-se abstinente.
Um outro dado que também se repete na maioria dos casos é a forma como estas
famílias reagem diante do fato: com muita tristeza, indignação e desprezo da situação, não
42
assumindo sua parcela de responsabilidade, como nos aponta Roebuck (1983). Este tipo
de comportamento colabora para a auto-imagem de que o alcóolico é um fracassado e
incapaz.
Todos os pacientes colocam que suas famílias poderiam estar ajudando na
recuperação compreendendo e tendo confiança na sua melhora, ao invés de ficarem
cobrando ou ignorando que o fato existe e que elas fazem parte dele.
Gostaríamos também de chamar a atenção para alguns motivos que levam estas
famílias a agirem de forma resistente e negativa ao problema. Acreditamos que existem
estilos diferentes de enfrentamento que cada família adota para encarar a doença
alcoolismo.
Um destes estilos poderia ser o de afastamento, onde o contato com o doente é
minimizado ao extremo e há uma esquiva emocional e física do mesmo.
Nas terapias de família, é comum ouvirmos expressões do tipo: -“Espero que ele
não tenha recaídas, pois não vou cuidar dele, já sofri demais”; “Não sei como posso
ajudá-lo, pois agora estou precisando cuidar das minhas próprias feridas”. Além disso,
esta esposa tenta controlar o comportamento do marido com ameaças de deixá-lo: “Se
tem algo que o faz ficar sóbrio é o medo de ficar sozinho, pois no natal de 98 fui embora
para o interior buscar minha separação e ele quase morreu”.
Um outro estilo de enfrentamento seria o de mimar o doente, onde a esposa age
passivamente e com conformismo diante da doença. É comum ouvir-se nas Terapias: -
“Cuido dele, pois somos só nos dois e não quero que ele sofra”; “Cansei de rezar para ele
chegar, mesmo que estivesse bêbado”. Talvez o estilo mais produtivo seria a busca de
uma ajuda construtiva, pois desta forma, a família conseguiria manter sua auto-estima
preservada para caminhar para um crescimento de uma relação saudável. Esta ajuda pode
ser caracterizada, por exemplo, pelo comportamento de procurar um tratamento tanto para
43
o alcóolico como para família, pois esta deve admitir que esta sofrendo os efeitos da
doença do outro.
Desta forma, pensando sobre estes estilos, podemos notar o quanto é desgastante
enfrentar a doença alcoolismo, tanto do ponto de vista emocional como da realidade de
vida de cada um, e o quanto é importante que o alcóolico e a família estejam engajados
em um tratamento contínuo e concomitante.
Todos os familiares devem ter plena consciência de que estão lidando com uma
doença que não tem cura, porém com plena capacidade de controle. Nota-se isto ao
verificarmos que nenhum deles tem uma perspectiva futura de um beber controlado, mas
sim de que irão fica abstinentes só por hoje.
Gostaríamos, então, de finalizar essa discussão considerando que, apesar do
pequeno grupo de sujeitos entrevistados, a questão inicial levantada se confirma, ou seja,
que a família exerce um papel importante na recuperação e manutenção do estado de
abstinência do indivíduo alcóolico.
Uma das razões pelas quais esta hipótese se comprova é o fato de que durante os
estudos e realização da pesquisa, percebemos que a família é complementar e tão doente
quanto o alcoólico, e que por este motivo é influenciável no tratamento da doença. Ao nos
remetermos às nossas discussões, podemos preliminarmente concluir que existem dois
tipos fundamentais de atuação dos familiares diante do processo de recuperação.
O primeiro tipo de família é aquele que encara a doença de forma simbiótica, ou
seja, seus integrantes estão sempre agrupados uns nas vidas dos outros agindo sem muita
discriminação entre fantasia e realidade. Desta forma, esta é a família que acaba por
paternalizar a doença, tratando o alcóolico como um fracassado e perdendo-se a
capacidade de diálogo e de desenvolvimento de uma relação verdadeira e produtiva.
44
O segundo tipo é oposto à este, pois seus membros estão separados e nenhum
deles é capaz de pensar na família como um grupo com relações de companheirismo e
desenvolvimento.
Esta é a família que não encara a doença como sendo um fato presente na família,
mais sim como algo direcionado apenas ao alcoólico. Sendo assim, acaba por descriminar
e maltratar o doente, depositando neste todas as angústias e razões do desequilíbrio
familiar.
Por fim, mesmo agindo de formas diferentes, percebemos em ambos os casos a
percepção de que esta família pode ser considerada co-geradora das reincidências do
alcóolico não existe.
Talvez esta consciência seja algo a ser conquistada no decorrer do tratamento,
tanto do alcóolico, conseguindo perceber a importância que sua família possui em seu
tratamento, quanto da família percebendo que é impotente diante do alcoolismo. É
compreensível, também, que a convivência familiar sob este âmbito patológico é muito
difícil, uma vez que o orgulho ferido, as frustrações e decepções estão latentes durante
todo momento.
Podemos pensar que devemos ter sempre em foco tanto o tratamento do alcóolico
quanto desta rede de relações significativas e influenciáveis que é a família pois, só desta
forma conseguiremos, em um terreno neutro, trabalhar a capacidade de tolerância e
compreensão de cada um.
45
7.2. Abordagem familiar
Trabalhar da educação preparando-os nos elementos necessários que a família
deve conhecer para enfrentar o problema, estimulando em todo momento a reflexão a
respeito de sua importância no tratamento.
O terapeuta deverá trabalhar com a família nos seguintes pontos:
Obter uma rotina sã e equilibrada, que permita a esta fortalecer-se para a futura
reinserção do afetado em seu seio.
Trabalhar para estabelecer objetivos realistas adaptando as expectativas sobre o
tratamento
Orientar à família a receber apoio familiar desde grupos para familiares
alcoólicos (Ex. A.A.)
Trabalhar em que cada membro da família retome seus papéis, e se
compartilhem responsabilidades e assim reduzir o estresse familiar.
Uma vez finalizado o tratamento chega o momento do encontro paciente entorno -
social, onde o primeiro lugar onde chegará será a família, a que deverá estar
oportunamente preparada pelo terapeuta. Ali seu papel será o de acompanhar no processo
de adaptação, procurando a reorganização familiar, e a incorporação do paciente através
de papéis sãos para si e sua família.
46
8. CONCLUSÃO
Partindo de que a característica principal que tem o homem é a de viver em
sociedade, e que a primeira sociedade que conhece e da qual se nutre, absorvendo valores
para viver, é a “família”, pode-se concluir o seguinte: Ao ser o alcoolismo uma
enfermidade de “contágio familiar”, onde o doente atua de deduro emissário da
problemática que se vive no seio de sua família, é indispensável trabalhar junto com ela
para fortalecer os vínculos que se hão perdido e sanar as falências que levaram a
debilitação e em muitas ocasione ao desmoronamento de seu sistema social familiar.
Na sociedade brasileira o álcool, parece está perfeitamente integrado a grande
parte dos ambientes e situações do cotidiano das pessoas, principalmente nos finais de
semana e momentos de lazer, onde se mistura as atividades esportivas, viagens, trabalho
(almoços de negócios) regadas a copiosas doses de uísque, cerveja, caipirinha e outras
mais, “o alcoolismo é considerado uma doença de evolução crônica e progressiva
acometendo todos os indivíduos, sem distinção de sexo, raça, nível sócio-econômico,
escolaridade e atividade laborativa” (BARROS, 1994: 53)
Como percebemos o álcool é uma doença globalizada, pois atinge indistintamente
as pessoas. O álcool não afeta apenas, o corpo, mas também, a mente do ser humano, o
qual não é apenas um conjunto de ossos, músculos e pele, mas possui uma mente que é o
cento das funções vitais. O hábito de ingerir bebidas alcoólicas afeta milhares de pessoas
que morrem em acidentes causados por pessoas alcoolizadas: milhares de pessoas ficam
mutilados ou desfigurados para o resto da vida.
O alcoolista prejudica a si mesmo, sua família, esposa e seus filhos, muitas vezes
privando-as de necessidades básicas como alimentação, vestuário e outros e, causando
sofrimentos a seu cônjuge; castigando-os injustamente, e privando-os de sua companhia.
47
Ademais, muitos crimes são cometidos sob a influência do álcool. “De forma direta o
tema específico do alcoolismo foi incorporado pela OMS Organização Mundial de Saúde
à Classificação Internacional das Doenças em 1967 (CID8), a partir da 8ª Conferência
Mundial de Saúde” (alcoolismo. 2001).
Reconhecidamente o alcoolismo é uma droga e doença estimagtizante, na qual
seus portadores são identificados como diferente na família e marginalizado no grupo de
trabalho.
Nosso trabalho como terapeutas é reconhecer a importância deste recurso, que é
fácil de reconhecer e de dispor, se o expõe e utiliza como ferramentas indispensáveis para
a recuperação do paciente alcoólico.
O rol do terapeuta como elemento privilegiado neste processo, que mantém um
contato estreito com o afetado lhes aproximando as ferramentas práticas concretas para
sua reabilitação, é extremamente importante e deve ser emoldurado dentro de um
contexto maior que é a equipe interdisciplinar, composto por profissionais que vejam no
paciente uma integridade. Quer dizer um ser hoje doente, com características particulares
do biológico e o psicológico, mas pertencente a um ambiente social mais amplo, sua
família, a qual deve aspirar retornar como uma pessoa plena possuidora de saúde mental.
Da intenção de este trabalho, deixa-se ao descoberto o valor de considerar este
recurso para benefício do paciente e se propõe consignar e estabelecer os vínculos
necessários para integrar, mais certeira e eficientemente a presença do apoio familiar em
sua recuperação.
48
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por desconhecimento do processo, a família é atingida a partir da 2ª fase da
doença, quando surgem os problemas paralelos, como acidentes de trânsito, violência,
perda de emprego, decadência social, financeira e moral e a síndrome da co-
dependência, isto é, a família torna-se também dependente da substância álcool. É uma
dependência neurótica, um alcoolismo seco que provoca sofrimento e inúmeros
desajustes.
A essa altura, a dinâmica familiar passa a ser regulada pelo comportamento do
usuário de álcool, na vã tentativa de controlar sua forma, quantidade e freqüência de
beber, o que é impossível. Minada por um sentimento de culpa injustificável (os pais
são tão culpados de transmitir os genes do alcoolismo aos filhos quanto os da cor dos
olhos ou os do ambidestrismo), a família tem de conscientizar-se do problema e pedir
ajuda.
Fácil falar; difícil fazer. Em geral, por preconceito ou vergonha, procura-se
negar o fato e a resistência só é vencida quando a situação fica insustentável e a família
inteira desestruturada. "O lar fica alcoólico", disse a esposa de um alcoólico que
quanto mais doente estava, menos condição tinha de pedir socorro.
Milhões de crianças e adolescentes convivem com algum parente alcoólatra no
Brasil. As estatísticas mostram que eles estarão mais sujeitos a problemas emocionais e
psiquiátricos do que a população desta faixa etária não exposta ao problema, o que de
forma alguma significa que todos eles serão afetados. Na verdade 59% não
desenvolvem nenhum problema.
O primeiro problema que podemos citar é a baixa auto-estima e auto-imagem
com conseqüentes repercussões negativas sobre o rendimento escolar e demais áreas
49
do funcionamento mental, inclusive em testes de QI. Esses adolescentes e crianças
tendem quando examinados a subestimarem suas próprias capacidades e qualidades.
Outros problemas comuns em filhos e parentes de alcoólatras são persistência em
mentiras, roubo, conflitos e brigas com colegas, vadiagem e problemas com o colégio.
A família adoece tanto ou mais que o próprio alcoólatra. Ele apresenta-se como
um elemento altamente estressante, como devorador das economias e recursos
familiares, que coloca em risco o emprego e a segurança do grupo. Um caso de
alcoolismo cria uma série escalonada de crises numa estrutura familiar, além disso cria
também problemas fisiológicos, como impotência ou disfunção sexual, gerando sérios
conflitos conjugais. O álcool como a maioria das drogas cria desvios sexuais.
Após a abordagem franca do problema pelos membros da família, o doente
alcoólico poderá sentir-se desprotegido. Isto pode, numa primeira fase estimular o
aumento do consumo, mas pouco a pouco, os esforços da família para se sentir melhor,
terão efeitos no indivíduo alcoólico.
Estas mudanças familiares levá-lo-ão a enfrentar a realidade e obrigá-lo-ão a ter
que assumir as suas responsabilidades. Esta crise momentânea oferece uma
possibilidade ao bebedor de admitir a sua doença e de pedir ajuda.
Para o doente alcoólico existem também inúmeras possibilidades, desde que
efetivamente queira voluntariamente mudar a sua situação.
O objetivo de todos os tratamentos é o mesmo: aprender a assumir e a resolver
os seus próprios problemas sem recorrer ao álcool.
Na abordagem deste tema facilmente nos apercebemos de três elementos: o
álcool, alcoólico e a família, que estão intimamente relacionados. O abuso de álcool
provoca alterações não só no indivíduo mas também em tudo o que o rodeia, família e
amigos. É importante salientar que o alcoolismo não é um vício mas sim uma doença.
50
Este é um problema que afeta todas as camadas sociais, desde pobre vagabundo á
família mais rica. Facilmente se fica dependente do álcool mas é difícil de se libertar.
Existem, contudo várias instituições que podem ajudar a família alcoólica, a recuperar
desta doença. Nunca nenhum alcoólico se culpa por beber, este culpa sempre os outros.
Não assume que tem uma doença e foge sempre a razão. Vai envolvendo tudo, deixa
de se interessar pelas coisas e pensa unicamente no seu companheiro que o
compreende e ouve sem repreender, a sua querida garrafa, onde ele apaga todas as suas
mágoas. Deparamo-nos também, com o problema da violência familiar que nestes
últimos anos têm aumentado sensivelmente nas crianças e mulheres sendo as vítimas.
Os maiores problemas de violência são devido ao abuso do álcool.
51
REFERÊNCIAS
BERTOLOTE J. M. & RAMOS S.P. Alcoolismo Hoje. Porto Alegre, Artes Médicas,
1997.
EDWARDS, G. The Treatment of Drinking Problems. London, Grant McIntyre, 1982.
EDWARDS, G. O Tratamento do Alcoolismo. São Paulo, Martins Fontes, 1995.
KALINA, E. O indivíduo dependente de drogas. Artes Médicas, Porto Alegre, 1999.
KNAPP, P. Prevenção da Recaída; In: CORDIOLI; A.V. Psicoterapias: Abordagens.
Atuais. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993.
ROEBUCK, J. B. A Etiologia do Alcoolismo. In: The Psychological Approach to
Alcoholism. Cambridge, 1983.
STEIGLASS, P. A Life Story Model of the Alcoholic Family. New York, J. Armer,
1987.
Fernandez Olazábal P, Louro Bernal I, Hernandez Mandado P. Elaboração de ·.
Uma Estratégia de Intervenção Educativa para a Família do Alcoólico. Revista
Cubana Medicina Geral Integral (revista em Internet) 1997 (consultada o 04
de outubro de 2005); volume 14: ( extensão 5 páginas). Disponível em:
Http:// www. bvs/Revista Médicas Cubanas
Favaloro D. Alcoolismo. Uma enfermidade Social (sede Web) Buenos Aires
Argentina: associação amigos da sala 10; novembro de 2004 (actualizadao
22 de fevereiro de 2006; acesso 04 de outubro de 2005). Disponível em:
Http://www.asosiacióamigos.org
Sem nome de autor. Introdução ao alcoolismo (monografia em Internet)
sem mais dados. Disponível em: Http:// www.monografias.com
Kaplan H, Sadock B. Terapia de Grupo. 3º Ed. Madrid a Espanha: Editorial
Médica Pan-americana; 1996.
52
DSM IV Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais.
Barcelona a Espanha: Editorial Masson; 1995.
Ackerman N. Afastado: Psicodinamismo da vida Familiar. No Muñoz
Fidalgo A. “O Ambiente Familiar”. Madrid a Espanha: Editorial Narcea; 1987
Forte M, Maia M. Atenção à família: a atenção familiar em situações
concretas. Abordagem Familiar em Consumidores Abusivos de Álcool
(monografia em internet). Volume 24. Suplemento 2. Navarra a Espanha
(consultado em 10 de outubro de 2005). Disponível em: [email protected]
Hopkins H, Smith H. Terapia Ocupacional. 8º Ed. Madrid a Espanha: Editorial
Médica Pan-americana; 1998.
Outra bibliografia consultada
. González E. Guia Preventiva de Álcool e Drogas no âmbito trabalhista.
Buenos Aires Argentina: Editorial Gabas; 2005.
. Conferência: “II Congresso Europeu de Familiares de Doentes Mentais” -
Publicação de: FEAFES E JANSSEN-CILAG. Espanha.
. Dava Segni S. Problemas do campo da saúde mental. Capítulo: O Alcholismo
(pág. 204 a 213). Buenos Aires Argentina. Sem mais dados.
. Durante a Molina P. Noya Arnaiz B. Terapia Ocupacional em Saúde Mental:
princípios e práticas. Barcelona a Espanha: Editorial Masson; 1998.
�Ë Entrevista realizada a familiar de grupo de autoayuda para familiares
anônimos de alcoólicos - Associação ALANON. Realiazada pela Analía Santi.
Santa Fé Argentina 15 de Outubro de 2005.
Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) /Programa
Álcool e Drogas (PAD) do Hospital Israelita Albert Einstein
BALLARATI, C. A. F.; MARINHO, C. R.; PICCA, L.C.; RODRIGUES, W. R. F.
53
Cocaína: Fonte de excreção não-ocupacional do Ácido Hipúrico. LAES&HAES, São
Paulo, v. 1, n. 135, p. 44-50, fev. 2002.
BARRETO, M. A. S. Dependência química: uma doença compulsiva. Folha Universal,
Belém, 20 jan. 2002. Geral, p. 1B-2B.
BENACHAQUE, R. Orientações sobre Adolescentes. São Paulo, 1997.
Disponível em: http//www.moterey.org.br/orienta.htm. Acesso em 13 mar. 2002,
16:50:00
BOCK, A. M.; TEXEIRA, M. L. T.; FURTADO, O. Psicologias: uma introdução ao
estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 1998.
CAMPOS, D. M. de S. Psicologia e Desenvolvimento humano. Petrópolis, Rio de
Janeiro: Vozes, 1995.
CARNEIRO, T. Personalidade e Psicoterapia Hoje. São Paulo: Zahar, 2000.
DARWICH, K. O que fazer quando seu filho fuma maconha. Diário, Belém, 24 mar.
2002. Diário da Família, p.1-3.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1991.
KAPLAN, G. H.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de Psiquiatria: Ciências
do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 7ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
LEITE, M.C.; CABRAL, A. C. J. Cocaína e crack: dos fundamentos ao Tratamento.
São
Paulo: Artes Médicas, 1999.
LOUREIRO, N. Drogas e médicos. Cremepa. Belém, 03 maio, 2002. p. 06-08.
MELO, E. Maconha e Cocaína: drogas que causam dependência. Serviço de Análise
Especializada - SAE, São Paulo, v. 1, n. 144, p.01-03 abr. 1998.
MERCATELLI, C.; PICCIARELLI, F.J.;LAUDARI, H. Drogas. LAES&HAES, São
Paulo, v. 1, n. 35, p. 92-96, abr. 1995.
54
NAVARRO, R. Cocaína: Aspectos Clínicos, Tratamento e Reabilitação. Lima: Libro
Amigo, 1993.
OLIVEIRA, J. Código Penal. São Paulo: Saraiva, 2000.
PAPALIA, D. E.; OLDS, S.W. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.
RIERA, M. Filhos adolescentes: um jeito diferente de lidar. São Paulo: Summus, 1998.
SCHULTZ, D. P. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix, 1992
TEXEIRA, E. As três metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa.
Belém: Grapel, 2000.
ZAGURY, T. O adolescente por ele mesmo. São Paulo: Record, 1996.
ZIMERMAN, D. Fundamentos básicos das Grupoterapias. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1993.